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Lamento que naquela época eu não tenha tido acesso a orientações práticas sobre o
assunto, mas sei que em todas as coisas Deus tem os seus propósitos para nós. Sem
muito preparo, subi ao pulpito com um texto, um tema, e algumas divisões principais.
Não foi uma experiencia ruim, mas também não posso dizer que o resultado foi lá dos
melhores.
Antes de tudo, creio que você já estará plenamente convencido de que uma vida
espiritual saudável é extremante importante para aquele que se dedica a pregação do
Evangelho. Spurgeon, o maior dos pregadores, declarou:
Caso alguém me pergunte: como posso escolher [para o sermão] o texto mais
apropriado? Eu lhe responderia: Pedindo a Deus!
Vida espiritual. Se você realmente deseja ser um servo bom e fiel, não se esqueça
jamais deste requisito indispensável.
Agora que já comentamos sobre este ponto fundamental, e obvio, passaremos a listar
alguns passos importantes na hora de preparar o seu sermão; ainda que ele seja o
seu primeiro sermão.
I
ESCOLHA UM TEXTO
Para pregar você precisa de um texto. Isto é verdade para aqueles que desejam
pregar a Bíblia. Recentemente vi um pregador falar quase uma hora sobre
[supostamente] o tema “Missões”, sem que ele lesse qualquer versículo bíblico. Não
estranhei o fato de ele falar tanto sobre vitória, ser “grande na terra dos viventes”, e
“amarrar o inimigo”. Falou, falou, falou... pregar que é bom... nada! Não entre por este
caminho!
Escolha um texto bíblico. Qual? Impossível dar uma receita sobre este ponto. Mas, no
meu caso, procuro sempre manter um cronograma de estudos bíblicos pessoais; de
modo que nunca preciso “escolher” um texto aleatoriamente, já que estou sempre com
algum no coração. Penso que é uma boa política, e aconselho que você procure
sempre fazer algo semelhante.
Existem alguns casos nos quais o texto é automático. Por exemplo, num congresso
onde há um tema baseado em um versículo.
Outro exemplo, num culto de Ceia, é normal que escolhamos textos que falem da
expiação, da eleição, da redenção, da Paixão do Senhor, enfim. Em casos assim,
inovar é algo arriscado, principalmente para o iniciante. Fique sempre com o mais
simples. Pregadores extravagantes é o que não falta.
O importante aqui é: tenha em mãos um texto! Não se atreva, jamais!, a subir ao altar
sem que tenhas no coração uma mensagem vinda de Deus, por meio das Escrituras.
O pregador sempre deverá poder dizer: “Assim diz o Senhor!”. Se você tem menos
que isso, não pregue!
A título de ilustração, vamos escolher I Timóteo 1.15;
Está é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo,
para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
II
COMPREENDA O TEXTO
IV
ELABORE UMA TESE
“Tese” é o que tomaremos a liberdade de definir como “uma verdade a ser provada
com as escrituras”. Em outras palavras, você compreendeu o assunto abordado no
texto, e escolheu um tema que está ligado ao assunto do texto. Certamente você terá,
então, encontrado uma, ou mais verdades que podem ser aprendidas a partir do texto
que é alvo de seus estudos.
Poderiamos ter escolhido uma outra tese, mais devocional, como: “O Evangelho é a
única razão de estarmos aqui!”. Uma tese assim, seria mais apropriada para um Culto
de Santa Ceia, por exemplo. Neste caso, porém, nosso alvo-tema já não seria o
evangelismo, mais a edificação espiritual da Igreja.
Perceba, portanto, como estes passos homiléticos tão simples, podem ser de grande
ajuda para o pregador!
V
ELABORE UMA FRASE DE TRANSIÇÃO COM “PALAVRA-CHAVE”
Aqui temos uma dica muito interessante, e útil também. Quando você anunciar a sua
tese perante a Congregação, na mente dos seus ouvintes haverá automaticamente
uma pergunta, ainda que não seja conscientemente formulada: “porque?”, “como?”,
“onde?”, e assim por diante.
Se você diz: “O Evangelho é a melhor notícia que o pecador pode receber!”; você
também deverá apresentar as razões que provam que sua afirmação é biblicamente
verdadeira. Não basta apenas afirmar algo, é preciso provar tal coisa, a luz da Palavra
de Cristo.
