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EsPCEx

2024

AULA 03
Brasil Colônia I

Prof. Alê Lopes


Prof. Alê Lopes

Sumário
Apresentação 3

Introdução 4

1. A chegada dos portugueses na América 5

2. O sistema de exploração 8
2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização 12

3. Administração colonial 18
3.1 - Sistema de Capitanias Hereditárias 19
3.2 - Governo geral 21

4. Economia, trabalho e sociedade na colônia 25


4.1 - A economia açucareira 26
4.2 - Engenho de açúcar: trabalho e sociedade 27
4.2.1 – Conhecendo um engenho, suas edificações e as atividades de produção do açúcar 28
4.2.2 – A sociedade açucareira 32

5. A questão da escravidão 35
5.1 - A escravidão africana 37
5.1.1 - Resistência Quilombola 44
5.2 - Índios, ou melhor, povos originários 48

6. Açúcar: do esplendor à crise 53


6.1 - Explicando a crise do açúcar 54
6.1.1 – Mercado internacional do açúcar e de escravos 54
6.1.2 – União Ibérica e invasão holandesa 55
6.1.3 - Brasil Holandês 56
6.1.4- Insurreição Pernambucana (1645-1654) 57
6.2 - As consequências desses acontecimentos para a economia colonial: crise da colônia 61

7. Lista de questões EsPCEx 63

8. Lista de questões da profe. Alê Lopes 67

9. Lista de questões para Aprofundamento 75

10. Gabarito das questões EsPCEx 79

11. Lista de questões EsPCEx - comentadas 80

12. Lista de questões da profe. Alê Lopes - comentadas 92

13. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas 119


Prof. Alê Lopes

Apresentação
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes

Seja bem-vindo e bem-vinda a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar com você
nosso trabalho e participar dessa caminhada até sua aprovação. É bom saber que você avançou mais uma
aula! Isso é muito bom porque você está dominando cada dia mais nossa disciplina!

Nesta aula começamos a estudar a experiência da dominação europeia no Brasil. Particularmente,


gosto muito desse assunto porque começamos a organizar as peças do que chamamos de “nosso país”.
Vamos escrever uma biografia brasileira – que vai demandar muito da nossa atenção.

Os assuntos da aula são:

 a chegada dos Portugueses na América,


 a implantação do sistema colonial,
 administração colonial,
 economia e formas de trabalho,
 aspectos culturais.

Esse é um assunto que não cai nas provas, DESPENCA!!! Fique muitooooo esperto e esperta, porque
este é um assunto “clássico”, mas que sofreu muitas revisões históricas nos últimos tempos. Pode ser que
você tenha aprendido conceitos em desuso. Aqui trazemos a pegada que pode cair na Prep.

Não me canso de afirmar: para você toda questão de história é imperdível! Você precisa estar
preparado para TUDO! É 12/12

Não esquece: “o segrego do sucesso é a constância no objetivo”. Vamos seguir juntos! Seja safo e
não dê bobeira

Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, não tem
pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!

XVI XVII
Prof. Alê Lopes

Introdução
Após as primeiras expedições, os enviados da Coroa portuguesa
perceberam que não seria possível obter aqui lucros fáceis e
imediatos, pois não encontraram, de início, jazidas de ouro.
(COTRIM, 2012, p. 263)
Queridos alunos e alunas, agora começamos a estudar a história brasileira. Como dizia “o poeta”,
o Brasil não é para iniciantes. Ou seja, muito difícil de explicar, tem que ter certa desenvoltura e um pouco
de conhecimento para entender esse jeito tão peculiar do “ser brasileiro”. Em suma é preciso muita
articulação.
Comecemos pensando na experiência da ocupação portuguesa no território, com a exploração do
pau-Brasil, seguido do primeiro grande produto de exportação explorado nestas terras: o açúcar.
Há quem diga que o açúcar não foi um mero produto que enriqueceu portugueses e colonos. Foi
um verdadeiro produtor de códigos, costumes e hábitos, como diriam as professoras Lilia Schwarcz e
Heloísa Starling no livro Brasil: uma Biografia. Assim, estamos diante do estudo sobre a “civilização do
açúcar” no Brasil.
Mas o Brasil foi um território cobiçado por outras monarquias europeias, como a França e a
Holanda, por isso, a primeira tarefa dos conquistadores será a proteção do território e a legitimação de
Portugal como a única potência europeia a poder explorar as riquezas por aqui encontradas. Para tanto
diferentes formas de administrar o território foram implementadas, como: o sistema de capitanias
hereditárias e o governo geral.
Nesse sentido, a colonização das terras chamadas “Brasil” foi uma empreitada muito lucrativa que,
inicialmente, levou Portugal ao auge e o tornou um Império ultramarino. Um mega empreendimento!

Ah sim, lembre-se da chegada dos europeus na América! Você já sabe muita coisa, pois já estudou a
experiência da colonização espanhola na aula anterior. Use todo esse seu conhecimento prévio para
compreender semelhanças e diferenças entre os dois processos, o comandado pela Espanha e o
português no Brasil, OK?

Avancemos, cadetes!
Prof. Alê Lopes

1. A chegada dos portugueses na América


Você já sabe que o impulso do expansionismo marítimo-comercial de Portugal tem um fundamento
comercial, militar e religioso. Conquistar novas almas e novas rotas até a fonte das especiarias foram
motivações para o impulso do pioneirismo português. Claro que as técnicas disponíveis e sua localização
geográfica – Península Ibérica - também ajudaram muito.
Se lembrarmos da aula passada, vamos concluir que Portugal levou quase 1 século entre conquistar
Ceuta (norte da África), em 1415, e chegar à Índia (Calicute, na época), em 1498, contornando o Périplo
Africano. Esse período foi marcado por um longo processo de tentativas e erros. Muito lucro, mas, muito
prejuízo com os naufrágios. De toda forma, possibilitou o desenvolvimento tecnológico e científico da
“ciência de navegar”.
A viagem para a América, mais especificamente a expedição comandada por Dom Pedro Álvares
Cabral, mesmo com tanta experimentação, foi recheada de imagens místicas com peixes-monstros, sereias,
cachoeiras infinitas no horizonte. Uma mitologia, é verdade, corroborada por dados da realidade, como:
• Entre 1497 e 1612, 620 navios largaram do rio Tejo.
• Destes, 285 ficaram no Oriente, ou seja, NUNCA retornaram.
• 66 naufragaram.
• 22 arribaram (viraram a proa para cima).
• 6 incendiaram.
• 4 foram sequestrados por piratas inimigos.

Meu deus, Profe, que cenário de purgatório!!!!


É, Cadete, encontrar uma sereia era lucro, nesse cenário, né!!!! Aliás, a obra Os Lusíadas, de Luís
Vaz de Camões, faz referência direta aos desafios dos portugueses no mar, em direção à Índia. Se tiver
um tempinho dá uma conferida na parte do Gigante Adamastor.

Assim, para os portugueses, a América era um “Novo Mundo”. Embora já conhecido – afinal, não
se acredita mais na tese do descobrimento por acaso –, o território não era efetivamente sabido. Segundo
as professoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, na visão dos brancos europeus, era novo porque

ausente dos mapas europeus; novo, porque repleto de animais e plantas desconhecidos; novo, porque povoado
por homens estranhos, que praticavam a poligamia, andavam nus e tinham por costume fazer a guerra e comer
uns aos outros.

E em 22 de abril, a armada de Cabral avistou um grande monte, o Monte Pascoal (hoje, Parque
Nacional do Monte Pascoal, a 62 km de Porto Seguro). A reação foi de espanto, encanto e “vontade de
tomar posse”, segundo o que determinava o Tratado de Tordesilhas. Lembra dele?
Essa posse precisava ser registrada e, para tal intento, estava presente o experiente escrivão Pero
Vaz de Caminha – que escreveu a carta que serve, para Portugal, como um “atestado de nascimento” do
Brasil. Caminha escreveu uma longa, deslumbrada e exultante descrição da “terra nova”.
Assim, a descrição do “Novo Mundo” foi recheada de mitos. Mitos não apenas sobre monstros ou
seres “de outra humanidade”, mas sobre a própria chegada dos portugueses à América e sobre o processo
de conquista das terras brasileiras. Com certeza, a Carta de Caminha ao Rei Dom Manuel alimentou 2 mitos:
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MITO 1-
Encontro MITO 2-
Pacífico Índio como
entre Índios o Bom
e Selvagem
Portugueses

O Mito 1 contribuiu para criar a ideia de que o encontro entre portugueses e indígenas foi amigável
e, portanto, a conquista foi pacífica – diferentemente da violência perpetrada pelos espanhóis na
Mesoamérica e nos Andes e, até mesmo, diferentemente da violência que ocorria na Europa, contra os
mulçumanos, por exemplo. Um encontro, quase como um evento ecumênico de união de todos.
O Mito 2 alimentou a ideia de que o índio brasileiro era selvagem, mas inocente, portanto, um bom
selvagem. Pacífico e amigável seria o ser a espera da conversão ao cristianismo. Esse mito, justificava a
necessidade de catequização e legitimava o trabalho dos jesuítas que para cá vieram, a partir da década de
1530. Leia alguns trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha, com atenção para os grifos. Reflita sobre como
o texto alimenta esses dois mitos.
Prof. Alê Lopes

1
Pero Vaz de Caminha lê para o comandante
Pedro Álvares Cabral, o Frei Henrique de “Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito,
Coimbra e o Mestre João a carta que será
enviada ao Rei Dom Manuel I. segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro (..) Eram
pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas.
Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijamente sobre o
bater; e Nicolau Coelho lhes fez sinal de que pousassem os arcos. E eles os
pousaram. [...]
Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos diretos à
Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer
amanhã, que é sexta-feira, e que nós puséssemos todos em joelhos e a
beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim
fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam acenaram-lhe que fizessem
assim, e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que,
se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles,
segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença. [...]
Domingo, 26 de abril: Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o
Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. (...) E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual
foi dita pelo padre Frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela voz pelos outros padres e
sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer
e devoção. (..) Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por
essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da
nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos.
O que foi muito a propósito e fez muita devoção.
Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a
quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande
memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão
não seria maior, quanto a vergonha. Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou
não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação. [...]
"Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque
neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é
graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser
a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza
aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir
e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé.”

Caríssimo aluno e aluna, se a narrativa construída foi a de um encontro pacífico entre índios e
portugueses, a realidade mostrou o oposto: conquista e genocídio. Por isso, temos um Mito, a história

1
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854–1916). História do Brasil (v.1), Rio de Janeiro: Bloch, 1980
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contada pelos vencedores não foi a que de fato ocorreu. A narrativa construída pelos conquistadores
adquiriu caráter simbólico, independente da realidade, embora baseada nela.

Diante desse momento inicial, apesar da chegada a uma terra com muitas riquezas naturais, como
afirmou Caminha, Portugal não alterou seu plano principal: dominar e monopolizar as rotas das
especiarias para o Oriente. Tanto que Pedro Álvares Cabral seguiu com sua esquadra em direção à Índia.
Até mesmo porque, por essas terras dos índios brasileiros, não se encontraram ouro e prata logo no início
da conquista, como nas colônias espanholas. O que fizeram, então, os portugueses nos anos iniciais após o
descobrimento?

2. O sistema de exploração
A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante
diferente em relação ao da Espanha.
Houve 2 momentos desse processo marcados por interesses distintos de Portugal em relação à terra
“descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de implantação do sistema de exploração colonial
também se diferenciaram entre si e do estabelecido pelos espanhóis. Observe o esquema:

sem sistema de
1o. Momento: colonização - predomiou Contratos de concessão
atividade de para exploração
1501-1530 reconhecimento e extrativista
estrativismo

colonização portuguesa
Sistema descentralizado
Capitanisas Hereditárias
de colonização

2o. Momento:
pós- 1530
Sistema centralizado de
colonização (a partir de Governo-Geral
1548)

Apesar de, em 1500, os interesses da Coroa Lusa estarem voltados para a rota das especiarias, nos
primeiros anos, o governo português enviou algumas expedições de reconhecimento para vasculhar o
território e garantir sua posse. O objetivo principal era saber se aqui poderia se obter metais preciosos.

Mas a riqueza do “Novo Mundo” não era dourada e prateada, era vermelha de pau-brasil, era verde de
florestas, era translucida de uma água que não se via na Europa, era de gente e de terra que tinham
quase a mesma cor. Nossa riqueza era outra. Qual você arriscaria afirmar? Acompanha o raciocínio...

É importante ressaltar que nessas expedições de reconhecimento, também chamadas por alguns
historiadores de expedições pré-colonizadoras, houve um trabalho de nomear as coisas encontradas, as
localidades, os acidentes geográficos, os rios e até as pessoas que aqui viviam. Foram 3 as expedições:
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1501 - Expedição 1503 - Expedição 1516 e 1520


Gaspar de Lemos Gonçalo Coelho Expedição Cristóvão
Facques

• Expdição de • Pareceria entre reis • Organizada para


nomeação das ilhas, e comerciantes para deter o contrabando
cabos, rios e bais do a exploração do pau- de pau-brasil por
litoral brasileiro brasil. Um desses franceses. Não foram
comerciantes era bem sucedidas
Fernão de Noronha.

Dessas expedições, o que se encontrou para explorar imediatamente foi o pau-brasil.


Ao ser informado sobre a existência e pau-brasil nestas terras, o rei de Portugal não demorou a
declarar sua exploração monopólio da Coroa portuguesa. Isso significava que ninguém poderia retirá-
lo das matas brasileiras sem prévia permissão do governo português e pagamento do tributo
correspondente. Essa declaração, no entanto, não foi respeitada por ingleses, espanhois e,
principalmente, franceses; todos eles continuaram extraindo clandestinamente a madeira do litoral
brasileiro. (COTRIM, 2012, p. 263)

Veja no mapa a seguir a área de ocorrência da árvore.


2

Assim, entre 1501 e 1530, o que se verificou foi uma fase


de economia extrativista. Não houve um planejamento
centralizado ou algo do tipo. Mesmo assim a exploração era
monopólio da Coroa Portuguesa, que permitia a exploração
particular por meio de contratos de concessão. A atividade
extrativista de pau-brasil foi realizada com mão de obra indígena
à base de escambo (troca de utensílios europeus, como
machado, facas, por trabalho).

A área verde no mapa representa a localização pau-brasil, no


litoral brasileiro, na época da colonização.

É importante ressaltar que os contratos de concessão


emitidos pela Coroa privilegiavam exploradores portugueses.

2
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 06.
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Tratava-se de uma forma de protecionismo. O principal explorador foi Fernando de Noronha, que foi o
primeiro a receber a concessão da Coroa para explorar o pau-brasil, em 1503.
Outra característica fundamental sobre a colonização portuguesa era a ideia de exclusivo
metropolitano: toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa deveria ser
decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorrerão várias formas distintas de relação
exclusiva entre a metrópole e colônia. Pode ser que você já tenha ouvido a expressão “Pacto Colonial” para
esta explicação. Está certo também!
Contudo, não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”.
Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela riqueza. A monarquia
mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem alianças com o povo Tupinambás
para explorar o pau-brasil. É do Rei francês Francisco I a famosa frase:

“Quero ver a cláusula do


testamento de Adão que dividiu o
mundo entre Portugal e Espanha e
me excluiu da partilha!!

Francisco I. Jean Clouet. Óleo sobre tela, 1530. Museu do Louvre, França.

Como nos informa as professoras Lilia e Heloísa, a madeira do pau-brasil


era considerada uma especiaria no Oriente. A resina dessa árvore era utilizada para tingir tecidos e a
madeira para fazer móveis finos e embarcações. Nas terras dos índios tupi, o pau-brasil era conhecido como
“ibirapitanga” – que significa “pau-vermelho”. Os europeus, ao latinizarem a palavra, chamaram-no de
brecilis, bersil, brezil, brasil, brasily, palavras que significam: cor de brasa ou vermelho.
Assim, desde 1512, quando o pau-brasil entrou definitivamente no mercado internacional, a colônia
portuguesa passou a ser designada por Brasil. Com efeito, meus caros e caras, o Brasil nasceu – para o
comércio mundial – por meio da cor vermelha extraída do verde!! E como era esse processo multicolorido?

Os indígenas cortavam as árvores e as levavam até os navios portugueses ancorados à beira-mar, e em troca
obtinham facas, canivetes, espelhos, pedaços de tecidos e outras quinquilharias. Em 1511 dá-se a primeira
exportação do pau-brasil para Portugal na nave Bretoa, que saiu da Bahia com destino à Lisboa. E lá se foram
5 mil toras de madeira, macacos, saguis, gatos, muitos papagaios e quarenta indígenas que atiçaram a
curiosidade europeia3.

3
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018,
p. 32
Prof. Alê Lopes

Mas o cenário internacional de disputas obrigava Portugal a se posicionar mais seriamente em


relação ao Brasil. Ou seja, era preciso garantir efetivamente a posse da parte do mundo que cabia aos
portugueses, segundo o Tratado de
Tordesilhas.
Para Portugal era urgente estabelecer
a colônia e implementar o sistema de
exploração comercial, do contrário,
outras Coroas ocupariam as terras.
Veja os fatores que pressionavam os
portugueses:

Por isso, em 1530 começou uma nova fase de relação entre Metrópole e Colônia. Dessa forma, a
partir de agora, estudaremos os aspectos econômicos, políticos e sociais da colonização portuguesa na
América. Esse é o momento mais longo, porque vai até a Independência Política, em 1822. Porém, nesta
aula não vamos tão longe, nosso bonde vai até a estação do ciclo da cana de açúcar.
Muita gente não gosta desse longo período. Ocorre que despenca na sua prova cara. E você é
Coruja!! Então, vamos com coragem e cabeça erguida. Não sai do foco. Nada de whats, porque enquanto
você vê uma mensagenzinha, alguém acerta uma questãozinha. Bora, cadete!!
Prof. Alê Lopes

2.1 - A expedição de Martin Afonso de Souza e o início da colonização


4 Em 1530, a Coroa Lusa organizou a 1ª Expedição
Colonizadora, comandada por Martin Afonso de Sá. os
historiadores consideram que, com essa expedição, iniciou-se
Expedição de Martin Afonso de Souza

o 2º momento da colonização, ou a colonização propriamente


dita.
Os objetivos estabelecidos para esses exploradores foram:

 Iniciar a ocupação da terra portuguesa: povoar e


explorar;
 Combater os corsários estrangeiros;
 Procurar metais preciosos;
 Sistematizar o reconhecimento do litoral para
implementar a produção de cana-de-açúcar.

Note que entre os objetivos da expedição colonial, 2 são de natureza econômica: procurar metais
preciosos e encontrar o melhor lugar para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, podemos afirmar que o
sentido econômico da colonização era encontrar uma atividade que compensasse o esforço colonizador,
leia-se, o investimento. Além disso, gerar muita riqueza e superlucros para a metrópole e suas elites. Afinal,
a lógica era mercantilista, né gente?
O economista e historiador Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil contemporâneo, advoga
a tese de que o sentido econômico do projeto colonial esteve voltado para abastecer o mercado exterior
e, assim, transferir os dividendos desse comércio para os países colonizadores:
No seu conjunto a colonização dos trópicos toma o aspecto e uma vasta empresa colonial destinada a explorar os recursos
naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu, é este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de
que o Brasil é uma das resultantes[...]. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura bem como as atividades do país. Virá
o branco europeu para especular, realizar um negócio; inverterá seus cabedais e recrutará mão de obra que precisa:
indígenas ou negros importados5.

Perceba, portanto, que o objetivo do Rei de Portugal ao estabelecer metas para Martin Afonso não
foi desenvolver a colônia em si, mas descobrir uma atividade que pudesse pagar os investimentos desse
empreendimento bem como gerar superlucros.
É evidente, como veremos, que outras atividades econômicas acabaram criando uma economia
colonial própria, cujos lucros permaneciam na própria colônia e que, dessa forma, possibilitavam o
surgimento de grupos e interesses distintos daqueles da metrópole portuguesa.

4
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 08.
5
PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.
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Mesmo assim, isso não inverteu o sentido inicial da colonização e tão pouco o objetivo da Metrópole
colonizadora. Sacou?

Sobre a formação do Brasil


O pensador, historiador e economista Caio Prado Junior analisou a evolução da formação do Brasil. Para tanto,
ele encontrou o sentido geral desse processo no evento que marca a formação inicial do país: a colonização. Leia
um trechinho do que ele escreve:
“Se vamos a essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar,
tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois, algodão e, em seguida, café para o comércio
europeu. Nada mais que isso. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a
considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizavam a sociedade e a economia
brasileiras [...]. Este início cujo caráter se manterá dominante através dos três séculos (...) se agravará profunda e
totalmente nas feições e na vida do país. Haverá resultantes secundárias que tendem para algo de mais elevado;
mas elas ainda mal se fazem notar. O “sentido da evolução” brasileira que é o que estamos aqui indagando, ainda
se afirma por aquele caráter inicial da colonização. Tê-lo em vista é compreender o essencial deste quadro que se
apresenta em princípios do século passado, e que passo agora a analisar.” 6
Nesse sentido, para Caio Prado, a colonização gerou uma marca, uma cicatriz, algo do qual não podemos nos
livrar – apesar e independentemente dos caminhos que percorremos como nação. Em Ciência Política, chamamos
isso de path dependency, trajetória dependente. Segundo esse conceito, cada passo dado é necessário para
entender o seguinte e, além disso, cada passo dado define, em grande medida, qual será e como será o próximo.
Mudar o rumo completamente tem um custo muito grande. Daí considerar os desdobramentos resultantes da
escolha inicial do tipo de colonização. Sacou?
Assim, essa perspectiva coloca para nós uma pergunta: como nosso processo de colonização pode explicar o Brasil
de hoje? Guarda a pergunta e vamos para o conteúdo, quem sabe você não se anima a responder ao final dos
nossos estudos sobre Colônia que tipo de conflito histórico ainda permanece nos dias atuais! 😊

Caros, essa discussão sobre o sentido da colonização –– deu margem para a definição de 2
tipos de colonização: a de exploração e a de povoamento. Vejamos:
 Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de
exportação. MONOCULTURA. Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande
propriedade rural: LATIFÚNDIO!
 Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção
voltada para o mercado interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena
propriedade familiar.

Contudo, hoje em dia não usamos mais essas definições, de maneira compartimentada. Se porventura
aparecer na sua prova, contextualize-a!

Mas por que, Profe Alê? Qual o problema dessas definições?

Não as usamos porque as pesquisas na área da História e da Economia desenvolveram outras


interpretações. Por exemplo, sabemos que nas colônias espanhola e portuguesa na América houve

6
PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1979, p. 31-32.
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exploração e povoamento ao mesmo tempo. Como seria possível explorar sem povoar? Dessa forma, a
separação rígida das definições atrapalhava o entendimento global do Brasil Colônia.
Na América Latina (antes tida como modelo de colônia de exploração), por exemplo, foi preciso
instalar uma forte e extensa burocracia estatal para garantir a implantação e execução dos interesses da
coroa e dos setores mercantis europeus. A vinda dos jesuítas para colonizar os povos originários também
se tratou de povoamento. Logo, os dois conceitos se misturaram.
Além disso, a despeito de ter se formado no Brasil uma estrutura agrária monocultora e latifundiária
voltada para exportação (plantation), houve também agricultura, pecuária e comércio locais. Em
diferentes áreas do território brasileiro se desenvolveram propriedades familiares. Logo, as duas definições
acima se misturaram.
Veja o que nos dizem as professoras Lilia e Heloísa sobre o assunto:
Passados os primeiros tempos das notícias desencontradas e de tantos boatos, foi preciso garantir o achado e impedir os
ataques estrangeiros. Tinha-se que povoar e colonizar a terra, mas também encontrar algum tipo de estímulo econômico.
[...] Como se pode notar, a ideia era obter lucro com a nova terra, antes que ela se transformasse num problema. E era
esse o “sentido da colonização”: povoar, mas sempre pensando no bem da metrópole.7 (grifos nossos)

Percebe que, nessa interpretação, povoar e explorar são dois lados da mesma moeda? Por esse motivo,
combinado com as ações sobre os índios (o que ainda veremos), parte da historiografia também usa a
expressão “conquista”.

Outro exemplo, nos EUA (tido anteriormente como modelo de colônia de povoamento), houve
povoamento e exploração. Todo o sul dos EUA estava organizado por meio de grandes propriedades
territoriais, monocultoras, voltadas para o mercado externo e usando mão de obra escrava negra. O
povoamento não se deu por meio da implantação da burocracia metropolitana, mas por meio de famílias
que vieram em um empreendimento mais particular.

CONCLUSÃO: não dá para usar de maneira separada o que foi povoamento e o que foi exploração. No
final, o que diferenciou EUA e América Latina estava baseado em outros elementos:

7
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 2018,
p.
Prof. Alê Lopes

 Empreendimento Estatal (América Latina) OU particular (EUA);


 Financiamento Estatal em aliança com os setores mercantis (América Latina) OU particular/familiar
(EUA);
 Cosmologia religiosa católica – uma cruzada para IMPOR o catolicismo (América Latina) OU
Cosmologia protestante – liberdade religiosa (EUA).

Portanto, a exploração do Brasil, ou conquista, foi um projeto da Coroa Portuguesa para garantir os
superlucros, expandir a fé católica, repelir outros conquistadores (franceses, holandeses) e melhor disputar
a hegemonia marítima do Atlântico. Povoar a terra era um meio necessário para garantir tudo isso e não
perder espaço.
Para atingir esses objetivos, a Coroa precisou estabelecer um sistema político de administração e
organização colonial.
Prof. Alê Lopes

Nesse sentido, a partir de 1530, predominaram 2 tipos, como já adiantado no esquema do início da aula:

 Capitanias
Hereditárias e
 Governo-Geral.

Essas estruturas política-organizativas foram


completares e criaram um cenário favorável ao
desenvolvimento de formas específicas de relação
de poder e o desenvolvimento de estruturas sociais
correspondentes.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Nos primeiros anos da ocupação portuguesa nas terras que passaram a serem chamadas de Brasil, a
atividade extrativista do pau-Brasil foi feita por meio:
a) do trabalho escravo africano.
b) de escambo.
c) de companhias de comércio.
d) do assalariamento indígena.
e) do trabalho compulsório a partir da encomienda.
Comentários
A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante
diferente em relação ao da Espanha. Houve dois momentos desse processo marcados por interesses
distintos de Portugal, em relação à terra “descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de
implantação do sistema de exploração colonial também se diferenciaram. O primeiro momento se
Prof. Alê Lopes

deu entre 1501 e 1530; o segundo se inicia a partir de 1530 até o fim do domínio colonial. A presente
questão está se referindo ao primeiro momento, caracterizado pela instalação de fortes e feitorias
em pontos estratégicos da costa brasileira e pela extração de pau-brasil, sem incentivar uma
colonização mais profunda e sistemática. Sabendo disso, vejamos qual alternativa apresenta
corretamente o tipo de relação de troca praticada entre portugueses e nativos na extração de pau-
brasil:
a) Incorreta. Os africanos só passaram a ser importados como escravizados a partir da segunda
metade do século XVI, em decorrência das dificuldades em lidar com os indígenas e com a potencial
lucratividade do comércio de cativos africanos.
b) Correta! O escambo consistia em trocar produtos e objetos de origem europeia que os nativos não
conheciam pela madeira tão requisitada na Europa.
c) Incorreta. As companhias de comércio só foram usadas na colonização do Brasil a partir do século
XVII e em casos específicos, como no Maranhão e em Pernambuco.
d) Incorreta. Não houve assalariamento indígena, mas sim escambo.
e) Incorreta. A encomienda era um sistema de trabalho indígena e compulsório adaptado pelos
espanhóis.
Gabarito: B
(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)
Apesar de descoberto pelos portugueses décadas antes, somente a partir de 1530 é que o Brasil
começou a ser encarado como um empreendimento lucrativo para a coroa portuguesa. A respeito
da expedição que inaugurou essa nova fase do processo de colonização, considere:
I - foi organizada e liderada por Duarte Coelho;
II – objetivou expulsar os franceses que, porventura, estivessem nos domínios portugueses;
III – em termos de exploração litorânea, a expedição apenas desceu o litoral Sul até chegar à foz do
rio da Prata.
IV – durante esta expedição foi fundada a Vila de São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo.
Estão corretas:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
e) I, III e IV.
Comentários
A implantação do sistema colonial de exploração por parte de Portugal foi um processo bastante
diferente em relação ao da Espanha. Houve dois momentos desse processo marcados por interesses
distintos de Portugal, em relação à terra “descoberta” por Cabral. Além disso, os modelos de
implantação do sistema de exploração colonial também se diferenciaram. O primeiro momento se
deu entre 1501 e 1530; o segundo se inicia a partir de 1530 até o fim do domínio colonial. A presente
questão está se referindo ao início do segundo momento. Com base nisso, vejamos:
I – Incorreta. Duarte Coelho fez parte das expedições do primeiro momento de colonização. Em 1523
comandou a frota que percorria o Oceano Atlântico, fiscalizando e combatendo os franceses que
invadiam e fundavam feitorias no litoral do Brasil. Por sua vez, Duarte Coelho foi um dos primeiros a
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ser agraciado com terras no Brasil, pois ele recebeu a capitania de Pernambuco, conforme “Carta de
Doação da Capitania de Pernambuco a Duarte Coelho”.
II – Correta! Entre 1555 e 1571, os franceses ocuparam a baía do Rio de Janeiro, em aliança com
algumas nações indígenas contrárias a ocupação dos portugueses. A ameaça de perder seus
territórios coloniais para outras nações europeias como a França e a Espanha contribuíram para a
Coroa portuguesa optar por uma colonização mais sistemática do território;
III – Incorreta. A expedição liderada por Martim Afonso dividiu a expedição: uma parte seguiu para o
norte, com o objetivo de explorar a foz do rio Amazonas; a outra, comandada pelo próprio Martim
Afonso, rumou para o sul, em busca da foz do rio da Prata;
IV – Correta! Ao voltar do sul, Martim Afonso fundou a vila de São Vicente, no litoral do atual estado
de São Paulo.
Portanto, a alternativa correta é a letra “c”.
Gabarito: C

3. Administração colonial
Se em 1530, o governo português mandou o expedicionário Martin Afonso de Souza iniciar a ocupação
da terra portuguesa, combater os corsários estrangeiros, procurar metais preciosos e sistematizar o
reconhecimento do litoral para implementar a produção de cana-de-açúcar, tornava-se necessário,
também, elaborar uma forma de administrar essas ações. Concorda?
Contudo, os dados historiográficos afirmam que a Coroa Portuguesa não contava com tantos
recursos acumulados para investir diretamente na colonização do Brasil e estabelecer uma administração
local. Assim, precisou contar com recursos privados.
Para tanto, a solução encontrada foi doar terras – as sesmarias- em troca da exploração dessas
terras, de modo que parte das riquezas geradas fossem destinadas ao rei (via impostos). Tratava-se de um
sistema descentralizado de administração colonial, via espécies de contratos de concessão.

Sesmaria era um pedaço de terra distribuído a um beneficiário próximo à Coroa com o


objetivo de cultivar as terras conquistadas.

A origem dessa prática de sesmaria remonta ao período final da Idade Média e às práticas de
suserania e vassalagem. A distribuição de sesmaria não garantia a propriedade, mas o usufruto. A
concessão de sesmarias foi extinta apenas em 1822, sendo a origem dos grandes latifúndios no Brasil, pois
as famílias que receberam as grandes extensões de terras as mantiveram.
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3.1 - Sistema de Capitanias Hereditárias


Então, em 1534, o rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuiu a pessoas
nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias.
Observe a imagem a seguir. Sei que você já deve ter isso tatuado na mente, mesmo assim, observe as
relações que construí. Fica safo!

Deveres:
Direitos Assegurar ao
Carta de doação:
Rei de Portugal Documento que garantia a
posse hereditária da terra;
Distribuir terras: Atenção: o donatário tinha a
sesmarias. 10% dos lucros posse e não a propriedade.
sobre TODOS os
Criar Vilas Assim, a terra não poderia
produtos da terra
ser vendida.

Exercer
autoridade O monopólio da
administrativa e extração do pau-
judicial brasil
Carta Foral: Era o
Escravizar As despesas necessárias à obra documento que
indígenas determinava esses
colonizadora corriam por conta e
considerados direitos e deveres do
inimigos (guerra risco do donatário!
donatário!
justa)

Receber 5% do
comércio do pau-
brasil

Profe, isso era uma pegadinha, não era? O cara tinha que investir em tudo,
corria todos os riscos, ficava só com 5% da exploração do pau-brasil e inda tinha
que garantir o lucro do rei? Gente, o Brasil era pior que o Brasil!!! 😊

Brincadeiras à parte, galera, parecia piada mesmo. Por isso, o sistema de capitanias não foi tão bem-
sucedido, se analisado do ponto de vista econômico e das pretensões da Coroa Portuguesa. Apenas duas
capitanias deram certo – e por um tempo: São Vicente e Pernambuco (mais à frente vamos voltar a falar
dessas duas capitânias, segura aí!).
Na verdade, nem todos que receberam do rei a carta de doação das capitânias seguiram adiante.
Alguns nem sequer vieram à Colônia tomar posse. Daqueles que vieram, foram muitos os obstáculos
enfrentados. Listemos alguns:
• Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes, por
isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com que as
soluções para as dificuldades tivessem que ser conseguidas “dentro” da capitânia. Mas essa
terra não era um vazio, né? Havia muitos índios.
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• Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma
expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa ocupação
(ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores.
• Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras
férteis. Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais
adaptado ao clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo,
mas no desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar
dividendos à Coroa.
• Dificuldade de obter mão de obra para a louva e para o extrativismo. E os índios? Calma, já
vamos aprofundar essa discussão.
• Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza portuguesa,
nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os obstáculos acima
arrolados.
Embora com tantas adversidades, havia um ponto positivo no que se referia ao sistema de
capitanias, a saber: ele deu a base para a formação dos primeiros núcleos de povoamento, como em São
Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545). Essas Vilas, por sua vez, reforçaram as
atividades de exploração, ajudaram a assegurar o projeto português e deram fôlego a novos negócios. Mas,
no que diz respeito à administração política em si, não estava dando muito certo.

(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)


O primeiro passo no sentido de viabilizar a empresa açucareira e, portanto, a colonização na América
portuguesa foi a adoção do sistema de capitanias hereditárias, já utilizado por Portugal em suas
colônias das ilhas do Atlântico (Açores, Cabo Verde e Madeira).
Sobre as capitanias hereditárias, assinale a alternativa correta:
a) eram largas faixas de terras vendidas aos nobres que quisessem explorar atividades econômicas
nas colônias, os proprietários passavam a serem denominados de capitães-donatários.
b) as capitanias hereditárias deixaram de existir tão logo o sistema de administração de governos-
gerais entrou em funcionamento.
c) ao todos, foram criadas 10 capitanias, sendo que, oficialmente, este sistema deixou de existir em
1821.
d) Tomé de Sousa foi o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco.
e) a abolição da hereditariedade foi uma medida promovida pelas reformas administrativas de
Marquês de Pombal.
Prof. Alê Lopes

Comentários
a) falso, pois as terras não eram vendidas, mas doadas por meio da Carta de Doação e transmitidas
aos herdeiros de quem recebeu a doação. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver a
capitania com recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, proteção e desenvolvimento.
Vale lembrar que a Carta de Doação estabelecia que caberia à Coroa um quinto dos metais preciosos
que fossem encontrados.
b) falso, pois os dois sistemas conviveram. Foi em 1548 que entrou em vigor o sistema de governos-
gerais.
c) falso, pois foram 15 Capitanias. Não precisa lembrar de todas, só as mais importantes, como
Pernambuco, Baía de Todos-os-Santos (Bahia), Maranhão e São Vicente.
d) errado, pois Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral. Ele iniciou sua administração em
1549, em Salvador.
e) correto, é o nosso gabarito.
Gabarito: E

3.2 - Governo geral


Nesse contexto, tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido
pouco êxito, a Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um
Governo-Geral.

Tratava-se da criação de um órgão central de direção e de administração comandado por um funcionário


da Coroa, nomeado pelo Rei, para ajudar os donatários e interferir mais diretamente na implantação do
sistema de exploração colonial.

Para que você tenha uma noção dos objetivos, funções e estrutura burocrática, observe os
esqueminhas abaixo:
Governador-Geral

Defesa da terra contra ataques estrangeiros


Objetivos do

Incentivo à busca de metais preciosos

Luta contra a resistência indígena

Apoio à religião cristã


Prof. Alê Lopes

Funções do Governador
Militar: comando e defesa da colônia

Administrativa: relacionamento com os donatários das


capitais e assuntos ligados às finanças

Judiciária: nesse caso, o governador podia nomear os


funcionários da justiça e também poderia mudar penalidades

Eclesiásticas: indicação e sacardotes para as Paróquias. Essa


prerrogativa era legitimada pela Igreja Católica e recebeu o nome
de PADROADO.

Ouvidor-Mor:
encarregado das funcções
judiciais
CARGOS AUXILIARES
Provedor-mor:
Governador encarregado dos assuntos
da fazenda

Capitão-mor:
encarregado da defesa do
litoral

Os dois sistemas coexistiram.


