Você está na página 1de 242

CONCURSOS 

MILITARES

Área de Concentração II –
Formação Militar‐Naval 
PROCESSO SELETIVO UNIFICADO DE OFICIAIS – RM2 
 
http://www.concursosmilitares.com.br/ 
11/10/2018 
 

Erros de Impressão 
Alguns erros de edição ou impressão podem ocorrer durante o processo de fabricação deste volume, caso
encontre algo, por favor, entre em contato conosco, pelo nosso e-mail, leo.barros67@yahoo.com.br. 

   

APOSTILA DE ACORDO COM O AVISO DE 
CONVOCAÇÃO DA MARINHA DO BRASIL 2018 
PUBLICADO 10/10/2018 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO II – FORMAÇÃO MILITAR‐NAVAL 
DEFESA NACIONAL 
Política Nacional de Defesa............................................................................................................................................... 01
O Estado, a Segurança e a Defesa...................................................................................................................................... 01
O ambiente Internacional.................................................................................................................................................. 02
O ambiente regional e o entorno estratégico.................................................................................................................... 02
O Brasil............................................................................................................................................................................... 03
Objetivos Nacionais de Defesa........................................................................................................................................... 05
Orientações........................................................................................................................................................................ 05
Estratégia Nacional de Defesa.......................................................................................................................................... 07
Formulação Sistemática ................................................................................................................................................... 07
Medidas de Implementação............................................................................................................................................. 26
ORGANIZAÇÃO BÁSICA DA MARINHA 
Forças Armadas (FFAA) –(Constituição de 1988).............................................................................................................. 01
Missão Constitucional; Hierarquia e disciplina; e Comandante Supremo das Forças Armadas........................................ 05
Exercícios............................................................................................................................................................................ 05
Normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas – (LEI COMPLEMENTAR Nº 97, 
DE 9 DE JUNHO DE 1999)...........................................................................................................................................  01 
Disposições Preliminares  ‐ Da Destinação e Atribuições; Do Assessoramento ao Comandante Supremo  01
Da Organização ‐ Das Forças Armadas; Direção Superior das Forças Armadas..........................................................   02
Exercícios............................................................................................................................................................................ 03
LEGISLAÇÃO MILITAR‐NAVAL 
Estatuto dos Militares  ‐ (LEI Nº 6.880, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980).............................................................................  01 
Hierarquia Militar e disciplina............................................................................................................................................ 02
Cargos e Funções militares................................................................................................................................................ 04
Valor e ética militar............................................................................................................................................................ 04
Compromisso, comando e subordinação........................................................................................................................... 06
Violação das obrigações e deveres militares..................................................................................................................... 07
Crimes militares................................................................................................................................................................. 07
Contravenções ou transgressões disciplinares.................................................................................................................. 07
Exercícios........................................................................................................................................................................... 10
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA 
Doutrina de Liderança da Marinha – (EMA‐137 ‐ Doutrina de Liderança da Marinha)                                                              01
Chefia e Liderança.............................................................................................................................................................. 01
Aspectos Fundamentais da Liderança................................................................................................................................ 01
Estilos de Liderança............................................................................................................................................................ 04
Seleção de Estilos de Liderança......................................................................................................................................... 06
Fatores da Liderança.......................................................................................................................................................... 06
Atributos de um Líder........................................................................................................................................................ 07

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ 
Níveis de Liderança ........................................................................................................................................................... 08
Exercícios........................................................................................................................................................................... 11
TRADIÇÕES NAVAIS 
Introdução......................................................................................................................................................................... 01
Semelhanças entre as Marinhas ....................................................................................................................................... 01
Conhecendo o Navio.......................................................................................................................................................... 01
A Gente de Bordo.............................................................................................................................................................. 05
A Organização de Bordo.................................................................................................................................................... 06
Cerimonial de Bordo......................................................................................................................................................... 08
Uniformes e seus acessórios............................................................................................................................................. 12
Algumas expressões corriqueiras...................................................................................................................................... 14
HISTÓRIA NAVAL 
1 ‐ A História da Navegação...................................................................................................................................  01
Os navios de madeira: construindo embarcações e navios....................................................................................  01
O desenvolvimento dos navios portugueses..........................................................................................................  01
O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumentos e as cartas de marear............................................  01
A vida a bordo dos navios veleiros..........................................................................................................................  02
Exercícios......................................................................................................................................................................... 04
2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil ............................................................................  05
Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina.....................................................  05
Lusitânia..................................................................................................................................................................  06
Ordens militares e religiosas...................................................................................................................................  07
O papel da nobreza................................................................................................................................................  07
A importância do mar na formação de Portugal.....................................................................................................  08
Desenvolvimento econômico e social.....................................................................................................................  08
A descoberta do Brasil............................................................................................................................................  11
O reconhecimento da costa brasileira:...................................................................................................................  12
A expedição de 1501/1502; A expedição de 1502/1503; A expedição de 1503/1504...........................................  12
As expedições guarda‐costas..................................................................................................................................  13
A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa..........................................................................................  13
Exercícios......................................................................................................................................................................... 15
3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil........................................................................................................................   16
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão............................................................................................  17
Invasores na foz do Amazonas................................................................................................................................  18
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco..................................................................................................  19
Holandeses na Bahia...............................................................................................................................................  19
A ocupação do Nordeste brasileiro.........................................................................................................................  19
A insurreição em Pernambuco................................................................................................................................  21

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ 
A derrota dos holandeses em Recife......................................................................................................................  23
Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII............................................................................................  24
Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil............................................................................................................  24
Exercícios......................................................................................................................................................................... 25
4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira................................................................................................................. 29
A vinda da Família Real.................................................................................................................................................... 29
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental.............. 30
A Banda Oriental............................................................................................................................................................. 30
A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha...................................................................................................... 32
Guerra de independência................................................................................................................................................ 32
Elevação do Brasil a Reino Unido.................................................................................................................................... 32
O retorno de D. João VI para Portugal............................................................................................................................. 32
A Independência.............................................................................................................................................................. 33
A Formação de uma Esquadra Brasileira......................................................................................................................... 33
Operações Navais............................................................................................................................................................ 34
Confederação do Equador............................................................................................................................................... 34
Exercícios......................................................................................................................................................................... 36
5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e do Início do Segundo Reinado............................................... 38
Conflitos internos............................................................................................................................................................ 40
Cabanagem...................................................................................................................................................................... 40
Guerra dos Farrapos; Sabinada; Balaiada; Revolta Praieira............................................................................................ 40
Conflitos externos........................................................................................................................................................... 41
Guerra Cisplatina............................................................................................................................................................. 41
Guerra contra Oribe e Rosas........................................................................................................................................... 47
Exercícios......................................................................................................................................................................... 49
6 ‐ A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai............................................. 51
O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo............................................................................................. 52
Navios encouraçados e a invasão do Paraguai................................................................................................................ 55
Curuzu e Curupaiti........................................................................................................................................................... 55
Caxias e Inhaúma............................................................................................................................................................. 56
Passagem de Curupaiti; Passagem de Humaitá............................................................................................................... 56
O recuo das forças paraguaias........................................................................................................................................ 57
O avanço aliado e a Dezembrada.................................................................................................................................... 57
A ocupação de Assunção e a fase final da guerra........................................................................................................... 57
Exercícios......................................................................................................................................................................... 60
7 ‐ A Marinha na República............................................................................................................................................ 62
Primeira Guerra Mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 63
O preparo do Brasil......................................................................................................................................................... 64
A Divisão Naval em Operações de Guerra – DNOG......................................................................................................... 66

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ 
O Período entre Guerras................................................................................................................................................. 69
A situação em 1940......................................................................................................................................................... 70
Exercícios......................................................................................................................................................................... 71
Segunda Guerra mundial: Antecedentes........................................................................................................................ 72
Início das hostilidades e ataques aos nossos navios mercantes..................................................................................... 73
A Lei de Empréstimo e Arrendamento e modernizações de nossos meios e defesa ativa da costa brasileira............. 75
Defesas Locais................................................................................................................................................................. 77
Defesa Ativa.................................................................................................................................................................... 77
A Força Naval do Nordeste............................................................................................................................................. 78
E o que ficou?.................................................................................................................................................................. 80
Exercícios......................................................................................................................................................................... 82
8 ‐ O Emprego Permanente do Poder Naval.................................................................................................................. 83
O Poder Naval na guerra e na paz................................................................................................................................... 83
Classificação.................................................................................................................................................................... 84
A percepção do Poder Naval........................................................................................................................................... 85
O emprego permanente do Poder Naval........................................................................................................................ 86
Exercícios......................................................................................................................................................................... 88
GLOSSÁRIO: Classificação de Navios de Guerra............................................................................................................. 89
Exercícios......................................................................................................................................................................... 95
Jerônimo de Albuquerque e o comando da força naval contra os franceses no Maranhão........................................ 96
A Evolução Tecnológica no setor naval na segunda metade do século XIX e as consequências para a Marinha do  102
Brasil. 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/ 
ÁREA  DE  CONCENTRAÇÃO  II  –  FORMAÇÃO  MILITAR‐ 2. O Estado, a Segurança e a Defesa 
NAVAL 
2.1  O  Estado  tem  como  pressupostos  básicos 
DEFESA NACIONAL  território,  povo,  leis  e  governo  próprios  e 
independência  nas  relações  externas.  Ele  detém  o 
POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA:  monopólio  legítimo  dos  meios  de  coerção  para  fazer 
1 ‐ INTRODUÇÃO: A Política Nacional de Defesa (PND)  valer  a  lei  e  a  ordem,  estabelecidas 
é  o  documento  condicionante  de  mais  alto  nível  do  democraticamente,  provendo,  também,  a  segurança. 
planejamento  de  ações  destinadas  à  defesa  nacional  A  defesa  externa  é  a  destinação  precípua  das  Forças 
coordenadas  pelo  Ministério  da  Defesa.  Voltada  Armadas. 
essencialmente  para  ameaças  externas,  estabelece  2.2 A segurança é tradicionalmente vista somente do 
objetivos  e  orientações  para  o  preparo  e  o  emprego  ângulo  da  confrontação  entre  nações,  ou  seja,  a 
dos  setores  militar  e  civil  em  todas  as  esferas  do  proteção  contra  ameaças  de  outras  comunidades 
Poder Nacional, em prol da Defesa Nacional.  políticas  ou,  mais  simplesmente,  a  defesa  externa.  À 
Esta  Política  pressupõe  que  a  defesa  do  País  é  medida que as sociedades se desenvolveram e que se 
inseparável  do  seu  desenvolvimento,  fornecendo‐lhe  aprofundou  a  interdependência  entre  os  Estados, 
o  indispensável  escudo.  A  intensificação  da  projeção  novas exigências foram agregadas. 
do Brasil no concerto das nações e sua maior inserção  2.3  Gradualmente,  ampliou‐se  o  conceito  de 
em  processos  decisórios  internacionais  associam‐se  segurança,  abrangendo  os  campos  político,  militar, 
ao modelo de defesa proposto nos termos expostos a  econômico,  psicossocial,  científico‐tecnológico, 
seguir.  ambiental e outros. 
Este documento explicita os conceitos de Segurança e  Preservar  a  segurança  requer  medidas  de  largo 
de  Defesa  Nacional,  analisa  os  ambientes  espectro,  envolvendo,  além  da  defesa  externa:  a 
internacional  e  nacional  e  estabelece  os  Objetivos  defesa  civil,  a  segurança  pública  e  as  políticas 
Nacionais de Defesa. Além disso, orienta a consecução  econômica, social, educacional, científico‐tecnológica, 
desses objetivos.  ambiental,  de  saúde,  industrial.  Enfim,  várias  ações, 
A  Política  Nacional  de  Defesa  interessa  a  todos  os  muitas das quais não implicam qualquer envolvimento 
segmentos  da  sociedade  brasileira.  Baseada  nos  das Forças Armadas. 
fundamentos,  objetivos  e  princípios  constitucionais,  Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a 
alinha‐se  às  aspirações  nacionais  e  às  orientações  partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que 
governamentais,  em  particular  à  política  externa  resultam definições com diferentes perspectivas. 
brasileira, que propugna, em uma visão ampla e atual, 
a solução pacífica das controvérsias, o fortalecimento  A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o 
da  paz  e  da  segurança  internacionais,  o  reforço  do  Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres 
multilateralismo e a integração sul‐americana.  de  riscos,  pressões  ou  ameaças,  inclusive  de 
necessidades  extremas.  Por  sua  vez,  defesa  é  a  ação 
Após  longo  período  livre  de  conflitos  que  tenham  efetiva para se obter ou manter o grau de segurança 
afetado  diretamente  o  território  e  a  soberania  desejado. 
nacional,  a  percepção  das  ameaças  está  desvanecida 
para  muitos  brasileiros.  No  entanto,  é  imprudente  2.4  Para  efeito  da  Política  Nacional  de  Defesa  são 
imaginar  que  um  país  com  o  potencial  do  Brasil  não  adotados os seguintes conceitos: 
enfrente  antagonismos  ao  perseguir  seus  legítimos 
interesses. Um dos propósitos da Política Nacional de  I  ‐  Segurança  é  a  condição  que  permite  ao  País 
Defesa  é  conscientizar  todos  os  segmentos  da  preservar  sua  soberania  e  integridade  territorial, 
sociedade brasileira da importância da defesa do País  promover seus interesses nacionais, livre de pressões 
e de que esta é um dever de todos os brasileiros.  e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus 
direitos e deveres constitucionais; e 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
II ‐ Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações  mundo.  A  exclusão  de  parcela  significativa  da 
do  Estado,  com  ênfase  no  campo  militar,  para  a  população  mundial  dos  processos  de  produção, 
defesa  do  território,  da  soberania  e  dos  interesses  consumo e acesso à informação constitui situação que 
nacionais  contra  ameaças  preponderantemente  poderá vir a configurar‐se em conflito. 
externas, potenciais ou manifestas. 
3.3  A  configuração  da  ordem  internacional, 
3. O ambiente internacional  caracterizada  por  assimetrias  de  poder,  produz 
tensões e instabilidades indesejáveis para a paz. 
3.1 O mundo vive desafios mais complexos do que os 
enfrentados  durante  o  período  de  confrontação  A  prevalência  do  multilateralismo  e  o  fortalecimento 
ideológica bipolar. O fim da Guerra Fria reduziu o grau  dos  princípios  consagrados  pelo  Direito  Internacional 
de previsibilidade das relações internacionais vigentes  como  a  soberania,  a  não‐intervenção  e  a  igualdade 
desde a Segunda Guerra Mundial.  entre os Estados são promotores de um mundo mais 
estável, voltado para o desenvolvimento e bem‐estar 
Nesse  ambiente,  é  pouco  provável  um  conflito  da humanidade. 
generalizado  entre  Estados.  Entretanto,  renovam‐se 
conflitos  de  caráter  étnico  e  religioso,  exacerbam‐se  3.4  A  questão  ambiental  permanece  como  uma  das 
os  nacionalismos  e  fragmentam‐se  os  Estados,  preocupações  da  humanidade.  Países  detentores  de 
situações que afetam a ordem mundial.  grande  biodiversidade,  enormes  reservas  de  recursos 
naturais e imensas áreas para serem incorporadas ao 
Neste século, poderão ser intensificadas disputas por  sistema  produtivo  podem  tornar‐se  objeto  de 
áreas  marítimas,  pelo  domínio  aeroespacial  e  por  interesse internacional. 
fontes de água doce, de alimentos e de energia, cada 
vez  mais  escassas.  Tais  questões  poderão  levar  a  3.5 As mudanças climáticas têm graves consequências 
ingerências  em  assuntos  internos  ou  a  disputas  por  sociais,  com  reflexos  na  capacidade  estatal  de  agir  e 
espaços  não  sujeitos  à  soberania  dos  Estados,  nas relações internacionais. 
configurando  quadros  de  conflito.  Por  outro  lado,  o 
aprofundamento  da  interdependência  dificulta  a  3.6  ‐  Para  que  o  desenvolvimento  e  a  autonomia 
precisa delimitação dos ambientes externo e interno.  nacionais  sejam  alcançados  é  essencial  o  domínio 
crescentemente  autônomo  de  tecnologias  sensíveis, 
Com  a  ocupação  dos  últimos  espaços  terrestres,  as  principalmente  nos  estratégicos  setores  espacial, 
fronteiras  continuarão  a  ser  motivo  de  litígios  cibernético e nuclear. 
internacionais. 
3.7  Os  avanços  da  tecnologia  da  informação,  a 
3.2  O  fenômeno  da  globalização,  caracterizado  pela  utilização  de  satélites,  o  sensoriamento  eletrônico  e 
interdependência  crescente  dos  países,  pela  outros  aperfeiçoamentos  tecnológicos  trouxeram 
revolução  tecnológica  e  pela  expansão  do  comércio  maior  eficiência  aos  sistemas  administrativos  e 
internacional  e  dos  fluxos  de  capitais,  resultou  em  militares, sobretudo nos países que dedicam  maiores 
avanços  para  uma  parcela  da  humanidade.  recursos  financeiros  à  Defesa.  Em  consequência, 
Paralelamente,  a  criação  de  blocos  econômicos  tem  criaram‐se  vulnerabilidades  que  poderão  ser 
acirrado  a  concorrência  entre  grupos  de  países.  Para  exploradas,  com  o  objetivo  de  inviabilizar  o  uso  dos 
os países em desenvolvimento, o desafio é o de uma  nossos sistemas ou facilitar a interferência à distância. 
inserção  positiva  no  mercado  mundial,  ao  mesmo  Para  superar  essas  vulnerabilidades,  é  essencial  o 
tempo  em  que  promovem  o  crescimento  e  a  justiça  investimento  do  Estado  em  setores  de  tecnologia 
social  de  modo  soberano.  A  integração  entre  países  avançada. 
em  desenvolvimento  –  como  na  América  do  Sul  – 
contribui para que alcancem esses objetivos.  4. O ambiente regional e o entorno estratégico 

Nesse  processo,  as  economias  nacionais  tornaram‐se  4.1 A América do Sul é o ambiente regional no qual o 


mais  vulneráveis  às  crises  ocasionadas  pela  Brasil  se  insere.  Buscando  aprofundar  seus  laços  de 
instabilidade  econômica  e  financeira  em  todo  o  cooperação,  o  País  visualiza  um  entorno  estratégico 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
que  extrapola  a  região  sulamericana  e  inclui  o  persistência  desses  focos  de  incertezas  é,  também, 
Atlântico  Sul  e  os  países  lindeiros  da  África,  assim  elemento  que  justifica  a  prioridade  à  defesa  do 
como a Antártica. Ao norte, a proximidade do mar do  Estado, de modo a preservar os interesses nacionais, a 
Caribe  impõe  que  se  dê  crescente  atenção  a  essa  soberania e a independência. 
região. 
4.6 Como consequência de sua situação geopolítica, é 
4.2  ‐  A  América  do  Sul,  distante  dos  principais  focos  importante para o Brasil que se aprofunde o processo 
mundiais  de  tensão  e  livre  de  armas  nucleares,  é  de  desenvolvimento  integrado  e  harmônico  da 
considerada  uma  região  relativamente  pacífica.  Além  América do Sul, que se estende, naturalmente, à área 
disso,  processos  de  consolidação  democrática  e  de  de defesa e segurança regionais. 
integração  regional  tendem  a  aumentar  a  confiança 
mútua e a favorecer soluções negociadas de eventuais  5. O Brasil 
conflitos.  5.1 O perfil brasileiro – ao mesmo tempo continental 
4.3  ‐  Entre  os  fatores  que  contribuem  para  reduzir  a  e marítimo, equatorial, tropical e subtropical, de longa 
possibilidade  de  conflitos  no  entorno  estratégico  fronteira  terrestre  com  quase  todos  os  países  sul‐
destacam‐se:  o  fortalecimento  do  processo  de  americanos e de extenso litoral e águas jurisdicionais 
integração, a partir do Mercosul e da União de Nações  – confere ao País profundidade geoestratégica e torna 
Sul‐Americanas;  o  estreito  relacionamento  entre  os  complexa  a  tarefa  do  planejamento  geral  de  defesa. 
países  amazônicos,  no  âmbito  da  Organização  do  Dessa  maneira,  a  diversificada  fisiografia  nacional 
Tratado  de  Cooperação  Amazônica;  a  intensificação  conforma  cenários  diferenciados  que,  em  termos  de 
da cooperação e do comércio com países da África, da  defesa,  demandam,  ao  mesmo  tempo,  uma  política 
América  Central  e  do  Caribe,  inclusive  a  Comunidade  abrangente e abordagens específicas. 
dos  Estados  Latino‐Americanos  e  Caribenhos  (Celac),  5.2  A  vertente  continental  brasileira  contempla 
facilitada  pelos  laços  étnicos  e  culturais;  o  complexa  variedade  fisiográfica,  que  pode  ser 
desenvolvimento  de  organismos  regionais;  a  sintetizada  em  cinco  macrorregiões:  Sul,  Sudeste, 
integração  das  bases  industriais  de  defesa;  a  Centro‐Oeste, Norte e Nordeste. 
consolidação  da  Zona  de  Paz  e  de  Cooperação  do 
Atlântico  Sul  e  o  diálogo  continuado  nas  mesas  de  5.3  O  planejamento  da  defesa  deve  incluir  todas  as 
interação  inter‐regionais,  como  a  cúpula  América  do  regiões  e,  em  particular,  as  áreas  vitais  onde  se 
Sul‐África  (ASA)  e  o  Fórum  de  Diálogo  Índia‐Brasil‐ encontra  a  maior  concentração  de  poder  político  e 
África do Sul (Ibas). A ampliação, a modernização e a  econômico.  Da  mesma  forma,  deve‐se  priorizar  a 
interligação da infraestrutura da América do Sul, com  Amazônia e o Atlântico Sul. 
a devida atenção ao meio ambiente e às comunidades 
5.4  A  Amazônia  brasileira,  com  seu  grande  potencial 
locais, podem concretizar a ligação entre seus centros 
de  riquezas  minerais  e  de  biodiversidade,  é  foco  da 
produtivos  e  os  dois  oceanos,  facilitando  o 
atenção  internacional.  A  garantia  da  presença  do 
desenvolvimento e a integração. 
Estado  e  a  vivificação  da  faixa  de  fronteira  são 
4.4  A  segurança  de  um  país  é  afetada  pelo  grau  de  dificultadas,  entre  outros  fatores,  pela  baixa 
estabilidade da região onde ele está inserido. Assim, é  densidade demográfica e pelas longas distâncias. 
desejável  que  ocorram  o  consenso,  a  harmonia 
A  vivificação  das  fronteiras,  a  proteção  do  meio 
política  e  a  convergência  de  ações  entre  os  países 
ambiente  e  o  uso  sustentável  dos  recursos  naturais 
vizinhos  para  reduzir  os  delitos  transnacionais  e 
são  aspectos  essenciais  para  o  desenvolvimento  e  a 
alcançar  melhores  condições  de  desenvolvimento 
integração da região. O adensamento da presença do 
econômico  e  social,  tornando  a  região  mais  coesa  e 
Estado, e em particular das Forças Armadas, ao longo 
mais forte. 
das  nossas  fronteiras  é  condição  relevante  para  o 
4.5 A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos  desenvolvimento sustentável da Amazônia. 
transnacionais  pode  provocar  o  transbordamento  de 
conflitos  para  outros  países  da  América  do  Sul.  A 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
5.5  O  mar  sempre  esteve  relacionado  com  o  pertinentes da Organização das Nações Unidas (ONU), 
progresso  do  Brasil,  desde  o  seu  descobrimento.  A  reconhecendo  a  necessidade  de  que  as  nações 
natural vocação marítima brasileira é respaldada pelo  trabalhem  em  conjunto  no  sentido  de  prevenir  e 
seu  extenso  litoral  e  pela  importância  estratégica  do  combater as ameaças terroristas. 
Atlântico Sul. 
5.9  O  Brasil  atribui  prioridade  aos  países  da  América 
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar  do Sul e da África, em especial aos da África Ocidental 
abre a possibilidade de o Brasil estender os limites da  e aos de língua portuguesa, buscando aprofundar seus 
sua  Plataforma  Continental  e  exercer  o  direito  de  laços com esses países. 
jurisdição sobre os recursos econômicos em uma área 
de  cerca  de  4,5  milhões  de  quilômetros  quadrados,  5.10  A  intensificação  da  cooperação  com  a 
região  de  vital  importância  para  o  País,  uma  Comunidade  dos  Países  de  Língua  Portuguesa, 
verdadeira “Amazônia Azul”.   integrada  por  oito  países  distribuídos  por  quatro 
continentes e unidos pelos denominadores comuns da 
Nessa  imensa  área,  incluída  a  camada  do  pré‐sal,  história,  da  cultura  e  da  língua,  constitui  outro  fator 
estão as maiores reservas de petróleo e gás, fontes de  relevante das nossas relações exteriores. 
energia  imprescindíveis  para  o  desenvolvimento  do 
País,  além  da  existência  de  grande  potencial  5.11  O  Brasil  tem  laços  de  cooperação  com  países  e 
pesqueiro, mineral e de outros recursos naturais.   blocos  tradicionalmente  aliados  que  possibilitam  a 
troca  de  conhecimento  em  diversos  campos. 
A  globalização  aumentou  a  interdependência  Concomitantemente,  busca  novas  parcerias 
econômica  dos  países  e,  consequentemente,  o  fluxo  estratégicas  com  nações  desenvolvidas  ou 
de  cargas.  No  Brasil,  o  transporte  marítimo  é  emergentes para ampliar esses intercâmbios. Ao lado 
responsável  por  movimentar  quase  todo  o  comércio  disso, o País acompanha as mudanças e variações do 
exterior.  cenário político e econômico internacional e não deixa 
de  explorar  o  potencial  de  novas  associações,  tais 
5.6  As  dimensões  continental,  marítima  e  como  as  que  mantém  com  os  demais  membros  do 
aeroespacial, esta sobrejacente às duas primeiras, são  BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). 
de  suma  importância  para  a  Defesa  Nacional.  O 
controle do espaço aéreo e a sua boa articulação com  5.12  O  Brasil  atua  na  comunidade  internacional 
os países vizinhos, assim como o desenvolvimento de  respeitando  os  princípios  consagrados  no  art.  4º  da 
nossa  capacitação  aeroespacial,  constituem  objetivos  Constituição,  em  particular  os  princípios  de 
setoriais prioritários.  autodeterminação,  não‐intervenção,  igualdade  entre 
os  Estados  e  solução  pacífica  de  conflitos.  Nessas 
5.7  O  Brasil  defende  uma  ordem  internacional  condições,  sob  a  égide  da  Organização  das  Nações 
baseada  na  democracia,  no  multilateralismo,  na  Unidas (ONU), participa de operações de paz, sempre 
cooperação,  na  proscrição  das  armas  químicas,  de  acordo  com  os  interesses  nacionais,  de  forma  a 
biológicas  e  nucleares,  e  na  busca  da  paz  entre  as  contribuir para a paz e a segurança internacionais. 
nações.  Nesse  sentido,  defende  a  reforma  das 
instâncias decisórias internacionais, de modo a torná‐ 5.13 A persistência de ameaças à paz mundial requer 
las  mais  legítimas,  representativas  e  eficazes,  a  atualização  permanente  e  o  aparelhamento  das 
fortalecendo o multilateralismo, o respeito ao Direito  nossas Forças Armadas, com ênfase no apoio à ciência 
Internacional  e  os  instrumentos  para  a  solução  e  tecnologia  para  o  desenvolvimento  da  indústria 
pacífica de controvérsias.  nacional  de  defesa.  Visa‐se,  com  isso,  à  redução  da 
dependência tecnológica e à superação das restrições 
5.8  A  Constituição  tem  como  um  de  seus  princípios,  unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis. 
nas relações internacionais, o repúdio ao terrorismo. 
5.14  Em  consonância  com  a  busca  da  paz  e  da 
O  Brasil  considera  que  o  terrorismo  internacional  segurança  internacionais,  o  País  é  signatário  do 
constitui risco à paz e à segurança mundiais. Condena  Tratado sobre a Não‐Proliferação de Armas Nucleares 
enfaticamente suas ações e implementa as resoluções 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
e  destaca  a  necessidade  do  cumprimento  do  seu  X. estruturar as Forças Armadas em torno de 
Artigo  VI,  que  prevê  a  negociação  para  a  eliminação  capacidades, dotando‐as de pessoal e material 
total  das  armas  nucleares  por  parte  das  potências  compatíveis com os planejamentos estratégicos e 
nucleares, ressalvando o direito de todos os países ao  operacionais; e  
uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos.  XI. desenvolver o potencial de logística de defesa e de 
mobilização nacional. 
5.15  O  contínuo  desenvolvimento  brasileiro  traz 
implicações  crescentes  para  a  segurança  das  7. Orientações 
infraestruturas  críticas.  Dessa  forma,  é  necessária  a 
identificação  dos  pontos  estratégicos  prioritários,  de  7.1.  No  gerenciamento  de  crises  internacionais  de 
modo a planejar e a implementar suas defesas.  natureza  político‐estratégica,  o  Governo  poderá 
determinar  o  emprego  de  todas  as  expressões  do 
6. Objetivos nacionais de defesa  Poder  Nacional,  de  diferentes  formas,  visando  a 
preservar os interesses nacionais.  
As relações internacionais são pautadas por complexo 
jogo de atores, interesses e normas que estimulam ou  7.2.  No  caso  de  agressão  externa,  o  País  empregará 
limitam a capacidade de atua‐ ção dos Estados. Nesse  todo  o  Poder  Nacional,  com  ênfase  na  expressão 
contexto  de  múltiplas  influências  e  de  militar, na defesa dos seus interesses.  
interdependência,  os  países  buscam  realizar  seus 
interesses  nacionais,  podendo  encorajar  alianças  ou  7.3.  O  Serviço  Militar  Obrigatório  é  a  garantia  de 
gerar conflitos de variadas intensidades.  participação  de  cidadãos  na  Defesa  Nacional  e 
contribui  para  o  desenvolvimento  da  mentalidade  de 
Dessa  forma,  torna‐se  essencial  estruturar  a  Defesa  defesa no seio da sociedade brasileira.  
Nacional de modo compatível com a estatura político‐
estratégica  do  País  para  preservar  a  soberania  e  os  7.4.  A  expressão  militar  do  País  fundamenta‐se  na 
interesses  nacionais.  Assim,  da  avaliação  dos  capacidade  das  Forças  Armadas  e  no  potencial  dos 
ambientes descritos, emergem os Objetivos Nacionais  recursos nacionais mobilizáveis.  
de Defesa:  7.5.  O  País  deve  dispor  de  meios  com  capacidade  de 
I. garantir a soberania, o patrimônio nacional e a  exercer  vigilância,  controle  e  defesa:  das  águas 
integridade territorial;   jurisdicionais  brasileiras;  do  seu  território  e  do  seu 
II. defender os interesses nacionais e as pessoas, os  espaço  aéreo,  incluídas  as  áreas  continental  e 
bens e os recursos brasileiros no exterior;   marítima. Deve, ainda, manter a segurança das linhas 
III. contribuir para a preservação da coesão e da  de comunicações marítimas e das linhas de navegação 
unidade nacionais;   aérea, especialmente no Atlântico Sul.  
IV. contribuir para a estabilidade regional;   7.6.  Para  contrapor‐se  às  ameaças  à  Amazônia,  é 
V. contribuir para a manutenção da paz e da  imprescindível  executar  uma  série  de  ações 
segurança internacionais;  estratégicas  voltadas  para  o  fortalecimento  da 
VI. intensificar a projeção do Brasil no concerto das  presença  militar,  a  efetiva  ação  do  Estado  no 
nações e sua maior inserção em processos decisórios  desenvolvimento  sustentável  (social,  econômico  e 
internacionais;   ambiental)  e  a  ampliação  da  cooperação  com  os 
VII. manter Forças Armadas modernas, integradas,  países  vizinhos,  visando  à  defesa  das  riquezas 
adestradas e balanceadas, e com crescente  naturais. 
profissionalização, operando de forma conjunta e 
adequadamente desdobradas no território nacional;   7.7.  Os  setores  governamental,  industrial  e 
VIII. conscientizar a sociedade brasileira da  acadêmico,  voltados  à  produção  científica  e 
importância dos assuntos de defesa do País;   tecnológica e para a inovação, devem contribuir para 
IX. desenvolver a indústria nacional de defesa,  assegurar  que  o  atendimento  às  necessidades  de 
orientada para a obtenção da autonomia em  produtos  de  defesa  seja  apoiado  em  tecnologias  sob 
tecnologias indispensáveis;   domínio  nacional  obtidas  mediante  estímulo  e 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
fomento  dos  setores  industrial  e  acadêmico.  A  País e os princípios básicos da política externa, o Brasil 
capacitação da indústria nacional de defesa, incluído o  poderá participar de arranjos de defesa coletiva. 
domínio  de  tecnologias  de  uso  dual,  é  fundamental 
para alcançar o abastecimento de produtos de defesa.   7.16.  É  imprescindível  que  o  País  disponha  de 
estrutura ágil, capaz de prevenir ações terroristas e de 
7.8. A integração da indústria de defesa sul‐americana  conduzir operações de contraterrorismo.  
deve  ser  objeto  de  medidas  que  proporcionem 
desenvolvimento  mútuo,  bem  como  capacitação  e  7.17. Para se opor a possíveis ataques cibernéticos, é 
autonomia tecnológicas.   essencial  aperfeiçoar  os  dispositivos  de  segurança  e 
adotar  procedimentos  que  minimizem  a 
7.9.  O  Brasil  deverá  buscar  parcerias  estratégicas,  vulnerabilidade dos sistemas que possuam suporte de 
visando  a  ampliar  o  leque  de  opções  de  cooperação  tecnologia da informação e comunicação ou permitam 
na área de defesa e as oportunidades de intercâmbio.   seu pronto restabelecimento.  

7.10.  Os  setores  espacial,  cibernético  e  nuclear  são  7.18.  É  prioritário  assegurar  continuidade  e 
estratégicos  para  a  Defesa  do  País;  devem,  portanto,  previsibilidade  na  alocação  de  recursos  para  permitir 
ser fortalecidos.  o  preparo  e  o  equipamento  adequado  das  Forças 
Armadas.  
 7.11.  A  atuação  do  Estado  brasileiro  com  relação  à 
defesa tem como fundamento a obrigação de garantir  7.19.  Deverá  ser  buscado  o  constante 
nível adequado de segurança do País, tanto em tempo  aperfeiçoamento  da  capacidade  de  comando, 
de paz, quanto em situação de conflito.   controle, monitoramento e do sistema de inteligência 
dos órgãos envolvidos na Defesa Nacional.  
7.12.  À  ação  diplomática  na  solução  de  conflitos 
soma‐se  a  estratégia  militar  da  dissuasão.  Nesse  7.20.  Nos  termos  da  Constituição,  as  Forças  Armadas 
contexto,  torna‐se  importante  desenvolver  a  poderão  ser  empregadas  pela  União  contra  ameaças 
capacidade  de  mobilização  nacional  e  a  manutenção  ao  exercício  da  soberania  do  Estado  e  à 
de  Forças  Armadas  modernas,  integradas  e  indissolubilidade da unidade federativa. 
balanceadas,  operando  de  forma  conjunta  e 
adequadamente  desdobradas  no  território  nacional,  7.21.  O  Brasil  deverá  buscar  a  contínua  interação  da 
em condições de pronto emprego.  atual  PND  com  as  demais  políticas  governamentais, 
visando  a  fortalecer  a  infraestrutura  de  valor 
7.13.  Para  ampliar  a  projeção  do  País  no  concerto  estratégico para a Defesa Nacional, particularmente a 
mundial  e  reafirmar  seu  compromisso  com  a  defesa  de transporte, a de energia e a de comunicações.  
da  paz  e  com  a  cooperação  entre  os  povos,  o  Brasil 
deverá  aperfeiçoar  o  preparo  das  Forças  Armadas  7.22.  O  emprego  das  Forças  Armadas  na  garantia  da 
para  desempenhar  responsabilidades  crescentes  em  lei e da ordem é regido por legislação específica. 
ações  humanitárias  e  em  missões  de  paz  sob  a  égide     
de  organismos  multilaterais,  de  acordo  com  os 
interesses nacionais.  

7.14.  O  Brasil  deverá  dispor  de  capacidade  de 


projeção  de  poder,  visando  a  eventual  participação 
em  operações  estabelecidas  ou  autorizadas  pelo 
Conselho de Segurança da ONU. 

7.15.  Excepcionalmente,  em  conflitos  de  maior 


extensão,  de  forma  coerente  com  sua  história  e  o 
cenário  vislumbrado,  observados  os  dispositivos 
constitucionais  e  legais,  bem  como  os  interesses  do 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA  Estratégia  Nacional  de  Defesa  e  Estratégia  Nacional 
de Desenvolvimento 
I – FORMULAÇÃO SISTEMÁTICA 
1.  Estratégia  nacional  de  defesa  é  inseparável  de 
Introdução  estratégia  nacional  de  desenvolvimento.  Esta  motiva 
O  Brasil  é  pacífico  por  tradição  e  por  convicção.  Vive  aquela.  Aquela  fornece  escudo  para  esta.  Cada  uma 
em  paz  com  seus  vizinhos.  Rege  suas  relações  reforça  as  razões  da  outra.  Em  ambas,  se  desperta 
internacionais,  dentre  outros,  pelos  princípios  para  a  nacionalidade  e  constrói‐se  a  Nação. 
constitucionais  da  não  intervenção,  defesa  da  paz,  Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver 
solução  pacífica  dos  conflitos  e  democracia.  Essa  que  dizer  não.  Terá  capacidade  para  construir  seu 
vocação  para  a  convivência  harmônica,  tanto  interna  próprio modelo de desenvolvimento.  
como  externa,  é  parte  da  identidade  nacional  e  um  2. Não é evidente para um País que pouco trato teve 
valor a ser conservado pelo povo brasileiro.   com  guerras,  convencer‐se  da  necessidade  de 
O  Brasil  ascenderá  ao  primeiro  plano  no  cenário  defender‐se  para  poder  construir‐se.  Não  bastam, 
internacional  sem  buscar  hegemonia.  O  povo  ainda  que  sejam  proveitosos  e  até  mesmo 
brasileiro  não  deseja  exercer  domínio  sobre  outros  indispensáveis,  os  argumentos  que  invocam  as 
povos. Quer que o Brasil se engrandeça sem imperar.   utilidades  das  tecnologias  e  dos  conhecimentos  da 
defesa  para  o  desenvolvimento  do  País.  Os  recursos 
O  crescente  desenvolvimento  do  Brasil  deve  ser  demandados  pela  defesa  exigem  uma  transformação 
acompanhado  pelo  aumento  do  preparo  de  sua  de consciências, para que se constitua uma estratégia 
defesa  contra  ameaças  e  agressões.  A  sociedade  de defesa para o Brasil. 
brasileira  vem  tomando  consciência  da 
responsabilidade  com  a  preservação  da  3.  Apesar  da  dificuldade,  é  indispensável  para  as 
independência  do  País.  O  planejamento  de  ações  Forças Armadas de um País com as características do 
destinadas à Defesa Nacional, a cargo do Estado, tem  nosso,  manter,  em  meio  à  paz,  o  impulso  de  se 
seu  documento  condicionante  de  mais  alto  nível  na  preparar para o combate e de cultivar, em prol desse 
Política  Nacional  de  Defesa,  que  estabelece  os  preparo,  o  hábito  da  transformação.  Disposição  para 
Objetivos Nacionais de Defesa.   mudar  é  o  que  a  Nação  está  a  exigir  agora  de  si 
mesma,  de  sua  liderança,  de  seus  marinheiros, 
O  primeiro  deles  é  a  garantia  da  soberania,  do  soldados e aviadores. Não se trata apenas de financiar 
patrimônio  nacional  e  da  integridade  territorial.  e  de  equipar  as  Forças  Armadas.  Trata‐se  de 
Outros  objetivos  incluem  a  estruturação  de  Forças  transformá‐las, para melhor defenderem o Brasil.  
Armadas com adequadas capacidades organizacionais 
e  operacionais  e  a  criação  de  condições  sociais  e  4.  Projeto  forte  de  defesa  favorece  projeto  forte  de 
econômicas  de  apoio  à  Defesa  Nacional  no  Brasil,  desenvolvimento.  Forte  é  o  projeto  de 
assim  como  a  contribuição  para  a  paz  e  a  segurança  desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais 
internacionais  e  a  proteção  dos  interesses  brasileiros  orientações, se guie pelos seguintes princípios: 
nos diferentes níveis de projeção externa do País.  (a) Independência nacional efetivada pela mobilização 
A  presente  Estratégia  Nacional  de  Defesa  trata  da  de  recursos  físicos,  econômicos  e  humanos,  para  o 
reorganização e reorientação das Forças Armadas, da  investimento  no  potencial  produtivo  do  País. 
organização da Base Industrial de Defesa e da política  Aproveitar  os  investimentos  estrangeiros,  sem  deles 
de composição dos efetivos da Marinha, do Exército e  depender;  
da  Aeronáutica.  Ao  propiciar  a  execução  da  Política  (b)  Independência  nacional  alcançada  pela 
Nacional de Defesa com uma orientação sistemática e  capacitação  tecnológica  autônoma,  inclusive  nos 
com  medidas  de  implementação,  a  Estratégia  estratégicos  setores  espacial,  cibernético  e  nuclear. 
Nacional de Defesa contribuirá para fortalecer o papel  Não  é  independente  quem  não  tem  o  domínio  das 
cada vez mais importante do Brasil no mundo. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
tecnologias sensíveis, tanto para a defesa, como para  4.  Desenvolver,  lastreada  na  capacidade  de 
o desenvolvimento; e   monitorar/controlar,  a  capacidade  de  responder 
prontamente  a  qualquer  ameaça  ou  agressão:  a 
(c)  Independência  nacional  assegurada  pela  mobilidade estratégica.  
democratização  de  oportunidades  educativas  e 
econômicas  e  pelas  oportunidades  para  ampliar  a  A mobilidade estratégica – entendida como a aptidão 
participação popular nos processos decisórios da vida  para  se  chegar  rapidamente  à  região  em  conflito  – 
política e econômica do País.  reforçada pela mobilidade tática – entendida como a 
aptidão  para  se  mover  dentro  daquela  região  –  é  o 
Natureza e âmbito da Estratégia Nacional de Defesa  complemento  prioritário  do  monitoramento/controle 
1. A Estratégia Nacional de Defesa é o vínculo entre o  e uma das bases do poder de combate, exigindo, das 
conceito  e  a  política  de  independência  nacional,  de  Forças Armadas, ação que, mais do que conjunta, seja 
um  lado,  e  as  Forças  Armadas  para  resguardar  essa  unificada.  
independência, de outro. Trata de questões políticas e  O  imperativo  de  mobilidade  ganha  importância 
institucionais decisivas para a defesa do País, como os  decisiva,  dadas  a  vastidão  do  espaço  a  defender  e  a 
objetivos  da  sua  “grande  estratégia”  e  os  meios  para  escassez  dos  meios  para  defendê‐lo.  O  esforço  de 
fazer  com  que  a  Nação  participe  da  defesa.  Aborda,  presença, sobretudo ao longo das fronteiras terrestres 
também,  problemas  propriamente  militares,  e  nas  partes  mais  estratégicas  do  litoral,  tem 
derivados  da  influência  dessa  “grande  estratégia”  na  limitações  intrínsecas.  É  a  mobilidade  que  permitirá 
orientação e nas práticas operacionais das três Forças.  superar o efeito prejudicial de tais limitações.  
Diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa  5.  Aprofundar  o  vínculo  entre  os  aspectos 
A  Estratégia  Nacional  de  Defesa  pauta‐se  pelas  tecnológicos  e  os  operacionais  da  mobilidade,  sob  a 
seguintes diretrizes:   disciplina de objetivos bem definidos.  

1.  Dissuadir  a  concentração  de  forças  hostis  nas  Mobilidade depende de meios terrestres, marítimos e 


fronteiras  terrestres  e  nos  limites  das  águas  aéreos  apropriados  e  da  maneira  de  combiná‐los. 
jurisdicionais  brasileiras,  e  impedir‐lhes  o  uso  do  Depende, também, de capacitações operacionais que 
espaço aéreo nacional.   permitam  aproveitar  ao  máximo  o  potencial  das 
tecnologias do movimento. 
Para  dissuadir,  é  preciso  estar  preparado  para 
combater.  A  tecnologia,  por  mais  avançada  que  seja,  O  vínculo  entre  os  aspectos  tecnológicos  e 
jamais  será  alternativa  ao  combate.  Será  sempre  operacionais  da  mobilidade  há  de  se  realizar  de 
instrumento do combate.   maneira  a  alcançar  objetivos  bem  definidos.  Entre 
esses  objetivos,  há  um  que  guarda  relação 
2.  Organizar  as  Forças  Armadas  sob  a  égide  do  especialmente  próxima  com  a  mobilidade:  a 
trinômio  monitoramento/controle,  mobilidade  e  capacidade  de  alternar  a  concentração  e  a 
presença.  Esse  triplo  imperativo  vale,  com  as  desconcentração  de  forças,  com  o  propósito  de 
adaptações  cabíveis,  para  cada  Força.  Do  trinômio  dissuadir e combater a ameaça.  
resulta  a  definição  das  capacitações  operacionais  de 
cada uma das Forças.   6.  Fortalecer  três  setores  de  importância  estratégica: 
o  espacial,  o  cibernético  e  o  nuclear.  Esse 
3.  Desenvolver  as  capacidades  de  monitorar  e  fortalecimento assegurará o atendimento ao conceito 
controlar  o  espaço  aéreo,  o  território  e  as  águas  de flexibilidade.  
jurisdicionais brasileiras. 
Como  decorrência  de  sua  própria  natureza,  esses 
Tal desenvolvimento dar‐se‐á a partir da utilização de  setores transcendem a divisão entre desenvolvimento 
tecnologias  de  monitoramento  terrestre,  marítimo,  e defesa, entre o civil e o militar.  
aéreo  e  espacial  que  estejam  sob  inteiro  e 
incondicional domínio nacional.  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 8 
Os  setores  espacial  e  cibernético  permitirão,  em  O  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forças  Armadas  será 
conjunto,  que  a  capacidade  de  visualizar  o  próprio  chefiado  por  um  oficial‐general  de  último  posto,  e 
País  não  dependa  de  tecnologia  estrangeira  e  que  as  terá  a  participação  de  um  Comitê,  integrado  pelos 
três  Forças,  em  conjunto,  possam  atuar  em  rede,  Chefes  dos  Estados‐Maiores  das  três  Forças.  Será 
instruídas  por  monitoramento  que  se  faça  também  a  subordinado  diretamente  ao  Ministro  da  Defesa. 
partir do espaço.   Construirá  as  iniciativas  destinadas  a  dar  realidade 
prática à tese da unificação doutrinária, estratégica e 
O  Brasil  tem  compromisso  –  decorrente  da  operacional e contará com estrutura permanente que 
Constituição  e  da  adesão  a  Tratados  Internacionais  –  lhe permita cumprir sua tarefa.  
com  o  uso  estritamente  pacífico  da  energia  nuclear. 
Entretanto,  afirma  a  necessidade  estratégica  de  A  Marinha,  o  Exército  e  a  Aeronáutica  disporão, 
desenvolver  e  dominar  essa  tecnologia.  O  Brasil  singularmente, de um Comandante, nomeado pelo(a) 
precisa  garantir  o  equilíbrio  e  a  versatilidade  da  sua  Presidente(a)  da  República  e  indicado  pelo  Ministro 
matriz energética e avançar em áreas, tais como as de  da  Defesa.  O  Comandante  de  Força,  no  âmbito  das 
agricultura  e  saúde,  que  podem  se  beneficiar  da  suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da sua 
tecnologia  de  energia  nuclear.  E  levar  a  cabo,  entre  Força, formulará a sua política e doutrina e preparará 
outras  iniciativas  que  exigem  independência  seus  órgãos  operativos  e  de  apoio  para  o 
tecnológica em matéria de energia nuclear, o projeto  cumprimento da destinação constitucional.  
do submarino de propulsão nuclear. 
Os  Estados‐Maiores  das  três  Forças,  subordinados  a 
7.  Unificar  e  desenvolver  as  operações  conjuntas  das  seus  Comandantes,  serão  os  agentes  da  formulação 
três  Forças,  muito  além  dos  limites  impostos  pelos  estratégica  em  cada  uma  delas,  sob  a  orientação  do 
protocolos de exercícios conjuntos.   respectivo Comandante. 

Os  instrumentos  principais  dessa  unificação  serão  o  8. Reposicionar os efetivos das três Forças.  


Ministério  da  Defesa  e  o  Estado‐Maior  Conjunto  das 
Forças  Armadas.  Devem  ganhar  dimensão  maior  e  As  principais  unidades  do  Exército  estacionam  no 
responsabilidades mais abrangentes.   Sudeste  e  no  Sul  do  Brasil.  A  esquadra  da  Marinha 
concentra‐se  na  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Algumas 
O Ministro da Defesa exercerá, na plenitude, todos os  instalações  tecnológicas  da  Força  Aérea  estão 
poderes  de  direção  das  Forças  Armadas  que  a  localizadas em São José dos Campos, em São Paulo. As 
Constituição e as leis não reservarem, expressamente,  preocupações  mais  agudas  de  defesa  estão,  porém, 
ao Presidente da República.   no Norte, no Oeste e no Atlântico Sul.  

A subordinação das Forças Armadas ao poder político  Sem  desconsiderar  a  necessidade  de  defender  as 


constitucional é pressuposto do regime republicano e  maiores  concentrações  demográficas  e  os  maiores 
garantia da integridade da Nação.   centros  industriais  do  País,  a  Marinha  deverá  estar 
mais presente na região da foz do Rio Amazonas e nas 
Os  Secretários  do  Ministério  da  Defesa  e  o  Diretor‐ grandes  bacias  fluviais  do  Amazonas  e  do  Paraguai‐
Geral  do  Centro  Gestor  e  Operacional  do  Sistema  de  Paraná.  Deverá  o  Exército  agrupar  suas  reservas 
Proteção  da  Amazônia  (CENSIPAM)  serão  nomeados  regionais  nas  respectivas  áreas,  para  possibilitar  a 
mediante  indicação  exclusiva  do  Ministro  de  Estado  resposta imediata na crise ou na guerra.  
da  Defesa,  entre  cidadãos  brasileiros,  militares  das 
três  Forças  e  civis,  respeitadas  as  peculiaridades  e  as  Pelas  mesmas  razões  que  exigem  a  formação  do 
funções de cada secretaria. As iniciativas destinadas a  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forças  Armadas,  os 
formar  quadros  de  especialistas  civis  em  defesa  Distritos Navais ou Comandos de Área das três Forças 
permitirão,  no  futuro,  aumentar  a  presença  de  civis  terão  suas  áreas  de  jurisdição  coincidentes, 
em  postos  dirigentes  e  nos  demais  níveis  do  ressalvados  impedimentos  decorrentes  de 
Ministério  da  Defesa.  As  disposições  legais  em  circunstâncias  locais  ou  específicas.  Os  oficiais‐
contrário serão revogadas.   generais  que  comandarem,  por  conta  de  suas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 9 
respectivas Forças, um Distrito Naval ou Comando de  passa  pelo  trinômio  monitoramento/controle, 
Área,  reunir‐se‐ão  regularmente,  acompanhados  de  mobilidade e presença.  
seus  principais  assessores,  para  assegurar  a  unidade 
operacional  das  três  Forças  naquela  área.  Em  cada  O Brasil será vigilante na reafirmação incondicional de 
área  deverá  ser  estruturado  um  Estado‐Maior  sua soberania sobre a Amazônia brasileira. Repudiará, 
Conjunto  Regional,  para  realizar  e  atualizar,  desde  o  pela prática de atos de desenvolvimento e de defesa, 
tempo de paz, os planejamentos operacionais da área.   qualquer tentativa de tutela sobre as suas decisões a 
respeito  de  preservação,  de  desenvolvimento  e  de 
9.  Adensar  a  presença  de  unidades  da  Marinha,  do  defesa da Amazônia. Não permitirá que organizações 
Exército e da Força Aérea nas fronteiras.  ou indivíduos sirvam de instrumentos para interesses 
estrangeiros – políticos ou econômicos – que queiram 
Deve‐se  ter  claro  que,  dadas  as  dimensões  enfraquecer  a  soberania  brasileira.  Quem  cuida  da 
continentais do território nacional, presença não pode  Amazônia brasileira, a serviço da humanidade e de si 
significar  onipresença.  A  presença  ganha  efetividade  mesmo, é o Brasil.  
graças  à  sua  relação  com  monitoramento/controle  e 
com mobilidade.   O CENSIPAM deverá atuar integradamente com as FA, 
a fim de fortalecer o monitoramento, o planejamento, 
Nas  fronteiras  terrestres,  nas  águas  jurisdicionais  o  controle,  a  logística,  a  mobilidade  e  a  presença  na 
brasileiras  e  no  espaço  aéreo  sobrejacente,  as  Amazônia brasileira.  
unidades  do  Exército,  da  Marinha  e  da  Força  Aérea 
têm,  sobretudo,  tarefas  de  vigilância.  No  11. Desenvolver a capacidade logística, para fortalecer 
cumprimento dessas tarefas, as unidades ganham seu  a mobilidade, sobretudo na região amazônica.  
pleno  significado  apenas  quando  compõem  sistema 
integrado  de  monitoramento/controle,  feito,  Daí  a  importância  de  se  possuir  estruturas  de 
inclusive,  a  partir  do  espaço.  Ao  mesmo  tempo,  tais  transporte  e  de  comando  e  controle  que  possam 
unidades  potencializam‐se  como  instrumentos  de  operar  em  grande  variedade  de  circunstâncias, 
defesa,  por  meio  de  seus  vínculos  com  as  reservas  inclusive  sob  as  condições  extraordinárias  impostas 
táticas  e  estratégicas.  Os  vigias  alertam.  As  reservas  pela guerra.  
respondem  e  operam.  E  a  eficácia  do  emprego  das  12.  Desenvolver  o  conceito  de  flexibilidade  no 
reservas  táticas  regionais  e  estratégicas  é  combate,  para  atender  aos  requisitos  de 
proporcional  à  capacidade  de  atenderem  à  exigência  monitoramento/controle, mobilidade e presença.  
da mobilidade.  
Isso  exigirá,  sobretudo  na  Força  Terrestre,  que  as 
Entende‐se por reservas táticas forças articuladas, em  forças  convencionais  cultivem  alguns  predicados 
profundidade,  numa  determinada  área  estratégica,  atribuídos a forças não convencionais.  
com mobilidade suficiente para serem empregadas na 
própria  área  estratégica  onde  estão  localizadas.  Somente Forças Armadas com tais predicados estarão 
Reservas  estratégicas  são  forças  dotadas  de  alta  aptas  para  operar  no  amplíssimo  espectro  de 
mobilidade  estratégica,  com  estrutura  organizacional  circunstâncias que o futuro poderá trazer.  
completa desde o tempo de paz, dotadas do mais alto 
A  conveniência  de  assegurar  que  as  forças 
nível  possível  de  capacitação  operacional  e 
convencionais  adquiram  predicados  comumente 
aprestamento,  em  condições  de  atuar  no  mais  curto 
associados  a  forças  não  convencionais  pode  parecer 
prazo,  no  todo  ou  em  parte,  em  qualquer  área 
mais  evidente  no  ambiente  da  selva  amazônica. 
estratégica compatível com sua doutrina de emprego.  
Aplicam‐se  eles,  porém,  com  igual  pertinência,  a 
10. Priorizar a região amazônica.   outras  áreas  do  País.  Não  é  uma  adaptação  a 
especificidades  geográficas  localizadas.  É  resposta  a 
A  Amazônia  representa  um  dos  focos  de  maior  uma vocação estratégica geral. 
interesse  para  a  defesa.  A  defesa  da  Amazônia  exige 
avanço  de  projeto  de  desenvolvimento  sustentável  e  13.  Desenvolver  o  repertório  de  práticas  e  de 
capacitações  operacionais  dos  combatentes,  para 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 10 
atender  aos  requisitos  de  monitoramento/controle,  14. Promover a reunião, nos militares brasileiros, dos 
mobilidade e presença.   atributos  e  predicados  exigidos  pelo  conceito  de 
flexibilidade.  
Cada  homem  e  mulher  a  serviço  das  Forças  Armadas 
há  de  dispor  de  três  ordens  de  meios  e  de  O  militar  brasileiro  precisa  reunir  qualificação  e 
habilitações.   rusticidade.  Necessita  dominar  as  tecnologias  e  as 
práticas  operacionais  exigidas  pelo  conceito  de 
Em primeiro lugar, cada combatente deve contar com  flexibilidade.  Deve  identificar‐se  com  as 
meios e habilitações para atuar em rede, não só com  peculiaridades  e  características  geográficas  exigentes 
outros  combatentes  e  contingentes  de  sua  própria  ou extremas que existem no País. Só assim realizar‐se‐
Força, mas também com combatentes e contingentes  á,  na  prática,  o  conceito  de  flexibilidade,  dentro  das 
das  outras  Forças.  As  tecnologias  de  comunicações,  características  do  territó‐  rio  nacional  e  da  situação 
inclusive com os veículos que monitorem a superfície  geográfica e geopolítica do Brasil. 
da  terra  e  do  mar,  a  partir  do  espaço,  devem  ser 
encaradas  como  instrumentos  potencializadores  de  15.  Rever,  a  partir  de  uma  política  de  otimização  do 
iniciativas  de  defesa  e  de  combate.  Esse  é  o  sentido  emprego  de  recursos  humanos,  a  composição  dos 
do  requisito  de  monitoramento  e  controle  e  de  sua  efetivos  das  três  Forças,  de  modo  a  dimensioná‐las 
relação  com  as  exigências  de  mobilidade  e  de  para  atender  adequadamente  ao  disposto  na 
presença.   Estratégia Nacional de Defesa.  

Em  segundo  lugar,  cada  combatente  deve  dispor  de  16.  Estruturar  o  potencial  estratégico  em  torno  de 
tecnologias  e  de  conhecimentos  que  permitam  capacidades.  
aplicar,  em  qualquer  região  em  conflito,  terrestre  ou 
marítimo,  o  imperativo  de  mobilidade.  É  a  esse  Convém  organizar  as  Forças  Armadas  em  torno  de 
imperativo,  combinado  com  a  capacidade  de  capacidades, não em torno de inimigos específicos. O 
combate,  que  devem  servir  as  plataformas  e  os  Brasil  não  tem  inimigos  no  presente.  Para  não  tê‐los 
sistemas de armas à disposição do combatente.   no  futuro,  é  preciso  preservar  a  paz  e  preparar‐se 
para a guerra.  
Em terceiro lugar, cada combatente deve ser treinado 
para abordar o combate de modo a atenuar as formas  17. Preparar efetivos para o cumprimento de missões 
rígidas e tradicionais de comando e controle, em prol  de  garantia  da  lei  e  da  ordem,  nos  termos  da 
da  flexibilidade,  da  adaptabilidade,  da  audácia  e  da  Constituição. 
surpresa no campo de batalha. Esse combatente será,  O  País  cuida  para  evitar  que  as  Forças  Armadas 
ao  mesmo  tempo,  um  comandado  que  sabe  desempenhem  papel  de  polícia.  Efetuar  operações 
obedecer,  exercer  a  iniciativa,  na  ausência  de  ordens  internas  em  garantia  da  lei  e  da  ordem,  quando  os 
específicas, e orientar‐se em meio às incertezas e aos  poderes  constituídos  não  conseguem  garantir  a  paz 
sobressaltos do combate – e uma fonte de iniciativas  pública  e  um  dos  Chefes  dos  três  Poderes  o  requer, 
–  capaz  de  adaptar  suas  ordens  à  realidade  da  faz  parte  das  responsabilidades  constitucionais  das 
situação mutável em que se encontra.   Forças  Armadas.  A  legitimação  de  tais 
Ganha ascendência no mundo um estilo de produção  responsabilidades  pressupõe,  entretanto,  legislação 
industrial  marcado  pela  atenuação  de  contrastes  que  ordene  e  respalde  as  condições  específicas  e  os 
entre  atividades  de  planejamento  e  de  execução  e  procedimentos  federativos  que  deem  ensejo  a  tais 
pela  relativização  de  especializações  rígidas  nas  operações, com resguardo de seus integrantes.  
atividades  de  execução.  Esse  estilo  encontra  18. Estimular a integração da América do Sul.  
contrapartida na maneira de fazer a guerra, cada vez 
mais caracterizada por extrema flexibilidade.   Essa  integração  não  somente  contribui  para  a  defesa 
do  Brasil,  como  possibilita  fomentar  a  cooperação 
militar regional e a integração das bases industriais de 
defesa. Afasta a sombra de conflitos dentro da região. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 11 
Com todos os países, avança‐se rumo à construção da  força  de  reserva,  mobilizável  em  tais  circunstâncias. 
unidade  sul‐americana.  O  Conselho  de  Defesa  Sul‐ Reporta‐se, portanto, à questão do futuro do Serviço 
Americano é um mecanismo consultivo que se destina  Militar Obrigatório.  
a  prevenir  conflitos  e  fomentar  a  cooperação  militar 
regional  e  a  integração  das  bases  industriais  de  Sem  que  se  assegure  a  elasticidade  para  as  Forças 
defesa,  sem  que  dele  participe  país  alheio  à  região.  Armadas,  seu  poder  dissuasório  e  defensivo  ficará 
Orienta‐se  pelo  princípio  da  cooperação  entre  seus  comprometido.  
membros.   22.  Capacitar  a  Base  Industrial  de  Defesa  para  que 
19. Preparar as Forças Armadas para desempenharem  conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à 
responsabilidades  crescentes  em  operações  defesa.  
internacionais de apoio à política exterior do Brasil.   Regimes  jurídico,  regulatório  e  tributário  especiais 
Em  tais  operações,  as  Forças  agirão  sob  a  orientação  protegerão  as  empresas  privadas  nacionais  de 
das Nações Unidas ou em apoio a iniciativas de órgãos  produtos  de  defesa  contra  os  riscos  do  imediatismo 
multilaterais  da  região,  pois  o  fortalecimento  do  mercantil  e  assegurarão  continuidade  nas  compras 
sistema  de  segurança  coletiva  é  benéfico  à  paz  públicas.  A  contrapartida  a  tal  regime  especial  será, 
mundial e à defesa nacional.   porém,  o  poder  estratégico  que  o  Estado  exercerá 
sobre  tais  empresas,  a  ser  assegurado  por  um 
20.  Ampliar  a  capacidade  de  atender  aos  conjunto  de  instrumentos  de  direito  privado  ou  de 
compromissos internacionais de busca e salvamento.   direito público.  

É tarefa prioritária para o País, o aprimoramento dos  Já  o  setor  estatal  de  produtos  de  defesa  terá  por 
meios  existentes  e  da  capacitação  do  pessoal  missão operar no teto tecnológico, desenvolvendo as 
envolvido com as atividades de busca e salvamento no  tecnologias  que  as  empresas  privadas  não  possam 
território nacional, nas águas jurisdicionais brasileiras  alcançar ou obter, a curto ou médio prazo, de maneira 
e  nas  áreas  pelas  quais  o  Brasil  é  responsável,  em  rentável.  
decorrência de compromissos internacionais. 
A formulação e a execução da política de obtenção de 
21.  Desenvolver  o  potencial  de  mobilização  militar  e  produtos  de  defesa  serão  centralizadas  no  Ministério 
nacional  para  assegurar  a  capacidade  dissuasória  e  da  Defesa,  sob  a  responsabilidade  da  Secretaria  de 
operacional das Forças Armadas.   Produtos de Defesa (SEPROD), admitida delegação na 
sua execução.  
Diante  de  eventual  degeneração  do  quadro 
internacional, o Brasil e suas Forças Armadas deverão  A  Base  Industrial  de  Defesa  será  incentivada  a 
estar  prontos  para  tomar  medidas  de  resguardo  do  competir em mercados externos para aumentar a sua 
território,  das  linhas  de  comércio  marítimo  e  escala  de  produção.  A  consolidação  da  União  de 
plataformas de petróleo e do espaço aéreo nacionais.  Nações  Sul‐Americanas  (UNASUL)  poderá  atenuar  a 
As  Forças  Armadas  deverão,  também,  estar  tensão  entre  o  requisito  da  independência  em 
habilitadas  a  aumentar  rapidamente  os  meios  produção  de  defesa  e  a  necessidade  de  compensar 
humanos  e  materiais  disponíveis  para  a  defesa.  custo  com  escala,  possibilitando  o  desenvolvimento 
Exprime‐se  o  imperativo  de  elasticidade  em  da  produção  de  defesa  em  conjunto  com  outros 
capacidade de mobilização nacional e militar.   países da região.  

Ao decretar a mobilização nacional, o Poder Executivo  Serão  buscadas  parcerias  com  outros  países,  com  o 


delimitará a área em que será realizada e especificará  propósito de desenvolver a capacitação tecnológica e 
as  medidas  necessárias  à  sua  execução,  como,  por  a  fabricação  de  produtos  de  defesa  nacionais,  de 
exemplo, poderes para assumir o controle de recursos  modo a eliminar, progressivamente, a dependência de 
materiais, inclusive meios de transporte necessários à  serviços e produtos importados.  
defesa, de acordo com a Lei de Mobilização Nacional. 
A mobilização militar demanda a organização de uma 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 12 
Sempre  que  possível,  as  parcerias  serão  construídas  A  infraestrutura  estratégica  do  Brasil  deverá 
como  expressões  de  associação  estratégica  mais  contemplar  estudos  para  emprego  dual,  ou  seja, 
abrangente  entre  o  Brasil  e  o  país  parceiro.  A  atender à sociedade e à economia do País, bem como 
associação  será  manifestada  em  colaborações  de  à Defesa Nacional.  
defesa e de desenvolvimento, e será pautada por duas 
ordens  de  motivações  básicas:  a  internacional  e  a  25. Inserir, nos cursos de altos estudos estratégicos de 
nacional.   oficiais  das  três  forças,  os  princípios  e  diretrizes  da 
Estratégia  Nacional  de  Defesa,  inclusive  aqueles  que 
A  motivação  de  ordem  internacional  será  trabalhar  dizem respeito ao Estado‐Maior Conjunto. 
com  o  país  parceiro  em  prol  de  um  maior  pluralismo 
de poder e de visão no mundo. Esse trabalho conjunto   
passa por duas etapas. Na primeira etapa, o objetivo é  Eixos Estruturantes 
a  melhor  representação  de  países  emergentes, 
inclusive  o  Brasil,  nas  organizações  internacionais  –  1.  A  Estratégia  Nacional  de  Defesa  organiza‐se  em 
políticas e econômicas – estabelecidas. Na segunda, o  torno de três eixos estruturantes.  
alvo  é  a  reestruturação  das  organizações 
O  primeiro  eixo  estruturante  diz  respeito  a  como  as 
internacionais,  para  que  se  tornem  mais  abertas  às 
Forças Armadas devem se organizar e se orientar para 
divergências, às inovações e aos experimentos do que 
melhor  desempenharem  sua  destinação 
são  as  instituições  nascidas  ao  término  da  Segunda 
constitucional  e  suas  atribuições  na  paz  e  na  guerra. 
Guerra Mundial.  
Enumeram‐se  diretrizes  estratégicas  relativas  a  cada 
A motivação de ordem nacional será contribuir para a  uma  das  Forças  e  especifica‐se  a  relação  que  deve 
ampliação  das  instituições  que  democratizem  a  prevalecer  entre  elas.  Descreve‐se  a  maneira  de 
economia  de  mercado  e  aprofundem  a  democracia,  transformar tais diretrizes em práticas e capacitações 
organizando  o  crescimento  econômico  socialmente  operacionais  e  propõe‐se  a  linha  de  evolução 
includente.   tecnológica  necessária  para  assegurar  que  se 
concretizem.  
Deverá,  sempre  que  possível,  ser  buscado  o 
desenvolvimento de materiais que tenham uso dual.   A  análise  das  hipóteses  de  emprego  das  Forças 
Armadas  –  para  resguardar  o  espaço  aéreo,  o 
23. Manter o Serviço Militar Obrigatório.   território  e  as  águas  jurisdicionais  brasileiras  – 
O  Serviço  Militar  Obrigatório  é  uma  das  condições  permite  dar  foco  mais  preciso  às  diretrizes 
para  que  se  possa  mobilizar  o  povo  brasileiro  em  estratégicas.  Nenhuma  análise  de  hipóteses  de 
defesa  da  soberania  nacional.  É,  também,  emprego  pode,  porém,  desconsiderar  as  ameaças  do 
instrumento  para  afirmar  a  unidade  da  Nação,  futuro. Por isso mesmo, as diretrizes estratégicas e as 
independentemente  de  classes  sociais,  gerando  capacitações  operacionais  precisam  transcender  o 
oportunidades  e  incentivando  o  exercício  da  horizonte  imediato  que  a  experiência  e  o 
cidadania.  entendimento de hoje permitem descortinar.  

Como  o  número  dos  alistados  anualmente  é  muito  Ao lado da destinação constitucional, das atribuições, 


maior do que o número de recrutas de que precisam  da cultura, dos costumes e das competências próprias 
as  Forças  Armadas,  deverão  elas  selecioná‐los  de cada Força e da maneira de sistematizá‐las em uma 
segundo  o  vigor  físico,  a  aptidão  e  a  capacidade  estratégia  de  defesa  integrada,  aborda‐se  o  papel  de 
intelectual, cuidando para que todas as classes sociais  três  setores  decisivos  para  a  defesa  nacional:  o 
sejam representadas.   espacial, o cibernético e o nuclear. Descreve‐se como 
as três Forças devem operar em rede – entre si e em 
24. Participar da concepção e do desenvolvimento da  ligação com o monitoramento do território, do espaço 
infraestrutura  estratégica  do  País,  para  incluir  aéreo e das águas jurisdicionais brasileiras. 
requisitos necessários à Defesa Nacional.  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 13 
O  segundo  eixo  estruturante  refere‐se  à  consideração,  a  projeção  de  poder  se  subordina, 
reorganização  da  Base  Industrial  de  Defesa,  para  hierarquicamente, à negação do uso do mar. 
assegurar que o atendimento às necessidades de tais 
produtos  por  parte  das  Forças  Armadas  apoie‐se  em  A  negação  do  uso  do  mar,  o  controle  de  áreas 
tecnologias  sob  domínio  nacional,  preferencialmente  marítimas e a projeção de poder devem ter por foco, 
as de emprego dual (militar e civil).   sem  hierarquização  de  objetivos  e  de  acordo  com  as 
circunstâncias: 
O terceiro eixo estruturante versa sobre a composição 
dos  efetivos  das  Forças  Armadas  e,  (a) defesa proativa das plataformas petrolíferas;  
consequentemente, sobre o futuro do Serviço Militar  (b)  defesa  proativa  das  instalações  navais  e 
Obrigatório. Seu propósito é zelar para que as Forças  portuárias, dos arquipélagos e das ilhas oceânicas nas 
Armadas  reproduzam,  em  sua  composição,  a  própria  águas jurisdicionais brasileiras;  
Nação – para que elas não sejam uma parte da Nação, 
pagas para lutar por conta e em benefício das outras  (c) prontidão para responder a qualquer ameaça, por 
partes.  O  Serviço  Militar  Obrigatório  deve,  pois,  Estado  ou  por  forças  não  convencionais  ou 
funcionar  como  espaço  republicano,  no  qual  possa  a  criminosas, às vias marítimas de comércio; e  
Nação encontrar‐se acima das classes sociais. 
(d)  capacidade  de  participar  de  operações 
  internacionais  de  paz,  fora  do  território  e  das  águas 
jurisdicionais  brasileiras,  sob  a  égide  das  Nações 
Objetivos estratégicos das Forças Armadas  Unidas ou de organismos multilaterais da região.  
A Marinha do Brasil  A  construção  de  meios  para  exercer  o  controle  de 
1. Na maneira de conceber a relação entre as tarefas  áreas marítimas terá como foco as áreas estratégicas 
estratégicas  de  negação  do  uso  do  mar,  de  controle  de  acesso  marítimo  ao  Brasil.  Duas  áreas  do  litoral 
de áreas marítimas e de projeção de poder, a Marinha  continuarão a merecer atenção especial, do ponto de 
do Brasil se pautará por um desenvolvimento desigual  vista  da  necessidade  de  controlar  o  acesso  marítimo 
e conjunto. Se aceitasse dar peso igual a todas as três  ao Brasil: a faixa que vai de Santos a Vitória e a área 
tarefas, seria grande o risco de ser medíocre em todas  em torno da foz do Rio Amazonas. 
elas. Embora todas mereçam ser cultivadas, serão em  2. A doutrina do desenvolvimento desigual e conjunto 
determinada ordem e sequência.   tem  implicações  para  a  reconfiguração  das  forças 
A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do  navais. A implicação mais importante é que a Marinha 
mar  a  qualquer  concentração  de  forças  inimigas  que  se  reconstruirá,  por  etapas,  como  uma  Força 
se aproxime do Brasil por via marítima. A negação do  balanceada  entre  o  componente  submarino,  o 
uso  do  mar  ao  inimigo  é  a  que  organiza,  antes  de  componente  de  superfície  e  o  componente 
atendidos  quaisquer  outros  objetivos  estratégicos,  a  aeroespacial.  
estratégia  de  defesa  marítima  do  Brasil.  Essa  3. Para assegurar a tarefa de negação do uso do mar, 
prioridade tem implicações para a reconfiguração das  o  Brasil  contará  com  força  naval  submarina  de 
forças navais.   envergadura, composta de submarinos convencionais 
Ao  garantir  seu  poder  para  negar  o  uso  do  mar  ao  e  de  submarinos  de  propulsão  nuclear.  O  Brasil 
inimigo,  o  Brasil  precisa  manter  a  capacidade  focada  manterá e desenvolverá sua capacidade de projetar e 
de projeção de poder e criar condições para controlar,  de  fabricar  tanto  submarinos  de  propulsão 
no  grau  necessário  à  defesa  e  dentro  dos  limites  do  convencional,  como  de  propulsão  nuclear.  Acelerará 
direito  internacional,  as  áreas  marítimas  e  águas  os  investimentos  e  as  parcerias  necessários  para 
interiores  de  importância  político‐  estratégica,  executar  o  projeto  do  submarino  de  propulsão 
econômica  e  militar,  e  também  as  suas  linhas  de  nuclear.  Armará  os  submarinos  com  mísseis  e 
comunicação  marítimas.  A  despeito  dessa  desenvolverá  capacitações  para  projetá‐los  e  fabricá‐
los.  Cuidará  de  ganhar  autonomia  nas  tecnologias 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 14 
cibernéticas que guiem os submarinos e seus sistemas  possível,  providas  de  eclusas,  de  modo  a  assegurar 
de armas, e que lhes possibilitem atuar em rede com  franca navegabilidade às hidrovias.  
as outras forças navais, terrestres e aéreas. 
6. O monitoramento da superfície do mar, a partir do 
4.  Para  assegurar  sua  capacidade  de  projeção  de  espaço,  deverá  integrar  o  repertório  de  práticas  e 
poder, a Marinha possuirá, ainda, meios de Fuzileiros  capacitações operacionais da Marinha.  
Navais, em permanente condição de pronto emprego. 
A existência de tais meios é também essencial para a  A  partir  dele,  as  forças  navais,  submarinas  e  de 
defesa  das  instalações  navais  e  portuárias,  dos  superfície  terão  fortalecidas  suas  capacidades  de 
arquipélagos  e  das  ilhas  oceânicas  nas  águas  atuar em rede com as forças terrestre e aérea.  
jurisdicionais  brasileiras,  para  atuar  em  operações  7.  A  constituição  de  uma  força  e  de  uma  estratégia 
internacionais  de  paz  e  em  operações  humanitárias,  navais  que  integrem  os  componentes  submarino,  de 
em qualquer lugar do mundo. Nas vias fluviais, serão  superfície  e  aéreo,  permitirá  realçar  a  flexibilidade 
fundamentais  para  assegurar  o  controle  das  margens  com  que  se  resguarda  o  objetivo  prioritário  da 
durante  as  operações  ribeirinhas.  O  Corpo  de  estratégia  de  segurança  marítima:  a  dissuasão, 
Fuzileiros  Navais  consolidar‐se‐á  como  a  força  de  priorizando a negação do uso do mar ao inimigo que 
caráter expedicionário por excelência.   se  aproxime  do  Brasil,  por  meio  do  mar.  Em  amplo 
5.  A  força  naval  de  superfície  contará  tanto  com  espectro  de  circunstâncias  de  combate,  sobretudo 
navios  de  grande  porte,  capazes  de  operar  e  de  quando  a  força  inimiga  for  muito  mais  poderosa,  a 
permanecer por longo tempo em alto mar, como com  força  de  superfície  será  concebida  e  operada  como 
navios de porte menor, dedicados a patrulhar o litoral  reserva  tática  ou  estratégica.  Preferencialmente,  e 
e  os  principais  rios  navegáveis  brasileiros.  Requisito  sempre  que  a  situação  tática  permitir,  a  força  de 
para a manutenção de tal esquadra será a capacidade  superfície  será  engajada  no  conflito  depois  do 
da  Força  Aérea  de  trabalhar  em  conjunto  com  a  emprego  inicial  da  força  submarina,  que  atuará  de 
Aviação Naval, para garantir o controle do ar no grau  maneira  coordenada  com  os  veículos  espaciais  (para 
desejado, em caso de conflito armado/guerra.   efeito  de  monitoramento)  e  com  meios  aéreos  (para 
efeito de fogo focado).  
Entre  os  navios  de  alto  mar,  a  Marinha  dedicará 
especial  atenção  ao  projeto  e  à  fabricação  de  navios  Esse  desdobramento  do  combate  em  etapas 
de propósitos múltiplos e navios‐aeródromos.   sucessivas,  sob  a  responsabilidade  de  contingentes 
distintos,  permitirá,  na  guerra  naval,  a  agilização  da 
A  Marinha  contará,  também,  com  embarcações  de  alternância entre a concentração e a desconcentração 
combate,  de  transporte  e  de  patrulha,  oceânicas,  de  forças  e  o  aprofundamento  da  flexibilidade  a 
litorâneas e fluviais. Serão concebidas e fabricadas de  serviço da surpresa.  
acordo  com  a  mesma  preocupação  de  versatilidade 
funcional  que  orientará  a  construção  das  belonaves  8.  Um  dos  elos  entre  a  etapa  preliminar  do  embate, 
de  alto  mar.  A  Marinha  adensará  sua  presença  nas  sob  a  responsabilidade  da  força  submarina  e  de  suas 
vias navegáveis das duas grandes bacias fluviais, a do  contrapartes espacial e aérea, e a etapa subsequente, 
Amazonas e a do Paraguai‐Paraná, empregando tanto  conduzida  com  o  pleno  engajamento  da  força  naval 
navios‐patrulha  como  navios‐transporte,  ambos  de  superfície,  será  a  Aviação  Naval,  embarcada  em 
guarnecidos  por  helicópteros  adaptados  ao  regime  navios. A Marinha trabalhará com a Base Industrial de 
das águas.   Defesa  para  desenvolver  um  avião  versátil,  que 
maximize  o  potencial  aéreo  defensivo  e  ofensivo  da 
A  presença  da  Marinha  nas  bacias  fluviais  será  Força Naval.  
facilitada pela dedicação do País à inauguração de um 
paradigma multimodal de transporte. Esse paradigma  9.  A  Marinha  iniciará  os  estudos  e  preparativos  para 
contemplará  a  construção  das  hidrovias  do  Paraná‐ estabelecer,  em  lugar  próprio,  o  mais  próximo 
Tietê,  do  Madeira,  do  Tocantins‐Araguaia  e  do  possível  da  foz  do  rio  Amazonas,  uma  base  naval  de 
Tapajós‐Teles  Pires.  As  barragens  serão,  quando  uso  múltiplo,  comparável,  na  abrangência  e  na 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 15 
densidade  de  seus  meios,  à  Base  Naval  do  Rio  de  elasticidade  reporta‐se  à  parte  dessa  Estratégia 
Janeiro.  10.  A  Marinha  acelerará  o  trabalho  de  Nacional  de  Defesa,  que  trata  do  futuro  do  Serviço 
instalação  de  suas  bases  de  submarinos,  Militar Obrigatório e da mobilização nacional.  
convencionais e de propulsão nuclear. 
A flexibilidade depende, para sua afirmação plena, da 
O Exército Brasileiro  elasticidade.  O  potencial  da  flexibilidade,  para 
dissuasão e para defesa, ficaria severamente limitado, 
1.  O  Exército  Brasileiro  cumprirá  sua  destinação  se  não  fosse  possível,  em  caso  de  necessidade, 
constitucional  e  desempenhará  suas  atribuições,  na  multiplicar os meios humanos e materiais das For‐ ças 
paz  e  na  guerra,  sob  a  orientação  dos  conceitos  Armadas.  Por  outro  lado,  a  maneira  de  interpretar  e 
estratégicos  de  flexibilidade  e  de  elasticidade.  A  de  efetuar  o  imperativo  da  elasticidade  revela  o 
flexibilidade,  por  sua  vez,  inclui  os  requisitos  desdobramento  mais  radical  da  flexibilidade.  A 
estratégicos  de  monitoramento/controle  e  de  elasticidade  é  a  flexibilidade,  traduzida  no 
mobilidade.   engajamento de toda a Nação em sua própria defesa.  
Flexibilidade  é  a  capacidade  de  empregar  forças  2.  O  Exército,  embora  seja  empregado  de  forma 
militares  com  o  mínimo  de  rigidez  preestabelecida  e  progressiva  nas  crises  e  na  guerra,  deve  ser 
com  o  máximo  de  adaptabilidade  à  circunstância  de  constituído por meios modernos e por efetivos muito 
emprego  da  força.  Na  paz,  significa  a  versatilidade  bem  adestrados.  A  Força  deverá  manter‐  ‐se  em 
com que se substitui a presença – ou a onipresença –  permanente  processo  de  transformação,  buscando, 
pela  capacidade  de  se  fazer  presente  (mobilidade)  à  desde  logo,  evoluir  da  era  industrial  para  a  era  do 
luz  da  informação  (monitoramento/controle).  Na  conhecimento.  A  concepção  do  Exército  como 
guerra,  exige  a  capacidade  de  deixar  o  inimigo  em  vanguarda  tem,  como  expressão  prática  principal,  a 
desequilíbrio permanente, surpreendendo‐o por meio  sua reconstrução em módulo brigada, que vem a ser o 
da dialética da desconcentração e da concentração de  módulo  básico  de  combate  da  Força  Terrestre.  Na 
forças  e  da  audácia  com  que  se  desfecha  o  golpe  composição  atual  do  Exército,  as  brigadas  das  Forças 
inesperado.  de  Ação  Rápida  Estratégicas  são  as  que  melhor 
A  flexibilidade  relativiza  o  contraste  entre  o  conflito  exprimem o ideal de flexibilidade. 
convencional  e  o  conflito  não  convencional:  O  modelo  de  composição  das  Forças  de  Ação  Rápida 
reivindica,  para  as  forças  convencionais,  alguns  dos  Estratégicas  não  precisa  nem  deve  ser  seguido 
atributos  de  força  não  convencional,  e  firma  a  rigidamente,  sem  que  se  levem  em  conta  os 
supremacia  da  inteligência  e  da  imaginação  sobre  o  problemas  operacionais  próprios  das  diferentes 
mero  acúmulo  de  meios  materiais  e  humanos.  Por  regiões  em  conflito.  Entretanto,  todas  as  brigadas  do 
isso  mesmo,  rejeita  a  tentação  de  ver  na  alta  Exército  devem  conter,  em  princípio,  os  seguintes 
tecnologia,  alternativa  ao  combate,  assumindo‐a  elementos,  para  que  se  generalize  o  atendimento  do 
como  um  reforço  da  capacidade  operacional.  Insiste  conceito da flexibilidade:  
no  papel  da  surpresa.  Transforma  a  incerteza  em 
solução,  em  vez  de  encará‐la  como  problema.  (a)  Recursos  humanos  com  elevada  motivação  e 
Combina  as  defesas  meditadas  com  os  ataques  efetiva capacitação operacional, típicas da Brigada de 
fulminantes.  Operações  Especiais,  que  hoje  compõe  a  reserva 
estratégica do Exército;  
Elasticidade é a capacidade de aumentar rapidamente 
o  dimensionamento  das  forças  militares  quando  as  (b)  Instrumentos  de  comando  e  controle,  de 
circunstâncias  o  exigirem,  mobilizando,  em  grande  tecnologia  da  informação,  de  comunicações  e  de 
escala,  os  recursos  humanos  e  materiais  do  País.  A  monitoramento  que  lhes  permitam  operar  em  rede 
elasticidade exige, portanto, a construção de força de  com  outras  unidades  da  Marinha,  do  Exército  e  da 
reserva, mobilizável de acordo com as circunstâncias.  Força  Aérea  e  receber  informação  fornecida  pelo 
A  base  derradeira  da  elasticidade  é  a  integração  das  monitoramento do terreno a partir do ar e do espaço;  
Forças  Armadas  com  a  Nação.  O  desdobramento  da 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 16 
(c)  Instrumentos  de  mobilidade  que  lhes  permitam  sobretudo  por  meio  de  artilharia  antiaérea  de  média 
deslocar‐se rapidamente por terra, água e ar – para a  altura.  
região em conflito e dentro dela. Por ar e por água, a 
mobilidade  se  efetuará  comumente  por  meio  de  4. O Exército continuará a manter reservas regionais e 
operações  conjuntas  com  a  Marinha  e  com  a  Força  estratégicas,  articuladas  em  dispositivo  de 
Aérea; e   expectativa.  A  articulação  para  as  reservas 
estratégicas deverá permitir a rápida concentração de 
(d)  Recursos  logísticos  capazes  de  manter  a  brigada  tropas. A localização das reservas estratégicas deverá 
mesmo  em  regiões  isoladas  e  inóspitas  por  um  ser  objeto  de  contínua  avaliação,  à  luz  das  novas 
determinado período.   realidades do País.  

A  qualificação  do  módulo  brigada  como  vanguarda  5.  O  Exército  deverá  ter  capacidade  de  projeção  de 
exige amplo espectro de meios tecnológicos, desde os  poder,  constituindo  uma  Força,  quer  expedicionária, 
menos  sofisticados,  tais  como  radar  portátil  e  quer para operações de paz, ou de ajuda humanitária, 
instrumental  de  visão  noturna,  até  as  formas  mais  para atender compromissos assumidos sob a égide de 
avançadas  de  comunicação  entre  as  operações  organismos  internacionais  ou  para  salvaguardar 
terrestres e o monitoramento espacial.  interesses brasileiros no exterior.  

O entendimento da mobilidade tem implicações para  6.  O  monitoramento/controle,  como  componente  do 


a  evolução  dos  blindados,  dos  meios  mecanizados  e  imperativo  de  flexibilidade,  exigirá  que,  entre  os 
da  artilharia.  Uma  implicação  desse  entendimento  é  recursos espaciais, haja um vetor sob integral domínio 
harmonizar,  no  desenho  dos  blindados  e  dos  meios  nacional, ainda que parceiros estrangeiros participem 
mecanizados,  características  técnicas  de  proteção  e  do seu projeto e da sua implementação, incluindo:  
movimento.  Outra  implicação  –  nos  blindados,  nos 
meios  mecanizados  e  na  artilharia  –  é  priorizar  o  (a) a fabricação de veículos lançadores de satélites;  
desenvolvimento de tecnologias capazes de assegurar  (b) a fabricação de satélites de baixa e de alta altitude, 
precisão na execução do tiro.   sobretudo  de  satélites  geoestacionários,  de  múltiplos 
3. A transformação de todo o Exército em vanguarda,  usos;  
com base no módulo brigada, terá prioridade sobre a  (c)  o  desenvolvimento  de  alternativas  nacionais  aos 
estratégia  de  presença.  Nessa  transformação,  será  sistemas  de  localização  e  de  posicionamento,  dos 
prioritário  o  aparelhamento  baseado  no  quais  o  Brasil  depende,  passando  pelas  necessárias 
completamento  e  na  modernização  dos  sistemas  etapas internas de evolução dessas tecnologias; 
operacionais  das  brigadas,  para  dotá‐las  de 
capacidade de rapidamente fazerem‐se presentes.   (d) os meios aéreos e terrestres para monitoramento 
focado,  de  alta  resolução;  e  (e)  as  capacitações  e  os 
A  transformação  será,  porém,  compatibilizada  com  a  instrumentos  cibernéticos  necessários  para  assegurar 
estratégia  da  presença,  em  especial  na  região  comunicações entre os monitores espaciais e aéreos e 
amazônica,  em  face  dos  obstáculos  à  mobilidade  e  à  a força terrestre.  
concentração de forças. Em todas as circunstâncias, as 
unidades militares situadas nas fronteiras funcionarão  7. A mobilidade, como componente do imperativo de 
como  destacamentos  avançados  de  vigilância  e  de  flexibilidade,  requererá  o  desenvolvimento  de 
dissuasão.  veículos terrestres e de meios aéreos de combate e de 
transporte. Demandará, também, a reorganização das 
Nos  centros  estratégicos  do  País  –  políticos,  relações  com  a  Marinha  e  com  a  Força  Aérea,  de 
industriais,  científicotecnológicos  e  militares  –  a  maneira  a  assegurar,  tanto  na  cúpula  dos  Estados‐
estratégia  de  presença  do  Exército  concorrerá  Maiores,  como  na  base  dos  contingentes 
também para o objetivo de se assegurar a capacidade  operacionais, a capacidade de atuar como uma única 
de  defesa  antiaérea,  em  quantidade  e  em  qualidade,  força. 

 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 17 
8.  Monitoramento/controle  e  mobilidade  têm  seu  10.  Atender  ao  imperativo  da  elasticidade  será 
complemento  em  medidas  destinadas  a  assegurar,  preocupação especial do Exército, pois é, sobretudo, a 
ainda  no  módulo  brigada,  a  obtenção  do  efetivo  Força Terrestre que terá de multiplicar‐se, em caso de 
poder  de  combate.  Algumas  dessas  medidas  são  conflito armado/guerra.  
tecnológicas:  o  desenvolvimento  de  sistemas  de 
armas  e  de  guiamento  que  permitam  precisão  no  11.  Os  imperativos  de  flexibilidade  e  de  elasticidade 
direcionamento  do  tiro  e  o  desenvolvimento  da  culminam  no  preparo  para  uma  guerra  assimétrica, 
capacidade  de  fabricar  munições  de  todos  os  tipos,  sobretudo  na  região  amazônica,  a  ser  sustentada 
excluídas aquelas banidas por tratados internacionais  contra  inimigo  de  poder  militar  muito  superior,  por 
do  qual  o  Brasil  faz  parte.  Outras  medidas  são  ação  de  um  país  ou  de  uma  coligação  de  países  que 
operacionais: a consolidação de um repertório de prá‐  insista  em  contestar,  a  qualquer  pretexto,  a 
ticas  e  de  capacitações  que  proporcionem  à  Força  incondicional  soberania  brasileira  sobre  a  sua 
Terrestre  os  conhecimentos  e  as  potencialidades,  Amazônia.  
tanto  para  o  combate  convencional,  quanto  para  o  A preparação para tal guerra não consiste apenas em 
não  convencional,  capaz  de  operar  com  ajudar  a  evitar  o  que  hoje  é  uma  hipótese  remota:  a 
adaptabilidade  nas  condições  imensamente  variadas  de  envolvimento  do  Brasil  em  uma  guerra  de  grande 
do  território  nacional.  Outra  medida  –  ainda  mais  escala.  É,  também,  aproveitar  disciplina  útil  para  a 
importante  –  é  educativa:  a  formação  de  um  militar  formação  de  sua  doutrina  militar  e  de  suas 
que reúna qualificação e rusticidade.   capacitações  operacionais.  Um  exército  que 
9.  A  defesa  da  região  amazônica  será  encarada,  na  conquistou  os  atributos  de  flexibilidade  e  de 
atual  fase  da  História,  como  o  foco  de  concentração  elasticidade é um exército que sabe conjugar as ações 
das diretrizes resumidas sob o rótulo dos imperativos  convencionais  com  as  não  convencionais.  A  guerra 
de  monitoramento/controle  e  de  mobilidade.  Não  assimétrica,  no  quadro  de  uma  guerra  de  resistência 
exige  qualquer  exceção  a  tais  diretrizes  e  reforça  as  nacional,  representa  uma  efetiva  possibilidade  da 
razões para segui‐las. As adaptações necessárias serão  doutrina aqui especificada. 
as  requeridas  pela  natureza  daquela  região  em  Cada  uma  das  condições,  a  seguir  listadas,  para  a 
conflito:  a  intensificação  das  tecnologias  e  dos  condução  exitosa  da  guerra  de  resistência  deve  ser 
dispositivos de monitoramento a partir do espaço, do  interpretada  como  advertência  orientadora  da 
ar e da terra; a primazia da transformação da brigada  maneira  de  desempenhar  as  responsabilidades  do 
em  uma  força  com  atributos  tecnológicos  e  Exército:  
operacionais; os meios logísticos e aéreos para apoiar 
unidades  de  fronteira  isoladas  em  áreas  remotas,  (a)  Ver  a  Nação  identificada  com  a  causa  da  defesa. 
exigentes  e  vulneráveis;  e  a  formação  de  um  Toda  a  estratégia  nacional  repousa  sobre  a 
combatente detentor de qualificação e de rusticidade  conscientização  do  povo  brasileiro  quanto  à 
necessárias à proficiência de um combatente de selva.  importância central dos problemas de defesa;  

O  desenvolvimento  sustentável  da  região  amazônica  (b)  Juntar  a  soldados  regulares,  fortalecidos  com 
passará  a  ser  visto,  também,  como  instrumento  da  atributos  de  soldados  não  convencionais,  as  reservas 
defesa  nacional:  só  ele  pode  consolidar  as  condições  mobilizadas,  de  acordo  com  o  conceito  da 
para  assegurar  a  soberania  nacional  sobre  aquela  elasticidade;  
região.  Dentro  dos  planos  para  o  desenvolvimento 
(c)  Contar  com  um  soldado  resistente  que,  além  dos 
sustentável  da  Amazônia,  caberá  papel  primordial  à 
pendores  de  qualificação  e  de  rusticidade,  seja 
regularização  fundiária.  Para  defender  a  Amazônia, 
também, no mais alto grau, tenaz. Sua tenacidade se 
será preciso ampliar a segurança jurídica e reduzir os 
inspirará  na  identificação  da  Nação  com  a  causa  da 
conflitos  decorrentes  dos  problemas  fundiários  ainda 
defesa;  
existentes.  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 18 
(d)  Sustentar,  sob  condições  adversas  e  extremas,  a  Industrial  de  Defesa  será  orientada  a  dar  a  mais  alta 
capacidade  de  comando  e  controle  entre  as  forças  prioridade  ao  desenvolvimento  das  tecnologias 
combatentes;   necessárias,  inclusive  àquelas  que  viabilizem 
independência  do  sistema  Global  Positioning  System 
(e)  Construir  e  manter,  mesmo  sob  condições  (GPS)  ou  de  qualquer  outro  sistema  de 
adversas  e  extremas,  o  poder  de  apoio  logístico  às  posicionamento  estrangeiro.  O  potencial  para 
forças combatentes; e   contribuir  com  tal  independência  tecnológica  pesará 
(f)  Saber  aproveitar  ao  máximo  as  características  do  na  escolha  das  parcerias  com  outros  países,  em 
ambiente.  matéria de tecnologias de defesa.  

