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2024
AULA 03
Brasil Colônia I
Sumário
Apresentação 3
Introdução 4
2. O sistema de exploração 8
2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização 12
3. Administração colonial 18
3.1 - Sistema de Capitanias Hereditárias 19
3.2 - Governo geral 21
5. A questão da escravidão 35
5.1 - A escravidão africana 37
5.1.1 - Resistência Quilombola 44
5.2 - Índios, ou melhor, povos originários 48
Apresentação
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes
Seja bem-vindo e bem-vinda a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar com você
nosso trabalho e participar dessa caminhada até sua aprovação. É bom saber que você avançou mais uma
aula! Isso é muito bom porque você está dominando cada dia mais nossa disciplina!
Esse é um assunto que não cai nas provas, DESPENCA!!! Fique muitooooo esperto e esperta, porque
este é um assunto “clássico”, mas que sofreu muitas revisões históricas nos últimos tempos. Pode ser que
você tenha aprendido conceitos em desuso. Aqui trazemos a pegada que pode cair na Prep.
Não me canso de afirmar: para você toda questão de história é imperdível! Você precisa estar
preparado para TUDO! É 12/12
Não esquece: “o segrego do sucesso é a constância no objetivo”. Vamos seguir juntos! Seja safo e
não dê bobeira
Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, não tem
pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!
XVI XVII
Prof. Alê Lopes
Introdução
Após as primeiras expedições, os enviados da Coroa portuguesa
perceberam que não seria possível obter aqui lucros fáceis e
imediatos, pois não encontraram, de início, jazidas de ouro.
(COTRIM, 2012, p. 263)
Queridos alunos e alunas, agora começamos a estudar a história brasileira. Como dizia “o poeta”,
o Brasil não é para iniciantes. Ou seja, muito difícil de explicar, tem que ter certa desenvoltura e um pouco
de conhecimento para entender esse jeito tão peculiar do “ser brasileiro”. Em suma é preciso muita
articulação.
Comecemos pensando na experiência da ocupação portuguesa no território, com a exploração do
pau-Brasil, seguido do primeiro grande produto de exportação explorado nestas terras: o açúcar.
Há quem diga que o açúcar não foi um mero produto que enriqueceu portugueses e colonos. Foi
um verdadeiro produtor de códigos, costumes e hábitos, como diriam as professoras Lilia Schwarcz e
Heloísa Starling no livro Brasil: uma Biografia. Assim, estamos diante do estudo sobre a “civilização do
açúcar” no Brasil.
Mas o Brasil foi um território cobiçado por outras monarquias europeias, como a França e a
Holanda, por isso, a primeira tarefa dos conquistadores será a proteção do território e a legitimação de
Portugal como a única potência europeia a poder explorar as riquezas por aqui encontradas. Para tanto
diferentes formas de administrar o território foram implementadas, como: o sistema de capitanias
hereditárias e o governo geral.
Nesse sentido, a colonização das terras chamadas “Brasil” foi uma empreitada muito lucrativa que,
inicialmente, levou Portugal ao auge e o tornou um Império ultramarino. Um mega empreendimento!
Ah sim, lembre-se da chegada dos europeus na América! Você já sabe muita coisa, pois já estudou a
experiência da colonização espanhola na aula anterior. Use todo esse seu conhecimento prévio para
compreender semelhanças e diferenças entre os dois processos, o comandado pela Espanha e o
português no Brasil, OK?
Avancemos, cadetes!
Prof. Alê Lopes
Assim, para os portugueses, a América era um “Novo Mundo”. Embora já conhecido – afinal, não
se acredita mais na tese do descobrimento por acaso –, o território não era efetivamente sabido. Segundo
as professoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, na visão dos brancos europeus, era novo porque
ausente dos mapas europeus; novo, porque repleto de animais e plantas desconhecidos; novo, porque povoado
por homens estranhos, que praticavam a poligamia, andavam nus e tinham por costume fazer a guerra e comer
uns aos outros.
E em 22 de abril, a armada de Cabral avistou um grande monte, o Monte Pascoal (hoje, Parque
Nacional do Monte Pascoal, a 62 km de Porto Seguro). A reação foi de espanto, encanto e “vontade de
tomar posse”, segundo o que determinava o Tratado de Tordesilhas. Lembra dele?
Essa posse precisava ser registrada e, para tal intento, estava presente o experiente escrivão Pero
Vaz de Caminha – que escreveu a carta que serve, para Portugal, como um “atestado de nascimento” do
Brasil. Caminha escreveu uma longa, deslumbrada e exultante descrição da “terra nova”.
Assim, a descrição do “Novo Mundo” foi recheada de mitos. Mitos não apenas sobre monstros ou
seres “de outra humanidade”, mas sobre a própria chegada dos portugueses à América e sobre o processo
de conquista das terras brasileiras. Com certeza, a Carta de Caminha ao Rei Dom Manuel alimentou 2 mitos:
Prof. Alê Lopes
MITO 1-
Encontro MITO 2-
Pacífico Índio como
entre Índios o Bom
e Selvagem
Portugueses
O Mito 1 contribuiu para criar a ideia de que o encontro entre portugueses e indígenas foi amigável
e, portanto, a conquista foi pacífica – diferentemente da violência perpetrada pelos espanhóis na
Mesoamérica e nos Andes e, até mesmo, diferentemente da violência que ocorria na Europa, contra os
mulçumanos, por exemplo. Um encontro, quase como um evento ecumênico de união de todos.
O Mito 2 alimentou a ideia de que o índio brasileiro era selvagem, mas inocente, portanto, um bom
selvagem. Pacífico e amigável seria o ser a espera da conversão ao cristianismo. Esse mito, justificava a
necessidade de catequização e legitimava o trabalho dos jesuítas que para cá vieram, a partir da década de
1530. Leia alguns trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha, com atenção para os grifos. Reflita sobre como
o texto alimenta esses dois mitos.
Prof. Alê Lopes
1
Pero Vaz de Caminha lê para o comandante
Pedro Álvares Cabral, o Frei Henrique de “Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito,
Coimbra e o Mestre João a carta que será
enviada ao Rei Dom Manuel I. segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro (..) Eram
pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.
Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o
bater; e Nicolau Coelho lhes fez sinal de que pousassem os arcos. E eles os
pousaram. [...]
Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos diretos à
Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer
amanhã, que é sexta-feira, e que nós puséssemos todos em joelhos e a
beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim
fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam acenaram-lhe que fizessem
assim, e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que,
se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles,
segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença. [...]
Domingo, 26 de abril: Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o
Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. (...) E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual
foi dita pelo padre Frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela voz pelos outros padres e
sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer
e devoção. (..) Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por
essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da
nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos.
O que foi muito a propósito e fez muita devoção.
Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a
quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande
memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão
não seria maior, quanto a vergonha. Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou
não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação. [...]
"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque
neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é
graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser
a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza
aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir
e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé.”
Caríssimo aluno e aluna, se a narrativa construída foi a de um encontro pacífico entre índios e
portugueses, a realidade mostrou o oposto: conquista e genocídio. Por isso, temos um Mito, a história
1
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854–1916). História do Brasil (v.1), Rio de Janeiro: Bloch, 1980
Prof. Alê Lopes
contada pelos vencedores não foi a que de fato ocorreu. A narrativa construída pelos conquistadores
adquiriu caráter simbólico, independente da realidade, embora baseada nela.
Diante desse momento inicial, apesar da chegada a uma terra com muitas riquezas naturais, como
afirmou Caminha, Portugal não alterou seu plano principal: dominar e monopolizar as rotas das
especiarias para o Oriente. Tanto que Pedro Álvares Cabral seguiu com sua esquadra em direção à Índia.
Até mesmo porque, por essas terras dos índios brasileiros, não se encontraram ouro e prata logo no início
da conquista, como nas colônias espanholas. O que fizeram, então, os portugueses nos anos iniciais após o
descobrimento?
2. O sistema de exploração
A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante
diferente em relação ao da Espanha.
Houve 2 momentos desse processo marcados por interesses distintos de Portugal em relação à terra
“descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de implantação do sistema de exploração colonial
também se diferenciaram entre si e do estabelecido pelos espanhóis. Observe o esquema:
sem sistema de
1o. Momento: colonização - predomiou Contratos de concessão
atividade de para exploração
1501-1530 reconhecimento e extrativista
estrativismo
colonização portuguesa
Sistema descentralizado
Capitanisas Hereditárias
de colonização
2o. Momento:
pós- 1530
Sistema centralizado de
colonização (a partir de Governo-Geral
1548)
Apesar de, em 1500, os interesses da Coroa Lusa estarem voltados para a rota das especiarias, nos
primeiros anos, o governo português enviou algumas expedições de reconhecimento para vasculhar o
território e garantir sua posse. O objetivo principal era saber se aqui poderia se obter metais preciosos.
Mas a riqueza do “Novo Mundo” não era dourada e prateada, era vermelha de pau-brasil, era verde de
florestas, era translucida de uma água que não se via na Europa, era de gente e de terra que tinham
quase a mesma cor. Nossa riqueza era outra. Qual você arriscaria afirmar? Acompanha o raciocínio...
É importante ressaltar que nessas expedições de reconhecimento, também chamadas por alguns
historiadores de expedições pré-colonizadoras, houve um trabalho de nomear as coisas encontradas, as
localidades, os acidentes geográficos, os rios e até as pessoas que aqui viviam. Foram 3 as expedições:
Prof. Alê Lopes
2
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 06.
Prof. Alê Lopes
Tratava-se de uma forma de protecionismo. O principal explorador foi Fernando de Noronha, que foi o
primeiro a receber a concessão da Coroa para explorar o pau-brasil, em 1503.
Outra característica fundamental sobre a colonização portuguesa era a ideia de exclusivo
metropolitano: toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa deveria ser
decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorrerão várias formas distintas de relação
exclusiva entre a metrópole e colônia. Pode ser que você já tenha ouvido a expressão “Pacto Colonial” para
esta explicação. Está certo também!
Contudo, não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”.
Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela riqueza. A monarquia
mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem alianças com o povo Tupinambás
para explorar o pau-brasil. É do Rei francês Francisco I a famosa frase:
Francisco I. Jean Clouet. Óleo sobre tela, 1530. Museu do Louvre, França.
Os indígenas cortavam as árvores e as levavam até os navios portugueses ancorados à beira-mar, e em troca
obtinham facas, canivetes, espelhos, pedaços de tecidos e outras quinquilharias. Em 1511 dá-se a primeira
exportação do pau-brasil para Portugal na nave Bretoa, que saiu da Bahia com destino à Lisboa. E lá se foram
5 mil toras de madeira, macacos, saguis, gatos, muitos papagaios e quarenta indígenas que atiçaram a
curiosidade europeia3.
3
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018,
p. 32
Prof. Alê Lopes
Por isso, em 1530 começou uma nova fase de relação entre Metrópole e Colônia. Dessa forma, a
partir de agora, estudaremos os aspectos econômicos, políticos e sociais da colonização portuguesa na
América. Esse é o momento mais longo, porque vai até a Independência Política, em 1822. Porém, nesta
aula não vamos tão longe, nosso bonde vai até a estação do ciclo da cana de açúcar.
Muita gente não gosta desse longo período. Ocorre que despenca na sua prova cara. E você é
Coruja!! Então, vamos com coragem e cabeça erguida. Não sai do foco. Nada de whats, porque enquanto
você vê uma mensagenzinha, alguém acerta uma questãozinha. Bora, cadete!!
Prof. Alê Lopes
Note que entre os objetivos da expedição colonial, 2 são de natureza econômica: procurar metais
preciosos e encontrar o melhor lugar para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, podemos afirmar que o
sentido econômico da colonização era encontrar uma atividade que compensasse o esforço colonizador,
leia-se, o investimento. Além disso, gerar muita riqueza e superlucros para a metrópole e suas elites. Afinal,
a lógica era mercantilista, né gente?
O economista e historiador Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil contemporâneo, advoga
a tese de que o sentido econômico do projeto colonial esteve voltado para abastecer o mercado exterior
e, assim, transferir os dividendos desse comércio para os países colonizadores:
No seu conjunto a colonização dos trópicos toma o aspecto e uma vasta empresa colonial destinada a explorar os recursos
naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu, é este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de
que o Brasil é uma das resultantes[...]. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura bem como as atividades do país. Virá
o branco europeu para especular, realizar um negócio; inverterá seus cabedais e recrutará mão de obra que precisa:
indígenas ou negros importados5.
Perceba, portanto, que o objetivo do Rei de Portugal ao estabelecer metas para Martin Afonso não
foi desenvolver a colônia em si, mas descobrir uma atividade que pudesse pagar os investimentos desse
empreendimento bem como gerar superlucros.
É evidente, como veremos, que outras atividades econômicas acabaram criando uma economia
colonial própria, cujos lucros permaneciam na própria colônia e que, dessa forma, possibilitavam o
surgimento de grupos e interesses distintos daqueles da metrópole portuguesa.
4
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 08.
5
PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.
Prof. Alê Lopes
Mesmo assim, isso não inverteu o sentido inicial da colonização e tão pouco o objetivo da Metrópole
colonizadora. Sacou?
Caros, essa discussão sobre o sentido da colonização –– deu margem para a definição de 2
tipos de colonização: a de exploração e a de povoamento. Vejamos:
Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de
exportação. MONOCULTURA. Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande
propriedade rural: LATIFÚNDIO!
Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção
voltada para o mercado interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena
propriedade familiar.
Contudo, hoje em dia não usamos mais essas definições, de maneira compartimentada. Se porventura
aparecer na sua prova, contextualize-a!
6
PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.
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exploração e povoamento ao mesmo tempo. Como seria possível explorar sem povoar? Dessa forma, a
separação rígida das definições atrapalhava o entendimento global do Brasil Colônia.
Na América Latina (antes tida como modelo de colônia de exploração), por exemplo, foi preciso
instalar uma forte e extensa burocracia estatal para garantir a implantação e execução dos interesses da
coroa e dos setores mercantis europeus. A vinda dos jesuítas para colonizar os povos originários também
se tratou de povoamento. Logo, os dois conceitos se misturaram.
Além disso, a despeito de ter se formado no Brasil uma estrutura agrária monocultora e latifundiária
voltada para exportação (plantation), houve também agricultura, pecuária e comércio locais. Em
diferentes áreas do território brasileiro se desenvolveram propriedades familiares. Logo, as duas definições
acima se misturaram.
Veja o que nos dizem as professoras Lilia e Heloísa sobre o assunto:
Passados os primeiros tempos das notícias desencontradas e de tantos boatos, foi preciso garantir o achado e impedir os
ataques estrangeiros. Tinha-se que povoar e colonizar a terra, mas também encontrar algum tipo de estímulo econômico.
[...] Como se pode notar, a ideia era obter lucro com a nova terra, antes que ela se transformasse num problema. E era
esse o “sentido da colonização”: povoar, mas sempre pensando no bem da metrópole.7 (grifos nossos)
Percebe que, nessa interpretação, povoar e explorar são dois lados da mesma moeda? Por esse motivo,
combinado com as ações sobre os índios (o que ainda veremos), parte da historiografia também usa a
expressão “conquista”.
Outro exemplo, nos EUA (tido anteriormente como modelo de colônia de povoamento), houve
povoamento e exploração. Todo o sul dos EUA estava organizado por meio de grandes propriedades
territoriais, monocultoras, voltadas para o mercado externo e usando mão de obra escrava negra. O
povoamento não se deu por meio da implantação da burocracia metropolitana, mas por meio de famílias
que vieram em um empreendimento mais particular.
CONCLUSÃO: não dá para usar de maneira separada o que foi povoamento e o que foi exploração. No
final, o que diferenciou EUA e América Latina estava baseado em outros elementos:
7
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018,
p.
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Portanto, a exploração do Brasil, ou conquista, foi um projeto da Coroa Portuguesa para garantir os
superlucros, expandir a fé católica, repelir outros conquistadores (franceses, holandeses) e melhor disputar
a hegemonia marítima do Atlântico. Povoar a terra era um meio necessário para garantir tudo isso e não
perder espaço.
Para atingir esses objetivos, a Coroa precisou estabelecer um sistema político de administração e
organização colonial.
Prof. Alê Lopes
Nesse sentido, a partir de 1530, predominaram 2 tipos, como já adiantado no esquema do início da aula:
Capitanias
Hereditárias e
Governo-Geral.
deu entre 1501 e 1530; o segundo se inicia a partir de 1530 até o fim do domínio colonial. A presente
questão está se referindo ao primeiro momento, caracterizado pela instalação de fortes e feitorias
em pontos estratégicos da costa brasileira e pela extração de pau-brasil, sem incentivar uma
colonização mais profunda e sistemática. Sabendo disso, vejamos qual alternativa apresenta
corretamente o tipo de relação de troca praticada entre portugueses e nativos na extração de pau-
brasil:
a) Incorreta. Os africanos só passaram a ser importados como escravizados a partir da segunda
metade do século XVI, em decorrência das dificuldades em lidar com os indígenas e com a potencial
lucratividade do comércio de cativos africanos.
b) Correta! O escambo consistia em trocar produtos e objetos de origem europeia que os nativos não
conheciam pela madeira tão requisitada na Europa.
c) Incorreta. As companhias de comércio só foram usadas na colonização do Brasil a partir do século
XVII e em casos específicos, como no Maranhão e em Pernambuco.
d) Incorreta. Não houve assalariamento indígena, mas sim escambo.
e) Incorreta. A encomienda era um sistema de trabalho indígena e compulsório adaptado pelos
espanhóis.
Gabarito: B
(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)
Apesar de descoberto pelos portugueses décadas antes, somente a partir de 1530 é que o Brasil
começou a ser encarado como um empreendimento lucrativo para a coroa portuguesa. A respeito
da expedição que inaugurou essa nova fase do processo de colonização, considere:
I - foi organizada e liderada por Duarte Coelho;
II – objetivou expulsar os franceses que, porventura, estivessem nos domínios portugueses;
III – em termos de exploração litorânea, a expedição apenas desceu o litoral Sul até chegar à foz do
rio da Prata.
IV – durante esta expedição foi fundada a Vila de São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo.
Estão corretas:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, III e IV.
Comentários
A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante
diferente em relação ao da Espanha. Houve dois momentos desse processo marcados por interesses
distintos de Portugal, em relação à terra “descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de
implantação do sistema de exploração colonial também se diferenciaram. O primeiro momento se
deu entre 1501 e 1530; o segundo se inicia a partir de 1530 até o fim do domínio colonial. A presente
questão está se referindo ao início do segundo momento. Com base nisso, vejamos:
I – Incorreta. Duarte Coelho fez parte das expedições do primeiro momento de colonização. Em 1523
comandou a frota que percorria o Oceano Atlântico, fiscalizando e combatendo os franceses que
invadiam e fundavam feitorias no litoral do Brasil. Por sua vez, Duarte Coelho foi um dos primeiros a
Prof. Alê Lopes
ser agraciado com terras no Brasil, pois ele recebeu a capitania de Pernambuco, conforme “Carta de
Doação da Capitania de Pernambuco a Duarte Coelho”.
II – Correta! Entre 1555 e 1571, os franceses ocuparam a baía do Rio de Janeiro, em aliança com
algumas nações indígenas contrárias a ocupação dos portugueses. A ameaça de perder seus
territórios coloniais para outras nações europeias como a França e a Espanha contribuíram para a
Coroa portuguesa optar por uma colonização mais sistemática do território;
III – Incorreta. A expedição liderada por Martim Afonso dividiu a expedição: uma parte seguiu para o
norte, com o objetivo de explorar a foz do rio Amazonas; a outra, comandada pelo próprio Martim
Afonso, rumou para o sul, em busca da foz do rio da Prata;
IV – Correta! Ao voltar do sul, Martim Afonso fundou a vila de São Vicente, no litoral do atual estado
de São Paulo.
Portanto, a alternativa correta é a letra “c”.
Gabarito: C
3. Administração colonial
Se em 1530, o governo português mandou o expedicionário Martin Afonso de Souza iniciar a ocupação
da terra portuguesa, combater os corsários estrangeiros, procurar metais preciosos e sistematizar o
reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar, tornava-se necessário,
também, elaborar uma forma de administrar essas ações. Concorda?
Contudo, os dados historiográficos afirmam que a Coroa Portuguesa não contava com tantos
recursos acumulados para investir diretamente na colonização do Brasil e estabelecer uma administração
local. Assim, precisou contar com recursos privados.
Para tanto, a solução encontrada foi doar terras – as sesmarias- em troca da exploração dessas
terras, de modo que parte das riquezas geradas fossem destinadas ao rei (via impostos). Tratava-se de um
sistema descentralizado de administração colonial, via espécies de contratos de concessão.
A origem dessa prática de sesmaria remonta ao período final da Idade Média e às práticas de
suserania e vassalagem. A distribuição de sesmaria não garantia a propriedade, mas o usufruto. A
concessão de sesmarias foi extinta apenas em 1822, sendo a origem dos grandes latifúndios no Brasil, pois
as famílias que receberam as grandes extensões de terras as mantiveram.
Prof. Alê Lopes
Deveres:
Direitos Assegurar ao
Carta de doação:
Rei de Portugal Documento que garantia a
posse hereditária da terra;
Distribuir terras: Atenção: o donatário tinha a
sesmarias. 10% dos lucros posse e não a propriedade.
sobre TODOS os
Criar Vilas Assim, a terra não poderia
produtos da terra
ser vendida.
Exercer
autoridade O monopólio da
administrativa e extração do pau-
judicial brasil
Carta Foral: Era o
Escravizar As despesas necessárias à obra documento que
indígenas determinava esses
colonizadora corriam por conta e
considerados direitos e deveres do
inimigos (guerra risco do donatário!
donatário!
justa)
Receber 5% do
comércio do pau-
brasil
Profe, isso era uma pegadinha, não era? O cara tinha que investir em tudo,
corria todos os riscos, ficava só com 5% da exploração do pau-brasil e inda tinha
que garantir o lucro do rei? Gente, o Brasil era pior que o Brasil!!! 😊
Brincadeiras à parte, galera, parecia piada mesmo. Por isso, o sistema de capitanias não foi tão bem-
sucedido, se analisado do ponto de vista econômico e das pretensões da Coroa Portuguesa. Apenas duas
capitanias deram certo – e por um tempo: São Vicente e Pernambuco (mais à frente vamos voltar a falar
dessas duas capitânias, segura aí!).
