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ENCCEJA

Exasiu
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EXTENSIVO
Idade Média II
Exasiu
Civilização Europeia do Ocidente Medieval

Profe Alê Lopes

AULA 03

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AULA 00: ANTIGUIDADE
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Estratégia Vestibulares – Aula 03 – História Medieval II

Sumário

1. Introdução................................................................................................ 3
1.1 - Feudalismo...................................................................................................................................... 4
1.2 - O Feudo.......................................................................................................................................... 6

2. Alta Idade Média – Invasões e Ruralização: as bases do feudalismo ..... 10


3. O Papel da Igreja Católica na formação do Mundo Feudal ................... 17
3.1 Cristianismo: uma ponte entre o passado romano e o presente feudal ....................... 17
3.2 Cristianismo como religião e instituição política Universal ........................................... 19
3.3 O papel cultural da Igreja ............................................................................................. 21
3.4 Arte e religião ............................................................................................................... 22

4. O Reino dos Francos .............................................................................. 31


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4.1 Dinastia Merovíngia (451-751) ...................................................................................... 31


4.2 Dinastia Carolíngia ........................................................................................................ 34

5. Idade Média Central: o Auge da ordem Feudal .................................... 42


5.1 Sociedade ..................................................................................................................... 43
5.1.1 Papel da Mulher na Idade Média ................................................................................................. 46

5.2 Política .......................................................................................................................... 49


5.3 Economia ...................................................................................................................... 51

6. As transformações no Feudalismo ......................................................... 54


7. Os conflitos religiosos na Idade Média Central ..................................... 61
7.1 Querela das Investiduras: as disputas entre o Papado e os Nobres............................. 61
7.2 Outras doutrinas cristãs: As heresias ............................................................................ 63

8. As Cruzadas Católicas ............................................................................ 67


9. Renascimento Comercial e Urbano ........................................................ 72
10. Baixa Idade Média - séculos XIV e XV .................................................... 82
10.1 Crise do século XIV .................................................................................................... 82
10.1.1 - Fome ........................................................................................................................................ 83

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10.1.2 - Peste ........................................................................................................................................ 84


10.1.3 - Guerra e rebelião camponeses................................................................................................. 85

10.2 À guisa de uma conclusão ......................................................................................... 88

11. Dicionário Conceitual ............................................................................. 89


12. Indicações de Filmes e Séries ................................................................ 90
13. Questões Essenciais – ENCCEJA .......................................................... 94
14. Questões para Aprofundamento ........................................................... 94
15. Questões para Consolidação ............................................................... 107
16. Gabarito ............................................................................................... 125
17. Questões Essenciais - ENCCEJA (comentários) .................................. 125
18. Questões Aprofundamento - (comentários) ....................................... 127
19. Questões para Consolidação (comentários)......................................... 162
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20. Considerações Finais das Aula ............................................................. 198

Queridas e Queridos Alunos,


Nesta aula continuamos a estudar a Idade Média. Já sabemos que, como em outros
períodos, este é formado por múltiplas experiências a depender do povo e do lugar de
que estamos tratando, ainda que entre eles haja interações. Na aula anterior vimos as
civilizações bizantina e islâmica. Nesta aula nosso foco é a formação da sociedade europeia
Ocidental, ou ainda, da sociedade feudal.

Dito isso, vamos mergulhar nessa história!

1. INTRODUÇÃO
Nesta aula precisamos estudar o modo de produção feudal, ou, feudalismo.
Quando imaginamos isso, temos que ter a dimensão do que é o feudalismo, entender sua
formação e guardar seus principais pontos de caracterização. Mas, antes de tudo, quero dizer que
houve muitas formas de se desenvolver o feudalismo. Ele foi de um jeito na Península Ibérica, na
atual França e no Leste Europeu. Então, já anote que faremos uma generalização ampla do

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processo de feudalização da sociedade e que, em alguns momentos, eu vou mostrar as


“exceções”, as particularidades de “cada feudalismo”, ok!
Então, estamos falando da Europa Ocidental, na Idade Média. Dessa forma, podemos
afirmar que a Ordem Social Feudal, que é o feudalismo, iniciou seu desenvolvimento na chamada
Alta Idade Média, entre os séculos V e X. Já a consolidação e a fragmentação do feudalismo foi o
processo constituído na Idade Média Central e na Baixa Idade Média, respectivamente. Não
esqueça do nosso esqueminha da periodização.

Idade Média
Central séc. XI-XIII
• Formação do • Crise e
feudalismo • apogeu e desagregação
dinamismo do do feudalismo
feudalismo
• Consolidação Baixa Idade Média
Alta idade média
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séc. V-X Séc. XIV-XV

Eu vou desenrolar a explicação desse conteúdo, seguindo essa periodização. Contudo,


antes, vamos à discussão sobre o que é feudalismo.

1.1 - Feudalismo

Profe Alê, quando falamos de feudalismo tratamos exatamente do quê?

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Podemos afirmar que, na


Idade Média, na Europa
Ocidental, desenvolveu-se
um modo específico de
organizar a sociedade: o
modo de produção feudal – o
FEUDALISMO. Pega o Bizu ao
lado:

Faço questão de insistir nessa


sistematização para que você
não confunda e trate Idade
Média como sinônimo de
feudalismo.
Agora, presta atenção nas
palavras do professor Jacques Le Goff. Repara nos destaques:
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“Feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual uma


camada de guerreiros especializados – os senhores –, subordinados uns aos outros por
uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa campesina que
trabalha na terra e lhes fornece com que viver.”1

Pensando o Conceito pela formação (social) da palavra feudalismo:

1.
O que significa o sufixo ISMO? sufixo nominal, de origem grega,
Deixe-me explicar algo: observe a definição sobre formador de nomes que designa
conceitos de ordem geral, como
O sufixo ISMO, ao lado. Perceba que ele forma pa- alcoolismo, tabagismo, pessimismo
lavras que designam conceitos de ordem geral. 2.

Ou seja, coisas generalizáveis. sufixo nominal, de origem grega, que


exprime ideias de fenómeno
Além disso, exprime ideias entre outras coisas linguístico, sistema político, doutrina
religiosa, sistema filosófico,
sobre sistema político e filosófico. Poderíamos tendência
ampliar isso e acrescentar: sistema econômico literária (castelhanismo, absolutismo,
budismo, kantismo, realismo)1
ou social.

1
LE GOFF, Jacques. A civilização ocidental medieval. Lisboa: Ed. Estampa, 1983.

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Então, feudalismo é um conceito de ordem geral que exprime a ideia de um sistema político,
econômico, social e filosófico.
Mas e o feuda do ismo, Profe?
O feuda, na verdade, vem do feudo. Feudo é uma palavra que deriva de outra germânica fehu e
quer dizer “bem oferecido em troca de algo”. Originalmente feudo poderia ser qualquer coisa,
como um gado, um castelo, um escravo. No período que estamos estudando, o feudo
representava exclusivamente um pedaço de terra doado de um senhor de terra para outro senhor
de terra – RELAÇÕES DE VASSALAGEM. A terra era doada em troca de proteção.
Contudo feudo é mais que terra... É o núcleo do sistema de dominação!!!
Não tem o capitalismo? Socialismo? Totalitarismo? Pois bem, cada um desses sistemas políticos
tem um núcleo por onde passam todas as relações econômicas, políticas, sociais e filosóficas. Mas,
no caso do feudo é um pouco diferente dos outros sistemas porque FEUDO é um LUGAR. É neste
lugar onde todas as relações se desenvolvem. Isso torna o feudalismo um sistema um pouquinho
diferente dos demais. Até mesmo porque, ele é inteiramente justificado pelo discurso e pelo
poder da Igreja Católica.
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Então, acho melhor a gente sair desse Box e fazer uma boa digressão sobre o feudo e o
feudalismo.

1.2 - O Feudo
O feudo é o lugar, no feudalismo, onde tudo acontecia. Os grandes historiadores, como
Perry Anderson e Jacques Le Goff, costumam defini-lo como “unidade produtiva autossuficiente”.
Olha que definição interessante. Vamos nos debruçar um pouco sobre ela?

O feudalismo é o único modo de produção no qual o espaço físico é, ao mesmo tempo, a unidade
produtiva e o lugar onde as pessoas moram, rezam, trabalham, festejam, casam-se, celebram a
vida e a morte. Por isso, os historiadores chamam o feudo de unidade produtiva – porque é nele
que tudo se produz ou toda forma de riqueza se constitui. E é autossuficiente porque além de
servir para produzir serve também para outras atividades sociais, políticas, culturais e religiosas
necessárias para a vida em sociedade. Para você comparar, é como se, no capitalismo, tudo
ocorresse dentro de uma fábrica. A fábrica é uma unidade produtiva porque produz mercadorias,
mas não é autossuficiente. Sacou?

Ao longo do tempo, para que o feudo se tornasse uma unidade produtiva autossuficiente,
ele foi organizado de maneira que cada um dos seus espaços cumprisse uma função determinada
e, assim, pudesse ser ocupado por grupos sociais específicos. Veja a imagem abaixo:

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Feudo. Mansos
A partir da imagem, podemos identificar alguns lugares chamados de mansos. Veja que
em cada espaço existem relações de produção e sociais específicas.
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Atente para o fato de que podemos estabelecer uma série de ligações entre economia, sociedade
e política no feudo.

Atente para o fato de que podemos estabelecer uma série de ligações entre economia,
sociedade e política no feudo. Veremos cada um desses pontos separadamente, mas, na prática,
você deve saber que há uma interação muito maior, ok?
Pois bem, antes de seguirmos, vamos resolver uma questão só para recordar alguns pontos
importantes:

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(Estratégia Vestibulares/2020/ profe. Alê Lopes)


Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII.
Convencionou-se que seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império
Romano do Ocidente e 1453 com o fim do Império Bizantino (ou, Império Romano
do Oriente). São civilizações que conviveram neste período histórico chamado de
Idade Média.
a) Império Islâmico, Império Bizantino e Império Antigo do Egito.
b) Império Bizantino, Império Antigo do Egito e Reinos Bárbaros do Ocidente.
c) Esparta, Reinos Bárbaros do Ocidente e Império Islâmico.
d) Império Islâmico, Império Bizantino e Reinos Bárbaros do Ocidente.
e) Reinos Bárbaros do Ocidente, União Ibérica e Império Czarista.
Comentários
No tempo conhecido como Idade Média (476 d.C. a 1453 d.C.), principalmente na região
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do “Mundo Mediterrâneo” concorreram pelo menos 3 civilizações:

A Islâmica,
A Bizantina, representada
representada pelo Império
pelo Império Bizantino ou
Islâmico, localizada na
Império Romano do Oriente;
Península Arábica.

A Ocidental, representada
pelos Reinos Bárbaros;
originará a sociedade feudal.

Observe o mapa abaixo. Preste atenção como elas convivem nas terras do antigo Império
Romano.

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Banco de imagens Estratégia Vestibulares.


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Todas essas civilizações se formaram, expandiram-se e fragmentaram-se no mesmo período


e, em muitas situações, disputando os mesmos espaços. Portanto, houve conflito entre elas
e, de certa forma, relações de influência umas com as outras. Nesta aula tomaremos contato
com as três civilizações. Assim, nosso gabarito é a alternativa D. Vamos aos erros das demais:
a) O erro está em relacionar o Império Antigo do Egito, pois essa civilização data de antes
de Cristo (a.C). A fase imperial da civilização egípcia data de (3200 - 1085 a.C), momento
conhecido como Período Dinástico, que é dividido em:
Antigo Império (3200 - 2423 a.C)
Médio Império (2160 - 1730 a.C.)
Novo Império (1500 - 1085 a.C.)
b) o erro está em afirmar que o Império Antigo do Egito fez parte da Idade Média.
c) o erro está em relacionar a cidade grega de Esparta como parte da Idade Média. Na
verdade, Esparta data de antes de Cristo (formação de Esparta entre os séculos VIII ao VI a.C
e o declínio por volta da metade do século V a. C).
e) a União Ibérica, a rigor, não é uma civilização, mas sim uma união das monarquias da
Espanha e de Portugal, após a invasão dos espanhóis nos reinos portugueses. O período de
existência da União Ibérica foi entre 1580 a 1640, ou seja, após a Idade Média. Já o Império
Czarista ( na Rússia) também data de um período após a Idade Média, mais precisamente
entre 1547 até a Revolução Comunista de 1917.
Gabarito: D

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2. ALTA IDADE MÉDIA – INVASÕES E RURALIZAÇÃO: AS BASES DO


FEUDALISMO

A primeira coisa que você deve ter em mente é que a experiência histórica que iremos estudar
agora está localizada na porção ocidental do antigo Império Romano, no momento depois da sua
queda provocada pela tomada de Roma pelo povo bárbaro chamado hérulos, em 476 d.C

O alvorecer da Idade Medieval está marcado por um ato inaugural: as invasões bárbaras,
afirma o professor Jacques Le Goff, no seu livro A Civilização do Ocidente Medieval2. Assim, se as
ocupações germânicas são o ato inicial desse processo, como afirmam os medievalistas, teremos
a missão de estudar a formação dos reinos bárbaros procurando os elementos que impulsionam
a formação do mundo feudal!
Assim, para Le Goff, o mundo medieval nasceu sobre as ruínas do mundo romano, pois
Roma teria alimentado o surgimento do Idade Média3. Esse estudioso e vários outros
medievalistas, como Giorgani, defendem a tese de que:
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“A invasão é o fato inicial da Idade Média. Nenhum fato da mesma amplitude ou de


consequências comparáveis se produziu depois, e a História subsequente, entendida
corretamente, nada mais foi que a evolução da sociedade resultante da invasão. É
necessário entender por invasão a compenetração desses dois elementos até então
separados: o civilizado grego ou latino, helenizado ou latinizado, e o bárbaro recém-
chegado sobre o solo imperial.” (GIORGANI, 1968, p.21).

Veja, segundo o argumento acima, o ato inicial não é simplesmente a chegada dos povos
não-romanos em terras do Império Romano, mas a compenetração e fusão destes dois elementos:
romanos e germânicos.
No mesmo sentido, o professor inglês Perry Anderson, no seu livro Passagens da
Antiguidade ao Feudalismo4, elabora a tese de que a ordem feudal, ou o mundo feudal, foi a
síntese da interação entre os modos de vida dos romanos e dos germânicos.

Conclusão: Essa interação se deu em um contexto de decadência dos dois modos de vida. Nem
romanos e nem germânicos podiam mais sustentar seus velhos padrões de reprodução material e
subjetiva a partir do século V. Era preciso buscar superar suas crises! Ambos estavam nessa busca.

2
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. Vl. 1. 1983, p. 29.
3
LE GOFF, Jacques, Idem. p. 27.
4
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.

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Nesse cenário de ruína do Império Romano do Ocidente e da chegada


dos povos bárbaros, houve o encontro, a interação e o choque de civilizações.
Assim, dessa experiência histórica nasceu uma nova forma de ver o mundo, de
reproduzir as condições materiais que permitiam a sobrevivência, de se
relacionar uns com os outros e, também, de representar o mundo espiritual.
A esse novo mundo damos o nome de “Mundo Feudal”.

Assim, para compreender o Mundo Feudal é preciso esboçar a estrutura constitutiva do modo de
produção feudal, ou seja, entender os elementos que interagiram e qual foi o resultado dessa
interação.
Então: preciso que você tenha uma postura de historiador agora, pois o estudo desse período
demanda análise dos elementos colocados nos seus contextos específicos.

Esses momentos de transição entre o velho mundo e a formação do novo são os mais
difíceis de estudar porque é tudo muito fluido, é a desintegração do velho e a formação do novo.
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E mesmo quando o Novo parece já estar lá imponente e forte, conseguimos perceber que o Velho
insiste em lembrar que ele continua existindo. Por isso, quando falamos em “mundo feudal”
estamos tratando de economia, sociedade, política, cultura e religião, ou seja, do homem e do
seu modo de viver.
Portanto, o feudalismo (ordem feudal) é uma tipologia criada pelos historiadores a partir
da generalização dos aspectos político, econômicos, sociais e religiosos. É essa tipologia que você
deve levar para prova.

Vamos partir desse pressuposto: a formação dos reinos germânicos foi produto da desagregação
do Império Romano do Ocidente e do movimento de ocupação dos germânicos nessa região que,
até então, era dominada pelos romanos. A síntese desses dois processos teve como consequência
o impulso para a formação da Ordem Feudal, no centro da Europa.

Se as ocupações germânicas são o ato inicial desse processo, como afirmam os


medievalistas, teremos a missão de estudar a formação dos reinos bárbaros procurando os
elementos que impulsionam a formação do mundo feudal!

❖ Então, vamos relembrar algumas coisas daquele momento de desagregação do


Império Romano ocorrido entre os séculos III e V d.C.?

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Vamos fazer uma ponte entre o fim da Idade Antiga (visto na aula de Roma) e a Alta Idade
Média!
Responde para mim:
Quais as duas grandes ações de Constantino, governante do Império Romano entre 313 e
337, que tiveram impacto na passagem da antiguidade para o período medieval e o feudalismo?

- Edito de Milão: determinou a liberdade de culto aos cristãos. Essa ação foi importante
porque ela marca o início das condições para a construção da força política da Igreja Católica.
Como veremos, a Igreja Católica tem papel chave na Idade Média, sendo a principal instituição
na vida social.
- Lei do Colonato: obrigava a fixação dos colonos nas terras em que trabalhavam por meio
da relação entre o grande proprietário e o colono arrendador das terras. Isso porque, diante da
crise do escravismo, essa Lei foi o caminho para assegurar algum tipo de força de trabalho nas
terras. Dessa forma, a Lei do Colonato representou o processo de substituição do trabalho escravo
– modelo romano - pelo trabalho servil, o qual passou a caracterizar o período medieval. Segundo
o historiador Hamilton Monteiro, o colonato funcionava assim: “o grande proprietário arrendava
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parcelas de suas terras e recebia a renda correspondente em dinheiro ou em gêneros, tendendo


esta última a prevalecer”5.
Conclusão:
A combinação do colonato, com as migrações bárbaras à Europa Ocidental somada às
constantes guerras civis nas cidades romanas contribuíram decisivamente para o processo de
ruralização. As pessoas passaram a optar pela vida no campo. O desfecho dessa ruralização
desemboca na ordem feudal. Vamos sistematizar essa ideia:

5
MONTEIRO, Hamilton. O feudalismo: economia e sociedade. Ática. 1995.

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Embora saibamos que a marca factual do fim da Antiguidade seja o fim do Império Romano
do Ocidente, quero alertar-lhe para o fato de que as migrações dos povos germânicos para as
regiões que antes formavam o Império Romano do Ocidente não pararam em 476. Na Alta Idade
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Média, ou seja, entre os séculos V e X, os germânicos continuaram se deslocando por toda a


Europa Ocidental. Isso fez com que este período tenha sido marcado por guerras de conquistas,
crises e disputas entre facções de aristocracias de modo a compor um cenário de medos, violência
e busca por proteção e segurança.
Observe o mapa das principais migrações desses povos:
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❖ As constantes disputas territoriais entre esses povos, no contexto da


desagregação do mundo romano, promoveram:

 Declínio das rotas comerciais;


 Produção agrícola ao nível da subsistência;
 Concentração populacional em agrupamentos ou comunidades rurais.
 Construção de castelos e moradias fortificadas, cercadas por muralhas para garantir
a proteção às agressões externas.

Perceba que estamos descrevendo o fenômeno da ruralização da sociedade, que marcou o


que viria a se consolidar como feudalismo. Mas, afinal, você sabe o que significa esse fenômeno
que já apareceu diversas vezes no nosso Livro?
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Claro que sei, Profe! Quer dizer “o eclipse da cidade diante do campo”. Ou seja, as cidades
perderam importância e o ambiente rural se fortaleceu!

- Uau, arrasou, Bixo!!! Bingo! Agora, pensemos nas consequências desse processo para a
organização da vida.

A vida se tornou privada ou reclusa! As relações sociais, econômicas e políticas


passaram a se desenvolver no espaço privado da organização familiar, dos seus
castelos fortificados, guardados por leais cavaleiros. Por isso, falamos que no
processo de formação da nova ordem social que não se tratava mais da res-publica,
daquele espírito do bem comum. E se não havia mais o espaço para esse tipo de
organização social, a política também se tornou privada.

Michel Rouche6 afirma:

“Antes a alegria de viver estava nas ruas e nos grandes monumentos urbanos; agora se
refugia nas casas e nas cabanas. Antes, com suas leis, tropas e edis*, o Império se
honrara em facilitar a vida pública como ideal de vida; agora, com os reinos germânicos,
dilui-se o culto da urbanidade em proveito da vida privada. Para os recém-chegados,
os germanos, quase tudo é de domínio privado.” (*Administradores públicos plebeus)

6
ROUCHE, Michel. Alta Idade Média Ocidental, p. 403.

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Lembra do que o estudioso francês Jean-Pierre Vernant falava sobre o diálogo como
instrumento da política da antiguidade clássica? E vimos que, primeiro na Grécia e depois em
Roma, as instituições políticas eram abertas à participação dos cidadãos. Elas foram tão
importantes que ficavam localizadas no ponto mais alto da cidade-estado – a Acrópole!

Pois bem, a ruralização da sociedade, naquele contexto, levou à falência desse modelo político
do espaço público. Houve uma alteração do espaço em que se tomavam as decisões, veja o
esquema:

Espaço
Privado

Espaço
Público
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Alguns historiadores interpretam essa mudança como um regresso no desenvolvimento da


política pública. Leia um trecho do professor Le Goff que demonstra essa visão:

“(...) sobretudo no domínio da organização política e no domínio da cultura, .... eles


precipitaram, agravaram, exageraram a decadência que se tinha iniciado sob o Baixo
Império. De um declínio, eles fizeram uma regressão.” Regressão quantitativa,
regressão técnica, regressão do gosto e dos costumes e regressão da administração e
da majestade de governo, eis o saldo das invasões dos Bárbaros.7

Esse cenário rural e privado era propício para a adaptação dos povos germânicos devido às
suas características culturais.

Vamos ler um trecho do texto escrito por Tácito, um historiador Romano, sobre os povos
germânicos. Perceba a relação que o autor estabelece entre a política, a guerra e a família.

“Os reis são escolhidos segundo sua nobreza, os chefes segundo sua coragem. Mas o poder
dos reis não é ilimitado, nem arbitrário e os chefes, mais pelo exemplo do que pela autoridade,
tomam as decisões, atraem os olhares, combatem na primeira linha, impõem-se pela
admiração. Além disso, ninguém tem o direito de tirar a vida, de acorrentar, mesmo de fustigar,

7
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval, 2005.

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a não ser os sacerdotes, não a título de castigo, nem sob a injunção de um chefe, mas como
se a ordem viesse do deus que eles acreditam estar presente ao lado dos combatentes. Os
germanos levam à batalha imagens e emblemas que tiram dos bosques sagrados, mas o que
estimula singularmente a bravura, não é nem o acaso, nem a disposição fortuita que constitui
o esquadrão, nem os cantos, mas sim as famílias e os parentes.” 8

Segundo Tácito – e diversos medievalistas concordam com ele – no feudalismo, o espaço


privado das relações domésticas e familiares era o lugar privilegiado das decisões importantes
para os povos germânicos. Assim, podemos concluir que havia uma tendência de se constituir
uma sociabilidade mais ligada às relações pessoais e familiares em que os olhares públicos não
eram capazes de alcançar. Se liga nessa cena, hein?
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O que levava os povos não-romanos a se deslocarem tanto pelo território europeu?


Veja, até aqui falamos que os deslocamentos desses povos foram motivados pelo
nomadismo e pelas expulsões das terras que um povo provocava no outro. Contudo, há algo que
ajuda a entender mais profundamente esse comportamento dos “bárbaros”. Sobre isso, uma
parte dos historiadores, como E. A. Kosminsky, explica que eles se dedicavam a um tipo de
agricultura predatória e cultivavam mal a terra. Segundo este historiador, eles “queimavam os
bosques ou cultivavam a camada superficial da terra virgem, nas planícies, faziam a colheita e logo
abandonavam essa terra por muitos anos e iam cultivar outras terras virgens”. Até que, em algum
momento, foi inevitável chegarem na zona fronteiriça do Império Romano. Ou seja, tratava-se de
falta de conhecimento de como trabalhar melhor a terra, sacou? Com sua chegada às terras do
império romano, um dos resultados da interação cultural entre romanos e germânicos foi essa
aprendizagem.
Outros historiadores colocam mais ênfase nas perseguições de um povo bárbaro sobre o
outro, ou na atração por territórios mais ricos, ou mesmo no crescimento demográfico dos povos
bárbaros. Independentemente da causa das invasões bárbaras, ou dos deslocamentos sobre a
Europa Ocidental, fato foi que elas foram importantíssimas e é isso que você deve levar para a
prova.

8
TÁCITO. A Germânia. In: PINSKY, Jaime (org.). 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 1988. p. 74-75

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Mas, Alê, e as cidades na Idade Média?

As cidades, meus caros, acabaram perdendo a importância.


O campo, o rural, a ocupação da terra agrícola, as formas de sociabilidade
e dominação surgidas nesse “novo sistema de ocupação espacial” fez com
que as cidades se transformassem em espaços de marginalização. O fato
é que não existe cidade sem produção e comércio. A ruralização da
sociedade foi, também, a ruralização da economia.
As cidades, como espaço de articulação de riquezas e de poder, só vão recuperar
importância na Baixa Idade Média, quando o comércio e a manufatura renascerem. Guarde isso!

3. O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA FORMAÇÃO DO MUNDO


FEUDAL
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3.1 CRISTIANISMO: UMA PONTE ENTRE O PASSADO ROMANO E O PRESENTE


FEUDAL

Ao mesmo tempo em que ocorria o processo de ruralização, de aprofundamento da


economia rural de subsistência e da privatização da vida social e política, o cristianismo e a Igreja
Católica enquanto instituição se fortaleciam. Vamos ver como isso ocorreu institucionalmente:

Articula comigo: Nos últimos séculos do Império Romano, vimos que alguns
imperadores se converteram ao cristianismo e, com isso, estabeleceram relações
entre religião cristã e a política. Como consequência, houve crescimento do
cristianismo e fortalecimento da instituição religiosa. Lembram da sequência?

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Dá um bizu:

380 - Teodósio
decreta o Édito da
Tessalônica para fazer
325 - Constantino do cristianismo a
organiza o Concílio de
Niceia - primeira
religião oficial do
313 - Constantino se reunião oficial da Igreja Império
converte ao Cristã para organizar os
cristianismo e decreta o dogmas religiosos
Édito de Milão dando
liberdade de culto aos
cristãos

Assim, no final do Império Romano, a Igreja Cristã formava uma superburocracia, segundo
Perry Anderson. Os membros do clero eram funcionários do Estado em número maior que os
demais funcionários públicos e seus salários também eram superiores aos daqueles. Esse era o
poder da Igreja que, de certa forma, contribuiu para o desequilíbrio fiscal da máquina estatal
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romana.
Mas, sua capacidade material de resistir ao esfacelamento do Império Romano estava
relacionado à cristandade que a sustentava financeiramente. Em especial, os senhores ricos que
se convertiam ao cristianismo. Dessa maneira, ela manteve sua capacidade de atuar, mesmo no
contexto pouco favorável das invasões bárbaras. Além disso, muitos bárbaros se converteram ao
cristianismo e, em algumas situações, doavam terras à Igreja nessa ocasião
Por isso, muitos historiadores afirmam que a Igreja Católica foi a única instituição
sobrevivente do Império de Roma. Apesar dos conflitos teológicos que marcaram toda a Idade
Média, e que foram fruto das divergências de interpretação doutrinária, como veremos em seção
específica, a Igreja Cristã se firmou como a representante de Roma, especialmente, na porção
ocidental do antigo império.
Nas palavras de Anderson,

O complexo infra e supra estrutural que iria compor a estrutura geral de uma totalidade
feudal na Europa teve assim uma dupla origem, depois do colapso e confusão do início
da Idade Média. Entretanto, uma única instituição abarcou toda a transição da
Antiguidade à Idade Média em continuidade essencial: A Igreja Cristã.9

9
ANDERSON, Perry. Op. Cit., p. 126.

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Ok, Profe, entendi. Mas, qual foi o papel da Igreja nesse processo entre os séculos V e IX
até a ordem feudal se consolidar?

Veja: na formação do feudalismo há um suporte estrutural, algo como uma ponte que liga
os elementos desse processo. Quem cumpre essa “função de ponte” na transição da antiguidade
para o estabelecimento da ordem feudal é a Igreja Católica. Essa instituição assumiu uma posição
de continuidade e manutenção do antigo Império Romano e, por isso, foi a “ponte” entre o
passado e o futuro!
Segundo Perry Anderson,

Ela foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam agora as reservas
culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a escrita se
tornara clerical... A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa passagem
“catastrófica” e não “cumulativa” entre dois modos de produção.10 (grifo nosso)

Mesmo com o colapso do Estado Romano, a cristandade sustentou a estrutura e a


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hierarquia eclesiástica da Igreja. Por isso, ela continuava sendo o baluarte de uma Roma que se
desfazia no horizonte. Sua mentalidade, rituais e penetração social permitiam exercer esse papel
de continuum no tempo.
Mas, simultaneamente, havia uma flexibilidade na percepção e na reelaboração das novas
demandas. Assim, a necessidade de converter germânicos e, ao mesmo tempo, firmar-se entre os
cristãos, colocava a Igreja longe de uma postura intransigente. De toda maneira, foi essa
Instituição que ficou no centro do processo de síntese da interação entre romanos e germânicos
e entre passado e futuro. É por isso que a questão religiosa tem um espaço muito grande nas
explicações da formação desse “Novo Mundo Feudal”.

3.2 CRISTIANISMO COMO RELIGIÃO E INSTITUIÇÃO POLÍTICA UNIVERSAL


É comum a historiografia afirmar que a Igreja Católica possuía um sentido universal, isto é,
compreender-se como a única religião legitima e capaz de unificar a todos. De fato, quando
olhamos o desenvolvimento da Igreja, na Alta Idade Média, percebemos sua capacidade de
participar ativamente da estruturação das novas relações sociais, bem como das estruturas de
dominação e poder.
A ruralização gerou uma sociedade descentralizada e hierarquizada cuja dominação e
relações de dependência existiam em função da ocupação da terra. O Estado sumiu. O poder se
descentralizou. Nesse cenário, a Igreja se institucionalizou fortemente do ponto de vista religioso

10
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989, p. 131.

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e, também, do político. Dona de praticamente 1/3 das terras na Europa Ocidental, segundo Le
Goff, é, até hoje, chamada de “a maior senhora feudal”.
Concretamente, foi o momento da formação das estruturas eclesiásticas. Doutrinas, cargos,
posses, rituais. Foi Santo Agostinho, em 451, que elaborou a gigantesca síntese que acabou por
receber a sanção oficial durante o Concílio da Calcedônia. Nesse contexto que consolidou a ideia
da Santíssima Trindade, da importância dos Santos e das relíquias sobre o altar no momento da
missa – que passaram a ser obrigatórias.

É bom lembrar que, a partir desse momento, outras formas de interpretar o cristianismo foram
consideradas heresias. Por isso, ao longo dos séculos seguintes, outras ideias foram perseguidas
e seus defensores foram excomungados e defenestrados. Não era uma escolha, na Europa
Medieval, ser cristão. Por isso, as regras eclesiásticas valiam como leis e, assim, tinham o poder
de obrigar as pessoas a viverem conforme se determinava a Igreja Cristã.

Nesse sentido, podemos afirmar que a estrutura eclesiástica contribuiu e garantiu a


reorganização da vida social na Idade Média. Isso quer dizer: contribui para organizar as relações
de dominação feudal e com a coesão entre os senhores feudais. A Igreja, portanto, era uma
instituição que explicava, dominava e comandava a “cristandade”. Essa era a identidade cultural;
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era essa a unidade político-religiosa.


Contudo, vejam, essa capacidade da Igreja foi resultado de um longo trabalho por um lado
de unificar aqueles que se adaptavam às regras e aos dogmas determinados pelos membros dos
altos cargos eclesiásticos e, por outro, de destruir as ideias e pessoas contrárias às ideias e ao
poder do papado.
Vejam, portanto, que a nomeação de pessoas para ocupar cargos na estrutura eclesiástica
tem uma importância fundamental não apenas para a Igreja, mas para toda a organização do
sistema político feudal.
Na Idade Média Central, o que ocorreu, como resultado de um desenvolvimento combinado e
simultâneo das estruturas políticas e religiosas foi uma disputa entre o poder temporal (poder
material, poder político real, de pessoas leigas) e o poder religioso (dos membros eclesiásticos).
A grande questão se tornou: quem controla quem?
O estudioso Alain Guerreau11, afirma:

Do século IV ao XVI, do arianismo ao calvinismo, a maioria das grandes batalhas internas


do feudalismo, todas as que questionaram a sua organização, foram pensadas em
termos cristológicos.

11
GUERREAU, A. Feudalismo. In: Dicionário do Ocidente Medieval. SP: Ed. UNESP, 2017, p. 502.

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Guarde essa informação, pois, mais à frente, vamos continuar vendo o papel da Igreja, lá na
Idade Média Central

Lembram do Cisma do Oriente, em 1054? Vimos que uma das primeiras grandes
divergências na Igreja Cristã foi aquela entre a Igreja do Ocidente (Igreja Católica Apostólica
Romana) e a Igreja do Oriente (Ortodoxa, em Constantinopla e pertencente ao Império Bizantino).
Dentre as divergências mostrei para você, na aula passada, que a forma de culto as imagens
(ícones) e a o controle sobre a hierarquia religiosa distinguiam as duas Igrejas (se tiver dúvidas,
volta lá rapidinho e confere, OK?). Dessa diferença, entre a Igreja com sede em Roma e a Igreja
Bizantina, surgiu o Cisma do Oriente (ano de 1054). Na prática esse é o primeiro e um dos maiores
conflitos entre o poder temporal e o poder religioso, uma vez que opôs o Imperador Bizantino e
o Papa Romano.
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3.3 O PAPEL CULTURAL DA IGREJA

Um dos papeis da Igreja, na transição da Antiguidade para o Feudalismo, localizou-se na esfera


cultural. De certa forma, ela foi responsável pela formulação de uma mentalidade medieval
marcada por uma característica: a de conciliar. Por isso, ela reorganizou a interpretação sobre
alguns assuntos caros quer fosse para os romanos, quer fosse para os germânicos.

Por exemplo, a doutrina cristã criou uma noção de justiça que buscava uma harmonia entre
os homens. Assim, era possível enfrentar a escravidão exigindo que os senhores fossem justos
com seus escravos. Da mesma forma, a cristianismo correspondia ao sentimento de injustiça da
massa da população miserável que vivia tanto do lado dos romanos quanto do lado dos bárbaros.
Outro exemplo está relacionado com a expansão da língua latina e, portanto, com a cultura
clássica. Durante o Império Romano, a grande massa não conhecia o latim – língua dos governos
e das elites intelectuais. Desse modo, a expansão do cristianismo subverteu essa ordem.
Alguns autores afirmam que isso vulgarizou e corrompeu a cultura clássica por meio de um
processo de assimilação e adaptação dos elementos clássicos por uma população mais vasta.
Estes, especialmente os povos germânicos, teriam a arruinado. Argumento forte, polêmico e até
aristocrático, não acha?
De qualquer maneira, a cultura surgida nesse processo foi uma fusão de elementos romanos
e germânicos e a Igreja foi a responsável por salvaguardar e transmitir a herança clássica. Assim,

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as novas línguas (espanhol, português, francês) que se consolidaram nesse momento foi a
expressão dessa experiência histórica.
Também quero enfatizar que, nesse momento de transição, como parte das interações
socioculturais ocorridas entre os povos romanos e germânicos, houve a conversão de muitos não-
romanos ao cristianismo. Veja o que diz o especialista em cultura medieval Georges Duby:

“Entretanto, a cultura romana conservou o seu prestígio. Fascinou os invasores. Foi para
se alçarem ao seu nível, para participarem dessa espécie de felicidade que julgavam
partilhada pelos romanos, que os germanos atravessaram as fronteiras, que seus chefes,
agora detentores do poder, não hesitaram em se autodenominar cônsules* que
moravam nas cidades, que favoreciam o desabrochar das letras latinas, que arrastavam
os companheiros e, como Clovis, mergulhavam nas águas do batismo. Tinham apenas
um desejo: integrar-se. Para se integrarem, de verdade, precisavam virar cristãos.”12

Percebe que estudar a aproximação entre a Igreja Católica e alguns


povos germânicos é de máxima importância para compreendermos a
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formação da mentalidade e da organização social e política do que virá


se constituir como a ordem feudal?

Por isso, de maneira bem focada, vamos tomar o exemplo de um dos


reinos romano-germânico cristãos que nos ajudará a entender o
processo que estou descrevendo. Trata-se do Reino Franco. Sigamos fortes amores!

3.4 ARTE E RELIGIÃO


O poder exercido pela Igreja Católica durante toda a Idade Média influenciou o campo das
artes no medievo. Ensinamentos da Bíblia eram reproduzidos nas pinturas, nos vitrais das igrejas,
em livros e esculturas. Eles eram criados para ensinar a população sobre religião, pois a maior
parte das pessoas era analfabeta. Assim, a arte estava vinculada a religião.

Reforço que a arte medieval via o corpo como cárcere da alma, de modo que as imagens
figurativas predominavam. Seus princípios eram diferentes dos pregados na arte greco-romana,
baseando-se no decorativismo, sem nenhuma preocupação com as figuras humanas.

No que diz respeito à arquitetura, grandiosas basílicas românicas, que muitas vezes eram
chamadas de fortaleza de Deus e castelos, predominaram entre os séculos X e XII. As

12
DUBY, Georges. História artística da Europa: A idade Média. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1997.

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características mais significativas da arquitetura românica são a utilização da abóbada, dos pilares
maciços que as sustentam e das paredes espessas com aberturas estreitas usadas como janelas.

Já o estilo Gótico, a partir de meados do século XV, desenvolveu-se na Europa,


principalmente na França, durante a Baixa Idade Média, e é identificado como a Arte das
Catedrais. Do ponto de vista material, a construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela
elevação e desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da luz no espaço.
Tudo isso foi possível graças a duas das inovações arquitetônicas mais importantes desse período:
o arco em ponta, responsável pela elevação vertical do edifício, e a abóbada cruzada. A catedral
de Notre-Dame, de Paris, é um bom exemplo. Sua arquitetura, introduziu um novo recurso
técnico: o arcobotante . Esse arco transmite a pressão de uma abóbada da parte superior de uma
parede para os contrafortes externos. Isso fez com que as paredes laterais não tivessem mais a
função de sustentar as abóbadas. Assim, o edifício gótico pode abusar das grandes aberturas
preenchidas com vitrais. A construção da catedral de Notre-Dame foi iniciada em 1160.

Por fim, a pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV, quando
começou a ganhar novas características que sinalizavam para o Renascimento.
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(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

Exterior da Igreja de São Martinho Fromista, construída entre 1066 e 1110, em Palência,
Espanha.
A arquitetura retratada pela fotografia caracteriza o estilo

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a) gótico, marcado por formas mais imponentes e orgânicas, mais semelhantes às existentes
na natureza, mas repletas de ornamentos.
b) românico, no qual se destacam linhas simples e geométricas, voltadas tanto para a
contemplação serena quanto para a defesa de invasores.
c) modernista, que privilegiava formas geométricas que visavam a maior funcionalidade das
atividades para as quais os edifícios eram dedicados.
d) barroco, o qual apresentava formas mais sinuosas e curvas mais salientes, além da presença
de esculturas e outros ornamentos junto ao edifício.
e) pós-modernista, dedicado a uma arquitetura que não deixava de prezar pela
funcionalidade, mas dava mais espaço para experimentação.
Comentários
Em primeiro lugar, repare no período em que a construção foi realizada: 1066 a 1110, ou
seja, entre os séculos XI e XII. Este período costuma ser chamado de Idade Média Central,
momento no qual predominou o feudalismo. O sistema feudal era caracterizado por uma
economia rural de subsistência, sediada em unidades rurais (os feudos) relativamente isoladas
umas das outras. Desde a queda do Império Romano, no século V, e, depois, com a
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fragmentação do Império Carolíngio, no século X, guerras e invasões entre os reinos


europeus e entre estes e outros povos bárbaros varreram a Europa. Isso provocou o
abandono das cidades e a ruralização da sociedade. Conhecendo esse contexto, vejamos o
que caracteriza o estilo arquitetônico da igreja fotografada:
a) Incorreta. O estilo gótico só surgiu entre os séculos XII e XV, logo não pode ter influenciado
a construção de uma igreja iniciada no século XI. O gótico era mais próprio do contexto da
Baixa Idade Média, no qual houve uma revitalização do comércio e das cidades. Não à toa,
as principais construções góticas estão localizadas em grandes zonas urbanas. Além disso,
repare como a igreja da foto não apresenta muitos ornamentos e, apesar de ter um grande
porte, não pode ser exatamente chamada de imponente. Ela apresenta um aspecto mais
defensivo do que ostensivo.
b) Correta! Como destaquei, durante a Alta Idade Média e a Idade Média Central, a Europa
esteve mergulhada em guerras e invasões entre a nobreza guerreira e entre esta e povos
bárbaros que vinham do nordeste europeu. Assim, os edifícios construídos nesse período,
inclusive as igrejas, eram feitas como se fossem fortalezas, com paredes grossas, janelas altas
e pequenas, para conter os invasores. Ao mesmo tempo, a simplicidade geométrica da
arquitetura românica visava a proteção e a espiritualidade ascética.
c) Incorreta. O modernismo é um movimento artístico que se inicia apenas no começo do
século XX. De fato, é um estilo que, na arquitetura, também presava por formas simples e
geométricas, porém com o objetivo de ampliar a funcionalidade dos edifícios. Diferente do

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estilo românico, tinha muito mais a ver com a industrialização da sociedade do que com a
religiosidade ou a guerra.
d) Incorreta. O barroco é um movimento artístico que se iniciou no século XVII, logo não tem
como ter influenciado a construção da igreja de São Martinho Fromista. Vale destacar
novamente, que a igreja fotografa não apresenta ornamentos, nem esculturas que
complementam as formas arquitetônicas, o que a distância de estilos como o barroco e o
gótico.
e) Incorreta. O pós-modernismo é um estilo arquitetônico desenvolvido na segunda metade
do século XX que buscava questionar os limites do modernismo, sem necessariamente
descartar seus pontos mais interessantes para o artista. Em parte, envolvia a conciliação de
elementos modernos com outros estilos mais antigos ou em desenvolvimento no presente.
Gabarito: B
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Herdeira das tradições romanas, a Igreja Católica se sobressaiu como a mais poderosa
instituição durante o período medieval. Nesse sentido, no que se refere ao papel da Igreja
Católica na Europa medieval, é correto afirmar que
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a) os povos bárbaros não foram convertidos ao cristianismo, fato que possibilitou a expansão
católica sobre os territórios dos germânicos.
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse
período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã
com o pensamento racional humanista.
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de
cerceamento religioso por parte da Igreja Católica.
e) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam
ligadas as escolas e as universidades medievais.
Comentários
No Baixo Império Romano, séculos III, IV e V, as ideias cristãs, as invasões bárbaras e a crise
interna contribuíram para o fim do Império Romano do Ocidente no ano de 476, como vimos.
Naquele contexto, de caos político, econômico e social, a Igreja Cristã surgiu como a única
instituição capaz de organizar a sociedade em torno das ideias cristãs atuando no processo
de conversão dos bárbaros, criando escolas, mosteiros e universidades e espalhando a
conversão ao cristianismo. A conversão de reis germânicos, como o rei Franco Clóvis, no
século V, foi fundamental para fortalecer a instituição e a religião.
Tendo isso em consideração, vejamos o que diz os itens da questão.

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a) Errado pois muitos povos bárbaros se converteram ao catolicismo. Com destaque o para
o príncipe Clovis, considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre
481 e 511, o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas
disputas territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre
outros povos bárbaros. Elemento fundamental para a formação do Reino Franco foi a
conversão ao cristianismo de Clóvis, em 496.
b) Sobre literatura medieval, ela retratou a vida na pequena corte do senhor feudal, a vida
do cavaleiro. Ou seja, não foi dominada pelos temas religiosos propriamente dito. As famosas
iluminuras, pequenos textos com imagens e trechos escritos, contavam essas histórias. Assim,
o item está incorreto.
c) Apesar de se referir à filosofia escolástica, no período do medievo predominou a filosofia
patrística de Santo Agostinho de Hipona, e não a escolástica que é mais próxima do
renascimento e abre maior crítica ao pensamento religioso.
d) a Igreja Católica, no Ocidente, não controlou a literatura, tal como mencionei acima. No
que diz respeito às artes plásticas, e às artes em geral, não é correto afirmar que não havia
nenhum tipo de cerceamento, pois a religiosidade era um elemento presente, seja por
imposição social, seja por convicção dos próprios indivíduos.
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e) é pertinente essa colocação, pois remete à educação formal – oferecida pela Igreja – a
qual se espalhou- pela Europa por meio de escolas e universidades. Está corretíssimo. Chamo
sua atenção para o fenômeno das universidades no mundo medieval.
Gabarito: E
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Na Idade Média, no sistema político feudal, como de um modo geral no conjunto da
existência, a Igreja desempenha um papel essencial [...]. Na vida do dia-dia, nos sermões, a
Igreja afirma que o dízimo não é dado a ela, o que seria um tanto constrangedor, mas a Deus,
ou, com mais rigor, a São Pedro. Por outro lado, os padres, os monges explicam que pagar
os foros aos senhores é fazer a vontade de Deus, porque Deus lhes confiou um poder de
comando que corresponde a suas intenções.
Jacques Le Goff. O Deus da Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 82.
Sobre a civilização feudal, é correto afirmar:
a) o catolicismo era uma ideologia manipulada pelos senhores feudais durante a Idade Média,
permanecendo subjugada aos seus interesses na ordem social.
b) Deus aparece como fiador das relações sociais que compõem a ordem feudal, conferindo
poder de mando aos senhores e obrigações tributárias aos estratos subalternos.
c) a religião era instrumentalizada pelo Estado para a manutenção de um sistema de
impostos, o que possibilitava o enquadramento das classes subalternas ao poder central.

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d) o alto clero, formado a partir de indivíduos egressos da nobreza, coordenava a cobrança


de tributos de camponeses e servos, excluindo sacerdotes hierarquicamente inferiores.
e) a religião católica convivia harmonicamente com as várias interpretações sobre o
cristianismo conhecidas como heresias.
Comentários:
A questão aborda o papel da Igreja na sociedade feudal.
A a) está errada pois, apesar de se beneficiarem de algumas condutas do catolicismo, ele
não era apenas uma ideologia manipulada pelos senhores feudais. Conforme o texto
explicita, as relações sociais são permeadas pela questão religiosa, inclusive no sentido
econômico. Assim, a b) é a alternativa correta. A religião não era instrumentalizada pelo
Estado, de maneira que a c) está incorreta. O erro da e) é afirmar que apenas o alto clero
coordenava a cobrança de tributos visto que os padres nas missas recolhiam o dízimo.
Gabarito: B

Vamos falar um pouco sobre literatura na Idade Média? Saiba que


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ligar história e literatura vai ajudar a fazer seu conhecimento ficar


mais robusto e sofisticado!
Abaixo eu vou deixar várias informações que a Professora Luana
colocou no curso de Teoria Literária!

CATEGORIA ERA MEDIEVAL


ESTRUTURA PRIMEIRA ÉPOCA: TROVADORISMO SEGUNDA ÉPOCA (SÉCULO XV
(SÉCULOS XII – XIV) E INÍCIO DO SÉCULO XVI)

POESIA Lírica cantigas de amor • Poesia palaciana


cantigas de amigo • O cancioneiro geral, de Garcia
Sátira cantigas de escárnio Resende
cantigas de maldizer
PROSA • Novelas de cavalaria • Crônicas de Fernão Lopes
• Hagiografias
• Cronicões
• Nobiliários

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TEATRO • Mistérios • Gil Vicente


• Milagres
• Moralidades
• Sotties

Na Idade Média, tanto a educação formal quanto a produção artístico-cultural


encontravam-se dominadas pela Igreja. O nascimento das cantigas trovadorescas e das novelas
da cavalaria na Baixa Idade Média, pautadas na vida cotidiana ou para a fantasia de aventura,
simbolizou o surgimento de uma cultura leiga.
A cantiga mais antiga que se tem notícia é a “Cantiga da Ribeirinha” ou “da Guarvaia” de
Paio Soares de Taveirós (1189-1198). Elas são unidas em coletâneas: os cancioneiros, sendo os
mais conhecidos: Cancioneiro da Ajuda (século XIII); Cancioneiro da Vaticana (século XV).
O português teve um estágio antigo chamado galego-português. As primeiras
manifestações literárias nessa língua datam do século XII. As principais eram as cantigas, canções
compostas e cantadas por poetas denominados de trovadores.
Segundo Cereja e Magalhães (2004, p. 86), esses cantores apresentavam uma hierarquia
entre si:
• Trovador: membro da nobreza ou do clero, era autor da letra e da música das
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composições que executava para o seleto público das cortes;


• Segrel: nobre de escala mais baixa, escudeiro sem recursos para ascender à cavaleiro,
sobrevivia percorrendo as cortes ou acompanhando o exército real nas lutas contra os árabes.
Executava composições próprias.
• Jogral: cantor de origem popular, raramente compunha, limitando-se a executar
composições dos trovadores. Normalmente, era acompanhado por uma soldadeira, mulher que
dançava e cantava durante as apresentações e, por isso, tinha má reputação.
Entre as cantigas, há a seguinte distinção: cantigas de amor e cantigas de amigo. Ainda de
acordo com os autores, a cantiga de amigo é classificada da seguinte maneira:

CANTIGA DE AMIGO
• Pastorela: de ambiente rural, tratam do envolvimento amoroso entre uma pastora e um cavaleiro;
• Bailias ou bailadas: fazem referência à dança de moças que esperam os namorados;
• Romarias: referem-se às romarias feitas a lugares sagrados;
• Albas ou alvas: fazem menção ao amanhecer, que muitas vezes surpreende os amantes;
• Marinhas ou barcarolas: apresentam ambiente marinho.

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Já as cantigas de amor têm origem na poesia provençal (de Provença, região do sul da
França), nos ambientes finos e aristocráticos e logo estão presas a certas convenções de
linguagem e de sentimentos. São suas características:
• Linguagem mais refinada quanto a vocabulário e construções;
• Ambiente: a corte.
O eu lírico normalmente é um homem (um cavaleiro), que declara o seu amor a uma mulher
inalcançável, em conformidade com as regras do amor cortês. O eu lírico masculino confessa a
coita: o sofrimento amoroso por uma dama que lhe é inacessível devido à diferença social entre
eles.

