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MILITARES
Área de Concentração II –
Formação Militar‐Naval
PROCESSO SELETIVO UNIFICADO DE OFICIAIS – RM2
http://www.concursosmilitares.com.br/
11/10/2018
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APOSTILA DE ACORDO COM O AVISO DE
CONVOCAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL 2018
PUBLICADO 10/10/2018
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO II – FORMAÇÃO MILITAR‐NAVAL
DEFESA NACIONAL
Política Nacional de Defesa............................................................................................................................................... 01
O Estado, a Segurança e a Defesa...................................................................................................................................... 01
O ambiente Internacional.................................................................................................................................................. 02
O ambiente regional e o entorno estratégico.................................................................................................................... 02
O Brasil............................................................................................................................................................................... 03
Objetivos Nacionais de Defesa........................................................................................................................................... 05
Orientações........................................................................................................................................................................ 05
Estratégia Nacional de Defesa.......................................................................................................................................... 07
Formulação Sistemática ................................................................................................................................................... 07
Medidas de Implementação............................................................................................................................................. 26
ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA MARINHA
Forças Armadas (FFAA) –(Constituição de 1988).............................................................................................................. 01
Missão Constitucional; Hierarquia e disciplina; e Comandante Supremo das Forças Armadas........................................ 05
Exercícios............................................................................................................................................................................ 05
Normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas – (LEI COMPLEMENTAR Nº 97,
DE 9 DE JUNHO DE 1999)........................................................................................................................................... 01
Disposições Preliminares ‐ Da Destinação e Atribuições; Do Assessoramento ao Comandante Supremo 01
Da Organização ‐ Das Forças Armadas; Direção Superior das Forças Armadas.......................................................... 02
Exercícios............................................................................................................................................................................ 03
LEGISLAÇÃO MILITAR‐NAVAL
Estatuto dos Militares ‐ (LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980)............................................................................. 01
Hierarquia Militar e disciplina............................................................................................................................................ 02
Cargos e Funções militares................................................................................................................................................ 04
Valor e ética militar............................................................................................................................................................ 04
Compromisso, comando e subordinação........................................................................................................................... 06
Violação das obrigações e deveres militares..................................................................................................................... 07
Crimes militares................................................................................................................................................................. 07
Contravenções ou transgressões disciplinares.................................................................................................................. 07
Exercícios........................................................................................................................................................................... 10
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA
Doutrina de Liderança da Marinha – (EMA‐137 ‐ Doutrina de Liderança da Marinha) 01
Chefia e Liderança.............................................................................................................................................................. 01
Aspectos Fundamentais da Liderança................................................................................................................................ 01
Estilos de Liderança............................................................................................................................................................ 04
Seleção de Estilos de Liderança......................................................................................................................................... 06
Fatores da Liderança.......................................................................................................................................................... 06
Atributos de um Líder........................................................................................................................................................ 07
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Níveis de Liderança ........................................................................................................................................................... 08
Exercícios........................................................................................................................................................................... 11
TRADIÇÕES NAVAIS
Introdução......................................................................................................................................................................... 01
Semelhanças entre as Marinhas ....................................................................................................................................... 01
Conhecendo o Navio.......................................................................................................................................................... 01
A Gente de Bordo.............................................................................................................................................................. 05
A Organização de Bordo.................................................................................................................................................... 06
Cerimonial de Bordo......................................................................................................................................................... 08
Uniformes e seus acessórios............................................................................................................................................. 12
Algumas expressões corriqueiras...................................................................................................................................... 14
HISTÓRIA NAVAL
1 ‐ A História da Navegação................................................................................................................................... 01
Os navios de madeira: construindo embarcações e navios.................................................................................... 01
O desenvolvimento dos navios portugueses.......................................................................................................... 01
O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumentos e as cartas de marear............................................ 01
A vida a bordo dos navios veleiros.......................................................................................................................... 02
Exercícios......................................................................................................................................................................... 04
2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil ............................................................................ 05
Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina..................................................... 05
Lusitânia.................................................................................................................................................................. 06
Ordens militares e religiosas................................................................................................................................... 07
O papel da nobreza................................................................................................................................................ 07
A importância do mar na formação de Portugal..................................................................................................... 08
Desenvolvimento econômico e social..................................................................................................................... 08
A descoberta do Brasil............................................................................................................................................ 11
O reconhecimento da costa brasileira:................................................................................................................... 12
A expedição de 1501/1502; A expedição de 1502/1503; A expedição de 1503/1504........................................... 12
As expedições guarda‐costas.................................................................................................................................. 13
A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa.......................................................................................... 13
Exercícios......................................................................................................................................................................... 15
3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil........................................................................................................................ 16
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão............................................................................................ 17
Invasores na foz do Amazonas................................................................................................................................ 18
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco.................................................................................................. 19
Holandeses na Bahia............................................................................................................................................... 19
A ocupação do Nordeste brasileiro......................................................................................................................... 19
A insurreição em Pernambuco................................................................................................................................ 21
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A derrota dos holandeses em Recife...................................................................................................................... 23
Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII............................................................................................ 24
Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil............................................................................................................ 24
Exercícios......................................................................................................................................................................... 25
4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira................................................................................................................. 29
A vinda da Família Real.................................................................................................................................................... 29
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental.............. 30
A Banda Oriental............................................................................................................................................................. 30
A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha...................................................................................................... 32
Guerra de independência................................................................................................................................................ 32
Elevação do Brasil a Reino Unido.................................................................................................................................... 32
O retorno de D. João VI para Portugal............................................................................................................................. 32
A Independência.............................................................................................................................................................. 33
A Formação de uma Esquadra Brasileira......................................................................................................................... 33
Operações Navais............................................................................................................................................................ 34
Confederação do Equador............................................................................................................................................... 34
Exercícios......................................................................................................................................................................... 36
5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e do Início do Segundo Reinado............................................... 38
Conflitos internos............................................................................................................................................................ 40
Cabanagem...................................................................................................................................................................... 40
Guerra dos Farrapos; Sabinada; Balaiada; Revolta Praieira............................................................................................ 40
Conflitos externos........................................................................................................................................................... 41
Guerra Cisplatina............................................................................................................................................................. 41
Guerra contra Oribe e Rosas........................................................................................................................................... 47
Exercícios......................................................................................................................................................................... 49
6 ‐ A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai............................................. 51
O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo............................................................................................. 52
Navios encouraçados e a invasão do Paraguai................................................................................................................ 55
Curuzu e Curupaiti........................................................................................................................................................... 55
Caxias e Inhaúma............................................................................................................................................................. 56
Passagem de Curupaiti; Passagem de Humaitá............................................................................................................... 56
O recuo das forças paraguaias........................................................................................................................................ 57
O avanço aliado e a Dezembrada.................................................................................................................................... 57
A ocupação de Assunção e a fase final da guerra........................................................................................................... 57
Exercícios......................................................................................................................................................................... 60
7 ‐ A Marinha na República............................................................................................................................................ 62
Primeira Guerra Mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 63
O preparo do Brasil......................................................................................................................................................... 64
A Divisão Naval em Operações de Guerra – DNOG......................................................................................................... 66
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O Período entre Guerras................................................................................................................................................. 69
A situação em 1940......................................................................................................................................................... 70
Exercícios......................................................................................................................................................................... 71
Segunda Guerra mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 72
Início das hostilidades e ataques aos nossos navios mercantes..................................................................................... 73
A Lei de Empréstimo e Arrendamento e modernizações de nossos meios e defesa ativa da costa brasileira............. 75
Defesas Locais................................................................................................................................................................. 77
Defesa Ativa.................................................................................................................................................................... 77
A Força Naval do Nordeste............................................................................................................................................. 78
E o que ficou?.................................................................................................................................................................. 80
Exercícios......................................................................................................................................................................... 82
8 ‐ O Emprego Permanente do Poder Naval.................................................................................................................. 83
O Poder Naval na guerra e na paz................................................................................................................................... 83
Classificação.................................................................................................................................................................... 84
A percepção do Poder Naval........................................................................................................................................... 85
O emprego permanente do Poder Naval........................................................................................................................ 86
Exercícios......................................................................................................................................................................... 88
GLOSSÁRIO: Classificação de Navios de Guerra............................................................................................................. 89
Exercícios......................................................................................................................................................................... 95
Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão........................................ 96
A Evolução Tecnológica no setor naval na segunda metade do século XIX e as consequências para a Marinha do 102
Brasil.
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ÁREA DE CONCENTRAÇÃO II – FORMAÇÃO MILITAR‐ 2. O Estado, a Segurança e a Defesa
NAVAL
2.1 O Estado tem como pressupostos básicos
DEFESA NACIONAL território, povo, leis e governo próprios e
independência nas relações externas. Ele detém o
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA: monopólio legítimo dos meios de coerção para fazer
1 ‐ INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Defesa (PND) valer a lei e a ordem, estabelecidas
é o documento condicionante de mais alto nível do democraticamente, provendo, também, a segurança.
planejamento de ações destinadas à defesa nacional A defesa externa é a destinação precípua das Forças
coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada Armadas.
essencialmente para ameaças externas, estabelece 2.2 A segurança é tradicionalmente vista somente do
objetivos e orientações para o preparo e o emprego ângulo da confrontação entre nações, ou seja, a
dos setores militar e civil em todas as esferas do proteção contra ameaças de outras comunidades
Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional. políticas ou, mais simplesmente, a defesa externa. À
Esta Política pressupõe que a defesa do País é medida que as sociedades se desenvolveram e que se
inseparável do seu desenvolvimento, fornecendo‐lhe aprofundou a interdependência entre os Estados,
o indispensável escudo. A intensificação da projeção novas exigências foram agregadas.
do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção 2.3 Gradualmente, ampliou‐se o conceito de
em processos decisórios internacionais associam‐se segurança, abrangendo os campos político, militar,
ao modelo de defesa proposto nos termos expostos a econômico, psicossocial, científico‐tecnológico,
seguir. ambiental e outros.
Este documento explicita os conceitos de Segurança e Preservar a segurança requer medidas de largo
de Defesa Nacional, analisa os ambientes espectro, envolvendo, além da defesa externa: a
internacional e nacional e estabelece os Objetivos defesa civil, a segurança pública e as políticas
Nacionais de Defesa. Além disso, orienta a consecução econômica, social, educacional, científico‐tecnológica,
desses objetivos. ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações,
A Política Nacional de Defesa interessa a todos os muitas das quais não implicam qualquer envolvimento
segmentos da sociedade brasileira. Baseada nos das Forças Armadas.
fundamentos, objetivos e princípios constitucionais, Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a
alinha‐se às aspirações nacionais e às orientações partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que
governamentais, em particular à política externa resultam definições com diferentes perspectivas.
brasileira, que propugna, em uma visão ampla e atual,
a solução pacífica das controvérsias, o fortalecimento A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o
da paz e da segurança internacionais, o reforço do Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres
multilateralismo e a integração sul‐americana. de riscos, pressões ou ameaças, inclusive de
necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação
Após longo período livre de conflitos que tenham efetiva para se obter ou manter o grau de segurança
afetado diretamente o território e a soberania desejado.
nacional, a percepção das ameaças está desvanecida
para muitos brasileiros. No entanto, é imprudente 2.4 Para efeito da Política Nacional de Defesa são
imaginar que um país com o potencial do Brasil não adotados os seguintes conceitos:
enfrente antagonismos ao perseguir seus legítimos
interesses. Um dos propósitos da Política Nacional de I ‐ Segurança é a condição que permite ao País
Defesa é conscientizar todos os segmentos da preservar sua soberania e integridade territorial,
sociedade brasileira da importância da defesa do País promover seus interesses nacionais, livre de pressões
e de que esta é um dever de todos os brasileiros. e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus
direitos e deveres constitucionais; e
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II ‐ Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações mundo. A exclusão de parcela significativa da
do Estado, com ênfase no campo militar, para a população mundial dos processos de produção,
defesa do território, da soberania e dos interesses consumo e acesso à informação constitui situação que
nacionais contra ameaças preponderantemente poderá vir a configurar‐se em conflito.
externas, potenciais ou manifestas.
3.3 A configuração da ordem internacional,
3. O ambiente internacional caracterizada por assimetrias de poder, produz
tensões e instabilidades indesejáveis para a paz.
3.1 O mundo vive desafios mais complexos do que os
enfrentados durante o período de confrontação A prevalência do multilateralismo e o fortalecimento
ideológica bipolar. O fim da Guerra Fria reduziu o grau dos princípios consagrados pelo Direito Internacional
de previsibilidade das relações internacionais vigentes como a soberania, a não‐intervenção e a igualdade
desde a Segunda Guerra Mundial. entre os Estados são promotores de um mundo mais
estável, voltado para o desenvolvimento e bem‐estar
Nesse ambiente, é pouco provável um conflito da humanidade.
generalizado entre Estados. Entretanto, renovam‐se
conflitos de caráter étnico e religioso, exacerbam‐se 3.4 A questão ambiental permanece como uma das
os nacionalismos e fragmentam‐se os Estados, preocupações da humanidade. Países detentores de
situações que afetam a ordem mundial. grande biodiversidade, enormes reservas de recursos
naturais e imensas áreas para serem incorporadas ao
Neste século, poderão ser intensificadas disputas por sistema produtivo podem tornar‐se objeto de
áreas marítimas, pelo domínio aeroespacial e por interesse internacional.
fontes de água doce, de alimentos e de energia, cada
vez mais escassas. Tais questões poderão levar a 3.5 As mudanças climáticas têm graves consequências
ingerências em assuntos internos ou a disputas por sociais, com reflexos na capacidade estatal de agir e
espaços não sujeitos à soberania dos Estados, nas relações internacionais.
configurando quadros de conflito. Por outro lado, o
aprofundamento da interdependência dificulta a 3.6 ‐ Para que o desenvolvimento e a autonomia
precisa delimitação dos ambientes externo e interno. nacionais sejam alcançados é essencial o domínio
crescentemente autônomo de tecnologias sensíveis,
Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as principalmente nos estratégicos setores espacial,
fronteiras continuarão a ser motivo de litígios cibernético e nuclear.
internacionais.
3.7 Os avanços da tecnologia da informação, a
3.2 O fenômeno da globalização, caracterizado pela utilização de satélites, o sensoriamento eletrônico e
interdependência crescente dos países, pela outros aperfeiçoamentos tecnológicos trouxeram
revolução tecnológica e pela expansão do comércio maior eficiência aos sistemas administrativos e
internacional e dos fluxos de capitais, resultou em militares, sobretudo nos países que dedicam maiores
avanços para uma parcela da humanidade. recursos financeiros à Defesa. Em consequência,
Paralelamente, a criação de blocos econômicos tem criaram‐se vulnerabilidades que poderão ser
acirrado a concorrência entre grupos de países. Para exploradas, com o objetivo de inviabilizar o uso dos
os países em desenvolvimento, o desafio é o de uma nossos sistemas ou facilitar a interferência à distância.
inserção positiva no mercado mundial, ao mesmo Para superar essas vulnerabilidades, é essencial o
tempo em que promovem o crescimento e a justiça investimento do Estado em setores de tecnologia
social de modo soberano. A integração entre países avançada.
em desenvolvimento – como na América do Sul –
contribui para que alcancem esses objetivos. 4. O ambiente regional e o entorno estratégico
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que extrapola a região sulamericana e inclui o persistência desses focos de incertezas é, também,
Atlântico Sul e os países lindeiros da África, assim elemento que justifica a prioridade à defesa do
como a Antártica. Ao norte, a proximidade do mar do Estado, de modo a preservar os interesses nacionais, a
Caribe impõe que se dê crescente atenção a essa soberania e a independência.
região.
4.6 Como consequência de sua situação geopolítica, é
4.2 ‐ A América do Sul, distante dos principais focos importante para o Brasil que se aprofunde o processo
mundiais de tensão e livre de armas nucleares, é de desenvolvimento integrado e harmônico da
considerada uma região relativamente pacífica. Além América do Sul, que se estende, naturalmente, à área
disso, processos de consolidação democrática e de de defesa e segurança regionais.
integração regional tendem a aumentar a confiança
mútua e a favorecer soluções negociadas de eventuais 5. O Brasil
conflitos. 5.1 O perfil brasileiro – ao mesmo tempo continental
4.3 ‐ Entre os fatores que contribuem para reduzir a e marítimo, equatorial, tropical e subtropical, de longa
possibilidade de conflitos no entorno estratégico fronteira terrestre com quase todos os países sul‐
destacam‐se: o fortalecimento do processo de americanos e de extenso litoral e águas jurisdicionais
integração, a partir do Mercosul e da União de Nações – confere ao País profundidade geoestratégica e torna
Sul‐Americanas; o estreito relacionamento entre os complexa a tarefa do planejamento geral de defesa.
países amazônicos, no âmbito da Organização do Dessa maneira, a diversificada fisiografia nacional
Tratado de Cooperação Amazônica; a intensificação conforma cenários diferenciados que, em termos de
da cooperação e do comércio com países da África, da defesa, demandam, ao mesmo tempo, uma política
América Central e do Caribe, inclusive a Comunidade abrangente e abordagens específicas.
dos Estados Latino‐Americanos e Caribenhos (Celac), 5.2 A vertente continental brasileira contempla
facilitada pelos laços étnicos e culturais; o complexa variedade fisiográfica, que pode ser
desenvolvimento de organismos regionais; a sintetizada em cinco macrorregiões: Sul, Sudeste,
integração das bases industriais de defesa; a Centro‐Oeste, Norte e Nordeste.
consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do
Atlântico Sul e o diálogo continuado nas mesas de 5.3 O planejamento da defesa deve incluir todas as
interação inter‐regionais, como a cúpula América do regiões e, em particular, as áreas vitais onde se
Sul‐África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia‐Brasil‐ encontra a maior concentração de poder político e
África do Sul (Ibas). A ampliação, a modernização e a econômico. Da mesma forma, deve‐se priorizar a
interligação da infraestrutura da América do Sul, com Amazônia e o Atlântico Sul.
a devida atenção ao meio ambiente e às comunidades
5.4 A Amazônia brasileira, com seu grande potencial
locais, podem concretizar a ligação entre seus centros
de riquezas minerais e de biodiversidade, é foco da
produtivos e os dois oceanos, facilitando o
atenção internacional. A garantia da presença do
desenvolvimento e a integração.
Estado e a vivificação da faixa de fronteira são
4.4 A segurança de um país é afetada pelo grau de dificultadas, entre outros fatores, pela baixa
estabilidade da região onde ele está inserido. Assim, é densidade demográfica e pelas longas distâncias.
desejável que ocorram o consenso, a harmonia
A vivificação das fronteiras, a proteção do meio
política e a convergência de ações entre os países
ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais
vizinhos para reduzir os delitos transnacionais e
são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a
alcançar melhores condições de desenvolvimento
integração da região. O adensamento da presença do
econômico e social, tornando a região mais coesa e
Estado, e em particular das Forças Armadas, ao longo
mais forte.
das nossas fronteiras é condição relevante para o
4.5 A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos desenvolvimento sustentável da Amazônia.
transnacionais pode provocar o transbordamento de
conflitos para outros países da América do Sul. A
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5.5 O mar sempre esteve relacionado com o pertinentes da Organização das Nações Unidas (ONU),
progresso do Brasil, desde o seu descobrimento. A reconhecendo a necessidade de que as nações
natural vocação marítima brasileira é respaldada pelo trabalhem em conjunto no sentido de prevenir e
seu extenso litoral e pela importância estratégica do combater as ameaças terroristas.
Atlântico Sul.
5.9 O Brasil atribui prioridade aos países da América
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar do Sul e da África, em especial aos da África Ocidental
abre a possibilidade de o Brasil estender os limites da e aos de língua portuguesa, buscando aprofundar seus
sua Plataforma Continental e exercer o direito de laços com esses países.
jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área
de cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, 5.10 A intensificação da cooperação com a
região de vital importância para o País, uma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
verdadeira “Amazônia Azul”. integrada por oito países distribuídos por quatro
continentes e unidos pelos denominadores comuns da
Nessa imensa área, incluída a camada do pré‐sal, história, da cultura e da língua, constitui outro fator
estão as maiores reservas de petróleo e gás, fontes de relevante das nossas relações exteriores.
energia imprescindíveis para o desenvolvimento do
País, além da existência de grande potencial 5.11 O Brasil tem laços de cooperação com países e
pesqueiro, mineral e de outros recursos naturais. blocos tradicionalmente aliados que possibilitam a
troca de conhecimento em diversos campos.
A globalização aumentou a interdependência Concomitantemente, busca novas parcerias
econômica dos países e, consequentemente, o fluxo estratégicas com nações desenvolvidas ou
de cargas. No Brasil, o transporte marítimo é emergentes para ampliar esses intercâmbios. Ao lado
responsável por movimentar quase todo o comércio disso, o País acompanha as mudanças e variações do
exterior. cenário político e econômico internacional e não deixa
de explorar o potencial de novas associações, tais
5.6 As dimensões continental, marítima e como as que mantém com os demais membros do
aeroespacial, esta sobrejacente às duas primeiras, são BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
de suma importância para a Defesa Nacional. O
controle do espaço aéreo e a sua boa articulação com 5.12 O Brasil atua na comunidade internacional
os países vizinhos, assim como o desenvolvimento de respeitando os princípios consagrados no art. 4º da
nossa capacitação aeroespacial, constituem objetivos Constituição, em particular os princípios de
setoriais prioritários. autodeterminação, não‐intervenção, igualdade entre
os Estados e solução pacífica de conflitos. Nessas
5.7 O Brasil defende uma ordem internacional condições, sob a égide da Organização das Nações
baseada na democracia, no multilateralismo, na Unidas (ONU), participa de operações de paz, sempre
cooperação, na proscrição das armas químicas, de acordo com os interesses nacionais, de forma a
biológicas e nucleares, e na busca da paz entre as contribuir para a paz e a segurança internacionais.
nações. Nesse sentido, defende a reforma das
instâncias decisórias internacionais, de modo a torná‐ 5.13 A persistência de ameaças à paz mundial requer
las mais legítimas, representativas e eficazes, a atualização permanente e o aparelhamento das
fortalecendo o multilateralismo, o respeito ao Direito nossas Forças Armadas, com ênfase no apoio à ciência
Internacional e os instrumentos para a solução e tecnologia para o desenvolvimento da indústria
pacífica de controvérsias. nacional de defesa. Visa‐se, com isso, à redução da
dependência tecnológica e à superação das restrições
5.8 A Constituição tem como um de seus princípios, unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis.
nas relações internacionais, o repúdio ao terrorismo.
5.14 Em consonância com a busca da paz e da
O Brasil considera que o terrorismo internacional segurança internacionais, o País é signatário do
constitui risco à paz e à segurança mundiais. Condena Tratado sobre a Não‐Proliferação de Armas Nucleares
enfaticamente suas ações e implementa as resoluções
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e destaca a necessidade do cumprimento do seu X. estruturar as Forças Armadas em torno de
Artigo VI, que prevê a negociação para a eliminação capacidades, dotando‐as de pessoal e material
total das armas nucleares por parte das potências compatíveis com os planejamentos estratégicos e
nucleares, ressalvando o direito de todos os países ao operacionais; e
uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos. XI. desenvolver o potencial de logística de defesa e de
mobilização nacional.
5.15 O contínuo desenvolvimento brasileiro traz
implicações crescentes para a segurança das 7. Orientações
infraestruturas críticas. Dessa forma, é necessária a
identificação dos pontos estratégicos prioritários, de 7.1. No gerenciamento de crises internacionais de
modo a planejar e a implementar suas defesas. natureza político‐estratégica, o Governo poderá
determinar o emprego de todas as expressões do
6. Objetivos nacionais de defesa Poder Nacional, de diferentes formas, visando a
preservar os interesses nacionais.
As relações internacionais são pautadas por complexo
jogo de atores, interesses e normas que estimulam ou 7.2. No caso de agressão externa, o País empregará
limitam a capacidade de atua‐ ção dos Estados. Nesse todo o Poder Nacional, com ênfase na expressão
contexto de múltiplas influências e de militar, na defesa dos seus interesses.
interdependência, os países buscam realizar seus
interesses nacionais, podendo encorajar alianças ou 7.3. O Serviço Militar Obrigatório é a garantia de
gerar conflitos de variadas intensidades. participação de cidadãos na Defesa Nacional e
contribui para o desenvolvimento da mentalidade de
Dessa forma, torna‐se essencial estruturar a Defesa defesa no seio da sociedade brasileira.
Nacional de modo compatível com a estatura político‐
estratégica do País para preservar a soberania e os 7.4. A expressão militar do País fundamenta‐se na
interesses nacionais. Assim, da avaliação dos capacidade das Forças Armadas e no potencial dos
ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais recursos nacionais mobilizáveis.
de Defesa: 7.5. O País deve dispor de meios com capacidade de
I. garantir a soberania, o patrimônio nacional e a exercer vigilância, controle e defesa: das águas
integridade territorial; jurisdicionais brasileiras; do seu território e do seu
II. defender os interesses nacionais e as pessoas, os espaço aéreo, incluídas as áreas continental e
bens e os recursos brasileiros no exterior; marítima. Deve, ainda, manter a segurança das linhas
III. contribuir para a preservação da coesão e da de comunicações marítimas e das linhas de navegação
unidade nacionais; aérea, especialmente no Atlântico Sul.
IV. contribuir para a estabilidade regional; 7.6. Para contrapor‐se às ameaças à Amazônia, é
V. contribuir para a manutenção da paz e da imprescindível executar uma série de ações
segurança internacionais; estratégicas voltadas para o fortalecimento da
VI. intensificar a projeção do Brasil no concerto das presença militar, a efetiva ação do Estado no
nações e sua maior inserção em processos decisórios desenvolvimento sustentável (social, econômico e
internacionais; ambiental) e a ampliação da cooperação com os
VII. manter Forças Armadas modernas, integradas, países vizinhos, visando à defesa das riquezas
adestradas e balanceadas, e com crescente naturais.
profissionalização, operando de forma conjunta e
adequadamente desdobradas no território nacional; 7.7. Os setores governamental, industrial e
VIII. conscientizar a sociedade brasileira da acadêmico, voltados à produção científica e
importância dos assuntos de defesa do País; tecnológica e para a inovação, devem contribuir para
IX. desenvolver a indústria nacional de defesa, assegurar que o atendimento às necessidades de
orientada para a obtenção da autonomia em produtos de defesa seja apoiado em tecnologias sob
tecnologias indispensáveis; domínio nacional obtidas mediante estímulo e
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fomento dos setores industrial e acadêmico. A País e os princípios básicos da política externa, o Brasil
capacitação da indústria nacional de defesa, incluído o poderá participar de arranjos de defesa coletiva.
domínio de tecnologias de uso dual, é fundamental
para alcançar o abastecimento de produtos de defesa. 7.16. É imprescindível que o País disponha de
estrutura ágil, capaz de prevenir ações terroristas e de
7.8. A integração da indústria de defesa sul‐americana conduzir operações de contraterrorismo.
deve ser objeto de medidas que proporcionem
desenvolvimento mútuo, bem como capacitação e 7.17. Para se opor a possíveis ataques cibernéticos, é
autonomia tecnológicas. essencial aperfeiçoar os dispositivos de segurança e
adotar procedimentos que minimizem a
7.9. O Brasil deverá buscar parcerias estratégicas, vulnerabilidade dos sistemas que possuam suporte de
visando a ampliar o leque de opções de cooperação tecnologia da informação e comunicação ou permitam
na área de defesa e as oportunidades de intercâmbio. seu pronto restabelecimento.
7.10. Os setores espacial, cibernético e nuclear são 7.18. É prioritário assegurar continuidade e
estratégicos para a Defesa do País; devem, portanto, previsibilidade na alocação de recursos para permitir
ser fortalecidos. o preparo e o equipamento adequado das Forças
Armadas.
7.11. A atuação do Estado brasileiro com relação à
defesa tem como fundamento a obrigação de garantir 7.19. Deverá ser buscado o constante
nível adequado de segurança do País, tanto em tempo aperfeiçoamento da capacidade de comando,
de paz, quanto em situação de conflito. controle, monitoramento e do sistema de inteligência
dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional.
7.12. À ação diplomática na solução de conflitos
soma‐se a estratégia militar da dissuasão. Nesse 7.20. Nos termos da Constituição, as Forças Armadas
contexto, torna‐se importante desenvolver a poderão ser empregadas pela União contra ameaças
capacidade de mobilização nacional e a manutenção ao exercício da soberania do Estado e à
de Forças Armadas modernas, integradas e indissolubilidade da unidade federativa.
balanceadas, operando de forma conjunta e
adequadamente desdobradas no território nacional, 7.21. O Brasil deverá buscar a contínua interação da
em condições de pronto emprego. atual PND com as demais políticas governamentais,
visando a fortalecer a infraestrutura de valor
7.13. Para ampliar a projeção do País no concerto estratégico para a Defesa Nacional, particularmente a
mundial e reafirmar seu compromisso com a defesa de transporte, a de energia e a de comunicações.
da paz e com a cooperação entre os povos, o Brasil
deverá aperfeiçoar o preparo das Forças Armadas 7.22. O emprego das Forças Armadas na garantia da
para desempenhar responsabilidades crescentes em lei e da ordem é regido por legislação específica.
ações humanitárias e em missões de paz sob a égide
de organismos multilaterais, de acordo com os
interesses nacionais.
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ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional
de Desenvolvimento
I – FORMULAÇÃO SISTEMÁTICA
1. Estratégia nacional de defesa é inseparável de
Introdução estratégia nacional de desenvolvimento. Esta motiva
O Brasil é pacífico por tradição e por convicção. Vive aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma
em paz com seus vizinhos. Rege suas relações reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta
internacionais, dentre outros, pelos princípios para a nacionalidade e constrói‐se a Nação.
constitucionais da não intervenção, defesa da paz, Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver
solução pacífica dos conflitos e democracia. Essa que dizer não. Terá capacidade para construir seu
vocação para a convivência harmônica, tanto interna próprio modelo de desenvolvimento.
como externa, é parte da identidade nacional e um 2. Não é evidente para um País que pouco trato teve
valor a ser conservado pelo povo brasileiro. com guerras, convencer‐se da necessidade de
O Brasil ascenderá ao primeiro plano no cenário defender‐se para poder construir‐se. Não bastam,
internacional sem buscar hegemonia. O povo ainda que sejam proveitosos e até mesmo
brasileiro não deseja exercer domínio sobre outros indispensáveis, os argumentos que invocam as
povos. Quer que o Brasil se engrandeça sem imperar. utilidades das tecnologias e dos conhecimentos da
defesa para o desenvolvimento do País. Os recursos
O crescente desenvolvimento do Brasil deve ser demandados pela defesa exigem uma transformação
acompanhado pelo aumento do preparo de sua de consciências, para que se constitua uma estratégia
defesa contra ameaças e agressões. A sociedade de defesa para o Brasil.
brasileira vem tomando consciência da
responsabilidade com a preservação da 3. Apesar da dificuldade, é indispensável para as
independência do País. O planejamento de ações Forças Armadas de um País com as características do
destinadas à Defesa Nacional, a cargo do Estado, tem nosso, manter, em meio à paz, o impulso de se
seu documento condicionante de mais alto nível na preparar para o combate e de cultivar, em prol desse
Política Nacional de Defesa, que estabelece os preparo, o hábito da transformação. Disposição para
Objetivos Nacionais de Defesa. mudar é o que a Nação está a exigir agora de si
mesma, de sua liderança, de seus marinheiros,
O primeiro deles é a garantia da soberania, do soldados e aviadores. Não se trata apenas de financiar
patrimônio nacional e da integridade territorial. e de equipar as Forças Armadas. Trata‐se de
Outros objetivos incluem a estruturação de Forças transformá‐las, para melhor defenderem o Brasil.
Armadas com adequadas capacidades organizacionais
e operacionais e a criação de condições sociais e 4. Projeto forte de defesa favorece projeto forte de
econômicas de apoio à Defesa Nacional no Brasil, desenvolvimento. Forte é o projeto de
assim como a contribuição para a paz e a segurança desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais
internacionais e a proteção dos interesses brasileiros orientações, se guie pelos seguintes princípios:
nos diferentes níveis de projeção externa do País. (a) Independência nacional efetivada pela mobilização
A presente Estratégia Nacional de Defesa trata da de recursos físicos, econômicos e humanos, para o
reorganização e reorientação das Forças Armadas, da investimento no potencial produtivo do País.
organização da Base Industrial de Defesa e da política Aproveitar os investimentos estrangeiros, sem deles
de composição dos efetivos da Marinha, do Exército e depender;
da Aeronáutica. Ao propiciar a execução da Política (b) Independência nacional alcançada pela
Nacional de Defesa com uma orientação sistemática e capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos
com medidas de implementação, a Estratégia estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear.
Nacional de Defesa contribuirá para fortalecer o papel Não é independente quem não tem o domínio das
cada vez mais importante do Brasil no mundo.
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tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para 4. Desenvolver, lastreada na capacidade de
o desenvolvimento; e monitorar/controlar, a capacidade de responder
prontamente a qualquer ameaça ou agressão: a
(c) Independência nacional assegurada pela mobilidade estratégica.
democratização de oportunidades educativas e
econômicas e pelas oportunidades para ampliar a A mobilidade estratégica – entendida como a aptidão
participação popular nos processos decisórios da vida para se chegar rapidamente à região em conflito –
política e econômica do País. reforçada pela mobilidade tática – entendida como a
aptidão para se mover dentro daquela região – é o
Natureza e âmbito da Estratégia Nacional de Defesa complemento prioritário do monitoramento/controle
1. A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o e uma das bases do poder de combate, exigindo, das
conceito e a política de independência nacional, de Forças Armadas, ação que, mais do que conjunta, seja
um lado, e as Forças Armadas para resguardar essa unificada.
independência, de outro. Trata de questões políticas e O imperativo de mobilidade ganha importância
institucionais decisivas para a defesa do País, como os decisiva, dadas a vastidão do espaço a defender e a
objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para escassez dos meios para defendê‐lo. O esforço de
fazer com que a Nação participe da defesa. Aborda, presença, sobretudo ao longo das fronteiras terrestres
também, problemas propriamente militares, e nas partes mais estratégicas do litoral, tem
derivados da influência dessa “grande estratégia” na limitações intrínsecas. É a mobilidade que permitirá
orientação e nas práticas operacionais das três Forças. superar o efeito prejudicial de tais limitações.
Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa 5. Aprofundar o vínculo entre os aspectos
A Estratégia Nacional de Defesa pauta‐se pelas tecnológicos e os operacionais da mobilidade, sob a
seguintes diretrizes: disciplina de objetivos bem definidos.
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Os setores espacial e cibernético permitirão, em O Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas será
conjunto, que a capacidade de visualizar o próprio chefiado por um oficial‐general de último posto, e
País não dependa de tecnologia estrangeira e que as terá a participação de um Comitê, integrado pelos
três Forças, em conjunto, possam atuar em rede, Chefes dos Estados‐Maiores das três Forças. Será
instruídas por monitoramento que se faça também a subordinado diretamente ao Ministro da Defesa.
partir do espaço. Construirá as iniciativas destinadas a dar realidade
prática à tese da unificação doutrinária, estratégica e
O Brasil tem compromisso – decorrente da operacional e contará com estrutura permanente que
Constituição e da adesão a Tratados Internacionais – lhe permita cumprir sua tarefa.
com o uso estritamente pacífico da energia nuclear.
Entretanto, afirma a necessidade estratégica de A Marinha, o Exército e a Aeronáutica disporão,
desenvolver e dominar essa tecnologia. O Brasil singularmente, de um Comandante, nomeado pelo(a)
precisa garantir o equilíbrio e a versatilidade da sua Presidente(a) da República e indicado pelo Ministro
matriz energética e avançar em áreas, tais como as de da Defesa. O Comandante de Força, no âmbito das
agricultura e saúde, que podem se beneficiar da suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da sua
tecnologia de energia nuclear. E levar a cabo, entre Força, formulará a sua política e doutrina e preparará
outras iniciativas que exigem independência seus órgãos operativos e de apoio para o
tecnológica em matéria de energia nuclear, o projeto cumprimento da destinação constitucional.
do submarino de propulsão nuclear.
Os Estados‐Maiores das três Forças, subordinados a
7. Unificar e desenvolver as operações conjuntas das seus Comandantes, serão os agentes da formulação
três Forças, muito além dos limites impostos pelos estratégica em cada uma delas, sob a orientação do
protocolos de exercícios conjuntos. respectivo Comandante.
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respectivas Forças, um Distrito Naval ou Comando de passa pelo trinômio monitoramento/controle,
Área, reunir‐se‐ão regularmente, acompanhados de mobilidade e presença.
seus principais assessores, para assegurar a unidade
operacional das três Forças naquela área. Em cada O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de
área deverá ser estruturado um Estado‐Maior sua soberania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará,
Conjunto Regional, para realizar e atualizar, desde o pela prática de atos de desenvolvimento e de defesa,
tempo de paz, os planejamentos operacionais da área. qualquer tentativa de tutela sobre as suas decisões a
respeito de preservação, de desenvolvimento e de
9. Adensar a presença de unidades da Marinha, do defesa da Amazônia. Não permitirá que organizações
Exército e da Força Aérea nas fronteiras. ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses
estrangeiros – políticos ou econômicos – que queiram
Deve‐se ter claro que, dadas as dimensões enfraquecer a soberania brasileira. Quem cuida da
continentais do território nacional, presença não pode Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si
significar onipresença. A presença ganha efetividade mesmo, é o Brasil.
graças à sua relação com monitoramento/controle e
com mobilidade. O CENSIPAM deverá atuar integradamente com as FA,
a fim de fortalecer o monitoramento, o planejamento,
Nas fronteiras terrestres, nas águas jurisdicionais o controle, a logística, a mobilidade e a presença na
brasileiras e no espaço aéreo sobrejacente, as Amazônia brasileira.
unidades do Exército, da Marinha e da Força Aérea
têm, sobretudo, tarefas de vigilância. No 11. Desenvolver a capacidade logística, para fortalecer
cumprimento dessas tarefas, as unidades ganham seu a mobilidade, sobretudo na região amazônica.
pleno significado apenas quando compõem sistema
integrado de monitoramento/controle, feito, Daí a importância de se possuir estruturas de
inclusive, a partir do espaço. Ao mesmo tempo, tais transporte e de comando e controle que possam
unidades potencializam‐se como instrumentos de operar em grande variedade de circunstâncias,
defesa, por meio de seus vínculos com as reservas inclusive sob as condições extraordinárias impostas
táticas e estratégicas. Os vigias alertam. As reservas pela guerra.
respondem e operam. E a eficácia do emprego das 12. Desenvolver o conceito de flexibilidade no
reservas táticas regionais e estratégicas é combate, para atender aos requisitos de
proporcional à capacidade de atenderem à exigência monitoramento/controle, mobilidade e presença.
da mobilidade.
Isso exigirá, sobretudo na Força Terrestre, que as
Entende‐se por reservas táticas forças articuladas, em forças convencionais cultivem alguns predicados
profundidade, numa determinada área estratégica, atribuídos a forças não convencionais.
com mobilidade suficiente para serem empregadas na
própria área estratégica onde estão localizadas. Somente Forças Armadas com tais predicados estarão
Reservas estratégicas são forças dotadas de alta aptas para operar no amplíssimo espectro de
mobilidade estratégica, com estrutura organizacional circunstâncias que o futuro poderá trazer.
completa desde o tempo de paz, dotadas do mais alto
A conveniência de assegurar que as forças
nível possível de capacitação operacional e
convencionais adquiram predicados comumente
aprestamento, em condições de atuar no mais curto
associados a forças não convencionais pode parecer
prazo, no todo ou em parte, em qualquer área
mais evidente no ambiente da selva amazônica.
estratégica compatível com sua doutrina de emprego.
Aplicam‐se eles, porém, com igual pertinência, a
10. Priorizar a região amazônica. outras áreas do País. Não é uma adaptação a
especificidades geográficas localizadas. É resposta a
A Amazônia representa um dos focos de maior uma vocação estratégica geral.
interesse para a defesa. A defesa da Amazônia exige
avanço de projeto de desenvolvimento sustentável e 13. Desenvolver o repertório de práticas e de
capacitações operacionais dos combatentes, para
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atender aos requisitos de monitoramento/controle, 14. Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos
mobilidade e presença. atributos e predicados exigidos pelo conceito de
flexibilidade.
Cada homem e mulher a serviço das Forças Armadas
há de dispor de três ordens de meios e de O militar brasileiro precisa reunir qualificação e
habilitações. rusticidade. Necessita dominar as tecnologias e as
práticas operacionais exigidas pelo conceito de
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com flexibilidade. Deve identificar‐se com as
meios e habilitações para atuar em rede, não só com peculiaridades e características geográficas exigentes
outros combatentes e contingentes de sua própria ou extremas que existem no País. Só assim realizar‐se‐
Força, mas também com combatentes e contingentes á, na prática, o conceito de flexibilidade, dentro das
das outras Forças. As tecnologias de comunicações, características do territó‐ rio nacional e da situação
inclusive com os veículos que monitorem a superfície geográfica e geopolítica do Brasil.
da terra e do mar, a partir do espaço, devem ser
encaradas como instrumentos potencializadores de 15. Rever, a partir de uma política de otimização do
iniciativas de defesa e de combate. Esse é o sentido emprego de recursos humanos, a composição dos
do requisito de monitoramento e controle e de sua efetivos das três Forças, de modo a dimensioná‐las
relação com as exigências de mobilidade e de para atender adequadamente ao disposto na
presença. Estratégia Nacional de Defesa.
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de 16. Estruturar o potencial estratégico em torno de
tecnologias e de conhecimentos que permitam capacidades.
aplicar, em qualquer região em conflito, terrestre ou
marítimo, o imperativo de mobilidade. É a esse Convém organizar as Forças Armadas em torno de
imperativo, combinado com a capacidade de capacidades, não em torno de inimigos específicos. O
combate, que devem servir as plataformas e os Brasil não tem inimigos no presente. Para não tê‐los
sistemas de armas à disposição do combatente. no futuro, é preciso preservar a paz e preparar‐se
para a guerra.
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado
para abordar o combate de modo a atenuar as formas 17. Preparar efetivos para o cumprimento de missões
rígidas e tradicionais de comando e controle, em prol de garantia da lei e da ordem, nos termos da
da flexibilidade, da adaptabilidade, da audácia e da Constituição.
surpresa no campo de batalha. Esse combatente será, O País cuida para evitar que as Forças Armadas
ao mesmo tempo, um comandado que sabe desempenhem papel de polícia. Efetuar operações
obedecer, exercer a iniciativa, na ausência de ordens internas em garantia da lei e da ordem, quando os
específicas, e orientar‐se em meio às incertezas e aos poderes constituídos não conseguem garantir a paz
sobressaltos do combate – e uma fonte de iniciativas pública e um dos Chefes dos três Poderes o requer,
– capaz de adaptar suas ordens à realidade da faz parte das responsabilidades constitucionais das
situação mutável em que se encontra. Forças Armadas. A legitimação de tais
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção responsabilidades pressupõe, entretanto, legislação
industrial marcado pela atenuação de contrastes que ordene e respalde as condições específicas e os
entre atividades de planejamento e de execução e procedimentos federativos que deem ensejo a tais
pela relativização de especializações rígidas nas operações, com resguardo de seus integrantes.
atividades de execução. Esse estilo encontra 18. Estimular a integração da América do Sul.
contrapartida na maneira de fazer a guerra, cada vez
mais caracterizada por extrema flexibilidade. Essa integração não somente contribui para a defesa
do Brasil, como possibilita fomentar a cooperação
militar regional e a integração das bases industriais de
defesa. Afasta a sombra de conflitos dentro da região.
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Com todos os países, avança‐se rumo à construção da força de reserva, mobilizável em tais circunstâncias.
unidade sul‐americana. O Conselho de Defesa Sul‐ Reporta‐se, portanto, à questão do futuro do Serviço
Americano é um mecanismo consultivo que se destina Militar Obrigatório.
a prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar
regional e a integração das bases industriais de Sem que se assegure a elasticidade para as Forças
defesa, sem que dele participe país alheio à região. Armadas, seu poder dissuasório e defensivo ficará
Orienta‐se pelo princípio da cooperação entre seus comprometido.
membros. 22. Capacitar a Base Industrial de Defesa para que
19. Preparar as Forças Armadas para desempenharem conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à
responsabilidades crescentes em operações defesa.
internacionais de apoio à política exterior do Brasil. Regimes jurídico, regulatório e tributário especiais
Em tais operações, as Forças agirão sob a orientação protegerão as empresas privadas nacionais de
das Nações Unidas ou em apoio a iniciativas de órgãos produtos de defesa contra os riscos do imediatismo
multilaterais da região, pois o fortalecimento do mercantil e assegurarão continuidade nas compras
sistema de segurança coletiva é benéfico à paz públicas. A contrapartida a tal regime especial será,
mundial e à defesa nacional. porém, o poder estratégico que o Estado exercerá
sobre tais empresas, a ser assegurado por um
20. Ampliar a capacidade de atender aos conjunto de instrumentos de direito privado ou de
compromissos internacionais de busca e salvamento. direito público.
É tarefa prioritária para o País, o aprimoramento dos Já o setor estatal de produtos de defesa terá por
meios existentes e da capacitação do pessoal missão operar no teto tecnológico, desenvolvendo as
envolvido com as atividades de busca e salvamento no tecnologias que as empresas privadas não possam
território nacional, nas águas jurisdicionais brasileiras alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de maneira
e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em rentável.
decorrência de compromissos internacionais.
A formulação e a execução da política de obtenção de
21. Desenvolver o potencial de mobilização militar e produtos de defesa serão centralizadas no Ministério
nacional para assegurar a capacidade dissuasória e da Defesa, sob a responsabilidade da Secretaria de
operacional das Forças Armadas. Produtos de Defesa (SEPROD), admitida delegação na
sua execução.
Diante de eventual degeneração do quadro
internacional, o Brasil e suas Forças Armadas deverão A Base Industrial de Defesa será incentivada a
estar prontos para tomar medidas de resguardo do competir em mercados externos para aumentar a sua
território, das linhas de comércio marítimo e escala de produção. A consolidação da União de
plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. Nações Sul‐Americanas (UNASUL) poderá atenuar a
As Forças Armadas deverão, também, estar tensão entre o requisito da independência em
habilitadas a aumentar rapidamente os meios produção de defesa e a necessidade de compensar
humanos e materiais disponíveis para a defesa. custo com escala, possibilitando o desenvolvimento
Exprime‐se o imperativo de elasticidade em da produção de defesa em conjunto com outros
capacidade de mobilização nacional e militar. países da região.
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Sempre que possível, as parcerias serão construídas A infraestrutura estratégica do Brasil deverá
como expressões de associação estratégica mais contemplar estudos para emprego dual, ou seja,
abrangente entre o Brasil e o país parceiro. A atender à sociedade e à economia do País, bem como
associação será manifestada em colaborações de à Defesa Nacional.
defesa e de desenvolvimento, e será pautada por duas
ordens de motivações básicas: a internacional e a 25. Inserir, nos cursos de altos estudos estratégicos de
nacional. oficiais das três forças, os princípios e diretrizes da
Estratégia Nacional de Defesa, inclusive aqueles que
A motivação de ordem internacional será trabalhar dizem respeito ao Estado‐Maior Conjunto.
com o país parceiro em prol de um maior pluralismo
de poder e de visão no mundo. Esse trabalho conjunto
passa por duas etapas. Na primeira etapa, o objetivo é Eixos Estruturantes
a melhor representação de países emergentes,
inclusive o Brasil, nas organizações internacionais – 1. A Estratégia Nacional de Defesa organiza‐se em
políticas e econômicas – estabelecidas. Na segunda, o torno de três eixos estruturantes.
alvo é a reestruturação das organizações
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as
internacionais, para que se tornem mais abertas às
Forças Armadas devem se organizar e se orientar para
divergências, às inovações e aos experimentos do que
melhor desempenharem sua destinação
são as instituições nascidas ao término da Segunda
constitucional e suas atribuições na paz e na guerra.
Guerra Mundial.
Enumeram‐se diretrizes estratégicas relativas a cada
A motivação de ordem nacional será contribuir para a uma das Forças e especifica‐se a relação que deve
ampliação das instituições que democratizem a prevalecer entre elas. Descreve‐se a maneira de
economia de mercado e aprofundem a democracia, transformar tais diretrizes em práticas e capacitações
organizando o crescimento econômico socialmente operacionais e propõe‐se a linha de evolução
includente. tecnológica necessária para assegurar que se
concretizem.
Deverá, sempre que possível, ser buscado o
desenvolvimento de materiais que tenham uso dual. A análise das hipóteses de emprego das Forças
Armadas – para resguardar o espaço aéreo, o
23. Manter o Serviço Militar Obrigatório. território e as águas jurisdicionais brasileiras –
O Serviço Militar Obrigatório é uma das condições permite dar foco mais preciso às diretrizes
para que se possa mobilizar o povo brasileiro em estratégicas. Nenhuma análise de hipóteses de
defesa da soberania nacional. É, também, emprego pode, porém, desconsiderar as ameaças do
instrumento para afirmar a unidade da Nação, futuro. Por isso mesmo, as diretrizes estratégicas e as
independentemente de classes sociais, gerando capacitações operacionais precisam transcender o
oportunidades e incentivando o exercício da horizonte imediato que a experiência e o
cidadania. entendimento de hoje permitem descortinar.
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O segundo eixo estruturante refere‐se à consideração, a projeção de poder se subordina,
reorganização da Base Industrial de Defesa, para hierarquicamente, à negação do uso do mar.
assegurar que o atendimento às necessidades de tais
produtos por parte das Forças Armadas apoie‐se em A negação do uso do mar, o controle de áreas
tecnologias sob domínio nacional, preferencialmente marítimas e a projeção de poder devem ter por foco,
as de emprego dual (militar e civil). sem hierarquização de objetivos e de acordo com as
circunstâncias:
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição
dos efetivos das Forças Armadas e, (a) defesa proativa das plataformas petrolíferas;
consequentemente, sobre o futuro do Serviço Militar (b) defesa proativa das instalações navais e
Obrigatório. Seu propósito é zelar para que as Forças portuárias, dos arquipélagos e das ilhas oceânicas nas
Armadas reproduzam, em sua composição, a própria águas jurisdicionais brasileiras;
Nação – para que elas não sejam uma parte da Nação,
pagas para lutar por conta e em benefício das outras (c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por
partes. O Serviço Militar Obrigatório deve, pois, Estado ou por forças não convencionais ou
funcionar como espaço republicano, no qual possa a criminosas, às vias marítimas de comércio; e
Nação encontrar‐se acima das classes sociais.
(d) capacidade de participar de operações
internacionais de paz, fora do território e das águas
jurisdicionais brasileiras, sob a égide das Nações
Objetivos estratégicos das Forças Armadas Unidas ou de organismos multilaterais da região.
A Marinha do Brasil A construção de meios para exercer o controle de
1. Na maneira de conceber a relação entre as tarefas áreas marítimas terá como foco as áreas estratégicas
estratégicas de negação do uso do mar, de controle de acesso marítimo ao Brasil. Duas áreas do litoral
de áreas marítimas e de projeção de poder, a Marinha continuarão a merecer atenção especial, do ponto de
do Brasil se pautará por um desenvolvimento desigual vista da necessidade de controlar o acesso marítimo
e conjunto. Se aceitasse dar peso igual a todas as três ao Brasil: a faixa que vai de Santos a Vitória e a área
tarefas, seria grande o risco de ser medíocre em todas em torno da foz do Rio Amazonas.
elas. Embora todas mereçam ser cultivadas, serão em 2. A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto
determinada ordem e sequência. tem implicações para a reconfiguração das forças
A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do navais. A implicação mais importante é que a Marinha
mar a qualquer concentração de forças inimigas que se reconstruirá, por etapas, como uma Força
se aproxime do Brasil por via marítima. A negação do balanceada entre o componente submarino, o
uso do mar ao inimigo é a que organiza, antes de componente de superfície e o componente
atendidos quaisquer outros objetivos estratégicos, a aeroespacial.
estratégia de defesa marítima do Brasil. Essa 3. Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar,
prioridade tem implicações para a reconfiguração das o Brasil contará com força naval submarina de
forças navais. envergadura, composta de submarinos convencionais
Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao e de submarinos de propulsão nuclear. O Brasil
inimigo, o Brasil precisa manter a capacidade focada manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e
de projeção de poder e criar condições para controlar, de fabricar tanto submarinos de propulsão
no grau necessário à defesa e dentro dos limites do convencional, como de propulsão nuclear. Acelerará
direito internacional, as áreas marítimas e águas os investimentos e as parcerias necessários para
interiores de importância político‐ estratégica, executar o projeto do submarino de propulsão
econômica e militar, e também as suas linhas de nuclear. Armará os submarinos com mísseis e
comunicação marítimas. A despeito dessa desenvolverá capacitações para projetá‐los e fabricá‐
los. Cuidará de ganhar autonomia nas tecnologias
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cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas possível, providas de eclusas, de modo a assegurar
de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com franca navegabilidade às hidrovias.
as outras forças navais, terrestres e aéreas.
6. O monitoramento da superfície do mar, a partir do
4. Para assegurar sua capacidade de projeção de espaço, deverá integrar o repertório de práticas e
poder, a Marinha possuirá, ainda, meios de Fuzileiros capacitações operacionais da Marinha.
Navais, em permanente condição de pronto emprego.
A existência de tais meios é também essencial para a A partir dele, as forças navais, submarinas e de
defesa das instalações navais e portuárias, dos superfície terão fortalecidas suas capacidades de
arquipélagos e das ilhas oceânicas nas águas atuar em rede com as forças terrestre e aérea.
jurisdicionais brasileiras, para atuar em operações 7. A constituição de uma força e de uma estratégia
internacionais de paz e em operações humanitárias, navais que integrem os componentes submarino, de
em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, serão superfície e aéreo, permitirá realçar a flexibilidade
fundamentais para assegurar o controle das margens com que se resguarda o objetivo prioritário da
durante as operações ribeirinhas. O Corpo de estratégia de segurança marítima: a dissuasão,
Fuzileiros Navais consolidar‐se‐á como a força de priorizando a negação do uso do mar ao inimigo que
caráter expedicionário por excelência. se aproxime do Brasil, por meio do mar. Em amplo
5. A força naval de superfície contará tanto com espectro de circunstâncias de combate, sobretudo
navios de grande porte, capazes de operar e de quando a força inimiga for muito mais poderosa, a
permanecer por longo tempo em alto mar, como com força de superfície será concebida e operada como
navios de porte menor, dedicados a patrulhar o litoral reserva tática ou estratégica. Preferencialmente, e
e os principais rios navegáveis brasileiros. Requisito sempre que a situação tática permitir, a força de
para a manutenção de tal esquadra será a capacidade superfície será engajada no conflito depois do
da Força Aérea de trabalhar em conjunto com a emprego inicial da força submarina, que atuará de
Aviação Naval, para garantir o controle do ar no grau maneira coordenada com os veículos espaciais (para
desejado, em caso de conflito armado/guerra. efeito de monitoramento) e com meios aéreos (para
efeito de fogo focado).
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará
especial atenção ao projeto e à fabricação de navios Esse desdobramento do combate em etapas
de propósitos múltiplos e navios‐aeródromos. sucessivas, sob a responsabilidade de contingentes
distintos, permitirá, na guerra naval, a agilização da
A Marinha contará, também, com embarcações de alternância entre a concentração e a desconcentração
combate, de transporte e de patrulha, oceânicas, de forças e o aprofundamento da flexibilidade a
litorâneas e fluviais. Serão concebidas e fabricadas de serviço da surpresa.
acordo com a mesma preocupação de versatilidade
funcional que orientará a construção das belonaves 8. Um dos elos entre a etapa preliminar do embate,
de alto mar. A Marinha adensará sua presença nas sob a responsabilidade da força submarina e de suas
vias navegáveis das duas grandes bacias fluviais, a do contrapartes espacial e aérea, e a etapa subsequente,
Amazonas e a do Paraguai‐Paraná, empregando tanto conduzida com o pleno engajamento da força naval
navios‐patrulha como navios‐transporte, ambos de superfície, será a Aviação Naval, embarcada em
guarnecidos por helicópteros adaptados ao regime navios. A Marinha trabalhará com a Base Industrial de
das águas. Defesa para desenvolver um avião versátil, que
maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da
A presença da Marinha nas bacias fluviais será Força Naval.
facilitada pela dedicação do País à inauguração de um
paradigma multimodal de transporte. Esse paradigma 9. A Marinha iniciará os estudos e preparativos para
contemplará a construção das hidrovias do Paraná‐ estabelecer, em lugar próprio, o mais próximo
Tietê, do Madeira, do Tocantins‐Araguaia e do possível da foz do rio Amazonas, uma base naval de
Tapajós‐Teles Pires. As barragens serão, quando uso múltiplo, comparável, na abrangência e na
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densidade de seus meios, à Base Naval do Rio de elasticidade reporta‐se à parte dessa Estratégia
Janeiro. 10. A Marinha acelerará o trabalho de Nacional de Defesa, que trata do futuro do Serviço
instalação de suas bases de submarinos, Militar Obrigatório e da mobilização nacional.
convencionais e de propulsão nuclear.
A flexibilidade depende, para sua afirmação plena, da
O Exército Brasileiro elasticidade. O potencial da flexibilidade, para
dissuasão e para defesa, ficaria severamente limitado,
1. O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação se não fosse possível, em caso de necessidade,
constitucional e desempenhará suas atribuições, na multiplicar os meios humanos e materiais das For‐ ças
paz e na guerra, sob a orientação dos conceitos Armadas. Por outro lado, a maneira de interpretar e
estratégicos de flexibilidade e de elasticidade. A de efetuar o imperativo da elasticidade revela o
flexibilidade, por sua vez, inclui os requisitos desdobramento mais radical da flexibilidade. A
estratégicos de monitoramento/controle e de elasticidade é a flexibilidade, traduzida no
mobilidade. engajamento de toda a Nação em sua própria defesa.
Flexibilidade é a capacidade de empregar forças 2. O Exército, embora seja empregado de forma
militares com o mínimo de rigidez preestabelecida e progressiva nas crises e na guerra, deve ser
com o máximo de adaptabilidade à circunstância de constituído por meios modernos e por efetivos muito
emprego da força. Na paz, significa a versatilidade bem adestrados. A Força deverá manter‐ ‐se em
com que se substitui a presença – ou a onipresença – permanente processo de transformação, buscando,
pela capacidade de se fazer presente (mobilidade) à desde logo, evoluir da era industrial para a era do
luz da informação (monitoramento/controle). Na conhecimento. A concepção do Exército como
guerra, exige a capacidade de deixar o inimigo em vanguarda tem, como expressão prática principal, a
desequilíbrio permanente, surpreendendo‐o por meio sua reconstrução em módulo brigada, que vem a ser o
da dialética da desconcentração e da concentração de módulo básico de combate da Força Terrestre. Na
forças e da audácia com que se desfecha o golpe composição atual do Exército, as brigadas das Forças
inesperado. de Ação Rápida Estratégicas são as que melhor
A flexibilidade relativiza o contraste entre o conflito exprimem o ideal de flexibilidade.
convencional e o conflito não convencional: O modelo de composição das Forças de Ação Rápida
reivindica, para as forças convencionais, alguns dos Estratégicas não precisa nem deve ser seguido
atributos de força não convencional, e firma a rigidamente, sem que se levem em conta os
supremacia da inteligência e da imaginação sobre o problemas operacionais próprios das diferentes
mero acúmulo de meios materiais e humanos. Por regiões em conflito. Entretanto, todas as brigadas do
isso mesmo, rejeita a tentação de ver na alta Exército devem conter, em princípio, os seguintes
tecnologia, alternativa ao combate, assumindo‐a elementos, para que se generalize o atendimento do
como um reforço da capacidade operacional. Insiste conceito da flexibilidade:
no papel da surpresa. Transforma a incerteza em
solução, em vez de encará‐la como problema. (a) Recursos humanos com elevada motivação e
Combina as defesas meditadas com os ataques efetiva capacitação operacional, típicas da Brigada de
fulminantes. Operações Especiais, que hoje compõe a reserva
estratégica do Exército;
Elasticidade é a capacidade de aumentar rapidamente
o dimensionamento das forças militares quando as (b) Instrumentos de comando e controle, de
circunstâncias o exigirem, mobilizando, em grande tecnologia da informação, de comunicações e de
escala, os recursos humanos e materiais do País. A monitoramento que lhes permitam operar em rede
elasticidade exige, portanto, a construção de força de com outras unidades da Marinha, do Exército e da
reserva, mobilizável de acordo com as circunstâncias. Força Aérea e receber informação fornecida pelo
A base derradeira da elasticidade é a integração das monitoramento do terreno a partir do ar e do espaço;
Forças Armadas com a Nação. O desdobramento da
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(c) Instrumentos de mobilidade que lhes permitam sobretudo por meio de artilharia antiaérea de média
deslocar‐se rapidamente por terra, água e ar – para a altura.
região em conflito e dentro dela. Por ar e por água, a
mobilidade se efetuará comumente por meio de 4. O Exército continuará a manter reservas regionais e
operações conjuntas com a Marinha e com a Força estratégicas, articuladas em dispositivo de
Aérea; e expectativa. A articulação para as reservas
estratégicas deverá permitir a rápida concentração de
(d) Recursos logísticos capazes de manter a brigada tropas. A localização das reservas estratégicas deverá
mesmo em regiões isoladas e inóspitas por um ser objeto de contínua avaliação, à luz das novas
determinado período. realidades do País.
A qualificação do módulo brigada como vanguarda 5. O Exército deverá ter capacidade de projeção de
exige amplo espectro de meios tecnológicos, desde os poder, constituindo uma Força, quer expedicionária,
menos sofisticados, tais como radar portátil e quer para operações de paz, ou de ajuda humanitária,
instrumental de visão noturna, até as formas mais para atender compromissos assumidos sob a égide de
avançadas de comunicação entre as operações organismos internacionais ou para salvaguardar
terrestres e o monitoramento espacial. interesses brasileiros no exterior.
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8. Monitoramento/controle e mobilidade têm seu 10. Atender ao imperativo da elasticidade será
complemento em medidas destinadas a assegurar, preocupação especial do Exército, pois é, sobretudo, a
ainda no módulo brigada, a obtenção do efetivo Força Terrestre que terá de multiplicar‐se, em caso de
poder de combate. Algumas dessas medidas são conflito armado/guerra.
tecnológicas: o desenvolvimento de sistemas de
armas e de guiamento que permitam precisão no 11. Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade
direcionamento do tiro e o desenvolvimento da culminam no preparo para uma guerra assimétrica,
capacidade de fabricar munições de todos os tipos, sobretudo na região amazônica, a ser sustentada
excluídas aquelas banidas por tratados internacionais contra inimigo de poder militar muito superior, por
do qual o Brasil faz parte. Outras medidas são ação de um país ou de uma coligação de países que
operacionais: a consolidação de um repertório de prá‐ insista em contestar, a qualquer pretexto, a
ticas e de capacitações que proporcionem à Força incondicional soberania brasileira sobre a sua
Terrestre os conhecimentos e as potencialidades, Amazônia.
tanto para o combate convencional, quanto para o A preparação para tal guerra não consiste apenas em
não convencional, capaz de operar com ajudar a evitar o que hoje é uma hipótese remota: a
adaptabilidade nas condições imensamente variadas de envolvimento do Brasil em uma guerra de grande
do território nacional. Outra medida – ainda mais escala. É, também, aproveitar disciplina útil para a
importante – é educativa: a formação de um militar formação de sua doutrina militar e de suas
que reúna qualificação e rusticidade. capacitações operacionais. Um exército que
9. A defesa da região amazônica será encarada, na conquistou os atributos de flexibilidade e de
atual fase da História, como o foco de concentração elasticidade é um exército que sabe conjugar as ações
das diretrizes resumidas sob o rótulo dos imperativos convencionais com as não convencionais. A guerra
de monitoramento/controle e de mobilidade. Não assimétrica, no quadro de uma guerra de resistência
exige qualquer exceção a tais diretrizes e reforça as nacional, representa uma efetiva possibilidade da
razões para segui‐las. As adaptações necessárias serão doutrina aqui especificada.
as requeridas pela natureza daquela região em Cada uma das condições, a seguir listadas, para a
conflito: a intensificação das tecnologias e dos condução exitosa da guerra de resistência deve ser
dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do interpretada como advertência orientadora da
ar e da terra; a primazia da transformação da brigada maneira de desempenhar as responsabilidades do
em uma força com atributos tecnológicos e Exército:
operacionais; os meios logísticos e aéreos para apoiar
unidades de fronteira isoladas em áreas remotas, (a) Ver a Nação identificada com a causa da defesa.
exigentes e vulneráveis; e a formação de um Toda a estratégia nacional repousa sobre a
combatente detentor de qualificação e de rusticidade conscientização do povo brasileiro quanto à
necessárias à proficiência de um combatente de selva. importância central dos problemas de defesa;
O desenvolvimento sustentável da região amazônica (b) Juntar a soldados regulares, fortalecidos com
passará a ser visto, também, como instrumento da atributos de soldados não convencionais, as reservas
defesa nacional: só ele pode consolidar as condições mobilizadas, de acordo com o conceito da
para assegurar a soberania nacional sobre aquela elasticidade;
região. Dentro dos planos para o desenvolvimento
(c) Contar com um soldado resistente que, além dos
sustentável da Amazônia, caberá papel primordial à
pendores de qualificação e de rusticidade, seja
regularização fundiária. Para defender a Amazônia,
também, no mais alto grau, tenaz. Sua tenacidade se
será preciso ampliar a segurança jurídica e reduzir os
inspirará na identificação da Nação com a causa da
conflitos decorrentes dos problemas fundiários ainda
defesa;
existentes.
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(d) Sustentar, sob condições adversas e extremas, a Industrial de Defesa será orientada a dar a mais alta
capacidade de comando e controle entre as forças prioridade ao desenvolvimento das tecnologias
combatentes; necessárias, inclusive àquelas que viabilizem
independência do sistema Global Positioning System
(e) Construir e manter, mesmo sob condições (GPS) ou de qualquer outro sistema de
adversas e extremas, o poder de apoio logístico às posicionamento estrangeiro. O potencial para
forças combatentes; e contribuir com tal independência tecnológica pesará
(f) Saber aproveitar ao máximo as características do na escolha das parcerias com outros países, em
ambiente. matéria de tecnologias de defesa.
(c) Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade
do Departamento de Ciência e Tecnologia de preferir a opção que minimize a dependência
Aeroespacial (DCTA) e as empresas privadas, tecnológica ou política em relação a qualquer
resguardando sempre os interesses do Estado quanto fornecedor que, por deter componentes do avião a
à proteção de patentes e à propriedade industrial; comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta
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dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de (a) Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites
defesa desencadeadas pelo Brasil. e desenvolver tecnologias de guiamento, sobretudo
sistemas inerciais e tecnologias de propulsão líquida;
5. Três diretrizes estratégicas marcarão a evolução da
Força Aérea. Cada uma dessas diretrizes representa (b) Projetar e fabricar satélites, sobretudo os
muito mais do que uma tarefa, uma oportunidade de geoestacionários, para telecomunicações e
transformação. sensoriamento remoto de alta resolu‐ ção,
multiespectral, e desenvolver tecnologias de controle
A primeira diretriz é o desenvolvimento do repertório de atitude dos satélites;
de tecnologias e de capacitações que permitam à
Força Aérea operar em rede, não só entre seus (c) Desenvolver tecnologias de comunicações,
próprios componentes, mas, também, com a Marinha comando e controle a partir de satélites, com as
e o Exército. forças terrestres, aéreas e marítimas, inclusive
submarinas, para que elas se capacitem a operar em
A segunda diretriz é o avanço nos programas de rede e a se orientar por informações deles recebidas;
Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), primeiro de e
vigilância e depois de combate. Os ARP poderão vir a
ser meios centrais, não meramente acessórios, do (d) Desenvolver tecnologia de determinação de
combate aéreo, além de facultar patamar mais posicionamento geográfico a partir de satélites. 3. No
exigente de precisão no monitoramento/controle do setor cibernético, as capacitações se destinarão ao
território nacional. A Força Aérea absorverá as mais amplo espectro de usos industriais, educativos e
implicações desse meio de vigilância e de combate militares. Incluirão, como parte prioritária, as
para as suas orientações tática e estratégica. tecnologias de comunicação entre todos os
Formulará doutrina sobre a interação entre os contingentes das Forças Armadas, de modo a
veículos tripulados e não tripulados que aproveite o assegurar sua capacidade para atuar em rede. As
novo meio para radicalizar o poder de surpreender, prioridades são as seguintes:
sem expor as vidas dos pilotos.
(a) Fortalecer o Centro de Defesa Cibernética com
A terceira diretriz é a integração das atividades capacidade de evoluir para o Comando de Defesa
espaciais nas operações da Força Aérea. O Cibernética das Forças Armadas;
monitoramento espacial será parte integral e
condição indispensável do cumprimento das tarefas (b) Aprimorar a Segurança da Informação e
estratégicas que orientarão a Força Aérea: vigilância Comunicações (SIC), particularmente, no tocante à
múltipla e cumulativa, grau de controle do ar cerificação digital no contexto da Infraestrutura de
desejado e combate focado no contexto de operações Chaves‐Públicas da Defesa (ICP‐Defesa), integrando as
conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de ICP das três Forças;
veículos lançadores servirá como instrumento amplo, (c) Fomentar a pesquisa científica voltada para o Setor
não só para apoiar os programas espaciais, mas Cibernético, envolvendo a comunidade acadêmica
também para desenvolver tecnologia nacional de nacional e internacional. Nesse contexto, os
projeto e de fabricação de mísseis. Ministérios da Defesa, da Fazenda, da Ciência,
Tecnologia e Inovação, da Educação, do
Planejamento, Orçamento e Gestão, a Secretaria de
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o Assuntos Estratégicos da Presidência da República e o
nuclear Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República deverão elaborar estudo com vistas à
1. Três setores estratégicos – o espacial, o cibernético criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética;
e o nuclear – são essenciais para a defesa nacional.
(d) Desenvolver sistemas computacionais de defesa
2. No setor espacial, as prioridades são as seguintes: baseados em computação de alto desempenho para
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emprego no setor cibernético e com possibilidade de que desenvolvidas por meio de parcerias com Estados
uso dual; e empresas estrangeiras. Empregar a energia nuclear
criteriosamente, e sujeitá‐la aos mais rigorosos
(e) Desenvolver tecnologias que permitam o controles de segurança e de proteção do meio
planejamento e a execução da Defesa Cibernética no ambiente, como forma de estabilizar a matriz
âmbito do Ministério da Defesa e que contribuam energética nacional, ajustando as variações no
com a segurança cibernética nacional, tais como suprimento de energias renováveis, sobretudo a
sistema modular de defesa cibernética e sistema de energia de origem hidrelétrica; e
segurança em ambientes computacionais;
(d) Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear
(f) Desenvolver a capacitação, o preparo e o emprego em amplo espectro de atividades.
dos poderes cibernéticos operacional e estratégico,
em prol das operações conjuntas e da proteção das O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao
infraestruturas estratégicas; desenvolvimento de suas tecnologias de energia
nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não
(g) Incrementar medidas de apoio tecnológico por Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar
meio de laboratórios específicos voltados para as as restrições do Tratado sem que as potências
ações cibernéticas; e nucleares tenham avançado, de forma significativa, na
(h) Estruturar a produção de conhecimento oriundo premissa central do Tratado: seu próprio
da fonte cibernética. desarmamento nuclear.
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produtos de defesa (Prode) no País – o que deve ser centros avançados de pesquisa das próprias Forças
feito de acordo com as seguintes diretrizes: Armadas e das instituições acadêmicas brasileiras.
Isso importa em organizar o regime legal, regulatório 5. O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de
e tributário da Base Industrial de Defesa, para que defesa depende tanto do desenvolvimento de aparato
reflita tal subordinação. tecnológico, quanto da formação de recursos
humanos. Daí a importância de se desenvolver uma
(c) Evitar que a Base Industrial de Defesa polarize‐se política de formação de cientistas, em ciência aplicada
entre pesquisa avançada e produção rotineira. e básica, já abordada no tratamento dos setores
espacial, cibernético e nuclear, privilegiando a
Deve‐se cuidar para que a pesquisa de vanguarda
aproximação da produção científica com as atividades
resulte em produção de vanguarda.
relativas ao desenvolvimento tecnológico da BID.
(d) Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa
6. No esforço de reorganizar a Base Industrial de
como foco para o desenvolvimento de capacitações
Defesa, buscar‐se‐ão parcerias com outros países,
operacionais.
com o objetivo de desenvolver a capacitação
Isso implica buscar a modernização permanente das tecnológica nacional, de modo a reduzir
plataformas, seja pela reavaliação à luz da experiência progressivamente a compra de serviços e de produtos
operacional, seja pela incorporação de melhorias acabados no exterior. A esses interlocutores
provindas do desenvolvimento tecnológico. estrangeiros, o Brasil deixará sempre claro que
pretende ser parceiro, não cliente ou comprador. O
2. Estabeleceu‐se, para a Base Industrial de Defesa, a País está mais interessado em parcerias que
Lei no 12.598, de 22 de março de 2012, que tem por fortaleçam suas capacitações independentes, do que
finalidade determinar normas especiais para as na compra de produtos e serviços acabados. Tais
compras, contratações e desenvolvimento de parcerias devem contemplar, em princípio, que parte
produtos e sistemas de defesa e dispõe sobre regras substancial da pesquisa e da fabricação seja
de incentivo à área estratégica de Defesa. desenvolvida no Brasil, e ganharão relevo maior,
quando forem expressão de associações estratégicas
Tal regime resguardará as empresas que fornecem
abrangentes.
produtos de defesa às Forças Armadas, das pressões
do imediatismo mercantil e possibilitará a 7. Conforme previsto na END/2008, o Ministério da
continuidade das compras públicas, sem prejudicar a Defesa dispõe de uma Secretaria de Produtos de
competição no mercado e o desenvolvimento de Defesa (SEPROD).
novas tecnologias.
O Secretário é responsável por executar as diretrizes
3. O componente estatal da Base Industrial de Defesa fixadas pelo Ministro da Defesa e, com base nelas,
terá por vocação produzir o que o setor privado não formular e dirigir a política de obtenção de produtos
possa projetar e fabricar, a curto e médio prazo, de de defesa, inclusive armamentos, munições, meios de
maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, e não no transporte e de comunicações, fardamentos e
piso tecnológico. Manterá estreito vínculo com os materiais de uso individual e coletivo, empregados
nas atividades operacionais.
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8. A SEPROD, responsável pela área de Ciência e tecnologias de interesse e a criação de instrumentos
Tecnologia no Ministério da Defesa tem, entre as suas de fomento à pesquisa de materiais, equipamentos e
atribuições, a coordenação da pesquisa avançada em sistemas de emprego de defesa ou dual, de forma a
tecnologias de defesa que se realize nos institutos de viabilizar uma vanguarda tecnológica e operacional
pesquisa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e pautada na mobilidade estratégica, na flexibilidade e
em outras organizações subordinadas às Forças na capacidade de dissuadir ou de surpreender.
Armadas.
Projetos de interesse comum a mais de uma Força
O objetivo é implementar uma política tecnológica deverão ter seus esforços de pesquisa integrados,
integrada, que evite duplicação; compartilhe quadros, definindo‐se, no plano especificado, para cada um
ideias e recursos; e prime por construir elos entre deles, um polo integrador.
pesquisa e produção, sem perder contato com
avanços em ciências básicas. Para assegurar a No que respeita à utilização do espaço exterior como
consecução desses objetivos, a Secretaria fará com meio de suporte às atividades de defesa, os satélites
que muitos projetos de pesquisa sejam realizados para comunicações, controle de tráfego aéreo,
conjuntamente pelas instituições de tecnologia meteorologia e sensoriamento remoto
avançada das três Forças Armadas. Alguns desses desempenharão papel fundamental na viabilização de
projetos conjuntos poderão ser organizados com diversas funções em sistemas de comando e controle.
personalidade própria, seja como empresas de As capacidades de alerta, vigilância, monitoramento e
propósitos específicos, seja sob outras formas reconhecimento poderão, também, ser aperfeiçoadas
jurídicas. por meio do uso de sensores ópticos e de radar, a
bordo de satélites ou Aeronaves Remotamente
Os projetos serão escolhidos e avaliados não só pelo Pilotadas (ARP).
seu potencial produtivo imediato, mas também, por
sua fecundidade tecnológica: sua utilidade como Serão consideradas, nesse contexto, as plataformas e
fonte de inspiração e de capacitação para iniciativas missões espaciais em desenvolvimento, para fins civis,
análogas. tais como satélites de monitoramento ambiental e
científicos, ou satélites geoestacionários de
9. A relação entre Ciência, Tecnologia e Inovação na comunicações e meteorologia, no âmbito do
área de defesa fortalece‐se com o Plano Brasil Maior, Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
que substituiu a Política de Desenvolvimento
Produtivo (PDP), no qual o Governo federal A concepção, o projeto e a operação dos sistemas
estabelece a sua política industrial, tecnológica, de espaciais devem observar a legislação internacional,
serviços e de comércio exterior para o período de os tratados, bilaterais e multilaterais, ratificados pelo
2011 a 2014. O foco deste Plano é o estímulo à País, e os regimes internacionais dos quais o Brasil é
inovação e à produção nacional para alavancar a signatário.
competitividade da indústria nos mercados interno e As medidas descritas têm respaldo na parceria entre o
externo. Ministé‐ rio da Defesa e o Ministério da Ciência,
10. A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Tecnologia e Inovação, que remonta à “Concepção
Defesa Nacional tem como propósito estimular o Estratégica para CT&I de Interesse da Defesa”.
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação 11. O Ministro da Defesa delegará aos órgãos das três
em áreas de interesse para a defesa nacional. Forças, poderes para executarem a política formulada
Isso ocorrerá por meio de um planejamento nacional pela Secretaria quanto a encomendas e compras de
para desenvolvimento de produtos de alto conteúdo produtos específicos de sua área, sujeita, tal
tecnológico, com envolvimento coordenado das execução, à avaliação permanente pelo Ministério.
instituições científicas e tecnológicas (ICT) civis e O objetivo é que a política de compras de produtos
militares, da indústria e da universidade, com a de defesa seja capaz de:
definição de áreas prioritárias e suas respectivas
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(a) otimizar o dispêndio de recursos; O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os
valores do recrutamento há de ser atenuado por meio
(b) assegurar que as compras obedeçam às diretrizes da educação – técnica e geral, porém de orientação
da Estratégia Nacional de Defesa e de sua elaboração, analítica e capacitadora – que será ministrada aos
ao longo do tempo; e recrutas ao longo do período de serviço.
(c) garantir, nas decisões de compra, a primazia do 3. Para garantir que o Serviço Militar Obrigatório seja
compromisso com o desenvolvimento das o mais amplo possível, os recrutas serão selecionados
capacitações tecnológicas nacionais em produtos de por dois critérios principais. O primeiro será a
defesa. combinação do vigor físico com a capacidade
12. Resguardados os interesses de segurança do analítica, medida de maneira independente do nível
Estado quanto ao acesso a informações, serão de informação ou de formação cultural de que goze o
estimuladas iniciativas conjuntas entre organizações recruta. O segundo será o da representação de todas
de pesquisa das Forças Armadas, instituições as classes sociais e regiões do País.
acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. 4. O Serviço Militar evoluirá em conjunto com as
O objetivo será fomentar o desenvolvimento de um providências para assegurar a mobilização nacional
complexo militar universitário‐empresarial capaz de em caso de necessidade, de acordo com a Lei de
atuar na fronteira de tecnologias que terão quase Mobilização Nacional. O Brasil entenderá, em todo o
sempre utilidade dual, militar e civil. momento, que sua defesa depende do potencial de
mobilizar recursos humanos e materiais em grande
escala, muito além do efetivo das suas Forças
O Serviço Militar Obrigatório: composição dos Armadas em tempo de paz. Jamais tratará a evolução
efetivos das Forças Armadas e Mobilização Nacional tecnológica como alternativa à mobilização nacional;
aquela será entendida como instrumento desta. Ao
1. A base da defesa nacional é a identificação da
assegurar a flexibilidade de suas Forças Armadas,
Nação com as Forças Armadas e das Forças Armadas
assegurará também a elasticidade delas.
com a Nação. Tal identificação exige que a Nação
compreenda serem inseparáveis as causas do 5. É importante para a defesa nacional que o oficialato
desenvolvimento e da defesa. seja representativo de todos os setores da sociedade
brasileira. A ampla representação de todas as classes
O Serviço Militar Obrigatório é essencial para a
sociais nas academias militares é imperativo de
garantia da defesa nacional. Por isso será mantido e
segurança nacional. Duas condições são
reforçado.
indispensáveis para que se alcance esse objetivo. A
2. O Ministério da Defesa, ouvidas as Forças Armadas, primeira é que a carreira militar seja remunerada com
estabelecerá a proporção de recrutas e de soldados vencimentos competitivos com outras valorizadas
profissionais de acordo com as necessidades de carreiras do Estado. A segunda condição é que a
pronto emprego e da organização de uma reserva Nação abrace a causa da defesa e nela identifique
mobilizável que assegure o crescimento do poder requisito para o engrandecimento do povo brasileiro.
militar como elemento dissuasório. No Exército,
respeitada a necessidade de especialistas, e
ressalvadas as imposições operacionais das Forças de Conclusão
Emprego Estratégico, a maioria do efetivo de soldados
deverá ser de recrutas do Serviço Militar Obrigatório. A Estratégia Nacional de Defesa inspira‐se em duas
Na Marinha e na Força Aérea, a necessidade de contar realidades que lhe garantem a viabilidade e lhe
com especialistas, formados ao longo de vários anos, indicam o rumo.
deverá ter como contrapeso a importância estratégica A primeira realidade é a capacidade de improvisação e
de manter abertos os canais do recrutamento. adaptação, o pendor para criar soluções quando
faltam instrumentos, a disposição de enfrentar as
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agruras da natureza e da sociedade, enfim, a II – MEDIDAS DE IMPLEMENTAÇÃO
capacidade quase irrestrita de adaptação que permeia
a cultura brasileira. É esse o fato que permite efetivar A segunda parte da Estratégia Nacional de Defesa
o conceito de flexibilidade. complementa a formulação sistemática contida na
primeira. Está dividida em três partes. A primeira
A segunda realidade é o sentido do compromisso aborda o contexto, enumerando circunstâncias que
nacional no Brasil. A Nação brasileira foi e é um ajudam a precisar‐lhe os objetivos e a explicar‐lhe os
projeto do povo brasileiro; foi ele que sempre abraçou métodos. A segunda destaca como a Estratégia será
a ideia de nacionalidade e lutou para converter a essa aplicada a um espectro, amplo e representativo, de
ideia os quadros dirigentes e letrados. Esse fato é a problemas atuais enfrentados pelas Forças Armadas e,
garantia profunda da identificação da Nação com as com isso, tornar mais claras sua doutrina e suas
Forças Armadas e dessas com a Nação. exigências. A terceira enumera as ações estratégicas
que indicam o caminho que levará o Brasil, de onde
Do encontro dessas duas realidades, complementadas está para onde deve ir, na organização de sua defesa.
pela necessidade de visão e planejamento
estratégicos direcionados para as questões de defesa, Contexto
resultaram as diretrizes da Estratégia Nacional de
Defesa. Podem ser considerados como principais aspectos
positivos do atual quadro da defesa:
• excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz
respeito à metodologia e à atualização em relação às
modernas táticas e estratégias de emprego de meios
militares, incluindo o uso de concepções próprias,
adequadas aos ambientes operacionais de provável
emprego; e
Por outro lado, apesar dos esforços desenvolvidos nos
últimos anos, configuram‐se ainda como
vulnerabilidades da atual estrutura de defesa do País:
• a histórica descontinuidade na alocação de recursos
orçamentários para a defesa;
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• a desatualização tecnológica de alguns • otimização dos esforços em Ciência, Tecnologia e
equipamentos das Forças Armadas; e a dependência Inovação para a Defesa, por intermédio, dentre
em relação a produtos de defesa estrangeiros; outras, das seguintes medidas:
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• estreitamento da cooperação entre os países da apresentada e de uma maneira sequencial, que pode
América do Sul e, por extensão, com os do entorno ser assim esquematizada:
estratégico brasileiro;
(a) Na paz
• valorização da profissão militar e da carreira de
servidores civis do Ministério da Defesa e das Forças As organizações militares serão articuladas para
Armadas, a fim de estimular o recrutamento de seus conciliar o atendimento às hipóteses de emprego com
quadros em todas as classes sociais; a necessidade de otimizar os seus custos de
manutenção e para proporcionar a realização do
• aperfeiçoamento do Serviço Militar Obrigatório, na adestramento em ambientes operacionais específicos.
busca de maior identificação das Forças Armadas com
a sociedade brasileira; Serão desenvolvidas atividades permanentes de
inteligência, para acompanhamento da situação e dos
• expansão da capacidade de combate das Forças atores que possam vir a representar potenciais
Armadas, por meio da mobilização de pessoal, ameaças ao Estado e para proporcionar o alerta
material e serviços, para complementar a logística antecipado ante a possibilidade de concretização de
militar, no caso de o País se ver envolvido em conflito; tais ameaças. As atividades de inteligência devem
e obedecer a salvaguardas e controles que resguardem
os direitos e garantias constitucionais.
