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FACULDADES BARDDAL – UNIESP

FRANÇOIS FERDINAND DE BEM URBAN

HISTÓRIA DA ARTE:

PRÉ-HISTÓRIA, EGITO ANTIGO E MESOPOTÂMIA

Florianópolis

2013
FRANÇOIS FERDINAND DE BEM URBAN

HISTÓRIA DA ARTE:

PRÉ-HISTÓRIA, EGITO ANTIGO E MESOPOTÂMIA

Trabalho Bimestral em forma de Síntese do 1º


módulo, apresentado à disciplina de História e
Filosofia da Arte I, do Curso de graduação em
Arquitetura e Urbanismo, das Faculdades Barddal –
UNIESP.

Professora Dulce América De Souza

Florianópolis

2013
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Nuragues Aldeia de Barumini....................................................................................6


Figura 2 - Grande círculo de pedra em Stonehenge....................................................................7
Figura 3 - Escultura Vênus de Willendorf..................................................................................8
Figura 4 - Escultura neolítica em bronze....................................................................................9
Figura 5 - Pintura rupestre: Mãos em negativo.........................................................................10
Figura 6 - Pintura rupestre: Bisão de Altamira.........................................................................11
Figura 7 - Pintura Rupestres encontradas em Tessili................................................................13
Figura 8 - Pirâmide de Djoser...................................................................................................15
Figura 9 - Pirâmides de Quéops. Quéfren e Miquerinos..........................................................16
Figura 10 - Esfinge do faraó Quéfren.......................................................................................17
Figura 11 - Templo de Luxor....................................................................................................18
Figura 12 - Templo da rainha Hatshepsut.................................................................................19
Figura 13 - Templo de Abu-simbell..........................................................................................20
Figura 14 - Paleio do Rei Nanller.............................................................................................21
Figura 15 - Miquerinos e sua esposa de Gizé...........................................................................22
Figura 16 - O Principe Raholep e SlIa Esposa Nofrel..............................................................22
Figura 17 - Escriba Sentado......................................................................................................23
Figura 18 - Akhenaton (Amenhotep IV)...................................................................................24
Figura 19 - A Rainha Nefertiti..................................................................................................24
Figura 20 - Baixo-relevo de um túmulo próximo de Sacará.....................................................25
Figura 21 - Pintura da Tumba de Nebonum..............................................................................26
Figura 22 - O Deus com rosto de Chacal Anúbis.....................................................................27
Figura 23 - Pintura na câmara tumular de Nefertari.................................................................27
Figura 24 - Escrita cuneiforme.................................................................................................30
Figura 25 - Zigurate de Ur........................................................................................................31
Figura 26 - Planta do Templo Branco.......................................................................................32
Figura 27 - Torre de Babel........................................................................................................33
Figura 28 - Jardins Suspensos...................................................................................................33
Figura 29 - Portal de lshtar........................................................................................................34
Figura 30 - Estátuas do Templo de Abu...................................................................................35
Figura 31 - A Leoa Ferido, de Ninive.......................................................................................36
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................4
2. PRÉ-HISTÓRIA...................................................................................................................5
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO...................................................................................................5
2.2 ARQUITETURA..................................................................................................................6
2.2.1 Neolítico............................................................................................................................6
2.3 ESCULTURA.......................................................................................................................8
2.3.1 Paleolítico superior..........................................................................................................8
2.3.2 Neolítico............................................................................................................................9
2.4 PINTURA...........................................................................................................................10
2.4.1 Paleolítico Superior........................................................................................................10
2.4.2 Neolítico..........................................................................................................................12
3. EGITO.................................................................................................................................14
3.1 CONTEXTO HISTÓRICO.................................................................................................14
3.2 ARQUITETURA................................................................................................................15
3.2.1 Antigo Império...............................................................................................................15
3.2.2 Novo Império..................................................................................................................18
3.3 ESCULTURA.....................................................................................................................20
3.3.1 Antigo Império...............................................................................................................20
3.3.3 Novo Império..................................................................................................................24
3.4 PINTURA...........................................................................................................................25
3.4.1 Antigo Império...............................................................................................................25
3.4.2 Novo Império..................................................................................................................26
4. MESOPOTAMIA...............................................................................................................29
4.1 CONTEXTO HISTÓRICO.................................................................................................29
4.2 ARQUITETURA................................................................................................................31
4.3 ESCULTURA.....................................................................................................................34
5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................37
REFERÊNCIAS......................................................................................................................38
4

1. INTRODUÇÃO

A arte é a representação humana das suas idéias, valores, culturas e interesses, a


arte contagia encanta todos aqueles que por ela se interessa, principalmente pessoas com
senso criativo. Inicialmente antes de desenvolver sobre a história da arte faz-se necessário
realizar uma abordagem baseada em alguns autores sobre o que a arte e sua função na
sociedade.
Assim como a música, a arte é-·uma linguagem universal. Ver uma obra de arte é
sempre uma experiência agradável, mas apreciá-la integralmente exige certo conhecimento.
A arte não modifica o mundo, como o fazem as ferramentas. Ela serve menos à
realização prática da vida do que à sua organização. Como principio ordenador representa um
dos meios mais diretos de dominar o caos exterior e interior do homem. O desconcertante,
assustador e inconcebível da vida só́ pode ser ordena- do ao receber forma, a arte é a
configuração do desordenado.
Com as elucidações iniciais sobre arte em geral, faz-se necessário abordar a sua
história para entendermos um pouco mais sobre como surgiu a arte e sua complexidade no
decorrer das eras.
Assim este trabalho tem como objetivo sintetizar a história da arte sob o ponto de
vista de Baumgart, Proença, Fischer, Hauser, Gombrich, Stickland e Janson, precisamente a
antiga história, começando pela pré-história, antigo Egito e Mesopotâmia, os quais são berços
da civilização ocidental.
Serão levantados os aspecto histórico e cultural para entender como estes
influenciaram na arte e sua representação.
5

2. PRÉ-HISTÓRIA

A duração da pré-história foi muito longa, os historiadores a dividiram em três


períodos: Paleolítico Inferior (cerca de 500.000 a.C.), Paleolítico Superior (aproximadamente
30 000 a.C.) e Neolítico (por volta do ano 10 000 a C.).