CANTIGAS DE ESCÁRNIO CANTIGAS DE MALDIZER

Crítica indireta; normalmente, a pessoa Crítica direta; geralmente, a pessoa satirizada é


satirizada não é identificada. identificada.

Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena.
trocadilhos e ambiguidades.

Ironia. Zombaria.
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AS NOVELAS DE CAVALARIA

A prosa, em Portugal, começou entre o século XIV e o início do século XV, em forma de
hagiografias, nobiliários, cronicões e novelas de cavalaria.

*Hagiografias: relatos de episódios da vida de santos, cuja finalidade era catequética e


didática.

*Nobiliários ou livros de linhagem: compilações de genealogias de famílias nobres, feitas


com o objetivo de conhecerem os graus de parentesco.

*Cronicões: documentos que faziam mera ordenação de fatos históricos.

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*Novelas de cavalaria: são um gênero narrativo tipicamente medieval. Em geral de autor


desconhecido, são resultado da transformação das canções de gesta, poemas que narravam
heroicas aventuras de cavaleiros andantes.

Seus temas são, portanto, as aventuras fantásticas de cavaleiros lendários e destemidos


que liquidavam monstros e homens malvados em batalhas sangrentas, travadas em nome tanto
de Deus quanto do amor por uma donzela. Produto de uma fértil inventividade, a novela de
cavalaria descreve com abundância de detalhes a vida e os costumes da cavalaria medieval.

De acordo com seus temas, as novelas de valeria compõem três ciclos:

*Ciclo bretão ou arturiano: tem como personagens centrais o rei Artur e os cavaleiros da
Távola Redonda;

*Ciclo carolíngio: gira em torno da figura de Carlos Magno e os doze pares da França (a
qual tem uma adaptação para o cordel brasileiro do Nordeste);

*Ciclo clássico: abrange figuras e acontecimentos da Antiguidade clássica, como a Guerra


de Tróia.

Fonte:
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O romance de cavalaria encontra a sua autocrítica em Dom Quixote de la Mancha, de


Miguel de Cervantes no século XVI. Trata-se já da decadência dos valores medievais da
cavalaria, que abriam espaço para o aburguesamento da sociedade.

Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, p. 85 (adaptado).

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4. O REINO DOS FRANCOS


No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje como
França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos Francos. Este
Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média. Localize-o no mapa:
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13

4.1 DINASTIA MEROVÍNGIA (451-751)


Um cavaleiro franco, Meroveu, considerado o herói da batalha dos Campos Catalúnicos,
em 451, deu início ao que ficou conhecida como a Dinastia Merovíngia. Seu neto o príncipe Clovis
foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre 481 e 511, o Estado
Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas disputas territoriais com
os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre outros povos bárbaros.
Elemento fundamental para a formação do Reino Franco foi a conversão ao cristianismo de
Clóvis, em 496. Pare! Olhe! Não está vindo nenhum trem, mas o trem da história, para não passar
por cima de você, exige uma reflexão... Logo acima fiz questão de destacar que um dos motivos
da permanência do cristianismo foi a conversão de povos bárbaros. Ualá! Aqui está um exemplo
sensacional e importantíssimo. Leia abaixo:

13
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p 13.

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Clóvis estaria numa batalha – perdendo - quando pediu ajuda aos santos
da religião de sua esposa, que era católica. Nesse momento, inverteu-
se sua posição na batalha e seu exército teria saído vitorioso. A partir
desse momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com essa decisão, o
príncipe conquistou a simpatia dos povos de origem romana, bem como
adquiriu apoio da população da Gália e da Igreja Católica. Em troca da
aliança que se iniciaria no Reino dos Francos, a Igreja recebeu terras, muitas terras.

Começava, assim, uma relação específica da Europa Ocidental: a Igreja Romana reconheceu a
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legitimidade política dos reis e de suas conquistas territoriais. Por gratidão, os reis doavam terras
e garantiam proteção à Igreja. Perceba que a relação entre o chefe religioso e o chefe político-
militar não foi de subordinação, mas de interação – pelo menos, nesse primeiro momento. Agora
se lembrem do que estudamos em relação ao Império Bizantino cuja relação entre poder espiritual
e temporal era marcada pelo cesaropapismo. Percebe a diferença?!
Dá uma olhada em alguns documentos relacionados com o tema:
• Carta de Pepino de 754: marca a passagem da dinastia Merovíngia para a dinastia
Carolíngia. Pepino, o Breve, fez aliança entre o reino franco e o papado, que ficou selada,
simbolicamente, pela unção, recebida por Pepino, das mãos do Papa Estevão II.
• Carta de doação de Constantino: durante o reinado de Carlos Magno, o Papa Adriano I
apresentou um documento forjado nas oficinas da própria Igreja. Esse documento seria uma
antiga carta em que o Imperador Constantino teria doado terras da Itália Central à Igreja. Carlos
Magno anuiu o documento, baseado na Carta de Pepino e na Carta de Constantino, elaborou
outro documento que cedia mais terras ao papado.
• Documento Capitular de 817: intitulada Ordinatio Imperii: documento redigido no reinado
de Luís o Piedoso, três anos depois da morte de Carlos Magno. Com esse documento, buscou-se
delinear, com maior precisão, os mecanismos de sucessão imperial no Ocidente, associando-os a
um único herdeiro, de modo que a coroa deveria ser posta na cabeça do imperador pelo Papa.

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Nesse momento, apesar de o início do Reino Franco ter sido marcado por um Estado
centralizado, as constantes disputas pela sucessão do trono somada à baixa autoridade dos reis
seguintes a Clóvis enfraqueceram o poder real. Com isso, desencadeou-se um processo de
descentralização do poder em direção aos senhores proprietários de terra, pois estes começaram
a assumir tarefas políticas e militares para protegerem suas terras, famílias e agregados (já, já esses
senhores serão os senhores feudais que estudaremos no momento da consolidação da ordem
feudal, acompanhe com atenção).

Mas, quem eram os senhores proprietários de terras?


Eram os antigos patrícios da época do Império Romano do Ocidente e/ou
os bárbaros que invadiam as terras dos próprios patrícios. Lembra-se do
processo de fusão entre elementos romanos e germânicos? Pois bem,
essa fusão, na prática, tinha a propriedade da terra como elemento
factual. Assim, germânicos ocuparam terras romanas pacificamente, ao
trabalhar para romanos como colonos, ou violentamente pilhando e
invadindo terras dos patrícios. A seguir reproduzo um trecho que usamos na aula sobre a
desagregação do Império romano para que você reforce essa ideia a tatue na sua mente!!!
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“Houve vários episódios sangrentos, conflitos militares, incursões violentas e ocupações de


cidades – certamente, aqueles aos quais as narrativas dos cronistas deram maior relevo.
Entretanto, a instalação dos povos germânicos deve ser imaginada sobretudo como uma
infiltração lenta, durando vários séculos, como uma imigração progressiva e muitas vezes pacífica,
durante a qual, os recém chegados se instalaram individualmente, aproveitando-se dos seus
talentos artesanais ou pondo sua força física a serviço da armada romana; ou também em grupos
numerosos, beneficiando-se, então, de um acordo com o Estado Romano que lhes concedia o
estatuto de “povo federado.” O Império soube, então, em um primeiro momento, absorver essa
imigração ou compor com ela, antes de desaparecer sob o efeito de suas próprias contradições,
exacerbadas à medida que a infiltração estrangeira se ampliava.” (p. 50)14(grifos nossos)

Com muita indefinição nas sucessões do trono Franco, a organização político-administrativa


desse reino, entre os séculos VI e VII, passou a contar com o major domus – ou, o “prefeito do
palácio”. Esses foram uma “espécie de primeiro-ministro”.

Um desses prefeitos, Carlos Martel, se destacou por conter a expansão dos árabes na
Europa. Em 732, Carlos Martel venceu os árabes nos montes Pireneus, na famosa Batalha de

14
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo Livros, 2014

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Poitiers. Os árabes vinham do Sul da Península Ibérica, cruzaram o estreito de Gibraltar em 711,
venceram os visigodos e tomaram conta de quase toda a península.
Interessante também notarmos as inovações sociais que foram aparecendo nas
experiências de contatos entre os homens e mulheres de civilizações diferentes daquela época.
Na batalha com os árabes, começou a surgir uma relação importante que marcou o período feudal,
a do cavaleiro com o seu senhor. Isso porque, para derrotar o famoso exército de cavaleiros
árabes, Carlos Martel também precisou organizar uma forte cavalaria, algo até então pouco
comum naquela Europa.

Em função do sucesso dos cavaleiros, daí em diante essa figura passou a ser central na vida
medieval. A relação entre o cavaleiro que oferecia proteção e serviços militares em troca de
receber terra dos senhores viria a constituir o que iremos estudar como “relação de vassalagem”.
Note que essa era uma relação estabelecida entre nobres e não entre nobres e servos. No começo,
recebia-se do Rei, depois era de outro senhor de terra. Ou seja, a partir da importância militar do
exército de cavalaria, fruto de um aprendizado no enfrentamento com os árabes, estava instituída
as bases da relação de vassalagem. Tá aí um achado que é muito louco, é praticamente a
arqueologia da história!!!
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Dessa experiência, Carlos Martel tomou medidas decisivas para consolidar a força militar
dos francos. Uma delas foi estabelecer uma forte cavalaria, a qual passou a ser formada pelos
principais guerreiros. Os membros da cavalaria, juntamente com a Igreja, eram os que mais se
beneficiavam da partilha das terras após as vitórias em campo de batalhas. Segundo o historiador
Kominsky,

“as terras que se davam como recompensa do serviço militar prestado chamavam-se
beneficium e os guerreiros que as recebiam denominavam-se vassalos. Os vassalos
transformaram-se na força militar permanente do Estado franco, que os colocou acima
dos simples agricultores livres.”

4.2 DINASTIA CAROLÍNGIA


Com a morte de Carlos Martel, e como parte da disputa de poder interno, seu filho, Pepino
- o Breve, obteve o apoio do Papa e depôs o último rei da dinastia merovíngia, em 751. Com isso,
Pepino iniciou a Dinastia Carolíngia. Em troca do decisivo apoio da Igreja, Pepino cedeu ao Papa
imensas extensões de terra no centro da Península Itálica, que ficaram conhecidas como Terras de
São Pedro – embrião do que hoje conhecemos como Vaticano. Parece uma espécie de
vassalagem, né?
Depois da morte de Pepino, em 768, seu filho Carlos Magno assumiu o trono. Governou
até 814. Foi considerado o maior rei da Alta Idade Média, pois organizou um eficiente sistema
administrativo capaz de suportar a expansão territorial.

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O período que governou é conhecido na história como Renascimento Carolíngio.


Renascimento porque Carlos Magno tentou um projeto para fazer renascer o antigo Império
Romano do Ocidente. O “Renascimento Carolíngio” foi caracterizado pelo incentivo à cultura e
ao desenvolvimento do saber. O Imperador chegou a formar um círculo de eruditos em sua corte
ao qual denominava de Academia. Mas, com a morte de Carlos Magno, em 814, pouco a pouco,
o saber ficou concentrado nas mãos da Igreja Católica.
Independentemente da vontade dos reis e do clero, percebemos que, na realidade, os
elementos básicos e estruturais do feudalismo estavam em pleno desenvolvimento nesse
momento. Parte dessa explicação, está diretamente relacionada com as decisões tomadas por
Carlos Magno para a montagem do seu sistema de governo. Daqui a pouco veremos essa
estrutura.
Os territórios eram administrados pelos “emissários do senhor”, os Missi Dominici. Dessa
maneira, parte desse sistema funcionava por meio da designação de cargos aos senhores de terra
na burocracia estatal.
Além disso, com esse modo de administrar o reinado, Carlos Magno conseguiu reequilibrar
as relações entre o poder do rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza. Ou seja, ele restabeleceu
a ideia de conciliação que, anteriormente, estava a cargo da Igreja. Lembra de que os ricos
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senhores de terras se enfrentavam com os reis francos – pelo menos até a ascensão de Pepino?
Uma das formas de controlar a disputa pelo poder entre esses senhores foi reforçar as doações
de terras conquistadas em guerras. Em troca, o Rei cobrava lealdade dos senhores. Ou seja, caro
aluno e aluna, Carlos Magno impulsionou o uso das relações de vassalagem!!!
Para selar esse compromisso, o Rei emitia uma espécie de documento de propriedade de
terra. Esses documentos dependiam do tamanho da terra que era dividida (marcas, condados e
até principados). Por sua vez, os senhores que recebiam as terras e seus documentos viravam
marqueses, condes, príncipes.

Ou seja, estamos falando da formação da classe social dos NOBRES. Sim, queridas e queridos,
aqueles nobres que a gente passa a vida inteira ouvindo que os títulos de nobreza são hereditários
e tem a ver com sangue azul. Afff, sangue azul? É mais tudo tem sua razão histórica, mesmo que
não faça muito sentido.
Título de nobreza tem origem nos títulos de propriedade doados pelos reis no momento histórico
da Alta Idade Média. No começo eram vitalícios, depois se tornaram hereditários. Ao se tornarem
hereditários, não podiam ser transferidos porque, naquele momento, a terra não era um bem
material monetizado.
Ao contrário, seu valor estava na relação de lealdade e de proteção que se estabelecia entre quem
doa a terra e quem a recebe. Sacou?

Assim, Carlos Magno dividiu o poder entre os nobres, tendendo à descentralização política.
Percebe? Esses seus leais vassalos ajudavam a controlar o domínio territorial porque tinham

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imunidade jurídica e tributária. Ou seja, tinham o poder de criar algumas leis e, ainda por cima,
não pagavam impostos. Galera, quem aí não ia querer ser um nobre vassalo?
Mas, durante o governo de Carlos Magno ainda havia algum controle sobre o território. Os
nobres eram inspecionados pelos Missi Dominici.
Tanto com Clovis quanto com Carlos Magno os nobres arrecadavam tributos e as multas
em benefício do rei, bem como recrutavam guerreiros entre os grupos um pouco mais abastados.
Com efeito, ainda com Carlos Magno, foi ampliada a distribuição dos benefícios da terra, de modo
que os beneficiados precisavam participar das expedições militares.
Por sua vez, os guerreiros beneficiados, para assegurar a presença de homens armados em
seus próprios destacamentos, também concediam benefícios a outros homens, os vassalos. Dessa
forma, os senhores próximos a Carlos Magno constituíam seus próprios vassalos. Meu, era quase
uma reação em cadeia de vassalagem!!! Do rei para o senhor, do senhor para o cavaleiro, do
cavaleiro para outro cavaleiro e sucessivamente.

vassalo
2
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vassalo
3
rei vassalo
1

vassalo
4

Atenção: Olho de Coruja na transição, querido!

Os vassalos eram donos de suas terras mediante a condição de prestar o serviço militar: tinham a
obrigação de apresentar-se, juntamente com seus senhores, para ir à guerra. Como falamos acima,
os benefícios eram distribuídos em forma de posses vitalícias. Desde a segundo metade do século
IX, porém, transformaram-se em hereditários. Essas posses territoriais hereditárias, que os vassalos
desfrutavam em troca da prestação do serviço militar, receberam o nome de FEUDOS.
Assim, foi se organizando a classe dominante da Idade Média: a consolidação da nobreza e o
crescimento do principal meio de produção, o feudo, comandado pela nobreza.

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Com o fortalecimento da nobreza, gerou-se outra característica do mundo feudal, a qual já estava
em pleno vapor desde o século V: a descentralização do poder político.

No ano de 800 ocorreu um evento muito representativo das relações que se constituíram
durante a idade média e que tinha começado lá com o Rei Franco Clóvis, em 496: Carlos Magno
foi coroado pelo papa Leão III como o Imperador do “Novo Império Romano do Ocidente”! Veja
como o esplendor da Roma Antiga continuava iluminando e inspirando reis muitos séculos depois
de ter sucumbido, a ponto de ser refundado! Contudo, perceba que, nesse momento, a instituição
que legitimou o poder foi a Igreja Católica! Dali em diante, a Monarquia e a Igreja fizeram parte
de um mesmo arranjo político que permitiu aos nobres permanecerem como classe dominante
por muitos séculos!
Mas, em 814, a morte do Imperador representou o fim da expansão territorial e a
fragmentação do último reino unificado da Europa Ocidental no período medieval. Novamente, a
disputa pela sucessão do trono vem para alterar os rumos da história.
Com efeito, após a morte de Carlos Magno o trono passou a ser ocupado por seu filho,
Luís - o Piedoso. Este, por sua vez, teve três filhos:
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➢ Luís, o Germânico;
➢ Lotário;
➢ Carlos, o Calvo.
A disputa pelo poder não parou. Em
843 buscou-se uma solução e o Império foi
divido, era o Tratado de Verdun. Com esse
tratado, o império ficou dividido assim:
➢ Luís, o Germânico, ficou com
a Germânia (para guardar essa
informação não precisa nem
de dica!!!);
➢ Lotário ficou com a região da
Itália;
➢ Carlos, o Calvo, ficou com a
França.
Veja no mapa a partilha após o Tratado de
Verdun:
15

15
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2008. p.15.

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Em 987 chega ao fim a dinastia Carolíngia no território da França. Hugo Capeto foi coroado
na região pertencente a Carlos, o Calvo. Iniciou-se a Dinastia Capetíngia. Nessa altura da história,
no século X, uma nova onda de invasões assolou a Europa Ocidental. De novo???

Meu Deuxsss, e o que aconteceu com uma nova onda de invasões, Profe? De onde esses
caras vieram, agora? Gente, eles não cansam?

Pois é, gente, eles não cansam! Dessa vez, foram os temidos vikings e os normandos.
Alguns historiadores dizem que eles se aproveitaram das lutas fratricidas pelo poder no Império
Franco para adentrar as fronteiras enfraquecidas. Além disso, essas incursões acentuaram o
processo de feudalização da sociedade europeia ocidental, tal como estamos vendo até aqui!!!
Os processos de descentralização e de isolamento de grupos, famílias e comunidades se
aprofundaram mais ainda. Os senhores de terras abrigavam as populações que fugiam desses
povos e suas incursões violentas. Em troca de proteção, nos castelos fortificados, as pessoas se
submetiam ao poder dos nobres. Em troca dessa proteção, o homem livre trabalhava para o
proprietário da terra e se tornava camponês.

Os reis perdem a importância porque não conseguiam mais organizar a proteção e a resistência
da população.
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Aí eu te pergunto:
➢ e qual o nome que passaremos a dar a esses senhores das terras protegidas?
Senhores feudais!!!
➢ E qual o nome que daremos aos arruinados que conseguiram proteção nas terras
do senhor feudal em troca de trabalhar para ele? Servo!!!
➢ E qual o nome que passaremos dar a relação que se desenvolveu entre nobres e
camponeses que aos poucos foram se submetendo ao mando dos senhores
poderosos? Servidão!!!
➢ Agora, e se somarmos essa servidão ao que vimos acima sobre a vassalagem? Vai
dar no quê? Isso mesmo, na relação de servidão e vassalagem. Porém, tudo isso
veremos de forma mais sistemática quando entrarmos na ordem feudal
propriamente dita.

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Por fim, é nesse momento, nobre aluno e aluna, em pleno século IX, que o feudalismo se consolida
como modo de vida, como sistema econômico, enfim, como uma Nova Ordem “mundial”
(europeia, né? hehe ). Assim, a história entra no período da Chamada Idade Média Central.
Vamos estudá-la na sequência.

Sobre essa relação de servidão é preciso explicar um elemento importante das relações
sociais que foram construídas ao longo dos séculos na transição da Idade Antiga para a Idade
Média.
Lembre-se de que tanto o fim do Império Romano do Ocidente quanto a presença dos
povos bárbaros na Europa foram determinantes para o surgimento do feudalismo.
Pois bem, como os povos de origem bárbara passaram a dominar do século V em diante,
seria natural que as práticas e costumes desses bárbaros adentrassem com eles nos próximos
capítulos da história, concorda?
Uma dessas práticas era a forma com que os “escravos” bárbaros eram tratados. Diferente
da maneira com que os romanos lidavam com seus escravos, os germânicos mantinham relações
que mais se aproximavam do que foram os “servos”.
Leia um trecho do livro Costumes dos Germanos, do historiador Tácito (de fins do século I
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d.C.). Nesta passagem fica evidente essa diferença:

“Não se servem dos demais escravos como nós [romanos], empregando cada um em
seu trabalho de casa: deixam cada um viver separado e trabalhando para si próprio; e
o senhor os faz pagar certa quantidade de cereais, gado e roupa como um lavrador, e
com isso em mais nada tem que lhe obedecer ao escravo. Os outros trabalhos
domésticos são feitos pela mulher e pelos filhos. Poucas vezes açoitam os escravos; não
os põem em cadeias nem os condenam a trabalhos. Costumam matá-los, não por
castigo, mas quando os cegam o aborrecimento e a cólera, como o poderiam fazer com
um inimigo, porém sem receber pena por isso. Os libertos são pouco mais estimados
que os escravos, e poucas vezes têm lugar de mando na casa dos senhores e nunca nas
cidades, salvo naqueles povos governados por reis”.

Veja, então, querida e querido, que o modelo de relação de servidão não brotou do nada,
ele é resultado dos costumes dos povos bárbaros e dos processos de formação política dos
territórios que, em razão da descentralização do poder e da formação de comunidades
comandadas por senhores, acabaram submetidos a eles. Ahhh, esses pobres vulneráveis...só
poderiam virar os servos da gleba mesmo...

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Com o Tratado de Verdun, e com os desdobramentos seguintes, a descentralização


política se acelerou mais ainda. Fique de olho!!! Já viu uma coruja observar tudo ao
redor? Ela dá um 360º em torno do pescoço e não deixa de notar nada,
absolutamente nada. Você também não pode deixar passar nada. Querido e
querida aluna, a disputa pela vaga em uma das melhores universidades do país é
brava. Vamos que vamos.

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


O sacerdote, tendo-se posto em contato com Clóvis, levou-o pouco a pouco e secretamente
a acreditar no verdadeiro Deus, criador do Céu e da Terra, e a renunciar aos ídolos que não
lhe podiam ser de qualquer ajuda, nem a ele nem a ninguém [...] O rei, tendo, pois,
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confessado um Deus todo-poderoso na Trindade, foi batizado em nome do Pai, Filho e


Espírito Santo e ungido do santo Crisma com o sinal-da-cruz. Mais de três mil homens do seu
exército foram igualmente batizados [...]”
São Gregório de Tours. “A conversão de Clóvis.” Historia e Eclesiasticae Francorum.
Apud PEDRO-SANCHES, M. G. História da Idade Média. Textos e testemunhas. São Paulo:
Ed. Unesp, 2000. p.
A respeito da constituição da sociedade medieval, o trecho explicita
a) a confirmação do poder persuasivo da Igreja Católica no processo de conversão de reinos
germânicos, iniciado já no século II.
b) a subordinação dos reis Francos à Igreja Católica.
c) a penetração do cristianismo nos povos bárbaros contou com a disciplina da hierarquia
militar.
d) a conversão de Clóvis foi uma estratégia para o início de seu Império, conhecido como
Império Carolíngio.
e) o sincretismo religioso a partir da penetração de ídolos pagãos nos escritos bíblicos,
elementos rechaçados, mais tarde, pela Igreja Ortodoxa.
Comentários
A partir da conversão de Clóvis, nas conformidades religiosas dos rituais da Igreja Católica
Romana, o Reino dos Francos foi o primeiro grande reino germânico (quase um Império) a

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ficar sob a influência papal. A conversão ao cristianismo de Clóvis ocorreu em 496. Clóvis
estaria numa batalha – perdendo - quando pediu ajuda aos santos da religião de sua esposa,
que era católica. Nesse momento, inverteu-se sua posição na batalha e seu exército teria
saído vitorioso. A partir desse momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com essa decisão, o
príncipe conquistou a simpatia dos povos de origem romana, bem como adquiriu apoio da
população da Gália e da Igreja Católica. Em troca da aliança que se iniciaria no Reino dos
Francos, a Igreja recebeu terras, muitas terras.
a) errado, pois Clovis teria sido o primeiro convertido dentre os chefes germânicos, de modo
que só no século V é que as conversões dos germânicos se aprofundaram.
b) errado, atenção, apesar da conversão não havia essa relação de subordinação, mas uma
interação de reforço mútuo dos poderes temporal (reis) e espiritual (Igreja). Claro, ao longo
da Idade Média, vermos uma tensão entre esses dois poderes, sendo que ora a Igreja se
impôs sobre, ora os reis se voltavam contra o poder papal.
c) correto. Veja que, por interpretação do documento histórico do enunciado é possível
interpretar nesse sentido. Isso porque, o trecho final ressalta que a conversão de Clóvis fez
com que todo seu exército se convertesse também.
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d) errado, pois pensar dessa forma desconsidera o papel dos simbolismo criados pelas
subjetividades dos agentes históricos, afinal, nem tudo é estratégia política e de dominação,
as crendices também precisam ser consideradas para entendermos os processos históricos.
Outro erro que exclama na alternativa é relacionar com a Dinastia Carolíngia quando o
correto e Merovíngia.
e) falso, pois os ídolos considerados pagãos não foram absorvidos pelo catolicismo. A Igreja
Ortodoxa irá questionar o excesso de idolatria em torno de ídolos que não representavam a
base do cristianismo. Não tem a ver com o paganismo dos povos germânicos. O Cisma do
Oriente irá ocorrer no século XI.
Gabarito: C
(FUVEST 2012)
A palavra “feudalismo” carrega consigo vários sentidos. Dentre eles, podem-se apontar
aqueles ligados a
a) sociedades marcadas por dependências mútuas e assimétricas entre senhores e vassalos.
b) relações de parentesco determinadas pelo local de nascimento, sobretudo quando
urbano.
c) regimes inteiramente dominados pela fé religiosa, seja ela cristã ou muçulmana.
d) altas concentrações fundiárias e capitalistas.
e) formas de economias de subsistência pré-agrícolas.

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Comentário
Questão conceitual, fácil e, com ela, chamo a sua atenção do porquê fiz questão de construir
todo o processo de surgimento dos senhores e dos vassalos nas páginas anteriores. Perceba
que, tirando a alternativa a), todas as outras apresentam algum elemento estranho à
construção da ordem feudal. Na b), a ideia de “urbano” está fora de propósito, mostrei para
você no começo da aula que isso mudou na Idade Média. Na alternativa c) o item inseriu a
ideia de que o islamismo fez parte do feudalismo, viagem: o islã até existiu historicamente
no período do feudalismo, mas em outras terras (veremos isso mais abaixo). Já a alternativa
d) colocou o capitalismo antes do mercantilismo e da Revolução Industrial, aí não dá meuuu!!!
Por fim, a alternativa e) também viaja na maionese, porque a ideia de economia pré-agrícola
não condiz com a predominância do mundo rural-agrícola do feudalismo.
Gabarito: A

5. IDADE MÉDIA CENTRAL: O AUGE DA ORDEM FEUDAL


Agora que sabemos o que é feudalismo e vimos a história dos desenvolvimentos das bases
desse sistema, podemos sistematizar as características essenciais que, na prática, marcam o
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feudalismo na Idade Média Central.


❖ Listo abaixo os principais aspectos que você não pode esquecer:

1- a ruralização da sociedade - o declínio da cidade e do


comércio;

2- a descentralização política com o estabelecimento de


relações sociais, políticas e militares de vassalagem;

3- a servidão que caracterizou as relações entre senhores e camponeses


plebeus.

4 - a hegemonia do poder religioso

A Idade Média Central correspondeu ao período entre os séculos XI e XIII. Esse momento
foi caracterizado por ter sido de relativa paz, uma vez que, cessaram as chamadas “invasões
bárbaras”.
A Idade Média Central foi o marco do ápice do modo de vida feudal, ou do feudalismo. Isso incluía:

➢ Desenvolvimento das técnicas agrícolas


➢ Crescimento populacional

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➢ Crescimento e diversificação das atividades econômicas

Portanto, querida e querido aluno, o momento em que o feudalismo entrou na sua fase
mais estável foi também aquele em que ocorreram transformações nas formas de organizar o
mundo medieval. Essas transformações ocorridas no feudalismo são o ponto alto das cobranças
no vestibular. Tome nota de tudo e fique muito ligado!
Vamos sistematizar os aspectos sociais, políticos e econômicos, na sequência.

Os aspectos políticos, econômicos e sociais do feudalismo – que se concretizam


no feudo – devem ser pensados de maneira relacional. Você sabe o que isso
significa, querida e querido aluno?

Significa que precisamos estabelecer pontes de causa e efeito entre aqueles elementos. Assim, a
seguir, eu vou descrever as características e, ao mesmo tempo, estabelecer as relações.

5.1 SOCIEDADE
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A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos. Cada estamento era
composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo, em cada grupo social,
era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo executava na sociedade.
Isso formava uma pirâmide social.
No feudalismo havia 3 ordens sociais estabelecidas.
Veja o esquema:

1a. Ordem: Clero

2a. Ordem:
Nobreza Feudal

3a. Ordem:
servos

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Assim, os historiadores concordam que a sociedade feudal estava dividida em 3 ordens principais,
conforme o esquema acima. A base dessa estrutura é a posse da terra. Essa lógica definia as
funções dos membros de cada estamento na organização da sociedade.

Cuidado com uma singularidade: o clero! Observe que as pessoas não nasciam
membros do clero, elas nasciam no seio da nobreza. Por isso, quem nasceu nobre, no
feudalismo, executava duas atividades diferentes: guerrear ou orar.
Já quem nasceu plebeu - sem propriedades, sem herança e sem status – eram os
trabalhadores. Eles estavam, majoritariamente, submetidos à relação de servidão, por
isso, são conhecidos como servos. Há experiências de camponeses que serviram no
baixo clero.

NOBREZA (ou bellatores - palavra latina que significa guerreiros): ordem dos detentores de terra,
que se dedicavam, principalmente, às atividades militares. Sobre eles não recaia nenhum imposto,
apenas a obrigação de guerrear. Ao contrário, recebiam taxas por serem os proprietários das
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terras e dos instrumentos de trabalho. Portanto, eram privilegiados.


Clero (ou oratores – palavra latina que significa rezadores): ordem dos membros da Igreja Católica.
Havia o Baixo Clero, que eram os membros sacerdotes e diáconos e, o Alto Clero, que eram os
bispos, arcebispos e sacerdotes e o próprio Papa. As famílias nobres mais ricas ficavam com os
cargos mais altos da Igreja, os quais detinham poder e influência política sobre os nobres donos
de terra. Os de pouco riqueza, os que não tinham tantas terras ficavam no baixo clero. Essa ordem
também era isenta de pagamento de taxas e impostos. Portanto, também eram privilegiados.
Servos (ou laboratores, palavra latina que significa trabalhadores): ordem composta pela
população camponesa os quais realizavam as atividades de subsistência material para todas as
classes sociais do feudo. Ser servo significava estar preso à terra vitaliciamente – a pessoa e toda
a família. Os servos deviam produzir 3 dias por semana no manso senhorial e nos outros 3 dias
recebiam o manso servil no qual podiam plantar para si e sua família, desde que pagassem as
determinadas taxas aos senhores feudais. No 7º dia da semana realizavam suas atividades
religiosas e culturais. Por isso, não tinham privilégio algum.

Notou que cada uma das ordens sociais tinha uma função que, na verdade, era entendida como
obrigação?

Profe, mas porque era uma obrigação? Assim: não tinha jeito de mudar isso?

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Não querido aluno, não mesmo! Não há mobilidade social em sociedades


estamentais, porque o critério de pertencimento ao estamento é a posse da
terra e esta é hereditária. Não há compra ou venda de terras. Ela não é um bem
monetário, mas a fonte dos privilégios. Como a posse da terra é hereditária, o
critério para ser pertencente à nobreza é, praticamente, por nascimento.

Além disso, a mentalidade feudal era muito influenciada pela Igreja Católica e esta instituição
pregava que a divisão desigual fazia parte da ordem divina criada por Deus, por isso, deveria ser
aceita por todos, sob pena de castigos divinos terríveis. Veja abaixo um texto de um clérigo,
Eadmer de Canterbury (ou Cantuária), do século XI:

A razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois é lavrar a terra;
e a dos cães é proteger os carneiros e os bois dos ataques dos lobos. Se cada
uma destas espécies de animais cumprir a sua missão, Deus protegê-la-á.
Deste modo, fez ordens, que instituiu em vista das diversas missões a realizar
neste mundo. Instituiu uns – os clérigos e os monges – para que rezassem
pelos outros e, cheios de doçura, como as ovelhas, sobre eles derramassem
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o leite da pregação e com a lã dos bons exemplos lhes inspirassem um ardente amor à
Deus. Instituiu os camponeses para que eles – como fazem os bois, com seu trabalho –
assegurassem a sua própria subsistência e a dos outros. A outros, por fim – os guerreiros
-, instituiu-os para que mostrassem a força na medida do necessário e para que
defendessem dos inimigos, semelhantes a lobos, os que oram e os que cultiva a terra16.
Bispo Eadmer de Caterbury,
Iluminura representando o trabalho servil sec. XI

17

16
Eadmer de Cantebury. Apud. COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p.
179.
17
COTRIM, G. Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012, p. 178.

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#desafio: Você conseguiria estabelecer a relação entre as ideias do documento acima e o


contexto histórico que estamos estudando?

5.1.1 Papel da Mulher na Idade Média


Normalmente, tem-se um pensamento negativo quando se relaciona o contexto medieval
com o modo de vida da mulher. E, de fato, a sociedade era misógina em todas as esferas. O
casamento era, na prática, um sistema que criava relações político-econômicas entre os feudos.
Era outra forma de consolidar as relações entre suseranos e vassalos.
A mulher, quando casada, era destinada à família do marido e não tinha o direito de herança
e sucessão. Além disso, recebia dotes, mas eles eram administrados pelo marido.
Como o sistema de dominação estava baseado na posse da terra e era a herança que
mobilizava a continuidade de poder de uma família, então, o controle sobre o corpo da mulher e
a reprodução era essencial para o status quo do sistema.
Já o cotidiano da mulher nobre não era tão passivo: ela tinha a função, por exemplo, de
administrar as despesas da casa, monitorar os ajudantes e responsabilizar-se pelos vestuários. Isso
era um papel importante, porque as famílias naquela época eram muito maiores.
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Por sua vez, as mulheres camponesas possuíam outro dia-a-dia. Os homens camponeses
trabalhavam na agricultura e as mulheres os acompanhavam e ajudavam. Também, existiam as
profissões de cozinha e de confecção que eram consideradas “femininas”.
De certa forma, foi no Medievo que as mulheres tiveram um avanço: a tentativa de libertação
através do trabalho, e em alguns casos, da educação formal. Isso não existia no contexto clássico,
pois o feminino apenas tinha algum papel na clandestinidade, especialmente, as mulheres de
Atenas.
Vale ressaltar, que a Igreja era a instituição mais influente na vida dos indivíduos. Dessa
forma, ela impunha certos preceitos que construíram a cultura e a forma de pensar medieval,
principalmente, em relação à mulher.
Por causa do “pecado da Eva”, por exemplo, as pessoas não viveriam no reino dos céus e as
mulheres teriam que viver para sempre com a dor do parto. Já Maria, era considerada a Virgem e
Santa que veio para redimir os homens. Ou seja, naquele momento histórico também persistia a
dualidade da visão masculina sobre o feminino.
Existiu a construção de um verdadeiro sentimento de negação do sexo feminino. Sua função,
para a Igreja, resumia-se à reprodução. Por isso, muitos manuais sexuais foram escritos para
“deserotizar” as relações entre homens e mulheres, diminuindo o próprio papel do prazer sexual
que passou a ser interpretado com pecado.
Outro fato interessante era a visão que se tinha da menstruação. As mulheres eram proibidas
de participar dos ritos sacerdotais e tocar os ornamentos sagrados pelo medo de contaminação

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que a menstruação poderia causar. Entretanto, ironicamente, era dentro dos conventos que as
mulheres poderiam conquistar maior liberdade, pois, ali tinham a oportunidade da aprendizagem.
Como as mulheres desenvolveram um conhecimento seu corpo e reprodução, elas sabiam
sobre métodos contraceptivos e sobre abortos. Por isso, elas eram consideradas bruxas, uma vez
que a “procriação” era uma “vontade divina”. Esse discurso religioso tomou grande vulto na Baixa
Idade Média, após a devastação populacional provocada pela Peste Negra (século XIV).
De toda forma, a situação de perseguição às mulheres foi se ampliando com os séculos. Na
transição da Idade Média para a Moderna, e da retomada do direito romano, que se começou a
restringir a pequena liberdade da mulher e sua capacidade de ação. A famosa caça às bruxas, por
exemplo, teve sua maior expressão durante os séculos XV e XVII e executou 40 a 100 mil mulheres
na fogueira.

Em alguns grupos dogmáticos contrários à Igreja católica, os chamados heréticos, as mulheres


tinham as mesmas funções religiosa que os homens: ministrar sacramentos e pragar, por exemplo.
Por isso, tinham maior mobilidade que as católicas. Cátaros, valdenses e arianos já cultuavam
“santas” – figuras femininas, em geral ligadas ao saber e ao pensamento.
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(Estratégia Vestibulares/2020/ profe. Alê Lopes)


A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem
e os outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não sofrem com a sua
disjunção; os serviços prestados por uma são a condição da obra das outras duas; e cada
uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo. De modo que essa tripla associação nem
por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar e que o mundo tem podido
gozar de paz.
(Adalbéron de Laon (c. 1020). Apud LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente
Medieval. Lisboa: Estampa, 1984, p. 45-46).
Assinale a alternativa que corresponde aos três estamentos sociais do mundo medieval
aludido no texto acima:
a) patrícios, plebeus e clero.
b) nobreza, servo e clero.
c) cavaleiros, agricultores e clero.
d) nobreza, patrícios e servos.
e) senhores, cleros e estrangeiros.

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Comentários
Durante a Idade Média na Europa, a divisão social estava pautada em três estamentos sociais:
clero, nobreza e servo. Por meio do texto do enunciado é possível perceber essa divisão já
que, para explicar o regime feudal, a Igreja divulgava a imagem da sociedade de três funções
como um corpo: aqueles que oravam (os clérigos da Igreja) eram a cabeça da sociedade; os
que combatiam (os guerreiros e cavaleiros das famílias dos senhores feudais, ou seja, a
nobreza) eram os braços; e os que trabalhava (os servos camponeses, ligados à terra dos
senhores por meio da relação de servidão) eram os pés da sociedade. Veja, então que a
metáfora utilizada por Adalbéron ao se referir à Casa de Deus possui, de fato,
correspondência na realidade dos estamentos sociais do feudalismo. Logo, nosso gabarito é
a alternativa b).
a) falso, pois “patrícios” é uma categoria social do Império Romano.
c) falso, pois “agricultores” é uma categoria genérica para trabalhadores rurais no período
contemporâneo. Agricultores se distingue de servos ou mesmo senhor feudal porque a
relação de posso e de trabalho com a terra é outra. Veja, o senhor tinha a posse mas não
trabalhava, já agricultores podem ou não ter a posse e trabalham; servos não têm a posse e
trabalham sob um regime de servidão em que não podiam abandonar a terra, já os
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agricultores podem ter a posse e trabalham sob pressupostos de uma economia liberal, ou
seja, são assalariados e, quando proprietários, podem ou não vender suas terras. Além disso,
cavaleiros não é uma categoria de estrato social, mas sim uma função desempenhada por
membros da camada social da nobreza.
d) falso, pois “patrícios” é uma categoria do período Romano.
e) falso, pois “estrangeiros” não é um estamento social, mas sim um termo utilizado desde a
Grécia Antiga para se referir às pessoas que não são da cidade. No período Romano, a ideia
de estrangeiro foi deixada de lado e um novo termo passou a ser usado “bárbaros” para os
romanos se referirem às pessoas que não faziam parte do Império Romano.
Gabarito: B
(FUVEST 1998)
"Assim, pois, a cidade de Deus que é tomada como una, na realidade tripla. Alguns rezam,
outros lutam, outros trabalham. As três ordens vivem juntas e não podem ser separadas. Os
serviços de cada uma dessas ordens permitem os trabalhos das outras duas e cada uma por
sua vez presta apoio às demais ".
O trecho anterior, escrito em 998 d.C., representa
a) um ataque à representação do Deus uno, defendida pelos monofisistas.
b) uma justificativa funcional das diferenças sociais no mundo medieval.

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c) um retorno às concepções de Santo Agostinho, que opunha à cidade de Deus a cidade


dos homens.
d) uma descrição da estrutura social de Roma, sede do papado e considerada a cidade de
Deus.
e) uma crítica à desigualdade entre os homens, pois estes são considerados iguais perante
Deus.
Comentários
Note que a última frase do trecho faz uma articulação entre religião, trabalho e guerreiros
como se fosse uma engrenagem. A questão faz referência a um momento histórico em que
a engrenagem das relações sociais feudais já estava mais consolidada, século X. Vimos acima
que essa engrenagem começou a ser construída antes e que um elemento da engrenagem
foi levando e puxando o outro. Só com isso, você já conseguiria eliminar a alternativa a)
porque ela isola um desses elementos, a religião, e afirma que Deus sofria ataques. Foi o
contrário, o trabalho e a atividade militar (dos cavaleiros, veremos isso ainda nessa aula)
possuíam um forte componente religioso. Por sua vez, a alternativa b) reafirma a partir da
ideia de funcionalidade, toda a engrenagem que foi sendo construída com a ruralização, com
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o fortalecimento do cristianismo, etc. Já a alternativa c) faz uma afirmação errada do


pensamento de Santo Agostinho, pois este pensador refletia sobre a complementariedade
entre Deus e os homens. A alternativa d) está descontextualizada e essa já deve ser riscada
logo na primeira leitura. Por fim, a alternativa e) tá mais para prova de interpretação de texto
do que história: o trecho não faz crítica à injustiça social.
Gabarito: B

5.2 POLÍTICA

Uma dúvida, Profe: aonde foi parar o rei? Falamos de nobres, senhores feudais, cavaleiros,
clero...mas e cadê o rei nisso tudo?

O rei existia sim, pois esse era título de nobreza mais importante e antigo. Ele provém de Carlos
Magno, seus filhos e os filhos de seus filhos.
Contudo, articula uma coisa comigo:
A origem do poder político na Baixa Idade Média era a terra, certo?? Na
verdade, já era assim antes. Lembra de que os patrícios, na Roma Antiga,
eram donos de terra e, por isso, tinham mais poder? Especialmente, no
contexto das invasões bárbaras, entre os séculos V e IX, conquistar e deter
terras era atividade fundamental para obter poder político. Esse processo

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fazia parte da formação dos Reinos Germânicos, como o Reino Franco existente entre os séculos
V e VIII d.C.
No entanto, a partir da fusão do comitatus (estabelecimento de laços de fidelidade entre o
chefe militar e os seus comandados guerreiros) com o beneficium (os chefes militares concediam
a seus guerreiros posses de terras), gerou-se a relação de Suserania e Vassalagem. Ou seja, o REI,
em troca de fidelidade oferecia terra aos guerreiros.

Para esclarecer, SUSERANO é diferente de vassalo. O suserano é quem doa a terra e o vassalo é
quem a recebe.
Iluminura que representa relações de

SUSERANO VASSALO
- Doa terra - Recebe a
terra
suserania e vassalagem

- Recebe
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proteção - Oferece a
proteção

O resultado dessas relações foi a fragmentação territorial dos reinos e, consequentemente,


a descentralização do poder político. Os guerreiros, agora senhores de terra e agraciados com
títulos de nobreza (títulos nobiliárquicos), tinham poder sobre suas terras e sobre tudo o que
estivesse nela. Por isso, no feudo, o nobre senhor feudal era o único a exercer o poder temporal
(terreno) sem interferência de qualquer outro senhor, nem mesmo seu suserano. Veja o que diz a
professora Mônica Amim18:

Visto que as invasões marcaram um período essencial para a formação das sociedades
feudais do Ocidente, verifica-se então a consolidação do poder dos castelães19 que
podiam oferecer abrigo fortificado [...]. Consequentemente, instalou-se uma nova
ordem baseada em laços de dependência e juramentos que, aliada à emancipação dos

18
AMIM, Mônica. Idade Média: um tempo de fazer cristão. In: Revista ComparArte, Rio de Janeiro, Volume 01,
Número 01, Jan-Jun 2017, pp. 12116-142.
19
Castelães, nesse caso, era o dono do castelo ou o senhor de terra.

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principados regionais, constituía-se em verdadeiro obstáculo à autoridade real. (p. 123


– grifo nosso)

Lembro mais uma vez de que relação de suserania e vassalagem se trata de uma relação entre
dois membros da nobreza. Não confunda com as relações de servidão estabelecidas entre o
senhor feudal e um servo!!

Essa descentralização política pode ser exemplificada pela lógica “o vassalo do meu
vassalo, não é meu vassalo”, ou seja, os laços de dependência e juramentos era uma relação entre
dois nobres apenas. Quando o vassalo morria, o feudo ficava de herança para seu primeiro filho
homem (direito de primogenitura). Mesmo assim, o herdeiro precisava refazer o ritual da relação
de suserania e vassalagem para, assim, tornar-se o vassalo do suserano de seu falecido pai.
Entendeu? Leia um trecho do estudioso E.A. Kosminsky20:

“O rei não tinha poder algum sobre os domínios dos duques e condes. Seus vassalos
não eram considerados súditos dos reais. Vigora um princípio segundo o qual “o vassalo
de meu vassalo não é meu vassalo”. Cada um dos duques e condes administrava os
assuntos do governo interno, fazia a guerra e firmava tratados, sem consultar o rei. Os
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duques e condes tinham seus próprios vassalos, os quais por sua vez, podiam ter os
seus cavalheiros de menor categoria. [...]O vassalo recebe do senhor um feudo. O feudo
se transmitia por herança ao filho mais velho Depois da morte do vassalo, seu filho mais
velho se apresentava perante o senhor, ajoelhava-se, punha suas mãos nas mãos do
senhor e se declarava seu vassalo: jurava fidelidade ao senhor e se comprometia a
servir-lhe daí em diante. Então, o senhor lhe transmitia a posse do feudo.” (grifo nosso)

Dito isso, concluímos que o título de rei continuava existindo, mas sem um grande reino
com poder centralizado. O rei é, também, um importante senhor feudal. Entendeu?

Por isso, no feudalismo, a relação política fundamental era a de SUSERANIA e VASSALAGEM.

5.3 ECONOMIA
De um ponto de vista mais geral, a economia na Europa Ocidental era rural, com graus diferentes
a depender da região. Em especial, na Baixa Idade Média, a economia europeia ficou isolada em
relação aos outros continentes. Em muitas regiões, ocorreu o desaparecimento da moeda devido
ao desuso. Além disso, os pesos e medidas se regionalizaram. Tudo isso se transformou em um
obstáculo maior à atividade mercantil.

20
KOSMINSKY, E.A. História da Idade Média. Centro do Livro Brasileiro. Sem Data. p.35.

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É verdade que, durante o Império Carolíngio, no Governo de Carlos Magno, houve uma abertura
de rotas para a exploração mercantil, mas elas não foram suficientes para reverter a dinâmica
estrutural do empobrecimento do Ocidente Europeu desde o século V, com a desintegração do
Império Romano do Ocidente. Dessa forma, o feudo foi a unidade produtiva que resultou dessa
experiência multissecular. Nos feudos, a economia era autossuficiente, ou seja, produzia-se o
necessário para a sociedade que ali vivia. Até o século X, dificilmente ocorria excedente de
produção. Isso acontecia porque as técnicas de produção eram rudimentares e existia grande
preocupação com as
invasões de povos de fora
dos feudos.
Como não havia grandes
atividades econômicas,
porque a produção era
de subsistência, e como
não havia moeda, as
trocas e o pagamento de
taxas e impostos eram
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realizados por meio da


própria produção. Um
bom exemplo, foram as
taxas que os servos
tinham que pagar aos
senhores feudais. Essas
eram, majoritariamente,
em víveres21.
E você lembra quais
foram as taxas que os
servos tinham que pagar
OBRIGATORIAMENTE?

21
Víveres eram os mantimentos ou alimentos necessários à sobrevivência.

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(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Ela [a Igreja Católica] foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam
agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a
escrita se tornara clerical... A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa
passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois modos de produção.
Adaptado de ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1989, p. 131.
Os dois modos de produção citados no contexto descrito pelo autor são:
a) Feudalismo e capitalismo
b) Escravismo e mercantilismo
c) Feudalismo e mercantilismo
d) Feudalismo e capitalismo
e) Escravismo e feudalismo
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Comentários:
O texto dessa questão trata sobre a Igreja Católica na passagem da Antiguidade para a Idade
Média (“passavam agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa
Feudal”). Mas o comando da questão vai além e pergunta sobre os modos de produção
citados. Logo, você precisaria lembrar do modo de produção predominante na Antiguidade
e na Idade Média. Respectivamente são o escravismo e o feudalismo.
Veja que cada alternativa faz um “parzinho” de modos de produção utilizando os quatro
modos de produção mais estudados na história: escravismo, feudalismo, mercantilismo e
Antiguidade
capitalismo
Assim, a dica é: cada momento da história
Escravismo
tem um modo de produção predominante.
Veja o esquema:
Idade Média
Apenas tenham cuidado porque isso é um
Feudalismo esquema “tipo-ideal”. As relações sociais
e de produção advindas de cada um
Modernidade
desses modelos sofrem mudanças,
Mercantilismo interações a depender do contexto e de
experiências específicas. Sempre se
Contemporaneidade liguem no texto e no comando da questão,
ok!
Capitalismo

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Vamos analisar cada alternativa agora. Vou apontar os erros:


Capitalismo
Mercantilismo
Mercantilismo
Capitalismo
Gabarito!!
Gabarito: E

6. AS TRANSFORMAÇÕES NO FEUDALISMO
Se no século IX a Europa Ocidental estava ameaçada pelas incursões dos vikings e normandos
e, por isso, a população se refugiava nos feudos, no século XI, o continente se encontrava
superpovoado e em paz. Muita atenção, Coruja!!!
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❖ Ocorreu um longo e intrínseco processo de melhoria no processo produtivo. Veja:

Ampliação das áreas agricultáveis e melhoria das técnicas de produção.

• Mudança na forma de uso da terra:

➢ Uso de sistema de rotação de


culturas: rotação entre 3 campos que
propiciava cultivos diferentes e o descanso a
cada dois anos de cultivo (pousio).
➢ Ampliação das áreas de cultivo
agrícola: inicialmente vimos que havia
espaços certos para o plantio: os mansos
senhorial e servil. O manso comunal –
composto por pântano, pasto e bosque não
eram utilizados na plantação. Então a
expansão territorial se deu nesses espaços.