  (b)  O  poder  para  assegurar  o  controle  do  ar  no  grau 


desejado.  
A Força Aérea Brasileira 
Em qualquer hipótese de emprego, a Força Aérea terá 
1. Quatro objetivos estratégicos orientam a missão da  a  responsabilidade  de  assegurar  o  controle  do  ar  no 
Força Aérea Brasileira e fixam o lugar de seu trabalho  grau  desejado.  Do  cumprimento  dessa 
dentro  da  Estratégia  Nacional  de  Defesa.  Esses  responsabilidade,  dependerá,  em  grande  parte,  a 
objetivos  estão  encadeados  em  determinada  ordem:  viabilidade das operações navais e das operações das 
cada  um  condiciona  a  definição  e  a  execução  dos  forças  terrestres  no  interior  do  País.  O  potencial  de 
objetivos subsequentes.   garantir  superioridade  aérea  local  será  o  primeiro 
passo para afirmar o controle do ar no grau desejado 
(a) A prioridade da vigilância aérea.  
sobre o território e as águas jurisdicionais brasileiras.  
Exercer a vigilância do espaço aéreo, sobre o território 
Impõe,  como  consequência,  evitar  qualquer  hiato  de 
nacional  e  as  águas  jurisdicionais  brasileiras,  com  a 
desproteção  aérea  decorrente  dos  processos  de 
assistência  dos  meios  espaciais,  aéreos,  terrestres  e 
substituição  da  frota  de  aviões  de  combate,  dos 
marítimos,  é  a  primeira  das  responsabilidades  da 
sistemas  de  armas  e  armamentos  inteligentes 
Força  Aérea  e  a  condição  essencial  para  impedir  o 
embarcados,  inclusive  dos  sistemas  inerciais  que 
sobrevoo de engenhos aéreos contrários ao interesse 
permitam dirigir o fogo ao alvo com exatidão e “além 
nacional. A estratégia da Força Aérea será a de cercar 
do alcance visual”.  
o  Brasil  com  sucessivas  e  complementares  camadas 
de  visualização,  condicionantes  da  prontidão  para  (c)  A  capacidade  para  levar  o  combate  a  pontos 
responder.  Implicação  prática  dessa  tarefa  é  que  a  específicos do território nacional, em conjunto com a 
Força  Aérea  precisará  contar  com  plataformas  e  Marinha  e  o  Exército,  constituindo  uma  única  força 
sistemas  próprios  para  monitorar,  e  não  apenas  para  combatente, sob a disciplina do teatro de operações.  
combater  e  transportar,  particularmente  na  região 
amazônica.  A  primeira  implicação  é  a  necessidade  de  dispor  de 
aviões  de  transporte  em  número  suficiente  para 
O  Sistema  de  Defesa  Aeroespacial  Brasileiro  deslocar,  em  poucas  horas,  os  meios  para  garantir  o 
(SISDABRA),  integrador  dessas  camadas,  disporá  de  controle  do  ar  e  uma  brigada  da  reserva  estratégica, 
um  complexo  de  monitoramento,  incluindo  o  uso  de  para  qualquer  ponto  do  território  nacional.  Unidades 
veículos lançadores, satélites, aviões de inteligência e  de  transporte  aéreo  ficarão  baseadas  próximas  às 
respectivos  aparatos  de  visualização  e  de  reservas estratégicas da Força Terrestre.  
comunicações,  que  estejam  sob  integral  domínio 
nacional.   A segunda implicação é a necessidade de contar com 
sistemas  de  armas  de  grande  precisão,  capazes  de 
O  Comando  de  Defesa  Aeroespacial  Brasileiro  permitir  a  adequada  discriminação  de  alvos  em 
(COMDABRA)  será  fortalecido  como  órgão  central  da  situações  nas  quais  forças  nacionais  poderão  estar 
defesa  aeroespacial  e  do  controle  de  engenhos  entremeadas ao inimigo.  
espaciais, incumbido de liderar e de integrar todos os 
meios de monitoramento aeroespacial do País. A Base 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 19 
A  terceira  implicação  é  a  necessidade  de  dispor  de  (d)  Promover  o  desenvolvimento,  em  São  José  dos 
suficientes  e  adequados  meios  de  transporte  para  Campos  ou  em  outros  lugares,  de  adequadas 
apoiar  a  aplicação  da  estratégia  da  presença  do  condições de ensaio; e  
Exército  na  região  amazônica  e  no  Centro‐Oeste, 
sobretudo  as  atividades  operacionais  e  logísticas  (e)  Enfrentar  o  problema  da  vulnerabilidade 
realizadas  pelas  unidades  da  Força  Terrestre  situadas  estratégica criada pela concentração de iniciativas no 
na fronteira.   complexo  tecnológico  e  empresarial  de  São  José  dos 
Campos.  Preparar  imediata  defesa  antiaérea  do 
(d)  O  domínio  de  um  potencial  estratégico  que  se  complexo. 
organize em torno de uma capacidade, não em torno 
de um inimigo.  4.  Dentre  todas  as  preocupações  a  enfrentar  no 
desenvolvimento  da  Força  Aérea,  a  que  inspira 
A  índole  pacífica  do  Brasil  não  elimina  a  necessidade  cuidados  mais  vivos  e  prementes  é  a  maneira  de 
de  assegurar  à  Força  Aérea  o  pleno  domínio  desse  substituir  os  atuais  aviões  de  combate,  uma  vez 
potencial  aeroestratégico,  sem  o  qual  ela  não  estará  esgotada a possibilidade de prolongar‐lhes a vida por 
em  condições  de  defender  o  Brasil,  nem  mesmo  modernização  de  seus  sistemas  de  armas,  de  sua 
dentro  dos  mais  estritos  limites  de  uma  guerra  aviônica e de partes de sua estrutura e fuselagem.  
defensiva.  Para  tanto,  precisa  contar  com  todos  os 
meios  relevantes:  plataformas,  sistemas  de  armas,  O  Brasil  confronta,  nesse  particular,  dilema 
subsídios cartográficos e recursos de inteligência.   corriqueiro  em  toda  parte:  manter  a  prioridade  das 
capacitações  futuras  sobre  os  gastos  atuais,  sem 
2.  Na  região  amazônica,  o  atendimento  a  esses  tolerar  desproteção  aérea.  Precisa  investir  nas 
objetivos  exigirá  que  a  Força  Aérea  disponha  de  capacidades  que  lhe  assegurem  potencial  de 
unidades  com  recursos  técnicos  para  assegurar  a  fabricação  independente  de  seus  meios  aéreos  e 
operacionalidade  das  pistas  de  pouso  remotas  e  das  antiaéreos  de  defesa.  Não  pode,  porém,  aceitar  ficar 
instalações  de  proteção  ao  voo  nas  situações  de  desfalcado  de  um  escudo  aéreo,  enquanto  reúne  as 
vigilância e de combate.   condições para ganhar tal independência. A solução a 
dar  a  esse  problema  é  tão  importante,  e  exerce 
3. O complexo tecnológico e científico sediado em São  efeitos  tão  variados  sobre  a  situação  estratégica  do 
José  dos  Campos  continuará  a  ser  o  sustentáculo  da  País  na  América  do  Sul  e  no  mundo,  que  transcende 
Força  Aérea  e  de  seu  futuro.  De  sua  importância  uma  mera  discussão  de  equipamento  e  merece  ser 
central,  resultam  os  seguintes  imperativos  entendida  como  parte  integrante  desta  Estratégia 
estratégicos:   Nacional de Defesa. 
(a)  Priorizar  a  formação,  dentro  e  fora  do  Brasil,  dos  O  princípio  genérico  da  solução  é  a  rejeição  das 
quadros  técnico‐científicos,  militares  e  civis,  que  soluções  extremas  –  simplesmente  comprar,  no 
permitam alcançar a independência tecnológica;   mercado internacional, um caça “de quinta geração”, 
(b)  Desenvolver  projetos  tecnológicos  que  se  ou  sacrificar  a  compra  para  investir  na  modernização 
distingam por sua fecundidade tecnológica (aplicação  dos  aviões  existentes,  nos  projetos  de  Aeronaves 
análoga  a  outras  áreas)  e  por  seu  significado  Remotamente  Pilotadas  (ARP),  no  desenvolvimento, 
transformador  (alteração  revolucionária  das  junto  com  outro  país,  do  protótipo  de  um  caça 
condições de combate), não apenas por sua aplicação  tripulado do futuro e na formação maciça de quadros 
imediata;   científicos e técnicos.  

(c) Estreitar os vínculos entre os Institutos de Pesquisa  Consideração que poderá ser decisiva é a necessidade 
do  Departamento  de  Ciência  e  Tecnologia  de  preferir  a  opção  que  minimize  a  dependência 
Aeroespacial  (DCTA)  e  as  empresas  privadas,  tecnológica  ou  política  em  relação  a  qualquer 
resguardando sempre os interesses do Estado quanto  fornecedor  que,  por  deter  componentes  do  avião  a 
à proteção de patentes e à propriedade industrial;   comprar ou a modernizar, possa pretender, por conta 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 20 
dessa participação, inibir ou influir sobre iniciativas de  (a) Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites 
defesa desencadeadas pelo Brasil.   e  desenvolver  tecnologias  de  guiamento,  sobretudo 
sistemas inerciais e tecnologias de propulsão líquida;  
5. Três diretrizes estratégicas marcarão a evolução da 
Força  Aérea.  Cada  uma  dessas  diretrizes  representa  (b)  Projetar  e  fabricar  satélites,  sobretudo  os 
muito mais do que uma tarefa, uma oportunidade de  geoestacionários,  para  telecomunicações  e 
transformação.   sensoriamento  remoto  de  alta  resolu‐  ção, 
multiespectral, e desenvolver tecnologias de controle 
A primeira diretriz é o desenvolvimento do repertório  de atitude dos satélites;  
de  tecnologias  e  de  capacitações  que  permitam  à 
Força  Aérea  operar  em  rede,  não  só  entre  seus  (c)  Desenvolver  tecnologias  de  comunicações, 
próprios componentes, mas, também, com a Marinha  comando  e  controle  a  partir  de  satélites,  com  as 
e o Exército.   forças  terrestres,  aéreas  e  marítimas,  inclusive 
submarinas,  para  que  elas  se  capacitem  a  operar  em 
A  segunda  diretriz  é  o  avanço  nos  programas  de  rede e a se orientar por informações deles recebidas; 
Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), primeiro de  e  
vigilância e depois de combate. Os ARP poderão vir a 
ser  meios  centrais,  não  meramente  acessórios,  do  (d)  Desenvolver  tecnologia  de  determinação  de 
combate  aéreo,  além  de  facultar  patamar  mais  posicionamento geográfico a partir de satélites. 3. No 
exigente  de  precisão  no  monitoramento/controle  do  setor  cibernético,  as  capacitações  se  destinarão  ao 
território  nacional.  A  Força  Aérea  absorverá  as  mais amplo espectro de usos industriais, educativos e 
implicações  desse  meio  de  vigilância  e  de  combate  militares.  Incluirão,  como  parte  prioritária,  as 
para  as  suas  orientações  tática  e  estratégica.  tecnologias  de  comunicação  entre  todos  os 
Formulará  doutrina  sobre  a  interação  entre  os  contingentes  das  Forças  Armadas,  de  modo  a 
veículos  tripulados  e  não  tripulados  que  aproveite  o  assegurar  sua  capacidade  para  atuar  em  rede.  As 
novo  meio  para  radicalizar  o  poder  de  surpreender,  prioridades são as seguintes:  
sem expor as vidas dos pilotos.  
(a)  Fortalecer  o  Centro  de  Defesa  Cibernética  com 
A  terceira  diretriz  é  a  integração  das  atividades  capacidade  de  evoluir  para  o  Comando  de  Defesa 
espaciais  nas  operações  da  Força  Aérea.  O  Cibernética das Forças Armadas;  
monitoramento  espacial  será  parte  integral  e 
condição  indispensável  do  cumprimento  das  tarefas  (b)  Aprimorar  a  Segurança  da  Informação  e 
estratégicas  que  orientarão  a  Força  Aérea:  vigilância  Comunicações  (SIC),  particularmente,  no  tocante  à 
múltipla  e  cumulativa,  grau  de  controle  do  ar  cerificação  digital  no  contexto  da  Infraestrutura  de 
desejado e combate focado no contexto de operações  Chaves‐Públicas da Defesa (ICP‐Defesa), integrando as 
conjuntas.  O  desenvolvimento  da  tecnologia  de  ICP das três Forças;  
veículos lançadores servirá como instrumento amplo,  (c) Fomentar a pesquisa científica voltada para o Setor 
não  só  para  apoiar  os  programas  espaciais,  mas  Cibernético,  envolvendo  a  comunidade  acadêmica 
também  para  desenvolver  tecnologia  nacional  de  nacional  e  internacional.  Nesse  contexto,  os 
projeto e de fabricação de mísseis.  Ministérios  da  Defesa,  da  Fazenda,  da  Ciência, 
  Tecnologia  e  Inovação,  da  Educação,  do 
Planejamento,  Orçamento  e  Gestão,  a  Secretaria  de 
Os setores estratégicos: o espacial, o cibernético e o  Assuntos Estratégicos da Presidência da República e o 
nuclear  Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da 
República  deverão  elaborar  estudo  com  vistas  à 
1. Três setores estratégicos – o espacial, o cibernético  criação da Escola Nacional de Defesa Cibernética;  
e o nuclear – são essenciais para a defesa nacional.  
(d)  Desenvolver  sistemas  computacionais  de  defesa 
2. No setor espacial, as prioridades são as seguintes:   baseados  em  computação  de  alto  desempenho  para 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 21 
emprego no setor cibernético e com possibilidade de  que desenvolvidas por meio de parcerias com Estados 
uso dual;   e  empresas  estrangeiras.  Empregar  a  energia  nuclear 
criteriosamente,  e  sujeitá‐la  aos  mais  rigorosos 
(e)  Desenvolver  tecnologias  que  permitam  o  controles  de  segurança  e  de  proteção  do  meio 
planejamento e a execução da Defesa Cibernética  no  ambiente,  como  forma  de  estabilizar  a  matriz 
âmbito  do  Ministério  da  Defesa  e  que  contribuam  energética  nacional,  ajustando  as  variações  no 
com  a  segurança  cibernética  nacional,  tais  como  suprimento  de  energias  renováveis,  sobretudo  a 
sistema  modular  de  defesa  cibernética  e  sistema  de  energia de origem hidrelétrica; e  
segurança em ambientes computacionais; 
(d) Aumentar a capacidade de usar a energia nuclear 
(f) Desenvolver a capacitação, o preparo e o emprego  em amplo espectro de atividades.  
dos  poderes  cibernéticos  operacional  e  estratégico, 
em  prol  das  operações  conjuntas  e  da  proteção  das  O Brasil zelará por manter abertas as vias de acesso ao 
infraestruturas estratégicas;   desenvolvimento  de  suas  tecnologias  de  energia 
nuclear. Não aderirá a acréscimos ao Tratado de Não 
(g)  Incrementar  medidas  de  apoio  tecnológico  por  Proliferação de Armas Nucleares destinados a ampliar 
meio  de  laboratórios  específicos  voltados  para  as  as  restrições  do  Tratado  sem  que  as  potências 
ações cibernéticas; e   nucleares tenham avançado, de forma significativa, na 
(h)  Estruturar  a  produção  de  conhecimento  oriundo  premissa  central  do  Tratado:  seu  próprio 
da fonte cibernética.   desarmamento nuclear.  

4.  O  setor  nuclear  transcende,  por  sua  natureza,  a  5. A primeira prioridade do Estado na política dos três 


divisão entre desenvolvimento e defesa.   setores  estratégicos  será  a  formação  de  recursos 
humanos  nas  ciências  relevantes.  Para tanto,  ajudará 
Por  imperativo  constitucional  e  por  tratado  a  financiar  os  programas  de  pesquisa  e  de  formação 
internacional,  privou‐se  o  Brasil  da  faculdade  de  nas  universidades  brasileiras  e  nos  centros  nacionais 
empregar  a  energia  nuclear  para  qualquer  fim  que  de  pesquisa  e  aumentará  a  oferta  de  bolsas  de 
não  seja  pacífico.  Isso  foi  feito  sob  várias  premissas,  doutoramento  e  de  pós‐doutoramento  nas 
das  quais  a  mais  importante  foi  o  progressivo  instituições  internacionais  pertinentes.  Essa  política 
desarmamento nuclear das potências nucleares.   de  apoio  não  se  limitará  à  ciência  aplicada,  de 
emprego  tecnológico  imediato.  Beneficiará,  também, 
Nenhum país é mais atuante do que o Brasil na causa 
a ciência fundamental e especulativa.  
do  desarmamento  nuclear.  Entretanto  o  Brasil,  ao 
proibir  a  si  mesmo  o  acesso  ao  armamento  nuclear,  6.  Nos  três  setores,  as  parcerias  com  outros  países  e 
não  se  deve  despojar  da  tecnologia  nuclear.  Deve,  as compras de produtos e serviços no exterior devem 
pelo  contrário,  desenvolvê‐la,  inclusive  por  meio  das  ser  compatibilizadas  com  o  objetivo  de  assegurar 
seguintes iniciativas:   espectro abrangente de capacitações e de tecnologias 
sob domínio nacional. 
(a)  Completar,  no  que  diz  respeito  ao  programa  de 
submarino  de  propulsão  nuclear,  a  nacionalização   
completa e o desenvolvimento em escala industrial do 
ciclo  do  combustível  (inclusive  a  gaseificação  e  o  A  reorganização  da  Base  Industrial  de  Defesa: 
enriquecimento)  e  da  tecnologia  da  construção  de  desenvolvimento tecnológico independente 
reatores, para uso exclusivo do Brasil;  1.  A  defesa  do  Brasil  requer  a  reorganização  da  Base 
(b)  Acelerar  o  mapeamento,  a  prospecção  e  o  Industrial  de  Defesa  (BID)  –  formada  pelo  conjunto 
aproveitamento das jazidas de urânio;   integrado  de  empresas  públicas  e  privadas,  e  de 
organizações  civis  e  militares,  que  realizem  ou 
(c)  Aprimorar  o  potencial  de  projetar  e  construir  conduzam  pesquisa,  projeto,  desenvolvimento, 
termelétricas  nucleares,  com  tecnologias  e  industrialização,  produção,  reparo,  conservação, 
capacitações que acabem sob domínio nacional, ainda  revisão,  conversão,  modernização  ou  manutenção  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 22 
produtos  de  defesa  (Prode)  no  País  –  o  que  deve  ser  centros  avançados  de  pesquisa  das  próprias  Forças 
feito de acordo com as seguintes diretrizes:   Armadas e das instituições acadêmicas brasileiras.  

(a)  Dar  prioridade  ao  desenvolvimento  de  4. O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira 


capacitações tecnológicas independentes.   para  a  Base  Industrial  de  Defesa.  Entretanto,  a 
continuidade  da  produção  deve  ser  organizada  para 
Essa  meta  condicionará  as  parcerias  com  países  e  não depender da conquista ou da continuidade de tal 
empresas  estrangeiras,  ao  desenvolvimento  clientela.  Portanto,  o  Estado  reconhecerá  que,  em 
progressivo de pesquisa e de produção no País.   muitas  linhas  de  produção,  aquela  indústria  terá  de 
(b)  Subordinar  as  considerações  comerciais  aos  operar  em  sistema  de  “custo  mais  margem”  e,  por 
imperativos estratégicos.   conseguinte, sob intenso escrutínio regulatório.  

Isso importa em organizar o regime legal, regulatório  5. O futuro das capacitações tecnológicas nacionais de 
e  tributário  da  Base  Industrial  de  Defesa,  para  que  defesa depende tanto do desenvolvimento de aparato 
reflita tal subordinação.   tecnológico,  quanto  da  formação  de  recursos 
humanos.  Daí  a  importância  de  se  desenvolver  uma 
(c)  Evitar  que  a  Base  Industrial  de  Defesa  polarize‐se  política de formação de cientistas, em ciência aplicada 
entre pesquisa avançada e produção rotineira.   e  básica,  já  abordada  no  tratamento  dos  setores 
espacial,  cibernético  e  nuclear,  privilegiando  a 
Deve‐se  cuidar  para  que  a  pesquisa  de  vanguarda 
aproximação da produção científica com as atividades 
resulte em produção de vanguarda. 
relativas ao desenvolvimento tecnológico da BID. 
(d) Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa 
6.  No  esforço  de  reorganizar  a  Base  Industrial  de 
como  foco  para  o  desenvolvimento  de  capacitações 
Defesa,  buscar‐se‐ão  parcerias  com  outros  países, 
operacionais.  
com  o  objetivo  de  desenvolver  a  capacitação 
Isso  implica  buscar  a  modernização  permanente  das  tecnológica  nacional,  de  modo  a  reduzir 
plataformas, seja pela reavaliação à luz da experiência  progressivamente a compra de serviços e de produtos 
operacional,  seja  pela  incorporação  de  melhorias  acabados  no  exterior.  A  esses  interlocutores 
provindas do desenvolvimento tecnológico.  estrangeiros,  o  Brasil  deixará  sempre  claro  que 
pretende  ser  parceiro,  não  cliente  ou  comprador.  O 
2. Estabeleceu‐se, para a Base Industrial de Defesa, a  País  está  mais  interessado  em  parcerias  que 
Lei no 12.598, de 22 de março de 2012, que tem por  fortaleçam  suas  capacitações  independentes,  do  que 
finalidade  determinar  normas  especiais  para  as  na  compra  de  produtos  e  serviços  acabados.  Tais 
compras,  contratações  e  desenvolvimento  de  parcerias devem contemplar, em princípio, que parte 
produtos  e  sistemas  de  defesa  e  dispõe  sobre  regras  substancial  da  pesquisa  e  da  fabricação  seja 
de incentivo à área estratégica de Defesa.   desenvolvida  no  Brasil,  e  ganharão  relevo  maior, 
quando  forem  expressão  de  associações  estratégicas 
Tal  regime  resguardará  as  empresas  que  fornecem 
abrangentes.  
produtos  de  defesa  às  Forças  Armadas,  das  pressões 
do  imediatismo  mercantil  e  possibilitará  a  7.  Conforme  previsto  na  END/2008,  o  Ministério  da 
continuidade  das  compras  públicas,  sem  prejudicar  a  Defesa  dispõe  de  uma  Secretaria  de  Produtos  de 
competição  no  mercado  e  o  desenvolvimento  de  Defesa (SEPROD).  
novas tecnologias. 
O  Secretário  é  responsável  por  executar  as  diretrizes 
3. O componente estatal da Base Industrial de Defesa  fixadas  pelo  Ministro  da  Defesa  e,  com  base  nelas, 
terá  por  vocação  produzir  o  que  o  setor  privado  não  formular  e  dirigir  a  política  de  obtenção  de  produtos 
possa  projetar  e  fabricar,  a  curto  e  médio  prazo,  de  de defesa, inclusive armamentos, munições, meios de 
maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, e não no  transporte  e  de  comunicações,  fardamentos  e 
piso  tecnológico.  Manterá  estreito  vínculo  com  os  materiais  de  uso  individual  e  coletivo,  empregados 
nas atividades operacionais.  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 23 
8.  A  SEPROD,  responsável  pela  área  de  Ciência  e  tecnologias  de  interesse  e  a  criação  de  instrumentos 
Tecnologia no Ministério da Defesa tem, entre as suas  de fomento à pesquisa de materiais, equipamentos e 
atribuições,  a  coordenação  da  pesquisa  avançada  em  sistemas  de  emprego  de  defesa  ou  dual,  de  forma  a 
tecnologias de defesa que se realize nos institutos de  viabilizar  uma  vanguarda  tecnológica  e  operacional 
pesquisa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e  pautada  na  mobilidade  estratégica,  na  flexibilidade  e 
em  outras  organizações  subordinadas  às  Forças  na capacidade de dissuadir ou de surpreender.  
Armadas.  
Projetos  de  interesse  comum  a  mais  de  uma  Força 
O  objetivo  é  implementar  uma  política  tecnológica  deverão  ter  seus  esforços  de  pesquisa  integrados, 
integrada, que evite duplicação; compartilhe quadros,  definindo‐se,  no  plano  especificado,  para  cada  um 
ideias  e  recursos;  e  prime  por  construir  elos  entre  deles, um polo integrador.  
pesquisa  e  produção,  sem  perder  contato  com 
avanços  em  ciências  básicas.  Para  assegurar  a  No que respeita à utilização do espaço exterior como 
consecução  desses  objetivos,  a  Secretaria  fará  com  meio  de  suporte  às  atividades  de  defesa,  os  satélites 
que  muitos  projetos  de  pesquisa  sejam  realizados  para  comunicações,  controle  de  tráfego  aéreo, 
conjuntamente  pelas  instituições  de  tecnologia  meteorologia  e  sensoriamento  remoto 
avançada  das  três  Forças  Armadas.  Alguns  desses  desempenharão papel fundamental na viabilização de 
projetos  conjuntos  poderão  ser  organizados  com  diversas funções em sistemas de comando e controle. 
personalidade  própria,  seja  como  empresas  de  As capacidades de alerta, vigilância, monitoramento e 
propósitos  específicos,  seja  sob  outras  formas  reconhecimento poderão, também, ser aperfeiçoadas 
jurídicas.  por  meio  do  uso  de  sensores  ópticos  e  de  radar,  a 
bordo  de  satélites  ou  Aeronaves  Remotamente 
Os  projetos  serão  escolhidos  e  avaliados  não  só  pelo  Pilotadas (ARP).  
seu  potencial  produtivo  imediato,  mas  também,  por 
sua  fecundidade  tecnológica:  sua  utilidade  como  Serão consideradas, nesse contexto, as plataformas e 
fonte  de  inspiração  e  de  capacitação  para  iniciativas  missões espaciais em desenvolvimento, para fins civis, 
análogas.   tais  como  satélites  de  monitoramento  ambiental  e 
científicos,  ou  satélites  geoestacionários  de 
9.  A  relação  entre  Ciência,  Tecnologia  e  Inovação  na  comunicações  e  meteorologia,  no  âmbito  do 
área de defesa fortalece‐se com o Plano Brasil Maior,  Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).  
que  substituiu  a  Política  de  Desenvolvimento 
Produtivo  (PDP),  no  qual  o  Governo  federal  A  concepção,  o  projeto  e  a  operação  dos  sistemas 
estabelece  a  sua  política  industrial,  tecnológica,  de  espaciais  devem  observar  a  legislação  internacional, 
serviços  e  de  comércio  exterior  para  o  período  de  os tratados, bilaterais e  multilaterais, ratificados pelo 
2011  a  2014.  O  foco  deste  Plano  é  o  estímulo  à  País,  e  os  regimes  internacionais  dos  quais  o  Brasil  é 
inovação  e  à  produção  nacional  para  alavancar  a  signatário. 
competitividade  da  indústria  nos  mercados  interno  e  As medidas descritas têm respaldo na parceria entre o 
externo.   Ministé‐  rio  da  Defesa  e  o  Ministério  da  Ciência, 
10. A Política de Ciência, Tecnologia e Inovação para a  Tecnologia  e  Inovação,  que  remonta  à  “Concepção 
Defesa  Nacional  tem  como  propósito  estimular  o  Estratégica para CT&I de Interesse da Defesa”.  
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação  11. O Ministro da Defesa delegará aos órgãos das três 
em áreas de interesse para a defesa nacional.   Forças, poderes para executarem a política formulada 
Isso ocorrerá por meio de um planejamento nacional  pela  Secretaria  quanto  a  encomendas  e  compras  de 
para  desenvolvimento  de  produtos  de  alto  conteúdo  produtos  específicos  de  sua  área,  sujeita,  tal 
tecnológico,  com  envolvimento  coordenado  das  execução, à avaliação permanente pelo Ministério. 
instituições  científicas  e  tecnológicas  (ICT)  civis  e   O  objetivo  é  que  a  política  de  compras  de  produtos 
militares,  da  indústria  e  da  universidade,  com  a  de defesa seja capaz de:  
definição  de  áreas  prioritárias  e  suas  respectivas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 24 
(a) otimizar o dispêndio de recursos;  O conflito entre as vantagens do profissionalismo e os 
valores do recrutamento há de ser atenuado por meio 
(b) assegurar que as compras obedeçam às diretrizes  da  educação  –  técnica  e  geral,  porém  de  orientação 
da Estratégia Nacional de Defesa e de sua elaboração,  analítica  e  capacitadora  –  que  será  ministrada  aos 
ao longo do tempo; e   recrutas ao longo do período de serviço.  
(c)  garantir,  nas  decisões  de  compra,  a  primazia  do  3. Para garantir que o Serviço Militar Obrigatório seja 
compromisso  com  o  desenvolvimento  das  o mais amplo possível, os recrutas serão selecionados 
capacitações  tecnológicas  nacionais  em  produtos  de  por  dois  critérios  principais.  O  primeiro  será  a 
defesa.   combinação  do  vigor  físico  com  a  capacidade 
12.  Resguardados  os  interesses  de  segurança  do  analítica,  medida  de  maneira  independente  do  nível 
Estado  quanto  ao  acesso  a  informações,  serão  de informação ou de formação cultural de que goze o 
estimuladas  iniciativas  conjuntas  entre  organizações  recruta. O segundo será o da representação de todas 
de  pesquisa  das  Forças  Armadas,  instituições  as classes sociais e regiões do País.  
acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras.  4.  O  Serviço  Militar  evoluirá  em  conjunto  com  as 
O  objetivo  será  fomentar  o  desenvolvimento  de  um  providências  para  assegurar  a  mobilização  nacional 
complexo  militar  universitário‐empresarial  capaz  de  em  caso  de  necessidade,  de  acordo  com  a  Lei  de 
atuar  na  fronteira  de  tecnologias  que  terão  quase  Mobilização  Nacional.  O  Brasil  entenderá,  em  todo  o 
sempre utilidade dual, militar e civil.  momento,  que  sua  defesa  depende  do  potencial  de 
  mobilizar  recursos  humanos  e  materiais  em  grande 
escala,  muito  além  do  efetivo  das  suas  Forças 
O  Serviço  Militar  Obrigatório:  composição  dos  Armadas em tempo de paz. Jamais tratará a evolução 
efetivos das Forças Armadas e Mobilização Nacional  tecnológica  como  alternativa  à  mobilização  nacional; 
aquela  será  entendida  como  instrumento  desta.  Ao 
1.  A  base  da  defesa  nacional  é  a  identificação  da 
assegurar  a  flexibilidade  de  suas  Forças  Armadas, 
Nação  com  as  Forças  Armadas  e  das  Forças  Armadas 
assegurará também a elasticidade delas.  
com  a  Nação.  Tal  identificação  exige  que  a  Nação 
compreenda  serem  inseparáveis  as  causas  do  5. É importante para a defesa nacional que o oficialato 
desenvolvimento e da defesa.   seja representativo de todos os setores da sociedade 
brasileira. A ampla representação de todas as classes 
O  Serviço  Militar  Obrigatório  é  essencial  para  a 
sociais  nas  academias  militares  é  imperativo  de 
garantia  da  defesa  nacional.  Por  isso  será  mantido  e 
segurança  nacional.  Duas  condições  são 
reforçado.  
indispensáveis  para  que  se  alcance  esse  objetivo.  A 
2. O Ministério da Defesa, ouvidas as Forças Armadas,  primeira é que a carreira militar seja remunerada com 
estabelecerá  a  proporção  de  recrutas  e  de  soldados  vencimentos  competitivos  com  outras  valorizadas 
profissionais  de  acordo  com  as  necessidades  de  carreiras  do  Estado.  A  segunda  condição  é  que  a 
pronto  emprego  e  da  organização  de  uma  reserva  Nação  abrace  a  causa  da  defesa  e  nela  identifique 
mobilizável  que  assegure  o  crescimento  do  poder  requisito para o engrandecimento do povo brasileiro. 
militar  como  elemento  dissuasório.  No  Exército, 
 
respeitada  a  necessidade  de  especialistas,  e 
ressalvadas as imposições operacionais das Forças de  Conclusão 
Emprego Estratégico, a maioria do efetivo de soldados 
deverá ser de recrutas do Serviço Militar Obrigatório.  A  Estratégia  Nacional  de  Defesa  inspira‐se  em  duas 
Na Marinha e na Força Aérea, a necessidade de contar  realidades  que  lhe  garantem  a  viabilidade  e  lhe 
com especialistas, formados ao longo de vários anos,  indicam o rumo.  
deverá ter como contrapeso a importância estratégica  A primeira realidade é a capacidade de improvisação e 
de manter abertos os canais do recrutamento.   adaptação,  o  pendor  para  criar  soluções  quando 
faltam  instrumentos,  a  disposição  de  enfrentar  as 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 25 
agruras  da  natureza  e  da  sociedade,  enfim,  a  II – MEDIDAS DE IMPLEMENTAÇÃO 
capacidade quase irrestrita de adaptação que permeia 
a cultura brasileira. É esse o fato que permite efetivar  A  segunda  parte  da  Estratégia  Nacional  de  Defesa 
o conceito de flexibilidade.   complementa  a  formulação  sistemática  contida  na 
primeira.  Está  dividida  em  três  partes.  A  primeira 
A  segunda  realidade  é  o  sentido  do  compromisso  aborda  o  contexto,  enumerando  circunstâncias  que 
nacional  no  Brasil.  A  Nação  brasileira  foi  e  é  um  ajudam a precisar‐lhe os objetivos e a  explicar‐lhe os 
projeto do povo brasileiro; foi ele que sempre abraçou  métodos.  A  segunda  destaca  como  a  Estratégia  será 
a ideia de nacionalidade e lutou para converter a essa  aplicada  a  um  espectro,  amplo  e  representativo,  de 
ideia  os  quadros  dirigentes  e  letrados.  Esse  fato  é  a  problemas atuais enfrentados pelas Forças Armadas e, 
garantia  profunda  da  identificação  da  Nação  com  as  com  isso,  tornar  mais  claras  sua  doutrina  e  suas 
Forças Armadas e dessas com a Nação.   exigências.  A  terceira  enumera  as  ações  estratégicas 
que  indicam  o  caminho  que  levará  o  Brasil,  de  onde 
Do encontro dessas duas realidades, complementadas  está para onde deve ir, na organização de sua defesa. 
pela  necessidade  de  visão  e  planejamento 
estratégicos direcionados para as questões de defesa,  Contexto 
resultaram  as  diretrizes  da  Estratégia  Nacional  de 
Defesa.  Podem  ser  considerados  como  principais  aspectos 
positivos do atual quadro da defesa:  

•  Forças  Armadas  identificadas  com  a  sociedade 


brasileira, com altos índices de confiabilidade;  

•  adaptabilidade  do  brasileiro  às  situações  novas  e 


inusitadas,  criando  situação  propícia  a  uma  cultura 
militar pautada pelo conceito da flexibilidade;  

• excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz 
respeito à metodologia e à atualização em relação às 
modernas  táticas  e  estratégias  de  emprego  de  meios 
militares,  incluindo  o  uso  de  concepções  próprias, 
adequadas  aos  ambientes  operacionais  de  provável 
emprego; e  

•  incorporação  do  CENSIPAM  à  estrutura 


organizacional  do  Ministério  da  Defesa,  agregando 
sua  base  de  dados  atualizada,  conceitos  de  emprego 
dual da informação e a integração de informações de 
órgãos civis com atuação na Amazônia brasileira. 

Por outro lado, apesar dos esforços desenvolvidos nos 
últimos  anos,  configuram‐se  ainda  como 
vulnerabilidades da atual estrutura de defesa do País:  

•  o  envolvimento,  ainda  não  significativo,  da 


sociedade brasileira com os assuntos de defesa;  

• a histórica descontinuidade na alocação de recursos 
orçamentários para a defesa;  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 26 
•  a  desatualização  tecnológica  de  alguns  •  otimização  dos  esforços  em  Ciência,  Tecnologia  e 
equipamentos  das  Forças  Armadas;  e  a  dependência  Inovação  para  a  Defesa,  por  intermédio,  dentre 
em relação a produtos de defesa estrangeiros;   outras, das seguintes medidas:  

•  a  distribuição  espacial  das  Forças  Armadas  no  (a) maior integração entre as instituições científicas e 


território  nacional,  ainda  não  completamente  tecnológicas,  tanto  militares  como  civis,  e  a  Base 
ajustada,  ao  atendimento  às  necessidades  Industrial de Defesa;  
estratégicas;  
(b) definição de pesquisas de uso dual; e  
•  a  atual  inexistência  de  carreira  civil  na  área  de 
defesa, mesmo sendo uma função de estado;   (c)  fomento  à  pesquisa  e  ao  desenvolvimento  de 
produtos de interesse da defesa;  
• o estágio da pesquisa científica e tecnológica para o 
desenvolvimento  de  material  de  emprego  militar  e  •  maior  integração  entre  as  indústrias  estatal  e 
produtos de defesa;  privada de produtos de defesa, com a definição de um 
modelo  de  participação  na  produção  nacional  de 
• a carência de programas para aquisição de produtos  meios de defesa;  
de  defesa,  calcados  em  planos  plurianuais;  •  os 
bloqueios  tecnológicos  impostos  por  países  •  integração  e  definição  centralizada  na  aquisição  de 
desenvolvidos, que retardam os projetos estratégicos  produtos  de  defesa  de  uso  comum,  compatíveis  com 
de concepção brasileira;   as prioridades estabelecidas;  

•  a  relativa  deficiência  dos  sistemas  nacionais  de  • condicionamento da compra de produtos de defesa 


logística e de mobilização; e   no  exterior  à  transferência  substancial  de  tecnologia, 
inclusive  por  meio  de  parcerias  para  pesquisa  e 
•  a  atual  capacidade  das  Forças  Armadas  contra  os  fabricação  no  Brasil  de  partes  desses produtos  ou  de 
efeitos  causados  por  agentes  contaminantes  sucedâneos a eles;  
químicos, biológicos, radiológicos e nucleares.  
• articulação das Forças Armadas, compatível com as 
A  identificação  e  a  análise  dos  principais  aspectos  necessidades  estratégicas  e  de  adestramento  dos 
positivos  e  das  vulnerabilidades  permitem  vislumbrar  Comandos  Operacionais,  tanto  singulares  quanto 
as seguintes oportunidades a serem exploradas:   conjuntos,  capaz  de  levar  em  consideração  as 
exigências de cada ambiente operacional, em especial 
•  maior  engajamento  da  sociedade  brasileira  nos  o amazônico e o do Atlântico Sul;  
assuntos  de  defesa,  e  maior  integração  entre  os 
diferentes  setores  dos  três  poderes  e  das  três  •  fomento  da  atividade  aeroespacial,  de  forma  a 
instâncias  de  governo  do  Estado  brasileiro  e  desses  proporcionar  ao  País  o  conhecimento  tecnológico 
setores  com  os  institutos  nacionais  de  estudos  necessário  ao  desenvolvimento  de  projeto  e 
estratégicos, públicos ou privados;   fabricação  de  satélites  e  de  veículos  lançadores  de 
satélites e desenvolvimento de um sistema integrado 
•  regularidade  e  continuidade  na  alocação  dos  de  monitoramento  do  espaço  aéreo,  do  território  e 
recursos  orçamentários  de  defesa,  para  incrementar  das águas jurisdicionais brasileiras;  
os investimentos e garantir a manutenção das Forças 
Armadas;   •  desenvolvimento  das  infraestruturas  marítima, 
terrestre  e  aeroespacial  necessárias  para  viabilizar  as 
•  aparelhamento  das  Forças  Armadas  e  capacitação  estratégias de defesa;  
profissional de seus integrantes, para que disponham 
de  meios  militares  aptos  ao  pronto  emprego,  • promoção de ações de presença do Estado na região 
integrado,  com  elevada  mobilidade  tática  e  amazônica,  em  especial  pelo  fortalecimento  do  viés 
estratégica;  de defesa do Programa Calha Norte;  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 27 
•  estreitamento  da  cooperação  entre  os  países  da  apresentada e de uma maneira sequencial, que pode 
América  do  Sul  e,  por  extensão,  com  os  do  entorno  ser assim esquematizada: 
estratégico brasileiro;  
(a) Na paz  
•  valorização  da  profissão  militar  e  da  carreira  de 
servidores  civis  do  Ministério  da  Defesa  e  das  Forças  As  organizações  militares  serão  articuladas  para 
Armadas,  a  fim  de  estimular  o  recrutamento  de  seus  conciliar o atendimento às hipóteses de emprego com 
quadros em todas as classes sociais;   a  necessidade  de  otimizar  os  seus  custos  de 
manutenção  e  para  proporcionar  a  realização  do 
•  aperfeiçoamento  do  Serviço  Militar  Obrigatório,  na  adestramento em ambientes operacionais específicos. 
busca de maior identificação das Forças Armadas com 
a sociedade brasileira;   Serão  desenvolvidas  atividades  permanentes  de 
inteligência, para acompanhamento da situação e dos 
•  expansão  da  capacidade  de  combate  das  Forças  atores  que  possam  vir  a  representar  potenciais 
Armadas,  por  meio  da  mobilização  de  pessoal,  ameaças  ao  Estado  e  para  proporcionar  o  alerta 
material  e  serviços,  para  complementar  a  logística  antecipado  ante  a  possibilidade  de  concretização  de 
militar, no caso de o País se ver envolvido em conflito;  tais  ameaças.  As  atividades  de  inteligência  devem 
e   obedecer a salvaguardas e controles que resguardem 
os direitos e garantias constitucionais. 
•  otimização  do  controle  sobre  atores  não 
governamentais,  especialmente  na  região  amazônica,  (b) Na crise  
visando  à  preservação  do  patrimônio  nacional, 
mediante  ampla  coordenação  das  Forças  Armadas  O  Comandante  Supremo  das  Forças  Armadas, 
com  os  órgãos  governamentais  brasileiros  consultado  o  Conselho  de  Defesa  Nacional,  poderá 
responsáveis  pela  autorização  de  atuação  no  País  ativar uma estrutura de gerenciamento de crise, com 
desses  atores,  sobretudo  daqueles  com  vinculação  a  participação  de  representantes  do  Ministério  da 
estrangeira.  Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica,  bem  como  de  representantes  de  outros 
  Ministérios, se necessários.  

Aplicação da estratégia  O  emprego  das  Forças  Armadas  será  singular  ou 


conjunto e ocorrerá em consonância com as diretrizes 
Hipóteses de emprego  expedidas.  
Entende‐se por “hipótese de emprego” a antevisão de  As atividades de inteligência serão intensificadas. 
possível  emprego  das  Forças  Armadas  em 
determinada  situação/situações  ou  área/  áreas  de  Medidas políticas inerentes ao gerenciamento de crise 
interesse  estratégico  para  a  defesa  nacional.  É  continuarão a ser adotadas, em paralelo com as ações 
formulada  considerando‐se  a  indeterminação  de  militares.  
ameaças  ao  País.  Com  base  nas  hipóteses  de 
emprego, serão elaborados e mantidos atualizados os  Ante  a  possibilidade  de  a  crise  evoluir  para  conflito 
planos  estratégicos  e  operacionais  pertinentes,  armado/guerra,  poderão  ser  desencadeadas,  entre 
visando  possibilitar  o  contínuo  aprestamento  da  outras, as seguintes medidas:  
Nação  como  um  todo,  e  em  particular  das  Forças  • a ativação dos Comandos Operacionais previstos na 
Armadas, para emprego na defesa do País.  Estrutura Militar de Defesa;  
Emprego  conjunto  das  Forças  Armadas  em  •  a  adjudicação  de  forças  pertencentes  à  estrutura 
atendimento às hipóteses de emprego  organizacional  das  três  Forças  aos  Comandos 
A  evolução  da  estrutura  das  Forças  Armadas,  do  Operacionais ativados; 
estado  de  paz  para  o  de  conflito  armado  ou  guerra, 
dar‐se‐á de acordo com as peculiaridades da situação 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 28 
•  a  atualização  e  implementação,  pelo  Comando  •  o  monitoramento  e  controle  do  espaço  aéreo,  das 
Operacional  ativado,  dos  planos  de  campanha  fronteiras  terrestres,  do  território  e  das  águas 
elaborados no estado de paz;   jurisdicionais brasileiras em circunstâncias de paz;  

• o completamento das estruturas;   • a ameaça de penetração nas fronteiras terrestres ou 
abordagem nas águas jurisdicionais brasileiras;  
•  a  ativação  de  Zona  de  Defesa,  áreas  onde  são 
mobilizáveis tropas da ativa e reservistas, inclusive os  •  a  ameaça  de  forças  militares  muito  superiores  na 
egressos dos Tiros de Guerra, para defesa do interior  região amazônica;  
do País em caso de conflito armado/guerra; e  
•  as  providências  internas  ligadas  à  defesa  nacional 
•  a  decretação  da  Mobilização  Nacional,  se  decorrentes  de  guerra  em  outra  região  do  mundo, 
necessária.   que  ultrapassem  os  limites  de  uma  guerra  regional 
controlada,  com  emprego  efetivo  ou  potencial  de 
(c) Durante o conflito armado/guerra   armamento nuclear, biológico, químico e radiológico;  
O desencadeamento da campanha militar prevista no  • a participação do Brasil em operações internacionais 
Plano de Campanha elaborado.   em apoio à política exterior do País;  
(d) Ao término do conflito armado/guerra   • a participação em operações internas de Garantia da 
A  adoção  de  medidas  específicas  de  Desmobilização  Lei e da Ordem, nos termos da Constituição Federal, e 
Nacional,  de  modo  gradativo  a  fim  de  prevenir  o  os atendimentos às requisições da Justiça Eleitoral; e  
recrudescimento  das  ações  pelo  oponente,  • a ameaça de guerra no Atlântico Sul. 
procurando  conciliar  a  necessidade  decrescente  da 
estrutura  criada  pela  situação  de  conflito   
armado/guerra  com  as  necessidades  crescentes  da 
volta à situação de normalidade.   Estruturação das Forças Armadas 

Os  ambientes  apontados  na  Estratégia  Nacional  de  Para o atendimento eficaz das hipóteses de emprego, 


Defesa  não  permitem  vislumbrar  ameaças  militares  as  Forças  Armadas  deverão  estar  organizadas  e 
concretas  e  definidas,  representadas  por  forças  articuladas  de  maneira  a  facilitar  a  realização  de 
antagônicas de países potencialmente inimigos ou de  operações  conjuntas  e  singulares,  adequadas  às 
outros  agentes  não  estatais.  Devido  à  incerteza  das  características peculiares das operações de cada uma 
ameaças  ao  Estado  Brasileiro,  o  preparo  das  Forças  das áreas estratégicas.  
Armadas  deve  ser  orientado  para  atuar  no  O  instrumento  principal,  por  meio  do  qual  as  Forças 
cumprimento  de  variadas  missões,  em  diferentes  desenvolverão  sua  flexibilidade  tática  e  estratégica, 
áreas  e  cenários,  para  respaldar  a  ação  política  do  será  o  trabalho  coordenado  entre  elas,  a  fim  de  tirar 
Estado.  proveito  da  dialética  da  concentração  e 
As  hipóteses  de  emprego  são  provenientes  da  desconcentração.  Portanto,  as  Forças,  como  regra, 
associação  das  principais  tendências  de  evolução  das  definirão suas orientações operacionais em conjunto, 
conjunturas  nacional  e  internacional  com  as  privilegiando  essa  visão  conjunta  como  forma  de 
orientações político‐estratégicas do País.   aprofundar suas capacidades.  

Na elaboração das hipóteses de emprego, a Estratégia  O meio institucional para esse trabalho unificado será 
Militar  de  Defesa  deverá  contemplar  o  emprego  das  a  colaboração  entre  os  Estados‐Maiores  das  Forças 
Forças  Armadas  considerando,  dentre  outros,  os  com o Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas, no 
seguintes aspectos:   estabelecimento  e  definição  das  linhas  de  frente  de 
atuação  conjunta.  Nesse  sentido,  o  sistema 
educacional de cada Força ministrará cursos, além dos 
singulares  já  existentes,  e  realizará  projetos  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 29 
pesquisa  e  de  formulação  em  conjunto  com  os  priorizar,  com  compensação  comercial,  industrial  e 
sistemas  das  demais  Forças  e  com  a  Escola  Superior  tecnológica:  
de Guerra.  
•  no  âmbito  das  três  Forças,  sob  a  condução  do 
Da  mesma  forma,  as  Forças  Armadas  deverão  ser  Ministério  da  Defesa,  a  aquisição  de  helicópteros  de 
equipadas, articuladas e adestradas, desde os tempos  transporte e de reconhecimento e ataque;  
de paz, segundo as diretrizes do Ministério da Defesa, 
realizando exercícios singulares e conjuntos.   •  na  Marinha,  o  projeto  e  fabricação  de  submarinos 
convencionais  que  permitam  a  evolução  para  o 
Assim,  com  base  na  Política  Nacional  de  Defesa,  na  projeto  e  fabricação,  no  País,  de  submarinos  de 
Estratégia  Nacional  de  Defesa  e  na  Estratégia  Militar  propulsão  nuclear,  de  meios  de  superfície  e  aéreos 
dela  decorrente,  as  Forças  Armadas  submetem  ao  priorizados nesta Estratégia;  
Ministério  da  Defesa  seus  Planos  de  Articulação  e  de 
Equipamento, os quais contemplam uma proposta de  •  no  Exército,  os  meios  necessários  ao 
distribuição  espacial  das  instalações  militares  e  de  completamento  dos  sistemas  operacionais  das 
quantificação  dos  meios  necessários  ao  atendimento  brigadas  e  do  sistema  de  monitoramento  de 
eficaz  das  hipóteses  de  emprego,  de  maneira  a  fronteiras;  o  aumento  da  mobilidade  tática  e 
possibilitar:   estratégica  da  Força  Terrestre,  sobretudo  das  Forças 
de  Emprego  Estratégico  e  das  forças  estacionadas  na 
•  poder  de  combate  que  propicie  credibilidade  à  região  amazônica;  a  nova  família  de  blindados  sobre 
estratégia da dissuasão;   rodas;  os  sistemas  de  mísseis  e  radares  antiaéreos 
(defesa  antiaérea);  a  produção  de  munições  e  o 
•  meios  à  disposição  do  sistema  de  defesa  nacional  armamento  e  o  equipamento  individual  do 
que  permitam  o  aprimoramento  da  vigilância;  o  combatente,  entre  outros,  aproximando‐os  das 
controle do espaço aéreo, das fronteiras terrestres, do  tecnologias necessárias ao combatente do futuro; e 
território  e  das  águas  jurisdicionais  brasileiras;  e  da 
infraestrutura estratégica nacional;   •  na  Força  Aérea,  a  aquisição  de  aeronaves  de  caça 
que  substituam,  paulatinamente,  as  hoje  existentes, 
•  o  aumento  da  presença  militar  nas  áreas  buscando  a  possível  padronização;  a  aquisição  e  o 
estratégicas do Atlântico Sul e da região amazônica;   desenvolvimento  de  armamentos,  e  sistemas  de 
•  o  aumento  da  participação  de  órgãos  autodefesa,  objetivando  a  autossuficiência  na 
governamentais,  militares  e  civis,  no  plano  de  integração  destes  às  aeronaves;  e  a  aquisição  de 
vivificação  e  desenvolvimento  da  faixa  de  fronteira  aeronaves  de  transporte  de  tropa.  Em  relação  à 
amazônica, empregando a estratégia da presença;   distribuição espacial das Forças no território nacional, 
o  planejamento  consolidado  no  Ministério  da  Defesa 
•  a  adoção  de  articulação  que  atenda  aos  aspectos  deverá priorizar:  
ligados  à  concentração  dos  meios,  à  eficiência 
operacional, à rapidez no emprego e na mobilização e  •  na  Marinha,  a  necessidade  de  constituição  de  uma 
à otimização do custeio em tempo de paz; e   Esquadra no norte/nordeste do País;  

•  a  existência  de  forças  estratégicas  de  elevada  •  no  Exército,  a  distribuição  que  atenda  às  seguintes 
mobilidade  e  flexibilidade,  dotadas  de  material  condicionantes:  
tecnologicamente  avançado  e  em  condições  de  (a) um flexível dispositivo de expectativa, em face da 
emprego  imediato,  articuladas  de  maneira  a  melhor  indefinição  de  ameaças,  que  facilite  o  emprego 
atender às hipóteses de emprego.  progressivo das tropas e a presença seletiva em uma 
Os  Planos  das  Forças  singulares,  consolidados  no  escalada de crise;  
Ministério  da  Defesa,  deverão  referenciar‐se  a  metas  (b) a manutenção de tropas, em particular as reservas 
de curto prazo (até 2014), de médio prazo (entre 2015  estratégicas,  na  situação  de  prontidão  operacional 
e  2022)  e  de  longo  prazo  (entre  2023  e  2030).  Em  com  mobilidade,  que  lhes  permitam  deslocar‐se 
relação  ao  equipamento,  o  planejamento  deverá 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 30 
rapidamente  para  qualquer  parte  do  território  • permanente prontidão operacional para atender às 
nacional ou para o exterior;  hipóteses de emprego, integrando forças conjuntas ou 
não;  
(c) a manutenção de tropas no centro‐sul do País para 
garantir  a  defesa  da  principal  concentração  • manutenção de unidades aptas a compor Forças de 
demográfica,  industrial  e  econômica,  bem  como  da  Pronto  Emprego,  em  condições  de  atuar  em 
infraestrutura, particularmente a geradora de energia;  diferentes ambientes operacionais;  
e  
•  projeção  de  poder  nas  áreas  de  interesse 
(d)  a  concentração  das  reservas  regionais  em  suas  estratégico;  
respectivas áreas.  
• estruturas de Comando e Controle, e de Inteligência 
• na Força Aérea, a adequação da localização de suas  consolidadas;  
unidades de transporte de tropa de forma a propiciar 
o  rápido  atendimento  de  apoio  de  transporte  às  • permanência na ação, sustentada por um adequado 
Forças de Emprego Estratégico. Isso pressupõe que se  apoio  logístico,  buscando  ao  máximo  a  integração  da 
baseiem próximo às reservas estratégicas do Exército.  logística das três Forças;  
Além  disso,  suas  unidades  de  defesa  aérea  e  de  •  aumento  do  poder  de  combate,  em  curto  prazo, 
controle do espaço aéreo serão distribuídas de forma  pela  incorporação  de  recursos  mobilizáveis,  previstos 
a possibilitar um efetivo atendimento às necessidades  em lei;  
correntes com velocidade e presteza.  
• interoperabilidade nas operações conjuntas; e  
A  partir  da  consolidação  dos  Planos  de  Articulação  e 
de Equipamento elaborados pelas Forças, o Ministério  •  defesa  antiaérea  adequada  às  áreas  estratégicas  a 
da Defesa proporá ao Presidente da República o Plano  defender. 
de Articulação e de Equipamento da Defesa Nacional, 
 
envolvendo  a  sociedade  brasileira  na  busca  das 
soluções necessárias.   Garantia da Lei e da Ordem (GLO) 
As  características  especiais  do  ambiente  amazônico,  Para  o  emprego  episódico  na  GLO,  nos  termos  da 
com  reflexos  na  doutrina  de  emprego  das  Forças  Constituição, da Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996 
Armadas,  deverão  demandar  tratamento  especial,  e da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, 
devendo  ser  incrementadas  as  ações  de  alterada  pela  Lei  Complementar  nº  117,  de  2  de 
fortalecimento  da  estratégia  da  presença  naquele  setembro de 2004, e Lei Complementar no 136, de 25 
ambiente  operacional.  Em  face  da  indefinição  das  de agosto de 2010, as Forças Armadas deverão prever 
ameaças,  as  Forças  Armadas  deverão  se  dedicar  à  a capacitação de tropa para o cumprimento desse tipo 
obtenção de capacidades orientadoras das medidas a  de missão. 
serem planejadas e adotadas. 
Inteligência de Defesa 
No  tempo  de  paz  ou  enquanto  os  recursos  forem 
insuficientes,  algumas  capacidades  serão  mantidas  Por  meio  da  Inteligência,  busca‐se  que  todos  os 
temporariamente  por  meio  de  núcleos  de  expansão,  planejamentos  –  políticos,  estratégicos,  operacionais 
constituídos  por  estruturas  flexíveis  e  capazes  de  e táticos – e sua execução desenvolvam‐se com base 
evoluir  rapidamente,  de  modo  a  obter  adequado  em  dados  que  se  transformam  em  conhecimentos 
poder de combate nas operações.   confiáveis  e  oportunos.  As  informações  precisas  são 
condição  essencial  para  o  emprego  adequado  dos 
As seguintes capacidades são desejadas para as Forças  meios militares.  
Armadas:  
A  Inteligência  deve  ser  desenvolvida  desde  o  tempo 
de paz, pois é ela que possibilita superar as incertezas. 
É  da  sua  vertente  prospectiva  que  procedem  aos 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 31 
melhores  resultados,  permitindo  o  delineamento  dos  Promover  o  aperfeiçoamento  da  Doutrina  de 
cursos de ação possíveis e os seus desdobramentos. A  Operações Conjuntas.  
identificação  das  ameaças  é  o  primeiro  resultado  da 
atividade da Inteligência de Defesa.  O  Ministério  da  Defesa  promoverá  estudos  relativos 
ao  aperfeiçoamento  da  Doutrina  de  Operações 
  Conjuntas, considerando, principalmente, o ambiente 
operacional e o aprimoramento dos meios de defesa, 
Ações estratégicas  a  experiência  e  os  ensinamentos  adquiridos  com  a 
Enunciam‐se  a  seguir  as  ações  estratégicas  que  irão  realização de operações conjuntas e as orientações da 
orientar  a  implementação  da  Estratégia  Nacional  de  Estratégia  Nacional  de  Defesa,  no  que  concerne  às 
Defesa:  atribuições  do  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forças 
Armadas e dos Estados‐Maiores das três Forças. 
Mobilização 
Comando e Controle 
Realizar,  integrar  e  coordenar  as  ações  de 
planejamento,  preparo,  execução  e  controle  das  Consolidar  o  Sistema  de  Comando  e  Controle  para  a 
atividades de Mobilização e Desmobilização Nacionais  Defesa Nacional.  
previstas  no  Sistema  Nacional  de  Mobilização  O  Ministério  da  Defesa  aperfeiçoará  o  Sistema  de 
(SINAMOB).   Comando  e  Controle  de  Defesa,  para  contemplar  o 
O  Ministério  da  Defesa  orientará  e  coordenará  os  uso de satélite de telecomunicações próprio. 
demais ministérios, secretarias e órgãos envolvidos no  O  sistema  integrado  de  Comando  e  Controle  de 
SINAMOB  no  estabelecimento  de  programas,  normas  Defesa  deverá  ser  capaz  de  disponibilizar,  em  função 
e  procedimentos  relativos  à  complementação  da  de  seus  sensores  de  monitoramento  e  controle  do 
Logística  Nacional  e  na  adequação  das  políticas  espaço  terrestre,  marítimo  e  aéreo  brasileiro,  dados 
governamentais à Política de Mobilização Nacional.  de  interesse  do  Sistema  Nacional  de  Segurança 
Logística  Pública, em função de suas atribuições constitucionais 
específicas. De forma recíproca, o Sistema Nacional de 
Acelerar  o  processo  de  integração  entre  as  três  Segurança Pública deverá disponibilizar ao sistema de 
Forças,  especialmente  nos  campos  da  tecnologia  defesa  nacional  dados  de  interesse  do  controle  das 
industrial  básica,  da  logística  e  mobilização,  do  fronteiras,  exercido  também  pelas  Forças  Armadas, 
comando e controle e das operações conjuntas.   em  especial  no  que  diz  respeito  às  atividades  ligadas 
aos crimes transnacionais fronteiriços. 
1. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD, 
ficará  encarregado  de  formular  e  dirigir  a  política  de  Adestramento 
obtenção de produtos de defesa. 
Atualizar  o  planejamento  operacional  e  adestrar 
2. O Ministério da Defesa, por intermédio da SEPROD,  Estados‐Maiores Conjuntos Regionais.  
ficará  encarregado  da  coordenação  dos  processos  de 
certificação,  de  metrologia,  de  normatização  e  de  O  Ministério  da  Defesa  definirá  Estados‐Maiores 
fomento industrial.   Conjuntos  Regionais,  coordenados  pelo  Estado‐Maior 
Conjunto  das  Forças  Armadas,  para  que,  quando 
3. O Ministério da Defesa incentivará, junto às esferas  ativados,  desde  o  tempo  de  paz,  dentro  da  estrutura 
do Governo federal, a ampliação e a compatibilização  organizacional  das  Forças  Armadas,  possibilitem  a 
da  infraestrutura  logística  terrestre,  portuária,  continuidade  e  a  atualização  do  planejamento  e  do 
aquaviária,  aeroespacial,  aeroportuária  e  de  adestramento  operacionais  que  atendam  ao 
telemática, visando os interesses da defesa.  estabelecido nos planos estratégicos. 

Doutrina  Inteligência de Defesa 

Aperfeiçoar o Sistema de Inteligência de Defesa.  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 32 
O  Sistema  deverá  receber  recursos  necessários  à  •  as  ações  de  defesa  civil,  a  cargo  do  Ministério  da 
formulação  de  diagnóstico  conjuntural  dos  cenários  Integração Nacional;  
vigentes  em  prospectiva  político‐estratégica,  nos 
campos nacional e internacional.   • as ações de segurança pública, a cargo do Ministério 
da  Justiça  e  dos  órgãos  de  segurança  pública 
Os recursos humanos serão capacitados em análise e  estaduais;  
técnicas  nos  campos  científico,  tecnológico, 
cibernético,  espacial  e  nuclear,  com  ênfase  para  o  •  o  aperfeiçoamento  dos  dispositivos  e 
monitoramento/controle, à mobilidade estratégica e à  procedimentos  de  segurança  que  reduzam  a 
capacidade logística.  vulnerabilidade  dos  sistemas  relacionados  à  Defesa 
Nacional contra ataques cibernéticos e, se for o caso, 
Segurança Nacional  que  permitam  seu  pronto  restabelecimento,  a  cargo 
da  Casa  Civil  da  Presidência  da  República,  dos 
Contribuir  para  o  incremento  do  nível  de  Segurança  ministérios da Defesa, das Comunicações e da Ciência, 
Nacional.   Tecnologia  e  Inovação,  e  do  Gabinete  de  Segurança 
Todas as instâncias do Estado deverão contribuir para  Institucional da Presidência da República;  
o  incremento  do  nível  de  Segurança  Nacional,  com  • a execução de estudos para viabilizar a instalação de 
particular ênfase sobre:   um  centro  de  pesquisa  de  doenças  tropicais  para  a 
•  o  aperfeiçoamento  de  processos  para  o  região  amazônica,  a  cargo  dos  ministérios  da  Defesa, 
gerenciamento de crises;   da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Saúde e órgãos 
de saúde estaduais e municipais; 
•  a  integração  de  todos  os  órgãos  do  Sistema 
Brasileiro de Inteligência (SISBIN);   •  as  medidas  de  emergência  em  saúde  pública  de 
importância nacional e internacional; e  
•  a  prevenção  de  atos  terroristas  e  de  atentados 
massivos  aos  Direitos  Humanos,  bem  como  a  •  o  atendimento  aos  compromissos  internacionais 
condução de operações contraterrorismo, a cargo dos  relativos  à  salvaguarda  da  vida  humana  no  mar  e  ao 
ministérios  da  Defesa  e  da  Justiça  e  do  Gabinete  de  tráfego  aéreo  internacional,  a  cargo  do  Ministério  da 
Segurança  Institucional  da  Presidência  da  República  Defesa,  por  intermédio  dos  Comandos  da  Marinha  e 
(GSIPR);   da Aeronáutica, respectivamente, e do Ministério das 
Relações Exteriores. 
•  as  medidas  para  a  segurança  das  áreas  de 
infraestruturas  estratégicas,  incluindo  serviços,  em  Operações internacionais 
especial no que se refere a energia, transporte, água,  Promover  o  incremento  do  adestramento  e  da 
finanças  e  comunicações,  a  cargo  dos  ministérios  da  participação  das  Forças  Armadas  em  operações 
Defesa,  de  Minas  e  Energia,  dos  Transportes,  da  internacionais  em  apoio  à  política  exterior,  com 
Fazenda, da Integração Nacional e das Comunicações,  ênfase  nas  operações  de  paz  e  ações  humanitárias, 
e  ao  trabalho  de  coordenação,  avaliação,  integrando Forças da Organização das Nações Unidas 
monitoramento  e  redução  de  riscos,  desempenhado  (ONU) ou de organismos multilaterais da região.  
pelo  Gabinete  de  Segurança  Institucional  da 
Presidência da República;   O  Ministério  da  Defesa  promoverá  ações  com  vistas 
ao  incremento  das  atividades  do  Centro  Conjunto  de 
•  as  medidas  de  defesa  química,  biológica,  nuclear  e  Operações  de  Paz  do  Brasil  (CCOPAB),  de  maneira  a 
radiológica  dos  ministérios  da  Defesa,  da  Saúde,  da  estimular  o  adestramento  de  civis  e  militares  ou  de 
Integração Nacional, de Minas e Energia e da Ciência,  contingentes  de  Segurança  Pública,  e  de  convidados 
Tecnologia  e  Inovação,  e  do  Gabinete  de  Segurança  de  outras  nações  amigas.  Para  tal,  prover‐lhe‐á  o 
Institucional  da  Presidência  da  República,  para  as  apoio  necessário  a  torná‐lo  referência  regional  no 
ações  de  proteção  à  população  e  às  instalações  em  adestramento  conjunto  para  operações  de  paz  e  de 
território nacional, decorrentes de possíveis efeitos do  desminagem humanitária. 
emprego de armas dessa natureza;  
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 33 
Estabilidade regional  • na intensificação da cooperação e do comércio com 
países  da  África,  da  América  Central  e  do  Caribe, 
Contribuir  para  a  manutenção  da  estabilidade  inclusive  a  Comunidade  dos  Estados  Latino‐
regional.  Americanos e Caribenhos (CELAC); e  
1. O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações  • na consolidação da Zona de Paz e de Cooperação do 
Exteriores  promoverão  o  incremento  das  atividades  Atlântico Sul (ZOPACAS), e o incremento na interação 
destinadas à manutenção da estabilidade regional e à  inter‐regionais,  como  a  Comunidade  de  Países  de 
cooperação nas áreas de fronteira do País.   Língua  Portuguesa  (CPLP),  a  cúpula  América  do  Sul‐
2.  O  Ministério  da  Defesa  e  as  Forças  Armadas  África  (ASA)  e  o  Fórum  de  Diálogo  Índia‐Brasil‐África 
intensificarão  as  parcerias  estratégicas  nas  áreas  do Sul (IBAS). 
cibernética, espacial e nuclear e o intercâmbio militar  Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) 
com as Forças Armadas das nações amigas, neste caso 
particularmente  com  a  América  do  Sul  e  países  Fomentar  a  pesquisa  e  o  desenvolvimento  de 
lindeiros ao Atlântico Sul.   produtos  e  sistemas  militares  e  civis  que 
compatibilizem  as  prioridades  científico‐tecnológicas 
3.  O  Ministério  da  Defesa,  o  Ministério  das  Relações  com as necessidades de defesa. 
Exteriores  e  as  Forças  Armadas  buscarão  contribuir 
ativamente  para  o  fortalecimento,  a  expansão  e  a  1.  O  Ministério  da  Defesa  proporá,  em  coordenação 
consolidação  da  integração  regional,  com  ênfase  na  com  os  Ministérios  das  Relações  Exteriores,  da 
pesquisa  e  desenvolvimento  de  projetos  comuns  de  Fazenda,  do  Desenvolvimento,  Indústria  e  Comércio 
produtos de defesa.  Exterior,  do  Planejamento,  Orçamento  e  Gestão,  da 
Ciência,  Tecnologia  e  Inovação  e  com  a  Secretaria  de 
Inserção internacional  Assuntos  Estratégicos  da  Presidência  da  República,  o 
Incrementar  o  apoio  à  participação  brasileira  no  estabelecimento de parcerias estratégicas com países 
cenário  internacional,  mediante  a  atuação  do  que  possam  contribuir  para  o  desenvolvimento  de 
Ministério  da  Defesa  e  demais  ministérios,  dentre  tecnologias de ponta de interesse para a defesa.  
outros:   2.  O  Ministério  da  Defesa,  em  coordenação  com  os 
•  nos  processos  internacionais  relevantes  de  tomada  Ministérios  da  Fazenda,  do  Desenvolvimento, 
de decisão, aprimorando e aumentando a capacidade  Indústria  e  Comércio  Exterior,  do  Planejamento, 
de negociação do Brasil;   Orçamento  e  Gestão,  e  da  Ciência,  Tecnologia  e 
Inovação,  deverá  buscar  mecanismos  que  assegurem 
• nos processo de decisão sobre o destino da Região  a  alocação  de  recursos  financeiros,  de  forma 
Antártica;   continuada,  que  viabilizem  o  desenvolvimento 
integrado  e  a  conclusão  de  projetos  relacionados  à 
•  em  ações  que  promovam  a  ampliação  da  projeção 
defesa  nacional,  cada  um  deles  com  um  polo 
do  País  no  concerto  mundial  e  reafirmar  o  seu 
integrador  definido,  com  ênfase  para  o 
compromisso  com  a  defesa  da  paz  e  com  a 
desenvolvimento e a fabricação, dentre outros, de:  
cooperação entre os povos; 
• aeronaves de caça e de transporte;  
•  em  fóruns  internacionais  relacionados  com  as 
• submarinos convencionais e de propulsão nuclear;  
questões  estratégicas,  priorizando  organismos 
• meios navais de superfície;  
regionais  como  o  Conselho  de  Defesa  Sul‐Americano 
• armamentos inteligentes, como mísseis, bombas e 
(CDS) da União de Nações Sul‐Americanas (UNASUL);  
torpedos, dentre outros;  
•  no  relacionamento  entre  os  países  amazônicos,  no  • aeronaves remotamente pilotadas;  
âmbito  da  Organização  do  Tratado  de  Cooperação  • sistemas de comando e controle e de segurança das 
Amazônica;   informações;  
• radares;  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 34 
• equipamentos e plataformas de guerra eletrônica;  5. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o 
• equipamento individual e sistemas de comunicação  Ministério  da  Defesa,  por  intermédio  do  Centro 
do combatente do futuro;   Tecnológico da Marinha em São Paulo do Comando da 
• veículos blindados;   Marinha, promoverão medidas com vistas a garantir o 
• helicópteros de transporte de tropa, para o  desenvolvimento da:  
aumento da mobilidade tática, e helicópteros de 
reconhecimento e ataque;   •  produção  autônoma  de  reatores  de  água 
• munições; e   pressurizada,  de  modo  a  integrar  o  sistema  de 
• sensores óticos e eletro‐óticos.   propulsão nuclear dos submarinos;  

3. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por  •  capacidade  industrial  do  setor  nuclear  para 


intermédio  da  Agência  Espacial  Brasileira,  promoverá  inovação,  através  do  Comitê  de  Desenvolvimento  do 
a  atualização  do  Programa  Espacial  Brasileiro,  de  Programa  Nuclear  Brasileiro,  com  a  participação  dos 
forma  a  priorizar  o  desenvolvimento  de  sistemas  Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
espaciais  necessários  à  ampliação  da  capacidade  de  Exterior;  da  Fazenda;  do  Meio  Ambiente;  de  Minas  e 
comunicações,  meteorologia  e  monitoramento  Energia;  do  Planejamento,  Orçamento  e  Gestão;  das 
ambiental, com destaque para o desenvolvimento de:   Relações  Exteriores,  da  Secretaria  de  Assuntos 
Estratégicos, do Gabinete de Segurança Institucional e 
•  um  satélite  geoestacionário  nacional  para  da Casa Civil da Presidência da República; e  
meteorologia  e  comunicações  seguras,  entre  outras 
aplicações; e   •  atividade  de  capacitação  de  pessoal  nas  áreas  de 
concepção,  projeto,  desenvolvimento  e  operação  de 
•  satélites  de  sensoriamento  remoto  para  sistemas nucleares.  
monitoramento  ambiental,  com  sensores  ópticos  e 
radar de abertura sintética.  6.  No  setor  cibernético,  o  Ministério  da  Defesa  e  o 
Ministério  da  Ciência  Tecnologia  e  Inovação,  por 
4.  O  Ministério  da  Defesa  e  o  Ministério  da  Ciência,  intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia 
Tecnologia e Inovação, por intermédio do Instituto de  do  Exército,  promoverão  ações  que  contemplem  a 
Aeronáutica  e  Espaço  do  Comando  da  Aeronáutica  e  multidisciplinaridade  e  a  dualidade  das  aplicações;  o 
da  Agência  Espacial  Brasileira,  promoverão  medidas  fomento da Base Industrial de Defesa com duplo viés: 
com  vistas  a  garantir  a  autonomia  de  produção,  aquisição de conhecimento e geração de empregos; e 
lançamento,  operação  e  reposição  de  sistemas  a  proteção  das  infraestruturas  estratégicas,  com 
espaciais, por meio:   ênfase para o desenvolvimento de soluções nacionais 
inovadoras, dentre elas:  
•  do  desenvolvimento  de  veículos  lançadores  de 
satélites  e  sistemas  de  solo  para  garantir  acesso  ao  • sistema integrado de proteção de ambientes 
espaço em órbitas baixa e geoestacionária;   computacionais;  
• simulador de defesa cibernética;  
•  de  atividades  de  fomento  e  apoio  ao  • ferramentas de conteúdo web;  
desenvolvimento  de  capacidade  industrial  no  setor  • ferramentas de inteligência artificial;  
espacial,  com  a  participação  do  Ministério  do  • algoritmos criptográficos e autenticação próprios;  
Desenvolvimento,  Indústria  e  Comércio  Exterior,  de  • sistema de chaves‐públicas da Defesa;  
modo  a  garantir  o  fornecimento  e  a  reposição  • sistema de análise de artefatos maliciosos; 
tempestiva  de  componentes,  subsistemas  e  sistemas  • ferramentas de análise de interesse para o setor 
espaciais; e   cibernético (voz, vídeo, idioma e protocolos);  
•  de  atividades  de  capacitação  de  pessoal  nas  áreas  • sistema de certificação de Tecnologias da 
de  concepção,  projeto,  desenvolvimento  e  operação  Informação;  
de sistemas espaciais.   • sistema de apoio à tomada de decisão;  
• sistema de restabelecimento do negócio;  
• sistemas de gestão de riscos;  

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 35 
• sistema de consciência situacional;   de material de emprego comum para cada centro, e a 
• computação de alto desempenho;   participação  de  pesquisadores  das  três  Forças  em 
• rádio definido por software; e   projetos prioritários; e  
• pesquisa científica por meio da Escola Nacional de 
Defesa Cibernética, de instituições acadêmicas no  •  o  estabelecimento  de  parcerias  estratégicas  com 
âmbito do Ministério da Defesa e demais instituições  países que possam contribuir para o desenvolvimento 
de ensino superior nacionais e internacionais.   de tecnologias de ponta de interesse para a defesa. 

7.  O  Ministério  da  Defesa,  o  Ministério  da  Ciência,  Base Industrial de Defesa 


Tecnologia  e  Inovação  e  o  Ministério  do  A  fim  de  compatibilizar  os  esforços  governamentais 
Desenvolvimento,  Indústria  e  Comércio  Exterior  de aceleração do crescimento com as necessidades da 
promoverão  a  aceleração  do  processo  de  integração  Defesa Nacional, o Ministé‐ rio da Defesa, juntamente 
entre  as  três  Forças  na  área  de  tecnologia  industrial  com os Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, 
básica,  por  meio  da  coordenação  dos  processos  de  Indústria  e  Comércio  Exterior,  do  Planejamento, 
certificação,  de  metrologia,  de  normatização  e  de  Orçamento  e  Gestão  e  da  Ciência,  Tecnologia  e 
fomento industrial.   Inovação  e  a  Secretaria  de  Assuntos  Estratégicos  da 
8.  O  Ministério  da  Defesa,  em  coordenação  com  o  Presidência da República, elaborou a Lei nº 12.598, de 
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e com a  22  de  março  de  2012,  que  estabeleceu  normas 
Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da  especiais  para  as  compras,  as  contratações  e  o 
República, atualizará a Política de Ciência, Tecnologia  desenvolvimento de produtos e sistemas de Defesa, e 
e Inovação para a Defesa Nacional e os instrumentos  ainda sobre regras de incentivo à área estratégica de 
normativos  decorrentes.  Para  atender  aos  objetivos  defesa.  
dessa  Política,  deverá  ocorrer  a  adequação  das  1.  O  Ministério  da  Defesa  continuará  a  manter 
estruturas organizacionais existentes e que atuam  na  contatos  com  os  Ministérios  da  Fazenda,  do 
área  de  Ciência  e  Tecnologia  da  Defesa.  Os  citados  Desenvolvimento,  Indústria  e  Comércio  Exterior,  dos 
documentos contemplarão:   Transportes, do Planejamento, Orçamento e Gestão e 
•  medidas  para  a  maximização  e  a  otimização  dos  da  Ciência,  Tecnologia  e  Inovação,  e  a  Secretaria  de 
esforços  de  pesquisa  nas  instituições  científicas  e  Assuntos  Estratégicos  da  Presidência  da  República, 
tecnológicas civis e militares, para o desenvolvimento  visando à concessão de linha de crédito especial, por 
de  tecnologias  de  ponta  para  o  sistema  de  defesa,  intermédio  do  Banco  Nacional  de  Desenvolvimento 
com  a  definição  de  esforços  integrados  de  Econômico  e  Social  (BNDES),  para  os  produtos  de 
pesquisadores  das  três  Forças,  especialmente  para  defesa,  similar  às  já  concedidas  para  outras 
áreas  prioritárias  e  suas  respectivas  tecnologias  de  atividades; e à viabilização, por parte do Ministério da 
interesse;   Fazenda,  de  procedimentos  de  garantias  para 
contratos  de  exportação  de  produto  de  defesa  de 
•  plano  nacional  de  pesquisa  e  desenvolvimento  de  grande  vulto,  em  consonância  com  o  Decreto  Lei  nº 
produtos  de  defesa,  tendo  como  escopo  prioritário  a  1.418,  de  3  de  setembro  de  1975,  e  com  a  Lei 
busca  do  domínio  de  tecnologias  consideradas  Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de 
estratégicas  e  medidas  para  o  financiamento  de  Responsabilidade Fiscal. 
pesquisas;  
Infraestrutura 
•  medidas  para  estimular  e  fomentar  a  pesquisa 
científica  em  Ciências  Militares  e  em  Defesa  nos  Compatibilizar  os  atuais  esforços  governamentais  de 
centros  e  institutos  de  ensino  superiores  militares  e  aceleração  do  crescimento  com  as  necessidades  da 
civis;   Defesa Nacional.  

•  a  integração  dos  esforços  dos  centros  de  pesquisa  1.  O  Ministério  da  Defesa,  em  coordenação  com  a 
militares, com a definição das prioridades de pesquisa  Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da 
República  proporá  aos  ministérios  competentes  as 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 36 
iniciativas  necessárias  ao  desenvolvimento  da  larga  nas  sedes  das  instalações  militares  de  fronteira 
infraestrutura de energia, transporte e comunicações  existentes  e  a  serem  implantadas  em  decorrência  do 
de  interesse  da  defesa,  de  acordo  com  os  previsto  no  Decreto  nº  4.412,  de  7  de  outubro  de 
planejamentos estratégicos de emprego das Forças.   2002, alterado pelo Decreto nº 6.513, de 22 de julho 
de 2008.  
2. O Ministério da Defesa priorizará, na elaboração do 
Plano  de  Desenvolvimento  de  Aeródromos  de  7.  O  Ministério  da  Defesa,  com  o  apoio  das  Forças 
Interesse  Federal  (PDAIF),  os  aeródromos  de  Armadas no que for julgado pertinente, e o Ministério 
desdobramento previstos nos planejamentos relativos  das  Comunicações  promoverão  estudos  com  vistas  à 
à defesa da região amazônica.   coordenação  de  ações  de  incentivo  à  habilitação  de 
rádios  comunitárias  nos  municípios  das  áreas  de 
3.  O  Ministério  da  Defesa  apresentará  ao  Ministério  fronteira, de forma a atenuar, com isto, os efeitos de 
dos  Transportes,  em  data  coordenada  com  este,  emissões indesejáveis. 
programação  de  investimentos  de  médio  e  longo 
prazo,  e  a  ordenação  de  suas  prioridades  ligadas  às  Ensino 
necessidades  de  vias  de  transporte  para  o 
atendimento  aos  planejamentos  estratégicos  Promover maior integração e participação dos setores 
decorrentes  das  hipóteses  de  emprego.  O  Ministério  civis governamentais na discussão dos temas ligados à 
dos  Transportes,  por  sua  vez,  promoverá  a  inclusão  defesa,  através,  entre  outros,  de  convênios  com 
das citadas prioridades no Plano Nacional de Logística  Instituições  de  Ensino  Superior  e  do  fomento  à 
e Transportes (PNLT).   pesquisa  nos  assuntos  de  defesa,  assim  como  a 
participação  efetiva  da  sociedade  brasileira,  por 
4.  O  Ministério  da  Defesa,  em  coordenação  com  o  intermédio  do  meio  acadêmico  e  de  institutos  e 
Ministério  dos  Transportes,  instalará  no  Centro  de  entidades ligados aos assuntos estratégicos de defesa.  
Operações do Comandante Supremo (COCS), terminal 
da  Base  de  Dados  Georreferenciados  em  Transporte  1.  A  Escola  Superior  de  Guerra  –  Campus  Brasília  – 
que  possibilite  a  utilização  das  informações  ligadas  à  deverá  intensificar  o  intercâmbio  fluido  entre  os 
infraestrutura  de  transportes,  disponibilizadas  por  membros  do  Governo  federal  e  aquela  Instituição, 
aquele  sistema,  no  planejamento  e  na  gestão  assim  como  para  otimizar  a  formação  de  recursos 
estratégica de crises e conflitos.   humanos ligados aos assuntos de defesa.  

5.  O  Ministério  da  Defesa  juntamente  com  o  2.  O  Ministério  da  Defesa  e  o  Ministério  do 
Ministério  da  Integração  Nacional  e  a  Secretaria  de  Planejamento,  Orçamento  e  Gestão  submeterão  ao 
Assuntos  Estratégicos  da  Presidência  da  República  Presidente da República anteprojeto de lei que altere 
desenvolverão  estudos  conjuntos  com  vistas  à  a  Lei  de  Criação  da  Escola  Superior  de  Guerra.  O 
compatibilização  dos  Programas  Calha  Norte  e  de  projeto  de  lei  visará  criar  cargos  de  direção  e 
Promoção  do  Desenvolvimento  da  Faixa  de  Fronteira  assessoria  superior  destinados  à  constituição  de  um 
(PDFF)  e  ao  levantamento  da  viabilidade  de  corpo  permanente  que,  podendo  ser  renovado, 
estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APL), com  permita  o  exercício  das  atividades  acadêmicas,  pela 
ações  de  infraestrutura  econômica  e  social,  para  atração  de  pessoas  com  notória  especialização  ou 
atendimento a eventuais necessidades de vivificação e  reconhecido  saber  em  áreas  específicas.  Isso 
desenvolvimento  da  fronteira,  identificadas  nos  possibilitará incrementar a capacidade institucional da 
planejamentos estratégicos decorrentes das hipóteses  Escola  de  desenvolver  atividades  acadêmicas  e 
de emprego.   administrativas,  bem  como  intensificar  o  intercâmbio 
entre  os  membros  do  Governo  federal,  a  sociedade 
6.  O  Ministério  da  Defesa,  em  parceria  com  o  organizada e aquela instituição.  
Ministério  das  Comunicações,  no  contexto  do 
Programa  Governo  Eletrônico  –  Serviço  de  3.  O  Ministério  da  Defesa  e  a  Secretaria  de  Assuntos 
Atendimento  ao  Cidadão  (GESAC),  instalará  Estratégicos  da  Presidência  da  República  estimularão 
telecentros  comunitários  com  conexão  em  banda  a  realização  de  encontros,  simpósios  e  seminários 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 37 
destinados  à  discussão  de  assuntos  estratégicos,  aí  Forças  Armadas  e  dos  Estados‐Maiores  das  três 
incluída a temática da Defesa Nacional. A participação  Forças.  
da  sociedade  nesses  eventos  deve  ser  objeto  de 
atenção especial.   8.  O  Ministério  da  Defesa  adotará  as  medidas  para  a 
criação  e  implementação  do  Instituto  Pandiá 
4.  O  Ministério  da  Defesa  e  a  Secretaria  de  Assuntos  Calógeras com as seguintes competências:  
Estratégicos  da  Presidência  da  República 
intensificarão  a  divulgação  das  atividades  de  defesa,  •  Produzir  reflexões  acerca  de  aspectos  políticos  e 
de  modo  a  aumentar  sua  visibilidade  junto  à  estratégicos nos campos da segurança internacional e 
sociedade,  e  implementarão  ações  e  programas  da  defesa  nacional,  considerando  os  cenários  de 
voltados à promoção e disseminação de pesquisas e à  inserção internacional do Brasil;  
formação de recursos humanos qualificados na área, a  • Contribuir com a pesquisa e a formação de recursos 
exemplo  do  Programa  de  Apoio  ao  Ensino  e  à  humanos no campo da defesa;  
Pesquisa Científica e Tecnológica em Defesa Nacional 
(Pró‐Defesa)  e  do  Programa  de  Apoio  ao  Ensino  e  à  • Estreitar o  relacionamento do Ministério da Defesa 
Pesquisa  Científica  e  Tecnológica  em  Assuntos  com o meio acadêmico nacional e internacional; e  
Estratégicos de Interesse Nacional (Pró‐Estratégia).  
• Assessorar o Ministro da Defesa em outras funções 
5.  O  Ministério  da  Defesa  manterá  uma  Política  de  por ele definidas. 
Ensino de Defesa com as seguintes finalidades:  
Recursos humanos 
•  acelerar  o  processo  de  interação  do  ensino  militar, 
Promover a valorização da profissão militar de forma 
em particular no nível de Altos Estudos, atendendo às 
compatível  com  seu  papel  na  sociedade  brasileira, 
diretrizes  contidas  na  primeira  parte  da  presente 
assim  como  fomentar  o  recrutamento,  a  seleção,  o 
Estratégia; e  
desenvolvimento  e  a  permanência  de  quadros  civis, 
•  capacitar  civis  e  militares  para  a  própria  para contribuir com o esforço de defesa.  
Administração  Central  do  Ministério  e  para  outros 
1.  O  recrutamento  dos  quadros  profissionais  das 
setores do Governo, de interesse da Defesa.  
Forças Armadas deverá ser representativo de todas as 
6. As instituições de ensino das três Forças manterão  classes  sociais.  A  carreira  militar  será  valorizada  pela 
nos  seus  currículos  de  formação  militar  disciplinas  criação  de  atrativos  compatíveis  com  as 
relativas  a  noções  de  Direito  Constitucional  e  de  características peculiares da profissão. Nesse sentido, 
Direitos  Humanos,  indispensáveis  para  consolidar  a  o  Ministério  da  Defesa,  assessorado  pelos  Comandos 
identificação  das  Forças  Armadas  com  o  povo  das  três  Forças,  proporá  as  medidas  necessárias  à 
brasileiro.  valorização pretendida.  

7. Um interesse estratégico do Estado é a formação de  2.  O  recrutamento  do  pessoal  temporário  das  Forças 


especialistas  civis  em  assuntos  de  defesa.  No  intuito  Armadas  deverá  possibilitar  a  oferta  de  mão  de  obra 
de  formá‐los,  o  Governo  federal  deve  apoiar,  nas  adequada  aos  novos  meios  tecnológicos  da  defesa 
universidades, um amplo espectro de programas e de  nacional.  Nesse  sentido,  o  Ministério  da  Defesa, 
cursos  que  versem  sobre  a  defesa.  A  Escola  Superior  assessorado pelos Comandos das três Forças, proporá 
de  Guerra  deve  servir  como  um  dos  principais  as  mudanças  necessárias  no  Serviço  Militar 
instrumentos  de  tal  formação.  Deve,  também,  Obrigatório.  
organizar  o  debate  permanente,  entre  as  lideranças 
3.  Deverão  ser  mantidos  completos  os  quadros  de 
civis  e  militares,  a  respeito  dos  problemas  da  defesa. 
servidores civis das Forças Armadas, de forma a evitar 
Para  melhor  cumprir  essas  funções,  deverá  a  Escola 
o  deslocamento  de  mão  de  obra  militar  para 
ser  transferida  para  Brasília,  sem  prejuízo  de  sua 
atividades estranhas à sua destinação.  
presença  no  Rio  de  Janeiro,  e  passar  a  contar  com  o 
engajamento  direto  do  Estado‐Maior  Conjunto  das 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 38 
4.  O  Ministério  da  Defesa  fomentará  a  captação  de 
pessoal  visando  à  ampliação  dos  quadros  de 
servidores  civis  do  Ministério  da  Defesa  e  das  Forças 
Armadas,  por  intermédio  de  concursos  públicos 
realizados periodicamente, de modo a contribuir para 
a reestruturação das Forças. 

5.  O  Ministério  da  Defesa  e  o  Ministério  do 


Planejamento,  Orçamento  e  Gestão  elaborarão 
estudos com vistas à criação de carreira civil específica 
para  atuar  na  formulação  e  gestão  de  políticas 
públicas de defesa e dotar o Ministério de um quadro 
próprio  em  face  da  importância  e  peculiaridade  de 
suas competências e atribuições. Os profissionais que 
deverão compor essa Carreira serão selecionados por 
concurso  público  e  realizarão  um  Curso  de  Formação 
em  Defesa,  a  fim  de  aprimorar  os  requisitos 
profissionais  compatíveis  com  as  atividades  a  serem 
exercidas no Ministério da Defesa. 

Comunicação social 

Incrementar  a  mentalidade  de  defesa  no  País.  O 


Ministério da Defesa deverá promover  ações visando 
divulgar  as  medidas  implementadas  como  fator  de 
esclarecimento  e  convencimento  de  decisores  e  da 
opinião  pública  sobre  os  assuntos  de  defesa.  A 
Comunicação  Social  revela‐se  como  imprescindível 
instrumento de apoio à decisão nos diversos níveis de 
planejamento  político,  estratégico,  operacional  e 
tático. 

Disposições finais 

Os  documentos  complementares  e  decorrentes  da 


presente  Estratégia  Nacional  de  Defesa,  cujas 
necessidades  de  elaboração  ou  atualização  atendem 
às exigências desta Estratégia. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 39 
 
FORÇAS ARMADAS (FFAA)  II  ‐  a  comunicação  será  acompanhada  de  declaração, 
pela  autoridade,  do  estado  físico  e  mental  do  detido 
Constituição  da  República  Federativa  do  Brasil  de  no momento de sua autuação; 
1988. 
III  ‐  a  prisão  ou  detenção  de  qualquer  pessoa  não 
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas  poderá  ser  superior  a  dez  dias,  salvo  quando 
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO  autorizada pelo Poder Judiciário; 

DO ESTADO DE DEFESA  IV ‐ é vedada a incomunicabilidade do preso. 