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

A duração da pré-história foi muito longa, os historiadores a dividiram em três


períodos: Paleolítico Inferior (cerca de 500.000 a.C.), Paleolítico Superior (aproximadamente
30 000 a.C.) e Neolítico (por volta do ano 10 000 a C.).
Tudo que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é resultado da pesquisa
de antropólogos e historiadores, que reconstituíram a cultura do homem da Idade da Pedra a
partir de objetos encontrados em várias partes do mundo, e de pinturas achadas no interior de
muitas cavernas na Europa, Norte da África e Ásia. (PROENÇA, 1999)
Sabe-se que estes homens da antiguidade viviam em cavernas ou abrigavam-se
grandes rochas. Muitos desses locais foram descobertos com vestígios intactos, e por meio
destes foi possível conhecer um pouco do homem antigo.
Na era Paleolítica o homem antigo tinha como função básica a caça e coleta, usava-se de
ferramentas para obter sucesso, conforme relata Hauser (2003, p. 4) “Sabemos que era a arte
dos caçadores primitivos, homens que viviam num nível econômico improdutivo e parasitário,
tendo de coletar ou capturar alimento em vez de produzi-lo eles próprios”.
Comenta Janson (1999, p. 17) que “A era Paleolítica chegou ao fim quando os
homens fizeram suas primeiras e bem sucedidas tentativas de domesticar animais e cultivar
cereais um dos passos verdadeiramente revolucionários da história humana”. Este
acontecimento foi o mais significativo desse período, o homem deixou a vida nômade por
uma vida mais estabilizada, esta é uma característica da era Neolítica.
Esse fato é tão importante que ficou conhecido como Revolução Neolítica, pois
transformou profundamente a históriá humana. A fixação do homem, garantida pelo cultivo
da terra e pela manutenção de manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o
desenvolvimento das primeiras instituições, como a família e a divisão do trabalho.
(PROENÇA, 1999).
6

2.2 ARQUITETURA

Será abordado neste capítulo somente o período neolítico por ser considerado um
períodos de grande importância para arquitetura.

2.2.1 Neolítico

Naturalmente na mudança para a agricultura devem ter surgido a necessidade de


moradias para os homens que se tornavam sedentários, conforme Baumgart (1999) estes
consistiam em cabanas dos mais diversos materiais, mas não eram arquitetura no sentido de
uma arte da construção, que somente pode ser designada como tal quando excede a
necessidade puramente prática através de uma conformação especial.
Proença (1999. P 17) também afirma que “O homem do Neolítico começou
também a abandonar as cavernas e a construir suas próprias moradias. Dessas construções são
conhecidas os nuragues, edificações em pedra, sem nenhuma argamassa e em forma de cone
truncado”, conforme a figura 1 os Nuragues da Aldeia de Barumini.

Figura 1 - Nuragues Aldeia de Barumini

Fonte: Blog História da Arte (2013)

São também desse período as construções denominadas dolmens. Consistem em


duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no chão, como se fossem paredes, e em
uma grande pedra colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. (PROENÇA.,
1999)
7

Completa Stickland (2004, p. 5),

Já́ em 5000 a.C., surgiu uma colossal arquitetura de enormes pedras erguidas em três
formas básicas: o dólmen, que consiste em enormes pedras verticais cobertas por
uma laje, parecendo uma mesa gigantesca; o menir, que é uma única pedra vertical
(o maior tem 54 metros de altura e pesa 350 toneladas); e o arranjo circular das
pedras, como em Stonehenge.

O mais bem preservado dentre vários monumentos megalíticos ou "de grandes


pedras" era o grande circulo de pedras Stonehenge conforme figura 2. Seu objetivo era
religioso; aparentemente, o esforço contínuo necessário para construí-lo só poderia ter sido
mantido pela fé- uma fé que, quase literalmente, exigia que se movessem montanhas. A
estrutura inteira é voltada para o ponto exato em que o Sol se levanta no dia mais longo do
ano, o que leva a crer que deve ter-se prestado a um ritual de adoração do Sol. (JANSON,
1999).

Figura 2 - Grande círculo de pedra em Stonehenge

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Estas construções tinham como finalidades religiosas tanto como templos quanto
como obras mortuárias, sendo importantes pontos de encontros e convívio social.
8

2.3 ESCULTURA

Será abordado neste capítulo o paleolítico superior e o neolítico por ser


considerado um períodos de grande importância para escultura.

2.3.1 Paleolítico superior

Os homens do Paleolítico também criaram pequenas esculturas do tamanho de


pequeno tamanho, utilizando-se de elementos naturais cortados com talhadeiras rudimentares.
Os mais antigos objetos que chegaram até nós são esculturas em ossos, marfim ou
pedra ou chifre. Esses objetos eram entalhados e gravados em relevos profundos, ou
esculturas tridimensionais. (STICKLAND, 2004)
Segundo Baumgart (1999, p. 14),

Não existem representações humanas entre as pinturas rupestres mais antigas. Por
outro lado, ocasionalmente se encontra a escultura em rocha de uma figura feminina
nua, para a qual eram aproveitados os abaulamentos e protuberância da pedra. Aqui
se torna ativa a ideia da magia da fertilidade, a segunda função mais importante da
vida humana depois da alimentação.

Conforme a figura 3 , predominam as figuras femininas, sem pescoço, seios


volumosos, ventre saltado e grandes nádegas.

Figura 3 - Escultura Vênus de Willendorf

Fonte: Blog História da Arte (2013)


9

Baumgart (1999) detalha que se tratava tão somente da evocação da fertilidade, os


seios, o ventre e o sexo foram excessivamente realçados, enquanto a cabeça não tem rosto.
Tais figuras, que ainda não representavam nenhuma deusa-mãe mas eram suas precursoras,
foram produzidas por toda parte na pré-história através de milênios.