• otimização do controle sobre atores não
governamentais, especialmente na região amazônica, (b) Na crise
visando à preservação do patrimônio nacional,
mediante ampla coordenação das Forças Armadas O Comandante Supremo das Forças Armadas,
com os órgãos governamentais brasileiros consultado o Conselho de Defesa Nacional, poderá
responsáveis pela autorização de atuação no País ativar uma estrutura de gerenciamento de crise, com
desses atores, sobretudo daqueles com vinculação a participação de representantes do Ministério da
estrangeira. Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, bem como de representantes de outros
Ministérios, se necessários.
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• a atualização e implementação, pelo Comando • o monitoramento e controle do espaço aéreo, das
Operacional ativado, dos planos de campanha fronteiras terrestres, do território e das águas
elaborados no estado de paz; jurisdicionais brasileiras em circunstâncias de paz;
• o completamento das estruturas; • a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou
abordagem nas águas jurisdicionais brasileiras;
• a ativação de Zona de Defesa, áreas onde são
mobilizáveis tropas da ativa e reservistas, inclusive os • a ameaça de forças militares muito superiores na
egressos dos Tiros de Guerra, para defesa do interior região amazônica;
do País em caso de conflito armado/guerra; e
• as providências internas ligadas à defesa nacional
• a decretação da Mobilização Nacional, se decorrentes de guerra em outra região do mundo,
necessária. que ultrapassem os limites de uma guerra regional
controlada, com emprego efetivo ou potencial de
(c) Durante o conflito armado/guerra armamento nuclear, biológico, químico e radiológico;
O desencadeamento da campanha militar prevista no • a participação do Brasil em operações internacionais
Plano de Campanha elaborado. em apoio à política exterior do País;
(d) Ao término do conflito armado/guerra • a participação em operações internas de Garantia da
A adoção de medidas específicas de Desmobilização Lei e da Ordem, nos termos da Constituição Federal, e
Nacional, de modo gradativo a fim de prevenir o os atendimentos às requisições da Justiça Eleitoral; e
recrudescimento das ações pelo oponente, • a ameaça de guerra no Atlântico Sul.
procurando conciliar a necessidade decrescente da
estrutura criada pela situação de conflito
armado/guerra com as necessidades crescentes da
volta à situação de normalidade. Estruturação das Forças Armadas
Na elaboração das hipóteses de emprego, a Estratégia O meio institucional para esse trabalho unificado será
Militar de Defesa deverá contemplar o emprego das a colaboração entre os Estados‐Maiores das Forças
Forças Armadas considerando, dentre outros, os com o Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas, no
seguintes aspectos: estabelecimento e definição das linhas de frente de
atuação conjunta. Nesse sentido, o sistema
educacional de cada Força ministrará cursos, além dos
singulares já existentes, e realizará projetos de
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pesquisa e de formulação em conjunto com os priorizar, com compensação comercial, industrial e
sistemas das demais Forças e com a Escola Superior tecnológica:
de Guerra.
• no âmbito das três Forças, sob a condução do
Da mesma forma, as Forças Armadas deverão ser Ministério da Defesa, a aquisição de helicópteros de
equipadas, articuladas e adestradas, desde os tempos transporte e de reconhecimento e ataque;
de paz, segundo as diretrizes do Ministério da Defesa,
realizando exercícios singulares e conjuntos. • na Marinha, o projeto e fabricação de submarinos
convencionais que permitam a evolução para o
Assim, com base na Política Nacional de Defesa, na projeto e fabricação, no País, de submarinos de
Estratégia Nacional de Defesa e na Estratégia Militar propulsão nuclear, de meios de superfície e aéreos
dela decorrente, as Forças Armadas submetem ao priorizados nesta Estratégia;
Ministério da Defesa seus Planos de Articulação e de
Equipamento, os quais contemplam uma proposta de • no Exército, os meios necessários ao
distribuição espacial das instalações militares e de completamento dos sistemas operacionais das
quantificação dos meios necessários ao atendimento brigadas e do sistema de monitoramento de
eficaz das hipóteses de emprego, de maneira a fronteiras; o aumento da mobilidade tática e
possibilitar: estratégica da Força Terrestre, sobretudo das Forças
de Emprego Estratégico e das forças estacionadas na
• poder de combate que propicie credibilidade à região amazônica; a nova família de blindados sobre
estratégia da dissuasão; rodas; os sistemas de mísseis e radares antiaéreos
(defesa antiaérea); a produção de munições e o
• meios à disposição do sistema de defesa nacional armamento e o equipamento individual do
que permitam o aprimoramento da vigilância; o combatente, entre outros, aproximando‐os das
controle do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do tecnologias necessárias ao combatente do futuro; e
território e das águas jurisdicionais brasileiras; e da
infraestrutura estratégica nacional; • na Força Aérea, a aquisição de aeronaves de caça
que substituam, paulatinamente, as hoje existentes,
• o aumento da presença militar nas áreas buscando a possível padronização; a aquisição e o
estratégicas do Atlântico Sul e da região amazônica; desenvolvimento de armamentos, e sistemas de
• o aumento da participação de órgãos autodefesa, objetivando a autossuficiência na
governamentais, militares e civis, no plano de integração destes às aeronaves; e a aquisição de
vivificação e desenvolvimento da faixa de fronteira aeronaves de transporte de tropa. Em relação à
amazônica, empregando a estratégia da presença; distribuição espacial das Forças no território nacional,
o planejamento consolidado no Ministério da Defesa
• a adoção de articulação que atenda aos aspectos deverá priorizar:
ligados à concentração dos meios, à eficiência
operacional, à rapidez no emprego e na mobilização e • na Marinha, a necessidade de constituição de uma
à otimização do custeio em tempo de paz; e Esquadra no norte/nordeste do País;
• a existência de forças estratégicas de elevada • no Exército, a distribuição que atenda às seguintes
mobilidade e flexibilidade, dotadas de material condicionantes:
tecnologicamente avançado e em condições de (a) um flexível dispositivo de expectativa, em face da
emprego imediato, articuladas de maneira a melhor indefinição de ameaças, que facilite o emprego
atender às hipóteses de emprego. progressivo das tropas e a presença seletiva em uma
Os Planos das Forças singulares, consolidados no escalada de crise;
Ministério da Defesa, deverão referenciar‐se a metas (b) a manutenção de tropas, em particular as reservas
de curto prazo (até 2014), de médio prazo (entre 2015 estratégicas, na situação de prontidão operacional
e 2022) e de longo prazo (entre 2023 e 2030). Em com mobilidade, que lhes permitam deslocar‐se
relação ao equipamento, o planejamento deverá
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rapidamente para qualquer parte do território • permanente prontidão operacional para atender às
nacional ou para o exterior; hipóteses de emprego, integrando forças conjuntas ou
não;
(c) a manutenção de tropas no centro‐sul do País para
garantir a defesa da principal concentração • manutenção de unidades aptas a compor Forças de
demográfica, industrial e econômica, bem como da Pronto Emprego, em condições de atuar em
infraestrutura, particularmente a geradora de energia; diferentes ambientes operacionais;
e
• projeção de poder nas áreas de interesse
(d) a concentração das reservas regionais em suas estratégico;
respectivas áreas.
• estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência
• na Força Aérea, a adequação da localização de suas consolidadas;
unidades de transporte de tropa de forma a propiciar
o rápido atendimento de apoio de transporte às • permanência na ação, sustentada por um adequado
Forças de Emprego Estratégico. Isso pressupõe que se apoio logístico, buscando ao máximo a integração da
baseiem próximo às reservas estratégicas do Exército. logística das três Forças;
Além disso, suas unidades de defesa aérea e de • aumento do poder de combate, em curto prazo,
controle do espaço aéreo serão distribuídas de forma pela incorporação de recursos mobilizáveis, previstos
a possibilitar um efetivo atendimento às necessidades em lei;
correntes com velocidade e presteza.
• interoperabilidade nas operações conjuntas; e
A partir da consolidação dos Planos de Articulação e
de Equipamento elaborados pelas Forças, o Ministério • defesa antiaérea adequada às áreas estratégicas a
da Defesa proporá ao Presidente da República o Plano defender.
de Articulação e de Equipamento da Defesa Nacional,
envolvendo a sociedade brasileira na busca das
soluções necessárias. Garantia da Lei e da Ordem (GLO)
As características especiais do ambiente amazônico, Para o emprego episódico na GLO, nos termos da
com reflexos na doutrina de emprego das Forças Constituição, da Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996
Armadas, deverão demandar tratamento especial, e da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999,
devendo ser incrementadas as ações de alterada pela Lei Complementar nº 117, de 2 de
fortalecimento da estratégia da presença naquele setembro de 2004, e Lei Complementar no 136, de 25
ambiente operacional. Em face da indefinição das de agosto de 2010, as Forças Armadas deverão prever
ameaças, as Forças Armadas deverão se dedicar à a capacitação de tropa para o cumprimento desse tipo
obtenção de capacidades orientadoras das medidas a de missão.
serem planejadas e adotadas.
Inteligência de Defesa
No tempo de paz ou enquanto os recursos forem
insuficientes, algumas capacidades serão mantidas Por meio da Inteligência, busca‐se que todos os
temporariamente por meio de núcleos de expansão, planejamentos – políticos, estratégicos, operacionais
constituídos por estruturas flexíveis e capazes de e táticos – e sua execução desenvolvam‐se com base
evoluir rapidamente, de modo a obter adequado em dados que se transformam em conhecimentos
poder de combate nas operações. confiáveis e oportunos. As informações precisas são
condição essencial para o emprego adequado dos
As seguintes capacidades são desejadas para as Forças meios militares.
Armadas:
A Inteligência deve ser desenvolvida desde o tempo
de paz, pois é ela que possibilita superar as incertezas.
É da sua vertente prospectiva que procedem aos
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melhores resultados, permitindo o delineamento dos Promover o aperfeiçoamento da Doutrina de
cursos de ação possíveis e os seus desdobramentos. A Operações Conjuntas.
identificação das ameaças é o primeiro resultado da
atividade da Inteligência de Defesa. O Ministério da Defesa promoverá estudos relativos
ao aperfeiçoamento da Doutrina de Operações
Conjuntas, considerando, principalmente, o ambiente
operacional e o aprimoramento dos meios de defesa,
Ações estratégicas a experiência e os ensinamentos adquiridos com a
Enunciam‐se a seguir as ações estratégicas que irão realização de operações conjuntas e as orientações da
orientar a implementação da Estratégia Nacional de Estratégia Nacional de Defesa, no que concerne às
Defesa: atribuições do Estado‐Maior Conjunto das Forças
Armadas e dos Estados‐Maiores das três Forças.
Mobilização
Comando e Controle
Realizar, integrar e coordenar as ações de
planejamento, preparo, execução e controle das Consolidar o Sistema de Comando e Controle para a
atividades de Mobilização e Desmobilização Nacionais Defesa Nacional.
previstas no Sistema Nacional de Mobilização O Ministério da Defesa aperfeiçoará o Sistema de
(SINAMOB). Comando e Controle de Defesa, para contemplar o
O Ministério da Defesa orientará e coordenará os uso de satélite de telecomunicações próprio.
demais ministérios, secretarias e órgãos envolvidos no O sistema integrado de Comando e Controle de
SINAMOB no estabelecimento de programas, normas Defesa deverá ser capaz de disponibilizar, em função
e procedimentos relativos à complementação da de seus sensores de monitoramento e controle do
Logística Nacional e na adequação das políticas espaço terrestre, marítimo e aéreo brasileiro, dados
governamentais à Política de Mobilização Nacional. de interesse do Sistema Nacional de Segurança
Logística Pública, em função de suas atribuições constitucionais
específicas. De forma recíproca, o Sistema Nacional de
Acelerar o processo de integração entre as três Segurança Pública deverá disponibilizar ao sistema de
Forças, especialmente nos campos da tecnologia defesa nacional dados de interesse do controle das
industrial básica, da logística e mobilização, do fronteiras, exercido também pelas Forças Armadas,
comando e controle e das operações conjuntas. em especial no que diz respeito às atividades ligadas
aos crimes transnacionais fronteiriços.
1. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD,
ficará encarregado de formular e dirigir a política de Adestramento
obtenção de produtos de defesa.
Atualizar o planejamento operacional e adestrar
2. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD, Estados‐Maiores Conjuntos Regionais.
ficará encarregado da coordenação dos processos de
certificação, de metrologia, de normatização e de O Ministério da Defesa definirá Estados‐Maiores
fomento industrial. Conjuntos Regionais, coordenados pelo Estado‐Maior
Conjunto das Forças Armadas, para que, quando
3. O Ministério da Defesa incentivará, junto às esferas ativados, desde o tempo de paz, dentro da estrutura
do Governo federal, a ampliação e a compatibilização organizacional das Forças Armadas, possibilitem a
da infraestrutura logística terrestre, portuária, continuidade e a atualização do planejamento e do
aquaviária, aeroespacial, aeroportuária e de adestramento operacionais que atendam ao
telemática, visando os interesses da defesa. estabelecido nos planos estratégicos.
Doutrina Inteligência de Defesa
Aperfeiçoar o Sistema de Inteligência de Defesa.
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O Sistema deverá receber recursos necessários à • as ações de defesa civil, a cargo do Ministério da
formulação de diagnóstico conjuntural dos cenários Integração Nacional;
vigentes em prospectiva político‐estratégica, nos
campos nacional e internacional. • as ações de segurança pública, a cargo do Ministério
da Justiça e dos órgãos de segurança pública
Os recursos humanos serão capacitados em análise e estaduais;
técnicas nos campos científico, tecnológico,
cibernético, espacial e nuclear, com ênfase para o • o aperfeiçoamento dos dispositivos e
monitoramento/controle, à mobilidade estratégica e à procedimentos de segurança que reduzam a
capacidade logística. vulnerabilidade dos sistemas relacionados à Defesa
Nacional contra ataques cibernéticos e, se for o caso,
Segurança Nacional que permitam seu pronto restabelecimento, a cargo
da Casa Civil da Presidência da República, dos
Contribuir para o incremento do nível de Segurança ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência,
Nacional. Tecnologia e Inovação, e do Gabinete de Segurança
Todas as instâncias do Estado deverão contribuir para Institucional da Presidência da República;
o incremento do nível de Segurança Nacional, com • a execução de estudos para viabilizar a instalação de
particular ênfase sobre: um centro de pesquisa de doenças tropicais para a
• o aperfeiçoamento de processos para o região amazônica, a cargo dos ministérios da Defesa,
gerenciamento de crises; da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Saúde e órgãos
de saúde estaduais e municipais;
• a integração de todos os órgãos do Sistema
Brasileiro de Inteligência (SISBIN); • as medidas de emergência em saúde pública de
importância nacional e internacional; e
• a prevenção de atos terroristas e de atentados
massivos aos Direitos Humanos, bem como a • o atendimento aos compromissos internacionais
condução de operações contraterrorismo, a cargo dos relativos à salvaguarda da vida humana no mar e ao
ministérios da Defesa e da Justiça e do Gabinete de tráfego aéreo internacional, a cargo do Ministério da
Segurança Institucional da Presidência da República Defesa, por intermédio dos Comandos da Marinha e
(GSIPR); da Aeronáutica, respectivamente, e do Ministério das
Relações Exteriores.
• as medidas para a segurança das áreas de
infraestruturas estratégicas, incluindo serviços, em Operações internacionais
especial no que se refere a energia, transporte, água, Promover o incremento do adestramento e da
finanças e comunicações, a cargo dos ministérios da participação das Forças Armadas em operações
Defesa, de Minas e Energia, dos Transportes, da internacionais em apoio à política exterior, com
Fazenda, da Integração Nacional e das Comunicações, ênfase nas operações de paz e ações humanitárias,
e ao trabalho de coordenação, avaliação, integrando Forças da Organização das Nações Unidas
monitoramento e redução de riscos, desempenhado (ONU) ou de organismos multilaterais da região.
pelo Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República; O Ministério da Defesa promoverá ações com vistas
ao incremento das atividades do Centro Conjunto de
• as medidas de defesa química, biológica, nuclear e Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), de maneira a
radiológica dos ministérios da Defesa, da Saúde, da estimular o adestramento de civis e militares ou de
Integração Nacional, de Minas e Energia e da Ciência, contingentes de Segurança Pública, e de convidados
Tecnologia e Inovação, e do Gabinete de Segurança de outras nações amigas. Para tal, prover‐lhe‐á o
Institucional da Presidência da República, para as apoio necessário a torná‐lo referência regional no
ações de proteção à população e às instalações em adestramento conjunto para operações de paz e de
território nacional, decorrentes de possíveis efeitos do desminagem humanitária.
emprego de armas dessa natureza;
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Estabilidade regional • na intensificação da cooperação e do comércio com
países da África, da América Central e do Caribe,
Contribuir para a manutenção da estabilidade inclusive a Comunidade dos Estados Latino‐
regional. Americanos e Caribenhos (CELAC); e
1. O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações • na consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do
Exteriores promoverão o incremento das atividades Atlântico Sul (ZOPACAS), e o incremento na interação
destinadas à manutenção da estabilidade regional e à inter‐regionais, como a Comunidade de Países de
cooperação nas áreas de fronteira do País. Língua Portuguesa (CPLP), a cúpula América do Sul‐
2. O Ministério da Defesa e as Forças Armadas África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia‐Brasil‐África
intensificarão as parcerias estratégicas nas áreas do Sul (IBAS).
cibernética, espacial e nuclear e o intercâmbio militar Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)
com as Forças Armadas das nações amigas, neste caso
particularmente com a América do Sul e países Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de
lindeiros ao Atlântico Sul. produtos e sistemas militares e civis que
compatibilizem as prioridades científico‐tecnológicas
3. O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações com as necessidades de defesa.
Exteriores e as Forças Armadas buscarão contribuir
ativamente para o fortalecimento, a expansão e a 1. O Ministério da Defesa proporá, em coordenação
consolidação da integração regional, com ênfase na com os Ministérios das Relações Exteriores, da
pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns de Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
produtos de defesa. Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, da
Ciência, Tecnologia e Inovação e com a Secretaria de
Inserção internacional Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o
Incrementar o apoio à participação brasileira no estabelecimento de parcerias estratégicas com países
cenário internacional, mediante a atuação do que possam contribuir para o desenvolvimento de
Ministério da Defesa e demais ministérios, dentre tecnologias de ponta de interesse para a defesa.
outros: 2. O Ministério da Defesa, em coordenação com os
• nos processos internacionais relevantes de tomada Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento,
de decisão, aprimorando e aumentando a capacidade Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento,
de negociação do Brasil; Orçamento e Gestão, e da Ciência, Tecnologia e
Inovação, deverá buscar mecanismos que assegurem
• nos processo de decisão sobre o destino da Região a alocação de recursos financeiros, de forma
Antártica; continuada, que viabilizem o desenvolvimento
integrado e a conclusão de projetos relacionados à
• em ações que promovam a ampliação da projeção
defesa nacional, cada um deles com um polo
do País no concerto mundial e reafirmar o seu
integrador definido, com ênfase para o
compromisso com a defesa da paz e com a
desenvolvimento e a fabricação, dentre outros, de:
cooperação entre os povos;
• aeronaves de caça e de transporte;
• em fóruns internacionais relacionados com as
• submarinos convencionais e de propulsão nuclear;
questões estratégicas, priorizando organismos
• meios navais de superfície;
regionais como o Conselho de Defesa Sul‐Americano
• armamentos inteligentes, como mísseis, bombas e
(CDS) da União de Nações Sul‐Americanas (UNASUL);
torpedos, dentre outros;
• no relacionamento entre os países amazônicos, no • aeronaves remotamente pilotadas;
âmbito da Organização do Tratado de Cooperação • sistemas de comando e controle e de segurança das
Amazônica; informações;
• radares;
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• equipamentos e plataformas de guerra eletrônica; 5. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o
• equipamento individual e sistemas de comunicação Ministério da Defesa, por intermédio do Centro
do combatente do futuro; Tecnológico da Marinha em São Paulo do Comando da
• veículos blindados; Marinha, promoverão medidas com vistas a garantir o
• helicópteros de transporte de tropa, para o desenvolvimento da:
aumento da mobilidade tática, e helicópteros de
reconhecimento e ataque; • produção autônoma de reatores de água
• munições; e pressurizada, de modo a integrar o sistema de
• sensores óticos e eletro‐óticos. propulsão nuclear dos submarinos;
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• sistema de consciência situacional; de material de emprego comum para cada centro, e a
• computação de alto desempenho; participação de pesquisadores das três Forças em
• rádio definido por software; e projetos prioritários; e
• pesquisa científica por meio da Escola Nacional de
Defesa Cibernética, de instituições acadêmicas no • o estabelecimento de parcerias estratégicas com
âmbito do Ministério da Defesa e demais instituições países que possam contribuir para o desenvolvimento
de ensino superior nacionais e internacionais. de tecnologias de ponta de interesse para a defesa.
• a integração dos esforços dos centros de pesquisa 1. O Ministério da Defesa, em coordenação com a
militares, com a definição das prioridades de pesquisa Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República proporá aos ministérios competentes as
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iniciativas necessárias ao desenvolvimento da larga nas sedes das instalações militares de fronteira
infraestrutura de energia, transporte e comunicações existentes e a serem implantadas em decorrência do
de interesse da defesa, de acordo com os previsto no Decreto nº 4.412, de 7 de outubro de
planejamentos estratégicos de emprego das Forças. 2002, alterado pelo Decreto nº 6.513, de 22 de julho
de 2008.
2. O Ministério da Defesa priorizará, na elaboração do
Plano de Desenvolvimento de Aeródromos de 7. O Ministério da Defesa, com o apoio das Forças
Interesse Federal (PDAIF), os aeródromos de Armadas no que for julgado pertinente, e o Ministério
desdobramento previstos nos planejamentos relativos das Comunicações promoverão estudos com vistas à
à defesa da região amazônica. coordenação de ações de incentivo à habilitação de
rádios comunitárias nos municípios das áreas de
3. O Ministério da Defesa apresentará ao Ministério fronteira, de forma a atenuar, com isto, os efeitos de
dos Transportes, em data coordenada com este, emissões indesejáveis.
programação de investimentos de médio e longo
prazo, e a ordenação de suas prioridades ligadas às Ensino
necessidades de vias de transporte para o
atendimento aos planejamentos estratégicos Promover maior integração e participação dos setores
decorrentes das hipóteses de emprego. O Ministério civis governamentais na discussão dos temas ligados à
dos Transportes, por sua vez, promoverá a inclusão defesa, através, entre outros, de convênios com
das citadas prioridades no Plano Nacional de Logística Instituições de Ensino Superior e do fomento à
e Transportes (PNLT). pesquisa nos assuntos de defesa, assim como a
participação efetiva da sociedade brasileira, por
4. O Ministério da Defesa, em coordenação com o intermédio do meio acadêmico e de institutos e
Ministério dos Transportes, instalará no Centro de entidades ligados aos assuntos estratégicos de defesa.
Operações do Comandante Supremo (COCS), terminal
da Base de Dados Georreferenciados em Transporte 1. A Escola Superior de Guerra – Campus Brasília –
que possibilite a utilização das informações ligadas à deverá intensificar o intercâmbio fluido entre os
infraestrutura de transportes, disponibilizadas por membros do Governo federal e aquela Instituição,
aquele sistema, no planejamento e na gestão assim como para otimizar a formação de recursos
estratégica de crises e conflitos. humanos ligados aos assuntos de defesa.
5. O Ministério da Defesa juntamente com o 2. O Ministério da Defesa e o Ministério do
Ministério da Integração Nacional e a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão submeterão ao
Assuntos Estratégicos da Presidência da República Presidente da República anteprojeto de lei que altere
desenvolverão estudos conjuntos com vistas à a Lei de Criação da Escola Superior de Guerra. O
compatibilização dos Programas Calha Norte e de projeto de lei visará criar cargos de direção e
Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira assessoria superior destinados à constituição de um
(PDFF) e ao levantamento da viabilidade de corpo permanente que, podendo ser renovado,
estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APL), com permita o exercício das atividades acadêmicas, pela
ações de infraestrutura econômica e social, para atração de pessoas com notória especialização ou
atendimento a eventuais necessidades de vivificação e reconhecido saber em áreas específicas. Isso
desenvolvimento da fronteira, identificadas nos possibilitará incrementar a capacidade institucional da
planejamentos estratégicos decorrentes das hipóteses Escola de desenvolver atividades acadêmicas e
de emprego. administrativas, bem como intensificar o intercâmbio
entre os membros do Governo federal, a sociedade
6. O Ministério da Defesa, em parceria com o organizada e aquela instituição.
Ministério das Comunicações, no contexto do
Programa Governo Eletrônico – Serviço de 3. O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos
Atendimento ao Cidadão (GESAC), instalará Estratégicos da Presidência da República estimularão
telecentros comunitários com conexão em banda a realização de encontros, simpósios e seminários
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destinados à discussão de assuntos estratégicos, aí Forças Armadas e dos Estados‐Maiores das três
incluída a temática da Defesa Nacional. A participação Forças.
da sociedade nesses eventos deve ser objeto de
atenção especial. 8. O Ministério da Defesa adotará as medidas para a
criação e implementação do Instituto Pandiá
4. O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Calógeras com as seguintes competências:
Estratégicos da Presidência da República
intensificarão a divulgação das atividades de defesa, • Produzir reflexões acerca de aspectos políticos e
de modo a aumentar sua visibilidade junto à estratégicos nos campos da segurança internacional e
sociedade, e implementarão ações e programas da defesa nacional, considerando os cenários de
voltados à promoção e disseminação de pesquisas e à inserção internacional do Brasil;
formação de recursos humanos qualificados na área, a • Contribuir com a pesquisa e a formação de recursos
exemplo do Programa de Apoio ao Ensino e à humanos no campo da defesa;
Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional
(Pró‐Defesa) e do Programa de Apoio ao Ensino e à • Estreitar o relacionamento do Ministério da Defesa
Pesquisa Científica e Tecnológica em Assuntos com o meio acadêmico nacional e internacional; e
Estratégicos de Interesse Nacional (Pró‐Estratégia).
• Assessorar o Ministro da Defesa em outras funções
5. O Ministério da Defesa manterá uma Política de por ele definidas.
Ensino de Defesa com as seguintes finalidades:
Recursos humanos
• acelerar o processo de interação do ensino militar,
Promover a valorização da profissão militar de forma
em particular no nível de Altos Estudos, atendendo às
compatível com seu papel na sociedade brasileira,
diretrizes contidas na primeira parte da presente
assim como fomentar o recrutamento, a seleção, o
Estratégia; e
desenvolvimento e a permanência de quadros civis,
• capacitar civis e militares para a própria para contribuir com o esforço de defesa.
Administração Central do Ministério e para outros
1. O recrutamento dos quadros profissionais das
setores do Governo, de interesse da Defesa.
Forças Armadas deverá ser representativo de todas as
6. As instituições de ensino das três Forças manterão classes sociais. A carreira militar será valorizada pela
nos seus currículos de formação militar disciplinas criação de atrativos compatíveis com as
relativas a noções de Direito Constitucional e de características peculiares da profissão. Nesse sentido,
Direitos Humanos, indispensáveis para consolidar a o Ministério da Defesa, assessorado pelos Comandos
identificação das Forças Armadas com o povo das três Forças, proporá as medidas necessárias à
brasileiro. valorização pretendida.
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4. O Ministério da Defesa fomentará a captação de
pessoal visando à ampliação dos quadros de
servidores civis do Ministério da Defesa e das Forças
Armadas, por intermédio de concursos públicos
realizados periodicamente, de modo a contribuir para
a reestruturação das Forças.
Comunicação social
Disposições finais
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FORÇAS ARMADAS (FFAA) II ‐ a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido
Constituição da República Federativa do Brasil de no momento de sua autuação;
1988.
III ‐ a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas poderá ser superior a dez dias, salvo quando
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO autorizada pelo Poder Judiciário;
DO ESTADO DE DEFESA IV ‐ é vedada a incomunicabilidade do preso.
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o
da República e o Conselho de Defesa Nacional, Presidente da República, dentro de vinte e quatro
decretar estado de defesa para preservar ou horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
prontamente restabelecer, em locais restritos e ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria
determinados, a ordem pública ou a paz social absoluta.
ameaçadas por grave e iminente instabilidade Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
institucional ou atingidas por calamidades de grandes convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco
proporções na natureza. dias.
O decreto que instituir o estado de defesa O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de
determinará o tempo de sua duração, especificará as dez dias contados de seu recebimento, devendo
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, defesa.
dentre as seguintes:
Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
I ‐ restrições aos direitos de: defesa.
a) reunião, ainda que exercida no seio das DO ESTADO DE SÍTIO
associações;
b) sigilo de correspondência; O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; da República e o Conselho de Defesa Nacional,
solicitar ao Congresso Nacional autorização para
II ‐ ocupação e uso temporário de bens e serviços decretar o estado de sítio nos casos de:
públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos I ‐ comoção grave de repercussão nacional ou
decorrentes. ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma II ‐ declaração de estado de guerra ou resposta a
vez, por igual período, se persistirem as razões que agressão armada estrangeira.
justificaram a sua decretação.
O Presidente da República, ao solicitar autorização
Na vigência do estado de defesa: para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação,
relatará os motivos determinantes do pedido,
I ‐ a prisão por crime contra o Estado, determinada devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
pelo executor da medida, será por este comunicada absoluta.
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
corpo de delito à autoridade policial; normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
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publicado, o Presidente da República designará o Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,
executor das medidas específicas e as áreas cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
abrangidas. responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus
executores ou agentes.
O estado de sítio, no caso do inciso I, não poderá ser
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de
cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
ser decretado por todo o tempo que perdurar a relatadas pelo Presidente da República, em
guerra ou a agressão armada estrangeira. mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
e justificação das providências adotadas, com relação
Solicitada autorização para decretar o estado de sítio nominal dos atingidos e indicação das restrições
durante o recesso parlamentar, o Presidente do aplicadas.
Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se DAS FORÇAS ARMADAS
reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
O Congresso Nacional permanecerá em Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
funcionamento até o término das medidas coercitivas. permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
Na vigência do estado de sítio decretado com do Presidente da República, e destinam‐se à defesa
fundamento no inciso I, só poderão ser tomadas da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
contra as pessoas as seguintes medidas: por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
I ‐ obrigação de permanência em localidade Não caberá habeas corpus em relação a punições
determinada; disciplinares militares.
II ‐ detenção em edifício não destinado a acusados ou Os membros das Forças Armadas são denominados
condenados por crimes comuns; militares, aplicando‐se‐lhes, além das que vierem a
III ‐ restrições relativas à inviolabilidade da ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
correspondência, ao sigilo das comunicações, à I ‐ as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
prestação de informações e à liberdade de imprensa, elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da
radiodifusão e televisão, na forma da lei; República e asseguradas em plenitude aos oficiais da
IV ‐ suspensão da liberdade de reunião; ativa, da reserva ou reformados, sendo‐lhes privativos
os títulos e postos militares e, juntamente com os
V ‐ busca e apreensão em domicílio; demais membros, o uso dos uniformes das Forças
Armadas;
VI ‐ intervenção nas empresas de serviços públicos;
II ‐ o militar em atividade que tomar posse em cargo
VII ‐ requisição de bens.
ou emprego público civil permanente, ressalvada a
Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de hipótese prevista no art. 37 da CF, inciso XVI, alínea
pronunciamentos de parlamentares efetuados em "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;
suas Casas Legislativas, desde que liberada pela
III ‐ o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
respectiva Mesa.
posse em cargo, emprego ou função pública civil
A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes temporária, não eletiva, ainda que da administração
partidários, designará Comissão composta de cinco de indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37 da
seus membros para acompanhar e fiscalizar a CF, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo
execução das medidas referentes ao estado de defesa quadro e somente poderá, enquanto permanecer
e ao estado de sítio. nessa situação, ser promovido por antiguidade,
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contando‐se‐lhe o tempo de serviço apenas para I ‐ polícia federal;
aquela promoção e transferência para a reserva, II ‐ polícia rodoviária federal;
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos III ‐ polícia ferroviária federal;
ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; IV ‐ polícias civis;
V ‐ polícias militares e corpos de bombeiros militares.
IV ‐ ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
A polícia federal, instituída por lei como órgão
V ‐ o militar, enquanto em serviço ativo, não pode permanente, organizado e mantido pela União e
estar filiado a partidos políticos; estruturado em carreira, destina‐se a:
VI ‐ o oficial só perderá o posto e a patente se for I ‐ apurar infrações penais contra a ordem política e
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, da União ou de suas entidades autárquicas e
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo empresas públicas, assim como outras infrações cuja
de guerra; prática tenha repercussão interestadual ou
VII ‐ o oficial condenado na justiça comum ou militar a internacional e exija repressão uniforme, segundo se
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por dispuser em lei;
sentença transitada em julgado, será submetido ao II ‐ prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
julgamento previsto no inciso anterior; entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
X ‐ a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
os limites de idade, a estabilidade e outras condições outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
de transferência do militar para a inatividade, os competência;
direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas III ‐ exercer as funções de polícia marítima,
e outras situações especiais dos militares, aeroportuária e de fronteiras;
consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de IV ‐ exercer, com exclusividade, as funções de polícia
compromissos internacionais e de guerra. judiciária da União.
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As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam‐se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
órgãos responsáveis pela segurança pública, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
I ‐ compreende a educação, engenharia e fiscalização
de trânsito, além de outras atividades previstas em
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e
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EXERCÍCIOS: (A) À garantia da lei, da ordem e do progresso.
(B) Única e exclusivamente à defesa da Pátria.
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ A segurança pública, dever do (C) À defesa da Pátria, à garantia dos poderes
Estado, direito e responsabilidade de todos, é constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
exercida para a preservação da ordem pública e da lei e da ordem.
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Segundo o (D) Ao ataque aos inimigos da nação.
Art. 144, caput e incisos, da Constituição da Republica (E) À defesa exclusiva das instituições do poder
Federativa do Brasil, assinale a opção que NÃO executivo.
apresenta um órgão de segurança púbica.
4 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
(A) Polícia rodoviária federal. Constituição da República Federativa do Brasil de
(B) Polícias civis. 1988, assinale a opção que apresenta uma instituição
(C) Polícia marítima. nacional permanente e regular.
(D) Polícia ferroviária federal
(E) Polícias militares e corpos de bombeiros militares. (A) Marinha
(B) Petrobrás
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com a Constituição (C) Eletrobrás
da República Federativa do Brasil, o serviço militar é (D) Eletronuclear
obrigatório nos termos da lei. Sendo assim, é correto (E) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
afirmar que: Biocombustíveis
(A) as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do 5 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, Constituição da República Federativa do Brasil de
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. 1988, a segurança pública, dever do Estado, direito e
(B) as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do responsabilidade de todos, é exercida para
serviço militar obrigatório mesmo em tempo de preservação da ordem pública e da incolumidade das
guerra, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
lhes atribuir. órgãos:
(E) às Forças Armadas compete, na forma da lei, 6 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, Constituição da República Federativa do Brasil de
após alistados, alegarem imperativo de consciência, 1988, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica são
entendendo‐se como tal o decorrente de crença instituições baseadas na:
religiosa e de convicção filosófica ou política, para se
eximirem da atividades de caráter essencialmente (A) honra e no respeito.
administrativo. (B) ética e nos valores
(C) hierarquia e na disciplina
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a (D) ordem e no progresso
Constituição Federal, a que se destinam as Forças (E) força e no moral.
Armadas?
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Segundo a Constituição da
República Federativa do Brasil (1988), coloque F
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(falso) ou V (verdadeiro) nas afirmativas abaixo, com 10 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com a Constituição
relação às disposições aos membros das Forças da República Federativa do Brasil de 1988, quem é a
Armadas, assinalando a seguir a opção correta. autoridade suprema sabre as Forcas Armadas?
( ) Ao militar são proibidas a Sindicalização e a greve.
( ) O militar, enquanto em serviço ativo, pode estar (A) Ministro da Defesa.
filiado a partidos políticos. (B) Presidente da República.
( ) O oficial nunca perderá o posto e a patente, (C) Ministro de Força mais antigo.
mesmo sendo julgado indigno ao oficialato. (D) Comandante do Estado‐Maior das Forcas
( ) As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres Armadas.
a elas inerentes são asseguradas em plenitude apenas (E) Chefe da Casa Militar.
aos oficiais da ativa, sendo‐lhes privativos os títulos e
pastas militares e o uso dos uniformes das Forças
Armadas. 11 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da Republica
(A) (V) (F) (V) (F) Federativa do Brasil (1988) apresenta disposições
(B) (V) (V) (V) (F) relativas a organização, destinação e constituição
(C) (F) (V) (V) (V) tanto das Forças Armadas quanta dos órgãos de
(D) (V) (F) (F) (F) segurança publica, que e exercida para a preservação
(E) (F) (V) (F) (V) da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio. Com base nas disposições constitucionais
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Constituição acerca desse assunto, assinale a opção correta.
da República Federativa do Brasil (1988), a segurança
pública, dever do estado, direito e responsabilidade (A) As Forças Armadas destinam‐se a garantia da lei e
de todos, é exercida para a preservação da ordem da ordem.
pública e da incolumidade das pessoas e do (B) As polícias civis são consideradas forças auxiliares
patrimônio por meio dos seguintes órgãos, EXCETO: e não são incumbidas das funções de polícia judiciária.
(C) A polícia federal não e considerada força auxiliar e
(A) polícia Civil. não exerce função de polícia judiciária.
(B) polícia rodoviária federal. (D) Os corpos de bombeiros militares são
(C) corpos de bombeiros militares. considerados reserva do Exército e não são
(D) Guarda municipal. incumbidos das atividades de defesa civil.
(E) polícia ferroviária federal. (E) As polícias militares são incumbidas da
preservação da ordem pública e da polícia ostensiva,
9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Constituição não sendo consideradas reserva do Exército.
da República Federativa do Brasil (1988), as Forças
Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e
pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na 12 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da República
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema Federativa do Brasil (1988) e o Estatuto dos Militares
do (lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980) contemplam
várias disposições relativas aos membros das Forças
(A) Presidente da República. Armadas. A par dessas disposições, e correto afirmar
(B) Ministro da Defesa. que:
(C) Comandante da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica. (A) todo militar em atividade que tomar posse em
(D) Conselho de Defesa Nacional. cargo ou emprego público civil permanente será
(E) Conselho Militar de Defesa. transferido para a reserva.
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(B) os membros das Forças Armadas são denominados 14 ‐ (PS‐SMV‐PR/2018 – N. Médio) De acordo com a
militares federais. Constituição da Republica Federativa do Brasil de
1988, as Forças Armadas são constituídas:
(C) nenhum oficial das Forças Armadas poderá exercer
atividade técnico‐profissional no meio civil, enquanto (A) pela Marinha, pelo Exercito e pela Aeronáutica.
estiver em serviço ativo. (B) pela Policia Federal e pela Policia Rodoviária
Federal.
(D) as patentes das Forças Armadas são conferidas (C) pela Guarda Costeira, pela Força Nacional e pela
apenas aos oficiais. Aeronáutica.
(E) a todo militar e proibida a filiação a partidos (D) pela Forca Nacional e pelos Fuzileiros Navais.
políticos. (E) pela Marinha Mercante, pelo Exército e pela
Aeronáutica.
13 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da República
Federativa do Brasil (1988) prevê sanção para o oficial
cuja conduta moralmente reprovável venha ferir o Respostas:
pundonor, o decoro e a ética militares, ou cuja índole
e modo de proceder não se harmonizem com os 1 C 8 D
requisites de disciplina, liderança e cumprimento do 2 A 9 A
dever militar, comprometendo irremediavelmente o 3 C 10 B
seu desempenho profissional. Considerando as 4 A 11 A
5 D 12 D
disposições constitucionais sobre esse assunto,
6 C 13 D
assinale a opção correta.
7 D 14 A
(C) O oficial só perderá o cargo se for julgado indigno
do oficialato ou com ele incompatível.
(D) O oficial condenado na justiça comum ou militar a
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será julgado na
justiça militar e poderá perder o posto e a patente.
(E) O oficial das Forcas Armadas pode perder o posto
e a patente por sentença transitada em julgado na
justiça comum, com base em processo disciplinar ou
administrativo.
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Normas gerais para a organização, o preparo e o do último posto, da ativa ou da reserva, indicado pelo
emprego das Forças Armadas Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo
Presidente da República, e disporá de um comitê,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES integrado pelos chefes de Estados Maiores das 3 (três)
Forças, sob a coordenação do Chefe do Estado‐Maior
Da Destinação e Atribuições:
Conjunto das Forças Armadas.
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Se o oficial‐general indicado para o cargo de Chefe do
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas estiver na
permanentes e regulares, organizadas com base na
ativa, será transferido para a reserva remunerada
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
quando empossado no cargo.
do Presidente da República e destinam‐se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Forças Armadas o mesmo grau de precedência
hierárquica dos Comandantes e precedência
Sem comprometimento de sua destinação
hierárquica sobre os demais oficiais‐generais das 3
constitucional, cabe também às Forças Armadas o
(três) Forças Armadas.
cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas
nesta Lei Complementar. É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das
Forças Armadas todas as prerrogativas, direitos e
Do Assessoramento ao Comandante Supremo
deveres do Serviço Ativo, inclusive com a contagem
O Presidente da República, na condição de de tempo de serviço, enquanto estiver em exercício.
Comandante Supremo das Forças Armadas, é
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem,
assessorado:
singularmente, de 1 (um) Comandante, indicado pelo
I ‐ no que concerne ao emprego de meios militares, Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo
pelo Conselho Militar de Defesa; e Presidente da República, o qual, no âmbito de suas
atribuições, exercerá a direção e a gestão da
II ‐ no que concerne aos demais assuntos pertinentes respectiva Força.
à área militar, pelo Ministro de Estado da Defesa.
Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e
O Conselho Militar de Defesa é composto pelos da Aeronáutica são privativos de oficiais‐generais do
Comandantes da Marinha, do Exército e da último posto da respectiva Força.
Aeronáutica e pelo Chefe do Estado‐Maior Conjunto
das Forças Armadas. É assegurada aos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica precedência hierárquica
Na situação prevista no inciso I deste artigo, o sobre os demais oficiais‐generais das três Forças
Ministro de Estado da Defesa integrará o Conselho Armadas.
Militar de Defesa na condição de seu Presidente.
Se o oficial‐general indicado para o cargo de
DA ORGANIZAÇÃO Comandante da sua respectiva Força estiver na ativa,
será transferido para a reserva remunerada, quando
Das Forças Armadas
empossado no cargo.
As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de
São asseguradas aos Comandantes da Marinha, do
Estado da Defesa, dispondo de estruturas próprias.
Exército e da Aeronáutica todas as prerrogativas,
O Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas, órgão direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive com a
de assessoramento permanente do Ministro de contagem de tempo de serviço, enquanto estiverem
Estado da Defesa, tem como chefe um oficial‐general em exercício.
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O Poder Executivo definirá a competência dos O Livro Branco de Defesa Nacional deverá conter
Comandantes da Marinha, do Exército e da dados estratégicos, orçamentários, institucionais e
Aeronáutica para a criação, a denominação, a materiais detalhados sobre as Forças Armadas,
localização e a definição das atribuições das abordando os seguintes tópicos:
organizações integrantes das estruturas das Forças
Armadas.
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EXERCÍCIOS: 4 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Estratégia
Nacional de Defesa (Decreto n° 6.703, de 18 de
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com as diretrizes da dezembro de 2008), a construção de meios para
Estratégia Nacional de Defesa, assinale a opção exercer o controle de áreas marítimas terá como
INCORRETA. focos as áreas estratégicas de acesso marítimo ao
(A) Priorizar a região amazônica. Brasil. Duas áreas do literal continuarão a merecer
(B) Dissuadir a concentração de forças hostis nas atenção especial, do ponto de vista da necessidade de
fronteiras terrestres, nos limites das águas controlar o acesso marítimo ao Brasil. Quais são essas
jurisdicionais brasileiras, e impedir‐lhes o uso do áreas?
espaço aéreo nacional. (A) A faixa que vai de Fortaleza a Natal e a área que
(C) Fortalecer três setores de importância estratégica: contém os afluentes do rio Amazonas.
o social, o cibernético e o nuclear. (B) A faixa que vai da Bahia ao Rio de Janeiro e a área
(D) Estruturar o potencial estratégico em torno de em torno da foz do Rio da Prata.
capacidades. (C) A faixa que vai de Santos a Vitória e a área em
(E) Preparar as Forças Armadas para desempenharem torno da foz do rio Amazonas.
responsabilidades crescentes em operações de (D) A faixa que vai do Rio de Janeiro a Florianópolis e a
manutenção da paz. área que contém os afluentes do rio Paraguai.
(E) A faixa que vai de Porto Alegre ao Chuí e a área em
torno da hidrovia do Paraná‐Tietê.
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Assinale a opção que
completa corretamente as lacunas da sentença
abaixo. 5 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com as Diretrizes da
Reposicionar os efetivos das três Forças é uma diretriz Estratégia Nacional de Defesa (Decreto n° 6.703, de
da Estratégia Nacional de Defesa. As principais 18 de dezembro de 2008), a organização das Forças
unidades do Exército estacionam no ______________ Armadas esta baseada sobre que égide?
e no ____________ do Brasil, e a esquadra da
Marinha concentra‐se na cidade do ______________. (A) Deslocamento, concentração e permanência.
(B) Surpresa, prepare e unidade de comando.
(A) Nordeste/Norte/de São Paulo. (C) Manobra, prontidão e segurança.
(B) Sudeste/Centro‐Oeste/de Salvador. (D) Monitoramento/controle, mobilidade e presença.
(C) Sudeste/Nordeste/de Brasília. (E) Simplicidade, flexibilidade e mobilidade.
(D) Sudeste/Sul/do Rio de Janeiro.
(E) Nordeste/Centro‐Oeste/de Florianópolis.
6 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
de junho de 1999, ao tratar da organização das Forças
3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com a Estratégia Armadas e da sua direção superior, estabelece a
Nacional de Defesa, como é denominada a aptidão competência de alguns órgãos e autoridades.
para se chegar rapidamente ao teatro de operações? Considerando as disposições dessa lei complementar
(A) Mobilidade estratégica. sobre esse assunto, assinale a opção correta.
(B) Monitoramento. (A) Ao Ministro de Estado da Defesa compete
(C) Controle. promover as oficiais‐generais das Forças Armadas.
(D) Dimensionamento. (B) Ao Ministro de Estado da Defesa compete nomear
(E) Autonomia. os oficiais‐generais das Forças Armadas para os cargos
que lhes são privativos.
(C) Ao Ministro de Estado da Defesa compete exercer
a direção superior das Forças Armadas.
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(D) Ao Ministério da Defesa compete elaborar o (C) Ampliar a capacidade de atender aos
planejamento do emprego conjunto das Forcas compromissos internacionais de busca e salvamento.
Armadas.
(E) Ao Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas (D) Individualizar e setorizar a operação das Forças
compete formular a política e as diretrizes referentes Armadas.
aos produtos de defesa empregados nas atividades (E) Preparar efetivos para o cumprimento de missões
operacionais. de garantia da lei e da ordem, nos termos da
Constituição Federal.
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
de junho de 1999, contempla inúmeras disposições 9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
sobre o Ministério da Defesa e sobre o Estado‐Maior de junho de 1999, apresenta várias disposições sobre
Conjunto das Forcas Armadas, assegurando a organização das Forças Armadas e sobre o
prerrogativas para os ocupantes de alguns cargos assessoramento ao seu Comandante Supremo.
importantes. Com base nessas disposições, é correto Considerando as disposições dessa lei complementar
afirmar que: sobre esses assuntos, assinale a opção correta.
(A) é assegurada ao oficial‐general da ativa a
permanência em serviço ativo ao ser empossado no
cargo de Comandante da sua respectiva Forca. (A) As Forças Armadas são diretamente subordinadas
(B) é assegurada ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto ao Presidente da República.
das Forcas Armadas precedência hierárquica sobre os
(B) No que concerne ao emprego de meios militares, o
Comandantes da Marinha do Exército e da
Presidente da República é assessorado apenas pelo
Aeronáutica.
Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas.
(C) a Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem,
singularmente, de 1 (um) Comandante, nomeado pelo (C) Conselho Militar de Defesa é órgão de
Ministro de Estado da Defesa. assessoramento permanente do Ministro de Estado
(D) o Estado‐Maior Conjunto das Forcas Armadas tem da Defesa.
como chefe um oficial‐general do último posto, da
ativa ou da reserva, indicado pelo Ministro de Estado (D) Estado‐Maior Conjunto das Forcas Armadas é
da Defesa. órgão de assessoramento exclusivo do Presidente da
(E) é assegurada ao oficial‐general indicado para o República.
cargo de Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças
(E) Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forcas
Armadas a permanência na ativa, quando empossado
Armadas sempre presidira o Conselho Militar de
no cargo.
Defesa.
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Com base nas disposições do
10 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Sobre o Livro Branco de
decreto n° 6.703, de 18 de dezembro de 2008,
Defesa Nacional, que e o mais complete e acabado
assinale a opção que NÃO contempla diretriz da
documento acerca das atividades de defesa do Brasil,
Estratégia Nacional de Defesa.
assinale a opção INCORRETA.
(A) A implantação do Livro Branco de Defesa Nacional
(A) Adensar a presença de unidades do Exercito, da compete ao Ministro de Estado da Defesa.
Marinha e da Força Aérea nas fronteiras.
(B) O Livro Branco de Defesa Nacional foi
(B) Manter o Serviço Militar Obrigatório. institucionalizado pelo decreto n° 6.703, de 18 de
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dezembro de 2008, que aprova a Estratégia Nacional
de Defesa.
Respostas:
1 C 6 C
2 D 7 D
3 A 8 D
4 C 9 C
5 D 10 B
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ESTATUTO DOS MILITARES os reformados, executado tarefa por tempo certo,
segundo regulamentação para cada Força Armada.(
O Estatuto dos Militares regula a situação,
obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos Os militares de carreira: são os da ativa que, no
membros das Forças Armadas. desempenho voluntário e permanente do serviço
militar, tenham vitaliciedade assegurada ou
As Forças Armadas, essenciais à execução da política presumida.
de segurança nacional, são constituídas pela Marinha,
pelo Exército e pela Aeronáutica, e destinam‐se a São considerados reserva das Forças Armadas:
defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, I ‐ individualmente:
a lei e a ordem. São instituições nacionais, a) os militares da reserva remunerada; e
permanentes e regulares, organizadas com base na b) os demais cidadãos em condições de convocação
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema ou de mobilização para a ativa.
do Presidente da República e dentro dos limites da lei.
II ‐ no seu conjunto:
Os membros das Forças Armadas, em razão de sua a) as Polícias Militares; e
destinação constitucional, formam uma categoria b) os Corpos de Bombeiros Militares.
especial de servidores da Pátria e são denominados
militares. A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas
declaradas diretamente devotada às finalidades
Os militares encontram‐se em uma das seguintes precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
situações: na ativa ou na inatividade. efeitos de mobilização e de emprego, reserva das
Forças Armadas.
a) na ativa:
I ‐ os de carreira; O pessoal componente da Marinha Mercante, da
II ‐ os incorporados às Forças Armadas para prestação Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente
de serviço militar inicial, durante os prazos previstos relacionadas com a segurança nacional, bem como os
na legislação que trata do serviço militar, ou durante demais cidadãos em condições de convocação ou
as prorrogações daqueles prazos; mobilização para a ativa, só serão considerados
III ‐ os componentes da reserva das Forças Armadas militares quando convocados ou mobilizados para o
quando convocados, reincluídos, designados ou serviço nas Forças Armadas.
mobilizados;
IV ‐ os alunos de órgão de formação de militares da A carreira militar é caracterizada por atividade
ativa e da reserva; e continuada e inteiramente devotada às finalidades
V ‐ em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas. militar.
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nas organizações militares das Forças Armadas, bem à nacionalidade, idade, aptidão intelectual,
como na Presidência da República, na Vice‐ capacidade física e idoneidade moral, é necessário
Presidência da República, no Ministério da Defesa e que o candidato não exerça ou não tenha exercido
nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando atividades prejudiciais ou perigosas à segurança
incorporados às Forças Armadas. nacional.
A condição jurídica dos militares é definida pelos O disposto neste artigo e no anterior aplica‐se,
dispositivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou
por este Estatuto e pela legislação, que lhes outorgam Quadros de Oficiais em que é exigido o diploma de
direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo
obrigações. Governo Federal.
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militares da ativa, da reserva remunerada e A antigüidade em cada posto ou graduação é contada
reformados. a partir da data da assinatura do ato da respectiva
promoção, nomeação, declaração ou incorporação,
Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência salvo quando estiver taxativamente fixada outra data.
entre os militares da mesma categoria e têm a
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do antigüidade será estabelecida:
respeito mútuo. a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou
Serviço, pela posição nas respectivas escalas
Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica nas numéricas ou registros existentes em cada Força;
Forças Armadas, bem como a correspondência entre b) nos demais casos, pela antigüidade no posto ou
os postos e as graduações da Marinha, do Exército e graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a
da Aeronáutica, são fixados nos parágrafos seguintes. igualdade, recorrer‐se‐á, sucessivamente, aos graus
Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por hierárquicos anteriores, à data de praça e à data de
ato do Presidente da República ou do Ministro de nascimento para definir a procedência, e, neste último
Força Singular e confirmado em Carta Patente. caso, o de mais idade será considerado o mais antigo;
c) na existência de mais de uma data de praça,
Os postos de Almirante, Marechal e Marechal‐do‐Ar inclusive de outra Força Singular, prevalece a
somente serão providos em tempo de guerra. antigüidade do militar que tiver maior tempo de
efetivo serviço na praça anterior ou nas praças
Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido
anteriores; e
pela autoridade militar competente.
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação
Os Guardas‐Marinha, os Aspirantes‐a‐Oficial e os de militares, de acordo com o regulamento do
alunos de órgãos específicos de formação de militares respectivo órgão, se não estiverem especificamente
são denominados praças especiais. enquadrados nas letras a , b e c.
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alunos da Escola de Oficiais Especialistas da Consideram‐se também vagos os cargos militares
Aeronáutica, são hierarquicamente superiores aos cujos ocupantes tenham:
suboficiais e aos subtenentes;
a) falecido;
III ‐ os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do b) sido considerados extraviados;
Colégio Naval têm precedência sobre os Terceiros c) sido feitos prisioneiros; e
Sargentos, aos quais são equiparados; d) sido considerados desertores.
IV ‐ os alunos dos órgãos de formação de oficiais da Função militar é o exercício das obrigações inerentes
reserva, quando fardados, têm precedência sobre os ao cargo militar.
Cabos, aos quais são equiparados; e
Dentro de uma mesma organização militar, a
V ‐ os Cabos têm precedência sobre os alunos das seqüência de substituições para assumir cargo ou
escolas ou dos centros de formação de sargentos, responder por funções, bem como as normas,
que a eles são equiparados, respeitada, no caso de atribuições e responsabilidades relativas, são as
militares, a antigüidade relativa. estabelecidas na legislação ou regulamentação
específicas, respeitadas a precedência e a qualificação
Do Cargo e da Função Militares exigidas para o cargo ou o exercício da função.
Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e O militar ocupante de cargo provido em caráter
responsabilidades cometidos a um militar em serviço efetivo ou interino faz jus aos direitos
ativo. correspondentes ao cargo, conforme previsto em
O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se dispositivo legal.
encontra especificado nos Quadros de Efetivo ou As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
Tabelas de Lotação das Forças Armadas ou previsto, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como
caracterizado ou definido como tal em outras posições tituladas em "Quadro de Efetivo", "Quadro
disposições legais. de Organização", "Tabela de Lotação" ou dispositivo
As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser legal, são cumpridas como encargo, incumbência,
compatíveis com o correspondente grau hierárquico e comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
definidas em legislação ou regulamentação militar.
específicas. Aplica‐se, no que couber, a encargo, incumbência,
Os cargos militares são providos com pessoal que comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
qualificação exigidos para o seu desempenho. Das Obrigações e dos Deveres Militares
O provimento de cargo militar far‐se‐á por ato de São manifestações essenciais do Valor Militar:
nomeação ou determinação expressa da autoridade
competente. I ‐ o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de
cumprir o dever militar e pelo solene juramento de
O cargo militar é considerado vago a partir de sua fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida;
criação e até que um militar nele tome posse, ou
desde o momento em que o militar exonerado, ou II ‐ o civismo e o culto das tradições históricas;
que tenha recebido determinação expressa da
autoridade competente, o deixe e até que outro III ‐ a fé na missão elevada das Forças Armadas;
militar nele tome posse de acordo com as normas de IV ‐ o espírito de corpo, orgulho do militar pela
provimento previstas no parágrafo único do artigo organização onde serve;
anterior.
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V ‐ o amor à profissão das armas e o entusiasmo com XV ‐ garantir assistência moral e material ao seu lar e
que é exercida; e conduzir‐se como chefe de família modelar;
VI ‐ o aprimoramento técnico‐profissional. XVI ‐ conduzir‐se, mesmo fora do serviço ou quando já
na inatividade, de modo que não sejam prejudicados
Da Ética Militar os princípios da disciplina, do respeito e do decoro
O sentimento do dever, o pundonor militar e o militar;
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes XVII ‐ abster‐se de fazer uso do posto ou da graduação
das Forças Armadas, conduta moral e profissional para obter facilidades pessoais de qualquer natureza
irrepreensíveis, com a observância dos seguintes ou para encaminhar negócios particulares ou de
preceitos de ética militar: terceiros;
I ‐ amar a verdade e a responsabilidade como XVIII ‐ abster‐se, na inatividade, do uso das
fundamento de dignidade pessoal; designações hierárquicas:
II ‐ exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as a) em atividades político‐partidárias;
funções que lhe couberem em decorrência do cargo; b) em atividades comerciais;
III ‐ respeitar a dignidade da pessoa humana; c) em atividades industriais;
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa
IV ‐ cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, a respeito de assuntos políticos ou militares,
as instruções e as ordens das autoridades excetuando‐se os de natureza exclusivamente técnica,
competentes; se devidamente autorizado; e
e) no exercício de cargo ou função de natureza civil,
V ‐ ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
mesmo que seja da Administração Pública; e
apreciação do mérito dos subordinados;
XIX ‐ zelar pelo bom nome das Forças Armadas e de
VI ‐ zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e
cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendo
físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em
obedecer aos preceitos da ética militar.
vista o cumprimento da missão comum;
Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar
VII ‐ empregar todas as suas energias em benefício do
parte na administração ou gerência de sociedade ou
serviço;
dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
VIII ‐ praticar a camaradagem e desenvolver, quotista, em sociedade anônima ou por quotas de
permanentemente, o espírito de cooperação; responsabilidade limitada.
IX ‐ ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua Os integrantes da reserva, quando convocados, ficam
linguagem escrita e falada; proibidos de tratar, nas organizações militares e nas
repartições públicas civis, de interesse de
X ‐ abster‐se de tratar, fora do âmbito apropriado, de organizações ou empresas privadas de qualquer
matéria sigilosa de qualquer natureza; XI ‐ acatar as natureza.
autoridades civis;
Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a
XII ‐ cumprir seus deveres de cidadão; gestão de seus bens, desde que não infrinjam o
disposto no presente artigo.
XIII ‐ proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular; No intuito de desenvolver a prática profissional, é
permitido aos oficiais titulares dos Quadros ou
XIV ‐ observar as normas da boa educação;
Serviços de Saúde e de Veterinária o exercício de
atividade técnico‐profissional no meio civil, desde que
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tal prática não prejudique o serviço e não infrinja o O compromisso de Guarda‐Marinha ou Aspirante‐a‐
disposto neste artigo. Oficial é prestado nos estabelecimentos de formação,
obedecendo o cerimonial ao fixado nos respectivos
Os Ministros das Forças Singulares poderão regulamentos.
determinar aos militares da ativa da respectiva Força
que, no interesse da salvaguarda da dignidade dos O compromisso como oficial, quando houver, será
mesmos, informem sobre a origem e natureza dos regulado em cada Força Armada.
seus bens, sempre que houver razões que
recomendem tal medida. Do Comando e da Subordinação
O oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação,
poderá ser afastado do exercício de suas funções, a
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critério do respectivo Ministro, conforme estabelecido RESUMOS:
em legislação específica.
É a ordenação da autoridade,
Compete ao Superior Tribunal Militar, em tempo de HIERARQUIA em níveis diferentes, dentro
paz, ou a Tribunal Especial, em tempo de guerra, MILITAR: da estrutura das Forças
Armadas
julgar, em instância única, os processos oriundos dos
Conselhos de Justificação, nos casos previstos em lei
É a rigorosa observância e o
específica. acatamento integral das leis,
regulamentos, normas e
A Conselho de Justificação poderá, também, ser
disposições que
submetido o oficial da reserva remunerada ou fundamentam o organismo
reformado, presumivelmente incapaz de permanecer militar e coordenam seu
na situação de inatividade em que se encontra. DISCIPLINA: funcionamento regular e
harmônico, traduzindo‐se
O Guarda‐Marinha, o Aspirante‐a‐Oficial e as praças pelo perfeito cumprimento
com estabilidade assegurada, presumivelmente do dever por parte de todos
incapazes de permanecerem como militares da ativa, e de cada um dos
serão submetidos a Conselho de Disciplina e afastados componentes desse
organismo.
das atividades que estiverem exercendo, na forma da
regulamentação específica.
São âmbitos de convivência
CIRCULO
entre militares da mesma
O Conselho de Disciplina obedecerá a normas comuns HIERÁRQUICO
categoria.
às três Forças Armadas.
Compete aos Ministros das Forças Singulares julgar,
GRAU
em última instância, os processos oriundos dos CONFERIDO POR:
HIERARQUICO
Conselhos de Disciplina convocados no âmbito das PRESIDENTE DA REPUBLICA
respectivas Forças Armadas. ou do MINISTRO DE FORÇA
POSTO
SINGULAR e conferido em
A Conselho de Disciplina poderá, também, ser CARTA PATENTE
submetida a praça na reserva remunerada ou AUTORIDADE MILITAR
GRADUAÇÃO
reformada, presumivelmente incapaz de permanecer COMPETENTE
na situação de inatividade em que se encontra.
PRAÇAS ESPECIAIS:
A) GUARDAS‐MARINHA
B) ASPIRANTE‐A‐OFICIAL
C) TODOS OS ALUNOS DE ÓRGÃOS
ESPECÍFICOS
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VALOR MILITAR Art 27
PATRIOTISMO, traduzido pela vontade
inabalável de cumprir o dever militar e pelo
P
solene juramento de fidelidade à Pátria até com
o sacrifício da própria vida;
AMOR À PROFISSÃO das armas e o entusiasmo
A
com que é exercida;
C CIVISMO e o CULTO das tradições históricas
A APRIMORAMENTO técnico‐profissional
F FÉ NA MISSÃO elevada das Forças Armadas
ESPÍRITO DE CORPO, orgulho do militar pela
E
organização onde serve;
DEVERES MILITARES Art 31
DEDICAÇÃO e a fidelidade à Pátria, cuja honra,
D integridade e instituições devem ser defendidas
mesmo com o sacrifício da própria vida
D DISCIPLINA e o respeito à Hierarquia
CULTO aos Símbolos Nacionais (Bandeira, Hino e
C
Selo)
PROBIDADE e a lealdade em todas as
P
circunstâncias
RIGOROSO cumprimento das obrigações e das
R
ordens
OBRIGAÇÕES de tratar o subordinado
O
dignamente e com urbanidade
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EXERCÍCIOS: (E) Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência
entre os militares da mesma categoria e têm a
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ A respeito da hierarquia finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,
militar e da disciplina, base institucional das Forças em ambiente de estima e confiança.
Armadas, pode‐se afirmar que:
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Quais são as bases
(A) a disciplina e o respeito à hierarquia devem ser institucionais das Forças Armadas?
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre
militares da ativa, da reserva remunerada, (A) Hierarquia e disciplina.
excetuando‐se os reformados. (B) Autoridade e responsabilidade.
(C) Respeito e ordenação.
(B) a hierarquia militar é a ordenação da autoridade, (D) Posto e graduação.
em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças (E) Leis e regulamentos.
Armadas.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos
(C) disciplina é a rigorosa observância e o acatamento Militares, a base institucional das Forcas Armadas
integral das leis, regulamentos e normas que são?
fundamentam o organismo militar, sendo modificada
nos casos de guerra ou conflito. (A) Hierarquia e Liderança.
(B) Hierarquia e Ética Militar.
(D) posto é o grau hierárquico da Praça, conferido (C) Ética Militar e Disciplina.
pela autoridade militar competente. (D) Liderança e Disciplina.
(E) círculos hierárquicos são âmbitos de convivência (E) Hierarquia e Disciplina.
entre militares de categorias diferentes e têm a 4 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual a base
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, institucional das Forças Armadas?
em ambiente de estima e confiança.
(A) A autoridade e a obediência.
RESPOSTA (comentada) (B) A lei e os regulamentos internos.
(A) A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser (C) A liderança e a obediência.
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre (D) A hierarquia e a disciplina.
militares da ativa, da reserva remunerada e (E) O direito e o dever.
reformados. 5 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Salvo nos casos de
(B) A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, precedência funcional estabelecidos em lei, como é
em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças assegurada a precedência entre militares da ativa do
Armadas. (CERTA) mesmo grau hierárquico?
(C) Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento (A) Pela responsabilidade.
integral das leis, regulamentos, normas e disposições (B) Pela antiguidade.
que fundamentam o organismo militar e coordenam (C) Pelo respeito.
seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo‐ (D) Pelo posto.
se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de (E) Pela graduação.
todos e de cada um dos componentes desse 6 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
organismo. Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980),
(D) Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido qual publicação relaciona e classifica os crimes
por ato do Presidente da República ou do Ministro de militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e
Força Singular e confirmado em Carta Patente. dispõe sobre a aplicação das penas correspondentes
aos crimes cometidos por militares.
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(A) Regulamento Disciplinar para a Marinha. ficam autorizados a tratar, nas organizações militares,
(B) Código Penal Militar. de interesse de organizações ou empresas privadas de
(C) Plano de Carreira de Oficiais da Marinha. qualquer natureza.
(D) Cerimonial da Marinha.
(E) Ordenação Geral para o Serviço da Armada. (E) É proibido aos oficiais titulados dos Quadros ou
serviço de Saúde e de Veterinária o exercício de
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) A responsabilidade integral Atividade técnico‐profissional no meio civil.
pelas decisões que tomar um militar, pelas ordens que
emitir e pelos atos que praticar cabe ao 10 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980),
(A) seu superior direto. assinale a opção que NÃO corresponde a
(B) comandante de sua Unidade. manifestações essenciais do valor militar.
(C) comando de sua Força.
(D) grupo que lidera. (A) O orgulho pela organização onde serve.
(E) próprio militar. (B) O civismo e o culto das tradições históricas.
(C) A fé na missão elevada das Forças Armadas.
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Coloque V (verdadeiro) ou F (D) A supremacia do conhecimento militar sobre o
(falso) nas afirmativas abaixo, assinalando a seguir a técnico‐profissional.
opção correta. (E) O amor à profissão das armas e o entusiasmo com
que é exercida.
( ) Comando e a soma de autoridade, deveres e
responsabilidades de que o militar é investido 11 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos
legalmente quando conduz homens ou dirige uma Militares, assinale a opção que completa
organização militar. corretamente as lacunas da sentença abaixo.
( ) O comando não é vinculado ao grau hierárquico, e
constitui uma prerrogativa pessoal. Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças
( ) A subordinação não afeta, de modo algum, a Armadas mediante, incorporação, matrícula ou
dignidade pessoal do militar. nomeação, prestará compromisso de
( ) A subordinação decorre, exclusivamente, da _________________, no qual afirmará a sua
estrutura hierarquizada das Forças Armadas. aceitação_________________ das obrigações e dos
_____________ militares e manifestará a sua firme
(A) (V) (V) (V) (V) disposição de bem cumpri‐los.
(B) (V) (F) (V) (V)
(C) (F) (F) (V) (V) (A) honra / voluntária / valores
(D) (V) (F) (F) (V) (B) honra / consciente / deveres
(E) (F) (F) (F) (F) (C) sangue / consciente / deveres
(D) honra / consciente / valores
9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos (E) sangue / voluntária / valores
Militares, com relação aos conceitos de Valor e Ética
Militar, assinale a opção correta. 12 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) O conjunto de atribuições,
deveres e responsabilidades cometidos a um militar
(A) O civismo e o culto das tradições religiosas são em serviço ativo, denomina‐se
manifestações essenciais do valor militar.
(B) Ao militar da ativa, é permitido comerciar ou (A) Cargo Militar.
tomar parte na administração ou gerência de (B) Função Militar.
sociedade. (C) Graduação Militar.
(C) Abster‐se de fazer uso do posto ou da graduação (D) Valor Militar.
para obter facilidades pessoais de qualquer natureza e (E) Dever Militar.
considerado um dos preceitos da Ética militar. 13 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Acerca da violação das
(D) Os integrantes da reserva, quando convocados, obrigações ou dos deveres militares, assinale a opção
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que completa corretamente as lacunas da sentença (D) os Cabos têm precedência sabre os alunos das
abaixo. escolas ou dos centros de formação de sargentos, que
a eles são equiparados, respeitada, no caso de
Consoante a legislação específica, o Estatuto dos militares, a antiguidade relativa.
Militares estabelece que a inobservância dos deveres (E) os Aspirantes, alunos da Escola Naval, e os
especificados nas leis e regulamentos, ou a falta de Cadetes, alunos da Academia Militar das Agulhas
exação no cumprimento dos mesmos, acarreta para o Negras e da Academia da Força Aérea, bem como os
militar responsabilidade _________________, alunos da Escola de Oficiais Especialistas da
____________________, _________________ ou Aeronáutica, são hierarquicamente superiores aos
______________. suboficiais e aos subtenentes.
(A) funcional / pecuniária / disciplinar / penal 16 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o Estatuto dos
(B) funcional / pecuniária / disciplinar / civil Militares, assinale a opção que apresenta o Posto ao
(C) civil / trabalhista / disciplinar / penal qual um militar poderá ser promovido somente em
(D) funcional / trabalhista / disciplinar / civil tempo de guerra.
(E) civil / pecuniária / disciplinar / penal
(A) Capitão de Mar e Guerra.
14 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que NÃO esta (B) Coronel.
de acordo com o preconizado no Estatuto dos (C) Almirante de Esquadra.
Militares. (D) Brigadeiro.
(A) A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser (E) Marechal.
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre 17 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 47 do Estatuto
militares da ativa, da reserva remunerada e dos Militares, os regulamentos disciplinares das
reformados. Forças Armadas especificarão e classificarão as
(B) Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência contravenções ou transgressões disciplinares e
entre os militares de diferentes categorias e têm a estabelecerão as normas relativas a amplitude e
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, aplicação das penas disciplinares, à classificação do
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do comportamento militar e à interposição de recursos
respeito mútuo. contra as penas disciplinares. Sendo assim, pode‐se
(C) Posto e o grau hierárquico do oficial, conferido por afirmar que as penas disciplinares de impedimento,
ato do Presidente da República ou do Ministro de detenção ou prisão NÃO podem ultrapassar:
Força Singular e confirmado em Carta Patente.
(D) Os postos de Almirante, Marechal e Marechal do (A) trinta dias.
Ar somente serão providos em tempo de guerra. (B) dez dias.
(E) Graduação e o grau hierárquico da praça, (C) vinte dias.
conferido pela autoridade militar competente. (D) quarenta dias.
(E) sessenta dias.
15 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 19 do Estatuto
dos Militares, a precedência entre as praças especiais 18 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
e as demais praças e assim regulada, EXCETO: Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), as
penas disciplinares de impedimento, detenção ou
(A) os Guardas‐Marinha e os Aspirantes‐a‐Oficial são prisão não poderão ultrapassar:
hierarquicamente superiores às demais praças.
(B) os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do (A) dez dias.
Colégio Naval não têm precedência sabre os (B) vinte dias.
Terceiros‐Sargentos, aos quais são equiparados. (C) trinta dias.
(C) os alunos dos órgãos de formação de oficiais da (D) quarenta dias.
reserva, quando fardados, têm precedência sobre os (E) cinquenta dias.
Cabos, aos quais são equiparados.
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19 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto (D) o civismo e o culto das tradições históricas.
dos Militares, os militares da ativa que, no (E) culto aos símbolos nacionais.
desempenho voluntário e permanente do serviço
militar, tenha vitaliciedade assegurada ou presumida 24 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 28 do Estatuto
são classificados como: dos Militares, o sentimento do dever, o pundonor
militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos
(A) militares da reserva remunerada. integrantes das Forças Armadas, conduta moral e
(B) militares da reserva não remunerada. profissional irrepreensíveis, com a observância dos
(C) militares reformados. seguintes preceitos de ética militar:
(D) militares de carreira.
(E) inativos e pensionistas. (A) o amor à profissão das armas e o entusiasmo com
que é exercida.
20 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ Que documento regula a (B) o aprimoramento técnico‐profissional.
situação, a obrigação, os deveres, os direitos e as (C) o espírito de corpo e o orgulho do militar pela
prerrogativas dos membros das Forças Armadas? organização onde serve.
(D) o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável
(A) Código Penal Militar de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de
(B) Constituição Federal fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida.
(C) Código Penal. (E) praticar a camaradagem e desenvolver,
(D) Código de Processo Penal. permanentemente, o espírito de cooperação.
(E) Estatuto dos Militares.
25 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
21 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ Os regulamentos Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), o
disciplinares das Forças Armadas especificarão e militar que, por sua atuação, tornar‐se incompatível
classificarão: com o cargo, ou demonstrar incapacidade no
(A) o treinamento físico. exercício de funções militares a ele inerentes, será
(B) as contravenções ou transgressões disciplinares. afastado do cargo. Sendo assim, marque a opção que
(C) as normas de etiqueta. apresenta a autoridade pública que tem competência
(D) os Postos e Graduações. para determinar o imediato afastamento do militar do
(E) os uniformes. cargo ou o impedimento do exercício de sua função,
nos casos mencionados.
22 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 27, Estatuto
dos Militares, e manifestação essencial do valor (A) Presidente da República.
militar: (B) Governador.
(C) Vereador
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana. (D) Senador
(B) empregar todas as suas energias em benefício do (E) Presidente do Congresso Nacional.
serviço.
(C) a fé na missão elevada das Forças Armadas. 26 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto
(D) acatar as autoridades civis. dos Militares, o grau hierárquico da praça, conferido
(E) cumprir seus deveres de cidadão. por autoridade competente, é denominado:
23 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – É manifestação essencial do (A) posto
valor militar: (B) graduação
(C) patente
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana. (D) grau
(B) a disciplina e o respeito à hierarquia. (E) círculo
(C) proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular 27 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A Marinha, o Exército e a
Aeronáutica constituem as Forças:
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(A) Auxiliares. 31 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o
(B) Militares. Estatuto dos Militares, NÃO são considerados reserva
(C) Públicas. das Forças Armadas:
(D) Policiais.
(E) Armadas. (A) militares da reserva remunerada.
(B) demais cidadãos em condições de convocação ou
de mobilização para a ativa.
(C) agentes de segurança privada.
28 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o (D) Policiais Militares.
Estatuto dos Militares, o Guarda‐Marinha, o Aspirante (E) Corpos de Bombeiros Militares.
a Oficial e as praças com estabilidade assegurada,
presumivelmente incapazes de permanecerem como 32 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) As penas
militares da ativa, serão submetidos a Conselho de disciplinares de impedimento, detenção ou prisão
NÃO podem ultrapassar
(A) Justiça.
(B) Defesa. (A) 10 dias.
(C) Disciplina. (B) 15dias.
(D) Justificação. (C) 20 dias.
(D) 25 dias.
29 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Assinale a (E) 30 dias.
opção INCORRETA com relação ao Estatuto dos
Militares. 33 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o
Estatuto dos Militares, ao militar da ativa é vedado:
(A) Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por
ato do Presidente da República ou do Ministro de (A) acatar as autoridades civis.
Força Singular e confirmado em Carta Patente. (B) comerciar ou tomar parte na administração ou
(B) Os postos de Almirante, Marechal e Marechal‐do‐ gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar,
Ar somente serão providos em tempo de guerra. exceto como acionista ou quotista, em sociedade
(C) Graduação e o grau hierárquico da praça, anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
conferido pela autoridade militar competente. (C) exercer, diretamente, a gestão de seus bens.
(D) Os Guardas‐Marinha, os Aspirantes a Oficial e os (D) observar as normas da boa educação.
alunos de órgãos específicos de formação de militares (E) praticar a camaradagem e desenvolver,
são denominados praças especiais. permanentemente, o espírito de cooperação.
(E) As carreiras de oficiais das Forcas Armadas são
facultadas a brasileiros naturalizados. 34 ‐ (EAOF ‐2008) – Leia as assertivas abaixo:
1 ‐ A autoridade e a responsabilidade são
30 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o inversamente proporcionais ao grau hierárquico.
Estatuto dos Militares, o oficial presumivelmente 2 ‐ Um Primeiro Tenente da Ativa possui precedência
incapaz de permanecer coma militar da ativa será, na sobre outro Primeiro Tenente da Reserva.
forma da legislação específica, submetido a Conselho 3 ‐ Função militar é um conjunto de atribuições,
de deveres e responsabilidades cometidos a um militar
em serviço ativo.
(A) Disciplina. 4 ‐ A violação dos preceitos da ética militar será tão
(B) Justificação. mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico
(C) Almirantes. de que cometer.
(D) Defesa.
(E) Justiça. Das assertivas acima, estão corretas:
(A) 2 e 4
(B) 2 e 3
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(C) 1 e 3 (A) a precedência entre militares da ativa de mesmo
(D) 1 e 4. posto ou graduação e assegurada pelo merecimento
no respectivo posto ou graduação.
(B) os Guardas‐Marinha têm precedência tanto sobre
35 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n° os suboficiais quanto sobre os subtenentes.
6.880, de 9 de dezembro de 1980) define posto e (C) a precedência entre as praças especiais e as
graduação dos militares. Considerando as disposições demais praças não e regulada pelo Estatuto dos
dessa lei que tratam sobre o posto e a graduação, Militares.
assinale a opção correta. (D) em igualdade de posto ou de graduação, a
precedência entre os militares de carreira na ativa e
(A) Os Guardas‐Marinha têm o menor posto na os da reserva, que estejam convocados, é definida
Marinha do Brasil. pela data de nascimento, e, nesse caso, o de mais
(B) Todo posto e confirmado em Carta‐Patente. idade será considerado o mais antigo.
(C) O posto de Almirante existe em tempo de paz na (E) em igualdade de posto ou de graduação, os
Marinha do Brasil. militares da reserva têm precedência sabre os da
(D) A graduação é um circulo hierárquico conferido ativa.
pela autoridade competente.
(E) O merecimento no posto ou graduação é um dos
critérios para assegurar a precedência entre militares. 38 ‐ (EAOF ‐2005) – Correlacione as 1ª Coluna de
36 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n° acordo com a 2ª Coluna.
6.880, de 9 de dezembro de 1980) define cargo militar (1) Hierarquia e Disciplina
e função militar, que podem ser atribuídos aos (2) Círculos hierárquicos
militares em serviço ativo. Considerando as (3) Função Militar
disposições dessa lei sobre cargo militar, função (4) Valor Militar
militar e violação das obrigações e dos deveres (5) Ética Militar
militares, assinale a opção correta.
( ) âmbitos de convivência entre os militares da
(A) Função militar é um conjunto de atribuições, mesma categoria
deveres e responsabilidades cometidos a um militar ( ) aprimoramento técnico‐profissional
em serviço ativo. ( ) proceder de maneira ilibada na vida pública e na
(B) O militar em serviço ativo não pode ficar impedido vida particular
de exercer função militar. ( ) base institucional das Forças Armadas
(C) Toda militar em serviço ativo sempre ocupa, pelo ( ) exercício da obrigações inerentes ao cargo militar
menos, um cargo militar.
(D) Considera‐se vago o cargo militar cujo ocupante
tenha sido considerado prisioneiro.
(E) Para o provimento de cargo militar não importa o 39 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Com base nas disposições
grau hierárquico do futuro ocupante. relativas à violação das obrigações e dos deveres
militares, constantes do Estatuto dos Militares (Lei n°
6.880, de 9 de dezembro de 1980), é correto afirmar
que:
37 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) À luz das disposições do
Estatuto dos Militares (lei n° 6.880, de 9 de dezembro (A) a violação das obrigações ou dos deveres militares
de 1980), sobre a precedência entre militares da ativa constitui apenas contravenção ou transgressão
e inativos e correto afirmar que: disciplinar, conforme dispuser a legislação ou
regulamentação específica.
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(B) a aplicação da pena disciplinar de prisão está Respostas:
normatizada nos regulamentos disciplinares de cada
Forças Armada.
1 B 11 B 21 B 31 C
(C) a violação dos preceitos da ética militar será tão 2 A 12 A 22 C 32 E
mais grave quanta menos elevado for o grau 3 E 13 A 23 D 33 B
hierárquico de quem a cometer. 4 D 14 B 24 E 34 A
5 B 15 B 25 A 35 B
(D) o militar que, por sua atuação, se tornar 6 B 16 E 26 B 36 D
incompatível com o cargo ou demonstrar 7 E 17 A 27 E 37 B
incapacidade no exercício de funções militares a ele 8 B 18 C 28 C 39 B
9 C 19 D 29 E 40 E
inerentes será punido na forma da lei, sendo
10 D 20 E 30 B
assegurado no cargo caso possua estabilidade.
(E) são permitidas manifestações coletivas sobre atos
38 ‐ (2, 4, 5, 1, 3)
de superiores e de caráter reivindicatório, desde que
não afetem a hierarquia e a disciplina.
(A) A probidade e a lealdade em todas as
circunstâncias.
(B) O rigoroso cumprimento das obrigações e das
ordens.
(C) A disciplina e o respeito à hierarquia.
(D) O culto aos Símbolos Nacionais.
(E) O culto das tradições históricas e o civismo.
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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA – EMA‐137 benefícios às organizações, como também contribuirá
para o sucesso profissional individual de cada militar.
ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA Desta forma, o contínuo desenvolvimento das
1.1 ‐ PROPÓSITO Este capítulo aborda conceitos, qualidades dos militares da MB como líderes deverá
aspectos fundamentais, estilos, fatores, atributos e ser objeto de atenta e permanente atenção, a ser
níveis de liderança, para prover conhecimentos trabalhada, conjuntamente, pela instituição e,
básicos que definam a natureza das relações prioritariamente, por cada militar.
desejáveis entre líderes e liderados.
1.3 ‐ ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LIDERANÇA
1.2 ‐ CHEFIA E LIDERANÇA Neste tópico serão abordados aspectos relacionados
aos tipos de liderança.
O exercício da chefia, comando ou direção, é
entendido pelo conjunto de ações e decisões tomadas Existem diversas conceituações para liderança
pelo mais antigo, com autoridade para tal, na sua na literatura especializada. A Marinha do Brasil
esfera de competência, a fim de conduzir de forma define liderança como: “o processo que consiste em
integrada o setor que lhe é confiado. influenciar pessoas no sentido de que ajam,
voluntariamente, em prol do cumprimento da
No desempenho de suas funções, os mais missão”. Fica evidenciado, pela definição, que a
antigos, normalmente, desempenham dois papéis liderança inclui não só a capacidade de fazer um
funcionais, a saber: o de “chefe” e o de “condutor de grupo realizar uma tarefa específica mas, sobretudo,
homens”. Em relação ao primeiro papel, prevalece a executá‐la de forma voluntária, atendendo ao desejo
autoridade advinda da responsabilidade atribuída à do líder como se fosse o seu próprio.
função, associada com aquela decorrente de seu
posto ou graduação, à qual passaremos a definir, Nessa definição de liderança, estão implícitos
genericamente, como chefia. Com respeito ao os seus agentes, ou seja, o líder e os liderados, as
segundo papel, identifica‐se um estreito relações entre eles e os princípios filosóficos,
relacionamento com o atributo de líder. Neste psicológicos e sociológicos que regem o
contexto, fica ressaltada a importância da capacidade comportamento humano.
individual dos mais antigos em influenciarem e
1.3.1 ‐ Aspectos Filosóficos
inspirarem os seus subordinados.
A Filosofia tem como característica
Caracterizados esses dois atributos do
desenvolver o senso crítico, que fornece ao indivíduo
comandante, o de chefe e o de líder, pode‐se afirmar
bases metodológicas para efetuar, permanentemente,
que comandar é exercer a chefia e a liderança, a fim
o exame corrente da situação, favorecendo o
de conduzir eficazmente a organização no
processo de tomada de decisões. Tal prática é
cumprimento da missão. Sendo o exercício do
fundamental ao exercício da liderança, podendo‐se
comando um processo abrangente, a divisão ora
verificar que o requisito pensamento crítico está
apresentada será utilizada para efeito de uma melhor
direta ou indiretamente associado a diversos atributos
compreensão do tema em lide, pois chefia e liderança
de liderança prescritos nesta Doutrina.
não são processos alternativos e sim, simultâneos e
complementares. A Axiologia, também conhecida como a teoria
dos valores, é considerada a parte mais nobre da
Os melhores resultados no tocante à liderança
Filosofia. O processo de influenciação de um grupo,
ocorrem quando ela é desenvolvida, não sendo
que é a essência da liderança, está profundamente
impositiva. Neste contexto, a liderança deve ser
ligado aos valores éticos e morais que devem ser
entendida como um processo dinâmico e progressivo
transmitidos e praticados pelo líder.
de aprendizado, o qual, desenvolvido nos cursos de
carreira e no dia a dia das OM, trará não só evidentes
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A prática dos fundamentos filosóficos da necessidades, valores e todos os outros aspectos do
educação, seja ela formal ou informal, desenvolvida campo psicológico do indivíduo.” (FRENCH; RAVEN,
por grupos sociais, independente de suas crenças e 1969, apud NOBRE, 1998, p. 43)
culturas, constitui‐se no elemento catalisador dos
valores universais. Os processos grupais e a liderança são os
principais objetos de estudo da Psicologia Social e a
O ser humano precisa receber uma educação subjetividade humana, a personalidade e as mudanças
adequada para ser capaz de valorizar um objeto (a psicológicas oriundas de processos de influenciação e
vida humana, a Pátria, a família). Sem essa educação, de aprendizagem são focos de estudo e de análise da
perde‐se a capacidade de perceber esses valores, Psicologia. O caminho para a liderança passa pelo
especialmente quando se trata daqueles universais, conhecimento profissional, mas também pelo
tais como: honra, dignidade e honestidade. autoconhecimento e por conhecer bem seus
subordinados. Para os dois últimos requisitos, a
A característica fundamental da Axiologia Psicologia pode oferecer ferramentas úteis para o
consiste na hierarquização desses valores, que são líder. Pesquisas mostram que o quociente emocional
transmitidos pela educação familiar, pela sociedade e (QE) ou inteligência emocional está, cada vez mais,
pelo grupo. Essa hierarquização de valores varia de destacando‐se como o principal diferencial de
um país para o outro, de uma sociedade organizada competência no trabalho. Esta conclusão é
para outra, de um grupo social para outro. Por especialmente pertinente, em se tratando do
exemplo, os fundamentalistas islâmicos, que se desempenho em funções de liderança. A Psicologia é,
sacrificam em atentados, contrariando o instinto de portanto, uma ciência que fornece firme
preservação, valor primordial do ser humano. embasamento teórico e prático para que o líder possa
Valores como a honra, a dignidade, a influenciar pessoas.
honestidade, a lealdade e o amor à pátria, assim como 1.3.3 ‐ Aspectos Sociológicos
todos os outros considerados vitais pela Marinha,
devem ser praticados e transmitidos, Os textos deste subitem foram retirados, com
permanentemente, pelo líder aos seus liderados. A adaptações, do Manual de Liderança, editado em
tarefa de doutrinamento visa a transmitir a sua 1996 (130‐ Bases Sociológicas).
correta hierarquização, priorizando‐os em relação aos
valores materiais, como o dinheiro, o poder e a Sociólogos concordam que a perspectiva
satisfação pessoal. sociológica envolve um processo que vai permitir
examinar as coletividades além das fachadas das
Este é o maior desafio a ser enfrentado por estruturas sociais, com o propósito de refletir, com
aquele que pretende exercer a liderança de um grupo. profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes
em dada coletividade.
1.3.2 ‐ Aspectos Psicológicos
A liderança envolve líder, liderados, e
“Em essência, a liderança envolve a realização contexto (ou situação), constituindo,
de objetivos com e através de pessoas. fundamentalmente, uma relação. Para muitos
Consequentemente, um líder precisa preocupar‐se teóricos, a liderança, dadas as características
com tarefas e relações humanas.” (HERSEY; singulares que envolve, constitui‐se em um processo
BLANCHARD, 1982, p. 105). ímpar de interação social. Partindo desta visão da
O líder influencia outros indivíduos, provocando, liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para
basicamente, mudanças psicológicas contribuir em termos de embasamento teórico no
estudo e na construção do processo da liderança.
e
Os militares, em geral, em função da
“[...] num nível de generalidade que inclui mudanças peculiaridade de suas atividades profissionais,
em comportamentos, opiniões, atitudes, objetivos, constituem uma subcultura dentro da sociedade
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brasileira. Focalizando mais de perto ainda, pode‐se A competição pode ser pessoal – entre um
afirmar que a Marinha, dentro das Forças Armadas, número limitado de concorrentes que se conhecem
face a suas atribuições muito próprias, constitui‐se, entre si – ou impessoal – quando o número de rivais é
igualmente, em uma subcultura. A liderança, por tal, que se torna impossível o conhecimento entre
definição, pressupõe a atuação do líder sobre grupos eles, como ocorre, por exemplo, nos exames
humanos; os membros destes grupos são, em geral, vestibulares ou em concursos públicos.
oriundos de diferentes subculturas. Estes indivíduos,
ao ingressarem na Marinha, passarão a integrar‐se a Atualmente, os especialistas concordam que
esta nova subcultura, após um período de adaptação. ambos os processos – cooperação e competição –
No âmbito da Marinha, pode‐se distinguir subculturas coexistem e, até mesmo, sobrepõem‐se na maioria
correspondentes aos diferentes Corpos e Quadros, em das sociedades. O que varia, em função de diferenças
função da missão atribuída a cada um deles. Cultura e culturais, é a intensidade com que cada um é
subcultura são, portanto, temas de estudo da experimentado.
Sociologia de interesse para a liderança. Sob o ponto de vista psicológico, é relevante
Outro tópico de Sociologia avaliado como considerar que, se a competição tem o mérito inicial
relevante é o dos processos sociais, estes definidos de estimular a atividade dos indivíduos e dos grupos,
como a interação repetitiva de padrões de aumentando‐lhes a produtividade, tem o grave
comportamento comumente encontrados na vida inconveniente de desencorajar os esforços daqueles
social. Os processos sociais de maior incidência nas que se habituaram a fracassar. Vencedor há um só;
sociedades e grupos humanos são: cooperação, todos os demais são perdedores. Outro inconveniente
competição e conflito. O líder, cuja matéria‐prima é o sério, decorrente do estímulo à competição, consiste
grupo liderado, necessita identificar a existência de na forte possibilidade de desenvolvimento de
tais processos, estimulando‐os ou não, em função das hostilidades e desavenças no interior do grupo,
especificidades da situação corrente e da natureza da contribuindo para sua desagregação. A instabilidade
missão a ser levada a termo. inerente ao processo competitivo faz com que este,
com bastante frequência, se transforme em conflito.
Cooperação, etimologicamente, significa Na liderança, a competição tem sempre que ser
trabalhar em conjunto. Implica uma opção pelo saudável e estimulante.
coletivo em detrimento do individual, mas nada
impede o desenvolvimento e o estímulo das Conflito é a exacerbação da competição. Uma
habilidades de cada membro, em prol de um objetivo definição mais específica afirma que tal processo
comum. Sob muitos aspectos, e de um ponto de vista consiste em obter recompensas pela eliminação ou
humanista, é a forma ideal de atuação de grupos. enfraquecimento dos competidores. Ou seja, o
Ocorre que nem sempre é possível, dentro de um conflito é uma forma de competição que pode
grupo, manter, exclusivamente, o processo caminhar para a instalação de violência e, que se vai
cooperativo. Em função do contexto, das intensificando, à medida que aumenta a duração do
circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza processo, já que este tem caráter cumulativo – a cada
do grupo, ou das características do líder, outros ato hostil surge uma represália cada vez mais
processos se desenvolvem. agressiva.
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doses regulares de conflito de posições, podem ter grandes eixos: grau de centralização de poder; tipo
efeito integrador dentro do grupo, na medida em que de incentivo; e foco do líder. Pode‐se afirmar,
obrigam os grupos a se autocriticarem, a reverem genericamente, que os diferentes estilos de liderança,
posições, a forçarem a formulação de novas políticas e propostos à luz das diversas teorias, se enquadram
práticas, e, em consequência, a uma revitalização dos em três principais critérios de classificação,
valores autênticos próprios daquele grupo. apresentados como eixos lógicos em que se agrupam
apenas sete estilos principais:
Uma vez instalado e manifesto o conflito no
seio de um grupo, seu respectivo líder terá de buscar a) quanto ao grau de centralização de poder:
soluções e alternativas para manter o controle da Liderança Autocrática, Liderança Participativa e
situação. Não é fácil ou agradável para os líderes atuar Liderança Delegativa;
em situações de conflito, o que não justifica sua pura b) quanto ao tipo de incentivo: Liderança
e simples negação. É indispensável que o líder seja Transformacional e Liderança Transacional; e
capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo c) quanto ao foco do líder: Liderança Orientada para
quando ainda latentes, de modo a buscar estratégias Tarefa e Liderança Orientada para Relacionamento.
adequadas para gerenciá‐las construtivamente. Os subitens a seguir descrevem os sete principais
estilos de liderança propostos pelas diversas teorias.
1.4 ‐ ESTILOS DE LIDERANÇA
1.4.1 ‐ Liderança Autocrática
Nos primórdios do século XX, prevaleceram as
pesquisas sobre liderança, entendida como qualidade A liderança autocrática é baseada na
inerente a certas pessoas ou traço pessoal inato. A autoridade formal, aceita como correta e legítima pela
partir dos anos 30, evoluiu‐se para uma concepção de estrutura do grupo.
liderança como conjunto de comportamentos e de
habilidades que podem ser ensinadas às pessoas que, O líder autocrático baseia a sua atuação numa
desta forma, teriam a possibilidade de se tornarem disciplina rígida, impondo obediência e mantendo‐se
líderes eficazes. afastado de relacionamentos menos formais com os
seus subordinados, controla o grupo por meio de
Progressivamente, os pesquisadores inspeções de verificação do cumprimento de normas
abandonaram a busca de uma essência da liderança, e padrões de eficiência, exercendo pressão contínua.
percebendo toda a complexidade envolvida e Esse tipo de liderança pode ser útil e, até mesmo,
evoluindo para análises bem mais sofisticadas, que recomendável, em situações especiais como em
incluíam diversas variáveis situacionais. Nesse combate, quando o líder tem que tomar decisões
contexto, observa‐se a proliferação de publicações rápidas e não é possível ouvir seus liderados, sendo a
sobre liderança, incluindo trabalhos científicos e forma de liderança mais conhecida e de mais fácil
literatura sensacionalista e de autoajuda. Diferentes adoção.
autores propõem uma infinidade de estilos de
liderança que se sobrepõem. Alguns fundamentam‐se A principal restrição a esse tipo de liderança é
em estudos e pesquisas e outros são meramente o desinteresse pelos problemas e idéias, tolhendo a
empíricos e intuitivos. Há também muitos modismos, iniciativa e, por conseguinte, a participação e a
alguns consistindo, apenas, em atribuição de novos criatividade dos subordinados. O uso desse estilo de
nomes e roupagens a antigos conceitos, sendo liderança pode gerar resistência passiva dentro da
reapresentados como se fossem avanços na área de equipe e inibir a iniciativa do subordinado, além de
liderança. não considerar os aspectos humanos, dentre eles, o
relacionamento líder‐liderados.
Para simplificar a apresentação e o emprego
de uma gama de estilos de liderança consagrados e 1.4.2 ‐ Liderança Participativa ou Democrática
relevantes para o contexto militar‐naval, foram Nesse estilo de liderança, abre‐se mão de
considerados alguns estilos selecionados em três parte da autoridade formal em prol de uma esperada
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participação dos subordinados e aproveitamento de 1.4.4 ‐ Liderança Transformacional
suas idéias. Os componentes do grupo são
incentivados a opinarem sobre as formas como uma Esse estilo de liderança é especialmente
tarefa poderá ser realizada, cabendo a decisão final ao indicado para situações de pressão, crise e mudança,
líder (exemplo típico é o Estado‐Maior). O êxito desse que requerem elevados níveis de envolvimento e
estilo é condicionado pelas características pessoais, comprometimento dos subordinados, sendo que
pelo conhecimento técnico‐profissional e pelo “uma ou mais pessoas engajam‐se com
engajamento e motivação dos componentes do grupo outras de tal forma que líderes e seguidores elevam
como um todo. Em se obtendo sucesso, a satisfação um ao outro a níveis mais altos de motivação e moral”
pessoal e o sentimento de contribuição por parte dos (BURNS, 1978, apud SMITH; PETERSON, 1994, p. 129)
subordinados são fatores que permitem uma
realimentação positiva do processo. Na ausência do Quatro aspectos caracterizam a liderança
líder, uma boa equipe terá condições de continuar transformacional: 1º) “[...] carisma (influência
agindo de acordo com o planejamento previamente idealizada) associado com um grau elevado de poder
estabelecido para cumprir a missão. de referência por parte do líder [...]” (NOBRE, 1998, p.
54), que é capaz de despertar respeito, confiança e
O líder deve estabelecer um ambiente de admiração; 2º) inspiração motivadora, que consiste na
respeito, confiança e entendimento recíprocos, capacidade de apresentar uma visão, dando sentido à
devendo possuir, para tanto, ascendência técnico‐ missão a ser realizada, de instilar orgulho. Inclui
profissional sobre seus subordinados e conduta ética também a capacidade de simplificar o entendimento
e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder sobre a importância dos objetivos a serem atingidos e,
que adota o estilo democrático encoraja a a “[...] possibilidade de criar símbolos, “slogans” ou
participação e delega com sabedoria, mas nunca imagens que sintetizam e comunicam metas e ideais,
perde de vista sua autoridade e responsabilidade. concentrando assim os esforços [...]” (NOBRE, 1998, p.
Um chefe inseguro dificilmente conseguirá 54); 3º) estimulação intelectual, consiste “[...] em
exercer uma liderança democrática, mas tenderá a encorajar os subordinados a questionarem sua forma
submeter ao grupo todas as decisões. Isso poderá usual de fazer as coisas, [...] além de incentivar a
fazer com que o chefe acabe sendo conduzido pelo criatividade, o auto‐desenvolvimento e a autonomia
próprio grupo. de pensamento” (NOBRE, 1998, p. 54‐55), propiciando
a formulação de críticas construtivas, em busca da
1.4.3 ‐ Liderança Delegativa melhoria contínua; 4º) “consideração individualizada,
implica em considerar as necessidades diferenciadas
Esse estilo é indicado para assuntos de dos subordinados, dedicando atenção pessoal,
natureza técnica, onde o líder atribui a assessores a orientando tecnicamente e aconselhando
tomada de decisões especializadas, deixando‐os agir individualmente” (CAVALCANTI et al., 2005) e “[...]
por si só. Desse modo, ele tem mais tempo para dar oferecendo também meios efetivos de
atenção a todos os problemas sem se deter desenvolvimento e auto‐superação.” (NOBRE, 1998, p.
especificamente a uma determinada área. É eficaz 55). Segundo o enfoque da liderança
quando exercido sobre pessoas altamente transformacional, ao encontrarem significado e
qualificadas e motivadas. O ponto crucial do sucesso perspectivas de realização pessoal no trabalho, os
deste tipo de liderança é saber delegar atribuições subordinados alcançam os mais elevados níveis de
sem perder o controle da situação e, por essa razão, o produtividade e criatividade, fazendo desaparecer a
líder, também, deverá ser altamente qualificado e dicotomia trabalho e prazer. (BARRETT, 2000, apud
motivado. O controle das atividades dos elementos CAVALCANTI et al., 2005).
subordinados é pequeno, competindo ao chefe as
tarefas de orientar e motivar o grupo para atingir as 1.4.5 ‐ Liderança Transacional
metas estabelecidas.
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Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com da tarefa ou decisão; importância da aceitação da
interesses e necessidades primárias dos seguidores, decisão pelos subordinados para obtenção de seu
oferecendo recompensas de natureza econômica ou envolvimento na implantação de determinada linha
psicológica, em troca de esforço para alcançar os de ação; tempo disponível para realização da missão;
resultados organizacionais desejados (CAVALCANTI et riscos envolvidos; níveis de prioridade no que diz
al., 2005). A liderança transacional envolve os respeito à produtividade ou à satisfação do grupo; e
seguintes fatores: nível de maturidade psicológica e profissional dos
subordinados. Destacando‐se apenas esta última
“A recompensa é contingente, buscando‐se variável como exemplo, pode‐se afirmar,
uma sintonia entre o atendimento das necessidades genericamente, que a identificação de um baixo nível
dos subordinados e o alcance dos objetivos de maturidade (profissional e/ou emocional) no grupo
organizacionais; Esse estilo de liderança caracteriza‐se de subordinados induz à aplicação de estilos com
também pela administração por exceção, que implica maior centralização de poder, mais foco na tarefa e
num gerenciamento atuante somente no sentido de que incentivos no nível transacional (licença, rancho,
corrigir erros [...].” (NOBRE, 1998, p. 55) conforto etc) tendem a ter mais valência para o grupo.
Neste estilo de liderança, o líder “[...] observa Por outro lado, grupos mais maduros, em geral,
e procura desvios das regras e padrões, toma medidas respondem melhor a estilos menos centralizadores de
corretivas.” (CAVALCANTI et al., 2005, p. 120). poder e a incentivos no nível da autorrealização, como
ocorre no estilo transformacional. Naturalmente, não
1.4.6 ‐ Liderança Orientada para Tarefa apenas uma, mas todas as variáveis relevantes de
cada situação devem ser consideradas pelo líder.
A especialização em tarefas é uma das
principais responsabilidades do líder, na medida em Portanto, diferentes estilos de liderança
que possui a necessária qualificação profissional para podem ser adotados, de acordo com as
o exercício da função. Nesse estilo de liderança, circunstâncias. Pode‐se considerar que:
então, o líder focaliza o desempenho de tarefas e a
realização de objetivos, transmitindo orientações “[...] quando se abandona a idéia de que deve
específicas, definindo maneiras de realizar o trabalho, existir uma melhor forma de liderar, todas as teorias
o que espera de cada um e quais são os padrões subsequentes de liderança devem ser contingenciais
organizacionais. ou situacionais, isto é, devem definir as circunstâncias
que afetam o comportamento e a eficácia dos
1.4.7 ‐ Liderança Orientada para Relacionamento líderes.” (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173)
1.5 ‐ SELEÇÃO DE ESTILOS DE LIDERANÇA 1.6 ‐ FATORES DA LIDERANÇA
Ao proporem diferentes estilos de liderança, Os fatores da liderança, mencionados neste
os autores condicionam a eficácia do seu emprego a item, baseiam‐se na publicação Liderança Militar,
algumas variáveis, tais como: relevância da qualidade
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Instruções Provisórias IP 20‐10, de 1991, do Estado‐ 1.6.4 ‐ A Comunicação
Maior do Exército.
“A comunicação é um processo essencial à
1.6.1 ‐ O Líder liderança, que consiste na troca de ordens,
informações e ideias, só ocorrendo quando a
O líder deve conhecer a si mesmo, para saber mensagem é recebida e compreendida. [...] É através
de suas capacidades, características e limitações, desse processo que o líder coordena, supervisiona,
evitando atribuir aos seus liderados falhas ou avalia, ensina, treina e aconselha seus
restrições. subordinados.[...] O que é comunicado e a forma
“Os bons líderes eficientes são também bons como isto é feito aumentam ou diminuem o vínculo
seguidores [...]” (BRASIL, 1991, p. 3‐3) e cumpridores das relações pessoais, criam o respeito, a confiança
das orientações de seus superiores, passando esse mútua e a compreensão. Os laços que se formam,
exemplo a seus subordinados. com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados,
são a base da disciplina e da coesão em uma
“O líder, independentemente de sua vontade, organização. O líder deve ser claro e “escolher”
atua como elemento modificador do comportamento cuidadosamente as palavras, de tal forma que
de seus liderados subordinados. [...] A função militar signifiquem a mesma coisa para ele e para seus
está relacionada com a segurança e a subordinados.” (BRASIL, 1991, p. 3‐4).
responsabilidade pela vida de seres humanos.”
(BRASIL, 1991, p. 3‐3, 3‐4) 1.7 ‐ ATRIBUTOS DE UM LÍDER
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domínio dos requisitos operacionais, da situação
geopolítica e da sociedade, os líderes estratégicos
conduzem adequadamente a Força e contribuem para
o desenvolvimento e a segurança da Nação. Tendo em
vista que os conflitos nos dias de hoje podem ser
desencadeados muito rapidamente, não permitindo
um longo período de mobilização para a guerra –
como se fazia no passado –, o sucesso de um líder
estratégico significa deixar a Força pronta para vencer
uma variedade de conflitos no presente e permanecer
pronta para enfrentar as incertezas do futuro.
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EXERCÍCIOS: 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137 ‐
Doutrina de Liderança da Marinha, quais são os
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137 aspectos fundamentais da liderança?
(Doutrina de Liderança da Marinha), o conjunto de
ações e decisões tomadas pelo mais antigo, com (A) Filosófico, psicológico e sociológico.
autoridade para tal, na sua esfera de competência, a (B) Profissional, social e teórico.
fim de conduzir de forma integrada o setor que lhe é (C) Individual, filosófico e psicológico.
confiado, é exercício: (D) Psicológico, sociológico e profissional.
(E) Filosófico, profissional e sociológico.
(A) do subordinado.
(B) da Chefia. 6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais são os
(C) do Marinheiro. aspectos fundamentais da liderança?
(D) do Cabo.
(E) do Vice‐Comando. (A) Liderança, liderados e ordens.
(B) Filosóficos, psicológicos e sociológicos.
2 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Assinale a (C) Controle, físico e mental.
opção que completa corretamente as lacunas da (D) Mando, obediência e atenção.
sentença abaixo. (E) Comando, comandados e ordens.
(A) chefia / liderança (A) aspectos humanos, sociais e psicológicos.
(B) ordenança / produtividade (B) disciplina rígida, obediência e controle.
(C) chefia / especialidade (C) grau de centralização de poder; tipo de incentivo e
(D) oratória / defesa foco do líder.
(E) profissão / chefia (D) respeito, amizade e trabalho.
(E) instrução, conhecimento e estudo.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Pode‐se afirmar que comandar
é: 8 ‐ Quais são os estilos de liderança, em relação ao
grau de centralização do poder?
(A) exercer a chefia e a liderança, a fim de conduzir
eficazmente a organização no cumprimento da (A) Autoritária, participativa e situacional.
missão. (B) Situacional, delegativa e autoritária.
(B) exercer sobre seus subordinados o respeito. (C) Autocrática, participativa e delegativa.
(C) exercer o controle da situação. (D) Autoritária e participativa ou democrática.
(D) ser um condutor de homens. (E) Situacional, delegativa, participativa e autocrática.
(E) um processo alternativo.
9 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137
4 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Quais são os aspectos (Doutrina de Liderança da Marinha), o estilo de
fundamentais da liderança? liderança utilizado quando o líder se baseia na sua
atuação com disciplina rígida, impondo obediência e
(A) Apenas físicos e sociológicos. mantendo‐se afastado de relacionamentos menos
(B) Sociológicos, psicológicos e filosóficos. formais com os seus subordinados, controlando o
(C) Psicológicos, filosóficos e físicos. grupo por meio de inspeções eficiência, exercendo
(D) Físicos, sociológicos e psicológicos. pressão contínua, é denominado Liderança:
(E) Apenas sociológicos e filosóficos.
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(A) Autocrática participação dos subordinados e aproveitamento de
(B) Participativa suas ideias?
(C) Orientada para Tarefa
(D) Delegativa (A) Delegativa.
(E) Transformacional (B) Autocrática.
(C) Democrática.
10 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual é o (D) Transformacional.
estilo de liderança em que o líder baseia sua atuação (E) Transacional.
numa disciplina rígida, impondo obediência e
mantendo‐se afastado de relacionamentos menos 14 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐
formais com seus subordinados, controlando o grupo 137(Doutrina de Liderança da Marinha), assinale a
por meio de inspeções de verificação do cumprimento opção que apresenta o estilo de liderança, no qual o
de normas e padrões de eficiência e exercendo líder atribui a assessores a tomada de decisões
pressão contínua? especializadas, deixando‐os agir por si só.
(A) Transformacional. (A) Autocrática
(B) Orientada para tarefas. (B) Participativa
(C) Democrática. (C) Orientada para Tarefa
(D) Autocrática. (D) Delegativa
(E) Delegativa. (E) Transformacional
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militar‐naval, foram considerados alguns estilos (A) de comunicação.
selecionados em três grandes eixos: grau de (B) dos liderados.
centralização de poder; tipo de incentivo; e foco do (C) de eficiência.
líder. Sendo assim, assinale a opção que apresenta os (D) de situação.
estilos de liderança enquadrados quanto ao foco do (E) de processo.
líder.
21 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137
(A) Transformacional e Transacional. – Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o
(B) Autocrática e Participativa. processo essencial à liderança, que consiste na troca
(C) Autocrática e Delegativa. de ordens, informações e ideias, e que só ocorre
(D) Orientada para Tarefa e Orientada para quando a mensagem é recebida e compreendida?
Relacionamento.
(E) Delegativa e Orientada para Tarefa. (A) Exposição
(B) Comunicação
18 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com o EMA‐ (C) Apresentação
137 – Doutrina de Liderança da Marinha, a (D) Retificação
especialização em tarefas é uma das principais (E) Ratificação
responsabilidades do líder, na medida em que possui
a necessária qualificação profissional para o exercício 22 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Qual é o parâmetro
da função. Sendo assim, assinale a opção que fundamental para o exercício da liderança no âmbito
apresenta o estilo de liderança em que o líder focaliza militar?
o desempenho de tarefas e a realização de objetivos. (A) Ética
(A) Autocrática (B) Atitude
(B) Democrática (C) Saúde
(C) Progressista (D) Força
(D) Altruísta (E) Serenidade
(E) Orientada para Tarefa 23 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137 ‐
19 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A capacidade de Doutrina de Liderança da Marinha, "Com a evolução
influenciar é um componente indispensável ao..... das técnicas de gestão empresarial, o foco do estudo
sobre o comportamento dos dirigentes passou a ser
(A) secretário. voltado para as diferenças entre o líder de base e o de
(B) subordinado cúpula". Foi, então, idealizado um padrão de
(C) líder organização baseado nos seguintes níveis funcionais:
(D) monitor
(E) porta‐voz. (A) direto, organizacional e estratégico.
(B) direto, tático e operacional.
20 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137‐ (C) operacional, tático e organizacional.
Doutrina de Liderança da Marinha, "Não existem (D) operacional, tático e estratégico.
normas nem fórmulas que mostrem com exatidão o (E) tático, operacional e pessoal.
que deve ser feito. O líder precisa compreender a
dinâmica do processo de liderança, os fatores 24 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Com a evolução das técnicas
principais que a compõem, as características de seus de gestão empresarial, o foco do estudo sobre o
liderados e aplicar estes conhecimentos coma guia comportamento dos dirigentes passou a ser voltado
para cada situação em particular". Essa afirmativa se para as diferenças entre o líder de base e o de cúpula.
refere a definição Assim, foi idealizado um padrão de organização
baseado em três níveis funcionais: operacional, tático
e estratégico, discriminando as características
desejáveis para um líder nos três níveis, de acordo
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com suas habilidade. Em consonância com esses (A) Passiva.
novos conceitos, quais foram os níveis de liderança (B) Ativa.
estabelecidos? (C) Direta.
(D) Articulada
(A) Indireta, organizacional e estratégica. (E) Local.
(B) Organizacional, estratégica e autocrática.
(C) Indireta, estratégica e participativa.
(D) Direta, autocrática e estratégica.
(E) Direta, organizacional e estratégica. 29 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual é o nível
de liderança que é exercido por meio do
25 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Quais são os níveis de relacionamento face a face entre o lider e seus
liderança? liderados e que é mais presente nos escalões
inferiores, quando o contato pessoal é constante?
(A) Direta e Indireta.
(B) Estratégica e organizacional. (A) Autocrático.
(C) Estratégica, organizacional e Indireta. (B) Estratégico.
(D) Operativa, direta e organizacional. (C) Organizacional.
(E) Direta, organizacional e estratégica. (D) Situacional.
(E) Direto.
26 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Que nível de liderança é
exercida por meio do relacionamento face a face
entre o líder e seus liderados e é mais presente nos
escalões inferiores, quando o contato pessoal é 30 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137
constante? – Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de
liderança em que os líderes expedem suas políticas e
(A) Indireta. diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu
(B) Organizacional. staff e comandantes subordinados?
(C) Estratégica.
(D) Direta. (A) Simples.
(E) Autocrática. (B) Alienada.
(C) Rude.
27 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137 (D) Política.
(Doutrina de Liderança da Marinha), o nível de (E) Organizacional.
liderança, que ocorre em organizações onde os
subordinados estão acostumados a ver seus chefes,
frequentemente, em seções, divisões, departamentos, 31 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) A publicação EMA‐137, que
navios, batalhões, companhias, pelotões e esquadras trata da Doutrina de Liderança da Marinha, estabelece
de tiro, é denominado Liderança: os conceitos de chefia e liderança. Considerando as
(A) Indireta. disposições dessa publicação acerca desse assunto,
(B) Estratégica. coloque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas a
(C) Direta. seguir e marque a opção que apresenta a sequência
(D) Organizacional correta.
(E) Autocrática. ( ) Os militares mais antigos, no desempenho de suas
28 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137 funções, exercem o papel de "chefe" ou o papel de
– Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de "líder", tendo em vista que chefia e liderança não são
liderança que ocorre em organizações onde os processos simultâneos.
subordinados estão acostumados a ver seus chefes ( ) Com relação à chefia, a autoridade de que o
frequentemente? militar mais antigo desfruta perante seus
subordinados e decorrente de seu posto ou
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graduação, e não advinda da responsabilidade IV ‐ A liderança organizacional desenvolve‐se em
atribuída à sua função. organizações de maior envergadura, normalmente
( ) Com relação à liderança, além de estar investido estruturadas como Estado‐Maior.
da autoridade referente a sua posição hierárquica, o
militar mais antigo deve possuir certos atributos que o V ‐ Os líderes diretos devem estimular ao máxima o
notabilizam como "condutor de homens". desenvolvimento de líderes subordinados.
( ) A liderança pode ser entendida como uma Assinale a opção correta.
qualidade inata de certos indivíduos, ou como um
conjunto de comportamentos e de habilidades que (A) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
podem ser ensinados. (B) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
( ) A Marinha do Brasil define liderança como o (C) Apenas as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
conjunto de ações e decisões tomadas pelo mais (D) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
antigo, com autoridade para tal, na sua esfera de (E) Apenas a afirmativa II e verdadeira.
competência, em prol do cumprimento da missão.
32 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo preceitua a
(A) (F) (V) (V) (V) (F) publicação EMA‐137, que trata da Doutrina de
(B) (V) (F) (V) (F) (V) Liderança da Marinha, pode‐se afirmar,
(C) (F) (F) (V) (V) (F) genericamente, que existem certos estilos principais
(D) (F) (F) (F) (V) (V) de liderança, propostos à luz das diversas teorias,
(E) (V) (V) (F) (F) (F) consagrados e relevantes para o contexto militar‐
naval, e que se enquadram em determinados critérios
de classificação. Sobre esse assunto, considere as
31 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo esclarece a afirmativas abaixo.
publicação EMA‐137 do Estado ‐ Maior da Armada, a
Doutrina de liderança da Marinha adota certos níveis
de liderança que definem com precisão toda a
I ‐ Quanto ao foco no líder, os estilos de liderança são
abrangência da liderança. Quanto a esse assunto,
liderança orientada para tarefa e liderança
considere as afirmativas abaixo.
orientadapara relacionamento.
II ‐ O estilo de liderança transformacional é
I ‐ Os lideres organizacionais planejam, preparam, caracterizado, dentre outros aspectos, pela
executam e controlam diretamente os resultados dos consideração individualizada e pela inspiração
seus trabalhos, que são frequentemente visíveis e motivadora por parte do líder.
imediatos.
III ‐ A liderança participativa pode ser útil e até mesmo
II ‐ Os líderes estratégicos exercem a sua liderança no recomendável, em situações especiais como em
âmbito dos níveis mais elevados da instituição e sua combate, quando a participação dos subordinados
atuação não pode extrapolar o âmbito interno da será importante para a decisão do líder.
organização.
IV ‐ O estilo de liderança transacional é especialmente
III ‐ A liderança estratégica militar é aquela exercida indicado para situações de pressão, crise e mudanças,
nos níveis que definem a política e a estratégia da que requerem elevados níveis de envolvimento e
Força. É um processo empregado para conduzir a comprometimento dos subordinados.
realização de uma visão de futuro desejável e bem
delineada.
Assinale a opção correta
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Respostas:
1 B 16 D 31 C
2 A 17 D 32 A
3 A 18 E 33
4 B 19 C 34
5 A 20 D 35
6 B 21 B
7 C 22 A
8 C 23 D
9 A 24 E
10 D 25 E
11 A 26 D
12 B 27 C
13 C 28 C
14 D 29 E
15 B 30 E
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TRADIÇÕES NAVAIS tradição se constitui em elemento comunitário, num
poderoso aglutinador.
Introdução
A linguagem própria é um poderoso instrumento de
Os homens do mar, há muitos séculos, vêm criando aglutinação. Quando se serve a bordo, em navio de
nomes para identificar as diversas partes dos navios e guerra ou mercante, deve‐se procurar segui‐la. Com
designar a praxe de suas ações as quais, pela respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do
repetição, tornaram‐se costumes. Naturalmente, que fazem, os homens do mar provocam a integração
muitas particularidades e expressões da tradição da comunidade naval e marítima, favorecendo a
naval lembram, às vezes, aspectos da vida doméstica conquista de eficiência máxima, tão necessária a seus
ou de atividades em terra. propósitos e aspirações.
É óbvio que os navios, mesmo sendo pequenas Assim, as tradições, as cerimônias e os usos
cidades espalhadas por uma enorme área, fazem marinheiros, juntamente com os costumes, têm
contato entre si, nos portos ou na imensidão extraordinário poder de amalgamar e incentivar os
oceânica. Vivendo experiências semelhantes, os que vivem do mar. Tendem, entretanto, a se tornar
marinheiros sempre se ajudam uns aos outros e atos despidos de significado, quando sua explicação é
trocam conhecimento. Por eles foram criados, e perdida no tempo.
continuam a sê‐lo, costumes, usos e linguagem
comuns: “tradição do mar”. É fácil entender o poder A lembrança constante das razões dos atos e a sua
de aglutinação das tradições marítimas, visualizando‐ explicação ou, quando for o caso, das versões de sua
se a vastidão da área oceânica onde elas se origem, promovem a compreensão, o incentivo e a
manifestam. Os homens do mar, por arrostarem incorporação da prática marinheira.
sempre a mesma vida e mutuamente se ajudarem,
constituem, tradicionalmente, uma classe de espírito
Semelhanças entre as Marinhas
muito forte. E, como somente em períodos A vida nas marinhas do mundo inteiro é muito
historicamente curtos se vêem em disputa pelo semelhante. Todos que abraçam a carreira do mar
domínio, geográfico e cronologicamente limitado, do pertencem a uma fraterna classe. Há um vasto
mar, onde partilham alegrias e perigos, a fraternidade conjunto comum de usos, muitos deles ditados pela
é a mais digna característica com que pautam o seu necessidade de segurança ou exigências naturais do
comportamento rotineiro. meio, e outros, ainda, pela grande cordialidade que,
entre si, nutrem os homens do mar, levando‐ os a
Nota‐se, no homem do mar, um respeito comum à uma permanente troca de gentilezas.
tradição, a qual dá grandeza e que o vincula a um
extraordinário ânimo patriótico e a uma grande Não estamos aqui abordando, nem seria possível fazê‐
veneração dos valores espirituais que o ligam à lo, tudo o que há em tradições, usos e costumes
comunidade nacional onde teve seu berço. Vive, navais e marítimos. Só estão em pauta alguns
internacionalmente, a percepção que tem da Pátria, aspectos mais curiosos. Desejamos que sua divulgação
perto ou distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um atinja, também, aos que não são iniciados em
sentimento unitário, nacional, impessoal”. A assuntos do mar, principalmente o leitor jovem,
lembrança ou a imagem que dela tem o marinheiro dando‐lhes um melhor e maior conhecimento da vida
não é maculada pelos regionalismos. Sua Pátria é um do homem do mar.
todo de tradições, que venera com a mesma força que
Conhecendo o Navio
aprendeu a honrar as que são comuns aos homens do
mar. O respeito à tradição é uma característica que Navios e Barcos
gera patriotismo sadio, fundamentado na valorização
dos aspectos comuns ao seu grupo nacional em que a
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Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar, rumo na direçdireção para onde sopra o vento. A
ou seja, a palavra vem do latim navigare, navis (nave) palavra vem do latim "ad" (para) e "ripa" (margem,
+ agere (dirigir ou conduzir). costa).
Estar a bordo é estar por dentro da borda de um O Navio
navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo
é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força: O navio tem sua vida marcada por fases. O primeiro
abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a evento dessa vida é o batimento da quilha, uma
bordo de um navio, para nele entrar. cerimónia no estaleiro, na qual a primeira peça
estrutural que integrará o navio é posicionada no local
Pela borda tem significado oposto. Jogar, lançar pela da construção. Estaleiro é o estabelecimento
borda. industrial onde são construídos navios. Como os
navios antigos eram feitos de madeira, o local de
Significado natural de barco é o de um navio pequeno construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira,
(ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão estilhaços ou, em castelhano, "astilias".
poética de um barco tem maior grandeza: "o
Comandante e seu velho barco" ou "nosso barco, Os espanhóis, então, denominaram os
nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a estabelecimentos de astüeros, que em português
bordo, está dentro de um barco ou navio. Está derivou para estaleiros.
embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar.
E dele sair é desembarcar. Uma construção que Quando o navio está com o casco pronto, na carreira
permita o embarque de pessoas ou cargas para do estaleiro, ele é lançado ao mar em cerimônia
transporte por mar, é uma embarcação. chamada lançamento. Nesta ocasião é batizado por
sua madrinha e recebe o nome oficial. O lançamento
Um navio de guerra é uma belonave. Vem, a palavra, antigamente era feito de proa; mas os portugueses
do latim "navis" (nave, navio) e "belium" (guerra). introduziram o hábito de lançá‐lo de popa, existindo
também carreiras onde o lançamento é feito de lado,
Um navio de comércio é um navio mercante. A de través; e hoje, devido ao gigantismo dos navios,
palavra é derivada do latim "mercans" (comerciante), muitos deles são construídos dentro de diques, que se
do verbo "mercari" (comerciar). abrem no momento de fazê‐los flutuar.
Aportar é chegar a um porto. Aterrar é aproximar‐se Os navios de guerra, geralmente, são construídos em
de terra. Amarar é afastar‐se de terra para o mar. Arsenais. Arsenal é uma palavra de origem árabe.
Fazer‐se ao mar é seguir para o mar, em viagem. Vem da expressão “ars sina” e significa o local onde
Importar é fazer entrar pelo porto; exportar é fazer são guardados petrechos de guerra ou onde os navios
sair pelo porto. Aplica‐se geralmente à mercadoria. atracam para recebê‐los. A expressão “ars sina” deu
Encostar um navio a um cais é atracar; tê‐lo seguro a origem ao termo arsenal, em português, e ao termo
uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao arsenal, em português, e ao termo "darsena" que, em
fundo é fundear; e fazê‐lo com uma âncora é ancorar espanhol, quer dizer doca. Construído e pronto, o
(embora este não seja um termo de uso comum na navio é, então, incorporado a uma esquadra, força
Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a naval, companhia de navegação ou a quem vá ser
âncora de ferro ‐ o navio fundeia com o ferro!). responsável pelo seu funcionamento. A cerimônia
Recolher o peso ou a amarra do fundo é suspender; correspondente é a incorporação, da qual faz parte a
desencostar do cais onde esteve atracado é mostra de armamento. Armamento nada tem a ver
desatracar; e largar a bóia onde esteve é desamarrar com armas e sim com armação. Essa mostra, feita
ou largar. pêlos construtores e recebedores, se constitui em
uma inspeção do navio para ver se está tudo em
Arribar é entrar em um porto que não seja de escala, ordem, de acordo com a encomenda. Na ocasião, é
ou voltar ao ponto de partida; é , também, desviar o lavrado um termo, onde se faz constar a entrega, a
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incorporação e tudo o que há a bordo. A vida do navio mercantes levam, também, na popa, sob o nome, a
passa, então, a ser registrada em um livro: o Livro do denominação do porto de registro.
Navio, que somente será fechado quando ele for
desincorporado. Os documentos característicos do navio mercante são,
entre outros, seu registro (Provisão do Registro
A armação (ou armamento) corresponde à expressão fornecida pelo Tribunal Marítimo); apólice de seguro
armar um navio, provê‐lo do necessário à sua obrigatório; diário de navegação; certificado de
utilização; e quem o faz é o armador. Em tempos idos, arqueação; cartão de tripulação de segurança; termos
armar tinha a ver com a armação dos mastros e de vistoria (anual e de renovação ou certificado de
vergas, com suas vestiduras, ou seja, os cabos fixos de segurança da navegação); certificado de segurança de
sustentação e os cabos de laborar dos mastros, das equipamento; certificado de borda livre; certificado
vergas e do velame (velas). Podia‐se armar um navio de compensação de agulhas e curva de desvio;
em galera, em barca, em brigue... A inspeção era certificado de calibração de radiogoniômetro com
rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da tabela de correção; certificado de segurança rádio; e
mastreação. certificado de segurança de construção.
Um dos mais conhecidos armadores do mundo foi o A cor é muito importante. Antigamente, os navios
provedor de navios, proprietário e mesmo navegador eram pintados na cor preta. O costume vinha dos
Américo Vespucci. Tão importante é a armação de fenícios, que tinham facilidade em conseguir betume,
navios e o comércio marítimo das nações, que a e com ele pintavam os costados de seus navios. A
influência de Américo Vespucci foi maior que a do pintura era usada, às vezes, com faixas brancas, nas
próprio descobridor do novo continente e que passou linhas de bordada dos canhões. Somente no fim do
a ser conhecido como América, em vez de Colúmbia, século XIX, os navios de guerra abandonaram o preto
como seria de maior justiça ao navegador Cristovão pelo cinza ou azul acinzentado, cores que procuravam
Colombo. Assim, Américo, como armador, teve maior confundir‐se com o horizonte ou com o mar das zonas
influência para denominar o continente, com o qual em que navegavam. Entretanto, muitos navios
se estabelecera o novo comércio marítimo, do que mercantes continuam até os dias de hoje a usar, no
Colombo. costado, a cor preta, principalmente por questão de
economia. Era comum, também, navios de guerra
Terminada a vida de um navio, ele é desincorporado pintados por dentro, junto à borda, com a cor
por baixa, da esquadra, da força naval, da companhia vermelha, a fim de que não causasse muita impressão
de navegação a que pertencia, ou do serviço que a sangueira durante o combate, confundida, assim,
prestava. Há, então, uma cerimônia de com as anteparas.
desincorporação, com mostra de desarmamento. Diz‐
se que o navio foi desarmado. As companhiuas de Normalmente, as cores da chaminé, nos navios
navegação conservam os livros, registros históricos de mercantes, possuem a caracterização da companhia
seus navios. Na Marinha do Brasil, os livros são de navegação a que pertencem.
arquivados no Serviço de Documentação da Marinha
(SDM) e servem de fonte de informações a Nas embarcações salva‐vidas e nas bóias salva‐vidas,
historiadores e outros fins. predomina a preocupação com a visibilidade. Essas
embarcações são pintadas, normalmente, de laranja
Características do Navio ou amarelo, de modo a serem facilmente vistas. Por
esse mesmo motivo, e por convenção internacional,
Quem entrar a bordo verá que o navio, além do para caracterizar a utilização pacífica e não de guerra
nome, tem uma série de documentos e dimensões dos navios (cor cinza), na Antártica é utilizado o
que o caracterizam. O nome é gravado usualmente na vermelho, inclusive nos costados dos navios por seu
proa, em ambos os bordos, local chamado de contraste com o branco do gelo.
bochecha, e na popa. Nos navios de guerra,
usualmente, é gravado só na popa. Os navios
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A bandeira, na popa, identifica a nacionalidade do Os lados do navio são os “bordos” e o de boreste é
navio, país que sobre ele tem soberania. Entretanto, mais importante que o de bombordo. Nele, desde
há uma bandeira, na proa, chamada “jeque” (do inglês tempos imemoriais, era feito o governo do navio por
jack) que identifica, dentro de cada nação soberana, uma estaca de madeira em forma de remo, chamada
quem tem a responsabilidade sobre o navio. Na nossa pelos navegantes gregos de Staurus.
Marinha, o jeque é uma bandeira com vinte e uma
estrelas ‐ “a bandeira do cruzeiro”. Os navios Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça
mercantes usam no jeque a bandeira da companhia a de staurr que os ingleses herdaram como steor,
que pertencem; porém, alguns usam a bandeira denominação dada ao remo que servia de leme, e
identificadora de sua companhia na mastreação. STEORBORD ao bordo onde era montado, hoje
starboard. Ao português, chegou como estibordo. Os
A Flâmula de Comando brasileiros inverteram a palavra para boreste (Aviso
do Almirante ALEXANDRINO, Ministro da Marinha), a
No topo do mastro dos navios da Marinha do Brasil fim de evitar confusões com o bordo oposto:
existe uma flâmula com 21 estrelas. Ela indica que o bombordo.
navio é comandado por um Oficial de Marinha. Se
alguma autoridade a quem o Comandante esteja A palavra bombordo tem vínculo com o termo da
subordinado, organicamente (dentro de sua cadeia de língua espanhola babor que, por sua vez, parece ter
comando) estiver a bordo, a flâmula é arriada e origem ou estar relacionada à palavra francesa
substituída pelo pavilhão‐símbolo daquela autoridade. bâbord. Na Marinha francesa os marinheiros que
tinham alojamento a bombordo, eram chamados de
Também são previstas as seguintes situações para o babordais e tinham os seus números internos de
arriamento da flâmula de comando: quando bordo pares. Ainda hoje, na numeração de
substituída pela Flâmula de Fim de Comissão, ao compartimentos, quando o último algarismo é par,
término de comissão igual ou superior a seis meses, refere‐se a um espaço a bombordo, quando é impar,
desde a aterragem do navio ao porto final, até o pôr refere‐se a boreste.
do sol que se seguir; e por ocasião da Mostra de
Desarmamento do Navio. As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas,
não utilizam expressões próximas de bâbord. Balizam
Finalmente, por ocasião da cerimônia de transmissão o bordo oposto ao do governo de port, ou seja, o
de cargo, ocorrerá troca do pavilhão da autoridade bordo onde não estava o leme e que, por esta razão,
exonerada pelo da autoridade que assume, com a ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão port,
salva correspondente, no caso de Almirante bordo do porto.
Comandante de Força, iniciada após o término do
hasteamento da bandeira‐insígnia. Após a leitura da Câmara
Ordem de Serviço da autoridade que assume,
proceder‐se‐á a entrega da bandeira‐insígnia utilizada Os compartimentos do navio são tradicionalmente
pela autoridade exonerada. denominados a partir do principal: a câmara. Este é o
local que aloja o Comandante do navio ou oficial mais
Posições Relativas a Bordo antigo presente a bordo, com autoridade sobre o
navio, ou ainda, um visitante ilustre, quando tal honra
A popa é uma parte do navio mais respeitada que as lhe for concedida. Se embarcar num navio o
demais. Nos navios de guerra, todos que entram a Comandante da Força Naval, esta autoridade maior
bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de terá o direito à câmara.
bordo, cumprimentam a Bandeira Nacional na popa,
com o navio no porto. Ela está lá por ser a popa o O navio onde embarca o Comandante da Força Naval
lugar de honra do navio, onde, já nos tempos dos é chamado capitânia. Seu Comandante passa a
gregos e romanos, era colocado o santuário do navio, denominar‐se “Capitão de Bandeira”.
com uma imagem ou Puppis, de uma divindade. O
termo popa é derivado de PUPPIS.
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Camarotes e Afins A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para
governo do navio, eram, na realidade, agulhas de
Os demais compartimentos de bordo, conforme sua ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas em
utilização, ganham denominações com diminutivos de tubos, com uma secção de bambu. Chamavam‐se
câmara: “camarotes”, para alojar Oficiais, e “calamitas”. Como eram basicamente agulhas, os
“camarins”, para uso operacional ou administrativo; navegantes espanhóis consideravam linguagem
como, por exemplo, o camarim de navegação, ou o da marinheira, a denominação de “agulhas”,
máquina.. diferentemente de bússolas, palavra de origem
Praças e Cobertas italiana que se referia à caixa ‐ bosso ‐ que continha as
peças orientadas.
Uns tantos compartimentos são chamados de praças:
praça de máquinas, praça d'armas, praça de Corda e Cabo
vaporizadores, etc. Diz‐se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo.
Os alojamentos da guarnição e seus locais de refeição Cabos grossos e cabos finos, cabos fixos e cabos de
são chamados de cobertas: coberta de rancho, laborar..., mas tudo é cabo.
coberta de praças, etc. Existem porém, duas exceções:
Praça D'Armas ‐ a corda do sino e
O compartimento de estar dos oficiais a bordo, onde ‐ a dos relógios
também são servidas suas refeições, é denominado
A Gente de Bordo
"Praça D'armas".
A Gente de Bordo
Essa denominação prende‐se ao fato de que, nos
navios antigos, as armas portáteis eram guardadas O “Comandante” é a autoridade suprema de bordo. O
nesse local, privativo dos oficiais. “Imediato” é o “Oficial executivo do navio”, segundo
do Comandante; é o substituto eventual do
A Tolda à Ré
Comandante: seu substituto Imediato.
Existem conveses com nomes especiais. Um convés
A “gente de bordo” se compõe de “Comandante e
parcial, acima do convés principal na proa é o convés
Tripulação (Oficiais e Guarnição)”. O Imediato e
do castelo. A denominação é reminiscência do antigo
Oficiais constituem a “oficialidade”. Os demais
castelo que os navios medievais levavam na proa
tripulantes constituem a Guarnição. As ordens para o
onde os guerreiros combatiam.
navio emanam do Comandante e são feitas executar
Em certos navios existem mais dois conveses com pelo Imediato, que é o coordenador de todos os
nomes especiais: “o convés do tombadilho”, que é o trabalhos de bordo, exercendo a gerência das
convés da parte alta da popa, e o “convés da tolda”. atividades administrativas.
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A unidade de combate naval é o navio. Os Corvetas
Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e Contratorpedeiros
as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente, Navios‐Transporte
comandam Forças Navais, grupamentos de navios. Corvetas
3ª Rebocadores de Alto
Sua hierarquia deve definir a importância funcional do Capitão de Corveta
Classe Mar
grupamento. Os postos de Almirantes, em sequência Navios‐Patrulha Fluviais
ascendente são: Contra‐Almirante, Vice‐Almirante e 4ª Navios‐Varredores
Capitão‐Tenente
Almirante de Esquadra. Classe Navios‐Patrulha
O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A
importância funcional do navio deve definir a A Hierarquia da Marinha Mercante
hierarquia de seus Comandantes. É mantida
As Escolas responsáveis pela formação de pessoal da
tradicionalmente a antiga importância dos navios para
Marinha Mercante funcionam nos Centros de
combate, classificados de acordo com o número de
Instrução Almirante Graça Aranha, no Rio de Janeiro,
conveses e canhões de que dispunham: as corvetas,
e Almirante Braz de Aguiar, em Belém.
com um convés de canhões; as fragatas, com dois
conveses de canhões; e as naus com três conveses de Esses estabelecimentos pertencem à Marinha do
canhões, havendo também, a denominação de navios Brasil, assim como as Capitanias dos Portos, suas
de linha ou navios de batalha, por serem os que Delegacias e Agências, que ministram o Ensino
constituíam as linhas de batalha. Daí a hierarquia Profissional Marítimo, capacitando profissionais para
ascendente dos comandantes, como Capitães de exercerem atividades a bordo de embarcação
Corveta, Capitães de Fragata e Capitães de Mar e marítimas e fluviais.
Guerra.
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE CONVÉS:
As funções internas nos navios cabem aos tenentes
(em hierarquia ascendente: 2° Tenente, 1° Tenente e ‐ Capitão de Longo Curso
Capitão‐Tenente) e praças (em hierarquia ascendente: ‐ Capitão de Cabotagem
Marinheiro, Cabo, 3º Sargento, 2º Sargento, 1º ‐ 1º Oficial de Náutica
Sargento e Suboficial). Nos navios de maior ‐ 2° Oficial de Náutica
importância há, ainda, oficiais superiores que exercem
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE MÁQUINAS:
funções internas, geralmente na chefia de
Departamentos. Navios menores que as corvetas, em ‐ Oficial Superior de Máquinas
geral, são comandados por Capitães‐Tenentes. ‐ 1° Oficial de Máquinas
‐ 2° Oficial de Máquinas
É interessante notar, entretanto, uma característica
ímpar da Marinha: na linguagem verbal, o tratamento
A Organização de Bordo
normalmente dados aos oficiais da Armada resumem
esses nove postos a três: Almirante, Comandante e Organização por Quartos e Divisões de Serviço
Tenente.
Em um navio de guerra, para a sua condução,
segurança e andamento dos serviços administrativos,
existe sempre uma parcela da tripulação que fica de
Divisões de Navios por Classe na MB:
serviço, quando em viagem ou no porto.
Tipos de Navios
Classe Comando Todo o pessoal é dividido em grupos chamados
(exemplos)
1ª Capitão de Mar e Navio‐Aeródromo quartos de serviço, que recebem os nomes de 1°
Classe Guerra Navio de Desembarque quarto, 2° quarto e 3° quarto. Existe sempre um
2ª Fragatas quarto, efetivamente, de serviço; um estará de folga;
Capitão de Fragata
Classe Submarinos
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e outro será o retém, que fornecerá pessoal para cinturão com coldre e pistola; o “Polícia”, que é um
cobrir faltas eventuais. Sargento ou um Cabo, encarregado de auxiliar o
Oficial de Serviço na fiscalização da disciplina e da
O zelo pelo navio é feito dividindo‐se as 24 horas do rotina, usa um cinto especial e um cassetete; o “Cabo
dia, em seis períodos de quatro horas ‐ também Auxiliar”, que usa um apito com cadarço preto e um
chamados de quartos ‐ cada um sob a cinto especial na cintura, com sabre, é o encarregado
responsabilidade de um quarto de cabos e de dar os toques (silvos de apito que transmitem
marinheiros, de uma divisão de suboficiais e sargentos informações e ordens), efetuar as batidas do sino,
e de uma divisão de oficiais. marcando os quartos, e fazer cumprir a rotina de
No porto, haverá sempre, em condições normais, pelo bordo; e o “Ronda”, que é um mensageiro às ordens
menos, um quarto de serviço. Mais gente ficará a do Oficial de Serviço e usa um cinto especial.
bordo, quando necessário, podendo permanecer todo O Sino de Bordo
o pessoal em prontidão, se assim for determinado.
No período compreendido entre os toques de
Dessa forma, o dia de trabalho do marinheiro, do alvorada e de silêncio, os intervalos dos quartos são
homem do mar, é contado diferente do dia do marcados por batidas do sino de bordo, feitas ao fim
homem de terra. Se fosse possível ao navio navegar de cada meia hora.
somente de oito horas da manhã até as cinco da tarde
‐ havendo parado uma hora para almoço ‐ e parar e 1ª meia‐hora do quarto: Uma batida singela
fundear ao final do dia, para então recomeçar tudo no 2ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla
dia seguinte, às oito horas, a jornada seria como a de 3ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla e uma
terra. Mas há séculos os marinheiros se ajustaram às singela
necessidades do mar, cumprindo uma jornada de 4ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas
trabalho dividida em seis quartos de serviço, cabendo 5ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas e uma
a parcelas diferentes da tripulação a vigilância, em singela
cada quarto. No porto, os quartos são de 00 às 04h, 6ª meia‐hora do quarto: Três batidas duplas
de 04 às 08h, 08h às 12h, de 12h às 16h, de 16h às 7ª meia‐hora do quarto: Três batidas duplas e uma
20h e de 20h às 24h. Em viagem, no período singela
compreendido entre OOh às 12h, os quartos tem o 8ª meia‐hora do quarto: Quatro batidas duplas
mesmo horário que do porto, porém, depois das 12
horas, os quartos são de 3 horas: 12‐15; 15‐18; 18‐21; As batidas do sino são uma tradição naval a ser
21‐24. preservada pelos responsáveis pela rotina de bordo.
Deve haver o cuidado, por parte do sinaleiro, de bater
O quarto de 04 às 08 é balizado de quarto d'alva (a acompanhando o Capitânia, de modo a não haver o
hora d'alva, do amanhecer). indesejável assincronismo.
As Fainas
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São fainas gerais e fainas comuns, entre outras: O cumprimento da rotina de bordo, bem como das
‐ Preparar para suspender; fainas, como já mencionado, são ordenados pelo
‐ Suspender (ou desamarrar ou desatracar); toque de apito. Alguns avisos e ordens em linguagem
‐ Preparar para fundear; clara, pelo fonoclama, podem ser dados, também, em
‐ Fundear (ou amarrar, ou atracar); certas circunstâncias especiais, mas repetir, em
‐ Navegação em águas restritas(Detalhe Especial para linguagem clara, o significado de um toque de apito é
o Mar); considerada atitude pouco marinheira, não sendo,
‐ Recebimento de munição; normalmente, permitido a bordo.
‐ Recebimento de material comum ou sobressalentes;
‐ Recebimento de mantimentos; As fainas de emergência são ordenadas pelos
‐ Montagem ou desmontagem de toldos; respectivos sinais de alarme, fonoclama, sino ou
‐ Içar e arriar embarcações; mesmo viva voz.
‐ Operações aéreas, decolagem e pouso de aeronaves; A Presidência das Refeições a Bordo
‐ Inspeção de material;
‐ Docagem e raspagem do casco; e As refeições de oficiais são presididas pelo Imediato
‐ Pintura geral. ou, na sua ausência, pelo oficial mais antigo presente,
o qual convida os demais a sentarem‐se à mesa.
São fainas de emergência:
‐ Incêndio; Após iniciada uma refeição, qualquer pessoa que
‐ Colisão; deseje sentar‐se à mesa, ou dela retirar‐se, deve pedir
‐ Socorro externo; permissão a quem a estiver presidindo. A cortesia
‐ Homem ao mar; naval dita que ninguém deve retirar‐se da mesa antes
‐ Reboque; do Imediato ou do oficial mais antigo presente.
‐ Abandono;
As refeições dos suboficiais e sargentos são presididas
‐ Avaria no sistema de governo;
pelo Mestre do Navio. Compete ao Mestre d'Armas
‐ Acidente com aeronave ("crash"); e
presidir as refeições dos cabos e marinheiros.
‐ Recolhimento de náufragos.
Além das fainas, existem ocasiões em que toda a
tripulação do navio deve atender a formaturas gerais,
Cerimonial de Bordo
para certas formalidades a bordo ou para cerimonial,
conhecidas com formaturas gerais. Saudar Pavilhão
São formaturas gerais: Como já foi explicado, faz parte do cerimonial saudar
‐ Parada; com a continência o Pavilhão Nacional, que é
‐ Mostra; arvorado na popa , das 8 horas até o por do sol.
‐ Distribuição de faxina;
‐ Postos de continência; Isto se faz ao entrar a bordo pela primeira vez e ao
‐ Bandeira; e sair pela última vez, no dia.
‐ Concentração da tripulação.
Saudar o Comandante
As situações previstas para fainas ou formaturas
É costume os oficiais saudarem o Comandante na
constam de uma tabela a bordo, chamada Tabela
câmara, pela manhã, quando em viagem. À noite, a
Mestra, que designa cada homem da tripulação para
saudação é feita após o Cerimonial do Arriar a
um determinado posto ou função, específica em cada
Bandeira.
faina ou formatura, além de designar qual é seu bote
salva‐vidas e seu respectivo quarto. Quando no porto, os oficiais formam para receber o
Comandante, cumprindo o Cerimonial de Recepção; e,
da mesma maneira, formam quando ele se retira de
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bordo, no Cerimonial de Despedida. Se algum oficial parte de tropa armada, em postos de continência ou
chegar após o Comandante, deve saudá‐lo na câmara, Parada”.
bem como ao Imediato. Se vai retirar‐se de bordo
antes do Comandante, deve despedir‐se dele na Conforme visto anteriormente, a continência é uma
câmara, obtendo licença para retirar‐se, não sem saudação entre militares. Ao cumprimentar um civil, o
antes ter sido liberado pelo Imediato. militar quando fardado, poderá fazer‐lhe uma
continência, como cortesia, além de dar‐lhe o usual
Saudar o Imediato aperto de mão.
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Ao suspenderem, no instante em que é Desta forma, o termo bandeira a meio‐pau é a
desencapelada a última espia ou o ferro arranca ou é expressão que corresponde à Bandeira Nacional içada
largado o arganéu da bóia, a Bandeira é arriada na a meio‐mastro. O jeque acompanha a Bandeira
popa e içada, em movimentos contíguos, no mastro Nacional, a meio‐pau. E o sinal de luto.
de combate, mas de forma que nunca deixe de estar
içado o Pavilhão Nacional. Não há cerimonial, nessas O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era
ocasiões. usual que os navios, como mostra de pesar pela morte
de uma personalidade, desamantilhassem as vergas,
A Bandeira do Cruzeiro, que é arvorada no pau do de modo a deixá‐las desalinhadas e pendentes, em
jeque, acompanha os movimentos da Bandeira diferentes ângulos, e com todos os cabos de laborar,
Nacional na popa. Ou seja, é içada e arriada junto com de mastros e vergas folgados e pendentes. A mostra
esta. de pesar consistia neste aspecto de desleixo, por
tristeza. O Pavilhão também era arriado a meio‐pau.
O Pavilhão é içado às oito horas da manhã e arriado
exatamente na hora do pôr‐do‐Sol. O Cerimonial Saudação de Navios Mercantes e Resposta
consta de sete vivas com o apito do marinheiro e das
continências de todo o pessoal. Quem estiver O navio mercante que passa ao largo de um navio de
cobertas abaixo, permanece descoberto e em silêncio, guerra cumprimenta‐o, amando sua Bandeira
atento. O cerimonial do arriar é maior e consta de Nacional, fazendo o de guerra o mesmo, como
formatura geral da tripulação. Após o arriar, é resposta.
costume o cumprimento geral de "boa‐noite" entre O mercante içara novamente sua Bandeira, depois
todos os presentes, sendo primeiramente dirigido ao que o de guerra o fizer.
Comandante.
A Salva: Saudação com Canhões
A Bandeira Nacional deve ser içada ou arriada em
movimento uniforme, que deve ser estimado para O sinal de amizade era antigamente entendido e
que ocorra durante o tempo em que é executado o mormente caracterizado pelo fato de apresentar‐se
hino ou toque. uma pessoa, com a espada abatida, ou um navio ou
uma embarcação, momentaneamente impossibilitado
Da mesma forma, o içar e arriar de galhardetes e de manobrar ou combater. Nos tempos em que não
Bandeiras‐Insígnias deve ser feito celeremente. havia meios seguros de comunicação e quando no
Durante o Cerimonial à Bandeira é vedada a entrada mar não era possível aos navios saberem notícias de
ou saída de pessoas e veículos na OM que o realiza, terra, a menos que encontrassem outros que as
salvo se localizada próxima à via pública, quando a transmitissem, era importantíssimo para cada um
interrupção do trânsito deve ocorrer, com o mínimo deles saber quais as intenções uns dos outros, quando
de prejuízo possível ao tráfego de pessoas e veículos, se encontravam. Imagina‐se que um navio, no mar há
entre o “Segundo Sinal” e o término do Cerimonial. algum tempo, poderia não saber se sua nação estava
ou não em guerra com outra, inclusive com aquela
Para as OM de terra são observados os mesmos cuja bandeira um navio avistado ostentava! Era,
procedimentos. portanto, importante demonstrar atitude amistosa,
tomando difícil a manobra ou o combate.
Bandeira a Meio‐Pau
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir
Nos navios da Marinha não se usa as denominações um tiro levava uma hora. Assim, um navio estava com
de "mastros" de bandeira, nem do jeque: a os canhões sempre carregados para combate. Mas, se
nomenclatura correia é nomeá‐los o "pau da ele os disparava, ficava impossibilitado
bandeira" e o "pau do jeque", mesmo que sejam momentaneamente de combater. A maior parte das
metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a tradição, fragatas e navios menores era armada com uma
é que sejam de madeira e envernizados. bateria de sete canhões, em cada borda. A princípio,
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uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica. homens para o combate, transitoriamente. Desta
As baterias de terra, no entanto, deveriam responder forma, dispor a guarnição pelas vergas dos navios‐
às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro escola a vela, veio até nossos dias, com a
de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros, denominação depostos de continência.
era respondida pela maior salva de terra, vinte e um
tiros. Com o progresso da indústria de armas e, Em todos os navios da Marinha, os postos de
principalmente, da produção da pólvora, a maior salva continência são atendidos com toda a guarnição
de bordo passou a ser também de vinte e um tiros. distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai
passar a autoridade a saudar, numa demonstração de
O número de tiros, depois que a salva se transformou respeito.
num costume, chegou aos nossos dias consagrado no
Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o máximo que Vivas
se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do Ainda permanece em nossa Marinha o hábito dos
costume acima, esse número é múltiplo de três. A "vivas". É uma repetição da antiga forma de
explicação é que os números 3, 5 e 7 sempre tiveram continência e saudação à autoridade que passar perto
significado místico, muito antes, mesmo, de existirem do navio, sempre que o fato for antecipado e
marinhas organizadas como as dos últimos três devidamente anunciado. A guarnição, quando em
séculos. postos de continência, a um sinal, leva o boné ao
O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos, peito do lado esquerdo, com a mão direita, e, ao sinal
entre um tiro e outro. Havia um velho costume, na de salvas do apito, sete vezes, estende a mão com o
Marinha antiga, que ainda hoje os oficiais "safos" boné para o alto, à direita, e dá os vivas
usam para contagem dos cinco segundos correspondentes.
regularmentares, que é o de dizer a expressão: "teco, Vivas do Apito
teleco, teco, pepinos, não são bonecos, ‐ fogo um!";
repetindo‐se após cada tiro o mesmo conjunto de Permanece, no Cerimonial da Bandeira, o costume
palavras só alternando o número da ordem de fogo. dos sete vivas, pelo apito do marinheiro. Durante o
Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva içar ou arriar da Bandeira, o Mestre ou Contramestre,
para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de dependendo da ocasião, faz soar sete vezes o apito,
cinco segundos. correspondendo aos sete vivas, que é a maior
saudação por apito.
Os Postos de Continência
O número de sete, como explicado, ainda é a
Mas, somente disparar os canhões não era mostra de lembrança dos antigos sete tiros das fragatas e navios
ficar sem aptidão para combater. O navio, além disso, menores, que constituíam a maior salva. Embora os
deveria ferrar o pano (colher as velas), perdendo tiros de salva tenham passado para vinte e um, os
velocidade e ficando momentaneamente vivas de apito permaneceram em sete, como a honra
impossibilitado de manobrar e combater, com todos máxima.
os cabos de laborar pelo convés e a guarnição
ocupada nas fainas. Assim, essa mostra de respeito Cerimonial de Recepção e Despedida
mantinha o navio privado de combater. Foi desse
Os oficiais ao entrarem e saírem de bordo fazem jus a
antigo costume, que vieram até nossos dias certas
um cerimonial correspondente à sua patente,
formas de cumprimento em embarcações como
constando de toques de apito característicos e da
remos ao alto, folgar as escotas ou parar a máquina.
continência de quem o recebe ou despede e dos
Nos grandes navios, no entanto, podia ser presentes. Além disso, marinheiros em formatura, em
demonstrada, ao navio avistado, a intenção pacífica, número correspondente a cada cerimonial, chamados
fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas. "boys", ladearão o oficial saudado, na escada de
Assim estava o navio impossibilitado de utilizar seus portaló e no convés.
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Esses cerimoniais são tradições herdadas dos dias da A chegada de autoridade a bordo de OM da MB
marinha a vela. Costumava‐se, nas reuniões de deverá ser anunciada no sistema de fonoclama,
Comandantes de navios de uma Força Naval em um quando couber, o cargo da autoridade visitante
determinado navio ‐ quando o mar não estava muito seguido da expressão “para bordo”. Não deverá ser
bom ‐ içar o visitante por uma guindola, espécie de anunciado pronome de tratamento ou nome da
pequena tábua suspensa pelas extremidades. A autoridade visitante. Por ocasião do cerimonial, a
manobra era comandada pelo Mestre, ao som do ordem ao Mestre ou Contramestre de Serviço não
apito e, para realizá‐la, vários marinheiros iam para o deve conter palavras desnecessárias, já que se trata
local de embarque. Hoje é uma cortesia naval acorrer de uma instrução para quem vai abrir toque. Assim,
com marinheiros ao portaló (local de embarque ou essa ordem deve ser pertinente ao toque
saída de bordo) e saudar com toque de apito, a característico a que tem direito a autoridade. A
autoridade que chegar ou sair. menção ao cargo desempenhado somente deve ser
feita a quem competir vocativo específico
Os marinheiros que acorriam para as manobras de (Comandante da Marinha, Chefe do Estado‐Maior da
embarque do Comandante a bordo eram chamados, Armada, Comandante de Operações Navais,
na Real Marinha britânica, de "boys". Esse costume Comandante‐Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e
passou desde o Império, à nossa Marinha. Hoje, há Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não
um toque de apito que, em realidade, significa boys se deve mencionar o Posto, a menos se,
aos cabos. Tratava‐se, até há pouco tempo, quando se eventualmente e no caso de ComemCh, o cargo
vinha ou saía de bordo por lancha, de chamar os estiver sendo exercido por Almirante de Esquadra. O
marinheiros para que descessem ao patim inferior da artigo 5‐1‐7 do Cerimonial da Marinha reflete com
escada de portaló e aí estendessem cabos clareza este ponto.
(preparados com pinhas nas duas extremidades, uma
para o boy e outra para a autoridade), para que lhe Os toques de apito devem ser dados apenas pelo
servissem de apoio quando embarcavam ou Mestre ou Contramestre de Serviço. Ao final das
desembarcavam. Honras de Recepção ou Despedida, quando por toque
de corneta, cabe o “ponto”, como sinal de desfazer a
Ao patim inferior da escada de portaló descem dois continência e a guarda de portaló executar o
"boys" e mais dois quando há espaço. Os demais comando de “ombro armas”. Nos casos em que
formam no convés. Quando estiver com prancha houver Guarda de Honra, esta executará o referido
passada para terra, somente dois devem ficar em comando quando determinado pelo seu Comandante.
terra; os demais formam no convés. Formar mais de
dois "boys" em terra é, como se diz. na gíria Uniformes e seus acessórios
marinheira, uma varada (de "vara", termo espanhol
que quer dizer encalhe). Tudo isso deve‐se ao fato de Os Uniformes
que o emprego dos "boys" é uma tradição na
Os oficiais, suboficiais e sargentos usam uniformes do
manobra de embarque e desembarque de oficiais, em
mesmo feitio para o serviço ou para os trabalhos a
navios no mar.
bordo. São do tipo paletó, ou dóimã, e calça, ou
Quando o Comandante é recebido no seu próprio somente camisa e calça. Na cabeça usa‐se o boné. Os
navio, é o Mestre quem executa os apitos do oficiais e suboficiais, para distinção, usam galões nas
cerimonial. platinas colocadas nos ombros dos uniformes
brancos, galões nos punhos do uniforme azul e
Quando o cerimonial é executado em terra, como nos distintivos na gola do uniforme cinza de manga curta
estabelecimentos ou cerimônias públicas, os "boys" (caqui para os Fuzileiros Navais). Os sargentos, cabos
são distribuídos no número completo previsto no e marinheiros cursados usam sempre, para distinção
Cerimonial da Marinha, em caráter simbólico. de graduação, divisas nos braços. Os marinheiros‐
recrutas, aprendizes e grumetes não usam divisas.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 12
As platinas são presas sobre os ombros dos uniformes As três listas da gola são reminiscência do costume
como acessório, sendo reminiscências de antigas tiras antigo de se indicar, por meio de fitas, presas ao
de couro usados nos uniformes para fixar os pelerine (capa utilizada sobre os ombros), o tempo de
talabardes (boldriés). São de origem francesa. serviço do embarcado.
Os galões dos oficiais são listras douradas. No Corpo Gorro de Fita
da Armada, a mais alta no punho é terminada por
uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência Os fuzileiros navais também trazem em seus
da volta que o Almirante Nelson, oficial inglês, levava uniformes simbolismo e tradição.
em um pequeno cabo amarrado à manga de seu O gorro de fita, de origem escocesa, é uma das
dólmã para sustentá‐la em um botão, quando, após tradições que são incorporadas, permanecem e
perder o braço, subiu ao convés pela primeira vez. As ganham legitimidade. Foi idéia, em 1890, de um
marinhas que tiveram origem e contatos com a comandante do Batalhão Naval, de ascendência
Marinha britânica conservam o símbolo. britânica. O gorro foi bem aceito e, hoje, caracteriza
Os cabos e marinheiros usam uniformes, brancos ou de forma ímpar o uniforme dos marinheiros de terra,
azuis, de gola, e na cabeça, bonés sem pala. Os de soldados do mar, que são os fuzileiros navais.
trabalho são de cor mescla, com chapéus redondos O Apito Marinheiro
típicos, de cor branca, chamados caxangá.
Os principais eventos da rotina de bordo são
O uniforme típico de marinheiro é universal. Suas ordenados por toques de apito, utilizando‐se, para
características são, principalmente, o lenço preto ao isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O
pescoço e a gola azul com três listras. apito serve, também, para chamadas de quem exerce
O lenço teve sua origem na artilharia dos tempos funções específicas ou para alguns eventos que
antigos da marinha a vela. Os marujos usavam um envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido,
lenço na testa durante os combates, amarrado atrás ao longo dos tempos, uma das peças mais
da cabeça. Esse procedimento evitava que o suor, características do equipamento de uso pessoal da
misturado à graxa e mesmo à pólvora das peças de gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam
tiro, lhes caísse nos olhos. Ao findar o combate, os para fazer a marcação do ritmo dos movimentos de
marinheiros regulares giravam o lenço e o amarravam remo nas galés.
ao pescoço, com o nó para frente. Hoje, Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie
simbolicamente, o lenço é colocado em tomo do de distintivo de autoridade e mesmo de honra. Na
pescoço. Inglaterra, o Lord High Admirai usava um apito de
Sua cor preta, diferentemente do que muitos dizem, ouro ao pescoço, preso por uma corrente; um apito
não é originada em sinal de luto pela morte de de prata era usado pêlos Oficiais em Comando, como
Nelson, pois era usado pelos marinheiros, com essa "Apito de Comando". Eram levados tais símbolos em
cor, bem antes disso, embora, naquele evento, tanta consideração que, em combate, um oficial que
tenham retirado o lenço característico do pescoço e o usasse um apito preferia jogá‐lo ao mar a deixá‐lo cair
colocado no braço. em mãos inimigas.
A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um
para proteger a roupa das substâncias gordurosas cadarço de tecido e tem utilização para os toques de
com que os marujos untavam o "rabicho" de suas rotina e comando de manobras.
cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as
permaneceu, como parte característica do uniforme. manobras que exigem coordenação e ordens
A cor azul é adotada por quase todas as marinhas do contínuas de um Mestre ou Contramestre, são
mundo. conduzidas somente com toques de apito. Fazê‐lo aos
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gritos denota pouca qualidade marinheira do braço esquerdo; e assim, protegia não somente o
dirigente da faina e sua equipe. coração, mas a insígnia de honra.
As condecorações e medalhas são usadas no lado Parece que a expressão vem de "pegar tempo", ou
esquerdo do peito. seja, pegar mau tempo. Fulano está pegando tempo,
para resolver a primeira questão de sua
O costume, que não é apenas naval, vem do tempo
prova...Aquele marujo não conseguiu safar‐se para a
das cruzadas, quando os cavaleiros traziam a insígnia
parada: pegou tempo, para arranjar um boné novo"
de sua Ordem (as Ordens da Cavalaria) perto do
coração. Era, também, porque o escudo ficava no ROSCA FINA, VOGA LARGA, E VOGA PICADA:
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Na gíria maruja, muitas expressões externam o
universal bom humor ou espirituosidade que
caracterizam os homens do mar. As expressões "rosca
fina", "voga picada" e "voga larga" são alguns
exemplos:
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EXERCÍCIOS: caxanqá.
(E) O gorro de fita é uma das tradições que foram
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da incorporadas à Marinha do Brasil, caracterizando de
Marinha do Brasil, o Apito Marinheiro, ao longo dos forma ímpar o uniforme dos Fuzileiros Navais.
tempos, tem sido uma das peças mais características
do equipamento de uso pessoal da gente de bordo.
Sabre esse assunto, e correto afirmar que, na Marinha
do Brasil: 3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da
Marinha do Brasil, a hierarquia militar assume
(A) na época dos navios a vela, a rotina de bordo era importância capital, sendo um dos pilares da
marcada com toques de apito, o que não mais ocorre instituição, Sobre esse assunto, e correto afirmar que,
na atualidade. na Marin ha do Brasil:
(B) o Apito Marinheiro tornou‐se uma espécie de
distintivo de autoridade e mesmo de honra, sendo (A) a oficialidade do navio é constituída apenas pelo
utilizado por todos os oficiais para a transmissão de Imediato e pelos oficiais com antiguidade inferior a
ordens. dele.
(C) hoje, o Apito Marinheiro continua preso ao (B) os oficiais‐generais, em hierarquia ascendente, são
pescoço por um cadarço de tecido e tem utilização Vice‐Almirante, Contra‐Almirante e Almirante de
apenas para comando de manobras. Esquadra.
(D) os toques de apitos estão grupados, por tipos, em
toques de Continência e Cerimonial, Fainas, Pessoal (C) os Tenentes, em hierarquia ascendente são: 1 °
Subalterno, Divisões e Manobras. Tenente, 2° Tenente e Capitão‐Tenente.
(E) o Oficial de Serviço utiliza o Apito Marinheiro, que
(D) as praças do Corpo da Armada, em hierarquia
serve para cumprimentar ou responder a
ascendente, são Marinheiro, Cabo, Primeiro‐
cumprimentos dos cerimoniais.
Sargento, Segundo‐Sargento, Terceiro‐Sargento e
suboficial ou subtenente.
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) A farda dos militares não se (E) os comandantes, em hierarquia ascendente, são
constitui em uma simples veste, mas, sobretudo, Capitães de Fragata, Capitães de Corveta e Capitães
constitui‐se em uma segunda pele, que adere a de Mar e Guerra.
própria alma, irreversivelmente e para sempre. Nesse
sentido, os uniformes dos militares têm por finalidade
principal caracterizá‐los, permitindo, à primeira vista, 4 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da
distingui‐los. Sobre esse assunto, assinale a opção Marinha do Brasil, a Bandeira do Brasil, um dos
correta. símbolos nacionais, tem tratamento especial por
parte de todos os militares. Sobre esse assunto,
(A) Os sargentos, Cabos e Marinheiros cursados usam
assinale a opção correta.
sempre, para distinção de graduação, divisas nos
ombros.
(B) O uniforme típico de Marinheiro é universal. Suas
características são, principalmente, o lenço azul ao (A) Os navios da Marinha do Brasil, quando atracados,
pescoço e a gola preta com três listras. fundeados ou amarrados, arvoram a Bandeira
(C) Os Marinheiros‐Recrutas, Aprendizes‐Marinheiros Nacional no mastro principal.
e Grumetes, em seus uniformes, usam divisas no
(B) Na Marinha do Brasil, o Cerimonial de arriar a
braço.
Bandeira Nacional é feito todos as dias, exatamente
(D) Os Cabos e Marinheiros usam uniformes brancos
na hora do pôr do sol.
ou azuis, de gala, e na cabeça sempre chapéus
redondos típicos, de cor branca, denominados
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(C) Nos navios da Marinha do Brasil, todos que entram
a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de
bordo pela última vez no dia, cumprimentam a
Bandeira Nacional no mastro principal, com o navio
no porto.
(D) Os navios da Marinha do Brasil arvoram a Bandeira
do Cruzeiro no pau de jeque, localizado na popa, a
qual sempre acompanha os movimentos da Bandeira
Nacional.
Respostas:
1 D
2 E
3 A
4 B
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HISTÓRIA NAVAL obstáculos entre os povos da Terra, tornaram‐se vias
de comunicação entre eles.
