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2024
AULA 00
Sociedade Feudal e Renascimentos Urbano e Comercial
Sumário
Apresentação da Professora 4
Cronograma de Aulas 10
Apresentação da Professora
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes
É com imenso prazer que apresento a você o meu curso de História para o Exame Intelectual da
Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), a "Prep".
Sejam bem-vindos! Na sequência, conheça um pouquinho da trajetória da sua nova professora!
Meu nome é Alessandra Lopes e pode me chamar de Alê. Permita-
me uma breve apresentação da minha trajetória.
Sou formada pela UNICAMP, Mestra em Ciência Política também
pela UNICAMP e nesta mesma universidade iniciei meus estudos de doutorado.
Desde 2004, dou aulas de História, Sociologia e Humanidades em cursos
preparatórios para vestibulares e para o ENEM. Aqui no Estratégia Militares,
dou aulas desde 2019, especificamente para os alunos que querem ingressar
na Prep. Também dou aulas no Estratégia Concursos para os alunos que
querem virar Oficial da Academia do Barro Branco. Com isso, conheço
praticamente todos os sistemas de ensino, materiais e abordagens que existem
nesse “mundo das provas de alto rendimento”. Já escrevi muitos materiais
preparatórios. Posso afirmar, com segurança, que já contribui para a aprovação
de muitos alunos e alunas nas mais variadas instituições, colégios militares e órgãos públicos.
Essa experiência toda me permitiu criar um método de ensino capaz de fazer você APRENDER
História e GABARITAR as questões no dia da prova.
É com grande alegria que faço um convite para você conhecer a primeira Aula do Livro Digital e se
somar ao time de alunos do Estratégia Militares. Vem ser Coruja!!
Com foco, força, fé e café você chega lá!!!! Já aproveita para me seguir nas redes sociais.
E em Mundo Moderno Alê, o que o Exame Intelectual costuma cobrar? Veja só:
Perceba, caro aluno, que não dá para você ir para o Exame Intelectual sem estar afiado os
assuntos TOP FIVE cobrados no Exame, ou seja:
Expansão Marítima
Iluminismo
Independência dos EUA
Revolução Francesa
Reforma Religiosa na Europa
No que diz respeito à História do Brasil, o que mais cai é Brasil Colônia e Primeira República.
Sacou como devemos construir a Estratégia para a sua aprovação?
Outra coisa:
Em 2020, a prova veio super específica. Algumas questões difíceis, conteudistas; algumas pediram
relações entre diferentes experiências histórias e a influência dos fatores internacionais nos processos da
história do Brasil.
Em 2021, as questões foram mais difíceis, pois duas questões cobram detalhes muito particulares da
história, veja só como elas apareceram na prova aplicada em 26/09/2021.
Já em 2022 (exame EsPCEx 2023), a prova mais recente, as questões foram medianas e duas mais difíceis.
Também foi cobrado um assunto raríssimo, Revolução Cubana. Outro ponto de atenção é que o
examinador começou a fazer referências de historiadores que estão citados (trechos de livros) dentro da
bibliografia indicada no Edital. Vou exemplificar com uma questão do exame de 2023 e, em seguida,
apresento mais outras questões para você já sentir o "espírito".
(EsPCEx 2023)
"O feudalismo termina quando os mortos, que a Igreja havia colocado no centro do espaço social,
são reconduzidos para fora das cidades e aldeias". Com essa metáfora, Jérôme Baschet (A Civilização
Feudal: do não 1000 à Colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. P. 281) quis destacar
A) que, no final da Idade Média, como medida sanitária, ocorreu uma exumação generalizada de
restos mortais nos cemitérios urbanos.
B) a modificação dos cortejos fúnebres, que passaram a percorrer itinerários fora dos centros
urbanos.
C) a proibição da construção de cemitérios em áreas urbanas.
D) a proibição do sepultamento de suicidas em solo santo.
E) que a presença dos cemitérios no centro das cidades e aldeias, em torno de lugares de culto
religioso, pode ser considerada um elemento marcante da sociedade feudal.
Comentários
Uma questão de interpretação na prova da EsPCEx. Contudo, ajudava muito lembrar o papel do
feudo e das cidades na Idade Média. O feudo é o espaço de todas as relações sociais: trabalho,
produção, religião, vida e morte. Mas as cidades também não deixam de existir e passam a ter um
papel mais ligado ao religioso. Rituais, festas e cortejos fúnebres poderiam ocorrer nesses espaços
urbanos.
Ajudava também compreender que, no fim do feudalismo (transição da Idade Média para a
Moderna), a cidade ganha nova função – a comercial – e, então, os cemitérios são levados para
outros espaços, mais periféricos.
Agora, qual o ponto inovador do Examinador? Em geral, as questões trazem citações dos autores
que escreveram os livros relacionados na Bibliografia, como Cotrim, Boulos Jr, Vicentinos. Nesta
questão, o Examinador trouxe uma passagem de um importante historiador, estudioso do assunto,
que fez uma reflexão sobre o final do feudalismo. E, sobre isso, fique tranquilo, pois o meu material
é escrito também baseado nestes historiadores. Você lerá diversas passagens que menciono os
principais historiadores. Então, seja porque elaborei o curso diretamente nos livros do Edital, seja
porque verifico qual é a fonte de estudos e consulta dos autores, você irá chegar pronto para
gabaritar a prova.
Tendo isso em mente, vejamos um comentário breve das alternativas:
a) Errado. A igreja católica é contra exumação generalizada.
b) Errado. O cortejo continuou ocorrendo nas cidades, mas os cemitérios ficaram fora.
c) Errado. Não havia essa proibição. Os cemitérios estavam nas periferias no espaço urbano, mas
não no centro das cidades.
d) Errado. Não tem relação com a temporalidade e o tema proposto na questão.
e) Correto. Aqui faz a referência ao fato de as cidades medievais terem essa função religiosa.
Gabarito: E
Na sequência, uma apresentação das questões da "Prep" e como faço o Mapa de Prova, isto é, o
local, dentro do Curso, em que você encontrará o assunto cobrado na questão.
(EsPCEx 2022)
No processo de descolonização da África, no contexto da Guerra Fria, os movimentos nacionalistas
antagônicos que surgiram naquele continente, alinhados com o capitalismo ou com o socialismo,
frequentemente recebiam apoio externo. Em Moçambique, após sua independência, surgiu a
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), apoiada
A resolução comentada desta questão está na Lista de questões EsPCEx, ao final da parte teórica.
Gabarito: E
Pois bem, foi a partir de todas essas informações que montei o curso: focado no que mais
cai e na forma de cobrança da prova. Trata-se da melhor maneira de ajudar você a GABARITAR
em História.
Com isso, apresento-lhe o Cronograma de Aulas, as quais cobrem 100% do conteúdo
programático cobrado no Edital/Manual do Candidato.
Cronograma de Aulas
Abaixo segue o cronograma do nosso curso feito conforme o conteúdo programático
cobrado no Edital/Manual do Aluno.
IDADE MÉDIA
Aula 00 A Sociedade Feudal (Século V ao XV). O Renascimento Comercial e Urbano. (Referente
aos pontos A e B)
MODERNA I
O Mundo no Final do Século XX e Início do Século XXI. Declínio e queda do socialismo nos
países europeus (Alemanha, Polônia, Hungria, ex-Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária,
Albânia, ex-Iugoslávia) e na ex-União Soviética; os conflitos do final 45 do Século XX – a
Guerra das Malvinas (1982), a Guerra Irã-Iraque (1980 – 1989), a Guerra do Afeganistão
(1979 – 1989), a Guerra Civil no Afeganistão (1989 – 2001), a Guerra do Golfo (1991), a
Guerra do Chifre da África (1977 – 1988); a Guerra Civil na Somália (1991); o 11 de
Setembro de 2001 e a nova Guerra no Afeganistão. (Referente aos pontos Q)
Mestra, não dá pra resumir? Não dá não, meu querido e querida! Você precisa sair na frente e
varrer seu Edital. Bora lá que a jornada é longa, mas vai compensar tudo.
“Uma palavra escrita não pode nunca ser apagada. Por mais que o desenho tenha
sido feito a lápis e que seja de boa qualidade a borracha, o papel vai sempre guardar
o relevo das letras escritas. Não, senhor, ninguém pode apagar as palavras que eu
escrevi."
Atenção desde já: manter a linha cronológica é FUNDAMENTAL para você não perder a
sequência histórica e cronológica dos conteúdos. Até mesmo porque você precisará alinhar a
História Geral com História do Brasil.
Assim, na disciplina de história, temos que fazer sempre o controle da temporalidade. Por
isso, sugiro que você monte sua linha do tempo: durante a leitura da aula, cada data que aparecer
você anote e completa sua linha do tempo. Para facilitar sua vida, as datas ficam sempre grifadas
em amarelo. Veja minha dica para você montar seu controle da temporalidade histórica:
https://www.youtube.com/watch?v=CGWFFx8x2m0.
Conforme eu explico no vídeo, você faz o controle dessa linha por meio da marcação do
exato momento histórico que você está estudando. Assim, você nunca mais vai ficar “perdido no
tempo” (acreditem: essa é a principal dificuldade para quem estuda história – mas não será para
você!).
Além disso, faremos muitas questões divididas em dois momentos:
analisar
contexto
Processo
histórico
Quando?
Para
Onde?
quem?
Fato
Histórico
Resultou
Por quê?
em quê?
Por
quem?
Veja a seguir:
Idade Antiga: 4000 a.C até 476 d.C (da invenção da escrita até queda do
Império Romano)
Idade Média: 476 d.C até 1453 d.C (até a queda de Constantinopla, capital
do Império Bizantino)
Idade Moderna: 1453 d.C até 1789 d.C (até a Revolução Francesa)
Idade Contemporânea: 1789 até os dias atuais
Idade
Idade Antiga: Idade Média: Idade Moderna:
Contemporânea:
4000 a.C até 476 476 d.C até 1453 1453 d.C até
1789 até os dias
d.C d.C 1789 d.C
atuais
Mas lembre-se: o fluxo histórico é CONTÍNUO. Não tem um dia no qual os homens acordaram
e se deram conta de que “tinha acabado a Idade Média e começado a Moderna...” e disseram:
“Aí, querido, agora somos Modernos!!! :P......
Por isso, a divisão é um recurso pedagógico e de pesquisa, feito por diversos historiadores ao
longo dos últimos séculos e a mais aceita nas provas de História. Outras existem e em momentos
oportunos, comento com você, ok?
Se tiver dúvida, já sabe, é só mandar no Fórum de Dúvidas!
Você está começando do zero? Tem dificuldade com história e vive ficando
perdido no tempo?
Então, faz esses dois treininhos aqui para aquecer e tomar o primeiro
contato com a disciplina.
E não esquece: toda longa jornada começa com o primeiro passo. Seja humilde e
bora buscar o 12/12. Gabaritar é possível!
Comentários:
O estudo da história está dividido por periodização. Por exemplo, o cronograma do nosso
curso, está organizado segundo uma lógica cronológica. Às vezes, alguns alunos se
confundem nessas marcações. Atenção.
Essa cronologia foi organizada pela historiografia com objetivos didáticos para podermos
comparar períodos, processos e fenômenos, uma vez que a história é o estudo da vida dos
homens no seu devido tempo. Sacou? A subdivisão é a seguinte:
Idade Antiga: 4000 a.C até 476 d.C (da invenção da escrita até queda do Império
Romano)
Idade Média: 476 d.C até 1453 d.C (até a queda de Constantinopla, capital do
Império Bizantino)
Idade Moderna: 1453 d.C até 1789 d.C (até a Revolução Francesa)
Idade
Idade Antiga: Idade Moderna:
Idade Média: 476 Contemporânea:
4000 a.C até 476 1453 d.C até
d.C até 1453 d.C 1789 até os dias
d.C 1789 d.C
atuais
b) IV e XIV
c) III e XIII
d) V e XVI
e) V e XIV
Comentários:
Datas são elementos importantes na História. Mas nem sempre elas aparecem com a data
por extenso (quatrocentos e setenta e seis) ou o número cardinal (476). Em história, muitas
vezes nos referimos aos séculos para narrar um processo, fazer comparações e localizar um
acontecimento. Representamos os séculos pelos algarismos Romanos (I, II, III, IV, V, VI, VII,
VIII, IX, X, XI, etc.....) – isso vocês aprendem em matemática.
Por exemplo, a Independência do Brasil foi no ano começo do século XIX.
Assim, saber o tempo a que se refere o século é muito importante; vejamos:
O Século tem 100 anos:
O século 1 começa no ano 1 e vai até o ano 100 100 anos século I
O século 2 começa no ano 101 e vai até o ano 200 100 anos século II
E assim sucessivamente....
Perceba, então, que um século sempre começa com 1 e termina com 00, ou seja:
1 até 100
101 até 200
201 até 300...
476
1
5
Agora, se a data termina em 0/00/000, então, você não faz nenhuma conta. Apenas corta
os zeros. O século será o exato número que sobra.
Exemplo:
Sendo assim, podemos dizer que a Idade Média ocorreu entre os séculos V e XV (entre
476 e 1453).
Gabarito: A
Porque o meio é meio termo. Não é a excelência. Então, Idade Média, não é média só
porque estaria no meio. Essencialmente porque seria um tempo histórico no qual não houve
grande esplendor econômico e político. Sacou?
Contudo, repare que essa visão historiográfica (a visão que os historiadores constroem
sobre a História) é eurocêntrica, uma vez que se coloca como centro da Idade Média a formação
da ordem social feudal – que se deu, sobretudo, na porção Ocidental da Europa.
Mas, entre 476 e 1453 há muitas outras experiências humanas que não podem ser
resumidas ao feudalismo. E eu não estou falando de China, Japão ou Índia, tampouco dos povos
do centro ou do sul do continente africano. Falo da região que nesta aula chamarei de “Mundo
do Mediterrâneo” ou o lugar onde se localizou o Império Romano.
Nesse tempo da Idade Média, nessa região do “Mundo Mediterrâneo” concorreram pelo
menos 3 civilizações:
A Islâmica,
A Bizantina, representada
representada pelo Império
pelo Império Bizantino ou
Islâmico, localizada na
Império Romano do Oriente;
Península Arábica.
A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedade feudal.
Observe o mapa abaixo. Preste atenção como elas convivem nas terras do antigo Império
Romano.
Todas essas civilizações se formaram, expandiram-se e fragmentaram-se no mesmo
período e, em muitas situações, disputaram os mesmos espaços. Portanto, houve conflito entre
elas e, de certa forma, relações de influência mútua.
Nesta aula tomaremos contato com as três civilizações. Veja no mapa logo em seguida a
localização espacial destas três civilizações:
Banco de imagens próprio.
Para fecharmos esta Introdução, vamos tentar sistematizar nossa linha do tempo histórico
conforme uma parcela dos historiadores dividem a Idade Média. Veja:
Idade Média
476 1453
1000
1
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.
2
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.
Veja, segundo o argumento acima, o ato inicial não é simplesmente a chegada dos povos
não-romanos em terras do Império Romano, mas a compenetração e fusão destes dois
elementos: romanos e germânicos.
No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da
Antiguidade ao Feudalismo3, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal, foi a
síntese da interação entre os modos de vida dos romanos e dos germânicos.
Esses momentos de transição entre o velho mundo e a formação do novo são os mais
difíceis de estudar porque é tudo muito fluido, é a desintegração do velho e a formação do
novo. E mesmo quando o Novo parece já estar lá imponente e forte, conseguimos perceber
que o Velho insiste em lembrar que ele continua existindo. Por isso, quando falamos em “mundo
3
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
4- Construção de castelos
e moradias fortificadas,
cercadas por muralhas
para garantir a proteção
às agressões externas.
Claro que sei, Profe! Quer dizer “o eclipse da cidade diante do campo”. Ou seja, as cidades
perderam importância e o ambiente rural se fortaleceu!
- Uau, arrasou!!! Bingo! Agora, pensemos nas consequências desse processo para a organização
da vida.
“Antes a alegria de viver estava nas ruas e nos grandes monumentos urbanos; agora se refugia nas casas e nas
cabanas. Antes, com suas leis, tropas e edis*, o Império se honrara em facilitar a vida pública como ideal de vida;
agora, com os reinos germânicos, dilui-se o culto da urbanidade em proveito da vida privada. Para os recém-
chegados, os germanos, quase tudo é de domínio privado.”
Lembra do que o estudioso francês Jean-Pierre Vernant falava sobre o diálogo como
instrumento da política da antiguidade clássica? E vimos que, primeiro na Grécia e depois em
Roma, as instituições políticas eram abertas à participação dos cidadãos. Elas foram tão
importantes que ficavam localizadas no ponto mais alto da cidade-estado – a Acrópole!
4
ROUCHE, Michel. Alta Idade Média Ocidental, p. 403.
Esse cenário rural e privado era propício para a adaptação dos povos germânicos devido
às suas características culturais.
Vamos ler um trecho do texto escrito por Tácito, um historiador Romano, sobre os povos
germânicos. Perceba a relação que o autor estabelece entre a política, a guerra e a família.
“Os reis são escolhidos segundo sua nobreza, os chefes segundo sua coragem. Mas
o poder dos reis não é ilimitado, nem arbitrário e os chefes, mais pelo exemplo do
que pela autoridade, tomam as decisões, atraem os olhares, combatem na primeira
linha, impõem-se pela admiração. Além disso, ninguém tem o direito de tirar a vida,
de acorrentar, mesmo de fustigar, a não ser os sacerdotes, não a título de castigo,
nem sob a injunção de um chefe, mas como se a ordem viesse do deus que eles
acreditam estar presente ao lado dos combatentes. Os germanos levam à batalha
imagens e emblemas que tiram dos bosques sagrados, mas o que estimula
singularmente a bravura, não é nem o acaso, nem a disposição fortuita que constitui
o esquadrão, nem os cantos, mas sim as famílias e os parentes.” 6
Segundo Tácito – e diversos medievalistas concordam com ele - o espaço privado das
relações domésticas e familiares era o lugar privilegiado das decisões importantes para os povos
germânicos. Assim, podemos concluir que havia uma tendência de se constituir uma
sociabilidade mais ligada às relações pessoais e familiares em que os olhares públicos não eram
capazes de alcançar. Se liga nessa cena, hein?
5
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval, 2005.
6
TÁCITO. A Germânia. In: PINSKY, Jaime (org.). 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 1988. p. 74-75
contexto pouco favorável das invasões bárbaras. Além disso, vamos ver que muitos bárbaros se
converteram ao cristianismo e, em algumas situações, doavam terras à Igreja nessa ocasião
Por isso, muitos historiadores afirmam que a Igreja Católica foi a única instituição
sobrevivente do Império de Roma. Apesar dos conflitos teológicos que marcaram toda a Idade
Média e que foram fruto das divergências de interpretação doutrinária, como veremos em seção
específica, a Igreja de Niceia ou a Católica se firmou como a representante de Roma,
especialmente, na porção ocidental do antigo império.
Ok, Profe, entendi. Mas, qual foi o papel da Igreja nesse processo entre os séculos V e IX até a
ordem feudal se consolidar?
Veja: na formação do feudalismo há um suporte estrutural, algo como uma ponte que
liga os elementos desse processo. Quem cumpre essa “função de ponte” na transição da
antiguidade para o estabelecimento da ordem feudal é a Igreja Católica. Essa instituição
assumiu uma posição de continuidade e manutenção do antigo Império Romano e, por isso, foi
a “ponte” entre o passado e o futuro! Segundo Perry Anderson,
Ela foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam agora as reservas culturais do
Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a escrita se tornara clerical... A Igreja foi a
indispensável ponte entre duas épocas, numa passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois
modos de produção.7 (grifo nosso)
7
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989, p. 131.
Por exemplo, a doutrina cristã criou uma noção de justiça que buscava uma harmonia
entre os homens. Assim, era possível enfrentar a escravidão exigindo que os senhores fossem
justos com seus escravos. Da mesma forma, a cristianismo correspondia ao sentimento de
injustiça da massa da população miserável que vivia tanto do lado dos romanos quanto do lado
dos bárbaros. Por essa razão, é comum a historiografia afirmar que a Igreja Católica possuía um
sentido universal, isto é, conquistar adeptos independentemente do povo a que a pessoa
pertencesse.
Com isso, foi se formando um contexto de relações em que se pretendiam anular as
tensões e os conflitos. Percebe, então, a estrutura mental que formou um dos pontos desse
novo mundo cultural? Na próxima aula, nós veremos que essa mentalidade dará suporte para a
formação de uma sociedade estamental de três ordens: clerical; nobre; e, servil.
Outro exemplo está relacionado com a expansão da língua latina e, portanto, com a
cultura clássica. Durante o Império Romano, a grande massa não conhecia o latim – língua dos
governos e das elites intelectuais. Desse modo, a expansão do cristianismo subverteu essa
ordem.
Alguns autores afirmam que isso vulgarizou e corrompeu a cultura clássica por meio de
um processo de assimilação e adaptação dos elementos clássicos por uma população mais
vasta. Estes, especialmente os povos germânicos, teriam a arruinado. Argumento forte,
polêmico e até aristocrático, não acha?
De qualquer maneira, a cultura surgida nesse processo foi uma fusão de elementos
romanos e germânicos e a Igreja foi a responsável por salvaguardar e transmitir a herança
clássica. Assim, as novas línguas (espanhol, português, francês) que se consolidaram nesse
momento foi a expressão dessa experiência histórica.
Também quero enfatizar que, nesse momento de transição, como parte
das interações socioculturais ocorridas entre os povos romanos e germânicos,
houve a conversão de muitos não-romanos ao cristianismo. Veja o que diz o
especialista em cultura medieval Georges Duby:
8
DUBY, Georges. História artística da Europa: A idade Média. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1997.
Por isso, de maneira beemmmm focada, vamos tomar o exemplo de um dos reinos romano-
germânico cristãos que nos ajudará a entender o processo que estou descrevendo. Trata-se
do Reino Franco. Sigamos fortes amores!
9
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 13.
Nesse momento, apesar de o início do Reino Franco ter sido marcado por um Estado
centralizado, as constantes disputas pela sucessão do trono somada à baixa autoridade dos reis
seguintes a Clóvis enfraqueceram o poder real. Com isso, desencadeou-se um processo de
descentralização do poder em direção aos senhores proprietários de terra, pois estes
começaram a assumir tarefas políticas e militares para protegerem suas terras, famílias e
agregados (já, já esses senhores serão os senhores feudais que estudaremos no momento da
consolidação da ordem feudal, acompanhe com atenção).
10
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo Livros,
2014
Poitiers. Os árabes vinham do Sul da Península Ibérica, cruzaram o estreito de Gibraltar em 711,
venceram os visigodos e tomaram conta de quase toda a península.
Interessante também notarmos as inovações sociais que foram aparecendo nas
experiências de contatos entre os homens e mulheres de civilizações diferentes daquela época.
Na batalha com os árabes, começou a surgir uma relação importante que marcou o período
feudal, a do cavaleiro com o seu senhor. Isso porque, para derrotar o famoso exército de
cavaleiros árabes, Carlos Martel também precisou organizar uma forte cavalaria, algo até então
pouco comum naquela Europa.
