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MILITARES
Área de Concentração II –
Formação Militar‐Naval
PROCESSO SELETIVO UNIFICADO DE OFICIAIS – RM2
http://www.concursosmilitares.com.br/
11/10/2018
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APOSTILA DE ACORDO COM O AVISO DE
CONVOCAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL 2018
PUBLICADO 10/10/2018
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO II – FORMAÇÃO MILITAR‐NAVAL
DEFESA NACIONAL
Política Nacional de Defesa............................................................................................................................................... 01
O Estado, a Segurança e a Defesa...................................................................................................................................... 01
O ambiente Internacional.................................................................................................................................................. 02
O ambiente regional e o entorno estratégico.................................................................................................................... 02
O Brasil............................................................................................................................................................................... 03
Objetivos Nacionais de Defesa........................................................................................................................................... 05
Orientações........................................................................................................................................................................ 05
Estratégia Nacional de Defesa.......................................................................................................................................... 07
Formulação Sistemática ................................................................................................................................................... 07
Medidas de Implementação............................................................................................................................................. 26
ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA MARINHA
Forças Armadas (FFAA) –(Constituição de 1988).............................................................................................................. 01
Missão Constitucional; Hierarquia e disciplina; e Comandante Supremo das Forças Armadas........................................ 05
Exercícios............................................................................................................................................................................ 05
Normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas – (LEI COMPLEMENTAR Nº 97,
DE 9 DE JUNHO DE 1999)........................................................................................................................................... 01
Disposições Preliminares ‐ Da Destinação e Atribuições; Do Assessoramento ao Comandante Supremo 01
Da Organização ‐ Das Forças Armadas; Direção Superior das Forças Armadas.......................................................... 02
Exercícios............................................................................................................................................................................ 03
LEGISLAÇÃO MILITAR‐NAVAL
Estatuto dos Militares ‐ (LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980)............................................................................. 01
Hierarquia Militar e disciplina............................................................................................................................................ 02
Cargos e Funções militares................................................................................................................................................ 04
Valor e ética militar............................................................................................................................................................ 04
Compromisso, comando e subordinação........................................................................................................................... 06
Violação das obrigações e deveres militares..................................................................................................................... 07
Crimes militares................................................................................................................................................................. 07
Contravenções ou transgressões disciplinares.................................................................................................................. 07
Exercícios........................................................................................................................................................................... 10
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA
Doutrina de Liderança da Marinha – (EMA‐137 ‐ Doutrina de Liderança da Marinha) 01
Chefia e Liderança.............................................................................................................................................................. 01
Aspectos Fundamentais da Liderança................................................................................................................................ 01
Estilos de Liderança............................................................................................................................................................ 04
Seleção de Estilos de Liderança......................................................................................................................................... 06
Fatores da Liderança.......................................................................................................................................................... 06
Atributos de um Líder........................................................................................................................................................ 07
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/
Níveis de Liderança ........................................................................................................................................................... 08
Exercícios........................................................................................................................................................................... 11
TRADIÇÕES NAVAIS
Introdução......................................................................................................................................................................... 01
Semelhanças entre as Marinhas ....................................................................................................................................... 01
Conhecendo o Navio.......................................................................................................................................................... 01
A Gente de Bordo.............................................................................................................................................................. 05
A Organização de Bordo.................................................................................................................................................... 06
Cerimonial de Bordo......................................................................................................................................................... 08
Uniformes e seus acessórios............................................................................................................................................. 12
Algumas expressões corriqueiras...................................................................................................................................... 14
HISTÓRIA NAVAL
1 ‐ A História da Navegação................................................................................................................................... 01
Os navios de madeira: construindo embarcações e navios.................................................................................... 01
O desenvolvimento dos navios portugueses.......................................................................................................... 01
O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumentos e as cartas de marear............................................ 01
A vida a bordo dos navios veleiros.......................................................................................................................... 02
Exercícios......................................................................................................................................................................... 04
2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil ............................................................................ 05
Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina..................................................... 05
Lusitânia.................................................................................................................................................................. 06
Ordens militares e religiosas................................................................................................................................... 07
O papel da nobreza................................................................................................................................................ 07
A importância do mar na formação de Portugal..................................................................................................... 08
Desenvolvimento econômico e social..................................................................................................................... 08
A descoberta do Brasil............................................................................................................................................ 11
O reconhecimento da costa brasileira:................................................................................................................... 12
A expedição de 1501/1502; A expedição de 1502/1503; A expedição de 1503/1504........................................... 12
As expedições guarda‐costas.................................................................................................................................. 13
A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa.......................................................................................... 13
Exercícios......................................................................................................................................................................... 15
3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil........................................................................................................................ 16
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão............................................................................................ 17
Invasores na foz do Amazonas................................................................................................................................ 18
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco.................................................................................................. 19
Holandeses na Bahia............................................................................................................................................... 19
A ocupação do Nordeste brasileiro......................................................................................................................... 19
A insurreição em Pernambuco................................................................................................................................ 21
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A derrota dos holandeses em Recife...................................................................................................................... 23
Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII............................................................................................ 24
Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil............................................................................................................ 24
Exercícios......................................................................................................................................................................... 25
4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira................................................................................................................. 29
A vinda da Família Real.................................................................................................................................................... 29
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental.............. 30
A Banda Oriental............................................................................................................................................................. 30
A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha...................................................................................................... 32
Guerra de independência................................................................................................................................................ 32
Elevação do Brasil a Reino Unido.................................................................................................................................... 32
O retorno de D. João VI para Portugal............................................................................................................................. 32
A Independência.............................................................................................................................................................. 33
A Formação de uma Esquadra Brasileira......................................................................................................................... 33
Operações Navais............................................................................................................................................................ 34
Confederação do Equador............................................................................................................................................... 34
Exercícios......................................................................................................................................................................... 36
5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e do Início do Segundo Reinado............................................... 38
Conflitos internos............................................................................................................................................................ 40
Cabanagem...................................................................................................................................................................... 40
Guerra dos Farrapos; Sabinada; Balaiada; Revolta Praieira............................................................................................ 40
Conflitos externos........................................................................................................................................................... 41
Guerra Cisplatina............................................................................................................................................................. 41
Guerra contra Oribe e Rosas........................................................................................................................................... 47
Exercícios......................................................................................................................................................................... 49
6 ‐ A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai............................................. 51
O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo............................................................................................. 52
Navios encouraçados e a invasão do Paraguai................................................................................................................ 55
Curuzu e Curupaiti........................................................................................................................................................... 55
Caxias e Inhaúma............................................................................................................................................................. 56
Passagem de Curupaiti; Passagem de Humaitá............................................................................................................... 56
O recuo das forças paraguaias........................................................................................................................................ 57
O avanço aliado e a Dezembrada.................................................................................................................................... 57
A ocupação de Assunção e a fase final da guerra........................................................................................................... 57
Exercícios......................................................................................................................................................................... 60
7 ‐ A Marinha na República............................................................................................................................................ 62
Primeira Guerra Mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 63
O preparo do Brasil......................................................................................................................................................... 64
A Divisão Naval em Operações de Guerra – DNOG......................................................................................................... 66
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O Período entre Guerras................................................................................................................................................. 69
A situação em 1940......................................................................................................................................................... 70
Exercícios......................................................................................................................................................................... 71
Segunda Guerra mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 72
Início das hostilidades e ataques aos nossos navios mercantes..................................................................................... 73
A Lei de Empréstimo e Arrendamento e modernizações de nossos meios e defesa ativa da costa brasileira............. 75
Defesas Locais................................................................................................................................................................. 77
Defesa Ativa.................................................................................................................................................................... 77
A Força Naval do Nordeste............................................................................................................................................. 78
E o que ficou?.................................................................................................................................................................. 80
Exercícios......................................................................................................................................................................... 82
8 ‐ O Emprego Permanente do Poder Naval.................................................................................................................. 83
O Poder Naval na guerra e na paz................................................................................................................................... 83
Classificação.................................................................................................................................................................... 84
A percepção do Poder Naval........................................................................................................................................... 85
O emprego permanente do Poder Naval........................................................................................................................ 86
Exercícios......................................................................................................................................................................... 88
GLOSSÁRIO: Classificação de Navios de Guerra............................................................................................................. 89
Exercícios......................................................................................................................................................................... 95
Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão........................................ 96
A Evolução Tecnológica no setor naval na segunda metade do século XIX e as consequências para a Marinha do 102
Brasil.
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ÁREA DE CONCENTRAÇÃO II – FORMAÇÃO MILITAR‐ 2. O Estado, a Segurança e a Defesa
NAVAL
2.1 O Estado tem como pressupostos básicos
DEFESA NACIONAL território, povo, leis e governo próprios e
independência nas relações externas. Ele detém o
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA: monopólio legítimo dos meios de coerção para fazer
1 ‐ INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Defesa (PND) valer a lei e a ordem, estabelecidas
é o documento condicionante de mais alto nível do democraticamente, provendo, também, a segurança.
planejamento de ações destinadas à defesa nacional A defesa externa é a destinação precípua das Forças
coordenadas pelo Ministério da Defesa. Voltada Armadas.
essencialmente para ameaças externas, estabelece 2.2 A segurança é tradicionalmente vista somente do
objetivos e orientações para o preparo e o emprego ângulo da confrontação entre nações, ou seja, a
dos setores militar e civil em todas as esferas do proteção contra ameaças de outras comunidades
Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional. políticas ou, mais simplesmente, a defesa externa. À
Esta Política pressupõe que a defesa do País é medida que as sociedades se desenvolveram e que se
inseparável do seu desenvolvimento, fornecendo‐lhe aprofundou a interdependência entre os Estados,
o indispensável escudo. A intensificação da projeção novas exigências foram agregadas.
do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção 2.3 Gradualmente, ampliou‐se o conceito de
em processos decisórios internacionais associam‐se segurança, abrangendo os campos político, militar,
ao modelo de defesa proposto nos termos expostos a econômico, psicossocial, científico‐tecnológico,
seguir. ambiental e outros.
Este documento explicita os conceitos de Segurança e Preservar a segurança requer medidas de largo
de Defesa Nacional, analisa os ambientes espectro, envolvendo, além da defesa externa: a
internacional e nacional e estabelece os Objetivos defesa civil, a segurança pública e as políticas
Nacionais de Defesa. Além disso, orienta a consecução econômica, social, educacional, científico‐tecnológica,
desses objetivos. ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações,
A Política Nacional de Defesa interessa a todos os muitas das quais não implicam qualquer envolvimento
segmentos da sociedade brasileira. Baseada nos das Forças Armadas.
fundamentos, objetivos e princípios constitucionais, Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a
alinha‐se às aspirações nacionais e às orientações partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que
governamentais, em particular à política externa resultam definições com diferentes perspectivas.
brasileira, que propugna, em uma visão ampla e atual,
a solução pacífica das controvérsias, o fortalecimento A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o
da paz e da segurança internacionais, o reforço do Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres
multilateralismo e a integração sul‐americana. de riscos, pressões ou ameaças, inclusive de
necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação
Após longo período livre de conflitos que tenham efetiva para se obter ou manter o grau de segurança
afetado diretamente o território e a soberania desejado.
nacional, a percepção das ameaças está desvanecida
para muitos brasileiros. No entanto, é imprudente 2.4 Para efeito da Política Nacional de Defesa são
imaginar que um país com o potencial do Brasil não adotados os seguintes conceitos:
enfrente antagonismos ao perseguir seus legítimos
interesses. Um dos propósitos da Política Nacional de I ‐ Segurança é a condição que permite ao País
Defesa é conscientizar todos os segmentos da preservar sua soberania e integridade territorial,
sociedade brasileira da importância da defesa do País promover seus interesses nacionais, livre de pressões
e de que esta é um dever de todos os brasileiros. e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus
direitos e deveres constitucionais; e
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II ‐ Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações mundo. A exclusão de parcela significativa da
do Estado, com ênfase no campo militar, para a população mundial dos processos de produção,
defesa do território, da soberania e dos interesses consumo e acesso à informação constitui situação que
nacionais contra ameaças preponderantemente poderá vir a configurar‐se em conflito.
externas, potenciais ou manifestas.
3.3 A configuração da ordem internacional,
3. O ambiente internacional caracterizada por assimetrias de poder, produz
tensões e instabilidades indesejáveis para a paz.
3.1 O mundo vive desafios mais complexos do que os
enfrentados durante o período de confrontação A prevalência do multilateralismo e o fortalecimento
ideológica bipolar. O fim da Guerra Fria reduziu o grau dos princípios consagrados pelo Direito Internacional
de previsibilidade das relações internacionais vigentes como a soberania, a não‐intervenção e a igualdade
desde a Segunda Guerra Mundial. entre os Estados são promotores de um mundo mais
estável, voltado para o desenvolvimento e bem‐estar
Nesse ambiente, é pouco provável um conflito da humanidade.
generalizado entre Estados. Entretanto, renovam‐se
conflitos de caráter étnico e religioso, exacerbam‐se 3.4 A questão ambiental permanece como uma das
os nacionalismos e fragmentam‐se os Estados, preocupações da humanidade. Países detentores de
situações que afetam a ordem mundial. grande biodiversidade, enormes reservas de recursos
naturais e imensas áreas para serem incorporadas ao
Neste século, poderão ser intensificadas disputas por sistema produtivo podem tornar‐se objeto de
áreas marítimas, pelo domínio aeroespacial e por interesse internacional.
fontes de água doce, de alimentos e de energia, cada
vez mais escassas. Tais questões poderão levar a 3.5 As mudanças climáticas têm graves consequências
ingerências em assuntos internos ou a disputas por sociais, com reflexos na capacidade estatal de agir e
espaços não sujeitos à soberania dos Estados, nas relações internacionais.
configurando quadros de conflito. Por outro lado, o
aprofundamento da interdependência dificulta a 3.6 ‐ Para que o desenvolvimento e a autonomia
precisa delimitação dos ambientes externo e interno. nacionais sejam alcançados é essencial o domínio
crescentemente autônomo de tecnologias sensíveis,
Com a ocupação dos últimos espaços terrestres, as principalmente nos estratégicos setores espacial,
fronteiras continuarão a ser motivo de litígios cibernético e nuclear.
internacionais.
3.7 Os avanços da tecnologia da informação, a
3.2 O fenômeno da globalização, caracterizado pela utilização de satélites, o sensoriamento eletrônico e
interdependência crescente dos países, pela outros aperfeiçoamentos tecnológicos trouxeram
revolução tecnológica e pela expansão do comércio maior eficiência aos sistemas administrativos e
internacional e dos fluxos de capitais, resultou em militares, sobretudo nos países que dedicam maiores
avanços para uma parcela da humanidade. recursos financeiros à Defesa. Em consequência,
Paralelamente, a criação de blocos econômicos tem criaram‐se vulnerabilidades que poderão ser
acirrado a concorrência entre grupos de países. Para exploradas, com o objetivo de inviabilizar o uso dos
os países em desenvolvimento, o desafio é o de uma nossos sistemas ou facilitar a interferência à distância.
inserção positiva no mercado mundial, ao mesmo Para superar essas vulnerabilidades, é essencial o
tempo em que promovem o crescimento e a justiça investimento do Estado em setores de tecnologia
social de modo soberano. A integração entre países avançada.
em desenvolvimento – como na América do Sul –
contribui para que alcancem esses objetivos. 4. O ambiente regional e o entorno estratégico
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que extrapola a região sulamericana e inclui o persistência desses focos de incertezas é, também,
Atlântico Sul e os países lindeiros da África, assim elemento que justifica a prioridade à defesa do
como a Antártica. Ao norte, a proximidade do mar do Estado, de modo a preservar os interesses nacionais, a
Caribe impõe que se dê crescente atenção a essa soberania e a independência.
região.
4.6 Como consequência de sua situação geopolítica, é
4.2 ‐ A América do Sul, distante dos principais focos importante para o Brasil que se aprofunde o processo
mundiais de tensão e livre de armas nucleares, é de desenvolvimento integrado e harmônico da
considerada uma região relativamente pacífica. Além América do Sul, que se estende, naturalmente, à área
disso, processos de consolidação democrática e de de defesa e segurança regionais.
integração regional tendem a aumentar a confiança
mútua e a favorecer soluções negociadas de eventuais 5. O Brasil
conflitos. 5.1 O perfil brasileiro – ao mesmo tempo continental
4.3 ‐ Entre os fatores que contribuem para reduzir a e marítimo, equatorial, tropical e subtropical, de longa
possibilidade de conflitos no entorno estratégico fronteira terrestre com quase todos os países sul‐
destacam‐se: o fortalecimento do processo de americanos e de extenso litoral e águas jurisdicionais
integração, a partir do Mercosul e da União de Nações – confere ao País profundidade geoestratégica e torna
Sul‐Americanas; o estreito relacionamento entre os complexa a tarefa do planejamento geral de defesa.
países amazônicos, no âmbito da Organização do Dessa maneira, a diversificada fisiografia nacional
Tratado de Cooperação Amazônica; a intensificação conforma cenários diferenciados que, em termos de
da cooperação e do comércio com países da África, da defesa, demandam, ao mesmo tempo, uma política
América Central e do Caribe, inclusive a Comunidade abrangente e abordagens específicas.
dos Estados Latino‐Americanos e Caribenhos (Celac), 5.2 A vertente continental brasileira contempla
facilitada pelos laços étnicos e culturais; o complexa variedade fisiográfica, que pode ser
desenvolvimento de organismos regionais; a sintetizada em cinco macrorregiões: Sul, Sudeste,
integração das bases industriais de defesa; a Centro‐Oeste, Norte e Nordeste.
consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do
Atlântico Sul e o diálogo continuado nas mesas de 5.3 O planejamento da defesa deve incluir todas as
interação inter‐regionais, como a cúpula América do regiões e, em particular, as áreas vitais onde se
Sul‐África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia‐Brasil‐ encontra a maior concentração de poder político e
África do Sul (Ibas). A ampliação, a modernização e a econômico. Da mesma forma, deve‐se priorizar a
interligação da infraestrutura da América do Sul, com Amazônia e o Atlântico Sul.
a devida atenção ao meio ambiente e às comunidades
5.4 A Amazônia brasileira, com seu grande potencial
locais, podem concretizar a ligação entre seus centros
de riquezas minerais e de biodiversidade, é foco da
produtivos e os dois oceanos, facilitando o
atenção internacional. A garantia da presença do
desenvolvimento e a integração.
Estado e a vivificação da faixa de fronteira são
4.4 A segurança de um país é afetada pelo grau de dificultadas, entre outros fatores, pela baixa
estabilidade da região onde ele está inserido. Assim, é densidade demográfica e pelas longas distâncias.
desejável que ocorram o consenso, a harmonia
A vivificação das fronteiras, a proteção do meio
política e a convergência de ações entre os países
ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais
vizinhos para reduzir os delitos transnacionais e
são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a
alcançar melhores condições de desenvolvimento
integração da região. O adensamento da presença do
econômico e social, tornando a região mais coesa e
Estado, e em particular das Forças Armadas, ao longo
mais forte.
das nossas fronteiras é condição relevante para o
4.5 A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos desenvolvimento sustentável da Amazônia.
transnacionais pode provocar o transbordamento de
conflitos para outros países da América do Sul. A
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5.5 O mar sempre esteve relacionado com o pertinentes da Organização das Nações Unidas (ONU),
progresso do Brasil, desde o seu descobrimento. A reconhecendo a necessidade de que as nações
natural vocação marítima brasileira é respaldada pelo trabalhem em conjunto no sentido de prevenir e
seu extenso litoral e pela importância estratégica do combater as ameaças terroristas.
Atlântico Sul.
5.9 O Brasil atribui prioridade aos países da América
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar do Sul e da África, em especial aos da África Ocidental
abre a possibilidade de o Brasil estender os limites da e aos de língua portuguesa, buscando aprofundar seus
sua Plataforma Continental e exercer o direito de laços com esses países.
jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área
de cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, 5.10 A intensificação da cooperação com a
região de vital importância para o País, uma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
verdadeira “Amazônia Azul”. integrada por oito países distribuídos por quatro
continentes e unidos pelos denominadores comuns da
Nessa imensa área, incluída a camada do pré‐sal, história, da cultura e da língua, constitui outro fator
estão as maiores reservas de petróleo e gás, fontes de relevante das nossas relações exteriores.
energia imprescindíveis para o desenvolvimento do
País, além da existência de grande potencial 5.11 O Brasil tem laços de cooperação com países e
pesqueiro, mineral e de outros recursos naturais. blocos tradicionalmente aliados que possibilitam a
troca de conhecimento em diversos campos.
A globalização aumentou a interdependência Concomitantemente, busca novas parcerias
econômica dos países e, consequentemente, o fluxo estratégicas com nações desenvolvidas ou
de cargas. No Brasil, o transporte marítimo é emergentes para ampliar esses intercâmbios. Ao lado
responsável por movimentar quase todo o comércio disso, o País acompanha as mudanças e variações do
exterior. cenário político e econômico internacional e não deixa
de explorar o potencial de novas associações, tais
5.6 As dimensões continental, marítima e como as que mantém com os demais membros do
aeroespacial, esta sobrejacente às duas primeiras, são BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
de suma importância para a Defesa Nacional. O
controle do espaço aéreo e a sua boa articulação com 5.12 O Brasil atua na comunidade internacional
os países vizinhos, assim como o desenvolvimento de respeitando os princípios consagrados no art. 4º da
nossa capacitação aeroespacial, constituem objetivos Constituição, em particular os princípios de
setoriais prioritários. autodeterminação, não‐intervenção, igualdade entre
os Estados e solução pacífica de conflitos. Nessas
5.7 O Brasil defende uma ordem internacional condições, sob a égide da Organização das Nações
baseada na democracia, no multilateralismo, na Unidas (ONU), participa de operações de paz, sempre
cooperação, na proscrição das armas químicas, de acordo com os interesses nacionais, de forma a
biológicas e nucleares, e na busca da paz entre as contribuir para a paz e a segurança internacionais.
nações. Nesse sentido, defende a reforma das
instâncias decisórias internacionais, de modo a torná‐ 5.13 A persistência de ameaças à paz mundial requer
las mais legítimas, representativas e eficazes, a atualização permanente e o aparelhamento das
fortalecendo o multilateralismo, o respeito ao Direito nossas Forças Armadas, com ênfase no apoio à ciência
Internacional e os instrumentos para a solução e tecnologia para o desenvolvimento da indústria
pacífica de controvérsias. nacional de defesa. Visa‐se, com isso, à redução da
dependência tecnológica e à superação das restrições
5.8 A Constituição tem como um de seus princípios, unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis.
nas relações internacionais, o repúdio ao terrorismo.
5.14 Em consonância com a busca da paz e da
O Brasil considera que o terrorismo internacional segurança internacionais, o País é signatário do
constitui risco à paz e à segurança mundiais. Condena Tratado sobre a Não‐Proliferação de Armas Nucleares
enfaticamente suas ações e implementa as resoluções
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e destaca a necessidade do cumprimento do seu X. estruturar as Forças Armadas em torno de
Artigo VI, que prevê a negociação para a eliminação capacidades, dotando‐as de pessoal e material
total das armas nucleares por parte das potências compatíveis com os planejamentos estratégicos e
nucleares, ressalvando o direito de todos os países ao operacionais; e
uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos. XI. desenvolver o potencial de logística de defesa e de
mobilização nacional.
5.15 O contínuo desenvolvimento brasileiro traz
implicações crescentes para a segurança das 7. Orientações
infraestruturas críticas. Dessa forma, é necessária a
identificação dos pontos estratégicos prioritários, de 7.1. No gerenciamento de crises internacionais de
modo a planejar e a implementar suas defesas. natureza político‐estratégica, o Governo poderá
determinar o emprego de todas as expressões do
6. Objetivos nacionais de defesa Poder Nacional, de diferentes formas, visando a
preservar os interesses nacionais.
As relações internacionais são pautadas por complexo
jogo de atores, interesses e normas que estimulam ou 7.2. No caso de agressão externa, o País empregará
limitam a capacidade de atua‐ ção dos Estados. Nesse todo o Poder Nacional, com ênfase na expressão
contexto de múltiplas influências e de militar, na defesa dos seus interesses.
interdependência, os países buscam realizar seus
interesses nacionais, podendo encorajar alianças ou 7.3. O Serviço Militar Obrigatório é a garantia de
gerar conflitos de variadas intensidades. participação de cidadãos na Defesa Nacional e
contribui para o desenvolvimento da mentalidade de
Dessa forma, torna‐se essencial estruturar a Defesa defesa no seio da sociedade brasileira.
Nacional de modo compatível com a estatura político‐
estratégica do País para preservar a soberania e os 7.4. A expressão militar do País fundamenta‐se na
interesses nacionais. Assim, da avaliação dos capacidade das Forças Armadas e no potencial dos
ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais recursos nacionais mobilizáveis.
de Defesa: 7.5. O País deve dispor de meios com capacidade de
I. garantir a soberania, o patrimônio nacional e a exercer vigilância, controle e defesa: das águas
integridade territorial; jurisdicionais brasileiras; do seu território e do seu
II. defender os interesses nacionais e as pessoas, os espaço aéreo, incluídas as áreas continental e
bens e os recursos brasileiros no exterior; marítima. Deve, ainda, manter a segurança das linhas
III. contribuir para a preservação da coesão e da de comunicações marítimas e das linhas de navegação
unidade nacionais; aérea, especialmente no Atlântico Sul.
IV. contribuir para a estabilidade regional; 7.6. Para contrapor‐se às ameaças à Amazônia, é
V. contribuir para a manutenção da paz e da imprescindível executar uma série de ações
segurança internacionais; estratégicas voltadas para o fortalecimento da
VI. intensificar a projeção do Brasil no concerto das presença militar, a efetiva ação do Estado no
nações e sua maior inserção em processos decisórios desenvolvimento sustentável (social, econômico e
internacionais; ambiental) e a ampliação da cooperação com os
VII. manter Forças Armadas modernas, integradas, países vizinhos, visando à defesa das riquezas
adestradas e balanceadas, e com crescente naturais.
profissionalização, operando de forma conjunta e
adequadamente desdobradas no território nacional; 7.7. Os setores governamental, industrial e
VIII. conscientizar a sociedade brasileira da acadêmico, voltados à produção científica e
importância dos assuntos de defesa do País; tecnológica e para a inovação, devem contribuir para
IX. desenvolver a indústria nacional de defesa, assegurar que o atendimento às necessidades de
orientada para a obtenção da autonomia em produtos de defesa seja apoiado em tecnologias sob
tecnologias indispensáveis; domínio nacional obtidas mediante estímulo e
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fomento dos setores industrial e acadêmico. A País e os princípios básicos da política externa, o Brasil
capacitação da indústria nacional de defesa, incluído o poderá participar de arranjos de defesa coletiva.
domínio de tecnologias de uso dual, é fundamental
para alcançar o abastecimento de produtos de defesa. 7.16. É imprescindível que o País disponha de
estrutura ágil, capaz de prevenir ações terroristas e de
7.8. A integração da indústria de defesa sul‐americana conduzir operações de contraterrorismo.
deve ser objeto de medidas que proporcionem
desenvolvimento mútuo, bem como capacitação e 7.17. Para se opor a possíveis ataques cibernéticos, é
autonomia tecnológicas. essencial aperfeiçoar os dispositivos de segurança e
adotar procedimentos que minimizem a
7.9. O Brasil deverá buscar parcerias estratégicas, vulnerabilidade dos sistemas que possuam suporte de
visando a ampliar o leque de opções de cooperação tecnologia da informação e comunicação ou permitam
na área de defesa e as oportunidades de intercâmbio. seu pronto restabelecimento.
7.10. Os setores espacial, cibernético e nuclear são 7.18. É prioritário assegurar continuidade e
estratégicos para a Defesa do País; devem, portanto, previsibilidade na alocação de recursos para permitir
ser fortalecidos. o preparo e o equipamento adequado das Forças
Armadas.
7.11. A atuação do Estado brasileiro com relação à
defesa tem como fundamento a obrigação de garantir 7.19. Deverá ser buscado o constante
nível adequado de segurança do País, tanto em tempo aperfeiçoamento da capacidade de comando,
de paz, quanto em situação de conflito. controle, monitoramento e do sistema de inteligência
dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional.
7.12. À ação diplomática na solução de conflitos
soma‐se a estratégia militar da dissuasão. Nesse 7.20. Nos termos da Constituição, as Forças Armadas
contexto, torna‐se importante desenvolver a poderão ser empregadas pela União contra ameaças
capacidade de mobilização nacional e a manutenção ao exercício da soberania do Estado e à
de Forças Armadas modernas, integradas e indissolubilidade da unidade federativa.
balanceadas, operando de forma conjunta e
adequadamente desdobradas no território nacional, 7.21. O Brasil deverá buscar a contínua interação da
em condições de pronto emprego. atual PND com as demais políticas governamentais,
visando a fortalecer a infraestrutura de valor
7.13. Para ampliar a projeção do País no concerto estratégico para a Defesa Nacional, particularmente a
mundial e reafirmar seu compromisso com a defesa de transporte, a de energia e a de comunicações.
da paz e com a cooperação entre os povos, o Brasil
deverá aperfeiçoar o preparo das Forças Armadas 7.22. O emprego das Forças Armadas na garantia da
para desempenhar responsabilidades crescentes em lei e da ordem é regido por legislação específica.
ações humanitárias e em missões de paz sob a égide
de organismos multilaterais, de acordo com os
interesses nacionais.
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ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA Estratégia Nacional de Defesa e Estratégia Nacional
de Desenvolvimento
I – FORMULAÇÃO SISTEMÁTICA
1. Estratégia nacional de defesa é inseparável de
Introdução estratégia nacional de desenvolvimento. Esta motiva
O Brasil é pacífico por tradição e por convicção. Vive aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma
em paz com seus vizinhos. Rege suas relações reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta
internacionais, dentre outros, pelos princípios para a nacionalidade e constrói‐se a Nação.
constitucionais da não intervenção, defesa da paz, Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver
solução pacífica dos conflitos e democracia. Essa que dizer não. Terá capacidade para construir seu
vocação para a convivência harmônica, tanto interna próprio modelo de desenvolvimento.
como externa, é parte da identidade nacional e um 2. Não é evidente para um País que pouco trato teve
valor a ser conservado pelo povo brasileiro. com guerras, convencer‐se da necessidade de
O Brasil ascenderá ao primeiro plano no cenário defender‐se para poder construir‐se. Não bastam,
internacional sem buscar hegemonia. O povo ainda que sejam proveitosos e até mesmo
brasileiro não deseja exercer domínio sobre outros indispensáveis, os argumentos que invocam as
povos. Quer que o Brasil se engrandeça sem imperar. utilidades das tecnologias e dos conhecimentos da
defesa para o desenvolvimento do País. Os recursos
O crescente desenvolvimento do Brasil deve ser demandados pela defesa exigem uma transformação
acompanhado pelo aumento do preparo de sua de consciências, para que se constitua uma estratégia
defesa contra ameaças e agressões. A sociedade de defesa para o Brasil.
brasileira vem tomando consciência da
responsabilidade com a preservação da 3. Apesar da dificuldade, é indispensável para as
independência do País. O planejamento de ações Forças Armadas de um País com as características do
destinadas à Defesa Nacional, a cargo do Estado, tem nosso, manter, em meio à paz, o impulso de se
seu documento condicionante de mais alto nível na preparar para o combate e de cultivar, em prol desse
Política Nacional de Defesa, que estabelece os preparo, o hábito da transformação. Disposição para
Objetivos Nacionais de Defesa. mudar é o que a Nação está a exigir agora de si
mesma, de sua liderança, de seus marinheiros,
O primeiro deles é a garantia da soberania, do soldados e aviadores. Não se trata apenas de financiar
patrimônio nacional e da integridade territorial. e de equipar as Forças Armadas. Trata‐se de
Outros objetivos incluem a estruturação de Forças transformá‐las, para melhor defenderem o Brasil.
Armadas com adequadas capacidades organizacionais
e operacionais e a criação de condições sociais e 4. Projeto forte de defesa favorece projeto forte de
econômicas de apoio à Defesa Nacional no Brasil, desenvolvimento. Forte é o projeto de
assim como a contribuição para a paz e a segurança desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais
internacionais e a proteção dos interesses brasileiros orientações, se guie pelos seguintes princípios:
nos diferentes níveis de projeção externa do País. (a) Independência nacional efetivada pela mobilização
A presente Estratégia Nacional de Defesa trata da de recursos físicos, econômicos e humanos, para o
reorganização e reorientação das Forças Armadas, da investimento no potencial produtivo do País.
organização da Base Industrial de Defesa e da política Aproveitar os investimentos estrangeiros, sem deles
de composição dos efetivos da Marinha, do Exército e depender;
da Aeronáutica. Ao propiciar a execução da Política (b) Independência nacional alcançada pela
Nacional de Defesa com uma orientação sistemática e capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos
com medidas de implementação, a Estratégia estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear.
Nacional de Defesa contribuirá para fortalecer o papel Não é independente quem não tem o domínio das
cada vez mais importante do Brasil no mundo.
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tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para 4. Desenvolver, lastreada na capacidade de
o desenvolvimento; e monitorar/controlar, a capacidade de responder
prontamente a qualquer ameaça ou agressão: a
(c) Independência nacional assegurada pela mobilidade estratégica.
democratização de oportunidades educativas e
econômicas e pelas oportunidades para ampliar a A mobilidade estratégica – entendida como a aptidão
participação popular nos processos decisórios da vida para se chegar rapidamente à região em conflito –
política e econômica do País. reforçada pela mobilidade tática – entendida como a
aptidão para se mover dentro daquela região – é o
Natureza e âmbito da Estratégia Nacional de Defesa complemento prioritário do monitoramento/controle
1. A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o e uma das bases do poder de combate, exigindo, das
conceito e a política de independência nacional, de Forças Armadas, ação que, mais do que conjunta, seja
um lado, e as Forças Armadas para resguardar essa unificada.
independência, de outro. Trata de questões políticas e O imperativo de mobilidade ganha importância
institucionais decisivas para a defesa do País, como os decisiva, dadas a vastidão do espaço a defender e a
objetivos da sua “grande estratégia” e os meios para escassez dos meios para defendê‐lo. O esforço de
fazer com que a Nação participe da defesa. Aborda, presença, sobretudo ao longo das fronteiras terrestres
também, problemas propriamente militares, e nas partes mais estratégicas do litoral, tem
derivados da influência dessa “grande estratégia” na limitações intrínsecas. É a mobilidade que permitirá
orientação e nas práticas operacionais das três Forças. superar o efeito prejudicial de tais limitações.
Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa 5. Aprofundar o vínculo entre os aspectos
A Estratégia Nacional de Defesa pauta‐se pelas tecnológicos e os operacionais da mobilidade, sob a
seguintes diretrizes: disciplina de objetivos bem definidos.
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Os setores espacial e cibernético permitirão, em O Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas será
conjunto, que a capacidade de visualizar o próprio chefiado por um oficial‐general de último posto, e
País não dependa de tecnologia estrangeira e que as terá a participação de um Comitê, integrado pelos
três Forças, em conjunto, possam atuar em rede, Chefes dos Estados‐Maiores das três Forças. Será
instruídas por monitoramento que se faça também a subordinado diretamente ao Ministro da Defesa.
partir do espaço. Construirá as iniciativas destinadas a dar realidade
prática à tese da unificação doutrinária, estratégica e
O Brasil tem compromisso – decorrente da operacional e contará com estrutura permanente que
Constituição e da adesão a Tratados Internacionais – lhe permita cumprir sua tarefa.
com o uso estritamente pacífico da energia nuclear.
Entretanto, afirma a necessidade estratégica de A Marinha, o Exército e a Aeronáutica disporão,
desenvolver e dominar essa tecnologia. O Brasil singularmente, de um Comandante, nomeado pelo(a)
precisa garantir o equilíbrio e a versatilidade da sua Presidente(a) da República e indicado pelo Ministro
matriz energética e avançar em áreas, tais como as de da Defesa. O Comandante de Força, no âmbito das
agricultura e saúde, que podem se beneficiar da suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da sua
tecnologia de energia nuclear. E levar a cabo, entre Força, formulará a sua política e doutrina e preparará
outras iniciativas que exigem independência seus órgãos operativos e de apoio para o
tecnológica em matéria de energia nuclear, o projeto cumprimento da destinação constitucional.
do submarino de propulsão nuclear.
Os Estados‐Maiores das três Forças, subordinados a
7. Unificar e desenvolver as operações conjuntas das seus Comandantes, serão os agentes da formulação
três Forças, muito além dos limites impostos pelos estratégica em cada uma delas, sob a orientação do
protocolos de exercícios conjuntos. respectivo Comandante.
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respectivas Forças, um Distrito Naval ou Comando de passa pelo trinômio monitoramento/controle,
Área, reunir‐se‐ão regularmente, acompanhados de mobilidade e presença.
seus principais assessores, para assegurar a unidade
operacional das três Forças naquela área. Em cada O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de
área deverá ser estruturado um Estado‐Maior sua soberania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará,
Conjunto Regional, para realizar e atualizar, desde o pela prática de atos de desenvolvimento e de defesa,
tempo de paz, os planejamentos operacionais da área. qualquer tentativa de tutela sobre as suas decisões a
respeito de preservação, de desenvolvimento e de
9. Adensar a presença de unidades da Marinha, do defesa da Amazônia. Não permitirá que organizações
Exército e da Força Aérea nas fronteiras. ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses
estrangeiros – políticos ou econômicos – que queiram
Deve‐se ter claro que, dadas as dimensões enfraquecer a soberania brasileira. Quem cuida da
continentais do território nacional, presença não pode Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si
significar onipresença. A presença ganha efetividade mesmo, é o Brasil.
graças à sua relação com monitoramento/controle e
com mobilidade. O CENSIPAM deverá atuar integradamente com as FA,
a fim de fortalecer o monitoramento, o planejamento,
Nas fronteiras terrestres, nas águas jurisdicionais o controle, a logística, a mobilidade e a presença na
brasileiras e no espaço aéreo sobrejacente, as Amazônia brasileira.
unidades do Exército, da Marinha e da Força Aérea
têm, sobretudo, tarefas de vigilância. No 11. Desenvolver a capacidade logística, para fortalecer
cumprimento dessas tarefas, as unidades ganham seu a mobilidade, sobretudo na região amazônica.
pleno significado apenas quando compõem sistema
integrado de monitoramento/controle, feito, Daí a importância de se possuir estruturas de
inclusive, a partir do espaço. Ao mesmo tempo, tais transporte e de comando e controle que possam
unidades potencializam‐se como instrumentos de operar em grande variedade de circunstâncias,
defesa, por meio de seus vínculos com as reservas inclusive sob as condições extraordinárias impostas
táticas e estratégicas. Os vigias alertam. As reservas pela guerra.
respondem e operam. E a eficácia do emprego das 12. Desenvolver o conceito de flexibilidade no
reservas táticas regionais e estratégicas é combate, para atender aos requisitos de
proporcional à capacidade de atenderem à exigência monitoramento/controle, mobilidade e presença.
da mobilidade.
Isso exigirá, sobretudo na Força Terrestre, que as
Entende‐se por reservas táticas forças articuladas, em forças convencionais cultivem alguns predicados
profundidade, numa determinada área estratégica, atribuídos a forças não convencionais.
com mobilidade suficiente para serem empregadas na
própria área estratégica onde estão localizadas. Somente Forças Armadas com tais predicados estarão
Reservas estratégicas são forças dotadas de alta aptas para operar no amplíssimo espectro de
mobilidade estratégica, com estrutura organizacional circunstâncias que o futuro poderá trazer.
completa desde o tempo de paz, dotadas do mais alto
A conveniência de assegurar que as forças
nível possível de capacitação operacional e
convencionais adquiram predicados comumente
aprestamento, em condições de atuar no mais curto
associados a forças não convencionais pode parecer
prazo, no todo ou em parte, em qualquer área
mais evidente no ambiente da selva amazônica.
estratégica compatível com sua doutrina de emprego.
Aplicam‐se eles, porém, com igual pertinência, a
10. Priorizar a região amazônica. outras áreas do País. Não é uma adaptação a
especificidades geográficas localizadas. É resposta a
A Amazônia representa um dos focos de maior uma vocação estratégica geral.
interesse para a defesa. A defesa da Amazônia exige
avanço de projeto de desenvolvimento sustentável e 13. Desenvolver o repertório de práticas e de
capacitações operacionais dos combatentes, para
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atender aos requisitos de monitoramento/controle, 14. Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos
mobilidade e presença. atributos e predicados exigidos pelo conceito de
flexibilidade.
Cada homem e mulher a serviço das Forças Armadas
há de dispor de três ordens de meios e de O militar brasileiro precisa reunir qualificação e
habilitações. rusticidade. Necessita dominar as tecnologias e as
práticas operacionais exigidas pelo conceito de
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com flexibilidade. Deve identificar‐se com as
meios e habilitações para atuar em rede, não só com peculiaridades e características geográficas exigentes
outros combatentes e contingentes de sua própria ou extremas que existem no País. Só assim realizar‐se‐
Força, mas também com combatentes e contingentes á, na prática, o conceito de flexibilidade, dentro das
das outras Forças. As tecnologias de comunicações, características do territó‐ rio nacional e da situação
inclusive com os veículos que monitorem a superfície geográfica e geopolítica do Brasil.
da terra e do mar, a partir do espaço, devem ser
encaradas como instrumentos potencializadores de 15. Rever, a partir de uma política de otimização do
iniciativas de defesa e de combate. Esse é o sentido emprego de recursos humanos, a composição dos
do requisito de monitoramento e controle e de sua efetivos das três Forças, de modo a dimensioná‐las
relação com as exigências de mobilidade e de para atender adequadamente ao disposto na
presença. Estratégia Nacional de Defesa.
Em segundo lugar, cada combatente deve dispor de 16. Estruturar o potencial estratégico em torno de
tecnologias e de conhecimentos que permitam capacidades.
aplicar, em qualquer região em conflito, terrestre ou
marítimo, o imperativo de mobilidade. É a esse Convém organizar as Forças Armadas em torno de
imperativo, combinado com a capacidade de capacidades, não em torno de inimigos específicos. O
combate, que devem servir as plataformas e os Brasil não tem inimigos no presente. Para não tê‐los
sistemas de armas à disposição do combatente. no futuro, é preciso preservar a paz e preparar‐se
para a guerra.
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado
para abordar o combate de modo a atenuar as formas 17. Preparar efetivos para o cumprimento de missões
rígidas e tradicionais de comando e controle, em prol de garantia da lei e da ordem, nos termos da
da flexibilidade, da adaptabilidade, da audácia e da Constituição.
surpresa no campo de batalha. Esse combatente será, O País cuida para evitar que as Forças Armadas
ao mesmo tempo, um comandado que sabe desempenhem papel de polícia. Efetuar operações
obedecer, exercer a iniciativa, na ausência de ordens internas em garantia da lei e da ordem, quando os
específicas, e orientar‐se em meio às incertezas e aos poderes constituídos não conseguem garantir a paz
sobressaltos do combate – e uma fonte de iniciativas pública e um dos Chefes dos três Poderes o requer,
– capaz de adaptar suas ordens à realidade da faz parte das responsabilidades constitucionais das
situação mutável em que se encontra. Forças Armadas. A legitimação de tais
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção responsabilidades pressupõe, entretanto, legislação
industrial marcado pela atenuação de contrastes que ordene e respalde as condições específicas e os
entre atividades de planejamento e de execução e procedimentos federativos que deem ensejo a tais
pela relativização de especializações rígidas nas operações, com resguardo de seus integrantes.
atividades de execução. Esse estilo encontra 18. Estimular a integração da América do Sul.
contrapartida na maneira de fazer a guerra, cada vez
mais caracterizada por extrema flexibilidade. Essa integração não somente contribui para a defesa
do Brasil, como possibilita fomentar a cooperação
militar regional e a integração das bases industriais de
defesa. Afasta a sombra de conflitos dentro da região.
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Com todos os países, avança‐se rumo à construção da força de reserva, mobilizável em tais circunstâncias.
unidade sul‐americana. O Conselho de Defesa Sul‐ Reporta‐se, portanto, à questão do futuro do Serviço
Americano é um mecanismo consultivo que se destina Militar Obrigatório.
a prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar
regional e a integração das bases industriais de Sem que se assegure a elasticidade para as Forças
defesa, sem que dele participe país alheio à região. Armadas, seu poder dissuasório e defensivo ficará
Orienta‐se pelo princípio da cooperação entre seus comprometido.
membros. 22. Capacitar a Base Industrial de Defesa para que
19. Preparar as Forças Armadas para desempenharem conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à
responsabilidades crescentes em operações defesa.
internacionais de apoio à política exterior do Brasil. Regimes jurídico, regulatório e tributário especiais
Em tais operações, as Forças agirão sob a orientação protegerão as empresas privadas nacionais de
das Nações Unidas ou em apoio a iniciativas de órgãos produtos de defesa contra os riscos do imediatismo
multilaterais da região, pois o fortalecimento do mercantil e assegurarão continuidade nas compras
sistema de segurança coletiva é benéfico à paz públicas. A contrapartida a tal regime especial será,
mundial e à defesa nacional. porém, o poder estratégico que o Estado exercerá
sobre tais empresas, a ser assegurado por um
20. Ampliar a capacidade de atender aos conjunto de instrumentos de direito privado ou de
compromissos internacionais de busca e salvamento. direito público.
É tarefa prioritária para o País, o aprimoramento dos Já o setor estatal de produtos de defesa terá por
meios existentes e da capacitação do pessoal missão operar no teto tecnológico, desenvolvendo as
envolvido com as atividades de busca e salvamento no tecnologias que as empresas privadas não possam
território nacional, nas águas jurisdicionais brasileiras alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de maneira
e nas áreas pelas quais o Brasil é responsável, em rentável.
decorrência de compromissos internacionais.
A formulação e a execução da política de obtenção de
21. Desenvolver o potencial de mobilização militar e produtos de defesa serão centralizadas no Ministério
nacional para assegurar a capacidade dissuasória e da Defesa, sob a responsabilidade da Secretaria de
operacional das Forças Armadas. Produtos de Defesa (SEPROD), admitida delegação na
sua execução.
Diante de eventual degeneração do quadro
internacional, o Brasil e suas Forças Armadas deverão A Base Industrial de Defesa será incentivada a
estar prontos para tomar medidas de resguardo do competir em mercados externos para aumentar a sua
território, das linhas de comércio marítimo e escala de produção. A consolidação da União de
plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais. Nações Sul‐Americanas (UNASUL) poderá atenuar a
As Forças Armadas deverão, também, estar tensão entre o requisito da independência em
habilitadas a aumentar rapidamente os meios produção de defesa e a necessidade de compensar
humanos e materiais disponíveis para a defesa. custo com escala, possibilitando o desenvolvimento
Exprime‐se o imperativo de elasticidade em da produção de defesa em conjunto com outros
capacidade de mobilização nacional e militar. países da região.
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Sempre que possível, as parcerias serão construídas A infraestrutura estratégica do Brasil deverá
como expressões de associação estratégica mais contemplar estudos para emprego dual, ou seja,
abrangente entre o Brasil e o país parceiro. A atender à sociedade e à economia do País, bem como
associação será manifestada em colaborações de à Defesa Nacional.
defesa e de desenvolvimento, e será pautada por duas
ordens de motivações básicas: a internacional e a 25. Inserir, nos cursos de altos estudos estratégicos de
nacional. oficiais das três forças, os princípios e diretrizes da
Estratégia Nacional de Defesa, inclusive aqueles que
A motivação de ordem internacional será trabalhar dizem respeito ao Estado‐Maior Conjunto.
com o país parceiro em prol de um maior pluralismo
de poder e de visão no mundo. Esse trabalho conjunto
passa por duas etapas. Na primeira etapa, o objetivo é Eixos Estruturantes
a melhor representação de países emergentes,
inclusive o Brasil, nas organizações internacionais – 1. A Estratégia Nacional de Defesa organiza‐se em
políticas e econômicas – estabelecidas. Na segunda, o torno de três eixos estruturantes.
alvo é a reestruturação das organizações
O primeiro eixo estruturante diz respeito a como as
internacionais, para que se tornem mais abertas às
Forças Armadas devem se organizar e se orientar para
divergências, às inovações e aos experimentos do que
melhor desempenharem sua destinação
são as instituições nascidas ao término da Segunda
constitucional e suas atribuições na paz e na guerra.
Guerra Mundial.
Enumeram‐se diretrizes estratégicas relativas a cada
A motivação de ordem nacional será contribuir para a uma das Forças e especifica‐se a relação que deve
ampliação das instituições que democratizem a prevalecer entre elas. Descreve‐se a maneira de
economia de mercado e aprofundem a democracia, transformar tais diretrizes em práticas e capacitações
organizando o crescimento econômico socialmente operacionais e propõe‐se a linha de evolução
includente. tecnológica necessária para assegurar que se
concretizem.
Deverá, sempre que possível, ser buscado o
desenvolvimento de materiais que tenham uso dual. A análise das hipóteses de emprego das Forças
Armadas – para resguardar o espaço aéreo, o
23. Manter o Serviço Militar Obrigatório. território e as águas jurisdicionais brasileiras –
O Serviço Militar Obrigatório é uma das condições permite dar foco mais preciso às diretrizes
para que se possa mobilizar o povo brasileiro em estratégicas. Nenhuma análise de hipóteses de
defesa da soberania nacional. É, também, emprego pode, porém, desconsiderar as ameaças do
instrumento para afirmar a unidade da Nação, futuro. Por isso mesmo, as diretrizes estratégicas e as
independentemente de classes sociais, gerando capacitações operacionais precisam transcender o
oportunidades e incentivando o exercício da horizonte imediato que a experiência e o
cidadania. entendimento de hoje permitem descortinar.
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O segundo eixo estruturante refere‐se à consideração, a projeção de poder se subordina,
reorganização da Base Industrial de Defesa, para hierarquicamente, à negação do uso do mar.
assegurar que o atendimento às necessidades de tais
produtos por parte das Forças Armadas apoie‐se em A negação do uso do mar, o controle de áreas
tecnologias sob domínio nacional, preferencialmente marítimas e a projeção de poder devem ter por foco,
as de emprego dual (militar e civil). sem hierarquização de objetivos e de acordo com as
circunstâncias:
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição
dos efetivos das Forças Armadas e, (a) defesa proativa das plataformas petrolíferas;
consequentemente, sobre o futuro do Serviço Militar (b) defesa proativa das instalações navais e
Obrigatório. Seu propósito é zelar para que as Forças portuárias, dos arquipélagos e das ilhas oceânicas nas
Armadas reproduzam, em sua composição, a própria águas jurisdicionais brasileiras;
Nação – para que elas não sejam uma parte da Nação,
pagas para lutar por conta e em benefício das outras (c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por
partes. O Serviço Militar Obrigatório deve, pois, Estado ou por forças não convencionais ou
funcionar como espaço republicano, no qual possa a criminosas, às vias marítimas de comércio; e
Nação encontrar‐se acima das classes sociais.
(d) capacidade de participar de operações
internacionais de paz, fora do território e das águas
jurisdicionais brasileiras, sob a égide das Nações
Objetivos estratégicos das Forças Armadas Unidas ou de organismos multilaterais da região.
A Marinha do Brasil A construção de meios para exercer o controle de
1. Na maneira de conceber a relação entre as tarefas áreas marítimas terá como foco as áreas estratégicas
estratégicas de negação do uso do mar, de controle de acesso marítimo ao Brasil. Duas áreas do litoral
de áreas marítimas e de projeção de poder, a Marinha continuarão a merecer atenção especial, do ponto de
do Brasil se pautará por um desenvolvimento desigual vista da necessidade de controlar o acesso marítimo
e conjunto. Se aceitasse dar peso igual a todas as três ao Brasil: a faixa que vai de Santos a Vitória e a área
tarefas, seria grande o risco de ser medíocre em todas em torno da foz do Rio Amazonas.
elas. Embora todas mereçam ser cultivadas, serão em 2. A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto
determinada ordem e sequência. tem implicações para a reconfiguração das forças
A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do navais. A implicação mais importante é que a Marinha
mar a qualquer concentração de forças inimigas que se reconstruirá, por etapas, como uma Força
se aproxime do Brasil por via marítima. A negação do balanceada entre o componente submarino, o
uso do mar ao inimigo é a que organiza, antes de componente de superfície e o componente
atendidos quaisquer outros objetivos estratégicos, a aeroespacial.
estratégia de defesa marítima do Brasil. Essa 3. Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar,
prioridade tem implicações para a reconfiguração das o Brasil contará com força naval submarina de
forças navais. envergadura, composta de submarinos convencionais
Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao e de submarinos de propulsão nuclear. O Brasil
inimigo, o Brasil precisa manter a capacidade focada manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e
de projeção de poder e criar condições para controlar, de fabricar tanto submarinos de propulsão
no grau necessário à defesa e dentro dos limites do convencional, como de propulsão nuclear. Acelerará
direito internacional, as áreas marítimas e águas os investimentos e as parcerias necessários para
interiores de importância político‐ estratégica, executar o projeto do submarino de propulsão
econômica e militar, e também as suas linhas de nuclear. Armará os submarinos com mísseis e
comunicação marítimas. A despeito dessa desenvolverá capacitações para projetá‐los e fabricá‐
los. Cuidará de ganhar autonomia nas tecnologias
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cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas possível, providas de eclusas, de modo a assegurar
de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com franca navegabilidade às hidrovias.
as outras forças navais, terrestres e aéreas.