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• Aperfeiçoamento das técnicas e instrumentos de produção:

➢ Charrua: instrumento de arado feito de ferro. Antes eram feitos de madeira e se quebravam
com frequência, além de não conseguirem arar áreas mais pedregosas.
➢ Peitoral: peça feita de couro e almofadada que era colocada no cavalo para ele puxar
melhor a charrua.
➢ Ferradura: peça fixada nas patas do cavalo para proteger seu casco e conseguir andar mais
e em terrenos mais pedregosos.
➢ Moinho hidráulico: equipamento usado para moer cereais e esmagar olivar, quebrar
minérios (ou para assustar Dom Quixote de la Mancha, heheh ) utilizando a força das águas dos
rios.
Todo esse melhoramento na produção não apenas evitou a fome como gerou excedente
de produção. Isso criou demandas no sentido da dinamização das atividades econômicas. Era
necessária uma atividade comercial mais robusta e vigorosa.

Porém, essa demanda esbarrava nos interesses dos senhores feudais que aumentavam cada vez
mais as taxas cobradas dos servos, colocavam barreiras para o avanço das inovações agrícolas e,
também, para as atividades comerciais que extrapolassem os muros dos feudos.
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Além disso, o aumento da circulação de grãos, aves, gado, lã, ferramentas impulsionou os
setores do artesanato e do comércio. Assim, muitos servos acabaram por se envolver nessas
atividades e, então, dois grupos econômicos importantes voltaram à cena: os artesãos e os
mercadores.
Interessante notar que quanto mais a tecnologia avançava no sentido de melhorar a produção
e aumentar sua capacidade, mais e melhor ficava a alimentação da população. Desse processo,
também se geravam aumento da expectativa de vida e diminuição da mortalidade. É como um
ciclo vital!
Veja o que diz o professor Perry Anderson sobre isso:

“A dramática aceleração das forças de produção detonou uma correspondente


explosão demográfica. A população total da Europa Ocidental provavelmente foi além
do dobro entre 950 e 1348, indo de uns 20 milhões de habitantes para 54 milhões. Tem
sido calculado que a expectativa média de vida, que seria de uns 25 anos no Império
Romano, teria subido para 35 anos pelo século XIII, na Inglaterra feudal”

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Observe nas tabelas abaixo o crescimento demográfico em algumas regiões da Europa


Ocidental, durante a Idade Média Central:
Crescimento Demográfico na Europa
Ocidental entre os anos 1000 e 1500
País Sec. XI Séc. XIV 60

população em milhões
50
Inglaterra 2 milhões 5 milhões 40
30
Itália 5 milhões 10 20
milhões 10
0
França 6 milhões 16 1000 1100 1200 1500

milhões Série 1

Fonte22

Observados os dados anteriores, podemos afirmar que realmente houve uma grande
expansão demográfica. E essa expansão é muito maior do que a capacidade produtiva. Disso
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decorreu como primeira consequência: a necessidade de aumentar a produção mais ainda para
evitar fenômenos de fome, como o que ocorreu em 1033.
Segundo o historiador Perry Anderson, o desfecho desse processo foi a crescente diferenciação
social nos feudos.23.

Agora preste MUITTTAAAA atenção:

É verdade que os artesãos permaneceram ativos durante todo esse tempo que
estamos estudando, especialmente, aqueles que serviam aos nobres: os
armeiros, nas batalhas medievais; ourives, na construção e ornamento dos
castelos e igrejas. Mas, o artesanato se diversificou e muitas outras atividades
foram criadas, sobretudo, aquelas ligadas às atividades mercantis.

Os mercadores foram muito importantes nas transformações ocorridas no feudalismo durante a


Idade Média Central. Eles semearam mudanças de mentalidade ao necessitar de uma estrutura
econômica, política e social mais fluida, livre e dinâmica – ou seja, fora dos valores, da moral e da
mentalidade do Mundo Feudal.

22
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa. 1983, pp. 87-139.
23
ANDERSON, Perry, op. cit. P. 181.

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Contudo, apesar desse dinamismo, não houve espaço para todo mundo. Muitos foram os
excluídos da estrutura social feudal! O aumento populacional, a escassez de terras agricultáveis e
as elevadas taxações impostas pelos senhores feudais fizeram aumentar o custo de vida e deixaram
uma parte muito significativa dos servos fora do dinamismo. Alguns foram expulsos ou fugiram do
feudo, esconderam-se nos bosques ou foram para os centros das antigas cidades marginalizadas
(não vem à mente de vocês aquele carinha, Robin Hood? hehe).
Acontece que a escassez de terras agricultáveis não atingiu apenas servos. Os filhos de
senhores feudais também. Lembra-se de que as terras eram sempre doadas em troca de proteção,
né? Portanto, não tinham valor monetário. Assim, em um contexto de paz, sem terras a serem
doadas e estando proibidas as investiduras leigas (que vocês aprenderão na próxima seção), o que
é que o filho do senhor feudal ia fazer da vida? É daí que surge a figura de Dom Quixote de La
Mancha - o cavaleiro andante que luta contra os velhos moinhos de vento...
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Essas mudanças que estamos discutindo estão relacionadas com o esgotamento do modelo de
autossuficiência do feudo. O feudo não respondeu às novas exigências e demandas de um cenário
que começava a mudar.
Portanto, querida e querido aluno, estamos diante do processo de desagregação do feudalismo
e de todas as relações que se desenvolveram e se consolidaram nesses séculos, desde o V. Assim
como foi com o Império Romano, a desagregação do feudalismo foi um processo lento, que
enfrentou a transição do velho mundo para um novo mundo.
Cabe-nos, agora, descrever o desenrolar esse processo e as consequências dessas
transformações.

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“O que é um estudo, quantas formas dele existem e por mandado de quem deve ser feito.
Um estudo é uma associação de mestres e escolares feita num determinado lugar com a
vontade e a intenção de aprender os saberes. E dele existem duas modalidades: uma é a que
chamam ‘estudo geral’, onde há mestres das artes, assim como de gramática, de lógica, de
retórica, de aritmética, de geometria e de astrologia, e outrossim em que há mestres de
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decretos e senhores de leis (mestres de direito civil); este estudo deve ser estabelecido por
mandado de papa, de imperador ou de rei.
A segunda modalidade é a que chamam ‘estudo particular’ quer dizer quando um mestre
ensina nalguma cidade, apartadamente, a poucos escolares.
E este, pode manda-lo fazer o prelado ou conselho de qualquer lugar”.
Afonso X, o Sábio. Las Siete Partidas [XIII]. In: História da Idade Média: textos e testemunhas.
São Pulo Editora Unesp, 2000, p. 182.
O texto acima, escrito pelo rei de Castela, aproximadamente entre 1256 e 1265, revela que
a) o desenvolvimento das cidades intensificou a demanda por uma população instruída e
reforçou a necessidade de formar funcionários públicos e melhores clérigos.
b) o clero não tinha nenhum interesse no fortalecimento das universidades, pois estas
desafiavam o controle eclesiástico sobre a religiosidade e a produção de conhecimento.
c) as universidades eram completamente dominadas e financiadas pela Igreja Católica, sem
espaço para o desenvolvimento de um pensamento laico ou dissidente.
d) a Europa ocidental viveu um período de obscurantismo e inércia intelectual, no qual não
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houve nenhum tipo de desenvolvimento técnico ou científico.


e) o esforço das autoridades e estudiosos em solucionar o declínio do comércio e o êxodo
urbano falhou, tornando inevitável a consolidação do feudalismo.
Comentários
Repare que o texto é um documento de época e foi produzido no século XIII, ou seja, durante
a Idade Média. É de autoria do rei de Castela, um dos reinos que mais tarde daria origem à
Espanha, no século XV. Entretanto, estamos falando de um período bem específico da Idade
Média. Lembre-se que esse período é comumente dividido em três fases: a Alta Idade Média
(s. V-X); Idade Média Central (s. X-XII); e Baixa Idade Média (s. XIII-XV). Note, então, que o
texto foi escrito neste último momento, marcado por um processo que chamamos de
renascimento comercial e urbano, quando o feudalismo começava apresentar sinais de
declínio. Além disso, é um período posterior às Cruzadas, o que sugere que a Europa já havia
restabelecido contato comercial e diplomático com civilizações do Mediterrâneo e do
oriente, proporcionando a circulação de saberes e mercadorias. Por sua vez, o texto em si
disserta sobre as características e procedimentos adequados para dois tipos de estudos. É
como se o autor estivesse procurando regulamentar, ou padronizar, as formas de se produzir
conhecimento. Sabendo disto, vejamos o que esse documento revela:
a) Correta! O fortalecimento das cidades era crescente e derivado de uma dinâmica interna
de deslocamento dos servos rumo a elas e pelo aumento da produção agrícola que
demandava a venda de excedentes. Porém, também foi impulsionado pela retomada das
rotas comerciais pelos europeus ao longo das Cruzadas, o que permitiu a circulação de

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textos, obras de arte, mercadorias e pessoas. Vale ressaltar que, apesar das cidades italianas
monopolizarem o comércio marítimo no Mediterrâneo, os principais centros de tradução
eram a Espanha – onde as civilizações cristã e muçulmana se encontraram – e a Sicília,
controlada por Bizâncio até a última metade do século IX e em seguida pelo Islã, até que os
cristãos normandos concluíssem a conquista da ilha em 1091. Assim, nos séculos XIII e XIV,
ocorreu um autêntico movimento científico e a difusão de universidades por toda Europa.
b) Incorreta. A edificação de universidades era interessante tanto para autoridades seculares
quanto eclesiásticas. Como a alternativa “a” afirma, corretamente, as universidades
formavam funcionários públicos para trabalharem no Estado assim como auxiliava na
padronização da formação do clero. Lembre-se que durante a Idade Média a Igreja Católica
teve que lidar com uma série de movimentos heréticos que questionavam seu monopólio
sobre as doutrinas religiosas. Inclusive, muitos clérigos da própria Igreja chegaram a desafiar
alguns dogmas. Para contornar essa situação, foi promovida a escolástica, uma corrente
filosófica que resultou da síntese do pensamento greco-latino com os dogmas do catolicismo.
Surgida no século XII, procurava aliar fé e razão e confirmar a veracidade dos dogmas
religiosos por meio da argumentação racional. A nova corrente cristã ficou conhecida como
escolástica porque seus fundamentos eram ensinados nas universidades, também chamadas
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de escolas.
c) Incorreta. A existência do documento exposto pela questão prova que não apenas a Igreja
tinha interesse no desenvolvimento das universidades. Escrito pela iniciativa de um rei, o
texto é um corpo normativo, com o objetivo de conseguir certa uniformidade jurídica para o
reino de Castela. Por isso, vemos a preocupação em regulamentar as formas e
procedimentos adequados para a realização de estudos científicos. Ainda, essa jurisdição
dupla (laica e eclesiástica) das universidades medievais se expressava nos dois tipos de
estudos descritos pelo autor, uma vez que o “estudo geral” podia ser encomendado por
“papa, imperador ou rei”; e o “estudo particular” podia ser requisitado por “prelado ou
conselho de qualquer lugar”.
d) Incorreta. A ideia de que a Idade Média foi um período de trevas e obscurantismo
intelectual faz parte de um estereótipo nutrido pelos estudiosos no período renascentistas,
que criticavam o controle da Igreja sobre o pensamento. Eles se inspiravam na tradição
greco-romana, considerada o auge da civilização humana até então. Todavia, mesmo com a
doutrinação católica, o período medieval teve grandes produções científicas e culturais. A
própria expansão das universidades é prova disso, mas também podemos notar o
desenvolvimento de técnicas agrícolas mais eficazes (como o arado e a rotação de culturas),
além da grande profusão de músicas e literaturas medievais. Igualmente, as arquiteturas
românicas e góticas demonstram as habilidades dos homens medievais na engenharia e
construção civil.
e) Incorreta. Na verdade, a expansão das universidades não se relaciona com o declínio do
comércio e das cidades, mas sim com seu renascimento. Lembre-se que o feudalismo

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predominou apenas entre os séculos X e XII e, como já disse, começou a declinar graças ao
crescimento populacional, o excedente de produção, as Cruzadas, a revitalização das cidades
e do comércio.
Gabarito: A
(ENEM 2017)
Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por
toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo
das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da
Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado,
desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento.
DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987
(adaptado).
O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico
na Europa ocidental feudal, que resultou do(a)
a) crescimento do trabalho escravo.
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b) desenvolvimento da vida urbana.


c) padronização dos impostos locais.
d) uniformização do processo produtivo.
e) desconcentração da estrutura fundiária.
Comentário
A alternativa b) está correta porque o crescimento das cidades na Europa feudal em paralelo
ao crescimento demográfico aumenta o consumo dos produtos gerando o aperfeiçoamento
das raças com métodos mais racionais na criação do gado. As alternativas incorretas são: a),
porque o trabalho escravo não está associado ao consumo dos produtos, ao contrário, Perry
Anderson alega que o escravismo contribuiu para o estacionamento do desenvolvimento da
técnica e o fim dessa relação de trabalho, ainda que de maneira limitada, impulsiona do
desenvolvimento da técnica durante a Idade Média; c) está incorreta porque não havia
padronização dos impostos, cada senhor feudal tinha autonomia para definir as taxações; o
item d) está incorreto pois a uniformização de processo produtivo também não era uma
realidade do mundo rural medieval e essa técnica nada explica sobre melhoramento das
raças; por fim, o item e) fala sobre desconcentração fundiária, e este não alavancaria a
melhoria das raças.
Gabarito: B

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7. OS CONFLITOS RELIGIOSOS NA IDADE MÉDIA CENTRAL


7.1 QUERELA DAS INVESTIDURAS: AS DISPUTAS ENTRE O PAPADO E OS NOBRES
A pergunta aqui para começar é: na Idade Média Central, qual dos poderes é mais importe:
o temporal ou o espiritual? Quem vem em primeiro lugar.
O conflito entre o Papado e os Nobres, sobretudo, aqueles que ainda mantinham algum
poder relevante baseado nos títulos (rei, por exemplo), marcou esse período.
Por um lado, desde Roma, havia a tradição do poder temporal mandar no espiritual. Vimos
isso no caso do Cisma do Oriente, lembram-se?
Pois bem, nesse contexto, sobretudo, após o Cisma do Oriente (1054), o papado, em Roma,
começou a elaborar reformas. Uma delas, promovida pelo papa Gregório VII, no século XI, em
1073, ficou conhecida como a reforma gregoriana, a qual buscou reafirmar a supremacia do poder
espiritual sobre o temporal.
Entre os pontos fundamentais dessa reforma estavam:
✓ a consolidação do poder supremo do Papa;
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✓ a determinação para que os senhores feudais, e os leigos de uma forma geral, não
mais nomeassem os bispos de sua região;
✓ estabelecer o poder do Papa sobre o poder feudal.

Esse último aspecto era importante para assegurar o comando sobre mentes e corações
dos cristãos. Em dois anos, o Papa Gregório derrubou vários prelados (ordenações) concedidos
em troca de alguma riqueza. Também instituiu o celibato clerical como regra. Isso gerou grande
insatisfação dos senhores feudais mais poderosos
Dessa iniciativa do Papado em controlar as nomeações dos bispos e dos padres nas
paróquias, eclodiu a Querela das Investiduras, isto é, a disputa entre nobres e senhores, de um
lado, e, do outro, a Igreja.
Em resposta às Reformas de Gregório, Henrique IV, rei do Sacro-Império, reuniu os bispos
subjugados ao seu poder político para anular o poder de Gregório VII.

Professora, pelo amor de Deus, quem é esse Sacro-Império Germânico?


Pessoal, é aquela parte no Leste Europeu que, na divisão do Tratado de Verdun, ficou para
Luís, o Germânico. Nessa área, a feudalização foi diferente e não se aprofundou tanto. Havia um
sistema de votação entre os nobres para definir um deles como “imperador”. Assim, aqui o
sistema de relação entre o poder político e religioso era o cesaropapismo e, por isso, Henrique IV
foi para cima do Papa Gregório.

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Vamos voltar à história, o Papa, ao tomar conhecimento dos planos do rei germânico,
ordenou a sua excomunhão e livrou os bispos germânicos do poderio de Henrique IV. Caiu a ficha
do imperador, afinal, ele não era aquele grande e centralizador imperador, como o do Império
Bizantino. Assim, o rei Henrique implorou o perdão do Papa. Ele permaneceu três dias e três
noites rezando na neve.
Mas, olha a cena, ao obter o perdão papal, o nobre germânico organizou tropas militares
incumbidas de derrubar o papa. Traidor do perdão... acuado, Gregório VII se exilou na França,
naquilo que ficou conhecido como “cativeiro de Avignon”.
Nesse período, existiram sete papas que exerceram suas funções no Palácio dos Papas de
Avignon. São eles:
 - Clemente V (pontificado de 1305 a 1314)
 - João XXII (pontificado de 1316 a 1334)
 - Bento XII (pontificado de 1334 a 1342)
 - Clemente VI (pontificado de 1342 a 1352)
 - Inocêncio VI (pontificado de 1352 a 1362)
 - Beato Urbano (pontificado de 1362 a 1370)
 - Gregório XII (pontificado de 1370 a 1378)
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O conflito só se resolve em 1122 com a assinatura da Concordata de Worms cuja solução


mediada estabeleceu 2 formas de investidura:

Concordata
de Worms
1122

Investidura Investidura
Espiritual Leiga
feita pelo Papa feita pelo rei

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7.2 OUTRAS DOUTRINAS CRISTÃS: AS HERESIAS


Por volta dos séculos XII ao XIII, houve o surgimento de seitas e facções que, embora
baseadas no cristianismo, contrariavam a doutrina oficial da Igreja Católica no que se referia a
princípios mais estruturantes e, por isso, geravam incompatibilidades de doutrinamento. Essas
divergências passaram a ser denominadas de heresias. Surgiram como movimentos espontâneos,
mas, algumas delas, fundaram igrejas com hierarquias próprias. Elas foram classificadas em 2 tipos:
caráter
dogmático e
filosófico
ORIENTAL
praticada por
doutores e
eruditos
Heresias

Caráter popular
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OCIDENTAL
praticada por
pessoas iletradas e
pouco instruídas

Os chamados hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica,
principalmente após a criação e organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XIII, em 1231
pelo Papa Gregório IX. O objetivo do Tribunal era descobrir e julgar os hereges e o julgamento
desses hereges chamava-se Inquisição do Santo Ofício. Os castigos iam de excomunhão até morte
na fogueira.
O historiador Georges Duby24 associa o aparecimento e as atividades dos grupos
considerados heréticos como um sinal de vitalidade intelectual daquela época porque, na prática
representavam o questionamento a um sistema que se pretendia universal e homogêneo. Veja
um trecho em que afirma tais ideias:

“A Idade Média foi o momento de um fervilhar de heresias no interior de um sistema


homogêneo, que era o cristianismo. A Igreja preocupou-se em destruir esses desvios,
e com violência. [...] O que ocorria, sobretudo, eram movimentos de resistência e

24
DUBY,G. Ano 1000, ano 2000: na pista dos nossos medos. SP: Unesp, 1998.

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revolta com relação às instituições eclesiásticas. E é nisso que as heresias, apresentadas


sob um aspecto inteiramente negativo, constituem também um sinal de vitalidade
daquela época, na qual fermentava, irreprimível, a liberdade de pensamento.” (p. 133
– grifo nosso)

Fé e Razão na Idade Média

Na Idade Média, o pensamento Escolástico se destacou. Esse pensamento foi formado a partir
das escolas e universidades que vinham se desenvolvendo desde o Império Carolíngio. Nesse
sentido, a Igreja Católica foi responsável por valorizar cultura e educação com ênfase na fé
católica. Contudo, nesses espaços de pensamento e de reflexão, resgataram-se autores como
Aristóteles e debates sobre a metafísica e as ciências naturais foram gestados. Assim, a fé
católica ganhou um “plus”: a reflexão racional. Por exemplo, o pensador desse período Tomás
de Aquino defendia que o combate às heresias deveria ser travado por meio de teorias
racionais e do conhecimento científico.

E como era o ensino Escolástico? Ele era divido nas chamadas artes liberais:

# Trívio: estudo da Gramática, da Retórica e da Lógica.


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# Quadrívio: estudo da Aritimética, Geometria, Astronomia e Música.

Dois pensadores que se destacaram nesta tarefa de dar explicações racionais a


religiosidade foram Santo Agostinho (354 d.C - 430 d.C) e Tomás de Aquino (1225-1274). Este
último, em particular, foi responsável por retomar o pensamento de Aristóteles e Agostinho se
baseou na filosofia de Platão.

Filosofia e Justiça na Idade Média

Para Santo Agostinho, a filosofia somente seria legítima nos limites da verdade da
religião, pois a fé, e não a razão, seria a base da visão de mundo do cristão. Nesses
termos, é a graça de Deus, e não a virtude dos homens, que leva à salvação.

Na obra A Cidade de Deus, impactado pelo declínio de Roma, após a invasão pelos
bárbaros, Agostinho passa a refletir sobre a vida terrena em comparação à vida em
Deus. Para ele, a cidade humana estaria recheada de vícios e injustiças. Por isso, é
na fé, ou em Deus, que se encontra o justo, de modo que não são os atos humanos (livre
arbítrio) que dizem o que seria ou não justo, mas a vontade de Deus.

A partir dessa reflexão agostiniana, a qual foi hegemônica até o surgimento da escolástica
(século IX), o pensamento medieval passou a conceber o direito natural como um conjunto de

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regras inflexíveis oriundas do divino. Pela vontade de Deus, os homens têm certa posição na
sociedade, e os mais altos devem mandar, e os subordinados devem se submeter.

Diferentemente de Agostinho, Tomás de Aquino retoma as possibilidades racionais que


Agostinho inferiorizava, em particular, porque São Tomás parte do método da escolástica, isto
é: leitura, interpretação atenta dos textos, debate, reflexão e pregação. Dessa forma, o
pensamento tomista retoma a importância da razão e dos atos humanos, já que os homens
pensam. Agora, ele o faz para fundir com a teologia e não para sobrepor a razão à fé.

Na obra mais famosa de Aquino, Suma Teológicas, ele defende que a justiça divina só é
possível de ser conhecida por meio da fé e da razão. Essa fusão só é possível porque se a
natureza é obra de Deus, para conhece-la é preciso usar da razão e, com isso, chegando-se à
revelação. Agora, repare o próprio acesso ao conhecimento somente ocorreria se a pessoa
fosse iluminada por Deus. Por meio dessa perspectiva, para Tomás de Aquino as regras seriam
flexíveis, pois o mundo muda conforme ele é compreendido e refletido.

Veja, então, que Tomás de Aquino é mais aberto e flexível do que o pensamento até então
hegemônico de Agostinho. Após as elaborações tomistas estas passam a se hegemônicas. Veja
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que interessante, o momento histórico de Aquino, final do século XIII, anunciava a iminência
do Renascimento.

Agora, pega o Bizu:

# Agostinho: a fé é o meio fundamental de acesso à virtude e ao justo; cidade espiritual de


Deus X cidade material dos homens; realidade inflexível.

# Tomás de Aquino: fé e razão se complementam, de modo que a fé é justificada pela razão;


realidade flexível.

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Atualmente pouco se sabe sobre as diversas seitas hereges que durante mais de três séculos
floresceram entre as “classes baixas” de Itália, Flandres e Alemanha, no que sem dúvida foi
o movimento de oposição mais importante da Idade Média. Isso se deve, fundamentalmente,
à ferocidade com que foram perseguidas pela Igreja, que não poupou esforços para apagar
todo rastro de suas doutrinas. [...] para erradicar sua presença, o papa criou uma das
instituições mais perversas jamais conhecidas [...] (Silvia Federici. Calibã e a Bruxa. Ed.
Elefante, 2109).
Considerando o contexto descrito no texto, a instituição criada pela Igreja na baixa idade
Média foi ou foram:
a) O tribunal Católico, com o objetivo de catequisar os pagãos.

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b) As Missões Jesuíticas, com a missão de catequisar índios na América


c) O Tribunal da Santa Inquisição, com a função de perseguir e destruir doutrinas divergentes
dos dogmas considerados oficiais.
d) As Cruzadas, com o objetivo de lutar contra os muçulmanos considerados heréticos.
e) A Santa Inquisição, com o objetivo de libertar a terra Santa dos infiéis.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


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As rotas representadas no mapa acima permitem afirmar que, durante a Baixa Idade Média
a) A Europa ficou isolada devido à feudalização da sua economia.
b) Os árabes controlavam sozinhos todas as rotas da seda.
c) Existia um circuito comercial mercantil entre a Ásia, África e Europa.
d) O continente africano participava da interação comercial, mas não tinha produtos de
grande interesse no mercado europeu.
e) A Ásia era um grande mercado consumidor de produtos eurasianos.

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Comentários
A questão demanda a interpretação do mapa, especificamente das indicações fornecidas
pelas setas, que representam o sentido das rotas.
a) errado, pois as setas mostram que a Europa não ficou isolada, de modo que, tanto por
terra, quanto por mar houve atividade comercial.
b) falso, pois havia comércio e comerciante na Europa e Ásia. Os árabes, de fato, estavam
em um ponto estratégico para fazer as mediações e negociações comerciais, pois,
praticamente, todas as rotas passavam por eles.
c) exato, pois a afirmação confirma os sentidos das rotas em diversos pontos dos três
continentes.
d) errado, pois havia ouro na África, de modo que várias rotas foram abertas para escoar
esse metal.
e) falso, pois o sentido do consumo estava em direção aos europeus, então, seria o inverso
da afirmação.
Gabarito: C
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8. AS CRUZADAS CATÓLICAS
Nesse processo de afirmação da Igreja Católica para resolver suas crises, para se impor no
mundo medieval e, ao mesmo tempo, ajudar a solucionar problemas estruturais do feudalismo,
surgiu o Movimentos das Cruzadas.

As Cruzadas foram as peregrinações - de caráter militar e religioso - dos cristãos da Europa


Ocidental para recuperarem Jerusalém, a Terra Santa, dos mulçumanos. Desde o século IV, em
razão de Jesus Cristo ter sido morto, crucificado e, segundo a crença bíblica, ressuscitado em
Jerusalém, a cidade palestina recebia fiéis que buscavam purificar seus pecados e adquirir a
salvação de Deus.

Porém, as Cruzadas adquiriram contornos de grandes deslocamentos de massa,


verdadeiros exércitos. Elas partiam de diversos pontos da Europa e marchavam até a região da
Palestina. Para você ter uma ideia, na Primeira Cruzada, cerca de 60 mil guerreiros partiram em
direção a Jerusalém em um trajeto de 5 mil quilométricos que levou 3 anos para ser completado.

No total, entre o século XI e XIV, foram 8 cruzadas consideradas oficiais, isto é, organizadas pela
Igreja e pela nobreza. Fala-se em “cruzadas oficiais” porque em 1096, antes da primeira cruzada,
houve uma cruzada popular - a dos mendigos - não organizada pelo papado, mas por alguns
senhores feudais. Tal como essa cruzada popular, em 1212 houve a Cruzada das Crianças, baseada
na ideia de que a pureza dos cristãos inocentes poderia derrotar os infiéis definitivamente. Tanto

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a Cruzada dos Mendigos quanto a das Crianças foram massacradas e, como afirmam alguns
historiadores, indiretamente, fez-se um controle populacional.

É verdade que a ideia de levar a guerra santa aos muçulmanos não era nova. O papa
Gregório VII já havia proposto uma força expedicionária para ajudar os bizantinos contra os turcos
seljúcidas. O Basílio Miguel VII (do Império Bizantino) pedira ajuda ao Papa, pois o Império estava
em conflito com os turcos no Leste, com os pechenegues nos Bálcãs e com os normandos no sul
da Itália. No final de 1074, o Papa pensou em liderar esta expedição, pois vislumbrava uma forma
de articular o fim do Cisma de 1054. Porém, essas intenções não vingaram. Gregório morreu em
1085.
Em 1088 assume o papado da Igreja Urbano II, um líder que pretendia salvar a Igreja das
diversas crises. Em 1089, Urbano começou uma reaproximação diplomática com Constantinopla,
cujo Império necessitava conter o avanço dos turcos – já convertidos ao islamismo - sobre a capital
do Império Bizantino. Urbano II visualizou uma oportunidade política para fortalecer a Igreja e
expandir seus domínios.
Contudo, Urbano II ainda não tinha força e prestígio suficientes para organizar as
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peregrinações. Em 1095, Urbano II convocou o Conselho de Clermont. Neste Conselho, o número


de participantes eclesiásticos era grande, 400 bispos e abades marcaram presença. Ao final do
evento, Urbano II fez um sermão aberto na praça para convocar reis, príncipes e plebeus para
promoverem uma Guerra Santa sob a bandeira da Igreja Católica. Neste sermão, Urbano II teria
dito:

“a todos aqueles que partirem para as Cruzadas e perecerem no caminho, seja por
terra, seja por mar, ou que perderem a vida combatendo os pagãos, será concedida a
remissão de seus pecados”.

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Urbano II presidindo o concilio de Clermont, em miniatura nas passagens feitas Outremer pelos franceses contra os
turcos e outros Sarrazins de Sebastian Mamerot , 1490, Biblioteca Nacional, Paris.25

Após reunir forças clericais, Urbano II começou sua jornada no sul da França para recrutar
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guerreiros. Por onde passava, os sermões do Papa reuniam milhares de fiéis que, após ouvirem o
chamado à purificação da terra de Cristo, aceitavam a missão. Os cavaleiros foram convencidos
pelo discurso da absolvição dos pecados. Como viviam da violência, caso atingissem os objetivos
da Cruzada, seriam perdoados.
Veja como os fatos históricos fazem sentido: lembra-se de que havia os cavaleiros andantes, os
quais perambulavam por territórios de forma autônoma? Pois é, a França concentrava inúmeros
desses guerreiros.
Papa Urbano II chegando à França para pregar a
cruzada,
miniatura no Romano de Godefroi de Bouillon ,
século XIV, BN, Paris
Com efeito, o poder da pregação de Urbano II fez
com que os povos da Europa Oriental fossem vistos
como o mal na terra. Um banho de sangue estava por
vir, pois, para endossar o massacre, a Igreja
ressignificou um dos mandamentos de Cristo: o de
“não matarás”, para “não matarás, salvo se for um infiel”.

25
Disponível em: https://croisades.espaceweb.usherbrooke.ca/croisade1.htm. Data de acesso: 27/02/2019.

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Dessa forma, a Igreja transformou sua doutrina inicial de “não violência” para a sacralização do
uso das armas. Com essa gana, muitos não católicos foram mortos mesmo em solo Europeu
durante o caminho cruzadista, principalmente os judeus.

As Cruzadas não tiveram somente motivação religiosa, outros motivos também precisam ser
destacados, pois eles ajudam a compreender a articulação entre as intenções da Igreja com as da
nobreza de uma forma geral. Vejamos a seguir.

Você lembra de que por volta do ano 1000 houve um surto populacional na Europa
ocidental? O elemento da superpopulação, combinado com as crises de fome – como a ocorrida
no ano de 1033 – forçaram a busca por novas terras e por novas atividades econômicas. Essa
circunstância contribuiu para motivar tanto as Cruzadas, rumo à Palestina, quanto a expansão para
o Oeste Europeu, nas chamadas de Guerras de Reconquista - recuperar a Península Ibérica dos
mulçumanos.
Já os cavaleiros sem terras, os “dons quixotes da vida”, também tinham o interesse de
conquistar riquezas ao longo das Cruzadas. Por sinal, era sabido que o Oriente Médio, centro das
rotas comerciais, detinha as mais variadas riquezas daquela época (tecidos, ouro, especiarias, etc.).
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As Cruzadas mais importantes são:


• Primeira Cruzada (1096 a 1099): 60 mil cristãos da França, da Alemanha e da Itália
iniciaram a marca de 5 mil quilômetros. Essa cruzada ficou conhecida como a Cruzada dos Nobres.

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Em 1 de julho de 1097 ocorreu uma das batalhas mais conhecidas de todas as Cruzadas, a Batalha
de Dorileia, local próximo a Niceia (cidade ao sul de Constantinopla). 50 mil turcos de um lado e
os cruzadistas do outro. Mais uma vez, a cavalaria oriental surpreendeu os ocidentais: agora, além
dos fortes cavalos árabes e da espada, os cavaleiros turcos haviam desenvolvido a habilidade de
montar e, ao mesmo tempo, atirar flechas (arqueiros montados). Porém, a superioridade numérica
dos cristãos fez a diferença e os cristãos saíram vitoriosos do confronto. Outro ponto importante
dessa Primeira Cruzada foi que a tentativa de aliança entre a Igreja Ocidental e a Ortodoxa para
combater o islamismo foi desfeita. Uma série de traições de ambos os lados inviabilizou esta
aliança. No final, vastas terras da região da Mesopotâmia passaram para o domínio da cristandade
europeia. Em junho de 1099, 13 mil cruzadistas chegaram às portas de Jerusalém e a tomaram. O
Duque Godolfredo se tornou o novo governante cristão de Jerusalém após 400 anos de domínio
mulçumano.
• Terceira Cruzada (1189-1192): ficou conhecida como a Cruzada dos Reis, pois contou com
a participação do Rei Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Rei Felipe Augusto (França) e Frederico
Barba Roxa (do Sacro Império Romano-Germânico).
• Quarta Cruzada (1202-1204): ficou conhecida como a Cruzada Comercial, pois foi
organizada e patrocinada pelos ricos comerciantes de Veneza.
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O espírito das Cruzadas, a ideologia criada em torno delas e todo o misticismo das histórias
dos cruzadistas foram importantes para os processos de expansão europeu, tanto no próprio
continente (retomada da Península Ibérica dos mulçumanos) quanto para a expansão marítima nos
idos do século XIV, em busca de rotas comerciais (como veremos nas aulas seguintes)

No mesmo sentido, também como saldo das Cruzadas, Jacques Le Goff afirma que

“os benefícios extraídos, não do comércio, mas sim do aluguel de barcos e de


empréstimos concedidos aos cruzados, enriqueceram rapidamente certas cidades da
península Itálica – sobretudo Gênova e Veneza”.

Esses desdobramentos das Cruzadas para o impulsionamento do comércio foi um aspecto


importantíssimo para evidenciar que o Renascimento Comercial também foi fruto de uma tentativa
de solucionar crises do sistema feudal.

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Além da expansão católica, orientada pelo papa Urbano II, outros


empreendimentos de espírito religioso fizeram parte da Idade Média. Dentre eles,
reforço a Reconquista da Espanha, que, até meados do século XV estava dominada
pelos mouros, e a expansão cristão no Leste Europeu.

Sobre a expansão para o Leste Europeu, na Alemanha, a ideia de formar um


império universal cristão e a pressão demográfica foram as causas da chamada
“marcha para o leste” (Drang nach Osten) dos séculos XII e XIII. Os imperadores alemães
protegeram os reis poloneses e ajudaram-nos a converter ao cristianismo os habitantes da Prússia.
Dessa forma, na primeira metade do século XIII, foi iniciada a campanha para a evangelização dos
prussianos.

Em suma, a Igreja possuía um forte projeto expansionista. Guarde isso!!!


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9. RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO


Essas transformações são parte da experiência que a historiografia costuma chamar de
renascimento comercial e renascimento urbano.

Esses termos se referem ao processo de dinamização da vida nas cidades e das atividades
comerciais em um contexto em que a expansão agrícola atingiu seu máximo potencial. Perry
Anderson fala de um contexto marcado por uma “impressionante produção agrícola e
vitalidade urbana”

Você deve imaginar que esses processos não se deram de um dia para o outro. Como
demonstramos acima, as transformações no feudalismo são resultado do período que ocorre entre
os séculos XI e XIII. Assim, a retomada da vida urbana e mercantil é a resultante desse processo
e, por isso, devem ser compreendidas de maneira complementar uma com a outra.
No entanto, essa resultante é ao mesmo tempo a causa do aprofundamento das
transformações do feudalismo, como se fosse uma lógica retroalimentar. Tome nota de mais uma
colocação feita pelo professor Anderson:

A ascensão desses enclaves urbanos não pode ser separada da influência agrária que os cercava.
É bastante incorreto divorciar os dois em qualquer análise da Idade Média [...].” (idem, p. 185)

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Com o excedente de produção, o comércio ganhou um impulso decisivo. Inicialmente, o


comércio era local e se desenvolveu nas franjas (ao redor) dos feudos ou em terras feudais, porém,
não protegidas por muralhas. Era o comércio local de madeira (fruto do desmatamento dos
bosques), cerais, animais, lãs, artefatos para carregamento de produtos, entre outros. Eram
realizados, majoritariamente, por servos ou artesãos.
No entanto, esse crescimento mercantil não ficou restrito ao espaço local e, sobretudo,
devido às Cruzadas Cristãs, desenvolveram-se rotas comerciais que ligavam praticamente todas
as regiões europeias e a Europa a algumas áreas do Oriente. Nesses casos, essas rotas foram
desenvolvidas, majoritariamente, pelos nobres e filhos de nobres – os cavaleiros andantes
europeu. De qualquer forma, eram empreendimentos de iniciativa privada. Portanto, não se tratou
de um projeto político expansionista de nenhum Estado centralizado.
Com certeza, a mais importante foi a Rota do Mediterrâneo, também conhecida como Rota
Comercial do Sul. Essa era uma rota marítima e foi controlada por mercadores da Península Italiana
das regiões de Gênova e Veneza. Os portos mais importantes dela ficavam, além de nas cidades
Italianas citadas, em Túnis, Trípoli e Constantinopla. Foi uma importante ponte para os produtos
luxuosos do Oriente, como seda, frutas secas, especiarias, perfumes, entre outros produtos.
Outro importante lugar do reflorescimento comercial foi no Norte da Europa, na região
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onde hoje é a Bélgica, Holanda e Países Baixos. Ali se estabeleceu a chamada Rota Comercial do
Norte. Essa rota se desenvolveu por meio da ligação de várias associações de mercadores dessa
região. Essas associações eram conhecidas como hansas. Por isso, a Rota do Norte é conhecida
como Liga Hanseática.

A Liga Hanseática foi fundada no século XIII por mercadores germânicos das regiões de
Hamburgo, Lubeck, Brêmen, Dantizig, Brugues, Rostock. Durante a Baixa Idade Média se
constituiu como uma potência comercial europeia. Mas, era mais que isso. No século XV, era uma
confederação político-econômica que reunia quase 60 cidades, possuía uma das maiores frotas
marítimas, exército e governo centralizado. A Liga agrupou o que aprenderemos, daqui há
algumas aulas, como os príncipes burgueses. Eles formaram as monarquias europeias mais
dinâmicas e, com isso, impulsionaram o comércio marítimo e as reformas políticas e religiosas da
Época Moderna.

É possível perceber que existiam dois polos comerciais na Europa:

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1- Italiano 2- Germânico

Essas duas rotas eram marítimas e contavam com


vários portos que eram a porta de entrada para o
continente. A ligação entre as regiões desses dois
polos se dava uma série de rotas terrestres, como
também observamos nos mapas. Nos principais
pontos de cruzamento dessas vias os mercadores
e artesãos se encontravam para
articularem seus negócios, realizarem
trocas e oferecer seus produtos. Assim,
surgiram as FEIRAS.

O desenvolvimento das atividades


mercantis tornou as relações de troca mais
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complexas. Isso significou que foi necessário a


utilização da moeda em larga escala para mediar as trocas. Nesse processo, apareceu uma
importante instituição: as Casas Bancárias.
Inicialmente, elas tinham a função de uma casa de câmbio (sabe aqueles lugares que as
pessoas trocam seu dinheiro quando chegam em outro país? Era isso!). Posteriormente, com o
aumento do volume de negócios, as casas bancárias também viraram casas de depósito – lugar
onde as pessoas poderiam guardar seu dinheiro. Não demorou muito para que as casas bancárias
também começassem a emprestar dinheiro à juros. Assim, cambistas viraram banqueiros. Essa
atividade foi desenvolvida especialmente por judeus, pelo fato de não serem cristãos e não terem
problema com a questão da usura – prática condenada pela Igreja Católica.

Oi? Profe, por que a Igreja condenava o fato de as pessoas emprestarem dinheiro à juros?

Querida e querido, a Igreja condenava o empréstimo de dinheiro devido ao conjunto de valores


e dogmas que deveriam reger o comportamento e atitudes dos cristãos. Nesse sentido, o dinheiro
do lucro era indecente porque a pessoas que o emprestava ganhava mais dinheiro somente por
ter esperado o tempo passar. Isso tinha dois problemas: primeiro, nenhum tipo de trabalho

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realizado; segundo o tempo era um elemento divino que deveria ser manipulado e usado apenas
por deus – o tempo era o da vida e o da morte.
Esses preceitos morais da religião cristã geraram obstáculos para os cristãos se envolverem em
atividades bancárias, por isso, pessoas de outras religiões foram os que aproveitaram a janela de
oportunidades gerada nesse contexto. No caso, foram os judeus.

Ainda sobre a atividade financeira, segundo o historiador Jacques Le Goff26, o comércio de


dinheiro tornou-se uma atividade fundamental para o impulsionamento das atividades
econômicas ligadas ao comércio, já que permitiu crescimento escalar das transações mercantis.
Perry Anderson vai além e afirma que:

“O apogeu das fortunas estava na atividade banqueira, onde as taxas de juros astronômicas podiam
ser ganhas de empréstimos extorsivos à príncipes e nobres com pouco dinheiro vivo. [...] A volta da
cunhagem de moeda à Europa na metade do século XIII, com a fabricação simultânea em 1252 [...]

Percebe que a terra deixou de ser a única


fonte de riqueza? E se existem formas diferentes de
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ganhar dinheiro também podemos pensar que


grupos econômicos diferentes se
formam nesse processo. Até aqui
falamos de pelo menos 3 novos grupos:

Essa dinamização das atividades


econômicas está inscrita no espaço físico da Europa
Ocidental. Logo, ela foi capaz de promover uma
mudança na ocupação territorial e na organização social. Então, nas proximidades das rotas
comerciais, dos portos e das feiras surgiram novos núcleos urbanos: as cidades. Veja o que diz o
professor Le Goff27:

No mundo romano as cidades eram centros políticos, administrativos, militares e,


secundariamente, econômicos [...] a idade medieval nasce e se desenvolve a partir de sua
função econômica. É criada pela renovação das trocas e é assunto de mercadores. O que,
bastantes vezes, revela a falsa continuidade da realidade urbana entre o primeiro milênio e
a Idade Média é que a cidade medieval se instala ao lado do núcleo antigo. [...] Veneza,
Florenza, Génova, Pisa, Milão, Paris, Londres, Hamburgo e Lubeck são criações medievais
típicas [...] Este papel de guia, de fermento e de motor, doravante, assumido pela cidade,

26
LE GOFF, Jacques. A bolsa e a vida: economia e religião na Idade Média. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.
27
LE GOFF, J. A civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editora Estampa, 1983, pp. 102, 103,107.

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afirma-se primeiramente na ordem econômica. Mas, mesmo se a cidade, a princípio, foi um


local de trocas, um nó comercial, um mercado, a sua função essencial este domínio é a
produção.”

Da leitura atenta do excerto acima, podemos verificar alguns elementos importantes sobre
as cidades medievais:

❖ Não eram uma simples continuidade das antigas cidades da antiguidade


❖ São formações tipicamente do período medieval, por isso, chamadas de
cidades medievais
❖ Tem uma função essencialmente econômica, o que a torna diferente das
cidades da antiguidade ligadas à função política, administrativa e militar.
❖ Nessa função econômica tem relevância a produção. Nisso entra o papel dos
artesãos e da manufatura – veremos que a mais importante foi a manufatura têxtil.
Em um primeiro momento esses espaços urbanos eram fortificados e construídos ao lado
dos antigos centros urbanos. Mas, as atividades ali dentro eram diferentes, pois predominava o
comércio. Esses espaços eram chamados burgos – palavra derivada da fusão do germânico e latim
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burgs + burgu. e que significa “pequena fortaleza” Seus frequentadores eram os burgueses.

Afresco de Ambrogio Lorenzetti, c. 1337-40. Representação de uma cidade medieval

28

Portão de entrada da cidade de Hamburgo

Mas profe, por que frequentadores? Essas pessoas do burgo não moravam lá?

Querida e querido, inicialmente não moravam. O burgo era um lugar que servia para fazer o
comércio local, onde ficavam alguns locais para armazenagem e outros mercados. Mas, com o
tempo e a ampliação das atividades, as pessoas passaram a construir casas para morar mais perto

28
VICENTINO, Claudio. Idem, p. 229.

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e economizar tempo e transporte. Jacques Le Goff afirma que o êxodo rural, ou seja, a migração
do campo para a cidade, foi um grande fenômeno durante a Idade Média Central. Assim, os vários
elementos humanos que chegaram nesses espaços, ao longo desse tempo, constituíram uma
“sociedade nova”.
Pela própria configuração espacial da Europa feudalizada é possível imaginar que os
burgos, de alguma maneira, estavam localizados em terras feudais. Assim, essas transformações
econômicas, sociais e comportamentais se chocavam com o status quo dos nobres senhores
feudais. Nesse processo, surgiu um novo conjunto de taxas imposto pelo senhor feudal que
deveriam ser pagas pelos burgueses. Em contrapartida, eles exigiam liberdade de comércio e de
circulação.
Desses choques, derivou o movimento comunal organizado por burgueses para conquistar
a autonomia e independência das cidades e, assim, livrar-se do domínio e autoridade do senhor
feudal. Essa demanda poderia ser alcançada pacificamente por meio de uma carta de
emancipação, conhecida como Carta de Franquia, emitida por um nobre em troca do pagamento
de grande monta de moedas. Este documento garantia autonomia administrativa e judiciária
dentro do burgo.
Contudo, em muitas situações, os senhores resistiram e se negaram a reconhecer a
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independência dos burgos. Nesses casos, os burgueses recorreram ao rei-suserano de um senhor-


vassalo. Lembram que o rei continuou existindo e ele era suserano de alguns senhores feudais
vassalos e estes lhes deviam fidelidade? Então, em alguns momentos, os reis usaram esse poder
hierárquico e intermediaram esses conflitos. Alguns historiadores chamam isso de uma aliança do
rei com a burguesia na busca da retomada do seu poder e prestígio, nesse contexto de
desagregação do feudalismo. Guarde essa informação com cautela, certo!
Quanto mais livres e independentes eram as cidades, mais o comércio e o artesanato
prosperavam. Diante desse cenário, novas instituições surgiam. As principais foram:

Guildas
• Associação de mercadores. Tinham objetivo de garantir o monopólio
do comércio local, tabelar preços, regular a atividade mercantil.

Corporações de Ofício
• Associação de artesãos, donos das oficinas . Tinham o objetivo de
controlar a produção e a qualidade dos produtos fabricados nas
oficinas locais.
• Eram organizadas por especialidade (ofício). Ex. sapateiro,
ferramenteiro, jornaleiro.
• Funcionavam como escolas para os APRENDIZES.

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As Corporações de Ofício eram comandadas pelos


mestres-artesãos, em geral, os donos das oficinas. Eles
empregavam pessoas que aprendiam um ofício em troca
de trabalho nas oficinas. Também, recebiam alojamento,
alimentação e vestuário. Os aprendizes poderiam se
tornar oficiais e, a depender de autorização da
Corporação de Ofício, poderiam se tornar mestres de
ofício e ter sua própria oficina. Essa aprendizagem tinha
2 graduações: aprendiz e oficial.

Essa cidade, que semeava as sementes para um novo mundo, uma nova mentalidade, uma nova
forma de ser e sentir, de fazer riqueza e de desafiar as agruras da vida, forjava os instrumentos
para romper com a rigidez da sociedade feudal. As corporações de ofício são um exemplo de que
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existia mais mobilidade social, a partir da atividade artesanal, do que no feudo – apesar do
controle e intervenção dessa instituição.
Assim, mesmo com muitas limitações estruturais feudais, houve um lento enriquecimento de
comerciantes e artesãos que, ao longo do tempo, controlaram com exclusividade determinadas
atividades. Esse processo indica a formação de uma nova classe social: A BURGUESIA.
Apenas atente-se, aluno e aluna, para o fato de que estamos falando de um “processo de
formação de classe social”, portanto, isso é uma engrenagem que se movimentou por muitos
séculos depois desse momento inicial.
Então, nesse momento histórico, a burguesia quer ser aceita pela nobreza e ser parte dela. Por
isso, a burguesia quer ganhar dinheiro e, com ele, comprar terras e títulos de nobiliárquicos. Ela
quer entrar para o time, sacou? Ela ainda não é aquela burguesia da revolução Francesa que
derrubou o rei e cortou sua cabeça. Na passagem do feudalismo para Idade Moderna a burguesia
não é contra a nobreza, ela quer imitar, ser parte e igual aos nobres. Cuidado para não colocar o
carro na frente dos bois, hein. Em história chamamos isso de anacronismo!
Contudo, sabemos que isso é muito difícil porque títulos de nobreza não eram monetizados,
afinal, eram um título de propriedade só adquirível por meio da doação de um outro nobre e para
tanto, a pessoa tinha que nascer no berço de uma família de nobres. Como é que a burguesia vai
conseguir ser nobre um dia, pensa bem?
Além disso, a nobreza sempre vai olhar a burguesia com desprezo e nunca como iguais. Afinal, o
dinheiro da burguesia vinha do trabalho! E, vamos combinar, trabalho não era uma coisa bem vista

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pela nobreza. Lembra-se que os que foram criados por Deus para trabalhar foram os servos –
recorda-se da visão religiosa da criação das 3 Ordens Sociais? Então! Meritocracia é um valor que
só vai tomar a cena da história lá pelo século XVII.
Olhar de Coruja 360º. hein, Bixo!

(FGV 2017)
Perante esta sociedade, a burguesia está longe de assumir uma atitude revolucionária. Não
protesta nem contra a autoridade dos príncipes territoriais, nem contra os privilégios da
nobreza, nem, principalmente, contra a Igreja. (...) A única coisa de que trata é a conquista
do seu lugar. As suas reivindicações não excedem os limites das necessidades mais
indispensáveis.
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Henri Pirenne. História econômica e social da Idade Média, 1978.


Segundo o texto, é correto afirmar que
a) a burguesia, nascida da própria sociedade medieval, nela não tem lugar; para conquistá-
lo, suas reivindicações são a liberdade de ir e vir, elaborar contratos, dispor de seus bens,
fazer comércio, liberdade administrativa das cidades, ou seja, não tem o objetivo de destruir
a nobreza e o clero.
b) os burgueses, enriquecidos pelo comércio, reivindicam privilégios semelhantes aos da
nobreza e do clero na sociedade moderna; acentuadamente revolucionários, os seus
interesses significam título, terras e servos para garantirem um lugar compatível com sua
riqueza.
c) o território da burguesia é o solo urbano, a cidade como sinônimo de liberdade, protegida
da exploração da nobreza e do clero; para isso, cria o direito urbano, isto é, leis para o
comércio, a justiça e a administração que, de forma revolucionária, asseguram-lhe um lugar
na sociedade moderna.
d) a sociedade medieval tem um lugar específico para os burgueses, pois as liberdades, as
leis, a justiça e a administração estão em suas mãos; tal situação tem o objetivo de brecar o
poder político e econômico dos nobres e da Igreja, fortalecidos pela expansão da servidão
e pelo declínio do comércio.
e) com exigências revolucionárias, como liberdade comercial, jurídica e territorial, a
burguesia, cada vez mais rica, visa destruir a sociedade medieval; esta, por sua vez, barra a

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ascensão econômica e política da burguesia, ao fortalecer a servidão no campo e impedir as


transações comerciais na cidade.
Comentário
Na aliança firmada entre a recente surgida burguesia e os monarcas, que levou à formação
das Monarquias Absolutistas, a burguesia exigiu dos monarcas que ajudou financeiramente
favorecimentos econômicos no novo governo. Logo, a exigência não atingia a política e a
sociedade.

