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ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO MARCELINO CHAMPAGNAT

Turma 200

Mateus Carniel Brambilla

A HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL – DA SUA FUNDAÇÃO ATÉ O CINEMA


ATUAL

Boa Vista do Sul, 2023


ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO MARCELINO CHAMPAGNAT

Turma 200

Mateus Carniel Brambilla

A HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL – DA SUA FUNDAÇÃO ATÉ O CINEMA


ATUAL

Trabalho orientado pelo professor Reginaldo


Roseto, mediante componente curricular de
Iniciação à Pesquisa, no turno vespertino para a
turma 200 da Escola Estadual de Ensino Médio
Marcelino Champagnat

Boa Vista do Sul, 2023


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5

2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 6

3. OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................................. 6

4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 7

5. PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 8

6. HIPÓTESE ......................................................................................................................... 8

7. METODOLOGIA ............................................................................................................... 9

8. DESENVOLVIMENTO – ANÁLISE CINEMATOGRÁFICA ...................................... 10

8.1. O Surgimento do Cinema .......................................................................................... 10

8.2. Contexto social e político do final do século XIX e início do século XX ................. 14

8.3. Os 20 primeiros anos ................................................................................................. 16

8.3.1. O cinema de atrações (1894 – 1906).................................................................. 18

8.3.2. O período de transição (1906 – 1915) ............................................................... 20

8.4. O cinema e o Terceiro Reich ..................................................................................... 23

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 25


FIGURAS

Figura 1: Representação do funcionamento de um taumatrópio ............................................. 11


Figura 2: Cinetoscópio (1889)................................................................................................. 11
Figura 3: Zoopraxiscópio (1879) ............................................................................................ 11
Figura 4: A câmara escura de Antêmio de Trales ................................................................... 12
Figura 5: View from the Window at Le Gras, Nicéphore Niépce........................................... 12
Figura 6: Cinematógrafo (1895), inventado pelos irmãos Lumière ........................................ 13
Figura 7: O neocolonialismo europeu na África ..................................................................... 15
Figura 8: Thomas Edison e a invenção da lâmpada ................................................................ 15
Figura 9: Poster "The Birth of a Nation" (1915) ..................................................................... 17
Figura 10: Poster "Der Student von Prag" (1913) ................................................................... 17
Figura 11: O nickelodeon; "cinema" de 1905 ......................................................................... 20
Figura 12: Sede da MPPC ....................................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO
A gravação de filme e a sua estreia em cinemas é uma das atividades que mais envolve
dinheiro, tanto na produção quanto em bilheteria. Poucas formas de expressão artística
capturaram tão completamente a imaginação humana quanto o filme. Estudar a respeito da
história da cinematografia é entender um caminho de invenção, originalidade e mudanças
sociais, observando suas transformações ao longo do tempo e seus impactos culturais e
históricos. A evolução do cinema reflete as mudanças na sociedade, na tecnologia e na
narrativa, desde as primeiras imagens trêmulas dos Irmãos Lumière até os dias atuais.

O cinema substituiu as imagens criadas por meio da interação de luz e sombra, onde
engenhosidade e imaginação se fundiram para criar uma forma de arte que mudaria a forma
como percebemos e compreendemos o mundo. Durante as guerras mundiais, por exemplo, o
cinema serviu tanto como um reflexo da realidade quanto como uma fuga dela, uma tela na qual
as esperanças e ansiedades eram representadas. Agora, existem elencos gigantes e IAs que nos
possibilitam a produção de obras cinematográficas que não seriam possíveis na época –
veremos essa trajetória no seguinte trabalho.
2. OBJETIVO GERAL
 Estudar o contexto do surgimento do cinema, por meio de análise crítica de materiais
bibliográficos.

3. OBJETIVO ESPECÍFICO
 Realizar uma análise cinematográfica;
 Apresentar a respeito da fundação do cinema;
 Entender o contexto social e político da época em que surgiu;
 Dar exemplos de filmes estadunidenses e alemães do início do século XX;
 Dividir e apresentar os 20 primeiros anos do cinema estadunidense;
 Analisar os instrumentos e temas abordados até a primeira metade do século XX;
 Correlacionar o cinema com o terceiro reich (Alemanha);
4. JUSTIFICATIVA
Esse trabalho se torna importante por apresentar um método de entretenimento e gerador
de economias muito presente na sociedade atual. O estudo das origens do cinema se faz válido
por causa da combinação de cultura, tecnologia e arte que mudou a história da humanidade.
Encontramos transformações sociais, desenvolvimentos técnicos e experimentação criativa que
serviram de base para a fundação do cinema atual, investigando suas raízes. Esta investigação
não apenas fornece contexto cultural, mas também destaca o progresso criativo que transformou
uma invenção em um novo modo de enxergar o mundo.
5. PROBLEMA DE PESQUISA
 De onde o cinema surgiu e de onde ele tirou as bases para a sua fundação? Qual foi o
contexto em que estava atrelado? Que temas abordava?