Na verdade, nem todos que receberam do rei a carta de doação das capitânias seguiram adiante.
Alguns nem sequer vieram à Colônia tomar posse. Daqueles que vieram, foram muitos os obstáculos
enfrentados. Listemos alguns:
• Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes, por
isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com que as
soluções para as dificuldades tivessem que ser conseguidas “dentro” da capitânia. Mas essa
terra não era um vazio, né? Havia muitos índios.
Prof. Alê Lopes
• Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma
expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa ocupação
(ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores.
• Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras
férteis. Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais
adaptado ao clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo,
mas no desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar
dividendos à Coroa.
• Dificuldade de obter mão de obra para a louva e para o extrativismo. E os índios? Calma, já
vamos aprofundar essa discussão.
• Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza portuguesa,
nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os obstáculos acima
arrolados.
Embora com tantas adversidades, havia um ponto positivo no que se referia ao sistema de
capitanias, a saber: ele deu a base para a formação dos primeiros núcleos de povoamento, como em São
Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545). Essas Vilas, por sua vez, reforçaram as
atividades de exploração, ajudaram a assegurar o projeto português e deram fôlego a novos negócios. Mas,
no que diz respeito à administração política em si, não estava dando muito certo.
Comentários
a) falso, pois as terras não eram vendidas, mas doadas por meio da Carta de Doação e transmitidas
aos herdeiros de quem recebeu a doação. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver a
capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, proteção e desenvolvimento.
Vale lembrar que a Carta de Doação estabelecia que caberia à Coroa um quinto dos metais preciosos
que fossem encontrados.
b) falso, pois os dois sistemas conviveram. Foi em 1548 que entrou em vigor o sistema de governos-
gerais.
c) falso, pois foram 15 Capitanias. Não precisa lembrar de todas, só as mais importantes, como
Pernambuco, Baía de Todos-os-Santos (Bahia), Maranhão e São Vicente.
d) errado, pois Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral. Ele iniciou sua administração em
1549, em Salvador.
e) correto, é o nosso gabarito.
Gabarito: E
Para que você tenha uma noção dos objetivos, funções e estrutura burocrática, observe os
esqueminhas abaixo:
Governador-Geral
Funções do Governador
Militar: comando e defesa da colônia
Ouvidor-Mor:
encarregado das funcções
judiciais
CARGOS AUXILIARES
Provedor-mor:
Governador encarregado dos assuntos
da fazenda
Capitão-mor:
encarregado da defesa do
litoral
Por fim, para que você tenha uma noção de quem foram os Governadores Ferais, dá um bizu nos caras:
Mem de Sá - 1558-1572
Tomé de Sousa - 1549-1553
(EsPCEx/2006/4000000394)
O sistema de Capitanias Hereditárias era regulamentado por dois documentos jurídicos, que
definiram os direitos e os deveres dos donatários.
Um desses documentos cedia ao donatário uma ou mais capitanias, a administração sobre ela, as
suas rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei. O outro estabelecia os direitos e deveres
dos donatários, como promover a prosperidade da capitania, conceder sesmarias, receber a redizima
das rendas da metrópole e a vintena da comercialização do pau-brasil e do pescado. Esses
documentos eram, respectivamente:
A) Carta de Doação e Foral.
B) Foral e Regimento de Tomé de Souza.
Prof. Alê Lopes
a) V – F – F – V
b) V – F – V – F
c) V – V – F – F
d) F – V – F – V
e) F – V – V – F
Comentários
Como vimos, o Sistema de Governo-Geral foi implantado para aprimorar o Sistema de Capitanias
Hereditárias. A Coroa visava dar resposta aos seguintes conflitos: com indígenas; com invasões
estrangeiras; fruto de fracassos em algumas Capitanias. Outra razão da nova administração foi o
objetivo centralizador, isto é, tomar conto sobre todos os assuntos da colônia.
Diante disso, a primeira afirmação é verdadeira. Já a segunda, não, pois São Vicente estava entre as
regiões que não retornavam lucro para Metrópole. Além disso, sabemos que a primeira capital foi
Salvador, ou seja, os centros dos negócios passavam pelo Nordeste, pelo menos no início da
colonização. Nesse sentido, a terceira afirmação também é falsa, pois Rio de Janeiro foi a 2ª capital.
Por fim, a última afirmação é verdadeira.
Gabarito: A
É verdade que, como já vimos, a primeira atividade econômica na colônia foi o extrativismo do pau-
brasil. A exploração era monopólio da Coroa Portuguesa que permitia a exploração particular por meio de
contrato de concessão, realizada com mão de obra indígena à base de escambo.
Mas você deve se lembrar, também, que o governo português, especialmente a partir de 1530,
procurava alguma atividade econômica mais rentável que o pau-brasil a fim de financiar o
empreendimento colonizador e garantir a posse efetiva e sistemática da terra. Isso porque, a concorrência
com franceses, ingleses e holandeses começava a diminuir o lucro metropolitano em relação aos negócios
com as especiarias do Oriente, além de existir o risco contínuo de invasão estrangeira no território colonial
na América.
Foi na produção do açúcar que a metrópole portuguesa encontrou seus primeiros superlucros com
a exploração colonial. Vejamos como foi essa história!
Na seção seguinte vamos analisar o engenho – essa unidade produtiva que se tornou o núcleo difusor
da estrutura política, social e econômica da Colônia.
O engenho era o estabelecimento onde se produzia o açúcar. Algo como o lugar em que se
encontravam os instrumentos de transformação da cana-de-açúcar em açúcar propriamente dito. O
engenho era, portanto, um espaço diferente e separado da lavoura onde se plantava a cana.
Contudo, com o passar do tempo, engenho passou a ser a designação do complexo açucareiro todo:
a fazenda, a lavoura, os instrumentos, as edificações (como a casas, as capelas, os espaços de negociação
da produção), os locais de mando. O proprietário de tudo isso era conhecido como “senhor de engenho”.
Quero destacar as três edificações marcadas na imagem acima, pois, em tese, elas são
representações arquitetônicas dos principais grupos sociais: aristocracia fundiária, escravos e clérigos.
1- a casa-grande: casarão que ficava na área mais alta do engenho. Essa moradia, também era
chamada de solário, devido à área externa ao redor da casa – um verdadeiro observatório de onde
o senhor de engenho podia avistar tudo – afinal, como diz o ditado: os olhos do dono engordam o
boi! Nela moravam o senhor de engenho, sua família biológica, os aparentados e os agregados.
Lugar que servia de hospedaria para as visitas, como padres, aliados políticos, comerciantes – por
isso, geralmente, tinham muitos quartos com janelões. Também servia como centro administrativo
dos negócios do engenho. “Escravos de casa” trabalhavam dentro da casa-grande, cozinhando,
passando, limpando, cuidando dos filhos e das senhoras, entre outros afazeres.
8
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 21.
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2- a capela: era a Igrejinha do engenho. Quase como uma extensão da casa-grande. Geralmente
modesta, mas suficiente para realizar batizados, casamentos e velórios. Peça fundamental desse
cenário, pois recebia para a Missa de Domingo todos os grupos sociais que orbitavam em torno do
engenho e das suas atividades econômicas. Não se esqueçam de que o catolicismo era elemento
fundamental desse universo colonial.
3- a senzala: lugar onde viviam as pessoas escravizadas. Eram casinhas ou uma construção contígua.
As vezes contavam com compartimentos separados destinados a cada família, outras vezes eram
espaços coletivos e outras, ainda, separavam homens e mulheres. Sempre rústicas, feitas de barro
e telhado de sapé, bem baixa e, em geral, sem janelas. As condições eram péssimas, pois faltavam
ar e luz. Algumas não contavam com camas ou espaço para higiene pessoal. Era comum a
superlotação, pois, novos escravos ocupavam sempre o mesmo lugar. À noite a senzala era trancada
para evitar fugas e manter o regime de descanso e trabalho. Em geral, quem controlava a senzala
era o capataz (uma espécie de “guarda” do engenho).
Dito isso sobre as edificações principais, vamos agora ver os espaços e as formas de produção do
açúcar.
Na colônia, a lavoura da cana ocupava uma grande porção
de terra – um latifúndio. O trabalho era realizado pelas
pessoas escravizadas – os escravos ou cativos.
Inicialmente, foram os indígenas, depois, os africanos
trazidos forçosamente. Como afirmamos ao longo da
aula, a produção era voltada para o mercado externo.
Essas características formam o modo de produção
tipicamente colonial: PLANTATION.
Em geral, o cultivo da cana - o preparo da terra, a
semeadura e a colheita - levava um tempo entre 12 e 18
meses.
Preparação da terra, que não era feita com arado, mas com enxadas. Antes usava-se o velho
método de coivara: derrubar a mata e atear o fogo. Só depois os escravos vinham com suas enxadas
e revolviam a terra.
Após 12 meses, aproximadamente, colhia-se a cana. O corte da cana era feito com facão.
Cortada, a cana seguia em carros de boi ou barcos até o engenho.
Com a chegada da cana no engenho começava-se o processo de produção açucareira. A técnica
empregada para a produção do açúcar, em geral, era muito rudimentar.
O processo de produção açucareira abrangia as seguintes etapas:
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➢ Casa da moenda:
Finalidade: moer e prensar para obter um caldo de cana, em grandes engrenagens.
Quem trabalhava: 1 feitor-pequeno, um lavadeiro e 15 escravos.
➢ Casa de purgar:
Finalidade: Transformar o melaço em “blocos”, a conhecida rapadura, por meio de drenagem. O melaço
ficava por duas semanas em formas de barros com furos de drenagem. Nesse momento também se podia
produzir a aguardente (cachaça).
OBS: Depois de 40 dias, três tipos de açúcar eram produzidos, a saber: escuro, mascavo e branco.
Quem trabalhava: 1 purgador e 5 escravos.
➢ Secagem e embalagem
Finalidade: A última parte da produção do açúcar tinha por objetivo a secagem e embalagem do produto.
Cortava-se o melaço sólido (açúcar) e separavam-se os diferentes açúcares. Após a separação, o açúcar era
batido, esfarelado e embalado.
Quem trabalhava: 1 caixeiro e 19 escravos.
OBS: o número de trabalhadores envolvidos em cada etapa da produção dependia de diversos fatores,
como o tamanho do engenho, a quantidade da produção, o tempo de entrega, a disponibilidade de
escravos, entre outros.
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Há uma ressalva a ser feita sobre a empresa açucareira. Não havia refinarias de
açúcar no Brasil. Essa foi uma tarefa que portugueses deixaram para holandeses.
Aliás, também é importante recordar a participação do capital flamengo (eita,
não é time, hein, é holandês=flamengo, e não flamenguista) nos negócios do
açúcar. Em troca do financiamento para a instalação de engenhos, o governo
português concedeu-lhes o direito de refinar e vender o açúcar brasileiro na
Europa. Portanto, o capital holandês foi fundamental para a expansão da
produção e do alcance do açúcar brasileiro no mercado internacional. Guarda
isso, porque daqui a pouco vou falar mais dos holandeses.
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Veja que não se tratava de uma “nobreza hereditária”, como na Europa, mas “uma aristocracia da
riqueza e do poder”10. Ainda assim, muitas vezes, se auto cunhavam títulos como conde, barão, marquês.
A marca maior desse grupo aristocrático não era o que eles faziam, mas o que NÃO faziam: não se
dedicavam ao trabalho braçal, como cuidar de uma horta de uma loja, ou até mesmo, de realizar algum
artesanato ou manufatura. Por terras tropicais, pairava o velho pensamento medieval do trabalho como
uma ordem de coisas que “naturalmente” não cabe aos senhores. Trabalho era coisa de classes e grupos
inferiores.
Os aristocratas tropicais viviam de rendimentos, aluguéis e de cargos públicos conseguidos por meio
de relações de amizade e privilégios – era o berço do patrimonialismo. Além disso, contavam com grande
número de parentes, aparentados, agregados, criados e escravos que lhes serviam, de algum modo, na
esperança de obterem alguma oportunidade.
9
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997, p. 75.
10
SCHWARCZ e STARLING, idem, p. 67.
Prof. Alê Lopes
11
Diversos elementos marcam as distinções entre esses grupos como, por exemplo, o lugar de
moradia (como já vimos, a casa grande, a senzala e outras casinhas simples que ficavam no engenho), a
mobília, as vestimentas, os cavalos sangue-puros e o letramento, por fim, a capacidade de ser obedecido.
11
Regresso a cidade de um dono de chácara. Liteira para viajar no interior, c.1834-1839. Litografia sobre papel de
Jean-Baptiste Debret. Coleção Martha e Erico Stickel / Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível em:
https://ims.com.br/por-dentro-acervos/viagem-pitoresca-e-historica-ao-brasil/. Acesso em 05-04-2019.
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5. A questão da escravidão
Nesse empreendimento de proporções tão grandes, que Portugal implantou em
sua colônia da América, a mão de obra também não representava um problema.
A escravidão havia muito tempo era praticada por europeus e árabes na
chamada África negra (centro-sul do continente). Foi considerada uma
instituição justa quando, no seu início, os portugueses escravizavam os mouros,
considerados infiéis pelos cristãos. A ‘infidelidade’ religiosa acabou sendo
também estendida dos mouros aos negros africanos, legitimando sua
escravização. (VICENTINO, DORIGO, VICENTINO, p. 323)
Vejam, alunos, é impossível falar de aristocracia descrita acima e da atividade econômica do Brasil
colônia sem falar da escravidão. Nesse sentido, a aristocracia e a escravidão (senhores e escravos) são duas
faces da mesma moeda que compõem uma estrutura social caracterizada por Gilberto Freyre como
“sociedade patriarcal”.
A expressão utilizada pelo autor em seu livro clássico Casa Grande & Senzala é “equilíbrio de
antagonismos de economia e cultura”. Uma realidade dual na qual a violência e o paternalismo são
elementos de uma mesma relação. Afinal, eu nem preciso ficar aqui descrevendo a “qualidade da vida de
um escravo”, né?
Mas, Profe, me explica por que esse par de opostos – paternalismo e violência?
Olha, meu querido e querida, a violência nos parece mais fácil de entender – ela é tão cotidiana que
entendemos bem as formas pelas quais ela se manifesta. Já a questão desse paternalismo era o modo
como o dono do escravo tratava algumas de “suas peças” (esse era o modo como a pessoa escravizada era
tratada no mercado). Às vezes lhe dando agrados – como uma roupa melhor ou comida, permitindo alguma
festa ou lazer, entre outros – outras vezes atribuindo trabalhos menos pesados e mais próximos à casa-
grande. Imagine um Senhor distribuindo prendas, vantagens, agrados, para as pessoas ao seu redor, ou
seja, ele conduz as relações sociais a partir do patrimônio como se fosse um pai sem sentimentos punindo
ou presenteando filhos.
Contudo, em diferentes situações o senhor castigava seu escravizado. O castigo físico era
absolutamente recorrente – e até mesmo aceito pela Igreja – uma vez que o suplício físico era entendido
como a salvação da alma e a correção dos vícios mundanos. De qualquer maneira, a decisão sobre a vida e
a morte do escravo estava nas mãos do seu dono.
Portanto, paternalismo não tem a ver com a relação de pai e filho carinhosa e cuidadosa, mas de
controle, dominação e submissão. Nessa sociedade patriarcal é o pai - o senhor de engenho - que controla
a vida dos escravos, mas de certa maneira, de todos aqueles que dependem de suas decisões, incluindo
sua família.
Prof. Alê Lopes
Dito isso, podemos inferir que a cor da pele é um marcador social fundamental nas relações coloniais
brasileiras, como afirmam as autoras do livro Brasil: uma biografia:
“A cor logo se tornou um marcador social fundamental; as categorizações, fluidas, variavam com o
tempo e com o lugar, além de delimitarem classificações sociais e status.12
Mas nem de longe podemos afirmar que a mestiçagem gerou igualdade - ou menos desigualdade de
oportunidades. As pessoas “de cor” sofriam toda sorte de discriminação, afinal, sua condição jurídica
era de “propriedade” – escravos inferiores. Assim, o constrangimento para a mestiçagem não era
apenas jurídico, também era social.
Em geral, essas relações eram extraconjugais, jamais expostas na “missa de domingo” – quando
não, poderiam ser, inclusive, relações de exploração e violência sexual.
A depender da condição da mãe, sim! Se fossem mestiços de homens brancos com mulheres negras
escravas, elas nasceriam na condição de escravos também, afinal, os filhos de escravas eram propriedade
dos seus donos.
Contudo, é verdade que a gradação da cor da pele poderia significar outras trajetórias. Há muitos
estudos históricos na demografia, na sociologia e na economia que demonstram que quanto mais clara é
a pele da pessoa maior suas possibilidades de alçar outras ocupações, inclusive, na época do complexo
açucareiro – um trabalhador de dentro da casa, um capataz, um entregador, um condutor de cavalos. Os
mestiços podiam, também, receber alguma instrução e trabalhar com atividades do comércio. A alforria
era mais possível, portanto, para pessoas com mais características brancas.
Vários pensadores, sobretudo na década de 1930, analisando a formação social do Brasil chegaram
à conclusão de que as relações sociais eram pautadas por uma complexidade de fatores que incluíam
questões de cunho pessoal, cultural e racial. Ou seja, no Brasil, o modo de relação não era só racial, só
cultural, só por amizades, só patrimonial. Era a síntese de tudo isso e, em muitos sentidos, continua sendo.
Já ouviu a expressão “com quem você pensa que está falando? Sou parente de fulano”, pois é, vem desse
momento histórico.
12
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras,
2018, p.71.
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“Mulatos e crioulos – este último termo se referia aos escravos nascidos na propriedade do senhor, isto
é, não-africanos – eram aqueles que mais se aproximavam do universo da casa-grande, constituindo
uma espécie de elite que realizava o trabalho doméstico e especializado, apesar de muitas veze serem
descritos como indolentes; os pardos eram julgados aptos a aprender e dominar ofícios da cana, e os
africanos, tidos por “estranhos pagãos” – na melhor das explicações, recém-convertidos – e, com raras
exceções, por perigosos e instáveis. Com o tempo a escravidão ficaria mais e mais associada aos
africanos e seus descendentes, e se enraizaria na América portuguesa de maneira a penetrar toda a
sociedade colonial, em que cada vez mais a cor atuava como critério de status. Libertos com mais bens
logo adquiriam cativos, e o mesmo ocorria com agricultores pobres. Ter escravos era símbolo de posse
e de distinção, quase um cartão a avalizar a prosperidade e estabilidade nessa civilização da cana.”
(grifos nossos)
No entanto, a situação começou a se alterar a partir da década de 1570. Se liga nos dados da tabela abaixo:
13
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras,
2005, p. 57.
Prof. Alê Lopes
1638
98%
Anos
1591
37%
1574
7%
1500000
1000000
500000
0
1531-1600 1601-1700 1701-1800 1801-1855
Observe no mapa a seguir a localidade para onde iam os escravos trazidos para o Brasil:
Profe Alê, por que a mão de obra africana? Por que não continuar com os indígenas?
Veja, querido e querida, o primeiro argumento relevante é o do historiador Fernando Novais para
quem a preferência pela mão de obra africana estava relacionada com as possibilidades de lucro advindo
dessa atividade.
Ou seja, havia um comércio de viventes a ser explorado e que poderia ser muito rendoso. E foi!!!
Mas Profe quem ganhava com isso, os donos dos escravos? Eram eles que faziam o comércio?
Olha, o tráfico negreiro era um comércio intercontinental e oceânico realizado por grupos
específicos, muitos deles ingleses, franceses e holandeses, inclusive.
Contudo, o início dessa atividade só foi possível porque portugueses estabeleceram as feitorias no litoral
da África (lembra-se disso?).
Por meio dessas feitorias, estabeleceram alianças com soberanos locais que facilitavam a escravidão
comercial de povos conquistados.
Assim, o comércio de pessoas escravizadas uniu interesses econômicos de 3 continentes: África,
Europa e América – formando um comércio triangular, que durou até o século XIX. No caso de Portugal,
parte desses lucros ia para a metrópole em forma de taxas devido ao exclusivo metropolitano.
Prof. Alê Lopes
Observe o mapa:
Outro elemento fundamental para explicar os lucros desse comércio é a expectativa de vida de um
escravo, em geral, baixa – 35 anos. E sua idade produtiva começava aos 8 anos. É isso mesmo que você
leu!! Aos 8 anos! Alguns documentos de época confirmam que o menino de 8 anos já era um homem feito
e preparado para o trabalho!! Assim, para o senhor de engenho, o ideal era comprar um escravo que
trabalhasse, para não “investir” em mão de obra pouco produtiva.
Para o senhor a lógica não era exatamente comprar e vender, mas, comprar para acumular, afinal,
mais escravos mais produção e mais status social. Dessa forma, o mercado com demanda sempre crescente
estimulava a chegada de mais pessoas escravizadas trazidas da África. Estima-se que o tráfico atlântico
implicou o deslocamento compulsório de 12 milhões e meio de homens, mulheres e crianças da África para
as Américas14.
14
FLORENTINO, Manolo. Aspectos do tráfico negreiro na África Ocidental (c. 1500 -c.1800). In: FRAGOSO, João
& GOUVÊA, Maria F. (Org.). Coleção- O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V.1, 2018, p. 229.
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Observe o caso de um Engenho em Sergipe do Conde para perceber essa lógica de demanda crescente:
Outro argumento
Proporção trabalho livre e escravo no mais tradicional para
engenho do Conde explicar a
preferência pela mão
250
de obra escrava
200 negra é o cultural: os
200
150 indígenas do sexo
100 masculino não
80
estavam habituados
50
13 6 ao trabalho agrícola,
0
pois, em geral, eram
1635 1710
as índias que o
assalariado escravo realizavam.
Entretanto, esse
argumento tradicional (comum em provas) já é amplamente criticado por pesquisas recentes, pois a noção
de que o índio não era compatível com trabalho agrícola, na verdade, expressa um desconhecimento mais
específico do modo de vida dos povos indígenas (no Capítulo 6, aprofundo as variáveis que levaram à
substituição da mão de obra). Dentro desse argumento mais tradicional, os africanos trazidos à América
eram agricultores e, portanto, tinham certo conhecimento técnico na lavoura. Principalmente, porque em
regiões africanas já havia a plantação do açúcar.
