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1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...............................................................................................1
1.1
VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS E DE ILUMINAÇÃO .................................................................2
1.2
ALGUMAS FRASES DE IMPACTO .....................................................................................4
2
DISCUSSÕES SOBRE CONSIDERAÇÕES DE PROJETO .................................................................5
2.1
OBJETOS................................................................................................................5
2.2
ESPAÇOS ................................................................................................................5
2.3
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ......................................................................................7
2.4
ESTRATÉGIAS DE ILUMINAÇÃO APLICADAS EM PROJETO ..................................................... 11
3
VISÃO .................................................................................................................... 17
4
A PERCEPÇÃO DA LUZ ................................................................................................. 20
4.1
AS CONSTÂNCIAS DA PERCEPÇÃO ................................................................................ 20
4.2
A QUEBRA DAS CONSTÂNCIAS DA PERCEPÇÃO ................................................................. 21
4.3
OUTROS FENÔMENOS DA PERCEPÇÃO ........................................................................... 24
4.4
TEORIA DA GESTALT ................................................................................................ 28
4.5
A COR INEXISTENTE ................................................................................................ 33
4.6
MAIS FENÔMENOS DE PERCEPÇÃO ................................................................................ 34
5
A LUZ .................................................................................................................... 35
6
FOTOMETRIA ............................................................................................................ 36
6.1
GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS ...................................................................................... 36
6.2
FLUXO RADIANTE ................................................................................................... 36
6.3
FLUXO LUMINOSO ................................................................................................... 37
6.4
EFICIÊNCIA LUMINOSA .............................................................................................. 37
6.5
INTENSIDADE LUMINOSA ........................................................................................... 38
6.6
ILUMINÂNCIA ......................................................................................................... 40
6.7
LUMINÂNCIA ......................................................................................................... 41
6.8
CONTRASTE .......................................................................................................... 41
7
COR....................................................................................................................... 43
7.1
TEMPERATURA DE COR ............................................................................................. 44
7.2
ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE COR: ................................................................................ 45
7.3
USO DAS CORES NO AMBIENTE DO TRABALHO ................................................................. 46
7.4
USO DAS CORES NAS SINALIZAÇÕES .............................................................................. 47
7.5
MISTURA DE CORES ................................................................................................. 48
7.6
CLASSIFICAÇÃO DAS CORES ....................................................................................... 50
7.7
APARÊNCIA DA COR ................................................................................................. 51
8
LEIS FUNDAMENTAIS DA ILUMINAÇÃO............................................................................... 53
8.1
LEI DO INVERSO DO QUADRADO .................................................................................. 53
8.2
LEI DO COSENO ...................................................................................................... 53
8.3
LEI DA ADITIVIDADE ................................................................................................ 54
9
PROPRIEDADES ÓTICAS DOS MATERIAIS ............................................................................ 55
9.1
REFLETÂNCIA, TRANSMITÂNCIA E ABSORTÂNCIA .............................................................. 55
9.2
REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E REFRAÇÃO ......................................................................... 56
10
CONFORTO VISUAL..................................................................................................... 58
10.1
DESEMPENHO DE TAREFAS VISUAIS .............................................................................. 58
10.2
NECESSIDADES RELACIONADAS A TAREFAS VISUAIS ........................................................... 71
10.3
NECESSIDADES BIOLÓGICAS ....................................................................................... 77
10.4
NOVE REGRAS PARA O PROJETO DE ILUMINAÇÃO ............................................................. 77
11
ILUMINAÇÃO NATURAL ................................................................................................ 79
11.1
A NATUREZA DA LUZ NATURAL ................................................................................... 79
11.2
TIPOS DE CÉU ........................................................................................................ 79
11.3
CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL (CIN) .............................................................. 80
11.4
Método de Cálculo da Contribuição da Iluminação Natural ................................................. 81
11.5
METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE EP ATRAVÉS DO DCRL ............................................ 83
11.6
ESTRATÉGIAS BÁSICAS PARA ILUMINAÇÃO NATURAL .......................................................... 95
11.7
ESTRATÉGIAS BÁSICAS PARA JANELAS ........................................................................... 98
11.8
ESTRATÉGIAS AVANÇADAS PARA JANELAS ..................................................................... 102
11.9
ILUMINAÇÃO ZENITAL ............................................................................................. 107
11.10
TÉCNICAS ESPECIAIS DE ILUMINAÇÃO NATURAL .............................................................. 113
11.11
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL COMO SUPLEMENTO DA ILUMINAÇÃO NATURAL ................................ 117
11.12
ANÁLISE DE LUZ NATURAL COM MAQUETES ................................................................... 120
Dicas para a Construção de Modelos .............................................................................. 120
12
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL ............................................................................................. 123
12.1
A LUZ ARTIFICIAL .................................................................................................. 123
12.2
FONTES DE LUZ ARTIFICIAL ...................................................................................... 123
12.3
LUMINÁRIAS ......................................................................................................... 130
12.4
SISTEMAS DE CONTROLE .......................................................................................... 131
12.5
VERIFICAÇÃO DA ILUMINAÇÃO EM AMBIENTES ................................................................ 132
12.6
MÉTODO DA ILUMINÂNCIA MÉDIA ................................................................................ 132
12.7
MÉTODO PONTO-A-PONTO ....................................................................................... 135
12.8
MÉTODO DO FLUXO TRANSFERIDO (DIFERENÇAS FINITAS) .................................................. 136
12.9
PROJETO LUMINOTÉCNICO ....................................................................................... 136
13
MEDIÇÃO DA LUZ EM AMBIENTES ................................................................................... 139
13.1
MEDIÇÕES DE ILUMINÂNCIA ...................................................................................... 139
13.2
MEDIÇÕES DE LUMINÂNCIA ....................................................................................... 142
14
CÉU ARTIFICIAL........................................................................................................ 144
14.1
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO CAIXA DE ESPELHOS ................................................................ 144
14.2
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO ........................................................................ 145
14.3
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO COM/SEM DOMO TRANSLÚCIDO ................................. 145
14.4
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO COM DOMO OPACO REFLEXIVO .................................. 146
14.5
MEDINDO A CIN COM O CÉU ARTIFICIAL ........................................................................ 147
15
PROGRAMAS DE ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO ........................................................................ 148
15.1
RADIANCE ........................................................................................................... 148
15.2
ECOTECT ............................................................................................................ 149
16
ANEXO 1: NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA RECOMENDÁVEIS PARA INTERIORES ...................................... 150
17
ANEXO 2: COEFICIENTE DE REFLEXÃO DE ALGUNS MATERIAIS E CORES ..................................... 152
18
ANEXO 3: PEQUENO GLOSSÁRIO DE TERMOS USADOS (OU NÃO!) NA APOSTILA ............................ 153
19
EXERCÍCIOS: ........................................................................................................... 157
20
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 164
A P O S T I L A : I L U M I N A Ç Ã O N A A R Q U I T E T U R A
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
“Cada vez mais, a luz me parece ser a parte mais bonita da arquitetura”
FRANK LLOYD WRIGHT
FIGURA 1-1: GUGGENHEIN MUSEUM, NEW YORK, EUA, DE FRANK LLOYD WRIGHT
O ser humano é totalmente dependente da luz... (veja Figura 1-2)
FIGURA 1-2: CENA DO FILME "PAPILLON", DE 1973, COM STEVE MCQUEEN E DUSTIN HOFFMAN
Cerca de 70% da percepção humana é visual.
A luz é diferente de local para local e também no tempo.
Às vezes, o ARQUITETO deve aceitar a luz como ela é e projetar a forma em resposta a ela.
Outras vezes, tanto a forma quanto a luz estão sob controle do arquiteto, não apenas no
interior, mas também à noite, no exterior.
O arquiteto cria o ambiente visual tanto moldando materiais quanto controlando a luz.
Nessa disciplina nós vamos trabalhar as informações necessárias para que vocês possam criar
ambientes iluminados com qualidade.
Esses ambientes incluem a luz necessária para satisfazer a três requisitos básicos da
iluminação. Além disso, um quarto aspecto importante será discutido, conforme ilustração ao
lado.
A iluminação é a segunda maior fonte significativa de consumo de energia em edifícios.
1.1
VARIÁVEIS ARQUITETÔNICAS E DE ILUMINAÇÃO
A boa iluminação em um edifício não vai simplesmente “acontecer”, mas deve ser
cuidadosamente projetada.
Isso não se refere apenas ao tamanho das janelas. Os conceitos a serem usados devem entrar no
processo de projeto desde as etapas iniciais, considerando aspectos de:
Volumetria do edifício – saliências e reentrâncias podem tanto bloquear a luz natural, como
facilitar seu ingresso no interior.
Vegetação existente e projetada – a vegetação, além de oferecer certas possibilidades de
controle da iluminação natural, ainda contribui para aspectos relacionados ao conforto
térmico, como sombreamento, umidificação, depuração do ar, etc.
Orientação – talvez o aspecto mais importante, pois define a quantidade e qualidade de luz
que cada fachada poderá obter.
do céu claro tem menor quantidade de partículas de água no ar que no Brasil, sendo portanto
mais transparente à luz natural. Tanto a quantidade quanto a qualidade da luz natural são
diferentes nesses diferentes tipos de céu.
Sistema de iluminação natural – o sistema de iluminação natural a ser empregado no
edifício, influencia muito na qualidade de iluminação do mesmo.
Sistema de iluminação artificial – o sistema de iluminação artificial a ser empregado nos
edifícios, também influencia na qualidade de iluminação dos ambientes. Além disso, a
correta integração entre os sistemas natural e artificial de iluminação pode propiciar
economia de energia elétrica e melhor qualidade de luz.
Sistemas de controle – os sistemas de controle empregados desempenham um papel
fundamental na qualidade da luz disponível, além de auxiliar o combate ao desperdício de
energia.
1.2
ALGUMAS FRASES DE IMPACTO
No Brasil, 20% de toda a energia consumida é destinada a iluminação.
E se concentrarmos o campo dessa pesquisa em edifícios comerciais e de serviços, esse
percentual aumenta para 40%.
Isso claramente mostra a importância do bom projeto de iluminação, como provedor de
qualidade espacial e de eficiência energética na arquitetura.
⊗⊗⊗
2
DISCUSSÕES SOBRE CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
2.1
OBJETOS
A iluminação tem um importante papel na determinação dos atributos visuais perceptíveis nos
objetos. Os objetos podem ter cinco diferentes atributos: brilho, luminosidade, matiz,
saturação, transparência e polidez, dependente da sua natureza e da maneira que são
iluminados. Essas características podem ser definidas como abaixo:
BRILHO: característica baseada na emissão de maior ou menor quantidade de luz por um
objeto
LUMINOSIDADE: baseada na reflexão ou transmissão de maior ou menor fração da luz
incidente no objeto
MATIZ: baseada na diferenciação entre cores, como por exemplo, vermelho, azul e amarelo
SATURAÇÃO: baseada na intensidade de pureza de uma cor, que pode variar da cor, por
exemplo, um objeto avermelhado pode ter sua cor variando do vermelho puro (vermelho
primário, saturação total) até o cinza (ausência total de saturação)
TRANSPARÊNCIA: esse atributo define se as cores são visualizadas no objeto ou atrás
(através) dele
POLIDEZ: define se uma superfície é mais polida (lustrosa) ou fosca
2.2
ESPAÇOS
Uma experiência com o intuito de avaliar a percepção visual de um espaço foi feita em um
pequeno ambiente de escritório iluminado de 18 maneiras diferentes. O NÍVEL DE
ILUMINAÇÃO (veja mais adiante na apostila) nas mesas de trabalho era sempre de 500 lux,
mas a distribuição da luz no resto da sala era bastante variada. Um grupo de pessoas foi
convidado para analisas a sala iluminada por cada uma das 18 possibilidades e responder a um
questionário. Nas respostas foram identificados três tipos básicos de fatores: se as pessoas
gostavam da instalação, se a luz era suficiente e se era interessante. A Figura 2-1 ao lado
mostra as posições das 18 instalações (a) num mapa. Os contornos nesse mapa mostram a
preferência relativa pelas diferentes instalações.
Percebe-se que as pessoas preferiram iluminação tanto com mais brilho quanto mais
interessante. Linhas regulares de luminárias podem produzir brilho, mas são raramente
interessantes. Disposições irregulares de iluminação podem ser interessantes, mas podem não
produzir iluminação suficiente.
Projetar a iluminação para ser ao mesmo tempo suficiente e interessante é um bom enfoque a
ser seguido em ambientes de trabalho.
Veja na Figura 2-1 as instalações usadas por Hawkes et al...
Na figura, observam-se dezoito diferentes instalações, conforme abaixo:
1. Linhas regularmente distribuídas de luminárias fluorescentes reentrantes no teto com
difusores
2. Seqüência de lâmpadas incandescentes mais iluminação fluorescente refletida em duas
paredes extremas
3. Linhas regularmente distribuídas de luminárias fluorescentes reentrantes no teto com painéis
prismáticos semelhantes a asas de morcego
4. Paredes iluminadas indiretamente por lâmpadas fluorescentes
FIGURA 2-1: MAPA MOSTRANDO A LOCALIZAÇÃO DAS 18 INSTALAÇÕES DIFERENTES DE ILUMINAÇÃO NA SALA DE
ESCRITÓRIOS NOS DOIS EIXOS CARTESIANOS – INTERESSE E BRILHO. NOTE AS LINHAS DE ISOPREFERÊNCIA
SOBREPOSTAS AO MAPA BASEADAS NA PREFERÊNCIA DAS PESSOAS PELAS INSTALAÇÕES. ESSAS LINHAS DEFINEM
ÁREAS DE IGUAL PREFERÊNCIA DESDE “A” (MAIS PREFERIDA) ATÉ “E” (MENOS PREFERIDA) – FONTE: HAWKES ET AL
Veja na Tabela 2-1 uma lista de dicas de iluminação para produzir impressões espaciais
específicas. A tabela baseia-se no trabalho de Flynn et al, que identificaram uma série de dicas
de iluminação que poderiam ser usadas para reforçar percepções específicas.
TABELA 2-1: DICAS DE ILUMINAÇÃO PARA PRODUZIR IMPRESSÕES SUBJETIVAS
Diferentes padrões de luz podem ser tratados como dicas sobre o significado dos espaços, que
em troca traz informações sobre sua possível função.
2.3
CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
2.3.1
APARÊNCIA DO ESPAÇO E DAS LUMINÁRIAS
Inclui tanto o arranjo de elementos como móveis e luminárias no espaço e as relações entre
eles. Esses elementos podem ajudar na orientação espacial do usuário. O design das luminárias
deve realçar o design e arquitetura do ambiente. A iluminação pode também ajudar a criar uma
imagem para o ambiente, como "escritório", "casual", "luxo", "industrial" ou "vanguarda".
2.3.2
"DESORDEM VISUAL"
Detalhes confusos e distrativos no campo visual. Por exemplo, equipamentos de iluminação
podem interferir na vista de paisagens naturais e da própria arquitetura. Áreas brilhantes ou
coloridas podem ser usadas para direcionar a visão para áreas de maior importância no campo
visual.
2.3.3
APARÊNCIA E CONTRASTE DE COR
Pode afetar a visibilidade e a plástica dos elementos visuais. Por exemplo, pinturas fluorescentes
podem realçar a visibilidade, mas podem destruir a composição formal de um ambiente. O
contraste de cor é a diferença entre a cor percebida entre a tarefa e o fundo, geralmente
importante em tarefas industriais e em marcas e sinais de segurança.
sombras na face e acentuar rugas e narizes, devendo ser evitada. A luz multidirecional melhora
a visualização da face.
2.3.15
DETECÇÃO PERIFÉRICA
O sistema visual humano é feito de forma a detectar movimento na periferia do CAMPO VISUAL
e a guiar a FÓVEA para esse movimento para inspeção e interpretação.
2.3.16
PONTOS DE INTERESSE
Um ponto de interesse é um objeto ou local ao qual a atenção é dirigida, usando-se movimento,
contraste de luminâncias e contraste de cores. Pequenos pontos de alta luminância podem
realçar o interesse visual (exemplo, a chama de uma vela ou lâmpadas decorativas em uma
árvore).
2.3.17
OFUSCAMENTO REFLETIDO
As reflexões brilhantes de objetos ou superfícies polidas são desconfortáveis e reduzem a
visibilidade da tarefa. Algumas reflexões podem reduzir a visibilidade da tarefa visual reduzindo
o contraste nesta.
2.3.18
SOMBRAS
As sombras podem interferir na tarefa visual colocando os detalhes no escuro (exemplo, a
sombra de um corpo num papel escrito) e podem aumentar a definição de detalhes
tridimensionais (exemplo, imperfeições num pedaço de tecido).
2.3.19
GEOMETRIA DA FONTE DE LUZ / TAREFA / OLHOS
As relações angulares entre o observador, a tarefa e a fonte de luz são freqüentemente críticas
para a visibilidade da tarefa. Esta geometria pode tanto realçar o contraste (marcas em relevo
numa régua plástica) quanto reduzi-lo (visualização de um painel de medidor através de vidro).
2.3.20
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
Existem considerações especiais associadas com tarefas e locais específicos como, por exemplo,
em locais onde a foto-degradação é possível (galerias de arte, estúdios de revelação fotográfica)
e em locais onde existe perigo (plataformas de estações de trem e metro, certas escadas,
degraus em ambientes de circulação).
2.3.21
CARACTERÍSTICAS DAS SUPERFÍCIES
As características dos objetos, como textura, cor, ESPECULARIDADE e valores de REFLETÂNCIA,
podem afetar a iluminação percebida nas paredes, tetos, fachadas de edifícios e pisos.
Ambientes internos devem ter altas refletâncias (paredes, 50 a 70%; tetos, 75 to 90%) para
salientar interreflecções e assim ajudar a reduzir contrastes indesejáveis entre a luminária e o
fundo. Altas refletâncias também permitem ao projetista produzir um ambiente iluminado
eficiente com menos watts e menos luminárias.
Para evitar o ofuscamento refletido as superfícies devem ter acabamento fosco. Para manter
visual interesse e estimular a visão, as superfícies podem ser mais escuras (ter refletâncias entre
20 e 50%), ter cores saturadas e acabamento polido. Essas características, no entanto, devem ser
aplicadas sem excesso.
2.3.22
FLEXIBILIDADE E CONTROLE DOS SISTEMAS
Alguns espaços requerem níveis de iluminação diferentes para variados tipos de tarefas. Salas de
conferências e auditórios em particular precisam ter equipamentos que permitam a exposição de
filmes, transparências e slides, entrevistas, encontros financeiros, apresentações e limpeza. Dois
ou mais circuitos de iluminação podem ser usados separadamente ou juntos para atingir variados
níveis de iluminação e padrões de luz. Um sistema pode iluminar as paredes, outro pode ter luz
direcionada para baixo no plano de trabalho e um terceiro pode controlar a iluminação geral do
ambiente. Cada tipo de cena pode ser projetado com a combinação de circuitos e o uso de
dimmers pode adicionar mais flexibilidade aos diversos usos.
2.4
ESTRATÉGIAS DE ILUMINAÇÃO APLICADAS EM PROJETO
Seis possibilidades de projeto serão discutidas nesta seção da apostila, ilustrando como
estratégias de projeto de iluminação podem influenciar e melhorar (ou mesmo piorar) o
ambiente visual. É importante observar que estas dicas de iluminação são genéricas e que cada
caso real deve ser estudado especificamente para resolver os possíveis problemas encontrados.