2.3.2 Neolítico

No Neolítico cm a transição para agricultura o homem começou a utilizar novas


ferramentas e técnicas, e estas resultaram no aprimoramento da cerâmica e esculturas.
A cerâmica, no início sempre moldada com a mão e sem roda de oleiro, surgiu
somente quando se sucedeu uma das maiores revoluções da humanidade, a transição da caça à
agricultura, do nomadismo ao sedentarismo. (BAUMGART, 1999)
Os artistas começaram a usar o metal em seus trabalhos, servindo-se
possivelmente do método com forma de barro ou da técnica da cera perdida. As esculturas em
metal representando guerreiros e mulheres são ricas em detalhes conforme pode se observar
na figura 4, uma escultura feita em bronze (PROENÇA, 1999).

Figura 4 - Escultura neolítica em bronze

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Uma das características mais persistentes da sociedade primitiva seja a adoração


dos ancestrais.
10

2.4 PINTURA

A pintura se caracteriza por ser uma arte rudimentar e é analisado durante o


período paleolítico superior.

2.4.1 Paleolítico Superior

As primeiras pinturas eram muito simples. Consistiam o em traços feitos nas


paredes das cavernas.
Segundo Stickland (2004). As pinturas de bisões, veados, cavalos, bois, mamutes
e javalis se situam nos recessos das cavernas, longe das superfícies habitadas e da luz do sol.
Outra técnica era a das mãos em negativo. Após obter um pó́ colorido a partir da trituração de
rochas, os artistas o sopravam, através de um canudo, sobre a mão pousada na parede da
caverna. Conforme podemos observar na figura 5.

Figura 5 - Pintura rupestre: Mãos em negativo

Fonte: Blog Artes Noturno (2013)

As primeiras representações preservadas de animais datam do final do Paleolítico,


entre 40.000 e 10.000 anos a. C., e mostram tal perfeição que se poderia supor uma prática
milenar.
A principal característica dos desenhos é o naturalismo. O artista pintava um
animal do modo como o via, reproduzindo a natureza como sua vista a captava.
11

Este realismo evidencia uma apurada capacidade de observação e profunda


intuição da natureza do animal, devida à relação do caçador com sua presa, da qual era
dependente. (BAUMGART, 1999).
Segundo Baumgart (1999, p. 6).

Existem alguns indícios de que possuíam algo como uma oficina onde produziam as
tintas a partir de carvão e ocre e as armazenavam em forma de bastonetes de giz, e
até mesmo gozavam de certa reputação e solicitados em outras cavernas que não as
de seu grupo.

Em paredes de cavernas do Norte da Espanha e Sudoeste da Franca foram


encontradas pinturas de beleza singular conforme na figura 6 o bisão de Altamira.

Figura 6 - Pintura rupestre: Bisão de Altamira

Fonte: Blog Historia da Arte (2013)

O pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que


possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o
representasse ferido mortalmente num desenho. (PROENÇA, 1999).
Não há dúvida de que faziam parte de um ritual mágico cujo propósito era o de
assegurar uma caça bem-sucedida. Segundo Ficher (1961). As pinturas de animais nas
cavernas realmente ajudavam a dar ao caçador um sentido de segurança e superioridade sobre
a presa.
Relata Gombrich (2002) que a explicação mais provável para essas descobertas
que o pensamento desses caçadores primitivos era que, se fizessem uma imagem de sua presa
e talvez a surrassem com suas lanças e machados de pedra.
12

Qualquer outra explicação da arte paleolítica, como forma decorativa ou


expressiva é insustentável. Toda uma serie de indícios argumenta contra tal interpretação,
sobretudo o fato de que as pinturas estão completamente escondidas em recantos inacessíveis
e imersas em total escuridão. (HAUSER, 2003).
Completa este pensamento Gombrich (2002) que é evidente que ninguém se teria
arrastado tamanha distância até às soturnas entranhas da terra simplesmente para decorar um
local tão inacessível.
Por vezes estes homens antigos utilizavam do relevo natural da caverna para dar
uma impressão tridimensional na pintura.
Algumas das pinturas das cavernas dão-nos até mesmo uma indicação da origem.
dessa magia de fertilidade: a forma de um animal frequentemente parece ter sido sugerida
pela formação natural da rocha, de forma que seu corpo coincida com uma saliência ou que
seu contorno siga um veio ou fenda.

2.4.2 Neolítico

Na pintura quando homem neolítico que se tornara agricultor, não precisava mais
ter os sentidos apurados do caçador do paleolítico, abandonando o estilo naturalista e o
surgimento de um estilo mais geométrico.
Confirma Baumgart (1999, p 7). “A transição do naturalismo para a estilização
pressupõe reflexões mentais que possuem como únicas, a possibilidade de abstração. Este
fenômeno representou um passo decisivo na evolução do homem”.
Na superfície plana da pedra, a cabeça não tem a menor semelhança com a forma
natural, pois nem mesmo chega a ser redonda, está separada do corpo, o nariz combina-se ou
com a boca ou com as sobrancelhas numa figura geométrica simples. O homem é
caracterizado pela adição de armas e a mulher por dois hemisférios representando os seios.
( HAUSER, 2003)
Pode ser conforme observada na figura 7, os desenhos em rocha já por aparece o
homem na caça, na luta ou em danças rituais.
13

Figura 7 - Pintura Rupestres encontradas em Tessili

Fonte: Blog Historia da Arte (2013)

Segundo Proença (1999, p.14).

A preocupação com o movimento fez com que os artistas criassem figuras leves,
ágeis, pequenas e de pouca cor. Com o tempo, essas figuras foram se reduzindo a
traços e linhas muito simples, mas que comunicavam algo para quem as via. Desses
desenhos surge, portanto, a primeira forma de escrita, a escrita pictográfica, que
consiste em representar seres e ideias pelo desenho.

Só, a partir daí a atitude naturalista, aberta para toda a gama de experiência, cedeu
lugar a uma estilização estritamente geométrica, na qual o artista era mais propenso a fechar-
se para a riqueza da realidade empírica.
14

3. EGITO

A cultura egípcia desenvolveu-se no decorrer do 4 milênio a.c. e no inicio do 3


milênio havia atingido suas características artísticas.