Por fim, mas não menos importante é o argumento exposto pela Igreja. Naquela época, como
veremos no Capítulo seguinte, houve uma Carta Régia, de 1570, proibindo a escravidão indígena de grupos
que se dispusessem à conversão ao catolicismo. Apesar de os colonos viverem em conflito com a Igreja e
com o Governo Geral por conta dessa proteção dos jesuítas, houve um desestímulo moral à escravização
dos povos indígenas.
De qualquer maneira gostaria de chamar sua atenção para o seguinte:
Quando falamos da preferência pelo negro em relação aos índios para o uso sistemático da
mão de obra escrava, não podemos nos esquecer das contradições e da realidade pobre da
maioria do território colonial. Concretamente isso fez com que a escravidão indígena
continuasse sendo realidade em muitos lugares, a despeito das análises que muitos
historiadores fizeram de que houve uma completa substituição de índios por negros.
A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa
portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam
novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar.
Como a produção de açúcar das capitanias de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes
à região atual do estado de São Paulo) não conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que
pensar em alternativas de investimento, como: comércio de índios escravizados e busca por metais
preciosos.
Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras
agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o
planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis.
Além disso, alguns historiadores afirmam que apesar do grande aporte de africanos escravizados nas
lavouras de açúcar, bem como em outras atividades, a mão de obra indígena continuou sendo utilizada,
Prof. Alê Lopes
como já alertei. Assim, o que se processou foi uma diferenciação das tarefas a serem cumpridas por negros
e por índios. Vale ficar de olho nessas pesquisas mais recentes.
15
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes
forma econômica é o estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto sesmarias,
aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”16.
16
Idem, p. 207.
Prof. Alê Lopes
d) Incorreta. Não exatamente, apesar da resistência indígena, sua escravização seguiu firme nas
partes da colônia onde o custo para transportar cativos africanos era muito alto e onde a população
era mais pobre, incapaz importar mão de obra.
e) Incorreta. O quinto foi um imposto criado no século XVIII, para ser cobrado sobre o ouro
encontrado em Minas gerais. Portanto, não tinha nada a ver com a Igreja, nem com a escravidão.
Gabarito: C
Aprisionamento em tronco;
“vira-mundo” (instrumento que prendia pés e mãos);
“gargalheira” (instrumento que imobilizava o pescoço);
Mordaça e máscara;
17
Diante da condição escrava, os africanos trazidos para o Brasil, bem como seus descendentes, não ficaram
passivos. Reagiram de diferentes maneiras, em grande parte, sempre para amenizar as dores físicas e
mentais do trabalho escravo.
A partir dos estudos bibliográficos, é possível listar algumas formas de resistência:
Algumas mulheres, para evitar que seus filhos nascessem naquele mundo, provocavam abortos. Ao
mesmo tempo que essa ação significava uma resistência, também expressava uma violência contra
o corpo dessas mulheres negras;
Outra “auto violência” corporal era o suicídio;
Sabotagens nos engenhos por meio de destruição de plantações, instrumentos e, principalmente,
da moenda;
Emboscadas e ataques surpresas à elite branca (senhores de engenho). Nesses ataques,
promovidos por ex-escravos, as casas-grandes eram saqueadas e os canaviais e depósitos postos
em chama.
Negociações com senhores de engenho para obtenção de melhores condições de vida, como
alimentos, vestuário e moradia;
Fugas dos engenhos, tanto individuais, quanto coletivas. Estas, por sinal, merecem atenção especial
pois resultaram na formação dos Quilombos.
Os escravos que conseguiam fugir dos engenhos começavam a organizar comunidades em regiões
afastadas da zona de controle dos colonos e da Coroa. A esses agrupamentos de negros livres se
denominou Quilombos ou Mocambos.
Durante muitos anos, a resistência quilombola marcou a história dos negros na América portuguesa.
Muitos quilombos, além de receber negros que fugiam da dominação do sistema escravista, chegaram a
reunir índios e até brancos descontentes com as imposições do governo português.
Disponível em:
17
http://www.campanha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1431:tronco--instrumento-
de-castigo&catid=455:semana-de-museus&Itemid=248. Acesso em: 06/04/2019.
Prof. Alê Lopes
Com a formação dos Quilombos, a preocupação dos senhores de engenho e da Coroa era com a
disseminação de ideias insurrecionais, contrárias, portanto, ao sistema escravista.
18
Em novembro de 1678, Ganga-Zumba foi a Recife assinar o acordo. No acordo foi cedido região de
Cucaú, distante 32 km de Sirinhaém. Ali poderiam estabelecer ''comércio e trato'' com os moradores da
região e um lugar onde pudessem viver ''sujeitos às disposições'' da autoridade da capitania. Mas a
promessa de entregar os escravos que dali em diante fugissem e fossem para Palmares foi interpretada
por muitos palmarinos como traição. A população do maior quilombo se dividia. Gamba Zumba morreu
envenenado e, por fim, o próprio governador não respeitou o acordo de paz e invadiu Cacau 3 anos mais
tarde.
Para destruir Palmares foi contratado o bandeirante Domingos Jorge Velho. Em 1692, em uma
primeira tentativa, Jorge Velho e seus aliados cercaram Palmares, mas os quilombolas venceram o
18
GENARI. Emílio. Em busca da liberdade – traços da luta escrava no Brasil. Ed. Contexto.
Prof. Alê Lopes
confronto. Dois anos depois, em 1694, Jorge Velho, com mais 6 mil soldados conseguiram vencer Palmares.
Zumbi escapou, mas foi pego em 1695. Após ser preso, foi morto e sua cabeça ficou estiada em praça
pública em Recife.
No século XX, a organização dos quilombos se multiplicou em muitas regiões do país e, até hoje, existem
as assim denominadas “comunidades quilombolas”. Algumas conseguiram o direito ao reconhecimento
da terra que seus antepassados escravos conquistaram e outra, não. Por sinal, a nossa atual
Constituição, a Constituição Federal de 1988, prevê o direito à terra aos descendentes de quilombolas.
Analise o quadro abaixo sobre anúncios de escravos publicados no jornal O Universal (Ouro
Preto/MG), entre 1825 e 1831,
Comentários
Vamos direto à análise dos itens:
O item I é sobre a interpretação da Tabela. Na afirmativa I, afirma-se que dos 116 escravos fugidos
90% são africanos, olhando a tabela, no entanto, verifica-se que destes 116 apenas 57 são africanos,
ou seja, em torno de 50%. O item está errado. Com isso, já descartamos as alternativas E, D e A.
O item II está correto, pois ela não fecha uma interpretação generalizante sobre os dados, apenas
sugere que pode haver inúmeras razões para que os dados sejam tais como apresentados. Os dados
quantitativos não permitem uma qualificação global das explicações mais profundas sobre as fugas,
embora tendências possam ser anunciadas, como faz o item II.
Já a alternativa III, apresenta uma razão comum sobre o porquê os escravizados fugiam. Ora, como
temos visto nesta aula, a tendência histórica indica que a submissão a maus tratos e opressão não é
tolerada sem resistências. Tal afirmativa, diferentemente da anterior já é mais fácil de ser
universalizada, pois há um dado histórico sobre isso.
O item IV está errado, pois faz uma suposição de gênero sobre a falta de coragem das mulheres para
fugir. Repare que os dados não permitem afirmar isso. Por exemplo, as mulheres podiam evitar fugas
porque, em sua maioria, tinham crianças ou bebês, fato que coloria em risco a vida de ambas em uma
estratégia de fuga pelas matas.
De toda forma, perceba que o temática da resistência, fugas, condição do escravo, é algo muito
importante para os estudos para as provas.
Gabarito: C
Os jesuítas foram os europeus que mais pressionaram a Coroa e os colonos a tratarem os índios
como filhos de Deus, o “bom selvagem”. Dessa forma, por um lado, atuaram para a liberdade dos índios e
contra o aprisionamento. Por outro, os jesuítas foram abnegados conversores da subjetividade indígena.
Assim como os clérigos atuantes nas colônias espanholas, os jesuítas no Brasil quiseram ampliar o número
de fiéis, pois concebiam a cultura ameríndia como inferior e pagã.
No processo de evangelização, os jesuítas fizeram duas tentativas:
Converter índios em suas próprias aldeias. Ações com menor resultado de conversão;
Converter índios em aldeamento construídos pelas missões de evangelização, as chamadas
reduções. Essa ação rendeu mais resultados para os jesuítas.
Á luz dos ensinamentos do antropólogo Antônio Carlos de Souza Lima (professor UFRJ)19,
você deve ter em mente que, do ponto de vista político, a ação colonizadora de “conquista”
significou:
1) a conquista como uma modalidade de guerra, em que domínio sobre populações reduzidas
pela força militar, suas terras, seus recursos naturais foram apropriados num processo no
qual a aliança com parte das populações habitantes dos espaços a serem incorporados, e
todo um aparato que hoje chamaríamos de “meios de comunicação”, tiveram tanta ou mais importância
que a violência física;
2) a conquista não foi somente guerra e destruição (violência aberta, portanto); mas implicou em
produção de novas relações/identidades sociais, isto é, também se apresentou como violência simbólica;
3) no caso dos povos presentes na porção do continente invadida pelos portugueses, devemos falar no
plural - em conquistas -, pois, ao contrário do México ou do Peru, onde os espanhóis lutaram contra
estruturas de poder com um modo de centralização similar a algumas existentes no passado
mediterrâneo, os dispositivos políticos dos índios brasileiros eram muito distintos.
No contexto da pregação cristã em terras indígenas, ao mesmo tempo que índios eram
catequizados, eles também mantinham suas identidades culturais originárias. Com isso, muitos
sincretismos religiosos foram formados, à revelia do controle da catequização dos jesuítas. Na prática, era
uma forma de resistirem tanto à violência física da escravização, quanto à violência subjetiva da
catequização. Como as reduções acabavam se transformando em locais protegidos, muitos índios
passavam a viver sob a tutela dos jesuítas.
A mistura entre a cultura cristã e a indígena produziu visões de mundo, formas de pensar própria das etnias
indígenas, baseadas na resistência contra o europeu opressor e explorador, um verdadeiro sincretismo
religioso.
Para você ter uma ideia, em 1580, no Recôncavo Baiano, ocorreu uma grande insurreição indígena.
Até os jesuítas ficaram surpresos. Antônio, um índio educado por jesuítas, reuniu vários índios escravizados
para anunciar a profecia da Terra sem Mal. Essa terra seria um lugar distante dos engenhos e das
brutalidades dos senhores. A revolta foi brutalmente massacrada por tropas portugueses da região
19
LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um olhar sobre a presença das populações nativas na Invenção do Brasil. IN:
Aracy Lopez da Silva; Luiz Donisetti Benzi Grupioni. (Org.). A QUESTÃO INDÍGENA NA SALA DEAULA. NOVOS
SUBSÍDIOS PARA PROFESSORES DE 1º E 2º GRAUS. 1 ed. BRASÍLIA: MEC, 1995, p. 407-419
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nordeste. Por sinal, no nordeste do Brasil colônia, o período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da
escravidão indígena nos engenhos, especialmente naqueles localizados em Pernambuco e na Bahia, como
vimos anteriormente.
A Coroa portuguesa publicou uma ordem de proibição da escravização dos povos nativos, em 1570,
lembra? Isso ocorreu devido a:
resistência indígena à escravização
diminuição exponencial da população indígena (vítimas das doenças e do trabalho escravo
extenuante)
resistência dos jesuítas
necessidade de os negócios da Coroa (lucro) serem ampliados a partir do tráfico negreiro
É importante ressaltar que essa ordem teve mais eficácia no nordeste do Brasil, nas terras dos
grandes engenhos de açúcar e pouca no sudeste e sul.
A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa
portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam
novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar. Como a produção de açúcar das capitanias
de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes à região atual do estado de São Paulo) não
conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que pensar em alternativas de investimento,
como: comércio de índios escravizados e busca por metais preciosos.
Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras
agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o
planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis. Por isso, esses colonizadores europeus
passaram a ser conhecidos como “sertanistas”, da qual “bandeirante” é uma variante.
O centro desse movimento de interiorização dos conquistadores foi a vila de São Paulo, fundada
pelos jesuítas em 1554. Nessa região, a escravização indígena foi empregada em setores específicos da
agricultura, como na plantação do trigo. Esse produto era comercializado com outras regiões, como a do
Rio de Janeiro. O interessante é que essa situação gerava um conflito entre bandeirantes e jesuítas – que
combatiam a escravização indígena – e, posteriormente, com a Coroa (Metrópole), quando ela passou a
proibir a mão de obra escrava indígena, em 1570. Muitos aldeamentos (as reduções) eram atacados por
bandeirantes.
Em linhas gerais, os bandeirantes paulistas:
20
OLIVEIRA, João Pacheco. Op. Cit., p. 183.
21
Se você tiver interesse de saber mais sobre a questão indígena no Brasil, entre no portal da Fundação Nacional
do Índio, a FUNAI, uma entidade do Governo Federal. Já para saber como as etnias atuais buscam se auto afirmar
e construir suas identidades, veja os Raps: https://www.youtube.com/watch?v=oLbhGYfDmQg e
https://www.youtube.com/watch?v=hyyBB_xf3jo.
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22
SCHWART.Stuart B. O Brasil Colonial, c. 1580-1750: as grandes lavouras e as periferias. In (org) BETHELL, Leslie.
História da América Latina: América Latina colonial. Volume II. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo/USP; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012. Pp. 339-422.
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“Pode-se dizer, de
modo geral que, o
Brasil defrontou-se com
custos crescentes e
preços declinantes para
o seu açúcar.”
(SCHWATZ, idem, p.
367-368)
É verdade que a partir de 1620 os valores do açúcar começaram a subir na Europa. No entanto, as
questões políticas internacionais com grandes consequências para as questões locais na colônia não
contribuíram para a retomada dos lucros da empresa açucareira na América Portuguesa.
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Mas Alê, o que aconteceu para unificar as coroas? Foi um casamento? Uma crise sucessória, o que
rolou?
Em 1578, morreu o último rei da Dinastia dos Avis – Dom Sebastião. Na verdade, ele sumiu durante
a conhecida Batalha de Alcácer-Quibir, contra os mouros no norte da África. Seu corpo nunca foi
encontrado. Como o jovem rei não deixou herdeiros, seu tio-avô, o Cardeal dom Henrique, governou
Portugal. Dois anos depois morreu e não deixou herdeiros.
Então, em 1580, o rei da Espanha, considerando-se herdeiro legítimo do trono de Portugal (porque
era um neto de um dos reis portugueses), invadiu Portugal e o submeteu. Nesse cenário prometeu:
autonomia para a Coroa, que seria governada por um regente.
não interferência na colônia portuguesa.
Mas o que vimos foi diferente.
Os conflitos políticos internacionais nos quais a Espanha estava envolvida acabaram surtindo efeito
na América Portuguesa. Refiro-me às disputas entre Espanha e Holanda. Esta estava em plena luta pela
independência em relação ao domínio espanhol sobre seu território (Guerra dos 30 Anos).
Ei, Cadete, já está imaginando os rolos que podem ser gerados? Lembra do papel da Holanda na
economia açucareira de Portugal no Brasil (fase do refino e distribuição)? Pois, então....
Diante dessa disputa entre espanhóis e flamengos, uma das medidas do governo espanhol de Felipe
II foi excluir a Holanda do negócio açucareiro do Brasil. Isso afetou diretamente as relações comerciais
entre Portugal e Holanda. Sacaram?
Pois é, cadete, se fosse só esse problema estava bom. A questão é que a Holanda não podia deixar
passar em branco, já que ela dependia da produção do açúcar para manter suas divisas. Nesse começo de
século XVII, ela não produzia açúcar, apenas transportava e refinava. Como você deve saber a essa altura
da aula, produzir cana-de-açúcar era um negócio complexo e custoso. Assim..... o que a Holanda resolveu
fazer?
INVADIR O BRASIL!!!!!
Perceberam qual era a intenção da Holanda? Ocupar o lugar de Portugal no mercado mundial,
tomando suas feitorias, colônias e controlando o comércio com a Índia.
Portanto, as pretensões não se restringiam à América Portuguesa, mas às possessões de Portugal
de modo geral. Por isso, antes de invadir o Brasil, os holandeses pilharam a costa africana por meio de
verdadeiros exércitos privados da Companhia das Índias Orientais – empresa privada que tinha por objetivo
disputar e controlar as atividades marítimo comerciais com o Oriente.
Anos depois, em 1621, fundaram a Companhia das Índias Ocidentais, com o mesmo formato,
porém, para conquistar as áreas diretamente relacionadas com a produção de açúcar – nesse caso, o Brasil.
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Para o Brasil tratava-se apenas de ser explorado por outra potência, ou seja, uma substituição de
quem manda.
A Holanda, então, delegou à Companhia das Índias Ocidentais a tarefa de invadir o nordeste
brasileiro – já que em Pernambuco e na Bahia encontravam-se as principais zonas produtoras de açúcar.
Veja a cronologia dos ataques:
Sua origem é alemã, de família nobre, porém, foi nos Países Baixos (Holanda) que Johann Moritz von
Nassau-Siegen (1604-1679), mais conhecido como João Mauricio de Nassau-Siegen, ganhou
notoriedade. Nassau recebeu uma educação humanista e baseada na religião protestante.
A partir dos 16 anos de idade foi morar nos Países Baixos onde iniciou a carreira militar. No exército
holandês, ele exerceu a função de “alferes de cavalaria”. Se destacou nas operações e campanhas na
Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), contra a Espanha e pela independência das regiões dos Países
Baixos. Com destaque, em 1636 ele liderou a reconquista do castelo Schenkenschans, o qual estava sob
domínio dos espanhóis. Seu nome passou a ser motivo de orgulho para os holandeses e, com pouco
mais de 30 anos de idade, assumiu o comando dos negócios da Companhia das Índias Ocidentais no
nordeste brasileiro.
Como recompensa dos serviços prestados, Nassau recebeu do rei do Sacro Império Romano-Germânico,
em 1652, o título de príncipe. Aposentou-se da vida militar, em 1675.
Como tudo o que é bom dura pouco, Nassau se desentendeu com a Companhia das Índias
Ocidentais. Perdeu o cargo de governador-geral em 1644 e voltou para Europa.
A saída de Nassau praticamente coincide com a reconquista de Portugal, em 1640, pelo
portugueses. Ainda sob a administração de Nassau, os portugueses buscaram um acordo de paz com os
holandeses, um acordo de 10 anos (entre 1638-1645). Mas, três elementos influenciam na quebra do
acordo:
• A saída de Nassau, em 1644, do comando da administração de Pernambuco.
• A pressão da Companhia das Índias Ocidentais para que os engenhos produzissem mais,
pagassem mais impostos e liquidassem as dívidas dos créditos anteriormente concedidos.
• Iniciou da intolerância religiosa, proibindo católicos de praticarem livremente a religião.
Neste cenário conflituoso, os portugueses e os luso-brasileiros iniciam a luta pela expulsão dos
holandeses.
Começo essa parte com uma citação do Exército para você entender o sentido histórico que a
Corporação atribui a esse evento: uma unidade de todas as raças (tropas patriotas) para defender a pátria.
É claro que não tínhamos pátria e nem exército, mas é uma experiência “protonacionalista” – defesa militar
do território. Guardem isso. As Batalhas de Guararapes foram fundamentais para expulsar os holandeses
do Brasil.
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Veja os principais comandantes, suas origens étnicas que respaldam a interpretação que traz a citação do Exército
brasileiro.
Comandantes
Holanda: Von Schkoppe, o comandante das
tropas flamengas
Capitão
Felipe Camarão (índio) Henrique Dias (negro)
Antonio Dias Cardoso (branco)
Nós estamos no interior do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, no município de Jaboatão dos
Guararapes, mais precisamente no Mirante, no Morro do Oitizeiro, o qual se estende até o Oceano
Atlântico. Entre a mata do Morro do Oitizeiro e o alagadiço próximo ao mar, encontramos uma estreita
passagem denominada de Boqueirão. Na nossa frente está o Monte de Telégrafo. À retaguarda destaca-
se o Morro do Outeiro ou atual Morro da Igreja. Entre o Monte do Telégrafo e o Morro do Outeiro,
identificamos o Córrego da Batalha. Além do Monte do Telégrafo, ligando a cidade do Recife aos Montes
Guararapes, encontramos a Estrada da Batalha, a qual se dirige para o interior do Boqueirão.
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A rendição holandesa ocorreu após acordos de paz entre Portugal e Holanda. O último acordo, de
1669, estabeleceu que, em troca do Nordeste brasileiro e de algumas possessões na África, os holandeses
receberiam como pagamento o equivalente a 63 toneladas de ouro.
Uma pergunta que sempre surge quando se estuda a presença holandesa no Brasil é a seguinte: o destino do país seria
diferente se tivesse ficado nas mãos da Holanda e não de Portugal?
Não há uma resposta segura para essa questão, pois ela envolve uma conjectura, uma possibilidade que não se tornou
real. Quando se compara o governo de Nassau com a rudeza lusa e a natureza muitas vezes predatória de sua colonização,
a resposta parece ser positiva. Mas convém lembrar que Nassau representava apenas uma tendência e a Companhia das
Índias outra, mais próxima do estilo do empreendimento colonial português. Vista a questão sob esse ângulo, e quando
se constata o que aconteceu nas colônias holandesas da Ásia e das Antilhas, as dúvidas crescem. A colonização dependeu
menos da nacionalidade do colonizador e mais do tipo de colonização implantado. Os ingleses, por exemplo,
estabeleceram colônias bem diversas nos Estados Unidos e na Jamaica. Nas mãos de portugueses ou holandeses, com
matizes certamente diversos, o Brasil teria mantido a mesma condição de colônia de exploração integrada no sistema
colonial.
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995, pp. 89-90)
Além disso, quero ressaltar que a Holanda passou a produzir cana-de-açúcar nas Ilhas Antilhanas.
Durante o tempo em que a Companhia das Índias Ocidentais permaneceu ocupando o nordeste brasileiro,
ela aprendeu e aprimorou as técnicas necessárias para desenvolver um engenho. Assim, detentores do
conhecimento sobre todas as fases dos negócios do açúcar (produção, refino e comercialização), os
Holandeses passaram a vende-lo mais barato que aquele produzido no Brasil. A Holanda saiu, levou o
conhecimento da produção e, também, os recursos econômicos que sempre foram necessários para o
funcionamento dos engenhos.