6. HIPÓTESE
Acredito que o cinema tenha surgido com base em outros métodos de expressão artística
que já existiam, como o teatro, fotografia e pintura, provindo de outros instrumentos, estes mais
rústicos, que geraram uma ideia nos Irmãos Lumière e em todos os outros participantes do
processo de fundação do cinema tradicional.

Visto que sua criação data do início do século XX, é normal pensarmos que sua criação
envolveu um contexto de muita transformação social e cultural: países se unificavam, guerras
estavam a caminho (como a Segunda Guerra Mundial, em 1915, por exemplo), insatisfações
populares ocorriam em todo o mundo, predominantemente em países emergentes, a
industrialização batia com força à porta da Europa Continental, a dominação de países africanos
e centro/sul americanos, entre diversos outros. Portanto, creio que tinha como um de seus
principais temas as críticas (em forma de comédia/sarcasmo ou não) feitas em torno de todos
os processos de transformação social e econômica, sobretudo da Europa, que afetavam
diretamente a ordem mundial regente. Foi utilizada como ferramenta potente contra a Alemanha
Nazista, anos depois, na apresentação de seus métodos medonhos.
7. METODOLOGIA
O trabalho em questão é baseado em uma pesquisa com caráter qualitativo, tendo como
objetivo explorar um tema ou problema de pesquisa através da revisão e leitura de materiais
bibliográficos, como livros e artigos acadêmicos, onde foram avaliadas pesquisas de
profissionais ou estudantes de cinematografia que tinham interesse em estudar e repassar o
conhecimento dos primórdios do cinema mundial. Visa-se obter uma visão mais ampla do
assunto em questão, a fim de gerar ideias e hipóteses para estudos posteriores mais
aprofundados.

O trabalho foi regido de forma não flexível e com uma estrutura pré-determinada, de
modo que permita a descoberta e a exploração apenas da visão e acontecimentos centrais que
girem em torno do tema.
8. DESENVOLVIMENTO – ANÁLISE CINEMATOGRÁFICA

8.1. O Surgimento do Cinema


A partir do início do século 20, a criação do cinema inaugurou uma nova era de
expressão artística visual. O cinema, no entanto, não tinha um conjunto de normas bem
definidas quando começou a surgir por volta de 1895 e, em vez disso, estava entrelaçado com
outras formas culturais. Isso indica que, na época, não era uma forma de arte distinta, mas sim
interligada com outros tipos de entretenimento que já vinham acontecendo.

Os primeiros anos de progressão cinematográfica também refletem um ciclo de avanços


contínuos e inúmeras reorganizações em termos de produção, distribuição e apresentação,
absorvendo componentes de tecnologias anteriores, como a lanterna mágica - um tipo de
projetor com lentes que permite a ampliação de uma imagem desejada em uma sala escura
usando luz artificial.

Como resultado, a história do cinema antigo serve como uma ilustração de como uma
nova tecnologia pode emergir como um componente de algo maior, expandir-se por meio de
múltiplas interações e transformações, incluindo influências de várias.

De acordo com MASCARELLO (2006, p. 16):

No começo do século XX, o cinema inaugurou uma era de predominância das


imagens. Mas quando apareceu, por volta de 1895, não possuía um código próprio e
estava misturado a outras formas culturais, como os espetáculos de lanterna mágica,
o teatro popular, os cartuns, as revistas ilustradas e os cartões-postais.

A invenção de um dispositivo que faz com que uma sequência de milhares de imagens
se torne um filme que permita movimento só poderia ser possível com base em projetos
anteriores a este, que serviriam como base. Portanto, por mais que o crédito da criação do
cinema se deve aos irmãos Lumière, por construirem o primeiro cinematógrafo e serem
responsáveis pelo primeiro filme, não podemos apagar seus antecedentes.

Pequenos dispositivos que, por meio de movimentação manual, recriavam determinado


movimento, como o taumatrópio - brinquedo criado na Era Vitoriana; sobre dois pedaços de
barbante é colocado um disco de papel com uma imagem de cada lado. Sua rápida “torcida”
entre os dedos parece fundir as imagens em uma só. Podemos dizer que estes meros brinquedos
foram importantes fundadores do que hoje conhecemos como cinema.
Figura 1: Representação do funcionamento de um taumatrópio

O cinetoscópio (1889), invenção de Thomas Edison e seu assistente Willian Dickson,


foi capaz de, capturar imagens em movimento. Consistia em uma máquina que exibia
sequências curtas de imagens em movimento por meio de uma série de fotografias individuais
colocadas em um papel. Cada fotografia foi projetada por uma lente e iluminada internamente,
criando a ilusão de movimento quando o observador olhava pela abertura apropriada.
Entretanto, se limitava a apenas um indivíduo no quesito audiência.