1 ‐ A História da Navegação:
O desenvolvimento dos navios portugueses
Os navios de madeira: construindo embarcações e
navios As caravelas provavelmente tiveram sua
origem em embarcações de pesca, que já existiam na
O primeiro método de construção de Península Ibérica desde o século XIII. Tinham, em
embarcações, utilizado desde a canoa de tábuas, é geral, velas latinas. As velas latinas são próprias para
chamado de “costado rígido”. Construía‐se primeiro o navegar com qualquer vento e, por isso, adequadas às
costado da embarcação, juntando as tábuas pelas explorações da costa da África. Principalmente foi
bordas e, depois, acrescentavam‐se, os reforços com as caravelas que os portugueses exploraram o
estruturais internos e externos. O costado podia ser litoral africano durante o século XV. Devido ao
liso ou trincado, conforme se juntavam as tábuas, desenvolvimento dos navios e de técnicas e
topo a topo ou sobrepondo suas bordas. O resultado instrumentos náuticos foi possível chegar ao extremo
deste método é um casco resistente, com ênfase sul do continente africano, ao Cabo da Boa Esperança,
estrutural no costado, bom para resistir a colisões e permitindo contornar a África, passando do Oceano
para encalhar, se necessário, nas praias. Ainda hoje se Atlântico para o Oceano Índico, e chegar ao Oriente.
constroem pequenas embarcações assim e, na
Antigüidade, era como se construíam as galés. A partir de então apareceu a nau, navio maior
destinado à navegação e ao transporte de
As galés eram embarcações movidas mercadorias. Tem‐se notícias que naus de três
principalmente por remos, algumas com muitos mastros, com o velame completamente desenvolvido,
remadores, embora pudessem também ter velas. eram utilizadas pelos portugueses desde o século XV.
Foram muito utilizadas por povos navegadores do
passado, como os cretenses, os gregos, os romanos, Por se enfatizar a prática mercantil, as naus
os bizantinos e os nórdicos. Chama‐se de navio uma eram mal armadas militarmente, levando poucos
embarcação grande. Há mais de dois mil anos, já se canhões para sua defesa e das rotas marítimas que
construíam navios. Empregava‐se a madeira, pois ela comandavam, abrindo espaço para a concorrência
foi o primeiro material que se mostrou mais adequado estrangeira. Até então Portugal vinha utilizando
para a construção naval. Somente após o caravelas bem armadas como navio de guerra, mas,
desenvolvimento industrial alcançado no século XIX, desde o início do século XVI, sentira a necessidade de
há cerca de 150 anos, é que o ferro e, depois, o aço, desenvolver o galeão, navio de guerra maior e com
passaram a ser matérias‐primas importantes para a mais canhões, para combater os turcos no Oriente e
construção naval. os corsários e piratas europeus ou muçulmanos no
Atlântico. O galeão foi a verdadeira origem do navio
Chegou‐se ao método de “esqueleto rígido” de guerra para emprego no oceano. Foi construído
após uma longa evolução que durou mais de mil anos, para fazer longas viagens e combater longe da Europa.
passando por métodos chamados de híbridos, em que
algumas cavernas eram montadas antes do costado, O desenvolvimento da navegação oceânica: os
para possibilitar algum controle da forma final do instrumentos e as cartas de marear
casco. Embora o método de esqueleto rígido tivesse
se desenvolvido no litoral do Mar Mediterrâneo (fora Para que Portugal pudesse realizar a expansão
de Portugal), ele foi empregado pelos portugueses marítima efetiva nos séculos XV e XVI foi preciso que
para construir os navios que iniciaram, no século XV, a se aperfeiçoasse a navegação, de modo a que se
aventura das Grandes Navegações, que não somente tornasse transoceânica e não apenas costeira, como
levou ao Descobrimento do Brasil, mas também se praticava.
transformou o mundo. Os oceanos, que antes eram
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Quando começaram as Grandes Navegações, que ocupa a posição no céu mais próxima do pólo sul
já eram conhecidos a bússola, inventada pelos celeste, não está suficientemente próxima para ser
chineses, também chamada de agulha de marear ou uma referência para a navegação. A melhor forma de
agulha magnética, e, dentre os instrumentos de calcular a latitude nesse hemisfério era observando o
observação, o astrolábio. Sol em sua passagem meridiana, ou seja, medindo em
graus sua altura, quando ele passa pelo ponto mais
A bússola é composta por uma agulha alto do céu, no local onde se está. Os navegadores da
imantada que se alinha em função do campo época das Grandes Navegações faziam isto muito
magnético natural da terra, podendo‐se saber a bem, utilizando instrumentos náuticos. O astrolábio
direção em que está o pólo norte magnético, era o mais importante deles e servia, neste caso, para
propiciando ao navio traçar seu rumo, sua direção. medir o ângulo entre o Sol em sua passagem
Para saber exatamente a posição em que se meridiana e a vertical. Outros instrumentos utilizados
está em relação ao globo terrestre, é necessário mais tarde, como o quadrante e o sextante, mediam a
calcular a latitude e a longitude do local. O cálculo altura do Sol através do ângulo em relação ao
prático da longitude, a bordo de navios, depende de horizonte.
se conhecer, com precisão, a hora. Porém, a As cartas náuticas eram muito imprecisas e
inexistência de relógios (cronômetros) que não passaram por um difícil processo de desenvolvimento.
fossem afetados pelos movimentos do navio causados As que foram inicialmente elaboradas pelos
pelas ondas fez com que a hora não pudesse ser portugueses eram conhecidas como portulanos. A
calculada no mar até o século XVIII, quando foram partir do final do século XVI, passou‐se a utilizar a
desenvolvidos cronômetros adequados para serem Projeção de Mercator . Esta projeção é utilizada até
utilizados a bordo dos navios. A latitude não era difícil os dias de hoje nas cartas náuticas. Nela os
de se calcular e era através dela e da estimativa de meridianos e paralelos são representados por linhas
quanto o navio havia se deslocado, que os retas, que se interceptam formando ângulos de 90
navegadores da época das Grandes Navegações graus. Isto causa consideráveis distorções nas
sabiam aproximadamente onde estavam. latitudes mais elevadas, porém tem a vantagem de os
Evidentemente, erros de navegação ocorreram com rumos e as marcações de pontos de terra serem linhas
conseqüências desastrosas. retas, facilitando a plotagem nas cartas. Como a Terra
No Hemisfério Norte, a estrela Polar, que é aproximadamente esférica (na verdade um geóide),
ocupa uma posição muito próxima do pólo norte a distância mais curta entre dois pontos não é uma
celeste, permite nos crepúsculos – ao nascente e ao linha reta na Projeção de Mercator, mas isto é
poente, quando se avista ao mesmo tempo o somente um pequeno inconveniente e a curva que
horizonte e as estrelas de maior brilho no céu – um representa a menor distância pode ser calculada pelo
cálculo mais seguro da latitude. Basta medir sua altura navegador.
em relação ao horizonte. Navegar mantendo a mesma A vida a bordo dos navios veleiros
altura significa manter a mesma latitude. Deslocando‐
se para o Sul ou para o Norte, essa altura varia. Era A vida a bordo dos navios veleiros era muito
assim, e com a ajuda de umas pedras translúcidas que difícil. O trabalho a bordo, com as manobras de pano,
polarizavam a luz nos dias nublados, que os nórdicos muitas vezes durante tempestades, exigia bastante
navegavam sem agulha de marear. Viajando para o esforço físico e era arriscado. A comida, sem
Oeste, alcançaram a Islândia e a América do Norte possibilidade de se ter uma frigorífica, era deficiente,
(muitos séculos antes de Cristóvão Colombo chegar à principalmente em vitaminas, o que causava doenças
América em 1492). como o beribéri (pela carência de vitamina B) e o
escorbuto (carência de vitamina C). Durante os longos
No Hemisfério Sul, a estrela Polar, que marca períodos de mau tempo, não havia como secar as
o pólo norte celeste, não é visível, e a estrela Alfa do roupas. A higiene a bordo também deixava muito a
Cruzeiro do Sul (a mais brilhante desta constelação),
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desejar. Muitos morreram nas longas viagens
oceânicas.
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EXERCÍCIO: 3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Na época da projeção de
Portugal e Espanha na navegação oceânica, no final
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – O desenvolvimento da do século XV, já se conhecia a bússola e o astrolábio.
tecnologia náutica ocorrido na Península Ibérica entre Naquela época, para o navegante saber exatamente a
os séculos XIII e XV foi fundamental para a consecução posição do navio em relação ao globo terrestre, era
da navegação oceânica, possibilitando a emergência necessário calcular a latitude e a longitude do local.
das chamadas “Grandes Navegações”. Assinale a Com base nessas informações, é correto afirmar que,
opção que representa uma embarcação pertencente no século XV:
ao contexto histórico da Expansão Marítima Europeia
dos séculos XV‐XVI. (A) o cálculo prático da longitude a bordo de navios
era difícil, pois dependia de se conhecer, com
(A) O Encouraçado tipo dreadnought, detentor de precisão, a hora.
forte armamento e poderosa blindagem e resistente (B) já existiam cronômetros rudimentares, que
às intempéries oceânicas. possuíam a vantagem de fornecer os rumos e as
(B) A galé movida a remo, que se constituía como marcações de pontos de terra em linhas retas,
embarcação veloz e era própria para a navegação facilitando a plotagem da latitude e da longitude nas
atlântica. cartas náuticas.
(C) A caravela, que devido às suas velas latinas (C) a latitude era difícil de ser calculada, e era por
possibilitou melhor navegabilidade na costa africana. meio dela e da estimativa de quanto o navio havia se
(D) O galeão, que fora projetado para servir deslocado que os navegadores da época sabiam
exclusivamente como navio mercante, tendo, desse exatamente a sua localização no mar.
modo, um grande porte. (D) o quadrante e o sextante mediam os meridianos e
(E) A nau, que era uma embarcação de pequeno porte os paralelos, representados por linhas retas que se
totalmente desarmada e equipada com velas interceptam formando ângulos de 90 graus,
redondas. permitindo estimar a hora e o cálculo da latitude.
Resposta: (E) a bússola já auxiliava na navegação, por apontar
(C) sempre para o norte verdadeiro terrestre, e o
astrolábio era utilizado para o cálculo da latitude e
2 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Até o final do século XVI, as longitude entre o nascer e o pôr do sol.
cartas náuticas eram muito imprecisas e passaram por
um difícil processo de desenvolvimento. A partir de Resposta:
então, passou‐se a utilizar uma projeção nas cartas (A)
náuticas cujo emprego perdura até os dias de hoje.
Nessa projeção, os meridianos e paralelos são
representados por linhas retas, que se interceptam
formando ângulos de 90 graus.
A projeção descrita acima é denominada
(A) Projeção de Mercator.
(B) Portulano.
(C) Projeção Europeia.
(D) Projeção de Colombo.
(E) Projeção lbérica.
Resposta:
(A)
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2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento Álvares Cabral chegou às terras do Brasil,
do Brasil consolidando o império ultramarino português.
Este capítulo aborda as condicionantes físicas Descoberta as terras que Portugal denominou
e políticas que levaram os portugueses a se Brasil, tornou‐se imperioso seu reconhecimento e
aventurarem pelo “mar tenebroso” ‐ como povoamento. Veremos, a partir daqui, quais as
antigamente era chamado o Oceano Atlântico ‐ em expedições que partiram para o reconhecimento do
busca de caminhos alternativos para o comércio com litoral das novas terras e as providências para povoá‐
o Oriente. Examinamos no capítulo anterior o la e defendê‐la. Como “Navegar é preciso”, vamos
desenvolvimento da construção naval e dos partir para o reconhecimento de novas terras...
instrumentos náuticos que permitiram tal feito e
“As armas e os barões assinalados
agora vamos conhecer um pouco da história de
Que da Ocidental praia Lusitana,
Portugal e de seus navegadores.
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
O pioneirismo português, ao assumir a
Em perigos e guerras esforçados
liderança do processo de expansão marítima européia
Mais do que prometia a força humana,
no final do século XIV, encontra explicação em dois
E entre gente remota edificaram;...
acontecimentos decisivos: o país estava com suas
fronteiras estabelecidas, após as guerras da Já no largo Oceano navegavam,
Reconquista (que resultou na expulsão dos As inquietas ondas apartando;
muçulmanos da Península Ibérica) e firmava‐se, Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
então, como o primeiro Estado europeu moderno,
Da branca escuma os mares se mostravam
politicamente centralizado, após a vitória militar
Cobertos, onde as proas vão cortando
contra os reinos vizinhos de Leão e Castela. Tal
As marítimas águas consagradas,...
processo de centralização do poder foi fator muito
importante para que o reino português pudesse (Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra
lançar‐se a aventura ultramarina, e quebrar o Os Lusíadas, editada em 1572).
monopólio exercido pelas cidades de Gênova e
Fundamentos da organização do Estado português e
Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia e
a expansão ultramarina
estabelecer contato direto com as fontes produtoras.
Para isso, em muito contribuiu a estrutura naval já A condição fundamental para o processo de
existente, cujo desenvolvimento foi estimulado pela formação das nações européias foi a crise do
coroa portuguesa. Na verdade, a expansão feudalismo, que teve início em meados do século XIII.
ultramarina ensejou uma aliança entre setores Esta crise foi resultante da relativa paz que vivia o
mercantis e a nobreza, tendo o Estado o controle e continente europeu, que permitiu a criação dos
direção de tal empreendimento. burgos (fora dos limites do senhor feudal, que lhes
dava proteção em troca da vassalagem), que viriam a
A primeira conquista portuguesa no ultramar
se transformar em vilas ou cidades com relativa
foi a cidade de Ceuta, ao norte da África onde hoje
autonomia. Isto provocou o enfraquecimento dos
fica situado o Marrocos. Na seqüência, Diogo Cão
senhores feudais, reduzindo o poder da nobreza e,
explorou a costa africana entre os anos de 1482 e
conseqüentemente, abrindo espaço para a retomada
1485. Bartolomeu Dias atingiu o sul do continente
do poder político pelos reis.
africano e ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487
(onde hoje fica a África do Sul) que, após este Os soberanos, à medida que obtinham
acontecimento, passou a chamar‐se Cabo da Boa recursos financeiros, em troca de privilégios,
Esperança. Vasco da Gama, em 1498, chegou a fortaleciam seus exércitos e submetiam os antigos
Calicute, Sudoeste da Índia, estabelecendo a rota feudos e as novas vilas e cidades à sua autoridade,
entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a frota de Pedro
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incorporando esses territórios ao que viria ser seus Aragão. A guerra deflagrada contra os mouros contou
reinos. Era o embrião do futuro Estado Nacional. com o apoio de grande parte da aristocracia européia,
atraída pelas terras que a conquista lhes
Intensas lutas precederam e consolidaram o proporcionaria.
Estado português. Iniciou com a expulsão dos mouros
da Península Ibérica em 1249 (os mouros invadiram a Durante o reinado de Afonso VI (1069‐1109),
Península Ibérica no ano de 711), no movimento de Leão e Castela, a partir de 1072, dois nobres
denominado Reconquista, quando Portugal franceses – Raimundo e Henrique de Borgonha –
consolidou seu território e firmou‐se como “o receberam como recompensa pelos serviços
primeiro Estado europeu moderno”, segundo o prestados na campanha a mão das filhas do rei, além
historiador Charles Boxer. Mas somente após a vitória de terras como dote. D. Raimundo recebeu as terras a
sobre os Reinos de Leão e Castela, em 1385, na norte do Rio Minho, o Condado de Galiza, e D.
Batalha de Aljubarrota, e a assinatura do tratado de Henrique o Condado Portucalense. Estas terras não se
paz e aliança perpétua com o Reino de Castela, em constituíam em reinos independentes e seus
1411, a paz foi selada. proprietários deviam prestar vassalagem ao rei de
Leão.
Portugal iniciou seu processo de expansão
ultramarina conquistando aos mouros a cidade de A origem do próprio Estado português se deu
Ceuta, no norte da África. A partir daí, virou‐se para o com a formação do Condado Portucalense, sob o
mar, onde se tornou dominante. Como não poderia domínio de D. Henrique de Borgonha. Este nobre,
deixar de ser, esta empreitada envolveu somas tendo o senhorio de ampla região entre os Rios Minho
altíssimas e, para financiá‐la, a coroa portuguesa se e Mondego, procurou reforçar, através da luta contra
valeu do aumento de impostos e recorreu a os mouros, seu poderio sobre os demais senhores de
empréstimos de grandes comerciantes e banqueiros terras daquela área, bem como conseguir autonomia
(inclusive italianos). frente aos interesses do vizinho Reino de Leão, a cujo
soberano, como já foi dito, devia vassalagem.
Lusitânia
O caráter inicial da formação dos reinos
A região que hoje é conhecida como Portugal ibéricos, definido pelos aspectos militar e religioso
foi originalmente habitada por populações iberas de desenvolvidos nas lutas contra os mouros, marcou as
origem indo‐européia. Mais tarde, foi ocupada, tendências principais da constituição desses Estados.
sucessivamente, por fenícios (século XII a.C.), gregos De um lado, o processo de expulsão do inimigo
(século VII a.C.), cartagineses (século III a.C.), romanos muçulmano deu prioridade ao aspecto militar, o que
(século II a.C.) e, posteriormente, pelos visigodos criou a necessidade de unificação do comando das
(povo germânico, convertido ao cristianismo no forças cristãs, papel exercido pelos senhores de terras
século VI), desde 624. mais poderosos das diversas regiões da península. Por
Em 711, a região foi conquistada pelos outro lado, o profundo caráter religioso tomado pela
muçulmanos, impulsionados por sua política de Reconquista, identificada com as cruzadas contra os
expansionismo, tendo como base uma coligação infiéis muçulmanos, fez com que a Igreja de Roma
formada por árabes, sírios, persas, egípcios e tivesse grande interesse no sucesso das forças cristãs.
berberes, estes em maioria, todos unidos pela fé As vitórias alcançadas pelos exércitos de D.
islâmica e denominados mouros. Quase a totalidade Henrique mostraram à Santa Sé a importância que
da península caiu em mãos dos mouros que, em seu estes vinham adquirindo no sucesso das lutas
avanço, só foram bloqueados quando tentaram militares. Assim, os interesses do senhorio do
invadir a França. condado e os do papado iam aos poucos convergindo
A resistência aos invasores só ganhou força a para o reconhecimento da autonomia portucalense
partir do século XI, após a formação dos reinos ante o Reino de Leão.
cristãos ao norte, como Leão, Castela, Navarra e
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O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre Além de setores diretamente ligados à Igreja,
o Duque portucalense D. Afonso Henriques (1128‐ assinala‐se também intensa vinculação da nobreza
1185), filho de Henrique de Borgonha, e D. Afonso VII, portucalense na formação do Estado Nacional
imperador de Leão, determinou o reconhecimento lusitano. Este setor social, cujo poder se originava na
por parte deste último da independência do antigo propriedade da terra, também participou de forma
condado, agora Reino de Portugal. decisiva nas guerras da Reconquista, apoiando o
esforço militar da realeza. Esta, num primeiro
Ordens militares e religiosas momento, concedeu privilégios bastante amplos à
Outro fator a ser ressaltado diz respeito às nobreza. Mais tarde, contudo, pretendeu limitar tais
ordens militares (ordens de cavalaria sujeitas a um privilégios, impondo medidas que beneficiavam a
estatuto religioso e que se propunham a lutar contra centralização do poder.
os mulçumanos) no processo da Reconquista. Tais Uma das providências tomadas nesse sentido
ordens, fundadas com o intuito de auxiliar os doentes foi a autonomia concedida pelo poder central aos
e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para concelhos (que correspondem aos municípios nos dias
combater militarmente os adeptos da fé mulçumana, de hoje), onde começavam a ter influência as
participaram das batalhas contra os mouros na aspirações de comerciantes e mestres de ofício. O
Península Ibérica. apoio do rei aos concelhos visava a enfraquecer o
Seus contingentes, em muitos casos, poder da nobreza fundiária em sua própria base
formaram a base dos exércitos cristãos. Em territorial, impedindo assim que os senhores de terras
conseqüência dessa atuação, várias ordens receberam fizessem prevalecer livremente seus interesses nas
doações de terras nos reinos ibéricos. Em Portugal, as áreas que comandavam, sem levar em conta as
ordens dos Templários, de Avis e de Santiago foram as determinações régias.
mais beneficiadas por tais privilégios. Outro mecanismo de limitação do poder da
As ordens, no entanto, não se destacaram nobreza foi o estabelecimento das inquirições. A
apenas pelo seu aspecto militar. Contribuíram partir de uma interrupção nas lutas militares contra os
significativamente para o povoamento do território mouros, entre os séculos XII e XIII, a coroa portuguesa
português, a partir das regiões que lhes foram buscou avaliar a situação da propriedade de terras no
distribuídas. Em torno de castelos e fortalezas, com reino.
efeito, desenvolveram atividades agrícolas que Durante a Reconquista, a nobreza laica e
levaram à fixação da população. eclesiástica aproveitou‐se da falta de controle régio
Além disso, foi igualmente importante nesse para alargar seus domínios territoriais e privilégios,
processo de ocupação territorial a participação das prejudicando em alguns casos os direitos e
ordens religiosas cujos membros não atuavam das rendimentos da coroa. Para coibir tal situação, o
lutas militares. Os mosteiros e capelas destas ordens, poder real utilizou‐se das inquirições, pelas quais se
dentre as quais se destacou a dos beneditinos, formavam comissões de inquérito (alçadas) a fim de
tornaram‐se pólos de atração pela segurança que investigar se os direitos reais devidos estariam sendo
ofereciam a inúmeras famílias. Da mesma forma, cumpridos e até mesmo verificar o direito legal às
desde a Reconquista, as ordens tomaram a peito a propriedades.
colonização de zonas desertas ou dizimadas pela Tal mecanismo se completava com as
guerra, criando novos focos de povoamento e confirmações, processo pelo qual o rei sancionava não
estimulando a exploração da terra. só a propriedade da terra como o próprio título
nobiliárquico do senhor em questão. Esses poderes
submetiam, de certa maneira, a nobreza eclesiástica e
O papel da nobreza civil à coroa, já que passavam a depender desta para a
preservação tanto do título quanto da propriedade.
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A importância do mar na formação de Portugal em 1317, o genovês Pezagno (ou Manuel Pessanha).
Data dessa época a chegada dos portugueses às Ilhas
Paralelamente aos problemas político‐ Canárias.
territoriais apontados, é digno de destaque que, além
da agricultura, o comércio marítimo e a pesca eram as Deve‐se também à sua iniciativa a
mais importantes atividades praticadas em Portugal, intensificação da monocultura do pinheiro bravo
país de solo nem sempre fértil e produtivo. A (Pinhal de Leiria), em princípio, com a finalidade de
atividade pesqueira destacou‐se como fundamental criar uma barreira vegetal que protegesse as terras
para complemento da alimentação de sua população. agrícolas do avanço das areias costeiras e, também,
como reserva florestal para o fornecimento de
Situado em posição geográfica estratégica, à madeira destinada à construção naval e à exportação.
beira do Oceano Atlântico e próximo ao
Mediterrâneo, era de se esperar que desenvolvesse O cultivo era extremamente racional: sempre
grande devotamento à navegação e, que havia corte de árvores, novas mudas eram
conseqüentemente, à construção naval. Natural, plantadas de imediato, recorrendose a enormes
também, que a Marinha portuguesa fosse utilizada sementeiras. Esta ação manteve o pinhal
em caráter militar, o que ocorreu a partir do século praticamente intacto e foi bastante utilizado durante
XII. os séculos XV e XVI, no período dos descobrimentos
marítimos. Além de fornecer madeira para a
No reinado de D. Sancho II (1223‐1245) construção naval, o pinho fornecia um subproduto
podem ser assinaladas as primeiras tentativas de importantíssimo para conservação e calafeto dos
implantação de uma frota naval pertencente ao cascos das embarcações: o chamado pez, alcatrão
Estado, ordenando, inclusive, a construção de locais vegetal de grande poder de vedação. É notável que o
específicos nas praias para reparo de embarcações. Pinhal de Leiria exista até os dias de hoje, constituindo
Desenvolvimento econômico e social uma das maiores manchas naturais da região do norte
do distrito de Leiria.
Durante o reinado de D. Dinis (1279‐1325),
sexto rei de Portugal (primeiro a assinar documentos No reinado de D. Fernando I (1367‐1383),
com nome completo e, presumidamente, primeiro rei último soberano da dinastia de Borgonha, foi baixada
não analfabeto daquele país), iniciativas bastante a Lei de Sesmarias, de 28 de maio de 1375. Tendo
relevantes foram adotadas para o fomento da cultura, como medida coercitiva mais rígida a expropriação
da agricultura, do comércio e da navegação. das terras não produtivas, essa lei foi mais uma
Denominado O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei tentativa de solucionar a carência de mão‐de‐obra no
Poeta ou Rei Trovador, D. Dinis foi um monarca campo, causada pela fuga das populações para os
essencialmente administrador e não guerreiro. centros urbanos, devido à peste negra. O resultado foi
Envolvendo‐se em guerra contra Castela, em 1295, uma séria crise de abastecimento de gêneros
desistiu dela em troca das Vilas de Serpa e Moura. alimentícios no reino.
Pelo Tratado de Alcanizes (1297) formou a paz com A Lei de Sesmarias, que mais tarde seria
Castela, ocasião em que foram definidas as fronteiras aplicada no Brasil, teve pouco efeito prático. Seus
atuais entre os países ibéricos. artigos, apesar de conterem ameaças aos
Preocupado com a infra‐estrutura do país, proprietários de terras, atuaram no sentido de
ordenou a exploração de minas de cobre, estanho e fortalecê‐los, pois obrigavam os trabalhadores a
ferro, fomentou as trocas comerciais com outros permanecerem nos campos, mesmo em troca de
países, assinou o primeiro tratado comercial com a baixa remuneração.
Inglaterra, em 1308, e instituiu a Marinha Real. Ainda durante o reinado de D. Fernando I, a
Nomeou então o primeiro almirante (que se tem construção naval recebeu grande incentivo, mediante
conhecimento) da Marinha portuguesa, Nuno a isenção de impostos e a concessão de vantagens e
Fernandes Cogominho, para cuja vaga foi contratado,
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garantias aos construtores navais, tais como a Outra conseqüência importante dos fatos
autorização aos construtores de embarcações com apontados foi a renovação da aristocracia portuguesa.
mais de cem tonéis que cortassem a madeira Os setores que haviam apoiado Castela tiveram seus
necessária nas matas reais com isenção de impostos. bens confiscados pela coroa, a qual os doou em parte
Também ficou isenta de impostos, a matéria‐prima aos seus aliados. Com tal divisão na nobreza, houve
importada destinada à construção naval. Em 1380, o até mesmo casos em que pais perderam os bens para
monarca criou a Companhia das Naus, que funcionava seus próprios filhos.
como uma empresa de seguros destinada a evitar a
ruína financeira dos homens do mar. Como resultado, Além disso, o apoio dos grupos mercantis a D.
incrementaram‐se o comércio marítimo, a exportação João I fez com que as aspirações de tais grupos
de produtos da agricultura e a importação de tecidos passassem a ser valorizadas pelo poder régio. A
e manufaturas. As rendas da Alfândega de Lisboa, situação econômica do reino, ao sair vitoriosa da
considerado porto franco, aumentaram revolução, era uma das mais graves. A alta do custo
significativamente e era intensamente freqüentado de vida e a queda do valor da moeda colocaram o
por estrangeiros. tesouro português em situação bastante difícil.
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naquelas regiões através de prática de pilhagens. A Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal,
tomada de Ceuta, no norte da África (Marrocos), em onde instalaram a primeira feitoria em território
1415, seria um dos exemplos mais representativos africano e iniciaram a comercialização de
deste tipo de empreendimento e marca o início da escravos, marfim e ouro.
expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Entre 1445 e 1461, descobriram o Cabo Verde,
navegaram pelos Rios Senegal e Gâmbia e
Em menos de um século, Portugal dominou as
avançaram até Serra Leoa.
rotas comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia,
Entre 1470 e 1475, exploraram a costa da Serra
cuja presença foi tão marcante nesses mercados que,
Leoa até o Cabo de Santa Catarina.
nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era usada
Em 1482, atingiram São Jorge da Mina e
nos portos como língua franca – aquela que permite o
avançaram até o Rio Zaire, o trecho mais difícil da
entendimento entre marinheiros de diferentes
costa ocidental africana. O navegador Diogo Cão
nacionalidades. Na segunda vertente, o objetivo
explorou a costa da África Ocidental entre 1482 e
colocava‐se mais a longo prazo, já que se buscava
1485.
conquistar pontos estratégicos das rotas comerciais
No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o
com o Oriente, criando ali entrepostos (feitorias)
Cabo das Tormentas, no extremo Sul do
controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da
continente – que passou a ser chamado de Cabo
tomada das cidades asiáticas. Tal modo de expansão
da Boa Esperança – e chegou ao Oceano Índico,
também ficou marcado pelo aspecto religioso
conquistando o trecho mais difícil do caminho das
(cruzadas), pois mantinha‐se a idéia de luta cristã
Índias.
contra os muçulmanos.
Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na
A expansão ultramarina permitiu, assim, uma costa Sudoeste da Índia, estabelecendo a rota
convergência de interesses entre os setores mercantis entre Portugal e o Oriente.
e a nobreza, tendo o Estado o papel de controle e
Durante o reinado de D. João II, iniciado em
direção de tal empreendimento. O monopólio do
1481, a expansão ultramarina atingiu o auge com os
comércio dos produtos asiáticos e o tráfico de
feitos dos navegadores Diogo Cão e Bartolomeu Dias.
escravos africanos (mão‐de‐obra para as regiões
Abriram‐se, desse modo, novas e extraordinárias
produtoras de matérias‐primas) enriqueciam não só
perspectivas para a nação portuguesa. O negócio das
os grupos mercantis, como geravam vultosas receitas
especiarias do Oriente, levadas para a Arábia e para o
para o tesouro régio, as quais a coroa, em certa
Egito pelos árabes e dali transportadas aos países
medida, repassava à nobreza através da doação de
europeus, por intermédio de Veneza – que
mercês, bens móveis e de raiz, bem como de
enriquecera com o tráfico –, vai se concentrar em
privilégios.
novas rotas, deslocando o foco do comércio mundial
Cronologicamente e resumidamente, assim se do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
deu o referido processo expansionista:
Foi justamente um genovês, Cristóvão
Entre 1421 e 1434, os lusitanos chegaram aos Colombo, quem abalou as pretensões de D. João II na
Arquipélagos da Madeira e dos Açores e sua política expansionista, ao descobrir a América em
avançaram para além do Cabo Bojador. Até esse 1492. No retorno de sua famosa viagem, Colombo
ponto, a navegação era basicamente costeira. avistou‐se com o rei de Portugal comunicando‐lhe a
Em 1436 atingiram o Rio do Ouro e iniciaram a descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo já
conquista da Guiné. Ali se apropriaram da Mina, havia oferecido seus serviços ao soberano português,
centro aurífero explorado pelos reinos nativos em que recusou a oferta baseado em informações dadas
associação aos comerciantes mouros, a maior pelos cosmógrafos do reino, levando o genovês a
fonte de ouro de toda a história de Portugal até dirigir‐se a Castela, onde obteve apoio financeiro para
aquela data. sua famosa viagem.
Em 1441, chegaram ao Cabo Branco.
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Abalado com as notícias trazidas por que seriam caravelas, incluída aí, uma naveta de
Colombo, D. João II cogitou em mandar uma mantimentos).
expedição em direção às terras recém descobertas,
convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco De seu comandante, Pedro Álvares Cabral,
depois, a questão foi arbitrada por três bulas do Papa sabe‐se que nasceu na Vila de Belmonte em 1467 ou
Alexandre VI, que concederam à Espanha os direitos 1468, segundo filho de Fernão Cabral, senhor de
sobre as terras achadas por seus navegadores a Belmonte, e de Dona Isabel de Gouveia. Na juventude
ocidente do meridiano traçado a cem léguas a oeste teria prestado bons serviços à coroa nas guerras da
das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde. África e por isso recebia 13.000 réis anuais. De
qualquer modo, sabe‐se da dúvida de D. Manuel na
Os portugueses discordaram da proposta e escolha do comandante da expedição, que no
novas negociações resultaram na assinatura do primeiro momento recaiu sobre Vasco da Gama.
Tratado de Tordesilhas (cidade espanhola) em 7 de
junho de 1494, que garantiu à coroa portuguesa as Cabral teria na época cerca de 30 anos e
terras que viessem a ser descobertas até 370 léguas a levava consigo marinheiros ilustres, como Bartolomeu
oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras Dias e Nicolau Coelho, além de numerosa tripulação,
situadas além desse limite pertenceriam à Espanha. perto de 1.500 homens, alguns degredados e oito
frades franciscanos, os primeiros religiosos mandados
D. João II morreu em 1495 e coube ao seu por Portugal a tais lugares.
sucessor, D. Manuel, dar continuidade ao projeto
expansionista. Durante sua gestão aconteceu a Uma das recomendações feitas a Cabral era
famosa viagem de Vasco da Gama, que partiu do Rio que tivesse particular cuidado com o sistema de
Tejo em julho de 1497, dobrou o Cabo da Boa ventos nas proximidades da costa africana, fruto da
Esperança, transpôs o Rio Infante, ponto extremo da experiência de Vasco da Gama. Na manhã do dia 14
viagem de Bartolomeu Dias, reconheceu de março, a frota atingiu as Ilhas Canárias, fazendo 5.8
Moçambique, Melinde, Mombaça e, em maio de nós de velocidade média. No dia 22, avistou São
1498, após quase um ano de viagem, chegou a Nicolau, uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.
Calicute, na Índia. Na manhã seguinte, desgarrou a nau comandada por
Vasco de Ataíde, que foi procurada exaustivamente e
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal dada como perdida.
em contato direto com a região das especiarias, do
ouro e das pedras preciosas, e, como conseqüência, a Prosseguindo a navegação sempre em rumo
conquista do quase total monopólio de tais produtos sudoeste, foram avistadas ervas marinhas, indicando
na Europa, abalando seriamente o comércio das terra próxima. No dia 22 de abril, foram avistadas as
repúblicas italianas. A conquista da rota marítima para primeiras aves e ao entardecer avistaram terra. Ao
as Índias assumiu, na época, importância longe, um monte alto e redondo foi denominado
revolucionária e suas conseqüências imediatas Pascoal por ser semana da Páscoa. Na manhã
empalideceram até mesmo o maior acontecimento da seguinte, avançaram as caravelas sondando o fundo e
história moderna das navegações: o descobrimento fundeando a milha e meia da praia próxima à foz de
da América por Cristóvão Colombo. um rio mais tarde denominado Rio do Frade. Após
reunião com os comandantes, foi decidido enviar a
A descoberta do Brasil terra um batel sob o comando de Nicolau Coelho para
fazer contato com os homens da terra, quando se deu
Vasco da Gama retornou a Portugal em julho o primeiro encontro entre portugueses e indígenas.
de 1499 sob clima de grande excitação motivado pela
descoberta da nova rota para a Índia. Pouco depois, a Durante a noite soprou vento forte, seguido
9 de março de 1500, partiu em direção ao oriente de chuvarada, colocando em risco as embarcações.
uma portentosa frota de 13 navios (dez Consultados os pilotos, decidiu Cabral sair em busca
provavelmente eram naus e “três navios menores”, de local mais abrigado, chegando em Porto Seguro,
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hoje Baía Cabrália. Alguns tripulantes desceram a expedição partiu de Lisboa em 13 de maio de 1501 em
terra, não conseguindo se fazer entender nem ser direção às Canárias, de onde rumou para Cabo Verde.
entendidos pelos habitantes que falavam uma língua Nessa ilha se encontrou com navios da Esquadra de
desconhecida. Cabral que regressavam da Índia. Em meados do mês
de junho, partiu para sua travessia oceânica,
No domingo de Páscoa, rezou‐se a missa e foi chegando à costa brasileira na altura do Rio Grande
decidido mandar ao reino, pela naveta de do Norte.
mantimentos, a notícia do acontecimento. Nos dias
posteriores, os marinheiros ocuparam‐se em cortar Na Praia dos Marcos (RN), deu‐se o primeiro
lenha, lavar roupa e preparar aguada, além de trocar desembarque, tendo sido fincado um marco de pedra,
presentes com os habitantes do lugar. Em 1° de maio, sinal da posse da terra. A partir de então, Gonçalo
Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida Coelho deu partida a sua missão exploradora
uma cruz, próximo ao que hoje conhecemos como Rio navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou
Mutari. Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro e denominou pontos litorâneos, conforme calendário
em lugar visível, foi erguido um altar, onde Frei religioso da época. O périplo costeiro da expedição
Henrique de Coimbra celebrou a segunda missa. teve como limite sul a região de Cananéia, localizada
no atual litoral Sul do Estado de São Paulo.
No dia 2 de maio, a frota de 11 navios
levantou âncoras rumo a Calicute, deixando na praia A expedição de 1502/1503
dois degredados, além de outros tantos grumetes, se
não mais, que desertaram de bordo. Antes de Essa segunda expedição foi resultado do
atingirem o Cabo da Boa Esperança, quatro navios arrendamento da Terra de Santa Cruz (nome inicial
naufragaram e desgarrou‐se a nau comandada por das nossas terras) a um consórcio formado por
Diogo Dias, que percorreu todo o litoral africano, cristãos‐novos, encabeçado por Fernando de
reencontrando a frota na altura de Cabo Verde, Noronha, e que tinha a obrigação, conforme contrato,
quando esta retornava a Portugal. de mandar todos os anos seis navios às novas terras
com a missão de descobrir, a cada ano, 300 léguas a
Com seis navios, Cabral alcançou à Índia, em vante e construir uma fortaleza.
setembro de 1500. Em Calicute, as negociações foram
difíceis, surgindo desentendimentos com os indianos, Segundo o Almirante Max Justo Guedes, essa
quando portugueses foram mortos em terra (inclusive viagem foi realizada entre o segundo semestre de
o escrivão da Armada, Pero Vaz de Caminha) e o porto 1502 e o primeiro semestre de 1503. A rota traçada
bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou em pela expedição possivelmente seguiu o percurso
Cochim e Cananor, onde foi bem recebida, normal até Cabo Verde, cruzou o Atlântico, passando
abastecendo‐se de especiarias antes da viagem de pelo Arquipélago de Fernando de Noronha,
retorno, iniciada no dia 16 de janeiro de 1501. No concluindo sua navegação nas imediações de Porto
trajeto de volta, um navio perdeu‐se no regresso e, Seguro.
dos que sobraram da esquadra, cinco retornaram ao A expedição de 1503/1504
reino. Em 23 de junho, a Armada adentrou o Rio Tejo
concluindo sua jornada. Segundo as informações do cronista Damião
de Góis, essa expedição partiu de Portugal em 10 de
O reconhecimento da costa brasileira junho de 1503, era composta por seis naus, e
A expedição de 1501/1502 novamente foi comandada por Gonçalo Coelho. Ao
chegarem em Fernando de Noronha, naufragou a
Preocupado em realizar o reconhecimento da capitânia. Neste local deu‐se a separação da frota.
nova terra, D. Manuel enviou, antes mesmo do Após aguardar por oito dias o aparecimento do
retorno de Cabral, uma expedição composta por três restante da frota, dois navios (num dos quais se
caravelas comandadas por Gonçalo Coelho, tendo a encontrava embarcado Américo Vespúcio) rumaram
companhia do florentino Américo Vespúcio. A para a Baía de Todos os Santos, pois assim
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determinava o regimento real para qualquer navio Em 1530, Portugal resolveu enviar ao Brasil
que se perdesse da companhia do capitão‐mor. uma expedição comandada por Martim Afonso de
Sousa visando à ocupação da nova terra. A Armada
Havendo aguardado por dois meses e quatro partiu de Lisboa a 3 de dezembro e era composta por
dias alguma notícia de Gonçalo Coelho, decidiram duas naus, um galeão e duas caravelas que, juntas,
percorrer o litoral em direção ao sul, onde se conduziam 400 pessoas. Tinha a missão de combater
detiveram durante cinco meses em um ponto cujas os franceses, que continuavam a freqüentar o litoral e
coordenadas indicam ter sido no litoral do Rio de contrabandear o pau‐brasil; descobrir terras e
Janeiro, onde ergueram uma fortificação e deixaram explorar rios; e estabelecer núcleos de povoação.
24 homens. Logo depois retornaram a Portugal
aportando em 18 de junho de 1504. Gonçalo Coelho Em 1532, fundou no atual litoral de São Paulo
com o restante da frota regressou a Portugal, ainda a Vila de São Vicente e logo a seguir – no limite do
em 1503. planalto que os índios chamavam de Piratininga – a
Vila de Santo André da Borba do Campo. Da Ilha da
As expedições guarda‐costas Madeira, Martim Afonso trouxe as primeiras mudas
A costa do pau‐brasil prolongava‐se desde o de cana que plantou no Brasil, construindo na Vila de
Rio de Janeiro até Pernambuco, onde foram sendo São Vicente o primeiro engenho de cana‐de‐açúcar.
estabelecidas feitorias, nas quais navios portugueses Ainda se encontrava no Brasil quando, em
realizavam regularmente o carregamento desse tipo 1532, Dom João III decidiu impulsionar a colonização,
de madeira para o reino. Esse negócio rendoso utilizando a tradicional distribuição de terras. O
começou a atrair a atenção de outros países europeus regime de capitanias hereditárias consistiu em dividir
que nunca aceitaram a partilha do mundo entre o Brasil em imensos tratos de terra que foram
Portugal e Espanha, dentre eles a França. distribuídos a fidalgos da pequena nobreza, abrindo à
Os franceses começaram a freqüentar nosso iniciativa privada a colonização.
litoral comercializando o pau‐brasil clandestinamente Martim Afonso de Sousa retornou a Portugal
com os índios. Portugal procurou, a princípio, usar de em 13 de março de 1533, após ter cumprido de
mecanismos diplomáticos, encaminhando várias maneira satisfatória sua missão de fincar as bases do
reclamações ao governo francês na esperança de que processo de ocupação das terras brasileiras.
o mesmo coibisse esse comércio clandestino.
C R O N O L O G I A
Notando que ainda era grande a presença de DATA EVENTO
contrabandistas franceses no Brasil, D. Manuel Conquista da cidade de Ceuta pelos
1415
resolveu enviar o fidalgo português Cristóvão Jaques, portugueses.
com a missão de realizar o patrulhamento da costa Os lusitanos chegam aos Arquipélagos da
brasileira. 1421 e Madeira e dos Açores e avançam para
1434 além do Cabo Bojador. Até esse ponto, a
Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de navegação era basicamente costeira.
nossa costa entre os períodos de 1516 a 1519, 1521 a Os lusitanos atingem o Rio do Ouro e
1522 e de 1527 a 1528, onde combatendo e iniciam a conquista da Guiné. Ali se
apropriam da Mina, centro aurífero
reprimindo as atividades do comércio clandestino.
1436 explorado pelos reinos nativos em
Em 1528, foi dispensado do cargo de capitão‐ associação aos comerciantes mouros, a
maior fonte de ouro de toda a história de
mor da Armada Guarda‐Costa, regressando para
Portugal.
Portugal. 1441 Chegam ao Cabo Branco.
Atingem a Ilha de Arguim, onde instalam a
primeira feitoria em território africano, e
1444
iniciam a comercialização de escravos,
A expedição colonizadora de Martim Afonso de
marfim e ouro.
Sousa
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Descobrem o Cabo Verde, navegam pelos
1445 e
Rios Senegal e Gâmbia e avançam até
1461
Serra Leoa
1470 a Exploração da costa da Serra Leoa até o
1475 Cabo de Santa Catarina.
1482 e O navegador Diogo Cão explorou a costa
1485 da África.
Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das
Tormentas, no extremo sul do continente
– que passou a ser chamado de Cabo da
1487
Boa Esperança – e chegou ao Oceano
Índico, conquistando o trecho mais difícil
do caminho da Índia.
1492 Cristóvão Colombo chegou à América.
1494 Assinatura do Tratado de Tordesilhas.
Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa
1498
sudoeste da Índia.
Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares
1500
Cabral.
Fernão de Magalhães chegou às Filipinas
1519 passando pelo extremo sul do continente
americano.
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EXERCÍCIO: colônias na África e estabelecer comércio com os
holandeses por meio de trocas (escambo).
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Leia o texto a seguir. (D) Fundar uma povoação naquela região e derrotar
“As armas e os barões assinalados definitivamente os franceses.
Que da Ocidental praia Lusitana, (E) Obter riquezas acumuladas através da prática de
Por mares nunca dantes navegados pilhagem e criar entrepostos (feitorias) controlados
Passaram ainda além da Taprobana, pelos comerciantes lusos.
Em perigos e guerras esforçados Resposta: (E)
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram;
Novo Reino, que tanto sublimaram (...)”
(Trecho de ‘Os Lusíadas’ de Luís de Camões, 1572)
(A) A centralização política de Portugal e a aliança
entre a nobreza e os setores mercantis.
(B) A vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos Cem
Anos e a posição geográfica favorável.
(C) A absorção de tecnologias náuticas dos ingleses e
o isolamento da nobreza.
(D) A dependência portuguesa ao Reino de Castela e o
emprego de navegadores holandeses.
(E) A aliança com os comerciantes genoveses e o
monopólio português do comércio no Mar
Mediterrâneo.
Resposta: (A)
Assinale a opção que apresenta os objetivos da coroa
portuguesa na primeira e segunda vertentes,
respectivamente.
(A) Estabelecer bases para suas futuras ações militares
e extrair rendas obtidas com a agricultura.
(B) Explorar a cultura do açúcar naquela região e
permitir projetar poder militar a longas distâncias.
(B) Combater os franceses que invadiram suas
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3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil invasor é logo expulso por uma Esquadra luso‐
espanhola.
Diversos intrusos desafiaram os interesses
ultramarinos de Portugal durante os séculos XVI e Os holandeses, em seguida, ocuparam
XVII. Os franceses foram os primeiros e, desde o início Pernambuco, realizando conquistas ao sul, em
do século XVI, navios de armadores franceses Alagoas e Sergipe, bem como ao norte, na Paraíba, Rio
freqüentavam a costa brasileira, comerciando com os Grande do Norte e mais áreas, permanecendo no
nativos os produtos da terra: pau‐brasil; pele de Nordeste por 24 anos.
animais selvagens; papagaios e macacos; resinas
vegetais e outros. Portugal reagiu, como vimos no Ocorreram, nesse período, muitos combates
capítulo anterior, enviando expedições guarda‐costas no mar, como a “Batalha Naval de 1640”, que
e iniciando a colonização do Brasil. envolveu cerca de cem navios, entre holandeses e
luso‐espanhóis, em embates que duraram cinco dias
No início da colonização portuguesa no Brasil, na costa do Nordeste.
os franceses estabeleceram duas colônias: em 1555,
no Rio de Janeiro, e em 1612, no Maranhão. Portugal Nessa luta para expulsar os holandeses, o
reagiu às duas invasões, projetando seu Poder Naval, esforço em terra foi fundamental. O Poder Naval
com bom êxito, para expulsar os invasores. português foi capaz de manter Salvador como base de
operações e somente com a presença de uma força
Na foz do Amazonas, ingleses, holandeses e naval em Pernambuco é que foi possível obter a
irlandeses estabeleceram feitorias privadas; sendo rendição definitiva dos invasores.
preciso o emprego da força para expulsá‐los.
No século XVIII, com o envolvimento de
O comércio holandês com o Brasil data da Portugal na Guerra de Sucessão de Espanha, na
primeira metade do século XVI. Em 1580, ocorreu a Europa, o Rio de Janeiro foi atacado por dois corsários
união das coroas de Portugal e Espanha e o rei da franceses. Com a descoberta do ouro das Minas
Espanha, Felipe II, passou a ser, também, o rei de Gerais, no final do século XVII, o Rio de Janeiro vinha
Portugal. Os holandeses iniciaram sua guerra de se tornando uma cidade próspera durante o início do
independência contra a Espanha no final do século século XVIII. Mais tarde, devido às riquezas das minas,
XVI, mesmo assim continuaram a comercializar, com o tornouse a capital da colônia.
auxílio de mercadores portugueses, produtos
brasileiros, como o açúcar, algodão e pau‐brasil. Pretensões expansionistas também podem ser
visualizadas no interesse que Portugal tinha nas
A Holanda era um país de bons comerciantes riquezas espanholas do oeste sul‐americano na região
e hábeis marinheiros. Os holandeses possuíam uma do Rio da Prata – acesso às minas de prata de Potosi,
fortíssima consciência marítima e utilizavam seu na Bolívia. A ocupação espanhola na região foi,
Poder Marítimo com muita habilidade. Eles não portanto, fundamental para deter os interesses
pretendiam ficar sem o rico mercado do açúcar portugueses. Mesmo assim, era por ela que a prata
brasileiro, devido ao conflito com a Espanha e boliviana era contrabandeada para o Brasil.
conseqüentemente Portugal. Em 1621, eles criaram a
West‐Indische Compagnie, a Companhia das Índias Buscando expandir seus domínios em direção
Ocidentais. Logo, Salvador, capital da colônia do ao Sul do continente, Portugal rompeu o Tratado de
Brasil, seria alvo de uma invasão desta companhia. Tordesilhas, assinado com os espanhóis em 1494,
quando, em janeiro de 1680, o governador do Rio de
O objetivo maior da Companhia das Índias Janeiro, D. Manuel Lobo, fundou, na margem
Ocidentais era manter o relacionamento comercial esquerda do Rio da Prata, a Colônia do Santíssimo
com o Brasil e, se possível, a conquista do Nordeste. A Sacramento. Este fato desencadeou uma série de
tentativa não tarda, e, em 1624, é feito o ataque a desentendimentos, lutas e tratados de limites, em que
Salvador (BA), ocupada por breve período, pois o o emprego do Poder Naval português foi muito
importante, como veremos neste capítulo.
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O interesse no estudo desse período é precisaria de profissionais (exemplo: sapateiros,
mostrar que foi nele que definiram as fronteiras Sul alfaiates, barbeiros, carpinteiros, oleiros, pedreiros,
do território brasileiro, que mudavam conforme o médicos, soldados entre outros) necessários à
poderio militar e os tratados firmados entre sobrevivência na colônia.
portugueses e espanhóis.
As pessoas que vieram com Villegagnon
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão formavam um grupo heterogêneo: católicos e
protestantes (em uma época de sérios conflitos
Essas duas invasões não foram iniciativas do religiosos), soldados escoceses e ex‐presidiários
governo da França, cuja estratégia estava voltada para (caracterizando extremos de aceitação de disciplina).
seus interesses na própria Europa, mas sim iniciativas A pior falha, no entanto, foi a presença de poucas
privadas. Em ambas, faltou o apoio do Estado francês, mulheres européias no grupo, o que fez com que
no momento em que, atacadas pelos portugueses, muitos colonos procurassem as índias para se
necessitaram de socorro. Por outro lado, a relacionarem. Esta atitude era difícil para Villegagnon
colonização do Brasil foi interesse de Portugal, que entender, por sua formação religiosa de Cavaleiro de
pretendia proteger a rota de seu comércio com a Malta , com voto de castidade, não admitindo sexo
Índia. Todos os recursos do Estado português estavam fora do casamento.
disponíveis para expulsar os invasores e proteger os
núcleos de colonização portuguesa. Houve um excesso de conflitos,
principalmente após a chegada de um grupo de
Rio de Janeiro protestantes calvinistas, com o propósito de estudar a
Em 1553, Nicolau Durand de Villegagnon foi possibilidade de fazer da França Antártica uma colônia
nomeado vice‐almirante da Bretanha , e desenvolveu protestante.
um plano para fundar uma colônia na Baía de Os franceses contavam com a amizade dos
Guanabara (RJ), onde habitavam nativos da tribo tupinambás. Eles comerciavam com os franceses por
Tupinambá, aliados dos franceses. O Rei da França, meio de trocas (escambo) – recebiam machados,
Henrique II, aprovou esse plano de iniciativa privada, facas, tesouras, espelhos, tecidos coloridos, anzóis e
prometeu apoio e forneceu financiamento e dois outros objetos. Em troca, forneciam o pau‐brasil, que
navios para a viagem. cortavam na floresta e traziam para a colônia, além de
Villegagnon chegou à Baía de Guanabara em outros produtos da terra e alimentos. Os tupinambás
1555, instalou o núcleo da colônia – que chamou de construíram grandes canoas de um só tronco (igara)
França Antártica – na ilha que atualmente tem seu ou da casca de uma árvore (ubá). Eles lutaram
nome e construiu uma fortificação, dando‐lhe o nome bravamente ao lado dos franceses, pois detestavam
de Forte de Coligny, em homenagem ao almirante os portugueses que eram amigos de seus inimigos.
francês que lhe apoiara. A ilha era pequena e não A reação portuguesa ocorreu quando o
tinha água, mas era uma excelente posição de defesa. Governador Mem de Sá, em 1560, atacou o Forte de
Em terra firme, perto do atual Morro da Glória, Coligny com uma força naval (soldados e índios) que
instalou uma olaria para fabricar tijolos e telhas, fez trouxera da Bahia, arrasando‐o. Depois partiu para
plantações e deu início a uma povoação, que chamou São Vicente sem deixar uma guarnição na Guanabara.
de Henryville, homenageando o Rei da França Os franceses fugiram para o continente, abrigando‐se
Henrique II. A povoação em terra firme, não teve bom junto a seus aliados tupinambás e, logo depois que os
êxito e o progresso da colônia, como um todo, deixou portugueses se foram, restabeleceram suas
a desejar. fortificações.
Villegagnon, que anteriormente já mostrara Mem de Sá concluiu que era necessário
sua bravura e competência como militar em diversas ocupar definitivamente o Rio de Janeiro para garantir
ocasiões, encontrou muitas dificuldades para recrutar a expulsão dos invasores. Dessa vez enviou, em 1563,
pessoas para a colônia. Um núcleo de colonização
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seu sobrinho Estácio de Sá à testa da nova força naval, colaborasse significativamente com recursos para o
com ordens para fundar uma povoação na Baía de reforço da colônia.
Guanabara e derrotar definitivamente os franceses.
Em 1614, uma força naval comandada por
Estácio de Sá obteve a ajuda de uma tribo tupi Jerônimo de Albuquerque, nascido no Brasil, chegou
inimiga dos tupinambás, os maracajás ou temiminós, ao Maranhão para combater os franceses. Este
liderados por Araribóia. Participaram, também, como grupamento pode ser considerado a primeira força
aliados dos portugueses, índios da tribo tupiniquim de naval comandada por um brasileiro.
Piratininga, trazidos de São Vicente (SP).
Chegando ao Maranhão, os portugueses
Estácio de Sá fundou a cidade de São iniciaram a construção de um forte, que chamaram
Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, entre o Morro Santa Maria. Logo os franceses se apoderaram de três
Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Era um local apertado, dos navios que estavam fundeados. Animados com o
protegido pelos morros e de fácil defesa, de onde se bom êxito alcançado, resolveram, uma semana
controlava a entrada da barra da Baía de Guanabara. depois, atacar o forte português. Planejaram um
Logo, começaram a combater os franceses e os ataque simultâneo de tropas que desembarcariam e
tupinambás. Houve grandes combates, inclusive um de tropas que atacariam o forte pela retaguarda,
de canoas nas águas da baía e um ataque ao atual vindas de terra. Os portugueses, no entanto, foram
Morro da Glória, onde Estácio de Sá foi ferido por uma mais ágeis e contra‐atacaram separadamente, com
flecha, no rosto, vindo a falecer em conseqüência vigor, as duas forças francesas, vencendo‐as.
deste ferimento.
Os franceses, resolveram propor um
Derrotados na Guanabara, os franceses e seus armistício, para conseguir reforços na França ou obter
aliados tentaram, ainda, estabelecer uma resistência uma solução diplomática. Os portugueses aceitaram.
em Cabo Frio, mas acabaram vencidos. Os franceses
que se renderam foram enviados de navio para a A trégua foi favorável aos portugueses, que
França. obtiveram reforços no Brasil. La Ravardière não
conseguiu novamente o apoio de seu governo e o
Maranhão tratado de paz em vigor, naquele momento, previa
que em casos como esse os riscos e perigos cabiam
Os franceses continuaram com o tráfico aos particulares, sem que a paz entre os Estados fosse
marítimo na costa brasileira. Seu eixo de atuação, perturbada. Além do mais, o rei de Portugal não
porém, deslocou‐se para o norte, ainda sem ratificou a trégua e ordenou que se expulsassem os
povoações portuguesas. Após diversas ações, franceses do Maranhão. Providenciou reforços e
estabeleceram‐se, em pequeno número, em diversos mandou o governador de Pernambuco organizar uma
pontos do litoral. Desde o final do século XVI, o nova expedição. O comando coube a Alexandre de
Maranhão passou a ser um local regularmente Moura, que partiu em uma força naval.
freqüentado por navios franceses. Na atual Ilha de São
Luís havia uma pequena povoação de franceses, em Os franceses foram cercados no Maranhão,
boa convivência com os índios, também tupinambás, por mar e por terra, e, sem esperança de reforços,
que habitavam o local. para evitar que os portugueses os tratassem como
piratas, renderam‐se em 1615.
Em 1612, partiu da França a expedição
chefiada pelos sócios, Daniel de la Touche de la Invasores na foz do Amazonas
Ravardière e Nicolau de Harlay de Sancy, com poderes
de tenentes‐generais do rei da França. Quando Após a ocupação do Maranhão, os
chegaram, construíram o Forte de São Luís. portugueses resolveram dirigir sua atenção para os
invasores da foz do Amazonas, enviando uma
Na França, o bom relacionamento do expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da
momento com a Espanha fez com que o governo não cidade de Belém, para servir de base para suas ações
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militares. De lá, eles passaram a atacar os A preparação de forças navais que
estabelecimentos dos ingleses, holandeses e projetassem poder militar a tão longa distância exigia
irlandeses, enforcando os que resistiam e um enorme esforço. Era necessário um planejamento
escravizando as tribos de índios que os apoiavam. Esta cuidadoso dos recursos financeiros, materiais e
violência e a criação de uma flotilha de embarcações humanos. A força deveria ser composta por variados
(que agia permanentemente na região apoiando as navios: os de guerra, como os galeões e as fragatas; as
ações militares e patrulhando os rios) garantiram o naus e as urcas, que serviam tanto como embarcações
bom êxito e asseguraram a posse da Amazônia mercantes quanto navios militares; e as caravelas, que
Oriental para Portugal. serviam ao transporte. Havia, também, diversos
outros navios menores, como patachos, iates velozes
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco e embarcações que complementavam a capacidade
Holandeses na Bahia das forças navais. Considerando as populações da
época – Holanda teria cerca de 1,5 milhão de
A invasão holandesa de Salvador (BA) foi habitantes e Portugal menos que isto – não era fácil
planejada pela Companhia das Índias Ocidentais com conservar em segredo a preparação de uma força
o propósito de lucro, a ser obtido com a exploração da naval. Espiões mantinham as cortes européias
cultura do açúcar. Levantado o capital para o informadas e seus informes eram avaliados e
empreendimento, os holandeses reuniram uma força utilizados para preparar contra‐ofensivas. Ocorreram
naval de 26 navios, com 509 canhões e tripulados por verdadeiras corridas de forças navais para alcançar a
1.600 marinheiros e 1.700 soldados. O comando costa brasileira. Chegar primeiro podia ser uma
coube ao Almirante Jacob Willekens. decisiva vantagem.
Os navios partiram de diversos portos da Os luso‐espanhóis conseguiram ficar prontos
Holanda e reuniram‐se em uma das ilhas do antes dos holandeses e, em 22 de novembro, partia
Arquipélago de Cabo Verde. Em 8 de maio de 1624, de Lisboa uma armada composta por 25 galeões, dez
chegaram à Baía de Todos os Santos; no dia seguinte, naus, dez urcas, seis caravelas, dois patachos e quatro
iniciaram o ataque a Salvador. navios menores, tendo a bordo 12.500 marinheiros e
soldados. Como comandante‐geral, vinha D. Fadrique
Os holandeses atacaram os fortes que
de Toledo Osório, Marquês de Villanueva de Valdueza.
defendiam a cidade. Os navios que transportavam
tropas se dirigiram para o Porto da Barra, onde A armada luso‐espanhola chegou a Salvador
desembarcaram. A cidade foi saqueada. Somente em 29 de março de 1625. Era a maior força naval que
alguns dias depois organizou‐se reação contra os até aquela data atravessara o Atlântico. Cerca de 20
invasores. navios holandeses se abrigavam sob a proteção dos
fortes e a cidade de Salvador era defendida por tropas
Estabelecidos em Salvador, os holandeses
holandesas. Iniciou‐se o ataque luso‐espanhol e, a 1º
foram, aos poucos, diminuindo os efetivos de sua
de maio, os holandeses renderam‐se. Dias depois de
força naval, com o retorno de diversos navios para a
se entregarem, apareceu na barra o socorro holandês,
Holanda.
de 34 naus. Percebendo a retomada da cidade, não se
Em Lisboa e Madri, a notícia sobre a tomada animaram a tentar a luta.
da cidade de Salvador chegou cerca de dois meses e
A ocupação do Nordeste brasileiro
meio depois da invasão. De maneira imediata, o
governo luso‐espanhol começou a preparar uma força Em 1629, a Companhia das Índias Ocidentais
naval capaz de recuperar a cidade antes que os resolveu dirigir seus esforços para Pernambuco em
holandeses se consolidassem na região. Na Holanda, vez de tentar reconquistar a Bahia.
sabendo‐se dos preparativos espanhóis, acelerou‐se a
prontificação dos reforços que deveriam garantir a Conduzia a nova expedição uma armada de 56
ocupação da Bahia. navios, fortemente artilhados, trazendo 3500
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tripulantes e 3000 soldados. Comandava a força naval holandesas; e alcançar o Caribe para comboiar a Frota
holandesa o General‐doMar Wendrich Corneliszoon da Prata para a Espanha.
Lonck. Olinda e Recife (PE) foram conquistadas em
1630. Depois de escalar em Salvador, a força naval
luso‐espanhola partiu para cumprir sua missão.
Soube‐se dos preparativos com antecedência Devido ao vento contrário, navegou para sueste para
em Madri e Lisboa. O General Matias de Albuquerque, depois rumar para Pernambuco. Foram interceptados
que então estava na Europa, regressou ao Brasil para pela força naval holandesa na altura do Arquipélago
organizar a reação, mas pouco pôde ser feito de dos Abrolhos.
efetivo, restando, para os defensores, iniciar a defesa
em terra depois da ocupação. Oquendo formou seus galeões em coluna e
deu ordem aos navios do comboio para se
As providências luso‐espanholas para posicionarem fora do combate. Os holandeses tinham
recuperar Pernambuco, durante o período de união planejado abordar cada um dos maiores galeões luso‐
das duas coroas, encontraram dificuldades crescentes espanhóis com dois navios. Seguiu‐se um terrível
de recursos e não lograram a mobilização das forças combate, com tentativas e sucessos de abordagens e
necessárias. O tesouro espanhol, cada vez mais bordadas bem próximas de artilharia. Como resultado,
debilitado, não foi capaz de arcar com um os holandeses perderam dois navios, inclusive o
empreendimento semelhante ao da armada que capitânia, que incendiou e explodiu, e um outro ficou
libertara a Bahia em 1625. Cabe observar que era seriamente avariado. Os luso‐espanhóis tiveram dois
necessário proteger com escoltas as frotas que navios afundados, um navio foi apresado pelos
levavam a produção de açúcar para Portugal e as que holandeses e outro regressou a Salvador devido às
levavam a produção mineral das colônias espanholas grandes avarias sofridas. Nesse combate, morreram
para a Espanha. Entre 1631 e 1640, dentro do período ou desapareceram cerca de 700 homens,
da união com a Espanha, foram enviadas três aproximadamente 280 ficaram feridos e 240 foram
esquadras luso‐espanholas ao Brasil. aprisionados.
Os holandeses também enviaram forças Na Batalha Naval de 1640, 66 navios e
navais, com reforços de tropas, para proteger suas embarcações luso‐espanhóis, transportando tropas da
conquistas no Brasil. Ocorreram, conseqüentemente, força naval comandada pelo Conde da Torre,
encontros que resultaram em diversos combates combateram navios holandeses (inicialmente 30,
navais. Destacam‐se, entre eles, o Combate Naval dos depois 35) comandados por Willem Loos.
Abrolhos, em 3 de setembro de 1631, e os ocorridos
intermitentemente durante cinco dias, de 12 a 16 de O Conde da Torre saiu de Salvador com o
janeiro, na Batalha Naval de 1640. propósito de desembarcar tropas em Pernambuco. Os
holandeses pretendiam evitar que ocorresse esse
No Combate Naval dos Abrolhos, os luso‐ desembarque. As forças navais se encontraram no dia
espanhóis, comandados por D. Antônio de Oquendo 12 de janeiro e travaram combates durante cinco dias,
de Zandátegui, tinham 17 galeões, 23 navios tendo se combatido, de fato, em quatro deles. A
mercantes carregados com açúcar, 12 caravelas com iniciativa coube aos holandeses que visavam a atingir,
tropas e três patachos. Os holandeses, comandados com seus tiros, os cascos dos galeões luso‐espanhóis,
por Adriaen Janszoon Pater, lutaram com 18 navios. que se defendiam atirando nos mastros e velas,
procurando imobilizar os inimigos. Os holandeses
A missão de Oquendo era desembarcar as evitaram as abordagens.
tropas que trazia de Pernambuco e da Paraíba;
comboiar os navios mercantes que levariam ao reino a Durante o combate, o Almirante Willem Loos,
produção de açúcar e outros produtos do Brasil, até comandante holandês, teve a cabeça mutilada por um
que estivessem livres de ataques das forças tiro de canhão, logo após o início da batalha. Coube
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ao seu imediato assumir a frente na liderança da desempenhou papel de destaque no apoio a essa
frota. causa, podendo‐se identificá‐lo como seu
organizador‐chefe. Iniciou‐se, assim, em Pernambuco,
No intervalo dos combates, os holandeses a campanha da insurreição contra os holandeses.
foram abastecidos com pólvora e munições por
embarcações vindas de terra. Também receberam Em 1644, Teles da Silva resolveu reunir uma
reforços de mais cinco navios. força naval para auxiliar os revoltosos, com base no
que havia disponível. Os três navios mais fortes eram
Para os luso‐espanhóis, a Batalha de 1640 foi naus, armadas com 16 canhões cada. Tripulações
uma derrota estratégica. Após cinco dias, as tropas despreparadas faziam com que essa força
não haviam desembarcado em Pernambuco. Os improvisada não fizesse frente aos profissionais
combates levaram a força naval do Conde da Torre holandeses e mercenários. O comando foi dado ao
para o norte, ao longo do litoral do Nordeste. Com Coronel Jerônimo Serrão de Paiva.
resultado insatisfatório, já que a força holandesa
muito pouco fora desfalcada, o Conde da Torre Haviam chegado ao Brasil, em fevereiro de
decidiu pelo desembarque das tropas no atual Estado 1645, dois galeões portugueses, o São Pantaleão, de
do Rio Grande do Norte e regressar a Salvador com 36 canhões, e o São Pedro de Hamburgo, de 26 ou 30
sua força naval. canhões. Eram parte da escolta da primeira frota
comboiada que, após carregar no Rio de Janeiro,
Os holandeses, por sua vez, conseguiram regressou a Salvador, com o propósito de, em
manter o domínio do mar e se aproveitaram dele para seguida, partir para Portugal. O almirante dessa frota
bloquear os portos principais e atacar o litoral do era Salvador Correia de Sá e Benevides, filho de um
Nordeste do Brasil, expandindo sua conquista. fluminense e uma espanhola, que tinha propriedades
A insurreição em Pernambuco no Rio de Janeiro.
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que não havia condições favoráveis para atacar ou Em fevereiro de 1647, os holandeses
manter um bloqueio de Recife. atacaram e ocuparam a Ilha de Itaparica, com uma
força naval comandada pelo Almirante Banckert. O
No dia 13, o mau tempo obrigou os navios a propósito era ameaçar Salvador.
buscarem o alto‐mar. Durante todo o dia 12, no
entanto, tinham sido admirados pelo povo O ataque a Itaparica incentivou D. João IV a
pernambucano e o que, depois, ficou conhecido como iniciar a preparação de uma força naval para enviar ao
a Jornada do Galeão, acabou sendo, somente, um ato Brasil. As dificuldades financeiras e materiais eram
de emprego político do Poder Naval pelos muito grandes para o empobrecido Portugal. Foi
portugueses, influenciando as mentes e as atitudes, necessário conseguir empréstimos de particulares, a
sem uso de força. serem amortizados com o imposto sobre o açúcar do
Brasil.
No dia seguinte chegou a carta‐resposta
holandesa. Estranhava o auxílio oferecido e pedia que D. João IV designou Antônio Teles de Menezes
se retirassem de Recife. Durante o mau tempo, Serrão comandante da “Armada de Socorro do Brasil”,
de Paiva separou‐se de Salvador de Sá e, depois de fazendo‐o Conde de Vila Pouca de Aguiar e
alguma insistência em permanecer em alto‐mar no nomeando‐o governador e capitão‐general do Estado
litoral de Pernambuco, resolveu se abrigar na Baía de do Brasil, em substituição a Teles da Silva. Compunha‐
Tamandaré. Salvador de Sá seguiu para Lisboa com o se essa esquadra de 20 navios: 11 galeões, uma urca,
comboio. duas naus, duas fragatas e quatro navios menores.
Partiu de Lisboa em 18 de outubro de 1647, chegando
Em 9 de setembro de 1645, o Almirante a Salvador em 24 de dezembro.
holandês Lichthardt resolveu atacar Serrão de Paiva.
Os portugueses contavam com sete naus, três Enquanto isso, em 7 de novembro, saiu de
caravelas e quatro embarcações, com uma tripulação Lisboa, com destino ao Rio de Janeiro, uma força
de mil homens aproximadamente, e estavam naval comandada por Salvador de Sá, com o propósito
fundeados. Lichthardt investiu a barra com oito navios de libertar Angola, na África.
holandeses e foi abordar os navios portugueses
dentro da baía. A missão da esquadra do Conde de Vila Pouca
de Aguiar não era expulsar os holandeses de
A resistência se limitou ao bravo Serrão de Pernambuco ou atacar Recife, mas proteger Salvador
Paiva e a poucos homens de seu navio. A maioria dos e expulsar os invasores da Ilha de Itaparica. A perda
marinheiros e soldados se lançou ao mar, nadando de Salvador seria, sem dúvida, desastrosa para
para a praia. Seguiu‐se uma verdadeira carnificina de Portugal e para a causa dos revoltosos.
fugitivos e uma derrota fragorosa, com muitos
mortos, prisioneiros, inclusive o Serrão de Paiva Na Holanda, sabendo‐se da Armada
ferido, e navios queimados ou apresados e levados portuguesa de socorro ao Brasil, organizou‐se uma
para Recife. Os documentos e a correspondência força naval sob o comando do ViceAlmirante Witte
sigilosa, comprometedores quanto ao envolvimento Corneliszoon de With. Os navios saíram aos poucos
das autoridades portuguesas na revolta, caíram nas dos portos e somente em março de 1648 alcançaram
mãos dos holandeses. Recife. Encontraram uma situação desfavorável: as
forças holandesas tinham se retirado de Itaparica e
Com o domínio do mar novamente restava em poder da Companhia, além de Recife, a
assegurado, os holandeses puderam movimentar suas Ilha de Itamaracá e os Fortes do Rio Grande do Norte
tropas de reforço, sem risco de oposição no mar. e da Paraíba.
Assim, puderam organizar ataques para diminuir a
pressão que os insurretos já exerciam sobre seus Ao chegar a Recife, o Almirante Witte de With
principais pontos estratégicos. encontrou indefinições sobre que ação tomar no mar.
A decisão da Companhia era lançar suas forças de
terra, reforçadas pelas tropas trazidas por De With,
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para vencer os rebeldes luso‐brasileiros, aliviando a A derrota dos holandeses em Recife
pressão que já exerciam sobre Recife.
Apesar de ainda manterem o domínio do mar,
Em 19 de abril de 1648, travou‐se a Primeira o ânimo dos tripulantes estava diminuindo,
Batalha dos Guararapes e os holandeses, mais ocasionando motins, destituição de comandantes e o
numerosos e com fama de estarem entre os melhores regresso de navios amotinados para a Holanda.
soldados da Europa de então, foram derrotados no
campo de batalha. Queixava‐se De With, em cartas ao governo
holandês, da dificuldade de se realizar as
Restava para a Companhia agir no mar, manutenções necessárias em seus navios, das
bloqueando os portos brasileiros, tentando capturar a condições precárias de vida de seus marinheiros e da
Frota do Açúcar e atacando pontos do litoral. O necessidade de reforços, para que não se perdesse o
bloqueio, apesar de exigir dos marinheiros longas Brasil. No final de 1649, o próprio De With passou a
estadias no mar, com conseqüentes problemas solicitar seu regresso para a Holanda e, logo depois
sanitários e alimentares, tinha como incentivo a partiu, à revelia da Companhia das Índias. Em
possibilidade de fazer presas, havendo participação da dezembro, os outros navios dos Estados Gerais
tripulação no resultado financeiro da venda dos Holandeses se amotinaram e iniciaram seu regresso
navios e das cargas apresadas. para a Europa, sem autorização.
Fez‐se ao mar De With, tendo atenção ao Em fevereiro de 1650, a primeira frota da
bloqueio de Salvador, onde a poderosa força naval do Companhia Geral do Comércio do Brasil portuguesa,
Conde de Vila Pouca de Aguiar se mantinha inativa. com 18 navios de guerra, chegou ao Brasil. Não tinha
Em dezembro, aproveitou para atacar os engenhos de ordens para atacar Recife. D. João IV ainda temia uma
açúcar situados nas margens da Baía de Todos os guerra com a Holanda na Europa e preferia manter a
Santos, sem ser molestado pela força naval situação informal no Brasil, procurando obter
portuguesa, que mantinha seus navios protegidos resultados através de negociações diplomáticas e da
pela artilharia das fortificações de terra de Salvador. guerra de insurreição. Perdia‐se, novamente, uma
oportunidade, pois os holandeses, já sitiados em
Em novembro de 1648, chegou a notícia da terra, não mais contavam com a força naval de De
vitória de Salvador de Sá, com a rendição dos With.
holandeses em Angola, no que poderia se chamar de
primeira projeção brasileira de poder para o exterior, Em abril de 1650, os holandeses no Recife
pois o Rio de Janeiro foi a base para a libertação de receberam o reforço de 12 navios, o que permitiu
Angola e muitos brasileiros participaram da luta, recuperar o domínio do mar e bloquear o Cabo de
inclusive índios. Isso levantou o ânimo dos Santo Agostinho, local por onde as forças de terra
portugueses para continuar a luta no Brasil. Ficou luso‐brasileiras recebiam suas provisões. A força do
evidente que somente com a organização de Conde de Vila Pouca de Aguiar ainda estava em
comboios, fortemente escoltados, seria possível Salvador, porém com ordem de somente entrar em
manter as rotas de navegação entre Portugal e Brasil. combate se atacada. No final daquele ano, partiu para
Criou‐se, então, a Companhia Geral do Comércio do Portugal, escoltando a frota da Companhia do Brasil.
Brasil.
Vieram ao Brasil outras frotas da Companhia
Em fevereiro de 1649, a Companhia das Índias portuguesa e os holandeses conseguiram enviar
Ocidentais resolveu repetir, em terra, o ataque às outras forças navais, mas os dias do domínio holandês
forças rebeldes, em Guararapes. Novamente os estavam contados. A Companhia das Índias Ocidentais
holandeses foram derrotados, ficando óbvio para eles não lograra alcançar um bom êxito econômico e
que sem um novo socorro da Europa nada mais financeiramente estava muito mal. Recife continuava
poderia ser feito em terra. estrangulado pelos insurretos luso‐brasileiros.
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Por décadas, o Poder Marítimo holandês havia Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil
preponderado nos oceanos, mas, em meados do
século XVII, reapareceu a concorrência séria da Grã‐ A fronteira do Sul do Brasil demorou a ser
Bretanha, que teve como conseqüência a Guerra definida devido à ferrenha disputa travada entre
Anglo‐Holandesa de 1652‐54. Tornou‐se, portanto, Portugal e Espanha que tinham interesse em dominar
inviável para os holandeses manter o domínio a estratégica região platina. Para consolidar o domínio
permanente do mar na costa do Brasil. da região, os dois reinos travavam diversas batalhas –
nas quais o poder naval de ambos os lados foi muito
Em dezembro de 1653, a quarta frota da empregado – e vários acordos foram firmados.
Companhia do Brasil portuguesa chegou ao Brasil. O
comandante da frota, Pedro Jaques de Magalhães, Tratado de Lisboa (1681) – Já no primeiro ano de sua
decidiu bloquear Recife e apoiar os revoltosos luso‐ fundação, em 1680, a Colônia de Sacramento foi
brasileiros. As posições holandesas foram, atacada e reconquistada aos espanhóis pelo
sucessivamente, sendo conquistadas e a rendição de governador de Buenos Aires, sendo devolvida aos
Recife finalmente ocorreu no final de janeiro de 1654. portugueses em 1683, após a assinatura do Tratado
de Lisboa, em 1681.
O longo êxito dos holandeses no Brasil foi
resultante do esmagador domínio do mar que Tratado de Utrecht (1715) – A morte do Rei da
conseguiram manter durante quase todo o período da Espanha Carlos II, em novembro de 1700, levou as
ocupação. Mesmo quando Recife já estava cercado e maiores potências européias a engajarem‐se no
era inviável vencer em terra, ainda conseguiram, por conflito que ficou conhecido como Guerra de
longos anos, suprir a cidade por mar. Sucessão de Espanha, que durou quase 15 anos e teve
seus reflexos estendidos para o continente
Podemos afirmar que, na longa guerra travada americano. Nesse conflito, Portugal e Espanha ficaram
entre holandeses e portugueses, os holandeses foram em lados opostos e, como conseqüência, a Colônia de
derrotados no Brasil, venceram na Ásia e houve Sacramento foi novamente ocupada pelos espanhóis
empate na África e na Europa. em 1705.
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EXERCÍCIO: (A) foram iniciativas do governo da França, cuja
estratégia estava voltada para seus interesses no
1 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Ao longo dos séculos XVI e XVII, Brasil, afirmando que o mundo não estava dividido
o Brasil foi invadido por estrangeiros, dentre eles, os entre Portugal e Espanha.
holandeses, os quais permaneceram por décadas na
costa brasileira, no intuito de formar colônias. Qual foi (B) a colonização do Brasil foi interesse de Portugal,
o fator preponderante que resultou no longo êxito que pretendia proteger a rota de seu comércio com
dos holandeses no Brasil? toda a America do Sul.
(A) A importância de suas forças terrestres, (C) Portugal não disponibilizou recursos para expulsar
extremamente bem preparadas. os invasores e proteger os núcleos de colonização
(B) A instalação de fortes para servir de base para suas portuguesa, tendo esse país que recolher mais
ações militares. impostos da Colônia para suportar os custos com
(C) O emprego dos corsários para, por meio de ações armas e navios.
que visavam ao lucro, causar danos, nos mares, a seus
inimigos. (D) a reação portuguesa no Rio de Janeiro ocorreu
(D) O esmagador domínio do mar, que conseguiram quando o Governador Tomé de Souza, em 1560,
manter durante quase todo o período da ocupação. atacou o Forte de Copacabana com uma forca naval
(E) A amizade que mantinham com os índios, que lhes (soldados e índios) que trouxera da Bahia.
supriam por meio de escambos. (E) em 1614, uma força naval comandada por
RESPOSTA: D Jerônimo de Albuquerque chegou ao Maranhão para
combater os franceses. Esse grupamento pode ser
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Leia o texto a seguir. considerado a primeira forca naval comandada par
um brasileiro.
O início da colonização do Brasil pelos portugueses
contou com uma série de investidas de outras nações RESPOSTA: E
europeias, que buscaram, através de ocupações,
romper o domínio português estabelecido pelo
Tratado de Tordesilhas. Dentre essas intervenções,
houve a ocupação Francesa de 1612‐1615. No
combate a tal ocupação, pode‐se citar Jerônimo de
Albuquerque, primeiro nascido no Brasil a comandar
uma força naval. A que local da colônia portuguesa o
texto acima se refere?
(A) Rio de Janeiro.
(B) Pernambuco.
(C) Maranhão.
(D) Bahia.
(E) Ceará.
Resposta: (C)
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4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira transporte4 , entrou na Baía de Guanabara. A bordo
também vinham os integrantes da Brigada Real da
Emergindo das dificuldades do período Marinha encarregados da artilharia e da defesa dos
revolucionário (1789‐ 1799), a França erguia‐se navios.
perante a Europa aristocrática com o “Grande
Exército” chefiado por Napoleão Bonaparte. As Vamos ver neste capítulo o que ocorreu
notáveis vitórias militares francesas subjugaram a quanto ao estabelecimento da Marinha na Corte e a
maior parte do Velho Mundo e esse expansionismo política externa de D. João, caracterizada pela invasão
teve repercussões intensas na própria América, da capital da Guiana Francesa, Caiena, e a ocupação
abrindo caminho para a emancipação política das da Banda Oriental, atual Uruguai.
colônias ibéricas.
No campo interno veremos a Revolta Nativista
As guerras napoleônicas (1804‐1815) foram de 1817, movimento separatista ocorrido em
caracterizadas por dois aspectos: o primeiro na luta Pernambuco, onde a Marinha atuou na sua repressão,
de uma nação burguesa contra uma Europa bloqueando o porto de Recife.
aristocrática; e o segundo na luta entre França e
Inglaterra. Com a derrota da Marinha francesa na Com o retorno de D. João VI para Portugal,
Batalha de Trafalgar (1805) para a Marinha inglesa, permaneceu no Brasil seu filho D. Pedro, que passou a
muito superior, decide Napoleão investir contra seus sofrer pressão vinda da Corte de Portugal para que
inimigos continentais (Áustria e Prússia) e, ao tomar regressasse a Lisboa. Como conseqüência, temos o
Berlim, iniciou guerra econômica à Inglaterra, Dia do Fico (09/01/1822) e, posteriormente, após
estabelecendo em 1806 um “bloqueio continental”. novas pressões, D. Pedro proclama a nossa
Os demais Estados europeus foram concitados a Independência.
aderir ao bloqueio, dentre eles Portugal. Para concretizar a nossa Independência e
Portugal sempre manteve laços comerciais levar a todos os recantos do litoral brasileiro a notícia
com a Inglaterra e a sua não‐adesão ao bloqueio2 foi do dia 7 de setembro, foi necessário organizar uma
determinante para a decisão de sua invasão por força naval capaz de atingir todas as províncias, e
Exército francês sob o comando do General Junot. Ao fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.
saber da chegada do Exército invasor de Napoleão, o
Conselho de Estado com o Príncipe Regente D. João
acordaram na retirada para o Brasil de toda a Família A vinda da Família Real
Real.
A Corte no Rio de Janeiro
A 29 de novembro de 1807, a Família Real
Junto com a Família Real todo o aparato
embarca rumo ao Brasil. O comboio de transportes
burocrático e administrativo foi transferido para o Rio
que conduziu todo o aparato (15.000 pessoas dentre
de Janeiro. Dentre as primeiras decisões de D. João, já
militares e civis) era de 30 navios, e várias
no dia 11 de março de 1808, está a instalação do
embarcações. Foi protegido por uma escolta inglesa
Ministério dos Negócios da Marinha e Ultramar, que
composta por 16 naus.
continuou a ter o mesmo regulamento instituído pelo
A 22 de janeiro de 1808, a Nau Príncipe Real, Alvará de 1736.
onde o Príncipe Regente D. João encontrava‐se
A seguir, foram sucessivamente criadas ou
embarcado, chegou à Bahia. A 28, D. João proclamava
estabelecidas várias repartições necessárias ao
a independência econômica do Brasil com a
funcionamento do Ministério da Marinha, tais como:
publicação da famosa carta régia que abriu ao
Quartel‐General da Armada, Intendência e
comércio estrangeiro os portos do país; e a 7 de
Contadoria, Arquivo Militar, Hospital de Marinha,
março de 1808 D. João, à testa de uma força naval
Fábrica de Pólvora e Conselho Supremo Militar.
composta por três naus, um bergantim e um
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A Academia Real de Guardas‐Marinha, que do CapitãoTenente José Antônio Salgado), Brigue
também acompanhou a Família Real, teve sua Infante D. Pedro (comando do Capitão‐Tenente Luís
instalação nas dependências do Mosteiro de São da Cunha Moreira). Juntos traziam um reforço de 300
Bento, se tornando desta feita o primeiro homens. Tinham ordens de ocupar o território da
estabelecimento de ensino superior no Brasil. Guiana Francesa e submeter Caiena.