Realmente, as duas décadas finais do século XVII foram um cenário triste para a colônia portuguesa na
América. A decadência do açúcar representou a decadência da própria colônia. Conforme leciona Schwartz,
Na verdade, a década de 1680 assinalou uma redução profunda das fortunas oriundas da economia
açucareira do Brasil. A colônia foi assolada por grave seca que durou de 1681 a 1684, por surtos de varíola
de 1682 a 1684 e por uma epidemia de febre amarela[..]. Além desses problemas, houve uma crise no
mundo atlântico após 1680. Em 1687, João Peixoto da Veiga escreveu seu famoso “memorial”, onde
identifica os problemas da agricultura brasileira e prevê a ruína da colônia [...].23
Na próxima aula veremos como o Governo Português tentou recuperar a economia e os impactos
dessas medidas no Brasil.
Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final da nossa aula sobre a chegada dos
portugueses na América, a implantação do sistema de exploração colonial português e
o desenvolvimento da civilização do açúcar.
Assim, mergulhamos em experiências ocorridas entre o início do século XVI até o
final do século XVII. Anota no seu controle de temporalidade.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão, HEIN! Aproveita TODOS os
comentários, porque foram pensados em cada detalhe para ensinar o conteúdo e, também, nas melhores
formas de respondê-las! E lembrando: esse assunto despenca na prova, é questão certa!!!
Espero por você no Fórum de Dúvidas, se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê
23
SCHWARTZ, S.B. op. Cit, p. 370.
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(EsPCEx - 2021)
Alguns historiadores distinguem dois modelos de colonização inglesa adotados na América do Norte. Qual
conjunto de colônias inglesas assemelhava-se ao modelo de colonização português no Brasil – produção
agrícola dedicada à exportação e realizada em grandes propriedades rurais?
A) Não houve semelhança.
b) O conjunto de colônias do Pacífico.
c) O conjunto de colônias do Norte.
d) O conjunto de colônias do Sul.
e) O conjunto de colônias do Centro-Sul.
(EsPCEx 2019)
Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias, implantado em 1534, não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros,
principalmente com a produção de açúcar, estavam as de
a) Rio Grande e Itamaracá.
b) São Vicente e Rio Grande.
c) Santana e Ilhéus.
d) Maranhão e Pernambuco.
e) São Vicente e Pernambuco.
(EsPCEx 2019)
Durante o período conhecido por União Ibérica, ocorreu o embargo Espanhol ao comércio das colônias
portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o Nordeste brasileiro com a finalidade de
romper o embargo e reativar as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado à primeira
investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de maio de 1624, a (o)(s)
a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albuquerque.
b) ocupação de Salvador.
c) governo de Maurício de Nassau.
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(EsPCEx 2017)
Em 1578, dom Sebastião, rei de Portugal, morre na batalha de Alcácer-Quibir. Sem descendentes, o trono
foi entregue a seu tio dom Henrique, que viria a falecer dois anos depois, sem deixar herdeiro. Depois de
acirrada disputa, a Coroa portuguesa acabou nas mãos de Filipe II, rei espanhol, dando início à chamada
União Ibérica. Com esta união, um tradicional inimigo da Espanha torna-se inimigo de Portugal.
Das opções abaixo, assinale aquele que se tornou inimigo de Portugal.
a) Holanda
b) Alemanha
c) Itália
d) Inglaterra
e) EUA
(EsPCEx 2016)
As relações entre a metrópole e a colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial, sendo este aspecto
uma das principais características do estabelecimento de um sistema de exploração mercantil
implementado pelas nações europeias com relação à América. Com relação ao Brasil, do que constava este
pacto?
a) As colônias só poderiam produzir artigos manufaturados.
b) A produção agrícola seria destinada, exclusivamente, à subsistência da colônia.
c) A produção da colônia seria restrita ao que a metrópole não tivesse condições de produzir.
d) A colônia poderia comercializar a produção que excedesse às necessidades da metrópole.
e) Portugal permitiria a produção de artigos manufaturados pela colônia, desde que a matéria – prima fosse
adquirida da metrópole.
(EsPCEx 2014)
“Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a
coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem no entanto, traçar um plano de ocupação
efetiva, […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o
comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido
monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em
conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio,
após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. (Berutti,2004)
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a)
a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos
tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a
oeste de Greenwich.
b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias.
c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que
dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras.
d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia
metropolitana portuguesa.
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente
inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as
expedições.
(EsPCEx 2013/Professor)
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O processo de colonização das terras portuguesas da América teve início na década de 1530, após a divisão
do território em capitanias hereditárias. As capitanias localizadas a partir do litoral médio da América
Portuguesa, Bahia, Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, cuja destinação principal foi o plantio de cana de
açúcar, sofreram reveses importantes e de natureza variada durante a década seguinte, fazendo com que a
economia e o povoamento recuassem do ponto em que já haviam atingido.
Assinale a opção que contém um fator comum às trajetórias de decadência vivenciadas pelas quatro
capitanias acima citadas.
a) Assaltos, ataques e destruição promovidos por indígenas tupis ou tapuias nas vilas ou nas plantações dos
colonos.
b) Problemas relacionados à morte do donatário e aos consequentes conflitos entre os herdeiros.
c) Baixa produtividade dos terrenos para o plantio adequado da cana-de- açúcar.
d) Enfraquecimento relacionado a invasões externas por franceses, holandeses e espanhóis.
e) Inexistência de um aparato judicial adequado à resolução dos constantes conflitos entre os colonos.
(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de exploração do trabalho pelos colonos oriundos de Portugal permitia alguns tipos de
apropriação da mão de obra indígena. Sobre esse tema, analise as afirmativas abaixo e marque a resposta
correta.
I. Resgate era a forma de obtenção da mão de obra de índios que haviam sido capturados por outros
conquistadores europeus, que os devolviam em troca de uma certa recompensa.
II. O cativeiro ou escravização era o resultado do apresamento de índios em decorrência de guerra justa
consentida pelas autoridades, dado que, por regra, a escravização passou a ser ilegal.
III. Descimento era o deslocamento de contingentes populacionais indígenas de áreas distantes para as
regiões de controle europeu, nas quais se formavam aldeamentos.
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras.
(EsPCEx 2012)
Durante o período colonial, o Brasil sofreu diversas invasões estrangeiras. Nessas invasões:
a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na criação de uma colônia, a França Antártica, formada
principalmente por católicos interessados no cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho de conversão dos
índios.
b) a holandesa foi motivada pelo embargo espanhol que, por representar uma ameaça à sua economia,
levou o país a decidir-se pela invasão do Brasil, inicialmente pela região do Rio Grande do Norte, onde
encontrou forte resistência.
c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida pelo constante reforço vindo da Holanda, o auxílio de
cristãos-novos residentes na região e por estarem seus soldados mais bem armados e mais experientes.
d) a resistência luso-brasileira à invasão pernambucana foi organizada em grupos de guerrilha e contou com
a liderança de Domingos Fernandes Calabar, morto lutando contra os holandeses.
e) embora a resistência luso-brasileira em Pernambuco contasse com a vantagem do fator surpresa e
melhor conhecimento do terreno, os holandeses acabaram por conquistar o Nordeste, onde se estenderam
desde o Maranhão até a Bahia.
(EsPCEx 2011)
Sobre o Governo Geral, instalado no Brasil pelo regimento de 1548, pode-se afirmar que
a) acabou, de imediato, com o sistema de capitanias hereditárias.
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b) teve total sucesso ao impor a centralização política em toda a colônia, como forma de facilitar a defesa
do território.
c) teve curta duração, pois foi dissolvido durante a ocupação francesa do Rio de Janeiro, em 1555.
d) durou até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
e) adotou, desde o início, o Rio de Janeiro como única capital, em virtude do grande sucesso da cultura
canavieira nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo.
(EsPCEx/2007/4000000514)
Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças holandesas conquistaram com facilidade Olinda e Recife,
em 1630, mas não obtiveram o mesmo êxito na zona rural, porque, no interior da capitania,
A) as forças brasileiras equivaliam em efetivo, treinamento e armamento aos holandeses.
b) os brasileiros eram em menor número, no entanto dispunham de melhores armamentos do que os
adversários.
c) os brasileiros eram melhor armados e mais experientes no tipo de combate proposto pelos holandeses.
d) os habitantes locais adotavam táticas de guerrilha, atacando os holandeses de surpresa.
e) os locais contavam com o apoio explícito e regular da Espanha, tanto no treinamento de técnicas de
combate, quanto no suprimento de víveres e munição.
(EsPCEx/2007/4000000516)
Sobre a “Carta de Doação” e o “Foral”, documentos do Brasil Colônia, assinale a afirmativa correta.
A) A Carta de Doação estabelecia os direitos e deveres dos colonos.
b) O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários.
c) Pela Carta de Doação o donatário poderia conceder sesmarias a colonos – portugueses ou não – que
professassem a fé católica.
d) O Foral estabelecia que os atos dos donatários só poderiam ser julgados pelo rei.
e) Pela Carta de Doação, o donatário podia fundar vilas e povoados e criar instrumentos administrativos,
jurídicos, civis e criminais para regê-los.
(EsPCEx/2006/4000039575)
“Os governos-gerais tiveram grandes obstáculos para a centralização política. As distâncias entre as
províncias, as dificuldades de comunicação e os interesses locais dos proprietários de terras e de escravos
limitavam a ação dos governadores.”
(COTRIM, Gilberto. História do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1999.)
Em 1549, o Governo-Geral foi instituído no Brasil, tendo como sede a cidade de Salvador. Entretanto, em
face de dificuldades como as indicadas no texto, no ano de 1572 o Governo-Geral foi dividido em duas
sedes, Salvador e
A) São Luís.
b) Recife.
c) Rio de Janeiro.
d) São Vicente.
e) São Cristóvão.
(EsPCEx/2007/4000039133)
Em negociação direta entre os países interessados, foi assinado, a 7 de junho de 1494, o Tratado de
Tordesilhas, que tinha por objetivo
A) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólio que atingia
todas as riquezas coloniais.
B) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das
expedições de Vasco da Gama às Índias.
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C) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o
desenvolvimento da expansão comercial e marítima.
D) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a destruição da invencível
Armada de Filipe II, da Espanha.
E) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da
formação do exército nacional.
c) Ingleses.
d) indígenas Yanomamis.
e) Confederação dos Tamoios.
b) A aguardente produzida nos engenhos da América Portuguesa era utilizada como moeda de troca no
comércio de escravizados, uma das mais lucrativas atividades econômicas do período.
c) A produção da cachaça era exclusivamente voltada para a exportação, afinal os súditos da Coroa lusa
eram forçados ao consumo de produtos fornecidos pela metrópole.
d) A cachaça era um produto apreciado no continente africano, mas rechaçado pelos súditos da América
Portuguesa devido aos impactos causados na capacidade produtiva dos trabalhadores.
e) Devido ao seu baixo valor comercial, a metrópole manteve a aguardente à margem de sua política
tributária, concentrando atenções nos engenhos e nas áreas de exploração aurífera.
b) Os Vice-Reis de cada Capitania Hereditária eram responsáveis por organizar a administração das terras
colonizadas.
c) a coroa transferiu para os particulares parte significativa das despesas da colonização, temendo perder a
colônia para os estrangeiros que ameaçavam o litoral.
d) o estabelecimento de colônias cooperativas foi a solução para a organização de uma guarda militar
responsável por defender o território das invasões estrangeiras.
e) a organização política estava a cargo dos senhores de engenhos, à semelhança do modelo europeu dos
senhores feudais.
e) exclusivo comercial, uma relação que entre metrópole portuguesa e donatários em terras brasileiras que
permitia a esses últimos o acúmulo de riquezas por meio de empreendimentos independentes da Coroa.
a) Guerra do Paraguai, quando indígenas paraguaios foram aprisionados pelo exército brasileiro.
b) Insurreição Pernambucana, quando ocorreu a expulsão dos holandeses no nordeste brasileiro.
c) Montagem da França Antártica e, posteriormente, a expulsão dos franceses da região da Baía da
Guanabara.
d) a Batalha da Conjuração dos Tamoios, que reforçou a guerra justa contra indígenas.
Apressada construção de galpões cobertos de palha, varais para estender a carne desdobrada, salgada, e
algum tacho de ferro para a extração de parca gordura dos ossos por meio de fervura em água... A courama
era estaqueada, seca ao sol; o sebo simplesmente lavado, posto ao tempo em varais e depois socados em
forma de madeiras cúbicas, produzindo pães de peso variável. A ossamenta era amontoada e queimada e
está cinza atirada para aterros ou servia, empilhada, para fazer mangueiras e cercas. Todas as outras partes
do boi não tinham valor comercial e eram atiradas fora.
GIRÃO, Raimundo. Pequena História do Ceará. 4ª Ed. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará.
1984, p. 35-49.
a) O texto descreve um elemento central da economia do Ceará no Brasil Colonial, a saber:
b) A agricultura de exportação, como o algodão, que garantiu o desenvolvimento da região litorânea.
c) O processo de charqueado da carne bovina, decorrentes do desenvolvimento da pecuária e do comércio
de carne.
d) A pecuária leiteira, que garantiu muito poder aos pecuaristas da região.
e) As rotas de boiada que ligavam Ceará à Bahia e promoviam a valorização da pecuária cearense.
(UNIVESP/2018)
Prof. Alê Lopes
Moenda
O detalhe da gravura “Engenho de Itamaracá” (1647), de Frans Post, pintor holandês que esteve no Brasil
no século XVII, coloca em evidência o principal produto de interesse dos holandeses à época da ocupação
no Nordeste. Tal produto pode ser corretamente identificado como
A) cacau.
B) tabaco.
C) algodão.
D) açúcar.
E) café.
(UNITAU 2018)
O açúcar foi o principal produto brasileiro de exportação durante a época colonial. Mesmo durante o auge
da exploração do ouro, quando o Brasil encheu os cofres europeus e ajudou a impulsionar a Revolução
Industrial na Inglaterra, o valor das exportações de açúcar excedeu o de qualquer outro produto.
Assinale a alternativa que apresenta o(s) mecanismo(s) empregado(s), na economia colonial, para favorecer
esse quadro.
a) A imigração maciça de portugueses para trabalhar nas terras interiores da colônia.
b) A utilização predominante da mão de obra indígena nas lavouras açucareiras.
c) O incentivo dado pela coroa portuguesa à adoção do trabalho assalariado livre.
d) A adoção da mão de obra escrava africana e o pacto colonial.
e) O predomínio de pequenas propriedades rurais produzindo açúcar para exportação.
(UNITAU 2017)
O Cristianismo chegou ao Brasil com a conquista colonial, associado à exploração metropolitana. A Igreja
desempenhou, assim, um importante papel no processo de colonização, promovendo a transformação do
modo de vida indígena e a sua adaptação às formas culturais europeias. Dentre as medidas adotadas pelos
religiosos para promover esse processo, é INCORRETO destacar:
a) A criação dos aldeamentos, onde os índios das mais diferentes tribos eram reunidos, recebiam a
catequese e eram batizados, tornando-se cristãos.
b) O combate ao nomadismo e a imposição do trabalho agrícola aos índios, com uma nova divisão de tarefas
entre homens e mulheres.
c) A obrigação do uso de vestimentas, enquanto, anteriormente, os índios exibiam as marcas da sua cultura
no próprio corpo.
Prof. Alê Lopes
(FUVEST 2016)
Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, e isto por ver por
conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam
muito prejuízo ao estado e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava em vós, Senhor, trabalhardes
com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas
navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir.
Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954.
O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D.
João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra
a) a persistência dos ataques franceses contra a América, que Portugal vinha tentando colonizar de modo
efetivo desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias.
b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava
a combater as pretensões expansionistas da Espanha na América.
c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham
exercendo grande influência sobre as populações nativas.
d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à dominação de
territórios franceses tanto na Europa quanto na América.
e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do
combate à pirataria francesa.
(FUVEST 2015)
A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação
cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa,
para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana
– que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e
intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X
d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Com base no trecho acima, é correto afirmar que
a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até
mesmo valorizou várias culturas indígenas.
b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador
europeu, como a xinguana.
c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no
Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador
europeu.
e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
indígena e a perda de sua identidade cultural.
(FUVEST 2014)
O tráfico de escravos africanos para o Brasil
a) teve início no final do século XVII, quando as primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas Minas
Gerais.
Prof. Alê Lopes
b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, de
vez, no início do século XIX.
c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, de forma regular, até a metade do século XIX.
d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a despeito da pressão contrária das regiões auríferas.
e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, esteve
concentrado nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente, até o século XVIII.
(FUVEST 2014)
Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em
um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar,
e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes
afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá
merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que
pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.
P. Antônio Vieira, “Sermão décimo quarto”. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial.
São Paulo: Ática, 1993, p.7375.
A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América,
a) a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se
revoltar.
b) as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois
ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto,
de justificá-la com base na Bíblia.
d) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à
escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
e) havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo
estas, assim, pouco significativas.
(UEA /2015)
Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos,
aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola,
então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de
escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa,
fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do
tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)
A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações
significativas sobre
a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio
de escravos à margem do controle de Portugal.
b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de
grupos sociais antagônicos à metrópole.
c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma
burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.
d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura
escravista brasileira.
e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital
ligado ao tráfico de escravos.
(UEA/2015)
Prof. Alê Lopes
Em 1685, determina-se a concessão de prêmios aos que cultivassem o cacau, “proibindo-se a colheita antes
do tempo”. Ainda em 1753, veda-se terminantemente a colheita do cacau verde. Em 1755, é proibida a
pesca de tartarugas no Tocantins entre agosto e novembro. Reclamam-se constantemente amostras de
produtos da terra, como a pimenta-longa, a quina, as ervas “com efeito de chá”, cochonilha, cajurá, puxuri,
fibras... Isentam-se de pagamento de imposto várias plantas indígenas.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011. Adaptado.)
O historiador fornece alguns exemplos
a) do desinteresse da metrópole portuguesa pelo território amazônico devido à escassez de recursos
econômicos.
b) da presença da metrópole portuguesa na colonização da Amazônia por meio de regulamentos de
exploração econômica.
c) do caráter estratégico da Amazônia para a manutenção do domínio metropolitano sobre a região de
exploração aurífera.
d) da tentativa metropolitana de estender a escravidão para as tribos indígenas do vale amazônico.
e) da inserção amazônica no conjunto da economia colonial com o estímulo metropolitano à exploração
mineral.
(IFBA – 2018)
No processo de colonização, os capitães donatários tinham alguns direitos oferecidos pela coroa
portuguesa: podiam escravizar e vender até 24 índios por ano, direito sobre a morte de escravos, gentios e
homens livres de menor qualidade. Podiam, em alguns casos, deportar (degredo) colonos sem apelação ao
rei. O senhor donatário, como grande proprietário de terras (latifundiário), podia também ceder pedaços
de terra para outros colonos desenvolverem plantações e podiam ainda deter o comando militar e o direito
de alistar colonos e formar milícias. Com base nesse texto, qual questão é a certa?
a) Esse texto revela que o Rei em nada mandava na administração colonial portuguesa. Os verdadeiros
governantes eram os capitães donatários.
b) Os capitães donatários eram homens da pequena fidalguia portuguesa ou mesmo da nascente burguesia.
Eram homens ávidos por lucros e por subir na vida. Por isso o sistema de capitania hereditária falhou, afinal
eles não se preocuparam com o sistema como um todo, mas com seu próprio enriquecimento, deixando
de lado as tarefas de representantes da coroa.
c) Os capitães donatários tinham tarefas voltadas para a segurança interna (contra os indígenas não
submetidos) e externa da colônia (contra invasores europeus); monopolizavam o controle da terra, o que
produzia uma distribuição de acesso à terra desigual; e eram os responsáveis pela organização da produção
das matérias-primas brasileiras, voltadas para a exportação.
d) As violências acima descritas inviabilizaram a continuidade das capitanias, já que as pessoas não queriam
se subordinar a indivíduos com tamanho poder.
e) O fato de poderem conceder terras para outros sesmeiros gerou uma política de acesso à terra que
beneficiou portugueses pobres que habitavam o Brasil.
16. B 40. D
17. A 41. D
18. D 42. C
19. B 43. D
20. A 44. A
21. C 45. E
22. E 46. B
23. C 47. C
24. A 48. B
25. D 49. D
26. E 50. D
27. E 51. D
28. B 52. A
29. E 53. B
30. D 54. C
31. B 55. C
32. E 56. E
33. B 57. B
34. C 58. C
35. C
36. E
37. E
38. E
39. E
Nessa questão, o aluno precisava ficar atento à periodicidade cobrada: União Ibérica. Ela colocou uma
pegadinha aí na frente que nos leva à pensar em invasões. Então, com esse cuidado, vamos analisar as
alternativas:
a) Errado. Portugal perdeu autonomia e sofreu com o “embargo Espanhol” que proibiu as colônias
portugueses de comercializar com os inimigos espanhóis.
b) Errado. A ocupação pelos colonos continuou, ou seja, eles não saíram e depois voltaram. Ao contrário,
por um período foram beneficiados com empréstimos concedidos pelos holandeses.
c) Errado. O fluxo de escravos também teve um impacto, tanto que é um momento de intensa atividade
bandeirante de apresamento de indígenas.
d) Correto. A alternativa está um pouco confusa. Em geral, os livros trazem a informação de que o Tribunal
do Santo Ofício esteve no Brasil. Isso é verdade, mas o que é pouco conhecido no Brasil é que foi o rei
Espanhol que enviou-os, já que ele era, também rei de Portugal. Então, essa é uma informação bem
específica e que está no livro do professor Vicentino.
Gabarito: D
(EsPCEx - 2021)
Alguns historiadores distinguem dois modelos de colonização inglesa adotados na América do Norte. Qual
conjunto de colônias inglesas assemelhava-se ao modelo de colonização português no Brasil – produção
agrícola dedicada à exportação e realizada em grandes propriedades rurais?
A) Não houve semelhança.
b) O conjunto de colônias do Pacífico.
c) O conjunto de colônias do Norte.
d) O conjunto de colônias do Sul.
e) O conjunto de colônias do Centro-Sul.