Isso acabou por gerar, em diversos momentos, um embate entre interesses locais e metropolitanos.
Em geral, o Governador Geral e seus auxiliares enfrentavam a oposição de poderes locais, afinal, os
donatários também tinham funções administrativas e judiciárias.
Esses homens proprietários de terra, gado e escravos, chamados de “homens-bons”, se organizavam nas
“câmaras municipais”. Elas se formaram no mesmo processo de formação das Vilas (primeiros povoados).
Elas organizavam a administração da Vila, a arrecadação tributária, o comércio local, as expedições de
reconhecimento e expansão territorial, além do aprisionamento indígena. Ou seja, eram uma verdadeira
estrutura de poder local. Assim, os homens-bons exerciam o poder político local.
Prof. Alê Lopes

A partir da análise dos esquemas, podemos concluir que a administração colonial


apresentou duas tendências que se revezaram ao longo do tempo: CENTRALIZAÇÃO E
DESCENTRALIZAÇÃO.
Em geral, a centralização ocorreu quando a metrópole queria controlar mais as atividades
coloniais e/ou aumentar a arrecadação de impostos; já a descentralização era estimulada
quando a metrópole desejava ocupar e desenvolver regiões.
Você consegue perceber como essas duas estruturas de poder (centralizado e descentralizado) podem gerar
conflitos se não estiverem funcionando em consonância de interesses e objetivos? Pois é, além disso, essas
diferenças entre governador e homens-bons eram acentuadas devido à ausência de um sistema de comunicação
adequado. Como diria o grande filósofo Chacrinha: “quem não se comunica, se trumbica!”
Para que você saiba mais, em 1759, o sistema de capitanias deixou de existir permanecendo apenas o Governo –
Geral, que ficou até 1808, quando a família real desembarca no Brasil. Entretanto, até que chegasse o século XVIII,
muitas dessas diferenças ensejariam conflitos e revoltas, chamadas de nativistas, as quais iremos estudar nas
próximas aulas. Por hora, guarde essa reflexão geral, ok!!

Por fim, para que você tenha uma noção de quem foram os Governadores Ferais, dá um bizu nos caras:

•Fundação da vila de •França invade o RJ e •Expulsou os franceses

Mem de Sá - 1558-1572
Tomé de Sousa - 1549-1553

Duarte da Costa - 1553-1558

Salvador funda a França do RJ


•Implantação da cultura Antártica •Formação da
da cana-de-açúcar •Vinda do Padre Confederação indígena
•Vinda Cia de Jesus Ancheita. dos Tamoios
(jesuítas), Padre •Fundação das missões •Início das "guerras
Manoel da Nóbrega jesuíticas e do Colégio justas" contra os
São Paulo indígenas resistentes à
•Conflitos entre colonos colonização e à
e jesuítas conversão ao
cristianismo.
• Avanço da atividade
açucareira

(EsPCEx/2006/4000000394)
O sistema de Capitanias Hereditárias era regulamentado por dois documentos jurídicos, que
definiram os direitos e os deveres dos donatários.
Um desses documentos cedia ao donatário uma ou mais capitanias, a administração sobre ela, as
suas rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei. O outro estabelecia os direitos e deveres
dos donatários, como promover a prosperidade da capitania, conceder sesmarias, receber a redizima
das rendas da metrópole e a vintena da comercialização do pau-brasil e do pescado. Esses
documentos eram, respectivamente:
A) Carta de Doação e Foral.
B) Foral e Regimento de Tomé de Souza.
Prof. Alê Lopes

C) Carta de Doação e Regimento de Tomé de Souza.


D) Foral e Carta de Doação.
E) Regimento de Tomé de Souza e Foral.
Comentários
O sistema das Capitanias Hereditárias foi um sistema administrativo criado pela Coroa portuguesa em
1534 para gerir sua colônia na América. A partir de então, o território da colônia foi dividido em 15
partes que foram distribuídas entre comerciantes e militares ligados de alguma forma à nobreza
portuguesa. A mudança visava impulsionar o desenvolvimento econômico da colônia, incentivando
as elites portuguesas a investir nas capitanias. Além disso, esperava-se que dessa força a defesa de
invasões de outras nações europeias e de indígenas hostis se tornaria mais eficiente dessa forma.
Vejamos, então quais são os dois documentos que formalizavam a nomeação de um capitão
donatário. Note que é necessário que a ordem de citação dos documentos deve corresponder com a
ordem que o enunciado forneceu a descrição de cada um. Portanto, a alternativa deve primeiro citar
o documento da nomeação em si e em seguida aquele que descreve de forma pormenorizada os
direitos e deveres dos donatários.
a) Correta! A Carta de Doação se tratava da nomeação propriamente dita. Era o documento que
concedia o título de capitão donatário ao pretendente ao ceder uma ou mais capitanias, a
administração sobre ela, as suas rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei. Por sua vez,
o Foral era editado juntamente com a Carta de Doação, detalhando os direitos e deveres dos
donatários, como promover a prosperidade da capitania, conceder sesmarias, receber a redizima das
rendas da metrópole e a vintena da comercialização do pau-brasil e do pescado.
b) Incorreta. Já vimos que Foral corresponde ao segundo documento, não ao primeiro. Por seu turno,
o Regimento de Tomé de Souza só foi publicado após chegada do primeiro Governador-Geral da
colônia no Brasil, em 1549. Este documento, dizia respeito às atribuições do Governo-Geral, criado
devido ao fracasso das capitanias hereditárias.
c) Incorreta. Como disse acima, o Regimento de Tomé de Souza não dizia respeito às capitanias
hereditárias, mas sim ao Governo Geral.
d) Incorreta. A ordem de citação dos documentos está invertida.
e) Incorreta, pela mesma razão que a “b” e a “c”.
Gabarito: A
Analise as proposições sobre a administração colonial na América portuguesa, e assinale (V) para
verdadeira e (F) para falsa.
( ) Com o objetivo de diminuir as dificuldades na administração das capitanias, D. João III implantou,
na América portuguesa, um Governo-Geral que deveria ser capaz de restabelecer a autoridade da
Corte portuguesa nos domínios coloniais, centralizar as decisões e a política colonial.
( ) A Capitania de São Vicente foi escolhida pela Coroa Portuguesa para ser a sede do Governo, pois
estava localizada em um ponto estratégico do território colonial português. Foi nesta Capitania que
se implementaram as novas políticas administrativas da Coroa com a instalação do Governo-Geral.
( ) Tomé de Souza foi o responsável por instalar o primeiro Governo- Geral. Trouxe com ele soldados,
colonos, burocratas, jesuítas, e deu início à construção da primeira capital do Brasil: Rio de Janeiro.
( ) A criação e instalação do Governo-Geral na América portuguesa foi uma alternativa encontrada
pela Coroa Portuguesa para organizar e ocupar a colônia, que enfrentava dificuldades, dentre elas os
constantes conflitos com os indígenas e os resultados insatisfatórios de algumas capitanias.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo:
Prof. Alê Lopes

a) V – F – F – V
b) V – F – V – F
c) V – V – F – F
d) F – V – F – V
e) F – V – V – F
Comentários
Como vimos, o Sistema de Governo-Geral foi implantado para aprimorar o Sistema de Capitanias
Hereditárias. A Coroa visava dar resposta aos seguintes conflitos: com indígenas; com invasões
estrangeiras; fruto de fracassos em algumas Capitanias. Outra razão da nova administração foi o
objetivo centralizador, isto é, tomar conto sobre todos os assuntos da colônia.
Diante disso, a primeira afirmação é verdadeira. Já a segunda, não, pois São Vicente estava entre as
regiões que não retornavam lucro para Metrópole. Além disso, sabemos que a primeira capital foi
Salvador, ou seja, os centros dos negócios passavam pelo Nordeste, pelo menos no início da
colonização. Nesse sentido, a terceira afirmação também é falsa, pois Rio de Janeiro foi a 2ª capital.
Por fim, a última afirmação é verdadeira.
Gabarito: A

As capitanias hereditárias e os governos-gerais continuaram convivendo até o século XVIII,


enquanto se dava a progressiva criaçaõ de capitanias da Coroa, como a da Bahia de Todos-os-
Santos e São Sebastião do Rio de Janeiro. Administradas por um governador nomeado pelo rei,
foram aos poucos substitutindo as capitanias hereditárias particulares por meio de compra, ou
por falta de herdeiros ou, ainda, por não estarem efetivametne ocupadas. O governador-geral da
colônia e os governadores das capitanias chegaram a contar com tropas regulares e profissionais.
Eram compostas de milícias e ordenanças. As milícias eram regimentos portugueses, uma força
auxiliar formada por homens da população urbana, que não recebiam remuneração e prestavam
serviço obrigatório. As ordenanças eram organizadas sempre que necessário, reunindo toda a
população masculina em condições físicas e idade militar (18 a 60 anos). Essa organizaçaõ militar
ajudoua impor as diretrizes metropolitanas, viabilizando a exploração colonial.

(VICENTINO, DORIGO, VICENTINO, p. 333)

4. Economia, trabalho e sociedade na colônia


Agora que estudamos os aspectos políticos e administrativos do início da colonização portuguesa
na América, podemos partir para os estudos sobre os elementos econômicos dessa empreitada.
Prof. Alê Lopes

É verdade que, como já vimos, a primeira atividade econômica na colônia foi o extrativismo do pau-
brasil. A exploração era monopólio da Coroa Portuguesa que permitia a exploração particular por meio de
contrato de concessão, realizada com mão de obra indígena à base de escambo.
Mas você deve se lembrar, também, que o governo português, especialmente a partir de 1530,
procurava alguma atividade econômica mais rentável que o pau-brasil a fim de financiar o
empreendimento colonizador e garantir a posse efetiva e sistemática da terra. Isso porque, a concorrência
com franceses, ingleses e holandeses começava a diminuir o lucro metropolitano em relação aos negócios
com as especiarias do Oriente, além de existir o risco contínuo de invasão estrangeira no território colonial
na América.
Foi na produção do açúcar que a metrópole portuguesa encontrou seus primeiros superlucros com
a exploração colonial. Vejamos como foi essa história!

4.1 - A economia açucareira


Em 1530, com a expedição de Martin Afonso de Souza, chegaram as primeiras mudas da cana-de-
açúcar para o desenvolvimento da atividade açucareira. A escolha da cana se deu porque Portugal tinha
experiência desse cultivo nas ilhas africanas do Atlântico – Açores e Madeira. Além disso, o açúcar tornara-
se, na Europa, uma especiaria de luxo. Uma mesa farta de doces açucarados era o símbolo da riqueza!!
Dessa forma, os colonos que desembarcaram no Brasil, juntamente com Martin Afonso, iniciaram
a produção canavieira na recém fundada Vila de São Vicente. Para plantar a cana e produzir o açúcar
desenvolveram um complexo produtivo chamado “engenho de açúcar” (vamos falar mais sobre engenhos
na sequência da aula, segura aí!).
Depois do pontapé inicial na Vila de São Vicente (atual Santos), tentou-se produzir cana-de-açúcar em toda
a extensão do litoral brasileiro em diferentes
Capitânias. No entanto, foi no Nordeste que a
planta vingou mesmo, pois o solo da região e
as condições climáticas eram melhores. Veja
ao lado uma lista de motivos que explicam o
sucesso do cultivo:
Na segunda metade do século XVI a produção
de cana de açúcar se desenvolveu tanto que
chamou a atenção do Rei de Portugal, Dom
Sebastião. Por isso, a partir de 1571, o rei
decretou que o comércio colonial com o Brasil
(de quem quer que fosse) deveria ser feito
exclusivamente por navios portugueses. Na
prática, era a implantação do exclusivo
metropolitano ou pacto colonial (lembra?),
porque esse monopólio comercial dava
condições para Portugal controlar a economia
colonial, ou seja, o Brasil só poderia
comercializar com sua metrópole.
De fato, o crescimento da produção açucareira foi tanta que Portugal monopolizou o próprio comércio
internacional dessa iguaria doce. Com isso, Portugal e seus torrões branquinhos eram vedete no comércio
internacional e nas cortes europeias.
Prof. Alê Lopes

Podemos observar esse


crescimento tomando como base
o número de engenhos que
surgiram em Pernambuco –
principal capitânia produtora.
Observe o gráfico:
Na sequência de
Pernambuco, a produção se
espalhou para as regiões dos
atuais Rio Grande do Norte, Pará e
Bahia. E, assim, o “ouro branco”
ganhava tanto “poder” que
colônia e metrópole constituíam
uma relação de dependência desse produto.

Na seção seguinte vamos analisar o engenho – essa unidade produtiva que se tornou o núcleo difusor
da estrutura política, social e econômica da Colônia.

4.2 - Engenho de açúcar: trabalho e sociedade


Evidentemente, quando falamos em economia também tratamos de trabalho, uma vez que é por
meio dele que se produz riqueza, como ensinou o liberal Adam Smith. Além disso, as relações econômicas
e de trabalho estabelecem a organização dos grupos sociais.
Entendendo a sociedade dentro dessa perspectiva complexa e combinada, podemos inferir que o
primeiro grande produto de exportação, a cana-de-açúcar, foi o elemento central do desenvolvimento da
sociedade colonial. Segundo as professoras Lilia e Heloísa, trata-se da constituição da “civilização do
açúcar”. Veja o que afirmam:
A partir do século XVI a empresa colonial giraria em torno da cana: a formação de vilas e cidades, a
defesa de territórios, a divisão de propriedades, as relações com diferentes grupos sociais e até a escolha
da capital [...] A civilização do açúcar era feita de muitos pedaços, todos dependentes entre si. Como se
pode notar, é possível falar em “civilização do açúcar, já que este invadia esferas sociais, econômicas e
culturais.” (idem, p. 67 e 72)
Se essa tese está certa, precisamos analisar a unidade produtiva do açúcar – o engenho – para
entender as demais relações que se formaram a partir dele, pois, segundo os historiadores, o engenho se
tornou o núcleo social, administrativo e cultural da vida na colônia.
Prof. Alê Lopes

4.2.1 – Conhecendo um engenho, suas edificações e as atividades de


produção do açúcar
8

O engenho era o estabelecimento onde se produzia o açúcar. Algo como o lugar em que se
encontravam os instrumentos de transformação da cana-de-açúcar em açúcar propriamente dito. O
engenho era, portanto, um espaço diferente e separado da lavoura onde se plantava a cana.
Contudo, com o passar do tempo, engenho passou a ser a designação do complexo açucareiro todo:
a fazenda, a lavoura, os instrumentos, as edificações (como a casas, as capelas, os espaços de negociação
da produção), os locais de mando. O proprietário de tudo isso era conhecido como “senhor de engenho”.

Quero destacar as três edificações marcadas na imagem acima, pois, em tese, elas são
representações arquitetônicas dos principais grupos sociais: aristocracia fundiária, escravos e clérigos.
1- a casa-grande: casarão que ficava na área mais alta do engenho. Essa moradia, também era
chamada de solário, devido à área externa ao redor da casa – um verdadeiro observatório de onde
o senhor de engenho podia avistar tudo – afinal, como diz o ditado: os olhos do dono engordam o
boi! Nela moravam o senhor de engenho, sua família biológica, os aparentados e os agregados.
Lugar que servia de hospedaria para as visitas, como padres, aliados políticos, comerciantes – por
isso, geralmente, tinham muitos quartos com janelões. Também servia como centro administrativo
dos negócios do engenho. “Escravos de casa” trabalhavam dentro da casa-grande, cozinhando,
passando, limpando, cuidando dos filhos e das senhoras, entre outros afazeres.

8
ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977, p. 21.
Prof. Alê Lopes

2- a capela: era a Igrejinha do engenho. Quase como uma extensão da casa-grande. Geralmente
modesta, mas suficiente para realizar batizados, casamentos e velórios. Peça fundamental desse
cenário, pois recebia para a Missa de Domingo todos os grupos sociais que orbitavam em torno do
engenho e das suas atividades econômicas. Não se esqueçam de que o catolicismo era elemento
fundamental desse universo colonial.
3- a senzala: lugar onde viviam as pessoas escravizadas. Eram casinhas ou uma construção contígua.
As vezes contavam com compartimentos separados destinados a cada família, outras vezes eram
espaços coletivos e outras, ainda, separavam homens e mulheres. Sempre rústicas, feitas de barro
e telhado de sapé, bem baixa e, em geral, sem janelas. As condições eram péssimas, pois faltavam
ar e luz. Algumas não contavam com camas ou espaço para higiene pessoal. Era comum a
superlotação, pois, novos escravos ocupavam sempre o mesmo lugar. À noite a senzala era trancada
para evitar fugas e manter o regime de descanso e trabalho. Em geral, quem controlava a senzala
era o capataz (uma espécie de “guarda” do engenho).
Dito isso sobre as edificações principais, vamos agora ver os espaços e as formas de produção do
açúcar.
Na colônia, a lavoura da cana ocupava uma grande porção
de terra – um latifúndio. O trabalho era realizado pelas
pessoas escravizadas – os escravos ou cativos.
Inicialmente, foram os indígenas, depois, os africanos
trazidos forçosamente. Como afirmamos ao longo da
aula, a produção era voltada para o mercado externo.
Essas características formam o modo de produção
tipicamente colonial: PLANTATION.
Em geral, o cultivo da cana - o preparo da terra, a
semeadura e a colheita - levava um tempo entre 12 e 18
meses.

Vejamos algumas etapas produtivas do açúcar:

Preparação da terra, que não era feita com arado, mas com enxadas. Antes usava-se o velho
método de coivara: derrubar a mata e atear o fogo. Só depois os escravos vinham com suas enxadas
e revolviam a terra.
Após 12 meses, aproximadamente, colhia-se a cana. O corte da cana era feito com facão.
Cortada, a cana seguia em carros de boi ou barcos até o engenho.
Com a chegada da cana no engenho começava-se o processo de produção açucareira. A técnica
empregada para a produção do açúcar, em geral, era muito rudimentar.
O processo de produção açucareira abrangia as seguintes etapas:
Prof. Alê Lopes

➢ Casa da moenda:
Finalidade: moer e prensar para obter um caldo de cana, em grandes engrenagens.
Quem trabalhava: 1 feitor-pequeno, um lavadeiro e 15 escravos.

➢ Casa das fornalhas:


Finalidade: depois de moer e prensar a cana, o caldo obtido era cozido na casa das fornalhas até formar
um caldo chamado melaço.
Quem trabalhava: 1 mestre de açúcar, 1 banqueiro, 3 caldeireiros e 28 escravos

➢ Casa de purgar:
Finalidade: Transformar o melaço em “blocos”, a conhecida rapadura, por meio de drenagem. O melaço
ficava por duas semanas em formas de barros com furos de drenagem. Nesse momento também se podia
produzir a aguardente (cachaça).
OBS: Depois de 40 dias, três tipos de açúcar eram produzidos, a saber: escuro, mascavo e branco.
Quem trabalhava: 1 purgador e 5 escravos.

➢ Secagem e embalagem
Finalidade: A última parte da produção do açúcar tinha por objetivo a secagem e embalagem do produto.
Cortava-se o melaço sólido (açúcar) e separavam-se os diferentes açúcares. Após a separação, o açúcar era
batido, esfarelado e embalado.
Quem trabalhava: 1 caixeiro e 19 escravos.

OBS: o número de trabalhadores envolvidos em cada etapa da produção dependia de diversos fatores,
como o tamanho do engenho, a quantidade da produção, o tempo de entrega, a disponibilidade de
escravos, entre outros.
Prof. Alê Lopes

Há uma ressalva a ser feita sobre a empresa açucareira. Não havia refinarias de
açúcar no Brasil. Essa foi uma tarefa que portugueses deixaram para holandeses.
Aliás, também é importante recordar a participação do capital flamengo (eita,
não é time, hein, é holandês=flamengo, e não flamenguista) nos negócios do
açúcar. Em troca do financiamento para a instalação de engenhos, o governo
português concedeu-lhes o direito de refinar e vender o açúcar brasileiro na
Europa. Portanto, o capital holandês foi fundamental para a expansão da
produção e do alcance do açúcar brasileiro no mercado internacional. Guarda
isso, porque daqui a pouco vou falar mais dos holandeses.
Prof. Alê Lopes

4.2.2 – A sociedade açucareira


O lugar que cada grupo ocupava no complexo açucareiro definia a classe social a que a
pessoa/grupo pertencia. Essa divisão, inclusive, determinava as relações políticas e sociais entre estes
grupos. Vamos articular?
Existiam os proprietários da terra, os homens livres que prestavam algum serviço relacionado à produção
açucareira (mestre do açúcar, caixeiro, purgador, caldeiro, banqueiro, feitos) e os escravos.
Com certeza, a figura mais poderosa dessa pirâmide social é o senhor de engenho – o proprietário
das terras, da produção e das pessoas. Além disso, como estamos discutindo nesta aula, o proprietário da
terra era uma pessoa com poderes políticos, administrativos e até judiciais. Então, alguns historiadores
afirmam que a autoridade desse senhor ultrapassava os limites de suas terras e, assim, conseguia atingir a
vila e povoados vizinhos. Com isso, ele podia estabelecer aliados políticos por meio da distribuição de
favores e privilégios.
Portanto, havia uma relação de dependência dos homens livres (e mais pobres), escravos e até
mesmo dos clérigos com o senhor de engenho. Pelo que afirma Padre Antonil, importante cronista da
época, podemos inferir que “senhor de engenho” era tido como algo parecido a um título de nobreza – a
que muitos aspiravam, porque:
traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. [...] Servem ao senhor de engenho, em vários ofícios além de
escravos [...] na fazenda e na moenda [...] barqueiros, canoeiros, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores, pescadores. Tem
mais, cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um purgador, um caixeiro no engenho e outro na
cidade, feitores, e para o espiritual, um sacerdote9. (grifos nossos)

Veja que não se tratava de uma “nobreza hereditária”, como na Europa, mas “uma aristocracia da
riqueza e do poder”10. Ainda assim, muitas vezes, se auto cunhavam títulos como conde, barão, marquês.
A marca maior desse grupo aristocrático não era o que eles faziam, mas o que NÃO faziam: não se
dedicavam ao trabalho braçal, como cuidar de uma horta de uma loja, ou até mesmo, de realizar algum
artesanato ou manufatura. Por terras tropicais, pairava o velho pensamento medieval do trabalho como
uma ordem de coisas que “naturalmente” não cabe aos senhores. Trabalho era coisa de classes e grupos
inferiores.
Os aristocratas tropicais viviam de rendimentos, aluguéis e de cargos públicos conseguidos por meio
de relações de amizade e privilégios – era o berço do patrimonialismo. Além disso, contavam com grande
número de parentes, aparentados, agregados, criados e escravos que lhes serviam, de algum modo, na
esperança de obterem alguma oportunidade.

9
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997, p. 75.
10
SCHWARCZ e STARLING, idem, p. 67.
Prof. Alê Lopes

11

Cenas do cotidiano demonstram o transporte de senhores de engenho por


escravos. Litografia de Jean-Baptiste Debret. 1834

Diversos elementos marcam as distinções entre esses grupos como, por exemplo, o lugar de
moradia (como já vimos, a casa grande, a senzala e outras casinhas simples que ficavam no engenho), a
mobília, as vestimentas, os cavalos sangue-puros e o letramento, por fim, a capacidade de ser obedecido.

Quanto mais perto do núcleo do círculo


- mais perto do pai (do senhor de
engenho) - mais inclusão e privilégios.
Quanto mais distante, mais excluído e
desprestigiado. Eram “os mais de
dentro e os mais de fora”!

11
Regresso a cidade de um dono de chácara. Liteira para viajar no interior, c.1834-1839. Litografia sobre papel de
Jean-Baptiste Debret. Coleção Martha e Erico Stickel / Acervo Instituto Moreira Salles. Disponível em:
https://ims.com.br/por-dentro-acervos/viagem-pitoresca-e-historica-ao-brasil/. Acesso em 05-04-2019.
Prof. Alê Lopes

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


A subordinação à metrópole não impediu que houvesse certo dinamismo nas relações econômicas e
comerciais na América portuguesa. Houve até mesmo um comércio direto com áreas que não
pertenciam ao domínio português, como a região do rio da Prata, no sul da América, e com regiões
africanas, como Angola, Costa da Mina e Moçambique, além de Goa e Macau, na Ásia.
(VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. VICETI, José. História. Parte 2, XXX, p. 413)
Considerando o texto, no período da economia açucareira, quais produtos eram utilizados para as
negociações do tráfico negreiro?
a) drogas do sertão e ouro.
b) ouro e charque.
c) charque e fumo.
d) drogas do sertão e aguardente.
e) aguardente e fumo.
Comentários
Essa questão é bem tranquila e de memorização. O comércio negreiro era muito intenso e acabava
gerando outras atividades que subsidiavam a atividade principal de compra e venda de escravos. Os
principais produtos eram a cachaça e o fumo. Por isso, era gabarito letra E.
Vejamos os erros das demais alternativas.
a)Errado. Drogas do sertão não era atividade subsidiária do comércio negreiro, mas era atividade
extrativista central na região Norte. O ouro era atividade central e independente do comércio
escravista.
b) Errado. O charque era uma atividade tanto do Nordeste como do Sul e que ajudou a abastecer a
região mineradora.
c) Errado por causa do charque que, como falamos na alternativa B, era atividade de abastecimento
da atividade mineradora.
d) Errado por causa das drogas do sertão.
e) Gabarito, conforme comentário acima.
Gabarito: E
Prof. Alê Lopes

5. A questão da escravidão
Nesse empreendimento de proporções tão grandes, que Portugal implantou em
sua colônia da América, a mão de obra também não representava um problema.
A escravidão havia muito tempo era praticada por europeus e árabes na
chamada África negra (centro-sul do continente). Foi considerada uma
instituição justa quando, no seu início, os portugueses escravizavam os mouros,
considerados infiéis pelos cristãos. A ‘infidelidade’ religiosa acabou sendo
também estendida dos mouros aos negros africanos, legitimando sua
escravização. (VICENTINO, DORIGO, VICENTINO, p. 323)

Vejam, alunos, é impossível falar de aristocracia descrita acima e da atividade econômica do Brasil
colônia sem falar da escravidão. Nesse sentido, a aristocracia e a escravidão (senhores e escravos) são duas
faces da mesma moeda que compõem uma estrutura social caracterizada por Gilberto Freyre como
“sociedade patriarcal”.
A expressão utilizada pelo autor em seu livro clássico Casa Grande & Senzala é “equilíbrio de
antagonismos de economia e cultura”. Uma realidade dual na qual a violência e o paternalismo são
elementos de uma mesma relação. Afinal, eu nem preciso ficar aqui descrevendo a “qualidade da vida de
um escravo”, né?

Mas, Profe, me explica por que esse par de opostos – paternalismo e violência?

Olha, meu querido e querida, a violência nos parece mais fácil de entender – ela é tão cotidiana que
entendemos bem as formas pelas quais ela se manifesta. Já a questão desse paternalismo era o modo
como o dono do escravo tratava algumas de “suas peças” (esse era o modo como a pessoa escravizada era
tratada no mercado). Às vezes lhe dando agrados – como uma roupa melhor ou comida, permitindo alguma
festa ou lazer, entre outros – outras vezes atribuindo trabalhos menos pesados e mais próximos à casa-
grande. Imagine um Senhor distribuindo prendas, vantagens, agrados, para as pessoas ao seu redor, ou
seja, ele conduz as relações sociais a partir do patrimônio como se fosse um pai sem sentimentos punindo
ou presenteando filhos.
Contudo, em diferentes situações o senhor castigava seu escravizado. O castigo físico era
absolutamente recorrente – e até mesmo aceito pela Igreja – uma vez que o suplício físico era entendido
como a salvação da alma e a correção dos vícios mundanos. De qualquer maneira, a decisão sobre a vida e
a morte do escravo estava nas mãos do seu dono.
Portanto, paternalismo não tem a ver com a relação de pai e filho carinhosa e cuidadosa, mas de
controle, dominação e submissão. Nessa sociedade patriarcal é o pai - o senhor de engenho - que controla
a vida dos escravos, mas de certa maneira, de todos aqueles que dependem de suas decisões, incluindo
sua família.
Prof. Alê Lopes

Dito isso, podemos inferir que a cor da pele é um marcador social fundamental nas relações coloniais
brasileiras, como afirmam as autoras do livro Brasil: uma biografia:
“A cor logo se tornou um marcador social fundamental; as categorizações, fluidas, variavam com o
tempo e com o lugar, além de delimitarem classificações sociais e status.12

Diferentemente da colonização espanhola, no Brasil, a mestiçagem é uma marca social, já


que não houve nenhuma norma que proibisse a relação sexual entre diferentes povos. Por isso, as
professoras Lília e Heloísa usam o termo “cartografia de tons e subtons”.

Mas nem de longe podemos afirmar que a mestiçagem gerou igualdade - ou menos desigualdade de
oportunidades. As pessoas “de cor” sofriam toda sorte de discriminação, afinal, sua condição jurídica
era de “propriedade” – escravos inferiores. Assim, o constrangimento para a mestiçagem não era
apenas jurídico, também era social.

Em geral, essas relações eram extraconjugais, jamais expostas na “missa de domingo” – quando
não, poderiam ser, inclusive, relações de exploração e violência sexual.

Mas, Profe, os mestiços também eram escravizados?

A depender da condição da mãe, sim! Se fossem mestiços de homens brancos com mulheres negras
escravas, elas nasceriam na condição de escravos também, afinal, os filhos de escravas eram propriedade
dos seus donos.
Contudo, é verdade que a gradação da cor da pele poderia significar outras trajetórias. Há muitos
estudos históricos na demografia, na sociologia e na economia que demonstram que quanto mais clara é
a pele da pessoa maior suas possibilidades de alçar outras ocupações, inclusive, na época do complexo
açucareiro – um trabalhador de dentro da casa, um capataz, um entregador, um condutor de cavalos. Os
mestiços podiam, também, receber alguma instrução e trabalhar com atividades do comércio. A alforria
era mais possível, portanto, para pessoas com mais características brancas.
Vários pensadores, sobretudo na década de 1930, analisando a formação social do Brasil chegaram
à conclusão de que as relações sociais eram pautadas por uma complexidade de fatores que incluíam
questões de cunho pessoal, cultural e racial. Ou seja, no Brasil, o modo de relação não era só racial, só
cultural, só por amizades, só patrimonial. Era a síntese de tudo isso e, em muitos sentidos, continua sendo.
Já ouviu a expressão “com quem você pensa que está falando? Sou parente de fulano”, pois é, vem desse
momento histórico.

É inegável os efeitos da escravidão na vida social. Ela é estruturante de todas as


outras relações que se estabeleciam na civilização do açúcar.

12
SCHWARCZ, Lilia Moritz. e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Cia das Letras,
2018, p.71.
Prof. Alê Lopes

“Mulatos e crioulos – este último termo se referia aos escravos nascidos na propriedade do senhor, isto
é, não-africanos – eram aqueles que mais se aproximavam do universo da casa-grande, constituindo
uma espécie de elite que realizava o trabalho doméstico e especializado, apesar de muitas veze serem
descritos como indolentes; os pardos eram julgados aptos a aprender e dominar ofícios da cana, e os
africanos, tidos por “estranhos pagãos” – na melhor das explicações, recém-convertidos – e, com raras
exceções, por perigosos e instáveis. Com o tempo a escravidão ficaria mais e mais associada aos
africanos e seus descendentes, e se enraizaria na América portuguesa de maneira a penetrar toda a
sociedade colonial, em que cada vez mais a cor atuava como critério de status. Libertos com mais bens
logo adquiriam cativos, e o mesmo ocorria com agricultores pobres. Ter escravos era símbolo de posse
e de distinção, quase um cartão a avalizar a prosperidade e estabilidade nessa civilização da cana.”
(grifos nossos)

5.1 - A escravidão africana


Mas afinal, profe., quem era o escravo utilizado nos trabalhos do complexo açucareiro? No início,
da atividade açucareira, a mão de obra utilizada era a indígena. Segundo alguns dados demográficos de
época, entre 1560 e 1570, não havia africanos nas lavouras de cana. A mão de obra utilizada era do escravo
índio conquistado nas “guerras justas”, afinal, era uma solução relativamente barata e disponível.
“A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se com o uso extensivo da mão de obra indígena (...) Do ponto
de vista dos portugueses, no período de escravidão indígena, o sistema de relações de trabalho era algo que fora
pormenorizadamente elaborado. Tal período foi também aquele em que o contato entre os europeus e o gentio começou
a criar categorias e definições sociais e raciais que caracterizaram continuamente a experiência colonial.” 13

No entanto, a situação começou a se alterar a partir da década de 1570. Se liga nos dados da tabela abaixo:

13
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras,
2005, p. 57.
Prof. Alê Lopes

Proporção de trabalhadores escravos negros na


lavoura do açucar

1638
98%
Anos

1591
37%

1574
7%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%


Porcentagem

O que se processou nesse período foi:


1 - a substituição do trabalho livre, por exemplo nas tarefas mais especializadas da atividade
açucareira – tal como vimos na seção anterior sobre etapas da produção do açúcar –, para o trabalho
escravo;
2 – a ampliação dos negócios do tráfico negreiro. O tráfico em si dava muito lucro.
Assim, a mão de obra escrava africana, e depois os afro-brasileiros, acabou constituindo a base das
principais atividades econômicas da colônia. Aqui não me refiro apenas à economia açucareira, que
estamos estudando nessa aula, mas a outras, como a mineração, pecuária, algodão e extrativismo vegetal.

O Tráfico Negreiro para o Brasil


2000000

1500000

1000000

500000

0
1531-1600 1601-1700 1701-1800 1801-1855

entrada de escravos por século


Prof. Alê Lopes

Observe no mapa a seguir a localidade para onde iam os escravos trazidos para o Brasil:

Profe Alê, por que a mão de obra africana? Por que não continuar com os indígenas?

Veja, querido e querida, o primeiro argumento relevante é o do historiador Fernando Novais para
quem a preferência pela mão de obra africana estava relacionada com as possibilidades de lucro advindo
dessa atividade.
Ou seja, havia um comércio de viventes a ser explorado e que poderia ser muito rendoso. E foi!!!

Mas Profe quem ganhava com isso, os donos dos escravos? Eram eles que faziam o comércio?

Olha, o tráfico negreiro era um comércio intercontinental e oceânico realizado por grupos
específicos, muitos deles ingleses, franceses e holandeses, inclusive.
Contudo, o início dessa atividade só foi possível porque portugueses estabeleceram as feitorias no litoral
da África (lembra-se disso?).
Por meio dessas feitorias, estabeleceram alianças com soberanos locais que facilitavam a escravidão
comercial de povos conquistados.
Assim, o comércio de pessoas escravizadas uniu interesses econômicos de 3 continentes: África,
Europa e América – formando um comércio triangular, que durou até o século XIX. No caso de Portugal,
parte desses lucros ia para a metrópole em forma de taxas devido ao exclusivo metropolitano.
Prof. Alê Lopes

Observe o mapa:

Outro elemento fundamental para explicar os lucros desse comércio é a expectativa de vida de um
escravo, em geral, baixa – 35 anos. E sua idade produtiva começava aos 8 anos. É isso mesmo que você
leu!! Aos 8 anos! Alguns documentos de época confirmam que o menino de 8 anos já era um homem feito
e preparado para o trabalho!! Assim, para o senhor de engenho, o ideal era comprar um escravo que
trabalhasse, para não “investir” em mão de obra pouco produtiva.
Para o senhor a lógica não era exatamente comprar e vender, mas, comprar para acumular, afinal,
mais escravos mais produção e mais status social. Dessa forma, o mercado com demanda sempre crescente
estimulava a chegada de mais pessoas escravizadas trazidas da África. Estima-se que o tráfico atlântico
implicou o deslocamento compulsório de 12 milhões e meio de homens, mulheres e crianças da África para
as Américas14.

14
FLORENTINO, Manolo. Aspectos do tráfico negreiro na África Ocidental (c. 1500 -c.1800). In: FRAGOSO, João
& GOUVÊA, Maria F. (Org.). Coleção- O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V.1, 2018, p. 229.
Prof. Alê Lopes

Observe o caso de um Engenho em Sergipe do Conde para perceber essa lógica de demanda crescente:
Outro argumento
Proporção trabalho livre e escravo no mais tradicional para
engenho do Conde explicar a
preferência pela mão
250
de obra escrava
200 negra é o cultural: os
200
150 indígenas do sexo
100 masculino não
80
estavam habituados
50
13 6 ao trabalho agrícola,
0
pois, em geral, eram
1635 1710
as índias que o
assalariado escravo realizavam.
Entretanto, esse
argumento tradicional (comum em provas) já é amplamente criticado por pesquisas recentes, pois a noção
de que o índio não era compatível com trabalho agrícola, na verdade, expressa um desconhecimento mais
específico do modo de vida dos povos indígenas (no Capítulo 6, aprofundo as variáveis que levaram à
substituição da mão de obra). Dentro desse argumento mais tradicional, os africanos trazidos à América
eram agricultores e, portanto, tinham certo conhecimento técnico na lavoura. Principalmente, porque em
regiões africanas já havia a plantação do açúcar.
Por fim, mas não menos importante é o argumento exposto pela Igreja. Naquela época, como
veremos no Capítulo seguinte, houve uma Carta Régia, de 1570, proibindo a escravidão indígena de grupos
que se dispusessem à conversão ao catolicismo. Apesar de os colonos viverem em conflito com a Igreja e
com o Governo Geral por conta dessa proteção dos jesuítas, houve um desestímulo moral à escravização
dos povos indígenas.
De qualquer maneira gostaria de chamar sua atenção para o seguinte:

Quando falamos da preferência pelo negro em relação aos índios para o uso sistemático da
mão de obra escrava, não podemos nos esquecer das contradições e da realidade pobre da
maioria do território colonial. Concretamente isso fez com que a escravidão indígena
continuasse sendo realidade em muitos lugares, a despeito das análises que muitos
historiadores fizeram de que houve uma completa substituição de índios por negros.

A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa
portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam
novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar.
Como a produção de açúcar das capitanias de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes
à região atual do estado de São Paulo) não conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que
pensar em alternativas de investimento, como: comércio de índios escravizados e busca por metais
preciosos.
Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras
agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o
planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis.
Além disso, alguns historiadores afirmam que apesar do grande aporte de africanos escravizados nas
lavouras de açúcar, bem como em outras atividades, a mão de obra indígena continuou sendo utilizada,
Prof. Alê Lopes

como já alertei. Assim, o que se processou foi uma diferenciação das tarefas a serem cumpridas por negros
e por índios. Vale ficar de olho nessas pesquisas mais recentes.