Entretanto, ainda antes disso, o Zoopraxiscópio, desenvolvida pelo fotógrafo britânico-


americano Eadweard Muybridge no ano de 1879. Tem como um de seus mais famosos projetos
a sequência de fotografias de um cavalo no decorrer de uma trilha, com 24 máquinas
fotográficas. Com imagens individuais capturando todos os ‘frames’ do movimento do animal,
montou uma espécie de vídeo que se repetia infinitamente.

Figura 2: Cinetoscópio (1889) Figura 3: Zoopraxiscópio (1879)


Isso pode ser comprovado com a frase de MASCARELLO, (2006, p. 17) que afirma o
seguinte: “O cinema tem sua origem também em práticas de representação visual pictórica, tais
como os panoramas e os dioramas, bem como nos "brinquedos ópticos" do século XIX, como
o taumatrópio (1825), o fenaquistiscópio (1832) e o zootrópio (1833).”

Vale ressaltar que, ainda antes de todas essas criações, o primeiro método de capturar
imagens tinha de ser inventado, sendo nomeado de câmara escura, identificado pela primeira
vez no século VI, em experimentos de Antêmio de Trales, um arquiteto bizantino. A partir de
então, simplificações e inovações foram sendo realizadas, de modo a reduzir o tamanho do
dispositivo e manterem as suas capacidades óticas e fotográficas.

Figura 4: A câmara escura de Antêmio de Trales

No entanto, foi apenas em 1826/1827 que a primeira fotografia permanente foi retirada,
através da Heliografia – um processo de baixa qualidade, que utilizava uma placa de metal
coberta por um derivado do petróleo, exposta a luz solar, para fixar a imagem –, por Joseph
Nicéphore Niépce, um inventor francês. Conhecida como “View from the Window at Le Gras”,
é parte da história da fundação do cinema, indiretamente.

Figura 5: View from the Window at Le Gras, Nicéphore Niépce


Com base em todo o histórico de criação e constante atualização das artes visuais no
século XIX, o Cinematógrafo (1895), inventado pelos irmãos Lumière, Auguste e Louis
Lumière, foi um marco que mudaria a história do cinema. Integrou, pela primeira vez, os
poderes de uma câmera e um projetor, permitindo a gravação e exibição de imagens em
movimento para um público maior pela primeira vez, sendo um antecedente direto da projeção
cinematográfica moderna. A primeira exibição, com curta-metragens como "L'Arrivée d'un
Train en Gare de La Ciotat" (A chegada do trem na estação), de 50 segundos e "La Sortie de
l'Usine Lumière à Lyon" (Trabalhadores saindo da fábrica Lumière), com cerca de 45 segundos
– ambos sem som – foi realizado no Gran Café de Paris, em 28 de dezembro de 1895.

Comumente referido como o "nascimento do cinema", significou a passagem de


experimentos anteriores com fotografia em movimento para uma mídia capaz de entreter e
cativar públicos mais amplos. As exibições de cinematógrafos dos irmãos Lumière
imediatamente se tornaram populares, abrindo caminho para o crescimento do cinema como
uma forma de arte criativa e um setor comercial.

A abordagem dos irmãos Lumière ao cinema na época era de natureza documental,


coletando e mostrando segmentos da vida cotidiana na tela.

Figura 6: Cinematógrafo (1895), inventado pelos irmãos Lumière


Todavia, escritores e profissionais da área, como MASCARELLO (2006, p. 17), citam
que, não houve um único fundador do cinema, mas sim um conjunto de acontecimentos onde
cientistas mostraram suas descobertas na esfera ótica e, a partir de aperfeiçoamentos, esta
ferramenta foi “criada”.

Esta afirmação evidencia a união dos diversos cientistas e suas respectivas criações para
a criação de um bem em comum – no caso, o que hoje conhecemos por cinema. Portanto, não
devemos atribuir a “descoberta” dessa ferramenta unicamente aos Irmão Lumière; por mais que
o desfecho e a realização dos procedimentos se devem a eles, foi apenas um produto de diversas
outras invenções que revolucionaram o mundo, no que se diz respeito a esfera cinematográfica
e ótica, séculos e décadas antes.