Comentários
Outra questão interessante que exigiu do candidato uma comparação entre os sistemas de colonização
inglesa e portuguesa.
Para tanto seria preciso lembra-se de que o sistema de colonização inglesa teve dois modelos:
Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de exportação. MONOCULTURA.
Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande propriedade rural: LATIFÚNDIO! Predominou no Sul.
Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção voltada para o mercado
interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena propriedade familiar. Predominou no Norte.
Quanto ao sistema de colonização que predominou no Brasil, temos o sistema de PLANTATION = Latifúndio,
exportador, monocultor e com uso de mão de obra escrava.
Assim, obedecendo ao comando da questão, precisamos comparar a Colônia Portuguesa com a Inglesa, e
chegamos à conclusão de que são as colônias do SUL.
A resposta para essa questão está na nossa aula 02, do Curso de História da EsPCEx 2021.
Gabarito: D
(EsPCEx 2019)
Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias, implantado em 1534, não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros,
principalmente com a produção de açúcar, estavam as de
a) Rio Grande e Itamaracá.
b) São Vicente e Rio Grande.
Prof. Alê Lopes
c) Santana e Ilhéus.
d) Maranhão e Pernambuco.
e) São Vicente e Pernambuco.
Comentários
Devido a vários problemas – grande distância entre Metrópole e Colônia, grande extensão das
Capitanias, conflitos com os indígenas, desinteresse dos Capitães-Donatários – o sistema de Capitanias
Hereditárias não funcionou no Brasil, tendo obtido sucesso apenas as Capitanias de São Vicente e
Pernambuco, conforme vimos ao longo da aula.
Gabarito: E
(EsPCEx 2019)
Durante o período conhecido por União Ibérica, ocorreu o embargo Espanhol ao comércio das colônias
portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o Nordeste brasileiro com a finalidade de
romper o embargo e reativar as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado à primeira
investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de maio de 1624, a (o)(s)
a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albuquerque.
b) ocupação de Salvador.
c) governo de Maurício de Nassau.
d) fundação do Arraial do Bom Jesus.
e) Batalhas de Guararapes
Comentários
Entre 1624 e 1625, os holandeses, através da CIA das Índias Ocidentais, tentaram invadir a Colônia
brasileira a partir da Bahia, chegando a tomar posse de Salvador, sendo, depois, devidamente
expulsos. Depois a partir de 1830 iniciaram uma segunda tentativa de ocupação, agora da Capitânia
de Pernambuco. Assim, veja que foram 2 momentos importantes: primeiro na Bahia e depois em
Pernambuco.
b- Como vimos, em 1824, os Holandeses tentaram invadir o Brasil por meio de Salvador, mas foram
expulsos. Esse foi o primeiro momento da tentativa de dominação holandesa. Portanto, é o gabarito
da questão.
e- A Batalha de Guararapes está relacionada à luta das tropas luso-brasileiras contra a Holanda entre
1848 e 1849. Assim, se relaciona não com o início da invasão holandesa, mas com a luta da expulsão
dos flamengos do nosso país (que ainda era uma colônia)
Gabarito: B
(EsPCEx 2017)
Em 1578, dom Sebastião, rei de Portugal, morre na batalha de Alcácer-Quibir. Sem descendentes, o trono
foi entregue a seu tio dom Henrique, que viria a falecer dois anos depois, sem deixar herdeiro. Depois de
acirrada disputa, a Coroa portuguesa acabou nas mãos de Filipe II, rei espanhol, dando início à chamada
União Ibérica. Com esta união, um tradicional inimigo da Espanha torna-se inimigo de Portugal.
Das opções abaixo, assinale aquele que se tornou inimigo de Portugal.
a) Holanda
b) Alemanha
c) Itália
d) Inglaterra
e) EUA
Comentários
A Holanda era, nos reinados de Carlos I e seu filho Filipe II, uma possessão espanhola. Mas, devido à
forma de governo autoritária de Filipe II, a burguesia holandesa promoveu sua luta de independência.
Em resposta a isso, Filipe II proibiu todas as possessões espanholas de fazer comércio com a Holanda.
Devido à ocorrência da União Ibérica, ou seja, unificação do Reino de Portugal e Espanha, Portugal e
Brasil estavam incluídos nessa proibição.
Assim, a Holanda passou de aliada nos negócios do açúcar à inimiga. Nesse contexto, para não perder
o produtor de açúcar, a Holanda invadiu o Brasil. Isso teve um impacto enorme para a economia
colonial, primeiro porque travou-se uma luta contra a invasão e depois porque a Holanda se
transformou no principal concorrente do Brasil na produção de açúcar. A economia portuguesa, o que
inclui sua colônia brasileira, nunca mais recuperou sua posição de líder no mercado internacional
açucareiro.
Gabarito: A
(EsPCEx 2016)
As relações entre a metrópole e a colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial, sendo este aspecto
uma das principais características do estabelecimento de um sistema de exploração mercantil
Prof. Alê Lopes
implementado pelas nações europeias com relação à América. Com relação ao Brasil, do que constava este
pacto?
a) As colônias só poderiam produzir artigos manufaturados.
b) A produção agrícola seria destinada, exclusivamente, à subsistência da colônia.
c) A produção da colônia seria restrita ao que a metrópole não tivesse condições de produzir.
d) A colônia poderia comercializar a produção que excedesse às necessidades da metrópole.
e) Portugal permitiria a produção de artigos manufaturados pela colônia, desde que a matéria – prima fosse
adquirida da metrópole.
Comentários
O pacto colonial versava que a colônia deveria ser uma fonte de lucro para a sua metrópole. Sendo
assim, tudo de produtivo que já existisse ou fosse produzido na colônia pertencia metrópole e
deveria ser comercializado exclusivamente pela metrópole. Também conhecemos o Pacto
Colonial como exclusivo metropolitano justamente por essa relação de econômica que garantia a
exclusividade de exploração do Brasil por Portugal. Isso significa que, na prática, não havia
autonomia administrativa, territorial ou financeira.
c) A colônia não produzia apenas para abastecer Portugal, mas toda a Europa. Contudo, veja,
o que a Metrópole produzia não era preciso produzir na colônia também. Nesse sentido,
essa alternativa está mal formulada, mas no contexto da questão, podemos considerá-la
como correta.
d) A colônia não poderia comercializar nada. Ela produzia e quem comercializava era
Portugal.
Gabarito: C
(EsPCEx 2014)
“Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a
coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem no entanto, traçar um plano de ocupação
efetiva, […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o
comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido
monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em
conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio,
após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. (Berutti,2004)
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a)
a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos
tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a
oeste de Greenwich.
b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias.
Prof. Alê Lopes
c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que
dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras.
d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia
metropolitana portuguesa.
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente
inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as
expedições.
Comentários
Essa é uma ótima questão sobre o período pré-colonial ocorreu no Brasil entre 1500-1530. As
Grandes Navegações que se desenvolveram ao longo do século XV foram importantes para angariar
recursos para os Estados Modernos. Desta forma, as navegações são parte dos objetivos das políticas
mercantilistas, ou seja, buscar metais preciosos e especiarias a fim de comercializar na Europa.
A viagem de Vasco da Gama que chegou às Índias em 1498 foi coroada de êxito dando um lucro
exorbitante para Portugal. Assim, foi criada a mesma expectativa quanto a viagem de Cabral ao Brasil
em 1500. Contudo, conforme relata a Carta de Caminha não havia riqueza no Brasil, ou seja, metais
preciosos e especiarias e que o melhor a fazer é a catequese dos índios. O sucesso da viagem de
Vasco da Gama e o fracasso da viagem de Cabral explicam o relativo descaso de Portugal em relação
ao Brasil priorizando, então, o comércio das especiarias no Oriente. Daí o período Pré-Colonial.
a) O único tratado com a Espanha era o de Tordesilhas que limitava terras para Espanha e para
Portugal.
b) A distância entre Brasil e Portugal é menor que aquela entre Portugal e Índia.
c) Os indígenas resistiram à colonização, mas foi depois de 1530. Nesse momento se envolveram
com Portugueses na exploração do pau-brasil por meio de relações de escambo.
d) Veja que item D não é completamente errado, porque é verdade que a relação comercial com a
América gerou oportunidades de grandes lucros aos países europeus. Contudo, a questão
aborda o desinteresse imediato de Portugal em relação à exploração das terras que viriam a ser
o Brasil. Por isso, a alternativa não tem a ver com o comando da questão. Preste atenção!!
Gabarito: E
(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de colonização das terras portuguesas da América teve início na década de 1530, após a divisão
do território em capitanias hereditárias. As capitanias localizadas a partir do litoral médio da América
Portuguesa, Bahia, Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, cuja destinação principal foi o plantio de cana de
açúcar, sofreram reveses importantes e de natureza variada durante a década seguinte, fazendo com que a
economia e o povoamento recuassem do ponto em que já haviam atingido.
Assinale a opção que contém um fator comum às trajetórias de decadência vivenciadas pelas quatro
capitanias acima citadas.
a) Assaltos, ataques e destruição promovidos por indígenas tupis ou tapuias nas vilas ou nas plantações dos
colonos.
b) Problemas relacionados à morte do donatário e aos consequentes conflitos entre os herdeiros.
Prof. Alê Lopes
Essa questão é sobre administração colonial. Sabemos que o sistema de capitanias não deu certo
por diversos motivos, entre eles:
Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes,
por isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com
que as soluções para as dificuldades tivessem que ser conseguidas “dentro” da capitânia.
Mas essa terra não era um vazio, né? Havia muitos índios.
Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma
expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa
ocupação (ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores.
Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras férteis.
Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais adaptado ao
clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo, mas no
desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar dividendos à
Coroa.
Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza
portuguesa, nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os
obstáculos acima arrolados.
Agora, veja, o comando pediu “um fator comum entre as 4 capitanias que explicam seu fracasso”.
Na leitura do enunciado já sabemos que todas elas foram destinadas à plantação de cana, como
sabemos que são no litoral, clima quente e úmido, logo podemos pensar que não foi um motivo
ligado à qualidade da terra.
c) Errado. O próprio texto fala que essas capitanias estavam destinadas à plantação da cana.
Aliás, antes dos ataques dos indígenas, os colonos conseguiram plantar a cana. Estava indo
bem. Mas, ao tentarem usar mão de obra escrava indígena, perderam tudo.
Prof. Alê Lopes
e) Errado. Os conflitos, em geral, eram entre colonos e indígenas. O Regimento Régio de 1548,
que criou o cargo de Governador Geral, estabeleceu regras e formas de resolver esses
conflitos.
Gabarito: A
(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de exploração do trabalho pelos colonos oriundos de Portugal permitia alguns tipos de
apropriação da mão de obra indígena. Sobre esse tema, analise as afirmativas abaixo e marque a resposta
correta.
I. Resgate era a forma de obtenção da mão de obra de índios que haviam sido capturados por outros
conquistadores europeus, que os devolviam em troca de uma certa recompensa.
II. O cativeiro ou escravização era o resultado do apresamento de índios em decorrência de guerra justa
consentida pelas autoridades, dado que, por regra, a escravização passou a ser ilegal.
III. Descimento era o deslocamento de contingentes populacionais indígenas de áreas distantes para as
regiões de controle europeu, nas quais se formavam aldeamentos.
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras.
Comentários
I – errado, pois o resgate não era em relação aos índios capturados por outros colonizadores, e sim
fruto dos conflitos entre indígenas. Era comum, porem por motivos bastante diferentes, um
guerreiro derrotado ser feito escravos do vencedor. Porém, era um tipo de escravização diferente da
que a empregada pelos portugueses.
II – sim, pois havia restrições, principalmente por conta da pressão dos jesuítas.
IIII – correto, mas com ressalvas, pois dá a impressão que o centro do conceito de “descimento” era
um deslocamento. Contudo, o centro dos descimentos era a convivência pacífica entre portugueses
e indígenas com vistas ao convencimento dos nativos para que trabalhassem nos empreendimentos
portugueses. Isso ocorria, claro, em aldeamentos, um espaço favorável a esse tipo de
“convencimento”. Em um segundo momento, o aldeamento passou a ser forçado, tanto por jesuítas
quanto por colonos exploradores de recursos naturais. Havia os descimentos privados e os
patrocinados pela Coroa. Os privados eram feitos por colonizadores que solicitavam à Coroa a
formação de um aldeamento e, dentro disso, a necessidade de usar mão de obra indígenas; já os
patrocinados pela Coroa eram planejados de acordo com as possibilidades de exploração econômica.
Gabarito: E
Prof. Alê Lopes
(EsPCEx 2012)
Durante o período colonial, o Brasil sofreu diversas invasões estrangeiras. Nessas invasões:
a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na criação de uma colônia, a França Antártica, formada
principalmente por católicos interessados no cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho de conversão dos
índios.
b) a holandesa foi motivada pelo embargo espanhol que, por representar uma ameaça à sua economia,
levou o país a decidir-se pela invasão do Brasil, inicialmente pela região do Rio Grande do Norte, onde
encontrou forte resistência.
c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida pelo constante reforço vindo da Holanda, o auxílio de
cristãos-novos residentes na região e por estarem seus soldados mais bem armados e mais experientes.
d) a resistência luso-brasileira à invasão pernambucana foi organizada em grupos de guerrilha e contou com
a liderança de Domingos Fernandes Calabar, morto lutando contra os holandeses.
e) embora a resistência luso-brasileira em Pernambuco contasse com a vantagem do fator surpresa e
melhor conhecimento do terreno, os holandeses acabaram por conquistar o Nordeste, onde se estenderam
desde o Maranhão até a Bahia.
Comentários
c) correto. Repare que a afirmativa nos apresenta um dos reflexos da tolerância religiosa, isto é, o
apoio de cristãos.
e) errado, pois os holandeses foram expulsos da Bahia, tentaram conquista-la, mas nõa
conseguiram.
Gabarito: C
(EsPCEx 2011)
Sobre o Governo Geral, instalado no Brasil pelo regimento de 1548, pode-se afirmar que
a) acabou, de imediato, com o sistema de capitanias hereditárias.
b) teve total sucesso ao impor a centralização política em toda a colônia, como forma de facilitar a defesa
do território.
c) teve curta duração, pois foi dissolvido durante a ocupação francesa do Rio de Janeiro, em 1555.
d) durou até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
e) adotou, desde o início, o Rio de Janeiro como única capital, em virtude do grande sucesso da cultura
canavieira nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo.
Comentários
O Governo Geral foi instalado no Brasil em 1549, na cidade de Salvador, e pretendeu representar
a Coroa em território colonial. Sua ação foi restringida pela grande dimensão do Brasil, mas
manteve-se até a chegada da Corte comandada por D. João VI em 1808.
d) é o nosso gabarito.
e) falso, pois primeiro a capital foi Salvador. Ademais, após o governo de Mem de Sá, a América
Portuguesa foi dividida em dois governos-gerais: um com capital em Salvador e outro com capital
na cidade do Rio de Janeiro.
Gabarito: D
(EsPCEx/2007/4000000514)
Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças holandesas conquistaram com facilidade Olinda e Recife,
em 1630, mas não obtiveram o mesmo êxito na zona rural, porque, no interior da capitania,
A) as forças brasileiras equivaliam em efetivo, treinamento e armamento aos holandeses.
b) os brasileiros eram em menor número, no entanto dispunham de melhores armamentos do que os
adversários.
c) os brasileiros eram melhor armados e mais experientes no tipo de combate proposto pelos holandeses.
d) os habitantes locais adotavam táticas de guerrilha, atacando os holandeses de surpresa.
e) os locais contavam com o apoio explícito e regular da Espanha, tanto no treinamento de técnicas de
combate, quanto no suprimento de víveres e munição.
Comentários
O enunciado da questão nos informa prontamente informações-chave para interpretarmos o que se pede.
Lembre-se do tempo, espaço e tema: as invasões holandesas no Nordeste a partir de 1630. Lembre-se que
Portugal e Espanha foram unificados tornando-se a União Ibérica, entre 1580 e 1640. Isso fez com que os
inimigos dos espanhóis, no caso os holandeses, passassem a invadir também territórios portugueses,
incluindo suas colônias. Além de prejudicar a Espanha, o objetivo era se apropriar de territórios ligados à
produção/exportação de açúcar e ao comércio de escravizados africanos. A primeira invasão ao Brasil foi
realizada na cidade de Salvador em 1624, porém os holandeses foram derrotados. Mais tarde, em 1630,
retornaram com uma frota maior e mais tropas, concentrando seu ataque à Recife e Olinda. Dessa vez,
foram bem sucedidos. Os holandeses não só mantiveram seu domínio sobre a região como também
estenderam-no por boa parte da faixa litorânea do Nordeste, de Pernambuco ao Maranhão. Porém, não
conseguiram avançar muito no interior. Vejamos qual a razão para isso:
a) Incorreta. As forças brasileiras eram bem menos numerosas, treinadas e armadas do que os holandeses.
É importante lembrar que no século XVII, a economia açucareira do Nordeste estava em crise, devido ao
aumento da concorrência internacional provocado pela fundação de colônias açucareiras por outras
nações europeias, no Caribe e na Ásia, muitas delas espanholas. Por isso, não era tão interessante para a
Coroa espanhola, que agora governava os territórios portugueses, fazer políticas econômicas direcionadas
para região. O rei espanhol estava mais preocupado com as buscas de metais preciosos, que no Nordeste
não parecia levar a lugar algum.
b) Incorreta. Os brasileiros também dispunham de piores armamentos do que os holandeses.
c) Incorreta. Os holandeses eram versados nas táticas de guerra europeias da época, envolvendo batalhas
navais e realização de sítios em cidades fortificadas. Os brasileiros não dispunham de tantos recursos para
enfrentar os holandeses, seja no mar, ou na terra, muito menos para resistir ao sítio caso durasse meses.
d) Correta! Apesar da derrota no litoral, os colonos luso-brasileiros tiravam vantagem de sua maior
familiaridade com a geografia local para no mínimo impedir o avanço holandês sobre o interior do
Nordeste. Para isso, usaram táticas de guerrilha próprias para emboscadas nas matas. Vale destacar
também que muitas regiões do Nordeste, sobretudo nas capitânias mais ao norte e no interior, ainda havia
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muitos povos indígenas, entre os quais vários bem hostis à qualquer colonização europeia, o que contribuiu
para a retenção dos holandeses no litoral.
e) Incorreta. Como mencionei antes, a Espanha não se preocupava tanto com a recuperação econômica e
militar do Brasil, enquanto suas próprias colônias iam bem. Diante da multiplicação de ataques holandeses
(e de outros europeus) às colônias espanholas ao redor do mundo, a América portuguesa era uma perda
aceitável, afinal ainda havia muitos nativos para lidar e não havia sinal de metais preciosos até então. Por
isso, a Coroa espanhola se limitava a financiar ocasionalmente entradas para buscar ouro e outros metais
preciosos.
Gabarito: D
(EsPCEx/2007/4000000516)
Sobre a “Carta de Doação” e o “Foral”, documentos do Brasil Colônia, assinale a afirmativa correta.
A) A Carta de Doação estabelecia os direitos e deveres dos colonos.
b) O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários.
c) Pela Carta de Doação o donatário poderia conceder sesmarias a colonos – portugueses ou não – que
professassem a fé católica.
d) O Foral estabelecia que os atos dos donatários só poderiam ser julgados pelo rei.
e) Pela Carta de Doação, o donatário podia fundar vilas e povoados e criar instrumentos administrativos,
jurídicos, civis e criminais para regê-los.
Comentários
A “Carta de Doação” e o “Foral” eram documentos relacionados ao sistema de Capitânias Hereditárias,
criado em 1534 pela Coroa portuguesa. Tratava-se de um sistema de administração da colônia portuguesa
na América, que dividiu seu território em 15 partes que foram distribuídas entre comerciantes e militares
ligados de alguma forma à nobreza portuguesa. Então, esses homens passavam a ter o título de capitão
donatário. Com isso em mente, vejamos qual a alternativa correta a respeito dos dois documentos:
a) Incorreta. A Carta de Doação não tinha a ver com os colonos em geral, mas especificamente com o
capitão donatário. Tratava-se da nomeação propriamente dita. Era o documento que concedia o título de
capitão donatário ao pretendente ao ceder uma ou mais capitanias, a administração sobre ela, as suas
rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei.
b) Correta! O Foral era editado juntamente com a Carta de Doação, detalhando os direitos e deveres dos
donatários, como promover a prosperidade da capitania, conceder sesmarias, receber a redizima das
rendas da metrópole e a vintena da comercialização do pau-brasil e do pescado.
c) Incorreta. O Foral que dava essa prerrogativa ao capitão donatário.
d) Incorreta. Os capitães donatários podiam ser julgados pelas instituições metropolitanas como a Mesa de
Consciência e Ordens.
e) Incorreta. Isso também era uma prerrogativa concedida pelo Foral.
Gabarito: B
(EsPCEx/2006/4000039575)
“Os governos-gerais tiveram grandes obstáculos para a centralização política. As distâncias entre as
províncias, as dificuldades de comunicação e os interesses locais dos proprietários de terras e de escravos
limitavam a ação dos governadores.”
(COTRIM, Gilberto. História do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1999.)
Em 1549, o Governo-Geral foi instituído no Brasil, tendo como sede a cidade de Salvador. Entretanto, em
face de dificuldades como as indicadas no texto, no ano de 1572 o Governo-Geral foi dividido em duas
sedes, Salvador e
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A) São Luís.
b) Recife.
c) Rio de Janeiro.
d) São Vicente.
e) São Cristóvão.
Comentários
Em primeiro lugar, note que a questão aborda o período do Brasil Colônia, mais especificamente o século
XVI, quando o sistema colonial português ainda estava sendo instalado e passava por várias reformas.