A cultura escravagista legitimada pelo Estado e pela Igreja Católica


Lembra-se de que uma das tensões na Península Ibérica foi a relação entre católicos e mulçumanos? Durante o
processo de reconquista da Península Ibérica, a escravização de populações mulçumanas passou a ser uma prática
comum dos reinados, segundo a noção de “guerra justa”. Nesses termos, a Coroa portuguesa nasceu com um pé
na cultura escravagista, pois passou a legitimar a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as
monarquias, quanto a Igreja, alimentaram o trabalho forçado do “outro”. Para ambos, a escravidão era necessária
e justa.
Um argumento, muito popular, era a ideia da maldição divina. Por meio dela, a escravidão era fruto do pecado
de Adão e Eva, primeiros pais dos homens segundo a doutrina católica. Outra justificativa religiosa era aquela que
apontava os africanos como descendentes de Caim. Este personagem bíblico, que matou o próprio irmão por
ciúmes recebeu de Deus, ao ser amaldiçoado, uma marca no corpo para que não morresse e pudesse viver em
constante expiação de seu pecado. Ligou-se, a posteriori, a negritude dos africanos à marca cutânea imposta por
Deus a Caim. Essa ideia se combina ade guerra justa, pois os inimigos devem ser escravizados, pois deve-se
preservar-lhe a vida – uma vez que esta tem natureza divina. Só Deus decide sobre vida e morte. Assim, escravidão
é preservação do dom divino da vida e não condenação eterna
A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula papal
legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a autorização específica
sobre africanos e asiáticos.
Por isso, à medida que os portugueses avançavam nas rotas marítimas ao longo da costa africana o número de
escravizados aumentava. Isso porque, para estabelecerem as feitorias em territórios como, Madeira, Cabo Verde,
Moçambique, muitos negros africanos foram forçados a trabalhar para os portugueses (construções de
fortificações, por exemplo).
Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa, já
desembarcaram com uma mentalidade escravista. Do primeiro contato com os índios em diante, tudo foi uma
questão de tática e estratégia militar de dominação. Tanto foi que o professor João Pacheco de Oliveira 15
estabelece duas situações iniciais de representação dos índios pelos portugueses, tal como afirmei no início da
aula (a questão do Mito):
Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. A
representação positiva dos autóctones ficou marcada pela carta de Caminha.
Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre índios e
portugueses passaram a ser distintas do momento anterior. “Portugal não quer mais ter puramente parceiros
comerciais ou aliados, mas sim vassalos (...). Para isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania
exclusiva do território, expulsando os rivais franceses e implantando modalidades estáveis de geração de riquezas,
as quais propiciem aos moradores uma relativa autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova

15
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes

forma econômica é o estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto sesmarias,
aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”16.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Segundo os líderes da Igreja, como não tinham religião definida, os índios deveriam ser iniciados na
fé cristã. Já os africanos eram associados ao islamismo. Vistos como “infiéis”, sua escravização e
transferência para a América eram convenientemente interpretadas como uma forma de purgar
supostos pecados cometidos por esses povos.
(ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Ed. Ática. 2007, p.239)
A justificativa religiosa para a escravização de negros africanos
a) foi a mesma que os jesuítas utilizaram para a escravização dos indígenas.
b) foi articulada pelos reis católicos, à revelia do poder papal.
c) reforçou os interesses econômicos ligados ao tráfico negreiro.
d) foi construída após os colonizadores sofrerem resistência dos indígenas.
e) estava condicionada à destinação de parte do lucro das atividades econômicas da colônia ao
Vaticano, por meio do quinto.
Comentários
O texto disserta sobre as motivações que levaram o clero católico a condenar a escravização de
indígenas e incentivar o cativeiro de africanos. Acreditava-se que os indígenas estavam em um estágio
primitivo semelhante ao de Adão e Eva antes de deixarem o Éden. Por isso, não haviam cometido o
pecado original e deviam ser iniciados na religião cristã ao passo que eram ensinados a trabalhar e
ser civilizados. Por outro lado, os africanos eram associados ao islamismo, mas também à maldição
de Cam, filho de Abel que matou o próprio irmão e foi exilado na África. Com isso em mente, vejamos:
a) Incorreta. Como disse acima, as justificativas para a escravização de africanos eram diferentes da
usada para os indígenas.
b) Incorreta. Na verdade, monarquia e papado foram aliados na predileção pela escravidão africana,
um comércio muito mais lucrativo do que a escravização de indígenas ao passo que tinha uma
justificativa religiosa mais consistente.
c) Correta! O principal interesse dos portugueses em usar a mão de obra africana foi porque viram o
potencial lucrativo do comércio internacional de cativos. Com a justificativa oferecida pelo clero, era
a solução perfeita para o problema de mão de obra na colônia.

16
Idem, p. 207.
Prof. Alê Lopes

d) Incorreta. Não exatamente, apesar da resistência indígena, sua escravização seguiu firme nas
partes da colônia onde o custo para transportar cativos africanos era muito alto e onde a população
era mais pobre, incapaz importar mão de obra.
e) Incorreta. O quinto foi um imposto criado no século XVIII, para ser cobrado sobre o ouro
encontrado em Minas gerais. Portanto, não tinha nada a ver com a Igreja, nem com a escravidão.
Gabarito: C

5.1.1 - Resistência Quilombola


Em 1741, o Rei de Portugal expediu um Alvara Real que determinava a punição de negros
aquilombados, isto é, afrodescendentes que fugiam e se abrigavam em quilombos. O texto régio dizia,
Eu El Rei faço saber aos que este Alvará em forma de Lei virem, que sendo-se
presentes os insultos, que no Brasil cometerem os escravos fugitivos, a que
vulgarmente chamam quilombolas (...). Hei por bem, que a todos os Negros,
Quilombo tem o que forem achados em Quilombos, estando neles voluntariamente, se lhes
significado de ponha fogo uma marca em uma espádua [ombro] com a letra F, que para efeito
esconderijo, palavra haverá nas Câmaras; e se quando se for executar esta pena, for achado já com
a mesma marca, se lhe cortará uma orelha, tudo por simples mandato do Juiz
derivada de quimbundo de Fora, ou Ordinário da Terra, ou do Ouvidor da Comarca, sem processo
(esconderijo na língua dos algum, e só pela notoriedade do fato, logo que do Quilombo for trazido, antes
ambundos, grupo étnico de entrar para a cadeia.
banto de Angola).
Repare como era perversa e cruel a perseguição sobre os negros africanos e seus descendentes. O
final do texto ainda enfatiza que nenhum capturado teria direito a um “processo”. Bastava um “capitão do
mato” capturar um fugitivo para que ele sofresse a pena da marcação do “F” no ombro ou a da mutilação
da orelha.
Pois bem, querido e querida aluna, se essa ordem real, datada de meados do século XVIII,
expressava o tratamento para com os negros, você imagine as barbaridades cometidas pelos portugueses,
e demais europeus proprietários de terras, logo no começo da colonização no século XVI? Primeiro, a
opressão e a exploração recaíram sobre os índios, depois, sobre os negros escravizados oriundos da África.
Como vimos anteriormente, a proibição da escravização dos índios em 1570 e, principalmente, com as
possibilidades de lucro via tráfico negreiro, levou a um processo de substituição da mão de obra indígena
pela dos africanos aprisionados em seus territórios, deslocados para o Brasil e aqui escravizados.
Lembremos alguns pontos do panorama sobre as condições de vida e de trabalho forçado dos africanos transferidos
para a América Portuguesa entre os séculos XVI e XVII:

 Trabalho no plantio, em média 13 horas por dia;


 Trabalho no corte e moagem da cana de açúcar, em média 18
horas por dia;
 A moradia eram as senzalas: fechadas, escuras, sem
condições de higiene e saneamento básico;
 Viviam vigiados sob a ameaça de armas;
 Castigos como prática de punição, tais como:
 Chicotadas com couro cru;
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 Aprisionamento em tronco;
 “vira-mundo” (instrumento que prendia pés e mãos);
 “gargalheira” (instrumento que imobilizava o pescoço);
 Mordaça e máscara;
17

Agora, vejamos algumas formas de resistência dos negros frente


ao racismo estrutural presente no sistema colonial do Brasil.

Diante da condição escrava, os africanos trazidos para o Brasil, bem como seus descendentes, não ficaram
passivos. Reagiram de diferentes maneiras, em grande parte, sempre para amenizar as dores físicas e
mentais do trabalho escravo.
A partir dos estudos bibliográficos, é possível listar algumas formas de resistência:
Algumas mulheres, para evitar que seus filhos nascessem naquele mundo, provocavam abortos. Ao
mesmo tempo que essa ação significava uma resistência, também expressava uma violência contra
o corpo dessas mulheres negras;
Outra “auto violência” corporal era o suicídio;
Sabotagens nos engenhos por meio de destruição de plantações, instrumentos e, principalmente,
da moenda;
Emboscadas e ataques surpresas à elite branca (senhores de engenho). Nesses ataques,
promovidos por ex-escravos, as casas-grandes eram saqueadas e os canaviais e depósitos postos
em chama.
Negociações com senhores de engenho para obtenção de melhores condições de vida, como
alimentos, vestuário e moradia;
Fugas dos engenhos, tanto individuais, quanto coletivas. Estas, por sinal, merecem atenção especial
pois resultaram na formação dos Quilombos.

Os escravos que conseguiam fugir dos engenhos começavam a organizar comunidades em regiões
afastadas da zona de controle dos colonos e da Coroa. A esses agrupamentos de negros livres se
denominou Quilombos ou Mocambos.
Durante muitos anos, a resistência quilombola marcou a história dos negros na América portuguesa.
Muitos quilombos, além de receber negros que fugiam da dominação do sistema escravista, chegaram a
reunir índios e até brancos descontentes com as imposições do governo português.

Disponível em:
17

http://www.campanha.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1431:tronco--instrumento-
de-castigo&catid=455:semana-de-museus&Itemid=248. Acesso em: 06/04/2019.
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A vida nos quilombos era baseada na agricultura e em pequenas trocas comerciais


com comerciantes e taberneiros das proximidades. A depender da localidade,
poderiam ainda fazer mineração e cerâmica.

Com a formação dos Quilombos, a preocupação dos senhores de engenho e da Coroa era com a
disseminação de ideias insurrecionais, contrárias, portanto, ao sistema escravista.

18

O Quilombo dos Palmares se destacou na


resistência negra. Localizado em uma região da
capitania de Pernambuco, começou a ser
organizado em 1580 e foi destruído por colonos e
pela Coroa portuguesa em 1694. Ganga Zumba e
Zumbi se destacaram entre os líderes de Palmares.
O primeiro governou de 1656 a 1678 e, Zumbi
governou de 1678 até a queda do quilombo.
Zumbi era sobrinho de Ganga Zumba e articulou a
derrubada do tio por considerar que a política de
Cacau Ganga Zumba (de aproximação com os brancos)
não condizia com a ideia de liberdade do negro.
Zumba chegou a firmar um acordo com o
governador de Pernambuco que previa a libertação
dos negros nascidos em Palmares, mas em troca, os
fugitivos mais recentes no Quilombo deveriam ser
devolvidos. Zumbi não concordou com essa
proposta e liderou uma rebelião contra o então
chefe. Era o acordo de Cacaú.

Em novembro de 1678, Ganga-Zumba foi a Recife assinar o acordo. No acordo foi cedido região de
Cucaú, distante 32 km de Sirinhaém. Ali poderiam estabelecer ''comércio e trato'' com os moradores da
região e um lugar onde pudessem viver ''sujeitos às disposições'' da autoridade da capitania. Mas a
promessa de entregar os escravos que dali em diante fugissem e fossem para Palmares foi interpretada
por muitos palmarinos como traição. A população do maior quilombo se dividia. Gamba Zumba morreu
envenenado e, por fim, o próprio governador não respeitou o acordo de paz e invadiu Cacau 3 anos mais
tarde.

Para destruir Palmares foi contratado o bandeirante Domingos Jorge Velho. Em 1692, em uma
primeira tentativa, Jorge Velho e seus aliados cercaram Palmares, mas os quilombolas venceram o

18
GENARI. Emílio. Em busca da liberdade – traços da luta escrava no Brasil. Ed. Contexto.
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confronto. Dois anos depois, em 1694, Jorge Velho, com mais 6 mil soldados conseguiram vencer Palmares.
Zumbi escapou, mas foi pego em 1695. Após ser preso, foi morto e sua cabeça ficou estiada em praça
pública em Recife.

No século XX, a organização dos quilombos se multiplicou em muitas regiões do país e, até hoje, existem
as assim denominadas “comunidades quilombolas”. Algumas conseguiram o direito ao reconhecimento
da terra que seus antepassados escravos conquistaram e outra, não. Por sinal, a nossa atual
Constituição, a Constituição Federal de 1988, prevê o direito à terra aos descendentes de quilombolas.

Analise o quadro abaixo sobre anúncios de escravos publicados no jornal O Universal (Ouro
Preto/MG), entre 1825 e 1831,

Analise as proposições, considerando as informações do quadro acima e a história da escravidão no


Brasil.
I. O quadro fornece informações importantes sobre sexo e etnia, por exemplo, dos 116 escravos
fugidos mais de 90% eram africanos, e mais de 80% do sexo masculino.
II. A maioria de homens, entre os fugitivos nos anúncios, não deve ser explicada somente pelo fato
de que eram predominantes no conjunto da escravaria, outras questões devem ser observadas para
além dos números como, por exemplo, as relações familiares, principalmente a existência de crianças
que dependiam das mulheres, dentre outros fatores que merecem estudos auxiliares.
III. A publicação de inúmeros anúncios de fuga permite inúmeras inferências, a mais óbvia deve-se à
negação do cativeiro, a uma forma de recobrar o domínio de suas vidas, haja vista que o sistema lhes
negava tal domínio.
IV. Menos de 7% das mulheres cativas fugiam, segundo os anúncios publicados, o que se explica pelo
fato de os homens serem a maioria no conjunto dos escravos, e, considerando-se a questão de
gênero, serem mais corajosos e propensos ao risco da fuga.
a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
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Comentários
Vamos direto à análise dos itens:
O item I é sobre a interpretação da Tabela. Na afirmativa I, afirma-se que dos 116 escravos fugidos
90% são africanos, olhando a tabela, no entanto, verifica-se que destes 116 apenas 57 são africanos,
ou seja, em torno de 50%. O item está errado. Com isso, já descartamos as alternativas E, D e A.
O item II está correto, pois ela não fecha uma interpretação generalizante sobre os dados, apenas
sugere que pode haver inúmeras razões para que os dados sejam tais como apresentados. Os dados
quantitativos não permitem uma qualificação global das explicações mais profundas sobre as fugas,
embora tendências possam ser anunciadas, como faz o item II.
Já a alternativa III, apresenta uma razão comum sobre o porquê os escravizados fugiam. Ora, como
temos visto nesta aula, a tendência histórica indica que a submissão a maus tratos e opressão não é
tolerada sem resistências. Tal afirmativa, diferentemente da anterior já é mais fácil de ser
universalizada, pois há um dado histórico sobre isso.
O item IV está errado, pois faz uma suposição de gênero sobre a falta de coragem das mulheres para
fugir. Repare que os dados não permitem afirmar isso. Por exemplo, as mulheres podiam evitar fugas
porque, em sua maioria, tinham crianças ou bebês, fato que coloria em risco a vida de ambas em uma
estratégia de fuga pelas matas.
De toda forma, perceba que o temática da resistência, fugas, condição do escravo, é algo muito
importante para os estudos para as provas.
Gabarito: C

5.2 - Índios, ou melhor, povos originários


Diante da cultura escravista já presente na sociedade branca europeia, a extração do pau-brasil - único
recurso lucrativo disponível no Brasil conquistado - necessitava de mão de obra. Tanto para explorá-lo
(cortar, carregar, preparar e embarcar), quanto para organizar um povoamento português capaz de conter
invasões estrangeiras (como a dos franceses e holandeses), a mão de obra indígena foi estratégica.
Em linhas gerais, durante os séculos XVI e XVII, o modo de inserir os cerca de 2,5 milhões de índios do litoral brasileiro
no processo de colonização consistiu, basicamente, em três métodos.

O primeiro consistia na escravização pura e simples, na base da força, empregada normalmente


pelos colonos. Para tanto, os colonizadores lançavam mão de alianças com etnias indígenas inimigas
entre si, de modo que – de aliança em aliança- desarticulavam qualquer resistência unificada dos
índios contra os invasores portugueses. Por sinal, esse tipo de estratégia foi a adotada na América
Espanhola;
O segundo era o estímulo à criação de um campesinato indígena por meio da aculturação e
destribalização, as quais eram praticadas primeiramente pelos jesuítas, e depois pelas demais
ordens religiosas;
O terceiro consistia na busca da integração gradual do índio como trabalhador assalariado, medida
adotada tanto por leigos como pelos religiosos. O início desse processo foi marcado pelo escambo,
a troca de utensílios europeus por trabalho indígena no corte e carregamento do pau brasil.
Com a crescente resistência dos povos indígenas, a política indigenista ficou caracterizada pelo seguinte dualismo:

 Conquista militar e escravização dos índios (no caso da “guerra justa”)


 Conversão dos índios ao cristianismo e consequente subordinação.
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Os jesuítas foram os europeus que mais pressionaram a Coroa e os colonos a tratarem os índios
como filhos de Deus, o “bom selvagem”. Dessa forma, por um lado, atuaram para a liberdade dos índios e
contra o aprisionamento. Por outro, os jesuítas foram abnegados conversores da subjetividade indígena.
Assim como os clérigos atuantes nas colônias espanholas, os jesuítas no Brasil quiseram ampliar o número
de fiéis, pois concebiam a cultura ameríndia como inferior e pagã.
No processo de evangelização, os jesuítas fizeram duas tentativas:

 Converter índios em suas próprias aldeias. Ações com menor resultado de conversão;
 Converter índios em aldeamento construídos pelas missões de evangelização, as chamadas
reduções. Essa ação rendeu mais resultados para os jesuítas.

Á luz dos ensinamentos do antropólogo Antônio Carlos de Souza Lima (professor UFRJ)19,
você deve ter em mente que, do ponto de vista político, a ação colonizadora de “conquista”
significou:

1) a conquista como uma modalidade de guerra, em que domínio sobre populações reduzidas
pela força militar, suas terras, seus recursos naturais foram apropriados num processo no
qual a aliança com parte das populações habitantes dos espaços a serem incorporados, e
todo um aparato que hoje chamaríamos de “meios de comunicação”, tiveram tanta ou mais importância
que a violência física;
2) a conquista não foi somente guerra e destruição (violência aberta, portanto); mas implicou em
produção de novas relações/identidades sociais, isto é, também se apresentou como violência simbólica;
3) no caso dos povos presentes na porção do continente invadida pelos portugueses, devemos falar no
plural - em conquistas -, pois, ao contrário do México ou do Peru, onde os espanhóis lutaram contra
estruturas de poder com um modo de centralização similar a algumas existentes no passado
mediterrâneo, os dispositivos políticos dos índios brasileiros eram muito distintos.

No contexto da pregação cristã em terras indígenas, ao mesmo tempo que índios eram
catequizados, eles também mantinham suas identidades culturais originárias. Com isso, muitos
sincretismos religiosos foram formados, à revelia do controle da catequização dos jesuítas. Na prática, era
uma forma de resistirem tanto à violência física da escravização, quanto à violência subjetiva da
catequização. Como as reduções acabavam se transformando em locais protegidos, muitos índios
passavam a viver sob a tutela dos jesuítas.
A mistura entre a cultura cristã e a indígena produziu visões de mundo, formas de pensar própria das etnias
indígenas, baseadas na resistência contra o europeu opressor e explorador, um verdadeiro sincretismo
religioso.
Para você ter uma ideia, em 1580, no Recôncavo Baiano, ocorreu uma grande insurreição indígena.
Até os jesuítas ficaram surpresos. Antônio, um índio educado por jesuítas, reuniu vários índios escravizados
para anunciar a profecia da Terra sem Mal. Essa terra seria um lugar distante dos engenhos e das
brutalidades dos senhores. A revolta foi brutalmente massacrada por tropas portugueses da região

19
LIMA, Antonio Carlos de Souza. Um olhar sobre a presença das populações nativas na Invenção do Brasil. IN:
Aracy Lopez da Silva; Luiz Donisetti Benzi Grupioni. (Org.). A QUESTÃO INDÍGENA NA SALA DEAULA. NOVOS
SUBSÍDIOS PARA PROFESSORES DE 1º E 2º GRAUS. 1 ed. BRASÍLIA: MEC, 1995, p. 407-419
Prof. Alê Lopes

nordeste. Por sinal, no nordeste do Brasil colônia, o período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da
escravidão indígena nos engenhos, especialmente naqueles localizados em Pernambuco e na Bahia, como
vimos anteriormente.
A Coroa portuguesa publicou uma ordem de proibição da escravização dos povos nativos, em 1570,
lembra? Isso ocorreu devido a:
 resistência indígena à escravização
 diminuição exponencial da população indígena (vítimas das doenças e do trabalho escravo
extenuante)
 resistência dos jesuítas
 necessidade de os negócios da Coroa (lucro) serem ampliados a partir do tráfico negreiro
É importante ressaltar que essa ordem teve mais eficácia no nordeste do Brasil, nas terras dos
grandes engenhos de açúcar e pouca no sudeste e sul.
A perseguição e subjugação dos índios no sudeste do Brasil foi incentivada por autoridades da Coroa
portuguesa presentes na colônia e por agentes particulares (portugueses endinheirados), que buscavam
novos investimentos, para além do comércio da cana de açúcar. Como a produção de açúcar das capitanias
de Santo Amaro e São Vicente (territórios equivalentes à região atual do estado de São Paulo) não
conseguiam competir com o Nordeste, os paulistas tiveram que pensar em alternativas de investimento,
como: comércio de índios escravizados e busca por metais preciosos.
Os paulistas, em particular aqueles conhecidos como “bandeirantes”, organizaram vilas e terras
agricultáveis a partir da mão de obra escrava indígena. Contudo, tiveram que sair do litoral e adentrar o
planalto em busca de riquezas, de índios e terras mais agricultáveis. Por isso, esses colonizadores europeus
passaram a ser conhecidos como “sertanistas”, da qual “bandeirante” é uma variante.
O centro desse movimento de interiorização dos conquistadores foi a vila de São Paulo, fundada
pelos jesuítas em 1554. Nessa região, a escravização indígena foi empregada em setores específicos da
agricultura, como na plantação do trigo. Esse produto era comercializado com outras regiões, como a do
Rio de Janeiro. O interessante é que essa situação gerava um conflito entre bandeirantes e jesuítas – que
combatiam a escravização indígena – e, posteriormente, com a Coroa (Metrópole), quando ela passou a
proibir a mão de obra escrava indígena, em 1570. Muitos aldeamentos (as reduções) eram atacados por
bandeirantes.
Em linhas gerais, os bandeirantes paulistas:

 ignoravam a proibição da captura e do tráfico de índios;


 ignoravam o papel das reduções jesuítas;
 ignoravam as demarcações do Tratado de Tordesilhas, pois as expedições sertanistas acabavam
estabelecendo domínios em terras espanholas.
Por volta de 1640, os jesuítas das terras do sul, sudeste e centro-oeste, juntamente com os
indígenas, conseguiram resistir e impuseram derrotas aos bandeirantes. Dessa forma, o fornecimento de
mão de obra para a economia da capitania de São Vicente foi estagnado, dificultando ainda mais a vida
econômica de uma região marginal na economia açucareira.
Diante dessa derrota, os bandeirantes passaram a ser contratados para destruir e desarticular os
quilombos do Nordeste. Um desses contratados para agir no Nordeste foi o bandeirante Domingo Jorge
Velho, que recebeu uma fortuna em troca de dizimar o Quilombo dos Palmares, como dito acima.
Prof. Alê Lopes

Outra região que sofreu


com a chegada do modo
de vida colonial escravista
foi Maranhão e Grão-
Pará. Como a produção
canavieira também não
encontrou solo favorável
nessas terras, as
alternativas foram os
comércios de índios
escravizados e de
produtos da terra. Os
colonizadores
aproveitaram-se da
exploração das chamadas
“drogas do sertão” da
Floresta Amazônica
(produtos in natura para
remédios, temperos e
tinturaria). A mão de obra
empregada nesse tipo de
atividade foi a escrava indígena.
A título de reforço, lembre-se de que outra violência empregada contra os índios foi a disseminação
de doenças. Tanto os colonos europeus, quanto os aldeamentos jesuíticos contribuíram para a propagação
da varíola, da gripe, dentre outras doenças não típicas dos povos nativos. Em 1562, em nome da “Guerra
Justa”, o Governador Mem de Sá se dirigiu com um exército até o litoral norte da Bahia e parte de
Pernambuco para conter uma revolta dos caetés. Depois de submetidos, esses índios sofreram com a
epidemia de varíola. Cerca de 70 mil deles morreram nesse momento.
Em resposta à deterioração das condições de vida, seja nas aldeias (vilas ou reduções), seja fruto das perseguições,
os índios responderam de muitas formas:

 fugas para regiões mais interioranas;


 conflitos físicos contra os conquistadores.
 Cercamento de aldeias e ataques a engenhos;
 Alianças com europeus rivais, por exemplo, Tupinambás aliaram-se com franceses para combater
os portugueses
Entretanto, as resistências indígenas não foram suficientes para conter as baixas. Conforme compilação
de dados governamentais, o balanço histórico da população indígena é percebido nos seguintes números:
Prof. Alê Lopes

Os Tupinambás ganharam destaque na preocupação da Coroa Portuguesa. Além de, em certas


ocasiões se aliarem aos franceses, eles realmente colocavam em risco os planos da Metrópole. Foram
diretamente citados nas ordens do Rei de Portugal aos Governadores para que todos os Tupinambás
fossem “castigados com muito rigor (...) distraindo-lhes suas aldeias e povoações e matando e cativando
aquela parte deles que vos parecer que basta para seu castigo e exemplo”20.
Um pouco de atualidade sobre a questão indígena

Os conflitos em torno da questão indígena no Brasil continuam até hoje, principalmente


aqueles relacionados à demarcação de terras e às explorações econômicas nas terras
indígenas (garimpo e derrubada de madeira).21
A demarcação é um tipo de política pública que procura preservar áreas originárias de
diversas etnias. Porém, sabemos que o crescente desmatamento provocado por
madeireiras e pela indústria de papel, as devastações feitas pelo “agronegócio”, as
mineradoras, dentre outras empresas despreocupadas com questões ambientais e com os
povos originários, tornam o conflito pela terra mais intenso.
Essa discussão atual com olhares para o passado é muito importante e pode cair em questões de História
e de Geografia, principalmente porque, segundo o Comitê de Direitos Humanos da ONU,

20
OLIVEIRA, João Pacheco. Op. Cit., p. 183.
21
Se você tiver interesse de saber mais sobre a questão indígena no Brasil, entre no portal da Fundação Nacional
do Índio, a FUNAI, uma entidade do Governo Federal. Já para saber como as etnias atuais buscam se auto afirmar
e construir suas identidades, veja os Raps: https://www.youtube.com/watch?v=oLbhGYfDmQg e
https://www.youtube.com/watch?v=hyyBB_xf3jo.
Prof. Alê Lopes

[...] a cultura se manifesta sob várias formas,


inclusive no que diz respeito a um modo de vida
especificamente relacionado ao uso de recursos
associados à terra, em especial no caso de
povos indígenas. Esse direito pode incluir
atividades tradicionais, como pesca ou caça”.

6. Açúcar: do esplendor à crise


Desde que se começou a produzir açúcar na colônia, no início do século XVI, o Brasil se tornou o maior
produtor e exportador desse produto. De fato, o século XVI marca o esplendor da economia açucareira.
Comerciantes portugueses, holandeses, colonos senhores de engenho, bem como outros países de
maneira indireta, beneficiaram-se grandemente do comércio internacional dessa mercadoria. A
proliferação dos engenhos, no Brasil, era uma demonstração de um lucrativo negócio.
O professor Stuart B. Schwartz22, afirma
que esse rápido crescimento da produção
açucareira parece estar vinculado a dois
fatores macroeconômicos. Veja ao lado:

22
SCHWART.Stuart B. O Brasil Colonial, c. 1580-1750: as grandes lavouras e as periferias. In (org) BETHELL, Leslie.
História da América Latina: América Latina colonial. Volume II. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo/USP; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012. Pp. 339-422.
Prof. Alê Lopes

6.1 - Explicando a crise do açúcar


A partir do século XVII o cenário mudou.

Houve uma expressiva queda nas exportações do


açúcar brasileiro, o que gerou uma crise da
economia colonial. Observe na tabela os dados que
demonstram esse declínio.
O professor Schwartz explica que, a longo prazo, as
questões de perdas e lucros da produção voltada
para o mercado externo, como o açúcar, são
vulneráveis a pelo menos por 3 elementos:

 O movimento de oferta e demanda do produto


 O cenário da política internacional
 Questões locais no centro produtor
Levando em consideração esse esquema lógico, vamos à análise que procura explicar por que, no
século XVII, a produção açucareira no Brasil passou do esplendor à decadência. Vejamos.

6.1.1 – Mercado internacional do açúcar e de escravos


No começo do século XVII, com a expansão do século XVI, houve o aumento da oferta do produto
no mercado. Isso tornava o produto cada vez mais barato. Além disso, o aumento da produção do açúcar
fez aumentar a demanda por escravos, por isso, veremos que ao longo do século XVII ocorreu o aumento
expressivo do preço de cada escravo. E o que isso tem a ver, você poderia me perguntar.
A questão é que o escravo representava o maior custo da produção açucareira. Baseado nos números de
João André Antonil, o professor Schwartz afirma que o preço de cada escravo quadruplicou. Portanto, o
custo da produção aumentava. Qual a conclusão, meus caros?

“Pode-se dizer, de
modo geral que, o
Brasil defrontou-se com
custos crescentes e
preços declinantes para
o seu açúcar.”
(SCHWATZ, idem, p.
367-368)

É verdade que a partir de 1620 os valores do açúcar começaram a subir na Europa. No entanto, as
questões políticas internacionais com grandes consequências para as questões locais na colônia não
contribuíram para a retomada dos lucros da empresa açucareira na América Portuguesa.
Prof. Alê Lopes

Vamos aos fatos!

6.1.2 – União Ibérica e invasão holandesa


A União ibérica é o nome que se dá para o momento histórico em que houve união das coroas
portuguesa e espanhola, entre 1580 e 1640.

Mas Alê, o que aconteceu para unificar as coroas? Foi um casamento? Uma crise sucessória, o que
rolou?

Em 1578, morreu o último rei da Dinastia dos Avis – Dom Sebastião. Na verdade, ele sumiu durante
a conhecida Batalha de Alcácer-Quibir, contra os mouros no norte da África. Seu corpo nunca foi
encontrado. Como o jovem rei não deixou herdeiros, seu tio-avô, o Cardeal dom Henrique, governou
Portugal. Dois anos depois morreu e não deixou herdeiros.
Então, em 1580, o rei da Espanha, considerando-se herdeiro legítimo do trono de Portugal (porque
era um neto de um dos reis portugueses), invadiu Portugal e o submeteu. Nesse cenário prometeu:
autonomia para a Coroa, que seria governada por um regente.
não interferência na colônia portuguesa.
Mas o que vimos foi diferente.
Os conflitos políticos internacionais nos quais a Espanha estava envolvida acabaram surtindo efeito
na América Portuguesa. Refiro-me às disputas entre Espanha e Holanda. Esta estava em plena luta pela
independência em relação ao domínio espanhol sobre seu território (Guerra dos 30 Anos).

Ei, Cadete, já está imaginando os rolos que podem ser gerados? Lembra do papel da Holanda na
economia açucareira de Portugal no Brasil (fase do refino e distribuição)? Pois, então....

Diante dessa disputa entre espanhóis e flamengos, uma das medidas do governo espanhol de Felipe
II foi excluir a Holanda do negócio açucareiro do Brasil. Isso afetou diretamente as relações comerciais
entre Portugal e Holanda. Sacaram?

Meu deus, Alê, mas quem iria refinar o açúcar brasileiro?

Pois é, cadete, se fosse só esse problema estava bom. A questão é que a Holanda não podia deixar
passar em branco, já que ela dependia da produção do açúcar para manter suas divisas. Nesse começo de
século XVII, ela não produzia açúcar, apenas transportava e refinava. Como você deve saber a essa altura
da aula, produzir cana-de-açúcar era um negócio complexo e custoso. Assim..... o que a Holanda resolveu
fazer?

INVADIR O BRASIL!!!!!
Perceberam qual era a intenção da Holanda? Ocupar o lugar de Portugal no mercado mundial,
tomando suas feitorias, colônias e controlando o comércio com a Índia.
Portanto, as pretensões não se restringiam à América Portuguesa, mas às possessões de Portugal
de modo geral. Por isso, antes de invadir o Brasil, os holandeses pilharam a costa africana por meio de
verdadeiros exércitos privados da Companhia das Índias Orientais – empresa privada que tinha por objetivo
disputar e controlar as atividades marítimo comerciais com o Oriente.
Anos depois, em 1621, fundaram a Companhia das Índias Ocidentais, com o mesmo formato,
porém, para conquistar as áreas diretamente relacionadas com a produção de açúcar – nesse caso, o Brasil.
Prof. Alê Lopes

Para o Brasil tratava-se apenas de ser explorado por outra potência, ou seja, uma substituição de
quem manda.

Bem, profe, a pergunta é: deu certo pra Holanda?

A Holanda, então, delegou à Companhia das Índias Ocidentais a tarefa de invadir o nordeste
brasileiro – já que em Pernambuco e na Bahia encontravam-se as principais zonas produtoras de açúcar.
Veja a cronologia dos ataques:

6.1.3 - Brasil Holandês


O estabelecimento dos holandeses ocorreu em Pernambuco, a capitania mais importante em
função do açúcar. Em 1630, 56 navios chegaram ao litoral expulsaram o então governador da capitania,
Matias Albuquerque. Este fugiu para o interior e se estabeleceu no Arraial de Bom Jesus.
A partir desse Arraial pode-se dizer que a tática de resistência contra os holandeses foi a de
guerrilha. Até 1635 a resistência deu trabalho aos holandeses, depois, foram mais dois anos para que, a
partir de 1637, a Companhia das Índias Ocidentais conquistasse a região e organizasse a administração do
território conquistado. Então, anote aí: entre 1637 e 1644 os holandeses reinaram na região
pernambucana.
Para essa empreitada, chegou ao Brasil o conde João Maurício de Nassau-Siegen, que foi nomeado
governador-geral do Brasil Holandês. Com o objetivo de pacificar e retomar os negócios lucrativos, sua
administração ficou marcada pelo seguinte:
• Reativação econômica: concessão de créditos aos senhores de engenho, inclusive portugueses, a
partir do dinheiro da Companhia das Índicas Ocidentais.
• Tolerância religiosa: a religião oficial dos holandeses era o calvinismo. Assim, para ampliar as
possibilidades de pacificação, essa medida amenizou conflitos com portugueses e espanhóis
católicos e com outras religiões.
• Reforma urbanística: Recife foi repaginado, um grande investimento arquitetônico, com construção
de casas, pontes, ruas, saneamento básico, dentre outras obras de infraestrutura.
• Estímulo à vida cultural: foi um época em que diversos pintores retrataram a economia açucareira
e o esplendor de Pernambuco, segundo a visão pintada nos quadros.

Quem foi Nassau?


Prof. Alê Lopes

Sua origem é alemã, de família nobre, porém, foi nos Países Baixos (Holanda) que Johann Moritz von
Nassau-Siegen (1604-1679), mais conhecido como João Mauricio de Nassau-Siegen, ganhou
notoriedade. Nassau recebeu uma educação humanista e baseada na religião protestante.
A partir dos 16 anos de idade foi morar nos Países Baixos onde iniciou a carreira militar. No exército
holandês, ele exerceu a função de “alferes de cavalaria”. Se destacou nas operações e campanhas na
Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), contra a Espanha e pela independência das regiões dos Países
Baixos. Com destaque, em 1636 ele liderou a reconquista do castelo Schenkenschans, o qual estava sob
domínio dos espanhóis. Seu nome passou a ser motivo de orgulho para os holandeses e, com pouco
mais de 30 anos de idade, assumiu o comando dos negócios da Companhia das Índias Ocidentais no
nordeste brasileiro.
Como recompensa dos serviços prestados, Nassau recebeu do rei do Sacro Império Romano-Germânico,
em 1652, o título de príncipe. Aposentou-se da vida militar, em 1675.

Como tudo o que é bom dura pouco, Nassau se desentendeu com a Companhia das Índias
Ocidentais. Perdeu o cargo de governador-geral em 1644 e voltou para Europa.
A saída de Nassau praticamente coincide com a reconquista de Portugal, em 1640, pelo
portugueses. Ainda sob a administração de Nassau, os portugueses buscaram um acordo de paz com os
holandeses, um acordo de 10 anos (entre 1638-1645). Mas, três elementos influenciam na quebra do
acordo:
• A saída de Nassau, em 1644, do comando da administração de Pernambuco.
• A pressão da Companhia das Índias Ocidentais para que os engenhos produzissem mais,
pagassem mais impostos e liquidassem as dívidas dos créditos anteriormente concedidos.
• Iniciou da intolerância religiosa, proibindo católicos de praticarem livremente a religião.
Neste cenário conflituoso, os portugueses e os luso-brasileiros iniciam a luta pela expulsão dos
holandeses.