Para isso, nosso curso discutirá mais adiante a teoria e a prática necessárias para que o
projetista de iluminação possa analisar e desenvolver soluções diferenciadas para cada situação
e problema encontrado. Procure observar as ilustrações de forma qualitativa pensando, porém
que existe o aspecto quantitativo a ser estudado em cada caso.
2.4.1
AMBIENTE INDUSTRIAL
para os trabalhadores, que deixam de enxergar detalhes nas áreas mais escuras. Para garantir
uma uniformidade razoável da iluminação, os dados das lâmpadas e luminárias, fornecidos pelos
fabricantes, devem ser estudados, e cálculos ou simulação podem ser feitos. Ofuscamento
Direto: Afeta tanto o conforto visual quanto a habilidade do trabalhador em enxergar.
Luminárias de baixo brilho são úteis pois não expõem os trabalhadores à visão direta de
lâmpadas intensas em ângulos normais de trabalho que provocariam o ofuscamento. Sombras: As
máquinas e o corpo do trabalhador podem provocar sombras na região da tarefa visual a partir
da iluminação geral. O posicionamento das máquinas de acordo com luminárias individuais pode
resolver isso (ILUMINAÇÃO DE TAREFA).
2.4.2
ESCRITÓRIO
2.4.4
ENTRADA DE RESTAURANTE / ESTACIONAMENTO
A Figura 2-5 ilustra uma entrada de restaurante e seu estacionamento. Nesta situação as
estratégias mais importantes são: Ofuscamento Direto: Na iluminação de rua, use luminárias que
cortem o ângulo de ofuscamento direto. Evite usar luminárias cujas lâmpadas possam ser vistas.
Distribuição da Luz no Plano de Trabalho: Garanta que o estacionamento seja uniformemente
iluminado (usualmente um contraste de 4:1 é necessário). Detecção Periférica: Ilumine o
perímetro da área de forma a permitir que pedestres e motoristas vejam possíveis perigos
2.4.5
CABINE DE PASSAGEIROS EM UMA AERONAVE
A Figura 2-6 mostra uma cabine de passageiros em um avião comercial. A iluminação deve
permitir diversas atividades que podem acontecer durante o dia ou a noite, como a aterrissar do
avião, posicionar ou mexer na bagagem, ler, escrever, assistir filmes, caminhar, comer e mesmo
dormir. As estratégias a seguir são importantes: Flexibilidade e Controle dos Sistemas: A
iluminação geral requerida para armazenamento de bagagem pode ser muito brilhante para a
visualização de filmes ou para dormir. Assim, deve existir um controle flexível que permita à
tripulação reduzir a iluminação ambiente de toda a cabine. Além disso, o controle individual das
luzes de leitura permite que passageiros sentados lado a lado possam desempenhar tarefas
diferentes, como ler, escrever e dormir sem que um interfira no conforto do outro. Integração e
Controle da Luz Natural: As janelas permitem a visão para o exterior e iluminam a cabine
durante o dia. O sombreamento do tipo "blackout" deve ser projetado para evitar o ofuscamento
e controlar a luz natural conforme desejado. Geometria da Fonte de Luz / Tarefa / Olhos: As
luzes de leitura individuais devem ser cuidadosamente projetadas para permitir a boa leitura ou
escrita sem sombras indesejáveis, sem ofuscamento de outros passageiros e evitar reflexões.
Ofuscamento Direto: Altas iluminâncias devem ser evitadas na cabine para conforto e boa
visibilidade dos passageiros e atendentes. As luminárias devem ser direcionadas para longe dos
olhos dos passageiros, podendo-se usar luminárias com aletas, lentes e iluminação indireta.
Luminância das Superfícies: Use superfícies com cores claras, foscas e utilize iluminação indireta
no teto e nas paredes para aumentar a sensação de amplidão do ambiente. Aparência e
Contraste de Cor: Escolha fontes de luz que tenham uma boa reprodução de cor nos tons da pele
e nos acabamentos interiores da cabine. Visualização de Objetos e Rostos: A boa visualização da
face melhora a comunicação entre passageiros e tripulantes. Use alguma iluminação geral
indireta refletida a partir das superfícies claras para eliminar problemas com sobras nas faces.
3
VISÃO
HABILIDADE DE OBTER-SE INFORMAÇÃO ATRAVÉS DA LUZ
Os olhos (Figura 3-1) convertem luz em sinais elétricos que o cérebro processa.
SENTIDO da informação visual é conseqüência dos órgãos visuais (olhos e cérebro) e de
fatores como capacidade de associação, memória e inteligência.
A interpretação do que os olhos vêem é chamada PERCEPÇÃO (Capítulo 4).
O projeto de iluminação deve se basear no entendimento da “percepção”, mas nós vamos
primeiramente definir os conceitos de VISÃO.
A RETINA é constituída de dois tipos diferentes de células, os CONES e os BASTONETES.
Os cones são sensíveis à COR e aos DETALHES, enquanto que os bastonetes são sensíveis à
LUZ e ao MOVIMENTO.
A ÍRIS é um músculo que varia de tamanho para adaptar o olho aos diferentes níveis de
iluminação no ambiente. É a parte colorida do olho.
A RETINA também muda sua sensibilidade à luz para melhor adaptação, porém leva muito
mais tempo para atingir o ponto ideal de sensibilidade.
O CRISTALINO é a lente que nos faz adaptar o foco nos objetos próximos e distantes.
A CÓRNEA é um tecido transparente que protege o cristalino.
A Figura 3-2 mostra a relação entre as luminâncias e a visão. Note que cada item tem iluminação
10 vezes mais intensa que o anterior.
Observe que um grande incremento de luz (10 vezes) corresponde a um pequeno incremento de
brilho observado pelo olho.
Para uma pessoa sentada, o centro de visão situa-se aproximadamente 15° abaixo da
horizontal.
4
A PERCEPÇÃO DA LUZ
A percepção visual do mundo não é apenas determinada pelo estímulo físico do sistema visual. A
existência de um grande número de ilusões de ótica demonstra isso. Na verdade, o estímulo do
sistema visual fornece informações que são interpretadas a partir de experiências passadas e da
memória. Veja a Figura 4-1 abaixo:
4.1
AS CONSTÂNCIAS DA PERCEPÇÃO
Existem 4 atributos fundamentais de um objeto que são constantes em uma série de condições
de iluminação:
4.1.1
CONSTÂNCIA DE BRILHO
O cérebro faz ajustes no que o olho vê. Num quarto com janelas numa parede, por exemplo, o
teto pode nos parecer ter brilho constante, embora um fotômetro nos mostraria maior
luminância perto das janelas. O cérebro ignora diferenças em luminâncias em certas condições.
4.1.2
CONSTÂNCIA DE COR
A fotografia de um edifício branco no período do pôr-do-sol pode nos surpreender mostrando um
edifício rosado. Na verdade, é a fotografia que mostra a realidade, nossos olhos nos enganaram.
20 Prof. LUCIANO DUTRA
A P O S T I L A : I L U M I N A Ç Ã O N A A R Q U I T E T U R A
O cérebro filtrou a maioria da luz vermelha do pôr-do-sol, da mesma forma que uma câmera
poderia fazer, porém apenas com o acréscimo de um filtro colorido.
Essa habilidade do cérebro é importante, pois assim podemos reconhecer os locais que vamos a
diferentes horários do dia.
Mas o cérebro não pode fazer essa compensação cromática para diferentes fontes de luz
simultaneamente. Por isso deve-se evitar projetos de iluminação com fontes de luz muito
diferentes. O posicionamento de uma janela de vidro simples próximo a janelas de vidros
coloridos também deve ser evitado pela mesma razão.
4.1.3
CONSTÂNCIA DE TAMANHO
Imagens de objetos distantes são menores e de objetos mais próximos são maiores, porém
inconscientemente ajustamos o tamanho desses objetos de forma a percebe-los corretamente.
4.1.4
CONSTÂNCIA DE FORMA
Um prato circular aparenta sempre circular mesmo que sua inclinação em relação a nossos olhos
nos mostre um prato elíptico.
4.2
A QUEBRA DAS CONSTÂNCIAS DA PERCEPÇÃO
As 4 constâncias auxiliam na interpretação das imagens que se formam na nossa retina. Porém é
possível quebrar essas constâncias restringindo a informação disponível próxima do objeto a ser
visto. Por exemplo: observar uma superfície através de uma abertura pequena pode eliminar a
constância de brilho. Da mesma forma, eliminando-se dicas sobre distância pode-se destruir a
constância de tamanho. Trocando-se dicas sobre o plano sobre o qual um objeto está ou
alterando deliberadamente as proporções desse objeto, pode reduzir a constância da forma. E
eliminando-se informações de conteúdo espectral da luz pode-se reduzir a constância da cor.
A Figura 4-3 mostra o Ames Room, um exemplo de QUEBRA DA CONSTÂNCIA DE TAMANHO. Trata-
se de um ambiente inventado por Ames onde as informações sobre distância são
deliberadamente projetadas para serem mal interpretadas quando vistas a partir de uma posição
específica. A distorção no tamanho percebido das pessoas localizadas nos dois cantos do
ambiente é incrível mesmo após ter sido visualizada várias vezes.
Os gregos observaram que nós não percebemos visualmente o mundo exatamente como ele é.
Eles notaram que seus templos mais antigos, com linhas retas, ângulos retos e espaçamento
uniforme de colunas não eram percebidos dessa forma, mas ficavam visualmente distorcidos.
Os gregos, então, começaram a construir seus templos mais recentes como, por exemplo, o
PARTHENON, de maneira especialmente distorcida, de forma a parecerem retos visualmente.
Esse efeito de compensação visual é ilustrado na Figura 4-4 e exemplifica a QUEBRA DA
CONSTÂNCIA DA FORMA
Veja na Figura 4-6 como as colunas das extremidades eram mais próximas entre si que as
centrais...
Esses exemplos não são colocados para sugerir que devemos projetar edifícios assim, mas para
ilustrar o quanto a percepção pode variar em relação ao esperado.
4.3
OUTROS FENÔMENOS DA PERCEPÇÃO
4.3.1
RELATIVIDADE DE BRILHO
Para projetar um sistema de
iluminação com sucesso, o
projetista precisa entender a
percepção humana. Um dos
aspectos mais importantes é a
relatividade de brilho (Figura 4-8).
O valor absoluto de brilho medido
por um fotômetro é chamado
LUMINÂNCIA (veja item 6.7). O olho
humano, porém, julga o brilho de
um objeto relativo ao brilho do
entorno imediato. FIGURA 4-8: FENÔMENO DA RELATIVIDADE DE BRILHO
Note que os dois triângulos têm exatamente o mesmo brilho, mas parecem diferentes por causa
do efeito chamado “RELATIVIDADE DE BRILHO”. Para observar isso, basta cobrir a figura com
uma máscara, deixando aparentes apenas os dois triângulos.
Na Figura 4-9 percebe-se claramente este fenômeno.
OUTRO EXEMPLO: fotos interiores em ambientes iluminados com lâmpadas fluorescentes têm
aparência esverdeada, enquanto que em ambientes com lâmpadas incandescentes, aparência
amarelo-alaranjada. Para corrigir isso, pode-se colocar um filtro lilás sobre a lente da câmera no
primeiro caso, e um filtro azul no segundo. Por que? Porque o azul e o lilás são cores
complementares do laranja e do verde em termos de luz, dessa forma “retirando” da cena a
pigmentação indesejada.
Muitos animais usam esse efeito para se camuflar, como pode ser visto na Figura 4-13.
FIGURA 4-13: MARIPOSAS CAMUFLADAS SEGUNDO A COR DO ENTORNO, FONTE: ILUSÕES DE ÓTICA
4.3.2
PÓS-IMAGEM
A concentração prolongada em qualquer cor resulta numa PÓS-IMAGEM de cor complementar.
Um cirurgião que ficou muito tempo olhando para um órgão vermelho e brilhoso verá um órgão
de cor ciano (verde azulado) como pós-imagem quando mover os olhos para outro local. Por isso,
hoje em dia, deve-se usar lençóis e paredes verdes nas salas de cirurgia e nos uniformes, para
diminuir o efeito desse fenômeno.
Na imagem seguinte, fixe os olhos na cruz no centro do rosto de Carlitos por alguns instantes
(um minuto é suficiente para visualizar o fenômeno), depois olhe para a cruz mais abaixo. O que
acontece?
Cores quentes (vermelho, amarelo, laranja) parecem avançar em direção aos olhos,
enquanto que cores frias (azul, verde, cinza) parecem se afastar.
As cores das paredes podem fazer um espaço parecer maior ou menor do que ele realmente
é.
4.3.3
EFEITO IMAGEM / FUNDO
Os olhos estão sempre tentando distinguir o sinal visual do ruído visual. Quando isso é difícil ou
reduzido, a imagem se torna desconfortável (exemplo: janela com persianas).
4.4
TEORIA DA GESTALT
O propósito da visão é obter informações. O cérebro está sempre procurando por padrões com
sentido. A Teoria da Gestalt (gestalt = palavra alemã que significa "forma") estuda como a mente
interpreta as formas e padrões visualizados. Em presença de informação visual randômica ou
desconhecida, a mente organiza os dados de acordo com certas preferências reconhecidas. Estas
preferências são por proximidade, repetição, o mais simples e o maior, continuidade e
fechamento, e relação entre a figura e o fundo.
4.4.1
PROXIMIDADE
Os objetos são vistos como se representassem um padrão conhecido; pontos num espaço são
entendidos como pertencentes a um mesmo plano. A antiga interpretação de grupos de estrelas
como constelações, deuses e deusas, figuras do zodíaco, etc. são exemplos disso. A constelação
chamada Ursa Menor, por exemplo, possui estrelas em diversas distâncias da Terra (Figura 4-17).
FIGURA 4-17: ESSES PONTOS SÃO PRÓXIMOS SUFICIENTE PARA SEREM INTERPRETADOS COMO "CONSTELAÇÃO DA
URSA MENOR"
4.4.2
REPETIÇÃO
Semelhanças de distâncias ou espaciais são vistas mesmo quando não existem. Os pontos em uma
linha são geralmente vistos como eqüidistantes. Duas retas paralelas de comprimentos
levemente diferentes são vistas como se tivessem comprimentos iguais. Por esse motivo, as
colunas das extremidades do templo grego Parthenon são interessantes, feitas propositalmente
um pouco mais grossas que as outras, posicionadas ligeiramente mais próximas umas das outras.
Assim, o que nós queremos ver (uma série de objetos iguais arranjados no espaço) é na verdade
uma seqüência cuidadosamente calculada de desigualdades.
FIGURA 4-18: LINHA DE PONTOS COP LIGEIRAS VARIAÇÃO NO ESPAÇAMENTO, ILUSTRANDO O CONCEITO DE
REPETIÇÃO
4.4.3
O MAIS SIMPLES E O
MAIOR
A mente tende a preencher
pedaços faltantes em uma
imagem que sugira algo
reconhecível para formar uma
figura mais simples e maior. A
operação mental que faz isso
possível é o impulso ruma a
continuidade e ao fechamento. O
que parece ser o fragmento de
um círculo será completado
como um círculo ao invés de uma
meia-lua ou alguma outra forma. FIGURA 4-19: DIAGRAMA ILUSTRANDO O CONCEITO DE "CONTINUIDADE E
Da mesma forma, a linha curva FECHAMENTO". A MENTE TENTA COMPLETAR CADA FORMA BASEADA EM
parecerá "quebrada" onde a linha FORMAS CONHECIDAS DA MANEIRA MAIS SIMPLES POSSÍVEL
reta a "atravessa" (veja na Figura
4-19).
4.4.4
RELAÇÃO ENTRE A FIGURA E O
FUNDO
Uma forma vista no contexto de outra forma
fechada será interpretada como uma forma
contra um fundo e a mente é quem escolhe
quem é quem (imagem e fundo).
A Teoria da Gestalt estuda a busca que o cérebro faz por sentido maior que as partes de uma
imagem.
E esta?
Pode ser também um RETÂNGULO
E CÍRCULO PEQUENO, mas essa
imagem é desconfortável, pois se
parece um pouco com o PONTO DE
EXCLAMAÇÃO, mas não é
totalmente correta devido ao ponto
descentralizado.
4.5
A COR INEXISTENTE
O fenômeno conhecido como COR INEXISTENTE acontece quando vemos imagens como as duas
abaixo.
4.6
MAIS FENÔMENOS DE PERCEPÇÃO
Tetos CLAROS e partes mais altas das paredes mais claras fazem um ambiente parecer MAIOR E
MAIS AMIGÁVEL, enquanto que se ESCUROS fazem o ambiente parecer MENOR E MENOS
CONVIDATIVO.
O esquema ideal de cores deve se inspirar na própria natureza, onde temos o chão com cores
mais escuras (terra) as laterais com cores médias (montes distantes, azulados) e o teto (céu)
com cores mais claras.
A ILUMINAÇÃO DRAMÁTICA é obtida se utilizando grande variação de brilho no campo de visão.
A ILUMINAÇÃO ROMÂNTICA, como um jantar a luz de velas, tem seus benefícios, cria espaços
mais íntimos, emite luz quente que complementa os tons da pele e a luz horizontal incidente
tende a minimizar rugas e sombras (por exemplo, do nariz e das sobrancelhas) na face.
5
A LUZ
LUZ É A PORÇÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO VISÍVEL AOS OLHOS
Os olhos não são apenas sensíveis à faixa de radiação entre 0,38 e 0,78 m (10-6m), mas
também é capaz de discriminar diferentes comprimentos de onda para produzir a sensação de
COR. (veja representação do espectro eletromagnético na figura abaixo)
FIGURA 5-1: A LUZ E O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO, FONTE: LAMBERTS ET ALL 1997, ADAPTADO DE MOORE 1991
Não é por acaso que nossos olhos evoluíram para fazer uso da parte da radiação que é mais
disponível.
E nem todos os animais enxergam da mesma forma. Algumas cobras são sensíveis ao
INFRAVERMELHO emitido pelos corpos de animais de sangue quente, e vários insetos enxergam
a radiação ULTRAVIOLETA.
O ULTRAVIOLETA (UV) pode bronzear e até queimar a pele e é altamente destrutivo, podendo
inclusive ser usado como germicida e esterilizador.
A radiação INFRAVERMELHA, embora não visível aos nossos olhos, pode ser percebida pela pele
em forma de calor.
6
FOTOMETRIA
É O RAMO DA CIÊNCIA QUE TRATA DA MEDIÇÃO DA LUZ
6.1
GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS
São nove as grandezas fotométricas relativas à iluminação natural (NAT na Tabela 6-1) e
artificial (ART na Tabela 6-1). A maioria delas refere-se mais à iluminação artificial.
TABELA 6-1: GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS
concentração do fluxo
Intensidade Luminosa I candelas; cd
luminoso numa direção
ART
diferença relativa de
escala como
luminâncias entre um
Contraste C 1:10, 1:20,
determinado objeto e seu
NAT e ART
0,1:1, etc.
entorno
Existem ainda mais duas grandezas fotométricas a serem estudadas mais adiantes no item COR
(Capítulo 7). São o Índice de Reprodução de Cor (IRC, no item 7.2) e a Temperatura de Cor (no
item 7.1).
6.2
FLUXO RADIANTE
É a potência (em watts) da radiação eletromagnética emitida
ou recebida por um corpo. É um dado final do projeto de
iluminação e representa a potência do sistema artificial de
iluminação, tendo relação com o número de lâmpadas
adotadas no projeto e com o consumo final de energia do
sistema. O Fluxo Radiante pode ter frações visíveis e
6.3
FLUXO LUMINOSO
É a parte do Fluxo Radiante que gera resposta visual. O
símbolo do Fluxo Luminoso é ϕ e sua unidade no Sistema
Internacional (SI) é o lumen (lm).