Lembre-se que em 1534, havia sido criado o sistema de capitânias hereditárias, que dividiu a América
portuguesa em 15 capitanias, cada uma governada por um capitão donatário (havia casos de um mesmo
capitão governar mais de uma capitania). No entanto, esse sistema descentralizado fracassou. Por isso, em
1549 foi criado um Governo-Geral, ao qual os capitães donatários passavam a responder, centralizando a
administração colonial. Contudo, as dificuldades persistiram devido aos fatores indicados pelo texto da
questão. Assim, quando o primeiro governador geral, Tomé de Souza, faleceu, em 1572, o Governo Geral
foi dividido em dois. O Governo do Norte, com sede em Salvador, abrangia desde a capitania do Maranhão
até a capitania da Bahia de Todos os Santos. O Governo do Sul abarcava desde a capitania de Ilhéus até a
capitania de Santana. Vejamos, então, qual era a sede do Governo do Sul:
a) Incorreta. A cidade de São Luís ainda não existia nessa época.
b) Incorreta. Recife ainda era uma vila nessa época. Nem mesmo era a capital de Pernambuco, que então
era Olinda.
c) Correta! O Rio de Janeiro era uma das cidades mais antigas da colonização portuguesa naquela altura.
Além de ter uma localização estratégica como porto, sobretudo no comércio com as colônias portuguesas
na África, como Luanda (Angola). Inclusive, o Rio de Janeiro já havia sido tomado pelos franceses entre
1555 e 1567, então era importantíssimo garantir a posse portuguesa daquela região.
d) Incorreta. São Vicente era uma vila pobre e decadente nessa época, não era interessante torna-la capital
do Governo do Sul.
e) Incorreta. São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do país. No entanto, ainda não existia quando da
divisão do Governo Geral em dois. Trata-se de uma cidade no atual estado de Sergipe que, em 1572, ainda
fazia parte da capitania da Bahia de Todos os Santos. Somente em 1590 foi criada a capitania de Sergipe
del Rei, assim como a cidade de São Cristóvão que se tornou sua capital.
Gabarito: C
(EsPCEx/2007/4000039133)
Em negociação direta entre os países interessados, foi assinado, a 7 de junho de 1494, o Tratado de
Tordesilhas, que tinha por objetivo
A) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólio que atingia
todas as riquezas coloniais.
B) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das
expedições de Vasco da Gama às Índias.
C) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o
desenvolvimento da expansão comercial e marítima.
D) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a destruição da invencível
Armada de Filipe II, da Espanha.
E) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da
formação do exército nacional.
Comentários
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O Tratado de Tordesilhas foi um acordo assinado entre as Coroas portuguesa e espanhola, em 1494.
Segundo ele, ficava definido como o limite entre as colônias portuguesas e espanholas na América uma
linha vertical imaginária traçada 370 léguas à oeste de Cabo Verde. Com isso em mente, vejamos qual a
alternativa correta:
a) Incorreta. Esse era o pacto colonial, ou o exclusivo comercial metropolitano, imposto por uma metrópole
a qualquer de suas colônias naquela época, independentemente de qualquer tratado.
b) Incorreta. O navegador Vasco da Gama foi o primeiro Europeu a chegar até a Índia por meio da
circunavegação da costa africana. Contudo, ele só concluiu esse feito em 1498, quatro anos depois da
assinatura do Tratado de Tordesilhas.
c) Correta! Desde o século XIII, aproximadamente, a Europa vivenciava um processo de renascimento
comercial e urbano, gerado em parte pelo seu contato com o Oriente por meio das Cruzadas. A partir de
então, os europeus passaram a importar uma série de matérias-primas e produtos asiáticos e africanos. O
mar Mediterrâneo era uma importante via de acesso para isso. No entanto, era uma área de intensa de
disputa, na qual levavam a melhor italianos, bizantinos e muçulmanos. Com a conquista do Império
Bizantino para os turco-otamano, em 1453, ficou ainda mais difícil para outros europeus terem acesso a
essas rotas. Assim, a expansão comercial e marítima teve início para buscar principalmente novas rotas,
mercados e riquezas naturais em outros continentes. Portugueses e espanhóis foram pioneiros nesse
sentido, mas a competição entre ambos já eram intensa entre os séculos XV e XVI. Por isso, quando
Colombo encontrou a América, em 1492, os portugueses que já tinham amplo conhecimento da costa
africana, quiseram garantir seu monopólio sobre a navegação no Atlântico sul, imaginando que haveriam
ainda mais terras à oeste da África, mas sem saber o tamanho delas exatamente. Com isso, tiveram início
as negociações que resultaram no Tratado de Tordesilhas, que visou demarcar os territórios aos quais
portugueses e espanhóis tinham direito de exploração no “Novo Mundo”.
d) Incorreta. Quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas Filipe II não era nem nascido, muito menos
rei da Espanha. Por seu turno, esse tratado representava hegemonia das coroas ibéricas (Portugal e
Espanha) sobre a exploração colonial, deixando de fora outras importantes monarquias católicas da época,
como a França e a Inglaterra. Isso porque, estas duas ainda se recuperavam da Guerra dos Cem Anos (1337-
1453), entre outras crises do sistema feudal, que as impediram de investir na expansão marítima até
meados do século XVI.
e) Incorreta. Com esse tratado, Portugal buscava se consolidar como reino por meio do monopólio da
navegação sobre o Atlântico Sul, que lhe garantia não só a exploração de produtos africanos, mas
principalmente indianos e outras especiarias asiáticas, muito requisitadas no mercado europeu. Além disso,
como já disse, o tratado era um tiro no escuro por parte dos portugueses, com a esperança de que
houvesse ainda alguma terra inexplorada ao sul das descobertas de Colombo.
Gabarito: C
e) concessão vassala.
Comentários
a) errado, pois as sesmarias era uma distribuição de terras com vistas à produção e ocupação
territorial e não uma forma de administração do território pensando na unidade territorial e defesa
contra ameaças externas, o propósito inicial das Capitanias hereditárias. O beneficiário da sesmaria
recebia uma porção de terra, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens.
b) correto. Lembrando que que as Capitanias eram entregues aos capitães-donatários os quais, em
geral, eram por membros da pequena nobreza, da burocracia portuguesa e comerciantes que
pretendiam assumir riscos na colônia. Porém, todos possuíam algum tipo de ligação com a Coroa,
o que lhes possibilitou o benefício da nomeação e a responsabilidade de distribuir sesmarias em
nome do rei.
c) falso, pois a divisão por vice-reinados foi a forma de organização da administração da América
espanhola.
d) falso, pois as feitorias foram as instalações comerciais e de mediação de negócios que os
portugueses estabeleceram ao longo da África rumo à busca por especiarias nas Índias e para
operações comerciais no próprio continente africano.
e) errado, pois a relação suserano-vassalo era própria do feudalismo, de modo que não é possível
transpor essa prática para o que foi estabelecido na colonização da América. Dentre as diferenças,
podemos mencionar o fato de que as concessões de terras eram para auferir lucros e explorar
riquezas, sendo que a contrapartida era repassar um percentual ao Estado português, ao reino. Ou
seja, uma relação diferente da fidelidade de honra entre suserano e vassalo.
Gabarito: B
b) falso, pois não foi em todo litoral brasileiro que o a cana-de-açúcar virou. Isso ocorreu
principalmente no nordeste região em que ficou concentrada a maior quantidade de engenhos.
c) errado pois tanto a implantação dos engenhos quanto a parte técnica para o refino demandavam
custos elevados, o que levava boa parte dos senhores a contrair créditos com bancos holandeses,
por exemplo, para assegurar a construção e manutenção dos engenhos. Além disso, os holandeses
passam a produzir açúcar na América Central após a serem expulsos do Brasil e não antes.
d) errados, pois não era simples, tampouco os indígenas se adaptaram a um ritmo de trabalho
nunca antes visto em sua história, houve muita resistência indígena.
e) falso, pois a Coroa passou a proibir a escravização dos indígenas.
Gabarito: A
Durante o período conhecido como União Ibérica (1580-1640), uma consequência do domínio espanhol
que favoreceu as atividades dos colonos no Brasil foi
a) o fim do pacto colonial, permitindo o livre comércio, principalmente com França e Inglaterra.
b) a abolição, na prática, das demarcações do Tratado de Tordesilhas, favorecendo a interiorização em busca
de metais preciosos.
c) a alteração da forma administrativa para um governo autônomo comandado pelo Conselho Ultramarino.
d) a liberação para a escravização indígena, resultando na diminuição do tráfico negreiro e,
consequentemente, a dos custos de produção.
e) o fortalecimento da fiscalização territorial a partir do deslocamento de efetivos da guarda espanhola para
assegurar as atividades exploratórias na colônia.
Comentários
A União ibérica é o nome que se dá para o momento histórico em que houve união das coroas portuguesa
e espanhola, entre 1580 e 1640. Nesse momento, Portugal perdeu o controle direto de parte de suas
feitorias e colônias. A Holanda, antiga parceira chegou a ocupar território como o Brasil.
Assim, teremos uma dificuldade econômica que levou os colonos a buscarem outras atividades
econômicas, além do açúcar. A interiorização do território foi uma consequência desse processo.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
a) Errado. O fim do Pacto Colonial ocorreu apenas em 1808, com a vinda da Família Real para o Brasil.
b) Correto. Exatamente o que ocorreu, tanto que depois disso, Portugal e Espanha protagonizaram
diversos acordos territoriais.
d) Errado. A única possibilidade de escravização indígena era a guerra juta, mesmo antes da União
Ibérica.
Gabarito: B
O controle de Portugal sobre o Brasil foi fortemente afetado pela União Ibérica e as Invasões
Holandesas. Um ano antes da União Ibérica, a Espanha, proibiu depois as relações que a
burguesia holandesa tinha com o açúcar brasileiro, em retaliação. Em resposta, a Holanda
tramou um grandioso projeto de expansão mercantil cujo foco principal era o grande império
ultramarino espanhol, incluindo a parte anteriormente portuguesa.
a) Correto. Um ano antes da União Ibérica, a Holanda, rompeu com o domínio da Espanha, que,
em retaliação, proibiu depois as relações entre a burguesia holandesa e o açúcar brasileiro. Os
holandeses foram proibidos de realizar novos empréstimos, de cobrar os empréstimos feitos
anteriormente e de revender açúcar que chegava a Portugal na Europa.
b) Incorreto! Um fator importante para permanência dos franceses no território brasileiro foi a
aliança que estabeleceram entre os indígenas Tamoios e Tupinambás, que possuíam o objetivo
comum de eliminar os portugueses de seus territórios. A Confederação dos Tamoios
representou essa união. No entanto, em 1560 os franceses acabaram expulsos pelos
portugueses.
c) Incorreto! Junto com o algodão, o açúcar foi um dos produtos produzidos pelas colônias
inglesas, contudo, nunca chegaram a superar o monopólio de Portugal e Holanda na
comercialização do produto.
d) Incorreto! Em resposta à União Ibérica e ao bloqueio comercial estabelecido pela Espanha, a
Holanda tramou um audacioso projeto de expansão mercantil, cujo principal objetivo era o
grande império ultramarino espanhol, incluindo as colônias portuguesas. Em 1602, a Holanda
fundou a Companhia das Índias Orientais, que controlava a maior parte do comércio entre a
região da Ásia e a Europa e, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais, visando a costa
atlântica da África, o nordeste brasileiro e o Caribe.
e) Incorreto! Os primeiros anos de ocupação foram marcados por conflitos entre holandeses e
senhores de engenho. A pacificação ocorreu durante o governo do holandês Maurício de Nassau,
presidente da Companhia das Índias Ocidentais. Nassau estabeleceu uma política de parceria com
os senhores de engenho, convencendo-os dos benefícios do domínio holandês. Contudo, esse não
foi o motivo do rompimento de relações entre Portugal e Holanda, conforme explicamos no item
“a”.
Gabarito: A
O Tratado de Utrecht (1713-1715) foi, na verdade, dois acordos que puseram fim à Guerra de
Sucessão Espanhola e mudaram o mapa da Europa e das Américas. No primeiro Tratado, de 1713,
a Grã-Bretanha reconhecia como rei da Espanha o francês Felipe d’Anjou. Por sua parte, a Espanha
cedia Menorca e Gibraltar à Grã-Bretanha. O acordo também repercutiu nas colônias da América,
pois estabeleceu as fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa, além de definirem os limites do
Amapá.
a) Incorreto! O limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas caiu em desuso em decorrência da
União Ibérica (1580-1640). Com esta expansão territorial, foi necessário refazer os limites das
colônias americanas entre Portugal e Espanha, o que aconteceu posteriormente através do Tratado
de Madri, de 1750.
b) Incorreto! A questão descreve o Tratado dos Pirenéus, de 1659, que enquadra-se no contexto
das lutas da Restauração Portuguesa, que envolveu diferentes situações políticas e interesses em
conflito, entre França, Espanha e Portugal.
c) Correto! O chamado Tratado de Utrecht, assinado em 1713, constituiu um conjunto de
imposições à Espanha e à França determinado pelos países vencedores da Guerra de Sucessão
Espanhola. As resoluções desse tratado redefiniram parte da geografia da Europa e colaboraram
para acelerar o processo de ruptura com o Pacto Colonial da Espanha com suas colônias na
América.
d) Incorreto! Este foi um dos resultados do segundo Tratado de Utrecht, assinado em 6 de fevereiro
de 1715, desta vez entre Portugal e Espanha, que restabeleceu a posse da Colônia do Sacramento
a Portugal.
e) Incorreto! Foi o Tratado de El Pardo, de 1761, que tornou nulas todas as disposições e feitos
decorrentes do Tratado de Madrid (1750), que havia falhado em promover a paz entre as colônias
espanhola e portuguesa.
Gabarito: C
lutar pelos direitos da população menos favorecida. Terminou em um conflito sangrento com a morte do
líder messiânico João Maria e a derrota das tropas paranaenses.
b) Incorreto! O conflito mais conhecido da região dos Sete povos das missões foi a Guerra Guaranítica,
descrita na opção “e”.
c) Incorreto! A Guerra dos Emboabas foi um conflito travado entre 1707 e 1709 pelo direito de exploração
das jazidas de ouro recém-descobertas na região das Minas Gerais. O confronto se deu entre bandeirantes
e forasteiros, que vieram após a descoberta das minas.
d) Incorreto! A Batalha dos Guararapes foi um confronto que ocorreu nos anos de 1648 e 1649, na capitania
de Pernambuco, no âmbito da Guerra da Restauração da Independência de Portugal ante a Espanha,
levando as tropas portuguesas a recuperar os territórios ultramarinos que haviam sido ocupados pelos
holandeses durante o domínio espanhol, tal como o Nordeste do Brasil e territórios em África, como o
litoral de Angola e o Timor.
e) Correto. A Guerra Guaranítica foi um confronto que envolveu indígenas Guarani contra as tropas
portuguesas e espanholas, de 1753 a 1756, na região conhecida como Missões, no sul do Brasil. A causa
principal da guerra foi o Tratado de Madri, que determinava a transferência dos indígenas e jesuítas do
lado brasileiro do Rio Uruguai para o lado espanhol. Os colonizadores derrotaram os indígenas, mas tiveram
que estabelecer outros acordos para determinar as fronteiras entre os dois países colonizadores.
Gabarito: E
e)Errado. Essa missão foi cumprida pelos Portugueses em aliança com indígenas.
Gabarito: C
Vejamos as alternativas:
c) Errado. A substituição do trabalho escravo pelo livre será uma demanda do século XIX, quando
a Inglaterra pressionou pelo fim do tráfico negreiro.
e) Errado. Havia estímulo à vinda de portugueses, mas não para ocupar o lugar e o trabalho feito
por escravizados.
Gabarito: A
a) Errado. As drogas do sertão realmente foram mais exploradas a partir da segunda metade do
século XVII, mas foi uma consequência da crise do açúcar e a busca por outras atividades
econômicas, situação que marcou o cenário crítico. Já o algodão desponta no século XIX, devido
às necessidades da economia industrial que se desenvolveu.
b) Errado. Embora seja verdade que, em alguns momentos, os quilombos atacaram fazendas, isso
não foi a causa da crise do açúcar.
c) Errado. Aqui o problema foi a qualificação do açúcar, como mascavo. Além disso, após a invasão
Holandesa e sua expulsão das terras coloniais da América Portuguesa, o principal concorrente
do açúcar brasileiro foi o açúcar das Antilhas.
d) Correto. Veja, a alternativa trouxe duas causas relacionadas ao mercado internacional. Enquanto
o açúcar perdia preço no mercado internacional (devido ao aumento da oferta do produto no
mercado europeu), o aumento da produção gerava aumento de demanda de mão de obra
escrava. Lembra da lei básica da economia: o preço é definido pela oferta e pela demanda. O
aumento de oferta do açúcar gerava a diminuição de seu preço; e o aumento da produção do
açúcar gerava aumento da demanda por mão de obra. O açúcar perdia valor e o escravo ficava
mais caro. Conclusão: menor rentabilidade. Crise!
e) Errado. A descoberta dos metais preciosos também é fruto de uma atividade de interiorização e
da busca por alternativas econômicas.
Gabarito: D
formato administrativo foi com as reformas pombalinas. Pombal extinguiu a hereditariedade. Mais adiante,
em 1821, as capitanias foram oficialmente extintas.
d) errado, pois Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral. Ele iniciou sua administração em 1549, em
Salvador.
e) correto, é o nosso gabarito. A distribuição de terras dentro das capitanias era de responsabilidade do
capitão-donatário. A distribuição de terras por sesmarias já era um modelo que existia nas relações
agrícolas de Portugal, uma forma de otimizar a produção.
Gabarito: E
Essa questão explora o seu saber sobre as alianças que os Europeus fizeram no processo de
colonização. Tanto Portugueses, quanto Franceses e Holandeses fizeram aliança com grupos indígenas e
exploraram as rivalidades existentes entre esses povos para colocar um ou outra a seu lado.
No caso dos Franceses no Rio de Janeiro, memorize: fizeram aliança com os Tamoios (grupo de
vários povos de origem tupinambás).
Portugueses (no caso das lutas contra os Franceses no Rio de Janeiro): fizeram aliança com os Tupis.
a) Errado, conforme nosso comentário acima. Os espanhóis não se envolveram nessas disputas.
b) Errado. Quilombolas são locais de resistência contra a escravidão negra. Era formado, em geral, por
escravos fugidos das fazendas. Nada a ver com esses conflitos.
d) Errado. Para que você conheça mais sobre os Yanomamis, deixo uma longa citação obtiva através
do site pib.socioambiental.org, que produz conteúdo sobre a história dos povos indígenas.
Até o fim do século XIX, os Yanomami mantinham contato apenas com outros grupos indígenas vizinhos.
No Brasil, os primeiros encontros diretos de grupos yanomami com representantes da fronteira
extrativista local (balateiros, piaçabeiros, caçadores), bem como com soldados da Comissão de Limites
e funcionários do SPI ou viajantes estrangeiros, ocorreram nas décadas de 1910 a 1940. Entre os anos
1940 e meados dos anos 1960, a abertura de alguns postos do SPI e, sobretudo, de várias missões
católicas e evangélicas, estabeleceu os primeiros pontos de contato permanente no seu território. Estes
postos constituíram uma rede de pólos de sedentarização, fonte regular de objetos manufaturados e de
Prof. Alê Lopes
alguma assistência sanitária, mas também, muitas vezes, origem de graves surtos epidêmicos (sarampo,
gripe e coqueluche). As duas principais formas de contato inicialmente conhecidas pelos Yanomami -
primeiro, com a fronteira extrativista e, depois, com a fronteira missionária - coexistiram até o início dos
anos 1970 como uma associação dominante no seu território. Entretanto, os anos 1970 foram marcados
(especialmente em Roraima) pela implantação de projetos de desenvolvimento no âmbito do “Plano de
Integração Nacional” lançado pelos governos militares da época. Tratava-se, essencialmente, da
abertura de um trecho da estrada Perimetral Norte (1973-76) e de programas de colonização pública
(1978-79) que invadiram o sudeste das terras yanomami. Nesse mesmo período, o projeto de
levantamento dos recursos amazônicos RADAM (1975) detectou a existência de importantes jazidas
minerais na região. A publicidade dada ao potencial mineral do território yanomami desencadeou um
movimento progressivo de invasão garimpeira, que acabou agravando-se no final dos anos 1980 e
tomou a forma, a partir de 1987, de uma verdadeira corrida do ouro.
Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami
Gabarito: E
II - Correta. Embora a produção de açúcar fosse o alvo principal da economia colonial, paralelamente,
outros produtos foram importantes, pois ajudavam na manutenção da ocupação do território e no
desenvolvimento da produção principal. A pecuária, por exemplo, foi subordinada à produção açucareira
porque o pequeno rebanho fornecia carne ao engenho e às pequenas vilas que dependiam da economia
do açucareira. Vale lembrar que, em função do Pacto Colonial, o nível de atividade comercial no Brasil
colônia era restrito, pois quase tudo precisava ser adquirido de Portugal.
III - Correta. O item coloca três elementos importantes: a escravidão, terra e a demanda do comércio
internacional. Quanto à escravidão tratou-se do resultado de um grande processo de escravização e
comercialização. O comércio internacional de escravos foi uma fonte de lucros que durou por volta de 350
anos. A disponibilidade da terra também é fundamental. Não era um terra pequena ou de má qualidade,
embora os conflitos com os indígenas tenham dificultado parte do processo de exploração territorial. Por
fim, o mercado europeu demandava os produtos tropicais que Portugal conseguia no Brasil. E quem
ganhou com tudo isso, caros alunos? Portugueses e Holandeses, no momento inicial da colonização – como
contextualiza a questão.
IV – Correto. Metalismo é uma das características do mercantilismo – modelo econômico adotado naquele
momento histórico. Tratava-se do acúmulo de metais preciosos por um Reino. A síntese era a seguinte:
quanto mais ouro e prata acumulados, mais poder e capacidade de influência uma nação tinha. Logo, os
interesses metalistas consistiam em busca permanente por metais preciosos. A ambição portuguesa era
ter acesso a zonas de metais preciosos. A grande frustração lusa foi perceber que a Espanha possuía longas
extensões terra com ouro e prata, enquanto aqui – pelo menos no início da colonização - a única riqueza
era o solo e o Pau-Brasil. Assim, mesmo com o sucesso da cana de açúcar, os portugueses não
abandonaram o plano inicial de buscar metais preciosos e, assim, implementar o metalismo. O ciclo do
outro no Brasil data do final do século XVII e todo o século XVIII.
a) enquanto os nativos foram escravizados durante todo o período, os indígenas da América Portuguesa
foram substituídos por africanos devido à sua incapacidade para o trabalho.
b) a escravidão indígena foi empregada em regiões da América Espanhola, enquanto nas áreas de
colonização lusa, o escambo foi a única forma de trabalho dos nativos.
c) o emprego de mão de obra indígena foi completamente abandonado na América Portuguesa devido à
pressão jesuítica, mas prevaleceu nas regiões colonizadas pela Espanha.
d) a mita foi a principal forma de trabalho empregada na América Portuguesa, ao passo que os espanhóis
enquadraram a mão de obra indígena em um sistema conhecido como encomienda.
e) o trabalho compulsório na América Espanhola se utilizou de formas de exploração já existentes em
algumas regiões do continente, enquanto os lusos implementaram formas de trabalho estranhas aos
nativos das áreas colonizadas.