Gabarito: A 3

(PUC-RS 2018)
A respeito do Renascimento Comercial e Urbano na Europa dos séculos XII e XIII, considere
as afirmações a seguir.
I. As cidades situavam-se no cruzamento de rotas comerciais ou à beira de rios, eram cercadas
por muralhas, e o crescimento populacional provocava a ocupação de terrenos extramuros.
II. O processo de expansão urbana estava ligado ao crescimento da produção agrícola e ao
fortalecimento de rotas comerciais terrestres entre as cidades portuárias italianas, as feiras
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francesas e as cidades da região de Flandres.


III. “O ar das cidades torna os homens livres” era um ditado do período, referindo-se ao
costume de considerar livre o servo que trabalhasse por determinado período de tempo no
burgo.
IV. A autonomia administrativa e jurídica das cidades era conquistada através do pagamento
de franquias aos senhores feudais ou da compra de cartas de privilégios.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e III apenas.
d) I, II, III e IV.
Comentário
O item I está correto, pois, traz a ideia de cidade como o nó das atividades comerciais,
conforme ideia de Jacques Le Goff.
O item II está correto, pois, no mesmo sentido do item anterior, relaciona o surgimento das
cidades ao desenvolvimento comercial. É bom lembrar que esses renascimentos só foram
possíveis pois houve um processo de expansão agrícola.

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O item III também está correto, porém, a formulação não está muito boa. O ditado germânico
se referia, na verdade, ao trabalho livre nas cidades e não a um trabalho feito
temporariamente por servos. Mas, consideramos correto seguindo um sentido geral e tendo
em conta que as alternativas não apresentam nenhuma possibilidade de excluir o item III.
O item IV está correto, pois é verdade que a autonomia poderia ser conquista por meio de
franquias ou cartas de privilégio. Ambas eram concedidas pelos senhores feudais das
Gabarito: D
(PUC-RS 2018)
Por trás do ressurgimento da indústria e do comércio, que se verificou entre os séculos XI e
XIII, achava-se um fato de importância econômica fundamental: a imensa ampliação das
terras aráveis por toda a Europa e a aplicação de métodos mais adequados de cultivo.
(LEWIS, Munford, A Cidade na História. Ed. Itatiaia Limitada, Belo Horizonte, 1965, vol I, p.
336).
Com base no texto, é correto afirmar que
a) a Alta Idade Média caracterizou-se pela reorganização espacial das áreas rurais,
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aumentando significativamente a produção de grãos para abastecer a emergente população


urbana.
b) o contexto descrito foi também decorrência da abertura dos portos europeus no mar
Mediterrâneo, que ampliou o comércio e favoreceu a criação de novos núcleos urbanos.
c) as condições climáticas mais severas na porção oeste do continente europeu contribuíram,
nesse período, para a introdução de um sistema de uso intensivo do solo.
d) a presença de uma atividade industrial organizada, associada à queda da produção de
têxteis e ao desenvolvimento comercial, favoreceu a redução das áreas de florestas na região.
Comentário
Veja, mais uma questão que nos ajuda a memorizar que a expansão agrícola resultou no
renascimento comercial e urbano. Interessante observar que o autor desse texto fala em
“indústria e comércio”. Nos textos mais antigos (esse é de 1965) usa-se indústria para se
referir a manufaturas. Lembra que Le Goff fala que as cidades são essencialmente um lugar
da produção? Tendo em vista essa relação, vamos analisar as alternativas:
O item A erra ao localizar na Alta Idade Média o aumento da produção de grãos e da
população. Este fenômeno é típico da Idade Média Central.
O Item B está correto. Veja que a alternativa afirma que além da expansão agrícola, a
abertura dos portos também impulsionou o comércio. Isso está correto e está muito
relacionado com as Cruzadas que permitiram vencer os islâmicos em diversos pontos onde
dominavam rotas comerciais.

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O Item C está absolutamente errado. As condições climáticas desfavoráveis são fenômeno


do início do século XIV.
O item D erra porque a presença da atividade manufatureira combinada com a AMPLIAÇÃO
da produção têxtil – e não a queda – favoreceu a redução das florestas.
Gabarito: B

10. BAIXA IDADE MÉDIA - SÉCULOS XIV E XV


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A Baixa Idade Média vai do século XIV ao XV. É o ato final da Idade Média. É o cenário
onde as crises mais profundas da desagregação do feudalismo acontecem. Já sabemos que,
em momentos de transição, nem sempre há compasso temporal entre a desagregação do
antigo modo de vida e o estabelecimento e consolidação do novo. Por isso, historiadores
afirmam que, em grande medida, foi a própria expansão econômica e populacional das
sociedades cristãs medievais, a parir do século XI, que contribuiu para as crises que
estudaremos a partir de agora.
Assim, esse período viveu a experiência da Fome, da Peste e da Guerra e de uma
importante crise econômica. Mas, viu também o alvorecer de um novo tempo impulsionado
por novos questionamentos sobre a vida, o homem, o mundo e, também, o religioso. Para
Jacques Le Go, o saldo da crise do século XIV “foi uma reorganização do mapa econômico
e social da cristandade” (p. idem, p.145).
Mais que isso, a crise da Baixa idade Média gesta, traz no seu ventre, a Renascença e os
tempos Modernos – o que foi, para muitos, muito mais aberta – e talvez mais feliz – do que
aquela fechada e asfixiante vida feudal.

10.1 CRISE DO SÉCULO XIV


No contexto que acabamos de apresentar, o século XIV concentra o momento mais grave
para a cristandade europeia. Tanto que a historiografia costuma associar este século a um
tripé de eventos: a fome, a peste e a guerra. Le Goff afirma que:

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Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu.
Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que
tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão, foram
abandonadas porque o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A curva
demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
Para além da fome, da guerra e da peste que marcam a crise do século XIV, Le Goff e
Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na verdade é a
consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e econômicas do
mundo feudal cristão.
3.1.1 – Crise econômica
Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi uma
série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um
inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
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Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das
obras de catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil.
As manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.
Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os mais
bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)

10.1.1 - Fome
A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século XIV.
A principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com
as seguintes causas:

➢ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por meio
da derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? – brincadeira
). Os bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza), além disso

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era a fonte de mel, cera e madeira – todos são elementos luxuosos e de


necessidade essencial para manter seus castelos iluminados e aquecidos.
➢ Esgotamento de boas terras para a agricultura. Além disso, as terras possíveis de
serem usadas, como as terras dos antigos mansos comunais, não tinham o
mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim, o excedente de produção
não acompanhava a proporção do excedente populacional.
➢ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das
taxas impostas pelos senhores de terra.
➢ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e
umidade.

10.1.2 - Peste
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande Fome,
as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia viveu
uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella
pestis – a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava
feridas com pus e deixava marcas pretas no corpo.
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Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito


ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman29

"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina, na Silícia,
com homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham
estranhas inchações escuras, do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,
que purgavam pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por
todo o corpo, provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e
morriam rapidamente (...)”

O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo


divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz
temerário, que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se

29
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.

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espalhava, e com ele a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas


europeias. A insegurança voltou a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.

10.1.3 - Guerra e rebelião camponeses


Em 1358 ocorreu na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa. Esse
evento, que não durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores e
servos.
Como vimos, os senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem
pagas pelos servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da
grande fome atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em
grandes celeiros, como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem
pagas pelos servos que ainda continuavam na terra.
Esse contexto expôs a grande desigualdade existente entre as três ordens sociais que
compunham a sociedade feudal. Os servos se revoltaram tanto com seus senhores que os
“superexploravam” como com a Igreja que, longe dos ensinamentos de caridade,
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humildade, simplicidade dos ensinamentos cristãos (já que muitos se acostumaram com os
privilégios clericais), abandonavam os fiéis a própria sorte nesse cenário apocalíptico.
A exploração, sobretudo, a abusiva, provoca resistências – que podem ser passivas,
silenciosas, negociais. Assim, já havia durante toda a Idade Média várias manifestações de
resistência dos servos e camponeses. Foram deserções, fugas para os bosques, roubos nas
terras do senhor, incêndio nas plantações e nos celeiros. Mas, em 1358, diante das condições
daquele contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacquerie –
expressão idiomática francesa que significa “joão ninguém”
A violência cruel é a característica mais marcante dessa rebelião. Centenas de milhares
de camponeses se juntavam para invadir castelos e assassinar senhores. A resposta de nobres
também foi igualmente violenta. O sentimento de ódio recíproco, tão amainado pelo
discurso religioso durante séculos, ficou marcado nas memórias orais do campesinato francês
e em diversas obras renascentistas do século XV e XVI.
Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV
também é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a
França e a Inglaterra ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão
dinástica na França e pelo controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de
Flandres?). Essa guerra contribuiu para o clima de insegurança da Europa.

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O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos Cem Anos foi uma solução fácil encontrada
por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas econômicas,
gerou uma nova economia e uma nova sociedade.

Atente-se para uma coisa, querida e querido, nem a França e nem a Inglaterra já eram Estados
centralizados nesse contexto. Então, falar em França e Inglaterra é um pouco inapropriado,
pois são regiões muito feudalizadas, sobretudo, a da França. Ter essa noção é fundamental
para que possamos compreender a exata importância dessa guerra justamente no processo
de centralização política de ambos. Essa longa guerra empobreceu uma parcela da nobreza,
mas contribuiu fortemente para a retomada da importância do poder real. Essa situação
possibilitou a construção de monarquias centralizadas. Só mais uma coisa: Não se preocupe
com os detalhes dessa guerra agora. Voltarei a ela quando estivermos estudando formação
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das monarquias nacionais.

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


A respeito da crise do século XIV, leia o texto abaixo.
A Peste Negra, ou Morte Negra, era assim chamada porque no seu desenvolvimento
provocava hemorragias subcutâneas, que assumiam uma coloração escura no momento
terminal da doença. A morte dava-se entre três e sete dias, depois de contraída a patologia,
e levava de 75 a 100% dos acometidos. O agente causador da peste era transmitido pelo
rato, por meio das pulgas e sua penetração na pele humana causava uma adenite aguda, que
recebia o nome de “bubão”, principal sintoma da doença. Daí também o nome de peste
bubônica.
(SIMONI, K. De peste e literatura: imagens do Decameron de Giovanni Boccaccio. Anuário de
Literatura Umbral. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/
article/viewFile/5447/4882>. Acesso em: 14/abr/ 2020.)

A respeito desse evento histórico, marque a incorreta:


a) A Peste Negra, conhecida hoje como peste bubônica, provocou a queda demográfica
ocasionando perdas na produção econômica.
b) A Peste Negra foi interpretada por muitos médicos e leigos medievais como um castigo
divino.

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c) O comércio na Europa do século XIV, que se encontrava em desenvolvimento, ajudou a


propagar a doença, como nas cidades-polos de Veneza, Gênova e Pisa.
d) Além da peste bubónica, a fome também contribuiu para agravar a situação da sociedade
europeia e, dessa forma, aprofundar a crise do feudalismo.
e) Foi interrompida pela descoberta cientifica de que o isolamento social nos feudos
dificultava a circulação da doença e, consequentemente, o contágio.
Comentários
a) correto, pois a doença dizimou cerca de 1/3 da população europeia. Dessa forma, a força
de trabalho camponesa foi impactada. Com as pessoas doentes, o número de servos
trabalhando foi menor, afetando, portanto, a produção econômica.
b) certo. Lembre-se de que a doutrina religiosa influenciava o conjunto do medievo, sendo
que as explicações causais para uma tragédia eram de ordem espiritual. Como não se
achavam soluções imediatas, até mesmo médicos passaram a crer que a Peste era um castigo.
c) correto, pois o fluxo de pessoas e de mercadorias nas cidades portuárias acelerou a
propagação da doença. Além disso, a peste negra tem origem no continente asiático. Sua
chegada à Europa esteve relacionada às caravanas de comércio que vinham da Ásia por meio
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do Mar Mediterrâneo.
d) Correto. A historiografia costuma associar o século XIV ao tripé de eventos fome, peste e
guerra. Segundo o historiador e professor, Jaques Le Goff:
Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu.
Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que
tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão, foram abandonadas
porque o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A curva demográfica
inflete e começa a descer.
Para além da fome, da guerra e da peste que marcam a crise do século XIV, historiadores
como Le Goff e Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na
verdade é a consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e
econômicas do mundo feudal. Ou seja, gente, o feudalismo chega no século XIV em crise e
os eventos como peste e a crise de abastecimento alimentar desse momento (a fome)
contribuíram para ruir esse modo de produção.
e) falso, pois, à época, não se encontrou uma solução cientifica para combater a propagação
da doença. A doença foi diminuindo ao longo de décadas, pois as soluções sanitárias foram
melhorando nas cidades. Não se sabia, por exemplo, que doença era causada pelo
bacilo Yersinia pestis e propagada pela pulga dos ratos.
Gabarito: E

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10.2 À GUISA DE UMA CONCLUSÃO


Se a crise do século XIV é a demonstração de que havia uma reorganização do modo de
organizar social, política e economicamente a Europa, qual o saldo que ela deixa para os
anos, décadas e século que se seguiram depois desses fenômenos? Deixo com vocês alguns
apontamentos para desenvolvermos nas próximas aulas:

➢ A centralização Estatal
➢ Reorganização das monarquias
➢ Novas formas artísticas para expressar outras visões de mundo
➢ Novas formas de fazer comércio

Para finalizar essa seção da aula, escolhi uma das obras que considero mais significativa
sobre essa experiência do século XIV e XV. Observe atentamente cada quadrante, pois ela
foi pintada dessa forma. É uma composição de múltiplas obras. Foi feita por Pieter Bruegel,
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o Velho, em 1562. Chama-se “O Triunfo da Morte”.

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O Triunfo da Morte, c.1562, óleo sobre madeira, 117 x 162 cm, Pieter Bruegel, o Velho, Museu do Prado, Madri.

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Nela estão inscritos todos os problemas do século XIV: a fome, a guerra, a morte, todo
tipo de violência, as revoltas sociais, os questionamentos em relação à igreja, o medo do
pecado e os vícios humanos... e tudo isso atinge todas as classes sociais – de maneira diversa,
claro. Por isso, é marca da história da formação da sociedade europeia!

Bem, querida e querido aluno, com essa digressão artística, de um pintor


renascentista, encerramos nossos estudos sobre Idade Média e deixamos uma porta
aberta para entrarmos de cabeça na Idade Moderna a partir da próxima aula.
Faça seu controle de temporalidade. Agora está fácil. Paramos no século XV.
Faça todas as questões, aventure-se nas questões desafios da Segunda Fase. Mesmo
que história não seja disciplina obrigatória para o curso de Medicina, você sabe que seu
desafio é grande. Você precisa ser melhor. Melhor que seu concorrente, mas, antes,
melhor do que você era antes dessa aula.
Eu confio!!! Vamos juntos!!
Até a próxima aula! Bons estudos,
Um beijo e um abraço apertado e um suspiro apertado de amor sem fim,
Alê
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11. DICIONÁRIO CONCEITUAL


Instituições
Temos visto desde o início do curso a expressão “instituições” para designar as mais
variadas formas de organização da humanidade, pelo menos até a Idade Média. Por exemplo, nos
referimos bastante à Igreja Católica como uma importante instituição da Idade Média. Ela foi a
instituição dominante no sistema feudal europeu. Além dela, oriundas do mundo medieval,
também tivemos os bancos, algo aprendido nesta aula, ou mesmo as Universidades.
Acerca da importância e função das instituições humanas, lembremos François Guizot, para
o qual as instituições e leis humanas são criadas para responder necessidades de uma determinada
época e sobrevivem enquanto as mesmas responderem a essas necessidades e expectativas. Essa
definição é válida para todas as instituições que vimos, desde a Aula 00. Outra definição
importante, é a de, desenvolvida no Dicionário Temático do Ocidente Medieval organizado por
J. Le Goff. Conforme Alain Guerreau:

Entendemos por instituição uma forma social de organização pensada como estável e
perene, fundada sobre regras de funcionamento explícitas, distribuindo a seus

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membros ou aos indivíduos relacionados a ela papéis diferenciados, articulados uns aos
outros31.

Por sua vez, a Igreja era uma instituição eclesiástica dominante na medida em que
praticamente todos os habitantes da Europa medieval estavam relacionados a ela. Dessa maneira,
a Igreja se constituiu na armadura do sistema de dominação medieval.

12. INDICAÇÕES DE FILMES E SÉRIES

Quando você estiver cansado e cansada de estudar por teoria, por questão e quiser tirar um
momento de descanso ativo e/ou aproveitar para ter uma momento com a família e com os
amigos, a listinha abaixo pode ser uma boa pedida para ilustrar tudo o que estudamos por aqui.
Lembre-se que não são documentários, e, por isso, não tem compromisso com os fatos reais.
De todo modo, ilustram a história
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SUGESTÃO SINOPSE/COMENTÁRIO
Filme: Cruzada (2005)
Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro
francês, que guarda luto pela morte de sua esposa e filho.
Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu
pai, que é também um conceituado barão do rei de
Jerusalém e dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa.
Balian decide se dedicar também à esta meta, mas após a
morte de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza
em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, Balian
decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela
princesa Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. O filme é
interessante para ilustrar as Guerras Santas entre os
católicos e mulçumanos.

31
GUERREAU, Alain. Feudalismo. In: Dicionário Temático do Ocidente Medieval. (Org) LE GOFF, J. & SCHMITT, JC.
Bauru: EDUSC. 2006. p. 447.

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Filme: Thor (2011)


Sinopse: Thor (Chris Hemsworth) ia herdar o trono de
Asgard das mãos de seu pai Odin quando inimigos
quebraram um acordo de paz. Disposto a se vingar, o
guerreiro desobedece às ordens do rei e quase dá início a
uma nova guerra entre os reinos. Enfurecido com a atitude
do filho e herdeiro, Odin retira seus poderes e o expulsa
para a Terra. Lá, Thor acaba conhecendo a cientista Jane
Foster e precisa recuperar seu martelo, enquanto seu irmão
Loki elabora um plano para assumir o poder. Este é o
primeiro filme de uma trilogia e o herói também participa
das sagas dos Vingadores. Thor é um deus do panteão da
mitológica nórdica, mas na cultura de massa da
contemporaneidade é transformado em super-herói.

Filme: A lenda de Beowulf (2007)


Sinopse: Ilha de Sjaelland, perto de onde fica a Dinamarca.
O demônio Grendel ataca o castelo do rei Hrothgar sempre
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que tem uma festa, cerimônia ou ocasião importante,


porque não suporta o barulho gerado. Grendel sempre
mata várias pessoas nos seus ataques, embora poupe
Hrothgar. Com o povo aterrorizado, o rei Hrothgar ordena
que o salão onde as comemorações são realizadas seja
fechado. Até que chega ao local Beowulf, um guerreiro que
promete eliminar o monstro. Numa filmagem especial, os
atores reais que passaram por um véu/filtro de animação. O
filme é importante para estudar as sagas nórdicas, pois sua
época histórica é datada de 900-1000 d. C. É um assunto
interessante para revisar o conteúdo histórico das
migrações bárbaras.

Filme: Senhor dos Anéis: a sociedade do anel (2001)


Sinopse: numa terra fantástica e única, chamada Terra-
Média, um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m,
com pés peludos e bochechas um pouco avermelhadas)
recebe de presente de seu tio o Um Anel, um anel mágico
e maligno que precisa ser destruído antes que caia nas mãos
do mal. Para isso o hobbit Frodo terá um caminho árduo
pela frente, onde encontrará perigo, medo e personagens
bizarros. Ao seu lado para o cumprimento desta jornada aos

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poucos ele poderá contar com outros hobbits, um elfo, um


anão, dois humanos e um mago, totalizando 9 pessoas que
formarão a Sociedade do Anel. A saga foi baseada no livro
homônimo de J. R. R. Tolkien, que usou o medievo como
fuga de sua realidade, pois presenciou a o tempo das
Grandes Guerras.

Filme: O nome da rosa (1983).


Sinopse: em 1327 William de Baskerville (Sean Connery), um
monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um
noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália.
William de Baskerville pretende participar de um conclave
para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas,
mas a atenção é desviada por vários assassinatos que
acontecem no mosteiro. O filme é baseado no romance do
escritor italiano contemporâneo Umberto Eco. O seu
romance é de 1980. O filme é muito interessante para
estudar a primazia que a Igreja Católica detinha acerca do
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conhecimento, com a preservação de grandes bibliotecas e


inclusive via profissão do copista. De todos as obras citadas
nessa lista, é o filme que tem mais apego à proximidade
com a realidade.

Série: Vikings (2013-...)


Sinopse: Ragnar Lothbrok é o maior guerreiro da sua era.
Líder de seu bando, com seus irmãos e sua família, ele
ascende ao poder e torna-se Rei da tribo dos vikings. Além
de guerreiro implacável, Ragnar segue as tradições nórdicas
e é devoto dos deuses. As lendas contam que ele descende
diretamente de Odin, o deus da guerra. Há uma edição em
livro também, em Língua Portuguesa, escrita originalmente
por por Haukr Erlendsson e Saxo Grammaticus e traduzida
por Artur Avelar (o mesmo que traduziu outro épico,
chamado Edda). O título da obra é As Histórias de Ragnar
Lodbrok.

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Série: Guerra dos Tronos (2011-2019).


Sinopse: Game of Thrones conta a história de um lugar
onde uma força destruiu o equilíbrio das estações, há muito
tempo. Em uma terra onde os verões podem durar vários
anos e o inverno toda uma vida, as reivindicações e as forças
sobrenaturais correm as portas do Reino dos Sete Reinos. A
irmandade da Patrulha da Noite busca proteger o reino de
criaturas que podem vir de lá da Muralha, mas já não tem
os recursos necessários para garantir a segurança de todos.
Conspirações e rivalidades correm no jogo político pela
disputa do Trono de Ferro, o símbolo do poder absoluto. A
série baseada em uma saga de livros escrita pelo
estadunidense George R. R. Martin, cujo primeiro volume
se intitula As crônicas do gelo e do fogo (1996).

Filme: Valente (2012).


Sinopse: esse é um filme para assistir com os(as) irmã(os)
mais novos(as)! A princesa Merida foi criada pela mãe para
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ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a


etiqueta e os costumes do reino. Mas ela não tem a menor
vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas
planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte
favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é
organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro
marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a
quem pede que sua mãe mude. É um filme leve e da Disney,
de animação já com tecnologia 3D, mas é importante para
se estudar o papel da mulher na Idade Média.

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Filme: A espada era a lei (1963).


Sinopse: esse é outro filme para assistir com a família! Filme
leve e divertido, consiste numa animação da Disney, mas é
interessante para compreendermos a importância do
imaginário da magia na época medieval. Arthur é um jovem
menino que sonha em se tornar cavaleiro. Reza a lenda que
aquele que conseguir tirar a espada mágica da pedra se
tornará o rei da Inglaterra. Merlin, um poderoso, mas
atrapalhado mago, sabe que Arthur será o novo rei e por
isso, vai até o castelo onde o garoto trabalha prepará-lo
para o futuro.

13. QUESTÕES ESSENCIAIS – ENCCEJA


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(ENCCEJA 2018) 4000117461


Pelas águas do rio Reno, em algo mais que imaginação, passando sob pontes construídas
pelos romanos e restauradas por heróis posteriores, passando por cidades e castelos cujos
nomes soavam-me aos ouvidos como música, e cada uma das quais era tema de uma lenda,
deixei-me levar por um encantamento como se me transportasse para uma época heroica,
respirando uma atmosfera de cavalaria medieval.
SCOTT, F. J. A arte de embelezar o jardim das casas suburbanas. In: SCHAMA, S. Paisagem
e memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1996 (adaptado).
Os elementos da paisagem que foram marcantes na descrição apresentada estão
relacionados ao(à)
a) vivência urbana.
b) relevo acidentado.
c) patrimônio histórico.
d) vegetação predominante.

14. QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO


(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

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As rotas representadas no mapa acima permitem afirmar que, durante a Baixa Idade Média
a) A Europa ficou isolada devido à feudalização da sua economia.
b) Os árabes controlavam sozinhos todas as rotas da seda.
c) Existia um circuito comercial mercantil entre a Ásia, África e Europa.
d) O continente africano participava da interação comercial, mas não tinha produtos de
grande interesse no mercado europeu.
e) A Ásia era um grande mercado consumidor de produtos eurasianos.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
“[...] Se algum dos acima citados irmãos vier a morrer na dita cidade ou em qualquer
outro lugar, logo que o conhecimento deste fato chegar ao juiz, o dito juiz ordenará que seja
celebrada uma missa solene por ele, na qual cada um dos irmãos da dita guilda que fica na
cidade fará a sua oferta. [...] Se um irmão se tornar pobre e necessitado, deverá ser
sustentado em alimentos e vestuário, segundo as suas necessidades, a partir dos
rendimentos das terras e possessões, bens móveis e imóveis da dita guilda”.
Preceitos da guilda da Santíssima Trindade de Lynn [século XIV]. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M.
G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unesp, 2000, p. 168.

A respeito das guildas e corporações medievais, é correto afirmar:

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a) Originaram-se nos feudos, desde o início da Idade Média., porém se tornaram mais
raras no final desse período.
b) Foram extintas nos reinos católicos pela Bula Intercoetera, em 1493. A Igreja não
tolerava as formas de enriquecimento dessas novas classes sociais.
c) Reuniam profissionais de um mesmo ofício, para se proteger da concorrência,
fiscalizar as atividades e auxiliar seus membros em momentos críticos.
d) Eram associações mutualistas criadas pela nobreza feudal e guerreira para organizar
expedições militares, como as Cruzadas.
e) Consistiam em grêmios com funções exclusivamente econômicas, como controle
de preços e manutenção da formação de novos aprendizes.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
“O que é um estudo, quantas formas dele existem e por mandado de quem deve ser feito.
Um estudo é uma associação de mestres e escolares feita num determinado lugar com a
vontade e a intenção de aprender os saberes. E dele existem duas modalidades: uma é a
que chamam ‘estudo geral’, onde há mestres das artes, assim como de gramática, de lógica,
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de retórica, de aritmética, de geometria e de astrologia, e outrossim em que há mestres de


decretos e senhores de leis (mestres de direito civil); este estudo deve ser estabelecido por
mandado de papa, de imperador ou de rei.
A segunda modalidade é a que chamam ‘estudo particular’ quer dizer quando um mestre
ensina nalguma cidade, apartadamente, a poucos escolares.
E este, pode manda-lo fazer o prelado ou conselho de qualquer lugar”.
Afonso X, o Sábio. Las Siete Partidas [XIII]. In: História da Idade Média: textos e
testemunhas. São Pulo Editora Unesp, 2000, p. 182.
O texto acima, escrito pelo rei de Castela, aproximadamente entre 1256 e 1265, revela que
a) o desenvolvimento das cidades intensificou a demanda por uma população instruída e
reforçou a necessidade de formar funcionários públicos e melhores clérigos.
b) o clero não tinha nenhum interesse no fortalecimento das universidades, pois estas
desafiavam o controle eclesiástico sobre a religiosidade e a produção de conhecimento.
c) as universidades eram completamente dominadas e financiadas pela Igreja Católica, sem
espaço para o desenvolvimento de um pensamento laico ou dissidente.
d) a Europa ocidental viveu um período de obscurantismo e inércia intelectual, no qual não
houve nenhum tipo de desenvolvimento técnico ou científico.
e) o esforço das autoridades e estudiosos em solucionar o declínio do comércio e o êxodo
urbano falhou, tornando inevitável a consolidação do feudalismo.

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(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Na imagem a seguir, a parte que retrata o norte da África se refere a peregrinação de Mansa
Musa pelas cidades de Tagaza, Tuat, Cairo, Meca e Medina, no século XIV.

Atlas catação [detalhe], de Abraão e Jahuda Cresques, 1375. Fonte: Bridgeman Arte
Library/Keystone-Biblioteca Nacional da França, Paris.

Em relação às rotas existentes na região pelas quais passou o imperador do Mali, é correto
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afirmar que elas


a) eram bem pouco utilizadas, pois o comércio era rudimentar entre as nações africanas
naquele período.
b) faziam parte de um amplo emaranhado de rotas que davam vida a um intenso comércio
por todo Saara e além dele.
c) foram traçadas somente após o contato com os europeus, sobretudo portugueses, a partir
do século XV.
d) eram percorridas por caravanas de mercadores que utilizavam cavalos como principal meio
de transporte.
e) foram desativadas por conta da expansão islâmica, pois os muçulmanos isolaram os
africanos do comércio internacional.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
O sacerdote, tendo-se posto em contato com Clóvis, levou-o pouco a pouco e secretamente
a acreditar no verdadeiro Deus, criador do Céu e da Terra, e a renunciar aos ídolos que não
lhe podiam ser de qualquer ajuda, nem a ele nem a ninguém [...] O rei, tendo, pois,
confessado um Deus todo-poderoso na Trindade, foi batizado em nome do Pai, Filho e
Espírito Santo e ungido do santo Crisma com o sinal-da-cruz. Mais de três mil homens do seu
exército foram igualmente batizados [...]”
São Gregório de Tours. “A conversão de Clóvis.” Historia e Eclesiasticae Francorum. Apud PEDRO-
SANCHES, M. G. História da Idade Média. Textos e testemunhas. São Paulo: Ed. Unesp, 2000. p.

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A respeito da constituição da sociedade medieval, o trecho explicita


a) a confirmação do poder persuasivo da Igreja Católica no processo de conversão de reinos
germânicos, iniciado já no século II.
b) a subordinação dos reis Francos à Igreja Católica.
c) a penetração do cristianismo nos povos bárbaros contou com a disciplina da hierarquia
militar.
d) a conversão de Clóvis foi uma estratégia para o início de seu Império, conhecido como
Império Carolíngio.
e) o sincretismo religioso a partir da penetração de ídolos pagãos nos escritos bíblicos,
elementos rechaçados, mais tarde, pela Igreja Ortodoxa.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

Ainda que todos os recém-chegados adotem a cultura romana e se convertam ao


cristianismo, eles se dividem politicamente. Com efeito, mesmo próximos uns dos outros,
combatem violentamente. Por exemplo, o chefe Franco, Clovis, parte de Tournai, na atual
Bélgica, instale-se em Soissons, converte-se ao cristianismo, expulsa os visigodos da
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Espanha, destrói o reino dos Burgúndios – que deram seu nome à Borgonha – e, então,
escolhe Paris como capital.
LE GOFF, Jacques. Uma breve história da Europa. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, p. 60-61.
Sobre a conversão dos “bárbaros” ao cristianismo, é correto afirmar:
a) É parte do avanço do catolicismo, que conseguiu ser a única religião da Europa, na Idade
Média.
b) Era uma maneira de sair da barbárie e tornar-se civilizado.
c) Deu muito prejuízo aos povos conquistadores, já que eles tinham que ceder as terras
conquistadas à Igreja.
d) Era como ser admitido na ONU hoje em dia, porque ganhava-se legitimidade.
e) Nem todos os povos “bárbaros” se converteram ao cristianismo, mas isso não fez diferença
sobre a legitimidade de suas conquistas.
(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

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Exterior da Igreja de São Martinho Fromista, construída entre 1066 e 1110, em Palência,
Espanha.
A arquitetura retratada pela fotografia caracteriza o estilo
a) gótico, marcado por formas mais imponentes e orgânicas, mais semelhantes às existentes
na natureza, mas repletas de ornamentos.
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b) românico, no qual se destacam linhas simples e geométricas, voltadas tanto para a


contemplação serena quanto para a defesa de invasores.
c) modernista, que privilegiava formas geométricas que visavam a maior funcionalidade das
atividades para as quais os edifícios eram dedicados.
d) barroco, o qual apresentava formas mais sinuosas e curvas mais salientes, além da
presença de esculturas e outros ornamentos junto ao edifício.
e) pós-modernista, dedicado a uma arquitetura que não deixava de prezar pela
funcionalidade, mas dava mais espaço para experimentação.
(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

No início do século VII, o clero romano está inserida em uma rede cristã. Após Gregório
Magno, o “último dos romanos”, o clero precisa produzir bons administradores para suprir
o desaparecimento da antiga classe dirigente: a Igreja substitui o Estado e satisfaz as
necessidades de toda a população, e não apenas da comunidade cristã ou dos pobres.
Le Goff, J. Dicionário do Ocidente Medieval.
Essa passagem do texto expressa
a) O processo de êxodo rural que marcou o fim da sociedade romana.
b) O fortalecimento da cidade com função religiosa.
c) O projeto da Igreja romana de transformar o cristianismo em religião universal.

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d) A fusão da Igreja com o Estado.


(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Herdeira das tradições romanas, a Igreja Católica se sobressaiu como a mais poderosa
instituição durante o período medieval. Nesse sentido, no que se refere ao papel da Igreja
Católica na Europa medieval, é correto afirmar que
a) os povos bárbaros não foram convertidos ao cristianismo, fato que possibilitou a expansão
católica sobre os territórios dos germânicos.
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse
período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã
com o pensamento racional humanista.
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de
cerceamento religioso por parte da Igreja Católica.
e) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam
ligadas as escolas e as universidades medievais.
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(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“A Idade Média foi o momento de um fervilhar de heresias no interior de um sistema
homogêneo que era o cristianismo [...]. A Igreja preocupou-se em destruir esses desvios, e
com violência. [...] O que ocorria, sobretudo, eram movimentos de resistência e revolta com
relação às instituições eclesiásticas. E é nisso que as heresias, apresentadas sob um aspecto
inteiramente negativo, constituem também um sinal de vitalidade daquela época, na qual
fermentava, irreprimível, a liberdade de pensamento.” (p. 133 – grifo nosso)
DUBY, George. Ano 1000, ano 2000: na pista dos nossos medos. SP: Unesp, 1998.
O período medieval foi apelidado de “Idade das trevas” com a justificativa de que havia
controle absoluto do pensamento pela Igreja. Contudo, o texto apresenta uma outra
interpretação possível para o contexto em debate, a saber:
a) A de que a Igreja Católica era tolerante com as divergências doutrinárias no interior de
seu sistema de crenças, por isso, o contexto era de concessões.
b) A de que as heresias não passavam de um movimento negativo de revolta e violência
contra os dogmas da Igreja Católica, por isso, o contexto era tumultuado.
c) De que os movimentos heréticos geravam um contexto de vigorada liberdade religiosa.
d) A noção de que, apesar da perseguição da Igreja às heresias, havia um vigoroso
movimento de crítica, contestação e liberdade de pensamento.
e) Um contexto brilhante no qual as teologias possuíam amplo espaço público para debater
suas concordâncias e divergências.
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(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“(...) sobretudo no domínio da organização política e no domínio da cultura, .... eles
precipitaram, agravaram, exageraram a decadência que se tinha iniciado sob o Baixo
Império. De um declínio, eles fizeram uma regressão.” Regressão quantitativa, regressão
técnica, regressão do gosto e dos costumes e regressão da administração e da majestade
de governo, eis o saldo das invasões dos Bárbaros.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval, 2005.
A regressão a que se refere o texto acabou gerando uma referência pejorativa ao Período
da Idade Média, que ficou conhecida como:
a) Idade do Saber
b) Idade das Trevas
c) Medievo
d) Idade do Meio
e) Era romana-germânica
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
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O complexo infra e supra estrutural que iria compor a estrutura geral de uma totalidade
feudal na Europa teve assim uma dupla origem, depois do colapso e confusão do início da
Idade Média. Entretanto, uma única instituição abarcou toda a transição da Antiguidade à
Idade Média em continuidade essencial.
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense,
1989, p. 126
O texto faz referência à instituição
a) Militar, representada pelo exército romano-germânico
b) Religiosa, representada pelas instituições romano-germânicas
c) Religiosa, representada pela Igreja Católica Romana
d) Política, representada pelo corte dos monarcas francos
e) Militar, formada pela cavalaria medieval
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
O feudalismo na Europa Ocidental surgiu no século X, expandiu-se durante o século XI e
atingiu seu auge no final do século XII e no século XIII. (...) Pelo século XIII, o feudalismo
europeu já havia produzido uma civilização unificada e desenvolvida (...).
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense.
1989, p. 177.

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Sobre a formação do mundo feudal, podemos relacionar:


A ruralização da sociedade e da economia
A descentralização política que ficou a cargo dos senhores feudais
O assalariamento do trabalho campesino
O estabelecimento de relações de vassalagem entre senhores e servos
A divisão estamental da sociedade cujo critério era o nascimento
Assinale a alternativa em que todas as afirmativas caracterizam a sociedade feudal:
a) I, II, III, V
b) I, II, IV, V
c) I, II, V
d) I, II, III, IV, V
e) I, II, IV
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
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Ela [a Igreja Católica] foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam
agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a
escrita se tornara clerical... A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa
passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois modos de produção.
Adaptado de ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1989, p. 131.
Os dois modos de produção citados no contexto descrito pelo autor são:
a) Feudalismo e capitalismo
b) Escravismo e mercantilismo
c) Feudalismo e mercantilismo
d) Feudalismo e capitalismo
e) Escravismo e feudalismo
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Dois pontos essenciais para nosso propósito devem ser sublinhados. De um lado, foi nessa
época que a Igreja estabeleceu seu quase monopólio sobre o ensino. Enquanto
desapareciam Todas as formas de escolas laicas, os concílios provinciais ou nacionais
declararam obrigatório para todos os bispos e titulares das principais paróquias organizar
uma escola; do Concçilio de Toledo (527) ao Concilio de Latrão (1179) essa disposição será
incansável.

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LE GOFF, Jacques. Dicionário do Ocidente Medieval. São Paulo. Ed. Unesp, , 2017, p. 649.
Levando em consideração o texto, no que se refere ao papel da Igreja Católica na Europa
medieval, é correto afirmar que
a) os povos bárbaros não foram convertidos ao cristianismo, fato que possibilitou a expansão
católica sobre os territórios dos germânicos.
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse
período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã
com o pensamento racional humanista.
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de
cerceamento religioso por parte da Igreja Católica.
e) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam
ligadas as escolas e as universidades medievais.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Desdenhando as autoridades, afirmando o primado da experiência, considerada como fonte
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de todo o conhecimento, estas ideias abriram a investigação de um campo totalmente livre


da tutela eclesiástica. Enquanto as viagens dos missionários e dos mercadores forneciam uma
imagem mais completa, se não sempre exata, da extensão do mundo e da diversidade
estrangeira do grego, do árabe, do hebraico, agora já é possível a aplicação da razão, fora
dos quadros da fé, da moral, da política e mesmo da constituição da Igreja.
Édouard Perroy. O florescimento da Europa Feudal (cerca de 1150- cerca de 1320). História
Geral das civilizações.
São aspectos do quadro mental da transição da Idade Média para a Moderna:
a) A afirmação dos dogmas eclesiásticos, apesar das novas religiões surgidas.
b) O desenvolvimento de ideias ainda confusas por estarem se afastando das teologias
cristãs.
c) O desenvolvimento do absolutismo político.
d) A valorização do racionalismo e do empirismo.
e) A ascensão do racionalismo e do empirismo que promoveram rupturas definitivas entre
ciência e religião.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Segundo Tomás de Aquino (1225-1274) o “problema que mais inquietou o Homem medieval
foi o da reafirmação da fé”. Para aprimorar suas elaborações e responder a esse tipo de
indagação, os pensadores, principalmente aqueles que viviam em mosteiros e universidades

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medievais, necessitavam de referencial bibliográfico para ampliar as possibilidades reflexivas.


Nesse sentido, foi um elemento que contribuiu, de forma determinante, para que
pensadores medievais lograssem êxito crítico-reflexivo,
a) a construção de bibliotecas nas cidades (burgos), as quais aproveitavam o fluxo comercial
para constantemente renovar exemplares de textos filosóficos, religiosos e literários das mais
variadas culturas.
b) as incursões dos mouros na Península Ibérica a partir do século VII, uma vez que levaram
obras de pensadores como Aristóteles, para uma região que desconhecia plenitude o
pensamento grego.
c) o estímulo dos assim denominas senhores feudais “esclarecidos”, os quais contratavam
filósofos religiosos para educarem seus filhos e, juntamente, se dedicarem à pesquisa sobre
questões do mundo feudal.
d) as cruzadas, cuja missão principal era resgatar textos históricos sagrados, tanto bíblicos,
quanto da filosofia clássica.
e) a difusão da patrística, baseada no pensamento de Santo Agostinho (354 – 430), vertente
que se tornou dominante durante o medievo.
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(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


As profundas mudanças sociais do século XI ampliam o papel dos cavaleiros na nova
sociedade, dita “feudal”, que se estabelece e da qual a castelania constitui a moldura
essencial. Sem dúvida, a autoridade pública, sobretudo na França, não desaparece
totalmente, mas transfere=se aos príncipes, sobretudo na França, não desaparece
totalmente, mas transfere-se aos príncipes, no século X, depois aos potentados locais, aos
catelões, senhores que fazem valer sua lei pela mão armada de seus milites, vassalos providos
de terras ou servidores armados mantidos no castelo.
(LE GOFF, Jacques. SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário analítico do Ocidente Medieval.
São Paulo: Ed. Unesp. V.1. 2017. p. 215)
A respeito da atividade e da função da cavalaria no medievo é correto o que se afirma em
a) a cavalaria era formada por mercenários.
b) ser cavaleiro era uma espécie de recompensa para os guerreiros de baixa patente que se
destacavam em batalhas.
c) a cavalaria era uma exceção à sociedade estratificada, pois permitia a ascensão social.
d) o fundamento da cavalaria estava nos serviços prestados à Igreja.
e) a cavalaria era uma expressão militar da nobreza.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)

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Enquanto uma unidade produtiva autossuficiente, o feudo possuía uma organização do dia
a dia muito particular. Nesse sentido, a alternativa que expressa corretamente uma
característica presente do manso senhorial é:
a) as atividades comerciais se desenvolviam nas terras do manso senhorial.
b) neste manso, as relações cavalheirescas se desenvolviam com exclusividade e estavam
limitadas por este território.
c) no manso senhorial estavam o moinho, o forno e a Igreja.
d) a produção agrícola desta área era destinada ao pagamento das taxas do servo ao senhor.
e) o manso senhorial era o espaço comum dos servos, do clero e da família do senhor feudal.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu.
Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que
tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão, foram
abandonadas porque o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A curva
demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
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O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual resultou
em um impacto demográfico negativo. Trata-se da crise
a) da guerra
b) monetária.
c) climática.
d) da peste negra.
e) de fome.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
“Embora o feudalismo seja um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa ocidental
entre os séculos X e XIII, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação,
mesclando elementos romanos e germânicos” (COTRIM, p. 175)
I – é um elemento romano o comitatus.
II – é um elemento romano o colonato.
III – é um elemento germânico o beneficium.
IV – é um elemento germânico o enfraquecimento do poder centralizado.
Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta as afirmações verdadeiras sobre elementos
romanos e elementos germânicos:
a) I e II estão certas.

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b) I, II e III estão certas.


c) II e III estão certas.
d) II, III e IV estão certas.
e) III e IV estão certas.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
A respeito da Europa entre os séculos X e XV, ou seja, durante o mundo medieval, é correto
afirmar que:
a) o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em nas camadas da sociedade
medieval que foi capaz de anular as crenças pagãs e a formação de outras religiões.
b) a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval,
dizimando um terço da população europeia.
c) a sociedade possuía mobilidade e estava organizada da seguinte maneira: Clero, nobreza
e camponeses.
d) o feudalismo, enquanto sistema de vida econômico, social e religioso, não possui relações
com a desestruturação dos reinos bárbaros e do Império Romano.
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e) Na maioria dos países, a epidemia de Peste Negra assolou burgos e castelos, mas
preservou os camponeses do contágio, por estarem isolados no campo.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
No processo de formação do feudalismo, o Reino dos Francos, incialmente um povo bárbaro,
tomou uma atitude que foi determinante para a formação das relações políticas e sociais na
Idade Média. Trata-se da
a) profissionalização do exército nacional.
b) conversão dos francos ao islamismo.
c) conversão dos francos ao cristianismo.
d) constituição do absolutismo enquanto organização do Estado.
e) expulsão dos árabes da Península Ibérica.
(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)
Atualmente pouco se sabe sobre as diversas seitas hereges que durante mais de três séculos
floresceram entre as “classes baixas” de Itália, Flandres e Alemanha, no que sem dúvida foi
o movimento de oposição mais importante da Idade Média. Isso se deve, fundamentalmente,
à ferocidade com que foram perseguidas pela Igreja, que não poupou esforços para apagar
todo rastro de suas doutrinas. [...] para erradicar sua presença, o papa criou uma das

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instituições mais perversas jamais conhecidas [...] (Silvia Federici. Calibã e a Bruxa. Ed.
Elefante, 2109).
Considerando o contexto descrito no texto, a instituição criada pela Igreja na baixa idade
Média foi ou foram:
a) O tribunal Católico, com o objetivo de catequisar os pagãos.
b) As Missões Jesuíticas, com a missão de catequisar índios na América
c) O Tribunal da Santa Inquisição, com a função de perseguir e destruir doutrinas divergentes
dos dogmas considerados oficiais.
d) As Cruzadas, com o objetivo de lutar contra os muçulmanos considerados heréticos.
e) A Santa Inquisição, com o objetivo de libertar a terra Santa dos infiéis.

15. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO


(IFSUL 2018)
Idade Média é uma divisão da História da Europa, que vai do século V ao século XV, portanto,
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durante um período de mil anos.


Analise as seguintes afirmativas referentes à Idade Média.
I. Corresponde, exclusivamente, ao período do feudalismo e à ideia de uma civilização cristã
ocidental e católica.
II. Teve, no Ocidente Europeu, seu poder político fragmentado entre senhores de terras,
enquanto a Igreja de Roma detinha o poder espiritual universal.
III. Tem seu término assinalado, tradicionalmente, pela conquista de Constantinopla, pelos
turcos, em 1453.
Estão corretas as afirmativas
a) I e III apenas.
b) II e III apenas.
c) I, II e III.
d) I e II apenas.
(IFSUL 2017)
A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no século V,
sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a
retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia
ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção

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feudal e sociedade hierarquizada. Disponível em:


<http://www.suapesquisa.com/idademedia>. Acesso em: 22 jul. 2016.
Na Idade Média, o trabalho gratuito que os servos prestavam aos senhores feudais, durante
o período de 3 ou 4 dias, é conhecido como
a) banalidades.
b) talha.
c) formariage.
d) corveia.
(IFSP 2015)
Leia o texto abaixo.
Pelo fato de formar a terceira camada da sociedade, os servos ou camponeses e os pequenos
artesãos constituíam a camada dos homens não livres, pois trabalhavam na reserva ou
serviam aos castelos e mosteiros. Pela falta de liberdade, não podiam sair do domínio
senhorial ou casar sem a autorização do senhor feudal. Já os colonos eram considerados
homens livres.
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A servidão ocorrida na Idade Média, no período conhecido como Feudalismo, tem, por
característica, uma grande carga de impostos. Dentre esses impostos, estão:
a) corveia, talha e banalidades.
b) imposto do sal, do selo e do açúcar.
c) ordálio e dízimo.
d) pedágio, mão-morta e investidura.
e) religioso e de defesa.
(IFPR 2016)
As leis que regulam a vida em sociedade dos germanos não eram escritas, fundamentavam-
se nos costumes. Qualquer homem livre podia queixar-se em uma assembleia ou tribunal,
em que o rei decidia o caso e estipulava a penalidade, normalmente uma multa que variava
proporcionalmente ao grau de ofensa. O assassino indenizava a família da vítima, os covardes
eram lançados nos pântanos, enquanto os desertores eram levados à forca, mas a prisão, a
morte ou o castigo físico somente podia ser pelos sacerdotes, em nome do deus da guerra.
Esse tipo de direito era chamado de:
a) Direito divino.
b) Direito consuetudinário.
c) Direito canônico.

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d) Direito romano.
(IFGO 2013)
Leia o texto a seguir.
“O fim do mundo antigo estivera sempre e intrinsecamente ligado à concepção da queda e
do fim do Império Romano, isto porque a história tradicional, particularmente aquela surgida
no século XIX, vira na política, ou mais precisamente na história política, a razão por
excelência do fenômeno histórico [...]
Contudo, este período de translatio, pelo fato só de ser nominado, vem por extensão e
inevitavelmente, a ser valorado e particularizado, por estes ou aqueles especialistas de uma
determinada temporalidade histórica, neste caso, o antiquista e o medievalista. Deste modo,
aqueles que acreditam e defendem ainda a ideia de crise e decadência do Império Romano,
e por consequência uma visão não muito otimista do período medieval, tenderam a rotulá-
lo como ‘Baixo Império’, pois, neste contexto, ‘baixo’ é logicamente denotativo de
decadente, de decrepitude, de algo que foi ‘alto’, ‘forte’, ‘pujante’. Como acrescenta Le
Goff, esta própria terminologia ‘alta’ ‘baixa’ é caracteristicamente medieval. Interessante
notar aqui que, mesmo para aqueles que não olham o período medieval com olhos tão
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benignos e entusiastas, necessariamente o tem em si, a ponto de, mesmo


inconscientemente, lançar mão de concepções e visões do mundo que lhe fora próprio”.
AMARAL, Ronaldo. “A Antiguidade Tardia nas discussões historiográficas acerca dos
períodos de Translatio. Alétheia – Revista de estudos sobre Antiguidade e Medievo,
volume único, jan./dez. 2008. Disponível em:
<http://www.revistaale.dominiotemporario.com/doc/AMARAL,_RONALDO.pdf> . Acesso
em: 04 nov. 2012. [Adaptado]
O texto se refere a duas grandes épocas históricas geralmente conhecidas como
“Antiguidade” e “Idade Média”. Em relação às ideias presentes no texto é correto afirmar
que:
a) Antiguidade e Idade Média não existem, sendo ambas um período de translatio [tradução].
b) Os historiadores devem seguir a perspectiva política para definirem as épocas. É desse
modo que podemos entender a evolução histórica do Ocidente.
c) A historiografia é uma ciência inequívoca que emprega uma terminologia objetiva a partir
da qual não estão presentes julgamentos em relação ao período trabalhado e sua
especificidade.
d) O período de translatio [tradução] indica que o processo de transformação da sociedade
entre os séculos III d. C. e XIII d. C. merece um estudo mais meticuloso, preocupado em
conhecer as especificidades que permitiram à sociedade sua transformação.