Os lumens poderiam ser comparados de forma análoga ao
volume de água que sai de uma mangueira de jardim. É a
potência luminosa de uma lâmpada, a quantidade de luz que
ela emite em todas as direções.
6.4
EFICIÊNCIA LUMINOSA
É a relação entre o fluxo luminoso em lumens emitido
por uma fonte de luz e o fluxo radiante (potência)
consumido para produzi-lo. Uma fonte de luz ideal
converteria toda sua potência de entrada (W) em luz
(lumens), mas qualquer fonte de luz converte parte
de sua potência em radiação infravermelha ou
ultravioleta. O símbolo de eficiência luminosa é η.
FIGURA 6-1: EFICIÊNCIA LUMINOSA DE ALGUMAS FONTES DE LUZ, FONTE: LAMBERTS ET ALL 1997
6.5
INTENSIDADE LUMINOSA
Os lumens não nos revelam como a luz emitida é distribuída. Na
figura abaixo vemos duas lâmpadas refletoras que emitem
quantidades iguais de luz (em lumens), mas com padrão de
distribuição bem diferente. A lâmpada do tipo spot tem um feixe
de luz muito mais concentrado e intenso que a lâmpada normal,
que possui um feixe de luz mais amplo e com menor intensidade.
A unidade da Intensidade Luminosa no SI é candela (cd). Normalmente cada tipo de lâmpada tem
sua CURVA FOTOMÉTRICA (ou curva de distribuição de intensidade luminosa) fornecida pelo
fabricante, semelhante aos esquemas a seguir.
FIGURA 6-2: CURVAS FOTOMÉTRICAS PARA DUAS DIFERENTES LÂMPADAS, FONTE: LECHNER 2001
As curvas de distribuição de intensidade luminosa ilustram como a luz é emitida pelas lâmpadas.
Nos gráficos acima a distância a partir do centro determina a intensidade da luz naquela
direção.
Esta grandeza é necessária quando dimensionamos os sistemas de iluminação. Neste caso,
precisamos calcular, por exemplo, o nível de iluminação (ou iluminância – ver item
correspondente abaixo) num determinado plano de trabalho proporcionado por uma determinada
luminária, como ilustram os desenhos abaixo.
I I
E= 2
cos3α E= 2
cos 2 α senα
H H
πI πI
E= cos2 α E= cosα senα
2H 2H
sendo:
I = intensidade luminosa na direção de incidência (cd)
H = altura do plano de trabalho à luminária (metros)
α = ângulo de incidência (graus)
Determinamos em escala o ângulo a e com ele entramos na curva de distribuição luminosa da
lâmpada/luminária adotada no projeto. Pelas fórmulas, podemos calcular o nível de iluminação
no plano de trabalho de interesse, horizontal ou vertical, e em função de utilizarmos uma fonte
de luz pontual ou linear.
6.6
ILUMINÂNCIA
Quando a luz emitida por uma fonte atinge uma superfície, esta
será iluminada. Iluminância (E) é a medida de quantidade de luz
incidente numa superfície por unidade de área. Sua unidade no
SI é lumen/m2 ou lux (lx).
ϕ
E= ... ou seja, fluxo luminoso (lm) por unidade de área (m2)
A
40 Prof. LUCIANO DUTRA
A P O S T I L A : I L U M I N A Ç Ã O N A A R Q U I T E T U R A
A iluminância também pode ser relacionada com a intensidade da fonte luminosa, usando-se a
seguinte equação:
onde:
I I = intensidade luminosa da fonte (cd)
E= 2
cos θ d = distância entre a fonte e a superfície (m)
d θ = ângulo de incidência, formado entre a direção da luz e a normal da
superfície
6.7
LUMINÂNCIA
É a medida de brilho de uma superfície. Os raios
luminosos não são visíveis, a sensação de luminosidade
decorre da reflexão desses raios por uma superfície.
Essa luminosidade visível é chamada luminância.
A luminância é definida como a intensidade luminosa por unidade de área aparente de uma
superfície numa dada direção. Seu símbolo no SI é “L” e sua unidade é cd/m2.
Uma vez que os objetos possuem diferentes capacidades de reflexão da luz, uma certa
iluminância pode gerar diferentes luminâncias. O coeficiente de reflexão é a relação entre o
fluxo luminoso e o refletido pela superfície e varia de acordo com a cor e a textura.
O olho humano detecta luminâncias desde um milionésimo de cd/m2 até um limite superior de
um milhão de cd/m2, a partir do qual a retina é danificada. A partir de 25.000 cd/m2, começa a
ocorrer ofuscamento.
6.8
CONTRASTE
É a diferença relativa de luminâncias entre um
determinado objeto e seu entorno.
A equação é:
(L - L )
C = 2 1 × 100%
onde:
L2 – L1 = diferença de luminância entre objeto e
entorno
L1 L1 = luminância mais baixa entre as duas
O contraste depende não só do nível de iluminação, mas também das características de reflexão
dos elementos envolvidos. Como o contraste é uma medida relativa, a percepção é também
relativa. Um objeto pode parecer mais ou menos brilhante dependendo do brilho do seu
entorno.
Em pleno dia podemos perceber diferenças de luminâncias de até 1%, mas em condições
precárias de luz, até diferenças de 10% podem passar despercebidas. A sensitividade ao
contraste melhora com o aumento da luminância, que por sua vez é função da iluminação, até
certo limite (possibilidade de ocorrer ofuscamento). Uma aplicação importante da sensitividade
ao contraste é a iluminação de sinalização de emergência do tipo SAÍDA, deve haver um alto
contraste entre o sinal e o ambiente cheio de fumaça para permitir que o mesmo seja visível.
7
COR
Uma instalação de iluminação pode garantir luz suficiente e, mesmo assim, causar insatisfação
pelo efeito incorreto das cores.
Os objetos são vistos pela diferença de sua cor e brilho. O BRILHO está relacionado com a
quantidade de luz recebida pelo olho. A COR está relacionada com a distribuição de
comprimentos de onda da luz (espectro).
A luz branca é uma mistura de vários
comprimentos de onda de luz visível. O gráfico
ao lado representa a luz de um dia claro de
verão ao meio dia (Figura 7-1). O eixo
horizontal descreve as cores e o vertical a
quantidade de luz nos vários comprimentos de
onda. Esse tipo de gráfico é a melhor maneira
de se descrever a composição de cores de
qualquer luz.
Uma curva horizontal mais constante
representa a mistura homogênea das várias
cores que formam a luz natural. Apenas a cor
violeta está presente em menor quantidade. FIGURA 7-1: LUZ NATURAL AO MEIO DIA
7.1
TEMPERATURA DE
COR
Foi observado que, conforme vários materiais eram aquecidos, eles primeiro adquiriam uma cor
VERMELHA, depois BRANCA e finalmente AZUL. Assim, existe uma relação entre TEMPERATURA
e COR.
Então, desenvolveu-se uma escala de temperaturas de cores que descreve a cor de uma fonte de
luz em Kelvin (K). Essa escala é mais usada para descrever as cores como quentes ou frias. É
preciso se tomar cuidado com um pequeno fator, uma cor considerada fria tem na verdade uma
alta temperatura de cor, e vice-versa. Por exemplo, numa baixa temperatura de cor (ou cor
quente), a fonte de luz tende a mostrar muito bem objetos de tons vermelhos, enquanto que
numa alta temperatura de cor (ou cor fria), a fonte de luz tende a mostrar muito bem objetos
de cor azul. É importante notar que esta escala é bastante grosseira e apenas identifica de
maneira geral a habilidade de reprodução de cores de fontes de luz.
7.2
ÍNDICE DE REPRODUÇÃO DE COR:
Embora a luz branca contenha as sete cores do espectro, nem todas as fontes de luz branca, tais
como lâmpadas, luz natural ou solar, contém iguais quantidades de cada cor. Por exemplo, luz
do sol ao meio-dia apresenta um espalhamento das cores bastante uniforme, enquanto uma
lâmpada incandescente contém uma grande quantidade de vermelho. Lâmpadas fluorescentes
são normalmente deficientes no vermelho, mas apresentam picos de amarelo/verde e algumas
partes de azul. Lâmpadas de vapor de mercúrio são deficientes no azul.
A cor da superfície a ser percebida é influenciada pelo conteúdo de cores da fonte luminosa.
Esse efeito é chamado de reprodução da cor. É importante que as fontes de luz proporcionem
uma reprodução das cores correta de acordo com os objetivos específicos do projeto. Por
exemplo, museus, galerias de arte, indústrias têxteis, vitrines, açougues, verdureiras, etc, etc...
A reprodução de cor pode ser classificada com o índice de reprodução de cor da CIE (Comission
Internacionale d’Eclairage) sendo o mais comum. O IRC é outra tentativa de simplificar a
descrição das fontes de luz. Esse índice é derivado de um jogo de oito cores teste, que é
iluminado por uma fonte de luz de referência (IRC = 100) e a fonte de luz a ser testada (Figura
7-6).
Grupo de Índice de
Aplicação típica
reprodução de cor reprodução de cor
7.3
USO DAS CORES NO AMBIENTE DO TRABALHO
Principais fatores a serem considerados num projeto cromático de um local de trabalho:
Atividade a ser desenvolvida
Dimensões do espaço
Tipo de iluminação a ser utilizado
Perfil do usuário (sexo, idade e cultura)
Cores de tetos e forros: Optar por cores mais claras, quanto mais se aproximar do branco
melhor as condições de iluminação do ambiente. A luz difusa refletida pelo teto proporciona
melhor uniformidade dos níveis de iluminação do ambiente, diminuindo problemas de sombras
excessivas e ofuscamento produzidos por reflexões dirigidas.
Cores de paredes: Evitar diferenças acentuadas entre a cor do plano de trabalho e o fundo, pois
isso exigiria do olho um grande esforço de adaptação à nova cor, resultando em fadiga visual.
Pisos: Recomenda-se que o piso tenha uma cor mais escura que as que foram utilizadas para as
paredes e teto.
REFLETÂNCIA (%)
TETO 90 – 70
PAREDE 70 – 50
PISO 40 - 20
7.4
USO DAS CORES NAS SINALIZAÇÕES
A norma brasileira NB-76/59 determina as cores de sinalização dos locais de trabalho com a
finalidade de evitar acidentes. A Tabela 7-4 e a Tabela 7-5 mostram a aplicação de cada cor.
O uso da cor ainda pode responder aos seguintes fatores:
Físico: frio, calor
Psicológico: Depressão, excitação, tranqüilidade, estimulante, desiquilíbrio
Dimensional: Aumenta, reduz, afasta, aproxima
Cultural: Negro = luto; Vermelho = ira; Lilás = introspectivo
Estudos demonstram que através do uso da cor pode-se obter reações psicológicas positivas;
interesse visual; aumento da produtividade; melhoria do padrão de qualidade; menor fadiga
visual; redução do índice de acidentes.
COR APLICAÇÃO
Vermelho Indicar equipamentos de combate a incêndio (extintores e hidrantes)
Identificar partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos (polias e
Laranja
engrenagens)
Em escadas, vigas, partes salientes de estruturas, bordas perigosas como um
Amarelo
sinal de advertência “cuidado”
Identificar equipamentos de primeiros socorros, macas e quadros para
Verde
exposição de cartazes sobre segurança
Azul Indicar equipamentos fora de serviço e fontes de energia
Indicar os perigos provenientes de radiações eletromagnéticas e de
Púrpura
partículas nucleares
Demarcar áreas de corredor e locais de armazenagem, localização de
Branco equipamentos de socorros, combate ao incêndio, coletores de resíduos e
bebedouros
Preto Indicar os coletores de resíduos
COR APLICAÇÃO
Vermelho Combate ao incêndio
Verde Água
Azul Ar comprimido
Amarelo Gases não liquefeitos
Laranja Ácido
Lilás Álcalis (hidróxidos de metais alcalinos, como sódio e potássio)
Preto Inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade
Alumínio Gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade
Branco Vapor
Marrom Qualquer outro tipo de fluído
Cinza claro Vácuo
Cinza escuro eletrodutos
7.5
MISTURA DE CORES
Existem basicamente dois processos se mistura de cores, a mistura ADITIVA e a SUBTRATIVA.
7.5.1
MISTURA SUBTRATIVA
É a mistura de cores através da mescla de pigmentos
(Figura 7-8). Chama-se um processo subtrativo porque
a cada pigmento diferente adicionado, subtrai-se cor
da mistura. A adição de pigmentos produz cores mais
escuras que as originais. O preto é a soma das três
cores básicas de pigmento, que são o MAGENTA, o
CIANO e o AMARELO.
7.5.2
MISTURA ADITIVA
É a mistura obtida com a superposição de luzes
coloridas (Figura 7-9).
Chama-se uma mistura aditiva porque ao se adicionar
uma nova cor, obtém-se como resultado uma cor mais
clara que as anteriores. O branco é a soma das três
cores fundamentais ou primárias da luz, que são o
VERMELHO, o AZUL e o VERDE.
7.6
CLASSIFICAÇÃO DAS CORES
As cores podem ser classificadas de acordo com três atributos distintos:
TOM: é a qualidade que distingue uma cor da outra, é o conceito de cor usando os termos
comuns das cores, vermelho, amarelo, azul, etc, com cores de transição e outras subdivisões.
VALOR: é a medida subjetiva de refletância, aparência clara ou escura de acordo com uma
escala de 0 (preto) a 10 (branco). Na prática são encontrados valores de 1 a 9 definindo uma
escala cromática de valores, que pode ser convertida em refletância, diretamente relevante
para o projeto de iluminação:
V (V - 1)
ρ=
100
SATURAÇÃO: é dada pela intensidade ou pureza da cor, uma escala mínima de 10 é usada para
correlacionar as diferenças entre a cor pura e o cinza neutro.
7.6.1
SISTEMA DE MUNSELL
A classificação mais
universalmente aceita é o Sistema
de Munsell, (Figura 7-11) cuja
notação é feita em três partes:
“tom-valor/saturação”, por
exemplo:
5V – 4 / 10
Na Figura 7-12 vêem-se algumas
cores e seus valores no Sistema de
Munsell. As cores são ilustrativas e
podem não corresponder
exatamente às reais.
7.7
APARÊNCIA DA COR
As fontes de luz podem ser divididas, com uma certa aproximação, de acordo com sua aparência
de cor e temperatura de cor (Tabela 7-6).
Diversas experiências têm mostrado que para uma iluminação de boa qualidade, a aparência de
cor das fontes de luz deve estar de acordo com o nível de iluminação (Tabela 7-7).
8
LEIS FUNDAMENTAIS DA ILUMINAÇÃO
A intensidade luminosa “I” e a iluminância produzida “E” são correlacionadas por duas leis de
propagação da luz:
8.1
LEI DO INVERSO DO
QUADRADO
A iluminação numa superfície é
inversamente proporcional ao quadrado
da distância entre a fonte de luz e a
superfície (Figura 8-1).
I
E=
d2
Esta lei advém do fato que a luz é
emitida a partir da fonte para o espaço. FIGURA 8-1: LEI DO INVERSO DO QUADRADO
Assim, quanto mais longe estiver a
superfície, menor é o fluxo de luz que
ela irá interceptar.
Por outro lado, se a distância é dobrada, a área iluminada é quadruplicada, produzindo uma
redução proporcional na densidade superficial de luz incidente.
8.2
LEI DO COSENO I
A iluminação numa superfície varia com o coseno do ângulo E = 2 cos θ
entre a normal à superfície e o raio de luz. Ela é máxima quando
o raio é normal à superfície, ou seja, quando o ângulo de d
incidência θ = 0°. Em qualquer outro caso cobrirá uma área
maior, com uma conseqüente redução no nível de iluminação (E)
(Figura 8-2).
8.3
LEI DA ADITIVIDADE
A iluminação total numa superfície, produzida por várias fontes de luz, será a simples soma das
iluminações produzidas por cada uma das fontes:
E = E1 + E2 + E3 + ...
9
PROPRIEDADES ÓTICAS DOS MATERIAIS
A luz incidente num material pode ser refletida, absorvida e transmitida. Os materiais opacos,
como tijolos, telhas e madeira, apenas refletem e absorvem a luz. Os materiais transparentes
(vidro simples, policarbonato) e translúcidos (folha de papel branco, vidro jateado, papel
manteiga) permitem que parte da luz o atravesse, sendo transmitida para o outro lado.
9.1
REFLETÂNCIA, TRANSMITÂNCIA E ABSORTÂNCIA
A REFLETÂNCIA (ρ) de um material indica o quanto da luz incidente na sua superfície retorna ao
hemisfério de procedência sem penetrar neste material. Para determinar a refletância de uma
superfície divide-se a luz refletida pela luz incidente. Uma vez que a luz refletida é sempre
menor que a luz incidente, a refletância é sempre menor que um, e uma vez que uma pequena
quantidade de luz é sempre refletida, a refletância é sempre maior que zero.
Uma superfície branca tem uma refletância de 0,85, enquanto que uma superfície preta tem
refletância de apenas 0,05. Para outros valores de refletância, de outras cores, veja a tabela do
ANEXO 2: COEFICIENTE DE REFLEXÃO DE ALGUNS MATERIAIS E CORES (página 152).
Mas os fatores acima não explicam COMO a luz vai ser refletida, transmitida e absorvida, apenas
o QUANTO.
9.2
REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E REFRAÇÃO
9.2.1
REFLEXÃO
Superfícies muito polidas, como os espelhos, produzem REFLEXÕES ESPECULARES (de espelho)
onde o ângulo de incidência é igual ao de reflexão. Materiais com superfícies de texturas foscas
espalham a luz e produzem reflexões difusas, a luz refletida igualmente em todas as direções.
Mas a maioria das superfícies encontradas na prática não são nem perfeitamente difusas nem
especulares, e refletem a luz em várias direções em diferentes proporções (veja ilustração a
seguir).
O uso adequado de reflexões compostas (semi-difusa ou semi-especular) pode ser bastante útil
para o controle da direção da luz direta e/ou para suavizar as imagens.
FIGURA 9-1: REFLEXÃO DA LUZ DE ACORDO COM A TEXTURA DA SUPERFÍCIE: (A) ESPECULAR, (B) DIFUSA, (C) SEMI-
DIFUSA OU SEMI-ESPECULAR
9.2.2
TRANSMISSÃO
Da mesma forma, um material transparente limpo transmite a luz emitida pela fonte de
iluminação, enquanto que um material translúcido, como o vidro jateado, espalha a luz em
todas as direções (veja figura abaixo). Em geral, a difusão da luz não afeta a quantidade de luz
transmitida, ou seja, tanto o vidro limpo como o jateado transmitem aproximadamente 85% da
luz incidente.
FIGURA 9-2: TRANSMISSÃO DA LUZ DE ACORDO COM AS PROPRIEDADES DIFUSORAS DA SUPERFÍCIE: (A)
ESPECULAR, (B) DIFUSA, (C) SEMI-DIFUSA OU SEMI-ESPECULAR
9.2.3
REFRAÇÃO
A refração da luz ocorre quando a luz atravessa materiais com índices de refração diferentes. A
direção da luz é alterada durante sua trajetória através do material. Esta modificação na
direção acontece por causa de uma modificação na velocidade da luz. A velocidade diminui se o
novo meio é mais denso do que o primeiro e aumenta quando esse meio é menos denso. Essa
modificação na velocidade é seguida por um desvio da luz, conhecido como REFRAÇÃO (Figura
9-3).