6.1.4- Insurreição Pernambucana (1645-1654)


A Insurreição Pernambucana foi a guerra que garantiu a restauração do território colonial para a
Coroa portuguesa. Por meio de uma longa guerra que uniu colonos, índios, negros libertos, senhores de
engenho, foi possível expulsar os Holandeses do Brasil, em 1954.
Além do que expliquei acima, vamos sistematizar as causas em outras palavras:
 especulações extorsivas praticadas por comerciantes estrangeiros – em cenário de queda
internacional do preço do açúcar;
 insolvência das dívidas de luso-brasileiros que passaram a ser cobrados intensamente;
 antagonismo religioso entre católicos e calvinistas, exacerbado após a partida de Nassau;
 negação da prometida participação dos colonos pernambucanos nos governos locais.
Prof. Alê Lopes

Observe a Cronologia da Guerra que expulsou os Holandeses do Brasil

“Nestes montes, brancos, negros e índios, irmanados por um só ideal, o de defender


a pátria contra o invasor holandês, por duas vezes, derrotaram poderosa força de um
exército muito superior em efetivo, em armamento e em equipamento.” – Exército
Brasileiro

Francisco Barreto de Menezes

Começo essa parte com uma citação do Exército para você entender o sentido histórico que a
Corporação atribui a esse evento: uma unidade de todas as raças (tropas patriotas) para defender a pátria.
É claro que não tínhamos pátria e nem exército, mas é uma experiência “protonacionalista” – defesa militar
do território. Guardem isso. As Batalhas de Guararapes foram fundamentais para expulsar os holandeses
do Brasil.
Prof. Alê Lopes

Veja os principais comandantes, suas origens étnicas que respaldam a interpretação que traz a citação do Exército
brasileiro.

Comandantes
Holanda: Von Schkoppe, o comandante das
tropas flamengas

Brasil: Francisco Barreto de Menezes


comandante das tropas patrióticas.

Outros Líderes : João Fernandes Vieira, Amador


de Araújo, Antonio Cavalcanto, André Vidal de
Negreios

Capitão
Felipe Camarão (índio) Henrique Dias (negro)
Antonio Dias Cardoso (branco)

Observe a descrição feita da região onde ocorreram as batalhas:

Nós estamos no interior do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, no município de Jaboatão dos
Guararapes, mais precisamente no Mirante, no Morro do Oitizeiro, o qual se estende até o Oceano
Atlântico. Entre a mata do Morro do Oitizeiro e o alagadiço próximo ao mar, encontramos uma estreita
passagem denominada de Boqueirão. Na nossa frente está o Monte de Telégrafo. À retaguarda destaca-
se o Morro do Outeiro ou atual Morro da Igreja. Entre o Monte do Telégrafo e o Morro do Outeiro,
identificamos o Córrego da Batalha. Além do Monte do Telégrafo, ligando a cidade do Recife aos Montes
Guararapes, encontramos a Estrada da Batalha, a qual se dirige para o interior do Boqueirão.
Prof. Alê Lopes

Batalha do Monte das Tabocas


Apesar de Guararapes ser o confronto mais lembrado, vale destacar a Batalha do Montes das Tabocas,
pois foi o primeiro enfrentamento entre tropas da Companhia das Índias e a resistência pernambucana.
Ela ocorreu em agosto de 1645 e demonstrou a habilidade da força militar luso-brasileira em emboscar
o inimigo aproveitando as vantagens do terreno. Mas, o grande destaque foi para os civis e para
escravos, o povo mesmo. No ápice do confronto, após dias de avanços e retrocessos, a batalha virou
corpo a corpo. O povo começou a aparecer, escravos também entrar com flechas, instrumentos de
trabalho, e, no final, os holandeses foram derrotados, tiveram que fugir.

A rendição holandesa ocorreu após acordos de paz entre Portugal e Holanda. O último acordo, de
1669, estabeleceu que, em troca do Nordeste brasileiro e de algumas possessões na África, os holandeses
receberiam como pagamento o equivalente a 63 toneladas de ouro.

Foram, respectivamente, fatores importantes na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua


posterior expulsão:
a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os desentendimentos entre Maurício de
Nassau e a Companhia das Índias Ocidentais.
Prof. Alê Lopes

b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de engenho


com a Companhia das Índias Ocidentais.
c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não aceitação do domínio estrangeiro
pela população.
d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim da dominação espanhola em
Portugal.
e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança de interesses da Companhia das Índias
Ocidentais.
Comentário
Olha só, eu escolhi essa questão para mostrar para reforçar com você o modo de resolvê-la. São 2
perguntas em 1. Fatores para a ocupação do território colonial pela Holanda e, depois, os motivos da
sua expulsão. Aqui você precisava conhecer um pouco sobre a história da relação entre Holanda e
Portugal durante o Período da União Ibérica. O que causou a invasão da Holanda foi sua participação
no comércio do açúcar e, com a União Ibérica, o fim dessa parceria. A expulsão se deu porque a
Holanda, por meio da companhia de Comércio das Índias Ocidentais, pressionou os senhores de
engenho endividados com os bancos holandeses.
Gabarito: B
Agora, como esse capítulo da História do Brasil é importante, convém trazer para nosso
conhecimento uma passagem reflexiva do historiador Boris Fausto que, eventualmente, pode virar questão
de prova. Olha só o que ele indica:

Uma pergunta que sempre surge quando se estuda a presença holandesa no Brasil é a seguinte: o destino do país seria
diferente se tivesse ficado nas mãos da Holanda e não de Portugal?
Não há uma resposta segura para essa questão, pois ela envolve uma conjectura, uma possibilidade que não se tornou
real. Quando se compara o governo de Nassau com a rudeza lusa e a natureza muitas vezes predatória de sua colonização,
a resposta parece ser positiva. Mas convém lembrar que Nassau representava apenas uma tendência e a Companhia das
Índias outra, mais próxima do estilo do empreendimento colonial português. Vista a questão sob esse ângulo, e quando
se constata o que aconteceu nas colônias holandesas da Ásia e das Antilhas, as dúvidas crescem. A colonização dependeu
menos da nacionalidade do colonizador e mais do tipo de colonização implantado. Os ingleses, por exemplo,
estabeleceram colônias bem diversas nos Estados Unidos e na Jamaica. Nas mãos de portugueses ou holandeses, com
matizes certamente diversos, o Brasil teria mantido a mesma condição de colônia de exploração integrada no sistema
colonial.
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995, pp. 89-90)

6.2 - As consequências desses acontecimentos para a economia


colonial: crise da colônia
Para a economia açucareira, na América Portuguesa, a União Ibérica e os consequentes conflitos
com a Holanda foi um desastre. O saldo geral foi a diminuição das exportações de açúcar e a perda da
liderança no mercado mundial. O Brasil nunca mais foi o mesmo no sistema de comercio atlântico.
Portugal também nunca mais foi o mesmo, veremos que ele passará para uma posição de
dependência e submissão em relação a outros países que, nesses 60 anos, alçaram voos e ocuparam o
espaço outrora monopolizado pelos pioneiros portugueses. Veremos esse assunto na próxima aula
Abaixo trago para vocês uma lista das perdas que Portugal e Brasil tiveram nesse período, segundo
artigo do professor da Universidade de Yale, Stuart B. Schwartz:
Prof. Alê Lopes

Entre 1624 e 1628: perda de inúmeras safras de cana de açúcar


Entre 1630 e 1639: perda de 199 navios portugueses
Entre 1647 e 1648: perda de 220 navios portugueses e destruição de 23 engenhos
Entre 1645 e 1654: incêndio de canaviais e engenhos. Desativação de 65 de 49 engenhos
em Pernambuco
1650: Redução da capacidade produtiva. Estimava-se que Pernambuco tinha capacidade
para produzir 25 mil caixas de açúcar. Mas só produziu 6 mil caixas

Além disso, quero ressaltar que a Holanda passou a produzir cana-de-açúcar nas Ilhas Antilhanas.
Durante o tempo em que a Companhia das Índias Ocidentais permaneceu ocupando o nordeste brasileiro,
ela aprendeu e aprimorou as técnicas necessárias para desenvolver um engenho. Assim, detentores do
conhecimento sobre todas as fases dos negócios do açúcar (produção, refino e comercialização), os
Holandeses passaram a vende-lo mais barato que aquele produzido no Brasil. A Holanda saiu, levou o
conhecimento da produção e, também, os recursos econômicos que sempre foram necessários para o
funcionamento dos engenhos.
Realmente, as duas décadas finais do século XVII foram um cenário triste para a colônia portuguesa na
América. A decadência do açúcar representou a decadência da própria colônia. Conforme leciona Schwartz,
Na verdade, a década de 1680 assinalou uma redução profunda das fortunas oriundas da economia
açucareira do Brasil. A colônia foi assolada por grave seca que durou de 1681 a 1684, por surtos de varíola
de 1682 a 1684 e por uma epidemia de febre amarela[..]. Além desses problemas, houve uma crise no
mundo atlântico após 1680. Em 1687, João Peixoto da Veiga escreveu seu famoso “memorial”, onde
identifica os problemas da agricultura brasileira e prevê a ruína da colônia [...].23
Na próxima aula veremos como o Governo Português tentou recuperar a economia e os impactos
dessas medidas no Brasil.

Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final da nossa aula sobre a chegada dos
portugueses na América, a implantação do sistema de exploração colonial português e
o desenvolvimento da civilização do açúcar.
Assim, mergulhamos em experiências ocorridas entre o início do século XVI até o
final do século XVII. Anota no seu controle de temporalidade.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão, HEIN! Aproveita TODOS os
comentários, porque foram pensados em cada detalhe para ensinar o conteúdo e, também, nas melhores
formas de respondê-las! E lembrando: esse assunto despenca na prova, é questão certa!!!
Espero por você no Fórum de Dúvidas, se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê

23
SCHWARTZ, S.B. op. Cit, p. 370.
Prof. Alê Lopes

7. Lista de questões EsPCEx


(EsPCEx 2022)
Em 1580, o rei de Portugal morreu sem deixar herdeiros e, na disputa pelo trono que se seguiu, saiu-se
vencedor Filipe II, então rei da Espanha. Com isso, teve início o período conhecido como “União Ibérica”,
que se estendeu por 60 anos e no qual, dentre outras consequências, os inimigos da Espanha passaram a
ser, também, de Portugal. A respeito desse período, é correto afirmar que
a) Portugal manteve certa autonomia na gestão de suas colônias, inclusive no tocante às relações comerciais
que já possuía.
b) a ocupação territorial pelos colonos portugueses foi temporariamente freada, em função da ocupação
holandesa do Nordeste brasileiro, quando os esforços foram concentrados em recuperar a área invadida.
c) durante um certo período os holandeses assumiram o controle do tráfico negreiro no Atlântico Sul, mas
isso não modificou o fluxo de escravos africanos para o Brasil, pois, dada a elevada lucratividade do negócio,
seguiram suprindo a demanda por escravos em toda a colônia.
d) foram enviados ao Brasil visitadores do Tribunal do Santo Ofício, com a missão de apurar o que essas
autoridades consideravam “desvios”, como as chamadas práticas judaizantes (relacionadas aos costumes
da religião judaica).
e) a Insurreição Pernambucana foi marcada por duas vitórias surpreendentes sobre os holandeses, nas
Batalhas de Guararapes (1648 e 1649). Com a vitória brasileira na Segunda Batalha de Guararapes, os
batavos deixaram o Brasil.

(EsPCEx - 2021)
Alguns historiadores distinguem dois modelos de colonização inglesa adotados na América do Norte. Qual
conjunto de colônias inglesas assemelhava-se ao modelo de colonização português no Brasil – produção
agrícola dedicada à exportação e realizada em grandes propriedades rurais?
A) Não houve semelhança.
b) O conjunto de colônias do Pacífico.
c) O conjunto de colônias do Norte.
d) O conjunto de colônias do Sul.
e) O conjunto de colônias do Centro-Sul.

(EsPCEx 2019)
Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias, implantado em 1534, não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros,
principalmente com a produção de açúcar, estavam as de
a) Rio Grande e Itamaracá.
b) São Vicente e Rio Grande.
c) Santana e Ilhéus.
d) Maranhão e Pernambuco.
e) São Vicente e Pernambuco.

(EsPCEx 2019)
Durante o período conhecido por União Ibérica, ocorreu o embargo Espanhol ao comércio das colônias
portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o Nordeste brasileiro com a finalidade de
romper o embargo e reativar as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado à primeira
investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de maio de 1624, a (o)(s)
a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albuquerque.
b) ocupação de Salvador.
c) governo de Maurício de Nassau.
Prof. Alê Lopes

d) fundação do Arraial do Bom Jesus.


e) Batalhas de Guararapes

(EsPCEx 2017)
Em 1578, dom Sebastião, rei de Portugal, morre na batalha de Alcácer-Quibir. Sem descendentes, o trono
foi entregue a seu tio dom Henrique, que viria a falecer dois anos depois, sem deixar herdeiro. Depois de
acirrada disputa, a Coroa portuguesa acabou nas mãos de Filipe II, rei espanhol, dando início à chamada
União Ibérica. Com esta união, um tradicional inimigo da Espanha torna-se inimigo de Portugal.
Das opções abaixo, assinale aquele que se tornou inimigo de Portugal.
a) Holanda
b) Alemanha
c) Itália
d) Inglaterra
e) EUA

(EsPCEx 2016)
As relações entre a metrópole e a colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial, sendo este aspecto
uma das principais características do estabelecimento de um sistema de exploração mercantil
implementado pelas nações europeias com relação à América. Com relação ao Brasil, do que constava este
pacto?
a) As colônias só poderiam produzir artigos manufaturados.
b) A produção agrícola seria destinada, exclusivamente, à subsistência da colônia.
c) A produção da colônia seria restrita ao que a metrópole não tivesse condições de produzir.
d) A colônia poderia comercializar a produção que excedesse às necessidades da metrópole.
e) Portugal permitiria a produção de artigos manufaturados pela colônia, desde que a matéria – prima fosse
adquirida da metrópole.

(EsPCEx 2014)
“Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a
coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem no entanto, traçar um plano de ocupação
efetiva, […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o
comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido
monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em
conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio,
após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. (Berutti,2004)
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a)
a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos
tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a
oeste de Greenwich.
b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias.
c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que
dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras.
d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia
metropolitana portuguesa.
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente
inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as
expedições.

(EsPCEx 2013/Professor)
Prof. Alê Lopes

O processo de colonização das terras portuguesas da América teve início na década de 1530, após a divisão
do território em capitanias hereditárias. As capitanias localizadas a partir do litoral médio da América
Portuguesa, Bahia, Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, cuja destinação principal foi o plantio de cana de
açúcar, sofreram reveses importantes e de natureza variada durante a década seguinte, fazendo com que a
economia e o povoamento recuassem do ponto em que já haviam atingido.
Assinale a opção que contém um fator comum às trajetórias de decadência vivenciadas pelas quatro
capitanias acima citadas.
a) Assaltos, ataques e destruição promovidos por indígenas tupis ou tapuias nas vilas ou nas plantações dos
colonos.
b) Problemas relacionados à morte do donatário e aos consequentes conflitos entre os herdeiros.
c) Baixa produtividade dos terrenos para o plantio adequado da cana-de- açúcar.
d) Enfraquecimento relacionado a invasões externas por franceses, holandeses e espanhóis.
e) Inexistência de um aparato judicial adequado à resolução dos constantes conflitos entre os colonos.

(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de exploração do trabalho pelos colonos oriundos de Portugal permitia alguns tipos de
apropriação da mão de obra indígena. Sobre esse tema, analise as afirmativas abaixo e marque a resposta
correta.
I. Resgate era a forma de obtenção da mão de obra de índios que haviam sido capturados por outros
conquistadores europeus, que os devolviam em troca de uma certa recompensa.
II. O cativeiro ou escravização era o resultado do apresamento de índios em decorrência de guerra justa
consentida pelas autoridades, dado que, por regra, a escravização passou a ser ilegal.
III. Descimento era o deslocamento de contingentes populacionais indígenas de áreas distantes para as
regiões de controle europeu, nas quais se formavam aldeamentos.
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras.
(EsPCEx 2012)
Durante o período colonial, o Brasil sofreu diversas invasões estrangeiras. Nessas invasões:
a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na criação de uma colônia, a França Antártica, formada
principalmente por católicos interessados no cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho de conversão dos
índios.
b) a holandesa foi motivada pelo embargo espanhol que, por representar uma ameaça à sua economia,
levou o país a decidir-se pela invasão do Brasil, inicialmente pela região do Rio Grande do Norte, onde
encontrou forte resistência.
c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida pelo constante reforço vindo da Holanda, o auxílio de
cristãos-novos residentes na região e por estarem seus soldados mais bem armados e mais experientes.
d) a resistência luso-brasileira à invasão pernambucana foi organizada em grupos de guerrilha e contou com
a liderança de Domingos Fernandes Calabar, morto lutando contra os holandeses.
e) embora a resistência luso-brasileira em Pernambuco contasse com a vantagem do fator surpresa e
melhor conhecimento do terreno, os holandeses acabaram por conquistar o Nordeste, onde se estenderam
desde o Maranhão até a Bahia.

(EsPCEx 2011)
Sobre o Governo Geral, instalado no Brasil pelo regimento de 1548, pode-se afirmar que
a) acabou, de imediato, com o sistema de capitanias hereditárias.
Prof. Alê Lopes

b) teve total sucesso ao impor a centralização política em toda a colônia, como forma de facilitar a defesa
do território.
c) teve curta duração, pois foi dissolvido durante a ocupação francesa do Rio de Janeiro, em 1555.
d) durou até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
e) adotou, desde o início, o Rio de Janeiro como única capital, em virtude do grande sucesso da cultura
canavieira nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo.

(EsPCEx/2007/4000000514)
Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças holandesas conquistaram com facilidade Olinda e Recife,
em 1630, mas não obtiveram o mesmo êxito na zona rural, porque, no interior da capitania,
A) as forças brasileiras equivaliam em efetivo, treinamento e armamento aos holandeses.
b) os brasileiros eram em menor número, no entanto dispunham de melhores armamentos do que os
adversários.
c) os brasileiros eram melhor armados e mais experientes no tipo de combate proposto pelos holandeses.
d) os habitantes locais adotavam táticas de guerrilha, atacando os holandeses de surpresa.
e) os locais contavam com o apoio explícito e regular da Espanha, tanto no treinamento de técnicas de
combate, quanto no suprimento de víveres e munição.

(EsPCEx/2007/4000000516)
Sobre a “Carta de Doação” e o “Foral”, documentos do Brasil Colônia, assinale a afirmativa correta.
A) A Carta de Doação estabelecia os direitos e deveres dos colonos.
b) O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários.
c) Pela Carta de Doação o donatário poderia conceder sesmarias a colonos – portugueses ou não – que
professassem a fé católica.
d) O Foral estabelecia que os atos dos donatários só poderiam ser julgados pelo rei.
e) Pela Carta de Doação, o donatário podia fundar vilas e povoados e criar instrumentos administrativos,
jurídicos, civis e criminais para regê-los.

(EsPCEx/2006/4000039575)
“Os governos-gerais tiveram grandes obstáculos para a centralização política. As distâncias entre as
províncias, as dificuldades de comunicação e os interesses locais dos proprietários de terras e de escravos
limitavam a ação dos governadores.”
(COTRIM, Gilberto. História do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1999.)
Em 1549, o Governo-Geral foi instituído no Brasil, tendo como sede a cidade de Salvador. Entretanto, em
face de dificuldades como as indicadas no texto, no ano de 1572 o Governo-Geral foi dividido em duas
sedes, Salvador e
A) São Luís.
b) Recife.
c) Rio de Janeiro.
d) São Vicente.
e) São Cristóvão.

(EsPCEx/2007/4000039133)
Em negociação direta entre os países interessados, foi assinado, a 7 de junho de 1494, o Tratado de
Tordesilhas, que tinha por objetivo
A) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólio que atingia
todas as riquezas coloniais.
B) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das
expedições de Vasco da Gama às Índias.
Prof. Alê Lopes

C) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o
desenvolvimento da expansão comercial e marítima.
D) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a destruição da invencível
Armada de Filipe II, da Espanha.
E) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da
formação do exército nacional.

8. Lista de questões da profe. Alê Lopes


(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)
Em 1534, o reio dom João III dividiu a colônia portuguesa em quinze faixas de terra que iam do litoral à
linha do Tratado de Tordesilhas, com largura entre 200 e 650 quilômetros. O nomes dado a essas porções
territoriais foi
a) sesmarias.
b) capitanias hereditárias.
c) vice-reinados.
d) feitorias.
e) concessão vassala.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Para os portugueses, dois motivos de maior destaque justificavam a opção pela exploração do açúcar, sendo
eles:
a) o produto proporcionava à metrópole uma balança comercial favorável e os portugueses já dominavam
a produção nas ilhas da Madeira e Cabo Verde.
b) o produto se adaptou bem ao longo do litoral brasileiro e era de grande apreciação pelas cortes
europeias.
c) o açúcar tinha baixo valor em relação aos custos de produção e a parceria com os holandeses na américa
central potencializou os ganhos portugueses.
d) a instalação do engenhos era relativamente simples e a mão de obra indígena escravizada se adaptou ao
trabalho compulsório.
e) a autorização da Coroa portuguesa para a escravização dos indígenas por meio das Cartas Régias e a
experiência que os portugueses já tinham no manejo do produto, desde a colonização da Ilhas da Madeira
e Cabo Verde.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Dos pontos de vista econômico e administrativo, o sistema de capitanias não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Poucas capitanias progrediram, como São Vicente e Pernambuco. Nesse
sentido, a Metrópole implantou o sistema de governos-gerais, o qual
a) substituiu a divisão territorial das capitanias e alterou a forma de distribuição de terras.
b) transferiu o poder de concessão de terras às Câmaras Municipais.
c) elevou a categoria da colônia a Reino Unido de Portugal.
d) tinha o objetivo de centralizar a defesa do território e a administração da colônia.
e) transferiu a capital da colônia Salvador para Rio de Janeiro.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Durante o período conhecido como União Ibérica (1580-1640), uma consequência do domínio espanhol
que favoreceu as atividades dos colonos no Brasil foi
a) o fim do pacto colonial, permitindo o livre comércio, principalmente com França e Inglaterra.
Prof. Alê Lopes

b) a abolição, na prática, das demarcações do Tratado de Tordesilhas, favorecendo a interiorização em busca


de metais preciosos.
c) a alteração da forma administrativa para um governo autônomo comandado pelo Conselho Ultramarino.
d) a liberação para a escravização indígena, resultando na diminuição do tráfico negreiro e,
consequentemente, a dos custos de produção.
e) o fortalecimento da fiscalização territorial a partir do deslocamento de efetivos da guarda espanhola para
assegurar as atividades exploratórias na colônia.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Durante o século XVI e início do século XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo; ele
foi o responsável pela riqueza dos senhores de engenho, da Coroa e de comerciantes portugueses. Mas
foram sobretudo os holandeses que mais se beneficiaram com a atividade açucareira. Responsáveis pelas
etapas de refinação e comercialização, eles ficavam com um terço do valor do açúcar vendido. Uma vez
refinado em Flandres, o açúcar era comercializado na Europa por holandeses e portugueses.
(VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. VICETI, José. História. Parte 2, XXX, p. 328)
A parceria entre holandeses e portugueses a que o texto se refere foi abalada porque
a) a Espanha, que era inimiga dos Países Baixos, transferiu o conflito com os holandeses durante o período
da União Ibérica.
b) os portugueses passaram a construir alianças com o reino da França após o estreitamento das relações
durante a permanência de francês nas lavouras da França Antártida.
c) as companhias de comércio dos ingleses obtiveram êxito na produção do açúcar em sua colônia, deixando
para trás o monopólio de Portugal e Holanda.
d) os holandeses passaram a ter interesse em negociar com os espanhóis nas colônias da Antilhas.
e) a administração de Maurício de Nassau em Pernambuco comprou dos portugueses os engenhos
produtores de açúcar refinado.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


No processo de estabelecimento do território brasileiro, acerca do Primeiro Tratado de Utrecht é correto
afirmar que
a) ele atualizou as demarcações do Tratado de Tordesilhas.
b) foi resultado de um acordo tríplice entre os reinos da Espanha, Portugal e França para solucionar
questões na tríplice fronteira na bacia do Prata.
c) foi assinado entre França e Portugal para estabelecer limites entre os territórios coloniais dois reinos,
sendo que os franceses aceitaram o rio Oiapoque como limite entre a colônia portuguesa e a Guiana
Francesa.
d) restabeleceu a posse da Colônia do Sacramento a Portugal.
e) tornou nula todas as disposições e feitos decorrentes do Tratado de Madri.
(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)
O conflito entre indígenas de Sete Povos das Missões, liderados por jesuítas, contra os governos da Espanha
e de Portugal em função das redefinições territoriais e ameaças de aprisionamento indígenas ficou
conhecido como
a) Guerra do Contestado.
b) Conjuração das Missões.
c) Guerra dos Emboabas.
d) Batalha de Guararapes.
e) Guerra Guaranítica.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Durante a administração do conde Maurício de Nassau no nordeste brasileiro (1637-1644), seu governo
Prof. Alê Lopes

a) proibiu manifestações religiosas dos católicos.


b) concedeu liberdade aos escravos que se alistassem na guarda urbana.
c) concedeu liberdade de credo e promoveu modernização urbanística.
d) proibiu a concessão de créditos aos senhores de engenho portugueses.
e) recuperou territórios da colônia francesa no Maranhã, conhecida como França Equinocial.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


A necessidade de mão de oba era cada vez maior. Os holandeses, em 1637, ocuparam os mais importantes
portos africanos de fornecimento de africanos escravizados para o Brasil.Com exceção de Pernambuco, que
também estava sob o domínio holandês, a colônia não tinha acesso a carregamentos de escravos.
(VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. VICETI, José. História. Parte 2, XXX, p. 416)
Diante dessa situação de relativa escassez de mão de obra, comerciantes e proprietários de terra investiram
em qual alternativa?
a) contratação de bandeirantes para aprisionar nativos e negros fugidos aquilombados.
b) contratação de colonos a salários baixos para substituir temporariamente a mão de obra escrava.
c) busca por novos produtos rentáveis que não dependessem do uso direto da mão de obra escrava, como
o ouro.
d) estabelecimento de parcerias com jesuítas para que fornecessem indígenas catequizados a preços justos.
e) financiamento de viagens aos portugueses que quisessem imigrar e construir uma nova vida na colônia.

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Dentre os motivos da crise da economia açucareira no Brasil colônia, é possível citar:
a) a substituição da preferência do mercado consumidor europeu por drogas do sertão e algodão.
b) as investidas dos quilombolas contra os engenhos, o que levou à destruição dos meios de produção.
c) a entrada de açúcar mascavo das 13 colônias produzidos a menor custo.
d) o aumento da oferta do produto no mercado e o aumento da demanda por escravos, diminuindo a
rentabilidade.
e) a descoberta dos metais preciosos nas Minas Gerais.

(Estratégia Militares/2021/profe. Alê Lopes)


O primeiro passo no sentido de viabilizar a empresa açucareira e, portanto, a colonização na América
portuguesa foi a adoção do sistema de capitanias hereditárias, já utilizado por Portugal em suas colônias
das ilhas do Atlântico (Açores, Cabo Verde e Madeira).
Sobre as capitanias hereditárias, assinale a alternativa correta:
a) eram largas faixas de terras vendidas aos nobres que quisessem explorar atividades econômicas nas
colônias, os proprietários passavam a serem denominados de capitães-donatários.
b) as capitanias hereditárias deixaram de existir tão logo o sistema de administração de governos-gerais
entrou em funcionamento.
c) ao todo, foram criadas 10 capitanias, sendo que, oficialmente, este sistema deixou de existir em 1889,
com o fim do Império.
d) Tomé de Sousa foi o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco.
e) os responsáveis pelas capitanias podiam distribuir terras para outros colonos empreendedores por meio
de sesmarias.

(Estratégia Militares/2021/Profe. Ale Lopes)


Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças francesas se estabeleceram na região do Rio de Janeiro
e construíram a colônia França Antártica. Apesar de derrotados em 1567 pelas frente militar portuguesa, a
permanência dos franceses pode ser atribuída a aliança que fizeram com
a) espanhóis.
b) quilombolas.
Prof. Alê Lopes

c) Ingleses.
d) indígenas Yanomamis.
e) Confederação dos Tamoios.

(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)


Sobre a administração da colônia portuguesa nas Américas, a partir do século XVI, pode-se afirmar que
a) foi iniciada por meio do sistema de Governo Geral, porém, dado o fracasso do modelo foi encontrada a
solução das Capitanias Hereditárias.
b) as constantes ameaças de outros reinos europeus e de piratas fizeram com que a coroa portuguesa
implementasse o projeto de Governador Geral.
c) em função do vasto território foi preciso fazer alianças estratégica com outras nações que queriam
explorar riquezas naturais, como a aliança com os holandeses no nordeste e com os franceses no sudeste.
d) o sistema de Governo Geral consistia na divisão do território brasileiro em extensos lotes de terras os
quais eram entregues a nobres portugueses.
e) a exploração do pau-brasil logo demonstrou que o modelo de administração descentralizada do território
seria o mais viável para os interesses econômicos da Coroa.
(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)
No que diz respeito à economia do Brasil Colônia, julgue os itens abaixo e assinale as que estão corretas:
I - A atividade do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.
II - Ao açúcar subordinavam-se outras atividades secundárias, como a pecuária.
III - A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do
setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária de terras e dos
mercadores portugueses e flamengos.
IV – Nesse período, persistiam os interesses metalistas.
Assinale as alternativas que contenha apenas itens corretos
a) II e IV apenas.
b) I apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
e) Todos os itens estão corretos.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A ocupação dos Holandeses no Nordeste açucareiro, no século XVII, trouxe importantes consequências para
a economia colonial. Entre elas:
a) Adoção de práticas liberais no Brasil.
b) Interação econômica com outras regiões.
c) Imposição da religião protestante nas cidades de Olinda e recife
d) Aumento da produção açucareira.
e) Desenvolvimento da pecuária intensiva.
(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)
Entre 1785 e 1794, a média anual de importação da cachaça em Luanda foi de 1.486 pipas, sendo o Rio de
Janeiro um dos principais fornecedores. Dos 147 barcos brasileiros aportados na capital angolana, 94 saíam
deste porto, 28 da Bahia e 25 do Recife.
Camila Moraes Marques. À margem da economia. Dissertação em História – UFF. Rio de Janeiro, p. 49. 2011.

A respeito do comércio de aguardente no Atlântico é correto afirmar que:


a) O consumo da bebida produzida na América evidencia o fim do exclusivo metropolitano no Império
Português, o que fomentou as trocas comerciais entre os dois continentes.
Prof. Alê Lopes

b) A aguardente produzida nos engenhos da América Portuguesa era utilizada como moeda de troca no
comércio de escravizados, uma das mais lucrativas atividades econômicas do período.
c) A produção da cachaça era exclusivamente voltada para a exportação, afinal os súditos da Coroa lusa
eram forçados ao consumo de produtos fornecidos pela metrópole.
d) A cachaça era um produto apreciado no continente africano, mas rechaçado pelos súditos da América
Portuguesa devido aos impactos causados na capacidade produtiva dos trabalhadores.
e) Devido ao seu baixo valor comercial, a metrópole manteve a aguardente à margem de sua política
tributária, concentrando atenções nos engenhos e nas áreas de exploração aurífera.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Sobre o trabalho na América Ibérica, no período da Colonização, pode-se afirmar corretamente que,
a) enquanto os nativos foram escravizados durante todo o período, os indígenas da América Portuguesa
foram substituídos por africanos devido à sua incapacidade para o trabalho.
b) a escravidão indígena foi empregada em regiões da América Espanhola, enquanto nas áreas de
colonização lusa, o escambo foi a única forma de trabalho dos nativos.
c) o emprego de mão de obra indígena foi completamente abandonado na América Portuguesa devido à
pressão jesuítica, mas prevaleceu nas regiões colonizadas pela Espanha.
d) a mita foi a principal forma de trabalho empregada na América Portuguesa, ao passo que os espanhóis
enquadraram a mão de obra indígena em um sistema conhecido como encomienda.
e) o trabalho compulsório na América Espanhola se utilizou de formas de exploração já existentes em
algumas regiões do continente, enquanto os lusos implementaram formas de trabalho estranhas aos
nativos das áreas colonizadas.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A respeito da produção de açúcar estabelecida nos engenhos no Nordeste brasileiro a partir do século XVI
é correto afirmar que
a) por dominarem o cultivo técnico, a mão-de-obra indígena foi priorizada;
b) ela desenvolveu uma sociedade organizada de forma aristocrática, patriarcal e escravista;
c) foi financiada por capitais da Coroa e, principalmente, por bancos franceses;
d) gerou uma economia monocultora e direcionada para o mercado interno, sendo que o excedente era
comercializado com a África;
e) priorizou grandes porções de terra, favorecendo o povoamento do sertão e o comércio de gado.
(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)
Sobre a economia e a sociedade no período do Brasil Colônia, está correta a seguinte afirmação:
a) no nordeste, a atividade pecuária foi iniciada juntamente com os engenhos de cana de açúcar, de modo
que as exportações de gado complementavam a renda da coroa;
b) nos primeiros 50 anos de ocupação portuguesa, a região das Minas despertou o interesse dos
colonizadores em função dos metais preciosos ali encontrados.
c) com o desenvolvimento da economia açucareira, as relações sociais dinamizaram a sociedade brasileira
a ponto de viabilizar a mobilidade social de mestiços e homens brancos pobres;
d) as missões religiosas formadas pelos jesuítas objetivavam preparar os indígenas para viverem integrados
à sociedade europeia como mão-de-obra barata e, se possível, escrava.
e) apesar de haver escravidão, os filhos dos escravizados africanos nascidos no Brasil eram livres até os 16
anos de idade.
(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)
No que diz respeito à estrutura político-administrativa do Brasil Colônia, está correto afirmar que:
a) representava uma experiência feudal em terras americanas, com poucos aspectos da política
mercantilista.
Prof. Alê Lopes

b) Os Vice-Reis de cada Capitania Hereditária eram responsáveis por organizar a administração das terras
colonizadas.
c) a coroa transferiu para os particulares parte significativa das despesas da colonização, temendo perder a
colônia para os estrangeiros que ameaçavam o litoral.
d) o estabelecimento de colônias cooperativas foi a solução para a organização de uma guarda militar
responsável por defender o território das invasões estrangeiras.
e) a organização política estava a cargo dos senhores de engenhos, à semelhança do modelo europeu dos
senhores feudais.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


“Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar,
tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes, depois algodão e, em seguida, café para o
comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem
atenção que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia
brasileiras (...).” PRADO, Caio Júnior. In: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1979.
Com base no texto, é correto afirmar que:
a) o processo de colonização do Brasil procurou harmonizar interesses nativos, europeus e da Igreja
Católica.
b) do ponto de vista econômico, a diversidade de produtos agrícolas caracterizou um tipo de agricultura
plural.
c) em função do pacto colonial, o Brasil importava produtos primários da Europa e exportava manufaturas.
d) a colonização inicial teve como objetivo o desenvolvimento de Vilas capazes de criar um novo mercado
consumidor.
e) a economia do Brasil colonial foi subsidiária da economia europeia.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Sobre a economia inicial do Brasil Colônia, analise as afirmações abaixo:
I - A atividade do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.
II - Ao açúcar subordinavam-se outras atividades secundárias, como a pecuária.
III - A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do
setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária de terras e dos
mercadores portugueses e flamengos.
IV – Nesse período, persistiam os interesses metalistas.
Assinale a alternativa correta:
a) I e IV apenas.
b) I apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
e) I, II, III e IV.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A partir do final do século XVII o cenário mudou para a economia açucareira, impactando a produção da
Coroa Portuguesa. Analise abaixo qual ou quais dos fatores abaixo contribuíram para que a economia
açucareira no Brasil fosse do esplendor ao declínio e, em seguida, marque a alternativa correta:
I - o aumento da oferta do produto no mercado;
II – disputa internacional de regiões produtoras;
III – invasão holandesa no nordeste brasileiro;
IV – endividamento dos senhores de engenho;
a) apenas I, II e III estão corretos.
b) apenas I, III e IV estão corretos.
Prof. Alê Lopes

c) apenas II e III estão corretos.


d) apenas IV está correto.
e) I, II, III e IV estão corretos.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Do ponto de vista administrativo, o sistema de capitanias, implantado em 1534, estabeleceu direitos e
deveres aos donatários. Sobre isso, considere as afirmações abaixo:
I – Os donatários tinham o direito de exercer a autoridade administrativa e judicial;
II – Os donatários podiam escravizar indígenas indiscriminadamente;
III – os donatários dividiam a propriedade e a extração do pau-brasil em condições de igualdade com a
metrópole portuguesa;
IV – Entre os deveres, os donatários tinham que destinar 10% do lucro à Coroa de Portugal.
Assinale abaixo a alternativa com os itens corretos.
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e III.
e) I e IV.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Existe nesses relatos uma diferenciação entre índios com qualidades positivas e negativas, de acordo com
o maior ou menor grau de resistência oposto aos portugueses. Por exemplo, os aimorés que se destacaram
pela eficiência militar e pela rebeldia, foram sempre apresentados de forma desfavorável. [...] Quando a
Coroa publicou a primeira lei proibindo a escravização dos índios 91570), só os aimorés foram
especificamente excluídos da proibição.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo. Ed. EDUSP, 2014, p. 15.
No processo de colonização do Brasil, a guerra justa era entendida como
a) um modelo ético e moral de dominação, baseado no princípio da conquista para a salvação das almas
dos indígenas.
b) uma justificativa para o processo de ocupação e defesa territorial contra os invasores franceses e
holandeses.
c) uma forma de legitimar a resistência indígena ao cativeiro, a união com os colonizadores e a aculturação
europeia.
d) aquela autorizada pela Coroa contra os ataques dos indígenas considerados selvagens por resistirem à
catequização e à ocupação do território pelos portugueses.
e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Durante o período colonial, toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa
deveria ser decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorreram várias formas
distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia. O nome dessa relação entre metrópole e colônia
e uma característica desse vínculo são?
a) exclusivo colonial, segundo o qual a metrópole só podia comprar produtos manufaturados da colônia.
b) exclusivo comercial, o qual exprimia uma relação de equilíbrio comercial entre metrópole e colônia.
c) pacto colonial, acordo de sangue em que as famílias portuguesas só podiam obter produtos de outras
famílias nobres das cortes europeias.
d) pacto colonial, uma relação em que a colônia estava subordinada aos interesses políticos e econômicos
da metrópole.
Prof. Alê Lopes

e) exclusivo comercial, uma relação que entre metrópole portuguesa e donatários em terras brasileiras que
permitia a esses últimos o acúmulo de riquezas por meio de empreendimentos independentes da Coroa.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A história do sudeste brasileiro entre os séculos XVI e XVII se confunde com a história dos povos indígenas.
Os índios não se limitaram ao papel de tábula rasa dos missionários ou vítimas passivas dos colonizadores.
Foram participantes ativos e conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles.
Adaptado de John M. Monteiro, “Sangue Nativo”, em
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/sangue-nativo. Acessado em 14/07/2013

Foi cenário das relações de disputas e rivalidades do início da colonização, a/o

a) Guerra do Paraguai, quando indígenas paraguaios foram aprisionados pelo exército brasileiro.
b) Insurreição Pernambucana, quando ocorreu a expulsão dos holandeses no nordeste brasileiro.
c) Montagem da França Antártica e, posteriormente, a expulsão dos franceses da região da Baía da
Guanabara.
d) a Batalha da Conjuração dos Tamoios, que reforçou a guerra justa contra indígenas.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


No processo de colonização do Brasil, a guerra justa era entendida como
a) um modelo ético e moral de dominação, baseado no princípio da conquista para a salvação das almas
dos indígenas.
b) uma justificativa para o processo de ocupação e defesa territorial contra os invasores franceses e
holandeses.
c) uma forma de legitimar a resistência indígena ao cativeiro, a união com os colonizadores e a aculturação
europeia.
d) aquela autorizada pela Coroa contra os ataques dos indígenas considerados selvagens por resistirem à
catequização e à ocupação do território pelos portugueses.
e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.
(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)
Sobre a administração colonial é correto o que se afirma em:
A) A instituição do cargo de governador-geral significou uma tentativa de centralização administrativa a
cargo da Coroa Portuguesa.
B) As capitanias hereditárias se constituíram como uma forma centralizadora de administração colonial.
c) O cargo de governador-geral só existiu na Província do Ceará e de Pernambuco.
d) Para apoiar a administração descentralizada do governo-geral, existiam os cargos de capitão-mor e
ouvidor-mor.
e) Desde o início da colonização, a base da organização regional se deu pelas Assembleias Provinciais, fato
que conferiu amplos poderes às elites regionais.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


O Sistema Colonial Português, na América, estava baseado no chamado Pacto Colonial, caracterizado por:
a) Controle das entradas e saídas pelos portos marítimos.
b) Comércio exclusivo entre as colônias controladas por Portugal.
c) Divisão de terras e distribuição à donatários.
d) Distribuição de cartas de foral e de doação.
e) Comércio exclusivo da Colônia com a metrópole.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Prof. Alê Lopes

Apressada construção de galpões cobertos de palha, varais para estender a carne desdobrada, salgada, e
algum tacho de ferro para a extração de parca gordura dos ossos por meio de fervura em água... A courama
era estaqueada, seca ao sol; o sebo simplesmente lavado, posto ao tempo em varais e depois socados em
forma de madeiras cúbicas, produzindo pães de peso variável. A ossamenta era amontoada e queimada e
está cinza atirada para aterros ou servia, empilhada, para fazer mangueiras e cercas. Todas as outras partes
do boi não tinham valor comercial e eram atiradas fora.
GIRÃO, Raimundo. Pequena História do Ceará. 4ª Ed. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará.
1984, p. 35-49.
a) O texto descreve um elemento central da economia do Ceará no Brasil Colonial, a saber:
b) A agricultura de exportação, como o algodão, que garantiu o desenvolvimento da região litorânea.
c) O processo de charqueado da carne bovina, decorrentes do desenvolvimento da pecuária e do comércio
de carne.
d) A pecuária leiteira, que garantiu muito poder aos pecuaristas da região.
e) As rotas de boiada que ligavam Ceará à Bahia e promoviam a valorização da pecuária cearense.