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO

A cultura egípcia desenvolveu-se no decorrer do 4 milênio a.c. e no inicio do 3


milênio havia atingido suas características artísticas.
Uma das principais civilizações da Antiguidade foi a que se desenvolveu no Egito.
Era uma civilização já́ bastante complexa em sua organização social e riquíssima em suas
realizações culturais. A religião, portanto, invadiu toda a vida egípcia, interpretando o
universo, justificando sua organização social e política, determinando o papel de cada classe
social e, consequentemente, orientando toda a produção artística desse povo. (PROENÇA,
1999).
A arte egípcia concretizou-se pelos túmulos, nas estatuetas e nos vasos deixados
junto aos mortos. Sua arquitetura baseia-se em construção para os mortos.
Desta forma afirma Janson (1999) que nosso conhecimento da civilização egípcia
baseia-se quase que inteiramente nas sepulturas e no seu conteúdo, já́ que restou muito pouco
dos antigos palácios e cidades egípcios. Isso não é acidental, pois essas sepulturas foram
construídas para durarem para sempre.
Teve inicio com o soberano Djoser o Antigo Império (3200-2200 a.C.). Esse faraó
exerceu o poder autoritariamente e transformou o Baixo Egito, com a capital em Mênfis, no
centro mais importante do reino, mas foi no Novo Império (1580-1085 a.C.) que o Egito
viveu o apogeu de seu poderio e de sua cultura. (PROENÇA, 1999).
O Egito foi invadido sucessivamente pelos etíopes, persas, gregos e, finalmente,
pelos romanos. Essas invasões vão aos poucos desorganizando a sociedade egípcia e
consequentemente a sua arte, que, influenciada pela dos povos invasores, vai perdendo suas
características e refletindo a própria crise politica do Império.
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3.2 ARQUITETURA

Em vista da obsessão da sociedade egípcia com a imortalidade não é de


surpreender que a arte tenha se mantido sem mudanças por três mil anos. Sua mais alta
preocupação era garantir uma vida após a morte confortável para:-seus soberanos que eram
considerados deuses. A colossal arquitetura e as obras de arte existiam para cercar o espírito
do faraó de glória eterna.

3.2.1 Antigo Império

As tumbas dos primeiros faraós eram réplicas das casas em que moravam,
enquanto as pessoas sem importância social eram sepultadas em construções retangulares
muito simples, chamadas mastabas, mas foram as mastabas que deram origem às grandes
pirâmides construídas mais tarde.
Afirma Janson (1999) que as pirâmides não eram estruturas isoladas, mas
ligavam-se a imensos distritos funerários, com templos e outras edificações que eram o
cenário de grandes celebrações religiosas, tanto durante quanto após a vida do faraó.
A pirâmide de Djoser na região de Sakkarah, construída pelo arquiteto Imhotep, é
talvez a primeira construção egípcia de grandes proporções, pode-se observar seu formato na
figura 8.
Confirma JANSON (1999, p. 26) A mais antiga é, provavelmente, a do rei Djoser
em Sakkarah, uma pirâmide de degraus que sugere um agrupamento de mastabas, por
oposição aos exemplos posteriores de Gizé, mais planos e regulares”.

Figura 8 - Pirâmide de Djoser

Fonte: Blog Historia da Arte (2013)


16

A arquitetura egípcia havia começado com estruturas feitas de tijolos de argila,


madeira, junco e outros materiais leves. Imhotep usou a pedra talhada, mas seu repertorio de
formas arquitetônicas ainda reflete formas e esquemas desenvolvidos durante aquela fase
anterior. Imhotep, é o primeiro artista cujo nome a história registrou, e o fez merecidamente,
uma vez que sua obra - ou o que dela resta - causa enorme impressão ainda hoje. (JANSON,
1999).

Mas são as pirâmides do deserto de Gizé as obras arquitetônicas mais famosas.


Foram construídas por importantes reis do Antigo Império: Quéops, Quéfren e
Miquerinos. Esses monumento revela o domínio que os egípcios demonstraram cm
sua técnica de construção, pois não existe nenhuma espécie de argamassa entre os
blocos de pedra que formam suas imensas paredes. (PROENÇA, 1999, p. 18).

Afirma Stickland (2004) que a Grande Pirâmide de Quéops, em Gizé, é a maior


estrutura em pedra de todo o inundo. Os antigos egípcios nivelaram sua base de cerca de 52
quilômetros quadrados - um quadrado perfeito - com tanta maestria que o ângulo sudeste é
apenas um centímetro mais alto que o ângulo noroeste. O interior é massa praticamente sólida
de lajes de calcário, o que exigiu excelentes técnicas de engenharia para proteger as pequenas
câmaras mortuárias do peso maciço das pedras acima. Observa-se estas características
grandiosas na figura 9.

Figura 9 - Pirâmides de Quéops. Quéfren e Miquerinos

Fonte: Blog Historia da Arte (2013)

Originalmente possuíam um revestimento exterior de pedra cuidadosamente


polida, que desapareceu, exceto próximo ao topo da pirâmide de Quéfren.
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Junto a essas três pirâmides está a esfinge ilustrada na figura 10, a mais conhecida
do Egito. É uma obra também gigantesca, com 20 metros de altura e 74 metros de
comprimento. Diz Proença (1999) que ela representa o faraó Quéfren e a ação erosiva do
vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e
misterioso.

Figura 10 - Esfinge do faraó Quéfren

Fonte: Blog Historia da Arte (2013)

As grandes pirâmides eram maravilhosas, mas também representam símbolos do


trabalho escravo milhares de homens forçados a prestarem à glorificação de imperadores
absolutos.
Contudo Gombrich (2002, p. 55) afirma,

Nenhum monarca e nenhum povo teria suportado semelhante gasto, e passado por
tantas dificuldades, caso se tratasse da criação de um mero monumento. De fato,
sabemos que as pirâmides tinham sua importância pratica aos olhos dos reis e seus
súditos. O rei era considerado um ser divino que tinha completo domínio sobre eles
e, ao partir deste mundo, voltava a ascender para junto dos deuses donde viera.

Após o término da Quarta Dinastia grandes pirâmides nunca mais foram erguidas
embora pirâmides de proporções bem mais modestas continuassem a ser construídas.
18

3.2.2 Novo Império

A divindade do poder real do faraó foi afirmada de uma nova forma durante o
Novo Império: através da associação com o deus Amon, cuja identidade havia sido fundida
com a do deus-sol Ra e que se tomara a divindade suprema, assim, energias arquitetônicas
sem precedentes foram canalizadas para a construção de imensos templos de Amon sob o
patrocínio real, tal como o templo de Luxor. (JANSON, 1999).
Também afirma Proença (1999, p. 20)

Foi no Novo Império (1580-1085 a.C.) que o Egito viveu o apogeu de seu poderio e
de sua cultura. Os faraós reiniciaram as grandes construções. Dessas, as mais
conservadas são os templos de Carnac e Luxor, ambos dedicados ao deus Amon.
Esteticamente, o aspecto mais importante desses templos é um novo tipo de coluna,
trabalhada com motivos tirados da natureza, como o papiro e a flor de lótus.

A fachada consiste em duas paredes maciças com laterais em declive, que


flanqueiam a entrada esse pórtico ou pilono leva a um pátio, um vestíbulo com pilastras, um
segundo pátio e outro vestíbulo com pilastras, além dos quais se encontra o templo
propriamente dito. Com exceção da monumental fachada, uma estrutura desse tipo é projetada
para ser apreciada a partir de seu interior; os fiéis comuns ficavam confinados ao pátio, e
podiam apenas maravilhar-se com a floresta de colunas que protegiam os recessos escuros do
santuário conforme figura 11. (JANSON, 1999).

Figura 11 - Templo de Luxor

Fonte: Wikipedia (2013)


19

Dentre os grandes monumentos funerários desse período, um dos mais


importantes é o túmulo da rainha Hatshepsut, que reinou de 1511 a 1480 a.C. durante a
menoridade de Tutmés 1.
“Trata-se de uma construção imponente e harmoniosa. O que contribui muito para
a beleza dessa obra é a maneira como foi concebida a montanha rochosa que lhe serve de
fundo constitui parte integrante do conjunto, de tal forma que há uma profunda fusão da
arquitetura com o ambiente natural.“ (PROENÇA, 1999, p. 20).
Observa-se na figura 12 que este monumento foi esculpida na grande parede de
rocha.

Figura 12 - Templo da rainha Hatshepsut

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Após o reinado de Tutancâmon, os reis da dinastia seguinte preocuparam-se em


expandir o poderio político do Egito. Essa expansão foi conseguida por Ramsés II.
Consequentemente, toda arte de seu reinado foi uma demonstração de poder. Isto pode ser
observado nas estátuas gigantescas e nas imensas colunas comemorativas dos feitos políticos
desse soberano, conforme ilustrada na figura 13 do Templo de Abu-simbell. (PROENÇA,
1999)
20

Figura 13 - Templo de Abu-simbell

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Conclui Baumgart (1999), estes templos e túmulos, as únicas edificações em


material não perecível, não permite reconhecer exatamente o aspecto das moradias dos faraós
e de sua corte. Devem naturalmente ter sido maiores e mais suntuosas do que as do povo
comum, eram porém como estas construídas de adobe e materiais vegetais, de maneira que
nada se conservou. As cabanas do povo não devem ter sido diferentes das do Egito atual.
As construções destinadas ao culto permitem uma ideia das edificações maiores,
pois, j á que os túmulos e os templos a eles liga- dos representavam a moradia destinada aos
mortos na eternidade, a moradia dos vivos deve ter sido semelhante.

3.3 ESCULTURA

A escultura no Egito tem grande importância para entendermos como a civilização


antiga retratava seus faraós.

3.3.1 Antigo Império

No início da história egípcia existe uma obra de arte que é também um documento
histórico: uma paleta de ardósia representada na figura 14 que celebra a vitória de Narmer, rei
do Alto Egito, sobre o Baixo Egito, a mais antiga imagem conhecida de um personagem
21

histórico identificado por seu nome. Como ele o faz é nitidamente mostrado na figura de
Narmer: olho e ombros vistos de frente, cabeça e pernas de per fil. (JANSON 1999).

Figura 14 - Paleio do Rei Nanller

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Afirma Baumgart (1999, p. 21).

O rigor da conformação manifesta-se na estrutura em simetria axial, paralela às


construções do templo. Ao mesmo tempo é conservada a retangularidade do
bidimensional de representações planas, como que desmembrada na vista de frente e
de lado do bloco. Além das posições do braço e da, perna, que evitam uma
axialidade esquemática completa, a austeridade da composição é suavizada através
de recursos infinitamente sutis, quase imperceptíveis, que contudo têm seu efeito.

A abordagem "cúbica" da forma humana pode ser mais notavelmente observada


na escultura egípcia, tal como o esplendido grupo do faraó Miquerinos e sua rainha conforme
figura 15, o artista deve ter começado por delinear os planos frontal e lateral nas superfícies
de um bloco retangular, esses planos se encontraram. Só desse modo ele poderia ter obtido
figuras de uma firmeza e imobilidade tridimensionais tão intensas. Ambas estão com o pé́
esquerdo para diante, e todavia nada leva a pensar em um movimento para frente. O grupo
também apresenta uma comparação interessante entre a beleza masculina e a feminina
segundo a concepção de um excelente escultor, que não apenas soube contrastar a estrutura
dos dois corpos, mas também enfatizar as formas suaves e salientes da rainha através de um
vesti do leve e ajustado ao corpo. (JANSON, 1999)
22

Figura 15 - Miquerinos e sua esposa de Gizé

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Resume Strickland (2004), em muitos quilômetros de desenhos e entalhes em


pedra, a forma humana é representada em visão frontal do olho e dos ombros, e em perfil de
cabeça, braços e pernas.
O escultor que fez as estátuas do príncipe Rahotep e sua esposa Nofret (figura 16)
foi menos sutil a esse respeito. A cor mais es cura do corpo do príncipe não tem uma
importância individual; trata-se da forma padronizada de pele masculina da arte egípcia. Os
olhos foram embutidos em quartzo brilhante, para torná-los o mais vivos possível, e a
qualidade de retrato dos rostos é bastante acentuada. (JANSON, 1999)

Figura 16 - O Principe Raholep e SlIa Esposa Nofrel

Fonte: Blog História da Arte (2013)


23

A manifestação artística que ganhou as mais belas representações no Antigo


Império foi a escultura. Apesar de nessa arte existirem também muitas convenções, a
escultura desenvolveu uma expressividade que surpreende o observador. A estátua revela
dados particulares do retratado como sua fisionomia, seus traços raciais e sua condição social,
podemos observar pela figura 17 a escultura de um escriba.

Figura 17 - Escriba Sentado

Fonte: Blog Aprender Sociales (2013)

Estátuas do faraó ofereciam uma morada alternativa para o ka, caso o corpo
mumificado se deteriorasse e não pudesse mais hospedá-lo.
Segundo Gombrich (2002, p. 58).

Se a fiel imagem do rei também fosse preservada, não havia dúvida alguma de que
ele continuaria vivendo para sempre. Assim, ordenavam aos escultores que
esculpissem a cabeça do rei em imperecível granito e a colocassem na tumba onde
ninguém a via para aí exercer sua magia e ajudar sua alma a manter-se viva na
imagem e através desta. Uma expressão egípcia para designar o escultor era,
realmente, "Aquele que mantém vivo".

Feitas para durar eternamente, as estátuas eram esculpidas em substâncias duras,


como granito ou diorito. Sentadas ou em pé, tinham poucas partes protuberantes que
pudessem se quebrar.
24

3.3.3 Novo Império

Akhenaton foi um revolucionário não apenas em sua fé́ , mas também em suas
preferencias artísticas, incentivando conscientemente um novo estilo e um novo ideal de
beleza. O contraste com o passado fica admiravelmente claro em um retrato em baixo-relevo
de Akhenaton (figura 18); comparado com as obras no estilo tradicional (figura 19), essa
cabeça parece, à primeira vista, urna caricatura brutal, com seus traços estranhamente
desfigurados e contornos sinuosos e excessivamente enfáticos. Ainda assim, podemos
perceber sua afinidade com o busto merecidamente famoso da rainha de Akhenaton, Nefertiti.
(JANSON, 1999).

Figura 18 - A Rainha Nefertiti

Fonte: Blog História da Arte (2013)


25

Figura 19 - Akhenaton (Amenhotep IV)

Fonte: Blog História da Arte (2013)

O que caracteriza esse estilo não é tanto um maior realismo, mas sim um novo
sentido da forma, que procura abrandar a imobilidade tradicional da arte egípcia.

3.4 PINTURA

A pintura egípcia é caracterizada pela sua técnica de frontalidade, neste será


abordado os principais períodos para compreendermos esta arte antiga.

3.4.1 Antigo Império

A arte egípcia estava intimamente ligada à religião por isso era bastante
padronizada não dando margem à criatividade ou à imaginação pessoal, a obra deveria revelar
um perfeito domínio das técnicas de execução e não o estilo do artista.
Dessa forma Proença (1999) comenta que na pintura e nos baixos relevos (figura
20) existiam muitas regras a serem seguidas. Dentre elas, a lei da frontalidade, que tanto
26

caracteriza a arte egípcia, era rigidamente obrigatória. Essa lei determinava que o tronco da
pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram
vistos de perfil.

Figura 20 - Baixo-relevo de um túmulo próximo de Sacará

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Ainda Proença (1999). De acordo com essa convenção, a arte não deveria
apresentar uma reprodução naturalista que sugerisse ilusão de realidade. Assim, diante de uma
figura humana retratada frontalmente, o observador não pode- ria confundi-la com o próprio
ser humano. Ao contrário, deveria reconhecer claramente que se tratava de uma
representação.

Apesar disso, também aqui a fronteira para um realismo desordenado não é


ultrapassada; ainda é observada a exatidão de da bidimensionalidade "retangular", e
a associação com os ideogramas dos hieróglifos reforça a medida inerente de
abstração. (BAUMGART, 1999, p. 20)

Para nós, esses relevos e pinturas murais fornecem um quadro


extraordinariamente vigoroso da vida no Egito há milhares de anos. E, no entanto, olhando-os
pela primeira vez, é muito provável que os achemos bastante insólitos e nos causem uma certa
perplexidade. A razão é que os pintores egípcios tinham um modo de representar a vida real
muito diferente do nosso. (GOMBRICH, 2002)
Eles desenhavam de memória, com regras estritas que asseguravam que tudo o
que tinha de entrar no quadro se destacaria com perfeita clareza. O método mais assemelhava-
se ao do cartógrafo do que ao do pintor.
27

3.4.2 Novo Império

Na pintura surgem criações artísticas mais leves, e de cores mais variadas que as
dos períodos anteriores. A postura rígida das figuras é abandonada, e elas parecem ganhar
movimento.
Comenta Stickland (2004) que nas pinturas em paredes, a superfície é dividida em
painéis horizontais separados por linhas. A figura despojada, de ombros largos e quadris
estreitos, usando adorno na cabeça e tanga, posa rigidamente com os braços para os lados e
uma perna adiante da outra. O tamanho da figura indica sua posição: os faraós são
representados como gigantes sobressaindo entre criados do tamanho de pigmeus. Nota-se esta
diferença de tamanhos na figura 21.

Figura 21 - Pintura da Tumba de Nebonum

Fonte: Blog História da Arte (2013)

Comenta Gombrich (2002). O estilo egípcio englobou uma série de leis muito
rigorosas, que todo artista tinha que aprender desde muito jovem. As estátuas sentadas tinham
que ter as mãos sobre os joelhos; os homens tinham que ser pintados com a pele mais escura
do que as mulheres; a aparência de cada deus egípcios era rigorosamente estabelecida: Horo,
o deus-sol, tinha que ser apresentado como um falcão ou com uma cabeça de falcão; Anúbis,
o deus da morte, como um chacal ou com uma cabeça de chacal (figura 22).
28

Figura 22 - O Deus com rosto de Chacal Anúbis

Fonte: Blog História da Arte (2013)

As pinturas e os hieróglifos nas paredes eram uma forma de inventariar a vida e as


atividades diárias do falecido nos mínimos detalhes (figura 23).