Vale ressaltar também que os famosos irmãos não foram os primeiros a realizar uma
exibição – pública e paga – de um aparelho que reproduzia pequenos filmes para pequenas
audiências; por exemplo, os irmãos Max e Emil Skladanowsky (1895, dois meses antes dos
Lumière, em Berlim).

Mas, então, por que a criação do cinematógrafo dos irmãos Lumière foi o responsável
por ganhar o título de “fundador” do que hoje conhecemos como cinema? Qual o motivo que
levou o vitáscópio (1896) de Thomas Edison e o Teatrógrafo de Robert William Paul, no mesmo
ano, projetores que surgiram como cópia da invenção do cinematógrafo, que não era
comercializado, a não seguir adiante? MASCARELLO (2006, p. 20) diz o seguinte:

Mas parte do sucesso do cinematógrafo Lumière deve-se a suas características


técnicas. O vitascópio pesava cerca de 500 quilos e precisava de eletricidade para
funcionar, já a máquina dos Lumière podia funcionar como câmera ou projetor, e
ainda fazer cópias a partir dos negativos. Além disso seu mecanismo não utilizava luz
elétrica e era acionado por manivela.

Entretanto, a criação de Edison foi importante por enfraquecer a dominância e


unanimidade dos irmãos Lumière nos Estados Unidos da América.

8.2. Contexto social e político do final do século XIX e início do século XX


Vale ressaltar que, durante a fundação do cinema, um período de rápida urbanização,
industrialização e mudanças culturais estava em processo, e esses fatores moldaram o ambiente
em que essa nova forma de entretenimento se espalhou, visto que a migração dos camponeses
para o meio rural implicou diretamente na construção de bens e espaços públicos na cidades,
onde ocorreram as primeiras exibições de ferramentas cinematográficas, como o
cinematógrafo.
A crescente evolução das tecnologias, entre elas, as mais importantes de toda a história,
como a eletricidade o telefone, por Alexander Graham Bell (1876), modificaram
profundamente o método no qual as coisas se baseavam. Assim como SIMÕES (2018, p. 65)
evidencia em: “Thomas Edison inventa a lâmpada incandescente em 1879 e em 1880, como por
mágica, os teatros começam a usar a luz elétrica”, a “mera” invenção da lâmpada, instrumento
que utilizava pela primeira vez o real potencial da energia elétrica, descoberta a séculos atrás,
fez com que as simples apresentações de teatro ganhassem uma “nova cara” e,
consequentemente, possibilitando a invenção do cinema.

Figura 7: O neocolonialismo Figura 8: Thomas Edison e a invenção


europeu na África da lâmpada
A recente unificação da Alemanha (1871) e da Itália (1870) e a constante e exponencial
evolução do capitalismo levou a neocolonização do continente africano, visto que esses “novos”
países queria a sua respectiva parte do mesmo como as demais nações europeias; além disso,
estes acontecimentos apenas evidenciam o eurocentrismo, onde países localizados nas
Américas Central e Sul e na África eram considerados inferiores. O cinema foi influenciado
por esse meio por retratar, em suas projeções, percepções culturais e estereótipos das visões que
apontavam essa dominação anterior a Primeira Guerra Mundial.

Revoluções ocorriam em todo mundo, e aquelas que já haviam ocorrido mudavam


intensamente o cenário mundial, principalmente no que se diz ao continente europeu. Essas
mudanças políticas fizeram com que determinados países se tornassem aliados (hábito
decorrente desde os primórdios da humanidade, visto que somos essencialmente sociais).
Portanto, conflitos que geraram reações em cadeia, como a Primeira Guerra Mundial,
modificaram o contexto da tecnologia mundial, por conta da espécie de uma corrida de
invenções que pudessem fazer com que determinado país tomasse a “liderança” da guerra.
8.3. Os 20 primeiros anos
Historiadores e especialistas da área evidenciam que há uma espécie de divisão nos
primeiros 20 anos do contexto cinematográfico, que norteiam e separam a história do cinema
em nomenclaturas próprias que facilitam o estudo e compreensão de cada “etapa” desta
importante invenção e de seus usos nos próximos anos. Por mais desconfortável que fosse, o
preço atraía a população.

Antes disso, é válido ressaltar que essas duas fases, que constituem os primeiros 20 anos
do cinema mundial, por muito tempo foram consideradas de pouca importância para a história
desta instituição. Não era considerado uma linguagem, visto que estava misturada com outros
tipos de cultura de entretenimento da época.