Em função do sucesso dos cavaleiros, daí em diante essa figura passou a ser central
na vida medieval. A relação entre o cavaleiro que oferecia proteção e serviços
militares em troca de receber terra dos senhores viria a constituir o que iremos
estudar como “relação de vassalagem”. Note que essa era uma relação estabelecida
entre nobres e não entre nobres e servos. No começo, recebia-se do Rei, depois era
de outro senhor de terra. Ou seja, a partir da importância militar do exército de
cavalaria, fruto de um aprendizado no enfrentamento com os árabes, estava instituída
as bases da relação de vassalagem. Tá aí um achado que é muito louco, é
praticamente a arqueologia da história!!!
Dessa experiência, Carlos Martel tomou medidas decisivas para consolidar a força militar
dos francos. Uma delas foi estabelecer uma forte cavalaria, a qual passou a ser formada pelos
principais guerreiros. Os membros da cavalaria, juntamente com a Igreja, eram os que mais se
beneficiavam da partilha das terras após as vitórias em campo de batalhas.
Com a morte de Carlos Martel, e como parte da disputa de poder interno, seu filho,
Pepino - o Breve, obteve o apoio do Papa e depôs o último rei da dinastia merovíngia, em 751.
Com isso, Pepino iniciou a Dinastia Carolíngia. Em troca do decisivo apoio da Igreja, Pepino
cedeu ao Papa imensas extensões de terra no centro da Península Itálica, que ficaram
conhecidas como Terras de São Pedro – embrião do que hoje conhecemos como Vaticano.
Parece uma espécie de vassalagem, né?
Depois da morte de Pepino, em 768, seu filho Carlos Magno assumiu o trono. Governou
até 814. Foi considerado o maior rei da Alta Idade Média, pois organizou um eficiente sistema
administrativo capaz de suportar a expansão territorial.
O período que governou é conhecido na história como Renascimento Carolíngio.
Renascimento porque Carlos Magno tentou um projeto para fazer renascer o antigo Império
Romano do Ocidente. O “Renascimento Carolíngio” foi caracterizado pelo incentivo à cultura
e ao desenvolvimento do saber. O Imperador chegou a formar um círculo de eruditos em sua
corte ao qual denominava de Academia. Mas, com a morte de Carlos Magno, em 814, pouco a
pouco, o saber ficou concentrado nas mãos da Igreja Católica.
Independentemente da vontade dos reis e do clero, percebemos que, na realidade, os
elementos básicos e estruturais do feudalismo estavam em pleno desenvolvimento nesse
momento. Parte dessa explicação, está diretamente relacionada com as decisões tomadas por
Carlos Magno para a montagem do seu sistema de governo. Daqui a pouco veremos essa
estrutura.
Os territórios eram administrados pelos “emissários do senhor”, os Missi Dominici. Dessa
maneira, parte desse sistema funcionava por meio da designação de cargos aos senhores de
terra na burocracia estatal.
Além disso, com esse modo de administrar o reinado, Carlos Magno conseguiu
reequilibrar as relações entre o poder do rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza. Ou seja,
ele restabeleceu a ideia de conciliação que, anteriormente, estava a cargo da Igreja. Lembra de
que os ricos senhores de terras se enfrentavam com os reis francos – pelo menos até a ascensão
de Pepino? Uma das formas de controlar a disputa pelo poder entre esses senhores foi reforçar
as doações de terras conquistadas em guerras. Em troca, o Rei cobrava lealdade dos senhores.
Ou seja, caro aluno e aluna, Carlos Magno impulsionou o uso das relações de vassalagem!!!
Tanto com Clovis quanto com Carlos Magno os nobres arrecadavam tributos e as multas
em benefício do rei, bem como recrutavam guerreiros entre os grupos um pouco mais
abastados. Com efeito, ainda com Carlos Magno, foi ampliada a distribuição dos benefícios da
terra, de modo que os beneficiados precisavam participar das expedições militares.
Por sua vez, os guerreiros beneficiados, para assegurar a presença de homens armados
em seus próprios destacamentos, também concediam benefícios a outros homens, os vassalos.
Dessa forma, os senhores próximos a Carlos Magno constituíam seus próprios vassalos. Meu,
era quase uma reação em cadeia de vassalagem!!! Do rei para o senhor, do senhor para o
cavaleiro, do cavaleiro para outro cavaleiro e sucessivamente.
vassalo
2
vassalo
3
rei vassalo
1
vassalo
4
No ano de 800 ocorreu um evento muito representativo das relações que se constituíram
durante a idade média e que tinha começado lá com o Rei Franco Clóvis, em 496: Carlos Magno
foi coroado pelo papa Leão III como o Imperador do “Novo Império Romano do Ocidente”!
Veja como o esplendor da Roma Antiga continuava iluminando e inspirando reis muitos séculos
depois de ter sucumbido, a ponto de ser refundado! Contudo, perceba que, nesse momento,
a instituição que legitimou o poder foi a Igreja Católica! Dali em diante, a Monarquia e a Igreja
fizeram parte de um mesmo arranjo político que permitiu aos nobres permanecerem como
classe dominante por muitos séculos!
Mas, em 814, a morte do Imperador representou o fim da expansão territorial e a
fragmentação do último reino unificado da Europa Ocidental no período medieval. Novamente,
a disputa pela sucessão do trono vem para alterar os rumos da história.
Com efeito, após a morte de Carlos Magno o trono passou a ser ocupado por seu filho,
Luís - o Piedoso. Este, por sua vez, teve três filhos:
➢ Luís, o Germânico;
➢ Lotário;
➢ Carlos, o Calvo.
A disputa pelo poder não parou. Em 843 buscou-se uma solução e o Império foi divido,
era o Tratado de Verdun. Com esse tratado, o império ficou dividido assim:
➢ Luís, o Germânico, ficou com a Germânia (para guardar essa informação não
precisa nem de dica!!!);
➢ Lotário ficou com a região da Itália;
➢ Carlos, o Calvo, ficou com a França.
Meu Deuxsss, e o que aconteceu com uma nova onda de invasões, Profe? De onde esses caras
vieram, agora? Gente, eles não cansam?
11
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2008. p.15.
Pois é, gente, eles não cansam! Dessa vez, foram os temidos vikings e os normandos.
Alguns historiadores dizem que eles se aproveitaram das lutas fratricidas pelo poder no Império
Franco para adentrar as fronteiras enfraquecidas. Além disso, essas incursões acentuaram o
processo de feudalização da sociedade europeia ocidental, tal como estamos vendo até aqui!!!
Os processos de descentralização e de isolamento de grupos, famílias e comunidades
se aprofundaram mais ainda. Os senhores de terras abrigavam as populações que fugiam desses
povos e suas incursões violentas. Em troca de proteção, nos castelos fortificados, as pessoas se
submetiam ao poder dos nobres. Em troca dessa proteção, o homem livre trabalhava para o
proprietário da terra e se tornava camponês.
Os reis perdem a importância porque não conseguiam mais organizar a proteção e a
resistência da população.
Aí eu te pergunto:
➢ e qual o nome que passaremos a dar a esses senhores das terras protegidas?
Senhores feudais!!!
➢ E qual o nome que daremos aos arruinados que conseguiram proteção nas terras
do senhor feudal em troca de trabalhar para ele?
Servo!!!
➢ E qual o nome que passaremos dar a relação que se desenvolveu entre nobres e
camponeses que aos poucos foram se submetendo ao mando dos senhores
poderosos?
Servidão!!!
➢ Agora, e se somarmos essa servidão ao que vimos acima sobre a vassalagem? Vai
dar no quê? Isso mesmo, na relação de servidão e vassalagem. Porém, tudo isso
veremos de forma mais sistemática quando entrarmos na ordem feudal
propriamente dita.
Por fim, é nesse momento, nobre aluno e aluna, em pleno século IX, que o feudalismo
se consolida como modo de vida, como sistema econômico, enfim, como uma Nova
Ordem “mundial” (europeia, né? hehe 😊). Agora, guarde esse conhecimento todo
com o máximo carinho, pois, esse assunto continuará na próximo nossa próxima aula
do Livro Digital, ok?
Lembre-se de que tanto o fim do Império Romano do Ocidente quanto a presença dos povos
bárbaros na Europa foram determinantes para o surgimento do feudalismo.
Pois bem, como os povos de origem bárbara passaram a dominar do século V em diante, seria
natural que as práticas e costumes desses bárbaros adentrassem com eles nos próximos
capítulos da história, concorda?
Uma dessas práticas era a forma com que os “escravos” bárbaros eram tratados. Diferente da
maneira com que os romanos lidavam com seus escravos, os germânicos mantinham relações
que mais se aproximavam do que foram os “servos”.
Leia um trecho do livro Costumes dos Germanos, do historiador Tácito (de fins do século I d.C.).
Nesta passagem fica evidente essa diferença:
“Não se servem dos demais escravos como nós [romanos], empregando cada um em seu trabalho de
casa: deixam cada um viver separado e trabalhando para si próprio; e o senhor os faz pagar certa
quantidade de cereais, gado e roupa como um lavrador, e com isso em mais nada tem que lhe obedecer
o escravo. Os outros trabalhos domésticos são feitos pela mulher e pelos filhos. Poucas vezes açoitam
os escravos; não os põem em cadeias nem os condenam a trabalhos. Costumam matá-los, não por
castigo, mas quando os cegam o aborrecimento e a cólera, como o poderiam fazer com um inimigo,
porém sem receber pena por isso. Os libertos são pouco mais estimados que os escravos, e poucas
vezes têm lugar de mando na casa dos senhores e nunca nas cidades, salvo naqueles povos governados
por reis” .
Veja, então, querida e querido, que o modelo de relação de servidão não brotou do nada, ele
é resultado dos costumes dos povos bárbaros e dos processos de formação política dos
territórios que, em razão da descentralização do poder e da formação de comunidades
comandadas por senhores, acabaram submetidos a eles. Ahhh, esses pobres vulneráveis...só
poderiam virar os servos da gleba mesmo...
A carta de Carlos Magno, rei dos Francos, ao papa Leão III é reveladora
a) do recrudescimento da Contrarreforma, com a aliança entre monarquias absolutistas e
a Igreja Católica que caracterizou a ordem do Antigo Regime.
b) da aliança estratégica entre os reis francos e a Igreja que possibilitou a unificação de
um vasto território sob o comando de um único soberano.
c) das intenções da aristocracia feudal em fazer uso das Cruzadas para obter mais terras e
mitigar suas disputas internas.
d) dos bastidores das tensões e negociações que garantiram a lealdade dos reis da Europa
Ocidental com a Igreja romana no Cisma do Oriente.
e) dos verdadeiros objetivos dos monarcas germânicos durante a Querela das Investiduras,
os quais envolviam o fortalecimento de seus exércitos.
Comentários
A primeira coisa a se fazer é reparar nas datas mencionadas. Na referência bibliográfica
do texto, temos a informação de que a carta foi escrita no ano de 796, portanto, durante
a Alta Idade Média (s. V-X). O autor da missiva é Carlos Magno, rei dos francos. Ele foi o
monarca mais famoso da dinastia carolíngia, responsável por expandir os territórios do
reino e consolidar uma aliança com a Igreja Católica. A carta parece tratar exatamente
disso, uma vez que o rei afirma como ele e seu povo tem lutado para defender a fé católica
dos pagãos. Por meio da intercessão do papa, ele clama para que a graça de Deus
continue recaindo sobre as tropas francas. Com isso em mente, vejamos o que se revela
nessa missiva:
a) Incorreta. Carlos Magno governou o reino dos francos entre 768 e 814, quando morreu.
Por sua vez, a Contrarreforma foi um movimento da Igreja Católica em reação a Reforma
Protestante, no século XVI, muito tempo depois.
b) Correta! Aliança entre os francos e a Igreja já vinha sendo formada desde pelo menos
o avô de Carlos Magno, Carlos Martel, quando este derrotou os muçulmanos na Batalha
de Poitiers. Contudo, é com seu neto que essa aliança se torna definitiva, graças a série
notável de conquistas que realizou. Todas as campanhas militares que realizou foram feitas
em nome do cristianismo. Assim, pretendia converter os pagãos e expandir as fronteiras
da cristandade. Com isso, ele conseguiu reunificar boa parte do que tinha sido o antigo
Império Romano do Ocidente. A religião cristã, monoteísta, era interessante para Carlos
Magno uma vez que se alinhava perfeitamente à sua pretensão de ter um vasto território
dominado por um único soberano, assim como todos os cristãos cultuam um só Deus. No
ano 800, ele foi coroado imperador dos romanos pelo papa Leão III. Isso tinha uma carga
simbólica muito grande, que lhe conferia o estatuto de herdeiro direto da grande
civilização romana.
c) Incorreta. As Cruzadas só ocorreram entre 1096 e 1270, portanto, após a morte de
Carlos Magno.
d) Incorreta. O Cisma do Oriente consistiu na separação definitiva entre Igreja Católica
Apostólica Romana e Igreja Ortodoxa. Contudo, isso ocorreu em 1054, também depois
da morte de Carlos Magno.
e) Incorreta. Em primeiro lugar, a Querela das Investiduras não teve nada a ver com
fortalecimento de exércitos. Foi uma disputa entre o imperador do Sacro Império Romano
Germânico, Henrique IV, e o papa Gregório VII, entre 1075 e 1122. O monarca queria a
prerrogativa para fazer nomeações para o alto clero em seus territórios, o que era um
direito apenas do papa. Por outro lado, como se vê pelas datas, essa disputa se deu após
a morte de Carlos Magno e nem envolveu o reino dos francos.
Gabarito: B
Faço questão de insistir nessa sistematização para que você não confunda e trate Idade Média
como sinônimo de feudalismo. Trata-se de conceitos diferentes. Agora, presta atenção nas
palavras do professor Jacques Le Goff. Repara nos destaques:
“Feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual uma camada de guerreiros
especializados – os senhores –, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência,
domina uma massa campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.”12
2.3.1 – O Feudo
12
LE GOFF, Jacques. A civilização ocidental medieval. Lisboa: Ed. Estampa, 1983.
A partir da imagem, podemos identificar alguns lugares chamados de mansos. Veja que
em cada espaço existem relações de produção e sociais específicas.
Atente para o fato de que podemos estabelecer uma série de ligações entre economia,
sociedade e política no feudo.
2.3.2.1 - Sociedade
Os aspectos políticos, econômicos e sociais do feudalismo – que se concretizam no feudo
– devem ser pensados de maneira relacional. Você sabe o que isso significa, querida e querido
aluno?
Cuidado com uma singularidade: o clero! Observe que as pessoas não nasciam membros do clero,
elas nasciam no seio da nobreza. Por isso, quem nasceu nobre, no feudalismo, executava duas
atividades diferentes: guerrear ou orar.
Já quem nasceu plebeu - sem propriedades, sem herança e sem status – eram os trabalhadores. Eles
estavam, majoritariamente, submetidos à relação de servidão, por isso, são conhecidos como servos.
NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos detentores
de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre eles não recaia
nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário, recebiam taxas devido ao fato
de serem os proprietários das terras e dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram
privilegiados.
Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da Igreja
Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e, o Alto Clero, que
eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam
com os cargos mais altos da Igreja, estes detinham poder e influência política sobre os nobres
donos de terra. Os de pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero.
Essa ordem também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta pela
população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material para todas as
classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e
toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3
dias recebiam o manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem
as determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades
religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.
Notou que cada uma das ordens sociais tinha uma função que, na verdade, era entendida
como obrigação!
Profe, mas porque era uma obrigação? Assim.... não tinha jeito de mudar isso?
Não querido aluno, não mesmo! Não há mobilidade social em sociedades estamentais,
porque o critério de pertencimento ao estamento é o nascimento. Além disso, a mentalidade
feudal era muito influenciada pela Igreja Católica e esta instituição pregava que a divisão
desigual fazia parte da ordem divina criada por Deus, por isso, deveria ser aceita por todos, sob
pena de castigos divinos terríveis. Veja abaixo um texto de um clérigo, Eadmer de Canterbury
(ou Cantuária), do século XI:
A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães é
proteger os carneiros e os bois dos ataques dos lobos. Se cada uma destas espécies de animais
Bispo Eadmer de Caterbury, sec. XI
cumprir a sua missão, Deus protegê-la-á. Deste modo, fez ordens, que instituiu em vista das
diversas missões a realizar neste mundo. Instituiu uns – os clérigos e os monges – para que
rezassem pelos outros e, cheios de doçura, como as ovelhas, sobre eles derramasem o leite da
pregação e com a lã dos bons exemplos lhes inspirassem um ardente amor à Deus. Instituiu os
camponeses para que eles – como fazem os bois, com seu trabalho – assegurassem a sua
própria subsistência e a dos outros. A outros, por fim – os guerreiros -, instituiu-os para que
mostrassem a força na medida do necessário e para que defendessem dos inimigos, semelhantes
a lobos, os que oram e os que cultiva a terra13.
14
13
Eadmer de Cantebury. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p. 179.
14
COTRIM, G. Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p. 178.
2.3.2.2 – Política
Uma dúvida, Profe: aonde foi parar o rei? Falamos de nobres, senhores feudais, cavaleiros,
clero...mas e cadê o rei nisso tudo?
O rei existia sim, pois esse era título de nobreza mais importante e antigo. Ele provém
de Carlos Magno, seus filhos e os filhos de seus filhos.
SUSERANO VASSALO
- Doa terra - Recebe a terra
- Recebe - Oferece a
proteção proteção
a exercer o poder temporal sem interferência de qualquer outro senhor, nem mesmo seu
suserano. Veja o que diz a professora Mônica Amim15:
Visto que as invasões marcaram um período essencial para a formação das sociedades feudais do
Ocidente, verifica-se então a consolidação do poder dos castelães16 que podiam oferecer abrigo
fortificado [...]. Consequentemente, instalou-se uma nova ordem baseada em laços de dependência e
juramentos que, aliada à emancipação dos principados regionais, constituía-se em verdadeiro obstáculo
à autoridade real. (p. 123 – grifo nosso)
Lembro mais uma vez de que relação de suserania e vassalagem se trata de uma
relação entre dois membros da nobreza. Não confunda com as relações de servidão
estabelecidas entre o senhor feudal e um servo!!
“O rei não tinha poder algum sobre os domínios dos duques e condes. Seus vassalos não eram
considerados súditos dos reais. Vigora um princípio segundo o qual “o vassalo de meu vassalo não é
meu vassalo”. Cada um dos duques e condes administrava os assuntos do governo interno, fazia a guerra
e firmava tratados, sem consultar o rei. Os duques e condes tinham seus próprios vassalos, os quais por
sua vez, podiam ter os seus cavalheiros de menor categoria. [...]O vassalo recebe do senhor um feudo.
O feudo se transmitia por herança ao filho mais velho Depois da morte do vassalo, seu filho mais velho
se apresentava perante o senhor, ajoelhava-se, punha suas mãos nas mãos do senhor e se declarava seu
vassalo: jurava fidelidade ao senhor e se comprometia a servir-lhe daí em diante. Então, o senhor lhe
transmitia a posse do feudo.” (grifo nosso)
Dito isso, concluímos que o título de rei continuava existindo, mas sem um grande reino
com poder centralizado. O rei é, também, um importante senhor feudal. Entendeu?
15
AMIM, Mônica. Idade Média:um tempo de fazer cristão. In: Revista ComparArte, Rio de Janeiro, Volume 01, Número 01, Jan-
Jun 2017, pp. 12116-142.
16
Castelães, nesse caso, era o dono do castelo ou o senhor de terra.
17
KOSMINSKY, E.A. História da Idade Média. Centro do Livro Brasileiro. Sem Data. p.35.
2.3.2.3 – Economia
De um ponto de vista mais geral, a economia na Europa Ocidental era rural, com graus
diferentes a depender da região. Em especial, na Baixa Idade Média, a economia europeia ficou
isolada em relação aos outros continentes. Em muitas regiões, ocorreu o desaparecimento da
moeda devido ao desuso. Além disso, os pesos e medidas se regionalizaram. Tudo isso se
transformou em um obstáculo maior à atividade mercantil.
É verdade que, durante o Império Carolíngio, no Governo de Carlos Magno, houve uma
abertura de rotas para a exploração mercantil, mas elas não foram suficientes para reverter a
dinâmica estrutural do empobrecimento do Ocidente Europeu desde o século V, com a
desintegração do Império Romano do Ocidente. Dessa forma, o feudo foi a unidade produtiva
que resultou dessa experiência multissecular.
Nos feudos, a economia era autossuficiente, ou seja, produzia-se o necessário para a
sociedade que ali vivia. Até o século X, dificilmente ocorria excedente de produção. Isso
acontecia porque as técnicas de produção eram rudimentares e existia grande preocupação
com as invasões de povos de fora dos feudos. Como não havia grandes atividades econômicas,
porque a produção era de subsistência, e como não havia moeda, as trocas e o pagamento de
taxas e impostos eram realizados por meio da própria produção. Um bom exemplo, foram as
taxas que os servos tinham que pagar aos senhores feudais. Essas eram, majoritariamente, em
víveres18.
E você lembra quais foram as taxas que os servos tinham que pagar
OBRIGATORIAMENTE?
18
Víveres eram os mantimentos ou alimentos necessários à sobrevivência.
Colonato (origem
romana): ceder um
pedaço de terra para
alguém trabalhar em
troca de uma parte
do que foi produzido
relações
de
servidão
Precarium
(romano): entrega
de pequenas terras
a um grande senhor
em troca de
proteção.
Comitatus
(origem
germânica):
relações de
fidelidade entre
guerreiros
relações de
suserania e
vassalagem
Beneficium (origem
germânica): receber
uma terra por ter
realizado um favor,
ganhado uma
guerrade proteção.
❖ Direito Romano: leis escritas, formalizadas no papel, por isso, também é chamado de
Direito Escrito.
❖ Direito Germânico: Direito Consuetudinário, isto é, normas legais não escritas e baseadas
nos usos e costumes, nas tradições dos povos.
C O N S E Q U ÊN C I A S
C Fim das
Invasões
A Bárbaras
1- explosão
U demográfica –
excedente
S populacional
A 2- aumento da
produção –
S excedente de
produção.
Novas
Técnicas
Produtivas
“A dramática aceleração das forças de produção detonou uma correspondente explosão demográfica.
A população total da Europa Ocidental provavelmente foi além do dobro entre 950 e 1348, indo de uns
20 milhões de habitantes para 54 milhões. Tem sido calculado que a expectativa média de vida, que
seria de uns 25 anos no Império Romano, teria subido para 35 anos pelo século XIII, na Inglaterra feudal”
50
população em milhões
40
30
20
10
0
1000 1100 1200 1500
Série 1
Fonte19
Observados os dados acima, podemos afirmar que realmente houve uma grande
expansão demográfica. Disso decorreu como primeira consequência: a necessidade de
aumentar a produção para evitar fenômenos de fome, como o que ocorreu em 1033. Assim, foi
necessário ampliar as áreas agricultáveis e melhorar as técnicas de produção.
Então, vamos dar um bizu nas novas tecnologias agrícolas desenvolvidas as quais
permitiram o aumento da produção de alimentos.