No tocante à infra‐estrutura já existente no A 1° de dezembro, desembarcaram as nossas
Rio de Janeiro, observamos que o Arsenal Real da tropas no território inimigo, ficando o comando da
Marinha, localizado então ao pé do morro do expedição assim repartido: o Tenente‐Coronel Manuel
Mosteiro de São Bento, cuja criação data de 29 de Marques dirigiria as forças terrestres; os navios
dezembro de 1763, teve sua capacidade ampliada ficariam sob as ordens do Comandante Yeo. Este, com
para poder apoiar a recém‐chegada Esquadra. os navios menores (os demais foram bloquear Caiena
por mar), subiu o Oiapoque e foi dominando, sem
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a maior resistência, os pontos fortificados que ia
conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental encontrando. Quatro escunas francesas foram
Diante da invasão do território continental aprisionadas, incorporadas e rebatizadas de Lusitana,
português pelas tropas do General Junot, D. João D. Carlos, Sydney Smith e Invencível Meneses.
assinou, a 1° de maio de 1808, manifesto declarando O governador de Caiena, Victor Hughes,
guerra à França, considerando nulos todos os tratados tratou, em vão, de preparar a resistência, levantando
que o imperador dos franceses o obrigara a assinar, baterias, fortificando os melhores pontos estratégicos
principalmente o de Badajós e de Madri, ambos de e guarnecendo os fortes. As forças de ataque foram
1801, e o de neutralidade, de 1804. Os limites entre o ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à
Brasil e a Guiana Francesa voltaram a ser capital Caiena, até sua rendição final, a 12 de janeiro
questionados. de 1809. A importância dessa operação recai na
Como a guerra não poderia ser levada a cabo condição de ter sido o primeiro ato consistente de
no território europeu, e sendo importante a ocupação política externa de D. João realizada por meio militar,
de território inimigo em qualquer guerra, o objetivo contando com forças navais e terrestres anglo‐luso‐
ideal se tornou a colônia francesa. brasileira.
Determinou então a Corte ao Capitão‐General da A ocupação portuguesa da Guiana Francesa
Capitania do Grão‐Pará, Tenente‐Coronel José Narciso durou mais de oito anos. Embora temporária, foi de
Magalhães de Meneses, que ocupasse militarmente as grande valia para a fixação dos limites do País,
margens do Rio Oiapoque. Ordem recebida, tratou de porquanto, na ocasião de sua devolução, em 1817,
arregimentar pessoal e material, se valendo inclusive ficaram tacitamente estabelecidos os limites do
(diante dos escassos recursos existentes nos cofres da Oiapoque.
capitania) de subscrição popular. A Banda Oriental
Em outubro de 1808, a força estava pronta. Outro movimento importante de D. João na
Sob o comando do Tenente‐Coronel Manuel Marques política externa foi a ocupação da Banda Oriental. Na
d’Elvas Portugal, compunhase de duas companhias de operação, foi de grande importância o papel que
granadeiros, duas companhias de caçadores e uma desempenhou a Marinha, não só no transporte das
bateria de artilharia, totalizando 400 homens com tropas, desde Portugal (já liberado do domínio
armas. Para conduzir essa força ao lugar de destino, francês), como também em todo o desenrolar da
aprestou‐se uma esquadrilha composta por dez ocupação.
embarcações. A 3 de novembro, a esquadrilha foi
acrescida de três navios vindos da Corte: Corveta O movimento de independência da América
inglesa Confidence (comando do Capitão‐de‐Mare‐ espanhola provocou o aparecimento de novas nações
Guerra James Lucas Yeo) e Brigue Voador (comando americanas, cada qual com lideranças individuais. Foi
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o caso do Uruguai, então chamado de Banda Oriental, Brasil na Banda Oriental, deixando‐nos em campo
que se recusava a fazer parte das Províncias Unidas do sozinhos.
Rio da Prata, encabeçada por Buenos Aires. Seu líder
José Gervásio Artigas arregimentou as camadas Não foi imediata a completa submissão da
populares contra o domínio espanhol e para o ideal da Banda Oriental. Ainda por alguns anos, fez José
anexação promovido por Buenos Aires. Neste intento Artigas tenaz resistência à dominação portuguesa, até
invadiu as fronteiras portenhas e brasileiras, o que sua derrota final na Batalha de Taquarembó, a 22 de
ocasionou o acordo entre as duas últimas para uma janeiro de 1820.
ação conjunta contra Artigas. Durante esse período, os partidários de
A 12 de junho de 1816, partiu do Rio de Artigas valiam‐se de corsários que, com base na
Janeiro uma Divisão Naval, composta de uma fragata, Colônia de Sacramento, ocasionavam grandes
uma corveta, cinco naus (das quais uma era inglesa e prejuízos ao comércio de nossa Marinha Mercante.
outra francesa) e de seis brigues, capitaneada pela Com recursos navais reduzidos para liquidar a nova
Nau Vasco da Gama, onde achavam‐se embarcados o ameaça, o comando português empregou tropas
Chefede‐Divisão Rodrigo José Ferreira Lobo, terrestres para tentar destruir as bases inimigas.
responsável pelas atividades navais da expedição, e o Assim, o Tenente‐Coronel Manuel Jorge Rodrigues,
Tenente‐Coronel Carlos Frederico Lecor, então auxiliado por forças navais, atacou e conquistou
nomeado Governador e Capitão‐General da Praça e Colônia, Paissandu e outros locais às margens do
Capitania de Montevidéu. A Divisão Naval foi se reunir Uruguai, tendo em Sacramento conseguido aprisionar
com o 1° Escalão, composto por seis navios, que já vários corsários que aí se encontravam.
havia seguido para Santa Catarina em janeiro. Para as operações realizadas no Rio Uruguai,
Aportando a Divisão na Ilha de Santa Catarina foi constituída uma pequena flotilha, sob o comando
a 26 de junho, decidiu Lecor seguir por terra com sua do Capitão‐Tenente Jacinto Roque Sena Pereira,
tropa para o Rio Grande do Sul e, então, iniciar a formada pela Escuna Oriental e Barcas Cossaca,
invasão, visto que as condições climáticas só eram Mameluca e Infante D. Sebastião. Esta flotilha prestou
favoráveis à navegação no Rio da Prata em outubro. auxílio inestimável às forças de terra, tanto na tomada
Seguiu então à frente dos seus 6 mil comandados, de Arroio de La China, quanto na tomada de Calera de
margeando o mar até as proximidades de Maldonado. Barquin, Perucho Verna e Hervidero. Em Perucho
A Esquadra, por sua vez, rumou em direção ao Rio da Verna, doze embarcações inimigas, uma lancha
Prata, devendo antes estacionar naquele porto. artilhada e um escaler foram apresados.
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A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha brasileiros desfrutavam do afrouxamento dos laços
coloniais, a sociedade portuguesa via‐se deixada em
Em paralelo ao que ocorria no Sul, teve a segundo plano, com o território luso sendo
Corte que se mobilizar para fazer frente ao administrado por uma junta sob controle de um
movimento separatista que eclodiu em Pernambuco, militar britânico.
em março de 1817.
As primeiras providências para o
restabelecimento da ordem legal em Pernambuco O retorno de D. João VI para Portugal
foram tomadas pelo Conde dos Arcos, Governador da
Bahia, que fez armar em guerra alguns navios Tal estado de “abrasileiramento” da
mercantes, e mandou seguir para Pernambuco sob o monarquia portuguesa, somado ao clamor por uma
comando do Capitão‐Tenente Rufino Peres Batista. A flexibilização do absolutismo vindo de setores da
esquadrilha era composta por três navios, e tinha sociedade portuguesa, fez estourar na Cidade do
como missão o bloqueio do porto do Recife. Porto um movimento revolucionário liberal. Logo a
revolução se espalhou por todo o Portugal,
A 2 de abril partiu da Corte uma Divisão sob o fomentando a instalação de uma Assembléia Nacional
comando do Chefe‐de‐Esquadra Rodrigo José Ferreira Constituinte denominada de “Cortes”, que visava a
Lobo, composta por três navios, enquanto que da instaurar uma monarquia Constitucional. O estado
Bahia seguiram por terra dois regimentos de cavalaria revolucionário da antiga metrópole provocou o
e dois de infantaria. A 4 de maio outra Divisão Naval, retorno do Rei em 26 de abril de 1821, deixando seu
sob o comando do Chefe‐de‐Divisão Brás Caetano filho D. Pedro como Príncipe Regente. Tentava, assim,
Barreto Cogomilho, partiu do Rio de Janeiro. a dinastia de Bragança manter sob controle, e longe
dos ventos liberais, as duas partes de seu reino.
O cerco da cidade de Recife por terra e o
bloqueio efetuado por mar fizeram com que os Mesmo com o retorno do Rei, as Cortes
rebeldes abandonassem a cidade a 20 de maio, dando reunidas em Lisboa mantiveram‐se atuantes na
fim ao movimento separatista. imposição de uma monarquia constitucional a D. João
VI. Contudo, o posicionamento das Cortes em relação
ao Brasil era completamente contrário ao seu discurso
Guerra de Independência liberal: vinha no sentido de reativar a subordinação
política e econômica posterior a 1808, reerguendo o
Elevação do Brasil a Reino Unido pacto colonial. A oposição que as Cortes faziam à
dinastia de Bragança em Portugal e suas crescentes
Do mesmo modo que a transferência para o
imposições ao Príncipe Regente provocaram reações
Brasil da sede do reino português foi motivada pela
de D. Pedro. Em 9 de janeiro de 1822, no que ficou
ameaça representada pelo expansionismo francês na
conhecido como Dia do Fico, D. Pedro declarou que
Europa, seria esperado o retorno do Rei D. João VI a
permaneceria no Brasil apesar da determinação das
Lisboa e a restauração do pacto colonial após a paz
Cortes para que retornasse a Lisboa.
européia. Com a queda de Napoleão e o movimento
Concomitantemente, o Príncipe nomeou um novo
de restauração das monarquias absolutistas
Gabinete de Ministros, sob a liderança de José
encabeçado pelo Congresso de Viena, os portugueses
Bonifácio de Andrada e Silva, que defendia a
esperavam que seu rei retornasse para Portugal e
emancipação do Brasil sob uma monarquia
trouxesse a Corte de volta para Lisboa.
constitucional encabeçada pelo Príncipe Regente.
Entretanto, o monarca permaneceu no Rio de
A pressão das Cortes pela restauração do
Janeiro e, para viabilizar esta situação, elevou o Brasil
pacto colonial com o conseqüente esvaziamento das
a uma condição equivalente de Portugal com a
suas atribuições de regente levaram D. Pedro a
formação do Reino Unido de Portugal, Brasil e
defender a autonomia brasileira perante a
Algarves. Enquanto os comerciantes e fazendeiros
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restauração da condição de colônia pretendida pelas das Armas da Província Brigadeiro Inácio Luís Madeira
Cortes. de Melo.
A Independência A Formação de uma Esquadra Brasileira
Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe D. O governo brasileiro, por intermédio de seu
Pedro declarava a Independência do Brasil. Porém, só Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros José
as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Bonifácio de Andrada e Silva, percebeu que somente
Gerais atenderam de imediato à conclamação com o domínio do mar conseguiriam manter a
emanada das margens do Ipiranga. unidade territorial brasileira, pois eram por meio do
mar que as províncias litorâneas, onde estava
Até pela proximidade geográfica, estas concentrada a maior parte da população e da força
mantiveram‐se fiéis às decisões emanadas do Paço produtiva brasileira, se interligavam e
mesmo após a partida de D. João VI. As capitais das comercializavam seus produtos. A rápida formação de
províncias ao Norte do País mantiveram sua ligação uma Marinha de Guerra nacional constituía‐se no
com a metrópole, pois as peculiaridades da navegação melhor meio de transportar e concentrar tropas leais
a vela e a falta de estradas as punham mais próximas e suprimentos para as áreas de embate com os
desta do que do Rio de Janeiro. Mormente o portugueses.
expressivo número de patriotas no interior destas
províncias, nas capitais e nas poucas principais Este conjunto de navios de guerra, a
cidades, a elite de comerciantes era majoritariamente Esquadra, impediria que chegassem aos portos das
portuguesa e adepta da restauração colonial realizada cidades brasileiras ocupadas pelos portugueses os
pelo movimento liberal português. Durante a “queda‐ reforços que Portugal enviasse, interceptando e
de‐braço” empreendida entre as Cortes e D. Pedro, combatendo os navios que os trouxessem. Privando
foram reforçadas as guarnições militares das as guarnições portuguesas de mais soldados e armas
províncias do Norte e Nordeste para manter a vindos por mar, as bombardeando com canhões
vinculação com Lisboa. embarcados e transportando soldados brasileiros para
reforçar os patriotas que lutavam contra os
A resistência mais forte estava justamente em portugueses no interior, a Marinha Brasileira
Salvador, Bahia, onde essa guarnição era mais contribuiu para a Independência do Brasil, permitindo
numerosa. No sul, a recém incorporada Província que do território da colônia portuguesa na América
Cisplatina viu as guarnições militares que lá ainda emergisse um só país, com um grande território.
estavam dividirem‐se perante a causa da
Independência, enquanto o comandante das tropas O nascimento da Marinha Imperial, portanto,
de ocupação, General Carlos Frederico Lecor, colocou‐ se deu nesse regime de urgência, aproveitando os
se ao lado dos brasileiros, seu subcomandante, D. navios que tinham sido deixados no porto do Rio de
Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior parte das Janeiro pelos portugueses, que estavam em mal
tropas defenderam o pacto com Lisboa. estado de conservação, e os oficiais e praças da
Marinha portuguesa que aderiram à Independência.
A situação que se descortinava no Brasil Os navios foram reparados em um intenso trabalho
parecia cada vez mais desfavorável ao processo de do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e foram
Independência. Mesmo que as forças brasileiras, adquiridos outros, tanto pelo governo como por
constituídas de militares e milícias patrióticas subscrição pública. E as lacunas encontradas nos
forçassem e sitiassem as guarnições portuguesas, o corpos de oficiais e praças foram completadas com a
mar era uma via aberta para o recebimento de contratação de estrangeiros, sobretudo experientes
reforços. Por esta via, Portugal aumentou sua força remanescentes da Marinha inglesa. A necessidade de
com tropas, suprimentos e navios de guerra à se dispor da Força Naval como um eficiente elemento
guarnição de Salvador comandada pelo Governador operativo e como um fator de dissuasão para as
pretensões de reconquista portuguesa fez com que o
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governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas Tais estratagemas, que conduziram a aceitação da
Cochrane, um brilhante e experiente oficial de Independência brasileira pelas elites formadas em sua
Marinha inglês, como Comandante‐em‐Chefe da maioria de portugueses em São Luís e em Belém, não
Esquadra. se deram tão facilmente como um vislumbre
superficial do evento histórico permite concluir, a luta
Operações Navais pelo poder provincial entre brasileiros e portugueses
A 1° de abril de 1823, a Esquadra brasileira recém‐adeptos da Independência levou que o
comandada por Cochrane, deixava a Baía de contingente da Marinha naquelas cidades atuasse
Guanabara com destino à Bahia, para bloquear tanto num sentido apaziguador, mesmo diplomático,
Salvador e dar combate às forças navais portuguesas como trazendo a ordem pela força das armas.
que lá se concentravam sob o comando do Chefe‐de‐ As operações navais na Cisplatina
Divisão Félix dos Campos. A primeira tentativa de dar assemelharam‐se às realizadas na Bahia, sendo
combate aos navios portugueses foi desfavorável à empreendido um bloqueio naval conjugado com um
Cochrane, tendo enfrentado, além do inimigo, a cerco por terra a Montevidéu, isolando as tropas
indisposição para luta dos marinheiros portugueses portuguesas comandadas por D. Álvaro Macedo. Em
nos navios da Esquadra, muitos dos quais guarneciam março de 1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo
os canhões com uma inabilidade próxima ao motim. Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra Pedro Antônio Nunes, foi
Depois de reorganizar suas forças e expurgar os reforçada com a chegada de navios vindos do Norte‐
elementos desleais, e a despeito das Forças Navais Nordeste do Império, a tempo de se opor à tentativa
portuguesas, Cochrane colocou Salvador sob bloqueio portuguesa de romper o bloqueio em 21 de outubro.
naval, capturando os navios que provinham o A batalha que se seguiu, embora violenta, terminou
abastecimento da cidade, que já se encontrava sitiada sem a vitória de nenhum dos oponentes, mas
por terra pelas forças brasileiras. configurou‐se como uma vitória estratégica das forças
Pressionados pelo desabastecimento, as brasileiras com a manutenção do bloqueio. O
tropas portuguesas abandonaram a cidade em 2 de desabastecimento provocado pelo bloqueio e pelo
julho, em um comboio de mais de 70 navios, cerco por terra, somado a desalentadora notícia que
escoltados por 17 navios de guerra. Este foi Montevidéu era a última resistência portuguesa na ex‐
acompanhado e fustigado pela Esquadra brasileira, colônia, provocou a evacuação do contingente
destacando‐se a atuação da Fragata Niterói, português da Cisplatina em novembro de 1823.
comandada pelo Capitão‐de‐Fragata John Taylor, que, Confederação do Equador
apresando vários navios, atacou o comboio português
até a foz do Rio Tejo. Ainda no reinado de D. Pedro I, uma revolta
na Província de Pernambuco colocou em perigo a
O próximo passo para expulsão dos integridade territorial do Império. A Marinha atuou
portugueses do Norte‐Nordeste brasileiro era o contra a Confederação do Equador a partir de abril de
Maranhão, onde Cochrane, utilizando‐se de um hábil 1824, que congregou, no seu ápice, também as
ardil, fez da Nau Pedro I, sua capitânia, a ponta de províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
lança de uma grande força naval que viria próxima, Porém, o aumento do combate à revolta só se deu
transportando um vultoso Exército nacional que com o envio da Força Naval comandada por Cochrane,
tomaria São Luís. Porém, tudo não passava de um onde foi embarcada a 3ª Brigada do Exército Imperial,
blefe para levar a deposição da Junta Governativa que com 1.200 homens, comandada pelo Brigadeiro
se mantinha fiel à Lisboa, o que aconteceu em 27 de Francisco Lima e Silva. As tropas foram
julho de 1823. desembarcadas em Alagoas e seguiriam por terra para
Seguiu‐se a utilização do mesmo ardil no a província rebelada; enquanto a Força Naval
Grão‐Pará, conduzido pelo Capitão‐Tenente John alcançou Recife em 18 de agosto de 1824, instituindo
Pascoe Grenfell, no comando do Brigue Maranhão. severo bloqueio naval. Com a Marinha e o Exército
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atuando conjuntamente, as forças rebeldes de Recife naval brasileiro pelos navios fiéis a
foram derrotadas em 18 de setembro. Portugal estacionados na Província
Cisplatina. Vitória estratégica da Força
C R O N O L O G I A Naval brasileira.
DATA EVENTO Capitulação de Montevidéu e retirada
29/11/1807 Saída de Lisboa da Família Real. 18/11/1823 das tropas portuguesas da Província
22/01/1808 Chegada da Família Real em Salvador. Cisplatina.
29/01/1808 Abertura dos portos ao comércio As forças rebeldes de Recife foram
18/09/1824
estrangeiro. derrotadas.
Chegada da Família Real ao Rio de
Janeiro. Desembarque da Brigada Real
07/03/1808
de Marinha no Rio de Janeiro, marco
zero da história dos Fuzileiros Navais.
Instalação do Ministério dos Negócios
11/03/1808 da Marinha e Ultramar no Rio de
Janeiro.
D. João assina manifesto declarando
01/05/1808
guerra à França.
Desembarque das tropas luso‐
01/12/1808 brasileiras em território da Guiana
Francesa.
Caiena, capital da Guiana Francesa se
12/01/1809
rende.
Saída da Divisão Naval para a Banda
12/06/1816
Oriental.
22/11/1816 Desembarque em Maldonado.
Parte da Corte a Divisão Naval com a
02/04/1817 missão de bloquear Recife, durante a
Revolta Nativista de 1817.
Fim do movimento nativista de
20/05/1817
Pernambuco.
26/04/1821 Regresso de D. João VI para Portugal.
Incorporação da Banda Oriental à Coroa
31/07/1821
de Portugal.
Dia do Fico, o Príncipe Regente D. Pedro
declara que não obedecerá às
09/01/1822
determinações das Cortes portuguesas
e que permanecerá no Brasil.
07/09/1822 Independência do Brasil.
Primeira vez em que é içada a Bandeira
10/11/1822 Imperial em navio da nova Esquadra.
Aniversário da Esquadra.
A Esquadra brasileira, sob o comando
do Primeiro‐Almirante Cochrane,
01/04/1823
deixou o porto do Rio de Janeiro rumo à
Bahia.
Larga do porto de Salvador comboio de
02/07/1823 navios levando as tropas portuguesas
para Portugal.
Adesão à causa da Independência pela
27/07/1823
Província do Maranhão.
Adesão à causa da Independência pela
15/08/1823
Província do Grão‐Pará.
21/10/1823 Tentativa de rompimento do bloqueio
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EXERCÍCIOS: 4 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A pressão pela restauração
do pacto colonial, com o conseqüente esvaziamento
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Após a Proclamação da das atribuições de regente, levou D. Pedro a defender
Independência do Brasil em 1822, o Governo Imperial a autonomia brasileira perante a restauração da
teve a necessidade de criar rapidamente uma condição de colônia pretendida pelas Cortes.
Esquadra Brasileira com a intenção de efetivar a Com isso, como ficou conhecido o dia 7 de setembro
Independência e combater as forças opositoras à de 1822?
autonomia política da nação. Além de a recém criada
Marinha do Brasil ter sido fundamental na guerra pela (A) Dia do Fico.
independência, que outro fator de destaque pode ser (B) Dia da Independência do Brasil.
atribuído à Esquadra Imperial Brasileira? (C) Dia do Brasil e Portugal.
(D) Dia de D. Pedro.
(A) A transformação da colônia brasileira em uma (E) Dia de Portugal.
República.
(B) A manutenção da unidade territorial brasileira.
(C) A incorporação das Províncias Unidas do Prata ao
território brasileiro. 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Ainda no reinado de D. Pedro I,
(D) O apresamento dos navios portugueses seguindo uma revolta na Província de Pernambuco colocou em
da tomada da cidade de Lisboa. perigo a integridade territorial do lmpério. A Marinha
(E) A proibição de contratação de estrangeiros para atuou contra a essa revolta a partir de abril de 1824,
comporem a Marinha do Brasil. que congregou, no seu ápice, também as províncias
da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A que
episódio se refere essa afirmativa?
2 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em 9 de janeiro de 1822, D.
Pedro declarou que permaneceria no Brasil, apesar da (A) Revolta dos Alfaiates.
determinação das Cortes para que retornasse a (B) Dezembrada.
Lisboa. Como esse dia ficou conhecido? (C) Confederação do Equador.
(D) Revolta Nativista.
(A) Dia da Independência. (E) Desembarque em Maldonado.
(B) Dia do Fico.
(C) Dia do Brasil.
(D) Dia de D. Pedro
(E) Dia de Portugal. 6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Que revolta
ocorrida na Província de Pernambuco, colocou em
perigo a integridade territorial do Império, que
congregou também, em seu ápice, as províncias da
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Um movimento importante Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará em 1824?
de D. João na política externa foi a ocupação da Banda
Oriental. Qual país da América do Sul se originou (A) Revolta dos alfaiates.
dessa ocupação? (B) Revolta da Armada.
(C) Balaiada.
(A) Estados Unidos da América. (D) Revolta nativista.
(B) México. (E) Confederação do equador.
(C) Brasil.
(D) Uruguai.
(E) Canadá.
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7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual a
principal característica do Pacto Colonial no tocante
ao comércio?
(A) Liberava as colônias para o comércio entre si.
(B) Proibia o comércio das colônias com a Inglaterra.
(C) Liberava o comércio das colônias somente com a
Inglaterra.
(D) Só poderia ser realizado entre as colônias e a
metrópole.
(E) Liberava as colônias para o comércio com outros
países.
8 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais foram as
duas principais ações de D. João no tocante à política
externa do Brasil?
(A) Expulsão dos franceses e consolidação do
território brasileiro.
(B) Conquista de Caiena e ocupação da Banda
Oriental.
(C) Construção da ponte da amizade e estudos
topográficos no Sul do país.
(D) Abertura dos portos e construção da hidrovia do
Madeira.
(E) Reestruturação das forças de defesa nacional e
criação da alfândega do Sul do país.
(A) O estado revolucionário em que se encontrava
Portugal.
(B) A declaração da Independência do Brasil.
(C) A derrota de Napoleão.
(D) A Intensificação do comércio com a Inglaterra.
(E) O Congresso de Viena.
Respostas:
1 B 6 E
2 B 7 D
3 D 8 B
4 B 9 A
5 C
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5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e tinham junto ao Imperador, ampliando o poder dos
do Início do Segundo Reinado portugueses adesistas na sociedade brasileira, pois
monopolizavam o comércio exterior nas capitais das
A peculiar Independência brasileira, que pôs à principais províncias, motivo de insatisfação do resto
frente do processo de emancipação da ex‐colônia o da população.
herdeiro do trono real português, produziu uma
divisão na política brasileira que marcaria o reinado O embate entre portugueses e brasileiros na
de D. Pedro I: a separação entre brasileiros, liberais, Assembléia Geral Legislativa transpareceu na
que defendiam a monarquia constitucional, e imprensa, que atacou o absolutismo do Imperador, e
portugueses, que propunham a concentração de foi para as ruas, onde partidários do monarca
poder nas mãos do Imperador. entraram em choque com defensores do Partido
Brasileiro. Preocupava D. Pedro I não somente a
O Imperador D. Pedro I tornava‐se cada vez oposição ao seu reinado, que crescia entre os
mais autoritário, buscando o apoio da facção dos brasileiros, mas também a situação política em
portugueses que defendiam maior poder ao monarca. Portugal, onde tinha pretensão de ascender ao trono.
Já a facção dos brasileiros queria que o poder do
Estado brasileiro fosse dividido entre o Imperador e a Pressionado pela população, em 7 de abril de
Assembléia Legislativa, constituída de representantes 1831, D. Pedro I abdicou do trono em favor de seu
eleitos da sociedade, que redigiria a Carta filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco
Constitucional e faria as leis. Ou seja, defendiam que a anos de idade. Como o herdeiro não tinha idade para
monarquia de D. Pedro fosse uma monarquia assumir o trono, instalou‐se no Brasil um governo
constitucional. regencial. O Poder Executivo seria composto por três
membros, uma regência trina, conforme determinava
A Assembléia Constituinte foi reunida, em a Carta Constitucional. Posteriormente, a regência
maio de 1823, para redigir a primeira Constituição seria constituída de uma só pessoa, a regência una.
brasileira. A maioria dos deputados constituintes
queria uma Constituição que limitasse os poderes do No período regencial, o conturbado ambiente
Imperador. Tal fato desagradava D. Pedro e os político da Corte se refletiu nas províncias do Império
homens que o apoiavam, já que o monarca queria no em movimentos armados que explodiram por todos
Brasil uma monarquia absolutista. os principais centros regionais, desde 1831 até os
anos de consolidação do reinado de D. Pedro II. A
O conflito entre D. Pedro e os deputados Marinha da Independência e da Guerra Cisplatina,
constituintes acabou quando o Imperador dissolveu a constituída por elevado número de navios de grande
Assembléia Constituinte em 1823. Em seguida, porte, foi sendo transformada em uma Marinha de
nomeou um Conselho de Estado composto por dez unidades menores, próprias para enfrentar as
membros, com a tarefa de redigir um projeto de conflagrações nas províncias e ajustadas às limitações
Constituição. Resultando na imposição uma orçamentárias.
Constituição, outorgada em 1824, que praticamente
resgatava o regime absolutista. A atitude autoritária Revoltas deflagradas em diversas províncias
do Imperador aumentou em muito a oposição liberal foram abafadas pelo governo regencial com a
a ele, representada pelo Partido Brasileiro. utilização da Marinha e do Exército. A Marinha se fez
mais presente nos combates no Pará (Cabanagem),
Foram vários anos de disputa política entre os no Rio Grande do Sul (Guerra dos Farrapos ou
Partidos Português e Brasileiro, e de críticas, cada vez Revolução Farroupilha), na Bahia (Sabinada), no
mais violentas, ao Imperador vindas dos políticos do Maranhão e Piauí (Balaiada) e em Pernambuco
Partido Brasileiro e de todos que defendiam que o (Revolta Praieira), esta já anos após a coroação de D.
poder do Estado não ficasse concentrado nas mãos de Pedro II.
D. Pedro. Também desagradava muito aos brasileiros
a influência que os portugueses residentes no país
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Em todas estas revoltas, a Marinha não Naval brasileira efetuou um bloqueio naval sobre
enfrentou nenhum grande inimigo no mar. Embora na Buenos Aires visando a isolar a capital adversária de
Guerra dos Farrapos os rebeldes tenham formado abastecimento vindo do exterior e impedir que
uma pequena flotilha de embarcações armadas, que embarcações argentinas transportassem tropas e
foi prontamente combatida e vencida, a Marinha se armamento para reforçar argentinos e orientais que
fez presente no rápido transporte de tropas do lutavam contra as tropas brasileiras no território
Exército Imperial da Corte e de outras províncias até uruguaio.
as áreas conflagradas. Também dependeu do
transporte por mar, em grande parte realizado pela Além do bloqueio, a Força Naval brasileira
Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam nas combateu a Esquadra argentina até seu
províncias rebeladas, pois não existiam estradas que desmembramento, privando o adversário do principal
ligassem a Corte às províncias do Norte e do Sul. e primeiro braço do Poder Naval. Os navios da
Marinha que não foram deslocados para aquela
A Marinha também cumpriu ações de guerra não deixaram de se envolver no conflito. A
bloqueio nos portos ocupados pelos rebeldes, Marinha defendeu as linhas de comunicação
evitando que recebessem qualquer abastecimento marítimas, dando combate aos corsários armados
vindo do mar, como armas e munições desviadas de pela Argentina e pelos rebeldes uruguaios que
outras províncias ou compradas no estrangeiro. atacaram a navegação mercante brasileira ao longo
Finalmente, militares da Marinha Imperial atuaram de toda a nossa costa.
diversas vezes em desembarques, lutando com grupos
rebelados lado a lado com tropas do Exército, da A próxima guerra que o Brasil se envolveria no
Guarda Nacional e milicianos. Rio da Prata seria contra Juan Manuel de Rosas,
governador da Província de Buenos Aires e Manuel
No contexto externo, os dois grandes conflitos Oribe, presidente da República Oriental do Uruguai e
que o Império brasileiro se envolveu, desde sua líder do Partido Blanco. Tendo como seus aliados os
Independência até o início das hostilidades que governadores das províncias argentinas de Entre Rios
levariam à guerra contra o Paraguai, foram a Guerra e Corrientes e o Partido Colorado uruguaio, o Império
Cisplatina, entre 1825 e 1828, e a Guerra contra brasileiro se interpôs a uma tentativa de união de
Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, em 1850 e seus vizinhos do sul, que enfraqueceria a posição
1852. A área marítimo‐fluvial em que se desenrolaram brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na
a maioria das operações navais destes dois conflitos, fronteira do Rio Grande do Sul, há pouco pacificado e
separados no tempo por quase um quarto de século, impedido de se separar do Brasil na Guerra dos
foi a mesma, o estuário do Rio da Prata, que separa o Farrapos.
Uruguai da Argentina.
Coube à Marinha um grande momento neste
Na Guerra Cisplatina, Brasil e as Províncias curto conflito: a Passagem de Tonelero. Pela primeira
Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, lutaram pela vez se utilizando navios a vapor em um conflito
posse do território uruguaio, ainda não independente. externo, a Força Naval brasileira ultrapassou sob os
Nesta guerra, que custou muito à economia de um disparos dos canhões das tropas Juan Manuel de
país recém‐formado como o Brasil, a Marinha lutou Rosas o ponto fortificado adversário no Rio Paraná, o
longe de sua base principal, o Rio de Janeiro, contra a Passo de Tonelero, e conduziu as tropas aliadas rio
Marinha argentina que, embora menor, atuava muito acima para uma posição de desembarque favorável,
perto de sua principal base de apoio, Buenos Aires, e onde foi possível o ataque e a pos‐terior vitória sobre
conhecendo o teatro de operações repleto de as tropas adversárias.
obstáculos naturais à navegação, o Rio da Prata.
A Marinha Imperial brasileira, além das
atividades de abastecimento das tropas em combate,
operou de modo ofensivo no Rio da Prata. A Força
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Conflitos internos A pequena Força Naval que os farroupilhas
mantinham na Lagoa dos Patos foi completamente
Cabanagem vencida em agosto de 1839, quando o Chefe‐de‐
A primeira sublevação ocorrida no período Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das Forças
regencial foi a Cabanagem, no Grão‐Pará, que se Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes
generalizou em 1835 com a ocupação da capital da em Camaquã. A rebelião rio‐grandense estendeu‐se
província, Belém. O governo central enviou uma força para Santa Catarina, onde os farroupilhas formaram
interventora constituída de elementos da Marinha e uma pequena Força Naval com navios mercantes
do Exército Imperial que, após primeira tentativa apresados e lanchões remanescentes das operações
frustrada de reconquistar a capital, desembarcou e a na Lagoa dos Patos e Mirim, que foi vencida pela
ocupou sem a resistência dos rebeldes. Contudo, os Marinha em um combate no porto de Laguna. Foi
cabanos retomaram o fôlego para a luta com o neste conflito regional que pela primeira vez a
crescimento da revolta no interior e retomaram a Marinha brasileira empregou um navio movido a
capital em agosto de 1835. vapor em operações de guerra.
Durante o conflito, as forças militares atuaram Sabinada
contra focos rebeldes espalhados por um território A Sabinada, revolta que eclodiu contra a
inóspito e desconhecido, a floresta amazônica. A autoridade da Regência na Bahia, em novembro de
Marinha bloqueou o porto de Belém, dificultando o 1837, foi combatida pela Marinha Imperial com um
seu abastecimento, bombardeou posições rebeldes, bloqueio da província e o combate a uma diminuta
desembarcou tropas do Exército e embrenhou‐se nos Força Naval montada pelos rebeldes com navios
rios amazônicos para dar combate aos mais isolados apresados. A revolta foi finalmente sufocada em 1838.
focos de revolta. O desgaste que as forças militares
impuseram aos cabanos levouos ao abandono da Balaiada
capital em maio de 1836 continuando a resistir no
interior. A luta se estendeu até 1840, com a ação A Balaiada, agitação que tomou conta das
conjunta da Força Naval e das tropas do Exército Províncias do Maranhão e do Piauí, entre 1838 e
debelando a resistência dos cabanos por todo o Pará. 1841, reuniu a população pobre e os escravos contra
as autoridades constituídas da própria província. Em
Guerra dos Farrapos agosto de 1839, seguiu para o Maranhão o Capitão‐
Tenente Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de
A Guerra dos Farrapos, rebelião no sul do Tamandaré, nomeado comandante da Força Naval em
Império que durou dez anos, de 1835 a 1845, atingiu operação contra os insurretos.
uma região de fronteira já conturbada por conflitos
externos. A Marinha novamente atuaria em Após estudar a região, armou pequenas
cooperação com o Exército no transporte e embarcações que, enviadas para diversos pontos dos
abastecimento das tropas e apoiando ações em terra principais rios maranhenses, combateriam os rebeldes
com o fogo dos canhões embarcados. isoladamente ou apoiariam forças em terra. A partir
de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão‐Tenente
Porém, na Guerra dos Farrapos os navios de Joaquim Marques Lisboa atuaria em cooperação com
guerra estiveram envolvidos em pequenos combates o então Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro
navais com os farroupilhas. Os combates não Duque de Caxias, que comandava a Divisão
ocorreram em mar aberto, mas em águas restritas, Pacificadora do Norte, reunida para debelar a revolta.
como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro A união dos futuros patronos das forças singulares de
combate naval da Guerra dos Farrapos opôs o Iate mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma
Oceano, da Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos situação recorrente em todos os conflitos internos
revoltosos, na Lagoa Mirim, quando o navio rebelde durante a Regência e o Segundo Império: a atuação
foi posto a pique.
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conjunta da Marinha e do Exército na manutenção da criado nos pampas e de dois portos comerciais
ordem constituída e da unidade do Império. importantes (Montevidéu e Maldonado), não
continha recursos naturais de monta, mas tinha como
Revolta Praieira objetivo o controle do Rio da Prata, área geográfica de
A Revolta Praieira estourou em Pernambuco suma importância estratégica desde o início da
em novembro de 1848. Iniciada na capital, tomou colonização européia na América do Sul. No estuário
corpo nas vilas e engenhos da zona da mata e interior do Rio da Prata desembocavam dois grandes rios
pernambucanos. Para combatê‐la, tropas leais ao (Uruguai e Paraná), que constituíam o caminho
governo provincial deixaram Recife, a capital da natural para a penetração no continente sul‐
província, para engajar as forças praieiras que americano, representando uma estrada fluvial para a
estariam no interior. Ao ver a capital desguarnecida, colonização, o acesso aos recursos naturais e a
forças praieiras atacaram‐na, em 2 de fevereiro de viabilização das trocas comerciais por todo o interior
1849. O pequeno contingente militar que guarnecia a da América do Sul.
cidade foi imediatamente apoiado pela Força Naval Apesar do controle português e, depois de
fundeada no porto. Contingentes de marinheiros e 1822, brasileiro, a Cisplatina, ou Banda Oriental,
fuzileiros navais desembarcaram dos navios para mantinha uma população de ascendência e hábitos
reunir‐se aos defensores da capital na batalha, hispânicos, culturalmente distantes dos brasileiros. Os
enquanto os canhões da Marinha fustigaram as cisplatinos, liderados por Juan Antonio Lavalleja,
investidas dos revoltosos. A atuação da Marinha nesta iniciaram um levante buscando sua independência,
revolta, embora breve, evitou que a capital provincial procurando apoio das Províncias Unidas do Rio da
caísse nas mãos dos rebeldes. Prata, o único Estado Nacional à época constituído na
Conflitos externos Bacia do Rio da Prata que poderia rivalizar com o
Império brasileiro.
Guerra Cisplatina
O Estado argentino, naquela época, era
O Brasil recém‐independente envolveu‐se formado por várias províncias com alto grau de
numa guerra com as Províncias Unidas do Rio da autonomia, que reconheciam a liderança exercida
Prata, atual Argentina, pela posse da então Província pela Província de Buenos Aires. A confederação de
brasileira da Cisplatina, atual República Oriental do províncias argentinas tinha um interesse comum na
Uruguai, anexada ainda por D. João VI, em 1821. Esta sublevação dos cisplatinos contra o Império brasileiro:
guerra pouco aparece nos livros de história e, mesmo a possibilidade de incorporação da Banda Oriental aos
tendo durado quatro anos, entre 1825 e 1828, é seus domínios. Por isso, deram apoio político, militar e
desconhecida para a maioria dos brasileiros. financeiro à revolta, passando, posteriormente, a
envolver‐se oficialmente na luta.
O interesse pelo domínio daquelas terras não
era novo. O Império do Brasil e a Argentina herdaram Para se opor à sublevação, nitidamente
as aspirações e as disputas dos colonizadores suportada pela Argentina, o Brasil desenvolveu uma
portugueses e espanhóis pela margem esquerda do campanha militar na Banda Oriental entre os anos de
estuário do Rio da Prata. Nos séculos XVII e XVIII, o 1825 e 1828. Além de tropas, deslocou vários meios
centro da disputa era a Colônia de Sacramento, o navais da Esquadra recém‐formada na Guerra de
enclave português na região. No início do século XIX, Independência para o Estuário da Prata, comandadas
com os movimentos de independência na América pelo ViceAlmirante Rodrigo Lobo. Com o
espanhola e portuguesa, a conflagração atingiu o fortalecimento das forças de Lavalleja na Banda
Brasil e a Argentina, no conflito conhecido como Oriental, as Províncias Unidas do Rio da Prata
Guerra Cisplatina. oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada
a Banda Oriental ao território argentino, o que
A guerra não envolvia só a disputa pela posse
significava uma declaração de guerra ao Governo
do território da Província Cisplatina que, além do gado
Imperial brasileiro.
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Destacaremos aqui a participação brasileira na rebeldes de Lavalleja, e dos dois adversários com o
guerra naval, que teve como seu principal palco o exterior. O inimigo a ser confrontado pela Força Naval
Estuário do Rio da Prata. A ênfase no aspecto naval brasileira era liderado pelo experiente irlandês
não indica que as operações de guerra conduzidas William George Brown, comandante da pequena
pelos Exércitos em terra tenham sido menos Esquadra sediada em Buenos Aires, desde as lutas
importantes para a história da Guerra Cisplatina. O pela independência daquele país. O adversário, apesar
Exército Brasileiro e as forças de Lavalleja, somadas ao de contar com um menor número de navios de
Exército argentino, confrontaram‐se em diversas guerra, tinha suas ações facilitadas não só pelo
batalhas, mas até o final da guerra, em 1828, nenhum conhecimento da conformação hidrográfica do
dos oponentes alcançou uma nítida vantagem na estuário do Rio da Prata, como também por
guerra terrestre. permanecer operando próximo ao seu porto base, o
ancoradouro de Los Pozos, em Buenos Aires, onde
A batalha mais significativa da Guerra seus navios eram abastecidos e reparados.
Cisplatina, a Batalha do Passo do Rosário, ou
Ituzaingó, como os argentinos e uruguaios a chamam, Nos primeiros meses da guerra, o bloqueio
ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados naval imposto pela Esquadra brasileira provocou o
tão indecisos como toda a guerra terrestre que se primeiro embate entre as forças navais. O Combate
travou na Província Cisplatina. Nenhum dos lados de Colares ocorreu em 9 de fevereiro de 1826,
conseguiu impor‐se sobre o outro, não sendo possível quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios,
apontar vitoriosos nem derrotados. Contudo, a função deixou seu ancoradouro para empreender uma ação
desta obra é destacar a participação da Marinha de desgaste à Força Naval brasileira em bloqueio,
brasileira na nossa história. Assim, descreveremos as também composta de 14 navios. As forças navais
operações navais realizadas na Guerra Cisplatina. adversárias, dispostas em colunas, trocaram tiros de
canhão a grande distância uma da outra, causando
A Marinha Imperial brasileira na Guerra perdas h u m a n a s e avarias materiais reduzidas de
Cisplatina lutou com a Força Naval argentina, mas parte a parte. A Esquadra argentina se retirou para o
também atuou contra os corsários que, com Patentes refúgio de Los Pozos e a Força Naval brasileira foi
de corso emitidas pelas Províncias Unidas do Rio da fundear entre os Bancos de Ortiz e Chico.
Prata e pelo próprio Exército de Lavalleja, atacavam
os navios mercantes brasileiros por toda a nossa O passo posterior do comandante das forças
costa. argentinas teria conseqüências muito mais
significativas para os destinos da guerra no mar e em
O embate entre a Esquadra brasileira e a terra se bem‐sucedido. Seu alvo era a Colônia de
Esquadra argentina teve lugar no estuário do Rio da Sacramento, uma praça fortificada situada na margem
Prata e nas suas proximidades – região com grande esquerda do Rio da Prata e guarnecida por 1.500
número de bancos de areia que dificultava a homens chefiados pelo Brigadeiro Manoel Jorge
navegação. Isto ajudou os argentinos a desenvolver Rodrigues, complementados por uma pequena força
uma variação naval da guerra de guerrilha. Os navios de quatro navios, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata
argentinos atacavam e, quando repelidos, escapavam Frederico Mariath. Sete navios da Esquadra argentina,
da perseguição dos navios brasileiros pelos estreitos capitaneados pela Fragata 25 de Mayo, romperam o
canais que se formavam entre os vários bancos de bloqueio brasileiro ao largo de Buenos Aires e fizeram
areia da região, em sua maioria desconhecidos dos vela para a Colônia de Sacramento, simultaneamente
marinheiros brasileiros. aquela praça era cercada por tropas.
Como primeira ação de guerra, a Força Naval Devido ao maior poder de combate da Força
brasileira no Rio da Prata, comandada pelo Vice‐ Naval Argentina perante a flotilha brasileira que
Almirante Rodrigo Lobo, estabeleceu um bloqueio defendia a Colônia, as tripulações e os canhões dos
naval no Rio da Prata, pretendendo impedir qualquer navios brasileiros foram desembarcados e
ligação marítima entre as Províncias Unidas e os incorporados às defesas de terra. Em 26 de fevereiro
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de 1826, os navios argentinos e as tropas de cerco Maria. No dia seguinte, ao perseguir um navio
iniciaram o bombardeio, respondido pelas mercante, a Fragata 25 de Mayo aproximou‐se muito
fortificações da Colônia do Sacramento, que do porto de Montevidéu, onde foi reconhecida pelos
inutilizaram um dos navios adversários. Repelido o navios da Esquadra brasileira, mesmo arvorando a
primeiro ataque, os defensores da Colônia do bandeira francesa.
Sacramento enviaram uma escuna para pedir auxílio
às forças navais brasileiras estacionadas em Saiu em sua perseguição a Fragata Niterói,
Montevidéu, esperando que o socorro chegasse o comandada pelo Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra James
mais rápido possível àquela praça sitiada. Norton, ambos, navio e comandante, veteranos da
Guerra de Independência e recém chegados para
O Vice‐Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de reforçar a Força Naval brasileira no Rio da Prata.
imediato a cidade acossada pelo inimigo. Na noite de Acompanharam o encalço à capitânia argentina
1° de março, a Força Naval argentina, reforçada por quatro outros pequenos navios, mas o combate se
seis canhoneiras, tentou desembarcar 200 homens concentrou nos navios de maior porte, com a Fragata
naquela praça. Depois de severa luta, os atacantes Niterói trocando disparos com a Fragata 25 de Mayo e
argentinos foram repelidos, com a perda de duas com um dos brigues que a acompanhava. Com o cair
canhoneiras e muitos homens, não sem antes da noite, os navios argentinos, com graves avarias,
conseguirem incendiar um dos nossos navios. Os retiraram‐se para Buenos Aires, dando por encerrado
navios argentinos só desistiram do cerco em 12 de o embate que ficou conhecido como o Combate de
março, escapando da Esquadra brasileira, que chegara Montevidéu.
com atraso em defesa de Sacramento.
Após o malogro da tentativa de capturar
A Força Naval argentina empreendia ações navios ao largo do porto de Montevidéu, William
mais ousadas contra a Esquadra brasileira. De uma Brown planejou outra ação para reforçar sua
troca de tiros sem muitas conseqüências, em esquadra com navios brasileiros capturados.
fevereiro, tentou a conquista de uma praça fortificada Tencionava abordar e capturar a Fragata Niterói, o
na margem esquerda do Rio da Prata que, se mesmo navio que frustrou sua incursão anterior. Na
conquistada, transformaria‐se em um importante noite de 27 de abril, sete navios argentinos rumaram
ponto de abastecimento das tropas uruguaias e para próximo de Montevidéu, onde os navios
argentinas. brasileiros se reuniam, e tentaram identificar seu alvo.
Enganados pela escuridão, investiram contra a Fragata
Uma das missões da Esquadra argentina era Imperatriz que, tendo percebido a aproximação do
justamente a manutenção do abastecimento dos inimigo, se preparara para o combate. Os navios
exércitos que lutavam na Província Cisplatina. Como argentinos 25 de Mayo e Independencia tentaram a
obstáculo, antepunha‐se a Esquadra brasileira abordagem, mas foram repelidos pela tripulação da
comandada pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar Imperatriz. O comandante do navio brasileiro,
da ineficiência desse início de bloqueio naval (pelos Capitão‐de‐Fragata Luís Barroso Pereira, liderou seus
primeiros embates navais da guerra, observa‐se que a homens na renhida luta até tombar morto no convés,
Esquadra argentina movimentava‐se com relativa atingido por disparos do inimigo. Foi uma das duas
facilidade), mantinha‐se superior em número às vítimas fatais da Imperatriz no combate.
forças navais comandadas por Brown.
A 3 de maio de 1826, a Esquadra comandada
O Comandante da Esquadra argentina William por Brown foi avistada pelos navios brasileiros quando
Brown reuniu sua capitânia, a Fragata 25 de Mayo, e tentava escapar do bloqueio naval ao seu porto. Os
dois brigues em uma audaciosa ação para capturar navios argentinos tentaram alcançar o Banco de Ortiz
navios que se dirigissem a Montevidéu, tentando na esperança de atrair os perseguidores, que, com
aumentar o tamanho de sua Esquadra e tomar alguma navios de maior porte, encalhariam naquele banco de
carga de valor em navios mercantes. Em 10 de abril de areia, tornando‐se alvos imóveis para seus canhões.
1826, conseguiu capturar a pequena Escuna Isabel
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Contudo, no combate que ficou conhecido Em 15 de maio de 1826, as três linhas de
como o do Banco de Ortiz, foi justamente a Fragata bloqueio determinadas pelo novo comandante da
argentina 25 de Mayo a primeira a ficar encalhada, Força Naval brasileira no Rio da Prata já se achavam
logo seguida pela nossa Fragata Niterói. Os dois navios em posição. Em 23 de maio, a Esquadra argentina
imobilizados empenharam‐se em um duelo de decidiu testar a resistência da Força Naval brasileira
artilharia. A Niterói conseguiu livrar‐se do encalhe. A responsável pelo bloqueio de Buenos Aires, a 2ª
seguir, a 25 de Mayo também escapou do Banco de Divisão da Esquadra Imperial, chefiada pelo Capitão‐
Ortiz e se reuniu ao restante da Esquadra argentina. O de‐Mar‐e‐Guerra James Norton. Os navios brasileiros
Combate do Banco de Ortiz acabou sem grandes engajaram‐se no Combate das Balizas Exteriores,
perdas para ambos os adversários, mas mostrou o mesmo com o risco de encalharem nos bancos de
perigo que os bancos de areia do Estuário do Rio da areia em torno de Buenos Aires. Os navios argentinos
Prata representavam para as Esquadras em luta. perceberam a resolução da força bloqueadora e
voltaram ao seu ancoradouro, em Los Pozos. Dois dias
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo depois, o navio capitânia da 2ª Divisão, a Fragata
Pinto Guedes, o Barão do Rio da Prata, substituiu o Niterói, navegando sozinha, atraiu a Esquadra
Almirante Rodrigo Lobo, que tinha se mostrado pouco argentina para o combate, mas, novamente, a troca
capaz no comando da Força Naval do Império do de tiros não causou danos significativos a nenhum dos
Brasil em operações de guerra no Rio da Prata. A lados.
primeira medida tomada pelo Almirante Pinto Guedes
foi estabelecer uma nova disposição das forças navais Mesmo a nova estratégia de bloqueio, mais
que reforçasse o bloqueio naval. Dividiu suas forças agressiva, não se mostrava eficiente na destruição dos
em quatro divisões, sob o comando de oficiais capazes navios argentinos, que se mantinham protegidos no
e experientes, devendo em todas as oportunidades ancoradouro de Los Pozos.
engajar o inimigo, obrigando‐o a aceitar a luta. A 1ª
Divisão, reunindo os maiores e mais poderosos navios No começo de junho de 1826, buscando um
que estavam no Rio da Prata, formaria a linha exterior engajamento decisivo, o Almirante Rodrigo Pinto
do bloqueio, impedindo que navios entrassem no Rio Guedes planejou atacar a Esquadra inimiga dentro de
da Prata para abastecer a Argentina e seu Exército Los Pozos. Para isso, a 2ª Divisão foi reunida à 3ª
lutando na Cisplatina e tentando capturar os corsários Divisão da Esquadra Imperial, composta por navios
que transitassem pela região. A 2ª Divisão, constituída menores que poderiam transpor os bancos de areia
de navios mais leves, manobreiros e numerosos, que protegiam o ancoradouro de Buenos Aires.
operaria no interior do estuário, efetuando um Em 7 de junho, antes que as duas forças
rigoroso bloqueio naval entre a Colônia de brasileiras se reunissem, cinco navios de transporte
Sacramento, Buenos Aires e a Enseada de Barregã, argentinos, escoltados por navios de guerra, largaram
isolando a Esquadra argentina no seu ancoradouro e de Buenos Aires com soldados e suprimentos para
tentando impedir o abastecimento por mar da capital apoiar as tropas argentinas que lutavam junto aos
argentina. A 3ª Divisão, composta de pequenos navios cisplatinos. Ao mesmo tempo, o resto da Esquadra
adequados à navegação fluvial, defenderia a Colônia argentina, comandada por Brown, fez vela para atrair
do Sacramento e patrulharia os Rios Uruguai, Negro e a atenção da força brasileira. Nem a 2ª Divisão, junto
Paraná, que formavam a fronteira natural entre as a Buenos Aires, nem a 3ª, ainda em águas da Colônia
Províncias Unidas do Rio da Prata e a Província de Sacramento, alcançaram os navios de transporte
Cisplatina, impedindo que as forças de Lavalleja e o argentinos.
Exército argentino fossem supridos desde o território
argentino. A 4ª Divisão era formada por navios em Em 11 daquele mês, as 2ª e 3ª Divisões,
reparo, e foi mantida em Montevidéu, para atuar comandadas por Norton, executaram o plano de
como uma força de reserva. A reorganização das ataque e investiram contra a Esquadra argentina em
forças navais brasileiras mostrou sua eficiência na Los Pozos. Novamente, os bancos de areia
contenção dos movimentos da Esquadra adversária. protegeram os navios argentinos. O comandante da
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Força Naval brasileira, Norton, desistiu do ataque que trânsito de reforços vindos das Províncias Unidas para
seria infrutífero. Apesar dos insucessos da ação os seus exércitos na Cisplatina.
planejada, a Escuna Isabel Maria, apresada pelos
argentinos, foi recuperada. Em 29 de dezembro de 1826, a Força Naval
argentina atacou a 3ª Divisão, fundeada na foz do Rio
Considerando o malogro do último ataque Iaguari, mas foi repelida pelo intenso fogo da
brasileiro à Esquadra argentina como sua vitória, artilharia dos pequenos navios de Sena Pereira e
Brown preparou uma nova investida à 2ª Divisão, recuou, descendo o Rio Uruguai. Embora tivesse
determinado a livrar Buenos Aires do bloqueio naval. repelido o ataque argentino, a 3ª Divisão brasileira se
Protegidos pela noite, em 29 de julho de 1826, 17 viu presa dentro do Rio Uruguai, uma vez que os
navios da Esquadra argentina tentaram surpreender navios inimigos postaram‐se na foz daquele rio.
os navios sob o comando do Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra
James Norton. Porém, alertados por uma escuna que Foi organizada uma Força Naval com unidades
fazia a vigilância, os brasileiros responderam ao da 2ª Divisão para combater os argentinos que
ataque. O combate tornou‐se confuso; a mesma noite bloqueavam a 3ª Divisão no interior do Rio Uruguai,
que escondia os atacantes, prejudicava a precisão dos chamada de Divisão Auxiliadora. Apesar da urgência
disparos e a identificação do inimigo. A possibilidade no socorro, a progressão desta Força Naval foi lenta e
de atingir navios amigos determinou que ambos os difícil, devido ao grande número de bancos de areia
lados suspendessem a luta. que tornavam aquelas águas pouco profundas e
inadequadas para navios de maior porte, como os que
Ao alvorecer, o combate recomeçou. O compunham a 2ª Divisão brasileira.
Comandante da Esquadra argentina Brown conduziu
seu navio capitânia, a Fragata 25 de Mayo, na direção A Corveta Maceió, a capitânia e o maior navio
dos navios brasileiros, mas só foi acompanhado pela da divisão, ficou isolada dos outros navios brasileiros
Escuna Rio de La Plata. Os dois navios argentinos perto de um banco de areia conhecido como Playa
receberam todo o peso dos disparos dos canhões Honda. A Maceió era o alvo perfeito para as forças
brasileiros e ficaram completamente inutilizados. O argentinas, sempre em busca de navios para reforçar
chefe das forças argentinas foi obrigado a transferir‐se sua já diminuída Esquadra. Cinco navios inimigos
sob fogo para um navio argentino que ousou aproximaram‐se da corveta, que estava acompanhada
aproximar‐se. O restante da Esquadra argentina apenas da Escuna Dois de Dezembro, e tentaram a
retirou‐se para a segurança de seu ancoradouro. O abordagem. A tripulação da Maceió repeliu o inimigo
Combate de Lara‐Quilmes foi a última tentativa da com o fogo de seus 20 canhões. Por fim, os navios
Esquadra argentina de destruir os navios da 2ª Divisão argentinos recuaram, mas a missão da Divisão
da Esquadra Imperial e desmantelar o bloqueio naval Auxiliadora ainda não terminara. Os navios brasileiros
brasileiro em torno de Buenos Aires. da 3ª Divisão permaneciam presos no Rio Uruguai.
Depois dessa expressiva vitória das forças No início de fevereiro de 1827, a 3ª Divisão
navais brasileiras, no começo do ano de 1827, a 3ª desceu o Rio Uruguai para combater a Força Naval
Divisão, composta pelos menores navios da Esquadra argentina que o bloqueava. Com ajuda da Divisão
brasileira, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata Jacinto Auxiliadora, planejou‐se colocar o inimigo entre os
Roque Sena Pereira, foi derrotada no Combate de canhões das duas divisões brasileiras.
Juncal. No final do ano anterior a 3ª Divisão recebeu Em 8 de fevereiro, começava o Combate de
ordens de subir o Rio Uruguai para auxiliar as Juncal, nome tomado da Ilha fluvial de Juncal,
operações do Exército Imperial Brasileiro na segmento do Rio Uruguai onde os navios da 3ª Divisão
Cisplatina. Sabendo daquela movimentação, o foram derrotados pela Força Naval argentina, pois não
comandante da Esquadra argentina reuniu uma força receberam o esperado apoio da Divisão Auxiliadora,
composta de 16 navios adaptados à navegação fluvial que permaneceu longe do local da batalha.
para destruir a 3ª Divisão brasileira e permitir o livre
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O bloqueio naval mais rigoroso realizado Províncias Unidas armaram corsários. Alguns corsários
desde maio de 1826 pela 2ª Divisão da Esquadra eram armados no porto de Buenos Aires e
Imperial mantinha a maior parte do tempo a Esquadra conseguiam romper o bloqueio naval brasileiro;
argentina confinada em seu ancoradouro. Porém, a outros vinham das bases de corsários de Carmen de
Esquadra brasileira não conseguia uma vitória Patagones e San Blas, em território das Províncias
definitiva frente ao inimigo, não evitando pequenas Unidas do Rio da Prata, e havia mesmo os que,
incursões que, algumas vezes, mostravam‐se recebendo as patentes de corso do governo de
desastrosas, como o combate fluvial em Juncal. Buenos Aires em portos do exterior, daí largavam para
acossar os navios mercantes nas costas brasileiras.
Já nesse período da guerra no mar, o governo
de Buenos Aires concentrava seu esforço na guerra de A guerra de corso empreendida contra o
corso, que afetava o comércio marítimo do Império nosso comércio marítimo (à época, como hoje,
brasileiro. Mesmo a Esquadra argentina, já muito essencial para economia nacional) foi mais efetiva
debilitada depois do Combate de Lara‐Quilmes, cedia contra o esforço de guerra brasileiro do que a
seus navios para campanhas de corso na costa Esquadra argentina. A operação ofensiva que a
brasileira. E foi com esse propósito que os quatro Marinha Imperial brasileira realizou com o bloqueio
principais navios argentinos tentaram romper o naval no Prata coexistiu com a ação defensiva na
bloqueio brasileiro na noite de 6 de abril de 1827. vigilância das extensas águas territoriais brasileiras,
defendendo nosso comércio marítimo dos corsários.
A Força Naval argentina, composta pelos
Brigues República, Congresso e Independência, e pela Exemplos da ação da Marinha Imperial no
Escuna Sarandi, comandada pelo próprio comandante combate aos corsários foram as duas incursões da
da Esquadra argentina, William Brown, foi Esquadra sediada no Rio da Prata às bases corsárias
interceptada pelos navios da 2ª Divisão quando de Carmen de Patagones e San Blas, na região da
tentava contornar o bloqueio naval brasileiro. Patagônia. Ambas ocorreram em 1827 e pretendiam
destruir esses verdadeiros ninhos de corsários e
Neste último grande encontro entre as forças recapturar alguns dos navios mercantes que estes
adversárias, conhecido como Combate de Monte tinham tomado.
Santiago, a 2ª Divisão brasileira, reforçada pelos
navios das outras duas divisões bloqueadoras, Contudo, as condições hidrográficas da costa
fustigou os navios argentinos com os seus canhões, argentina da Patagônia, completamente desconhecida
que, encurralados entre a força brasileira e os bancos dos brasileiros, e, especialmente na incursão a
de areia, foram sendo destroçados. Os Brigues Carmen de Patagones, a falta de informação sobre as
República e Independência foram abordados e defesas a serem enfrentadas determinaram o fracasso
capturados pelos brasileiros. O Brigue Congresso e a das duas expedições.
Escuna Sarandi, navios menores e mais leves,
conseguiram passar pelos bancos de areia e Entretanto, o combate aos corsários foi mais
refugiaram‐se em Buenos Aires, ainda assim bastante efetivo no bloqueio naval empreendido a outra de
atingidos pelos canhões brasileiros e com muitos suas “bases”, a localizada no Rio Salado. Outros
mortos e feridos a bordo. corsários também foram batidos no mar pela Marinha
Imperial, como o Brigue Niger, capturado em março
Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e de 1828, e o Brigue General Brandsen, destruído por
a demonstração de que o bloqueio naval organizado navios brasileiros após longa campanha de corso.
pelo Almirante Rodrigo Pinto Guedes foi efetivo no
combate ao inimigo. A indefinição da campanha terrestre e o
esgotamento econômico e militar de ambos os
As grandes perdas argentinas no Combate de contendores levaram o Brasil a aceitar a mediação da
Monte Santiago, em abril de 1827, ratificaram a opção Grã‐Bretanha para o fim da guerra. A Convenção
pela guerra de corso. Durante todo o conflito, as Preliminar de Paz foi assinada entre o Império do
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Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata em 27 de Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano das lutas na
agosto de 1828. O acordo estipulava que ambos os Independência e na Cisplatina.
lados renunciariam a suas pretensões sobre a Banda
Oriental, que se tornaria um país independente: a Somente com a intervenção da força
República Oriental do Uruguai. terrestre, as tropas que cercavam Montevidéu
capitularam e Manuel Oribe foi derrotado. A Esquadra
O término da Guerra Cisplatina não seria o fim brasileira, disposta ao longo do Rio da Prata, impediu
dos conflitos na região. A Marinha Imperial brasileira que as tropas vencidas pudessem evacuar para a
permaneceria guarnecendo a segurança do Império margem direita, o lado argentino.
do Brasil no Rio da Prata.
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira
Guerra contra Oribe e Rosas e seus aliados platinos voltaram‐se contra Rosas, que
mantinha‐se como uma ameaça à estabilidade da
Terminada a revolta que sublevou as região. Nessa nova ação militar coube à Marinha a
Províncias do Rio Grande e de Santa Catarina, o tarefa de transportar as tropas aliadas pelo Rio Paraná
Império brasileiro pôde retomar a vigilância na até a localidade de Diamante, para ali desembarcá‐las.
fronteira sul e ater‐se ao conflito que crescia na área
do Rio da Prata. Mesmo com o fim da Guerra A Força Naval brasileira, composta por quatro
Cisplatina e a independência da República Oriental do navios com propulsão a vapor e três navios a vela,
Uruguai, as lideranças políticas argentinas tinha como obstáculo o Passo de Tonelero, nas
continuavam com a pretensão de restituir o mando de proximidades da Barranca de Acevedo, onde o inimigo
Buenos Aires sobre o território do Vice‐Reinado do instalara uma fortificação guarnecida por 16 peças de
Prata. artilharia e 2.800 homens. Devido à pouca largura do
rio naquele trecho, os navios brasileiros seriam
O projeto de anexação do Uruguai ao obrigados a passar a menos de 400 metros daquela
território argentino encontrou em Juan Manuel de fortificação, recebendo o peso da artilharia inimiga. A
Rosas liderança máxima da Confederação Argentina solução encontrada pelo Chefe‐de‐Esquadra Grenfell
desde 1835 e em Manuel Oribe, líder do partido de foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na
oposição ao governo uruguaio (o Partido Blanco), seus operação de transposição daquele obstáculo.
executores.
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham
O Império brasileiro, que se opunha artilharia postada por todo seu costado, substituída
frontalmente à anexação, apoiava o governo nos navios a vapor pelas rodas laterais), foram
constituído do Uruguai, exercido pelo Partido rebocados pelos navios a vapor, mais rápidos e ágeis
Colorado. A situação política no Uruguai aproximava‐ nas manobras.
se a de uma guerra civil, com tropas partidárias de
Oribe e apoiadas por Rosas cercando a capital, Tonelero foi vencida em 17 de dezembro de
Montevidéu. 1851, com as tropas desembarcando em Diamante
com sucesso.
Em 1851, o Governo brasileiro procedeu uma
aliança com o governo uruguaio e com um Naquela localidade, os navios a vapor
oposicionista de Rosas, o governador da Província auxiliaram também na transposição do rio pelas
argentina de Entre Rios, Justo José de Urquiza, para tropas oriundas das províncias argentinas aliadas que
defender o Uruguai do ataque das forças de Rosas e tinham marchado até aquela posição.
Oribe.
O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas
A ação da Marinha novamente seria realizada tropas brasileiras e de seus aliados platinos, em
em estreita colaboração com o Exército Imperial. O fevereiro de 1852. A Passagem de Tonelero
comando da Força Naval foi entregue ao Chefe‐de‐ representou a única operação ofensiva realizada pela
Marinha Imperial naquele conflito.
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Contudo, o emprego da Força Naval no
transporte de tropas para a área do conflito e,
notadamente depois de Tonelero, na transposição das
tropas aliadas da margem uruguaia para território
argentino, no Rio da Prata e Rio Paraná, constituiu
fator essencial para o sucesso das ações militares
desenvolvidas pelos aliados contra Rosas e Oribe.
C R O N O L O G I A
DATA EVENTO
1825 a 1828 Guerra Cisplatina.
1835 a 1838 Cabanagem (Província do Pará).
Guerra dos Farrapos (Província do Rio
1835 a 1845
Grande do Sul).
1837 a 1838 Sabinada (Província da Bahia).
Balaiada (Províncias do Maranhão e
1838 a 1841
Piauí).
Revolta Praieira (Província de
1848 a 1849
Pernambuco).
1850 a 1852 Guerra contra Oribe e Rosas.
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EXERCÍCIOS: argentina.
(E) Resgate de dois navios mercantes capturados por
1 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em qual Guerra o império corsários
brasileiro, que se opunha frontalmente à anexação do
Uruguai ao território da Argentina, apoiou o governo
constituído do Uruguai, exercido pelo Partido
Colorado? 4 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) "No período regencial, o
conturbado ambiente político da Corte se refletiu nas
(A) Guerra contra Oribe e Rosas. províncias do Império em movimentos armadas que
(B) Guerra da Cisplatina. explodiram por todos os principais centros regionais,
(C) Guerra do Uruguai. desde 1831 até os anos de consolidação do reinado de
(D) Guerra dos Farrapos. D. Pedro II"
(E) Guerra Sabinada.
(Introdução a História Marítima Brasileira ‐ Rio de
Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006).
Com relação a esse período da História Marítima
2 ‐ (PS‐RM2‐OF‐EX/2016) – O primeiro conflito Brasileira, é correto afirmar que a Marinha
internacional que o Brasil participou após sua
Independência foi a Guerra da Cisplatina (1825 ‐1828). (A) enfrentou grandes inimigos no mar.
A respeito dessa guerra, é correto afirmar que: (B) participou de combates navais de duração de
meses.
(A) a independência da Cisplatina, sob o nome de (C) participou do transporte de tropas do Exército
República Oriental do Uruguai, foi um de seus Imperial da Corte e de outras províncias, bloqueios e
resultados. desembarques.
(B) devido ao maior poderio naval argentino, a (D) realizou diversas ações que determinaram o fim
Esquadra Imperial Brasileira fez uso intensivo da do escravismo.
guerra de corso. (E) consolidou o reinado de D. Pedro II a ponto de
(C) a causa principal desse conflito foi a invasão evitar a Guerra do Paraguai.
paraguaia à Província do Mato Grosso.
(D) a vitória brasileira se deu em conseqüência de sua
estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata.
(E) ao bloquear o Rio Paraná, a Tríplice Aliança, 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que apresenta
formada por Brasil, Argentina e Uruguai, deu um duro a primeira revolta ocorrida no Grão‐Pará, no período
golpe na Força Nacional Paraguaia. regencial, e que se generalizou em 1835 com a
ocupação da capital da província, Belém.
(A) Sabinada.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Durante a Guerra Cisplatina, a (B) Revolta Praieira.
Marinha Imperial brasileira lutou com a Força Naval (C) Cabanagem.
argentina e com corsários que atacavam os navios (D) Balaiada.
mercantes brasileiros por toda a nossa Costa. Assinale (E) Guerra dos Farrapos.
a opção que apresenta a primeira ação de guerra da
Força Naval brasileira na Guerra Cisplatina.
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(A) Cabanagem, no Pára.
(B) Revolta Praieira, no Ceará.
(C) Balaiada, no Rio Grande do Sul.
(D) Guerra dos Farrapos, no Maranhão e Piauí.
(E) Sabinada, em São Paulo.
7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Em que guerra
o Brasil recém‐independente envolveu‐se, entre 1825
e 1828, com as Províncias Unidas do Rio da Prata,
atual Argentina, pela posse de uma Província
brasileira que havia sido anexada por D. João VI, em
1821, que e atualmente a atual República Oriental do
Uruguai?
(A) Guerra dos Farrapos.
(B) Guerra da Lagosta.
(C) Guerra contra Manuel Oribe e Rosas.
(D) Guerra Cisplatina.
(E) Guerra do Paraguai.
(A) Guerra dos Farrapos.
(B) Balaiada.
(C) Sabinada.
(D) Cabanagem.
(E) Revolta Praieira.
Respostas:
1 A 6 A
2 A 7 D
3 A 8 B
4 C
5 C
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6 ‐ A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice do argentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele
Aliança contra o Governo do Paraguai superestimou o poderio econômico e militar do
Paraguai e subestimou o potencial do Poder Militar
A livre navegação nos rios e os limites entre o brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.
Brasil e o norte do Paraguai eram motivos de
discordância entre os dois países. Não se chegou a um Os seguintes atos de hostilidade do Paraguai
acordo satisfatório até a conclusão da Guerra da levaram à assinatura do Tratado da Tríplice Aliança
Tríplice Aliança. Para os brasileiros, era muito contra o Governo do Paraguai, pelo Brasil, Argentina
importante acessar, sem empecilhos, a Província de e Uruguai, em 1º de maio de 1865:
Mato Grosso, navegando pelo Rio Paraguai. Sabendo
disto, os paraguaios mantinham a questão dos limites, o apresamento do Vapor brasileiro Marquês de
que reivindicavam associada à da livre navegação. O Olinda, que viajava para Mato Grosso
litígio existia, principalmente em relação a um transportando o novo presidente dessa província,
território situado à margem esquerda do Rio Paraguai, em 12 de novembro de 1864, em Assunção;
entre os Rios Apa e Branco, ocupado por brasileiros. a invasão do Sul de Mato Grosso por tropas
Apesar dessas questões, o entendimento entre o paraguaias, em 28 de dezembro de 1864; e
Brasil e o Paraguai era cordial, excetuando‐se algumas a invasão de território da Argentina por tropas
crises que não chegaram a ter maiores conseqüências. paraguaias, em 13 de abril de 1865, ocupando a
Interessava principalmente ao Império que o Paraguai Cidade de Corrientes e apresando os vapores
se mantivesse fora da Confederação Argentina, que argentinos Gualeguay e 25 de Mayo.
muitas dificuldades lhe vinha causando, com sua
A aliança com os argentinos era, na opinião de
permanente instabilidade política.
um dos observadores estrangeiros, uma “aliança de
Com a morte de Carlos López, ascendeu ao cão e gato”. Havia muitas desavenças recentes e ao
governo do Paraguai seu filho, Francisco Solano López, Brasil não interessava subordinar sua Força Naval a
que ampliou a política externa do País, inclusive um comandante argentino. A Argentina possuía,
estabelecendo laços de amizade com o General Justo durante essa guerra, apenas uma pequena Marinha e
José de Urquiza, que liderava a Província argentina de o esforço naval foi quase totalmente da Marinha do
Entre Rios, e com o Partido Blanco uruguaio. Essas Brasil. O Império não queria criar uma situação em
alianças, sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai que um estrangeiro pudesse decidir o destino de seu
ao mar. Poder Naval. Poder que sempre desempenhara um
papel importante, de diferenciador nos conflitos da
Com a invasão do Uruguai por tropas região do Rio da Prata.
brasileiras, na intervenção realizada em 1864, contra
o governo do Presidente uruguaio Manuel Aguirre, do Isto significava, também, que no início da
Partido Blanco, Solano López considerou que seu guerra, as operações envolvendo forças navais e
próprio país fora agredido e declarou guerra ao Brasil. terrestres seriam operações conjuntas, sem unidade
Aliás, ele havia enviado um ultimato ao Brasil, que de comando.
fora ignorado. Como foi negada pelos portenhos
No início da Guerra da Tríplice Aliança, a
permissão para que seu exército atravessasse
Marinha do Brasil dispunha de 45 navios armados.
território argentino para atacar o Rio Grande do Sul,
Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a
invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a
vapor, e 12 dependiam exclusivamente do vento. A
Argentina no conflito.
propulsão a vapor, no entanto, era essencial para
O Paraguai estava se mobilizando para uma operar nos rios. Todos tinham casco de madeira.
possível guerra desde o início de 1864. López se Muitos deles já estavam armados com canhões
julgava mais forte – o que provavelmente era raiados de carregamento pela culatra.
verdadeiro, no final de 1864 e início de 1865 – e
Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os
acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e
de propulsão mista, eram adequados para operar no
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mar e não nas condições de águas restritas e pouco principais vias de comunicação da região, e navios e
profundas que o teatro de operações nos Rios Paraná embarcações teriam que transportar os suprimentos
e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um para as tropas, o carvão para servir como combustível
perigo sempre presente. Além disso, esses navios, dos próprios navios e, muitas vezes, soldados, cavalos
com casco de madeira, eram muito vulneráveis à e armamento.
artilharia de terra, posicionada nas margens.
Com o avanço das tropas paraguaias ao longo
Era uma época de freqüentes inovações do Rio Paraná, ocupando a Província de Corrientes,
tecnológicas no hemisfério norte e a Guerra Civil Tamandaré resolveu designar seu chefe de estado‐
Americana trouxera muitas novidades para a guerra maior, o Chefe‐deDivisão Francisco Manoel Barroso
naval e, especificamente, para o combate nos rios. da Silva, para assumir o comando da Força Naval
Sua influência, logo depois dessa primeira fase de brasileira, que subira o rio para efetivar o bloqueio do
navios de madeira, na Guerra da Tríplice Aliança fez‐ Paraguai. Ele queria mais ação. Barroso partiu em 28
se sentir, principalmente, com o aparecimento dos de abril de 1865, na Fragata Amazonas, e assumiu o
navios protegidos por couraça de ferro, projetados cargo em Bela Vista. Sua primeira missão foi um
para a guerra fluvial, e a mina naval. ataque à Cidade de Corrientes, então ocupada pelos
paraguaios. O desembarque das tropas aliadas em
Todos os navios da Esquadra paraguaia, Corrientes ocorreu com bom êxito no dia 25 de maio.
exceto um, eram navios de madeira, mistos, a vela e a
vapor, com propulsão por rodas de pás. Embora todos Não era, sabidamente, possível manter a
eles fossem adequados para navegar nos rios, posse dessa cidade na retaguarda das tropas
somente o Taquary era um verdadeiro navio de invasoras, principalmente naquele momento da luta,
guerra; os outros, apesar de convertidos, não foram em que os paraguaios mantinham uma ofensiva
projetados para tal. vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá‐la. Mas, o
ataque deteve o avanço paraguaio para o Sul. Ficou
Os paraguaios desenvolveram a chata com evidente que a presença da Força Naval brasileira
canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo deixava o flanco direito dos invasores, que se apoiava
chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas no Rio Paraná, sempre muito vulnerável. Para os
de calibre, que era rebocado até o local de utilização, paraguaios, era necessário destruí‐la e isto levou
onde ficava fundeado. Transportava apenas a Solano López a planejar a ação que levaria à Batalha
guarnição do canhão e sua borda ficava próximo da Naval do Riachuelo.
água, deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via‐se
somente a boca do canhão acima da superfície da Os preparativos para o ataque aos navios
água. brasileiros foram realizados sob a orientação direta do
próprio López. O plano consistia em surpreender os
O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do navios brasileiros fundeados, abordá‐los e, após a
Riachuelo vitória, rebocá‐los para Humaitá. Por isso, os navios
O Paraguai enviou duas colunas de tropas paraguaios estavam superlotados com tropas.
invasoras, uma destinada ao Rio Grande do Sul e Tirando o máximo proveito do terreno ao
outra para o sul, em território argentino, longo do Rio Paraná, ele mandou, também, assentar
acompanhando o Rio Paraná. canhões nas barrancas da Ponta de Santa Catalina,
Foi designado comandante das Forças Navais que fica imediatamente antes da foz do Riachuelo, e
Brasileiras em Operação o Almirante Joaquim reforçar com tropas de infantaria o Rincão de Lagraña,
Marques Lisboa, Visconde de Tamandaré. A estratégia que lhe fica rio abaixo.
naval adotada foi a de negar o acesso ao território Da extremidade Sul do Rincão de Lagraña, que
paraguaio através do bloqueio. Tamandaré, logo no tem uma barranca mais elevada, os paraguaios
início, tratou também de organizar a difícil logística podiam atirar, de cima, sobre os conveses dos navios
que o teatro de operações exigia. Os rios eram as
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brasileiros que escapassem, descendo o Paraná. O proximidades da margem esquerda, logo após o local
local era perfeito para uma armadilha, pois o canal onde estavam as baterias de terra. Fechou‐se, assim, a
navegável era estreito e tortuoso, com risco de armadilha em uma extensão de uns seis quilômetros,
encalhe em bancos submersos, o que forçava as ao longo de um trecho do Paraná, junto à foz do
embarcações a passarem próximo à margem Riachuelo.
esquerda.
Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com
Na noite de 10 para 11 de junho de 1865, a o Belmonte à frente, seguido pelo Jequitinhonha e por
Força Naval brasileira comandada por Barroso, outros navios, avistou as barrancas de Santa Catalina.
constituída pela Fragata Amazonas e pelos Vapores Somente mais adiante, já com as barrancas pelo
Jequitinhonha, Belmonte, Beberibe, Parnaíba, través, era possível ter a visão completa da curva do
Mearim, Araguari, Iguatemi e Ipiranga, estava Rincão de Lagraña, rio abaixo da foz do Riachuelo,
fundeada ao sul da Cidade de Corrientes, próximo à onde estavam parados os navios e as chatas da força
margem direita, em um trecho largo do rio. De lá paraguaia. A vegetação impedia que se soubesse que
avistaram, pouco depois das oito horas da manhã, a as barrancas de Santa Catalina estavam artilhadas.
força paraguaia comandada pelo Capitão‐de‐Fragata
Pedro Inácio Mezza, com os navios: Tacuary, Barroso resolveu deter a Amazonas,
Paraguary, Igurey, Ipora, Jejuy, Salto Oriental, reservando‐a para interceptar uma possível fuga dos
Marquês de Olinda e Pirabebe; rebocando seis chatas paraguaios rio acima. Alguns navios brasileiros não
artilhadas. entenderam a manobra e ficaram indecisos. Como
conseqüência, o Jequitinhonha encalhou num banco,
Mezza se atrasara devido a problemas na sob as baterias de terra, e o Belmonte, à frente,
propulsão de um de seus navios, o Ibera, que acabou prosseguiu sozinho, recebendo o fogo concentrado da
sendo deixado para trás. As chatas que rebocava artilharia do inimigo e tendo que encalhar,
tinham uma pequena borda‐livre, fazendo água propositadamente, após completar a passagem para
quando os navios aumentavam a velocidade não afundar, devido às avarias sofridas em combate.
procurando recuperar o tempo perdido.
Para reorganizar sua força naval, Barroso
Ele decidiu não largar as chatas, pois sua avançou com a Amazonas, assumiu a liderança dos
presença na batalha era uma determinação de López, navios que estavam a ré do Belmonte e, seguido por
e, chegando tarde, desistiu de iniciar o combate com a eles, completou a passagem sob o fogo dos canhões
abordagem. Julgava que não havia surpreendido os paraguaios e da fuzilaria de terra. Afastou‐se, depois,
brasileiros e é acusado de ter, assim, perdido sua descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove
melhor chance de vitória. A surpresa, na realidade, foi navios, porque o Parnaíba, com o leme avariado,
maior até do que se poderia supor. Era uma manhã de também não conseguira passar. Completou‐se assim,
domingo, parte das guarnições estava em terra para às 12h10min, a primeira fase da batalha.
trazer lenha, com o propósito de poupar carvão. É
sempre difícil manter um estado prolongado de alerta Então, Barroso mostrou toda a sua coragem,
quando as ameaças não se fazem freqüentemente decidindo regressar para o interior da armadilha de
sensíveis. Riachuelo. Foi necessário descer o rio até um lugar
onde o canal permitia fazer a volta com os navios e,
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou cerca de uma hora depois, ele estava novamente em
para o iminente combate, as tripulações assumindo frente à ponta sul do Rincão de Lagraña.
seus postos, despertando o fogo das fornalhas das
caldeiras com carvão e largando as amarras. Às Até aquele instante, o resultado era
9h25min, dispararam‐se os primeiros tiros de altamente insatisfatório para o Brasil. O Belmonte
artilharia. Passou, logo em seguida, a força paraguaia, fora de ação, o Jequitinhonha encalhado, para
em coluna, pelo través da brasileira, ainda sempre, e o Parnaíba sendo abordado e dominado
imobilizada, indo, logo depois, rio abaixo, para as pelo inimigo, apesar de resistência heróica de
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brasileiros, como o GuardaMarinha Guilherme território inimigo. Além disto, apesar de não
Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que lutaram comentarem, na época, não seria sensato abordar um
até a morte. navio lotado com tropas.
Tirando, porém, vantagem do porte da Antes do pôr‐do‐sol de 11 de junho, a vitória
Amazonas e contando com a perícia do prático era brasileira. Foi uma batalha naval, em alguns
argentino que tinha a bordo, Barroso usou seu navio aspectos, decisiva.
para abalroar os paraguaios e vencer a batalha. Foi
um improviso, seu navio não tinha a proa A Esquadra paraguaia foi praticamente
propositadamente reforçada para ser empregada aniquilada, e não teria mais participação relevante no
como aríete. conflito. Estava garantido o bloqueio que impediria
que o Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo,
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe‐ os navios encouraçados encomendados no exterior.
de‐Divisão Barroso, na parte que transmitiu ao Comprometeu, também, a situação das tropas
Visconde de Tamandaré, assim se deu a batalha invasoras e, pouco tempo depois, a guerra passou
(grafia de época): para o território paraguaio.