Entre alguns filmes produzimos nesta época, nos Estados Unidos da América (5
primeiros) e na Alemanha (5 últimos), temos:

 "The Great Train Robbery" (1903): do gênero western (faroeste), o filme mudo
dirigido por Edwin S. Porter e filmado nos EUA aborda a história de perseguição a um
trem roubado por criminosos pela polícia, possuindo apenas 12 minutos.
 "The Birth of a Nation" (1915): um filme mudo estadunidense dirigido por D.W.
Griffith, baseado em um romance adaptado para o teatro anos atrás, controverso devido
à sua representação racista e glorificação da Ku Klux Klan, O gênero do filme é
um drama histórico e guerra, abordando temas de guerra civil e racismo.
 "Intolerance" (1916): do mesmo diretor, o filme mudo (com duração de 3 horas e
meia) de drama e ficção histórica, que abrangia quatro histórias de diferentes períodos
históricos e sociedades (histórias bíblico-galileias, renascentista francesas e
babilónicas). O filme questiona a capacidade da humanidade de aprender com os erros
do passado.
 "Duck Soup" (1933): Comédia dirigida por Leo McCarey que conta a história de uma
crise em um pequeno país chamado Freedonia, cujo presidente, Rufus T. Firefly, é
peculiar e insano.
 "Modern Times" (1936): Filme de comédia, drama e romance dirigido por Charles
Chaplin em que o diretor (também protagonista), Little Tramp, luta para viver em uma
sociedade industrializada.
 "Der Student von Prag" (1913): filme mudo de terror, drama e fantasia alemão
dirigido por Stellan Rye, aborda temas de dualidade e pactos com o diabo. Nos traz a
reflexão se vale obter sucesso mesmo que se haja um alto custo – no caso, um pacto
demoníaco;
 "Das Mirakel" (1912): Dirigido por Mime Misu, é filme de drama e mudo alemão em
preto e branco, de 30 minutos, que conta o resgate de uma garota da morte por um padre,
abordando, consequentemente, temas de fé e milagre.
 "Metropolis" (1927): Filme alemão de ficção científica dirigido por Fritz Lang,
considerado um dos grandes nomes do expressionismo alemão, que conta a história de
uma sociedade futura dividida entre classes altas e baixas, e um jovem se apaixona com
o líder do movimento revolucionário.
 “Nosferatu” (1922): Dirigido por Friedrich Wilhelm Murnau, é um filme alemão em
cinco atos baseado no filme “Drácula”; portanto, pertence aos gêneros drama, terror e
cinema mudo. Porém, segue um enredo próprio, contando a narrativa de um vampiro
corretor de imóveis.
 "M - Eine Stadt sucht einen Mörder" (1931): o primeiro filme sonoro de Fritz Lang,
nos gêneros suspense psicológico e drama policial, é outra obra-prima do
expressionismo alemão. Segue a polícia em busca de um serial killer que ataca crianças.

Figura 9: Poster "The Birth of a Figura 10: Poster "Der Student von
Nation" (1915) Prag" (1913)
Vemos, então, que os filmes dos Estados Unidos da América aborda majoritariamente
filmes que retratam algum acontecimento histórico e social, enquanto a Alemanha focava em
temas mais “macabros”, com ligação com o extraordinário. Eles oferecem uma visão
interessante das preocupações e interesses culturais daquela época e como eles foram refletidos
nas telas.

Nesses anos, também foram inauguradas as primeiras grandes empresas de cinema,


contribuindo significativamente para o crescimento desta indústria, estando entre estas a
Universal Picture (Carl Laemmle, 1912; um dos primeiros grandes estúdios de Hollywood,
tendo papel essencial na produção de filmes de terror como “Drácula” (1931) e “Frankenstein”
(1931), que se tornaram clássicos), a Paramount Pictures (fundada em 1912 como Famous
Players Film Company) e a Warner Bros. (1923; conhecida por lançar o primeiro filme sonoro
de sucesso, "O Cantor de Jazz”), tempos depois.

Vale a ressalva de que o Código Hays, fundado em 1930 por Will H. Hays, afetou a
censura no cinema americano ao impor rigorosos requisitos morais e de conteúdo aos filmes,
como forma de defender a moral pública.

Para contornar a fiscalização do governo, os estúdios obedeceram voluntariamente ao


código, e também houve autocensura dentro dos estúdios e censura municipal em algumas
partes dos Estados Unidos. Países como o Reino Unido tinham sistemas de categorização de
filmes, embora os critérios variassem muito.

Os padrões tornaram-se mais flexíveis ao longo do tempo, dando origem ao sistema de


classificação de filmes nos Estados Unidos e permitindo uma maior diversidade de material
cinematográfico.