19
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. 1983, pp. 87-139.
Todo esse melhoramento na produção não apenas evitou a fome como gerou excedente
de produção. Isso criou novas demandas no sentido da dinamização das atividades econômicas.
Era necessária uma atividade comercial mais robusta e vigorosa.
Porém, essa demanda esbarrava nos interesses dos senhores feudais que aumentavam
cada vez mais as taxas cobradas dos servos, colocavam barreiras para o avanço das inovações
agrícolas e, também, para as atividades comerciais que extrapolassem os muros dos feudos.
Além disso, o aumento da circulação de grãos, aves, gado, lã, ferramentas impulsionou
os setores do artesanato e do comércio. Assim, muitos servos acabaram por se envolver nessas
atividades e, então, dois grupos econômicos importantes voltaram à cena: os artesãos e os
mercadores. Segundo o historiador Perry Anderson, o desfecho desse processo foi a crescente
diferenciação social nos feudos.20.
20
ANDERSON, Perry, op. cit. P. 181.
É verdade que os artesãos permaneceram ativos durante todo esse tempo que
estamos estudando, especialmente, aqueles que serviam aos nobres: os armeiros,
nas batalhas medievais; ourives, na construção e ornamento dos castelos e igrejas.
Mas, o artesanato se diversificou e muitas outras atividades foram criadas, sobretudo,
aquelas ligadas às atividades mercantis.
Essas mudanças que estamos discutindo estão relacionadas com o esgotamento do modelo de
autossuficiência do feudo. O feudo não respondeu às novas exigências e demandas de um
cenário que começava a mudar.
Portanto, querida e querido aluno, estamos diante do processo de desagregação do feudalismo
e de todas as relações que se desenvolveram e se consolidaram nesses séculos, desde o V.
Assim como foi com o Império Romano, a desagregação do feudalismo foi um processo lento,
que enfrentou a transição do velho mundo para um novo mundo.
Cabe-nos, agora, descrever o desenrolar esse processo e as consequências dessas
transformações.
Por outro lado, os fins da reforma também visavam (re)estabelecer o poder do Papa
sobre o poder feudal. Esse último aspecto era importante para assegurar o comando sobre
mentes e corações dos cristãos.
Dessa iniciativa do Papado em controlar as nomeações dos bispos e dos padres nas
paróquias eclodiu a Querela das Investiduras, isto é, a disputa entre reis e senhores, de um lado,
e, do outro, Igreja, para nomear os clérigos.
O conflito só se resolve em 1122 com a assinatura da Concordata de Worms cuja solução
mediada estabeleceu 2 formas de investidura:
Concordata
de Worms
1122
Investidura Investidura
Espiritual Leiga
feita pelo Papa feita pelo rei
Atenção!!! Aprofundando: uma das primeiras grandes divergências na Igreja Católica foi entre
a Igreja do Ocidente (Igreja Católica Apostólica Romana) e a Igreja do Oriente (Ortodoxa, em
Constantinopla e pertencente ao Império Bizantino). Dentre as divergências, a forma de culto
as imagens (ícones) e a maior ou menor proximidade do poder Imperial distinguiam as duas
Igrejas Dessa diferença, entre a Igreja com sede em Roma e a Igreja Bizantina, surgiu o Cisma
do Oriente (ano de 1054).
Pega a cena:
I - Em 1043, Miguel Cerulário tornou-se patriarca da Igreja em Constantinopla. Então, ele
mandou fechar todas as igrejas latinas na Capital do Império. Evidentemente, o papa romano
achou um absurdo tal decisão.
II - Assim, em 1054, o papa foi até Constantinopla com a intenção de fazer o patriarca
reconhecer a Igreja romana - consequentemente, o papado – como a instituição mãe, acima de
qualquer outra. Mas, o papa também foi buscar um apoio do Império Bizantino para se defender
de ataques de povos normandos na Península Itálica.
III - Mas Cerulário, o imperador patriarca, disse NÃO para as duas coisas. Por isso, o Papa
Humberto excomungou Cerulário, que fez o mesmo com o Papa.
IV - Então, o Imperador Bizantino proclamou a separação oficial entre as duas igrejas, já que,
para os orientais, teria sido Roma quem se afastou das pregações originais de Jesus Cristo. A
partir daí surgiu oficialmente a Igreja Ortodoxa, com sede em Constantinopla, e a Igreja
Católica Apostólica Romana, sediada em Roma.
Aqui, na Baixa Idade Média, também apareceram divergências quanto às concepções
doutrinárias. Além da Querela das Investiduras, que vimos anteriormente, houve diferenças
mais fraticidas e com respostas mais duras e violentas por parte da Igreja. Vamos vê-las?
Por volta dos séculos XII ao XIII, houve o surgimento de seitas e facções que, embora
baseadas no cristianismo, contrariavam a doutrina oficial da Igreja Católica no que se referia a
princípios mais estruturantes e, por isso, geravam incompatibilidades de doutrinamento. Essas
divergências passaram a ser denominadas de heresias. Surgiram como movimentos
espontâneos, mas, algumas delas, fundaram igrejas com hierarquias próprias. Elas foram
classificadas em 2 tipos:
caráter
dogmático e
filosófico
ORIENTAL
praticada por
doutores e
eruditos
Heresias
Caráter popular
OCIDENTAL
praticada por
pessoas iletradas e
pouco instruídas
Os chamados hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica,
principalmente após a criação e organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XIII, em
1231 pelo Papa Gregório IX. O objetivo do Tribunal era descobrir e julgar os hereges e o
julgamento desses hereges chamava-se Inquisição do Santo Ofício. Os castigos iam de
excomunhão até morte na fogueira.
No total, entre o século XI e XIV, foram 8 cruzadas consideradas oficiais, isto é, organizadas pela
Igreja e pela nobreza. Fala-se em “cruzadas oficiais” porque em 1096, antes da primeira
cruzada, houve uma cruzada popular - a dos mendigos - não organizada pelo papado, mas por
alguns senhores feudais. Tal como essa cruzada popular, em 1212 houve a Cruzada das
Crianças, baseada na ideia de que a pureza dos cristãos inocentes poderia derrotar os infiéis
definitivamente. Tanto a Cruzada dos Mendigos quanto a das Crianças foram massacradas e,
como afirmam alguns historiadores, indiretamente, fez-se um controle populacional.
É verdade que a ideia de levar a guerra santa aos muçulmanos não era nova. O papa
Gregório VII já havia proposto uma força expedicionária para ajudar os bizantinos contra os
turcos seljúcidas. O Basílio Miguel VII (do Império Bizantino) pedira ajuda ao Papa, pois o
Império estava em conflito com os turcos no Leste, com os pechenegues nos Bálcãs e com os
normandos no sul da Itália. No final de 1074, o Papa pensou em liderar esta expedição, pois
vislumbrava uma forma de articular o fim do Cisma de 1054. Porém, essas intenções não
vingaram. Gregório morreu em 1085.
Em 1088 assume o papado da Igreja Urbano II, um líder que pretendia salvar a Igreja das
diversas crises. Em 1089, Urbano começou uma reaproximação diplomática com
Constantinopla, cujo Império necessitava conter o avanço dos turcos – já convertidos ao
islamismo - sobre a capital do Império Bizantino. Urbano II visualizou uma oportunidade política
para fortalecer a Igreja e expandir seus domínios.
Contudo, Urbano II ainda não tinha força e prestígio suficientes para organizar as
peregrinações. Em 1095, Urbano II convocou o Conselho de Clermont. Neste Conselho, o
número de participantes eclesiásticos era grande, 400 bispos e abades marcaram presença. Ao
final do evento, Urbano II fez um sermão aberto na praça para convocar reis, príncipes e plebeus
para promoverem uma Guerra Santa sob a bandeira da Igreja Católica. Neste sermão, Urbano
II teria dito:
“a todos aqueles que partirem para as Cruzadas e perecerem no caminho, seja por terra, seja por mar,
ou que perderem a vida combatendo os pagãos, será concedida a remissão de seus pecados”.
Após reunir forças clericais, Urbano II começou sua jornada no sul da França para recrutar
guerreiros. Por onde passava, os sermões do Papa reuniam milhares de fiéis que, após ouvirem
o chamado à purificação da terra de Cristo, aceitavam a missão. Os cavaleiros foram
convencidos pelo discurso da absolvição dos pecados. Como viviam da violência, caso
atingissem os objetivos da Cruzada, seriam perdoados.
Veja como os fatos históricos fazem sentido: lembra-se de que havia os cavaleiros
andantes, os quais perambulavam por territórios de forma autônoma? Pois é, a França
concentrava inúmeros desses guerreiros.
Papa Urbano II chegando à França para pregar a cruzada,
miniatura no Romano de Godefroi de Bouillon , século XIV, BN,
Paris
Você lembra que por volta do ano 1000 houve um surto populacional na Europa
ocidental? O elemento da superpopulação, combinado com as crises de fome – como a ocorrida
no ano de 1033 – forçaram a busca por novas terras e por novas atividades econômicas. Esta
circunstância contribuiu para motivar tanto as Cruzadas, rumo à Palestina, quanto a expansão
para o Oeste Europeu, nas chamadas de Guerras de Reconquista - recuperar a Península Ibérica
dos mulçumanos.
Já os cavaleiros sem terras, os “dons quixotes da vida”, também tinham o interesse de
conquistar riquezas ao longo das Cruzadas. Por sinal, era sabido que o Oriente Médio, centro
das rotas comerciais, detinha as mais variadas riquezas daquela época (tecidos, ouro,
especiarias, etc.).
O espírito das Cruzadas, a ideologia criada em torno delas e todo o misticismo das
histórias dos cruzadistas foram importantes para os processos de expansão europeu,
tanto no próprio continente (retomada da Península Ibérica dos mulçumanos) quanto
para a expansão marítima nos idos do século XIV, em busca de rotas comerciais.
No mesmo sentido, também como saldo das Cruzadas, Jacques Le Goff afirma que
A Cavalaria
Em 732. Durante a batalha de Poitiers, entre católicos e muçulmanos, ocorreu uma experiência
militar na formação dos reinos germânicos a partir do enfrentamento com os árabes
mulçumanos. Tratou-se do uso de cavalos enquanto estratégia militar. Desde então, as
cavalarias passaram a ser organizadas tal como uma instituição vinculada à fé cristã dentro da
lógica feudal. Lembre-se: formada por nobres senhores feudais.
Dessa forma, os cavaleiros combatiam por Cristo (considerado o grande suserano) e apoiados
na veneração a uma corte celeste, formada por anjos e santos como São Miguel e São Jorge.
Antes das Cruzadas, de acordo com o historiador Marc Bloch, os cavaleiros andantes ajudaram
na reconquista do norte da Espanha contra os mulçumanos, contribuíram para a formação do
Estado da Normandia (sul da Itália) e atuavam como mercenários para o Império Bizantino
contra os mulçumanos21.
Posteriormente, na iminência das Cruzadas, esses cavaleiros encontraram, finalmente, na
conquista e na defesa do Túmulo de Cristo o seu campo de ação preferido. Além disso,
conforme a historiadora Mônica Amim:
“A cavalaria foi um dos eventos mais notáveis da história da Europa entre a cristianização e os tempos
modernos, tanto que se transformou no tema de toda uma fase da literatura. A cavalaria como
instituição, com todos os aparatos que a distinguiam, assumiu sua forma definitiva por volta do século
XI, quando também se estabeleceu o hábito da cerimônia de sagração para se armar o cavaleiro. Com
a crescente influência da Igreja, esta cerimônia foi, paulatinamente, transformada numa espécie de
sacramento, precedido pela vigília de armas, noite de preces e benção das armas. É importante, porém,
21
BLOCH, Marc. Op. cit. p. 326.
diferenciar dentro da cavalaria, instituição secular, as ordens cavaleirosas de caráter religioso: o grau de
cavaleiro podia ser conferido a alguém por qualquer senhor feudal, obviamente com a participação da
Igreja, enquanto as ordens de cavalaria eram criadas pelo Papa, e seus membros – misto de monges e
guerreiros – faziam o voto de castidade no ato da sagração. Nesse contexto, as ordens militares
responderam, por um lado, às necessidades de defesa; por outro lado, na Terra Santa, ordens como a
dos Templários e dos Hospitalários se colocaram, desde o início, a serviço dos peregrinos e cruzados. O
rápido aumento do número de irmãos e o grande afluxo de donativos tornaram essas ordens fortes e
poderosas, a ponto de reis e príncipes confiarem a elas a guarda dos principais castelos. Devido a seus
êxitos e ao seu prestígio essas ordens acumularam grandes fortunas, feudos e territórios que agruparam
em comandaturas, e mantiveram por um longo tempo a ideia de Cruzada e de ordem cavaleiresca no
Ocidente. (pp. 127-128).”
A Ordem dos Templários, formada por monges cavaleiros franceses para proteger Jerusalém,
era uma organização de caráter militar-religioso. Os membros ocupavam uma ala do palácio
real que supostamente fez parte do Templo de Salomão. Por isso, o nome Templários. Essa
ordem chegou a reunir 20 mil cavaleiros e foi fundamental para assegurar as conquistas da
cristandade nas regiões do Oriente. O Papa Clemente V dissolveu a Ordem em 1312.
As Cruzadas foram uma série de expedições militares organizadas pelos cristãos europeus
para reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém, na Palestina, que estava sob domínio
islâmico. Essas expedições se deram entre os séculos XI e XIII e somam um total de oito
cruzadas oficiais. Apenas a primeira, chamada de Cruzada dos Barões (1096-1099) foi bem
sucedida em reconquistar a cidade sagrada. Contudo, no século XII os turcos
reconquistaram o local, que nunca mais foi retomado pelos cristãos. Apesar de terem
fracasso, o conjunto dessas expedições obteve resultados colaterais que alteraram os
rumos da sociedade medieval. Com isso em mente, vejamos podemos afirmar sobre esse
movimento.
a) Incorreta. As Cruzadas foram idealizadas pelo papa Urbano II, que proferiu seu primeiro
discurso apresentando a ideia em 1095. Sua intenção não era só combater os infiéis e
recuperar um local sagrado para o cristianismo, mas também buscar uma maior
aproximação entre as Igrejas romana e bizantina recém-separadas, uma vez que a
expansão árabe estava nas fronteiras do Império Bizantino. Além disso, ele contava que
com as expedições a nobreza europeia conquistaria novas terras, mitigando as disputas
internas por mais territórios, já escassos no continente europeu. Ainda, os comerciantes
das cidades italianas tinham, sim, interesses econômicos nas Cruzadas. Eles esperavam
tomar controle sobre entrepostos e portos estratégicos para o comércio no mar
Mediterrâneo, que davam acesso aos mercados orientais. Portanto, essas expedições de
cunho religioso carregaram uma série de motivações de outra ordem.
b) Incorreta. Como falei acima, à princípio as Cruzadas deviam inspirar uma aproximação
e o sentimento de solidariedade entre as duas Igrejas, não reforçar suas divergências
dogmáticas. Contudo, os mercadores italianos tinham a intenção de tirar do jogo as
cidades que eram obstáculo para sua hegemonia comercial no Mediterrâneo, entre elas
Constantinopla.
c) Correta! É como expliquei na letra “a”. As Cruzadas envolveram um mosaico de
interesses. De certo, havia um grande apelo religioso, afinal eram os infiéis, inimigos de
Deus, que haviam tomado o lugar de sepultura de Seu filho. Porém, também havia o
interesse por terras e por prosperidade econômica.
d) Incorreta. Na realidade, os turco-otomanos só conquistaram Constantinopla em 1453,
muito tempo depois da última Cruzada, realizada em 1270.
e) Incorreta. O texto destaca o quanto os cruzados estavam desprovidos de meios de
transportes e equipamentos em geral para dar continuidade à sua expedição. Inclusive, foi
por isso que recorreram aos venezianos que prestaram auxílio não sem extorquir o máximo
que podiam dos expedicionários. O nível de preparação, a qualidade e a quantidade de
recursos à disposição dos cruzados variavam de acordo com os participantes da Cruzada
em questão. Como disse antes, houve oito cruzadas oficias. As Cruzadas que contavam
com a participação e financiamento da nobreza era mais bem provida. Porém, aquelas
como a Cruzada dos Mendigos (1096) estava muito aquém do necessário para qualquer
operação militar e eram facilmente massacradas.
Gabarito: C
Você deve imaginar que esses processos não se deram de um dia para o outro. Como
demonstramos acima, as transformações no feudalismo são resultado do período que ocorre
entre os séculos XI e XIII. Assim, a retomada da vida urbana e mercantil é a resultante desse
processo e, por isso, devem ser compreendidas de maneira complementar uma com a outra.
No entanto, essa resultante é ao mesmo tempo a causa do aprofundamento das
transformações do feudalismo, como se fosse uma lógica retroalimentar. Tome nota de mais
uma colocação feita pelo professor Anderson:
A ascensão desses enclaves urbanos não pode ser separada da influência agrária que os cercava. É
bastante incorreto divorciar os dois em qualquer análise da Idade Média [...].” (idem, p. 185)
A Liga Hanseática foi fundada no século XIII por mercadores germânicos das regiões de
Hamburgo, Lubeck, Brêmen, Dantizig, Brugues, Rostock. Durante a Baixa Idade Média se
constituiu como uma potência comercial europeia. Mas, era mais que isso. No século XV, era
uma confederação político-econômica que reunia quase 60 cidades, possuía uma das maiores
frotas marítimas, exército e governo centralizado. A Liga agrupou o que aprenderemos, daqui
há algumas aulas, como os príncipes burgueses. Eles formaram as monarquias europeias mais
dinâmicas e, com isso, impulsionaram o comércio marítimo e as reformas políticas e religiosas
da Época Moderna.
1- Italiano 2- Germânico
Oi? Profe, por que a Igreja condenava o fato de as pessoas emprestarem dinheiro
à juros?
Querida e querido, a Igreja condenava o empréstimo de dinheiro devido ao
conjunto de valores e dogmas que deveriam reger o comportamento e atitudes
dos cristãos. Nesse sentido, o dinheiro do lucro era indecente porque a pessoas
que o emprestava ganhava mais dinheiro somente por ter esperado o tempo
passar. Isso tinha dois problemas: primeiro, nenhum tipo de trabalho realizado;
segundo o tempo era um elemento divino que deveria ser manipulado e usado
apenas por deus – o tempo era o da vida e o da morte.
Esses preceitos morais da religião cristã geraram obstáculos para os cristãos se
envolverem em atividades bancárias, por isso, pessoas de outras religiões foram
os que aproveitaram a janela de oportunidades gerada nesse contexto. No caso,
foram os judeus.
“O apogeu das fortunas estava na atividade banqueira, onde as taxas de juros astronômicas podiam ser ganhas de
empréstimos extorsivos à príncipes e nobres com pouco dinheiro vivo. [...] A volta da cunhagem de moeda à Europa
na metade do século XIII, com a fabricação simultânea em 1252 [...]
Percebe que a terra deixou de ser a única fonte de riqueza? E se existem formas
diferentes de ganhar dinheiro também podemos pensar que grupos econômicos diferentes se
formam nesse processo. Até aqui falamos de pelo menos 3 novos grupos:
22
LE GOFF, Jacques. A bolsa e a vida: economia e religião na Idade Média. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
Essa dinamização das atividades econômicas está inscrita no espaço físico da Europa
Ocidental. Logo, ela foi capaz de promover uma mudança na ocupação territorial e na
organização social. Então, nas proximidades das rotas comerciais, dos portos e das feiras
surgiram novos núcleos urbanos: as cidades. Veja o que diz o professor Le Goff23:
Da leitura atenta do excerto acima, podemos verificar alguns elementos importantes sobre as
cidades medievais:
❖ Não eram uma simples continuidade das antigas cidades da antiguidade
❖ São formações tipicamente do período medieval, por isso, chamadas de cidades
medievais
❖ Tem uma função essencialmente econômica, o que a torna diferente das cidades da
antiguidade ligadas à função política, administrativa e militar.
❖ Nessa função econômica tem relevância a produção. Nisso entra o papel dos artesãos e
da manufatura – veremos que a mais importante foi a manufatura têxtil.
Em um primeiro momento esses espaços urbanos eram fortificados e construídos ao lado dos
antigos centros urbanos. Mas, as atividades ali dentro eram diferentes, pois predominava o
comércio. Esses espaços eram chamados burgos – palavra derivada da fusão do germânico e
latim burgs + burgu. e que significa “pequena fortaleza” Seus frequentadores eram os
burgueses.
23
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editora Estampa, 1983, pp. 102, 103,107.
24
Mas profe, por que frequentadores? Essas pessoas do burgo não moravam lá?
Querida e querido, inicialmente não moravam. O burgo era um lugar que servia para fazer
o comércio local, onde ficavam alguns locais para armazenagem e outros mercados. Mas, com
o tempo e a ampliação das atividades, as pessoas passaram a construir casas para morar mais
perto e economizar tempo e transporte. Jacques Le Goff afirma que o êxodo rural, ou seja, a
migração do campo para a cidade, foi um grande fenômeno durante a Idade Média Central.
Assim, os vários elementos humanos que chegaram nesses espaços, ao longo desse tempo,
constituíram uma “sociedade nova”.
Pela própria configuração espacial da Europa feudalizada é possível imaginar que os
burgos, de alguma maneira, estavam localizados em terras feudais. Assim, essas transformações
econômicas, sociais e comportamentais se chocavam com o status quo dos nobres senhores
feudais. Nesse processo, surgiu um novo conjunto de taxas imposto pelo senhor feudal que
deveriam ser pagas pelos burgueses. Em contrapartida, eles exigiam liberdade de comércio e
de circulação.
Desses choques, derivou o movimento comunal organizado por burgueses para
conquistar a autonomia e independência das cidades e, assim, livrar-se do domínio e autoridade
do senhor feudal. Essa demanda poderia ser alcançada pacificamente por meio de uma carta
de emancipação, conhecida como Carta de Franquia, emitida por um nobre em troca do
pagamento de grande monta de moedas. Este documento garantia autonomia administrativa e
judiciária dentro do burgo.
Contudo, em muitas situações, os senhores resistiram e se negaram a reconhecer a
independência dos burgos. Nesses casos, os burgueses recorreram ao rei-suserano de um
senhor-vassalo. Lembram que o rei continuou existindo e ele era suserano de alguns senhores
feudais vassalos e estes lhes deviam fidelidade? Então, em alguns momentos, os reis usaram
esse poder hierárquico e intermediaram esses conflitos. Alguns historiadores chamam isso de
24
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2011, p. 229.
uma aliança do rei com a burguesia na busca da retomada do seu poder e prestígio, nesse
contexto de desagregação do feudalismo. Guarde essa informação com cautela, certo!
Quanto mais livres e independentes eram as cidades, mais o comércio e o artesanato
prosperavam. Diante desse cenário, novas instituições surgiam. As principais foram:
Guildas
• Associação de mercadores. Tinham objetivo de garantir o monopólio do
comércio local, tabelar preços, regular a atividade mercantil.
Corporações de Ofício
• Associação de artesãos, donos das oficinas . Tinham o objetivo de
controlar a produção e a qualidade dos produtos fabricados nas oficinas
locais.