(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)


O Brasil já contou com diferentes capitais, as quais, em maior ou menor grau, estiveram atreladas ao
momento político econômico vigente. Nesse sentido, foram capitais do Brasil
a) Salvador, São Vicente, Brasília.
b) Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Brasília.
c) Salvador, Rio de Janeiro e Brasília.
d) Salvador, Vila Rica, Rio de Janeiro e Brasília.
e) Salvador, Estado da Guanabara e Distrito Federal.

9. Lista de questões para Aprofundamento


(UNIVESP/2019)
No contexto da conquista e da colonização da América, as colônias se configuraram em “extensões”
territoriais de suas metrópoles. Chamada de Pacto Colonial, ou Exclusivo Metropolitano, a relação entre as
metrópoles europeias e suas colônias americanas determinava que
A) os colonos tinham liberdade de comércio, devendo destinar às metrópoles parte da renda obtida com a
venda de mercadorias.
B) as colônias poderiam comercializar exclusivamente com a sua metrópole ou com agentes autorizados
pelos poderes metropolitanos.
C) as colônias deveriam organizar os territórios de modo a abrigar universidades, imprensa, manufaturas e
pequenas propriedades rurais.
D) as colônias deveriam produzir exclusivamente o necessário para a subsistência de seus habitantes,
abstendo-se de comercializar produtos com a metrópole.
E) os colonos poderiam comercializar seus produtos com agentes mercantis das colônias fronteiriças, sem
necessidade de autorização pelo poder metropolitano.

(UNIVESP/2018)
Prof. Alê Lopes

Moenda

O detalhe da gravura “Engenho de Itamaracá” (1647), de Frans Post, pintor holandês que esteve no Brasil
no século XVII, coloca em evidência o principal produto de interesse dos holandeses à época da ocupação
no Nordeste. Tal produto pode ser corretamente identificado como
A) cacau.
B) tabaco.
C) algodão.
D) açúcar.
E) café.

(UNITAU 2018)
O açúcar foi o principal produto brasileiro de exportação durante a época colonial. Mesmo durante o auge
da exploração do ouro, quando o Brasil encheu os cofres europeus e ajudou a impulsionar a Revolução
Industrial na Inglaterra, o valor das exportações de açúcar excedeu o de qualquer outro produto.
Assinale a alternativa que apresenta o(s) mecanismo(s) empregado(s), na economia colonial, para favorecer
esse quadro.
a) A imigração maciça de portugueses para trabalhar nas terras interiores da colônia.
b) A utilização predominante da mão de obra indígena nas lavouras açucareiras.
c) O incentivo dado pela coroa portuguesa à adoção do trabalho assalariado livre.
d) A adoção da mão de obra escrava africana e o pacto colonial.
e) O predomínio de pequenas propriedades rurais produzindo açúcar para exportação.

(UNITAU 2017)
O Cristianismo chegou ao Brasil com a conquista colonial, associado à exploração metropolitana. A Igreja
desempenhou, assim, um importante papel no processo de colonização, promovendo a transformação do
modo de vida indígena e a sua adaptação às formas culturais europeias. Dentre as medidas adotadas pelos
religiosos para promover esse processo, é INCORRETO destacar:
a) A criação dos aldeamentos, onde os índios das mais diferentes tribos eram reunidos, recebiam a
catequese e eram batizados, tornando-se cristãos.
b) O combate ao nomadismo e a imposição do trabalho agrícola aos índios, com uma nova divisão de tarefas
entre homens e mulheres.
c) A obrigação do uso de vestimentas, enquanto, anteriormente, os índios exibiam as marcas da sua cultura
no próprio corpo.
Prof. Alê Lopes

d) O estabelecimento de escolas para os nativos, de modo a alfabetizá-los, com o objetivo de torná-los


funcionários da administração colonial.
e) A organização do tempo, com a Igreja instalada no centro do aldeamento e o sino regrando a vida dos
nativos em relação ao trabalho, à catequese e ao lazer.

(FUVEST 2016)
Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, e isto por ver por
conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam
muito prejuízo ao estado e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava em vós, Senhor, trabalhardes
com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas
navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir.
Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954.
O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D.
João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra
a) a persistência dos ataques franceses contra a América, que Portugal vinha tentando colonizar de modo
efetivo desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias.
b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava
a combater as pretensões expansionistas da Espanha na América.
c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham
exercendo grande influência sobre as populações nativas.
d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à dominação de
territórios franceses tanto na Europa quanto na América.
e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do
combate à pirataria francesa.

(FUVEST 2015)
A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação
cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa,
para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana
– que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e
intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X
d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Com base no trecho acima, é correto afirmar que
a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até
mesmo valorizou várias culturas indígenas.
b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador
europeu, como a xinguana.
c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no
Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador
europeu.
e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
indígena e a perda de sua identidade cultural.

(FUVEST 2014)
O tráfico de escravos africanos para o Brasil
a) teve início no final do século XVII, quando as primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas Minas
Gerais.
Prof. Alê Lopes

b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, de
vez, no início do século XIX.
c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, de forma regular, até a metade do século XIX.
d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a despeito da pressão contrária das regiões auríferas.
e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, esteve
concentrado nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente, até o século XVIII.

(FUVEST 2014)
Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em
um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar,
e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes
afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá
merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que
pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.
P. Antônio Vieira, “Sermão décimo quarto”. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial.
São Paulo: Ática, 1993, p.73􀍲75.
A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América,
a) a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se
revoltar.
b) as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois
ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto,
de justificá-la com base na Bíblia.
d) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à
escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
e) havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo
estas, assim, pouco significativas.

(UEA /2015)
Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos,
aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola,
então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de
escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa,
fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do
tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)
A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações
significativas sobre
a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio
de escravos à margem do controle de Portugal.
b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de
grupos sociais antagônicos à metrópole.
c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma
burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.
d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura
escravista brasileira.
e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital
ligado ao tráfico de escravos.

(UEA/2015)
Prof. Alê Lopes

Em 1685, determina-se a concessão de prêmios aos que cultivassem o cacau, “proibindo-se a colheita antes
do tempo”. Ainda em 1753, veda-se terminantemente a colheita do cacau verde. Em 1755, é proibida a
pesca de tartarugas no Tocantins entre agosto e novembro. Reclamam-se constantemente amostras de
produtos da terra, como a pimenta-longa, a quina, as ervas “com efeito de chá”, cochonilha, cajurá, puxuri,
fibras... Isentam-se de pagamento de imposto várias plantas indígenas.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011. Adaptado.)
O historiador fornece alguns exemplos
a) do desinteresse da metrópole portuguesa pelo território amazônico devido à escassez de recursos
econômicos.
b) da presença da metrópole portuguesa na colonização da Amazônia por meio de regulamentos de
exploração econômica.
c) do caráter estratégico da Amazônia para a manutenção do domínio metropolitano sobre a região de
exploração aurífera.
d) da tentativa metropolitana de estender a escravidão para as tribos indígenas do vale amazônico.
e) da inserção amazônica no conjunto da economia colonial com o estímulo metropolitano à exploração
mineral.

(IFBA – 2018)
No processo de colonização, os capitães donatários tinham alguns direitos oferecidos pela coroa
portuguesa: podiam escravizar e vender até 24 índios por ano, direito sobre a morte de escravos, gentios e
homens livres de menor qualidade. Podiam, em alguns casos, deportar (degredo) colonos sem apelação ao
rei. O senhor donatário, como grande proprietário de terras (latifundiário), podia também ceder pedaços
de terra para outros colonos desenvolverem plantações e podiam ainda deter o comando militar e o direito
de alistar colonos e formar milícias. Com base nesse texto, qual questão é a certa?
a) Esse texto revela que o Rei em nada mandava na administração colonial portuguesa. Os verdadeiros
governantes eram os capitães donatários.
b) Os capitães donatários eram homens da pequena fidalguia portuguesa ou mesmo da nascente burguesia.
Eram homens ávidos por lucros e por subir na vida. Por isso o sistema de capitania hereditária falhou, afinal
eles não se preocuparam com o sistema como um todo, mas com seu próprio enriquecimento, deixando
de lado as tarefas de representantes da coroa.
c) Os capitães donatários tinham tarefas voltadas para a segurança interna (contra os indígenas não
submetidos) e externa da colônia (contra invasores europeus); monopolizavam o controle da terra, o que
produzia uma distribuição de acesso à terra desigual; e eram os responsáveis pela organização da produção
das matérias-primas brasileiras, voltadas para a exportação.
d) As violências acima descritas inviabilizaram a continuidade das capitanias, já que as pessoas não queriam
se subordinar a indivíduos com tamanho poder.
e) O fato de poderem conceder terras para outros sesmeiros gerou uma política de acesso à terra que
beneficiou portugueses pobres que habitavam o Brasil.

10. Gabarito das questões EsPCEx


1. D 8. A
2. D 9. E
3. E 10. C
4. B 11. D
5. A 12. D
6. C 13. B
7. E 14. C
15. C
Prof. Alê Lopes

16. B 40. D
17. A 41. D
18. D 42. C
19. B 43. D
20. A 44. A
21. C 45. E
22. E 46. B
23. C 47. C
24. A 48. B
25. D 49. D
26. E 50. D
27. E 51. D
28. B 52. A
29. E 53. B
30. D 54. C
31. B 55. C
32. E 56. E
33. B 57. B
34. C 58. C
35. C
36. E
37. E
38. E
39. E

11. Lista de questões EsPCEx - comentadas


(EsPCEx 2022)
Em 1580, o rei de Portugal morreu sem deixar herdeiros e, na disputa pelo trono que se seguiu, saiu-se
vencedor Filipe II, então rei da Espanha. Com isso, teve início o período conhecido como “União Ibérica”,
que se estendeu por 60 anos e no qual, dentre outras consequências, os inimigos da Espanha passaram a
ser, também, de Portugal. A respeito desse período, é correto afirmar que
a) Portugal manteve certa autonomia na gestão de suas colônias, inclusive no tocante às relações comerciais
que já possuía.
b) a ocupação territorial pelos colonos portugueses foi temporariamente freada, em função da ocupação
holandesa do Nordeste brasileiro, quando os esforços foram concentrados em recuperar a área invadida.
c) durante um certo período os holandeses assumiram o controle do tráfico negreiro no Atlântico Sul, mas
isso não modificou o fluxo de escravos africanos para o Brasil, pois, dada a elevada lucratividade do negócio,
seguiram suprindo a demanda por escravos em toda a colônia.
d) foram enviados ao Brasil visitadores do Tribunal do Santo Ofício, com a missão de apurar o que essas
autoridades consideravam “desvios”, como as chamadas práticas judaizantes (relacionadas aos costumes
da religião judaica).
e) a Insurreição Pernambucana foi marcada por duas vitórias surpreendentes sobre os holandeses, nas
Batalhas de Guararapes (1648 e 1649). Com a vitória brasileira na Segunda Batalha de Guararapes, os
batavos deixaram o Brasil.
Comentários:
Prof. Alê Lopes

Nessa questão, o aluno precisava ficar atento à periodicidade cobrada: União Ibérica. Ela colocou uma
pegadinha aí na frente que nos leva à pensar em invasões. Então, com esse cuidado, vamos analisar as
alternativas:
a) Errado. Portugal perdeu autonomia e sofreu com o “embargo Espanhol” que proibiu as colônias
portugueses de comercializar com os inimigos espanhóis.
b) Errado. A ocupação pelos colonos continuou, ou seja, eles não saíram e depois voltaram. Ao contrário,
por um período foram beneficiados com empréstimos concedidos pelos holandeses.
c) Errado. O fluxo de escravos também teve um impacto, tanto que é um momento de intensa atividade
bandeirante de apresamento de indígenas.
d) Correto. A alternativa está um pouco confusa. Em geral, os livros trazem a informação de que o Tribunal
do Santo Ofício esteve no Brasil. Isso é verdade, mas o que é pouco conhecido no Brasil é que foi o rei
Espanhol que enviou-os, já que ele era, também rei de Portugal. Então, essa é uma informação bem
específica e que está no livro do professor Vicentino.
Gabarito: D

(EsPCEx - 2021)
Alguns historiadores distinguem dois modelos de colonização inglesa adotados na América do Norte. Qual
conjunto de colônias inglesas assemelhava-se ao modelo de colonização português no Brasil – produção
agrícola dedicada à exportação e realizada em grandes propriedades rurais?
A) Não houve semelhança.
b) O conjunto de colônias do Pacífico.
c) O conjunto de colônias do Norte.
d) O conjunto de colônias do Sul.
e) O conjunto de colônias do Centro-Sul.
Comentários
Outra questão interessante que exigiu do candidato uma comparação entre os sistemas de colonização
inglesa e portuguesa.
Para tanto seria preciso lembra-se de que o sistema de colonização inglesa teve dois modelos:
Colônia de Exploração: voltada para produção de mercadorias típicas de exportação. MONOCULTURA.
Foco: Mercado externo. Assim, predomínio da grande propriedade rural: LATIFÚNDIO! Predominou no Sul.
Colônia de povoamento é o exato oposto da colônia de exploração: produção voltada para o mercado
interno. PLURICULTURA. Assim, predomínio da pequena propriedade familiar. Predominou no Norte.
Quanto ao sistema de colonização que predominou no Brasil, temos o sistema de PLANTATION = Latifúndio,
exportador, monocultor e com uso de mão de obra escrava.
Assim, obedecendo ao comando da questão, precisamos comparar a Colônia Portuguesa com a Inglesa, e
chegamos à conclusão de que são as colônias do SUL.
A resposta para essa questão está na nossa aula 02, do Curso de História da EsPCEx 2021.
Gabarito: D

(EsPCEx 2019)
Do ponto de vista econômico, o sistema de capitanias, implantado em 1534, não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Entre as poucas capitanias que progrediram e obtiveram lucros,
principalmente com a produção de açúcar, estavam as de
a) Rio Grande e Itamaracá.
b) São Vicente e Rio Grande.
Prof. Alê Lopes

c) Santana e Ilhéus.
d) Maranhão e Pernambuco.
e) São Vicente e Pernambuco.
Comentários

Devido a vários problemas – grande distância entre Metrópole e Colônia, grande extensão das
Capitanias, conflitos com os indígenas, desinteresse dos Capitães-Donatários – o sistema de Capitanias
Hereditárias não funcionou no Brasil, tendo obtido sucesso apenas as Capitanias de São Vicente e
Pernambuco, conforme vimos ao longo da aula.

Nesse sentido, nosso gabarito só pode ser a alternativa E.

Gabarito: E

(EsPCEx 2019)
Durante o período conhecido por União Ibérica, ocorreu o embargo Espanhol ao comércio das colônias
portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o Nordeste brasileiro com a finalidade de
romper o embargo e reativar as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado à primeira
investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de maio de 1624, a (o)(s)
a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albuquerque.
b) ocupação de Salvador.
c) governo de Maurício de Nassau.
d) fundação do Arraial do Bom Jesus.
e) Batalhas de Guararapes
Comentários

Entre 1624 e 1625, os holandeses, através da CIA das Índias Ocidentais, tentaram invadir a Colônia
brasileira a partir da Bahia, chegando a tomar posse de Salvador, sendo, depois, devidamente
expulsos. Depois a partir de 1830 iniciaram uma segunda tentativa de ocupação, agora da Capitânia
de Pernambuco. Assim, veja que foram 2 momentos importantes: primeiro na Bahia e depois em
Pernambuco.

Vamos relembrar os ataques holandeses?

Vejamos o que cada alternativa diz:


Prof. Alê Lopes

a- Matias de Albuquerque Coelho oi capitão-mor nas Batalhas contra a Holanda em Pernambuco,


portanto, não condiz com os primeiros momentos da invasão holandesa.

b- Como vimos, em 1824, os Holandeses tentaram invadir o Brasil por meio de Salvador, mas foram
expulsos. Esse foi o primeiro momento da tentativa de dominação holandesa. Portanto, é o gabarito
da questão.

c- Maurício de Nassau, holandês, foi administrador da ocupação holandesa na Capitânia de


Pernambuco.

d- O Arraial do Bom Jesus, quartel-general da resistência à ocupação holandesa à Pernambuco, mais


precisamente Olinda, em 1835.

e- A Batalha de Guararapes está relacionada à luta das tropas luso-brasileiras contra a Holanda entre
1848 e 1849. Assim, se relaciona não com o início da invasão holandesa, mas com a luta da expulsão
dos flamengos do nosso país (que ainda era uma colônia)

Gabarito: B

(EsPCEx 2017)
Em 1578, dom Sebastião, rei de Portugal, morre na batalha de Alcácer-Quibir. Sem descendentes, o trono
foi entregue a seu tio dom Henrique, que viria a falecer dois anos depois, sem deixar herdeiro. Depois de
acirrada disputa, a Coroa portuguesa acabou nas mãos de Filipe II, rei espanhol, dando início à chamada
União Ibérica. Com esta união, um tradicional inimigo da Espanha torna-se inimigo de Portugal.
Das opções abaixo, assinale aquele que se tornou inimigo de Portugal.
a) Holanda
b) Alemanha
c) Itália
d) Inglaterra
e) EUA
Comentários

A Holanda era, nos reinados de Carlos I e seu filho Filipe II, uma possessão espanhola. Mas, devido à
forma de governo autoritária de Filipe II, a burguesia holandesa promoveu sua luta de independência.
Em resposta a isso, Filipe II proibiu todas as possessões espanholas de fazer comércio com a Holanda.
Devido à ocorrência da União Ibérica, ou seja, unificação do Reino de Portugal e Espanha, Portugal e
Brasil estavam incluídos nessa proibição.

Assim, a Holanda passou de aliada nos negócios do açúcar à inimiga. Nesse contexto, para não perder
o produtor de açúcar, a Holanda invadiu o Brasil. Isso teve um impacto enorme para a economia
colonial, primeiro porque travou-se uma luta contra a invasão e depois porque a Holanda se
transformou no principal concorrente do Brasil na produção de açúcar. A economia portuguesa, o que
inclui sua colônia brasileira, nunca mais recuperou sua posição de líder no mercado internacional
açucareiro.

Gabarito: A

(EsPCEx 2016)
As relações entre a metrópole e a colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial, sendo este aspecto
uma das principais características do estabelecimento de um sistema de exploração mercantil
Prof. Alê Lopes

implementado pelas nações europeias com relação à América. Com relação ao Brasil, do que constava este
pacto?
a) As colônias só poderiam produzir artigos manufaturados.
b) A produção agrícola seria destinada, exclusivamente, à subsistência da colônia.
c) A produção da colônia seria restrita ao que a metrópole não tivesse condições de produzir.
d) A colônia poderia comercializar a produção que excedesse às necessidades da metrópole.
e) Portugal permitiria a produção de artigos manufaturados pela colônia, desde que a matéria – prima fosse
adquirida da metrópole.
Comentários

O pacto colonial versava que a colônia deveria ser uma fonte de lucro para a sua metrópole. Sendo
assim, tudo de produtivo que já existisse ou fosse produzido na colônia pertencia metrópole e
deveria ser comercializado exclusivamente pela metrópole. Também conhecemos o Pacto
Colonial como exclusivo metropolitano justamente por essa relação de econômica que garantia a
exclusividade de exploração do Brasil por Portugal. Isso significa que, na prática, não havia
autonomia administrativa, territorial ou financeira.

Tendo isso em mente, vamos à análise das alternativas:

a) As colônias portuguesas eram proibidas de produzir manufaturados, deveriam comprar da


metrópole.

b) A produção agrícola era voltada à exportação, a exemplo do açúcar.

c) A colônia não produzia apenas para abastecer Portugal, mas toda a Europa. Contudo, veja,
o que a Metrópole produzia não era preciso produzir na colônia também. Nesse sentido,
essa alternativa está mal formulada, mas no contexto da questão, podemos considerá-la
como correta.

d) A colônia não poderia comercializar nada. Ela produzia e quem comercializava era
Portugal.

e) Completamente errado, como falamos, a Metrópole não permitia a produção


manufatureira na colônia.

Gabarito: C

(EsPCEx 2014)
“Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a
coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem no entanto, traçar um plano de ocupação
efetiva, […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o
comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido
monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em
conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio,
após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. (Berutti,2004)
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a)
a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos
tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a
oeste de Greenwich.
b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias.
Prof. Alê Lopes

c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que
dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras.
d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia
metropolitana portuguesa.
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente
inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as
expedições.
Comentários

Essa é uma ótima questão sobre o período pré-colonial ocorreu no Brasil entre 1500-1530. As
Grandes Navegações que se desenvolveram ao longo do século XV foram importantes para angariar
recursos para os Estados Modernos. Desta forma, as navegações são parte dos objetivos das políticas
mercantilistas, ou seja, buscar metais preciosos e especiarias a fim de comercializar na Europa.

A viagem de Vasco da Gama que chegou às Índias em 1498 foi coroada de êxito dando um lucro
exorbitante para Portugal. Assim, foi criada a mesma expectativa quanto a viagem de Cabral ao Brasil
em 1500. Contudo, conforme relata a Carta de Caminha não havia riqueza no Brasil, ou seja, metais
preciosos e especiarias e que o melhor a fazer é a catequese dos índios. O sucesso da viagem de
Vasco da Gama e o fracasso da viagem de Cabral explicam o relativo descaso de Portugal em relação
ao Brasil priorizando, então, o comércio das especiarias no Oriente. Daí o período Pré-Colonial.

Tendo essa contextualização em mente, vejamos as alternativas:

a) O único tratado com a Espanha era o de Tordesilhas que limitava terras para Espanha e para
Portugal.

b) A distância entre Brasil e Portugal é menor que aquela entre Portugal e Índia.

c) Os indígenas resistiram à colonização, mas foi depois de 1530. Nesse momento se envolveram
com Portugueses na exploração do pau-brasil por meio de relações de escambo.

d) Veja que item D não é completamente errado, porque é verdade que a relação comercial com a
América gerou oportunidades de grandes lucros aos países europeus. Contudo, a questão
aborda o desinteresse imediato de Portugal em relação à exploração das terras que viriam a ser
o Brasil. Por isso, a alternativa não tem a ver com o comando da questão. Preste atenção!!

e) Gabarito, conforme o comentário geral.

Gabarito: E

(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de colonização das terras portuguesas da América teve início na década de 1530, após a divisão
do território em capitanias hereditárias. As capitanias localizadas a partir do litoral médio da América
Portuguesa, Bahia, Ilhéus, Porto Seguro e Espírito Santo, cuja destinação principal foi o plantio de cana de
açúcar, sofreram reveses importantes e de natureza variada durante a década seguinte, fazendo com que a
economia e o povoamento recuassem do ponto em que já haviam atingido.
Assinale a opção que contém um fator comum às trajetórias de decadência vivenciadas pelas quatro
capitanias acima citadas.
a) Assaltos, ataques e destruição promovidos por indígenas tupis ou tapuias nas vilas ou nas plantações dos
colonos.
b) Problemas relacionados à morte do donatário e aos consequentes conflitos entre os herdeiros.
Prof. Alê Lopes

c) Baixa produtividade dos terrenos para o plantio adequado da cana-de- açúcar.


d) Enfraquecimento relacionado a invasões externas por franceses, holandeses e espanhóis.
e) Inexistência de um aparato judicial adequado à resolução dos constantes conflitos entre os colonos.
Comentários

Essa questão é sobre administração colonial. Sabemos que o sistema de capitanias não deu certo
por diversos motivos, entre eles:

Isolamento das capitanias, uma sem relação com as outras. As distâncias eram enormes,
por isso, a comunicação e a circulação também eram difíceis. Esse isolamento fazia com
que as soluções para as dificuldades tivessem que ser conseguidas “dentro” da capitânia.
Mas essa terra não era um vazio, né? Havia muitos índios.

Revolta e ataques dos povos indígenas. Como as capitanias, na prática, eram uma
expropriação do território indígena é evidente que muitos povos resistiram a essa
ocupação (ou invasão) e causaram verdadeiras guerras contra os colonizadores.

Dificuldades para desenvolver a lavoura, afinal, nem todas as capitânias possuíam terras férteis.
Na verdade, os europeus ainda não conheciam muito bem qual era o produto mais adaptado ao
clima tropical e equatorial. Assim, na verdade, o problema não estava no solo, mas no
desconhecimento dos portugueses sobre o que produzir para exportar e gerar dividendos à
Coroa.

Dificuldade de obter mão de obra para a louva e para o extrativismo.

Tudo isso, custava muito caro. Apesar dos donatários serem pessoas da nobreza
portuguesa, nem todos possuíam grande monta de recursos para enfrentar todos os
obstáculos acima arrolados.

Agora, veja, o comando pediu “um fator comum entre as 4 capitanias que explicam seu fracasso”.
Na leitura do enunciado já sabemos que todas elas foram destinadas à plantação de cana, como
sabemos que são no litoral, clima quente e úmido, logo podemos pensar que não foi um motivo
ligado à qualidade da terra.

Vejamos cada alternativa:

a) Gabarito. É fato: o processo de colonização (ocupação da terra e exploração do solo e dos


recursos naturais) sofreu resistência dos indígenas. Nos locais onde portugueses souberam
negociar, conciliar e fazer alianças houve melhores resultados, por exemplo em Pernambuco
e em São Vicente. Regiões como Ceará e Bahia sofreram constantes ataques. Na Bahia e em
Ilhéus, como os colonos tentaram escravizar os índios, estes fizeram grandes ataques.
Tupinambás destruíram a Bahia e expulsaram os colonos. Francisco Pereira Coutinho, capitão
donatário da Capitania foi morto pelos índios tupinambás na ilha de Itaparica. Para confirmar
seu poder de dominação, a Coroa Portuguesa resolveu criar o governo geral e, por meio de
uma verdadeira guerra, transformou Salvador na Capital da Colônia.

b) Isso ocorreu, mas não é comum entre as pedidas no texto.

c) Errado. O próprio texto fala que essas capitanias estavam destinadas à plantação da cana.
Aliás, antes dos ataques dos indígenas, os colonos conseguiram plantar a cana. Estava indo
bem. Mas, ao tentarem usar mão de obra escrava indígena, perderam tudo.
Prof. Alê Lopes

d) Errado. Franceses invadiram o Rio de Janeiro e o Maranhão e os Holandeses invadiram


Salvador e, depois Pernambuco.

e) Errado. Os conflitos, em geral, eram entre colonos e indígenas. O Regimento Régio de 1548,
que criou o cargo de Governador Geral, estabeleceu regras e formas de resolver esses
conflitos.

Gabarito: A

(EsPCEx 2013/Professor)
O processo de exploração do trabalho pelos colonos oriundos de Portugal permitia alguns tipos de
apropriação da mão de obra indígena. Sobre esse tema, analise as afirmativas abaixo e marque a resposta
correta.
I. Resgate era a forma de obtenção da mão de obra de índios que haviam sido capturados por outros
conquistadores europeus, que os devolviam em troca de uma certa recompensa.
II. O cativeiro ou escravização era o resultado do apresamento de índios em decorrência de guerra justa
consentida pelas autoridades, dado que, por regra, a escravização passou a ser ilegal.
III. Descimento era o deslocamento de contingentes populacionais indígenas de áreas distantes para as
regiões de controle europeu, nas quais se formavam aldeamentos.
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente II é verdadeira.
c) Somente III é verdadeira.
d) Somente I e II são verdadeiras.
e) Somente II e III são verdadeiras.
Comentários

A escravização de indígenas pelos colonizadores era permitida em duas situações: no resgate de


prisioneiros de outros grupos indígenas (uma forma de os portugueses se aproveitarem das disputas
que existiam entre os indígenas); e no que chamavam de guerra justa, que era garantida caso os
indígenas atacassem os portugueses

Vamos direto para as alternativas:

I – errado, pois o resgate não era em relação aos índios capturados por outros colonizadores, e sim
fruto dos conflitos entre indígenas. Era comum, porem por motivos bastante diferentes, um
guerreiro derrotado ser feito escravos do vencedor. Porém, era um tipo de escravização diferente da
que a empregada pelos portugueses.

II – sim, pois havia restrições, principalmente por conta da pressão dos jesuítas.

IIII – correto, mas com ressalvas, pois dá a impressão que o centro do conceito de “descimento” era
um deslocamento. Contudo, o centro dos descimentos era a convivência pacífica entre portugueses
e indígenas com vistas ao convencimento dos nativos para que trabalhassem nos empreendimentos
portugueses. Isso ocorria, claro, em aldeamentos, um espaço favorável a esse tipo de
“convencimento”. Em um segundo momento, o aldeamento passou a ser forçado, tanto por jesuítas
quanto por colonos exploradores de recursos naturais. Havia os descimentos privados e os
patrocinados pela Coroa. Os privados eram feitos por colonizadores que solicitavam à Coroa a
formação de um aldeamento e, dentro disso, a necessidade de usar mão de obra indígenas; já os
patrocinados pela Coroa eram planejados de acordo com as possibilidades de exploração econômica.

Gabarito: E
Prof. Alê Lopes

(EsPCEx 2012)
Durante o período colonial, o Brasil sofreu diversas invasões estrangeiras. Nessas invasões:
a) a francesa, na Baía da Guanabara, resultou na criação de uma colônia, a França Antártica, formada
principalmente por católicos interessados no cultivo da cana-de-açúcar e no trabalho de conversão dos
índios.
b) a holandesa foi motivada pelo embargo espanhol que, por representar uma ameaça à sua economia,
levou o país a decidir-se pela invasão do Brasil, inicialmente pela região do Rio Grande do Norte, onde
encontrou forte resistência.
c) a holandesa, em Pernambuco, foi favorecida pelo constante reforço vindo da Holanda, o auxílio de
cristãos-novos residentes na região e por estarem seus soldados mais bem armados e mais experientes.
d) a resistência luso-brasileira à invasão pernambucana foi organizada em grupos de guerrilha e contou com
a liderança de Domingos Fernandes Calabar, morto lutando contra os holandeses.
e) embora a resistência luso-brasileira em Pernambuco contasse com a vantagem do fator surpresa e
melhor conhecimento do terreno, os holandeses acabaram por conquistar o Nordeste, onde se estenderam
desde o Maranhão até a Bahia.
Comentários

a) falso, pois era formada por protestantes.

b) errado, pois a tentativa de invasão se deu pela Bahia e depois Pernambuco.

c) correto. Repare que a afirmativa nos apresenta um dos reflexos da tolerância religiosa, isto é, o
apoio de cristãos.

d) falso, pois Calabar lutou ao lado dos holandeses.

e) errado, pois os holandeses foram expulsos da Bahia, tentaram conquista-la, mas nõa
conseguiram.

Gabarito: C

(EsPCEx 2011)
Sobre o Governo Geral, instalado no Brasil pelo regimento de 1548, pode-se afirmar que
a) acabou, de imediato, com o sistema de capitanias hereditárias.
b) teve total sucesso ao impor a centralização política em toda a colônia, como forma de facilitar a defesa
do território.
c) teve curta duração, pois foi dissolvido durante a ocupação francesa do Rio de Janeiro, em 1555.
d) durou até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
e) adotou, desde o início, o Rio de Janeiro como única capital, em virtude do grande sucesso da cultura
canavieira nas províncias do Rio de Janeiro e São Paulo.
Comentários

O Governo Geral foi instalado no Brasil em 1549, na cidade de Salvador, e pretendeu representar
a Coroa em território colonial. Sua ação foi restringida pela grande dimensão do Brasil, mas
manteve-se até a chegada da Corte comandada por D. João VI em 1808.

a) falso, pois o Governo Geral permaneceu.

b) errado, pois não conseguiu evitar revoltas e invasões.

c) errado, durou até 1808.


Prof. Alê Lopes

d) é o nosso gabarito.

e) falso, pois primeiro a capital foi Salvador. Ademais, após o governo de Mem de Sá, a América
Portuguesa foi dividida em dois governos-gerais: um com capital em Salvador e outro com capital
na cidade do Rio de Janeiro.