8.3.1. O cinema de atrações (1894 – 1906)


De acordo com MASCARELLO (2006, p. 23/24), o cinema das atrações “[...] inicia a
expansão dos nickelodeons e o aumento da demanda por filmes de ficção.”, o qual representa
o nome da primeira forma de espaço interno dedicado à exibição de filmes foi derivado do custo
da taxa de entrada (cinco centavos, conhecidos como níquel) e do antigo termo grego odeon,
que se refere a um teatro coberto, criado em 1905. Com esse espaço, o cinema migrava de uma
exclusividade da classe média-alta para os trabalhadores operários.

O cinema utiliza, neste momento, um caráter de apelação, com o objetivo de despertar


a surpresa e a curiosidade do espectador, visto que seu interesse se baseava mais no espetáculo
ótico que era despertado do que realmente um método de contar histórias.
O cinema das atrações, portanto, foi modelado de acordo com os interesses populares,
na modificação dos cenários e histórias. Este apelo fez com que duas subfases fossem criadas.
Os primeiros filmes foram realizados como um método de repassar as informações decorrentes
dos processos que estavam em acontecimento na Europa. Entretanto, não eram tão detalhados
por conta de serem realizados em um único plano, o que faz com que todo o filme seja rodado
em um único “nível”, não representando uma profundidade.

Assim como já evidenciado, neste momento se inicia a intervenção da economia no


cinema, visto que há interesse econômico de terceiros nos filmes e exposições que ocorriam,
por movimentar, para a época, grande número de expectadores. Atualmente, esse modelo é
mantido, entretanto, em um âmbito maior.

Entretanto, após o ano de 1903, a segunda fase (com fim em 1907) se inicia e, de acordo
com MASCARELLO (2006, p. 24):

[...] os filmes de ficção começam a ter múltiplos planos e superar em número as


atualidades. São criadas narrativas simples e há muita experimentação na estruturação
de relações causais e temporais entre planos. Na França, a Pathé lidera a produção de
ficções e retira dos exibidores o controle editorial sobre os filmes, construindo um
modelo de narração para filmes realistas e dramáticos.

Essa fase é importante no que se diz a respeito do cinema como um método de contar
histórias. Por mais que os personagens não possuíssem motivações psicológicas profundas,
visto que as “fitas” se baseavam principalmente em histórias de perseguição e comédia, foi
essencial para aglomerar uma maior quantidade de pessoas nas exposições destes filmes. Os
múltiplos panos começam a ser utilizados, garantindo uma maior ambientação do cenário.

Entretanto, um monopólio é estabelecido na França, o que motiva o surgimento, em


1905, dos distribuidores, que MASCARELLO (2006, p. 25) define como “empresários que
compram filmes das produtoras e os alugam aos exibidores”. Tudo isso motiva a expansão dos
nickelodeons, surgidos em 1905 como uma evolução dos vaudevilles, nos EUA, visto que mais
filmes se encontram em circulação e o custo para exibi-los cai drasticamente, ao mesmo tempo
que a duração aumenta.
Figura 11: O nickelodeon; "cinema" de 1905

As corporações da indústria cinematográfica passaram por uma significativa


reorganização, voltando-se para uma abordagem mais especializada em sua estrutura, em que
as decisões eram tomadas no topo e passavam por vários níveis hierárquicos antes de serem
executadas. Isso contrastava fortemente com a abordagem anterior, conhecida como "sistema
colaborativo" que dominou durante todo o período do vaudeville, onde as empresas
costumavam trabalhar em estreita cooperação.

A tarefa de operar os equipamentos do cinema e fazer os filmes passou por uma divisão
de trabalho entre dois cineastas. As empresas começaram a se dividir em divisões de produção
distintas à medida que o negócio do cinema se expandia. Com essa divisão, cada setor pôde
focar em suas tarefas específicas, resultando em maior eficiência e qualidade em cada nível do
processo. Essa especialização resultou em uma mudança na dinâmica de colaboração, trazendo
benefícios óbvios em termos de coordenação e controle.

Essa mudança na política do cinema citada se baseia no extrato abaixo de


MASCARELLO (2006, p. 25):

As companhias dividiram-se entre os diferentes setores da produção e organizaram-


se industrialmente, adotando uma estrutura hierárquica centralizada. Essa
especialização substituía o "sistema colaborativo" do período do vaudevile, no qual
empresas [...] produziam num sistema de parceria, em que dois realizadores dividiam
o trabalho de operação de máquinas e de confecção dos filmes [...]

8.3.2. O período de transição (1906 – 1915)


Essa segunda fase é marcado pelo momento em que, segundo MASCARELLO (2006,
p. 24):

[...] os filmes passam gradualmente a se estruturar como um quebra-cabeça narrativo,


que o espectador tem de montar baseado em convenções exclusivamente
cinematográficas. É o período em que a atividade se organiza em moldes industriais.
Há interseções e sobreposições entre o cinema de atrações e o período de transição,
uma vez que as transformações então ocorridas não eram homogêneas nem abruptas.