O  Presidente  da  República  pode,  ouvidos  o  Conselho  Decretado  o  estado  de  defesa  ou  sua  prorrogação,  o 
da  República  e  o  Conselho  de  Defesa  Nacional,  Presidente  da  República,  dentro  de  vinte  e  quatro 
decretar  estado  de  defesa  para  preservar  ou  horas,  submeterá  o  ato  com  a  respectiva  justificação 
prontamente  restabelecer,  em  locais  restritos  e  ao  Congresso  Nacional,  que  decidirá  por  maioria 
determinados,  a  ordem  pública  ou  a  paz  social  absoluta. 
ameaçadas  por  grave  e  iminente  instabilidade  Se  o  Congresso  Nacional  estiver  em  recesso,  será 
institucional ou atingidas por calamidades de grandes  convocado,  extraordinariamente,  no  prazo  de  cinco 
proporções na natureza.  dias. 
O  decreto  que  instituir  o  estado  de  defesa  O  Congresso  Nacional  apreciará  o  decreto  dentro  de 
determinará o tempo de sua duração, especificará as  dez  dias  contados  de  seu  recebimento,  devendo 
áreas  a  serem  abrangidas  e  indicará,  nos  termos  e  continuar  funcionando  enquanto  vigorar  o  estado  de 
limites  da  lei,  as  medidas  coercitivas  a  vigorarem,  defesa. 
dentre as seguintes: 
Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de 
I ‐ restrições aos direitos de:  defesa. 
a) reunião, ainda que exercida no seio das  DO ESTADO DE SÍTIO 
associações; 
b) sigilo de correspondência;  O  Presidente  da  República  pode,  ouvidos  o  Conselho 
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;  da  República  e  o  Conselho  de  Defesa  Nacional, 
solicitar  ao  Congresso  Nacional  autorização  para 
II  ‐  ocupação  e  uso  temporário  de  bens  e  serviços  decretar o estado de sítio nos casos de: 
públicos,  na  hipótese  de  calamidade  pública, 
respondendo  a  União  pelos  danos  e  custos  I  ‐  comoção  grave  de  repercussão  nacional  ou 
decorrentes.  ocorrência  de  fatos  que  comprovem  a  ineficácia  de 
medida tomada durante o estado de defesa; 
O  tempo  de  duração  do  estado  de  defesa  não  será 
superior  a  trinta  dias,  podendo  ser  prorrogado  uma  II  ‐  declaração  de  estado  de  guerra  ou  resposta  a 
vez,  por  igual  período,  se  persistirem  as  razões  que  agressão armada estrangeira. 
justificaram a sua decretação. 
O  Presidente  da  República,  ao  solicitar  autorização 
Na vigência do estado de defesa:  para  decretar  o  estado  de  sítio  ou  sua  prorrogação, 
relatará  os  motivos  determinantes  do  pedido, 
I  ‐  a  prisão  por  crime  contra  o  Estado,  determinada  devendo  o  Congresso  Nacional  decidir  por  maioria 
pelo  executor  da  medida,  será  por  este  comunicada  absoluta. 
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se 
não  for  legal,  facultado  ao  preso  requerer  exame  de  O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as 
corpo de delito à autoridade policial;  normas  necessárias  a  sua  execução  e  as  garantias  
constitucionais  que  ficarão  suspensas,  e,  depois  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
publicado,  o  Presidente  da  República  designará  o  Cessado  o  estado  de  defesa  ou  o  estado  de  sítio, 
executor  das  medidas  específicas  e  as  áreas  cessarão  também  seus  efeitos,  sem  prejuízo  da 
abrangidas.  responsabilidade  pelos  ilícitos  cometidos  por  seus 
executores ou agentes. 
O estado de sítio, no caso do inciso I, não poderá ser 
decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de  Logo  que  cesse  o  estado  de  defesa  ou  o  estado  de 
cada  vez,  por  prazo  superior;  no  do  inciso  II,  poderá  sítio,  as  medidas  aplicadas  em  sua  vigência  serão 
ser  decretado  por  todo  o  tempo  que  perdurar  a  relatadas  pelo  Presidente  da  República,  em 
guerra ou a agressão armada estrangeira.  mensagem ao Congresso Nacional, com especificação 
e justificação das providências adotadas, com relação 
Solicitada autorização para decretar o estado de sítio  nominal  dos  atingidos  e  indicação  das  restrições 
durante  o  recesso  parlamentar,  o  Presidente  do  aplicadas. 
Senado  Federal,  de  imediato,  convocará 
extraordinariamente  o  Congresso  Nacional  para  se  DAS FORÇAS ARMADAS 
reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. 
As  Forças  Armadas,  constituídas  pela  Marinha,  pelo 
O  Congresso  Nacional  permanecerá  em  Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais 
funcionamento até o término das medidas coercitivas.  permanentes  e  regulares,  organizadas  com  base  na 
hierarquia e  na disciplina, sob a  autoridade suprema 
Na  vigência  do  estado  de  sítio  decretado  com  do  Presidente  da  República,  e  destinam‐se  à  defesa  
fundamento  no  inciso  I,  só  poderão  ser  tomadas  da  Pátria,  à  garantia  dos  poderes  constitucionais  e, 
contra as pessoas as seguintes medidas:  por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
I  ‐  obrigação  de  permanência  em  localidade  Não  caberá  habeas  corpus  em  relação  a  punições 
determinada;  disciplinares militares. 
II ‐ detenção em edifício não destinado a acusados ou  Os  membros  das  Forças  Armadas  são  denominados 
condenados por crimes comuns;  militares,  aplicando‐se‐lhes,  além  das  que  vierem  a 
III  ‐  restrições  relativas  à  inviolabilidade  da  ser fixadas em lei, as seguintes disposições: 
correspondência,  ao  sigilo  das  comunicações,  à  I ‐ as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a 
prestação de informações e à liberdade de imprensa,  elas  inerentes,  são  conferidas  pelo  Presidente  da 
radiodifusão e televisão, na forma da lei;  República  e  asseguradas  em  plenitude  aos  oficiais  da 
IV ‐ suspensão da liberdade de reunião;  ativa, da reserva ou reformados, sendo‐lhes privativos 
os  títulos  e  postos  militares  e,  juntamente  com  os 
V ‐ busca e apreensão em domicílio;  demais  membros,  o  uso  dos  uniformes  das  Forças 
Armadas; 
VI ‐ intervenção nas empresas de serviços públicos; 
II ‐ o militar  em atividade que  tomar posse em cargo 
VII ‐ requisição de bens. 
ou  emprego  público  civil  permanente,  ressalvada  a 
Não  se  inclui  nas  restrições  do  inciso  III  a  difusão  de  hipótese  prevista  no  art.  37  da  CF,  inciso  XVI,  alínea 
pronunciamentos  de  parlamentares  efetuados  em  "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei; 
suas  Casas  Legislativas,  desde  que  liberada  pela 
III ‐ o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar 
respectiva Mesa. 
posse  em  cargo,  emprego  ou  função  pública  civil 
A  Mesa  do  Congresso  Nacional,  ouvidos  os  líderes  temporária,  não  eletiva,  ainda  que  da  administração 
partidários, designará Comissão composta de cinco de  indireta,  ressalvada  a  hipótese  prevista  no  art.  37  da 
seus  membros  para  acompanhar  e  fiscalizar  a  CF, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo 
execução das medidas referentes ao estado de defesa  quadro  e  somente  poderá,  enquanto  permanecer 
e ao estado de sítio.  nessa  situação,  ser  promovido  por  antiguidade, 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
contando‐se‐lhe  o  tempo  de  serviço  apenas  para  I ‐ polícia federal; 
aquela  promoção  e  transferência  para  a  reserva,  II ‐ polícia rodoviária federal; 
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos  III ‐ polícia ferroviária federal; 
ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei;  IV ‐ polícias civis; 
V ‐ polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
IV ‐ ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
A  polícia  federal,  instituída  por  lei  como  órgão 
V  ‐  o  militar,  enquanto  em  serviço  ativo,  não  pode  permanente,  organizado  e  mantido  pela  União  e 
estar filiado a partidos políticos;  estruturado em carreira, destina‐se a: 
VI  ‐  o  oficial  só  perderá  o  posto  e  a  patente  se  for  I  ‐  apurar  infrações  penais  contra  a  ordem  política  e 
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível,  social ou em detrimento de bens, serviços e interesses 
por decisão de tribunal militar de caráter permanente,  da  União  ou  de  suas  entidades  autárquicas  e 
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo  empresas  públicas,  assim  como  outras  infrações  cuja 
de guerra;  prática  tenha  repercussão  interestadual  ou 
VII ‐ o oficial condenado na justiça comum ou militar a  internacional  e  exija  repressão  uniforme,  segundo  se 
pena  privativa  de  liberdade  superior  a  dois  anos,  por  dispuser em lei; 
sentença  transitada  em  julgado,  será  submetido  ao  II  ‐  prevenir  e  reprimir  o  tráfico  ilícito  de 
julgamento previsto no inciso anterior;  entorpecentes  e  drogas  afins,  o  contrabando  e  o 
X ‐ a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,  descaminho,  sem  prejuízo  da  ação  fazendária  e  de 
os limites de idade, a estabilidade e outras condições  outros  órgãos  públicos  nas  respectivas  áreas  de 
de  transferência  do  militar  para  a  inatividade,  os  competência; 
direitos,  os  deveres,  a  remuneração,  as  prerrogativas  III  ‐  exercer  as  funções  de  polícia  marítima, 
e  outras  situações  especiais  dos  militares,  aeroportuária e de fronteiras; 
consideradas  as  peculiaridades  de  suas  atividades, 
inclusive  aquelas  cumpridas  por  força  de  IV ‐ exercer,  com exclusividade, as funções de polícia 
compromissos internacionais e de guerra.  judiciária da União. 

O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.  A  polícia  rodoviária  federal,  órgão  permanente, 


organizado  e  mantido  pela  União  e  estruturado  em 
Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir  carreira,  destina‐se,  na  forma  da  lei,  ao 
serviço  alternativo  aos  que,  em  tempo  de  paz,  após  patrulhamento ostensivo das rodovias  federais. 
alistados,  alegarem  imperativo  de  consciência, 
entendendo‐se  como  tal  o  decorrente  de  crença  A  polícia  ferroviária  federal,  órgão  permanente, 
religiosa  e  de  convicção  filosófica  ou  política,  para  se  organizado  e  mantido  pela  União  e  estruturado  em 
eximirem  de  atividades  de  caráter  essencialmente  carreira,  destina‐se,  na  forma  da  lei,  ao 
militar.  patrulhamento   ostensivo das ferrovias federais. 

As  mulheres  e  os  eclesiásticos  ficam  isentos  do  Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de 


serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos,  carreira,  incumbem,  ressalvada  a  competência  da 
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.  União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
DA SEGURANÇA PÚBLICA 
Às  polícias  militares  cabem  a  polícia  ostensiva  e  a 
A  segurança  pública,  dever  do  Estado,  direito  e  preservação  da  ordem  pública;  aos  corpos  de 
responsabilidade  de  todos,  é  exercida  para  a  bombeiros  militares,  além  das  atribuições  definidas 
preservação da ordem pública e da incolumidade das  em  lei,  incumbe  a  execução  de  atividades  de  defesa 
pessoas  e  do  patrimônio,  através  dos  seguintes  civil. 
órgãos: 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
As polícias militares e corpos de bombeiros militares, 
forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam‐se, 
juntamente  com  as  polícias  civis,  aos  Governadores 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 

A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos 
órgãos  responsáveis  pela  segurança  pública,  de 
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. 

Os  Municípios  poderão  constituir  guardas  municipais 


destinadas  à  proteção  de  seus  bens,  serviços  e 
instalações, conforme dispuser a lei. 

A  segurança  viária,  exercida  para  a  preservação  da 


ordem  pública  e  da  incolumidade  das  pessoas  e  do 
seu patrimônio nas vias públicas: 

I ‐ compreende a educação, engenharia e fiscalização 
de  trânsito,  além  de  outras  atividades  previstas  em 
lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade 
urbana eficiente; e 

II  ‐  compete,  no  âmbito  dos  Estados,  do  Distrito 


Federal  e  dos  Municípios,  aos  respectivos  órgãos  ou 
entidades  executivos  e  seus  agentes  de  trânsito, 
estruturados em Carreira, na forma da lei. 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
EXERCÍCIOS:  (A) À garantia da lei, da ordem e do progresso. 
(B) Única e exclusivamente à defesa da Pátria. 
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ A segurança pública, dever do  (C) À defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
Estado,  direito  e  responsabilidade  de  todos,  é  constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da 
exercida  para  a  preservação  da  ordem  pública  e  da  lei e da ordem. 
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Segundo o  (D) Ao ataque aos inimigos da nação. 
Art. 144, caput e incisos, da Constituição da Republica  (E) À defesa exclusiva das instituições do poder 
Federativa  do  Brasil,  assinale  a  opção  que  NÃO  executivo. 
apresenta um órgão de segurança púbica. 
4  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  De  acordo  com  a 
(A) Polícia rodoviária federal.  Constituição  da  República  Federativa  do  Brasil  de 
(B) Polícias civis.  1988, assinale a opção que apresenta uma instituição 
(C) Polícia marítima.  nacional permanente e regular. 
(D) Polícia ferroviária federal 
(E) Polícias militares e corpos de bombeiros militares.  (A) Marinha 
(B) Petrobrás 
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com a Constituição  (C) Eletrobrás 
da  República  Federativa  do  Brasil,  o  serviço  militar  é  (D) Eletronuclear 
obrigatório nos termos da lei. Sendo assim, é correto  (E) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e 
afirmar que:  Biocombustíveis 
(A)  as  mulheres  e  os  eclesiásticos  ficam  isentos  do  5  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  De  acordo  com  a 
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos,  Constituição  da  República  Federativa  do  Brasil  de 
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.  1988, a segurança pública, dever do Estado, direito e 
(B)  as  mulheres  e  os  eclesiásticos  ficam  isentos  do  responsabilidade  de  todos,  é  exercida  para 
serviço  militar  obrigatório  mesmo  em  tempo  de  preservação da ordem pública e da incolumidade das 
guerra,  sujeitos,  porém,  a  outros  encargos  que  a  lei  pessoas  e  do  patrimônio,  através  dos  seguintes 
lhes atribuir.  órgãos: 

(C)  Somente  os  eclesiásticos  ficam  isentos  do  serviço  (A) Marinha, Exército e Aeronáutica 


militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém,  (B) Polícias e Exército 
a outros encargos que a lei lhes atribuir.  (C) Polícias militares e corpo de bombeiros militares 
(D) Polícia federal, rodoviária federal e ferroviária 
(D)  Somente  as  mulheres  ficam  isentas  do  serviço  federal, polícias civis militares e corpo de bombeiros 
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém,  militares. 
a outros encargos que a lei lhes atribuir.  (E) Força Nacional de Segurança Pública e Exército. 

(E)  às  Forças  Armadas  compete,  na  forma  da  lei,  6  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  De  acordo  com  a 
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz,  Constituição  da  República  Federativa  do  Brasil  de 
após  alistados,  alegarem  imperativo  de  consciência,  1988,  a  Marinha,  o  Exército  e  a  Aeronáutica  são 
entendendo‐se  como  tal  o  decorrente  de  crença  instituições baseadas na: 
religiosa  e  de  convicção  filosófica  ou  política,  para  se 
eximirem  da  atividades  de  caráter  essencialmente  (A) honra e no respeito. 
administrativo.  (B) ética e nos valores 
(C) hierarquia e na disciplina 
3  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  De  acordo  com  a  (D) ordem e no progresso 
Constituição  Federal,  a  que  se  destinam  as  Forças  (E) força e no moral. 
Armadas? 
7  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Segundo  a  Constituição  da 
República  Federativa  do  Brasil  (1988),  coloque  F 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
(falso)  ou  V  (verdadeiro)  nas  afirmativas  abaixo,  com  10 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) De acordo com a Constituição 
relação  às  disposições  aos  membros  das  Forças  da  República  Federativa  do  Brasil  de  1988,  quem  é  a 
Armadas, assinalando a seguir a opção correta.  autoridade suprema sabre as Forcas Armadas?  
 
(   ) Ao militar são proibidas a Sindicalização e a greve. 
(   ) O militar, enquanto em serviço ativo, pode estar  (A) Ministro da Defesa. 
filiado a partidos políticos.  (B) Presidente da República. 
(   ) O oficial nunca perderá o posto e a patente,  (C) Ministro de Força mais antigo. 
mesmo sendo julgado indigno ao oficialato.  (D) Comandante do Estado‐Maior das Forcas 
(   ) As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres  Armadas. 
a elas inerentes são asseguradas em plenitude apenas  (E) Chefe da Casa Militar.  
aos oficiais da ativa, sendo‐lhes privativos os títulos e 
pastas militares e o uso dos uniformes das Forças   
Armadas.  11  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  A  Constituição  da  Republica 
(A) (V) (F) (V) (F)  Federativa  do  Brasil  (1988)  apresenta  disposições 
(B) (V) (V) (V) (F)  relativas    a  organização,  destinação  e  constituição 
(C) (F) (V) (V) (V)  tanto  das  Forças  Armadas  quanta  dos  órgãos  de 
(D) (V) (F) (F) (F)  segurança publica, que e  exercida para a preservação 
(E) (F) (V) (F) (V)  da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio. Com base nas disposições constitucionais 
8  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  De  acordo  com  a  Constituição  acerca desse assunto, assinale a opção correta. 
da República Federativa do Brasil (1988), a segurança 
pública,  dever  do  estado,  direito  e  responsabilidade  (A) As Forças Armadas destinam‐se a garantia da lei e 
de  todos,  é  exercida  para  a  preservação  da  ordem  da ordem. 
pública  e  da  incolumidade  das  pessoas  e  do  (B) As polícias civis são consideradas forças auxiliares 
patrimônio por meio dos seguintes órgãos, EXCETO:  e não são incumbidas das funções de polícia judiciária. 
(C) A polícia federal não e considerada força auxiliar e 
(A) polícia Civil.  não exerce função de polícia judiciária. 
(B) polícia rodoviária federal.  (D) Os corpos de bombeiros militares são 
(C) corpos de bombeiros militares.  considerados reserva do Exército e não são 
(D) Guarda municipal.  incumbidos das atividades de defesa civil. 
(E) polícia ferroviária federal.  (E) As polícias militares são incumbidas da 
preservação da ordem pública e da polícia ostensiva, 
9  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  De  acordo  com  a  Constituição  não sendo consideradas reserva do Exército. 
da  República  Federativa  do  Brasil  (1988),  as  Forças 
Armadas,  constituídas  pela  Marinha,  pelo  Exército  e   
pela  Aeronáutica,  são  instituições  nacionais 
permanentes  e  regulares,  organizadas  com  base  na  12  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  A  Constituição  da  República 
hierarquia  e  na  disciplina,  sob  a  autoridade  suprema  Federativa do Brasil (1988) e o Estatuto dos Militares 
do  (lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980) contemplam 
várias  disposições  relativas  aos  membros  das  Forças 
(A) Presidente da República.  Armadas.  A  par  dessas  disposições,  e  correto  afirmar 
(B) Ministro da Defesa.  que: 
(C) Comandante da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica.  (A)  todo  militar  em  atividade  que  tomar  posse  em 
(D) Conselho de Defesa Nacional.  cargo  ou  emprego  público  civil  permanente  será 
(E) Conselho Militar de Defesa.  transferido para a reserva. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
 
(B) os membros das Forças Armadas são denominados  14  ‐  (PS‐SMV‐PR/2018  –  N.  Médio)  De  acordo  com  a 
militares federais.  Constituição  da  Republica  Federativa  do  Brasil  de 
1988, as Forças Armadas são constituídas: 
(C) nenhum oficial das Forças Armadas poderá exercer 
atividade técnico‐profissional no meio civil, enquanto  (A) pela Marinha, pelo Exercito e pela Aeronáutica. 
estiver em serviço ativo.  (B) pela Policia Federal e pela Policia Rodoviária 
Federal. 
(D)  as  patentes  das  Forças  Armadas  são  conferidas  (C) pela Guarda Costeira, pela Força Nacional e pela 
apenas aos oficiais.  Aeronáutica. 
(E)  a  todo  militar  e  proibida  a  filiação  a  partidos  (D) pela Forca Nacional e pelos Fuzileiros Navais. 
políticos.  (E) pela Marinha Mercante, pelo Exército e pela 
Aeronáutica. 
 
 
13  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  A  Constituição  da  República 
Federativa do Brasil (1988) prevê sanção para o oficial   
cuja  conduta  moralmente  reprovável  venha  ferir  o  Respostas: 
pundonor, o decoro e a ética militares, ou cuja índole 
e  modo  de  proceder  não  se  harmonizem  com  os  1  C  8  D 
requisites  de  disciplina,  liderança  e  cumprimento  do  2  A  9  A 
dever  militar,  comprometendo  irremediavelmente  o  3  C  10  B 
seu  desempenho  profissional.  Considerando  as  4  A  11  A 
5  D  12  D 
disposições  constitucionais  sobre  esse  assunto, 
6  C  13  D 
assinale a opção correta. 
7  D  14  A 
   

(A)  A  decisão  que  decretar  a  perda  do  cargo  para 


oficiais  das  Forcas  Armadas  deve  emanar,  em  tempo 
de paz, de tribunal especial de caráter permanente. 

(B)  A  decisão  que  decretar  a  perda  do  cargo  para 


oficiais  das  Forças  Armadas  deve  emanar,  em  tempo 
de guerra, de tribunal militar de caráter permanente. 

(C) O oficial só perderá o cargo se for julgado indigno 
do oficialato ou com ele incompatível. 

(D) O oficial condenado na justiça comum ou militar a 
pena  privativa  de  liberdade  superior  a  dois  anos,  por 
sentença  transitada  em  julgado,  será  julgado  na 
justiça militar e poderá perder o posto e a patente. 

(E) O oficial das Forcas Armadas pode perder o posto 
e  a  patente  por  sentença  transitada  em  julgado  na 
justiça  comum,  com  base  em  processo  disciplinar  ou 
administrativo. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
 
 
Normas gerais para a organização, o preparo e o  do último posto, da ativa ou da reserva, indicado pelo 
emprego das Forças Armadas  Ministro  de  Estado  da  Defesa  e  nomeado  pelo 
Presidente  da  República,  e  disporá  de  um  comitê, 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES  integrado pelos chefes de Estados Maiores das 3 (três) 
Forças, sob a coordenação do Chefe do Estado‐Maior 
Da Destinação e Atribuições: 
Conjunto das Forças Armadas. 
As  Forças  Armadas,  constituídas  pela  Marinha,  pelo 
Se o oficial‐general indicado para o cargo de Chefe do 
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais 
Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas estiver na 
permanentes  e  regulares,  organizadas  com  base  na 
ativa,  será  transferido  para  a  reserva  remunerada 
hierarquia  e  na  disciplina,  sob  a  autoridade  suprema 
quando empossado no cargo. 
do Presidente da República e destinam‐se à defesa da 
Pátria,  à  garantia  dos  poderes  constitucionais  e,  por  É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das 
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.  Forças  Armadas  o  mesmo  grau  de  precedência 
hierárquica  dos  Comandantes  e  precedência 
Sem  comprometimento  de  sua  destinação 
hierárquica  sobre  os  demais  oficiais‐generais  das  3 
constitucional,  cabe  também  às  Forças  Armadas  o 
(três) Forças Armadas. 
cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas 
nesta Lei Complementar.  É assegurado ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto das 
Forças  Armadas  todas  as  prerrogativas,  direitos  e 
Do Assessoramento ao Comandante Supremo 
deveres  do  Serviço  Ativo,  inclusive  com  a  contagem 
O  Presidente  da  República,  na  condição  de  de tempo de serviço, enquanto estiver em exercício. 
Comandante  Supremo  das  Forças  Armadas,  é 
A  Marinha,  o  Exército  e  a  Aeronáutica  dispõem, 
assessorado: 
singularmente, de 1 (um) Comandante, indicado pelo 
I  ‐  no  que  concerne  ao  emprego  de  meios  militares,  Ministro  de  Estado  da  Defesa  e  nomeado  pelo 
pelo Conselho Militar de Defesa; e  Presidente  da  República,  o  qual,  no  âmbito  de  suas 
atribuições,  exercerá  a  direção  e  a  gestão  da 
II ‐ no que concerne aos demais assuntos pertinentes  respectiva Força. 
à área militar, pelo Ministro de Estado da Defesa. 
Os  cargos  de  Comandante  da  Marinha,  do  Exército  e 
O  Conselho  Militar  de  Defesa  é  composto  pelos  da  Aeronáutica  são  privativos  de  oficiais‐generais  do 
Comandantes  da  Marinha,  do  Exército  e  da  último posto da respectiva Força. 
Aeronáutica  e  pelo  Chefe  do  Estado‐Maior  Conjunto 
das Forças Armadas.  É  assegurada  aos  Comandantes  da  Marinha,  do 
Exército  e  da  Aeronáutica  precedência  hierárquica 
Na  situação  prevista  no  inciso  I  deste  artigo,  o  sobre  os  demais  oficiais‐generais  das  três  Forças 
Ministro  de  Estado  da  Defesa  integrará  o  Conselho  Armadas. 
Militar de Defesa na condição de seu Presidente. 
Se  o  oficial‐general  indicado  para  o  cargo  de 
DA ORGANIZAÇÃO  Comandante da sua respectiva Força estiver na ativa, 
será  transferido  para  a  reserva  remunerada,  quando 
Das Forças Armadas 
empossado no cargo. 
As  Forças  Armadas  são  subordinadas  ao  Ministro  de 
São  asseguradas  aos  Comandantes  da  Marinha,  do 
Estado da Defesa, dispondo de estruturas próprias. 
Exército  e  da  Aeronáutica  todas  as  prerrogativas, 
O  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forças  Armadas,  órgão  direitos  e  deveres  do  Serviço  Ativo,  inclusive  com  a 
de  assessoramento  permanente  do  Ministro  de  contagem  de  tempo  de  serviço,  enquanto  estiverem 
Estado da Defesa, tem como chefe um oficial‐general  em exercício. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
O  Poder  Executivo  definirá  a  competência  dos  O  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional  deverá  conter 
Comandantes  da  Marinha,  do  Exército  e  da  dados  estratégicos,  orçamentários,  institucionais  e 
Aeronáutica  para  a  criação,  a  denominação,  a  materiais  detalhados  sobre  as  Forças  Armadas, 
localização  e  a  definição  das  atribuições  das  abordando os seguintes tópicos: 
organizações  integrantes  das  estruturas  das  Forças 
Armadas.   

Compete  aos  Comandantes  das  Forças  apresentar  ao  a) cenário estratégico para o século XXI; 


Ministro  de  Estado  da  Defesa  a  Lista  de  Escolha,  b) política nacional de defesa;  
elaborada  na  forma  da  lei,  para  a  promoção  aos  c) estratégia nacional de defesa; 
postos  de  oficiais‐generais  e  propor‐lhe  os  oficiais‐ d) modernização das Forças Armadas; 
generais  para  a  nomeação  aos  cargos  que  lhes  são  e) racionalização e adaptação das estruturas de 
privativos.  defesa; 
f) suporte econômico da defesa nacional; 
O  Ministro  de  Estado  da  Defesa,  acompanhado  do  g) as Forças Armadas: Marinha, Exército e 
Comandante de cada Força, apresentará os nomes ao  Aeronáutica; 
Presidente  da  República,  a  quem  compete  promover  h)  operações de paz e ajuda humanitária. 
os  oficiais‐generais  e  nomeá‐los  para  os  cargos  que 
lhes são privativos.  O  Poder  Executivo  encaminhará  à  apreciação  do 
Congresso  Nacional,  na  primeira  metade  da  sessão 
A  Marinha,  o  Exército  e  a  Aeronáutica  dispõem  de  legislativa ordinária, de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, 
efetivos de pessoal militar e civil, fixados em lei, e dos  a partir do ano de 2012, com as devidas atualizações: 
meios  orgânicos  necessários  ao  cumprimento  de  sua 
destinação constitucional e atribuições subsidiárias.   I ‐ a Política de Defesa Nacional; 
 II ‐ a Estratégia Nacional de Defesa; 
Constituem  reserva  das  Forças  Armadas  o  pessoal   III ‐ o Livro Branco de Defesa Nacional. 
sujeito  a  incorporação,  mediante  mobilização  ou 
convocação,  pelo  Ministério  da  Defesa,  por  Compete  ao  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forças 
intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,  Armadas  elaborar  o  planejamento  do  emprego 
bem como as organizações assim definidas em lei.  conjunto das Forças Armadas e assessorar o Ministro 
de  Estado  da  Defesa  na  condução  dos  exercícios 
Da Direção Superior das Forças Armadas  conjuntos e quanto à atuação de forças brasileiras em 
operações de paz, além de outras atribuições que lhe 
O  Ministro  de  Estado  da  Defesa  exerce  a  direção  forem  estabelecidas  pelo  Ministro  de  Estado  da 
superior  das  Forças  Armadas,  assessorado  pelo  Defesa. 
Conselho  Militar  de  Defesa,  órgão  permanente  de 
assessoramento,  pelo  Estado‐Maior  Conjunto  das  Compete  ao  Ministério  da  Defesa,  além  das  demais 
Forças  Armadas  e  pelos  demais  órgãos,  conforme  competências previstas em lei, formular a política e as 
definido em lei.  diretrizes  referentes  aos  produtos  de  defesa 
empregados  nas  atividades  operacionais,  inclusive 
Ao  Ministro  de  Estado  da  Defesa  compete  a  armamentos,  munições,  meios  de  transporte  e  de 
implantação  do  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional,  comunicações,  fardamentos  e  materiais  de  uso 
documento  de  caráter  público,  por  meio  do  qual  se  individual e coletivo, admitido delegações às Forças. 
permitirá o acesso ao amplo contexto da Estratégia de 
Defesa  Nacional,  em  perspectiva  de  médio  e  longo     
prazos,  que  viabilize  o  acompanhamento  do 
orçamento e do planejamento plurianual relativos ao 
setor. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
EXERCÍCIOS:  4  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  De  acordo  com  a  Estratégia 
Nacional  de  Defesa  (Decreto  n°  6.703,  de  18  de 
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ De acordo com as diretrizes da  dezembro  de  2008),  a  construção  de  meios  para 
Estratégia  Nacional  de  Defesa,  assinale  a  opção  exercer  o  controle  de  áreas  marítimas  terá  como 
INCORRETA.  focos  as  áreas  estratégicas  de  acesso  marítimo  ao 
(A) Priorizar a região amazônica.  Brasil.  Duas  áreas  do  literal  continuarão  a  merecer 
(B) Dissuadir a concentração de forças hostis nas  atenção especial, do ponto de vista da necessidade de 
fronteiras terrestres, nos limites das águas  controlar o acesso marítimo ao Brasil. Quais são essas 
jurisdicionais brasileiras, e impedir‐lhes o uso do  áreas? 
espaço aéreo nacional.  (A) A faixa que vai de Fortaleza a Natal e a área que 
(C) Fortalecer três setores de importância estratégica:  contém os afluentes do rio Amazonas. 
o social, o cibernético e o nuclear.  (B) A faixa que vai da Bahia ao Rio de Janeiro e a área 
(D) Estruturar o potencial estratégico em torno de  em torno da foz do Rio da Prata. 
capacidades.  (C) A faixa que vai de Santos a Vitória e a área em 
(E) Preparar as Forças Armadas para desempenharem  torno da foz do rio Amazonas. 
responsabilidades crescentes em operações de  (D) A faixa que vai do Rio de Janeiro a Florianópolis e a 
manutenção da paz.  área que contém os afluentes do rio Paraguai. 
  (E) A faixa que vai de Porto Alegre ao Chuí e a área em 
torno da hidrovia do Paraná‐Tietê. 
2  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Assinale  a  opção  que 
completa  corretamente  as  lacunas  da  sentença   
abaixo.  5 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com as Diretrizes da 
Reposicionar os efetivos das três Forças é uma diretriz  Estratégia  Nacional  de  Defesa  (Decreto  n°  6.703,  de 
da  Estratégia  Nacional  de  Defesa.  As  principais  18  de  dezembro  de  2008),  a  organização  das  Forças 
unidades do Exército estacionam no ______________  Armadas esta baseada sobre que égide? 
e  no  ____________  do  Brasil,  e  a  esquadra  da 
Marinha concentra‐se na cidade do ______________.  (A) Deslocamento, concentração e permanência. 
(B) Surpresa, prepare e unidade de comando. 
(A) Nordeste/Norte/de São Paulo.  (C) Manobra, prontidão e segurança. 
(B) Sudeste/Centro‐Oeste/de Salvador.  (D) Monitoramento/controle, mobilidade e presença. 
(C) Sudeste/Nordeste/de Brasília.  (E) Simplicidade, flexibilidade e mobilidade. 
(D) Sudeste/Sul/do Rio de Janeiro. 
(E) Nordeste/Centro‐Oeste/de Florianópolis.   

  6 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9 
de junho de 1999, ao tratar da organização das Forças 
3  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  a  Estratégia  Armadas  e  da  sua  direção  superior,  estabelece  a 
Nacional  de  Defesa,  como  é  denominada  a  aptidão  competência  de  alguns  órgãos  e  autoridades. 
para se chegar rapidamente ao teatro de operações?  Considerando  as  disposições  dessa  lei  complementar 
(A) Mobilidade estratégica.  sobre esse assunto, assinale a opção correta. 
(B) Monitoramento.  (A) Ao Ministro de Estado da Defesa compete 
(C) Controle.  promover as oficiais‐generais das Forças Armadas. 
(D) Dimensionamento.  (B) Ao Ministro de Estado da Defesa compete nomear 
(E) Autonomia.  os oficiais‐generais das Forças Armadas para os cargos 
  que lhes são privativos. 
(C) Ao Ministro de Estado da Defesa compete exercer 
a direção superior das Forças Armadas. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
(D) Ao Ministério da Defesa compete elaborar o  (C)  Ampliar  a  capacidade  de  atender  aos 
planejamento do emprego conjunto das Forcas  compromissos internacionais de busca e salvamento. 
Armadas. 
(E) Ao Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas  (D)  Individualizar  e  setorizar  a  operação  das  Forças 
compete formular a política e as diretrizes referentes  Armadas. 
aos produtos de defesa empregados nas atividades  (E) Preparar efetivos para o cumprimento de missões 
operacionais.  de  garantia  da  lei  e  da  ordem,  nos  termos  da 
  Constituição Federal. 

7 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9   
de  junho  de  1999,  contempla  inúmeras  disposições  9 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A Lei Complementar n° 97, de 9 
sobre o Ministério da Defesa e sobre  o Estado‐Maior  de junho de 1999, apresenta várias disposições sobre 
Conjunto  das  Forcas  Armadas,  assegurando  a  organização  das  Forças  Armadas  e  sobre  o 
prerrogativas  para  os  ocupantes  de  alguns  cargos  assessoramento  ao  seu  Comandante  Supremo. 
importantes.  Com  base  nessas  disposições,  é  correto  Considerando  as  disposições  dessa  lei  complementar 
afirmar que:  sobre esses assuntos, assinale a opção correta. 
(A) é assegurada ao oficial‐general da ativa a   
permanência em serviço ativo ao ser empossado no 
cargo de Comandante da sua respectiva Forca.  (A) As Forças Armadas são diretamente subordinadas 
(B) é assegurada ao Chefe do Estado‐Maior Conjunto  ao Presidente da República. 
das Forcas Armadas precedência hierárquica sobre os 
(B) No que concerne ao emprego de meios militares, o 
Comandantes da Marinha do Exército e da 
Presidente  da  República  é  assessorado  apenas  pelo 
Aeronáutica. 
Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças Armadas. 
(C) a Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem, 
singularmente, de 1 (um) Comandante, nomeado pelo  (C)  Conselho  Militar  de  Defesa  é  órgão  de 
Ministro de Estado da Defesa.  assessoramento  permanente  do  Ministro  de  Estado 
(D) o Estado‐Maior Conjunto das Forcas Armadas tem  da Defesa. 
como chefe um oficial‐general do último posto, da 
ativa ou da reserva, indicado pelo Ministro de Estado  (D)  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forcas  Armadas  é 
da Defesa.  órgão  de  assessoramento  exclusivo  do  Presidente  da 
(E) é assegurada ao oficial‐general indicado para o  República. 
cargo de Chefe do Estado‐Maior Conjunto das Forças 
(E)  Chefe  do  Estado‐Maior  Conjunto  das  Forcas 
Armadas a permanência na ativa, quando empossado 
Armadas  sempre  presidira  o  Conselho  Militar  de 
no cargo. 
Defesa. 
 
 
8  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  Com  base  nas  disposições  do 
10  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  Sobre  o  Livro  Branco  de 
decreto  n°  6.703,  de  18  de  dezembro  de  2008, 
Defesa  Nacional,  que  e  o  mais  complete  e  acabado 
assinale  a  opção  que  NÃO  contempla  diretriz  da 
documento acerca das atividades de defesa do Brasil, 
Estratégia Nacional de Defesa. 
assinale a opção INCORRETA. 
 
(A) A implantação do Livro Branco de Defesa Nacional 
(A)  Adensar  a  presença  de  unidades  do  Exercito,  da  compete ao Ministro de Estado da Defesa. 
Marinha e da Força Aérea nas fronteiras. 
(B)  O  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional  foi 
(B) Manter o Serviço Militar Obrigatório.  institucionalizado  pelo  decreto  n°  6.703,  de  18  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
dezembro  de  2008,  que  aprova  a  Estratégia  Nacional 
de Defesa. 

(C)  O  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional  é  um 


documento de caráter público. 

(D)  Por  meio  do  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional 


permitir‐se‐á  o  acesso  ao  amplo  contexto  da 
Estratégia de Defesa Nacional. 

(E)  O  Livro  Branco  de  Defesa  Nacional  deverá  conter 


dados estratégicos sobre as Forças Armadas. 

Respostas: 

1  C  6  C 
2  D  7  D 
3  A  8  D 
4  C  9  C 
5  D  10  B 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
 
ESTATUTO DOS MILITARES  os reformados, executado tarefa por tempo certo, 
segundo regulamentação para cada Força Armada.( 
O  Estatuto  dos  Militares  regula  a  situação, 
obrigações,  deveres,  direitos  e  prerrogativas  dos  Os  militares  de  carreira:  são  os  da  ativa  que,  no 
membros das Forças Armadas.  desempenho  voluntário  e  permanente  do  serviço 
militar,  tenham  vitaliciedade  assegurada  ou 
As  Forças  Armadas,  essenciais  à  execução  da  política  presumida. 
de segurança nacional, são constituídas pela Marinha, 
pelo  Exército  e  pela  Aeronáutica,  e  destinam‐se  a  São considerados reserva das Forças Armadas: 
defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos,   I ‐ individualmente:  
a  lei  e  a  ordem.  São  instituições  nacionais,  a) os militares da reserva remunerada; e  
permanentes  e  regulares,  organizadas  com  base  na  b) os demais cidadãos em condições de convocação 
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema  ou de mobilização para a ativa.  
do Presidente da República e dentro dos limites da lei.  
II ‐ no seu conjunto:  
Os  membros  das  Forças  Armadas,  em  razão  de  sua  a) as Polícias Militares; e  
destinação  constitucional,  formam  uma  categoria  b) os Corpos de Bombeiros Militares.  
especial  de  servidores  da  Pátria  e  são  denominados 
militares.    A  Marinha  Mercante,  a  Aviação  Civil  e  as  empresas 
declaradas  diretamente  devotada  às  finalidades 
Os  militares  encontram‐se  em  uma  das  seguintes  precípuas das Forças Armadas, denominada atividade 
situações:  na ativa ou na inatividade.  efeitos  de  mobilização  e  de  emprego,  reserva  das 
Forças Armadas.  
a) na ativa:  
I ‐ os de carreira;    O  pessoal  componente  da  Marinha  Mercante,  da 
II ‐ os incorporados às Forças Armadas para prestação  Aviação  Civil  e  das  empresas  declaradas  diretamente 
de serviço militar inicial, durante os prazos previstos  relacionadas com a segurança nacional, bem como os 
na legislação que trata do serviço militar, ou durante  demais  cidadãos  em  condições  de  convocação  ou 
as prorrogações daqueles prazos;   mobilização  para  a  ativa,  só  serão  considerados 
III ‐ os componentes da reserva das Forças Armadas  militares  quando  convocados  ou  mobilizados  para  o 
quando convocados, reincluídos, designados ou  serviço nas Forças Armadas.  
mobilizados;  
IV ‐ os alunos de órgão de formação de militares da   A  carreira  militar  é  caracterizada  por  atividade 
ativa e da reserva; e   continuada  e  inteiramente  devotada  às  finalidades 
V ‐ em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro  precípuas das Forças Armadas, denominada atividade 
mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas.  militar.  

b) na inatividade:   A  carreira  militar  é  privativa  do  pessoal  da  ativa, 


I ‐ os da reserva remunerada, quando pertençam à  inicia‐se  com  o  ingresso  nas  Forças  Armadas  e 
reserva das Forças Armadas e percebam remuneração  obedece às diversas seqüências de graus hierárquicos.  
da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de  São  privativas  de  brasileiro  nato  as  carreiras  de 
serviço na ativa, mediante convocação ou  oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. 
mobilização; e  
II ‐ os reformados, quando, tendo passado por uma  São equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", 
das situações anteriores estejam dispensados,  "em  serviço  ativo",  "em  serviço  na  ativa",  "em 
definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas  serviço",  "em  atividade"  ou  "em  atividade  militar", 
continuem a perceber remuneração da União; e   conferidas  aos  militares  no  desempenho  de  cargo, 
lll ‐ os da reserva remunerada, e, excepcionalmente,  comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou 
atividade  militar  ou  considerada  de  natureza  militar 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
nas  organizações  militares  das  Forças  Armadas,  bem  à  nacionalidade,  idade,  aptidão  intelectual, 
como  na  Presidência  da  República,  na  Vice‐ capacidade  física  e  idoneidade  moral,  é  necessário 
Presidência  da  República,  no  Ministério  da  Defesa  e  que  o  candidato  não  exerça  ou  não  tenha  exercido 
nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando  atividades  prejudiciais  ou  perigosas  à  segurança 
incorporados às Forças Armadas.  nacional. 

A  condição  jurídica  dos  militares  é  definida  pelos  O  disposto  neste  artigo  e  no  anterior  aplica‐se, 
dispositivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis,  também,  aos  candidatos  ao  ingresso  nos  Corpos  ou 
por este Estatuto e pela legislação, que lhes outorgam  Quadros  de  Oficiais  em  que  é  exigido  o  diploma  de 
direitos  e  prerrogativas  e  lhes  impõem  deveres  e  estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo 
obrigações.   Governo Federal. 

 O disposto do Estatuto  dos Militares aplica‐se, no  A  convocação  em  tempo  de  paz  é  regulada  pela 


que couber:   legislação que trata do serviço militar.  
I ‐ aos militares da reserva remunerada e reformados; 
II ‐ aos alunos de órgão de formação da reserva;   Em  tempo  de  paz  e  independentemente  de 
III ‐ aos membros do Magistério Militar; e   convocação,  os  integrantes  da  reserva  poderão  ser 
IV ‐ aos Capelães Militares.   designados para o serviço ativo, em caráter transitório 
e mediante aceitação voluntária. 
 Os  oficiais‐generais  nomeados  Ministros  do  Superior 
Tribunal  Militar,  os  membros  do  Magistério  Militar  e  A mobilização é regulada em legislação específica. 
os  Capelães  Militares  são  regidos  por  legislação  A  incorporação  às  Forças  Armadas  de  deputados 
específica.  federais  e  senadores,  embora  militares  e  ainda  que 
 Do Ingresso nas Forças Armadas   em tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara 
respectiva. 
 O  ingresso  nas  Forças  Armadas  é  facultado, 
mediante  incorporação,  matrícula  ou  nomeação,  a   Da Hierarquia Militar e da Disciplina 
todos  os  brasileiros  que  preencham  os  requisitos  A hierarquia e a disciplina são a base institucional das 
estabelecidos em lei e nos regulamentos da Marinha,  Forças  Armadas.  A  autoridade  e  a  responsabilidade 
do Exército e da Aeronáutica.  crescem com o grau hierárquico.  
Quando  houver  conveniência  para  o  serviço  de  A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em 
qualquer  das  Forças  Armadas,  o  brasileiro  possuidor  níveis  diferentes,  dentro  da  estrutura  das  Forças 
de  reconhecida  competência  técnico‐profissional  ou  Armadas.  A  ordenação  se  faz  por  postos  ou 
de  notória  cultura  científica  poderá,  mediante  sua  graduações;  dentro  de  um  mesmo  posto  ou 
aquiescência  e  proposta  do  Ministro  da  Força  graduação  se  faz  pela  antigüidade  no  posto  ou  na 
interessada,  ser  incluído  nos  Quadros  ou  Corpos  da  graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado 
Reserva  e  convocado  para  o  serviço  na  ativa  em  no espírito de acatamento à seqüência de autoridade. 
caráter transitório. 
Disciplina  é  a  rigorosa  observância  e  o  acatamento 
 A inclusão nos termos do parágrafo anterior será feita  integral  das  leis,  regulamentos,  normas  e  disposições 
em  grau  hierárquico  compatível  com  sua  idade,  que  fundamentam  o  organismo  militar  e  coordenam 
atividades  civis  e  responsabilidades  que  lhe  serão  seu  funcionamento  regular  e  harmônico,  traduzindo‐
atribuídas,  nas  condições  reguladas  pelo  Poder  se  pelo  perfeito  cumprimento  do  dever  por  parte  de 
Executivo.  todos  e  de  cada  um  dos  componentes  desse 
Para matrícula nos estabelecimentos de ensino militar  organismo. 
destinados  à  formação  de  oficiais,  da  ativa  e  da  A  disciplina  e  o  respeito  à  hierarquia  devem  ser 
reserva, e de graduados, além das condições relativas  mantidos  em  todas  as  circunstâncias  da  vida  entre 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
militares  da  ativa,  da  reserva  remunerada  e  A antigüidade em cada posto ou graduação é contada 
reformados.  a  partir  da  data  da  assinatura  do  ato  da  respectiva 
promoção,  nomeação,  declaração  ou  incorporação, 
Círculos  hierárquicos  são  âmbitos  de  convivência  salvo quando estiver taxativamente fixada outra data. 
entre  os  militares  da  mesma  categoria  e  têm  a 
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,   No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a 
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do  antigüidade será estabelecida:  
respeito mútuo.  a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou 
Serviço, pela posição nas respectivas escalas 
Os  círculos  hierárquicos  e  a  escala  hierárquica  nas  numéricas ou registros existentes em cada Força;  
Forças  Armadas,  bem  como  a  correspondência  entre  b) nos demais casos, pela antigüidade no posto ou 
os  postos  e  as  graduações  da  Marinha,  do  Exército  e  graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a 
da Aeronáutica, são fixados nos parágrafos seguintes.  igualdade, recorrer‐se‐á, sucessivamente, aos graus 
Posto  é  o  grau  hierárquico  do  oficial,  conferido  por  hierárquicos anteriores, à data de praça e à data de 
ato  do  Presidente  da  República  ou  do  Ministro  de  nascimento para definir a procedência, e, neste último 
Força Singular e confirmado em Carta Patente.  caso, o de mais idade será considerado o mais antigo;  
c) na existência de mais de uma data de praça, 
Os  postos  de  Almirante,  Marechal  e  Marechal‐do‐Ar  inclusive de outra Força Singular, prevalece a 
somente serão providos em tempo de guerra.  antigüidade do militar que tiver maior tempo de 
efetivo serviço na praça anterior ou nas praças 
Graduação  é  o  grau  hierárquico  da  praça,  conferido 
anteriores; e  
pela autoridade militar competente. 
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação 
Os  Guardas‐Marinha,  os  Aspirantes‐a‐Oficial  e  os  de militares, de acordo com o regulamento do 
alunos de órgãos específicos de formação de militares  respectivo órgão, se não estiverem especificamente 
são denominados praças especiais.  enquadrados nas letras a , b e c. 

Os  graus  hierárquicos  inicial  e  final  dos  diversos  Em igualdade de posto ou de graduação, os militares 


Corpos,  Quadros,  Armas,  Serviços,  Especialidades  ou  da ativa têm precedência sobre os da inatividade.  
Subespecialidades  são  fixados,  separadamente,  para 
Em  igualdade  de  posto  ou  de  graduação,  a 
cada caso, na Marinha, no Exército e na Aeronáutica. 
precedência  entre  os  militares  de  carreira  na  ativa  e 
Os militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,  os  da  reserva  remunerada  ou  não,  que  estejam 
cujos  graus  hierárquicos  tenham  denominação  convocados, é definida pelo tempo de efetivo serviço 
comum,  acrescentarão  aos  mesmos,  quando  julgado  no posto ou graduação. 
necessário,  a  indicação  do  respectivo  Corpo,  Quadro, 
 Em legislação especial, regular‐se‐á:  
Arma  ou  Serviço  e,  se  ainda  necessário,  a  Força 
I ‐ a precedência entre militares e civis, em missões 
Armada  a  que  pertencerem,  conforme  os 
diplomáticas, ou em comissão no País ou no 
regulamentos ou normas em vigor. 
estrangeiro; e  
Sempre  que  o  militar  da  reserva  remunerada  ou  II ‐ a precedência nas solenidades oficiais. 
reformado  fizer  uso  do  posto  ou  graduação,  deverá 
A  precedência  entre  as  praças  especiais  e  as  demais 
fazê‐lo  com  as  abreviaturas  respectivas  de  sua 
praças é assim regulada:  
situação. 
I  ‐  os  Guardas‐Marinha  e  os  Aspirantes‐a‐Oficial  são 
A precedência entre militares da ativa do mesmo grau 
hierarquicamente superiores às demais praças; 
hierárquico,  ou  correspondente,  é  assegurada  pela 
antigüidade  no  posto  ou  graduação,  salvo  nos  casos  II  ‐  os  Aspirantes,  alunos  da  Escola  Naval,  e  os 
de precedência funcional estabelecida em lei.  Cadetes,  alunos  da  Academia  Militar  das  Agulhas 
Negras  e  da Academia  da  Força  Aérea,  bem  como  os 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
alunos  da  Escola  de  Oficiais  Especialistas  da   Consideram‐se  também  vagos  os  cargos  militares 
Aeronáutica,  são  hierarquicamente  superiores  aos  cujos ocupantes tenham:  
suboficiais e aos subtenentes;  
a) falecido;  
III ‐ os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do  b) sido considerados extraviados;  
Colégio  Naval  têm  precedência  sobre  os  Terceiros  c) sido feitos prisioneiros; e  
Sargentos, aos quais são equiparados;   d) sido considerados desertores.  

IV ‐ os alunos dos órgãos de formação de oficiais da  Função militar é o exercício das obrigações inerentes 
reserva,  quando  fardados,  têm  precedência  sobre  os  ao cargo militar. 
Cabos, aos quais são equiparados; e 
Dentro  de  uma  mesma  organização  militar,  a 
V  ‐  os  Cabos  têm  precedência  sobre  os  alunos  das  seqüência  de  substituições  para  assumir  cargo  ou 
escolas  ou  dos  centros  de  formação  de  sargentos,  responder  por  funções,  bem  como  as  normas, 
que  a  eles  são  equiparados,  respeitada,  no  caso  de  atribuições  e  responsabilidades  relativas,  são  as 
militares, a antigüidade relativa.  estabelecidas  na  legislação  ou  regulamentação 
específicas, respeitadas a precedência e a qualificação 
 Do Cargo e da Função Militares   exigidas para o cargo ou o exercício da função. 
Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e  O  militar  ocupante  de  cargo  provido  em  caráter 
responsabilidades  cometidos  a  um  militar  em  serviço  efetivo  ou  interino  faz  jus  aos  direitos 
ativo.  correspondentes  ao  cargo,  conforme  previsto  em 
O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se  dispositivo legal. 
encontra  especificado  nos  Quadros  de  Efetivo  ou  As  obrigações  que,  pela  generalidade,  peculiaridade, 
Tabelas  de  Lotação  das  Forças  Armadas  ou  previsto,  duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como 
caracterizado  ou  definido  como  tal  em  outras  posições  tituladas  em  "Quadro  de  Efetivo",  "Quadro 
disposições legais.  de  Organização",  "Tabela  de  Lotação"  ou  dispositivo 
 As  obrigações  inerentes  ao  cargo  militar  devem  ser  legal,  são  cumpridas  como  encargo,  incumbência, 
compatíveis com o correspondente grau hierárquico e  comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza 
definidas  em  legislação  ou  regulamentação  militar. 
específicas.   Aplica‐se,  no  que  couber,  a  encargo,  incumbência, 
 Os  cargos  militares  são  providos  com  pessoal  que  comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza 
satisfaça  aos  requisitos  de  grau  hierárquico  e  de  militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar. 
qualificação exigidos para o seu desempenho.  Das Obrigações e dos Deveres Militares 
O  provimento  de  cargo  militar  far‐se‐á  por  ato  de  São manifestações essenciais do Valor Militar: 
nomeação  ou  determinação  expressa  da  autoridade 
competente.  I ‐ o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de 
cumprir  o  dever  militar  e  pelo  solene  juramento  de 
 O  cargo  militar  é  considerado  vago  a  partir  de  sua  fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida; 
criação  e  até  que  um  militar  nele  tome  posse,  ou 
desde  o  momento  em  que  o  militar  exonerado,  ou  II ‐ o civismo e o culto das tradições históricas; 
que  tenha  recebido  determinação  expressa  da 
autoridade  competente,  o  deixe  e  até  que  outro  III ‐ a fé na missão elevada das Forças Armadas;  
militar nele tome posse de acordo com as normas de  IV  ‐  o  espírito  de  corpo,  orgulho  do  militar  pela 
provimento  previstas  no  parágrafo  único  do  artigo  organização onde serve; 
anterior. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
V ‐ o amor à profissão das armas e o entusiasmo com  XV ‐ garantir assistência moral e material ao seu lar e 
que é exercida; e   conduzir‐se como chefe de família modelar; 

VI ‐ o aprimoramento técnico‐profissional.  XVI ‐ conduzir‐se, mesmo fora do serviço ou quando já 
na  inatividade,  de  modo  que  não  sejam  prejudicados 
Da Ética Militar  os  princípios  da  disciplina,  do  respeito  e  do  decoro 
O  sentimento  do  dever,  o  pundonor  militar  e  o  militar; 
decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes  XVII ‐ abster‐se de fazer uso do posto ou da graduação 
das  Forças  Armadas,  conduta  moral  e  profissional  para obter facilidades pessoais de qualquer natureza 
irrepreensíveis,  com  a  observância  dos  seguintes  ou  para  encaminhar  negócios  particulares  ou  de 
preceitos de ética militar:  terceiros; 
I  ‐  amar  a  verdade  e  a  responsabilidade  como  XVIII  ‐  abster‐se,  na  inatividade,  do  uso  das 
fundamento de dignidade pessoal;  designações hierárquicas: 
II ‐ exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as  a) em atividades político‐partidárias;  
funções que lhe couberem em decorrência do cargo;  b) em atividades comerciais;  
III ‐ respeitar a dignidade da pessoa humana;  c) em atividades industriais;  
d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa 
IV ‐ cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos,  a respeito de assuntos políticos ou militares, 
as  instruções  e  as  ordens  das  autoridades  excetuando‐se os de natureza exclusivamente técnica, 
competentes;  se devidamente autorizado; e 
 e) no exercício de cargo ou função de natureza civil, 
V ‐ ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na 
mesmo que seja da Administração Pública; e  
apreciação do mérito dos subordinados; 
XIX  ‐  zelar  pelo  bom  nome  das  Forças  Armadas  e  de 
VI  ‐  zelar  pelo  preparo  próprio,  moral,  intelectual  e 
cada  um  de  seus  integrantes,  obedecendo  e  fazendo 
físico  e,  também,  pelo  dos  subordinados,  tendo  em 
obedecer aos preceitos da ética militar. 
vista o cumprimento da missão comum; 
Ao  militar  da  ativa  é  vedado  comerciar  ou  tomar 
VII ‐ empregar todas as suas energias em benefício do 
parte  na  administração  ou  gerência  de  sociedade  ou 
serviço; 
dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou 
VIII  ‐  praticar  a  camaradagem  e  desenvolver,  quotista,  em  sociedade  anônima  ou  por  quotas  de 
permanentemente, o espírito de cooperação;  responsabilidade limitada.  

IX ‐ ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua  Os integrantes da reserva, quando convocados, ficam 
linguagem escrita e falada;  proibidos  de  tratar,  nas  organizações  militares  e  nas 
repartições  públicas  civis,  de  interesse  de 
X ‐ abster‐se de tratar, fora do âmbito apropriado, de  organizações  ou  empresas  privadas  de  qualquer 
matéria  sigilosa  de  qualquer  natureza;  XI  ‐  acatar  as  natureza. 
autoridades civis; 
Os  militares  da  ativa  podem  exercer,  diretamente,  a 
XII ‐ cumprir seus deveres de cidadão;  gestão  de  seus  bens,  desde  que  não  infrinjam  o 
disposto no presente artigo. 
XIII ‐ proceder de maneira ilibada na vida pública e na 
particular;  No  intuito  de  desenvolver  a  prática  profissional,  é 
permitido  aos  oficiais  titulares  dos  Quadros  ou 
XIV ‐ observar as normas da boa educação; 
Serviços  de  Saúde  e  de  Veterinária  o  exercício  de 
atividade técnico‐profissional no meio civil, desde que 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
tal  prática  não  prejudique  o  serviço  e  não  infrinja  o  O  compromisso  de  Guarda‐Marinha  ou  Aspirante‐a‐
disposto neste artigo.  Oficial é prestado nos estabelecimentos de formação, 
obedecendo  o  cerimonial  ao  fixado  nos  respectivos 
 Os  Ministros  das  Forças  Singulares  poderão  regulamentos. 
determinar aos militares da ativa da respectiva Força 
que,  no  interesse  da  salvaguarda  da  dignidade  dos  O  compromisso  como  oficial,  quando  houver,  será 
mesmos,  informem  sobre  a  origem  e  natureza  dos  regulado em cada Força Armada. 
seus  bens,  sempre  que  houver  razões  que 
recomendem tal medida.  Do Comando e da Subordinação  

Dos Deveres Militares  Comando  é  a  soma  de  autoridade,  deveres  e 


responsabilidades  de  que  o  militar  é  investido 
Os  deveres  militares  emanam  de  um  conjunto  de  legalmente  quando  conduz  homens  ou  dirige  uma 
vínculos  racionais,  bem  como  morais,  que  ligam  o  organização  militar.  O  comando  é  vinculado  ao  grau 
militar  à  Pátria  e  ao  seu  serviço,  e  compreendem,  hierárquico  e  constitui  uma  prerrogativa  impessoal, 
essencialmente:  em  cujo  exercício  o  militar  se  define  e  se  caracteriza 
como chefe. 
I  ‐  a  dedicação  e  a  fidelidade  à  Pátria,  cuja  honra, 
integridade  e  instituições  devem  ser  defendidas  Aplica‐se  à  direção  e  à  chefia  de  organização  militar, 
mesmo com o sacrifício da própria vida;  no que couber, o estabelecido para comando. 

II ‐ o culto aos Símbolos Nacionais;    A  subordinação  não  afeta,  de  modo  algum,  a 


dignidade  pessoal  do  militar  e  decorre, 
III  ‐  a  probidade  e  a  lealdade  em  todas  as  exclusivamente,  da  estrutura  hierarquizada  das 
circunstâncias;   Forças Armadas. 
IV ‐ a disciplina e o respeito à hierarquia;   O  oficial  é  preparado,  ao  longo  da  carreira,  para  o 
V  ‐  o  rigoroso  cumprimento  das  obrigações  e  das  exercício  de  funções  de  comando,  de  chefia  e  de 
ordens; e   direção. 

VI ‐ a obrigação de tratar o subordinado dignamente e  Os  graduados  auxiliam  ou  complementam  as 


com urbanidade.   atividades  dos  oficiais,  quer  no  adestramento  e  no 
emprego  de  meios,  quer  na  instrução  e  na 
Todo  cidadão,  após  ingressar  em  uma  das  Forças  administração. 
Armadas  mediante  incorporação,  matrícula  ou 
nomeação,  prestará  compromisso  de  honra,  no  qual  No exercício das atividades mencionadas neste artigo 
afirmará  a sua  aceitação  consciente  das  obrigações e  e  no  comando  de  elementos  subordinados,  os 
dos  deveres  militares  e  manifestará  a  sua  firme  suboficiais,  os  subtenentes  e  os  sargentos  deverão 
disposição de bem cumpri‐los.  impor‐se  pela  lealdade,  pelo  exemplo  e  pela 
capacidade  profissional  e  técnica,  incumbindo‐lhes 
O compromisso do incorporado, do matriculado e do  assegurar  a observância  minuciosa  e  ininterrupta  das 
nomeado,  a  que  se  refere  o  artigo  anterior,  terá  ordens, das regras do serviço e das normas operativas 
caráter solene e será sempre prestado sob a forma de  pelas  praças  que  lhes  estiverem  diretamente 
juramento  à  Bandeira  na  presença  de  tropa  ou  subordinadas  e  a  manutenção  da  coesão  e  do  moral 
guarnição formada, conforme os dizeres estabelecidos  das mesmas praças em todas as circunstâncias. 
nos  regulamentos  específicos  das  Forças  Armadas,  e 
tão  logo  o  militar  tenha  adquirido  um  grau  de  Os  Cabos,  Taifeiros‐Mores,  Soldados‐de‐Primeira‐
instrução compatível com o perfeito entendimento de  Classe,  Taifeiros‐de‐Primeira‐Classe,  Marinheiros, 
seus deveres como integrante das Forças Armadas.  Soldados,  Soldados‐de‐Segunda‐Classe  e  Taifeiros‐de‐
Segunda‐Classe  são,  essencialmente,  elementos  de 
execução. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
 
 Os  Marinheiros‐Recrutas,  Recrutas,  Soldados‐ São  competentes  para  determinar  o  imediato 
Recrutas e Soldados‐de‐Segunda‐Classe constituem os  afastamento do cargo ou o impedimento do exercício 
elementos  incorporados  às  Forças  Armadas  para  a  da função: 
prestação do serviço militar inicial. 
a) o Presidente da República;  
Às  praças  especiais  cabe  a  rigorosa  observância  das  b) os titulares das respectivas pastas militares e o 
prescrições  dos  regulamentos  que  lhes  são  Chefe do Estado‐Maior das Forças Armadas; e  
pertinentes,  exigindo‐se‐lhes  inteira  dedicação  ao  c) os comandantes, os chefes e os diretores, na 
estudo e ao aprendizado técnico‐profissional.  conformidade da legislação ou regulamentação 
específica de cada Força Armada.  
Às  praças  especiais  também  se  assegura  a  prestação 
do serviço militar inicial.  O  militar  afastado  do  cargo,  nas  condições 
mencionadas neste artigo, ficará privado do exercício 
 Cabe  ao  militar  a  responsabilidade  integral  pelas  de qualquer função militar até a solução do processo 
decisões  que  tomar,  pelas  ordens  que  emitir  e  pelos  ou das providências legais cabíveis. 
atos que praticar. 
São  proibidas  quaisquer  manifestações  coletivas, 
Da Violação das Obrigações e dos Deveres Militares  tanto  sobre  atos  de  superiores  quanto  as  de  caráter 
A  violação  das  obrigações  ou  dos  deveres  militares  reivindicatório ou político. 
constituirá  crime,  contravenção  ou  transgressão   Dos Crimes Militares 
disciplinar,  conforme  dispuser  a  legislação  ou 
regulamentação específicas.  O Código Penal Militar relaciona e classifica os crimes 
militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e 
A violação dos preceitos da ética militar será tão mais  dispõe  sobre  a  aplicação  aos  militares  das  penas 
grave  quanto  mais  elevado  for  o  grau  hierárquico  de  correspondentes aos crimes por eles cometidos. 
quem a cometer. 
Das Contravenções ou Transgressões Disciplinares 
No  concurso  de  crime  militar  e  de  contravenção  ou 
transgressão  disciplinar,  quando  forem  da  mesma  Os  regulamentos  disciplinares  das  Forças  Armadas 
natureza,  será  aplicada  somente  a  pena  relativa  ao  especificarão  e  classificarão  as  contravenções  ou 
crime.  transgressões disciplinares e estabelecerão as normas 
relativas  à  amplitude  e  aplicação  das  penas 
A  inobservância  dos  deveres  especificados  nas  leis  e  disciplinares,  à  classificação  do  comportamento 
regulamentos,  ou  a  falta  de  exação  no  cumprimento  militar  e  à  interposição  de  recursos  contra  as  penas 
dos mesmos, acarreta para o militar responsabilidade  disciplinares. 
funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante 
a legislação específica.  As penas disciplinares de impedimento, detenção ou 
prisão não podem ultrapassar 30 (trinta) dias. 
A apuração da responsabilidade funcional, pecuniária, 
disciplinar  ou  penal  poderá  concluir  pela  À  praça  especial  aplicam‐se,  também,  as  disposições 
incompatibilidade  do  militar  com  o  cargo  ou  pela  disciplinares  previstas  no  regulamento  do 
incapacidade para o exercício das funções militares a  estabelecimento de ensino onde estiver matriculada. 
ele inerentes. 
Dos Conselhos de Justificação e de Disciplina 
O militar que, por sua atuação, se tornar incompatível 
com  o  cargo,  ou  demonstrar  incapacidade  no  O  oficial  presumivelmente  incapaz  de  permanecer 
exercício  de  funções  militares  a  ele  inerentes,  será  como  militar  da  ativa  será,  na  forma  da  legislação 
afastado do cargo.  específica, submetido a Conselho de Justificação. 

O oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação, 
poderá  ser  afastado  do  exercício  de  suas  funções,  a 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
 
critério do respectivo Ministro, conforme estabelecido  RESUMOS: 
em legislação específica. 
É a ordenação da autoridade, 
Compete  ao  Superior  Tribunal  Militar,  em  tempo  de  HIERARQUIA   em  níveis  diferentes,  dentro 
paz,  ou  a  Tribunal  Especial,  em  tempo  de  guerra,  MILITAR:  da  estrutura  das  Forças 
Armadas 
julgar,  em  instância  única,  os  processos  oriundos  dos 
 
Conselhos  de  Justificação,  nos  casos  previstos  em  lei 
É  a  rigorosa  observância  e  o 
específica.  acatamento  integral  das  leis, 
regulamentos,  normas  e 
A  Conselho  de  Justificação  poderá,  também,  ser 
disposições  que 
submetido  o  oficial  da  reserva  remunerada  ou  fundamentam  o  organismo 
reformado,  presumivelmente  incapaz  de  permanecer  militar  e  coordenam  seu 
na situação de inatividade em que se encontra.  DISCIPLINA:  funcionamento  regular  e 
harmônico,  traduzindo‐se 
O Guarda‐Marinha, o Aspirante‐a‐Oficial e as praças  pelo  perfeito  cumprimento 
com  estabilidade  assegurada,  presumivelmente  do  dever  por  parte  de  todos 
incapazes de permanecerem como militares da ativa,  e  de  cada  um  dos 
serão submetidos a Conselho de Disciplina e afastados  componentes  desse 
organismo. 
das atividades que estiverem exercendo, na forma da 
 
regulamentação específica. 
São  âmbitos  de  convivência 
CIRCULO 
entre  militares  da  mesma 
O Conselho de Disciplina obedecerá a normas comuns  HIERÁRQUICO 
categoria. 
às três Forças Armadas. 
 
Compete  aos  Ministros  das  Forças  Singulares  julgar, 
GRAU 
em  última  instância,  os  processos  oriundos  dos  CONFERIDO POR: 
HIERARQUICO 
Conselhos  de  Disciplina  convocados  no  âmbito  das  PRESIDENTE  DA  REPUBLICA 
respectivas Forças Armadas.  ou  do  MINISTRO  DE  FORÇA 
POSTO 
SINGULAR  e  conferido  em 
A  Conselho  de  Disciplina  poderá,  também,  ser  CARTA PATENTE 
submetida  a  praça  na  reserva  remunerada  ou  AUTORIDADE  MILITAR 
GRADUAÇÃO 
reformada,  presumivelmente  incapaz  de  permanecer  COMPETENTE 
na situação de inatividade em que se encontra.   

PRAÇAS ESPECIAIS: 
A) GUARDAS‐MARINHA 
B) ASPIRANTE‐A‐OFICIAL 
C) TODOS  OS  ALUNOS  DE  ÓRGÃOS 
ESPECÍFICOS 
 

É  um  CONJUNTO  DE 


ATRIBUIÇÕES,  deveres  e 
CARGO 
responsabilidades  cometidos  a 
MILITAR 
um  militar  em  serviço  ativo. 
(Previstos em Legislação) 
FUNÇÃO  É  o  EXERCÍCIO  das  obrigações 
MILITAR  inerentes ao cargo militar 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 8 
 
VALOR MILITAR Art 27  
PATRIOTISMO,  traduzido  pela  vontade 
inabalável  de  cumprir  o  dever  militar  e  pelo 

solene juramento de fidelidade à Pátria até com 
o sacrifício da própria vida; 
AMOR  À  PROFISSÃO  das  armas  e  o  entusiasmo 

com que é exercida; 
C  CIVISMO e o CULTO das tradições históricas 
A  APRIMORAMENTO técnico‐profissional 
F  FÉ NA MISSÃO elevada das Forças Armadas 
ESPÍRITO  DE  CORPO,  orgulho  do  militar  pela 

organização onde serve; 
 

DEVERES MILITARES Art 31  
DEDICAÇÃO  e  a  fidelidade  à  Pátria,  cuja  honra, 
D  integridade e instituições devem ser defendidas 
mesmo com o sacrifício da própria vida 
D  DISCIPLINA e o respeito à Hierarquia 
CULTO aos Símbolos Nacionais (Bandeira, Hino e 

Selo) 
PROBIDADE  e  a  lealdade  em  todas  as 

circunstâncias 
RIGOROSO  cumprimento  das  obrigações  e  das 

ordens 
OBRIGAÇÕES  de  tratar  o  subordinado 

dignamente e com urbanidade 
 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 9 
 
EXERCÍCIOS:  (E)  Círculos  hierárquicos  são  âmbitos  de  convivência 
entre  os  militares  da  mesma  categoria  e  têm  a 
1  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  A  respeito  da  hierarquia  finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, 
militar  e  da  disciplina,  base  institucional  das  Forças  em ambiente de estima e confiança. 
Armadas, pode‐se afirmar que: 
2  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Quais  são  as  bases 
(A)  a  disciplina  e  o  respeito  à  hierarquia  devem  ser  institucionais das Forças Armadas? 
mantidos  em  todas  as  circunstâncias  da  vida  entre 
militares  da  ativa,  da  reserva  remunerada,  (A) Hierarquia e disciplina. 
excetuando‐se os reformados.  (B) Autoridade e responsabilidade. 
(C) Respeito e ordenação. 
(B)  a  hierarquia  militar  é  a  ordenação  da  autoridade,  (D) Posto e graduação. 
em  níveis  diferentes,  dentro  da  estrutura  das  Forças  (E) Leis e regulamentos. 
Armadas. 
3  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  De  acordo  com  o  Estatuto  dos 
(C) disciplina é a rigorosa observância e o acatamento  Militares,  a  base  institucional  das  Forcas  Armadas 
integral  das  leis,  regulamentos  e  normas  que  são? 
fundamentam  o  organismo  militar,  sendo  modificada 
nos casos de guerra ou conflito.  (A) Hierarquia e Liderança. 
(B) Hierarquia e Ética Militar. 
(D)  posto  é  o  grau  hierárquico  da  Praça,  conferido  (C) Ética Militar e Disciplina. 
pela autoridade militar competente.  (D) Liderança e Disciplina. 
(E)  círculos  hierárquicos  são  âmbitos  de  convivência  (E) Hierarquia e Disciplina. 
entre  militares  de  categorias  diferentes  e  têm  a  4  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  a  base 
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,  institucional das Forças Armadas? 
em ambiente de estima e confiança. 
(A) A autoridade e a obediência. 
RESPOSTA (comentada)  (B) A lei e os regulamentos internos. 
(A)  A  disciplina  e  o  respeito  à  hierarquia  devem  ser  (C) A liderança e a obediência. 
mantidos  em  todas  as  circunstâncias  da  vida  entre  (D) A hierarquia e a disciplina. 
militares  da  ativa,  da  reserva  remunerada  e  (E) O direito e o dever. 
reformados.  5  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Salvo  nos  casos  de 
(B) A hierarquia militar é a ordenação da autoridade,  precedência  funcional  estabelecidos  em  lei,  como  é 
em  níveis  diferentes,  dentro  da  estrutura  das  Forças  assegurada  a  precedência  entre  militares  da  ativa  do 
Armadas. (CERTA)  mesmo grau hierárquico? 

(C) Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento  (A) Pela responsabilidade. 
integral  das  leis,  regulamentos,  normas  e  disposições  (B) Pela antiguidade. 
que  fundamentam  o  organismo  militar  e  coordenam  (C) Pelo respeito. 
seu  funcionamento  regular  e  harmônico,  traduzindo‐ (D) Pelo posto. 
se  pelo  perfeito  cumprimento  do  dever  por  parte  de  (E) Pela graduação. 
todos  e  de  cada  um  dos  componentes  desse  6  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Segundo  o  Estatuto  dos 
organismo.  Militares  (Lei  n°.  6.880,  de  9  de  dezembro  de  1980), 
(D)  Posto  é  o  grau  hierárquico  do  oficial,  conferido  qual  publicação  relaciona  e  classifica  os  crimes 
por ato do Presidente da República ou do Ministro de  militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e 
Força Singular e confirmado em Carta Patente.  dispõe  sobre  a  aplicação  das  penas  correspondentes 
aos crimes cometidos por militares. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 10 
 
(A) Regulamento Disciplinar para a Marinha.  ficam autorizados a tratar, nas organizações militares, 
(B) Código Penal Militar.  de interesse de organizações ou empresas privadas de 
(C) Plano de Carreira de Oficiais da Marinha.  qualquer natureza. 
(D) Cerimonial da Marinha. 
(E) Ordenação Geral para o Serviço da Armada.  (E)  É  proibido  aos  oficiais  titulados  dos  Quadros  ou 
serviço  de  Saúde  e  de  Veterinária  o  exercício  de 
7  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  A  responsabilidade  integral  Atividade técnico‐profissional no meio civil. 
pelas decisões que tomar um militar, pelas ordens que 
emitir e pelos atos que praticar cabe ao  10  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Segundo  o  Estatuto  dos 
Militares  (Lei  n°.  6.880,  de  9  de  dezembro  de  1980), 
(A) seu superior direto.  assinale  a  opção  que  NÃO  corresponde  a 
(B) comandante de sua Unidade.  manifestações essenciais do valor militar. 
(C) comando de sua Força. 
(D) grupo que lidera.  (A) O orgulho pela organização onde serve. 
(E) próprio militar.  (B) O civismo e o culto das tradições históricas. 
(C) A fé na missão elevada das Forças Armadas. 
8  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Coloque  V  (verdadeiro)  ou  F  (D) A supremacia do conhecimento militar sobre o 
(falso)  nas  afirmativas  abaixo,  assinalando  a  seguir  a  técnico‐profissional. 
opção correta.  (E) O amor à profissão das armas e o entusiasmo com 
que é exercida. 
(      )  Comando  e  a  soma  de  autoridade,  deveres  e 
responsabilidades  de  que  o  militar  é  investido  11 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) De acordo com o Estatuto dos 
legalmente  quando  conduz  homens  ou  dirige  uma  Militares,  assinale  a  opção  que  completa 
organização  militar.  corretamente as lacunas da sentença abaixo. 
(   ) O comando não é vinculado ao grau hierárquico, e 
constitui  uma  prerrogativa  pessoal.  Todo  cidadão,  após  ingressar  em  uma  das  Forças 
(      )  A  subordinação  não  afeta,  de  modo  algum,  a  Armadas  mediante,  incorporação,  matrícula  ou 
dignidade  pessoal  do  militar.  nomeação,  prestará  compromisso  de 
(      )  A  subordinação  decorre,  exclusivamente,  da  _________________,  no  qual  afirmará  a  sua 
estrutura hierarquizada das Forças Armadas.  aceitação_________________  das  obrigações  e  dos 
_____________  militares  e  manifestará  a  sua  firme 
(A) (V) (V) (V) (V)  disposição de bem cumpri‐los. 
(B) (V) (F) (V) (V) 
(C) (F) (F) (V) (V)  (A) honra / voluntária / valores 
(D) (V) (F) (F) (V)  (B) honra / consciente / deveres 
(E) (F) (F) (F) (F)  (C) sangue / consciente / deveres 
(D) honra / consciente / valores 
9  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  De  acordo  com  o  Estatuto  dos  (E) sangue / voluntária / valores 
Militares,  com  relação  aos  conceitos  de  Valor  e  Ética 
Militar, assinale a opção correta.   12  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  O  conjunto  de  atribuições, 
deveres  e  responsabilidades  cometidos  a  um  militar 
(A)  O  civismo  e  o  culto  das  tradições  religiosas  são  em serviço ativo, denomina‐se  
manifestações  essenciais  do  valor  militar. 
(B)  Ao  militar  da  ativa,  é  permitido  comerciar  ou  (A) Cargo Militar. 
tomar  parte  na  administração  ou  gerência  de  (B) Função Militar. 
sociedade.  (C) Graduação Militar. 
(C)  Abster‐se  de  fazer  uso  do  posto  ou  da  graduação  (D) Valor Militar. 
para obter facilidades pessoais de qualquer natureza e  (E) Dever Militar. 
considerado  um  dos  preceitos  da  Ética  militar.  13  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Acerca  da  violação  das 
(D)  Os  integrantes  da  reserva,  quando  convocados,  obrigações ou dos deveres militares, assinale a opção 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 11 
 
que  completa  corretamente  as  lacunas  da  sentença  (D)  os  Cabos  têm  precedência  sabre  os  alunos  das 
abaixo.  escolas ou dos centros de formação de sargentos, que 
a  eles  são  equiparados,  respeitada,  no  caso  de 
Consoante  a  legislação  específica,  o  Estatuto  dos  militares,  a  antiguidade  relativa. 
Militares estabelece que a inobservância dos deveres  (E)  os  Aspirantes,  alunos  da  Escola  Naval,  e  os 
especificados  nas  leis  e  regulamentos,  ou  a  falta  de  Cadetes,  alunos  da  Academia  Militar  das  Agulhas 
exação no cumprimento dos mesmos, acarreta para o  Negras  e  da Academia  da  Força  Aérea,  bem  como  os 
militar  responsabilidade  _________________,  alunos  da  Escola  de  Oficiais  Especialistas  da 
____________________,  _________________  ou  Aeronáutica,  são  hierarquicamente  superiores  aos 
______________.  suboficiais e aos subtenentes. 
(A) funcional / pecuniária / disciplinar / penal  16 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017)  De acordo com o Estatuto dos 
(B) funcional / pecuniária / disciplinar / civil  Militares,  assinale  a  opção  que  apresenta  o  Posto  ao 
(C) civil / trabalhista / disciplinar / penal  qual  um  militar  poderá  ser  promovido  somente  em 
(D) funcional / trabalhista / disciplinar / civil  tempo de guerra. 
(E) civil / pecuniária / disciplinar / penal 
(A) Capitão de Mar e Guerra. 
14 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que NÃO esta  (B) Coronel. 
de  acordo  com  o  preconizado  no  Estatuto  dos  (C) Almirante de Esquadra. 
Militares.   (D) Brigadeiro. 
(A)  A  disciplina  e  o  respeito  à  hierarquia  devem  ser  (E) Marechal. 
mantidos  em  todas  as  circunstâncias  da  vida  entre  17 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 47 do Estatuto 
militares  da  ativa,  da  reserva  remunerada  e  dos  Militares,  os  regulamentos  disciplinares  das 
reformados.  Forças  Armadas  especificarão  e  classificarão  as 
(B)  Círculos  hierárquicos  são  âmbitos  de  convivência  contravenções  ou  transgressões  disciplinares  e 
entre  os  militares  de  diferentes  categorias  e  têm  a  estabelecerão  as  normas  relativas  a  amplitude  e 
finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,  aplicação  das  penas  disciplinares,  à  classificação  do 
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do  comportamento  militar  e  à  interposição  de  recursos 
respeito  mútuo.  contra  as  penas  disciplinares.  Sendo  assim,  pode‐se 
(C) Posto e o grau hierárquico do oficial, conferido por  afirmar  que  as  penas  disciplinares  de  impedimento, 
ato  do  Presidente  da  República  ou  do  Ministro  de  detenção ou prisão NÃO podem ultrapassar: 
Força  Singular  e  confirmado  em  Carta  Patente. 
(D)  Os  postos  de  Almirante,  Marechal  e  Marechal  do  (A) trinta dias. 
Ar  somente  serão  providos  em  tempo  de  guerra.  (B) dez dias. 
(E)  Graduação  e  o  grau  hierárquico  da  praça,  (C) vinte dias. 
conferido pela autoridade militar competente.  (D) quarenta dias. 
(E) sessenta dias. 
15 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 19 do Estatuto 
dos Militares, a precedência entre as praças especiais  18  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Segundo  o  Estatuto  dos 
e as demais praças e assim regulada, EXCETO:  Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), as 
penas  disciplinares  de  impedimento,  detenção  ou 
(A)  os  Guardas‐Marinha  e  os  Aspirantes‐a‐Oficial  são  prisão não poderão ultrapassar: 
hierarquicamente  superiores  às  demais  praças. 
(B)  os  alunos  de  Escola  Preparatória  de  Cadetes  e do  (A) dez dias. 
Colégio  Naval  não  têm  precedência  sabre  os  (B) vinte dias. 
Terceiros‐Sargentos,  aos  quais  são  equiparados.  (C) trinta dias. 
(C)  os  alunos  dos  órgãos  de  formação  de  oficiais  da  (D) quarenta dias. 
reserva,  quando  fardados,  têm  precedência  sobre  os  (E) cinquenta dias. 
Cabos,  aos  quais  são  equiparados. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 12 
 
19 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto  (D) o civismo e o culto das tradições históricas. 
dos  Militares,  os  militares  da  ativa  que,  no  (E) culto aos símbolos nacionais. 
desempenho  voluntário  e  permanente  do  serviço 
militar,  tenha  vitaliciedade  assegurada  ou  presumida  24 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Segundo o art. 28 do Estatuto 
são classificados como:  dos  Militares,  o  sentimento  do  dever,  o  pundonor 
militar  e  o  decoro  da  classe  impõem,  a  cada  um  dos 
(A) militares da reserva remunerada.  integrantes  das  Forças  Armadas,  conduta  moral  e 
(B) militares da reserva não remunerada.  profissional  irrepreensíveis,  com  a  observância  dos 
(C) militares reformados.  seguintes preceitos de ética militar: 
(D) militares de carreira. 
(E) inativos e pensionistas.  (A) o amor à profissão das armas e o entusiasmo com 
que é exercida. 
20  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  Que  documento  regula  a  (B) o aprimoramento técnico‐profissional. 
situação,  a  obrigação,  os  deveres,  os  direitos  e  as  (C) o espírito de corpo e o orgulho do militar pela 
prerrogativas dos membros das Forças Armadas?  organização onde serve. 
(D) o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável 
(A) Código Penal Militar  de cumprir o dever militar e pelo solene juramento de 
(B) Constituição Federal  fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria vida. 
(C) Código Penal.  (E) praticar a camaradagem e desenvolver, 
(D) Código de Processo Penal.  permanentemente, o espírito de cooperação. 
(E) Estatuto dos Militares. 
25  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Segundo  o  Estatuto  dos 
21  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  ‐  Os  regulamentos  Militares (Lei n°. 6.880, de 9 de dezembro de 1980), o 
disciplinares  das  Forças  Armadas  especificarão  e  militar  que,  por  sua  atuação,  tornar‐se  incompatível 
classificarão:  com  o  cargo,  ou  demonstrar  incapacidade  no 
(A) o treinamento físico.  exercício  de  funções  militares  a  ele  inerentes,  será 
(B) as contravenções ou transgressões disciplinares.  afastado do cargo. Sendo assim, marque a opção que 
(C) as normas de etiqueta.  apresenta a autoridade pública que tem competência 
(D) os Postos e Graduações.  para determinar o imediato afastamento do militar do 
(E) os uniformes.  cargo  ou  o  impedimento  do  exercício  de  sua  função, 
nos casos mencionados. 
22  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Segundo  o  art.  27,  Estatuto 
dos  Militares,  e  manifestação  essencial  do  valor  (A) Presidente da República. 
militar:   (B) Governador. 
(C) Vereador 
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana.  (D) Senador 
(B) empregar todas as suas energias em benefício do  (E) Presidente do Congresso Nacional. 
serviço. 
(C) a fé na missão elevada das Forças Armadas.  26 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o Estatuto 
(D) acatar as autoridades civis.  dos  Militares,  o  grau  hierárquico  da  praça,  conferido 
(E) cumprir seus deveres de cidadão.  por autoridade competente, é denominado: 

23 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – É manifestação essencial do  (A) posto 
valor militar:  (B) graduação 
(C) patente 
(A) respeitar a dignidade da pessoa humana.  (D) grau 
(B) a disciplina e o respeito à hierarquia.  (E) círculo 
(C) proceder de maneira ilibada na vida pública e na 
particular  27 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A Marinha, o Exército e a 
Aeronáutica constituem as Forças: 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 13 
 
(A) Auxiliares.  31  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Segundo  o 
(B) Militares.  Estatuto dos Militares, NÃO são considerados reserva 
(C) Públicas.  das Forças Armadas:  
(D) Policiais. 
(E) Armadas.  (A) militares da reserva remunerada. 
(B) demais cidadãos em condições de convocação ou 
  de mobilização para a ativa. 
(C) agentes de segurança privada. 
28  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Segundo  o  (D) Policiais Militares. 
Estatuto dos Militares, o Guarda‐Marinha, o Aspirante  (E) Corpos de Bombeiros Militares. 
a  Oficial  e  as  praças  com  estabilidade  assegurada, 
presumivelmente  incapazes  de  permanecerem  como  32  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  As  penas 
militares da ativa, serão submetidos a Conselho de   disciplinares  de  impedimento,  detenção  ou  prisão 
NÃO podem ultrapassar 
(A) Justiça. 
(B) Defesa.  (A) 10 dias. 
(C) Disciplina.  (B) 15dias. 
(D) Justificação.  (C) 20 dias. 
(D) 25 dias. 
29  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Assinale  a  (E) 30 dias. 
opção  INCORRETA  com  relação  ao  Estatuto  dos 
Militares.  33  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Segundo  o 
Estatuto dos Militares, ao militar da ativa é vedado: 
(A) Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por 
ato do Presidente da República ou do Ministro de  (A) acatar as autoridades civis. 
Força Singular e confirmado em Carta Patente.  (B) comerciar ou tomar parte na administração ou 
(B) Os postos de Almirante, Marechal e Marechal‐do‐ gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, 
Ar somente serão providos em tempo de guerra.  exceto como acionista ou quotista, em sociedade 
(C) Graduação e o grau hierárquico da praça,  anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. 
conferido pela autoridade militar competente.  (C) exercer, diretamente, a gestão de seus bens. 
(D) Os Guardas‐Marinha, os Aspirantes a Oficial e os  (D) observar as normas da boa educação. 
alunos de órgãos específicos de formação de militares  (E) praticar a camaradagem e desenvolver, 
são denominados praças especiais.  permanentemente, o espírito de cooperação. 
(E) As carreiras de oficiais das Forcas Armadas são 
facultadas a brasileiros naturalizados.  34 ‐ (EAOF ‐2008) – Leia as assertivas abaixo: 
1 ‐ A autoridade e a responsabilidade são 
30  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Segundo  o  inversamente proporcionais ao grau hierárquico. 
Estatuto  dos  Militares,  o  oficial  presumivelmente  2 ‐ Um Primeiro Tenente da Ativa possui precedência 
incapaz de permanecer coma militar da ativa será, na  sobre outro Primeiro Tenente da Reserva. 
forma da legislação específica, submetido a Conselho  3 ‐ Função militar é um conjunto de atribuições, 
de  deveres e responsabilidades cometidos a um militar 
em serviço ativo. 
(A) Disciplina.  4 ‐ A violação dos preceitos da ética militar será tão 
(B) Justificação.  mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico 
(C) Almirantes.  de que cometer. 
(D) Defesa. 
(E) Justiça.  Das assertivas acima, estão corretas: 

(A) 2 e 4 
(B) 2 e 3 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 14 
 
(C) 1 e 3  (A)  a  precedência  entre  militares  da  ativa  de  mesmo 
(D) 1 e 4.  posto  ou  graduação  e  assegurada  pelo  merecimento 
no  respectivo  posto  ou  graduação. 
  (B) os Guardas‐Marinha têm precedência tanto sobre 
35 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n°  os  suboficiais  quanto  sobre  os  subtenentes. 
6.880,  de  9  de  dezembro  de  1980)  define  posto  e  (C)  a  precedência  entre  as  praças  especiais  e  as 
graduação dos militares. Considerando as disposições  demais  praças  não  e  regulada  pelo  Estatuto  dos 
dessa  lei  que  tratam  sobre  o  posto  e  a  graduação,  Militares. 
assinale a opção correta.  (D)  em  igualdade  de  posto  ou  de  graduação,  a 
precedência  entre  os  militares  de  carreira  na  ativa  e 
(A) Os Guardas‐Marinha têm o menor posto na  os  da  reserva,  que  estejam  convocados,  é  definida 
Marinha do Brasil.  pela  data  de  nascimento,  e,  nesse  caso,  o  de  mais 
(B) Todo posto e confirmado em Carta‐Patente.  idade  será  considerado  o  mais  antigo. 
(C) O posto de Almirante existe em tempo de paz na  (E)  em  igualdade  de  posto  ou  de  graduação,  os 
Marinha do Brasil.  militares  da  reserva  têm  precedência  sabre  os  da 
(D) A graduação é um circulo hierárquico conferido  ativa. 
pela autoridade competente. 
(E) O merecimento no posto ou graduação é um dos   
critérios para assegurar a precedência entre militares.  38  ‐  (EAOF  ‐2005)  –  Correlacione  as  1ª  Coluna  de 
36 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) O Estatuto dos Militares (lei n°  acordo com a 2ª Coluna. 
6.880, de 9 de dezembro de 1980) define cargo militar   (1) Hierarquia e Disciplina 
e  função  militar,  que  podem  ser  atribuídos  aos  (2) Círculos hierárquicos 
militares  em  serviço  ativo.  Considerando  as  (3) Função Militar 
disposições  dessa  lei  sobre  cargo  militar,  função  (4) Valor Militar 
militar  e  violação  das  obrigações  e  dos  deveres  (5) Ética Militar 
militares, assinale a opção correta. 
(   ) âmbitos de convivência entre os militares da 
(A) Função militar é um conjunto de atribuições,  mesma categoria 
deveres e responsabilidades cometidos a um militar  (   ) aprimoramento técnico‐profissional 
em serviço ativo.  (   ) proceder de maneira ilibada na vida pública e na 
(B) O militar em serviço ativo não pode ficar impedido  vida particular 
de exercer função militar.  (   ) base institucional das Forças Armadas 
(C) Toda militar em serviço ativo sempre ocupa, pelo  (   ) exercício da obrigações inerentes ao cargo militar 
menos, um cargo militar. 
(D) Considera‐se vago o cargo militar cujo ocupante   
tenha sido considerado prisioneiro. 
(E) Para o provimento de cargo militar não importa o  39  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  Com  base  nas  disposições 
grau hierárquico do futuro ocupante.  relativas  à  violação  das  obrigações  e  dos  deveres 
militares, constantes do Estatuto dos Militares (Lei n° 
  6.880, de 9 de dezembro de 1980), é correto afirmar 
que: 
37  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  À  luz  das  disposições  do 
Estatuto dos Militares (lei n° 6.880, de 9 de dezembro  (A) a violação das obrigações ou dos deveres militares 
de 1980), sobre a precedência entre militares da ativa  constitui  apenas  contravenção  ou  transgressão 
e inativos e correto afirmar que:  disciplinar,  conforme  dispuser  a  legislação  ou 
regulamentação específica. 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 15 
 
(B)  a  aplicação  da  pena  disciplinar  de  prisão  está  Respostas:  
normatizada  nos  regulamentos  disciplinares  de  cada   
Forças Armada. 
1  B  11  B  21  B  31  C 
(C)  a  violação  dos  preceitos  da  ética  militar  será  tão  2  A  12  A  22  C  32  E 
mais  grave  quanta  menos  elevado  for  o  grau  3  E  13  A  23  D  33  B 
hierárquico  de quem a cometer.  4  D  14  B  24  E  34  A 
5  B  15  B  25  A  35  B 
(D)  o  militar  que,  por  sua  atuação,  se  tornar  6  B  16  E  26  B  36  D 
incompatível  com  o  cargo  ou  demonstrar  7  E  17  A  27  E  37  B 
incapacidade  no  exercício  de  funções  militares  a  ele  8  B  18  C  28  C  39  B 
9  C  19  D  29  E  40  E 
inerentes  será  punido  na  forma  da  lei,  sendo 
10  D  20  E  30  B     
assegurado no cargo caso possua estabilidade. 
 
(E) são permitidas manifestações coletivas sobre atos 
38  ‐ (2, 4, 5, 1, 3)  
de  superiores  e  de  caráter  reivindicatório,  desde  que 
não afetem a hierarquia e a disciplina.   

40  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  Os  valores  militares 


influenciam,  de  forma  consciente  ou  inconsciente,  o 
comportamento  e,  em  particular,  a  conduta  pessoal 
de  cada  integrante  das  Forças  Armadas.  De  acordo 
com o disposto no artigo n° 7 o Estatuto dos Militares 
(lei  n°  6.880,  de  9  de  dezembro  de  1980),  assinale  a 
opção que apresenta manifestação essencial do valor 
militar. 

(A) A probidade e a lealdade em todas as 
circunstâncias. 
(B) O rigoroso cumprimento das obrigações e das 
ordens. 
(C) A disciplina e o respeito à hierarquia. 
(D) O culto aos Símbolos Nacionais. 
(E) O culto das tradições históricas e o civismo. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 16 
 
 
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA – EMA‐137  benefícios às organizações, como também contribuirá 
para o sucesso profissional individual de cada militar. 
ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA  Desta  forma,  o  contínuo  desenvolvimento  das 
 1.1  ‐  PROPÓSITO  Este  capítulo  aborda  conceitos,  qualidades  dos  militares  da  MB  como  líderes  deverá 
aspectos  fundamentais,  estilos,  fatores,  atributos  e  ser  objeto  de  atenta  e  permanente  atenção,  a  ser 
níveis  de  liderança,  para  prover  conhecimentos  trabalhada,  conjuntamente,  pela  instituição  e, 
básicos  que  definam  a  natureza  das  relações  prioritariamente, por cada militar.  
desejáveis entre líderes e liderados.  
1.3  ‐  ASPECTOS  FUNDAMENTAIS  DA  LIDERANÇA 
1.2 ‐ CHEFIA E LIDERANÇA   Neste  tópico  serão  abordados  aspectos  relacionados 
aos tipos de liderança. 
O  exercício  da  chefia,  comando  ou  direção,  é 
entendido pelo conjunto de ações e decisões tomadas  Existem diversas conceituações para liderança 
pelo  mais  antigo,  com  autoridade  para  tal,  na  sua  na  literatura  especializada.  A  Marinha  do  Brasil 
esfera  de  competência,  a  fim  de  conduzir  de  forma  define  liderança  como:  “o  processo  que  consiste  em 
integrada o setor que lhe é confiado.  influenciar  pessoas  no  sentido  de  que  ajam, 
voluntariamente,  em  prol  do  cumprimento  da 
No  desempenho  de  suas  funções,  os  mais  missão”.  Fica  evidenciado,  pela  definição,  que  a 
antigos,  normalmente,  desempenham  dois  papéis  liderança  inclui  não  só  a  capacidade  de  fazer  um 
funcionais, a saber: o de “chefe” e o de “condutor de  grupo  realizar  uma  tarefa  específica  mas,  sobretudo, 
homens”.  Em  relação  ao  primeiro  papel,  prevalece  a  executá‐la  de  forma  voluntária,  atendendo  ao  desejo 
autoridade  advinda  da  responsabilidade  atribuída  à  do líder como se fosse o seu próprio.  
função,  associada  com  aquela  decorrente  de  seu 
posto  ou  graduação,  à  qual  passaremos  a  definir,  Nessa  definição  de  liderança,  estão  implícitos 
genericamente,  como  chefia.  Com  respeito  ao  os  seus  agentes,  ou  seja,  o  líder  e  os  liderados,  as 
segundo  papel,  identifica‐se  um  estreito  relações  entre  eles  e  os  princípios  filosóficos, 
relacionamento  com  o  atributo  de  líder.  Neste  psicológicos  e  sociológicos  que  regem  o 
contexto, fica ressaltada a importância da capacidade  comportamento humano.  
individual  dos  mais  antigos  em  influenciarem  e 
1.3.1 ‐ Aspectos Filosóficos  
inspirarem os seus subordinados.  
A  Filosofia  tem  como  característica 
Caracterizados  esses  dois  atributos  do 
desenvolver o senso crítico, que fornece ao indivíduo 
comandante, o de chefe e o de líder, pode‐se afirmar 
bases metodológicas para efetuar, permanentemente, 
que comandar é exercer a chefia e a liderança, a fim 
o  exame  corrente  da  situação,  favorecendo  o 
de  conduzir  eficazmente  a  organização  no 
processo  de  tomada  de  decisões.  Tal  prática  é 
cumprimento  da  missão.  Sendo  o  exercício  do 
fundamental  ao  exercício  da  liderança,  podendo‐se 
comando  um  processo  abrangente,  a  divisão  ora 
verificar  que  o  requisito  pensamento  crítico  está 
apresentada será utilizada para efeito de uma melhor 
direta ou indiretamente associado a diversos atributos 
compreensão do tema em lide, pois chefia e liderança 
de liderança prescritos nesta Doutrina.  
não  são  processos  alternativos  e  sim,  simultâneos  e 
complementares.   A Axiologia, também conhecida como a teoria 
dos  valores,  é  considerada  a  parte  mais  nobre  da 
Os melhores resultados no tocante à liderança 
Filosofia.  O  processo  de  influenciação  de  um  grupo, 
ocorrem  quando  ela  é  desenvolvida,  não  sendo 
que  é  a  essência  da  liderança,  está  profundamente 
impositiva.  Neste  contexto,  a  liderança  deve  ser 
ligado  aos  valores  éticos  e  morais  que  devem  ser 
entendida como um processo dinâmico e progressivo 
transmitidos e praticados pelo líder.  
de  aprendizado,  o  qual,  desenvolvido  nos  cursos  de 
carreira e no dia a dia das OM, trará não só evidentes 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
A  prática  dos  fundamentos  filosóficos  da  necessidades,  valores  e  todos  os  outros  aspectos  do 
educação,  seja  ela  formal  ou  informal,  desenvolvida  campo  psicológico  do  indivíduo.”  (FRENCH;  RAVEN, 
por  grupos  sociais,  independente  de  suas  crenças  e  1969, apud NOBRE, 1998, p. 43)  
culturas,  constitui‐se  no  elemento  catalisador  dos 
valores universais.   Os  processos  grupais  e  a  liderança  são  os 
principais  objetos  de  estudo  da  Psicologia  Social  e  a 
O  ser  humano  precisa  receber  uma  educação  subjetividade humana, a personalidade e as mudanças 
adequada  para  ser  capaz  de  valorizar  um  objeto  (a  psicológicas oriundas de processos de influenciação e 
vida humana, a Pátria, a família). Sem essa educação,  de aprendizagem são focos de estudo e de análise da 
perde‐se  a  capacidade  de  perceber  esses  valores,  Psicologia.  O  caminho  para  a  liderança  passa  pelo 
especialmente  quando  se  trata  daqueles  universais,  conhecimento  profissional,  mas  também  pelo 
tais como: honra, dignidade e honestidade.  autoconhecimento  e  por  conhecer  bem  seus 
subordinados.  Para  os  dois  últimos  requisitos,  a 
A  característica  fundamental  da  Axiologia  Psicologia  pode  oferecer  ferramentas  úteis  para  o 
consiste  na  hierarquização  desses  valores,  que  são  líder.  Pesquisas  mostram  que  o  quociente  emocional 
transmitidos pela educação familiar, pela sociedade e  (QE)  ou  inteligência  emocional  está,  cada  vez  mais, 
pelo  grupo.  Essa  hierarquização  de  valores  varia  de  destacando‐se  como  o  principal  diferencial  de 
um  país  para  o  outro,  de  uma  sociedade  organizada  competência  no  trabalho.  Esta  conclusão  é 
para  outra,  de  um  grupo  social  para  outro.  Por  especialmente  pertinente,  em  se  tratando  do 
exemplo,  os  fundamentalistas  islâmicos,  que  se  desempenho em funções de liderança. A Psicologia é, 
sacrificam  em  atentados,  contrariando  o  instinto  de  portanto,  uma  ciência  que  fornece  firme 
preservação, valor primordial do ser humano.  embasamento teórico e prático para que o líder possa 
Valores  como  a  honra,  a  dignidade,  a  influenciar pessoas.  
honestidade, a lealdade e o amor à pátria, assim como  1.3.3 ‐ Aspectos Sociológicos  
todos  os  outros  considerados  vitais  pela  Marinha, 
devem  ser  praticados  e  transmitidos,  Os textos deste subitem foram retirados, com 
permanentemente,  pelo  líder  aos  seus  liderados.  A  adaptações,  do  Manual  de  Liderança,  editado  em 
tarefa  de  doutrinamento  visa  a  transmitir  a  sua  1996 (130‐ Bases Sociológicas).  
correta hierarquização, priorizando‐os em relação aos 
valores  materiais,  como  o  dinheiro,  o  poder  e  a  Sociólogos  concordam  que  a  perspectiva 
satisfação pessoal.   sociológica  envolve  um  processo  que  vai  permitir 
examinar  as  coletividades  além  das  fachadas  das 
Este  é  o  maior  desafio  a  ser  enfrentado  por  estruturas  sociais,  com  o  propósito  de  refletir,  com 
aquele que pretende exercer a liderança de um grupo.   profundidade,  sobre  a  dinâmica  de  forças  atuantes 
em dada coletividade.  
1.3.2 ‐ Aspectos Psicológicos  
A  liderança  envolve  líder,  liderados,  e 
“Em essência, a liderança envolve a realização  contexto  (ou  situação),  constituindo, 
de  objetivos  com  e  através  de  pessoas.  fundamentalmente,  uma  relação.  Para  muitos 
Consequentemente,  um  líder  precisa  preocupar‐se  teóricos,  a  liderança,  dadas  as  características 
com  tarefas  e  relações  humanas.”  (HERSEY;  singulares  que  envolve,  constitui‐se  em  um  processo 
BLANCHARD, 1982, p. 105).   ímpar  de  interação  social.  Partindo  desta  visão  da 
O  líder  influencia  outros  indivíduos,  provocando,  liderança,  é  evidente  o  quanto  a  Sociologia  tem  para 
basicamente, mudanças psicológicas   contribuir  em  termos  de  embasamento  teórico  no 
estudo e na construção do processo da liderança.  
e  
Os  militares,  em  geral,  em  função  da 
“[...]  num  nível  de  generalidade  que  inclui  mudanças  peculiaridade  de  suas  atividades  profissionais, 
em  comportamentos,  opiniões,  atitudes,  objetivos,  constituem  uma  subcultura  dentro  da  sociedade 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
brasileira.  Focalizando  mais  de  perto  ainda,  pode‐se  A  competição  pode  ser  pessoal  –  entre  um 
afirmar  que  a  Marinha,  dentro  das  Forças  Armadas,  número  limitado  de  concorrentes  que  se  conhecem 
face  a  suas  atribuições  muito  próprias,  constitui‐se,  entre si – ou impessoal – quando o número de rivais é 
igualmente,  em  uma  subcultura.  A  liderança,  por  tal,  que  se  torna  impossível  o  conhecimento  entre 
definição, pressupõe a atuação do líder sobre grupos  eles,  como  ocorre,  por  exemplo,  nos  exames 
humanos;  os  membros  destes  grupos  são,  em  geral,  vestibulares ou em concursos públicos. 
oriundos  de  diferentes  subculturas.  Estes  indivíduos, 
ao  ingressarem  na  Marinha,  passarão  a  integrar‐se  a  Atualmente,  os  especialistas  concordam  que 
esta nova subcultura, após um período de adaptação.  ambos  os  processos  –  cooperação  e  competição  – 
No âmbito da Marinha, pode‐se distinguir subculturas  coexistem  e,  até  mesmo,  sobrepõem‐se  na  maioria 
correspondentes aos diferentes Corpos e Quadros, em  das sociedades. O que varia, em função de diferenças 
função da missão atribuída a cada um deles. Cultura e  culturais,  é  a  intensidade  com  que  cada  um  é 
subcultura  são,  portanto,  temas  de  estudo  da  experimentado.  
Sociologia de interesse para a liderança.   Sob  o  ponto  de  vista  psicológico,  é  relevante 
Outro  tópico  de  Sociologia  avaliado  como  considerar  que,  se  a  competição  tem  o  mérito  inicial 
relevante  é  o  dos  processos  sociais,  estes  definidos  de estimular a atividade dos indivíduos e dos grupos, 
como  a  interação  repetitiva  de  padrões  de  aumentando‐lhes  a  produtividade,  tem  o  grave 
comportamento  comumente  encontrados  na  vida  inconveniente  de  desencorajar  os  esforços  daqueles 
social.  Os  processos  sociais  de  maior  incidência  nas  que  se  habituaram  a  fracassar.  Vencedor  há  um  só; 
sociedades  e  grupos  humanos  são:  cooperação,  todos os demais são perdedores. Outro inconveniente 
competição e conflito. O líder, cuja matéria‐prima é o  sério,  decorrente  do  estímulo  à  competição,  consiste 
grupo  liderado,  necessita  identificar  a  existência  de  na  forte  possibilidade  de  desenvolvimento  de 
tais processos, estimulando‐os ou não, em função das  hostilidades  e  desavenças  no  interior  do  grupo, 
especificidades da situação corrente e da natureza da  contribuindo  para  sua  desagregação.  A  instabilidade 
missão a ser levada a termo.   inerente  ao  processo  competitivo  faz  com  que  este, 
com  bastante  frequência,  se  transforme  em  conflito. 
Cooperação,  etimologicamente,  significa  Na  liderança,  a  competição  tem  sempre  que  ser 
trabalhar  em  conjunto.  Implica  uma  opção  pelo  saudável e estimulante.  
coletivo  em  detrimento  do  individual,  mas  nada 
impede  o  desenvolvimento  e  o  estímulo  das  Conflito é a exacerbação da competição. Uma 
habilidades de cada membro, em prol de um objetivo  definição  mais  específica  afirma  que  tal  processo 
comum. Sob muitos aspectos, e de um ponto de vista  consiste  em  obter  recompensas  pela  eliminação  ou 
humanista,  é  a  forma  ideal  de  atuação  de  grupos.  enfraquecimento  dos  competidores.  Ou  seja,  o 
Ocorre  que  nem  sempre  é  possível,  dentro  de  um  conflito  é  uma  forma  de  competição  que  pode 
grupo,  manter,  exclusivamente,  o  processo  caminhar  para  a  instalação  de  violência  e,  que  se  vai 
cooperativo.  Em  função  do  contexto,  das  intensificando,  à  medida  que  aumenta  a  duração  do 
circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza  processo, já que este tem caráter cumulativo – a cada 
do  grupo,  ou  das  características  do  líder,  outros  ato  hostil  surge  uma  represália  cada  vez  mais 
processos se desenvolvem.   agressiva.  

Competição é definida como a luta pela posse  O  processo  social  de  conflito  inclui  aspectos 


de  recompensas  cuja  oferta  é  limitada.  Tais  positivos e negativos. Por um lado, o conflito tende a 
recompensas incluem dinheiro, poder, status, amor e  destruir  a  unidade  social  e,  da  mesma  forma, 
muitos  outros.  Outra  forma  de  descrever  o  processo  desagregar  grupos  menores,  pelo  aumento  de 
competitivo o mostra como a tentativa de obter uma  ressentimento,  pelo  desvio  dos  objetivos  mais 
recompensa superando todos os rivais.   elevados do grupo, pela destruição dos canais normais 
de  cooperação,  pela  intensificação  de  tensões 
internas, podendo chegar à violência. Por outro lado, 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
doses  regulares  de  conflito  de  posições,  podem  ter  grandes  eixos:  grau  de  centralização  de  poder;  tipo 
efeito integrador dentro do grupo, na medida em que  de  incentivo;  e  foco  do  líder.  Pode‐se  afirmar, 
obrigam  os  grupos  a  se  autocriticarem,  a  reverem  genericamente, que os diferentes estilos de liderança, 
posições, a forçarem a formulação de novas políticas e  propostos  à  luz  das  diversas  teorias,  se  enquadram 
práticas, e, em consequência, a uma revitalização dos  em  três  principais  critérios  de  classificação, 
valores autênticos próprios daquele grupo.  apresentados como eixos lógicos em que se agrupam 
apenas sete estilos principais:  
 Uma  vez  instalado  e  manifesto  o  conflito  no 
seio de um grupo, seu respectivo líder terá de buscar  a) quanto ao grau de centralização de poder: 
soluções  e  alternativas  para  manter  o  controle  da  Liderança Autocrática, Liderança Participativa e 
situação. Não é fácil ou agradável para os líderes atuar  Liderança Delegativa;  
em situações de conflito, o que não justifica sua pura  b) quanto ao tipo de incentivo: Liderança 
e  simples  negação.  É  indispensável  que  o  líder  seja  Transformacional e Liderança Transacional; e  
capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo  c) quanto ao foco do líder: Liderança Orientada para 
quando ainda latentes, de modo a buscar estratégias  Tarefa e Liderança Orientada para Relacionamento. 
adequadas para gerenciá‐las construtivamente.  Os subitens a seguir descrevem os sete principais 
estilos de liderança propostos pelas diversas teorias. 
1.4 ‐ ESTILOS DE LIDERANÇA 
1.4.1 ‐ Liderança Autocrática  
Nos primórdios do século XX, prevaleceram as 
pesquisas sobre liderança, entendida como qualidade  A  liderança  autocrática  é  baseada  na 
inerente  a  certas  pessoas  ou  traço  pessoal  inato.  A  autoridade formal, aceita como correta e legítima pela 
partir dos anos 30, evoluiu‐se para uma concepção de  estrutura do grupo.  
liderança  como  conjunto  de  comportamentos  e  de 
habilidades que podem ser ensinadas às pessoas que,  O líder autocrático baseia a sua atuação numa 
desta  forma,  teriam  a  possibilidade  de  se  tornarem  disciplina  rígida,  impondo  obediência  e  mantendo‐se 
líderes eficazes.  afastado  de  relacionamentos  menos  formais  com  os 
seus  subordinados,  controla  o  grupo  por  meio  de 
Progressivamente,  os  pesquisadores  inspeções  de  verificação  do  cumprimento  de  normas 
abandonaram  a  busca  de  uma  essência  da  liderança,  e  padrões  de  eficiência,  exercendo  pressão  contínua. 
percebendo  toda  a  complexidade  envolvida  e  Esse  tipo  de  liderança  pode  ser  útil  e,  até  mesmo, 
evoluindo  para  análises  bem  mais  sofisticadas,  que  recomendável,  em  situações  especiais  como  em 
incluíam  diversas  variáveis  situacionais.  Nesse  combate,  quando  o  líder  tem  que  tomar  decisões 
contexto,  observa‐se  a  proliferação  de  publicações  rápidas e não é possível ouvir seus liderados, sendo a 
sobre  liderança,  incluindo  trabalhos  científicos  e  forma  de  liderança  mais  conhecida  e  de  mais  fácil 
literatura  sensacionalista  e  de  autoajuda.  Diferentes  adoção. 
autores  propõem  uma  infinidade  de  estilos  de 
liderança que se sobrepõem. Alguns fundamentam‐se   A principal restrição a esse tipo de liderança é 
em  estudos  e  pesquisas  e  outros  são  meramente  o  desinteresse  pelos  problemas  e  idéias,  tolhendo  a 
empíricos e intuitivos. Há também muitos modismos,  iniciativa  e,  por  conseguinte,  a  participação  e  a 
alguns  consistindo,  apenas,  em  atribuição  de  novos  criatividade  dos  subordinados.  O  uso  desse  estilo  de 
nomes  e  roupagens  a  antigos  conceitos,  sendo  liderança  pode  gerar  resistência  passiva  dentro  da 
reapresentados  como  se  fossem  avanços  na  área  de  equipe  e  inibir  a  iniciativa  do  subordinado,  além  de 
liderança.   não  considerar  os  aspectos  humanos,  dentre  eles,  o 
relacionamento líder‐liderados.  
Para  simplificar  a  apresentação  e  o  emprego 
de  uma  gama  de  estilos  de  liderança  consagrados  e  1.4.2 ‐ Liderança Participativa ou Democrática 
relevantes  para  o  contexto  militar‐naval,  foram  Nesse  estilo  de  liderança,  abre‐se  mão  de 
considerados  alguns  estilos  selecionados  em  três  parte da autoridade formal em prol de uma esperada 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
participação  dos  subordinados  e  aproveitamento  de  1.4.4 ‐ Liderança Transformacional 
suas  idéias.  Os  componentes  do  grupo  são 
incentivados  a  opinarem  sobre  as  formas  como  uma  Esse  estilo  de  liderança  é  especialmente 
tarefa poderá ser realizada, cabendo a decisão final ao  indicado  para situações de pressão, crise e mudança, 
líder (exemplo típico é o Estado‐Maior). O êxito desse  que  requerem  elevados  níveis  de  envolvimento  e 
estilo  é  condicionado  pelas  características  pessoais,  comprometimento dos subordinados, sendo que 
pelo  conhecimento  técnico‐profissional  e  pelo   “uma  ou  mais  pessoas  engajam‐se  com 
engajamento e motivação dos componentes do grupo  outras  de  tal  forma  que  líderes  e  seguidores  elevam 
como  um  todo.  Em  se  obtendo  sucesso,  a  satisfação  um ao outro a níveis mais altos de motivação e moral” 
pessoal e o sentimento de contribuição por parte dos  (BURNS, 1978, apud SMITH; PETERSON, 1994, p. 129) 
subordinados  são  fatores  que  permitem  uma 
realimentação  positiva  do  processo.  Na  ausência  do  Quatro  aspectos  caracterizam  a  liderança 
líder,  uma  boa  equipe  terá  condições  de  continuar  transformacional:  1º)  “[...]  carisma  (influência 
agindo  de  acordo  com  o  planejamento  previamente  idealizada)  associado  com  um  grau  elevado  de  poder 
estabelecido para cumprir a missão.   de referência por parte do líder [...]” (NOBRE, 1998, p. 
54),  que  é  capaz  de  despertar  respeito,  confiança  e 
O  líder  deve  estabelecer  um  ambiente  de  admiração; 2º) inspiração motivadora, que consiste na 
respeito,  confiança  e  entendimento  recíprocos,  capacidade de apresentar uma visão, dando sentido à 
devendo  possuir,  para  tanto,  ascendência  técnico‐ missão  a  ser  realizada,  de  instilar  orgulho.  Inclui 
profissional  sobre  seus  subordinados  e  conduta  ética  também  a  capacidade  de  simplificar  o  entendimento 
e moral compatíveis com o cargo que exerce. Um líder  sobre a importância dos objetivos a serem atingidos e, 
que  adota  o  estilo  democrático  encoraja  a  a  “[...]  possibilidade  de  criar  símbolos,  “slogans”  ou 
participação  e  delega  com  sabedoria,  mas  nunca  imagens que sintetizam e comunicam metas e ideais, 
perde de vista sua autoridade e responsabilidade.  concentrando assim os esforços [...]” (NOBRE, 1998, p. 
Um  chefe  inseguro  dificilmente  conseguirá  54);  3º)  estimulação  intelectual,  consiste  “[...]  em 
exercer  uma  liderança  democrática,  mas  tenderá  a  encorajar os subordinados a questionarem sua forma 
submeter  ao  grupo  todas  as  decisões.  Isso  poderá  usual  de  fazer  as  coisas,  [...]  além  de  incentivar  a 
fazer  com  que  o  chefe  acabe  sendo  conduzido  pelo  criatividade,  o  auto‐desenvolvimento  e  a  autonomia 
próprio grupo.  de pensamento” (NOBRE, 1998, p. 54‐55), propiciando 
a  formulação  de  críticas  construtivas,  em  busca  da 
1.4.3 ‐ Liderança Delegativa  melhoria  contínua;  4º)  “consideração  individualizada, 
implica  em  considerar  as  necessidades  diferenciadas 
Esse  estilo  é  indicado  para  assuntos  de  dos  subordinados,  dedicando  atenção  pessoal, 
natureza  técnica,  onde  o  líder  atribui  a  assessores  a  orientando  tecnicamente  e  aconselhando 
tomada  de  decisões  especializadas,  deixando‐os  agir  individualmente”  (CAVALCANTI  et  al.,  2005)  e  “[...] 
por  si  só.  Desse  modo,  ele  tem  mais  tempo  para  dar  oferecendo  também  meios  efetivos  de 
atenção  a  todos  os  problemas  sem  se  deter  desenvolvimento e auto‐superação.” (NOBRE, 1998, p. 
especificamente  a  uma  determinada  área.  É  eficaz  55).  Segundo  o  enfoque  da  liderança 
quando  exercido  sobre  pessoas  altamente  transformacional,  ao  encontrarem  significado  e 
qualificadas  e  motivadas.  O  ponto  crucial  do  sucesso  perspectivas  de  realização  pessoal  no  trabalho,  os 
deste  tipo  de  liderança  é  saber  delegar  atribuições  subordinados  alcançam  os  mais  elevados  níveis  de 
sem perder o controle da situação e, por essa razão, o  produtividade  e  criatividade,  fazendo  desaparecer  a 
líder,  também,  deverá  ser  altamente  qualificado  e  dicotomia  trabalho  e  prazer.  (BARRETT,  2000,  apud 
motivado.  O  controle  das  atividades  dos  elementos  CAVALCANTI et al., 2005).  
subordinados  é  pequeno,  competindo  ao  chefe  as 
tarefas  de  orientar  e  motivar  o  grupo  para  atingir  as  1.4.5 ‐ Liderança Transacional 
metas estabelecidas. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com  da  tarefa  ou  decisão;  importância  da  aceitação  da 
interesses  e  necessidades  primárias  dos  seguidores,  decisão  pelos  subordinados  para  obtenção  de  seu 
oferecendo  recompensas  de  natureza  econômica  ou  envolvimento  na  implantação  de  determinada  linha 
psicológica,  em  troca  de  esforço  para  alcançar  os  de ação; tempo disponível para realização da missão; 
resultados organizacionais desejados (CAVALCANTI et  riscos  envolvidos;  níveis  de  prioridade  no  que  diz 
al.,  2005).  A  liderança  transacional  envolve  os  respeito  à  produtividade  ou  à  satisfação  do  grupo;  e 
seguintes fatores:   nível  de  maturidade  psicológica  e  profissional  dos 
subordinados.  Destacando‐se  apenas  esta  última 
“A  recompensa  é  contingente,  buscando‐se  variável  como  exemplo,  pode‐se  afirmar, 
uma  sintonia  entre  o  atendimento  das  necessidades  genericamente, que a identificação de um baixo nível 
dos  subordinados  e  o  alcance  dos  objetivos  de maturidade (profissional e/ou emocional) no grupo 
organizacionais; Esse estilo de liderança caracteriza‐se  de  subordinados  induz  à  aplicação  de  estilos  com 
também pela administração por exceção, que implica  maior  centralização  de  poder,  mais  foco  na  tarefa  e 
num  gerenciamento  atuante  somente  no  sentido  de  que  incentivos  no  nível  transacional  (licença,  rancho, 
corrigir erros [...].” (NOBRE, 1998, p. 55)   conforto etc) tendem a ter mais valência para o grupo. 
Neste estilo de liderança, o líder “[...] observa  Por  outro  lado,  grupos  mais  maduros,  em  geral, 
e procura desvios das regras e padrões, toma medidas  respondem melhor a estilos menos centralizadores de 
corretivas.” (CAVALCANTI et al., 2005, p. 120).  poder e a incentivos no nível da autorrealização, como 
ocorre no estilo transformacional. Naturalmente, não 
1.4.6 ‐ Liderança Orientada para Tarefa  apenas  uma,  mas  todas  as  variáveis  relevantes  de 
cada situação devem ser consideradas pelo líder.  
A  especialização  em  tarefas  é  uma  das 
principais  responsabilidades  do  líder,  na  medida  em  Portanto,  diferentes  estilos  de  liderança 
que possui a necessária qualificação profissional para  podem  ser  adotados,  de  acordo  com  as 
o  exercício  da  função.  Nesse  estilo  de  liderança,  circunstâncias. Pode‐se considerar que:  
então,  o  líder  focaliza  o  desempenho  de  tarefas  e  a 
realização  de  objetivos,  transmitindo  orientações  “[...] quando se abandona a idéia de que deve 
específicas, definindo maneiras de realizar o trabalho,  existir  uma  melhor  forma  de  liderar,  todas  as  teorias 
o  que  espera  de  cada  um  e  quais  são  os  padrões  subsequentes  de  liderança  devem  ser  contingenciais 
organizacionais.   ou situacionais, isto é, devem definir as circunstâncias 
que  afetam  o  comportamento  e  a  eficácia  dos 
1.4.7 ‐ Liderança Orientada para Relacionamento  líderes.” (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173) 

Nesse  estilo  de  liderança,  o  foco  do  líder  é  a  À luz da abordagem situacional, que prevalece 


manutenção e fortalecimento das relações pessoais e  na  atualidade,  na  qual  a  liderança  pode  assumir 
do  próprio  grupo.  O  líder  demonstra  sensibilidade  às  diversos  estilos,  os  principais  requisitos  de  liderança 
necessidades pessoais dos liderados, concentra‐se nas  passam a ser a capacidade de diagnosticar as variáveis 
relações interpessoais, no clima e no moral do grupo.  situacionais,  a  flexibilidade  e  a  adaptabilidade  às 
Esse  estilo  de  liderança,  que  está  significativamente  mudanças.  Os  melhores  líderes  utilizam  estilos 
associado  às  medidas  de  satisfação  dos  liderados  em  diferentes, em distintas situações. Assim, é necessário 
relação  ao  trabalho  e  ao  chefe,  pode  ser  útil  em  um esforço pessoal do líder no sentido de se adaptar, 
situações  de  tensão,  frustração,  insatisfação  e  continuamente,  às  mudanças  de  estilo  adequadas  a 
desmotivação do grupo.   cada contexto. 

1.5 ‐ SELEÇÃO DE ESTILOS DE LIDERANÇA  1.6 ‐ FATORES DA LIDERANÇA  

Ao  proporem  diferentes  estilos  de  liderança,  Os  fatores  da  liderança,  mencionados  neste 
os  autores  condicionam  a  eficácia  do  seu  emprego  a  item,  baseiam‐se  na  publicação  Liderança  Militar, 
algumas variáveis, tais como: relevância da qualidade 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
 
Instruções  Provisórias  IP  20‐10,  de  1991,  do  Estado‐ 1.6.4 ‐ A Comunicação 
Maior do Exército.  
“A  comunicação  é  um  processo  essencial  à 
1.6.1 ‐ O Líder   liderança,  que  consiste  na  troca  de  ordens, 
informações  e  ideias,  só  ocorrendo  quando  a 
O líder deve conhecer a si mesmo, para saber  mensagem é recebida e compreendida. [...] É através 
de  suas  capacidades,  características  e  limitações,  desse  processo  que  o  líder  coordena,  supervisiona, 
evitando  atribuir  aos  seus  liderados  falhas  ou  avalia,  ensina,  treina  e  aconselha  seus 
restrições.   subordinados.[...]  O  que  é  comunicado  e  a  forma 
“Os  bons  líderes  eficientes  são  também  bons  como  isto  é  feito  aumentam  ou  diminuem  o  vínculo 
seguidores  [...]”  (BRASIL,  1991,  p.  3‐3)  e  cumpridores  das  relações  pessoais,  criam  o  respeito,  a  confiança 
das  orientações  de  seus  superiores,  passando  esse  mútua  e  a  compreensão.  Os  laços  que  se  formam, 
exemplo a seus subordinados.   com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados, 
são  a  base  da  disciplina  e  da  coesão  em  uma 
“O líder, independentemente de sua vontade,  organização.  O  líder  deve  ser  claro  e  “escolher” 
atua como elemento modificador do comportamento  cuidadosamente  as  palavras,  de  tal  forma  que 
de  seus  liderados  subordinados.  [...]  A  função  militar  signifiquem  a  mesma  coisa  para  ele  e  para  seus 
está  relacionada  com  a  segurança  e  a  subordinados.” (BRASIL, 1991, p. 3‐4). 
responsabilidade  pela  vida  de  seres  humanos.” 
(BRASIL, 1991, p. 3‐3, 3‐4)  1.7 ‐ ATRIBUTOS DE UM LÍDER 

Provavelmente,  poucos  profissionais  são  A  natureza  e  as  especificidades  da  profissão 


forçados  a  assumir  tarefa  tão  grave  ao  liderar  militar,  a  destinação  constitucional  das  Forças 
subordinados. (BRASIL, 1991).  Armadas e a cultura organizacional da Forças Armadas 
como  um  todo  e,  da  Marinha,  mais  especificamente, 
1.6.2 ‐ Os Liderados  fazem  com  que  certos  traços  de  personalidade 
tornem‐se  desejáveis  e  tendam  a  encontrar‐se 
“O  conhecimento  dos  liderados  é  fator 
especialmente  acentuados  nos  líderes  militares. 
essencial  para  o  exercício  da  liderança  e  depende  do 
Embora não existam fórmulas de liderança, a História, 
entendimento  claro  da  natureza  humana,  das  suas 
a  experiência  e  também  a  pesquisa  psicossocial  têm 
necessidades, emoções e motivações.” (BRASIL, 1991, 
demonstrado  que  é  importante  que  os  chefes 
p. 3‐4) 
procurem  desenvolver  esses  traços  em  si  e  nos  seus 
 Isto  é,  ainda,  crucial  para  o  salutar  exercício  subordinados,  porque  em  momentos  críticos  ou  nas 
de Delegação de Autoridade.  situações  difíceis  eles  podem  contribuir  para  um 
exercício mais eficaz da liderança no contexto militar.  
1.6.3 ‐ A Situação 
Os  atributos  de  um  líder  têm  como 
“Não  existem  normas  nem  fórmulas  que  componente comum a capacidade de influenciar.  
mostrem  com  exatidão  o  que  deve  ser  feito.  O  líder 
precisa  compreender  a  dinâmica  do  processo  de  Um  bom  líder  deve  perseguir,  manter, 
liderança,  os  fatores  principais  que  a  compõem,  as  desenvolver  e  cultivar  essa  capacidade  e,  sobretudo, 
características  de  seus  liderados  e  aplicar  estes  transmiti‐la  aos  seus  subordinados,  formando  assim, 
conhecimentos  como  guia  para  cada  situação  em  novos líderes que, por sua vez, devem agir da mesma 
particular.” (BRASIL, 1991, p. 3‐ 5)  forma, na tentativa de alcançar um círculo virtuoso. 

Fica, assim, bem clara a necessidade exaustiva  O  Anexo  A  define  os  principais  atributos  de 


da  prática  da  liderança,  para  o  sucesso  do  líder,  um  líder,  que  devem  estar  em  consonância  com  os 
levando sempre em conta a cultura e/ou a subcultura  preceitos  da  Ética  Militar,  segundo  os  fundamentos 
organizacional da instituição.  estabelecidos  no  Estatuto  dos  Militares.  Nunca  é 
demais ressaltar que a Ética é parâmetro fundamental 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
 
para o exercício da liderança, notadamente no âmbito  eficazes,  os  líderes  diretos  devem  possuir  muitas 
militar.  habilidades  interpessoais,  conceituais,  técnicas  e 
táticas.  
1.8 ‐ NÍVEIS DE LIDERANÇA 
Os  líderes  diretos  aplicam  os  atributos 
Com  a  evolução  das  técnicas  de  gestão  conceituais  de  pensamento  crítico‐lógico  e 
empresarial,  o  foco  do  estudo  sobre  o  pensamento  criativo  para  determinar  a  melhor 
comportamento  dos  dirigentes  passou  a  ser  voltado  maneira de cumprir a missão. Como todo líder, usam 
para as diferenças entre o líder de base e o de cúpula.  a  Ética  para  pautar  suas  condutas  e  adquirir  certeza 
Foi  então  idealizado  um  padrão  de  organização  de  que  suas  escolhas  são  as  melhores  e  contribuem 
baseado em três níveis funcionais: operacional, tático  para  o  aperfeiçoamento  da  performance  do  grupo, 
e  estratégico,  discriminando  as  características  dos subordinados e deles próprios. Eles empregam os 
desejáveis  para  um  líder  nos  três  níveis,  de  acordo  atributos  interpessoais  de  comunicação  e  supervisão 
com suas habilidades.   para  realizar  o  seu  trabalho.  Desenvolvem  seus 
Em  consonância  com  esses  novos  conceitos,  liderados  por  instruções  e  aconselhamento  e  os 
foram  estabelecidos  três  níveis  de  liderança:  direta,  moldam  em  equipes  coesas,  treinando‐os  até  a 
organizacional e estratégica. Estes três níveis definem  obtenção de um padrão. 
com  precisão  toda  a  abrangência  da  liderança  e  será  São  especialistas  técnicos  e  os  melhores 
adotado ao longo desta Doutrina.  mentores.  Tanto  seus  chefes  quanto  seus 
A  liderança  direta  é  obtida  por  meio  do  subordinados  esperam  que  eles  conheçam  bem  sua 
relacionamento  face  a  face  entre  o  líder  e  seus  equipe,  os  equipamentos  e  que  sejam  “expert”  na 
liderados  e  é  mais  presente  nos  escalões  inferiores,  área em que atuam. 
quando  o  contato  pessoal  é  constante.  A  liderança  Usam  a  competência  para  incrementar  a 
direta,  conquanto  seja  mais  intensa  no  comando  de  disciplina  entre  os  seus  comandados.  Usam  o 
pequenas  frações  ou  unidades,  tendo  em  vista  que  a  conhecimento  dos  equipamentos  e  da  doutrina  para 
estrutura  organizacional  da  Força  exige  o  trato  com  treinar  homens  e  levá‐los  a  alcançar  padrões 
assessores e subordinados diretos.  elevados, bem como criam e sustentam equipes com 
A  liderança  organizacional  desenvolve‐se  em  habilidade, certeza e confiança no sucesso na paz e na 
organizações  de  maior  envergadura,  normalmente  guerra. 
estruturadas  como  Estado‐Maior,  sendo  composta  Exercem  influência  continuamente,  buscando 
por  liderança  direta,  conduzida  em  menor  escala  e  cumprir  a  missão,  tendo  por  base  os  propósitos  e 
voltada  para  os  subordinados  imediatos,  e  por  orientações  emanadas  das  decisões  e  do  conceito  da 
delegação de tarefas.  operação do chefe, adquirindo e aferindo resultados e 
A  liderança  estratégica  militar  é  aquela  motivando  seus  subordinados,  principalmente  pelo 
exercida  nos  níveis  que  definem  a  política  e  a  exemplo  pessoal.  Devido  a  sua  liderança  ser  face  a 
estratégia  da  Força.  É  um  processo  empregado  para  face,  veem  os  resultados  de  suas  ações  quase 
conduzir  a  realização  de  uma  visão  de  futuro  imediatamente. 
desejável e bem delineada.  Trabalham  focando  as  atividades  de  seus 
1.8.1 ‐ Liderança Direta  subordinados  em  direção  aos  objetivos  da 
organização,  bem  como  planejam,  preparam, 
Essa  é  a  primeira  linha  de  liderança  e  ocorre  executam e controlam os resultados. 
em  organizações  onde  os  subordinados  estão 
acostumados  a  ver  seus  chefes  frequentemente:  Se  aperfeiçoam  ao  assumirem  os  valores  da 
seções,  divisões,  departamentos,  navios,  batalhões,  instituição e ao estabelecerem um modelo de conduta 
companhias, pelotões e esquadras de tiro. Para serem  para  seus  subordinados,  colocando  os  interesses  da 
instituição  e  do  Grupo  que  lideram  acima  dos 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 8 
 
próprios. Com isto, eles desenvolvem equipes fortes e  Desde  que  a  incerteza  quanto  às  possíveis 
coesas em um ambiente de aprendizagem saudável e  ameaças  não  permita  uma  visualização  clara  do 
efetiva.  futuro,  a  visão  dos  líderes  estratégicos  é 
especialmente  crucial  na  identificação  do  que  é 
Os  líderes  diretos  devem,  ainda,  estimular  ao  importante com relação ao pessoal, material, logística 
máximo  o  desenvolvimento  de  líderes  subordinados,  e  tecnologia,  a  fim  de  subsidiar  decisões  críticas  que 
de forma a potencializar a sua influência até os níveis  irão  determinar  a  estrutura  e  a  capacidade  futura  da 
organizacionais  mais  baixos  e  obter  melhores  organização. 
resultados. 
Dentro  da  instituição,  os  líderes  estratégicos 
1.8.2 ‐ Liderança Organizacional  constroem  o  suporte  para  facilitar  a  busca  dos 
Ao  contrário  do  que  acontece  no  nível  de  objetivos finais de sua visão. Isto significa montar um 
liderança direta, onde os líderes planejam, preparam,  staff  que  possa  assessorá‐los  convenientemente  a 
executam e controlam diretamente os resultados dos  conduzir  seus  subordinados  de  maneira  segura  e 
seus trabalhos, a influência dos líderes organizacionais  flexível.  Para  obter  o  suporte  necessário,  os  líderes 
é basicamente indireta: eles expedem suas políticas e  estratégicos  procuram  obter  o  consenso  não  só  no 
diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu  âmbito  interno  da  organização,  como  também 
staff e comandantes subordinados. Devido ao fato de  trabalhando junto a outros órgãos e instituições a que 
não  haver  proximidade,  os  resultados  de  suas  ações  tenham  acesso,  em  questões  como  orçamento, 
são  frequentemente  menos  visíveis  e  mais  estrutura  da  Força  e  outras  de  interesse,  bem  como 
demorados. No entanto, a presença desses líderes em  estabelecendo  contatos  com  representações  de 
momentos e lugares críticos aumenta a confiança e a  outros  países  e  Forças  em  assuntos  de  interesse 
performance  dos  seus  liderados.  Independente  do  mútuo. 
tipo  de  organização  que  eles  chefiem,  líderes  A  maneira  como  eles  comunicam  as  suas 
organizacionais  conduzem  operações  pela  força  do  políticas e diretivas aos militares e civis subordinados 
exemplo,  estimulando  os  subordinados  e  e  apresentam  aquelas  de  interesse  aos  demais 
supervisionando‐os  apropriadamente.  Sempre  que  cidadãos  vai  determinar  o  nível  de  compreensão 
possível,  o  líder  organizacional  deve  mostrar  sua  alcançado  e  o  possível  apoio  para  as  novas  idéias. 
presença  física  junto  aos  escalões  subordinados,  seja  Para se fazer entender por essas diversas audiências, 
por intermédio de visitas e mostras, seja por meio de  os  líderes  estratégicos  empregam  múltiplas  mídias, 
reuniões  funcionais  com  os  comandantes  ajustando  a  mensagem  ao  público  alvo,  sempre 
subordinados.  reforçando os temas de real interesse da instituição. 
1.8.3 ‐ Liderança Estratégica  Os  líderes  estratégicos  estão  decidindo  hoje 
Líderes estratégicos exercem sua liderança no  como  transformar  a  Força  para  o  futuro.  Eles  devem 
âmbito  dos  níveis  mais  elevados  da  instituição.  Sua  trabalhar  para  criar  e  desenvolver  a  próxima  geração 
influência  é  ainda  mais  indireta  e  distante  do  que  a  de  líderes  estratégicos,  montar  a  estrutura  para  o 
dos  líderes  organizacionais.  Desse  modo,  eles  devem  futuro e pesquisar os novos sistemas que contribuirão 
desenvolver  atributos  adicionais  de  forma  a  eliminar  na obtenção do sucesso. 
ou reduzir esses inconvenientes.  Para capitanear as mudanças pessoalmente e 
Os líderes estratégicos trabalham para deixar,  levar  a  instituição  em  direção  à  realização  do  seu 
hoje, a instituição pronta para o amanhã, ou seja, para  projeto  de  futuro,  esses  líderes  transformam 
enfrentar  os  desafios  do  futuro,  oscilando  entre  a  programas  conceituais  e  políticos  em  iniciativas 
consciência das necessidades nacionais correntes e na  práticas  e  concretas.  Este  processo  envolve  uma 
missão e objetivos de longo prazo.  progressiva  alavancagem  tecnológica  e  uma 
modelagem  cultural.  Conhecendo  a  si  mesmos  e  aos 
demais  “atores”  estratégicos,  tendo  um  nítido 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 9 
 
domínio  dos  requisitos  operacionais,  da  situação 
geopolítica  e  da  sociedade,  os  líderes  estratégicos 
conduzem adequadamente a Força e contribuem para 
o desenvolvimento e a segurança da Nação. Tendo em 
vista  que  os  conflitos  nos  dias  de  hoje  podem  ser 
desencadeados  muito  rapidamente,  não  permitindo 
um  longo  período  de  mobilização  para  a  guerra  – 
como  se  fazia  no  passado  –,  o  sucesso  de  um  líder 
estratégico significa deixar a Força pronta para vencer 
uma variedade de conflitos no presente e permanecer 
pronta para enfrentar as incertezas do futuro. 

Em  resumo,  esses  líderes  preparam  a 


instituição  para  o  futuro  por  meio  de  sua  liderança. 
Isto  significa  influenciar  pessoas  –  integrantes  da 
própria  organização,  membros  de  outros  setores  do 
governo,  elites  políticas  –  por  meio  de  propósitos 
significativos, direções claras e motivação consistente. 
Significa,  também,  acompanhar  o  desenrolar  das 
missões  atuais,  sejam  quais  forem,  e  buscar 
aperfeiçoar  a  instituição  –  tendo  a  certeza  que  o 
pessoal está adestrado e de que seus equipamentos e 
estrutura estão prontos para os futuros desafios. 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 10 
 
EXERCÍCIOS:  5  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  De  acordo  com  o  EMA‐137  ‐ 
Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  quais  são  os 
1  ‐    (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  o  EMA‐137  aspectos fundamentais da liderança? 
(Doutrina  de  Liderança  da  Marinha),  o  conjunto  de 
ações  e  decisões  tomadas  pelo  mais  antigo,  com  (A) Filosófico, psicológico e sociológico. 
autoridade  para  tal,  na  sua  esfera  de  competência,  a  (B) Profissional, social e teórico. 
fim de conduzir de forma integrada o setor que lhe é  (C) Individual, filosófico e psicológico. 
confiado, é exercício:  (D) Psicológico, sociológico e profissional. 
(E) Filosófico, profissional e sociológico. 
(A) do subordinado. 
(B) da Chefia.  6  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Quais  são  os 
(C) do Marinheiro.  aspectos fundamentais da liderança? 
(D) do Cabo. 
(E) do Vice‐Comando.  (A) Liderança, liderados e ordens. 
(B) Filosóficos, psicológicos e sociológicos. 
2  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Assinale  a  (C) Controle, físico e mental. 
opção  que  completa  corretamente  as  lacunas  da  (D) Mando, obediência e atenção. 
sentença abaixo.  (E) Comando, comandados e ordens. 

"Caracterizados  esses  dois  atributos  do  comandante,  7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Para simplificar a apresentação 


o de chefe e o de líder, pode‐se afirmar que comandar  e  o  emprego  de  uma  gama  de  estilos  de  liderança 
é exercer a _____________ e a _____________ , a fim  consagrados  e  relevantes  para  o  contexto  militar‐
de  conduzir  eficazmente  a  organização  no  naval, foram considerados alguns estilos selecionados 
cumprimento da missão".  em três grandes eixos: 

(A) chefia / liderança  (A) aspectos humanos, sociais e psicológicos. 
(B) ordenança / produtividade  (B) disciplina rígida, obediência e controle. 
(C) chefia / especialidade  (C) grau de centralização de poder; tipo de incentivo e 
(D) oratória / defesa  foco do líder. 
(E) profissão / chefia  (D) respeito, amizade e trabalho. 
(E) instrução, conhecimento e estudo. 
3 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017) Pode‐se afirmar que comandar 
é:  8  ‐  Quais  são  os  estilos  de  liderança,  em  relação  ao 
grau de centralização do poder? 
(A) exercer a chefia e a liderança, a fim de conduzir 
eficazmente a organização no cumprimento da  (A) Autoritária, participativa e situacional. 
missão.  (B) Situacional, delegativa e autoritária. 
(B) exercer sobre seus subordinados o respeito.  (C) Autocrática, participativa e delegativa. 
(C) exercer o controle da situação.  (D) Autoritária e participativa ou democrática. 
(D) ser um condutor de homens.  (E) Situacional, delegativa, participativa e autocrática. 
(E) um processo alternativo. 
9  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  o  EMA‐137 
4  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Quais  são  os  aspectos  (Doutrina  de  Liderança  da  Marinha),  o  estilo  de 
fundamentais da liderança?  liderança  utilizado  quando  o  líder  se  baseia  na  sua 
atuação  com  disciplina  rígida,  impondo  obediência  e 
(A) Apenas físicos e sociológicos.  mantendo‐se  afastado  de  relacionamentos  menos 
(B) Sociológicos, psicológicos e filosóficos.  formais  com  os  seus  subordinados,  controlando  o 
(C) Psicológicos, filosóficos e físicos.  grupo  por  meio  de  inspeções  eficiência,  exercendo 
(D) Físicos, sociológicos e psicológicos.  pressão contínua, é denominado Liderança: 
(E) Apenas sociológicos e filosóficos. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 11 
 
(A) Autocrática  participação  dos  subordinados  e  aproveitamento  de 
(B) Participativa  suas ideias? 
(C) Orientada para Tarefa 
(D) Delegativa  (A) Delegativa. 
(E) Transformacional  (B) Autocrática. 
(C) Democrática. 
10  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  é  o  (D) Transformacional. 
estilo de liderança em que o líder baseia sua atuação  (E) Transacional. 
numa  disciplina  rígida,  impondo  obediência  e 
mantendo‐se  afastado  de  relacionamentos  menos  14  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  o  EMA‐
formais com seus subordinados, controlando o grupo  137(Doutrina  de  Liderança  da  Marinha),  assinale  a 
por meio de inspeções de verificação do cumprimento  opção  que  apresenta  o  estilo  de  liderança,  no  qual  o 
de  normas  e  padrões  de  eficiência  e  exercendo  líder  atribui  a  assessores  a  tomada  de  decisões 
pressão contínua?  especializadas, deixando‐os agir por si só. 

(A) Transformacional.  (A) Autocrática 
(B) Orientada para tarefas.  (B) Participativa 
(C) Democrática.  (C) Orientada para Tarefa 
(D) Autocrática.  (D) Delegativa 
(E) Delegativa.  (E) Transformacional 

11 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137  15  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Qual  estilo  de  liderança  é 


–  Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  o  líder  especialmente  indicado  para  situações  de  pressão, 
autocrático baseia sua atuação numa  crise  e  mudança,  que  requerem  elevados  níveis  de 
envolvimento e comprometimento dos subordinados? 
(A) disciplina rígida 
(B) conversa informal  (A) Delegativa. 
(C) troca de favores  (B) Transformacional. 
(D) recompensa  (C) Orientada para tarefa. 
(E) promessa de promoção  (D) Orientada para relacionamento. 
(E) Participativa ou democrática. 
12  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  o  EMA‐137 
(Doutrina de Liderança da Marinha), em que estilo de  16 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) ‐ De acordo com o EMA‐137 
Liderança abre‐se mão de parte da autoridade formal  (Doutrina  de  Liderança  da  Marinha),  quando  é 
em  prol  de  uma  esperada  participação  dos  indicada a liderança transformacional? 
subordinados  e  do  aproveitamento  de  suas  idéias,  e  (A) No cotidiano, para poder resolver problemas 
na qual os componentes do grupo são incentivados a  simples com mais rapidez. 
opinarem  sobre  as  formas  de  como  uma  tarefa  (B) Em todas as situações, exceto em submarinos. 
poderá ser realizada, cabendo a decisão final ao líder?  (C) Quando existe a necessidade de transformação 
(A) Autocrática  sem a ação do líder. 
(B) Democrática  (D) Para situações de pressão, crise e mudança, que 
(C) Delegativa  requerem elevados níveis de envolvimento e 
(D) Transformacional  comprometimento dos subordinados. 
(E) Transacional  (E) Nas Organizações Militares de países que não 
estão em guerra. 
13  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  é  o 
estilo de liderança em que o líder abre mão de parte  17  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Para  simplificar  a 
da  autoridade  formal  em  prol  de  uma  esperada  apresentação e o emprego de uma gama de estilos de 
liderança  consagrados  e  relevantes  para  o  contexto 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 12 
 
militar‐naval,  foram  considerados  alguns  estilos  (A) de comunicação. 
selecionados  em  três  grandes  eixos:  grau  de  (B) dos liderados. 
centralização  de  poder;  tipo  de  incentivo;  e  foco  do  (C) de eficiência. 
líder. Sendo assim, assinale a opção que apresenta os  (D) de situação. 
estilos  de  liderança  enquadrados  quanto  ao  foco  do  (E) de processo. 
líder. 
21 ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137 
(A) Transformacional e Transacional.  –  Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  qual  é  o 
(B) Autocrática e Participativa.  processo  essencial  à  liderança,  que  consiste  na  troca 
(C) Autocrática e Delegativa.  de  ordens,  informações  e  ideias,  e  que  só  ocorre 
(D) Orientada para Tarefa e Orientada para  quando a mensagem é recebida e compreendida? 
Relacionamento. 
(E) Delegativa e Orientada para Tarefa.  (A) Exposição 
(B) Comunicação 
18  ‐    (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  De  acordo  com  o  EMA‐ (C) Apresentação 
137  –  Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  a  (D) Retificação 
especialização  em  tarefas  é  uma  das  principais  (E) Ratificação 
responsabilidades do líder, na medida em que possui 
a necessária qualificação profissional para o exercício  22  ‐    (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  Qual  é  o  parâmetro 
da  função.  Sendo  assim,  assinale  a  opção  que  fundamental  para  o  exercício  da  liderança  no  âmbito 
apresenta o estilo de liderança em que o líder focaliza  militar? 
o desempenho de tarefas e a realização de objetivos.  (A) Ética 
(A) Autocrática  (B) Atitude 
(B) Democrática  (C) Saúde 
(C) Progressista  (D) Força 
(D) Altruísta  (E) Serenidade 
(E) Orientada para Tarefa  23  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  De  acordo  com  o  EMA‐137  ‐ 
19  ‐    (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  A  capacidade  de  Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  "Com  a  evolução 
influenciar é um componente indispensável ao.....  das técnicas de gestão empresarial, o foco do estudo 
sobre  o  comportamento  dos  dirigentes  passou  a  ser 
(A) secretário.  voltado para as diferenças entre o líder de base e o de 
(B) subordinado  cúpula".  Foi,  então,  idealizado  um  padrão  de 
(C) líder  organização baseado nos seguintes níveis funcionais: 
(D) monitor 
(E) porta‐voz.  (A) direto, organizacional e estratégico. 
(B) direto, tático e operacional. 
20  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  De  acordo  com  o  EMA‐137‐ (C) operacional, tático e organizacional. 
Doutrina  de  Liderança  da  Marinha,  "Não  existem  (D) operacional, tático e estratégico. 
normas  nem  fórmulas  que  mostrem  com  exatidão  o  (E) tático, operacional e pessoal. 
que  deve  ser  feito.  O  líder  precisa  compreender  a 
dinâmica  do  processo  de  liderança,  os  fatores  24 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Com a evolução das técnicas 
principais  que  a  compõem,  as  características  de  seus  de  gestão  empresarial,  o  foco  do  estudo  sobre  o 
liderados  e  aplicar  estes  conhecimentos  coma  guia  comportamento  dos  dirigentes  passou  a  ser  voltado 
para  cada  situação  em  particular".  Essa  afirmativa  se  para as diferenças entre o líder de base e o de cúpula. 
refere a definição  Assim,  foi  idealizado  um  padrão  de  organização 
  baseado em três níveis funcionais: operacional, tático 
e  estratégico,  discriminando  as  características 
desejáveis  para  um  líder  nos  três  níveis,  de  acordo 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 13 
 
com  suas  habilidade.  Em  consonância  com  esses  (A) Passiva. 
novos  conceitos,  quais  foram  os  níveis  de  liderança  (B) Ativa. 
estabelecidos?  (C) Direta. 
(D) Articulada 
(A) Indireta, organizacional e estratégica.  (E) Local. 
(B) Organizacional, estratégica e autocrática. 
(C) Indireta, estratégica e participativa.   
(D) Direta, autocrática e estratégica. 
(E) Direta, organizacional e estratégica.  29 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Qual é o nível 
de  liderança  que  é  exercido  por  meio  do 
25  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Quais  são  os  níveis  de  relacionamento  face  a  face  entre  o  lider  e  seus 
liderança?  liderados  e  que  é  mais  presente  nos  escalões 
inferiores, quando o contato pessoal é constante? 
(A) Direta e Indireta. 
(B) Estratégica e organizacional.  (A) Autocrático. 
(C) Estratégica, organizacional e Indireta.  (B) Estratégico. 
(D) Operativa, direta e organizacional.  (C) Organizacional. 
(E) Direta, organizacional e estratégica.  (D) Situacional. 
(E) Direto. 
26  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  Que  nível  de  liderança  é 
exercida  por  meio  do  relacionamento  face  a  face   
entre  o  líder  e  seus  liderados  e  é  mais  presente  nos 
escalões  inferiores,  quando  o  contato  pessoal  é  30 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137 
constante?  – Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de 
liderança em que os líderes expedem suas políticas e 
(A) Indireta.  diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu 
(B) Organizacional.  staff e comandantes subordinados? 
(C) Estratégica. 
(D) Direta.  (A) Simples. 
(E) Autocrática.  (B) Alienada. 
(C) Rude. 
27  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  ‐  De  acordo  com  o  EMA‐137  (D) Política. 
(Doutrina  de  Liderança  da  Marinha),  o  nível  de  (E) Organizacional. 
liderança,  que  ocorre  em  organizações  onde  os 
subordinados  estão  acostumados  a  ver  seus  chefes,   
frequentemente, em seções, divisões, departamentos,  31  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  A  publicação  EMA‐137,  que 
navios,  batalhões,  companhias,  pelotões  e  esquadras  trata da Doutrina de Liderança da Marinha, estabelece 
de tiro, é denominado Liderança:  os  conceitos  de  chefia  e  liderança.  Considerando  as 
(A) Indireta.  disposições  dessa  publicação  acerca  desse  assunto, 
(B) Estratégica.  coloque  V  (verdadeiro)  ou  F  (falso)  nas  afirmativas  a 
(C) Direta.  seguir  e  marque  a  opção  que  apresenta  a  sequência 
(D) Organizacional  correta. 
(E) Autocrática.  (  ) Os militares mais antigos, no desempenho de suas 
28 ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016) – De acordo com EMA‐137  funções, exercem o papel de "chefe" ou o papel de 
– Doutrina de Liderança da Marinha, qual é o nível de  "líder", tendo em vista que chefia e liderança não são 
liderança  que  ocorre  em  organizações  onde  os  processos simultâneos. 
subordinados  estão  acostumados  a  ver  seus  chefes  (  ) Com  relação à chefia, a autoridade de que o 
frequentemente?  militar mais antigo desfruta perante seus 
subordinados e decorrente de seu posto ou 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 14 
 
graduação, e não advinda da responsabilidade  IV  ‐  A  liderança  organizacional  desenvolve‐se  em 
atribuída à sua função.  organizações  de  maior  envergadura,  normalmente 
(  ) Com relação à liderança, além de estar investido  estruturadas como Estado‐Maior. 
da autoridade referente a sua posição hierárquica, o 
militar mais antigo deve possuir certos atributos que o  V  ‐  Os  líderes  diretos  devem  estimular  ao  máxima  o 
notabilizam como "condutor de homens".  desenvolvimento de líderes subordinados. 
(  ) A liderança pode ser entendida como uma  Assinale a opção correta. 
qualidade inata de certos indivíduos, ou como um 
conjunto de comportamentos e de habilidades que  (A)  Apenas  as  afirmativas  I,  II  e  III  são  verdadeiras. 
podem ser ensinados.  (B)  Apenas  as  afirmativas  II,  III  e  IV  são  verdadeiras. 
(  ) A Marinha do Brasil define liderança como o  (C)  Apenas  as  afirmativas  III,  IV  e  V  são  verdadeiras. 
conjunto de ações  e decisões tomadas pelo mais  (D)  Apenas  as  afirmativas  I  e  II  são  verdadeiras. 
antigo, com autoridade para tal, na sua esfera de  (E) Apenas a afirmativa II e verdadeira. 
competência, em prol do cumprimento  da missão. 
 
 
32  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  Segundo  preceitua  a 
(A)  (F) (V) (V) (V) (F)  publicação  EMA‐137,  que  trata  da  Doutrina  de 
(B)  (V) (F) (V) (F) (V)  Liderança  da  Marinha,  pode‐se  afirmar, 
(C)  (F) (F) (V) (V) (F)  genericamente,  que  existem  certos  estilos  principais 
(D)  (F) (F) (F) (V) (V)  de  liderança,  propostos  à  luz  das  diversas  teorias, 
(E)  (V) (V) (F) (F) (F)  consagrados  e  relevantes  para  o  contexto  militar‐
  naval, e que se enquadram em determinados critérios 
de  classificação.  Sobre  esse  assunto,  considere  as 
31  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  Segundo  esclarece  a  afirmativas abaixo. 
publicação EMA‐137 do Estado ‐ Maior da Armada, a 
Doutrina de liderança da Marinha adota certos níveis   
de  liderança  que  definem  com  precisão  toda  a 
I ‐ Quanto ao foco no líder, os estilos de liderança são 
abrangência  da  liderança.  Quanto  a  esse  assunto, 
liderança  orientada  para  tarefa  e  liderança 
considere as afirmativas abaixo. 
orientadapara relacionamento. 
 
II  ‐  O  estilo  de  liderança  transformacional  é 
I  ‐  Os  lideres  organizacionais  planejam,  preparam,  caracterizado,  dentre  outros  aspectos,  pela 
executam e controlam diretamente os resultados dos  consideração  individualizada  e  pela  inspiração 
seus  trabalhos,  que  são  frequentemente  visíveis  e  motivadora por parte do líder. 
imediatos. 
III ‐ A liderança participativa pode ser útil e até mesmo 
II ‐ Os líderes estratégicos exercem a sua liderança no  recomendável,  em  situações  especiais  como  em 
âmbito  dos  níveis  mais  elevados  da  instituição  e  sua  combate,  quando  a  participação  dos  subordinados 
atuação  não  pode  extrapolar  o  âmbito  interno  da  será importante para a decisão do líder. 
organização. 
IV ‐ O estilo de liderança transacional é especialmente 
III  ‐  A  liderança  estratégica  militar  é  aquela  exercida  indicado para situações de pressão, crise e mudanças, 
nos  níveis  que  definem  a  política  e  a  estratégia  da  que  requerem  elevados  níveis  de  envolvimento  e 
Força.  É  um  processo  empregado  para  conduzir  a  comprometimento dos subordinados. 
realização  de  uma  visão  de  futuro  desejável  e  bem 
 
delineada. 
Assinale a opção correta 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 15 
 
 

(A)  Apenas  as  afirmativas  I  e  II  são  verdadeiras. 


(B)  Apenas  as  afirmativas  II  e  III  são  verdadeiras. 
(C)  Apenas  as  afirmativas  III  e  IV  são  verdadeiras. 
(D)  Apenas  a  afirmativa  III  e  verdadeira. 
(E) Apenas a afirmativa IV e verdadeira. 

Respostas: 

1  B  16  D  31  C 
2  A  17  D  32  A 
3  A  18  E  33   
4  B  19  C  34   
5  A  20  D  35   
6  B  21  B     
7  C  22  A     
8  C  23  D     
9  A  24  E     
10  D  25  E     
11  A  26  D     
12  B  27  C     
13  C  28  C     
14  D  29  E     
15  B  30  E     
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 16 
 
 
TRADIÇÕES NAVAIS  tradição  se  constitui  em  elemento  comunitário,  num 
poderoso aglutinador. 
Introdução 
A  linguagem  própria  é  um  poderoso  instrumento  de 
Os  homens  do  mar,  há  muitos  séculos,  vêm  criando  aglutinação.  Quando  se  serve  a  bordo,  em  navio  de 
nomes para identificar as diversas partes dos navios e  guerra  ou  mercante,  deve‐se  procurar  segui‐la.  Com 
designar  a  praxe  de  suas  ações  as  quais,  pela  respeito à tradição, aliados a coragem e ao orgulho do 
repetição,  tornaram‐se  costumes.  Naturalmente,  que fazem, os homens do mar provocam a integração 
muitas  particularidades  e  expressões  da  tradição  da  comunidade  naval  e  marítima,  favorecendo  a 
naval lembram, às vezes,  aspectos da  vida doméstica  conquista de eficiência máxima, tão necessária a seus 
ou de atividades em terra.  propósitos e aspirações. 

É  óbvio  que  os  navios,  mesmo  sendo  pequenas  Assim,  as  tradições,  as  cerimônias  e  os  usos 
cidades  espalhadas  por  uma  enorme  área,  fazem  marinheiros,  juntamente  com  os  costumes,  têm 
contato  entre  si,  nos  portos  ou  na  imensidão  extraordinário  poder  de  amalgamar  e  incentivar  os 
oceânica.  Vivendo  experiências  semelhantes,  os  que  vivem  do  mar.  Tendem,  entretanto,  a  se  tornar 
marinheiros  sempre  se  ajudam  uns  aos  outros  e  atos despidos de significado, quando sua explicação é 
trocam  conhecimento.  Por  eles  foram  criados,  e  perdida no tempo. 
continuam  a  sê‐lo,  costumes,  usos  e  linguagem 
comuns:  “tradição  do  mar”.  É  fácil  entender  o  poder  A  lembrança  constante  das  razões  dos  atos  e  a  sua 
de  aglutinação  das  tradições  marítimas,  visualizando‐ explicação ou, quando for o caso, das versões de sua 
se  a  vastidão  da  área  oceânica  onde  elas  se  origem,  promovem  a  compreensão,  o  incentivo  e  a 
manifestam.  Os  homens  do  mar,  por  arrostarem  incorporação da prática marinheira. 
sempre  a  mesma  vida  e  mutuamente  se  ajudarem, 
constituem,  tradicionalmente,  uma  classe  de  espírito 
Semelhanças entre as Marinhas 
muito  forte.  E,  como  somente  em  períodos  A  vida  nas  marinhas  do  mundo  inteiro  é  muito 
historicamente  curtos  se  vêem  em  disputa  pelo  semelhante.  Todos  que  abraçam  a  carreira  do  mar 
domínio,  geográfico  e  cronologicamente  limitado,  do  pertencem  a  uma  fraterna  classe.  Há  um  vasto 
mar, onde partilham alegrias e perigos, a fraternidade  conjunto  comum  de  usos,  muitos  deles  ditados  pela 
é  a  mais  digna  característica  com  que  pautam  o  seu  necessidade  de  segurança  ou  exigências  naturais  do 
comportamento rotineiro.  meio,  e  outros,  ainda,  pela  grande  cordialidade  que, 
entre  si,  nutrem  os  homens  do  mar,  levando‐  os  a 
Nota‐se,  no  homem  do  mar,  um  respeito  comum  à  uma permanente troca de gentilezas. 
tradição,  a  qual  dá  grandeza  e  que  o  vincula  a  um 
extraordinário  ânimo  patriótico  e  a  uma  grande  Não estamos aqui abordando, nem seria possível fazê‐
veneração  dos  valores  espirituais  que  o  ligam  à  lo,  tudo  o  que  há  em  tradições,  usos  e  costumes 
comunidade  nacional  onde  teve  seu  berço.  Vive,  navais  e  marítimos.  Só  estão  em  pauta  alguns 
internacionalmente,  a  percepção  que  tem  da  Pátria,  aspectos mais curiosos. Desejamos que sua divulgação 
perto ou distante. É, como dizia Joaquim Nabuco, “um  atinja,  também,  aos  que  não  são  iniciados  em 
sentimento  unitário,  nacional,  impessoal”.  A  assuntos  do  mar,  principalmente  o  leitor  jovem, 
lembrança  ou  a  imagem  que  dela  tem  o  marinheiro  dando‐lhes um melhor e maior conhecimento da vida 
não é maculada pelos regionalismos. Sua Pátria é um  do homem do mar. 
todo de tradições, que venera com a mesma força que 
Conhecendo o Navio 
aprendeu a honrar as que são comuns aos homens do 
mar.  O  respeito  à  tradição  é  uma  característica  que  Navios e Barcos 
gera  patriotismo  sadio,  fundamentado  na  valorização 
dos aspectos comuns ao seu grupo nacional em que a 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar,  rumo  na  direçdireção  para  onde  sopra  o  vento.  A 
ou seja, a palavra vem do latim navigare, navis (nave)  palavra  vem  do  latim  "ad"  (para)  e  "ripa"  (margem, 
+ agere (dirigir ou conduzir).  costa). 

Estar  a  bordo  é  estar  por  dentro  da  borda  de  um  O Navio 
navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo 
é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força:  O  navio  tem  sua  vida  marcada  por  fases.  O  primeiro 
abordagem.  Mas,  em  realidade,  é  o  ato  de  chegar  a  evento  dessa  vida  é  o  batimento  da  quilha,  uma 
bordo de um navio, para nele entrar.  cerimónia  no  estaleiro,  na  qual  a  primeira  peça 
estrutural que integrará o navio é posicionada no local 
Pela  borda  tem  significado  oposto.  Jogar,  lançar  pela  da  construção.  Estaleiro  é  o  estabelecimento 
borda.  industrial  onde  são  construídos  navios.  Como  os 
navios  antigos  eram  feitos  de  madeira,  o  local  de 
Significado natural de barco é o de um navio pequeno  construção ficava cheio de estilhas, lascas de madeira, 
(ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão  estilhaços ou, em castelhano, "astilias". 
poética  de  um  barco  tem  maior  grandeza:  "o 
Comandante  e  seu  velho  barco"  ou  "nosso  barco,  Os  espanhóis,  então,  denominaram  os 
nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a  estabelecimentos  de  astüeros,  que  em  português 
bordo,  está  dentro  de  um  barco  ou  navio.  Está  derivou para estaleiros. 
embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar. 
E  dele  sair  é  desembarcar.  Uma  construção  que  Quando o navio está com o casco pronto, na carreira 
permita  o  embarque  de  pessoas  ou  cargas  para  do  estaleiro,  ele  é  lançado  ao  mar  em  cerimônia 
transporte por mar, é uma embarcação.  chamada  lançamento.  Nesta  ocasião  é  batizado  por 
sua madrinha e recebe o nome oficial. O lançamento 
Um navio de guerra é uma belonave. Vem, a palavra,  antigamente  era  feito  de  proa;  mas  os  portugueses 
do latim "navis" (nave, navio) e "belium" (guerra).  introduziram  o  hábito  de  lançá‐lo  de  popa,  existindo 
também carreiras onde o lançamento é feito de lado, 
Um  navio  de  comércio  é  um  navio  mercante.  A  de  través;  e  hoje,  devido  ao  gigantismo  dos  navios, 
palavra é derivada do latim "mercans" (comerciante),  muitos deles são construídos dentro de diques, que se 
do verbo "mercari" (comerciar).  abrem no momento de fazê‐los flutuar. 
Aportar  é  chegar  a  um  porto.  Aterrar  é  aproximar‐se  Os navios de guerra, geralmente, são construídos em 
de  terra.  Amarar  é  afastar‐se  de  terra  para  o  mar.  Arsenais.  Arsenal  é  uma  palavra  de  origem  árabe. 
Fazer‐se  ao  mar  é  seguir  para  o  mar,  em  viagem.  Vem  da  expressão  “ars  sina”  e  significa  o  local  onde 
Importar  é  fazer  entrar  pelo  porto;  exportar  é  fazer  são guardados petrechos de guerra ou onde os navios 
sair pelo porto. Aplica‐se geralmente à mercadoria.  atracam  para  recebê‐los.  A  expressão  “ars  sina”  deu 
Encostar um navio a um cais é atracar; tê‐lo seguro a  origem  ao  termo  arsenal,  em  português,  e  ao  termo 
uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao  arsenal, em português, e ao termo "darsena" que, em 
fundo é fundear; e fazê‐lo com uma âncora é ancorar  espanhol,  quer  dizer  doca.  Construído  e  pronto,  o 
(embora  este  não  seja  um  termo  de  uso  comum  na  navio  é,  então,  incorporado  a  uma  esquadra,  força 
Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a  naval,  companhia  de  navegação  ou  a  quem  vá  ser 
âncora  de  ferro  ‐  o  navio  fundeia  com  o  ferro!).  responsável  pelo  seu  funcionamento.  A  cerimônia 
Recolher  o  peso  ou  a  amarra  do  fundo  é  suspender;  correspondente é a incorporação, da qual faz parte a 
desencostar  do  cais  onde  esteve  atracado  é  mostra  de  armamento.  Armamento  nada  tem  a  ver 
desatracar; e largar a bóia onde esteve é desamarrar  com  armas  e  sim  com  armação.  Essa  mostra,  feita 
ou largar.  pêlos  construtores  e  recebedores,  se  constitui  em 
uma  inspeção  do  navio  para  ver  se  está  tudo  em 
Arribar é entrar em um porto que não seja de escala,  ordem,  de  acordo  com  a  encomenda.  Na  ocasião,  é 
ou voltar ao ponto de partida; é , também, desviar o  lavrado  um  termo,  onde  se  faz  constar  a  entrega,  a 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
incorporação e tudo o que há a bordo. A vida do navio  mercantes  levam,  também,  na  popa,  sob  o  nome,  a 
passa, então, a ser registrada em um livro: o Livro do  denominação do porto de registro. 
Navio,  que  somente  será  fechado  quando  ele  for 
desincorporado.  Os documentos característicos do navio mercante são, 
entre  outros,  seu  registro  (Provisão  do  Registro 
A armação (ou armamento) corresponde à expressão  fornecida  pelo  Tribunal  Marítimo);  apólice  de  seguro 
armar  um  navio,  provê‐lo  do  necessário  à  sua  obrigatório;  diário  de  navegação;  certificado  de 
utilização; e quem o faz é o armador. Em tempos idos,  arqueação; cartão de tripulação de segurança; termos 
armar  tinha  a  ver  com  a  armação  dos  mastros  e  de  vistoria  (anual  e  de  renovação  ou  certificado  de 
vergas, com suas vestiduras, ou seja, os cabos fixos de  segurança da navegação); certificado de segurança de 
sustentação  e  os  cabos  de  laborar  dos  mastros,  das  equipamento;  certificado  de  borda  livre;  certificado 
vergas  e  do  velame  (velas).  Podia‐se  armar  um  navio  de  compensação  de  agulhas  e  curva  de  desvio; 
em  galera,  em  barca,  em  brigue...  A  inspeção  era  certificado  de  calibração  de  radiogoniômetro  com 
rigorosa, garantindo, assim, o uso, com segurança, da  tabela  de  correção;  certificado  de  segurança  rádio;  e 
mastreação.  certificado de segurança de construção. 

Um  dos  mais  conhecidos  armadores  do  mundo  foi  o  A  cor  é  muito  importante.  Antigamente,  os  navios 
provedor de navios, proprietário e mesmo navegador  eram  pintados  na  cor  preta.  O  costume  vinha  dos 
Américo  Vespucci.  Tão  importante  é  a  armação  de  fenícios, que tinham facilidade em conseguir betume, 
navios  e  o  comércio  marítimo  das  nações,  que  a  e  com  ele  pintavam  os  costados  de  seus  navios.  A 
influência  de  Américo  Vespucci  foi  maior  que  a  do  pintura  era  usada,  às  vezes,  com  faixas  brancas,  nas 
próprio descobridor do novo continente e que passou  linhas  de  bordada  dos  canhões.  Somente  no  fim  do 
a  ser  conhecido  como  América,  em  vez  de  Colúmbia,  século XIX, os navios de guerra abandonaram o preto 
como  seria  de  maior  justiça  ao  navegador  Cristovão  pelo cinza ou azul acinzentado, cores que procuravam 
Colombo. Assim, Américo, como armador, teve maior  confundir‐se com o horizonte ou com o mar das zonas 
influência  para  denominar  o  continente,  com  o  qual  em  que  navegavam.  Entretanto,  muitos  navios 
se  estabelecera  o  novo  comércio  marítimo,  do  que  mercantes  continuam  até  os  dias  de  hoje  a  usar,  no 
Colombo.  costado,  a  cor  preta,  principalmente  por  questão  de 
economia.  Era  comum,  também,  navios  de  guerra 
Terminada  a  vida  de  um  navio,  ele  é  desincorporado  pintados  por  dentro,  junto  à  borda,  com  a  cor 
por baixa, da esquadra, da força naval, da companhia  vermelha, a fim de que não causasse muita impressão 
de  navegação  a  que  pertencia,  ou  do  serviço  que  a  sangueira  durante  o  combate,  confundida,  assim, 
prestava.  Há,  então,  uma  cerimônia  de  com as anteparas. 
desincorporação, com mostra de desarmamento. Diz‐
se  que  o  navio  foi  desarmado.  As  companhiuas  de  Normalmente,  as  cores  da  chaminé,  nos  navios 
navegação conservam os livros, registros históricos de  mercantes,  possuem  a  caracterização  da  companhia 
seus  navios.  Na  Marinha  do  Brasil,  os  livros  são  de navegação a que pertencem. 
arquivados  no  Serviço  de  Documentação  da  Marinha 
(SDM)  e  servem  de  fonte  de  informações  a  Nas  embarcações  salva‐vidas  e  nas  bóias  salva‐vidas, 
historiadores e outros fins.  predomina  a  preocupação  com  a  visibilidade.  Essas 
embarcações  são  pintadas,  normalmente,  de  laranja 
Características do Navio  ou  amarelo,  de  modo  a  serem  facilmente  vistas.  Por 
esse  mesmo  motivo,  e  por  convenção  internacional, 
Quem  entrar  a  bordo  verá  que  o  navio,  além  do  para caracterizar a utilização pacífica e não de guerra 
nome,  tem  uma  série  de  documentos  e  dimensões  dos  navios  (cor  cinza),  na  Antártica  é  utilizado  o 
que o caracterizam. O nome é gravado usualmente na  vermelho,  inclusive  nos  costados  dos  navios  por  seu 
proa,  em  ambos  os  bordos,  local  chamado  de  contraste com o branco do gelo. 
bochecha,  e  na  popa.  Nos  navios  de  guerra, 
usualmente,  é  gravado  só  na  popa.  Os  navios 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
A  bandeira,  na  popa,  identifica  a  nacionalidade  do  Os  lados  do  navio  são  os  “bordos”  e  o  de  boreste  é 
navio,  país  que  sobre  ele  tem  soberania.  Entretanto,  mais  importante  que  o  de  bombordo.  Nele,  desde 
há uma bandeira, na proa, chamada “jeque” (do inglês  tempos imemoriais, era feito o governo do navio por 
jack)  que  identifica,  dentro  de  cada  nação  soberana,  uma estaca de madeira em forma de remo, chamada 
quem tem a responsabilidade sobre o navio. Na nossa  pelos navegantes gregos de Staurus. 
Marinha,  o  jeque  é  uma  bandeira  com  vinte  e  uma 
estrelas  ‐  “a  bandeira  do  cruzeiro”.  Os  navios  Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça 
mercantes usam no jeque a bandeira da companhia a  de  staurr  que  os  ingleses  herdaram  como  steor, 
que  pertencem;  porém,  alguns  usam  a  bandeira  denominação  dada  ao  remo  que  servia  de  leme,  e 
identificadora de sua companhia na mastreação.  STEORBORD  ao  bordo  onde  era  montado,  hoje 
starboard.  Ao  português,  chegou  como  estibordo.  Os 
A Flâmula de Comando  brasileiros  inverteram  a  palavra  para  boreste  (Aviso 
do  Almirante  ALEXANDRINO,  Ministro  da  Marinha),  a 
No  topo  do  mastro  dos  navios  da  Marinha  do  Brasil  fim  de  evitar  confusões  com  o  bordo  oposto: 
existe  uma  flâmula  com  21  estrelas.  Ela  indica  que  o  bombordo. 
navio  é  comandado  por  um  Oficial  de  Marinha.  Se 
alguma  autoridade  a  quem  o  Comandante  esteja  A  palavra  bombordo  tem  vínculo  com  o  termo  da 
subordinado, organicamente (dentro de sua cadeia de  língua  espanhola  babor  que,  por  sua  vez,  parece  ter 
comando)  estiver  a  bordo,  a  flâmula  é  arriada  e  origem  ou  estar  relacionada  à  palavra  francesa 
substituída pelo pavilhão‐símbolo daquela autoridade.  bâbord.  Na  Marinha  francesa  os  marinheiros  que 
tinham  alojamento  a  bombordo,  eram  chamados  de 
Também  são  previstas  as  seguintes  situações  para  o  babordais  e  tinham  os  seus  números  internos  de 
arriamento  da  flâmula  de  comando:  quando  bordo  pares.  Ainda  hoje,  na  numeração  de 
substituída  pela  Flâmula  de  Fim  de  Comissão,  ao  compartimentos,  quando  o  último  algarismo  é  par, 
término  de  comissão  igual  ou  superior  a  seis  meses,  refere‐se a um espaço a bombordo, quando é impar, 
desde a aterragem do navio ao porto final, até o pôr  refere‐se a boreste. 
do  sol  que  se  seguir;  e  por  ocasião  da  Mostra  de 
Desarmamento do Navio.  As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas, 
não utilizam expressões próximas de bâbord. Balizam 
Finalmente, por ocasião da cerimônia de transmissão  o  bordo  oposto  ao  do  governo  de  port,  ou  seja,  o 
de  cargo,  ocorrerá  troca  do  pavilhão  da  autoridade  bordo onde não estava o leme e que, por esta razão, 
exonerada  pelo  da  autoridade  que  assume,  com  a  ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão port, 
salva  correspondente,  no  caso  de  Almirante  bordo do porto. 
Comandante  de  Força,  iniciada  após  o  término  do 
hasteamento  da  bandeira‐insígnia.  Após  a  leitura  da  Câmara 
Ordem  de  Serviço  da  autoridade  que  assume, 
proceder‐se‐á a entrega da bandeira‐insígnia utilizada  Os  compartimentos  do  navio  são  tradicionalmente 
pela autoridade exonerada.  denominados a partir do principal: a câmara. Este é o 
local que aloja o Comandante do navio ou oficial mais 
Posições Relativas a Bordo  antigo  presente  a  bordo,  com  autoridade  sobre  o 
navio, ou ainda, um visitante ilustre, quando tal honra 
A popa é uma parte do navio mais respeitada que as  lhe  for  concedida.  Se  embarcar  num  navio  o 
demais.  Nos  navios  de  guerra,  todos  que  entram  a  Comandante  da  Força  Naval,  esta  autoridade  maior 
bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de  terá o direito à câmara. 
bordo,  cumprimentam  a  Bandeira  Nacional  na  popa, 
com  o  navio  no  porto.  Ela  está  lá  por  ser  a  popa  o  O navio onde embarca o Comandante da Força Naval 
lugar  de  honra  do  navio,  onde,  já  nos  tempos  dos  é  chamado  capitânia.  Seu  Comandante  passa  a 
gregos e romanos, era colocado o santuário do navio,  denominar‐se “Capitão de Bandeira”. 
com  uma  imagem  ou  Puppis,  de  uma  divindade.  O 
termo popa é derivado de PUPPIS.   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
Camarotes e Afins  A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para 
governo  do  navio,  eram,  na  realidade,  agulhas  de 
Os  demais  compartimentos  de  bordo,  conforme  sua  ferro,  que  flutuavam  em  azeite,  acondicionadas  em 
utilização, ganham denominações com diminutivos de  tubos,  com  uma  secção  de  bambu.  Chamavam‐se 
câmara:  “camarotes”,  para  alojar  Oficiais,  e  “calamitas”.  Como  eram  basicamente  agulhas,  os 
“camarins”,  para  uso  operacional  ou  administrativo;  navegantes  espanhóis  consideravam  linguagem 
como, por exemplo, o camarim de navegação, ou o da  marinheira,  a  denominação  de  “agulhas”, 
máquina..  diferentemente  de  bússolas,  palavra  de  origem 
Praças e Cobertas  italiana que se referia à caixa ‐ bosso ‐ que continha as 
peças orientadas. 
Uns tantos compartimentos são chamados de praças: 
praça  de  máquinas,  praça  d'armas,  praça  de  Corda e Cabo 
vaporizadores, etc.  Diz‐se  que  na  Marinha  não  há  corda.  Tudo  é  cabo. 
Os alojamentos da guarnição e seus locais de refeição  Cabos  grossos  e  cabos  finos,  cabos  fixos  e  cabos  de 
são  chamados  de  cobertas:  coberta  de  rancho,  laborar..., mas tudo é cabo. 
coberta de praças, etc.  Existem porém, duas exceções:  
Praça D'Armas  ‐ a corda do sino e 
O compartimento de estar dos oficiais a bordo, onde   ‐ a dos relógios 
também  são  servidas  suas  refeições,  é  denominado 
A Gente de Bordo 
"Praça D'armas". 
A Gente de Bordo 
Essa  denominação  prende‐se  ao  fato  de  que,  nos 
navios  antigos,  as  armas  portáteis  eram  guardadas  O “Comandante” é a autoridade suprema de bordo. O 
nesse local, privativo dos oficiais.  “Imediato”  é  o  “Oficial  executivo  do  navio”,  segundo 
do  Comandante;  é  o  substituto  eventual  do 
A Tolda à Ré 
Comandante: seu substituto Imediato. 
Existem  conveses  com  nomes  especiais.  Um  convés 
A  “gente  de  bordo”  se  compõe  de  “Comandante  e 
parcial, acima do convés principal na proa é o convés 
Tripulação  (Oficiais  e  Guarnição)”.  O  Imediato  e 
do castelo. A denominação é reminiscência do antigo 
Oficiais  constituem  a  “oficialidade”.  Os  demais 
castelo  que  os  navios  medievais  levavam  na  proa 
tripulantes constituem a Guarnição. As ordens para o 
onde os guerreiros combatiam. 
navio  emanam  do  Comandante  e  são  feitas  executar 
Em  certos  navios  existem  mais  dois  conveses  com  pelo  Imediato,  que  é  o  coordenador  de  todos  os 
nomes  especiais:  “o  convés  do  tombadilho”,  que  é  o  trabalhos  de  bordo,  exercendo  a  gerência  das 
convés da parte alta da popa, e o “convés da tolda”.  atividades administrativas. 

Nos  navios  grandes  o  local  onde  permanece  o  Oficial  A Hierarquia Naval 


de  Serviço,  no  porto,  é  chamado  “convés  da  tolda  à 
No  Brasil,  o  estabelecimento  deformação  de  oficiais 
ré”. 
do  Corpo  da  Armada,  de  Intendentes  e  de  Fuzileiros 
Nele não é permitido a ninguém ficar, exceto o Oficial  Navais é a Escola Naval. Seus alunos são Aspirantes e 
de Serviço e seus auxiliares.  dela  saem,  ao  concluírem  o  curso,  como  Guardas‐
Marinha. 
Agulha e Bússola 
A  formação  de  praças  é  realizada  pelas  Escolas  de 
O navio tem agulha, não bússola.  Aprendizes‐Marinheiros.  Os  alunos  dessas  Escolas, 
após o término do curso, são nomeados Marinheiros. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
A  unidade  de  combate  naval  é  o  navio.  Os  Corvetas 
Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e  Contratorpedeiros 
as  Esquadras.  Os  Almirantes,  precipuamente,  Navios‐Transporte 
comandam  Forças  Navais,  grupamentos  de  navios.  Corvetas 
3ª   Rebocadores  de  Alto 
Sua hierarquia deve definir a importância funcional do  Capitão de Corveta 
Classe  Mar 
grupamento.  Os  postos  de  Almirantes,  em  sequência  Navios‐Patrulha Fluviais 
ascendente  são:  Contra‐Almirante,  Vice‐Almirante  e  4ª  Navios‐Varredores 
Capitão‐Tenente 
Almirante de Esquadra.  Classe  Navios‐Patrulha 
 
O  Comando  dos  navios  cabe  aos  Comandantes.  A 
importância  funcional  do  navio  deve  definir  a  A Hierarquia da Marinha Mercante 
hierarquia  de  seus  Comandantes.  É  mantida 
As  Escolas  responsáveis  pela  formação  de  pessoal  da 
tradicionalmente a antiga importância dos navios para 
Marinha  Mercante  funcionam  nos  Centros  de 
combate,  classificados  de  acordo  com  o  número  de 
Instrução Almirante  Graça Aranha, no Rio de Janeiro, 
conveses  e  canhões  de  que  dispunham:  as  corvetas, 
e Almirante Braz de Aguiar, em Belém. 
com  um  convés  de  canhões;  as  fragatas,  com  dois 
conveses de canhões; e as naus com três conveses de  Esses  estabelecimentos  pertencem  à  Marinha  do 
canhões, havendo também, a denominação de navios  Brasil,  assim  como  as  Capitanias  dos  Portos,  suas 
de  linha  ou  navios  de  batalha,  por  serem  os  que  Delegacias  e  Agências,  que  ministram  o  Ensino 
constituíam  as  linhas  de  batalha.  Daí  a  hierarquia  Profissional  Marítimo,  capacitando  profissionais  para 
ascendente  dos  comandantes,  como  Capitães  de  exercerem  atividades  a  bordo  de  embarcação 
Corveta,  Capitães  de  Fragata  e  Capitães  de  Mar  e  marítimas e fluviais. 
Guerra. 
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE CONVÉS:  
As  funções  internas  nos  navios  cabem  aos  tenentes 
(em  hierarquia ascendente: 2° Tenente, 1° Tenente e  ‐ Capitão de Longo Curso 
Capitão‐Tenente) e praças (em hierarquia ascendente:   ‐ Capitão de Cabotagem 
Marinheiro,  Cabo,  3º  Sargento,  2º  Sargento,  1º   ‐ 1º Oficial de Náutica 
Sargento  e  Suboficial).  Nos  navios  de  maior   ‐ 2° Oficial de Náutica 
importância há, ainda, oficiais superiores que exercem 
HIERARQUIA DOS OFICIAIS DE MÁQUINAS: 
funções  internas,  geralmente  na  chefia  de 
Departamentos. Navios menores que as corvetas, em   ‐ Oficial Superior de Máquinas 
geral, são comandados por Capitães‐Tenentes.   ‐ 1° Oficial de Máquinas 
 ‐ 2° Oficial de Máquinas 
É  interessante  notar,  entretanto,  uma  característica 
ímpar da Marinha: na linguagem verbal, o tratamento 
A Organização de Bordo 
normalmente dados aos oficiais da Armada resumem 
esses  nove  postos  a  três:  Almirante,  Comandante  e  Organização por Quartos e Divisões de Serviço 
Tenente. 
Em  um  navio  de  guerra,  para  a  sua  condução, 
  segurança e  andamento dos serviços administrativos, 
existe  sempre  uma  parcela  da  tripulação  que  fica  de 
Divisões de Navios por Classe na MB: 
serviço, quando em viagem ou no porto. 
Tipos de Navios 
Classe  Comando  Todo  o  pessoal  é  dividido  em  grupos  chamados 
(exemplos) 
1ª   Capitão  de  Mar  e  Navio‐Aeródromo   quartos  de  serviço,  que  recebem  os  nomes  de  1° 
Classe  Guerra  Navio de Desembarque  quarto,  2°  quarto  e  3°  quarto.  Existe  sempre  um 
2ª   Fragatas  quarto, efetivamente, de serviço; um estará de folga; 
Capitão de Fragata 
Classe  Submarinos 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
 
e  outro  será  o  retém,  que  fornecerá  pessoal  para  cinturão  com  coldre  e  pistola;  o  “Polícia”,  que  é  um 
cobrir faltas eventuais.  Sargento  ou  um  Cabo,  encarregado  de  auxiliar  o 
Oficial  de  Serviço  na  fiscalização  da  disciplina  e  da 
O  zelo  pelo  navio  é  feito  dividindo‐se  as  24  horas  do  rotina, usa um cinto especial e um cassetete; o “Cabo 
dia,  em  seis  períodos  de  quatro  horas  ‐  também  Auxiliar”,  que  usa  um  apito  com  cadarço  preto  e  um 
chamados  de  quartos  ‐  cada  um  sob  a  cinto especial na cintura, com sabre, é o encarregado 
responsabilidade  de  um  quarto  de  cabos  e  de  dar  os  toques  (silvos  de  apito  que  transmitem 
marinheiros, de uma divisão de suboficiais e sargentos  informações  e  ordens),  efetuar  as  batidas  do  sino, 
e de uma divisão de oficiais.  marcando  os  quartos,  e  fazer  cumprir  a  rotina  de 
No porto, haverá sempre, em condições normais, pelo  bordo;  e  o  “Ronda”,  que  é  um  mensageiro  às ordens 
menos,  um  quarto  de  serviço.  Mais  gente  ficará  a  do Oficial de Serviço e usa um cinto especial. 
bordo, quando necessário, podendo permanecer todo  O Sino de Bordo 
o pessoal em prontidão, se assim for determinado. 
No  período  compreendido  entre  os  toques  de 
Dessa  forma,  o  dia  de  trabalho  do  marinheiro,  do  alvorada  e  de  silêncio,  os  intervalos  dos  quartos  são 
homem  do  mar,  é  contado  diferente  do  dia  do  marcados por batidas do sino de bordo, feitas ao fim 
homem  de  terra.  Se  fosse  possível  ao  navio  navegar  de cada meia hora. 
somente de oito horas da manhã até as cinco da tarde 
‐  havendo  parado  uma  hora  para  almoço  ‐  e  parar  e  1ª meia‐hora do quarto: Uma batida singela 
fundear ao final do dia, para então recomeçar tudo no  2ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla 
dia seguinte, às oito horas, a jornada seria como a de  3ª meia‐hora do quarto: Uma batida dupla e uma 
terra. Mas há séculos os marinheiros se ajustaram às  singela 
necessidades  do  mar,  cumprindo  uma  jornada  de  4ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas 
trabalho dividida em seis quartos de serviço, cabendo  5ª meia‐hora do quarto: Duas batidas duplas e uma 
a  parcelas  diferentes  da  tripulação  a  vigilância,  em  singela 
cada  quarto.  No  porto,  os  quartos  são  de  00  às  04h,  6ª meia‐hora do quarto: Três batidas duplas 
de  04  às  08h,  08h  às  12h,  de  12h  às  16h,  de  16h  às  7ª meia‐hora do quarto: Três batidas  duplas e uma 
20h  e  de  20h  às  24h.  Em  viagem,  no  período  singela 
compreendido  entre  OOh  às  12h,  os  quartos  tem  o  8ª meia‐hora do quarto: Quatro batidas duplas 
mesmo  horário  que  do  porto,  porém,  depois  das  12 
horas, os quartos são de 3 horas: 12‐15; 15‐18; 18‐21;  As  batidas  do  sino  são  uma  tradição  naval  a  ser 
21‐24.  preservada  pelos  responsáveis  pela  rotina  de  bordo. 
Deve haver o cuidado, por parte do sinaleiro, de bater 
O  quarto  de  04  às  08  é  balizado  de  quarto  d'alva  (a  acompanhando  o  Capitânia,  de  modo  a  não  haver  o 
hora d'alva, do amanhecer).  indesejável assincronismo. 