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e) Não existe certeza alguma no estudo da história e por isso a historiografia expressa pontos
de vista distintos em relação aos mesmos períodos.
(FGV/2019)
Vivendo num mundo agrícola, em que se percebe cotidianamente como alguns seres
precisam morrer para que outros possam viver, convivendo com a constante ameaça da
fome, das epidemias e das guerras, os medievais sentiam a onipresença da morte, mas isso
não os incomodava. Eles tinham dela uma visão natural, tranquila, diferente da de seus
descendentes dos séculos seguintes.
(Hilário Franco Júnior, A Idade Média, nascimento do Ocidente)

Para o homem medieval, a morte


a) era o começo da vida eterna, conforme o cristianismo ensinava e, chegado o momento, as
pessoas procuravam se preparar, sendo que a grande tragédia não era morrer, mas morrer
inesperadamente, sem ter se confessado.
b) representava a ausência da graça divina e apresentava-se com vigor em momentos de
descuido geral com as práticas religiosas mais usuais, como no caso dos cultos e dos
sacramentos, especialmente a confissão.
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c) mostrava a diferença entre os homens e apontava para a necessidade da acumulação de


bens materiais e morais como uma garantia para se ter um lugar no paraíso, conforme a
doutrina consolidada na Idade Média ocidental.
d) continuava sendo uma presença cotidiana mesmo após as modificações ocorridas com a
Crise do Século XIV, com o notável desenvolvimento da mentalidade coletivista, já que a
morte se tornou objeto de culto para todos os homens.
e) manifestava-se de forma macabra, mórbida e destrutiva e precisava ser antecedida de
boas ações, caso das esmolas e outras formas de caridade, para que os homens tivessem a
certeza de um justo julgamento divino.
(FGV 2018)
Este documento, do século XIV, encontra-se nos arquivos de Assize, na ilha de Ely, na
Inglaterra: Adam Clymne foi preso como insurgente e traidor de seu juramento e porque
traiçoeiramente com outros celebrou uma insurreição em Ely. Penetrando na casa de Thomas
Somenour onde se apossou de diversos documentos e papéis selados. E ainda, que o mesmo
Adam no momento da insurreição, estava andando armado e oferecendo armas, levando um
estandarte, para reunir insurgentes, ordenando que nenhum homem de qualquer condição,
livre ou não, deveria obedecer ao senhor e prestar os serviços habituais, sob pena de degola.
O acima mencionado Adam é culpado de todas as acusações. Pela ordem da justiça, o
mesmo Adam foi levado e enforcado.
(Leo Huberman. História da riqueza do homem, 2008. Adaptado)

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Considerando o documento, é correto afirmar que, no século XIV,


a) as violentas revoltas e mortes de camponeses foram provocadas pelo desespero em não
conseguir pagar, em dinheiro, aos senhores feudais, as novas taxas e o aumento das já
existentes, além da exigência de mais tempo de trabalho nas reservas senhoriais.
b) as revoltas camponesas aconteceram, tanto na Inglaterra como na França, contra os
cercamentos, que empobreceram os trabalhadores e os obrigaram a deixar a terra pelo não
pagamento do aumento dos aluguéis, o que enriqueceu ainda mais os senhores da terra.
c) a impossibilidade de juntar dinheiro para a compra da terra onde trabalhavam fez com que
muitos camponeses se revoltassem, porque se colocaram contra os senhores que
aumentaram os impostos e exigiram o pagamento de novos; algo considerado ilegal.
d) o recrudescimento da servidão decorria de uma nova estrutura econômica presente na
Inglaterra, onde as pequenas propriedades rurais e os campos comunais perdiam espaço
para os latifúndios produtores de matéria-prima para a nascente indústria.
(FGV/2016)
“Em muitos reinos sudaneses, sobretudo entre os reis e as elites, o islamismo foi bem
recebido e conseguiu vários adeptos, tendo chegado à região da savana africana,
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provavelmente, antes do século XI, trazido pela família árabe-berbere dos Kunta. (...) O
islamismo possuía alguns preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas
africanas, (...) associava as histórias sagradas às genealogias, acreditava na revelação divina,
na existência de um criador e no destino. (...) O escritor árabe Ibn Batuta relatou, no século
XIV, que o rei do Mali, numa manhã, comemorou a data islâmica do fim do Ramadã e, à
tarde, presenciou um ritual da religião tradicional realizado por trovadores com máscaras de
aves.”
(Regiane Augusto de Mattos, História e cultura afro-brasileira. 2011)

Considerando o trecho e os conhecimentos sobre a história da África, é correto afirmar que


A) a penetração do islamismo nas regiões subsaarianas mostrou-se superficial porque atingiu
poucos setores sociais, especialmente aqueles voltados aos negócios comerciais, além de
sofrer forte concorrência do cristianismo.
B) a presença do islamismo no continente africano derivou da impossibilidade dos árabes em
ocupar regiões na Península Ibérica, o que os levou à invasão de territórios subsaarianos,
onde ocorreu violenta imposição religiosa.
C) o desprezo das sociedades africanas pela tradição árabe gerou transações comerciais
marcadas pela desconfiança recíproca, desprezo mudado, posteriormente, com o abandono
das religiões primitivas da África e com a hegemonia do islamismo.

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D) o comércio transaariano foi uma das portas de entrada do islamismo na África, e essa
religião, em algumas regiões do continente, ou incorporou-se às religiões tradicionais ou
facilitou uma convivência relativamente harmônica.
E) as correntes islâmicas mais moderadas, caso dos sunitas, influenciaram as principais
lideranças da África ocidental, possibilitando a formação de novas denominações religiosas,
não islâmicas, desligadas das tradições tribais locais.
(Fgv/2016)
Analise o mapa.
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Considerando-se as informações do mapa e o processo histórico europeu do século XIV, é


correto afirmar que
a) as rotas comerciais terrestres do leste da Europa em direção ao Oriente são mais
numerosas e, portanto, tornam essa região a mais rica do continente na Alta Idade Média,
pelo aumento demográfico e pela expansão da agricultura.
b) as rotas comerciais, no mar Mediterrâneo, só enriquecem as cidades italianas e as cidades
do norte da África, já que as transações são dificultadas pelas diferentes moedas e pela
ausência de meios de troca, caso das cartas de crédito.

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c) o comércio se expande com o crescimento da população e da agricultura, o que


desenvolve as feiras e as cidades na Idade Moderna, especialmente no norte da África, pela
facilidade dos cheques, das letras de câmbio e do crédito.
d) as cidades da Liga Hanseática, entre o mar do Norte e o mar Báltico, aumentam a
circulação de mercadorias gerada pela redução tributária, porém trazem o seu isolamento
em relação ao restante dos mercados e feiras.
e) os três principais focos europeus de comércio na Baixa Idade Média são as cidades
italianas no Mediterrâneo, as feiras na região de Champagne e a Liga Hanseática no mar do
Norte e no Báltico, que mantêm comunicações entre si.
(FGV/2016)
Sem dúvida, podemos afirmar que após uma fase A de crescimento econômico (1200-1316)
a Europa Ocidental entrou numa fase B depressiva, que se estenderia até fins do século XV
no sul e princípios do XVI no centro e no norte.
FRANCO JÚNIOR, H. A Idade Média. Nascimento do Ocidente. 2a ed., São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 46.

A respeito da situação de retração econômica apontada pelo autor, é correto afirmar que
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a) a crise manifestara-se desde o século XI e caracterizou-se pela queda demográfica


acentuada e pela desorganização das atividades agrícolas e manufatureiras da Europa latina.
b) a falta de moedas e a ausência de minas na Europa provocaram a paralisação das
atividades mercantis e levaram à total desarticulação do feudalismo a partir do século XIV.
c) estagnação tecnológica, queda demográfica e guerras prolongadas são fatores que
explicam a depressão econômica que marcou a Europa ocidental a partir do século XIV.
d) a crise foi provocada pelas divisões internas da Igreja de Roma, às quais se somariam os
conflitos com o Sacro Império Romano Germânico, levando a uma desorganização política
da Europa ocidental.
e) a depressão econômica foi causada pela expansão muçulmana na Península Ibérica, uma
das áreas que haviam impulsionado o desenvolvimento econômico da cristandade ocidental.
(FGV/2015)
Leia o documento de 1346.
(...) se qualquer pessoa do dito ofício sofrer de pobreza pela idade, ou porque não possa
trabalhar terá toda semana 7 dinheiros para seu sustento (...)
E nenhum estrangeiro trabalhará no dito ofício se não for aprendiz, ou homem admitido à
cidadania do dito lugar.
(...) E se alguém do dito ofício tiver em sua casa trabalho que não possa completar... os
demais do mesmo ofício o ajudarão, para que o dito trabalho não se perca.

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(...) Prestando perante eles o juramento de indagar e pesquisar (...) os erros que encontrarem
no dito comércio, sem poupar ninguém, por amizade ou ódio.
Ninguém que não tenha sido aprendiz e não tenha concluído seu termo de aprendizado do
dito ofício poderá exercer o mesmo.
(Apud Leo Huberman, História da riqueza do homem, 1970, p. 65)

A partir do documento, é possível reconhecer as principais características das corporações


de ofícios, a saber:
a) solidariedade; defesa do livre mercado para além da cidade; regras flexíveis para seus
membros, inclusive estrangeiros, que poderiam exercer vários ofícios.
b) defesa do monopólio do mercado da cidade; exclusão de estrangeiros; controle de
qualidade do trabalho para evitar práticas desonestas e espírito de fraternidade.
c) ausência de controle do trabalho; monopólio do mercado da cidade; admissão de
estrangeiros; incentivo à competição e admissão de aprendizes de diferentes ofícios.
d) emprego de aprendizes desqualificados; liberdade de preço dos produtos; exclusão de
estrangeiros; espírito de fraternidade e produção de vários tipos de produtos.
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e) produção com controle de qualidade; admissão de artesãos sem aprendizado anterior;


defesa da concorrência entre os artesãos e livre mercado de preços dos produtos.
(FGV 2014)
[A crise] do feudalismo deriva não propriamente do renascimento do comércio em si mesmo,
mas da maneira pela qual a estrutura feudal reage ao impacto da economia de mercado. O
revivescimento do comércio (isto é, a instauração de um setor mercantil na economia e o
desenvolvimento de um setor urbano na sociedade) pode promover, de um lado, a lenta
dissolução dos laços servis, e de outro lado, o enrijecimento da servidão. (...) Nos dois
setores, abre-se, pois, a crise social.
(Fernando A. Novais, Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. p. 63-4)
Segundo o autor,
a) a crise foi provocada pelo impacto do desenvolvimento comercial e urbano na sociedade,
pois, na medida em que reforça a servidão, origina as insurreições camponesas e, quando
fragiliza os vínculos servis, provoca as insurreições urbanas.
b) a crise do feudalismo nada mais é do que o marasmo econômico provocado pela queda
da produção, uma vez que há um número menor de camponeses livres, o que leva à crise
social do campo, prejudicando também a nobreza.
c) a crise foi motivada por fatores externos ao feudalismo, isto é, o alargamento do mercado
pressiona o aumento da produção no campo e na cidade, o que leva à queda dos preços e
às insurreições camponesas e urbanas.

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d) o desenvolvimento comercial e urbano em si não leva à crise, pois o que deve ser levado
em consideração é a crise social provocada pelo enfraquecimento dos laços servis, tanto no
campo como na cidade.
(UFU 2018)
Observe a imagem:
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Essa pintura retrata um dos fatores que contribuíram para a derrocada do sistema feudal na
Europa Medieval.
Sobre o contexto abordado, é correto afirmar que a rápida disseminação da peste negra
decorreu em grande parte em função
a) da circulação de mercadorias na Europa totalmente urbanizada.
b) do reforço do sistema servil, que debilitou ainda mais os camponeses.
c) da crença na ira divina, que dificultava a cura pela medicina.
d) do baixo nível nutricional e das precárias condições sanitárias dos indivíduos.
(UFU 2017)
Os especialistas em demografia histórica são mais ou menos concordes em estimar que a
população global do reino da França no mínimo duplicou entre os anos mil e 1328, passando
de cerca de 6 milhões de habitantes para 13,5 milhões, e de 16 a 17 milhões, considerando as
regiões que desde então se tornaram francesas.
LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. Trad. Antônio Danesi, São Paulo: Martins
Fontes, 1992, p. 4. (Adaptado).
De acordo com a citação, pode-se afirmar que o principal fator que permitiu o crescimento
da população europeia foi

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a) o controle da Peste Negra por meio da implantação de medidas de saneamento das


grandes cidades europeias.
b) o fim dos conflitos entre os reinos, especialmente o da “Guerra dos Cem Anos”, entre
França e Inglaterra.
c) a relativa estabilidade política e econômica, que fomentou a expansão dos burgos e o
aumento da produção agrícola nos campos.
d) o incremento da agricultura, que impulsionou o sistema de trocas de mercadorias
promovendo a prosperidade nos feudos.
(UFPR 2017)
Considere o fragmento abaixo:
Durante a Idade Média, a figura feminina revestiu-se dos piores atributos imagináveis. Para
os teólogos, além de infantil e inconstante, a mulher era mãe de todo pecado: Thomas
Murner chamava-a de “Diabo doméstico”, enquanto Tomás de Aquino reservava-lhe a pecha
de “macho deficiente”. Essas características levaram-na a ser o elo fraco das sociedades
cristãs, a janela pela qual Satã adentrava territórios sacramentados. Sendo fraca de vontade
e caráter, a mulher ficava à mercê das tentações demoníacas, tornando-se facilmente
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discípula e amante do Diabo.


(SOUZA, Aníbal. Missionários e Feiticeiros. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 13.
jul./dez., 1996. p. 118.)
Em relação ao imaginário na Idade Média, é correto afirmar que vigorava uma forte
influência:
a) cristã protestante e alto poder do clero, com grande perseguição contra os considerados
heréticos.
b) cristã protestante e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande
perseguição contra os considerados vassalos.
c) católica e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande perseguição
contra os considerados heréticos.
d) católica e alto poder dos nobres, além de grande mobilidade social e perseguição contra
protestantes, considerados heréticos.
e) católica e alto poder do clero, além de grande mobilidade social e perseguição contra os
considerados vassalos.
(Unicentro 2013)
Em determinado período histórico, na Europa Ocidental, a população receosa de ataques
de povos considerados bárbaros buscou proteção ao redor dos grandes castelos. Sobre o
assunto, assinale a alternativa correta.

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a) O período mencionado durou cerca de mil anos e denomina-se “feudalismo”.


b) Nos castelos havia a proteção de exércitos que eram mantidos pelo Estado.
c) O processo mencionado propiciou o surgimento do sistema econômico feudal.
d) O feudalismo foi um sistema econômico baseado no trabalho escravo.
e) A figura do Papa era simbólica, pois a Igreja Católica estava enfraquecida.
(UNITAU 2018) 4000101113
“[...] foram de novo prestadas homenagens ao conde, as quais eram feitas por esta ordem,
em expressão de fidelidade e garantia. Primeiro prestaram homenagem desta maneira: o
conde perguntou [ao vassalo] se ele desejava tornar-se seu homem, sem reservas, e ele
respondeu: ‘Quero’. Então, tendo junto as mãos, colocou-as entre as mãos do conde e
aliaram-se por um beijo. Em segundo lugar, aquele que havia prestado homenagem jurou
fidelidade ao porta-voz do conde, com estas palavras: ‘Comprometo-me por minha fé a ser
fiel daqui por diante ao conde Guilherme e a cumprir integralmente a minha homenagem,
de boa fé e sem dolo, contra todos’, e em terceiro lugar jurou o mesmo sobre as relíquias
dos santos. Finalmente, com uma varinha que segurava na mão, o conde deu a investidura a
todos aqueles que por este fato tinham prestado lealdade, homenagem e juramento”.
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BRUGENSIS, Galbertus apud ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos


medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981, p. 172-73.
A partir de seus conhecimentos sobre a Idade Média, e considerando a leitura do texto, é
CORRETO afirmar que esse texto trata
a) da renovação de um contrato de vassalagem, que, em três etapas, estabelece relações
entre nobres.
b) da relação de escravidão que marca a sociedade da Idade Média, pois era preciso obter
mão de obra para a agricultura.
c) da relação entre os servos (que ofereciam lealdade e proteção) e os suseranos (donos de
terras e detentores de títulos).
d) da relação de vassalagem que marca a compra da liberdade, por meio da qual o cidadão
se torna livre para exercer a atividade que deseja dentro do condado.
e) da doação de terras por parte do vassalo para seu suserano, como agradecimento pela
concessão do título de duque.
(UNITAU 2018) 4000100272
“Na Alta Idade Média, esperava-se dos reis que eles cooperassem no embelezamento dos
monumentos religiosos. Tal ação fazia parte das missões da realeza. Eu falei de Afonso e de
Henrique que ajudaram Cluny, eles eram reis — assim como Robert le Pieux que seu biógrafo
Helgaud e que Oderic de Sens louvam especialmente por terem generosamente contribuído

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para o embelezamento de muitas igrejas. Outrora, com efeito, os soberanos dispunham de


maiores rendimentos monetários. A sagração sobretudo os colocava entre os Oratores, entre
os oficiantes das liturgias, o que lhes impunha participar da cultura eclesiástica. Eles
cooperavam diretamente para a eflorescência desta última, mantendo, no seu palatium, esse
centro maior de criação que era a capela, e todas as oficinas, de arte, de escrita, de reflexão,
que lhes eram associadas, espalhando seus benefícios sobre as catedrais e sobre as abadias
reais, e finalmente garantindo a paz, propícia aos trabalhos do espírito. O patrocínio foi,
originariamente, a função específica do rei, lugar-tenente de Deus na Terra. Ora, essa função,
no século XII, a aristocracia inteira pretende preencher”.
DUBY, G. Idade Média, Idade dos Homens. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 175.

Considerando a temática abordada no texto, é CORRETO afirmar:


a) Na Alta Idade Média, esperava-se dos reis que cooperassem no embelezamento dos
monumentos, para que pudessem criar representações de si e de seu poder para seus
súditos.
b) A coroação de um rei simbolizava uma união entre os poderes espiritual e temporal, de
modo que o rei passava a servir, também, à Igreja. Patrocinar a arte sacra era uma das
missões da realeza.
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c) Durante o período da Idade Média, os reis foram figuras importantes, de modo que a
própria aristocracia os seguia no patrocínio da arte sacra.
d) Os reis, por serem bastante religiosos e por estarem em um momento de grande
opulência de rendimentos monetários, tornavam-se, de forma voluntária, grandes
patrocinadores da arte sacra, espalhando seus benefícios sobre as catedrais e sobre as
abadias reais.
e) O rei era um símbolo que precisava ser celebrado em grandes construções.
(UNAERP 2020) 4000250127
Os francos estabeleceram seu território nos limites do Império Romano, na Gália, atual
França, onde se deu a origem da primeira dinastia franca, que duraria até a segunda metade
do século VIII. Essa dinastia foi a
a) Valois.
b) Bourbon.
c) Carolíngia.
d) Capetiana.
e) Merovíngia.
Comentários

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Esta questão é boa para revisar alguns aspectos importantes da transição entre a Antiguidade e a
Idade Média. Ela é simples e objetiva, perguntando apenas qual o nome da primeira dinastia
franca. Agora pare e lembre: tempo, espaço e tema. O tempo é o século V d. C., marco inicial da
Idade Média. O espaço é o território dos povos francos, na região da Gália, atual França, ou seja,
ao norte da Península Itálica, fazendo fronteira com a região central do antigo Império Romano
do Ocidente. O tema é a primeira dinastia franca.
Agora que identificamos esses três elementos fica mais fácil lembrar algumas coisas. Em
primeiro lugar, os francos eram povos de origem germânica, considerados bárbaros pelos
romanos. Lembra que um dos principais fatores que contribuíram para o declínio do Império
Romano do Ocidente foram as invasões bárbaras? Pois, bem, os francos estavam no meio desses
bárbaros. Agora, invasões é um termo genérico para descrever esse processo de migração em
massa. Os povos germânicos começaram a migrar intensamente para os territórios do Império
Romano por volta do século III. Os motivos eram vários: podiam estar fugindo das invasões de
outros povos, também germânicos ou asiáticos, que invadiam suas terras natais; por outro lado,
alguns historiadores apontam para o próprio modo de vida nômade e a forma como a terra era
trabalhada por esses grupos humanos. Eles costumavam cultivar agressivamente o solo e depois
abandonar a região por muito tempo, em busca de terras virgens. Eventualmente, eles chegavam
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às fronteiras romanas. Assim, essa diversidade de povos e grupos germânicos às invadiam


violentamente, saqueando e conquistando as terras romanas, outras vezes migrava
individualmente ou em grupos, de forma mais ou menos pacífica, tentando não chamar muita
atenção para si e sendo incorporados em funções marginais da sociedade romana. Portanto, no
século V, com o Império do Ocidente já em desintegração, com muitas cidades e terras divididas
entre bárbaros e romanos (especialmente nas fronteiras mais afastadas de Roma), podemos
encontrar germânicos, e entre eles os francos, tanto nas regiões controladas por bárbaros, como
naquelas mantidas sob domínio romano.
Tratava-se de um cenário bem caótico. O Império se desintegrava, perdendo territórios ora
para os bárbaros, ora para grandes proprietários romanos que viam mais vantagem se desligar do
poder central para proteger melhor suas terras. Os germânicos, por sua vez, tinham que se
preocupar com invasões de outros germânicos e com a resistência dos romanos à sua
incorporação na sociedade. Alguns grupos eram expansionistas, procurando dominar muitas
terras sob seu domínio. Nesse cenário, um cavaleiro franco considerado o herói da batalha dos
Campos Catalúnicos, Meroveu, deu início ao que ficou conhecida como Dinastia Merovíngia, em
451, meados do século V, apenas 5 anos depois da queda definitiva do Império Romano do
Ocidente. Seu neto, Clovis, foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou,
entre 481 e 511, o Estado Franco, fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas
disputas territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre
outros povos germânicos. Logo, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E

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(UNAERP 2020) 4000250066


Carlos Magno (742-814), com a ampliação das fronteiras, converteu o Reino dos Francos no
mais extenso da Europa Ocidental, e assim, em 25 de dezembro de 800, esse monarca é
nomeado pelo papa Leão III como imperador do Novo Império Romano do Ocidente.
Todavia, seu filho e sucessor, Luís I, o Piedoso (778-840), viu seu império ser devastado nos
anos de 830, resultado da guerra civil entre seus três filhos herdeiros. Em 843, na tentativa
de resolver o conflito entre os herdeiros carolíngios, é assinado um tratado que influenciaria
sobremaneira na definição de grande parte das atuais fronteiras europeias.
Assinale a opção que corresponde ao tratado a que o texto se refere.
a) Tratado de Westfália.
b) Tratado de Verdun.
c) Tratado de Versalhes.
d) Tratado de Methuen.
e) Tratado de Maastricht.
(FACISB/2019)
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Se na Antiguidade existiu a crença de que as doenças eram enviadas aos homens pelos
deuses como castigo por suas faltas, foi também durante esse largo período histórico que
surgiram as primeiras formulações de que as doenças eram provocadas por fatores naturais,
a exemplo de Hipócrates (século IV a.C.). [...]
Durante a Idade Média vigorou a ideia de que as práticas mágicas e religiosas eram fatores
determinantes para a manifestação das doenças; no entanto, os médicos do medievo
também difundiram o conceito de contaminação e a necessidade da quarentena como forma
de contenção da propagação de epidemias. Nas faculdades medievais de medicina
conviviam os ensinamentos de Hipócrates, os de Galeno e de alguns médicos do mundo
árabe.
(Eliane C. D. Fleck e Leny C. Anzai. “Apresentação do dossiê ‘História da
saúde e das doenças: protagonistas e instituições’”. Territórios &
Fronteiras, jul./dez. de 2013.)

Depreende-se do excerto que


(A) as faculdades de medicina se restringiram a manter as superstições greco-romanas e os
dogmas cristãos.
(B) a medicina medieval incorporou conhecimentos da Antiguidade clássica e da civilização
islâmica.
(C) as doenças eram entendidas, na Antiguidade e no medievo, como resultado da falta de
fé das pessoas.
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(D) os povos da Antiguidade se resignaram às determinações dos deuses para explicar as


epidemias
E) a ciência árabe se baseou no experimentalismo, rejeitado pela civilização greco-romana e
pela cristandade
(FACISB/2016)
A queda do Império Romano do Ocidente representou a desagregação do quadro político
do Estado, cujo aparato administrativo e militar entrou em colapso no século V. A
organização social da época tardia persistiu, com a permanência de instituições como o
patrocínio e o colonato. A economia existente no século IV não sofreu de imediato uma
grande transformação. Ao lado dos dominadores bárbaros, a velha aristocracia romana de
latifundiários manteve boa parte de seus privilégios. A força militar dos bárbaros contribuiu
para perpetuar a exploração da massa de colonos, ligando-os estreitamente à terra e
submetendo-os a seus senhores ou seus bispos.
A Igreja garantiu um mínimo de unidade cultural no então fragmentado mundo ocidental.
(Maria Luiza Corassin. Sociedade e política na Roma antiga, 2001.)

Para a historiadora, houve


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A) uma radical transformação política com a organização de exércitos bárbaros, que se


mostraram incapazes de defender as fronteiras do Império Romano.
B) uma transição da economia agrária romana, fundamentada na grande propriedade, para
a atividade mercantil de colonos bárbaros, submetidos aos senhores.
C) uma tentativa fracassada de manter a identidade cultural do Império Romano, uma vez
que a Igreja latina triunfou sobre a religião dos cristãos e dos bárbaros.
D) um lento processo de assimilação de instituições romanas, como a estrutura militar, e de
costumes bárbaros, como a servidão dos camponeses.
E) uma relativa continuidade nas formas de dominação social após a queda do Império
Romano, apesar da descentralização do poder nos reinos bárbaros.
(UFRR 2020)
[...] a expectativa de vida é pequena na Idade Média. Os velhos são mais ou menos
considerados uma exceção. Certos textos falam com frequência de uma pessoa ou
personagem que é velho quando ele não tem mais do que quarenta e cinco anos. Se se
observar a duração da vida dos reis da França, é excepcional morrer com mais de cinquenta
ou cinquenta e cinco anos. Os espaços sociais nos quais os homens e as mulheres têm vida
mais longa adquirem um prestígio crescente. Isso é verdade, sobretudo nos meios que
adotam uma alimentação mais selecionada e seguem uma dieta mais sadia, a saber, os meios
monásticos. Ao longo da Idade Média, os velhos beneficiaram-se, assim, dessa imagem dos
velhos monges. Além disso, em uma época marcada pela ausência de arquivos ricos, a

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memória torna-se o apanágio dos velhos. E como os homens da Idade Média atribuem muita
importância à ancestralidade de um costume ou de uma tradição, a população consulta-os a
respeito de todos os assuntos, [...]
(LE GOFF, Jacques & TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, pp. 103-104).
Considere as assertivas a seguir.
I. A pirâmide etária da população europeia ocidental na Idade Média apresenta baixas taxas
de mortalidade.
II. A qualidade da alimentação pode ser vista como um elemento definidor da posição social
na sociedade medieval europeia.
III. A longevidade dos monges cristãos significava um importante repositório de relatos de
autoridade para as relações sociais feudais europeias.
IV. O processo de urbanização durante a Idade Média europeia ocidental foi planejado de
acordo com as demandas dos grupos sociais populares.
É CORRETO afirmar que é (são) verdadeira(s) somente:
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A) I.
B) III.
C) I e II.
D) III e IV.
E) II e III.
(UFRR 2015)
Sobre as feiras na Idade Média é possível afirmar que:
A) o crescimento das feiras, apesar de ser um negócio lucrativo, não evoluiu, ficando os
mercadores sem oportunidades na nova configuração econômica que estava surgindo.
B) essas atividades somente foram possíveis graças à unificação da moeda europeia, que
facilitou a atividade dos banqueiros e a compra de mercadorias pelos servos.
C) eram consideradas eventos econômicos e culturais. Alguns exemplos de feiras são as de
Provins e de Troyes, na região de Champagne e as feiras de Bruges e de Antuérpia, na região
de Flandres.
D) eram referenciadas como comércio local das cidades para o abastecimento diário dos
seus habitantes.
E) foram impulsionadas pelo fenômeno de regionalização, que desestabilizou a obtenção de
mercadorias vindas de lugares mais distantes.

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(UFRR 2015)
As cruzadas, ocorridas durante a Idade Média, são analisadas por muitos historiadores como
um evento “pouco glorioso e condenável”, como ilustra a citação abaixo: “O cristianismo,
tal como era ensinado por Jesus e o Novo Testamento (o Evangelho), era uma religião
pacífica. Entre os primeiros cristãos, muitos foram perseguidos pelos romanos porque não
queriam ir à guerra. Mas à medida que se tornavam cristãos, os bárbaros introduziram seus
costumes guerreiros no cristianismo” (LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus
filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007).
Com base nessas informações, assinale a alternativa INCORRETA:
A) as Cruzadas foram grandes batalhas contra os povos não cristãos que habitavam o norte
da Europa, numa tentativa de convertê-los ao cristianismo através da força, contradizendo
todo o ensinamento bíblico que se pautava numa religião pacífica.
B) o movimento das Cruzadas teve como principal objetivo a conquista de Jerusalém e do
Santo Sepulcro, onde Jesus teria sido sepultado.
C) as Cruzadas iniciaram-se no Concílio de Clermont, quando o papa Urbano II convocou os
cristãos para partirem rumo a Terra Santa, em um período da Idade Média que durou quase
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dois séculos.
D) entre os séculos XI e XIII partiram da Europa oito Cruzadas que envolveram milhares de
pessoas, desde a nobreza até os mendigos.
E) além do objetivo religioso, de tomar lugares sagrados para os cristãos, as Cruzadas
serviram a outros interesses, como a conquista de novas terras pela nobreza feudal e a
ampliação das atividades mercantis.
(UFRR 2017)
Leia o texto a seguir, sobre o funcionamento das escolas medievais: “Eu vejo uma reunião
de estudantes; seu número é grande, há de todas as idades; há crianças, adolescentes,
moços e velho […]. Seus estudos são diferentes; uns exercitam sua língua inculta a pronunciar
novas palavras e a produzir sons que lhes são insólitos. Outros aprendem, em seguida,
ouvindo as inflexões dos termos, sua composição e sua derivação […]. Outros trabalham com
um estilete em tábuas revestidas com cera. Outros traçam com mão sábia, sobre membranas,
diversas figuras de cores diferentes […] Outros, a tanger uma corda esticada sobre um
pedaço de madeira, tirando dela melodias variadas. Outros, explicando certas figuras de
geometria. Outros, com o auxílio de certos instrumentos, o curso e a posição dos astros e a
revolução dos céus. Outros tratando da natureza das plantas, da constituição dos homens,
das propriedades e virtudes de todas as coisas.
(SAINT-VICTOR, Hurgues. De vanitate mundi. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de história
antiga. São Paulo: Contexto, 1989, p.125).

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Com base no texto e sobre o acesso às escolas e universidades medievais na Europa


Ocidental, podemos concluir que:
A) A educação medieval na Europa Ocidental ocupou o lugar dos mosteiros no processo de
ensino, rompendo totalmente com o ensino religioso cristão e possibilitando o acesso de
todos.
B) As escolas eram frequentadas principalmente pelos filhos de servos, enquanto estes
desenvolviam as atividades nos campos.
C) Os servos participavam das escolas como possibilidade de aprender e desenvolver novas
tecnologias na época.
D) As escolas e universidades no período medieval na Europa Ocidental ofereciam
oportunidades de estudar para todos, contudo, estavam voltadas inicialmente para o mundo
rural.
E) As escolas e universidades no período medieval eram fortemente influenciadas pela
tradição cristã, e o acesso era restrito a determinados grupos sociais.
(UFRR 2020)
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Filipe de Beaumanoir no fim do século XIII compreendera bem o problema: “Vemos muito
boas cidades onde os burgueses pobres e os de condição média não participam de maneira
alguma na administração da cidade, que está inteiramente em mãos dos homens ricos,
porque a comuna os teme devido à sua fortuna ou ao seu parentesco. Acontece que uns são
prefeitos, jurados, recebedores, e que, no ano seguinte, transmitem sua função... a seus
parentes próximos. Os ricos entendem-se para subtrair sua contabilidade a qualquer
controle, e é em vão que se levanta contra eles uma acusação ou fraude ou de embuste, por
mais fundada que seja. Assim sendo, os pobres não os podiam tolerar, mas não sabiam qual
a maneira justa de exigir seu direito, exceto atacá-los.”
(CROUZET, Maurice. História geral das civilizações. A Idade Média: os tempos difíceis. Rio
de Janeiro, Bertrand Brasil, 1994, p. 59).
Levando em conta seus conhecimentos sobre a história do medievo europeu, assinale a
alternativa que apresenta CORRETAMENTE o problema mencionado no texto acima.
A) Oposição entre a Igreja cristã e os valores aristocráticos.
B) Ascensão social camponesa na estrutura de privilégios.
C) Associação entre a posse de terras e o poder político.
D) Influência da perspectiva racista nas relações feudais de produção.
E) Relação entre o teocentrismo e a valorização do comércio.

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16. GABARITO
27. D
1. C 28. A
2. C 29. B
3. C 30. D
4. A 31. A
5. B 32. A
6. C 33. D
7. D 34. E
8. B 35. C
9. C 36. B
10. E 37. A
11. D 38. D
12. C 39. C
13. C 40. C
14. C 41. C
15. E 42. A
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16. E 43. B
17. D 44. E
18. B 45. B
19. E 46. B
20. C 47. E
21. E 48. E
22. C 49. E
23. B 50. C
24. C 51. A
25. C 52. E
26. B

17. QUESTÕES ESSENCIAIS - ENCCEJA (COMENTÁRIOS)


(ENCCEJA 2018) 4000117461

Pelas águas do rio Reno, em algo mais que imaginação, passando sob pontes construídas
pelos romanos e restauradas por heróis posteriores, passando por cidades e castelos cujos nomes
soavam-me aos ouvidos como música, e cada uma das quais era tema de uma lenda, deixei-me
levar por um encantamento como se me transportasse para uma época heroica, respirando uma
atmosfera de cavalaria medieval.

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SCOTT, F. J. A arte de embelezar o jardim das casas suburbanas. In: SCHAMA, S. Paisagem
e memória. São Paulo: Cia. das Letras, 1996 (adaptado).

Os elementos da paisagem que foram marcantes na descrição apresentada estão


relacionados ao(à)

a) vivência urbana.

b) relevo acidentado.

c) patrimônio histórico.

d) vegetação predominante.

Comentários
Esta é uma questão de interpretação de texto. Note que o comando requisita que indiquemos ao
que estão relacionados os elementos da paisagem citados pelo texto. Sendo assim, ao ler o texto,
repare nas informações concernentes ao tempo e espaço. Quanto ao tempo, a coisa pode ser um
pouco confusa, pois o autor do texto narra seu passeio no tempo presente, mas repara em
elementos da paisagem que remetem a tempos passados. A citação aos romanos e à cavalaria
medieval nos dá dica que se trata de um lugar cujas marcas da transição do mundo romano para
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o mundo medieval ainda eram visíveis no momento que o historiador passeava por ali. Esse lugar,
esse espaço, são as margens do rio Reno, que atravessa verticalmente o continente europeu,
passando por terras da Holanda, Alemanha, França, Suíça e Itália. Entretanto, o mais importante
a se notar no que chama a atenção do nosso narrador, em seu passeio, é que ele menciona apenas
os elementos produzidos pelo ser humano (castelos, cidades e pontes). Além disso, destaca-se
que esses elementos materiais o fazem lembrar de um elemento imaterial, uma forma de relação
social e política que produziu bens culturais imateriais, como as canções e romances de cavalaria,
marcos da literatura medieval. Com essas considerações em mente, vejamos ao que podemos
relacionar os elementos citados pelo texto:
a) Incorreta. Pontes e castelos não necessariamente estão ligados à vivência urbana, pois podem
fazer parte da vivência rural, principalmente no mundo medieval.
b) Incorreta. O texto não fala nada sobre relevo.
c) Correta! O patrimônio histórico, hoje em dia chamado de patrimônio cultural, são todos os bens
culturais produzidos por um povo e que são reconhecidos por seus criadores como distintivos de
sua identidade, cultura e histórica. Nesse sentido, o patrimônio histórico é um bem cultural
selecionado pelo povo que o criou para sustentar a memória coletiva sobre o seu passado. Os
patrimônios históricos podem ser materiais (como pontes, cidades, castelos, obras de arte,
instrumentos musicais, etc.) ou imateriais (lendas, danças, músicas, literatura, etc.). Hoje em dia,
na nova definição de patrimônio cultural, também estão incluídos os patrimônios ecológicos, que
designam espaços na natureza que são importantes para os biomas e populações humanas que
nele habitam.

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d) Incorreta. Não se fala em vegetação no texto.


Gabarito: C

18. QUESTÕES APROFUNDAMENTO - (COMENTÁRIOS)


(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)
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As rotas representadas no mapa acima permitem afirmar que, durante a Baixa Idade Média
a) A Europa ficou isolada devido à feudalização da sua economia.
b) Os árabes controlavam sozinhos todas as rotas da seda.
c) Existia um circuito comercial mercantil entre a Ásia, África e Europa.
d) O continente africano participava da interação comercial, mas não tinha produtos de
grande interesse no mercado europeu.
e) A Ásia era um grande mercado consumidor de produtos eurasianos.
Comentários
A questão demanda a interpretação do mapa, especificamente das indicações fornecidas
pelas setas, que representam o sentido das rotas.
a) errado, pois as setas mostram que a Europa não ficou isolada, de modo que, tanto por
terra, quanto por mar houve atividade comercial.

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b) falso, pois havia comércio e comerciante na Europa e Ásia. Os árabes, de fato, estavam
em um ponto estratégico para fazer as mediações e negociações comerciais, pois, praticamente,
todas as rotas passavam por eles.
c) exato, pois a afirmação confirma os sentidos das rotas em diversos pontos dos três
continentes.
d) errado, pois havia ouro na África, de modo que várias rotas foram abertas para escoar
esse metal.
e) falso, pois o sentido do consumo estava em direção aos europeus, então, seria o inverso
da afirmação.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“[...] Se algum dos acima citados irmãos vier a morrer na dita cidade ou em qualquer
outro lugar, logo que o conhecimento deste fato chegar ao juiz, o dito juiz ordenará que seja
celebrada uma missa solene por ele, na qual cada um dos irmãos da dita guilda que fica na
cidade fará a sua oferta. [...] Se um irmão se tornar pobre e necessitado, deverá ser
sustentado em alimentos e vestuário, segundo as suas necessidades, a partir dos
rendimentos das terras e possessões, bens móveis e imóveis da dita guilda”.
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Preceitos da guilda da Santíssima Trindade de Lynn [século XIV]. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M.


G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unesp, 2000, p. 168.

A respeito das guildas e corporações medievais, é correto afirmar:


a) Originaram-se nos feudos, desde o início da Idade Média., porém se tornaram mais
raras no final desse período.
b) Foram extintas nos reinos católicos pela Bula Intercoetera, em 1493. A Igreja não
tolerava as formas de enriquecimento dessas novas classes sociais.
c) Reuniam profissionais de um mesmo ofício, para se proteger da concorrência,
fiscalizar as atividades e auxiliar seus membros em momentos críticos.
d) Eram associações mutualistas criadas pela nobreza feudal e guerreira para organizar
expedições militares, como as Cruzadas.
e) Consistiam em grêmios com funções exclusivamente econômicas, como controle
de preços e manutenção da formação de novos aprendizes.
Comentários
Antes de tudo, repare que o enunciado fala que essas eram associações medievais. Assim,
já temos uma ideia do período abordado: Idade Média. Sendo mais específico, as guildas e
corporações de ofício começaram a se proliferar na Europa em decorrência do renascimento
comercial e urbano, que teve início por volta do século XIII e se estendeu pela Baixa Idade Média.
Esse processo foi desencadeado pelo crescimento demográfico, pelo excedente agrícola
produzido nos feudos e pelo contato com outras culturas e mercados no oriente proporcionado

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pelas Cruzadas. Assim, o comércio foi voltando a crescer e cidades cresceram nos pontos onde os
mercadores parava para se hospedar, passando a fazer delas sua residência fixa. Com isso, novas
classes sociais se formaram, como a burguesia e uma miríade de artesãos de variados ofícios.
Conforme a cidade crescia e suas atividades se expandiam, novos trabalhos e formas de
enriquecimento surgiam. Evidentemente, isso desestabilizou a ordem feudal. Além disso, o
processo todo foi desordenado e improvisado, de modo a estrutura das zonas urbanas
(saneamento, higiene, trânsito, etc.) não foram bem planejadas. Tampouco havia políticas públicas
assistencialistas para dar suporte a massa de trabalhadores migrantes que buscavam novas
oportunidades de vida e trabalho. Mesmo os mercadores, que tinham mais chances de enriquecer,
tinham que lidar com a discriminação e perseguição da nobreza e do clero, que temiam que sua
rápida ascensão resultassem em perda de privilégios para eles. Assim, as guildas de mercadores
e as corporações de ofícios surgiram para dar coesão grupal e amparo material a pessoas de um
mesmo ofício. Agora que te lembrei esses detalhes bem básicos, qual alternativa está correta a
respeito dessas corporações medievais:
a) Incorreta. Como disse acima, as corporações de ofício se originaram com o renascimento
comercial e urbano no início da Baixa Idade Média, ou, podemos dizer, em meados da Idade
Média. Durante o auge do feudalismo (s. X-XIII), os reinos eram descentralizados e a população
se concentrava na zona rural, espalhada pelos feudos. Cada um destes, era autossuficiente,
praticando agricultura e pecuária. O comércio era incipiente, com alguns poucos mercadores
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circulando entre as regiões. Os artesãos também já existiam antes, mas enquanto estavam no
feudo, não viviam muito diferente dos demais servos, devendo obediência ao senhor feudal.
Porém, à medida que o feudalismo entrava em crise e as cidades e o comércio reviviam, o cenário
mudou como expliquei no comentário acima.
b) Incorreta. A Bula Intercoetera foi um documento resultante do acordo sobre as fronteiras
das possessões portuguesas e espanholas no Novo Mundo. Esse acordo foi mediado pelo Papa
Alexandre VI. Por outro lado, a Igreja não condenava as guildas e as corporações de ofício no
geral. Apenas criticava atividades específicas da burguesia, como a usura (empréstimo à juros). O
clero também era contra a concessão de direitos políticos aos burgueses, pois continuava
defendendo a ordem social definida pelo nascimento. De qualquer forma, a Igreja não condenava
o direito desses grupos se associarem.
c) Correta! É como disse no comentário. Cada grêmio se reunia com base na profissão
praticava. Assim, eles tentavam tabelar os preços a serem pagos pelos serviços prestados ou pelas
mercadorias produzidas. Igualmente, eles tentavam sistematizar a educação de novos aprendizes
enquanto fiscalizavam os métodos e técnicas praticados pelos membros. Além disso, algumas
dessas corporações prestava auxílio financeiro e material a seus integrantes em momentos de
dificuldades, ou para seus familiares em caso de morte, como no texto da questão que reproduz
o estatuto de guilda determinando que os membros deviam ajudar a pagar a missa pela alma dos
colegas.
d) Incorreta. De fato, elas eram associações mutualistas, como descrevi na alternativa “c”.
No entanto, não eram criadas pela nobreza, mas sim por mercadores e artesãos.

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e) Incorreta. Essas funções realmente faziam parte das atividades das guildas e corporações.
Contudo, como disse na letra “c”, também havia funções como padronização da educação no
ofício, fiscalização de atividades e prestação de auxílio material e financeiro.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


“O que é um estudo, quantas formas dele existem e por mandado de quem deve ser feito.
Um estudo é uma associação de mestres e escolares feita num determinado lugar com a
vontade e a intenção de aprender os saberes. E dele existem duas modalidades: uma é a
que chamam ‘estudo geral’, onde há mestres das artes, assim como de gramática, de lógica,
de retórica, de aritmética, de geometria e de astrologia, e outrossim em que há mestres de
decretos e senhores de leis (mestres de direito civil); este estudo deve ser estabelecido por
mandado de papa, de imperador ou de rei.
A segunda modalidade é a que chamam ‘estudo particular’ quer dizer quando um mestre
ensina nalguma cidade, apartadamente, a poucos escolares.
E este, pode manda-lo fazer o prelado ou conselho de qualquer lugar”.
Afonso X, o Sábio. Las Siete Partidas [XIII]. In: História da Idade Média: textos e
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testemunhas. São Pulo Editora Unesp, 2000, p. 182.


O texto acima, escrito pelo rei de Castela, aproximadamente entre 1256 e 1265, revela que
a) o desenvolvimento das cidades intensificou a demanda por uma população instruída e
reforçou a necessidade de formar funcionários públicos e melhores clérigos.
b) o clero não tinha nenhum interesse no fortalecimento das universidades, pois estas
desafiavam o controle eclesiástico sobre a religiosidade e a produção de conhecimento.
c) as universidades eram completamente dominadas e financiadas pela Igreja Católica, sem
espaço para o desenvolvimento de um pensamento laico ou dissidente.
d) a Europa ocidental viveu um período de obscurantismo e inércia intelectual, no qual não
houve nenhum tipo de desenvolvimento técnico ou científico.
e) o esforço das autoridades e estudiosos em solucionar o declínio do comércio e o êxodo
urbano falhou, tornando inevitável a consolidação do feudalismo.
Comentários
Repare que o texto é um documento de época e foi produzido no século XIII, ou seja,
durante a Idade Média. É de autoria do rei de Castela, um dos reinos que mais tarde daria
origem à Espanha, no século XV. Entretanto, estamos falando de um período bem específico
da Idade Média. Lembre-se que esse período é comumente dividido em três fases: a Alta
Idade Média (s. V-X); Idade Média Central (s. X-XII); e Baixa Idade Média (s. XIII-XV). Note,
então, que o texto foi escrito neste último momento, marcado por um processo que
chamamos de renascimento comercial e urbano, quando o feudalismo começava apresentar

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sinais de declínio. Além disso, é um período posterior às Cruzadas, o que sugere que a
Europa já havia restabelecido contato comercial e diplomático com civilizações do
Mediterrâneo e do oriente, proporcionando a circulação de saberes e mercadorias. Por sua
vez, o texto em si disserta sobre as características e procedimentos adequados para dois
tipos de estudos. É como se o autor estivesse procurando regulamentar, ou padronizar, as
formas de se produzir conhecimento. Sabendo disto, vejamos o que esse documento revela:
a) Correta! O fortalecimento das cidades era crescente e derivado de uma dinâmica
interna de deslocamento dos servos rumo a elas e pelo aumento da produção agrícola que
demandava a venda de excedentes. Porém, também foi impulsionado pela retomada das
rotas comerciais pelos europeus ao longo das Cruzadas, o que permitiu a circulação de
textos, obras de arte, mercadorias e pessoas. Vale ressaltar que, apesar das cidades italianas
monopolizarem o comércio marítimo no Mediterrâneo, os principais centros de tradução
eram a Espanha – onde as civilizações cristã e muçulmana se encontraram – e a Sicília,
controlada por Bizâncio até a última metade do século IX e em seguida pelo Islã, até que os
cristãos normandos concluíssem a conquista da ilha em 1091. Assim, nos séculos XIII e XIV,
ocorreu um autêntico movimento científico e a difusão de universidades por toda Europa.
b) Incorreta. A edificação de universidades era interessante tanto para autoridades
seculares quanto eclesiásticas. Como a alternativa “a” afirma, corretamente, as universidades
formavam funcionários públicos para trabalharem no Estado assim como auxiliava na
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padronização da formação do clero. Lembre-se que durante a Idade Média a Igreja Católica
teve que lidar com uma série de movimentos heréticos que questionavam seu monopólio
sobre as doutrinas religiosas. Inclusive, muitos clérigos da própria Igreja chegaram a desafiar
alguns dogmas. Para contornar essa situação, foi promovida a escolástica, uma corrente
filosófica que resultou da síntese do pensamento greco-latino com os dogmas do
catolicismo. Surgida no século XII, procurava aliar fé e razão e confirmar a veracidade dos
dogmas religiosos por meio da argumentação racional. A nova corrente cristã ficou
conhecida como escolástica porque seus fundamentos eram ensinados nas universidades,
também chamadas de escolas.
c) Incorreta. A existência do documento exposto pela questão prova que não apenas
a Igreja tinha interesse no desenvolvimento das universidades. Escrito pela iniciativa de um
rei, o texto é um corpo normativo, com o objetivo de conseguir certa uniformidade jurídica
para o reino de Castela. Por isso, vemos a preocupação em regulamentar as formas e
procedimentos adequados para a realização de estudos científicos. Ainda, essa jurisdição
dupla (laica e eclesiástica) das universidades medievais se expressava nos dois tipos de
estudos descritos pelo autor, uma vez que o “estudo geral” podia ser encomendado por
“papa, imperador ou rei”; e o “estudo particular” podia ser requisitado por “prelado ou
conselho de qualquer lugar”.
d) Incorreta. A ideia de que a Idade Média foi um período de trevas e obscurantismo
intelectual faz parte de um estereótipo nutrido pelos estudiosos no período renascentistas,
que criticavam o controle da Igreja sobre o pensamento. Eles se inspiravam na tradição
greco-romana, considerada o auge da civilização humana até então. Todavia, mesmo com a

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doutrinação católica, o período medieval teve grandes produções científicas e culturais. A


própria expansão das universidades é prova disso, mas também podemos notar o
desenvolvimento de técnicas agrícolas mais eficazes (como o arado e a rotação de culturas),
além da grande profusão de músicas e literaturas medievais. Igualmente, as arquiteturas
românicas e góticas demonstram as habilidades dos homens medievais na engenharia e
construção civil.
e) Incorreta. Na verdade, a expansão das universidades não se relaciona com o
declínio do comércio e das cidades, mas sim com seu renascimento. Lembre-se que o
feudalismo predominou apenas entre os séculos X e XII e, como já disse, começou a declinar
graças ao crescimento populacional, o excedente de produção, as Cruzadas, a revitalização
das cidades e do comércio.
Gabarito: A

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)


Na imagem a seguir, a parte que retrata o norte da África se refere a peregrinação de Mansa
Musa pelas cidades de Tagaza, Tuat, Cairo, Meca e Medina, no século XIV.
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Atlas catação [detalhe], de Abraão e Jahuda Cresques, 1375. Fonte: Bridgeman Arte
Library/Keystone-Biblioteca Nacional da França, Paris.

Em relação às rotas existentes na região pelas quais passou o imperador do Mali, é correto
afirmar que elas
a) eram bem pouco utilizadas, pois o comércio era rudimentar entre as nações africanas
naquele período.
b) faziam parte de um amplo emaranhado de rotas que davam vida a um intenso comércio
por todo Saara e além dele.
c) foram traçadas somente após o contato com os europeus, sobretudo portugueses, a partir
do século XV.
d) eram percorridas por caravanas de mercadores que utilizavam cavalos como principal meio
de transporte.