Portanto, a narrativa cinematográfica das histórias começa a evoluir de modo a atingir


um estilo que requer participação constante da audiência para compreender a trama, ligando os
elementos suspeitos, apresentados de maneira sucinta, para construir um desfecho coerente.
Isso evidencia a mudança dos temas apresentados nos filmes, indo de temas mais focados em
acontecimentos históricos para o conto de histórias, tirando proveito das possibilidades que o
cinema oferece.

Os estúdios começam a adotar processos com base em um padrão fixo, o que permitia
maior eficiência e produção na criação de filmes, o que marca esse período de transição, pela
busca de narrativas mais complexas e eficiência, não ocorrendo de maneira uniforme e muito
menos instantânea, mas sim por junções em etapas entre estilos e abordagens cinematográficas.

Histórias superficiais estão sendo cada vez mais produzidas, e a ambientação e


contextualização do passado e intenções dos personagens estão ganhando um novo foco, de
modo a construir um método de “fixar” as pessoas no filme, coisa que MASCARELLO (2006,
p. 26/27) cita em: “Há menos ação física e busca-se uma maior definição psicológica nos
personagens [...], que pudessem transmitir ao espectador as intenções e motivações de
personagens [...]”.

No momento, a indústria se esforça para satisfazer os desejos de um público de classe


média, refletindo na busca por um enredo mais organizado no cinema de transição.
Contrastando com a primeira fase do cinema, como uma experiência única e sensorial, o
objetivo era alcançar um grau de sofisticação e refinamento que atribuísse ao cinema um título
de “forma respeitável de entretenimento”.

Entretanto, vale ressaltar que esse avanço não resultou na marginalização das pessoas
de baixa renda, visto que frequentavam as salas de cinema mais acessíveis e populares, com um
entretenimento mais acessível, ao mesmo tempo em que serviam como fonte de diversidade
para uma ampla clientela.

Anos depois, em 1909, o controle da indústria iniciou a ser retomado pelos produtores
estadunidenses, com a criação da MPPC (Motion Picture Patents Company), que regulamentava
a circulação de filmes. Devido a produtores independentes e de baixa escala, que se opõem a
instituição, ela perde seu poder em 1913. De acordo com MASCARELLO (2006, p. 27 APUD
Gunning 1984, p. 76): “a MPPC propagandeava seus filmes como "divertimentos morais,
educativos e sãos".

Figura 12: Sede da MPPC

Portanto, o Motion Picture Patents Company foi formado como tentativa de redefinir a
imagem do cinema e a visão da sociedade sobre ele. A indústria cinematográfica visava
aumentar sua base de audiência expandindo seu apelo, adicionando espectadores de classe
média como regulares. Isso envolvia retratar o cinema como uma atividade cultural sofisticada,
com gostos e interesses alinhados com os grupos socioeconômicos mais desfavorecidos.

A ideia de que o cinema deveria se tornar um "divertimento para todas as classes sociais"
exigia um repensar total de sua finalidade e importância. O objetivo era acabar com o mito de
que ir ao cinema era apenas para operadores e outros grupos socialmente desfavorecidos. A
indústria pensou que, ao atrair a classe média, não apenas aumentaria sua renda, mas também
aumentaria o significado cultural do cinema.

MASCARELLO (2006, p. 27) afirma isso em:

Com a MPPC, a indústria do cinema queria assentar sua atividade sobre sólidas bases
econômicas, precisando para isso aumentar o preço dos ingressos e,
conseqüentemente, o dos aluguéis de filmes. Para tal, tinha de atrair as classes médias,
transformando o cinema no divertimento de "todas as classes sociais", e não mais no
chamado "teatro de operários"

Temos como resultados desse período a saída de moda dos filmes de rolo único, visto
que os longas se tornavam mais interessantes e lucrativos, novas companhias independentes
agora existem, os espaços destinados para a exibição de filmes são propriedade das próprias
empresas que produziam os filmes, provendo alto grau de luxo e, como principal ponto temos,
segundo MASCARELLO (2006, p. 27), “O melodrama, com sua moralidade polarizada e
defesa da ordem social, passa a ser o gênero dominante”.
O estabelecimento de Hollywood como centro da indústria cinematográfica não pode
estar ligado a um único ano ou época, mas sim a uma evolução constante que ocorreu no final
do século XIX e início do século XX.