6. O monitoramento da superfície do mar, a partir do
4. Para assegurar sua capacidade de projeção de espaço, deverá integrar o repertório de práticas e
poder, a Marinha possuirá, ainda, meios de Fuzileiros capacitações operacionais da Marinha.
Navais, em permanente condição de pronto emprego.
A existência de tais meios é também essencial para a A partir dele, as forças navais, submarinas e de
defesa das instalações navais e portuárias, dos superfície terão fortalecidas suas capacidades de
arquipélagos e das ilhas oceânicas nas águas atuar em rede com as forças terrestre e aérea.
jurisdicionais brasileiras, para atuar em operações 7. A constituição de uma força e de uma estratégia
internacionais de paz e em operações humanitárias, navais que integrem os componentes submarino, de
em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, serão superfície e aéreo, permitirá realçar a flexibilidade
fundamentais para assegurar o controle das margens com que se resguarda o objetivo prioritário da
durante as operações ribeirinhas. O Corpo de estratégia de segurança marítima: a dissuasão,
Fuzileiros Navais consolidar‐se‐á como a força de priorizando a negação do uso do mar ao inimigo que
caráter expedicionário por excelência. se aproxime do Brasil, por meio do mar. Em amplo
5. A força naval de superfície contará tanto com espectro de circunstâncias de combate, sobretudo
navios de grande porte, capazes de operar e de quando a força inimiga for muito mais poderosa, a
permanecer por longo tempo em alto mar, como com força de superfície será concebida e operada como
navios de porte menor, dedicados a patrulhar o litoral reserva tática ou estratégica. Preferencialmente, e
e os principais rios navegáveis brasileiros. Requisito sempre que a situação tática permitir, a força de
para a manutenção de tal esquadra será a capacidade superfície será engajada no conflito depois do
da Força Aérea de trabalhar em conjunto com a emprego inicial da força submarina, que atuará de
Aviação Naval, para garantir o controle do ar no grau maneira coordenada com os veículos espaciais (para
desejado, em caso de conflito armado/guerra. efeito de monitoramento) e com meios aéreos (para
efeito de fogo focado).
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará
especial atenção ao projeto e à fabricação de navios Esse desdobramento do combate em etapas
de propósitos múltiplos e navios‐aeródromos. sucessivas, sob a responsabilidade de contingentes
distintos, permitirá, na guerra naval, a agilização da
A Marinha contará, também, com embarcações de alternância entre a concentração e a desconcentração
combate, de transporte e de patrulha, oceânicas, de forças e o aprofundamento da flexibilidade a
litorâneas e fluviais. Serão concebidas e fabricadas de serviço da surpresa.
acordo com a mesma preocupação de versatilidade
funcional que orientará a construção das belonaves 8. Um dos elos entre a etapa preliminar do embate,
de alto mar. A Marinha adensará sua presença nas sob a responsabilidade da força submarina e de suas
vias navegáveis das duas grandes bacias fluviais, a do contrapartes espacial e aérea, e a etapa subsequente,
Amazonas e a do Paraguai‐Paraná, empregando tanto conduzida com o pleno engajamento da força naval
navios‐patrulha como navios‐transporte, ambos de superfície, será a Aviação Naval, embarcada em
guarnecidos por helicópteros adaptados ao regime navios. A Marinha trabalhará com a Base Industrial de
das águas. Defesa para desenvolver um avião versátil, que
maximize o potencial aéreo defensivo e ofensivo da
A presença da Marinha nas bacias fluviais será Força Naval.
facilitada pela dedicação do País à inauguração de um
paradigma multimodal de transporte. Esse paradigma 9. A Marinha iniciará os estudos e preparativos para
contemplará a construção das hidrovias do Paraná‐ estabelecer, em lugar próprio, o mais próximo
Tietê, do Madeira, do Tocantins‐Araguaia e do possível da foz do rio Amazonas, uma base naval de
Tapajós‐Teles Pires. As barragens serão, quando uso múltiplo, comparável, na abrangência e na
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densidade de seus meios, à Base Naval do Rio de elasticidade reporta‐se à parte dessa Estratégia
Janeiro. 10. A Marinha acelerará o trabalho de Nacional de Defesa, que trata do futuro do Serviço
instalação de suas bases de submarinos, Militar Obrigatório e da mobilização nacional.
convencionais e de propulsão nuclear.
A flexibilidade depende, para sua afirmação plena, da
O Exército Brasileiro elasticidade. O potencial da flexibilidade, para
dissuasão e para defesa, ficaria severamente limitado,
1. O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação se não fosse possível, em caso de necessidade,
constitucional e desempenhará suas atribuições, na multiplicar os meios humanos e materiais das For‐ ças
paz e na guerra, sob a orientação dos conceitos Armadas. Por outro lado, a maneira de interpretar e
estratégicos de flexibilidade e de elasticidade. A de efetuar o imperativo da elasticidade revela o
flexibilidade, por sua vez, inclui os requisitos desdobramento mais radical da flexibilidade. A
estratégicos de monitoramento/controle e de elasticidade é a flexibilidade, traduzida no
mobilidade. engajamento de toda a Nação em sua própria defesa.
Flexibilidade é a capacidade de empregar forças 2. O Exército, embora seja empregado de forma
militares com o mínimo de rigidez preestabelecida e progressiva nas crises e na guerra, deve ser
com o máximo de adaptabilidade à circunstância de constituído por meios modernos e por efetivos muito
emprego da força. Na paz, significa a versatilidade bem adestrados. A Força deverá manter‐ ‐se em
com que se substitui a presença – ou a onipresença – permanente processo de transformação, buscando,
pela capacidade de se fazer presente (mobilidade) à desde logo, evoluir da era industrial para a era do
luz da informação (monitoramento/controle). Na conhecimento. A concepção do Exército como
guerra, exige a capacidade de deixar o inimigo em vanguarda tem, como expressão prática principal, a
desequilíbrio permanente, surpreendendo‐o por meio sua reconstrução em módulo brigada, que vem a ser o
da dialética da desconcentração e da concentração de módulo básico de combate da Força Terrestre. Na
forças e da audácia com que se desfecha o golpe composição atual do Exército, as brigadas das Forças
inesperado. de Ação Rápida Estratégicas são as que melhor
A flexibilidade relativiza o contraste entre o conflito exprimem o ideal de flexibilidade.
convencional e o conflito não convencional: O modelo de composição das Forças de Ação Rápida
reivindica, para as forças convencionais, alguns dos Estratégicas não precisa nem deve ser seguido
atributos de força não convencional, e firma a rigidamente, sem que se levem em conta os
supremacia da inteligência e da imaginação sobre o problemas operacionais próprios das diferentes
mero acúmulo de meios materiais e humanos. Por regiões em conflito. Entretanto, todas as brigadas do
isso mesmo, rejeita a tentação de ver na alta Exército devem conter, em princípio, os seguintes
tecnologia, alternativa ao combate, assumindo‐a elementos, para que se generalize o atendimento do
como um reforço da capacidade operacional. Insiste conceito da flexibilidade:
no papel da surpresa. Transforma a incerteza em
solução, em vez de encará‐la como problema. (a) Recursos humanos com elevada motivação e
Combina as defesas meditadas com os ataques efetiva capacitação operacional, típicas da Brigada de
fulminantes. Operações Especiais, que hoje compõe a reserva
estratégica do Exército;
Elasticidade é a capacidade de aumentar rapidamente
o dimensionamento das forças militares quando as (b) Instrumentos de comando e controle, de
circunstâncias o exigirem, mobilizando, em grande tecnologia da informação, de comunicações e de
escala, os recursos humanos e materiais do País. A monitoramento que lhes permitam operar em rede
elasticidade exige, portanto, a construção de força de com outras unidades da Marinha, do Exército e da
reserva, mobilizável de acordo com as circunstâncias. Força Aérea e receber informação fornecida pelo
A base derradeira da elasticidade é a integração das monitoramento do terreno a partir do ar e do espaço;
Forças Armadas com a Nação. O desdobramento da
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(c) Instrumentos de mobilidade que lhes permitam sobretudo por meio de artilharia antiaérea de média
deslocar‐se rapidamente por terra, água e ar – para a altura.
região em conflito e dentro dela. Por ar e por água, a
mobilidade se efetuará comumente por meio de 4. O Exército continuará a manter reservas regionais e
operações conjuntas com a Marinha e com a Força estratégicas, articuladas em dispositivo de
Aérea; e expectativa. A articulação para as reservas
estratégicas deverá permitir a rápida concentração de
(d) Recursos logísticos capazes de manter a brigada tropas. A localização das reservas estratégicas deverá
mesmo em regiões isoladas e inóspitas por um ser objeto de contínua avaliação, à luz das novas
determinado período. realidades do País.
A qualificação do módulo brigada como vanguarda 5. O Exército deverá ter capacidade de projeção de
exige amplo espectro de meios tecnológicos, desde os poder, constituindo uma Força, quer expedicionária,
menos sofisticados, tais como radar portátil e quer para operações de paz, ou de ajuda humanitária,
instrumental de visão noturna, até as formas mais para atender compromissos assumidos sob a égide de
avançadas de comunicação entre as operações organismos internacionais ou para salvaguardar
terrestres e o monitoramento espacial. interesses brasileiros no exterior.
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8. Monitoramento/controle e mobilidade têm seu 10. Atender ao imperativo da elasticidade será
complemento em medidas destinadas a assegurar, preocupação especial do Exército, pois é, sobretudo, a
ainda no módulo brigada, a obtenção do efetivo Força Terrestre que terá de multiplicar‐se, em caso de
poder de combate. Algumas dessas medidas são conflito armado/guerra.
tecnológicas: o desenvolvimento de sistemas de
armas e de guiamento que permitam precisão no 11. Os imperativos de flexibilidade e de elasticidade
direcionamento do tiro e o desenvolvimento da culminam no preparo para uma guerra assimétrica,
capacidade de fabricar munições de todos os tipos, sobretudo na região amazônica, a ser sustentada
excluídas aquelas banidas por tratados internacionais contra inimigo de poder militar muito superior, por
do qual o Brasil faz parte. Outras medidas são ação de um país ou de uma coligação de países que
operacionais: a consolidação de um repertório de prá‐ insista em contestar, a qualquer pretexto, a
ticas e de capacitações que proporcionem à Força incondicional soberania brasileira sobre a sua
Terrestre os conhecimentos e as potencialidades, Amazônia.
tanto para o combate convencional, quanto para o A preparação para tal guerra não consiste apenas em
não convencional, capaz de operar com ajudar a evitar o que hoje é uma hipótese remota: a
adaptabilidade nas condições imensamente variadas de envolvimento do Brasil em uma guerra de grande
do território nacional. Outra medida – ainda mais escala. É, também, aproveitar disciplina útil para a
importante – é educativa: a formação de um militar formação de sua doutrina militar e de suas
que reúna qualificação e rusticidade. capacitações operacionais. Um exército que
9. A defesa da região amazônica será encarada, na conquistou os atributos de flexibilidade e de
atual fase da História, como o foco de concentração elasticidade é um exército que sabe conjugar as ações
das diretrizes resumidas sob o rótulo dos imperativos convencionais com as não convencionais. A guerra
de monitoramento/controle e de mobilidade. Não assimétrica, no quadro de uma guerra de resistência
exige qualquer exceção a tais diretrizes e reforça as nacional, representa uma efetiva possibilidade da
razões para segui‐las. As adaptações necessárias serão doutrina aqui especificada.
as requeridas pela natureza daquela região em Cada uma das condições, a seguir listadas, para a
conflito: a intensificação das tecnologias e dos condução exitosa da guerra de resistência deve ser
dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do interpretada como advertência orientadora da
ar e da terra; a primazia da transformação da brigada maneira de desempenhar as responsabilidades do
em uma força com atributos tecnológicos e Exército:
operacionais; os meios logísticos e aéreos para apoiar
unidades de fronteira isoladas em áreas remotas, (a) Ver a Nação identificada com a causa da defesa.
exigentes e vulneráveis; e a formação de um Toda a estratégia nacional repousa sobre a
combatente detentor de qualificação e de rusticidade conscientização do povo brasileiro quanto à
necessárias à proficiência de um combatente de selva. importância central dos problemas de defesa;
O desenvolvimento sustentável da região amazônica (b) Juntar a soldados regulares, fortalecidos com
passará a ser visto, também, como instrumento da atributos de soldados não convencionais, as reservas
defesa nacional: só ele pode consolidar as condições mobilizadas, de acordo com o conceito da
para assegurar a soberania nacional sobre aquela elasticidade;
região. Dentro dos planos para o desenvolvimento
(c) Contar com um soldado resistente que, além dos
sustentável da Amazônia, caberá papel primordial à
pendores de qualificação e de rusticidade, seja
regularização fundiária. Para defender a Amazônia,
também, no mais alto grau, tenaz. Sua tenacidade se
será preciso ampliar a segurança jurídica e reduzir os
inspirará na identificação da Nação com a causa da
conflitos decorrentes dos problemas fundiários ainda
defesa;
existentes.
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(d) Sustentar, sob condições adversas e extremas, a Industrial de Defesa será orientada a dar a mais alta
capacidade de comando e controle entre as forças prioridade ao desenvolvimento das tecnologias
combatentes; necessárias, inclusive àquelas que viabilizem
independência do sistema Global Positioning System
(e) Construir e manter, mesmo sob condições (GPS) ou de qualquer outro sistema de
adversas e extremas, o poder de apoio logístico às posicionamento estrangeiro. O potencial para
forças combatentes; e contribuir com tal independência tecnológica pesará
(f) Saber aproveitar ao máximo as características do na escolha das parcerias com outros países, em
ambiente. matéria de tecnologias de defesa.
(c) Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade
do Departamento de Ciência e Tecnologia de preferir a opção que minimize a dependência
Aeroespacial (DCTA) e as empresas privadas, tecnológica ou política em relação a qualquer
resguardando sempre os interesses do Estado quanto fornecedor que, por deter componentes do avião a
à proteção de patentes e à propriedade industrial; comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta
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dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de (a) Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites
defesa desencadeadas pelo Brasil. e desenvolver tecnologias de guiamento, sobretudo
sistemas inerciais e tecnologias de propulsão líquida;
5. Três diretrizes estratégicas marcarão a evolução da
Força Aérea. Cada uma dessas diretrizes representa (b) Projetar e fabricar satélites, sobretudo os
muito mais do que uma tarefa, uma oportunidade de geoestacionários, para telecomunicações e
transformação. sensoriamento remoto de alta resolu‐ ção,
multiespectral, e desenvolver tecnologias de controle
A primeira diretriz é o desenvolvimento do repertório de atitude dos satélites;
de tecnologias e de capacitações que permitam à
Força Aérea operar em rede, não só entre seus (c) Desenvolver tecnologias de comunicações,
próprios componentes, mas, também, com a Marinha comando e controle a partir de satélites, com as
e o Exército. forças terrestres, aéreas e marítimas, inclusive
submarinas, para que elas se capacitem a operar em
A segunda diretriz é o avanço nos programas de rede e a se orientar por informações deles recebidas;
Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), primeiro de e
vigilância e depois de combate. Os ARP poderão vir a
ser meios centrais, não meramente acessórios, do (d) Desenvolver tecnologia de determinação de
combate aéreo, além de facultar patamar mais posicionamento geográfico a partir de satélites. 3. No
exigente de precisão no monitoramento/controle do setor cibernético, as capacitações se destinarão ao
território nacional. A Força Aérea absorverá as mais amplo espectro de usos industriais, educativos e
implicações desse meio de vigilância e de combate militares. Incluirão, como parte prioritária, as
para as suas orientações tática e estratégica. tecnologias de comunicação entre todos os
Formulará doutrina sobre a interação entre os contingentes das Forças Armadas, de modo a
veículos tripulados e não tripulados que aproveite o assegurar sua capacidade para atuar em rede. As
novo meio para radicalizar o poder de surpreender, prioridades são as seguintes:
sem expor as vidas dos pilotos.
(a) Fortalecer o Centro de Defesa Cibernética com
A terceira diretriz é a integração das atividades capacidade de evoluir para o Comando de Defesa
espaciais nas operações da Força Aérea. O Cibernética das Forças Armadas;
monitoramento espacial será parte integral e
condição indispensável do cumprimento das tarefas (b) Aprimorar a Segurança da Informação e
estratégicas que orientarão a Força Aérea: vigilância Comunicações (SIC), particularmente, no tocante à
múltipla e cumulativa, grau de controle do ar cerificação digital no contexto da Infraestrutura de
desejado e combate focado no contexto de operações Chaves‐Públicas da Defesa (ICP‐Defesa), integrando as
conjuntas. O desenvolvimento da tecnologia de ICP das três Forças;
veículos lançadores servirá como instrumento amplo, (c) Fomentar a pesquisa científica voltada para o Setor
não só para apoiar os programas espaciais, mas Cibernético, envolvendo a comunidade acadêmica
também para desenvolver tecnologia nacional de nacional e internacional. Nesse contexto, os
projeto e de fabricação de mísseis. Ministérios da Defesa, da Fazenda, da Ciência,
Tecnologia e Inovação, da Educação, do
Planejamento, Orçamento e Gestão, a Secretaria de
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o Assuntos Estratégicos da Presidência da República e o
nuclear Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República deverão elaborar estudo com vistas à
1. Três setores estratégicos – o espacial, o cibernético criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética;
e o nuclear – são essenciais para a defesa nacional.
(d) Desenvolver sistemas computacionais de defesa
2. No setor espacial, as prioridades são as seguintes: baseados em computação de alto desempenho para
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emprego no setor cibernético e com possibilidade de que desenvolvidas por meio de parcerias com Estados
uso dual; e empresas estrangeiras. Empregar a energia nuclear
criteriosamente, e sujeitá‐la aos mais rigorosos
(e) Desenvolver tecnologias que permitam o controles de segurança e de proteção do meio
planejamento e a execução da Defesa Cibernética no ambiente, como forma de estabilizar a matriz
âmbito do Ministério da Defesa e que contribuam energética nacional, ajustando as variações no
com a segurança cibernética nacional, tais como suprimento de energias renováveis, sobretudo a
sistema modular de defesa cibernética e sistema de energia de origem hidrelétrica; e
segurança em ambientes computacionais;
(d) Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear
(f) Desenvolver a capacitação, o preparo e o emprego em amplo espectro de atividades.
dos poderes cibernéticos operacional e estratégico,
em prol das operações conjuntas e da proteção das O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao
infraestruturas estratégicas; desenvolvimento de suas tecnologias de energia
nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não
(g) Incrementar medidas de apoio tecnológico por Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar
meio de laboratórios específicos voltados para as as restrições do Tratado sem que as potências
ações cibernéticas; e nucleares tenham avançado, de forma significativa, na
(h) Estruturar a produção de conhecimento oriundo premissa central do Tratado: seu próprio
da fonte cibernética. desarmamento nuclear.
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produtos de defesa (Prode) no País – o que deve ser centros avançados de pesquisa das próprias Forças
feito de acordo com as seguintes diretrizes: Armadas e das instituições acadêmicas brasileiras.
Isso importa em organizar o regime legal, regulatório 5. O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de
e tributário da Base Industrial de Defesa, para que defesa depende tanto do desenvolvimento de aparato
reflita tal subordinação. tecnológico, quanto da formação de recursos
humanos. Daí a importância de se desenvolver uma
(c) Evitar que a Base Industrial de Defesa polarize‐se política de formação de cientistas, em ciência aplicada
entre pesquisa avançada e produção rotineira. e básica, já abordada no tratamento dos setores
espacial, cibernético e nuclear, privilegiando a
Deve‐se cuidar para que a pesquisa de vanguarda
aproximação da produção científica com as atividades
resulte em produção de vanguarda.
relativas ao desenvolvimento tecnológico da BID.
(d) Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa
6. No esforço de reorganizar a Base Industrial de
como foco para o desenvolvimento de capacitações
Defesa, buscar‐se‐ão parcerias com outros países,
operacionais.
com o objetivo de desenvolver a capacitação
Isso implica buscar a modernização permanente das tecnológica nacional, de modo a reduzir
plataformas, seja pela reavaliação à luz da experiência progressivamente a compra de serviços e de produtos
operacional, seja pela incorporação de melhorias acabados no exterior. A esses interlocutores
provindas do desenvolvimento tecnológico. estrangeiros, o Brasil deixará sempre claro que
pretende ser parceiro, não cliente ou comprador. O
2. Estabeleceu‐se, para a Base Industrial de Defesa, a País está mais interessado em parcerias que
Lei no 12.598, de 22 de março de 2012, que tem por fortaleçam suas capacitações independentes, do que
finalidade determinar normas especiais para as na compra de produtos e serviços acabados. Tais
compras, contratações e desenvolvimento de parcerias devem contemplar, em princípio, que parte
produtos e sistemas de defesa e dispõe sobre regras substancial da pesquisa e da fabricação seja
de incentivo à área estratégica de Defesa. desenvolvida no Brasil, e ganharão relevo maior,
quando forem expressão de associações estratégicas
Tal regime resguardará as empresas que fornecem
abrangentes.
produtos de defesa às Forças Armadas, das pressões
do imediatismo mercantil e possibilitará a 7. Conforme previsto na END/2008, o Ministério da
continuidade das compras públicas, sem prejudicar a Defesa dispõe de uma Secretaria de Produtos de
competição no mercado e o desenvolvimento de Defesa (SEPROD).
novas tecnologias.
O Secretário é responsável por executar as diretrizes
3. O componente estatal da Base Industrial de Defesa fixadas pelo Ministro da Defesa e, com base nelas,
terá por vocação produzir o que o setor privado não formular e dirigir a política de obtenção de produtos
possa projetar e fabricar, a curto e médio prazo, de de defesa, inclusive armamentos, munições, meios de
maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, e não no transporte e de comunicações, fardamentos e
piso tecnológico. Manterá estreito vínculo com os materiais de uso individual e coletivo, empregados
nas atividades operacionais.
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8. A SEPROD, responsável pela área de Ciência e tecnologias de interesse e a criação de instrumentos
Tecnologia no Ministério da Defesa tem, entre as suas de fomento à pesquisa de materiais, equipamentos e
atribuições, a coordenação da pesquisa avançada em sistemas de emprego de defesa ou dual, de forma a
tecnologias de defesa que se realize nos institutos de viabilizar uma vanguarda tecnológica e operacional
pesquisa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e pautada na mobilidade estratégica, na flexibilidade e
em outras organizações subordinadas às Forças na capacidade de dissuadir ou de surpreender.
Armadas.
Projetos de interesse comum a mais de uma Força
O objetivo é implementar uma política tecnológica deverão ter seus esforços de pesquisa integrados,
integrada, que evite duplicação; compartilhe quadros, definindo‐se, no plano especificado, para cada um
ideias e recursos; e prime por construir elos entre deles, um polo integrador.
pesquisa e produção, sem perder contato com
avanços em ciências básicas. Para assegurar a No que respeita à utilização do espaço exterior como
consecução desses objetivos, a Secretaria fará com meio de suporte às atividades de defesa, os satélites
que muitos projetos de pesquisa sejam realizados para comunicações, controle de tráfego aéreo,
conjuntamente pelas instituições de tecnologia meteorologia e sensoriamento remoto
avançada das três Forças Armadas. Alguns desses desempenharão papel fundamental na viabilização de
projetos conjuntos poderão ser organizados com diversas funções em sistemas de comando e controle.
personalidade própria, seja como empresas de As capacidades de alerta, vigilância, monitoramento e
propósitos específicos, seja sob outras formas reconhecimento poderão, também, ser aperfeiçoadas
jurídicas. por meio do uso de sensores ópticos e de radar, a
bordo de satélites ou Aeronaves Remotamente
Os projetos serão escolhidos e avaliados não só pelo Pilotadas (ARP).
seu potencial produtivo imediato, mas também, por
sua fecundidade tecnológica: sua utilidade como Serão consideradas, nesse contexto, as plataformas e
fonte de inspiração e de capacitação para iniciativas missões espaciais em desenvolvimento, para fins civis,
análogas. tais como satélites de monitoramento ambiental e
científicos, ou satélites geoestacionários de
9. A relação entre Ciência, Tecnologia e Inovação na comunicações e meteorologia, no âmbito do
área de defesa fortalece‐se com o Plano Brasil Maior, Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
que substituiu a Política de Desenvolvimento
Produtivo (PDP), no qual o Governo federal A concepção, o projeto e a operação dos sistemas
estabelece a sua política industrial, tecnológica, de espaciais devem observar a legislação internacional,
serviços e de comércio exterior para o período de os tratados, bilaterais e multilaterais, ratificados pelo
2011 a 2014. O foco deste Plano é o estímulo à País, e os regimes internacionais dos quais o Brasil é
inovação e à produção nacional para alavancar a signatário.
competitividade da indústria nos mercados interno e As medidas descritas têm respaldo na parceria entre o
externo. Ministé‐ rio da Defesa e o Ministério da Ciência,
10. A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Tecnologia e Inovação, que remonta à “Concepção
Defesa Nacional tem como propósito estimular o Estratégica para CT&I de Interesse da Defesa”.
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação 11. O Ministro da Defesa delegará aos órgãos das três
em áreas de interesse para a defesa nacional. Forças, poderes para executarem a política formulada
Isso ocorrerá por meio de um planejamento nacional pela Secretaria quanto a encomendas e compras de
para desenvolvimento de produtos de alto conteúdo produtos específicos de sua área, sujeita, tal
tecnológico, com envolvimento coordenado das execução, à avaliação permanente pelo Ministério.
instituições científicas e tecnológicas (ICT) civis e O objetivo é que a política de compras de produtos
militares, da indústria e da universidade, com a de defesa seja capaz de:
definição de áreas prioritárias e suas respectivas
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(a) otimizar o dispêndio de recursos; O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os
valores do recrutamento há de ser atenuado por meio
(b) assegurar que as compras obedeçam às diretrizes da educação – técnica e geral, porém de orientação
da Estratégia Nacional de Defesa e de sua elaboração, analítica e capacitadora – que será ministrada aos
ao longo do tempo; e recrutas ao longo do período de serviço.
(c) garantir, nas decisões de compra, a primazia do 3. Para garantir que o Serviço Militar Obrigatório seja
compromisso com o desenvolvimento das o mais amplo possível, os recrutas serão selecionados
capacitações tecnológicas nacionais em produtos de por dois critérios principais. O primeiro será a
defesa. combinação do vigor físico com a capacidade
12. Resguardados os interesses de segurança do analítica, medida de maneira independente do nível
Estado quanto ao acesso a informações, serão de informação ou de formação cultural de que goze o
estimuladas iniciativas conjuntas entre organizações recruta. O segundo será o da representação de todas
de pesquisa das Forças Armadas, instituições as classes sociais e regiões do País.
acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. 4. O Serviço Militar evoluirá em conjunto com as
O objetivo será fomentar o desenvolvimento de um providências para assegurar a mobilização nacional
complexo militar universitário‐empresarial capaz de em caso de necessidade, de acordo com a Lei de
atuar na fronteira de tecnologias que terão quase Mobilização Nacional. O Brasil entenderá, em todo o
sempre utilidade dual, militar e civil. momento, que sua defesa depende do potencial de
mobilizar recursos humanos e materiais em grande
escala, muito além do efetivo das suas Forças
O Serviço Militar Obrigatório: composição dos Armadas em tempo de paz. Jamais tratará a evolução
efetivos das Forças Armadas e Mobilização Nacional tecnológica como alternativa à mobilização nacional;
aquela será entendida como instrumento desta. Ao
1. A base da defesa nacional é a identificação da
assegurar a flexibilidade de suas Forças Armadas,
Nação com as Forças Armadas e das Forças Armadas
assegurará também a elasticidade delas.
com a Nação. Tal identificação exige que a Nação
compreenda serem inseparáveis as causas do 5. É importante para a defesa nacional que o oficialato
desenvolvimento e da defesa. seja representativo de todos os setores da sociedade
brasileira. A ampla representação de todas as classes
O Serviço Militar Obrigatório é essencial para a
sociais nas academias militares é imperativo de
garantia da defesa nacional. Por isso será mantido e
segurança nacional. Duas condições são
reforçado.
indispensáveis para que se alcance esse objetivo. A
2. O Ministério da Defesa, ouvidas as Forças Armadas, primeira é que a carreira militar seja remunerada com
estabelecerá a proporção de recrutas e de soldados vencimentos competitivos com outras valorizadas
profissionais de acordo com as necessidades de carreiras do Estado. A segunda condição é que a
pronto emprego e da organização de uma reserva Nação abrace a causa da defesa e nela identifique
mobilizável que assegure o crescimento do poder requisito para o engrandecimento do povo brasileiro.
militar como elemento dissuasório. No Exército,
respeitada a necessidade de especialistas, e
ressalvadas as imposições operacionais das Forças de Conclusão
Emprego Estratégico, a maioria do efetivo de soldados
deverá ser de recrutas do Serviço Militar Obrigatório. A Estratégia Nacional de Defesa inspira‐se em duas
Na Marinha e na Força Aérea, a necessidade de contar realidades que lhe garantem a viabilidade e lhe
com especialistas, formados ao longo de vários anos, indicam o rumo.
deverá ter como contrapeso a importância estratégica A primeira realidade é a capacidade de improvisação e
de manter abertos os canais do recrutamento. adaptação, o pendor para criar soluções quando
faltam instrumentos, a disposição de enfrentar as
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agruras da natureza e da sociedade, enfim, a II – MEDIDAS DE IMPLEMENTAÇÃO
capacidade quase irrestrita de adaptação que permeia
a cultura brasileira. É esse o fato que permite efetivar A segunda parte da Estratégia Nacional de Defesa
o conceito de flexibilidade. complementa a formulação sistemática contida na
primeira. Está dividida em três partes. A primeira
A segunda realidade é o sentido do compromisso aborda o contexto, enumerando circunstâncias que
nacional no Brasil. A Nação brasileira foi e é um ajudam a precisar‐lhe os objetivos e a explicar‐lhe os
projeto do povo brasileiro; foi ele que sempre abraçou métodos. A segunda destaca como a Estratégia será
a ideia de nacionalidade e lutou para converter a essa aplicada a um espectro, amplo e representativo, de
ideia os quadros dirigentes e letrados. Esse fato é a problemas atuais enfrentados pelas Forças Armadas e,
garantia profunda da identificação da Nação com as com isso, tornar mais claras sua doutrina e suas
Forças Armadas e dessas com a Nação. exigências. A terceira enumera as ações estratégicas
que indicam o caminho que levará o Brasil, de onde
Do encontro dessas duas realidades, complementadas está para onde deve ir, na organização de sua defesa.
pela necessidade de visão e planejamento
estratégicos direcionados para as questões de defesa, Contexto
resultaram as diretrizes da Estratégia Nacional de
Defesa. Podem ser considerados como principais aspectos
positivos do atual quadro da defesa:
• excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz
respeito à metodologia e à atualização em relação às
modernas táticas e estratégias de emprego de meios
militares, incluindo o uso de concepções próprias,
adequadas aos ambientes operacionais de provável
emprego; e
Por outro lado, apesar dos esforços desenvolvidos nos
últimos anos, configuram‐se ainda como
vulnerabilidades da atual estrutura de defesa do País:
• a histórica descontinuidade na alocação de recursos
orçamentários para a defesa;
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• a desatualização tecnológica de alguns • otimização dos esforços em Ciência, Tecnologia e
equipamentos das Forças Armadas; e a dependência Inovação para a Defesa, por intermédio, dentre
em relação a produtos de defesa estrangeiros; outras, das seguintes medidas:
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• estreitamento da cooperação entre os países da apresentada e de uma maneira sequencial, que pode
América do Sul e, por extensão, com os do entorno ser assim esquematizada:
estratégico brasileiro;
(a) Na paz
• valorização da profissão militar e da carreira de
servidores civis do Ministério da Defesa e das Forças As organizações militares serão articuladas para
Armadas, a fim de estimular o recrutamento de seus conciliar o atendimento às hipóteses de emprego com
quadros em todas as classes sociais; a necessidade de otimizar os seus custos de
manutenção e para proporcionar a realização do
• aperfeiçoamento do Serviço Militar Obrigatório, na adestramento em ambientes operacionais específicos.
busca de maior identificação das Forças Armadas com
a sociedade brasileira; Serão desenvolvidas atividades permanentes de
inteligência, para acompanhamento da situação e dos
• expansão da capacidade de combate das Forças atores que possam vir a representar potenciais
Armadas, por meio da mobilização de pessoal, ameaças ao Estado e para proporcionar o alerta
material e serviços, para complementar a logística antecipado ante a possibilidade de concretização de
militar, no caso de o País se ver envolvido em conflito; tais ameaças. As atividades de inteligência devem
e obedecer a salvaguardas e controles que resguardem
os direitos e garantias constitucionais.
• otimização do controle sobre atores não
governamentais, especialmente na região amazônica, (b) Na crise
visando à preservação do patrimônio nacional,
mediante ampla coordenação das Forças Armadas O Comandante Supremo das Forças Armadas,
com os órgãos governamentais brasileiros consultado o Conselho de Defesa Nacional, poderá
responsáveis pela autorização de atuação no País ativar uma estrutura de gerenciamento de crise, com
desses atores, sobretudo daqueles com vinculação a participação de representantes do Ministério da
estrangeira. Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, bem como de representantes de outros
Ministérios, se necessários.
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• a atualização e implementação, pelo Comando • o monitoramento e controle do espaço aéreo, das
Operacional ativado, dos planos de campanha fronteiras terrestres, do território e das águas
elaborados no estado de paz; jurisdicionais brasileiras em circunstâncias de paz;
• o completamento das estruturas; • a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou
abordagem nas águas jurisdicionais brasileiras;
• a ativação de Zona de Defesa, áreas onde são
mobilizáveis tropas da ativa e reservistas, inclusive os • a ameaça de forças militares muito superiores na
egressos dos Tiros de Guerra, para defesa do interior região amazônica;
do País em caso de conflito armado/guerra; e
• as providências internas ligadas à defesa nacional
• a decretação da Mobilização Nacional, se decorrentes de guerra em outra região do mundo,
necessária. que ultrapassem os limites de uma guerra regional
controlada, com emprego efetivo ou potencial de
(c) Durante o conflito armado/guerra armamento nuclear, biológico, químico e radiológico;
O desencadeamento da campanha militar prevista no • a participação do Brasil em operações internacionais
Plano de Campanha elaborado. em apoio à política exterior do País;
(d) Ao término do conflito armado/guerra • a participação em operações internas de Garantia da
A adoção de medidas específicas de Desmobilização Lei e da Ordem, nos termos da Constituição Federal, e
Nacional, de modo gradativo a fim de prevenir o os atendimentos às requisições da Justiça Eleitoral; e
recrudescimento das ações pelo oponente, • a ameaça de guerra no Atlântico Sul.
procurando conciliar a necessidade decrescente da
estrutura criada pela situação de conflito
armado/guerra com as necessidades crescentes da
volta à situação de normalidade. Estruturação das Forças Armadas
Na elaboração das hipóteses de emprego, a Estratégia O meio institucional para esse trabalho unificado será
Militar de Defesa deverá contemplar o emprego das a colaboração entre os Estados‐Maiores das Forças
Forças Armadas considerando, dentre outros, os com o Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas, no
seguintes aspectos: estabelecimento e definição das linhas de frente de
atuação conjunta. Nesse sentido, o sistema
educacional de cada Força ministrará cursos, além dos
singulares já existentes, e realizará projetos de
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pesquisa e de formulação em conjunto com os priorizar, com compensação comercial, industrial e
sistemas das demais Forças e com a Escola Superior tecnológica:
de Guerra.
• no âmbito das três Forças, sob a condução do
Da mesma forma, as Forças Armadas deverão ser Ministério da Defesa, a aquisição de helicópteros de
equipadas, articuladas e adestradas, desde os tempos transporte e de reconhecimento e ataque;
de paz, segundo as diretrizes do Ministério da Defesa,
realizando exercícios singulares e conjuntos. • na Marinha, o projeto e fabricação de submarinos
convencionais que permitam a evolução para o
Assim, com base na Política Nacional de Defesa, na projeto e fabricação, no País, de submarinos de
Estratégia Nacional de Defesa e na Estratégia Militar propulsão nuclear, de meios de superfície e aéreos
dela decorrente, as Forças Armadas submetem ao priorizados nesta Estratégia;
Ministério da Defesa seus Planos de Articulação e de
Equipamento, os quais contemplam uma proposta de • no Exército, os meios necessários ao
distribuição espacial das instalações militares e de completamento dos sistemas operacionais das
quantificação dos meios necessários ao atendimento brigadas e do sistema de monitoramento de
eficaz das hipóteses de emprego, de maneira a fronteiras; o aumento da mobilidade tática e
possibilitar: estratégica da Força Terrestre, sobretudo das Forças
de Emprego Estratégico e das forças estacionadas na
• poder de combate que propicie credibilidade à região amazônica; a nova família de blindados sobre
estratégia da dissuasão; rodas; os sistemas de mísseis e radares antiaéreos
(defesa antiaérea); a produção de munições e o
• meios à disposição do sistema de defesa nacional armamento e o equipamento individual do
que permitam o aprimoramento da vigilância; o combatente, entre outros, aproximando‐os das
controle do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do tecnologias necessárias ao combatente do futuro; e
território e das águas jurisdicionais brasileiras; e da
infraestrutura estratégica nacional; • na Força Aérea, a aquisição de aeronaves de caça
que substituam, paulatinamente, as hoje existentes,
• o aumento da presença militar nas áreas buscando a possível padronização; a aquisição e o
estratégicas do Atlântico Sul e da região amazônica; desenvolvimento de armamentos, e sistemas de
• o aumento da participação de órgãos autodefesa, objetivando a autossuficiência na
governamentais, militares e civis, no plano de integração destes às aeronaves; e a aquisição de
vivificação e desenvolvimento da faixa de fronteira aeronaves de transporte de tropa. Em relação à
amazônica, empregando a estratégia da presença; distribuição espacial das Forças no território nacional,
o planejamento consolidado no Ministério da Defesa
• a adoção de articulação que atenda aos aspectos deverá priorizar:
ligados à concentração dos meios, à eficiência
operacional, à rapidez no emprego e na mobilização e • na Marinha, a necessidade de constituição de uma
à otimização do custeio em tempo de paz; e Esquadra no norte/nordeste do País;
• a existência de forças estratégicas de elevada • no Exército, a distribuição que atenda às seguintes
mobilidade e flexibilidade, dotadas de material condicionantes:
tecnologicamente avançado e em condições de (a) um flexível dispositivo de expectativa, em face da
emprego imediato, articuladas de maneira a melhor indefinição de ameaças, que facilite o emprego
atender às hipóteses de emprego. progressivo das tropas e a presença seletiva em uma
Os Planos das Forças singulares, consolidados no escalada de crise;
Ministério da Defesa, deverão referenciar‐se a metas (b) a manutenção de tropas, em particular as reservas
de curto prazo (até 2014), de médio prazo (entre 2015 estratégicas, na situação de prontidão operacional
e 2022) e de longo prazo (entre 2023 e 2030). Em com mobilidade, que lhes permitam deslocar‐se
relação ao equipamento, o planejamento deverá
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rapidamente para qualquer parte do território • permanente prontidão operacional para atender às
nacional ou para o exterior; hipóteses de emprego, integrando forças conjuntas ou
não;
(c) a manutenção de tropas no centro‐sul do País para
garantir a defesa da principal concentração • manutenção de unidades aptas a compor Forças de
demográfica, industrial e econômica, bem como da Pronto Emprego, em condições de atuar em
infraestrutura, particularmente a geradora de energia; diferentes ambientes operacionais;
e
• projeção de poder nas áreas de interesse
(d) a concentração das reservas regionais em suas estratégico;
respectivas áreas.
• estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência
• na Força Aérea, a adequação da localização de suas consolidadas;
unidades de transporte de tropa de forma a propiciar
o rápido atendimento de apoio de transporte às • permanência na ação, sustentada por um adequado
Forças de Emprego Estratégico. Isso pressupõe que se apoio logístico, buscando ao máximo a integração da
baseiem próximo às reservas estratégicas do Exército. logística das três Forças;
Além disso, suas unidades de defesa aérea e de • aumento do poder de combate, em curto prazo,
controle do espaço aéreo serão distribuídas de forma pela incorporação de recursos mobilizáveis, previstos
a possibilitar um efetivo atendimento às necessidades em lei;
correntes com velocidade e presteza.
• interoperabilidade nas operações conjuntas; e
A partir da consolidação dos Planos de Articulação e
de Equipamento elaborados pelas Forças, o Ministério • defesa antiaérea adequada às áreas estratégicas a
da Defesa proporá ao Presidente da República o Plano defender.
de Articulação e de Equipamento da Defesa Nacional,
envolvendo a sociedade brasileira na busca das
soluções necessárias. Garantia da Lei e da Ordem (GLO)
As características especiais do ambiente amazônico, Para o emprego episódico na GLO, nos termos da
com reflexos na doutrina de emprego das Forças Constituição, da Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996
Armadas, deverão demandar tratamento especial, e da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999,
devendo ser incrementadas as ações de alterada pela Lei Complementar nº 117, de 2 de
fortalecimento da estratégia da presença naquele setembro de 2004, e Lei Complementar no 136, de 25
ambiente operacional. Em face da indefinição das de agosto de 2010, as Forças Armadas deverão prever
ameaças, as Forças Armadas deverão se dedicar à a capacitação de tropa para o cumprimento desse tipo
obtenção de capacidades orientadoras das medidas a de missão.
serem planejadas e adotadas.
Inteligência de Defesa
No tempo de paz ou enquanto os recursos forem
insuficientes, algumas capacidades serão mantidas Por meio da Inteligência, busca‐se que todos os
temporariamente por meio de núcleos de expansão, planejamentos – políticos, estratégicos, operacionais
constituídos por estruturas flexíveis e capazes de e táticos – e sua execução desenvolvam‐se com base
evoluir rapidamente, de modo a obter adequado em dados que se transformam em conhecimentos
poder de combate nas operações. confiáveis e oportunos. As informações precisas são
condição essencial para o emprego adequado dos
As seguintes capacidades são desejadas para as Forças meios militares.
Armadas:
A Inteligência deve ser desenvolvida desde o tempo
de paz, pois é ela que possibilita superar as incertezas.
É da sua vertente prospectiva que procedem aos
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melhores resultados, permitindo o delineamento dos Promover o aperfeiçoamento da Doutrina de
cursos de ação possíveis e os seus desdobramentos. A Operações Conjuntas.
identificação das ameaças é o primeiro resultado da
atividade da Inteligência de Defesa. O Ministério da Defesa promoverá estudos relativos
ao aperfeiçoamento da Doutrina de Operações
Conjuntas, considerando, principalmente, o ambiente
operacional e o aprimoramento dos meios de defesa,
Ações estratégicas a experiência e os ensinamentos adquiridos com a
Enunciam‐se a seguir as ações estratégicas que irão realização de operações conjuntas e as orientações da
orientar a implementação da Estratégia Nacional de Estratégia Nacional de Defesa, no que concerne às
Defesa: atribuições do Estado‐Maior Conjunto das Forças
Armadas e dos Estados‐Maiores das três Forças.
Mobilização
Comando e Controle
Realizar, integrar e coordenar as ações de
planejamento, preparo, execução e controle das Consolidar o Sistema de Comando e Controle para a
atividades de Mobilização e Desmobilização Nacionais Defesa Nacional.
previstas no Sistema Nacional de Mobilização O Ministério da Defesa aperfeiçoará o Sistema de
(SINAMOB). Comando e Controle de Defesa, para contemplar o
O Ministério da Defesa orientará e coordenará os uso de satélite de telecomunicações próprio.
demais ministérios, secretarias e órgãos envolvidos no O sistema integrado de Comando e Controle de
SINAMOB no estabelecimento de programas, normas Defesa deverá ser capaz de disponibilizar, em função
e procedimentos relativos à complementação da de seus sensores de monitoramento e controle do
Logística Nacional e na adequação das políticas espaço terrestre, marítimo e aéreo brasileiro, dados
governamentais à Política de Mobilização Nacional. de interesse do Sistema Nacional de Segurança
Logística Pública, em função de suas atribuições constitucionais
específicas. De forma recíproca, o Sistema Nacional de
Acelerar o processo de integração entre as três Segurança Pública deverá disponibilizar ao sistema de
Forças, especialmente nos campos da tecnologia defesa nacional dados de interesse do controle das
industrial básica, da logística e mobilização, do fronteiras, exercido também pelas Forças Armadas,
comando e controle e das operações conjuntas. em especial no que diz respeito às atividades ligadas
aos crimes transnacionais fronteiriços.
1. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD,
ficará encarregado de formular e dirigir a política de Adestramento
obtenção de produtos de defesa.
Atualizar o planejamento operacional e adestrar
2. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD, Estados‐Maiores Conjuntos Regionais.
ficará encarregado da coordenação dos processos de
certificação, de metrologia, de normatização e de O Ministério da Defesa definirá Estados‐Maiores
fomento industrial. Conjuntos Regionais, coordenados pelo Estado‐Maior
Conjunto das Forças Armadas, para que, quando
3. O Ministério da Defesa incentivará, junto às esferas ativados, desde o tempo de paz, dentro da estrutura
do Governo federal, a ampliação e a compatibilização organizacional das Forças Armadas, possibilitem a
da infraestrutura logística terrestre, portuária, continuidade e a atualização do planejamento e do
aquaviária, aeroespacial, aeroportuária e de adestramento operacionais que atendam ao
telemática, visando os interesses da defesa. estabelecido nos planos estratégicos.
Doutrina Inteligência de Defesa
Aperfeiçoar o Sistema de Inteligência de Defesa.
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O Sistema deverá receber recursos necessários à • as ações de defesa civil, a cargo do Ministério da
formulação de diagnóstico conjuntural dos cenários Integração Nacional;
vigentes em prospectiva político‐estratégica, nos
campos nacional e internacional. • as ações de segurança pública, a cargo do Ministério
da Justiça e dos órgãos de segurança pública
Os recursos humanos serão capacitados em análise e estaduais;
técnicas nos campos científico, tecnológico,
cibernético, espacial e nuclear, com ênfase para o • o aperfeiçoamento dos dispositivos e
monitoramento/controle, à mobilidade estratégica e à procedimentos de segurança que reduzam a
capacidade logística. vulnerabilidade dos sistemas relacionados à Defesa
Nacional contra ataques cibernéticos e, se for o caso,
Segurança Nacional que permitam seu pronto restabelecimento, a cargo
da Casa Civil da Presidência da República, dos
Contribuir para o incremento do nível de Segurança ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência,
Nacional. Tecnologia e Inovação, e do Gabinete de Segurança
Todas as instâncias do Estado deverão contribuir para Institucional da Presidência da República;
o incremento do nível de Segurança Nacional, com • a execução de estudos para viabilizar a instalação de
particular ênfase sobre: um centro de pesquisa de doenças tropicais para a
• o aperfeiçoamento de processos para o região amazônica, a cargo dos ministérios da Defesa,
gerenciamento de crises; da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Saúde e órgãos
de saúde estaduais e municipais;
• a integração de todos os órgãos do Sistema
Brasileiro de Inteligência (SISBIN); • as medidas de emergência em saúde pública de
importância nacional e internacional; e
• a prevenção de atos terroristas e de atentados
massivos aos Direitos Humanos, bem como a • o atendimento aos compromissos internacionais
condução de operações contraterrorismo, a cargo dos relativos à salvaguarda da vida humana no mar e ao
ministérios da Defesa e da Justiça e do Gabinete de tráfego aéreo internacional, a cargo do Ministério da
Segurança Institucional da Presidência da República Defesa, por intermédio dos Comandos da Marinha e
(GSIPR); da Aeronáutica, respectivamente, e do Ministério das
Relações Exteriores.
• as medidas para a segurança das áreas de
infraestruturas estratégicas, incluindo serviços, em Operações internacionais
especial no que se refere a energia, transporte, água, Promover o incremento do adestramento e da
finanças e comunicações, a cargo dos ministérios da participação das Forças Armadas em operações
Defesa, de Minas e Energia, dos Transportes, da internacionais em apoio à política exterior, com
Fazenda, da Integração Nacional e das Comunicações, ênfase nas operações de paz e ações humanitárias,
e ao trabalho de coordenação, avaliação, integrando Forças da Organização das Nações Unidas
monitoramento e redução de riscos, desempenhado (ONU) ou de organismos multilaterais da região.
pelo Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República; O Ministério da Defesa promoverá ações com vistas
ao incremento das atividades do Centro Conjunto de
• as medidas de defesa química, biológica, nuclear e Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), de maneira a
radiológica dos ministérios da Defesa, da Saúde, da estimular o adestramento de civis e militares ou de
Integração Nacional, de Minas e Energia e da Ciência, contingentes de Segurança Pública, e de convidados
Tecnologia e Inovação, e do Gabinete de Segurança de outras nações amigas. Para tal, prover‐lhe‐á o
Institucional da Presidência da República, para as apoio necessário a torná‐lo referência regional no
ações de proteção à população e às instalações em adestramento conjunto para operações de paz e de
território nacional, decorrentes de possíveis efeitos do desminagem humanitária.
emprego de armas dessa natureza;
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Estabilidade regional • na intensificação da cooperação e do comércio com
países da África, da América Central e do Caribe,
Contribuir para a manutenção da estabilidade inclusive a Comunidade dos Estados Latino‐
regional. Americanos e Caribenhos (CELAC); e
1. O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações • na consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do
Exteriores promoverão o incremento das atividades Atlântico Sul (ZOPACAS), e o incremento na interação
destinadas à manutenção da estabilidade regional e à inter‐regionais, como a Comunidade de Países de
cooperação nas áreas de fronteira do País. Língua Portuguesa (CPLP), a cúpula América do Sul‐
2. O Ministério da Defesa e as Forças Armadas África (ASA) e o Fórum de Diálogo Índia‐Brasil‐África
intensificarão as parcerias estratégicas nas áreas do Sul (IBAS).
cibernética, espacial e nuclear e o intercâmbio militar Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)
com as Forças Armadas das nações amigas, neste caso
particularmente com a América do Sul e países Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de
lindeiros ao Atlântico Sul. produtos e sistemas militares e civis que
compatibilizem as prioridades científico‐tecnológicas
3. O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações com as necessidades de defesa.
Exteriores e as Forças Armadas buscarão contribuir
ativamente para o fortalecimento, a expansão e a 1. O Ministério da Defesa proporá, em coordenação
consolidação da integração regional, com ênfase na com os Ministérios das Relações Exteriores, da
pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns de Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
produtos de defesa. Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, da
Ciência, Tecnologia e Inovação e com a Secretaria de
Inserção internacional Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o
Incrementar o apoio à participação brasileira no estabelecimento de parcerias estratégicas com países
cenário internacional, mediante a atuação do que possam contribuir para o desenvolvimento de
Ministério da Defesa e demais ministérios, dentre tecnologias de ponta de interesse para a defesa.
outros: 2. O Ministério da Defesa, em coordenação com os
• nos processos internacionais relevantes de tomada Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento,
de decisão, aprimorando e aumentando a capacidade Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento,
de negociação do Brasil; Orçamento e Gestão, e da Ciência, Tecnologia e
Inovação, deverá buscar mecanismos que assegurem
• nos processo de decisão sobre o destino da Região a alocação de recursos financeiros, de forma
Antártica; continuada, que viabilizem o desenvolvimento
integrado e a conclusão de projetos relacionados à
• em ações que promovam a ampliação da projeção
defesa nacional, cada um deles com um polo
do País no concerto mundial e reafirmar o seu
integrador definido, com ênfase para o
compromisso com a defesa da paz e com a
desenvolvimento e a fabricação, dentre outros, de:
cooperação entre os povos;
• aeronaves de caça e de transporte;
• em fóruns internacionais relacionados com as
• submarinos convencionais e de propulsão nuclear;
questões estratégicas, priorizando organismos
• meios navais de superfície;
regionais como o Conselho de Defesa Sul‐Americano
• armamentos inteligentes, como mísseis, bombas e
(CDS) da União de Nações Sul‐Americanas (UNASUL);
torpedos, dentre outros;
• no relacionamento entre os países amazônicos, no • aeronaves remotamente pilotadas;
âmbito da Organização do Tratado de Cooperação • sistemas de comando e controle e de segurança das
Amazônica; informações;
• radares;
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• equipamentos e plataformas de guerra eletrônica; 5. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o
• equipamento individual e sistemas de comunicação Ministério da Defesa, por intermédio do Centro
do combatente do futuro; Tecnológico da Marinha em São Paulo do Comando da
• veículos blindados; Marinha, promoverão medidas com vistas a garantir o
• helicópteros de transporte de tropa, para o desenvolvimento da:
aumento da mobilidade tática, e helicópteros de
reconhecimento e ataque; • produção autônoma de reatores de água
• munições; e pressurizada, de modo a integrar o sistema de
• sensores óticos e eletro‐óticos. propulsão nuclear dos submarinos;
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• sistema de consciência situacional; de material de emprego comum para cada centro, e a
• computação de alto desempenho; participação de pesquisadores das três Forças em
• rádio definido por software; e projetos prioritários; e
• pesquisa científica por meio da Escola Nacional de
Defesa Cibernética, de instituições acadêmicas no • o estabelecimento de parcerias estratégicas com
âmbito do Ministério da Defesa e demais instituições países que possam contribuir para o desenvolvimento
de ensino superior nacionais e internacionais. de tecnologias de ponta de interesse para a defesa.