  As Fainas 

O Pessoal de Serviço  Organizado  em  Divisões  Administrativas  ou  em 


Quartos  e  Divisões  de  Serviço,  o  navio  está  pronto 
Certos  postos,  ocupados  pelo  pessoal  de  serviço,  são  para  fazer  frente  aos  trabalhos  que  envolvem  toda  a 
indicados  por  uniforme.  Assim,  o  “Oficial  de  Quarto”  gente de bordo ao mesmo tempo, ou parte dela, para 
usa  um  apito,  com  um  cadarço  preto.  No  porto,  o  um  fim  específico.  Esses  trabalhos  são  chamados  de 
“Oficial  de  Serviço”,  além  do  apito,  usa  um  cinturão  fainas.  As  fainas  são  gerais,  comuns,  especiais  ou  de 
com coldre e pistola. Para auxiliar o Oficial de Serviço,  emergência. 
existem:  o  “Contramestre  de  Serviço”,  ajudante  do 
Oficial para manobra e aspectos de ordem marinheira  Em um navio de guerra, a principal faina geral é a de 
do  navio,  que  tem  a  graduação  de  Suboficial  ou  Postos de Combate. 
Sargento  e  usa  um  apito  com  cadarço  preto,  um 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
 
São fainas gerais e fainas comuns, entre outras:  O  cumprimento  da  rotina  de  bordo,  bem  como  das 
‐ Preparar para suspender;  fainas,  como  já  mencionado,  são  ordenados  pelo 
‐ Suspender (ou desamarrar ou desatracar);  toque de apito. Alguns avisos e ordens em linguagem 
‐ Preparar para fundear;  clara, pelo fonoclama, podem ser dados, também, em 
‐ Fundear (ou amarrar, ou atracar);  certas  circunstâncias  especiais,  mas  repetir,  em 
‐ Navegação em águas restritas(Detalhe Especial para  linguagem clara, o significado de um toque de apito é 
o Mar);  considerada  atitude  pouco  marinheira,  não  sendo, 
‐ Recebimento de munição;  normalmente, permitido a bordo. 
‐ Recebimento de material comum ou sobressalentes; 
‐ Recebimento de mantimentos;  As  fainas  de  emergência  são  ordenadas  pelos 
‐ Montagem ou desmontagem de toldos;  respectivos  sinais  de  alarme,  fonoclama,  sino  ou 
‐ Içar e arriar embarcações;  mesmo viva voz. 
‐ Operações aéreas, decolagem e pouso de aeronaves;  A Presidência das Refeições a Bordo 
‐ Inspeção de material; 
‐ Docagem e raspagem do casco; e  As  refeições  de  oficiais  são  presididas  pelo  Imediato 
‐ Pintura geral.  ou, na sua ausência, pelo oficial mais antigo presente, 
o qual convida os demais a sentarem‐se à mesa. 
São fainas de emergência: 
‐ Incêndio;  Após  iniciada  uma  refeição,  qualquer  pessoa  que 
‐ Colisão;  deseje sentar‐se à mesa, ou dela retirar‐se, deve pedir 
‐ Socorro externo;  permissão  a  quem  a  estiver  presidindo.  A  cortesia 
‐ Homem ao mar;  naval dita que ninguém deve retirar‐se da mesa antes 
‐ Reboque;  do Imediato ou do oficial mais antigo presente. 
‐ Abandono; 
As refeições dos suboficiais e sargentos são presididas 
‐ Avaria no sistema de governo; 
pelo  Mestre  do  Navio.  Compete  ao  Mestre  d'Armas 
‐ Acidente com aeronave ("crash"); e 
presidir as refeições dos cabos e marinheiros. 
‐ Recolhimento de náufragos. 
 
Além  das  fainas,  existem  ocasiões  em  que  toda  a 
tripulação do navio deve atender a formaturas gerais, 
Cerimonial de Bordo 
para certas formalidades a bordo ou para cerimonial, 
conhecidas com formaturas gerais.  Saudar Pavilhão 

São formaturas gerais:  Como já foi explicado, faz parte do cerimonial saudar 
‐ Parada;  com  a  continência  o  Pavilhão  Nacional,  que  é 
‐ Mostra;  arvorado na popa , das 8 horas até o por do sol. 
‐ Distribuição de faxina; 
‐ Postos de continência;  Isto  se  faz  ao  entrar  a  bordo  pela  primeira  vez  e  ao 
‐ Bandeira; e  sair pela última vez, no dia. 
‐ Concentração da tripulação. 
Saudar o Comandante 
As  situações  previstas  para  fainas  ou  formaturas 
É  costume  os  oficiais  saudarem  o  Comandante  na 
constam  de  uma  tabela  a  bordo,  chamada  Tabela 
câmara,  pela  manhã,  quando  em  viagem.  À  noite,  a 
Mestra,  que  designa  cada  homem  da  tripulação  para 
saudação  é  feita  após  o  Cerimonial  do  Arriar  a 
um determinado posto ou função, específica em cada 
Bandeira. 
faina ou formatura, além de designar qual é seu bote 
salva‐vidas e seu respectivo quarto.  Quando  no  porto,  os  oficiais  formam  para  receber  o 
Comandante, cumprindo o Cerimonial de Recepção; e, 
da  mesma  maneira,  formam  quando  ele  se  retira  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 8 
 
bordo,  no  Cerimonial  de  Despedida.  Se  algum  oficial  parte  de  tropa  armada,  em  postos  de  continência  ou 
chegar após o Comandante, deve saudá‐lo na câmara,  Parada”. 
bem  como  ao  Imediato.  Se  vai  retirar‐se  de  bordo 
antes  do  Comandante,  deve  despedir‐se  dele  na  Conforme  visto  anteriormente,  a  continência  é  uma 
câmara,  obtendo  licença  para  retirar‐se,  não  sem  saudação entre militares. Ao cumprimentar um civil, o 
antes ter sido liberado pelo Imediato.  militar  quando  fardado,  poderá  fazer‐lhe  uma 
continência,  como  cortesia,  além  de  dar‐lhe  o  usual 
Saudar o Imediato  aperto de mão. 

Ao entrar e ao retirar‐se de bordo os oficiais saúdam o  A  continência  individual  deve  ser  exigida  e  sua 


Imediato.  retribuição  pelo  mais  antigo  é  obrigatória.  Não  faz 
parte dos costumes navais desfazer a continência com 
É costume, em viagem, os oficiais cumprimentarem o  batida  da  mão  à  coxa,  provocando  ruído.  A 
Imediato  pela  manhã  e,  também,  após  o  Cerimonial  continência  deve  ser  feita  com  correção,  vivacidade, 
da Bandeira.  elegância,  energia  e  franqueza.  Da  mesma  forma, 
Saudação entre Militares  cabe  ao  superior  responder  o  cumprimento  de 
maneira  semelhante.  A  continência  mal  executada  é 
Nas  Forças  Armadas,  consequentemente  na  MB,  as  sinônimo  de  displicência,  o  que  não  condiz  com  os 
diversas formas de saudação militar, sinais de respeito  valores  militares.  A  continência  individual  não 
e  correção  de  atitudes  caracterizam  o  espírito  de  representa  apenas  uma  manifestação  de  respeito  ou 
disciplina e apreço existentes no âmbito militar.  de  apreço  a  um  indivíduo  em  particular;  trata‐se 
também  de  um  ato  público  que  expressa  a  cortesia 
A  continência,  saudação  militar  universal,  é  uma 
entre os membros de uma corporação. 
reminiscência  do  antigo  costume,  que  tinham  os 
combatentes  medievais,  quando  vestidos  com  suas  A  continência  individual  é  prestada  pelo  militar 
armaduras, ao serem inspecionados por um superior,  fardado  e  não  deverá  ser  executada  quando  este 
de  levar  a  mão  à  têmpora  direita,  para  suspender  a  estiver  em  trajes  civis.  Neste  caso,  a  saudação  é 
viseira, permitindo sua identificação.  realizada  com  um  cumprimento  verbal,  de  acordo 
com as convenções sociais. 
Cabe  ressaltar  que,  a  continência  é  a  saudação 
prestada pelo militar ou pela tropa, sendo impessoal e  Saudação com Espada 
visando  sempre  a  Autoridade  e  não  a  pessoa,  sendo 
assim, parte sempre do militar de menor precedência  A antiga saudação com espada e o gesto de abatê‐la, 
ou  em  igualdade  de  Posto  ou  Graduação.  Havendo  não  é  uma  tradição  naval,  mas  militar.  O  pessoal  da 
dúvida  em  relação  à  antiguidade,  deverá  ser  Marinha,  contudo,  faz  uso  da  espada  em  algumas 
executada simultaneamente.  cerimônias a bordo e, em formaturas, em terra. 

A  continência  é  uma  atitude  militar  de  grande  O gesto de levar a ponta da espada até o chão é uma 


relevância e um ícone da tradição e costumes navais,  antiga demonstração de submissão a uma autoridade 
constitui  prova  de  respeito  e  cortesia  que  o  militar  é  superior,  reconhecendo  sua  superioridade 
obrigado  a  prestar  ao  superior  hierárquico,  não  hierárquica.  A  ponta  da  espada  no  chão,  ao  fim  da 
podendo  ser  por  este  dispensada,  salvo  nas  ocasiões  saudação,  não  permite  ao  oficial  usá‐la,  naquele 
previstas no Cerimonial da Marinha, tais como: “faina  momento. 
ou serviço que não possa ser interrompida, postos de  O Cerimonial da Bandeira 
combate,  praticando  esportes,  sentado  à  mesa  de 
rancho,  remando,  dirigindo  viaturas,  militar  de  Os  navios  da  Marinha  do  Brasil,  quando  em  contato 
sentinela,  armado  de  fuzil  ou  outra  arma  que  com  terra  (atracados,  fundeados  ou  amarrados), 
impossibilite  o  movimento  da  mão  direita,  fazendo  arvoram a Bandeira Nacional no pau da bandeira, na 
popa. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 9 
 
Ao  suspenderem,  no  instante  em  que  é  Desta  forma,  o  termo  bandeira  a  meio‐pau  é  a 
desencapelada a última espia ou o ferro arranca ou é  expressão que corresponde à Bandeira Nacional içada 
largado  o  arganéu  da  bóia,  a  Bandeira  é  arriada  na  a  meio‐mastro.  O  jeque  acompanha  a  Bandeira 
popa  e  içada,  em  movimentos  contíguos,  no  mastro  Nacional, a meio‐pau. E o sinal de luto. 
de combate, mas de forma que nunca deixe de estar 
içado  o  Pavilhão  Nacional.  Não  há  cerimonial,  nessas  O costume teve origem na antiga marinha a vela. Era 
ocasiões.  usual que os navios, como mostra de pesar pela morte 
de  uma  personalidade,  desamantilhassem  as  vergas, 
A  Bandeira  do  Cruzeiro,  que  é  arvorada  no  pau  do  de  modo  a  deixá‐las  desalinhadas  e  pendentes,  em 
jeque,  acompanha  os  movimentos  da  Bandeira  diferentes  ângulos,  e  com  todos  os  cabos  de  laborar, 
Nacional na popa. Ou seja, é içada e arriada junto com  de  mastros  e  vergas  folgados  e  pendentes.  A  mostra 
esta.  de  pesar  consistia  neste  aspecto  de  desleixo,  por 
tristeza. O Pavilhão também era arriado a meio‐pau. 
O  Pavilhão  é  içado  às  oito  horas  da  manhã  e  arriado 
exatamente  na  hora  do  pôr‐do‐Sol.  O  Cerimonial  Saudação de Navios Mercantes e Resposta 
consta de sete vivas com o apito do marinheiro e das 
continências  de  todo  o  pessoal.  Quem  estiver  O navio mercante que passa ao largo de um navio de 
cobertas abaixo, permanece descoberto e em silêncio,  guerra  cumprimenta‐o,  amando  sua  Bandeira 
atento.  O  cerimonial  do  arriar  é  maior  e  consta  de  Nacional,  fazendo  o  de  guerra  o  mesmo,  como 
formatura  geral  da  tripulação.  Após  o  arriar,  é  resposta. 
costume  o  cumprimento  geral  de  "boa‐noite"  entre  O  mercante  içara  novamente  sua  Bandeira,  depois 
todos  os  presentes,  sendo  primeiramente  dirigido  ao  que o de guerra o fizer. 
Comandante. 
A Salva: Saudação com Canhões 
A  Bandeira  Nacional  deve  ser  içada  ou  arriada  em 
movimento  uniforme,  que  deve  ser  estimado  para  O  sinal  de  amizade  era  antigamente  entendido  e 
que  ocorra  durante  o  tempo  em  que  é  executado  o  mormente  caracterizado  pelo  fato  de  apresentar‐se 
hino ou toque.  uma  pessoa,  com  a  espada  abatida,  ou  um  navio  ou 
uma embarcação, momentaneamente impossibilitado 
Da  mesma  forma,  o  içar  e  arriar  de  galhardetes  e  de  manobrar  ou  combater.  Nos  tempos  em  que  não 
Bandeiras‐Insígnias deve ser feito celeremente.  havia  meios  seguros  de  comunicação  e  quando  no 
Durante  o  Cerimonial  à  Bandeira  é  vedada  a  entrada  mar  não  era  possível  aos  navios  saberem  notícias  de 
ou  saída  de  pessoas  e  veículos  na  OM  que  o  realiza,  terra,  a  menos  que  encontrassem  outros  que  as 
salvo  se  localizada  próxima  à  via  pública,  quando  a  transmitissem,  era  importantíssimo  para  cada  um 
interrupção  do  trânsito  deve  ocorrer,  com  o  mínimo  deles saber quais as intenções uns dos outros, quando 
de prejuízo possível ao tráfego de pessoas e veículos,  se encontravam. Imagina‐se que um navio, no mar há 
entre o “Segundo Sinal” e o término do Cerimonial.  algum tempo, poderia não saber se sua nação estava 
ou  não  em  guerra  com  outra,  inclusive  com  aquela 
Para  as  OM  de  terra  são  observados  os  mesmos  cuja  bandeira  um  navio  avistado  ostentava!  Era, 
procedimentos.  portanto,  importante  demonstrar  atitude  amistosa, 
tomando difícil a manobra ou o combate. 
Bandeira a Meio‐Pau 
Nos tempos de Henrique VIII, para um canhão repetir 
Nos  navios  da  Marinha  não  se  usa  as  denominações  um tiro levava uma hora. Assim, um navio estava com 
de  "mastros"  de  bandeira,  nem  do  jeque:  a  os canhões sempre carregados para combate. Mas, se 
nomenclatura  correia  é  nomeá‐los  o  "pau  da  ele  os  disparava,  ficava  impossibilitado 
bandeira"  e  o  "pau  do  jeque",  mesmo  que  sejam  momentaneamente  de  combater.  A  maior  parte  das 
metálicos. O distinto, na Marinha, segundo a tradição,  fragatas  e  navios  menores  era  armada  com  uma 
é que sejam de madeira e envernizados.  bateria  de  sete  canhões,  em  cada  borda.  A  princípio, 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 10 
 
uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica.  homens  para  o  combate,  transitoriamente.  Desta 
As baterias de terra, no entanto, deveriam responder  forma,  dispor  a  guarnição  pelas  vergas  dos  navios‐
às salvas do navio, na razão de três tiros para cada tiro  escola  a  vela,  veio  até  nossos  dias,  com  a 
de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros,  denominação depostos de continência. 
era  respondida  pela  maior  salva  de  terra,  vinte  e  um 
tiros.  Com  o  progresso  da  indústria  de  armas  e,  Em  todos  os  navios  da  Marinha,  os  postos  de 
principalmente, da produção da pólvora, a maior salva  continência  são  atendidos  com  toda  a  guarnição 
de bordo passou a ser também de vinte e um tiros.  distribuída pela borda do navio, no bordo por onde vai 
passar a autoridade a saudar, numa demonstração de 
O número de tiros, depois que a salva se transformou  respeito. 
num costume, chegou aos nossos dias consagrado no 
Cerimonial Naval. Vinte e uma salvas é o máximo que  Vivas 
se usa. Mas por que vinte e uma? É porque, além do  Ainda  permanece  em  nossa  Marinha  o  hábito  dos 
costume  acima,  esse  número  é  múltiplo  de  três.  A  "vivas".  É  uma  repetição  da  antiga  forma  de 
explicação é que os números 3, 5 e 7 sempre tiveram  continência e saudação à autoridade que passar perto 
significado místico, muito antes, mesmo, de existirem  do  navio,  sempre  que  o  fato  for  antecipado  e 
marinhas  organizadas  como  as  dos  últimos  três  devidamente  anunciado.  A  guarnição,  quando  em 
séculos.  postos  de  continência,  a  um  sinal,  leva  o  boné  ao 
O  intervalo  das  salvas  festivas  é  de  cinco  segundos,  peito do lado esquerdo, com a mão direita, e, ao sinal 
entre  um  tiro  e  outro.  Havia  um  velho  costume,  na  de  salvas  do  apito,  sete  vezes,  estende  a  mão  com  o 
Marinha  antiga,  que  ainda  hoje  os  oficiais  "safos"  boné  para  o  alto,  à  direita,  e  dá  os  vivas 
usam  para  contagem  dos  cinco  segundos  correspondentes. 
regularmentares, que é o de dizer a expressão: "teco,  Vivas do Apito 
teleco,  teco,  pepinos,  não  são  bonecos,  ‐  fogo  um!"; 
repetindo‐se  após  cada  tiro  o  mesmo  conjunto  de  Permanece,  no  Cerimonial  da  Bandeira,  o  costume 
palavras  só  alternando  o  número  da  ordem  de  fogo.  dos  sete  vivas,  pelo  apito  do  marinheiro.  Durante  o 
Quem cronometrar o tempo que normalmente se leva  içar ou arriar da Bandeira, o Mestre ou Contramestre, 
para dizer as palavras mencionadas, verá que ele é de  dependendo  da  ocasião,  faz  soar  sete  vezes  o  apito, 
cinco segundos.  correspondendo  aos  sete  vivas,  que  é  a  maior 
saudação por apito. 
Os Postos de Continência 
O  número  de  sete,  como  explicado,  ainda  é  a 
Mas, somente disparar os canhões não era mostra de  lembrança dos antigos sete tiros das fragatas e navios 
ficar sem aptidão para combater. O navio, além disso,  menores,  que  constituíam  a  maior  salva.  Embora  os 
deveria  ferrar  o  pano  (colher  as  velas),  perdendo  tiros  de  salva  tenham  passado  para  vinte  e  um,  os 
velocidade  e  ficando  momentaneamente  vivas de apito permaneceram em sete, como a honra 
impossibilitado  de  manobrar  e  combater,  com  todos  máxima. 
os  cabos  de  laborar  pelo  convés  e  a  guarnição 
ocupada  nas  fainas.  Assim,  essa  mostra  de  respeito  Cerimonial de Recepção e Despedida 
mantinha  o  navio  privado  de  combater.  Foi  desse 
Os oficiais ao entrarem e saírem de bordo fazem jus a 
antigo  costume,  que  vieram  até  nossos  dias  certas 
um  cerimonial  correspondente  à  sua  patente, 
formas  de  cumprimento  em  embarcações  como 
constando  de  toques  de  apito  característicos  e  da 
remos ao alto, folgar as escotas ou parar a máquina. 
continência  de  quem  o  recebe  ou  despede  e  dos 
Nos  grandes  navios,  no  entanto,  podia  ser  presentes. Além disso, marinheiros em formatura, em 
demonstrada,  ao  navio  avistado,  a  intenção  pacífica,  número correspondente a cada cerimonial, chamados 
fazendo subir toda a guarnição aos mastros e vergas.  "boys",  ladearão  o  oficial  saudado,  na  escada  de 
Assim  estava  o  navio  impossibilitado  de  utilizar  seus  portaló e no convés. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 11 
 
Esses  cerimoniais  são  tradições  herdadas  dos  dias  da  A  chegada  de  autoridade  a  bordo  de  OM  da  MB 
marinha  a  vela.  Costumava‐se,  nas  reuniões  de  deverá  ser  anunciada  no  sistema  de  fonoclama, 
Comandantes  de  navios  de  uma  Força  Naval  em  um  quando  couber,  o  cargo  da  autoridade  visitante 
determinado navio ‐ quando o mar não estava muito  seguido  da  expressão  “para  bordo”.  Não  deverá  ser 
bom  ‐  içar  o  visitante  por  uma  guindola,  espécie  de  anunciado  pronome  de  tratamento  ou  nome  da 
pequena  tábua  suspensa  pelas  extremidades.  A  autoridade  visitante.  Por  ocasião  do  cerimonial,  a 
manobra  era  comandada  pelo  Mestre,  ao  som  do  ordem  ao  Mestre  ou  Contramestre  de  Serviço  não 
apito e, para realizá‐la, vários marinheiros iam para o  deve  conter  palavras  desnecessárias,  já  que  se  trata 
local de embarque. Hoje é uma cortesia naval acorrer  de  uma  instrução  para  quem  vai  abrir  toque.  Assim, 
com  marinheiros  ao  portaló  (local  de  embarque  ou  essa  ordem  deve  ser  pertinente  ao  toque 
saída  de  bordo)  e  saudar  com  toque  de  apito,  a  característico  a  que  tem  direito  a  autoridade.  A 
autoridade que chegar ou sair.  menção  ao  cargo  desempenhado  somente  deve  ser 
feita  a  quem  competir  vocativo  específico 
Os  marinheiros  que  acorriam  para  as  manobras  de  (Comandante  da  Marinha,  Chefe  do  Estado‐Maior  da 
embarque  do  Comandante  a  bordo  eram  chamados,  Armada,  Comandante  de  Operações  Navais, 
na  Real  Marinha  britânica,  de  "boys".  Esse  costume  Comandante‐Geral  do  Corpo  de  Fuzileiros  Navais  e 
passou  desde  o  Império,  à  nossa  Marinha.  Hoje,  há  Comandante em Chefe da Esquadra). Nesse caso, não 
um  toque  de  apito  que,  em  realidade,  significa  boys  se  deve  mencionar  o  Posto,  a  menos  se, 
aos cabos. Tratava‐se, até há pouco tempo, quando se  eventualmente  e  no  caso  de  ComemCh,  o  cargo 
vinha  ou  saía  de  bordo  por  lancha,  de  chamar  os  estiver  sendo  exercido  por  Almirante  de  Esquadra.  O 
marinheiros para que descessem ao patim inferior da  artigo  5‐1‐7  do  Cerimonial  da  Marinha  reflete  com 
escada  de  portaló  e  aí  estendessem  cabos  clareza este ponto. 
(preparados com pinhas nas duas extremidades, uma 
para  o  boy  e  outra  para  a  autoridade),  para  que  lhe  Os  toques  de  apito  devem  ser  dados  apenas  pelo 
servissem  de  apoio  quando  embarcavam  ou  Mestre  ou  Contramestre  de  Serviço.  Ao  final  das 
desembarcavam.  Honras de Recepção ou Despedida, quando por toque 
de corneta, cabe o “ponto”, como sinal de desfazer a 
Ao  patim  inferior  da  escada  de  portaló  descem  dois  continência  e  a  guarda  de  portaló  executar  o 
"boys"  e  mais  dois  quando  há  espaço.  Os  demais  comando  de  “ombro  armas”.  Nos  casos  em  que 
formam  no  convés.  Quando  estiver  com  prancha  houver  Guarda  de  Honra,  esta  executará  o  referido 
passada  para  terra,  somente  dois  devem  ficar  em  comando quando determinado pelo seu Comandante. 
terra;  os  demais  formam  no  convés.  Formar  mais  de 
dois  "boys"  em  terra  é,  como  se  diz.  na  gíria  Uniformes e seus acessórios 
marinheira,  uma  varada  (de  "vara",  termo  espanhol 
que quer dizer encalhe). Tudo isso deve‐se ao fato de  Os Uniformes 
que  o  emprego  dos  "boys"  é  uma  tradição  na 
Os oficiais, suboficiais e sargentos usam uniformes do 
manobra de embarque e desembarque de oficiais, em 
mesmo  feitio  para  o  serviço  ou  para  os  trabalhos  a 
navios no mar. 
bordo.  São  do  tipo  paletó,  ou  dóimã,  e  calça,  ou 
Quando  o  Comandante  é  recebido  no  seu  próprio  somente camisa e calça. Na cabeça usa‐se o boné. Os 
navio,  é  o  Mestre  quem  executa  os  apitos  do  oficiais  e  suboficiais,  para  distinção,  usam  galões  nas 
cerimonial.  platinas  colocadas  nos  ombros  dos  uniformes 
brancos,  galões  nos  punhos  do  uniforme  azul  e 
Quando o cerimonial é executado em terra, como nos  distintivos na gola do uniforme cinza de manga curta 
estabelecimentos  ou  cerimônias  públicas,  os  "boys"  (caqui para os Fuzileiros Navais). Os sargentos, cabos 
são  distribuídos  no  número  completo  previsto  no  e  marinheiros  cursados  usam  sempre,  para  distinção 
Cerimonial da Marinha, em caráter simbólico.  de  graduação,  divisas  nos  braços.  Os  marinheiros‐
recrutas, aprendizes e grumetes não usam divisas. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 12 
 
As platinas são presas sobre os ombros dos uniformes  As  três  listas  da  gola  são  reminiscência  do  costume 
como acessório, sendo reminiscências de antigas tiras  antigo  de  se  indicar,  por  meio  de  fitas,  presas  ao 
de  couro  usados  nos  uniformes  para  fixar  os  pelerine (capa utilizada sobre os ombros), o tempo de 
talabardes (boldriés). São de origem francesa.  serviço do embarcado. 

Os  galões  dos  oficiais  são  listras  douradas.  No  Corpo  Gorro de Fita 
da  Armada,  a  mais  alta  no  punho  é  terminada  por 
uma volta. Conta a tradição que é uma reminiscência  Os  fuzileiros  navais  também  trazem  em  seus 
da volta que o Almirante Nelson, oficial inglês, levava  uniformes simbolismo e tradição. 
em  um  pequeno  cabo  amarrado  à  manga  de  seu  O  gorro  de  fita,  de  origem  escocesa,  é  uma  das 
dólmã  para  sustentá‐la  em  um  botão,  quando,  após  tradições  que  são  incorporadas,  permanecem  e 
perder o braço, subiu ao convés pela primeira vez. As  ganham  legitimidade.  Foi  idéia,  em  1890,  de  um 
marinhas  que  tiveram  origem  e  contatos  com  a  comandante  do  Batalhão  Naval,  de  ascendência 
Marinha britânica conservam o símbolo.  britânica.  O  gorro  foi  bem  aceito  e,  hoje,  caracteriza 
Os  cabos  e  marinheiros  usam  uniformes,  brancos  ou  de forma ímpar o uniforme dos marinheiros de terra, 
azuis,  de  gola,  e  na  cabeça,  bonés  sem  pala.  Os  de  soldados do mar, que são os fuzileiros navais. 
trabalho  são  de  cor  mescla,  com  chapéus  redondos  O Apito Marinheiro 
típicos, de cor branca, chamados caxangá. 
Os  principais  eventos  da  rotina  de  bordo  são 
O  uniforme  típico  de  marinheiro  é  universal.  Suas  ordenados  por  toques  de  apito,  utilizando‐se,  para 
características  são,  principalmente,  o  lenço  preto  ao  isso,  de  um  apito  especial:  o  apito  do  marinheiro.  O 
pescoço e a gola azul com três listras.  apito serve, também, para chamadas de quem exerce 
O  lenço  teve  sua  origem  na  artilharia  dos  tempos  funções  específicas  ou  para  alguns  eventos  que 
antigos  da  marinha  a  vela.  Os  marujos  usavam  um  envolvam  pequena  parte  da  tripulação.  Ele  tem  sido, 
lenço  na  testa  durante  os  combates,  amarrado  atrás  ao  longo  dos  tempos,  uma  das  peças  mais 
da  cabeça.  Esse  procedimento  evitava  que  o  suor,  características  do  equipamento  de  uso  pessoal  da 
misturado  à  graxa  e  mesmo  à  pólvora  das  peças  de  gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam 
tiro,  lhes  caísse  nos  olhos.  Ao  findar  o  combate,  os  para  fazer  a  marcação  do  ritmo  dos  movimentos  de 
marinheiros regulares giravam o lenço e o amarravam  remo nas galés. 
ao  pescoço,  com  o  nó  para  frente.  Hoje,  Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie 
simbolicamente,  o  lenço  é  colocado  em  tomo  do  de  distintivo  de  autoridade  e  mesmo  de  honra.  Na 
pescoço.  Inglaterra,  o  Lord  High  Admirai  usava  um  apito  de 
Sua  cor  preta,  diferentemente  do  que  muitos  dizem,  ouro  ao  pescoço,  preso  por  uma  corrente;  um  apito 
não  é  originada  em  sinal  de  luto  pela  morte  de  de prata era usado pêlos Oficiais em Comando, como 
Nelson,  pois  era  usado  pelos  marinheiros,  com  essa  "Apito  de  Comando".  Eram  levados  tais  símbolos  em 
cor,  bem  antes  disso,  embora,  naquele  evento,  tanta  consideração  que,  em  combate,  um  oficial  que 
tenham retirado o lenço característico do pescoço e o  usasse um apito preferia jogá‐lo ao mar a deixá‐lo cair 
colocado no braço.  em mãos inimigas. 

A  gola  do  marinheiro  é  bastante  antiga.  Era  usada  O  apito,  hoje,  continua  preso  ao  pescoço  por  um 
para  proteger  a  roupa  das  substâncias  gordurosas  cadarço de tecido e tem utilização para os toques de 
com  que  os  marujos  untavam  o  "rabicho"  de  suas  rotina e comando de manobras. 
cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas, a gola  As  fainas  de  bordo,  ainda  hoje,  em  especial  as 
permaneceu,  como  parte  característica  do  uniforme.  manobras  que  exigem  coordenação  e  ordens 
A cor azul é adotada por quase todas as marinhas do  contínuas  de  um  Mestre  ou  Contramestre,  são 
mundo.  conduzidas somente com toques de apito. Fazê‐lo aos 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 13 
 
gritos  denota  pouca  qualidade  marinheira  do  braço  esquerdo;  e  assim,  protegia  não  somente  o 
dirigente da faina e sua equipe.  coração, mas a insígnia de honra. 

O  Oficial  de  Serviço  utiliza  um  apito,  que  não  é  o  Algumas expressões corriqueiras 


tradicional,  e  serve  para  cumprimentar  ou  responder 
a  cumprimentos  dos  cerimoniais  (honras  de  SAFO: 
passagem) de navios ou lanchas com autoridades que 
Safo  é  talvez  a  palavra  mais  usual  na  Marinha.  Serve 
passam  ao  largo;  mas,  o  cadarço  que  o  prende  ao 
para  tudo  que  está  correndo  bem,  ou  para  tudo  que 
pescoço  mantém‐se  como  parte  do  símbolo 
faz  as  coisas  correrem  bem:  "oficial  safo,  marinheiro 
tradicional. 
safo.  A  faina  está  safa.  A  entrada  é  safa,  pode 
Os  toques  de  apitos  estão  grupados,  por  tipos,  em  demandar: não há bancos". 
toques  de:  Continência  e  Cerimonial,  Fainas,  Pessoal 
ONÇA: 
Subalterno, Divisões e Manobras  
Onça  é  também  uma  expressão  de  grande  uso. 
Alamares 
Significa  dificuldade:  "onça  de  dinheiro,  onça  de 
Nos tempos de cavalaria andante, na Idade Média, os  sobressalentes". 
ajudantes  lavavam  os  cavalos  e  auxiliavam  os 
Estar na onça é estar em apuros. "A onça está solta", 
cavaleiros,  com  armaduras,  a  montar,  tal  era  o  peso 
quer dizer que tudo vai mal. 
desses  apetrechos.  Depois  que  os  cavaleiros 
montavam,  os  ajudantes  se  afastavam  das  montarias  Essa  expressão  vem  de  uma  velha  história  de  uma 
e  dos  chefes,  ficando  porém  nas  mãos  com  o  cabo  onça  de  circo,  que  era  transportada  a  bordo  de  um 
(corda)  no  braço,  na  altura  do  ombro. Ainda  hoje,  os  navio  mercante  e  se  soltou  da  jaula,  durante  um 
ajudantes  de  ordens  usam,  com  garbo,  essa  peça,  temporal. 
primitivamente  humilde,  presa  ao  ombro  no 
uniforme.  Mas,  o  conjunto  completo  é  constituído  SAFA ONÇA: 
desse pequeno cabo (cordel), junto com os alamares, 
Safa  onça  é  a  combinação  das  duas  expressões 
que  são  a  reminiscência  da  antiga  corrente,  que  as 
anteriores.  Significa  salvação.  Safa  onça  é  tudo  que 
autoridades  navais  usavam  para  pendurar  os  apitos, 
soluciona  uma  emergência.  "Safei  a  onça,  agarrando‐
um  símbolo  de  autoridade  já  comentado.  Assim,  o 
me  a  uma  tábua  que  flutuava...O  meu  safa  onça  foi 
conjunto  formado  pelos  alamares  (autoridade)  e  seu 
um pedaço de queijo, que ainda restava no barco; do 
cabo (ajudante) ‐ este utilizado solteiro nos uniformes 
contrário, morreria de fome". 
internos  ‐  significam  “ajudante  de  uma  autoridade”. 
Os  Oficiais  Chefes  de  Estado‐Maior  e  Oficiais  do  PEGAR: 
Gabinete de uma autoridade naval também usam esse 
símbolo,  por  serem  seus  ajudantes  mais  diretos.  O  Pegar  é  o  contrário  de  estar  safo.  Estar  pegando 
conjunto é usado do lado esquerdo, porém os Oficiais  significa  que  não  está  dando  certo:  "Tenente,  o 
do Gabinete Militar da Presidência da República usam  rancho  está  pegando!  Não  chegou  a  carne!  Este 
os alamares do lado direito.  marinheiro  ainda  está  muito  inexperiente:  com  ele 
tudo pega...Comandante, não pude chegar a tempo, a 
Condecorações e Medalhas  lancha pegou bem no meio da baía!" 

As  condecorações  e  medalhas  são  usadas  no  lado  Parece  que  a  expressão  vem  de  "pegar  tempo",  ou 
esquerdo do peito.  seja,  pegar  mau  tempo.  Fulano  está  pegando  tempo, 
para  resolver  a  primeira  questão  de  sua 
O  costume,  que  não  é  apenas  naval,  vem  do  tempo 
prova...Aquele  marujo  não  conseguiu  safar‐se  para  a 
das cruzadas, quando os cavaleiros traziam a insígnia 
parada: pegou tempo, para arranjar um boné novo" 
de  sua  Ordem  (as  Ordens  da  Cavalaria)  perto  do 
coração.  Era,  também,  porque  o  escudo  ficava  no  ROSCA FINA, VOGA LARGA, E VOGA PICADA: 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 14 
 
Na  gíria  maruja,  muitas  expressões  externam  o 
universal  bom  humor  ou  espirituosidade  que 
caracterizam os homens do mar. As expressões "rosca 
fina",  "voga  picada"  e  "voga  larga"  são  alguns 
exemplos: 

"Rosca  fina"  (ou  ainda  "voga  picada")  denomina  o 


superior.  Oficial  ou  Praça,  que  é  exigente  na 
observância  das  normas  e  regulamentos,  bem  como, 
na  execução  das  fainas  e  tarefas,  por  si  e  pelos 
subordinados. O antônimo é o "voga larga". 

A  origem  do  primeiro  está  no  "aperto",  na  "pressão" 


impressa pelo chefe, comparada pelo marinheiro à do 
parafuso  com  rosca  fina  ‐  que  "aperta  mais".  A 
segunda  vem  de  "voga",  que  é  a  velocidade  da 
remada  ditada  pelo  patrão  aos  remadores  em  uma 
embarcação  a  remos.  Pode  ser  uma  "voga  picada" 
(regime de velocidade maior, portanto mais exaustivo 
para  os  remadores)  ou  "voga  larga"  (velocidade 
amena, mais calma, mais tranqüila). 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 15 
 
EXERCÍCIOS:  caxanqá. 
(E)  O  gorro  de  fita  é  uma  das  tradições  que  foram 
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da  incorporadas  à  Marinha  do  Brasil,  caracterizando  de 
Marinha  do  Brasil,  o  Apito  Marinheiro,  ao  longo  dos  forma ímpar o uniforme dos Fuzileiros Navais. 
tempos,  tem  sido  uma  das  peças  mais  características 
do  equipamento  de  uso  pessoal  da  gente  de  bordo.   
Sabre esse assunto, e correto afirmar que, na Marinha 
do Brasil:  3 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da 
Marinha  do  Brasil,  a  hierarquia  militar  assume 
(A) na época dos navios a vela, a rotina de bordo era  importância  capital,  sendo  um  dos  pilares  da 
marcada com toques de apito, o que não mais ocorre  instituição, Sobre esse assunto, e correto afirmar que, 
na atualidade.  na Marin ha do Brasil: 
(B) o Apito Marinheiro tornou‐se uma espécie de 
distintivo de autoridade e mesmo de honra, sendo  (A)  a  oficialidade  do  navio  é  constituída  apenas  pelo 
utilizado por todos os oficiais para a transmissão de  Imediato  e  pelos  oficiais  com  antiguidade  inferior  a 
ordens.  dele. 
(C) hoje, o Apito Marinheiro continua preso ao  (B) os oficiais‐generais, em hierarquia ascendente, são 
pescoço por um cadarço de tecido e tem utilização  Vice‐Almirante,  Contra‐Almirante  e  Almirante  de 
apenas para comando de manobras.  Esquadra. 
(D) os toques de apitos estão grupados, por tipos, em 
toques de Continência e Cerimonial, Fainas, Pessoal  (C)  os  Tenentes,  em  hierarquia  ascendente  são:  1  ° 
Subalterno, Divisões e Manobras.  Tenente, 2° Tenente e Capitão‐Tenente. 
(E) o Oficial de Serviço utiliza o Apito Marinheiro, que 
(D)  as  praças  do  Corpo  da  Armada,  em  hierarquia 
serve para cumprimentar ou responder a 
ascendente,  são  Marinheiro,  Cabo,  Primeiro‐ 
cumprimentos dos cerimoniais. 
Sargento,  Segundo‐Sargento,  Terceiro‐Sargento  e 
  suboficial ou subtenente. 

2  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  A  farda  dos  militares  não  se  (E)  os  comandantes,  em  hierarquia  ascendente,  são 
constitui  em  uma  simples  veste,  mas,  sobretudo,  Capitães  de  Fragata,  Capitães  de  Corveta  e  Capitães 
constitui‐se  em  uma  segunda  pele,  que  adere  a  de Mar e Guerra. 
própria alma, irreversivelmente e para sempre. Nesse 
 
sentido, os uniformes dos militares têm por finalidade 
principal  caracterizá‐los,  permitindo,  à  primeira  vista,  4 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) Segundo as Tradições Navais da 
distingui‐los.  Sobre  esse  assunto,  assinale  a  opção  Marinha  do  Brasil,  a  Bandeira  do  Brasil,  um  dos 
correta.  símbolos  nacionais,  tem  tratamento  especial  por 
parte  de  todos  os  militares.  Sobre  esse  assunto, 
(A) Os sargentos, Cabos e Marinheiros cursados usam 
assinale a opção correta. 
sempre,  para  distinção  de  graduação,  divisas  nos 
ombros.   
(B) O uniforme típico de Marinheiro é universal. Suas 
características  são,  principalmente,  o  lenço  azul  ao  (A) Os navios da Marinha do Brasil, quando atracados, 
pescoço  e  a  gola  preta  com  três  listras.  fundeados  ou  amarrados,  arvoram  a  Bandeira 
(C)  Os  Marinheiros‐Recrutas,  Aprendizes‐Marinheiros  Nacional no mastro principal. 
e  Grumetes,  em  seus  uniformes,  usam  divisas  no 
(B)  Na  Marinha  do  Brasil,  o  Cerimonial  de  arriar  a 
braço. 
Bandeira  Nacional  é  feito  todos  as  dias,  exatamente 
(D)  Os  Cabos  e  Marinheiros  usam  uniformes  brancos 
na hora do pôr do sol. 
ou  azuis,  de  gala,  e  na  cabeça  sempre  chapéus 
redondos  típicos,  de  cor  branca,  denominados 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 16 
 
(C) Nos navios da Marinha do Brasil, todos que entram 
a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de 
bordo  pela  última  vez  no  dia,  cumprimentam  a 
Bandeira  Nacional  no  mastro  principal,  com  o  navio 
no porto. 

(D) Os navios da Marinha do Brasil arvoram a Bandeira 
do  Cruzeiro  no  pau  de  jeque,  localizado  na  popa,  a 
qual  sempre  acompanha  os  movimentos  da  Bandeira 
Nacional. 

(E)  A  Bandeira  do  Cruzeiro,  em  dias  de  luto,  não 


acompanha a Bandeira Nacional, a meio‐pau. 

Respostas: 

1  D 
2  E 
3  A 
4  B 
   
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 17 
 
 
HISTÓRIA NAVAL  obstáculos  entre  os  povos  da  Terra,  tornaram‐se  vias 
de comunicação entre eles. 
1 ‐ A História da Navegação: 
O desenvolvimento dos navios portugueses 
Os  navios  de  madeira:  construindo  embarcações  e 
navios  As  caravelas  provavelmente  tiveram  sua 
origem em embarcações de pesca, que já existiam na 
O  primeiro  método  de  construção  de  Península  Ibérica  desde  o  século  XIII.  Tinham,  em 
embarcações,  utilizado  desde  a  canoa  de  tábuas,  é  geral,  velas  latinas.  As  velas  latinas  são  próprias  para 
chamado de “costado rígido”. Construía‐se primeiro o  navegar com qualquer vento e, por isso, adequadas às 
costado  da  embarcação,  juntando  as  tábuas  pelas  explorações  da  costa  da  África.  Principalmente  foi 
bordas  e,  depois,  acrescentavam‐se,  os  reforços  com  as  caravelas  que  os  portugueses  exploraram  o 
estruturais  internos  e  externos.  O  costado  podia  ser  litoral  africano  durante  o  século  XV.  Devido  ao 
liso  ou  trincado,  conforme  se  juntavam  as  tábuas,  desenvolvimento  dos  navios  e  de  técnicas  e 
topo a topo ou sobrepondo suas bordas. O resultado  instrumentos náuticos foi possível chegar ao extremo 
deste  método  é  um  casco  resistente,  com  ênfase  sul do continente africano, ao Cabo da Boa Esperança, 
estrutural  no  costado,  bom  para  resistir  a  colisões  e  permitindo  contornar  a  África,  passando  do  Oceano 
para encalhar, se necessário, nas praias. Ainda hoje se  Atlântico para o Oceano Índico, e chegar ao Oriente. 
constroem  pequenas  embarcações  assim  e,  na 
Antigüidade, era como se construíam as galés.  A partir de então apareceu a nau, navio maior 
destinado  à  navegação  e  ao  transporte  de 
As  galés  eram  embarcações  movidas  mercadorias.  Tem‐se  notícias  que  naus  de  três 
principalmente  por  remos,  algumas  com  muitos  mastros, com o velame completamente desenvolvido, 
remadores,  embora  pudessem  também  ter  velas.  eram utilizadas pelos portugueses desde o século XV. 
Foram  muito  utilizadas  por  povos  navegadores  do 
passado,  como  os  cretenses,  os  gregos,  os  romanos,  Por  se  enfatizar  a  prática  mercantil,  as  naus 
os  bizantinos  e  os  nórdicos.  Chama‐se  de  navio  uma  eram  mal  armadas  militarmente,  levando  poucos 
embarcação  grande.  Há  mais  de  dois  mil  anos,  já  se  canhões  para  sua  defesa  e  das  rotas  marítimas  que 
construíam  navios.  Empregava‐se  a  madeira,  pois  ela  comandavam,  abrindo  espaço  para  a  concorrência 
foi o primeiro material que se mostrou mais adequado  estrangeira.  Até  então  Portugal  vinha  utilizando 
para  a  construção  naval.  Somente  após  o  caravelas  bem  armadas  como  navio  de  guerra,  mas, 
desenvolvimento  industrial  alcançado  no  século  XIX,  desde o início do século XVI, sentira a necessidade de 
há cerca de 150 anos, é que o ferro e, depois, o aço,  desenvolver  o  galeão,  navio  de  guerra  maior  e  com 
passaram  a  ser  matérias‐primas  importantes  para  a  mais  canhões,  para  combater  os  turcos  no  Oriente  e 
construção naval.  os  corsários  e  piratas  europeus  ou  muçulmanos  no 
Atlântico.  O  galeão  foi  a  verdadeira  origem  do  navio 
Chegou‐se  ao  método  de  “esqueleto  rígido”  de  guerra  para  emprego  no  oceano.  Foi  construído 
após uma longa evolução que durou mais de mil anos,  para fazer longas viagens e combater longe da Europa. 
passando por métodos chamados de híbridos, em que 
algumas  cavernas  eram  montadas  antes  do  costado,  O  desenvolvimento  da  navegação  oceânica:  os 
para  possibilitar  algum  controle  da  forma  final  do  instrumentos e as cartas de marear 
casco.  Embora  o  método  de  esqueleto  rígido  tivesse 
se desenvolvido no litoral do Mar Mediterrâneo (fora  Para  que  Portugal  pudesse  realizar  a  expansão 
de  Portugal),  ele  foi  empregado  pelos  portugueses  marítima efetiva nos séculos XV e XVI foi preciso que 
para construir os navios que iniciaram, no século XV, a  se  aperfeiçoasse  a  navegação,  de  modo  a  que  se 
aventura  das  Grandes  Navegações,  que  não  somente  tornasse  transoceânica  e  não  apenas  costeira,  como 
levou  ao  Descobrimento  do  Brasil,  mas  também  se praticava. 
transformou  o  mundo.  Os  oceanos,  que  antes  eram 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 1 
 
Quando  começaram  as  Grandes  Navegações,  que ocupa a posição no céu mais próxima do pólo sul 
já  eram  conhecidos  a  bússola,  inventada  pelos  celeste,  não  está  suficientemente  próxima  para  ser 
chineses,  também  chamada  de  agulha  de  marear  ou  uma referência para a navegação. A melhor forma de 
agulha  magnética,  e,  dentre  os  instrumentos  de  calcular a latitude nesse hemisfério era observando o 
observação, o astrolábio.  Sol em sua passagem meridiana, ou seja, medindo em 
graus  sua  altura,  quando  ele  passa  pelo  ponto  mais 
A  bússola  é  composta  por  uma  agulha  alto do céu, no local onde se está. Os navegadores da 
imantada  que  se  alinha  em  função  do  campo  época  das  Grandes  Navegações  faziam  isto  muito 
magnético  natural  da  terra,  podendo‐se  saber  a  bem,  utilizando  instrumentos  náuticos.  O  astrolábio 
direção  em  que  está  o  pólo  norte  magnético,  era o mais importante deles e servia, neste caso, para 
propiciando ao navio traçar seu rumo, sua direção.  medir  o  ângulo  entre  o  Sol  em  sua  passagem 
Para  saber  exatamente  a  posição  em  que  se  meridiana e a vertical. Outros instrumentos utilizados 
está  em  relação  ao  globo  terrestre,  é  necessário  mais tarde, como o quadrante e o sextante, mediam a 
calcular  a  latitude  e  a  longitude  do  local.  O  cálculo  altura  do  Sol  através  do  ângulo  em  relação  ao 
prático  da  longitude,  a  bordo  de  navios,  depende  de  horizonte. 
se  conhecer,  com  precisão,  a  hora.  Porém,  a  As  cartas  náuticas  eram  muito  imprecisas  e 
inexistência  de  relógios  (cronômetros)  que  não  passaram por um difícil processo de desenvolvimento. 
fossem afetados pelos movimentos do navio causados  As  que  foram  inicialmente  elaboradas  pelos 
pelas  ondas  fez  com  que  a  hora  não  pudesse  ser  portugueses  eram  conhecidas  como  portulanos.  A 
calculada  no  mar  até  o  século  XVIII,  quando  foram  partir  do  final  do  século  XVI,  passou‐se  a  utilizar  a 
desenvolvidos  cronômetros  adequados  para  serem  Projeção  de  Mercator  .  Esta  projeção  é  utilizada  até 
utilizados a bordo dos navios. A latitude não era difícil  os  dias  de  hoje  nas  cartas  náuticas.  Nela  os 
de  se  calcular  e  era  através  dela  e  da  estimativa  de  meridianos  e  paralelos  são  representados  por  linhas 
quanto  o  navio  havia  se  deslocado,  que  os  retas,  que  se  interceptam  formando  ângulos  de  90 
navegadores  da  época  das  Grandes  Navegações  graus.  Isto  causa  consideráveis  distorções  nas 
sabiam  aproximadamente  onde  estavam.  latitudes mais elevadas, porém tem a vantagem de os 
Evidentemente,  erros  de  navegação  ocorreram  com  rumos e as marcações de pontos de terra serem linhas 
conseqüências desastrosas.  retas, facilitando a plotagem nas cartas. Como a Terra 
No  Hemisfério  Norte,  a  estrela  Polar,  que  é aproximadamente esférica (na verdade um geóide), 
ocupa  uma  posição  muito  próxima  do  pólo  norte  a  distância  mais  curta  entre  dois  pontos  não  é  uma 
celeste,  permite  nos  crepúsculos  –  ao  nascente  e  ao  linha  reta  na  Projeção  de  Mercator,  mas  isto  é 
poente,  quando  se  avista  ao  mesmo  tempo  o  somente  um  pequeno  inconveniente  e  a  curva  que 
horizonte  e  as  estrelas  de  maior  brilho  no  céu  –  um  representa a menor distância pode ser calculada pelo 
cálculo mais seguro da latitude. Basta medir sua altura  navegador. 
em relação ao horizonte. Navegar mantendo a mesma  A vida a bordo dos navios veleiros 
altura significa manter a mesma latitude. Deslocando‐
se  para  o  Sul  ou  para  o  Norte,  essa  altura  varia.  Era  A  vida  a  bordo  dos  navios  veleiros  era  muito 
assim, e com a ajuda de umas pedras translúcidas que  difícil. O trabalho a bordo, com as manobras de pano, 
polarizavam  a luz nos dias nublados, que os nórdicos  muitas  vezes  durante  tempestades,  exigia  bastante 
navegavam  sem  agulha  de  marear.  Viajando  para  o  esforço  físico  e  era  arriscado.  A  comida,  sem 
Oeste,  alcançaram  a  Islândia  e  a  América  do  Norte  possibilidade de se ter uma frigorífica, era deficiente, 
(muitos séculos antes de Cristóvão Colombo chegar à  principalmente em vitaminas, o que causava doenças 
América em 1492).  como  o  beribéri  (pela  carência  de  vitamina  B)  e  o 
escorbuto (carência de vitamina C). Durante os longos 
No Hemisfério Sul, a estrela Polar, que marca  períodos  de  mau  tempo,  não  havia  como  secar  as 
o pólo norte celeste, não é visível, e a estrela Alfa do  roupas.  A  higiene  a  bordo  também  deixava  muito  a 
Cruzeiro  do  Sul  (a  mais  brilhante  desta  constelação), 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 2 
 
desejar.  Muitos  morreram  nas  longas  viagens 
oceânicas. 

Cabe  observar  que  a  vida  em  terra  também 


não  era  fácil.  O  trabalho  podia  ser  fatigante  e  o 
ambiente insalubre. Desconhecia‐se a causa de muitas 
doenças. Havia pouco conhecimento sobre uma dieta 
alimentar  adequada,  a  medicina  da  época  era  muito 
deficiente  e  os  antibióticos  ainda  não  existiam. 
Morria‐se  por  infecções  causadas  por  bactérias,  que 
seriam  curadas  sem  grandes  dificuldades  nos  dias  de 
hoje. 

O  escorbuto  merece  destaque,  pois  foi  uma 


doença  que  causou  a  morte  de  muitos  marinheiros 
nas longas estadias no mar, quando a dieta dependia 
apenas  de  peixe,  carne  salgada  e  biscoito  (feito  de 
farinha de trigo, o último alimento que se deteriorava 
a  bordo  dos  veleiros).  O  escorbuto  é  causado  pela 
falta  de  vitamina  C  na  dieta.  As  gengivas  incham  e 
sangram,  os  dentes  perdem  sua  fixação,  aparecem 
manchas  na  pele,  sente‐se  muito  cansaço.  Com  o 
tempo,  vem  a  morte.  Em  uma  viagem  da  Marinha 
inglesa  (força  naval  comandada  pelo  Comodoro 
George  Anson),  em  1741,  dos  dois  mil  homens  que 
partiram  da  Inglaterra,  somente  200  regressaram.  A 
maioria morreu por causa do escorbuto. Por volta de 
1800,  descobriu‐se  que  esse  mal  poderia  ser  evitado 
acrescentando à dieta suco de limão, rico em vitamina 
C, pois sua ingestão diária, em pequenas doses, evita 
o  escorbuto,  tornando  mais  saudável  a  vida  a  bordo 
dos navios. 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 3 
 
EXERCÍCIO:  3  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  Na  época  da  projeção  de 
Portugal  e  Espanha  na  navegação  oceânica,  no  final 
1  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  –  O  desenvolvimento  da  do século XV, já se conhecia a bússola e o astrolábio. 
tecnologia náutica ocorrido na Península Ibérica entre  Naquela época, para o navegante saber exatamente a 
os séculos XIII e XV foi fundamental para a consecução  posição  do  navio  em  relação  ao  globo  terrestre,  era 
da  navegação  oceânica,  possibilitando  a  emergência  necessário  calcular  a  latitude  e  a  longitude  do  local. 
das  chamadas  “Grandes  Navegações”.  Assinale  a  Com base nessas informações, é correto afirmar que, 
opção  que  representa  uma  embarcação  pertencente  no século XV: 
ao contexto histórico da Expansão Marítima Europeia 
dos séculos XV‐XVI.  (A) o cálculo prático da longitude a bordo de navios 
era difícil, pois dependia de se conhecer, com 
(A) O Encouraçado tipo dreadnought, detentor de  precisão, a hora. 
forte armamento e poderosa blindagem e resistente  (B) já existiam cronômetros rudimentares, que 
às intempéries oceânicas.  possuíam a vantagem de fornecer os rumos e as 
(B) A galé movida a remo, que se constituía como  marcações de pontos de terra em linhas retas, 
embarcação veloz e era própria para a navegação  facilitando a plotagem da latitude e da longitude nas 
atlântica.  cartas náuticas. 
(C) A caravela, que devido às suas velas latinas  (C) a latitude era difícil de ser calculada, e era por 
possibilitou melhor navegabilidade na costa africana.  meio dela e da estimativa de quanto o navio havia se 
(D) O galeão, que fora projetado para servir  deslocado que os navegadores da época sabiam 
exclusivamente como navio mercante, tendo, desse  exatamente a sua localização no mar. 
modo, um grande porte.  (D) o quadrante e o sextante mediam os meridianos e 
(E) A nau, que era uma embarcação de pequeno porte  os paralelos, representados por linhas retas que se 
totalmente desarmada e equipada com velas  interceptam formando ângulos de 90 graus, 
redondas.  permitindo estimar a hora e o cálculo da latitude. 
Resposta:  (E) a bússola já auxiliava na navegação, por apontar 
(C)  sempre para o norte verdadeiro terrestre, e o 
astrolábio era utilizado para o cálculo da latitude e 
2  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Até  o  final  do  século  XVI,  as  longitude entre o nascer e o pôr do sol. 
cartas náuticas eram muito imprecisas e passaram por 
um  difícil  processo  de  desenvolvimento.  A  partir  de  Resposta: 
então,  passou‐se  a  utilizar  uma  projeção  nas  cartas  (A) 
náuticas  cujo  emprego  perdura  até  os  dias  de  hoje.   
Nessa  projeção,  os  meridianos  e  paralelos  são 
representados  por  linhas  retas,  que  se  interceptam     
formando ângulos de 90 graus. 

A projeção descrita acima é denominada 

(A) Projeção de Mercator. 
(B) Portulano. 
(C) Projeção Europeia. 
(D) Projeção de Colombo. 
(E) Projeção lbérica. 

Resposta: 
(A) 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 4 
 
2 ‐ A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento  Álvares  Cabral  chegou  às  terras  do  Brasil, 
do Brasil  consolidando o império ultramarino português.  

Este capítulo aborda as condicionantes físicas  Descoberta as terras que Portugal denominou 
e  políticas  que  levaram  os  portugueses  a  se  Brasil,  tornou‐se  imperioso  seu  reconhecimento  e 
aventurarem  pelo  “mar  tenebroso”  ‐  como  povoamento.  Veremos,  a  partir  daqui,  quais  as 
antigamente  era  chamado  o  Oceano  Atlântico  ‐  em  expedições  que  partiram  para  o  reconhecimento  do 
busca de caminhos alternativos para o comércio com  litoral das novas terras e as providências para povoá‐
o  Oriente.  Examinamos  no  capítulo  anterior  o  la  e  defendê‐la.  Como  “Navegar  é  preciso”,  vamos 
desenvolvimento  da  construção  naval  e  dos  partir para o reconhecimento de novas terras... 
instrumentos  náuticos  que  permitiram  tal  feito  e 
“As armas e os barões assinalados  
agora  vamos  conhecer  um  pouco  da  história  de 
Que da Ocidental praia Lusitana,  
Portugal e de seus navegadores. 
Por mares nunca dantes navegados  
Passaram ainda além da Taprobana, 
O  pioneirismo  português,  ao  assumir  a 
Em perigos e guerras esforçados 
liderança do processo de expansão marítima européia 
Mais do que prometia a força humana, 
no  final  do  século  XIV,  encontra  explicação  em  dois 
E entre gente remota edificaram;... 
acontecimentos  decisivos:  o  país  estava  com  suas 
fronteiras  estabelecidas,  após  as  guerras  da  Já no largo Oceano navegavam, 
Reconquista  (que  resultou  na  expulsão  dos  As inquietas ondas apartando;  
muçulmanos  da  Península  Ibérica)  e  firmava‐se,  Os ventos brandamente respiravam, 
Das naus as velas côncavas inchando; 
então,  como  o  primeiro  Estado  europeu  moderno, 
Da branca escuma os mares se mostravam 
politicamente  centralizado,  após  a  vitória  militar 
Cobertos, onde as proas vão cortando 
contra  os  reinos  vizinhos  de  Leão  e  Castela.  Tal 
As marítimas águas consagradas,... 
processo  de  centralização  do  poder  foi  fator  muito 
importante  para  que  o  reino  português  pudesse  (Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra 
lançar‐se  a  aventura  ultramarina,  e  quebrar  o  Os Lusíadas, editada em 1572). 
monopólio  exercido  pelas  cidades  de  Gênova  e 
Fundamentos da organização do Estado português e 
Veneza  sobre  as  rotas  de  comércio  com  a  Ásia  e 
a expansão ultramarina 
estabelecer contato direto com as fontes produtoras. 
Para  isso,  em  muito  contribuiu  a  estrutura  naval  já  A  condição  fundamental  para  o  processo  de 
existente,  cujo  desenvolvimento  foi  estimulado  pela  formação  das  nações  européias  foi  a  crise  do 
coroa  portuguesa.  Na  verdade,  a  expansão  feudalismo, que teve início em meados do século XIII. 
ultramarina  ensejou  uma  aliança  entre  setores  Esta  crise  foi  resultante  da  relativa  paz  que  vivia  o 
mercantis  e  a  nobreza,  tendo  o  Estado  o  controle  e  continente  europeu,  que  permitiu  a  criação  dos 
direção de tal empreendimento.  burgos  (fora  dos  limites  do  senhor  feudal,  que  lhes 
dava proteção em troca da vassalagem), que viriam a 
A  primeira  conquista  portuguesa  no  ultramar 
se  transformar  em  vilas  ou  cidades  com  relativa 
foi  a  cidade  de  Ceuta,  ao  norte  da  África  onde  hoje 
autonomia.  Isto  provocou  o  enfraquecimento  dos 
fica  situado  o  Marrocos.  Na  seqüência,  Diogo  Cão 
senhores  feudais,  reduzindo  o  poder  da  nobreza  e, 
explorou  a  costa  africana  entre  os  anos  de  1482  e 
conseqüentemente,  abrindo  espaço  para  a  retomada 
1485.  Bartolomeu  Dias  atingiu  o  sul  do  continente 
do poder político pelos reis. 
africano e ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487 
(onde  hoje  fica  a  África  do  Sul)  que,  após  este  Os  soberanos,  à  medida  que  obtinham 
acontecimento,  passou  a  chamar‐se  Cabo  da  Boa  recursos  financeiros,  em  troca  de  privilégios, 
Esperança.  Vasco  da  Gama,  em  1498,  chegou  a  fortaleciam  seus  exércitos  e  submetiam  os  antigos 
Calicute,  Sudoeste  da  Índia,  estabelecendo  a  rota  feudos  e  as  novas  vilas  e  cidades  à  sua  autoridade, 
entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a frota de Pedro 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 5 
 
incorporando  esses  territórios  ao  que  viria  ser  seus  Aragão. A guerra deflagrada contra os mouros contou 
reinos. Era o embrião do futuro Estado Nacional.  com o apoio de grande parte da aristocracia européia, 
atraída  pelas  terras  que  a  conquista  lhes 
Intensas  lutas  precederam  e  consolidaram  o  proporcionaria. 
Estado português. Iniciou com a expulsão dos mouros 
da Península Ibérica em 1249 (os mouros invadiram a  Durante  o  reinado  de  Afonso  VI  (1069‐1109), 
Península  Ibérica  no  ano  de  711),  no  movimento  de  Leão  e  Castela,  a  partir  de  1072,  dois  nobres 
denominado  Reconquista,  quando  Portugal  franceses  –  Raimundo  e  Henrique  de  Borgonha  – 
consolidou  seu  território  e  firmou‐se  como  “o  receberam  como  recompensa  pelos  serviços 
primeiro  Estado  europeu  moderno”,  segundo  o  prestados na campanha a mão das filhas do rei, além 
historiador Charles Boxer. Mas somente após a vitória  de terras como dote. D. Raimundo recebeu as terras a 
sobre  os  Reinos  de  Leão  e  Castela,  em  1385,  na  norte  do  Rio  Minho,  o  Condado  de  Galiza,  e  D. 
Batalha  de  Aljubarrota,  e  a  assinatura  do  tratado  de  Henrique o Condado Portucalense. Estas terras não se 
paz  e  aliança  perpétua  com  o  Reino  de  Castela,  em  constituíam  em  reinos  independentes  e  seus 
1411, a paz foi selada.  proprietários  deviam  prestar  vassalagem  ao  rei  de 
Leão. 
Portugal  iniciou  seu  processo  de  expansão 
ultramarina  conquistando  aos  mouros  a  cidade  de  A origem do próprio Estado português se deu 
Ceuta, no norte da África. A partir daí, virou‐se para o  com  a  formação  do  Condado  Portucalense,  sob  o 
mar,  onde  se  tornou  dominante.  Como  não  poderia  domínio  de  D.  Henrique  de  Borgonha.  Este  nobre, 
deixar  de  ser,  esta  empreitada  envolveu  somas  tendo o senhorio de ampla região entre os Rios Minho 
altíssimas  e,  para  financiá‐la,  a  coroa  portuguesa  se  e Mondego, procurou reforçar, através da luta contra 
valeu  do  aumento  de  impostos  e  recorreu  a  os mouros, seu poderio sobre os demais senhores de 
empréstimos  de  grandes  comerciantes  e  banqueiros  terras  daquela  área,  bem  como  conseguir  autonomia 
(inclusive italianos).  frente aos interesses do vizinho Reino de Leão, a cujo 
soberano, como já foi dito, devia vassalagem. 
Lusitânia 
O  caráter  inicial  da  formação  dos  reinos 
A região que hoje é conhecida como Portugal  ibéricos,  definido  pelos  aspectos  militar  e  religioso 
foi  originalmente  habitada  por  populações  iberas  de  desenvolvidos nas lutas contra os mouros, marcou as 
origem  indo‐européia.  Mais  tarde,  foi  ocupada,  tendências  principais  da  constituição  desses  Estados. 
sucessivamente,  por  fenícios  (século  XII  a.C.),  gregos  De  um  lado,  o  processo  de  expulsão  do  inimigo 
(século VII a.C.), cartagineses (século III a.C.), romanos  muçulmano  deu  prioridade  ao  aspecto  militar,  o  que 
(século  II  a.C.)  e,  posteriormente,  pelos  visigodos  criou  a  necessidade  de  unificação  do  comando  das 
(povo  germânico,  convertido  ao  cristianismo  no  forças cristãs, papel exercido pelos senhores de terras 
século VI), desde 624.  mais poderosos das diversas regiões da península. Por 
Em  711,  a  região  foi  conquistada  pelos  outro  lado,  o  profundo  caráter  religioso  tomado  pela 
muçulmanos,  impulsionados  por  sua  política  de  Reconquista,  identificada  com  as  cruzadas  contra  os 
expansionismo,  tendo  como  base  uma  coligação  infiéis  muçulmanos,  fez  com  que  a  Igreja  de  Roma 
formada  por  árabes,  sírios,  persas,  egípcios  e  tivesse grande interesse no sucesso das forças cristãs. 
berberes,  estes  em  maioria,  todos  unidos  pela  fé  As  vitórias  alcançadas  pelos  exércitos  de  D. 
islâmica  e  denominados  mouros.  Quase  a  totalidade  Henrique  mostraram  à  Santa  Sé  a  importância  que 
da  península  caiu  em  mãos  dos  mouros  que,  em  seu  estes  vinham  adquirindo  no  sucesso  das  lutas 
avanço,  só  foram  bloqueados  quando  tentaram  militares.  Assim,  os  interesses  do  senhorio  do 
invadir a França.  condado e os do papado iam aos poucos convergindo 
A resistência  aos invasores só ganhou força a  para  o  reconhecimento  da  autonomia  portucalense 
partir  do  século  XI,  após  a  formação  dos  reinos  ante o Reino de Leão. 
cristãos  ao  norte,  como  Leão,  Castela,  Navarra  e 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 6 
 
O Tratado de Zamora, firmado em 1143 entre  Além de setores diretamente ligados à Igreja, 
o  Duque  portucalense  D.  Afonso  Henriques  (1128‐ assinala‐se  também  intensa  vinculação  da  nobreza 
1185), filho de Henrique de Borgonha, e D. Afonso VII,  portucalense  na  formação  do  Estado  Nacional 
imperador  de  Leão,  determinou  o  reconhecimento  lusitano. Este setor social, cujo poder se originava na 
por  parte  deste  último  da  independência  do  antigo  propriedade  da  terra,  também  participou  de  forma 
condado, agora Reino de Portugal.  decisiva  nas  guerras  da  Reconquista,  apoiando  o 
esforço  militar  da  realeza.  Esta,  num  primeiro 
Ordens militares e religiosas  momento,  concedeu  privilégios  bastante  amplos  à 
Outro  fator  a  ser  ressaltado  diz  respeito  às  nobreza.  Mais  tarde,  contudo,  pretendeu  limitar  tais 
ordens  militares  (ordens  de  cavalaria  sujeitas  a  um  privilégios,  impondo  medidas  que  beneficiavam  a 
estatuto religioso e que se propunham a lutar contra  centralização do poder. 
os  mulçumanos)  no  processo  da  Reconquista.  Tais  Uma  das providências  tomadas nesse sentido 
ordens, fundadas com o intuito de auxiliar os doentes  foi  a  autonomia  concedida  pelo  poder  central  aos 
e peregrinos que iam à Terra Santa e, sobretudo, para  concelhos (que correspondem aos municípios nos dias 
combater militarmente os adeptos da fé mulçumana,  de  hoje),  onde  começavam  a  ter  influência  as 
participaram  das  batalhas  contra  os  mouros  na  aspirações  de  comerciantes  e  mestres  de  ofício.  O 
Península Ibérica.  apoio  do  rei  aos  concelhos  visava  a  enfraquecer  o 
Seus  contingentes,  em  muitos  casos,  poder  da  nobreza  fundiária  em  sua  própria  base 
formaram  a  base  dos  exércitos  cristãos.  Em  territorial, impedindo assim que os senhores de terras 
conseqüência dessa atuação, várias ordens receberam  fizessem  prevalecer  livremente  seus  interesses  nas 
doações de terras nos reinos ibéricos. Em Portugal, as  áreas  que  comandavam,  sem  levar  em  conta  as 
ordens dos Templários, de Avis e de Santiago foram as  determinações régias.  
mais beneficiadas por tais privilégios.  Outro  mecanismo  de  limitação  do  poder  da 
As  ordens,  no  entanto,  não  se  destacaram  nobreza  foi  o  estabelecimento  das  inquirições.  A 
apenas  pelo  seu  aspecto  militar.  Contribuíram  partir de uma interrupção nas lutas militares contra os 
significativamente  para  o  povoamento  do  território  mouros, entre os séculos XII e XIII, a coroa portuguesa 
português,  a  partir  das  regiões  que  lhes  foram  buscou avaliar a situação da propriedade de terras no 
distribuídas.  Em  torno  de  castelos  e  fortalezas,  com  reino. 
efeito,  desenvolveram  atividades  agrícolas  que  Durante  a  Reconquista,  a  nobreza  laica  e 
levaram à fixação da população.  eclesiástica  aproveitou‐se  da  falta  de  controle  régio 
Além  disso,  foi  igualmente  importante  nesse  para  alargar  seus  domínios  territoriais  e  privilégios, 
processo  de  ocupação  territorial  a  participação  das  prejudicando  em  alguns  casos  os  direitos  e 
ordens  religiosas  cujos  membros  não  atuavam  das  rendimentos  da  coroa.  Para  coibir  tal  situação,  o 
lutas militares. Os mosteiros e capelas destas ordens,  poder  real  utilizou‐se  das  inquirições,  pelas  quais  se 
dentre  as  quais  se  destacou  a  dos  beneditinos,  formavam  comissões  de  inquérito  (alçadas)  a  fim  de 
tornaram‐se  pólos  de  atração  pela  segurança  que  investigar se os direitos reais devidos estariam sendo 
ofereciam  a  inúmeras  famílias.  Da  mesma  forma,  cumpridos  e  até  mesmo  verificar  o  direito  legal  às 
desde  a  Reconquista,  as  ordens  tomaram  a  peito  a  propriedades. 
colonização  de  zonas  desertas  ou  dizimadas  pela  Tal  mecanismo  se  completava  com  as 
guerra,  criando  novos  focos  de  povoamento  e  confirmações, processo pelo qual o rei sancionava não 
estimulando a exploração da terra.  só  a  propriedade  da  terra  como  o  próprio  título 
  nobiliárquico  do  senhor  em  questão.  Esses  poderes 
submetiam, de certa maneira, a nobreza eclesiástica e 
O papel da nobreza  civil à coroa, já que passavam a depender desta para a 
preservação tanto do título quanto da propriedade. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 7 
 
A importância do mar na formação de Portugal  em  1317,  o  genovês  Pezagno  (ou  Manuel  Pessanha). 
Data dessa época a chegada dos portugueses às Ilhas 
Paralelamente  aos  problemas  político‐ Canárias. 
territoriais apontados, é digno de destaque que, além 
da agricultura, o comércio marítimo e a pesca eram as  Deve‐se  também  à  sua  iniciativa  a 
mais  importantes  atividades  praticadas  em  Portugal,  intensificação  da  monocultura  do  pinheiro  bravo 
país  de  solo  nem  sempre  fértil  e  produtivo.  A  (Pinhal  de  Leiria),  em  princípio,  com  a  finalidade  de 
atividade  pesqueira  destacou‐se  como  fundamental  criar  uma  barreira  vegetal  que  protegesse  as  terras 
para complemento da alimentação de sua população.  agrícolas  do  avanço  das  areias  costeiras  e,  também, 
como  reserva  florestal  para  o  fornecimento  de 
Situado  em  posição  geográfica  estratégica,  à  madeira destinada à construção naval e à exportação.  
beira  do  Oceano  Atlântico  e  próximo  ao 
Mediterrâneo,  era  de  se  esperar  que  desenvolvesse  O  cultivo  era  extremamente  racional:  sempre 
grande  devotamento  à  navegação  e,  que  havia  corte  de  árvores,  novas  mudas  eram 
conseqüentemente,  à  construção  naval.  Natural,  plantadas  de  imediato,  recorrendose  a  enormes 
também,  que  a  Marinha  portuguesa  fosse  utilizada  sementeiras.  Esta  ação  manteve  o  pinhal 
em  caráter  militar,  o  que  ocorreu  a  partir  do  século  praticamente  intacto  e  foi  bastante  utilizado  durante 
XII.  os  séculos  XV  e  XVI,  no  período  dos  descobrimentos 
marítimos.  Além  de  fornecer  madeira  para  a 
No  reinado  de  D.  Sancho  II  (1223‐1245)  construção  naval,  o  pinho  fornecia  um  subproduto 
podem  ser  assinaladas  as  primeiras  tentativas  de  importantíssimo  para  conservação  e  calafeto  dos 
implantação  de  uma  frota  naval  pertencente  ao  cascos  das  embarcações:  o  chamado  pez,  alcatrão 
Estado,  ordenando,  inclusive,  a  construção  de  locais  vegetal de grande poder de vedação. É notável que o 
específicos nas praias para reparo de embarcações.  Pinhal de Leiria exista até os dias de hoje, constituindo 
Desenvolvimento econômico e social  uma das maiores manchas naturais da região do norte 
do distrito de Leiria. 
Durante  o  reinado  de  D.  Dinis  (1279‐1325), 
sexto rei de  Portugal (primeiro a assinar documentos  No  reinado  de  D.  Fernando  I  (1367‐1383), 
com nome completo e, presumidamente, primeiro rei  último soberano da dinastia de Borgonha, foi baixada 
não  analfabeto  daquele  país),  iniciativas  bastante  a  Lei  de  Sesmarias,  de  28  de  maio  de  1375.  Tendo 
relevantes foram adotadas para o fomento da cultura,  como  medida  coercitiva  mais  rígida  a  expropriação 
da  agricultura,  do  comércio  e  da  navegação.  das  terras  não  produtivas,  essa  lei  foi  mais  uma 
Denominado O Lavrador ou Rei Agricultor e ainda Rei  tentativa de solucionar a carência de mão‐de‐obra no 
Poeta  ou  Rei  Trovador,  D.  Dinis  foi  um  monarca  campo,  causada  pela  fuga  das  populações  para  os 
essencialmente  administrador  e  não  guerreiro.  centros urbanos, devido à peste negra. O resultado foi 
Envolvendo‐se  em  guerra  contra  Castela,  em  1295,  uma  séria  crise  de  abastecimento  de  gêneros 
desistiu  dela  em  troca  das  Vilas  de  Serpa  e  Moura.  alimentícios no reino. 
Pelo  Tratado  de  Alcanizes  (1297)  formou  a  paz  com  A  Lei  de  Sesmarias,  que  mais  tarde  seria 
Castela, ocasião em que foram definidas as fronteiras  aplicada  no  Brasil,  teve  pouco  efeito  prático.  Seus 
atuais entre os países ibéricos.  artigos,  apesar  de  conterem  ameaças  aos 
Preocupado  com  a  infra‐estrutura  do  país,  proprietários  de  terras,  atuaram  no  sentido  de 
ordenou  a  exploração  de  minas  de  cobre,  estanho  e  fortalecê‐los,  pois  obrigavam  os  trabalhadores  a 
ferro,  fomentou  as  trocas  comerciais  com  outros  permanecerem  nos  campos,  mesmo  em  troca  de 
países,  assinou  o  primeiro  tratado  comercial  com  a  baixa remuneração. 
Inglaterra,  em  1308,  e  instituiu  a  Marinha  Real.  Ainda  durante  o  reinado  de  D.  Fernando  I,  a 
Nomeou  então  o  primeiro  almirante  (que  se  tem  construção naval recebeu grande incentivo, mediante 
conhecimento)  da  Marinha  portuguesa,  Nuno  a  isenção  de  impostos  e  a  concessão  de  vantagens  e 
Fernandes Cogominho, para cuja vaga foi contratado, 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 8 
 
garantias  aos  construtores  navais,  tais  como  a  Outra  conseqüência  importante  dos  fatos 
autorização  aos  construtores  de  embarcações  com  apontados foi a renovação da aristocracia portuguesa. 
mais  de  cem  tonéis  que  cortassem  a  madeira  Os  setores  que  haviam  apoiado  Castela  tiveram  seus 
necessária nas matas reais com isenção de impostos.  bens confiscados pela coroa, a qual os doou em parte 
Também  ficou  isenta  de  impostos,  a  matéria‐prima  aos  seus  aliados.  Com  tal  divisão  na  nobreza,  houve 
importada  destinada  à  construção  naval.  Em  1380,  o  até mesmo casos em que pais perderam os bens para 
monarca criou a Companhia das Naus, que funcionava  seus próprios filhos. 
como  uma  empresa  de  seguros  destinada  a  evitar  a 
ruína financeira dos homens do mar. Como resultado,  Além disso, o apoio dos grupos mercantis a D. 
incrementaram‐se o comércio marítimo, a exportação  João  I  fez  com  que  as  aspirações  de  tais  grupos 
de produtos da agricultura e a importação de tecidos  passassem  a  ser  valorizadas  pelo  poder  régio.  A 
e  manufaturas.  As  rendas  da  Alfândega  de  Lisboa,  situação  econômica  do  reino,  ao  sair  vitoriosa  da 
considerado  porto  franco,  aumentaram  revolução,  era  uma  das  mais  graves.  A  alta  do  custo 
significativamente  e  era  intensamente  freqüentado  de  vida  e  a  queda  do  valor  da  moeda  colocaram  o 
por estrangeiros.  tesouro português em situação bastante difícil. 

Outra importante iniciativa de D. Fernando foi  A  nobreza  também  teve  suas  bases  de  poder 


a  instalação  da  Torre  do  Tombo,  o  Arquivo  Nacional  atingidas pelo movimento de centralização régia, com 
Português,  onde  se  guardavam  documentos  a colocação em prática da Lei Mental. Por meio dessa 
importantes que preservavam a memória e a história  lei,  baixada  por  D.  Duarte  (1433‐1438)  em  8  de  abril 
de  Portugal.  Foi‐lhe  dado  este  nome  porque  ficava  de  1434,  os  bens  doados  pela  coroa  à  nobreza  só 
sediado numa torre do Castelo de São Jorge, e tombo,  poderiam ser herdados pelo filho varão legítimo mais 
porque  significava  lançar  em  livro,  inventariar,  velho.  Isso  permitiu  à  coroa  retomar  uma  série  de 
registrar.  propriedades  antes  doadas  às  famílias  nobres, 
reforçando seu poder e, de alguma maneira, minando 
D.  Fernando  I  envolveu‐se  em  três  guerras  as bases do poderio senhorial. 
contra  Castela  e  passou  a  ser  malvisto  pela  opinião 
pública  por  seu  casamento  com  Dona  Leonor  Teles  Tal  processo  de  centralização  do  poder  foi  o 
(cujo casamento anterior fora anulado). Após a morte  elemento  essencial  que  permitiu  ao  reino  português 
de  D.  Fernando,  os  portugueses  não  aceitaram  a  lançar‐se  na  expansão  ultramarina.  Deve‐se  destacar 
regência  da  rainha  viúva  em  nome  da  filha,  a  Infanta  ainda  que  os  limites  da  extração  das  rendas  obtidas 
Dona Beatriz, casada com um potencial inimigo, o rei  com a agricultura fizeram a coroa voltar seus olhos às 
de Castela. Este fator, somado à continuidade da crise  atividades comerciais e marítimas. 
de abastecimento, deflagrou a Revolução de Avis.  O  monopólio  exercido  pelas  cidades  italianas 
Após deliberação das Cortes, foi aclamado rei  de Gênova e Veneza sobre as rotas de comércio com a 
o  Mestre  da  Ordem  de  Avis,  D.  João  I  (1385‐1433),  Ásia  levou  os  grupos  mercantis  portugueses  a 
filho  bastardo  do  oitavo  rei  de  Portugal  D.  Pedro  I  procurar  outra  alternativa  para  a  realização  de  seus 
(1357‐1367),  a  quem  caberia  inaugurar  uma  nova  negócios  e,  conseqüentemente,  para  obtenção  de 
dinastia.  lucros. A saída seria a tentativa de contato direto com 
os  comerciantes  árabes,  evitando  o  intermediário 
Vitoriosa  em  Lisboa,  a  revolta  transformou‐se  em  genovês  ou  veneziano.  Para  isso  muito  contribuiu  a 
movimento  de  fidalgos  e  plebeus  em  guerra  contra  estrutura  naval  já  existente  no  reino,  cujo 
Castela,  cujo  rei  declarou  pretensão  à  coroa  desenvolvimento foi estimulado pela coroa. 
portuguesa. Os castelhanos foram vencidos em várias 
batalhas e, embora tenham bloqueado Lisboa, foram,  A  expansão  marítima  portuguesa 
afinal,  fragorosamente  derrotados  na  Batalha  de  caracterizou‐se  por  duas  vertentes.  A  primeira,  de 
Aljubarrota (1385). A paz só foi selada em 1411.  aspecto imediatista, realizada ao norte do continente 
africano,  visava  à  obtenção  de  riquezas  acumuladas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 9 
 
naquelas  regiões  através  de  prática  de  pilhagens.  A   Em 1444, atingiram a Ilha de Arguim, no Senegal, 
tomada  de  Ceuta,  no  norte  da  África  (Marrocos),  em  onde  instalaram  a  primeira  feitoria  em  território 
1415,  seria  um  dos  exemplos  mais  representativos  africano  e  iniciaram  a  comercialização  de 
deste  tipo  de  empreendimento  e  marca  o  início  da  escravos, marfim e ouro. 
expansão portuguesa rumo à África e à Ásia.   Entre  1445  e  1461,  descobriram  o  Cabo  Verde, 
navegaram  pelos  Rios  Senegal  e  Gâmbia  e 
Em menos de um século, Portugal dominou as 
avançaram até Serra Leoa. 
rotas comerciais do Atlântico Sul, da África e da Ásia, 
 Entre  1470  e  1475,  exploraram  a  costa  da  Serra 
cuja presença foi tão marcante nesses mercados que, 
Leoa até o Cabo de Santa Catarina. 
nos séculos XVI e XVII, a língua portuguesa era usada 
 Em  1482,  atingiram  São  Jorge  da  Mina  e 
nos portos como língua franca – aquela que permite o 
avançaram até o Rio Zaire, o trecho mais difícil da 
entendimento  entre  marinheiros  de  diferentes 
costa  ocidental  africana.  O  navegador  Diogo  Cão 
nacionalidades.  Na  segunda  vertente,  o  objetivo 
explorou a costa da África Ocidental entre 1482 e 
colocava‐se  mais  a  longo  prazo,  já  que  se  buscava 
1485. 
conquistar  pontos  estratégicos  das  rotas  comerciais 
 No período 1487/1488, Bartolomeu Dias atingiu o 
com  o  Oriente,  criando  ali  entrepostos  (feitorias) 
Cabo  das  Tormentas,  no  extremo  Sul  do 
controlados  pelos  comerciantes  lusos.  Foi  o  caso  da 
continente  –  que  passou  a  ser  chamado  de  Cabo 
tomada  das  cidades  asiáticas.  Tal  modo  de  expansão 
da  Boa  Esperança  –  e  chegou  ao  Oceano  Índico, 
também  ficou  marcado  pelo  aspecto  religioso 
conquistando o trecho mais difícil do caminho das 
(cruzadas),  pois  mantinha‐se  a  idéia  de  luta  cristã 
Índias. 
contra os muçulmanos. 
 Em  1498,  Vasco  da  Gama  chegou  a  Calicute,  na 
A  expansão  ultramarina  permitiu,  assim,  uma  costa  Sudoeste  da  Índia,  estabelecendo  a  rota 
convergência de interesses entre os setores mercantis  entre Portugal e o Oriente. 
e  a  nobreza,  tendo  o  Estado  o  papel  de  controle  e 
Durante  o  reinado  de  D.  João  II,  iniciado  em 
direção  de  tal  empreendimento.  O  monopólio  do 
1481,  a  expansão  ultramarina  atingiu  o  auge  com  os 
comércio  dos  produtos  asiáticos  e  o  tráfico  de 
feitos dos navegadores Diogo Cão e Bartolomeu Dias. 
escravos  africanos  (mão‐de‐obra  para  as  regiões 
Abriram‐se,  desse  modo,  novas  e  extraordinárias 
produtoras  de  matérias‐primas)  enriqueciam  não  só 
perspectivas para a nação portuguesa. O negócio das 
os grupos mercantis, como geravam vultosas receitas 
especiarias do Oriente, levadas para a Arábia e para o 
para  o  tesouro  régio,  as  quais  a  coroa,  em  certa 
Egito  pelos  árabes  e  dali  transportadas  aos  países 
medida,  repassava  à  nobreza  através  da  doação  de 
europeus,  por  intermédio  de  Veneza  –  que 
mercês,  bens  móveis  e  de  raiz,  bem  como  de 
enriquecera  com  o  tráfico  –,  vai  se  concentrar  em 
privilégios. 
novas  rotas,  deslocando  o  foco  do  comércio  mundial 
Cronologicamente e resumidamente, assim se  do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico. 
deu o referido processo expansionista: 
Foi  justamente  um  genovês,  Cristóvão 
 Entre  1421  e  1434,  os  lusitanos  chegaram  aos  Colombo, quem abalou as pretensões de D. João II na 
Arquipélagos  da  Madeira  e  dos  Açores  e  sua política expansionista, ao descobrir a América em 
avançaram  para  além  do  Cabo  Bojador.  Até  esse  1492.  No  retorno  de  sua  famosa  viagem,  Colombo 
ponto, a navegação era basicamente costeira.  avistou‐se  com  o  rei  de  Portugal  comunicando‐lhe  a 
 Em  1436  atingiram  o  Rio  do  Ouro  e  iniciaram  a  descoberta.  Anteriormente,  o  mesmo  Colombo  já 
conquista  da  Guiné.  Ali  se  apropriaram  da  Mina,  havia oferecido seus serviços ao soberano português, 
centro aurífero explorado pelos reinos nativos em  que recusou a oferta baseado em informações dadas 
associação  aos  comerciantes  mouros,  a  maior  pelos  cosmógrafos  do  reino,  levando  o  genovês  a 
fonte  de  ouro  de  toda  a  história  de  Portugal  até  dirigir‐se a Castela, onde obteve apoio financeiro para 
aquela data.  sua famosa viagem. 
 Em 1441, chegaram ao Cabo Branco. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 10 
 
Abalado  com  as  notícias  trazidas  por  que  seriam  caravelas,  incluída  aí,  uma  naveta  de 
Colombo,  D.  João  II  cogitou  em  mandar  uma  mantimentos). 
expedição  em  direção  às  terras  recém  descobertas, 
convencido de que lhe pertenciam por direito. Pouco  De  seu  comandante,  Pedro  Álvares  Cabral, 
depois, a questão foi arbitrada por três bulas do Papa  sabe‐se que nasceu na Vila de Belmonte em 1467 ou 
Alexandre  VI,  que  concederam  à  Espanha  os  direitos  1468,  segundo  filho  de  Fernão  Cabral,  senhor  de 
sobre  as  terras  achadas  por  seus  navegadores  a  Belmonte, e de Dona Isabel de Gouveia. Na juventude 
ocidente  do  meridiano  traçado  a  cem  léguas  a  oeste  teria  prestado  bons  serviços  à  coroa  nas  guerras  da 
das Ilhas dos Açores e de Cabo Verde.  África  e  por  isso  recebia  13.000  réis  anuais.  De 
qualquer  modo,  sabe‐se  da  dúvida  de  D.  Manuel  na 
Os  portugueses  discordaram  da  proposta  e  escolha  do  comandante  da  expedição,  que  no 
novas  negociações  resultaram  na  assinatura  do  primeiro momento recaiu sobre Vasco da Gama. 
Tratado  de  Tordesilhas  (cidade  espanhola)  em  7  de 
junho  de  1494,  que  garantiu  à  coroa  portuguesa  as  Cabral  teria  na  época  cerca  de  30  anos  e 
terras que viessem a ser descobertas até 370 léguas a  levava consigo marinheiros ilustres, como Bartolomeu 
oeste  do  Arquipélago  de  Cabo  Verde.  As  terras  Dias  e  Nicolau  Coelho,  além  de  numerosa  tripulação, 
situadas além desse limite pertenceriam à Espanha.  perto  de  1.500  homens,  alguns  degredados  e  oito 
frades franciscanos, os primeiros religiosos mandados 
D.  João  II  morreu  em  1495  e  coube  ao  seu  por Portugal a tais lugares. 
sucessor,  D.  Manuel,  dar  continuidade  ao  projeto 
expansionista.  Durante  sua  gestão  aconteceu  a  Uma  das  recomendações  feitas  a  Cabral  era 
famosa viagem de Vasco da Gama, que partiu do Rio  que  tivesse  particular  cuidado  com  o  sistema  de 
Tejo  em  julho  de  1497,  dobrou  o  Cabo  da  Boa  ventos  nas  proximidades  da  costa  africana,  fruto  da 
Esperança,  transpôs  o  Rio  Infante,  ponto  extremo  da  experiência  de  Vasco  da  Gama.  Na  manhã  do  dia  14 
viagem  de  Bartolomeu  Dias,  reconheceu  de março, a frota atingiu as Ilhas Canárias, fazendo 5.8 
Moçambique,  Melinde,  Mombaça  e,  em  maio  de  nós  de  velocidade  média.  No  dia  22,  avistou  São 
1498,  após  quase  um  ano  de  viagem,  chegou  a  Nicolau, uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde. 
Calicute, na Índia.  Na manhã seguinte, desgarrou a nau comandada por 
Vasco de Ataíde, que foi procurada exaustivamente e 
A façanha de Vasco da Gama colocou Portugal  dada como perdida. 
em  contato  direto  com  a  região  das  especiarias,  do 
ouro e das pedras preciosas, e, como conseqüência, a  Prosseguindo  a  navegação  sempre  em  rumo 
conquista  do quase total  monopólio de tais produtos  sudoeste,  foram  avistadas  ervas  marinhas,  indicando 
na  Europa,  abalando  seriamente  o  comércio  das  terra  próxima.  No  dia  22  de  abril,  foram  avistadas  as 
repúblicas italianas. A conquista da rota marítima para  primeiras  aves  e  ao  entardecer  avistaram  terra.  Ao 
as  Índias  assumiu,  na  época,  importância  longe,  um  monte  alto  e  redondo  foi  denominado 
revolucionária  e  suas  conseqüências  imediatas  Pascoal  por  ser  semana  da  Páscoa.  Na  manhã 
empalideceram até mesmo o maior acontecimento da  seguinte, avançaram as caravelas sondando o fundo e 
história  moderna  das  navegações:  o  descobrimento  fundeando  a  milha  e  meia  da  praia  próxima  à  foz  de 
da América por Cristóvão Colombo.  um  rio  mais  tarde  denominado  Rio  do  Frade.  Após 
reunião  com  os  comandantes,  foi  decidido  enviar  a 
A descoberta do Brasil  terra um batel sob o comando de Nicolau Coelho para 
fazer contato com os homens da terra, quando se deu 
Vasco  da  Gama  retornou  a  Portugal  em  julho  o primeiro encontro entre portugueses e indígenas. 
de 1499 sob clima de grande excitação motivado pela 
descoberta da nova rota para a Índia. Pouco depois, a  Durante  a  noite  soprou  vento  forte,  seguido 
9  de  março  de  1500,  partiu  em  direção  ao  oriente  de  chuvarada,  colocando  em  risco  as  embarcações. 
uma  portentosa  frota  de  13  navios  (dez  Consultados  os  pilotos,  decidiu  Cabral  sair  em  busca 
provavelmente  eram  naus  e  “três  navios  menores”,  de  local  mais  abrigado,  chegando  em  Porto  Seguro, 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 11 
 
hoje  Baía  Cabrália.  Alguns  tripulantes  desceram  a  expedição partiu de Lisboa em 13 de maio de 1501 em 
terra,  não  conseguindo  se  fazer  entender  nem  ser  direção às Canárias, de onde rumou para Cabo Verde. 
entendidos  pelos  habitantes  que  falavam  uma  língua  Nessa  ilha  se  encontrou  com  navios  da  Esquadra  de 
desconhecida.  Cabral que regressavam da Índia. Em meados do mês 
de  junho,  partiu  para  sua  travessia  oceânica, 
No domingo de Páscoa, rezou‐se a missa e foi  chegando  à  costa  brasileira  na  altura  do  Rio  Grande 
decidido  mandar  ao  reino,  pela  naveta  de  do Norte. 
mantimentos,  a  notícia  do  acontecimento.  Nos  dias 
posteriores,  os  marinheiros  ocuparam‐se  em  cortar  Na  Praia  dos  Marcos  (RN),  deu‐se  o  primeiro 
lenha, lavar roupa e preparar aguada, além de trocar  desembarque, tendo sido fincado um marco de pedra, 
presentes com os habitantes do lugar. Em 1° de maio,  sinal  da  posse  da  terra.  A  partir  de  então,  Gonçalo 
Pedro Álvares Cabral assinalou o lugar onde foi erigida  Coelho  deu  partida  a  sua  missão  exploradora 
uma cruz, próximo ao que hoje conhecemos como Rio  navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou 
Mutari. Assentadas as armas reais e erigido o cruzeiro  e denominou pontos litorâneos, conforme calendário 
em  lugar  visível,  foi  erguido  um  altar,  onde  Frei  religioso  da  época.  O  périplo  costeiro  da  expedição 
Henrique de Coimbra celebrou a segunda missa.  teve  como  limite  sul  a  região  de  Cananéia,  localizada 
no atual litoral Sul do Estado de São Paulo. 
No  dia  2  de  maio,  a  frota  de  11  navios 
levantou  âncoras  rumo  a  Calicute,  deixando  na  praia  A expedição de 1502/1503 
dois degredados, além de outros tantos grumetes, se 
não  mais,  que  desertaram  de  bordo.  Antes  de  Essa  segunda  expedição  foi  resultado  do 
atingirem  o  Cabo  da  Boa  Esperança,  quatro  navios  arrendamento  da  Terra  de  Santa  Cruz  (nome  inicial 
naufragaram  e  desgarrou‐se  a  nau  comandada  por  das  nossas  terras)  a  um  consórcio  formado  por 
Diogo  Dias,  que  percorreu  todo  o  litoral  africano,  cristãos‐novos,  encabeçado  por  Fernando  de 
reencontrando  a  frota  na  altura  de  Cabo  Verde,  Noronha, e que tinha a obrigação, conforme contrato, 
quando esta retornava a Portugal.  de  mandar  todos  os  anos  seis  navios  às  novas  terras 
com  a  missão  de  descobrir,  a  cada  ano,  300  léguas  a 
Com  seis  navios,  Cabral  alcançou  à  Índia,  em  vante e construir uma fortaleza. 
setembro de 1500. Em Calicute, as negociações foram 
difíceis, surgindo desentendimentos com os indianos,  Segundo o Almirante  Max Justo  Guedes, essa 
quando portugueses foram mortos em terra (inclusive  viagem  foi  realizada  entre  o  segundo  semestre  de 
o escrivão da Armada, Pero Vaz de Caminha) e o porto  1502  e  o  primeiro  semestre  de  1503.  A  rota  traçada 
bombardeado.  Em  seguida,  a  Armada  ancorou  em  pela  expedição  possivelmente  seguiu  o  percurso 
Cochim  e  Cananor,  onde  foi  bem  recebida,  normal até Cabo Verde, cruzou o Atlântico, passando 
abastecendo‐se  de  especiarias  antes  da  viagem  de  pelo  Arquipélago  de  Fernando  de  Noronha, 
retorno,  iniciada  no  dia  16  de  janeiro  de  1501.  No  concluindo  sua  navegação  nas  imediações  de  Porto 
trajeto  de  volta,  um  navio  perdeu‐se  no  regresso  e,  Seguro. 
dos  que  sobraram  da  esquadra,  cinco  retornaram  ao  A expedição de 1503/1504 
reino. Em 23 de junho, a Armada adentrou o Rio Tejo 
concluindo sua jornada.  Segundo  as  informações  do  cronista  Damião 
de  Góis,  essa  expedição  partiu  de  Portugal  em  10  de 
O reconhecimento da costa brasileira  junho  de  1503,  era  composta  por  seis  naus,  e 
A expedição de 1501/1502  novamente  foi  comandada  por  Gonçalo  Coelho.  Ao 
chegarem  em  Fernando  de  Noronha,  naufragou  a 
Preocupado em realizar o reconhecimento da  capitânia.  Neste  local  deu‐se  a  separação  da  frota. 
nova  terra,  D.  Manuel  enviou,  antes  mesmo  do  Após  aguardar  por  oito  dias  o  aparecimento  do 
retorno  de  Cabral,  uma  expedição  composta  por  três  restante  da  frota,  dois  navios  (num  dos  quais  se 
caravelas  comandadas  por  Gonçalo  Coelho,  tendo  a  encontrava  embarcado  Américo  Vespúcio)  rumaram 
companhia  do  florentino  Américo  Vespúcio.  A  para  a  Baía  de  Todos  os  Santos,  pois  assim 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 12 
 
determinava  o  regimento  real  para  qualquer  navio  Em  1530,  Portugal  resolveu  enviar  ao  Brasil 
que se perdesse da companhia do capitão‐mor.  uma  expedição  comandada  por  Martim  Afonso  de 
Sousa  visando  à  ocupação  da  nova  terra.  A  Armada 
Havendo  aguardado  por  dois  meses  e  quatro  partiu de Lisboa a 3 de dezembro e era composta por 
dias  alguma  notícia  de  Gonçalo  Coelho,  decidiram  duas  naus,  um  galeão  e  duas  caravelas  que,  juntas, 
percorrer  o  litoral  em  direção  ao  sul,  onde  se  conduziam  400  pessoas. Tinha  a  missão  de  combater 
detiveram  durante  cinco  meses  em  um  ponto  cujas  os franceses, que continuavam a freqüentar o litoral e 
coordenadas  indicam  ter  sido  no  litoral  do  Rio  de  contrabandear  o  pau‐brasil;  descobrir  terras  e 
Janeiro,  onde  ergueram  uma  fortificação  e  deixaram  explorar rios; e estabelecer núcleos de povoação. 
24  homens.  Logo  depois  retornaram  a  Portugal 
aportando  em  18  de  junho  de  1504.  Gonçalo  Coelho  Em 1532, fundou no atual litoral de São Paulo 
com  o  restante  da  frota  regressou  a  Portugal,  ainda  a  Vila  de  São  Vicente  e  logo  a  seguir  –  no  limite  do 
em 1503.  planalto  que  os  índios  chamavam  de  Piratininga  –  a 
Vila  de  Santo  André  da  Borba  do  Campo.  Da  Ilha  da 
As expedições guarda‐costas  Madeira,  Martim  Afonso  trouxe  as  primeiras  mudas 
A  costa  do  pau‐brasil  prolongava‐se  desde  o  de cana que plantou no Brasil, construindo na Vila de 
Rio  de  Janeiro  até  Pernambuco,  onde  foram  sendo  São Vicente o primeiro engenho de cana‐de‐açúcar. 
estabelecidas  feitorias,  nas  quais  navios  portugueses  Ainda  se  encontrava  no  Brasil  quando,  em 
realizavam  regularmente  o  carregamento  desse  tipo  1532, Dom João III decidiu impulsionar a colonização, 
de  madeira  para  o  reino.  Esse  negócio  rendoso  utilizando  a  tradicional  distribuição  de  terras.  O 
começou a atrair a atenção de outros países europeus  regime de capitanias hereditárias consistiu em dividir 
que  nunca  aceitaram  a  partilha  do  mundo  entre  o  Brasil  em  imensos  tratos  de  terra  que  foram 
Portugal e Espanha, dentre eles a França.  distribuídos a fidalgos da pequena nobreza, abrindo à 
Os  franceses  começaram  a  freqüentar  nosso  iniciativa privada a colonização. 
litoral  comercializando  o  pau‐brasil  clandestinamente  Martim  Afonso  de  Sousa  retornou  a  Portugal 
com os índios. Portugal procurou, a princípio, usar de  em  13  de  março  de  1533,  após  ter  cumprido  de 
mecanismos  diplomáticos,  encaminhando  várias  maneira satisfatória sua missão de fincar as bases do 
reclamações ao governo francês na esperança de que  processo de ocupação das terras brasileiras. 
o mesmo coibisse esse comércio clandestino. 
C R O N O L O G I A 
Notando que ainda era grande a presença de  DATA  EVENTO 
contrabandistas  franceses  no  Brasil,  D.  Manuel  Conquista  da  cidade  de  Ceuta  pelos 
1415 
resolveu enviar o fidalgo português Cristóvão Jaques,  portugueses. 
com  a  missão  de  realizar  o  patrulhamento  da  costa  Os  lusitanos  chegam  aos  Arquipélagos  da 
brasileira.  1421  e  Madeira  e  dos  Açores  e  avançam  para 
1434  além  do  Cabo  Bojador.  Até  esse  ponto,  a 
Cristóvão Jaques realizou viagens ao longo de  navegação era basicamente costeira. 
nossa costa entre os períodos de 1516 a 1519, 1521 a  Os  lusitanos  atingem  o  Rio  do  Ouro  e 
1522  e  de  1527  a  1528,  onde  combatendo  e  iniciam  a  conquista  da  Guiné.  Ali  se 
apropriam  da  Mina,  centro  aurífero 
reprimindo as atividades do comércio clandestino. 
1436  explorado  pelos  reinos  nativos  em 
Em 1528, foi dispensado do cargo de capitão‐ associação  aos  comerciantes  mouros,  a 
maior fonte de ouro de toda a história de 
mor  da  Armada  Guarda‐Costa,  regressando  para 
Portugal. 
Portugal.  1441  Chegam ao Cabo Branco. 
Atingem a Ilha de Arguim, onde instalam a 
 
primeira  feitoria  em  território  africano,  e 
1444 
iniciam  a  comercialização  de  escravos, 
A  expedição  colonizadora  de  Martim  Afonso  de 
marfim e ouro. 
Sousa 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 13 
 
Descobrem  o  Cabo  Verde,  navegam  pelos 
1445  e 
Rios  Senegal  e  Gâmbia  e  avançam  até 
1461 
Serra Leoa 
1470  a  Exploração  da  costa  da  Serra  Leoa  até  o 
1475  Cabo de Santa Catarina. 
1482  e  O  navegador  Diogo  Cão  explorou  a  costa 
1485  da África. 
Bartolomeu  Dias  atingiu  o  Cabo  das 
Tormentas,  no  extremo  sul  do  continente 
–  que  passou  a  ser  chamado  de  Cabo  da 
1487 
Boa  Esperança  –  e  chegou  ao  Oceano 
Índico,  conquistando  o  trecho  mais  difícil 
do caminho da Índia. 
1492  Cristóvão Colombo chegou à América. 
1494  Assinatura do Tratado de Tordesilhas. 
Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa 
1498 
sudoeste da Índia. 
Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares 
1500 
Cabral. 
Fernão  de  Magalhães  chegou  às  Filipinas 
1519  passando  pelo  extremo  sul  do  continente 
americano. 
 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 14 
 
EXERCÍCIO:  colônias  na  África  e  estabelecer  comércio  com  os 
holandeses  por  meio  de  trocas  (escambo). 
1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Leia o texto a seguir.  (D)  Fundar  uma  povoação  naquela  região  e  derrotar 
“As armas e os barões assinalados   definitivamente  os  franceses. 
Que da Ocidental praia Lusitana,   (E)  Obter  riquezas  acumuladas  através  da  prática  de 
Por mares nunca dantes navegados   pilhagem  e  criar  entrepostos  (feitorias)  controlados 
Passaram ainda além da Taprobana,  pelos comerciantes lusos. 
Em perigos e guerras esforçados  Resposta: (E) 
Mais do que prometia a força humana, 
E entre gente remota edificaram;     
Novo Reino, que tanto sublimaram (...)” 
(Trecho de ‘Os Lusíadas’ de Luís de Camões, 1572) 

Publicado  no  século  XVI,  os  ‘Lusíadas’  de  Luis  de 


Camões  trata‐se  de  uma  ode  ao  pioneirismo  lusitano 
no  processo  expansão  marítima  européia  no  final  do 
século XIV. Que fatores possibilitaram tal pioneirismo 
português? 

(A) A centralização política de Portugal e a aliança 
entre a nobreza e os setores mercantis. 
(B) A vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos Cem 
Anos e a posição geográfica favorável. 
(C) A absorção de tecnologias náuticas dos ingleses e 
o isolamento da nobreza. 
(D) A dependência portuguesa ao Reino de Castela e o 
emprego de navegadores holandeses. 
(E) A aliança com os comerciantes genoveses e o 
monopólio português do comércio no Mar 
Mediterrâneo. 
Resposta: (A) 

2  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Na  primeira  metade  do  século 


XV,  a  expansão  marítima  portuguesa  caracterizou‐se 
por  duas  vertentes.  A  primeira,  de  aspecto 
imediatista,  foi  realizada  ao  norte  do  continente 
africano,  e  a  segunda,  mais  a  longo  prazo,  buscava 
pontos  estratégicos  das  rotas  comerciais  com  o 
Oriente. 

Assinale a opção que apresenta os objetivos da coroa 
portuguesa  na  primeira  e  segunda  vertentes, 
respectivamente. 

(A) Estabelecer bases para suas futuras ações militares 
e  extrair  rendas  obtidas  com  a  agricultura. 
(B)  Explorar  a  cultura  do  açúcar  naquela  região  e 
permitir  projetar  poder  militar  a  longas  distâncias. 
(B)  Combater  os  franceses  que  invadiram  suas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 15 
 
3 ‐ Invasões Estrangeiras ao Brasil  invasor  é  logo  expulso  por  uma  Esquadra  luso‐
espanhola. 
Diversos  intrusos  desafiaram  os  interesses 
ultramarinos  de  Portugal  durante  os  séculos  XVI  e  Os  holandeses,  em  seguida,  ocuparam 
XVII. Os franceses foram os primeiros e, desde o início  Pernambuco,  realizando  conquistas  ao  sul,  em 
do  século  XVI,  navios  de  armadores  franceses  Alagoas e Sergipe, bem como ao norte, na Paraíba, Rio 
freqüentavam a costa brasileira, comerciando com os  Grande  do  Norte  e  mais  áreas,  permanecendo  no 
nativos  os  produtos  da  terra:  pau‐brasil;  pele  de  Nordeste por 24 anos. 
animais  selvagens;  papagaios  e  macacos;  resinas 
vegetais  e  outros.  Portugal  reagiu,  como  vimos  no  Ocorreram,  nesse  período,  muitos  combates 
capítulo  anterior,  enviando  expedições  guarda‐costas  no  mar,  como  a  “Batalha  Naval  de  1640”,  que 
e iniciando a colonização do Brasil.   envolveu  cerca  de  cem  navios,  entre  holandeses  e 
luso‐espanhóis,  em  embates  que  duraram  cinco  dias 
No início da colonização portuguesa no Brasil,  na costa do Nordeste. 
os  franceses  estabeleceram  duas  colônias:  em  1555, 
no Rio de Janeiro, e em 1612, no Maranhão. Portugal  Nessa  luta  para  expulsar  os  holandeses,  o 
reagiu às duas invasões, projetando seu Poder Naval,  esforço  em  terra  foi  fundamental.  O  Poder  Naval 
com bom êxito, para expulsar os invasores.  português foi capaz de manter Salvador como base de 
operações  e  somente  com  a  presença  de  uma  força 
Na  foz  do  Amazonas,  ingleses,  holandeses  e  naval  em  Pernambuco  é  que  foi  possível  obter  a 
irlandeses  estabeleceram  feitorias  privadas;  sendo  rendição definitiva dos invasores. 
preciso o emprego da força para expulsá‐los. 
No  século  XVIII,  com  o  envolvimento  de 
O  comércio  holandês  com  o  Brasil  data  da  Portugal  na  Guerra  de  Sucessão  de  Espanha,  na 
primeira  metade  do  século  XVI.  Em  1580,  ocorreu  a  Europa, o Rio de Janeiro foi atacado por dois corsários 
união  das  coroas  de  Portugal  e  Espanha  e  o  rei  da  franceses.  Com  a  descoberta  do  ouro  das  Minas 
Espanha,  Felipe  II,  passou  a  ser,  também,  o  rei  de  Gerais, no final do século XVII, o Rio de Janeiro vinha 
Portugal.  Os  holandeses  iniciaram  sua  guerra  de  se tornando uma cidade próspera durante o início do 
independência  contra  a  Espanha  no  final  do  século  século XVIII. Mais tarde, devido às riquezas das minas, 
XVI, mesmo assim continuaram a comercializar, com o  tornouse a capital da colônia. 
auxílio  de  mercadores  portugueses,  produtos 
brasileiros, como o açúcar, algodão e pau‐brasil.  Pretensões expansionistas também podem ser 
visualizadas  no  interesse  que  Portugal  tinha  nas 
A Holanda era um país de bons comerciantes  riquezas espanholas do oeste sul‐americano na região 
e  hábeis  marinheiros.  Os  holandeses  possuíam  uma  do Rio da Prata – acesso às minas de prata de Potosi, 
fortíssima  consciência  marítima  e  utilizavam  seu  na  Bolívia.  A  ocupação  espanhola  na  região  foi, 
Poder  Marítimo  com  muita  habilidade.  Eles  não  portanto,  fundamental  para  deter  os  interesses 
pretendiam  ficar  sem  o  rico  mercado  do  açúcar  portugueses.  Mesmo  assim,  era  por  ela  que  a  prata 
brasileiro,  devido  ao  conflito  com  a  Espanha  e  boliviana era contrabandeada para o Brasil. 
conseqüentemente Portugal. Em 1621, eles criaram a 
West‐Indische  Compagnie,  a  Companhia  das  Índias  Buscando expandir seus domínios em direção 
Ocidentais.  Logo,  Salvador,  capital  da  colônia  do  ao  Sul  do  continente,  Portugal  rompeu  o  Tratado  de 
Brasil, seria alvo de uma invasão desta companhia.  Tordesilhas,  assinado  com  os  espanhóis  em  1494, 
quando, em janeiro de 1680, o governador do Rio de 
O  objetivo  maior  da  Companhia  das  Índias  Janeiro,  D.  Manuel  Lobo,  fundou,  na  margem 
Ocidentais  era  manter  o  relacionamento  comercial  esquerda  do  Rio  da  Prata,  a  Colônia  do  Santíssimo 
com o Brasil e, se possível, a conquista do Nordeste. A  Sacramento.  Este  fato  desencadeou  uma  série  de 
tentativa  não  tarda,  e,  em  1624,  é  feito  o  ataque  a  desentendimentos, lutas e tratados de limites, em que 
Salvador  (BA),  ocupada  por  breve  período,  pois  o  o  emprego  do  Poder  Naval  português  foi  muito 
importante, como veremos neste capítulo. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 16 
 
O  interesse  no  estudo  desse  período  é  precisaria  de  profissionais  (exemplo:  sapateiros, 
mostrar  que  foi  nele  que  definiram  as  fronteiras  Sul  alfaiates,  barbeiros,  carpinteiros,  oleiros,  pedreiros, 
do  território  brasileiro,  que  mudavam  conforme  o  médicos,  soldados  entre  outros)  necessários  à 
poderio  militar  e  os  tratados  firmados  entre  sobrevivência na colônia. 
portugueses e espanhóis. 
As  pessoas  que  vieram  com  Villegagnon 
Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão  formavam  um  grupo  heterogêneo:  católicos  e 
protestantes  (em  uma  época  de  sérios  conflitos 
Essas  duas  invasões  não  foram  iniciativas  do  religiosos),  soldados  escoceses  e  ex‐presidiários 
governo da França, cuja estratégia estava voltada para  (caracterizando  extremos  de  aceitação  de  disciplina). 
seus interesses na própria Europa, mas sim iniciativas  A  pior  falha,  no  entanto,  foi  a  presença  de  poucas 
privadas. Em ambas, faltou o apoio do Estado francês,  mulheres  européias  no  grupo,  o  que  fez  com  que 
no  momento  em  que,  atacadas  pelos  portugueses,  muitos  colonos  procurassem  as  índias  para  se 
necessitaram  de  socorro.  Por  outro  lado,  a  relacionarem. Esta atitude era difícil para Villegagnon 
colonização  do  Brasil  foi  interesse  de  Portugal,  que  entender, por sua formação religiosa de Cavaleiro de 
pretendia  proteger  a  rota  de  seu  comércio  com  a  Malta  ,  com  voto  de  castidade,  não  admitindo  sexo 
Índia. Todos os recursos do Estado português estavam  fora do casamento. 
disponíveis  para  expulsar  os  invasores  e  proteger  os 
núcleos de colonização portuguesa.  Houve  um  excesso  de  conflitos, 
principalmente  após  a  chegada  de  um  grupo  de 
Rio de Janeiro  protestantes calvinistas, com o propósito de estudar a 
Em  1553,  Nicolau  Durand  de  Villegagnon  foi  possibilidade de fazer da França Antártica uma colônia 
nomeado vice‐almirante da Bretanha , e desenvolveu  protestante. 
um  plano  para  fundar  uma  colônia  na  Baía  de  Os  franceses  contavam  com  a  amizade  dos 
Guanabara  (RJ),  onde  habitavam  nativos  da  tribo  tupinambás.  Eles  comerciavam  com  os  franceses  por 
Tupinambá,  aliados  dos  franceses.  O  Rei  da  França,  meio  de  trocas  (escambo)  –  recebiam  machados, 
Henrique  II,  aprovou  esse  plano  de  iniciativa  privada,  facas,  tesouras,  espelhos,  tecidos  coloridos,  anzóis  e 
prometeu  apoio  e  forneceu  financiamento  e  dois  outros objetos. Em troca, forneciam o pau‐brasil, que 
navios para a viagem.  cortavam na floresta e traziam para a colônia, além de 
Villegagnon  chegou  à  Baía  de  Guanabara  em  outros produtos da terra e alimentos. Os tupinambás 
1555,  instalou  o  núcleo  da  colônia  –  que  chamou  de  construíram  grandes  canoas  de  um  só  tronco  (igara) 
França  Antártica  –  na  ilha  que  atualmente  tem  seu  ou  da  casca  de  uma  árvore  (ubá).  Eles  lutaram 
nome e construiu uma fortificação, dando‐lhe o nome  bravamente  ao  lado  dos  franceses,  pois  detestavam 
de  Forte  de  Coligny,  em  homenagem  ao  almirante  os portugueses que eram amigos de seus inimigos. 
francês  que  lhe  apoiara.  A  ilha  era  pequena  e  não  A  reação  portuguesa  ocorreu  quando  o 
tinha água, mas era uma excelente posição de defesa.  Governador Mem  de Sá,  em 1560, atacou o Forte de 
Em  terra  firme,  perto  do  atual  Morro  da  Glória,  Coligny  com  uma  força  naval  (soldados  e  índios)  que 
instalou  uma  olaria  para  fabricar  tijolos  e  telhas,  fez  trouxera  da  Bahia,  arrasando‐o.  Depois  partiu  para 
plantações e deu início a uma povoação, que chamou  São Vicente sem deixar uma guarnição na Guanabara. 
de  Henryville,  homenageando  o  Rei  da  França  Os franceses fugiram para o continente, abrigando‐se 
Henrique II. A povoação em terra firme, não teve bom  junto a seus aliados tupinambás e, logo depois que os 
êxito e o progresso da colônia, como um todo, deixou  portugueses  se  foram,  restabeleceram  suas 
a desejar.  fortificações. 
Villegagnon,  que  anteriormente  já  mostrara  Mem  de  Sá  concluiu  que  era  necessário 
sua  bravura  e  competência  como  militar  em  diversas  ocupar definitivamente o Rio de Janeiro para garantir 
ocasiões, encontrou muitas dificuldades para recrutar  a expulsão dos invasores. Dessa vez enviou, em 1563, 
pessoas  para  a  colônia.  Um  núcleo  de  colonização 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 17 
 
seu sobrinho Estácio de Sá à testa da nova força naval,  colaborasse  significativamente  com  recursos  para  o 
com  ordens  para  fundar  uma  povoação  na  Baía  de  reforço da colônia. 
Guanabara e derrotar definitivamente os franceses. 
Em  1614,  uma  força  naval  comandada  por 
Estácio de Sá obteve a ajuda de uma tribo tupi  Jerônimo  de  Albuquerque,  nascido  no  Brasil,  chegou 
inimiga  dos  tupinambás,  os  maracajás  ou  temiminós,  ao  Maranhão  para  combater  os  franceses.  Este 
liderados por Araribóia. Participaram,  também, como  grupamento  pode  ser  considerado  a  primeira  força 
aliados dos portugueses, índios da tribo tupiniquim de  naval comandada por um brasileiro. 
Piratininga, trazidos de São Vicente (SP). 
Chegando  ao  Maranhão,  os  portugueses 
Estácio  de  Sá  fundou  a  cidade  de  São  iniciaram  a  construção  de  um  forte,  que  chamaram 
Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, entre o Morro  Santa Maria. Logo os franceses se apoderaram de três 
Cara de Cão e o Pão de Açúcar. Era um local apertado,  dos navios que estavam fundeados. Animados com o 
protegido  pelos  morros  e  de  fácil  defesa,  de  onde  se  bom  êxito  alcançado,  resolveram,  uma  semana 
controlava a entrada da barra da Baía de Guanabara.  depois,  atacar  o  forte  português.  Planejaram  um 
Logo,  começaram  a  combater  os  franceses  e  os  ataque  simultâneo  de  tropas  que  desembarcariam  e 
tupinambás.  Houve  grandes  combates,  inclusive  um  de  tropas  que  atacariam  o  forte  pela  retaguarda, 
de  canoas  nas  águas  da  baía  e  um  ataque  ao  atual  vindas  de  terra.  Os  portugueses,  no  entanto,  foram 
Morro da Glória, onde Estácio de Sá foi ferido por uma  mais  ágeis  e  contra‐atacaram  separadamente,  com 
flecha,  no  rosto,  vindo  a  falecer  em  conseqüência  vigor, as duas forças francesas, vencendo‐as. 
deste ferimento. 
Os  franceses,  resolveram  propor  um 
Derrotados na Guanabara, os franceses e seus  armistício, para conseguir reforços na França ou obter 
aliados  tentaram,  ainda,  estabelecer  uma  resistência  uma solução diplomática. Os portugueses aceitaram.  
em  Cabo  Frio,  mas  acabaram  vencidos.  Os  franceses 
que  se  renderam  foram  enviados  de  navio  para  a  A  trégua  foi  favorável  aos  portugueses,  que 
França.  obtiveram  reforços  no  Brasil.  La  Ravardière  não 
conseguiu  novamente  o  apoio  de  seu  governo  e  o 
Maranhão  tratado  de  paz  em  vigor,  naquele  momento,  previa 
que  em  casos  como  esse  os  riscos  e  perigos  cabiam 
Os  franceses  continuaram  com  o  tráfico  aos particulares, sem que a paz entre os Estados fosse 
marítimo  na  costa  brasileira.  Seu  eixo  de  atuação,  perturbada.  Além  do  mais,  o  rei  de  Portugal  não 
porém,  deslocou‐se  para  o  norte,  ainda  sem  ratificou  a  trégua  e  ordenou  que  se  expulsassem  os 
povoações  portuguesas.  Após  diversas  ações,  franceses  do  Maranhão.  Providenciou  reforços  e 
estabeleceram‐se,  em  pequeno  número,  em  diversos  mandou o governador de Pernambuco organizar uma 
pontos  do  litoral.  Desde  o  final  do  século  XVI,  o  nova  expedição.  O  comando  coube  a  Alexandre  de 
Maranhão  passou  a  ser  um  local  regularmente  Moura, que partiu em uma força naval. 
freqüentado por navios franceses. Na atual Ilha de São 
Luís  havia  uma  pequena  povoação  de  franceses,  em  Os  franceses  foram  cercados  no  Maranhão, 
boa  convivência  com  os  índios,  também  tupinambás,  por  mar  e  por  terra,  e,  sem  esperança  de  reforços, 
que habitavam o local.  para  evitar  que  os  portugueses  os  tratassem  como 
piratas, renderam‐se em 1615. 
Em  1612,  partiu  da  França  a  expedição 
chefiada  pelos  sócios,  Daniel  de  la  Touche  de  la  Invasores na foz do Amazonas 
Ravardière e Nicolau de Harlay de Sancy, com poderes 
de  tenentes‐generais  do  rei  da  França.  Quando  Após  a  ocupação  do  Maranhão,  os 
chegaram, construíram o Forte de São Luís.  portugueses  resolveram  dirigir  sua  atenção  para  os 
invasores  da  foz  do  Amazonas,  enviando  uma 
Na  França,  o  bom  relacionamento  do  expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da 
momento com a Espanha fez com que o governo não  cidade de Belém, para servir de base para suas ações 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 18 
 
militares.  De  lá,  eles  passaram  a  atacar  os  A  preparação  de  forças  navais  que 
estabelecimentos  dos  ingleses,  holandeses  e  projetassem poder militar a tão longa distância exigia 
irlandeses,  enforcando  os  que  resistiam  e  um enorme esforço. Era necessário um planejamento 
escravizando as tribos de índios que os apoiavam. Esta  cuidadoso  dos  recursos  financeiros,  materiais  e 
violência  e  a criação  de  uma  flotilha  de  embarcações  humanos.  A  força  deveria  ser  composta  por  variados 
(que  agia  permanentemente  na  região  apoiando  as  navios: os de guerra, como os galeões e as fragatas; as 
ações  militares  e  patrulhando  os  rios)  garantiram  o  naus e as urcas, que serviam tanto como embarcações 
bom  êxito  e  asseguraram  a  posse  da  Amazônia  mercantes quanto navios militares; e as caravelas, que 
Oriental para Portugal.  serviam  ao  transporte.  Havia,  também,  diversos 
outros  navios  menores,  como  patachos,  iates  velozes 
Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco  e  embarcações  que  complementavam  a  capacidade 
Holandeses na Bahia  das  forças  navais.  Considerando  as  populações  da 
época  –  Holanda  teria  cerca  de  1,5  milhão  de 
A  invasão  holandesa  de  Salvador  (BA)  foi  habitantes  e  Portugal  menos  que  isto  –  não  era  fácil 
planejada  pela  Companhia  das  Índias  Ocidentais  com  conservar  em  segredo  a  preparação  de  uma  força 
o propósito de lucro, a ser obtido com a exploração da  naval.  Espiões  mantinham  as  cortes  européias 
cultura  do  açúcar.  Levantado  o  capital  para  o  informadas  e  seus  informes  eram  avaliados  e 
empreendimento,  os  holandeses  reuniram  uma  força  utilizados  para  preparar  contra‐ofensivas.  Ocorreram 
naval de 26 navios, com 509 canhões e tripulados por  verdadeiras  corridas  de  forças  navais  para  alcançar  a 
1.600  marinheiros  e  1.700  soldados.  O  comando  costa  brasileira.  Chegar  primeiro  podia  ser  uma 
coube ao Almirante Jacob Willekens.  decisiva vantagem. 

Os  navios  partiram  de  diversos  portos  da  Os  luso‐espanhóis  conseguiram  ficar  prontos 
Holanda  e  reuniram‐se  em  uma  das  ilhas  do  antes  dos  holandeses  e,  em  22  de  novembro,  partia 
Arquipélago  de  Cabo  Verde.  Em  8  de  maio  de  1624,  de Lisboa uma armada composta por 25 galeões, dez 
chegaram à Baía de Todos os Santos; no dia seguinte,  naus, dez urcas, seis caravelas, dois patachos e quatro 
iniciaram o ataque a Salvador.  navios menores, tendo a bordo 12.500 marinheiros e 
soldados. Como comandante‐geral, vinha D. Fadrique 
Os  holandeses  atacaram  os  fortes  que 
de Toledo Osório, Marquês de Villanueva de Valdueza. 
defendiam  a  cidade.  Os  navios  que  transportavam 
tropas  se  dirigiram  para  o  Porto  da  Barra,  onde  A  armada  luso‐espanhola  chegou  a  Salvador 
desembarcaram.  A  cidade  foi  saqueada.  Somente  em 29 de março de 1625. Era a maior força naval que 
alguns  dias  depois  organizou‐se  reação  contra  os  até  aquela  data  atravessara  o  Atlântico.  Cerca  de  20 
invasores.  navios  holandeses  se  abrigavam  sob  a  proteção  dos 
fortes e a cidade de Salvador era defendida por tropas 
Estabelecidos  em  Salvador,  os  holandeses 
holandesas. Iniciou‐se o ataque luso‐espanhol e, a 1º 
foram,  aos  poucos,  diminuindo  os  efetivos  de  sua 
de  maio,  os  holandeses  renderam‐se.  Dias  depois  de 
força  naval,  com  o  retorno  de  diversos  navios  para  a 
se entregarem, apareceu na barra o socorro holandês, 
Holanda. 
de 34 naus. Percebendo a retomada da cidade, não se 
Em  Lisboa  e  Madri,  a  notícia  sobre  a  tomada  animaram a tentar a luta. 
da  cidade  de  Salvador  chegou  cerca  de  dois  meses  e 
A ocupação do Nordeste brasileiro 
meio  depois  da  invasão.  De  maneira  imediata,  o 
governo luso‐espanhol começou a preparar uma força  Em  1629,  a  Companhia  das  Índias  Ocidentais 
naval  capaz  de  recuperar  a  cidade  antes  que  os  resolveu  dirigir  seus  esforços  para  Pernambuco  em 
holandeses  se  consolidassem  na  região.  Na  Holanda,  vez de tentar reconquistar a Bahia. 
sabendo‐se dos preparativos espanhóis, acelerou‐se a 
prontificação  dos  reforços  que  deveriam  garantir  a  Conduzia a nova expedição uma armada de 56 
ocupação da Bahia.  navios,  fortemente  artilhados,  trazendo  3500 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 19 
 
tripulantes e 3000 soldados. Comandava a força naval  holandesas; e alcançar o Caribe para comboiar a Frota 
holandesa  o  General‐doMar  Wendrich  Corneliszoon  da Prata para a Espanha. 
Lonck.  Olinda  e  Recife  (PE)  foram  conquistadas  em 
1630.  Depois  de  escalar  em  Salvador,  a  força  naval 
luso‐espanhola  partiu  para  cumprir  sua  missão. 
Soube‐se  dos  preparativos  com  antecedência  Devido ao vento contrário, navegou para sueste para 
em Madri e Lisboa. O General Matias de Albuquerque,  depois rumar para Pernambuco. Foram interceptados 
que então estava na Europa, regressou ao Brasil para  pela  força  naval  holandesa  na  altura  do  Arquipélago 
organizar  a  reação,  mas  pouco  pôde  ser  feito  de  dos Abrolhos. 
efetivo, restando, para os defensores, iniciar a defesa 
em terra depois da ocupação.  Oquendo  formou  seus  galeões  em  coluna  e 
deu  ordem  aos  navios  do  comboio  para  se 
As  providências  luso‐espanholas  para  posicionarem fora do combate. Os holandeses tinham 
recuperar  Pernambuco,  durante  o  período  de  união  planejado abordar cada um dos maiores galeões luso‐
das duas coroas, encontraram dificuldades crescentes  espanhóis  com  dois  navios.  Seguiu‐se  um  terrível 
de  recursos  e  não  lograram  a  mobilização  das  forças  combate, com tentativas e sucessos de abordagens e 
necessárias.  O  tesouro  espanhol,  cada  vez  mais  bordadas bem próximas de artilharia. Como resultado, 
debilitado,  não  foi  capaz  de  arcar  com  um  os  holandeses  perderam  dois  navios,  inclusive  o 
empreendimento  semelhante  ao  da  armada  que  capitânia, que incendiou e explodiu, e um outro ficou 
libertara  a  Bahia  em  1625.  Cabe  observar  que  era  seriamente  avariado.  Os  luso‐espanhóis  tiveram  dois 
necessário  proteger  com  escoltas  as  frotas  que  navios  afundados,  um  navio  foi  apresado  pelos 
levavam a produção de açúcar para Portugal e as que  holandeses  e  outro  regressou  a  Salvador  devido  às 
levavam  a  produção  mineral  das  colônias  espanholas  grandes  avarias  sofridas.  Nesse  combate,  morreram 
para a Espanha. Entre 1631 e 1640, dentro do período  ou  desapareceram  cerca  de  700  homens, 
da  união  com  a  Espanha,  foram  enviadas  três  aproximadamente  280  ficaram  feridos  e  240  foram 
esquadras luso‐espanholas ao Brasil.  aprisionados. 

Os  holandeses  também  enviaram  forças  Na  Batalha  Naval  de  1640,  66  navios  e 
navais,  com  reforços  de  tropas,  para  proteger  suas  embarcações luso‐espanhóis, transportando tropas da 
conquistas  no  Brasil.  Ocorreram,  conseqüentemente,  força  naval  comandada  pelo  Conde  da  Torre, 
encontros  que  resultaram  em  diversos  combates  combateram  navios  holandeses  (inicialmente  30, 
navais. Destacam‐se, entre eles, o Combate Naval dos  depois 35) comandados por Willem Loos. 
Abrolhos,  em  3  de  setembro  de  1631,  e  os  ocorridos 
intermitentemente durante cinco dias, de 12 a 16 de  O  Conde  da  Torre  saiu  de  Salvador  com  o 
janeiro, na Batalha Naval de 1640.  propósito de desembarcar tropas em Pernambuco. Os 
holandeses  pretendiam  evitar  que  ocorresse  esse 
No  Combate  Naval  dos  Abrolhos,  os  luso‐ desembarque. As forças navais se encontraram no dia 
espanhóis,  comandados  por  D.  Antônio  de  Oquendo  12 de janeiro e travaram combates durante cinco dias, 
de  Zandátegui,  tinham  17  galeões,  23  navios  tendo  se  combatido,  de  fato,  em  quatro  deles.  A 
mercantes  carregados  com  açúcar,  12  caravelas  com  iniciativa coube aos holandeses que visavam a atingir, 
tropas  e  três  patachos.  Os  holandeses,  comandados  com seus tiros, os cascos dos galeões luso‐espanhóis, 
por Adriaen Janszoon Pater, lutaram com 18 navios.  que  se  defendiam  atirando  nos  mastros  e  velas, 
procurando  imobilizar  os  inimigos.  Os  holandeses 
A  missão  de  Oquendo  era  desembarcar  as  evitaram as abordagens. 
tropas  que  trazia  de  Pernambuco  e  da  Paraíba; 
comboiar os navios mercantes que levariam ao reino a  Durante o combate, o Almirante Willem Loos, 
produção  de  açúcar  e  outros  produtos  do  Brasil,  até  comandante holandês, teve a cabeça mutilada por um 
que  estivessem  livres  de  ataques  das  forças  tiro  de  canhão,  logo  após  o  início  da  batalha.  Coube 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 20 
 
ao  seu  imediato  assumir  a  frente  na  liderança  da  desempenhou  papel  de  destaque  no  apoio  a  essa 
frota.  causa,  podendo‐se  identificá‐lo  como  seu 
organizador‐chefe. Iniciou‐se, assim, em Pernambuco, 
No  intervalo  dos  combates,  os  holandeses  a campanha da insurreição contra os holandeses. 
foram  abastecidos  com  pólvora  e  munições  por 
embarcações  vindas  de  terra.  Também  receberam  Em  1644,  Teles  da  Silva  resolveu  reunir  uma 
reforços de mais cinco navios.  força  naval  para  auxiliar  os  revoltosos,  com  base  no 
que havia disponível. Os três navios mais fortes eram 
Para os luso‐espanhóis, a Batalha de 1640 foi  naus,  armadas  com  16  canhões  cada.  Tripulações 
uma  derrota  estratégica.  Após  cinco  dias,  as  tropas  despreparadas  faziam  com  que  essa  força 
não  haviam  desembarcado  em  Pernambuco.  Os  improvisada  não  fizesse  frente  aos  profissionais 
combates  levaram  a  força  naval  do  Conde  da  Torre  holandeses  e  mercenários.  O  comando  foi  dado  ao 
para  o  norte,  ao  longo  do  litoral  do  Nordeste.  Com  Coronel Jerônimo Serrão de Paiva. 
resultado  insatisfatório,  já  que  a  força  holandesa 
muito  pouco  fora  desfalcada,  o  Conde  da  Torre  Haviam  chegado  ao  Brasil,  em  fevereiro  de 
decidiu pelo desembarque das tropas no atual Estado  1645,  dois  galeões  portugueses,  o  São  Pantaleão,  de 
do  Rio  Grande  do  Norte  e  regressar  a  Salvador  com  36 canhões, e o São Pedro de Hamburgo, de 26 ou 30 
sua força naval.  canhões.  Eram  parte  da  escolta  da  primeira  frota 
comboiada  que,  após  carregar  no  Rio  de  Janeiro, 
Os  holandeses,  por  sua  vez,  conseguiram  regressou  a  Salvador,  com  o  propósito  de,  em 
manter o domínio do mar e se aproveitaram dele para  seguida, partir para Portugal. O almirante dessa frota 
bloquear  os  portos  principais  e  atacar  o  litoral  do  era  Salvador  Correia  de  Sá  e  Benevides,  filho  de  um 
Nordeste do Brasil, expandindo sua conquista.  fluminense e uma espanhola, que tinha propriedades 
A insurreição em Pernambuco  no Rio de Janeiro. 

Em  1°  de  dezembro  de  1640,  ocorreu  a  Decidiu o Governador Teles da Silva executar, 


Restauração  de  Portugal,  ou  seja,  a  separação  de  com auxílio de Salvador de Sá, um plano para ocupar 
Portugal  da  Espanha,  com  o  fim  da  união  das  coroas  Recife.  Deveriam  os  galeões  se  juntar  aos  navios  de 
ibéricas,  e  a  aclamação  do  Duque  de  Bragança  como  Serrão de Paiva e, caso os holandeses permitissem ou 
rei, com o nome de D. João IV.  se  a  população  se  revoltasse,  tentar  desembarcar  na 
cidade. 
Em  junho  de  1641,  assinou‐se  uma  trégua  de 
dez  anos  com  os  holandeses  em  Haia.  Essa  trégua  Na  noite  de  11  de  agosto,  37  navios 
interessava  à  Companhia  das  Índias  Ocidentais,  que  portugueses, incluindo os dois galeões, fundearam em 
via  seus  lucros  consumidos  pelas  ações  militares,  e  frente  a  Recife.  Vigorava  a  trégua  e,  portanto, 
aos  portugueses,  que  estavam  em  guerra  com  a  oficialmente, as hostilidades não estavam autorizadas. 
Espanha e precisavam reduzir as frentes de combate.  Os  navios  holandeses  permaneceram  no  porto, 
aguardando  o  desenrolar  dos  acontecimentos  e,  em 
Às  vésperas  do  armistício,  os  holandeses  terra, estavam dispostos a resistir a qualquer tentativa 
trataram  de  alargar  suas  conquistas,  ocupando  o  de desembarque. 
Sergipe e o Maranhão, no Brasil, e Angola e São Tomé, 
na África.  Salvador de Sá, que estava com a mulher e os 
filhos  a  bordo  do  São  Pantaleão,  mandou  entregar 
Após  a  Restauração  de  Portugal,  foi  enviado  uma  carta  sua,  juntamente  com  outra  de  Serrão  de 
um novo governador‐geral para o Brasil, Antônio Teles  Paiva,  declarando  que  estavam  ali  para  ajudar  os 
da  Silva.  Embora  oficialmente  o  governo  português  holandeses  no  restabelecimento  da  paz  em 
respeitasse  a  trégua,  para  evitar  uma  guerra  Pernambuco.  Não  houve  resposta  imediata. 
declarada contra a Holanda, sigilosamente aprovava a  Convocado  um  conselho  a  bordo  do  São  Pantaleão, 
insurreição  no  Brasil,  e  o  novo  governador  concordaram os comandantes dos navios portugueses 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 21 
 
que  não  havia  condições  favoráveis  para  atacar  ou  Em  fevereiro  de  1647,  os  holandeses 
manter um bloqueio de Recife.  atacaram  e  ocuparam  a  Ilha  de  Itaparica,  com  uma 
força  naval  comandada  pelo  Almirante  Banckert.  O 
No  dia  13,  o  mau  tempo  obrigou  os  navios  a  propósito era ameaçar Salvador. 
buscarem  o  alto‐mar.  Durante  todo  o  dia  12,  no 
entanto,  tinham  sido  admirados  pelo  povo  O  ataque  a  Itaparica  incentivou  D.  João  IV  a 
pernambucano e o que, depois, ficou conhecido como  iniciar a preparação de uma força naval para enviar ao 
a Jornada do Galeão, acabou sendo, somente, um ato  Brasil.  As  dificuldades  financeiras  e  materiais  eram 
de  emprego  político  do  Poder  Naval  pelos  muito  grandes  para  o  empobrecido  Portugal.  Foi 
portugueses,  influenciando  as  mentes  e  as  atitudes,  necessário  conseguir  empréstimos  de  particulares,  a 
sem uso de força.  serem amortizados com o imposto sobre o açúcar do 
Brasil. 
No  dia  seguinte  chegou  a  carta‐resposta 
holandesa. Estranhava o auxílio oferecido e pedia que  D. João IV designou Antônio Teles de Menezes 
se retirassem de Recife. Durante o mau tempo, Serrão  comandante  da  “Armada  de  Socorro  do  Brasil”, 
de  Paiva  separou‐se  de  Salvador  de  Sá  e,  depois  de  fazendo‐o  Conde  de  Vila  Pouca  de  Aguiar  e 
alguma  insistência  em  permanecer  em  alto‐mar  no  nomeando‐o governador e capitão‐general do Estado 
litoral de Pernambuco, resolveu se abrigar na Baía de  do Brasil, em substituição a Teles da Silva. Compunha‐
Tamandaré. Salvador de Sá seguiu para Lisboa com o  se essa esquadra de 20 navios: 11 galeões, uma urca, 
comboio.  duas  naus,  duas  fragatas  e  quatro  navios  menores. 
Partiu de Lisboa em 18 de outubro de 1647, chegando 
Em  9  de  setembro  de  1645,  o  Almirante  a Salvador em 24 de dezembro. 
holandês  Lichthardt  resolveu  atacar  Serrão  de  Paiva. 
Os  portugueses  contavam  com  sete  naus,  três  Enquanto  isso,  em  7  de  novembro,  saiu  de 
caravelas e quatro embarcações, com uma tripulação  Lisboa,  com  destino  ao  Rio  de  Janeiro,  uma  força 
de  mil  homens  aproximadamente,  e  estavam  naval comandada por Salvador de Sá, com o propósito 
fundeados. Lichthardt investiu a barra com oito navios  de libertar Angola, na África. 
holandeses  e  foi  abordar  os  navios  portugueses 
dentro da baía.  A missão da esquadra do Conde de Vila Pouca 
de  Aguiar  não  era  expulsar  os  holandeses  de 
A  resistência  se  limitou  ao  bravo  Serrão  de  Pernambuco  ou  atacar  Recife,  mas  proteger  Salvador 
Paiva e a poucos homens de seu navio. A maioria dos  e  expulsar  os  invasores  da  Ilha  de  Itaparica.  A  perda 
marinheiros  e  soldados  se  lançou  ao  mar,  nadando  de  Salvador  seria,  sem  dúvida,  desastrosa  para 
para a praia. Seguiu‐se uma verdadeira carnificina  de  Portugal e para a causa dos revoltosos. 
fugitivos  e  uma  derrota  fragorosa,  com  muitos 
mortos,  prisioneiros,  inclusive  o  Serrão  de  Paiva  Na  Holanda,  sabendo‐se  da  Armada 
ferido,  e  navios  queimados  ou  apresados  e  levados  portuguesa  de  socorro  ao  Brasil,  organizou‐se  uma 
para  Recife.  Os  documentos  e  a  correspondência  força  naval  sob  o  comando  do  ViceAlmirante  Witte 
sigilosa,  comprometedores  quanto  ao  envolvimento  Corneliszoon  de  With.  Os  navios  saíram  aos  poucos 
das  autoridades  portuguesas  na  revolta,  caíram  nas  dos portos e somente em março de 1648 alcançaram 
mãos dos holandeses.  Recife.  Encontraram  uma  situação  desfavorável:  as 
forças  holandesas  tinham  se  retirado  de  Itaparica  e 
Com  o  domínio  do  mar  novamente  restava  em  poder  da  Companhia,  além  de  Recife,  a 
assegurado, os holandeses puderam movimentar suas  Ilha de Itamaracá e os Fortes do Rio Grande do Norte 
tropas  de  reforço,  sem  risco  de  oposição  no  mar.  e da Paraíba. 
Assim,  puderam  organizar  ataques  para  diminuir  a 
pressão  que  os  insurretos  já  exerciam  sobre  seus  Ao chegar a Recife, o Almirante Witte de With 
principais pontos estratégicos.  encontrou indefinições sobre que ação tomar no mar. 
A  decisão  da  Companhia  era  lançar  suas  forças  de 
terra,  reforçadas  pelas  tropas  trazidas  por  De  With, 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 22 
 
para  vencer  os  rebeldes  luso‐brasileiros,  aliviando  a  A derrota dos holandeses em Recife 
pressão que já exerciam sobre Recife. 
Apesar de ainda manterem o domínio do mar, 
Em  19  de  abril  de  1648,  travou‐se  a  Primeira  o  ânimo  dos  tripulantes  estava  diminuindo, 
Batalha  dos  Guararapes  e  os  holandeses,  mais  ocasionando motins, destituição de comandantes e o 
numerosos e com fama de estarem entre os melhores  regresso de navios amotinados para a Holanda.  
soldados  da  Europa  de  então,  foram  derrotados  no 
campo de batalha.  Queixava‐se  De  With,  em  cartas  ao  governo 
holandês,  da  dificuldade  de  se  realizar  as 
Restava  para  a  Companhia  agir  no  mar,  manutenções  necessárias  em  seus  navios,  das 
bloqueando os portos brasileiros, tentando capturar a  condições precárias de vida de seus marinheiros e da 
Frota  do  Açúcar  e  atacando  pontos  do  litoral.  O  necessidade de reforços, para que não se perdesse o 
bloqueio,  apesar  de  exigir  dos  marinheiros  longas  Brasil.  No  final  de  1649,  o  próprio  De  With  passou  a 
estadias  no  mar,  com  conseqüentes  problemas  solicitar  seu  regresso  para  a  Holanda  e,  logo  depois 
sanitários  e  alimentares,  tinha  como  incentivo  a  partiu,  à  revelia  da  Companhia  das  Índias.  Em 
possibilidade de fazer presas, havendo participação da  dezembro,  os  outros  navios  dos  Estados  Gerais 
tripulação  no  resultado  financeiro  da  venda  dos  Holandeses  se  amotinaram  e  iniciaram  seu  regresso 
navios e das cargas apresadas.  para a Europa, sem autorização. 

Fez‐se  ao  mar  De  With,  tendo  atenção  ao  Em  fevereiro  de  1650,  a  primeira  frota  da 
bloqueio de Salvador, onde a poderosa força naval do  Companhia  Geral  do  Comércio  do  Brasil  portuguesa, 
Conde  de  Vila  Pouca  de  Aguiar  se  mantinha  inativa.  com 18 navios de guerra, chegou ao Brasil. Não tinha 
Em dezembro, aproveitou para atacar os engenhos de  ordens para atacar Recife. D. João IV ainda temia uma 
açúcar  situados  nas  margens  da  Baía  de  Todos  os  guerra com a Holanda na Europa e preferia manter a 
Santos,  sem  ser  molestado  pela  força  naval  situação  informal  no  Brasil,  procurando  obter 
portuguesa,  que  mantinha  seus  navios  protegidos  resultados  através  de  negociações  diplomáticas  e  da 
pela artilharia das fortificações de terra de Salvador.  guerra  de  insurreição.  Perdia‐se,  novamente,  uma 
oportunidade,  pois  os  holandeses,  já  sitiados  em 
Em  novembro  de  1648,  chegou  a  notícia  da  terra,  não  mais  contavam  com  a  força  naval  de  De 
vitória  de  Salvador  de  Sá,  com  a  rendição  dos  With. 
holandeses em Angola, no que poderia se chamar de 
primeira projeção brasileira de poder para o exterior,  Em  abril  de  1650,  os  holandeses  no  Recife 
pois  o  Rio  de  Janeiro  foi  a  base  para  a  libertação  de  receberam  o  reforço  de  12  navios,  o  que  permitiu 
Angola  e  muitos  brasileiros  participaram  da  luta,  recuperar  o  domínio  do  mar  e  bloquear  o  Cabo  de 
inclusive  índios.  Isso  levantou  o  ânimo  dos  Santo  Agostinho,  local  por  onde  as  forças  de  terra 
portugueses  para  continuar  a  luta  no  Brasil.  Ficou  luso‐brasileiras  recebiam  suas  provisões.  A  força  do 
evidente  que  somente  com  a  organização  de  Conde  de  Vila  Pouca  de  Aguiar  ainda  estava  em 
comboios,  fortemente  escoltados,  seria  possível  Salvador,  porém  com  ordem  de  somente  entrar  em 
manter as rotas de navegação entre Portugal e Brasil.  combate se atacada. No final daquele ano, partiu para 
Criou‐se,  então,  a  Companhia  Geral  do  Comércio  do  Portugal, escoltando a frota da Companhia do Brasil. 
Brasil. 
Vieram  ao  Brasil  outras  frotas  da  Companhia 
Em fevereiro de 1649, a Companhia das Índias  portuguesa  e  os  holandeses  conseguiram  enviar 
Ocidentais  resolveu  repetir,  em  terra,  o  ataque  às  outras forças navais, mas os dias do domínio holandês 
forças  rebeldes,  em  Guararapes.  Novamente  os  estavam contados. A Companhia das Índias Ocidentais 
holandeses foram derrotados, ficando óbvio para eles  não  lograra  alcançar  um  bom  êxito  econômico  e 
que  sem  um  novo  socorro  da  Europa  nada  mais  financeiramente  estava  muito  mal.  Recife  continuava 
poderia ser feito em terra.  estrangulado pelos insurretos luso‐brasileiros. 

 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 23 
 
Por décadas, o Poder Marítimo holandês havia  Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil 
preponderado  nos  oceanos,  mas,  em  meados  do 
século  XVII,  reapareceu  a  concorrência  séria  da  Grã‐ A  fronteira  do  Sul  do  Brasil  demorou  a  ser 
Bretanha,  que  teve  como  conseqüência  a  Guerra  definida  devido  à  ferrenha  disputa  travada  entre 
Anglo‐Holandesa  de  1652‐54.  Tornou‐se,  portanto,  Portugal e Espanha que tinham interesse em dominar 
inviável  para  os  holandeses  manter  o  domínio  a estratégica região platina. Para consolidar o domínio 
permanente do mar na costa do Brasil.  da região, os dois reinos travavam diversas batalhas – 
nas quais o poder naval de ambos os lados foi muito 
Em  dezembro  de  1653,  a  quarta  frota  da  empregado – e vários acordos foram firmados.  
Companhia  do  Brasil  portuguesa  chegou  ao  Brasil.  O 
comandante  da  frota,  Pedro  Jaques  de  Magalhães,  Tratado de Lisboa (1681) – Já no primeiro ano de sua 
decidiu  bloquear  Recife  e  apoiar  os  revoltosos  luso‐ fundação,  em  1680,  a  Colônia  de  Sacramento  foi 
brasileiros.  As  posições  holandesas  foram,  atacada  e  reconquistada  aos  espanhóis  pelo 
sucessivamente,  sendo  conquistadas  e  a  rendição  de  governador  de  Buenos  Aires,  sendo  devolvida  aos 
Recife finalmente ocorreu no final de janeiro de 1654.  portugueses  em  1683,  após  a  assinatura  do  Tratado 
de Lisboa, em 1681. 
O  longo  êxito  dos  holandeses  no  Brasil  foi 
resultante  do  esmagador  domínio  do  mar  que  Tratado  de  Utrecht  (1715)  –  A  morte  do  Rei  da 
conseguiram manter durante quase todo o período da  Espanha  Carlos  II,  em  novembro  de  1700,  levou  as 
ocupação.  Mesmo quando Recife já estava cercado e  maiores  potências  européias  a  engajarem‐se  no 
era  inviável  vencer  em  terra,  ainda  conseguiram,  por  conflito  que  ficou  conhecido  como  Guerra  de 
longos anos, suprir a cidade por mar.  Sucessão de Espanha, que durou quase 15 anos e teve 
seus  reflexos  estendidos  para  o  continente 
Podemos afirmar que, na longa guerra travada  americano. Nesse conflito, Portugal e Espanha ficaram 
entre holandeses e portugueses, os holandeses foram  em lados opostos e, como conseqüência, a Colônia de 
derrotados  no  Brasil,  venceram  na  Ásia  e  houve  Sacramento  foi  novamente  ocupada  pelos  espanhóis 
empate na África e na Europa.  em 1705.  

Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII  O  Tratado  de  Utrecht  –  celebrado  em  1715 


entre  as  duas  nações  –  legitimou  a  presença 
A  França  utilizou  a  estratégia  de  empregar  portuguesa  na  região  do  Prata  com  a  restituição  aos 
corsários para, através de ações que visavam ao lucro,  lusos da Colônia de Sacramento. 
causar  danos  nos  mares  a  seus  inimigos.  Eles  não 
eram piratas, pois tinham uma patente de corso, que  Tratado  de  Madri  (1750)  –  O  conflito  ocorrido  entre 
lhes  dava  autorização  real  para  agir.  Tinham,  as  cortes  portuguesa  e  espanhola  entre  1735  e  1737 
portanto,  o  direito  de  ser  tratados  como  prisioneiros  motivou a terceira investida hispânica sobre a Colônia 
de guerra, enquanto os piratas podiam ser enforcados  de  Sacramento.  Cumprindo  ordem  do  governador  de 
se apanhados.  Buenos Aires, em junho de 1735, navios espanhóis já 
empreendiam  um  bloqueio  naval  à  colônia  lusa 
As  riquezas  do  Rio  de  Janeiro  atraíram  a  enquanto quatro mil soldados realizavam um sítio por 
cobiça  de  dois  franceses.  O  primeiro  foi  Duclerc,  que  terra. 
acabou  derrotado  depois  de  invadir  a  cidade.  Preso, 
acabou assassinado, por razão pouco esclarecida, mas  No  Rio  de  Janeiro,  o  governador  interino, 
não  relacionada  com  seu  ataque.  O  segundo  foi  Brigadeiro  José  Silva  Paes,  preparou  e  enviou,  às 
Duguay‐Trouin, que veio com uma considerável força  pressas,  uma  força  naval  para  socorrer  a  colônia. 
naval,  conquistou  a  Ilha  das  Cobras,  depois  o  Morro  Assim que chegou à região do Prata, essa força naval 
da  Conceição  e,  de  lá,  logrou  ocupar  a  cidade  que,  dissipou  o  bloqueio  que  os  navios  espanhóis  vinham 
ameaçada de ser incendiada, rendeuse. Saqueou o Rio  impondo à Colônia de Sacramento. 
de  Janeiro  e  somente  o  deixou  após  receber  um 
resgate. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 24 
 
Em  Portugal,  o  recebimento  da  notícia  do  efetuada,  pois  os  índios  que  viviam  nas  Missões  se 
assédio espanhol à colônia lusa levou o rei a ordenar o  recusaram  a  deixar  o  local,  empreendendo  uma 
preparo  de  uma  força  naval  que  foi  constituída  por  resistência  armada,  levando  os  luso‐espanhóis  a 
duas  naus  e  uma  fragata.  Essa  força  suspendeu  de  responderem  com  ação  militar  conjunta  que,  em 
Lisboa  em  março  de  1736  e,  ao  chegar  ao  Rio  de  1756, por meio da força, ocuparam a região. 
Janeiro, recebeu reforços. Juntou‐se a ela o Brigadeiro 
Silva Paes, contendo ordens de socorrer a Colônia de  Tratado  do  Pardo  (1761)  –  Celebrado  entre 
Sacramento  e,  se  possível,  reconquistar  Montevidéu  portugueses  e  espanhóis,  anulou  os  efeitos  do 
(fundada  e  abandonada  pelos  luso‐brasileiros  e  Tratado  de  Madri  e  estabeleceu  que  a  Colônia  de 
novamente fundada pelos espanhóis) e fortificar o Rio  Sacramento  voltasse  a  ser  de  Portugal.  Durante  a 
Grande de São Pedro.  Guerra  dos  Sete  Anos  (1756‐1763),  Portugal  e 
Espanha  voltaram  a  ficar  em  lados  opostos  quando, 
A  força  naval  portuguesa  no  Prata  combateu  em  1761,  a  Espanha  assinou  um  tratado  de  aliança 
os  espanhóis,  apoiou  a  Colônia  de  Sacramento  e  com a França, o que levou a Grã‐Bretanha a declarar 
estabeleceu  o  domínio  do  mar  na  região.  Após  guerra  aos  espanhóis.  Como  conseqüência,  Portugal, 
alcançar  seus  objetivos,  parte  dessa  força  regressou  que  apoiava  os  britânicos,  foi  invadido  em  1762  por 
ao Rio de Janeiro.  forças  hispânicas  e  conseqüentemente  a  guerra  se 
propagou para o Sul do Brasil. 
O Brigadeiro Silva Paes permaneceu no Sul e, 
após  ameaçar  um  ataque  a  Montevidéu  –  que  não  Na  região  do  Prata,  o  governador  de  Buenos 
ocorreu  devido  ao  grande  risco  dos  navios  ficarem  Aires  ordenou  ao  comandante  do  cerco,  que  estava 
encalhados –, decidiu partir para o Rio Grande de São  sendo  feito  à  Colônia  de  Sacramento,  que  fosse 
Pedro  e  cumprir  a  missão  de  fortificá‐lo.  Ao  chegar,  restabelecido  o  tiro  de  canhão  como  limite 
tratou  o  Brigadeiro  de  organizar  suas  defesas  e  reconhecido  para  a  praça  e  “convidasse”  o 
mandou construir o forte que denominou Jesus, Maria  governador  da  Colônia  de  Sacramento  a  desocupar 
e  José.  Estavam  assim  criadas  as  condições  para  o  imediatamente  as  Ilhas  de  Martin  Garcia  e  dos 
início da povoação da região, que recebeu, mais tarde,  Hermanos. Ainda delegou ao Capitão Francisco Gorriti 
casais açorianos para ocupar a terra.  a incumbência de viajar até a Vila de Rio Grande para 
entregar,  ao  comandante  da  mesma,  um  ofício,  em 
Mesmo  após  a  assinatura  por  portugueses  e  que exigia a desocupação daquelas terras, já que, com 
espanhóis  do  armistício  de  1737,  o  cerco  terrestre  à  a nulidade do Tratado de Madri, as terras voltavam a 
Colônia  de  Sacramento  continuou,  demonstrando  a  pertencer à Espanha. O Governador de Buenos Aires, 
grande instabilidade que existia nas relações entre as  D. Pedro Antônio Cevallos, tinha ambicioso projeto de 
duas colônias.  dominação  do  Sul  do  Brasil,  e  preparou‐se 
Procurando  solucionar  suas  questões  de  militarmente  para  atacar  a  Colônia  de  Sacramento, 
limites,  Portugal  e  Espanha  resolveram  assinar,  em  recebendo  reforços  da  Espanha  em  navios,  material 
1750,  o  Tratado  de  Madri,  que,  dentre  outras  de artilharia e munição. 
medidas,  estabeleceu  a  posse  da  Colônia  de  A  Colônia  de  Sacramento  dispunha  para  sua 
Sacramento  para  a  Espanha  e  a  de  Sete  Povos  das  defesa  de  uma  pequena  tropa,  que  não  excedia  500 
Missões  para  Portugal.  Esse  tratado  foi  fruto  do  homens,  e  o  Governador  Vicente  da  Silva  Fonseca 
trabalho  de  Alexandre  de  Gusmão,  secretário  de  D.  respondia  às  intimações  de  Cevallos  procurando 
João  V,  junto  ao  qual  teve  grande  influência.  Foram  ganhar  tempo,  enquanto  aguardava  reforços.  Em 
nomeadas  duas  comissões  para  demarcarem  a  outubro de 1762, a Colônia de Sacramento foi atacada 
fronteira,  uma  para  o  norte  –  onde  Portugal  teve  pela quarta vez e, não obstante a resistência oferecida 
como  representante  Francisco  Xavier  de  Mendonça  pelos  portugueses,  capitulou.  Os  espanhóis 
Furtado (irmão do Marquês de Pombal) – e outra para  continuaram  avançando  sobre  terras  ocupadas  pelos 
o sul, sendo o representante português Gomes Freire  luso‐brasileiros  e  com  superioridade  de  forças 
de Andrade. A troca estabelecida pelo Tratado não foi  tomaram o Rio Grande de São Pedro em 1763. Apesar 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 25 
 
de  ter  sido  restabelecida  a  paz  entre  as  duas  nações  registro, ficando o episódio conhecido como a Guerra 
após a assinatura do Tratado de Paris, e o governador  das Laranjas. Na América, porém, a chegada da notícia 
de  Buenos  Aires  restituir  a  Colônia  de  Sacramento,  sobre  o  conflito  entre  as  duas  coroas  desencadeou  o 
este continuou com a ocupação do Rio Grande de São  rompimento  de  hostilidades  entre  as  populações  da 
Pedro,  que  pretendia  tornar  definitiva  tendo  como  fronteira.  No  Rio  Grande  de  São  Pedro,  tropas  foram 
base  o  Tratado  de  Tordesilhas.  Não  obstante  a  aprestadas  para  defenderem  as  fronteiras,  ainda  em 
reclamação  dos  portugueses  por  via  diplomática,  foi  processo  demarcatório,  e  os  luso‐brasileiros 
necessário  empreender  uma  ação  militar,  na  qual  invadiram e conquistaram os Sete Povos das Missões, 
tropas  luso‐brasileiras,  comandadas  pelo  Tenente‐ do  lado  espanhol,  enquanto  os  hispano‐americanos 
General  João  Henrique  Boehm  (alemão  a  serviço  de  invadiram o Sul de Mato Grosso. 
Portugal),  juntamente  com  o  emprego  da  Esquadra 
portuguesa,  reconquistaram  o  Rio  Grande  de  São  O  Tratado  de  Badajós  pôs  fim  à  guerra  de 
Pedro em abril 1776.  França  e  Espanha  contra  Portugal,  tendo  a  Espanha 
por direito de guerra, conservado a praça de Olivença, 
Em  1777,  os  espanhóis  protestaram  contra  a  na  Europa,  e  a  Colônia  de  Sacramento.  Portugal 
tomada  do  Rio  Grande  pelos  portugueses  e,  após  recuperou  no  sul  da  América  o  território  dos  Sete 
insucessos  diplomáticos,  decidiram  enviar  uma  Povos das Missões. 
poderosa  expedição  sob  o  comando  de  D.  Pedro  de 
Cevallos,  nomeado  primeiro  vice‐rei  do  Rio  da  Prata.  C R O N O L O G I A 
DATA  EVENTO 
Coube  ao  Marquês  da  Casa  de  Tilly  o  comando  da 
Chegada  de  Nicolau  Durand  de 
força naval espanhola, que era composta de 19 navios  1555  Villegagnon  ao  Rio  de  Janeiro,  instalação 
de  guerra  e  26  de  transporte.  Embora  providências  da França Antártica. 
tenham  sido  tomadas,  no  sentido  de  combater  tal  Ataque da força naval portuguesa ao Forte 
1560 
ameaça  pelo  Marquês  de  Pombal,  os  espanhóis  Coligny. 
ocuparam  a  Ilha  de  Santa  Catarina  e  pela  quinta  vez  Fundação  da  cidade  de  São  Sebastião  do 
atacaram a Colônia de Sacramento.  1565  Rio de Janeiro por Estácio de Sá. 
Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. 
Tratado de Santo Ildefonso (1777) – Com a morte de  1580‐
União Ibérica. 
D.  José  I,  em  fevereiro  de  1777,  assumiu  o  trono  de  1640 
Portugal  D.  Maria  I.  Na  tentativa  de  resolver  as  Parte  da  França  uma  expedição  com  o 
1612  intento  de  fundar  outra  colônia  no  Brasil, 
questões  de  limites  entre  Portugal  e  Espanha,  foi 
desta vez no Maranhão. 
assinado  em  1°  de  outubro  de  1777  o  Tratado  de  Formada  a  primeira  força  naval 
Santo Ildefonso. Por este tratado, ficou estabelecido a  comandada  por  brasileiro  nato  (Jerônimo 
1614 
restituição  a  Portugal  da  Ilha  de  Santa  Catarina,  de  Albuquerque),  para  combater  os 
porém  os  lusos  perderam  a  Colônia  do  Santíssimo  franceses no Maranhão. 
Sacramento  e  a  região  dos  Sete  Povos  das  Missões.  Rendição  e  expulsão  dos  franceses  do 
1615 
Este  tratado  deixou  os  espanhóis  com  o  domínio  Maranhão pelas forças lusas. 
Criação  da  Companhia  das  Índias 
exclusivo do Rio da Prata, sendo deveras desvantajoso  1621 
Ocidentais pelos holandeses. 
para Portugal. 
Chegada  da  força  naval  holandesa  a 
1624 
Salvador e início do ataque. 
Tratado  de  Badajós  (1801)  –  A  estabilidade  entre  as 
Chegada  da  armada  luso‐espanhola 
relações  luso‐espanholas  foi  afetada  quando  1625  (denominada  Jornada  dos  Vassalos)  a 
Napoleão  Bonaparte,  desejoso  de  castigar  Portugal  Salvador e expulsão dos holandeses. 
por participar, com seus navios, de cruzeiros ingleses  1630  Invasão holandesa em Pernambuco. 
no  Mediterrâneo  e  visando  a  trazer  os  portugueses  1631  Combate Naval de Abrolhos 
para  zona  de  influência  francesa,  forçou  a  Espanha  a  Restauração Portuguesa. Batalha Naval de 
1640 
declarar  guerra  a  Portugal  em  1801.  O  rompimento  1640. 
das  relações  entre  os  dois  países  na  Europa  durou  Assinatura  de  Tratado  de  Trégua  entre 
1641 
Portugal e Holanda. Invasão holandesa em 
poucas  semanas,  sem  ações  militares  dignas  de 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 26 
 
Sergipe, Maranhão, Angola e São Tomé. 
1648  Rendição dos holandeses em Angola. 
Holandeses  são  derrotados  em 
1649 
Guararapes. 
Rendição  dos  holandeses  em  Recife, 
1654 
término da ocupação holandesa. 
1681  Tratado de Lisboa. 
1715  Tratado de Utrecht. 
1750  Tratado de Madri. 
1761  Tratado do Pardo. 
1777  Tratado de Santo Ildefonso. 
1801  Tratado de Badajós. 
 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 27 
 
EXERCÍCIO:  (A)  foram  iniciativas  do  governo  da  França,  cuja 
estratégia  estava  voltada  para  seus  interesses  no 
1 ‐ (PS‐SMV‐OF/2017)  Ao longo dos séculos XVI e XVII,  Brasil,  afirmando  que  o  mundo  não  estava  dividido 
o  Brasil  foi  invadido  por  estrangeiros,  dentre  eles,  os  entre Portugal e Espanha. 
holandeses,  os  quais  permaneceram  por  décadas  na 
costa brasileira, no intuito de formar colônias. Qual foi  (B)  a  colonização  do  Brasil  foi  interesse  de  Portugal, 
o  fator  preponderante  que  resultou  no  longo  êxito  que  pretendia  proteger  a  rota  de  seu  comércio  com 
dos holandeses no Brasil?  toda a America do Sul. 

(A) A importância de suas forças terrestres,  (C) Portugal não disponibilizou recursos para expulsar 
extremamente bem preparadas.  os  invasores  e  proteger  os  núcleos  de  colonização 
(B) A instalação de fortes para servir de base para suas  portuguesa,  tendo  esse  país  que  recolher  mais 
ações militares.  impostos  da  Colônia  para  suportar  os    custos    com 
(C) O emprego dos corsários para, por meio de ações  armas e navios. 
que visavam ao lucro, causar danos, nos mares, a seus 
inimigos.  (D)  a  reação  portuguesa  no  Rio  de  Janeiro  ocorreu 
(D) O esmagador domínio do mar, que conseguiram  quando  o  Governador  Tomé  de  Souza,  em  1560, 
manter durante quase todo o período da ocupação.  atacou  o  Forte  de  Copacabana  com  uma  forca  naval 
(E) A amizade que mantinham com os índios, que lhes  (soldados e índios) que trouxera da Bahia. 
supriam por meio de escambos.  (E)  em  1614,  uma  força  naval  comandada  por 
RESPOSTA: D  Jerônimo  de  Albuquerque  chegou  ao  Maranhão  para 
combater  os  franceses.  Esse  grupamento  pode  ser 
2 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) ‐ Leia o texto a seguir.  considerado  a  primeira  forca  naval  comandada  par 
um brasileiro. 
O  início  da  colonização  do  Brasil  pelos  portugueses 
contou com uma série de investidas de outras nações  RESPOSTA: E 
europeias,  que  buscaram,  através  de  ocupações, 
romper  o  domínio  português  estabelecido  pelo     
Tratado  de  Tordesilhas.  Dentre  essas  intervenções, 
houve  a  ocupação  Francesa  de  1612‐1615.  No 
combate  a  tal  ocupação,  pode‐se  citar  Jerônimo  de 
Albuquerque,  primeiro  nascido  no  Brasil  a  comandar 
uma força naval. A que local da colônia portuguesa o 
texto acima se refere? 

(A) Rio de Janeiro. 
(B) Pernambuco. 
(C) Maranhão. 
(D) Bahia. 
(E) Ceará. 

Resposta: (C) 

3  ‐  (PS‐RM2‐OF/2018)  De  acordo  com  Bittencourt 


(2006), e com relação às invasões francesas no Rio de 
Janeiro e no Maranhão, é correto afirmar que: 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 28 
 
4 ‐ Formação da Marinha Imperial Brasileira  transporte4  ,  entrou  na  Baía  de  Guanabara.  A  bordo 
também  vinham  os  integrantes  da  Brigada  Real  da 
Emergindo  das  dificuldades  do  período  Marinha  encarregados  da  artilharia  e  da  defesa  dos 
revolucionário  (1789‐  1799),  a  França  erguia‐se  navios. 
perante  a  Europa  aristocrática  com  o  “Grande 
Exército”  chefiado  por  Napoleão  Bonaparte.  As  Vamos  ver  neste  capítulo  o  que  ocorreu 
notáveis  vitórias  militares  francesas  subjugaram  a  quanto  ao  estabelecimento  da  Marinha  na  Corte  e  a 
maior  parte  do  Velho  Mundo  e  esse  expansionismo  política externa de D. João, caracterizada pela invasão 
teve  repercussões  intensas  na  própria  América,  da  capital  da  Guiana  Francesa,  Caiena,  e  a  ocupação 
abrindo  caminho  para  a  emancipação  política  das  da Banda Oriental, atual Uruguai. 
colônias ibéricas. 
No campo interno veremos a Revolta Nativista 
As  guerras  napoleônicas  (1804‐1815)  foram  de  1817,  movimento  separatista  ocorrido  em 
caracterizadas  por  dois  aspectos:  o  primeiro  na  luta  Pernambuco, onde a Marinha atuou na sua repressão, 
de  uma  nação  burguesa  contra  uma  Europa  bloqueando o porto de Recife. 
aristocrática;  e  o  segundo  na  luta  entre  França  e 
Inglaterra.  Com  a  derrota  da  Marinha  francesa  na  Com  o  retorno  de  D.  João  VI  para  Portugal, 
Batalha  de  Trafalgar  (1805)  para  a  Marinha  inglesa,  permaneceu no Brasil seu filho D. Pedro, que passou a 
muito  superior,  decide  Napoleão  investir  contra  seus  sofrer  pressão  vinda  da  Corte  de  Portugal  para  que 
inimigos  continentais  (Áustria  e  Prússia)  e,  ao  tomar  regressasse  a  Lisboa.  Como  conseqüência,  temos  o 
Berlim,  iniciou  guerra  econômica  à  Inglaterra,  Dia  do  Fico  (09/01/1822)  e,  posteriormente,  após 
estabelecendo  em  1806  um  “bloqueio  continental”.  novas  pressões,  D.  Pedro  proclama  a  nossa 
Os  demais  Estados  europeus  foram  concitados  a  Independência. 
aderir ao bloqueio, dentre eles Portugal.   Para  concretizar  a  nossa  Independência  e 
Portugal  sempre  manteve  laços  comerciais  levar a todos os recantos do litoral brasileiro a notícia 
com a Inglaterra e a sua não‐adesão ao bloqueio2 foi  do  dia  7  de  setembro,  foi  necessário  organizar  uma 
determinante  para  a  decisão  de  sua  invasão  por  força  naval  capaz  de  atingir  todas  as  províncias,  e 
Exército francês sob o comando do General Junot. Ao  fazer frente aos focos de resistência à nova ordem. 
saber da chegada do Exército invasor de Napoleão, o   
Conselho  de  Estado  com  o  Príncipe  Regente  D.  João 
acordaram na retirada para o Brasil de toda a Família  A vinda da Família Real 
Real. 
A Corte no Rio de Janeiro 
A  29  de  novembro  de  1807,  a  Família  Real 
Junto  com  a  Família  Real  todo  o  aparato 
embarca  rumo  ao  Brasil.  O  comboio  de  transportes 
burocrático e administrativo foi transferido para o Rio 
que  conduziu  todo  o  aparato  (15.000  pessoas  dentre 
de Janeiro. Dentre as primeiras decisões de D. João, já 
militares  e  civis)  era  de  30  navios,  e  várias 
no  dia  11  de  março  de  1808,  está  a  instalação  do 
embarcações.  Foi  protegido  por  uma  escolta  inglesa 
Ministério  dos  Negócios  da  Marinha  e  Ultramar,  que 
composta por 16 naus. 
continuou a ter o mesmo regulamento instituído pelo 
A 22 de janeiro de 1808, a Nau Príncipe Real,  Alvará de 1736. 
onde  o  Príncipe  Regente  D.  João  encontrava‐se 
A  seguir,  foram  sucessivamente  criadas  ou 
embarcado, chegou à Bahia. A 28, D. João proclamava 
estabelecidas  várias  repartições  necessárias  ao 
a  independência  econômica  do  Brasil  com  a 
funcionamento  do  Ministério  da  Marinha,  tais  como: 
publicação  da  famosa  carta  régia  que  abriu  ao 
Quartel‐General  da  Armada,  Intendência  e 
comércio  estrangeiro  os  portos  do  país;  e  a  7  de 
Contadoria,  Arquivo  Militar,  Hospital  de  Marinha, 
março  de  1808  D.  João,  à  testa  de  uma  força  naval 
Fábrica de Pólvora e Conselho Supremo Militar. 
composta  por  três  naus,  um  bergantim  e  um 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 29 
 
A  Academia  Real  de  Guardas‐Marinha,  que  do  CapitãoTenente  José  Antônio  Salgado),  Brigue 
também  acompanhou  a  Família  Real,  teve  sua  Infante  D.  Pedro  (comando  do  Capitão‐Tenente  Luís 
instalação  nas  dependências  do  Mosteiro  de  São  da Cunha Moreira). Juntos traziam um reforço de 300 
Bento,  se  tornando  desta  feita  o  primeiro  homens.  Tinham  ordens  de  ocupar  o  território  da 
estabelecimento de ensino superior no Brasil.  Guiana Francesa e submeter Caiena. 

No  tocante  à  infra‐estrutura  já  existente  no  A  1°  de  dezembro,  desembarcaram  as  nossas 
Rio  de  Janeiro,  observamos  que  o  Arsenal  Real  da  tropas  no  território  inimigo,  ficando  o  comando  da 
Marinha,  localizado  então  ao  pé  do  morro  do  expedição assim repartido: o Tenente‐Coronel Manuel 
Mosteiro  de  São  Bento,  cuja  criação  data  de  29  de  Marques  dirigiria  as  forças  terrestres;  os  navios 
dezembro  de  1763,  teve  sua  capacidade  ampliada  ficariam sob as ordens do Comandante Yeo. Este, com 
para poder apoiar a recém‐chegada Esquadra.  os navios menores (os demais foram bloquear Caiena 
por  mar),  subiu  o  Oiapoque  e  foi  dominando,  sem 
Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a  maior  resistência,  os  pontos  fortificados  que  ia 
conquista de Caiena e a ocupação da Banda Oriental  encontrando.  Quatro  escunas  francesas  foram 
Diante  da  invasão  do  território  continental  aprisionadas,  incorporadas  e  rebatizadas  de  Lusitana, 
português  pelas  tropas  do  General  Junot,  D.  João  D. Carlos, Sydney Smith e Invencível Meneses. 
assinou, a 1° de maio de 1808, manifesto declarando  O  governador  de  Caiena,  Victor  Hughes, 
guerra à França, considerando nulos todos os tratados  tratou, em vão, de preparar a resistência, levantando 
que  o  imperador  dos  franceses  o  obrigara  a  assinar,  baterias, fortificando os melhores pontos estratégicos 
principalmente  o  de  Badajós  e  de  Madri,  ambos  de  e  guarnecendo  os  fortes.  As  forças  de  ataque  foram 
1801, e o de neutralidade, de 1804. Os limites entre o  ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à 
Brasil  e  a  Guiana  Francesa  voltaram  a  ser  capital Caiena, até sua rendição final, a 12 de janeiro 
questionados.  de  1809.  A  importância  dessa  operação  recai  na 
Como a guerra não poderia ser levada a cabo  condição  de  ter  sido  o  primeiro  ato  consistente  de 
no território europeu, e sendo importante a ocupação  política externa de D. João realizada por meio militar, 
de  território  inimigo  em  qualquer  guerra,  o  objetivo  contando  com  forças  navais  e  terrestres  anglo‐luso‐
ideal se tornou a colônia francesa.  brasileira. 

Determinou  então  a  Corte  ao  Capitão‐General  da  A  ocupação  portuguesa  da  Guiana  Francesa 
Capitania do Grão‐Pará, Tenente‐Coronel José Narciso  durou  mais  de  oito  anos.  Embora  temporária,  foi  de 
Magalhães de Meneses, que ocupasse militarmente as  grande  valia  para  a  fixação  dos  limites  do  País, 
margens do Rio Oiapoque. Ordem recebida, tratou de  porquanto,  na  ocasião  de  sua  devolução,  em  1817, 
arregimentar  pessoal  e  material,  se  valendo  inclusive  ficaram  tacitamente  estabelecidos  os  limites  do 
(diante dos escassos recursos existentes nos cofres da  Oiapoque. 
capitania) de subscrição popular.  A Banda Oriental 
Em  outubro  de  1808,  a  força  estava  pronta.  Outro  movimento  importante  de  D.  João  na 
Sob o comando do Tenente‐Coronel Manuel Marques  política externa foi a ocupação da Banda Oriental. Na 
d’Elvas Portugal, compunhase de duas companhias de  operação,  foi  de  grande  importância  o  papel  que 
granadeiros,  duas  companhias  de  caçadores  e  uma  desempenhou  a  Marinha,  não  só  no  transporte  das 
bateria  de  artilharia,  totalizando  400  homens  com  tropas,  desde  Portugal  (já  liberado  do  domínio 
armas.  Para  conduzir  essa  força  ao  lugar  de  destino,  francês),  como  também  em  todo  o  desenrolar  da 
aprestou‐se  uma  esquadrilha  composta  por  dez  ocupação. 
embarcações.  A  3  de  novembro,  a  esquadrilha  foi 
acrescida  de  três  navios  vindos  da  Corte:  Corveta  O  movimento  de  independência  da  América 
inglesa  Confidence  (comando  do  Capitão‐de‐Mare‐ espanhola provocou o aparecimento de novas nações 
Guerra  James  Lucas  Yeo)  e  Brigue  Voador  (comando  americanas, cada qual com lideranças  individuais. Foi 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 30 
 
o caso do Uruguai, então chamado de Banda Oriental,  Brasil  na  Banda  Oriental,  deixando‐nos  em  campo 
que se recusava a fazer parte das Províncias Unidas do  sozinhos. 
Rio da Prata, encabeçada  por Buenos Aires. Seu líder 
José  Gervásio  Artigas  arregimentou  as  camadas  Não  foi  imediata  a  completa  submissão  da 
populares contra o domínio espanhol e para o ideal da  Banda  Oriental.  Ainda  por  alguns  anos,  fez  José 
anexação promovido por Buenos Aires. Neste intento  Artigas tenaz resistência à dominação portuguesa, até 
invadiu  as  fronteiras  portenhas  e  brasileiras,  o  que  sua derrota final na Batalha de Taquarembó, a 22 de 
ocasionou  o  acordo  entre  as  duas  últimas  para  uma  janeiro de 1820. 
ação conjunta contra Artigas.  Durante  esse  período,  os  partidários  de 
A  12  de  junho  de  1816,  partiu  do  Rio  de  Artigas  valiam‐se  de  corsários  que,  com  base  na 
Janeiro uma Divisão Naval, composta de uma fragata,  Colônia  de  Sacramento,  ocasionavam  grandes 
uma corveta, cinco naus (das quais uma era inglesa e  prejuízos  ao  comércio  de  nossa  Marinha  Mercante. 
outra  francesa)  e  de  seis  brigues,  capitaneada  pela  Com  recursos  navais  reduzidos  para  liquidar  a  nova 
Nau Vasco da Gama, onde achavam‐se embarcados o  ameaça,  o  comando  português  empregou  tropas 
Chefede‐Divisão  Rodrigo  José  Ferreira  Lobo,  terrestres  para  tentar  destruir  as  bases  inimigas. 
responsável pelas atividades navais da expedição, e o  Assim,  o  Tenente‐Coronel  Manuel  Jorge  Rodrigues, 
Tenente‐Coronel  Carlos  Frederico  Lecor,  então  auxiliado  por  forças  navais,  atacou  e  conquistou 
nomeado  Governador  e  Capitão‐General  da  Praça  e  Colônia,  Paissandu  e  outros  locais  às  margens  do 
Capitania de Montevidéu. A Divisão Naval foi se reunir  Uruguai, tendo em Sacramento conseguido aprisionar 
com  o  1°  Escalão,  composto  por  seis  navios,  que  já  vários corsários que aí se encontravam. 
havia seguido para Santa Catarina em janeiro.  Para  as  operações  realizadas  no  Rio  Uruguai, 
Aportando a Divisão na Ilha de Santa Catarina  foi  constituída  uma  pequena  flotilha,  sob  o  comando 
a 26 de junho, decidiu Lecor seguir por terra com sua  do  Capitão‐Tenente  Jacinto  Roque  Sena  Pereira, 
tropa  para  o  Rio  Grande  do  Sul  e,  então,  iniciar  a  formada  pela  Escuna  Oriental  e  Barcas  Cossaca, 
invasão,  visto  que  as  condições  climáticas  só  eram  Mameluca e Infante D. Sebastião. Esta flotilha prestou 
favoráveis  à  navegação  no  Rio  da  Prata  em  outubro.  auxílio inestimável às forças de terra, tanto na tomada 
Seguiu  então  à  frente  dos  seus  6  mil  comandados,  de Arroio de La China, quanto na tomada de Calera de 
margeando o mar até as proximidades de Maldonado.  Barquin,  Perucho  Verna  e  Hervidero.  Em  Perucho 
A Esquadra, por sua vez, rumou em direção ao Rio da  Verna,  doze  embarcações  inimigas,  uma  lancha 
Prata, devendo antes estacionar naquele porto.  artilhada e um escaler foram apresados. 

Do Rio de Janeiro, a 4 de agosto, partiu nova  No  mar,  o  último  episódio  em  que  a  força 


flotilha, composta por quatro navios com a missão de  naval  atuou,  ocorrido  em  15  de  junho  de  1820,  foi  o 
operar em combinação com a Divisão dos Voluntários  aprisionamento  do  corsário  General  Rivera,  com  a 
Reais.  A  22  de  novembro  de  1816,  deu‐se  o  recuperação dos mercantes Ulisses e Triunfantes, pela 
desembarque  em  Maldonado  pelas  forças  navais  de  Corveta Maria da Glória, comandada pelo Capitão‐de‐
Rodrigo  José  Ferreira  Lobo.  Com  a  ocupação  do  Fragata Diogo Jorge de Brito. 
cidade,  e  a  vitória  pelas  forças  terrestres  em  Índia  A  31  de  julho  de  1821,  em  assembléia 
Morta,  o  caminho  para  Montevidéu  ficou  livre.  Lecor  formada  por  deputados  representantes  de  todas  as 
encontrava‐se  acampado  no  passo  de  São  Miguel,  localidades orientais, foi aprovada por unanimidade a 
quando  recebeu  uma  deputação  de  Montevidéu  que  incorporação  da  Banda  Oriental  à  Coroa  portuguesa, 
apresentou‐lhe  as  chaves  da  cidade  e  seu  submisso  fazendo  parte  do  domínio  do  Brasil  com  o  nome  de 
respeito e completa adesão ao governo de D. João VI.  Província Cisplatina. 
Nessa época, o governo das Províncias do Rio   
da  Prata  não  mais  apoiava  a  intervenção  armada  do 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 31 
 
A Revolta Nativista de 1817 e a atuação da Marinha  brasileiros  desfrutavam  do  afrouxamento  dos  laços 
coloniais,  a  sociedade  portuguesa  via‐se  deixada  em 
Em  paralelo  ao  que  ocorria  no  Sul,  teve  a  segundo  plano,  com  o  território  luso  sendo 
Corte  que  se  mobilizar  para  fazer  frente  ao  administrado  por  uma  junta  sob  controle  de  um 
movimento  separatista  que  eclodiu  em  Pernambuco,  militar britânico. 
em março de 1817. 
 
As  primeiras  providências  para  o 
restabelecimento  da  ordem  legal  em  Pernambuco  O retorno de D. João VI para Portugal 
foram tomadas pelo Conde dos Arcos, Governador da 
Bahia,  que  fez  armar  em  guerra  alguns  navios  Tal  estado  de  “abrasileiramento”  da 
mercantes,  e  mandou  seguir  para  Pernambuco  sob  o  monarquia  portuguesa,  somado  ao  clamor  por  uma 
comando  do  Capitão‐Tenente  Rufino  Peres  Batista.  A  flexibilização  do  absolutismo  vindo  de  setores  da 
esquadrilha  era  composta  por  três  navios,  e  tinha  sociedade  portuguesa,  fez  estourar  na  Cidade  do 
como missão o bloqueio do porto do Recife.  Porto  um  movimento  revolucionário  liberal.  Logo  a 
revolução  se  espalhou  por  todo  o  Portugal, 
A 2 de abril partiu da Corte uma Divisão sob o  fomentando a instalação de uma Assembléia Nacional 
comando do Chefe‐de‐Esquadra Rodrigo José Ferreira  Constituinte  denominada  de  “Cortes”,  que  visava  a 
Lobo,  composta  por  três  navios,  enquanto  que  da  instaurar  uma  monarquia  Constitucional.  O  estado 
Bahia seguiram por terra dois regimentos de cavalaria  revolucionário  da  antiga  metrópole  provocou  o 
e dois de infantaria. A 4 de maio outra Divisão Naval,  retorno do Rei em 26 de abril de 1821, deixando seu 
sob  o  comando  do  Chefe‐de‐Divisão  Brás  Caetano  filho D. Pedro como Príncipe Regente. Tentava, assim, 
Barreto Cogomilho, partiu do Rio de Janeiro.  a  dinastia  de  Bragança  manter  sob  controle,  e  longe 
dos ventos liberais, as duas partes de seu reino. 
O  cerco  da  cidade  de  Recife  por  terra  e  o 
bloqueio  efetuado  por  mar  fizeram  com  que  os  Mesmo  com  o  retorno  do  Rei,  as  Cortes 
rebeldes abandonassem a cidade a 20 de maio, dando  reunidas  em  Lisboa  mantiveram‐se  atuantes  na 
fim ao movimento separatista.  imposição de uma monarquia constitucional a D. João 
VI. Contudo, o posicionamento das Cortes em relação 
  ao Brasil era completamente contrário ao seu discurso 
Guerra de Independência  liberal:  vinha  no  sentido  de  reativar  a  subordinação 
política  e  econômica  posterior  a  1808,  reerguendo  o 
Elevação do Brasil a Reino Unido  pacto  colonial.  A  oposição  que  as  Cortes  faziam  à 
dinastia  de  Bragança  em  Portugal  e  suas  crescentes 
Do  mesmo  modo  que  a  transferência  para  o 
imposições  ao  Príncipe  Regente  provocaram  reações 
Brasil  da  sede  do  reino  português  foi  motivada  pela 
de  D.  Pedro.  Em  9  de  janeiro  de  1822,  no  que  ficou 
ameaça  representada  pelo  expansionismo  francês  na 
conhecido  como  Dia  do  Fico,  D.  Pedro  declarou  que 
Europa,  seria  esperado  o  retorno  do  Rei  D.  João  VI  a 
permaneceria  no  Brasil  apesar  da  determinação  das 
Lisboa  e  a  restauração  do  pacto  colonial  após  a  paz 
Cortes  para  que  retornasse  a  Lisboa. 
européia.  Com  a  queda  de  Napoleão  e  o  movimento 
Concomitantemente,  o  Príncipe  nomeou  um  novo 
de  restauração  das  monarquias  absolutistas 
Gabinete  de  Ministros,  sob  a  liderança  de  José 
encabeçado pelo Congresso de Viena, os portugueses 
Bonifácio  de  Andrada  e  Silva,  que  defendia  a 
esperavam  que  seu  rei  retornasse  para  Portugal  e 
emancipação  do  Brasil  sob  uma  monarquia 
trouxesse a Corte de volta para Lisboa. 
constitucional encabeçada pelo Príncipe Regente. 
Entretanto, o monarca permaneceu no Rio de 
A  pressão  das  Cortes  pela  restauração  do 
Janeiro e, para viabilizar esta situação, elevou o Brasil 
pacto  colonial  com  o  conseqüente  esvaziamento  das 
a  uma  condição  equivalente  de  Portugal  com  a 
suas  atribuições  de  regente  levaram  D.  Pedro  a 
formação  do  Reino  Unido  de  Portugal,  Brasil  e 
defender  a  autonomia  brasileira  perante  a 
Algarves.  Enquanto  os  comerciantes  e  fazendeiros 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 32 
 
restauração  da  condição  de  colônia  pretendida  pelas  das Armas da Província Brigadeiro Inácio Luís Madeira 
Cortes.  de Melo. 

A Independência  A Formação de uma Esquadra Brasileira 

Em  7  de  setembro  de  1822,  o  Príncipe  D.  O  governo  brasileiro,  por  intermédio  de  seu 
Pedro declarava a Independência do Brasil. Porém, só  Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros José 
as  províncias  do  Rio  de  Janeiro,  São  Paulo  e  Minas  Bonifácio  de  Andrada  e  Silva,  percebeu  que  somente 
Gerais  atenderam  de  imediato  à  conclamação  com  o  domínio  do  mar  conseguiriam  manter  a 
emanada das margens do Ipiranga.  unidade  territorial  brasileira,  pois  eram  por  meio  do 
mar  que  as  províncias  litorâneas,  onde  estava 
Até  pela  proximidade  geográfica,  estas  concentrada  a  maior  parte  da  população  e  da  força 
mantiveram‐se  fiéis  às  decisões  emanadas  do  Paço  produtiva  brasileira,  se  interligavam  e 
mesmo  após  a  partida  de  D.  João  VI.  As  capitais  das  comercializavam seus produtos. A rápida formação de 
províncias  ao  Norte  do  País  mantiveram  sua  ligação  uma  Marinha  de  Guerra  nacional  constituía‐se  no 
com a metrópole, pois as peculiaridades da navegação  melhor meio de transportar e concentrar tropas leais 
a vela e a falta de estradas as punham mais próximas  e  suprimentos  para  as  áreas  de  embate  com  os 
desta  do  que  do  Rio  de  Janeiro.  Mormente  o  portugueses. 
expressivo  número  de  patriotas  no  interior  destas 
províncias,  nas  capitais  e  nas  poucas  principais  Este  conjunto  de  navios  de  guerra,  a 
cidades, a elite de comerciantes era majoritariamente  Esquadra,  impediria  que  chegassem  aos  portos  das 
portuguesa e adepta da restauração colonial realizada  cidades  brasileiras  ocupadas  pelos  portugueses  os 
pelo movimento liberal português. Durante a “queda‐ reforços  que  Portugal  enviasse,  interceptando  e 
de‐braço”  empreendida  entre  as  Cortes  e  D.  Pedro,  combatendo  os  navios  que  os  trouxessem.  Privando 
foram  reforçadas  as  guarnições  militares  das  as  guarnições  portuguesas  de  mais  soldados  e  armas 
províncias  do  Norte  e  Nordeste  para  manter  a  vindos  por  mar,  as  bombardeando  com  canhões 
vinculação com Lisboa.  embarcados e transportando soldados brasileiros para 
reforçar  os  patriotas  que  lutavam  contra  os 
A resistência mais forte estava justamente em  portugueses  no  interior,  a  Marinha  Brasileira 
Salvador,  Bahia,  onde  essa  guarnição  era  mais  contribuiu para a Independência do Brasil, permitindo 
numerosa.  No  sul,  a  recém  incorporada  Província  que  do  território  da  colônia  portuguesa  na  América 
Cisplatina  viu  as  guarnições  militares  que  lá  ainda  emergisse um só país, com um grande território. 
estavam  dividirem‐se  perante  a  causa  da 
Independência,  enquanto  o  comandante  das  tropas  O  nascimento  da  Marinha  Imperial,  portanto, 
de ocupação, General Carlos Frederico Lecor, colocou‐ se  deu  nesse  regime  de  urgência,  aproveitando  os 
se  ao  lado  dos  brasileiros,  seu  subcomandante,  D.  navios  que  tinham  sido  deixados  no  porto  do  Rio  de 
Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior parte das  Janeiro  pelos  portugueses,  que  estavam  em  mal 
tropas defenderam o pacto com Lisboa.  estado  de  conservação,  e  os  oficiais  e  praças  da 
Marinha  portuguesa  que  aderiram  à  Independência. 
A  situação  que  se  descortinava  no  Brasil  Os  navios  foram  reparados  em  um  intenso  trabalho 
parecia  cada  vez  mais  desfavorável  ao  processo  de  do  Arsenal  de  Marinha  do  Rio  de  Janeiro  e  foram 
Independência.  Mesmo  que  as  forças  brasileiras,  adquiridos  outros,  tanto  pelo  governo  como  por 
constituídas  de  militares  e  milícias  patrióticas  subscrição  pública.  E  as  lacunas  encontradas  nos 
forçassem  e  sitiassem  as  guarnições  portuguesas,  o  corpos de oficiais e praças foram completadas com a 
mar  era  uma  via  aberta  para  o  recebimento  de  contratação  de  estrangeiros,  sobretudo  experientes 
reforços.  Por  esta  via,  Portugal  aumentou  sua  força  remanescentes da Marinha inglesa. A necessidade de 
com  tropas,  suprimentos  e  navios  de  guerra  à  se dispor da Força Naval como um eficiente elemento 
guarnição  de  Salvador  comandada  pelo  Governador  operativo  e  como  um  fator  de  dissuasão  para  as 
pretensões de reconquista portuguesa fez com que o 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 33 
 
governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas  Tais  estratagemas,  que  conduziram  a  aceitação  da 
Cochrane,  um  brilhante  e  experiente  oficial  de  Independência brasileira pelas elites formadas em sua 
Marinha  inglês,  como  Comandante‐em‐Chefe  da  maioria de portugueses em São Luís e em Belém, não 
Esquadra.  se  deram  tão  facilmente  como  um  vislumbre 
superficial do evento histórico permite concluir, a luta 
Operações Navais  pelo  poder  provincial  entre  brasileiros  e  portugueses 
A  1°  de  abril  de  1823,  a  Esquadra  brasileira  recém‐adeptos  da  Independência  levou  que  o 
comandada  por  Cochrane,  deixava  a  Baía  de  contingente  da  Marinha  naquelas  cidades  atuasse 
Guanabara  com  destino  à  Bahia,  para  bloquear  tanto  num  sentido  apaziguador,  mesmo  diplomático, 
Salvador  e  dar  combate  às  forças  navais  portuguesas  como trazendo a ordem pela força das armas. 
que lá se concentravam sob o comando do Chefe‐de‐ As  operações  navais  na  Cisplatina 
Divisão Félix dos Campos. A primeira tentativa de dar  assemelharam‐se  às  realizadas  na  Bahia,  sendo 
combate  aos  navios  portugueses  foi  desfavorável  à  empreendido  um  bloqueio  naval  conjugado  com  um 
Cochrane,  tendo  enfrentado,  além  do  inimigo,  a  cerco  por  terra  a  Montevidéu,  isolando  as  tropas 
indisposição  para  luta  dos  marinheiros  portugueses  portuguesas  comandadas  por  D.  Álvaro  Macedo.  Em 
nos navios da Esquadra, muitos dos quais guarneciam  março de 1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo 
os  canhões  com  uma  inabilidade  próxima  ao  motim.  Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra  Pedro  Antônio  Nunes,  foi 
Depois  de  reorganizar  suas  forças  e  expurgar  os  reforçada  com  a  chegada  de  navios  vindos  do  Norte‐
elementos  desleais,  e  a  despeito  das  Forças  Navais  Nordeste do Império, a tempo de se opor à tentativa 
portuguesas, Cochrane colocou Salvador sob bloqueio  portuguesa de romper o bloqueio em 21 de outubro. 
naval,  capturando  os  navios  que  provinham  o  A  batalha  que  se  seguiu,  embora  violenta,  terminou 
abastecimento da cidade, que já se encontrava sitiada  sem  a  vitória  de  nenhum  dos  oponentes,  mas 
por terra pelas forças brasileiras.  configurou‐se como uma vitória estratégica das forças 
Pressionados  pelo  desabastecimento,  as  brasileiras  com  a  manutenção  do  bloqueio.  O 
tropas  portuguesas  abandonaram  a  cidade  em  2  de  desabastecimento  provocado  pelo  bloqueio  e  pelo 
julho,  em  um  comboio  de  mais  de  70  navios,  cerco  por  terra,  somado  a  desalentadora  notícia  que 
escoltados  por  17  navios  de  guerra.  Este  foi  Montevidéu era a última resistência portuguesa na ex‐
acompanhado  e  fustigado  pela  Esquadra  brasileira,  colônia,  provocou  a  evacuação  do  contingente 
destacando‐se  a  atuação  da  Fragata  Niterói,  português da Cisplatina em novembro de 1823. 
comandada pelo Capitão‐de‐Fragata John Taylor, que,  Confederação do Equador 
apresando vários navios, atacou o comboio português 
até a foz do Rio Tejo.  Ainda  no  reinado  de  D.  Pedro  I,  uma  revolta 
na  Província  de  Pernambuco  colocou  em  perigo  a 
O  próximo  passo  para  expulsão  dos  integridade  territorial  do  Império.  A  Marinha  atuou 
portugueses  do  Norte‐Nordeste  brasileiro  era  o  contra a Confederação do Equador a partir de abril de 
Maranhão,  onde  Cochrane,  utilizando‐se  de  um  hábil  1824,  que  congregou,  no  seu  ápice,  também  as 
ardil,  fez  da  Nau  Pedro  I,  sua  capitânia,  a  ponta  de  províncias  da  Paraíba,  Rio  Grande  do  Norte  e  Ceará. 
lança  de  uma  grande  força  naval  que  viria  próxima,  Porém,  o  aumento  do  combate  à  revolta  só  se  deu 
transportando  um  vultoso  Exército  nacional  que  com o envio da Força Naval comandada por Cochrane, 
tomaria  São  Luís.  Porém,  tudo  não  passava  de  um  onde foi embarcada a 3ª Brigada do Exército Imperial, 
blefe para levar a deposição da Junta Governativa que  com  1.200  homens,  comandada  pelo  Brigadeiro 
se mantinha fiel à Lisboa, o que aconteceu em 27 de  Francisco  Lima  e  Silva.  As  tropas  foram 
julho de 1823.  desembarcadas em Alagoas e seguiriam por terra para 
Seguiu‐se  a  utilização  do  mesmo  ardil  no  a  província  rebelada;  enquanto  a  Força  Naval 
Grão‐Pará,  conduzido  pelo  Capitão‐Tenente  John  alcançou Recife em 18 de agosto de 1824, instituindo 
Pascoe  Grenfell,  no  comando  do  Brigue  Maranhão.  severo  bloqueio  naval.  Com  a  Marinha  e  o  Exército 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 34 
 
atuando conjuntamente, as forças rebeldes de Recife  naval  brasileiro  pelos  navios  fiéis  a 
foram derrotadas em 18 de setembro.  Portugal  estacionados  na  Província 
Cisplatina.  Vitória  estratégica  da  Força 
C R O N O L O G I A  Naval brasileira. 
DATA  EVENTO  Capitulação  de  Montevidéu  e  retirada 
29/11/1807  Saída de Lisboa da Família Real.  18/11/1823 das  tropas  portuguesas  da  Província 
22/01/1808  Chegada da Família Real em Salvador.  Cisplatina. 
29/01/1808  Abertura  dos  portos  ao  comércio  As  forças  rebeldes  de  Recife  foram 
18/09/1824
estrangeiro.  derrotadas. 
Chegada  da  Família  Real  ao  Rio  de   
Janeiro.  Desembarque  da  Brigada  Real 
07/03/1808     
de  Marinha  no  Rio  de  Janeiro,  marco 
zero da história dos Fuzileiros Navais. 
Instalação  do  Ministério  dos  Negócios 
11/03/1808  da  Marinha  e  Ultramar  no  Rio  de 
Janeiro. 
D.  João  assina  manifesto  declarando 
01/05/1808 
guerra à França. 
Desembarque  das  tropas  luso‐
01/12/1808  brasileiras  em  território  da  Guiana 
Francesa. 
Caiena,  capital  da  Guiana  Francesa  se 
12/01/1809 
rende. 
Saída  da  Divisão  Naval  para  a  Banda 
12/06/1816 
Oriental. 
22/11/1816  Desembarque em Maldonado. 
Parte  da  Corte  a  Divisão  Naval  com  a 
02/04/1817  missão  de  bloquear  Recife,  durante  a 
Revolta Nativista de 1817. 
Fim  do  movimento  nativista  de 
20/05/1817 
Pernambuco. 
26/04/1821  Regresso de D. João VI para Portugal. 
Incorporação da Banda Oriental à Coroa 
31/07/1821 
de Portugal. 
Dia do Fico, o Príncipe Regente D. Pedro 
declara  que  não  obedecerá  às 
09/01/1822 
determinações  das  Cortes  portuguesas 
e que permanecerá no Brasil. 
07/09/1822  Independência do Brasil. 
Primeira vez em que é içada a Bandeira 
10/11/1822  Imperial  em  navio  da  nova  Esquadra. 
Aniversário da Esquadra. 
A  Esquadra  brasileira,  sob  o  comando 
do  Primeiro‐Almirante  Cochrane, 
01/04/1823 
deixou o porto do Rio de Janeiro rumo à 
Bahia. 
Larga do porto de Salvador comboio de 
02/07/1823  navios  levando  as  tropas  portuguesas 
para Portugal. 
Adesão  à  causa  da  Independência  pela 
27/07/1823 
Província do Maranhão. 
Adesão  à  causa  da  Independência  pela 
15/08/1823 
Província do Grão‐Pará. 
21/10/1823  Tentativa  de  rompimento  do  bloqueio 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 35 
 
EXERCÍCIOS:  4 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – A pressão pela restauração 
do  pacto  colonial,  com  o  conseqüente  esvaziamento 
1  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  –  Após  a  Proclamação  da  das atribuições de regente, levou D. Pedro a defender 
Independência do Brasil em 1822, o Governo Imperial  a  autonomia  brasileira  perante  a  restauração  da 
teve  a  necessidade  de  criar  rapidamente  uma  condição  de  colônia  pretendida  pelas  Cortes. 
Esquadra  Brasileira  com  a  intenção  de  efetivar  a  Com isso, como ficou conhecido o dia 7 de setembro 
Independência  e  combater  as  forças  opositoras  à  de 1822? 
autonomia política da nação. Além de a recém criada 
Marinha do Brasil ter sido fundamental na guerra pela  (A) Dia do Fico. 
independência, que outro fator de destaque pode ser  (B) Dia da Independência do Brasil. 
atribuído à Esquadra Imperial Brasileira?  (C) Dia do Brasil e Portugal. 
(D) Dia de D. Pedro. 
(A) A transformação da colônia brasileira em uma  (E) Dia de Portugal. 
República. 
(B) A manutenção da unidade territorial brasileira.   
(C) A incorporação das Províncias Unidas do Prata ao 
território brasileiro.  5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Ainda no reinado de D. Pedro I, 
(D) O apresamento dos navios portugueses seguindo  uma revolta na Província de Pernambuco colocou em 
da tomada da cidade de Lisboa.  perigo a integridade territorial do lmpério. A Marinha 
(E) A proibição de contratação de estrangeiros para  atuou contra a essa revolta a partir de abril de 1824, 
comporem a Marinha do Brasil.  que  congregou,  no  seu  ápice,  também  as  províncias 
da  Paraíba,  Rio  Grande  do  Norte  e  Ceará.  A  que 
  episódio se refere essa afirmativa?  
 
2 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em 9 de janeiro de 1822, D. 
Pedro declarou que permaneceria no Brasil, apesar da  (A) Revolta dos Alfaiates. 
determinação  das  Cortes  para  que  retornasse  a  (B) Dezembrada. 
Lisboa. Como esse dia ficou conhecido?  (C) Confederação do Equador. 
(D) Revolta Nativista. 
(A) Dia da Independência.  (E) Desembarque em Maldonado. 
(B) Dia do Fico. 
(C) Dia do Brasil.   
(D) Dia de D. Pedro 
(E) Dia de Portugal.  6  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Que  revolta 
ocorrida  na  Província  de  Pernambuco,  colocou  em 
  perigo  a  integridade  territorial  do  Império,  que 
congregou  também,  em  seu  ápice,  as  províncias  da 
3 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Um movimento importante  Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará em 1824? 
de D. João na política externa foi a ocupação da Banda 
Oriental.  Qual  país  da  América  do  Sul  se  originou  (A) Revolta dos alfaiates. 
dessa ocupação?  (B) Revolta da Armada. 
(C) Balaiada. 
(A) Estados Unidos da América.  (D) Revolta nativista. 
(B) México.  (E) Confederação do equador. 
(C) Brasil. 
(D) Uruguai.   
(E) Canadá. 
 
 
 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 36 
 
7  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  a     
principal  característica  do  Pacto  Colonial  no  tocante 
ao comércio? 

(A) Liberava as colônias para o comércio entre si. 
(B) Proibia o comércio das colônias com a Inglaterra. 
(C) Liberava o comércio das colônias somente com a 
Inglaterra. 
(D) Só poderia ser realizado entre as colônias e a 
metrópole. 
(E) Liberava as colônias para o comércio com outros 
países. 

8 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais foram as 
duas principais ações de D. João no tocante à política 
externa do Brasil? 

(A) Expulsão dos franceses e consolidação do 
território brasileiro. 
(B) Conquista de Caiena e ocupação da Banda 
Oriental. 
(C) Construção da ponte da amizade e estudos 
topográficos no Sul do país. 
(D) Abertura dos portos e construção da hidrovia do 
Madeira. 
(E) Reestruturação das forças de defesa nacional e 
criação da alfândega do Sul do país. 

9  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  O  que 


provocou o retorno de D. João VI a Portugal? 

(A) O estado revolucionário em que se encontrava 
Portugal. 
(B) A declaração da Independência do Brasil. 
(C) A derrota de Napoleão. 
(D) A Intensificação do comércio com a Inglaterra. 
(E) O Congresso de Viena. 

Respostas: 

1  B  6  E 
2  B  7  D 
3  D  8  B 
4  B  9  A 
5  C     
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 37 
 
5 ‐ A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência e  tinham  junto  ao  Imperador,  ampliando  o  poder  dos 
do Início do Segundo Reinado  portugueses  adesistas  na  sociedade  brasileira,  pois 
monopolizavam  o  comércio  exterior  nas  capitais  das 
A peculiar Independência brasileira, que pôs à  principais  províncias,  motivo  de  insatisfação  do  resto 
frente  do  processo  de  emancipação  da  ex‐colônia  o  da população. 
herdeiro  do  trono  real  português,  produziu  uma 
divisão  na  política  brasileira  que  marcaria  o  reinado  O  embate  entre  portugueses  e  brasileiros  na 
de  D.  Pedro  I:  a  separação  entre  brasileiros,  liberais,  Assembléia  Geral  Legislativa  transpareceu  na 
que  defendiam  a  monarquia  constitucional,  e  imprensa, que atacou o absolutismo do Imperador, e 
portugueses,  que  propunham  a  concentração  de  foi  para  as  ruas,  onde  partidários  do  monarca 
poder nas mãos do Imperador.  entraram  em  choque  com  defensores  do  Partido 
Brasileiro.  Preocupava  D.  Pedro  I  não  somente  a 
O  Imperador  D.  Pedro  I  tornava‐se  cada  vez  oposição  ao  seu  reinado,  que  crescia  entre  os 
mais  autoritário,  buscando  o  apoio  da  facção  dos  brasileiros,  mas  também  a  situação  política  em 
portugueses que defendiam maior poder ao monarca.  Portugal, onde tinha pretensão de ascender ao trono. 
Já  a  facção  dos  brasileiros  queria  que  o  poder  do 
Estado brasileiro fosse dividido entre o Imperador e a  Pressionado pela população, em 7 de abril de 
Assembléia  Legislativa,  constituída  de  representantes  1831,  D.  Pedro  I  abdicou  do  trono  em  favor  de  seu 
eleitos  da  sociedade,  que  redigiria  a  Carta  filho,  D.  Pedro  de  Alcântara,  que  tinha  apenas  cinco 
Constitucional e faria as leis. Ou seja, defendiam que a  anos de idade. Como o herdeiro não tinha idade para 
monarquia  de  D.  Pedro  fosse  uma  monarquia  assumir  o  trono,  instalou‐se  no  Brasil  um  governo 
constitucional.  regencial. O  Poder Executivo seria composto por três 
membros, uma regência trina, conforme determinava 
A  Assembléia  Constituinte  foi  reunida,  em  a  Carta  Constitucional.  Posteriormente,  a  regência 
maio  de  1823,  para  redigir  a  primeira  Constituição  seria constituída de uma só pessoa, a regência una. 
brasileira.  A  maioria  dos  deputados  constituintes 
queria  uma  Constituição  que  limitasse  os  poderes  do  No período regencial, o conturbado ambiente 
Imperador.  Tal  fato  desagradava  D.  Pedro  e  os  político da Corte se refletiu nas províncias do Império 
homens que o apoiavam, já que o monarca queria no  em  movimentos  armados  que  explodiram  por  todos 
Brasil uma monarquia absolutista.  os  principais  centros  regionais,  desde  1831  até  os 
anos  de  consolidação  do  reinado  de  D.  Pedro  II.  A 
O  conflito  entre  D.  Pedro  e  os  deputados  Marinha  da  Independência  e  da  Guerra  Cisplatina, 
constituintes acabou quando o Imperador dissolveu a  constituída  por  elevado  número  de  navios  de  grande 
Assembléia  Constituinte  em  1823.  Em  seguida,  porte,  foi  sendo  transformada  em  uma  Marinha  de 
nomeou  um  Conselho  de  Estado  composto  por  dez  unidades  menores,  próprias  para  enfrentar  as 
membros,  com  a  tarefa  de  redigir  um  projeto  de  conflagrações nas províncias e ajustadas às limitações 
Constituição.  Resultando  na  imposição  uma  orçamentárias. 
Constituição,  outorgada  em  1824,  que  praticamente 
resgatava  o  regime  absolutista.  A  atitude  autoritária  Revoltas  deflagradas  em  diversas  províncias 
do Imperador aumentou  em muito a oposição liberal  foram  abafadas  pelo  governo  regencial  com  a 
a ele, representada pelo Partido Brasileiro.  utilização da Marinha e do Exército. A Marinha se fez 
mais  presente  nos  combates  no  Pará  (Cabanagem), 
Foram vários anos de disputa política entre os  no  Rio  Grande  do  Sul  (Guerra  dos  Farrapos  ou 
Partidos Português e Brasileiro, e de críticas, cada vez  Revolução  Farroupilha),  na  Bahia  (Sabinada),  no 
mais  violentas,  ao  Imperador  vindas  dos  políticos  do  Maranhão  e  Piauí  (Balaiada)  e  em  Pernambuco 
Partido  Brasileiro  e  de  todos  que  defendiam  que  o  (Revolta Praieira), esta já anos após a coroação de D. 
poder do Estado não ficasse concentrado nas mãos de  Pedro II. 
D. Pedro. Também desagradava muito aos brasileiros 
a  influência  que  os  portugueses  residentes  no  país 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 38 
 
Em  todas  estas  revoltas,  a  Marinha  não  Naval  brasileira  efetuou  um  bloqueio  naval  sobre 
enfrentou nenhum grande inimigo no mar. Embora na  Buenos  Aires  visando  a  isolar  a  capital  adversária  de 
Guerra  dos  Farrapos  os  rebeldes  tenham  formado  abastecimento  vindo  do  exterior  e  impedir  que 
uma  pequena  flotilha  de  embarcações  armadas,  que  embarcações  argentinas  transportassem  tropas  e 
foi  prontamente  combatida  e  vencida,  a  Marinha  se  armamento  para  reforçar  argentinos  e  orientais  que 
fez  presente  no  rápido  transporte  de  tropas  do  lutavam  contra  as  tropas  brasileiras  no  território 
Exército  Imperial  da  Corte  e  de  outras  províncias  até  uruguaio. 
as  áreas  conflagradas.  Também  dependeu  do 
transporte  por  mar,  em  grande  parte  realizado  pela  Além  do  bloqueio,  a  Força  Naval  brasileira 
Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam nas  combateu  a  Esquadra  argentina  até  seu 
províncias  rebeladas,  pois  não  existiam  estradas  que  desmembramento, privando o adversário do principal 
ligassem a Corte às províncias do Norte e do Sul.  e  primeiro  braço  do  Poder  Naval.  Os  navios  da 
Marinha  que  não  foram  deslocados  para  aquela 
A  Marinha  também  cumpriu  ações  de  guerra  não  deixaram  de  se  envolver  no  conflito.  A 
bloqueio  nos  portos  ocupados  pelos  rebeldes,  Marinha  defendeu  as  linhas  de  comunicação 
evitando  que  recebessem  qualquer  abastecimento  marítimas,  dando  combate  aos  corsários  armados 
vindo  do  mar,  como  armas  e  munições  desviadas  de  pela  Argentina  e  pelos  rebeldes  uruguaios  que 
outras  províncias  ou  compradas  no  estrangeiro.  atacaram  a  navegação  mercante  brasileira  ao  longo 
Finalmente,  militares  da  Marinha  Imperial  atuaram  de toda a nossa costa. 
diversas vezes em desembarques, lutando com grupos 
rebelados  lado  a  lado  com  tropas  do  Exército,  da  A próxima guerra que o Brasil se envolveria no 
Guarda Nacional e milicianos.  Rio  da  Prata  seria  contra  Juan  Manuel  de  Rosas, 
governador  da  Província  de  Buenos  Aires  e  Manuel 
No contexto externo, os dois grandes conflitos  Oribe, presidente da República Oriental do Uruguai e 
que  o  Império  brasileiro  se  envolveu,  desde  sua  líder  do  Partido  Blanco.  Tendo  como  seus  aliados  os 
Independência  até  o  início  das  hostilidades  que  governadores das províncias argentinas de Entre Rios 
levariam  à  guerra  contra  o  Paraguai,  foram  a  Guerra  e Corrientes e o Partido Colorado uruguaio, o Império 
Cisplatina,  entre  1825  e  1828,  e  a  Guerra  contra  brasileiro  se  interpôs  a  uma  tentativa  de  união  de 
Manuel  Oribe  e  Juan  Manuel  de  Rosas,  em  1850  e  seus  vizinhos  do  sul,  que  enfraqueceria  a  posição 
1852. A área marítimo‐fluvial em que se desenrolaram  brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na 
a  maioria  das  operações  navais  destes  dois  conflitos,  fronteira do Rio Grande do Sul, há pouco pacificado e 
separados no tempo por quase um quarto de século,  impedido  de  se  separar  do  Brasil  na  Guerra  dos 
foi a mesma, o estuário do Rio da Prata, que separa o  Farrapos. 
Uruguai da Argentina. 
Coube  à  Marinha  um  grande  momento  neste 
Na  Guerra  Cisplatina,  Brasil  e  as  Províncias  curto conflito: a Passagem de Tonelero. Pela primeira 
Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, lutaram pela  vez  se  utilizando  navios  a  vapor  em  um  conflito 
posse do território uruguaio, ainda não independente.  externo,  a  Força  Naval  brasileira  ultrapassou  sob  os 
Nesta  guerra,  que  custou  muito  à  economia  de  um  disparos  dos  canhões  das  tropas  Juan  Manuel  de 
país  recém‐formado  como  o  Brasil,  a  Marinha  lutou  Rosas o ponto fortificado adversário no Rio Paraná, o 
longe de sua base principal, o Rio de Janeiro, contra a  Passo  de  Tonelero,  e  conduziu  as  tropas  aliadas  rio 
Marinha argentina que, embora menor, atuava muito  acima  para  uma  posição  de  desembarque  favorável, 
perto de sua principal base de apoio, Buenos Aires, e  onde foi possível o ataque e a pos‐terior vitória sobre 
conhecendo  o  teatro  de  operações  repleto  de  as tropas adversárias. 
obstáculos naturais à navegação, o Rio da Prata. 
   
A  Marinha  Imperial  brasileira,  além  das 
atividades de abastecimento das tropas em combate, 
operou  de  modo  ofensivo  no  Rio  da  Prata.  A  Força 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 39 
 
Conflitos internos  A  pequena  Força  Naval  que  os  farroupilhas 
mantinham  na  Lagoa  dos  Patos  foi  completamente 
Cabanagem  vencida  em  agosto  de  1839,  quando  o  Chefe‐de‐
A  primeira  sublevação  ocorrida  no  período  Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das Forças 
regencial  foi  a  Cabanagem,  no  Grão‐Pará,  que  se  Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes 
generalizou  em  1835  com  a  ocupação  da  capital  da  em  Camaquã.  A  rebelião  rio‐grandense  estendeu‐se 
província, Belém. O governo central enviou uma força  para  Santa  Catarina,  onde  os  farroupilhas  formaram 
interventora  constituída  de  elementos  da  Marinha  e  uma  pequena  Força  Naval  com  navios  mercantes 
do  Exército  Imperial  que,  após  primeira  tentativa  apresados  e  lanchões  remanescentes  das  operações 
frustrada  de  reconquistar  a  capital,  desembarcou  e  a  na  Lagoa  dos  Patos  e  Mirim,  que  foi  vencida  pela 
ocupou  sem  a  resistência  dos  rebeldes.  Contudo,  os  Marinha  em  um  combate  no  porto  de  Laguna.  Foi 
cabanos  retomaram  o  fôlego  para  a  luta  com  o  neste  conflito  regional  que  pela  primeira  vez  a 
crescimento  da  revolta  no  interior  e  retomaram  a  Marinha  brasileira  empregou  um  navio  movido  a 
capital em agosto de 1835.  vapor em operações de guerra. 

Durante o conflito, as forças militares atuaram  Sabinada 
contra  focos  rebeldes  espalhados  por  um  território  A  Sabinada,  revolta  que  eclodiu  contra  a 
inóspito  e  desconhecido,  a  floresta  amazônica.  A  autoridade  da  Regência  na  Bahia,  em  novembro  de 
Marinha  bloqueou  o  porto  de  Belém,  dificultando  o  1837,  foi  combatida  pela  Marinha  Imperial  com  um 
seu  abastecimento,  bombardeou  posições  rebeldes,  bloqueio  da  província  e  o  combate  a  uma  diminuta 
desembarcou tropas do Exército e embrenhou‐se nos  Força  Naval  montada  pelos  rebeldes  com  navios 
rios  amazônicos  para  dar  combate  aos  mais  isolados  apresados. A revolta foi finalmente sufocada em 1838. 
focos  de  revolta.  O  desgaste  que  as  forças  militares 
impuseram  aos  cabanos  levouos  ao  abandono  da  Balaiada 
capital  em  maio  de  1836  continuando  a  resistir  no 
interior.  A  luta  se  estendeu  até  1840,  com  a  ação  A  Balaiada,  agitação  que  tomou  conta  das 
conjunta  da  Força  Naval  e  das  tropas  do  Exército  Províncias  do  Maranhão  e  do  Piauí,  entre  1838  e 
debelando a resistência dos cabanos por todo o Pará.  1841, reuniu a população pobre e os escravos contra 
as  autoridades  constituídas  da  própria  província.  Em 
Guerra dos Farrapos  agosto  de  1839,  seguiu  para  o  Maranhão  o  Capitão‐
Tenente Joaquim Marques Lisboa, futuro Marquês de 
A  Guerra  dos  Farrapos,  rebelião  no  sul  do  Tamandaré, nomeado comandante da Força Naval em 
Império que durou dez anos, de 1835 a 1845, atingiu  operação contra os insurretos. 
uma  região  de  fronteira  já  conturbada  por  conflitos 
externos.  A  Marinha  novamente  atuaria  em  Após  estudar  a  região,  armou  pequenas 
cooperação  com  o  Exército  no  transporte  e  embarcações que, enviadas para diversos pontos dos 
abastecimento das tropas e apoiando ações em terra  principais rios maranhenses, combateriam os rebeldes 
com o fogo dos canhões embarcados.  isoladamente  ou  apoiariam  forças  em  terra.  A  partir 
de  1840  e  até  o  final  da  Balaiada,  o  Capitão‐Tenente 
Porém,  na  Guerra  dos  Farrapos  os  navios  de  Joaquim Marques Lisboa atuaria em cooperação com 
guerra  estiveram  envolvidos  em  pequenos  combates  o  então  Coronel  Luís  Alves  de  Lima  e  Silva,  o  futuro 
navais  com  os  farroupilhas.  Os  combates  não  Duque  de  Caxias,  que  comandava  a  Divisão 
ocorreram  em  mar  aberto,  mas  em  águas  restritas,  Pacificadora do Norte, reunida para debelar a revolta. 
como  as  Lagoas  dos  Patos  e  Mirim.  O  primeiro  A união dos futuros patronos das forças singulares de 
combate  naval  da  Guerra  dos  Farrapos  opôs  o  Iate  mar  e  terra  no  combate  à  Balaiada  simboliza  uma 
Oceano, da Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos  situação  recorrente  em  todos  os  conflitos  internos 
revoltosos,  na  Lagoa  Mirim,  quando  o  navio  rebelde  durante  a  Regência  e  o  Segundo  Império:  a  atuação 
foi posto a pique. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 40 
 
conjunta da Marinha e do Exército na manutenção da  criado  nos  pampas  e  de  dois  portos  comerciais 
ordem constituída e da unidade do Império.  importantes  (Montevidéu  e  Maldonado),  não 
continha recursos naturais de monta, mas tinha como 
Revolta Praieira  objetivo o controle do Rio da Prata, área geográfica de 
A  Revolta  Praieira  estourou  em  Pernambuco  suma  importância  estratégica  desde  o  início  da 
em  novembro  de  1848.  Iniciada  na  capital,  tomou  colonização  européia  na  América  do  Sul.  No  estuário 
corpo nas vilas e engenhos da zona da mata e interior  do  Rio  da  Prata  desembocavam  dois  grandes  rios 
pernambucanos.  Para  combatê‐la,  tropas  leais  ao  (Uruguai  e  Paraná),  que  constituíam  o  caminho 
governo  provincial  deixaram  Recife,  a  capital  da  natural  para  a  penetração  no  continente  sul‐
província,  para  engajar  as  forças  praieiras  que  americano,  representando  uma  estrada  fluvial  para  a 
estariam  no  interior.  Ao  ver  a  capital  desguarnecida,  colonização,  o  acesso  aos  recursos  naturais  e  a 
forças  praieiras  atacaram‐na,  em  2  de  fevereiro  de  viabilização  das  trocas  comerciais  por  todo  o  interior 
1849. O pequeno contingente militar que guarnecia a  da América do Sul. 
cidade  foi  imediatamente  apoiado  pela  Força  Naval  Apesar  do  controle  português  e,  depois  de 
fundeada  no  porto.  Contingentes  de  marinheiros  e  1822,  brasileiro,  a  Cisplatina,  ou  Banda  Oriental, 
fuzileiros  navais  desembarcaram  dos  navios  para  mantinha  uma  população  de  ascendência  e  hábitos 
reunir‐se  aos  defensores  da  capital  na  batalha,  hispânicos, culturalmente distantes dos brasileiros. Os 
enquanto  os  canhões  da  Marinha  fustigaram  as  cisplatinos,  liderados  por  Juan  Antonio  Lavalleja, 
investidas dos revoltosos. A atuação da Marinha nesta  iniciaram  um  levante  buscando  sua  independência, 
revolta, embora breve, evitou que a capital provincial  procurando  apoio  das  Províncias  Unidas  do  Rio  da 
caísse nas mãos dos rebeldes.  Prata, o único Estado Nacional à época constituído na 
Conflitos externos  Bacia  do  Rio  da  Prata  que  poderia  rivalizar  com  o 
Império brasileiro. 
Guerra Cisplatina 
O  Estado  argentino,  naquela  época,  era 
O  Brasil  recém‐independente  envolveu‐se  formado  por  várias  províncias  com  alto  grau  de 
numa  guerra  com  as  Províncias  Unidas  do  Rio  da  autonomia,  que  reconheciam  a  liderança  exercida 
Prata,  atual  Argentina,  pela  posse  da  então  Província  pela  Província  de  Buenos  Aires.  A  confederação  de 
brasileira  da  Cisplatina,  atual  República  Oriental  do  províncias  argentinas  tinha  um  interesse  comum  na 
Uruguai, anexada ainda por D. João VI, em 1821. Esta  sublevação dos cisplatinos contra o Império brasileiro: 
guerra pouco aparece nos livros de história e, mesmo  a possibilidade de incorporação da Banda Oriental aos 
tendo  durado  quatro  anos,  entre  1825  e  1828,  é  seus domínios. Por isso, deram apoio político, militar e 
desconhecida para a maioria dos brasileiros.  financeiro  à  revolta,  passando,  posteriormente,  a 
envolver‐se oficialmente na luta. 
O interesse pelo domínio daquelas terras não 
era novo. O Império do Brasil e a Argentina herdaram  Para  se  opor  à  sublevação,  nitidamente 
as  aspirações  e  as  disputas  dos  colonizadores  suportada  pela  Argentina,  o  Brasil  desenvolveu  uma 
portugueses  e  espanhóis  pela  margem  esquerda  do  campanha militar na Banda Oriental entre os anos de 
estuário  do  Rio  da  Prata.  Nos  séculos  XVII  e  XVIII,  o  1825  e  1828.  Além  de  tropas,  deslocou  vários  meios 
centro  da  disputa  era  a  Colônia  de  Sacramento,  o  navais  da  Esquadra  recém‐formada  na  Guerra  de 
enclave  português  na região. No início do século XIX,  Independência para o Estuário da Prata, comandadas 
com  os  movimentos  de  independência  na  América  pelo  ViceAlmirante  Rodrigo  Lobo.  Com  o 
espanhola  e  portuguesa,  a  conflagração  atingiu  o  fortalecimento  das  forças  de  Lavalleja  na  Banda 
Brasil  e  a  Argentina,  no  conflito  conhecido  como  Oriental,  as  Províncias  Unidas  do  Rio  da  Prata 
Guerra Cisplatina.  oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada 
a  Banda  Oriental  ao  território  argentino,  o  que 
A guerra não envolvia só a disputa pela posse 
significava  uma  declaração  de  guerra  ao  Governo 
do território da Província Cisplatina que, além do gado 
Imperial brasileiro. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 41 
 
Destacaremos aqui a participação brasileira na  rebeldes  de  Lavalleja,  e  dos  dois  adversários  com  o 
guerra  naval,  que  teve  como  seu  principal  palco  o  exterior. O inimigo a ser confrontado pela Força Naval 
Estuário  do  Rio  da  Prata.  A  ênfase  no  aspecto  naval  brasileira  era  liderado  pelo  experiente  irlandês 
não  indica  que  as  operações  de  guerra  conduzidas  William  George  Brown,  comandante  da  pequena 
pelos  Exércitos  em  terra  tenham  sido  menos  Esquadra  sediada  em  Buenos  Aires,  desde  as  lutas 
importantes  para  a  história  da  Guerra  Cisplatina.  O  pela independência daquele país. O adversário, apesar 
Exército Brasileiro e as forças de Lavalleja, somadas ao  de  contar  com  um  menor  número  de  navios  de 
Exército  argentino,  confrontaram‐se  em  diversas  guerra,  tinha  suas  ações  facilitadas  não  só  pelo 
batalhas, mas até o final da guerra, em 1828, nenhum  conhecimento  da  conformação  hidrográfica  do 
dos  oponentes  alcançou  uma  nítida  vantagem  na  estuário  do  Rio  da  Prata,  como  também  por 
guerra terrestre.  permanecer  operando  próximo  ao  seu  porto  base,  o 
ancoradouro  de  Los  Pozos,  em  Buenos  Aires,  onde 
A  batalha  mais  significativa  da  Guerra  seus navios eram abastecidos e reparados. 
Cisplatina,  a  Batalha  do  Passo  do  Rosário,  ou 
Ituzaingó, como os argentinos e uruguaios a chamam,  Nos  primeiros  meses  da  guerra,  o  bloqueio 
ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados  naval  imposto  pela  Esquadra  brasileira  provocou  o 
tão  indecisos  como  toda  a  guerra  terrestre  que  se  primeiro  embate  entre  as  forças  navais.  O  Combate 
travou  na  Província  Cisplatina.  Nenhum  dos  lados  de  Colares  ocorreu  em  9  de  fevereiro  de  1826, 
conseguiu impor‐se sobre o outro, não sendo possível  quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios, 
apontar vitoriosos nem derrotados. Contudo, a função  deixou  seu  ancoradouro  para  empreender  uma  ação 
desta  obra  é  destacar  a  participação  da  Marinha  de  desgaste  à  Força  Naval  brasileira  em  bloqueio, 
brasileira  na  nossa  história.  Assim,  descreveremos  as  também  composta  de  14  navios.  As  forças  navais 
operações navais realizadas na Guerra Cisplatina.  adversárias,  dispostas  em  colunas,  trocaram  tiros  de 
canhão  a  grande  distância  uma  da  outra,  causando 
A  Marinha  Imperial  brasileira  na  Guerra  perdas h u m a n a s e avarias materiais reduzidas de 
Cisplatina  lutou  com  a  Força  Naval  argentina,  mas  parte a parte. A Esquadra argentina se retirou para o 
também atuou contra os corsários que, com Patentes  refúgio  de  Los  Pozos  e  a  Força  Naval  brasileira  foi 
de  corso  emitidas  pelas  Províncias  Unidas  do  Rio  da  fundear entre os Bancos de Ortiz e Chico. 
Prata  e  pelo  próprio  Exército  de  Lavalleja,  atacavam 
os  navios  mercantes  brasileiros  por  toda  a  nossa  O  passo  posterior  do  comandante  das  forças 
costa.  argentinas  teria  conseqüências  muito  mais 
significativas para os destinos da guerra no mar e em 
O  embate  entre  a  Esquadra  brasileira  e  a  terra  se  bem‐sucedido.  Seu  alvo  era  a  Colônia  de 
Esquadra  argentina  teve  lugar  no  estuário  do  Rio  da  Sacramento, uma praça fortificada situada na margem 
Prata  e  nas  suas  proximidades  –  região  com  grande  esquerda  do  Rio  da  Prata  e  guarnecida  por  1.500 
número  de  bancos  de  areia  que  dificultava  a  homens  chefiados  pelo  Brigadeiro  Manoel  Jorge 
navegação.  Isto  ajudou  os  argentinos  a  desenvolver  Rodrigues,  complementados  por  uma  pequena  força 
uma variação naval da guerra de guerrilha. Os navios  de quatro navios, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata 
argentinos atacavam e, quando repelidos, escapavam  Frederico Mariath. Sete navios da Esquadra argentina, 
da  perseguição  dos  navios  brasileiros  pelos  estreitos  capitaneados  pela  Fragata  25  de  Mayo,  romperam  o 
canais  que  se  formavam  entre  os  vários  bancos  de  bloqueio brasileiro ao largo de Buenos Aires e fizeram 
areia  da  região,  em  sua  maioria  desconhecidos  dos  vela para a Colônia de Sacramento, simultaneamente 
marinheiros brasileiros.  aquela praça era cercada por tropas. 
Como primeira ação de guerra, a Força Naval  Devido  ao  maior  poder  de  combate  da  Força 
brasileira  no  Rio  da  Prata,  comandada  pelo  Vice‐ Naval  Argentina  perante  a  flotilha  brasileira  que 
Almirante  Rodrigo  Lobo,  estabeleceu  um  bloqueio  defendia  a  Colônia,  as  tripulações  e  os  canhões  dos 
naval no Rio da Prata, pretendendo impedir qualquer  navios  brasileiros  foram  desembarcados  e 
ligação  marítima  entre  as  Províncias  Unidas  e  os  incorporados às defesas de terra. Em 26 de fevereiro 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 42 
 
de  1826,  os  navios  argentinos  e  as  tropas  de  cerco  Maria.  No  dia  seguinte,  ao  perseguir  um  navio 
iniciaram  o  bombardeio,  respondido  pelas  mercante, a Fragata 25 de Mayo aproximou‐se muito 
fortificações  da  Colônia  do  Sacramento,  que  do  porto  de  Montevidéu,  onde  foi  reconhecida  pelos 
inutilizaram  um  dos  navios  adversários.  Repelido  o  navios  da  Esquadra  brasileira,  mesmo  arvorando  a 
primeiro  ataque,  os  defensores  da  Colônia  do  bandeira francesa. 
Sacramento  enviaram  uma  escuna  para  pedir  auxílio 
às  forças  navais  brasileiras  estacionadas  em  Saiu  em  sua  perseguição  a  Fragata  Niterói, 
Montevidéu,  esperando  que  o  socorro  chegasse  o  comandada  pelo  Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra  James 
mais rápido possível àquela praça sitiada.  Norton,  ambos,  navio  e  comandante,  veteranos  da 
Guerra  de  Independência  e  recém  chegados  para 
O Vice‐Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de  reforçar  a  Força  Naval  brasileira  no  Rio  da  Prata. 
imediato a cidade acossada pelo inimigo. Na noite de  Acompanharam  o  encalço  à  capitânia  argentina 
1°  de  março,  a  Força  Naval  argentina,  reforçada  por  quatro  outros  pequenos  navios,  mas  o  combate  se 
seis  canhoneiras,  tentou  desembarcar  200  homens  concentrou nos navios de maior porte, com a Fragata 
naquela  praça.  Depois  de  severa  luta,  os  atacantes  Niterói trocando disparos com a Fragata 25 de Mayo e 
argentinos  foram  repelidos,  com  a  perda  de  duas  com um dos brigues que a acompanhava. Com o cair 
canhoneiras  e  muitos  homens,  não  sem  antes  da  noite,  os  navios  argentinos,  com  graves  avarias, 
conseguirem  incendiar  um  dos  nossos  navios.  Os  retiraram‐se para Buenos Aires, dando por encerrado 
navios  argentinos  só  desistiram  do  cerco  em  12  de  o  embate  que  ficou  conhecido  como  o  Combate  de 
março, escapando da Esquadra brasileira, que chegara  Montevidéu. 
com atraso em defesa de Sacramento. 
Após  o  malogro  da  tentativa  de  capturar 
A  Força  Naval  argentina  empreendia  ações  navios  ao  largo  do  porto  de  Montevidéu,  William 
mais  ousadas  contra  a  Esquadra  brasileira.  De  uma  Brown  planejou  outra  ação  para  reforçar  sua 
troca  de  tiros  sem  muitas  conseqüências,  em  esquadra  com  navios  brasileiros  capturados. 
fevereiro, tentou a conquista de uma praça fortificada  Tencionava  abordar  e  capturar  a  Fragata  Niterói,  o 
na  margem  esquerda  do  Rio  da  Prata  que,  se  mesmo  navio  que  frustrou  sua  incursão  anterior.  Na 
conquistada,  transformaria‐se  em  um  importante  noite de 27 de abril, sete navios argentinos rumaram 
ponto  de  abastecimento  das  tropas  uruguaias  e  para  próximo  de  Montevidéu,  onde  os  navios 
argentinas.  brasileiros se reuniam, e tentaram identificar seu alvo. 
Enganados pela escuridão, investiram contra a Fragata 
Uma  das  missões  da  Esquadra  argentina  era  Imperatriz  que,  tendo  percebido  a  aproximação  do 
justamente  a  manutenção  do  abastecimento  dos  inimigo,  se  preparara  para  o  combate.  Os  navios 
exércitos  que  lutavam  na  Província  Cisplatina.  Como  argentinos  25  de  Mayo  e  Independencia  tentaram  a 
obstáculo,  antepunha‐se  a  Esquadra  brasileira  abordagem,  mas  foram  repelidos  pela  tripulação  da 
comandada  pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar  Imperatriz.  O  comandante  do  navio  brasileiro, 
da  ineficiência  desse  início  de  bloqueio  naval  (pelos  Capitão‐de‐Fragata  Luís  Barroso  Pereira,  liderou  seus 
primeiros embates navais da guerra, observa‐se que a  homens na renhida luta até tombar morto no convés, 
Esquadra  argentina  movimentava‐se  com  relativa  atingido  por  disparos  do  inimigo.  Foi  uma  das  duas 
facilidade),  mantinha‐se  superior  em  número  às  vítimas fatais da Imperatriz no combate. 
forças navais comandadas por Brown. 
A 3 de maio de 1826, a Esquadra comandada 
O Comandante da Esquadra argentina William  por Brown foi avistada pelos navios brasileiros quando 
Brown reuniu sua capitânia, a Fragata 25 de Mayo, e  tentava  escapar  do  bloqueio  naval  ao  seu  porto.  Os 
dois  brigues  em  uma  audaciosa  ação  para  capturar  navios argentinos tentaram alcançar o Banco de Ortiz 
navios  que  se  dirigissem  a  Montevidéu,  tentando  na  esperança  de  atrair  os  perseguidores,  que,  com 
aumentar o tamanho de sua Esquadra e tomar alguma  navios de maior porte, encalhariam naquele banco de 
carga de valor em navios mercantes. Em 10 de abril de  areia, tornando‐se alvos imóveis para seus canhões. 
1826,  conseguiu  capturar  a  pequena  Escuna  Isabel 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 43 
 
Contudo,  no  combate  que  ficou  conhecido  Em  15  de  maio  de  1826,  as  três  linhas  de 
como  o  do  Banco  de  Ortiz,  foi  justamente  a  Fragata  bloqueio  determinadas  pelo  novo  comandante  da 
argentina  25  de  Mayo  a  primeira  a  ficar  encalhada,  Força  Naval  brasileira  no  Rio  da  Prata  já  se  achavam 
logo seguida pela nossa Fragata Niterói. Os dois navios  em  posição.  Em  23  de  maio,  a  Esquadra  argentina 
imobilizados  empenharam‐se  em  um  duelo  de  decidiu  testar  a  resistência  da  Força  Naval  brasileira 
artilharia.  A  Niterói  conseguiu  livrar‐se  do  encalhe.  A  responsável  pelo  bloqueio  de  Buenos  Aires,  a  2ª 
seguir,  a  25  de  Mayo  também  escapou  do  Banco  de  Divisão  da  Esquadra  Imperial,  chefiada  pelo  Capitão‐
Ortiz e se reuniu ao restante da Esquadra argentina. O  de‐Mar‐e‐Guerra  James  Norton.  Os  navios  brasileiros 
Combate  do  Banco  de  Ortiz  acabou  sem  grandes  engajaram‐se  no  Combate  das  Balizas  Exteriores, 
perdas  para  ambos  os  adversários,  mas  mostrou  o  mesmo  com  o  risco  de  encalharem  nos  bancos  de 
perigo  que  os  bancos  de  areia  do  Estuário  do  Rio  da  areia em torno de Buenos Aires. Os navios argentinos 
Prata representavam para as Esquadras em luta.  perceberam  a  resolução  da  força  bloqueadora  e 
voltaram ao seu ancoradouro, em Los Pozos. Dois dias 
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo  depois,  o  navio  capitânia  da  2ª  Divisão,  a  Fragata 
Pinto  Guedes,  o  Barão  do  Rio  da  Prata,  substituiu  o  Niterói,  navegando  sozinha,  atraiu  a  Esquadra 
Almirante Rodrigo Lobo, que tinha se mostrado pouco  argentina  para  o  combate,  mas,  novamente,  a  troca 
capaz  no  comando  da  Força  Naval  do  Império  do  de tiros não causou danos significativos a nenhum dos 
Brasil  em  operações  de  guerra  no  Rio  da  Prata.  A  lados. 
primeira medida tomada pelo Almirante Pinto Guedes 
foi estabelecer uma nova disposição das forças navais  Mesmo  a  nova  estratégia  de  bloqueio,  mais 
que  reforçasse  o  bloqueio  naval.  Dividiu  suas  forças  agressiva, não se mostrava eficiente na destruição dos 
em quatro divisões, sob o comando de oficiais capazes  navios  argentinos,  que  se  mantinham  protegidos  no 
e  experientes,  devendo  em  todas  as  oportunidades  ancoradouro de Los Pozos. 
engajar  o  inimigo,  obrigando‐o  a  aceitar  a  luta.  A  1ª 
Divisão, reunindo os maiores e mais poderosos navios  No  começo  de  junho  de  1826,  buscando  um 
que estavam no Rio da Prata, formaria a linha exterior  engajamento  decisivo,  o  Almirante  Rodrigo  Pinto 
do bloqueio, impedindo que navios entrassem no Rio  Guedes planejou atacar a Esquadra inimiga dentro de 
da  Prata  para  abastecer  a  Argentina  e  seu  Exército  Los  Pozos.  Para  isso,  a  2ª  Divisão  foi  reunida  à  3ª 
lutando na Cisplatina e tentando capturar os corsários  Divisão  da  Esquadra  Imperial,  composta  por  navios 
que transitassem pela região. A 2ª Divisão, constituída  menores  que  poderiam  transpor  os  bancos  de  areia 
de  navios  mais  leves,  manobreiros  e  numerosos,  que protegiam o ancoradouro de Buenos Aires. 
operaria  no  interior  do  estuário,  efetuando  um  Em  7  de  junho,  antes  que  as  duas  forças 
rigoroso  bloqueio  naval  entre  a  Colônia  de  brasileiras  se  reunissem,  cinco  navios  de  transporte 
Sacramento,  Buenos  Aires  e  a  Enseada  de  Barregã,  argentinos, escoltados por navios de guerra, largaram 
isolando  a  Esquadra  argentina  no  seu  ancoradouro  e  de  Buenos  Aires  com  soldados  e  suprimentos  para 
tentando impedir o abastecimento por mar da capital  apoiar  as  tropas  argentinas  que  lutavam  junto  aos 
argentina. A 3ª Divisão, composta de pequenos navios  cisplatinos.  Ao  mesmo  tempo,  o  resto  da  Esquadra 
adequados  à  navegação  fluvial,  defenderia  a  Colônia  argentina, comandada por Brown, fez vela para atrair 
do Sacramento e patrulharia os Rios Uruguai, Negro e  a atenção da força brasileira. Nem a 2ª Divisão, junto 
Paraná,  que  formavam  a  fronteira  natural  entre  as  a Buenos Aires, nem a 3ª, ainda em águas da Colônia 
Províncias  Unidas  do  Rio  da  Prata  e  a  Província  de  Sacramento,  alcançaram  os  navios  de  transporte 
Cisplatina,  impedindo  que  as  forças  de  Lavalleja  e  o  argentinos. 
Exército argentino fossem supridos desde o território 
argentino.  A  4ª  Divisão  era  formada  por  navios  em  Em  11  daquele  mês,  as  2ª  e  3ª  Divisões, 
reparo,  e  foi  mantida  em  Montevidéu,  para  atuar  comandadas  por  Norton,  executaram  o  plano  de 
como  uma  força  de  reserva.  A  reorganização  das  ataque  e  investiram  contra  a  Esquadra  argentina  em 
forças  navais  brasileiras  mostrou  sua  eficiência  na  Los  Pozos.  Novamente,  os  bancos  de  areia 
contenção dos movimentos da Esquadra adversária.  protegeram  os  navios  argentinos.  O  comandante  da 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 44 
 
Força Naval brasileira, Norton, desistiu do ataque que  trânsito de reforços vindos das Províncias Unidas para 
seria  infrutífero.  Apesar  dos  insucessos  da  ação  os seus exércitos na Cisplatina. 
planejada,  a  Escuna  Isabel  Maria,  apresada  pelos 
argentinos, foi recuperada.  Em  29  de  dezembro  de  1826,  a  Força  Naval 
argentina atacou a 3ª Divisão, fundeada na foz do Rio 
Considerando  o  malogro  do  último  ataque  Iaguari,  mas  foi  repelida  pelo  intenso  fogo  da 
brasileiro  à  Esquadra  argentina  como  sua  vitória,  artilharia  dos  pequenos  navios  de  Sena  Pereira  e 
Brown  preparou  uma  nova  investida  à  2ª  Divisão,  recuou,  descendo  o  Rio  Uruguai.  Embora  tivesse 
determinado a livrar Buenos Aires do bloqueio naval.  repelido o ataque argentino, a 3ª Divisão brasileira se 
Protegidos  pela  noite,  em  29  de  julho  de  1826,  17  viu  presa  dentro  do  Rio  Uruguai,  uma  vez  que  os 
navios  da  Esquadra  argentina  tentaram  surpreender  navios inimigos postaram‐se na foz daquele rio. 
os navios sob o comando do Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra 
James Norton. Porém, alertados por uma escuna que  Foi organizada uma Força Naval com unidades 
fazia  a  vigilância,  os  brasileiros  responderam  ao  da  2ª  Divisão  para  combater  os  argentinos  que 
ataque. O combate tornou‐se confuso; a mesma noite  bloqueavam  a  3ª  Divisão  no  interior  do  Rio  Uruguai, 
que escondia os atacantes, prejudicava a precisão dos  chamada  de  Divisão  Auxiliadora.  Apesar  da  urgência 
disparos  e  a  identificação  do  inimigo.  A  possibilidade  no socorro, a progressão desta Força Naval foi lenta e 
de  atingir  navios  amigos  determinou  que  ambos  os  difícil,  devido  ao  grande  número  de  bancos  de  areia 
lados suspendessem a luta.  que  tornavam  aquelas  águas  pouco  profundas  e 
inadequadas para navios de maior porte, como os que 
Ao  alvorecer,  o  combate  recomeçou.  O  compunham a 2ª Divisão brasileira. 
Comandante  da  Esquadra  argentina  Brown  conduziu 
seu navio capitânia, a Fragata 25 de Mayo, na direção  A Corveta Maceió, a capitânia e o maior navio 
dos  navios  brasileiros,  mas  só  foi  acompanhado  pela  da  divisão,  ficou  isolada  dos  outros  navios  brasileiros 
Escuna  Rio  de  La  Plata.  Os  dois  navios  argentinos  perto  de  um  banco  de  areia  conhecido  como  Playa 
receberam  todo  o  peso  dos  disparos  dos  canhões  Honda.  A  Maceió  era  o  alvo  perfeito  para  as  forças 
brasileiros  e  ficaram  completamente  inutilizados.  O  argentinas, sempre em busca de navios para reforçar 
chefe das forças argentinas foi obrigado a transferir‐se  sua  já  diminuída  Esquadra.  Cinco  navios  inimigos 
sob  fogo  para  um  navio  argentino  que  ousou  aproximaram‐se da corveta, que estava acompanhada 
aproximar‐se.  O  restante  da  Esquadra  argentina  apenas  da  Escuna  Dois  de  Dezembro,  e  tentaram  a 
retirou‐se  para  a  segurança  de  seu  ancoradouro.  O  abordagem. A tripulação da Maceió repeliu o inimigo 
Combate  de  Lara‐Quilmes  foi  a  última  tentativa  da  com  o  fogo  de  seus  20  canhões.  Por  fim,  os  navios 
Esquadra argentina de destruir os navios da 2ª Divisão  argentinos  recuaram,  mas  a  missão  da  Divisão 
da Esquadra Imperial e desmantelar o bloqueio naval  Auxiliadora ainda não terminara. Os navios brasileiros 
brasileiro em torno de Buenos Aires.  da 3ª Divisão permaneciam presos no Rio Uruguai. 

Depois  dessa  expressiva  vitória  das  forças  No  início  de  fevereiro  de  1827,  a  3ª  Divisão 
navais  brasileiras,  no  começo  do  ano  de  1827,  a  3ª  desceu  o  Rio  Uruguai  para  combater  a  Força  Naval 
Divisão, composta pelos menores navios da Esquadra  argentina  que  o  bloqueava.  Com  ajuda  da  Divisão 
brasileira, comandada pelo Capitão‐de‐Fragata Jacinto  Auxiliadora,  planejou‐se  colocar  o  inimigo  entre  os 
Roque  Sena  Pereira,  foi  derrotada  no  Combate  de  canhões das duas divisões brasileiras. 
Juncal.  No  final  do  ano  anterior  a  3ª  Divisão  recebeu  Em  8  de  fevereiro,  começava  o  Combate  de 
ordens  de  subir  o  Rio  Uruguai  para  auxiliar  as  Juncal,  nome  tomado  da  Ilha  fluvial  de  Juncal, 
operações  do  Exército  Imperial  Brasileiro  na  segmento do Rio Uruguai onde os navios da 3ª Divisão 
Cisplatina.  Sabendo  daquela  movimentação,  o  foram derrotados pela Força Naval argentina, pois não 
comandante da Esquadra argentina reuniu uma força  receberam  o  esperado  apoio  da  Divisão  Auxiliadora, 
composta de 16 navios adaptados à navegação fluvial  que permaneceu longe do local da batalha. 
para  destruir  a  3ª  Divisão  brasileira  e  permitir  o  livre 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 45 
 
O  bloqueio  naval  mais  rigoroso  realizado  Províncias Unidas armaram corsários. Alguns corsários 
desde  maio  de  1826  pela  2ª  Divisão  da  Esquadra  eram  armados  no  porto  de  Buenos  Aires  e 
Imperial mantinha a maior parte do tempo a Esquadra  conseguiam  romper  o  bloqueio  naval  brasileiro; 
argentina  confinada  em  seu  ancoradouro.  Porém,  a  outros  vinham  das  bases  de  corsários  de  Carmen  de 
Esquadra  brasileira  não  conseguia  uma  vitória  Patagones  e  San  Blas,  em  território  das  Províncias 
definitiva  frente  ao  inimigo,  não  evitando  pequenas  Unidas  do  Rio  da  Prata,  e  havia  mesmo  os  que, 
incursões  que,  algumas  vezes,  mostravam‐se  recebendo  as  patentes  de  corso  do  governo  de 
desastrosas, como o combate fluvial em Juncal.  Buenos Aires em portos do exterior, daí largavam para 
acossar os navios mercantes nas costas brasileiras. 
Já nesse período da guerra no mar, o governo 
de Buenos Aires concentrava seu esforço na guerra de  A  guerra  de  corso  empreendida  contra  o 
corso,  que  afetava  o  comércio  marítimo  do  Império  nosso  comércio  marítimo  (à  época,  como  hoje, 
brasileiro.  Mesmo  a  Esquadra  argentina,  já  muito  essencial  para  economia  nacional)  foi  mais  efetiva 
debilitada depois do Combate de Lara‐Quilmes, cedia  contra  o  esforço  de  guerra  brasileiro  do  que  a 
seus  navios  para  campanhas  de  corso  na  costa  Esquadra  argentina.  A  operação  ofensiva  que  a 
brasileira.  E  foi  com  esse  propósito  que  os  quatro  Marinha  Imperial  brasileira  realizou  com  o  bloqueio 
principais  navios  argentinos  tentaram  romper  o  naval  no  Prata  coexistiu  com  a  ação  defensiva  na 
bloqueio brasileiro na noite de 6 de abril de 1827.  vigilância  das  extensas  águas  territoriais  brasileiras, 
defendendo nosso comércio marítimo dos corsários. 
A  Força  Naval  argentina,  composta  pelos 
Brigues República, Congresso e Independência, e pela  Exemplos  da  ação  da  Marinha  Imperial  no 
Escuna Sarandi, comandada pelo próprio comandante  combate  aos  corsários  foram  as  duas  incursões  da 
da  Esquadra  argentina,  William  Brown,  foi  Esquadra  sediada  no  Rio  da  Prata  às  bases  corsárias 
interceptada  pelos  navios  da  2ª  Divisão  quando  de  Carmen  de  Patagones  e  San  Blas,  na  região  da 
tentava contornar o bloqueio naval brasileiro.  Patagônia.  Ambas  ocorreram  em  1827  e  pretendiam 
destruir  esses  verdadeiros  ninhos  de  corsários  e 
Neste último grande encontro entre as forças  recapturar  alguns  dos  navios  mercantes  que  estes 
adversárias,  conhecido  como  Combate  de  Monte  tinham tomado. 
Santiago,  a  2ª  Divisão  brasileira,  reforçada  pelos 
navios  das  outras  duas  divisões  bloqueadoras,  Contudo,  as  condições  hidrográficas  da  costa 
fustigou  os  navios  argentinos  com  os  seus  canhões,  argentina da Patagônia, completamente desconhecida 
que, encurralados entre a força brasileira e os bancos  dos  brasileiros,  e,  especialmente  na  incursão  a 
de  areia,  foram  sendo  destroçados.  Os  Brigues  Carmen de Patagones, a falta de informação sobre as 
República  e  Independência  foram  abordados  e  defesas a serem enfrentadas determinaram o fracasso 
capturados  pelos  brasileiros.  O  Brigue  Congresso  e  a  das duas expedições. 
Escuna  Sarandi,  navios  menores  e  mais  leves, 
conseguiram  passar  pelos  bancos  de  areia  e  Entretanto,  o  combate  aos  corsários  foi  mais 
refugiaram‐se em Buenos Aires, ainda assim bastante  efetivo  no  bloqueio  naval  empreendido  a  outra  de 
atingidos  pelos  canhões  brasileiros  e  com  muitos  suas  “bases”,  a  localizada  no  Rio  Salado.  Outros 
mortos e feridos a bordo.  corsários também foram batidos no mar pela Marinha 
Imperial,  como  o  Brigue  Niger,  capturado  em  março 
Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e  de  1828,  e  o  Brigue  General  Brandsen,  destruído  por 
a  demonstração  de  que  o  bloqueio  naval  organizado  navios brasileiros após longa campanha de corso. 
pelo  Almirante  Rodrigo  Pinto  Guedes  foi  efetivo  no 
combate ao inimigo.  A  indefinição  da  campanha  terrestre  e  o 
esgotamento  econômico  e  militar  de  ambos  os 
As grandes perdas argentinas no Combate de  contendores levaram o Brasil a aceitar a mediação da 
Monte Santiago, em abril de 1827, ratificaram a opção  Grã‐Bretanha  para  o  fim  da  guerra.  A  Convenção 
pela  guerra  de  corso.  Durante  todo  o  conflito,  as  Preliminar  de  Paz  foi  assinada  entre  o  Império  do 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 46 
 
Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata em 27 de  Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano das lutas na 
agosto  de  1828.  O  acordo  estipulava  que  ambos  os  Independência e na Cisplatina. 
lados  renunciariam  a  suas  pretensões  sobre  a  Banda 
Oriental,  que  se  tornaria  um  país  independente:  a  Somente  com  a  intervenção  da  força 
República Oriental do Uruguai.  terrestre,  as  tropas  que  cercavam  Montevidéu 
capitularam e Manuel Oribe foi derrotado. A Esquadra 
O término da Guerra Cisplatina não seria o fim  brasileira, disposta ao longo do Rio da Prata, impediu 
dos  conflitos  na  região.  A  Marinha  Imperial  brasileira  que  as  tropas  vencidas  pudessem  evacuar  para  a 
permaneceria  guarnecendo  a  segurança  do  Império  margem direita, o lado argentino. 
do Brasil no Rio da Prata. 
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira 
Guerra contra Oribe e Rosas  e seus aliados platinos voltaram‐se contra Rosas, que 
mantinha‐se  como  uma  ameaça  à  estabilidade  da 
Terminada  a  revolta  que  sublevou  as  região.  Nessa  nova  ação  militar  coube  à  Marinha  a 
Províncias  do  Rio  Grande  e  de  Santa  Catarina,  o  tarefa de transportar as tropas aliadas pelo Rio Paraná 
Império  brasileiro  pôde  retomar  a  vigilância  na  até a localidade de Diamante, para ali desembarcá‐las. 
fronteira sul e ater‐se ao conflito que crescia na área 
do  Rio  da  Prata.  Mesmo  com  o  fim  da  Guerra  A Força Naval brasileira, composta por quatro 
Cisplatina e a independência da República Oriental do  navios  com  propulsão  a  vapor  e  três  navios  a  vela, 
Uruguai,  as  lideranças  políticas  argentinas  tinha  como  obstáculo  o  Passo  de  Tonelero,  nas 
continuavam com a pretensão de restituir o mando de  proximidades da Barranca de Acevedo, onde o inimigo 
Buenos  Aires  sobre  o  território  do  Vice‐Reinado  do  instalara uma fortificação guarnecida por 16 peças de 
Prata.  artilharia e 2.800 homens. Devido à pouca largura do 
rio  naquele  trecho,  os  navios  brasileiros  seriam 
O  projeto  de  anexação  do  Uruguai  ao  obrigados  a  passar  a  menos  de  400  metros  daquela 
território  argentino  encontrou  em  Juan  Manuel  de  fortificação, recebendo o peso da artilharia inimiga. A 
Rosas  liderança  máxima  da  Confederação  Argentina  solução  encontrada  pelo  Chefe‐de‐Esquadra  Grenfell 
desde  1835  e  em  Manuel  Oribe,  líder  do  partido  de  foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na 
oposição ao governo uruguaio (o Partido Blanco), seus  operação de transposição daquele obstáculo. 
executores. 
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham 
O  Império  brasileiro,  que  se  opunha  artilharia  postada  por  todo  seu  costado,  substituída 
frontalmente  à  anexação,  apoiava  o  governo  nos  navios  a  vapor  pelas  rodas  laterais),  foram 
constituído  do  Uruguai,  exercido  pelo  Partido  rebocados  pelos  navios a  vapor,  mais rápidos  e  ágeis 
Colorado.  A  situação  política  no  Uruguai  aproximava‐ nas manobras. 
se  a  de  uma  guerra  civil,  com  tropas  partidárias  de 
Oribe  e  apoiadas  por  Rosas  cercando  a  capital,  Tonelero  foi  vencida  em  17  de  dezembro  de 
Montevidéu.  1851,  com  as  tropas  desembarcando  em  Diamante 
com sucesso. 
Em 1851, o Governo brasileiro procedeu uma 
aliança  com  o  governo  uruguaio  e  com  um  Naquela  localidade,  os  navios  a  vapor 
oposicionista  de  Rosas,  o  governador  da  Província  auxiliaram  também  na  transposição  do  rio  pelas 
argentina  de  Entre  Rios,  Justo  José  de  Urquiza,  para  tropas oriundas das províncias argentinas aliadas que 
defender  o  Uruguai  do  ataque  das  forças  de  Rosas  e  tinham marchado até aquela posição. 
Oribe. 
O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas 
A ação da Marinha novamente seria realizada  tropas  brasileiras  e  de  seus  aliados  platinos,  em 
em  estreita  colaboração  com  o  Exército  Imperial.  O  fevereiro  de  1852.  A  Passagem  de  Tonelero 
comando  da  Força  Naval  foi  entregue  ao  Chefe‐de‐ representou a única operação ofensiva realizada pela 
Marinha Imperial naquele conflito. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 47 
 
Contudo,  o  emprego  da  Força  Naval  no 
transporte  de  tropas  para  a  área  do  conflito  e, 
notadamente depois de Tonelero, na transposição das 
tropas  aliadas  da  margem  uruguaia  para  território 
argentino,  no  Rio  da  Prata  e  Rio  Paraná,  constituiu 
fator  essencial  para  o  sucesso  das  ações  militares 
desenvolvidas pelos aliados contra Rosas e Oribe. 

C R O N O L O G I A 
DATA  EVENTO 
1825 a 1828  Guerra Cisplatina. 
1835 a 1838  Cabanagem (Província do Pará). 
Guerra dos Farrapos (Província do Rio 
1835 a 1845 
Grande do Sul). 
1837 a 1838  Sabinada (Província da Bahia). 
Balaiada  (Províncias  do  Maranhão  e 
1838 a 1841 
Piauí). 
Revolta  Praieira  (Província  de 
1848 a 1849 
Pernambuco). 
1850 a 1852  Guerra contra Oribe e Rosas. 
   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 48 
 
EXERCÍCIOS:  argentina. 
(E) Resgate de dois navios mercantes capturados por 
1 ‐ (PS‐RM2‐Praça/2016) – Em qual Guerra o império  corsários 
brasileiro, que se opunha frontalmente à anexação do 
Uruguai  ao  território  da  Argentina,  apoiou  o  governo   
constituído  do  Uruguai,  exercido  pelo  Partido 
Colorado?  4  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  "No  período  regencial,  o 
conturbado ambiente político da Corte se refletiu nas 
(A) Guerra contra Oribe e Rosas.  províncias  do  Império  em  movimentos  armadas  que 
(B) Guerra da Cisplatina.  explodiram  por  todos  os  principais  centros  regionais, 
(C) Guerra do Uruguai.  desde 1831 até os anos de consolidação do reinado de 
(D) Guerra dos Farrapos.  D. Pedro II"  
(E) Guerra Sabinada. 
(Introdução  a  História  Marítima  Brasileira  ‐  Rio  de 
  Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006). 
Com  relação  a  esse  período  da  História  Marítima 
2  ‐  (PS‐RM2‐OF‐EX/2016)  –  O  primeiro  conflito  Brasileira, é correto afirmar que a Marinha 
internacional  que  o  Brasil  participou  após  sua 
Independência foi a Guerra da Cisplatina (1825 ‐1828).  (A) enfrentou grandes inimigos no mar. 
A respeito dessa guerra, é correto afirmar que:  (B) participou de combates navais de duração de 
meses. 
(A) a independência da Cisplatina, sob o nome de  (C) participou do transporte de tropas do Exército 
República Oriental do Uruguai, foi um de seus  Imperial da Corte e de outras províncias, bloqueios e 
resultados.  desembarques. 
(B) devido ao maior poderio naval argentino, a  (D) realizou diversas ações que determinaram o fim 
Esquadra Imperial Brasileira fez uso intensivo da  do escravismo. 
guerra de corso.  (E) consolidou o reinado de D. Pedro II a ponto de 
(C) a causa principal desse conflito foi a invasão  evitar a Guerra do Paraguai. 
paraguaia à Província do Mato Grosso. 
(D) a vitória brasileira se deu em conseqüência de sua   
estratégia naval de bloqueio do Rio da Prata. 
(E) ao bloquear o Rio Paraná, a Tríplice Aliança,  5 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) Assinale a opção que apresenta 
formada por Brasil, Argentina e Uruguai, deu um duro  a  primeira  revolta  ocorrida  no  Grão‐Pará,  no  período 
golpe na Força Nacional Paraguaia.  regencial,  e  que  se  generalizou  em  1835  com  a 
ocupação da capital da província, Belém. 
 
(A) Sabinada. 
3  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  Durante  a  Guerra  Cisplatina,  a  (B) Revolta Praieira. 
Marinha  Imperial  brasileira  lutou  com  a  Força  Naval  (C) Cabanagem. 
argentina  e  com  corsários  que  atacavam  os  navios  (D) Balaiada. 
mercantes brasileiros por toda a nossa Costa. Assinale  (E) Guerra dos Farrapos. 
a  opção  que  apresenta  a  primeira  ação  de  guerra  da 
Força Naval brasileira na Guerra Cisplatina.   

(A) Estabelecimento de um bloqueio fluvial no Rio da  6  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  No  Brasil, 


Prata.  várias  revoltas:  foram  deflagradas  em  diversas 
(B) Abordagem e captura de uma Fragata Argentina.  províncias  e  abafadas  pelo  Governo  Regencial  com  a 
(C) Conquista de uma praça fortificada na margem  utilização  da  Marinha  e  do  Exército,  Dentre  essas 
esquerda do Rio da Prata.  revoltas, pode‐se citar: 
(D) Corte do abastecimento por mar da capital 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 49 
 
(A) Cabanagem, no Pára.     
(B) Revolta Praieira, no Ceará. 
(C) Balaiada, no Rio Grande do Sul. 
(D) Guerra dos Farrapos, no Maranhão e Piauí. 
(E) Sabinada, em São Paulo. 

7 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Em que guerra 
o Brasil recém‐independente envolveu‐se, entre 1825 
e  1828,  com  as  Províncias  Unidas  do  Rio  da  Prata, 
atual  Argentina,  pela  posse  de  uma  Província 
brasileira  que  havia  sido  anexada  por  D.  João  VI,  em 
1821, que e atualmente a atual República Oriental do 
Uruguai? 

(A) Guerra dos Farrapos. 
(B) Guerra da Lagosta. 
(C) Guerra contra Manuel Oribe e Rosas. 
(D) Guerra Cisplatina. 
(E) Guerra do Paraguai. 

8  ‐  (PS‐SMV‐OF/2018)  O  período  regencial  foi 


marcado por diversas revoltas e rebeliões, nas quais a 
atuação  da  Marinha  do  Brasil,  então  Marinha 
Imperial, foi marcante para a resolução dos conflitos. 
Em  qual  embate  o  então  Capitão‐Tenente  Joaquim 
Marques de Lisboa, future Marques de Tamandaré, foi 
nomeado  comandante  da  Força  Naval  em  operação 
contra os insurretos? 

(A) Guerra dos Farrapos. 
(B) Balaiada. 
(C) Sabinada. 
(D) Cabanagem. 
(E) Revolta Praieira. 

Respostas: 
 

1  A  6  A 
2  A  7  D 
3  A  8  B 
4  C     
5  C     
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 50 
 
6  ‐  A  Atuação  da  Marinha  na  Guerra  da  Tríplice  do  argentino  Urquiza.  Tal  não  ocorreu.  Ele 
Aliança contra o Governo do Paraguai  superestimou  o  poderio  econômico  e  militar  do 
Paraguai  e  subestimou  o  potencial  do  Poder  Militar 
A livre navegação nos rios e os limites entre o  brasileiro e a disposição para a luta do Brasil. 
Brasil  e  o  norte  do  Paraguai  eram  motivos  de 
discordância entre os dois países. Não se chegou a um  Os  seguintes  atos  de  hostilidade  do  Paraguai 
acordo  satisfatório  até  a  conclusão  da  Guerra  da  levaram  à  assinatura  do  Tratado  da  Tríplice  Aliança 
Tríplice  Aliança.  Para  os  brasileiros,  era  muito  contra o Governo do Paraguai, pelo Brasil, Argentina 
importante  acessar,  sem  empecilhos,  a  Província  de  e Uruguai, em 1º de maio de 1865: 
Mato  Grosso,  navegando  pelo  Rio  Paraguai.  Sabendo 
disto, os paraguaios mantinham a questão dos limites,   o  apresamento  do  Vapor  brasileiro  Marquês  de 
que  reivindicavam  associada  à  da  livre  navegação.  O  Olinda,  que  viajava  para  Mato  Grosso 
litígio  existia,  principalmente  em  relação  a  um  transportando o novo presidente dessa província, 
território situado à margem esquerda do Rio Paraguai,  em 12 de novembro de 1864, em Assunção; 
entre  os  Rios  Apa  e  Branco,  ocupado  por  brasileiros.   a  invasão  do  Sul  de  Mato  Grosso  por  tropas 
Apesar  dessas  questões,  o  entendimento  entre  o  paraguaias, em 28 de dezembro de 1864; e 
Brasil e o Paraguai era cordial, excetuando‐se algumas   a  invasão  de  território  da  Argentina  por  tropas 
crises que não chegaram a ter maiores conseqüências.  paraguaias,  em  13  de  abril  de  1865,  ocupando  a 
Interessava principalmente ao Império que o Paraguai  Cidade  de  Corrientes  e  apresando  os  vapores 
se  mantivesse  fora  da  Confederação  Argentina,  que  argentinos Gualeguay e 25 de Mayo. 
muitas  dificuldades  lhe  vinha  causando,  com  sua 
A aliança com os argentinos era, na opinião de 
permanente instabilidade política. 
um  dos  observadores  estrangeiros,  uma  “aliança  de 
Com  a  morte  de  Carlos  López,  ascendeu  ao  cão  e  gato”.  Havia  muitas  desavenças  recentes  e  ao 
governo do Paraguai seu filho, Francisco Solano López,  Brasil  não  interessava  subordinar  sua  Força  Naval  a 
que  ampliou  a  política  externa  do  País,  inclusive  um  comandante  argentino.  A  Argentina  possuía, 
estabelecendo laços de amizade com o General Justo  durante essa guerra, apenas uma pequena Marinha e 
José de Urquiza, que liderava a Província argentina de  o  esforço  naval  foi  quase  totalmente  da  Marinha  do 
Entre  Rios,  e  com  o  Partido  Blanco  uruguaio.  Essas  Brasil.  O  Império  não  queria  criar  uma  situação  em 
alianças, sem dúvida, favoreciam o acesso do Paraguai  que um estrangeiro pudesse decidir o destino de seu 
ao mar.  Poder  Naval.  Poder  que  sempre  desempenhara  um 
papel  importante,  de  diferenciador  nos  conflitos  da 
Com  a  invasão  do  Uruguai  por  tropas  região do Rio da Prata. 
brasileiras,  na  intervenção  realizada  em  1864,  contra 
o governo do Presidente uruguaio Manuel Aguirre, do  Isto  significava,  também,  que  no  início  da 
Partido  Blanco,  Solano  López  considerou  que  seu  guerra,  as  operações  envolvendo  forças  navais  e 
próprio país fora agredido e declarou guerra ao Brasil.  terrestres  seriam  operações  conjuntas,  sem  unidade 
Aliás,  ele  havia  enviado  um  ultimato  ao  Brasil,  que  de comando. 
fora  ignorado.  Como  foi  negada  pelos  portenhos 
No  início  da  Guerra  da  Tríplice  Aliança,  a 
permissão  para  que  seu  exército  atravessasse 
Marinha  do  Brasil  dispunha  de  45  navios  armados. 
território  argentino  para  atacar  o  Rio  Grande  do  Sul, 
Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a 
invadiu  a  Província  de  Corrientes,  envolvendo  a 
vapor,  e  12  dependiam  exclusivamente  do  vento.  A 
Argentina no conflito. 
propulsão  a  vapor,  no  entanto,  era  essencial  para 
O  Paraguai  estava  se  mobilizando  para  uma  operar  nos  rios.  Todos  tinham  casco  de  madeira. 
possível  guerra  desde  o  início  de  1864.  López  se  Muitos  deles  já  estavam  armados  com  canhões 
julgava  mais  forte  –  o  que  provavelmente  era  raiados de carregamento pela culatra. 
verdadeiro,  no  final  de  1864  e  início  de  1865  –  e 
Os  navios  brasileiros,  no  entanto,  mesmo  os 
acreditava  que  teria  o  apoio  dos  blancos  uruguaios  e 
de  propulsão  mista,  eram  adequados  para  operar  no 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 51 
 
mar  e  não  nas  condições  de  águas  restritas  e  pouco  principais  vias  de  comunicação  da  região,  e  navios  e 
profundas que o teatro de operações nos Rios Paraná  embarcações  teriam  que  transportar  os  suprimentos 
e Paraguai exigia; a possibilidade  de encalhar era um  para as tropas, o carvão para servir como combustível 
perigo  sempre  presente.  Além  disso,  esses  navios,  dos próprios navios e, muitas vezes, soldados, cavalos 
com  casco  de  madeira,  eram  muito  vulneráveis  à  e armamento. 
artilharia de terra, posicionada nas margens. 
Com o avanço das tropas paraguaias ao longo 
Era  uma  época  de  freqüentes  inovações  do  Rio  Paraná,  ocupando  a  Província  de  Corrientes, 
tecnológicas  no  hemisfério  norte  e  a  Guerra  Civil  Tamandaré  resolveu  designar  seu  chefe  de  estado‐
Americana  trouxera  muitas  novidades  para  a  guerra  maior,  o  Chefe‐deDivisão  Francisco  Manoel  Barroso 
naval  e,  especificamente,  para  o  combate  nos  rios.  da  Silva,  para  assumir  o  comando  da  Força  Naval 
Sua  influência,  logo  depois  dessa  primeira  fase  de  brasileira, que subira o rio para efetivar o bloqueio do 
navios  de  madeira,  na  Guerra  da  Tríplice  Aliança  fez‐ Paraguai.  Ele  queria  mais ação.  Barroso  partiu  em  28 
se  sentir,  principalmente,  com  o  aparecimento  dos  de  abril  de  1865,  na  Fragata  Amazonas,  e  assumiu  o 
navios  protegidos  por  couraça  de  ferro,  projetados  cargo  em  Bela  Vista.  Sua  primeira  missão  foi  um 
para a guerra fluvial, e a mina naval.  ataque  à  Cidade  de  Corrientes,  então  ocupada  pelos 
paraguaios.  O  desembarque  das  tropas  aliadas  em 
Todos  os  navios  da  Esquadra  paraguaia,  Corrientes ocorreu com bom êxito no dia 25 de maio. 
exceto um, eram navios de madeira, mistos, a vela e a 
vapor, com propulsão por rodas de pás. Embora todos  Não  era,  sabidamente,  possível  manter  a 
eles  fossem  adequados  para  navegar  nos  rios,  posse  dessa  cidade  na  retaguarda  das  tropas 
somente  o  Taquary  era  um  verdadeiro  navio  de  invasoras,  principalmente  naquele  momento  da  luta, 
guerra;  os  outros,  apesar  de  convertidos,  não  foram  em  que  os  paraguaios  mantinham  uma  ofensiva 
projetados para tal.  vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá‐la. Mas, o 
ataque  deteve  o  avanço  paraguaio  para  o  Sul.  Ficou 
Os  paraguaios  desenvolveram  a  chata  com  evidente  que  a  presença  da  Força  Naval  brasileira 
canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo  deixava o flanco direito dos invasores, que se apoiava 
chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas  no  Rio  Paraná,  sempre  muito  vulnerável.  Para  os 
de calibre, que era rebocado até o local de utilização,  paraguaios,  era  necessário  destruí‐la  e  isto  levou 
onde  ficava  fundeado.  Transportava  apenas  a  Solano  López  a  planejar  a  ação  que  levaria  à  Batalha 
guarnição  do  canhão  e  sua  borda  ficava  próximo  da  Naval do Riachuelo. 
água,  deixando  à  vista  um  reduzidíssimo  alvo.  Via‐se 
somente  a  boca  do  canhão  acima  da  superfície  da  Os  preparativos  para  o  ataque  aos  navios 
água.  brasileiros foram realizados sob a orientação direta do 
próprio  López.  O  plano  consistia  em  surpreender  os 
O  bloqueio  do  Rio  Paraná  e  a  Batalha  Naval  do  navios  brasileiros  fundeados,  abordá‐los  e,  após  a 
Riachuelo  vitória,  rebocá‐los  para  Humaitá.  Por  isso,  os  navios 
O  Paraguai  enviou  duas  colunas  de  tropas  paraguaios estavam superlotados com tropas. 
invasoras,  uma  destinada  ao  Rio  Grande  do  Sul  e  Tirando  o  máximo  proveito  do  terreno  ao 
outra  para  o  sul,  em  território  argentino,  longo  do  Rio  Paraná,  ele  mandou,  também,  assentar 
acompanhando o Rio Paraná.  canhões  nas  barrancas  da  Ponta  de  Santa  Catalina, 
Foi  designado  comandante  das  Forças  Navais  que  fica  imediatamente  antes  da  foz  do  Riachuelo,  e 
Brasileiras  em  Operação  o  Almirante  Joaquim  reforçar com tropas de infantaria o Rincão de Lagraña, 
Marques Lisboa, Visconde de Tamandaré. A estratégia  que lhe fica rio abaixo. 
naval  adotada  foi  a  de  negar  o  acesso  ao  território  Da extremidade Sul do Rincão de Lagraña, que 
paraguaio  através  do  bloqueio.  Tamandaré,  logo  no  tem  uma  barranca  mais  elevada,  os  paraguaios 
início,  tratou  também  de  organizar  a  difícil  logística  podiam atirar, de cima, sobre os conveses dos navios 
que  o  teatro  de  operações  exigia.  Os  rios  eram  as 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 52 
 
brasileiros  que  escapassem,  descendo  o  Paraná.  O  proximidades da margem esquerda, logo após o local 
local  era  perfeito  para  uma  armadilha,  pois  o  canal  onde estavam as baterias de terra. Fechou‐se, assim, a 
navegável  era  estreito  e  tortuoso,  com  risco  de  armadilha em uma extensão de uns seis quilômetros, 
encalhe  em  bancos  submersos,  o  que  forçava  as  ao  longo  de  um  trecho  do  Paraná,  junto  à  foz  do 
embarcações  a  passarem  próximo  à  margem  Riachuelo. 
esquerda. 
Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com 
Na  noite  de  10  para  11  de  junho  de  1865,  a  o Belmonte à frente, seguido pelo Jequitinhonha e por 
Força  Naval  brasileira  comandada  por  Barroso,  outros navios, avistou as barrancas de Santa Catalina. 
constituída  pela  Fragata  Amazonas  e  pelos  Vapores  Somente  mais  adiante,  já  com  as  barrancas  pelo 
Jequitinhonha,  Belmonte,  Beberibe,  Parnaíba,  través,  era  possível  ter  a  visão  completa  da  curva  do 
Mearim,  Araguari,  Iguatemi  e  Ipiranga,  estava  Rincão  de  Lagraña,  rio  abaixo  da  foz  do  Riachuelo, 
fundeada  ao  sul  da  Cidade  de  Corrientes,  próximo  à  onde estavam parados os navios e as chatas da força 
margem  direita,  em  um  trecho  largo  do  rio.  De  lá  paraguaia. A vegetação impedia que se soubesse que 
avistaram,  pouco  depois  das  oito  horas  da  manhã,  a  as barrancas de Santa Catalina estavam artilhadas. 
força  paraguaia  comandada  pelo  Capitão‐de‐Fragata 
Pedro  Inácio  Mezza,  com  os  navios:  Tacuary,  Barroso  resolveu  deter  a  Amazonas, 
Paraguary,  Igurey,  Ipora,  Jejuy,  Salto  Oriental,  reservando‐a  para  interceptar  uma  possível  fuga  dos 
Marquês de Olinda e Pirabebe; rebocando seis chatas  paraguaios  rio  acima.  Alguns  navios  brasileiros  não 
artilhadas.  entenderam  a  manobra  e  ficaram  indecisos.  Como 
conseqüência,  o  Jequitinhonha  encalhou  num  banco, 
Mezza  se  atrasara  devido  a  problemas  na  sob  as  baterias  de  terra,  e  o  Belmonte,  à  frente, 
propulsão de um de seus navios, o Ibera, que acabou  prosseguiu sozinho, recebendo o fogo concentrado da 
sendo  deixado  para  trás.  As  chatas  que  rebocava  artilharia  do  inimigo  e  tendo  que  encalhar, 
tinham  uma  pequena  borda‐livre,  fazendo  água  propositadamente,  após  completar  a  passagem  para 
quando  os  navios  aumentavam  a  velocidade  não afundar, devido às avarias sofridas em combate. 
procurando recuperar o tempo perdido. 
Para  reorganizar  sua  força  naval,  Barroso 
Ele  decidiu  não  largar  as  chatas,  pois  sua  avançou  com  a  Amazonas,  assumiu  a  liderança  dos 
presença na batalha era uma determinação de López,  navios  que  estavam  a  ré  do  Belmonte  e,  seguido  por 
e, chegando tarde, desistiu de iniciar o combate com a  eles,  completou  a  passagem  sob  o  fogo  dos  canhões 
abordagem.  Julgava  que  não  havia  surpreendido  os  paraguaios e da fuzilaria de terra. Afastou‐se, depois, 
brasileiros  e  é  acusado  de  ter,  assim,  perdido  sua  descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove 
melhor chance de vitória. A surpresa, na realidade, foi  navios,  porque  o  Parnaíba,  com  o  leme  avariado, 
maior até do que se poderia supor. Era uma manhã de  também  não  conseguira  passar.  Completou‐se  assim, 
domingo,  parte  das  guarnições  estava  em  terra  para  às 12h10min, a primeira fase da batalha. 
trazer  lenha,  com  o  propósito  de  poupar  carvão.  É 
sempre difícil manter um estado prolongado de alerta  Então,  Barroso  mostrou  toda  a  sua  coragem, 
quando  as  ameaças  não  se  fazem  freqüentemente  decidindo  regressar  para  o  interior  da  armadilha  de 
sensíveis.  Riachuelo.  Foi  necessário  descer  o  rio  até  um  lugar 
onde  o  canal  permitia  fazer  a  volta  com  os  navios  e, 
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou  cerca de uma hora depois, ele estava novamente em 
para  o  iminente  combate,  as  tripulações  assumindo  frente à ponta sul do Rincão de Lagraña. 
seus  postos,  despertando  o  fogo  das  fornalhas  das 
caldeiras  com  carvão  e  largando  as  amarras.  Às  Até  aquele  instante,  o  resultado  era 
9h25min,  dispararam‐se  os  primeiros  tiros  de  altamente  insatisfatório  para  o  Brasil.  O  Belmonte 
artilharia. Passou, logo em seguida, a força paraguaia,  fora  de  ação,  o  Jequitinhonha  encalhado,  para 
em  coluna,  pelo  través  da  brasileira,  ainda  sempre,  e  o  Parnaíba  sendo  abordado  e  dominado 
imobilizada,  indo,  logo  depois,  rio  abaixo,  para  as  pelo  inimigo,  apesar  de  resistência  heróica  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 53 
 
brasileiros,  como  o  GuardaMarinha  Guilherme  território  inimigo.  Além  disto,  apesar  de  não 
Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que lutaram  comentarem, na época, não seria sensato abordar um 
até a morte.  navio lotado com tropas.  

Tirando,  porém,  vantagem  do  porte  da  Antes  do  pôr‐do‐sol  de  11  de  junho,  a  vitória 
Amazonas  e  contando  com  a  perícia  do  prático  era  brasileira.  Foi  uma  batalha  naval,  em  alguns 
argentino  que  tinha  a  bordo,  Barroso  usou  seu  navio  aspectos, decisiva. 
para  abalroar  os  paraguaios  e  vencer  a  batalha.  Foi 
um  improviso,  seu  navio  não  tinha  a  proa  A  Esquadra  paraguaia  foi  praticamente 
propositadamente  reforçada  para  ser  empregada  aniquilada, e não teria mais participação relevante no 
como aríete.  conflito.  Estava  garantido  o  bloqueio  que  impediria 
que o Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo, 
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe‐ os  navios  encouraçados  encomendados  no  exterior. 
de‐Divisão  Barroso,  na  parte  que  transmitiu  ao  Comprometeu,  também,  a  situação  das  tropas 
Visconde  de  Tamandaré,  assim  se  deu  a  batalha  invasoras  e,  pouco  tempo  depois,  a  guerra  passou 
(grafia de época):  para o território paraguaio. 