• Eram organizadas por especialidade (ofício). Ex. sapateiro,
ferramenteiro, jornaleiro.
• Funcionavam como escolas para os APRENDIZES.
Essa cidade, que semeava as sementes para um novo mundo, uma nova
mentalidade, uma nova forma de ser e sentir, de fazer riqueza e de desafiar
as agruras da vida, forjava os instrumentos para romper com a rigidez da
sociedade feudal. As corporações de ofício são um exemplo de que existia
mais mobilidade social, a partir da atividade artesanal, do que no feudo –
apesar do controle e intervenção dessa instituição.
Assim, mesmo com muitas limitações estruturais feudais, houve um lento enriquecimento de
comerciantes e artesãos que, ao longo do tempo, controlaram com exclusividade determinadas
atividades. Esse processo indica a formação de uma nova classe social: A BURGUESIA.
Apenas atente-se, aluno e aluna, para o fato de que estamos falando de um “processo de
formação de classe social”, portanto, isso é uma engrenagem que se movimentou por muitos
séculos depois desse momento inicial.
Então, nesse momento histórico, a burguesia quer ser aceita pela nobreza e ser parte dela. Por
isso, a burguesia quer ganhar dinheiro e, com ele, comprar terras e títulos de nobiliárquicos. Ela
quer entrar para o time, sacou? Ela ainda não é aquela burguesia da revolução Francesa que
derrubou o rei e cortou sua cabeça. Na passagem do feudalismo para Idade Moderna a
burguesia não é contra a nobreza, ela quer imitar, ser parte e igual aos nobres. Cuidado para
não colocar o carro na frente dos bois, hein. Em história chamamos isso de anacronismo!
Contudo, sabemos que isso é muito difícil porque títulos de nobreza não eram monetizados,
afinal, eram um título de propriedade só adquirível por meio da doação de um outro nobre e
para tanto, a pessoa tinha que nascer no berço de uma família de nobres. Como é que a
burguesia vai conseguir ser nobre um dia, pensa bem?
Além disso, a nobreza sempre vai olhar a burguesia com desprezo e nunca como iguais. Afinal,
o dinheiro da burguesia vinha do trabalho! E, vamos combinar, trabalho não era uma coisa bem
vista pela nobreza. Lembra-se que os que foram criados por Deus para trabalhar foram os servos
– recorda-se da visão religiosa da criação das 3 Ordens Sociais? Então! Meritocracia é um valor
que só vai tomar a cena da história lá pelo século XVII.
Olhar de Coruja 360º. hein, Guerreiro e Guerreira!
brecar o poder político e econômico dos nobres e da Igreja, fortalecidos pela expansão
da servidão e pelo declínio do comércio.
Comentário
Na aliança firmada entre a recente surgida burguesia e os monarcas, que levou à formação
das Monarquias Absolutistas, a burguesia exigiu dos monarcas que ajudou
financeiramente favorecimentos econômicos no novo governo. Logo, a exigência não
atingia a política e a sociedade.
Gabarito: A
____________________________________________________________________________
A respeito do Renascimento Comercial e Urbano na Europa dos séculos XII e XIII,
considere as afirmações a seguir.
I. As cidades situavam-se no cruzamento de rotas comerciais ou à beira de rios, eram
cercadas por muralhas, e o crescimento populacional provocava a ocupação de terrenos
extramuros.
II. O processo de expansão urbana estava ligado ao crescimento da produção agrícola e
ao fortalecimento de rotas comerciais terrestres entre as cidades portuárias italianas, as
feiras francesas e as cidades da região de Flandres.
III. “O ar das cidades torna os homens livres” era um ditado do período, referindo-se ao
costume de considerar livre o servo que trabalhasse por determinado período de tempo
no burgo.
IV. A autonomia administrativa e jurídica das cidades era conquistada através do
pagamento de franquias aos senhores feudais ou da compra de cartas de privilégios.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III apenas.
d) I, II, III e IV.
Comentário
O item I está correto, pois, traz a ideia de cidade como o nó das atividades comerciais,
conforme ideia de Jacques Le Goff.
O item II está correto, pois, no mesmo sentido do item anterior, relaciona o surgimento
das cidades ao desenvolvimento comercial. É bom lembrar que esses renascimentos só
foram possíveis pois houve um processo de expansão agrícola.
O item III também está correto, porém, a formulação não está muito boa. O ditado
germânico se referia, na verdade, ao trabalho livre nas cidades e não a um trabalho feito
temporariamente por servos. Mas, consideramos correto seguindo um sentido geral e
tendo em conta que as alternativas não apresentam nenhuma possibilidade de excluir o
item III.
O item IV está correto, pois é verdade que a autonomia poderia ser conquista por meio
de franquias ou cartas de privilégio. Ambas eram concedidas pelos senhores feudais das
Gabarito: D
____________________________________________________________
(Adaptada 2017)
Por trás do ressurgimento da indústria e do comércio, que se verificou entre os séculos XI
e XIII, achava-se um fato de importância econômica fundamental: a imensa ampliação das
terras aráveis por toda a Europa e a aplicação de métodos mais adequados de cultivo.
(LEWIS, Munford, A Cidade na História. Ed. Itatiaia Limitada, Belo Horizonte, 1965, vol I,
p. 336).
Com base no texto, é correto afirmar que
a) a Alta Idade Média caracterizou-se pela reorganização espacial das áreas rurais,
aumentando significativamente a produção de grãos para abastecer a emergente
população urbana.
b) o contexto descrito foi também decorrência da abertura dos portos europeus no mar
Mediterrâneo, que ampliou o comércio e favoreceu a criação de novos núcleos urbanos.
c) as condições climáticas mais severas na porção oeste do continente europeu
contribuíram, nesse período, para a introdução de um sistema de uso intensivo do solo.
d) a presença de uma atividade industrial organizada, associada à queda da produção de
têxteis e ao desenvolvimento comercial, favoreceu a redução das áreas de florestas na
região.
Comentário
Veja, mais uma questão que nos ajuda a memorizar que a expansão agrícola resultou no
renascimento comercial e urbano. Interessante observar que o autor desse texto fala em
“indústria e comércio”. Nos textos mais antigos (esse é de 1965) usa-se indústria para se
referir a manufaturas. Lembra que Le Goff fala que as cidades são essencialmente um lugar
da produção? Tendo em vista essa relação, vamos analisar as alternativas:
O item A erra ao localizar na Alta Idade Média o aumento da produção de grãos e da
população. Este fenômeno é típico da Idade Média Central.
O Item B está correto. Veja que a alternativa afirma que além da expansão agrícola, a
abertura dos portos também impulsionou o comércio. Isso está correto e está muito
relacionado com as Cruzadas que permitiram vencer os islâmicos em diversos pontos onde
dominavam rotas comerciais.
O Item C está absolutamente errado. As condições climáticas desfavoráveis são fenômeno
do início do século XIV.
O item D erra porque a presença da atividade manufatureira combinada com a
AMPLIAÇÃO da produção têxtil – e não a queda – favoreceu a redução das florestas.
A Baixa Idade Média vai do século XIV ao XV. É o ato final da Idade Média. É
o cenário onde as crises mais profundas da desagregação do feudalismo
acontecem. Em momentos de transição, nem sempre há compasso temporal
entre a desagregação do antigo modo de vida e o estabelecimento e
consolidação do novo. (guarde isso) Por isso, historiadores afirmam que, em
grande medida, a própria expansão econômica e populacional das sociedades
cristãs medievais, a partir do século XI, contribuiu para as crises que
estudaremos a partir de agora.
Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu. Não houve
novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que tinham sido cultivadas sob
a pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas porque o rendimento que davam
era, na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
Para além da fome, da guerra e da peste que marcam a crise do século XIV, Le Goff e
Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na verdade é a
consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e econômicas do mundo
feudal cristão.
Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi uma
série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um
inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das obras
de catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil. As
manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.
Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os
mais bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)
4.1.2 - Fome
A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século
XIV. A principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com as
seguintes causas:
❖ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por meio da
derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? – brincadeira ). Os
bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza), além disso era a fonte de mel,
cera e madeira – todos são elementos luxuosos e de necessidade essencial para manter
seus castelos iluminados e aquecidos.
❖ Esgotamento de boas terras para a agricultura. As terras dos antigos mansos comunais
não tinham o mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim, o excedente de
produção não acompanhava a proporção do excedente populacional.
❖ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das taxas
impostas pelos senhores de terra.
❖ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e umidade.
4.1.3 – Peste
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia viveu
uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella pestis
– a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava feridas com
pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito
ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
“A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento
das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia.
Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de dia e
de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas
ficavam cheias, cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias
mãos (...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”26
25
TUCHMAN, B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.
26
Agnolo di Tura. The Plague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky. The Black Death: a turning point in history?
New York: HRW, 1971
Em 1358 ocorreu na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa.
Esse evento, que não durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores
e servos.
Como vimos, os senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem
pagas pelos servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da grande
fome atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em grandes
celeiros, como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem pagas pelos
servos que ainda continuavam na terra.
Esse contexto expôs a grande desigualdade existente entre as três ordens sociais que
compunham a sociedade feudal. Os servos se revoltaram tanto com seus senhores que os
superexploravam como com a Igreja que, longe dos ensinamentos de caridade, humildade,
simplicidade dos ensinamentos cristãos (já que muitos se acostumaram com os privilégios
clericais), abandonavam os fiéis a própria sorte nesse cenário apocalíptico.
A exploração, sobretudo, a abusiva, provoca resistências – que podem ser passivas,
silenciosas, negociais. Assim, já havia durante toda a Idade Média várias manifestações de
resistência dos servos e camponeses. Foram deserções, fugas para os bosques, roubos nas
terras do senhor, incêndio nas plantações e nos celeiros. Mas, em 1358, diante das condições
daquele contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacquerie –
expressão idiomática francesa que significa “joão ninguém”
Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV também
é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a França e a
Inglaterra ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão dinástica na
França e pelo controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de Flandres?).
Essa guerra contribuiu para o clima de insegurança da Europa.
O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos cem Anos foi uma solução fácil
encontrada por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas
econômicas, gerou uma nova economia e uma nova sociedade.
Atente-se para uma coisa, querida e querido, nem a França e nem a Inglaterra já
eram Estados centralizados nesse contexto. Então, falar em França e Inglaterra é
um pouco inapropriado, pois são regiões muito feudalizadas, sobretudo, a da
França. Ter essa noção é fundamental para que possamos compreender a exata
importância dessa guerra justamente no processo de centralização política de
ambos. Essa longa guerra empobreceu uma parcela da nobreza, mas contribuiu
fortemente para a retomada da importância do poder real. Essa situação possibilitou a construção
de monarquias centralizadas. Só mais uma coisa: Não se preocupe com os detalhes dessa guerra
agora. Voltarei a ela quando estivermos estudando formação das monarquias nacionais.
aristocracia para se referir aos camponeses de forma genérica e pejorativa. Algo como “Zé
ruela” ou “Zé ninguém” na nossa cultura. Portanto, sabemos que o tema da questão são
as revoltas camponesas, que se proliferaram pela Europa na Baixa Idade Média, entre os
séculos XIV e XV. Agora, vejamos que é correto afirmar sobre elas:
a) Correta! Foi por volta do ano de 1358 que uma série de levantes violentos estouraram.
Os camponeses eram os grandes promotores das revoltas que quase sempre resultavam
em brutal reação por parte da nobreza. Uma série de fatores contribuiu para que as taxas
feudais fossem elevadas, como os prejuízos das guerras entre os reinos europeus e as
mudanças climáticas que prejudicaram as colheitas. Contudo, os camponeses já sofriam
com a pobreza, com a violência da guerra e a dor da fome. Ainda, naquele mesmo século
a peste negra tomou várias cidades e até algumas zonas rurais, ceifando várias vidas.
Quando as taxas foram elevadas, despertou-se uma reação violenta dos mais vulneráveis.
b) Incorreta. Como vimos, realmente, a elevação das taxas feudais contribuíram para o
crescimento de insatisfação que levaram às jacqueries, bem como os danos causados pelas
guerras. Porém, a Guerra dos Trinta Anos não ocorreu nesse período, mas sim no século
XVII, já na Idade Moderna. A maior guerra na qual a França esteve envolvida na Baixa
Idade Média foi a Guerra dos Cem Anos, contra a Inglaterra.
c) Incorreta. A imprensa de tipos móveis só foi inventada por Johannes Gutenberg entre
1439 e 1440, aproximadamente. Por seu turno, as reformas protestantes só se propagaram
a partir do século XVI. Logo, vemos que ambos os fenômenos ocorreram depois da eclosão
das jacqueries.
d) Incorreta. Em geral, camponeses e os mais pobres uniam forças às Cruzadas e
expedições organizadas pela nobreza. Temos notícia apenas da Cruzada dos Mendigos,
em 1096, que foi uma expedição auto-organizada pelos mais humildes para retomar
Jerusalém. De qualquer forma, as Jacqueries não tiveram nada a ver com isso, como vimos
na letra “a”.
e) Incorreta. As Jacqueries eram revoltas camponesas contra os privilégios da nobreza.
Gabarito: A
(2021/Profe. Alê Lopes)
A Guerra dos Cem Anos foi deflagrada em virtude das rivalidades políticas e econômicas entre
Inglaterra e França. Entre suas consequências podemos citar:
a) a melhoria das condições de vida e trabalho dos camponeses franceses, devido a conquista de
novas terras com a derrota inglesa.
b) a consolidação de exércitos permanentes pelas monarquias nacionais envolvidas no conflito, o
que contribuiu para o processo de centralização do poder na figura dos reis em ambas.
c) a preservação do sistema feudal em vista da derrota dos revolucionários franceses que não
conseguiram difundir seu movimento pelo resto do continente europeu.
d) a unificação das coroas francesa e inglesa, resultante da vitória britânica cujo rei era o próximo
na linha de sucessão ao trono francês.
e) um bloqueio econômico imposto pelos franceses para que os ingleses não conseguissem
comercializar com nenhum reino ou país no continente europeu.
Comentários
A Guerra dos Cem Anos consistiu em uma série de conflitos entre franceses e ingleses entre 1337 e
1453. A principal motivação para a guerra foram as pretensões do rei inglês ao trono francês, visto
que seria um dos próximos na linha de sucessão graças ao seu grau de parentesco com a casa real
francesa. Entretanto, os dois reinos já vinham nutrindo uma rivalidade em relação à domínios
territoriais na Normandia e outras disputas econômicas. A famosa figura história, Joana d’Arc,
ganhou destaque em uma das batalhas dessa guerra. Em 1460 liderou a vitória francesa na Batalha
de Orléans, em 1429. A França saiu vitoriosa, porém os efeitos da guerra foram devastadores para
ambos os países. Vejamos o que podemos citar como uma das consequências desse longevo
conflito:
a) Incorreta. A guerra devastou campos e cidades que foram transformados em campos de batalha.
Evidentemente, os que pagaram o maior preço foram os camponeses e os mais pobres, que tiveram
seus lares e plantações destruídos e saqueados pelas tropas. Além disso, para manter o
financiamento do exército e da guerra, as coroas e suas respectivas aristocracias elevaram as taxas
sobre a população pobre.
b) Correta! A Guerra dos Cem Anos é um grande marco no processo de centralização do poder e de
formação das monarquias nacionais na Inglaterra e na França. Além da necessidade de formação de
exércitos para os confrontos, a constituição de impostos para custear a guerra estimulou o
desenvolvimento da estrutura administrativa do Estado.
c) Incorreta. Na verdade, a guerra contribuiu para desestabilizar o sistema feudal, pois significou
uma ruptura importante. Ela contribuiu para suscitar o sentimento nacional nascente nessa época,
para a formação de exércitos profissionais no lugar dos cavaleiros medievais e impulsionou novas
técnicas e concepções de guerra.
d) Incorreta. Nunca houve unificação entre as coroas inglesa e francesa. Além disso, os franceses
saíram vitoriosos da guerra, não os ingleses.
e) Incorreta. Semelhante bloqueio econômico só foi declarado em 1806, por Napoleão Bonaparte,
muito tempo depois da Guerra dos Cem Anos.
Gabarito: B
✓ A centralização Estatal;
✓ Reorganização das monarquias;
✓ Novas formas artísticas para expressar outras visões de
mundo;
✓ Novas formas de fazer comércio.
27
Para finalizar
essa seção da
aula, escolhi
uma das obras
que considero
mais
significativa
sobre essa
experiência do
século XIV e XV.
Observe
atentamente
cada quadrante,
pois ela foi
pintada dessa
forma. É uma
composição de
múltiplas obras. Foi feita por Pieter Bruegel, o Velho, em 1562. Chama-se “O Triunfo da Morte”.
Nela estão inscritos todos os problemas do século XIV: a fome, a guerra, a morte, todo
tipo de violência, as revoltas sociais, os questionamentos em relação à igreja, o medo do pecado
e os vícios humanos... e tudo isso atinge todas as classes sociais – de maneira diversa, claro. Por
isso, é marca da história da formação da sociedade europeia!
27
O Triunfo da Morte, c.1562, óleo sobre madeira, 117 x 162 cm, Pieter Bruegel, o Velho.
_____________________________________________________________________________________
Bem, querida e querido aluno, com essa digressão artística, de um pintor renascentista,
encerramos nossos estudos sobre Idade Média e deixamos uma porta aberta para entrarmos
de cabeça na Idade Moderna a partir da próxima aula.
Faça seu controle de temporalidade. Agora está fácil. Paramos no século XV.
Faça todas as questões. Você precisa ser melhor. Melhor que seu concorrente, mas,
antes, melhor do que você era antes dessa aula.
Eu confio!!! Vamos juntos!!
Até a próxima aula! Bons estudos,
Um beijo e um abraço apertado e um suspiro apertado de amor sem fim,
Alê
"O feudalismo termina quando os mortos, que a Igreja hávia colocado no centro do espaço
social, são reconduzidos para fora das cidades e aldeias". Com essa metáfora, Jérôme Baschet
(A Civilização Feudal: do não 1000 à Colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. P. 281)
quis destacar
A) que, no final da Idade Média, como medida sanitária, ocorreu uma exumação generalizada
de restos mortais nos cemitérios urbanos.
B) a modificação dos cortejos fúnebres, que passaram a percorrer itinerários fora dos centros
urbanos.
C) a proibição da construção de cemitérios em áreas urbanas.
D) a proibição do sepultamento de suicidas em solo asnto.
E) que a presença dos cemitérios no centro das cidades e aldeias, em torno de lugares de culto
religioso, pode ser considerada um elemento marcante da sociedade feudal.
(EsPCEx 2022)
Por quase duzentos anos (1096 a 1270), a região do Mediterrâneo Oriental viveu o
movimento das Cruzadas, expedições de perfil miliar organizadas pela Igreja Católica.
Relativamente a esse assunto, é correto afirmar que
a) na Idade Média havia uma distinção rígida entre o poder do clero e dos nobres, o que
pode ser percebido inclusive no movimento das Cruzadas.
b) as Cruzadas levaram ao enfraquecimento do poder real, à medida que os senhores
feudais ganhavam força com as expedições.
c) a luta de reconquista das Cruzadas não era desejada pelos imperadores bizantinos, os
quais, desde o Cisma do Oriente (1054), pretendiam combater os povos muçulmanos sem
ajuda do Ocidente.
d) havia outros interesses em jogo nas Cruzadas, como o comércio, atividade em destaque
no início do período, mas que perdeu importância no decorrer do tempo, dado que era
considerada uma atividade “mundana”.
e) para a historiografia dos países árabes, as Cruzadas foram a primeira manifestação do
imperialismo ocidental.
(EsPCEx – 2019 - 4000002985)
A crise do sistema feudal motivou uma série de mudanças sociais e culturais com o
revigoramento do comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIII, na Europa. Nas
alternativas abaixo, assinale aquela que se relaciona com o surgimento da burguesia.
a) Os avanços tecnológicos adotados na agricultura não foram suficientes para ampliar o
comércio de alimentos, incentivando a produção e comercialização de bens
manufaturados.
b) A intensificação das invasões bárbaras motivou o surgimento de cidades fortificadas
onde a prática comercial era intensa.
c) A Peste Negra, por ser mais facilmente combatida nas cidades, onde havia melhores
condições de higiene, fez com que as cidades multiplicassem suas populações e
ampliassem as trocas comerciais.
d) O crescimento do comércio com o Oriente e o surgimento de feiras nas principais rotas
comerciais da Europa favoreceram o estabelecimento de uma nova classe social de
mercadores e artesãos, assim como o surgimento de várias cidades no interior europeu.
e) O advento da Guerra Santa desmotivou as práticas comerciais entre os artesãos e os
organizadores das Cruzadas, em função de sérias ameaças às rotas comerciais no Oriente,
limitando o comércio ao continente europeu.
(Espcex (Aman) 2016)
Os últimos anos do século X foram marcados, na Europa Ocidental, pela diminuição das
invasões bárbaras e pela queda da mortandade por epidemias. Tais fatos geraram
estabilidade e crescimento demográfico. A partir do século XI, o continente
experimentaria profundas transformações que levariam ao que se conhece como
Renascimento Comercial.
Com relação ao acima exposto, é correto afirmar que
a) o Iluminismo gerou uma mentalidade de busca pela prosperidade material, o que levou
ao incremento de práticas comerciais.
b) o restabelecimento de rotas comerciais com a Oceania favoreceu o estabelecimento de
novas empresas de comércio na Europa.
c) os avanços tecnológicos elevaram a quantidade da produção agrícola e o excedente
passou a ser vendido.
d) as Cruzadas impediram a circulação de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente.
e) a intensificação do comércio provocou o enfraquecimento de feiras regulares nos
cruzamentos das rotas comerciais.
(Espcex (Aman) 2015)
O período conhecido por Idade Média prevaleceu na Europa desde a queda do Império
Romano ocidental (Séc. V) até a queda de Constantinopla (Séc. XV). Nesse período, o
sistema vigente era o feudal.
Leia atentamente os itens abaixo:
I. Fortalecimento do poder real e enfraquecimento dos poderes locais;
II. Declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural;
III. Uso generalizado de trabalho escravo no campo;
IV. Os nobres estavam obrigados a pagarem aos seus servos uma pequena indenização,
que passou a ser conhecida por banalidade;
V. Existência de vínculos pessoais entre os nobres mais poderosos e os nobres mais fracos
(suserania e vassalagem).
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse
período.
a) I e II
b) II e IV
c) III e V
d) I e IV
e) II e V
(Espcex (Aman) 2011)
O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado
por profundas transformações, entre elas o renascimento comercial. É correto afirmar que
essa transformação esteve relacionada com
a) a formação das feiras, que eram pontos de comércio temporário, tendo-se destacado
inicialmente as regiões de Champanhe e, posteriormente, a região de Flandres.
e) exclusivamente comercial, uma vez que buscava reabrir as rotas comerciais terrestres
com o Oriente.
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Eram cartéis que tinham por objetivo a eliminação da concorrência no interior da cidade e
a manutenção do monopólio de uma minoria de mestres no mercado urbano.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval.