A lei da refração é descrita como na equação a seguir:
n1 sen α1 = n2 sen α2 .
onde:
Substância η
n1 = índice refrativo do primeiro meio
n2 = índice refrativo do segundo meio Ar 1,000292
CO2 1,000334
α1 = ângulo de incidência
Gelo 1,310
α2 = ângulo de refração
Água 1,333
Veja ao lado alguns índices de refração:
Glicerina 1,470
Vidro 1,516
Diamante 2,417
10
CONFORTO VISUAL
CONFORTO VISUAL é entendido como a existência de um conjunto de condições, num
determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o
máximo de acuidade e precisão visual, com o menor esforço, com menor risco de prejuízos à
vista e com reduzidos riscos de acidentes.
10.1
DESEMPENHO DE TAREFAS VISUAIS
Vários fatores afetam o desempenho de tarefas visuais. Alguns desses fatores são inerentes à
própria tarefa, outros descrevem as condições de luz e os restantes se referem às condições do
observador (Tabela 10-1).
A maioria destes fatores pode ser observada numa tarefa visual muito comum, porém crítica – a
leitura de uma placa rodoviária (Figura 10-1).
Uma vez que o tempo de
exposição é bastante curto, as
letras e símbolos são
geralmente grandes,
brilhantes, com alto contraste
e com projeto gráfico
consistente., geralmente letras
brancas sobre fundo verde,
para maximizar o efeito da
familiaridade.
FIGURA 10-1: NA LEITURA DE UMA
PLACA RODOVIÁRIA, COMO O TEMPO
DE EXPOSIÇÃO É BASTANTE
REDUZIDO, OUTROS FATORES SÃO
MAXIMIZADOS, COMO O TAMANHO
DOS DETALHES, CONTRASTE COM O
ENTORNO E A PADRONIZAÇÃO DE
CORES
Sempre que possível, o arquiteto deve aumentar o tamanho relativo da tarefa/objeto porque
um pequeno aumento em tamanho é equivalente a um aumento significativo em iluminação.
Por exemplo, 25% de aumento nas letras em um quadro em sala de aula aumenta o desempenho
visual tanto quanto uma mudança de iluminação de 10 para 1000 candelas.
10.1.2
TEMPO DE DURAÇÃO DA TAREFA
Outros fatores de desempenho visual de uma tarefa podem compensar um tempo muito reduzido
de duração ou de exposição a mesma, como visto no exemplo da placa rodoviária. Porém, deve
ser considerado que, da mesma forma que no TAMANHO DE DETALHES E PROXIMIDADE, uma
pequena redução no tempo de exposição exige um grande acréscimo de iluminação para se
manter a mesma qualidade visual da tarefa.
Assim, pode-se concluir que o tempo de duração de uma tarefa visual não deve ser reduzido, a
não ser que isso seja extremamente necessário.
10.1.3
LUZ SUFICIENTE
O gráfico abaixo mostra como um acréscimo de iluminação resulta primeiramente numa
melhoria significativa de desempenho da tarefa visual, mas também mostra que incrementos
adicionais de luz conseguem incrementos cada vez mais limitados no desempenho visual, efeito
conhecido como LEI DA DIMINUIÇÃO DOS RETORNOS (Figura 10-3).
enquanto que um aumento extra de mais 50 candelas melhora o desempenho visual em apenas
extras 5%.
Concluindo: grandes aumentos de iluminação, para obter-se uma boa melhoria na luminância
das superfícies e, com isso obter-se melhor desempenho das tarefas visuais é uma rota muito
cara. Como vimos anteriormente (veja na página 28) nós percebemos o brilho ou luminância de
uma superfície também em termos relativos, efeito conhecido como RELATIVIDADE DE BRILHO.
Dessa forma, também é possível aumentar o
desempenho visual reduzindo-se o brilho do
entorno, portanto aumentando o brilho relativo
da tarefa. E Essa redução na luminância do
entorno ou fundo da imagem aumenta a
sensitividade do olho à luz, tornando a tarefa
visual mais fácil de ser vista. Esse conceito é
bastante utilizado em MUSEUS e GALERIAS DE
ARTE, que têm artefatos que podem ser
danificados com a luz (Figura 10-4).
10.1.4
CONTRASTE DOS DETALHES EM RELAÇÃO AO ENTORNO IMEDIATO
Já vimos que contraste é a diferença de brilho
ou luminosidade entre um objeto e seu entorno
imediato. A maioria das tarefas visual se
beneficia de contrastes maximizados. Em
ESCREVER, por exemplo, as letras são mais
facilmente visualizadas quando o contraste
entre a tinta e o papel é grande. (Figura 10-5).
Quando o contraste diminui, outros fatores do
desempenho visual podem ser ajustados para
compensar essa diminuição.
Entretanto, novamente, um grande aumento da
iluminação é necessário para compensar o
contraste pobre. Veja as imagens da Figura
10-6 com diferentes níveis de iluminação para
observar esse fenômeno.
10.1.6
ILUMINAÇÃO DE TAREFA
Então, geralmente se utiliza a iluminação geral com valores abaixo de 300 lux, suprindo a tarefa
visual com maiores níveis de iluminação apenas quando necessário. A luz adicional deve ser
localizada próxima da tarefa que a requer, e a essa estratégia se dá o nome de ILUMINAÇÃO DE
TAREFA.
Veja na Tabela 10-2 alguns valores recomendados para níveis de iluminação conforme a tarefa a
ser desempenhada.
TABELA 10-2: NÍVEIS DE ILUMINAÇÃO RECOMENDADOS PARA ALGUNS AMBIENTES
NÍVEL DE ILUMINAÇÃO
TAREFA
RECOMENDADO
Circulação
Reconhecimento facial
100 a 200 lux Leitura casual
Armazenamento
Refeição
Terminais de vídeo
Leitura/escrita quando o contraste é alto
300 a 500 lux
Participação em conferências
Leitura/escrita quando o contraste é baixo ou as fontes são
500 a 1000 lux pequenas
Desenho técnico
Esses valores podem ser usados nas etapas iniciais do projeto como valores de referência para
determinação de estratégias de iluminação e para estudos de modelos.
Porém esses valores não são os mesmos em todo o mundo, e cada país determina seus próprios
níveis de iluminação necessários. Abaixo, a Figura 10-8 mostra um gráfico com os níveis de
iluminação recomendados para alguns países para uma tarefa genérica desenvolvida em
escritórios.
Entre a tarefa e superfícies escuras afastadas 10:1 Livro e parede escura afastada
Entre a tarefa e superfícies claras afastadas 0,1:1 Livro e parede clara afastada
10.1.8
OFUSCAMENTO
O ofuscamento pode ser conceituado como um RUÍDO VISUAL, que interfere no desempenho
visual.
Existem dois tipos de ofuscamento, o DIRETO e o REFLETIDO.
10.1.8.1
Ofuscamento Direto
O ofuscamento direto é causado por uma fonte de luz brilhante o suficiente para causar
perturbação, desconforto ou perda de visibilidade. É de dois tipos:
OFUSCAMENTO POR DESCONFORTO quando produz um desconforto físico;
OFUSCAMENTO DESABILITADOR quando reduz a visibilidade.
O ofuscamento direto pode ocorrer também devido à geometria do ambiente visual. Quando uma
fonte de luz está localizada mais próxima ao centro de visão, o ofuscamento é mais acentuado.
Na figura abaixo, de todas as fontes de luz, a lâmpada “C” está mais próxima do centro de visão,
provocando mais ofuscamento. A lâmpada “A” não provoca ofuscamento nenhum, pois está
totalmente fora do campo de visão.
A maioria das pessoas desempenhando as tarefas “escrita” ou “leitura”, o fazem em uma zona
de 25° a 40° medidos a partir da vertical. Um material polido colocado nessa zona irá refletir a
luz proveniente de uma zona correspondente no teto, conforme ilustração “B” a seguir.
10.1.9
FADIGA VISUAL
A fadiga visual (ou cansaço visual) pode ser provocada pela insuficiência de iluminação ou pela
presença de contrastes intensos ou ofuscamento no campo visual.
A fadiga visual pode provocar a FADIGA FÍSICA, devido ao esforço que realizamos para ver.
Tendemos a fazer nossos olhos vagarem pelo ambiente após algum tempo concentrados numa
tarefa visual. Isso é automático e ajuda aos olhos se descontraírem, relaxarem e se recuperarem
para outro esforço de concentração.
Por esse motivo deve-se evitar ambientes muito uniformes tanto em termos de iluminação
quanto em termos cromáticos. Esses ambientes causariam sensações de sonolência, de cansaço,
de redução da disposição para o trabalho.
10.1.10
ACUIDADE VISUAL (a)
1
A acuidade visual é outro fator
importante a ser considerado, e tem
a=
direta influência tanto da iluminação
α
disponível na tarefa visual, quanto no
tamanho da mesma.
Acuidade visual é a nitidez da visão,
ou a capacidade do olho em
discernir detalhes.
É o ângulo visual (α) entre os
extremos do menor detalhe entre
dois objetos perceptível ao olho. Esse
ângulo é expresso em minutos e a
acuidade visual é o recíproco desse
ângulo (veja equação ao lado).
A LEI DA DIMINUIÇÃO DOS
RETORNOS impera novamente na
acuidade visual, e com altos níveis de
iluminação, a acuidade visual tende à
constância (ver gráfico ao lado). FIGURA 10-23: ACUIDADE VISUAL EM FUNÇÃO DA ILUMINAÇÃO
D
d≥
3333
sendo:
d = tamanho do detalhe
D = distância de observação
10.2
NECESSIDADES RELACIONADAS A TAREFAS VISUAIS
Além dos conceitos descritos até agora, alguns outros fatores também devem ser considerados
em relação a algumas tarefas visuais específicas.
10.2.1
ESCREVER E LER
O critério mais importante é o cuidado com o ofuscamento refletido, conforme visto na página
40. A luz deveria sempre que possível vir dos lados ou por trás do observador, mas nunca da
frente. A luz deveria vir de pelo menos duas fontes diferentes, para prevenir sombras do próprio
observador na tarefa visual.
10.2.2
DESENHAR
O ofuscamento refletido também é o maior problema. As sombras dos instrumentos de desenho
podem obscurecer a tarefa visual. A luz difusa é a mais recomendada, vinda dos lados e também
de trás do observador.
10.2.3
OBSERVAR ESCULTURAS
As sombras são necessárias para a visualização de objetos tridimensionais. A luz deveria ser
direcional para valorizar uma escultura, criando interessantes jogos de luz e sombra e
salientando relevos e texturas. Alguma luz difusa é também recomendada como luz de fundo,
pois senão, vários detalhes na parte da escultura que não recebe a luz direcionada ficarão
completamente obscurecidos. A luz exclusivamente difusa deve ser evitada, pois torna os
objetos chapados e os detalhes tenderão a desaparecer. A luz direcional deve vir de cima e
levemente de um dos lados, pois é mais ou menos assim que o sol ilumina os objetos. Cuidados
devem ser tomados com o posicionamento da luz direcionada, para evitar fenômenos estranhos,
como a visualização de uma face humana iluminada por trás.
10.2.4
VER TEXTURAS
A aparência das texturas é em maior parte visível através do correto jogo de luz e sombra criado
por luz direcionada. A luz direcional pode ser usada para mostrar imperfeições nas superfícies, e
também ser evitada para esconder essas mesmas imperfeições.
Vidros anti-reflexivos devem ser especificados como proteção de quadros valiosos, evitando
assim a maioria das reflexões especulares.
10.2.6
MONITORES DE COMPUTADOR
A superfície polida e seu posicionamento vertical em relação ao observador, tornam a tarefa de
visualização de monitores de computador bastante sensível a reflexões indesejáveis. Para
corrigir isso, deve-se evitar superfícies muito brilhantes e fontes de luz atrás do observador
(Figura 10-30). Se isso não for possível, coloque uma superfície intermediária entre o observador
e a fonte de ofuscamento. A luz indireta, refletida no teto e nas paredes é uma possível solução
para esse problema. Recomenda-se o uso de telas anti-reflexivas sobre as telas dos monitores
caso o problema persista.
FIGURA 10-31: EM MONITORES, UM FUNDO PRETO DEIXA AS REFLEXÕES MUITO MAIS PERCEPTÍVEIS QUE UM FUNDO
BRANCO
10.3
NECESSIDADES BIOLÓGICAS
As seguintes necessidades biológicas também devem ser consideradas num projeto de
iluminação:
10.3.1
A NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO ESPACIAL
O sistema de iluminação deve ajudar a definir inclinações e mudanças de nível. Deve também
ajudar as pessoas a saber onde estão e para onde ir. Por exemplo, a recepção de um hotel ou o
foyer de um teatro devem ser mais claros que os corredores que levam a esses espaços. As
janelas são bastante úteis para referenciar o observador que está dentro do edifício no espaço
exterior correspondente.
10.3.2
A NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO TEMPORAL
Todos nós temos um mecanismo biológico interno que funciona como um relógio biológico, que
nos diz quando esperar escuridão ou claridade decorrentes da noite e da luz do dia. O stress
pode ser reduzido quando os olhos vêem o que esse relógio biológico espera. Por exemplo, as
janelas com vistas para o exterior são importantes pois dão às pessoas um retorno relativo ao
progresso de tempo que os seus relógios internos prevêem.
10.3.3
A NECESSIDADE DE ENTENDERA FORMA ESTRUTURAL
Isso é mais relacionado com a luz difusa ou direcional, que pode salientar ou não texturas e
relevos.
10.3.4
A NECESSIDADE DE CONCENTRAÇÃO NAS ATIVIDADES
Para prevenir um excesso de informações, o cérebro concentra nossa atenção nos aspectos mais
importantes do nosso entorno, quase que totalmente ignorando o resto. A luz pode ajudar nesse
sentido criando ordem e salientando áreas e atividades mais relevantes. A baixa iluminação em
áreas sem importantes também é importante.
10.3.5
A NECESSIDADE DE UM ESPAÇO PESSOAL
A luz pode ajudar um indivíduo a definir seu espaço pessoal. A luz uniforme tende a reduzir a
individualidade enquanto que a luz direcionada tende a enfatizar a territorialidade. As pessoas
gostam de exercer controle sobre seu próprio espaço, e luzes pessoais são uma forma fácil de
satisfazer essa necessidade de controle.
10.3.6
A NECESSIDADE DE ESPAÇOS ANIMADOS E ALEGRES
Um espaço pode parecer deprimente se esperarmos que ele seja bem iluminado e ele não o for.
Um restaurante, por exemplo, pode ter paredes mais escuras e ser iluminado somente com a luz
de velas e ainda assim não parecer deprimente. Já uma sala de reuniões, tem que ser iluminada
com mais intensidade para não deprimir seus usuários. A combinação de luzes difusas, diretas e
luz natural cria ambientes mais interessantes e animados.
10.3.7
A NECESSIDADE DE ORDEM NO ESPAÇO VISUAL
Quando a ordem é esperada mas não presente, nós percebemos caos. Por exemplo, quando as
luminárias no teto não têm nenhuma relação com a estrutura visual do ambiente, esse ambiente
nos parece perturbador.
10.3.8
A NECESSIDADE DE SEGURANÇA
A escuridão deve ser evitada em ambientes e situações onde nós esperamos algum perigo.
10.4
NOVE REGRAS PARA O PROJETO DE ILUMINAÇÃO
A seguir, temos nove regras básicas que devem ser consideradas num projeto de iluminação,
baseadas em todo o assunto visto até esse ponto no curso.
Estas regras são princípios gerais de iluminação na arquitetura, ou seja, são de caráter teórico e
qualitativo.
ILUMINE SOMENTE O QUE DESEJAMOS VER: Ilumine as coisas que desejamos ou que
precisamos ver. As paredes e tetos podem ser utilizados como fontes de iluminação indireta.
Normalmente queremos ver objetos e não as fontes de luz, a não ser quando a iluminação é
decorativa.
COMBINE LUZ DIRETA E DIFUSA: A melhor combinação de luz é uma mistura de iluminação
direta e difusa. As sombras resultantes nos ajudam a entender melhor a qualidade
tridimensional do nosso entorno.
EVITE CONTRASTES EXAGERADOS: Apesar de a escuridão por vezes ser importante, evite
contrastes muito grandes entre áreas claras e escuras, pois estes forçam os olhos a se
readaptarem continuamente às duas condições, causando a fadiga visual e o stress.
USE LUZ NATURAL: Use a luz natural sempre que possível. A maioria das pessoas prefere a
qualidade e variedade da luz natural. Tanto a saúde como a produtividade são beneficiadas.
USE MAIS QUALIDADE QUE QUANTIDADE: Qualidade e flexibilidade são mais importantes
que quantidade de luz. Geralmente, níveis de iluminação acima de 300 lux são necessários
apenas para pequenas áreas onde tarefas visuais difíceis são feitas.
Na próxima parte da disciplina, muito mais prática, veremos regras para a iluminação natural e
artificial de interiores.
11
ILUMINAÇÃO NATURAL
“Nós nascemos da luz. As estações são sentidas através da luz. Nós
apenas conhecemos o mundo conforme ele é despertado pela luz.... Para
mim, a luz natural é a única luz, pois ela tem humor – ela dá uma base
de comum acordo ao homem – ela nos põe em contato com o eterno. A
luz natural é a única luz que faz a arquitetura ser arquitetura.”
Louis I. Kahn
11.1
A NATUREZA DA LUZ NATURAL
A luz que entra pela janela pode vir de várias fontes: sol direto, céu claro, nuvens ou reflexões
no chão e em edifícios próximos.
11.2
TIPOS DE CÉU
Embora as condições de céu podem variar infinitamente, existem modelos de céu que
simplificam essas condições. Os principais modelos são o céu CLARO, o céu PARCIALMENTE
ENCOBERTO (ou ANISOTRÓPICO) e o céu ENCOBERTO (ou ISOTRÓPICO) (conforme a ilustração
abaixo). Este último é equivalente ao céu totalmente encoberto.
FIGURA 11-2: MODELOS PARA OS TRÊS PRINCIPAIS TIPOS DE CÉU: CÉU CLARO, PARCIALMENTE ENCOBERTO E
ENCOBERTO
Um projeto de iluminação que trabalha com estas condições padrão irá funcionar também em
qualquer outra condição.
A iluminação em um CÉU ENCOBERTO é três vezes maior no ZÊNITE que no horizonte.
Embora a quantidade de iluminação num céu encoberto seja bastante reduzida (5.000 a 20.000
lux), é ainda 10 a 50 vezes maior que o necessário no interior.
Num dia com CÉU CLARO, a iluminação na parte mais clara do céu (na direção do sol) é
aproximadamente 10 vezes mais forte que na parte mais escura do céu, que fica a 90° do sol.
No CÉU CLARO, a iluminação é bastante alta, da ordem de 60.000 a 100.000 lux, ou 100 a 200
vezes maior que o necessário em interiores.
O CÉU PARCIALMENTE ENCOBERTO é o mais próximo da realidade, pois considera a luz
diferenciada do sol, das nuvens em posicionamento randômico e do céu.
A luz do céu claro consiste basicamente de dois componentes, a luz do céu e a luz do sol. A luz
do sol pode provocar OFUSCAMENTO, CONTRASTES EXCESSIVOS e AQUECIMENTO
INDESEJÁVEL, por isso geralmente se assume que a luz direta do sol deve ser excluída do
interior.
Se um projeto exclui a possibilidade de penetração do sol no interior, então um céu claro irá se
comportar similarmente ao céu encoberto, e o a CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL
(CIN, veja abaixo) poderá ser utilizado. Se o projeto considera a incidência do sol no interior,
então o modelo deve ser testado através de SIMULADORES SOLARES, da GEOMETRIA SOLAR ou
de programas como o ECOTECT, com o objetivo de analisar os ângulos solares ao longo de todo o
ano.
A aplicação mais prática do céu encoberto é o que chamamos de CONTRIBUIÇÃO DA
ILUMINAÇÃO NATURAL (símbolo CIN).
11.3
CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL (CIN)
Uma das melhores maneiras do arquiteto determinar a quantidade e qualidade da luz natural é
através do uso de modelos físicos (maquetes).
Mas a menos que o modelo seja testado sob as piores condições de iluminação, a luz dentro do
modelo não indicará o nível de iluminação mais baixo que irá acontecer na realidade.
O conceito de CIN foi desenvolvido para facilitar esse processo de previsão da luz nas piores
condições possíveis.
onde:
E
CIN = int × 100 (%) Eint = Iluminância interior
Eext Eext = Iluminância exterior
A tabela a seguir apresenta valores de contribuição da iluminação natural típicos para tipos
diferentes de espaços. Se a CIN medida for maior que o valor da tabela, a luz natural presente
ao longo de todo o ano será mais que suficiente.
TABELA 11-1: CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL MÍNIMAS TÍPICAS
11.4
Método de Cálculo da Contribuição da Iluminação Natural
A CONTRIBUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL (CIN) constitui-se basicamente de três componentes
de iluminação: a COMPONENTE DO CÉU (CC, luz proveniente da abóbada celeste), a
COMPONENTE REFLETIDA EXTERNA (CRE, luz proveniente das reflexões em superfícies
externas) e a COMPONENTE REFLETIDA INTERNA (CRI, proveniente das reflexões nas superfícies
no interior do ambiente).
Diagramas com fatores de forma para o hemisfério celeste – (Anexo A.1 da NBR);
Diagramas de distribuição de luminâncias - para céu claro e céu encoberto - para as altitudes
solares de 15°, 30°, 45°, 60°, 75°, 90° - (Anexo A.2 da NBR);
Diagramas para análise de obstrução e geometria da insolação para altitudes solares variando
de 10° em 10° - (Anexo A.3 da NBR).
A CIN é igual à soma das três componentes da luz natural (CC, CRE e CRI). A soma destas três
componentes, corrigida por fatores relativos aos diversos efeitos redutores, representa o nível
de iluminação natural num ponto do ambiente interno.
CIN = [CC + CRE + (FM . CRI)] . KT . KM . KC
onde:
FM = fator de manutenção das superfícies internas;
KT = transmissividade do vidro;
KM = fator de manutenção dos vidros;
KC = fator de caixilho.
Assumindo a proporcionalidade da iluminância num plano horizontal, produzida pela visão de
uma fonte de luz superficial, para com a projeção horizontal desta fonte, pode-se definir a
CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO NATURAL (CIN) de um ponto localizado num plano horizontal
interno com a equação:
EP
CIN = ⋅ 100 %
EHetx
onde:
EP = iluminância num plano horizontal no ponto P do ambiente interno, em lux;
EHext = iluminância produzida por toda a abóbada celeste num plano horizontal externo
livre de obstruções, excluída a iluminação direta do sol, em lux.
A iluminância no ponto P pode ser obtida então por:
CIN ⋅ EHext
EP =
100 %
O valor da iluminância horizontal externa (EHext) pode ser obtido através dos procedimentos de
cálculo descritos na NBR 15.215-2, ou com auxílio de programas de computador como o Ecotect
e Climaticus, sendo este último brasileiro e gratuito através de download diretamente do
endereço na Internet da FAU/USP. Para a cidade de Florianópolis, a EHext é segundo a Figura
11-6. A figura mostra que um valores acima de 10.000 lux acontecem em Florianópolis com uma
probabilidade de 80%, enquanto valores acima de 30.000 lux acontecem e, 50% dos dias.
FIGURA 11-6: ILUMINÂNCIA EXTERNA (EHEXT) SEGUNDO O PROGRAMA CLIMATICUS. FONTE: FAU/USP
Para condições de céu que não apresentem variação de luminância com relação ao azimute -
como o céu encoberto padrão CIE ou o céu uniforme - a CIN assemelha-se ao Daylight Factor -
DF, apresentando valores constantes para qualquer ponto do ambiente.
11.5
METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE EP ATRAVÉS DO DCRL
Para se fazer a determinação da quantidade de luz incidente em um ambiente através de uma
abertura, usa-se uma carta solar, um diagrama de obstrução e as tabelas de distribuição de
luminâncias, que devem estar em mesma escala e utilizar o mesmo sistema de projeção. Na NBR
é utilizada a projeção estereográfica.
11.5.1
DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DO SOL
Para se determinar a posição do sol, calculam-se os ângulos de altitude solar (H) e azimute solar
(A) através das expressões apresentadas na NBR, para dia, hora e latitude predefinidos ou
através de uma CARTA SOLAR como a da Figura 11-8.
CÁLCULO DA COMPONENTE DO CÉU (CC)
A seguir é exemplificado o cálculo de CC a partir do uso dos DCRL, tanto para céu encoberto
(nesta condição de céu, não se consideram os itens relativos à orientação) quanto para céu claro
(quando a orientação das fachadas é importante):
a) determina-se um ponto no interior do ambiente que se queira estudar;
no caso de altitudes intermediárias, acima de 15°, quando a variação for superior a 7,5°,
toma-se a altitude de maior valor; caso seja menor ou igual a 7,5°, utiliza-se o diagrama de
menor valor;
g) no DCRL, para céu claro, marca-se o Norte a partir do azimute encontrado em sentido anti-
horário conforme a Figura 11-7. Observa-se que um azimute positivo é marcado no sentido anti-
horário, pois fornece a posição do sol e não o Norte;
FIGURA 11-8: CARTA SOLAR PARA A LATITUDE DE 27,66°S (FLORIANÓPOLIS) E TRANSFERIDOR DE ÂNGULOS
11.5.2
CÁLCULO DA COMPONENTE REFLETIDA EXTERNA (CRE)
Caso a admissão de luz natural por uma abertura seja obstruída externamente, deve-se calcular
a CRE.
CRE para CÉU ENCOBERTO e CÉU CLARO com a OBSTRUÇÃO NÃO ILUMINADA PELO SOL
DIRETO
O procedimento é tratar a obstrução externa visível a partir do ponto de referência como uma
porção do céu cuja luminância é inferior à da porção do céu obstruído.
Em outras palavras, calcula-se a componente celeste da área obstruída, conforme descrito
acima, e converte-se o resultado para a componente refletida externamente, multiplicando pelo
coeficiente de reflexão da obstrução:
11.5.3
CRE PARA OBSTRUÇÃO ILUMINADA PELO SOL DIRETO
Cabe salientar que esta contribuição não é calculada em valor percentual e sim em valor
absoluto em iluminância, uma vez que seu cálculo depende da iluminância produzida pelo sol na
superfície da obstrução e não apenas da abóboda celeste.
Seu valor deve ser somado ao valor final calculado da contribuição de iluminação natural (CIN).
Quando a superfície oposta à abertura iluminante for iluminada diretamente pelo sol, considera-
se que a obstrução visível estará mais clara que a porção de céu que ela obstrui. Aqui, portanto,
introduz-se o cálculo da iluminação direta do sol no plano vertical da obstrução.
Inicialmente, a iluminância devido ao sol no plano da obstrução vertical (ESV), geralmente
vertical, deve ser calculada conforme procedimentos descritos na NBR ou, alternativamente,
através da Figura 11-9.
A iluminância ESV pode ser estimada pela superposição da carta solar com o diagrama da ESV. A
projeção do sol numa data e hora especificada permite a leitura ou interpolação da iluminância
nas linhas iso-lux.
Como o método gráfico proposto introduz o conceito de fator de forma projetado em uma esfera
de raio unitário para o cálculo da contribuição de luz proporcionada por uma fonte superficial, o
cálculo da CRE pode ser feito seguindo o mesmo procedimento.
FIGURA 11-9: DIAGRAMA PARA ESTIMATIVA DA ILUMINÂNCIA (KLUX) PRODUZIDA PELO SOL NUM PLANO VERTICAL
(ESV)
FIGURA 11-11: DIAGRAMA COM OS FATORES DE FORMA DO HEMISFÉRIO CELESTE PARA SUBDIVISÕES DE 10° EM 10°
CREabs = valor absoluto da componente refletida externa em lúmen por metro quadrado (lux);
FFoe = fator de forma das obstruções externas, relativo ao ponto de observação e obtido pelo
uso do diagrama de fatores de forma, Figura 11-11 (deve-se dividir o total por 100);
FIGURA 11-12: PROJEÇÃO DAS SUPERFÍCIES INTERNAS DO AMBIENTE EM RELAÇÃO AO PONTO P2 COM EXEMPLO DE
SUPERPOSIÇÃO SOBRE O DIAGRAMA DE FATORES DE FORMA
Como o método, para fins de simplificação do modelo, assume que toda a luz que penetra
através da abertura (CC + CRE) seja uniformemente distribuída (e refletida) pelas superfícies
internas, acima do plano em que se localiza o ponto em estudo, foi necessária a introdução de
um fator de correção, Kp, determinado empiricamente, para compensar as múltiplas reflexões
da luz que ocorrem no ambiente real.
A CRI pode ser calculada por:
n=1
onde:
n = número de superfícies;
FFsi = fator de forma de cada uma das superfícies internas em relação ao ponto P (obtido
através da Figura 11-11, deve-se dividir o total por 100);
Posição do ponto Kp
próximo à abertura 0,90
posição intermediária 1,15
afastado da abertura 1,60
FIGURA 11-13: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
15°
FIGURA 11-14: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
30°
FIGURA 11-15: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
45°
FIGURA 11-16: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
60°
FIGURA 11-17: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
75°
FIGURA 11-18: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU CLARO, COM ALTITUDE SOLAR DE
90°
FIGURA 11-19: DIAGRAMA DE CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE LUZ (DCRL) PARA CÉU ENCOBERTO
TABELA 11-2: VALORES PARA FM E KM (NBR 15215-3)
TABELA 11-3: MUDANÇAS NOS VALORES DE FM E KM, DE ACORDO COM A FREQUÊNCIA DE LIMPEZA (NBR 15215-3)
TABELA 11-4: VALORES DE KT PARA ALGUNS TIPOS DE FECHAMENTO DE ABERTURAS (NBR 15215-3)
Acaixilho = área da esquadria e de todos os elementos que reduzem a área efetiva da abertura
11.5.5
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CIN
A CIN pode ser representado graficamente de diferentes maneiras, ou através de plantas baixas,
ou através de cortes, ou através de imagens em 3 dimensões. Diversos programas
computacionais constroem esses gráficos automaticamente após uma simulação das condições de
iluminação existentes. Esses mesmos gráficos podem mostrar tanto os valores de CIN como os de
iluminância (E) em diversos pontos do ambiente.
Na Figura 11-20, três maneiras de representar a distribuição da luz natural em um ambiente
(pelo fator de luz diurna ou pela iluminância interior, CIN ou E).
Veja também, na mesma figura, uma imagem do programa ECOTECT mostrando a análise da CIN
para um ambiente com prateleiras de luz nas janelas da fachada norte. À direita, na legenda, os
valores de CIN segundo as cores visualizadas no plano de trabalho.
11.6
ESTRATÉGIAS BÁSICAS PARA ILUMINAÇÃO NATURAL
11.6.1
ORIENTAÇÃO
A melhor orientação para a iluminação natural é a NORTE, devido à incidência mais freqüente
da luz solar direta. Apesar do calor que acompanha a luz solar estar sempre presente, é muito
fácil sombrear as aberturas nesta orientação.
A segunda melhor orientação para a iluminação natural é a SUL, devido à constância da luz.
Embora a quantidade de luz possa ser baixa, a qualidade é alta quando se precisa de uma luz
branca fria. Esta orientação também é a que menos recebe a luz solar direta, tendo menos
problemas de ofuscamento. Também é muito fácil projetar proteções solares para o Sul.
As piores orientações são então a LESTE e a OESTE. Isso porque elas recebem a luz solar direta
com maior intensidade no verão e com menor intensidade no inverno, dificultando o projeto de
proteções solares, que devem considerar ângulos de altura solar muito baixos.
A figura abaixo sumariza estas indicações, ilustrando uma planta ideal em termos de orientação
e luz natural.
FIGURA 11-21: PLANTA COM UMA "ORIENTAÇÃO IDEAL" EM TERMOS DE ILUMINAÇÃO NATURAL
Para iluminação solar, quando Quando o calor solar Para evitar sobreaquecimento
o calor solar é desejável no não é desejável no no verão e problemas com
inverno, oriente as janelas inverno, oriente as ofuscamento, EVITE orientar
para o norte. janelas para o sul. janelas para o leste e para o
oeste.
FIGURA 11-22: REGRAS PARA A ORIENTAÇÃO DE EDIFÍCIOS
11.6.2
ILUMINAÇÃO ZENITAL
Conceituada segundo a norma como a porção de luz natural produzida pela luz que entra
através dos fechamentos superiores dos espaços internos. A iluminação zenital tem duas
principais vantagens sobre a iluminação lateral através de janelas: permite uma iluminação
muito mais uniforme que a obtida com janelas e recebe muito mais luz natural ao longo do dia.
A principal desvantagem é a dificuldade de proteger essas aberturas da radiação solar
indesejável. Por esse motivo, é recomendado o uso da iluminação zenital através de vidros
posicionados verticalmente, conforme o esquema seguinte.
Quando o átrio se torna muito pequeno para ser um espaço útil, passa a ser chamado de POÇO
DE LUZ, conceituado como o espaço luminoso interno que conduz a luz natural para porções
internas da edificação.
NOTA: Suas superfícies geralmente apresentam acabamento com alta refletância (cores claras).
11.6.4
FLUIDEZ ESPACIAL
A planta livre é vantajosa em termos de iluminação natural, pois pode ter ambientes divididos
por divisórias transparentes, que trazem a luz ao interior. Cortinas e persianas podem também
ser usadas, além de se colocar vidro apenas acima do ângulo de visão, permitindo assim maior
privacidade visual.
FIGURA 11-26: REFLETÂNCIAS IDEAIS PARA SUPERFÍCIES INTERIORES EM FUNÇÃO DE SEU POSICIONAMENTO EM
RELAÇÃO À JANELA
11.6.6
Janelas Diferentes p/ Iluminação e Contato Exterior
Para iluminação natural, dê preferência a janelas altas e iluminação zenital. Use janelas mais
baixas para contato visual com o exterior.
11.7
ESTRATÉGIAS BÁSICAS PARA JANELAS
11.7.1
Distribuição das Janelas
As janelas ideais são posicionadas na parte mais alta das paredes, bem distribuídas e com área
otimizada. A penetração da luz natural aumenta com a altura da janela.
Janelas espalhadas distribuem melhor a luz que janelas concentradas em pequena área da
parede.
FIGURA 11-29: JANELAS MAIS ESPALHADAS SÃO MELHORES QUE JANELAS CONCENTRADAS
A área percentual de janela em relação à área de piso raramente deve exceder 20%, devido à
incidência de calor no verão e às perdas de calor no inverno.
O ofuscamento pode
também ser reduzido por
causa da redução no
contraste entre a janela e
a parede de entorno,
devido às reflexões que
retornam da parede ao
lado.
FIGURA 11-33: REDUÇÃO DO OFUSCAMENTO
11.7.4
BORDAS DA JANELA
As bordas das janelas também ajudam a reduzir o contraste entre o brilho da janela e da parede
em que ela está, reduzindo o ofuscamento. Dessa forma, as bordas arredondadas ou chanfradas
criam uma transição de contrastes mais confortável aos olhos.
11.7.5
FILTRAR A LUZ NATURAL
A luz solar pode ser filtrada e amenizada por árvores, pérgolas, etc. Entretanto deve-se tomar
cuidado com a especificação de vidros difusores em janelas com incidência direta de luz solar,
pois eles tendem a ser excessivamente brilhantes, o que pode causar ofuscamento.
FIGURA 11-36: PROTEÇÕES SOLARES E PAINÉIS VERTICAIS PARA BLOQUEAR E REFLETIR A LUZ NATURAL PARA O
INTERIOR
Um painel vertical na frente da janela pode bloquear a luz solar direta e ao mesmo tempo
refletir a luz celeste de forma difusa para o ambiente.
Persianas externas, verticais ou horizontais, também bloqueiam a luz solar direta, refletindo luz
difusa para o interior.
O projeto e avaliação de proteções solares pode ser feito através do MÉTODO DAS MÁSCARAS
(que utiliza as cartas solares), através de maquetes (com HELIODONS e SOLARSCÓPIOS) e
também de programas de computador como o ECOTECT.
11.7.7
UTILIZAR BRISES MÓVEIS
Os brises móveis criam uma iluminação mais dinâmica, que pode responder mais eficiente às
necessidades dinâmicas de um ambiente interior. Em fachadas leste e oeste, a luz pode ser
difusa em metade do dia e direta na outra metade. Brises móveis respondem bem a esta
tremenda variação das condições de luz.
11.8
ESTRATÉGIAS AVANÇADAS PARA JANELAS
11.8.1
REFLETIR A LUZ NO PRÓPRIO EDIFÍCIO
A melhor e mais fácil estratégia para se levar a luz mais ao fundo do ambiente é a reflexão da
luz natural no teto. Em pavimentos térreos, a calçada e parte do chão externo podem refletir a
luz para o teto.
Note que o teto é inclinado, permitindo janelas mais altas nas fachadas. O espaço
acima do teto próximo ao centro do edifício é utilizado para acomodar equipamentos e
tubulações. A iluminação zenital traz luz para o centro do edifício, fazendo a
iluminação natural ser mais bem distribuída.
FIGURA 11-42: VENTURA COASTAL CORP. ADMINISTRATION BUILDING, VENTURA, CALIFÓRNIA, EUA.
Os VIDROS SELETIVOS são os melhores quando se quer controlar ao mesmo tempo a radiação
térmica e a visível. São excelentes quando a luz é necessária, porém não se quer ganhar calor.
Existem vidros conhecidos como LOW-E, vidros de baixa emissividade. Esses vidros emitem
pouco do calor do interior para fora, sendo ideais para períodos frios, quando se quer reter o
calor no interior (veja o gráfico abaixo).
11.9
ILUMINAÇÃO ZENITAL
A luz zenital deve ser usada principalmente como um complemento da luz natural proveniente
de janelas. Tem algumas desvantagens, como a dificuldade de se utilizá-la em edifícios de vários
pavimentos, a impossibilidade de visual para o exterior e alguns potenciais problemas de
ofuscamento. Também se deve evitar a colocação de luz zenital na área do teto onde esta
poderia provocar reflexões indesejáveis na área de trabalho de tarefas como leitura e escrita
(veja ilustração A a seguir). Algumas soluções para esse problema são a colocação de refletores
internos para redirecionar a luz para o teto (veja ilustração B a seguir) ou de aletas para
bloquear a incidência da luz solar direta (veja ilustração C a seguir).
11.9.2
ESPAÇAMENTO
Se um ambiente não possui
janelas, os domos devem
ser espaçados conforme
esquema da ilustração A ao
lado. Se há janelas, os
domos podem ser
espaçados mais afastados
das bordas, conforme
ilustração B ao lado.