Figura 23 - Pintura na câmara tumular de Nefertari

Fonte: Wikipedia (2013)

A maioria destas pinturas foram encontradas nos túmulos dos grandes nomes do
Egito antigo, eram pintadas para o faraó, por exemplo, com o intuito deste comtemplar após
sua morte.
29

4. MESOPOTAMIA

A mesopotâmia é um dos períodos mais importantes da história, ocorreu a


invenção da escrita e muito que utilizamos nos dias atuais provém desta época e civilização,
ressalta-se a arquitetura e escultura para compreender a arte deste povo.

4.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Na Mesopotâmia desenvolveu-se, antes mesmo do Egito, uma cultura elevada,


que surgiu com diferentes cidades-estados no sul na região da confluência do Eufrates e do
Tigre. Seus fundadores foram os sumérios, vindos da Pérsia em 4000 a.c., que inventaram a
escrita cuneiforme e organizaram uma administração cujo centro era constituído pelos
templos.
As concepções religiosas diferenciavam-se assim sensivelmente das do Egito, o
que também se manifesta na ausência de um culto desenvolvido do túmulo e aos mortos.
Arquitetura e artes figurativas possuem outra função do que no Vale do Nilo, e por
conseguinte outras formas. (BAUMGART, 1999)
Segundo Gombrich (2002). A arte da Mesopotâmia, como o vale formado pelos
dois rios era designado em grego, é menos conhecida do que a arte do Egito. Isso deve-se, em
parte, a um acidente. Não havia pedreiras nesses vales e a maioria dos edifícios eram
construídos com tijolo cozido que, no transcurso do tempo, se desintegravam e convertiam em
pó.

Mas o vale do Tigre e do Eufrates, ao contrário do vale do Nilo, não é uma estreita
faixa de terra fértil protegida por desertos; parece mais uma depressão larga e rasa
com poucas defesas naturais, fácil de ser invadida por qual quer direção. Dessa
forma, a região mostrou-se quase impossível de ser unificada sob um mesmo
governante. A história politica da Mesopotâmia antiga não apresenta um tema
subjacente, tal como o caráter divino da realeza que existia no Egito; as rivalidades
locais, as invasões estrangeiras, a súbita eclosão e o igualmente súbito colapso do
poder militar é que constituem a sua substância. Mesmo assim, houve uma
admirável continuidade das tradições artísticas e culturais, que, em grande parte, são
criação dos antepassados que fundaram a civilização mesopotâmica, aos quais
chamamos de sumérios. (JANSON, 1999, p. 32)

Os sumérios fundaram algumas cidades-estados e desenvolveram sua escrita


inconfundível, em caracteres cuneiformes sobre placas de argila conforme a figura 24.
30

Figura 24 - Escrita cuneiforme

Fonte: Wikipedia (2013)

Após a metade do terceiro milênio a.C., os habitantes semíticos do norte da


Mesopotâmia dirigiram-se para o sul em número cada vez maior, até que tomaram-se mais
numerosos que os sumérios. Embora tenham adotado a civilização suméria, estavam muito
menos presos à tradiçâo do socialismo teocrático. Foram eles que geraram os primeiros
dirigentes mesopotâmicos que se referiam abertamente a si próprios como reis e tornaram
pública a ambição de conquistar os seus vizinhos. Poucos foram bem-sucedidos; o segundo
milênio a.c. foi um período de distúrbios quase ininterruptos. Sem dúvida nenhuma, a maior
figura da época foi Hamurabi, sob cujo governo a Babilónia tomou-se o centro cultural da
Mesopotâmia. (JANSON 1999)
Continua Jason (1999). As descobertas arqueológicas mais abundantes datam da
terceira fase mais importante da história mesopotãmica, aquela entre cerca de 1000 e 500 a.c.,
que foi dominada pelos assírios. Esse povo expandira-se lentamente a partir da cidadeestado
de Assur, no curso superior do Tigre, até dominar o país inteiro. No apogeu de seu poder, o
Império Assírio estendeu-se da península do Sinai até a Armênia. O Império Assírio foi
derrubado por uma invasão do leste. Naquela ocasião, o comandante do exército assírio no sul
da Mesopotãmia proclamou-se rei da Babilônia; sob seu governo e o de seus sucessores, a
velha cidade teve um breve e derradeiro florescimento entre 612 e 539 a.C., antes que fosse
conquistada pelos persas.
31

4.2 ARQUITETURA

A diferença do templo para as moradias profanas estava na execução mais


elaborada, na transformação do pátio em sala interna e na construção em plano elevado, de
especial significado, pois com isso o templo tornava-se visível de grande distância e era
aproximado do céu, ou melhor, era colocado sobre uma montanha, cujo cume imaginavam ser
o local do trono dos deuses. Assim foi criada a forma do zigurate, preservada até o fim,
independentemente de todas as soberanias (torre de Babel no séc. VII a.e.). Ao mesmo tempo
já se distingue aqui a ausência de uma disposição em simetria axial rígida, típica para os
egípcios. A subida para o templo através de escadarias sucede-se em qualquer um dos cantos,
a entrada para o santuário situa-se ao lado. Em lugar da via de procissão longa e reta, a
aproximação ocorre em muitos desvios. (JANSON, 1999)
Ainda Janson (1999) discorre que devemos ver o zigurate (figura 25) e o templo
como um conjunto, o complexo é planejado de tal forma que o fiel, partindo da base da
escadariado lado leste, vê-se forçado a prosseguir em círculos, acompanhando todos os
volteios do caminho até alcançar o salão principal do templo. O caminho processional, em
outras palavras, lembra uma espécie de espiral angulosa. Essa "abordagem de eixo inclinado"
é uma característica fundamental da arquitetura religiosa da Mesopotâmia, em contraste com
o eixo simples, em linha reta, dos templos egípcios.