Sobre as associações da Baixa Idade Média, o trecho acima descreve:
a) as cruzadas medievais
b) as seitas consideradas heréticas
c) as universidades medievais
d) o Santo Ofício
e) as corporações de ofício e as guildas
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Desde o final do Império Romano, as cidades vinham sendo abandonadas por causa das
invasões e dos saques. Ao mesmo tempo, a falta de mão de obra escrava atraía vastos
contingentes de trabalhadores para o campo.
(VICENTINO e DORIGO. História, 2011.)
O comentário acima descreve o processo que constitui uma das principais características
da Europa medieval, que está corretamente identificada em
a) Cercamentos
b) Renascimento agrícola
c) Ruralização
d) Suserania e vassalagem
e) Expansão do cristianismo
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Apesar do dinamismo urbano e comercial, no século XIII e XIV, existia uma limitação
cultural, típica da época, que dificultava o desenvolvimento dos negócios. Essa limitação
referia-se ao pensamento cristão que
a) considerava que o trabalho é sinal de salvação
b) acreditava que apenas o trabalho agrícola era válido porque teria sido o único criado
por Deus
c) dominava a maior parte das terras produtivas
d) considerava pecados a prática da usura e do acúmulo de lucro
e) considerava pecado o lucro, mas não a usura.
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Uma das características que podemos reconhecer no período em que vigorou a Idade
Média
a) são as diferentes formas de mobilidade social provocadas pelo desenvolvimento do
comércio.
b) é a presença da mentalidade religiosa como organizadora das relações sociais.
c) é o regime escravista como propulsor da economia feudal.
d) foi a presença de múltiplas religiões que acabaram rompendo com o catolicismo após
as Cruzadas.
Enquanto uma unidade produtiva autossuficiente, o feudo possuía uma organização do dia
a dia muito particular. Nesse sentido, a alternativa que expressa corretamente uma
característica presente do manso senhorial é:
a) as atividades comerciais se desenvolviam nas terras do manso senhorial.
b) neste manso, as relações cavalheirescas se desenvolviam com exclusividade e estavam
limitadas por este território.
c) no manso senhorial estavam o moinho, o forno e a Igreja.
d) a produção agrícola desta área era destinada ao pagamento das taxas do servo ao
senhor.
e) o manso senhorial era o espaço comum dos servos, do clero e da família do senhor
feudal.
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como
encolheu. Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras
marginais, que tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão,
foram abandonadas porque o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A
curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual
resultou em um impacto demográfico negativo. Trata-se da crise
a) da guerra
b) monetária.
c) climática.
d) da peste negra.
e) de fome.
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros
combatem e os outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não sofrem com
a sua disjunção; os serviços prestados por uma são a condição da obra das outras duas; e
cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo. De modo que essa tripla associação
nem por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar e que o mundo tem
podido gozar de paz.
(Adalbéron de Laon (c. 1020). Apud LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente
Medieval. Lisboa: Estampa, 1984, p. 45-46).
Assinale a alternativa que corresponde aos três estamentos sociais do mundo medieval
aludido no texto acima:
a) patrícios, plebeus e clero.
b) nobreza, servo e clero.
c) cavaleiros, agricultores e clero.
d) nobreza, patrícios e servos.
e) senhores, cleros e estrangeiros.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
A respeito da Europa entre os séculos X e XV, ou seja, durante o mundo medieval, é correto
afirmar que:
a) o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em nas camadas da
sociedade medieval que foi capaz de anular as crenças pagãs e a formação de outras
religiões.
b) a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval,
dizimando um terço da população europeia.
c) a sociedade possuía mobilidade e estava organizada da seguinte maneira: Clero, nobreza
e camponeses.
d) o feudalismo, enquanto sistema de vida econômico, social e religioso, não possui
relações com a desestruturação dos reinos bárbaros e do Império Romano.
e) Na maioria dos países, a epidemia de Peste Negra assolou burgos e castelos, mas
preservou os camponeses do contágio, por estarem isolados no campo.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
É possível reconhecer que o sistema feudal europeu possuía uma sociedade organizada a
partir dos seguintes segmentos sociais
a) Evangélicos, exércitos e negociantes.
b) Padres, soldados e artífices urbanos.
c) Clero, nobreza e camponeses.
d) Santos, guerreiros e pastores.
e) Monges, oficiais e operários
Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes
Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII. Convencionou-
se que seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente e
1453 com o fim do Império Bizantino (ou, Império Romano do Oriente). São civilizações
que conviveram neste período histórico chamado de Idade Média.
a) Império Islâmico, Império Bizantino e Império Antigo do Egito.
b) Império Bizantino, Império Antigo do Egito e Reinos Bárbaros do Ocidente.
c) Esparta, Reinos Bárbaros do Ocidente e Império Islâmico.
d) Império Islâmico, Império Bizantino e Reinos Bárbaros do Ocidente.
e) Reinos Bárbaros do Ocidente, União Ibérica e Império Czarista.
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
senhores locais se fortalecia. O comércio foi dificultado pela insegurança reinante e pelo
bloqueio das estradas e do Mar Mediterrâneo.
No que se refere à sociedade da Europa Central, o texto descreve
a) A formação da sociedade feudal no Ocidente caracterizada pela ruralização da economia
e a descentralização do poder político.
b) A desagregação da sociedade feudal marcada pelas novas ondas de invasões bárbaras e
o avanço do papel das cavalarias.
c) A penetração dos muçulmanos que conquistaram Constantinopla, fato que concorreu
para a fragmentação da Europa Ocidental.
d) O gradual fortalecimentos dos senhores feudais que resultou no absolutismo.
e) A invasão dos povos bárbaros que contribuíram para a destruição definitiva de todos os
elementos da cultura romana.
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
Durante o feudalismo na Europa Ocidental, uma série de obrigações submetia servos aos
seus senhores.
Uma delas era mão morta, que consistia
a) no pagamento de tributo pela família de um servo morto para que seus herdeiros
mantivessem o vínculo com a terra.
b) na entrega de parte do trabalho realizado nas terras que não pertenciam a ninguém,
conhecidas como terras mortas.
c) nos dias trabalhados diretamente nas terras do senhor feudal, em geral 3 dias da
semana.
d) na entrega de parte da produção realizada no manso servil.
e) no pagamento de uma taxa ao senhor, referente ao uso de equipamentos, como forno
e moinho.
“Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina, na Silícia, com
homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham estranhas
inchações escuras, do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas, que purgavam
pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo,
provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e morriam rapidamente
(...)”
O evento narrado no texto remete a um dos elementos que aprofundou a crise do século
XIV. Trata-se
a) das revoltas camponesas.
b) da peste amarela.
c) da crise na expansão comercial.
d) da febre do mar.
e) da peste bubónica.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado
por profundas transformações, entre elas o renascimento comercial, a partir do final do
século XIV. É um fator que caracterizou e contribui para esse renascimento
a) o surgimento da máquina a vapor.
b) o apoio inicial da Igreja Católica ao comércio, em particular aos religiosos que
empreendiam.
c) o aumento da atividade bancária como atividade cada vez mais significativa para a
expansão do comércio.
d) a diminuição do número de cidades contribuiu para o melhor planejamento econômico
dos reinos.
e) o enfraquecimento dos Estados nacionais.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
"A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães
é defender os carneiros e os bois dos ataques dos lobos."
(Bispo Eadmer de Canterbury, século XI)
Levando em consideração a ordem social feudal, os animais, que estão em destaque no
texto, representam, respectivamente, os seguintes estamentos sociais:
A) clero, servos e nobres
b) Servos, clero e cavaleiros
c) clero, servos, nobres e bárbaros
d) cavaleiros, servos, clero
e) Nobres, plebeus e clero
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
b) Lutar contra os islâmicos que ocuparam toda a terra do antigo Império Romano do
Ocidente.
c) Acumular muitas terras de modo que ficou demonstrado seus interesses unicamente
materiais.
d) Disseminar valores de tolerância e respeito com todas as crenças existentes ao longo da
Idade Média.
e) Articuladora da sociedade medieval de modo a conferir unidade cultural por meio da
religião.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
O vínculo que unia os dois elementos era estabelecido por um contrato vassálico feito em
um ritual constituído por 4 momentos: homenagem, fidelidade, o osculum e a investidura.
Sobre o contrato vassálico, é correto o que se afirma em:
a) Criava obrigações para senhores feudais e servos
b) Por meio do contrato, o vassalo se comprometia a não prejudicar o suserano, além
disso, deveria proteger apenas seus bens.
c) O vassalo deveria prestar auxílio militar enquanto o senhor garantiria seu sustento por
meio da doação de terras.
d) Apenas o suserano contraia obrigações com seu vassalo, já que ele precisava manter-se
no poder.
e) Não havia nenhuma hierarquia entre senhores e vassalos, por isso, a dominação do
suserano era apenas em relação a seus vassalos diretos.
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
Em 800, ao coroar o rei franco, Carlos Magno, como "imperador dos romanos", o Papa se
colocou sob sua proteção. Dessa forma, o imperador assumiu poderes que o colocavam
acima do próprio papa. Entretanto, após sua morte, em 814, o papa retomou pouco a
pouco o controle do clero.
José Jobson e Nelson Piletti. Toda a História.
Em relação ao que foi descrito no texto, é exemplo do conflito entre poder temporal e
poder espiritual:
a) Reforma Protestante
b) Concílio de Trento
c) Querela das Investiduras
d) Criação do mosteiro de Cluny
e) Confissão de Augsburg
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
O termo heresia provém do grego haíresis, que significa escolha. Com o advento do
cristianismo, sobretudo na Idade Média, passou a ser interpretado como:
a) Toda doutrina que está em desacordo com os dogmas oficiais da Igreja Católica.
b) Forma de evitar os pecados fazendo boas ações.
c) Forma de eliminar inimigos da Igreja Católica.
d) Ideias que complementam os dogmas oficiais definidos pelas autoridades eclesiásticas.
e) Atitudes suspeitas de venda de indulgência.
Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos
férteis, tal é o aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de
oásis em meio a desertos. Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização,
noutro a madeira é abundante e sinaliza a barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao
abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento das árvores, refúgio dos gênios
pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente.
J. Le Goff. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado.
Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar
que
a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana
teve como base inicial as cidades e os povoados da península arábica.
b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam
como células econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã.
c) a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos
mercantis e transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas.
d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs
muçulmanas, arraigadas nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental.
e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo,
em detrimento das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente
medieval.
(FUVEST 1997)
Os movimentos fundamentalistas, que tudo querem subordinar à lei islâmica (Sharia), são
hoje muito ativos em vários países da África, do Oriente Médio e da Ásia. Eles tiveram sua
origem histórica
a) no desenvolvimento do islamismo, durante a Antiguidade, na Península Arábica.
b) na expansão da civilização árabe, durante a Idade Média, tanto a Ocidente quanto a
Oriente.
Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que não concorreu para a difusão da
civilização bizantina na Europa Ocidental:
a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla.
b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica.
c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis.
d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas.
e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos
mares Egeu e Negro.
(Unicentro 2011)
Encontram-se assinaladas no
mapa, sobre as fronteiras dos
países atuais, as rotas eurasianas
de comércio a longa distância que,
no início da Idade Moderna,
cruzavam o Império Otomano,
demarcado pelo quadro.
A respeito dessas rotas, das regiões
que elas atravessavam e das
relações de poder que elas
envolviam, é correto afirmar que
a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de
produtos primários para a Europa.
b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista
da pouca demanda por seus produtos.
c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto
das atividades comerciais eurasianas.
d) a África Ocidental se encontrava em posição subordinada ao poderio otomano,
funcionando como sua principal fonte de escravos.
e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a
buscar rotas alternativas de acesso ao Oriente.
(FUVEST 2016)
A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem
sempre mais a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é
também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e
do senhor, frequentemente confundidos numa única pessoa, um grupo de homens novos,
os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios cada vez mais amplos.
GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.
O texto trata de um período em que
a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política
e econômica, que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.
b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que
circulavam apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.
c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os
trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.
d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte
oposição da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras.
e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam
sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela
valorização do livre comércio.
(FUVEST 2014)
A Idade Média foi um longo período social e político em que a Europa apresentava
características bastante singulares. Considere as afirmações a seguir:
I - A organização social durante o período feudal era estamental, ou seja, as pessoas que
lá viviam poderiam ser (na maior parte da Idade Média) divididas em três grandes grupos:
nobreza (grandes proprietários de terras que se dedicavam à atividade militar e
administrativa), clero (membros da igreja Católica que se dedicavam ao ofício religioso) e
camponeses (trabalhadores presos à terra e sujeitos a obrigações, em sua maioria,
formadores do grupo mais numeroso).
II - O feudo, ou senhorio, era a principal unidade produtiva da Idade Média e estava
dividido em três grandes partes: reserva senhorial, manso servil e manso comum.
III - Durante a Idade Média, as relações entre as pessoas eram fundamentadas a partir do
cumprimento de obrigações; as principais eram: corveia (obrigação que o servo deveria
cumprir, entregando parte de sua produção a seu senhor feudal), talha (pagamento pelo
uso de benfeitorias de seu senhor: celeiros, moinho, forno, etc.) e banalidades (o servo
deveria se dedicar ao trabalho no manso senhorial durante determinado período do ano).
IV - A principal fonte de conhecimento da Idade Média era a Igreja Católica, instituição
soberana do período e que regulava a cultura, a organização social e até a política e a
economia do período.
De acordo com seus conhecimentos e análise dos itens, assinale a alternativa correta:
a) Estão corretos somente I e II.
b) Estão corretos somente I e IV.
(DE LAON, Adalberão. Carmen ad Rodbertum Regem. In: DUBY, G. As tres ordens:o imaginário
do feudalismo. Lisboa: Editora Estampa,1982. p. 25.)
Esse preceito, apresentado inicialmente pelo bispo Adalberão, no século XI, em parte
reflete as funções/atividades mais características do período medieval, em parte tem
função ideológica, pois esse ordenamento pretendia fortalecer a divisão e a hierarquia.
Ainda sobre a sociedade medieval, é correto afirmar:
a) A divisão acima mencionada reflete uma sociedade na qual a religiosidade se impõe nas
várias esferas da vida, em que o braço armado tende a impor seu poder sobre os
desarmados, em que a economia se fundamenta no trabalho agrícola.
b) Definida a sociedade entre religiosos, guerreiros e camponeses a partir do Tratado de
Verdum, as atividades não permitidas pela Igreja foram perseguidas pelos tribunais
inquisitoriais.
c) Diante da limitação das funções às três ordens e perseguição aos comerciantes
promovida pelas monarquias nascentes, a atividade comercial declinou, situação essa que
se reverteu no século XVI no contexto do Renascimento Comercial.
d) O poder eclesiástico se impunha a partir do momento do batismo, quando era definido
o destino de cada criança, de acordo com as necessidades fundadas na sociedade de
ordens.
e) A divisão apresentada, característica do período entre os séculos XI e XIII, revela a
estagnação econômica da sociedade, o que explica a crise agrícola e o recuo demográfico.
(UEA 2015)
As cidades são repúblicas dirigidas pelos cidadãos mais ricos. Para conquistar os mercados
que eles ambicionam, entram em luta contra seus vizinhos. As cidades se enfrentam
constantemente. Os cidadãos protegem-se no interior dos seus muros, dos seus palácios,
pois as famílias ricas, elas, também, são rivais, formando partidos que se confrontam no
interior das cidades.
(Georges Duby. A Europa na Idade Média: arte românica, arte gótica, 1984. Adaptado.)
De acordo com as informações apresentadas pelo excerto, é possível constatar que, na
Baixa Idade Média, as cidades italianas
a) procuraram se unir militarmente com o objetivo de impedir o domínio do Papa na
Península Itálica.
b) se desenvolveram cultural e artisticamente em um clima de segurança econômica, social
e política.
c) obedeciam ao poder unificador do rei da Itália e tentavam monopolizar o comércio de
especiarias orientais.
d) estavam situadas no interior dos feudos e eram governadas e administradas pelos
senhores feudais.
e) tinham por base econômica a atividade comercial e eram agitadas por conflitos
econômicos e sociais.
(UNIVESP 2017)
30. C 40. E
31. E 41. C
32. C 42. D
33. D 43. C
34. A 44. A
35. C 45. E
36. A 46. C
37. A 47. C
38. C 48. A
39. A
"O feudalismo termina quando os mortos, que a Igreja hávia colocado no centro do espaço social, são
reconduzidos para fora das cidades e aldeias". Com essa metáfora, Jérôme Baschet (A Civilização Feudal:
do não 1000 à Colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. P. 281) quis destacar
A) que, no final da Idade Média, como medida sanitária, ocorreu uma exumação generalizada de restos
mortais nos cemitérios urbanos.
B) a modificação dos cortejos fúnebres, que passaram a percorrer itinerários fora dos centros urbanos.
C) a proibição da construção de cemitérios em áreas urbanas.
D) a proibição do sepultamento de suicidas em solo asnto.
E) que a presença dos cemitérios no centro das cidades e aldeias, em torno de lugares de culto religioso,
pode ser considerada um elemento marcante da sociedade feudal.
Comentários
Uma questão de interpretação na prova da EsPCEx. Contudo, ajudava muito lembrar o papel do feudo e
das cidades na Idade Média. O feudo é o espaço de todas as relações sociais: trabalho, produção, religião,
vida e morte. Mas as cidades também não deixam de existir e passam a ter um papel mais ligado ao
religioso. Rituais, festas e cortejos fúnebres poderiam ocorrer nesses espaços urbanos.
Ajudava também compreender que, no fim do feudalismo (transição da Idade Média para a Moderna), a
cidade ganha nova função – a comercial – e, então, os cemitérios são levados para outros espaços, mais
periféricos.
Tendo isso em mente, vejamos um comentário breve das alternativas:
a) Errado. A igreja católica é contra exumação generalizada.
b) Errado. O cortejo continuou ocorrendo nas cidades, mas os cemitérios ficaram fora.
c) Errado. Não havia essa proibição. Os cemitérios estavam nas periferias no espaço urbano, mas não
no centro das cidades.
d) Errado. Não tem relação com a temporalidade e o tema proposto na questão.
e) Correto. Aqui faz a referência ao fato de as cidades medievais terem essa função religiosa.
Gabarito: E
(EsPCEx 2022)
Por quase duzentos anos (1096 a 1270), a região do Mediterrâneo Oriental viveu o movimento das
Cruzadas, expedições de perfil miliar organizadas pela Igreja Católica. Relativamente a esse assunto,
é correto afirmar que
a) na Idade Média havia uma distinção rígida entre o poder do clero e dos nobres, o que pode ser
percebido inclusive no movimento das Cruzadas.
b) as Cruzadas levaram ao enfraquecimento do poder real, à medida que os senhores feudais
ganhavam força com as expedições.
c) a luta de reconquista das Cruzadas não era desejada pelos imperadores bizantinos, os quais, desde
o Cisma do Oriente (1054), pretendiam combater os povos muçulmanos sem ajuda do Ocidente.
d) havia outros interesses em jogo nas Cruzadas, como o comércio, atividade em destaque no início
do período, mas que perdeu importância no decorrer do tempo, dado que era considerada uma
atividade “mundana”.
e) para a historiografia dos países árabes, as Cruzadas foram a primeira manifestação do
imperialismo ocidental.
Comentários:
Essa é uma questão que cobrou um ponto bem específico, a relação entre católicos e islâmicos na Idade
Média.
São dois os momentos de maior contato e conflito:
1- A Batalha de Poitiers no século VIII, quando Carlos Martel (cavaleiro Franco) combateu os islâmicos
que empreendiam a conquista da Península Ibérica e avanço ao centro da Europa. Martel impediu essa
expansão. Os islâmicos permaneceram na Península Ibérica até o século XV.
2- As Cruzadas, a partir do século XI. Os turcos seldjúcidas (uma etnia) conquistaram Jerusalém; eram
muçulmanos e fecharam a cidade à livre circulação de cristãos e judeus. Assim, foram convocadas as
Cruzadas como forma de invadir essas terras consideradas sagradas.
Veja que, então, as Cruzadas são uma ação dos católicos contra os territórios ocupados por islâmicos.
Além disso, você deve lembrar-se de que as Cruzadas são expedições de caráter religioso e militar.
A partir desse conhecimento, vejamos cada alternativa:
a)Errado. A Igreja tinha poder temporal (poder político) e poder religioso. Então, os poderes eram
próximos.
b)Errado. As Cruzadas são ponto importante para entendermos a retomada da centralização do poder
real, processo que levará anos até sua conclusão (por volta do final do século XV).
c)Errado. Os Bizantinos eram parceiros econômicos dos mercadores árabes, então, não havia esse projeto
mencionado na alternativa.
d)Errado. De fato, o movimento militar-religioso também tinha um interesse comercial, mas o erro está
em dizer que o comércio enfraqueceu, quando o que houve, de fato, foi o fortalecimento com a abertura
de novas rotas comerciais terrestres.
e)Correto. Se consideramos que imperialismo é quando um país ou povo invade o outro, então, as
Cruzadas foram o primeiro imperialismo da Igreja Católica. Quem afirma que isso é consenso na
historiografia árabe é o professor Claudio Vicentino (cujo livro está indicado no Edital).
Gabarito: E
(EsPCEx – 2019 - 4000002985)
O Mundo Feudal baseava-se em uma sociedade rigidamente hierarquizada, na qual os indivíduos
encontravam-se subordinados uns aos outros por laços de dependência pessoal. Havia uma grande
massa de camponeses presos à terra, que viviam sob o domínio dos senhores feudais e que se
dividiam em dois grupos com características particulares:
A) Suseranos e vassalos
B) Cavaleiros e soldados
C) Servos e baixo clero
D) Servos e vilões
E) Vilões e salteadores
Comentários
A sociedade medieval era caracterizada por três estamentos sociais: os bellatores (nobres), os
oratores (religiosos) e os laboratores (trabalhadores). Os camponeses faziam parte do último grupo,
enquanto os senhores feudais em sua maioria estavam ligados aos belattores. Porém, ainda havia
uma outra divisão entre os camponeses. Vejamos o correto:
a) Incorreto. Essa divisão pertencia aos senhores feudais e não a massa camponesa.
b) Incorreto. Não havia soldados nessa época.
c) Incorreto. Os camponeses não podiam se tornar membros do clero na Idade Média.
d) Correto. Boa parte dos camponeses eram servos, enquanto alguns, mais próximos dos senhores
feudais, gozavam de alguns privilégios e eram chamados de vilões.
e) Incorreto. Não havia essa nomenclatura, “salteadores”.
Gabarito: D
(Espcex (Aman) 2017)
O século X é caracterizado, na Europa, pela desestruturação do Império Carolíngio e pelas invasões
de outros povos. Esta situação acabou intensificando um processo de ruralização já em andamento
e a procura da proteção militar oferecida pelos nobres e guerreiros, por parte das pessoas pobres
ou com menos recursos. Era o início do que ficou conhecido como feudalismo. As instituições feudais
se originaram de elementos romanos e germânicos.
São elementos germânicos:
a) economia agropastoril, comitatus, beneficiun.
b) comitatus, fragmentação do poder político, beneficiun.
c) colonato, comitatus, fragmentação do poder político.
d) comitatus, beneficiun, colonato.
e) fragmentação do poder político, economia agropastoril, beneficiun.