11.9.3 11.9.4
CHANFROS POSICIONAMENTO VERTICAL
O uso de chanfros nos tetos amplia a eficiência O domo posicionado em partes mais altas da
do domo em levar a luz natural para o interior. edificação ilumina com mais eficiência,
permitindo que a luz se difunda antes de
atingir o piso e evitando a maior parte do
ofuscamento.
11.9.5
USE A PAREDE COMO REFLETOR DE LUZ
O posicionamento do domo
próximo a paredes é bastante
útil para que estas funcionem
como refletores difusos da luz
proveniente do céu ou do sol.
Estas paredes devem ter
cores claras e ser
preferencialmente voltadas
para o sul, ou seja, a janela
do ambiente, se houver, seria
voltada para o norte na FIGURA 11-55: PAREDES PRÓXIMAS AO DOMO COMO REFLETORES DE LUZ
parede oposta.
11.9.6
SOMBREIE O DOMO
O uso de refletores e de proteções solares externas pode melhorar o desempenho dos domos.
Sombreie o domo do sol de verão e use refletores para aumentar a incidência da luz natural no
inverno. Dispositivos móveis podem ser mais eficazes nessa tarefa.
11.9.8
CLARABÓIAS E OUTROS TIPOS DE ILUMINAÇÃO ZENITAL NÃO
HORIZONTAL
Esses tipos de iluminação cumprem a mesma função dos domos, porém são mais facilmente
sombreados quando necessário e permitem melhor distribuição da luz ao longo do ano, pois
podem ser orientados de forma a aproveitar melhor a luz no inverno e evitá-la no verão.
Valem as mesmas regras para janelas, ou seja, deve-se evitar as orientações leste e oeste, e as
duas melhores orientações são a norte e a sul, nessa ordem.
Outra vantagem desse tipo de iluminação é seu potencial para levar luz difusa para o ambiente,
visto que a luz celeste ou solar pode ser refletida em uma superfície interna antes de entrar.
Sua principal desvantagem é enxergar menos céu que os domos e, conseqüentemente, coletar
menos luz. Abaixo, algumas estratégias para o uso de clarabóias:
11.9.9
Orientação
Oriente a superfície aberta para o norte para obter luz mais constante ao longo do ano, e
aquecimento solar no inverno. Em climas sem inverno, oriente as clarabóias para o sul.
11.9.12
USO DE SUPERFÍCIES REFLETORAS
Use superfícies refletoras de sol na
parte de fora de clarabóias orientadas
para o sul para aumentar a captação
de luzem dias claros e ensolarados.
Se a clarabóia está orientada para leste ou oeste, pode-se melhorar bastante sua eficiência
através das mesmas superfícies refletoras discutidas no item anterior. Na fachada leste, por
exemplo, essas superfícies sombreiam as clarabóias quando o sol está incidindo diretamente pela
manhã e refletem sua luz de forma difusa para o interior à tarde.
11.9.15
DOIS EXEMPLOS DE PROJETOS COM CLARABÓIAS
Igreja Paroquial de Riola, Itália, arquiteto Alvar Aalto (1978).
Biblioteca pública de Mt. Airy, dos arquitetos Edward Mazria e J. N. Pease, estado de
Carolina do Norte, EUA.
FIGURA 11-66: BIBLIOTECA PÚBLICA DE MT. AIRY, DE EDWARD MAZRIA E J. N. PEASE, CAROLINA DO NORTE, EUA.
FIGURA 11-67: AUDITÓRIO PRINCIPAL DO INSTITUTO DE TECNOLOGIA, FINLÂNDIA, ARQ. ALVAR AALTO, FONTE:
BROWN, 2004
11.10
TÉCNICAS ESPECIAIS DE ILUMINAÇÃO NATURAL
11.10.1
POÇOS DE LUZ
Os poços de luz são menos eficientes quando a
razão entre a sua profundidade e sua largura
aumenta. As paredes internas devem ser o mais
reflexivas possíveis e, se possível, espelhadas.
Abaixo uma ilustração do projeto do arquiteto
Moshe Safdie para a Galeria Nacional do
Canadá, em Ottawa. Note que o poço de luz
transmite a luz natural através do piso superior
diretamente para o inferior.O arquiteto usou
maquetes para analisar a viabilidade dessa
solução.
11.10.2
“SKYLIGHT” TUBULAR
Esses tubos já estão disponíveis no comércio, possuem superfície interna altamente reflexiva
(espelhada), conseguindo transmitir até 50% da luz exterior através do ático. A quantidade de
luz é uma função do diâmetro do duto.
FIGURA 11-73: EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS DA TVA, ARQ. MATTHEWS & CALTHORPE, FONTE: BROWN 2004.
11.10.4
FIBRAS ÓTICAS
Ao contrário dos sistemas anteriores, que usam superfícies refletoras para conduzir a luz para o
interior, as fibras óticas usam uma técnica de reflexão total interna que é muito mais eficiente.
Uma das principais vantagens é sua flexibilidade, o que facilita a transmissão de luz através de
cantos e dobras estruturais. As fibras óticas podem ser utilizadas também com sistemas de
iluminação artificial, como veremos mais tarde.
Ao lado, foto de um
HELIOSTATO, que concentra
a luz solar num grupo de
fibras óticas, que distribui a
luz no interior.
11.10.5
PRISMAS
Usados desde o início do Século XX, os prismas são utilizados
similarmente às prateleiras de luz, com o objetivo de refratar a
luz incidente na parte superior da janela para o teto.
11.10.6
PISOS
TRANSPARENTES
São usados desde o século XIX, com
o intuito de transmitir a luz
natural para ambientes localizados
no subsolo. Atualmente também
são utilizados em edifícios de
vários pavimentos, para trazer a
luz de um piso para o outro.
11.10.7
PAREDES E TETOS TRANSLÚCIDOS
Outra técnica de iluminação natural, os tetos e paredes translúcidos são normalmente
construídos de materiais compostos ou de tecidos. As membranas são especialmente indicadas
para tetos translúcidos, porque conseguem cobrir grandes vãos e fornecem luz bastante difusa,
com baixo brilho e quase total ausência de ofuscamento. O inconveniente desses materiais é sua
incapacidade de isolar adequadamente a radiação térmica, por isso sendo mais usados em
edifícios com funções especiais, como pavilhões e ginásios de esporte.
Também há a possibilidade de se utilizar sanduíches de materiais para permitir a luz e ao mesmo
tempo bloquear o calor indesejável.
Um outro efeito interessante desse sistema acontece à noite, quando o edifício fica visível
através de um pequeno brilho de suas superfícies.
11.11
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL COMO SUPLEMENTO DA
ILUMINAÇÃO NATURAL
Um edifício iluminado com luz natural pode economizar uma quantidade significativa de energia
elétrica se a sua iluminação artificial permanece desligada quando há luz natural suficiente.
Pode-se confiar na maioria das pessoas para acionar a iluminação artificial quando necessário,
MAS NÃO PARA DESLIGAR O SISTEMA QUANDO NÃO É MAIS NECESSÁRIO.
devido a baixa qualidade da cor da luz dessas lâmpadas, esse sistema não é indicado para
ambientes de escritórios e salas de aula, onde a integração entre luz natural e artificial se faz
mais necessária.
11.11.4
SENSORES DE PRESENÇA
Os SENSORES DE PRESENÇA (ou de
OCUPAÇÃO) são uma solução simples para
esse problema. Usam tanto radiação
infravermelha quanto vibrações ultra-sônicas
(como nos alarmes de automóveis) para
“sentir” a presença de pessoas.
11.11.5
ILUMINAÇÃO DE TAREFA
Além disso tudo, como já visto anteriormente, a ILUMINAÇÃO DE TAREFA também pode ser
usada como complemento da luz natural, pois permite o controle local das condições de
iluminação de cada tarefa visual.
A = iluminação natural
B = iluminação artificial
C = combinação dos dois
sistemas (distribuição dos níveis
de iluminação muito mais
uniforme)
FIGURA 11-81: INTEGRAÇÃO ENTRE LUZ
NATURAL E ARTIFICIAL
11.12
ANÁLISE DE LUZ NATURAL COM MAQUETES
Essa é a melhor maneira de se analisar a iluminação natural em edificações, por diversos
motivos:
1. Devido à física da luz, a ESCALA da maquete não cria diferenciações entre uma situação real
e o modelo. As limitações são mais impostas pela necessidade de espaço para a colocação de
sensores e de máquinas fotográficas. As maquetes, se bem feitas, podem reproduzir as
condições exatas de um edifício real.
2. Não importa a complexidade do projeto, um modelo bem feito pode predizer com precisão
os resultados.
3. As maquetes ilustram tanto aspectos qualitativos quanto quantitativos da iluminação, como
ofuscamento, contrastes, reflexões especulares, luz difusa, direta, etc.
4. As maquetes têm a vantagem de exigir pequeno tempo de aprendizado com o máximo de
informações dadas como resultado. Ao contrário, os programas de computador, além de ser
menos precisos, exigem normalmente mais tempo de aprendizado e experiência no seu uso.
5. As maquetes normalmente também podem ser usadas para outros fins de projeto.
6. Mesmo maquetes simplificadas podem dar resultados bastante precisos.
11.12.1
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA MAQUETES
1. Elementos arquitetônicos que afetam a luz natural quando esta entra nos ambientes devem
ser modelados com precisão em termos de dimensões, cores e posicionamento, como
janelas, brises, difusores, defletores, domos, etc.
2. O vidro pode ser modelado (e pintado) em transparências, nas quais as molduras das janelas
podem ser desenhadas com caneta ou através de fotocópias de desenhos do projeto.
3. As superfícies devem ser o mais próximas das reais, com mesma cor e textura se possível. O
ideal é pintar as superfícies da maquete com a mesma tinta a ser utilizada na obra.
4. Elementos externos, como calçadas, árvores, grama, também devem ser incluídos na
maquete, de forma a representar a realidade das reflexões externas com mais precisão.
5. As juntas entre paredes, tetos e outras superfícies devem ser fechadas com material opaco
para evitar a penetração de luz por orifícios não existentes na realidade.
Dicas para a Construção de Modelos
1. Use escala de pelo menos 1/25 ou 1/20 para pequenos modelos.
2. Use construções modulares de forma a facilitar a troca de elementos problemáticos por
alternativas diferentes.
2. Use um tripé e filme com velocidade (ISO) rápida, pelo menos ISO 200 ou 400, dessa forma,
podendo explorar mais a profundidade de campo da lente, de forma a manter a maior parte
da imagem em foco.
3. Compense cada fotografia, fazendo três fotos para cada situação, uma com exposição
conforme indicado pela câmera, uma com exposição compensada para cima e outra com
exposição compensada para baixo do que o sensor da câmera indica.
4. Mantenha a câmera na posição que seria a altura de um observador em pé dentro do modelo,
na escala correspondente.
5. Evite entrada de luz pela abertura ao redor da câmera com isolamento adequado (pano
preto).
Nas imagens a seguir uma maquete mostra o realismo desse tipo de análise de iluminação
natural.
12
ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL
12.1
A LUZ ARTIFICIAL
Conforme visto nas aulas anteriores, a luz artificial deve ser utilizada somente após o arquiteto
ter esgotado o uso de estratégias de iluminação como a geometria do ambiente, as cores e
texturas das superfícies e a iluminação natural.
Se a partir daí ainda for necessária mais luz, e na maior parte dos casos será, deve-se então
proceder para o projeto do sistema de iluminação artificial.
12.2
FONTES DE LUZ ARTIFICIAL
O gráfico da próxima página ilustra a eficácia luminosa de diversas fontes de iluminação
artificial. Veja que as lâmpadas incandescentes comuns são as mais pobres em eficiência e que
as fluorescentes comuns, bastante usadas hoje em dia, são bastante eficientes em comparação.
FIGURA 12-1: GRÁFICO COMPARATIVO DA EFICIÊNCIA LUMINOSA DE DIVERSAS FONTES DE LUZ ARTIFICIAL
Abaixo, um gráfico ilustrativo da eficácia de diversas fontes de luz, com relação às parcelas de
energia consumida que são convertidas em luz e em calor.
Como visto no gráfico, a luz natural é a que tem a melhor eficácia luminosa, além de ser
gratuita. Assim, a iluminação artificial deve servir como um suplemento à luz natural sempre
que possível.
12.2.1
LÂMPADAS INCANDESCENTES
São as mais comuns, mais antigas,
mais baratas, porém menos eficientes
em termos de consumo de energia.
Sua vida útil é relativamente curta,
da ordem de 1000 horas. Consistem
basicamente de um bulbo de vidro
preenchido com gás argônio e um
filamento de metal tungstênio. A
corrente elétrica passando pelo
filamento o faz ficar incandescente
(daí o nome da lâmpada), acender!
12.2.2
LÂMPADAS DE DESCARGA GASOSA
São baseadas em um fenômeno conhecido como DESCARGA, em que um gás ionizado (ao
contrário do filamento nas lâmpadas incandescentes) emite luz. Exigem o uso de reatores, que
podem ser magnéticos (mais antigos) ou do tipo eletrônico (mais eficiente). Os reatores
"acendem" a lâmpada com uma tensão mais alta, limitando a corrente elétrica posteriormente.
Uma das desvantagens das lâmpadas de descarga é o EFEITO ESTROBOSCÓPICO que produzem.
As lâmpadas piscam na mesma freqüência da tensão de alimentação (60 Hz). Um motor cujo eixo
gire em velocidade alta (3600 RPM, por exemplo) pode parecer estar parado e causar algum
acidente de trabalho. Por este motivo, em locais onde haja a possibilidade de ocorrer este
problema, e recomendado o uso de pelo menos duas lâmpadas ligadas em circuitos diferentes ou
com reator duplo, que terão suas piscadas defasadas, evitando o efeito estroboscópico.
Atualmente, a qualidade do gás e do revestimento no interior das lâmpadas têm sido
aprimorada, proporcionando grande melhoria na reprodução das cores e na redução no tamanho
das lâmpadas. Produtos relativamente novos como o heater cutout para reatores magnéticos,
que desliga o circuito aquecido depois que a lâmpada liga, e os reatores eletrônicos de alta
freqüência, são disponíveis e aceitos no mercado, além de serem uma técnica eficiente de
economia de energia.
Em geral, as lâmpadas fluorescentes possuem boa eficiência luminosa (quatro a seis vezes maior
que as incandescentes) e vida média alta (6000 a 9000 horas). O fato de apresentarem baixa
luminância é vantajoso, pois reduz a possibilidade de ofuscamento. A FLUORESCENTE T8 é mais
eficiente que a comum (T12) por ter menor diâmetro (26 milímetros), menor potência (32W em
equivalência à T12 de 40W) e FLUXO LUMINOSO equivalente ao da fluorescente comum de 40W,
sendo boa alternativa para edificações comerciais. Seu IRC é da ordem de 85%, bem melhor que
o da T12.
FIGURA 12-8: POTÊNCIA, LUZ E CONSUMO COMPARATIVO ENTRE LÂMPADAS FLUORESCENTES T12 (40W) E T8 (32W)
Além desse tipo, temos também mais recentemente a lâmpada FLUORESCENTE T5, cujo
diâmetro é ainda menor (16 milímetros) e a potência (FLUXO RADIANTE) é da ordem de 28W (se
equivalente a comum de 40W), ou seja, consumo de energia da ordem de apenas 70% para a
mesma luminosidade. A vida útil da T5 é o dobro das anteriores, podendo chegar a 16.000 horas
e tem IRC também da ordem de 85%.
As lâmpadas do tipo
FLUORESCENTE COMPACTA têm
sido desenvolvidas para uso em
diversas situações onde
tradicionalmente se utilizavam
lâmpadas incandescentes comuns.
São compostas basicamente de
um pequeno bulbo fluorescente,
possuindo em alguns modelos os
dispositivos de partida (reatores e
starters) incorporados ao seu
invólucro compacto. Temos
atualmente inúmeros tipos e
formas no mercado, inclusive com
emissão de luz de cor branca ou
amarelada, conforme desejado. FIGURA 12-9: ALGUNS TIPOS DE LÂMPADAS FLUORESCENTES
COMPACTAS
12.2.3
LÂMPADAS A VAPOR DE MERCÚRIO
Indicada para a iluminação de grandes áreas. Têm boa eficiência luminosa (45 a 65 lm/W) e luz
com aparência branca-azulada. Neste tipo de lâmpada o vapor de mercúrio está submetido à
alta pressão no interior de um pequeno tubo (tubo de descarga) contido num bulbo, que ajuda a
manter constante a temperatura da lâmpada. Também se pode revestir o bulbo com pó
fluorescente para melhorar a qualidade cromática da luz emitida. As lâmpadas de vapor de
mercúrio (exceto a do tipo mista) exigem aparelhagem auxiliar para funcionamento. Um tipo
especial destas lâmpadas é conhecido como LUZ MISTA e consiste da lâmpada de bulbo
12.2.4
LÂMPADAS A VAPOR DE SÓDIO
A lâmpada a vapor de sódio pode ser de baixa ou de alta pressão. Na de BAIXA PRESSÃO o tubo
de descarga interno contém sódio e uma mistura de gases inertes (neônio e argônio) com os
eletrodos nas extremidades. Esta lâmpada caracteriza-se por emitir uma radiação
monocromática, centrada no amarelo, elevada eficiência luminosa (160 a 180 lumens por Watt)
e longa vida média. Desta forma, este tipo de lâmpada encontra sua aplicação em grandes
espaços externos, onde a reprodução da cor não é necessária e onde o reconhecimento por
contrastes é predominante (auto-estradas, vias de tráfego, estacionamentos, pátios de
manobras). Na LÂMPADA A VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO o tubo de descarga contém um
excesso de sódio. Ao contrário das lâmpadas de baixa pressão, a de alta pressão proporciona
uma reprodução de cor razoável e apresenta uma eficiência luminosa que pode chegar até 130
lumens por Watt. Com tonalidade alaranjada agradável, estas lâmpadas têm tido um emprego
crescente para todos os tipos de iluminação externa e iluminação industrial de grande altura.
As lâmpadas a vapor de sódio necessitam de aparelhagem auxiliar para operação, o que
representa um custo inicial elevado. Leva de cinco a oito minutos para atingir 80% do seu fluxo
luminoso máximo e têm duração média entre 6000 e 9000 horas.
12.2.5
LÂMPADA A MULTIVAPORES METÁLICOS
Tipo de lâmpada também conhecida como metálica, contém iodetos
metálicos. Seu funcionamento é similar ao da lâmpada de sódio -
requer reator e ignitor para elevar a tensão de partida. Tem grande
iluminância, IRC de 90% e é indicada para locais onde é necessário
haver iluminação profissional, como quadras de tênis, grandes
eventos, jogos de futebol etc.
12.2.6
LÂMPADA A MICROONDAS
Atualmente as evoluções tecnológicas têm levado ao desenvolvimento de lâmpadas sem
eletrodos. Em outubro de 1994 foi apresentada uma nova lâmpada nos Estados Unidos: a
lâmpada de microondas (sulfur microwave lamp), representando uma revolução nas pesquisas de
tecnologia de iluminação.
Esta lâmpada contém uma mistura de gás argônio com enxofre, que é convertida numa espécie
de plasma ao ser submetida à microondas (2,45 Ghz), emitindo luz. Sua eficiência luminosa
atinge a faixa de 110 lumens/watt (equivalente à eficiência da lâmpada a vapor de sódio de alta
pressão) e sua durabilidade atinge 10000 horas.