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e) foram desativadas por conta da expansão islâmica, pois os muçulmanos isolaram os


africanos do comércio internacional.
Comentários
Veja, o enunciado nos fornece informações importantes. O tempo de referência é o século
XIV e o espaço é o norte da África. O tema são as rotas que cruzavam essa região, conectando o
Mediterrâneo e o Oriente Médio à África subsaariana. O mapa retrata a peregrinação do
imperador do Mali à Meca. Localizado na África Ocidental, na fronteira sul do deserto, esse
império floresceu entre os séculos XIII e XVI, governado por dirigentes chamados de mansas. No
Mali, a islamização foi mais presente e muitos mansas fizeram peregrinações à cidade de Meca,
capital religiosa do Islã. Mansa Musa governou entre 1312 e 1337, sendo responsável pelo avanço
da religião islâmica na região, pela expansão do Império, pela reorganização das províncias
governadas por emires e, por fim, pela conquista das importantes cidades e Ualata, Timbuctu,
Takedda e Gao. A economia se baseava na agricultura e no comércio. Agora que te localizei no
assunto, atente-se ao fato de que a questão está perguntando justamente sobre as rotas que
cruzavam o deserto conectando várias cidades importantes.
a) Incorreta. Desde a Antiguidade já havia rotas comerciais que cruzava o Saara conectando
várias cidades e reinos africanos. Durante o período medieval, esses caminhos foram cada vez
mais utilizados, ainda mais após a expansão islâmica pelo norte do continente. Gana, reino do
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qual se originou o Mali, já era uma potência comercial na região desde o início da Idade Média.
b) Correta! Como a própria peregrinação de Mansa Musa demonstra, essas rotas ligavam
várias cidades e reinos africanos, mas também chegavam até Meca e Medina na Península Arábica
e em portos importantes no Mediterrâneo. Os principais itens comercializados eram sal, ouro,
escravos e noz de cola.
c) Incorreta. Como disse acima, essas rotas existiam a muitos anos, desde a Antiguidade e
Idade Média. Portanto, muito antes de portugueses e outros europeus começarem a aportar na
costa africana em busca de novas mercadorias.
d) Incorreta. Realmente, o comércio e o transporte em geral eram realizados em caravanas
com vários mercadores nômades que circulavam entre as cidades e reinos levando mercadorias e
pessoas. No entanto, eles não usavam cavalos, mas sim camelos! Os cavalos não aguentavam
viagens longas em um ambiente como o deserto. Os camelos estavam muito mais adaptados a
esse cenário.
e) Incorreta. Na verdade, com a expansão islâmica essas rotas foram ainda mais utilizadas,
pois os muçulmanos tinham grande interesse em conquistar e/ou converter as sociedades
africanas. No mínimo queriam comercializar com elas, por isso usaram bastante essas rotas e até
tentaram controlar algumas delas.
Gabarito: B

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O sacerdote, tendo-se posto em contato com Clóvis, levou-o pouco a pouco e secretamente
a acreditar no verdadeiro Deus, criador do Céu e da Terra, e a renunciar aos ídolos que não
lhe podiam ser de qualquer ajuda, nem a ele nem a ninguém [...] O rei, tendo, pois,
confessado um Deus todo-poderoso na Trindade, foi batizado em nome do Pai, Filho e
Espírito Santo e ungido do santo Crisma com o sinal-da-cruz. Mais de três mil homens do seu
exército foram igualmente batizados [...]”
São Gregório de Tours. “A conversão de Clóvis.” Historia e Eclesiasticae Francorum. Apud PEDRO-
SANCHES, M. G. História da Idade Média. Textos e testemunhas. São Paulo: Ed. Unesp, 2000. p.

A respeito da constituição da sociedade medieval, o trecho explicita


a) a confirmação do poder persuasivo da Igreja Católica no processo de conversão de reinos
germânicos, iniciado já no século II.
b) a subordinação dos reis Francos à Igreja Católica.
c) a penetração do cristianismo nos povos bárbaros contou com a disciplina da hierarquia
militar.
d) a conversão de Clóvis foi uma estratégia para o início de seu Império, conhecido como
Império Carolíngio.
e) o sincretismo religioso a partir da penetração de ídolos pagãos nos escritos bíblicos,
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elementos rechaçados, mais tarde, pela Igreja Ortodoxa.


Comentários
A partir da conversão de Clóvis, nas conformidades religiosas dos rituais da Igreja
Católica Romana, o Reino dos Francos foi o primeiro grande reino germânico (quase um
Império) a ficar sob a influência papal. A conversão ao cristianismo de Clóvis ocorreu em
496. Clóvis estaria numa batalha – perdendo - quando pediu ajuda aos santos da religião de
sua esposa, que era católica. Nesse momento, inverteu-se sua posição na batalha e seu
exército teria saído vitorioso. A partir desse momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com
essa decisão, o príncipe conquistou a simpatia dos povos de origem romana, bem como
adquiriu apoio da população da Gália e da Igreja Católica. Em troca da aliança que se iniciaria
no Reino dos Francos, a Igreja recebeu terras, muitas terras.
a) errado, pois Clovis teria sido o primeiro convertido dentre os chefes germânicos,
de modo que só no século V é que as conversões dos germânicos se aprofundaram.
b) errado, atenção, apesar da conversão não havia essa relação de subordinação, mas
uma interação de reforço mútuo dos poderes temporal (reis) e espiritual (Igreja). Claro, ao
longo da Idade Média, vermos uma tensão entre esses dois poderes, sendo que ora a Igreja
se impôs sobre, ora os reis se voltavam contra o poder papal.
c) correto. Veja que, por interpretação do documento histórico do enunciado é
possível interpretar nesse sentido. Isso porque, o trecho final ressalta que a conversão de
Clóvis fez com que todo seu exército se convertesse também.

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d) errado, pois pensar dessa forma desconsidera o papel dos simbolismo criados pelas
subjetividades dos agentes históricos, afinal, nem tudo é estratégia política e de dominação,
as crendices também precisam ser consideradas para entendermos os processos históricos.
Outro erro que exclama na alternativa é relacionar com a Dinastia Carolíngia quando o
correto e Merovíngia.
e) falso, pois os ídolos considerados pagãos não foram absorvidos pelo catolicismo. A
Igreja Ortodoxa irá questionar o excesso de idolatria em torno de ídolos que não
representavam a base do cristianismo. Não tem a ver com o paganismo dos povos
germânicos. O Cisma do Oriente irá ocorrer no século XI.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

Ainda que todos os recém-chegados adotem a cultura romana e se convertam ao


cristianismo, eles se dividem politicamente. Com efeito, mesmo próximos uns dos outros,
combatem violentamente. Por exemplo, o chefe Franco, Clovis, parte de Tournai, na atual
Bélgica, instale-se em Soissons, converte-se ao cristianismo, expulsa os visigodos da
Espanha, destrói o reino dos Burgúndios – que deram seu nome à Borgonha – e, então,
escolhe Paris como capital.
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LE GOFF, Jacques. Uma breve história da Europa. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, p. 60-61.
Sobre a conversão dos “bárbaros” ao cristianismo, é correto afirmar:
a) É parte do avanço do catolicismo, que conseguiu ser a única religião da Europa, na Idade
Média.
b) Era uma maneira de sair da barbárie e tornar-se civilizado.
c) Deu muito prejuízo aos povos conquistadores, já que eles tinham que ceder as terras
conquistadas à Igreja.
d) Era como ser admitido na ONU hoje em dia, porque ganhava-se legitimidade.
e) Nem todos os povos “bárbaros” se converteram ao cristianismo, mas isso não fez diferença
sobre a legitimidade de suas conquistas.
Comentários
Em meio ao período final do Império Romano, a convivência dos romanos com os povos
considerados “bárbaros” (aqueles que não faziam parte do mundo romanizado) se
intensificou causando um sincretismo cultural entre ambos. A zona fronteiriça teve papel
fundamental para a integração dos dois mundos no sentido de produzir uma realidade
intermediária, qual seja: a da formação de uma cultura romano-germânica – que se
consolidou ao longo do período medieval. Foi no lime (na fronteira) que romanos e
germânicos se encontraram por muitos séculos, mas especialmente, no período decadente
de Roma. Nessa época, com o fim do Império, a Igreja se aliou aos principais líderes

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germânicos para consolidarem seus poderes e interesses, visto o vácuo de poder deixado
pelos romanos.
A partir disso, vejamos as alternativas:
a) Errado. Durante o período medieval, cristãos conviveram com inúmeras religiões
como por exemplo o islamismo na Península arábica e as religiões nórdicas na região da
Escandinávia.
b) Errado. Com enorme influência sobre as populações mais humildes da sociedade
europeia, a Igreja e os líderes germânicos viram uma conveniência de interesses entre eles
para firmarem as alianças e a conversão dos povos “bárbaros” ao cristianismo. Além disso,
o item está usando um argumento bastante etnocêntrico.
c) Errado. As terras da Igreja foram doadas por líderes germânicos convertidos ao
cristianismo. Não foi uma imposição e, ao fazer a doação, ganhavam mais poder.
d) Gabarito. A Organização das Nações Unidas (ONU) hoje tem um papel fundamental
para a paz e a organização dos Estados Contemporâneos. Na época final da Antiguidade e
início da Idade Média, a principal instituição que exercia essa função era a Igreja Católica –
a [única instituição centralizada que sobreviveu à queda do Império Romano. Ela fazia a ponte
entre os mundos germânico e romano e a conversão ao cristianismo trazia uma poderosa
aliança tanto para os governantes germânicos quanto para os clérigos.
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e) Errado. A legitimidade era um ponto fundamental no processo de consolidação da


conquista territorial, tanto é verdade, que foram os Francos que conseguiram, a partir de sua
aliança com a Igreja, tornar-se o maior reino daquele momento.
Gabarito: D

(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

Exterior da Igreja de São Martinho Fromista, construída entre 1066 e 1110, em Palência,
Espanha.

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A arquitetura retratada pela fotografia caracteriza o estilo


a) gótico, marcado por formas mais imponentes e orgânicas, mais semelhantes às existentes
na natureza, mas repletas de ornamentos.
b) românico, no qual se destacam linhas simples e geométricas, voltadas tanto para a
contemplação serena quanto para a defesa de invasores.
c) modernista, que privilegiava formas geométricas que visavam a maior funcionalidade das
atividades para as quais os edifícios eram dedicados.
d) barroco, o qual apresentava formas mais sinuosas e curvas mais salientes, além da
presença de esculturas e outros ornamentos junto ao edifício.
e) pós-modernista, dedicado a uma arquitetura que não deixava de prezar pela
funcionalidade, mas dava mais espaço para experimentação.
Comentários
Em primeiro lugar, repare no período em que a construção foi realizada: 1066 a 1110, ou
seja, entre os séculos XI e XII. Este período costuma ser chamado de Idade Média Central,
momento no qual predominou o feudalismo. O sistema feudal era caracterizado por uma
economia rural de subsistência, sediada em unidades rurais (os feudos) relativamente isoladas
umas das outras. Desde a queda do Império Romano, no século V, e, depois, com a fragmentação
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do Império Carolíngio, no século X, guerras e invasões entre os reinos europeus e entre estes e
outros povos bárbaros varreram a Europa. Isso provocou o abandono das cidades e a ruralização
da sociedade. Conhecendo esse contexto, vejamos o que caracteriza o estilo arquitetônico da
igreja fotografada:
a) Incorreta. O estilo gótico só surgiu entre os séculos XII e XV, logo não pode ter
influenciado a construção de uma igreja iniciada no século XI. O gótico era mais próprio do
contexto da Baixa Idade Média, no qual houve uma revitalização do comércio e das cidades. Não
à toa, as principais construções góticas estão localizadas em grandes zonas urbanas. Além disso,
repare como a igreja da foto não apresenta muitos ornamentos e, apesar de ter um grande porte,
não pode ser exatamente chamada de imponente. Ela apresenta um aspecto mais defensivo do
que ostensivo.
b) Correta! Como destaquei, durante a Alta Idade Média e a Idade Média Central, a Europa
esteve mergulhada em guerras e invasões entre a nobreza guerreira e entre esta e povos bárbaros
que vinham do nordeste europeu. Assim, os edifícios construídos nesse período, inclusive as
igrejas, eram feitas como se fossem fortalezas, com paredes grossas, janelas altas e pequenas,
para conter os invasores. Ao mesmo tempo, a simplicidade geométrica da arquitetura românica
visava a proteção e a espiritualidade ascética.
c) Incorreta. O modernismo é um movimento artístico que se inicia apenas no começo do
século XX. De fato, é um estilo que, na arquitetura, também presava por formas simples e
geométricas, porém com o objetivo de ampliar a funcionalidade dos edifícios. Diferente do estilo
românico, tinha muito mais a ver com a industrialização da sociedade do que com a religiosidade
ou a guerra.

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d) Incorreta. O barroco é um movimento artístico que se iniciou no século XVII, logo não
tem como ter influenciado a construção da igreja de São Martinho Fromista. Vale destacar
novamente, que a igreja fotografa não apresenta ornamentos, nem esculturas que complementam
as formas arquitetônicas, o que a distância de estilos como o barroco e o gótico.
e) Incorreta. O pós-modernismo é um estilo arquitetônico desenvolvido na segunda metade
do século XX que buscava questionar os limites do modernismo, sem necessariamente descartar
seus pontos mais interessantes para o artista. Em parte, envolvia a conciliação de elementos
modernos com outros estilos mais antigos ou em desenvolvimento no presente.
Gabarito: B

(Estratégia Vestibulares/2021/Professora Ale Lopes)

No início do século VII, o clero romano está inserida em uma rede cristã. Após Gregório
Magno, o “último dos romanos”, o clero precisa produzir bons administradores para suprir
o desaparecimento da antiga classe dirigente: a Igreja substitui o Estado e satisfaz as
necessidades de toda a população, e não apenas da comunidade cristã ou dos pobres.
Le Goff, J. Dicionário do Ocidente Medieval.
Essa passagem do texto expressa
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a) O processo de êxodo rural que marcou o fim da sociedade romana.


b) O fortalecimento da cidade com função religiosa.
c) O projeto da Igreja romana de transformar o cristianismo em religião universal.
d) A fusão da Igreja com o Estado.
Comentários:
A questão trata sobre a transição da Antiguidade para a Alta Idade Média. Trata sobre o papel
da Igreja. Guarde uma coisa: O Estado centralizado desaparece, o Senado e o poder do
Imperador também. No lugar, a Igreja Romana procura consolidar-se como a instituição de
todo o povo, n]ao apenas dos que já são cristãos. Então, vai construindo um projeto de religião
universal – de todo mundo. Por isso, ela procura cuidar de todos e combater os infiéis e
heréticos.
Tendo isso em mente, vamos à análise das alternativas.
a) Errado. Há um esvaziamento da cidade, por isso, o êxodo é urbano.
b) Errado. Essa alternativa poderia trazer dúvida, mas atenção, a cidade muda sua perspectiva,
mas lá não se fortalece por isso.
c) Gabarito, conforme comentamos.
d) Errado. O Estado desaparece nessa transição. Ocorre a feudalização da sociedade.
Gabarito: C

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(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Herdeira das tradições romanas, a Igreja Católica se sobressaiu como a mais poderosa
instituição durante o período medieval. Nesse sentido, no que se refere ao papel da Igreja
Católica na Europa medieval, é correto afirmar que
a) os povos bárbaros não foram convertidos ao cristianismo, fato que possibilitou a expansão
católica sobre os territórios dos germânicos.
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse
período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã
com o pensamento racional humanista.
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de
cerceamento religioso por parte da Igreja Católica.
e) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam
ligadas as escolas e as universidades medievais.
Comentários
No Baixo Império Romano, séculos III, IV e V, as ideias cristãs, as invasões bárbaras e a crise interna
contribuíram para o fim do Império Romano do Ocidente no ano de 476, como vimos. Naquele
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contexto, de caos político, econômico e social, a Igreja Cristã surgiu como a única instituição capaz
de organizar a sociedade em torno das ideias cristãs atuando no processo de conversão dos
bárbaros, criando escolas, mosteiros e universidades e espalhando a conversão ao cristianismo. A
conversão de reis germânicos, como o rei Franco Clóvis, no século V, foi fundamental para
fortalecer a instituição e a religião.
Tendo isso em consideração, vejamos o que diz os itens da questão.
a) Errado pois muitos povos bárbaros se converteram ao catolicismo. Com destaque o para o
príncipe Clovis, considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre 481 e
511, o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas disputas
territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre outros povos
bárbaros. Elemento fundamental para a formação do Reino Franco foi a conversão ao cristianismo
de Clóvis, em 496.
b) Sobre literatura medieval, ela retratou a vida na pequena corte do senhor feudal, a vida do
cavaleiro. Ou seja, não foi dominada pelos temas religiosos propriamente dito. As famosas
iluminuras, pequenos textos com imagens e trechos escritos, contavam essas histórias. Assim, o
item está incorreto.
c) Apesar de se referir à filosofia escolástica, no período do medievo predominou a filosofia
patrística de Santo Agostinho de Hipona, e não a escolástica que é mais próxima do renascimento
e abre maior crítica ao pensamento religioso.
d) a Igreja Católica, no Ocidente, não controlou a literatura, tal como mencionei acima. No que
diz respeito às artes plásticas, e às artes em geral, não é correto afirmar que não havia nenhum

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tipo de cerceamento, pois a religiosidade era um elemento presente, seja por imposição social,
seja por convicção dos próprios indivíduos.
e) é pertinente essa colocação, pois remete à educação formal – oferecida pela Igreja – a qual se
espalhou- pela Europa por meio de escolas e universidades. Está corretíssimo. Chamo sua atenção
para o fenômeno das universidades no mundo medieval.
Gabarito: E

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“A Idade Média foi o momento de um fervilhar de heresias no interior de um sistema
homogêneo que era o cristianismo [...]. A Igreja preocupou-se em destruir esses desvios, e
com violência. [...] O que ocorria, sobretudo, eram movimentos de resistência e revolta com
relação às instituições eclesiásticas. E é nisso que as heresias, apresentadas sob um aspecto
inteiramente negativo, constituem também um sinal de vitalidade daquela época, na qual
fermentava, irreprimível, a liberdade de pensamento.” (p. 133 – grifo nosso)
DUBY, George. Ano 1000, ano 2000: na pista dos nossos medos. SP: Unesp, 1998.
O período medieval foi apelidado de “Idade das trevas” com a justificativa de que havia
controle absoluto do pensamento pela Igreja. Contudo, o texto apresenta uma outra
interpretação possível para o contexto em debate, a saber:
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a) A de que a Igreja Católica era tolerante com as divergências doutrinárias no interior de


seu sistema de crenças, por isso, o contexto era de concessões.
b) A de que as heresias não passavam de um movimento negativo de revolta e violência
contra os dogmas da Igreja Católica, por isso, o contexto era tumultuado.
c) De que os movimentos heréticos geravam um contexto de vigorada liberdade religiosa.
d) A noção de que, apesar da perseguição da Igreja às heresias, havia um vigoroso
movimento de crítica, contestação e liberdade de pensamento.
e) Um contexto brilhante no qual as teologias possuíam amplo espaço público para debater
suas concordâncias e divergências.
Comentários:
A ideia de Idade das Trevas é uma conotação pejorativa para tratar o Período da Idade Média.
Renascentistas, de depois iluministas, se referiam assim para menorizar o pensamento teológico
dominante na época e, também o pouco fluxo comercial e de circulação de pessoal. Contudo,
pesquisas mais recentes demonstram, no campo do conhecimento, que não se tratou de ausência
de pensamento, mas de outras maneiras de pensar e produzir conhecimentos. O surgimento das
Universidades Medievais é tratado como prova desse universo cultural existente durante a Idade
Média.
Além disso, o texto traz uma outra perspectiva contrária à ideia de trevas, qual seja: a existência
de um amplo movimento de contestação e debate em torno dos dogmas e concepções
eclesiásticas. Isso teria dado origem a várias correntes de pensamento teológicos que a Igreja

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Católica denominou heresia. Na prática, a Igreja Romana combateu e perseguiu esses grupos por
meio de criação do Tribunal da Santa Inquisição.
Sendo assim, o Gabarito da nossa questão é letra D.
Gabarito: D

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“(...) sobretudo no domínio da organização política e no domínio da cultura, .... eles
precipitaram, agravaram, exageraram a decadência que se tinha iniciado sob o Baixo
Império. De um declínio, eles fizeram uma regressão.” Regressão quantitativa, regressão
técnica, regressão do gosto e dos costumes e regressão da administração e da majestade
de governo, eis o saldo das invasões dos Bárbaros.
LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval, 2005.
A regressão a que se refere o texto acabou gerando uma referência pejorativa ao Período
da Idade Média, que ficou conhecida como:
f) Idade do Saber
g) Idade das Trevas
h) Medievo
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i) Idade do Meio
j) Era romana-germânica
Comentários:
Essa é uma questão beeemmm carinha do ENEM porque cobra formas de ver a história, os
significados das terminologias utilizadas.
Interpretando o texto a partir da ideia de regressão, facilmente podemos lembrar do termo senso-
comum, mas bastante utilizado antigamente, que é fazer referência à idade Média como Idade
das Trevas. Idade Média é uma terminologia criada por historiadores do século XVIII.
Convencionou-se que seria um período entre o ano de 476, com o fim do Império Romano do
Ocidente e 1453 com o fim do Império Bizantino (ou, Império Romano do Oriente).
Agora, observe: se considerarmos que o Império Bizantino é o Antigo Império Romano do
Oriente, a Idade Média compreende o tempo inteiro que se levou para colocar um fim definitivo
ao antigo Império Romano, ou seja, entre os séculos V e XV. Assim, o período a Idade Média é o
tempo do “meio”.
Entre outros motivos, é por isso que o termo Idade Média teria sido um termo pejorativo para
fazer referência a um tempo na história entre dois momentos brilhantes: o esplendor Romano e o
Renascimento (que, como você aprenderá comigo, significou uma retomada da cultura greco-
romana).
Hoje não usamos esse termo porque há muitas transformações, inovações e desenvolvimentos.
Um único exemplo que faz cair por terra a ideia de regresso é o surgimento das Universidades

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Medievais. O Humanismo nasceu dentro das Universidades, ainda que fossem comandadas,
majoritariamente, pela Igreja.
Tendo isso em mente podemos afirmar que o gabarito é letra C. Todas as demais alternativas são
expressões que não foram utilizadas para designar a “regressão” da Idade Média.
Gabarito: C

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O complexo infra e supra estrutural que iria compor a estrutura geral de uma totalidade
feudal na Europa teve assim uma dupla origem, depois do colapso e confusão do início da
Idade Média. Entretanto, uma única instituição abarcou toda a transição da Antiguidade à
Idade Média em continuidade essencial.
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense,
1989, p. 126
O texto faz referência à instituição
a) Militar, representada pelo exército romano-germânico
b) Religiosa, representada pelas instituições romano-germânicas
c) Religiosa, representada pela Igreja Católica Romana
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d) Política, representada pelo corte dos monarcas francos


e) Militar, formada pela cavalaria medieval
Comentários:
Vejam, queridos, a questão faz referência ao período de transição entre a Antiguidade e a Idade
Média. Assim, você precisa mobilizar seus conhecimentos sobre esse contexto transicional no
qual convivem elementos do velho mundo romano com o novo mundo medieval.
Assim, podemos dizer que há, entre todas as mudanças ocorridas uma continuidade: a religião!
Ao mesmo tempo em que ocorria o processo de ruralização da economia e da sociedade, o
aprofundamento da economia rural de subsistência e a privatização da vida social e política o
cristianismo, e a Igreja Católica enquanto instituição, fortalecia-se.
Articula comigo: Nos últimos séculos do Império Romano, vimos que alguns imperadores
se converteram ao cristianismo e, com isso, estabeleceram relações entre religião cristã e a
política. Como consequência, houve crescimento do cristianismo e fortalecimento da instituição
religiosa. Lembram da sequência?
380 - Teodósio decreta o
Édito da Tessalônica
para fazer do
325 - Constantino cristianismo a religião
organiza o Concílio de oficial do Império
Niceia - primeira reunião
313 - Constantino se oficial da Igreja Cristã
converte ao cristianismo para organizar os
e decreta o Édito de dogmas religiosos
Milão dando liberdade de
culto aos cristãos
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Assim, no final do Império Romano, a Igreja Cristã formava uma superburocracia, segundo Perry
Anderson. Os membros do clero eram funcionários do Estado em número maior que os demais
funcionários públicos e seus salários também eram superiores aos daqueles. Esse era o poder da
Igreja que, de certa forma, contribuiu para o desequilíbrio fiscal da máquina estatal romana.
Mas, sua capacidade material de resistir ao esfacelamento do Império Romano estava relacionado
à cristandade que a sustentava financeiramente. Em especial, os senhores ricos que se convertiam
ao cristianismo. Dessa maneira, ela manteve sua capacidade de atuar, mesmo no contexto pouco
favorável das invasões bárbaras. Além disso, vamos ver que muitos bárbaros se converteram ao
cristianismo e, em algumas situações, doavam terras à Igreja nessa ocasião
Por isso, muitos historiadores afirmam que a Igreja Católica foi a única instituição sobrevivente
do Império de Roma.
Nesse sentido, nosso gabarito é alternativa C.
Vejamos os erros das demais alternativas:
a- O Exército Romano se esfacelou e sobraram as chamadas cavalarias ligadas entre si por
laços de fidelidade.
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b- O erro está em dizer que que as instituições religiosas eram germânicas, já que houve
um processo de conversão dos germânicos ao cristianismo. Basta você lembrar do que
ocorreu com os reis Francos. Ah, lembre-se do nome da igreja: Igreja Católica Apostólica
Romana.
c- Gabarito!
d- A corte dos Francos é uma fusão entre elementos romanos e germânicos, uma síntese.
A questão pede uma instituição sobrevivente ao colapso romano e não uma resultante
do processo histórico.
e- A cavalaria medieval também é uma síntese dos elementos romanos e germânicos.
Gabarito: C

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O feudalismo na Europa Ocidental surgiu no século X, expandiu-se durante o século XI e
atingiu seu auge no final do século XII e no século XIII. (...) Pelo século XIII, o feudalismo
europeu já havia produzido uma civilização unificada e desenvolvida (...).
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense.
1989, p. 177.
Sobre a formação do mundo feudal, podemos relacionar:
A ruralização da sociedade e da economia
A descentralização política que ficou a cargo dos senhores feudais
O assalariamento do trabalho campesino

AULA 03: História Medieval II 143


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O estabelecimento de relações de vassalagem entre senhores e servos


A divisão estamental da sociedade cujo critério era o nascimento
Assinale a alternativa em que todas as afirmativas caracterizam a sociedade feudal:
a) I, II, III, V
b) I, II, IV, V
c) I, II, V
d) I, II, III, IV, V
e) I, II, IV
Comentários:
Sobre a formação do Mundo Feudal ou da ordem social feudal, entre o século V ao XI. Listo
abaixo os principais aspectos que você não pode esquecer:
1- a ruralização da sociedade - o declínio da cidade e do
comércio;

2- a descentralização política com o estabelecimento de


relações sociais, políticas e militares de vassalagem;
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3- a servidão que caracterizou as relações entre senhores e


camponeses plebeus.

Além disso, A sociedade feudal era estamental, ou seja, estava dividida em estamentos.
Cada estamento era composto por um grupo ou classe social. A participação de cada indivíduo,
em cada grupo social, era determinada pelo seu nascimento e\ou pela função que o indivíduo
executava na sociedade. Isso formava uma pirâmide social.
No feudalismo havia 2 classes sociais divididas em 3 ordens sociais estabelecidas.
Veja o esquema:
Classes Ordens
sociais Sociais

AULA 03: História Medieval II 144


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Assim, os historiadores concordam que a sociedade feudal estava dividida em 3 ordens


principais, conforme o esquema acima, as quais estavam determinadas pelo nascimento. Essa
lógica definia as funções dos membros de cada estamento na organização da sociedade.

Nesse sentido existem dois tipos de relações:


1- Entre nobres: relações de suserania e vassalagem
2- Relações entre senhores e camponeses presos
à terra por meio de obrigações ou impostos feudais:
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Tendo isso em mente, podemos dizer que:


- o item III está errado porque não havia assalariamento.
- o item IV está incorreto porque as relações de vassalagem ocorrem entre senhores e não
entre senhores e servos.
Gabarito: C

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Ela [a Igreja Católica] foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam
agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa Feudal, onde a
escrita se tornara clerical... A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa
passagem “catastrófica” e não “cumulativa” entre dois modos de produção.
Adaptado de ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1989, p. 131.
Os dois modos de produção citados no contexto descrito pelo autor são:
a) Feudalismo e capitalismo

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b) Escravismo e mercantilismo
c) Feudalismo e mercantilismo
d) Feudalismo e capitalismo
e) Escravismo e feudalismo
Comentários:
O texto dessa questão trata sobre a Igreja Católica na passagem da Antiguidade para a Idade
Média (“passavam agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa
Feudal”). Mas o comando da questão vai além e pergunta sobre os modos de produção citados.
Logo, você precisaria lembrar do modo de produção predominante na Antiguidade e na Idade
Média. Respectivamente são o escravismo e o feudalismo.
Veja que cada alternativa faz um “parzinho” de modos de produção utilizando os quatro modos
de produção mais estudados na história: escravismo, feudalismo, mercantilismo e capitalismo
Assim, a dica é: cada momento da história tem um modo de produção predominante. Veja o
esquema:

Antiguidade
Apenas tenham cuidado porque isso é
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Escravismo um esquema “tipo-ideal”. As relações


sociais e de produção advindas de
Idade Média cada um desses modelos sofrem
mudanças, interações a depender do
Feudalismo contexto e de experiências
específicas. Sempre se liguem no
texto e no comando da questão, ok!
Modernidade
Vamos analisar cada alternativa
Mercantilismo agora. Vou apontar os erros:
a) Capitalismo
Contemporaneidade b) Mercantilismo
c) Mercantilismo
Capitalismo d) Capitalismo
e) Gabarito!!
Gabarito: E

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Dois pontos essenciais para nosso propósito devem ser sublinhados. De um lado, foi nessa
época que a Igreja estabeleceu seu quase monopólio sobre o ensino. Enquanto
desapareciam Todas as formas de escolas laicas, os concílios provinciais ou nacionais
declararam obrigatório para todos os bispos e titulares das principais paróquias organizar

AULA 03: História Medieval II 146


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uma escola; do Concçilio de Toledo (527) ao Concilio de Latrão (1179) essa disposição será
incansável.
LE GOFF, Jacques. Dicionário do Ocidente Medieval. São Paulo. Ed. Unesp, , 2017, p. 649.
Levando em consideração o texto, no que se refere ao papel da Igreja Católica na Europa
medieval, é correto afirmar que
a) os povos bárbaros não foram convertidos ao cristianismo, fato que possibilitou a expansão
católica sobre os territórios dos germânicos.
b) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse
período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado.
c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã
com o pensamento racional humanista.
d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de
cerceamento religioso por parte da Igreja Católica.
e) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam
ligadas as escolas e as universidades medievais.
Comentários
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No Baixo Império Romano, séculos III, IV e V, as ideias cristãs, as invasões bárbaras e a crise interna
contribuíram para o fim do Império Romano do Ocidente no ano de 476, como vimos. Naquele
contexto, de caos político, econômico e social, a Igreja Cristã surgiu como a única instituição capaz
de organizar a sociedade em torno das ideias cristãs atuando no processo de conversão dos
bárbaros, criando escolas, mosteiros e universidades e espalhando a conversão ao cristianismo. A
conversão de reis germânicos, como o rei Franco Clóvis, no século V, foi fundamental para
fortalecer a instituição e a religião.

Tendo isso em consideração, vejamos o que diz os itens da questão.

Letra a) Errado pois muitos povos bárbaros se converteram ao catolicismo. Com destaque o para
o príncipe Clovis, considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou, entre 481 e
511, o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas disputas
territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre outros povos
bárbaros. Elemento fundamental para a formação do Reino Franco foi a conversão ao cristianismo
de Clóvis, em 496.

Letra b) Sobre literatura medieval, ela retratou a vida na pequena corte do senhor feudal, a vida
do cavaleiro. Ou seja, não foi dominada pelos temas religiosos propriamente dito. As famosas
iluminuras, pequenos textos com imagens e trechos escritos, contavam essas histórias. Assim, o
item está incorreto.

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Letra c) Apesar de se referir à filosofia escolástica, no período do medievo predominou a filosofia


patrística de Santo Agostinho de Hipona, e não a escolástica que é mais próxima do renascimento
e abre maior crítica ao pensamento religioso.

Letra d) a Igreja Católica, no Ocidente, não controlou a literatura, tal como mencionei acima. No
que diz respeito às artes plásticas, e às artes em geral, não é correto afirmar que não havia nenhum
tipo de cerceamento, pois a religiosidade era um elemento presente, seja por imposição social,
seja por convicção dos próprios indivíduos.

O item e) é pertinente essa colocação, pois remete à educação formal – oferecida pela Igreja – a
qual se espalhou- pela Europa por meio de escolas e universidades. Está corretíssimo. Chamo sua
atenção para o fenômeno das universidades no mundo medieval.

Gabarito: E

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Desdenhando as autoridades, afirmando o primado da experiência, considerada como fonte
de todo o conhecimento, estas ideias abriram a investigação de um campo totalmente livre
da tutela eclesiástica. Enquanto as viagens dos missionários e dos mercadores forneciam uma
imagem mais completa, se não sempre exata, da extensão do mundo e da diversidade
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estrangeira do grego, do árabe, do hebraico, agora já é possível a aplicação da razão, fora


dos quadros da fé, da moral, da política e mesmo da constituição da Igreja.
Édouard Perroy. O florescimento da Europa Feudal (cerca de 1150- cerca de 1320). História
Geral das civilizações.
São aspectos do quadro mental da transição da Idade Média para a Moderna:
f) A afirmação dos dogmas eclesiásticos, apesar das novas religiões surgidas.
g) O desenvolvimento de ideias ainda confusas por estarem se afastando das teologias
cristãs.
h) O desenvolvimento do absolutismo político.
i) A valorização do racionalismo e do empirismo.
j) A ascensão do racionalismo e do empirismo que promoveram rupturas definitivas entre
ciência e religião.
Comentários:
a) errado, pois o texto indica que os dogmas passaram a ser questionados e parte do
pensamento começou a ser germinado por fora da Igreja: investigação de um campo
totalmente livre da tutela eclesiástica.
b) errado, pois as ideias não eram confusas, pelo contrário, por estarem
informadas/sustentadas em elaborações clássicas elas encontravam coerência racional.

AULA 03: História Medieval II 148


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c) falso, pois o que se desenvolveu foi o absolutismo monárquico, e não político. Além disso,
mesmo que fosse “absolutismo monárquico” a alternativa estaria errada porque esse
pensamento renascentista, em princípio, não condizia com o Estado moderno monárquico,
já que a base social formada pela burguesia comercial se chocava com a ideia de uma ordem
estamental em que o pensamento eclesiástico mandava. Claro, depois termos os déspotas
esclarecidos, porém, em uma fase da história do pensamento racional mais para o século das
luzes.
d) é o nosso gabarito. Veja que a prática é importante para comprovar o pensamento, algo
que o pensamento religioso não apoiava.
e) hum, falso. Cuidado. Por mais que o racionalismo criticasse e corres por fora da tutela
religiosa, os pensadores ainda tinham suas convicções religiosas. Então, não é correto dizer
que houve uma ruptura definitiva, até porque não eram um projeto de substituição da Igreja
e da religiosidade.
Gabarito: D

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Segundo Tomás de Aquino (1225-1274) o “problema que mais inquietou o Homem medieval
foi o da reafirmação da fé”. Para aprimorar suas elaborações e responder a esse tipo de
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indagação, os pensadores, principalmente aqueles que viviam em mosteiros e universidades


medievais, necessitavam de referencial bibliográfico para ampliar as possibilidades reflexivas.
Nesse sentido, foi um elemento que contribuiu, de forma determinante, para que
pensadores medievais lograssem êxito crítico-reflexivo,
a) a construção de bibliotecas nas cidades (burgos), as quais aproveitavam o fluxo comercial
para constantemente renovar exemplares de textos filosóficos, religiosos e literários das mais
variadas culturas.
b) as incursões dos mouros na Península Ibérica a partir do século VII, uma vez que levaram
obras de pensadores como Aristóteles, para uma região que desconhecia plenitude o
pensamento grego.
c) o estímulo dos assim denominas senhores feudais “esclarecidos”, os quais contratavam
filósofos religiosos para educarem seus filhos e, juntamente, se dedicarem à pesquisa sobre
questões do mundo feudal.
d) as cruzadas, cuja missão principal era resgatar textos históricos sagrados, tanto bíblicos,
quanto da filosofia clássica.
e) a difusão da patrística, baseada no pensamento de Santo Agostinho (354 – 430), vertente
que se tornou dominante durante o medievo.
Comentários
a) incorreto, porque as bibliotecas eram construídas em mosteiros e universidades medievais
distantes das vilas e dos fiéis.

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b) correto, porque as traduções árabes que chegavam à Europa medieval foram


fundamentais para formar o pensamento escolástico. Tomas de Aquino, por exemplo,
estudou, interpretou e formulou a “fusão” do pensamento aristotélico com o cristianismo a
partir das traduções árabes.
c) falso, pois o pensamento “esclarecido”, somente surgirá com o iluminismo e ele se
vinculará aos detentores do poder político por meio da figura dos “déspotas esclarecidos”,
monarcas que passaram a adotar alguns pressupostos do iluminismo para aprimorar as
atividades de governo.
d) falso, pois não era a missão principal das cruzadas resgar obras literárias, reconquistar para
o mundo cristão lugares sagrados, como o Santo Sepulcro, em Jerusalém, na Palestina.
Juntamente aos objetivos de reconquista, também havia interesses comerciais por parte da
nobreza. O movimento das cruzadas iniciou-se em 1095, após o Concílio de Clermont,
momento em que o papa Urbano II conclamou os cristãos a aderirem ao movimento.
e) incorreto, pois a patrística foi substituída pela escolástica, esta sim dominante durante o
medievo.
Gabarito: B

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As profundas mudanças sociais do século XI ampliam o papel dos cavaleiros na nova


sociedade, dita “feudal”, que se estabelece e da qual a castelania constitui a moldura
essencial. Sem dúvida, a autoridade pública, sobretudo na França, não desaparece
totalmente, mas transfere=se aos príncipes, sobretudo na França, não desaparece
totalmente, mas transfere-se aos príncipes, no século X, depois aos potentados locais, aos
catelões, senhores que fazem valer sua lei pela mão armada de seus milites, vassalos providos
de terras ou servidores armados mantidos no castelo.
(LE GOFF, Jacques. SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário analítico do Ocidente Medieval.
São Paulo: Ed. Unesp. V.1. 2017. p. 215)
A respeito da atividade e da função da cavalaria no medievo é correto o que se afirma em
a) a cavalaria era formada por mercenários.
b) ser cavaleiro era uma espécie de recompensa para os guerreiros de baixa patente que se
destacavam em batalhas.
c) a cavalaria era uma exceção à sociedade estratificada, pois permitia a ascensão social.
d) o fundamento da cavalaria estava nos serviços prestados à Igreja.
e) a cavalaria era uma expressão militar da nobreza.
Comentários
Conforme o professor e historiador Jaques Le Goff, um cavaleiro não era somente um
guerreiro, mas um membro reconhecido da aristocracia. A nobreza controlava a entrada na
cavalaria e reservada o acesso aos seus próprios membros, “numa época em que a dignidade

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cavaleiresca acrescenta distinção àquele que a recebe. Cavalaria e nobreza acabam por se
fundir ou por se confundir”. Agora, interessante lembrarmos do processo de formação da
cavalaria e da relação dela com a nobreza.
Nas batalhas contra os árabes, juntamente com as tradições romana e germânicas, começou
a surgir uma relação importante que marcou o período feudal, a do cavaleiro com o seu
senhor. Nesse sentido, e a título exemplificativo, para derrotar o famoso exército de
cavaleiros árabes, Carlos Martel precisou organizar uma forte cavalaria, algo até então pouco
comum naquela Europa nas frontes de batalha. Em 732, Carlos Martel venceu os árabes nos
montes Pireneus, na famosa Batalha de Poitiers. Dessa experiência, Carlos Martel tomou
medidas decisivas para consolidar a força militar dos francos. Uma delas foi estabelecer uma
forte cavalaria, a qual passou a ser formada pelos principais guerreiros. Os membros da
cavalaria, juntamente com a Igreja, eram os que mais se beneficiavam da partilha das terras
após as vitórias em campo de batalhas. Segundo o historiador Kominsky,

“as terras que se davam como recompensa do serviço militar prestado chamavam-se beneficium
e os guerreiros que as recebiam denominavam-se vassalos. Os vassalos transformaram-se na força
militar permanente do Estado franco, que os colocou acima dos simples agricultores livres.”

Assim como neste caso, houve uma espécie de militarização da nobreza, fato que gerou uma
identidade entre cavalaria e nobreza.
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Em função do sucesso dos cavaleiros, daí em diante essa figura passou a ser central na vida
medieval. A relação entre o cavaleiro que oferecia proteção e serviços militares em troca de
receber terra dos senhores viria a reforçar o que iremos estudar como “relação de vassalagem”.
Note que essa era uma relação estabelecida entre nobres e não entre nobres e servos. No começo,
recebia-se do Rei, depois era de outro senhor de terra. Ou seja, a partir da importância militar do
exército de cavalaria, fruto de um aprendizado no enfrentamento com os árabes, estava instituída
as bases da relação de vassalagem. Tá aí um achado que é muito louco, é praticamente a
arqueologia da história!!!
Agora, atenção: a cavalaria medieval, embora tenha sido influenciada pela tradição romana e
tenha ganhado significado militar de combate no enfrentamento com os árabes, ela também tem
suas bases nos guerreiros germânicos, em especial, na tradição de armar um jovem quando se
tornava adulto. Assim, a ascensão da cavalaria como uma “instituição” importante no medievo
está ligada ao período conturbado iniciado logo após a crise do Império Romano, de uma
militarização da sociedade, e das mudanças econômicas, sociais e religiosas que ocorreram entre
os séculos V e X. Na próxima aula, retomo a importância da cavaleiro nas relações de vassalagem,
com o senhor feudal.

a) falso. A cavalaria está diretamente relacionada às famílias nobres e à relação de vassalagem


constituída com senhores.

b) falso, pois a nobreza controlava o acesso à cavalaria. Segundo Le Goff ela era uma espécie de
classe hereditária, constituindo-se em uma aristocracia, já que o rito cavaleiresco transferia de

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pai para filo a condição de cavaleiro: “só são armados cavaleiros os filhos de pais cavaleiro e de
mão nobre”.

c) falso, pois ela reafirmava e, portanto, era uma das facetas da sociedade estratificada.

d) falso. Apesar de a Igreja contar com cavaleiros, isso não significa que sua origem provém daí.
Na verdade, na condição de proprietária de terra, a relação de vassalagem também atravessa os
domínios da Igreja. Dessa forma, ela também precisava dos serviços militares da cavalaria.
Contudo, convém destacar que a Igreja pregava que entre os cristãos não deveria haver guerra.
O esforço de combate deveria ser direcionado contra os mulçumanos. Segundo Le Goff: “ O
papa condena os guerreiros cristãos que se matam por algumas moedas, com risco para a alma;
ao contrário, exalta os que, por Deus, deixam a família para libertar o sepulcro do Senhor”. Aqui
a referência são as Cruzadas.

Gabarito: E

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Enquanto uma unidade produtiva autossuficiente, o feudo possuía uma organização do dia
a dia muito particular. Nesse sentido, a alternativa que expressa corretamente uma
característica presente do manso senhorial é:
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a) as atividades comerciais se desenvolviam nas terras do manso senhorial.


b) neste manso, as relações cavalheirescas se desenvolviam com exclusividade e estavam
limitadas por este território.
c) no manso senhorial estavam o moinho, o forno e a Igreja.
d) a produção agrícola desta área era destinada ao pagamento das taxas do servo ao senhor.
e) o manso senhorial era o espaço comum dos servos, do clero e da família do senhor feudal.
Comentários
Ao longo do tempo, para que o feudo se tornasse uma unidade produtiva autossuficiente,
ele foi organizado de maneira que cada um dos seus espaços cumprisse uma função determinada
e, assim, pudesse ser ocupado por grupos sociais específicos. Veja a imagem abaixo:

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Feudo. Mansos

A partir da
imagem, podemos
identificar alguns lugares
chamados de mansos.
Veja que em cada espaço
existem relações de
produção e sociais
específicas.
Atente para o fato
de que podemos
estabelecer uma série de
ligações entre economia,
sociedade e política no
feudo.
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Aproveito este comentário para deixar um conhecimento muito importante para seus
estudos. Acompanha comigo:
O feudo é o lugar, no feudalismo, onde tudo acontecia. Os grandes historiadores, como
Perry Anderson e Jacques Le Goff, costumam defini-lo como “unidade produtiva autossuficiente”.
Olha que definição interessante. Vamos nos debruçar um pouco sobre ela?

O feudalismo é o único sistema político econômico e social no qual o espaço físico


é, ao mesmo tempo, a unidade produtiva e o lugar onde as pessoas moram, rezam, trabalham,
festejam, casam-se, celebram a vida e a morte. Por isso, os historiadores chamam o feudo de
unidade produtiva – porque é nele que tudo se produz ou toda forma de riqueza se constitui. E é
autossuficiente porque além de servir para produzir serve também para outras atividades sociais,

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políticas, culturais e religiosas necessárias para a vida em sociedade. Para você comparar, é como
se, no capitalismo, tudo ocorresse dentro de uma fábrica. A fábrica é uma unidade produtiva
porque produz mercadorias, mas não é autossuficiente. Sacou?
Diante desses elementos, vamos às alternativas:
a) falsa, pois os feudos eram locais essencialmente agrícolas, sendo que o comércio
era desenvolvido nos burgos, isto é, um local de concentração de pessoas – em geral em
zonas litorâneas e em pontos específicos de rotas comerciais – que formarão o que
conhecemos como cidades.
b) falso, pois, apesar de as relações cavalheirescas, com destaque para as relações de
vassalagem, existirem no mundo feudal, essas relações não estavam limitadas ao manso
senhorial. Na verdade, por se uma relação social entre pessoas da nobreza, vassalos e
senhores se relacionavam no conjunto das terras do feudo e para além delas. Basta
pensarmos nas situações de conflitos físico-militares.
c) correto, é o nosso gabarito. Vimos no esquema acima que, dentro da divisão dos
mansos, no manso do senhor (o “dono” da parada) ficavam os principais bens.
d) falso, pois os servos plantavam no manso servil e, fruto dessa colheita, é que
pagavam tributos.
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e) falso, pois o manso comum é que era o espaço comum.


Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Mas, na viragem do século XIII para o século XIV, a Cristandade não só parou como encolheu.
Não houve novos desbravamentos, novas conquistas de solo, e as terras marginais, que
tinham sido cultivadas sob a pressão demográfica e na mira da expansão, foram
abandonadas porque o rendimento que davam era, na verdade, muito baixo. [...] A curva
demográfica inflete e começa a descer. (idem, p. 141)
O texto do enunciado faz referência a uma das crises do século XIV na Europa, a qual resultou
em um impacto demográfico negativo. Trata-se da crise
a) da guerra
b) monetária.
c) climática.
d) da peste negra.
e) de fome.
Comentários
No contexto do que ficou conhecida como a crise do século XIV a historiografia costuma
associar este século a um tripé de eventos: a fome, a peste e a guerra. Veja que o texto do

AULA 03: História Medieval II 154


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enunciado aborda, diretamente, a crise da fome, pois não havia pessoas para cultivar e produzir
produtos agrícolas. Por isso, nosso gabarito é a alternativa e).
Fome
A expansão agrícola dos séculos XI ao XIII chegou ao fim na primeira metade do século XIV.
A principal consequência, então, foi a fome. O fenômeno ocorreu entre 1315 e 1322,
acentuadamente entre 1315 e 17. A “Grande Fome” está relacionada imediatamente com as
seguintes causas:
➢ Resistência dos nobres em permitir a ampliação das terras agricultáveis por meio
da derrubada das florestas (oiiii? Os nobres eram ambientalistas?? – brincadeira
😊). Os bosques eram lugar de caça (esporte favorito da nobreza), além disso
era a fonte de mel, cera e madeira – todos são elementos luxuosos e de
necessidade essencial para manter seus castelos iluminados e aquecidos.
➢ Esgotamento de boas terras para a agricultura. As terras dos antigos mansos
comunais não tinham o mesmo potencial agrícola que as demais terras, assim, o
excedente de produção não acompanhava a proporção do excedente
populacional.
➢ Aumento excessivo dos preços dos alimentos somado ao aumento abusivo das
taxas impostas pelos senhores de terra.
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➢ Fatores climáticos. Entre 1315 e 1317 foi um período de muitas chuvas e


umidade.

Agora, para além da fome, da guerra e da peste, que marcam a crise do século XIV, os
historiadores Le Goff e Perry Anderson, por perspectivas distintas, afirmam que esta tríade na
verdade é a consequência de um processo de desagregação das estruturas sociais e econômicas
do mundo feudal cristão. Vamos ver as outras alternativas a partir de tópicos.
Alternativa b), errada, até porque o mais ajustado é falarmos em Crise Econômica.
Vários sintomas de crise econômica surgiram nesse momento. A primeira delas foi
uma série de desvalorizações monetárias. Muitos bancos faliram em 1343. Houve algo como um
inadimplemento (não pagamento) das enormes dívidas que alguns nobres fizeram nos anos
anteriores, o que dificultou a manutenção dos empréstimos das casas bancárias que ainda
resistiam.
Isso fragilizou a economia das cidades, que, como vimos dependia dessas casas bancárias.
Na cidade, a produção têxtil declinou, a construção civil também, com a paralisação das obras de
catedrais e igrejas ajudaram a diminuir a oferta de trabalho livre nas cidades.
Apesar disso, é importante ressaltar que essa depressão econômica não atingiu todos os
setores em todos os lugares. Como falamos na introdução, a crise é sinal de um processo de
reorganização. O mesmo ocorreu com a economia. O melhor exemplo, é o do setor têxtil. As
manufaturas de tecido de luxo deram lugar às confecções de tecidos menos valiosos.

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Além disso, alguns senhores feudais foram se adaptando às novas realidades e começaram
a criar gado – mais valioso nessa época.
Por fim, como ensinou o professor Le Goff “só os mais poderosos, os mais hábeis ou os mais
bem-sucedidos tiram proveito; os outros são atingidos” (p. 145)
Alternativa d): Peste Negra
Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação causada pela Grande
Fome, as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a população europeia
viveu uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a bactéria pasteurella
pestis – a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois, ela provocava feridas
com pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram
muito ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman32
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"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na Silícia,com
homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham estranhas inchações
escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que purgavam pus e sangue e eram
acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo, provocadas por hemorragias internas. (...)
Sentiam muitas dores e morriam rapidamente (...)”