Comentários:
O mundo medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano, pois Roma teria alimentado o
surgimento do Idade Média. Isso se combina com a chegada dos povos não-romanos em terras do
Império Romano. Assim, a Idade Média será o resultado da compenetração e fusão destes dois
elementos: romanos e germânicos.
No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da Antiguidade ao
Feudalismo28, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal, foi a síntese da interação entre
os modos de vida dos romanos e dos germânicos. Isso significa que característica típicas do Feudalismo,
como a ruralização, a vassalagem e a servidão tiveram origem em hábitos germânicos.
Cada alternativa combina alguns elementos vamos classificá-los e depois partir para o gabarito:
- Colonato: romano (eliminamos as alternativas C e D)
- Comitatus: germânico
- Beneficiun: germânico
- Economia agropastoril: germânico
- Fragmentação do poder político: foi um processo que ocorreu em Roma. Algumas tribos
germânicas eram descentralizadas e outras centralizadas (as mais importantes e que conseguiram
adentrar o Império Romano)
Mas profe, tem historiador que fala que o mundo germânico era descentralizado, e agora, como faço
com as alternativas B e E?
Vamos lá caros alunos: primeiro, a fragmentação do poder político precisa ser pensada dentro de um povo
(corpo político). O fato de existirem muitos povos não significou que o poder era descentralizado. É
preciso olhar para cada povo, entendeu?
Nos primórdios, os germânicos não contavam com uma estrutura política fortemente centralizada. Mas,
com o passar do tempo, já nos séculos IV e V, alguns povos germânicos passaram a se organizar em tribos
fortemente hierarquizadas, com o poder concentrado nas mãos do chefe guerreiro Ex. Rei Franco Clóvis
(século V). Os germânicos, em geral, eram povos guerreiros e povos guerreiros costumam ter hierarquia.
Isso significa concentração de poderes. Por terem que se organizar para ocupar os territórios romanos
28
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
acabaram por fortalecer esse aspecto da hierarquia, o que acabou concentrando poderes nas mãos dos
chefes guerreiros.
É claro que nem sempre foi assim e isso poderia ser a característica de um ou outro povo e não de todos,
é verdade. Eles eram muito diversos (francos, suevos, visigodos, vândalos, ostrogodos, saxões, anglos,
burúngios e alamanos).
Em relação aos Francos, durante a Dinastia Merovíngia, os reis eram chamados de “reis indolentes”. Mas
o que aconteceu na sequência? Carlos Martel centralizou o poder. Pepino, o breve, centralizou mais um
pouco até chagarmos em Carlos Magno que virou um grande imperador. Percebeu o processo?
Agora, o que temos que ver, também, é que a PREP não considerou como certas as alternativas B e E.
Isso pode significar que ela olhou mais para características de povos germânicos como os Francos e definiu
que a fragmentação do poder político era uma consequência da ruralização e não uma característica
trazida dos povos germânicos.
Então, é assim que consigo explicar essa "postura" da Prep nessa questão nas alternativas B e E. É bom
ficarmos de olho em como a Prep cobra os assuntos, quais pontos ela julga mais certos, mais relevantes
entre outros.
Gabarito: A
(Espcex (Aman) 2017)
A crise do sistema feudal motivou uma série de mudanças sociais e culturais com o revigoramento
do comércio e das cidades, entre os séculos XI e XIII, na Europa. Nas alternativas abaixo, assinale
aquela que se relaciona com o surgimento da burguesia.
a) Os avanços tecnológicos adotados na agricultura não foram suficientes para ampliar o comércio
de alimentos, incentivando a produção e comercialização de bens manufaturados.
b) A intensificação das invasões bárbaras motivou o surgimento de cidades fortificadas onde a
prática comercial era intensa.
c) A Peste Negra, por ser mais facilmente combatida nas cidades, onde havia melhores condições de
higiene, fez com que as cidades multiplicassem suas populações e ampliassem as trocas comerciais.
d) O crescimento do comércio com o Oriente e o surgimento de feiras nas principais rotas comerciais
da Europa favoreceram o estabelecimento de uma nova classe social de mercadores e artesãos,
assim como o surgimento de várias cidades no interior europeu.
e) O advento da Guerra Santa desmotivou as práticas comerciais entre os artesãos e os
organizadores das Cruzadas, em função de sérias ameaças às rotas comerciais no Oriente, limitando
o comércio ao continente europeu.
Comentários:
Durante a ocorrência das Cruzadas, as rotas entre Ocidente e Oriente foram reabertas, o que fez ressurgir
o comércio entre essas partes. Junto com a volta do comércio, as cidades também renasceram e as feiras
comerciais voltaram a acontecer. Tudo isso serviu de base para o surgimento de uma nova classe social
que passou a se dedicar a esse comércio renascido: a burguesia.
Gabarito: D
(Espcex (Aman) 2016)
Os fragmentos de texto abaixo foram extraídos de VICENTINO e DORIGO (2011) e se referem à Igreja
Medieval.
I. Pouco a pouco, a Igreja foi “se transformando na maior proprietária de terras da Idade Média e
construindo fortes vínculos com a estrutura feudal”.
II. Viviam afastados das tentações do mundo por meio do isolamento em abadias e de votos de
castidade, pobreza e silêncio. Com o tempo, num mundo em que uma restrita minoria era
alfabetizada, as igrejas, os mosteiros e as abadias converteram-se nos principais centros da cultura
letrada.
III. Viviam apegados aos bens materiais e em contacto com a sociedade, a terra, a administração e
a exploração das riquezas.
IV. A proibição de casamento rigorosamente aplicada a partir do Século XI liberava os padres dos
compromissos conjugais e contribuía, além disso, para a manutenção do patrimônio eclesiástico
feudal, ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero.
Os fragmentos I, II, III e IV referem-se, respectivamente, ao
a) poder temporal, clero secular, clero regular e celibato clerical.
b) celibato clerical, clero regular, clero secular e poder temporal.
c) clero secular, celibato clerical, poder temporal e clero regular.
d) poder temporal, clero regular, clero secular e celibato clerical.
e) clero regular, clero secular, poder temporal e celibato clerical.
Comentários:
A questão remete ao mundo europeu durante o medievo. A sequência correta é:
[I] Poder Temporal
[II] Clero Regular
[III] Clero Secular:
[IV] Celibato Clerical
Gabarito: D
(Espcex (Aman) 2016)
Os últimos anos do século X foram marcados, na Europa Ocidental, pela diminuição das invasões
bárbaras e pela queda da mortandade por epidemias. Tais fatos geraram estabilidade e crescimento
demográfico. A partir do século XI, o continente experimentaria profundas transformações que
levariam ao que se conhece como Renascimento Comercial.
Com relação ao acima exposto, é correto afirmar que
a) o Iluminismo gerou uma mentalidade de busca pela prosperidade material, o que levou ao
incremento de práticas comerciais.
b) o restabelecimento de rotas comerciais com a Oceania favoreceu o estabelecimento de novas
empresas de comércio na Europa.
c) os avanços tecnológicos elevaram a quantidade da produção agrícola e o excedente passou a ser
vendido.
d) as Cruzadas impediram a circulação de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente.
e) a intensificação do comércio provocou o enfraquecimento de feiras regulares nos cruzamentos
das rotas comerciais.
Comentários:
A questão remete ao início da Baixa Idade Média. O texto aponta para o fim das invasões bárbaras na
Europa no século X e ao crescimento demográfico que ocorreu em seguida, gerando a necessidade de
aumentar a produção de alimento. Daí surgiu a “Revolução Agrícola” com novas técnicas de plantio e
desmatamento. Neste contexto surgiram o “Renascimento Comercial e Urbano”, a crise feudal, as
Cruzadas, a burguesia e o desenvolvimento do comércio.
Gabarito: C
(Espcex (Aman) 2015)
d) III, IV e V.
e) I, III e V.
Comentários:
[II] INCORRETA. As atividades rurais eram a base da economia feudal;
[III] INCORRETA. Não havia praticamente nenhuma mobilidade social no Feudalismo.
Gabarito: C
(Espcex (Aman) 2013)
O período conhecido por Idade Média prevaleceu na Europa desde a queda do Império Romano
ocidental (Séc. V) até a queda de Constantinopla (Séc. XV). Nesse período, o sistema vigente era o
feudal.
Leia atentamente os itens abaixo:
I. Fortalecimento do poder real e enfraquecimento dos poderes locais;
II. Declínio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural;
III. Uso generalizado de trabalho escravo no campo;
IV. Os nobres estavam obrigados a pagarem aos seus servos uma pequena indenização, que passou
a ser conhecida por banalidade;
V. Existência de vínculos pessoais entre os nobres mais poderosos e os nobres mais fracos (suserania
e vassalagem).
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens com características desse período.
a) I e II
b) II e IV
c) III e V
d) I e IV
e) II e V
Comentários:
Uma das características do feudalismo foi a descentralização do poder, com o fortalecimento do poder
local, ou seja, dos senhores feudais, em detrimento do poder real. A economia essencialmente agrária
estava baseada no trabalho servil, realizado pelo camponês livre – não escravo –porém “preso à terra”
por um conjunto de obrigações costumeiras, como a corveia, a talha e as banalidades; esta última uma
obrigação paga pelo servo ao senhor feudal, em produtos, como taxas pela utilização de recursos como
moinho e fornalha. No interior da elite, a nobreza, as relações pessoais se fortaleceram e se estabeleceram
os lações de suserania e vassalagem, sempre entre nobres.
Gabarito: E
(Espcex (Aman) 2011)
Durante o feudalismo na Europa Ocidental, uma série de obrigações submetia servos e vilões aos
seus senhores. Uma delas era a banalidade, que consistia na(o)
a) prestação de serviços gratuitos no campo do senhor em alguns dias da semana.
b) entrega de parte da produção agrícola ou do rebanho do servo ao senhor.
c) pagamento de taxas ao senhor pelo uso de instalações do feudo, como o moinho, o forno, o
celeiro, bem como outras instalações.
d) pagamento de tributo pela família de um servo morto para que seus herdeiros mantivessem a
posse da terra.
e) pagamento de uma taxa ao senhor, correspondente ao número de pessoas que o servo mantinha
sob sua responsabilidade.
Comentários:
Os principais tributos devidos pelo servo ao senhor feudal eram a corveia, paga com trabalho no domínio
senhorial, e a Talha, paga com metade da produção que o servo obtinha em seu lote. As banalidades eram
a terceira obrigação em termos de importância e representavam menos de 10% daquilo que os servos
deviam ao senhor.
Gabarito: C
(Espcex (Aman) 2011)
O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi marcado por
profundas transformações, entre elas o renascimento comercial. É correto afirmar que essa
transformação esteve relacionada com
a) a formação das feiras, que eram pontos de comércio temporário, tendo-se destacado inicialmente
as regiões de Champanhe e, posteriormente, a região de Flandres.
b) o aparecimento de um novo grupo social, os mercadores, que passaram a ocupar o lugar da
nobreza na sociedade estamental durante toda a Idade Moderna.
c) o reaparecimento da moeda e das transações financeiras, que ficaram limitadas às cidades
italianas, mais próximas do mercado oriental.
d) o surgimento de hansas ou ligas, poderosas associações de comerciantes, cujos interesses se
chocavam com os dos nobres, que percebiam nas atividades daquelas uma ameaça à segurança das
cidades destes.
e) o surgimento do movimento comunal, uma disputa entre senhores feudais e burgueses, em torno
das taxas de impostos cobrados sobre as atividades comerciais realizadas nos feudos.
Comentários
As feiras medievais eram áreas de comércio que se desenvolveram principalmente no cruzamento das
principais rotas, mas também nas proximidades de grandes castelos e centros religiosos, locais de grande
aglomeração humana. Eram temporárias e as principais feiras se realizaram na região que ligava o norte
da Itália à região de Flandres. A nova classe de mercadores não ocupou o lugar da nobreza, que se
manteve como elite; as moedas, apesar de restritas, circulavam nas mãos da alta nobreza e do alto clero;
o crescimento da cidade não era entendido como ameaça a atividade rural, assim como as disputas que
ocorreram, como o “movimento comunal”, tinha fundo político e não necessariamente econômico.
Gabarito: A
(EsPCEx – 2009 - 4000000764)
Na Europa Feudal, começa a ocorrer o ressurgimento e crescimento das cidades, com a dinamização
do comércio. Assinale a alternativa em que todos os fatos citados são causas corretas desse
renascimento comercial e urbano.
A) Sucessão de invasões vikings e muçulmanas, que levaram a população a se refugiar nas cidades,
desenvolvendo as; reabertura do comércio com o Extremo Oriente, pela Rota da seda; apoio ao
comércio pela organização de comerciantes como a Liga Hanseática.
B) Fim das invasões de povos nômades, como magiares e normandos; diminuição da população
européia, devido a epidemias como a Peste Negra, que causaram imigração para as cidades; a
reabertura do comércio no Mediterrâneo, provocada pelas Cruzadas.
C) Crescimento da população européia; expansão do cultivo agrícola causada pelas melhorias
introduzidas como o arado e a enxada de ferro; reabertura do comércio no Mediterrâneo, provocada
pelas Cruzadas.
D) Crescimento da população européia, expansão da produção agrícola; reabertura do comércio no
Mediterrâneo provocada pela tomada de Constantinopla pelo muçulmanos.
E) Crescimento da população européia; reabertura do comércio no Mediterrâneo, provocada pelas
Cruzadas; surgimento dos Estados nacionais, que desenvolvem as cidades e protegem o comércio.
Comentários
Entre os séculos XI e XIII, a Europa Ocidental viveu a paz no seu território ao mesmo tempo em que
se tornou conquistadora de outras terras - as Cruzadas, no Oriente Médio, e as Guerras de
Reconquistas, na Península Ibérica são exemplos disso. Assim, esse expansionismo militar-religioso
promoveu dinamismos na área comercial e urbana – eram os renascimentos comercial e urbano – os
quais, pela sua natureza, tornaram-se elementos de desagregação do mundo feudal.
Entre os fatores que causaram o renascimento comercial e urbano estão:
a) Incorreto. A primeira afirmação está errada. As invasões vikings e muçulmanas fez boa parte da
população da Europa Ocidental migrar das cidades para os campos, na passagem da Idade Antiga para
o Período Medieval. As outras afirmações estão certas.
b) Incorreto. A peste negra surgiu após o renascimento comercial e urbano, como consequência dele e
não a causa.
c) Correto. Nesse momento, as Cruzadas possibilitaram a reabertura das rotas comerciais e o
desenvolvimento de novas técnicas agricolas que aumentaram a produção alimenticia, e que, por
consequência, fez aumentar a população europeia.
d) Incorreto. A tomada de Constantinopla pelos turcos ocorreu ao final da Idade Média. Ela é considerada
o marco da passagem desse período para a Era Moderna. Nesse momento, o feudalismo estava sendo
substituído pelo capitalismo mercantilista.
e) Incorreto. O erro nesta afirmação está em “surgimento dos Estados Nacoinais”, pois estes passaram
a ser formados a partir do século XVI, assunto de nossa Aula 01.
Gabarito: C
Eram cartéis que tinham por objetivo a eliminação da concorrência no interior da cidade e
a manutenção do monopólio de uma minoria de mestres no mercado urbano.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval.
Sobre as associações da Baixa Idade Média, o trecho acima descreve:
a) as cruzadas medievais
b) as seitas consideradas heréticas
c) as universidades medievais
d) o Santo Ofício
e) as corporações de ofício e as guildas
Comentários
Pela interpretação do texto percebemos que ele traz uma temática relacionada à questão
comercial e econômica.
Assim, podemos excluir, prontamente, as alternativas que fazem referência à elementos
religiosos (A, B, D).
Nesse mesmo sentido, podemos eliminar a alternativa C que menciona as Universidade, já que
esta não tem qualquer interesse ou função econômica.
Assim, nosso gabarito é letra E.
Gabarito: E
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Desde o final do Império Romano, as cidades vinham sendo abandonadas por causa
das invasões e dos saques. Ao mesmo tempo, a falta de mão de obra escrava atraía
vastos contingentes de trabalhadores para o campo.
(VICENTINO e DORIGO. História, 2011.)
O comentário acima descreve o processo que constitui uma das principais
características da Europa medieval, que está corretamente identificada em
a) Cercamentos
b) Renascimento agrícola
c) Ruralização
d) Suserania e vassalagem
e) Expansão do cristianismo
Comentários
a)Errado. Cercamentos foi um processo de êxodo rural, saída do campo. O texto descreve um
processo contrário. Além disso, a temporalidade é da Alta Idade Média. Os cercamentos
ocorrem por séculos da idade Moderna.
b)Errado. Não existe renascimento agrícola.
c)Correto. O texto descreve o processo de ruralização, ou seja, a sociedade se volta para o
campo e a economia também. Guarde isso como a principal característica da formação da Idade
Média.
d)Errado. É uma relação feudal, mas não é o que está descrito no texto.
e)Errado. Também ocorreu ao longo de toda a idade Média, mas não é o processo que está
descrito no texto.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
Apesar do dinamismo urbano e comercial, no século XIII e XIV, existia uma limitação
cultural, típica da época, que dificultava o desenvolvimento dos negócios. Essa
limitação referia-se ao pensamento cristão que
a) considerava que o trabalho é sinal de salvação
b) acreditava que apenas o trabalho agrícola era válido porque teria sido o único
criado por Deus
c) dominava a maior parte das terras produtivas
d) considerava pecados a prática da usura e do acúmulo de lucro
e) considerava pecado o lucro, mas não a usura.
Comentários
a)Errado. Essa expressão é característica do calvinismo.
b)Errado. A Igreja valorizava o trabalho agrícola, mas não usava esse argumento de que era o
único criado por Deus.
c)Errado. É verdade que dominava as terras produtivas, mas não era isso que dificultava as
práticas comerciais e os negócios nas cidades.
d)Correto. A Igreja dizia que o tempo pertencia a Deus e isso tornava a usura um pecado, já
que ela se refere ao empréstimo de dinheiro.
e)Errado. Os dois eram pecado, para a Igreja.
Gabarito: D
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
b) eram rigidamente estabelecidas, pois o sistema de castas assegurava que cada camada da
sociedade se mantinha em seu lugar.
c) baseavam-se nas relações de exploração econômica determinada pelo lucro do excedente
agrícola.
d) eram penetradas por uma mentalidade religiosa que contribuía para justificar a organização
estamental.
e) estavam estruturadas em um sistema de exploração do trabalho servil e escravocrata.
Comentários
Vamos lá pessoal, falou em relações sociais, falou em sociedade de ordens, formada por
3 estamentos: clero, nobreza e servos. Tendo isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
e. Errado. Trabalho servil está certo, mas escravocrata NÃO. Cuidado. Servo não é escravo.
Gabarito: D
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
Uma das características que podemos reconhecer no período em que vigorou a Idade Média
a) são as diferentes formas de mobilidade social provocadas pelo desenvolvimento do
comércio.
b) é a presença da mentalidade religiosa como organizadora das relações sociais.
c) é o regime escravista como propulsor da economia feudal.
d) foi a presença de múltiplas religiões que acabaram rompendo com o catolicismo após as
Cruzadas.
e) a convivência pacífica entre poder secular e poder espiritual.
Comentários
a) errado, pois o comércio se desenvolveu de forma periférica na Idade Média, sendo que a
principal relação econômica se dava a partir da agricultura, modelo feudal de organização
econômica. Assim, as pessoas estavam vinculadas à terra gerando uma baixa mobilidade, o que
impactava na mobilidade social. Esta era inviabilizada por conta da sociedade estamental.
b) correto, pois o pensamento cristão reforça as posições sociais de cada estamento na
sociedade medieval. Por exemplo, aos servos cabia a função de trabalhar.
Feudo. Mansos
A partir da imagem,
podemos identificar
alguns lugares
chamados de mansos.
Veja que em cada
espaço existem
relações de produção e
sociais específicas.
Atente para o fato de
que podemos
estabelecer uma série
de ligações entre
economia, sociedade e
política no feudo.
Aproveito este comentário para deixar um conhecimento muito importante para seus estudos.
Acompanha comigo:
O feudo é o lugar, no feudalismo, onde tudo acontecia. Os grandes historiadores, como Perry
Anderson e Jacques Le Goff, costumam defini-lo como “unidade produtiva autossuficiente”.
Olha que definição interessante. Vamos nos debruçar um pouco sobre ela?
comparar, é como se, no capitalismo, tudo ocorresse dentro de uma fábrica. A fábrica é uma
unidade produtiva porque produz mercadorias, mas não é autossuficiente. Sacou?
Diante desses elementos, vamos às alternativas:
a) falsa, pois os feudos eram locais essencialmente agrícolas, sendo que o comércio era
desenvolvido nos burgos, isto é, um local de concentração de pessoas – em geral em zonas
litorâneas e em pontos específicos de rotas comerciais – que formarão o que conhecemos
como cidades.
b) falso, pois, apesar de as relações cavalheirescas, com destaque para as relações de
vassalagem, existirem no mundo feudal, essas relações não estavam limitadas ao manso
senhorial. Na verdade, por se uma relação social entre pessoas da nobreza, vassalos e
senhores se relacionavam no conjunto das terras do feudo e para além delas. Basta
pensarmos nas situações de conflitos físico-militares.
c) correto, é o nosso gabarito. Vimos no esquema acima que, dentro da divisão dos
mansos, no manso do senhor (o “dono” da parada) ficavam os principais bens.
d) falso, pois os servos plantavam no manso servil e, fruto dessa colheita, é que pagavam
tributos.
e) falso, pois o manso comum é que era o espaço comum.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
1- Italiano 2- Germânico
Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como
encolheu. Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras
marginais, que tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da
expansão, foram abandonadas porque o rendimento que davam era, na verdade,
muito baixo. [...] A curva demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual
resultou em um impacto demográfico negativo. Trata-se da crise
a) da guerra
b) monetária.
c) climática.
d) da peste negra.
e) de fome.
Comentários
No contexto do que ficou conhecida como a crise do século XIV a historiografia costuma
associar este século a um tripé de eventos: a fome, a peste e a guerra. Veja que o texto do
enunciado aborda, diretamente, a crise da fome, pois não havia pessoas para cultivar e produzir
produtos agrícolas. Por isso, nosso gabarito é a alternativa e).
Fome
A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século XIV. A
principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com as
seguintes causas:
➢ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por
meio da derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? –
brincadeira 😊). Os bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza),
além disso era a fonte de mel, cera e madeira – todos são elementos luxuosos
e de necessidade essencial para manter seus castelos iluminados e aquecidos.
➢ Esgotamento de boas terras para a agricultura. As terras dos antigos mansos
comunais não tinham o mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim,
o excedente de produção não acompanhava a proporção do excedente
populacional.
➢ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das
taxas impostas pelos senhores de terra.
➢ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e
umidade.
Agora, para além da fome, da guerra e da peste, que marcam a crise do século XIV, os
historiadores Le Goff e Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na
verdade é a consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e
econômicas do mundo feudal cristão. Vamos ver as outras alternativas a partir de tópicos.
Alternativa b), errada, até porque o mais ajustado é falarmos em Crise Econômica.
Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi uma
série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um
inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das obras
de catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil. As
manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.
Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os
mais bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)
Alternativa d): Peste Negra
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia viveu
uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella pestis
– a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava feridas com
pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito
ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman29
"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na Silícia,com
homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham estranhas inchações
escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que purgavam pus e sangue e eram
acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo, provocadas por hemorragias internas.
(...) Sentiam muitas dores e morriam rapidamente (...)”
29
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.
Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV também
é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a França e a
Inglaterra ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão dinástica na
França e pelo controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de Flandres?).
Essa guerra contribuiu para o clima de insegurança da Europa.
O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos Cem Anos foi uma solução fácil
encontrada por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas
econômicas, gerou uma nova economia e uma nova sociedade.
Gabarito: E
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros
combatem e os outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não sofrem
com a sua disjunção; os serviços prestados por uma são a condição da obra das outras
duas; e cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo. De modo que essa tripla
associação nem por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar e que
o mundo tem podido gozar de paz.
(Adalbéron de Laon (c. 1020). Apud LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente
Medieval. Lisboa: Estampa, 1984, p. 45-46).
Assinale a alternativa que corresponde aos três estamentos sociais do mundo
medieval aludido no texto acima:
a) patrícios, plebeus e clero.
b) nobreza, servo e clero.
c) cavaleiros, agricultores e clero.
d) nobreza, patrícios e servos.
e) senhores, cleros e estrangeiros.
Comentários
Durante a Idade Média na Europa, a divisão social estava pautada em três estamentos
sociais: clero, nobreza e servo. Por meio do texto do enunciado é possível perceber essa
divisão já que, para explicar o regime feudal, a Igreja divulgava a imagem da sociedade
de três funções como um corpo: aqueles que oravam (os clérigos da Igreja) eram a cabeça
da sociedade; os que combatiam (os guerreiros e cavaleiros das famílias dos senhores
feudais, ou seja, a nobreza) eram os braços; e os que trabalhava (os servos camponeses,
ligados à terra dos senhores por meio da relação de servidão) eram os pés da sociedade.
Veja, então que a metáfora utilizada por Adalbéron ao se referir à Casa de Deus possui,
de fato, correspondência na realidade dos estamentos sociais do feudalismo. Logo, nosso
gabarito é a alternativa b).
a) falso, pois “patrícios” é uma categoria social do Império Romano.
c) falso, pois “agricultores” é uma categoria genérica para trabalhadores rurais no período
contemporâneo. Agricultores se distingue de servos ou mesmo senhor feudal porque a
relação de posso e de trabalho com a terra é outra. Veja, o senhor tinha a posse mas não
trabalhava, já agricultores podem ou não ter a posse e trabalham; servos não têm a posse
e trabalham sob um regime de servidão em que não podiam abandonar a terra, já os
agricultores podem ter a posse e trabalham sob pressupostos de uma economia liberal,
ou seja, são assalariados e, quando proprietários, podem ou não vender suas terras. Além
disso, cavaleiros não é uma categoria de estrato social, mas sim uma função
desempenhada por membros da camada social da nobreza.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman30
"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na
Silícia,com homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham
estranhas inchações escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que
purgavam pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o
corpo, provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e morriam
rapidamente (...)”
O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo
divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz
temerário, que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se
espalhava, e com ele a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas
europeias. A insegurança voltou a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.
c) o erro dessa alternativa está em “mobilidade”, pois a sociedade era rigidamente
hierarquizada, estratificada. Vamos lembrar o seguinte:
d) falso. Em História, dificilmente uma passagem de um momento histórico para o outro não
terá relações, em geral, há os elementos de transição. Por exemplo, veja que a religião
católica, a qual predominou durante o mundo medieval, tem origens no Império Romano.
Além disso, convém, reforçar que o sistema feudal se formou por meio da mistura de duas
importantes civilizações, os romanos e os germânicos (reinos bárbaros). Dentre as
contribuições romanas, cito o colonato e o cristianismo. Vindo dos germânicos, temos o
comitatus, o poder tribal fragmentado e o beneficium.
e) Errada, vide comentários da alternativa correta.
Gabarito: B
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
30
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.
NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos detentores de
terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre eles não recaia nenhum
imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário, recebiam taxas por serem os
proprietários das terras e dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da Igreja
Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e, o Alto Clero, que
eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam
com os cargos mais altos da Igreja, os quais detinham poder e influência política sobre os nobres
donos de terra. Os de pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero.
Essa ordem também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta pela
população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material para todas as
classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e
toda a família. Os servos deviam produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3
dias recebiam o manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem
as determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades
religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes
sermões, a Igreja afirma que o dízimo não é dado a ela, o que seria um tanto
constrangedor, mas a Deus, ou, com mais rigor, a São Pedro. Por outro lado, os
padres, os monges explicam que pagar os foros aos senhores é fazer a vontade de
Deus, porque Deus lhes confiou um poder de comando que corresponde a suas
intenções.
Jacques Le Goff. O Deus da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007,
p. 82.
Sobre a civilização feudal, é correto afirmar:
a) o catolicismo era uma ideologia manipulada pelos senhores feudais durante a Idade
Média, permanecendo subjugada aos seus interesses na ordem social.
b) Deus aparece como fiador das relações sociais que compõem a ordem feudal,
conferindo poder de mando aos senhores e obrigações tributárias aos estratos
subalternos.
c) a religião era instrumentalizada pelo Estado para a manutenção de um sistema de
impostos, o que possibilitava o enquadramento das classes subalternas ao poder
central.
d) o alto clero, formado a partir de indivíduos egressos da nobreza, coordenava a
cobrança de tributos de camponeses e servos, excluindo sacerdotes hierarquicamente
inferiores.
e) a religião católica convivia harmonicamente com as várias interpretações sobre o
cristianismo conhecidas como heresias.
Comentários:
A questão aborda o papel da Igreja na sociedade feudal.
A a) está errada pois, apesar de se beneficiarem de algumas condutas do catolicismo, ele não
era apenas uma ideologia manipulada pelos senhores feudais. Conforme o texto explicita, as
relações sociais são permeadas pela questão religiosa, inclusive no sentido econômico. Assim,
a b) é a alternativa correta. A religião não era instrumentalizada pelo Estado, de maneira que a
c) está incorreta. O erro da e) é afirmar que apenas o alto clero coordenava a cobrança de
tributos visto que os padres nas missas recolhiam o dízimo.
Gabarito: B
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
SUSERANO VASSALO
- Doa terra - Recebe a
terra
- Recebe
- Oferece a
proteção
proteção
d) Falso pois a Idade Média foi marcada por conflitos em torno da disputa de terras, por
invasões bárbaros, que não haviam parado com o fim do Império Romano, bem como por
guerras religiosas (árabes na Península Ibérica x reinos cristãos).
e) Errado. No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje
como França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos
Francos. Este Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média (entre os séculos V e X).
Os reis e senhores das terras do reino dos Francos estabeleceram alianças com a Igreja Católica,
sendo que esta conferiu legitimidade ao poder dos reis. Assim, na região que hoje conhecemos
como França predominou o cristianismo. Já na Península Ibérica, hoje Portugal e Espanha, de
fato, foi dominada pela invasão islâmica a partir do século VIII.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
Além disso, A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos. Cada
estamento era composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo, em
cada grupo social, era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo
executava na sociedade. Isso formava uma pirâmide social.
No feudalismo havia 2 classes sociais divididas em 3 ordens sociais estabelecidas.
Veja o esquema: Ordens Sociais
Classes sociais
Oriente). São civilizações que conviveram neste período histórico chamado de Idade
Média.
a) Império Islâmico, Império Bizantino e Império Antigo do Egito.
b) Império Bizantino, Império Antigo do Egito e Reinos Bárbaros do Ocidente.
c) Esparta, Reinos Bárbaros do Ocidente e Império Islâmico.
d) Império Islâmico, Império Bizantino e Reinos Bárbaros do Ocidente.
e) Reinos Bárbaros do Ocidente, União Ibérica e Império Czarista.
Comentários
No tempo conhecido como Idade Média (476 d.C. a 1453 d.C.), principalmente na região
do “Mundo Mediterrâneo” concorreram pelo menos 3 civilizações:
A Islâmica,
A Bizantina, representada
representada pelo Império
pelo Império Bizantino ou
Islâmico, localizada na
Império Romano do Oriente;
Península Arábica.
A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedade feudal.
Observe o mapa abaixo. Preste atenção como elas convivem nas terras do antigo Império
Romano.
Banco de imagens Estratégia Vestibulares.
31
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.
32
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.
33
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
e da Igreja Católica. Em troca da aliança que se iniciaria no Reino dos Francos, a Igreja
recebeu terras, muitas terras.
Diante disso, nosso gabarito é a alternativa C.
a) errado. Neste momento não podemos falar em exército nacional, o qual irá surgir a
partir da formação das Monarquias Nacionais na Era Moderna, século XVI em diante.
b) falso, a conversão foi ao cristianismo.
d) falso, pois o absolutismo é uma característica das Monarquias a partir do século XVI, na
Era Moderna.
e) errado, pois os árabes serão expulsos da Península Ibérica somente e no século XV,
quando as campanhas militares dos reis Fernando de Aragão e Isabel
Castela consolidaram o processo de reconquista, culminando na expulsão completa dos
muçulmanos em 1492.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos
detentores de terra, que se dedicavam, principalmente, às atividades militares.
Sobre eles não recaia nenhum imposto, apenas a obrigação de guerrear. Ao
contrário, recebiam taxas devido ao fato de serem os proprietários das terras e
dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram privilegiados.
Clero ( ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros
da Igreja Católica. Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e
diáconos e, o Alto Clero, que eram os bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio
Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam com os cargos mais altos da Igreja,
estes detinham poder e influência política sobre os nobres donos de terra. Os de
pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero. Essa ordem
também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram
privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem
composta pela população camponesa os quais realizavam as atividades de
subsistência material para todas as classes sociais do feudo. Ser servo significava
estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e toda a família. Os servos deviam
produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3 dias recebiam o
manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem as
determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas
atividades religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégios algum.
Depois de toda essa explicação, qual alternativa você assinalaria? Alternativa A, né, meu
caro!
Vejamos os erros das demais:
b) O erro está em dizer que a sociedade estamental era SEM diferença. Guarda isso:
privilégio e status representa uma sociedade baseada na desigualdade e não na
igualdade, ok.
c) A cavalaria era uma função, praticamente toda a nobreza era formada por cavaleiros.
d) Não havia burguês na sociedade feudal. Eles surgem com o renascimento comercial e
urbano e, mesmo assim, serão um estamento sem privilégios durante a Era Moderna.
e) Aqui faltou o clero, que é um estamento muito poderoso e cheio de privilégio na Idade
Média.
Gabarito: A
(Estratégia Militares/2020/ professora Alê Lopes)
e) Mitium
Comentários:
As sociedades feudais, na Europa Central, originaram-se da fusão dos elementos romanos
e germânicos. No texto tem uma definição de feudo que traz uma relação de troca – “um
bem por algo”. No caso do feudalismo, a troca de fidelidade por terras é parte do legado
germânico no período medieval e deram origem às relações de suserania e vassalagem.
Atenção: o comando da pergunta questionou o legado referente à “extensão territorial”,
então, temos que buscar entre as alternativas o legado referente à terra.
No que se refere a troca de terra podemos relacionar com a noção de beneficium.
Beneficium era a concessão de terras feita pelos chefes guerreiros germânicos a seus
cavaleiros. Por isso o gabarito da nossa questão é alternativa C.
Vejamos as demais alternativas:
a) Comitatus era o estabelecimento de relações de fidelidade. Veja que isso também é
parte da sociedade feudal, mas não se trata de terra.
b) Colonato se trata de terra, mas não de troca. Refere-se ao trabalho de servos nas terras
dos senhores. Há um laço de compromisso, mas não de trocas.
c) Gabarito.
d) Servitium é uma relação de subordinação. Chamava-se serviço (servitium) aquele eu
tinha que trabalhar para um “patrono”. Foi um legado romano, mas que nada tinha a
ver com a servidão. Por isso, servitium não se tornou relação de servidão.
e) Mitium é um legado germânico e queria dizer a proteção física que um forte dava a um
fraco.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
Comentários
Para responder à questão é preciso lembrar e associar os tributos com o conceito:
a) é o nosso gabarito.
b) falso, pois é as terras que não pertenciam a ninguém eram comuns, chamadas de terras
comunais, eram as florestas, bosques e pastos e lá os servos podiam levar seus animais
para pastar além de pegar lenha. As terras comunais eram o local de acesso para todos os
habitantes do feudo.
c) falso, pois este representa o conceito de corveia.
d) falso, pois este é o conceito de talha.
e) falso, pois este é o conceito de banalidade.
Gabarito: A
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
“Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina, na Silícia, com
homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham estranhas
inchações escuras, do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas, que purgavam pus
e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo, provocadas por
hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e morriam rapidamente (...)”
O evento narrado no texto remete a um dos elementos que aprofundou a crise do século XIV.
Trata-se
a) das revoltas camponesas.
b) da peste amarela.
c) da crise na expansão comercial.
d) da febre do mar.
e) da peste bubónica.
Comentários
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia
viveu uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria
pasteurella pestis – a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela
provocava feridas com pus e deixava marcas pretas no corpo. Nesse momento, as
condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito ruins nas cidades
medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento comercial e urbano
e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças! Historiadores
medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse momento.
Gabarito letra e).
a) falso, apesar de no século XIV terem ocorrido revoltas camponesas. Em 1358 ocorreu
na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa. Esse evento, que não
durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores e servos. Os
senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem pagas pelos
servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da grande fome
atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em grandes
celeiros, como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem pagas
pelos servos que ainda continuavam na terra. Em 1358, diante das condições daquele
contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacqueries – expressão
idiomática francesa que significa “joão ninguém”.
b) errado, pois o correto é peste negra outro nome para a peste bubónica.
c) falso, pois a expansão comercial, via mar Atlântico, ainda iria ocorrer.
d) errado, pois o correto é peste bubónica.
Gabarito: E
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
O período conhecido por Baixa Idade Média estendeu-se dos séculos X ao XV e foi
marcado por profundas transformações, entre elas o renascimento comercial, a partir do
final do século XIV. É um fator que caracterizou e contribui para esse renascimento
a) o surgimento da máquina a vapor.
b) o apoio inicial da Igreja Católica ao comércio, em particular aos religiosos que
empreendiam.
c) o aumento da atividade bancária como atividade cada vez mais significativa para a
expansão do comércio.
d) a diminuição do número de cidades contribuiu para o melhor planejamento econômico
dos reinos.
e) o enfraquecimento dos Estados nacionais.
Comentários
A burguesia comercial dinamizou a economia entre os séculos XII e XV. Por meio do
comércio e das atividades que sustentavam o comércio – rotas, logística, moedas,
financiamentos, empréstimos – a sociedade do período da renascença se tornou mais
complexa. Para tanto, os bancos cumpriram um papel importante. Não bancos como
conhecemos hoje, mas a atividade de empréstimos. Por isso, gabarito lera c).
a) falso, pois a máquina a vapor surge com a Revolução Industrial, século XVIII. A Primeira
Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, de modo que a principal característica dessa
Primeira Revolução Industrial é a substituição da manufatura pela maquinofatura. Surgiu,
principalmente, a indústria têxtil cuja produtividade aumentou devido à inserção das
máquinas de fiar, o tear mecânico e a máquina a vapor.
b) errado, pois a Igreja combatia essas práticas bancárias, tanto é que os protestantes, que
lideravam diversas atividades comerciais, eram condenados pela Igreja. Vale lembrar que,
como parte das diferenças entre protestantes e Igreja teremos as Reformas e contra
Reformas religiosas do século XVI. A Igreja condenava a usura (empréstimo de dinheiro a
juros) e defendia o “preço justo” das mercadorias, ou seja, comercialização pelo preço do
trabalho e não pela especulação do mercado. Com isso, a atividade bancária e o acúmulo
de dinheiro ficavam prejudicadas. Logo, a “mentalidade econômica” da Igreja torvou-se
um entrave para o desenvolvimento mercantil. Os mercadores não se sentiam plenamente
representados e protegidos.
d) errado, pois o número de cidades aumentou.
e) falso, pois os Estados nacionais começaram a ser formados e, portanto, fortalecidos.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
b) errado, pois o Reino Visigodo é de origem bárbara e não árabe. Além disso, os árabes
chegaram à Península Ibérica no século VIII.
c) errado, foi o contrário a descentralização e o fortalecimento dos poderes locais,
descentralizando o poder.
d) correto, pois essa é uma das principais características do feudalismo.
e) falso, pois o trabalho servil é que predominou, isto é, as relações entre servo e os senhores
feudais.
Gabarito: D
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
São heranças do período do final do Império Romano
I.Colonato
II.Beneficium
III.Comitatus
IV.Precarium
Agora, associe cada uma das instituições acima com as relações feudais abaixo:
1. Relações de Suserania e Vassalagem
2. Relações de Servidão
Está correta a seguinte associação:
a) I e II com 1
b) I e IV com 1
c) II e III com 1
d) I e III com 2
e) II e III com 2
Comentários:
Essa questão é trabalhosa. Na primeira parte ela traz as heranças romanas e germânicas
que, fundidas, deram origem às relações sociais fundamentais do feudalismo. A questão
era associar cada uma dessas instituições a cada uma das relações. Para isso, é preciso
saber o que é cada uma delas.
Vamos sintetizar:
I. Colonato - ceder um pedaço de terra para alguém trabalhar em troca de uma parte
do que foi produzido (romano);
II. Beneficium – (terra) - receber uma terra por ter realizado um favor, ganhado uma
guerra
III. Comitatus - relações de fidelidade entre guerreiros (germânico);
IV. Precarium - entrega de pequenas terras a um grande senhor em troca de proteção.
Agora vamos relacionar:
II + III = relações de suserania e vassalagem.
I + IV = relações de servidão.
Agora, vamos para nosso gabarito
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
"A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães é
defender os carneiros e os bois dos ataques dos lobos." (Bispo Eadmer de Canterbury, século
XI)
Levando em consideração a ordem social feudal, os animais, que estão em destaque no texto,
representam, respectivamente, os seguintes estamentos sociais:
A) clero, servos e nobres
b) Servos, clero e cavaleiros
c) clero, servos, nobres e bárbaros
d) cavaleiros, servos, clero
e) Nobres, plebeus e clero
Comentários:
“A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra; e a dos cães
é proteger os carneiros e os bois dos ataques dos lobos. Se cada uma destas espécies de
animais cumprir a sua missão, Deus protegê-la-á. Deste modo, fez ordens, que instituiu
em vista das diversas missões a realizar neste mundo. Instituiu uns – os clérigos e os
monges – para que rezassem pelos outros e, cheios de doçura, como as ovelhas, sobre eles
derramassem o leite da pregação e com a lã dos bons exemplos lhes inspirassem um
ardente amor à Deus. Instituiu os camponeses para que eles – como fazem os bois, com
seu trabalho – assegurassem a sua própria subsistência e a dos outros. A outros, por fim –
os guerreiros -, instituiu-os para que mostrassem a força na medida do necessário e para
que defendessem dos inimigos, semelhantes a lobos, os que oram e os que cultiva a terra”.
Gabarito: A
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
Por volta do século X, em quase todo o território outrora pertencente ao Ocidente Romano,
encontramos sociedades que comungavam a mesma fé.
Dito isso, pode-se afirmar que a Igreja Católica desempenhou o papel de
a) Perseguir todas as heresias que atrapalhavam o desenvolvimento da fé cristã.
b) Lutar contra os islâmicos que ocuparam toda a terra do antigo Império Romano do Ocidente.
c) Acumular muitas terras de modo que ficou demonstrado seus interesses unicamente
materiais.
d) Disseminar valores de tolerância e respeito com todas as crenças existentes ao longo da
Idade Média.
e) Articuladora da sociedade medieval de modo a conferir unidade cultural por meio da religião.
Comentários:
O primeiro a fazer é contextualizar: a questão trata da Igreja na Alta idade Média (século
X) e na Europa Ocidental. Precisamos lembrar de que, nesse contexto, a Igreja católica
era a única instituição sobrevivente do antigo Império Romano. Naquele tempo ela
havia se tornado a religião oficial do Império e, desde então, veio desenvolvendo uma
mentalidade de o cristianismo se desenvolver como religião universal, de todos. De
fato, apesar das divergências dogmáticas, teológicas, práticas e até políticas, houve
grande expansão do cristianismo. Isso gerou uma espécie de padronização cultural-
religiosa na Europa Ocidental.
Tendo isso em mente, vamos à análise das alternativas.
a. Errado. A Igreja realmente perseguiu as chamadas heresias, ideias contrárias aos
dogmas oficiais da Igreja. Mas não se pode afirmar que as heresias atrapalhavam o
desenvolvimento do cristianismo, já que essas ideias também eram cristãs.
b. Errado porque os islâmicos não ocuparam todas as terras do Antigo Império
Romano, apenas a Península Ibérica.
c. Errado. Isso foi uma consequência da sua atuação e das relações sociais e políticas
baseadas na posse da terra, mas não podemos afirmar que esse foi seu papel, ou sua
função.
d. Errado porque a Igreja foi intolerante com outras ideias cristãs divergentes das ideias
oficiais, bem como com os islâmicos e com os judeus. Todos esses foram perseguidos e
julgados pelo Tribunal da santa Inquisição (tribunal religioso que condenava às pessoas, até
mesmo à morte na fogueira).
e. Correto. Apesar de todas essas divergências, a Igreja consegue disseminar o
cristianismo e gerar um laço cultural que é existente até hoje no mundo Ocidental.
Gabarito: E
O conflito entre o poder espiritual (religioso) e o poder temporal (poder político) é uma marca
do período medieval. Diante da descrição, podemos eliminar os itens que estão fora do
contexto medieval. Vejamos cada alternativa:
a. Errado. A Reforma Protestante é um conflito dentro da Igreja e não entre poder político
e poder espiritual.
b. Errado. Concílio de Trento é uma resposta da Igreja à Reforma Protestante.
c. Gabarito. A querela das investiduras ocorreu justamente no contexto da Reforma
Religiosa proposta pelo Papa Gregório que pretendia fortalecer o poder do Papado. A nobreza
não gostou porque ela costumava indicar pessoas para cargos eclesiásticos e, com isso,
fortalecer seu poder.
d. Errado. O mosteiro de Cluny foi uma iniciativa que deu origem ao Mosteiro.
e. Errado. A Confissão de Augsburg é do século XVI, marca o surgimento da religião
Luterana.
Gabarito: C
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
O termo heresia provém do grego haíresis, que significa escolha. Com o advento do
cristianismo, sobretudo na Idade Média, passou a ser interpretado como:
a) Toda doutrina que está em desacordo com os dogmas oficiais da Igreja Católica.
b) Forma de evitar os pecados fazendo boas ações.
c) Forma de eliminar inimigos da Igreja Católica.
d) Ideias que complementam os dogmas oficiais definidos pelas autoridades eclesiásticas.
e) Atitudes suspeitas de venda de indulgência.