Existem DIMMERS especiais para controle da luminosidade de leds (de 0 a 100%) e também de
sua cor, misturando vermelho, verde e azul, obtendo qualquer cor possível do sistema RGB (até
27 milhões de tonalidades diferentes!).
FIGURA 12-15: SISTEMA DE SUPERFÍCIE RETRO-ILUMINADA POR LED, DA ZUMTOBEL STAFF (ALEMANHA), FOTO:
HELMUT STETTIN/MESSE FRANKFURT
12.3
LUMINÁRIAS
As luminárias complementam o desempenho das lâmpadas e diferenciam-se basicamente pelo
tipo de material com que são produzidas e a curvatura do refletor, que deve procurar o melhor
aproveitamento da luz dentro do facho pretendido e emissão mínima fora desse ângulo. As
qualidades de uma boa lâmpada se perdem totalmente diante de luminárias de baixo
rendimento. A relação entre a medida, o tipo e a posição da lâmpada no interior da luminária
definem o conjunto adequado. A troca indiscriminada pode causar a diminuição do rendimento e
do conforto. Relaciona-se abaixo cinco funções básicas das luminárias:
dar suporte físico à lâmpada e seus equipamentos;
assegurar o funcionamento ótimo da lâmpada;
trabalhar com a luz emitida para redirecioná-la da forma desejada;
obter o melhor aproveitamento da luminosidade para diminuir desperdícios;
proteger a lâmpada contra impactos ou intempéries.
Não se pode generalizar e indicar um modelo como o ideal para cada situação, mas pode-se
dizer que a luminária eficiente é aquela que proporciona o melhor aproveitamento do fluxo
luminoso, direcionando-o para onde ele é necessário, tornando o ambiente agradável.
Para evitar reflexos, contrastes e ofuscamento é importante a escolha de luminárias adequadas.
Um conjunto ótico ruim pode acarretar o aumento da quantidade de pontos de luz na faixa de
20% a 30% para assegurar os níveis de iluminação pretendidos. Isso se traduz, obviamente, em
uma conta de luz maior. Apesar do custo inicial superior, compensa instalar um sistema eficiente
e econômico.
12.4
SISTEMAS DE CONTROLE
Além dos sistemas de controle conhecidos como SENSORES DE OCUPAÇÃO e SENSORES
FOTOELÉTRICOS (já discutidos nos itens 11.11.2 e 11.11.4 respectivamente) existem também
sistemas de programação de tempo (minuterias) e dimmers para o controle da iluminação
artificial.
12.4.1
MINUTERIAS
Os temporizadores ou minuterias são muito usados nos corredores de edifícios. A pessoa que
entra no prédio ativa o temporizador, que acende as lâmpadas por um período de tempo pré-
estabelecido, suficiente para o usuário chegar ao seu local de destino. Após o tempo
programado, o temporizador desativa as lâmpadas, evitando o desperdício de energia.
12.5
VERIFICAÇÃO DA ILUMINAÇÃO EM AMBIENTES
São três os métodos mais usados para cálculo da iluminação interna num ambiente em relação a
fontes artificiais de iluminação: o método ponto-a-ponto, o método da iluminância média
(também conhecido como método dos lumens ou do fluxo total) e o método do fluxo transferido
(também conhecido como método da radiosidade ou diferenças finitas). Os dois primeiros
oferecem técnicas de análise simplificadas, que podem ser rapidamente empregadas, mas que
envolvem certas perdas de precisão.
Caso o objetivo seja garantir certa iluminação em toda a área do plano de trabalho, o método
da iluminância média é o mais adequado.
Quando são utilizados sistemas de iluminação de tarefa localizada para tarefas visuais
específicas, o método ponto-a-ponto deve ser o empregado. Este também é o método mais
adequado para a maioria das aplicações de iluminação e é o utilizado pelo programa Ecotect.
O método do fluxo transferido é bastante complexo para situações simples, mas é o único
capaz de produzir resultados confiáveis no projeto de sistemas de iluminação complexos. Este
método necessita do uso de computador e é o método utilizado pelo programa Radiance.
12.6
MÉTODO DA ILUMINÂNCIA MÉDIA
Este método assume que a luz emitida por uma luminária é uniformemente distribuída sobre o
plano horizontal de trabalho. Várias luminárias iguais e igualmente espaçadas produzem
iluminação bastante próxima da uniforme num ambiente, portanto a iluminância média é função
do fluxo luminoso e da área iluminada. Se a iluminância média desejada no plano de trabalho
(Em) é conhecida, o número de lâmpadas (n) necessário para garantir esta iluminância é obtido
por:
Em ⋅ A ⋅ Fd
n=
ϕ ⋅ ηL ⋅ ηR ⋅ BF
onde:
n = Quantidade de lâmpadas ϕ = Fluxo luminoso da lâmpada
Em = Iluminância média ηL = Eficiência da luminária (0 a 100%)
A = Área do ambiente (m2) ηR = Eficiência do recinto (0 a 100%)
Fd = Fator de depreciação BF = Fator de fluxo luminoso (90 a 110%)
Em ⋅ A ⋅ Fd
n=
ϕ ⋅ Fu ⋅ BF
onde:
Fu = Fator de utilização (Fu = ηL . ηR)
12.6.1
QUANTIDADE DE LÂMPADAS (n)
O valor de “n” é o objetivo do projetista de iluminação para atingir o nível de iluminação
recomendado por norma (NBR 5413). Deve ser sempre arredondado para cima, ou seja, um “n”
de 5,7 deve ser arredondado para 6. Caso se utilize luminárias com duas ou mais lâmpadas,
deve-se considerar o valor de “N” como o númerop de luminárias, a ser calculado como a divisão
do total de lâmpadas pelo número de lâmpadas por luminária.
12.6.2
ILUMINÂNCIA MÉDIA (Em)
Dada em lux, especificada na norma NBR 5413, é a quantidade de luz que incidirá no ambiente
ou plano de trabalho.
12.6.3
ÁREA DO AMBIENTE (A)
Medida da área do ambiente em m2.
12.6.4
FATOR DE DEPRECIAÇÃO (Fd)
Índice que define a redução de luminosidade de um sistema (lâmpada mais luminária) pela perda
de reflexão da luminária por sujeira ou desgaste do refletor e pela perda de rendimento da
lâmpada (Figura 12-20). Normalmente fornecido nos catálogos dos fabricantes de luminárias. Na
nossa fórmula, simplificaremos esse valor considerando que:
Fu = 0,5
12.6.9
FATOR DE FLUXO LUMINOSO (BF)
Do inglês ballast factor, define o fluxo luminoso da lâmpada instalada com determinado reator.
O “BF” deve ser ignorado em sistemas que não tenham reatores eletrônicos e varia entre 0,9 e
1,1 quando o reator é eletrônico. Assim, usaremos na equação o valor simplificado de:
BF = 1,0
Após estas simplificações, podemos reescrever a fórmula como:
Em ⋅ A ⋅ Fd Em ⋅ A ⋅ Fd
n= ou
n=
ϕ ⋅ Fu ⋅ BF 0,5 ⋅ ϕ
12.6.10
ADEQUAÇÃO DOS RESULTADOS AO PROJETO
Se a quantidade de luminárias resultantes do cálculo não for compatível com sua distribuição
desejada, recomenda-se sempre o acréscimo de luminárias e não a eliminação, para que não
haja prejuízo do nível de Iluminação desejado.
0,5 ⋅ ϕ ⋅ n
Em =
A ⋅ Fd
12.6.12
DEFINIÇÃO DOS PONTOS
DE ILUMINAÇÃO
Os pontos de iluminação devem
preferencialmente ser distribuídos
uniformemente no recinto, levando-
se em conta o layout do mobiliário, o
direcionamento da luz para a mesa de
trabalho e o próprio tamanho da
luminária. Recomenda-se que a
distância “a” ou “b” entre as
luminárias seja o dobro da distância
entre estas e as paredes laterais.
FIGURA 12-21: RECOMENDAÇÃO QUANTO ÀS DISTÂNCIAS ENTRE
LUMINÁRIAS E PAREDES LATERAIS
12.7
MÉTODO PONTO-A-PONTO
Empregado em ambientes com fontes
de luz puntiformes e com iluminação
localizada e não uniforme. Este
método leva em consideração apenas
a componente direta da emissão de
luz. A equação do item 6.6 pode ser
adaptada através de relações
trigonométricas para situações
práticas, conforme as ilustrações
abaixo, que representam quatro das
situações mais freqüentes.
Caso no ambiente sob análise haja uma componente indireta refletida de iluminação, pode-se
calcula-la por:
ϕ ρ
Eind = ⋅ M
∑ A n 1 − ρM
sendo que:
ρM =
∑ρ A n n
∑A n
onde:
ρn = refletância da superfície “n”
12.8
MÉTODO DO FLUXO TRANSFERIDO (DIFERENÇAS FINITAS)
Este método é o mais complicado e também o mais preciso para obtenção da iluminação num
determinado ponto devido tanto à luz natural quanto à luz natural. Nele, um ambiente é
descrito em termos de luminância inicial (Lo1, Lo2, Lo3) das paredes, pisos e teto. A luminância
final (L1, L2 e L3) é maior que a inicial para cada superfície devido à componente da refletida no
ambiente. Fatores de forma são usados para descrever o fluxo luminoso refletido ou emitido por
uma superfície e que incide em outra superfície (Pereira, 1993).
Assim, o fluxo luminoso final emitido pelo piso pode ser descrito como:
12.9
PROJETO LUMINOTÉCNICO
Um projeto luminotécnico pode ser resumido em:
1. Escolha da lâmpada e da luminária mais adequada.
2. Cálculo da quantidade de luminárias.
3. Disposição das luminárias no recinto.
136 Prof. LUCIANO DUTRA
A P O S T I L A : I L U M I N A Ç Ã O N A A R Q U I T E T U R A
se harmonizem numa proporção de 1:2:3, e que, no caso de uma mesa de trabalho,a luminância
desta não seja inferior a 1/3 da do objeto observado, tais como livros, etc.
12.9.2.4
Efeitos Luz e Sombra
Deve-se tomar cuidado no direcionamento do foco de uma luminária, para se evitar que essa crie
sombras perturbadoras, lembrando, porém, que a total ausência de sombras leva à perda da
identificação da textura e do formato dos objetos. Uma boa iluminação não significa luz
distribuída por igual.
12.9.2.5
Reprodução de Cores
A cor de um objeto é determinada pela reflexão de parte do espectro de luz que incide sobre
ele. Isso significa que uma boa Reprodução de Cores está diretamente ligada à qualidade da luz
incidente, ou seja, à equilibrada distribuição das ondas constituintes do seu espectro.
É importante notar que, assim como para iluminância média, existem normas que regulamentam
o uso de fontes de luz com determinados índices, dependendo da atividade a ser desempenhada
no local.
12.9.2.6
Tonalidade de Cor da Luz ou Temperatura de Cor
Um dos requisitos para o conforto visual é a utilização da iluminação para dar ao ambiente o
aspecto desejado. Sensações de aconchego ou estímulo podem ser provocadas quando se
combinam a correta Tonalidade de Cor da fonte de luz ao nível de iluminância pretendido.
Estudos subjetivos afirmam que para iluminâncias mais elevadas são requeridas lâmpadas de
Temperatura de Cor mais elevada também. Chegou-se a esta conclusão baseando-se na própria
natureza, que ao reduzir a luminosidade (crepúsculo), reduz também sua Temperatura de Cor. A
ilusão de que a Tonalidade de Cor mais clara ilumina mais, leva ao equívoco de que com as
“lâmpadas frias” precisa-se de menos luz.
12.9.2.7
Ar condicionado e Acústica
O calor gerado pela iluminação não deve sobrecarregar a refrigeração artificial do ambiente. Há
um consenso que estabelece que um adulto irradia o calor equivalente a uma lâmpada
incandescente de 100W. Portanto, fontes de luz mais eficientes colaboram para bem-estar, além
de se constituir numa menor carga térmica ao sistema de condicionamento de ar. O sistema de
iluminação pode comprometer a acústica de um ambiente através da utilização de equipamentos
auxiliares (reatores e transformadores eletromagnéticos). Uma solução bastante eficiente, com
ausência total de ruídos é o emprego de sistemas eletrônicos nas instalações.
13
MEDIÇÃO DA LUZ EM AMBIENTES
Este capítulo foi feito a partir das diretrizes da norma brasileira NBR 15.215-4, que trata da
“Verificação experimental das condições de iluminação interna de edificações – Método de
medição”. Os instrumentos utilizados nos procedimentos serão o luxímetro e o luminancímetro.
13.1
MEDIÇÕES DE ILUMINÂNCIA
As medições de iluminância (avaliação in loco) têm como objetivo avaliar as condições de
iluminação natural/artificial do ambiente, em condições reais de ocupação e utilização. Pode-se
também medir iluminâncias em modelos físicos (maquetes) como modo de testar alterações que
visem melhorias no ambiente analisado ou mesmo como meio de simular ambientes ainda em
fase de projeto.
13.1.1
CONDIÇÕES DE CÉU
Medições podem ser desenvolvidas em condições simuladas (céu artificial) ou reais (sob
condições de céu real).
13.1.2
MEDIÇÕES EM MAQUETES
As seguintes recomendações devem ser seguidas para medições em maquetes:
construir modelos em escala não menor do que 1:40;
garantir que todas as superfícies estejam presentes (modelos secionados não são adequados);
adequar as refletividades das superfícies e representar o mais corretamente possível as
refletividades das superfícies reais;
evitar modelos mal executados onde possam ocorrer vazamentos de luz em suas juntas;
garantir que as obstruções externas apresentem tamanhos e refletividades corretas;
modelar adequadamente os detalhes das aberturas;
planejar com antecedência as posições das medições.
13.1.3
MEDIÇÕES EM AMBIENTES REAIS
Os seguintes procedimentos para as medidas devem ser observados para uma avaliação mais
precisa dos níveis de iluminação:
considerar a quantidade de luz no ponto e no plano onde a tarefa for executada, seja
horizontal, vertical ou em qualquer outro ângulo;
manter o sensor paralelo à superfície a ser avaliada ou deixá-lo sobre a superfície cujos
níveis de iluminação estão sendo medidos;
atentar para o nivelamento da fotocélula quando ela não for mantida sobre a superfície de
trabalho e sim na mão da pessoa que faz as medições, pois pequenas diferenças na posição
podem acarretar grandes diferenças na medição;
evitar sombras sobre a fotocélula, acarretadas pela posição de pessoas em relação a ela, a
não ser que seja necessário para a caracterização de um posto de trabalho;
verificar, sempre que possível, o nível de iluminação em uma superfície de trabalho, com e
sem as pessoas que utilizam estes ambientes em suas posições; desta forma, é possível
verificar eventuais falhas de leiaute;
expor a fotocélula à luz aproximadamente 5 min antes da primeira leitura, evitando-se sua
exposição a fontes luminosas muito intensas, como, por exemplo, raios solares;
C ⋅L
K=
Hm ⋅ (C + L )
onde:
L é a largura do ambiente, em metros;
C é o comprimento do ambiente, em metros;
Hm é a distância vertical entre a superfície de trabalho e o topo da janela em metros,
conforme indicado na Figura 13-1.
TABELA 13-1: QUANTIDADE MÍNIMA DE PONTOS A SEREM MEDIDOS, FONTE: CIBSE 1984 APUD NBR 15215-4
K número de pontos
K<1 9
1≤K<2 16
2≤K<2 25
K≥3 36
Salienta-se que o índice K caracteriza um número mínimo de pontos a serem medidos e que este
deve ser aumentado para que se consiga simetria nas medições e sempre que se desejar melhor
caracterização da iluminância do ambiente.
13.2
MEDIÇÕES DE LUMINÂNCIA
Quando uma parte da luz incidente sobre uma superfície é refletida, o olho humano perceberá a
superfície como uma fonte de luz. O brilho observado é chamado de luminância, que depende da
posição e da direção em que o usuário olha.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
O ofuscamento fisiológico (impedimento da visão) ocorre a partir de 25.000 cd/m2.
Os olhos podem ser facilmente danificados pela visão direta da luz solar que apresenta uma
luminância mil vezes maior que o limite máximo aceitável.
Luminância [cd/m2]
Posições
A B C D E
Luminária 45° acima do nível dos olhos
Luminária 30° acima do nível dos olhos
Luminária 15° acima do nível dos olhos
Forro acima da luminária
Forro entre luminárias
Parte superior da parede ou o forro
adjacente à luminária
Parte superior da parede entre duas
luminárias
Parede ao nível dos olhos
Piso
Cortinas
Janelas
Tarefa
Área central da tarefa
Área adjacente da tarefa
Maior luminância no campo de visão
FIGURA 13-4: CAMPO NORMAL DE VISÃO, FONTE: REA 1993 APUD NBR 15.215-4
A porção central da figura representa o campo de visão de ambos os olhos (binocular) e as
porções laterais representam, aquilo que é visto isoladamente pelos olhos esquerdo e direito.
A região escura representa a área que não pode ser percebida, limitada pela testa, face e nariz.
O campo visual pode variar consideravelmente em função da anatomia facial; no entanto, a
curva acima fornece uma indicação bastante precisa do campo visual para pessoas com anatomia
facial normal.
14
CÉU ARTIFICIAL
O céu artificial é um aparato destinado à simulação de luz natural em maquetes. Existem,
basicamente, dois tipos básicos de céu artificial, o retangular, também conhecido como “caixa
de espelhos” e o hemisférico.
14.1
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO CAIXA DE ESPELHOS
É o tipo mais simples e econômico, consistindo basicamente de uma caixa com espelhos na
lateral e iluminação difusa vindo de cima. Este céu artificial simula a iluminação natural em
maquetes considerando o modelo de céu encoberto (nublado) padrão do CIE (Commission
Internationale d’Éclairage), e pode ser utilizado para análise da contribuição de iluminação
natural (item 11.3) se trabalhar em conjunto com sensores colocados nos ambientes interiores
da maquete. Os espelhos simulam um céu encoberto com horizonte infinito, resultante das
múltiplas reflexões (Figura 14-2 e Figura 14-2).
FIGURA 14-1: CÉU ARTIFICIAL DO TIPO “CAIXA DE ESPELHOS” E MAQUETE SOB ANÁLISE
14.2
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO
O céu artificial do tipo hemisférico é bem mais complexo e flexível que o do tipo “caixa de
espelhos”. Existem dois tipos de céu artificial do tipo hemisférico, um consistindo em um domo
opaco de material reflexivo iluminado por baixo, e outro consistindo de iluminação através de
uma série de lâmpadas montadas ou não por trás de um domo translúcido. O céu artificial
hemisférico pode simular qualquer variação das luminâncias na abóbada celeste, além de poder
incluir também o sol, que consiste em uma lâmpada mais intensa que tem trajetória definida
segundo a latitude do local, dia e horário, como acontece no solarscópio (ver apostila da
disciplina de conforto térmico). Desta forma, o céu artificial hemisférico pode ser usado para
simular a distribuição de luminâncias de um céu real (encoberto ou claro) para medições em
maquetes.
14.3
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO COM/SEM DOMO
TRANSLÚCIDO
Neste tipo de céu artificial, o domo geodésico (translúcido ou não) deve possuir várias lâmpadas
fluorescentes compactas energeticamente eficientes com intensidades individualmente
controladas (Figura 14-3). Quanto mais lâmpadas forem utilizadas, maior a precisão do aparato.