O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo


divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz temerário,
que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se espalhava, e com ele a
violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas europeias. A insegurança voltou a
reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.
Alternativa a) Guerra e rebelião camponeses
Em 1358 ocorreu na região da atual França uma enorme violenta rebelião camponesa. Esse
evento, que não durou mais que 1 mês expôs a tensão latente que existia entre senhores e servos.
Como vimos, os senhores feudais ampliaram sucessivamente o montante de taxas a serem
pagas pelos servos no processo de expansão da economia. Além disso, o fenômeno da grande
fome atingiu sobretudo servos que não contavam com acúmulo de produção em grandes celeiros,

32
TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.

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como os nobres. Estes, inclusive, aumentaram mais ainda as taxas a serem pagas pelos servos que
ainda continuavam na terra.
Esse contexto expôs a grande desigualdade existente entre as três ordens sociais que
compunham a sociedade feudal. Os servos se revoltaram tanto com seus senhores que os
superexploravam como com a Igreja que, longe dos ensinamentos de caridade, humildade,
simplicidade dos ensinamentos cristãos (já que muitos se acostumaram com os privilégios
clericais), abandonavam os fiéis a própria sorte nesse cenário apocalíptico.
A exploração, sobretudo, a abusiva, provoca resistências – que podem ser passivas,
silenciosas, negociais. Assim, já havia durante toda a Idade Média várias manifestações de
resistência dos servos e camponeses. Foram deserções, fugas para os bosques, roubos nas terras
do senhor, incêndio nas plantações e nos celeiros. Mas, em 1358, diante das condições daquele
contexto, surgiu uma enorme e muito violenta rebelião. Foram as Jacquerie – expressão
idiomática francesa que significa “joão ninguém”

A violência cruel é a característica mais marcante dessa rebelião. Centenas de milhares de


camponeses se juntavam para invadir castelos e assassinar senhores. A resposta de nobres
também foi igualmente violenta. O sentimento de ódio recíproco, tão amainado pelo discurso
religioso durante séculos, ficou marcado nas memórias orais do campesinato francês e em diversas
obras renascentistas do século XV e XVI.
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Além das revoltas de caráter popular, como a Jacquerie, o contexto do século XIV também
é marcado pela chamada Guerra dos Cem Anos. Foi um longo conflito entre a França e a Inglaterra
ocorrida entre 1337 e 1453. O conflito envolvia a disputa de sucessão dinástica na França e pelo
controle das ricas terras na região de Flandres (lembra da Feira de Flandres?). Essa guerra
contribuiu para o clima de insegurança da Europa.
O professor Le Goff argumenta que a Guerra dos Cem Anos foi uma solução fácil encontrada
por nobrezas atingidas pela crise e independentemente de mortes ou ruínas econômicas, gerou
uma nova economia e uma nova sociedade.
Gabarito: E

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“Embora o feudalismo seja um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa ocidental
entre os séculos X e XIII, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação,
mesclando elementos romanos e germânicos” (COTRIM, p. 175)
I – é um elemento romano o comitatus.
II – é um elemento romano o colonato.
III – é um elemento germânico o beneficium.
IV – é um elemento germânico o enfraquecimento do poder centralizado.
Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta as afirmações verdadeiras sobre elementos
romanos e elementos germânicos:

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a) I e II estão certas.
b) I, II e III estão certas.
c) II e III estão certas.
d) II, III e IV estão certas.
e) III e IV estão certas.
Comentários
Vamos direito ao ponto para lembrarmos o que é herança romana e o que é herança
germânica.
I – falso, pois o comitatus é uma herança germânica. Lembro que comitatus era um tipo de
relação de laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros.
II – correto. Reforço que o colonato foi um sistema de trabalho servil que se desenvolveu
com a crise do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar
como colonos em terras de grandes senhores proprietários. O proprietário oferecia terra e
proteção ao colono camponês, em troca, recebia do colono um rendimento do trabalho cultivado.
Com isso, foi surgindo um novo tipo de modo de vida no campo. Mais adiante na história, essa
nova forma de relação social se transformará na unidade do feudo.
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III – correto. O beneficium foi um tipo de retribuição concedidas aos guerreiros que
ajudavam em conquistas de terras. Em troca, o beneficiado oferecia fidelidade ao chefe ou rei que
liderava os guerreiros. Somando esse tipo de prática com a fusão do da relação social estabelecida
pelo colonato a unidade do feudo está quase completa. Perceba, então, que beneficium +
colonato são muito importantes para moldar o que viria a ser um feudo.
IV – afirmação errada, pois o enfraquecimento do poder centralizado ocorreu no final do
Império Romano, quando este não conseguia mais impor sua forma de governo e de dominação
sobre seus territórios. Nesse sentido, com o enfraquecimento do poder centralizado, os grandes
proprietários de terra ganharam força para estabelecer poderes regionais (descentralizados).
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


A respeito da Europa entre os séculos X e XV, ou seja, durante o mundo medieval, é correto
afirmar que:
a) o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em nas camadas da sociedade
medieval que foi capaz de anular as crenças pagãs e a formação de outras religiões.
b) a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval,
dizimando um terço da população europeia.
c) a sociedade possuía mobilidade e estava organizada da seguinte maneira: Clero, nobreza
e camponeses.

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d) o feudalismo, enquanto sistema de vida econômico, social e religioso, não possui relações
com a desestruturação dos reinos bárbaros e do Império Romano.
e) Na maioria dos países, a epidemia de Peste Negra assolou burgos e castelos, mas
preservou os camponeses do contágio, por estarem isolados no campo.
Comentários
Essa é uma questão geral, que cobra aspectos importantes do período medieval. No
centro aqui é entender a Peste Negra.
a) falso, pois as religiões pagãs, o paganismo, existiu no mundo medieval e, além disso,
no final da Idade Média tivemos o início da formação das religiões protestantes, fruto de
desavenças com as orientações católicas. Apesar de a reforma protestante ser própria do século
XVI, o movimento protestante já data de final do século XV.
b) é o nosso gabarito. Entre 1347 e 1350, com a memória viva sobre a devastação
causada pela Grande Fome, as épocas frias e chuvosas que ocorreram no começo do século, a
população europeia viveu uma epidemia transmitida pela pulga de ratos contaminados com a
bactéria pasteurella pestis – a peste bubônica, popularmente chamada de peste negra, pois,
ela provocava feridas com pus e deixava marcas pretas no corpo.
Nesse momento, as condições de alimentação, saúde, moradia e sanitárias eram muito
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ruins nas cidades medievais, na Europa. Como sabemos, o cenário era de renascimento
comercial e urbano e, portanto, de maior circulação de pessoas mercadorias e.... doenças!
Historiadores medievalistas afirmam que cerca de 25 milhões de pessoas morreram nesse
momento.
A porta de entrada da peste foi a cidade italiana de Gênova. Leia a descrição feita pela
historiadora Bárbara Tuchman33
"Em outubro de 1347 (...) Navios genoveses chegaram ao porto de Messina,na
Silícia,com homens mortos e agonizantes nos remos. (...) Os marinheiros doentes tinham
estranhas inchações escuras,do tamanho de um ovo ou uma maçã nas axilas e virilhas,que
purgavam pus e sangue e eram acompanhadas de bolhas e manchas negras por todo o corpo,
provocadas por hemorragias internas. (...) Sentiam muitas dores e morriam rapidamente (...)”
O imaginário popular religioso da época atribuía aquela situação de morticínio “castigo
divino”, em razão dos vícios e pecados da humanidade. Deus era tido como um juiz temerário,
que enviava a morte como punição, para toda a humanidade. O medo se espalhava, e com ele
a violência e hordas de pessoas perambulando pelas estradas europeias. A insegurança voltou
a reinar no continente.
Esses momentos foram tão significativos na história do fim da Idade Média que muitos
pintores renascentistas ainda pintaram “a morte do século XIV”.

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TUCHMAN,B.W. Um espelho distante: o terrível século XIV.Rio de Janeiro: José Olympio,2000,p.97.

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c) o erro dessa alternativa está em “mobilidade”, pois a sociedade era rigidamente


hierarquizada, estratificada. Vamos lembrar o seguinte:

d) falso. Em História, dificilmente uma passagem de um momento histórico para o outro


não terá relações, em geral, há os elementos de transição. Por exemplo, veja que a religião
católica, a qual predominou durante o mundo medieval, tem origens no Império Romano. Além
disso, convém, reforçar que o sistema feudal se formou por meio da mistura de duas
importantes civilizações, os romanos e os germânicos (reinos bárbaros). Dentre as contribuições
romanas, cito o colonato e o cristianismo. Vindo dos germânicos, temos o comitatus, o poder
tribal fragmentado e o beneficium.
e) Errada, vide comentários da alternativa correta.
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Gabarito: B

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


No processo de formação do feudalismo, o Reino dos Francos, incialmente um povo bárbaro,
tomou uma atitude que foi determinante para a formação das relações políticas e sociais na
Idade Média. Trata-se da
a) profissionalização do exército nacional.
b) conversão dos francos ao islamismo.
c) conversão dos francos ao cristianismo.
d) constituição do absolutismo enquanto organização do Estado.
e) expulsão dos árabes da Península Ibérica.
Comentários
No período final do Império Romano, na região central do que conhecemos hoje como
França, povos germânicos ali se instalaram e deram início à construção do Reino dos Francos.
Este Reino se tornou o mais importante da Alta Idade Média. Por isso, é o Reino que
tomamos como referência para estudar o feudalismo.
Um cavaleiro franco, Meroveu, considerado o herói da batalha dos Campos
Catalúnicos, em 451, deu início ao que ficou conhecida como a Dinastia Merovíngia. Seu
neto o príncipe Clovis foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou,

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entre 481 e 511, o Estado Franco - fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram
nas disputas territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos,
entre outros povos bárbaros. Ou seja, os caras dominaram tudo!!!
Agora, em meio ao contato com a civilização Romana, ocorreu um fato importante. A
conversão ao cristianismo de Clóvis, em 496. Clóvis estaria numa batalha – perdendo -
quando pediu ajuda aos santos da religião de sua esposa, que era católica. Nesse momento,
inverteu-se sua posição na batalha e seu exército teria saído vitorioso. A partir desse
momento, Clóvis adere ao cristianismo. Com essa decisão, o príncipe conquistou a simpatia
dos povos de origem romana, bem como adquiriu apoio da população da Gália e da Igreja
Católica. Em troca da aliança que se iniciaria no Reino dos Francos, a Igreja recebeu terras,
muitas terras.
Diante disso, nosso gabarito é a alternativa C.
a) errado. Neste momento não podemos falar em exército nacional, o qual irá surgir
a partir da formação das Monarquias Nacionais na Era Moderna, século XVI em diante.
b) falso, a conversão foi ao cristianismo.
d) falso, pois o absolutismo é uma característica das Monarquias a partir do século
XVI, na Era Moderna.
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e) errado, pois os árabes serão expulsos da Península Ibérica somente e no século XV,
quando as campanhas militares dos reis Fernando de Aragão e Isabel Castela consolidaram
o processo de reconquista, culminando na expulsão completa dos muçulmanos em 1492.
Gabarito: C

(Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Atualmente pouco se sabe sobre as diversas seitas hereges que durante mais de três séculos
floresceram entre as “classes baixas” de Itália, Flandres e Alemanha, no que sem dúvida foi
o movimento de oposição mais importante da Idade Média. Isso se deve, fundamentalmente,
à ferocidade com que foram perseguidas pela Igreja, que não poupou esforços para apagar
todo rastro de suas doutrinas. [...] para erradicar sua presença, o papa criou uma das
instituições mais perversas jamais conhecidas [...] (Silvia Federici. Calibã e a Bruxa. Ed.
Elefante, 2109).
Considerando o contexto descrito no texto, a instituição criada pela Igreja na baixa idade
Média foi ou foram:
a) O tribunal Católico, com o objetivo de catequisar os pagãos.
b) As Missões Jesuíticas, com a missão de catequisar índios na América
c) O Tribunal da Santa Inquisição, com a função de perseguir e destruir doutrinas divergentes
dos dogmas considerados oficiais.
d) As Cruzadas, com o objetivo de lutar contra os muçulmanos considerados heréticos.
e) A Santa Inquisição, com o objetivo de libertar a terra Santa dos infiéis.

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Gabarito: C

19. QUESTÕES PARA CONSOLIDAÇÃO (COMENTÁRIOS)


(IFSUL 2018)
Idade Média é uma divisão da História da Europa, que vai do século V ao século XV, portanto,
durante um período de mil anos.
Analise as seguintes afirmativas referentes à Idade Média.
I. Corresponde, exclusivamente, ao período do feudalismo e à ideia de uma civilização cristã
ocidental e católica.
II. Teve, no Ocidente Europeu, seu poder político fragmentado entre senhores de terras,
enquanto a Igreja de Roma detinha o poder espiritual universal.
III. Tem seu término assinalado, tradicionalmente, pela conquista de Constantinopla, pelos
turcos, em 1453.
Estão corretas as afirmativas
a) I e III apenas.
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b) II e III apenas.
c) I, II e III.
d) I e II apenas.
Comentários
I – Falso, pois o feudalismo está inserido na Idade Média. A Idade Média corresponde ao período
de 476 (queda de Roma) até 1543 (queda de Constantinopla) e não pode ser caracterizada apenas
pelo sistema feudal, mas também por outros acontecimentos históricos, tais como, surgimento da
burguesia, das universidades e dos Estados Nacionais, entre outros acontecimentos. Vamos
lembrar do esqueminha do início da aula:

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As afirmações II e III estão corretas, porém.


Gabarito: B

(IFSUL 2017)
A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no século V,
sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a
retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia
ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção
feudal e sociedade hierarquizada. Disponível em:
<http://www.suapesquisa.com/idademedia>. Acesso em: 22 jul. 2016.
Na Idade Média, o trabalho gratuito que os servos prestavam aos senhores feudais, durante
o período de 3 ou 4 dias, é conhecido como
a) banalidades.
b) talha.
c) formariage.
d) corveia.
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Comentários
Para responder a esta questão, vamos refrescar a memória com um esqueiminha da aula:

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Nesse sentido, somente a proposição D está correta. Reforço que, no feudalismo, a economia era
agrária e os servos trabalhavam para manter a base material da sociedade pagando diversos
impostos, entre eles, havia a corveia que consistia no trabalho gratuito dos servos nas terras
senhoriais, geralmente três dias por semana.
Gabarito: D

(IFSP 2015)
Leia o texto abaixo.
Pelo fato de formar a terceira camada da sociedade, os servos ou camponeses e os pequenos
artesãos constituíam a camada dos homens não livres, pois trabalhavam na reserva ou
serviam aos castelos e mosteiros. Pela falta de liberdade, não podiam sair do domínio
senhorial ou casar sem a autorização do senhor feudal. Já os colonos eram considerados
homens livres.
A servidão ocorrida na Idade Média, no período conhecido como Feudalismo, tem, por
característica, uma grande carga de impostos. Dentre esses impostos, estão:
a) corveia, talha e banalidades.
b) imposto do sal, do selo e do açúcar.
c) ordálio e dízimo.
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d) pedágio, mão-morta e investidura.


e) religioso e de defesa.
Comentários

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Mais uma vez, para você não esquecer:


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Gabarito: A

(IFPR 2016)
As leis que regulam a vida em sociedade dos germanos não eram escritas, fundamentavam-
se nos costumes. Qualquer homem livre podia queixar-se em uma assembleia ou tribunal,
em que o rei decidia o caso e estipulava a penalidade, normalmente uma multa que variava
proporcionalmente ao grau de ofensa. O assassino indenizava a família da vítima, os covardes
eram lançados nos pântanos, enquanto os desertores eram levados à forca, mas a prisão, a
morte ou o castigo físico somente podia ser pelos sacerdotes, em nome do deus da guerra.
Esse tipo de direito era chamado de:
a) Direito divino.
b) Direito consuetudinário.
c) Direito canônico.
d) Direito romano.
Comentários
Esta é uma questão conceitual. Nas Aulas 01 e 02, vimos detidamente os processos históricos que
contribuíram para o fim do Império Romano do Ocidente e a formação dos reinos germânicos que
se desenvolveram na Europa ocidental. As transformações desse período não foram imediatas,
isto é, não aconteceram da noite para o dia. Trata-se de processos que levaram séculos para causar
as mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas que resultaram na passagem da Antiguidade

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para a Idade Média europeias. O fim da expansão romana, a crise do escravismo, a instituição do
colonato, o surgimento do cristianismo e sua adoção como religião oficial por Roma, as invasões
e migrações bárbaras, a estagnação do comércio e a ruralização da sociedade. Tudo isso
contribuiu para que gradativamente povos germânicos e romanos fossem se misturando
culturalmente em diferentes graus, dependendo da região. Mesmo após a queda definitiva de
Roma, em 476, muitos remanescentes romanos e conquistadores germânicos viam a memória do
antigo Império como exemplo de grandeza e poder a ser alcançado. Por isso, muitos deles
continuaram “bebendo da fonte” da cultura romana, fazendo alianças com a Igreja Católica e
recuperando textos, valores, filosofias e o próprio direito romanos para legitimar e fortalecer seu
poder frente às novas sociedades que se formavam. Assim, nesse processo, muito dessas
lideranças misturavam elementos romanos e germânicos, adaptando uns aos outros, dependendo
da composição demográfica de seus seguidores, do público que se visava controlar. Entretanto,
a questão é bem específica, ela está perguntando sobre o direito, o sistema de normas que regula
as condutas humanas por meio de direitos e deveres. Em outras palavras, é o conjunto de regras
que compõe a justiça. Na Aula 01, vimos que os romanos tinham uma tradição de direito bem
estabelecida e longeva, composta por séculos de textos jurídicos e acadêmicos escritos sobre o
assunto. Além disso, havia uma separação entre direito público e direito privado. O Império
Romano também possuía instituições próprias tanto para criar leis quanto para aplicar. Durante a
República, o Senado e a Assembleia debatiam, aprovavam ou vetavam leis, enquanto a
Magistratura aplicava as mesmas e exercia a justiça. No Império, o Imperador assumiu as funções
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de líder religioso, militar e cargo mais alto da justiça. O Senado continuou sendo responsável pela
criação de leis, mas com mais limitações. O Imperador podia vetar qualquer lei e criar novas
independente dos senadores. Então, repare que Roma tinha toda uma estrutura burocrática
baseada na escrita na administração do direito. Sabendo dessas informações, vejamos:
a) Errado. O Direito divino é quando não há uma separação entre a justiça dos deuses e a
justiça dos homens. É muito comum em regimes teocráticos. Por outro lado, em sociedades
monárquicas em que existe essa separação também se chama de direito divino a
prerrogativa do monarca de exercer suas funções de liderança política, militar e, em muitos
casos, religiosa.
b) Correto! A palavra “consuetudinário” significa literalmente “que se pratica repetidamente,
como um costume; usual, costumeiro, habitual”. Ou “que diz respeito aos costumes de um
povo”. Ora, leia novamente a primeira linha do enunciado: “As leis que regulam a vida em
sociedade dos germanos não eram escritas, fundamentavam-se nos costumes”. Quando
falamos que o direito surge dos costumes de uma certa sociedade, queremos dizer que
não passa por um processo formal de criação de leis, no qual um poder legislativo cria leis,
emendas constitucionais, medidas provisórias, etc. Em outras palavras, é o direito
consuetudinário, em geral, não é composto por textos escritos e as sociedades que o
praticam não tem instituições específicas e exclusivas para formulação e aplicação das leis.
Além disso, mesmo que esses costumes e leis sejam inspirados na religião, no direito
consuetudinário pode haver uma separação entre direito dos deuses e direitos dos homens.
Repare que o enunciado também indica isso quando ressalta que morte ou castigo físico
eram punições distintas que deviam ser ministradas pelos sacerdotes. De fato, os povos

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germanos praticavam o direito consuetudinário e poucos reinos bárbaros que surgiram


imediatamente após a queda do Império Romano empreenderam grandes mudanças nesse
sentido. Podemos citar como exceção a dinastia Carolíngia, no Reino dos Francos, mais
especificamente o reinado de Carlos Magno, pois este monarca buscou muita inspiração
da herança romana para fortalecer seu poder. Contudo, após sua morte e a divisão de seu
império, a Europa ocidental se ruralizou ainda mais e o direito consuetudinário ganhou mais
força. O direito romano só vai voltar a ser buscado pelos monarcas e juristas medievais, na
Baixa Idade Média, quando o renascimento e a formação dos Estados absolutistas vão se
voltar para o conhecimento da antiguidade.
c) Errado. Direito canônico é o conjunto de normas e leis que regulam a vida interna e o
comportamento da comunidade eclesiástica. Em outras palavras, são as regras adotadas e
criadas por líderes da Igreja Católica, Anglicana ou Ortodoxa. Só diz respeito ao clero.
d) Errado. Como explicamos no comentário, de fato o direito romano influenciou em algumas
medidas as sociedades medievais. Contudo, somente na Baixa Idade Média essa influência
realmente cresceu, devido ao movimento cultural chamado de Renascimento, que veremos
com mais detalhes na Aula 03. Até o século XII, mais ou menos, a maioria dos reinos
bárbaros e feudos na Europa ocidental era organizada segundo as tradições de origem
germânica, o direito consuetudinário, com algumas exceções, como o Império Carolíngio.
E mesmo neste, a influência da tradição germânica era grande.
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Gabarito: B

(IFGO 2013)
Leia o texto a seguir.
“O fim do mundo antigo estivera sempre e intrinsecamente ligado à concepção da queda e
do fim do Império Romano, isto porque a história tradicional, particularmente aquela surgida
no século XIX, vira na política, ou mais precisamente na história política, a razão por
excelência do fenômeno histórico [...]
Contudo, este período de translatio, pelo fato só de ser nominado, vem por extensão e
inevitavelmente, a ser valorado e particularizado, por estes ou aqueles especialistas de uma
determinada temporalidade histórica, neste caso, o antiquista e o medievalista. Deste modo,
aqueles que acreditam e defendem ainda a ideia de crise e decadência do Império Romano,
e por consequência uma visão não muito otimista do período medieval, tenderam a rotulá-
lo como ‘Baixo Império’, pois, neste contexto, ‘baixo’ é logicamente denotativo de
decadente, de decrepitude, de algo que foi ‘alto’, ‘forte’, ‘pujante’. Como acrescenta Le
Goff, esta própria terminologia ‘alta’ ‘baixa’ é caracteristicamente medieval. Interessante
notar aqui que, mesmo para aqueles que não olham o período medieval com olhos tão
benignos e entusiastas, necessariamente o tem em si, a ponto de, mesmo
inconscientemente, lançar mão de concepções e visões do mundo que lhe fora próprio”.
AMARAL, Ronaldo. “A Antiguidade Tardia nas discussões historiográficas acerca dos
períodos de Translatio. Alétheia – Revista de estudos sobre Antiguidade e Medievo,

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volume único, jan./dez. 2008. Disponível em:


<http://www.revistaale.dominiotemporario.com/doc/AMARAL,_RONALDO.pdf> . Acesso
em: 04 nov. 2012. [Adaptado]
O texto se refere a duas grandes épocas históricas geralmente conhecidas como
“Antiguidade” e “Idade Média”. Em relação às ideias presentes no texto é correto afirmar
que:
a) Antiguidade e Idade Média não existem, sendo ambas um período de translatio [tradução].
b) Os historiadores devem seguir a perspectiva política para definirem as épocas. É desse
modo que podemos entender a evolução histórica do Ocidente.
c) A historiografia é uma ciência inequívoca que emprega uma terminologia objetiva a partir
da qual não estão presentes julgamentos em relação ao período trabalhado e sua
especificidade.
d) O período de translatio [tradução] indica que o processo de transformação da sociedade
entre os séculos III d. C. e XIII d. C. merece um estudo mais meticuloso, preocupado em
conhecer as especificidades que permitiram à sociedade sua transformação.
e) Não existe certeza alguma no estudo da história e por isso a historiografia expressa pontos
de vista distintos em relação aos mesmos períodos.
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Comentários
Aqui temos uma questão sobre historiografia, ou seja, sobre como o conhecimento histórico é
construído. O texto apresenta uma crítica aos estudos que traçam divisões arbitrárias dos períodos
históricos, como a usual linha do tempo que usamos na escola que separa a história da
humanidade em Pré-História, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Como autor aponta, em geral, essa divisão é baseada em critérios políticos, isto é, usa como
critérios para determinar essas grandes mudanças de período as mudanças nas estruturas políticas
das sociedades. Em outras palavras, quando uma grande civilização é conquistada por outra, ou
entra em colapso e deixa de existir, ou quando elas deixam de ser Impérios para virarem
Repúblicas, ou quando abandonam o modelo teocrático para virarem Estados laicos, e vice-versa.
Esses são só alguns exemplos. Não que esses critérios não sejam importantes para avaliar as
características gerais de um período histórico, mas eles não são suficientes. Às vezes, uma
mudança da organização política não significa uma mudança real na organização social, na divisão
das classes que compõem uma sociedade. Exemplo disso é Roma, que no século I a. C. deixou de
ser uma República e se tornou um Império, mas a sociedade romana continuava a ser basicamente
dividida entre patrícios, plebeus e escravos.
Pensando nisso, o texto direciona sua crítica aos estudos sobre o fim da Antiguidade e o
início da Idade Média, um período muito turbulento, difícil de determinar onde acaba a primeira
e onde começa a segunda. Isso porque as mudanças nas estruturas políticas não são suficientes
para determinar tal limite. Apesar do último Imperador romano ter sido destituído em 476 e a
partir daí diversos reinos independentes com estruturas políticas diversas terem surgido,
características importantes da sociedade medieval já haviam sido implementadas durante o

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Império Romano, mesmo antes de sua divisão em dois. Um exemplo disso, é a instituição do
sistema de colonato pelo Imperador Constantino, no século IV d. C. Tal sistema procurava fixar o
camponês livre à terra, sem a necessidade de pagamento em moeda, mas por meio de um acordo
de troca de obrigações entre o trabalhador rural e o dono da terra. Enquanto este cede a terra
como moradia, o primeiro nela trabalha para produzir alimentos e entrega parte deles para o
proprietário. Esse tipo de relação de trabalho sobreviveu ao fim do Império Romano e se tornou
uma das bases da sociedade medieval, era o sistema de servidão.
A história do cristianismo também transcende essas divisões arbitrárias da história da
humanidade. Essa religião surgiu no século I d. C. em territórios romanos. Inicialmente, foi
perseguida pelo império, mas em fins do século IV foi feita religião oficial do mesmo, pois os
imperadores passaram a ver vantagens políticas nela. A partir daí a Igreja Católica com toda sua
estrutura eclesiástica, hierárquica e patrimônio foi se construindo graças à conversão de ricos
patrícios e conquistadores germânicos que faziam doações generosas de riquezas e terras como
forma de devoção. Por outro lado, com a adoção do cristianismo como religião oficial do Império
Romano, a Igreja deixou de criticar o culto ao imperador como um escolhido pelos deuses, apenas
passando a defender que era escolhido pelo Deus cristão a partir de agora, aperfeiçoando o
direito divino do monarca. Tanto a relação entre devoção e doações quanto o direito divino do
monarca sobreviveram à queda do Império Romano, fazendo que a Igreja seguisse firme e forte e
ainda pudesse aumentar sua esfera de influência. Alguns reis germânicos perceberam as
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vantagens dessa relação e do direito divino para fortalecer seu poder. Os melhores exemplos são
os reis francos, tanto os merovíngios quanto os carolíngios procuraram diversas vezes o apoio da
Igreja e como retribuição doaram terras e riquezas, além de conceber privilégios tributários e foro.
Com essas considerações em mente, vamos às alternativas:
a) Errada. O autor não sugere um abandono completo dessas categorias, apenas um olhar
mais cuidadoso e menos positivista. O positivismo é a tradição historiográfica que defende
que a história é uma verdade objetiva que pode ser obtida por meio do estudo dos fatos.
Para os positivistas, os fatos falam por si mesmos e não necessitam de interpretação. Os
fatos só podem ser colhidos por meio de documentos oficiais e verdadeiros. Em outras
palavras, documentos do governo, da justiça, do exército, isto é, das instituições. Além
disso, para eles, a história caminha sempre para frente, linearmente em direção ao
progresso.
b) Errada. Isso também seria positivista, pois se o historiador só usa documentos oficiais, ele
só terá conhecimento da perspectiva política, que, como dissemos no comentário, é
importante, mas sozinha não é suficiente para determinar as características de um período
histórico.
c) Errada. Em nenhum momento o texto defende que a história é uma ciência que nunca erra.
Na verdade, o autor está fazendo uma crítica a esse tipo de concepção da história, uma
crítica ao positivismo. Para os historiadores, é importante buscar uma terminologia
minimamente objetiva e não fazer julgamentos de qualquer tipo sobre o passado. Contudo,
no fazer historiográfico é preciso lidar com a subjetividade, tanto das fontes quanto do
próprio historiador. É tudo uma questão de interpretação e de estar bem embasado em

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fontes documentais da época estudada. Mesmo assim, como qualquer ciência, é passível
de erros e acertos, consequentemente é passível de ser constantemente revisada.
d) Correta! É como dissemos na explicação da alternativa “a”: o autor está defendendo um
olhar mais cuidadoso sobre o período, pois é difícil determinar exatamente em que e
quando as coisas mudaram entre o fim da Antiguidade e início da Idade Média.
e) Errada. Reconhecer que a história sempre lida com subjetividades e que, portanto, pode
apresentar diferentes interpretações sobre os mesmos acontecimentos, não quer dizer que
no seu estudo não exista objetividade e certezas. O historiador deve sempre ter um bom
conhecimento sobre as fontes documentais do período que estuda. Ou seja, deve conhecer
bem todos os vestígios produzidos pela própria sociedade no tempo histórico que é seu
objeto de estudo. Assim, querendo ou não, uma série de interpretações podem ser
eliminadas, por não se atentarem a essas fontes. Para uma pesquisa historiográfica seja
considerada relevante e aceita é necessário que ela: 1) baseie-se em fontes do período; 2)
dialogue com as pesquisas sobre o mesmo período que foram feitas antes; 3) use
apropriadamente os conceitos históricos em sua análise, sobretudo não sendo anacrônica,
nem teleológica. Dessa forma, a historiografia pode encontrar hipóteses cientificas sobre a
interpretação de processos históricos.
Gabarito: D
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(FGV/2019)
Vivendo num mundo agrícola, em que se percebe cotidianamente como alguns seres
precisam morrer para que outros possam viver, convivendo com a constante ameaça da
fome, das epidemias e das guerras, os medievais sentiam a onipresença da morte, mas isso
não os incomodava. Eles tinham dela uma visão natural, tranquila, diferente da de seus
descendentes dos séculos seguintes.
(Hilário Franco Júnior, A Idade Média, nascimento do Ocidente)

Para o homem medieval, a morte


a) era o começo da vida eterna, conforme o cristianismo ensinava e, chegado o momento, as
pessoas procuravam se preparar, sendo que a grande tragédia não era morrer, mas morrer
inesperadamente, sem ter se confessado.
b) representava a ausência da graça divina e apresentava-se com vigor em momentos de
descuido geral com as práticas religiosas mais usuais, como no caso dos cultos e dos
sacramentos, especialmente a confissão.
c) mostrava a diferença entre os homens e apontava para a necessidade da acumulação de
bens materiais e morais como uma garantia para se ter um lugar no paraíso, conforme a
doutrina consolidada na Idade Média ocidental.
d) continuava sendo uma presença cotidiana mesmo após as modificações ocorridas com a
Crise do Século XIV, com o notável desenvolvimento da mentalidade coletivista, já que a
morte se tornou objeto de culto para todos os homens.

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e) manifestava-se de forma macabra, mórbida e destrutiva e precisava ser antecedida de


boas ações, caso das esmolas e outras formas de caridade, para que os homens tivessem a
certeza de um justo julgamento divino.
Comentários

Durante a Idade Média, a Igreja atuou como ordenadora moral e religiosa da Europa. A
religião cristã entendia a existência na terra como uma passagem para o mundo
espiritual. Assim, a morte era apenas o começo da vida eterna. Daí a necessidade da
confissão (e consequente absolvição dos pecados cometidos) para assegurar a entrada
do fiel no Paraíso. Com isso, sabemos que o gabarito é letra a). Vejamos o que está
errado nas demais alternativas:

B) A morte era repleta de graça divina aos bons fieis.

C) A acumulação de riquezas não bem vista pela Igreja nesse momento.

D) A Crise do Século XIV esteve relacionada à Peste Bubônica.

E) Como vimos, a morte representava o início da vida eterna.

Gabarito: A
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(FGV 2018)
Este documento, do século XIV, encontra-se nos arquivos de Assize, na ilha de Ely, na
Inglaterra: Adam Clymne foi preso como insurgente e traidor de seu juramento e porque
traiçoeiramente com outros celebrou uma insurreição em Ely. Penetrando na casa de Thomas
Somenour onde se apossou de diversos documentos e papéis selados. E ainda, que o mesmo
Adam no momento da insurreição, estava andando armado e oferecendo armas, levando um
estandarte, para reunir insurgentes, ordenando que nenhum homem de qualquer condição,
livre ou não, deveria obedecer ao senhor e prestar os serviços habituais, sob pena de degola.
O acima mencionado Adam é culpado de todas as acusações. Pela ordem da justiça, o
mesmo Adam foi levado e enforcado.
(Leo Huberman. História da riqueza do homem, 2008. Adaptado)
Considerando o documento, é correto afirmar que, no século XIV,
a) as violentas revoltas e mortes de camponeses foram provocadas pelo desespero em não
conseguir pagar, em dinheiro, aos senhores feudais, as novas taxas e o aumento das já
existentes, além da exigência de mais tempo de trabalho nas reservas senhoriais.
b) as revoltas camponesas aconteceram, tanto na Inglaterra como na França, contra os
cercamentos, que empobreceram os trabalhadores e os obrigaram a deixar a terra pelo não
pagamento do aumento dos aluguéis, o que enriqueceu ainda mais os senhores da terra.

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c) a impossibilidade de juntar dinheiro para a compra da terra onde trabalhavam fez com que
muitos camponeses se revoltassem, porque se colocaram contra os senhores que
aumentaram os impostos e exigiram o pagamento de novos; algo considerado ilegal.
d) o recrudescimento da servidão decorria de uma nova estrutura econômica presente na
Inglaterra, onde as pequenas propriedades rurais e os campos comunais perdiam espaço
para os latifúndios produtores de matéria-prima para a nascente indústria.
Comentário

As rebeliões camponesas, que ajudaram a compor o quadro que levou o Feudalismo a ruir, se
explicam pelas dificuldades de produção e financeira dos camponeses derivadas da grave crise
agrícola que abateu a Europa Ocidental entre os séculos XII e XIV.

Vimos na aula que, nesse contexto, os proprietários de terras ampliaram a exploração sobre os
camponeses com o aumento das taxas feudais. Tais dificuldades levaram os camponeses a não
mais conseguir cumprir com suas obrigações junto aos seus senhores feudais. Muitos fugiram dos
feudos, esconderam-se nos bosques, foram para as antigas cidades, entre outras estratégias de
tentativa de sobrevivência. Contudo, com a fome e a peste do século XIV a situação tornou-se
insustentável para esse grupo social. Surgiram as revoltas camponesas, sendo a principal delas as
jacqueries na região da França.
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Dito isso, a alternativa correta só poderia ser A. Vejamos os erros dos demais itens:

a- Correto
b- A primeira parte do item poderia até ser considerada correta, mas a parte final diz
“obrigaram a deixar a terra pelo não pagamento do aumento dos aluguéis”. Ora que
aluguel em pleno final da Idade Média?
c- Dois erros: a revolta não era contra o fato de não conseguirem juntar dinheiro e a cobrança
de altas taxas de impostos, bem como outros novos não era ilegal uma vez que os senhores
tinham autonomia fiscal sobre seus feudos.
d- Nesse contexto a servidão não se recrudescia. Ao contrário, ela se flexibilizava.
Gabarito: A

(FGV/2016)
“Em muitos reinos sudaneses, sobretudo entre os reis e as elites, o islamismo foi bem
recebido e conseguiu vários adeptos, tendo chegado à região da savana africana,
provavelmente, antes do século XI, trazido pela família árabe-berbere dos Kunta. (...) O
islamismo possuía alguns preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas
africanas, (...) associava as histórias sagradas às genealogias, acreditava na revelação divina,
na existência de um criador e no destino. (...) O escritor árabe Ibn Batuta relatou, no século
XIV, que o rei do Mali, numa manhã, comemorou a data islâmica do fim do Ramadã e, à
tarde, presenciou um ritual da religião tradicional realizado por trovadores com máscaras de
aves.”

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(Regiane Augusto de Mattos, História e cultura afro-brasileira. 2011)

Considerando o trecho e os conhecimentos sobre a história da África, é correto afirmar que


A) a penetração do islamismo nas regiões subsaarianas mostrou-se superficial porque atingiu
poucos setores sociais, especialmente aqueles voltados aos negócios comerciais, além de
sofrer forte concorrência do cristianismo.
B) a presença do islamismo no continente africano derivou da impossibilidade dos árabes em
ocupar regiões na Península Ibérica, o que os levou à invasão de territórios subsaarianos,
onde ocorreu violenta imposição religiosa.
C) o desprezo das sociedades africanas pela tradição árabe gerou transações comerciais
marcadas pela desconfiança recíproca, desprezo mudado, posteriormente, com o abandono
das religiões primitivas da África e com a hegemonia do islamismo.
D) o comércio transaariano foi uma das portas de entrada do islamismo na África, e essa
religião, em algumas regiões do continente, ou incorporou-se às religiões tradicionais ou
facilitou uma convivência relativamente harmônica.
E) as correntes islâmicas mais moderadas, caso dos sunitas, influenciaram as principais
lideranças da África ocidental, possibilitando a formação de novas denominações religiosas,
não islâmicas, desligadas das tradições tribais locais.
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Comentários
O texto discorre sobre a penetração do islamismo junto às populações da África Negra
subsaariana e a sua coexistência (ou mesmo fusão) com os cultos locais. Vamos às alternativas:
A) Incorreta. O texto mostra justamente o contrário: o islamismo se penetrou de maneira
profunda nas regiões subsaarianas.
B) Incorreta. Os árabes ocuparam a península Ibérica por aproximadamente 7 séculos (VIII-XV).
C) Incorreta. As sociedades africanas não desprezaram a tradição árabe.
D) Corretíssima, é o nosso gabarito!
E) Incorreta. O texto não chega nem assunto.
Gabarito: D

(Fgv/2016)
Analise o mapa.

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Considerando-se as informações do mapa e o processo histórico europeu do século XIV, é


correto afirmar que
a) as rotas comerciais terrestres do leste da Europa em direção ao Oriente são mais
numerosas e, portanto, tornam essa região a mais rica do continente na Alta Idade Média,
pelo aumento demográfico e pela expansão da agricultura.
b) as rotas comerciais, no mar Mediterrâneo, só enriquecem as cidades italianas e as cidades
do norte da África, já que as transações são dificultadas pelas diferentes moedas e pela
ausência de meios de troca, caso das cartas de crédito.
c) o comércio se expande com o crescimento da população e da agricultura, o que
desenvolve as feiras e as cidades na Idade Moderna, especialmente no norte da África, pela
facilidade dos cheques, das letras de câmbio e do crédito.
d) as cidades da Liga Hanseática, entre o mar do Norte e o mar Báltico, aumentam a
circulação de mercadorias gerada pela redução tributária, porém trazem o seu isolamento
em relação ao restante dos mercados e feiras.
e) os três principais focos europeus de comércio na Baixa Idade Média são as cidades
italianas no Mediterrâneo, as feiras na região de Champagne e a Liga Hanseática no mar do
Norte e no Báltico, que mantêm comunicações entre si.
Comentários

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A questão aborda o Renascimento Comercial e Urbano na Baixa Idade Média. Esse termo se
refere ao processo de dinamização da vida nas cidades e das atividades comerciais em um
contexto em que a expansão agrícola atingiu seu máximo potencial.
Você deve imaginar que esses processos não se deram de um dia para o outro. Como
estudamos na aula, as transformações no feudalismo são resultado do período que ocorre entre
os séculos XI e XIII. Assim, a retomada da vida urbana e mercantil é a resultante desse processo
e, por isso, devem ser compreendidas de maneira complementar uma com a outra.
No entanto, essa resultante é ao mesmo tempo a causa do aprofundamento das transformações
do feudalismo, como se fosse uma lógica retroalimentar.
Com o excedente de produção, o comércio ganhou um impulso decisivo. Inicialmente, o
comércio era local e se desenvolveu nas franjas (ao redor) dos feudos ou em terras feudais,
porém, não protegidas por muralhas. Era o comércio local de madeira (fruto do desmatamento
dos bosques), cerais, animais, lãs, artefatos para carregamento de produtos, entre outros. Eram
realizados, majoritariamente, por servos ou artesãos.
No entanto, esse crescimento mercantil não ficou restrito ao espaço local e, sobretudo, devido
às Cruzadas Cristãs, desenvolveram-se rotas comerciais que ligavam praticamente toda a
Europa e esta a algumas áreas do Oriente. Nesses casos, essas rotas foram desenvolvidas,
majoritariamente, pelos nobres e filhos de nobres – os cavaleiros andantes europeu. De
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qualquer forma, eram empreendimentos de iniciativa privada. Portanto, não se tratou de um


projeto político expansionista de nenhum Estado centralizado.
Com certeza, a mais importante foi a Rota do Mediterrâneo, também conhecida como Rota
Comercial do Sul. Essa era uma rota marítima e foi controlada por mercadores da Península
Italiana das regiões de Gênova e Veneza. Os portos mais importantes dela ficavam, além de
nas cidades Italianas citadas, em Túnis, Trípoli e Constantinopla. Foi uma importante ponte para
os produtos luxuosos do Oriente, como seda, frutas secas, especiarias, perfumes, entre outros
produtos.
Outro importante lugar do reflorescimento comercial foi no Norte da Europa, na região onde
hoje é a Bélgica, Holanda e Países Baixos. Ali se estabeleceu a chamada Rota Comercial do
Norte. Essa rota se desenvolveu por meio da ligação de várias associações de mercadores dessa
região. Essas associações eram conhecidas como hansas. Por isso, a Rota do Norte é conhecida
como Liga Hanseática.
Por fim, merecem destaque também as feiras de Champanhe, que ligavam a Itália aos Países
Baixos e que atraíam mercadores de toda a Europa. O seu esquema de funcionamento
consecutivo, fazia com que praticamente durante todo o ano houvesse aí mercados a funcionar.
Sabendo disso, a única alternativa possível é letra e).
Gabarito: E

(FGV/2016)

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Sem dúvida, podemos afirmar que após uma fase A de crescimento econômico (1200-1316)
a Europa Ocidental entrou numa fase B depressiva, que se estenderia até fins do século XV
no sul e princípios do XVI no centro e no norte.
FRANCO JÚNIOR, H. A Idade Média. Nascimento do Ocidente. 2a ed., São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 46.

A respeito da situação de retração econômica apontada pelo autor, é correto afirmar que
a) a crise manifestara-se desde o século XI e caracterizou-se pela queda demográfica
acentuada e pela desorganização das atividades agrícolas e manufatureiras da Europa latina.
b) a falta de moedas e a ausência de minas na Europa provocaram a paralisação das
atividades mercantis e levaram à total desarticulação do feudalismo a partir do século XIV.
c) estagnação tecnológica, queda demográfica e guerras prolongadas são fatores que
explicam a depressão econômica que marcou a Europa ocidental a partir do século XIV.
d) a crise foi provocada pelas divisões internas da Igreja de Roma, às quais se somariam os
conflitos com o Sacro Império Romano Germânico, levando a uma desorganização política
da Europa ocidental.
e) a depressão econômica foi causada pela expansão muçulmana na Península Ibérica, uma
das áreas que haviam impulsionado o desenvolvimento econômico da cristandade ocidental.
Comentários
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O excerto do historiador faz referência à Baixa Idade Média, século XI ao XV na Europa.


Conforme o texto “podemos afirmar que após uma fase A de crescimento econômico (1200-
1316) a Europa Ocidental entrou numa fase B depressiva, que se estenderia até fins do século
XV no sul e princípios do XVI no centro e no norte”. No século XIV ocorreram inúmeros problemas
na Europa, tais como, Grande Fome, a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos e as Revoltas
Camponesas. Vamos à análise das alternativas:
A) Incorreta. A crise tem início no século XIV. Inclusive, no século XI, a Europa passava por um
crescimento demográfico e aumento da produtividade agrícola.
B) Incorreta. Na história é complicado falarmos em rupturas tão abruptas. No geral, são
processos. Assim, não houve uma paralisação da atividade mercantil e nem uma total
desarticulação do feudalismo, apenas uma crise.
C) Correta, é o nosso gabarito!
D) Incorreta. A crise foi provocada pela fome, epidemia da Peste Negra, Revoltas Camponesas
e a Guerra dos Cem Anos, que, inicialmente, envolveu os Reinos da Inglaterra e França.
E) Incorreta. De fato, os muçulmanos ocuparam a Península Ibérica por muitos anos. No entanto,
eles já estavam sendo expulsos por portugueses e espanhóis na Guerra de Reconquista, que tem
fim no século XV.
Gabarito: C

(FGV/2015)

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Leia o documento de 1346.


(...) se qualquer pessoa do dito ofício sofrer de pobreza pela idade, ou porque não possa
trabalhar terá toda semana 7 dinheiros para seu sustento (...)
E nenhum estrangeiro trabalhará no dito ofício se não for aprendiz, ou homem admitido à
cidadania do dito lugar.
(...) E se alguém do dito ofício tiver em sua casa trabalho que não possa completar... os
demais do mesmo ofício o ajudarão, para que o dito trabalho não se perca.
(...) Prestando perante eles o juramento de indagar e pesquisar (...) os erros que encontrarem
no dito comércio, sem poupar ninguém, por amizade ou ódio.
Ninguém que não tenha sido aprendiz e não tenha concluído seu termo de aprendizado do
dito ofício poderá exercer o mesmo.
(Apud Leo Huberman, História da riqueza do homem, 1970, p. 65)

A partir do documento, é possível reconhecer as principais características das corporações


de ofícios, a saber:
a) solidariedade; defesa do livre mercado para além da cidade; regras flexíveis para seus
membros, inclusive estrangeiros, que poderiam exercer vários ofícios.
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b) defesa do monopólio do mercado da cidade; exclusão de estrangeiros; controle de


qualidade do trabalho para evitar práticas desonestas e espírito de fraternidade.
c) ausência de controle do trabalho; monopólio do mercado da cidade; admissão de
estrangeiros; incentivo à competição e admissão de aprendizes de diferentes ofícios.
d) emprego de aprendizes desqualificados; liberdade de preço dos produtos; exclusão de
estrangeiros; espírito de fraternidade e produção de vários tipos de produtos.
e) produção com controle de qualidade; admissão de artesãos sem aprendizado anterior;
defesa da concorrência entre os artesãos e livre mercado de preços dos produtos.
Comentários
O texto de Leo Huberman remete às corporações de ofício que existiam na Baixa Idade
Média. Estas corporações consistiam em uma associação de artesãos na qual havia o mestre, o
jornaleiro e o aprendiz, praticavam a caridade ajudando viúvas e órfãos, tinham um santo protetor,
havia um controle da qualidade e da quantidade, não havia concorrência e praticava-se o preço
justo conforme orientação da Igreja católica. Assim, nosso gabarito é letra B). As demais
alternativas estão incorretas pois vão contra o que é citado no texto sobre as corporações.
Gabarito: B

(FGV 2014)
[A crise] do feudalismo deriva não propriamente do renascimento do comércio em si mesmo,
mas da maneira pela qual a estrutura feudal reage ao impacto da economia de mercado. O
revivescimento do comércio (isto é, a instauração de um setor mercantil na economia e o

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desenvolvimento de um setor urbano na sociedade) pode promover, de um lado, a lenta


dissolução dos laços servis, e de outro lado, o enrijecimento da servidão. (...) Nos dois
setores, abre-se, pois, a crise social.
(Fernando A. Novais, Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. p. 63-4)
Segundo o autor,
a) a crise foi provocada pelo impacto do desenvolvimento comercial e urbano na sociedade,
pois, na medida em que reforça a servidão, origina as insurreições camponesas e, quando
fragiliza os vínculos servis, provoca as insurreições urbanas.
b) a crise do feudalismo nada mais é do que o marasmo econômico provocado pela queda
da produção, uma vez que há um número menor de camponeses livres, o que leva à crise
social do campo, prejudicando também a nobreza.
c) a crise foi motivada por fatores externos ao feudalismo, isto é, o alargamento do mercado
pressiona o aumento da produção no campo e na cidade, o que leva à queda dos preços e
às insurreições camponesas e urbanas.
d) o desenvolvimento comercial e urbano em si não leva à crise, pois o que deve ser levado
em consideração é a crise social provocada pelo enfraquecimento dos laços servis, tanto no
campo como na cidade.
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Comentário

O texto afirma que o renascimento do comércio promoveu uma série de profundas mudanças na
Baixa Idade Média, dentre as quais o enfraquecimento das relações servis nos locais próximos aos
novos mercados e o enrijecimento das mesmas relações nos locais afastados dos novos mercados,
ou seja, nos feudos. Isso leva a uma série de revoltas incialmente no campo e, depois, nas cidades.
Nessa questão, você deve ter cuidado com as relações de causalidade. O desenvolvimento
mercantil é fruto da crise do feudalismo e, ao mesmo tempo, aprofunda essa crise porque os
grupos dominantes reagem negativamente ao processo de mudanças. É isso que faz emergir as
crises sociais e as revoltas.
Dito isso vamos à análise das alternativas:
a- Bingo. Item correto!
b- Muito pelo contrário em relação ao que se afirma na alternativa, a crise do feudalismo
começa com a criação do excedente de produção e a consequente atividade mercantil.
c- S fatores da crise do feudalismo não são exógenos, mas endógenos, ou seja, surgem do
próprio desenvolvimento do sistema.
d- O desenvolvimento comercial e urbano contribui para a crise, embora não tenha sido seu
criador original.
Gabarito: A

(UFU 2018)
Observe a imagem:

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Essa pintura retrata um dos fatores que contribuíram para a derrocada do sistema feudal na
Europa Medieval.
Sobre o contexto abordado, é correto afirmar que a rápida disseminação da peste negra
decorreu em grande parte em função
a) da circulação de mercadorias na Europa totalmente urbanizada.
b) do reforço do sistema servil, que debilitou ainda mais os camponeses.
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c) da crença na ira divina, que dificultava a cura pela medicina.


d) do baixo nível nutricional e das precárias condições sanitárias dos indivíduos.
Comentários
Vimos na aula que, no século XIV, quase metade da população europeia morreu em função de
diversos fatores, tais como, a Grande Fome e a Peste Negra. A imagem retrata pessoas doentes,
no caso, contaminadas pela Peste Negra, no final da Idade Média. Veja que a descrição da imagem
nos ajuda a resolver a questão.
A alternativa A remete a um período posterior à Idade Média, quando as cidades passam a ganhar
evidência. O trabalho em si, ao longo do sistema servil não foi o responsável pelo extermínio da
população europeia. Dessa forma, seria uma contradição afirmar que o sistema foi reforçado e, ao
mesmo tempo, a causa da crise do sistema, logo, a B está errada.
Sobre a C, até existiu, e ainda existe, a oposição entre ciência e religião. Agora, essa condição,
assim como comentei na alternativa B sobre o trabalho, não seria responsável por dizimar a
população. Claro, até poderíamos ficar em dúvidas por conta da imagem, mas, em prova, não há
o predomínio de interpretações individuais e subjetivismo na hora da resolução da questão. Você
tem que marcar a alternativa que, de fato, corresponde a um fato significativo na história. Sacou?
Gabarito: D

(UFU 2017)
Os especialistas em demografia histórica são mais ou menos concordes em estimar que a
população global do reino da França no mínimo duplicou entre os anos mil e 1328, passando

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de cerca de 6 milhões de habitantes para 13,5 milhões, e de 16 a 17 milhões, considerando as


regiões que desde então se tornaram francesas.
LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. Trad. Antônio Danesi, São Paulo: Martins
Fontes, 1992, p. 4. (Adaptado).
De acordo com a citação, pode-se afirmar que o principal fator que permitiu o crescimento
da população europeia foi
a) o controle da Peste Negra por meio da implantação de medidas de saneamento das
grandes cidades europeias.
b) o fim dos conflitos entre os reinos, especialmente o da “Guerra dos Cem Anos”, entre
França e Inglaterra.
c) a relativa estabilidade política e econômica, que fomentou a expansão dos burgos e o
aumento da produção agrícola nos campos.
d) o incremento da agricultura, que impulsionou o sistema de trocas de mercadorias
promovendo a prosperidade nos feudos.
Comentário

Essa é uma questão que explora as relações de causalidade de um fenômeno. Nesse caso, do
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crescimento populacional que se deu no período da Idade Média Central e da Alta Idade Média.
Como vimos, a partir do século X, na Europa, acabaram as incursões germânicas, o que
proporcionou ao homem medieval maior estabilidade social e política resultando em crescimento
demográfico com o índice de natalidade superando o de mortalidade. Por isso, o item correto é
o C. O aumento da população exigiu produzir mais surgindo a inovação de técnicas agrícolas com
novas áreas de plantio e um relativo progresso técnico. Neste contexto, surgiu a burguesia que
dinamizou a economia tornando-a mais urbana e monetizada.