• a integração dos esforços dos centros de pesquisa 1. O Ministério da Defesa, em coordenação com a
militares, com a definição das prioridades de pesquisa Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República proporá aos ministérios competentes as
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iniciativas necessárias ao desenvolvimento da larga nas sedes das instalações militares de fronteira
infraestrutura de energia, transporte e comunicações existentes e a serem implantadas em decorrência do
de interesse da defesa, de acordo com os previsto no Decreto nº 4.412, de 7 de outubro de
planejamentos estratégicos de emprego das Forças. 2002, alterado pelo Decreto nº 6.513, de 22 de julho
de 2008.
2. O Ministério da Defesa priorizará, na elaboração do
Plano de Desenvolvimento de Aeródromos de 7. O Ministério da Defesa, com o apoio das Forças
Interesse Federal (PDAIF), os aeródromos de Armadas no que for julgado pertinente, e o Ministério
desdobramento previstos nos planejamentos relativos das Comunicações promoverão estudos com vistas à
à defesa da região amazônica. coordenação de ações de incentivo à habilitação de
rádios comunitárias nos municípios das áreas de
3. O Ministério da Defesa apresentará ao Ministério fronteira, de forma a atenuar, com isto, os efeitos de
dos Transportes, em data coordenada com este, emissões indesejáveis.
programação de investimentos de médio e longo
prazo, e a ordenação de suas prioridades ligadas às Ensino
necessidades de vias de transporte para o
atendimento aos planejamentos estratégicos Promover maior integração e participação dos setores
decorrentes das hipóteses de emprego. O Ministério civis governamentais na discussão dos temas ligados à
dos Transportes, por sua vez, promoverá a inclusão defesa, através, entre outros, de convênios com
das citadas prioridades no Plano Nacional de Logística Instituições de Ensino Superior e do fomento à
e Transportes (PNLT). pesquisa nos assuntos de defesa, assim como a
participação efetiva da sociedade brasileira, por
4. O Ministério da Defesa, em coordenação com o intermédio do meio acadêmico e de institutos e
Ministério dos Transportes, instalará no Centro de entidades ligados aos assuntos estratégicos de defesa.
Operações do Comandante Supremo (COCS), terminal
da Base de Dados Georreferenciados em Transporte 1. A Escola Superior de Guerra – Campus Brasília –
que possibilite a utilização das informações ligadas à deverá intensificar o intercâmbio fluido entre os
infraestrutura de transportes, disponibilizadas por membros do Governo federal e aquela Instituição,
aquele sistema, no planejamento e na gestão assim como para otimizar a formação de recursos
estratégica de crises e conflitos. humanos ligados aos assuntos de defesa.
5. O Ministério da Defesa juntamente com o 2. O Ministério da Defesa e o Ministério do
Ministério da Integração Nacional e a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão submeterão ao
Assuntos Estratégicos da Presidência da República Presidente da República anteprojeto de lei que altere
desenvolverão estudos conjuntos com vistas à a Lei de Criação da Escola Superior de Guerra. O
compatibilização dos Programas Calha Norte e de projeto de lei visará criar cargos de direção e
Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira assessoria superior destinados à constituição de um
(PDFF) e ao levantamento da viabilidade de corpo permanente que, podendo ser renovado,
estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APL), com permita o exercício das atividades acadêmicas, pela
ações de infraestrutura econômica e social, para atração de pessoas com notória especialização ou
atendimento a eventuais necessidades de vivificação e reconhecido saber em áreas específicas. Isso
desenvolvimento da fronteira, identificadas nos possibilitará incrementar a capacidade institucional da
planejamentos estratégicos decorrentes das hipóteses Escola de desenvolver atividades acadêmicas e
de emprego. administrativas, bem como intensificar o intercâmbio
entre os membros do Governo federal, a sociedade
6. O Ministério da Defesa, em parceria com o organizada e aquela instituição.
Ministério das Comunicações, no contexto do
Programa Governo Eletrônico – Serviço de 3. O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos
Atendimento ao Cidadão (GESAC), instalará Estratégicos da Presidência da República estimularão
telecentros comunitários com conexão em banda a realização de encontros, simpósios e seminários
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destinados à discussão de assuntos estratégicos, aí Forças Armadas e dos Estados‐Maiores das três
incluída a temática da Defesa Nacional. A participação Forças.
da sociedade nesses eventos deve ser objeto de
atenção especial. 8. O Ministério da Defesa adotará as medidas para a
criação e implementação do Instituto Pandiá
4. O Ministério da Defesa e a Secretaria de Assuntos Calógeras com as seguintes competências:
Estratégicos da Presidência da República
intensificarão a divulgação das atividades de defesa, • Produzir reflexões acerca de aspectos políticos e
de modo a aumentar sua visibilidade junto à estratégicos nos campos da segurança internacional e
sociedade, e implementarão ações e programas da defesa nacional, considerando os cenários de
voltados à promoção e disseminação de pesquisas e à inserção internacional do Brasil;
formação de recursos humanos qualificados na área, a • Contribuir com a pesquisa e a formação de recursos
exemplo do Programa de Apoio ao Ensino e à humanos no campo da defesa;
Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional
(Pró‐Defesa) e do Programa de Apoio ao Ensino e à • Estreitar o relacionamento do Ministério da Defesa
Pesquisa Científica e Tecnológica em Assuntos com o meio acadêmico nacional e internacional; e
Estratégicos de Interesse Nacional (Pró‐Estratégia).
• Assessorar o Ministro da Defesa em outras funções
5. O Ministério da Defesa manterá uma Política de por ele definidas.
Ensino de Defesa com as seguintes finalidades:
Recursos humanos
• acelerar o processo de interação do ensino militar,
Promover a valorização da profissão militar de forma
em particular no nível de Altos Estudos, atendendo às
compatível com seu papel na sociedade brasileira,
diretrizes contidas na primeira parte da presente
assim como fomentar o recrutamento, a seleção, o
Estratégia; e
desenvolvimento e a permanência de quadros civis,
• capacitar civis e militares para a própria para contribuir com o esforço de defesa.
Administração Central do Ministério e para outros
1. O recrutamento dos quadros profissionais das
setores do Governo, de interesse da Defesa.
Forças Armadas deverá ser representativo de todas as
6. As instituições de ensino das três Forças manterão classes sociais. A carreira militar será valorizada pela
nos seus currículos de formação militar disciplinas criação de atrativos compatíveis com as
relativas a noções de Direito Constitucional e de características peculiares da profissão. Nesse sentido,
Direitos Humanos, indispensáveis para consolidar a o Ministério da Defesa, assessorado pelos Comandos
identificação das Forças Armadas com o povo das três Forças, proporá as medidas necessárias à
brasileiro. valorização pretendida.
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4. O Ministério da Defesa fomentará a captação de
pessoal visando à ampliação dos quadros de
servidores civis do Ministério da Defesa e das Forças
Armadas, por intermédio de concursos públicos
realizados periodicamente, de modo a contribuir para
a reestruturação das Forças.
Comunicação social
Disposições finais
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FORÇAS ARMADAS (FFAA) II ‐ a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido
Constituição da República Federativa do Brasil de no momento de sua autuação;
1988.
III ‐ a prisão ou detenção de qualquer pessoa não
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas poderá ser superior a dez dias, salvo quando
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO autorizada pelo Poder Judiciário;
DO ESTADO DE DEFESA IV ‐ é vedada a incomunicabilidade do preso.
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o
da República e o Conselho de Defesa Nacional, Presidente da República, dentro de vinte e quatro
decretar estado de defesa para preservar ou horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
prontamente restabelecer, em locais restritos e ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria
determinados, a ordem pública ou a paz social absoluta.
ameaçadas por grave e iminente instabilidade Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
institucional ou atingidas por calamidades de grandes convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco
proporções na natureza. dias.
O decreto que instituir o estado de defesa O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de
determinará o tempo de sua duração, especificará as dez dias contados de seu recebimento, devendo
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, defesa.
dentre as seguintes:
Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
I ‐ restrições aos direitos de: defesa.
a) reunião, ainda que exercida no seio das DO ESTADO DE SÍTIO
associações;
b) sigilo de correspondência; O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; da República e o Conselho de Defesa Nacional,
solicitar ao Congresso Nacional autorização para
II ‐ ocupação e uso temporário de bens e serviços decretar o estado de sítio nos casos de:
públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos I ‐ comoção grave de repercussão nacional ou
decorrentes. ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma II ‐ declaração de estado de guerra ou resposta a
vez, por igual período, se persistirem as razões que agressão armada estrangeira.
justificaram a sua decretação.
O Presidente da República, ao solicitar autorização
Na vigência do estado de defesa: para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação,
relatará os motivos determinantes do pedido,
I ‐ a prisão por crime contra o Estado, determinada devendo o Congresso Nacional decidir por maioria
pelo executor da medida, será por este comunicada absoluta.
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
corpo de delito à autoridade policial; normas necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de
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publicado, o Presidente da República designará o Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,
executor das medidas específicas e as áreas cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
abrangidas. responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus
executores ou agentes.
O estado de sítio, no caso do inciso I, não poderá ser
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de
cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão
ser decretado por todo o tempo que perdurar a relatadas pelo Presidente da República, em
guerra ou a agressão armada estrangeira. mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
e justificação das providências adotadas, com relação
Solicitada autorização para decretar o estado de sítio nominal dos atingidos e indicação das restrições
durante o recesso parlamentar, o Presidente do aplicadas.
Senado Federal, de imediato, convocará
extraordinariamente o Congresso Nacional para se DAS FORÇAS ARMADAS
reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
O Congresso Nacional permanecerá em Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
funcionamento até o término das medidas coercitivas. permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
Na vigência do estado de sítio decretado com do Presidente da República, e destinam‐se à defesa
fundamento no inciso I, só poderão ser tomadas da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
contra as pessoas as seguintes medidas: por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
I ‐ obrigação de permanência em localidade Não caberá habeas corpus em relação a punições
determinada; disciplinares militares.
II ‐ detenção em edifício não destinado a acusados ou Os membros das Forças Armadas são denominados
condenados por crimes comuns; militares, aplicando‐se‐lhes, além das que vierem a
III ‐ restrições relativas à inviolabilidade da ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
correspondência, ao sigilo das comunicações, à I ‐ as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a
prestação de informações e à liberdade de imprensa, elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da
radiodifusão e televisão, na forma da lei; República e asseguradas em plenitude aos oficiais da
IV ‐ suspensão da liberdade de reunião; ativa, da reserva ou reformados, sendo‐lhes privativos
os títulos e postos militares e, juntamente com os
V ‐ busca e apreensão em domicílio; demais membros, o uso dos uniformes das Forças
Armadas;
VI ‐ intervenção nas empresas de serviços públicos;
II ‐ o militar em atividade que tomar posse em cargo
VII ‐ requisição de bens.
ou emprego público civil permanente, ressalvada a
Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de hipótese prevista no art. 37 da CF, inciso XVI, alínea
pronunciamentos de parlamentares efetuados em "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;
suas Casas Legislativas, desde que liberada pela
III ‐ o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar
respectiva Mesa.
posse em cargo, emprego ou função pública civil
A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes temporária, não eletiva, ainda que da administração
partidários, designará Comissão composta de cinco de indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37 da
seus membros para acompanhar e fiscalizar a CF, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo
execução das medidas referentes ao estado de defesa quadro e somente poderá, enquanto permanecer
e ao estado de sítio. nessa situação, ser promovido por antiguidade,
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contando‐se‐lhe o tempo de serviço apenas para I ‐ polícia federal;
aquela promoção e transferência para a reserva, II ‐ polícia rodoviária federal;
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos III ‐ polícia ferroviária federal;
ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; IV ‐ polícias civis;
V ‐ polícias militares e corpos de bombeiros militares.
IV ‐ ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
A polícia federal, instituída por lei como órgão
V ‐ o militar, enquanto em serviço ativo, não pode permanente, organizado e mantido pela União e
estar filiado a partidos políticos; estruturado em carreira, destina‐se a:
VI ‐ o oficial só perderá o posto e a patente se for I ‐ apurar infrações penais contra a ordem política e
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, da União ou de suas entidades autárquicas e
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo empresas públicas, assim como outras infrações cuja
de guerra; prática tenha repercussão interestadual ou
VII ‐ o oficial condenado na justiça comum ou militar a internacional e exija repressão uniforme, segundo se
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por dispuser em lei;
sentença transitada em julgado, será submetido ao II ‐ prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
julgamento previsto no inciso anterior; entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
X ‐ a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
os limites de idade, a estabilidade e outras condições outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
de transferência do militar para a inatividade, os competência;
direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas III ‐ exercer as funções de polícia marítima,
e outras situações especiais dos militares, aeroportuária e de fronteiras;
consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de IV ‐ exercer, com exclusividade, as funções de polícia
compromissos internacionais e de guerra. judiciária da União.
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As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam‐se,
juntamente com as polícias civis, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
órgãos responsáveis pela segurança pública, de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
I ‐ compreende a educação, engenharia e fiscalização
de trânsito, além de outras atividades previstas em
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e
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EXERCÍCIOS: (A) À garantia da lei, da ordem e do progresso.
(B) Única e exclusivamente à defesa da Pátria.
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ A segurança pública, dever do (C) À defesa da Pátria, à garantia dos poderes
Estado, direito e responsabilidade de todos, é constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
exercida para a preservação da ordem pública e da lei e da ordem.
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Segundo o (D) Ao ataque aos inimigos da nação.
Art. 144, caput e incisos, da Constituição da Republica (E) À defesa exclusiva das instituições do poder
Federativa do Brasil, assinale a opção que NÃO executivo.
apresenta um órgão de segurança púbica.
4 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
(A) Polícia rodoviária federal. Constituição da República Federativa do Brasil de
(B) Polícias civis. 1988, assinale a opção que apresenta uma instituição
(C) Polícia marítima. nacional permanente e regular.
(D) Polícia ferroviária federal
(E) Polícias militares e corpos de bombeiros militares. (A) Marinha
(B) Petrobrás
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com a Constituição (C) Eletrobrás
da República Federativa do Brasil, o serviço militar é (D) Eletronuclear
obrigatório nos termos da lei. Sendo assim, é correto (E) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
afirmar que: Biocombustíveis
(A) as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do 5 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, Constituição da República Federativa do Brasil de
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. 1988, a segurança pública, dever do Estado, direito e
(B) as mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do responsabilidade de todos, é exercida para
serviço militar obrigatório mesmo em tempo de preservação da ordem pública e da incolumidade das
guerra, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
lhes atribuir. órgãos:
(E) às Forças Armadas compete, na forma da lei, 6 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, Constituição da República Federativa do Brasil de
após alistados, alegarem imperativo de consciência, 1988, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica são
entendendo‐se como tal o decorrente de crença instituições baseadas na:
religiosa e de convicção filosófica ou política, para se
eximirem da atividades de caráter essencialmente (A) honra e no respeito.
administrativo. (B) ética e nos valores
(C) hierarquia e na disciplina
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com a (D) ordem e no progresso
Constituição Federal, a que se destinam as Forças (E) força e no moral.
Armadas?
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Segundo a Constituição da
República Federativa do Brasil (1988), coloque F
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(falso) ou V (verdadeiro) nas afirmativas abaixo, com 10 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com a Constituição
relação às disposições aos membros das Forças da República Federativa do Brasil de 1988, quem é a
Armadas, assinalando a seguir a opção correta. autoridade suprema sabre as Forcas Armadas?
( ) Ao militar são proibidas a Sindicalização e a greve.
( ) O militar, enquanto em serviço ativo, pode estar (A) Ministro da Defesa.
filiado a partidos políticos. (B) Presidente da República.
( ) O oficial nunca perderá o posto e a patente, (C) Ministro de Força mais antigo.
mesmo sendo julgado indigno ao oficialato. (D) Comandante do Estado‐Maior das Forcas
( ) As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres Armadas.
a elas inerentes são asseguradas em plenitude apenas (E) Chefe da Casa Militar.
aos oficiais da ativa, sendo‐lhes privativos os títulos e
pastas militares e o uso dos uniformes das Forças
Armadas. 11 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da Republica
(A) (V) (F) (V) (F) Federativa do Brasil (1988) apresenta disposições
(B) (V) (V) (V) (F) relativas a organização, destinação e constituição
(C) (F) (V) (V) (V) tanto das Forças Armadas quanta dos órgãos de
(D) (V) (F) (F) (F) segurança publica, que e exercida para a preservação
(E) (F) (V) (F) (V) da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio. Com base nas disposições constitucionais
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Constituição acerca desse assunto, assinale a opção correta.
da República Federativa do Brasil (1988), a segurança
pública, dever do estado, direito e responsabilidade (A) As Forças Armadas destinam‐se a garantia da lei e
de todos, é exercida para a preservação da ordem da ordem.
pública e da incolumidade das pessoas e do (B) As polícias civis são consideradas forças auxiliares
patrimônio por meio dos seguintes órgãos, EXCETO: e não são incumbidas das funções de polícia judiciária.
(C) A polícia federal não e considerada força auxiliar e
(A) polícia Civil. não exerce função de polícia judiciária.
(B) polícia rodoviária federal. (D) Os corpos de bombeiros militares são
(C) corpos de bombeiros militares. considerados reserva do Exército e não são
(D) Guarda municipal. incumbidos das atividades de defesa civil.
(E) polícia ferroviária federal. (E) As polícias militares são incumbidas da
preservação da ordem pública e da polícia ostensiva,
9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Constituição não sendo consideradas reserva do Exército.
da República Federativa do Brasil (1988), as Forças
Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e
pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na 12 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da República
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema Federativa do Brasil (1988) e o Estatuto dos Militares
do (lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980) contemplam
várias disposições relativas aos membros das Forças
(A) Presidente da República. Armadas. A par dessas disposições, e correto afirmar
(B) Ministro da Defesa. que:
(C) Comandante da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica. (A) todo militar em atividade que tomar posse em
(D) Conselho de Defesa Nacional. cargo ou emprego público civil permanente será
(E) Conselho Militar de Defesa. transferido para a reserva.
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(B) os membros das Forças Armadas são denominados 14 ‐ (PS‐SMV‐PR/2018 – N. Médio) De acordo com a
militares federais. Constituição da Republica Federativa do Brasil de
1988, as Forças Armadas são constituídas:
(C) nenhum oficial das Forças Armadas poderá exercer
atividade técnico‐profissional no meio civil, enquanto (A) pela Marinha, pelo Exercito e pela Aeronáutica.
estiver em serviço ativo. (B) pela Policia Federal e pela Policia Rodoviária
Federal.
(D) as patentes das Forças Armadas são conferidas (C) pela Guarda Costeira, pela Força Nacional e pela
apenas aos oficiais. Aeronáutica.
(E) a todo militar e proibida a filiação a partidos (D) pela Forca Nacional e pelos Fuzileiros Navais.
políticos. (E) pela Marinha Mercante, pelo Exército e pela
Aeronáutica.
13 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Constituição da República
Federativa do Brasil (1988) prevê sanção para o oficial
cuja conduta moralmente reprovável venha ferir o Respostas:
pundonor, o decoro e a ética militares, ou cuja índole
e modo de proceder não se harmonizem com os 1 C 8 D
requisites de disciplina, liderança e cumprimento do 2 A 9 A
dever militar, comprometendo irremediavelmente o 3 C 10 B
seu desempenho profissional. Considerando as 4 A 11 A
5 D 12 D
disposições constitucionais sobre esse assunto,
6 C 13 D
assinale a opção correta.
7 D 14 A
(C) O oficial só perderá o cargo se for julgado indigno
do oficialato ou com ele incompatível.
(D) O oficial condenado na justiça comum ou militar a
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será julgado na
justiça militar e poderá perder o posto e a patente.
(E) O oficial das Forcas Armadas pode perder o posto
e a patente por sentença transitada em julgado na
justiça comum, com base em processo disciplinar ou
administrativo.
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Normas gerais para a organização, o preparo e o do último posto, da ativa ou da reserva, indicado pelo
emprego das Forças Armadas Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo
Presidente da República, e disporá de um comitê,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES integrado pelos chefes de Estados Maiores das 3 (três)
Forças, sob a coordenação do Chefe do Estado‐Maior
Da Destinação e Atribuições:
Conjunto das Forças Armadas.
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Se o oficial‐general indicado para o cargo de Chefe do
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas estiver na
permanentes e regulares, organizadas com base na
ativa, será transferido para a reserva remunerada
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
quando empossado no cargo.
do Presidente da República e destinam‐se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Forças Armadas o mesmo grau de precedência
hierárquica dos Comandantes e precedência
Sem comprometimento de sua destinação
hierárquica sobre os demais oficiais‐generais das 3
constitucional, cabe também às Forças Armadas o
(três) Forças Armadas.
cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas
nesta Lei Complementar. É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das
Forças Armadas todas as prerrogativas, direitos e
Do Assessoramento ao Comandante Supremo
deveres do Serviço Ativo, inclusive com a contagem
O Presidente da República, na condição de de tempo de serviço, enquanto estiver em exercício.
Comandante Supremo das Forças Armadas, é
A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem,
assessorado:
singularmente, de 1 (um) Comandante, indicado pelo
I ‐ no que concerne ao emprego de meios militares, Ministro de Estado da Defesa e nomeado pelo
pelo Conselho Militar de Defesa; e Presidente da República, o qual, no âmbito de suas
atribuições, exercerá a direção e a gestão da
II ‐ no que concerne aos demais assuntos pertinentes respectiva Força.
à área militar, pelo Ministro de Estado da Defesa.
Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e
O Conselho Militar de Defesa é composto pelos da Aeronáutica são privativos de oficiais‐generais do
Comandantes da Marinha, do Exército e da último posto da respectiva Força.
Aeronáutica e pelo Chefe do Estado‐Maior Conjunto
das Forças Armadas. É assegurada aos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica precedência hierárquica
Na situação prevista no inciso I deste artigo, o sobre os demais oficiais‐generais das três Forças
Ministro de Estado da Defesa integrará o Conselho Armadas.
Militar de Defesa na condição de seu Presidente.
Se o oficial‐general indicado para o cargo de
DA ORGANIZAÇÃO Comandante da sua respectiva Força estiver na ativa,
será transferido para a reserva remunerada, quando
Das Forças Armadas
empossado no cargo.
As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de
São asseguradas aos Comandantes da Marinha, do
Estado da Defesa, dispondo de estruturas próprias.
Exército e da Aeronáutica todas as prerrogativas,
O Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas, órgão direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive com a
de assessoramento permanente do Ministro de contagem de tempo de serviço, enquanto estiverem
Estado da Defesa, tem como chefe um oficial‐general em exercício.
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O Poder Executivo definirá a competência dos O Livro Branco de Defesa Nacional deverá conter
Comandantes da Marinha, do Exército e da dados estratégicos, orçamentários, institucionais e
Aeronáutica para a criação, a denominação, a materiais detalhados sobre as Forças Armadas,
localização e a definição das atribuições das abordando os seguintes tópicos:
organizações integrantes das estruturas das Forças
Armadas.
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EXERCÍCIOS: 4 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com a Estratégia
Nacional de Defesa (Decreto n° 6.703, de 18 de
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com as diretrizes da dezembro de 2008), a construção de meios para
Estratégia Nacional de Defesa, assinale a opção exercer o controle de áreas marítimas terá como
INCORRETA. focos as áreas estratégicas de acesso marítimo ao
(A) Priorizar a região amazônica. Brasil. Duas áreas do literal continuarão a merecer
(B) Dissuadir a concentração de forças hostis nas atenção especial, do ponto de vista da necessidade de
fronteiras terrestres, nos limites das águas controlar o acesso marítimo ao Brasil. Quais são essas
jurisdicionais brasileiras, e impedir‐lhes o uso do áreas?
espaço aéreo nacional. (A) A faixa que vai de Fortaleza a Natal e a área que
(C) Fortalecer três setores de importância estratégica: contém os afluentes do rio Amazonas.
o social, o cibernético e o nuclear. (B) A faixa que vai da Bahia ao Rio de Janeiro e a área
(D) Estruturar o potencial estratégico em torno de em torno da foz do Rio da Prata.
capacidades. (C) A faixa que vai de Santos a Vitória e a área em
(E) Preparar as Forças Armadas para desempenharem torno da foz do rio Amazonas.
responsabilidades crescentes em operações de (D) A faixa que vai do Rio de Janeiro a Florianópolis e a
manutenção da paz. área que contém os afluentes do rio Paraguai.
(E) A faixa que vai de Porto Alegre ao Chuí e a área em
torno da hidrovia do Paraná‐Tietê.
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Assinale a opção que
completa corretamente as lacunas da sentença
abaixo. 5 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com as Diretrizes da
Reposicionar os efetivos das três Forças é uma diretriz Estratégia Nacional de Defesa (Decreto n° 6.703, de
da Estratégia Nacional de Defesa. As principais 18 de dezembro de 2008), a organização das Forças
unidades do Exército estacionam no ______________ Armadas esta baseada sobre que égide?
e no ____________ do Brasil, e a esquadra da
Marinha concentra‐se na cidade do ______________. (A) Deslocamento, concentração e permanência.
(B) Surpresa, prepare e unidade de comando.
(A) Nordeste/Norte/de São Paulo. (C) Manobra, prontidão e segurança.
(B) Sudeste/Centro‐Oeste/de Salvador. (D) Monitoramento/controle, mobilidade e presença.
(C) Sudeste/Nordeste/de Brasília. (E) Simplicidade, flexibilidade e mobilidade.
(D) Sudeste/Sul/do Rio de Janeiro.
(E) Nordeste/Centro‐Oeste/de Florianópolis.
6 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
de junho de 1999, ao tratar da organização das Forças
3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com a Estratégia Armadas e da sua direção superior, estabelece a
Nacional de Defesa, como é denominada a aptidão competência de alguns órgãos e autoridades.
para se chegar rapidamente ao teatro de operações? Considerando as disposições dessa lei complementar
(A) Mobilidade estratégica. sobre esse assunto, assinale a opção correta.
(B) Monitoramento. (A) Ao Ministro de Estado da Defesa compete
(C) Controle. promover as oficiais‐generais das Forças Armadas.
(D) Dimensionamento. (B) Ao Ministro de Estado da Defesa compete nomear
(E) Autonomia. os oficiais‐generais das Forças Armadas para os cargos
que lhes são privativos.
(C) Ao Ministro de Estado da Defesa compete exercer
a direção superior das Forças Armadas.
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(D) Ao Ministério da Defesa compete elaborar o (C) Ampliar a capacidade de atender aos
planejamento do emprego conjunto das Forcas compromissos internacionais de busca e salvamento.
Armadas.
(E) Ao Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas (D) Individualizar e setorizar a operação das Forças
compete formular a política e as diretrizes referentes Armadas.
aos produtos de defesa empregados nas atividades (E) Preparar efetivos para o cumprimento de missões
operacionais. de garantia da lei e da ordem, nos termos da
Constituição Federal.
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
de junho de 1999, contempla inúmeras disposições 9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9
sobre o Ministério da Defesa e sobre o Estado‐Maior de junho de 1999, apresenta várias disposições sobre
Conjunto das Forcas Armadas, assegurando a organização das Forças Armadas e sobre o
prerrogativas para os ocupantes de alguns cargos assessoramento ao seu Comandante Supremo.
importantes. Com base nessas disposições, é correto Considerando as disposições dessa lei complementar
afirmar que: sobre esses assuntos, assinale a opção correta.
(A) é assegurada ao oficial‐general da ativa a
permanência em serviço ativo ao ser empossado no
cargo de Comandante da sua respectiva Forca. (A) As Forças Armadas são diretamente subordinadas
(B) é assegurada ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto ao Presidente da República.
das Forcas Armadas precedência hierárquica sobre os
(B) No que concerne ao emprego de meios militares, o
Comandantes da Marinha do Exército e da
Presidente da República é assessorado apenas pelo
Aeronáutica.
Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas.
(C) a Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem,
singularmente, de 1 (um) Comandante, nomeado pelo (C) Conselho Militar de Defesa é órgão de
Ministro de Estado da Defesa. assessoramento permanente do Ministro de Estado
(D) o Estado‐Maior Conjunto das Forcas Armadas tem da Defesa.
como chefe um oficial‐general do último posto, da
ativa ou da reserva, indicado pelo Ministro de Estado (D) Estado‐Maior Conjunto das Forcas Armadas é
da Defesa. órgão de assessoramento exclusivo do Presidente da
(E) é assegurada ao oficial‐general indicado para o República.
cargo de Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças
(E) Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forcas
Armadas a permanência na ativa, quando empossado
Armadas sempre presidira o Conselho Militar de
no cargo.
Defesa.
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Com base nas disposições do
10 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Sobre o Livro Branco de
decreto n° 6.703, de 18 de dezembro de 2008,
Defesa Nacional, que e o mais complete e acabado
assinale a opção que NÃO contempla diretriz da
documento acerca das atividades de defesa do Brasil,
Estratégia Nacional de Defesa.
assinale a opção INCORRETA.
(A) A implantação do Livro Branco de Defesa Nacional
(A) Adensar a presença de unidades do Exercito, da compete ao Ministro de Estado da Defesa.
Marinha e da Força Aérea nas fronteiras.
(B) O Livro Branco de Defesa Nacional foi
(B) Manter o Serviço Militar Obrigatório. institucionalizado pelo decreto n° 6.703, de 18 de
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dezembro de 2008, que aprova a Estratégia Nacional
de Defesa.
Respostas:
1 C 6 C
2 D 7 D
3 A 8 D
4 C 9 C
5 D 10 B
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ESTATUTO DOS MILITARES os reformados, executado tarefa por tempo certo,
segundo regulamentação para cada Força Armada.(
O Estatuto dos Militares regula a situação,
obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos Os militares de carreira: são os da ativa que, no
membros das Forças Armadas. desempenho voluntário e permanente do serviço
militar, tenham vitaliciedade assegurada ou
As Forças Armadas, essenciais à execução da política presumida.
de segurança nacional, são constituídas pela Marinha,
pelo Exército e pela Aeronáutica, e destinam‐se a São considerados reserva das Forças Armadas:
defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, I ‐ individualmente:
a lei e a ordem. São instituições nacionais, a) os militares da reserva remunerada; e
permanentes e regulares, organizadas com base na b) os demais cidadãos em condições de convocação
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema ou de mobilização para a ativa.
do Presidente da República e dentro dos limites da lei.
II ‐ no seu conjunto:
Os membros das Forças Armadas, em razão de sua a) as Polícias Militares; e
destinação constitucional, formam uma categoria b) os Corpos de Bombeiros Militares.
especial de servidores da Pátria e são denominados
militares. A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas
declaradas diretamente devotada às finalidades
Os militares encontram‐se em uma das seguintes precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
situações: na ativa ou na inatividade. efeitos de mobilização e de emprego, reserva das
Forças Armadas.
a) na ativa:
I ‐ os de carreira; O pessoal componente da Marinha Mercante, da
II ‐ os incorporados às Forças Armadas para prestação Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente
de serviço militar inicial, durante os prazos previstos relacionadas com a segurança nacional, bem como os
na legislação que trata do serviço militar, ou durante demais cidadãos em condições de convocação ou
as prorrogações daqueles prazos; mobilização para a ativa, só serão considerados
III ‐ os componentes da reserva das Forças Armadas militares quando convocados ou mobilizados para o
quando convocados, reincluídos, designados ou serviço nas Forças Armadas.
mobilizados;
IV ‐ os alunos de órgão de formação de militares da A carreira militar é caracterizada por atividade
ativa e da reserva; e continuada e inteiramente devotada às finalidades
V ‐ em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro precípuas das Forças Armadas, denominada atividade
mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas. militar.
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nas organizações militares das Forças Armadas, bem à nacionalidade, idade, aptidão intelectual,
como na Presidência da República, na Vice‐ capacidade física e idoneidade moral, é necessário
Presidência da República, no Ministério da Defesa e que o candidato não exerça ou não tenha exercido
nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando atividades prejudiciais ou perigosas à segurança
incorporados às Forças Armadas. nacional.
A condição jurídica dos militares é definida pelos O disposto neste artigo e no anterior aplica‐se,
dispositivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou
por este Estatuto e pela legislação, que lhes outorgam Quadros de Oficiais em que é exigido o diploma de
direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo
obrigações. Governo Federal.
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militares da ativa, da reserva remunerada e A antigüidade em cada posto ou graduação é contada
reformados. a partir da data da assinatura do ato da respectiva
promoção, nomeação, declaração ou incorporação,
Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência salvo quando estiver taxativamente fixada outra data.
entre os militares da mesma categoria e têm a
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do antigüidade será estabelecida:
respeito mútuo. a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou
Serviço, pela posição nas respectivas escalas
Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica nas numéricas ou registros existentes em cada Força;
Forças Armadas, bem como a correspondência entre b) nos demais casos, pela antigüidade no posto ou
os postos e as graduações da Marinha, do Exército e graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a
da Aeronáutica, são fixados nos parágrafos seguintes. igualdade, recorrer‐se‐á, sucessivamente, aos graus
Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por hierárquicos anteriores, à data de praça e à data de
ato do Presidente da República ou do Ministro de nascimento para definir a procedência, e, neste último
Força Singular e confirmado em Carta Patente. caso, o de mais idade será considerado o mais antigo;
c) na existência de mais de uma data de praça,
Os postos de Almirante, Marechal e Marechal‐do‐Ar inclusive de outra Força Singular, prevalece a
somente serão providos em tempo de guerra. antigüidade do militar que tiver maior tempo de
efetivo serviço na praça anterior ou nas praças
Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido
anteriores; e
pela autoridade militar competente.
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação
Os Guardas‐Marinha, os Aspirantes‐a‐Oficial e os de militares, de acordo com o regulamento do
alunos de órgãos específicos de formação de militares respectivo órgão, se não estiverem especificamente
são denominados praças especiais. enquadrados nas letras a , b e c.
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alunos da Escola de Oficiais Especialistas da Consideram‐se também vagos os cargos militares
Aeronáutica, são hierarquicamente superiores aos cujos ocupantes tenham:
suboficiais e aos subtenentes;
a) falecido;
III ‐ os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do b) sido considerados extraviados;
Colégio Naval têm precedência sobre os Terceiros c) sido feitos prisioneiros; e
Sargentos, aos quais são equiparados; d) sido considerados desertores.
IV ‐ os alunos dos órgãos de formação de oficiais da Função militar é o exercício das obrigações inerentes
reserva, quando fardados, têm precedência sobre os ao cargo militar.
Cabos, aos quais são equiparados; e
Dentro de uma mesma organização militar, a
V ‐ os Cabos têm precedência sobre os alunos das seqüência de substituições para assumir cargo ou
escolas ou dos centros de formação de sargentos, responder por funções, bem como as normas,
que a eles são equiparados, respeitada, no caso de atribuições e responsabilidades relativas, são as
militares, a antigüidade relativa. estabelecidas na legislação ou regulamentação
específicas, respeitadas a precedência e a qualificação
Do Cargo e da Função Militares exigidas para o cargo ou o exercício da função.
Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e O militar ocupante de cargo provido em caráter
responsabilidades cometidos a um militar em serviço efetivo ou interino faz jus aos direitos
ativo. correspondentes ao cargo, conforme previsto em
O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se dispositivo legal.
encontra especificado nos Quadros de Efetivo ou As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade,
Tabelas de Lotação das Forças Armadas ou previsto, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como
caracterizado ou definido como tal em outras posições tituladas em "Quadro de Efetivo", "Quadro
disposições legais. de Organização", "Tabela de Lotação" ou dispositivo
As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser legal, são cumpridas como encargo, incumbência,
compatíveis com o correspondente grau hierárquico e comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
definidas em legislação ou regulamentação militar.
específicas. Aplica‐se, no que couber, a encargo, incumbência,
Os cargos militares são providos com pessoal que comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
qualificação exigidos para o seu desempenho. Das Obrigações e dos Deveres Militares
O provimento de cargo militar far‐se‐á por ato de São manifestações essenciais do Valor Militar:
nomeação ou determinação expressa da autoridade
competente. I ‐ o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de
cumprir o dever militar e pelo solene juramento de
O cargo militar é considerado vago a partir de sua fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida;
criação e até que um militar nele tome posse, ou
desde o momento em que o militar exonerado, ou II ‐ o civismo e o culto das tradições históricas;
que tenha recebido determinação expressa da
autoridade competente, o deixe e até que outro III ‐ a fé na missão elevada das Forças Armadas;
militar nele tome posse de acordo com as normas de IV ‐ o espírito de corpo, orgulho do militar pela
provimento previstas no parágrafo único do artigo organização onde serve;
anterior.
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V ‐ o amor à profissão das armas e o entusiasmo com XV ‐ garantir assistência moral e material ao seu lar e
que é exercida; e conduzir‐se como chefe de família modelar;
VI ‐ o aprimoramento técnico‐profissional. XVI ‐ conduzir‐se, mesmo fora do serviço ou quando já
na inatividade, de modo que não sejam prejudicados
Da Ética Militar os princípios da disciplina, do respeito e do decoro
O sentimento do dever, o pundonor militar e o militar;
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes XVII ‐ abster‐se de fazer uso do posto ou da graduação
das Forças Armadas, conduta moral e profissional para obter facilidades pessoais de qualquer natureza
irrepreensíveis, com a observância dos seguintes ou para encaminhar negócios particulares ou de
preceitos de ética militar: terceiros;
I ‐ amar a verdade e a responsabilidade como XVIII ‐ abster‐se, na inatividade, do uso das
fundamento de dignidade pessoal; designações hierárquicas:
II ‐ exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as a) em atividades político‐partidárias;
funções que lhe couberem em decorrência do cargo; b) em atividades comerciais;
III ‐ respeitar a dignidade da pessoa humana; c) em atividades industriais;
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa
IV ‐ cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, a respeito de assuntos políticos ou militares,
as instruções e as ordens das autoridades excetuando‐se os de natureza exclusivamente técnica,
competentes; se devidamente autorizado; e
e) no exercício de cargo ou função de natureza civil,
V ‐ ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
mesmo que seja da Administração Pública; e
apreciação do mérito dos subordinados;
XIX ‐ zelar pelo bom nome das Forças Armadas e de
VI ‐ zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e
cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendo
físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em
obedecer aos preceitos da ética militar.
vista o cumprimento da missão comum;
Ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar
VII ‐ empregar todas as suas energias em benefício do
parte na administração ou gerência de sociedade ou
serviço;
dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
VIII ‐ praticar a camaradagem e desenvolver, quotista, em sociedade anônima ou por quotas de
permanentemente, o espírito de cooperação; responsabilidade limitada.
IX ‐ ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua Os integrantes da reserva, quando convocados, ficam
linguagem escrita e falada; proibidos de tratar, nas organizações militares e nas
repartições públicas civis, de interesse de
X ‐ abster‐se de tratar, fora do âmbito apropriado, de organizações ou empresas privadas de qualquer
matéria sigilosa de qualquer natureza; XI ‐ acatar as natureza.
autoridades civis;
Os militares da ativa podem exercer, diretamente, a
XII ‐ cumprir seus deveres de cidadão; gestão de seus bens, desde que não infrinjam o
disposto no presente artigo.
XIII ‐ proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular; No intuito de desenvolver a prática profissional, é
permitido aos oficiais titulares dos Quadros ou
XIV ‐ observar as normas da boa educação;
Serviços de Saúde e de Veterinária o exercício de
atividade técnico‐profissional no meio civil, desde que
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tal prática não prejudique o serviço e não infrinja o O compromisso de Guarda‐Marinha ou Aspirante‐a‐
disposto neste artigo. Oficial é prestado nos estabelecimentos de formação,
obedecendo o cerimonial ao fixado nos respectivos
Os Ministros das Forças Singulares poderão regulamentos.
determinar aos militares da ativa da respectiva Força
que, no interesse da salvaguarda da dignidade dos O compromisso como oficial, quando houver, será
mesmos, informem sobre a origem e natureza dos regulado em cada Força Armada.
seus bens, sempre que houver razões que
recomendem tal medida. Do Comando e da Subordinação
O oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação,
poderá ser afastado do exercício de suas funções, a
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critério do respectivo Ministro, conforme estabelecido RESUMOS:
em legislação específica.
É a ordenação da autoridade,
Compete ao Superior Tribunal Militar, em tempo de HIERARQUIA em níveis diferentes, dentro
paz, ou a Tribunal Especial, em tempo de guerra, MILITAR: da estrutura das Forças
Armadas
julgar, em instância única, os processos oriundos dos
Conselhos de Justificação, nos casos previstos em lei
É a rigorosa observância e o
específica. acatamento integral das leis,
regulamentos, normas e
A Conselho de Justificação poderá, também, ser
disposições que
submetido o oficial da reserva remunerada ou fundamentam o organismo
reformado, presumivelmente incapaz de permanecer militar e coordenam seu
na situação de inatividade em que se encontra. DISCIPLINA: funcionamento regular e
harmônico, traduzindo‐se
O Guarda‐Marinha, o Aspirante‐a‐Oficial e as praças pelo perfeito cumprimento
com estabilidade assegurada, presumivelmente do dever por parte de todos
incapazes de permanecerem como militares da ativa, e de cada um dos
serão submetidos a Conselho de Disciplina e afastados componentes desse
organismo.
das atividades que estiverem exercendo, na forma da
regulamentação específica.
São âmbitos de convivência
CIRCULO
entre militares da mesma
O Conselho de Disciplina obedecerá a normas comuns HIERÁRQUICO
categoria.
às três Forças Armadas.
Compete aos Ministros das Forças Singulares julgar,
GRAU
em última instância, os processos oriundos dos CONFERIDO POR:
HIERARQUICO
Conselhos de Disciplina convocados no âmbito das PRESIDENTE DA REPUBLICA
respectivas Forças Armadas. ou do MINISTRO DE FORÇA
POSTO
SINGULAR e conferido em
A Conselho de Disciplina poderá, também, ser CARTA PATENTE
submetida a praça na reserva remunerada ou AUTORIDADE MILITAR
GRADUAÇÃO
reformada, presumivelmente incapaz de permanecer COMPETENTE
na situação de inatividade em que se encontra.
PRAÇAS ESPECIAIS:
A) GUARDAS‐MARINHA
B) ASPIRANTE‐A‐OFICIAL
C) TODOS OS ALUNOS DE ÓRGÃOS
ESPECÍFICOS
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VALOR MILITAR Art 27
PATRIOTISMO, traduzido pela vontade
inabalável de cumprir o dever militar e pelo
P
solene juramento de fidelidade à Pátria até com
o sacrifício da própria vida;
AMOR À PROFISSÃO das armas e o entusiasmo
A
com que é exercida;
C CIVISMO e o CULTO das tradições históricas
A APRIMORAMENTO técnico‐profissional
F FÉ NA MISSÃO elevada das Forças Armadas
ESPÍRITO DE CORPO, orgulho do militar pela
E
organização onde serve;
DEVERES MILITARES Art 31
DEDICAÇÃO e a fidelidade à Pátria, cuja honra,
D integridade e instituições devem ser defendidas
mesmo com o sacrifício da própria vida
D DISCIPLINA e o respeito à Hierarquia
CULTO aos Símbolos Nacionais (Bandeira, Hino e
C
Selo)
PROBIDADE e a lealdade em todas as
P
circunstâncias
RIGOROSO cumprimento das obrigações e das
R
ordens
OBRIGAÇÕES de tratar o subordinado
O
dignamente e com urbanidade
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EXERCÍCIOS: (E) Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência
entre os militares da mesma categoria e têm a
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ A respeito da hierarquia finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,
militar e da disciplina, base institucional das Forças em ambiente de estima e confiança.
Armadas, pode‐se afirmar que:
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Quais são as bases
(A) a disciplina e o respeito à hierarquia devem ser institucionais das Forças Armadas?
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre
militares da ativa, da reserva remunerada, (A) Hierarquia e disciplina.
excetuando‐se os reformados. (B) Autoridade e responsabilidade.
(C) Respeito e ordenação.
(B) a hierarquia militar é a ordenação da autoridade, (D) Posto e graduação.
em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças (E) Leis e regulamentos.
Armadas.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos
(C) disciplina é a rigorosa observância e o acatamento Militares, a base institucional das Forcas Armadas
integral das leis, regulamentos e normas que são?
fundamentam o organismo militar, sendo modificada
nos casos de guerra ou conflito. (A) Hierarquia e Liderança.
(B) Hierarquia e Ética Militar.
(D) posto é o grau hierárquico da Praça, conferido (C) Ética Militar e Disciplina.
pela autoridade militar competente. (D) Liderança e Disciplina.
(E) círculos hierárquicos são âmbitos de convivência (E) Hierarquia e Disciplina.
entre militares de categorias diferentes e têm a 4 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual a base
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, institucional das Forças Armadas?
em ambiente de estima e confiança.
(A) A autoridade e a obediência.
RESPOSTA (comentada) (B) A lei e os regulamentos internos.
(A) A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser (C) A liderança e a obediência.
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre (D) A hierarquia e a disciplina.
militares da ativa, da reserva remunerada e (E) O direito e o dever.
reformados. 5 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Salvo nos casos de
(B) A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, precedência funcional estabelecidos em lei, como é
em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças assegurada a precedência entre militares da ativa do
Armadas. (CERTA) mesmo grau hierárquico?
(C) Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento (A) Pela responsabilidade.
integral das leis, regulamentos, normas e disposições (B) Pela antiguidade.
que fundamentam o organismo militar e coordenam (C) Pelo respeito.
seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo‐ (D) Pelo posto.
se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de (E) Pela graduação.
todos e de cada um dos componentes desse 6 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
organismo. Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980),
(D) Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido qual publicação relaciona e classifica os crimes
por ato do Presidente da República ou do Ministro de militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e
Força Singular e confirmado em Carta Patente. dispõe sobre a aplicação das penas correspondentes
aos crimes cometidos por militares.
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(A) Regulamento Disciplinar para a Marinha. ficam autorizados a tratar, nas organizações militares,
(B) Código Penal Militar. de interesse de organizações ou empresas privadas de
(C) Plano de Carreira de Oficiais da Marinha. qualquer natureza.
(D) Cerimonial da Marinha.
(E) Ordenação Geral para o Serviço da Armada. (E) É proibido aos oficiais titulados dos Quadros ou
serviço de Saúde e de Veterinária o exercício de
7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) A responsabilidade integral Atividade técnico‐profissional no meio civil.
pelas decisões que tomar um militar, pelas ordens que
emitir e pelos atos que praticar cabe ao 10 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980),
(A) seu superior direto. assinale a opção que NÃO corresponde a
(B) comandante de sua Unidade. manifestações essenciais do valor militar.
(C) comando de sua Força.
(D) grupo que lidera. (A) O orgulho pela organização onde serve.
(E) próprio militar. (B) O civismo e o culto das tradições históricas.
(C) A fé na missão elevada das Forças Armadas.
8 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Coloque V (verdadeiro) ou F (D) A supremacia do conhecimento militar sobre o
(falso) nas afirmativas abaixo, assinalando a seguir a técnico‐profissional.
opção correta. (E) O amor à profissão das armas e o entusiasmo com
que é exercida.
( ) Comando e a soma de autoridade, deveres e
responsabilidades de que o militar é investido 11 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos
legalmente quando conduz homens ou dirige uma Militares, assinale a opção que completa
organização militar. corretamente as lacunas da sentença abaixo.
( ) O comando não é vinculado ao grau hierárquico, e
constitui uma prerrogativa pessoal. Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças
( ) A subordinação não afeta, de modo algum, a Armadas mediante, incorporação, matrícula ou
dignidade pessoal do militar. nomeação, prestará compromisso de
( ) A subordinação decorre, exclusivamente, da _________________, no qual afirmará a sua
estrutura hierarquizada das Forças Armadas. aceitação_________________ das obrigações e dos
_____________ militares e manifestará a sua firme
(A) (V) (V) (V) (V) disposição de bem cumpri‐los.
(B) (V) (F) (V) (V)
(C) (F) (F) (V) (V) (A) honra / voluntária / valores
(D) (V) (F) (F) (V) (B) honra / consciente / deveres
(E) (F) (F) (F) (F) (C) sangue / consciente / deveres
(D) honra / consciente / valores
9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos (E) sangue / voluntária / valores
Militares, com relação aos conceitos de Valor e Ética
Militar, assinale a opção correta. 12 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) O conjunto de atribuições,
deveres e responsabilidades cometidos a um militar
(A) O civismo e o culto das tradições religiosas são em serviço ativo, denomina‐se
manifestações essenciais do valor militar.
(B) Ao militar da ativa, é permitido comerciar ou (A) Cargo Militar.
tomar parte na administração ou gerência de (B) Função Militar.
sociedade. (C) Graduação Militar.
(C) Abster‐se de fazer uso do posto ou da graduação (D) Valor Militar.
para obter facilidades pessoais de qualquer natureza e (E) Dever Militar.
considerado um dos preceitos da Ética militar. 13 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Acerca da violação das
(D) Os integrantes da reserva, quando convocados, obrigações ou dos deveres militares, assinale a opção
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que completa corretamente as lacunas da sentença (D) os Cabos têm precedência sabre os alunos das
abaixo. escolas ou dos centros de formação de sargentos, que
a eles são equiparados, respeitada, no caso de
Consoante a legislação específica, o Estatuto dos militares, a antiguidade relativa.
Militares estabelece que a inobservância dos deveres (E) os Aspirantes, alunos da Escola Naval, e os
especificados nas leis e regulamentos, ou a falta de Cadetes, alunos da Academia Militar das Agulhas
exação no cumprimento dos mesmos, acarreta para o Negras e da Academia da Força Aérea, bem como os
militar responsabilidade _________________, alunos da Escola de Oficiais Especialistas da
____________________, _________________ ou Aeronáutica, são hierarquicamente superiores aos
______________. suboficiais e aos subtenentes.
(A) funcional / pecuniária / disciplinar / penal 16 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o Estatuto dos
(B) funcional / pecuniária / disciplinar / civil Militares, assinale a opção que apresenta o Posto ao
(C) civil / trabalhista / disciplinar / penal qual um militar poderá ser promovido somente em
(D) funcional / trabalhista / disciplinar / civil tempo de guerra.
(E) civil / pecuniária / disciplinar / penal
(A) Capitão de Mar e Guerra.
14 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que NÃO esta (B) Coronel.
de acordo com o preconizado no Estatuto dos (C) Almirante de Esquadra.
Militares. (D) Brigadeiro.
(A) A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser (E) Marechal.
mantidos em todas as circunstâncias da vida entre 17 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 47 do Estatuto
militares da ativa, da reserva remunerada e dos Militares, os regulamentos disciplinares das
reformados. Forças Armadas especificarão e classificarão as
(B) Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência contravenções ou transgressões disciplinares e
entre os militares de diferentes categorias e têm a estabelecerão as normas relativas a amplitude e
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, aplicação das penas disciplinares, à classificação do
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do comportamento militar e à interposição de recursos
respeito mútuo. contra as penas disciplinares. Sendo assim, pode‐se
(C) Posto e o grau hierárquico do oficial, conferido por afirmar que as penas disciplinares de impedimento,
ato do Presidente da República ou do Ministro de detenção ou prisão NÃO podem ultrapassar:
Força Singular e confirmado em Carta Patente.
(D) Os postos de Almirante, Marechal e Marechal do (A) trinta dias.
Ar somente serão providos em tempo de guerra. (B) dez dias.
(E) Graduação e o grau hierárquico da praça, (C) vinte dias.
conferido pela autoridade militar competente. (D) quarenta dias.
(E) sessenta dias.
15 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 19 do Estatuto
dos Militares, a precedência entre as praças especiais 18 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
e as demais praças e assim regulada, EXCETO: Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), as
penas disciplinares de impedimento, detenção ou
(A) os Guardas‐Marinha e os Aspirantes‐a‐Oficial são prisão não poderão ultrapassar:
hierarquicamente superiores às demais praças.
(B) os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do (A) dez dias.
Colégio Naval não têm precedência sabre os (B) vinte dias.
Terceiros‐Sargentos, aos quais são equiparados. (C) trinta dias.
(C) os alunos dos órgãos de formação de oficiais da (D) quarenta dias.
reserva, quando fardados, têm precedência sobre os (E) cinquenta dias.
Cabos, aos quais são equiparados.
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19 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto (D) o civismo e o culto das tradições históricas.
dos Militares, os militares da ativa que, no (E) culto aos símbolos nacionais.
desempenho voluntário e permanente do serviço
militar, tenha vitaliciedade assegurada ou presumida 24 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 28 do Estatuto
são classificados como: dos Militares, o sentimento do dever, o pundonor
militar e o decoro da classe impõem, a cada um dos
(A) militares da reserva remunerada. integrantes das Forças Armadas, conduta moral e
(B) militares da reserva não remunerada. profissional irrepreensíveis, com a observância dos
(C) militares reformados. seguintes preceitos de ética militar:
(D) militares de carreira.
(E) inativos e pensionistas. (A) o amor à profissão das armas e o entusiasmo com
que é exercida.
20 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ Que documento regula a (B) o aprimoramento técnico‐profissional.
situação, a obrigação, os deveres, os direitos e as (C) o espírito de corpo e o orgulho do militar pela
prerrogativas dos membros das Forças Armadas? organização onde serve.
(D) o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável
(A) Código Penal Militar de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de
(B) Constituição Federal fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida.
(C) Código Penal. (E) praticar a camaradagem e desenvolver,
(D) Código de Processo Penal. permanentemente, o espírito de cooperação.
(E) Estatuto dos Militares.
25 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Segundo o Estatuto dos
21 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ Os regulamentos Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), o
disciplinares das Forças Armadas especificarão e militar que, por sua atuação, tornar‐se incompatível
classificarão: com o cargo, ou demonstrar incapacidade no
(A) o treinamento físico. exercício de funções militares a ele inerentes, será
(B) as contravenções ou transgressões disciplinares. afastado do cargo. Sendo assim, marque a opção que
(C) as normas de etiqueta. apresenta a autoridade pública que tem competência
(D) os Postos e Graduações. para determinar o imediato afastamento do militar do
(E) os uniformes. cargo ou o impedimento do exercício de sua função,
nos casos mencionados.
22 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 27, Estatuto
dos Militares, e manifestação essencial do valor (A) Presidente da República.
militar: (B) Governador.
(C) Vereador
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana. (D) Senador
(B) empregar todas as suas energias em benefício do (E) Presidente do Congresso Nacional.
serviço.
(C) a fé na missão elevada das Forças Armadas. 26 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto
(D) acatar as autoridades civis. dos Militares, o grau hierárquico da praça, conferido
(E) cumprir seus deveres de cidadão. por autoridade competente, é denominado:
23 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – É manifestação essencial do (A) posto
valor militar: (B) graduação
(C) patente
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana. (D) grau
(B) a disciplina e o respeito à hierarquia. (E) círculo
(C) proceder de maneira ilibada na vida pública e na
particular 27 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A Marinha, o Exército e a
Aeronáutica constituem as Forças:
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(A) Auxiliares. 31 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o
(B) Militares. Estatuto dos Militares, NÃO são considerados reserva
(C) Públicas. das Forças Armadas:
(D) Policiais.
(E) Armadas. (A) militares da reserva remunerada.
(B) demais cidadãos em condições de convocação ou
de mobilização para a ativa.
(C) agentes de segurança privada.
28 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o (D) Policiais Militares.
Estatuto dos Militares, o Guarda‐Marinha, o Aspirante (E) Corpos de Bombeiros Militares.
a Oficial e as praças com estabilidade assegurada,
presumivelmente incapazes de permanecerem como 32 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) As penas
militares da ativa, serão submetidos a Conselho de disciplinares de impedimento, detenção ou prisão
NÃO podem ultrapassar
(A) Justiça.
(B) Defesa. (A) 10 dias.
(C) Disciplina. (B) 15dias.
(D) Justificação. (C) 20 dias.
(D) 25 dias.
29 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Assinale a (E) 30 dias.
opção INCORRETA com relação ao Estatuto dos
Militares. 33 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o
Estatuto dos Militares, ao militar da ativa é vedado:
(A) Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por
ato do Presidente da República ou do Ministro de (A) acatar as autoridades civis.
Força Singular e confirmado em Carta Patente. (B) comerciar ou tomar parte na administração ou
(B) Os postos de Almirante, Marechal e Marechal‐do‐ gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar,
Ar somente serão providos em tempo de guerra. exceto como acionista ou quotista, em sociedade
(C) Graduação e o grau hierárquico da praça, anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
conferido pela autoridade militar competente. (C) exercer, diretamente, a gestão de seus bens.
(D) Os Guardas‐Marinha, os Aspirantes a Oficial e os (D) observar as normas da boa educação.
alunos de órgãos específicos de formação de militares (E) praticar a camaradagem e desenvolver,
são denominados praças especiais. permanentemente, o espírito de cooperação.
(E) As carreiras de oficiais das Forcas Armadas são
facultadas a brasileiros naturalizados. 34 ‐ (EAOF ‐2008) – Leia as assertivas abaixo:
1 ‐ A autoridade e a responsabilidade são
30 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Segundo o inversamente proporcionais ao grau hierárquico.
Estatuto dos Militares, o oficial presumivelmente 2 ‐ Um Primeiro Tenente da Ativa possui precedência
incapaz de permanecer coma militar da ativa será, na sobre outro Primeiro Tenente da Reserva.
forma da legislação específica, submetido a Conselho 3 ‐ Função militar é um conjunto de atribuições,
de deveres e responsabilidades cometidos a um militar
em serviço ativo.
(A) Disciplina. 4 ‐ A violação dos preceitos da ética militar será tão
(B) Justificação. mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico
(C) Almirantes. de que cometer.
(D) Defesa.
(E) Justiça. Das assertivas acima, estão corretas:
(A) 2 e 4
(B) 2 e 3
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(C) 1 e 3 (A) a precedência entre militares da ativa de mesmo
(D) 1 e 4. posto ou graduação e assegurada pelo merecimento
no respectivo posto ou graduação.
(B) os Guardas‐Marinha têm precedência tanto sobre
35 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n° os suboficiais quanto sobre os subtenentes.
6.880, de 9 de dezembro de 1980) define posto e (C) a precedência entre as praças especiais e as
graduação dos militares. Considerando as disposições demais praças não e regulada pelo Estatuto dos
dessa lei que tratam sobre o posto e a graduação, Militares.
assinale a opção correta. (D) em igualdade de posto ou de graduação, a
precedência entre os militares de carreira na ativa e
(A) Os Guardas‐Marinha têm o menor posto na os da reserva, que estejam convocados, é definida
Marinha do Brasil. pela data de nascimento, e, nesse caso, o de mais
(B) Todo posto e confirmado em Carta‐Patente. idade será considerado o mais antigo.
(C) O posto de Almirante existe em tempo de paz na (E) em igualdade de posto ou de graduação, os
Marinha do Brasil. militares da reserva têm precedência sabre os da
(D) A graduação é um circulo hierárquico conferido ativa.
pela autoridade competente.
(E) O merecimento no posto ou graduação é um dos
critérios para assegurar a precedência entre militares. 38 ‐ (EAOF ‐2005) – Correlacione as 1ª Coluna de
36 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n° acordo com a 2ª Coluna.
6.880, de 9 de dezembro de 1980) define cargo militar (1) Hierarquia e Disciplina
e função militar, que podem ser atribuídos aos (2) Círculos hierárquicos
militares em serviço ativo. Considerando as (3) Função Militar
disposições dessa lei sobre cargo militar, função (4) Valor Militar
militar e violação das obrigações e dos deveres (5) Ética Militar
militares, assinale a opção correta.
( ) âmbitos de convivência entre os militares da
(A) Função militar é um conjunto de atribuições, mesma categoria
deveres e responsabilidades cometidos a um militar ( ) aprimoramento técnico‐profissional
em serviço ativo. ( ) proceder de maneira ilibada na vida pública e na
(B) O militar em serviço ativo não pode ficar impedido vida particular
de exercer função militar. ( ) base institucional das Forças Armadas
(C) Toda militar em serviço ativo sempre ocupa, pelo ( ) exercício da obrigações inerentes ao cargo militar
menos, um cargo militar.
(D) Considera‐se vago o cargo militar cujo ocupante
tenha sido considerado prisioneiro.
(E) Para o provimento de cargo militar não importa o 39 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) Com base nas disposições
grau hierárquico do futuro ocupante. relativas à violação das obrigações e dos deveres
militares, constantes do Estatuto dos Militares (Lei n°
6.880, de 9 de dezembro de 1980), é correto afirmar
que:
37 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) À luz das disposições do
Estatuto dos Militares (lei n° 6.880, de 9 de dezembro (A) a violação das obrigações ou dos deveres militares
de 1980), sobre a precedência entre militares da ativa constitui apenas contravenção ou transgressão
e inativos e correto afirmar que: disciplinar, conforme dispuser a legislação ou
regulamentação específica.
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(B) a aplicação da pena disciplinar de prisão está Respostas:
normatizada nos regulamentos disciplinares de cada
Forças Armada.
1 B 11 B 21 B 31 C
(C) a violação dos preceitos da ética militar será tão 2 A 12 A 22 C 32 E
mais grave quanta menos elevado for o grau 3 E 13 A 23 D 33 B
hierárquico de quem a cometer. 4 D 14 B 24 E 34 A
5 B 15 B 25 A 35 B
(D) o militar que, por sua atuação, se tornar 6 B 16 E 26 B 36 D
incompatível com o cargo ou demonstrar 7 E 17 A 27 E 37 B
incapacidade no exercício de funções militares a ele 8 B 18 C 28 C 39 B
9 C 19 D 29 E 40 E
inerentes será punido na forma da lei, sendo
10 D 20 E 30 B
assegurado no cargo caso possua estabilidade.
(E) são permitidas manifestações coletivas sobre atos
38 ‐ (2, 4, 5, 1, 3)
de superiores e de caráter reivindicatório, desde que
não afetem a hierarquia e a disciplina.
(A) A probidade e a lealdade em todas as
circunstâncias.
(B) O rigoroso cumprimento das obrigações e das
ordens.
(C) A disciplina e o respeito à hierarquia.
(D) O culto aos Símbolos Nacionais.
(E) O culto das tradições históricas e o civismo.
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RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA – EMA‐137 benefícios às organizações, como também contribuirá
para o sucesso profissional individual de cada militar.
ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA Desta forma, o contínuo desenvolvimento das
1.1 ‐ PROPÓSITO Este capítulo aborda conceitos, qualidades dos militares da MB como líderes deverá
aspectos fundamentais, estilos, fatores, atributos e ser objeto de atenta e permanente atenção, a ser
níveis de liderança, para prover conhecimentos trabalhada, conjuntamente, pela instituição e,
básicos que definam a natureza das relações prioritariamente, por cada militar.
desejáveis entre líderes e liderados.
1.3 ‐ ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LIDERANÇA
1.2 ‐ CHEFIA E LIDERANÇA Neste tópico serão abordados aspectos relacionados
aos tipos de liderança.
O exercício da chefia, comando ou direção, é
entendido pelo conjunto de ações e decisões tomadas Existem diversas conceituações para liderança
pelo mais antigo, com autoridade para tal, na sua na literatura especializada. A Marinha do Brasil
esfera de competência, a fim de conduzir de forma define liderança como: “o processo que consiste em
integrada o setor que lhe é confiado. influenciar pessoas no sentido de que ajam,
voluntariamente, em prol do cumprimento da
No desempenho de suas funções, os mais missão”. Fica evidenciado, pela definição, que a
antigos, normalmente, desempenham dois papéis liderança inclui não só a capacidade de fazer um
funcionais, a saber: o de “chefe” e o de “condutor de grupo realizar uma tarefa específica mas, sobretudo,
homens”. Em relação ao primeiro papel, prevalece a executá‐la de forma voluntária, atendendo ao desejo
autoridade advinda da responsabilidade atribuída à do líder como se fosse o seu próprio.
função, associada com aquela decorrente de seu
posto ou graduação, à qual passaremos a definir, Nessa definição de liderança, estão implícitos
genericamente, como chefia. Com respeito ao os seus agentes, ou seja, o líder e os liderados, as
segundo papel, identifica‐se um estreito relações entre eles e os princípios filosóficos,
relacionamento com o atributo de líder. Neste psicológicos e sociológicos que regem o
contexto, fica ressaltada a importância da capacidade comportamento humano.
individual dos mais antigos em influenciarem e
1.3.1 ‐ Aspectos Filosóficos
inspirarem os seus subordinados.
A Filosofia tem como característica
Caracterizados esses dois atributos do
desenvolver o senso crítico, que fornece ao indivíduo
comandante, o de chefe e o de líder, pode‐se afirmar
bases metodológicas para efetuar, permanentemente,
que comandar é exercer a chefia e a liderança, a fim
o exame corrente da situação, favorecendo o
de conduzir eficazmente a organização no
processo de tomada de decisões. Tal prática é
cumprimento da missão. Sendo o exercício do
fundamental ao exercício da liderança, podendo‐se
comando um processo abrangente, a divisão ora
verificar que o requisito pensamento crítico está
apresentada será utilizada para efeito de uma melhor
direta ou indiretamente associado a diversos atributos
compreensão do tema em lide, pois chefia e liderança
de liderança prescritos nesta Doutrina.
não são processos alternativos e sim, simultâneos e
complementares. A Axiologia, também conhecida como a teoria
dos valores, é considerada a parte mais nobre da
Os melhores resultados no tocante à liderança
Filosofia. O processo de influenciação de um grupo,
ocorrem quando ela é desenvolvida, não sendo
que é a essência da liderança, está profundamente
impositiva. Neste contexto, a liderança deve ser
ligado aos valores éticos e morais que devem ser
entendida como um processo dinâmico e progressivo
transmitidos e praticados pelo líder.
de aprendizado, o qual, desenvolvido nos cursos de
carreira e no dia a dia das OM, trará não só evidentes
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A prática dos fundamentos filosóficos da necessidades, valores e todos os outros aspectos do
educação, seja ela formal ou informal, desenvolvida campo psicológico do indivíduo.” (FRENCH; RAVEN,
por grupos sociais, independente de suas crenças e 1969, apud NOBRE, 1998, p. 43)
culturas, constitui‐se no elemento catalisador dos
valores universais. Os processos grupais e a liderança são os
principais objetos de estudo da Psicologia Social e a
O ser humano precisa receber uma educação subjetividade humana, a personalidade e as mudanças
adequada para ser capaz de valorizar um objeto (a psicológicas oriundas de processos de influenciação e
vida humana, a Pátria, a família). Sem essa educação, de aprendizagem são focos de estudo e de análise da
perde‐se a capacidade de perceber esses valores, Psicologia. O caminho para a liderança passa pelo
especialmente quando se trata daqueles universais, conhecimento profissional, mas também pelo
tais como: honra, dignidade e honestidade. autoconhecimento e por conhecer bem seus
subordinados. Para os dois últimos requisitos, a
A característica fundamental da Axiologia Psicologia pode oferecer ferramentas úteis para o
consiste na hierarquização desses valores, que são líder. Pesquisas mostram que o quociente emocional
transmitidos pela educação familiar, pela sociedade e (QE) ou inteligência emocional está, cada vez mais,
pelo grupo. Essa hierarquização de valores varia de destacando‐se como o principal diferencial de
um país para o outro, de uma sociedade organizada competência no trabalho. Esta conclusão é
para outra, de um grupo social para outro. Por especialmente pertinente, em se tratando do
exemplo, os fundamentalistas islâmicos, que se desempenho em funções de liderança. A Psicologia é,
sacrificam em atentados, contrariando o instinto de portanto, uma ciência que fornece firme
preservação, valor primordial do ser humano. embasamento teórico e prático para que o líder possa
Valores como a honra, a dignidade, a influenciar pessoas.
honestidade, a lealdade e o amor à pátria, assim como 1.3.3 ‐ Aspectos Sociológicos
todos os outros considerados vitais pela Marinha,
devem ser praticados e transmitidos, Os textos deste subitem foram retirados, com
permanentemente, pelo líder aos seus liderados. A adaptações, do Manual de Liderança, editado em
tarefa de doutrinamento visa a transmitir a sua 1996 (130‐ Bases Sociológicas).
correta hierarquização, priorizando‐os em relação aos
valores materiais, como o dinheiro, o poder e a Sociólogos concordam que a perspectiva
satisfação pessoal. sociológica envolve um processo que vai permitir
examinar as coletividades além das fachadas das
Este é o maior desafio a ser enfrentado por estruturas sociais, com o propósito de refletir, com
aquele que pretende exercer a liderança de um grupo. profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes
em dada coletividade.
1.3.2 ‐ Aspectos Psicológicos
A liderança envolve líder, liderados, e
“Em essência, a liderança envolve a realização contexto (ou situação), constituindo,
de objetivos com e através de pessoas. fundamentalmente, uma relação. Para muitos
Consequentemente, um líder precisa preocupar‐se teóricos, a liderança, dadas as características
com tarefas e relações humanas.” (HERSEY; singulares que envolve, constitui‐se em um processo
BLANCHARD, 1982, p. 105). ímpar de interação social. Partindo desta visão da
O líder influencia outros indivíduos, provocando, liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para
basicamente, mudanças psicológicas contribuir em termos de embasamento teórico no
estudo e na construção do processo da liderança.
e
Os militares, em geral, em função da
“[...] num nível de generalidade que inclui mudanças peculiaridade de suas atividades profissionais,
em comportamentos, opiniões, atitudes, objetivos, constituem uma subcultura dentro da sociedade
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brasileira. Focalizando mais de perto ainda, pode‐se A competição pode ser pessoal – entre um
afirmar que a Marinha, dentro das Forças Armadas, número limitado de concorrentes que se conhecem
face a suas atribuições muito próprias, constitui‐se, entre si – ou impessoal – quando o número de rivais é
igualmente, em uma subcultura. A liderança, por tal, que se torna impossível o conhecimento entre
definição, pressupõe a atuação do líder sobre grupos eles, como ocorre, por exemplo, nos exames
humanos; os membros destes grupos são, em geral, vestibulares ou em concursos públicos.
oriundos de diferentes subculturas. Estes indivíduos,
ao ingressarem na Marinha, passarão a integrar‐se a Atualmente, os especialistas concordam que
esta nova subcultura, após um período de adaptação. ambos os processos – cooperação e competição –
No âmbito da Marinha, pode‐se distinguir subculturas coexistem e, até mesmo, sobrepõem‐se na maioria
correspondentes aos diferentes Corpos e Quadros, em das sociedades. O que varia, em função de diferenças
função da missão atribuída a cada um deles. Cultura e culturais, é a intensidade com que cada um é
subcultura são, portanto, temas de estudo da experimentado.
Sociologia de interesse para a liderança. Sob o ponto de vista psicológico, é relevante
Outro tópico de Sociologia avaliado como considerar que, se a competição tem o mérito inicial
relevante é o dos processos sociais, estes definidos de estimular a atividade dos indivíduos e dos grupos,
como a interação repetitiva de padrões de aumentando‐lhes a produtividade, tem o grave
comportamento comumente encontrados na vida inconveniente de desencorajar os esforços daqueles
social. Os processos sociais de maior incidência nas que se habituaram a fracassar. Vencedor há um só;
sociedades e grupos humanos são: cooperação, todos os demais são perdedores. Outro inconveniente
competição e conflito. O líder, cuja matéria‐prima é o sério, decorrente do estímulo à competição, consiste
grupo liderado, necessita identificar a existência de na forte possibilidade de desenvolvimento de
tais processos, estimulando‐os ou não, em função das hostilidades e desavenças no interior do grupo,
especificidades da situação corrente e da natureza da contribuindo para sua desagregação. A instabilidade
missão a ser levada a termo. inerente ao processo competitivo faz com que este,
com bastante frequência, se transforme em conflito.
Cooperação, etimologicamente, significa Na liderança, a competição tem sempre que ser
trabalhar em conjunto. Implica uma opção pelo saudável e estimulante.
coletivo em detrimento do individual, mas nada
impede o desenvolvimento e o estímulo das Conflito é a exacerbação da competição. Uma
habilidades de cada membro, em prol de um objetivo definição mais específica afirma que tal processo
comum. Sob muitos aspectos, e de um ponto de vista consiste em obter recompensas pela eliminação ou
humanista, é a forma ideal de atuação de grupos. enfraquecimento dos competidores. Ou seja, o
Ocorre que nem sempre é possível, dentro de um conflito é uma forma de competição que pode
grupo, manter, exclusivamente, o processo caminhar para a instalação de violência e, que se vai
cooperativo. Em função do contexto, das intensificando, à medida que aumenta a duração do
circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza processo, já que este tem caráter cumulativo – a cada
do grupo, ou das características do líder, outros ato hostil surge uma represália cada vez mais
processos se desenvolvem. agressiva.
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doses regulares de conflito de posições, podem ter grandes eixos: grau de centralização de poder; tipo
efeito integrador dentro do grupo, na medida em que de incentivo; e foco do líder. Pode‐se afirmar,
obrigam os grupos a se autocriticarem, a reverem genericamente, que os diferentes estilos de liderança,
posições, a forçarem a formulação de novas políticas e propostos à luz das diversas teorias, se enquadram
práticas, e, em consequência, a uma revitalização dos em três principais critérios de classificação,
valores autênticos próprios daquele grupo. apresentados como eixos lógicos em que se agrupam
apenas sete estilos principais:
Uma vez instalado e manifesto o conflito no
seio de um grupo, seu respectivo líder terá de buscar a) quanto ao grau de centralização de poder:
soluções e alternativas para manter o controle da Liderança Autocrática, Liderança Participativa e
situação. Não é fácil ou agradável para os líderes atuar Liderança Delegativa;
em situações de conflito, o que não justifica sua pura b) quanto ao tipo de incentivo: Liderança
e simples negação. É indispensável que o líder seja Transformacional e Liderança Transacional; e
capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo c) quanto ao foco do líder: Liderança Orientada para
quando ainda latentes, de modo a buscar estratégias Tarefa e Liderança Orientada para Relacionamento.
adequadas para gerenciá‐las construtivamente. Os subitens a seguir descrevem os sete principais
estilos de liderança propostos pelas diversas teorias.
1.4 ‐ ESTILOS DE LIDERANÇA
1.4.1 ‐ Liderança Autocrática
Nos primórdios do século XX, prevaleceram as
pesquisas sobre liderança, entendida como qualidade A liderança autocrática é baseada na
inerente a certas pessoas ou traço pessoal inato. A autoridade formal, aceita como correta e legítima pela
partir dos anos 30, evoluiu‐se para uma concepção de estrutura do grupo.
liderança como conjunto de comportamentos e de
habilidades que podem ser ensinadas às pessoas que, O líder autocrático baseia a sua atuação numa
desta forma, teriam a possibilidade de se tornarem disciplina rígida, impondo obediência e mantendo‐se
líderes eficazes. afastado de relacionamentos menos formais com os
seus subordinados, controla o grupo por meio de
Progressivamente, os pesquisadores inspeções de verificação do cumprimento de normas
abandonaram a busca de uma essência da liderança, e padrões de eficiência, exercendo pressão contínua.
percebendo toda a complexidade envolvida e Esse tipo de liderança pode ser útil e, até mesmo,
evoluindo para análises bem mais sofisticadas, que recomendável, em situações especiais como em
incluíam diversas variáveis situacionais. Nesse combate, quando o líder tem que tomar decisões
contexto, observa‐se a proliferação de publicações rápidas e não é possível ouvir seus liderados, sendo a
sobre liderança, incluindo trabalhos científicos e forma de liderança mais conhecida e de mais fácil
literatura sensacionalista e de autoajuda. Diferentes adoção.
autores propõem uma infinidade de estilos de
liderança que se sobrepõem. Alguns fundamentam‐se A principal restrição a esse tipo de liderança é
em estudos e pesquisas e outros são meramente o desinteresse pelos problemas e idéias, tolhendo a
empíricos e intuitivos. Há também muitos modismos, iniciativa e, por conseguinte, a participação e a
alguns consistindo, apenas, em atribuição de novos criatividade dos subordinados. O uso desse estilo de
nomes e roupagens a antigos conceitos, sendo liderança pode gerar resistência passiva dentro da
reapresentados como se fossem avanços na área de equipe e inibir a iniciativa do subordinado, além de
liderança. não considerar os aspectos humanos, dentre eles, o
relacionamento líder‐liderados.
Para simplificar a apresentação e o emprego
de uma gama de estilos de liderança consagrados e 1.4.2 ‐ Liderança Participativa ou Democrática
relevantes para o contexto militar‐naval, foram Nesse estilo de liderança, abre‐se mão de
considerados alguns estilos selecionados em três parte da autoridade formal em prol de uma esperada
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participação dos subordinados e aproveitamento de 1.4.4 ‐ Liderança Transformacional
suas idéias. Os componentes do grupo são
incentivados a opinarem sobre as formas como uma Esse estilo de liderança é especialmente
tarefa poderá ser realizada, cabendo a decisão final ao indicado para situações de pressão, crise e mudança,
líder (exemplo típico é o Estado‐Maior). O êxito desse que requerem elevados níveis de envolvimento e
estilo é condicionado pelas características pessoais, comprometimento dos subordinados, sendo que
pelo conhecimento técnico‐profissional e pelo “uma ou mais pessoas engajam‐se com
engajamento e motivação dos componentes do grupo outras de tal forma que líderes e seguidores elevam
como um todo. Em se obtendo sucesso, a satisfação um ao outro a níveis mais altos de motivação e moral”
pessoal e o sentimento de contribuição por parte dos (BURNS, 1978, apud SMITH; PETERSON, 1994, p. 129)
subordinados são fatores que permitem uma
realimentação positiva do processo. Na ausência do Quatro aspectos caracterizam a liderança
líder, uma boa equipe terá condições de continuar transformacional: 1º) “[...] carisma (influência
agindo de acordo com o planejamento previamente idealizada) associado com um grau elevado de poder
estabelecido para cumprir a missão. de referência por parte do líder [...]” (NOBRE, 1998, p.
54), que é capaz de despertar respeito, confiança e
O líder deve estabelecer um ambiente de admiração; 2º) inspiração motivadora, que consiste na
respeito, confiança e entendimento recíprocos, capacidade de apresentar uma visão, dando sentido à
devendo possuir, para tanto, ascendência técnico‐ missão a ser realizada, de instilar orgulho. Inclui
profissional sobre seus subordinados e conduta ética também a capacidade de simplificar o entendimento
e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder sobre a importância dos objetivos a serem atingidos e,
que adota o estilo democrático encoraja a a “[...] possibilidade de criar símbolos, “slogans” ou
participação e delega com sabedoria, mas nunca imagens que sintetizam e comunicam metas e ideais,
perde de vista sua autoridade e responsabilidade. concentrando assim os esforços [...]” (NOBRE, 1998, p.
Um chefe inseguro dificilmente conseguirá 54); 3º) estimulação intelectual, consiste “[...] em
exercer uma liderança democrática, mas tenderá a encorajar os subordinados a questionarem sua forma
submeter ao grupo todas as decisões. Isso poderá usual de fazer as coisas, [...] além de incentivar a
fazer com que o chefe acabe sendo conduzido pelo criatividade, o auto‐desenvolvimento e a autonomia
próprio grupo. de pensamento” (NOBRE, 1998, p. 54‐55), propiciando
a formulação de críticas construtivas, em busca da
1.4.3 ‐ Liderança Delegativa melhoria contínua; 4º) “consideração individualizada,
implica em considerar as necessidades diferenciadas
Esse estilo é indicado para assuntos de dos subordinados, dedicando atenção pessoal,
natureza técnica, onde o líder atribui a assessores a orientando tecnicamente e aconselhando
tomada de decisões especializadas, deixando‐os agir individualmente” (CAVALCANTI et al., 2005) e “[...]
por si só. Desse modo, ele tem mais tempo para dar oferecendo também meios efetivos de
atenção a todos os problemas sem se deter desenvolvimento e auto‐superação.” (NOBRE, 1998, p.
especificamente a uma determinada área. É eficaz 55). Segundo o enfoque da liderança
quando exercido sobre pessoas altamente transformacional, ao encontrarem significado e
qualificadas e motivadas. O ponto crucial do sucesso perspectivas de realização pessoal no trabalho, os
deste tipo de liderança é saber delegar atribuições subordinados alcançam os mais elevados níveis de
sem perder o controle da situação e, por essa razão, o produtividade e criatividade, fazendo desaparecer a
líder, também, deverá ser altamente qualificado e dicotomia trabalho e prazer. (BARRETT, 2000, apud
motivado. O controle das atividades dos elementos CAVALCANTI et al., 2005).
subordinados é pequeno, competindo ao chefe as
tarefas de orientar e motivar o grupo para atingir as 1.4.5 ‐ Liderança Transacional
metas estabelecidas.
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Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com da tarefa ou decisão; importância da aceitação da
interesses e necessidades primárias dos seguidores, decisão pelos subordinados para obtenção de seu
oferecendo recompensas de natureza econômica ou envolvimento na implantação de determinada linha
psicológica, em troca de esforço para alcançar os de ação; tempo disponível para realização da missão;
resultados organizacionais desejados (CAVALCANTI et riscos envolvidos; níveis de prioridade no que diz
al., 2005). A liderança transacional envolve os respeito à produtividade ou à satisfação do grupo; e
seguintes fatores: nível de maturidade psicológica e profissional dos
subordinados. Destacando‐se apenas esta última
“A recompensa é contingente, buscando‐se variável como exemplo, pode‐se afirmar,
uma sintonia entre o atendimento das necessidades genericamente, que a identificação de um baixo nível
dos subordinados e o alcance dos objetivos de maturidade (profissional e/ou emocional) no grupo
organizacionais; Esse estilo de liderança caracteriza‐se de subordinados induz à aplicação de estilos com
também pela administração por exceção, que implica maior centralização de poder, mais foco na tarefa e
num gerenciamento atuante somente no sentido de que incentivos no nível transacional (licença, rancho,
corrigir erros [...].” (NOBRE, 1998, p. 55) conforto etc) tendem a ter mais valência para o grupo.
Neste estilo de liderança, o líder “[...] observa Por outro lado, grupos mais maduros, em geral,
e procura desvios das regras e padrões, toma medidas respondem melhor a estilos menos centralizadores de
corretivas.” (CAVALCANTI et al., 2005, p. 120). poder e a incentivos no nível da autorrealização, como
ocorre no estilo transformacional. Naturalmente, não
1.4.6 ‐ Liderança Orientada para Tarefa apenas uma, mas todas as variáveis relevantes de
cada situação devem ser consideradas pelo líder.
A especialização em tarefas é uma das
principais responsabilidades do líder, na medida em Portanto, diferentes estilos de liderança
que possui a necessária qualificação profissional para podem ser adotados, de acordo com as
o exercício da função. Nesse estilo de liderança, circunstâncias. Pode‐se considerar que:
então, o líder focaliza o desempenho de tarefas e a
realização de objetivos, transmitindo orientações “[...] quando se abandona a idéia de que deve
específicas, definindo maneiras de realizar o trabalho, existir uma melhor forma de liderar, todas as teorias
o que espera de cada um e quais são os padrões subsequentes de liderança devem ser contingenciais
organizacionais. ou situacionais, isto é, devem definir as circunstâncias
que afetam o comportamento e a eficácia dos
1.4.7 ‐ Liderança Orientada para Relacionamento líderes.” (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173)
1.5 ‐ SELEÇÃO DE ESTILOS DE LIDERANÇA 1.6 ‐ FATORES DA LIDERANÇA
Ao proporem diferentes estilos de liderança, Os fatores da liderança, mencionados neste
os autores condicionam a eficácia do seu emprego a item, baseiam‐se na publicação Liderança Militar,
algumas variáveis, tais como: relevância da qualidade
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Instruções Provisórias IP 20‐10, de 1991, do Estado‐ 1.6.4 ‐ A Comunicação
Maior do Exército.
“A comunicação é um processo essencial à
1.6.1 ‐ O Líder liderança, que consiste na troca de ordens,
informações e ideias, só ocorrendo quando a
O líder deve conhecer a si mesmo, para saber mensagem é recebida e compreendida. [...] É através
de suas capacidades, características e limitações, desse processo que o líder coordena, supervisiona,
evitando atribuir aos seus liderados falhas ou avalia, ensina, treina e aconselha seus
restrições. subordinados.[...] O que é comunicado e a forma
“Os bons líderes eficientes são também bons como isto é feito aumentam ou diminuem o vínculo
seguidores [...]” (BRASIL, 1991, p. 3‐3) e cumpridores das relações pessoais, criam o respeito, a confiança
das orientações de seus superiores, passando esse mútua e a compreensão. Os laços que se formam,
exemplo a seus subordinados. com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados,
são a base da disciplina e da coesão em uma
“O líder, independentemente de sua vontade, organização. O líder deve ser claro e “escolher”
atua como elemento modificador do comportamento cuidadosamente as palavras, de tal forma que
de seus liderados subordinados. [...] A função militar signifiquem a mesma coisa para ele e para seus
está relacionada com a segurança e a subordinados.” (BRASIL, 1991, p. 3‐4).
responsabilidade pela vida de seres humanos.”
(BRASIL, 1991, p. 3‐3, 3‐4) 1.7 ‐ ATRIBUTOS DE UM LÍDER
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domínio dos requisitos operacionais, da situação
geopolítica e da sociedade, os líderes estratégicos
conduzem adequadamente a Força e contribuem para
o desenvolvimento e a segurança da Nação. Tendo em
vista que os conflitos nos dias de hoje podem ser
desencadeados muito rapidamente, não permitindo
um longo período de mobilização para a guerra –
como se fazia no passado –, o sucesso de um líder
estratégico significa deixar a Força pronta para vencer
uma variedade de conflitos no presente e permanecer
pronta para enfrentar as incertezas do futuro.
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EXERCÍCIOS: 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137 ‐
Doutrina de Liderança da Marinha, quais são os
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137 aspectos fundamentais da liderança?
(Doutrina de Liderança da Marinha), o conjunto de
ações e decisões tomadas pelo mais antigo, com (A) Filosófico, psicológico e sociológico.
autoridade para tal, na sua esfera de competência, a (B) Profissional, social e teórico.
fim de conduzir de forma integrada o setor que lhe é (C) Individual, filosófico e psicológico.
confiado, é exercício: (D) Psicológico, sociológico e profissional.
(E) Filosófico, profissional e sociológico.
(A) do subordinado.
(B) da Chefia. 6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais são os
(C) do Marinheiro. aspectos fundamentais da liderança?
(D) do Cabo.
(E) do Vice‐Comando. (A) Liderança, liderados e ordens.
(B) Filosóficos, psicológicos e sociológicos.
2 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Assinale a (C) Controle, físico e mental.
opção que completa corretamente as lacunas da (D) Mando, obediência e atenção.
sentença abaixo. (E) Comando, comandados e ordens.
(A) chefia / liderança (A) aspectos humanos, sociais e psicológicos.
(B) ordenança / produtividade (B) disciplina rígida, obediência e controle.
(C) chefia / especialidade (C) grau de centralização de poder; tipo de incentivo e
(D) oratória / defesa foco do líder.
(E) profissão / chefia (D) respeito, amizade e trabalho.
(E) instrução, conhecimento e estudo.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Pode‐se afirmar que comandar
é: 8 ‐ Quais são os estilos de liderança, em relação ao
grau de centralização do poder?
(A) exercer a chefia e a liderança, a fim de conduzir
eficazmente a organização no cumprimento da (A) Autoritária, participativa e situacional.
missão. (B) Situacional, delegativa e autoritária.
(B) exercer sobre seus subordinados o respeito. (C) Autocrática, participativa e delegativa.
(C) exercer o controle da situação. (D) Autoritária e participativa ou democrática.
(D) ser um condutor de homens. (E) Situacional, delegativa, participativa e autocrática.
(E) um processo alternativo.
9 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137
4 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Quais são os aspectos (Doutrina de Liderança da Marinha), o estilo de
fundamentais da liderança? liderança utilizado quando o líder se baseia na sua
atuação com disciplina rígida, impondo obediência e
(A) Apenas físicos e sociológicos. mantendo‐se afastado de relacionamentos menos
(B) Sociológicos, psicológicos e filosóficos. formais com os seus subordinados, controlando o
(C) Psicológicos, filosóficos e físicos. grupo por meio de inspeções eficiência, exercendo
(D) Físicos, sociológicos e psicológicos. pressão contínua, é denominado Liderança:
(E) Apenas sociológicos e filosóficos.
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(A) Autocrática participação dos subordinados e aproveitamento de
(B) Participativa suas ideias?
(C) Orientada para Tarefa
(D) Delegativa (A) Delegativa.
(E) Transformacional (B) Autocrática.
(C) Democrática.
10 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual é o (D) Transformacional.
estilo de liderança em que o líder baseia sua atuação (E) Transacional.
numa disciplina rígida, impondo obediência e
mantendo‐se afastado de relacionamentos menos 14 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐
formais com seus subordinados, controlando o grupo 137(Doutrina de Liderança da Marinha), assinale a
por meio de inspeções de verificação do cumprimento opção que apresenta o estilo de liderança, no qual o
de normas e padrões de eficiência e exercendo líder atribui a assessores a tomada de decisões
pressão contínua? especializadas, deixando‐os agir por si só.
(A) Transformacional. (A) Autocrática
(B) Orientada para tarefas. (B) Participativa
(C) Democrática. (C) Orientada para Tarefa
(D) Autocrática. (D) Delegativa
(E) Delegativa. (E) Transformacional
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militar‐naval, foram considerados alguns estilos (A) de comunicação.
selecionados em três grandes eixos: grau de (B) dos liderados.
centralização de poder; tipo de incentivo; e foco do (C) de eficiência.
líder. Sendo assim, assinale a opção que apresenta os (D) de situação.
estilos de liderança enquadrados quanto ao foco do (E) de processo.
líder.
21 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137
(A) Transformacional e Transacional. – Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o
(B) Autocrática e Participativa. processo essencial à liderança, que consiste na troca
(C) Autocrática e Delegativa. de ordens, informações e ideias, e que só ocorre
(D) Orientada para Tarefa e Orientada para quando a mensagem é recebida e compreendida?
Relacionamento.
(E) Delegativa e Orientada para Tarefa. (A) Exposição
(B) Comunicação
18 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com o EMA‐ (C) Apresentação
137 – Doutrina de Liderança da Marinha, a (D) Retificação
especialização em tarefas é uma das principais (E) Ratificação
responsabilidades do líder, na medida em que possui
a necessária qualificação profissional para o exercício 22 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Qual é o parâmetro
da função. Sendo assim, assinale a opção que fundamental para o exercício da liderança no âmbito
apresenta o estilo de liderança em que o líder focaliza militar?
o desempenho de tarefas e a realização de objetivos. (A) Ética
(A) Autocrática (B) Atitude
(B) Democrática (C) Saúde
(C) Progressista (D) Força
(D) Altruísta (E) Serenidade
(E) Orientada para Tarefa 23 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137 ‐
19 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A capacidade de Doutrina de Liderança da Marinha, "Com a evolução
influenciar é um componente indispensável ao..... das técnicas de gestão empresarial, o foco do estudo
sobre o comportamento dos dirigentes passou a ser
(A) secretário. voltado para as diferenças entre o líder de base e o de
(B) subordinado cúpula". Foi, então, idealizado um padrão de
(C) líder organização baseado nos seguintes níveis funcionais:
(D) monitor
(E) porta‐voz. (A) direto, organizacional e estratégico.
(B) direto, tático e operacional.
20 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com o EMA‐137‐ (C) operacional, tático e organizacional.
Doutrina de Liderança da Marinha, "Não existem (D) operacional, tático e estratégico.
normas nem fórmulas que mostrem com exatidão o (E) tático, operacional e pessoal.
que deve ser feito. O líder precisa compreender a
dinâmica do processo de liderança, os fatores 24 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Com a evolução das técnicas
principais que a compõem, as características de seus de gestão empresarial, o foco do estudo sobre o
liderados e aplicar estes conhecimentos coma guia comportamento dos dirigentes passou a ser voltado
para cada situação em particular". Essa afirmativa se para as diferenças entre o líder de base e o de cúpula.
refere a definição Assim, foi idealizado um padrão de organização
baseado em três níveis funcionais: operacional, tático
e estratégico, discriminando as características
desejáveis para um líder nos três níveis, de acordo
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com suas habilidade. Em consonância com esses (A) Passiva.
novos conceitos, quais foram os níveis de liderança (B) Ativa.
estabelecidos? (C) Direta.
(D) Articulada
(A) Indireta, organizacional e estratégica. (E) Local.
(B) Organizacional, estratégica e autocrática.
(C) Indireta, estratégica e participativa.
(D) Direta, autocrática e estratégica.
(E) Direta, organizacional e estratégica. 29 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual é o nível
de liderança que é exercido por meio do
25 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Quais são os níveis de relacionamento face a face entre o lider e seus
liderança? liderados e que é mais presente nos escalões
inferiores, quando o contato pessoal é constante?
(A) Direta e Indireta.
(B) Estratégica e organizacional. (A) Autocrático.
(C) Estratégica, organizacional e Indireta. (B) Estratégico.
(D) Operativa, direta e organizacional. (C) Organizacional.
(E) Direta, organizacional e estratégica. (D) Situacional.
(E) Direto.
26 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Que nível de liderança é
exercida por meio do relacionamento face a face
entre o líder e seus liderados e é mais presente nos
escalões inferiores, quando o contato pessoal é 30 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137
constante? – Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de
liderança em que os líderes expedem suas políticas e
(A) Indireta. diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu
(B) Organizacional. staff e comandantes subordinados?
(C) Estratégica.
(D) Direta. (A) Simples.
(E) Autocrática. (B) Alienada.
(C) Rude.
27 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137 (D) Política.
(Doutrina de Liderança da Marinha), o nível de (E) Organizacional.
liderança, que ocorre em organizações onde os
subordinados estão acostumados a ver seus chefes,
frequentemente, em seções, divisões, departamentos, 31 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) A publicação EMA‐137, que
navios, batalhões, companhias, pelotões e esquadras trata da Doutrina de Liderança da Marinha, estabelece
de tiro, é denominado Liderança: os conceitos de chefia e liderança. Considerando as
(A) Indireta. disposições dessa publicação acerca desse assunto,
(B) Estratégica. coloque V (verdadeiro) ou F (falso) nas afirmativas a
(C) Direta. seguir e marque a opção que apresenta a sequência
(D) Organizacional correta.
(E) Autocrática. ( ) Os militares mais antigos, no desempenho de suas
28 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137 funções, exercem o papel de "chefe" ou o papel de
– Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de "líder", tendo em vista que chefia e liderança não são
liderança que ocorre em organizações onde os processos simultâneos.
subordinados estão acostumados a ver seus chefes ( ) Com relação à chefia, a autoridade de que o
frequentemente? militar mais antigo desfruta perante seus
subordinados e decorrente de seu posto ou
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graduação, e não advinda da responsabilidade IV ‐ A liderança organizacional desenvolve‐se em
atribuída à sua função. organizações de maior envergadura, normalmente
( ) Com relação à liderança, além de estar investido estruturadas como Estado‐Maior.
da autoridade referente a sua posição hierárquica, o
militar mais antigo deve possuir certos atributos que o V ‐ Os líderes diretos devem estimular ao máxima o
notabilizam como "condutor de homens". desenvolvimento de líderes subordinados.
( ) A liderança pode ser entendida como uma Assinale a opção correta.
qualidade inata de certos indivíduos, ou como um
conjunto de comportamentos e de habilidades que (A) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
podem ser ensinados. (B) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
( ) A Marinha do Brasil define liderança como o (C) Apenas as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
conjunto de ações e decisões tomadas pelo mais (D) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
antigo, com autoridade para tal, na sua esfera de (E) Apenas a afirmativa II e verdadeira.
competência, em prol do cumprimento da missão.
32 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo preceitua a
(A) (F) (V) (V) (V) (F) publicação EMA‐137, que trata da Doutrina de
(B) (V) (F) (V) (F) (V) Liderança da Marinha, pode‐se afirmar,
(C) (F) (F) (V) (V) (F) genericamente, que existem certos estilos principais
(D) (F) (F) (F) (V) (V) de liderança, propostos à luz das diversas teorias,
(E) (V) (V) (F) (F) (F) consagrados e relevantes para o contexto militar‐
naval, e que se enquadram em determinados critérios
de classificação. Sobre esse assunto, considere as
31 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo esclarece a afirmativas abaixo.
publicação EMA‐137 do Estado ‐ Maior da Armada, a
Doutrina de liderança da Marinha adota certos níveis
de liderança que definem com precisão toda a
I ‐ Quanto ao foco no líder, os estilos de liderança são
abrangência da liderança. Quanto a esse assunto,
liderança orientada para tarefa e liderança
considere as afirmativas abaixo.
orientadapara relacionamento.
II ‐ O estilo de liderança transformacional é
I ‐ Os lideres organizacionais planejam, preparam, caracterizado, dentre outros aspectos, pela
executam e controlam diretamente os resultados dos consideração individualizada e pela inspiração
seus trabalhos, que são frequentemente visíveis e motivadora por parte do líder.
imediatos.
III ‐ A liderança participativa pode ser útil e até mesmo
II ‐ Os líderes estratégicos exercem a sua liderança no recomendável, em situações especiais como em
âmbito dos níveis mais elevados da instituição e sua combate, quando a participação dos subordinados
atuação não pode extrapolar o âmbito interno da será importante para a decisão do líder.
organização.
IV ‐ O estilo de liderança transacional é especialmente
III ‐ A liderança estratégica militar é aquela exercida indicado para situações de pressão, crise e mudanças,
nos níveis que definem a política e a estratégia da que requerem elevados níveis de envolvimento e
Força. É um processo empregado para conduzir a comprometimento dos subordinados.
realização de uma visão de futuro desejável e bem
delineada.
Assinale a opção correta
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Respostas:
1 B 16 D 31 C
2 A 17 D 32 A
3 A 18 E 33
4 B 19 C 34
5 A 20 D 35
6 B 21 B
7 C 22 A
8 C 23 D
9 A 24 E
10 D 25 E
11 A 26 D
12 B 27 C
13 C 28 C
14 D 29 E
15 B 30 E
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TRADIÇÕES NAVAIS tradição se constitui em elemento comunitário, num
poderoso aglutinador.
Introdução
A linguagem própria é um poderoso instrumento de
Os homens do mar, há muitos séculos, vêm criando aglutinação. Quando se serve a bordo, em navio de
nomes para identificar as diversas partes dos navios e guerra ou mercante, deve‐se procurar segui‐la. Com
designar a praxe de suas ações as quais, pela respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do
repetição, tornaram‐se costumes. Naturalmente, que fazem, os homens do mar provocam a integração
muitas particularidades e expressões da tradição da comunidade naval e marítima, favorecendo a
naval lembram, às vezes, aspectos da vida doméstica conquista de eficiência máxima, tão necessária a seus
ou de atividades em terra. propósitos e aspirações.
É óbvio que os navios, mesmo sendo pequenas Assim, as tradições, as cerimônias e os usos
cidades espalhadas por uma enorme área, fazem marinheiros, juntamente com os costumes, têm
contato entre si, nos portos ou na imensidão extraordinário poder de amalgamar e incentivar os
oceânica. Vivendo experiências semelhantes, os que vivem do mar. Tendem, entretanto, a se tornar
marinheiros sempre se ajudam uns aos outros e atos despidos de significado, quando sua explicação é
trocam conhecimento. Por eles foram criados, e perdida no tempo.
continuam a sê‐lo, costumes, usos e linguagem
comuns: “tradição do mar”. É fácil entender o poder A lembrança constante das razões dos atos e a sua
de aglutinação das tradições marítimas, visualizando‐ explicação ou, quando for o caso, das versões de sua
se a vastidão da área oceânica onde elas se origem, promovem a compreensão, o incentivo e a
manifestam. Os homens do mar, por arrostarem incorporação da prática marinheira.
sempre a mesma vida e mutuamente se ajudarem,
constituem, tradicionalmente, uma classe de espírito
Semelhanças entre as Marinhas
muito forte. E, como somente em períodos A vida nas marinhas do mundo inteiro é muito
historicamente curtos se vêem em disputa pelo semelhante. Todos que abraçam a carreira do mar
domínio, geográfico e cronologicamente limitado, do pertencem a uma fraterna classe. Há um vasto
mar, onde partilham alegrias e perigos, a fraternidade conjunto comum de usos, muitos deles ditados pela
é a mais digna característica com que pautam o seu necessidade de segurança ou exigências naturais do
comportamento rotineiro. meio, e outros, ainda, pela grande cordialidade que,
entre si, nutrem os homens do mar, levando‐ os a
Nota‐se, no homem do mar, um respeito comum à uma permanente troca de gentilezas.
tradição, a qual dá grandeza e que o vincula a um
extraordinário ânimo patriótico e a uma grande Não estamos aqui abordando, nem seria possível fazê‐
veneração dos valores espirituais que o ligam à lo, tudo o que há em tradições, usos e costumes
comunidade nacional onde teve seu berço. Vive, navais e marítimos. Só estão em pauta alguns
internacionalmente, a percepção que tem da Pátria, aspectos mais curiosos. Desejamos que sua divulgação
perto ou distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um atinja, também, aos que não são iniciados em
sentimento unitário, nacional, impessoal”. A assuntos do mar, principalmente o leitor jovem,
lembrança ou a imagem que dela tem o marinheiro dando‐lhes um melhor e maior conhecimento da vida
não é maculada pelos regionalismos. Sua Pátria é um do homem do mar.
todo de tradições, que venera com a mesma força que
Conhecendo o Navio
aprendeu a honrar as que são comuns aos homens do
mar. O respeito à tradição é uma característica que Navios e Barcos
gera patriotismo sadio, fundamentado na valorização
dos aspectos comuns ao seu grupo nacional em que a
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Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar, rumo na direçdireção para onde sopra o vento. A
ou seja, a palavra vem do latim navigare, navis (nave) palavra vem do latim "ad" (para) e "ripa" (margem,
+ agere (dirigir ou conduzir). costa).
Estar a bordo é estar por dentro da borda de um O Navio
navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo
é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força: O navio tem sua vida marcada por fases. O primeiro
abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a evento dessa vida é o batimento da quilha, uma
bordo de um navio, para nele entrar. cerimónia no estaleiro, na qual a primeira peça
estrutural que integrará o navio é posicionada no local
Pela borda tem significado oposto. Jogar, lançar pela da construção. Estaleiro é o estabelecimento
borda. industrial onde são construídos navios. Como os
navios antigos eram feitos de madeira, o local de
Significado natural de barco é o de um navio pequeno construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira,
(ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão estilhaços ou, em castelhano, "astilias".
poética de um barco tem maior grandeza: "o
Comandante e seu velho barco" ou "nosso barco, Os espanhóis, então, denominaram os
nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a estabelecimentos de astüeros, que em português
bordo, está dentro de um barco ou navio. Está derivou para estaleiros.
embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar.
E dele sair é desembarcar. Uma construção que Quando o navio está com o casco pronto, na carreira
permita o embarque de pessoas ou cargas para do estaleiro, ele é lançado ao mar em cerimônia
transporte por mar, é uma embarcação. chamada lançamento. Nesta ocasião é batizado por
sua madrinha e recebe o nome oficial. O lançamento
Um navio de guerra é uma belonave. Vem, a palavra, antigamente era feito de proa; mas os portugueses
do latim "navis" (nave, navio) e "belium" (guerra). introduziram o hábito de lançá‐lo de popa, existindo
também carreiras onde o lançamento é feito de lado,
Um navio de comércio é um navio mercante. A de través; e hoje, devido ao gigantismo dos navios,
palavra é derivada do latim "mercans" (comerciante), muitos deles são construídos dentro de diques, que se
do verbo "mercari" (comerciar). abrem no momento de fazê‐los flutuar.
Aportar é chegar a um porto. Aterrar é aproximar‐se Os navios de guerra, geralmente, são construídos em
de terra. Amarar é afastar‐se de terra para o mar. Arsenais. Arsenal é uma palavra de origem árabe.
Fazer‐se ao mar é seguir para o mar, em viagem. Vem da expressão “ars sina” e significa o local onde
Importar é fazer entrar pelo porto; exportar é fazer são guardados petrechos de guerra ou onde os navios
sair pelo porto. Aplica‐se geralmente à mercadoria. atracam para recebê‐los. A expressão “ars sina” deu
Encostar um navio a um cais é atracar; tê‐lo seguro a origem ao termo arsenal, em português, e ao termo
uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao arsenal, em português, e ao termo "darsena" que, em
fundo é fundear; e fazê‐lo com uma âncora é ancorar espanhol, quer dizer doca. Construído e pronto, o
(embora este não seja um termo de uso comum na navio é, então, incorporado a uma esquadra, força
Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a naval, companhia de navegação ou a quem vá ser
âncora de ferro ‐ o navio fundeia com o ferro!). responsável pelo seu funcionamento. A cerimônia
Recolher o peso ou a amarra do fundo é suspender; correspondente é a incorporação, da qual faz parte a
desencostar do cais onde esteve atracado é mostra de armamento. Armamento nada tem a ver
desatracar; e largar a bóia onde esteve é desamarrar com armas e sim com armação. Essa mostra, feita
ou largar. pêlos construtores e recebedores, se constitui em
uma inspeção do navio para ver se está tudo em
Arribar é entrar em um porto que não seja de escala, ordem, de acordo com a encomenda. Na ocasião, é
ou voltar ao ponto de partida; é , também, desviar o lavrado um termo, onde se faz constar a entrega, a
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incorporação e tudo o que há a bordo. A vida do navio mercantes levam, também, na popa, sob o nome, a
passa, então, a ser registrada em um livro: o Livro do denominação do porto de registro.
Navio, que somente será fechado quando ele for
desincorporado. Os documentos característicos do navio mercante são,
entre outros, seu registro (Provisão do Registro
A armação (ou armamento) corresponde à expressão fornecida pelo Tribunal Marítimo); apólice de seguro
armar um navio, provê‐lo do necessário à sua obrigatório; diário de navegação; certificado de
utilização; e quem o faz é o armador. Em tempos idos, arqueação; cartão de tripulação de segurança; termos
armar tinha a ver com a armação dos mastros e de vistoria (anual e de renovação ou certificado de
vergas, com suas vestiduras, ou seja, os cabos fixos de segurança da navegação); certificado de segurança de
sustentação e os cabos de laborar dos mastros, das equipamento; certificado de borda livre; certificado
vergas e do velame (velas). Podia‐se armar um navio de compensação de agulhas e curva de desvio;
em galera, em barca, em brigue... A inspeção era certificado de calibração de radiogoniômetro com
rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da tabela de correção; certificado de segurança rádio; e
mastreação. certificado de segurança de construção.
Um dos mais conhecidos armadores do mundo foi o A cor é muito importante. Antigamente, os navios
provedor de navios, proprietário e mesmo navegador eram pintados na cor preta. O costume vinha dos
Américo Vespucci. Tão importante é a armação de fenícios, que tinham facilidade em conseguir betume,
navios e o comércio marítimo das nações, que a e com ele pintavam os costados de seus navios. A
influência de Américo Vespucci foi maior que a do pintura era usada, às vezes, com faixas brancas, nas
próprio descobridor do novo continente e que passou linhas de bordada dos canhões. Somente no fim do
a ser conhecido como América, em vez de Colúmbia, século XIX, os navios de guerra abandonaram o preto
como seria de maior justiça ao navegador Cristovão pelo cinza ou azul acinzentado, cores que procuravam
Colombo. Assim, Américo, como armador, teve maior confundir‐se com o horizonte ou com o mar das zonas
influência para denominar o continente, com o qual em que navegavam. Entretanto, muitos navios
se estabelecera o novo comércio marítimo, do que mercantes continuam até os dias de hoje a usar, no
Colombo. costado, a cor preta, principalmente por questão de
economia. Era comum, também, navios de guerra
Terminada a vida de um navio, ele é desincorporado pintados por dentro, junto à borda, com a cor
por baixa, da esquadra, da força naval, da companhia vermelha, a fim de que não causasse muita impressão
de navegação a que pertencia, ou do serviço que a sangueira durante o combate, confundida, assim,
prestava. Há, então, uma cerimônia de com as anteparas.
desincorporação, com mostra de desarmamento. Diz‐
se que o navio foi desarmado. As companhiuas de Normalmente, as cores da chaminé, nos navios
navegação conservam os livros, registros históricos de mercantes, possuem a caracterização da companhia
seus navios. Na Marinha do Brasil, os livros são de navegação a que pertencem.
arquivados no Serviço de Documentação da Marinha
(SDM) e servem de fonte de informações a Nas embarcações salva‐vidas e nas bóias salva‐vidas,
historiadores e outros fins. predomina a preocupação com a visibilidade. Essas
embarcações são pintadas, normalmente, de laranja
Características do Navio ou amarelo, de modo a serem facilmente vistas. Por
esse mesmo motivo, e por convenção internacional,
Quem entrar a bordo verá que o navio, além do para caracterizar a utilização pacífica e não de guerra
nome, tem uma série de documentos e dimensões dos navios (cor cinza), na Antártica é utilizado o
que o caracterizam. O nome é gravado usualmente na vermelho, inclusive nos costados dos navios por seu
proa, em ambos os bordos, local chamado de contraste com o branco do gelo.
bochecha, e na popa. Nos navios de guerra,
usualmente, é gravado só na popa. Os navios
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A bandeira, na popa, identifica a nacionalidade do Os lados do navio são os “bordos” e o de boreste é
navio, país que sobre ele tem soberania. Entretanto, mais importante que o de bombordo. Nele, desde
há uma bandeira, na proa, chamada “jeque” (do inglês tempos imemoriais, era feito o governo do navio por
jack) que identifica, dentro de cada nação soberana, uma estaca de madeira em forma de remo, chamada
quem tem a responsabilidade sobre o navio. Na nossa pelos navegantes gregos de Staurus.
Marinha, o jeque é uma bandeira com vinte e uma
estrelas ‐ “a bandeira do cruzeiro”. Os navios Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça
mercantes usam no jeque a bandeira da companhia a de staurr que os ingleses herdaram como steor,
que pertencem; porém, alguns usam a bandeira denominação dada ao remo que servia de leme, e
identificadora de sua companhia na mastreação. STEORBORD ao bordo onde era montado, hoje
starboard. Ao português, chegou como estibordo. Os
A Flâmula de Comando brasileiros inverteram a palavra para boreste (Aviso
do Almirante ALEXANDRINO, Ministro da Marinha), a
No topo do mastro dos navios da Marinha do Brasil fim de evitar confusões com o bordo oposto:
existe uma flâmula com 21 estrelas. Ela indica que o bombordo.
navio é comandado por um Oficial de Marinha. Se
alguma autoridade a quem o Comandante esteja A palavra bombordo tem vínculo com o termo da
subordinado, organicamente (dentro de sua cadeia de língua espanhola babor que, por sua vez, parece ter
comando) estiver a bordo, a flâmula é arriada e origem ou estar relacionada à palavra francesa
substituída pelo pavilhão‐símbolo daquela autoridade. bâbord. Na Marinha francesa os marinheiros que
tinham alojamento a bombordo, eram chamados de
Também são previstas as seguintes situações para o babordais e tinham os seus números internos de
arriamento da flâmula de comando: quando bordo pares. Ainda hoje, na numeração de
substituída pela Flâmula de Fim de Comissão, ao compartimentos, quando o último algarismo é par,
término de comissão igual ou superior a seis meses, refere‐se a um espaço a bombordo, quando é impar,
desde a aterragem do navio ao porto final, até o pôr refere‐se a boreste.
do sol que se seguir; e por ocasião da Mostra de
Desarmamento do Navio. As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas,
não utilizam expressões próximas de bâbord. Balizam
Finalmente, por ocasião da cerimônia de transmissão o bordo oposto ao do governo de port, ou seja, o
de cargo, ocorrerá troca do pavilhão da autoridade bordo onde não estava o leme e que, por esta razão,
exonerada pelo da autoridade que assume, com a ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão port,
salva correspondente, no caso de Almirante bordo do porto.
Comandante de Força, iniciada após o término do
hasteamento da bandeira‐insígnia. Após a leitura da Câmara
Ordem de Serviço da autoridade que assume,
proceder‐se‐á a entrega da bandeira‐insígnia utilizada Os compartimentos do navio são tradicionalmente
pela autoridade exonerada. denominados a partir do principal: a câmara. Este é o
local que aloja o Comandante do navio ou oficial mais
Posições Relativas a Bordo antigo presente a bordo, com autoridade sobre o
navio, ou ainda, um visitante ilustre, quando tal honra
A popa é uma parte do navio mais respeitada que as lhe for concedida. Se embarcar num navio o
demais. Nos navios de guerra, todos que entram a Comandante da Força Naval, esta autoridade maior
bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de terá o direito à câmara.
bordo, cumprimentam a Bandeira Nacional na popa,
com o navio no porto. Ela está lá por ser a popa o O navio onde embarca o Comandante da Força Naval
lugar de honra do navio, onde, já nos tempos dos é chamado capitânia. Seu Comandante passa a
gregos e romanos, era colocado o santuário do navio, denominar‐se “Capitão de Bandeira”.
com uma imagem ou Puppis, de uma divindade. O
termo popa é derivado de PUPPIS.
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Camarotes e Afins A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para
governo do navio, eram, na realidade, agulhas de
Os demais compartimentos de bordo, conforme sua ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas em
utilização, ganham denominações com diminutivos de tubos, com uma secção de bambu. Chamavam‐se
câmara: “camarotes”, para alojar Oficiais, e “calamitas”. Como eram basicamente agulhas, os
“camarins”, para uso operacional ou administrativo; navegantes espanhóis consideravam linguagem
como, por exemplo, o camarim de navegação, ou o da marinheira, a denominação de “agulhas”,
máquina.. diferentemente de bússolas, palavra de origem
Praças e Cobertas italiana que se referia à caixa ‐ bosso ‐ que continha as
peças orientadas.
Uns tantos compartimentos são chamados de praças:
praça de máquinas, praça d'armas, praça de Corda e Cabo
vaporizadores, etc. Diz‐se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo.
Os alojamentos da guarnição e seus locais de refeição Cabos grossos e cabos finos, cabos fixos e cabos de
são chamados de cobertas: coberta de rancho, laborar..., mas tudo é cabo.
coberta de praças, etc. Existem porém, duas exceções:
Praça D'Armas ‐ a corda do sino e
O compartimento de estar dos oficiais a bordo, onde ‐ a dos relógios
também são servidas suas refeições, é denominado
A Gente de Bordo
"Praça D'armas".
A Gente de Bordo
Essa denominação prende‐se ao fato de que, nos
navios antigos, as armas portáteis eram guardadas O “Comandante” é a autoridade suprema de bordo. O
nesse local, privativo dos oficiais. “Imediato” é o “Oficial executivo do navio”, segundo
do Comandante; é o substituto eventual do
A Tolda à Ré
Comandante: seu substituto Imediato.
Existem conveses com nomes especiais. Um convés
A “gente de bordo” se compõe de “Comandante e
parcial, acima do convés principal na proa é o convés
Tripulação (Oficiais e Guarnição)”. O Imediato e
do castelo. A denominação é reminiscência do antigo
Oficiais constituem a “oficialidade”. Os demais
castelo que os navios medievais levavam na proa
tripulantes constituem a Guarnição. As ordens para o
onde os guerreiros combatiam.
navio emanam do Comandante e são feitas executar
Em certos navios existem mais dois conveses com pelo Imediato, que é o coordenador de todos os
nomes especiais: “o convés do tombadilho”, que é o trabalhos de bordo, exercendo a gerência das
convés da parte alta da popa, e o “convés da tolda”. atividades administrativas.
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A unidade de combate naval é o navio. Os Corvetas
Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e Contratorpedeiros
as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente, Navios‐Transporte
comandam Forças Navais, grupamentos de navios. Corvetas
3ª Rebocadores de Alto
Sua hierarquia deve definir a importância funcional do Capitão de Corveta
Classe Mar
grupamento. Os postos de Almirantes, em sequência Navios‐Patrulha Fluviais
ascendente são: Contra‐Almirante, Vice‐Almirante e 4ª Navios‐Varredores
Capitão‐Tenente
Almirante de Esquadra. Classe Navios‐Patrulha
O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A
importância funcional do navio deve definir a A Hierarquia da Marinha Mercante
hierarquia de seus Comandantes. É mantida
As Escolas responsáveis pela formação de pessoal da
tradicionalmente a antiga importância dos navios para
Marinha Mercante funcionam nos Centros de
combate, classificados de acordo com o número de
Instrução Almirante Graça Aranha, no Rio de Janeiro,
conveses e canhões de que dispunham: as corvetas,
e Almirante Braz de Aguiar, em Belém.
com um convés de canhões; as fragatas, com dois
conveses de canhões; e as naus com três conveses de Esses estabelecimentos pertencem à Marinha do
canhões, havendo também, a denominação de navios Brasil, assim como as Capitanias dos Portos, suas
de linha ou navios de batalha, por serem os que Delegacias e Agências, que ministram o Ensino
constituíam as linhas de batalha. Daí a hierarquia Profissional Marítimo, capacitando profissionais para
ascendente dos comandantes, como Capitães de exercerem atividades a bordo de embarcação
Corveta, Capitães de Fragata e Capitães de Mar e marítimas e fluviais.
Guerra.
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE CONVÉS:
As funções internas nos navios cabem aos tenentes
(em hierarquia ascendente: 2° Tenente, 1° Tenente e ‐ Capitão de Longo Curso
Capitão‐Tenente) e praças (em hierarquia ascendente: ‐ Capitão de Cabotagem
Marinheiro, Cabo, 3º Sargento, 2º Sargento, 1º ‐ 1º Oficial de Náutica
Sargento e Suboficial). Nos navios de maior ‐ 2° Oficial de Náutica
importância há, ainda, oficiais superiores que exercem
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE MÁQUINAS:
funções internas, geralmente na chefia de
Departamentos. Navios menores que as corvetas, em ‐ Oficial Superior de Máquinas
geral, são comandados por Capitães‐Tenentes. ‐ 1° Oficial de Máquinas
‐ 2° Oficial de Máquinas
É interessante notar, entretanto, uma característica
ímpar da Marinha: na linguagem verbal, o tratamento
A Organização de Bordo
normalmente dados aos oficiais da Armada resumem
esses nove postos a três: Almirante, Comandante e Organização por Quartos e Divisões de Serviço
Tenente.
Em um navio de guerra, para a sua condução,
segurança e andamento dos serviços administrativos,
existe sempre uma parcela da tripulação que fica de
Divisões de Navios por Classe na MB:
serviço, quando em viagem ou no porto.
Tipos de Navios
Classe Comando Todo o pessoal é dividido em grupos chamados
(exemplos)
1ª Capitão de Mar e Navio‐Aeródromo quartos de serviço, que recebem os nomes de 1°
Classe Guerra Navio de Desembarque quarto, 2° quarto e 3° quarto. Existe sempre um
2ª Fragatas quarto, efetivamente, de serviço; um estará de folga;
Capitão de Fragata
Classe Submarinos
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e outro será o retém, que fornecerá pessoal para cinturão com coldre e pistola; o “Polícia”, que é um
cobrir faltas eventuais. Sargento ou um Cabo, encarregado de auxiliar o
Oficial de Serviço na fiscalização da disciplina e da
O zelo pelo navio é feito dividindo‐se as 24 horas do rotina, usa um cinto especial e um cassetete; o “Cabo
dia, em seis períodos de quatro horas ‐ também Auxiliar”, que usa um apito com cadarço preto e um
chamados de quartos ‐ cada um sob a cinto especial na cintura, com sabre, é o encarregado
responsabilidade de um quarto de cabos e de dar os toques (silvos de apito que transmitem
marinheiros, de uma divisão de suboficiais e sargentos informações e ordens), efetuar as batidas do sino,
e de uma divisão de oficiais. marcando os quartos, e fazer cumprir a rotina de
No porto, haverá sempre, em condições normais, pelo bordo; e o “Ronda”, que é um mensageiro às ordens
menos, um quarto de serviço. Mais gente ficará a do Oficial de Serviço e usa um cinto especial.
bordo, quando necessário, podendo permanecer todo O Sino de Bordo
o pessoal em prontidão, se assim for determinado.
No período compreendido entre os toques de
Dessa forma, o dia de trabalho do marinheiro, do alvorada e de silêncio, os intervalos dos quartos são
homem do mar, é contado diferente do dia do marcados por batidas do sino de bordo, feitas ao fim
homem de terra. Se fosse possível ao navio navegar de cada meia hora.
somente de oito horas da manhã até as cinco da tarde
‐ havendo parado uma hora para almoço ‐ e parar e 1ª meia‐hora do quarto: Uma batida singela
fundear ao final do dia, para então recomeçar tudo no 2ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla
dia seguinte, às oito horas, a jornada seria como a de 3ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla e uma
terra. Mas há séculos os marinheiros se ajustaram às singela
necessidades do mar, cumprindo uma jornada de 4ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas
trabalho dividida em seis quartos de serviço, cabendo 5ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas e uma
a parcelas diferentes da tripulação a vigilância, em singela
cada quarto. No porto, os quartos são de 00 às 04h, 6ª meia‐hora do quarto: Três batidas duplas
de 04 às 08h, 08h às 12h, de 12h às 16h, de 16h às 7ª meia‐hora do quarto: Três batidas duplas e uma
20h e de 20h às 24h. Em viagem, no período singela
compreendido entre OOh às 12h, os quartos tem o 8ª meia‐hora do quarto: Quatro batidas duplas
mesmo horário que do porto, porém, depois das 12
horas, os quartos são de 3 horas: 12‐15; 15‐18; 18‐21; As batidas do sino são uma tradição naval a ser
21‐24. preservada pelos responsáveis pela rotina de bordo.
Deve haver o cuidado, por parte do sinaleiro, de bater
O quarto de 04 às 08 é balizado de quarto d'alva (a acompanhando o Capitânia, de modo a não haver o
hora d'alva, do amanhecer). indesejável assincronismo.
As Fainas
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São fainas gerais e fainas comuns, entre outras: O cumprimento da rotina de bordo, bem como das
‐ Preparar para suspender; fainas, como já mencionado, são ordenados pelo
‐ Suspender (ou desamarrar ou desatracar); toque de apito. Alguns avisos e ordens em linguagem
‐ Preparar para fundear; clara, pelo fonoclama, podem ser dados, também, em
‐ Fundear (ou amarrar, ou atracar); certas circunstâncias especiais, mas repetir, em
‐ Navegação em águas restritas(Detalhe Especial para linguagem clara, o significado de um toque de apito é
o Mar); considerada atitude pouco marinheira, não sendo,
‐ Recebimento de munição; normalmente, permitido a bordo.
‐ Recebimento de material comum ou sobressalentes;
‐ Recebimento de mantimentos; As fainas de emergência são ordenadas pelos
‐ Montagem ou desmontagem de toldos; respectivos sinais de alarme, fonoclama, sino ou
‐ Içar e arriar embarcações; mesmo viva voz.
‐ Operações aéreas, decolagem e pouso de aeronaves; A Presidência das Refeições a Bordo
‐ Inspeção de material;
‐ Docagem e raspagem do casco; e As refeições de oficiais são presididas pelo Imediato
‐ Pintura geral. ou, na sua ausência, pelo oficial mais antigo presente,
o qual convida os demais a sentarem‐se à mesa.
São fainas de emergência:
‐ Incêndio; Após iniciada uma refeição, qualquer pessoa que
‐ Colisão; deseje sentar‐se à mesa, ou dela retirar‐se, deve pedir
‐ Socorro externo; permissão a quem a estiver presidindo. A cortesia
‐ Homem ao mar; naval dita que ninguém deve retirar‐se da mesa antes
‐ Reboque; do Imediato ou do oficial mais antigo presente.
‐ Abandono;
As refeições dos suboficiais e sargentos são presididas
‐ Avaria no sistema de governo;
pelo Mestre do Navio. Compete ao Mestre d'Armas
‐ Acidente com aeronave ("crash"); e
presidir as refeições dos cabos e marinheiros.
‐ Recolhimento de náufragos.
Além das fainas, existem ocasiões em que toda a
tripulação do navio deve atender a formaturas gerais,
Cerimonial de Bordo
para certas formalidades a bordo ou para cerimonial,
conhecidas com formaturas gerais. Saudar Pavilhão
São formaturas gerais: Como já foi explicado, faz parte do cerimonial saudar
‐ Parada; com a continência o Pavilhão Nacional, que é
‐ Mostra; arvorado na popa , das 8 horas até o por do sol.
‐ Distribuição de faxina;
‐ Postos de continência; Isto se faz ao entrar a bordo pela primeira vez e ao
‐ Bandeira; e sair pela última vez, no dia.
‐ Concentração da tripulação.
Saudar o Comandante
As situações previstas para fainas ou formaturas
É costume os oficiais saudarem o Comandante na
constam de uma tabela a bordo, chamada Tabela
câmara, pela manhã, quando em viagem. À noite, a
Mestra, que designa cada homem da tripulação para
saudação é feita após o Cerimonial do Arriar a
um determinado posto ou função, específica em cada
Bandeira.
faina ou formatura, além de designar qual é seu bote
salva‐vidas e seu respectivo quarto. Quando no porto, os oficiais formam para receber o
Comandante, cumprindo o Cerimonial de Recepção; e,
da mesma maneira, formam quando ele se retira de
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bordo, no Cerimonial de Despedida. Se algum oficial parte de tropa armada, em postos de continência ou
chegar após o Comandante, deve saudá‐lo na câmara, Parada”.
bem como ao Imediato. Se vai retirar‐se de bordo
antes do Comandante, deve despedir‐se dele na Conforme visto anteriormente, a continência é uma
câmara, obtendo licença para retirar‐se, não sem saudação entre militares. Ao cumprimentar um civil, o
antes ter sido liberado pelo Imediato. militar quando fardado, poderá fazer‐lhe uma
continência, como cortesia, além de dar‐lhe o usual
Saudar o Imediato aperto de mão.
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Ao suspenderem, no instante em que é Desta forma, o termo bandeira a meio‐pau é a
desencapelada a última espia ou o ferro arranca ou é expressão que corresponde à Bandeira Nacional içada
largado o arganéu da bóia, a Bandeira é arriada na a meio‐mastro. O jeque acompanha a Bandeira
popa e içada, em movimentos contíguos, no mastro Nacional, a meio‐pau. E o sinal de luto.
de combate, mas de forma que nunca deixe de estar
içado o Pavilhão Nacional. Não há cerimonial, nessas O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era
ocasiões. usual que os navios, como mostra de pesar pela morte
de uma personalidade, desamantilhassem as vergas,
A Bandeira do Cruzeiro, que é arvorada no pau do de modo a deixá‐las desalinhadas e pendentes, em
jeque, acompanha os movimentos da Bandeira diferentes ângulos, e com todos os cabos de laborar,
Nacional na popa. Ou seja, é içada e arriada junto com de mastros e vergas folgados e pendentes. A mostra
esta. de pesar consistia neste aspecto de desleixo, por
tristeza. O Pavilhão também era arriado a meio‐pau.
O Pavilhão é içado às oito horas da manhã e arriado
exatamente na hora do pôr‐do‐Sol. O Cerimonial Saudação de Navios Mercantes e Resposta
consta de sete vivas com o apito do marinheiro e das
continências de todo o pessoal. Quem estiver O navio mercante que passa ao largo de um navio de
cobertas abaixo, permanece descoberto e em silêncio, guerra cumprimenta‐o, amando sua Bandeira
atento. O cerimonial do arriar é maior e consta de Nacional, fazendo o de guerra o mesmo, como
formatura geral da tripulação. Após o arriar, é resposta.
costume o cumprimento geral de "boa‐noite" entre O mercante içara novamente sua Bandeira, depois
todos os presentes, sendo primeiramente dirigido ao que o de guerra o fizer.
Comandante.
A Salva: Saudação com Canhões
A Bandeira Nacional deve ser içada ou arriada em
movimento uniforme, que deve ser estimado para O sinal de amizade era antigamente entendido e
que ocorra durante o tempo em que é executado o mormente caracterizado pelo fato de apresentar‐se
hino ou toque. uma pessoa, com a espada abatida, ou um navio ou
uma embarcação, momentaneamente impossibilitado
Da mesma forma, o içar e arriar de galhardetes e de manobrar ou combater. Nos tempos em que não
Bandeiras‐Insígnias deve ser feito celeremente. havia meios seguros de comunicação e quando no
Durante o Cerimonial à Bandeira é vedada a entrada mar não era possível aos navios saberem notícias de
ou saída de pessoas e veículos na OM que o realiza, terra, a menos que encontrassem outros que as
salvo se localizada próxima à via pública, quando a transmitissem, era importantíssimo para cada um
interrupção do trânsito deve ocorrer, com o mínimo deles saber quais as intenções uns dos outros, quando
de prejuízo possível ao tráfego de pessoas e veículos, se encontravam. Imagina‐se que um navio, no mar há
entre o “Segundo Sinal” e o término do Cerimonial. algum tempo, poderia não saber se sua nação estava
ou não em guerra com outra, inclusive com aquela
Para as OM de terra são observados os mesmos cuja bandeira um navio avistado ostentava! Era,
procedimentos. portanto, importante demonstrar atitude amistosa,
tomando difícil a manobra ou o combate.
Bandeira a Meio‐Pau
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir
Nos navios da Marinha não se usa as denominações um tiro levava uma hora. Assim, um navio estava com
de "mastros" de bandeira, nem do jeque: a os canhões sempre carregados para combate. Mas, se
nomenclatura correia é nomeá‐los o "pau da ele os disparava, ficava impossibilitado
bandeira" e o "pau do jeque", mesmo que sejam momentaneamente de combater. A maior parte das
metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a tradição, fragatas e navios menores era armada com uma
é que sejam de madeira e envernizados. bateria de sete canhões, em cada borda. A princípio,
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uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica. homens para o combate, transitoriamente. Desta
As baterias de terra, no entanto, deveriam responder forma, dispor a guarnição pelas vergas dos navios‐
às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro escola a vela, veio até nossos dias, com a
de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros, denominação depostos de continência.
era respondida pela maior salva de terra, vinte e um
tiros. Com o progresso da indústria de armas e, Em todos os navios da Marinha, os postos de
principalmente, da produção da pólvora, a maior salva continência são atendidos com toda a guarnição
de bordo passou a ser também de vinte e um tiros. distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai
passar a autoridade a saudar, numa demonstração de
O número de tiros, depois que a salva se transformou respeito.
num costume, chegou aos nossos dias consagrado no
Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o máximo que Vivas
se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do Ainda permanece em nossa Marinha o hábito dos
costume acima, esse número é múltiplo de três. A "vivas". É uma repetição da antiga forma de
explicação é que os números 3, 5 e 7 sempre tiveram continência e saudação à autoridade que passar perto
significado místico, muito antes, mesmo, de existirem do navio, sempre que o fato for antecipado e
marinhas organizadas como as dos últimos três devidamente anunciado. A guarnição, quando em
séculos. postos de continência, a um sinal, leva o boné ao
O intervalo das salvas festivas é de cinco segundos, peito do lado esquerdo, com a mão direita, e, ao sinal
entre um tiro e outro. Havia um velho costume, na de salvas do apito, sete vezes, estende a mão com o
Marinha antiga, que ainda hoje os oficiais "safos" boné para o alto, à direita, e dá os vivas
usam para contagem dos cinco segundos correspondentes.
regularmentares, que é o de dizer a expressão: "teco, Vivas do Apito
teleco, teco, pepinos, não são bonecos, ‐ fogo um!";
repetindo‐se após cada tiro o mesmo conjunto de Permanece, no Cerimonial da Bandeira, o costume
palavras só alternando o número da ordem de fogo. dos sete vivas, pelo apito do marinheiro. Durante o
Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva içar ou arriar da Bandeira, o Mestre ou Contramestre,
para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de dependendo da ocasião, faz soar sete vezes o apito,
cinco segundos. correspondendo aos sete vivas, que é a maior
saudação por apito.
Os Postos de Continência
O número de sete, como explicado, ainda é a
Mas, somente disparar os canhões não era mostra de lembrança dos antigos sete tiros das fragatas e navios
ficar sem aptidão para combater. O navio, além disso, menores, que constituíam a maior salva. Embora os
deveria ferrar o pano (colher as velas), perdendo tiros de salva tenham passado para vinte e um, os
velocidade e ficando momentaneamente vivas de apito permaneceram em sete, como a honra
impossibilitado de manobrar e combater, com todos máxima.
os cabos de laborar pelo convés e a guarnição
ocupada nas fainas. Assim, essa mostra de respeito Cerimonial de Recepção e Despedida
mantinha o navio privado de combater. Foi desse
Os oficiais ao entrarem e saírem de bordo fazem jus a
antigo costume, que vieram até nossos dias certas
um cerimonial correspondente à sua patente,
formas de cumprimento em embarcações como
constando de toques de apito característicos e da
remos ao alto, folgar as escotas ou parar a máquina.
continência de quem o recebe ou despede e dos
Nos grandes navios, no entanto, podia ser presentes. Além disso, marinheiros em formatura, em
demonstrada, ao navio avistado, a intenção pacífica, número correspondente a cada cerimonial, chamados
fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas. "boys", ladearão o oficial saudado, na escada de
Assim estava o navio impossibilitado de utilizar seus portaló e no convés.
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Esses cerimoniais são tradições herdadas dos dias da A chegada de autoridade a bordo de OM da MB
marinha a vela. Costumava‐se, nas reuniões de deverá ser anunciada no sistema de fonoclama,
Comandantes de navios de uma Força Naval em um quando couber, o cargo da autoridade visitante
determinado navio ‐ quando o mar não estava muito seguido da expressão “para bordo”. Não deverá ser
bom ‐ içar o visitante por uma guindola, espécie de anunciado pronome de tratamento ou nome da
pequena tábua suspensa pelas extremidades. A autoridade visitante. Por ocasião do cerimonial, a
manobra era comandada pelo Mestre, ao som do ordem ao Mestre ou Contramestre de Serviço não
apito e, para realizá‐la, vários marinheiros iam para o deve conter palavras desnecessárias, já que se trata
local de embarque. Hoje é uma cortesia naval acorrer de uma instrução para quem vai abrir toque. Assim,
com marinheiros ao portaló (local de embarque ou essa ordem deve ser pertinente ao toque
saída de bordo) e saudar com toque de apito, a característico a que tem direito a autoridade. A
autoridade que chegar ou sair. menção ao cargo desempenhado somente deve ser
feita a quem competir vocativo específico
Os marinheiros que acorriam para as manobras de (Comandante da Marinha, Chefe do Estado‐Maior da
embarque do Comandante a bordo eram chamados, Armada, Comandante de Operações Navais,
na Real Marinha britânica, de "boys". Esse costume Comandante‐Geral do Corpo de Fuzileiros Navais e
passou desde o Império, à nossa Marinha. Hoje, há Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não
um toque de apito que, em realidade, significa boys se deve mencionar o Posto, a menos se,
aos cabos. Tratava‐se, até há pouco tempo, quando se eventualmente e no caso de ComemCh, o cargo
vinha ou saía de bordo por lancha, de chamar os estiver sendo exercido por Almirante de Esquadra. O
marinheiros para que descessem ao patim inferior da artigo 5‐1‐7 do Cerimonial da Marinha reflete com
escada de portaló e aí estendessem cabos clareza este ponto.
(preparados com pinhas nas duas extremidades, uma
para o boy e outra para a autoridade), para que lhe Os toques de apito devem ser dados apenas pelo
servissem de apoio quando embarcavam ou Mestre ou Contramestre de Serviço. Ao final das
desembarcavam. Honras de Recepção ou Despedida, quando por toque
de corneta, cabe o “ponto”, como sinal de desfazer a
Ao patim inferior da escada de portaló descem dois continência e a guarda de portaló executar o
"boys" e mais dois quando há espaço. Os demais comando de “ombro armas”. Nos casos em que
formam no convés. Quando estiver com prancha houver Guarda de Honra, esta executará o referido
passada para terra, somente dois devem ficar em comando quando determinado pelo seu Comandante.
terra; os demais formam no convés. Formar mais de
dois "boys" em terra é, como se diz. na gíria Uniformes e seus acessórios
marinheira, uma varada (de "vara", termo espanhol
que quer dizer encalhe). Tudo isso deve‐se ao fato de Os Uniformes
que o emprego dos "boys" é uma tradição na
Os oficiais, suboficiais e sargentos usam uniformes do
manobra de embarque e desembarque de oficiais, em
mesmo feitio para o serviço ou para os trabalhos a
navios no mar.
bordo. São do tipo paletó, ou dóimã, e calça, ou
Quando o Comandante é recebido no seu próprio somente camisa e calça. Na cabeça usa‐se o boné. Os
navio, é o Mestre quem executa os apitos do oficiais e suboficiais, para distinção, usam galões nas
cerimonial. platinas colocadas nos ombros dos uniformes
brancos, galões nos punhos do uniforme azul e
Quando o cerimonial é executado em terra, como nos distintivos na gola do uniforme cinza de manga curta
estabelecimentos ou cerimônias públicas, os "boys" (caqui para os Fuzileiros Navais). Os sargentos, cabos
são distribuídos no número completo previsto no e marinheiros cursados usam sempre, para distinção
Cerimonial da Marinha, em caráter simbólico. de graduação, divisas nos braços. Os marinheiros‐
recrutas, aprendizes e grumetes não usam divisas.
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ Página 12
As platinas são presas sobre os ombros dos uniformes As três listas da gola são reminiscência do costume
como acessório, sendo reminiscências de antigas tiras antigo de se indicar, por meio de fitas, presas ao
de couro usados nos uniformes para fixar os pelerine (capa utilizada sobre os ombros), o tempo de
talabardes (boldriés). São de origem francesa. serviço do embarcado.
Os galões dos oficiais são listras douradas. No Corpo Gorro de Fita
da Armada, a mais alta no punho é terminada por
uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência Os fuzileiros navais também trazem em seus
da volta que o Almirante Nelson, oficial inglês, levava uniformes simbolismo e tradição.
em um pequeno cabo amarrado à manga de seu O gorro de fita, de origem escocesa, é uma das
dólmã para sustentá‐la em um botão, quando, após tradições que são incorporadas, permanecem e
perder o braço, subiu ao convés pela primeira vez. As ganham legitimidade. Foi idéia, em 1890, de um
marinhas que tiveram origem e contatos com a comandante do Batalhão Naval, de ascendência
Marinha britânica conservam o símbolo. britânica. O gorro foi bem aceito e, hoje, caracteriza
Os cabos e marinheiros usam uniformes, brancos ou de forma ímpar o uniforme dos marinheiros de terra,
azuis, de gola, e na cabeça, bonés sem pala. Os de soldados do mar, que são os fuzileiros navais.
trabalho são de cor mescla, com chapéus redondos O Apito Marinheiro
típicos, de cor branca, chamados caxangá.
Os principais eventos da rotina de bordo são
O uniforme típico de marinheiro é universal. Suas ordenados por toques de apito, utilizando‐se, para
características são, principalmente, o lenço preto ao isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O
pescoço e a gola azul com três listras. apito serve, também, para chamadas de quem exerce
O lenço teve sua origem na artilharia dos tempos funções específicas ou para alguns eventos que
antigos da marinha a vela. Os marujos usavam um envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido,
lenço na testa durante os combates, amarrado atrás ao longo dos tempos, uma das peças mais
da cabeça. Esse procedimento evitava que o suor, características do equipamento de uso pessoal da
misturado à graxa e mesmo à pólvora das peças de gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam
tiro, lhes caísse nos olhos. Ao findar o combate, os para fazer a marcação do ritmo dos movimentos de
marinheiros regulares giravam o lenço e o amarravam remo nas galés.
ao pescoço, com o nó para frente. Hoje, Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie
simbolicamente, o lenço é colocado em tomo do de distintivo de autoridade e mesmo de honra. Na
pescoço. Inglaterra, o Lord High Admirai usava um apito de
Sua cor preta, diferentemente do que muitos dizem, ouro ao pescoço, preso por uma corrente; um apito
não é originada em sinal de luto pela morte de de prata era usado pêlos Oficiais em Comando, como
Nelson, pois era usado pelos marinheiros, com essa "Apito de Comando". Eram levados tais símbolos em
cor, bem antes disso, embora, naquele evento, tanta consideração que, em combate, um oficial que
tenham retirado o lenço característico do pescoço e o usasse um apito preferia jogá‐lo ao mar a deixá‐lo cair
colocado no braço. em mãos inimigas.
A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um
para proteger a roupa das substâncias gordurosas cadarço de tecido e tem utilização para os toques de
com que os marujos untavam o "rabicho" de suas rotina e comando de manobras.
cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as
permaneceu, como parte característica do uniforme. manobras que exigem coordenação e ordens
A cor azul é adotada por quase todas as marinhas do contínuas de um Mestre ou Contramestre, são
mundo. conduzidas somente com toques de apito. Fazê‐lo aos
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gritos denota pouca qualidade marinheira do braço esquerdo; e assim, protegia não somente o
dirigente da faina e sua equipe. coração, mas a insígnia de honra.
As condecorações e medalhas são usadas no lado Parece que a expressão vem de "pegar tempo", ou
esquerdo do peito. seja, pegar mau tempo. Fulano está pegando tempo,
para resolver a primeira questão de sua
O costume, que não é apenas naval, vem do tempo
prova...Aquele marujo não conseguiu safar‐se para a
das cruzadas, quando os cavaleiros traziam a insígnia
parada: pegou tempo, para arranjar um boné novo"
de sua Ordem (as Ordens da Cavalaria) perto do
coração. Era, também, porque o escudo ficava no ROSCA FINA, VOGA LARGA, E VOGA PICADA:
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Na gíria maruja, muitas expressões externam o
universal bom humor ou espirituosidade que
caracterizam os homens do mar. As expressões "rosca
fina", "voga picada" e "voga larga" são alguns
exemplos:
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EXERCÍCIOS: caxanqá.
(E) O gorro de fita é uma das tradições que foram
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da incorporadas à Marinha do Brasil, caracterizando de
Marinha do Brasil, o Apito Marinheiro, ao longo dos forma ímpar o uniforme dos Fuzileiros Navais.
tempos, tem sido uma das peças mais características
do equipamento de uso pessoal da gente de bordo.
Sabre esse assunto, e correto afirmar que, na Marinha
do Brasil: 3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da
Marinha do Brasil, a hierarquia militar assume
(A) na época dos navios a vela, a rotina de bordo era importância capital, sendo um dos pilares da
marcada com toques de apito, o que não mais ocorre instituição, Sobre esse assunto, e correto afirmar que,
na atualidade. na Marin ha do Brasil:
(B) o Apito Marinheiro tornou‐se uma espécie de
distintivo de autoridade e mesmo de honra, sendo (A) a oficialidade do navio é constituída apenas pelo
utilizado por todos os oficiais para a transmissão de Imediato e pelos oficiais com antiguidade inferior a
ordens. dele.
(C) hoje, o Apito Marinheiro continua preso ao (B) os oficiais‐generais, em hierarquia ascendente, são
pescoço por um cadarço de tecido e tem utilização Vice‐Almirante, Contra‐Almirante e Almirante de
apenas para comando de manobras. Esquadra.
(D) os toques de apitos estão grupados, por tipos, em
toques de Continência e Cerimonial, Fainas, Pessoal (C) os Tenentes, em hierarquia ascendente são: 1 °
Subalterno, Divisões e Manobras. Tenente, 2° Tenente e Capitão‐Tenente.
(E) o Oficial de Serviço utiliza o Apito Marinheiro, que
(D) as praças do Corpo da Armada, em hierarquia
serve para cumprimentar ou responder a
ascendente, são Marinheiro, Cabo, Primeiro‐
cumprimentos dos cerimoniais.
Sargento, Segundo‐Sargento, Terceiro‐Sargento e
suboficial ou subtenente.
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) A farda dos militares não se (E) os comandantes, em hierarquia ascendente, são
constitui em uma simples veste, mas, sobretudo, Capitães de Fragata, Capitães de Corveta e Capitães
constitui‐se em uma segunda pele, que adere a de Mar e Guerra.
própria alma, irreversivelmente e para sempre. Nesse
sentido, os uniformes dos militares têm por finalidade
principal caracterizá‐los, permitindo, à primeira vista, 4 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da
distingui‐los. Sobre esse assunto, assinale a opção Marinha do Brasil, a Bandeira do Brasil, um dos
correta. símbolos nacionais, tem tratamento especial por
parte de todos os militares. Sobre esse assunto,
(A) Os sargentos, Cabos e Marinheiros cursados usam
assinale a opção correta.
sempre, para distinção de graduação, divisas nos
ombros.
(B) O uniforme típico de Marinheiro é universal. Suas
características são, principalmente, o lenço azul ao (A) Os navios da Marinha do Brasil, quando atracados,
pescoço e a gola preta com três listras. fundeados ou amarrados, arvoram a Bandeira
(C) Os Marinheiros‐Recrutas, Aprendizes‐Marinheiros Nacional no mastro principal.
e Grumetes, em seus uniformes, usam divisas no
(B) Na Marinha do Brasil, o Cerimonial de arriar a
braço.
Bandeira Nacional é feito todos as dias, exatamente
(D) Os Cabos e Marinheiros usam uniformes brancos
na hora do pôr do sol.
ou azuis, de gala, e na cabeça sempre chapéus
redondos típicos, de cor branca, denominados
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(C) Nos navios da Marinha do Brasil, todos que entram
a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de
bordo pela última vez no dia, cumprimentam a
Bandeira Nacional no mastro principal, com o navio
no porto.
(D) Os navios da Marinha do Brasil arvoram a Bandeira
do Cruzeiro no pau de jeque, localizado na popa, a
qual sempre acompanha os movimentos da Bandeira
Nacional.
Respostas:
1 D
2 E
3 A
4 B
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HISTÓRIA NAVAL obstáculos entre os povos da Terra, tornaram‐se vias
de comunicação entre eles.
1 ‐ A História da Navegação:
O desenvolvimento dos navios portugueses
Os navios de madeira: construindo embarcações e
navios As caravelas provavelmente tiveram sua
origem em embarcações de pesca, que já existiam na
O primeiro método de construção de Península Ibérica desde o século XIII. Tinham, em
embarcações, utilizado desde a canoa de tábuas, é geral, velas latinas. As velas latinas são próprias para
chamado de “costado rígido”. Construía‐se primeiro o navegar com qualquer vento e, por isso, adequadas às
costado da embarcação, juntando as tábuas pelas explorações da costa da África. Principalmente foi
bordas e, depois, acrescentavam‐se, os reforços com as caravelas que os portugueses exploraram o
estruturais internos e externos. O costado podia ser litoral africano durante o século XV. Devido ao
liso ou trincado, conforme se juntavam as tábuas, desenvolvimento dos navios e de técnicas e
topo a topo ou sobrepondo suas bordas. O resultado instrumentos náuticos foi possível chegar ao extremo
deste método é um casco resistente, com ênfase sul do continente africano, ao Cabo da Boa Esperança,
estrutural no costado, bom para resistir a colisões e permitindo contornar a África, passando do Oceano
para encalhar, se necessário, nas praias. Ainda hoje se Atlântico para o Oceano Índico, e chegar ao Oriente.
constroem pequenas embarcações assim e, na
Antigüidade, era como se construíam as galés. A partir de então apareceu a nau, navio maior
destinado à navegação e ao transporte de
As galés eram embarcações movidas mercadorias. Tem‐se notícias que naus de três
principalmente por remos, algumas com muitos mastros, com o velame completamente desenvolvido,
remadores, embora pudessem também ter velas. eram utilizadas pelos portugueses desde o século XV.
Foram muito utilizadas por povos navegadores do
passado, como os cretenses, os gregos, os romanos, Por se enfatizar a prática mercantil, as naus
os bizantinos e os nórdicos. Chama‐se de navio uma eram mal armadas militarmente, levando poucos
embarcação grande. Há mais de dois mil anos, já se canhões para sua defesa e das rotas marítimas que
construíam navios. Empregava‐se a madeira, pois ela comandavam, abrindo espaço para a concorrência
foi o primeiro material que se mostrou mais adequado estrangeira. Até então Portugal vinha utilizando
para a construção naval. Somente após o caravelas bem armadas como navio de guerra, mas,
desenvolvimento industrial alcançado no século XIX, desde o início do século XVI, sentira a necessidade de
há cerca de 150 anos, é que o ferro e, depois, o aço, desenvolver o galeão, navio de guerra maior e com
passaram a ser matérias‐primas importantes para a mais canhões, para combater os turcos no Oriente e
construção naval. os corsários e piratas europeus ou muçulmanos no
Atlântico. O galeão foi a verdadeira origem do navio
Chegou‐se ao método de “esqueleto rígido” de guerra para emprego no oceano. Foi construído
após uma longa evolução que durou mais de mil anos, para fazer longas viagens e combater longe da Europa.
passando por métodos chamados de híbridos, em que
algumas cavernas eram montadas antes do costado, O desenvolvimento da navegação oceânica: os
para possibilitar algum controle da forma final do instrumentos e as cartas de marear
casco. Embora o método de esqueleto rígido tivesse
se desenvolvido no litoral do Mar Mediterrâneo (fora Para que Portugal pudesse realizar a expansão
de Portugal), ele foi empregado pelos portugueses marítima efetiva nos séculos XV e XVI foi preciso que
para construir os navios que iniciaram, no século XV, a se aperfeiçoasse a navegação, de modo a que se
aventura das Grandes Navegações, que não somente tornasse transoceânica e não apenas costeira, como
levou ao Descobrimento do Brasil, mas também se praticava.
transformou o mundo. Os oceanos, que antes eram
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Quando começaram as Grandes Navegações, que ocupa a posição no céu mais próxima do pólo sul
já eram conhecidos a bússola, inventada pelos celeste, não está suficientemente próxima para ser
chineses, também chamada de agulha de marear ou uma referência para a navegação. A melhor forma de
agulha magnética, e, dentre os instrumentos de calcular a latitude nesse hemisfério era observando o
observação, o astrolábio. Sol em sua passagem meridiana, ou seja, medindo em
graus sua altura, quando ele passa pelo ponto mais
A bússola é composta por uma agulha alto do céu, no local onde se está. Os navegadores da
imantada que se alinha em função do campo época das Grandes Navegações faziam isto muito
magnético natural da terra, podendo‐se saber a bem, utilizando instrumentos náuticos. O astrolábio
direção em que está o pólo norte magnético, era o mais importante deles e servia, neste caso, para
propiciando ao navio traçar seu rumo, sua direção. medir o ângulo entre o Sol em sua passagem
Para saber exatamente a posição em que se meridiana e a vertical. Outros instrumentos utilizados
está em relação ao globo terrestre, é necessário mais tarde, como o quadrante e o sextante, mediam a
calcular a latitude e a longitude do local. O cálculo altura do Sol através do ângulo em relação ao
prático da longitude, a bordo de navios, depende de horizonte.
se conhecer, com precisão, a hora. Porém, a As cartas náuticas eram muito imprecisas e
inexistência de relógios (cronômetros) que não passaram por um difícil processo de desenvolvimento.
fossem afetados pelos movimentos do navio causados As que foram inicialmente elaboradas pelos
pelas ondas fez com que a hora não pudesse ser portugueses eram conhecidas como portulanos. A
calculada no mar até o século XVIII, quando foram partir do final do século XVI, passou‐se a utilizar a
desenvolvidos cronômetros adequados para serem Projeção de Mercator . Esta projeção é utilizada até
utilizados a bordo dos navios. A latitude não era difícil os dias de hoje nas cartas náuticas. Nela os
de se calcular e era através dela e da estimativa de meridianos e paralelos são representados por linhas
quanto o navio havia se deslocado, que os retas, que se interceptam formando ângulos de 90
navegadores da época das Grandes Navegações graus. Isto causa consideráveis distorções nas
sabiam aproximadamente onde estavam. latitudes mais elevadas, porém tem a vantagem de os
Evidentemente, erros de navegação ocorreram com rumos e as marcações de pontos de terra serem linhas
conseqüências desastrosas. retas, facilitando a plotagem nas cartas. Como a Terra
No Hemisfério Norte, a estrela Polar, que é aproximadamente esférica (na verdade um geóide),
ocupa uma posição muito próxima do pólo norte a distância mais curta entre dois pontos não é uma
celeste, permite nos crepúsculos – ao nascente e ao linha reta na Projeção de Mercator, mas isto é
poente, quando se avista ao mesmo tempo o somente um pequeno inconveniente e a curva que
horizonte e as estrelas de maior brilho no céu – um representa a menor distância pode ser calculada pelo
cálculo mais seguro da latitude. Basta medir sua altura navegador.
em relação ao horizonte. Navegar mantendo a mesma A vida a bordo dos navios veleiros
altura significa manter a mesma latitude. Deslocando‐
se para o Sul ou para o Norte, essa altura varia. Era A vida a bordo dos navios veleiros era muito
assim, e com a ajuda de umas pedras translúcidas que difícil. O trabalho a bordo, com as manobras de pano,
polarizavam a luz nos dias nublados, que os nórdicos muitas vezes durante tempestades, exigia bastante
navegavam sem agulha de marear. Viajando para o esforço físico e era arriscado. A comida, sem
Oeste, alcançaram a Islândia e a América do Norte possibilidade de se ter uma frigorífica, era deficiente,
(muitos séculos antes de Cristóvão Colombo chegar à principalmente em vitaminas, o que causava doenças
América em 1492). como o beribéri (pela carência de vitamina B) e o
escorbuto (carência de vitamina C). Durante os longos
No Hemisfério Sul, a estrela Polar, que marca períodos de mau tempo, não havia como secar as
o pólo norte celeste, não é visível, e a estrela Alfa do roupas. A higiene a bordo também deixava muito a
Cruzeiro do Sul (a mais brilhante desta constelação),
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desejar. Muitos morreram nas longas viagens
oceânicas.
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EXERCÍCIO: 3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Na época da projeção de
Portugal e Espanha na navegação oceânica, no final
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – O desenvolvimento da do século XV, já se conhecia a bússola e o astrolábio.
tecnologia náutica ocorrido na Península Ibérica entre Naquela época, para o navegante saber exatamente a
os séculos XIII e XV foi fundamental para a consecução posição do navio em relação ao globo terrestre, era
da navegação oceânica, possibilitando a emergência necessário calcular a latitude e a longitude do local.
das chamadas “Grandes Navegações”. Assinale a Com base nessas informações, é correto afirmar que,
opção que representa uma embarcação pertencente no século XV:
ao contexto histórico da Expansão Marítima Europeia
dos séculos XV‐XVI. (A) o cálculo prático da longitude a bordo de navios
era difícil, pois dependia de se conhecer, com
(A) O Encouraçado tipo dreadnought, detentor de precisão, a hora.
forte armamento e poderosa blindagem e resistente (B) já existiam cronômetros rudimentares, que
às intempéries oceânicas. possuíam a vantagem de fornecer os rumos e as
(B) A galé movida a remo, que se constituía como marcações de pontos de terra em linhas retas,
embarcação veloz e era própria para a navegação facilitando a plotagem da latitude e da longitude nas
atlântica. cartas náuticas.
(C) A caravela, que devido às suas velas latinas (C) a latitude era difícil de ser calculada, e era por
possibilitou melhor navegabilidade na costa africana. meio dela e da estimativa de quanto o navio havia se
(D) O galeão, que fora projetado para servir deslocado que os navegadores da época sabiam
exclusivamente como navio mercante, tendo, desse exatamente a sua localização no mar.
modo, um grande porte. (D) o quadrante e o sextante mediam os meridianos e
(E) A nau, que era uma embarcação de pequeno porte os paralelos, representados por linhas retas que se
totalmente desarmada e equipada com velas interceptam formando ângulos de 90 graus,
redondas. permitindo estimar a hora e o cálculo da latitude.
Resposta: (E) a bússola já auxiliava na navegação, por apontar
(C) sempre para o norte verdadeiro terrestre, e o
astrolábio era utilizado para o cálculo da latitude e
2 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Até o final do século XVI, as longitude entre o nascer e o pôr do sol.
cartas náuticas eram muito imprecisas e passaram por
um difícil processo de desenvolvimento. A partir de Resposta:
então, passou‐se a utilizar uma projeção nas cartas (A)
náuticas cujo emprego perdura até os dias de hoje.
Nessa projeção, os meridianos e paralelos são
representados por linhas retas, que se interceptam
formando ângulos de 90 graus.
A projeção descrita acima é denominada
(A) Projeção de Mercator.
(B) Portulano.
(C) Projeção Europeia.
(D) Projeção de Colombo.
(E) Projeção lbérica.
Resposta:
(A)
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2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento Álvares Cabral chegou às terras do Brasil,
do Brasil consolidando o império ultramarino português.
Este capítulo aborda as condicionantes físicas Descoberta as terras que Portugal denominou
e políticas que levaram os portugueses a se Brasil, tornou‐se imperioso seu reconhecimento e
aventurarem pelo “mar tenebroso” ‐ como povoamento. Veremos, a partir daqui, quais as
antigamente era chamado o Oceano Atlântico ‐ em expedições que partiram para o reconhecimento do
busca de caminhos alternativos para o comércio com litoral das novas terras e as providências para povoá‐
o Oriente. Examinamos no capítulo anterior o la e defendê‐la. Como “Navegar é preciso”, vamos
desenvolvimento da construção naval e dos partir para o reconhecimento de novas terras...
instrumentos náuticos que permitiram tal feito e
“As armas e os barões assinalados
agora vamos conhecer um pouco da história de
Que da Ocidental praia Lusitana,
Portugal e de seus navegadores.
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
O pioneirismo português, ao assumir a
Em perigos e guerras esforçados
liderança do processo de expansão marítima européia
Mais do que prometia a força humana,
no final do século XIV, encontra explicação em dois
E entre gente remota edificaram;...
acontecimentos decisivos: o país estava com suas
fronteiras estabelecidas, após as guerras da Já no largo Oceano navegavam,
Reconquista (que resultou na expulsão dos As inquietas ondas apartando;
muçulmanos da Península Ibérica) e firmava‐se, Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
então, como o primeiro Estado europeu moderno,
Da branca escuma os mares se mostravam
politicamente centralizado, após a vitória militar
Cobertos, onde as proas vão cortando
contra os reinos vizinhos de Leão e Castela. Tal
As marítimas águas consagradas,...
processo de centralização do poder foi fator muito
importante para que o reino português pudesse (Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra
lançar‐se a aventura ultramarina, e quebrar o Os Lusíadas, editada em 1572).
monopólio exercido pelas cidades de Gênova e
Fundamentos da organização do Estado português e
Veneza sobre as rotas de comércio com a Ásia e
a expansão ultramarina
estabelecer contato direto com as fontes produtoras.