Comentários
a) errado. Primeiro porque na América Espanhola predominou um tipo de trabalho forçado baseado em
tradições já existente no local, como a mita. Segundo, porque na América Portuguesa a justificativa mais
aceita para a substituição da mão de obra tem haver com a lucratividade do comércio em si de africanos
escravizados, conforme a tese do professor Fernando Novaes.
b) e c) falso, pois na colônia portuguesa os indígenas foram escravizados.
d) errado, a mita foi um tipo de trabalho que caracterizou a América Espanhola.
e) é o nosso gabarito.
Gabarito: E.
a) falso, pois houve um choque de tradições. Os indígenas não possuíam a tecnologia dos engenhos e
empregavam um tipo de atividade agrícola de acordo com sua tradição e necessidades.
c) falso, pois os holandeses é que fizeram essa parceria com os portugueses, sendo que os bancos
holandeses concederam créditos para o empreendimento açucareiro.
e) falso, pois não eram atividades prioritárias o gado e o povoamento, pois tudo girava em torno da
prioridade da produção açucareira.
Gabarito: B
Sobre a economia e a sociedade no período do Brasil Colônia, está correta a seguinte afirmação:
a) no nordeste, a atividade pecuária foi iniciada juntamente com os engenhos de cana de açúcar, de modo
que as exportações de gado complementavam a renda da coroa;
b) nos primeiros 50 anos de ocupação portuguesa, a região das Minas despertou o interesse dos
colonizadores em função dos metais preciosos ali encontrados.
c) com o desenvolvimento da economia açucareira, as relações sociais dinamizaram a sociedade brasileira
a ponto de viabilizar a mobilidade social de mestiços e homens brancos pobres;
d) as missões religiosas formadas pelos jesuítas objetivavam preparar os indígenas para viverem integrados
à sociedade europeia como mão-de-obra barata e, se possível, escrava.
e) apesar de haver escravidão, os filhos dos escravizados africanos nascidos no Brasil eram livres até os 16
anos de idade.
Comentários
a) falso, pois a atividade da pecuária foi subsidiária à produção nos engenhos. Também não havia
exportação de gado. O gado começou a se firmar como atividade economicamente viável a partir do
consumo interno.
b) errado, a mineração somente passou a ser interessante a partir do final do século XVII, com o
declínio do ciclo do açúcar.
c) correto, pois foi um processo gradual. Por exemplo, os primeiros “sertanistas”, aqueles que foram
em busca da criação de gado para vender charque em vilas e engenhos faziam parte desse extrato
social.
d) falso, pois o objetivo dos jesuítas não era escravizar os indígenas, mas convertê-los ao catolicismo.
e) isso é verdade, porém só laaa no século XIX, ainda estamos no inicio da colonização.
Gabarito: C
a) falso, pois a tese de que o Brasil colônia seria um sistema feudal não condiz com o modo de
produção da atividade açucareira, baseado no trabalho escravo e integrado ao comércio
internacional.
b) falso, pois vice-reis era a designação dos responsáveis pela administração na América Espanhola.
Na colônia portuguesa, primeiro vieram os donatários, depois, com maior importância os
Governadores-gerais.
Prof. Alê Lopes
Gabarito: C
Comentários
I - Correta, pois a valorização da produção de açúcar no Brasil foi necessária para consolidação
econômica colonial. Após a exploração do pau-brasil, o açúcar foi o primeiro recurso que
proporcionou ganhos vultuosos para a Metrópole portuguesa, por isso, foi o chamado ciclo do
açúcar. Com certeza isso despertou a atenção dos portugueses para ampliar a administração e
exploração das terras
II - Correta. Embora a produção de açúcar fosse o alvo principal da economia colonial, paralelamente,
outros produtos foram importantes, pois ajudavam na manutenção da ocupação do território e no
desenvolvimento da produção principal. A pecuária, por exemplo, foi subordinada à produção
açucareira porque o pequeno rebanho fornecia carne ao engenho e às pequenas vilas que
dependiam da economia do açucareira. Vale lembrar que, em função do Pacto Colonial, o nível de
atividade comercial no Brasil colônia era restrito, pois quase tudo precisava ser adquirido de Portugal.
III - Correta. O item coloca três elementos importantes: a escravidão, terra e a demanda do comércio
internacional. Quanto à escravidão tratou-se do resultado de um grande processo de escravização e
comercialização. O comércio internacional de escravos foi uma fonte de lucros que durou por volta
de 350 anos. A disponibilidade da terra também é fundamental. Não era uma terra pequena ou de
má qualidade, embora os conflitos com os indígenas tenham dificultado parte do processo de
exploração territorial. Por fim, o mercado europeu demandava os produtos tropicais que Portugal
conseguia no Brasil. E quem ganhou com tudo isso, caros alunos? Portugueses e Holandeses, no
momento inicial da colonização – como contextualiza a questão.
Gabarito: E
Comentários
Está é uma questão de fôlego e demanda um conhecimento maior, contudo, ao final, do
aprendizado, é fácil notar que todos os itens I, II, III e IV estão corretos. Vamos lá:
I – Correto. Realmente, havia grande produção açucareira e isso contribuía para o declínio geral dos
preços internacionais do produto.
II – Correto. Como sabemos, após a expulsão da Holanda do Brasil, eles foram produzir açúcar nas
Antilhas, na América Central.
III – Correto, esse foi o início das causas da decadência.
IV- Correto. Após a saída de Maurício de Nassau, os produtores foram cobrados pelos holandeses
com juros abusivos. Isso aumentou a dívida que já existia.
Gabarito: E
Observe a
Deveres: imagem a seguir.
Direitos Assegurar ao Sei que você já
Rei de Portugal deve ter isso
tatuado na mente,
Distribuir terras: mesmo assim,
sesmarias. 10% dos lucros observe as
Criar Vilas sobre TODOS os
produtos da terra relações que
construí. Fica
safo!24
Exercer autoridade
administrativa e O monopólio da Lembro que,
judicial extração do pau- apesar das
brasil
adversidades que
as capitanias
Escravizar indígenas enfrentaram, havia
considerados
inimigos (guerra um ponto positivo
justa) no que se referia
ao sistema de
capitanias, a saber:
Receber 5% do ele deu a base para
comércio do pau-
brasil a formação dos
primeiros núcleos
de povoamento,
como em São Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545).
Estão corretas as afirmações I e IV, conforme o esquema acima.
O item II está errado porque não era possível a escravização indiscriminada dos indígenas, mas somente
daqueles que resistiam e se encaixavam no conceito de “Guerra Justa”.
Já o item III está errado porque não havia a repartição igualitária, pois a metrópole detinha o monopólio
sobre a exploração do pau-brasil.
Gabarito: E
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
24
b) uma justificativa para o processo de ocupação e defesa territorial contra os invasores franceses e
holandeses.
c) uma forma de legitimar a resistência indígena ao cativeiro, a união com os colonizadores e a aculturação
europeia.
d) aquela autorizada pela Coroa contra os ataques dos indígenas considerados selvagens por resistirem à
catequização e à ocupação do território pelos portugueses.
e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.
Comentários
Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra povos indígenas do
Brasil, especificamente, aqueles que resistiam à dominação. Isso porque, a escravização dos índios foi
reconhecida a partir do direito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo, sendo fundamentada
pela noção de guerra justa. E de “onde” vem essa noção de “guerra justa” profê?
A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma
bula papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com
a autorização específica sobre africanos e asiáticos.
Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa
(final do século XV), já desembarcaram com uma mentalidade escravista, alimentada pela noção de
“guerra justa”. Estabeleceram-se, então, duas situações distintas de entendimento dos indígenas pelos
portugueses:
Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. Essa
representação positiva dos indígenas ficou marcada na carta de Pero Vaz Caminha.
Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre
índios e portugueses passaram a ser distintas do momento anterior.
“Portugal não queria mais ter puramente parceiros comerciais ou aliados, mas sim vassalos (...). Para
isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania exclusiva do território, expulsando
os rivais franceses e implantando modalidades estáveis de geração de riquezas, as quais propiciem aos
moradores uma relativa autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova forma
Prof. Alê Lopes
Portanto, o conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portuguesa do Brasil,
para justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas. Assim, a guerra justa,
segundo os colonizadores – em especial amparados por uma argumentação católica – era natural
porque representava a dominação de um povo inferior (os indígenas) por outro superior (os
europeus).
Nesse contexto, a guerra justa, ou seja, aquela justificada pela resistência do “outro”, foi a travada
contra a parcela dos povos indígenas que resistiu à dominação dos colonizadores. Essa investida militar
era razoavelmente desproporcional, pois os europeus utilizavam de tecnologias de guerra até então
desconhecidas dos indígenas. Por isso:
a) Falso, pois o processo de civilização do indígena ficou conhecido como catequização, e embora
passassem por alguns conflitos, a catequização não possuiu caráter de guerra. O modelo ético e moral
seria a catequização e não a “guerra justa”.
b) Falso. De fato, os conflitos com outros europeus foram comuns no Brasil Colônia, porém, não
possuíam tal denominação de Guerra Justa, uma vez que eram apenas lutas de território e não de
ocupação, o que torna a alternativa errônea.
c) Falso. A alternativa “c” possui um início correto, porém, erra ao dizer que os europeus foram
aculturados já que o que houve foi o inverso.
e) A guerra contra os indígenas resistentes não foi a única forma de violência e essas violências não
recaíram apenas sobre os resistentes. Houve a violência da imposição cultural e religiosa, das doenças
para as quais os indígenas não tinham imunidade e, sobretudo, a expropriação da posse da terra,
obrigando-os a um longo processo de deslocamento territorial.
Gabarito: D
25
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes
d) pacto colonial, uma relação em que a colônia estava subordinada aos interesses políticos e econômicos
da metrópole.
e) exclusivo comercial, uma relação que entre metrópole portuguesa e donatários em terras brasileiras que
permitia a esses últimos o acúmulo de riquezas por meio de empreendimentos independentes da Coroa.
Comentários:
Pensou em relações entre metrópole e colônia, pensou: PACTO COLONIAL. Tatua na mente!
Pacto colonial define que as relações econômicas que a colônia realiza devem ser exclusivamente com
sua metrópole. No caso do Brasil era com Portugal.
b) Errado. Não havia relação de equilíbrio comercial porque a colônia está subordinada à metrópole.
d) Gabarito. Essa é a exata definição do que é pacto colonial: subordinação econômica e política da
colônia em relação à metrópole.
e) Errado. Como colonos, também estavam submetidos à relações econômicas do pacto colonial.
Gabarito: D
a) Guerra do Paraguai, quando indígenas paraguaios foram aprisionados pelo exército brasileiro.
b) Insurreição Pernambucana, quando ocorreu a expulsão dos holandeses no nordeste brasileiro.
c) Montagem da França Antártica e, posteriormente, a expulsão dos franceses da região da Baía da
Guanabara.
d) a Batalha da Conjuração dos Tamoios, que reforçou a guerra justa contra indígenas.
Comentários
Para responder a esta questão, é preciso atenção redobrada para o enunciado, bem como mobilizar
seus conhecimentos sobre as complexas relações entre indígenas e entre estes e os europeus
conquistadores.
Repare que há uma delimitação temporal: início do processo de colonização nos séculos XVI e XVII.
Por isso, não pode ser a alternativa a) Guerra do Paraguai, pois esse evento ocorreu entre 1864-1870.
Não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”, isto é,
o pau-brasil. Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela
riqueza. Contudo, a monarquia mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem
alianças com o povo Tupinambás para explorar o pau-brasil na região da Baía da Guanabara, no que
conhecemos hoje como Rio de Janeiro. Foi neste local que, em meados do século XVI, em 1154, que
franceses fundaram a colônia França Antártica, um marco de um período em que os franceses
tomaram posse de uma pequena parte do litoral brasileiro.
A aliança dos franceses com os índios Tupinambás foi uma ação que visou assegurar mão de obra e
força militar contra outras nações indígenas e europeias, especialmente os portugueses que
intentavam a retomada do território. Além disso, aos franceses, os nativos forneciam alimentos e água,
pois a ilha em que inicialmente se estabeleceram, escolhida por razões militares, não possuía fonte de
água doce. Em troca, os indígenas obtinham mercadorias europeias, especialmente instrumentos de
ferro.
Esse projeto colonial dos franceses foi visto como uma ameaça pelos portugueses.
Então, entre 1560 e 1565, os portugueses expulsaram os franceses da região e acabaram com o
projeto da França Antártica. Agora, atenção, isso só foi possível porque os portugueses souberam
articular uma aliança com indígenas rivais aos Tamoios, os quais eram aliados dos franceses, como
vimos. Então, portugueses se aliaram aos chamados Guaianazes. Na verdade, essa aliança dos
portugueses om os Guaianazes, já existia desde o início de 1550.
Para os portugueses, então, as alianças com os indígenas permitiam a manutenção de seus domínios
e a expansão da ocupação. Para os indígenas, as alianças faziam parte das transações de guerra e eram
meios de dar continuidade à sua guerra própria, anterior à chegada dos europeus ao continente.
Com relação à alternativa b), de fato houve a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro, dentro
de uma disputa mercantilista em torno da produção e comércio do açúcar. Agora, esse embate,
diferentemente dos eventos da fundação e destruição da França Antártica, não contou com a
participação indígena tal como mencionado acima. A memória construída, durante a 1ª. República,
sobre a Insurreição Pernambucana era de uma “união de raças”.
d) está errada a alternativa, pois o certo é Confederação dos Tamoios e não Conjuração. A
Confederação dos Tamoios acorreu entre os anos de 1554 e 1567. Ela foi fundada como unidade entre
os indígenas para combater os portugueses. Depois, com a chegada dos franceses, a Confederação
dos Tamoios se uniu aos novos colonizadores para combater portugueses e índios rivais. Assim, a
Confederação expressa mais o sentido de unidade do que de rivalidade entre indígenas.
Gabarito: C
e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.
Comentários
Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra povos indígenas do
Brasil, especificamente, aqueles que resistiam à dominação. Isso porque, a escravização dos índios foi
reconhecida a partir do direito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo, sendo fundamentada pela
noção de guerra justa. E de “onde” vem essa noção de “guerra justa” profê?
Durante o processo de reconquista da Península Ibérica pelos católicos (principalmente entre os séculos
XIII e XV), a escravização de populações mulçumanas passou a ser uma prática comum dos reinados,
segundo a noção de “guerra justa”. Nesses termos, a Coroa portuguesa nasceu com um pé na cultura
escravagista, pois passou a legitimar a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as monarquias,
quanto a Igreja, alimentaram o trabalho forçado do “outro”. Para ambos, a escravidão era necessária e
justa. Um argumento muito popular para justificar a submissão do “outro” era a ideia da maldição divina.
Por meio dela, a escravidão seria fruto do pecado de Adão e Eva, os primeiros pais dos homens, segundo a
doutrina católica. Essa ideia originária se combinou à de guerra justa, pois os inimigos deveriam ser
escravizados e ter a vida preservada– uma vez que a vida tem natureza divina. Só Deus decide sobre vida e
morte. Assim, nesta visão colonizadora, a escravidão é preservação do dom divino da vida e não a
condenação eterna, a morte.
A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula
papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a
autorização específica sobre africanos e asiáticos.
Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa (final
do século XV), já desembarcaram com uma mentalidade escravista, alimentada pela noção de “guerra
justa”. Estabeleceram-se, então, duas situações distintas de entendimento dos indígenas pelos
portugueses:
Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. Essa
representação positiva dos indígenas ficou marcada na carta de Pero Vaz Caminha.
Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre índios
e portugueses passaram a ser distintas do momento anterior.
“Portugal não queria mais ter puramente parceiros comerciais ou aliados, mas
sim vassalos (...). Para isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania
exclusiva do território, expulsando os rivais franceses e implantando modalidades
estáveis de geração de riquezas, as quais propiciem aos moradores uma relativa
autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova forma econômica é o
estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto sesmarias,
aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”26
Portanto, o conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portuguesa do Brasil, para
justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas. Assim, a guerra justa, segundo os
26
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes
colonizadores – em especial amparados por uma argumentação católica – era natural porque representava
a dominação de um povo inferior (os indígenas) por outro superior (os europeus).
Nesse contexto, a guerra justa, ou seja, aquela justificada pela resistência do “outro”, foi a travada contra
a parcela dos povos indígenas que resistiu à dominação dos colonizadores. Essa investida militar era
razoavelmente desproporcional, pois os europeus utilizavam de tecnologias de guerra até então
desconhecidas dos indígenas. Por isso:
a) Falso, pois o processo de civilização do indígena ficou conhecido como catequização, e embora
passassem por alguns conflitos, a catequização não possuiu caráter de guerra. O modelo ético e moral seria
a catequização e não a “guerra justa”.
b) Falso. De fato, os conflitos com outros europeus foram comuns no Brasil Colônia, porém, não possuíam
tal denominação de Guerra Justa, uma vez que eram apenas lutas de território e não de ocupação, o que
torna a alternativa errônea.
c) Falso. A alternativa “c” possui um início correto, porém, erra ao dizer que os europeus foram
aculturados já que o que houve foi o inverso.
d) gabarito, conforme comentamos.
e) A guerra contra os indígenas resistentes não foi a única forma de violência e essas violências não
recaíram apenas sobre os resistentes. Houve a violência da imposição cultural e religiosa, das doenças para
as quais os indígenas não tinham imunidade e, sobretudo, a expropriação da posse da terra, obrigando-os
a um longo processo de deslocamento territorial.
Gabarito: D
Os dois sistemas coexistiram. Contudo, isso acabou por gerar, em diversos momentos, um embate entre
interesses locais e metropolitanos. Em geral o Governador Geral e seus auxiliares enfrentavam a
oposição de poderes locais, afinal, os donatários também tinham funções administrativas e judiciárias.
Diante dessa ampla explicação podemos pensar que a alternativa A é a única correta.
Vejamos os erros das demais alternativas:
b) Como falamos, capitânias não são formas centralizadoras de administração.
c) Como falamos é um cargo para a administrar todo a colônia e não apenas uma província ou outra.
d) A administração do governador-geral é centralizada.
e) errado, pois o correto são Câmaras Municipais. As Câmaras Municipais são conhecidas como as
instâncias representativas dos interesses dos colonos. Eram compostas por vereadores escolhidos entre
os membros das elites locais. Em termos gerais, consente-se que as câmaras municipais foram
politicamente mais proeminentes até o fim do século XVII ou pelo menos até meados do século XVIII. As
Assembleias Legislativas Provinciais só viriam a ser criadas em 1834
Gabarito: A
b) Incorreto, meio pegadinha, porque o sistema de exclusivo não se dá entre as colônias, mas entre
colônia e metrópole.
c) Incorreto, aqui temos a descrição do que é uma capitania hereditária.
d) Incorreto, esses são os documentos por meio dos quais são estabelecidos os direitos e deveres
dos capitães donatários.
e) Gabarito. O pacto colonial também é conhecido como exclusivo metropolitano. Por meio dele, a
colônia só pode comercializar com sua metrópole e com mais ninguém, salvo se a metrópole
assim quiser. Cuidado. A metrópole compra e vende para quem ela quiser. Essa obrigatoriedade
de comprar da metrópole e só poder vender para ela, é da colônia.
Gabarito: E
O Exclusivo Metropolitano, também chamado de Pacto Colonial foi uma característica fundamental
da colonização portuguesa. Ele determinava que toda negociação, acordo, comércio, troca que
envolvesse a colônia portuguesa deveria ser decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa
compreensão decorrerão várias formas distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia.
Vejamos as alternativas:
A) Incorreta. Os colonos não tinham liberdade de comércio.
B) Corretíssima, é o nosso gabarito!
C) Incorreta. O Exclusivo Metropolitano fala sobre as trocas comerciais, não sobre a organização
interna da colônia.
D) Incorreta. As colônias deveriam comercializar com a metrópole.
E) Incorreta. Qualquer acordo, negociação ou troca comercial precisava passar pelo poder
metropolitano.
Gabarito: B
(UNIVESP/2018)
Moenda
O detalhe da gravura “Engenho de Itamaracá” (1647), de Frans Post, pintor holandês que esteve no Brasil
no século XVII, coloca em evidência o principal produto de interesse dos holandeses à época da ocupação
no Nordeste. Tal produto pode ser corretamente identificado como
A) cacau.
B) tabaco.
C) algodão.
D) açúcar.
E) café.
Prof. Alê Lopes
Comentários
Gabarito: D
(UNITAU 2018)
O açúcar foi o principal produto brasileiro de exportação durante a época colonial. Mesmo durante o auge
da exploração do ouro, quando o Brasil encheu os cofres europeus e ajudou a impulsionar a Revolução
Industrial na Inglaterra, o valor das exportações de açúcar excedeu o de qualquer outro produto.
Assinale a alternativa que apresenta o(s) mecanismo(s) empregado(s), na economia colonial, para favorecer
esse quadro.
a) A imigração maciça de portugueses para trabalhar nas terras interiores da colônia.
b) A utilização predominante da mão de obra indígena nas lavouras açucareiras.
c) O incentivo dado pela coroa portuguesa à adoção do trabalho assalariado livre.
d) A adoção da mão de obra escrava africana e o pacto colonial.
e) O predomínio de pequenas propriedades rurais produzindo açúcar para exportação.
Comentários
O desenvolvimento da economia açucareira no Brasil teve início a partir de 1530, com a adoção de uma
colonização mais sistemática do território com a intenção de defender a posse portuguesa e fomentar o
desenvolvimento econômico, por meio da criação das capitânias hereditárias e, pouco tempo depois, do
Governo Geral. Essa economia funcionava com base nos princípios mercantilistas, os quais balança
comercial favorável, exclusivo metropolitano (pacto colonial), protecionismo e intervenção estatal.