O céu artificial da Universidade Barttlet, por exemplo, possui um jogo de 270 lâmpadas (veja
como exemplo o céu artificial da Universidade de Bartlet em www.bartlet.ac.uk). Dentro do
domo existe uma lâmpada especial que representa o Sol, de brilho intenso e que atravessa a
abóbada através de um arco móvel, que representa a trajetória do sol para qualquer dia e hora
do ano. A combinação do sol e do céu permite a reprodução precisa de várias condições de céu
simultaneamente em qualquer posição geográfica.
14.4
CÉU ARTIFICIAL DO TIPO HEMISFÉRICO COM DOMO OPACO
REFLEXIVO
O domo geodésico opaco deve ser branco fosco para refletir a luz proveniente de luminárias
direcionadas a ele, instaladas no mesmo plano da maquete (Figura 14-4). O funcionamento deste
tipo de céu artificial é similar ao de domo translúcido, incluindo uma lâmpada especial que
simula a trajetória do sol para análise de céu real (parcialmente encoberto).
FIGURA 14-4: CÉU ARTIFICIAL DO TIPO “HEMISFÉRICO COM DOMO OPACO REFLEXIVO”
14.5
MEDINDO A CIN COM O CÉU ARTIFICIAL
Para medir a contribuição de iluminação natural, deve-se espalhar luxímetros nos ambientes
desejados, além de um no exterior da maquete (Figura 14-5). A CIN pode ser facilmente
calculada pela relação entre os valores lidos em um sensor interno e um externo à maquete.
Para que a simulação seja precisa, é necessário que a maquete tenha as refletâncias internas tão
precisas quanto possível. O ideal seria obter amostras dos materiais reais a serem utilizados no
edifício, como carpetes, pisos e pinturas, e instalá-las na maquete.
15
PROGRAMAS DE ANÁLISE DE ILUMINAÇÃO
Alguns programas computacionais facilitam o trabalho do projetista de iluminação, pois simulam
as condições de iluminação natural e artificial em um ambiente durante o projeto arquitetônico.
A seguir alguns dos principais programas de simulação de iluminação disponíveis atualmente.
15.1
RADIANCE
O Radiance (2007) simula a iluminação em ambientes usando o método conhecido como ray-
tracing, ou seja, ele traça todos os raios de luz e constrói a luminosidade nas superfícies até um
certo limite de reflexões pré-estabelecido. No final pode-se visualizar uma imagem do ambiente
como se fosse uma fotografia em três dimensões e ainda sobrepor a esta imagem as ISOLINHAS
de contribuição de iluminação natural, de iluminância ou mesmo de luminâncias das paredes
(Figura 15-1). Analisando esta imagem, o projetista pode alterar seu projeto de forma a resolver
problemas de iluminação, como ofuscamento, contrastes em demasia ou níveis de iluminação
insuficientes para a tarefa visual a ser desempenhada. Além disso, pode-se utilizar estes estudos
para criar certos efeitos de iluminação desejados, como salientar certas partes do ambiente ou
criar iluminação cênica.
15.2
ECOTECT
O programa Ecotect (2007) simula a iluminação natural em ambientes através do cálculo da
contribuição de iluminação natural. Esta análise, embora não considere conceitos como o
ofuscamento e a luminância das superfícies, é útil ao arquiteto no início do projeto, pois
identifica possíveis problemas como iluminâncias exageradas ou mesmo insuficientes em um
ambiente específico, bem como a má distribuição de iluminâncias. Alterando-se o modelo (novo
posicionamento, geometria e orientação de janelas, cores internas diferentes, instalação de
sistemas de iluminação zenital), é possível identificar rapidamente soluções de iluminação mais
adequadas e eficientes.
O Ecotect cria uma grelha de análise no ambiente desejado e mostra os valores de iluminância
ou de contribuição de iluminação natural em todos os pontos a uma determinada altura do piso.
Se for necessário analisar ambientes com a função de leitura de cartazes, expositores em
museus e galerias de arte ou mesmo quadro negro em salas de aula, pode-se considerar a grelha
a um determinado afastamento de uma das paredes (Figura 15-2).
Uma grande vantagem do Ecotect é sua habilidade em exportar modelos desenvolvidos no
programa para o Radiance através do programa RadTool. Assim, quando o projeto estiver mais
desenvolvido, pode ser simulado com maior precisão.
16
ANEXO 1: NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA RECOMENDÁVEIS
PARA INTERIORES
Exemplificação da Norma NBR-5413
Obs.: os valores são fornecidos para observadores com idade entre 40 e 55 anos, praticando
tarefas que demandam velocidade e precisão médias.
17
ANEXO 2: COEFICIENTE DE REFLEXÃO DE ALGUNS
MATERIAIS E CORES
MATERIAIS % CORES %
Rocha 60 Branco 70 – 80
Tijolos 5 – 25 Creme claro 70 – 80
Cimento 15 – 40 Amarelo claro 55 – 65
Madeira clara 40 Rosa 45 – 50
Esmalte branco 65 – 75 Verde claro 45 – 50
Vidro transparente 6–8 Azul celeste 40 – 45
Madeira aglomerada 50 – 60 Cinza claro 40 -* 45
Azulejos brancos 60 – 75 Bege 25 – 35
Madeira escura 15 – 20 Amarelo escuro 25 – 35
Gesso 80 Marrom claro 25 – 35
Verde oliva 25 – 35
Laranja 20 - 25
Vermelho 20 – 35
Cinza médio 20 – 35
Verde escuro 10 – 15
Azul escuro 10 – 15
Vermelho escuro 10 – 15
Cinza escuro 10 – 15
Azul marinho 5 – 10
Preto 5 - 10
18
ANEXO 3: PEQUENO GLOSSÁRIO DE TERMOS
USADOS (OU NÃO!) NA APOSTILA
OBS.: Alguns dos termos a seguir foram obtidos da norma brasileira NBR 15.215-1.
ÁTRIO: Espaço luminoso interno envolvido lateralmente pelas paredes da edificação e coberto
com materiais transparentes ou translúcidos que admitem luz a ambientes internos da edificação
ligados ao átrio por componentes de passagem.
CLARABÓIA: Abertura situada numa cobertura plana ou inclinada que permite a entrada zenital
de luz natural e pode permitir também ventilação.
COBERTURA DENTE DE SERRA: Série de superfícies paralelas inclinadas com aberturas verticais
ou inclinadas num dos lados que permite entrada zenital de luz natural proporcionando uma
iluminação potencialmente mais difusa e uniforme.
DUTO DE SOL: Espaço luminoso interno não habitável especialmente projetado para conduzir a
luz direta do sol para ambientes internos sem acesso direto ao exterior, sendo suas superfícies
feitas de materiais com elevada reflexão.
EFICIÊNCIA LUMINOSA: É a relação entre o fluxo luminoso em lumens emitido por uma fonte de
luz e o fluxo radiante (potência) consumido para produzi-lo. Uma fonte de luz ideal converteria
toda sua potência de entrada (W) em luz (lumens), mas qualquer fonte de luz converte parte de
sua potência em radiação infravermelha ou ultravioleta. Sua unidade no SI é lumen/watt
(lm/W). Esta grandeza é muito importante para análise de consumo energético dos sistemas de
iluminação artificial.
ESTUFA: Espaço luminoso intermediário agregado à edificação por uma de suas faces, tendo as
outras faces separadas do exterior por uma estrutura suporte com superfícies transparentes ou
translúcidas.
Nota: Pode apresentar aberturas para ventilação, podendo também admitir luz e radiação solar
direta aos espaços internos.
FATOR DE LUZ DIURNA (FLD): Razão entre a iluminação natural num determinado ponto num
plano horizontal interno devido à luz recebida direta ou indiretamente da abóbada celeste com
uma distribuição de luminâncias conhecida, e a iluminação num plano horizontal externo
produzida pela abóbada celeste totalmente desobstruída, expressa como uma percentagem.
Nota: A luz solar direta é excluída de ambos os valores de iluminação. Em condições de céu
encoberto (ver NBR 5461) este fator permanece constante para um ponto, independente do
valor absoluto da iluminação externa. Caso seja empregado em outras condições de céu, esta
deve ser especificada.
FILTRO SOLAR: Elemento de controle – fixo ou regulável – que cobre inteiramente a superfície
de uma abertura, protegendo o ambiente interno da radiação solar direta e permitindo
ventilação regulável.
FLUXO LUMINOSO: É a parte do Fluxo Radiante que gera resposta visual. Sua unidade no
Sistema Internacional (SI) é o lumen (lm).
GALERIA: Espaço luminoso intermediário agregado à edificação destinado a levar luz natural a
porções internas da edificação, podendo ser aberto ao exterior (galeria aberta) ou fechado com
vidro (galeria fechada).
ILUMINAÇÃO LATERAL: Porção da luz natural, produzida pela luz que entra lateralmente nos
espaços internos.
ILUMINAÇÃO ZENITAL: Porção de luz natural produzida pela luz que entra através dos
fechamentos superiores dos espaços internos.
ILUMINAÇÃO SOLAR DIRETA: Porção da luz natural proveniente diretamente do sol que incide
num determinado local.
ILUMINÂNCIA: Iluminância (E) é a medida de quantidade de luz incidente numa superfície por
unidade de área. Sua unidade no SI é lumen/m2 ou lux (lx).
JANELA: Abertura num fechamento vertical cujo limite inferior está acima do nível do piso,
permitindo a penetração lateral da luz e/ou radiação solar, visão ao exterior e ventilação
natural.
LUMINÂNCIA: É a medida de brilho de uma superfície. Os raios luminosos não são visíveis, a
sensação de luminosidade decorre da reflexão desses raios por uma superfície. Essa
luminosidade visível é chamada luminância. A luminância é definida como a intensidade
luminosa por unidade de área aparente de uma superfície numa dada direção. Seu símbolo no SI
é “L” e sua unidade é cd/m2.
MINUTERIA: Sistema de controle de iluminação que aciona uma lâmpada ou grupo de lâmpadas
por tempo determinado, permitindo a economia de energia.
OFUSCAMENTO: O ofuscamento pode ser conceituado como um ruído visual, que interfere no
desempenho visual. Existem dois tipos de ofuscamento, o DIRETO e o REFLETIDO. O
ofuscamento direto é causado por uma fonte de luz brilhante o suficiente para causar
perturbação, desconforto ou perda de visibilidade. É de dois tipos: OFUSCAMENTO POR
DESCONFORTO quando produz um desconforto físico; OFUSCAMENTO DESABILITADOR quando
reduz a visibilidade.
O ofuscamento indireto é causado com a reflexão de fontes de luz numa superfície polida. Esse
tipo de ofuscamento é geralmente melhor evitado com a especificação de superfícies com
acabamento fosco. Caso isso não seja possível, deve-se projetar corretamente o sistema de
iluminação para evitar o ofuscamento em superfícies polidas.
O ofuscamento causado por reflexões de luz em superfícies impressas reflexivas é conhecido
como OFUSCAMENTO POR CONTRASTE, pois reduzem o contraste necessário para uma boa
visibilidade.
PÁTIO: Espaço luminoso externo envolvido lateralmente pelas fachadas de um ou mais edifícios
e aberto ao exterior através do topo ou, algumas vezes, lateralmente, permitindo ventilação
natural e entrada de luz natural em espaços contíguos.
POÇO DE LUZ: Espaço luminoso interno que conduz a luz natural para porções internas da
edificação.
Nota : Suas superfícies geralmente apresentam acabamento com alta refletância.
SACADA: Abertura em fechamento vertical com limite inferior ao nível do piso, permitindo o
acesso de pessoas ao exterior, permitindo penetração lateral de luz e/ou radiação solar, visão
ao exterior e ventilação natural.
TOLDO: Elemento de controle feito de material flexível opaco ou difusor disposto externamente
a um componente de passagem para protegê-lo contra a insolação direta.
VENEZIANA: Elemento de controle constituído por uma série de lâminas - fixas ou móveis -
externamente dispostas as quais cobrem totalmente o lado externo de uma abertura.
Nota: Dependendo do posicionamento das lâminas, a radiação solar direta incidente pode ser
obstruída e/ou refletida e/ou redirecionada para o interior.
ZÊNITE: Ponto situado na porção mais elevada do hemisfério celeste; caracterizado pelo ângulo
de altura máximo de 90°.
19
EXERCÍCIOS:
GRANDEZAS FOTOMÉTRICAS
EXERCÍCIO 1: Observando as características das lâmpadas da tabela abaixo (do catálogo geral da
Philips), calcule a eficiência luminosa de cada uma.
INCANDESCENTES
Soft 25 190
Soft 100 1210
Standart 25 220
Standart 200 3150
HALÓGENAS
HAD500-120V 500 12000
HAD500-230V 500 10250
FLUORESCENTES COMPACTAS
PL-ELET-9W-230V 9 400
PL-ELET-11W-230V 11 600
PL-E/C-15W-230V 15 900
VAPOR DE MERCÚRIO
HPL-N 80W 80 3600
MULTI VAPOR METÁLICO
HPI-BU-250W 256 17000
HPI-BU-400W 400 30600
VAPOR DE SÓDIO
SON 70W 70 5600
SON 400W 400 49000
d - Iluminância que chega a uma superfície que está a 1 e a 2 metros distante da fonte
luminosa, para incidência da luz formando um ângulo de 15°, 30°, 45°, 60° e 90° em relação à
linha normal à superfície da lâmpada Incandescente Refletora Mini Spot (40W) e da lâmpada
dicróica (DIC-A24-12V50);
1m
Mini Spot
2m
1m
Dicróica
2m
e – Utilize a iluminância que chega a 1 metro das lâmpadas mini spot (40W) e dicróica (DIC-A24-
12V50), que está a um ângulo de 45° com relação à uma linha normal a superfície, para calcular
a luminância que chega em três tipos diferentes de superfícies:
Vidro transparente (refletância: 0,06)
Tijolo (refletância: 0,18)
Papel branco (refletância: 0,70)
luminância (cd/m2)
vidro
Mini Spot tijolo
papel branco
vidro
Dicróica tijolo
papel branco
EXERCÍCIO 3: Dadas as curvas de intensidade luminosa para as lâmpadas tipo “spot” e “normal”
abaixo, calcule a iluminância nos planos de trabalho horizontal e vertical, conforme os
esquemas.
ESPOT = lux
ESPOT = lux
ENORMAL = lux
ENORMAL = lux
EXERCÍCIO 4: Calcule o nível de iluminação em uma superfície vertical em um ponto situado 2,5
metros abaixo de uma fonte de luz puntiforme, com ângulo de incidência de 35°. A intensidade
luminosa da fonte nesta direção é de 300 candelas por 1000 lumens de fluxo luminoso. O fluxo
luminoso total é de 4500 lumens.
EXERCÍCIO 5: Calcule a iluminância que chega a uma superfície que está a 2,7 metros distante
da fonte luminosa, para incidência da luz formando um ângulo de 30º em relação à linha normal
à superfície de uma lâmpada incandescente. A potência da lâmpada é 40W e a intensidade
luminosa é 330 candelas. Área = 0,0031 m2. Calcule também a luminância que chega a uma
superfície de tijolos, cuja refletância é 0,18.
EXERCÍCIO 6: Calcule a luminância de uma parede verde clara (r = 0,5) totalmente difusora, que
recebe iluminação de 500lux.
E1 =
E2 =
E3 =
E=
Dadas as refletâncias:
janela = 0,2
paredes = 0,6
piso = 0,4
teto = 0,8
obstrução = 0,2
EXERCÍCIO 10: Medir o nível de iluminação na sala de aula segundo o método estabelecido pela
norma NBR 15.215-4.
Equipamento utilizado:
Índice do local: K=
Croqui do ambiente em planta com definição da malha dos pontos de medição e anotação dos
valores de iluminância:
Cálculos:
Conclusão:
EXERCÍCIO 11: Avaliar as condições de brilho da superfície de trabalho utilizada por um usuário
da equipe e do entorno próximo através do método de medição de luminâncias estabelecido pela
NBR 15.215-4.
Luminância [cd/m2]
Posições
A B C D E
Luminária 45° acima do nível dos olhos
Luminária 30° acima do nível dos olhos
Luminária 15° acima do nível dos olhos
Forro acima da luminária
Forro entre luminárias
Parte superior da parede ou o forro
adjacente à luminária
Parte superior da parede entre duas
luminárias
Parede ao nível dos olhos
Piso
Cortinas
Janelas
Tarefa
Área central da tarefa
Área adjacente da tarefa
Maior luminância no campo de visão
20
BIBLIOGRAFIA
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Bookman, Porto Alegre. [ISBN 85-363-0344-1]
COSTA, Gilberto José Corrêa da; (1998). Iluminação econômica: cálculo e avaliação. Porto Alegre,
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DUL, J.; Weerdmeester, B.; (2000). Ergonomia prática. Editora Edgard Blucher, São Paulo. [ISBN 85-212-
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arquitetura. São Paulo, PW Gráficos e Editores Associados Ltda.. [n° chamada: 721 L22 1997]
LECHNER, N.; (2001). Heating, Cooling, Lighting – Design Methods for Architects. Second edition, USA,
John Wiley & Sons.
LIDA, Itiro; (1990). Ergonomia: projeto e aplicação. Editora Edgard Blucher, São Paulo.
MAJOROS, A.; (1998). Daylighting. PLEA (Passive and Low Energy Architecture) Notes 4 – Design Tools and
Techniques.
MASCARÓ, L., (1981). Luz, Clima e Arquitetura. Gustavo Gilli, Porto Alegre.
NR-17 - ERGONOMIA - estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente.
NR-24 - CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO - estabelece critérios mínimos
de conforto em aparelhos sanitários, gabinete sanitário, banheiro, vestiários, refeitórios, cozinhas e
alojamentos.
NR-26 - Sinalização de Segurança - Estabelece a padronização das cores a serem utilizadas como
sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores. Fundamentada no artigo 200 inciso VIII da CLT.
NBR 15215-1 Estabelece os conceitos e define os termos relacionados com a iluminação natural e o
ambiente construído, agrupando-os em três linhas: termos gerais; componentes de iluminação
natural; e elementos de controle.
NBR 15215-2 Estabelece procedimentos estimativos de cálculo da disponibilidade da luz natural em
planos horizontais e verticais externos, para condições de céu claro, encoberto e parcialmente
encoberto ou intermediário.
NBR 15215-3 Iluminação natural - Parte 3 - Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação
natural em ambientes interno
NBR 15215-4 Iluminação natural - Parte 4 - Verificação experimental das condições de iluminação interna
de edificações - Método de medição
NBR 5413 - 1992 - Iluminância de Interiores – Estabelece os níveis de iluminação mínimos necessários em
diversas tarefas.
PEREIRA, F. O. R.; (1993). Iluminação: curso de especialização de engenharia de segurança do trabalho.
Departamento de Arquitetura e Urbanismo, CTC, UFSC, Florianópolis.
PILOTTO NETO, E.; (1980). Cor e iluminação nos ambientes de trabalho. São Paulo, Livr. Ciência e
Tecnologia.
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica; (1992). Uso Racional de Energia Elétrica
em Edificação.
RADIANCE (2007). Programa de simulação de iluminação natural e artificial, com renderização
fotorrealista. Disponível em: http://radsite.lbl.gov/, acesso em 22 de junho de 2007.
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SERRA, J. M., (1998). Elementos urbanos: mobiliário y microarquitetura. Gustavo Gilli, Barcelona.
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VIANNA, N. S., GONÇALVES, J. C. S.; (2001). Iluminação e Arquitetura. São Paulo, UniABC. [nº chamada
729.28 V67 2001] [ISBN 85-902193-1-3]