Vários fatores-chave contribuíram para este processo, incluindo a sua localização


geográfica vantajosa, o estabelecimento de infraestruturas de produção, a presença de talentos
criativos, a diversidade de paisagens naturais, a transição bem sucedida do cinema mudo para
aquele com som, a promoção de atores como estrelas icônicas, o domínio dos grandes estúdios
e o estabelecimento de uma rede de distribuição global. Como resultado, ao invés de ter um ano
de nascimento preciso, o desenvolvimento de Hollywood ocorreu ao longo de inúmeras
décadas, com eventos cruciais distintos em cada época.

8.4. O cinema e o Terceiro Reich


Durante o Terceiro Reich na Alemanha, mais conhecido como Alemanha Nazista,
liderado por Adolf Hitler e pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães
(nazistas), o cinema desempenhou um papel importante. O cinema foi uma forte arma de
propaganda e controle intelectual durante o governo nazista, que durou da década de 1930 até
o início da década de 1940.

BÄR, Gerald (2016, p.45), cita em seu livro:

A enorme importância que o cinema tinha para os Nazis é evidenciada em 1930


quando o então Gauleiter de Berlim, Joseph Goebbels, sugeriu a fundação de uma
secção cinematográfica do NSDAP. Nas campanhas eleitorais do ano 1932, foram
utilizadas 182 cópias de um documentário mudo que captou o voo de Hitler sobre a
Alemanha (Hitler über Deutschland, 1932)

O governo nazista supervisionou cuidadosamente a produção cinematográfica e


promoveu filmes que reforçavam a ideologia nazista, evidenciando a supremacia da raça ariana
e a demonização de grupos vistos como “inimigos” pelos nazistas, como judeus e comunistas.
Filmes como “Triunfo da Vontade” (1935), de Leni Riefenstahl (propaganda), foram feitos para
glorificar o governo e seus líderes, mas outros, como “Jew Suss” (1940), foram usados para
espalhar propaganda antissemita.

A indústria cinematográfica alemã foi reformada sob o Ministério da Propaganda,


administrado por Joseph Goebbels e controlava a criação de filmes que promoviam a ideologia
nazista. Os estúdios cinematográficos foram estritamente regulamentados e muitos cineastas
judeus ou "não-arianos" foram demitidos. De acordo com BÄR, Gerald (2016, p.46), “Nos anos
seguintes, o pragmatismo de Hitler e Goebbels fez do cinema um instrumento implacável para
o controlo do pensamento e para a propaganda no Terceiro Reich”, indicando a influência que
o próprio governo exercia sobre a população.

O cinema nazista foi empregado tanto para diversão quanto para propaganda, com a
criação de filmes de aventura e dramas históricos que, embora frequentemente contivessem
declarações ideológicas, também tentavam agradar o público, assim como BÄR, Gerald (2016,
p.48), evidencia:

Segundo Goebbels, o meio cinematográfico era um instrumento exemplar para a


educação do povo. Tal como a radio, o cinema devia manter a boa disposição mesmo
em tempos de guerra. Em 1939, 36% dos filmes rodados no Terceiro Reich eram
comédias; em 1942 ainda atingiram 34%.

Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1939, a produção cinematográfica alemã


foi ainda mais longe na direção da propaganda de guerra, com filmes celebrando as ações
militares alemãs e incutindo o nacionalismo.

No entanto, com a queda do Terceiro Reich em 1945, vários filmes nazistas foram
declarados propaganda de guerra e foram proibidos. O governo nazista deixou um legado
terrível na história do cinema, lembrando-nos do poder da mídia como ferramenta de
propaganda política e controle ideológico.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MASCARELLO, Fernando. HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL. São Paulo, 2006. Disponível
em: <http://paginapessoal.utfpr.edu.br/cfernandes/linguagem-visual-2/textos/historia-do-
cinema-mundial.pdf>. Acesso em: 07 de ago. de 2022

CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. Novos Domínios da História. Rio de


Janeiro, 2012. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4380048/mod_resource/content/1/Novos%20Domíni
os%20da%20História-%20Ronaldo%20Vainfas%20e%20Ciro%20Flamarion.pdf>. Acesso
em: 13 de ago. de 2023.

SIMÕES, Cibele Forjaz. A eletricidade entra em cena. São Paulo, Urdimento, v.1, n.31, p.63-
77, 2018. Disponível em: <
https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/1414573101312018063/8083>.
Acesso em 20 de ago. de 2023

BÄR, Gerald. Cinema de Weimar até ao 3º Reich: Poder e “Nationalcharakter”. Lisboa,


Portugal, 2016. Disponível em:
<https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/6145/1/G.B%c3%84R-2016.pdf>. Acesso
em: 25 de ago. de 2023

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