Gabarito: D

(EsPCEx/2007/4000000514)

Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças holandesas conquistaram com facilidade Olinda e Recife,
em 1630, mas não obtiveram o mesmo êxito na zona rural, porque, no interior da capitania,
A) as forças brasileiras equivaliam em efetivo, treinamento e armamento aos holandeses.
b) os brasileiros eram em menor número, no entanto dispunham de melhores armamentos do que os
adversários.
c) os brasileiros eram melhor armados e mais experientes no tipo de combate proposto pelos holandeses.
d) os habitantes locais adotavam táticas de guerrilha, atacando os holandeses de surpresa.
e) os locais contavam com o apoio explícito e regular da Espanha, tanto no treinamento de técnicas de
combate, quanto no suprimento de víveres e munição.
Comentários
O enunciado da questão nos informa prontamente informações-chave para interpretarmos o que se pede.
Lembre-se do tempo, espaço e tema: as invasões holandesas no Nordeste a partir de 1630. Lembre-se que
Portugal e Espanha foram unificados tornando-se a União Ibérica, entre 1580 e 1640. Isso fez com que os
inimigos dos espanhóis, no caso os holandeses, passassem a invadir também territórios portugueses,
incluindo suas colônias. Além de prejudicar a Espanha, o objetivo era se apropriar de territórios ligados à
produção/exportação de açúcar e ao comércio de escravizados africanos. A primeira invasão ao Brasil foi
realizada na cidade de Salvador em 1624, porém os holandeses foram derrotados. Mais tarde, em 1630,
retornaram com uma frota maior e mais tropas, concentrando seu ataque à Recife e Olinda. Dessa vez,
foram bem sucedidos. Os holandeses não só mantiveram seu domínio sobre a região como também
estenderam-no por boa parte da faixa litorânea do Nordeste, de Pernambuco ao Maranhão. Porém, não
conseguiram avançar muito no interior. Vejamos qual a razão para isso:
a) Incorreta. As forças brasileiras eram bem menos numerosas, treinadas e armadas do que os holandeses.
É importante lembrar que no século XVII, a economia açucareira do Nordeste estava em crise, devido ao
aumento da concorrência internacional provocado pela fundação de colônias açucareiras por outras
nações europeias, no Caribe e na Ásia, muitas delas espanholas. Por isso, não era tão interessante para a
Coroa espanhola, que agora governava os territórios portugueses, fazer políticas econômicas direcionadas
para região. O rei espanhol estava mais preocupado com as buscas de metais preciosos, que no Nordeste
não parecia levar a lugar algum.
b) Incorreta. Os brasileiros também dispunham de piores armamentos do que os holandeses.
c) Incorreta. Os holandeses eram versados nas táticas de guerra europeias da época, envolvendo batalhas
navais e realização de sítios em cidades fortificadas. Os brasileiros não dispunham de tantos recursos para
enfrentar os holandeses, seja no mar, ou na terra, muito menos para resistir ao sítio caso durasse meses.
d) Correta! Apesar da derrota no litoral, os colonos luso-brasileiros tiravam vantagem de sua maior
familiaridade com a geografia local para no mínimo impedir o avanço holandês sobre o interior do
Nordeste. Para isso, usaram táticas de guerrilha próprias para emboscadas nas matas. Vale destacar
também que muitas regiões do Nordeste, sobretudo nas capitânias mais ao norte e no interior, ainda havia
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muitos povos indígenas, entre os quais vários bem hostis à qualquer colonização europeia, o que contribuiu
para a retenção dos holandeses no litoral.
e) Incorreta. Como mencionei antes, a Espanha não se preocupava tanto com a recuperação econômica e
militar do Brasil, enquanto suas próprias colônias iam bem. Diante da multiplicação de ataques holandeses
(e de outros europeus) às colônias espanholas ao redor do mundo, a América portuguesa era uma perda
aceitável, afinal ainda havia muitos nativos para lidar e não havia sinal de metais preciosos até então. Por
isso, a Coroa espanhola se limitava a financiar ocasionalmente entradas para buscar ouro e outros metais
preciosos.
Gabarito: D

(EsPCEx/2007/4000000516)
Sobre a “Carta de Doação” e o “Foral”, documentos do Brasil Colônia, assinale a afirmativa correta.
A) A Carta de Doação estabelecia os direitos e deveres dos colonos.
b) O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários.
c) Pela Carta de Doação o donatário poderia conceder sesmarias a colonos – portugueses ou não – que
professassem a fé católica.
d) O Foral estabelecia que os atos dos donatários só poderiam ser julgados pelo rei.
e) Pela Carta de Doação, o donatário podia fundar vilas e povoados e criar instrumentos administrativos,
jurídicos, civis e criminais para regê-los.
Comentários
A “Carta de Doação” e o “Foral” eram documentos relacionados ao sistema de Capitânias Hereditárias,
criado em 1534 pela Coroa portuguesa. Tratava-se de um sistema de administração da colônia portuguesa
na América, que dividiu seu território em 15 partes que foram distribuídas entre comerciantes e militares
ligados de alguma forma à nobreza portuguesa. Então, esses homens passavam a ter o título de capitão
donatário. Com isso em mente, vejamos qual a alternativa correta a respeito dos dois documentos:
a) Incorreta. A Carta de Doação não tinha a ver com os colonos em geral, mas especificamente com o
capitão donatário. Tratava-se da nomeação propriamente dita. Era o documento que concedia o título de
capitão donatário ao pretendente ao ceder uma ou mais capitanias, a administração sobre ela, as suas
rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei.
b) Correta! O Foral era editado juntamente com a Carta de Doação, detalhando os direitos e deveres dos
donatários, como promover a prosperidade da capitania, conceder sesmarias, receber a redizima das
rendas da metrópole e a vintena da comercialização do pau-brasil e do pescado.
c) Incorreta. O Foral que dava essa prerrogativa ao capitão donatário.
d) Incorreta. Os capitães donatários podiam ser julgados pelas instituições metropolitanas como a Mesa de
Consciência e Ordens.
e) Incorreta. Isso também era uma prerrogativa concedida pelo Foral.
Gabarito: B

(EsPCEx/2006/4000039575)
“Os governos-gerais tiveram grandes obstáculos para a centralização política. As distâncias entre as
províncias, as dificuldades de comunicação e os interesses locais dos proprietários de terras e de escravos
limitavam a ação dos governadores.”
(COTRIM, Gilberto. História do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1999.)
Em 1549, o Governo-Geral foi instituído no Brasil, tendo como sede a cidade de Salvador. Entretanto, em
face de dificuldades como as indicadas no texto, no ano de 1572 o Governo-Geral foi dividido em duas
sedes, Salvador e
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A) São Luís.
b) Recife.
c) Rio de Janeiro.
d) São Vicente.
e) São Cristóvão.
Comentários
Em primeiro lugar, note que a questão aborda o período do Brasil Colônia, mais especificamente o século
XVI, quando o sistema colonial português ainda estava sendo instalado e passava por várias reformas.
Lembre-se que em 1534, havia sido criado o sistema de capitânias hereditárias, que dividiu a América
portuguesa em 15 capitanias, cada uma governada por um capitão donatário (havia casos de um mesmo
capitão governar mais de uma capitania). No entanto, esse sistema descentralizado fracassou. Por isso, em
1549 foi criado um Governo-Geral, ao qual os capitães donatários passavam a responder, centralizando a
administração colonial. Contudo, as dificuldades persistiram devido aos fatores indicados pelo texto da
questão. Assim, quando o primeiro governador geral, Tomé de Souza, faleceu, em 1572, o Governo Geral
foi dividido em dois. O Governo do Norte, com sede em Salvador, abrangia desde a capitania do Maranhão
até a capitania da Bahia de Todos os Santos. O Governo do Sul abarcava desde a capitania de Ilhéus até a
capitania de Santana. Vejamos, então, qual era a sede do Governo do Sul:
a) Incorreta. A cidade de São Luís ainda não existia nessa época.
b) Incorreta. Recife ainda era uma vila nessa época. Nem mesmo era a capital de Pernambuco, que então
era Olinda.
c) Correta! O Rio de Janeiro era uma das cidades mais antigas da colonização portuguesa naquela altura.
Além de ter uma localização estratégica como porto, sobretudo no comércio com as colônias portuguesas
na África, como Luanda (Angola). Inclusive, o Rio de Janeiro já havia sido tomado pelos franceses entre
1555 e 1567, então era importantíssimo garantir a posse portuguesa daquela região.
d) Incorreta. São Vicente era uma vila pobre e decadente nessa época, não era interessante torna-la capital
do Governo do Sul.
e) Incorreta. São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do país. No entanto, ainda não existia quando da
divisão do Governo Geral em dois. Trata-se de uma cidade no atual estado de Sergipe que, em 1572, ainda
fazia parte da capitania da Bahia de Todos os Santos. Somente em 1590 foi criada a capitania de Sergipe
del Rei, assim como a cidade de São Cristóvão que se tornou sua capital.
Gabarito: C

(EsPCEx/2007/4000039133)
Em negociação direta entre os países interessados, foi assinado, a 7 de junho de 1494, o Tratado de
Tordesilhas, que tinha por objetivo
A) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólio que atingia
todas as riquezas coloniais.
B) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das
expedições de Vasco da Gama às Índias.
C) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o
desenvolvimento da expansão comercial e marítima.
D) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a destruição da invencível
Armada de Filipe II, da Espanha.
E) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da
formação do exército nacional.
Comentários
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O Tratado de Tordesilhas foi um acordo assinado entre as Coroas portuguesa e espanhola, em 1494.
Segundo ele, ficava definido como o limite entre as colônias portuguesas e espanholas na América uma
linha vertical imaginária traçada 370 léguas à oeste de Cabo Verde. Com isso em mente, vejamos qual a
alternativa correta:
a) Incorreta. Esse era o pacto colonial, ou o exclusivo comercial metropolitano, imposto por uma metrópole
a qualquer de suas colônias naquela época, independentemente de qualquer tratado.
b) Incorreta. O navegador Vasco da Gama foi o primeiro Europeu a chegar até a Índia por meio da
circunavegação da costa africana. Contudo, ele só concluiu esse feito em 1498, quatro anos depois da
assinatura do Tratado de Tordesilhas.
c) Correta! Desde o século XIII, aproximadamente, a Europa vivenciava um processo de renascimento
comercial e urbano, gerado em parte pelo seu contato com o Oriente por meio das Cruzadas. A partir de
então, os europeus passaram a importar uma série de matérias-primas e produtos asiáticos e africanos. O
mar Mediterrâneo era uma importante via de acesso para isso. No entanto, era uma área de intensa de
disputa, na qual levavam a melhor italianos, bizantinos e muçulmanos. Com a conquista do Império
Bizantino para os turco-otamano, em 1453, ficou ainda mais difícil para outros europeus terem acesso a
essas rotas. Assim, a expansão comercial e marítima teve início para buscar principalmente novas rotas,
mercados e riquezas naturais em outros continentes. Portugueses e espanhóis foram pioneiros nesse
sentido, mas a competição entre ambos já eram intensa entre os séculos XV e XVI. Por isso, quando
Colombo encontrou a América, em 1492, os portugueses que já tinham amplo conhecimento da costa
africana, quiseram garantir seu monopólio sobre a navegação no Atlântico sul, imaginando que haveriam
ainda mais terras à oeste da África, mas sem saber o tamanho delas exatamente. Com isso, tiveram início
as negociações que resultaram no Tratado de Tordesilhas, que visou demarcar os territórios aos quais
portugueses e espanhóis tinham direito de exploração no “Novo Mundo”.
d) Incorreta. Quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas Filipe II não era nem nascido, muito menos
rei da Espanha. Por seu turno, esse tratado representava hegemonia das coroas ibéricas (Portugal e
Espanha) sobre a exploração colonial, deixando de fora outras importantes monarquias católicas da época,
como a França e a Inglaterra. Isso porque, estas duas ainda se recuperavam da Guerra dos Cem Anos (1337-
1453), entre outras crises do sistema feudal, que as impediram de investir na expansão marítima até
meados do século XVI.
e) Incorreta. Com esse tratado, Portugal buscava se consolidar como reino por meio do monopólio da
navegação sobre o Atlântico Sul, que lhe garantia não só a exploração de produtos africanos, mas
principalmente indianos e outras especiarias asiáticas, muito requisitadas no mercado europeu. Além disso,
como já disse, o tratado era um tiro no escuro por parte dos portugueses, com a esperança de que
houvesse ainda alguma terra inexplorada ao sul das descobertas de Colombo.
Gabarito: C

12. Lista de questões da profe. Alê Lopes - comentadas


(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)
Em 1534, o reio dom João III dividiu a colônia portuguesa em quinze faixas de terra que iam do litoral à
linha do Tratado de Tordesilhas, com largura entre 200 e 650 quilômetros. O nomes dado a essas porções
territoriais foi
a) sesmarias.
b) capitanias hereditárias.
c) vice-reinados.
d) feitorias.
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e) concessão vassala.
Comentários
a) errado, pois as sesmarias era uma distribuição de terras com vistas à produção e ocupação
territorial e não uma forma de administração do território pensando na unidade territorial e defesa
contra ameaças externas, o propósito inicial das Capitanias hereditárias. O beneficiário da sesmaria
recebia uma porção de terra, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens.
b) correto. Lembrando que que as Capitanias eram entregues aos capitães-donatários os quais, em
geral, eram por membros da pequena nobreza, da burocracia portuguesa e comerciantes que
pretendiam assumir riscos na colônia. Porém, todos possuíam algum tipo de ligação com a Coroa,
o que lhes possibilitou o benefício da nomeação e a responsabilidade de distribuir sesmarias em
nome do rei.
c) falso, pois a divisão por vice-reinados foi a forma de organização da administração da América
espanhola.
d) falso, pois as feitorias foram as instalações comerciais e de mediação de negócios que os
portugueses estabeleceram ao longo da África rumo à busca por especiarias nas Índias e para
operações comerciais no próprio continente africano.
e) errado, pois a relação suserano-vassalo era própria do feudalismo, de modo que não é possível
transpor essa prática para o que foi estabelecido na colonização da América. Dentre as diferenças,
podemos mencionar o fato de que as concessões de terras eram para auferir lucros e explorar
riquezas, sendo que a contrapartida era repassar um percentual ao Estado português, ao reino. Ou
seja, uma relação diferente da fidelidade de honra entre suserano e vassalo.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Para os portugueses, dois motivos de maior destaque justificavam a opção pela exploração do açúcar, sendo
eles:
a) o produto proporcionava à metrópole uma balança comercial favorável e os portugueses já dominavam
a produção nas ilhas da Madeira e Cabo Verde.
b) o produto se adaptou bem ao longo do litoral brasileiro e era de grande apreciação pelas cortes
europeias.
c) o açúcar tinha baixo valor em relação aos custos de produção e a parceria com os holandeses na américa
central potencializou os ganhos portugueses.
d) a instalação do engenhos era relativamente simples e a mão de obra indígena escravizada se adaptou ao
trabalho compulsório.
e) a autorização da Coroa portuguesa para a escravização dos indígenas por meio das Cartas Régias e a
experiência que os portugueses já tinham no manejo do produto, desde a colonização da Ilhas da Madeira
e Cabo Verde.
Comentários
a) correto. Por ser um produto de fácil adaptação ao clima e ao solo da região tropical, bem como
os portugueses já terem experiência no manejo, a cana-de-açúcar foi a grande aposta. E não podia
ser diferente, pois, naquela época, o açúcar era uma das especiarias mais bem pagas e apreciadas
no mercado europeu. Nesses termos, o cálculos dos portugueses mirou o sistema mercantilistas
que vigia na época: balança comercial favorável.
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b) falso, pois não foi em todo litoral brasileiro que o a cana-de-açúcar virou. Isso ocorreu
principalmente no nordeste região em que ficou concentrada a maior quantidade de engenhos.
c) errado pois tanto a implantação dos engenhos quanto a parte técnica para o refino demandavam
custos elevados, o que levava boa parte dos senhores a contrair créditos com bancos holandeses,
por exemplo, para assegurar a construção e manutenção dos engenhos. Além disso, os holandeses
passam a produzir açúcar na América Central após a serem expulsos do Brasil e não antes.
d) errados, pois não era simples, tampouco os indígenas se adaptaram a um ritmo de trabalho
nunca antes visto em sua história, houve muita resistência indígena.
e) falso, pois a Coroa passou a proibir a escravização dos indígenas.
Gabarito: A

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Dos pontos de vista econômico e administrativo, o sistema de capitanias não alcançou os resultados
esperados pelos portugueses. Poucas capitanias progrediram, como São Vicente e Pernambuco. Nesse
sentido, a Metrópole implantou o sistema de governos-gerais, o qual
a) substituiu a divisão territorial das capitanias e alterou a forma de distribuição de terras.
b) transferiu o poder de concessão de terras às Câmaras Municipais.
c) elevou a categoria da colônia a Reino Unido de Portugal.
d) tinha o objetivo de centralizar a defesa do território e a administração da colônia.
e) transferiu a capital da colônia Salvador para Rio de Janeiro.
Comentários
a) errado, pois as capitanias hereditárias conviveram com o sistema de Governos-Gerais, não
houve a substituição de um pelo outro, por mais que, na prática as capitanias tenham perdido
a eficiência.
b) falso, pois as Câmaras Municipais eram organismos de administração do poder local e
funcionavam, inclusive, com espécie de órgão de justiça, pois um dos membros da Câmara
assumia o papel de juiz. Veja, com o surgimento das primeiras vilas e cidades, a administração
foi entre às Câmaras Municipais, compostas, em geral, por três ou quatro vereadores. Estes
eram eleitos pelos “homens bons”, os proprietários de terra. O representante que cumpria a
função de juiz era o que presidia a Câmera. Já a concessão de terras ainda era de
responsabilidade dos representantes diretos da Corte, as autoridades que permitiam a doação
das terras (primeiros os Capitães donatários, depois os Governadores).
c) errado, pois essa condição só foi alçada a partir do momento em que a Corte portugueses
migrou para o Brasil em 1808, após a invasão napoleônica a Portugal.
d) correto, porque, diante da baixa eficiência das capitanias hereditárias para cumprir esse dois
papeis e organizar a colonização, foi preciso aprimorar a administração colonial, algo que foi
cumprido pelo Governo-Geral.
e) falso, pois isso somente ocorreu com o ciclo do ouro, sendo que a transferência ocorreu em
1763.
Gabarito: D

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Prof. Alê Lopes

Durante o período conhecido como União Ibérica (1580-1640), uma consequência do domínio espanhol
que favoreceu as atividades dos colonos no Brasil foi
a) o fim do pacto colonial, permitindo o livre comércio, principalmente com França e Inglaterra.
b) a abolição, na prática, das demarcações do Tratado de Tordesilhas, favorecendo a interiorização em busca
de metais preciosos.
c) a alteração da forma administrativa para um governo autônomo comandado pelo Conselho Ultramarino.
d) a liberação para a escravização indígena, resultando na diminuição do tráfico negreiro e,
consequentemente, a dos custos de produção.
e) o fortalecimento da fiscalização territorial a partir do deslocamento de efetivos da guarda espanhola para
assegurar as atividades exploratórias na colônia.
Comentários
A União ibérica é o nome que se dá para o momento histórico em que houve união das coroas portuguesa
e espanhola, entre 1580 e 1640. Nesse momento, Portugal perdeu o controle direto de parte de suas
feitorias e colônias. A Holanda, antiga parceira chegou a ocupar território como o Brasil.
Assim, teremos uma dificuldade econômica que levou os colonos a buscarem outras atividades
econômicas, além do açúcar. A interiorização do território foi uma consequência desse processo.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada alternativa:
a) Errado. O fim do Pacto Colonial ocorreu apenas em 1808, com a vinda da Família Real para o Brasil.

b) Correto. Exatamente o que ocorreu, tanto que depois disso, Portugal e Espanha protagonizaram
diversos acordos territoriais.

c) Errado. O Brasil colonial nunca foi autônomo.

d) Errado. A única possibilidade de escravização indígena era a guerra juta, mesmo antes da União
Ibérica.

e) Errado. Essa transferência nunca existiu.

Gabarito: B

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Durante o século XVI e início do século XVII, o Brasil tornou-se o maior produtor de açúcar do mundo; ele
foi o responsável pela riqueza dos senhores de engenho, da Coroa e de comerciantes portugueses. Mas
foram sobretudo os holandeses que mais se beneficiaram com a atividade açucareira. Responsáveis pelas
etapas de refinação e comercialização, eles ficavam com um terço do valor do açúcar vendido. Uma vez
refinado em Flandres, o açúcar era comercializado na Europa por holandeses e portugueses.
(VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. VICETI, José. História. Parte 2, XXX, p. 328)
A parceria entre holandeses e portugueses a que o texto se refere foi abalada porque
a) a Espanha, que era inimiga dos Países Baixos, transferiu o conflito com os holandeses durante o período
da União Ibérica.
b) os portugueses passaram a construir alianças com o reino da França após o estreitamento das relações
durante a permanência de francês nas lavouras da França Antártida.
c) as companhias de comércio dos ingleses obtiveram êxito na produção do açúcar em sua colônia, deixando
para trás o monopólio de Portugal e Holanda.
d) os holandeses passaram a ter interesse em negociar com os espanhóis nas colônias da Antilhas.
e) a administração de Maurício de Nassau em Pernambuco comprou dos portugueses os engenhos
produtores de açúcar refinado.
Comentários
Prof. Alê Lopes

O controle de Portugal sobre o Brasil foi fortemente afetado pela União Ibérica e as Invasões
Holandesas. Um ano antes da União Ibérica, a Espanha, proibiu depois as relações que a
burguesia holandesa tinha com o açúcar brasileiro, em retaliação. Em resposta, a Holanda
tramou um grandioso projeto de expansão mercantil cujo foco principal era o grande império
ultramarino espanhol, incluindo a parte anteriormente portuguesa.
a) Correto. Um ano antes da União Ibérica, a Holanda, rompeu com o domínio da Espanha, que,
em retaliação, proibiu depois as relações entre a burguesia holandesa e o açúcar brasileiro. Os
holandeses foram proibidos de realizar novos empréstimos, de cobrar os empréstimos feitos
anteriormente e de revender açúcar que chegava a Portugal na Europa.
b) Incorreto! Um fator importante para permanência dos franceses no território brasileiro foi a
aliança que estabeleceram entre os indígenas Tamoios e Tupinambás, que possuíam o objetivo
comum de eliminar os portugueses de seus territórios. A Confederação dos Tamoios
representou essa união. No entanto, em 1560 os franceses acabaram expulsos pelos
portugueses.
c) Incorreto! Junto com o algodão, o açúcar foi um dos produtos produzidos pelas colônias
inglesas, contudo, nunca chegaram a superar o monopólio de Portugal e Holanda na
comercialização do produto.
d) Incorreto! Em resposta à União Ibérica e ao bloqueio comercial estabelecido pela Espanha, a
Holanda tramou um audacioso projeto de expansão mercantil, cujo principal objetivo era o
grande império ultramarino espanhol, incluindo as colônias portuguesas. Em 1602, a Holanda
fundou a Companhia das Índias Orientais, que controlava a maior parte do comércio entre a
região da Ásia e a Europa e, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais, visando a costa
atlântica da África, o nordeste brasileiro e o Caribe.
e) Incorreto! Os primeiros anos de ocupação foram marcados por conflitos entre holandeses e
senhores de engenho. A pacificação ocorreu durante o governo do holandês Maurício de Nassau,
presidente da Companhia das Índias Ocidentais. Nassau estabeleceu uma política de parceria com
os senhores de engenho, convencendo-os dos benefícios do domínio holandês. Contudo, esse não
foi o motivo do rompimento de relações entre Portugal e Holanda, conforme explicamos no item
“a”.
Gabarito: A

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


No processo de estabelecimento do território brasileiro, acerca do Primeiro Tratado de Utrecht é correto
afirmar que
a) ele atualizou as demarcações do Tratado de Tordesilhas.
b) foi resultado de um acordo tríplice entre os reinos da Espanha, Portugal e França para solucionar
questões na tríplice fronteira na bacia do Prata.
c) foi assinado entre França e Portugal para estabelecer limites entre os territórios coloniais dois reinos,
sendo que os franceses aceitaram o rio Oiapoque como limite entre a colônia portuguesa e a Guiana
Francesa.
d) restabeleceu a posse da Colônia do Sacramento a Portugal.
e) tornou nula todas as disposições e feitos decorrentes do Tratado de Madri.
Comentários
Prof. Alê Lopes

O Tratado de Utrecht (1713-1715) foi, na verdade, dois acordos que puseram fim à Guerra de
Sucessão Espanhola e mudaram o mapa da Europa e das Américas. No primeiro Tratado, de 1713,
a Grã-Bretanha reconhecia como rei da Espanha o francês Felipe d’Anjou. Por sua parte, a Espanha
cedia Menorca e Gibraltar à Grã-Bretanha. O acordo também repercutiu nas colônias da América,
pois estabeleceu as fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa, além de definirem os limites do
Amapá.
a) Incorreto! O limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas caiu em desuso em decorrência da
União Ibérica (1580-1640). Com esta expansão territorial, foi necessário refazer os limites das
colônias americanas entre Portugal e Espanha, o que aconteceu posteriormente através do Tratado
de Madri, de 1750.
b) Incorreto! A questão descreve o Tratado dos Pirenéus, de 1659, que enquadra-se no contexto
das lutas da Restauração Portuguesa, que envolveu diferentes situações políticas e interesses em
conflito, entre França, Espanha e Portugal.
c) Correto! O chamado Tratado de Utrecht, assinado em 1713, constituiu um conjunto de
imposições à Espanha e à França determinado pelos países vencedores da Guerra de Sucessão
Espanhola. As resoluções desse tratado redefiniram parte da geografia da Europa e colaboraram
para acelerar o processo de ruptura com o Pacto Colonial da Espanha com suas colônias na
América.
d) Incorreto! Este foi um dos resultados do segundo Tratado de Utrecht, assinado em 6 de fevereiro
de 1715, desta vez entre Portugal e Espanha, que restabeleceu a posse da Colônia do Sacramento
a Portugal.
e) Incorreto! Foi o Tratado de El Pardo, de 1761, que tornou nulas todas as disposições e feitos
decorrentes do Tratado de Madrid (1750), que havia falhado em promover a paz entre as colônias
espanhola e portuguesa.
Gabarito: C

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


O conflito entre indígenas de Sete Povos das Missões, liderados por jesuítas, contra os governos da Espanha
e de Portugal em função das redefinições territoriais e ameaças de aprisionamento indígenas ficou
conhecido como
a) Guerra do Contestado.
b) Conjuração das Missões.
c) Guerra dos Emboabas.
d) Batalha de Guararapes.
e) Guerra Guaranítica.
Comentários
A Guerra Guaranítica (1753-1756), ou Guerra dos Sete Povos, resultante das decisões do Tratado de Madri
a respeito dos limites dos domínios de Portugal e Espanha na América do Sul. Suas principais consequências
foi o genocídio de mais de vinte mil indígenas Guarani da região dos Sete Povos das Missões, destruição
dos Sete Povos das Missões em 1756 e a diminuição da influência dos jesuítas na região sul do Brasil.
a) Incorreto! A Guerra do Contestado foi um conflito ocorrido entre 1912 e 1916 na fronteira entre os
estados de Santa Catarina e Paraná, referente a disputa desses territórios, razão pela qual recebe o nome
de contestado. Foi um dos primeiros movimentos político-sociais do Brasil República, com o objetivo de
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lutar pelos direitos da população menos favorecida. Terminou em um conflito sangrento com a morte do
líder messiânico João Maria e a derrota das tropas paranaenses.
b) Incorreto! O conflito mais conhecido da região dos Sete povos das missões foi a Guerra Guaranítica,
descrita na opção “e”.
c) Incorreto! A Guerra dos Emboabas foi um conflito travado entre 1707 e 1709 pelo direito de exploração
das jazidas de ouro recém-descobertas na região das Minas Gerais. O confronto se deu entre bandeirantes
e forasteiros, que vieram após a descoberta das minas.
d) Incorreto! A Batalha dos Guararapes foi um confronto que ocorreu nos anos de 1648 e 1649, na capitania
de Pernambuco, no âmbito da Guerra da Restauração da Independência de Portugal ante a Espanha,
levando as tropas portuguesas a recuperar os territórios ultramarinos que haviam sido ocupados pelos
holandeses durante o domínio espanhol, tal como o Nordeste do Brasil e territórios em África, como o
litoral de Angola e o Timor.
e) Correto. A Guerra Guaranítica foi um confronto que envolveu indígenas Guarani contra as tropas
portuguesas e espanholas, de 1753 a 1756, na região conhecida como Missões, no sul do Brasil. A causa
principal da guerra foi o Tratado de Madri, que determinava a transferência dos indígenas e jesuítas do
lado brasileiro do Rio Uruguai para o lado espanhol. Os colonizadores derrotaram os indígenas, mas tiveram
que estabelecer outros acordos para determinar as fronteiras entre os dois países colonizadores.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


Durante a administração do conde Maurício de Nassau no nordeste brasileiro (1637-1644), seu governo
a) proibiu manifestações religiosas dos católicos.
b) concedeu liberdade aos escravos que se alistassem na guarda urbana.
c) concedeu liberdade de credo e promoveu modernização urbanística.
d) proibiu a concessão de créditos aos senhores de engenho portugueses.
e) recuperou territórios da colônia francesa no Maranhã, conhecida como França Equinocial.
Comentários
Conde João Maurício de Nassau-Siegen foi nomeado governador-geral do Brasil Holandês. Com o objetivo
de pacificar e retomar os negócios lucrativos, sua administração, no Brasil, ficou marcada pelo seguinte:
Reativação econômica: concessão de créditos aos senhores de engenho, inclusive portugueses, a partir do
dinheiro da Companhia das Índicas Ocidentais.
Tolerância religiosa: a religião oficial dos holandeses era o calvinismo. Assim, para ampliar as possibilidades
de pacificação, essa medida amenizou conflitos com portugueses e espanhóis católicos e com outras
religiões.
Reforma urbanística: Recife foi repaginado, um grande investimento arquitetônico, com construção de
casas, pontes, ruas, saneamento básico, dentre outras obras de infraestrutura.
Estímulo à vida cultural: foi um época em que diversos pintores retrataram a economia açucareira e o
esplendor de Pernambuco, segundo a visão pintada nos quadros.
Tendo isso em mente, vamos analisar as alternativas e ver qual delas se encaixa nesta lista de ações.
a)Errado. A característica é liberdade religiosa.
b)Errado. A dominação holandesa, no Brasil, manteve a escravidão.
c)Gabarito, conforme nosso comentário inicial.
d)Errado. Ele concedeu e foi crítico do abusivo aumento de juros.
Prof. Alê Lopes

e)Errado. Essa missão foi cumprida pelos Portugueses em aliança com indígenas.
Gabarito: C

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


A necessidade de mão de oba era cada vez maior. Os holandeses, em 1637, ocuparam os mais importantes
portos africanos de fornecimento de africanos escravizados para o Brasil.Com exceção de Pernambuco, que
também estava sob o domínio holandês, a colônia não tinha acesso a carregamentos de escravos.
(VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. VICETI, José. História. Parte 2, XXX, p. 416)
Diante dessa situação de relativa escassez de mão de obra, comerciantes e proprietários de terra investiram
em qual alternativa?
a) contratação de bandeirantes para aprisionar nativos e negros fugidos aquilombados.
b) contratação de colonos a salários baixos para substituir temporariamente a mão de obra escrava.
c) busca por novos produtos rentáveis que não dependessem do uso direto da mão de obra escrava, como
o ouro.
d) estabelecimento de parcerias com jesuítas para que fornecessem indígenas catequizados a preços justos.
e) financiamento de viagens aos portugueses que quisessem imigrar e construir uma nova vida na colônia.
Comentários
A questão pegou um momento específico para tratar de uma questão mais estrutural da Colônia: a
escravidão indígena. Ela ocorreu o tempo todo, principalmente, nas regiões com mais dificuldade de
acesso à mão de obra escrava africana.

Vejamos as alternativas:

a) Gabarito! A alternativa menciona a prática das bandeiras de apresamento, ou seja, a contratação


de bandeirantes que se embrenhavam no mato atrás dos negros fugidos e de indígenas para
serem escravizados.

b) Errado. Trabalha assalariado apenas no final do século XIX.

c) Errado. A substituição do trabalho escravo pelo livre será uma demanda do século XIX, quando
a Inglaterra pressionou pelo fim do tráfico negreiro.

d) Errado. Os jesuítas eram contrários à escravidão indígena.

e) Errado. Havia estímulo à vinda de portugueses, mas não para ocupar o lugar e o trabalho feito
por escravizados.

Gabarito: A

(Estratégia Militares/2021/Inédita/Profe. Alê Lopes)


Dentre os motivos da crise da economia açucareira no Brasil colônia, é possível citar:
a) a substituição da preferência do mercado consumidor europeu por drogas do sertão e algodão.
b) as investidas dos quilombolas contra os engenhos, o que levou à destruição dos meios de produção.
c) a entrada de açúcar mascavo das 13 colônias produzidos a menor custo.
d) o aumento da oferta do produto no mercado e o aumento da demanda por escravos, diminuindo a
rentabilidade.
e) a descoberta dos metais preciosos nas Minas Gerais.
Comentários
A questão é bem objetiva, cobra as causas da crise do açúcar. Estamos falando do momento da segunda
metade do século XVII. Vamos analisar cada alternativa.
Prof. Alê Lopes

a) Errado. As drogas do sertão realmente foram mais exploradas a partir da segunda metade do
século XVII, mas foi uma consequência da crise do açúcar e a busca por outras atividades
econômicas, situação que marcou o cenário crítico. Já o algodão desponta no século XIX, devido
às necessidades da economia industrial que se desenvolveu.

b) Errado. Embora seja verdade que, em alguns momentos, os quilombos atacaram fazendas, isso
não foi a causa da crise do açúcar.

c) Errado. Aqui o problema foi a qualificação do açúcar, como mascavo. Além disso, após a invasão
Holandesa e sua expulsão das terras coloniais da América Portuguesa, o principal concorrente
do açúcar brasileiro foi o açúcar das Antilhas.

d) Correto. Veja, a alternativa trouxe duas causas relacionadas ao mercado internacional. Enquanto
o açúcar perdia preço no mercado internacional (devido ao aumento da oferta do produto no
mercado europeu), o aumento da produção gerava aumento de demanda de mão de obra
escrava. Lembra da lei básica da economia: o preço é definido pela oferta e pela demanda. O
aumento de oferta do açúcar gerava a diminuição de seu preço; e o aumento da produção do
açúcar gerava aumento da demanda por mão de obra. O açúcar perdia valor e o escravo ficava
mais caro. Conclusão: menor rentabilidade. Crise!

e) Errado. A descoberta dos metais preciosos também é fruto de uma atividade de interiorização e
da busca por alternativas econômicas.

Gabarito: D

(Estratégia Militares/2021/profe. Alê Lopes)


O primeiro passo no sentido de viabilizar a empresa açucareira e, portanto, a colonização na América
portuguesa foi a adoção do sistema de capitanias hereditárias, já utilizado por Portugal em suas colônias
das ilhas do Atlântico (Açores, Cabo Verde e Madeira).
Sobre as capitanias hereditárias, assinale a alternativa correta:
a) eram largas faixas de terras vendidas aos nobres que quisessem explorar atividades econômicas nas
colônias, os proprietários passavam a serem denominados de capitães-donatários.
b) as capitanias hereditárias deixaram de existir tão logo o sistema de administração de governos-gerais
entrou em funcionamento.
c) ao todo, foram criadas 10 capitanias, sendo que, oficialmente, este sistema deixou de existir em 1889,
com o fim do Império.
d) Tomé de Sousa foi o primeiro capitão-donatário da capitania de Pernambuco.
e) os responsáveis pelas capitanias podiam distribuir terras para outros colonos empreendedores por meio
de sesmarias.
Comentários
a) falso, pois as terras não eram vendidas, mas doadas por meio da Carta de Doação e transmitidas aos
herdeiros de quem recebeu a doação. O donatário não era dono, mas deveria desenvolver a capitania com
recursos próprios, responsabilizando-se por seu controle, proteção e desenvolvimento. Vale lembrar que
a Carta de Doação estabelecia que caberia à Coroa um quinto dos metais preciosos que fossem
encontrados.
b) falso, pois os dois sistemas conviveram. Foi em 1548 que entrou em vigor o sistema de governos-gerais.
c) falso, pois foram 15 Capitanias. Não precisa lembrar de todas, só as mais importantes, como
Pernambuco, Baía de Todos-os-Santos (Bahia), Maranhão e São Vicente. Além disso, as capitanias foram
perdendo força com o passar do tempo, sendo que o primeiro impacto formal contra a estrutura desse
Prof. Alê Lopes

formato administrativo foi com as reformas pombalinas. Pombal extinguiu a hereditariedade. Mais adiante,
em 1821, as capitanias foram oficialmente extintas.
d) errado, pois Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral. Ele iniciou sua administração em 1549, em
Salvador.
e) correto, é o nosso gabarito. A distribuição de terras dentro das capitanias era de responsabilidade do
capitão-donatário. A distribuição de terras por sesmarias já era um modelo que existia nas relações
agrícolas de Portugal, uma forma de otimizar a produção.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2021/Profe. Ale Lopes)


Quando das Invasões Estrangeiras ao Brasil, forças francesas se estabeleceram na região do Rio de Janeiro
e construíram a colônia França Antártica. Apesar de derrotados em 1567 pelas frente militar portuguesa, a
permanência dos franceses pode ser atribuída a aliança que fizeram com
a) espanhóis.
b) quilombolas.
c) Ingleses.
d) indígenas Yanomamis.
e) Confederação dos Tamoios.
Comentários

Essa questão explora o seu saber sobre as alianças que os Europeus fizeram no processo de
colonização. Tanto Portugueses, quanto Franceses e Holandeses fizeram aliança com grupos indígenas e
exploraram as rivalidades existentes entre esses povos para colocar um ou outra a seu lado.

No caso dos Franceses no Rio de Janeiro, memorize: fizeram aliança com os Tamoios (grupo de
vários povos de origem tupinambás).

Portugueses (no caso das lutas contra os Franceses no Rio de Janeiro): fizeram aliança com os Tupis.

• Tupis e Tupinambás eram inimigos de longa data!!!!

Tendo isso em mente, vamos analisar as alternativas:

a) Errado, conforme nosso comentário acima. Os espanhóis não se envolveram nessas disputas.

b) Errado. Quilombolas são locais de resistência contra a escravidão negra. Era formado, em geral, por
escravos fugidos das fazendas. Nada a ver com esses conflitos.

c) Errado. Os Ingleses não se envolveram nessa disputa.

d) Errado. Para que você conheça mais sobre os Yanomamis, deixo uma longa citação obtiva através
do site pib.socioambiental.org, que produz conteúdo sobre a história dos povos indígenas.