Comentários
Questão simples, trata sobre o conceito de heresia, para a Igreja Católica, na Idade Média.
Vejamos cada alternativa.
a. Gabarito! Esse é o significado dado pela Igreja para o temo heresia. Valdenses, Cátaros
foram algumas dessas doutrinas que divergiam dos dogmas oficiais. Assim, sabemos que não
havia espaço para debater diferentes interpretações.
b. Errado. O debate não é sobre formas de agir, mas sobre intepretações sobre o
cristianismo.
c. A heresia não era uma forma de eliminação, mas sim a causa para ser julgado pelo
Tribunal da Santa Inquisição.
d. Errado. A Igreja via a heresia um pensamento contra a igreja e não como seu
complemento.
e. Errado. Quem vendia indulgência era a própria instituição eclesiástica.
Gabarito: A
Um grande manto de florestas e várzeas cortado por clareiras cultivadas, mais ou menos
férteis, tal é o aspecto da Cristandade – algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de
oásis em meio a desertos. Num local a madeira é rara e as árvores indicam a civilização,
noutro a madeira é abundante e sinaliza a barbárie. A religião, que no Oriente nasceu ao
abrigo das palmeiras, cresceu no Ocidente em detrimento das árvores, refúgio dos gênios
pagãos que monges, santos e missionários abatem impiedosamente.
J. Le Goff. A civilização do ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. Adaptado.
Acerca das características da Cristandade e do Islã no período medieval, pode-se afirmar
que
a) o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural, enquanto a religião muçulmana
teve como base inicial as cidades e os povoados da península arábica.
b) a concentração humana assemelhava-se nas clareiras e nos oásis, que se constituíam
como células econômicas, sociais e culturais, tanto da Cristandade quanto do Islã.
c) a Cristandade é considerada o negativo do Islã, pela ausência de cidades, circuitos
mercantis e transações monetárias, que abundavam nas formações sociais islâmicas.
d) o clero cristão, defensor do monoteísmo estrito, combateu as práticas pagãs
muçulmanas, arraigadas nas florestas e nas regiões desérticas da Cristandade ocidental.
e) a expansão econômica islâmica caracterizou-se pela ampliação das fronteiras de cultivo,
em detrimento das florestas, em um movimento inverso àquele verificado no Ocidente
medieval.
Comentário
A alternativa a) erra ao afirmar que o cristianismo se desenvolveu a partir do mundo rural. Na
aula 01 vimos que o cristianismo nasceu nas cidades romanas. Ele também se desenvolveu no
mundo rural, mas posteriormente à queda de Roma Ocidental. Já a parte da questão sobre o
islã está correta. Veja que você deve prestar atenção na hora de resolver questões na prova: se
metade da questão está erra é porque ela está inteira errada, basta um erro mínio no item para
você descarta-lo. É assim que se resolve provas.
A alternativa b) faz uma comparação ajustada entre o Império do Ocidente e o Império do
Oriente e, por isso, é a alternativa correta. Desde a aula 00 temos visto o quanto a interação
entre home e natureza é importante para o desenvolvimento das civilizações. Aqui não seria
diferente, nos locais com condições mais propícias ao estabelecimento da vida e das rotinas da
vida (trabalho, comércio, pregação espiritual) é que se concentrariam as populações. Esse
processo foi comum tanto na Europa Ocidental, faixa do mediterrâneo, quanto na Península
Arábica. Além disso, vimos na aula que nesta última região, as tribos nômades dos beduínos
procuravam se estabelecer nos oásis.
A alternativa c) faz uma contraposição infundada entre mundo cristão e mundo islão. De fato,
no Oriente, durante a Idade Média predominou a atividade econômica do comércio e havia
cidades importantes, como Meca e Medina. Porém, isso não significou a ausência de transações
comerciais no mundo medieval da cristandade e, tampouco, a inexistência de cidades. Roma,
por exemplo, não deixou de existir, só não era mais um centro aglutinador do mundo, ela ficou
em ruínas. Lembra-se?
A alternativa d) faz uma associação geográfica errada entre islamismo e o deserto. Vimos na
aula que os mulçumanos iniciaram seu movimento religioso na Península Arábica a qual possuía
regiões desérticas e litorâneas. Além disso, a expansão islâmica ocorreu, predominantemente,
em solos desérticos, no norte africano e, depois adentro a Europa pela Península Ibéria. Nessa
região não há desertos. Lembro, também, que os mulçumanos foram contidos por Carlos Martel
nos montes Pirineus.
Por fim, a alternativa e) peca por desconsiderar que os árabes mulçumanos eram peritos em
transações comerciais e não em práticas agrícolas. A agricultura no mundo islâmico estava
condicionada pelas difíceis condições climáticas, sendo o pastoreio, as pequenas plantações, o
cultivo de cereais, as principais atividades agrícolas, porém muito mais voltada à subsistência.
Até por isso, na Península Arábica havia muitos nômades.
Gabarito: B
(FUVEST 1997)
Os movimentos fundamentalistas, que tudo querem subordinar à lei islâmica (Sharia), são
hoje muito ativos em vários países da África, do Oriente Médio e da Ásia. Eles tiveram sua
origem histórica
a) no desenvolvimento do islamismo, durante a Antiguidade, na Península Arábica.
b) na expansão da civilização árabe, durante a Idade Média, tanto a Ocidente quanto a
Oriente.
c) na derrocada do socialismo, depois do fim da União Soviética, no início dos anos
noventa.
d) no estabelecimento do Império turco-otomano, com base em Istambul, durante a Idade
Moderna.
e) na ocupação do mundo árabe pelos europeus, entre a segunda metade do século XIX
e primeira do XX.
Comentários
Movimento fundamentalista de caráter religioso, para além da questão islâmica, significa
uma manifestação religiosa em que os praticantes promovem a compreensão literal de sua
literatura sagrada. No caso do fundamentalismo islâmico, a ideia é organizar a sociedade
a partir do que fala as escrituras sagradas - e somente isso.
Alguns autores falam de regresso absoluta às escrituras. Por isso, a questão descreve
fundamentalista como aquele “que tudo querem subordinar à lei islâmica (Sharia)”. Vimos
que, a partir da dinastia dos omíadas houve uma série de choques entre islâmicos, judeus
e cristãos. Além disso, travou-se uma batalha interna entre SUNITAS (que acreditam nas
SUNAS, preceitos de fé posteriores à Maomé) e XIITAS (que rejeitam as Sunas). Estes
foram vistos como “mais fundamentalistas” justamente por terem no Alcorão (o livro
sagrado dos islâmicos) sua única fonte de referência, bem como a lei suprema para
organização social e política.
Esses conflitos estiveram relacionados com a expansão do islamismo no mundo cristão,
quer seja no Ocidente (Europa), quer seja no Oriente (Egito).
Agora, CUIDADO!!!!! Vocês não podem achar que fundamentalismo é igual terrorismo! Eu
estou falando isso porque essa é a noção senso-comum que a grande mídia nos passa,
especialmente desde o atentado das torres gêmeas. Veja que a definição de
fundamentalismo NÃO É SINÔNIMO DE TERRORISMO. Este é um outro conceito que
veremos no momento apropriado.
Logo, o item que corresponde a esse processo histórico é o B. Todos os demais contém
elementos errados. Vejamos:
Item A: O desenvolvimento do islamismo não foi na Antiguidade, mas a partir do século
VII – Idade Média.
Item C: os movimentos fundamentalistas islâmicos não começaram somente a partir da
década de 1990.
Item D: O estabelecimento dos turco-otomanos na Turquia não se deu na Idade Moderna,
embora o ano de 1453 quando eles tomam a Capital bizantina seja a marca do fim da
Idade Média. Além disso, o fundamentalismo é anterior ao século XV.
Item E: No século XX especialmente surgiram os grupos fundamentalistas terroristas, como
a Al-Qaeda. Mas de novo, chamo a tenção que o item está errado pela definição de
fundamentalismo que a questão colocou no seu enunciado.
Gabarito: B
FUVEST (1987)
b- A Reforma Protestante causou uma das maiores rupturas dom a Igreja, mas foi apenas a
partir do século XVI.
c- As heresias (formas de interpretar o cristianismo) não causaram rupturas.
e-A Querela das Investiduras realmente foram outro grande choque, mas não ruptura.
Querela é briga, conflito, discussão. Investidura é quem investe o que. Querela das
investiduras foi uma treta entre um Papa Romano e um Imperador Francês para ver quem
poderia investir cargos eclesiásticos, ou seja, quem vai nomear as pessoas para os cargos da
Igreja. Essa “querela das investiduras” ocorreu entre 1058 e 1122.
Gabarito: D
(FUVEST – 1981)
Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que não concorreu para a difusão da
civilização bizantina na Europa Ocidental:
a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla.
b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica.
c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis.
d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas.
e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos
mares Egeu e Negro.
Comentários:
A questão nos pede para identificar qual fator citado não se relaciona com a difusão da
civilização bizantina na Europa Ocidental. A história de formação, expansão, consolidação
e decadência do Império Bizantino ocorreu entre os séculos V e XV. Usa-se como marcos
históricos o ano de 476 d.C., fim do Império Romano do ocidente e o ano de 1453, quando
os turco-otomanos conquistaram a capital Constantinopla. Essa data seria o fim da própria
Idade Média. Memorizem essa localização temporal, ok!
Gabarito: B
(UDESC 2015)
(Unicentro 2011)
entre elas, mas acabam se unificando e fundando um Império centralizado, com capital em
Jerusalém. O Reino de Israel foi destruído pelos babilônicos e, então, os hebreus começaram a
se espalhar pelo mundo.
O cristianismo foi fundado por Jesus Cristo e seus seguidores, no século I d. C. nessa
mesma região. Inclusive, Jesus era hebreu e judeu. Ele propunha uma revisão do Antigo
Testamento, além de pregar o pacifismo, a caridade, o amor ao próximo e criticar a escravidão
romana. Como resultado, os romanos executaram Jesus e passaram a perseguir seus seguidores
intensamente. Mesmo assim, as ideias de Cristo logo se tornaram religião que se espalhou pela
sociedade romana, sobretudo entre os mais pobres, mas também entre alguns setores das
elites. No século IV, os imperadores romanos começaram a perceber que era mais vantajoso se
aliar ao cristianismo do que continuar a persegui-lo. Assim, em 313, Constantino se converte e
legaliza o culto cristão. Mais tarde, Teodósio, em 380, torna essa a religião oficial do Império
Romano. A partir de então, a Igreja Católica como a conhecemos, com suas hierarquias e
riqueza começa a ser edificada, com a função de legitimar o poder do Império Romano. E
mesmo após o fim deste, a Igreja continuou exercendo influência na Idade Média e muitos reis
germânicos viram vantagem em utilizá-la como ponto de apoio para seu fortalecimento político,
assim como os romanos um dia tinham feito. A Igreja cristã passou a exercer a função de
legitimadora da ordem social feudal.
O islamismo, por fim, foi fundado em 622 d. C., pelo profeta árabe Maomé. Após o
contato com o cristianismo e o judaísmo, Maomé formulou uma nova religião monoteísta que
chamou de Islã. Ele foi à principal cidade árabe de sua época, Meca, e tentou convencer seu
povo a se converter. De início, ele foi rejeitado e expulso da cidade, refugiando-se em Latreb.
De lá, Maomé aumentou seus seguidores e conseguiu invadir Meca, conquistando-a. Com isso,
ele unificou as tribos árabes sob seu governo e instaurando o Islã como religião oficial do seu
recém-fundado Estado teocrático. Contudo, Maomé morreu em 632. A partir de então,
começaram a ser eleitos califas para exercer a função de líder político, militar e religioso. Além
disso, iniciou-se a expansão árabe que conquistou e converteu ao Islã diversos territórios no
Oriente Médio, no Norte da África e na Península Ibérica.
Essas três religiões têm alguns pontos em comum que é importante conhecermos: 1) As
três acreditam em um deus único, criador e universal com o qual o homem faz uma aliança. 2)
As três possuem cada uma um livro sagrado. 3) Elas também creem uma lei moral universal. 4)
As três consideram Jerusalém uma cidade sagrada, cada uma por motivos diferentes. Os judeus,
por lá ter sido a capital do reino de Salomão e lá estar o Muro das Lamentações, ruína do palácio
daquele rei. Os cristãos, por lá estar o santo sepulcro, onde Jesus foi sepultado. E os islâmicos
por lá estar o Monte do Templo.
Com essa explicação, já dá para perceber que a alternativa correta é a letra “a”.
As demais estão incorretas pelos seguintes motivos:
b) Na verdade, o cristianismo pode ser dividido em três ramos principais: catolicismo romano,
ortodoxia grega e protestantismos.
c) O Estado de Israel que a alternativa cita não é o mesmo que o Reino de Israel da Antiguidade.
Trata-se do país atual chamado Israel que é uma democracia republica e no qual há liberdade
religiosa prevista pela lei.
d) Não há influências judaicas na Igreja Ortodoxa.
e) O livro Corão continua sendo o livro sagrado do islamismo, contudo a religião não é unificada,
existindo desde a morte de Maomé diferentes vertentes islâmicas, que inclusive disputam entre
si. Um exemplo é a rivalidade entre sunitas e xiitas.
Gabarito: A
(FUVEST 2017)
Encontram-se assinaladas no
mapa, sobre as fronteiras dos
países atuais, as rotas eurasianas
de comércio a longa distância que,
no início da Idade Moderna,
cruzavam o Império Otomano,
demarcado pelo quadro.
A respeito dessas rotas, das
regiões que elas atravessavam e
das relações de poder que elas
envolviam, é correto afirmar que
a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de
produtos primários para a Europa.
b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista
da pouca demanda por seus produtos.
c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto
das atividades comerciais eurasianas.
d) a África Ocidental se encontrava em posição subordinada ao poderio otomano,
funcionando como sua principal fonte de escravos.
e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a
buscar rotas alternativas de acesso ao Oriente.
Comentário
A alternativa a) está errada porque no ano 1000, ou perto dele, chineses, indiano e os árabes
tinham um desenvolvimento técnico superior ao dos europeus. Os chineses começaram a
fabricação de papel antes dos europeus, quase 1000 anos antes. Da mesma forma, os chineses
foram os inventores da pólvora, tinham um sistema de navegação desenvolvido e uma economia
baseado no papel-moeda. Além disso, o contato da China com o Ocidente se dava,
fundamentalmente, por meio da rota da seda e não de produtos primários em geral. Assim, não
é correto dizer que China tinha um baixo grau de desenvolvimento e que era exportadora de
(FUVEST 2016)
b) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver territórios mais amplos e
distâncias mais longas.
c) aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de relações
comerciais regulares com a América.
d) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a partir de contatos
com povos do leste desse continente e da Ásia.
e) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a duração das viagens
ultramarinas.
Comentário
O tempo na Idade Média, assim, como na Antiguidade, era determinado por eventos naturais
e pela marcha do sol. Além disso, a Igreja controlava essa percepção do tempo ao introduzir
marcadores temporais ligados aos rituais religiosos. Por meio disso conseguiam controlar o
comportamento das pessoas. Com uma semana de 7 dias, sendo 6 de trabalho o último deveria
servir para rezar e descansar. Também, na quaresma, as pessoas estavam proibidas de manter
relações sexuais, sob pena de castigos divinos terríveis – como ter filhos leprosos. Veja o que
diz Jacques Le Goff:
O tempo da Idade Média é, em primeiro lugar, um tempo de Deus e da terra, depois dos senhores e dos
que estão sujeitos ao senhorio, depois – sem que os tempos precedentes tenham deixado de ser presentes
e exigentes –um tempo das cidades e dos mercadores, e, finalmente, um tempo do príncipe e do indivíduo.
(LE GOFF, 2002.)34
Mas, a partir da Baixa Idade Média, quando as cidades começaram a ressurgir e o comércio
começou a renascer, os mercadores passaram a conviver com territórios mais amplos e, a partir
disso, passaram a ter que lidar melhor com a questão do tempo com vistas a obter maiores
lucros. Os primeiros relógios mecânicos datam da primeira metade do século XIV, justamente
na região da Itália.
Gabarito: B
(FUVEST 2015)
A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem
sempre mais a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é
também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo
e do senhor, frequentemente confundidos numa única pessoa, um grupo de homens
novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios cada vez mais
amplos.
GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.
34
LE GOFF, Jacques. Tempo. In: LE GOFF, Jacques & SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário temático do Ocidente Medieval. V. II.
(FUVEST 2014)
(Unicentro 2013)
da Europa. Nesse momento, o Império carolíngio deixado por Carlos Mago, estava passando
por uma grande crise política desde sua morte em 814. Seus herdeiros e a aristocracia
disputavam violentamente a sucessão do trono e o Império carolíngio acabou sendo
fragmentado em três reinos independentes. Essa fragmentação foi vista como oportunidade
pelos vikings e normandos. Assim, essa combinação de fatores contribuiu para um novo
momento de ruralização. As pessoas em maior número foram em busca da proteção dos
grandes castelos fortificados de senhores de terras, onde trocavam trabalho e o que produziam
por moradia e proteção dos invasores. A Igreja Católica, por outro lado, continuou sendo
elemento importante para o exercício do poder, mesmo nessas condições, pois educava as
pessoas à obedecer à ordem social estabelecida, na qual os senhores e guerreiros eram a
nobreza que defendia todos, os servos aqueles que trabalhavam para sustentar à todos e o
clero, responsável pela educação e salvação das almas. Assim se consolidou o sistema feudal.
Então, vamos lá:
a) Errado. O feudalismo só se consolidou no século XI, portanto em meados da Idade
Média.
b) Errado. Os exércitos não eram mantidos pelo Estado, mas pelos próprios senhores de
terras. Os guerreiros eram recrutados sob a promessa de receberem porções de terras
após as conquistas. Assim, firmava-se um pacto de lealdade vitalício entre o doador e o
beneficiário, a vassalagem.
c) Correto! Como explicado no comentário, as invasões e a ruralização foram fundamentais
para o desenvolvimento do feudalismo.
d) Errado! O sistema era baseado na servidão e na propriedade da terra.
e) Errado! A Igreja não estava enfraquecida nessa época. Pelo contrário, foi durante esse
período que a instituição se fortaleceu, angariando o apoio de reis e senhores ricos.
Gabarito: C
(UFMS 2017)
A Idade Média foi um longo período social e político em que a Europa apresentava
características bastante singulares. Considere as afirmações a seguir:
I - A organização social durante o período feudal era estamental, ou seja, as pessoas que
lá viviam poderiam ser (na maior parte da Idade Média) divididas em três grandes grupos:
nobreza (grandes proprietários de terras que se dedicavam à atividade militar e
administrativa), clero (membros da igreja Católica que se dedicavam ao ofício religioso) e
camponeses (trabalhadores presos à terra e sujeitos a obrigações, em sua maioria,
formadores do grupo mais numeroso).
II - O feudo, ou senhorio, era a principal unidade produtiva da Idade Média e estava
dividido em três grandes partes: reserva senhorial, manso servil e manso comum.
III - Durante a Idade Média, as relações entre as pessoas eram fundamentadas a partir do
cumprimento de obrigações; as principais eram: corveia (obrigação que o servo deveria
cumprir, entregando parte de sua produção a seu senhor feudal), talha (pagamento pelo
uso de benfeitorias de seu senhor: celeiros, moinho, forno, etc.) e banalidades (o servo
deveria se dedicar ao trabalho no manso senhorial durante determinado período do ano).
IV - A principal fonte de conhecimento da Idade Média era a Igreja Católica, instituição
soberana do período e que regulava a cultura, a organização social e até a política e a
economia do período.
De acordo com seus conhecimentos e análise dos itens, assinale a alternativa correta:
a) Estão corretos somente I e II.
b) Estão corretos somente I e IV.
c) Estão corretos somente I, II e III.
d) Estão corretos somente I, II, IV.
e) Estão corretos somente II, III e IV.
Comentários
I – certa afirmação, pois está detalhada a pirâmide social da Idade Média, composta por três
grandes ordens/estamentos.
II – Correto, o feudo era a unidade produtiva principal da economia feudal. Ele estava dividido
em áreas comuns e privativas, as quais eram denominadas de manso.
III – Hum, aqui não tem como, a memorização é fundamental. Está errada a afirmação, pois os
conceitos foram trocados. Saca só:
IV – Perfeita síntese. Por sinal, o papel da Igreja Católica no medievo é um assunto que as
questões de prova adoooram cobrar.
Gabarito: D
(UNCISAL 2011)
(UNCISAL 2010)
(UEL 2008)
(UEA 2015)
As cidades são repúblicas dirigidas pelos cidadãos mais ricos. Para conquistar os mercados
que eles ambicionam, entram em luta contra seus vizinhos. As cidades se enfrentam
constantemente. Os cidadãos protegem-se no interior dos seus muros, dos seus palácios,
pois as famílias ricas, elas, também, são rivais, formando partidos que se confrontam no
interior das cidades.
(Georges Duby. A Europa na Idade Média: arte românica, arte gótica, 1984. Adaptado.)
De acordo com as informações apresentadas pelo excerto, é possível constatar que, na
Baixa Idade Média, as cidades italianas
a) repare que o próprio texto do enunciado afirma que as cidades, na Baixa Idade Média,
lutavam “contra seus vizinhos”, ou seja, outras cidades. Assim, não é correto afirmar que havia
uma unidade militar entre elas, muito menos contra o papado. A Igreja Católica era uma fonte
de poder que exercia influência sobre as diferentes urbes, pois o catolicismo predominava como
religião da nobreza. Assim, independentemente da cidade, a religião na península itálica – em
geral – era a mesma.
b) essa alternativa também pode ser apreciada a partir do texto do enunciado, pois a disputa
entre as cidades levava a enfrentamentos constante entre elas, ou seja, cadê o clima de
segurança?
c) não havia um rei único na Itália, cada cidade se postulava como república autônoma. A
unificação italiana será um processo do século XIX.
d) errada, pois a atividade comercial predominava nas cidades. Estas eram centros (urbes) fora
do controle dos senhores feudais. Isso só foi possível na Península Itálica devido a ascensão de
comerciantes que se tornaram poderosos. Agora, não deixe escapar uma articulação
importante: a posição geográfica das cidades italianas facilitava o comércio entre Europa e
Oriente. Sacou?
Gabarito: E
(UNIVESP 2017)
Gabarito: A
Considerações Finais
Bem, queridos futuros cadetes, chegamos ao final da nossa aula 00 e, com ela, estudamos
o Período da Idade Média. Nesse momento, estamos no Século XV d.C.
Espero que vocês tenham gostado do nosso Curso e optado por se tornar Coruja, afinal
a estrada até Campinas é longa e não temos tempo a perder.
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Uma ótima professora, um excelente material
e um acertado planejamento individualizado, conforme sua necessidade e suas
potencialidades, podem ser o diferencial para quem vai prestar um dos cursos mais
concorridos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!
Lembre-se de que cada questão acertada é como um degrau até a sua sonhada
aprovação. E nessa jornada orientaremos vocês, sempre!
Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E não se esqueça
de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você
sintetiza o conteúdo, certo!
Também nos procurem nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua
preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê