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Arte egípcia

A sociedade egípcia é uma civilização da antiguidade muito rica em termos


culturais. Podemos conhece-la por conta da linguagem estruturada dos
egípcios, os hieroglifos (ou hieróglifos), que em grego significa escrita
sagrada.

Praticamente tudo na civilização egípcia é norteado pela religião. Portanto,


vários ritos, preces e templos eram desenvolvidos para assegurar a felicidade
durante a vida e a vida após a morte.

A arte egípcia tem forte ligação com essa crença na vida após a morte. Os
túmulos, as estatuetas e os vasos deixados para os mortos tinham valor
religioso.

No Antigo Império Egípcio (3200 - 2200 a. C.) foram construídos


importantes monumentos artísticos para atestar a grandiosidade do poder
político e religioso dos faraós. Os primeiros monumentos funerários foram as
Mastabas, que eram monumentos retangulares e pequenos. Estas evoluíram
para as pirâmides de degraus, como a pirâmide de Djoser, que é tida como a
primeira grande obra egípcia, com 60 metros de altura. Ela nasceu como uma
mastaba de 8 metros, passou por uma pirâmide de 45 metros, até chegar na
sua forma final.

Figura 1 - Pirâmide de Djoser

As pirâmides de degraus evoluíram para as verdadeiras pirâmides, das quais


as mais famosas são aquelas construídas no deserto de Gizé por importantes
reis do Antigo Império: Quéops (146 metros de altura), Quéfren e Miquerinos.
São monumentos que não utilizam argamassa entre os blocos de pedra que
formam as paredes. As pirâmides eram construídas para sepultar os grandes
reis do Egito, juntamente com sua família e sua riqueza.
O fato de a riqueza estar junto na pirâmide fazia com que muitos saqueadores
tentassem roubar estes pertences, e por isso os construtores das pirâmides,
que montavam verdadeiros labirintos internos, eram todos mortos com o
término da obra. O interior da pirâmide continha ainda pinturas que afastavam
os saqueadores e maus espíritos.
Outro detalhe interessante é que o Faraó escolhia dois soldados para
morrerem com ele, pois assim eles o ajudariam a fazer a passagem da vida
para a morte (e eles ficavam honrados com a escolha!!!).

Figura 2 - Pirâmides de Gizé

Acredita-se que o formato das pirâmides auxiliava na ascensão dos faraós aos
céus.
Também no deserto de Gizé foi construída a Esfinge de Quéfren.
Figura 3 - Esfinge de Quéfren

Uma grande característica da arte egípcia é o Antropozoomorfismo, em


que os egípcios mesclavam corpos e cabeças de homens e animais. Seus
deuses eram representados com a cabeça de um animal e o corpo de homens
ou mulheres. Como exemplos, temos que Rá era o deus do sol, Osíris era o
deus da vida e julgava os mortos, Anúbis guardava o submundo, Seth era o
deus do caos e das guerras e Thoth era o deus do conhecimento e da
sabedoria.

A arte egípcia tem como característica ser anônima, pois os artistas deveriam
seguir um rigoroso domínio das técnicas de execução, e não o estilo do artista.
A padronização acontecia para difundir preceitos e crenças religiosas, e,
portanto, não havia espaço para a imaginação ou para a criatividade dos
artistas.

A primeira grande regra era a “lei da frontalidade”, a qual determinava


que o tronco deveria sempre ser representado de frente, enquanto a cabeça
(com exceção do olho), as pernas e os pés eram representados de perfil. A lei
da frontalidade também destacava em primeiro plano (ou seja, sem
profundidade, mas essa falta de profundidade não demonstrava um
desconhecimento técnico, e sim um respeito religioso) todos os desenhos
retratados.
Figura 4 - Exemplo da lei da frontalidade

A convenção da frontalidade impedia que o observador confundisse a


representação com a realidade. Ao contrário, ele sempre saberá que se trata
de uma representação.

Outra característica forte da pintura egípcia e a presença de cores


chapadas, ou seja, sem degradês, sem sombreado.
Outra importante lei da pintura era a “Lei da Hierarquia”, a qual
determinava que dependendo da importância hierárquica daquela pessoa na
sociedade ela deveria ser retratada em um determinado tamanho. A sequência
de importância das pessoas era:
 Faraó;
 Rainha;
 Nobres e Sacerdotes;
 Soldados;
 Escribas;
 Comerciantes;
 Artesãos;
 Camponeses;
 Escravos.
Detalhe interessante é que as mulheres ocupavam os mesmos cargos que os
homens, ou seja, na sociedade egípcia os gêneros tinham direitos
equivalentes.

Apesar das muitas convenções que existiam também para a escultura, esta
manifestação artística desenvolveu uma expressividade surpreendente e nos
ajuda a conhecer a fisionomia, os traços e a cultura egípcia. O escultor egípcio
era chamado como “aquele que mantém vivo”. Mais uma vez surge a relação
da vida após a morte, pois os sarcófagos eram esculpidos de forma idêntica ao
faraó enterrado para que ele, após a morte, em alma, pudesse reconhecer seu
corpo.
Em geral, a escultura produziu esfinges (metade homem, metade animal,
mostrando, por exemplo, a força do animal e a sabedoria humana), bustos de
faraós e de sua família, e o corpo do faraó e de sua família. Nas esculturas a
lei da hierarquia também se faz presente, e uma espécie de lei da frontalidade
afrouxada também, já que o corpo era representado de frente, mas os pés e a
cabeça também. Quando o homem era esculpido em pé, seu pé esquerdo
ficava a frente.
As esculturas eram feitas em apenas uma pedra, por isso são chamadas
monolítico. Acredita-se que isso evitava as quebras de partes da escultura, e
que isso tem relação com a necessidade de preservar a imagem para alcançar
a vida eterna.

No Médio Império (2000 – 1750 a.C.) o conservadorismo das técnicas


de criação voltou a permitir a produção de esculturas e retratos estereotipados
que representavam a aparência ideal dos seres, não a real.

No Novo Império (1580-1085 a.C.) o Egito viveu o apogeu de sua


civilização, e os reis voltaram a construir grandes monumentos. Os mais
conservados são os construídos em homenagem ao deus Amon, em Carnac e
em Luxor. Agora, os templos possuem colunas com motivos tirados da
natureza. Eram três tipos de colunas, divididas conforme seu capitel (parte
superior que entra em contato com a lage):
 Palpiforme – em formato de flores de palmeira;
 Lotiforme – em formato de flor de lótus;
 Papiriforme – em formato de flor de papiro aberta ou fechada.

Figura 5 - Colunas egípcias


Figura 6 - Templo de Luxor

Ainda neste período, o Egito produziu grandes monumentos funerários,


como o túmulo da rainha Hatshepsut, que reinou entre 1511 e 1480 a.C. A obra
foi concebida em harmonia com a montanha rochosa ao fundo, fundindo
arquitetura e natureza.

Figura 7 - Templo da rainha Hatshepsut

Neste momento, a pintura ganha movimento e pode até desobedecer a lei da


frontalidade, pois Amenófis IV neutralizou o poder dos sacerdotes. Os
sacerdotes recuperaram o prestígio com a morte de Amenófis IV, durante o
reinado de Tutancâmon, mas este faraó morreu aos 18 anos. Tutancâmon
foi sepultado em um Hipogeu, que é um túmulo semelhante à pirâmide, mas
embaixo da terra. O seu sarcófago (ou conjunto de três sarcófagos) é uma
das grandes relíquias deixadas pelos egípcios. A última delas, a que continha o
corpo do faraó, era constituída de ouro maciço e aplicações em lápis-lazúli,
coralinas e turquesas.
Os reis da dinastia seguinte se preocuparam em ampliar o poderio político do
Egito, o que aparece na arquitetura da época. Os feitos políticos dos reis eram
comemorados com estátuas gigantescas e imensas colunas nos templos.
Figura 8 - Templo de Abu Simbel

Nesta época, hieróglifos eram utilizados como elementos estéticos nas


construções, como forma de gravar para a posteridade os grandes feitos dos
reis. Com os egípcios se inicia uma rica estrutura de linguagem e uma forma de
literatura. Eles desenvolveram no império novo o livro dos mortos, com
narrativas e hinos, estes que já vinham sendo escritos desde o antigo império,
como pode-se comprovar com os registros em papiros.

Com a morte de Ramsés II, o Egito passa a ser governado pelos sacerdotes
e, com as recorrentes invasões estrangeiras, a sociedade e a arte dela se
desorganizam.

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