Até o fim do século XIX, os Yanomami mantinham contato apenas com outros grupos indígenas vizinhos.
No Brasil, os primeiros encontros diretos de grupos yanomami com representantes da fronteira
extrativista local (balateiros, piaçabeiros, caçadores), bem como com soldados da Comissão de Limites
e funcionários do SPI ou viajantes estrangeiros, ocorreram nas décadas de 1910 a 1940. Entre os anos
1940 e meados dos anos 1960, a abertura de alguns postos do SPI e, sobretudo, de várias missões
católicas e evangélicas, estabeleceu os primeiros pontos de contato permanente no seu território. Estes
postos constituíram uma rede de pólos de sedentarização, fonte regular de objetos manufaturados e de
Prof. Alê Lopes

alguma assistência sanitária, mas também, muitas vezes, origem de graves surtos epidêmicos (sarampo,
gripe e coqueluche). As duas principais formas de contato inicialmente conhecidas pelos Yanomami -
primeiro, com a fronteira extrativista e, depois, com a fronteira missionária - coexistiram até o início dos
anos 1970 como uma associação dominante no seu território. Entretanto, os anos 1970 foram marcados
(especialmente em Roraima) pela implantação de projetos de desenvolvimento no âmbito do “Plano de
Integração Nacional” lançado pelos governos militares da época. Tratava-se, essencialmente, da
abertura de um trecho da estrada Perimetral Norte (1973-76) e de programas de colonização pública
(1978-79) que invadiram o sudeste das terras yanomami. Nesse mesmo período, o projeto de
levantamento dos recursos amazônicos RADAM (1975) detectou a existência de importantes jazidas
minerais na região. A publicidade dada ao potencial mineral do território yanomami desencadeou um
movimento progressivo de invasão garimpeira, que acabou agravando-se no final dos anos 1980 e
tomou a forma, a partir de 1987, de uma verdadeira corrida do ouro.
Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami

e) Gabarito, conforme nosso comentário acima.

Gabarito: E

(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)


Sobre a administração da colônia portuguesa nas Américas, a partir do século XVI, pode-se afirmar que
a) foi iniciada por meio do sistema de Governo Geral, porém, dado o fracasso do modelo foi encontrada a
solução das Capitanias Hereditárias.
b) as constantes ameaças de outros reinos europeus e de piratas fizeram com que a coroa portuguesa
implementasse o projeto de Governador Geral.
c) em função do vasto território foi preciso fazer alianças estratégica com outras nações que queriam
explorar riquezas naturais, como a aliança com os holandeses no nordeste e com os franceses no sudeste.
d) o sistema de Governo Geral consistia na divisão do território brasileiro em extensos lotes de terras os
quais eram entregues a nobres portugueses.
e) a exploração do pau-brasil logo demonstrou que o modelo de administração descentralizada do território
seria o mais viável para os interesses econômicos da Coroa.
Comentário
a) errado, pois é o contrário. As Capitanias Hereditárias, constituídas por Dom João IIII em 1534, deram
início à organização da administração territorial.
b) correto, pois em 1548, após o fracasso da administração por meio das Capitanias Hereditárias, a Coroa
portuguesa passou a centralizar a administração com o objetivo de combater as ameaças externas e
aprimorar as possibilidades de exploração de riquezas na colônia.
c) falso, pois holandeses e franceses se tornaram inimigos dos portuguesa, já que foram travados
conflitos militares pela disputa de territórios.
d) errado, pois a frase se refere às Capitanias Hereditárias, formadas por 15 faixas de terras doadas aos
donatários, os quais recebiam uma Carta de Doação da Coroa.
e) falso, pois a melhor opção dos portugueses foi um modelo de administração centralizada, o sistema
de Governo Geral.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2021/professora Alê Lopes)


No que diz respeito à economia do Brasil Colônia, julgue os itens abaixo e assinale as que estão corretas:
I - A atividade do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.
Prof. Alê Lopes

II - Ao açúcar subordinavam-se outras atividades secundárias, como a pecuária.


III - A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do
setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária de terras e dos
mercadores portugueses e flamengos.
IV – Nesse período, persistiam os interesses metalistas.
Assinale as alternativas que contenha apenas itens corretos
a) II e IV apenas.
b) I apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
e) Todos os itens estão corretos.
Comentários.
Vamos observar as alternativas uma por uma.
I - Correta, pois a valorização da produção de açúcar no Brasil foi necessária para consolidação econômica
colonial. Após a exploração do pau-brasil, o açúcar foi o primeiro recurso que proporcionou ganhos
vultuosos para a Metrópole portuguesa, por isso, foi o chamado ciclo do açúcar. Com certeza isso
despertou a atenção dos portugueses para ampliar a administração e exploração das terras

II - Correta. Embora a produção de açúcar fosse o alvo principal da economia colonial, paralelamente,
outros produtos foram importantes, pois ajudavam na manutenção da ocupação do território e no
desenvolvimento da produção principal. A pecuária, por exemplo, foi subordinada à produção açucareira
porque o pequeno rebanho fornecia carne ao engenho e às pequenas vilas que dependiam da economia
do açucareira. Vale lembrar que, em função do Pacto Colonial, o nível de atividade comercial no Brasil
colônia era restrito, pois quase tudo precisava ser adquirido de Portugal.

III - Correta. O item coloca três elementos importantes: a escravidão, terra e a demanda do comércio
internacional. Quanto à escravidão tratou-se do resultado de um grande processo de escravização e
comercialização. O comércio internacional de escravos foi uma fonte de lucros que durou por volta de 350
anos. A disponibilidade da terra também é fundamental. Não era um terra pequena ou de má qualidade,
embora os conflitos com os indígenas tenham dificultado parte do processo de exploração territorial. Por
fim, o mercado europeu demandava os produtos tropicais que Portugal conseguia no Brasil. E quem
ganhou com tudo isso, caros alunos? Portugueses e Holandeses, no momento inicial da colonização – como
contextualiza a questão.

IV – Correto. Metalismo é uma das características do mercantilismo – modelo econômico adotado naquele
momento histórico. Tratava-se do acúmulo de metais preciosos por um Reino. A síntese era a seguinte:
quanto mais ouro e prata acumulados, mais poder e capacidade de influência uma nação tinha. Logo, os
interesses metalistas consistiam em busca permanente por metais preciosos. A ambição portuguesa era
ter acesso a zonas de metais preciosos. A grande frustração lusa foi perceber que a Espanha possuía longas
extensões terra com ouro e prata, enquanto aqui – pelo menos no início da colonização - a única riqueza
era o solo e o Pau-Brasil. Assim, mesmo com o sucesso da cana de açúcar, os portugueses não
abandonaram o plano inicial de buscar metais preciosos e, assim, implementar o metalismo. O ciclo do
outro no Brasil data do final do século XVII e todo o século XVIII.

Todos os itens estão corretos, assim, o gabarito é alternativa E.


Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A ocupação dos Holandeses no Nordeste açucareiro, no século XVII, trouxe importantes consequências para
a economia colonial. Entre elas:
Prof. Alê Lopes

a) Adoção de práticas liberais no Brasil.


b) Interação econômica com outras regiões.
c) Imposição da religião protestante nas cidades de Olinda e recife
d) Aumento da produção açucareira.
e) Desenvolvimento da pecuária intensiva.
Comentários
a) errado, pois o mercantilismo ainda estava em vigor, sendo que o pacto colonial não deixou de vigorar.
b) errado, neste momento, a integração não ocorreu. Ela só ganha destaque com a exploração do ouro nas
Minas Gerais.
c) falso, pois houve a tolerância religiosa por parte da administração de Maurício de Nassau.
d) exato, é o gabarito. A presença holandesa provou o aumento da produção a partir do emprego de
tecnologia.
e) falso, isso é só mais para frente. Pecuária intensivo: grandes extensões de terra para criar gado. No Brasil
do século XVII as atividades ainda se concentravam no litoral.
Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Entre 1785 e 1794, a média anual de importação da cachaça em Luanda foi de 1.486 pipas, sendo o Rio de
Janeiro um dos principais fornecedores. Dos 147 barcos brasileiros aportados na capital angolana, 94 saíam
deste porto, 28 da Bahia e 25 do Recife.
Camila Moraes Marques. À margem da economia. Dissertação em História – UFF. Rio de Janeiro, p. 49. 2011.

A respeito do comércio de aguardente no Atlântico é correto afirmar que:


a) O consumo da bebida produzida na América evidencia o fim do exclusivo metropolitano no Império
Português, o que fomentou as trocas comerciais entre os dois continentes.
b) A aguardente produzida nos engenhos da América Portuguesa era utilizada como moeda de troca no
comércio de escravizados, uma das mais lucrativas atividades econômicas do período.
c) A produção da cachaça era exclusivamente voltada para a exportação, afinal os súditos da Coroa lusa
eram forçados ao consumo de produtos fornecidos pela metrópole.
d) A cachaça era um produto apreciado no continente africano, mas rechaçado pelos súditos da América
Portuguesa devido aos impactos causados na capacidade produtiva dos trabalhadores.
e) Devido ao seu baixo valor comercial, a metrópole manteve a aguardente à margem de sua política
tributária, concentrando atenções nos engenhos e nas áreas de exploração aurífera.
Comentários
a) falso, pois esse consumo, em grade parte, era à margem do sistema “oficial” da colonização. O exclusivo
estava mantido.
b) correto, pois a cachaça tinha valor em outros pontos do sistema internacional do comércio escravista.
c) errado. No Rio de Janeiro, por exemplo, havia um grande consumo interno. Além disso, o início da
cachaça foi para uso local.
d) errado, todos tomavam a água ardente.
e) falso, pois a cachaça tinha alto valor comercial, tanto é que era usada em negociações de escravos.
Gabarito: B

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Sobre o trabalho na América Ibérica, no período da Colonização, pode-se afirmar corretamente que,
Prof. Alê Lopes

a) enquanto os nativos foram escravizados durante todo o período, os indígenas da América Portuguesa
foram substituídos por africanos devido à sua incapacidade para o trabalho.
b) a escravidão indígena foi empregada em regiões da América Espanhola, enquanto nas áreas de
colonização lusa, o escambo foi a única forma de trabalho dos nativos.
c) o emprego de mão de obra indígena foi completamente abandonado na América Portuguesa devido à
pressão jesuítica, mas prevaleceu nas regiões colonizadas pela Espanha.
d) a mita foi a principal forma de trabalho empregada na América Portuguesa, ao passo que os espanhóis
enquadraram a mão de obra indígena em um sistema conhecido como encomienda.
e) o trabalho compulsório na América Espanhola se utilizou de formas de exploração já existentes em
algumas regiões do continente, enquanto os lusos implementaram formas de trabalho estranhas aos
nativos das áreas colonizadas.
Comentários
a) errado. Primeiro porque na América Espanhola predominou um tipo de trabalho forçado baseado em
tradições já existente no local, como a mita. Segundo, porque na América Portuguesa a justificativa mais
aceita para a substituição da mão de obra tem haver com a lucratividade do comércio em si de africanos
escravizados, conforme a tese do professor Fernando Novaes.
b) e c) falso, pois na colônia portuguesa os indígenas foram escravizados.
d) errado, a mita foi um tipo de trabalho que caracterizou a América Espanhola.
e) é o nosso gabarito.
Gabarito: E.

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A respeito da produção de açúcar estabelecida nos engenhos no Nordeste brasileiro a partir do século XVI
é correto afirmar que
a) por dominarem o cultivo técnico, a mão-de-obra indígena foi priorizada;
b) ela desenvolveu uma sociedade organizada de forma aristocrática, patriarcal e escravista;
c) foi financiada por capitais da Coroa e, principalmente, por bancos franceses;
d) gerou uma economia monocultora e direcionada para o mercado interno, sendo que o excedente era
comercializado com a África;
e) priorizou grandes porções de terra, favorecendo o povoamento do sertão e o comércio de gado.
Comentários

a) falso, pois houve um choque de tradições. Os indígenas não possuíam a tecnologia dos engenhos e
empregavam um tipo de atividade agrícola de acordo com sua tradição e necessidades.

b) correto, é o que chamamos de “civilização do açúcar”.

c) falso, pois os holandeses é que fizeram essa parceria com os portugueses, sendo que os bancos
holandeses concederam créditos para o empreendimento açucareiro.

d) errado, a produção era direcionada ao mercado externo.

e) falso, pois não eram atividades prioritárias o gado e o povoamento, pois tudo girava em torno da
prioridade da produção açucareira.

Gabarito: B

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Prof. Alê Lopes

Sobre a economia e a sociedade no período do Brasil Colônia, está correta a seguinte afirmação:
a) no nordeste, a atividade pecuária foi iniciada juntamente com os engenhos de cana de açúcar, de modo
que as exportações de gado complementavam a renda da coroa;
b) nos primeiros 50 anos de ocupação portuguesa, a região das Minas despertou o interesse dos
colonizadores em função dos metais preciosos ali encontrados.
c) com o desenvolvimento da economia açucareira, as relações sociais dinamizaram a sociedade brasileira
a ponto de viabilizar a mobilidade social de mestiços e homens brancos pobres;
d) as missões religiosas formadas pelos jesuítas objetivavam preparar os indígenas para viverem integrados
à sociedade europeia como mão-de-obra barata e, se possível, escrava.
e) apesar de haver escravidão, os filhos dos escravizados africanos nascidos no Brasil eram livres até os 16
anos de idade.
Comentários

a) falso, pois a atividade da pecuária foi subsidiária à produção nos engenhos. Também não havia
exportação de gado. O gado começou a se firmar como atividade economicamente viável a partir do
consumo interno.

b) errado, a mineração somente passou a ser interessante a partir do final do século XVII, com o
declínio do ciclo do açúcar.

c) correto, pois foi um processo gradual. Por exemplo, os primeiros “sertanistas”, aqueles que foram
em busca da criação de gado para vender charque em vilas e engenhos faziam parte desse extrato
social.

d) falso, pois o objetivo dos jesuítas não era escravizar os indígenas, mas convertê-los ao catolicismo.

e) isso é verdade, porém só laaa no século XIX, ainda estamos no inicio da colonização.

Gabarito: C

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


No que diz respeito à estrutura político-administrativa do Brasil Colônia, está correto afirmar que:
a) representava uma experiência feudal em terras americanas, com poucos aspectos da política
mercantilista.
b) Os Vice-Reis de cada Capitania Hereditária eram responsáveis por organizar a administração das terras
colonizadas.
c) a coroa transferiu para os particulares parte significativa das despesas da colonização, temendo perder a
colônia para os estrangeiros que ameaçavam o litoral.
d) o estabelecimento de colônias cooperativas foi a solução para a organização de uma guarda militar
responsável por defender o território das invasões estrangeiras.
e) a organização política estava a cargo dos senhores de engenhos, à semelhança do modelo europeu dos
senhores feudais.
Comentários

a) falso, pois a tese de que o Brasil colônia seria um sistema feudal não condiz com o modo de
produção da atividade açucareira, baseado no trabalho escravo e integrado ao comércio
internacional.

b) falso, pois vice-reis era a designação dos responsáveis pela administração na América Espanhola.
Na colônia portuguesa, primeiro vieram os donatários, depois, com maior importância os
Governadores-gerais.
Prof. Alê Lopes

c) correto, era uma forma de organização da defesa.

d) não houve a ideia de “cooperativas”.

e) falso, pois os senhores de engenhos desempenhavam seu papel de protagonistas no front


econômico-produtivo e os designados pela Coroa respondiam pela parte político-administrativa.

Gabarito: C

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


“Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar,
tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes, depois algodão e, em seguida, café para o
comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem
atenção que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia
brasileiras (...).” PRADO, Caio Júnior. In: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo, Brasiliense, 1979.
Com base no texto, é correto afirmar que:
a) o processo de colonização do Brasil procurou harmonizar interesses nativos, europeus e da Igreja
Católica.
b) do ponto de vista econômico, a diversidade de produtos agrícolas caracterizou um tipo de agricultura
plural.
c) em função do pacto colonial, o Brasil importava produtos primários da Europa e exportava manufaturas.
d) a colonização inicial teve como objetivo o desenvolvimento de Vilas capazes de criar um novo mercado
consumidor.
e) a economia do Brasil colonial foi subsidiária da economia europeia.
Comentários:
O texto comenta o sentido da colonização portuguesa na América. Tendo isso em mente, vamos analisar
as alternativas:
a) Errado. Os interesses europeus estavam em primeiro lugar.
b) Errado. Desenvolveu-se a monocultura e não a policultura.
c) Errado. O pacto colonial determinava o contrário, até mesmo porque, no Brasil, era proibido o
desenvolvimento da manufatura.
d) Errado. O mercado consumidor era muito restrito, isso porque a economia estava voltada para o
mercado externo e porque havia sistema de trabalho escravista.
e) Gabarito. Realmente, a economia colonial servia para abastecer o mercado europeu.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Sobre a economia inicial do Brasil Colônia, analise as afirmações abaixo:
I - A atividade do açúcar forneceu a base econômica para a valorização colonial do Brasil.
II - Ao açúcar subordinavam-se outras atividades secundárias, como a pecuária.
III - A utilização, em larga escala, de trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão do
setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento da classe proprietária de terras e dos
mercadores portugueses e flamengos.
IV – Nesse período, persistiam os interesses metalistas.
Assinale a alternativa correta:
a) I e IV apenas.
b) I apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
e) I, II, III e IV.
Prof. Alê Lopes

Comentários

Vamos observar proposição por proposição.

I - Correta, pois a valorização da produção de açúcar no Brasil foi necessária para consolidação
econômica colonial. Após a exploração do pau-brasil, o açúcar foi o primeiro recurso que
proporcionou ganhos vultuosos para a Metrópole portuguesa, por isso, foi o chamado ciclo do
açúcar. Com certeza isso despertou a atenção dos portugueses para ampliar a administração e
exploração das terras

II - Correta. Embora a produção de açúcar fosse o alvo principal da economia colonial, paralelamente,
outros produtos foram importantes, pois ajudavam na manutenção da ocupação do território e no
desenvolvimento da produção principal. A pecuária, por exemplo, foi subordinada à produção
açucareira porque o pequeno rebanho fornecia carne ao engenho e às pequenas vilas que
dependiam da economia do açucareira. Vale lembrar que, em função do Pacto Colonial, o nível de
atividade comercial no Brasil colônia era restrito, pois quase tudo precisava ser adquirido de Portugal.

III - Correta. O item coloca três elementos importantes: a escravidão, terra e a demanda do comércio
internacional. Quanto à escravidão tratou-se do resultado de um grande processo de escravização e
comercialização. O comércio internacional de escravos foi uma fonte de lucros que durou por volta
de 350 anos. A disponibilidade da terra também é fundamental. Não era uma terra pequena ou de
má qualidade, embora os conflitos com os indígenas tenham dificultado parte do processo de
exploração territorial. Por fim, o mercado europeu demandava os produtos tropicais que Portugal
conseguia no Brasil. E quem ganhou com tudo isso, caros alunos? Portugueses e Holandeses, no
momento inicial da colonização – como contextualiza a questão.

IV - Metalismo é uma das características do mercantilismo – modelo econômico adotado naquele


momento histórico. Tratava-se do acúmulo de metais preciosos por um Reino. A síntese era a
seguinte: quanto mais ouro e prata acumulados, mais poder e capacidade de influência uma nação
tinha. Logo, os interesses metalistas consistiam em busca permanente por metais preciosos. A
ambição portuguesa era ter acesso a zonas de metais preciosos. A grande frustração lusa foi perceber
que a Espanha possuía longas extensões terra com ouro e prata, enquanto aqui – pelo menos no
início da colonização - a única riqueza era o solo e o Pau-Brasil. Assim, mesmo com o sucesso da cana
de açúcar, os portugueses não abandonaram o plano inicial de buscar metais preciosos e, assim,
implementar o metalismo. O ciclo do outro no Brasil data do final do século XVII e todo o século XVIII.

Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A partir do final do século XVII o cenário mudou para a economia açucareira, impactando a produção da
Coroa Portuguesa. Analise abaixo qual ou quais dos fatores abaixo contribuíram para que a economia
açucareira no Brasil fosse do esplendor ao declínio e, em seguida, marque a alternativa correta:
I - o aumento da oferta do produto no mercado;
II – disputa internacional de regiões produtoras;
III – invasão holandesa no nordeste brasileiro;
IV – endividamento dos senhores de engenho;
a) apenas I, II e III estão corretos.
b) apenas I, III e IV estão corretos.
c) apenas II e III estão corretos.
d) apenas IV está correto.
e) I, II, III e IV estão corretos.
Prof. Alê Lopes

Comentários
Está é uma questão de fôlego e demanda um conhecimento maior, contudo, ao final, do
aprendizado, é fácil notar que todos os itens I, II, III e IV estão corretos. Vamos lá:
I – Correto. Realmente, havia grande produção açucareira e isso contribuía para o declínio geral dos
preços internacionais do produto.
II – Correto. Como sabemos, após a expulsão da Holanda do Brasil, eles foram produzir açúcar nas
Antilhas, na América Central.
III – Correto, esse foi o início das causas da decadência.
IV- Correto. Após a saída de Maurício de Nassau, os produtores foram cobrados pelos holandeses
com juros abusivos. Isso aumentou a dívida que já existia.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Do ponto de vista administrativo, o sistema de capitanias, implantado em 1534, estabeleceu direitos e
deveres aos donatários. Sobre isso, considere as afirmações abaixo:
I – Os donatários tinham o direito de exercer a autoridade administrativa e judicial;
II – Os donatários podiam escravizar indígenas indiscriminadamente;
III – os donatários dividiam a propriedade e a extração do pau-brasil em condições de igualdade com a
metrópole portuguesa;
IV – Entre os deveres, os donatários tinham que destinar 10% do lucro à Coroa de Portugal.
Assinale abaixo a alternativa com os itens corretos.
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e III.
e) I e IV.
Comentários
Em 1534, o rei Dom João III ordenou a divisão do território em 15 partes e as distribuiu a pessoas
nomeadas por ele, os donatários. Iniciava-se, assim, o sistema de capitanias hereditárias.
Prof. Alê Lopes

Observe a
Deveres: imagem a seguir.
Direitos Assegurar ao Sei que você já
Rei de Portugal deve ter isso
tatuado na mente,
Distribuir terras: mesmo assim,
sesmarias. 10% dos lucros observe as
Criar Vilas sobre TODOS os
produtos da terra relações que
construí. Fica
safo!24
Exercer autoridade
administrativa e O monopólio da Lembro que,
judicial extração do pau- apesar das
brasil
adversidades que
as capitanias
Escravizar indígenas enfrentaram, havia
considerados
inimigos (guerra um ponto positivo
justa) no que se referia
ao sistema de
capitanias, a saber:
Receber 5% do ele deu a base para
comércio do pau-
brasil a formação dos
primeiros núcleos
de povoamento,
como em São Vicente (1532), Porto Seguro (1535), Ilhéus (1537) e Santos (1545).
Estão corretas as afirmações I e IV, conforme o esquema acima.
O item II está errado porque não era possível a escravização indiscriminada dos indígenas, mas somente
daqueles que resistiam e se encaixavam no conceito de “Guerra Justa”.
Já o item III está errado porque não havia a repartição igualitária, pois a metrópole detinha o monopólio
sobre a exploração do pau-brasil.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Existe nesses relatos uma diferenciação entre índios com qualidades positivas e negativas, de acordo com
o maior ou menor grau de resistência oposto aos portugueses. Por exemplo, os aimorés que se destacaram
pela eficiência militar e pela rebeldia, foram sempre apresentados de forma desfavorável. [...] Quando a
Coroa publicou a primeira lei proibindo a escravização dos índios 91570), só os aimorés foram
especificamente excluídos da proibição.
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo. Ed. EDUSP, 2014, p. 15.
No processo de colonização do Brasil, a guerra justa era entendida como
a) um modelo ético e moral de dominação, baseado no princípio da conquista para a salvação das almas
dos indígenas.

ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. et all. Atlas Histórico Escolar. Ministério da educação e Cultura/ Fundação
24

Nacional do Material Escolar, 7ª. Edição, 1977


Prof. Alê Lopes

b) uma justificativa para o processo de ocupação e defesa territorial contra os invasores franceses e
holandeses.
c) uma forma de legitimar a resistência indígena ao cativeiro, a união com os colonizadores e a aculturação
europeia.
d) aquela autorizada pela Coroa contra os ataques dos indígenas considerados selvagens por resistirem à
catequização e à ocupação do território pelos portugueses.
e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.
Comentários

Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra povos indígenas do
Brasil, especificamente, aqueles que resistiam à dominação. Isso porque, a escravização dos índios foi
reconhecida a partir do direito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo, sendo fundamentada
pela noção de guerra justa. E de “onde” vem essa noção de “guerra justa” profê?

Durante o processo de reconquista da Península Ibérica pelos católicos (principalmente entre os


séculos XIII e XV), a escravização de populações mulçumanas passou a ser uma prática comum dos
reinados, segundo a noção de “guerra justa”. Nesses termos, a Coroa portuguesa nasceu com um pé
na cultura escravagista, pois passou a legitimar a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as
monarquias, quanto a Igreja, alimentaram o trabalho forçado do “outro”. Para ambos, a escravidão
era necessária e justa. Um argumento muito popular para justificar a submissão do “outro” era a ideia
da maldição divina. Por meio dela, a escravidão seria fruto do pecado de Adão e Eva, os primeiros pais
dos homens, segundo a doutrina católica. Essa ideia originária se combinou à de guerra justa, pois os
inimigos deveriam ser escravizados e ter a vida preservada– uma vez que a vida tem natureza divina.
Só Deus decide sobre vida e morte. Assim, nesta visão colonizadora, a escravidão é preservação do
dom divino da vida e não a condenação eterna, a morte.

A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma
bula papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com
a autorização específica sobre africanos e asiáticos.

Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa
(final do século XV), já desembarcaram com uma mentalidade escravista, alimentada pela noção de
“guerra justa”. Estabeleceram-se, então, duas situações distintas de entendimento dos indígenas pelos
portugueses:

Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. Essa
representação positiva dos indígenas ficou marcada na carta de Pero Vaz Caminha.

Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre
índios e portugueses passaram a ser distintas do momento anterior.

“Portugal não queria mais ter puramente parceiros comerciais ou aliados, mas sim vassalos (...). Para
isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania exclusiva do território, expulsando
os rivais franceses e implantando modalidades estáveis de geração de riquezas, as quais propiciem aos
moradores uma relativa autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova forma
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econômica é o estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto


sesmarias, aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”25

Portanto, o conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portuguesa do Brasil,
para justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas. Assim, a guerra justa,
segundo os colonizadores – em especial amparados por uma argumentação católica – era natural
porque representava a dominação de um povo inferior (os indígenas) por outro superior (os
europeus).

Nesse contexto, a guerra justa, ou seja, aquela justificada pela resistência do “outro”, foi a travada
contra a parcela dos povos indígenas que resistiu à dominação dos colonizadores. Essa investida militar
era razoavelmente desproporcional, pois os europeus utilizavam de tecnologias de guerra até então
desconhecidas dos indígenas. Por isso:

a) Falso, pois o processo de civilização do indígena ficou conhecido como catequização, e embora
passassem por alguns conflitos, a catequização não possuiu caráter de guerra. O modelo ético e moral
seria a catequização e não a “guerra justa”.

b) Falso. De fato, os conflitos com outros europeus foram comuns no Brasil Colônia, porém, não
possuíam tal denominação de Guerra Justa, uma vez que eram apenas lutas de território e não de
ocupação, o que torna a alternativa errônea.

c) Falso. A alternativa “c” possui um início correto, porém, erra ao dizer que os europeus foram
aculturados já que o que houve foi o inverso.

d) gabarito, conforme comentamos.

e) A guerra contra os indígenas resistentes não foi a única forma de violência e essas violências não
recaíram apenas sobre os resistentes. Houve a violência da imposição cultural e religiosa, das doenças
para as quais os indígenas não tinham imunidade e, sobretudo, a expropriação da posse da terra,
obrigando-os a um longo processo de deslocamento territorial.

Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Durante o período colonial, toda negociação, acordo, comércio, troca que envolvesse a colônia portuguesa
deveria ser decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa compreensão decorreram várias formas
distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia. O nome dessa relação entre metrópole e colônia
e uma característica desse vínculo são?
a) exclusivo colonial, segundo o qual a metrópole só podia comprar produtos manufaturados da colônia.
b) exclusivo comercial, o qual exprimia uma relação de equilíbrio comercial entre metrópole e colônia.
c) pacto colonial, acordo de sangue em que as famílias portuguesas só podiam obter produtos de outras
famílias nobres das cortes europeias.

25
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes

d) pacto colonial, uma relação em que a colônia estava subordinada aos interesses políticos e econômicos
da metrópole.
e) exclusivo comercial, uma relação que entre metrópole portuguesa e donatários em terras brasileiras que
permitia a esses últimos o acúmulo de riquezas por meio de empreendimentos independentes da Coroa.
Comentários:
Pensou em relações entre metrópole e colônia, pensou: PACTO COLONIAL. Tatua na mente!

Pacto colonial define que as relações econômicas que a colônia realiza devem ser exclusivamente com
sua metrópole. No caso do Brasil era com Portugal.

Agora, vamos analisar as alternativas:

a) Errado. A obrigação de exclusividade cabe apenas à colônia.

b) Errado. Não havia relação de equilíbrio comercial porque a colônia está subordinada à metrópole.

c) Errado. Nada a ver com pactos de sangue...

d) Gabarito. Essa é a exata definição do que é pacto colonial: subordinação econômica e política da
colônia em relação à metrópole.

e) Errado. Como colonos, também estavam submetidos à relações econômicas do pacto colonial.

Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


A história do sudeste brasileiro entre os séculos XVI e XVII se confunde com a história dos povos indígenas.
Os índios não se limitaram ao papel de tábula rasa dos missionários ou vítimas passivas dos colonizadores.
Foram participantes ativos e conscientes de uma história que foi pouco generosa com eles.
Adaptado de John M. Monteiro, “Sangue Nativo”, em
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/sangue-nativo. Acessado em 14/07/2013

Foi cenário das relações de disputas e rivalidades do início da colonização, a/o

a) Guerra do Paraguai, quando indígenas paraguaios foram aprisionados pelo exército brasileiro.
b) Insurreição Pernambucana, quando ocorreu a expulsão dos holandeses no nordeste brasileiro.
c) Montagem da França Antártica e, posteriormente, a expulsão dos franceses da região da Baía da
Guanabara.
d) a Batalha da Conjuração dos Tamoios, que reforçou a guerra justa contra indígenas.
Comentários

Para responder a esta questão, é preciso atenção redobrada para o enunciado, bem como mobilizar
seus conhecimentos sobre as complexas relações entre indígenas e entre estes e os europeus
conquistadores.

Repare que há uma delimitação temporal: início do processo de colonização nos séculos XVI e XVII.
Por isso, não pode ser a alternativa a) Guerra do Paraguai, pois esse evento ocorreu entre 1864-1870.

Assim, restringimos nossas possibilidades de Gabarito, e só com informação temporal. Contudo é


necessário ir mais a fundo no conteúdo.
Prof. Alê Lopes

Não foram apenas comerciantes portugueses que se interessaram pelo produto “cor de brasa”, isto é,
o pau-brasil. Franceses, ingleses, holandeses e até espanhóis, também manifestaram desejo pela
riqueza. Contudo, a monarquia mais ousada foi a da França, pois apoiou corsários franceses a fazerem
alianças com o povo Tupinambás para explorar o pau-brasil na região da Baía da Guanabara, no que
conhecemos hoje como Rio de Janeiro. Foi neste local que, em meados do século XVI, em 1154, que
franceses fundaram a colônia França Antártica, um marco de um período em que os franceses
tomaram posse de uma pequena parte do litoral brasileiro.

A aliança dos franceses com os índios Tupinambás foi uma ação que visou assegurar mão de obra e
força militar contra outras nações indígenas e europeias, especialmente os portugueses que
intentavam a retomada do território. Além disso, aos franceses, os nativos forneciam alimentos e água,
pois a ilha em que inicialmente se estabeleceram, escolhida por razões militares, não possuía fonte de
água doce. Em troca, os indígenas obtinham mercadorias europeias, especialmente instrumentos de
ferro.

Esse projeto colonial dos franceses foi visto como uma ameaça pelos portugueses.

Então, entre 1560 e 1565, os portugueses expulsaram os franceses da região e acabaram com o
projeto da França Antártica. Agora, atenção, isso só foi possível porque os portugueses souberam
articular uma aliança com indígenas rivais aos Tamoios, os quais eram aliados dos franceses, como
vimos. Então, portugueses se aliaram aos chamados Guaianazes. Na verdade, essa aliança dos
portugueses om os Guaianazes, já existia desde o início de 1550.

Para os portugueses, então, as alianças com os indígenas permitiam a manutenção de seus domínios
e a expansão da ocupação. Para os indígenas, as alianças faziam parte das transações de guerra e eram
meios de dar continuidade à sua guerra própria, anterior à chegada dos europeus ao continente.

Com relação à alternativa b), de fato houve a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro, dentro
de uma disputa mercantilista em torno da produção e comércio do açúcar. Agora, esse embate,
diferentemente dos eventos da fundação e destruição da França Antártica, não contou com a
participação indígena tal como mencionado acima. A memória construída, durante a 1ª. República,
sobre a Insurreição Pernambucana era de uma “união de raças”.

d) está errada a alternativa, pois o certo é Confederação dos Tamoios e não Conjuração. A
Confederação dos Tamoios acorreu entre os anos de 1554 e 1567. Ela foi fundada como unidade entre
os indígenas para combater os portugueses. Depois, com a chegada dos franceses, a Confederação
dos Tamoios se uniu aos novos colonizadores para combater portugueses e índios rivais. Assim, a
Confederação expressa mais o sentido de unidade do que de rivalidade entre indígenas.