Portanto, a explosão do crescimento demográfico se deu antes da epidemia de peste bubônica,


do século XIV, por isso não poderia ser o item A. A Guerra dos Cem anos também ocorreu depois
do boom populacional, e foi causa de mortes e ruínas econômicas, por isso o item B está errado.
Por fim, o item D está errado porque a consequência é o oposto do que está na questão.

Gabarito: C

(UFPR 2017)
Considere o fragmento abaixo:
Durante a Idade Média, a figura feminina revestiu-se dos piores atributos imagináveis. Para
os teólogos, além de infantil e inconstante, a mulher era mãe de todo pecado: Thomas
Murner chamava-a de “Diabo doméstico”, enquanto Tomás de Aquino reservava-lhe a pecha
de “macho deficiente”. Essas características levaram-na a ser o elo fraco das sociedades
cristãs, a janela pela qual Satã adentrava territórios sacramentados. Sendo fraca de vontade

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e caráter, a mulher ficava à mercê das tentações demoníacas, tornando-se facilmente


discípula e amante do Diabo.
(SOUZA, Aníbal. Missionários e Feiticeiros. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 13.
jul./dez., 1996. p. 118.)
Em relação ao imaginário na Idade Média, é correto afirmar que vigorava uma forte
influência:
a) cristã protestante e alto poder do clero, com grande perseguição contra os considerados
heréticos.
b) cristã protestante e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande
perseguição contra os considerados vassalos.
c) católica e alto poder do clero, além de pouca mobilidade social e grande perseguição
contra os considerados heréticos.
d) católica e alto poder dos nobres, além de grande mobilidade social e perseguição contra
protestantes, considerados heréticos.
e) católica e alto poder do clero, além de grande mobilidade social e perseguição contra os
considerados vassalos.
Comentário
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As proposições dos itens a) e b) são semelhantes ao disporem que o imaginário na Idade Média
sofreu grane influências dos protestantes. Vimos que a Igreja Católica Romana, que é diferente
da Igreja Protestantes, é quem influenciou os valores e costumes no período. Não havia o
cristianismo protestante durante este período e muito menor mobilidade social. A parte da
alternativa a) que versa sobre a perseguição aos heréticos está correta. Já a colocação sobre a
pouca mobilidade social apresentada pelo item b), também está correta.
Por sua vez, a alternativa c) reforça que a Igreja possuía o domínio cultural, econômico e religioso
durante a Idade Média e traz os elementos corretos das alternativas a) e b).
Por fim, as alternativas d) e e) alegam que houve grande mobilidade social no período, vimos que
isso está errado.
Gabarito: C

(Unicentro 2013)
Em determinado período histórico, na Europa Ocidental, a população receosa de ataques
de povos considerados bárbaros buscou proteção ao redor dos grandes castelos. Sobre o
assunto, assinale a alternativa correta.
a) O período mencionado durou cerca de mil anos e denomina-se “feudalismo”.
b) Nos castelos havia a proteção de exércitos que eram mantidos pelo Estado.
c) O processo mencionado propiciou o surgimento do sistema econômico feudal.

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d) O feudalismo foi um sistema econômico baseado no trabalho escravo.


e) A figura do Papa era simbólica, pois a Igreja Católica estava enfraquecida.
Comentários
A Europa ocidental foi alvo de invasões bárbaras em dois momentos. Primeiro, a partir do século
III d. C., quando povos germânicos invadiram partes do Império Romano, contribuindo para
intensificar a crise pela qual o mesmo já passava. Mais tarde, em 476, Roma seria definitivamente
conquistadas pelos ostrogodos, um desses povos germânicos. Com isso, o Império se fragmentou
dando lugar a diferentes reinos autônomos. Não houve um longo período de paz, pois esses reinos
continuaram se enfrentando e disputando territórios, o que contribuiu para a ruralização da
sociedade. Em outras palavras, as pessoas abandonaram as cidades e foram para o campo,
passando a viver exclusivamente do plantavam e criavam. Com o tempo, a situação foi se
estabilizando, alguns reis conseguiram concentrar poder suficiente para unificar vastos territórios
sob seu governo. Um exemplo foi Carlos Magno, que chegou a ser coroado novo Imperador
Romano pelo Papa, em alusão à grandiosidade alcançada pelo antigo Império.
Em um segundo momento, mais para os meados da Idade Média, no século X, houve uma segunda
onda de invasões bárbaras, dessa vez de povos vikings e normandos vindos do norte da Europa.
Nesse momento, o Império carolíngio deixado por Carlos Mago, estava passando por uma grande
crise política desde sua morte em 814. Seus herdeiros e a aristocracia disputavam violentamente
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a sucessão do trono e o Império carolíngio acabou sendo fragmentado em três reinos


independentes. Essa fragmentação foi vista como oportunidade pelos vikings e normandos.
Assim, essa combinação de fatores contribuiu para um novo momento de ruralização. As pessoas
em maior número foram em busca da proteção dos grandes castelos fortificados de senhores de
terras, onde trocavam trabalho e o que produziam por moradia e proteção dos invasores. A Igreja
Católica, por outro lado, continuou sendo elemento importante para o exercício do poder, mesmo
nessas condições, pois educava as pessoas à obedecer à ordem social estabelecida, na qual os
senhores e guerreiros eram a nobreza que defendia todos, os servos aqueles que trabalhavam
para sustentar à todos e o clero, responsável pela educação e salvação das almas. Assim se
consolidou o sistema feudal. Então, vamos lá:
a) Errado. O feudalismo só se consolidou no século XI, portanto em meados da Idade Média.
b) Errado. Os exércitos não eram mantidos pelo Estado, mas pelos próprios senhores de
terras. Os guerreiros eram recrutados sob a promessa de receberem porções de terras após
as conquistas. Assim, firmava-se um pacto de lealdade vitalício entre o doador e o
beneficiário, a vassalagem.
c) Correto! Como explicado no comentário, as invasões e a ruralização foram fundamentais
para o desenvolvimento do feudalismo.
d) Errado! O sistema era baseado na servidão e na propriedade da terra.
e) Errado! A Igreja não estava enfraquecida nessa época. Pelo contrário, foi durante esse
período que a instituição se fortaleceu, angariando o apoio de reis e senhores ricos.
Gabarito: C

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(UNITAU 2018) 4000101113


“[...] foram de novo prestadas homenagens ao conde, as quais eram feitas por esta ordem,
em expressão de fidelidade e garantia. Primeiro prestaram homenagem desta maneira: o
conde perguntou [ao vassalo] se ele desejava tornar-se seu homem, sem reservas, e ele
respondeu: ‘Quero’. Então, tendo junto as mãos, colocou-as entre as mãos do conde e
aliaram-se por um beijo. Em segundo lugar, aquele que havia prestado homenagem jurou
fidelidade ao porta-voz do conde, com estas palavras: ‘Comprometo-me por minha fé a ser
fiel daqui por diante ao conde Guilherme e a cumprir integralmente a minha homenagem,
de boa fé e sem dolo, contra todos’, e em terceiro lugar jurou o mesmo sobre as relíquias
dos santos. Finalmente, com uma varinha que segurava na mão, o conde deu a investidura a
todos aqueles que por este fato tinham prestado lealdade, homenagem e juramento”.
BRUGENSIS, Galbertus apud ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos
medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981, p. 172-73.
A partir de seus conhecimentos sobre a Idade Média, e considerando a leitura do texto, é
CORRETO afirmar que esse texto trata
a) da renovação de um contrato de vassalagem, que, em três etapas, estabelece relações
entre nobres.
b) da relação de escravidão que marca a sociedade da Idade Média, pois era preciso obter
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mão de obra para a agricultura.


c) da relação entre os servos (que ofereciam lealdade e proteção) e os suseranos (donos de
terras e detentores de títulos).
d) da relação de vassalagem que marca a compra da liberdade, por meio da qual o cidadão
se torna livre para exercer a atividade que deseja dentro do condado.
e) da doação de terras por parte do vassalo para seu suserano, como agradecimento pela
concessão do título de duque.
Comentários
Ao ler o texto apresentado, podemos ver que ali está sendo narrado uma cerimônia de
juramento de fidelidade entre um conde e um vassalo. Aliás, logo na primeira linha ficamos
sabendo que essa cerimônia está sendo repetida, como se fosse uma renovação dessa fidelidade.
Essa prática tem origem nas tradições germânicas do comitatus e do beneficium, que foram as
bases da relação de suserania e vassalagem no período medieval. Nesse período, a terra era a
maior fonte de riqueza, pois as antigas cidades romanas haviam sido abandonadas e o comércio
se estagnado, graças às invasões frequentes de povos germânicos e das guerras entre eles. Com
isso, houve uma ruralização da sociedade. Os donos da terra eram aqueles que conseguiam
defendê-la ou conquistá-lo dos outros. Para isso, esse dono precisava recrutar guerreiros, o que
era feito com a promessa de que eles seriam recompensados com porções de terras a serem
doadas em caso de vitória. Assim, o guerreiro jurava lealdade vitalícia ao senhor das terras,
tornando-se seu vassalo. De tempos em tempos, esse contrato era renovado. Sabendo disso,
vejamos:

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a) Correto! É exatamente isso que o texto narra: o momento que um grupo de vassalos realiza
três atos simbólicos que renovam seu juramento de fidelidade ao Conde Guilherme, seu
suserano.
b) Errado. A escravidão era rara nas sociedades medievais da Europa. A relação de trabalho
mais comum era a servidão, que consistia no compromisso entre senhor das terras e os
servos, no qual o primeiro lhes daria acesso à terra e proteção para produzirem seu
sustento, em troca os segundos davam parte considerável de sua produção a ele.
c) Errado. Não eram os servos que ofereciam lealdade e proteção. Eles ofereciam os frutos
do seu trabalho e obediência, em troca da proteção dos senhores de terras, que podiam
ser suseranos ou vassalos, ambos parte da nobreza.
d) Errado. A vassalagem não tinha a ver com a conquista de liberdade por alguém. Na
verdade, era o contrato de fidelidade entre dois nobres, no qual um era suserano e outro
vassalo.
e) Errado. Não era o vassalo que doava a terra, mas sim o suserano.
Gabarito: A

(UNITAU 2018) 4000100272


“Na Alta Idade Média, esperava-se dos reis que eles cooperassem no embelezamento dos
monumentos religiosos. Tal ação fazia parte das missões da realeza. Eu falei de Afonso e de
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Henrique que ajudaram Cluny, eles eram reis — assim como Robert le Pieux que seu biógrafo
Helgaud e que Oderic de Sens louvam especialmente por terem generosamente contribuído
para o embelezamento de muitas igrejas. Outrora, com efeito, os soberanos dispunham de
maiores rendimentos monetários. A sagração sobretudo os colocava entre os Oratores, entre
os oficiantes das liturgias, o que lhes impunha participar da cultura eclesiástica. Eles
cooperavam diretamente para a eflorescência desta última, mantendo, no seu palatium, esse
centro maior de criação que era a capela, e todas as oficinas, de arte, de escrita, de reflexão,
que lhes eram associadas, espalhando seus benefícios sobre as catedrais e sobre as abadias
reais, e finalmente garantindo a paz, propícia aos trabalhos do espírito. O patrocínio foi,
originariamente, a função específica do rei, lugar-tenente de Deus na Terra. Ora, essa função,
no século XII, a aristocracia inteira pretende preencher”.
DUBY, G. Idade Média, Idade dos Homens. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 175.

Considerando a temática abordada no texto, é CORRETO afirmar:


a) Na Alta Idade Média, esperava-se dos reis que cooperassem no embelezamento dos
monumentos, para que pudessem criar representações de si e de seu poder para seus
súditos.
b) A coroação de um rei simbolizava uma união entre os poderes espiritual e temporal, de
modo que o rei passava a servir, também, à Igreja. Patrocinar a arte sacra era uma das
missões da realeza.
c) Durante o período da Idade Média, os reis foram figuras importantes, de modo que a
própria aristocracia os seguia no patrocínio da arte sacra.

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d) Os reis, por serem bastante religiosos e por estarem em um momento de grande


opulência de rendimentos monetários, tornavam-se, de forma voluntária, grandes
patrocinadores da arte sacra, espalhando seus benefícios sobre as catedrais e sobre as
abadias reais.
e) O rei era um símbolo que precisava ser celebrado em grandes construções.
Comentários
Lembra que vimos na aula que a Igreja Católica romana foi a única instituição que sobreviveu
praticamente ilesa da queda do Império Romano do Ocidente? Recorda o motivo? Não?! Anota
aí, então: foi graças ao apoio e doações de senhores ricos, que faziam isso para demonstrar sua
devoção religiosa. Pois, bem, uma vez que o antigo império se fragmento e novos reinos
independentes foram se formando, tanto seus reis quanto a própria Igreja buscaram uns aos
outros. De um lado, os monarcas germânicos viam vantagem numa religião monoteísta para a
unificação de seus reinos. De outro, a Igreja precisava angariar mais fiéis e doadores para manter
sua prosperidade e influência. Assim, a Igreja Católica, liderada pelo Papa, foi desempenhando
um papel de conciliadora e promotora da harmonia entre os homens (cristãos). Ela também se
tornou a principal “ponte” entre a cultura antiga e a medieval, pois detinha grandes acervos de
escritos, artes e artefatos da antiguidade que eram preservados e tinham acesso controlado. Em
outras palavras, a Igreja era fundamental na adaptação entre as heranças germânicas e romanas
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durante a Idade Média. Ela dava uma legitimidade ideológica e religiosa aos monarcas que a ela
se aliavam. Não à toa, o mais importante rei franco, Carlos Magno, recorreu à Igreja para coroá-
lo numa cerimônia pública, declarando que ele era o verdadeiro herdeiro do Império Romano e o
estava refundando naquele momento.
a) Errado. A Igreja esperava doações dos reis, sim, seja na forma de terras, ou no
embelezamento e reforma de patrimônios já existentes. Contudo, não era intenção dela
que o monarca fizesse representações de sua figura pessoal no espaço dos templos e
igrejas propriamente ditos.
b) Correta. Em muitos reinos bárbaros que se converteram ao cristianismo, a cerimônia de
coroação era realizada junto com algum sacerdote ou pelo menos um ritual simbólico que
remetesse ao caráter religioso. O rei e a coroa simbolizavam acima de tudo a identidade
de um povo, sua cultura, sua ordem social, sua religião. Em sua origem, o cristianismo
negava o culto ao monarca, contudo, quando foi enfim legalizado e depois tornado religião
oficial do Império Romano, a Igreja descartou essa negação e passou a contribuir
ativamente para construir a imagem do imperador como um escolhido de Deus. Isso
sobreviveu a queda do Império Romano do Ocidente e foi incorporado pelos reis bárbaros.
Portanto, o rei acima de todos devia servir a Deus e demonstrar uma devoção exemplar.
Essa devoção, esperava-se, devia ser demonstrada materialmente.
c) Errada. Sim, o rei foi uma figura importante durante a Idade Média, contudo a alternativa
generaliza isso de uma forma reducionista. A figura do rei tinha poderes maiores ou
menores dependendo do povo que estamos falando. Lembre-se que havia uma grande
diversidade de povos bárbaros na Europa, que estavam em constante migração e conflitos.

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Além dos remanescentes romanos. Em geral, quem tinham mais poder de fato eram os
donos das terras e os guerreiros, que compunham a nobreza dessas sociedades. Os
monarcas germânicos surgem como sujeitos entre esses nobres que se destacavam em
batalhas ou na diplomacia, ou seja, um indivíduo que chamava atenção por sua habilidade
como liderança na guerra ou como mediador de conflitos entre os próprios nobres.
Entretanto, tanto na guerra quanto na mediação, a moeda de troca de influências era a
terra. O grande lucro das batalhas eram terras, que eram repartidas entre os guerreiros que
prestaram apoio militar. Na diplomacia entre os nobres, também a terra era usada para
barganhar alianças e driblar rivalidades. Essa lógica favorecia a descentralização do poder,
o que torna a figura do rei menos importante. Contudo, ainda na Alta Idade Média houve
reis que souberam contornar essas dificuldades e, inclusive, usá-las para favorecer a
concentração de poder em suas mãos, como foi o caso de Carlos Magno. Mesmo assim, o
monarca só vai se tornar uma figura realmente importante, com poder quase que absoluto,
na Baixa Idade Média e ao longo da Idade Moderna.
d) Errada. Durante a Alta Idade Média, isto é, entre os séculos V e X (aproximadamente), a
riqueza não era calculada em moedas. Com a queda do Império Romano o comércio ficou
estagnado em grande parte da Europa ocidental. As guerras e a ruralização contribuíram o
abandono das cidades e das estradas romanas, desintegrando assim o sistema comercial e
o uso de moedas. Como falamos acima, a principal riqueza nesse momento era a terra. E
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mesmo em locais que ainda sobrevivesse o uso de moedas, tal uso era muito restrito.
Portanto, no geral, a alternativa não estava errada, mas os benefícios doados à Igreja e à
arte sacra não era tanto em dinheiro, em moeda, mas sim em terras, produtos da terra
(alimentos), isenção de impostos e tributos, entre outros privilégios que permitia à Igreja
se sustentar sem grandes dificuldades.
e) Errada. Durante a Alta Idade Média, nem tanto. As grandes construções eram dedicadas à
Igreja ou à defesa do território, como os grandes castelos murados e fortificados. Como
dissemos acima, a figura pessoal do rei mais celebrada no final do período medieval, na
Baixa Idade Média. Carlos Magno seria é uma exceção no seu contexto.
Gabarito: B

(UNAERP 2020) 4000250127


Os francos estabeleceram seu território nos limites do Império Romano, na Gália, atual
França, onde se deu a origem da primeira dinastia franca, que duraria até a segunda metade
do século VIII. Essa dinastia foi a
a) Valois.
b) Bourbon.
c) Carolíngia.
d) Capetiana.
e) Merovíngia.

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Comentários
Esta questão é boa para revisar alguns aspectos importantes da transição entre a Antiguidade e a
Idade Média. Ela é simples e objetiva, perguntando apenas qual o nome da primeira dinastia
franca. Agora pare e lembre: tempo, espaço e tema. O tempo é o século V d. C., marco inicial da
Idade Média. O espaço é o território dos povos francos, na região da Gália, atual França, ou seja,
ao norte da Península Itálica, fazendo fronteira com a região central do antigo Império Romano
do Ocidente. O tema é a primeira dinastia franca.
Agora que identificamos esses três elementos fica mais fácil lembrar algumas coisas. Em
primeiro lugar, os francos eram povos de origem germânica, considerados bárbaros pelos
romanos. Lembra que um dos principais fatores que contribuíram para o declínio do Império
Romano do Ocidente foram as invasões bárbaras? Pois, bem, os francos estavam no meio desses
bárbaros. Agora, invasões é um termo genérico para descrever esse processo de migração em
massa. Os povos germânicos começaram a migrar intensamente para os territórios do Império
Romano por volta do século III. Os motivos eram vários: podiam estar fugindo das invasões de
outros povos, também germânicos ou asiáticos, que invadiam suas terras natais; por outro lado,
alguns historiadores apontam para o próprio modo de vida nômade e a forma como a terra era
trabalhada por esses grupos humanos. Eles costumavam cultivar agressivamente o solo e depois
abandonar a região por muito tempo, em busca de terras virgens. Eventualmente, eles chegavam
às fronteiras romanas. Assim, essa diversidade de povos e grupos germânicos às invadiam
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violentamente, saqueando e conquistando as terras romanas, outras vezes migrava


individualmente ou em grupos, de forma mais ou menos pacífica, tentando não chamar muita
atenção para si e sendo incorporados em funções marginais da sociedade romana. Portanto, no
século V, com o Império do Ocidente já em desintegração, com muitas cidades e terras divididas
entre bárbaros e romanos (especialmente nas fronteiras mais afastadas de Roma), podemos
encontrar germânicos, e entre eles os francos, tanto nas regiões controladas por bárbaros, como
naquelas mantidas sob domínio romano.
Tratava-se de um cenário bem caótico. O Império se desintegrava, perdendo territórios ora
para os bárbaros, ora para grandes proprietários romanos que viam mais vantagem se desligar do
poder central para proteger melhor suas terras. Os germânicos, por sua vez, tinham que se
preocupar com invasões de outros germânicos e com a resistência dos romanos à sua
incorporação na sociedade. Alguns grupos eram expansionistas, procurando dominar muitas
terras sob seu domínio. Nesse cenário, um cavaleiro franco considerado o herói da batalha dos
Campos Catalúnicos, Meroveu, deu início ao que ficou conhecida como Dinastia Merovíngia, em
451, meados do século V, apenas 5 anos depois da queda definitiva do Império Romano do
Ocidente. Seu neto, Clovis, foi considerado o fundador do Reino Franco. Foi ele quem arquitetou,
entre 481 e 511, o Estado Franco, fruto das vitórias militares que ele e seu exército obtiveram nas
disputas territoriais com os romanos, com os visigodos, com os burgúndios, alamanos, entre
outros povos germânicos. Logo, a alternativa correta é a letra “e”.
Gabarito: E

(UNAERP 2020) 4000250066

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Carlos Magno (742-814), com a ampliação das fronteiras, converteu o Reino dos Francos no
mais extenso da Europa Ocidental, e assim, em 25 de dezembro de 800, esse monarca é
nomeado pelo papa Leão III como imperador do Novo Império Romano do Ocidente.
Todavia, seu filho e sucessor, Luís I, o Piedoso (778-840), viu seu império ser devastado nos
anos de 830, resultado da guerra civil entre seus três filhos herdeiros. Em 843, na tentativa
de resolver o conflito entre os herdeiros carolíngios, é assinado um tratado que influenciaria
sobremaneira na definição de grande parte das atuais fronteiras europeias.
Assinale a opção que corresponde ao tratado a que o texto se refere.
a) Tratado de Westfália.
b) Tratado de Verdun.
c) Tratado de Versalhes.
d) Tratado de Methuen.
e) Tratado de Maastricht.
Comentários
Aqui temos uma questão objetiva, você precisa apenas identificar o nome correto do acordo que
dividiu o Império Franco em 3 reinos independentes, divididos entre os filhos de Luís. A própria
questão nos dá uma breve contextualização do momento que pode te ajudar a lembrar coisas
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importantes. Estamos falando aqui do período que os francos eram governados pela dinastia
Carolíngia. Apesar do início do Reino Franco, com a dinastia Merovíngia, ter sido marcado por um
Estado centralizado, as constantes disputas pela sucessão do trono somada à baixa autoridade
dos reis seguintes a Clóvis enfraqueceram o poder real. Com isso, desencadeou-se um processo
de descentralização do poder em direção aos senhores proprietários de terra, pois estes
começaram a assumir tarefas políticas e militares para protegerem suas terras, famílias e
agregados. Com muita indefinição nas sucessões do trono Franco, a organização político-
administrativa desse reino, entre os séculos VI e VII, passou a contar com o major domus (prefeito
do palácio), uma espécie de primeiro-ministro. Um desses prefeitos, Carlos Martel, destacou-se
por conter a expansão dos árabes na Europa, em 732, na Batalha de Poietiers. Nesta, os francos
aprenderam coisas interessantes com os árabes, como a utilização de cavalos na guerra. A grande
sacada de Martel foi formar uma cavalaria que desse conta de enfrentar os invasores islâmicos. Os
membros da cavalaria, juntamente com a Igreja, eram os que mais sebeneficiavam da partilha das
terras após as vitórias em campo de batalhas. Parte das terras conquistadas eram dadas como
recompensa do serviço militar prestado e os guerreiros que as recebiam denominavam-se
vassalos. Com a morte de Carlos Martel, e como parte da disputa de poder interno, seu filho,
Pepino, o Breve, obteve o apoio do Papa e depôs o último rei merovíngio, em 751. Com isso,
Pepino iniciou a dinastia Carolíngua. Em troca do apoio, o novo rei doou terras no centro da
Península Itálica à Igreja, que dariam origem ao Vaticano no futuro.
Carlos Magno, citado no enunciado, era filho de Pepino e assumiu o trono em 768, após a
morte do pai. Ele foi considerado o maior rei da Alta Idade Média, pois organizou um eficiente
sistema administrativo capaz de suportar a expansão territorial. Os territórios eram administrados

AULA 03: História Medieval II 188


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pelos “emissários do senhor” (Missi Dominici). Dessa maneira, parte desse sistema funcionava por
meio da designação de cargos aos senhores de terra na burocracia estatal. Assim, Carlos Magno
conseguiu reequilibrar as relações entre o poder do rei, o poder da Igreja e o poder da nobreza
(senhores de terras, vassalos e cavaleiros). Com isso, ele dividiu o poder entre os nobres, tendendo
à descentralização política. Esses seus leais vassalos ajudavam a controlar o domínio territorial
porque tinham imunidade jurídica e tributária. Em outras palavras, tinham o poder de criar algumas
leis e, ainda por cima, não pagavam impostos. Esses nobres tinham o papel de arrecadar tributos
e multar em benefício do rei, além de recrutarem guerreiros entre os grupos mais abastados de
seus domínios. Apesar de ainda conseguir manter o poder centralizado, durante seu reinado
(desde antes, na verdade), os guerreiros beneficiados (os vassalos), para assegurar a presença de
homens armados em seus próprios destacamentos, também concediam benefícios a outros
homens, que se tornavam seus vassalos. Dessa forma, desenrolou-se uma reação em cadeia, em
que havia os grandes senhores de terras que eram vassalos diretos do rei, mas que tinham uma
infinidade de vassalos, que também tinham seus vassalos, e assim por diante.
A morte de Carlos Magno, em 814, foi o que faltava para que a descentralização do poder
seguisse desenfreada. Novamente, a disputa pela sucessão do trono vem para alterar os rumos
da história. Com efeito, após a morte de Carlos Magno o trono passou a ser ocupado por seu
filho, Luís, o Piedoso. Este, por sua vez teve três filhos: Luís, o Germânico; Lotário; e Carlos, o
Calvo; os quais disputaram intensamente entre a sucessão ao trono. Aqui, chegamos ao momento
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enfatizado pela questão. Repare que estamos vendo o desenrolar de um processo que se iniciou
ainda na Dinastia Merovíngia: a descentralização do poder por meio de disputadas entre os
sucessores do trono e dependência do poder real da lealdade dos nobres. Pois bem, em 843,
buscou-se uma solução e o Império foi divido em três e cada parte ficou sob o reinado de um dos
herdeiros de Luís, o Piedoso. Luís, o Germânico, ficou com a Germânia (basicamente a atual
Alemanha); Carlos, o Calvo, ficou com o que hoje é a França; e Lotário se estabeleceu no território
entre os dois, nas fronteiras entre Alemanha e França, do litoral do Mar do Norte até a Itália. Esse
foi o Tratado de Verdun, portanto a alternativa correta é a letra “b”.
Gabarito: B

(FACISB/2019)
Se na Antiguidade existiu a crença de que as doenças eram enviadas aos homens pelos
deuses como castigo por suas faltas, foi também durante esse largo período histórico que
surgiram as primeiras formulações de que as doenças eram provocadas por fatores naturais,
a exemplo de Hipócrates (século IV a.C.). [...]
Durante a Idade Média vigorou a ideia de que as práticas mágicas e religiosas eram fatores
determinantes para a manifestação das doenças; no entanto, os médicos do medievo
também difundiram o conceito de contaminação e a necessidade da quarentena como forma
de contenção da propagação de epidemias. Nas faculdades medievais de medicina
conviviam os ensinamentos de Hipócrates, os de Galeno e de alguns médicos do mundo
árabe.
(Eliane C. D. Fleck e Leny C. Anzai. “Apresentação do dossiê ‘História da

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saúde e das doenças: protagonistas e instituições’”. Territórios &


Fronteiras, jul./dez. de 2013.)

Depreende-se do excerto que


(A) as faculdades de medicina se restringiram a manter as superstições greco-romanas e os
dogmas cristãos.
(B) a medicina medieval incorporou conhecimentos da Antiguidade clássica e da civilização
islâmica.
(C) as doenças eram entendidas, na Antiguidade e no medievo, como resultado da falta de
fé das pessoas.
(D) os povos da Antiguidade se resignaram às determinações dos deuses para explicar as
epidemias
E) a ciência árabe se baseou no experimentalismo, rejeitado pela civilização greco-romana e
pela cristandade
Comentários

Questão de interpretação de texto. Nele, a autora procura traçar uma breve história da
medicina e como essa área de estudos se manifestou na Antiguidade e na Idade Média.
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Vejamos as alternativas:

A) Incorreta. No fim do texto, é dito que nas faculdades medievais de medicina conviviam
os ensinamentos de Hipócrates (grego, apontado como pai da medicina), os de Galeno
(romano, considerado o pai da farmácia) e de alguns médicos do mundo árabe.

B) Correta. Hipócrates e Galeno representam a Antiguidade Clássicca e mundo árabe, a


civilização islâmica.

C) Incorreta. Apesar de todo um misticismo sobre as doenças, a autora mostra que já na


Antiguidade surgiram as primeiras formulações de que as doenças eram provocadas por
fatores naturais. A lógica se manteve na Idade Média, período em que os médicos
passaram a difundir conhecimento sobre como funcionava a contaminação de doenças e
táticas para contê-las.

D) Incorreta. Como vimos, havia sim a ideia de que doenças eram castigos dos Deus, no
entanto, figuras como Hipócrates já apontavam os males como decorrentes de fatores
naturais.

E) Incorreta. O texto se restringe a apontar a influência do mundo árabe nas faculdades de


medicina medievais, não abordando a metodologia utilizada pela ciência desse grupo.

Gabarito: B

(FACISB/2016)

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A queda do Império Romano do Ocidente representou a desagregação do quadro político


do Estado, cujo aparato administrativo e militar entrou em colapso no século V. A
organização social da época tardia persistiu, com a permanência de instituições como o
patrocínio e o colonato. A economia existente no século IV não sofreu de imediato uma
grande transformação. Ao lado dos dominadores bárbaros, a velha aristocracia romana de
latifundiários manteve boa parte de seus privilégios. A força militar dos bárbaros contribuiu
para perpetuar a exploração da massa de colonos, ligando-os estreitamente à terra e
submetendo-os a seus senhores ou seus bispos.
A Igreja garantiu um mínimo de unidade cultural no então fragmentado mundo ocidental.
(Maria Luiza Corassin. Sociedade e política na Roma antiga, 2001.)

Para a historiadora, houve


A) uma radical transformação política com a organização de exércitos bárbaros, que se
mostraram incapazes de defender as fronteiras do Império Romano.
B) uma transição da economia agrária romana, fundamentada na grande propriedade, para
a atividade mercantil de colonos bárbaros, submetidos aos senhores.
C) uma tentativa fracassada de manter a identidade cultural do Império Romano, uma vez
que a Igreja latina triunfou sobre a religião dos cristãos e dos bárbaros.
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D) um lento processo de assimilação de instituições romanas, como a estrutura militar, e de


costumes bárbaros, como a servidão dos camponeses.
E) uma relativa continuidade nas formas de dominação social após a queda do Império
Romano, apesar da descentralização do poder nos reinos bárbaros.
Comentários

O texto discorre sobre a passagem da Antiguidade para a Idade Média. Estudamos na aula
que essa transição é marcada pela queda do Império Romano do Ocidente em 476. No
trecho, a autora pontua as rupturas, permanências e fusões culturais que vão caracterizar a
Idade Média. Vamos olhar as alternativas:

A) Incorreta. A historiadora frisa as permanências das instituições romanas e da Igreja


Católica nessa nova civilização ocidental.

B) Incorreta. O ponto final não foi uma atividade mercantil de colonos bárbaros, mas sim
uma economia feudal.

C) Incorreta. À Igreja Romana é atribuída a capacidade de manutenção da unidade cultural.

D) Incorreta. As instituições romanas mantidas foram o colonato e o patrocínio, ambas estão


contidas no âmbito das relações sociais. Já os costumes bárbaros incorporados dizem
respeito a força militar. Portanto, a alternativa embaralha tudo.

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E) Correta. Diante desse cenário de transformações em diversas áreas da sociedade, a


dominação social dos senhores de terra se manteve.

Gabarito: E

(UFRR 2020)
[...] a expectativa de vida é pequena na Idade Média. Os velhos são mais ou menos
considerados uma exceção. Certos textos falam com frequência de uma pessoa ou
personagem que é velho quando ele não tem mais do que quarenta e cinco anos. Se se
observar a duração da vida dos reis da França, é excepcional morrer com mais de cinquenta
ou cinquenta e cinco anos. Os espaços sociais nos quais os homens e as mulheres têm vida
mais longa adquirem um prestígio crescente. Isso é verdade, sobretudo nos meios que
adotam uma alimentação mais selecionada e seguem uma dieta mais sadia, a saber, os meios
monásticos. Ao longo da Idade Média, os velhos beneficiaram-se, assim, dessa imagem dos
velhos monges. Além disso, em uma época marcada pela ausência de arquivos ricos, a
memória torna-se o apanágio dos velhos. E como os homens da Idade Média atribuem muita
importância à ancestralidade de um costume ou de uma tradição, a população consulta-os a
respeito de todos os assuntos, [...]
(LE GOFF, Jacques & TRUONG, Nicolas. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de
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Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, pp. 103-104).


Considere as assertivas a seguir.
I. A pirâmide etária da população europeia ocidental na Idade Média apresenta baixas taxas
de mortalidade.
II. A qualidade da alimentação pode ser vista como um elemento definidor da posição social
na sociedade medieval europeia.
III. A longevidade dos monges cristãos significava um importante repositório de relatos de
autoridade para as relações sociais feudais europeias.
IV. O processo de urbanização durante a Idade Média europeia ocidental foi planejado de
acordo com as demandas dos grupos sociais populares.
É CORRETO afirmar que é (são) verdadeira(s) somente:
A) I.
B) III.
C) I e II.
D) III e IV.
E) II e III.
Comentários:

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Essa questão aborda uma característica da Idade Média, porém com raciocínio lógico e boa
interpretação de texto, já é possível respondê-la, mesmo sem saber muito sobre o Período. No
texto, Le Goff diz que é raro uma pessoa viver mais de 50 anos na Idade Média (por volta dos 45,
já era considerada velha). Assim, podemos dizer que a primeira afirmativa está incorreta, porque
se compararmos a expectativa de vida daquela época com os tempos atuais, podemos perceber
que as pessoas morriam muito cedo. E isso era causado por diversos fatores, que iriam desde
alimentares a políticos e medicinais.
Passando para a próxima afirmação, ela está correta, pois a comida era um objetivo que
simbolizava a posição social perante a sociedade medieval. Enquanto a nobreza feudal comia as
melhores comidas e vivia em fartura abundante nos castelos, os camponeses, muitas vezes
passavam fome, não tendo o que comer, e quando tinham, era a base de uma dieta com vegetais.
Inclusive, o padrão de beleza dessa época era ter corpos maiores, do que magros.
A terceira afirmação está correta também. Durante toda a Idade Média, a Igreja e os padres
cristãos eram os principais agentes de poder e de influência na sociedade medieval, contendo a
maioria dos conhecimentos vindos de tempos anteriores, mas que não eram amplamente
disseminados a população. E por último, sobre o processo de urbanização europeia, ele foi
impulsionado pelo enriquecimento de comerciantes nas rotas do Mediterrâneo. Dessa forma não
está atrelado as populações camponesas que viviam no campo. Portanto, a afirmação está errada.
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Exposto isso, as afirmações corretas são as II e III, sendo a letra (E), a alternativa correta.
Gabarito: E

(UFRR 2015)
Sobre as feiras na Idade Média é possível afirmar que:
A) o crescimento das feiras, apesar de ser um negócio lucrativo, não evoluiu, ficando os
mercadores sem oportunidades na nova configuração econômica que estava surgindo.
B) essas atividades somente foram possíveis graças à unificação da moeda europeia, que
facilitou a atividade dos banqueiros e a compra de mercadorias pelos servos.
C) eram consideradas eventos econômicos e culturais. Alguns exemplos de feiras são as de
Provins e de Troyes, na região de Champagne e as feiras de Bruges e de Antuérpia, na região
de Flandres.
D) eram referenciadas como comércio local das cidades para o abastecimento diário dos
seus habitantes.
E) foram impulsionadas pelo fenômeno de regionalização, que desestabilizou a obtenção de
mercadorias vindas de lugares mais distantes.
Comentários:
Essa é uma questão conteudista sobre a Idade Média, que aborda as feiras medievais. Porém ela
é simples, pois possuí uma abordagem de um âmbito geral para se falar sobre esse período. Então,

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para respondê-la, só necessita que o leitor saiba características marcante do que se pede. Assim,
vamos as alternativas:
A) Incorreto. As feiras medievais evoluíram a um ponto de se tornarem centro de cidades
riquíssimas na época Medieval e serem as impulsionadoras da Era Moderna.
B) Incorreto. Cada reino europeu tinha sua própria moeda. Os bancos eram responsáveis por
convertê-las. Somente após a 2ª Guerra Mundial, no século XX, que surgiu a unificação da moeda
europeia.
C) Correto. Nas feiras medievais, circulavam inúmeras pessoas da Europa inteira, e muitas
mercadorias passavam por lá. Foram nessas regiões onde se desenvolveu o Renascimento
Comercial e Urbano no continente e alguns lugares importantes e famosos foram Flandres,
Champagne, Frankfurt, Colônia, Veneza e Genova.
D) Incorreto. Não eram espaços locais, mas sim ambientes onde passavam mercadorias de vários
lugares do mundo e que levavam mercadorias de todas as terras.
E) Incorreto. Foram impulsionadas pelas Cruzadas e pelo dinamismo comercial, que se obteve por
parte dos ocidentais, devido ao crescimento do comércio entre o século XI-XIII. Isso possibilitou
que chegassem objetos dos lugares mais distantes possíveis, como extremo-oriente.
Gabarito: C
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(UFRR 2015)
As cruzadas, ocorridas durante a Idade Média, são analisadas por muitos historiadores como
um evento “pouco glorioso e condenável”, como ilustra a citação abaixo: “O cristianismo,
tal como era ensinado por Jesus e o Novo Testamento (o Evangelho), era uma religião
pacífica. Entre os primeiros cristãos, muitos foram perseguidos pelos romanos porque não
queriam ir à guerra. Mas à medida que se tornavam cristãos, os bárbaros introduziram seus
costumes guerreiros no cristianismo” (LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus
filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007).
Com base nessas informações, assinale a alternativa INCORRETA:
A) as Cruzadas foram grandes batalhas contra os povos não cristãos que habitavam o norte
da Europa, numa tentativa de convertê-los ao cristianismo através da força, contradizendo
todo o ensinamento bíblico que se pautava numa religião pacífica.
B) o movimento das Cruzadas teve como principal objetivo a conquista de Jerusalém e do
Santo Sepulcro, onde Jesus teria sido sepultado.
C) as Cruzadas iniciaram-se no Concílio de Clermont, quando o papa Urbano II convocou os
cristãos para partirem rumo a Terra Santa, em um período da Idade Média que durou quase
dois séculos.
D) entre os séculos XI e XIII partiram da Europa oito Cruzadas que envolveram milhares de
pessoas, desde a nobreza até os mendigos.

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E) além do objetivo religioso, de tomar lugares sagrados para os cristãos, as Cruzadas


serviram a outros interesses, como a conquista de novas terras pela nobreza feudal e a
ampliação das atividades mercantis.
Comentários:
Essa é uma questão que precisa de atenção. Ela aborda a temática das Cruzadas, e para
respondê-la, precisa se ligar na resposta que está ERRADA sobre ela. Enfatizado essa
informação, percebemos que o autor faz uma crítica ao cristianismo nessa época, por entrar em
guerras com outros povos, visto que lá na origem dele, era uma religião pacífica. Porém, com o
tempo, a cristandade foi adquirindo costumes guerreiros com os povos germânicos.
Diante disso, vamos as afirmações:
A) Incorreta. A Primeira Cruzada promovida pelo Papa de Roma, Urbano II e pelos reis cristãos,
foi uma peregrinação religiosa por regiões islamizadas e judias para que reconquistassem a terra
sagrada, Jerusalém, que não estava mais nas mãos dos cristãos. Além disso, havia o interesse
econômico e político em cima desse movimento, para que dominassem o Império Bizantino.
B) Correto. A principal motivação dos povos ocidentais na Cruzada, eram a conquista de
Jerusalém e do Santo Sepulcro, onde Jesus havia morrido.
C) Correto. As Cruzadas se iniciaram em 1096 e se enceram em 1270, com a Oitava Cruzada.
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D) Correto. As Cruzadas foram um momento em que a Igreja Católica concedeu vida eterna e
remissão dos pecados a todas as pessoas que se aventurassem nessa expedição, poderia ser
nobre, camponês ou clérigo.
E) Correto. Como falado na resposta da alternativa A, além da questão religiosa, a nobreza feudal
europeia tinha interesses territoriais e comerciais nas migrações feita pelos Cruzadistas.
Gabarito: A

(UFRR 2017)
Leia o texto a seguir, sobre o funcionamento das escolas medievais: “Eu vejo uma reunião
de estudantes; seu número é grande, há de todas as idades; há crianças, adolescentes,
moços e velho […]. Seus estudos são diferentes; uns exercitam sua língua inculta a pronunciar
novas palavras e a produzir sons que lhes são insólitos. Outros aprendem, em seguida,
ouvindo as inflexões dos termos, sua composição e sua derivação […]. Outros trabalham com
um estilete em tábuas revestidas com cera. Outros traçam com mão sábia, sobre membranas,
diversas figuras de cores diferentes […] Outros, a tanger uma corda esticada sobre um
pedaço de madeira, tirando dela melodias variadas. Outros, explicando certas figuras de
geometria. Outros, com o auxílio de certos instrumentos, o curso e a posição dos astros e a
revolução dos céus. Outros tratando da natureza das plantas, da constituição dos homens,
das propriedades e virtudes de todas as coisas.
(SAINT-VICTOR, Hurgues. De vanitate mundi. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de história
antiga. São Paulo: Contexto, 1989, p.125).

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Com base no texto e sobre o acesso às escolas e universidades medievais na Europa


Ocidental, podemos concluir que:
A) A educação medieval na Europa Ocidental ocupou o lugar dos mosteiros no processo de
ensino, rompendo totalmente com o ensino religioso cristão e possibilitando o acesso de
todos.
B) As escolas eram frequentadas principalmente pelos filhos de servos, enquanto estes
desenvolviam as atividades nos campos.
C) Os servos participavam das escolas como possibilidade de aprender e desenvolver novas
tecnologias na época.
D) As escolas e universidades no período medieval na Europa Ocidental ofereciam
oportunidades de estudar para todos, contudo, estavam voltadas inicialmente para o mundo
rural.
E) As escolas e universidades no período medieval eram fortemente influenciadas pela
tradição cristã, e o acesso era restrito a determinados grupos sociais.
Comentários:
Sobre as escolas medievais, é importante ressaltarmos que a Igreja tinha o monopólio da
educação na época. Então, tudo que se constituiu de ensino durante o Medievo estava atrelado
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a fé cristã. Só depois, durante o Renascimento Cultural, que diversos estudiosos iriam se


desvincular da religião para exercitar seus pensamentos. Além disso, visto que a igreja possuía
esse controle, só monges e padres tinham acesso a conhecimentos sobre línguas, matemática,
astronomias, entre outros até o século XI. Posteriormente, com o desenvolvimento das cidades,
foram criadas as primeiras universidades, mas somente filhos de nobres e de comerciantes
enriquecidos tinham acesso a esses estabelecimentos, advindos das bibliotecas da Igreja.
Diante disso, olhemos as alternativas:
A) Incorreta. A educação medieval não rompeu totalmente seu vínculo com a fé religiosa. Além
disso, a maior parte da população não tinha acesso ao conhecimento, sendo quase que a maioria
composta de analfabetos.
B) Incorreta. Os filhos dos servos não eram permitidos nas escolas. Estas só eram frequentadas
por filhos de nobres e burgueses.
C) Incorreta. Os servos não participavam das escolas nesse momento. A ideia de uma escola para
todas as classes surgiu com o iluminismo no século XVIII.
D) Incorreta. As escolas medievais não eram ofertadas a toda população, e o seu ensino era
voltada para a religião cristã, não a vida no campo.
E) Correta. Como falado nos comentários acima, somente determinados grupos tinham acesso
a esse ensino e tudo era voltada para a doutrina católica.
Gabarito: E

(UFRR 2020)

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Filipe de Beaumanoir no fim do século XIII compreendera bem o problema: “Vemos muito
boas cidades onde os burgueses pobres e os de condição média não participam de maneira
alguma na administração da cidade, que está inteiramente em mãos dos homens ricos,
porque a comuna os teme devido à sua fortuna ou ao seu parentesco. Acontece que uns são
prefeitos, jurados, recebedores, e que, no ano seguinte, transmitem sua função... a seus
parentes próximos. Os ricos entendem-se para subtrair sua contabilidade a qualquer
controle, e é em vão que se levanta contra eles uma acusação ou fraude ou de embuste, por
mais fundada que seja. Assim sendo, os pobres não os podiam tolerar, mas não sabiam qual
a maneira justa de exigir seu direito, exceto atacá-los.”
(CROUZET, Maurice. História geral das civilizações. A Idade Média: os tempos difíceis. Rio
de Janeiro, Bertrand Brasil, 1994, p. 59).
Levando em conta seus conhecimentos sobre a história do medievo europeu, assinale a
alternativa que apresenta CORRETAMENTE o problema mencionado no texto acima.
A) Oposição entre a Igreja cristã e os valores aristocráticos.
B) Ascensão social camponesa na estrutura de privilégios.
C) Associação entre a posse de terras e o poder político.
D) Influência da perspectiva racista nas relações feudais de produção.
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E) Relação entre o teocentrismo e a valorização do comércio.


Comentários:
Para essa questão é preciso entender alguns pontos do texto referido acima. O autor fala que os
burgueses pobres ou em condições médias não podiam participar politicamente das decisões da
cidade. Ela ficava nas mãos de homens ricos, que nessa época era a nobreza feudal. Eles eram os
detentores de terras, e por isso detinham o poder político, mesmo que uma parcela da população
camponesa, que tivesse ligada ao comércio e tivesse mais dinheiro, quisessem participar. Assim,
boa parte dessa camada mais pobre acabava se revoltando contra os nobres, pois essa era a única
solução encontrada por eles, para exigir seus direitos.
Expressado isso, percebe-se que esse excerto traz um ponto chave da Idade Média: a separação
de classes em estamentos. Enquanto a nobreza e o clero possuíam poder político e religioso, por
nascerem nessas classes, a burguesia ascendia economicamente, mas não tinha poder político
para intervir na sociedade feudal.
Então, dessa forma, olhemos para as alternativas:
A) Incorreta. Em momento algum o texto faz uma oposição da visão da Igreja com os valores
aristocráticos.
B) Incorreta. O texto não demonstra nenhum tipo de ascensão social camponesa. Somente que
eles não viam alternativa, senão se revoltar contra os privilégios dos nobres perante a eles.

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C) Correta. O excerto deixa bem visível isso. Os nobres possuíam terras e isso lhes concedia poder
político para tomar as decisões administrativas na cidade. Inclusive cobrar impostos dos
mercadores.
D) Incorreta. Não tem nenhuma perspectiva de cunho racista no escrito de Crouzet.
E) Incorreta. Não tem menção ao poder religioso nesse texto ou alguma demonstração de valor
pelo comercio exercido pela pequena burguesia.
Gabarito: C

20. CONSIDERAÇÕES FINAIS DAS AULA


Bem, querida e querido aluno, chegamos ao final da nossa Aula 03 e, com ela, terminamos o
Período da Idade Média. Nesse momento estamos no Século XV d.C.
Você deve ter percebido que o tipo de questão é sempre parecido. Então, o treino é fundamental
para não ser pego de surpresa.
Espero que vocês estejam se dando bem. Busquem gabaritar no treino dos exercícios.
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Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Uma ótima professora, um excelente material
e um acertado planejamento individualizado, conforme sua necessidade e suas
potencialidades, podem ser o diferencial.

Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!

Lembre-se de que cada questão acertada é como um degrau até a sua sonhada aprovação. E
nessa jornada eu orientarei você, sempre!

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E


não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você
pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te
ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê

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