Tratava-se de produzir açúcar em grandes quantidades para ser vendido no mercado internacional, sendo
que a colônia só poderia negociar seus produtos com intermédio da metrópole. Por fim, vale destacar que
o trabalho empregado nesses grandes latifúndios de cana era escravizado. Até a década de 1570
predominou a mão de obra indígena, mas a partir desse momento os cativos africanos e o tráfico
transatlântico de escravizados ganha mais espaço, tornando-se predominantes nas regiões mais lucrativas
da colônia (Bahia e Pernambuco). Sabendo disso, vejamos:
a) Incorreta. Não houve imigração massiva nesse momento. Na verdade, era difícil até mesmo
incentivar os donatários a se estabelecer na colônia devido aos riscos da viagem e os custos para
construir uma empresa açucareira. Além disso, haviam os indígenas que podiam se revoltar e matar
os colonos. A Coroa buscava incentivar a imigração do excedente populacional, mas não alcança
uma grande quantidade, não nesses primeiros séculos de colonização.
b) Incorreta. Como dissemos acima, a mão de obra indígena só predominou até os anos 1570, sendo
progressivamente substituída pelos escravizados africanos nas regiões mais prósperas da colônia.
c) Incorreta. Não havia tal incentivo.
d) Correta! Está de acordo com o comentário.
e) Incorreta. A Coroa privilegiou incentivar o grande latifúndio, não as pequenas propriedades.
Gabarito: D
Prof. Alê Lopes
(UNITAU 2017)
O Cristianismo chegou ao Brasil com a conquista colonial, associado à exploração metropolitana. A Igreja
desempenhou, assim, um importante papel no processo de colonização, promovendo a transformação do
modo de vida indígena e a sua adaptação às formas culturais europeias. Dentre as medidas adotadas pelos
religiosos para promover esse processo, é INCORRETO destacar:
a) A criação dos aldeamentos, onde os índios das mais diferentes tribos eram reunidos, recebiam a
catequese e eram batizados, tornando-se cristãos.
b) O combate ao nomadismo e a imposição do trabalho agrícola aos índios, com uma nova divisão de tarefas
entre homens e mulheres.
c) A obrigação do uso de vestimentas, enquanto, anteriormente, os índios exibiam as marcas da sua cultura
no próprio corpo.
d) O estabelecimento de escolas para os nativos, de modo a alfabetizá-los, com o objetivo de torná-los
funcionários da administração colonial.
e) A organização do tempo, com a Igreja instalada no centro do aldeamento e o sino regrando a vida dos
nativos em relação ao trabalho, à catequese e ao lazer.
Comentários
ATENÇÃO! A questão pede para identificar a alternativa errada. Não se esqueça! Como o enunciado já
disse, de fato, o cristianismo cumpriu papel importante na colonização da América portuguesa. Na verdade,
a religião cristã era fundamental para a legitimidade da monarquia portuguesa como um todo, pois esta
ascendeu ao poder graças a suas vitórias contra os muçulmanos que ocupavam a Península Ibérica. Assim,
os reis portugueses continuaram usando a religião como uma justificativa para a necessidade de conquistar
novos territórios e povos, para convertê-los ao cristianismo. Esses feitos garantiram aos reis portugueses a
simpatia do Papa, que lhes concedeu plenos poderes religiosos nomear clérigos, alterar e vetar dogmas,
assim como administrar a Contrarreforma dentro de seus territórios ultramarinos. Essas concessões são
chamadas de Padroado e beneplácito régio. Religião e Estado estavam tão interligados no estado
absolutista português que o pagamento do clero era feito pelo tesouro real.
Mas voltando para a colonização, a ação dos religiosos se deu por meio das ordens regulares,
principalmente a Companhia de Jesus, os famosos jesuítas. Esses clérigos condenavam a escravidão
indígena e vinham para o Brasil para fundar aldeamentos nos quais os indígenas seriam agrupados,
evangelizados e civilizados. Nem sempre esse aldeamento era pacífico e envolvia uso da força, da violência
e do trabalho compulsório, contudo era um regime diferente da escravidão propriamente dita na qual o
indivíduo era reduzido a condição de propriedade. Enfim, os religiosos, então, tiveram um papel muito
importante pois cumpriam a função de converter os nativos e, posteriormente, os escravizados africanos
para torna-los mais submissos à ordem europeia. Entretanto, no caso dos jesuítas, os missionários
costumavam entrar em conflito com os colonos leigos por serem contra a escravidão dos nativos,
defendendo o modelo de aldeamento. Houve momentos que os jesuítas pegaram em armas para defender
os indígenas das expedições bandeirantes escravizadoras, nos séculos XVII e XVIII, como veremos na Aula
07 com mais detalhes. Por ora, o que dissemos até aqui já é o suficiente para avaliar as alternativas.
Vejamos:
a) Correta! Está de acordo com o comentário.
b) Correta! O aldeamento, chamado de missão ou redução, era como uma vila portuguesa, de aspecto
rural e economia agrária, em geral voltado para subsistência, mas alguns missionários
administraram verdadeiros latifúndios competindo com os colonos. De qualquer forma, a proposta
principal do aldeamento era civilizar os indígenas, ensinando-lhes os modos de vida e trabalho
europeus, ou seja, vida sedentária dedicada ao trabalho, com hierarquias sociais, raciais e de gênero
bem determinadas.
Prof. Alê Lopes
c) Correta! Os europeus em geral e os clérigos em especial tinham uma noção de pudor bem diferente
dos nativos, usando bem mais roupas, o que foi imposto aos indígenas, sobretudo nos aldeamentos,
para “cobrir suas vergonhas”, como se dizia na época.
d) Incorreta. Não foram criadas escolas e a intenção nunca foi alfabetizar os indígenas, apenas
catequizá-los e discipliná-los para o trabalho e a submissão à colonização. Além disso, os nativos
não eram incorporados à administração colonial institucionalizada. Até mesmo brancos nascidos no
Brasil tinha dificuldade em assumir cargos nas instituições administrativas, como precaução dos
portugueses.
e) Correta! A percepção do tempo muda de época para época, mas também de sociedade para
sociedade mesmo ambas existindo no mesmo contexto histórico. Essa percepção depende de
fatores culturais e do modo de vida que as pessoas praticam. Logo, não é difícil imaginar que os
nativos lidavam com o tempo de outra forma, não o vendo de forma linear e progressiva como os
europeus. Justamente por isso, o tempo também se tornou alvo das estratégias de dominação pelos
europeus.
Gabarito: D
(FUVEST 2016)
Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, e isto por ver por
conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam
muito prejuízo ao estado e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava em vós, Senhor, trabalhardes
com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas
navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir.
Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954.
O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D.
João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra
a) a persistência dos ataques franceses contra a América, que Portugal vinha tentando colonizar de modo
efetivo desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias.
b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava
a combater as pretensões expansionistas da Espanha na América.
c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham
exercendo grande influência sobre as populações nativas.
d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à dominação de
territórios franceses tanto na Europa quanto na América.
e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do
combate à pirataria francesa.
Comentário
Essa é uma questão de interpretação do texto. Contudo, textos de época podem ser de difícil
entendimento devido ao estilo da época, assim, conhecer o conteúdo se torna fundamental para
desvendar o texto com mais destreza e confiança.
Como o texto afirma no trecho “eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos
negócios da França, e isto por ver por conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos
pontos mais aparentes, que consigo traziam muito prejuízo ao estado”, podemos inferir que se trata
das preocupações com as tentativas de invasão da França na América Portuguesa.
Você deve se lembrar que a Monarquia francesa foi uma das que mais questionou o Tratado de
Tordesilhas e, por isso, estimulou a ação de corsários e planejou algumas invasões ao território
colonial, em aliança com os índios Tupinambás.
Esse risco de invasões estrangeiras ameaçam a legitimidade e a consolidação da posse, por isso, a
partir de 150 Portugal começou um processo sistemático de ocupação colonial.
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Assim, o gabarito é a letra A. As demais não podem ser corretas, uma vez que Portugal e França não
fizeram aliança contra espanhóis; os jesuítas franceses não estiveram no Brasil; Portugal não tinham
pretensões anexionistas em relação às colônias francesas – que, na verdade, só se formaram
tardiamente – e, por fim, jesuítas e coroa portuguesa repudiavam a pirataria, até mesmo porque era
um desrespeito ao Tratado de Tordesilhas, legitimado pela Igreja.
Gabarito: A
(FUVEST 2015)
A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação
cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa,
para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana
– que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e
intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X
d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Com base no trecho acima, é correto afirmar que
a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até
mesmo valorizou várias culturas indígenas.
b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador
europeu, como a xinguana.
c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no
Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador
europeu.
e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
indígena e a perda de sua identidade cultural.
Comentário
Uma questão fácil que requer do aluno um conhecimento crítico sobre a história indígena, inclusive suas
formas de resistência em relação à violência cometida pelo colonizador. O texto deixa claro que, apesar da
violência da colonização portuguesa, a cultura indígena sobreviveu no Brasil. Mais que isso, fala em
processos de reconstrução e recriação cultural. Afinal, as experiências de encontros entre povos distintos
transformam uns aos outros criando sínteses de si mesmas. Nesse sentido, o item A está incorreto porque
nega a violência da colonização – lembre-se que falamos que isso é um mito. O item C e D não estão
corretos, pois, a cultura indígena continua existindo e foi afetada sim pelo processo colonizador. Por fim o
item E, também, é uma afirmação que nega a violência da colonização, o que já falamos ser uma narrativa
mítica.
Para deixar claro, cultura xinguana é cultura dos povos Xingu.
Gabarito: B
(FUVEST 2014)
O tráfico de escravos africanos para o Brasil
a) teve início no final do século XVII, quando as primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas Minas
Gerais.
b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, de
vez, no início do século XIX.
c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, de forma regular, até a metade do século XIX.
d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a despeito da pressão contrária das regiões auríferas.
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e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, esteve
concentrado nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente, até o século XVIII.
Comentário
Questão conteudista. Você deveria saber o período de duração, a abrangência da escravidão e a relação
com aspectos da economia no Brasil para falar sobre o tráfico negreiro, ou comércio negreiro ou de
escravos. Vamos analisar item a item:
A- O início está errado, pois a escravidão negra iniciou-se no século XVI, com a produção do açúcar.
B- A escravidão e o comércio de escravos NÃO foram pouco expressivos no século XVII, ao contrário.
Como vimos, houve ampliação da vinda de pessoas escravizadas da África.
C- A associação de datas está correta: o tráfico começa com o Ciclo do Açúcar, no século XVI, e termina
em 1850 (século XIX), com a Lei Eusébio de Queiroz.
D- O tráfico não foi extinto em 1822, mas em 1850
E- O erro do item E é colocar a Capitânia de São Vicente no mesmo patamar da de Pernambuco. Como
sabemos, a Capitânia de São Vicente entrou em decadência e os engenhos foram fechados. Havia
muita dificuldade de se enviar escravos negros para essa região, por isso, inclusive, a região se
especializou na atividade de apresamento indígena.
Por fim, quero chamar que tenha cuidado para não tratar como sinônimo a escravidão e o tráfico
negreiro porque a escravidão continuou existindo apesar das leis abolicionistas, o que veremos nas
aulas seguintes.
Gabarito: C
(FUVEST 2014)
Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em
um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar,
e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes
afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá
merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que
pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.
P. Antônio Vieira, “Sermão décimo quarto”. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial.
São Paulo: Ática, 1993, p.7375.
A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América,
a) a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se
revoltar.
b) as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois
ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto,
de justificá-la com base na Bíblia.
d) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à
escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
e) havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo
estas, assim, pouco significativas.
Comentário
A Coroa portuguesa nasceu com um pé na cultura escravagista, pois passou a legitimar, em conjunto com
a Igreja, a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as monarquias, quanto a Igreja, alimentaram
o trabalho forçado do “outro”.
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O argumento, muito popular, era a ideia da maldição divina. Por meio dela, a escravidão era fruto do
pecado de Adão e Eva, primeiros pais dos homens segundo a teologia. Outra justificativa religiosa era
aquela que apontava os africanos como descendentes de Caim. Este personagem bíblico, que matou o
próprio irmão por ciúmes recebeu de Deus, ao ser amaldiçoado, uma marca no corpo para que não
morresse e pudesse viver em constante expiação de seu pecado. Ligou-se, a posteriori, a negritude dos
africanos à marca cutânea imposta por Deus a Caim. Essa ideia se combina ade guerra justa, pois os inimigos
devem ser escravizados, pois deve-se preservar-lhe a vida – uma vez que esta tem natureza divina. Só Deus
decide sobre vida e morte. Assim, escravidão é preservação do dom divino da vida. A partir da expansão
ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula papal legitimou a
escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a autorização específica
sobre africanos e asiáticos.
A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula
papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a
autorização específica sobre africanos e asiáticos.
O texto é bem claro: o padre jesuíta usa do exemplo de Cristo para justificar a condição dos escravos na
Colônia portuguesa.
A igreja não condenava a escravização de pessoas não-cristãs, especialmente africanos. Também, não era
neutra sobre esse assunto. Além disso, as formas de discriminação religiosa não eram secundárias, como
afirma o item E. Basta lembrarmos do Tribunal da santa Inquisição em plena operação nesse contexto.
Gabarito: C
(UEA /2015)
Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos,
aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola,
então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de
escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa,
fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do
tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)
A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações
significativas sobre
a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio
de escravos à margem do controle de Portugal.
b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de
grupos sociais antagônicos à metrópole.
c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma
burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.
d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura
escravista brasileira.
e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital
ligado ao tráfico de escravos.
Comentários
O texto apresentado expressa como a relação de Portugal com a região de Angola se deu em um
contexto de exploração da condição humana. Embora a escravidão fosse algo comum dentro das etnias
Prof. Alê Lopes
africanas, em nenhum momento se construiu uma relação de lucro, ou seja, era uma escravidão que
ocorria por inimizade e rivalidade local. Foi a percepção de tal atrito existente entre os povos locais que
impulsionou a coroa portuguesa a explorar lucrativamente a ação de aprisionamento de pessoas,
iniciando assim, uma verdadeira máquina de exploração do africano, cuja única funcionalidade para o
português era ser mão de obra.
Dessa forma, a alternativa correta é a “e”, pois o texto em questão mostra como o lucro dentro
do processo de escravidão ocorria. Além de produtos como fumo, armas e bebidas, os africanos eram
um produto rentável e de bastante demanda, o que fez enriquecer e muito não só o Estado Português,
como muitas elites na colônia, além é claro, desses traficantes.
A alternativa “a” não possui sentido, pois em nenhum momento houve uma desarticulação das
colônias portuguesas no período citado. Por mais que, de fato, uma burguesia no Brasil seria constituída
por meio da mão de obra escrava, ela, dentro do contexto apresentado, não construiu nenhum grupo
antagônico a coroa, o que anula a “b”. Tanto a “c” e a “d” não tem sentido, já que o não surgiu uma
burguesia antiabsolutista, houve uma parceria. Quando a “d”, o sistema escravista entrou em
decadência no século XVIII.
Gabarito: E
(UEA/2015)
Em 1685, determina-se a concessão de prêmios aos que cultivassem o cacau, “proibindo-se a colheita antes
do tempo”. Ainda em 1753, veda-se terminantemente a colheita do cacau verde. Em 1755, é proibida a
pesca de tartarugas no Tocantins entre agosto e novembro. Reclamam-se constantemente amostras de
produtos da terra, como a pimenta-longa, a quina, as ervas “com efeito de chá”, cochonilha, cajurá, puxuri,
fibras... Isentam-se de pagamento de imposto várias plantas indígenas.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011. Adaptado.)
O historiador fornece alguns exemplos
a) do desinteresse da metrópole portuguesa pelo território amazônico devido à escassez de recursos
econômicos.
b) da presença da metrópole portuguesa na colonização da Amazônia por meio de regulamentos de
exploração econômica.
c) do caráter estratégico da Amazônia para a manutenção do domínio metropolitano sobre a região de
exploração aurífera.
d) da tentativa metropolitana de estender a escravidão para as tribos indígenas do vale amazônico.
e) da inserção amazônica no conjunto da economia colonial com o estímulo metropolitano à exploração
mineral.
Comentários
A região amazônica foi uma espécie de Índia para os portugueses, muito devido aos seus produtos
únicos, as chamadas drogas do sertão. Por ser uma região lucrativa, o Pacto Colonial e as medidas de
fiscalização foram mais intensas: um motivo foi porque o período sazonal dos produtos impactava nas
transações comerciais; o segundo motivo, que o texto aponta, foi a regulação do que seria produzido e
comercializado pela Metrópole, o que torna a alternativa “b” correta.
Portanto seria errado dizer que não houve interesse por parte de Portugal dentro do processo de
exploração das drogas do sertão, já que tal região se mostrou lucrativa, anulando a alternativa “a”. Até
mesmo pela distância, não faz sentido algum dizer que a Amazônia seria um espaço de manutenção
aurífera, o que faz a “c” estar errada. Assim como, o sistema aurífero era totalmente dissociado do que
acontecia dentro da Amazônia, a única semelhança se encontrava no exclusivo comercial com Portugal,
o que faz a “e” está errada. E a escravidão de indígenas não foi uma prática aplicada com vigor na região
e muito menos se pensou em expandi-la.
Gabarito: B.
Prof. Alê Lopes
(IFBA – 2018)
No processo de colonização, os capitães donatários tinham alguns direitos oferecidos pela coroa
portuguesa: podiam escravizar e vender até 24 índios por ano, direito sobre a morte de escravos, gentios e
homens livres de menor qualidade. Podiam, em alguns casos, deportar (degredo) colonos sem apelação ao
rei. O senhor donatário, como grande proprietário de terras (latifundiário), podia também ceder pedaços
de terra para outros colonos desenvolverem plantações e podiam ainda deter o comando militar e o direito
de alistar colonos e formar milícias. Com base nesse texto, qual questão é a certa?
a) Esse texto revela que o Rei em nada mandava na administração colonial portuguesa. Os verdadeiros
governantes eram os capitães donatários.
b) Os capitães donatários eram homens da pequena fidalguia portuguesa ou mesmo da nascente burguesia.
Eram homens ávidos por lucros e por subir na vida. Por isso o sistema de capitania hereditária falhou, afinal
eles não se preocuparam com o sistema como um todo, mas com seu próprio enriquecimento, deixando
de lado as tarefas de representantes da coroa.
c) Os capitães donatários tinham tarefas voltadas para a segurança interna (contra os indígenas não
submetidos) e externa da colônia (contra invasores europeus); monopolizavam o controle da terra, o que
produzia uma distribuição de acesso à terra desigual; e eram os responsáveis pela organização da produção
das matérias-primas brasileiras, voltadas para a exportação.
d) As violências acima descritas inviabilizaram a continuidade das capitanias, já que as pessoas não queriam
se subordinar a indivíduos com tamanho poder.
e) O fato de poderem conceder terras para outros sesmeiros gerou uma política de acesso à terra que
beneficiou portugueses pobres que habitavam o Brasil.
Comentários:
Os capitães donatários, ou capitães do donatário eram a terceira força representativa dentro do sistema
colonial português. No topo estaria o Rei, logo em seguida o Donatário, em terceiro o capitão donatário e
por último o colono. Mas você pode estar se perguntando: não seriam todos colonos? Seriam, mas, os
papeis e participações dentro da empreitada colonial eram diferentes. O donatário indiretamente era o
responsável por um lote de terra na colônia, que era cedido pelo Rei. Esse donatário era normalmente
alguém de grande prestigio pelo rei, como o caso de Martin de Souza, tal pessoa tinha o compromisso de
explorar e ter o controle sobre o que aconteceria na região, ou seja, estamos aqui falando da divisão
territorial do Brasil naquilo que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas, que dividiu em capitanias as
terras descobertas.
Porém, tal donatário pouco trabalhava de fato nas terras descobertas, uma vez que, ficava a cargo da
administração geral, uma espécie de governador do loteamento. Tal medida foi um meio da Coroa
portuguesa não perder os territórios, já que cada capitania possui sua espécie de “guarda” local; além, de
indiretamente Portugal passou a ter um representante da coroa na região, o que ocasionava a não
necessidade de ter um Governo Geral na região (o que iria acontecer mais para frente). E assim chegamos
ao capitão donatário.
O capitão era responsável pelo controle das áreas descobertas e exploradas, recebendo resguardo jurídico
sobre qualquer ação que desejaria tomar, seja no aprisionamento e escravização de indígenas, ou até
mesmo, recebendo “perdão” por qualquer execução em seus territórios. Além disso, tinham os direitos
fiscais e de terra amplos, uma vez que repartiam as terras e possuíam lucros sobre a região. Tanto o
donatário como o capitão donatário, eram pertencentes a Casa Real, sendo este último o responsável
também, pela defesa a qualquer invasão.
Sendo assim vamos nos direcionar a questão. A alternativa “a” aparenta estar correta, porém,
burocraticamente não. Mesmo que os capitães donatários possuíssem mais poderes que até mesmo os
donatários, eles ainda eram inclusos no Pacto Colonial, ou seja, eram subordinados reais, com riscos de
perca de seus territórios, riquezas e títulos. Já a “d” também está incorreta, pois, por mais que fossem
violentos e ásperos em seu poder, os capitães donatários eram uma espécie de guarda para os colonos,
Prof. Alê Lopes
principalmente em áreas de contato e atrito com os povos indignas, ou seja, tal violência era pro bem e pro
mal.
Já a alternativa “e” tem nada de correto, já que em nenhum momento os capitães donatários produziram
uma “reforma agrária”, que foram cedidas aos portugueses que aqui viviam que inclusive eram poucos na
época. De fato, os capitães, com o passar do tempo tiveram o poder subindo a suas cabeças, como a
alternativa “b”, porém, não eram pessoas da baixa fidalguia, pelo contrário, eram pessoas próximas da
Coroa Portuguesa, porém, com um poder de ambição muito forte.
Assim, a alternativa correta é a “c”. Tais capitães cuidaram de toda a parte de defesa, incentivando a
construção de fortes e de outras estratégias para proteção interna e externa; além de serrem os
controladores de riqueza e de terras, onde, a distribuição estava mais pautada em privilégios do que em
igualdade de condições.
Gabarito: C