– “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo
vez, com tôda a esquadra paraguaya, que eu teria bom êxito de sua força naval em Riachuelo. O futuro
conseguido se os quatro vapôres que estavam mais acima Barão de Teffé declarou que o vira, do Araguari, em
não tivessem fugido. Pus a prôa sôbre o primeiro, que o
plena batalha, destemido, expondo‐se sobre a roda da
escangalhei, ficando inutilisado completamente, de agoa
Amazonas, com a barba branca, que deixara crescer,
aberta, indo pouco depois ao fundo. Segui a mesma
ao vento e sentira por ele um grande respeito e
manobra contra o segundo, que era o Marques de Olinda,
que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou admiração.
pela mesma fórma. Os quatro restantes vendo a manobra
A cidade de Corrientes continuava ocupada
que eu praticava e que eu estava disposto a fazer‐lhes o
pelo inimigo e a Força Naval brasileira, que mostrara
mesmo, trataram de fugir rio acima. Em seguimento ao
terceiro vapor destruído, aproei a uma chata que com o sua presença, fundeada próxima a ela, precisou
choque e um tiro foi a pique. iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a descida do
rio, que estava baixando.
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram
feitas pela Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos Os paraguaios haviam retirado suas baterias,
navios e chatas, como das baterias de terra e mosquetaria que estavam na Ponta de Santa Catalina, e as
de mais de mil espingardas. A minha tenção era destruir por instalaram, primeiro em Mercedes, depois em Cuevas,
esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que andar para criando dificuldades para o abastecimento dos navios
baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais
brasileiros, que era realizado pelo rio. Sob todos esses
tarde havíamos de encalhar, por ser naquella localidade o
aspectos, incluindo a diminuição do nível do Rio
canal mui estreito.
Paraná, que aumentava o risco de encalhe, a posição
Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, da Força Naval, avançada em território ainda ocupado
tratei de tomar as chatas, que ao approximar‐me d’ellas por tropas do Paraguai, mostrava‐se muito vulnerável.
eram abandonadas, saltando todos ao rio, e nadando para
terra, que estava a curta distância. O quarto vapor Barroso passou com seus navios por Mercedes
paraguayo Paraguary, de que ainda não fallei, recebeu tal e Cuevas, enfrentando a artilharia paraguaia, e
rombo no costado e caldeiras, quando desceram, que foi somente regressou passados alguns meses, apoiando
encalhar em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para o avanço das tropas aliadas, que progrediam
ella, fugindo e abandonando o navio”. aproveitando o recuo do inimigo.
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança
com a aproximação da noite, os navios brasileiros que venceria a guerra em pouco tempo, mas tal não
os perseguiam regressaram, para evitar encalhes em ocorreu. O que parecia fácil estagnou. O Paraguai era
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um país mobilizado para a guerra que, aliás, foi ele encouraçados já estavam disponíveis nessa força. Um
que iniciou, achando que tinha vantagens. deles tinha o nome de Barroso, e outro o de
Tamandaré. Era uma grande homenagem, em vida,
Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável aos dois ilustres chefes.
enquanto não estivessem disponíveis os novos meios
navais que estavam em obtenção pelo Brasil: os A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai
navios encouraçados. necessitava de apoio naval. Passo da Pátria foi uma
operação conjunta de forças navais e terrestres.
Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era Coube, inicialmente, à Marinha fazer os
necessário vencer diversas passagens fortificadas, levantamentos hidrográficos, combater as chatas
destacando‐se, inicialmente, Curuzu, Curupaiti e paraguaias e bombardear o Forte de Itapiru e o
Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado acampamento inimigo. Em março de 1866, já estavam
para navegar em rios, de casco de madeira, sem disponíveis nove navios encouraçados, inclusive três
couraça, como os da Força Naval brasileira que construídos no Brasil: Tamandaré, Barroso e Rio de
combatera em Riachuelo, não teriam bom êxito. Era Janeiro. A reação da artilharia paraguaia ceifou vidas
evidente que o Brasil necessitava de navios preciosas, como a do Tenente Mariz e Barros,
encouraçados para o prosseguimento das ações de comandante do Tamandaré.
guerra. Os obstáculos e fortificações de Humaitá eram
uma séria ameaça, mesmo para estes navios. Houve, depois, perfeita cooperação entre as
forças, na grande operação de desembarque que
Navios encouraçados e a invasão do Paraguai ocorreu em 16 de abril de 1866. Enquanto parte da
Os navios encouraçados começaram a chegar Força Naval bombardeava a margem direita do Rio
à frente de combate em dezembro de 1865. O Paraná, de modo a atrair a atenção do inimigo, os
Encouraçado Brasil, encomendado após a Questão transportes avançaram e entraram no Rio Paraguai.
Christie na França, foi o primeiro que chegou a Os navios transportaram inicialmente cerca de
Corrientes em dezembro de 1865. 45 mil homens, de um efetivo de 66 mil (38 mil
No Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de brasileiros, 25 mil argentinos e 3 mil uruguaios),
Janeiro, iniciara‐se a construção de outros navios artilharia, cavalos e material. O General Osório foi o
encouraçados, especificados para lutar naquele teatro primeiro a desembarcar em território inimigo. Com a
de operações fluviais. O projeto e a construção invasão, os paraguaios abandonaram Itapiru e Passo
estavam a cargo de brasileiros, como os engenheiros da Pátria e, após tentativas infrutíferas de derrotar o
Napoleão Level e Carlos Braconnot. Destacou‐se, invasor em Estero Bellaco e Tuiuti, concentraram suas
também, o Capitãode‐Fragata Henrique Antônio defesas nas fortificações que barravam o caminho:
Baptista, especialista em armamento, que também Curuzu, Curupaiti e Humaitá.
chefiara o recebimento e trouxera o Encouraçado Curuzu e Curupaiti
Brasil da França.
Em 31 de agosto de 1866, as tropas
Durante a guerra, foram incorporados à comandadas pelo General Manoel Marques de Souza,
Armada brasileira 17 navios encouraçados, incluindo o Barão de Porto Alegre, desembarcaram na margem
alguns classificados como monitores, que obedeciam esquerda para atacar Curuzu e, no dia seguinte, os
a características de projeto inovadoras, desenvolvidas navios começaram a bombardear a fortificação.
poucos anos antes na Guerra Civil Americana.
Em 2 de setembro, o navio encouraçado Rio
Em 21 de fevereiro de 1866, Tamandaré de Janeiro foi atingido por duas minas flutuantes e
chegou a Corrientes e assumiu o comando da Força afundou com perda de vidas humanas.
Naval, mantendo Barroso como seu chefe de estado‐
maior. Em 17 de março, os navios suspenderam para Curuzu foi conquistada pelo Barão de Porto
iniciar as operações rio acima. Quatro dos Alegre, apoiado pelo fogo naval, em 3 de setembro.
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O próximo ataque foi a Curupaiti. O cebeu, logo depois, o título de Barão de Inhaúma.
Presidente argentino, General Bartolomeu Mitre, Participaram da passagem dez navios encouraçados
comandante das Forças da Tríplice Aliança, assumiu que, em seguida, fundearam um pouco abaixo de
pessoalmente o comando da operação. Apesar do Humaitá e começaram a bombardeá‐la.
intenso bombardeio naval, o ataque aliado, ocorrido
em 22 de setembro, levou à maior derrota da Tríplice A posição desses navios, porém, expunha‐os
Aliança nessa guerra. aos tiros das fortificações paraguaias e Inhaúma
considerava que ainda não era o momento de forçar
Seguiram‐se acusações e críticas, que Humaitá. Caxias apoiou esta decisão.
causaram uma crise entre Mitre e Tamandaré. O
preparo da operação, sem dúvida, fora insuficiente e O apoio logístico a essa Força Naval operando
as dificuldades do ataque incorretamente avaliadas. entre Curupaiti e Humaitá era muito difícil e exigiu
Como Mitre permaneceria exercendo o comando que os brasileiros fizessem o caminho pela margem
geral dos Exércitos Aliados, o governo brasileiro direita do Rio Paraguai, no Chaco. Logo depois
aceitou o pedido de afastamento feito anteriormente construiu‐se uma pequena ferrovia nesse caminho,
por Tamandaré. Ele e Barroso foram substituídos, não para transportar as provisões necessárias.
mais participando das operações dessa guerra. Para apoiar o material das forças em combate,
Caxias e Inhaúma construíra‐se um arsenal em Cerrito, próximo à
confluência dos Rios Paraguai e Paraná. Graças a ele,
O Marquês de Caxias, General Luís Alves de foi possível fazer essa estrada de ferro.
Lima e Silva, futuro Duque de Caxias e Patrono do
Exército Brasileiro, foi designado para o cargo de Ultrapassar Humaitá com uma força naval e
Comandante‐em‐Chefe das Forças Brasileiras em mantê‐la rio acima exigiria também uma base de
Operações contra o Governo do Paraguai. suprimentos rio acima. Caxias, após reorganizar as
forças terrestres brasileiras, iniciou, em julho de 1867,
O comando da Força Naval coube ao Chefe‐ a marcha de flanco e ocupou Tayi, no Rio Paraguai,
de‐Esquadra Joaquim José Ignácio, futuro Visconde de acima de Humaitá, que serviria depois para apoiar os
Inhaúma, que assumiu seu cargo, substituindo navios.
Tamandaré, em 22 de dezembro de 1866. Ele estava
subordinado a Caxias, mas não a Mitre. Em dezembro de 1867, os três primeiros
monitores construídos no Arsenal de Marinha da
Caxias empregou com maestria a Força Naval Corte chegaram à frente de combate. Esses
de Inhaúma, para apoiar sua ofensiva ao longo do Rio monitores, por suas características, seriam
Paraguai, até a ocupação da cidade de Assunção; importantes para o prosseguimento das operações.
bombardeando fortificações; fazendo
reconhecimentos pelo rio; transportando tropas de Em 14 de janeiro de 1868, Mitre precisou
uma margem para a outra, para contornar o flanco reassumir a presidência da Argentina e passou
inimigo; e fazendo o apoio logístico necessário. definitivamente o comando‐emchefe dos Exércitos da
Tríplice Aliança para Caxias.
Passagem de Curupaiti
Passagem de Humaitá
Há meses que a Força Naval bombardeava
diariamente Curupaiti, tentando diminuir seu poder Na madrugada de 19 de fevereiro de 1868,
de fogo e abalar o moral dos defensores. iniciou‐se a Passagem de Humaitá.
Em 15 de agosto de 1867, já promovido a A Força Naval de Inhaúma intensificou o
Vice‐Almirante, Joaquim Ignácio comandou a bombardeio e a Divisão Avançada, comandada pelo
Passagem de Curupaiti, enfrentando o fogo das Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra Delfim Carlos de Carvalho,
baterias de terra e obstáculos no rio. Pelo feito, re‐ depois Almirante e Barão da Passagem, avançou rio
acima. Essa divisão era formada por seis navios: os
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Encouraçados Barroso, Tamandaré e Bahia e os Logo, Caxias alcançou Palmas e iniciou seus
Monitores Rio Grande, Pará e Alagoas. planos para atacar a nova posição do inimigo, em
Piquissiri. Ele próprio efetuou vários reconhecimentos
Eles acometeram a passagem formando três empregando os navios e decidiu por não realizar uma
pares compostos, cada um, por um encouraçado e um ação frontal. Para atacar os paraguaios pela
monitoramarrado ao seu contrabordo. retaguarda, era preciso utilizar a margem direita,
Após a passagem, três dos seis navios tiveram onde se situava o Chaco, um alagadiço quase
que ser encalhados, para não afundarem devido às intransponível, exposto às inundações.
avarias sofridas no percurso. O Alagoas foi atingido A genial manobra do Piquissiri, que contornou
por mais de 160 projéteis. a posição do inimigo, foi uma operação em que a
Estava, no entanto, vencida Humaitá, que aos Força Naval exerceu um papel relevante. Foi
poucos seria desguarnecida pelos paraguaios. Solano construída uma estrada pelos pântanos do Chaco,
López decidiu que era necessário retirar‐se com seu ultrapassando diversos cursos d’água, para que as
exército para uma nova posição defensiva, mais ao tropas, que cruzaram o rio nos navios, avançassem
norte. pela margem direita até um ponto em que podiam
embarcar novamente, para serem transportadas para
O recuo das forças paraguaias a margem esquerda, acima das posições inimigas. Em
4 de dezembro, a Força Naval apoiou o desembarque
Na madrugada de 3 de março de 1868, López
das tropas em Santo Antônio, sobre a retaguarda
se retirou de Humaitá com cerca de 12 mil homens.
paraguaia.
Os aliados fecharam o cerco.
O ataque de Caxias para o Sul é conhecido
Em 25 de julho, os últimos defensores
como a Dezembrada. Ocorreu uma sucessão de
abandonaram Humaitá, que foi ocupada pelos aliados.
combates terrestres, dos quais se destacam Itororó,
Era preciso reforçar o cerco para evitar que eles se
Avaí e Lomas Valentinas. Ao final, as forças paraguaias
juntassem ao grosso do Exército paraguaio. Para isso,
estavam derrotadas e López fugiu.
os aliados criaram uma flotilha de escaleres, lanchas e
canoas para bloquear a passagem dos fugitivos pela Não se rendendo, apesar de seu exército estar
Lagoa Verá. praticamente aniquilado, ele conseguiu prolongar a
guerra por mais de um ano, na região montanhosa do
Os combates que ali ocorreram, corpo‐a‐
Norte de seu país, na chamada Campanha da
corpo, entre as tripulações de embarcações,
Cordilheira, causando enormes sacrifícios a todos os
constituíram um dos conjuntos de episódios mais
envolvidos, principalmente ao povo paraguaio.
dramáticos da guerra. Participaram deles, com grande
bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes A ocupação de Assunção e a fase final da guerra
Saldanha da Gama e Júlio de Noronha, entre outros.
Ao final, renderam‐se 1.300 paraguaios. Como não havia mais obstáculos até
Assunção, ela foi ocupada pelos aliados e a Força
O avanço aliado e a Dezembrada Naval fundeou em frente à cidade, em janeiro de
1869.
Superado o obstáculo de Humaitá, Caxias
pôde avançar para o norte. Era necessário que a Força Em fevereiro, o Chefe‐de‐Esquadra Elisário
Naval acompanhasse o movimento das forças Antônio dos Santos assumiu o comando da Força
terrestres aliadas e, no dia 16 de agosto de 1868, Naval. Ficaram no Paraguai os navios de menor
Inhaúma começou a subir o Rio Paraguai. A partir de calado, mais úteis para atuar nos afluentes. Uma
então, os navios participaram das operações Força Naval subiu o Rio Paraguai até território
prestando o apoio determinado por Caxias. brasileiro, em Mato Grosso. Houve um último
combate no Rio Manduvirá. Seguiu‐se a Campanha da
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Cordilheira, em que a Marinha não mais confrontou o Fortaleza de Curuzu.
inimigo. As tropas brasileiras, comandadas
pelo Barão de Porto Alegre,
Em 1870, o Paraguai estava derrotado e seu 31/08/1866 desembarcam para a tomada do
povo dizimado. Forte de Curuzu, apoiadas pelo fogo
dos navios.
A Guerra foi muito importante para a A Marinha perde o Encouraçado Rio
consolidação dos Estados Nacionais na região do Rio 02/09/1866 de Janeiro, posto a pique pela
da Prata. Foi durante o conflito que a unidade da explosão de duas minas flutuantes.
Argentina se consolidou. Para o Brasil, foi um grande 03/09/1866 Tomada da Fortaleza de Curuzu.
A Esquadra bombardeia pesadamente
desafio que mobilizou o País e uniu sua população. Foi
o Forte de Curupaiti, enquanto
lá que os brasileiros das diferentes regiões do País se tentavam conquistá‐lo. Percebendo a
conheceram melhor, passando a se respeitar e a se 22/09/1866
impossibilidade de tomar a praça,
entender. ordena a retirada. Foi a maior derrota
da Tríplice Aliança nessa guerra.
C R O N O L O G I A O Chefe‐de‐Esquadra Joaquim José
DATA EVENTO Ignácio recebe do Almirante
22/12/1866
O governo paraguaio apreende o Tamandaré o comando da Esquadra
Navio Mercante brasileiro Marquês Brasileira em Operações no Paraguai.
de Olinda, quando este navegava 30 A Esquadra brasileira inicia os
12/11/1864 13/01/1867
milhas acima de Assunção, rumo ao bombardeios ao Forte de Curupaiti.
Mato Grosso levando o novo O Vice‐Almirante Joaquim José
presidente dessa província. 15/08/1867 Ignácio comanda a 1ª Passagem de
Forças paraguaias invadem a Curupaiti.
28/12/1864 Província do Mato Grosso, atacando e Os Monitores Pará, Rio Grande e
ocupando o Forte Coimbra. Alagoas forçam durante a noite a
O Império do Brasil declara Passagem de Curupaiti, indo reunir‐se
27/01/1865 oficialmente que responderá às 13/02/1868
aos encouraçados que se destinavam
hostilidades do Paraguai. a passar Humaitá. (2ª Passagem de
Parte de Buenos Aires uma Força Curupaiti).
05/04/1865 Naval brasileira para bloquear o Rio Inicia‐se a Passagem de Humaitá. (1ª
Paraná. 19/02/1868
Passagem de Humaitá).
O Governo paraguaio declara guerra à A Fortaleza de Curupaiti é
13/04/1865 Argentina e forças paraguaias atacam 21/03/1868
conquistada.
Corrientes. A Divisão Avançada da Esquadra,
Assinado em Buenos Aires o Tratado composta dos Encouraçados Bahia,
01/05/1865 da Tríplice Aliança, entre os governos Barroso e Tamandaré e dos
do Brasil, Argentina e Uruguai. Monitores Rio Grande e Pará,
O Chefe‐de‐Divisão Francisco Manoel 02/05/1868 transporta para a Península do Araça
Barroso da Silva assume o comando as tropas que cortarão as
20/05/1865
das duas divisões navais brasileiras comunicações do inimigo
incumbidas do bloqueio. concentrado em Humaitá, impedindo
Forças paraguaias invadem a o recebimento de socorro.
10/06/1865
Província do Rio Grande do Sul. Os Encouraçados Cabral, Silvado e
11/06/1865 Batalha Naval do Riachuelo. Piauí forçam a Passagem de Humaitá,
21/07/1868
O Vice‐Almirante Tamandaré, para se reunirem à Divisão do Chefe
Comandante‐em‐Chefe da Esquadra Delfim. (2ª Passagem de Humaitá).
21/02/1866
brasileira, chega à cidade argentina As tropas aliadas conquistam a
25/07/1868
de Corrientes. Fortaleza de Humaitá.
Inicia‐se a travessia de Passo da Combate na Lagoa Verá entre
16/04/1866
Pátria. 01/08/1868 chalanas paraguaias e escaleres dos
Início do reconhecimento, pelos navios brasileiros.
27/07/1866
navios da Esquadra, da área da 16/08/1868 Início da Dezembrada.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 58
O Barão da Passagem, Chefe‐de‐
Divisão Delfim Carlos de Carvalho,
comandando uma divisão composta
do Encouraçado Bahia, e dos
30/08/1868
Monitores Alagoas, Ceará, Pará, Piauí
e Rio Grande, entra pelo Rio Tebiquari
para proteger a passagem do
Exército.
Os Encouraçados Bahia, Barroso,
Tamandaré e Silvado forçam as
baterias de Angostura, ao mesmo
01/10/1868
tempo que os encouraçados restantes
bombardeam o acampamento
inimigo.
A Esquadra bombardea as
19/11/1868 fortificações de Angostura – manobra
do Pissiquiri.
A Esquadra inicia a passagem do
04/12/1868 Exército do Chaco para a Barranca de
Santo Antônio.
Tropas brasileiras, sob o comando o
01/01/1869 Coronel Hermes da Fonseca, ocupam
Assunção, que se encontrava deserta.
O Vice‐Almirante Joaquim José
Ignácio, gravemente enfermo, deixa o
16/01/1869 comando da Esquadra brasileira em
Operações no Paraguai e regressa ao
Rio de Janeiro.
O Chefe‐de‐Esquadra Elisário Antônio
06/02/1869 dos Santos assume o comando da
Força Naval.
O Comandante‐em‐Chefe da
Esquadra no Paraguai ordena a
18/04/1869 perseguição e a captura de
embarcações paraguaias no Rio
Manduvirá e afluentes.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 59
EXERCÍCIOS: 2 ‐ (PS‐RM2‐OF‐EX/2016) – Com relação à Guerra da
Tríplice Aliança contra o governo do Paraguai, analise
1 ‐(PS‐RM2‐OF/2016) – “...minha resolução foi de as afirmativas abaixo.
acabar de uma vez, com toda a esquadra paraguaia,
que eu teria conseguido se os quatro vapores que I – A vitória brasileira na Batalha Naval do Riachuelo
estavam mais acima não tivessem fugido. Pus a proa garantiu o bloqueio naval que impediu o Paraguai de
sobre o primeiro, que o escangalhei, ficando receber armamento do exterior.
inutilizado completamente, de água aberta, indo
pouco depois ao fundo. Segui a mesma manobra II – O Tratado da Tríplice Aliança entre Brasil,
contra o segundo, que era o Marques de Olinda, que Argentina e Uruguai, consistiu‐se como um acordo de
inutilizei, e depois o terceiro, que era o Salto, que caráter econômico que visava a arruinar a economia
ficou pela mesma forma”. paraguaia.
O trecho acima se trata do relato do Almirante III – Todos os navios da Marinha do Brasil que
Barroso a respeito da vitória brasileira sobre as forças operaram durante a guerra foram adquiridos no
navais paraguaias, na Batalha Naval do Riachuelo, exterior, pois o Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro
ocorrida no dia 11 de junho de 165. Apesar de a não tinha capacidade tecnológica para construir
guerra ter se estendido até 1870, por que tal Batalha embarcações de guerra.
Naval pode ser considerada como decisiva para a IV – Mesmo após a ocupação de Assunção pelas
vitória da Tríplice Aliança? forças da Tríplice Aliança, em 1869, o presidente
(A) O presidente paraguaio, Francisco Solano Lopez, paraguaio, Francisco Solano López, não se rendeu,
foi morto durante a Batalha Naval do Riachuelo, fazendo com que a guerra se prolongasse até o ano de
desestabilizando as forças paraguaias. 1870.
(B) Na Batalha Naval do Riachuelo, grande parte da Assinale a opção correta.
esquadra paraguaia foi aniquilada, o que garantiu o
bloqueio naval que impediu o Paraguai de receber (A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
armamentos do exterior. (B) Apenas as afirmativas I , II e III estão corretas.
(C) Com a vitória brasileira em Riachuelo, parte das (C) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
fortalezas paraguaias se rebelou contra o governo (D) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
paraguaio. (E) Apenas as afirmativas II , III e IV estão corretas.
(D) Tal batalha anulou todas as forças paraguaias, de
modo que o restante do conflito foi uma marcha sem
esforços da Tríplice Aliança até Assunção. 3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) O dia 11 de junho e
(E) Com a vitória em Riachuelo, a Argentina entrou na considerado a Data Magna da Marinha, pois marcou,
guerra ao lado do Brasil, saindo de seu estado de em 1865, uma vitória decisiva da Força Naval
neutralidade. brasileira na Guerra da Tríplice Aliança contra o
Governo do Paraguai. "O Brasil espera que cada um
Resposta Comentada:
cumpra o seu dever" e "Sustentar o fogo que a vitória
(B) A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada,
é nossa" foram os dais sinais de Barroso, Chefe de
e não teria mais participação relevante no conflito.
Divisão, no comando das duas divisões navais
Estava garantido o bloqueio que impediria que o
brasileiras no conflito.
Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo, os
navios encouraçados encomendados no exterior. Essas informações se referem a que Batalha?
(A) Tomada da Fortaleza de Curuzu.
(B) Guerra Cisplatina.
(C) Batalha Naval do Riachuelo.
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(D) Batalha do Forte de Hurnaitá. do Paraguai os combates que ali ocorreram, corpo a
(E) Dezembrada. corpo, entre as tripulações de embarcações,
constituíram um dos conjuntos de episódios mais
dramáticos da guerra. Participaram deles, com grande
4 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Na segunda metade do século bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes:
XIX, o Brasil se envolveu em questões que definiram o
seu território. Nesse contexto, os navios brasileiros,
mesmo os de propulsão mista, eram adequados para (A) Saldanha da Gama e Júlio de Noronha.
operar no mar e não nas condições de águas restritas (B) Jerônimo de Albuquerque e Júlio de Noronha.
e pouco profundas que o teatro de operações nos (C) Francisco Manuel Barroso da Silva e Joaquim
Rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de Marques Lisboa.
encalhar era um perigo sempre presente. (D) João Maria Wandenkolk e Jerônimo de
Albuquerque.
Essa afirmativa se refere a que episódio da história (E) Saldanha da Gama e João Maria Wandenkolk.
marítima brasileira?
(A) Guerra contra Oribe e Rosas.
(B) Guerra da Cisplatina. Respostas:
(C) Guerra dos Farrapos.
(D) Guerra da Tríplice Aliança.
(E) Combate de Lara‐Quilmes. 1 B 6 B
2 D 7 A
3 C
4 D
5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quem foi 5 C
designado como Comandante das Forças Navais
Brasileiras em Operação na Guerra do Paraguai?
(A) General Manoel Marques de Souza.
(B) Almirante Barroso.
(C) Almirante Joaquim Marques Lisboa.
(D) Marquês de Caxias.
(E) Capitão de Mar e Guerra Delfim Carlos de
Carvalho.
6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais eram os
países que compunham a Tríplice Aliança?
(A) Brasil, Paraguai e Uruguai.
(B) Brasil, Argentina e Uruguai.
(C) Argentina, Paraguai e Uruguai.
(D) Brasil, Chile e Bolívia.
(E) Chile, Bolívia e Uruguai.
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7 ‐ A Marinha na República toda a Esquadra brasileira. Sendo o projeto
finalmente aprovado, quase que por unanimidade, ele
Os primeiros anos da República foram se transformou no Decreto nº 1.296, de 14 de
marcados pela progressiva desmobilização da novembro de 1904.
Esquadra brasileira. As revoltas que assolaram a
Nação e o desgaste econômico conhecido como Segundo o próprio Laurindo Pitta, em seu
Encilhamento provocaram o gradativo discurso, por ocasião da apresentação do seu projeto
desmantelamento das unidades da Força Naval. A de reaparelhamento naval, encouraçados, cruzadores,
situação interna do País se refletia nos orçamentos torpedeiras não eram invenções modernas, eram
insuficientes que negavam à Marinha os recursos aperfeiçoamentos que a ciência e a indústria
necessários à modernização dos meios flutuantes e à adaptavam aos navios. O encouraçado era o pesado e
criação de uma infra‐estrutura de apoio. bem artilhado navio de linha, o cruzador era a leve e
ligeira fragata e o torpedeiro, o brulote, destinado a
Essa situação se manteve por toda a década incendiar as antigas naus.
final do século XIX. A sucessão de quatro ministros da
Marinha em apenas seis anos contribuiu O Programa de 1904, de autoria de Júlio de
negativamente para a elaboração de um programa Noronha, apresentava a vantagem de ser um plano de
naval condizente com o litoral e os interesses a serem conjunto, ou seja, incluía a criação de um moderno
defendidos. arsenal e um porto militar, que juntamente com os
navios formaria um tripé de sustentação da Marinha
Em 15 de novembro de 1902, o Almirante brasileira. Foi o Almirante Júlio de Noronha quem fez
Júlio de Noronha assumiu a pasta da Marinha, nascer a campanha de remodelação da Esquadra, que
encontrando uma Força Naval composta de navios deveria impressionar principalmente a opinião pública
reformados, sendo, na sua maioria, modelos e que gerou os resultados necessários para a reforma
obsoletos frente às classes mais modernas que da nossa Marinha.
estavam em processo de construção pelas potências
industriais da época. O programa incluía os modelos de navios que,
no momento, equipavam as melhores Esquadras do
Em 1904, o Ministro das Relações Exteriores, mundo, logo a seguir empregados nas Batalhas de
Barão do Rio Branco, percebeu que a Marinha, apesar Port Arthur e Tsushima, travadas durante a Guerra
de querer se equipar com os melhores meios, não Russo‐Japonesa. O estudo estratégico das
alcançava um nível aceitável de Força Armada para o experiências proporcionadas por essas batalhas
porte do Brasil. Apresentou então ao Almirante Júlio (1905) e o lançamento do Encouraçado Dreadnought,
de Noronha pessoas interessadas em oferecer navios pela Marinha britânica (1906), que aparecia como o
ou indicar estaleiros para a construção daqueles que navio mais poderoso do mundo, inspiraram debates
fariam parte do Programa Naval que o almirante em torno do Programa de 1904. O Deputado José
imaginava. Carlos de Carvalho e o Almirante Alexandrino Faria de
Procurando satisfazer a justa aspiração Alencar, então senador, foram os grandes defensores
brasileira em constituir uma Marinha bem aparelhada, da remodelação do Programa Júlio de Noronha.
o Deputado Dr. Laurindo Pitta apresentou à Câmara, Em 15 de novembro de 1906, assumiu a
em julho de 1904, um projeto que continha o Presidência da República o Conselheiro Afonso Pena
programa naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual e, com ele, o seu novo ministério, sendo a pasta da
poderia atender a tais expectativas. Em um discurso Marinha ocupada pelo Almirante Alexandrino Faria de
entusiasmado, propôs a aprovação de orçamento que Alencar. Não demorou que este conseguisse do
financiasse os navios requisitados. Pitta encabeçou Congresso a reforma do Programa de 1904. A
então uma grande luta nos bastidores da política alteração mais marcante trazida pelo novo programa
nacional com a finalidade de obter a aprovação, no do Almirante Alexandrino foi a adição de três novos
Congresso Nacional, do projeto que reorganizaria encouraçados do tipo dreadnought de 20 mil
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toneladas, cuja aprovação resultou no Decreto nº Mundial (1914‐1918), o Ministro da Marinha
1.567, de 24 de novembro de 1906. Alexandrino de Alencar determinou que as principais
unidades operativas de superfície fossem
Nesse programa, foi cancelado o projeto de reorganizadas em três divisões a fim de patrulhar as
um novo arsenal. Em seu lugar, optou‐se por águas costeiras dentro de cada área de
modernizar as instalações da Ilha das Cobras, porém, responsabilidade, sendo criadas as Divisões Navais do
admitia‐se a construção de bases secundárias em Sul (São Francisco do Sul), Centro (Rio de Janeiro) e
Belém e em Natal, e um porto militar de pequeno Norte (Belém).
porte em Santa Catarina.
Dessa maneira, a Marinha iria enfrentar os
Como conseqüência direta do Programa seus dois principais desafios no Século XX. As duas
Alexandrino, a Esquadra de 1910, assim chamada por grandes guerras mundiais.
haver chegado ao Brasil nesse ano a maior parte de
seus componentes, representou um verdadeiro Primeira Guerra Mundial
revigoramento militar e tecnológico da Marinha
brasileira. Dessa forma, o Brasil passou a possuir uma Antecedentes
frota de alto‐mar ofensiva, podendo levar a outros No ano de 1914, as relações entre as
rincões o Pavilhão Nacional e, principalmente, apoiar principais nações européias estavam tensas. Nos
a ação diplomática do governo brasileiro em qualquer últimos 60 anos havia ocorrido a Segunda Revolução
local que se fizesse necessário. Industrial e várias potências econômicas surgiram
A incorporação de navios como os ameaçando a supremacia da Grã‐Bretanha, com
Encouraçados Minas Gerais e São Paulo, pertencentes destaque para os Estados Unidos, Itália, Rússia,
à classe dos dreadnoughts mais poderosos do mundo, Alemanha e Japão. Isto significava que todos esses
encheu de orgulho e confiança os brasileiros. Além países tinham como produzir, mas precisavam de
dessas embarcações, também chegaram os matérias‐primas e de mercados para vender a sua
Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os produção.
Contratorpedeiros Amazonas, Pará, Piauí, Rio Grande Se na primeira Revolução Industrial o grande
do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Paraná, Santa fato impulsionador foi a invenção da máquina a vapor,
Catarina e Mato Grosso. Posteriormente ao ano de na segunda a eletricidade foi o mecanismo que
1910, o Contratorpedeiro Maranhão, os Submarinos revolucionou os meios de produção. Outro grande
F1, F3, F5 e Humaitá, o Tender Ceará e outros navios fator de crescimento econômico foi o aumento da
auxiliares complementaram os efetivos navais da disponibilidade de ferro e aço. A mecanização da
Marinha. indústria se elevou, proporcionando o conseqüente
O terceiro encouraçado previsto pelo aumento do número de máquinas e motores
Programa Alexandrino era o Rio de Janeiro, lançado menores, que viriam dotar os bens de consumo
ao mar em 22 de janeiro de 1913. A demora em sua duráveis, os maiores símbolos da sociedade moderna.
construção se deveu à necessidade de se introduzir Naquele ano de 1914 vigorava a Paz Armada,
novas modificações que o tornassem ainda mais uma situação em que todas as nações procuravam se
poderoso. Este navio não chegou a ser incorporado à armar para inibir o adversário de atacá‐las. Duas
Armada brasileira. Foi adquirido pela Marinha turca e grandes alianças político‐militares predominavam: a
depois pela Marinha inglesa, tendo participado da Tríplice Aliança, formada pelo Império AustroHúngaro,
Batalha da Jutlândia. Itália e Alemanha, e a Tríplice Entente, formada pela
A Esquadra brasileira passou a ser organizada, França, Inglaterra e Rússia. Pequenas frentes de luta
essencialmente, em divisões de encouraçados e surgiam nas áreas em disputa. Todos queriam se
cruzadores, e flotilhas de contratorpedeiros e de apossar de territórios. Um terrorista sérvio conseguiu
submarinos. Porém, com o início da Primeira Guerra assassinar o Arquiduque Francisco Ferdinando,
herdeiro do trono austríaco, em um atentado em
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Sarajevo, na Bósnia. Esta morte imediatamente preocupação ao governo brasileiro que dependia
provocou a guerra entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia, fundamentalmente do mar para escoar a produção de
fiadora da Sérvia, iniciou um confronto com a Áustria, café para a Europa e os Estados Unidos, nossos
provocando a intervenção alemã e unindo a França e principais compradores. Ademais, importávamos
a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado entraram na muitos produtos da Inglaterra, que naquela altura
Guerra. Iniciava‐se a Primeira Guerra Mundial. lutava desesperadamente nos campos franceses e
enfrentava, com preocupação, os ataques dos
De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu submarinos alemães a seu tráfego marítimo.
lado mais cruel. Milhões de vidas foram ceifadas na
chamada guerra de trincheiras, quando as tropas O Brasil apresentou, inicialmente, seu
limitavam‐se a defender determinadas posições protesto formal à Alemanha, sendo logo depois
estratégicas. obrigado a romper relações comerciais com esse país,
mantendo‐se, contudo, ainda, na mais rigorosa
Em 1917, os Estados Unidos da América (EUA) neutralidade.
entraram no conflito. No mesmo ano, eclodiu a
revolução socialista na Rússia e seus dirigentes O que veio a modificar a atitude brasileira foi
assinaram com a Alemanha o Tratado de Brest‐ o afundamento do Navio Mercante Paraná ao largo de
Litovsky, se retirando da guerra. Barfleur, na França, apesar de ostentar a palavra
Brasil pintada no costado e a Bandeira Nacional içada
Em 1917, o Brasil entrou no conflito quando a no mastro. Naquela oportunidade, a população na
campanha submarina alemã atingiu seus navios capital Rio de Janeiro atacou firmas comerciais
mercantes, afundados em razão do bloqueio alemão a alemãs, criando grande desconforto para o governo
Grã‐Bretanha. de Wenceslau Braz. Seguiu‐se então o rompimento
O Brasil enviou então uma Divisão Naval para das relações diplomáticas com o governo alemão em
operar com a Marinha britânica entre Dakar e 11 de abril de 1917. Um fato importante que influiu
Gibraltar em 1918. na decisão de se romper relações com o Império
Alemão foi a atitude de protesto dos Estados Unidos
A Alemanha, depois de uma fracassada com o bloqueio irrestrito, tendo sofrido por isso o
ofensiva no teatro de operação ocidental, se viu torpedeamento de dois de seus navios. Tais
exausta com as perdas sofridas, vindo a assinar o acontecimentos motivaram a declaração de guerra
Armistício com os aliados no mês de novembro de norte‐americana. Mantínhamos até esse ponto laços
1918. comerciais profundos com esse país e claras simpatias
com os aliados.
O preparo do Brasil
No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o
A disposição do Brasil em manter‐se neutro
Tijuca, foi torpedeado nas proximidades de Brest na
no conflito foi evidenciada desde o primeiro minuto
costa francesa. Seis dias depois seguiu‐se o Mercante
de combates na Europa em 1914. Naqueles dias
Lapa. Antes ele fora abordado por um submarino
conturbados, prevalecia no País uma tendência
alemão, mandando que a tripulação deixasse o vapor
natural de simpatia a favor dos aliados,
para depois torpedeá‐lo. Esses três ataques levaram o
principalmente porque a elite nacional via na
Presidente Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45
educação e na cultura francesas seus principais
navios dos impérios centrais aportados no Brasil e a
paradigmas. A neutralidade foi a marca brasileira nos
revogação da neutralidade. Muitos deles
três primeiros anos de guerra, mesmo quando
encontravam‐se danificados por sabotagem dos
Portugal foi a ela arrastada em março de 1916.
próprios tripulantes. Isso não impediu que o Brasil
O bloqueio sem restrições firmado pelo utilizasse 15 deles e repassasse 30 por afretamento
governo alemão em 31 de janeiro de 1917 trouxe não para a França. Um fato curioso foi o arresto da
só mal‐estar a todos os neutros, mas também Canhoneira alemã Eber, surta no porto de Salvador.
Tratava‐se de navio militar e não de vapor mercante,
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como os 45 navios arrestados. Antes de ser abordada necessidade de manter o comércio com outros países
por autoridades brasileiras, e percebendo essa e de escoar o nosso principal produto, o café,
medida, os tripulantes queimaram esse vaso de principalmente para os Estados Unidos, impediu todas
guerra e conseguiram se transferir para outro navio essas tentativas de arrendamento. Ao final essa ação
mercante que se evadiu dos portos nacionais com o veio a ser fundamental para o Brasil.
armamento e os homens especializados, que seriam
ainda úteis à Marinha alemã no conflito. Nossa Marinha de Guerra era centrada na
chamada Esquadra de 1910, com navios
Quatro meses se passaram até que um novo relativamente novos construídos na Inglaterra sob o
navio brasileiro fosse atacado e afundado, dessa feita Plano de Construção Naval do Almirante Alexandrino
foi o Vapor Tupi nas mediações do Cabo Finisterra. O Faria de Alencar, Ministro da Marinha, como
caso tornou‐se grave na medida em que o anteriormente mencionado. Eram ao todo dois
comandante e o despenseiro foram aprisionados por encouraçados tipo dreadnought, o Minas Gerais e o
um submarino alemão e nunca mais se teve notícia de São Paulo, dois cruzadores tipo scouts, o Rio Grande
seus destinos. do Sul e o Bahia, que viria a ser perdido tragicamente
na Segunda Guerra Mundial, e dez contratorpedeiros
Oito dias depois, 26 de outubro de 1917, o de pequenas dimensões. Esses meios eram todos
Brasil reconhecia e proclamava o estado de guerra movidos a vapor, queimando carvão.
com o Império alemão.
Desde o início da participação brasileira no
Como estava o Brasil naquela oportunidade conflito, o governo nacional decidiu‐se pelo envio de
para enfrentar os germânicos? uma divisão naval para operar em águas européias, o
O governo brasileiro tinha consciência de que que representaria um grande esforço para a Marinha.
a grande ameaça seria o submarino alemão, ávido por Uma outra contribuição significativa foi a
atacar os nossos navios mercantes que mantinham o designação de 13 oficiais aviadores, sendo 12 da
comércio com outros países em pleno Marinha e um do Exército para se aperfeiçoarem
desenvolvimento. Além disso, naquela oportunidade, como pilotos de caça da RAF no teatro europeu.
não existiam estradas ligando o Sul e Sudeste com o Depois de árduo adestramento em que dois pilotos se
Norte e Nordeste. Todas as comunicações entre essas acidentaram, sendo um fatal, eles foram considerados
regiões eram feitas por mar, daí nossa grande qualificados para operações de combate, tendo sido
vulnerabilidade estratégica. Tanto a Marinha empregados no 16º Grupo da RAF, com sede em
Mercante como a de Guerra seriam as grandes Plymouth, em missões de patrulhamento no Canal da
protagonistas brasileiras nesse confronto. Mancha.
A Marinha Mercante brasileira era modesta, A propósito, a Escola de Aviação Naval
no entanto, desde os primeiros anos do século, os Brasileira, localizada na Ilha das Enxadas, na Baía de
governos que se sucederam procuraram aparelhá‐la, Guanabara, e a Flotilha de Aviões de Guerra haviam
o que foi auspicioso, pois teríamos na guerra um teste sido criadas no dia 23 de agosto de 1916,
fundamental para a manutenção de nosso fluxo comportando inicialmente apenas três aviões Curtiss
comercial. No início do conflito – quando o Brasil que chegaram ao Brasil dois meses antes. A Aviação
ainda mantinha irrestrita neutralidade –, diversos Militar, por outro lado, operava no Campo dos
países envolvidos na guerra, ávidos para cobrir as Afonsos, onde funcionava a Escola de Aviação Militar.
perdas provocadas por afundamentos, ofereceram
propostas de compras de muitos de nossos Um fato inusitado e curioso que na época
mercantes. provocou grande sucesso promocional foi o primeiro
vôo do Presidente da República Wenceslau Braz em
Propostas de compras do Lloyd Brasileiro, hidroavião da Armada, em 2 de abril de 1917, um dia
maior companhia de navegação do período, foram antes do torpedeamento de primeiro navio brasileiro,
comuns. Entretanto, o governo nacional, premido pela
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o Paraná, nas costas francesas. O mais interessante foi Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião
que Wenceslau havia comparecido à formatura dos pública brasileira que, influenciada por campanhas
novos pilotos na Ilha das Enxadas e não estava jornalísticas e declarações de diversos homens
previsto o vôo realizado com o primeiro mandatário públicos, exigiu um comprometimento maior com a
da República. Ao ser provocado pelo Ministro da causa Aliada, com a participação efetiva no esforço
Marinha, Wenceslau Braz aceitou o convite para um bélico contra as Potências Centrais.
vôo sobre o Rio de Janeiro e Niterói. Imediatamente
colocou o capacete e a túnica a ele oferecida e se Desde o início do conflito, a participação da
posicionou no avião para início da aventura. Por cerca Marinha no confronto baseou‐se no patrulhamento
de 30 minutos, o Presidente se deliciou com aquele marítimo do litoral brasileiro com três divisões navais,
sobrevôo, para o espanto dos repórteres que como já mencionado, distribuídas nos portos de
esperavam o seu regresso. Belém, Rio de Janeiro e São Francisco do Sul. Esse
serviço tinha por finalidade colocar a navegação
No principal porto do país, o do Rio de nacional, a aliada e a neutra ao abrigo de possíveis
Janeiro, centro econômico e político mais importante, ataques de navios alemães de qualquer natureza nas
instituiu‐se uma linha de minas submarinas cobrindo nossas águas.
600 metros entre as Fortalezas da Laje e Santa Cruz.
Duas ilhas oceânicas preocupavam as autoridades A Divisão Naval do Norte era composta dos
navais devido a possibilidade de serem utilizadas Encouraçados guarda‐costas Deodoro e Floriano, dos
como pontos de refúgio de navios inimigos. As de Cruzadores Tiradentes e República, de dois
Trindade e Fernando de Noronha. A primeira foi contratorpedeiros, três avisos e duas canhoneiras. Sua
ocupada militarmente em maio de 1916 com um sede era Belém.
grupo de cerca de 50 militares. Uma estação A Divisão Naval do Centro compunha‐se dos
radiotelegráfica mantinha as comunicações com o Encouraçados Minas Gerais e São Paulo e de seis
continente e freqüentemente Trindade era visitada contratorpedeiros, com sede no Rio de janeiro.
por navios de guerra para o seu reabastecimento.
Quanto a Fernando de Noronha, lá existia um presídio Por fim, a Divisão Naval do Sul era composta
do Estado de Pernambuco. A Marinha, então, passou dos Cruzadores Barroso, Bahia e Rio Grande do Sul, de
a assumir a defesa dessa ilha, destacando um grupo um iate e dois contratorpedeiros, com sede em São
de militares para guarnecê‐la. Não houve nenhuma Francisco do Sul.
tentativa de ocupação por parte dos alemães.
A Marinha possuía também três navios
Com o estado de guerra declarado, os ataques mineiros; uma flotilha de submersíveis, com um
aos mercantes brasileiros continuaram. Em 2 de tênder, três pequenos submarinos construídos na
novembro, nas proximidades da Ilha de São Vicente, Itália e uma torpedeira; as Flotilhas do Mato Grosso,
na costa africana, foram torpedeados mais dois Amazonas e de aviões de guerra; e, por fim, navios
navios, o Guaíba e o Acari. Depois de atingidos, seus soltos.
comandantes conseguiram os encalhar, salvando‐se a
A Divisão Naval em Operações de Guerra ‐ DNOG
carga, não impedindo, no entanto, que vidas
brasileiras fossem perdidas. O governo de Wenceslau Braz decidiu enviar
uma divisão naval para operar sob as ordens da
Outro ataque, já no ano de 1918, aconteceu
Marinha britânica, na ocasião a maior e mais
ao Mercante Taquari da Companhia de Comércio e
poderosa do mundo. Logicamente, os navios
Navegação, na costa inglesa. Desta feita o navio foi
escolhidos deveriam ser da Esquadra adquirida oito
atingido por tiros de canhão, tendo tempo de arriar as
anos antes na própria Inglaterra, pois eram os mais
baleeiras que, no entanto, foram metralhadas,
modernos que o Brasil possuía. No entanto, devido
provocando a morte de oito tripulantes.
aos avanços tecnológicos provocados pela própria
guerra, esses navios se tornaram obsoletos
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rapidamente. Em que pese tal fato, a escolha da alta pontos a serem corrigidos estava a deficiência de
administração naval recaiu nos dois cruzadores (Rio abastecimento, principalmente a escassez de
Grande do Sul e Bahia), em quatro contratorpedeiros combustível, o carvão. Dava‐se preferência a um tipo
(Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina), de carvão proveniente da Inglaterra, o tipo cardiff ou
um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador‐auxiliar dos Estados Unidos da América. O carvão nacional,
(Belmonte), ao todo oito navios. por possuir grande quantidade de enxofre, era contra‐
indicado e esse ponto nevrálgico preocupou os chefes
Contra quem iríamos lutar? A Alemanha, navais durante toda a comissão da DNOG.
apesar de possuir uma Esquadra menor que a
Inglaterra, possuía uma frota muito agressiva e Depois de três meses de adestramento
motivada, que se batera com valentia até aquele contínuo com as tripulações, os navios suspenderam
momento. do Rio de Janeiro em grupos pequenos para se
juntarem na Ilha de Fernando de Noronha.
No início da guerra os alemães se lançaram à Inicialmente, os contratorpedeiros deixaram a
guerra de corso utilizando navios de superfície, no Guanabara no dia 7 de maio de 1918, seguidos no dia
estilo de corsários independentes que atacavam os 11 pelos dois cruzadores. Em 6 de julho, suspendeu do
mercantes navegando solitários. Essa estratégia, com Rio de Janeiro o Cruzador Auxiliar Belmonte e, dois
o decorrer da guerra, foi abandonada. Preferiu‐se a dias depois, o Rebocador Laurindo Pitta. Esses navios
guerra submarina, que mostrou‐se muito mais ficaram responsáveis de transportar o carvão
eficiente. Esses submarinos não chegaram a atuar nas necessário para a DNOG, daí sua grande importância
nossas costas como aconteceu na Segunda Guerra logística.
Mundial, no entanto atacaram nossos navios nas
costas européias e os afundaram sem trégua. No dia 1º de agosto a Divisão unida
suspendeu de Fernando de Noronha com destino a
Há que se notar que a Marinha brasileira era Dakar, passando por Freetown.
dependente de suprimentos vindos do exterior. Não
existiam estaleiros capacitados, nem fábricas de O propósito dessa primeira derrota até
munição e estoques logísticos adequados. Dessa Freetown era destruir os submarinos inimigos que se
forma, a preparação da Divisão Naval em Operações encontravam na rota da DNOG. O armamento
de Guerra (DNOG), como ficou conhecida essa naquela ocasião para se neutralizar esses submarinos
pequena força, foi muito dificultada por limitações era bastante primitivo, não se comparando com nada
que não eram só da Marinha, mas também do Brasil. que se viu na Segunda Guerra Mundial. Existiam
Como critério de escolha, abriu‐se o voluntariado para hidrofones primitivos e bombas de profundidade de
os seus componentes e foi escolhido um contra‐ 40 libras, que eram lançadas pela borda no local
almirante ainda muito jovem, com 51 anos de idade, provável onde se encontrava o submarino. É
habilidoso e com grande experiência marinheira, na interessante mencionar que o próprio submarino,
ocasião comandante da Divisão de Cruzadores com naquela oportunidade, não possuía capacidade de
base no porto de Santos, o Almirante Pedro Max permanecer mergulhado durante longo período de
Fernando de Frontin, irmão do engenheiro Paulo de tempo, o que era uma grande limitação.
Frontin. Normalmente, os ataques contra mercantes eram
realizados utilizando‐se os canhões localizados em
A principal tarefa a ser cumprida por essa seus conveses. A maior possibilidade de se destruir
divisão seria patrulhar uma área marítima contra os esses submarinos acontecia quando o inimigo vinha à
submarinos alemães, compreendida entre Dakar no superfície para destruir o alvo ou por canhão ou
Senegal e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, com mesmo com o uso de torpedos. Nessa travessia inicial,
subordinação ao Almirantado inglês. alguns rebates de “prováveis submarinos” foram
A preparação dos navios ainda no Brasil dados, porém não tiveram confirmação.
requereu muitos recursos de toda a ordem. Entre os
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Outro ponto interessante na travessia transmissão da moléstia que vitimaria diversos
Fernando de Noronha–Freetown era a faina de tripulantes que nunca retornariam ao Brasil.
transferência de carvão em altomar. Esses
recebimentos aconteciam em quaisquer condições de No início de setembro as primeiras vítimas
tempo e de mar e obrigavam a atracação dos navios brasileiras eram atingidas pela gripe mortal. Os
ao CruzadorAuxiliar Belmonte e a utilização do sintomas eram quase sempre os mesmos. Fraqueza
Rebocador Laurindo Pitta para auxílio nas generalizada, seguida de grande aumento de
aproximações. Foram manobras perigosas que temperatura, com transpiração excessiva. Depois de
demandaram muita capacidade marinheira dos três ou quatro dias de grande mal‐estar, seguia‐se
tripulantes, além da natural vulnerabilidade durante tosse com expectoração sangüínea e congestão
os abastecimentos, quando os submarinos inimigos pulmonar. Alguns iniciavam as convulsões e os
poderiam aproveitar a baixa velocidade dos navios soluços, outros se debatiam em agonia, todos ávidos
para o ataque torpédico. A tensão reinante durante por água para debelar a sede incontrolável. Dentro de
esses eventos era enorme, sem contar com as difíceis pouco tempo a morte se abatia derradeira e
condições em que eram realizadas. Os navios ficavam incontrolável.
literalmente negros de carvão e todos trabalhavam do A permanência em Dakar deveria ser curta.
nascer do sol até o término do abastecimento. No entanto, devido a gravidade da situação sanitária
Depois de oito dias de travessia, a DNOG com a gripe, os navios lá permaneceram mais tempo.
chegou ao porto de Freetown, onde se agregou ao A tudo isso somou‐se o impaludismo e as febres
Esquadrão britânico. Nessa cidade, os navios biliares africanas. Dos navios atingidos pelas doenças,
permaneceram por 14 dias, reabastecendo‐se e o mais afetado foi o Cruzador‐Auxiliar Belmonte que,
sofrendo os reparos necessários à continuação da entre seus 364 tripulantes, contaram‐se 154 doentes.
missão. Substituições foram solicitadas ao Brasil, que vieram
no Paquete Ásia para completar os claros com as
Em 23 de agosto de 1918, a Divisão moléstias apontadas.
suspendeu em direção a Dakar, tendo essa derrota
sido muito desconfortável para as tripulações dos Foram vitimados 156 brasileiros da DNOG pela
navios devido ao mau tempo reinante. Na véspera da “gripe espanhola”.
chegada a esse porto africano, no período noturno, foi Os navios britânicos e brasileiros em Freetown
avistado um submarino navegando na superfície. e Dakar ficaram inoperantes em face das condições
Imediatamente foi atacado pela força brasileira, no sanitárias reinantes, estando a defesa do estreito
entanto o submarino conseguiu lançar um contra‐ entre Dakar e Cabo Verde somente a cargo de dois
ataque contra o Cruzador‐Auxiliar Belmonte, quase pequenos navios portugueses. Com grande esforço
atingindo seu intento, uma vez que a esteira pessoal, a DNOG conseguiu logo depois designar o
fosforescente do torpedo foi perfeitamente Piauí e o Paraíba para auxiliarem os portugueses
observada a 20 metros da popa do navio brasileiro. A naquela área de operações.
26 de agosto, os navios aportavam em Dakar e aí
começariam as grandes provações dos tripulantes Em 3 de novembro, a DNOG largou de Dakar
nacionais. em direção a Gibraltar, sem o Rio Grande do Sul, o Rio
Grande do Norte, o Belmonte e o Laurindo Pitta, os
Todo esse martírio teria início quando o navio dois primeiros avariados e os dois seguintes
inglês Mantua iniciou uma rotina observada por designados para outras missões. Sete dias depois os
nossos marinheiros que o viam suspender de quando navios da Divisão faziam sua entrada em Gibraltar. No
em vez para o alto‐mar regressando em seguida. Logo dia seguinte, o Armistício foi assinado, dando a
após, soube‐se que essas saídas eram para lançar ao Grande Guerra como terminada. Nossa missão de
mar os corpos dos homens de sua tripulação que guerra findara, no entanto nossa Divisão prolongou
haviam contraído a terrível “gripe espanhola”. sua permanência na Europa, já que foi convidada para
Possivelmente o Mantua foi o responsável pela
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participar das festividades promovidas pelos O programa naval estabelecido em 1932, e
vitoriosos. Por cerca de seis meses nossos navios ajustado em 1936, elaborado sem obedecer nenhum
permaneceram em águas européias participando das planejamento estratégico ou político, criou uma Força
comemorações pela vitória, e visitando países que Naval modesta, um pouco melhor equilibrada, dentro
tomaram parte naquele grande conflito. das possibilidades financeiras e técnicas do País,
podendo ministrar adestramento satisfatório e de
A vitória dos aliados seria confirmada em intervir em operações limitadas, mais no campo
Paris, em 28 de junho de 1919, quando se reuniram os interno que externo. Devemos reconhecer, no
representantes de 32 países e assinaram o Tratado de entanto, que tal modesta iniciativa foi um marco de
Versalhes, que foi imposto à Alemanha derrotada. coragem, pois utilizou a incipiente indústria brasileira
Em 9 de junho de 1919, depois de parar Recife na tentativa de se reconstituir em termos nacionais
por breves dias, os navios da DNOG entravam na Baía um Poder Naval com alguma credibilidade.
de Guanabara, porto‐sede da Divisão Naval. Acabara Em 1935, foi iniciada uma grande reforma no
assim, a participação da Marinha na Primeira Guerra Encouraçado Minas Gerais, que constou da
Mundial. substituição de suas caldeiras e do aumento do
O Período entre Guerras alcance de seus canhões de 305 mm.
O período entre guerras, que abarcou os anos As atividades de minagem e varredura tinham
de 1918 até 1939, caracterizou‐se pelo abandono a sido mantidas em segundo plano desde o fim da
que foi submetida não só a Marinha de Guerra como Grande Guerra, utilizando‐se navios mineiros
praticamente toda a atividade nacional relacionada varredores improvisados. Em 1940, obedecendo ao
com o mar. A ausência de mentalidade marítima do novo programa naval então aprovado, decidiu‐se pela
povo brasileiro revelou‐se em toda a sua intensidade. construção no Brasil de uma série de navios mineiros
varredores, todos pertencentes à classe Carioca.
No entanto, iniciativas modestas, ainda
durante a Grande Guerra, como a criação da Escola Em 1940, a nossa Força de Alto‐Mar era assim
Naval de Guerra (depois Escola de Guerra Naval), da constituída:
Flotilha dos Submarinos, com os três pequenos Esquadra:
submarinos da Classe F, e da Escola de Aviação Naval,
indicaram a necessidade de se avançar na melhoria – Divisão de Encouraçados: Minas Gerais e São Paulo.
das condições de prontidão da nossa Força Naval. – Divisão de Cruzadores: Rio Grande do Sul e Bahia.
– Flotilha de Contratorpedeiros: Maranhão, Piauí, Rio
A Revolução de 1930 representou para a Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina e Mato
Marinha um divisor de águas entre duas épocas Grosso.
distintas. Em relatório do Ministro da Marinha no ano – Flotilha de Submarinos: Humaitá, Tupi, Timbira e
de 1932, em que foi feita uma análise da situação da Tamoio.
Marinha, encontra‐se registrada a seguinte – Trem: Tênderes Belmonte e Ceará; Navios‐Tanques
declaração: “Estamos deixando morrer a nossa Novais de Abreu e Marajó; Rebocadores Aníbal de
Marinha. A Esquadra agoniza pela idade [a maior Mendonça, Muniz Freire, Henrique Perdigão e DNOG.
parte dos navios era da Esquadra de 1910], e, perdido
com ela o hábito das viagens, substituído pela vida Flotilha de Navios Mineiros Varredores:
parasitária e burocrática dos portos, morrem todas as
tradições(...) Estamos numa encruzilhada: ou fazemos – dez navios.
renascer o Poder Naval sob bases permanentes e Flotilha da Diretoria de Hidrografia e Navegação:
voluntariosas, ou nos resignamos a ostentar a nossa
fraqueza provocadora(...) estamos completamente – três navios hidrográficos e dois navios faroleiros.
desaparelhados....”.
Navio isolado:
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– Navio‐Escola Almirante Saldanha.
Flotilha Fluviais:
A situação em 1940
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EXERCÍCIOS: 4 ‐ (PS‐RM2‐OF‐EX/2016) – A participação da Marinha
do Brasil na Primeira Guerra Mundial formalizou‐se
1 ‐(PS‐RM2‐OF/2016) – Durante a Primeira Guerra com o envio da Divisão Naval em Operações de
Mundial, navios mercantes brasileiros foram atacados Guerra (DNOG), sob o comando do Almirante Pedro
por submarinos alemães, o que levou o governo Max Fernando de Frontin, ao teatro de operações. Em
brasileiro a declarar estado de guerra com o Império que consistia a principal missão da DNOG?
Alemão em 1917. Constitui‐se como ação brasileira
nesta guerra a criação: (A) Realizar a escolta de comboios de navios
mercantes no Atlântico Sul.
(A) da Divisão Naval em Operações de Guerra. (B) Transportar as tropas do Exército Brasileiro para o
(B) da Força Naval do Nordeste. continente europeu.
(C) da Força Aérea Brasileira. (C) Patrulhar a área marítima compreendida entre
(D) da Divisão Naval do Rio da Prata. Dakar, no Senegal, e Gibraltar, na entrada do Mar
(E) do Corpo de Fuzileiros Navais. Mediterrâneo.
(D) Desenvolver a guerra de corso contra a Alemanha
com a utilização de submarinos adquiridos na Itália.
2 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Assinale a opção que (E) Combater os rebeldes germânicos que ocupavam o
apresenta a composição correta dos blocos militares litoral catarinense.
formados antes da Primeira Guerra Mundial.
(A) Tríplice Aliança (Espanha, Itália e Alemanha) e
Tríplice Entente (Estados Unidos, França e Japão).
(B) Tríplice Aliança (Rússia, Alemanha e Itália) e 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Qual era a principal tarefa da
Tríplice Entente (Japão, Alemanha e Grã‐Bretanha). Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG) na
(C) Tríplice Aliança (França, Alemanha e Rússia) e Primeira Guerra Mundial?
Tríplice Entente (Portugal, França e Estados Unidos).
(D) Tríplice Aliança (Itália Império Austro‐Húngaro e (A) Participar das festividades promovidas pelos
Alemanha) e Tríplice Entente (Rússia, Inglaterra e vitoriosos em comemoração ao Armistício da primeira
França). Guerra Mundial.
(E) Tríplice Aliança (Brasil, Itália e Alemanha) e Tríplice (B) Patrulhar o Atlântico Sul e proteger as comboios
Entente (Rússia, França e Espanha). de navios mercantes que trafegavam entre o mar do
Caribe e o nosso literal sul contra a ação dos
submarinos e navios corsários germânicos e italianos.
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Qual foi o fato que deu (C) Atuar no transporte de material bélico com navios
início à Primeira Guerra Mundial? fretados pelo governo norte‐americano.
(D) Organizar comboios, nos portos nacionais, que
(A) A invasão da Polônia pelo exército alemão. reuniam navios mercantes da navegação de longo
(B) A formação do bloco militar composto por curso e de cabotagem, escoltados por navios de
Alemanha, Itália e França. guerra brasileiros e norte americanos.
(C) O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro (E) Patrulhar uma área marítima contra os submarinos
do trono austríaco. alemães, compreendida entre Dakar, no Senegal, e
(D) A disputa por território no continente americano, Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, com
principalmente entre Alemanha e Itália. subordinação ao Almirantado inglês.
(E) A disputa pelo território brasileiro.
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6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Qual das opções abaixo se (A) Império Austro‐Húngaro, Itália e Alemanha.
refere à participação brasileira na 1ª Guerra Mundial? (B) França, Inglaterra e Rússia.
(C) Estados Unidos, França e Inglaterra.
(A) A designação de 13 oficiais aviadores. (D) Rússia, Alemanha e França.
(B) Fabricação e fornecimento de munição. (E) Alemanha, Portugal e França.
(C) Bloqueio Naval aos portos alemães.
(D) Transporte de tropas para área de conflito.
(E) Participação em combates navais no
Mediterrâneo. 10 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A participação da Marinha do
Brasil na Primeira Grande Guerra formalizou‐se com o
envio da Divisão Naval em Operações de Guerra
(DNOG) para o teatro de operações. Qual foi a missão
7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual foi a dessa Divisão e qual foi o seu respectivo
participação da Marinha na primeira Guerra Mundial? Comandante?
(A) Patrulhar a costa brasileira em conjunto com a (A) Patrulhar e proteger os comboios de navios
Marinha Francesa. mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o
(B) Patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios nosso literal sul; e seu Comandante foi o Almirante
de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do Protógenes Pereira Guimarães.
Caribe e o nosso literal.
(C) Como medida de caráter orgânico, foram (B) Patrulhar e proteger os comboios de navios
instalados Comandos Navais, criados‐ pelo Decreto no mercantes que trafegavam entre Dakar ‐ São Vicente ‐
10.359, de 31 de agosto de 1942, com o propósito de Gibraltar no sul da África; e o seu Comandante foi o
prover uma defesa mais eficaz da nossa fronteira Almirante Alfredo Carlos Soares Dutra.
marítima.
(D) O envio de uma Divisão Naval em Operações de (C) O patrulhamento da área entre Dakar ‐ São
Guerra (DNOG), que tinha coma missão patrulhar uma Vicente ‐ Gibraltar na costa da África; e o seu
área marítima contra os submarinos alemães, Comandante foi o Almirante Pedro Max Fernando de
compreendida entre Dakar no Senegal e Gibraltar. Frontin.
(E) Organizar uma defesa ativa, atuando em pontos (D) Patrulhar e proteger os comboios de navios
focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer mercantes que trafegavam entre o Oceano Pacífico e
ataque aéreo ou naval inimigo. o Mar do Caribe; e o seu Comandante foi o Almirante
Júlio César de Noronha.
(A) Almirante Pedro Max Fernando de Frontin. Respostas:
(B) Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva.
(C) Almirante Júlio de Noronha. 1 A 6 A
(D) Almirante Alexandrino Faria de Alencar. 2 D 7 D
(E) Almirante Joaquim José Ignácio. 3 C 8 C
4 C 9 B
5 E 10 C
9 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais foram os
países que, durante a Primeira Guerra Mundial,
formavam a Tríplice Entente?
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Segunda Guerra Mundial dando início à Segunda Guerra Mundial, que se
alastrou por toda a Europa.
Antecedentes
Início das hostilidades e ataques aos nossos navios
Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a mercantes
Alemanha foi obrigada a restituir a Alsácia e a Lorena
à França, ceder as minas de carvão, suas colônias, A Marinha Mercante brasileira somava
submarinos e navios mercantes. Além disso, deveria 652.100 toneladas brutas de arqueação no início da
pagar aos vencedores uma indenização em dinheiro, guerra. Mesmo pequena e composta de navios
ficando proibida de possuir Força Aérea e de fabricar antiquados, se comparada com as grandes potências
alguns tipos de armas. Era proibido também possuir de então, ela exercia papel fundamental na economia
um Exército superior a 100 mil homens. nacional, não só no transporte das exportações
brasileiras, mas também na navegação de cabotagem
Estas medidas do Tratado de Versalhes que mantinha o fluxo comercial entre as economias
atingiram duramente a economia alemã, afligindo seu regionais, isoladas pela deficiência das nossas redes
povo, que passou a nutrir um sentimento de aversão rodoviárias e ferroviárias.
às principais potências da época. Estavam constituídos
os elementos que os nazistas necessitavam para No decorrer da guerra, foram perdidos por
alcançar o poder. Muitas dessas restrições, sob o ação dos submarinos alemães e italianos 33 navios
comando de Hitler, começaram a ser ignoradas. A mercantes, que somaram cerca de 140 mil toneladas
Alemanha crescia e, por isso, necessitava de mercado de arqueação (21% do total) e a morte de 480
para os seus produtos e de colônias onde pudesse tripulantes e 502 passageiros.
adquirir matérias‐primas.
Os primeiros ataques à nossa Marinha
Por outro lado, também dispostos a Mercante ocorreram quando o Brasil ainda se
destruírem a ordem colonial vigente, Japão e Itália mantinha neutro no conflito europeu. Em 22 de
adotaram, na década de 1930, uma política março de 1941, no Mar Mediterrâneo, o Navio
expansionista contra a qual a Liga das Nações Mercante (NM) Taubaté foi metralhado pela Força
mostrou‐se impotente. Cobiçando as matérias‐primas Aérea alemã, tendo sido avariado apesar da pintura
e os vastos mercados da Ásia, o Japão reiniciou sua em seu costado da Bandeira Brasileira. Com a entrada
investida imperialista em 1931, conquistando a dos Estados Unidos da América naquele conflito, os
Manchúria, região rica em minérios que pertencia à submarinos alemães passaram a operar no Atlântico
China. Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini ocidental, ameaçando os navios de bandeiras neutras
invadiu a Etiópia. Em 1936, a Alemanha nazista que tentassem adentrar portos norte‐americanos.
começou a mostrar suas intensões ocupando a
Renânia (região situada entre a França e a Alemanha), A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo,
indo juntar‐se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil que deixou o porto de Filadélfia, nos Estados Unidos,
Espanhola a favor do General Franco. Neste ano de com carga de carvão, em 14 de fevereiro de 1942.
1936, Itália, Alemanha e Japão assinaram um acordo Naquele momento ainda não existia o sistema de
para combater o comunismo internacional (Pacto comboios nas Antilhas. O navio desapareceu
Anti‐Comintern), formalizando o Eixo RomaBerlim‐ rapidamente sem dar sinais, podendo ter sido
Tóquio. torpedeado por um submarino alemão ou italiano. Ele
foi considerado perdido por ação do inimigo, uma vez
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União que o tempo reinante era bom e claro.
Soviética firmaram entre si um Pacto de Não
Agressão, que estabelecia, secretamente, a partilha Seguiu‐se o torpedeamento do NM Buarque,
do território polonês entre as duas nações. Hitler se em 16 de fevereiro de 1942, pelo Submarino alemão
sentiu à vontade para agir, invadindo a Polônia e U‐432, comandado pelo Capitão‐Tenente Heins‐Otto
Schultze, a 60 milhas do Cabo Hatteras, quando levava
para os Estados Unidos 11 passageiros, café, algodão,
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cacau e peles. O navio, do tipo misto, era do Lloyd As atitudes cada vez mais claras de
Brasileiro, tendo se salvado toda a tripulação de 73 alinhamento do Brasil com os países aliados levaram o
homens. Alto Comando alemão a planejar uma operação
contra os principais portos brasileiros.
Em 18 de fevereiro de 1942 foi a vez do NM Posteriormente, por ordem de Hitler, esta ofensiva
Olinda, torpedeado pelo mesmo U‐432, ao largo da submarina foi reduzida em tamanho, mas não em
Virgínia, Estados Unidos. O submarino veio à intensidade, com o envio de um submarino ao litoral
superfície, mandando o mercante parar, dando ordem com ordens para atacar nossa navegação de longo
de abandonar o navio. Esperou que todos curso e de cabotagem.
embarcassem nas baleeiras e, a tiros de canhão, pôs a
pique o Olinda. A tripulação, de 46 homens, foi salva No cair da tarde de 15 de agosto de 1942, o
pelo USS Dallas. Submarino alemão U‐507, comandando pelo Capitão‐
de‐Corveta Harro Schacht, torpedeou o Paquete
Seguiram‐se, em 1942, os torpedeamentos Baependi, que navegava ao largo da costa de Alagoas
dos mercantes Arabutã, em 7 de março; Cairu, em 8 com destino ao Recife. O velho navio foi ao fundo
de março; Parnaíba, em 1º de maio; Gonçalves Dias, levando 270 almas de um total de 306 tripulantes e
em 24 de maio; Alegrete, em 1º de junho; Pedrinhas e passageiros embarcados, inclusive parte da guarnição
Tamandaré, em 26 de junho, todos ocorridos ou na do 7º Grupo de Artilharia de Dorso do Exército
costa norte‐americana ou no Mar das Antilhas, área Brasileiro que iria reforçar as defesas do Nordeste.
que os submarinos alemães atuaram no início do
envolvimento dos Estados Unidos no conflito, quando Algumas horas depois, o U‐507 encontrou o
ainda eram precárias as patrulhas anti‐submarinas Paquete Araraquara navegando escoteiro e
norte‐americanas. inteiramente iluminado e o afundou com dois
torpedos, vitimando 131 das 142 pessoas a bordo. Na
A única exceção nesse período foi o NM madrugada do dia 16, foi a vez do Paquete Aníbal
Comandante Lira, torpedeado no litoral brasileiro, ao Benévolo, também utilizado nas linhas de cabotagem.
largo do Ceará, pelo Submarino italiano Barbarigo. Foi
o único navio a ser salvo, graças ao pronto auxílio Em 17 de agosto, na altura do Farol do Morro
dado pelo Rebocador da Marinha brasileira Heitor de São Paulo, ao Sul de Salvador, o U‐507 torpedeou o
Perdigão e por alguns navios norte‐americanos. Paquete Itagiba, que tinha, entre os seus 121
passageiros, o restante do 7º Grupo de Artilharia de
O NM Barbacena e NM Piave, torpedeados Dorso.
pelo Submarino alemão U‐155 ao largo da Ilha de
Trinidad, em 28 de julho de 1942, foram as últimas Nesse mesmo dia, o NM Arará foi torpedeado
perdas ocorridas por ação do inimigo enquanto o quando recolhia náufragos dos primeiros alvos do
Brasil ainda se mantinha formalmente como país submarino germânico.
neutro.
A última vítima do Comandante Schacht foi a
Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu Barcaça Jacira, pequena embarcação que foi posta a
relações diplomáticas com os países que compunham pique em 19 de agosto.
o Eixo. A colaboração militar entre o Brasil e os
Estados Unidos, que desde meados de 1941 já era A ação de cinco dias do submarino alemão U‐
notória, intensificou‐se com a assinatura de um 507 levou a pique seis embarcações dedicadas às
acordo político‐militar em 23 de maio de 1942. linhas de cabotagem, vitimando 607 pessoas,
chocando a opinião pública brasileira e levando o
Neste período deslocava‐se para o saliente governo a declarar o estado de beligerância com a
nordestino brasileiro a Força‐Tarefa 3 da Marinha Alemanha em 22 daquele mês e, finalmente, o estado
norte‐americana, tendo o governo Vargas colocado os de guerra contra esse país, a Itália e o Japão em 31 de
portos de Recife, Salvador e, posteriormente, Natal à agosto de 1942.
disposição das forças norte‐americanas.
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Com comboios organizados ainda de maneira A Lei de Empréstimo e Arrendamento e
incipiente, foram afundados os navios mercantes modernizações de nossos meios e defesa ativa da
Osório e Lages, em 27 de setembro de 1942, costa brasileira
seguindo‐se o afundamento do pequeno NM
Antonico, que navegava escoteiro ao largo da costa da A Lei de Empréstimo e Arrendamento – Lend
Guiana Francesa. Este ataque alemão ficou Lease – com os Estados Unidos permitia, sem
tragicamente gravado na mente dos protagonistas, operações financeiras imediatas, o fornecimento dos
pois o U‐516 com sua artilharia metralhou os materiais necessários ao esforço de guerra dos países
náufragos nas baleeiras, após o pequeno navio ter aliados. Ela foi assinada a 11de março de 1941.
sido posto a pique, matando e ferindo muitos deles. Em acordo firmado a 1º de outubro de 1941, o
Ainda em 1942, foram perdidos os NM Porto Alegre e Brasil obteve, nos termos dessa lei, um crédito de 200
Apalóide. milhões de dólares, o qual, por ordem do presidente
A organização dos comboios nos portos da República, coube ao Exército 100 milhões e à
nacionais, que reuniam navios mercantes da Marinha e à Força Aérea 50 milhões cada. Da cota
navegação de longo curso e de cabotagem, escoltados destinada à Marinha, um total de 2 milhões de dólares
por navios de guerra brasileiros e norte‐americanos e foi despendido com o armamento dos navios
a intensa patrulha anti‐submarino empreendida pelas mercantes.
forças aeronavais aliadas levaram a uma drástica Os progressos verificados nos entendimentos
diminuição nas perdas dos navios de Bandeira entre o Brasil e os Estados Unidos, depois dos
Brasileira, com oito torpedeamentos, comparados aos torpedeamentos dos primeiros navios na costa leste
24 ocorridos ao longo do ano anterior. norte‐americana e nas Antilhas, permitiram incluir na
A maioria dos navios mercantes brasileiros agenda de discussões o fornecimento ao Brasil de
vitimados por submarinos alemães em 1943 navegava pequenas unidades de proteção ao tráfego e de
fora dos comboios. O NM Brasilóide navegava ataque a submarinos.
escoteiro quando foi torpedeado em 18 de fevereiro Os primeiros navios recebidos pelo Brasil,
de 1943; já o NM Afonso Pena, indevidamente, depois da declaração de guerra, foram os caça‐
abandonou o comboio do qual fazia parte e foi submarinos da classe G (Guaporé e Gurupi), entregues
afundado em 2 de março; o NM Tutóia foi atingido em em Natal, a 24 de setembro de 1942.
20 de junho, também viajando isolado. O NM
Pelotaslóide, fretado ao governo norte‐americano Em seguida, foram incorporados à Marinha do
para transporte de material bélico, foi afundado na Brasil, em Miami, oito caça‐submarinos da classe J
entrada do canal para o Porto de Belém quando (Javari, Jutaí, Juruá, Juruema, Jaguarão, Jaguaribe,
esperava o embarque do prático, estando escoltado Jacuí e Jundiaí).
por três caça‐submarinos da Marinha brasileira. O NM
No ano de 1943, foram entregues mais seis
Bagé compunha um comboio quando, na tarde de 31
unidades da classe G (Guaíba, Gurupá, Guajará,
de julho, foi obrigado a seguir viagem isolado, pois
Goiana, Grajaú e Graúna).
suas máquinas produziam fumaça em demasia,
fazendo com que o comboio pudesse ser localizado Nos anos de 1944 e 1945, mais oito unidades
por submarinos do Eixo a grandes distâncias, foram entregues, dessa vez os excelentes
colocando em risco os outros navios comboiados. contratorpedeiros‐de‐escolta que já operavam em
Naquela mesma noite foi torpedeado. Os dois últimos nossas águas (Bertioga, Beberibe, Bracuí, Bauru,
torpedeamentos de navios mercantes brasileiros Baependi, Benevente, Babitonga e Bocaina).
foram o Itapagé, em 26 de setembro, e o Campos, em
21 de outubro de 1943, todos os dois navegando Após o término da guerra na Europa, a
escoteiros. Marinha recebeu dos Estados Unidos, a 16 de julho de
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1945, em Tampa, na Flórida, o Navio‐Transporte de mm;
Tropas Duque de Caxias. – Contratorpedeiros classe Maranhão e restante de
classe Pará: instaladas duas calhas para lançamento
Mais tarde, a cessão desses navios ao Brasil de bombas de profundidade de 300 libras; e
foi tornada permanente, com o compromisso de não – Rebocadores e demais navios‐auxiliares, armados
os entregarmos a outros países, sendo então fixado o com uma ou duas metralhadoras de 20 mm Oerlikon.
seu aluguel em 5 milhões de dólares, descontando‐se
o que nos era devido pelo arrendamento de navios Essas aquisições pelo Lend Lease e os
brasileiros aos Estados Unidos, pela cessão do aperfeiçoamentos impetrados em nossa Força Naval
mercante misto alemão Windhunk aos norte‐ vieram aumentar em muito nossa capacidade de
americanos e pelos navios perdidos durante a guerra. reagir de forma adequada aos novos desafios que se
afiguravam. Seria injusto não mencionar que o auxílio
Nada se conhece sobre indenizações norte‐ norte‐americano foi vital para que pudéssemos nos
americanas, em troca das facilidades concedidas à sua contrapor aos submarinos alemães.
Marinha em nossos portos, nem pelo uso do território
nacional para instalação de suas bases aéreas e Além disso, algumas providências de caráter
navais. Simplesmente, ficamos de posse das administrativo, de treinamento e modificações
benfeitorias realizadas e dos materiais existentes em materiais foram se tornando necessárias.
seus armazéns.
Como primeira medida de caráter orgânico,
Quanto às construções navais aqui no Brasil, foram instalados os Comandos Navais, criados pelo
tivemos a incorporação de contratorpedeiros da Decreto nº 10.359, de 31 de agosto de 1942, com o
classe M (Mariz e Barros, Marcílio Dias e Greenhalgh) propósito de prover uma defesa mais eficaz da nossa
e das Corvetas Matias de Albuquerque, Felipe fronteira marítima, orientando e controlando as
Camarão, Henrique Dias, Fernandes Vieira, Vidal de operações em águas a ela adjacentes, não só as
Negreiros e Barreto de Menezes. relativas à navegação comercial, como às de guerra
propriamente ditas e de assuntos correlatos. A área
Declarada a guerra, foi desenvolvido um de cada Comando abrangia determinado setor de
trabalho intenso para adaptar nossos antigos navios, nossas costas marítimas e fluviais.
dentro de suas possibilidades, para a campanha anti‐
submarino. Os seguintes serviços foram executados: Foram instalados os seguintes comandos:
– Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul: instalados Comando Naval do Norte, com sede em Belém,
sonar e equipamento para ataques anti‐submarino abrangendo os Estados do Acre, Amazonas, Pará,
(duas calhas para lançamento de bombas de Maranhão e Piauí.
profundidade de 300 libras);
– Navios mineiros varredores classe Carioca: Comando Naval do Nordeste, com sede em Recife,
reclassificados como corvetas. Retirados os trilhos abrangendo os Estados do Ceará, Rio Grande do
para lançamento de minas e instalados sonar e Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
equipamentos para ataques anti‐submarino (dois Comando Naval do Leste, com sede em Salvador,
morteiros K e duas calhas para lançamento de abrangendo os Estados de Sergipe, Bahia e Espírito
bombas de profundidade de 300 libras); Santo.
– Navios Hidrográficos Rio Branco e Jaceguai: mesmas
instalações das Corvetas classe Carioca e mais duas Comando Naval do Centro, com sede no Rio de
metralhadoras de 20mm Oerlikon; Janeiro, abrangendo os Estados do Rio de Janeiro e
– Navio‐Tanque Marajó: instalado um canhão de São Paulo.
120mm na popa e uma metralhadora de 20mm
Comando Naval do Sul, com sede em Florianópolis,
Oerlikon;
abrangendo os Estados do Paraná, Santa Catarina e
– Tênder Belmonte: reinstalados dois canhões de 120
Rio Grande do Sul.
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Comando Naval do Mato Grosso, com sede em designado para operar em nossas águas. A 20 de
Ladário, abrangendo as bacias fluviais de Mato Grosso agosto de 1943, pela Circular nº 5, o Comando da
e Alto Paraná. Força Naval do Nordeste alertou para a possibilidade
de desembarque de elementos isolados, tendo como
Esses Comandos, ordenando suas atividades objetivo realizar atos de sabotagem contra portos,
conforme a concepção estratégica da guerra no mar depósitos, comunicações e outros pontos vitais do
(da preparação logística e do emprego das forças ou território brasileiro.
outros elementos de defesa nas zonas que lhes eram
atribuídas, e obedecendo às diretrizes gerais
estabelecidas pelo Estado‐Maior da Armada, a quem
se achavam subordinadas), constituíram uma Defesa Ativa
organização da maior importância na conduta eficaz Na História há numerosos exemplos de navios
das operações navais. Sua existência facilitou o corsários que surgiram de surpresa diante de um
desenvolvimento dos recursos disponíveis nas porto para danificarem suas instalações ou
respectivas áreas de influência, mobilizando amedrontarem suas populações. Do ponto de vista
elementos para o apoio logístico e para a defesa local. militar, os efeitos dessas incursões são reduzidos,
O chefe do Estado‐Maior da Armada entrou sendo a ação, na maioria das vezes, executada para
em entendimento com seus colegas do Exército e da desorganizar a vida da localidade e obter efeitos
Aeronáutica para organizar um serviço conjunto de morais.
vigilância e defesa da costa, tendente a prevenir a Com o advento do submarino, o perigo
possibilidade de aproximação e desembarque tornou‐se maior, com a possibilidade de
inimigos. torpedeamento de navios surtos nos portos. Por esses
Defesas Locais motivos, foi organizada a defesa ativa, atuando em
pontos focais da costa, com a finalidade de repelir
Desde julho de 1942, por meio da Circular nº qualquer ataque aéreo ou naval inimigo, por meio de
40, do dia 14, em atendimento às Circulares Secretas ações coordenadas da Marinha de Guerra, do Exército
nº 9 e 33, respectivamente de 22 de janeiro e 12 de e da Aeronáutica. Adotaram‐se seguintes medidas de
junho de 1942, o Estado‐Maior da Armada defesa ativa adotadas:
determinou que se observassem as instruções que
orientavam as atividades de cada capitania de porto Rio de Janeiro – Instalação de uma rede de aço
ou delegacia, em benefício da Segurança Nacional. protetora no alinhamento Boa Viagem – Villegagnon e
coordenação do serviço de defesa do porto com as
A ação do Estado‐Maior da Armada estendeu‐ fortalezas da barra. A rede era fiscalizada por lanchas
se ao serviço de carga e descarga dos navios velozes, e a sua entrada aberta e fechada por
mercantes nos portos, tendo, para esse fim, rebocadores. O patrulhamento interno cabia aos
coordenado sua ação com a do Ministério da Viação e navios da chamada Flotilha “João das Bottas”
Obras Públicas e com a Comissão de Marinha (constituída de navios mineiros e de instrução),
Mercante. Preocupou‐se, também, com as luzes das rememorando a flotilha de pequenas embarcações
praias e edifícios próximos aos portos, ou em regiões comandada pelo Segundo‐Tenente João Francisco de
que pudessem silhuetar os navios no mar, alvos dos Oliveira Bottas, que fustigou os portugueses
submarinos inimigos. encastelados em Salvador e na Baía de Todos os
Santos na Guerra de Independência.