Para isso, em muito contribuiu a estrutura naval já A condição fundamental para o processo de
existente, cujo desenvolvimento foi estimulado pela formação das nações européias foi a crise do
coroa portuguesa. Na verdade, a expansão feudalismo, que teve início em meados do século XIII.
ultramarina ensejou uma aliança entre setores Esta crise foi resultante da relativa paz que vivia o
mercantis e a nobreza, tendo o Estado o controle e continente europeu, que permitiu a criação dos
direção de tal empreendimento. burgos (fora dos limites do senhor feudal, que lhes
dava proteção em troca da vassalagem), que viriam a
A primeira conquista portuguesa no ultramar
se transformar em vilas ou cidades com relativa
foi a cidade de Ceuta, ao norte da África onde hoje
autonomia. Isto provocou o enfraquecimento dos
fica situado o Marrocos. Na seqüência, Diogo Cão
senhores feudais, reduzindo o poder da nobreza e,
explorou a costa africana entre os anos de 1482 e
conseqüentemente, abrindo espaço para a retomada
1485. Bartolomeu Dias atingiu o sul do continente
do poder político pelos reis.
africano e ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487
(onde hoje fica a África do Sul) que, após este Os soberanos, à medida que obtinham
acontecimento, passou a chamar‐se Cabo da Boa recursos financeiros, em troca de privilégios,
Esperança. Vasco da Gama, em 1498, chegou a fortaleciam seus exércitos e submetiam os antigos
Calicute, Sudoeste da Índia, estabelecendo a rota feudos e as novas vilas e cidades à sua autoridade,
entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a frota de Pedro
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incorporando esses territórios ao que viria ser seus Aragão. A guerra deflagrada contra os mouros contou
reinos. Era o embrião do futuro Estado Nacional. com o apoio de grande parte da aristocracia européia,
atraída pelas terras que a conquista lhes
Intensas lutas precederam e consolidaram o proporcionaria.
Estado português. Iniciou com a expulsão dos mouros
da Península Ibérica em 1249 (os mouros invadiram a Durante o reinado de Afonso VI (1069‐1109),
Península Ibérica no ano de 711), no movimento de Leão e Castela, a partir de 1072, dois nobres
denominado Reconquista, quando Portugal franceses – Raimundo e Henrique de Borgonha –
consolidou seu território e firmou‐se como “o receberam como recompensa pelos serviços
primeiro Estado europeu moderno”, segundo o prestados na campanha a mão das filhas do rei, além
historiador Charles Boxer. Mas somente após a vitória de terras como dote. D. Raimundo recebeu as terras a
sobre os Reinos de Leão e Castela, em 1385, na norte do Rio Minho, o Condado de Galiza, e D.
Batalha de Aljubarrota, e a assinatura do tratado de Henrique o Condado Portucalense. Estas terras não se
paz e aliança perpétua com o Reino de Castela, em constituíam em reinos independentes e seus
1411, a paz foi selada. proprietários deviam prestar vassalagem ao rei de
Leão.
Portugal iniciou seu processo de expansão
ultramarina conquistando aos mouros a cidade de A origem do próprio Estado português se deu
Ceuta, no norte da África. A partir daí, virou‐se para o com a formação do Condado Portucalense, sob o
mar, onde se tornou dominante. Como não poderia domínio de D. Henrique de Borgonha. Este nobre,
deixar de ser, esta empreitada envolveu somas tendo o senhorio de ampla região entre os Rios Minho
altíssimas e, para financiá‐la, a coroa portuguesa se e Mondego, procurou reforçar, através da luta contra
valeu do aumento de impostos e recorreu a os mouros, seu poderio sobre os demais senhores de
empréstimos de grandes comerciantes e banqueiros terras daquela área, bem como conseguir autonomia
(inclusive italianos). frente aos interesses do vizinho Reino de Leão, a cujo
soberano, como já foi dito, devia vassalagem.
Lusitânia
O caráter inicial da formação dos reinos
A região que hoje é conhecida como Portugal ibéricos, definido pelos aspectos militar e religioso
foi originalmente habitada por populações iberas de desenvolvidos nas lutas contra os mouros, marcou as
origem indo‐européia. Mais tarde, foi ocupada, tendências principais da constituição desses Estados.
sucessivamente, por fenícios (século XII a.C.), gregos De um lado, o processo de expulsão do inimigo
(século VII a.C.), cartagineses (século III a.C.), romanos muçulmano deu prioridade ao aspecto militar, o que
(século II a.C.) e, posteriormente, pelos visigodos criou a necessidade de unificação do comando das
(povo germânico, convertido ao cristianismo no forças cristãs, papel exercido pelos senhores de terras
século VI), desde 624. mais poderosos das diversas regiões da península. Por
Em 711, a região foi conquistada pelos outro lado, o profundo caráter religioso tomado pela
muçulmanos, impulsionados por sua política de Reconquista, identificada com as cruzadas contra os
expansionismo, tendo como base uma coligação infiéis muçulmanos, fez com que a Igreja de Roma
formada por árabes, sírios, persas, egípcios e tivesse grande interesse no sucesso das forças cristãs.
berberes, estes em maioria, todos unidos pela fé As vitórias alcançadas pelos exércitos de D.
islâmica e denominados mouros. Quase a totalidade Henrique mostraram à Santa Sé a importância que
da península caiu em mãos dos mouros que, em seu estes vinham adquirindo no sucesso das lutas
avanço, só foram bloqueados quando tentaram militares. Assim, os interesses do senhorio do
invadir a França. condado e os do papado iam aos poucos convergindo
A resistência aos invasores só ganhou força a para o reconhecimento da autonomia portucalense
partir do século XI, após a formação dos reinos ante o Reino de Leão.
cristãos ao norte, como Leão, Castela, Navarra e
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O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre Além de setores diretamente ligados à Igreja,
o Duque portucalense D. Afonso Henriques (1128‐ assinala‐se também intensa vinculação da nobreza
1185), filho de Henrique de Borgonha, e D. Afonso VII, portucalense na formação do Estado Nacional
imperador de Leão, determinou o reconhecimento lusitano. Este setor social, cujo poder se originava na
por parte deste último da independência do antigo propriedade da terra, também participou de forma
condado, agora Reino de Portugal. decisiva nas guerras da Reconquista, apoiando o
esforço militar da realeza. Esta, num primeiro
Ordens militares e religiosas momento, concedeu privilégios bastante amplos à
Outro fator a ser ressaltado diz respeito às nobreza. Mais tarde, contudo, pretendeu limitar tais
ordens militares (ordens de cavalaria sujeitas a um privilégios, impondo medidas que beneficiavam a
estatuto religioso e que se propunham a lutar contra centralização do poder.
os mulçumanos) no processo da Reconquista. Tais Uma das providências tomadas nesse sentido
ordens, fundadas com o intuito de auxiliar os doentes foi a autonomia concedida pelo poder central aos
e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para concelhos (que correspondem aos municípios nos dias
combater militarmente os adeptos da fé mulçumana, de hoje), onde começavam a ter influência as
participaram das batalhas contra os mouros na aspirações de comerciantes e mestres de ofício. O
Península Ibérica. apoio do rei aos concelhos visava a enfraquecer o
Seus contingentes, em muitos casos, poder da nobreza fundiária em sua própria base
formaram a base dos exércitos cristãos. Em territorial, impedindo assim que os senhores de terras
conseqüência dessa atuação, várias ordens receberam fizessem prevalecer livremente seus interesses nas
doações de terras nos reinos ibéricos. Em Portugal, as áreas que comandavam, sem levar em conta as
ordens dos Templários, de Avis e de Santiago foram as determinações régias.
mais beneficiadas por tais privilégios. Outro mecanismo de limitação do poder da
As ordens, no entanto, não se destacaram nobreza foi o estabelecimento das inquirições. A
apenas pelo seu aspecto militar. Contribuíram partir de uma interrupção nas lutas militares contra os
significativamente para o povoamento do território mouros, entre os séculos XII e XIII, a coroa portuguesa
português, a partir das regiões que lhes foram buscou avaliar a situação da propriedade de terras no
distribuídas. Em torno de castelos e fortalezas, com reino.
efeito, desenvolveram atividades agrícolas que Durante a Reconquista, a nobreza laica e
levaram à fixação da população. eclesiástica aproveitou‐se da falta de controle régio
Além disso, foi igualmente importante nesse para alargar seus domínios territoriais e privilégios,
processo de ocupação territorial a participação das prejudicando em alguns casos os direitos e
ordens religiosas cujos membros não atuavam das rendimentos da coroa. Para coibir tal situação, o
lutas militares. Os mosteiros e capelas destas ordens, poder real utilizou‐se das inquirições, pelas quais se
dentre as quais se destacou a dos beneditinos, formavam comissões de inquérito (alçadas) a fim de
tornaram‐se pólos de atração pela segurança que investigar se os direitos reais devidos estariam sendo
ofereciam a inúmeras famílias. Da mesma forma, cumpridos e até mesmo verificar o direito legal às
desde a Reconquista, as ordens tomaram a peito a propriedades.
colonização de zonas desertas ou dizimadas pela Tal mecanismo se completava com as
guerra, criando novos focos de povoamento e confirmações, processo pelo qual o rei sancionava não
estimulando a exploração da terra. só a propriedade da terra como o próprio título
nobiliárquico do senhor em questão. Esses poderes
submetiam, de certa maneira, a nobreza eclesiástica e
O papel da nobreza civil à coroa, já que passavam a depender desta para a
preservação tanto do título quanto da propriedade.
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A importância do mar na formação de Portugal em 1317, o genovês Pezagno (ou Manuel Pessanha).
Data dessa época a chegada dos portugueses às Ilhas
Paralelamente aos problemas político‐ Canárias.
territoriais apontados, é digno de destaque que, além
da agricultura, o comércio marítimo e a pesca eram as Deve‐se também à sua iniciativa a
mais importantes atividades praticadas em Portugal, intensificação da monocultura do pinheiro bravo
país de solo nem sempre fértil e produtivo. A (Pinhal de Leiria), em princípio, com a finalidade de
atividade pesqueira destacou‐se como fundamental criar uma barreira vegetal que protegesse as terras
para complemento da alimentação de sua população. agrícolas do avanço das areias costeiras e, também,
como reserva florestal para o fornecimento de
Situado em posição geográfica estratégica, à madeira destinada à construção naval e à exportação.
beira do Oceano Atlântico e próximo ao
Mediterrâneo, era de se esperar que desenvolvesse O cultivo era extremamente racional: sempre
grande devotamento à navegação e, que havia corte de árvores, novas mudas eram
conseqüentemente, à construção naval. Natural, plantadas de imediato, recorrendose a enormes
também, que a Marinha portuguesa fosse utilizada sementeiras. Esta ação manteve o pinhal
em caráter militar, o que ocorreu a partir do século praticamente intacto e foi bastante utilizado durante
XII. os séculos XV e XVI, no período dos descobrimentos
marítimos. Além de fornecer madeira para a
No reinado de D. Sancho II (1223‐1245) construção naval, o pinho fornecia um subproduto
podem ser assinaladas as primeiras tentativas de importantíssimo para conservação e calafeto dos
implantação de uma frota naval pertencente ao cascos das embarcações: o chamado pez, alcatrão
Estado, ordenando, inclusive, a construção de locais vegetal de grande poder de vedação. É notável que o
específicos nas praias para reparo de embarcações. Pinhal de Leiria exista até os dias de hoje, constituindo
Desenvolvimento econômico e social uma das maiores manchas naturais da região do norte
do distrito de Leiria.
Durante o reinado de D. Dinis (1279‐1325),
sexto rei de Portugal (primeiro a assinar documentos No reinado de D. Fernando I (1367‐1383),
com nome completo e, presumidamente, primeiro rei último soberano da dinastia de Borgonha, foi baixada
não analfabeto daquele país), iniciativas bastante a Lei de Sesmarias, de 28 de maio de 1375. Tendo
relevantes foram adotadas para o fomento da cultura, como medida coercitiva mais rígida a expropriação
da agricultura, do comércio e da navegação. das terras não produtivas, essa lei foi mais uma
Denominado O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei tentativa de solucionar a carência de mão‐de‐obra no
Poeta ou Rei Trovador, D. Dinis foi um monarca campo, causada pela fuga das populações para os
essencialmente administrador e não guerreiro. centros urbanos, devido à peste negra. O resultado foi
Envolvendo‐se em guerra contra Castela, em 1295, uma séria crise de abastecimento de gêneros
desistiu dela em troca das Vilas de Serpa e Moura. alimentícios no reino.
Pelo Tratado de Alcanizes (1297) formou a paz com A Lei de Sesmarias, que mais tarde seria
Castela, ocasião em que foram definidas as fronteiras aplicada no Brasil, teve pouco efeito prático. Seus
atuais entre os países ibéricos. artigos, apesar de conterem ameaças aos
Preocupado com a infra‐estrutura do país, proprietários de terras, atuaram no sentido de
ordenou a exploração de minas de cobre, estanho e fortalecê‐los, pois obrigavam os trabalhadores a
ferro, fomentou as trocas comerciais com outros permanecerem nos campos, mesmo em troca de
países, assinou o primeiro tratado comercial com a baixa remuneração.
Inglaterra, em 1308, e instituiu a Marinha Real. Ainda durante o reinado de D. Fernando I, a
Nomeou então o primeiro almirante (que se tem construção naval recebeu grande incentivo, mediante
conhecimento) da Marinha portuguesa, Nuno a isenção de impostos e a concessão de vantagens e
Fernandes Cogominho, para cuja vaga foi contratado,
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garantias aos construtores navais, tais como a Outra conseqüência importante dos fatos
autorização aos construtores de embarcações com apontados foi a renovação da aristocracia portuguesa.
mais de cem tonéis que cortassem a madeira Os setores que haviam apoiado Castela tiveram seus
necessária nas matas reais com isenção de impostos. bens confiscados pela coroa, a qual os doou em parte
Também ficou isenta de impostos, a matéria‐prima aos seus aliados. Com tal divisão na nobreza, houve
importada destinada à construção naval. Em 1380, o até mesmo casos em que pais perderam os bens para
monarca criou a Companhia das Naus, que funcionava seus próprios filhos.
como uma empresa de seguros destinada a evitar a
ruína financeira dos homens do mar. Como resultado, Além disso, o apoio dos grupos mercantis a D.
incrementaram‐se o comércio marítimo, a exportação João I fez com que as aspirações de tais grupos
de produtos da agricultura e a importação de tecidos passassem a ser valorizadas pelo poder régio. A
e manufaturas. As rendas da Alfândega de Lisboa, situação econômica do reino, ao sair vitoriosa da
considerado porto franco, aumentaram revolução, era uma das mais graves. A alta do custo
significativamente e era intensamente freqüentado de vida e a queda do valor da moeda colocaram o
por estrangeiros. tesouro português em situação bastante difícil.
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naquelas regiões através de prática de pilhagens. A Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal,
tomada de Ceuta, no norte da África (Marrocos), em onde instalaram a primeira feitoria em território
1415, seria um dos exemplos mais representativos africano e iniciaram a comercialização de
deste tipo de empreendimento e marca o início da escravos, marfim e ouro.
expansão portuguesa rumo à África e à Ásia. Entre 1445 e 1461, descobriram o Cabo Verde,
navegaram pelos Rios Senegal e Gâmbia e
Em menos de um século, Portugal dominou as
avançaram até Serra Leoa.
rotas comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia,
Entre 1470 e 1475, exploraram a costa da Serra
cuja presença foi tão marcante nesses mercados que,
Leoa até o Cabo de Santa Catarina.
nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era usada
Em 1482, atingiram São Jorge da Mina e
nos portos como língua franca – aquela que permite o
avançaram até o Rio Zaire, o trecho mais difícil da
entendimento entre marinheiros de diferentes
costa ocidental africana. O navegador Diogo Cão
nacionalidades. Na segunda vertente, o objetivo
explorou a costa da África Ocidental entre 1482 e
colocava‐se mais a longo prazo, já que se buscava
1485.
conquistar pontos estratégicos das rotas comerciais
No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o
com o Oriente, criando ali entrepostos (feitorias)
Cabo das Tormentas, no extremo Sul do
controlados pelos comerciantes lusos. Foi o caso da
continente – que passou a ser chamado de Cabo
tomada das cidades asiáticas. Tal modo de expansão
da Boa Esperança – e chegou ao Oceano Índico,
também ficou marcado pelo aspecto religioso
conquistando o trecho mais difícil do caminho das
(cruzadas), pois mantinha‐se a idéia de luta cristã
Índias.
contra os muçulmanos.
Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na
A expansão ultramarina permitiu, assim, uma costa Sudoeste da Índia, estabelecendo a rota
convergência de interesses entre os setores mercantis entre Portugal e o Oriente.
e a nobreza, tendo o Estado o papel de controle e
Durante o reinado de D. João II, iniciado em
direção de tal empreendimento. O monopólio do
1481, a expansão ultramarina atingiu o auge com os
comércio dos produtos asiáticos e o tráfico de
feitos dos navegadores Diogo Cão e Bartolomeu Dias.
escravos africanos (mão‐de‐obra para as regiões
Abriram‐se, desse modo, novas e extraordinárias
produtoras de matérias‐primas) enriqueciam não só
perspectivas para a nação portuguesa. O negócio das
os grupos mercantis, como geravam vultosas receitas
especiarias do Oriente, levadas para a Arábia e para o
para o tesouro régio, as quais a coroa, em certa
Egito pelos árabes e dali transportadas aos países
medida, repassava à nobreza através da doação de
europeus, por intermédio de Veneza – que
mercês, bens móveis e de raiz, bem como de
enriquecera com o tráfico –, vai se concentrar em
privilégios.
novas rotas, deslocando o foco do comércio mundial
Cronologicamente e resumidamente, assim se do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
deu o referido processo expansionista:
Foi justamente um genovês, Cristóvão
Entre 1421 e 1434, os lusitanos chegaram aos Colombo, quem abalou as pretensões de D. João II na
Arquipélagos da Madeira e dos Açores e sua política expansionista, ao descobrir a América em
avançaram para além do Cabo Bojador. Até esse 1492. No retorno de sua famosa viagem, Colombo
ponto, a navegação era basicamente costeira. avistou‐se com o rei de Portugal comunicando‐lhe a
Em 1436 atingiram o Rio do Ouro e iniciaram a descoberta. Anteriormente, o mesmo Colombo já
conquista da Guiné. Ali se apropriaram da Mina, havia oferecido seus serviços ao soberano português,
centro aurífero explorado pelos reinos nativos em que recusou a oferta baseado em informações dadas
associação aos comerciantes mouros, a maior pelos cosmógrafos do reino, levando o genovês a
fonte de ouro de toda a história de Portugal até dirigir‐se a Castela, onde obteve apoio financeiro para
aquela data. sua famosa viagem.
Em 1441, chegaram ao Cabo Branco.
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Abalado com as notícias trazidas por que seriam caravelas, incluída aí, uma naveta de
Colombo, D. João II cogitou em mandar uma mantimentos).
expedição em direção às terras recém descobertas,
convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco De seu comandante, Pedro Álvares Cabral,
depois, a questão foi arbitrada por três bulas do Papa sabe‐se que nasceu na Vila de Belmonte em 1467 ou
Alexandre VI, que concederam à Espanha os direitos 1468, segundo filho de Fernão Cabral, senhor de
sobre as terras achadas por seus navegadores a Belmonte, e de Dona Isabel de Gouveia. Na juventude
ocidente do meridiano traçado a cem léguas a oeste teria prestado bons serviços à coroa nas guerras da
das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde. África e por isso recebia 13.000 réis anuais. De
qualquer modo, sabe‐se da dúvida de D. Manuel na
Os portugueses discordaram da proposta e escolha do comandante da expedição, que no
novas negociações resultaram na assinatura do primeiro momento recaiu sobre Vasco da Gama.
Tratado de Tordesilhas (cidade espanhola) em 7 de
junho de 1494, que garantiu à coroa portuguesa as Cabral teria na época cerca de 30 anos e
terras que viessem a ser descobertas até 370 léguas a levava consigo marinheiros ilustres, como Bartolomeu
oeste do Arquipélago de Cabo Verde. As terras Dias e Nicolau Coelho, além de numerosa tripulação,
situadas além desse limite pertenceriam à Espanha. perto de 1.500 homens, alguns degredados e oito
frades franciscanos, os primeiros religiosos mandados
D. João II morreu em 1495 e coube ao seu por Portugal a tais lugares.
sucessor, D. Manuel, dar continuidade ao projeto
expansionista. Durante sua gestão aconteceu a Uma das recomendações feitas a Cabral era
famosa viagem de Vasco da Gama, que partiu do Rio que tivesse particular cuidado com o sistema de
Tejo em julho de 1497, dobrou o Cabo da Boa ventos nas proximidades da costa africana, fruto da
Esperança, transpôs o Rio Infante, ponto extremo da experiência de Vasco da Gama. Na manhã do dia 14
viagem de Bartolomeu Dias, reconheceu de março, a frota atingiu as Ilhas Canárias, fazendo 5.8
Moçambique, Melinde, Mombaça e, em maio de nós de velocidade média. No dia 22, avistou São
1498, após quase um ano de viagem, chegou a Nicolau, uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.
Calicute, na Índia. Na manhã seguinte, desgarrou a nau comandada por
Vasco de Ataíde, que foi procurada exaustivamente e
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal dada como perdida.
em contato direto com a região das especiarias, do
ouro e das pedras preciosas, e, como conseqüência, a Prosseguindo a navegação sempre em rumo
conquista do quase total monopólio de tais produtos sudoeste, foram avistadas ervas marinhas, indicando
na Europa, abalando seriamente o comércio das terra próxima. No dia 22 de abril, foram avistadas as
repúblicas italianas. A conquista da rota marítima para primeiras aves e ao entardecer avistaram terra. Ao
as Índias assumiu, na época, importância longe, um monte alto e redondo foi denominado
revolucionária e suas conseqüências imediatas Pascoal por ser semana da Páscoa. Na manhã
empalideceram até mesmo o maior acontecimento da seguinte, avançaram as caravelas sondando o fundo e
história moderna das navegações: o descobrimento fundeando a milha e meia da praia próxima à foz de
da América por Cristóvão Colombo. um rio mais tarde denominado Rio do Frade. Após
reunião com os comandantes, foi decidido enviar a
A descoberta do Brasil terra um batel sob o comando de Nicolau Coelho para
fazer contato com os homens da terra, quando se deu
Vasco da Gama retornou a Portugal em julho o primeiro encontro entre portugueses e indígenas.
de 1499 sob clima de grande excitação motivado pela
descoberta da nova rota para a Índia. Pouco depois, a Durante a noite soprou vento forte, seguido
9 de março de 1500, partiu em direção ao oriente de chuvarada, colocando em risco as embarcações.
uma portentosa frota de 13 navios (dez Consultados os pilotos, decidiu Cabral sair em busca
provavelmente eram naus e “três navios menores”, de local mais abrigado, chegando em Porto Seguro,
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hoje Baía Cabrália. Alguns tripulantes desceram a expedição partiu de Lisboa em 13 de maio de 1501 em
terra, não conseguindo se fazer entender nem ser direção às Canárias, de onde rumou para Cabo Verde.
entendidos pelos habitantes que falavam uma língua Nessa ilha se encontrou com navios da Esquadra de
desconhecida. Cabral que regressavam da Índia. Em meados do mês
de junho, partiu para sua travessia oceânica,
No domingo de Páscoa, rezou‐se a missa e foi chegando à costa brasileira na altura do Rio Grande
decidido mandar ao reino, pela naveta de do Norte.
mantimentos, a notícia do acontecimento. Nos dias
posteriores, os marinheiros ocuparam‐se em cortar Na Praia dos Marcos (RN), deu‐se o primeiro
lenha, lavar roupa e preparar aguada, além de trocar desembarque, tendo sido fincado um marco de pedra,
presentes com os habitantes do lugar. Em 1° de maio, sinal da posse da terra. A partir de então, Gonçalo
Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida Coelho deu partida a sua missão exploradora
uma cruz, próximo ao que hoje conhecemos como Rio navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou
Mutari. Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro e denominou pontos litorâneos, conforme calendário
em lugar visível, foi erguido um altar, onde Frei religioso da época. O périplo costeiro da expedição
Henrique de Coimbra celebrou a segunda missa. teve como limite sul a região de Cananéia, localizada
no atual litoral Sul do Estado de São Paulo.
No dia 2 de maio, a frota de 11 navios
levantou âncoras rumo a Calicute, deixando na praia A expedição de 1502/1503
dois degredados, além de outros tantos grumetes, se
não mais, que desertaram de bordo. Antes de Essa segunda expedição foi resultado do
atingirem o Cabo da Boa Esperança, quatro navios arrendamento da Terra de Santa Cruz (nome inicial
naufragaram e desgarrou‐se a nau comandada por das nossas terras) a um consórcio formado por
Diogo Dias, que percorreu todo o litoral africano, cristãos‐novos, encabeçado por Fernando de
reencontrando a frota na altura de Cabo Verde, Noronha, e que tinha a obrigação, conforme contrato,
quando esta retornava a Portugal. de mandar todos os anos seis navios às novas terras
com a missão de descobrir, a cada ano, 300 léguas a
Com seis navios, Cabral alcançou à Índia, em vante e construir uma fortaleza.
setembro de 1500. Em Calicute, as negociações foram
difíceis, surgindo desentendimentos com os indianos, Segundo o Almirante Max Justo Guedes, essa
quando portugueses foram mortos em terra (inclusive viagem foi realizada entre o segundo semestre de
o escrivão da Armada, Pero Vaz de Caminha) e o porto 1502 e o primeiro semestre de 1503. A rota traçada
bombardeado. Em seguida, a Armada ancorou em pela expedição possivelmente seguiu o percurso
Cochim e Cananor, onde foi bem recebida, normal até Cabo Verde, cruzou o Atlântico, passando
abastecendo‐se de especiarias antes da viagem de pelo Arquipélago de Fernando de Noronha,
retorno, iniciada no dia 16 de janeiro de 1501. No concluindo sua navegação nas imediações de Porto
trajeto de volta, um navio perdeu‐se no regresso e, Seguro.
dos que sobraram da esquadra, cinco retornaram ao A expedição de 1503/1504
reino. Em 23 de junho, a Armada adentrou o Rio Tejo
concluindo sua jornada. Segundo as informações do cronista Damião
de Góis, essa expedição partiu de Portugal em 10 de
O reconhecimento da costa brasileira junho de 1503, era composta por seis naus, e
A expedição de 1501/1502 novamente foi comandada por Gonçalo Coelho. Ao
chegarem em Fernando de Noronha, naufragou a
Preocupado em realizar o reconhecimento da capitânia. Neste local deu‐se a separação da frota.
nova terra, D. Manuel enviou, antes mesmo do Após aguardar por oito dias o aparecimento do
retorno de Cabral, uma expedição composta por três restante da frota, dois navios (num dos quais se
caravelas comandadas por Gonçalo Coelho, tendo a encontrava embarcado Américo Vespúcio) rumaram
companhia do florentino Américo Vespúcio. A para a Baía de Todos os Santos, pois assim
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determinava o regimento real para qualquer navio Em 1530, Portugal resolveu enviar ao Brasil
que se perdesse da companhia do capitão‐mor. uma expedição comandada por Martim Afonso de
Sousa visando à ocupação da nova terra. A Armada
Havendo aguardado por dois meses e quatro partiu de Lisboa a 3 de dezembro e era composta por
dias alguma notícia de Gonçalo Coelho, decidiram duas naus, um galeão e duas caravelas que, juntas,
percorrer o litoral em direção ao sul, onde se conduziam 400 pessoas. Tinha a missão de combater
detiveram durante cinco meses em um ponto cujas os franceses, que continuavam a freqüentar o litoral e
coordenadas indicam ter sido no litoral do Rio de contrabandear o pau‐brasil; descobrir terras e
Janeiro, onde ergueram uma fortificação e deixaram explorar rios; e estabelecer núcleos de povoação.
24 homens. Logo depois retornaram a Portugal
aportando em 18 de junho de 1504. Gonçalo Coelho Em 1532, fundou no atual litoral de São Paulo
com o restante da frota regressou a Portugal, ainda a Vila de São Vicente e logo a seguir – no limite do
em 1503. planalto que os índios chamavam de Piratininga – a
Vila de Santo André da Borba do Campo. Da Ilha da
As expedições guarda‐costas Madeira, Martim Afonso trouxe as primeiras mudas
A costa do pau‐brasil prolongava‐se desde o de cana que plantou no Brasil, construindo na Vila de
Rio de Janeiro até Pernambuco, onde foram sendo São Vicente o primeiro engenho de cana‐de‐açúcar.
estabelecidas feitorias, nas quais navios portugueses Ainda se encontrava no Brasil quando, em
realizavam regularmente o carregamento desse tipo 1532, Dom João III decidiu impulsionar a colonização,
de madeira para o reino. Esse negócio rendoso utilizando a tradicional distribuição de terras. O
começou a atrair a atenção de outros países europeus regime de capitanias hereditárias consistiu em dividir
que nunca aceitaram a partilha do mundo entre o Brasil em imensos tratos de terra que foram
Portugal e Espanha, dentre eles a França. distribuídos a fidalgos da pequena nobreza, abrindo à
Os franceses começaram a freqüentar nosso iniciativa privada a colonização.
litoral comercializando o pau‐brasil clandestinamente Martim Afonso de Sousa retornou a Portugal
com os índios. Portugal procurou, a princípio, usar de em 13 de março de 1533, após ter cumprido de
mecanismos diplomáticos, encaminhando várias maneira satisfatória sua missão de fincar as bases do
reclamações ao governo francês na esperança de que processo de ocupação das terras brasileiras.
o mesmo coibisse esse comércio clandestino.
C R O N O L O G I A
Notando que ainda era grande a presença de DATA EVENTO
contrabandistas franceses no Brasil, D. Manuel Conquista da cidade de Ceuta pelos
1415
resolveu enviar o fidalgo português Cristóvão Jaques, portugueses.
com a missão de realizar o patrulhamento da costa Os lusitanos chegam aos Arquipélagos da
brasileira. 1421 e Madeira e dos Açores e avançam para
1434 além do Cabo Bojador. Até esse ponto, a
Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de navegação era basicamente costeira.
nossa costa entre os períodos de 1516 a 1519, 1521 a Os lusitanos atingem o Rio do Ouro e
1522 e de 1527 a 1528, onde combatendo e iniciam a conquista da Guiné. Ali se
apropriam da Mina, centro aurífero
reprimindo as atividades do comércio clandestino.
1436 explorado pelos reinos nativos em
Em 1528, foi dispensado do cargo de capitão‐ associação aos comerciantes mouros, a
maior fonte de ouro de toda a história de
mor da Armada Guarda‐Costa, regressando para
Portugal.
Portugal. 1441 Chegam ao Cabo Branco.
Atingem a Ilha de Arguim, onde instalam a
primeira feitoria em território africano, e
1444
iniciam a comercialização de escravos,
A expedição colonizadora de Martim Afonso de
marfim e ouro.
Sousa
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Descobrem o Cabo Verde, navegam pelos
1445 e
Rios Senegal e Gâmbia e avançam até
1461
Serra Leoa
1470 a Exploração da costa da Serra Leoa até o
1475 Cabo de Santa Catarina.
1482 e O navegador Diogo Cão explorou a costa
1485 da África.
Bartolomeu Dias atingiu o Cabo das
Tormentas, no extremo sul do continente
– que passou a ser chamado de Cabo da
1487
Boa Esperança – e chegou ao Oceano
Índico, conquistando o trecho mais difícil
do caminho da Índia.
1492 Cristóvão Colombo chegou à América.
1494 Assinatura do Tratado de Tordesilhas.
Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa
1498
sudoeste da Índia.
Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares
1500
Cabral.
Fernão de Magalhães chegou às Filipinas
1519 passando pelo extremo sul do continente
americano.
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EXERCÍCIO: colônias na África e estabelecer comércio com os
holandeses por meio de trocas (escambo).
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Leia o texto a seguir. (D) Fundar uma povoação naquela região e derrotar
“As armas e os barões assinalados definitivamente os franceses.
Que da Ocidental praia Lusitana, (E) Obter riquezas acumuladas através da prática de
Por mares nunca dantes navegados pilhagem e criar entrepostos (feitorias) controlados
Passaram ainda além da Taprobana, pelos comerciantes lusos.
Em perigos e guerras esforçados Resposta: (E)
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram;
Novo Reino, que tanto sublimaram (...)”
(Trecho de ‘Os Lusíadas’ de Luís de Camões, 1572)
(A) A centralização política de Portugal e a aliança
entre a nobreza e os setores mercantis.
(B) A vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos Cem
Anos e a posição geográfica favorável.
(C) A absorção de tecnologias náuticas dos ingleses e
o isolamento da nobreza.
(D) A dependência portuguesa ao Reino de Castela e o
emprego de navegadores holandeses.
(E) A aliança com os comerciantes genoveses e o
monopólio português do comércio no Mar
Mediterrâneo.
Resposta: (A)
Assinale a opção que apresenta os objetivos da coroa
portuguesa na primeira e segunda vertentes,
respectivamente.
(A) Estabelecer bases para suas futuras ações militares
e extrair rendas obtidas com a agricultura.
(B) Explorar a cultura do açúcar naquela região e
permitir projetar poder militar a longas distâncias.
(B) Combater os franceses que invadiram suas
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3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil invasor é logo expulso por uma Esquadra luso‐
espanhola.
Diversos intrusos desafiaram os interesses
ultramarinos de Portugal durante os séculos XVI e Os holandeses, em seguida, ocuparam
XVII. Os franceses foram os primeiros e, desde o início Pernambuco, realizando conquistas ao sul, em
do século XVI, navios de armadores franceses Alagoas e Sergipe, bem como ao norte, na Paraíba, Rio
freqüentavam a costa brasileira, comerciando com os Grande do Norte e mais áreas, permanecendo no
nativos os produtos da terra: pau‐brasil; pele de Nordeste por 24 anos.
animais selvagens; papagaios e macacos; resinas
vegetais e outros. Portugal reagiu, como vimos no Ocorreram, nesse período, muitos combates
capítulo anterior, enviando expedições guarda‐costas no mar, como a “Batalha Naval de 1640”, que
e iniciando a colonização do Brasil. envolveu cerca de cem navios, entre holandeses e
luso‐espanhóis, em embates que duraram cinco dias
No início da colonização portuguesa no Brasil, na costa do Nordeste.
os franceses estabeleceram duas colônias: em 1555,
no Rio de Janeiro, e em 1612, no Maranhão. Portugal Nessa luta para expulsar os holandeses, o
reagiu às duas invasões, projetando seu Poder Naval, esforço em terra foi fundamental. O Poder Naval
com bom êxito, para expulsar os invasores. português foi capaz de manter Salvador como base de
operações e somente com a presença de uma força
Na foz do Amazonas, ingleses, holandeses e naval em Pernambuco é que foi possível obter a
irlandeses estabeleceram feitorias privadas; sendo rendição definitiva dos invasores.
preciso o emprego da força para expulsá‐los.
No século XVIII, com o envolvimento de
O comércio holandês com o Brasil data da Portugal na Guerra de Sucessão de Espanha, na
primeira metade do século XVI. Em 1580, ocorreu a Europa, o Rio de Janeiro foi atacado por dois corsários
união das coroas de Portugal e Espanha e o rei da franceses. Com a descoberta do ouro das Minas
Espanha, Felipe II, passou a ser, também, o rei de Gerais, no final do século XVII, o Rio de Janeiro vinha
Portugal. Os holandeses iniciaram sua guerra de se tornando uma cidade próspera durante o início do
independência contra a Espanha no final do século século XVIII. Mais tarde, devido às riquezas das minas,
XVI, mesmo assim continuaram a comercializar, com o tornouse a capital da colônia.
auxílio de mercadores portugueses, produtos
brasileiros, como o açúcar, algodão e pau‐brasil. Pretensões expansionistas também podem ser
visualizadas no interesse que Portugal tinha nas
A Holanda era um país de bons comerciantes riquezas espanholas do oeste sul‐americano na região
e hábeis marinheiros. Os holandeses possuíam uma do Rio da Prata – acesso às minas de prata de Potosi,
fortíssima consciência marítima e utilizavam seu na Bolívia. A ocupação espanhola na região foi,
Poder Marítimo com muita habilidade. Eles não portanto, fundamental para deter os interesses
pretendiam ficar sem o rico mercado do açúcar portugueses. Mesmo assim, era por ela que a prata
brasileiro, devido ao conflito com a Espanha e boliviana era contrabandeada para o Brasil.
conseqüentemente Portugal. Em 1621, eles criaram a
West‐Indische Compagnie, a Companhia das Índias Buscando expandir seus domínios em direção
Ocidentais. Logo, Salvador, capital da colônia do ao Sul do continente, Portugal rompeu o Tratado de
Brasil, seria alvo de uma invasão desta companhia. Tordesilhas, assinado com os espanhóis em 1494,
quando, em janeiro de 1680, o governador do Rio de
O objetivo maior da Companhia das Índias Janeiro, D. Manuel Lobo, fundou, na margem
Ocidentais era manter o relacionamento comercial esquerda do Rio da Prata, a Colônia do Santíssimo
com o Brasil e, se possível, a conquista do Nordeste. A Sacramento. Este fato desencadeou uma série de
tentativa não tarda, e, em 1624, é feito o ataque a desentendimentos, lutas e tratados de limites, em que
Salvador (BA), ocupada por breve período, pois o o emprego do Poder Naval português foi muito
importante, como veremos neste capítulo.
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O interesse no estudo desse período é precisaria de profissionais (exemplo: sapateiros,
mostrar que foi nele que definiram as fronteiras Sul alfaiates, barbeiros, carpinteiros, oleiros, pedreiros,
do território brasileiro, que mudavam conforme o médicos, soldados entre outros) necessários à
poderio militar e os tratados firmados entre sobrevivência na colônia.
portugueses e espanhóis.
As pessoas que vieram com Villegagnon
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão formavam um grupo heterogêneo: católicos e
protestantes (em uma época de sérios conflitos
Essas duas invasões não foram iniciativas do religiosos), soldados escoceses e ex‐presidiários
governo da França, cuja estratégia estava voltada para (caracterizando extremos de aceitação de disciplina).
seus interesses na própria Europa, mas sim iniciativas A pior falha, no entanto, foi a presença de poucas
privadas. Em ambas, faltou o apoio do Estado francês, mulheres européias no grupo, o que fez com que
no momento em que, atacadas pelos portugueses, muitos colonos procurassem as índias para se
necessitaram de socorro. Por outro lado, a relacionarem. Esta atitude era difícil para Villegagnon
colonização do Brasil foi interesse de Portugal, que entender, por sua formação religiosa de Cavaleiro de
pretendia proteger a rota de seu comércio com a Malta , com voto de castidade, não admitindo sexo
Índia. Todos os recursos do Estado português estavam fora do casamento.
disponíveis para expulsar os invasores e proteger os
núcleos de colonização portuguesa. Houve um excesso de conflitos,
principalmente após a chegada de um grupo de
Rio de Janeiro protestantes calvinistas, com o propósito de estudar a
Em 1553, Nicolau Durand de Villegagnon foi possibilidade de fazer da França Antártica uma colônia
nomeado vice‐almirante da Bretanha , e desenvolveu protestante.
um plano para fundar uma colônia na Baía de Os franceses contavam com a amizade dos
Guanabara (RJ), onde habitavam nativos da tribo tupinambás. Eles comerciavam com os franceses por
Tupinambá, aliados dos franceses. O Rei da França, meio de trocas (escambo) – recebiam machados,
Henrique II, aprovou esse plano de iniciativa privada, facas, tesouras, espelhos, tecidos coloridos, anzóis e
prometeu apoio e forneceu financiamento e dois outros objetos. Em troca, forneciam o pau‐brasil, que
navios para a viagem. cortavam na floresta e traziam para a colônia, além de
Villegagnon chegou à Baía de Guanabara em outros produtos da terra e alimentos. Os tupinambás
1555, instalou o núcleo da colônia – que chamou de construíram grandes canoas de um só tronco (igara)
França Antártica – na ilha que atualmente tem seu ou da casca de uma árvore (ubá). Eles lutaram
nome e construiu uma fortificação, dando‐lhe o nome bravamente ao lado dos franceses, pois detestavam
de Forte de Coligny, em homenagem ao almirante os portugueses que eram amigos de seus inimigos.
francês que lhe apoiara. A ilha era pequena e não A reação portuguesa ocorreu quando o
tinha água, mas era uma excelente posição de defesa. Governador Mem de Sá, em 1560, atacou o Forte de
Em terra firme, perto do atual Morro da Glória, Coligny com uma força naval (soldados e índios) que
instalou uma olaria para fabricar tijolos e telhas, fez trouxera da Bahia, arrasando‐o. Depois partiu para
plantações e deu início a uma povoação, que chamou São Vicente sem deixar uma guarnição na Guanabara.
de Henryville, homenageando o Rei da França Os franceses fugiram para o continente, abrigando‐se
Henrique II. A povoação em terra firme, não teve bom junto a seus aliados tupinambás e, logo depois que os
êxito e o progresso da colônia, como um todo, deixou portugueses se foram, restabeleceram suas
a desejar. fortificações.
Villegagnon, que anteriormente já mostrara Mem de Sá concluiu que era necessário
sua bravura e competência como militar em diversas ocupar definitivamente o Rio de Janeiro para garantir
ocasiões, encontrou muitas dificuldades para recrutar a expulsão dos invasores. Dessa vez enviou, em 1563,
pessoas para a colônia. Um núcleo de colonização
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seu sobrinho Estácio de Sá à testa da nova força naval, colaborasse significativamente com recursos para o
com ordens para fundar uma povoação na Baía de reforço da colônia.
Guanabara e derrotar definitivamente os franceses.
Em 1614, uma força naval comandada por
Estácio de Sá obteve a ajuda de uma tribo tupi Jerônimo de Albuquerque, nascido no Brasil, chegou
inimiga dos tupinambás, os maracajás ou temiminós, ao Maranhão para combater os franceses. Este
liderados por Araribóia. Participaram, também, como grupamento pode ser considerado a primeira força
aliados dos portugueses, índios da tribo tupiniquim de naval comandada por um brasileiro.
Piratininga, trazidos de São Vicente (SP).
Chegando ao Maranhão, os portugueses
Estácio de Sá fundou a cidade de São iniciaram a construção de um forte, que chamaram
Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, entre o Morro Santa Maria. Logo os franceses se apoderaram de três
Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Era um local apertado, dos navios que estavam fundeados. Animados com o
protegido pelos morros e de fácil defesa, de onde se bom êxito alcançado, resolveram, uma semana
controlava a entrada da barra da Baía de Guanabara. depois, atacar o forte português. Planejaram um
Logo, começaram a combater os franceses e os ataque simultâneo de tropas que desembarcariam e
tupinambás. Houve grandes combates, inclusive um de tropas que atacariam o forte pela retaguarda,
de canoas nas águas da baía e um ataque ao atual vindas de terra. Os portugueses, no entanto, foram
Morro da Glória, onde Estácio de Sá foi ferido por uma mais ágeis e contra‐atacaram separadamente, com
flecha, no rosto, vindo a falecer em conseqüência vigor, as duas forças francesas, vencendo‐as.
deste ferimento.
Os franceses, resolveram propor um
Derrotados na Guanabara, os franceses e seus armistício, para conseguir reforços na França ou obter
aliados tentaram, ainda, estabelecer uma resistência uma solução diplomática. Os portugueses aceitaram.
em Cabo Frio, mas acabaram vencidos. Os franceses
que se renderam foram enviados de navio para a A trégua foi favorável aos portugueses, que
França. obtiveram reforços no Brasil. La Ravardière não
conseguiu novamente o apoio de seu governo e o
Maranhão tratado de paz em vigor, naquele momento, previa
que em casos como esse os riscos e perigos cabiam
Os franceses continuaram com o tráfico aos particulares, sem que a paz entre os Estados fosse
marítimo na costa brasileira. Seu eixo de atuação, perturbada. Além do mais, o rei de Portugal não
porém, deslocou‐se para o norte, ainda sem ratificou a trégua e ordenou que se expulsassem os
povoações portuguesas. Após diversas ações, franceses do Maranhão. Providenciou reforços e
estabeleceram‐se, em pequeno número, em diversos mandou o governador de Pernambuco organizar uma
pontos do litoral. Desde o final do século XVI, o nova expedição. O comando coube a Alexandre de
Maranhão passou a ser um local regularmente Moura, que partiu em uma força naval.
freqüentado por navios franceses. Na atual Ilha de São
Luís havia uma pequena povoação de franceses, em Os franceses foram cercados no Maranhão,
boa convivência com os índios, também tupinambás, por mar e por terra, e, sem esperança de reforços,
que habitavam o local. para evitar que os portugueses os tratassem como
piratas, renderam‐se em 1615.
Em 1612, partiu da França a expedição
chefiada pelos sócios, Daniel de la Touche de la Invasores na foz do Amazonas
Ravardière e Nicolau de Harlay de Sancy, com poderes
de tenentes‐generais do rei da França. Quando Após a ocupação do Maranhão, os
chegaram, construíram o Forte de São Luís. portugueses resolveram dirigir sua atenção para os
invasores da foz do Amazonas, enviando uma
Na França, o bom relacionamento do expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da
momento com a Espanha fez com que o governo não cidade de Belém, para servir de base para suas ações
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militares. De lá, eles passaram a atacar os A preparação de forças navais que
estabelecimentos dos ingleses, holandeses e projetassem poder militar a tão longa distância exigia
irlandeses, enforcando os que resistiam e um enorme esforço. Era necessário um planejamento
escravizando as tribos de índios que os apoiavam. Esta cuidadoso dos recursos financeiros, materiais e
violência e a criação de uma flotilha de embarcações humanos. A força deveria ser composta por variados
(que agia permanentemente na região apoiando as navios: os de guerra, como os galeões e as fragatas; as
ações militares e patrulhando os rios) garantiram o naus e as urcas, que serviam tanto como embarcações
bom êxito e asseguraram a posse da Amazônia mercantes quanto navios militares; e as caravelas, que
Oriental para Portugal. serviam ao transporte. Havia, também, diversos
outros navios menores, como patachos, iates velozes
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco e embarcações que complementavam a capacidade
Holandeses na Bahia das forças navais. Considerando as populações da
época – Holanda teria cerca de 1,5 milhão de
A invasão holandesa de Salvador (BA) foi habitantes e Portugal menos que isto – não era fácil
planejada pela Companhia das Índias Ocidentais com conservar em segredo a preparação de uma força
o propósito de lucro, a ser obtido com a exploração da naval. Espiões mantinham as cortes européias
cultura do açúcar. Levantado o capital para o informadas e seus informes eram avaliados e
empreendimento, os holandeses reuniram uma força utilizados para preparar contra‐ofensivas. Ocorreram
naval de 26 navios, com 509 canhões e tripulados por verdadeiras corridas de forças navais para alcançar a
1.600 marinheiros e 1.700 soldados. O comando costa brasileira. Chegar primeiro podia ser uma
coube ao Almirante Jacob Willekens. decisiva vantagem.
Os navios partiram de diversos portos da Os luso‐espanhóis conseguiram ficar prontos
Holanda e reuniram‐se em uma das ilhas do antes dos holandeses e, em 22 de novembro, partia
Arquipélago de Cabo Verde. Em 8 de maio de 1624, de Lisboa uma armada composta por 25 galeões, dez
chegaram à Baía de Todos os Santos; no dia seguinte, naus, dez urcas, seis caravelas, dois patachos e quatro
iniciaram o ataque a Salvador. navios menores, tendo a bordo 12.500 marinheiros e
soldados. Como comandante‐geral, vinha D. Fadrique
Os holandeses atacaram os fortes que
de Toledo Osório, Marquês de Villanueva de Valdueza.
defendiam a cidade. Os navios que transportavam
tropas se dirigiram para o Porto da Barra, onde A armada luso‐espanhola chegou a Salvador
desembarcaram. A cidade foi saqueada. Somente em 29 de março de 1625. Era a maior força naval que
alguns dias depois organizou‐se reação contra os até aquela data atravessara o Atlântico. Cerca de 20
invasores. navios holandeses se abrigavam sob a proteção dos
fortes e a cidade de Salvador era defendida por tropas
Estabelecidos em Salvador, os holandeses
holandesas. Iniciou‐se o ataque luso‐espanhol e, a 1º
foram, aos poucos, diminuindo os efetivos de sua
de maio, os holandeses renderam‐se. Dias depois de
força naval, com o retorno de diversos navios para a
se entregarem, apareceu na barra o socorro holandês,
Holanda.
de 34 naus. Percebendo a retomada da cidade, não se
Em Lisboa e Madri, a notícia sobre a tomada animaram a tentar a luta.
da cidade de Salvador chegou cerca de dois meses e
A ocupação do Nordeste brasileiro
meio depois da invasão. De maneira imediata, o
governo luso‐espanhol começou a preparar uma força Em 1629, a Companhia das Índias Ocidentais
naval capaz de recuperar a cidade antes que os resolveu dirigir seus esforços para Pernambuco em
holandeses se consolidassem na região. Na Holanda, vez de tentar reconquistar a Bahia.
sabendo‐se dos preparativos espanhóis, acelerou‐se a
prontificação dos reforços que deveriam garantir a Conduzia a nova expedição uma armada de 56
ocupação da Bahia. navios, fortemente artilhados, trazendo 3500
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tripulantes e 3000 soldados. Comandava a força naval holandesas; e alcançar o Caribe para comboiar a Frota
holandesa o General‐doMar Wendrich Corneliszoon da Prata para a Espanha.
Lonck. Olinda e Recife (PE) foram conquistadas em
1630. Depois de escalar em Salvador, a força naval
luso‐espanhola partiu para cumprir sua missão.
Soube‐se dos preparativos com antecedência Devido ao vento contrário, navegou para sueste para
em Madri e Lisboa. O General Matias de Albuquerque, depois rumar para Pernambuco. Foram interceptados
que então estava na Europa, regressou ao Brasil para pela força naval holandesa na altura do Arquipélago
organizar a reação, mas pouco pôde ser feito de dos Abrolhos.
efetivo, restando, para os defensores, iniciar a defesa
em terra depois da ocupação. Oquendo formou seus galeões em coluna e
deu ordem aos navios do comboio para se
As providências luso‐espanholas para posicionarem fora do combate. Os holandeses tinham
recuperar Pernambuco, durante o período de união planejado abordar cada um dos maiores galeões luso‐
das duas coroas, encontraram dificuldades crescentes espanhóis com dois navios. Seguiu‐se um terrível
de recursos e não lograram a mobilização das forças combate, com tentativas e sucessos de abordagens e
necessárias. O tesouro espanhol, cada vez mais bordadas bem próximas de artilharia. Como resultado,
debilitado, não foi capaz de arcar com um os holandeses perderam dois navios, inclusive o
empreendimento semelhante ao da armada que capitânia, que incendiou e explodiu, e um outro ficou
libertara a Bahia em 1625. Cabe observar que era seriamente avariado. Os luso‐espanhóis tiveram dois
necessário proteger com escoltas as frotas que navios afundados, um navio foi apresado pelos
levavam a produção de açúcar para Portugal e as que holandeses e outro regressou a Salvador devido às
levavam a produção mineral das colônias espanholas grandes avarias sofridas. Nesse combate, morreram
para a Espanha. Entre 1631 e 1640, dentro do período ou desapareceram cerca de 700 homens,
da união com a Espanha, foram enviadas três aproximadamente 280 ficaram feridos e 240 foram
esquadras luso‐espanholas ao Brasil. aprisionados.
Os holandeses também enviaram forças Na Batalha Naval de 1640, 66 navios e
navais, com reforços de tropas, para proteger suas embarcações luso‐espanhóis, transportando tropas da
conquistas no Brasil. Ocorreram, conseqüentemente, força naval comandada pelo Conde da Torre,
encontros que resultaram em diversos combates combateram navios holandeses (inicialmente 30,
navais. Destacam‐se, entre eles, o Combate Naval dos depois 35) comandados por Willem Loos.