Figura 25 - Zigurate de Ur

Fonte: Wikipedia (2013)

A elevação, com suas partes laterais em declive reforçadas por solida alvenaria de
tijolos, eleva-se a uma altura de 12 metros; escadas e rampas levam até a plataforma na qual
fica o santuário, chamado de "Templo Branco" (figura 26). Suas pesadas paredes, articuladas
32

por saliências e reentrâncias separadas por espaços regulares, encontram-se suficientemente


bem preservadas para sugerir algo da aparência original da estrutura. (JANSON, 1999)

Figura 26 - Planta do Templo Branco

Fonte: Janson (1999)

O mais famoso deles, a Torre de Babel bíblica, foi completamente destruído, mas
um exemplo muito anterior, construído antes de 3000 a.C.
Segundo Strickland (2004) os autores bíblicos viam a magnífica Torre de Babel
(figura 27), de noventa metros de altura, com um emblema da arrogância humana tentando
chegar ao céu. O historiador grego Heródoto descreveu-a como um amontoado de oito torres
empilhadas, com 120 leões em cerâmica vitrificada vivamente colorida conduzindo a portões
de metal maciço. Uma escada em espiral externa levava ao topo da torre onde um santuário
interno continha um sofá e uma mesa de ouro ricamente adornados.
33

Figura 27 - Torre de Babel

Fonte: Wikipedia (2013)

Os Jardins Suspensos (figura 28), um das Sete Maravilhas do Mundo Antigo,


eram igualmente grandiosos. Com árvores e arbustos de flores luxuriantes se debruçando
sobre a cidade. Alguns acreditam se tratar do histórico Jardim do Éden.

Figura 28 - Jardins Suspensos

Fonte: Wikipedia (2013)

Ao contrário dos assírios, os neobabilônicos usavam tijolos cozidos e esmaltados


em suas construções, pois ficavam muito distantes das fontes de lajes de pedra. Essa técnica
também havia sido desenvolvida na Assíria, mas era agora usada em muito maior escala, tanto
para os ornamentos de superfície quanto para os relevos arquitetônicos. Seu efeito
característico fica evidente no recinto sagrado do Portal de Ishtar (figura 29) de
Nabucodonosor, na Babilônia (JANSON, 1999).
34

Figura 29 - Portal de lshtar

Fonte: Wikipedia (2013)

Percebe-se na arquitetura da mesopotâmia uma riqueza em detalhes e técnicas


construtivas, suas construções eram destinadas para a vida o que difere das construções do
Egito destinadas a morte.

4.3 ESCULTURA

A imobilidade as aproxima das esculturas egípcias, porém a forma construída a


partir de cilindros se contrapõe à exatidão de blocos retan-gular destas. Os enormes olhos,
mais rehlçados nas figuras divinas, também conferem às estatuetas algo mágico, que não
existe no Egito nesta forma. Aqui se manifesta um tipo completamente diferente de
concepção de deuses e sentimento religioso. (BAUMGART 1999).
Completa ainda Janson (1999). O que diferencia as duas divindades não é apenas
o tamanho, mas o maior diâmetro das pupilas de seus olhos, embora os olhos de todas as
figuras sejam enom1es. Seu insistente olhar fixo é enfatizado por incrustações coloridas.
Pretendia-se que o sacerdote e os fiéis se comunicassem com os dois deuses através dos olhos
(figura 30).
35

Figura 30 - Estátuas do Templo de Abu

Fonte: Janson (1999)

Se o sentido da forma do escultor egípcio era essencialmente cúbico, o dos


sumerianos baseavase no cone e no cilindro: braços e pernas têm a rotundidade de tubos, e as
longas saias usadas por todas as figuras mostram curvas tão polidas e regulares que parecem
ter sido lavradas por um tomo. (JANSON, 1999).
Além da arquitetura, a forma de arte predominante da Mcsopotâmia era o baixo-
relevo. Combinados com a escrita cuneiforme, em forma de cunha, os entalhes descrevem
escrupulosamente, cena após cena, os feitos militares. (STRICKLAND, 2004).
Conforme Janson (1999) nesse particular, a arte assíria atinge níveis
extraordinários, especialmente nos esplêndidos relevos de Nínive (figura 31), que mostram
cenas de caçadas de leões, é admirável não apenas pelas gradações sutis da superfície
esculpida, que exprime toda a força e volumedo corpo, apesar da pouca profundidade do rele-
vo, mas principalmente pela trágica grandiosidade da agonia derradeira do animal.
36

Figura 31 - A Leoa Ferido, de Ninive

Fonte: Blog Universo da História (2013)

Os mesopotâmicos também eram excelentes na cerâmica e na produção de joias e


adornos em ouro com pedras preciosas, muito não restou desta civilização, mas com o pouco
pesquisado pode-se ter certeza de um povo que desenvolveu talentos e técnicas que são
usadas até hoje.
37

5. CONCLUSÃO

Por meio desta pesquisa foi possível entender como nasceu a arte com o homem
pré-histórico, e seu desenvolvimento com os povos do berço ocidental. O homem por meio
das necessidades de evoluir utilizou-se de ferramentas para desenvolver sua habilidades e
estas se tornaram expressões da arte, o que era um ofício no passado hoje entendemos como
arte, assim como o homem de hoje produzirá conforme suas necessidades e num futuro
distante será observado como arte, uma representação do seu modo de pensar dada sua cultura
e fatores regionais.
Observou-se que mesmos distantes algumas civilizações compartilhavam de
maneira semelhantes algumas representações, mas também outras bem distintas, por fatores
regionais, culturais e religiosos a necessidade era diferente. No Egito o solo era fértil devido
ao rio Nilo fazendo que sua agricultura fosse abundante, sua região tinha proteção natural de
montanhas rochosas permitindo uma cultura bem característica sem intervenções, também
utilizam-se destas rochas para construir seus templos e obras mortuários que durariam
séculos. Enquanto esta civilização venerava a morte e a continuação na Mesopotâmia
observou que foi muito diferente, características locais e culturais fez-se esta civilização
transpor sua arte distinta a qual foi base para outras civilizações vindouras.
Este estudo permitiu a obtenção do conhecimento sobre a arte antiga e sua
complexidade, servirá como base para o desenvolvimento de novas pesquisas e estudos,
aprimorando ainda mais o entendimento desta importante e mágica característica humana de
criatividade através dos tempos chamada arte.
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REFERÊNCIAS

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