Gabarito: C

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


No processo de colonização do Brasil, a guerra justa era entendida como
a) um modelo ético e moral de dominação, baseado no princípio da conquista para a salvação das almas
dos indígenas.
b) uma justificativa para o processo de ocupação e defesa territorial contra os invasores franceses e
holandeses.
c) uma forma de legitimar a resistência indígena ao cativeiro, a união com os colonizadores e a aculturação
europeia.
d) aquela autorizada pela Coroa contra os ataques dos indígenas considerados selvagens por resistirem à
catequização e à ocupação do território pelos portugueses.
Prof. Alê Lopes

e) a única forma de violência imposta aos indígenas e apenas àqueles que resistiam militarmente ao
processo de integração.
Comentários
Durante o período colonial, o Estado português deu suporte legal a guerras contra povos indígenas do
Brasil, especificamente, aqueles que resistiam à dominação. Isso porque, a escravização dos índios foi
reconhecida a partir do direito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo, sendo fundamentada pela
noção de guerra justa. E de “onde” vem essa noção de “guerra justa” profê?
Durante o processo de reconquista da Península Ibérica pelos católicos (principalmente entre os séculos
XIII e XV), a escravização de populações mulçumanas passou a ser uma prática comum dos reinados,
segundo a noção de “guerra justa”. Nesses termos, a Coroa portuguesa nasceu com um pé na cultura
escravagista, pois passou a legitimar a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as monarquias,
quanto a Igreja, alimentaram o trabalho forçado do “outro”. Para ambos, a escravidão era necessária e
justa. Um argumento muito popular para justificar a submissão do “outro” era a ideia da maldição divina.
Por meio dela, a escravidão seria fruto do pecado de Adão e Eva, os primeiros pais dos homens, segundo a
doutrina católica. Essa ideia originária se combinou à de guerra justa, pois os inimigos deveriam ser
escravizados e ter a vida preservada– uma vez que a vida tem natureza divina. Só Deus decide sobre vida e
morte. Assim, nesta visão colonizadora, a escravidão é preservação do dom divino da vida e não a
condenação eterna, a morte.
A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula
papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a
autorização específica sobre africanos e asiáticos.
Nesse contexto, os portugueses que conquistaram as terras conhecidas como América portuguesa (final
do século XV), já desembarcaram com uma mentalidade escravista, alimentada pela noção de “guerra
justa”. Estabeleceram-se, então, duas situações distintas de entendimento dos indígenas pelos
portugueses:
Primeira: os índios muito bem tratados e exibidos nas cortes europeias com simpatia e tolerância. Essa
representação positiva dos indígenas ficou marcada na carta de Pero Vaz Caminha.
Segunda: os índios tratados a partir da perspectiva da “guerra de conquista”. Aqui as relações entre índios
e portugueses passaram a ser distintas do momento anterior.
“Portugal não queria mais ter puramente parceiros comerciais ou aliados, mas
sim vassalos (...). Para isso há que ter em suas mãos o governo dos índios e a soberania
exclusiva do território, expulsando os rivais franceses e implantando modalidades
estáveis de geração de riquezas, as quais propiciem aos moradores uma relativa
autonomia face ao Tesouro Real. A materialização dessa nova forma econômica é o
estabelecimento de lavouras de cana e engenhos em terras doadas, enquanto sesmarias,
aos colonos por El Rey ou pelo seu representante, o governador”26
Portanto, o conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portuguesa do Brasil, para
justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas. Assim, a guerra justa, segundo os

26
OLIVEIRA, João Pacheco. Os indígenas na fundação da colônia: uma abordagem crítica. In: FRAGOSO, João.
GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). Coleção – O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. V. 1. 2018,
pp 167-228.
Prof. Alê Lopes

colonizadores – em especial amparados por uma argumentação católica – era natural porque representava
a dominação de um povo inferior (os indígenas) por outro superior (os europeus).
Nesse contexto, a guerra justa, ou seja, aquela justificada pela resistência do “outro”, foi a travada contra
a parcela dos povos indígenas que resistiu à dominação dos colonizadores. Essa investida militar era
razoavelmente desproporcional, pois os europeus utilizavam de tecnologias de guerra até então
desconhecidas dos indígenas. Por isso:
a) Falso, pois o processo de civilização do indígena ficou conhecido como catequização, e embora
passassem por alguns conflitos, a catequização não possuiu caráter de guerra. O modelo ético e moral seria
a catequização e não a “guerra justa”.
b) Falso. De fato, os conflitos com outros europeus foram comuns no Brasil Colônia, porém, não possuíam
tal denominação de Guerra Justa, uma vez que eram apenas lutas de território e não de ocupação, o que
torna a alternativa errônea.
c) Falso. A alternativa “c” possui um início correto, porém, erra ao dizer que os europeus foram
aculturados já que o que houve foi o inverso.
d) gabarito, conforme comentamos.
e) A guerra contra os indígenas resistentes não foi a única forma de violência e essas violências não
recaíram apenas sobre os resistentes. Houve a violência da imposição cultural e religiosa, das doenças para
as quais os indígenas não tinham imunidade e, sobretudo, a expropriação da posse da terra, obrigando-os
a um longo processo de deslocamento territorial.
Gabarito: D

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Sobre a administração colonial é correto o que se afirma em:
A) A instituição do cargo de governador-geral significou uma tentativa de centralização administrativa a
cargo da Coroa Portuguesa.
B) As capitanias hereditárias se constituíram como uma forma centralizadora de administração colonial.
c) O cargo de governador-geral só existiu na Província do Ceará e de Pernambuco.
d) Para apoiar a administração descentralizada do governo-geral, existiam os cargos de capitão-mor e
ouvidor-mor.
e) Desde o início da colonização, a base da organização regional se deu pelas Assembleias Provinciais, fato
que conferiu amplos poderes às elites regionais.
Comentários
O sistema de administração colonial teve dois grandes sistemas: as capitanias hereditárias e o
estabelecimento do governador-geral, a partir de 1549. No entanto, as capitanias hereditárias não
tiveram o mesmo resultado.
Assim, tendo o sistema de administração descentralizada das capitanias hereditárias tido pouco êxito, a
Coroa Portuguesa buscou uma solução diferente e mais centralizadora: a formação de um Governo-
Geral. Tratou-se da criação de um órgão central de direção e de administração comandado por um
funcionário da Coroa, nomeado pelo Rei, para ajudar os donatários e interferir mais diretamente na
implantação do sistema de exploração colonial.
Para que você tenha uma noção dos objetivos, funções e estrutura burocrática, observe os esqueminhas
abaixo:
Prof. Alê Lopes

Defesa da terra contra ataques


Governador-Geral
estrangeiros
Objetivos do

Incentivo à busca de metais preciosos

Luta contra a resistência indígena

Apoio à religião cristã

Os dois sistemas coexistiram. Contudo, isso acabou por gerar, em diversos momentos, um embate entre
interesses locais e metropolitanos. Em geral o Governador Geral e seus auxiliares enfrentavam a
oposição de poderes locais, afinal, os donatários também tinham funções administrativas e judiciárias.
Diante dessa ampla explicação podemos pensar que a alternativa A é a única correta.
Vejamos os erros das demais alternativas:
b) Como falamos, capitânias não são formas centralizadoras de administração.
c) Como falamos é um cargo para a administrar todo a colônia e não apenas uma província ou outra.
d) A administração do governador-geral é centralizada.
e) errado, pois o correto são Câmaras Municipais. As Câmaras Municipais são conhecidas como as
instâncias representativas dos interesses dos colonos. Eram compostas por vereadores escolhidos entre
os membros das elites locais. Em termos gerais, consente-se que as câmaras municipais foram
politicamente mais proeminentes até o fim do século XVII ou pelo menos até meados do século XVIII. As
Assembleias Legislativas Provinciais só viriam a ser criadas em 1834
Gabarito: A

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


O Sistema Colonial Português, na América, estava baseado no chamado Pacto Colonial, caracterizado por:
a) Controle das entradas e saídas pelos portos marítimos.
b) Comércio exclusivo entre as colônias controladas por Portugal.
c) Divisão de terras e distribuição à donatários.
d) Distribuição de cartas de foral e de doação.
e) Comércio exclusivo da Colônia com a metrópole.
Comentários:
É uma pergunta sobre exploração colonial. O aluno precisa saber caracterizar o que foi o Pacto Colonial.
Vamos às alternativas para desvendar:
a) Incorreto, pois esse sistema de portos foi utilizado pela Espanha e não por Portugal.
Prof. Alê Lopes

b) Incorreto, meio pegadinha, porque o sistema de exclusivo não se dá entre as colônias, mas entre
colônia e metrópole.
c) Incorreto, aqui temos a descrição do que é uma capitania hereditária.
d) Incorreto, esses são os documentos por meio dos quais são estabelecidos os direitos e deveres
dos capitães donatários.
e) Gabarito. O pacto colonial também é conhecido como exclusivo metropolitano. Por meio dele, a
colônia só pode comercializar com sua metrópole e com mais ninguém, salvo se a metrópole
assim quiser. Cuidado. A metrópole compra e vende para quem ela quiser. Essa obrigatoriedade
de comprar da metrópole e só poder vender para ela, é da colônia.
Gabarito: E

(Estratégia Militares/2020/Profe. Alê Lopes)


Apressada construção de galpões cobertos de palha, varais para estender a carne desdobrada, salgada, e
algum tacho de ferro para a extração de parca gordura dos ossos por meio de fervura em água... A courama
era estaqueada, seca ao sol; o sebo simplesmente lavado, posto ao tempo em varais e depois socados em
forma de madeiras cúbicas, produzindo pães de peso variável. A ossamenta era amontoada e queimada e
está cinza atirada para aterros ou servia, empilhada, para fazer mangueiras e cercas. Todas as outras partes
do boi não tinham valor comercial e eram atiradas fora.
GIRÃO, Raimundo. Pequena História do Ceará. 4ª Ed. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará.
1984, p. 35-49.
O texto descreve um elemento central da economia do Ceará no Brasil Colonial, a saber:
a) A agricultura de exportação, como o algodão, que garantiu o desenvolvimento da região litorânea.
b) O processo de charqueado da carne bovina, decorrentes do desenvolvimento da pecuária e do comércio
de carne.
c) A pecuária leiteira, que garantiu muito poder aos pecuaristas da região.
d) As rotas de boiada que ligavam Ceará à Bahia e promoviam a valorização da pecuária cearense.
Comentários:
A economia cearense, durante o período colonial, demorou para se desenvolver. O interesse da metrópole
via o Ceará como rota para o Maranhão para assim alcançar a exploração das chamadas “drogas do sertão”.
Foi o Holanda, durante a ocupação do território, que promoveu políticas de exploração e colonização.
Assim, é após a retomada da colônia pelos Portugueses e a expulsão dos holandeses que começa a se
desenvolver a interiorização por meio da pecuária. Precisamos entender a economia do Ceará nesse
contexto mais geral de busca por outras atividades econômicas e interiorização do território. Aqui a
pecuária foi fundamental. Mas, as rotas de boiada, tocar o gado até regiões compradoras de bois vivos era
custoso e de baixo valor. Assim surge a ideia de vender a carne salgada do boi, o charque.
O texto descreve uma oficina de charqueado. Vejam que praticamente tudo do boi se aproveita. Inclusive
o couro. O historiador Capistrano de Abreu falava que a parir do Ceará surgiu uma “civilização do couro”.
Assim, o gabarito é letra B. Vamos analisar os erros das demais alternativas.
a) Errado. O algodão foi bastante importante no final do século XVIII e promoveu o fim d
exclusivismo pecuário que marcava a economia do Ceará. Mas o texto não fala sobre a economia
agrícola do algodão.
b) Gabarito, conforme nosso comentário inicial
c) Errado. A pecuária desenvolvida era de corte e não a leiteira.
d) Errado. Essas rotas de boiada, por serem longas e desgastantes, desvalorizavam os bois.
Gabarito: B
Prof. Alê Lopes

(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)


O Brasil já contou com diferentes capitais, as quais, em maior ou menor grau, estiveram atreladas ao
momento político econômico vigente. Nesse sentido, foram capitais do Brasil
a) Salvador, São Vicente, Brasília.
b) Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Brasília.
c) Salvador, Rio de Janeiro e Brasília.
d) Salvador, Vila Rica, Rio de Janeiro e Brasília.
e) Salvador, Estado da Guanabara e Distrito Federal.
Comentários
A primeira capital do Brasil foi Salvador, no estado da Bahia, entre os anos 1549 e 1763. Aqui, havia a
relação com o ciclo da cana de açúcar, pois a exploração e refino desse insumo estavam concentrados
no Nordeste. Oficial e formalmente, foi o mandatário da Coroa portuguesa, Tomé de Souza, que fundou
a cidade de Salvador. Depois, tivemos o Rio de Janeiro, em 1763. Com o declínio da lavoura de açúcar e
a descoberta de ouro em Minas Gerais o eixo político e econômico foi deslocado para o sudeste. Assim,
Marquês de Pombal, primeiro-ministro português, transferiu a capital para o Rio de Janeiro. No século
XVIII foram feitas algumas missões de exploração para o centro-oeste do Brasil com vistas a transferir a
capital para uma região mais central do Brasil. Dentre os objetivos estavam: maior integração do
território nacional; desenvolvimento de outras regiões; posição estratégica do ponto de vista da defesa
militar; proximidade de recursos naturais. Com isso, os debates para a transferência para a Nova Capital
não são assuntos do governo de Juscelino Kubitschek (JK). A previsão para a transferência da capital do
Rio de Janeiro para uma região de Goiás já existia. Tanto é que A Constituição de 1891 reservava uma
área de 14.400 km² no Planalto Central para a sua construção. No final da história, Brasília foi construída,
teoricamente, em 1000 dias e inaugurada como capital do Brasil em 21 de abril de 1960.
Repare, as demais alternativas, trazem cidades que também tiveram sua importância histórica, como
Vila Rica. Os inconfidentes mineiros queiram que uma das cidades do ouro fosse elevada à capital do
Brasil.
São Vicente, em São Paulo, foi fundada em 1532 e é considerada a primeira cidade do Brasil.
Gabarito: C

13. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas


(UNIVESP/2019)
No contexto da conquista e da colonização da América, as colônias se configuraram em “extensões”
territoriais de suas metrópoles. Chamada de Pacto Colonial, ou Exclusivo Metropolitano, a relação entre as
metrópoles europeias e suas colônias americanas determinava que
A) os colonos tinham liberdade de comércio, devendo destinar às metrópoles parte da renda obtida com a
venda de mercadorias.
B) as colônias poderiam comercializar exclusivamente com a sua metrópole ou com agentes autorizados
pelos poderes metropolitanos.
C) as colônias deveriam organizar os territórios de modo a abrigar universidades, imprensa, manufaturas e
pequenas propriedades rurais.
D) as colônias deveriam produzir exclusivamente o necessário para a subsistência de seus habitantes,
abstendo-se de comercializar produtos com a metrópole.
E) os colonos poderiam comercializar seus produtos com agentes mercantis das colônias fronteiriças, sem
necessidade de autorização pelo poder metropolitano.
Comentários
Prof. Alê Lopes

O Exclusivo Metropolitano, também chamado de Pacto Colonial foi uma característica fundamental
da colonização portuguesa. Ele determinava que toda negociação, acordo, comércio, troca que
envolvesse a colônia portuguesa deveria ser decidida exclusivamente pela metrópole. Dessa
compreensão decorrerão várias formas distintas de relação exclusiva entre a metrópole e colônia.
Vejamos as alternativas:
A) Incorreta. Os colonos não tinham liberdade de comércio.
B) Corretíssima, é o nosso gabarito!
C) Incorreta. O Exclusivo Metropolitano fala sobre as trocas comerciais, não sobre a organização
interna da colônia.
D) Incorreta. As colônias deveriam comercializar com a metrópole.
E) Incorreta. Qualquer acordo, negociação ou troca comercial precisava passar pelo poder
metropolitano.

Gabarito: B

(UNIVESP/2018)

Moenda

O detalhe da gravura “Engenho de Itamaracá” (1647), de Frans Post, pintor holandês que esteve no Brasil
no século XVII, coloca em evidência o principal produto de interesse dos holandeses à época da ocupação
no Nordeste. Tal produto pode ser corretamente identificado como
A) cacau.
B) tabaco.
C) algodão.
D) açúcar.
E) café.
Prof. Alê Lopes

Comentários

Questão tranquilíssima. As invasões holandesas no Brasil ocorreram quando os holandeses ocuparam


territórios no Nordeste brasileiro no século XVII. Essa invasão estava diretamente relacionada com as
questões diplomáticas envolvendo Portugal, Espanha e a própria Holanda naquele período (lembra
daquela confusão toda de União Ibérica?). Os holandeses procuraram construir sua própria colônia na
América ao se apropriar de uma das principais praças produtoras de açúcar da América Portuguesa.
Assim, nosso gabarito só pode ser letra D).

Gabarito: D

(UNITAU 2018)
O açúcar foi o principal produto brasileiro de exportação durante a época colonial. Mesmo durante o auge
da exploração do ouro, quando o Brasil encheu os cofres europeus e ajudou a impulsionar a Revolução
Industrial na Inglaterra, o valor das exportações de açúcar excedeu o de qualquer outro produto.
Assinale a alternativa que apresenta o(s) mecanismo(s) empregado(s), na economia colonial, para favorecer
esse quadro.
a) A imigração maciça de portugueses para trabalhar nas terras interiores da colônia.
b) A utilização predominante da mão de obra indígena nas lavouras açucareiras.
c) O incentivo dado pela coroa portuguesa à adoção do trabalho assalariado livre.
d) A adoção da mão de obra escrava africana e o pacto colonial.
e) O predomínio de pequenas propriedades rurais produzindo açúcar para exportação.
Comentários
O desenvolvimento da economia açucareira no Brasil teve início a partir de 1530, com a adoção de uma
colonização mais sistemática do território com a intenção de defender a posse portuguesa e fomentar o
desenvolvimento econômico, por meio da criação das capitânias hereditárias e, pouco tempo depois, do
Governo Geral. Essa economia funcionava com base nos princípios mercantilistas, os quais balança
comercial favorável, exclusivo metropolitano (pacto colonial), protecionismo e intervenção estatal.
Tratava-se de produzir açúcar em grandes quantidades para ser vendido no mercado internacional, sendo
que a colônia só poderia negociar seus produtos com intermédio da metrópole. Por fim, vale destacar que
o trabalho empregado nesses grandes latifúndios de cana era escravizado. Até a década de 1570
predominou a mão de obra indígena, mas a partir desse momento os cativos africanos e o tráfico
transatlântico de escravizados ganha mais espaço, tornando-se predominantes nas regiões mais lucrativas
da colônia (Bahia e Pernambuco). Sabendo disso, vejamos:
a) Incorreta. Não houve imigração massiva nesse momento. Na verdade, era difícil até mesmo
incentivar os donatários a se estabelecer na colônia devido aos riscos da viagem e os custos para
construir uma empresa açucareira. Além disso, haviam os indígenas que podiam se revoltar e matar
os colonos. A Coroa buscava incentivar a imigração do excedente populacional, mas não alcança
uma grande quantidade, não nesses primeiros séculos de colonização.
b) Incorreta. Como dissemos acima, a mão de obra indígena só predominou até os anos 1570, sendo
progressivamente substituída pelos escravizados africanos nas regiões mais prósperas da colônia.
c) Incorreta. Não havia tal incentivo.
d) Correta! Está de acordo com o comentário.
e) Incorreta. A Coroa privilegiou incentivar o grande latifúndio, não as pequenas propriedades.
Gabarito: D
Prof. Alê Lopes

(UNITAU 2017)
O Cristianismo chegou ao Brasil com a conquista colonial, associado à exploração metropolitana. A Igreja
desempenhou, assim, um importante papel no processo de colonização, promovendo a transformação do
modo de vida indígena e a sua adaptação às formas culturais europeias. Dentre as medidas adotadas pelos
religiosos para promover esse processo, é INCORRETO destacar:
a) A criação dos aldeamentos, onde os índios das mais diferentes tribos eram reunidos, recebiam a
catequese e eram batizados, tornando-se cristãos.
b) O combate ao nomadismo e a imposição do trabalho agrícola aos índios, com uma nova divisão de tarefas
entre homens e mulheres.
c) A obrigação do uso de vestimentas, enquanto, anteriormente, os índios exibiam as marcas da sua cultura
no próprio corpo.
d) O estabelecimento de escolas para os nativos, de modo a alfabetizá-los, com o objetivo de torná-los
funcionários da administração colonial.
e) A organização do tempo, com a Igreja instalada no centro do aldeamento e o sino regrando a vida dos
nativos em relação ao trabalho, à catequese e ao lazer.
Comentários
ATENÇÃO! A questão pede para identificar a alternativa errada. Não se esqueça! Como o enunciado já
disse, de fato, o cristianismo cumpriu papel importante na colonização da América portuguesa. Na verdade,
a religião cristã era fundamental para a legitimidade da monarquia portuguesa como um todo, pois esta
ascendeu ao poder graças a suas vitórias contra os muçulmanos que ocupavam a Península Ibérica. Assim,
os reis portugueses continuaram usando a religião como uma justificativa para a necessidade de conquistar
novos territórios e povos, para convertê-los ao cristianismo. Esses feitos garantiram aos reis portugueses a
simpatia do Papa, que lhes concedeu plenos poderes religiosos nomear clérigos, alterar e vetar dogmas,
assim como administrar a Contrarreforma dentro de seus territórios ultramarinos. Essas concessões são
chamadas de Padroado e beneplácito régio. Religião e Estado estavam tão interligados no estado
absolutista português que o pagamento do clero era feito pelo tesouro real.
Mas voltando para a colonização, a ação dos religiosos se deu por meio das ordens regulares,
principalmente a Companhia de Jesus, os famosos jesuítas. Esses clérigos condenavam a escravidão
indígena e vinham para o Brasil para fundar aldeamentos nos quais os indígenas seriam agrupados,
evangelizados e civilizados. Nem sempre esse aldeamento era pacífico e envolvia uso da força, da violência
e do trabalho compulsório, contudo era um regime diferente da escravidão propriamente dita na qual o
indivíduo era reduzido a condição de propriedade. Enfim, os religiosos, então, tiveram um papel muito
importante pois cumpriam a função de converter os nativos e, posteriormente, os escravizados africanos
para torna-los mais submissos à ordem europeia. Entretanto, no caso dos jesuítas, os missionários
costumavam entrar em conflito com os colonos leigos por serem contra a escravidão dos nativos,
defendendo o modelo de aldeamento. Houve momentos que os jesuítas pegaram em armas para defender
os indígenas das expedições bandeirantes escravizadoras, nos séculos XVII e XVIII, como veremos na Aula
07 com mais detalhes. Por ora, o que dissemos até aqui já é o suficiente para avaliar as alternativas.
Vejamos:
a) Correta! Está de acordo com o comentário.
b) Correta! O aldeamento, chamado de missão ou redução, era como uma vila portuguesa, de aspecto
rural e economia agrária, em geral voltado para subsistência, mas alguns missionários
administraram verdadeiros latifúndios competindo com os colonos. De qualquer forma, a proposta
principal do aldeamento era civilizar os indígenas, ensinando-lhes os modos de vida e trabalho
europeus, ou seja, vida sedentária dedicada ao trabalho, com hierarquias sociais, raciais e de gênero
bem determinadas.
Prof. Alê Lopes

c) Correta! Os europeus em geral e os clérigos em especial tinham uma noção de pudor bem diferente
dos nativos, usando bem mais roupas, o que foi imposto aos indígenas, sobretudo nos aldeamentos,
para “cobrir suas vergonhas”, como se dizia na época.
d) Incorreta. Não foram criadas escolas e a intenção nunca foi alfabetizar os indígenas, apenas
catequizá-los e discipliná-los para o trabalho e a submissão à colonização. Além disso, os nativos
não eram incorporados à administração colonial institucionalizada. Até mesmo brancos nascidos no
Brasil tinha dificuldade em assumir cargos nas instituições administrativas, como precaução dos
portugueses.
e) Correta! A percepção do tempo muda de época para época, mas também de sociedade para
sociedade mesmo ambas existindo no mesmo contexto histórico. Essa percepção depende de
fatores culturais e do modo de vida que as pessoas praticam. Logo, não é difícil imaginar que os
nativos lidavam com o tempo de outra forma, não o vendo de forma linear e progressiva como os
europeus. Justamente por isso, o tempo também se tornou alvo das estratégias de dominação pelos
europeus.
Gabarito: D

(FUVEST 2016)
Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, e isto por ver por
conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam
muito prejuízo ao estado e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava em vós, Senhor, trabalhardes
com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas
navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir.
Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954.
O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D.
João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra
a) a persistência dos ataques franceses contra a América, que Portugal vinha tentando colonizar de modo
efetivo desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias.
b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava
a combater as pretensões expansionistas da Espanha na América.
c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham
exercendo grande influência sobre as populações nativas.
d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à dominação de
territórios franceses tanto na Europa quanto na América.
e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do
combate à pirataria francesa.
Comentário
Essa é uma questão de interpretação do texto. Contudo, textos de época podem ser de difícil
entendimento devido ao estilo da época, assim, conhecer o conteúdo se torna fundamental para
desvendar o texto com mais destreza e confiança.
Como o texto afirma no trecho “eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acerca dos
negócios da França, e isto por ver por conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos
pontos mais aparentes, que consigo traziam muito prejuízo ao estado”, podemos inferir que se trata
das preocupações com as tentativas de invasão da França na América Portuguesa.
Você deve se lembrar que a Monarquia francesa foi uma das que mais questionou o Tratado de
Tordesilhas e, por isso, estimulou a ação de corsários e planejou algumas invasões ao território
colonial, em aliança com os índios Tupinambás.
Esse risco de invasões estrangeiras ameaçam a legitimidade e a consolidação da posse, por isso, a
partir de 150 Portugal começou um processo sistemático de ocupação colonial.
Prof. Alê Lopes

Assim, o gabarito é a letra A. As demais não podem ser corretas, uma vez que Portugal e França não
fizeram aliança contra espanhóis; os jesuítas franceses não estiveram no Brasil; Portugal não tinham
pretensões anexionistas em relação às colônias francesas – que, na verdade, só se formaram
tardiamente – e, por fim, jesuítas e coroa portuguesa repudiavam a pirataria, até mesmo porque era
um desrespeito ao Tratado de Tordesilhas, legitimado pela Igreja.
Gabarito: A

(FUVEST 2015)
A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução e recriação
cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa,
para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura xinguana
– que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e
intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X
d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Com base no trecho acima, é correto afirmar que
a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até
mesmo valorizou várias culturas indígenas.
b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador
europeu, como a xinguana.
c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no
Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador
europeu.
e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
indígena e a perda de sua identidade cultural.
Comentário

Uma questão fácil que requer do aluno um conhecimento crítico sobre a história indígena, inclusive suas
formas de resistência em relação à violência cometida pelo colonizador. O texto deixa claro que, apesar da
violência da colonização portuguesa, a cultura indígena sobreviveu no Brasil. Mais que isso, fala em
processos de reconstrução e recriação cultural. Afinal, as experiências de encontros entre povos distintos
transformam uns aos outros criando sínteses de si mesmas. Nesse sentido, o item A está incorreto porque
nega a violência da colonização – lembre-se que falamos que isso é um mito. O item C e D não estão
corretos, pois, a cultura indígena continua existindo e foi afetada sim pelo processo colonizador. Por fim o
item E, também, é uma afirmação que nega a violência da colonização, o que já falamos ser uma narrativa
mítica.
Para deixar claro, cultura xinguana é cultura dos povos Xingu.
Gabarito: B

(FUVEST 2014)
O tráfico de escravos africanos para o Brasil
a) teve início no final do século XVII, quando as primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas Minas
Gerais.
b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, de
vez, no início do século XIX.
c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, de forma regular, até a metade do século XIX.
d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a despeito da pressão contrária das regiões auríferas.
Prof. Alê Lopes

e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, esteve
concentrado nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente, até o século XVIII.
Comentário
Questão conteudista. Você deveria saber o período de duração, a abrangência da escravidão e a relação
com aspectos da economia no Brasil para falar sobre o tráfico negreiro, ou comércio negreiro ou de
escravos. Vamos analisar item a item:
A- O início está errado, pois a escravidão negra iniciou-se no século XVI, com a produção do açúcar.
B- A escravidão e o comércio de escravos NÃO foram pouco expressivos no século XVII, ao contrário.
Como vimos, houve ampliação da vinda de pessoas escravizadas da África.
C- A associação de datas está correta: o tráfico começa com o Ciclo do Açúcar, no século XVI, e termina
em 1850 (século XIX), com a Lei Eusébio de Queiroz.
D- O tráfico não foi extinto em 1822, mas em 1850
E- O erro do item E é colocar a Capitânia de São Vicente no mesmo patamar da de Pernambuco. Como
sabemos, a Capitânia de São Vicente entrou em decadência e os engenhos foram fechados. Havia
muita dificuldade de se enviar escravos negros para essa região, por isso, inclusive, a região se
especializou na atividade de apresamento indígena.
Por fim, quero chamar que tenha cuidado para não tratar como sinônimo a escravidão e o tráfico
negreiro porque a escravidão continuou existindo apesar das leis abolicionistas, o que veremos nas
aulas seguintes.
Gabarito: C

(FUVEST 2014)
Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo, que o vosso em
um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar,
e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes
afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá
merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição de Cristo, os que
pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.
P. Antônio Vieira, “Sermão décimo quarto”. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial.
São Paulo: Ática, 1993, p.73􀍲75.
A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América,
a) a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se
revoltar.
b) as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois
ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portanto,
de justificá-la com base na Bíblia.
d) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à
escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
e) havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo
estas, assim, pouco significativas.
Comentário

A Coroa portuguesa nasceu com um pé na cultura escravagista, pois passou a legitimar, em conjunto com
a Igreja, a escravização dos não-cristãos. Dessa forma, tanto as monarquias, quanto a Igreja, alimentaram
o trabalho forçado do “outro”.
Prof. Alê Lopes

O argumento, muito popular, era a ideia da maldição divina. Por meio dela, a escravidão era fruto do
pecado de Adão e Eva, primeiros pais dos homens segundo a teologia. Outra justificativa religiosa era
aquela que apontava os africanos como descendentes de Caim. Este personagem bíblico, que matou o
próprio irmão por ciúmes recebeu de Deus, ao ser amaldiçoado, uma marca no corpo para que não
morresse e pudesse viver em constante expiação de seu pecado. Ligou-se, a posteriori, a negritude dos
africanos à marca cutânea imposta por Deus a Caim. Essa ideia se combina ade guerra justa, pois os inimigos
devem ser escravizados, pois deve-se preservar-lhe a vida – uma vez que esta tem natureza divina. Só Deus
decide sobre vida e morte. Assim, escravidão é preservação do dom divino da vida. A partir da expansão
ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula papal legitimou a
escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a autorização específica
sobre africanos e asiáticos.

A partir da expansão ultramarina no norte da África, a prática da escravidão se ampliou. Em 1452 uma bula
papal legitimou a escravidão dos não-cristãos e, em 1455, o papado reafirmou essa posição com a
autorização específica sobre africanos e asiáticos.

O texto é bem claro: o padre jesuíta usa do exemplo de Cristo para justificar a condição dos escravos na
Colônia portuguesa.

Só tome cuidado. Não necessariamente as justificativas religiosas baseavam-se na Bíblia, mas na


interpretação de histórias bíblicas. Mas, o item correto está assim. Mesmo assim, podemos confirmar que
é certa mesmo por meio da exclusão das demais.

A igreja não condenava a escravização de pessoas não-cristãs, especialmente africanos. Também, não era
neutra sobre esse assunto. Além disso, as formas de discriminação religiosa não eram secundárias, como
afirma o item E. Basta lembrarmos do Tribunal da santa Inquisição em plena operação nesse contexto.

Gabarito: C

(UEA /2015)
Em 1740, o português Domingos Dias da Silva era um capitão de navio que transportava tecidos,
aguardente, vinho e armas de fogo para Luanda, o maior porto ligado ao tráfico de escravos em Angola,
então uma colônia portuguesa. Silva vendia as mercadorias e recebia parte do pagamento na forma de
escravos. Depois de entregar os escravos no Brasil, enchia os porões de açúcar e voltava para Lisboa,
fechando uma viagem que poderia ter começado dois anos antes. (Carlos Fioravanti. “Os banqueiros do
tráfico”. Pesquisa FAPESP, maio de 2015. Adaptado.)
A descrição da longa viagem realizada pelo capitão Domingos Dias da Silva contém informações
significativas sobre
a) a desarticulação dos numerosos territórios do império português e o desenvolvimento de um comércio
de escravos à margem do controle de Portugal.
b) a constituição de uma burguesia no Brasil, enriquecida com a exploração de escravos e a formação de
grupos sociais antagônicos à metrópole.
c) o impacto das atividades mercantis na sociedade tradicional portuguesa e o surgimento de uma
burguesia antiabsolutista com o comércio de escravos.
d) a ausência de dinamismo comercial no conjunto do império lusitano e a crise prolongada da agricultura
escravista brasileira.
e) o movimento de pessoas e mercadorias no império português e o processo de acumulação de capital
ligado ao tráfico de escravos.
Comentários
O texto apresentado expressa como a relação de Portugal com a região de Angola se deu em um
contexto de exploração da condição humana. Embora a escravidão fosse algo comum dentro das etnias
Prof. Alê Lopes

africanas, em nenhum momento se construiu uma relação de lucro, ou seja, era uma escravidão que
ocorria por inimizade e rivalidade local. Foi a percepção de tal atrito existente entre os povos locais que
impulsionou a coroa portuguesa a explorar lucrativamente a ação de aprisionamento de pessoas,
iniciando assim, uma verdadeira máquina de exploração do africano, cuja única funcionalidade para o
português era ser mão de obra.
Dessa forma, a alternativa correta é a “e”, pois o texto em questão mostra como o lucro dentro
do processo de escravidão ocorria. Além de produtos como fumo, armas e bebidas, os africanos eram
um produto rentável e de bastante demanda, o que fez enriquecer e muito não só o Estado Português,
como muitas elites na colônia, além é claro, desses traficantes.
A alternativa “a” não possui sentido, pois em nenhum momento houve uma desarticulação das
colônias portuguesas no período citado. Por mais que, de fato, uma burguesia no Brasil seria constituída
por meio da mão de obra escrava, ela, dentro do contexto apresentado, não construiu nenhum grupo
antagônico a coroa, o que anula a “b”. Tanto a “c” e a “d” não tem sentido, já que o não surgiu uma
burguesia antiabsolutista, houve uma parceria. Quando a “d”, o sistema escravista entrou em
decadência no século XVIII.
Gabarito: E

(UEA/2015)
Em 1685, determina-se a concessão de prêmios aos que cultivassem o cacau, “proibindo-se a colheita antes
do tempo”. Ainda em 1753, veda-se terminantemente a colheita do cacau verde. Em 1755, é proibida a
pesca de tartarugas no Tocantins entre agosto e novembro. Reclamam-se constantemente amostras de
produtos da terra, como a pimenta-longa, a quina, as ervas “com efeito de chá”, cochonilha, cajurá, puxuri,
fibras... Isentam-se de pagamento de imposto várias plantas indígenas.
(Sérgio Buarque de Holanda. Escritos coligidos, 2011. Adaptado.)
O historiador fornece alguns exemplos
a) do desinteresse da metrópole portuguesa pelo território amazônico devido à escassez de recursos
econômicos.
b) da presença da metrópole portuguesa na colonização da Amazônia por meio de regulamentos de
exploração econômica.
c) do caráter estratégico da Amazônia para a manutenção do domínio metropolitano sobre a região de
exploração aurífera.
d) da tentativa metropolitana de estender a escravidão para as tribos indígenas do vale amazônico.
e) da inserção amazônica no conjunto da economia colonial com o estímulo metropolitano à exploração
mineral.
Comentários
A região amazônica foi uma espécie de Índia para os portugueses, muito devido aos seus produtos
únicos, as chamadas drogas do sertão. Por ser uma região lucrativa, o Pacto Colonial e as medidas de
fiscalização foram mais intensas: um motivo foi porque o período sazonal dos produtos impactava nas
transações comerciais; o segundo motivo, que o texto aponta, foi a regulação do que seria produzido e
comercializado pela Metrópole, o que torna a alternativa “b” correta.
Portanto seria errado dizer que não houve interesse por parte de Portugal dentro do processo de
exploração das drogas do sertão, já que tal região se mostrou lucrativa, anulando a alternativa “a”. Até
mesmo pela distância, não faz sentido algum dizer que a Amazônia seria um espaço de manutenção
aurífera, o que faz a “c” estar errada. Assim como, o sistema aurífero era totalmente dissociado do que
acontecia dentro da Amazônia, a única semelhança se encontrava no exclusivo comercial com Portugal,
o que faz a “e” está errada. E a escravidão de indígenas não foi uma prática aplicada com vigor na região
e muito menos se pensou em expandi-la.
Gabarito: B.
Prof. Alê Lopes

(IFBA – 2018)
No processo de colonização, os capitães donatários tinham alguns direitos oferecidos pela coroa
portuguesa: podiam escravizar e vender até 24 índios por ano, direito sobre a morte de escravos, gentios e
homens livres de menor qualidade. Podiam, em alguns casos, deportar (degredo) colonos sem apelação ao
rei. O senhor donatário, como grande proprietário de terras (latifundiário), podia também ceder pedaços
de terra para outros colonos desenvolverem plantações e podiam ainda deter o comando militar e o direito
de alistar colonos e formar milícias. Com base nesse texto, qual questão é a certa?
a) Esse texto revela que o Rei em nada mandava na administração colonial portuguesa. Os verdadeiros
governantes eram os capitães donatários.
b) Os capitães donatários eram homens da pequena fidalguia portuguesa ou mesmo da nascente burguesia.
Eram homens ávidos por lucros e por subir na vida. Por isso o sistema de capitania hereditária falhou, afinal
eles não se preocuparam com o sistema como um todo, mas com seu próprio enriquecimento, deixando
de lado as tarefas de representantes da coroa.
c) Os capitães donatários tinham tarefas voltadas para a segurança interna (contra os indígenas não
submetidos) e externa da colônia (contra invasores europeus); monopolizavam o controle da terra, o que
produzia uma distribuição de acesso à terra desigual; e eram os responsáveis pela organização da produção
das matérias-primas brasileiras, voltadas para a exportação.
d) As violências acima descritas inviabilizaram a continuidade das capitanias, já que as pessoas não queriam
se subordinar a indivíduos com tamanho poder.
e) O fato de poderem conceder terras para outros sesmeiros gerou uma política de acesso à terra que
beneficiou portugueses pobres que habitavam o Brasil.
Comentários:
Os capitães donatários, ou capitães do donatário eram a terceira força representativa dentro do sistema
colonial português. No topo estaria o Rei, logo em seguida o Donatário, em terceiro o capitão donatário e
por último o colono. Mas você pode estar se perguntando: não seriam todos colonos? Seriam, mas, os
papeis e participações dentro da empreitada colonial eram diferentes. O donatário indiretamente era o
responsável por um lote de terra na colônia, que era cedido pelo Rei. Esse donatário era normalmente
alguém de grande prestigio pelo rei, como o caso de Martin de Souza, tal pessoa tinha o compromisso de
explorar e ter o controle sobre o que aconteceria na região, ou seja, estamos aqui falando da divisão
territorial do Brasil naquilo que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas, que dividiu em capitanias as
terras descobertas.
Porém, tal donatário pouco trabalhava de fato nas terras descobertas, uma vez que, ficava a cargo da
administração geral, uma espécie de governador do loteamento. Tal medida foi um meio da Coroa
portuguesa não perder os territórios, já que cada capitania possui sua espécie de “guarda” local; além, de
indiretamente Portugal passou a ter um representante da coroa na região, o que ocasionava a não
necessidade de ter um Governo Geral na região (o que iria acontecer mais para frente). E assim chegamos
ao capitão donatário.
O capitão era responsável pelo controle das áreas descobertas e exploradas, recebendo resguardo jurídico
sobre qualquer ação que desejaria tomar, seja no aprisionamento e escravização de indígenas, ou até
mesmo, recebendo “perdão” por qualquer execução em seus territórios. Além disso, tinham os direitos
fiscais e de terra amplos, uma vez que repartiam as terras e possuíam lucros sobre a região. Tanto o
donatário como o capitão donatário, eram pertencentes a Casa Real, sendo este último o responsável
também, pela defesa a qualquer invasão.
Sendo assim vamos nos direcionar a questão. A alternativa “a” aparenta estar correta, porém,
burocraticamente não. Mesmo que os capitães donatários possuíssem mais poderes que até mesmo os
donatários, eles ainda eram inclusos no Pacto Colonial, ou seja, eram subordinados reais, com riscos de
perca de seus territórios, riquezas e títulos. Já a “d” também está incorreta, pois, por mais que fossem
violentos e ásperos em seu poder, os capitães donatários eram uma espécie de guarda para os colonos,
Prof. Alê Lopes

principalmente em áreas de contato e atrito com os povos indignas, ou seja, tal violência era pro bem e pro
mal.
Já a alternativa “e” tem nada de correto, já que em nenhum momento os capitães donatários produziram
uma “reforma agrária”, que foram cedidas aos portugueses que aqui viviam que inclusive eram poucos na
época. De fato, os capitães, com o passar do tempo tiveram o poder subindo a suas cabeças, como a
alternativa “b”, porém, não eram pessoas da baixa fidalguia, pelo contrário, eram pessoas próximas da
Coroa Portuguesa, porém, com um poder de ambição muito forte.
Assim, a alternativa correta é a “c”. Tais capitães cuidaram de toda a parte de defesa, incentivando a
construção de fortes e de outras estratégias para proteção interna e externa; além de serrem os
controladores de riqueza e de terras, onde, a distribuição estava mais pautada em privilégios do que em
igualdade de condições.
Gabarito: C

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