Abrolhos, em 3 de setembro de 1631, e os ocorridos
intermitentemente durante cinco dias, de 12 a 16 de O Conde da Torre saiu de Salvador com o
janeiro, na Batalha Naval de 1640. propósito de desembarcar tropas em Pernambuco. Os
holandeses pretendiam evitar que ocorresse esse
No Combate Naval dos Abrolhos, os luso‐ desembarque. As forças navais se encontraram no dia
espanhóis, comandados por D. Antônio de Oquendo 12 de janeiro e travaram combates durante cinco dias,
de Zandátegui, tinham 17 galeões, 23 navios tendo se combatido, de fato, em quatro deles. A
mercantes carregados com açúcar, 12 caravelas com iniciativa coube aos holandeses que visavam a atingir,
tropas e três patachos. Os holandeses, comandados com seus tiros, os cascos dos galeões luso‐espanhóis,
por Adriaen Janszoon Pater, lutaram com 18 navios. que se defendiam atirando nos mastros e velas,
procurando imobilizar os inimigos. Os holandeses
A missão de Oquendo era desembarcar as evitaram as abordagens.
tropas que trazia de Pernambuco e da Paraíba;
comboiar os navios mercantes que levariam ao reino a Durante o combate, o Almirante Willem Loos,
produção de açúcar e outros produtos do Brasil, até comandante holandês, teve a cabeça mutilada por um
que estivessem livres de ataques das forças tiro de canhão, logo após o início da batalha. Coube
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ao seu imediato assumir a frente na liderança da desempenhou papel de destaque no apoio a essa
frota. causa, podendo‐se identificá‐lo como seu
organizador‐chefe. Iniciou‐se, assim, em Pernambuco,
No intervalo dos combates, os holandeses a campanha da insurreição contra os holandeses.
foram abastecidos com pólvora e munições por
embarcações vindas de terra. Também receberam Em 1644, Teles da Silva resolveu reunir uma
reforços de mais cinco navios. força naval para auxiliar os revoltosos, com base no
que havia disponível. Os três navios mais fortes eram
Para os luso‐espanhóis, a Batalha de 1640 foi naus, armadas com 16 canhões cada. Tripulações
uma derrota estratégica. Após cinco dias, as tropas despreparadas faziam com que essa força
não haviam desembarcado em Pernambuco. Os improvisada não fizesse frente aos profissionais
combates levaram a força naval do Conde da Torre holandeses e mercenários. O comando foi dado ao
para o norte, ao longo do litoral do Nordeste. Com Coronel Jerônimo Serrão de Paiva.
resultado insatisfatório, já que a força holandesa
muito pouco fora desfalcada, o Conde da Torre Haviam chegado ao Brasil, em fevereiro de
decidiu pelo desembarque das tropas no atual Estado 1645, dois galeões portugueses, o São Pantaleão, de
do Rio Grande do Norte e regressar a Salvador com 36 canhões, e o São Pedro de Hamburgo, de 26 ou 30
sua força naval. canhões. Eram parte da escolta da primeira frota
comboiada que, após carregar no Rio de Janeiro,
Os holandeses, por sua vez, conseguiram regressou a Salvador, com o propósito de, em
manter o domínio do mar e se aproveitaram dele para seguida, partir para Portugal. O almirante dessa frota
bloquear os portos principais e atacar o litoral do era Salvador Correia de Sá e Benevides, filho de um
Nordeste do Brasil, expandindo sua conquista. fluminense e uma espanhola, que tinha propriedades
A insurreição em Pernambuco no Rio de Janeiro.
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que não havia condições favoráveis para atacar ou Em fevereiro de 1647, os holandeses
manter um bloqueio de Recife. atacaram e ocuparam a Ilha de Itaparica, com uma
força naval comandada pelo Almirante Banckert. O
No dia 13, o mau tempo obrigou os navios a propósito era ameaçar Salvador.
buscarem o alto‐mar. Durante todo o dia 12, no
entanto, tinham sido admirados pelo povo O ataque a Itaparica incentivou D. João IV a
pernambucano e o que, depois, ficou conhecido como iniciar a preparação de uma força naval para enviar ao
a Jornada do Galeão, acabou sendo, somente, um ato Brasil. As dificuldades financeiras e materiais eram
de emprego político do Poder Naval pelos muito grandes para o empobrecido Portugal. Foi
portugueses, influenciando as mentes e as atitudes, necessário conseguir empréstimos de particulares, a
sem uso de força. serem amortizados com o imposto sobre o açúcar do
Brasil.
No dia seguinte chegou a carta‐resposta
holandesa. Estranhava o auxílio oferecido e pedia que D. João IV designou Antônio Teles de Menezes
se retirassem de Recife. Durante o mau tempo, Serrão comandante da “Armada de Socorro do Brasil”,
de Paiva separou‐se de Salvador de Sá e, depois de fazendo‐o Conde de Vila Pouca de Aguiar e
alguma insistência em permanecer em alto‐mar no nomeando‐o governador e capitão‐general do Estado
litoral de Pernambuco, resolveu se abrigar na Baía de do Brasil, em substituição a Teles da Silva. Compunha‐
Tamandaré. Salvador de Sá seguiu para Lisboa com o se essa esquadra de 20 navios: 11 galeões, uma urca,
comboio. duas naus, duas fragatas e quatro navios menores.
Partiu de Lisboa em 18 de outubro de 1647, chegando
Em 9 de setembro de 1645, o Almirante a Salvador em 24 de dezembro.
holandês Lichthardt resolveu atacar Serrão de Paiva.
Os portugueses contavam com sete naus, três Enquanto isso, em 7 de novembro, saiu de
caravelas e quatro embarcações, com uma tripulação Lisboa, com destino ao Rio de Janeiro, uma força
de mil homens aproximadamente, e estavam naval comandada por Salvador de Sá, com o propósito
fundeados. Lichthardt investiu a barra com oito navios de libertar Angola, na África.
holandeses e foi abordar os navios portugueses
dentro da baía. A missão da esquadra do Conde de Vila Pouca
de Aguiar não era expulsar os holandeses de
A resistência se limitou ao bravo Serrão de Pernambuco ou atacar Recife, mas proteger Salvador
Paiva e a poucos homens de seu navio. A maioria dos e expulsar os invasores da Ilha de Itaparica. A perda
marinheiros e soldados se lançou ao mar, nadando de Salvador seria, sem dúvida, desastrosa para
para a praia. Seguiu‐se uma verdadeira carnificina de Portugal e para a causa dos revoltosos.
fugitivos e uma derrota fragorosa, com muitos
mortos, prisioneiros, inclusive o Serrão de Paiva Na Holanda, sabendo‐se da Armada
ferido, e navios queimados ou apresados e levados portuguesa de socorro ao Brasil, organizou‐se uma
para Recife. Os documentos e a correspondência força naval sob o comando do ViceAlmirante Witte
sigilosa, comprometedores quanto ao envolvimento Corneliszoon de With. Os navios saíram aos poucos
das autoridades portuguesas na revolta, caíram nas dos portos e somente em março de 1648 alcançaram
mãos dos holandeses. Recife. Encontraram uma situação desfavorável: as
forças holandesas tinham se retirado de Itaparica e
Com o domínio do mar novamente restava em poder da Companhia, além de Recife, a
assegurado, os holandeses puderam movimentar suas Ilha de Itamaracá e os Fortes do Rio Grande do Norte
tropas de reforço, sem risco de oposição no mar. e da Paraíba.
Assim, puderam organizar ataques para diminuir a
pressão que os insurretos já exerciam sobre seus Ao chegar a Recife, o Almirante Witte de With
principais pontos estratégicos. encontrou indefinições sobre que ação tomar no mar.
A decisão da Companhia era lançar suas forças de
terra, reforçadas pelas tropas trazidas por De With,
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para vencer os rebeldes luso‐brasileiros, aliviando a A derrota dos holandeses em Recife
pressão que já exerciam sobre Recife.
Apesar de ainda manterem o domínio do mar,
Em 19 de abril de 1648, travou‐se a Primeira o ânimo dos tripulantes estava diminuindo,
Batalha dos Guararapes e os holandeses, mais ocasionando motins, destituição de comandantes e o
numerosos e com fama de estarem entre os melhores regresso de navios amotinados para a Holanda.
soldados da Europa de então, foram derrotados no
campo de batalha. Queixava‐se De With, em cartas ao governo
holandês, da dificuldade de se realizar as
Restava para a Companhia agir no mar, manutenções necessárias em seus navios, das
bloqueando os portos brasileiros, tentando capturar a condições precárias de vida de seus marinheiros e da
Frota do Açúcar e atacando pontos do litoral. O necessidade de reforços, para que não se perdesse o
bloqueio, apesar de exigir dos marinheiros longas Brasil. No final de 1649, o próprio De With passou a
estadias no mar, com conseqüentes problemas solicitar seu regresso para a Holanda e, logo depois
sanitários e alimentares, tinha como incentivo a partiu, à revelia da Companhia das Índias. Em
possibilidade de fazer presas, havendo participação da dezembro, os outros navios dos Estados Gerais
tripulação no resultado financeiro da venda dos Holandeses se amotinaram e iniciaram seu regresso
navios e das cargas apresadas. para a Europa, sem autorização.
Fez‐se ao mar De With, tendo atenção ao Em fevereiro de 1650, a primeira frota da
bloqueio de Salvador, onde a poderosa força naval do Companhia Geral do Comércio do Brasil portuguesa,
Conde de Vila Pouca de Aguiar se mantinha inativa. com 18 navios de guerra, chegou ao Brasil. Não tinha
Em dezembro, aproveitou para atacar os engenhos de ordens para atacar Recife. D. João IV ainda temia uma
açúcar situados nas margens da Baía de Todos os guerra com a Holanda na Europa e preferia manter a
Santos, sem ser molestado pela força naval situação informal no Brasil, procurando obter
portuguesa, que mantinha seus navios protegidos resultados através de negociações diplomáticas e da
pela artilharia das fortificações de terra de Salvador. guerra de insurreição. Perdia‐se, novamente, uma
oportunidade, pois os holandeses, já sitiados em
Em novembro de 1648, chegou a notícia da terra, não mais contavam com a força naval de De
vitória de Salvador de Sá, com a rendição dos With.
holandeses em Angola, no que poderia se chamar de
primeira projeção brasileira de poder para o exterior, Em abril de 1650, os holandeses no Recife
pois o Rio de Janeiro foi a base para a libertação de receberam o reforço de 12 navios, o que permitiu
Angola e muitos brasileiros participaram da luta, recuperar o domínio do mar e bloquear o Cabo de
inclusive índios. Isso levantou o ânimo dos Santo Agostinho, local por onde as forças de terra
portugueses para continuar a luta no Brasil. Ficou luso‐brasileiras recebiam suas provisões. A força do
evidente que somente com a organização de Conde de Vila Pouca de Aguiar ainda estava em
comboios, fortemente escoltados, seria possível Salvador, porém com ordem de somente entrar em
manter as rotas de navegação entre Portugal e Brasil. combate se atacada. No final daquele ano, partiu para
Criou‐se, então, a Companhia Geral do Comércio do Portugal, escoltando a frota da Companhia do Brasil.
Brasil.
Vieram ao Brasil outras frotas da Companhia
Em fevereiro de 1649, a Companhia das Índias portuguesa e os holandeses conseguiram enviar
Ocidentais resolveu repetir, em terra, o ataque às outras forças navais, mas os dias do domínio holandês
forças rebeldes, em Guararapes. Novamente os estavam contados. A Companhia das Índias Ocidentais
holandeses foram derrotados, ficando óbvio para eles não lograra alcançar um bom êxito econômico e
que sem um novo socorro da Europa nada mais financeiramente estava muito mal. Recife continuava
poderia ser feito em terra. estrangulado pelos insurretos luso‐brasileiros.
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Por décadas, o Poder Marítimo holandês havia Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil
preponderado nos oceanos, mas, em meados do
século XVII, reapareceu a concorrência séria da Grã‐ A fronteira do Sul do Brasil demorou a ser
Bretanha, que teve como conseqüência a Guerra definida devido à ferrenha disputa travada entre
Anglo‐Holandesa de 1652‐54. Tornou‐se, portanto, Portugal e Espanha que tinham interesse em dominar
inviável para os holandeses manter o domínio a estratégica região platina. Para consolidar o domínio
permanente do mar na costa do Brasil. da região, os dois reinos travavam diversas batalhas –
nas quais o poder naval de ambos os lados foi muito
Em dezembro de 1653, a quarta frota da empregado – e vários acordos foram firmados.
Companhia do Brasil portuguesa chegou ao Brasil. O
comandante da frota, Pedro Jaques de Magalhães, Tratado de Lisboa (1681) – Já no primeiro ano de sua
decidiu bloquear Recife e apoiar os revoltosos luso‐ fundação, em 1680, a Colônia de Sacramento foi
brasileiros. As posições holandesas foram, atacada e reconquistada aos espanhóis pelo
sucessivamente, sendo conquistadas e a rendição de governador de Buenos Aires, sendo devolvida aos
Recife finalmente ocorreu no final de janeiro de 1654. portugueses em 1683, após a assinatura do Tratado
de Lisboa, em 1681.
O longo êxito dos holandeses no Brasil foi
resultante do esmagador domínio do mar que Tratado de Utrecht (1715) – A morte do Rei da
conseguiram manter durante quase todo o período da Espanha Carlos II, em novembro de 1700, levou as
ocupação. Mesmo quando Recife já estava cercado e maiores potências européias a engajarem‐se no
era inviável vencer em terra, ainda conseguiram, por conflito que ficou conhecido como Guerra de
longos anos, suprir a cidade por mar. Sucessão de Espanha, que durou quase 15 anos e teve
seus reflexos estendidos para o continente
Podemos afirmar que, na longa guerra travada americano. Nesse conflito, Portugal e Espanha ficaram
entre holandeses e portugueses, os holandeses foram em lados opostos e, como conseqüência, a Colônia de
derrotados no Brasil, venceram na Ásia e houve Sacramento foi novamente ocupada pelos espanhóis
empate na África e na Europa. em 1705.
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EXERCÍCIO: (A) foram iniciativas do governo da França, cuja
estratégia estava voltada para seus interesses no
1 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Ao longo dos séculos XVI e XVII, Brasil, afirmando que o mundo não estava dividido
o Brasil foi invadido por estrangeiros, dentre eles, os entre Portugal e Espanha.
holandeses, os quais permaneceram por décadas na
costa brasileira, no intuito de formar colônias. Qual foi (B) a colonização do Brasil foi interesse de Portugal,
o fator preponderante que resultou no longo êxito que pretendia proteger a rota de seu comércio com
dos holandeses no Brasil? toda a America do Sul.
(A) A importância de suas forças terrestres, (C) Portugal não disponibilizou recursos para expulsar
extremamente bem preparadas. os invasores e proteger os núcleos de colonização
(B) A instalação de fortes para servir de base para suas portuguesa, tendo esse país que recolher mais
ações militares. impostos da Colônia para suportar os custos com
(C) O emprego dos corsários para, por meio de ações armas e navios.
que visavam ao lucro, causar danos, nos mares, a seus
inimigos. (D) a reação portuguesa no Rio de Janeiro ocorreu
(D) O esmagador domínio do mar, que conseguiram quando o Governador Tomé de Souza, em 1560,
manter durante quase todo o período da ocupação. atacou o Forte de Copacabana com uma forca naval
(E) A amizade que mantinham com os índios, que lhes (soldados e índios) que trouxera da Bahia.
supriam por meio de escambos. (E) em 1614, uma força naval comandada por
RESPOSTA: D Jerônimo de Albuquerque chegou ao Maranhão para
combater os franceses. Esse grupamento pode ser
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Leia o texto a seguir. considerado a primeira forca naval comandada par
um brasileiro.
O início da colonização do Brasil pelos portugueses
contou com uma série de investidas de outras nações RESPOSTA: E
europeias, que buscaram, através de ocupações,
romper o domínio português estabelecido pelo
Tratado de Tordesilhas. Dentre essas intervenções,
houve a ocupação Francesa de 1612‐1615. No
combate a tal ocupação, pode‐se citar Jerônimo de
Albuquerque, primeiro nascido no Brasil a comandar
uma força naval. A que local da colônia portuguesa o
texto acima se refere?
(A) Rio de Janeiro.
(B) Pernambuco.
(C) Maranhão.
(D) Bahia.
(E) Ceará.
Resposta: (C)
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4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira transporte4 , entrou na Baía de Guanabara. A bordo
também vinham os integrantes da Brigada Real da
Emergindo das dificuldades do período Marinha encarregados da artilharia e da defesa dos
revolucionário (1789‐ 1799), a França erguia‐se navios.
perante a Europa aristocrática com o “Grande
Exército” chefiado por Napoleão Bonaparte. As Vamos ver neste capítulo o que ocorreu
notáveis vitórias militares francesas subjugaram a quanto ao estabelecimento da Marinha na Corte e a
maior parte do Velho Mundo e esse expansionismo política externa de D. João, caracterizada pela invasão
teve repercussões intensas na própria América, da capital da Guiana Francesa, Caiena, e a ocupação
abrindo caminho para a emancipação política das da Banda Oriental, atual Uruguai.
colônias ibéricas.
No campo interno veremos a Revolta Nativista
As guerras napoleônicas (1804‐1815) foram de 1817, movimento separatista ocorrido em
caracterizadas por dois aspectos: o primeiro na luta Pernambuco, onde a Marinha atuou na sua repressão,
de uma nação burguesa contra uma Europa bloqueando o porto de Recife.
aristocrática; e o segundo na luta entre França e
Inglaterra. Com a derrota da Marinha francesa na Com o retorno de D. João VI para Portugal,
Batalha de Trafalgar (1805) para a Marinha inglesa, permaneceu no Brasil seu filho D. Pedro, que passou a
muito superior, decide Napoleão investir contra seus sofrer pressão vinda da Corte de Portugal para que
inimigos continentais (Áustria e Prússia) e, ao tomar regressasse a Lisboa. Como conseqüência, temos o
Berlim, iniciou guerra econômica à Inglaterra, Dia do Fico (09/01/1822) e, posteriormente, após
estabelecendo em 1806 um “bloqueio continental”. novas pressões, D. Pedro proclama a nossa
Os demais Estados europeus foram concitados a Independência.
aderir ao bloqueio, dentre eles Portugal. Para concretizar a nossa Independência e
Portugal sempre manteve laços comerciais levar a todos os recantos do litoral brasileiro a notícia
com a Inglaterra e a sua não‐adesão ao bloqueio2 foi do dia 7 de setembro, foi necessário organizar uma
determinante para a decisão de sua invasão por força naval capaz de atingir todas as províncias, e
Exército francês sob o comando do General Junot. Ao fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.
saber da chegada do Exército invasor de Napoleão, o
Conselho de Estado com o Príncipe Regente D. João
acordaram na retirada para o Brasil de toda a Família A vinda da Família Real
Real.
A Corte no Rio de Janeiro
A 29 de novembro de 1807, a Família Real
Junto com a Família Real todo o aparato
embarca rumo ao Brasil. O comboio de transportes
burocrático e administrativo foi transferido para o Rio
que conduziu todo o aparato (15.000 pessoas dentre
de Janeiro. Dentre as primeiras decisões de D. João, já
militares e civis) era de 30 navios, e várias
no dia 11 de março de 1808, está a instalação do
embarcações. Foi protegido por uma escolta inglesa
Ministério dos Negócios da Marinha e Ultramar, que
composta por 16 naus.
continuou a ter o mesmo regulamento instituído pelo
A 22 de janeiro de 1808, a Nau Príncipe Real, Alvará de 1736.
onde o Príncipe Regente D. João encontrava‐se
A seguir, foram sucessivamente criadas ou
embarcado, chegou à Bahia. A 28, D. João proclamava
estabelecidas várias repartições necessárias ao
a independência econômica do Brasil com a
funcionamento do Ministério da Marinha, tais como:
publicação da famosa carta régia que abriu ao
Quartel‐General da Armada, Intendência e
comércio estrangeiro os portos do país; e a 7 de
Contadoria, Arquivo Militar, Hospital de Marinha,
março de 1808 D. João, à testa de uma força naval
Fábrica de Pólvora e Conselho Supremo Militar.
composta por três naus, um bergantim e um
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A Academia Real de Guardas‐Marinha, que do CapitãoTenente José Antônio Salgado), Brigue
também acompanhou a Família Real, teve sua Infante D. Pedro (comando do Capitão‐Tenente Luís
instalação nas dependências do Mosteiro de São da Cunha Moreira). Juntos traziam um reforço de 300
Bento, se tornando desta feita o primeiro homens. Tinham ordens de ocupar o território da
estabelecimento de ensino superior no Brasil. Guiana Francesa e submeter Caiena.
No tocante à infra‐estrutura já existente no A 1° de dezembro, desembarcaram as nossas
Rio de Janeiro, observamos que o Arsenal Real da tropas no território inimigo, ficando o comando da
Marinha, localizado então ao pé do morro do expedição assim repartido: o Tenente‐Coronel Manuel
Mosteiro de São Bento, cuja criação data de 29 de Marques dirigiria as forças terrestres; os navios
dezembro de 1763, teve sua capacidade ampliada ficariam sob as ordens do Comandante Yeo. Este, com
para poder apoiar a recém‐chegada Esquadra. os navios menores (os demais foram bloquear Caiena
por mar), subiu o Oiapoque e foi dominando, sem
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a maior resistência, os pontos fortificados que ia
conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental encontrando. Quatro escunas francesas foram
Diante da invasão do território continental aprisionadas, incorporadas e rebatizadas de Lusitana,
português pelas tropas do General Junot, D. João D. Carlos, Sydney Smith e Invencível Meneses.
assinou, a 1° de maio de 1808, manifesto declarando O governador de Caiena, Victor Hughes,
guerra à França, considerando nulos todos os tratados tratou, em vão, de preparar a resistência, levantando
que o imperador dos franceses o obrigara a assinar, baterias, fortificando os melhores pontos estratégicos
principalmente o de Badajós e de Madri, ambos de e guarnecendo os fortes. As forças de ataque foram
1801, e o de neutralidade, de 1804. Os limites entre o ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à
Brasil e a Guiana Francesa voltaram a ser capital Caiena, até sua rendição final, a 12 de janeiro
questionados. de 1809. A importância dessa operação recai na
Como a guerra não poderia ser levada a cabo condição de ter sido o primeiro ato consistente de
no território europeu, e sendo importante a ocupação política externa de D. João realizada por meio militar,
de território inimigo em qualquer guerra, o objetivo contando com forças navais e terrestres anglo‐luso‐
ideal se tornou a colônia francesa. brasileira.
Determinou então a Corte ao Capitão‐General da A ocupação portuguesa da Guiana Francesa
Capitania do Grão‐Pará, Tenente‐Coronel José Narciso durou mais de oito anos. Embora temporária, foi de
Magalhães de Meneses, que ocupasse militarmente as grande valia para a fixação dos limites do País,
margens do Rio Oiapoque. Ordem recebida, tratou de porquanto, na ocasião de sua devolução, em 1817,
arregimentar pessoal e material, se valendo inclusive ficaram tacitamente estabelecidos os limites do
(diante dos escassos recursos existentes nos cofres da Oiapoque.
capitania) de subscrição popular. A Banda Oriental
Em outubro de 1808, a força estava pronta. Outro movimento importante de D. João na
Sob o comando do Tenente‐Coronel Manuel Marques política externa foi a ocupação da Banda Oriental. Na
d’Elvas Portugal, compunhase de duas companhias de operação, foi de grande importância o papel que
granadeiros, duas companhias de caçadores e uma desempenhou a Marinha, não só no transporte das
bateria de artilharia, totalizando 400 homens com tropas, desde Portugal (já liberado do domínio
armas. Para conduzir essa força ao lugar de destino, francês), como também em todo o desenrolar da
aprestou‐se uma esquadrilha composta por dez ocupação.
embarcações. A 3 de novembro, a esquadrilha foi
acrescida de três navios vindos da Corte: Corveta O movimento de independência da América
inglesa Confidence (comando do Capitão‐de‐Mare‐ espanhola provocou o aparecimento de novas nações
Guerra James Lucas Yeo) e Brigue Voador (comando americanas, cada qual com lideranças individuais. Foi
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o caso do Uruguai, então chamado de Banda Oriental, Brasil na Banda Oriental, deixando‐nos em campo
que se recusava a fazer parte das Províncias Unidas do sozinhos.
Rio da Prata, encabeçada por Buenos Aires. Seu líder
José Gervásio Artigas arregimentou as camadas Não foi imediata a completa submissão da
populares contra o domínio espanhol e para o ideal da Banda Oriental. Ainda por alguns anos, fez José
anexação promovido por Buenos Aires. Neste intento Artigas tenaz resistência à dominação portuguesa, até
invadiu as fronteiras portenhas e brasileiras, o que sua derrota final na Batalha de Taquarembó, a 22 de
ocasionou o acordo entre as duas últimas para uma janeiro de 1820.
ação conjunta contra Artigas. Durante esse período, os partidários de
A 12 de junho de 1816, partiu do Rio de Artigas valiam‐se de corsários que, com base na
Janeiro uma Divisão Naval, composta de uma fragata, Colônia de Sacramento, ocasionavam grandes
uma corveta, cinco naus (das quais uma era inglesa e prejuízos ao comércio de nossa Marinha Mercante.
outra francesa) e de seis brigues, capitaneada pela Com recursos navais reduzidos para liquidar a nova
Nau Vasco da Gama, onde achavam‐se embarcados o ameaça, o comando português empregou tropas
Chefede‐Divisão Rodrigo José Ferreira Lobo, terrestres para tentar destruir as bases inimigas.
responsável pelas atividades navais da expedição, e o Assim, o Tenente‐Coronel Manuel Jorge Rodrigues,
Tenente‐Coronel Carlos Frederico Lecor, então auxiliado por forças navais, atacou e conquistou
nomeado Governador e Capitão‐General da Praça e Colônia, Paissandu e outros locais às margens do
Capitania de Montevidéu. A Divisão Naval foi se reunir Uruguai, tendo em Sacramento conseguido aprisionar
com o 1° Escalão, composto por seis navios, que já vários corsários que aí se encontravam.
havia seguido para Santa Catarina em janeiro. Para as operações realizadas no Rio Uruguai,
Aportando a Divisão na Ilha de Santa Catarina foi constituída uma pequena flotilha, sob o comando
a 26 de junho, decidiu Lecor seguir por terra com sua do Capitão‐Tenente Jacinto Roque Sena Pereira,
tropa para o Rio Grande do Sul e, então, iniciar a formada pela Escuna Oriental e Barcas Cossaca,
invasão, visto que as condições climáticas só eram Mameluca e Infante D. Sebastião. Esta flotilha prestou
favoráveis à navegação no Rio da Prata em outubro. auxílio inestimável às forças de terra, tanto na tomada
Seguiu então à frente dos seus 6 mil comandados, de Arroio de La China, quanto na tomada de Calera de
margeando o mar até as proximidades de Maldonado. Barquin, Perucho Verna e Hervidero. Em Perucho
A Esquadra, por sua vez, rumou em direção ao Rio da Verna, doze embarcações inimigas, uma lancha
Prata, devendo antes estacionar naquele porto. artilhada e um escaler foram apresados.
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A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha brasileiros desfrutavam do afrouxamento dos laços
coloniais, a sociedade portuguesa via‐se deixada em
Em paralelo ao que ocorria no Sul, teve a segundo plano, com o território luso sendo
Corte que se mobilizar para fazer frente ao administrado por uma junta sob controle de um
movimento separatista que eclodiu em Pernambuco, militar britânico.
em março de 1817.
As primeiras providências para o
restabelecimento da ordem legal em Pernambuco O retorno de D. João VI para Portugal
foram tomadas pelo Conde dos Arcos, Governador da
Bahia, que fez armar em guerra alguns navios Tal estado de “abrasileiramento” da
mercantes, e mandou seguir para Pernambuco sob o monarquia portuguesa, somado ao clamor por uma
comando do Capitão‐Tenente Rufino Peres Batista. A flexibilização do absolutismo vindo de setores da
esquadrilha era composta por três navios, e tinha sociedade portuguesa, fez estourar na Cidade do
como missão o bloqueio do porto do Recife. Porto um movimento revolucionário liberal. Logo a
revolução se espalhou por todo o Portugal,
A 2 de abril partiu da Corte uma Divisão sob o fomentando a instalação de uma Assembléia Nacional
comando do Chefe‐de‐Esquadra Rodrigo José Ferreira Constituinte denominada de “Cortes”, que visava a
Lobo, composta por três navios, enquanto que da instaurar uma monarquia Constitucional. O estado
Bahia seguiram por terra dois regimentos de cavalaria revolucionário da antiga metrópole provocou o
e dois de infantaria. A 4 de maio outra Divisão Naval, retorno do Rei em 26 de abril de 1821, deixando seu
sob o comando do Chefe‐de‐Divisão Brás Caetano filho D. Pedro como Príncipe Regente. Tentava, assim,
Barreto Cogomilho, partiu do Rio de Janeiro. a dinastia de Bragança manter sob controle, e longe
dos ventos liberais, as duas partes de seu reino.
O cerco da cidade de Recife por terra e o
bloqueio efetuado por mar fizeram com que os Mesmo com o retorno do Rei, as Cortes
rebeldes abandonassem a cidade a 20 de maio, dando reunidas em Lisboa mantiveram‐se atuantes na
fim ao movimento separatista. imposição de uma monarquia constitucional a D. João
VI. Contudo, o posicionamento das Cortes em relação
ao Brasil era completamente contrário ao seu discurso
Guerra de Independência liberal: vinha no sentido de reativar a subordinação
política e econômica posterior a 1808, reerguendo o
Elevação do Brasil a Reino Unido pacto colonial. A oposição que as Cortes faziam à
dinastia de Bragança em Portugal e suas crescentes
Do mesmo modo que a transferência para o
imposições ao Príncipe Regente provocaram reações
Brasil da sede do reino português foi motivada pela
de D. Pedro. Em 9 de janeiro de 1822, no que ficou
ameaça representada pelo expansionismo francês na
conhecido como Dia do Fico, D. Pedro declarou que
Europa, seria esperado o retorno do Rei D. João VI a
permaneceria no Brasil apesar da determinação das
Lisboa e a restauração do pacto colonial após a paz
Cortes para que retornasse a Lisboa.
européia. Com a queda de Napoleão e o movimento
Concomitantemente, o Príncipe nomeou um novo
de restauração das monarquias absolutistas
Gabinete de Ministros, sob a liderança de José
encabeçado pelo Congresso de Viena, os portugueses
Bonifácio de Andrada e Silva, que defendia a
esperavam que seu rei retornasse para Portugal e
emancipação do Brasil sob uma monarquia
trouxesse a Corte de volta para Lisboa.
constitucional encabeçada pelo Príncipe Regente.
Entretanto, o monarca permaneceu no Rio de
A pressão das Cortes pela restauração do
Janeiro e, para viabilizar esta situação, elevou o Brasil
pacto colonial com o conseqüente esvaziamento das
a uma condição equivalente de Portugal com a
suas atribuições de regente levaram D. Pedro a
formação do Reino Unido de Portugal, Brasil e
defender a autonomia brasileira perante a
Algarves. Enquanto os comerciantes e fazendeiros
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restauração da condição de colônia pretendida pelas das Armas da Província Brigadeiro Inácio Luís Madeira
Cortes. de Melo.
A Independência A Formação de uma Esquadra Brasileira
Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe D. O governo brasileiro, por intermédio de seu
Pedro declarava a Independência do Brasil. Porém, só Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros José
as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Bonifácio de Andrada e Silva, percebeu que somente
Gerais atenderam de imediato à conclamação com o domínio do mar conseguiriam manter a
emanada das margens do Ipiranga. unidade territorial brasileira, pois eram por meio do
mar que as províncias litorâneas, onde estava
Até pela proximidade geográfica, estas concentrada a maior parte da população e da força
mantiveram‐se fiéis às decisões emanadas do Paço produtiva brasileira, se interligavam e
mesmo após a partida de D. João VI. As capitais das comercializavam seus produtos. A rápida formação de
províncias ao Norte do País mantiveram sua ligação uma Marinha de Guerra nacional constituía‐se no
com a metrópole, pois as peculiaridades da navegação melhor meio de transportar e concentrar tropas leais
a vela e a falta de estradas as punham mais próximas e suprimentos para as áreas de embate com os
desta do que do Rio de Janeiro. Mormente o portugueses.
expressivo número de patriotas no interior destas
províncias, nas capitais e nas poucas principais Este conjunto de navios de guerra, a
cidades, a elite de comerciantes era majoritariamente Esquadra, impediria que chegassem aos portos das
portuguesa e adepta da restauração colonial realizada cidades brasileiras ocupadas pelos portugueses os
pelo movimento liberal português. Durante a “queda‐ reforços que Portugal enviasse, interceptando e
de‐braço” empreendida entre as Cortes e D. Pedro, combatendo os navios que os trouxessem. Privando
foram reforçadas as guarnições militares das as guarnições portuguesas de mais soldados e armas
províncias do Norte e Nordeste para manter a vindos por mar, as bombardeando com canhões
vinculação com Lisboa. embarcados e transportando soldados brasileiros para
reforçar os patriotas que lutavam contra os
A resistência mais forte estava justamente em portugueses no interior, a Marinha Brasileira
Salvador, Bahia, onde essa guarnição era mais contribuiu para a Independência do Brasil, permitindo
numerosa. No sul, a recém incorporada Província que do território da colônia portuguesa na América
Cisplatina viu as guarnições militares que lá ainda emergisse um só país, com um grande território.
estavam dividirem‐se perante a causa da
Independência, enquanto o comandante das tropas O nascimento da Marinha Imperial, portanto,
de ocupação, General Carlos Frederico Lecor, colocou‐ se deu nesse regime de urgência, aproveitando os
se ao lado dos brasileiros, seu subcomandante, D. navios que tinham sido deixados no porto do Rio de
Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior parte das Janeiro pelos portugueses, que estavam em mal
tropas defenderam o pacto com Lisboa. estado de conservação, e os oficiais e praças da
Marinha portuguesa que aderiram à Independência.
A situação que se descortinava no Brasil Os navios foram reparados em um intenso trabalho
parecia cada vez mais desfavorável ao processo de do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e foram
Independência. Mesmo que as forças brasileiras, adquiridos outros, tanto pelo governo como por
constituídas de militares e milícias patrióticas subscrição pública. E as lacunas encontradas nos
forçassem e sitiassem as guarnições portuguesas, o corpos de oficiais e praças foram completadas com a
mar era uma via aberta para o recebimento de contratação de estrangeiros, sobretudo experientes
reforços. Por esta via, Portugal aumentou sua força remanescentes da Marinha inglesa. A necessidade de
com tropas, suprimentos e navios de guerra à se dispor da Força Naval como um eficiente elemento
guarnição de Salvador comandada pelo Governador operativo e como um fator de dissuasão para as
pretensões de reconquista portuguesa fez com que o
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governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas Tais estratagemas, que conduziram a aceitação da
Cochrane, um brilhante e experiente oficial de Independência brasileira pelas elites formadas em sua
Marinha inglês, como Comandante‐em‐Chefe da maioria de portugueses em São Luís e em Belém, não
Esquadra. se deram tão facilmente como um vislumbre
superficial do evento histórico permite concluir, a luta
Operações Navais pelo poder provincial entre brasileiros e portugueses
A 1° de abril de 1823, a Esquadra brasileira recém‐adeptos da Independência levou que o
comandada por Cochrane, deixava a Baía de contingente da Marinha naquelas cidades atuasse
Guanabara com destino à Bahia, para bloquear tanto num sentido apaziguador, mesmo diplomático,
Salvador e dar combate às forças navais portuguesas como trazendo a ordem pela força das armas.
que lá se concentravam sob o comando do Chefe‐de‐ As operações navais na Cisplatina
Divisão Félix dos Campos. A primeira tentativa de dar assemelharam‐se às realizadas na Bahia, sendo
combate aos navios portugueses foi desfavorável à empreendido um bloqueio naval conjugado com um
Cochrane, tendo enfrentado, além do inimigo, a cerco por terra a Montevidéu, isolando as tropas
indisposição para luta dos marinheiros portugueses portuguesas comandadas por D. Álvaro Macedo. Em
nos navios da Esquadra, muitos dos quais guarneciam março de 1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo
os canhões com uma inabilidade próxima ao motim. Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra Pedro Antônio Nunes, foi
Depois de reorganizar suas forças e expurgar os reforçada com a chegada de navios vindos do Norte‐
elementos desleais, e a despeito das Forças Navais Nordeste do Império, a tempo de se opor à tentativa
portuguesas, Cochrane colocou Salvador sob bloqueio portuguesa de romper o bloqueio em 21 de outubro.
naval, capturando os navios que provinham o A batalha que se seguiu, embora violenta, terminou
abastecimento da cidade, que já se encontrava sitiada sem a vitória de nenhum dos oponentes, mas
por terra pelas forças brasileiras. configurou‐se como uma vitória estratégica das forças
Pressionados pelo desabastecimento, as brasileiras com a manutenção do bloqueio. O
tropas portuguesas abandonaram a cidade em 2 de desabastecimento provocado pelo bloqueio e pelo
julho, em um comboio de mais de 70 navios, cerco por terra, somado a desalentadora notícia que
escoltados por 17 navios de guerra. Este foi Montevidéu era a última resistência portuguesa na ex‐
acompanhado e fustigado pela Esquadra brasileira, colônia, provocou a evacuação do contingente
destacando‐se a atuação da Fragata Niterói, português da Cisplatina em novembro de 1823.
comandada pelo Capitão‐de‐Fragata John Taylor, que, Confederação do Equador
apresando vários navios, atacou o comboio português
até a foz do Rio Tejo. Ainda no reinado de D. Pedro I, uma revolta
na Província de Pernambuco colocou em perigo a
O próximo passo para expulsão dos integridade territorial do Império. A Marinha atuou
portugueses do Norte‐Nordeste brasileiro era o contra a Confederação do Equador a partir de abril de
Maranhão, onde Cochrane, utilizando‐se de um hábil 1824, que congregou, no seu ápice, também as
ardil, fez da Nau Pedro I, sua capitânia, a ponta de províncias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
lança de uma grande força naval que viria próxima, Porém, o aumento do combate à revolta só se deu
transportando um vultoso Exército nacional que com o envio da Força Naval comandada por Cochrane,
tomaria São Luís. Porém, tudo não passava de um onde foi embarcada a 3ª Brigada do Exército Imperial,
blefe para levar a deposição da Junta Governativa que com 1.200 homens, comandada pelo Brigadeiro
se mantinha fiel à Lisboa, o que aconteceu em 27 de Francisco Lima e Silva. As tropas foram
julho de 1823. desembarcadas em Alagoas e seguiriam por terra para
Seguiu‐se a utilização do mesmo ardil no a província rebelada; enquanto a Força Naval
Grão‐Pará, conduzido pelo Capitão‐Tenente John alcançou Recife em 18 de agosto de 1824, instituindo
Pascoe Grenfell, no comando do Brigue Maranhão. severo bloqueio naval. Com a Marinha e o Exército
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atuando conjuntamente, as forças rebeldes de Recife naval brasileiro pelos navios fiéis a
foram derrotadas em 18 de setembro. Portugal estacionados na Província
Cisplatina. Vitória estratégica da Força
C R O N O L O G I A Naval brasileira.
DATA EVENTO Capitulação de Montevidéu e retirada
29/11/1807 Saída de Lisboa da Família Real. 18/11/1823 das tropas portuguesas da Província
22/01/1808 Chegada da Família Real em Salvador. Cisplatina.
29/01/1808 Abertura dos portos ao comércio As forças rebeldes de Recife foram
18/09/1824
estrangeiro. derrotadas.
Chegada da Família Real ao Rio de
Janeiro. Desembarque da Brigada Real
07/03/1808
de Marinha no Rio de Janeiro, marco
zero da história dos Fuzileiros Navais.
Instalação do Ministério dos Negócios
11/03/1808 da Marinha e Ultramar no Rio de
Janeiro.
D. João assina manifesto declarando
01/05/1808
guerra à França.
Desembarque das tropas luso‐
01/12/1808 brasileiras em território da Guiana
Francesa.
Caiena, capital da Guiana Francesa se
12/01/1809
rende.
Saída da Divisão Naval para a Banda
12/06/1816
Oriental.
22/11/1816 Desembarque em Maldonado.
Parte da Corte a Divisão Naval com a
02/04/1817 missão de bloquear Recife, durante a
Revolta Nativista de 1817.
Fim do movimento nativista de
20/05/1817
Pernambuco.
26/04/1821 Regresso de D. João VI para Portugal.
Incorporação da Banda Oriental à Coroa
31/07/1821
de Portugal.
Dia do Fico, o Príncipe Regente D. Pedro
declara que não obedecerá às
09/01/1822
determinações das Cortes portuguesas
e que permanecerá no Brasil.
07/09/1822 Independência do Brasil.
Primeira vez em que é içada a Bandeira
10/11/1822 Imperial em navio da nova Esquadra.
Aniversário da Esquadra.
A Esquadra brasileira, sob o comando
do Primeiro‐Almirante Cochrane,
01/04/1823
deixou o porto do Rio de Janeiro rumo à
Bahia.
Larga do porto de Salvador comboio de
02/07/1823 navios levando as tropas portuguesas
para Portugal.
Adesão à causa da Independência pela
27/07/1823
Província do Maranhão.
Adesão à causa da Independência pela
15/08/1823
Província do Grão‐Pará.
21/10/1823 Tentativa de rompimento do bloqueio
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EXERCÍCIOS: 4 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A pressão pela restauração
do pacto colonial, com o conseqüente esvaziamento
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Após a Proclamação da das atribuições de regente, levou D. Pedro a defender
Independência do Brasil em 1822, o Governo Imperial a autonomia brasileira perante a restauração da
teve a necessidade de criar rapidamente uma condição de colônia pretendida pelas Cortes.
Esquadra Brasileira com a intenção de efetivar a Com isso, como ficou conhecido o dia 7 de setembro
Independência e combater as forças opositoras à de 1822?
autonomia política da nação. Além de a recém criada
Marinha do Brasil ter sido fundamental na guerra pela (A) Dia do Fico.
independência, que outro fator de destaque pode ser (B) Dia da Independência do Brasil.
atribuído à Esquadra Imperial Brasileira? (C) Dia do Brasil e Portugal.
(D) Dia de D. Pedro.
(A) A transformação da colônia brasileira em uma (E) Dia de Portugal.
República.
(B) A manutenção da unidade territorial brasileira.
(C) A incorporação das Províncias Unidas do Prata ao
território brasileiro. 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Ainda no reinado de D. Pedro I,
(D) O apresamento dos navios portugueses seguindo uma revolta na Província de Pernambuco colocou em
da tomada da cidade de Lisboa. perigo a integridade territorial do lmpério. A Marinha
(E) A proibição de contratação de estrangeiros para atuou contra a essa revolta a partir de abril de 1824,
comporem a Marinha do Brasil. que congregou, no seu ápice, também as províncias
da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A que
episódio se refere essa afirmativa?
2 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em 9 de janeiro de 1822, D.
Pedro declarou que permaneceria no Brasil, apesar da (A) Revolta dos Alfaiates.
determinação das Cortes para que retornasse a (B) Dezembrada.
Lisboa. Como esse dia ficou conhecido? (C) Confederação do Equador.
(D) Revolta Nativista.
(A) Dia da Independência. (E) Desembarque em Maldonado.
(B) Dia do Fico.
(C) Dia do Brasil.
(D) Dia de D. Pedro
(E) Dia de Portugal. 6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Que revolta
ocorrida na Província de Pernambuco, colocou em
perigo a integridade territorial do Império, que
congregou também, em seu ápice, as províncias da
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Um movimento importante Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará em 1824?
de D. João na política externa foi a ocupação da Banda
Oriental. Qual país da América do Sul se originou (A) Revolta dos alfaiates.
dessa ocupação? (B) Revolta da Armada.
(C) Balaiada.
(A) Estados Unidos da América. (D) Revolta nativista.
(B) México. (E) Confederação do equador.
(C) Brasil.
(D) Uruguai.
(E) Canadá.
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7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual a
principal característica do Pacto Colonial no tocante
ao comércio?
(A) Liberava as colônias para o comércio entre si.
(B) Proibia o comércio das colônias com a Inglaterra.
(C) Liberava o comércio das colônias somente com a
Inglaterra.
(D) Só poderia ser realizado entre as colônias e a
metrópole.
(E) Liberava as colônias para o comércio com outros
países.
8 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais foram as
duas principais ações de D. João no tocante à política
externa do Brasil?
(A) Expulsão dos franceses e consolidação do
território brasileiro.
(B) Conquista de Caiena e ocupação da Banda
Oriental.
(C) Construção da ponte da amizade e estudos
topográficos no Sul do país.
(D) Abertura dos portos e construção da hidrovia do
Madeira.
(E) Reestruturação das forças de defesa nacional e
criação da alfândega do Sul do país.
(A) O estado revolucionário em que se encontrava
Portugal.
(B) A declaração da Independência do Brasil.
(C) A derrota de Napoleão.
(D) A Intensificação do comércio com a Inglaterra.
(E) O Congresso de Viena.
Respostas:
1 B 6 E
2 B 7 D
3 D 8 B
4 B 9 A
5 C
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5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e tinham junto ao Imperador, ampliando o poder dos
do Início do Segundo Reinado portugueses adesistas na sociedade brasileira, pois
monopolizavam o comércio exterior nas capitais das
A peculiar Independência brasileira, que pôs à principais províncias, motivo de insatisfação do resto
frente do processo de emancipação da ex‐colônia o da população.
herdeiro do trono real português, produziu uma
divisão na política brasileira que marcaria o reinado O embate entre portugueses e brasileiros na
de D. Pedro I: a separação entre brasileiros, liberais, Assembléia Geral Legislativa transpareceu na
que defendiam a monarquia constitucional, e imprensa, que atacou o absolutismo do Imperador, e
portugueses, que propunham a concentração de foi para as ruas, onde partidários do monarca
poder nas mãos do Imperador. entraram em choque com defensores do Partido
Brasileiro. Preocupava D. Pedro I não somente a
O Imperador D. Pedro I tornava‐se cada vez oposição ao seu reinado, que crescia entre os
mais autoritário, buscando o apoio da facção dos brasileiros, mas também a situação política em
portugueses que defendiam maior poder ao monarca. Portugal, onde tinha pretensão de ascender ao trono.
Já a facção dos brasileiros queria que o poder do
Estado brasileiro fosse dividido entre o Imperador e a Pressionado pela população, em 7 de abril de
Assembléia Legislativa, constituída de representantes 1831, D. Pedro I abdicou do trono em favor de seu
eleitos da sociedade, que redigiria a Carta filho, D. Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco
Constitucional e faria as leis. Ou seja, defendiam que a anos de idade. Como o herdeiro não tinha idade para
monarquia de D. Pedro fosse uma monarquia assumir o trono, instalou‐se no Brasil um governo
constitucional. regencial. O Poder Executivo seria composto por três
membros, uma regência trina, conforme determinava
A Assembléia Constituinte foi reunida, em a Carta Constitucional. Posteriormente, a regência
maio de 1823, para redigir a primeira Constituição seria constituída de uma só pessoa, a regência una.
brasileira. A maioria dos deputados constituintes
queria uma Constituição que limitasse os poderes do No período regencial, o conturbado ambiente
Imperador. Tal fato desagradava D. Pedro e os político da Corte se refletiu nas províncias do Império
homens que o apoiavam, já que o monarca queria no em movimentos armados que explodiram por todos
Brasil uma monarquia absolutista. os principais centros regionais, desde 1831 até os
anos de consolidação do reinado de D. Pedro II. A
O conflito entre D. Pedro e os deputados Marinha da Independência e da Guerra Cisplatina,
constituintes acabou quando o Imperador dissolveu a constituída por elevado número de navios de grande
Assembléia Constituinte em 1823. Em seguida, porte, foi sendo transformada em uma Marinha de
nomeou um Conselho de Estado composto por dez unidades menores, próprias para enfrentar as
membros, com a tarefa de redigir um projeto de conflagrações nas províncias e ajustadas às limitações
Constituição. Resultando na imposição uma orçamentárias.
Constituição, outorgada em 1824, que praticamente
resgatava o regime absolutista. A atitude autoritária Revoltas deflagradas em diversas províncias
do Imperador aumentou em muito a oposição liberal foram abafadas pelo governo regencial com a
a ele, representada pelo Partido Brasileiro. utilização da Marinha e do Exército. A Marinha se fez
mais presente nos combates no Pará (Cabanagem),
Foram vários anos de disputa política entre os no Rio Grande do Sul (Guerra dos Farrapos ou
Partidos Português e Brasileiro, e de críticas, cada vez Revolução Farroupilha), na Bahia (Sabinada), no
mais violentas, ao Imperador vindas dos políticos do Maranhão e Piauí (Balaiada) e em Pernambuco
Partido Brasileiro e de todos que defendiam que o (Revolta Praieira), esta já anos após a coroação de D.
poder do Estado não ficasse concentrado nas mãos de Pedro II.
D. Pedro. Também desagradava muito aos brasileiros
a influência que os portugueses residentes no país
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Em todas estas revoltas, a Marinha não Naval brasileira efetuou um bloqueio naval sobre
enfrentou nenhum grande inimigo no mar. Embora na Buenos Aires visando a isolar a capital adversária de
Guerra dos Farrapos os rebeldes tenham formado abastecimento vindo do exterior e impedir que
uma pequena flotilha de embarcações armadas, que embarcações argentinas transportassem tropas e
foi prontamente combatida e vencida, a Marinha se armamento para reforçar argentinos e orientais que
fez presente no rápido transporte de tropas do lutavam contra as tropas brasileiras no território
Exército Imperial da Corte e de outras províncias até uruguaio.
as áreas conflagradas. Também dependeu do
transporte por mar, em grande parte realizado pela Além do bloqueio, a Força Naval brasileira
Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam nas combateu a Esquadra argentina até seu
províncias rebeladas, pois não existiam estradas que desmembramento, privando o adversário do principal
ligassem a Corte às províncias do Norte e do Sul. e primeiro braço do Poder Naval. Os navios da
Marinha que não foram deslocados para aquela
A Marinha também cumpriu ações de guerra não deixaram de se envolver no conflito. A
bloqueio nos portos ocupados pelos rebeldes, Marinha defendeu as linhas de comunicação
evitando que recebessem qualquer abastecimento marítimas, dando combate aos corsários armados
vindo do mar, como armas e munições desviadas de pela Argentina e pelos rebeldes uruguaios que
outras províncias ou compradas no estrangeiro. atacaram a navegação mercante brasileira ao longo
Finalmente, militares da Marinha Imperial atuaram de toda a nossa costa.
diversas vezes em desembarques, lutando com grupos
rebelados lado a lado com tropas do Exército, da A próxima guerra que o Brasil se envolveria no
Guarda Nacional e milicianos. Rio da Prata seria contra Juan Manuel de Rosas,
governador da Província de Buenos Aires e Manuel
No contexto externo, os dois grandes conflitos Oribe, presidente da República Oriental do Uruguai e
que o Império brasileiro se envolveu, desde sua líder do Partido Blanco. Tendo como seus aliados os
Independência até o início das hostilidades que governadores das províncias argentinas de Entre Rios
levariam à guerra contra o Paraguai, foram a Guerra e Corrientes e o Partido Colorado uruguaio, o Império
Cisplatina, entre 1825 e 1828, e a Guerra contra brasileiro se interpôs a uma tentativa de união de
Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, em 1850 e seus vizinhos do sul, que enfraqueceria a posição
1852. A área marítimo‐fluvial em que se desenrolaram brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na
a maioria das operações navais destes dois conflitos, fronteira do Rio Grande do Sul, há pouco pacificado e
separados no tempo por quase um quarto de século, impedido de se separar do Brasil na Guerra dos
foi a mesma, o estuário do Rio da Prata, que separa o Farrapos.
Uruguai da Argentina.
Coube à Marinha um grande momento neste
Na Guerra Cisplatina, Brasil e as Províncias curto conflito: a Passagem de Tonelero. Pela primeira
Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, lutaram pela vez se utilizando navios a vapor em um conflito
posse do território uruguaio, ainda não independente. externo, a Força Naval brasileira ultrapassou sob os
Nesta guerra, que custou muito à economia de um disparos dos canhões das tropas Juan Manuel de
país recém‐formado como o Brasil, a Marinha lutou Rosas o ponto fortificado adversário no Rio Paraná, o
longe de sua base principal, o Rio de Janeiro, contra a Passo de Tonelero, e conduziu as tropas aliadas rio
Marinha argentina que, embora menor, atuava muito acima para uma posição de desembarque favorável,
perto de sua principal base de apoio, Buenos Aires, e onde foi possível o ataque e a pos‐terior vitória sobre
conhecendo o teatro de operações repleto de as tropas adversárias.
obstáculos naturais à navegação, o Rio da Prata.
A Marinha Imperial brasileira, além das
atividades de abastecimento das tropas em combate,
operou de modo ofensivo no Rio da Prata. A Força
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Conflitos internos A pequena Força Naval que os farroupilhas
mantinham na Lagoa dos Patos foi completamente
Cabanagem vencida em agosto de 1839, quando o Chefe‐de‐
A primeira sublevação ocorrida no período Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das Forças
regencial foi a Cabanagem, no Grão‐Pará, que se Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes
generalizou em 1835 com a ocupação da capital da em Camaquã. A rebelião rio‐grandense estendeu‐se
província, Belém. O governo central enviou uma força para Santa Catarina, onde os farroupilhas formaram
interventora constituída de elementos da Marinha e uma pequena Força Naval com navios mercantes
do Exército Imperial que, após primeira tentativa apresados e lanchões remanescentes das operações
frustrada de reconquistar a capital, desembarcou e a na Lagoa dos Patos e Mirim, que foi vencida pela
ocupou sem a resistência dos rebeldes. Contudo, os Marinha em um combate no porto de Laguna. Foi
cabanos retomaram o fôlego para a luta com o neste conflito regional que pela primeira vez a
crescimento da revolta no interior e retomaram a Marinha brasileira empregou um navio movido a
capital em agosto de 1835. vapor em operações de guerra.