Continuando com nosso exemplo, você dirá: “O Evangelho é melhor notícia que o
pecador pode receber”. E, em seguida, devidamente preparado, acrescentará algo
como;
Quero, com a Graça de Deus, lhes apresentar as razões pelas quais não existe, para
o pecador, melhor notícia que o Evangelho. A primeira razão que desejo compartilhar
com vocês, é que...
Por qual razão chamaos esta frase de “frase de transição”? O motivo é muito simples:
ela liga a introdução do sermão, e a apresentação do tema-tese, ao restante do
discurso. O pregador introduz o tema, e com esta frase prepara a Igreja para seguir o
seu raciocinio, e chegar a mesma conclusão que ele chegou ao estudar o assunto. Por
isso, denominamos a mesma de “frase de transição”.
Além disso, há um outro detalhe que devemos compreender: a frase de transição deve
contar com uma “palavra-chave”. No exemplo acima, a nossa palavra-chave é
“razões”. Entender isso é muito importante. Quando o pregador diz que vai falar sobre
as “razoes” que provam a veracidade de sua tese, ele não poderá falar sobre causas,
consequencias, efeitos, motivações, alegrias, erros, enfim. Toda a sua mensagem
deverá girar em torno das “razões” que provam que sua tese está biblicamente
correta. Isso dará UNIDADE ao discurso do pregador.
Imagine que alguém te desafie a pregar três mensagens, semana após semana,
sem sair deste tema; porém, com o dever de não repetir a mesma pregação!
Seria tal coisa possível? Provavelmente, a resposta é “sim” – desde que você
compreenda, e faça uso correto das palavras-chave.
Repare que apesar do tema ser exatamente igual nos três exemplos,
cada pregação é única, pois aborda um sub tema de cada vez. No
primeiro sermão, você pregou sobre as razões que levam os cristãos a
confiarem no poder de Deus; no segundo, você pregou citando
exemplos bíblicos que comprovam o poder de Deus; na terceira
mensagem, fechando a série, você apresenta efeitos práticos de tal
confiança no poder de Deus para a vida de seus ouvintes.
VI
ELABORE OS ARGUMENTOS PRINCIPAIS
É natural que tão logo você declare que apresentará “algumas razões”, os seus
ouvintes automaticamente fiquem a espera de tais razões! Você aguçou a
curiosidade deles, portanto, é bom que tenha, realmente, algumas razões para
lhes apresentar, não é mesmo? He, he, he...
É aqui que entra aquilo que chamamos de Divisões Principais do sermão; que no
exemplo acima, nada mais são que as tais ‘razões’, que provam a veracidade de sua
tese. Observe como eu construiria o esboço pretendido;
I – A primeira razão, é que o Evangelho é uma “palavra fiel”, conforme diz Paulo no
nosso versículo. A partir daqui, temos a primeira divisão principal do sermão. Nela, o
pregador poderá, por exemplo, demonstar os motivos pelos quais a Palavra de Deus é
“fiel”. Como? Por meio de ilustrações, exegese, exemplificações, enfim!
II – A segunda razão, é que o Evangelho é uma mensagem sobre “Graça”. Paulo diz
que “Jesus veio ao mundo para salvar”. A partir daqui, temos a segunda divisão
principal do sermão. Nela, o pregador, poderá, por exemplo, demonstrar que a religião
cristão é diferente de qualquer outra: ela fala de Deus um Deus que salva o pecador,
livre e soberanamente.
Se você precisa de um sermão, por mais inesperiente que seja no pulpito, estamos
convencidos de que conheçendo tais noções sobre a arte da homilética, você, com a
Graça de Deus, poderá apresentar-se perante Deus, e Sua Igreja, com uma
mensagem bíblica, simples, clara e eficiente.
Minha oração é que estes apontamentos possam ser de utilidade para você, querido
companheiro de Seara!
Caso deseje, utilize este espaço para tirar suas dúvidas, compartilhar conhecimentos,
fazer sugestões, ou apenas para fazer um bloguei feliz com o seu carinhoso, e
sempre bem-vindo, "olá"!
Paz e bem!