Imaginava‐se que o Alto Comando alemão
traçaria planos para realizar ataques maciços aos Externamente, ou onde fosse necessário,
portos brasileiros. Em agosto de 1942, chegou a ser atuavam os antigos contratorpedeiros classe Pará,
ventilada pelo Alto Comando Naval alemão a oriundos do programa de reaparelhamento naval de
autorização para investida em nossas águas de vários 1906, recebidos em 1910, com mais de 30 anos de
submarinos. No entanto, somente o U‐507 foi intensa operação. A responsabilidade da defesa ficou
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 77
afeta ao Comando da Defesa Flutuante, subordinado equipamentos semelhantes no Recife, a fim de
ao Comando Naval do Centro. localizar submarinos;
Em junho de 1944, afastado o perigo de um Natal – Os serviços de proteção do porto estavam a
ataque de submarinos aos navios surtos no porto, cargo do Comando da Base Naval de Natal. Também
suspendeu‐se a patrulha externa feita pelos veteranos eram acionadas unidades do Exército (que mantinham
contratorpedeiros, sendo mantida apenas a vigilância baterias na barra) e da Força Aérea Brasileira;
interna, a cargo de um rebocador portuário.
Vitória – A proteção do porto ficou entregue ao
Um especialista norte‐americano, o Tenente Exército, havendo a Marinha cedido alguns canhões
Jacowski, estabeleceu planos para a utilização de navais de 120 mm para artilhar a barra;
bóias de escuta submarina, a serem adotadas de
acordo com as necessidades. Em julho de 1943, teve Ilhas oceânicas – Na Ilha da Trindade foi estacionado
início o serviço de varredura de minas do canal da um destacamento de fuzileiros navais, em 20 de
barra, realizada pelo USS Flincker, substituído mais março de 1942, levado pelo Navio‐Transporte José
tarde pelo USS Linnet. Observamos aí, mais uma vez, Bonifácio.
o auxílio direto norte‐americano ao nosso plano de A defesa do Arquipélago de Fernando de
defesa local; Noronha, situado em ponto focal no Atlântico, ficou
Recife – O Encouraçado São Paulo, amarrado no entregue ao Exército, que o artilhou fortemente,
interior do arrecife, provia a defesa da artilharia e levando contingentes em comboios escoltados por
supervisionava a rede antitorpédica. A varredura de navios da Marinha. A ocupação se deu logo depois
minas era feita por navios mineiros varredores norte‐ que o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo,
americanos. Estava estacionado no Recife um grupo sendo o primeiro grupo de militares transportados,
de especialistas em desativação de minas, as quais, junto com material de guerra, em um comboio, em 15
por vezes, davam à costa, sendo estudadas de abril de 1942;
cuidadosamente antes de serem destruídas. Santos – Os Rebocadores São Paulo (eram dois com o
As minas encontradas à deriva eram mesmo nome, sendo um chamado de iate) foram
destruídas pelos navios de patrulha com tiros de artilhados; outras embarcações menores requisitadas
canhão. O Terceiro Grupamento Móvel de Artilharia faziam serviço de vigilância;
de Costa e o Segundo Grupo do Terceiro Regimento Rio Grande – Foi artilhado o Rebocador Antonio
de Artilharia Antiaérea do Exército coordenavam‐se Azambuja. Como reforço às defesas locais, foram
com os elementos da Marinha, o que permitia uma criadas Companhias Regionais do Corpo de Fuzileiros
cobertura completa da costa; Navais em Belém, Natal, Recife e Salvador.
Salvador – A defesa principal do porto cabia ao Ao se lembrar da participação da Marinha na Segunda
Encouraçado Minas Gerais, com sua artilharia Guerra Mundial, a primeira imagem que surge é a
controlada em conjunto com as baterias do Exército, conhecida Força Naval do Nordeste. Como era afinal a
situadas na Ponta de Santo Antônio e na Ilha de sua composição e tarefas?
Itaparica. Em abril de 1943, os Monitores Parnaíba e
Paraguaçu foram movimentados de Mato Grosso para A Força Naval do Nordeste
Salvador, por solicitação do Comandante Naval do
A missão da Marinha do Brasil na Segunda
Leste. Depois de sofrerem algumas modificações no
Guerra Mundial foi patrulhar o Atlântico Sul e
Rio de Janeiro (em especial no armamento), ficaram
proteger os comboios de navios mercantes que
em condições de operar na Baía de Todos os Santos.
trafegavam entre o Mar do Caribe e o nosso litoral sul
Aparelhos de radiogoniometria de alta contra a ação dos submarinos e navios corsários
freqüência cruzavam as marcações com germânicos e italianos.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 78
A capacidade de combate da Marinha do submarino alemão pelo través do Farol de São Tomé,
Brasil no alvorecer do conflito era modesta se em 19 de julho de 1944. Às 23h55min, foi sentida
comparada com as grandes Esquadras em luta no forte explosão na popa, abrindo grande rombo, por
Atlântico Norte e no Pacífico. O nosso pessoal e onde começou a entrar água em enormes proporções.
nossos meios não estavam preparados para se engajar Segundo algumas testemunhas, o afundamento do
com o inimigo oculto sob o mar, que assolava o navio deu‐se em apenas três minutos. A maior parte
transporte marítimo em nosso litoral. dos sobreviventes foi resgatada no dia seguinte por
um barco pesqueiro e por outros dois navios da
Ingressaríamos em uma guerra anti‐ Marinha, o Javari e o Mariz e Barros. Morreram nesse
submarino sem equipamentos para detecção e ataque 99 militares.
armamento apropriados, porém este obstáculo não
impediu que navios e tripulações estivessem Quarenta e oito horas após o torpedeamento
patrulhando nossas águas, mesmo antes do do Vital de Oliveira, a cerca de 12 milhas a nordeste
envolvimento oficial do governo brasileiro no conflito, da barra de Recife, perdeu‐se a Corveta Camaquã,
apesar de todos os perigos. afundada devido a violento mar. Discutem‐se até hoje
os motivos que levaram esse navio a seu
A criação da Força Naval do Nordeste, pelo afundamento. O Comandante Antônio Bastos
Aviso nº 1.661, de 5 de outubro de 1942, foi parte de Bernardes, sobrevivente do sinistro, afirmou alguns
um rápido e intenso processo de reorganização das anos após esse acidente que o emborcamento se deu
nossas forças navais para adequar‐se à situação de por “fortuna do mar”. Seja como for, pereceram nessa
conflito. Sob o comando do Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra oportunidade 33 pessoas.
Alfredo Carlos Soares Dutra, a recém‐criada força foi
inicialmente composta pelos seguintes navios: Por fim, o pior desastre enfrentado pela
Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, Navios Marinha durante a Segunda Guerra Mundial foi a
Mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã e Cabedelo perda do Cruzador Bahia, no dia 4 de julho de 1945.
(posteriormente reclassificados como corvetas) e os Essa tragédia foi exacerbada pelo conhecimento dos
CaçaSubmarinos Guaporé e Gurupi. terríveis sofrimentos dos náufragos, abandonados no
mar durante muitos dias, por incompreensível falha
Ela seria posteriormente acrescida do Tênder de comunicações.
Belmonte, caça‐submarinos, contratorpedeiros‐de‐
escolta, contratorpedeiros classe M, submarinos Três infortúnios e cerca de 486 mortos,
classe T, constituindo‐se na Força‐Tarefa 46 da Força incluindo os falecidos em outros navios e em navios
do Atlântico Sul, reunindo a nossa Marinha sob o mercantes afundados, mais que os mortos brasileiros
comando operacional da 4ª Esquadra Americana. em combate na Força Expedicionária Brasileira que
lutou na Itália.
A atuação conjunta com os norte‐americanos
trouxe novos meios navais e armamentos adequados Pouco discutida é a atuação da Quarta
à guerra anti‐submarino, bem como proporcionou Esquadra Norte‐Americana, subordinada ao Vice‐
treinamento para o nosso pessoal. Almirante Jonas Ingram. Figura notável que teve o
mérito de congregar forças heterogêneas em um
O combate, porém, nos custou muitas vidas. comando unificado, eficiente e coeso, auxiliado pelos
As perdas brasileiras na guerra marítima somaram 31 Almirantes Oliver Read e Soares Dutra, comandantes
navios mercantes e três navios de guerra, tendo a das principais forças‐tarefas.
Marinha do Brasil perdido 486 homens. Nesse ponto
seria interessante descrever em maiores detalhes as Essa força norte‐americana compreendeu, em
perdas de nossas unidades de combate durante a seu maior efetivo, seis cruzadores, 33
Batalha do Atlântico. contratorpedeiros, diversas esquadrilhas de patrulha,
bombardeiros e dirigíveis, além de caça‐submarinos,
A primeira perda da Marinha de Guerra foi a
do Navio‐Auxiliar Vital de Oliveira, torpedeado por
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 79
patrulheiros, tênderes, varredores, auxiliares e O navio que participou no maior número de
rebocadores. comboios foi a Corveta Caravelas , com 77
participações.
Um dos principais pontos desse
relacionamento Brasil–Estados Unidos foi a integração Com todos esses dados, o que efetivamente
operacional entre as duas Marinhas. Foram significou para a nossa Marinha de Guerra a sua
aperfeiçoados procedimentos comuns e táticas participação no conflito mundial?
eficazes na luta anti‐submarino.
A primeira conclusão a que se pode chegar é a
Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua que adquirimos maior capacidade para controlar
missão, a Força Naval do Nordeste regressou ao Rio áreas marítimas e maior poder dissuasório. No
de Janeiro em seu último cruzeiro, tendo contribuído entanto, deve ser admitido que tal situação foi fruto
para a livre circulação nas linhas de navegação do do auxílio norte‐americano. Se estivéssemos sozinhos
Atlântico Sul. nessa empreitada, poderíamos ficar em situação
delicada, principalmente na manutenção de nossas
E o que ficou? linhas de comércio marítimo.
Não se pode analisar a participação da A segunda conclusão aponta para uma
Marinha de Guerra brasileira na Segunda Guerra mudança de mentalidade na Marinha, com a
Mundial sem apontar alguns dados que delimitam assimilação de novas técnicas de combate e a
todo o seu esforço para manter nossas linhas de incorporação de meios modernos para as forças
comunicação abertas. navais. Essa mudança de mentalidade fez a Marinha
Foram comboiados cerca de 3.164 navios, tornar‐se bem mais profissional.
sendo 1.577 brasileiros e 1.041 norte‐americanos, em A terceira foi a oportunidade de a Marinha
575 comboios. Considerando esse número de navios e “sentir o odor do combate”, participar de ações de
as perdas em comboios, chegamos à conclusão de que guerra e adquirir experiências da refrega, das
cerca de 99,01% dos navios protegidos atingiram os adversidades, do medo e da dor com a perda de
seus destinos. navios e companheiros. Essa experiência de combate
Foram percorridos pelos escoltas, sem contar foi fundamental para forjar os futuros almirantes,
os ziguezagues realizados para dificultar a detecção oficiais e praças da Marinha, acostumados com a vida
submarina e o tiro torpédico, um total de 600.000 dura da guerra antisubmarino e da monotonia e do
milhas náuticas, ou seja, 28 voltas em redor da Terra estresse dos comboios.
pelo Equador. A quarta conclusão é a percepção de que a
A Esquadra americana comboiou no Atlântico logística ocupa lugar de importância na manutenção
16 mil navios, o que corresponde a 16 mercantes por de uma força combatente operando eficientemente.
cada navio de guerra. A Marinha do Brasil comboiou Esse tipo de percepção refletiu‐se na construção da
mais de três mil navios, o que corresponde a 50 Base Naval de Natal e outros pontos de apoio logístico
mercantes por cada navio de guerra brasileiro. do nosso litoral. Nisso os Estados Unidos foram os
grandes mestres.
Foram atacados 33 navios mercantes
brasileiros, com um total de 982 mortos ou A quinta foi a nossa aproximação com os
desaparecidos na Marinha Mercante. Em tonelagem norte‐americanos. Essa associação nos alinhou
bruta, foram perdidos 21,47% da frota nacional. diretamente com suas doutrinas e com uma
exacerbada ênfase na guerra anti‐submarino. Essa
O navio de guerra que mais tempo passou no percepção só foi mudada a partir da denúncia, em
mar foi o Caça‐Submarinos Guaporé, num total de 427 1977, do Acordo Militar assinado com esse país em
dias de mar, em pouco mais de três anos de operação, 1952. Com esta denúncia, optamos por uma
o que perfez uma média anual de 142 dias de mar. tecnologia relativamente autóctone.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 80
E, por fim, a guerra no mar mostrou‐nos que,
no caso do Brasil, em uma conflagração generalizada,
as nossas linhas de comunicação serão os alvos
prioritários em nossa defesa, pois ainda somos
dependentes do comércio marítimo.
C R O N O L O G I A
DATA EVENTO
Apresentação na Câmara dos
Deputados do programa de
Julho de
reaparelhamento naval do Almirante
1904
Júlio de Noronha pelo Deputado
Laurindo Pitta.
Aprovação do programa de
Nov. de reaparelhamento naval do Almirante
1906 Júlio de Noronha modificado pelo
Almirante Alexandrino de Alencar.
Ago. de
Começa a Primeira Guerra Mundial.
1914
A Alemanha estabelece bloqueio sem
17/01/1917 restrições ao comércio marítimo com os
Aliados.
Rompimento das relações diplomáticas
11/04/1917
entre o Brasil e a Alemanha.
Declaração de guerra entre o Brasil e a
26/10/1917
Alemanha.
DNOG suspende de Fernando de
01/08/1918
Noronha com destino à África.
09/11/1918 Termina a Primeira Guerra Mundial.
09/06/1919 DNOG regressa ao Rio de Janeiro.
01/09/1939 Começa a Segunda Guerra Mundial.
Assinatura da Lei de Empréstimos e
11/03/1941 Arrendamentos – Lend Lease – com os
Estados Unidos da América.
Brasil rompe relações diplomáticas com
28/01/1942
os países do Eixo.
Declaração de guerra entre o Brasil e a
Alemanha – Criação dos Comandos
31/08/1942
Navais na costa brasileira e Mato
Grosso.
05/10/1942 Criação da Força Naval do Nordeste.
Torpedeamento do Navio‐Auxiliar Vital
19/07/1944 de Oliveira no través do Farol de São
Tomé.
Afundamento da Corveta Camaquã
21/07/1944
próximo a Recife.
08/05/1945 Termina a Segunda Guerra Mundial.
Afundamento do Cruzador Bahia entre
04/07/1945
o Nordeste e a África.
A Força Naval do Nordeste regressa ao
07/11/1945
Rio de Janeiro.
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EXERCÍCIOS:
(A) Inglaterra, Estados Unidos e Japão. (A) Estados Unidos da América.
(B) Itália, Estados Unidos e Rússia. (B) Alemanha.
(C) França, Inglaterra e Estados Unidos. (C) Inglaterra.
(D) Brasil, Inglaterra, Itália. (D) França.
(E) Alemanha, Itália e Japão. (E) União Soviética.
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8 ‐ O Emprego Permanente do Poder Naval país precisa se precaver, cuidando da defesa de seus
interesses, para que os outros nunca pensem em
O Poder Naval na guerra e na paz empregar meios violentos para resolver os conflitos.
Sem o Poder Naval não haveria este Brasil que Não seria lógico pensar que alguém possa
herdamos de nossos antepassados. Conforme se empregar a violência sem que imagine ter uma boa
verifica neste livro, o Poder Naval português, por probabilidade de êxito, sofrendo apenas perdas
algum tempo o luso‐espanhol, e, mais tarde, após a aceitáveis. Cabe ao Poder Militar de um país – do qual
Independência, o brasileiro, foram empregados com a o Poder Naval é também um dos componentes – criar
violência necessária nos conflitos e nas guerras que permanentemente uma situação em que seja
ocorreram no passado. Toda vez que alguém utilizou a inaceitável, para os outros, respaldar seus interesses
força para impor seus próprios interesses encontrou a conflitantes com o emprego de força. Isto é, o nosso
oposição de um Poder Naval que defendeu com Poder Militar deve permanentemente dissuadir os
eficácia o território e os interesses que possibilitaram outros países de usar a violência e é,
a formação do Brasil. conseqüentemente, o guardião da paz – daquela paz
Cabe observar que, em geral, o que qualquer que nos interessa, evidentemente.
nação mais deseja é a paz. Mesmo os países que No caso do Brasil, por exemplo, na paz que
promoveram as guerras do passado queriam alcançar desejamos, a Amazônia é território nacional; o
a paz. A paz, porém, da forma que desejavam, comércio internacional deve ser livre, assim como o
impondo aos outros o que lhes convinha. uso do transporte marítimo nas rotas de nosso
A Alemanha mandou seus submarinos interesse; a maior parte do petróleo continua sendo
afundarem os navios mercantes brasileiros porque extraída do fundo do mar, sem ingerências de outros
não queria que o Brasil, apesar de ser ainda neutro na países; a enorme área compreendida pela Zona
Segunda Guerra Mundial, continuasse a fornecer Econômica Exclusiva e pela Plataforma Continental
matérias‐primas para seus inimigos. Algumas dessas brasileira, chamada de Amazônia Azul, é controlada
matérias‐primas eram muito importantes para o pelo País; não ocorrem exigências anormais no
esforço de guerra deles. O interesse do Brasil era pagamento de nossa dívida externa; entre outras
continuar comerciando com quem desejasse e coisas. A dissuasão é, portanto, uma das principais
transportando as mercadorias livremente em seus formas de emprego permanente do Poder Militar em
navios, mas isto não era bom para os alemães, que tempo de paz, existindo outras, como veremos
precisavam vencer a guerra para alcançar a paz da adiante.
forma que desejavam, o mais breve possível. Na paz Na paz, ou no que se denomina paz no
que a Alemanha queria, suas conquistas territoriais mundo, o confronto entre os países, resultante de
deveriam ser reconhecidas pelos outros países e sua conflitos de interesses, ocorre evitando, ao máximo, o
expansão, julgada por ela importante para o futuro uso da violência, porém, disputando politicamente,
dos alemães, imposta aos povos vencidos. econo‐micamente e em todas as outras manifes‐
A guerra resulta de conflitos de interesses. Ela tações da potencialidade nacional. Nesse contexto, o
ocorre porque não há um árbitro supremo para potencial ofensivo intrínseco dos instrumentos do
resolver completamente as questões entre os países. Poder Militar faz com que seu emprego, mesmo
Existem organizações internacionais, como a indireto, possa excitar reações em países
Organização das Nações Unidas (ONU) e a observadores. Tais reações podem simplesmente
Organização dos Estados Americanos (OEA), por resultar de excitação acidental ou refletir resultados
exemplo, que muito ajudam para evitar a violência e intencionalmente desejados por quem exerce esse
manter essas questões no campo da diplomacia. emprego indireto do Poder Militar, chamado de
Verifica‐se, no entanto, que o poder delas é limitado, persuasão armada.
porque as nações são ciosas de sua soberania. Cada
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 83
Como a paz é relativa, a persuasão armada Classificação
não exclui nem o uso da força, de maneira limitada,
desde que entendido como simbólico pelo país Os tipos de persuasão naval, específicos do
agredido. As grandes potências internacionais, como emprego do Poder Naval em tempo de paz,
os Estados Unidos da América, a Rússia e outros classificados quanto aos modos em que os efeitos
utilizam permanentemente seus poderes militares. políticos se manifestam são:
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 85
costas. Tal fato, porém, não impede que uma força são apenas funções do ambiente regional onde se
naval possa exercer persuasão, porque não é sua situam e das vulnerabilidades que possuem.
capacidade absoluta que importa, mas sim o que ela
significa como representante do Poder Naval e da Para os países mais pobres, o armamento
vontade de seu país de alcançar o objetivo moderno possibilita condições excepcionais, em
suportando as perdas prováveis, se tal for assim relação ao passado. O conflito das Falklands/Malvinas,
percebido. em 1982, apesar do desfecho desfavorável à
Argentina, é um exemplo que não pode deixar de ser
Na crise provocada pelos mísseis que a União citado, porque poderia, até, ter outro resultado, se
Soviética pretendia instalar em Cuba, em 1962, a houvesse submarinos argentinos eficazes e
Marinha dos Estados Unidos mostrou determinação suficientes.
suficiente para que os soviéticos decidissem que os
navios que transportavam os mísseis deveriam Táticas podem ser descritas para a persuasão
regressar. Foi portanto uma ação de coerção naval. Essas táticas são as diversas formas de emprego
deterrente do emprego político do Poder Naval das forças navais para alcançarem resultados políticos
americano, pois modificou uma ação que já estava em em tempo de paz. Elas são:
andamento, em face de terem percebido que os ‐ demonstração permanente do Poder Naval;
americanos estavam dispostos a usar a força para não ‐ posicionamentos operativos específicos;
ter seu território ao alcance dos mísseis de Cuba. ‐ auxílio naval;
Considerando o conflito pela posse das Ilhas ‐ visitas operativas a portos; e
Falklands/ Malvinas, em 1982, os argentinos deixaram ‐ visitas específicas de boa vontade.
de ser dissuadidos pelo Poder Naval britânico e A demonstração permanente do Poder Naval
invadiram as ilhas, porque julgaram que o valor permite, através de ações como deslocamentos e
daquelas ilhas não compensava o esforço de projetar manobras com forças, inclusive estrangeiras,
o poder da Marinha da Grã‐Bretanha àquela distância participação em missões de paz da Organização das
no Atlântico Sul, em face das perdas humanas e Nações Unidas; reforços e reduções de nível de forças;
materiais que provavelmente teria. Por seu turno, a aumento ou redução da prontificação para combate;
ocupação militar das ilhas falhou porque o governo e obter efeitos desejados como: aumentar a
britânico levou a questão ao ponto de defesa da intensidade da persuasão; desencorajar; demonstrar
honra do Reino Unido. preocupação em crises entre terceiros; exercer
O ambiente doméstico do país que é alvo da coerção ou apoio de maneira limitada ou restrita,
persuasão é básico no contexto político das decisões entre outros.
que governam sua eficácia. É fundamental que os Os posicionamentos operativos específicos,
líderes desse país aceitem serem persuadidos e até situando navios ou forças navais próximo a um local
cooperem, servindo de intermediários com a opinião de crise constituem apenas um caso especial da
pública, para que o objetivo da persuasão seja demonstração permanente e as ações podem ser
considerado uma necessidade imposta e a atitude semelhantes.
tomada como pragmática.
O auxílio naval inclui a instalação de missões
O emprego permanente do Poder Naval navais, o fornecimento de navios e o apoio de
A teoria do emprego político do Poder Naval manutenção.
mostra a possibilidade do uso permanente das forças As visitas a portos estrangeiros, para
navais em tempo de paz, em apoio aos interesses de reabastecimento, descanso das tripulações, ou
uma nação. Isso é verdade tanto para os países mesmo, específicas de boa vontade, no que se
desenvolvidos quanto para os países em denomina “mostrar a bandeira”, podem transmitir a
desenvolvimento e a intensidade e tipos de emprego imagem do prestígio da Marinha, aumentando a
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 86
influência e acumulando vantagens psicossociais
sobre o país visitado.
– as operações com Marinhas aliadas, como a
Operação Unitas, com a Marinha dos Estados Unidos
e de países sul‐americanos; a Operação Fraterno, com
a Armada da República Argentina; e muitas outras;
– a participação em diversas missões de paz,
transportando as tropas ou através de seus fuzileiros
navais, como em São Domingos, Angola,
Moçambique, Nicarágua e Haiti;
– e as viagens de instrução do navio‐escola e as visitas
a portos estrangeiros, “mostrando a bandeira”.
Cabe também ressaltar o apoio que a Marinha
do Brasil presta a outras Marinhas aliadas, na América
do Sul e no continente africano.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 87
EXERCÍCIOS:
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Na década de 1960, uma crise
envolveu Brasil e França em uma questão
correlacionada à soberania do mar territorial
brasileiro. Tal crise levou o governo brasileiro a tomar
uma atitude de persuasão naval coercitiva,
determinando o envio de navios da Marinha do Brasil
ao local da crise a fim de demonstrar que o País
estava disposto a defender seus direitos. Finalmente,
o conflito de interesses foi resolvido no campo da
diplomacia. Como ficou conhecida essa crise?
(A) Guerra das Malvinas.
(B) Crise dos Mísseis.
(C) Questão Christie
(D) Guerra da Lagosta.
(E) Crise Vichy.
Resposta:
(D)
2 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) No Brasil, cabe ao Poder Militar:
(A) utilizar a força para impor os interesses do Brasil a
outros países.
(B) dissuadir outros países de usar a violência, sendo,
consequentemente, o guardião da paz.
(C) favorecer o comércio externo do país.
Resposta:
(B)
(A) Sustentação.
(B) Dissuasão.
(C) Intimidação.
(D) Coerção deterrente.
(E) Imposição.
Resposta:
(D)
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G L O S S Á R I O construídas após a guerra eram basicamente navios
de patrulha adaptados a diversas finalidades, inclusive
CLASSIFICAÇÃO GERAL DE NAVIOS DE GUERRA salvamento e reboque. Eram navios pequenos, de 500
Brigue – Do inglês brigantine, do francês brick: navio a 1.100t, e velocidade de 12 a 18 nós. Atualmente,
a vela, com dois mastros espigando mastaréus e principalmente devido aos altos custos das fragatas e
envergando pano redondo, com velas de entremastro contratorpedeiros, as corvetas estão readquirindo sua
e gurupés e um latino quadrangular no mastro da importância, com várias Marinhas envolvidas em
mezena. programas de construção de navios desta classe. As
modernas corvetas da Marinha brasileira (Classes
Bergantim – Do italiano brigantino, embarcação Inhaúma e Barroso) são dotadas de boa capacidade
pirata do Mediterrâneo, do inglês brigantine, do anti‐submarina, mísseis antinavio, canhão de duplo
francês, brigantin. Antiga embarcação a vela e remo, emprego (antiaéreo e superfície), sistemas de defesa
esguia e veloz, de convés corrido, com um ou dois antiaérea e antimíssil de curta distância e podem
mastros de galé e oito a dez bancos para remadores. operar um helicóptero. Devido a sua complexidade e
Posteriormente, navio a vela de dois mastros, cada armamento, algumas Marinhas as classificam como
um espigando dois mastaréus (mastro suplementar fragatas leves.
preso ao mastro real) e envergando pano redondo,
com velas no entremastro e gurupés, armado com 10 Cruzador – Navio de combate, de tamanho médio,
a 20 peças de artilharia. grande velocidade, proteção moderada, grande raio
de ação, boa mobilidade, e armamento de calibre
Caravela – De caravo, do inglês caravel, do francês médio e tiro rápido, destinado a efetuar explorações,
caravelle: navio de casco alto na popa e baixo na coberturas, escoltas de comboios (contra‐ataque) de
proa, de proa aberta ou coberta, arvorando de um a superfície, guerra de corso, bombardeios de costa,
quatro mastros de velas bastardas (latinas e etc.
triangulares) e armado com até dez peças de
artilharia. Sua tonelagem variava de 60a 160t. Os cruzadores descendem das antigas
Algumas caravelas tinham velas redondas no mastro fragatas. A Revolução Industrial, que permitiu, em
do traquete; foram os navios mais utilizados pelos meados do século XIX, a substituição quase
portugueses nos descobrimentos marítimos dos simultânea da vela pela máquina a vapor e da madeira
séculos XV e XVI; tinham pouco calado, bolinavam pelo ferro, resultou em profundas modificações nos
bem e eram de fácil manobra. métodos da guerra naval. Em 1860, começaram a
surgir as primeiras fragatas dotadas de couraça,
Caravo – Embarcação a vela, de porte variável, muito assumindo logo depois um papel preponderante na
utilizado pelos mouros no Mediterrâneo. linha de batalha, e sentiu‐se a necessidade de dar às
fragatas mais velozes e menos armadas uma função
Corveta – Do francês corvette: navio de guerra
de observação avançada.
semelhante à nau, menor e mais armado que ela, com
três mastros, sem acastelamentos, armado apenas Na Guerra Civil Americana (1861‐1865)
com uma bateria de canhões, coberta ou descoberta, apareceu o cruzador ligeiro, um navio levemente
porém mais veloz. Apareceu em fins do século XVIII armado, sem proteção, destinado a dar caça aos
para substituir a fragata e o brigue em missões de navios de comércio e reprimir o contrabando. Pouco
reconhecimento ofensivo, para o qual este era depois surgia o cruzador protegido, dotado de uma
demasiado fraco e aquela forte demais, e coberta protetora e subdivisões internas adequadas.
desempenhava missões de aviso, de transporte e
munição. Entretanto, somente em 1889 é que
começaram a aparecer os modernos cruzadores,
Durante a Segunda Guerra Mundial foram tendo a Inglaterra nesse ano mandado construir
empregadas pelos aliados para patrulha anti‐ navios que classificavam três tipos: cruzadores de 1a ,
submarino e escolta a comboios. As corvetas 2ª e 3ª classes.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 89
No princípio do século XX, a Inglaterra polegadas, dispostos em torres duplas encouraçadas,
construiu os cruzadores de batalha. Na Batalha da ou nove canhões em torres tríplices. Sua bateria
Jutlândia, em 1916 (Primeira Guerra Mundial), três secundária era constituída de oito a doze canhões de
cruzadores de batalha ingleses foram afundados com cinco polegadas e a bateria antiaérea por um grande
quase toda a tripulação: o Invencible, o Infatigable e o número de armas automáticas para tiro a curta
Queen Mary. Todos eles explodiram depois de alguns distância; possuíam proteção de couraça e alguns CP
impactos e admitiu‐se que os projéteis tenham levavam hidroaviões ou helicópteros.
atingido os paióis de munição devido à sua leve
couraça. O mesmo fato repetiu‐se em 1941 (Segunda Em 20 de julho de 1959, a Marinha norte‐
Guerra Mundial) com o Hood, inglês e considerado o americana lançou ao mar o Long Beach, de 14.000t,
maior navio do mundo na época, liquidado com a classificado como cruzador nuclear de mísseis
terceira salva do Encouraçado alemão Bismarck. guiados. Primeiro navio de guerra de superfície de
propulsão nuclear do mundo, com velocidade
Os tratados assinados em 1919 proibiam a superior a 45 nós, desenhado para operar contra
Alemanha de construir navios de guerra com mais de quaisquer inimigos na guerra nuclear ou convencional.
10.000t de deslocamento. Tendo isto em vista, esse Possuía os mais modernos equipamentos para
país construiu três navios, o Almirante Graff Spee, o detectar e destruir submarinos, aviões e mísseis
Almirante Scheer e o Deutschland (alterado em 1940 inimigos da época.
para Lutzow), aos quais classificou como panzerschiffe
(navio encouraçado). Até 1939, pouco se sabia sobre O cruzador nuclear de mísseis guiados
eles fora da Alemanha, e a imprensa os cognominou California, de 9.500t, lançado ao mar em 1971,
de encouraçados de bolso. Aparentemente, tinham semelhante ao Long Beach, foi o primeiro navio de
10.000t de deslocamento, mas eram na realidade guerra a ser armado com canhões de cinco polegadas
supercruzadores de 12.000t, armados com seis desguarnecidos.
canhões de 11 polegadas (280mm) e oito de 5,9 O primeiro cruzador de mísseis guiados da
polegadas (150mm). classe Ticonderoga foi lançado ao mar em 1981,
O Graff Spee foi vencido na Batalha do Rio da constituindo‐se no mais moderno e poderoso
Prata, Argentina, em 1939 (onde se refugiou avariado cruzador da atualidade, podendo contar com uma
e foi afundado pelo próprio comandante), por uma excelente capacidade de detecção nos três ambientes
Força Naval composta de um cruzador pesado de de guerra, além de equipamentos de guerra
8.400t , o Exeter, e dois cruzadores leves, o Ajax e o eletrônica de última geração e boa capacidade de
Achilles. defesa contra ataque nuclear, químico e biológico.
Os cruzadores construídos até a Segunda Contratorpedeiro – Navio de combate destinado a
Guerra Mundial eram classificados em cruzadores combater as torpedeiras. Ver verbete: torpedos,
pesados e cruzadores ligeiros. É lógico admitir que os torpedeiras, contratorpedeiros.
cruzadores pesados eram maiores e mais poderosos, Contratorpedeiro‐de‐Escolta – Contratorpedeiro
mas a base desta classificação não era o tamanho, e construído na Segunda Guerra Mundial pelos Aliados,
sim o armamento, sendo considerados pesados os especialmente para escoltar comboios. É menor que o
que tinham canhões de mais de seis polegadas em sua contratorpedeiro comum, de menor velocidade e com
bateria principal e ligeiros aqueles cujos canhões eram armamento preponderantemente anti‐submarino.
menores. Havia ainda os cruzadores de batalha,
navios que, em comparação com os encouraçados, Contratorpedeiro‐líder – Contratorpedeiro maior do
tinham canhões de mesmo calibre, mas, em menor que o comum, com acomodações para um
número, possuíam maior velocidade e menor couraça. comandante de força e seu estado‐maior, utilizado
como líder de flotilha; contratorpedeiro de esquadra.
Os cruzadores pesados (CP) possuíam uma
bateria principal de oito a dez canhões de oito
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Encouraçado – Do inglês ironclad, battleship, do Até aquela época, o encouraçado era
francês cuirassê: navio de combate desenvolvido no considerado o navio mais poderoso, reunindo máximo
século XIX, armado de canhões de grosso calibre, poder ofensivo. Em ações da Esquadra, ele
fortemente protegido por couraças nos pontos vitais, permanecia na linha de batalha atacando os maiores
e por subdivisão interna do casco em compartimentos navios inimigos com tiros de canhão de grosso calibre,
estanques. Até a Segunda Guerra Mundial era o navio apoiado por cruzadores, navios‐aeródromos e
de combate mais poderoso, deslocando de 30 a 50 mil contratorpedeiros.
toneladas, e destinado a constituir a espinha dorsal da
linha de batalha, no combate entre Esquadras. Os encouraçados têm sido utilizados para
Durante a Segunda Guerra Mundial, os encouraçados bombardeio pesado e contínuo de instalações de
foram empregados para canhonear fortificações terra e portos inimigos, inclusive para apoio de
costeiras, nas operações anfíbias; depois cederam a operações anfíbias. Na Segunda Guerra Mundial, eles
primazia aos navios‐aeródromos. também faziam parte da escolta dos grandes
comboios.
Na Marinha do Brasil: Encouraçados Minas
Gerais e São Paulo do tipo Dreadnought, lançados ao Até a última grande guerra, o armamento dos
mar em 1910 e desativados na década de 1950. encouraçados constituía‐se de:
Os primeiros navios encouraçados foram as 1) uma bateria principal com canhões de 304mm a
fragatas francesa Gloire e inglesa Warrior, construídas 406mm, geralmente dispostos em torres tríplices e
em 1860. Eram navios a vela e vapor, tendo seus que lançavam projéteis pesando cerca de uma
números canhões nas cobertas, que ficavam tonelada a mais de 20 milhas de distância;
protegidas pela couraça. Na Gloire, a couraça 2) uma bateria secundária com canhões de 122mm ou
estendia‐se por todo o comprimento do casco, desde 147mm, em numero de 15 a 20, dispostos em torres
o convés até dois metros abaixo da linha‐d‘água em duplas;
plena carga, e tinha a espessura de 120mm nas obras 3) bateria antiaérea com armas automáticas de
vivas e 110mm nas obras mortas. A Warrior tinha uma pequeno calibre.
cinta couraçada estendendo‐se por 60 metros na A modernização dos encouraçados que estão
parte central do casco, limitada na proa e a ré por em serviço inclui: substituição de parte de sua bateria
duas anteparas transversais de couraça. O calibre dos secundária e antiaérea por lançadores de mísseis de
canhões foi aumentando gradualmente com a cruzeiro e antinavio; instalações de novos sensores,
espessura das couraças até que, com o surgimento sistema de defesa antimíssil, sistema de direção de
das primeiras torpedeiras, entre 1875 e 1880, houve tiro e equipamentos de guerra eletrônica passiva e
necessidade de se adotar nos encouraçados uma ativa; e capacitação para operar três helicópteros de
artilharia de calibre médio e tiro rápido. porte médio.
Na Guerra Russo‐Japonesa (1904‐1905) O encouraçado é, em síntese, uma plataforma
apareceram os encouraçados maiores, bem armados, flutuante móvel de canhões de grosso calibre e longo
com canhões de grosso, médio e pequeno calibre. Em alcance. A couraça constitui a principal proteção
1906, a Inglaterra revolucionou a arquitetura naval contra tiros de canhão. A espessura da couraça varia
com a construção do tipo Dreadnought, em que se nas diferentes partes do casco, devendo a espessura
suprimia a artilharia médio calibre, aumentavase o máxima ser aproximadamente igual ao calibre dos
deslocamento para 18.000t e a velocidade para 21 canhões dos navios semelhantes de outras nações.
nós. Logo em seguida, em 1910, o mesmo país sentia Considera‐se que a couraça deve resistir à penetração
necessidade de restaurar a bateria secundária ao dos projéteis de calibre igual a sua espessura, quando
construir para o Brasil os Encouraçados Minas Gerais lançados das distâncias usuais de tiro.
e São Paulo, os maiores navios daquela época, cujo
tipo evoluiu nos encouraçados da Segunda Guerra A couraça é de maior espessura nas torres e
Mundial. na cinta, onde é mais provável o impacto direto dos
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projéteis em ângulo favorável à penetração. Na torres deslocamento de 1.800t (no último quartel do século
dos canhões e na torre de comando, a espessura pode XIX houve fragatas mistas, a vela e a vapor).
atingir 457mm.
(Do português) Embarcação de boca aberta e
A couraça lateral é uma cinta encouraçada de popa chata, com um mastro que enverga vela latina
pouco mais de uma altura de coberta, estendendose quadrangular e duas velas de proa, 200 a 300t de
ao longo da parte central do casco, que compreende capacidade de carga, usada no Rio Tejo para
suas partes vitais, na linha‐d’água e um pouco abaixo. transporte de mercadorias.
A couraça horizontal protege o casco contra Modernamente, navio de combate maior e
as bombas aéreas e tiros de canhão de grande mais bem armado que a corveta, empregado para
elevação; consta de um convés encouraçado de 152 a patrulha anti‐submarina e escolta de comboio e de
205mm e um convés protegido, abaixo do primeiro, forças‐tarefas, cujo principal armamento são mísseis.
com cerca de 101mm de espessura. Os pavimentos São dotadas de numerosos sensores eletrônicos. No
destas coberturas ajudam a absorver a energia de Brasil, fragatas da classe Niterói, com duas das seis
choque do projétil. incorporadas construídas no Arsenal de Marinha do
Rio de Janeiro (AMRJ).
Outras partes do casco, como os
compartimentos dos aparelhos de governo, estações As fragatas estão ligadas aos
de direção de tiro, passagens principais e tubulações contratorpedeiros. Cumprem os mesmos tipos de
colocadas acima da coberta encouraçada são também tarefa e têm características semelhantes. Estes navios,
protegidas por chapas de couraça. O peso da couraça hoje, se confundem. Pode‐se dizer que, em geral, as
pode atingir 40% do peso total do navio. fragatas têm menor deslocamento, menor velocidade
e menor quantidade de armamento que os
A proteção contra explosões submarinas contratorpedeiros, mas isso está longe de ser uma
(torpedos, bombas e minas) é realizada por duas ou regra geral e varia de Marinha para Marinha. Podem
três anteparas longitudinais, constituindo atuar em qualquer ambiente da guerra naval, sendo
compartimentos de segurança laterais, chamados empregadas, principalmente, em ataques contra
coferdans ou contraminas. Esses compartimentos são navios de superfície; guerra anti‐submarino; defesa
cheios de óleo, de água, ou são conservados vazios. A antiaérea e antimíssil; apoio a operações anfíbias;
espessura das chapas dos coferdans, óleo e a água operações de esclarecimento e como piquete radar;
absorvem grande parte do choque e do calor da escolta de comboios; e guerra de corso contra
explosão; os espaços vazios tendem a absorver a navegação mercante e combate ao narcotráfico.
compressão dos gases resultantes da explosão,
reduzindo seus efeitos antes de ser atingida a As fragatas americanas da classe Oliver Hazard
antepara interna. Perry utilizam mísseis guiados na defesa antiaérea,
antimíssil e para ataque a navios de superfície. A
Encouraçado de bolso – Do inglês pocket batteship: primeira unidade dessa classe foi comissionada em
nome cunhado pela mídia para designar os 1977. Os navios têm propulsão a turbina a gás e são
encouraçados de 10.000 toneladas, construídos e equipados com mísseis Standard e Harpoon,
empregados pelos alemães durante a Segunda Guerra armamento de 76 e 20mm e dois tubos triplos de
Mundial. Ex: Graff Spee. torpedos, além de vários equipamentos utilizados na
Fragata – (Do italiano) Embarcação menor que o guerra eletrônica. Elas também podem operar com
bergantim com popa menos elevada. Navio de guerra dois helicópteros orgânicos.
semelhante à nau, menor e menos armado que ela, Galé – (Do inglês galley), do francês galée –
porém mais veloz e de melhor manobra. Não tinha Embarcação de guerra da Antigüidade greco‐romana e
castelo e sua mastreação era de galera. Apareceu na bizantina, comprida e estreita, impelida basicamente
primeira metade do século XVII, como aviso e, com o por grandes remos (15 a 30 por bordo, manejado cada
tempo, chegou a ter 60 peças de artilharia e
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um por três a cinco remadores sentenciados a redonda (ou “pano”). Daí até fins do século XVI,
trabalhos forçados) e, eventualmente, por duas velas princípios do XVII, as naus foram aumentando de
bastardas içadas em mastros próximos à proa. Era tamanho, tornaram‐se muito bojudas (boca com cerca
dotada de esporão, que constituía o seu principal de 1/3 do comprimento da quilha), passaram a
instrumento de ataque a navios inimigos. arvorar até três mastros (traquete, grande e mezena)
envergando pano redondo, e uma vela latina
Galera – Navio mercante a vela, com gurupés, três quadrangular à popa além de gurupés, e tinham até
mastros, cada um com dois mastaréus, cruzando três ou quatro cobertas com duas a três baterias de
vergas (velas redondas) e, eventualmente, com velas canhões; dependendo destas, variava o número de
latinas quadrangulares. peças de artilharia que portavam. Com o passar dos
Galeão– (Do inglês galeno, do francês galion) – anos, foi‐se modificando o seu velame. Eram
Embarcação de alto‐bordo, com dois ou três mastros embarcações imponentes, em geral ricamente
envergando velas redondas e gurupés com velas de ornamentadas, mas de difícil manejo.
proa; empregada no transporte de ouro e prata da Nau de Guerra – Destinada a proteger o comércio
América para a Espanha e Portugal nos séculos XVI, marítimo e fazer a guerra no mar, armada de 60 a 120
XVII e XVIII. Era armado com numerosos canhões. peças de artilharia, podendo ser de 1ª classe (mais de
Monitor – Navio de combate, de calado reduzido, 100 canhões), de 2ª classe (90 a 100 canhões) ou de
borda‐livre muito pequena, armado com canhões de 3ª (40 a 80 canhões).
médio ou grosso calibre, em geral instalados numa Nau de linha – Armada com 74 canhões ou mais,
torre giratória na parte de vante e na mediana, para assim chamada porque integrava a linha de batalha
emprego em operações fluviais ou de bombardeio de nos combates navais de vulto.
costa. A vela fora abolida, e o casco do monitor era
todo de ferro, bastante baixo, com uma borda livre de Torpedos, torpedeiras, contratorpedeiros – Os
40cm apenas; as únicas estruturas acima da borda primeiros torpedos surgiram no início do século XIX,
eram a torre, uma pequena estação de governo e as sob a forma de uma carga explosiva rudimentar, que
chaminés. deveria ser transportada por pequenas embarcações
para ser colocada sob o casco de um navio fundeado,
Durante a Guerra Civil Americana a partir de onde explodiria com uma espoleta de tempo.
1861, os confederados construíram uma bateria Apareceram também os torpedos rebocados por um
encouraçada auto‐impulsionada chamada Merrimack. cabo de aço, mas a dificuldade da aproximação sem
Embora pouco de novo apresentasse em relação às ser notado pelo inimigo retardou o desenvolvimento
canhoneiras francesas da Criméia, revelou‐se uma da nova arma. Apesar disto, alguns navios foram
ameaça que foi enfrentada pelo Monitor, do afundados desta maneira até 1864, quando o escocês
engenheiro naval sueco John Ericsson. Embarcação de Robert Whitehead construiu o primeiro torpedo de
ferro, com bordo livre baixo de 52m de comprimento autopropulsão.
cobrindo um casco convencional de 37m. Não havia
nenhuma superestrutura além de chaminés, Com o desenvolvimento do torpedo,
escotilhas, pequena estação de governo e, a obra‐ começaram a aparecer navios destinados à sua
prima de Ericsson, uma única torre rotativa que utilização, as torpedeiras. Os primeiros navios deste
continha dois canhões de antecarga de 11 polegadas. tipo, que empregaram torpedos Whitehead, foram
A disposição da torre sobre o convés permitia a construídos de 1875 a 1880. Eram embarcações
redução do número de canhões, por atirarem eles costeiras, com aproximadamente 30t de
pelos dois bordos. deslocamento e que atacavam principalmente à noite
ou com nevoeiro, pois seus torpedos de seis nós de
Nau – Até fins do século XV, navio de porte velocidade só percorriam 100 metros de distância.
relativamente grande, com acastelamentos à proa e à
popa, arvorando geralmente um só mastro com vela
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O sucesso das torpedeiras fez aparecer o Os contratorpedeiros modernos possuem
navio destinado a combatê‐las. Maior, mais rápido e mísseis de cruzeiro de longo alcance, canhões de 4,5
armado com canhões de médio calibre para emprego ou 5 polegadas de tiro rápido, mísseis antinavio,
contra a chapa fina das torpedeiras, ficou conhecido lançadores de torpedo, mísseis para defesa antiaérea
como contratorpedeiro (destróier). a curta, média e longa distâncias, helicópteros
capazes de levar torpedos e mísseis e grande
Na Guerra Hispano‐Americana (1898), as capacidade de trocar informações com navios da força
torpedeiras e contratorpedeiros assumiram papel por meio de link de dados. A Marinha americana
predominante, mas os últimos, logo dotados também possui ainda contratorpedeiros com grande
de torpedos, mostraram‐se tão eficientes em todas as capacidade de defesa nuclear e utilização de
formas de combate que foram também tomando o tecnologia stealth, a qual dificulta a identificação do
lugar dos próprios navios a que eram destinados a mesmo pelo inimigo, utilizando para isso diferentes
combater, reduzindo a importância das torpedeiras. tecnologias, como uso de superfície e bordas em
Os contratorpedeiros foram aumentando de ano a ângulo (evitando‐se ângulos retos), para diminuir a
ano, em tamanho, velocidade e poderio, e hoje são sua superfície refletora de radar, sistemas de
navios destinados não somente a atacar navios de sua resfriamento de equipamentos e compartimentos
espécie, mas também podem ser empregados com diminuindo a assinatura infravermelha. Um exemplo
eficiência contra todos os demais navios, tornando‐se disso seria o resfriamento dos gases das turbinas, que,
os mais decididos adversários de submarinos. Nas antes de atingirem o exterior do navio, aquecem a
duas guerras mundiais, esses navios tiveram grande água dos grupos destilatórios e, conseqüentemente,
desenvolvimento e foram usados com muito sucesso. se resfriam antes de chegarem ao meio ambiente,
Os maiores contratorpedeiros dos últimos dificultando assim a detecção do navio por sistemas
anos são os da classe Spruance. Construídos de forma infravermelho.
modular, em uma linha de montagem muito A utilização de equipamentos elétricos, tais
avançada, têm 170m de comprimento, 8.040t de como cabrestante e guinchos, nas partes internas do
deslocamento, propulsão a turbina a gás e velocidade navio são muito eficientes para diminuir a assinatura
acima de 30 nós. Seu armamento inclui mísseis de acústica e, com isso, dificultar a detecção por
cruzeiro, antiaéreos, antinavios, armas para guerra submarinos. Todo e qualquer artifício utilizado para
anti‐submarino, canhões e helicópteros. evitar a detecção do navio pelo inimigo pode ser
Atualmente, além de serem navios bastante considerado tecnologia stealth.
versáteis, os contratorpedeiros são também os mais
numerosos navios de guerra do mundo. São navios de
grande velocidade, podendo desenvolver até mais de
30 nós, com grande mobilidade, pequena autonomia,
tamanho moderado e pequena proteção estrutural.
Seu armamento principal consta de mísseis de curto e
longo alcance, torpedos, canhões e helicópteros.
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EXERCÍCIOS:
(A) Galera.
(B) Monitor.
(C) Galé.
(D) Galeão.
(E) Fragata.
Resposta:
(D)
(A) Fragata.
(B) Galeão.
(C) Monitor.
(D) Galera.
(E) Encouraçado.
Resposta:
(B)
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Jerônimo de Albuquerque e o comando da força criado por uma índia tupi podia ser muito vantajoso
naval contra os franceses no Maranhão sob alguns aspectos. Seus hábitos de higiene eram
mais adequados para o clima tropical; o idioma mais
Estes versos de Bento Teixeira, escritos em falado na terra era o tupi; e a alimentação indígena,
1601, apresentam dois enormes desafios aos em geral, mais sadia do que a portuguesa.
portugueses que iniciavam a ocupação e conquista do
Norte do futuro Brasil na virada do século XVI para o Ele combateu índios hostis e franceses
XVII. Primeiro, era preciso “amansar” a população invasores, liderando naturais da terra e portugueses.
indí‐ gena, “bárbara e insolente”, a partir de sua Falava fluentemente o tupi, sua língua de infância, e o
cristianização. Em segundo lugar, fazia‐se necessário português, compreendendo claramente as duas
“acossar o francês”, “com o rigor da tesa lança”, culturas; era alguém, portanto, capaz de conectar
expulsando‐o da região. Para realização dessas duas mundos distintos. “O mameluco Jerônimo de
tarefas, o envolvimento dos pioneiros da família Albuquerque, devidamente perfilhado, filho da
Albuquerque foi fundamental. princesinha índia, como se dizia de Maria Arcoverde,
foi daqueles que se aportuguesaram completamente,
Um de seus membros mais notórios foi ao menos nos fatos públicos da vida”. A experiência
Jerônimo de Albuquerque (1548‐1618), que depois inicial, ele obteve acompanhando seu pai nos
juntou Maranhão a seu sobrenome. Nascido no Brasil, combates, principalmente contra índios inimigos. Por
era filho do português de mesmo nome e da índia tupi determinação paterna, casou‐se com Felipa de Melo.
batizada como Maria do Espírito Santo Arcoverde.
Os tupis se organizavam em sociedades
Seu pai, também Jerônimo de Albuquerque, guerreiras e havia frequente conflito entre as tribos,
chegou ao Brasil em 1535, com a irmã, que era a acumulando ofensas mútuas ao longo do tempo, que
esposa de Duarte Coelho, o donatário da capitania de exigiam vinganças. Muitas vezes, também, uma
Pernambuco. Auxiliou o cunhado, enquanto ele disputa interna fazia com que uma família se
estabelecia as bases de sua propriedade, fundando afastasse, às vezes formando, mais tarde, uma nova
Igaraçu e Olinda. Substituiu‐o depois de sua morte, tribo, quando sobrevivia aos ataques do grupo a que
em 1554, como capitão‐mor, até a chegada de seu pertenciam originalmente. Os portugueses, ao
sobrinho, o segundo donatário. Ajudou, mais tarde, o chegarem ao Brasil em pequenos grupos, precisavam
terceiro donatário ainda no período difícil do início da se aliar a uma das tribos, ganhando, como
ocupação de novas terras. Permaneceu o resto de sua consequência, muitos inimigos. Isso tornou muito
vida no Brasil. Na prática, podia se autodenominar um difícil o início da colonização, trazendo certo insucesso
dos conquistadores da terra, o que lhe trazia prestígio de quase todas as capitanias hereditárias.
no Novo Mundo. Pernambuco, no entanto, prosperou e o Jerônimo pai
Faleceu em 1593, deixando dezenas de filhos exerceu um papel importante para esse sucesso.
com índias e com a portuguesa com quem se casou 25 Jerônimo filho, o “brasileiro”, foi, mais tarde,
anos depois de chegar ao Brasil, e que veio de fundamental para a ocupação portuguesa do
Portugal para ser sua esposa. Foi apelidado de “Adão Nordeste brasileiro, contribuindo para a unidade
Pernambucano”, por sua notável contribuição para a futura do Território Nacional.
elevada frequência do sobrenome Albuquerque no Nessa época, porém, não existia a consciência
País. Ao que parece, contudo, Jerônimo de de ser brasileiro. Não havia patriotismo, eram vassalos
Albuquerque não recebeu do rei as recompensas do rei de Portugal. As pessoas estavam defendendo
pretendidas. seus interesses, sua cultura e religião e não tinham
Dos muitos filhos de Jerônimo de sentimentos semelhantes aos atuais.
Albuquerque, o Jerônimo, filho da índia e neto do Desde as primeiras décadas do século XVI, os
morubixaba Arcoverde, foi o que mais se destacou. franceses se interessaram pelo Brasil, procurando
Nos dois primeiros séculos do Brasil Colônia, ser negociar os produtos da terra com os índios do litoral,
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que eram principalmente tupis – que, durante sua por ser filho de um conquistador (Jerônimo pai), que
demorada expansão ao longo da costa, para o sul, ganhou fama em Portugal, onde foi até citado em
haviam expulsado os habitantes indígenas anteriores. versos por poeta de sua época.
O pau‐brasil era o produto mais interessante, pois
tinha muita demanda para a manufatura de tecidos Estabeleceu, então, uma política de
francesa, por prover corantes em tons de vermelho, valorização das terras para povoamento e, como
muito apreciados na Europa. As diversas expedições dominava a cultura e a língua das tribos indígenas
que empreenderam permitiram o acúmulo de locais, amenizou os conflitos entre potiguares e
conhecimentos a respeito do litoral brasileiro, portugueses, o que possibilitou a ampliação da
inclusive da região entre o “Mearim e a foz do colonização naquela região. Concedeu a seus filhos,
Amazonas”, que era praticamente desconhecida pelos Antônio e Matias de Albuquerque, uma sesmaria onde
portugueses. fundaram o Engenho de Cunhaú, o primeiro engenho
do Rio Grande do Norte.
Os franceses procuraram se estabelecer no
Brasil. Eram empreendimentos de “natureza privada”, Enquanto isso, no ano de 1594, Jacques
algumas vezes por particulares que tinham cartas de Riffault comandou uma expedição que rumou para o
corso autorizadas pelo rei da França, mas que Maranhão. Já ambientado com a navegação no Norte
contavam com pouco ou nenhum auxilio do Governo do Brasil, por ter participado da tentativa francesa de
francês. Encontraram sempre a reação do Governo de ocupação do Rio Grande do Norte, além de ter
Portugal e de forças organizadas espontaneamente traficado a leste do Rio Amazonas, estabelecendo,
por portugueses que habitavam o Brasil, inclusive com inclusive, boas relações com as lideranças indígenas,
o apoio de forças navais e tropas espanholas, no “orientou seus compatriotas para a criação de um
período da União Ibérica (1580‐1640). estabelecimento duradouro no Maranhão”. Riffault
associou‐se a um gentil‐homem de Saint‐Maure de
O estabelecimento francês na Paraíba acabou Touraine, Charles des Vaux, que explorou a ilha ainda
redundando em fracasso, quando sofreu o ataque de em 1594, retornando anos depois para a França onde
portugueses, apoiados, no final, por uma força naval divulgou as possibilidades de instalação de uma
comandada por um almirante espanhol, Diogo Flores colônia no Maranhão e destacou as relações pacíficas
Valdez. Os invasores se retiraram para o Rio Grande com os índios, receptivos à evangelização.
do Norte.
Os relatos de Charles des Vaux entusiasmaram
Para desalojá‐los, o capitão‐mor de o monarca francês Henrique IV, que ordenou a Daniel
Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, de La Touche, Senhor de La Ravardière, que
organizou uma expedição, em 1597, e escolheu acompanhasse uma expedição de reconhecimento do
Jerônimo de Albuquerque, o mameluco, para Maranhão. Ao retornar, La Ravardière encontrou a
comandar uma das companhias de infantaria, por França nas mãos da Regente Maria de Médice, pois o
suas boas qualidades de líder guerreiro. Jerônimo era rei fora assassinado em 14 de maio de 1610.
capaz de articular interesses portugueses com a Procurou, então, persuadir a não entusiasmada
cultura dos índios. regente, pelo empreendimento colonial. Argumentou
que os franceses mantinham há muitos anos relações
Expulsos os franceses e seus aliados indígenas, amistosas com os tupinambás e que a região
o Forte dos Reis Magos, que os portugueses ergueram constituía “[...] um ponto estratégico à abertura para
na entrada da foz do Rio Grande, foi entregue a o mar das Antilhas, permitindo interceptar os navios
Jerônimo de Albuquerque. Após pacificar os índios carregados de metais preciosos em regresso à
locais, Jerônimo fundou, em 1599, na margem direita Espanha”.
do rio, um povoado que foi a origem da cidade de
Natal. Em 1603, ele foi nomeado capitão‐mor do Rio Para completar os recursos financeiros
Grande, por seis anos. Ele, de fato, gozava de prestígio necessários à nova expedição para o Brasil, La
na América, não apenas por seus feitos, mas também Ravardière buscou auxílio em outras fontes, visto que
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a regente não se mostrou muito disposta para “[...] Desde o ano de 1608 havia por parte do
empenhar‐se tão a fundo quanto seu esposo admitira Governador‐Geral do Brasil Diogo de Menezes grande
fazê‐lo, subvencionando a expedição”. La Ravardière preocupação com as atividades francesas no
conseguiu a adesão de François de Razilly, gentil‐ Maranhão. O Rei Felipe III (Felipe II, em Portugal)
homem da Câmara do Rei, cuja família mantinha ordenou que Diogo de Menezes enviasse informações
alianças com a famí‐ lia do futuro Cardeal Richelieu. O sobre os acontecimentos naquela região. Este
projeto ganhou a confiança de uma sociedade de ricos despachou Martim Soares Moreno ao Ceará, que
armadores de navios, normandos liderados por combateu um patacho francês que estava aportando
Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy, Barão de Molle e em Mucuripe (atual porto do Ceará) e, mais tarde, em
de Gros‐bois. Partiram, então, com três navios de seu retorno àquela região, fundou um presídio (forte)
Cancale, na Bretanha, em 19 de março de 1612, chamado Nossa Senhora do Amparo. Em 1613, Felipe
chegando ao Brasil em 18 de julho do mesmo ano. O III enviou para o Brasil um novo governador, Gaspar
Régent era comandado por François de Razilly, e nele de Souza, com ordens para tomar providências contra
se encontravam La Ravardière e des Vaux, além do os franceses do Maranhão. Gaspar de Souza se
índio Yacopo, que retornava ao Brasil após ter sido transferiu para Olinda, onde estaria mais próximo do
apresentado à rainha; o La Charlotte era comandado que se denomina atualmente de “Teatro de
por Harlay de Sancy; e, por último, o SaintAnne, Operações”.
comandado por Isaac de Razylli, irmão de François de
Razylli. A expedição foi acompanhada por um grupo Rapidamente Gaspar de Souza iniciou as ações
de missioná‐ rios capuchinhos, entre eles os padres para combater os franceses no Norte do Brasil,
Ivo d`Evreux e Claude D`Abbeville, que mais tarde enviando uma expedição para “[…] o reconhecimento
escreveram sobre o Brasil. Quando chegaram ao do Teatro de Operações e o conhecimento do
Maranhão, lá já se encontravam cerca de 400 inimigo”. Para comandar a expedição, foi designado
franceses, bem como embarcações oriundas do Hâvre Jerônimo de Albuquerque, o “experimentado nas
e de Dieppe. A primeira iniciativa foi a construção de cousas do sertão e dos Índios”, que se tornou o
um forte batizado de São Luís. Havia a intenção de se primeiro nascido no Brasil a comandar uma força
estabelecerem definitivamente e começaram, em naval, em missão tipicamente militar, em 1613, na
seguida, a construir casas, armazéns e a trabalhar a América portuguesa. Tal expedição foi formada por
terra para as plantações. Essa colônia ficou conhecida aproximadamente cem homens e uma flotilha
como a França Equinocial. composta de três ou quatro navios. Esses navios eram
denominados “caravelões”, designação genérica de
Em dezembro de 1612, François de Razylli e o um tipo de navio que era construído na costa do Brasil
Padre Claude D’Abbeville suspenderam do Maranhão de então. É possível que fossem se melhantes a
para a França em busca de mais recursos para o grandes saveiros, embarcações típicas existentes na
processo de colonização. Entretanto, o entusiasmo Bahia, que ainda são construídos muito
demonstrado pelos “cortesãos, comanditários e artesanalmente, sem desenhos, obedecendo a
religiosos não é inteiramente compartilhado pela métodos e unidades de medida, de certa forma
Rainha Maria [...]”. Razylli tinha consciência da semelhantes aos empregados pelos construtores
pressão dos defensores de uma aliança da França com navais portugueses para caravelas, naus e galeões do
a Espanha e das negocia‐ ções em curso para o século XVI e XVII.
casamento de Luís XIII com a infanta espanhola Ana
D’Áustria, que poderiam gerar grandes dificuldades Jerônimo de Albuquerque partiu de Recife em
para a manutenção da França Equinocial. De fato, os junho de 1613, junto com seu filho, Antônio de
recursos adquiridos para a segunda expedição, que Albuquerque, que comandava uma companhia de 50
partiu na Páscoa de 1614, originaram‐se homens. Ao passar pelo Ceará, tomou a seu serviço o
principalmente da iniciativa privada e não do apoio Capitão Martins Soares Moreno. Fundearam no Rio
prestado pela monarquia. Camocin, escolhido como base das operações.
Albuquerque ordenou que Martim Soares, com 25
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homens e sete indígenas, efetuasse reconhecimento Maranhão e, nele entrando, desembarcar na terra
na região. Martim Soares efetuou o reconhecimento e firme, fronteira à aldeia daquele cacique.
destruiu alguns redutos franceses, mas não pôde
Em 21 de agosto, os navios estavam prontos. Sob o
regressar ao Camocin para apresentar os resultados a
comando de Diogo de Campos Moreno, se
Jerônimo de Albuquerque em função das condições
encontraram com Jerônimo de Albuquerque em 26 de
adversas de navegação. Dirigiu‐se para as Antilhas e
agosto. A 5 de setembro, fizeram‐se por mar com as
depois para a Espanha, chegando a Sevilha em 24 de
forças regulares e mais inúmeros guerreiros indí‐
abril de 1614.
genas. Antes de chegar ao Ceará, Jerônimo decidiu
Sem o regresso de Martim Soares Moreno, seguir por terra com os índios, desacostumados a
Albuquerque retirou‐se de Camocin, por considerar a viajar grandes distância pelo mar, até o Forte de
aguada ruim e foi para o Buraco de Tartaruga, ou Nossa Senhora do Amparo, onde novamente se
Jericoacoara, fundando uma pequena fortificação, reuniu com Diogo de Campos Moreno, que havia
Nossa Senhora do Rosário. Em função da escassez de chegado antes. As duas colunas continuaram
alimentos, retornou para Pernambuco por terra, separadas até a foz do Pará‐Mirim, seguindo juntas
ordenando que os navios também regressassem para por mar até o Forte Nossa Senhora do Rosário.
aquela capitania. Manteve o forte guarnecido com 40
Antes de se estabelecerem próximo aos
soldados comandados por seu sobrinho, Gregório
franceses, foi efetuado novo reconhecimento da
Cardoso de Albuquerque.
região pelo Capitão Belchior Rangel, com alguns
Em 25 de maio, chegou a Recife, como seu homens e o piloto Sebastião Martins, que
adjunto, Diogo de Campos Moreno, tio de Martim acompanhou Martin Soares naquela primeira
Soares Moreno, com aproximadamente cem homens, expedição de reconhecimento em 1613. A 26 de
para se unir a Jerônimo de Albuquerque. outubro de 1614, oito embarcações entraram na Baía
de São José, fundeando em Guaxenduba, próximo à
Em Olinda, em 22 de junho, Gaspar de Souza foz do Rio Munim. Foi construído um forte
entregou a Jerônimo de Albuquerque um regimento denominado Santa Maria de Guaxenduba.
nomeando‐o para “Capitão da Conquista e
Descobrimento das terras do Maranhão (provisão de Em 19 de novembro, La Ravardière decidiu
29/5/1613)”. No mesmo dia, Albuquerque partiu por realizar um ataque ao Forte de Santa Maria, com
terra até o Rio Grande do Norte para reunir índios aproximadamente 200 franceses e 1.500 índios.
flecheiros para “Jornada”. Dias depois, foram Conforme Philippe Bonnichon:
enviados dois caravelões para aquela capitania, com
Du Prats e Pézieux, cada qual com um
soldados e mantimentos. contingente de sessenta homens, desembarcariam
sob cobertura de fogo da artilharia dos navios,
Em 24 de julho de 1614, chegou ao porto de
enquanto La Ravardière, com duzentos homens e
Recife um navio com uma carta de Martim Soares
muitos indígenas capitaneados por des Vaux,
Moreno que continha informações referentes ao assaltariam os portugueses pela retaguarda. Mas
efetivo, às fortificações e à força naval dos franceses. estes foram mais rápidos, atacando de surpresa
A partir desse momento, os preparativos da “jornada” para bater separadamente as duas forças
foram iniciados. Com as informações reunidas, Gaspar francesas. A tentativa de desembarque foi
de Souza conversou com os principais comandantes: rechaçada, os franceses lançados à praia, suas
Alexandre de Moura, então Capitão‐Mor de embarcações incendiadas, Pézieux ferido
Pernambuco, Sargento‐Mor Campos Moreno e mortalmente, La Touche de Cavannes, irmão de La
Ravardière, e outros gentis‐homens normandos,
Vicente Campelo, Capitão do Forte de Laje do Recife.
SaintGilles e d’Ambreville, tombaram com a maior
Ficou decidido que, em face da possível aliança parte dos soldados, marinheiros e colonos, entre
com o principal Meratahopa da Ilha do Maranhão, eles Bridon, natural de Dieppe, o mestre Vincent
a força luso‐brasileira deveria seguir até o Rio Guérard e o Ourives Bellanger, de Rouen.
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La Ravardière, tendo em vista o grande portugueses, sempre projetando o Poder Militar por
fracasso da iniciativa militar, ofereceu um armistício meio de forças navais.
de um ano a Albuquerque, que foi assinado e
remetido a ambas as coroas. Havia já uma grande Jerônimo de Albuquerque obteve o auxílio de
indisposição da monarquia francesa em relação à índios, antes um obstáculo à presença lusa na região
França Equinocial, logo os reforços para a empresa Norte, em favor da coroa. O “brasileiro”, em uma ação
francesa no Brasil não foram enviados a La pioneira, comandou uma força naval e teve
Ravardière. A trégua não foi aceita pelo Rei Felipe III, participação relevante na expulsão de invasores
que ordenou nova campanha contra os franceses, franceses. A partir da aplicação do Poder Naval, foi
cujo comando passou para o então Capitão‐Mor de capaz de assegurar aos portugueses o domínio do
Pernambuco Alexandre de Moura. Durante o período Norte do futuro Brasil, permitindo que essa área fosse
de tréguas, Jerônimo de Albuquerque passou para a incorporada à atual configuração do Território
Ilha do Maranhão e fundou o Fortim de São José de Brasileiro. O mérito da conquista e da vitória “tão
Itapari. Os franceses capitularam em novembro de digna de memória” sobre os invasores fez com que
1615, conforme a descrição da historiadora Andréa Jerônimo de Albuquerque acrescentasse em seu
Daher: sobrenome “Maranhão”, vinculando sua própria
identidade à terra que, “a custa do seu sangue e
Em 1º de novembro, antes do término da fazendas”, defendeu.
trégua de um ano, uma armada de nove navios
comandados pelo capitão português Alexandre de
Moura cerca os franceses na ‘grande ilha’,
enquanto as forças comandadas por Jerônimo de
Albuquerque se dirigem, no dia seguinte, para o
Forte de São Luís, onde La Ravardière acaba
rendendo‐se sem resistência.
(PS‐RM2‐OF/2016‐EX) – Leia o texto a seguir.
(A) ingleses.
(B) holandeses.
(C) franceses.
(D) irlandeses
(E) italianos.
Resposta:
(C)
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A Evolução Tecnológica no setor naval na segunda A Proclamação da República tirou da Marinha poder
metade do século XIX e as consequências para a político, situação que se agravou ainda mais com a
Marinha do Brasil. Revolta da Armada de 1893, e, sem poder político, a
Marinha perdeu acesso às verbas para a sua
INTRODUÇÃO atualização.
Ao fim da Guerra do Paraguai( 1864‐ 70),a Marinha do Menos óbvio como justificativa dessa
Brasil era, sem nenhuma dúvida, significativa, só nulificação do Poder Naval brasileiro, mas tão ou mais
sendo superada, em número de bocas de fogo, pelas importante que as anteriores, foi o fato de o Brasil
Marinhas da Inglaterra, Rússia, Estado Unidos e Itália, não ter podido acompanhar a verdadeira revolução
nessa ordem. Poucos anos mais tarde. a Marinha tecnológica que ocorreu no setor marítimo, na
nacional já não tinha qualquer expressão militar. segunda metade do século XIX. A Revolução
As razões para esta decadência são várias. Industrial, que teve início na Inglaterra a partir do final
do século XVIII, só chegou aos navios de guerra na
O enorme esforço financeiro do Império do segunda metade do século XIX, mas, então, as
Brasil durante os anos em que se envolveu em guerras mudanças ocorreram em profundidade e se
externas, muito especialmente na Guerra da Tríplice processaram muito rapidamente.
Aliança contra Solano López. e durante os anos de
turbulência interna, após a Independência, deixou Não resta dúvida que a rapidez das mudanças
arruinada a economia do País. não havendo recursos se deveu, em grande parte, ao desafio do Poder Naval
para a manutenção de uma Esquadra adequada às francês ao Poder Naval hegemônico da Inglaterra.
necessidades de defesa que, no longo do tempo. Esse desafio persistiu, embora de intensidade
puderam ser identificadas: nem a questão das decrescente, até que, em 1886, a posse na pasta da
Missões com a Argentina nem o aumento das tensões Marinha da França do Almirante Théophile Aube, o
no subcontinente sul‐americano, devido às criador de Jeune École, afastou definitivamente a
dissensões entre a Argentina e o Chile sobre a França da disputa pela supremacia naval.
Patagônia e Estreito de Magalhães, levaram o Brasil a Apesar de seu poder de fogo, a Esquadra
um programa de reaparelhamento naval significativo. brasileira de 1870 era tecnologicamente retardatária:
Em Cartas da Inglaterra, Rui Barbosa, 1896, retratou a maioria dos navios, desenvolvidos para o cenário
ou de forma dramática a situação de nossa Marinha, típico do Rio da Prata, eram inadequados para operar
comparando‐a, dentro da lógica da época, com as no mar (pequena borda livre); embora alguns
Marinhas dos demais países do ABC (Argentina‐Brasil‐ dispusessem de propulsão a vapor, usavam ainda a
Chile): “Acabo de ler com tristeza, em um opúsculo roda em lugar do hélice, com todas as desvantagens
recente, o estudo comparativo de nossa armada com daí decorrentes; a grande maioria era de madeira,
a do Chile e a da República da Argentina. Um apenas poucos levavam couraça; boa parte da
confronto há pouco esboçado pelo jornal mais artilharia usada era de canhões de ferro montados
influente deste último país. A Prensa, de Buenos sobre carretas, atirando, através de aberturas feitas
Aires. opõe a cada um de nossos vasos de guerra hoje no casco, projetis sólidos não‐explosivos. Com a
válidos um competidor formidável, deixando, ainda, evolução tecnológica, sua obsolescência foi, pois,
nas sombras, com que compor mais de uma Esquadra, muito rápida.
capaz de medir‐se com nossa.
A indústria naval brasileira – importante
Deus nos dê por muitos anos paz com as desde o período colonial, com a Ribeira das Naus, em
nações que nos cercam. Mas, se ela se romper, é no Salvador, e, já no período imperial, com o Arsenal da
oceano que veremos jogar a sorte de nossa honra. E Corte (hoje Arsenal de Marinha), no Rio de Janeiro,
essa partida não será decidida pelo azar, mas pela ambos capacitados para a construção até mesmo de
previdência. A nulificação de nossa Marinha é, naus, os mais poderosos navios de guerra da época –
portanto, um projeto e começo de suicídio.” não pôde acompanhar as mudanças tecnológicas que
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se sucederam, e entrou em acelerada decadência. É anteriormente, enquadrando‐se, portanto, no escopo
bem verdade que durante a Guerra do Paraguai foi deste trabalho.
feito um considerável esforço par a aquisição de
tecnologia moderna – o sucesso mais expressivo foi a
construção de dois navios – encouraçados e três A PROPULSÃO MISTA: DA RODA AO HÉLICE
monitores encouraçados (no total, foram construídos
seis) que tornaram possível a Passagem de Humaitá, o As transformações resultantes do
acontecimento de maior significação estratégica de desenvolvimento tecnológico no setor naval
guerra – mas esse esforço não teve continuidade, em ocorreram em todas as áreas: na construção naval, na
parte pelas dificuldades financeiras do País, mas, propulsão dos navios, nos seus equipamentos e,
também, porque faltavam as outras condições finalmente, nos seus sistemas de armas.
necessárias para a manutenção de um
Embora os principais desenvolvimentos só
desenvolvimento industrial auto‐sustentável, como
viessem repercutir nos navios de guerra e nas formas
falta de pessoal capacitado, em número suficiente,
de seu emprego na segunda metade do século XIX,
para absorver as novas tecnologias, e dos insumos
eles tiveram origem nas cinco primeiras décadas do
indispensáveis para a industrialização do País (por
século; outros, ainda que tendo aplicação imediata, só
exemplo, pelo fato de o Brasil não haver descoberto
se tornaram de emprego comum após 1850. A grande
carvão em todo o século XIX, que veio substituir a
maioria dos navios de guerra antes desta era de
lenha como principal combustível e era um dos
construção toda em madeira, com propulsão apenas a
elementos essenciais para a fabricação do aço, ficou
vela, armada com canhões de ferro, montados sobre
impossibilitado de industrializar‐se).
carretas, dispostos ao longo dos bordos do navio e
Chegava ao fim, definitivamente, a época em atirando projetis sólidos, das variantes existentes. Um
que uns poucos operários, dispondo de uma bom exemplo de navio típico do final da primeira
tecnologia tradicional, de aprendizado longo mas metade do século XIX é o HMS Victoria, uma fragata
dependente apenas da prática, e de ferramentas three‐decker, isto é, com três conveses, lançada ao
simples, ao alcance de qualquer um podiam construir mar em 1859 – que até 1867 foi o capitânia da frota
os maiores e mais sofisticados navios de guerra inglesa do Mediterrâneo; era um navio construído de
existentes. A partir da revolução tecnológica, o país madeira, propulsão exclusiva a vela, armada com 121
que não se industrializasse não teria mais condições canhões era capaz de liberar 3.016 libras inglesas de
de construir e mesmo de apenas manter Esquadra metal, enquanto o peso total dos tiros de todos os
moderna e eficaz. A famosa Esquadra brasileira de canhões chegava a 6.167 libras, ou seja, pouco menos
1910, conforme veremos, é um exemplo claro de que, de 3 toneladas.
mesmo existindo recursos para a aquisição de navios
A última grande batalha naval envolvendo
modernos e sofisticados, não havendo uma base
apenas navios a vela ocorreu em 1827, na Baía de
industrial capaz de mantê‐los nem competência para
Navarino, quando uma força naval combinada da
operá‐los devidamente, eles muito pouco significarão
Inglaterra, França e Rússia, destruiu a Esquadra turco‐
em termos de verdadeiro Poder Naval.
egípcia, assegurando a independência da Grécia,
Alguns fatos ocorridos na primeira metade do liberada então do domínio turco (Guerra da
século XIX serão aqui citados porque eles foram Independência da Grécia: 1821‐27).
etapas iniciais de processos que tiveram
Na mesma época, as Esquadras argentinas e
conseqüências no setor naval na segunda metade
brasileiras que se defrontavam na Guerra da
desse século; a nossa resenha estender‐se‐á até o
Cisplatina (1825‐28) muito pouco diferiam em termos
início da Primeira Guerra Mundial (1914‐18) porque
tecnológicos dos navios da Esquadra anglo‐franco‐
eventos importantes então decorridos provêm de
turca. A revolução tecnológica só teria lugar alguns
desdobramentos tecnológicos verificados
anos mais tarde, não havendo diferença sensível na
qualidade dos navios das grandes potências e de
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países recém egressos do jugo colonial. As diferenças As limitações do novo sistema de propulsão
eram mais quantitativas do que qualitativas. eram, porém, ainda muito grandes. As Marinhas de
todo mundo, principalmente da Inglaterra, opunham‐
Nesse confronto sul‐ameriacano, sendo o se à construção de navios de guerra a vapor, só
Poder Naval dominante, o Brasil estabeleceu o aceitando este tipo de propulsão para as pequenas
bloqueio do Prata, e a Argentina, de menor Poder embarcações auxiliares, como rebocadores, dragas,
Naval, decretou a guerra de corso contra o comércio etc. As razões para isso eram várias: a precariedade e
marítimo brasileiro. O mais importante combate naval pouca confiabilidade das máquinas a vapor existentes;
da guerra – a Batalha de Santiago – embora uma a dependência ao fornecimento de carvão, nas
vitória tática argentina, cujas perdas foram inferiores viagens maiores, sendo necessário instalar estações
às brasileiras, foi uma vitória estratégica do Brasil, que de reabastecimento de carvão ao longo da rotas dos
conseguiu manter o bloqueio do Prata navios; o uso da roda – o único recursos então
(semelhantemente ao que ocorreria na Primeira existente para impulsionar o navio – tornava os navios
Guerra Mundial, na Batalha da Jutlândia, uma vitória extremamente vulneráveis ao fogo do canhões
tática da Alemanha, mas estratégica da Inglaterra). inimigos, ainda que estes fossem bastantes primitivos,
Embora as perdas argentinas tenham sido menores e tirava o espaço destinado à própria artilharia,
que as brasileiras, os argentinos tiveram o núcleo de reduzindo o poder de fogo do navio; uma certa
sua força naval destruída, ficando ela, pois, a partir hostilidade do pessoal do convés para com os
daí, com o seu valor militar muito reduzido. A maquinistas e foguistas, homens rudes, sempre às
independência da Cisplatina, com o nome de voltas com óleos e graxas.
República Oriental do Uruguai, pôs fim ao conflito,
com o novo país funcionando como um tampão entre A oposição britânica ao vapor fundamentava‐
Argentina e Brasil, “algodão entre dois cristais”, no se ainda na consciência de que a adoção generalizada
dizer de Lorde Ponsomby, embaixador inglês e desse tipo de propulsão, especialmente para os
mediador do acordo de paz. grandes navios de linha, tornaria obsoleta, de um só
golpe, toda a sua Esquadra, a mais poderosa do
As experiências para dotar os navios com a mundo, o trunfo que lhe garantia a condição de nação
propulsão a vapor vinham sendo feitas desde os hegemônica. O Primeiro Lorde do Almirantado
últimos anos do século XVIII, mas as primeiras britânico, Lorde Merville, declarou em 1828:
embarcações práticas a usar o vapor apareceram no
início do século XIX: em 1801, o engenheiro escocês “Os lordes do Almirantado sentem que é o seu
William Symington construiu um pequeno rebocador dever maior desencorajar, até o limite de sua
a roda; em1803, Robert Fulton fez um pequeno barco capacidade, o emprego do navio a vapor, porque
a vapor que navegou no Rio Sena, e, em 1807, já de consideram que a introdução do vapor foi planejada
volta aos Estados Unidos, construiu uma embarcação para dar um golpe fatal na supremacia do império.”
a vapor que fez a viagem de Nova Iorque para Albany
a uma velocidade de 4 nós. Em 1812, Fulton começou Entretanto, o desfio naval francês,
o projeto do primeiro navio de guerra a vapor, a encabeçado pelo brilhante oficial de artilharia Henri
Fragata USS Demologos, um catamarã com a roda Paixhasn ‐ que, desde 1822, antecipava a revolução
entre os seus dois cascos (a roda ficava mais que seria criada com a adoção do vapor e das
protegida, mas o navio tinha pouca manobrabilidade); granadas explosivas (desde 1830 os franceses, com o
ela tinha 156 pés de cumprimento e era armada com Aviso Sphinx, adotaram o vapor) – levaria o
24 canhões 32 pounder, a fragata só foi completada Almirantado a ir revendo as suas posições. Assim é
em 1815, após o fim da Segunda Guerra de que em 1837 eles lançam o seu primeiro navio de
Independência dos Estados Unidos e a morte de guerra com propulsão a vapor, a Chalupa HMS
Fulton; em 1829 foi destruída por uma explosão do Gorgon, com propulsão mista, a roda, armada com
seu paiol. dois canhões na linha longitudinal do navio, um
avante e outro a ré.
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Pouco tempo depois, em 1839, apareceram as Alecto, a roda. As provas de velocidade, realizadas em
granadas explosivas, desenvolvidas por Paixhans; os diversas condições de tempo e de mar, foram todas
navios passaram a dispor de canhões que atiravam os vencidas pelo navio a hélice, assim como a prova final
projetis sólidos convencionais e de canhões que – “um cabo de guerra”.
atiravam as granadas explosivas. Desde o final do
século XVIII que a França e a Inglaterra faziam Enquanto os ingleses experimentavam, os
experiência com esse tipo de granadas mas, devido à franceses inovaram: em 1845, colocavam em serviço a
atitude do pessoal de Marinha contra a granada sua primeira fragata a hélice, a Pamone, três anos
explosiva – que consideravam tornaria a guerra antes que os ingleses adotassem o hélice para suas
“pouco cavalheiresca” – os desenvolvimentos foram fragatas. A Pamone dispunha de motor horizontal de
lentos. À medida que os navios foram se tornando 2 cilindros de 22HP, usava hélice Ericsson, e era capaz
imunes à artilharia da época, esse preconceito foi de desenvolver 7 nós. Na época, as fragatas
desaparecendo. desempenhavam o mesmo papel que, bem mais
tarde, os cruzadores desempenhariam.
Embora as primeiras experiências com hélice
datassem de 1825, só em 1842 os franceses lançaram Em 1846 são construídos e testados os dois
o primeiro navio com hélice, o Aviso Corse, com primeiros canhões com alma raiada e carregamento
propulsão mista, que alcançou 12,4 nós de pela culatra (o engrazamento do projétil cilíndrico nas
velocidade. No ano seguinte, os ingleses lançaram a ranhuras do tubo alma tornava complicado o
Escuna HMS Rattler, de propulsão mista, a hélice, já carregamento pela boca, daí a necessidade do
com os motores a vapor de dois cilindros (até 1839 carregamento pela culatra, além, é claro, da maior
todos os motores eram de apenas um cilindro). rapidez de tiro propiciada pelo carregamento pela
culatra.). Estes canhões, produzidos pelo Major
No Brasil, o Arsenal da Corte construiu, em Cavalli, oficial da artilharia da Sardenha, e pelo Barão
1843, a primeira embarcação a vapor feita no País, a Wahrendorf, mestre ferreiro sueco, não foram
Barca Tetis, com deslocamento de 240 toneladas. Os adotados por nenhuma Marinha de expressão, apesar
motores e caldeiras foram importadas da Inglaterra. de terem alcançado excelentes resultados nos testes.
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motores de maior velocidade, foi necessário colocar o circunstâncias, ficara comprovado, a independência
motor e o hélice desse navio uma engrenagem em relação ao vento era fundamental para a Marinha
redutora, para conciliar o melhor rendimento do de Guerra. O Ministro da Marinha, Conselheiro Vieira
motor (alta velocidade) com o melhor rendimento do Tosta, em seu relatório de 1852, insiste na
hélice (baixa velocidade); com isso foi possível usar necessidade do aumento de número de navios a
caldeiras com maior pressão, dando mais eficiência ao vapor para a Esquadra, apoiando a sua argumentação
sistema propulsor como um todo; em termos na experiência de Tonelero.
estruturais, o Agamenmon era um three‐decker –
navio de três conveses – armado com 91 canhões Em 1852, começam chegar do exterior os
(contra 90 do Napoléon). brasileiros enviados pelo governo para se
especializarem em estaleiros europeus nas novas
Na América do Sul, em meados do século XIX, tecnologias ligadas à construção militar. Napoleão
as tentativas argentinas para reviver o Vice‐Reinado Level e Carlos Braconnot eram civis que trabalhavam
do Prata – a Argentina considerava‐se herdeira da no Arsenal da Corte e que se especializaram,
Espanha – e a forte oposição do Império do Brasil a respectivamente, em construção naval e máquinas.
essa pretensão, mantinham vivas as tensões no sul do Com eles chegaram ao Brasil técnicos estrangeiros
continente. Em virtude disso, o Brasil procurou para trabalhar nas oficinas do Arsenal. As
fortalecer o seu Poder Naval, não só construindo em conseqüências dessas medidas logo se fariam sentir,
estaleiros nacionais alguns navios com propulsão conforme veremos.
mista, a roda – em 1850 e 1851 são construídos três
vapores nos estaleiros da Ponta da Areia e da Saúde – Em 1853, há o primeiro teste real das
mas, também colocando encomendas no exterior – granadas explosivas. Na Batalha Naval de Sinope, na
em 1848 é incorporado o primeiro navio de guerra a guerra entre a Rússia e a Turquia, a frota russa – cujos
vapor, a Fragata Dom Afonso, a roda, construída na navios, na maioria, eram armados com canhões
Inglaterra. Paixhans, ainda de alma lisa, mas já fazendo uso das
granadas explosivas – sob o comando do Almirante
O apoio ostensivo de Rosas, ditador argentino, Nakhimov, atacou e destruiu um esquadrão naval
a Oribe que, em oposição ao governo legal do turco, sob o comando do Osman Pasha, cujos navios
Uruguai, pretendia assumir o poder para unir‐se à não dispunham de canhões capazes de atirar as
Argentina, numa “associação de iguais” (sic), levou a granadas explosivas. Apesar de esmagadora
Argentina e o Brasil à guerra – conhecida entre nós superioridade naval russa – que alinhava seis navios
como a Guerra Contra Oribe e Rosas (1851‐52). Sob o de linha, duas fragatas e três vapores – contra os
ponto de vista naval, o fato mais importante do turcos – que dispunham de sete fragatas, três
conflito foi a Passagem de Tonelero pela Esquadra corvetas e dois vapores – o rápido massacre dos
brasileira. A passagem havia sido fortificada com 16 turcos foi atribuído pelos analistas ao terrível efeito
peças de artilharia e 2 mil homens; para que as forças das granadas explosivas sobre os navios de madeira.
brasileiras, provenientes da Colônia de Sacramento,
pudessem chegar a Diamante, no Rio Paraná, e daí A Batalha da Baía de Sinope não só
atacar as forças de Rosas, seria necessário transportá‐ demonstrou a eficácia das granadas explosivas, mas
las além de Tonelero. Os vapores brasileiros Dom deixou claro que, dali para frente, impunha‐se
Afonso, capitânia de Grenfell, e mais o Pedro II, o proteger os navios usado couraças.
Recife e o D. Pedro, rebocando duas corvetas e um EXERCÍCIOS:
brigue, estes três a vela, tiveram êxito nessa
passagem e as tropas brasileiras puderam atacar e 1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) De acordo com Vidigal (2000), a
derrotar, em Monte Caseros, as tropas de Rosas, vitória do Brasil na guerra contra Oribe e Rosas da
pondo fim ao conflito. Argentina deveu‐se muito pelo aumento das bocas de
fogo da Esquadra brasileira comandada por Grenfell,
Com isso, cessaram todas as restrições que se frente às peças de artilharia instaladas ao longo do rio
faziam no Brasil ao emprego do vapor; em certas
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Paraná, propiciado por um fator estratégico utilizado fortalezas, não só devido à fragilidade de navios de
na Passagem de Toneleiro. Assinale a opção correta, madeira sem couraça mesmo em face dos projetis
que reflete a ação tomada pelo então Chefe naval do sólidos, mas, também, à pouca eficácia dos canhões
Brasil, que contribuiu de forma decisiva para a navais contra as poderosas defesas das fortalezas.
finalização desse conflito.
Os franceses foram os primeiros a reagir às
lições de Sinope. Em 1855, desenvolveram um tipo
especial de embarcações para enfrentar os fortes de
(A) A utilização dos vapores brasileiros Dom Afonso, terra; conhecidas como “baterias flutuantes” eram
Pedro ll, Recife e Dom Pedro rebocando duas corvetas embarcações de fundo chato, para operar em águas
e um brigue, estes três a vela, propiciando a rasas, próximas à terra, construídas de madeira mas
independência do vento dos navios a pano e aumento protegidas com couraças de ferro forjado de 4,5
das bocas de foco destes, mais numerosas. polegadas de espessura, montadas sobre placas de
(B) A utilização dos navios encouraçados Barroso e madeira (teca) de 18 polegadas de espessura; esta
Tamandaré, ambos a vela, que dispunham de mais couraça fora planejada para resistir aos canhões
bocas de fogo do que os tradicionais navios a vapor, típicos da época, os 68 ‐ pounder de alma Iisa. Nesse
propiciando maior efetividade no combate frente as mesmo ano, as três Baterias Flutuantes Dévastacion,
pecas de artilharia de nosso opositor portenho. Love e Tonnante, que dispunham de propulsão a
vapor capaz de deslocá‐las a uma velocidade de 2 a 3
(C) A utilização dos navios de propulsão a hélice nós, foram rebocadas para o Mar Negro por fragatas
Amazonas e Ypiranga, que eram independentes do de propulsão mista, a roda, e, compondo um
regime de ventos e utilizavam suas poderosas baterias esquadrão anglo‐ francês com outros navios
de canhões que atiravam as projetis sólidos tradicionais, tiveram a missão de neutralizar o forte
convencionais, e canhões que atiravam as granadas russo de Kinbum, na foz do Dnieper. Enquanto os
explosivas. navios de madeira, sem proteção, davam apenas fogo
de apoio e engajavam algumas baterias periféricas do
(D) A utilização dos navios o de propulsão mista Sete
forte, os navios com couraça ficaram estacionados a
de Setembro e Taquari, com suas numerosas bocas de
algumas milhares de jardas do forte e depois de 4
foco, independentemente do regime de ventos, os
horas de bombardeio, o forte russo, que usara contra
quais eram um tipo de embarcação especial,
as baterias flutuantes tanto projetis sólidos como
conhecida coma bateria flutuante, para enfrentar os
granadas explosivas, foi forçado a se render (45
fortes de terra.
mortos e 130 feridos), enquanto as três embarcações
(E) A utilização das canhoneiras couraçadas a vela encouraçadas sofreram apenas avarias insignificantes;
Pedro Afonso e Forte de Coimbra que, apesar da os tiros sólidos do forte ricocheteavam na couraça e
dependência do regime de ventos, eram embarcações as granadas explosivas, explodindo contra a couraça,
poderosas em poder de fogo, devido ao fato de não produziam nenhum dano. A partir daí não mais se
possuírem baterias de canhões em ambos os bordos. podia duvidar da eficácia da couraça para os navios de
guerra e ficava claro que a tecnologia se voltaria para
Resposta: A o melhoramento dos canhões e dos projetis usados.
Ficou fácil perceber que a granada explosiva só seria
A GUERRA DA CRIMÉIA E SUAS LIÇÕES.
eficaz contra a couraça se pudesse perfurá‐la e
A Guerra da Criméia (1854‐56) traria alguns explodir na parte vulnerável dos navios; para isso, o
importantes ensinamentos para a guerra no mar. projetil deveria ser cilíndrico e ter ponta (ogiva); com
os canhões de alma lisa, o projetil ao deixar o tubo
Ela representou excelente oportunidade para alma do canhão tinha uma trajetória muito instável
uma reavaliação dos confrontos, tão freqüentes à (dando verdadeiras cambalhotas), não se podendo
época, entre navios e fortalezas de terra; até então, garantir que ele acertaria aonde se queria e muito
esse confronto era francamente favorável às mesmo que ele bateria de ponta no alvo; a alma
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raiada, já testada e aprovada desde 1846, conforme já região (houve ruptura das relações diplomáticas entre
vimos. seria a solução para este problema. os dois países em 1853), estimulou maiores
investimentos no Poder Naval brasileiro,
Ainda nesse mesmo ano, o bombardeio de principalmente em termos de preparação de mão‐de‐
Sebastapol por um esquadrão inglês, do qual fazia obra qualificada.
parte o Agamemnon e outro navio da mesma classe,
mostrou o valor da propulsão a vapor, já que os dois Os ingleses não tardaram a copiar os navios
navios de propulsão mista, diferentemente dos navios encouraçados franceses que tão bom desempenho
a vela, podiam se posicionar convenientemente em haviam tido contra os fortes de Kinburn, mas logo
relação aos pontos a serem atacados, dando mais depois procuraram superá‐los, lançando ao mar
eficácia ao bombardeio, indiferentes à direção do quatro navios com couraça ‐ HMS Thunderbolt, o
vento. Terror, o Aetna e o Erebus – todos em 1856; embora
não se possa dizer que esses navios fossem de linha,
No que se refere à guerra de minas, os russos eles foram os precursores dos modernos navios de
usaram a minagem defensiva para a proteção dos guerra, sendo os primeiros navios a combinar casco
portos de Sebstopol, Sveagorg e Kronsadt, usando de ferro, couraça e propulsão a vapor.
minas de contato, isto é, que explodiam quando
atingidas pelo casco de um navio. Os fusíveis dessas Ainda em 1856 os ingleses desenvolvem o
minas, provavelmente desenvolvidos por Alfred canhão Armstrong, com carregamento pela culatra,
Nobel, consistiam em tubos de vidro cheios de ácido alma raiada, capaz de disparar pojetis cilíndricos com
sulfúrico; quando quebrados pelo casco de um navio, ogiva, providos com cinta de chumbo para que
liberavam o ácido que então se misturava com clorato pudessem engrazar nas ranhuras do tubo alma. O
de potássio e açúcar, gerando calor e chamas canhão Armstrong, que só seria usado a bordo alguns
suficientes para provocar a explosão da mina. anos mais tarde (1860), consistia num tubo alma no
qual um número de jaquetas eram vestidas a quente
Já apontamos que durante a Guerra da e, após o resfriamento, elas encolhiam e formavam
Cisplatina os navios argentinos e brasileiros eram uma unidade sólida com o tubo alma. Desta forma, o
muito semelhantes aos seus contemporâneos que canhão ia tendo sua resistência aumentada, da boca
lutaram em Navarino. Agora pelo contrário, os navios para a culatra. O tubo alma era raiado internamente
de linha da frota anglo‐franco‐turca na Criméia eram no sistema de múltiplas ranhuras (grande número de
tecnologicamente muito superiores aos navios de ranhuras rasas). O bloco de culatra, uma peça sólida
Navarino, embora muito pouco afastados no tempo. de ferro forjado, furada e com ranhura, era encaixado
O Brasil procurava compensar o seu atraso a quente na parte oposta à boca; um rasgo aberto
tecnológico tanto adquirindo navios no exterior – em através dela e da jaqueta acima permitia que uma
1852, chega ao Brasil a Fragata de propulsão mista, a cunha fosse inserida, fechando esta extremidade do
roda, Amazonas; em 1854, recebe da Inglaterra os tubo alma; a cunha era mantida no lugar por um
primeiros navios a hélice (quatro canhoneiras); em parafuso vazado que antes da colocação da cunha
1856, mais três – como construindo no Brasil – 1854 permitia o carregamento do canhão. Este sistema
inicia a construção da Canhoneira Ipiranga, que seria mostrar‐se‐ia propenso a causar acidentes.
o primeiro navio a hélice construído no País (projeto Dois anos mais tarde, a Marinha francesa
de Napoleão Level, executado no Arsenal da Corte; as adota o sistema de culatra com ranhura interrompida
máquinas e as caldeiras, sob a supervisão de Carlos (quatro seções separadas); a alavanca de operação
Braconnot, foram construídas também no Arsenal) A primeiro levava o bloco para dentro da culatra e
Ipiranga participaria da Batalha Naval do Riachuelo. depois girava‐o 1/8 de volta, fazendo com que as
O agravamento das relações do Brasil com o ranhuras do bloco engrazassem com as da culatra,
Paraguai, conseqüência das divergências quanto a ficando o bloco assim travado.
questões de fronteiras e livre navegação nos rios da
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Também na Alemanha o carregamento pela de peso assim conseguida permitiu que o navio
culatra mereceu a atenção dos técnicos, começando o recebesse uma cinta couraçada de 4,7 polegadas de
desenvolvimento do sistema Krupp, usando, como o espessura, fabricada por Creusot. O armamento do
Armstrong, um sistema de cunha, mas sem os Gloire consistia em 36 canhões de um novo modelo
inconvenientes do sistema inglês. 66‐pounder, carregamento pela culatra, alma raiada,
atirando projetis explosivos, 34 deles ao longo da
Com fracasso da missão diplomática do borda do navio e dois montados em pivôs. Um dos
Almirante Pedro Ferreira de Oliveira, enviado à três navios da mesma classe tinha casco de ferro, o
Assunção pelo governo brasileiro, logo após a Couronne, lançado em 1860.
interrupção das relações diplomáticas entre os dois
países (1853), um novo impulso para a renovação do No ano de 1859 tem início a construção dos
Poder Naval brasileiro teve lugar. Em 1857, é iniciada primeiros navios de linha dotados de aríete que,
no Arsenal da Corte a construção da Corveta Niterói, breve, seria uma característica de todos os
até então o maior navio de propulsão a vapor encouraçados da época; projetados por Dupuy de
construído no Brasil; o navio seria dotado com Lôme, são lançados em 1861 o Magenta e o Soferino,
canhões de alma raiada. Por dificuldades técnicas a bastante semelhantes ao Gloire. A ineficiência dos
construção arrastou‐se até 1863. canhões da época contra os navios encouraçados
valorizou o aríete que, se supunha, podia atingir os
À luz da experiência adquirida quando da navios inimigos abaixo da linha d’água, na parte não
missão diplomática enviada à Assunção – com protegida pela couraça.
exceção de um pequeno vapor em que viajou o chefe
da missão, todos os navios da força naval brasileira Os ingleses reagiram ao desafio francês do
não puderam subir o Rio Paraguai porque calavam Gloire lançando ao mar, em 1860, o HMS Warrior, que
muito – Tamandaré recebeu o encargo de adquirir na é o primeiro navio de linha com casco de ferro.
Europa canhoneiros que pudessem navegar no Prata e Embora fosse lançado um pouco antes do Couronne,
dispusessem de couraça em face da existência de este foi incorporado primeiro. É um navio de
muitos fortes nas margens do Rio Paraguai; como propulsão ainda mista, mas a propulsão a vapor é
resultado, são recebidas, no ano de 1858, duas agora a principal, e não apenas um complemento à
canhoneiras construídas na França e sete na propulsão a vela. O Warrior deslocava 9.210 toneladas
Inglaterra, todas a vapor e a hélice, com pequeno e dispunha de couraça de 4,5 polegadas de espessura.
calado para operarem nos rios do Prata. Conforme Inicialmente, o navio era dotado com canhões de
aponta em seu relatório para o Ministro da Marinha, alma lisa, carregamento pela boca, montados sobre
Tamandaré, no que diz respeito à couraça, inspirou‐se carretas, mas eles foram sendo substituídos por
no bombardeio do Kinburn pelas baterias flutuantes canhões de alma raiada.
francesas.
Neste ponto da evolução dos navios de
Os franceses, em 1859, lançaram ao mar o guerra, duas considerações são importantes.
Gloire, uma fragata de 5.600 toneladas, a primeira de
uma classe de três navios construídos de madeira mas Tanto o Gloire como o Warrior eram ainda
dotados de couraça, projetadas por Dupuy de Lôme. armados com canhões fixos, alinhados nos bordos dos
Eram navios de propulsão mista a hélice (inicialmente navios, como os navios mais antigos do período da
o Gloire só dispunha de mastro de sinais mas depois vela. A época das barbetas e torres ainda não havia
recebeu toda a aparelhagem para vela), capaz de chegado, embora, já nessa época(1860) o canhão
desenvolver, só com o vapor, 13,5 nós. A mais Armstrong tivesse sido introduzido a bordo dos navios
significativa mudança no Gloire estava na sua britânicos.
artilharia, toda ela concentrada numa única fileira de A insistência das Marinhas na propulsão
poderosos canhões (pelo fato de todos os canhões mista, mantendo ainda nos navios toda a
estarem num único convés do navio, apesar de seu aparelhagem para a propulsão a vela, como no Gloire
tamanho, foi classificado como fragata). A economia
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e no Warrior, decorria de uma série de circunstâncias. avançados quando comparados com os demais navios
Esses navios eram destinados às grandes viagens do período.
marítimas, com extensos cruzeiros abrangendo áreas
onde os pontos para reabastecimento de carvão em Recuperando uma fragata que havia sofrido
poucos, ficando muito afastados um dos outros, e, um grave incêndio, os confederados transformaram‐
além disso, as máquinas então disponíveis eram na num navio encouraçado – o Virgínia que,
deficientes e quebravam freqüentemente, daí o entretanto, passaria para a história com o seu antigo
conservadorismo dos que não queriam abrir mão da nome Merrimack. O navio era dotado de uma
vela. A ordem “Chaminés para baixo; hélice para casamata, construída com traves de carvalho
cima” (“Down funnel; up screw”), que assinalava revestidas com trilhos de estrada de ferro e placas
numa viagem a passagem da propulsão a vapor para a metálicas; seu armamento consistia em três canhões
vela, tão freqüente à época, refletia uma situação de 9 polegadas, de alma lisa, e de um canhão de 6, de
bastante comum; os navios mistos eram alma raiada, montado em pivô, todos os canhões
essencialmente navios a vela que, ocasionalmente, passando através de aberturas existentes na casamata
usavam o vapor. No Brasil, por exemplo, que e atirando granada explosivas; ainda na casamata,
importava todo o carvão consumido pelos navios de existiam dois canhões de 7 polegadas, um atirando
Cardiff, na Inglaterra, era o próprio Ministro da para vante e outro para ré; o avio dispunha de aríete,
Marinha que autorizava os trechos da viagem em que de ferro, que se projetava 2 pés abaixo da linha
a propulsão a vapor podia ser usada. d’água. A velocidade era muito baixa, de apenas 2 ou
3 nós.
À medida que as estações de reabastecimento
foram sendo instaladas por todo o mundo e as Por sua vez, a União desenvolveu o Monitor,
máquinas a vapor ganhavam em desempenho e projeto de Ericsson, verdadeiramente revolucionário;
confiabilidade, a situação começou a mudar. tinha casco e madeira revestido de couraça; a meia
Entretanto, foi só quando o aumento do peso dos nau foi instalada uma torre rotativa, a primeira a ser
armamentos e das couraças comprometeu a instalada num navio, com dois canhões de 11", à
estabilidade dos navios, reduzindo a borda livre de tal época o maior calibre embarcado; o seu convés,
modo que eles não mais podiam levar, sem risco, o exceto pela torre e por uma capuchana onde se
peso alto representado pelos mastros e seus abrigava a pessoa responsável pelo governo do navio,
aparelhos, ou suportar o momento de adernamento era totalmente desimpedido; devido ao peso da torre
provocado pela pressão do vento sobre o velame do o navio tinha pequena borda livre, não sendo, pois,
navio, que a vela foi finalmente abandonada. Um projetado para operar em alto‐mar mas apenas em
acidente trágico contribuiu para por um ponto final na águas protegidas; sua velocidade era da ordem de
propulsão a vela. 5nós.
Inicialmente, o Merrimack atacou os navios da
União que bloqueavam o Rio Chesapeake, afundando
AS BATALHAS DE HAMPTON ROADS E LISSA a Fragata a vela Congress a tiros de artilharia e a
Chalupa Cumberland com o seu aríete; os três navios
remanescentes fugiram, abrigando‐se em águas rasas
Em 1861, teve início a Guerra de Secessão nos onde o Merrimack não pode ir. Na manhã seguinte,
Estados Unidos, que se prolongaria até 1865; esta com a chegada do Monitor ao local, iniciou‐se um
guerra foi rica de ensinamentos relativos à guerra no duelo de artilharia entre os dois encouraçados; após
mar, em especial os decorrentes da Batalha de cerca de 7 horas de combate, a situação permanecia
Hampton Roads (1862), onde, pela primeira vez, dois indecisa, um navio não conseguindo perfurar a
navios encouraçados a vapor se defrontaram – couraça do outro. A retirada do Merrimack para
surpreendentemente para a época os dois navios Norfolk pôs um ponto final à batalha. Duas tentativas
eram exclusivamente acionados a vapor, muito posteriores foram feitas pelo navio confederado para
enfrentar o Monitor, mas este, obedecendo
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instruções do Congresso, recusou sempre o combate; explodiu, afundando imediatamente; os demais
temia‐se que uma avaria mais séria no Monitor navios pararam e estabeleceu‐se a desordem na
deixasse o caminho livre para o Merrimack subir o coluna, com os navios se embaralhando e um
Potomac até Washington. bloqueando a linha de tiro do outro. A grito dos vigias
de “torpedos” (até, aproximadamente, 1870, nas
O combate demonstrou que as couraças minas eram chamadas de torpedos), Farragut salvou o
usadas eram invulneráveis tanto aos projetis sólidos dia, mandando que todos os navios avançassem
como às granadas explosivas, quer disparados por apesar das minas: “Danem‐se os torpedos. Toda a
canhões de alma raiada. Era claro que chegava ao fim velocidade adiante”. Desta forma, e graças ao
a construção de navio de madeira se proteção de deficiente sistema de disparo das minas usadas, ele
couraça e que seria necessário desenvolver sistemas pôde forçar a estratégica passagem, apesar da
de armas mais eficazes. A ineficácia dos canhões oposição de uma força naval sob a proteção de
empregados chamou a atenção para a importância do fortaleza de terra, como já ocorrera na Guerra da
aríete, que podia atingir os navios abaixo da linha Criméia, e, ainda existência de campo minado.
d’água, onde não chegava a couraça (o afundamento
da Chalupa Cumberland pelo aríete do Merrimack Foi também na Guerra de Secessão que o
reforçava a idéia), mormente porque o advento do primeiro navio de guerra de porte, o Encouraçado USS
vapor facilitava muito as manobras para o Cairo, foi afundado, em dezembro de 1862, por ação
abalroamento. de mina.
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A Esquadra italiana – a Itália era aliada da autopropulsado, arma que, após uma série de
Prússia ‐, sob o comando do Almirante Conde Carlo di aperfeiçoamentos, iria revolucionar a guerra no mar.
Persano, quando escoltava um comboio de tropas que O primeiro torpedo tinha um motor de ar comprimido
atacariam a Ilha de Lissa, no Mar Adriático, avistou a que lhe imprimia uma velocidade de 6 nós, e dava‐lhe
Esquadra austríaca, sob o comando do Almirante Von um alcance de apenas 300 jardas; transportava uma
Tegetthoff, vindo para o ataque. Ambas as Esquadras carga de dinamite de 18 libras no nariz.
eram constituídas de navios com canhões na borda,
que já se tornavam obsoletos, sendo a única exceção A partir de 1867 o vapor passa a ser usado a
o navio italiano Affondatore, que dispunha de torreta bordo para acionamento de máquinas auxiliares, com,
com dois canhões de alma raiada de 9.75” e, também, por exemplo, para a geração de energia elétrica,
de aríete – sem dúvida, o mais poderoso navio que movimentação de guindastes, paus de carga e
participou da batalha (recém‐saído do estaleiro cabrestantes, tiragem forçada das caldeiras (o que
construtor na Inglaterra, o navio não tinha reais permitia maiores razões de combustão) e para uma
condições para o combate). A frota austríaca, melhor ventilação dos compartimentos habitáveis do
numericamente superior, tinha a maioria de seus navio. Uma verdadeira revolução, que quase não é
navios com propulsão a hélice, mas sem couraça; seus percebida na atualidade.
navios encouraçados Erzherzog Ferdinand Max e
Habsburg ainda não tinham recebido os novos
canhões Krupp, tendo como armamento principal os A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTINUA
velhos canhões na borda, 56‐pounder, de alma lisa,
Na América do Sul, prosseguia a Guerra da
praticamente inúteis contra as couraças italianas; os
Tríplice Aliança contra o Paraguai. Apesar da
outros cinco navios da frota só dispunham de canhões
esmagadora vitória brasileira em Riachuelo, a
64‐pounder, de carregamento pela culatra e raiados, e
Esquadra não pôde prosseguir rio acima porque, antes
56‐pounder de alma lisa. A artilharia da frota italiana
do conflito, os paraguaios haviam feito construir
era muito superior à da austríaca; embora seus
modernas fortalezas, entre as quais Humaitá, nas
canhões seus canhões fossem também na borda,
margens do Rio Paraguai; numa região alagadiça
eram de alma raiada. Inferiorizados na artilharia, os
como aquela, o rio era a única via disponível para o
austríacos resolveram fazer uso da tática de aríete. O
apoio logístico das forças em operação e o livre acesso
Encouraçado italiano Red d’Italia foi afundado dessa
a ele era, pois, indispensável. Com os navios que, em
maneira; o Palestro, atingido por uma granada na
1865, compunham a Esquadra brasileira a
popa, explodiu.
neutralização das fortalezas era, porém, impossível;
No momento em que, incontestavelmente, a navios de madeira, conforme já foi aqui apontado,
couraça mostrava‐se decididamente superior ao não podiam enfrentar fortalezas equipadas com a
canhão e se atribuía ao aríete enorme valor, impunha‐ artilharia da época.
se que o maior número possível de canhões da bateria
Foi assim necessário que o Arsernal da Corte
principal pudesse atira pela proa, já que o navio que
desenvolvesse a tecnologia adequada e construísse os
tentava alcançar o outro com aríete tinha que avançar
navios com couraça que pudessem forçar a passagem
de proa para o inimigo e era importante que o fizesse
da Esquadra para além de Humaitá, conforme as
com os seus canhões atirando.
lições da Guerra da Criméia (o bombardeio do forte
Com o lançamento ao mar em 1866 da de Kinburn e de Sebastopol já comentados) e, as mais
Fragata HMS Pallas, a máquina a vapor de dupla recentes, da Guerra de Secessão nos Estados Unidos
expansão é usada em navios de maior porte; (David Farragutt em Mobile). Já vimos que a partir de
anteriormente (1862) ela fora usada numa escuna. 1865 a Marinha construiu um número considerável de
navios.
No ano de 1867, o oficial de Marinha
austríaco Johann Luppis e o inglês Robert Whitehead Os projetos dos encouraçados e dos
desenvolvem o projeto do primeiro torpedo monitores encouraçados, conforme apontado
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anteriormente, eram de Napoleão Level, e as Tomb. Para proteção dos navios contra as minas
máquinas instaladas foram de projeto e construção derivantes, ele adotou redes de proteção, colocadas
nacional, a cargo de Carlos Braconnot. junto aos navios fundeados, e estabeleceu um sistema
de escaleres tripulados para a patrulha dos rios, com o
Os monitores encouraçados eram de propósito de encontrar e desviar as minas lançadas.
construção mista de madeira e ferro (os vaus eram de Apesar dessas medidas, durante o bombardeio de
ferro) e levaram couraça de ferro; sua única propulsão Curuzu pelas forças navais brasileiras (1866), o
era a vapor; dispunham de um canhão montado em Encouraçado brasileiro Rio de Janeiro foi atingido por
torre giratória, na linha de centro do navio, na forma uma mina e afundou, com boa parte de sua
de um prisma retangular com duas faces circulares tripulação.
(menor peso); tinham pequeno calado e ótimo
manobrabilidade graças aos dois eixos propulsores. O reconhecimento do valor da couraça
Em três monitores – Ceará, Piauí e o Santa Catarina – aumentava em toda a parte; com evolução dos
o canhão era de 120 mm; nos outros, o canhão era de canhões e dos projetis impunha‐se o uso de couraças
70 mm. cada vez mais espessas: a partir de 1868 as couraças
dos navios de linha passaram a ter até 9 polegadas de
O projeto desses monitores era totalmente espessura, ainda de ferro.
baseado no projeto do seu ilustre antecessor da
Guerra de Secessão, o Monitor. A preocupação com o uso de aríete levou,
conforme já aqui assinalado, a esforços para dar aos
Em fevereiro de 1868, a passagem foi forçada navios uma clara linha de tiro pela proa; dentro desse
pelos navios encouraçados (ironclad) Barros, Bahia e espírito, é lançado ao mar, em 1868, o HMS Hércules,
Tamandaré, cada um levando a contrabordo, por armado com uma bateria central de oito canhões de
bombordo, um monitor couraçado, respectivamente, 10 polegadas, quatro dos quais instalados sobre
o Rio Grande, o Alagoas e o Pará; as conseqüências da plataformas rotativas nos cantos da cidadela avante,
rendição da fortaleza de Humaitá pouco depois, em permitindo que eles pudessem cobrir um arco de tiro
julho, foram quase imediatas: em janeiro de 1869 as indo da proa até a alheta; o navio dispunha ainda de
tropas aliadas ocupam a capital inimiga; a guerra dois canhões de 9” e quatro de 7”, metade deles
ainda prosseguiu mais um tempo, até março de 1870, atirando para vante, metade para ré.
mas já decidida, com as tropas da Tríplice Aliança
perseguindo implacavelmente, através do território
paraguaio, as desorganizadas mas aguerridas tropas
de Solano López. A GUERRA FRANCO‐PRUSSIANA
Durante o conflito da Tríplice Aliança, os No ano de 1870 tem lugar a Guerra Franco‐
paraguaios lançaram mão da guerra de minas, sob Prussiana última etapa do processo de unificação da
inspiração da Guerra da Secessão. Para tanto, Alemanha, sob a liderança da Prússia de Bismarck. Foi
contrataram um ex‐oficial da Marinha dos Estados um conflito exclusivamente terrestre, sendo decidido
Unidos, Thomas H. Bell, que produziu minas no muito rapidamente na batalha de Sedan; a
Arsenal de Assunção. As minas ali desenvolvidas incontrastável superioridade naval francesa – a França
consistiam num recipiente vedado, cheio de pólvora, era o Poder Naval de desafiava o Poder Naval
preso a um flutuador, com um sistema mecânico de hegemônico da Inglaterra – não teve nenhuma
disparo. As minas eram lançadas rio abaixo contra os influência na guerra. Pode‐se tirar disso uma
navios brasileiros. importante lição: para que o Poder Naval possa
exercer todas as suas capacidades é indispensável que
Para se prevenir contra este tipo de guerra, o a guerra tenha certa duração, conforme já ficara claro
Brasil contratou por sua vez um engenheiro norte‐ na Guerra Austro‐Prussiana, quando a derrota no mar
americano que durante a guerra civil, servira à dos italianos, aliados da Prússia, não teve
Marinha dos Estados Confederados: James Hamilton conseqüências significativas para o desfecho do
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conflito (a decisiva Batalha de Sadowa definiu a sorte torres com grandes canhões só foi possível porque o
da guerra). navio não dispunha de velas.
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Em mais uma etapa do duelo entre a couraça couraça de aço de 22”, e desenvolvia a velocidade
e o canhão, é lançado ao mar em 1875 o HMS máxima de 15 nós.
Dreadnought – homônimo do navio que se tornaria
famoso três décadas mais tarde – o primeiro Para a escolha da melhor couraça, os italianos
encouraçado a usar couraça de 14” de espessura. realizaram testes entre uma couraça de ferro forjado
(como usual até então) de 22”, fabricada em Sheffield
A Guerra de Secessão mostrara que pequenos e em Marselha, e uma couraça de aço desenvolvida
navios, embora armados com os tipos mais primitivos por Scheneider, de igual espessura, ambas montadas
de torpedos – o torpedo – lança ou o torpedo Harvey sobre placas de madeira (teca) de 19”; sabia‐se de
(uma carga explosiva rebocada que era levada a antemão que o aço oferecia maior resistência que o
explodir contra o costado do navio inimigo) – podia ferro mas, por outro lado, ele se mostrava mais
ter sucesso contra um navio maior e melhor armado; quebradiço. Ambos os materiais não foram
pequenas embarcações conhecidas como “Davids” perfurados pelos tiros dos canhões de 10” e 12”;
(porque se opunham aos grandes “Golias” da força quando foram testados com canhão de 17,7” a
federal) realizaram ataques com êxito – inclusive couraça de ferro foi perfurada e a de aço foi reduzida
contra o navio USS Albermale, afundando‐o – embora a pedaços. Os italianos decidiram a favor do aço.
algumas vezes sendo vítimas das explosões que
provocaram. Em 1875, coube aos noruegueses lançar Os canhões de 17,7”, porque na época não
ao mar a Torpedeira Rap, para defesa costeira, uma existia nenhum sistema de carregamento capaz de
pequena embarcação de 7 a 8 toneladas, com 55 pés carregá‐los e operá‐los com eficiência, logo se
de comprimento, capaz de desenvolver uma mostraram inadequados, apresentando uma cadência
velocidade de 15 nós; barcos semelhantes foram de tiro muito baixa; mostraram‐se menos eficazes que
construídos para a Suécia, Dinamarca, Áustria e os canhões de 12” que, por isso, tornaram‐se o
Argentina; embora o torpedo auto‐propulsado já armamento padrão nos encouraçados de todo o
tivesse aprovado, como vimos, em testes realizados mundo.
em 1870, nenhum desses navios dispunha dessa Com o Duílio foi iniciada a prática da cidadela
arma; dispunham apenas dos primitivos torpedo. central e torretas nos cantos opostos da cidadela.
Em 1875, surge um novo tipo de navio, com o Como o aumento da espessura das couraças
lançamento ao mar do Cruzador Encouraçado ou passou a comprometer a velocidade dos navios (havia
Encouraçado de 2ª classe HMS Shannon, que se limites para a potência instalada), tornou‐se
pretendia pudesse realizar tanto as tarefas do importante desenvolver couraças de outros materiais
encouraçado, formando na linha de batalha, com as que, por terem melhor resistência, poderiam ter
de cruzador, na proteção ou ataque ao tráfego menor espessura e peso. Os esforços nesse sentido
marítimo; foi o primeiro navio a ter convés não tardaram. Tanto na França (Marselha) como na
encouraçado, além da cinta‐couraça até a linha Inglaterra (Sheffield) foi desenvolvida a couraça
d’água, esta introduzida para dar proteção aos novos composta: uma placa de aço era soldada sobre uma
motores de propulsão verticais; deslocava 6.000 de ferro. Os testes realizados nos dois países com esta
toneladas e atingia a velocidade de 14 nós; seu couraça foram um enorme sucesso, de modo que nos
armamento era do tipo bateria central. dez anos que se seguiram elas foram de uso
Com o crescente aumento da espessura das obrigatório, em todas as Marinhas do mundo, para os
couraças, canhões cada vez maiores foram sendo grandes encouraçados.
usados a bordo. Em 1876 foi lançado ao mar o Em 1876, foi lançado ao mar o HMS Inflexible,
Encouraçado italiano Duilio, de 12.000 toneladas ainda com couraça “sanduíche”, de ferro forjado, com
(outro, da mesma classe seria lançado em 1878, o 24” de espessura, o limite a que se podia chegar com
Dandolo), armado com quatro canhões gigantescos de couraças de ferro; o tipo “sanduíche” compreendia
17,7” (cada canhão pesando 100 toneladas), de duas chapas de ferro de12”, com madeira entre elas.
carregamento pela boca; o navio dispunha de uma
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Deslocando 11.000 toneladas, era o maior navio até
então construído; dispunha de quatro canhões de 16”
(peso unitário de 80 toneladas), carregamento pela AS TORPEDEIRAS COM TUBOS AXIAIS
boca; seu comprimento era de 320 pés e a boca
moldada de 75 pés. Para determinar as melhores
características para os seus hélices, foram realizados, Nesse ano, é lançada a Torpedeira francesa
por William Froude, teste hidrodinâmicos em tanques Embarcação Torpedeira Nº 1 que antes do Lightning,
de prova e, graças a isso, apesar do seu enorme é a primeira embarcação preparada para lançar os
tamanho, o navio podia desenvolver 15 nós. Dispunha torpedos Whitehead, por tubos axiais, situados abaixo
de tanques anti‐rolamento e de luz elétrica. Levava a da linha d’água, um avante e outro a ré, entre os dois
bordo – uma concepção arrojada! – dois torpedeiras eixos. É uma embarcação de 101 toneladas, acionada
de 60 pés, com os primeiros tubos de torpedo por duas máquinas alternativas de três cilindros, que
submersos. Devido à sua complexidade, o navio só foi lhe imprimiam uma velocidade de 14,25 nós. Embora
comissionado em 1881. não tenha sido um sucesso, devido à sua baixa
velocidade, seu projeto serviu de base para um novo
Em 1876, foi lançado ao mar HMS Lightning, tipo de navio que, anos mais tarde, seria conhecido
uma torpedeira de 19 toneladas, fabricado pela como navio contra os torpedeiros ou
Thornycroft, com velocidade de 18 nós. A importância contratorpedeiro.
dessa embarcação está no fato dela ter servido de
modelo para um grande número de embarcações O emprego operacional do torpedo
semelhantes construídas pela própria Thornycroft e autopropulsado deu um novo e extraordinário
pela Yarrow, em face do enorme sucesso do impulso à tática naval. Os dispositivos para
Lightning, depois que ela recebeu, algum tempo lançamento dos torpedos Whitchead, quer os
depois do lançamento, um dispositivo de lançamento instalados no convés quer em tubos axiais submersos,
pela popa do torpedo autopropulsado (não foi, porém tornaram‐se comuns em quase todos os navios de
a primeira embarcação a dispor de tubo para lançar o combate, mas, especialmente, valorizou as pequenas
torpedo Whitehead). torpedeiras.
Novos melhoramentos foram introduzidos na O sucesso do Lightning, após as modificações
construção naval: em 1876, é lançado ao mar o que o capacitaram a lançar os novos torpedos, deu
Encouraçado francês Rédoutable, navio com casco de origem, conforme já tivemos ocasião de salientar, a
aço e couraça de aço de 22 polegadas (como se vê, a uma série de torpedeiras, de construção inglesa, mas
couraça composta custou a ser usada); primeiro navio adquiridas pelas pequenas Marinhas de todo o
a ter as cavernas de aço, compartimentagem mundo.
estanque com duplo fundo e anteparas estanques
As torpedeiras Thornycroft deslocavam 13
transversais e longitudinais.
toneladas e desenvolviam 14 nós; as Yarrow, 27
Em 1877, numa das recorrentes guerras entre toneladas e 17 nós; ambos os tipos podiam lançar dois
russos e turcos, quatro lanchas russas, armadas com torpedos Whitehead. Inicialmente, essas embarcações
torpedos‐lança, atacam à noite, na foz do Rio eram projetadas para serem levadas a bordo dos
Danúbio, duas canhoneiras turcas ancoradas; as navios de linha, operando a partir deles; o Duilio,
lanchas, quando armadas, só eram capazes de conforme já foi dito, transportava torpedeiras; ele
desenvolver 5 nós e, como o torpedo tinha que ser dispunha de um grande compartimento a ré, na altura
levado de encontro ao casco inimigo, elas ficaram da linha d’água, fechado na extremidade posterior por
muito tempo sob o pesado fogo do inimigo, mas pesadas portas estanques, através das quais podia ser
apesar disso, o ataque foi um sucesso; a Canhoneira lançada uma torpedeira, alojada nesse
turca Seife foi a pique sem que a lancha que a atacou compartimento; duas outras torpedeiras eram
tivesse sofrido qualquer baixa. transportadas no convés superior. As pequenas
torpedeiras transportadas nos grandes encouraçados
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seriam, algum tempo depois, designadas torpedeiras batalha heróica, rendeu‐se, quando não dispunha de
de 2ª classe, para distinguí‐las das maiores, ditas de 1ª mais do que um canhão funcionando, estava sem
classe, que operavam independentemente. leme e estavam fora de combate cerca de três quartos
de sua tripulação. Depois de extenso trabalho de
reparos o Huescar, agora arvorando o pavilhão
A GUERRA CHILE PERU chileno, enfrentou em 1880 o Monitor peruano
Manco Capac numa batalha sem qualquer resultado
para um dos lados.
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Logo, a França e a Itália adotariam para todos os A pólvora de queima mais lenta, resultante da
navios. redução da quantidade de enxofre e aumento da de
salitre e carvão, é a pólvora marrom (ou chocolate);
Em 1881 a Inglaterra voltou a usar os canhões com o seu uso a velocidade inicial do projétil passou
Armstrong, de carregamento pela culatra. de 1.600 pés/segundo para mais de 2.000.
Em 1881, é introduzido o projetil de aço O próximo desenvolvimento levou à pólvora
fundido. sem fumaça, uma mistura de nitroglicerina e algodão‐
A bateria secundária, constituída por canhões pólvora, feita em longos cordões (cordite) que
de tiro rápido, é instalada, a partir de 1882, a bordo desenvolve muito mais energia que as pólvoras
dos encouraçados, de modo que eles pudessem comuns, permitindo o uso de menores cargas para um
repetir o ataque das torpedeiras. São canhões de 6 dado alcance (isso iria permitir, lá para o fim do
polegadas, ou menores, de carregamento pela culatra, século, que os canhões de tiro rápido de 6 polegadas
grande rapidez de tiro, instalados em grande número e maiores tivessem a carga propelente alojada em
ao longo dos bordos do navio. estojos de latão; em caso de calibres menores, o
estojo e o projétil foram ligados numa única peça
(munição engastada).
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Dupuy de Lôme, e foi executado por Gustave Zédé. construção do Cruzador Tamandaré, de 4.537
Realizou mais de 2.000 mergulhos com pleno êxito. toneladas, até hoje o maior navio de guerra
Era, porém, uma embarcação experimental, não se construído no Brasil; em virtude de problemas
destinando a ser usado como embarcação de guerra. financeiros e das dificuldades decorrentes de um
atraso tecnológico que já se fazia sentir, o navio só foi
Em 1888, é lançado ao mar o Cruzador lançado ao mar em 90 e completado em 93, seis anos
dinamarquês Valkyriam, que transportava a bordo após o início da construção; em 90, são batidas as
duas torpedeiras de 2ª classe. São os dinamarqueses quilhas de dois monitores, sendo que o Pernambuco
insistindo numa solução que não aprovaria. só seria comissionado 20anos mais tarde e o
Embora de certa forma seja surpreendente, Paraguassu, após 48anos! Terminava
até a época que estamos tratando os cruzadores melancolicamente a luta para implantar a construção
todos eram de propulsão mista. Como eram navios naval no País; só na administração do Almirante
destinados ao serviço de controle do tráfego marítimo Aristides Guilhem na pasta da Marinha, já na década
(policiamento) e às missões de mostra da bandeira de 1930,seria reiniciada a construção naval (o
nas regiões mais remotas do mundo, serviços que Paraguassu foi terminado justamente com o
implicavam em longos cruzeiros e permanência propósito de preparar o pessoal do Arsenal para as
prolongada em áreas afastadas, eles levaram muito novas construções).
mais tempo que os outros tipos de navios a Em 1890, o engenheiro norte‐americano
abandonar a vela. Somente em 1889, foi lançado ao Harvey patenteou um novo método para o
mar o HMS Blake o primeiro cruzador sem mastro endurecimento externo das chapas destinadas à
para velas. fabricação de couraças: isto era conseguido pela
Para o Brasil, a década de 80 foi de tensão, aplicação de carbono, a temperaturas muito elevadas,
devido às divergências com a Argentina sobre o por longo tempo, em chapas de aço níquel, seguindo‐
Território das Missões; conseqüentemente, apesar se a tempera por imersão em água. Mais tarde este
das limitações financeiras do País, houve um certo processo foi aperfeiçoado por Krupp. As couraças
estímulo para a construção naval. No Arsenal da fabricadas com estas chapas tinham tal resistência
Corte, foram construídos dois cruzadores de que as couraças puderam ser feitas com muito menor
propulsão mista, idênticos aos construídos na década espessura, o que representava uma grande economia
de 70; uma canhoneira a vapor ‐a Iniciadora‐ que foi o de peso, com todas as vantagens decorrentes. Navios
primeiro navio construído no Brasil com casco de de tonelagem moderada puderam usar couraça sem
ferro; quatro canhoneiras a vapor com casco de aço. sacrifício de sua velocidade ou do seu raio de ação.
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profundidade", seria extensivamente usado, com Em 1891, o Congresso do Chile se volta contra
variantes, em navios com couraça. o impopular e ditatorial Presidente Balmaceda, dando
início a uma guerra civil em que, mais uma vez, as
Em 1890, as minas flutuantes são mantidas à torpedeiras mostram o seu valor. Embora as forças
profundidade desejada pela fixação do tamanho do navais do Congresso, sob o comando de George
cabo que liga a poita à mina flutuante. Era essencial Montt, mantivessem sempre a iniciativa das ações no
que se conhecesse com certa precisão a profundidade mar e, ao fim, lograssem a vitória, as forças navais que
do local onde a mina seria lançada; subtraindo‐se permaneceram fiéis a Balmaceda realizaram, pelo
dessa profundidade o comprimento do cabo que menos, uma ação espetacular: uma torpedeira,
ligava a poita à mina, tinha‐se a profundidade em que armada com o torpedo Whitehead de 14 polegadas,
ficaria a mina. A partir de 1890, porém, são atacou e afundou o Encouraçado Blanco Encalada, de
desenvolvidos dois novos sistemas para regular a 3.500 toneladas; é o primeiro sucesso do torpedo
profundidade da mina que dispensam a necessidade "automóvel" contra um navio de guerra bem armado.
de conhecer a profundidade do local onde será
lançada a mina: o sistema de chumbada de prumo e o Rudolt Diesel, em 1892, inventa o motor de
sistema hidrostático. combustão interna, que ficaria conhecido com o
"motor diesel"; tanto para a propulsão como para os
No sistema de chumbada, esta é liberada da serviços auxiliares de bordo, este motor teria, no
poita imediatamente após o lançamento; o futuro, enorme popularidade.
comprimento da chumbada deve ser igual à
profundidade em que a mina deve ficar; lança‐se a Em 1892, os franceses desenvolvem o aço
mina e a poita juntas e à medida em que elas vão cromo‐níquel que teria largo emprego e se mostraria
mergulhando vai sendo pago o cabo que une a mina à muito adequado para uso nas couraças.
poita, desenrolado de um tambor situado dentro da
poita; o tambor pode ser travado por um retém com O primeiro navio realmente eficaz no combate
mola, que, entretanto, é mantido afastado da posição aos torpedeiros foi lançado ao mar em 1893, o HMS
de travamento pelo peso da chumbada; quando esta Havock; suplantando as limitações dos seus
atinge o fundo, o seu peso deixa de atuar e o retém antecessores – o Destructor e o Grasshopper ‐ foi
fica liberado, levando a mola a travar o tambor; a verdadeiramente o primeiro contratorpedeiro.
partir deste ponto, a poita afunda arrastando a mina Produzido pela Yarrow era, realmente, uma
até que a poita toque o fundo; a mina estará numa torpedeira de grande porte, deslocando 240
profundidade igual ao do comprimento da chumbada. toneladas; com seus motores de tríplice expansão,
desenvolvia 27 nós; seu armamento compreendia
No sistema hidrostático, a poita e a mina são uma bateria de tiro rápido ‐ um canhão de 3
lançadas juntas, indo ambas até o fundo porque o polegadas, um 12‐pounder e três 6‐pounder ‐ e três
tambor do cabo que as une está travado por um pino tubos de torpedo.
solúvel ou por um retém que será acionado por um
dispositivo de tempo (com isso dá‐se um certo tempo Em 1893, os franceses lançam ao mar o
para que o navio mineiro possa se afastar em Submarino Gustave Zédé que, com razão, assinala o
segurança da área); ao se dissolver o pino (ou atuar o nascimento do submarino moderno. Deslocava 266
dispositivo de tempo), a mina flutuante sobe à toneladas Dispunha de propulsão elétrica alimentada
superfície presa ao cabo que a liga à poita; ela carrega por baterias, o que lhe permitia desenvolver, quando
um dispositivo hidrostático num cabo piloto preso ao mergulhado, a velocidade de 9,5 nós; na
cabo da poita; na profundidade para a qual o superfície,sua velocidade máxima era de 12 nós; seu
dispositivo hidrostático foi regulado, ele atua, dando raio de ação era de 75 milhas marítimas à velocidade
um tranco no cabo que liga a mina à poita, acionando de 5 nós. Seu comprimento era de 148 pés. Levava a
o freio do tambor desse cabo, ficando a mina na bordo três torpedos: um no tubo de popa e dois como
profundidade desejada, para a qual se ajustou o sobressalentes. O Gustave Zédé foi o responsável pelo
dispositivo hidrostático. primeiro lançamento de torpedo feito de um
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submarino. Após uma série de modificações ‐ fato de que os inúmeros pequenos canhões japoneses
aperfeiçoamento na bateria e adição de novos não tinham causado qualquer avaria significativa nos
hidroplanos que melhoraram o controle de dois velhos encouraçados, só tendo conseguido
profundidade avante e a ré ‐ tornou‐se um sucesso, afundar um dos dois cruzadores encouraçados
tendo realizado mais de 2.500 mergulhos. chineses; argumentavam, ainda, que o capitânia
Japonês, sem couraça, ficou fora de combate apesar
de só ter recebido três impactos dos grandes canhões
A BATALHA DO RIO YALU chineses, sendo que um dos impactos foi de um
projétil sólido, que atravessou o casco do navio sem
O ano de 1894 ficou marcado por um causar maiores danos, e o outro, que não tinha carga
combate naval ‐ a Batalha do Rio Yalu – que daria explosiva, desmanchou‐se contra o navio, revelando o
margem para grandes discussões sobre o duelo seu lastro de cimento.
perene entre a couraça e o canhão, a defesa e o
ataque. A batalha, envolvendo as Esquadras chinesa e Como acontece com quase todas as
japonesa, travou‐se no estuário do Rio Yalu; a polêmicas, os dois lados tinham suas razões, mas o
Esquadra chinesa tinha como núcleo dois que parece verdadeiro, sem sombra de qualquer
encouraçados de fabricação alemã, lançados ao mar dúvida, é que a Batalha do Rio Yalu é um teste pouco
12 anos antes, e dispunha de alguns cruzadores; a significativo para a solução dessas questões: a batalha
Esquadra japonesa, em termos de comparação de foi decidida pelas táticas equivocadas do almirante
poderes combatentes a mais fraca, era formada por chinês e o total despreparo das guarnições de seus
um "esquadrão voador", de cruzadores protegidos, navios, aliados à qualidade duvidosa da munição
relativamente novos e sobre tudo rápidos (daí o seu usada, ainda mais quando do lado japonês a situação
nome), dispondo de um grande número de canhões era oposta, conforme já foi indicado.
de tiro rápido de 6 e de 4,7 polegadas. A Esquadra Posteriormente, os japoneses atacaram por
chinesa tentou usar a mesma tática usada em Lissa duas vezes os navios chineses na Baía Wei‐Hai‐Wei
por Tegetthoff, aproando à Esquadra inimiga com a afundando cinco deles, repetindo o sucesso de
intenção de abalroar os seus navios. Coubert em Foochow.
A vitória japonesa deve ser atribuída Em 1895, é lançado ao mar o Encouraçado
principalmente à incompetência dos chineses e aos HMS Majestic, o primeiro de uma classe que se tornou
defeitos apresentados pela sua munição, que se pioneira no uso da torreta barbeta (como vimos, mais
contrapunham ao alto estado de eficiência e disciplina tarde o nome foi simplificado para torreta). O navio
dos japoneses; os navios japoneses usaram a sua dispunha de uma torreta com dois canhões de 12
superioridade para impedir que os chineses pudessem polegadas avante e outra igual a ré; o armamento
usar os seus torpedos com sucesso, e alcançaram a secundário todo em casamatas encouraçadas. Esta
vitória; os chineses derrotados retiraram‐se para a classe de navios representa o mais avançado estágio
Baía de Wei‐Hai‐Wei. do desenvolvimento dos encouraçados antes do
Em torno desta batalha estabeleceu‐se uma aparecimento do revolucionário Dreadnought, esses
grande polêmica envolvendo couraça, velocidade dos navios, bem como outros semelhantes, por essa razão
navios, número e tamanho dos canhões. Os passaram a ser conhecidos como encouraçados pré‐
defensores do conceito deque era melhor uma força dreadnought.
de navios de boa velocidade, fraca proteção e de Os projetis têm, em 1895, desenvolvimentos
muitos canhões, ainda que de pequeno calibre, importantes: surge o projétil com uma capa de aço‐
afirmavam que a vitória japonesa dava‐lhes razão, cromo envolvendo um núcleo de material macio; é
pois, ela tinha sido obtida graças ao "esquadrão desenvolvido nos Estados Unidos um projétil
voador" (que tinha todas essas características). Por semiperfurante com carga explosiva com capacidade
outro lado, os defensores da couraça apontavam o de 5% (mais tarde aumentada para 6,5%), capaz de
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perfurar couraças Harvey de espessura igual a 2/3 do responsabilidades, e, como preconizado por Mahan,
calibre do projétil. que iriam exigir a criação de um considerável Poder
Marítimo, com uma componente naval forte o
Quando duas linhas de batalha se bastante para operar em dois oceanos.
enfrentavam, a distância de combate era determinada
não só pelo alcance dos canhões mas pela qualidade No Pacífico, o Comodoro George
do sistema de direção de tiro disponível. Em 1896, na Deweydestruiu a frota espanhola fundeada em
França, os exercícios de batalha passaram a ser feitos Manila, do que resultou a tomada das Filipinas pelos
na distância de 5.500 jardas, o que só se tornou norte‐americanos; no Atlântico, ao longo de Cuba, o
possível pelo aumento do alcance dos canhões, Almirante Sampson destruiu totalmente a frota
evidentemente, mas, principalmente, graças ao espanhola que tentava deixar Santiago, cuja queda
desenvolvimento dos primeiros sistemas de direção era iminente (como de fato ocorreu logo após o
de tiro, simples ainda mas mais avançados do que combate), o que levou à "independência" de Cuba.
existia anteriormente: um arranjo envolvendo
pequenos telêmetros e visores telescópicos. Com o desenvolvimento do telégrafo sem fio,
foi possível transmitir em 1899, para um navio à
O primeiro navio a ter propulsão a turbina, o distância de 56 milhas, as notícias do dia, permitindo
HMS Turbinia, é lançado ao mar em 1897. É um que o navio editasse um pequeno jornal.
pequeno navio deslocando 44 toneladas, capaz de
desenvolver com a sua turbina Parsons composta
(diversas rodas de diâmetros crescentes) 34 nós de O SUBMARINO DE CASCO DUPLO
velocidade. Navios de guerra teriam de esperar um
pouco mais por esse notável sistema. É lançado ao mar, no ano de 1899, o
Submarino francês Narval, uma embarcação de 200
A primeira transmissão com o telégrafo sem toneladas projetada por Maxime Labeuf. Os
fio foi feita em 1897 da estação Needles, montada por antecessores dele e do Gustave Zédé podiam ser
Marconi na Ilha de Wight (Inglaterra); foi feita a classificados como submersíveis, isto é, embarcações
comunicação por este meio com um rebocador que, eventualmente, podiam mergulhar, enquanto
situado a 18 milhas de distância. que esses dois assinalam o aparecimento dos
Em 1898, surge uma importante contribuição submarinos, embarcações destinadas a navegar
para o aperfeiçoamento dos torpedos: o austríaco imersas. O surgimento do submarino de propulsão
Orby inventa um equipamento para aumentar a nuclear, muitos anos mais tarde daria margem a um
precisão do torpedo, usando um giroscópio para o raciocínio semelhante, designando‐se todos os seus
controle da sua direção. predecessores como submersíveis.
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Uma outra grande inovação do Narval era o Dreadnought pôs um fim a mais esta manifestação de
sistema de propulsão: embora a propulsão em conservadorismo.
imersão fosse feita com motores elétricos
alimentados por bateria, que lhe davam uma Em 1899, é lançado ao mar o pequeno
velocidade máxima mergulhado de 6,5 nós, a Encouraçado francês Henri IV, de 9.000 toneladas,
propulsão na superfície compreendia um motor de projetado por Émile Bertin, e que foi o primeiro navio
tríplice expansão, de 250 HP, alimentado por uma a usar uma "antepara elástica", isto é, uma antepara
caldeira aquatubular a óleo (o motor servia também longitudinal curva para absorver o choque de
para carregar as baterias), o que lhe dava um raio de explosões submarinas, causadas, por exemplo, pelo
ação de 500 milhas marítimas a 6,5 nós e uma choque com uma mina ou a explosão de um torpedo.
velocidade máxima de l0 nós. Posteriormente, os alemães desenvolveram este
sistema de proteção antitorpédico, o que deu aos
Agrande limitação do Narval era a seus navios de linha uma notável capacidade de
necessidade de, antes de poder mergulhar, ter de resistir a explosões submarinas, como a Primeira
esperar até que todo o vapor fosse expelido da Guerra Mundial iria demonstrar. Sendo os navios
caldeira e que ela esfriasse; inicialmente, o tempo ingleses dotados de menor boca ‐ limitada devido à
para isso era de cerca de 21 minutos; mais tarde largura dos diques secos existentes na Inglaterra! ‐
reduzido para 12 minutos. não podiam adotar a defesa em profundidade, ficando
mais vulneráveis às explosões submarinas.
Foi o primeiro submarino a ter vela (torreta) e
um verdadeiro periscópio. Sua aparência era a de um E a partir da década de 1900 que as caldeiras
submarino moderno, exceto pela chaminé por ante a marítimas que queimavam carvão começam a ser
ré da vela. substituídas por caldeiras a óleo. Os
contratorpedeiros ingleses classe River, lançados ao
A partir do Narval, os submarinos de casco mar de 1903 a 1905, são os primeiros navios a usar
duplo passaram a ser considerados como "ofensivos" essas caldeiras, embora, pelas razões já apontadas,
(ou de ataque, na nomenclatura moderna), enquanto voltassem a usar máquinas alternativas no lugar da
os de casco singelo, projetados para operar em águas turbina.
abrigadas (defesa de portos), como "defensivos",
dentro do espírito da jeune école. Com o lançamento em 1901 do Cruzador
italiano Regina Elena, é posto em prática um conceito
Dois anos após o lançamento do Turbinia, é desenvolvido na França por Émile Bertin: o do
lançado, em 1899, o primeiro navio de guerra a usar Encouraçado‐Cruzador ("cuirassé croiseur" ou
turbinas para a propulsão, o HMS Viper, um "battleshipcruiser"), nome usado em oposição ao do
contratorpedeiro que atingiu a velocidade recorde de cruzador encouraçado do qual já tratamos. Era uma
36,6 nós. Para obter essa velocidade o navio foi tentativa de corrigir o defeito deste último: mesmo os
construído com uma estrutura muito leve, com a maiores não eram adequados para tomar o seu lugar
chapa lateral do costado com apenas 0,5 polegada de na linha de batalha nem, por serem muito lentos, para
espessura; apesar de construído com aço de alta‐ desempenhar as funções típicas dos cruzadores, de
tensão, seu casco era extremamente frágil para fazer escolta e proteger/atacar o tráfego marítimo. Já
operações em alto‐mar. O acidente com o HMS Cobra, o Almirante Fisher fizera pouco caso dos cruzadores
idêntico ao Viper exceto pelo fato de desenvolver 1 nó encouraçados, dizendo que eles eram inadequados
a menos de velocidade ‐ quando saía do estaleiro tanto para lutar como para fugir.
construtor para receber o seu armamento, o navio
partiu‐se e afundou ‐ causou uma enorme reação na Os couraçados‐cruzadores eram navios que,
Inglaterra contra a turbina e as altas velocidades que sacrificando partes da proteção da couraça, podiam
ela proporcionava, repercutindo noutros países e, levar canhões de grande calibre (em geral, de 12
assim, retardando o uso da turbina e o dos polegadas) e conseguiam uma velocidade cerca de 2
contratorpedeiros, até que o lançamento do nós acima da dos encouraçados da sua época.
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Nenhuma outra Marinha, além da italiana e da canhões de modo que a coluna d'água feita pelo
japonesa, adotou esse conceito. projétil ao cair no mar fosse visível e, também, que a
razão de tiro (velocidade de tiro) fosse
O Regina Elena deslocava 12.500 toneladas e suficientemente elevada, de modo que a distância
desenvolvia uma velocidade de 22 nós; era armado entre os dois navios não variasse muito entre as salvas
com dois canhões de 12 polegadas e 12 canhões de 8. em virtude das mudanças de rumo do alvo. Nessas
Somente os japoneses seguiram o exemplo italiano, condições, o combate poderia ser travado
lançando ao mar, em 1904, dois desses cruzadores, o eficazmente a maiores distâncias, tornando
lkoma e o Tsukuba, de 13.000 toneladas, velocidade praticamente inúteis os canhões de calibre menor.
de 21 nós, armados com quatro canhões de 12 Assim, esses canhões menores podiam ser
polegadas em torretas duplas, 12 de 6", 12 de 4" e 12 dispensados e o peso ganho e o espaço deixado
de 3"; sua cinta couraça variava de 7 a 4 polegadas de aproveitado para aumentar o número de grandes
espessura. Na verdade, esses navios, com toda a canhões.
engenhosidade do seu projeto, não passavam de
pequenos encouraçados pré‐dreadnought. O brilhante projetista naval italiano Vittorio
Cuniberti é o pioneiro em advogar as vantagens de um
O telégrafo sem fio, em 1901, passa a ter um encouraçado armado apenas com grandes canhões de
alcance de 200 milhas; o contínuo aumento desse mesmo calibre: o conceito do “all big‐gun ship”, do
alcance desde então tornou possível o uso comercial navio só com grandes canhões.
desse equipamento, tornando rotineiras as
comunicações entre navios e entre esses e as estações Para Fisher, porém, isso não era o bastante:
de terra. Em 1914,quando do início da Primeira para que o navio pudesse escolher a distância ideal de
Guerra Mundial, o uso do telégrafo era generalizado combate ele deveria ter superioridade de velocidade
(foi através do telégrafo sem fio que os navios sobre os seus oponentes e a capacidade de manter
alemães foram informados do início das hostilidades, esta velocidade por longos períodos de tempo.
procurando imediatamente portos neutros para Evidentemente, a máquina alternativa já tinha
escapar à destruição, sendo,porém, internados; as atingido o limite da sua potência e, portanto, da
forças navais britânicas, espalhadas por todo mundo, velocidade que podia dar aos navios, no espaço
foram informadas da existência do estado de guerra disponível a bordo. Diferentemente do que ocorria
coma Alemanha através do telégrafo). com um navio mercante, onde, por não haver limite
para a altura da máquina, a máquina alternativa podia
Em 1903, os ingleses desenvolveram um ter um curso do êmbolo muito longo e, assim,
projétil perfurante com 2,5 polegadas de capacidade, desenvolver grandes potências com baixa rotação, as
capaz de perfurar couraças de espessura igual ao limitações de espaço de um navio de guerra
calibre do projétil, uma evolução do projétil obrigavam a que as máquinas trabalhassem a
semiperfurante. rotações muito altas; nessas condições, o desgaste e
No início do século, os grandes canhões as quebras eram muito acentuados e freqüentes, pois,
instalados nos navios tinham um alcance muito o choque e os esforços induzidos pela mudança de
superior às distâncias usuais de combate, que direção do movimento de enormes êmbolos, haste e
oscilavam entre 3.000 e 5.000 jardas no máximo. conectoras, a cada revolução do eixo, eram causa de
Conforme já vimos, isto se devia à precariedade dos freqüentes avarias e, é claro, provocavam um
sistemas de direção de tiro mas, também, à desgaste acentuado das partes móveis da máquina.
dificuldade de fazer a espotagem dos tiros de canhões A turbina a vapor, com todas as suas partes
de diferentes calibres; por causa disso, tornou‐se móveis rotativas, era a resposta adequada a esses
necessário que todas as armas usadas numa salva problemas, permitindo o desenvolvimento das altas
fossem de mesmo calibre, tendo, portanto, os seus potências necessárias com elevadíssimo grau de
projetis o mesmo tempo de vôo; era preciso ainda confiabilidade, sem as freqüentes quebras de
que a salva fosse dada pelo menos por quatro máquinas, principalmente quando era necessário
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desenvolver, por um tempo razoável, a potência atingiram o alvo, avariando dois encouraçados e um
máxima do navio. cruzador russos; as torpedeiras japonesas, exceto a
divisão que liderou o ataque e acertou três torpedos,
foram apanhadas pelos holofotes e receberam os tiros
A GUERRA RUSSO‐JAPONESA dos inúmeros canhões de tiro rápido da frota russa,
sem, contudo, sofrerem maiores danos. O fracasso
Enquanto esses conceitos iam se desta operação, em que todas as condições eram
consolidando, acontece, em 1904, a Guerra Russo‐ favoráveis, deveu‐se, especialmente, à ineficácia dos
Japonesa (1904‐05), cuja repercussão seria enorme, torpedos então existentes (fracasso ainda maior
em todo o mundo. ocorreria noutra ocasião, quando 40 torpedeiras
japonesas não acertaram um único alvo). À medida
que o desenvolvimento tecnológico melhorasse a
O ataque das torpedeiras japonesas qualidade dos torpedos, sua influência seria cada vez
mais relevante na evolução da tática naval.
A guerra teve início com um ataque de
surpresa ‐ sem a formalidade de uma declaração de
guerra, como ocorreria cerca de quatro décadas mais
Combate ao largo do Porto Arthur
tarde no ataque a Pearl Harbour ‐ deslanchado por
dez torpedeiros japoneses contra a Esquadra russa Na manhã seguinte a este ataque, o Almirante
fundeada em Port Arthur, em fevereiro de 1904. A Togo, comandante das forças navais do Japão, levou a
frota russa estava em regime normal de porto, apenas Esquadra japonesa para os acessos de Port Arthur,
com o vapor disponível para as auxiliares, sem esperando encontrara frota russa ainda desarvorada
precauções especiais contra um ataque de surpresa, pelo ataque das torpedeiras. Não teve sucesso,
exceto por uma rede de proteção antitorpédica e de porém. As duas Esquadras passaram, em rumos
dois navios selecionados para manter uma busca com opostos, à distância de cerca de 7.000 jardas,
holofotes durante a noite e dois destróieres usados canhoneando‐se. Era de se esperar que grandes danos
como piquetes, cerca de 20 milhas para o lado domar. recíprocos ocorressem, mas os defeitos dos navios
pré‐dreadnought tornaram‐se evidentes: as baterias
As torpedeiras japonesas tinham sido
com canhões de calibres diferentes tornaram difícil a
construídas em 1899 pela Thornycroft e pela Yarrow;
espotagem e a precariedade dos primitivos sistemas
eram pequenos navios de cerca de300 toneladas,
de direção de tiro tornavam o tiro muito errático.
capazes de se deslocar a uma velocidade de até 30
Após o desengajamento, os cruzadores russos, que
nós, armados com dois tubos de torpedos Whitehead
tinham sido os navios próximos do inimigo, e,
de 18 polegadas e um canhão 12‐pounder e cinco 6‐
portanto, tinham recebido o seu fogo concentrado,
Pounder, todos de tiro rápido. As torpedeiras haviam
sofreram uma série de impactos, mas nenhum ficou
sido desenvolvidas exatamente para este tipo de
fora de ação por isso; também os encouraçados
ataque e foram a causa da instalação de um grande
russos foram atingidos inúmeras vezes – um deles, o
número de canhões de tiro rápido nos grandes navios
Pobieda, 15 vezes ‐ mas como a maioria dos tiros
de linha.
provinha da bateria secundária dos navios japoneses,
O ataque das torpedeiras japonesas foi feito a as couraças não foram perfuradas e, em
noite e, a despeito de certa confusão entre os conseqüência, os danos foram pequenos; as perdas
japoneses devido à escuridão e a interferência dos russas totalizaram 21 mortos e 101 feridos. Do lado
navios piquete, de cuja existência a força japonesa japonês, quatro encouraçados foram atingidos ‐ o
não suspeitava, atacaram os encouraçados e os Mikasa três vezes por projetis de grosso calibre ‐ mas
cruzadores russos muito de perto, atirando 19 os danos sofridos foram apenas superficiais e as
torpedos contra os alvos estacionários, a distâncias baixas ainda menores que as russas.
que variavam de 700 a 1.600 jardas; só três torpedos
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As Esquadras oponentes eram assim ofensivo ao longo da entrada do porto: tentando
constituídas: ocultar esta operação, realizaram simultaneamente
um novo ataque torpédico, a título diversionário, mas
‐a linha de batalha japonesa era liderada por sem êxito. No dia seguinte, um esquadrão de
seis encouraçados, que constituíam a Primeira cruzadores japoneses deslocou‐se até a entrada da
Divisão, com o Mikasa como capitania, todos típicos baía, procurando atrair as forças russas para um
encouraçados da era pré‐dreadnought, cada um com combate que, na aparência, seria fácil para elas (que
quatro canhões de 12 polegadas, montados em duas ignoravam a presença, logo além do alcance visual, do
torres barbetas, e 14 canhões de 6 polegadas grosso das forças japonesas e, pensavam os
montados em casamatas ao longo dos bordos dos japoneses, também, a existência dos campos
navios; seguia‐se um esquadrão homogêneo de minados). O Almirante Makharov aceitou o desafio
cruzadores encouraçados, cinco navios ao todo, com dos cruzadores e saiu em sua perseguição, evitando
quatro canhões de 8 em barbetas duplas e 12 ou 14 os campos minados; ao perceber, porém, a
canhões de 6 polegadas; na retaguarda, um aproximação das demais forças japonesas procurou
esquadrão de quatro cruzadores protegidos, três dos voltar para o porto, mas uma hábil manobra Japonesa
quais com dois canhões de 8 e dez de 4,7 polegadas levou‐o a atravessar o campo minado, com trágicas
de tiro rápido, e o quarto com quatro canhões de 6 e conseqüências: o capitânia Petropalovsk afundou,
oito de 4,7polegadas de tiro rápido. com 600 homens da sua tripulação, e o Poblieda foi
‐a linha de batalha russa, desfalcada dos dois severamente danificado.
encouraçados e do cruzador avariados no ataque a Um mês mais tarde, os russos deram o troco.
torpedo feito anteriormente, formou com cinco O Navio Mineiro Amur, após minuciosa observação
encouraçados, liderados pelo capitania Petropavlovsk, dos movimentos dos navios japoneses que efetuavam
com armamento semelhante ao dos encouraçados o bloqueio, conseguiu lançar um campo minado na
japoneses, e um esquadrão misto de cruzadores, que rota da patrulha inimiga. Os Encouraçados Hatsuse e
compreendia o Cruzador Encouraçado Bayan, com Yashima bateram em minas: o primeiro afundou e o
dois canhões de 8 e oito de 6 polegadas, e três segundo, quando regressando para o Japão a fim de
cruzadores protegidos, cada um com oito ou doze fazer reparos, teve de ser abandonado. Os japoneses
canhões de 6 polegadas de tiro rápido e dois tentaram varrera área minada, mas antes que o
cruzadores ligeiros com canhões de 4,7" de tiro conseguissem três cruzadores bateram em minas (os
rápido. russos mudaram de lugar as bóias deixadas pelos
japoneses para indicar as áreas limpas).
A guerra de minas As perdas de ambos os lados por ação de
minas foram impressionantes. Os russos perderam um
A Guerra Russo‐Japonesa foi plena de encouraçado, um cruzador, dois destróieres e duas
ensinamentos no que se refere à guerra de minas. As embarcações menores; os japoneses, dois
minas foram amplamente usadas pelos dois encouraçados, quatro cruzadores, dois destróieres,
contendores e com muita eficácia. Os campos uma torpedeira e um navio mineiro (o Yenisei, quando
minados foram usados mesmo em mar aberto, com o operando em um campo minado lançado pelos
propósito de influenciar as manobras da Esquadra próprios japoneses).
inimiga, o que, ganharia uma enorme dimensão na
Primeira Guerra Mundial.
Nenhum navio de linha japonês foi perdido; Também no Brasil, a Batalha de Tsushima
apenas três torpedeiras foram afundadas. Sofreram teve importantes desdobramentos.
avarias de diferentes graus três cruzadores e seis
destróieres. Depois de um longo período sem que se
investisse na renovação da frota naval, pelas razões
É incontestável que a vitória de Tsushina foi apontadas, o Plano Naval de 1904, do Almirante Júlio
tão decisiva quanto a de Trafalgar. de Noronha, foi aprovado e foram alocadas as verbas
para a sua implantação. Isto se devia à melhoria das
Em 1904 são lançados ao mar os Submarinos condições financeiras do País (o Compromisso de
franceses Aigrette e Cigone, são navios de 175 Taubaté relativamente ao café e a exploração da
toneladas, flutuabilidade de 29%; são os primeiros borracha natural na Amazônia para atender à
navios a usar os novos motores de combustão demanda criada pela jovem indústria automobilística)
interna que queimam óleos pesados. mas, também, ao apoio do Barão do Rio Branco,
A concretização das expectativas de Cuniberti chanceler no período de1902 a 1912 , que, com sua
e Fisher em Tsushima logo tiveram conseqüências visão esclarecida, defendia a importância de o Brasil
práticas. desenvolver um Poder Naval consentâneo com as
suas aspirações, um verdadeiro instrumento de apoio
à política externa do País.
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construção de uma nova Marinha, logo se problema: como as torretas tinham na parte—
transformariam em fator de frustração. A defasagem superior uma janela de observação, o sopro do
tecnológica entre a Esquadra e o parque industrial do disparo da torre superior prejudicava a observação na
País seria fatal e, logo, esta "poderosa" Esquadra já torre inferior; a dificuldade foi resolvida removendo‐
não tinha um expressivo valor militar (embora isso se a janela de observação da parte superior da
não fosse considerado na época, provavelmente ela torreta, substituindo‐a por visores com tela,
tinha uma capacidade dissuasória considerável). projetados das paredes laterais da torreta. As torretas
superpostas tornaram‐se prática comum em todos os
Após Tsushima, os ingleses, que não navios de linha.
acompanharam os italianos e japoneses no
desenvolvimento de encouraçados‐cruzadores, O advento dos grandes canhões, cujo alcance
definiram a configuração dos seus cruzadores de era de 10 ou mais milhas, tornou necessário o
batalha, lançando ao mar, em 1907, os HMS Inflexible, aperfeiçoamento dos sistemas de direção de tiro
Indomitable e Invincible, navios de 17.250 toneladas, para que o tiro a estas grandes distâncias pudesse ser
capazes de desenvolver 25 nós, graças a turbina eficaz.
Parsons de 41.000 HP, acionando quatro eixos do
navio; eram armados com oito canhões de 12 e 16 de As primeiras medidas tomadas foram simples:
4 polegadas de tiro rápido (bateria secundária); eram os navios foram dotados de telêmetros colocados na
dotados de couraça lateral leve. Sem dúvida, navios parte mais alta do mastro de vante; através de uma
que incorporavam as lições de Tsushima (grandes rede de tubos acústicos até os canhões, eram
canhões em grande número, alta velocidade e transmitidas as distâncias (alcances) que deveriam ser
couraça leve). ajustadas nos visores individuais de cada canhão; o
oficial de controle de fogo, na posição elevada, dava a
Embora as experiências com radiotelefonia ordem de fogo para todos canhões, de modo que o
datassem do início do século XX, somente em 1907 foi tiro fosse simultâneo, ou seja, por salva; estudando as
feita experimentalmente uma transmissão de música colunas d'água formadas pelos projetis, o controlador
e voz, recebida nas estações rádio de diversas navios passava as correções simultâneas para a ajustagem da
que estavam no mar. A partir daí, seu distância. Posteriormente, o sistema foi eletrificado:
desenvolvimento foi rápido. uma luneta ou alça diretora era instalada no topo do
mastro; quando ela era movimentada para visar o
Uma importante contribuição para o projeto alvo, acionava eletricamente os indicadores dos
da artilharia dos navios veio, nessa época, dos Estados canhões, permitindo que todos atirassem na mesma
Unidos: foi adotado um sistema de torretas marcação e com a mesma elevação.
superpostas, uma atirando por sobre a outra ‐ sistema
conhecido como superfiring. O propósito dessa Os telêmetros foram melhorados, tornando‐
inovação era eliminar o problema, existente após a se mais acurados; os alemães destacaram‐se nesta
adoção da torreta, de alguns canhões terem o seu área usando um sistema estereoscópio.
arco de tiro reduzido pela obstrução causada pela
superestrutura do navio ou até mesmo por outra Em 1909, é lançado o primeiro dreadnought
torreta, de tal forma que apenas algumas torres italiano, o Dante Alighieri, primeiro navio a usar
podiam atirar pelos dois bordos do navio; além disso, torretas triplas (um total de quatro torretas triplas
como as torres e os paióis ficavam espalhados por com canhões de 12 Polegadas). O navio de 20.500
todo o navio, havia muita dificuldade para um projeto toneladas ainda não usava as torretas superpostas de
bom para as praças de máquinas. Com o novo modo que só três canhões podiam disparar na linha
sistema, todo o armamento principal ficava na linha de proa do navio e três na linha de popa.
de centro do navio, podendo, assim, todos os canhões Com o advento do all‐big‐gun ship, a
disparar por qualquer bordo, num arco de 160° a tendência passou a ser a construção de navios cada
partir da proa ou da popa. Antes da adoção das vez maiores, armados com canhões sempre de maior
torretas superpostas foi necessário resolver um
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calibre. Os ingleses lançaram ao mar, em 1909, o HMS A solução passou a ser adotada por todos os
Orion, o primeiro super‐dreadnought, um navio de países, com a única exceção dos Estados Unidos que
22.500 toneladas, armado com dez canhões de 13,5 adotaram, com os mesmo resultados favoráveis, a
polegadas, em torres duplas superpostas na linha propulsão turboelétrica, usada em todos os
central, e dotado de couraça lateral de 12 polegadas. encouraçados americanos construídos após 1915
(turboelétrica). Os americanos só adotariam a turbina
Os conceitos da jeune école, que com engrenagem redutora em 1937.
predominavam na França desde a gestão de Aube na
pasta da Marinha, perderam força com a adoção As vantagens da propulsão turboelétrica são
generalizada dos dreadnoughts. Assim, em 1909, tem várias: as máquinas propulsoras (motores elétricos)
início na França a construção do Encouraçado Danton, podem ser controladas de qualquer parte do navio; é
primeiro de uma série de seis, acionados a turbina, possível usar toda a potência quando dando máquina
com armamento de quatro canhões de 12 e 12 de 9,4 atrás, o que é impossível numa propulsão clássica a
polegadas; apesar da data do início da construção, vapor (queda do vácuo no condensador principal);
esses navios ainda são típicos navios pré‐ como as turbinas que acionam os geradores elétricos
dreadnought. Logo após vieram os verdadeiros operam a velocidade constante, é possível usar altas
dreadnoughts, os quatro navios da classe Jean Bart, temperaturas de vapor superaquecido, do que resulta
cuja construção teve início em 1910 e 1911; são melhor rendimento para a planta.
navios de 23.120 toneladas, armados com 12 canhões
de 12 polegadas, em torretas duplas superpostas a A importante limitação da propulsão elétrica,
vante e a ré, e torreta dupla não‐superposta em cada especialmente no caso de navios de guerra, é a
convés; acionados por turbinas Parsons de 28.000 HP, vulnerabilidade dos circuitos elétricos (chaves,
desenvolviam velocidade de 21‐22 nós. Um ano mais disjuntores, etc.) ao choque provocado por explosões
tarde, esses navios foram seguidos pelos três super‐ (a Batalha da Jutlândia, na Primeira Guerra Mundial,
dreadnoughts da classe Bretagne, praticamente do demonstrou essa vulnerabilidade, com diversos navios
mesmo deslocamento, mas armados com dez canhões ingleses sofrendo esse efeito).
de 13,4 polegadas. Sem dúvida, a postura oficial Em 1912, Marconi adquire a patente de um
francesa não podia estar mais distante da jeune école. equipamento que vinha sendo desenvolvido desde
Com a quase generalização do uso das 1904 para identificar a posição de navios, através da
turbinas, cujo maior rendimento é em alta velocidade, marcação de sinais rádio provenientes de duas ou
a engrenagem redutora tornou‐se obrigatória, já que mais estações transmissoras de terra cuja a posição
o melhor rendimento do hélice é em baixa rotação. fosse conhecida. Era o radiogoniômetro, nesse
Assim, em 1911, são lançados os Contratorpedeiros mesmo ano instalado experimentalmente num navio
ingleses Badger e Beaver, com engrenagem redutora mercante britânico. A sua difusão então foi rápida,
na turbina de AP a título experimental. Em1914, são inclusive para a área militar, até mesmo no setor de
lançados os, Contratorpedeiros, também ingleses, inteligência: a Esquadra alemã que se deslocava para
Leonidas e Lucifer, que já usam a engrenagem enfrentar a inglesa numa batalha histórica ‐ a Batalha
redutora única para todas as turbinas (engrenagem da Jutlândia (1916) ‐ teve todos os seus movimentos
helicoidal dupla com dentes com perfil envolvente). O acompanhados por meio de radiogoniômetros.
sistema mostrou ser livre de vibrações e apresentou Em dezembro de 1912, o Submarino grego
um nível de ruído aceitável, além de que a Dolphin realiza dois ataques com torpedos a navios
durabilidade dos dentes da engrenagem superou as de guerra turcos, sem sucesso, porém (o primeiro
melhores expectativas. Uma outra importante ataque torpédico realizado por submarino que teve
vantagem do sistema de engrenagem redutora é a êxito só ocorreu em 1914, quando o Submarino
pequena perda de transmissão associada a este alemão U‐21 afundou o Cruzador HMS Pathfinder, de
sistema, além de que ele é muito mais barato para 3.000 toneladas).
fabricar e para instalar.
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O rádio telefone de ondas longas de Marconi
representou um avanço significativo em termos de
alcance: em 1914, de uma estação montada por
Marconi em Cliften, Irlanda, foram enviadas
mensagens que puderam ser ouvidas por navios de
guerra italianos ao longo da costa da Sicília, a mais de
1.750 milhas de distância.
X‐X‐X
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