Durante o conflito, as forças militares atuaram Sabinada
contra focos rebeldes espalhados por um território A Sabinada, revolta que eclodiu contra a
inóspito e desconhecido, a floresta amazônica. A autoridade da Regência na Bahia, em novembro de
Marinha bloqueou o porto de Belém, dificultando o 1837, foi combatida pela Marinha Imperial com um
seu abastecimento, bombardeou posições rebeldes, bloqueio da província e o combate a uma diminuta
desembarcou tropas do Exército e embrenhou‐se nos Força Naval montada pelos rebeldes com navios
rios amazônicos para dar combate aos mais isolados apresados. A revolta foi finalmente sufocada em 1838.
focos de revolta. O desgaste que as forças militares
impuseram aos cabanos levouos ao abandono da Balaiada
capital em maio de 1836 continuando a resistir no
interior. A luta se estendeu até 1840, com a ação A Balaiada, agitação que tomou conta das
conjunta da Força Naval e das tropas do Exército Províncias do Maranhão e do Piauí, entre 1838 e
debelando a resistência dos cabanos por todo o Pará. 1841, reuniu a população pobre e os escravos contra
as autoridades constituídas da própria província. Em
Guerra dos Farrapos agosto de 1839, seguiu para o Maranhão o Capitão‐
Tenente Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de
A Guerra dos Farrapos, rebelião no sul do Tamandaré, nomeado comandante da Força Naval em
Império que durou dez anos, de 1835 a 1845, atingiu operação contra os insurretos.
uma região de fronteira já conturbada por conflitos
externos. A Marinha novamente atuaria em Após estudar a região, armou pequenas
cooperação com o Exército no transporte e embarcações que, enviadas para diversos pontos dos
abastecimento das tropas e apoiando ações em terra principais rios maranhenses, combateriam os rebeldes
com o fogo dos canhões embarcados. isoladamente ou apoiariam forças em terra. A partir
de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão‐Tenente
Porém, na Guerra dos Farrapos os navios de Joaquim Marques Lisboa atuaria em cooperação com
guerra estiveram envolvidos em pequenos combates o então Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro
navais com os farroupilhas. Os combates não Duque de Caxias, que comandava a Divisão
ocorreram em mar aberto, mas em águas restritas, Pacificadora do Norte, reunida para debelar a revolta.
como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro A união dos futuros patronos das forças singulares de
combate naval da Guerra dos Farrapos opôs o Iate mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma
Oceano, da Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos situação recorrente em todos os conflitos internos
revoltosos, na Lagoa Mirim, quando o navio rebelde durante a Regência e o Segundo Império: a atuação
foi posto a pique.
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conjunta da Marinha e do Exército na manutenção da criado nos pampas e de dois portos comerciais
ordem constituída e da unidade do Império. importantes (Montevidéu e Maldonado), não
continha recursos naturais de monta, mas tinha como
Revolta Praieira objetivo o controle do Rio da Prata, área geográfica de
A Revolta Praieira estourou em Pernambuco suma importância estratégica desde o início da
em novembro de 1848. Iniciada na capital, tomou colonização européia na América do Sul. No estuário
corpo nas vilas e engenhos da zona da mata e interior do Rio da Prata desembocavam dois grandes rios
pernambucanos. Para combatê‐la, tropas leais ao (Uruguai e Paraná), que constituíam o caminho
governo provincial deixaram Recife, a capital da natural para a penetração no continente sul‐
província, para engajar as forças praieiras que americano, representando uma estrada fluvial para a
estariam no interior. Ao ver a capital desguarnecida, colonização, o acesso aos recursos naturais e a
forças praieiras atacaram‐na, em 2 de fevereiro de viabilização das trocas comerciais por todo o interior
1849. O pequeno contingente militar que guarnecia a da América do Sul.
cidade foi imediatamente apoiado pela Força Naval Apesar do controle português e, depois de
fundeada no porto. Contingentes de marinheiros e 1822, brasileiro, a Cisplatina, ou Banda Oriental,
fuzileiros navais desembarcaram dos navios para mantinha uma população de ascendência e hábitos
reunir‐se aos defensores da capital na batalha, hispânicos, culturalmente distantes dos brasileiros. Os
enquanto os canhões da Marinha fustigaram as cisplatinos, liderados por Juan Antonio Lavalleja,
investidas dos revoltosos. A atuação da Marinha nesta iniciaram um levante buscando sua independência,
revolta, embora breve, evitou que a capital provincial procurando apoio das Províncias Unidas do Rio da
caísse nas mãos dos rebeldes. Prata, o único Estado Nacional à época constituído na
Conflitos externos Bacia do Rio da Prata que poderia rivalizar com o
Império brasileiro.
Guerra Cisplatina
O Estado argentino, naquela época, era
O Brasil recém‐independente envolveu‐se formado por várias províncias com alto grau de
numa guerra com as Províncias Unidas do Rio da autonomia, que reconheciam a liderança exercida
Prata, atual Argentina, pela posse da então Província pela Província de Buenos Aires. A confederação de
brasileira da Cisplatina, atual República Oriental do províncias argentinas tinha um interesse comum na
Uruguai, anexada ainda por D. João VI, em 1821. Esta sublevação dos cisplatinos contra o Império brasileiro:
guerra pouco aparece nos livros de história e, mesmo a possibilidade de incorporação da Banda Oriental aos
tendo durado quatro anos, entre 1825 e 1828, é seus domínios. Por isso, deram apoio político, militar e
desconhecida para a maioria dos brasileiros. financeiro à revolta, passando, posteriormente, a
envolver‐se oficialmente na luta.
O interesse pelo domínio daquelas terras não
era novo. O Império do Brasil e a Argentina herdaram Para se opor à sublevação, nitidamente
as aspirações e as disputas dos colonizadores suportada pela Argentina, o Brasil desenvolveu uma
portugueses e espanhóis pela margem esquerda do campanha militar na Banda Oriental entre os anos de
estuário do Rio da Prata. Nos séculos XVII e XVIII, o 1825 e 1828. Além de tropas, deslocou vários meios
centro da disputa era a Colônia de Sacramento, o navais da Esquadra recém‐formada na Guerra de
enclave português na região. No início do século XIX, Independência para o Estuário da Prata, comandadas
com os movimentos de independência na América pelo ViceAlmirante Rodrigo Lobo. Com o
espanhola e portuguesa, a conflagração atingiu o fortalecimento das forças de Lavalleja na Banda
Brasil e a Argentina, no conflito conhecido como Oriental, as Províncias Unidas do Rio da Prata
Guerra Cisplatina. oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada
a Banda Oriental ao território argentino, o que
A guerra não envolvia só a disputa pela posse
significava uma declaração de guerra ao Governo
do território da Província Cisplatina que, além do gado
Imperial brasileiro.
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Destacaremos aqui a participação brasileira na rebeldes de Lavalleja, e dos dois adversários com o
guerra naval, que teve como seu principal palco o exterior. O inimigo a ser confrontado pela Força Naval
Estuário do Rio da Prata. A ênfase no aspecto naval brasileira era liderado pelo experiente irlandês
não indica que as operações de guerra conduzidas William George Brown, comandante da pequena
pelos Exércitos em terra tenham sido menos Esquadra sediada em Buenos Aires, desde as lutas
importantes para a história da Guerra Cisplatina. O pela independência daquele país. O adversário, apesar
Exército Brasileiro e as forças de Lavalleja, somadas ao de contar com um menor número de navios de
Exército argentino, confrontaram‐se em diversas guerra, tinha suas ações facilitadas não só pelo
batalhas, mas até o final da guerra, em 1828, nenhum conhecimento da conformação hidrográfica do
dos oponentes alcançou uma nítida vantagem na estuário do Rio da Prata, como também por
guerra terrestre. permanecer operando próximo ao seu porto base, o
ancoradouro de Los Pozos, em Buenos Aires, onde
A batalha mais significativa da Guerra seus navios eram abastecidos e reparados.
Cisplatina, a Batalha do Passo do Rosário, ou
Ituzaingó, como os argentinos e uruguaios a chamam, Nos primeiros meses da guerra, o bloqueio
ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados naval imposto pela Esquadra brasileira provocou o
tão indecisos como toda a guerra terrestre que se primeiro embate entre as forças navais. O Combate
travou na Província Cisplatina. Nenhum dos lados de Colares ocorreu em 9 de fevereiro de 1826,
conseguiu impor‐se sobre o outro, não sendo possível quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios,
apontar vitoriosos nem derrotados. Contudo, a função deixou seu ancoradouro para empreender uma ação
desta obra é destacar a participação da Marinha de desgaste à Força Naval brasileira em bloqueio,
brasileira na nossa história. Assim, descreveremos as também composta de 14 navios. As forças navais
operações navais realizadas na Guerra Cisplatina. adversárias, dispostas em colunas, trocaram tiros de
canhão a grande distância uma da outra, causando
A Marinha Imperial brasileira na Guerra perdas h u m a n a s e avarias materiais reduzidas de
Cisplatina lutou com a Força Naval argentina, mas parte a parte. A Esquadra argentina se retirou para o
também atuou contra os corsários que, com Patentes refúgio de Los Pozos e a Força Naval brasileira foi
de corso emitidas pelas Províncias Unidas do Rio da fundear entre os Bancos de Ortiz e Chico.
Prata e pelo próprio Exército de Lavalleja, atacavam
os navios mercantes brasileiros por toda a nossa O passo posterior do comandante das forças
costa. argentinas teria conseqüências muito mais
significativas para os destinos da guerra no mar e em
O embate entre a Esquadra brasileira e a terra se bem‐sucedido. Seu alvo era a Colônia de
Esquadra argentina teve lugar no estuário do Rio da Sacramento, uma praça fortificada situada na margem
Prata e nas suas proximidades – região com grande esquerda do Rio da Prata e guarnecida por 1.500
número de bancos de areia que dificultava a homens chefiados pelo Brigadeiro Manoel Jorge
navegação. Isto ajudou os argentinos a desenvolver Rodrigues, complementados por uma pequena força
uma variação naval da guerra de guerrilha. Os navios de quatro navios, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata
argentinos atacavam e, quando repelidos, escapavam Frederico Mariath. Sete navios da Esquadra argentina,
da perseguição dos navios brasileiros pelos estreitos capitaneados pela Fragata 25 de Mayo, romperam o
canais que se formavam entre os vários bancos de bloqueio brasileiro ao largo de Buenos Aires e fizeram
areia da região, em sua maioria desconhecidos dos vela para a Colônia de Sacramento, simultaneamente
marinheiros brasileiros. aquela praça era cercada por tropas.
Como primeira ação de guerra, a Força Naval Devido ao maior poder de combate da Força
brasileira no Rio da Prata, comandada pelo Vice‐ Naval Argentina perante a flotilha brasileira que
Almirante Rodrigo Lobo, estabeleceu um bloqueio defendia a Colônia, as tripulações e os canhões dos
naval no Rio da Prata, pretendendo impedir qualquer navios brasileiros foram desembarcados e
ligação marítima entre as Províncias Unidas e os incorporados às defesas de terra. Em 26 de fevereiro
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de 1826, os navios argentinos e as tropas de cerco Maria. No dia seguinte, ao perseguir um navio
iniciaram o bombardeio, respondido pelas mercante, a Fragata 25 de Mayo aproximou‐se muito
fortificações da Colônia do Sacramento, que do porto de Montevidéu, onde foi reconhecida pelos
inutilizaram um dos navios adversários. Repelido o navios da Esquadra brasileira, mesmo arvorando a
primeiro ataque, os defensores da Colônia do bandeira francesa.
Sacramento enviaram uma escuna para pedir auxílio
às forças navais brasileiras estacionadas em Saiu em sua perseguição a Fragata Niterói,
Montevidéu, esperando que o socorro chegasse o comandada pelo Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra James
mais rápido possível àquela praça sitiada. Norton, ambos, navio e comandante, veteranos da
Guerra de Independência e recém chegados para
O Vice‐Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de reforçar a Força Naval brasileira no Rio da Prata.
imediato a cidade acossada pelo inimigo. Na noite de Acompanharam o encalço à capitânia argentina
1° de março, a Força Naval argentina, reforçada por quatro outros pequenos navios, mas o combate se
seis canhoneiras, tentou desembarcar 200 homens concentrou nos navios de maior porte, com a Fragata
naquela praça. Depois de severa luta, os atacantes Niterói trocando disparos com a Fragata 25 de Mayo e
argentinos foram repelidos, com a perda de duas com um dos brigues que a acompanhava. Com o cair
canhoneiras e muitos homens, não sem antes da noite, os navios argentinos, com graves avarias,
conseguirem incendiar um dos nossos navios. Os retiraram‐se para Buenos Aires, dando por encerrado
navios argentinos só desistiram do cerco em 12 de o embate que ficou conhecido como o Combate de
março, escapando da Esquadra brasileira, que chegara Montevidéu.
com atraso em defesa de Sacramento.
Após o malogro da tentativa de capturar
A Força Naval argentina empreendia ações navios ao largo do porto de Montevidéu, William
mais ousadas contra a Esquadra brasileira. De uma Brown planejou outra ação para reforçar sua
troca de tiros sem muitas conseqüências, em esquadra com navios brasileiros capturados.
fevereiro, tentou a conquista de uma praça fortificada Tencionava abordar e capturar a Fragata Niterói, o
na margem esquerda do Rio da Prata que, se mesmo navio que frustrou sua incursão anterior. Na
conquistada, transformaria‐se em um importante noite de 27 de abril, sete navios argentinos rumaram
ponto de abastecimento das tropas uruguaias e para próximo de Montevidéu, onde os navios
argentinas. brasileiros se reuniam, e tentaram identificar seu alvo.
Enganados pela escuridão, investiram contra a Fragata
Uma das missões da Esquadra argentina era Imperatriz que, tendo percebido a aproximação do
justamente a manutenção do abastecimento dos inimigo, se preparara para o combate. Os navios
exércitos que lutavam na Província Cisplatina. Como argentinos 25 de Mayo e Independencia tentaram a
obstáculo, antepunha‐se a Esquadra brasileira abordagem, mas foram repelidos pela tripulação da
comandada pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar Imperatriz. O comandante do navio brasileiro,
da ineficiência desse início de bloqueio naval (pelos Capitão‐de‐Fragata Luís Barroso Pereira, liderou seus
primeiros embates navais da guerra, observa‐se que a homens na renhida luta até tombar morto no convés,
Esquadra argentina movimentava‐se com relativa atingido por disparos do inimigo. Foi uma das duas
facilidade), mantinha‐se superior em número às vítimas fatais da Imperatriz no combate.
forças navais comandadas por Brown.
A 3 de maio de 1826, a Esquadra comandada
O Comandante da Esquadra argentina William por Brown foi avistada pelos navios brasileiros quando
Brown reuniu sua capitânia, a Fragata 25 de Mayo, e tentava escapar do bloqueio naval ao seu porto. Os
dois brigues em uma audaciosa ação para capturar navios argentinos tentaram alcançar o Banco de Ortiz
navios que se dirigissem a Montevidéu, tentando na esperança de atrair os perseguidores, que, com
aumentar o tamanho de sua Esquadra e tomar alguma navios de maior porte, encalhariam naquele banco de
carga de valor em navios mercantes. Em 10 de abril de areia, tornando‐se alvos imóveis para seus canhões.
1826, conseguiu capturar a pequena Escuna Isabel
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Contudo, no combate que ficou conhecido Em 15 de maio de 1826, as três linhas de
como o do Banco de Ortiz, foi justamente a Fragata bloqueio determinadas pelo novo comandante da
argentina 25 de Mayo a primeira a ficar encalhada, Força Naval brasileira no Rio da Prata já se achavam
logo seguida pela nossa Fragata Niterói. Os dois navios em posição. Em 23 de maio, a Esquadra argentina
imobilizados empenharam‐se em um duelo de decidiu testar a resistência da Força Naval brasileira
artilharia. A Niterói conseguiu livrar‐se do encalhe. A responsável pelo bloqueio de Buenos Aires, a 2ª
seguir, a 25 de Mayo também escapou do Banco de Divisão da Esquadra Imperial, chefiada pelo Capitão‐
Ortiz e se reuniu ao restante da Esquadra argentina. O de‐Mar‐e‐Guerra James Norton. Os navios brasileiros
Combate do Banco de Ortiz acabou sem grandes engajaram‐se no Combate das Balizas Exteriores,
perdas para ambos os adversários, mas mostrou o mesmo com o risco de encalharem nos bancos de
perigo que os bancos de areia do Estuário do Rio da areia em torno de Buenos Aires. Os navios argentinos
Prata representavam para as Esquadras em luta. perceberam a resolução da força bloqueadora e
voltaram ao seu ancoradouro, em Los Pozos. Dois dias
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo depois, o navio capitânia da 2ª Divisão, a Fragata
Pinto Guedes, o Barão do Rio da Prata, substituiu o Niterói, navegando sozinha, atraiu a Esquadra
Almirante Rodrigo Lobo, que tinha se mostrado pouco argentina para o combate, mas, novamente, a troca
capaz no comando da Força Naval do Império do de tiros não causou danos significativos a nenhum dos
Brasil em operações de guerra no Rio da Prata. A lados.
primeira medida tomada pelo Almirante Pinto Guedes
foi estabelecer uma nova disposição das forças navais Mesmo a nova estratégia de bloqueio, mais
que reforçasse o bloqueio naval. Dividiu suas forças agressiva, não se mostrava eficiente na destruição dos
em quatro divisões, sob o comando de oficiais capazes navios argentinos, que se mantinham protegidos no
e experientes, devendo em todas as oportunidades ancoradouro de Los Pozos.
engajar o inimigo, obrigando‐o a aceitar a luta. A 1ª
Divisão, reunindo os maiores e mais poderosos navios No começo de junho de 1826, buscando um
que estavam no Rio da Prata, formaria a linha exterior engajamento decisivo, o Almirante Rodrigo Pinto
do bloqueio, impedindo que navios entrassem no Rio Guedes planejou atacar a Esquadra inimiga dentro de
da Prata para abastecer a Argentina e seu Exército Los Pozos. Para isso, a 2ª Divisão foi reunida à 3ª
lutando na Cisplatina e tentando capturar os corsários Divisão da Esquadra Imperial, composta por navios
que transitassem pela região. A 2ª Divisão, constituída menores que poderiam transpor os bancos de areia
de navios mais leves, manobreiros e numerosos, que protegiam o ancoradouro de Buenos Aires.
operaria no interior do estuário, efetuando um Em 7 de junho, antes que as duas forças
rigoroso bloqueio naval entre a Colônia de brasileiras se reunissem, cinco navios de transporte
Sacramento, Buenos Aires e a Enseada de Barregã, argentinos, escoltados por navios de guerra, largaram
isolando a Esquadra argentina no seu ancoradouro e de Buenos Aires com soldados e suprimentos para
tentando impedir o abastecimento por mar da capital apoiar as tropas argentinas que lutavam junto aos
argentina. A 3ª Divisão, composta de pequenos navios cisplatinos. Ao mesmo tempo, o resto da Esquadra
adequados à navegação fluvial, defenderia a Colônia argentina, comandada por Brown, fez vela para atrair
do Sacramento e patrulharia os Rios Uruguai, Negro e a atenção da força brasileira. Nem a 2ª Divisão, junto
Paraná, que formavam a fronteira natural entre as a Buenos Aires, nem a 3ª, ainda em águas da Colônia
Províncias Unidas do Rio da Prata e a Província de Sacramento, alcançaram os navios de transporte
Cisplatina, impedindo que as forças de Lavalleja e o argentinos.
Exército argentino fossem supridos desde o território
argentino. A 4ª Divisão era formada por navios em Em 11 daquele mês, as 2ª e 3ª Divisões,
reparo, e foi mantida em Montevidéu, para atuar comandadas por Norton, executaram o plano de
como uma força de reserva. A reorganização das ataque e investiram contra a Esquadra argentina em
forças navais brasileiras mostrou sua eficiência na Los Pozos. Novamente, os bancos de areia
contenção dos movimentos da Esquadra adversária. protegeram os navios argentinos. O comandante da
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Força Naval brasileira, Norton, desistiu do ataque que trânsito de reforços vindos das Províncias Unidas para
seria infrutífero. Apesar dos insucessos da ação os seus exércitos na Cisplatina.
planejada, a Escuna Isabel Maria, apresada pelos
argentinos, foi recuperada. Em 29 de dezembro de 1826, a Força Naval
argentina atacou a 3ª Divisão, fundeada na foz do Rio
Considerando o malogro do último ataque Iaguari, mas foi repelida pelo intenso fogo da
brasileiro à Esquadra argentina como sua vitória, artilharia dos pequenos navios de Sena Pereira e
Brown preparou uma nova investida à 2ª Divisão, recuou, descendo o Rio Uruguai. Embora tivesse
determinado a livrar Buenos Aires do bloqueio naval. repelido o ataque argentino, a 3ª Divisão brasileira se
Protegidos pela noite, em 29 de julho de 1826, 17 viu presa dentro do Rio Uruguai, uma vez que os
navios da Esquadra argentina tentaram surpreender navios inimigos postaram‐se na foz daquele rio.
os navios sob o comando do Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra
James Norton. Porém, alertados por uma escuna que Foi organizada uma Força Naval com unidades
fazia a vigilância, os brasileiros responderam ao da 2ª Divisão para combater os argentinos que
ataque. O combate tornou‐se confuso; a mesma noite bloqueavam a 3ª Divisão no interior do Rio Uruguai,
que escondia os atacantes, prejudicava a precisão dos chamada de Divisão Auxiliadora. Apesar da urgência
disparos e a identificação do inimigo. A possibilidade no socorro, a progressão desta Força Naval foi lenta e
de atingir navios amigos determinou que ambos os difícil, devido ao grande número de bancos de areia
lados suspendessem a luta. que tornavam aquelas águas pouco profundas e
inadequadas para navios de maior porte, como os que
Ao alvorecer, o combate recomeçou. O compunham a 2ª Divisão brasileira.
Comandante da Esquadra argentina Brown conduziu
seu navio capitânia, a Fragata 25 de Mayo, na direção A Corveta Maceió, a capitânia e o maior navio
dos navios brasileiros, mas só foi acompanhado pela da divisão, ficou isolada dos outros navios brasileiros
Escuna Rio de La Plata. Os dois navios argentinos perto de um banco de areia conhecido como Playa
receberam todo o peso dos disparos dos canhões Honda. A Maceió era o alvo perfeito para as forças
brasileiros e ficaram completamente inutilizados. O argentinas, sempre em busca de navios para reforçar
chefe das forças argentinas foi obrigado a transferir‐se sua já diminuída Esquadra. Cinco navios inimigos
sob fogo para um navio argentino que ousou aproximaram‐se da corveta, que estava acompanhada
aproximar‐se. O restante da Esquadra argentina apenas da Escuna Dois de Dezembro, e tentaram a
retirou‐se para a segurança de seu ancoradouro. O abordagem. A tripulação da Maceió repeliu o inimigo
Combate de Lara‐Quilmes foi a última tentativa da com o fogo de seus 20 canhões. Por fim, os navios
Esquadra argentina de destruir os navios da 2ª Divisão argentinos recuaram, mas a missão da Divisão
da Esquadra Imperial e desmantelar o bloqueio naval Auxiliadora ainda não terminara. Os navios brasileiros
brasileiro em torno de Buenos Aires. da 3ª Divisão permaneciam presos no Rio Uruguai.
Depois dessa expressiva vitória das forças No início de fevereiro de 1827, a 3ª Divisão
navais brasileiras, no começo do ano de 1827, a 3ª desceu o Rio Uruguai para combater a Força Naval
Divisão, composta pelos menores navios da Esquadra argentina que o bloqueava. Com ajuda da Divisão
brasileira, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata Jacinto Auxiliadora, planejou‐se colocar o inimigo entre os
Roque Sena Pereira, foi derrotada no Combate de canhões das duas divisões brasileiras.
Juncal. No final do ano anterior a 3ª Divisão recebeu Em 8 de fevereiro, começava o Combate de
ordens de subir o Rio Uruguai para auxiliar as Juncal, nome tomado da Ilha fluvial de Juncal,
operações do Exército Imperial Brasileiro na segmento do Rio Uruguai onde os navios da 3ª Divisão
Cisplatina. Sabendo daquela movimentação, o foram derrotados pela Força Naval argentina, pois não
comandante da Esquadra argentina reuniu uma força receberam o esperado apoio da Divisão Auxiliadora,
composta de 16 navios adaptados à navegação fluvial que permaneceu longe do local da batalha.
para destruir a 3ª Divisão brasileira e permitir o livre
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O bloqueio naval mais rigoroso realizado Províncias Unidas armaram corsários. Alguns corsários
desde maio de 1826 pela 2ª Divisão da Esquadra eram armados no porto de Buenos Aires e
Imperial mantinha a maior parte do tempo a Esquadra conseguiam romper o bloqueio naval brasileiro;
argentina confinada em seu ancoradouro. Porém, a outros vinham das bases de corsários de Carmen de
Esquadra brasileira não conseguia uma vitória Patagones e San Blas, em território das Províncias
definitiva frente ao inimigo, não evitando pequenas Unidas do Rio da Prata, e havia mesmo os que,
incursões que, algumas vezes, mostravam‐se recebendo as patentes de corso do governo de
desastrosas, como o combate fluvial em Juncal. Buenos Aires em portos do exterior, daí largavam para
acossar os navios mercantes nas costas brasileiras.
Já nesse período da guerra no mar, o governo
de Buenos Aires concentrava seu esforço na guerra de A guerra de corso empreendida contra o
corso, que afetava o comércio marítimo do Império nosso comércio marítimo (à época, como hoje,
brasileiro. Mesmo a Esquadra argentina, já muito essencial para economia nacional) foi mais efetiva
debilitada depois do Combate de Lara‐Quilmes, cedia contra o esforço de guerra brasileiro do que a
seus navios para campanhas de corso na costa Esquadra argentina. A operação ofensiva que a
brasileira. E foi com esse propósito que os quatro Marinha Imperial brasileira realizou com o bloqueio
principais navios argentinos tentaram romper o naval no Prata coexistiu com a ação defensiva na
bloqueio brasileiro na noite de 6 de abril de 1827. vigilância das extensas águas territoriais brasileiras,
defendendo nosso comércio marítimo dos corsários.
A Força Naval argentina, composta pelos
Brigues República, Congresso e Independência, e pela Exemplos da ação da Marinha Imperial no
Escuna Sarandi, comandada pelo próprio comandante combate aos corsários foram as duas incursões da
da Esquadra argentina, William Brown, foi Esquadra sediada no Rio da Prata às bases corsárias
interceptada pelos navios da 2ª Divisão quando de Carmen de Patagones e San Blas, na região da
tentava contornar o bloqueio naval brasileiro. Patagônia. Ambas ocorreram em 1827 e pretendiam
destruir esses verdadeiros ninhos de corsários e
Neste último grande encontro entre as forças recapturar alguns dos navios mercantes que estes
adversárias, conhecido como Combate de Monte tinham tomado.
Santiago, a 2ª Divisão brasileira, reforçada pelos
navios das outras duas divisões bloqueadoras, Contudo, as condições hidrográficas da costa
fustigou os navios argentinos com os seus canhões, argentina da Patagônia, completamente desconhecida
que, encurralados entre a força brasileira e os bancos dos brasileiros, e, especialmente na incursão a
de areia, foram sendo destroçados. Os Brigues Carmen de Patagones, a falta de informação sobre as
República e Independência foram abordados e defesas a serem enfrentadas determinaram o fracasso
capturados pelos brasileiros. O Brigue Congresso e a das duas expedições.
Escuna Sarandi, navios menores e mais leves,
conseguiram passar pelos bancos de areia e Entretanto, o combate aos corsários foi mais
refugiaram‐se em Buenos Aires, ainda assim bastante efetivo no bloqueio naval empreendido a outra de
atingidos pelos canhões brasileiros e com muitos suas “bases”, a localizada no Rio Salado. Outros
mortos e feridos a bordo. corsários também foram batidos no mar pela Marinha
Imperial, como o Brigue Niger, capturado em março
Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e de 1828, e o Brigue General Brandsen, destruído por
a demonstração de que o bloqueio naval organizado navios brasileiros após longa campanha de corso.
pelo Almirante Rodrigo Pinto Guedes foi efetivo no
combate ao inimigo. A indefinição da campanha terrestre e o
esgotamento econômico e militar de ambos os
As grandes perdas argentinas no Combate de contendores levaram o Brasil a aceitar a mediação da
Monte Santiago, em abril de 1827, ratificaram a opção Grã‐Bretanha para o fim da guerra. A Convenção
pela guerra de corso. Durante todo o conflito, as Preliminar de Paz foi assinada entre o Império do
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Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata em 27 de Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano das lutas na
agosto de 1828. O acordo estipulava que ambos os Independência e na Cisplatina.
lados renunciariam a suas pretensões sobre a Banda
Oriental, que se tornaria um país independente: a Somente com a intervenção da força
República Oriental do Uruguai. terrestre, as tropas que cercavam Montevidéu
capitularam e Manuel Oribe foi derrotado. A Esquadra
O término da Guerra Cisplatina não seria o fim brasileira, disposta ao longo do Rio da Prata, impediu
dos conflitos na região. A Marinha Imperial brasileira que as tropas vencidas pudessem evacuar para a
permaneceria guarnecendo a segurança do Império margem direita, o lado argentino.
do Brasil no Rio da Prata.
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira
Guerra contra Oribe e Rosas e seus aliados platinos voltaram‐se contra Rosas, que
mantinha‐se como uma ameaça à estabilidade da
Terminada a revolta que sublevou as região. Nessa nova ação militar coube à Marinha a
Províncias do Rio Grande e de Santa Catarina, o tarefa de transportar as tropas aliadas pelo Rio Paraná
Império brasileiro pôde retomar a vigilância na até a localidade de Diamante, para ali desembarcá‐las.
fronteira sul e ater‐se ao conflito que crescia na área
do Rio da Prata. Mesmo com o fim da Guerra A Força Naval brasileira, composta por quatro
Cisplatina e a independência da República Oriental do navios com propulsão a vapor e três navios a vela,
Uruguai, as lideranças políticas argentinas tinha como obstáculo o Passo de Tonelero, nas
continuavam com a pretensão de restituir o mando de proximidades da Barranca de Acevedo, onde o inimigo
Buenos Aires sobre o território do Vice‐Reinado do instalara uma fortificação guarnecida por 16 peças de
Prata. artilharia e 2.800 homens. Devido à pouca largura do
rio naquele trecho, os navios brasileiros seriam
O projeto de anexação do Uruguai ao obrigados a passar a menos de 400 metros daquela
território argentino encontrou em Juan Manuel de fortificação, recebendo o peso da artilharia inimiga. A
Rosas liderança máxima da Confederação Argentina solução encontrada pelo Chefe‐de‐Esquadra Grenfell
desde 1835 e em Manuel Oribe, líder do partido de foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na
oposição ao governo uruguaio (o Partido Blanco), seus operação de transposição daquele obstáculo.
executores.
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham
O Império brasileiro, que se opunha artilharia postada por todo seu costado, substituída
frontalmente à anexação, apoiava o governo nos navios a vapor pelas rodas laterais), foram
constituído do Uruguai, exercido pelo Partido rebocados pelos navios a vapor, mais rápidos e ágeis
Colorado. A situação política no Uruguai aproximava‐ nas manobras.
se a de uma guerra civil, com tropas partidárias de
Oribe e apoiadas por Rosas cercando a capital, Tonelero foi vencida em 17 de dezembro de
Montevidéu. 1851, com as tropas desembarcando em Diamante
com sucesso.
Em 1851, o Governo brasileiro procedeu uma
aliança com o governo uruguaio e com um Naquela localidade, os navios a vapor
oposicionista de Rosas, o governador da Província auxiliaram também na transposição do rio pelas
argentina de Entre Rios, Justo José de Urquiza, para tropas oriundas das províncias argentinas aliadas que
defender o Uruguai do ataque das forças de Rosas e tinham marchado até aquela posição.
Oribe.
O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas
A ação da Marinha novamente seria realizada tropas brasileiras e de seus aliados platinos, em
em estreita colaboração com o Exército Imperial. O fevereiro de 1852. A Passagem de Tonelero
comando da Força Naval foi entregue ao Chefe‐de‐ representou a única operação ofensiva realizada pela
Marinha Imperial naquele conflito.
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Contudo, o emprego da Força Naval no
transporte de tropas para a área do conflito e,
notadamente depois de Tonelero, na transposição das
tropas aliadas da margem uruguaia para território
argentino, no Rio da Prata e Rio Paraná, constituiu
fator essencial para o sucesso das ações militares
desenvolvidas pelos aliados contra Rosas e Oribe.
C R O N O L O G I A
DATA EVENTO
1825 a 1828 Guerra Cisplatina.
1835 a 1838 Cabanagem (Província do Pará).
Guerra dos Farrapos (Província do Rio
1835 a 1845
Grande do Sul).
1837 a 1838 Sabinada (Província da Bahia).
Balaiada (Províncias do Maranhão e
1838 a 1841
Piauí).
Revolta Praieira (Província de
1848 a 1849
Pernambuco).
1850 a 1852 Guerra contra Oribe e Rosas.
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EXERCÍCIOS: argentina.
(E) Resgate de dois navios mercantes capturados por
1 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em qual Guerra o império corsários
brasileiro, que se opunha frontalmente à anexação do
Uruguai ao território da Argentina, apoiou o governo
constituído do Uruguai, exercido pelo Partido
Colorado? 4 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) "No período regencial, o
conturbado ambiente político da Corte se refletiu nas
(A) Guerra contra Oribe e Rosas. províncias do Império em movimentos armadas que
(B) Guerra da Cisplatina. explodiram por todos os principais centros regionais,
(C) Guerra do Uruguai. desde 1831 até os anos de consolidação do reinado de
(D) Guerra dos Farrapos. D. Pedro II"
(E) Guerra Sabinada.
(Introdução a História Marítima Brasileira ‐ Rio de
Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006).
Com relação a esse período da História Marítima
2 ‐ (PS‐RM2‐OF‐EX/2016) – O primeiro conflito Brasileira, é correto afirmar que a Marinha
internacional que o Brasil participou após sua
Independência foi a Guerra da Cisplatina (1825 ‐1828). (A) enfrentou grandes inimigos no mar.
A respeito dessa guerra, é correto afirmar que: (B) participou de combates navais de duração de
meses.
(A) a independência da Cisplatina, sob o nome de (C) participou do transporte de tropas do Exército
República Oriental do Uruguai, foi um de seus Imperial da Corte e de outras províncias, bloqueios e
resultados. desembarques.
(B) devido ao maior poderio naval argentino, a (D) realizou diversas ações que determinaram o fim
Esquadra Imperial Brasileira fez uso intensivo da do escravismo.
guerra de corso. (E) consolidou o reinado de D. Pedro II a ponto de
(C) a causa principal desse conflito foi a invasão evitar a Guerra do Paraguai.
paraguaia à Província do Mato Grosso.
(D) a vitória brasileira se deu em conseqüência de sua
estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata.
(E) ao bloquear o Rio Paraná, a Tríplice Aliança, 5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que apresenta
formada por Brasil, Argentina e Uruguai, deu um duro a primeira revolta ocorrida no Grão‐Pará, no período
golpe na Força Nacional Paraguaia. regencial, e que se generalizou em 1835 com a
ocupação da capital da província, Belém.
(A) Sabinada.
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Durante a Guerra Cisplatina, a (B) Revolta Praieira.
Marinha Imperial brasileira lutou com a Força Naval (C) Cabanagem.
argentina e com corsários que atacavam os navios (D) Balaiada.
mercantes brasileiros por toda a nossa Costa. Assinale (E) Guerra dos Farrapos.
a opção que apresenta a primeira ação de guerra da
Força Naval brasileira na Guerra Cisplatina.
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(A) Cabanagem, no Pára.
(B) Revolta Praieira, no Ceará.
(C) Balaiada, no Rio Grande do Sul.
(D) Guerra dos Farrapos, no Maranhão e Piauí.
(E) Sabinada, em São Paulo.
7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Em que guerra
o Brasil recém‐independente envolveu‐se, entre 1825
e 1828, com as Províncias Unidas do Rio da Prata,
atual Argentina, pela posse de uma Província
brasileira que havia sido anexada por D. João VI, em
1821, que e atualmente a atual República Oriental do
Uruguai?
(A) Guerra dos Farrapos.
(B) Guerra da Lagosta.
(C) Guerra contra Manuel Oribe e Rosas.
(D) Guerra Cisplatina.
(E) Guerra do Paraguai.
(A) Guerra dos Farrapos.
(B) Balaiada.
(C) Sabinada.
(D) Cabanagem.
(E) Revolta Praieira.
Respostas:
1 A 6 A
2 A 7 D
3 A 8 B
4 C
5 C
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6 ‐ A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice do argentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele
Aliança contra o Governo do Paraguai superestimou o poderio econômico e militar do
Paraguai e subestimou o potencial do Poder Militar
A livre navegação nos rios e os limites entre o brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.
Brasil e o norte do Paraguai eram motivos de
discordância entre os dois países. Não se chegou a um Os seguintes atos de hostilidade do Paraguai
acordo satisfatório até a conclusão da Guerra da levaram à assinatura do Tratado da Tríplice Aliança
Tríplice Aliança. Para os brasileiros, era muito contra o Governo do Paraguai, pelo Brasil, Argentina
importante acessar, sem empecilhos, a Província de e Uruguai, em 1º de maio de 1865:
Mato Grosso, navegando pelo Rio Paraguai. Sabendo
disto, os paraguaios mantinham a questão dos limites, o apresamento do Vapor brasileiro Marquês de
que reivindicavam associada à da livre navegação. O Olinda, que viajava para Mato Grosso
litígio existia, principalmente em relação a um transportando o novo presidente dessa província,
território situado à margem esquerda do Rio Paraguai, em 12 de novembro de 1864, em Assunção;
entre os Rios Apa e Branco, ocupado por brasileiros. a invasão do Sul de Mato Grosso por tropas
Apesar dessas questões, o entendimento entre o paraguaias, em 28 de dezembro de 1864; e
Brasil e o Paraguai era cordial, excetuando‐se algumas a invasão de território da Argentina por tropas
crises que não chegaram a ter maiores conseqüências. paraguaias, em 13 de abril de 1865, ocupando a
Interessava principalmente ao Império que o Paraguai Cidade de Corrientes e apresando os vapores
se mantivesse fora da Confederação Argentina, que argentinos Gualeguay e 25 de Mayo.
muitas dificuldades lhe vinha causando, com sua
A aliança com os argentinos era, na opinião de
permanente instabilidade política.
um dos observadores estrangeiros, uma “aliança de
Com a morte de Carlos López, ascendeu ao cão e gato”. Havia muitas desavenças recentes e ao
governo do Paraguai seu filho, Francisco Solano López, Brasil não interessava subordinar sua Força Naval a
que ampliou a política externa do País, inclusive um comandante argentino. A Argentina possuía,
estabelecendo laços de amizade com o General Justo durante essa guerra, apenas uma pequena Marinha e
José de Urquiza, que liderava a Província argentina de o esforço naval foi quase totalmente da Marinha do
Entre Rios, e com o Partido Blanco uruguaio. Essas Brasil. O Império não queria criar uma situação em
alianças, sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai que um estrangeiro pudesse decidir o destino de seu
ao mar. Poder Naval. Poder que sempre desempenhara um
papel importante, de diferenciador nos conflitos da
Com a invasão do Uruguai por tropas região do Rio da Prata.
brasileiras, na intervenção realizada em 1864, contra
o governo do Presidente uruguaio Manuel Aguirre, do Isto significava, também, que no início da
Partido Blanco, Solano López considerou que seu guerra, as operações envolvendo forças navais e
próprio país fora agredido e declarou guerra ao Brasil. terrestres seriam operações conjuntas, sem unidade
Aliás, ele havia enviado um ultimato ao Brasil, que de comando.
fora ignorado. Como foi negada pelos portenhos
No início da Guerra da Tríplice Aliança, a
permissão para que seu exército atravessasse
Marinha do Brasil dispunha de 45 navios armados.
território argentino para atacar o Rio Grande do Sul,
Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a
invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a
vapor, e 12 dependiam exclusivamente do vento. A
Argentina no conflito.
propulsão a vapor, no entanto, era essencial para
O Paraguai estava se mobilizando para uma operar nos rios. Todos tinham casco de madeira.
possível guerra desde o início de 1864. López se Muitos deles já estavam armados com canhões
julgava mais forte – o que provavelmente era raiados de carregamento pela culatra.
verdadeiro, no final de 1864 e início de 1865 – e
Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os
acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e
de propulsão mista, eram adequados para operar no
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mar e não nas condições de águas restritas e pouco principais vias de comunicação da região, e navios e
profundas que o teatro de operações nos Rios Paraná embarcações teriam que transportar os suprimentos
e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um para as tropas, o carvão para servir como combustível
perigo sempre presente. Além disso, esses navios, dos próprios navios e, muitas vezes, soldados, cavalos
com casco de madeira, eram muito vulneráveis à e armamento.
artilharia de terra, posicionada nas margens.
Com o avanço das tropas paraguaias ao longo
Era uma época de freqüentes inovações do Rio Paraná, ocupando a Província de Corrientes,
tecnológicas no hemisfério norte e a Guerra Civil Tamandaré resolveu designar seu chefe de estado‐
Americana trouxera muitas novidades para a guerra maior, o Chefe‐deDivisão Francisco Manoel Barroso
naval e, especificamente, para o combate nos rios. da Silva, para assumir o comando da Força Naval
Sua influência, logo depois dessa primeira fase de brasileira, que subira o rio para efetivar o bloqueio do
navios de madeira, na Guerra da Tríplice Aliança fez‐ Paraguai. Ele queria mais ação. Barroso partiu em 28
se sentir, principalmente, com o aparecimento dos de abril de 1865, na Fragata Amazonas, e assumiu o
navios protegidos por couraça de ferro, projetados cargo em Bela Vista. Sua primeira missão foi um
para a guerra fluvial, e a mina naval. ataque à Cidade de Corrientes, então ocupada pelos
paraguaios. O desembarque das tropas aliadas em
Todos os navios da Esquadra paraguaia, Corrientes ocorreu com bom êxito no dia 25 de maio.
exceto um, eram navios de madeira, mistos, a vela e a
vapor, com propulsão por rodas de pás. Embora todos Não era, sabidamente, possível manter a
eles fossem adequados para navegar nos rios, posse dessa cidade na retaguarda das tropas
somente o Taquary era um verdadeiro navio de invasoras, principalmente naquele momento da luta,
guerra; os outros, apesar de convertidos, não foram em que os paraguaios mantinham uma ofensiva
projetados para tal. vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá‐la. Mas, o
ataque deteve o avanço paraguaio para o Sul. Ficou
Os paraguaios desenvolveram a chata com evidente que a presença da Força Naval brasileira
canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo deixava o flanco direito dos invasores, que se apoiava
chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas no Rio Paraná, sempre muito vulnerável. Para os
de calibre, que era rebocado até o local de utilização, paraguaios, era necessário destruí‐la e isto levou
onde ficava fundeado. Transportava apenas a Solano López a planejar a ação que levaria à Batalha
guarnição do canhão e sua borda ficava próximo da Naval do Riachuelo.
água, deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via‐se
somente a boca do canhão acima da superfície da Os preparativos para o ataque aos navios
água. brasileiros foram realizados sob a orientação direta do
próprio López. O plano consistia em surpreender os
O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do navios brasileiros fundeados, abordá‐los e, após a
Riachuelo vitória, rebocá‐los para Humaitá. Por isso, os navios
O Paraguai enviou duas colunas de tropas paraguaios estavam superlotados com tropas.
invasoras, uma destinada ao Rio Grande do Sul e Tirando o máximo proveito do terreno ao
outra para o sul, em território argentino, longo do Rio Paraná, ele mandou, também, assentar
acompanhando o Rio Paraná. canhões nas barrancas da Ponta de Santa Catalina,
Foi designado comandante das Forças Navais que fica imediatamente antes da foz do Riachuelo, e
Brasileiras em Operação o Almirante Joaquim reforçar com tropas de infantaria o Rincão de Lagraña,
Marques Lisboa, Visconde de Tamandaré. A estratégia que lhe fica rio abaixo.
naval adotada foi a de negar o acesso ao território Da extremidade Sul do Rincão de Lagraña, que
paraguaio através do bloqueio. Tamandaré, logo no tem uma barranca mais elevada, os paraguaios
início, tratou também de organizar a difícil logística podiam atirar, de cima, sobre os conveses dos navios
que o teatro de operações exigia. Os rios eram as
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brasileiros que escapassem, descendo o Paraná. O proximidades da margem esquerda, logo após o local
local era perfeito para uma armadilha, pois o canal onde estavam as baterias de terra. Fechou‐se, assim, a
navegável era estreito e tortuoso, com risco de armadilha em uma extensão de uns seis quilômetros,
encalhe em bancos submersos, o que forçava as ao longo de um trecho do Paraná, junto à foz do
embarcações a passarem próximo à margem Riachuelo.
esquerda.
Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com
Na noite de 10 para 11 de junho de 1865, a o Belmonte à frente, seguido pelo Jequitinhonha e por
Força Naval brasileira comandada por Barroso, outros navios, avistou as barrancas de Santa Catalina.
constituída pela Fragata Amazonas e pelos Vapores Somente mais adiante, já com as barrancas pelo
Jequitinhonha, Belmonte, Beberibe, Parnaíba, través, era possível ter a visão completa da curva do
Mearim, Araguari, Iguatemi e Ipiranga, estava Rincão de Lagraña, rio abaixo da foz do Riachuelo,
fundeada ao sul da Cidade de Corrientes, próximo à onde estavam parados os navios e as chatas da força
margem direita, em um trecho largo do rio. De lá paraguaia. A vegetação impedia que se soubesse que
avistaram, pouco depois das oito horas da manhã, a as barrancas de Santa Catalina estavam artilhadas.
força paraguaia comandada pelo Capitão‐de‐Fragata
Pedro Inácio Mezza, com os navios: Tacuary, Barroso resolveu deter a Amazonas,
Paraguary, Igurey, Ipora, Jejuy, Salto Oriental, reservando‐a para interceptar uma possível fuga dos
Marquês de Olinda e Pirabebe; rebocando seis chatas paraguaios rio acima. Alguns navios brasileiros não
artilhadas. entenderam a manobra e ficaram indecisos. Como
conseqüência, o Jequitinhonha encalhou num banco,
Mezza se atrasara devido a problemas na sob as baterias de terra, e o Belmonte, à frente,
propulsão de um de seus navios, o Ibera, que acabou prosseguiu sozinho, recebendo o fogo concentrado da
sendo deixado para trás. As chatas que rebocava artilharia do inimigo e tendo que encalhar,
tinham uma pequena borda‐livre, fazendo água propositadamente, após completar a passagem para
quando os navios aumentavam a velocidade não afundar, devido às avarias sofridas em combate.
procurando recuperar o tempo perdido.
Para reorganizar sua força naval, Barroso
Ele decidiu não largar as chatas, pois sua avançou com a Amazonas, assumiu a liderança dos
presença na batalha era uma determinação de López, navios que estavam a ré do Belmonte e, seguido por
e, chegando tarde, desistiu de iniciar o combate com a eles, completou a passagem sob o fogo dos canhões
abordagem. Julgava que não havia surpreendido os paraguaios e da fuzilaria de terra. Afastou‐se, depois,
brasileiros e é acusado de ter, assim, perdido sua descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove
melhor chance de vitória. A surpresa, na realidade, foi navios, porque o Parnaíba, com o leme avariado,
maior até do que se poderia supor. Era uma manhã de também não conseguira passar. Completou‐se assim,
domingo, parte das guarnições estava em terra para às 12h10min, a primeira fase da batalha.
trazer lenha, com o propósito de poupar carvão. É
sempre difícil manter um estado prolongado de alerta Então, Barroso mostrou toda a sua coragem,
quando as ameaças não se fazem freqüentemente decidindo regressar para o interior da armadilha de
sensíveis. Riachuelo. Foi necessário descer o rio até um lugar
onde o canal permitia fazer a volta com os navios e,
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou cerca de uma hora depois, ele estava novamente em
para o iminente combate, as tripulações assumindo frente à ponta sul do Rincão de Lagraña.
seus postos, despertando o fogo das fornalhas das
caldeiras com carvão e largando as amarras. Às Até aquele instante, o resultado era
9h25min, dispararam‐se os primeiros tiros de altamente insatisfatório para o Brasil. O Belmonte
artilharia. Passou, logo em seguida, a força paraguaia, fora de ação, o Jequitinhonha encalhado, para
em coluna, pelo través da brasileira, ainda sempre, e o Parnaíba sendo abordado e dominado
imobilizada, indo, logo depois, rio abaixo, para as pelo inimigo, apesar de resistência heróica de
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brasileiros, como o GuardaMarinha Guilherme território inimigo. Além disto, apesar de não
Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que lutaram comentarem, na época, não seria sensato abordar um
até a morte. navio lotado com tropas.
Tirando, porém, vantagem do porte da Antes do pôr‐do‐sol de 11 de junho, a vitória
Amazonas e contando com a perícia do prático era brasileira. Foi uma batalha naval, em alguns
argentino que tinha a bordo, Barroso usou seu navio aspectos, decisiva.
para abalroar os paraguaios e vencer a batalha. Foi
um improviso, seu navio não tinha a proa A Esquadra paraguaia foi praticamente
propositadamente reforçada para ser empregada aniquilada, e não teria mais participação relevante no
como aríete. conflito. Estava garantido o bloqueio que impediria
que o Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo,
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe‐ os navios encouraçados encomendados no exterior.
de‐Divisão Barroso, na parte que transmitiu ao Comprometeu, também, a situação das tropas
Visconde de Tamandaré, assim se deu a batalha invasoras e, pouco tempo depois, a guerra passou
(grafia de época): para o território paraguaio.
– “....Subi, minha resolução foi de acabar de uma Barroso, sem dúvida, foi o responsável pelo
vez, com tôda a esquadra paraguaya, que eu teria bom êxito de sua força naval em Riachuelo. O futuro
conseguido se os quatro vapôres que estavam mais acima Barão de Teffé declarou que o vira, do Araguari, em
não tivessem fugido. Pus a prôa sôbre o primeiro, que o
plena batalha, destemido, expondo‐se sobre a roda da
escangalhei, ficando inutilisado completamente, de agoa
Amazonas, com a barba branca, que deixara crescer,
aberta, indo pouco depois ao fundo. Segui a mesma
ao vento e sentira por ele um grande respeito e
manobra contra o segundo, que era o Marques de Olinda,
que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou admiração.
pela mesma fórma. Os quatro restantes vendo a manobra
A cidade de Corrientes continuava ocupada
que eu praticava e que eu estava disposto a fazer‐lhes o
pelo inimigo e a Força Naval brasileira, que mostrara
mesmo, trataram de fugir rio acima. Em seguimento ao
terceiro vapor destruído, aproei a uma chata que com o sua presença, fundeada próxima a ela, precisou
choque e um tiro foi a pique. iniciar, alguns dias após o 11 de junho, a descida do
rio, que estava baixando.
Exmº Sr. Almirante, todas estas manobras eram
feitas pela Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos Os paraguaios haviam retirado suas baterias,
navios e chatas, como das baterias de terra e mosquetaria que estavam na Ponta de Santa Catalina, e as
de mais de mil espingardas. A minha tenção era destruir por instalaram, primeiro em Mercedes, depois em Cuevas,
esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que andar para criando dificuldades para o abastecimento dos navios
baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais
brasileiros, que era realizado pelo rio. Sob todos esses
tarde havíamos de encalhar, por ser naquella localidade o
aspectos, incluindo a diminuição do nível do Rio
canal mui estreito.
Paraná, que aumentava o risco de encalhe, a posição
Concluída esta faina, seriam 4 horas da tarde, da Força Naval, avançada em território ainda ocupado
tratei de tomar as chatas, que ao approximar‐me d’ellas por tropas do Paraguai, mostrava‐se muito vulnerável.
eram abandonadas, saltando todos ao rio, e nadando para
terra, que estava a curta distância. O quarto vapor Barroso passou com seus navios por Mercedes
paraguayo Paraguary, de que ainda não fallei, recebeu tal e Cuevas, enfrentando a artilharia paraguaia, e
rombo no costado e caldeiras, quando desceram, que foi somente regressou passados alguns meses, apoiando
encalhar em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para o avanço das tropas aliadas, que progrediam
ella, fugindo e abandonando o navio”. aproveitando o recuo do inimigo.
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança
com a aproximação da noite, os navios brasileiros que venceria a guerra em pouco tempo, mas tal não
os perseguiam regressaram, para evitar encalhes em ocorreu. O que parecia fácil estagnou. O Paraguai era
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um país mobilizado para a guerra que, aliás, foi ele encouraçados já estavam disponíveis nessa força. Um
que iniciou, achando que tinha vantagens. deles tinha o nome de Barroso, e outro o de
Tamandaré. Era uma grande homenagem, em vida,
Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável aos dois ilustres chefes.
enquanto não estivessem disponíveis os novos meios
navais que estavam em obtenção pelo Brasil: os A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai
navios encouraçados. necessitava de apoio naval. Passo da Pátria foi uma
operação conjunta de forças navais e terrestres.
Para avançar ao longo do Rio Paraguai, era Coube, inicialmente, à Marinha fazer os
necessário vencer diversas passagens fortificadas, levantamentos hidrográficos, combater as chatas
destacando‐se, inicialmente, Curuzu, Curupaiti e paraguaias e bombardear o Forte de Itapiru e o
Humaitá. Navios oceânicos de calado inapropriado acampamento inimigo. Em março de 1866, já estavam
para navegar em rios, de casco de madeira, sem disponíveis nove navios encouraçados, inclusive três
couraça, como os da Força Naval brasilei