–  “....Subi,  minha  resolução  foi  de  acabar  de  uma  Barroso,  sem  dúvida,  foi  o  responsável  pelo 
vez,  com  tôda  a  esquadra  paraguaya,  que  eu  teria  bom êxito de sua força naval em Riachuelo. O futuro 
conseguido  se  os  quatro  vapôres  que  estavam  mais  acima  Barão  de  Teffé  declarou  que  o  vira,  do  Araguari,  em 
não  tivessem  fugido.  Pus  a  prôa  sôbre  o  primeiro,  que  o 
plena batalha, destemido, expondo‐se sobre a roda da 
escangalhei,  ficando  inutilisado  completamente,  de  agoa 
Amazonas,  com  a  barba  branca,  que  deixara  crescer, 
aberta,  indo  pouco  depois  ao  fundo.  Segui  a  mesma 
ao  vento  e  sentira  por  ele  um  grande  respeito  e 
manobra  contra  o  segundo,  que  era  o  Marques  de  Olinda, 
que inutilisei, e depois o terceiro, que era o Salto, que ficou  admiração. 
pela  mesma  fórma.  Os  quatro  restantes  vendo  a  manobra 
A  cidade  de  Corrientes  continuava  ocupada 
que  eu  praticava  e  que  eu  estava  disposto  a  fazer‐lhes  o 
pelo  inimigo  e  a  Força  Naval  brasileira,  que  mostrara 
mesmo,  trataram  de  fugir  rio  acima.  Em  seguimento  ao 
terceiro  vapor  destruído,  aproei  a  uma  chata  que  com  o  sua  presença,  fundeada  próxima  a  ela,  precisou 
choque e um tiro foi a pique.  iniciar,  alguns  dias  após  o  11  de  junho,  a  descida  do 
rio, que estava baixando. 
Exmº  Sr.  Almirante,  todas  estas  manobras  eram 
feitas pela Amazonas, debaixo do mais vivo fogo, quer dos  Os  paraguaios  haviam  retirado  suas  baterias, 
navios e chatas, como das baterias de terra e mosquetaria  que  estavam  na  Ponta  de  Santa  Catalina,  e  as 
de mais de mil espingardas. A minha tenção era destruir por  instalaram, primeiro em Mercedes, depois em Cuevas, 
esta forma toda a Esquadra Paraguaya, do que andar para  criando dificuldades para o abastecimento dos navios 
baixo e para cima, que necessariamente mais cedo ou mais 
brasileiros, que era realizado pelo rio. Sob todos esses 
tarde  havíamos  de  encalhar,  por  ser  naquella  localidade  o 
aspectos,  incluindo  a  diminuição  do  nível  do  Rio 
canal mui estreito. 
Paraná, que aumentava o risco de encalhe, a posição 
Concluída  esta  faina,  seriam  4  horas  da  tarde,  da Força Naval, avançada em território ainda ocupado 
tratei  de  tomar  as  chatas,  que  ao  approximar‐me  d’ellas  por tropas do Paraguai, mostrava‐se muito vulnerável. 
eram abandonadas, saltando todos ao rio, e nadando para 
terra,  que  estava  a  curta  distância.  O  quarto  vapor  Barroso passou com seus navios por Mercedes 
paraguayo  Paraguary,  de  que  ainda  não  fallei,  recebeu  tal  e  Cuevas,  enfrentando  a  artilharia  paraguaia,  e 
rombo  no  costado  e  caldeiras,  quando  desceram,  que  foi  somente  regressou  passados  alguns  meses,  apoiando 
encalhar em uma ilha em frente, e toda a gente saltou para  o  avanço  das  tropas  aliadas,  que  progrediam 
ella, fugindo e abandonando o navio”.  aproveitando o recuo do inimigo. 
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e,  Tudo levava à ilusão de que a Tríplice Aliança 
com a aproximação da noite, os navios brasileiros que  venceria  a  guerra  em  pouco  tempo,  mas  tal  não 
os  perseguiam  regressaram,  para  evitar  encalhes  em  ocorreu. O que parecia fácil estagnou. O Paraguai era 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 54 
 
um  país  mobilizado  para  a  guerra  que,  aliás,  foi  ele  encouraçados já estavam disponíveis nessa força. Um 
que iniciou, achando que tinha vantagens.  deles  tinha  o  nome  de  Barroso,  e  outro  o  de 
Tamandaré.  Era  uma  grande  homenagem,  em  vida, 
Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável  aos dois ilustres chefes. 
enquanto não estivessem disponíveis os novos meios 
navais  que  estavam  em  obtenção  pelo  Brasil:  os  A  ofensiva  aliada  para  a  invasão  do  Paraguai 
navios encouraçados.  necessitava  de  apoio  naval.  Passo  da  Pátria  foi  uma 
operação  conjunta  de  forças  navais  e  terrestres. 
Para  avançar  ao  longo  do  Rio  Paraguai,  era  Coube,  inicialmente,  à  Marinha  fazer  os 
necessário  vencer  diversas  passagens  fortificadas,  levantamentos  hidrográficos,  combater  as  chatas 
destacando‐se,  inicialmente,  Curuzu,  Curupaiti  e  paraguaias  e  bombardear  o  Forte  de  Itapiru  e  o 
Humaitá.  Navios  oceânicos  de  calado  inapropriado  acampamento inimigo. Em março de 1866, já estavam 
para  navegar  em  rios,  de  casco  de  madeira,  sem  disponíveis  nove  navios  encouraçados,  inclusive  três 
couraça,  como  os  da  Força  Naval  brasileira  que  construídos  no  Brasil:  Tamandaré,  Barroso  e  Rio  de 
combatera  em  Riachuelo,  não  teriam  bom  êxito.  Era  Janeiro.  A  reação  da  artilharia  paraguaia  ceifou  vidas 
evidente  que  o  Brasil  necessitava  de  navios  preciosas,  como  a  do  Tenente  Mariz  e  Barros, 
encouraçados  para  o  prosseguimento  das  ações  de  comandante do Tamandaré. 
guerra. Os obstáculos e fortificações de Humaitá eram 
uma séria ameaça, mesmo para estes navios.  Houve,  depois,  perfeita  cooperação  entre  as 
forças,  na  grande  operação  de  desembarque  que 
Navios encouraçados e a invasão do Paraguai  ocorreu  em  16  de  abril  de  1866.  Enquanto  parte  da 
Os  navios  encouraçados  começaram  a  chegar  Força  Naval  bombardeava  a  margem  direita  do  Rio 
à  frente  de  combate  em  dezembro  de  1865.  O  Paraná,  de  modo  a  atrair  a  atenção  do  inimigo,  os 
Encouraçado  Brasil,  encomendado  após  a  Questão  transportes avançaram e entraram no Rio Paraguai. 
Christie  na  França,  foi  o  primeiro  que  chegou  a  Os navios transportaram inicialmente cerca de 
Corrientes em dezembro de 1865.  45  mil  homens,  de  um  efetivo  de  66  mil  (38  mil 
No  Arsenal  de  Marinha  da  Corte,  no  Rio  de  brasileiros,  25  mil  argentinos  e  3  mil  uruguaios), 
Janeiro,  iniciara‐se  a  construção  de  outros  navios  artilharia,  cavalos  e  material.  O  General  Osório  foi  o 
encouraçados, especificados para lutar naquele teatro  primeiro a desembarcar  em território inimigo. Com a 
de  operações  fluviais.  O  projeto  e  a  construção  invasão,  os  paraguaios  abandonaram  Itapiru  e  Passo 
estavam  a  cargo  de  brasileiros,  como  os  engenheiros  da Pátria e, após tentativas infrutíferas de derrotar o 
Napoleão  Level  e  Carlos  Braconnot.  Destacou‐se,  invasor em Estero Bellaco e Tuiuti, concentraram suas 
também,  o  Capitãode‐Fragata  Henrique  Antônio  defesas  nas  fortificações  que  barravam  o  caminho: 
Baptista,  especialista  em  armamento,  que  também  Curuzu, Curupaiti e Humaitá. 
chefiara  o  recebimento  e  trouxera  o  Encouraçado  Curuzu e Curupaiti 
Brasil da França. 
Em  31  de  agosto  de  1866,  as  tropas 
Durante  a  guerra,  foram  incorporados  à  comandadas pelo General Manoel Marques de Souza, 
Armada  brasileira  17  navios  encouraçados,  incluindo  o Barão de Porto Alegre, desembarcaram na margem 
alguns  classificados  como  monitores,  que  obedeciam  esquerda  para  atacar  Curuzu  e,  no  dia  seguinte,  os 
a características de projeto inovadoras, desenvolvidas  navios começaram a bombardear a fortificação. 
poucos anos antes na Guerra Civil Americana. 
Em  2  de  setembro,  o  navio  encouraçado  Rio 
Em  21  de  fevereiro  de  1866,  Tamandaré  de  Janeiro  foi  atingido  por  duas  minas  flutuantes  e 
chegou  a  Corrientes  e  assumiu  o  comando  da  Força  afundou com perda de vidas humanas. 
Naval, mantendo Barroso como seu chefe de estado‐
maior. Em 17 de março, os navios suspenderam para  Curuzu  foi  conquistada  pelo  Barão  de  Porto 
iniciar  as  operações  rio  acima.  Quatro  dos  Alegre, apoiado pelo fogo naval, em 3 de setembro. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 55 
 
O  próximo  ataque  foi  a  Curupaiti.  O  cebeu,  logo  depois,  o  título  de  Barão  de  Inhaúma. 
Presidente  argentino,  General  Bartolomeu  Mitre,  Participaram  da  passagem  dez  navios  encouraçados 
comandante  das  Forças  da  Tríplice  Aliança,  assumiu  que,  em  seguida,  fundearam  um  pouco  abaixo  de 
pessoalmente  o  comando  da  operação.  Apesar  do  Humaitá e começaram a bombardeá‐la. 
intenso  bombardeio  naval,  o  ataque  aliado,  ocorrido 
em 22 de setembro, levou à maior derrota da Tríplice  A  posição  desses  navios,  porém,  expunha‐os 
Aliança nessa guerra.   aos  tiros  das  fortificações  paraguaias  e  Inhaúma 
considerava  que  ainda  não  era  o  momento  de  forçar 
Seguiram‐se  acusações  e  críticas,  que  Humaitá. Caxias apoiou esta decisão. 
causaram  uma  crise  entre  Mitre  e  Tamandaré.  O 
preparo  da  operação,  sem  dúvida,  fora  insuficiente  e  O apoio logístico a essa Força Naval operando 
as  dificuldades  do  ataque  incorretamente  avaliadas.  entre  Curupaiti  e  Humaitá  era  muito  difícil  e  exigiu 
Como  Mitre  permaneceria  exercendo  o  comando  que  os  brasileiros  fizessem  o  caminho  pela  margem 
geral  dos  Exércitos  Aliados,  o  governo  brasileiro  direita  do  Rio  Paraguai,  no  Chaco.  Logo  depois 
aceitou o pedido de afastamento feito anteriormente  construiu‐se  uma  pequena  ferrovia  nesse  caminho, 
por Tamandaré. Ele e Barroso foram substituídos, não  para transportar as provisões necessárias. 
mais participando das operações dessa guerra.  Para apoiar o material das forças em combate, 
Caxias e Inhaúma  construíra‐se  um  arsenal  em  Cerrito,  próximo  à 
confluência dos Rios Paraguai e Paraná. Graças a ele, 
O  Marquês  de  Caxias,  General  Luís  Alves  de  foi possível fazer essa estrada de ferro. 
Lima  e  Silva,  futuro  Duque  de  Caxias  e  Patrono  do 
Exército  Brasileiro,  foi  designado  para  o  cargo  de  Ultrapassar  Humaitá  com  uma  força  naval  e 
Comandante‐em‐Chefe  das  Forças  Brasileiras  em  mantê‐la  rio  acima  exigiria  também  uma  base  de 
Operações contra o Governo do Paraguai.  suprimentos  rio  acima.  Caxias,  após  reorganizar  as 
forças terrestres brasileiras, iniciou, em julho de 1867, 
O  comando  da  Força  Naval  coube  ao  Chefe‐ a  marcha  de  flanco  e  ocupou  Tayi,  no  Rio  Paraguai, 
de‐Esquadra Joaquim José Ignácio, futuro Visconde de  acima de Humaitá, que serviria depois para apoiar os 
Inhaúma,  que  assumiu  seu  cargo,  substituindo  navios. 
Tamandaré,  em  22  de  dezembro  de  1866.  Ele  estava 
subordinado a Caxias, mas não a Mitre.  Em  dezembro  de  1867,  os  três  primeiros 
monitores  construídos  no  Arsenal  de  Marinha  da 
Caxias empregou com maestria a Força Naval  Corte  chegaram  à  frente  de  combate.  Esses 
de Inhaúma, para apoiar sua ofensiva ao longo do Rio  monitores,  por  suas  características,  seriam 
Paraguai,  até  a  ocupação  da  cidade  de  Assunção;  importantes para o prosseguimento das operações. 
bombardeando  fortificações;  fazendo 
reconhecimentos  pelo  rio;  transportando  tropas  de  Em  14  de  janeiro  de  1868,  Mitre  precisou 
uma  margem  para  a  outra,  para  contornar  o  flanco  reassumir  a  presidência  da  Argentina  e  passou 
inimigo; e fazendo o apoio logístico necessário.  definitivamente o comando‐emchefe dos Exércitos da 
Tríplice Aliança para Caxias. 
Passagem de Curupaiti 
Passagem de Humaitá 
Há  meses  que  a  Força  Naval  bombardeava 
diariamente  Curupaiti,  tentando  diminuir  seu  poder  Na  madrugada  de  19  de  fevereiro  de  1868, 
de fogo e abalar o moral dos defensores.  iniciou‐se a Passagem de Humaitá. 

Em  15  de  agosto  de  1867,  já  promovido  a  A  Força  Naval  de  Inhaúma  intensificou  o 
Vice‐Almirante,  Joaquim  Ignácio  comandou  a  bombardeio  e  a  Divisão  Avançada,  comandada  pelo 
Passagem  de  Curupaiti,  enfrentando  o  fogo  das  Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra  Delfim  Carlos  de  Carvalho, 
baterias  de  terra  e  obstáculos  no  rio.  Pelo  feito,  re‐ depois  Almirante  e  Barão  da  Passagem,  avançou  rio 
acima.  Essa  divisão  era  formada  por  seis  navios:  os 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 56 
 
Encouraçados  Barroso,  Tamandaré  e  Bahia  e  os  Logo,  Caxias  alcançou  Palmas  e  iniciou  seus 
Monitores Rio Grande, Pará e Alagoas.  planos  para  atacar  a  nova  posição  do  inimigo,  em 
Piquissiri. Ele próprio efetuou vários reconhecimentos 
Eles  acometeram  a  passagem  formando  três  empregando os navios e decidiu por não realizar uma 
pares compostos, cada um, por um encouraçado e um  ação  frontal.  Para  atacar  os  paraguaios  pela 
monitoramarrado ao seu contrabordo.  retaguarda,  era  preciso  utilizar  a  margem  direita, 
Após a passagem, três dos seis navios tiveram  onde  se  situava  o  Chaco,  um  alagadiço  quase 
que  ser  encalhados,  para  não  afundarem  devido  às  intransponível, exposto às inundações. 
avarias  sofridas  no  percurso.  O  Alagoas  foi  atingido  A genial manobra do Piquissiri, que contornou 
por mais de 160 projéteis.  a  posição  do  inimigo,  foi  uma  operação  em  que  a 
Estava, no entanto, vencida Humaitá, que aos  Força  Naval  exerceu  um  papel  relevante.  Foi 
poucos  seria  desguarnecida  pelos  paraguaios.  Solano  construída  uma  estrada  pelos  pântanos  do  Chaco, 
López  decidiu  que  era  necessário  retirar‐se  com  seu  ultrapassando  diversos  cursos  d’água,  para  que  as 
exército  para  uma  nova  posição  defensiva,  mais  ao  tropas,  que  cruzaram  o  rio  nos  navios,  avançassem 
norte.  pela  margem  direita  até  um  ponto  em  que  podiam 
embarcar novamente, para serem transportadas para 
O recuo das forças paraguaias  a margem esquerda, acima das posições inimigas. Em 
4 de dezembro, a Força Naval apoiou o desembarque 
Na madrugada de 3 de março de 1868, López 
das  tropas  em  Santo  Antônio,  sobre  a  retaguarda 
se  retirou  de  Humaitá  com  cerca  de  12  mil  homens. 
paraguaia. 
Os aliados fecharam o cerco. 
O  ataque  de  Caxias  para  o  Sul  é  conhecido 
Em  25  de  julho,  os  últimos  defensores 
como  a  Dezembrada.  Ocorreu  uma  sucessão  de 
abandonaram Humaitá, que foi ocupada pelos aliados. 
combates  terrestres,  dos  quais  se  destacam  Itororó, 
Era  preciso  reforçar  o  cerco  para  evitar  que  eles  se 
Avaí e Lomas Valentinas. Ao final, as forças paraguaias 
juntassem ao grosso do Exército paraguaio. Para isso, 
estavam derrotadas e López fugiu. 
os aliados criaram uma flotilha de escaleres, lanchas e 
canoas  para  bloquear  a  passagem  dos  fugitivos  pela  Não se rendendo, apesar de seu exército estar 
Lagoa Verá.  praticamente  aniquilado,  ele  conseguiu  prolongar  a 
guerra por mais de um ano, na região montanhosa do 
Os  combates  que  ali  ocorreram,  corpo‐a‐
Norte  de  seu  país,  na  chamada  Campanha  da 
corpo,  entre  as  tripulações  de  embarcações, 
Cordilheira,  causando  enormes  sacrifícios  a  todos  os 
constituíram  um  dos  conjuntos  de  episódios  mais 
envolvidos, principalmente ao povo paraguaio. 
dramáticos da guerra. Participaram deles, com grande 
bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes  A ocupação de Assunção e a fase final da guerra 
Saldanha da Gama e Júlio de Noronha, entre outros. 
Ao final, renderam‐se 1.300 paraguaios.  Como  não  havia  mais  obstáculos  até 
Assunção,  ela  foi  ocupada  pelos  aliados  e  a  Força 
O avanço aliado e a Dezembrada  Naval  fundeou  em  frente  à  cidade,  em  janeiro  de 
1869. 
Superado  o  obstáculo  de  Humaitá,  Caxias 
pôde avançar para o norte. Era necessário que a Força  Em  fevereiro,  o  Chefe‐de‐Esquadra  Elisário 
Naval  acompanhasse  o  movimento  das  forças  Antônio  dos  Santos  assumiu  o  comando  da  Força 
terrestres  aliadas  e,  no  dia  16  de  agosto  de  1868,  Naval.  Ficaram  no  Paraguai  os  navios  de  menor 
Inhaúma  começou a subir o Rio Paraguai. A partir  de  calado,  mais  úteis  para  atuar  nos  afluentes.  Uma 
então,  os  navios  participaram  das  operações  Força  Naval  subiu  o  Rio  Paraguai  até  território 
prestando o apoio determinado por Caxias.  brasileiro,  em  Mato  Grosso.  Houve  um  último 
combate no Rio Manduvirá. Seguiu‐se a Campanha da 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 57 
 
Cordilheira, em que a Marinha não mais confrontou o  Fortaleza de Curuzu. 
inimigo.  As  tropas  brasileiras,  comandadas 
pelo  Barão  de  Porto  Alegre, 
Em  1870,  o  Paraguai  estava  derrotado  e  seu  31/08/1866  desembarcam  para  a  tomada  do 
povo dizimado.  Forte  de  Curuzu,  apoiadas  pelo  fogo 
dos navios. 
A  Guerra  foi  muito  importante  para  a  A  Marinha  perde  o  Encouraçado  Rio 
consolidação  dos  Estados  Nacionais  na  região  do  Rio  02/09/1866  de  Janeiro,  posto  a  pique  pela 
da  Prata.  Foi  durante  o  conflito  que  a  unidade  da  explosão de duas minas flutuantes. 
Argentina se consolidou. Para o Brasil, foi um grande  03/09/1866  Tomada da Fortaleza de Curuzu. 
A Esquadra bombardeia pesadamente 
desafio que mobilizou o País e uniu sua população. Foi 
o  Forte  de  Curupaiti,  enquanto 
lá que os brasileiros das diferentes regiões do País se  tentavam  conquistá‐lo.  Percebendo  a 
conheceram  melhor,  passando  a  se  respeitar  e  a  se  22/09/1866 
impossibilidade  de  tomar  a  praça, 
entender.  ordena a retirada. Foi a maior derrota 
da Tríplice Aliança nessa guerra. 
C R O N O L O G I A  O  Chefe‐de‐Esquadra  Joaquim  José 
DATA  EVENTO  Ignácio  recebe  do  Almirante 
22/12/1866 
O  governo  paraguaio  apreende  o  Tamandaré  o  comando  da  Esquadra 
Navio  Mercante  brasileiro  Marquês  Brasileira em Operações no Paraguai. 
de  Olinda,  quando  este  navegava  30  A  Esquadra  brasileira  inicia  os 
12/11/1864  13/01/1867 
milhas  acima  de  Assunção,  rumo  ao  bombardeios ao Forte de Curupaiti. 
Mato  Grosso  levando  o  novo  O  Vice‐Almirante  Joaquim  José 
presidente dessa província.  15/08/1867  Ignácio  comanda  a  1ª  Passagem  de 
Forças  paraguaias  invadem  a  Curupaiti. 
28/12/1864  Província do Mato Grosso, atacando e  Os  Monitores  Pará,  Rio  Grande  e 
ocupando o Forte Coimbra.  Alagoas  forçam  durante  a  noite  a 
O  Império  do  Brasil  declara  Passagem de Curupaiti, indo reunir‐se 
27/01/1865  oficialmente  que  responderá  às  13/02/1868 
aos  encouraçados  que  se  destinavam 
hostilidades do Paraguai.  a  passar  Humaitá.  (2ª  Passagem  de 
Parte  de  Buenos  Aires  uma  Força  Curupaiti). 
05/04/1865  Naval  brasileira  para  bloquear  o  Rio  Inicia‐se  a  Passagem  de  Humaitá.  (1ª 
Paraná.  19/02/1868 
Passagem de Humaitá). 
O Governo paraguaio declara guerra à  A  Fortaleza  de  Curupaiti  é 
13/04/1865  Argentina e forças paraguaias atacam  21/03/1868 
conquistada. 
Corrientes.  A  Divisão  Avançada  da  Esquadra, 
Assinado  em  Buenos  Aires  o  Tratado  composta  dos  Encouraçados  Bahia, 
01/05/1865  da Tríplice Aliança, entre os governos  Barroso  e  Tamandaré  e  dos 
do Brasil, Argentina e Uruguai.  Monitores  Rio  Grande  e  Pará, 
O  Chefe‐de‐Divisão  Francisco  Manoel  02/05/1868  transporta  para  a  Península  do  Araça 
Barroso  da  Silva  assume  o  comando  as  tropas  que  cortarão  as 
20/05/1865 
das  duas  divisões  navais  brasileiras  comunicações  do  inimigo 
incumbidas do bloqueio.  concentrado  em  Humaitá,  impedindo 
Forças  paraguaias  invadem  a  o recebimento de socorro. 
10/06/1865 
Província do Rio Grande do Sul.  Os  Encouraçados  Cabral,  Silvado  e 
11/06/1865  Batalha Naval do Riachuelo.  Piauí forçam a Passagem de Humaitá, 
21/07/1868 
O  Vice‐Almirante  Tamandaré,  para  se  reunirem  à  Divisão  do  Chefe 
Comandante‐em‐Chefe  da  Esquadra  Delfim. (2ª Passagem de Humaitá). 
21/02/1866 
brasileira,  chega  à  cidade  argentina  As  tropas  aliadas  conquistam  a 
25/07/1868 
de Corrientes.  Fortaleza de Humaitá. 
Inicia‐se  a  travessia  de  Passo  da  Combate  na  Lagoa  Verá  entre 
16/04/1866 
Pátria.  01/08/1868  chalanas  paraguaias  e  escaleres  dos 
Início  do  reconhecimento,  pelos  navios brasileiros. 
27/07/1866 
navios  da  Esquadra,  da  área  da  16/08/1868  Início da Dezembrada. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 58 
 
O  Barão  da  Passagem,  Chefe‐de‐
Divisão  Delfim  Carlos  de  Carvalho, 
comandando  uma  divisão  composta 
do  Encouraçado  Bahia,  e  dos 
30/08/1868 
Monitores Alagoas, Ceará, Pará, Piauí 
e Rio Grande, entra pelo Rio Tebiquari 
para  proteger  a  passagem  do 
Exército. 
Os  Encouraçados  Bahia,  Barroso, 
Tamandaré  e  Silvado  forçam  as 
baterias  de  Angostura,  ao  mesmo 
01/10/1868 
tempo que os encouraçados restantes 
bombardeam  o  acampamento 
inimigo. 
A  Esquadra  bombardea  as 
19/11/1868  fortificações de Angostura – manobra 
do Pissiquiri. 
A  Esquadra  inicia  a  passagem  do 
04/12/1868  Exército do Chaco para a Barranca de 
Santo Antônio. 
Tropas  brasileiras,  sob  o  comando  o 
01/01/1869  Coronel  Hermes  da  Fonseca,  ocupam 
Assunção, que se encontrava deserta. 
O  Vice‐Almirante  Joaquim  José 
Ignácio, gravemente enfermo, deixa o 
16/01/1869  comando  da  Esquadra  brasileira  em 
Operações  no  Paraguai  e  regressa  ao 
Rio de Janeiro. 
O Chefe‐de‐Esquadra Elisário Antônio 
06/02/1869  dos  Santos  assume  o  comando  da 
Força Naval. 
O  Comandante‐em‐Chefe  da 
Esquadra  no  Paraguai  ordena  a 
18/04/1869  perseguição  e  a  captura  de 
embarcações  paraguaias  no  Rio 
Manduvirá e afluentes. 
 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 59 
 
EXERCÍCIOS:  2  ‐  (PS‐RM2‐OF‐EX/2016)  –  Com  relação  à  Guerra  da 
Tríplice Aliança contra o governo do Paraguai, analise 
1  ‐(PS‐RM2‐OF/2016)  –  “...minha  resolução  foi  de  as afirmativas abaixo. 
acabar  de  uma  vez,  com  toda  a  esquadra  paraguaia, 
que  eu  teria  conseguido  se  os  quatro  vapores  que  I  –  A  vitória  brasileira  na  Batalha  Naval  do  Riachuelo 
estavam  mais  acima  não  tivessem  fugido.  Pus  a  proa  garantiu o bloqueio naval que impediu o Paraguai de 
sobre  o  primeiro,  que  o  escangalhei,  ficando  receber armamento do exterior. 
inutilizado  completamente,  de  água  aberta,  indo 
pouco  depois  ao  fundo.  Segui  a  mesma  manobra  II  –  O  Tratado  da  Tríplice  Aliança  entre  Brasil, 
contra o segundo, que era o Marques de Olinda, que  Argentina e Uruguai, consistiu‐se como um acordo de 
inutilizei,  e  depois  o  terceiro,  que  era  o  Salto,  que  caráter  econômico  que  visava  a  arruinar  a  economia 
ficou pela mesma forma”.  paraguaia. 

O  trecho  acima  se  trata  do  relato  do  Almirante  III  –  Todos  os  navios  da  Marinha  do  Brasil  que 
Barroso a respeito da vitória brasileira sobre as forças  operaram  durante  a  guerra  foram  adquiridos  no 
navais  paraguaias,  na  Batalha  Naval  do  Riachuelo,  exterior, pois o Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro 
ocorrida  no  dia  11  de  junho  de  165.  Apesar  de  a  não  tinha  capacidade  tecnológica  para  construir 
guerra ter se estendido até 1870, por que tal Batalha  embarcações de guerra. 
Naval  pode  ser  considerada  como  decisiva  para  a  IV  –  Mesmo  após  a  ocupação  de  Assunção  pelas 
vitória da Tríplice Aliança?  forças  da  Tríplice  Aliança,  em  1869,  o  presidente 
(A) O presidente paraguaio, Francisco Solano Lopez,  paraguaio,  Francisco  Solano  López,  não  se  rendeu, 
foi morto durante a Batalha Naval do Riachuelo,  fazendo com que a guerra se prolongasse até o ano de 
desestabilizando as forças paraguaias.  1870. 
(B) Na Batalha Naval do Riachuelo, grande parte da  Assinale a opção correta. 
esquadra paraguaia foi aniquilada, o que garantiu o 
bloqueio naval que impediu o Paraguai de receber  (A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
armamentos do exterior.  (B) Apenas as afirmativas I , II e III estão corretas. 
(C) Com a vitória brasileira em Riachuelo, parte das  (C) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. 
fortalezas paraguaias se rebelou contra o governo  (D) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas. 
paraguaio.  (E) Apenas as afirmativas II , III e IV estão corretas. 
(D) Tal batalha anulou todas as forças paraguaias, de 
 
modo que o restante do conflito foi uma marcha sem 
esforços da Tríplice Aliança até Assunção.  3  ‐  (PS‐SMV‐OF/2017)  O  dia  11  de  junho  e 
(E) Com a vitória em Riachuelo, a Argentina entrou na  considerado  a Data Magna da Marinha, pois marcou, 
guerra ao lado do Brasil, saindo de seu estado de  em  1865,  uma  vitória  decisiva  da  Força  Naval 
neutralidade.  brasileira  na  Guerra  da  Tríplice  Aliança  contra  o 
Governo  do  Paraguai.  "O  Brasil  espera  que  cada  um 
Resposta Comentada: 
cumpra o seu dever" e "Sustentar o fogo que a vitória 
(B) A Esquadra paraguaia foi praticamente aniquilada, 
é  nossa"  foram  os  dais  sinais  de  Barroso,  Chefe  de 
e não teria mais participação relevante no conflito. 
Divisão,  no  comando  das  duas  divisões  navais 
Estava garantido o bloqueio que impediria que o 
brasileiras no conflito. 
Paraguai recebesse armamentos e, até mesmo, os 
navios encouraçados encomendados no exterior.  Essas informações se referem a que Batalha? 
  (A) Tomada da Fortaleza de Curuzu. 
(B) Guerra Cisplatina. 
 
(C) Batalha Naval do Riachuelo. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 60 
 
(D) Batalha do Forte de Hurnaitá.  do  Paraguai  os  combates  que  ali  ocorreram,  corpo  a 
(E) Dezembrada.  corpo,  entre  as  tripulações  de  embarcações, 
constituíram  um  dos  conjuntos  de  episódios  mais 
  dramáticos da guerra. Participaram deles, com grande 
4  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Na  segunda  metade  do  século  bravura, jovens oficiais brasileiros, como os Tenentes: 
XIX, o Brasil se envolveu em questões que definiram o   
seu  território.  Nesse  contexto,  os  navios  brasileiros, 
mesmo os de propulsão mista, eram adequados para  (A) Saldanha da Gama e Júlio de Noronha. 
operar no mar e não nas condições de águas restritas  (B) Jerônimo de Albuquerque e Júlio de Noronha. 
e  pouco  profundas  que  o  teatro  de  operações  nos  (C) Francisco Manuel Barroso da Silva e Joaquim 
Rios  Paraná  e  Paraguai  exigia;  a  possibilidade  de  Marques Lisboa. 
encalhar era um perigo sempre presente.  (D) João Maria Wandenkolk e Jerônimo de 
Albuquerque. 
Essa  afirmativa  se  refere  a  que  episódio  da  história  (E) Saldanha da Gama e João Maria Wandenkolk. 
marítima brasileira?  
 
(A) Guerra contra Oribe e Rosas. 
(B) Guerra da Cisplatina.  Respostas: 
(C) Guerra dos Farrapos.   
(D) Guerra da Tríplice Aliança. 
(E) Combate de Lara‐Quilmes.  1  B  6  B 
2  D  7  A 
  3  C     
4  D     
5  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Quem  foi  5  C     
designado  como  Comandante  das  Forças  Navais   
Brasileiras em Operação na Guerra do Paraguai? 
   
(A) General Manoel Marques de Souza. 
(B) Almirante Barroso. 
(C) Almirante Joaquim Marques Lisboa. 
(D) Marquês de Caxias. 
(E) Capitão de Mar e Guerra Delfim Carlos de 
Carvalho. 

6 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais eram os 
países que compunham a Tríplice Aliança? 

(A) Brasil, Paraguai e Uruguai. 
(B) Brasil, Argentina e Uruguai. 
(C) Argentina, Paraguai e Uruguai. 
(D) Brasil, Chile e Bolívia. 
(E) Chile, Bolívia e Uruguai. 

7  ‐  (PS‐SMV‐PR/2018  ‐  N.Medio)  De  acordo  com 


Bittencourt  (2006),  no  recuo  das  forças  paraguaias, 
durante a guerra da Tríplice Aliança contra o governo 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 61 
 
7 ‐ A Marinha na República  toda  a  Esquadra  brasileira.  Sendo  o  projeto 
finalmente aprovado, quase que por unanimidade, ele 
Os  primeiros  anos  da  República  foram  se  transformou  no  Decreto  nº  1.296,  de  14  de 
marcados  pela  progressiva  desmobilização  da  novembro de 1904. 
Esquadra  brasileira.  As  revoltas  que  assolaram  a 
Nação  e  o  desgaste  econômico  conhecido  como  Segundo  o  próprio  Laurindo  Pitta,  em  seu 
Encilhamento  provocaram  o  gradativo  discurso, por ocasião da apresentação do seu projeto 
desmantelamento  das  unidades  da  Força  Naval.  A  de reaparelhamento naval, encouraçados, cruzadores, 
situação  interna  do  País  se  refletia  nos  orçamentos  torpedeiras  não  eram  invenções  modernas,  eram 
insuficientes  que  negavam  à  Marinha  os  recursos  aperfeiçoamentos  que  a  ciência  e  a  indústria 
necessários à modernização dos meios flutuantes e à  adaptavam aos navios. O encouraçado era o pesado e 
criação de uma infra‐estrutura de apoio.  bem artilhado navio de linha, o cruzador era a leve e 
ligeira  fragata  e  o  torpedeiro,  o  brulote,  destinado  a 
Essa  situação  se  manteve  por  toda  a  década  incendiar as antigas naus. 
final do século XIX. A sucessão de quatro ministros da 
Marinha  em  apenas  seis  anos  contribuiu  O  Programa  de  1904,  de  autoria  de  Júlio  de 
negativamente  para  a  elaboração  de  um  programa  Noronha, apresentava a vantagem de ser um plano de 
naval condizente com o litoral e os interesses a serem  conjunto,  ou  seja,  incluía  a  criação  de  um  moderno 
defendidos.  arsenal  e  um  porto  militar,  que  juntamente  com  os 
navios  formaria  um  tripé  de  sustentação  da  Marinha 
Em  15  de  novembro  de  1902,  o  Almirante  brasileira. Foi o Almirante Júlio de Noronha quem fez 
Júlio  de  Noronha  assumiu  a  pasta  da  Marinha,  nascer a campanha de remodelação da Esquadra, que 
encontrando  uma  Força  Naval  composta  de  navios  deveria impressionar principalmente a opinião pública 
reformados,  sendo,  na  sua  maioria,  modelos  e que gerou os resultados necessários para a reforma 
obsoletos  frente  às  classes  mais  modernas  que  da nossa Marinha. 
estavam  em  processo  de  construção  pelas  potências 
industriais da época.  O programa incluía os modelos de navios que, 
no  momento,  equipavam  as  melhores  Esquadras  do 
Em  1904,  o  Ministro  das  Relações  Exteriores,  mundo,  logo  a  seguir  empregados  nas  Batalhas  de 
Barão do Rio Branco, percebeu que a Marinha, apesar  Port  Arthur  e  Tsushima,  travadas  durante  a  Guerra 
de  querer  se  equipar  com  os  melhores  meios,  não  Russo‐Japonesa.  O  estudo  estratégico  das 
alcançava um nível aceitável de Força Armada para o  experiências  proporcionadas  por  essas  batalhas 
porte  do  Brasil.  Apresentou  então  ao  Almirante  Júlio  (1905) e o lançamento do Encouraçado Dreadnought, 
de Noronha  pessoas interessadas em oferecer navios  pela  Marinha  britânica  (1906),  que  aparecia  como  o 
ou  indicar  estaleiros  para  a  construção  daqueles  que  navio  mais  poderoso  do  mundo,  inspiraram  debates 
fariam  parte  do  Programa  Naval  que  o  almirante  em  torno  do  Programa  de  1904.  O  Deputado  José 
imaginava.  Carlos de Carvalho e o Almirante Alexandrino Faria de 
Procurando  satisfazer  a  justa  aspiração  Alencar, então senador, foram os grandes defensores 
brasileira em constituir uma Marinha bem aparelhada,  da remodelação do Programa Júlio de Noronha. 
o  Deputado  Dr.  Laurindo  Pitta  apresentou  à  Câmara,  Em  15  de  novembro  de  1906,  assumiu  a 
em  julho  de  1904,  um  projeto  que  continha  o  Presidência  da  República  o  Conselheiro  Afonso  Pena 
programa naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual  e,  com  ele,  o  seu  novo  ministério,  sendo  a  pasta  da 
poderia  atender  a  tais  expectativas.  Em  um  discurso  Marinha ocupada pelo Almirante Alexandrino Faria de 
entusiasmado, propôs a aprovação de orçamento que  Alencar.  Não  demorou  que  este  conseguisse  do 
financiasse  os  navios  requisitados.  Pitta  encabeçou  Congresso  a  reforma  do  Programa  de  1904.  A 
então  uma  grande  luta  nos  bastidores  da  política  alteração  mais  marcante  trazida  pelo  novo  programa 
nacional  com  a  finalidade  de  obter  a  aprovação,  no  do  Almirante  Alexandrino  foi  a  adição  de  três  novos 
Congresso  Nacional,  do  projeto  que  reorganizaria  encouraçados  do  tipo  dreadnought  de  20  mil 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 62 
 
toneladas,  cuja  aprovação  resultou  no  Decreto  nº  Mundial  (1914‐1918),  o  Ministro  da  Marinha 
1.567, de 24 de novembro de 1906.  Alexandrino  de  Alencar  determinou  que  as  principais 
unidades  operativas  de  superfície  fossem 
Nesse  programa,  foi  cancelado  o  projeto  de  reorganizadas  em  três  divisões  a  fim  de  patrulhar  as 
um  novo  arsenal.  Em  seu  lugar,  optou‐se  por  águas  costeiras  dentro  de  cada  área  de 
modernizar as instalações da Ilha das Cobras, porém,  responsabilidade, sendo criadas as Divisões Navais do 
admitia‐se  a  construção  de  bases  secundárias  em  Sul  (São  Francisco  do  Sul),  Centro  (Rio  de  Janeiro)  e 
Belém  e  em  Natal,  e  um  porto  militar  de  pequeno  Norte (Belém). 
porte em Santa Catarina. 
Dessa  maneira,  a  Marinha  iria  enfrentar  os 
Como  conseqüência  direta  do  Programa  seus  dois  principais  desafios  no  Século  XX.  As  duas 
Alexandrino, a Esquadra de 1910, assim chamada por  grandes guerras mundiais. 
haver  chegado  ao  Brasil  nesse  ano  a  maior  parte  de 
seus  componentes,  representou  um  verdadeiro  Primeira Guerra Mundial 
revigoramento  militar  e  tecnológico  da  Marinha 
brasileira. Dessa forma, o Brasil passou a possuir uma  Antecedentes 
frota  de  alto‐mar  ofensiva,  podendo  levar  a  outros  No  ano  de  1914,  as  relações  entre  as 
rincões  o  Pavilhão  Nacional  e,  principalmente,  apoiar  principais  nações  européias  estavam  tensas.  Nos 
a ação diplomática do governo brasileiro em qualquer  últimos  60  anos  havia  ocorrido  a  Segunda  Revolução 
local que se fizesse necessário.  Industrial  e  várias  potências  econômicas  surgiram 
A  incorporação  de  navios  como  os  ameaçando  a  supremacia  da  Grã‐Bretanha,  com 
Encouraçados Minas Gerais e São Paulo, pertencentes  destaque  para  os  Estados  Unidos,  Itália,  Rússia, 
à classe dos dreadnoughts mais poderosos do mundo,  Alemanha  e  Japão.  Isto  significava  que  todos  esses 
encheu  de  orgulho  e  confiança  os  brasileiros.  Além  países  tinham  como  produzir,  mas  precisavam  de 
dessas  embarcações,  também  chegaram  os  matérias‐primas  e  de  mercados  para  vender  a  sua 
Cruzadores  Bahia  e  Rio  Grande  do  Sul  e  os  produção. 
Contratorpedeiros  Amazonas,  Pará,  Piauí,  Rio  Grande  Se  na  primeira  Revolução  Industrial  o  grande 
do  Norte,  Paraíba,  Alagoas,  Sergipe,  Paraná,  Santa  fato impulsionador foi a invenção da máquina a vapor, 
Catarina  e  Mato  Grosso.  Posteriormente  ao  ano  de  na  segunda  a  eletricidade  foi  o  mecanismo  que 
1910,  o  Contratorpedeiro  Maranhão,  os  Submarinos  revolucionou  os  meios  de  produção.  Outro  grande 
F1, F3, F5 e Humaitá, o Tender Ceará e outros navios  fator  de  crescimento  econômico  foi  o  aumento  da 
auxiliares  complementaram  os  efetivos  navais  da  disponibilidade  de  ferro  e  aço.  A  mecanização  da 
Marinha.  indústria  se  elevou,  proporcionando  o  conseqüente 
O  terceiro  encouraçado  previsto  pelo  aumento  do  número  de  máquinas  e  motores 
Programa  Alexandrino  era  o  Rio  de  Janeiro,  lançado  menores,  que  viriam  dotar  os  bens  de  consumo 
ao  mar  em  22  de  janeiro  de  1913.  A  demora  em  sua  duráveis, os maiores símbolos da sociedade moderna. 
construção  se  deveu  à  necessidade  de  se  introduzir  Naquele ano de 1914 vigorava a Paz Armada, 
novas  modificações  que  o  tornassem  ainda  mais  uma situação em que todas as nações procuravam se 
poderoso. Este navio não chegou a ser incorporado à  armar  para  inibir  o  adversário  de  atacá‐las.  Duas 
Armada brasileira. Foi adquirido pela Marinha turca e  grandes  alianças  político‐militares  predominavam:  a 
depois  pela  Marinha  inglesa,  tendo  participado  da  Tríplice Aliança, formada pelo Império AustroHúngaro, 
Batalha da Jutlândia.  Itália e Alemanha, e a Tríplice Entente, formada pela 
A Esquadra brasileira passou a ser organizada,  França,  Inglaterra  e  Rússia.  Pequenas  frentes  de  luta 
essencialmente,  em  divisões  de  encouraçados  e  surgiam  nas  áreas  em  disputa.  Todos  queriam  se 
cruzadores,  e  flotilhas  de  contratorpedeiros  e  de  apossar de territórios. Um terrorista sérvio conseguiu 
submarinos.  Porém,  com  o  início  da  Primeira  Guerra  assassinar  o  Arquiduque  Francisco  Ferdinando, 
herdeiro  do  trono  austríaco,  em  um  atentado  em 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 63 
 
Sarajevo,  na  Bósnia.  Esta  morte  imediatamente  preocupação  ao  governo  brasileiro  que  dependia 
provocou a guerra entre a Áustria e a Sérvia; a Rússia,  fundamentalmente do mar para escoar a produção de 
fiadora da Sérvia, iniciou um confronto com a Áustria,  café  para  a  Europa  e  os  Estados  Unidos,  nossos 
provocando a intervenção alemã e unindo a França e  principais  compradores.  Ademais,  importávamos 
a Inglaterra. Aliados de um ou outro lado entraram na  muitos  produtos  da  Inglaterra,  que  naquela  altura 
Guerra. Iniciava‐se a Primeira Guerra Mundial.  lutava  desesperadamente  nos  campos  franceses  e 
enfrentava,  com  preocupação,  os  ataques  dos 
De 1914 até o seu final, a guerra assumiu seu  submarinos alemães a seu tráfego marítimo. 
lado  mais  cruel.  Milhões  de  vidas  foram  ceifadas  na 
chamada  guerra  de  trincheiras,  quando  as  tropas  O  Brasil  apresentou,  inicialmente,  seu 
limitavam‐se  a  defender  determinadas  posições  protesto  formal  à  Alemanha,  sendo  logo  depois 
estratégicas.  obrigado a romper relações comerciais com esse país, 
mantendo‐se,  contudo,  ainda,  na  mais  rigorosa 
Em 1917, os Estados Unidos da América (EUA)  neutralidade. 
entraram  no  conflito.  No  mesmo  ano,  eclodiu  a 
revolução  socialista  na  Rússia  e  seus  dirigentes  O que veio a modificar a atitude brasileira foi 
assinaram  com  a  Alemanha  o  Tratado  de  Brest‐ o afundamento do Navio Mercante Paraná ao largo de 
Litovsky, se retirando da guerra.  Barfleur,  na  França,  apesar  de  ostentar  a  palavra 
Brasil pintada no costado e a Bandeira Nacional içada 
Em 1917, o Brasil entrou no conflito quando a  no  mastro.  Naquela  oportunidade,  a  população  na 
campanha  submarina  alemã  atingiu  seus  navios  capital  Rio  de  Janeiro  atacou  firmas  comerciais 
mercantes, afundados em razão do bloqueio alemão a  alemãs,  criando  grande  desconforto  para  o  governo 
Grã‐Bretanha.   de  Wenceslau  Braz.  Seguiu‐se  então  o  rompimento 
O Brasil enviou então uma Divisão Naval para  das  relações  diplomáticas  com  o  governo  alemão  em 
operar  com  a  Marinha  britânica  entre  Dakar  e  11  de  abril  de  1917.  Um  fato  importante  que  influiu 
Gibraltar em 1918.  na  decisão  de  se  romper  relações  com  o  Império 
Alemão  foi  a  atitude  de  protesto  dos  Estados  Unidos 
A  Alemanha,  depois  de  uma  fracassada  com  o  bloqueio  irrestrito,  tendo  sofrido  por  isso  o 
ofensiva  no  teatro  de  operação  ocidental,  se  viu  torpedeamento  de  dois  de  seus  navios.  Tais 
exausta  com  as  perdas  sofridas,  vindo  a  assinar  o  acontecimentos  motivaram  a  declaração  de  guerra 
Armistício  com  os  aliados  no  mês  de  novembro  de  norte‐americana.  Mantínhamos  até  esse  ponto  laços 
1918.  comerciais profundos com esse país e claras simpatias 
com os aliados. 
O preparo do Brasil 
No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o 
A  disposição  do  Brasil  em  manter‐se  neutro 
Tijuca,  foi  torpedeado  nas  proximidades  de  Brest  na 
no  conflito  foi  evidenciada  desde  o  primeiro  minuto 
costa francesa. Seis dias depois seguiu‐se o Mercante 
de  combates  na  Europa  em  1914.  Naqueles  dias 
Lapa.  Antes  ele  fora  abordado  por  um  submarino 
conturbados,  prevalecia  no  País  uma  tendência 
alemão, mandando que a tripulação deixasse o vapor 
natural  de  simpatia  a  favor  dos  aliados, 
para depois torpedeá‐lo. Esses três ataques levaram o 
principalmente  porque  a  elite  nacional  via  na 
Presidente Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45 
educação  e  na  cultura  francesas  seus  principais 
navios  dos  impérios  centrais  aportados  no  Brasil  e  a 
paradigmas. A neutralidade foi a marca brasileira nos 
revogação  da  neutralidade.  Muitos  deles 
três  primeiros  anos  de  guerra,  mesmo  quando 
encontravam‐se  danificados  por  sabotagem  dos 
Portugal foi a ela arrastada em março de 1916. 
próprios  tripulantes.  Isso  não  impediu  que  o  Brasil 
O  bloqueio  sem  restrições  firmado  pelo  utilizasse  15  deles  e  repassasse  30  por  afretamento 
governo alemão em 31 de janeiro de 1917 trouxe não  para  a  França.  Um  fato  curioso  foi  o  arresto  da 
só  mal‐estar  a  todos  os  neutros,  mas  também  Canhoneira  alemã  Eber,  surta  no  porto  de  Salvador. 
Tratava‐se de navio militar e não de vapor mercante, 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 64 
 
como os 45 navios arrestados. Antes de ser abordada  necessidade de manter o comércio com outros países 
por  autoridades  brasileiras,  e  percebendo  essa  e  de  escoar  o  nosso  principal  produto,  o  café, 
medida,  os  tripulantes  queimaram  esse  vaso  de  principalmente para os Estados Unidos, impediu todas 
guerra  e  conseguiram  se  transferir  para  outro  navio  essas tentativas de arrendamento. Ao final essa ação 
mercante  que  se  evadiu  dos  portos  nacionais  com  o  veio a ser fundamental para o Brasil. 
armamento  e  os  homens  especializados,  que  seriam 
ainda úteis à Marinha alemã no conflito.  Nossa  Marinha  de  Guerra  era  centrada  na 
chamada  Esquadra  de  1910,  com  navios 
Quatro  meses  se  passaram  até  que  um  novo  relativamente  novos  construídos  na  Inglaterra  sob  o 
navio brasileiro fosse atacado e afundado, dessa feita  Plano  de  Construção  Naval  do  Almirante  Alexandrino 
foi o Vapor Tupi nas mediações do Cabo Finisterra. O  Faria  de  Alencar,  Ministro  da  Marinha,  como 
caso  tornou‐se  grave  na  medida  em  que  o  anteriormente  mencionado.  Eram  ao  todo  dois 
comandante  e  o  despenseiro  foram  aprisionados  por  encouraçados  tipo  dreadnought,  o  Minas  Gerais  e  o 
um submarino alemão e nunca mais se teve notícia de  São  Paulo,  dois  cruzadores  tipo  scouts,  o  Rio  Grande 
seus destinos.  do Sul e o Bahia, que viria a ser perdido tragicamente 
na Segunda  Guerra  Mundial, e dez  contratorpedeiros 
Oito  dias  depois,  26  de  outubro  de  1917,  o  de  pequenas  dimensões.  Esses  meios  eram  todos 
Brasil  reconhecia  e  proclamava  o  estado  de  guerra  movidos a vapor, queimando carvão. 
com o Império alemão. 
Desde  o  início  da  participação  brasileira  no 
Como  estava  o  Brasil  naquela  oportunidade  conflito,  o  governo  nacional  decidiu‐se  pelo  envio  de 
para enfrentar os germânicos?  uma divisão naval para operar em águas européias, o 
O governo brasileiro tinha consciência de que  que representaria um grande esforço para a Marinha. 
a grande ameaça seria o submarino alemão, ávido por  Uma  outra  contribuição  significativa  foi  a 
atacar  os  nossos  navios  mercantes  que  mantinham  o  designação  de  13  oficiais  aviadores,  sendo  12  da 
comércio  com  outros  países  em  pleno  Marinha  e  um  do  Exército  para  se  aperfeiçoarem 
desenvolvimento.  Além  disso,  naquela  oportunidade,  como  pilotos  de  caça  da  RAF  no  teatro  europeu. 
não  existiam  estradas  ligando  o  Sul  e  Sudeste  com  o  Depois de árduo adestramento em que dois pilotos se 
Norte e Nordeste. Todas as comunicações entre essas  acidentaram, sendo um fatal, eles foram considerados 
regiões  eram  feitas  por  mar,  daí  nossa  grande  qualificados  para  operações  de  combate,  tendo  sido 
vulnerabilidade  estratégica.  Tanto  a  Marinha  empregados  no  16º  Grupo  da  RAF,  com  sede  em 
Mercante  como  a  de  Guerra  seriam  as  grandes  Plymouth, em missões de patrulhamento no Canal da 
protagonistas brasileiras nesse confronto.  Mancha. 
A  Marinha  Mercante  brasileira  era  modesta,  A  propósito,  a  Escola  de  Aviação  Naval 
no  entanto,  desde  os  primeiros  anos  do  século,  os  Brasileira,  localizada  na  Ilha  das  Enxadas,  na  Baía  de 
governos  que  se  sucederam  procuraram  aparelhá‐la,  Guanabara,  e  a  Flotilha  de  Aviões  de  Guerra  haviam 
o que foi auspicioso, pois teríamos na guerra um teste  sido  criadas  no  dia  23  de  agosto  de  1916, 
fundamental  para  a  manutenção  de  nosso  fluxo  comportando  inicialmente  apenas  três  aviões  Curtiss 
comercial.  No  início  do  conflito  –  quando  o  Brasil  que  chegaram  ao  Brasil  dois  meses  antes.  A  Aviação 
ainda  mantinha  irrestrita  neutralidade  –,  diversos  Militar,  por  outro  lado,  operava  no  Campo  dos 
países  envolvidos  na  guerra,  ávidos  para  cobrir  as  Afonsos, onde funcionava a Escola de Aviação Militar. 
perdas  provocadas  por  afundamentos,  ofereceram 
propostas  de  compras  de  muitos  de  nossos  Um  fato  inusitado  e  curioso  que  na  época 
mercantes.  provocou  grande  sucesso  promocional  foi  o  primeiro 
vôo  do  Presidente  da  República  Wenceslau  Braz  em 
Propostas  de  compras  do  Lloyd  Brasileiro,  hidroavião da Armada, em 2 de abril de 1917, um dia 
maior  companhia  de  navegação  do  período,  foram  antes do torpedeamento de primeiro navio brasileiro, 
comuns. Entretanto, o governo nacional, premido pela 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 65 
 
o Paraná, nas costas francesas. O mais interessante foi  Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião 
que  Wenceslau  havia  comparecido  à  formatura  dos  pública  brasileira  que,  influenciada  por  campanhas 
novos  pilotos  na  Ilha  das  Enxadas  e  não  estava  jornalísticas  e  declarações  de  diversos  homens 
previsto  o  vôo  realizado  com  o  primeiro  mandatário  públicos,  exigiu  um  comprometimento  maior  com  a 
da  República.  Ao  ser  provocado  pelo  Ministro  da  causa  Aliada,  com  a  participação  efetiva  no  esforço 
Marinha,  Wenceslau  Braz  aceitou  o  convite  para  um  bélico contra as Potências Centrais. 
vôo  sobre  o  Rio  de  Janeiro  e  Niterói.  Imediatamente 
colocou  o  capacete  e  a  túnica  a  ele  oferecida  e  se  Desde  o  início  do  conflito,  a  participação  da 
posicionou no avião para início da aventura. Por cerca  Marinha  no  confronto  baseou‐se  no  patrulhamento 
de  30  minutos,  o  Presidente  se  deliciou  com  aquele  marítimo do litoral brasileiro com três divisões navais, 
sobrevôo,  para  o  espanto  dos  repórteres  que  como  já  mencionado,  distribuídas  nos  portos  de 
esperavam o seu regresso.  Belém,  Rio  de  Janeiro  e  São  Francisco  do  Sul.  Esse 
serviço  tinha  por  finalidade  colocar  a  navegação 
No  principal  porto  do  país,  o  do  Rio  de  nacional,  a  aliada  e  a  neutra  ao  abrigo  de  possíveis 
Janeiro, centro econômico e político mais importante,  ataques  de  navios  alemães  de  qualquer  natureza  nas 
instituiu‐se  uma  linha  de  minas  submarinas  cobrindo  nossas águas. 
600  metros  entre  as  Fortalezas  da  Laje  e  Santa  Cruz. 
Duas  ilhas  oceânicas  preocupavam  as  autoridades  A  Divisão  Naval  do  Norte  era  composta  dos 
navais  devido  a  possibilidade  de  serem  utilizadas  Encouraçados  guarda‐costas  Deodoro  e  Floriano,  dos 
como  pontos  de  refúgio  de  navios  inimigos.  As  de  Cruzadores  Tiradentes  e  República,  de  dois 
Trindade  e  Fernando  de  Noronha.  A  primeira  foi  contratorpedeiros, três avisos e duas canhoneiras. Sua 
ocupada  militarmente  em  maio  de  1916  com  um  sede era Belém. 
grupo  de  cerca  de  50  militares.  Uma  estação  A  Divisão  Naval  do  Centro  compunha‐se  dos 
radiotelegráfica  mantinha  as  comunicações  com  o  Encouraçados  Minas  Gerais  e  São  Paulo  e  de  seis 
continente  e  freqüentemente  Trindade  era  visitada  contratorpedeiros, com sede no Rio de janeiro. 
por  navios  de  guerra  para  o  seu  reabastecimento. 
Quanto a Fernando de Noronha, lá existia um presídio  Por  fim,  a  Divisão  Naval  do  Sul  era  composta 
do Estado de Pernambuco. A Marinha, então, passou  dos Cruzadores Barroso, Bahia e Rio Grande do Sul, de 
a  assumir  a  defesa  dessa  ilha,  destacando  um  grupo  um  iate  e  dois  contratorpedeiros,  com  sede  em  São 
de  militares  para  guarnecê‐la.  Não  houve  nenhuma  Francisco do Sul.  
tentativa de ocupação por parte dos alemães. 
A  Marinha  possuía  também  três  navios 
Com o estado de guerra declarado, os ataques  mineiros;  uma  flotilha  de  submersíveis,  com  um 
aos  mercantes  brasileiros  continuaram.  Em  2  de  tênder,  três  pequenos  submarinos  construídos  na 
novembro,  nas  proximidades  da  Ilha  de  São  Vicente,  Itália  e  uma  torpedeira;  as  Flotilhas  do  Mato  Grosso, 
na  costa  africana,  foram  torpedeados  mais  dois  Amazonas  e  de  aviões  de  guerra;  e,  por  fim,  navios 
navios,  o  Guaíba  e  o  Acari.  Depois  de  atingidos,  seus  soltos. 
comandantes conseguiram os encalhar, salvando‐se a 
A Divisão Naval em Operações de Guerra ‐ DNOG 
carga,  não  impedindo,  no  entanto,  que  vidas 
brasileiras fossem perdidas.  O  governo  de  Wenceslau  Braz  decidiu  enviar 
uma  divisão  naval  para  operar  sob  as  ordens  da 
Outro  ataque,  já  no  ano  de  1918,  aconteceu 
Marinha  britânica,  na  ocasião  a  maior  e  mais 
ao  Mercante  Taquari  da  Companhia  de  Comércio  e 
poderosa  do  mundo.  Logicamente,  os  navios 
Navegação,  na  costa  inglesa.  Desta  feita  o  navio  foi 
escolhidos  deveriam  ser  da  Esquadra  adquirida  oito 
atingido por tiros de canhão, tendo tempo de arriar as 
anos  antes  na  própria  Inglaterra,  pois  eram  os  mais 
baleeiras  que,  no  entanto,  foram  metralhadas, 
modernos  que  o  Brasil  possuía.  No  entanto,  devido 
provocando a morte de oito tripulantes. 
aos  avanços  tecnológicos  provocados  pela  própria 
guerra,  esses  navios  se  tornaram  obsoletos 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 66 
 
rapidamente. Em que pese tal fato, a  escolha da alta  pontos  a  serem  corrigidos  estava  a  deficiência  de 
administração  naval  recaiu  nos  dois  cruzadores  (Rio  abastecimento,  principalmente  a  escassez  de 
Grande do Sul e Bahia), em quatro contratorpedeiros  combustível, o carvão. Dava‐se preferência a um tipo 
(Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina),  de carvão proveniente da Inglaterra, o tipo cardiff ou 
um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador‐auxiliar  dos  Estados  Unidos  da  América.  O  carvão  nacional, 
(Belmonte), ao todo oito navios.  por possuir grande quantidade de enxofre, era contra‐
indicado e esse ponto nevrálgico preocupou os chefes 
Contra  quem  iríamos  lutar?  A  Alemanha,  navais durante toda a comissão da DNOG. 
apesar  de  possuir  uma  Esquadra  menor  que  a 
Inglaterra,  possuía  uma  frota  muito  agressiva  e  Depois  de  três  meses  de  adestramento 
motivada,  que  se  batera  com  valentia  até  aquele  contínuo  com  as  tripulações,  os  navios  suspenderam 
momento.  do  Rio  de  Janeiro  em  grupos  pequenos  para  se 
juntarem  na  Ilha  de  Fernando  de  Noronha. 
No início da guerra os alemães se lançaram à  Inicialmente,  os  contratorpedeiros  deixaram  a 
guerra  de  corso  utilizando  navios  de  superfície,  no  Guanabara no dia 7 de maio de 1918, seguidos no dia 
estilo  de  corsários  independentes  que  atacavam  os  11 pelos dois cruzadores. Em 6 de julho, suspendeu do 
mercantes  navegando  solitários.  Essa  estratégia,  com  Rio  de  Janeiro  o  Cruzador  Auxiliar  Belmonte  e,  dois 
o  decorrer  da  guerra,  foi  abandonada.  Preferiu‐se  a  dias depois, o Rebocador Laurindo Pitta. Esses navios 
guerra  submarina,  que  mostrou‐se  muito  mais  ficaram  responsáveis  de  transportar  o  carvão 
eficiente. Esses submarinos não chegaram a atuar nas  necessário  para  a  DNOG,  daí  sua  grande  importância 
nossas  costas  como  aconteceu  na  Segunda  Guerra  logística. 
Mundial,  no  entanto  atacaram  nossos  navios  nas 
costas européias e os afundaram sem trégua.  No  dia  1º  de  agosto  a  Divisão  unida 
suspendeu  de  Fernando  de  Noronha  com  destino  a 
Há  que  se  notar  que  a  Marinha  brasileira  era  Dakar, passando por Freetown. 
dependente  de  suprimentos  vindos  do  exterior.  Não 
existiam  estaleiros  capacitados,  nem  fábricas  de  O  propósito  dessa  primeira  derrota  até 
munição  e  estoques  logísticos  adequados.  Dessa  Freetown era destruir os submarinos inimigos que se 
forma, a preparação da Divisão Naval em Operações  encontravam  na  rota  da  DNOG.  O  armamento 
de  Guerra  (DNOG),  como  ficou  conhecida  essa  naquela ocasião para se neutralizar esses submarinos 
pequena  força,  foi  muito  dificultada  por  limitações  era bastante primitivo, não se comparando com nada 
que não eram só da Marinha, mas também do Brasil.  que  se  viu  na  Segunda  Guerra  Mundial.  Existiam 
Como critério de escolha, abriu‐se o voluntariado para  hidrofones  primitivos  e  bombas  de  profundidade  de 
os  seus  componentes  e  foi  escolhido  um  contra‐ 40  libras,  que  eram  lançadas  pela  borda  no  local 
almirante  ainda  muito  jovem,  com  51  anos  de  idade,  provável  onde  se  encontrava  o  submarino.  É 
habilidoso  e  com  grande  experiência  marinheira,  na  interessante  mencionar  que  o  próprio  submarino, 
ocasião  comandante  da  Divisão  de  Cruzadores  com  naquela  oportunidade,  não  possuía  capacidade  de 
base  no  porto  de  Santos,  o  Almirante  Pedro  Max  permanecer  mergulhado  durante  longo  período  de 
Fernando  de  Frontin,  irmão  do  engenheiro  Paulo  de  tempo,  o  que  era  uma  grande  limitação. 
Frontin.  Normalmente,  os  ataques  contra  mercantes  eram 
realizados  utilizando‐se  os  canhões  localizados  em 
A  principal  tarefa  a  ser  cumprida  por  essa  seus  conveses.  A  maior  possibilidade  de  se  destruir 
divisão  seria  patrulhar  uma  área  marítima  contra  os  esses submarinos acontecia quando o inimigo vinha à 
submarinos  alemães,  compreendida  entre  Dakar  no  superfície  para  destruir  o  alvo  ou  por  canhão  ou 
Senegal e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, com  mesmo com o uso de torpedos. Nessa travessia inicial, 
subordinação ao Almirantado inglês.  alguns  rebates  de  “prováveis  submarinos”  foram 
A  preparação  dos  navios  ainda  no  Brasil  dados, porém não tiveram confirmação. 
requereu  muitos  recursos  de  toda  a  ordem.  Entre  os 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 67 
 
Outro  ponto  interessante  na  travessia  transmissão  da  moléstia  que  vitimaria  diversos 
Fernando  de  Noronha–Freetown  era  a  faina  de  tripulantes que nunca retornariam ao Brasil. 
transferência  de  carvão  em  altomar.  Esses 
recebimentos aconteciam em quaisquer condições de  No  início  de  setembro  as  primeiras  vítimas 
tempo  e  de  mar  e  obrigavam  a  atracação  dos  navios  brasileiras  eram  atingidas  pela  gripe  mortal.  Os 
ao  CruzadorAuxiliar  Belmonte  e  a  utilização  do  sintomas  eram  quase  sempre  os  mesmos.  Fraqueza 
Rebocador  Laurindo  Pitta  para  auxílio  nas  generalizada,  seguida  de  grande  aumento  de 
aproximações.  Foram  manobras  perigosas  que  temperatura,  com  transpiração  excessiva.  Depois  de 
demandaram  muita  capacidade  marinheira  dos  três  ou  quatro  dias  de  grande  mal‐estar,  seguia‐se 
tripulantes,  além  da  natural  vulnerabilidade  durante  tosse  com  expectoração  sangüínea  e  congestão 
os  abastecimentos,  quando  os  submarinos  inimigos  pulmonar.  Alguns  iniciavam  as  convulsões  e  os 
poderiam  aproveitar  a  baixa  velocidade  dos  navios  soluços,  outros  se  debatiam  em  agonia,  todos  ávidos 
para  o  ataque  torpédico.  A  tensão  reinante  durante  por água para debelar a sede incontrolável. Dentro de 
esses eventos era enorme, sem contar com as difíceis  pouco  tempo  a  morte  se  abatia  derradeira  e 
condições em que eram realizadas. Os navios ficavam  incontrolável. 
literalmente negros de carvão e todos trabalhavam do  A  permanência  em  Dakar  deveria  ser  curta. 
nascer do sol até o término do abastecimento.  No  entanto,  devido  a  gravidade  da  situação  sanitária 
Depois  de  oito  dias  de  travessia,  a  DNOG  com a gripe, os navios lá permaneceram mais tempo. 
chegou  ao  porto  de  Freetown,  onde  se  agregou  ao  A  tudo  isso  somou‐se  o  impaludismo  e  as  febres 
Esquadrão  britânico.  Nessa  cidade,  os  navios  biliares africanas. Dos navios atingidos pelas doenças, 
permaneceram  por  14  dias,  reabastecendo‐se  e  o mais afetado foi o Cruzador‐Auxiliar Belmonte que, 
sofrendo  os  reparos  necessários  à  continuação  da  entre seus 364 tripulantes, contaram‐se 154 doentes. 
missão.  Substituições  foram  solicitadas  ao  Brasil,  que  vieram 
no  Paquete  Ásia  para  completar  os  claros  com  as 
Em  23  de  agosto  de  1918,  a  Divisão  moléstias apontadas. 
suspendeu  em  direção  a  Dakar,  tendo  essa  derrota 
sido  muito  desconfortável  para  as  tripulações  dos  Foram vitimados 156 brasileiros da DNOG pela 
navios devido ao mau tempo reinante. Na véspera da  “gripe espanhola”. 
chegada a esse porto africano, no período noturno, foi  Os navios britânicos e brasileiros em Freetown 
avistado  um  submarino  navegando  na  superfície.  e  Dakar  ficaram  inoperantes  em  face  das  condições 
Imediatamente  foi  atacado  pela  força  brasileira,  no  sanitárias  reinantes,  estando  a  defesa  do  estreito 
entanto  o  submarino  conseguiu  lançar  um  contra‐ entre  Dakar  e  Cabo  Verde  somente  a  cargo  de  dois 
ataque  contra  o  Cruzador‐Auxiliar  Belmonte,  quase  pequenos  navios  portugueses.  Com  grande  esforço 
atingindo  seu  intento,  uma  vez  que  a  esteira  pessoal,  a  DNOG  conseguiu  logo  depois  designar  o 
fosforescente  do  torpedo  foi  perfeitamente  Piauí  e  o  Paraíba  para  auxiliarem  os  portugueses 
observada a 20 metros da popa do navio brasileiro. A  naquela área de operações. 
26  de  agosto,  os  navios  aportavam  em  Dakar  e  aí 
começariam  as  grandes  provações  dos  tripulantes  Em  3  de  novembro,  a  DNOG  largou  de  Dakar 
nacionais.  em direção a Gibraltar, sem o Rio Grande do Sul, o Rio 
Grande  do  Norte,  o  Belmonte  e  o  Laurindo  Pitta,  os 
Todo esse martírio teria início quando o navio  dois  primeiros  avariados  e  os  dois  seguintes 
inglês  Mantua  iniciou  uma  rotina  observada  por  designados  para  outras  missões.  Sete  dias  depois  os 
nossos marinheiros que o viam suspender de quando  navios da Divisão faziam sua entrada em Gibraltar. No 
em vez para o alto‐mar regressando em seguida. Logo  dia  seguinte,  o  Armistício  foi  assinado,  dando  a 
após,  soube‐se  que  essas  saídas  eram  para  lançar  ao  Grande  Guerra  como  terminada.  Nossa  missão  de 
mar  os  corpos  dos  homens  de  sua  tripulação  que  guerra  findara,  no  entanto  nossa  Divisão  prolongou 
haviam  contraído  a  terrível  “gripe  espanhola”.  sua permanência na Europa, já que foi convidada para 
Possivelmente  o  Mantua  foi  o  responsável  pela 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 68 
 
participar  das  festividades  promovidas  pelos  O  programa  naval  estabelecido  em  1932,  e 
vitoriosos.  Por  cerca  de  seis  meses  nossos  navios  ajustado  em  1936,  elaborado  sem  obedecer  nenhum 
permaneceram  em  águas  européias  participando  das  planejamento estratégico ou político, criou uma Força 
comemorações  pela  vitória,  e  visitando  países  que  Naval modesta, um pouco melhor equilibrada, dentro 
tomaram parte naquele grande conflito.  das  possibilidades  financeiras  e  técnicas  do  País, 
podendo  ministrar  adestramento  satisfatório  e  de 
A  vitória  dos  aliados  seria  confirmada  em  intervir  em  operações  limitadas,  mais  no  campo 
Paris, em 28 de junho de 1919, quando se reuniram os  interno  que  externo.  Devemos  reconhecer,  no 
representantes de 32 países e assinaram o Tratado de  entanto,  que  tal  modesta  iniciativa  foi  um  marco  de 
Versalhes, que foi imposto à Alemanha derrotada.  coragem, pois utilizou a incipiente indústria brasileira 
Em 9 de junho de 1919, depois de parar Recife  na  tentativa  de  se  reconstituir  em  termos  nacionais 
por breves dias, os navios da DNOG entravam na Baía  um Poder Naval com alguma credibilidade. 
de  Guanabara,  porto‐sede  da  Divisão  Naval.  Acabara  Em 1935, foi iniciada uma grande reforma no 
assim,  a  participação  da  Marinha  na  Primeira  Guerra  Encouraçado  Minas  Gerais,  que  constou  da 
Mundial.  substituição  de  suas  caldeiras  e  do  aumento  do 
O Período entre Guerras  alcance de seus canhões de 305 mm. 

O período entre guerras, que abarcou os anos  As atividades de minagem e varredura tinham 
de  1918  até  1939,  caracterizou‐se  pelo  abandono  a  sido  mantidas  em  segundo  plano  desde  o  fim  da 
que foi submetida não só a Marinha de Guerra como  Grande  Guerra,  utilizando‐se  navios  mineiros 
praticamente  toda  a  atividade  nacional  relacionada  varredores  improvisados.  Em  1940,  obedecendo  ao 
com  o  mar.  A  ausência  de  mentalidade  marítima  do  novo programa naval então aprovado, decidiu‐se pela 
povo brasileiro revelou‐se em toda a sua intensidade.  construção no Brasil de uma série de navios mineiros 
varredores, todos pertencentes à classe Carioca. 
No  entanto,  iniciativas  modestas,  ainda 
durante  a  Grande  Guerra,  como  a  criação  da  Escola  Em 1940, a nossa Força de Alto‐Mar era assim 
Naval  de  Guerra  (depois  Escola  de  Guerra  Naval),  da  constituída: 
Flotilha  dos  Submarinos,  com  os  três  pequenos  Esquadra: 
submarinos da Classe F, e da Escola de Aviação Naval, 
indicaram  a  necessidade  de  se  avançar  na  melhoria  – Divisão de Encouraçados: Minas Gerais e São Paulo. 
das condições de prontidão da nossa Força Naval.  –  Divisão  de  Cruzadores:  Rio  Grande  do  Sul  e  Bahia. 
– Flotilha de Contratorpedeiros: Maranhão, Piauí, Rio 
A  Revolução  de  1930  representou  para  a  Grande  do  Norte,  Sergipe,  Santa  Catarina  e  Mato 
Marinha  um  divisor  de  águas  entre  duas  épocas  Grosso. 
distintas. Em relatório do Ministro da Marinha no ano   –  Flotilha  de  Submarinos:  Humaitá,  Tupi,  Timbira  e 
de 1932, em que foi feita uma análise da situação da  Tamoio. 
Marinha,  encontra‐se  registrada  a  seguinte   – Trem: Tênderes Belmonte e Ceará; Navios‐Tanques 
declaração:  “Estamos  deixando  morrer  a  nossa  Novais  de  Abreu  e  Marajó;  Rebocadores  Aníbal  de 
Marinha.  A  Esquadra  agoniza  pela  idade  [a  maior  Mendonça, Muniz Freire, Henrique Perdigão e DNOG. 
parte dos navios era da Esquadra de 1910], e, perdido 
com  ela  o  hábito  das  viagens,  substituído  pela  vida  Flotilha de Navios Mineiros Varredores: 
parasitária e burocrática dos portos, morrem todas as 
tradições(...) Estamos numa encruzilhada: ou fazemos  – dez navios. 
renascer  o  Poder  Naval  sob  bases  permanentes  e  Flotilha da Diretoria de Hidrografia e Navegação: 
voluntariosas,  ou  nos  resignamos  a  ostentar  a  nossa 
fraqueza  provocadora(...)  estamos  completamente  – três navios hidrográficos e dois navios faroleiros. 
desaparelhados....”. 
Navio isolado: 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 69 
 
– Navio‐Escola Almirante Saldanha.     

Flotilha Fluviais: 

Dispondo  o  Brasil  de  imensas  bacias 


potamográficas,  as  forças  fluviais  sempre 
representaram  um  papel  importante  em  nossa 
concepção  estratégica.  Em  1940,  elas  eram  assim 
constituídas: 

–  Flotilha  do  Amazonas:  Canhoneira  Amapá  e 


Rebocador Mário Alves. 

–  Flotilha  de  Mato  Grosso:  Monitores  Parnaíba, 


Paraguaçu  e  Pernambuco;  Avisos  Oiapoque  e 
Voluntários; e Navio‐Tanque Potengi. 

Pode‐se  perceber,  claramente,  a  vulnerabilidade  de 


nosso  Poder  Naval  para  o  enfrentamento  da  guerra 
A/S  (anti‐submarino).  Não  possuíamos  sensores 
adequados,  nem  adestramento  para  a  luta  contra  os 
submarinos.  A  doutrina  A/S  era  baseada  ainda  nas 
lições apreendidas na Primeira Guerra Mundial, muito 
diferente  do  que  vinha  ocorrendo  nas  águas  do 
Atlântico Norte e Mediterrâneo desde 1939. 

A situação em 1940 

Como  vimos,  no  início  da  década  de  1940  o 


nosso  Poder  Naval  possuía  limitações  operacionais 
importantes.  No  início  da  Segunda  Guerra  Mundial, 
em  1939,  na  Europa,  o  Brasil  contava  com 
praticamente  os  mesmos  navios  da  Primeira  Guerra 
Mundial. 

A  verdade  é  que  não  se  equipam  e  treinam 


forças  navais  sem  verbas  condizentes,  que  eram 
seguidamente preteridas pelo governo Getúlio Vargas. 

As  grandes  preocupações  do  nosso  Estado‐


Maior  da  Armada  eram  a  defesa  de  nossa  enorme  e 
desprotegida costa marítima e, fundamentalmente, a 
proteção  das  linhas  de  comunicação,  vitais  para  a 
conservação  de  nossas  artérias  comerciais  com  o 
exterior  e  para  a  manutenção  das  linhas  de 
cabotagem.  Devemos  observar  que  no  ano  de  1940 
esse  tipo  de  transporte  era  fundamental,  pois  não 
existia uma única comunicação terrestre entre Belém 
e São Luís, entre Fortaleza e Natal e entre Salvador e 
Vitória. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 70 
 
EXERCÍCIOS:  4 ‐ (PS‐RM2‐OF‐EX/2016) – A participação da Marinha 
do  Brasil  na  Primeira  Guerra  Mundial  formalizou‐se 
1  ‐(PS‐RM2‐OF/2016)  –  Durante  a  Primeira  Guerra  com  o  envio  da  Divisão  Naval  em  Operações  de 
Mundial, navios mercantes brasileiros foram atacados  Guerra  (DNOG),  sob  o  comando  do  Almirante  Pedro 
por  submarinos  alemães,  o  que  levou  o  governo  Max Fernando de Frontin, ao teatro de operações. Em 
brasileiro  a  declarar  estado  de  guerra  com  o  Império  que consistia a principal missão da DNOG? 
Alemão  em  1917.  Constitui‐se  como  ação  brasileira 
nesta guerra a criação:  (A) Realizar a escolta de comboios de navios 
mercantes no Atlântico Sul. 
(A) da Divisão Naval em Operações de Guerra.  (B) Transportar as tropas do Exército Brasileiro para o 
(B) da Força Naval do Nordeste.  continente europeu. 
(C) da Força Aérea Brasileira.  (C) Patrulhar a área marítima compreendida entre 
(D) da Divisão Naval do Rio da Prata.  Dakar, no Senegal, e Gibraltar, na entrada do Mar 
(E) do Corpo de Fuzileiros Navais.  Mediterrâneo. 
  (D) Desenvolver a guerra de corso contra a Alemanha 
com a utilização de submarinos adquiridos na Itália. 
2  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  Assinale  a  opção  que  (E) Combater os rebeldes germânicos que ocupavam o 
apresenta  a  composição  correta  dos  blocos  militares  litoral catarinense. 
formados antes da Primeira Guerra Mundial. 
 
(A) Tríplice Aliança (Espanha, Itália e Alemanha) e 
Tríplice Entente (Estados Unidos, França e Japão).   
(B) Tríplice Aliança (Rússia, Alemanha e Itália) e  5  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Qual  era  a  principal  tarefa  da 
Tríplice Entente (Japão, Alemanha e Grã‐Bretanha).  Divisão  Naval  em  Operações  de  Guerra  (DNOG)  na 
(C) Tríplice Aliança (França, Alemanha e Rússia) e  Primeira Guerra Mundial? 
Tríplice Entente (Portugal, França e Estados Unidos). 
(D) Tríplice Aliança (Itália Império Austro‐Húngaro e  (A) Participar das festividades promovidas pelos 
Alemanha) e Tríplice Entente (Rússia, Inglaterra e  vitoriosos em comemoração ao Armistício da primeira 
França).  Guerra Mundial. 
(E) Tríplice Aliança (Brasil, Itália e Alemanha) e Tríplice  (B) Patrulhar o Atlântico Sul e proteger as comboios 
Entente (Rússia, França e Espanha).  de navios mercantes que trafegavam entre o mar do 
Caribe e o nosso literal sul contra a ação dos 
  submarinos e navios corsários germânicos e italianos. 
3  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  Qual  foi  o  fato  que  deu  (C) Atuar no transporte de material bélico com navios 
início à Primeira Guerra Mundial?  fretados pelo governo norte‐americano. 
(D) Organizar comboios, nos portos nacionais, que 
(A) A invasão da Polônia pelo exército alemão.  reuniam navios mercantes da navegação de longo 
(B) A formação do bloco militar composto por  curso e de cabotagem, escoltados por navios de 
Alemanha, Itália e França.  guerra brasileiros e norte americanos. 
(C) O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro  (E) Patrulhar uma área marítima contra os submarinos 
do trono austríaco.  alemães, compreendida entre Dakar, no Senegal, e 
(D) A disputa por território no continente americano,  Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo, com 
principalmente entre Alemanha e Itália.  subordinação ao Almirantado inglês. 
(E) A disputa pelo território brasileiro. 
 
 
 
 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 71 
 
6  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Qual  das  opções  abaixo  se  (A) Império Austro‐Húngaro, Itália e Alemanha. 
refere à participação brasileira na 1ª Guerra Mundial?  (B) França, Inglaterra e Rússia. 
(C) Estados Unidos, França e Inglaterra. 
(A) A designação de 13 oficiais aviadores.  (D) Rússia, Alemanha e França. 
(B) Fabricação e fornecimento de munição.  (E) Alemanha, Portugal e França. 
(C) Bloqueio Naval aos portos alemães. 
(D) Transporte de tropas para área de conflito.   
(E) Participação em combates navais no 
Mediterrâneo.  10 ‐ (PS‐SMV‐OF/2018) A participação da Marinha do 
Brasil na Primeira Grande Guerra formalizou‐se com o 
  envio  da  Divisão  Naval  em  Operações  de  Guerra 
(DNOG) para o teatro de operações. Qual foi a missão 
7  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  foi  a  dessa  Divisão  e  qual  foi  o  seu  respectivo 
participação da Marinha na primeira Guerra Mundial?  Comandante? 
(A) Patrulhar a costa brasileira em conjunto com a  (A)  Patrulhar  e  proteger  os  comboios  de  navios 
Marinha Francesa.  mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o 
(B) Patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios  nosso  literal  sul;  e  seu  Comandante  foi  o  Almirante 
de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do  Protógenes Pereira Guimarães. 
Caribe e o nosso literal. 
(C) Como medida de caráter orgânico, foram  (B)  Patrulhar  e  proteger  os  comboios  de  navios 
instalados Comandos Navais, criados‐ pelo Decreto no  mercantes que trafegavam entre Dakar ‐ São Vicente ‐ 
10.359, de 31 de agosto de 1942, com o propósito de  Gibraltar  no  sul  da  África;  e  o  seu  Comandante  foi  o 
prover uma defesa mais eficaz da nossa fronteira  Almirante Alfredo Carlos Soares Dutra. 
marítima. 
(D) O envio de uma Divisão Naval em Operações de  (C)  O  patrulhamento  da  área  entre  Dakar  ‐  São 
Guerra (DNOG), que tinha coma missão patrulhar uma  Vicente  ‐  Gibraltar  na  costa  da  África;  e  o  seu 
área marítima contra os submarinos alemães,  Comandante  foi o Almirante Pedro Max Fernando de 
compreendida entre Dakar no Senegal e Gibraltar.  Frontin. 
(E) Organizar uma defesa ativa, atuando em pontos  (D)  Patrulhar  e  proteger  os  comboios  de  navios 
focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer  mercantes que trafegavam entre o Oceano Pacífico e 
ataque aéreo ou naval inimigo.  o Mar do Caribe; e o seu Comandante foi o Almirante 
  Júlio César de Noronha. 

8  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Quem  foi  o  (E) O patrulhamento ao norte do Continente Africano, 


autor  do  Programa  de  reaparelhamento  da  Marinha  nas  proximidades  do  Marrocos;  e  o  seu  Comandante 
em 1904?  foi o Almirante Alexandrina Faria de Alencar. 

(A) Almirante Pedro Max Fernando de Frontin.  Respostas: 
(B) Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva.   
(C) Almirante Júlio de Noronha.  1  A  6  A 
(D) Almirante Alexandrino Faria de Alencar.  2  D  7  D 
(E) Almirante Joaquim José Ignácio.  3  C  8  C 
4  C  9  B 
  5  E  10  C 
 
9 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017 ‐ N.fundamental) Quais foram os 
países  que,  durante  a  Primeira  Guerra  Mundial,     
formavam a Tríplice Entente? 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 72 
 
Segunda Guerra Mundial  dando  início  à  Segunda  Guerra  Mundial,  que  se 
alastrou por toda a Europa. 
Antecedentes 
Início  das  hostilidades  e  ataques  aos  nossos  navios 
Derrotada  na  Primeira  Guerra  Mundial,  a  mercantes 
Alemanha foi obrigada a restituir a Alsácia e a Lorena 
à  França,  ceder  as  minas  de  carvão,  suas  colônias,  A  Marinha  Mercante  brasileira  somava 
submarinos  e  navios  mercantes.  Além  disso,  deveria  652.100  toneladas  brutas  de  arqueação  no  início  da 
pagar  aos  vencedores  uma  indenização  em  dinheiro,  guerra.  Mesmo  pequena  e  composta  de  navios 
ficando proibida de possuir Força Aérea e de fabricar  antiquados,  se  comparada  com  as  grandes  potências 
alguns  tipos  de  armas.  Era  proibido  também  possuir  de então, ela exercia papel fundamental na economia 
um Exército superior a 100 mil homens.  nacional,  não  só  no  transporte  das  exportações 
brasileiras, mas também na navegação de cabotagem 
Estas  medidas  do  Tratado  de  Versalhes  que  mantinha  o  fluxo  comercial  entre  as  economias 
atingiram duramente a economia alemã, afligindo seu  regionais,  isoladas  pela  deficiência  das  nossas  redes 
povo, que passou a nutrir um sentimento de aversão  rodoviárias e ferroviárias. 
às principais potências da época. Estavam constituídos 
os  elementos  que  os  nazistas  necessitavam  para  No  decorrer  da  guerra,  foram  perdidos  por 
alcançar  o  poder.  Muitas  dessas  restrições,  sob  o  ação  dos  submarinos  alemães  e  italianos  33  navios 
comando  de  Hitler,  começaram  a  ser  ignoradas.  A  mercantes,  que  somaram  cerca  de  140  mil  toneladas 
Alemanha crescia e, por isso, necessitava de mercado  de  arqueação  (21%  do  total)  e  a  morte  de  480 
para  os  seus  produtos  e  de  colônias  onde  pudesse  tripulantes e 502 passageiros. 
adquirir matérias‐primas. 
Os  primeiros  ataques  à  nossa  Marinha 
Por  outro  lado,  também  dispostos  a  Mercante  ocorreram  quando  o  Brasil  ainda  se 
destruírem  a  ordem  colonial  vigente,  Japão  e  Itália  mantinha  neutro  no  conflito  europeu.  Em  22  de 
adotaram,  na  década  de  1930,  uma  política  março  de  1941,  no  Mar  Mediterrâneo,  o  Navio 
expansionista  contra  a  qual  a  Liga  das  Nações  Mercante  (NM)  Taubaté  foi  metralhado  pela  Força 
mostrou‐se impotente. Cobiçando as matérias‐primas  Aérea  alemã,  tendo  sido  avariado  apesar  da  pintura 
e  os  vastos  mercados  da  Ásia,  o  Japão  reiniciou  sua  em seu costado da Bandeira Brasileira. Com a entrada 
investida  imperialista  em  1931,  conquistando  a  dos  Estados  Unidos  da  América  naquele  conflito,  os 
Manchúria,  região  rica  em  minérios  que  pertencia  à  submarinos  alemães  passaram  a  operar  no  Atlântico 
China.  Em  outubro  de  1935,  a  Itália  de  Mussolini  ocidental, ameaçando os navios de bandeiras neutras 
invadiu  a  Etiópia.  Em  1936,  a  Alemanha  nazista  que tentassem adentrar portos norte‐americanos. 
começou  a  mostrar  suas  intensões  ocupando  a 
Renânia (região situada entre a França e a Alemanha),  A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo, 
indo juntar‐se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil  que deixou o porto de Filadélfia, nos Estados Unidos, 
Espanhola  a  favor  do  General  Franco.  Neste  ano  de  com  carga  de  carvão,  em  14  de  fevereiro  de  1942. 
1936, Itália, Alemanha e Japão assinaram um acordo  Naquele  momento  ainda  não  existia  o  sistema  de 
para  combater  o  comunismo  internacional  (Pacto  comboios  nas  Antilhas.  O  navio  desapareceu 
Anti‐Comintern),  formalizando  o  Eixo  RomaBerlim‐ rapidamente  sem  dar  sinais,  podendo  ter  sido 
Tóquio.  torpedeado por um submarino alemão ou italiano. Ele 
foi considerado perdido por ação do inimigo, uma vez 
Em  agosto  de  1939,  a  Alemanha  e  a  União  que o tempo reinante era bom e claro. 
Soviética  firmaram  entre  si  um  Pacto  de  Não 
Agressão,  que  estabelecia,  secretamente,  a  partilha  Seguiu‐se  o  torpedeamento  do  NM  Buarque, 
do  território  polonês  entre  as  duas  nações.  Hitler  se  em  16  de  fevereiro  de  1942,  pelo  Submarino  alemão 
sentiu  à  vontade  para  agir,  invadindo  a  Polônia  e  U‐432,  comandado  pelo  Capitão‐Tenente  Heins‐Otto 
Schultze, a 60 milhas do Cabo Hatteras, quando levava 
para os Estados Unidos 11 passageiros, café, algodão, 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 73 
 
cacau  e  peles.  O  navio,  do  tipo  misto,  era  do  Lloyd  As  atitudes  cada  vez  mais  claras  de 
Brasileiro,  tendo  se  salvado  toda  a  tripulação  de  73  alinhamento do Brasil com os países aliados levaram o 
homens.  Alto  Comando  alemão  a  planejar  uma  operação 
contra  os  principais  portos  brasileiros. 
Em  18  de  fevereiro  de  1942  foi  a  vez  do  NM  Posteriormente,  por  ordem  de  Hitler,  esta  ofensiva 
Olinda,  torpedeado  pelo  mesmo  U‐432,  ao  largo  da  submarina  foi  reduzida  em  tamanho,  mas  não  em 
Virgínia,  Estados  Unidos.  O  submarino  veio  à  intensidade,  com o envio  de um submarino ao litoral 
superfície, mandando o mercante parar, dando ordem  com  ordens  para  atacar  nossa  navegação  de  longo 
de  abandonar  o  navio.  Esperou  que  todos  curso e de cabotagem. 
embarcassem nas baleeiras e, a tiros de canhão, pôs a 
pique o Olinda. A tripulação, de 46 homens, foi salva  No  cair  da  tarde  de  15  de  agosto  de  1942,  o 
pelo USS Dallas.  Submarino alemão U‐507, comandando pelo Capitão‐
de‐Corveta  Harro  Schacht,  torpedeou  o  Paquete 
Seguiram‐se,  em  1942,  os  torpedeamentos  Baependi, que navegava ao largo da costa de Alagoas 
dos  mercantes  Arabutã,  em  7  de  março;  Cairu,  em  8  com  destino  ao  Recife.  O  velho  navio  foi  ao  fundo 
de  março;  Parnaíba,  em  1º  de  maio;  Gonçalves  Dias,  levando  270  almas  de  um  total  de  306  tripulantes  e 
em 24 de maio; Alegrete, em 1º de junho; Pedrinhas e  passageiros embarcados, inclusive parte da guarnição 
Tamandaré,  em  26  de  junho,  todos  ocorridos  ou  na  do  7º  Grupo  de  Artilharia  de  Dorso  do  Exército 
costa  norte‐americana  ou  no  Mar  das  Antilhas,  área  Brasileiro que iria reforçar as defesas do Nordeste. 
que  os  submarinos  alemães  atuaram  no  início  do 
envolvimento dos Estados Unidos no conflito, quando  Algumas  horas  depois,  o  U‐507  encontrou  o 
ainda  eram  precárias  as  patrulhas  anti‐submarinas  Paquete  Araraquara  navegando  escoteiro  e 
norte‐americanas.  inteiramente  iluminado  e  o  afundou  com  dois 
torpedos, vitimando 131 das 142 pessoas a bordo. Na 
A  única  exceção  nesse  período  foi  o  NM  madrugada  do  dia  16,  foi  a  vez  do  Paquete  Aníbal 
Comandante  Lira, torpedeado no litoral brasileiro, ao  Benévolo, também utilizado nas linhas de cabotagem. 
largo do Ceará, pelo Submarino italiano Barbarigo. Foi 
o  único  navio  a  ser  salvo,  graças  ao  pronto  auxílio  Em 17 de agosto, na altura do Farol do Morro 
dado  pelo  Rebocador  da  Marinha  brasileira  Heitor  de São Paulo, ao Sul de Salvador, o U‐507 torpedeou o 
Perdigão e por alguns navios norte‐americanos.  Paquete  Itagiba,  que  tinha,  entre  os  seus  121 
passageiros,  o  restante  do  7º  Grupo  de  Artilharia  de 
O  NM  Barbacena  e  NM  Piave,  torpedeados  Dorso. 
pelo  Submarino  alemão  U‐155  ao  largo  da  Ilha  de 
Trinidad,  em  28  de  julho  de  1942,  foram  as  últimas  Nesse mesmo dia, o NM Arará foi torpedeado 
perdas  ocorridas  por  ação  do  inimigo  enquanto  o  quando  recolhia  náufragos  dos  primeiros  alvos  do 
Brasil  ainda  se  mantinha  formalmente  como  país  submarino germânico. 
neutro. 
A última vítima do Comandante Schacht foi a 
Em  28  de  janeiro  de  1942,  o  Brasil  rompeu  Barcaça  Jacira,  pequena  embarcação  que  foi  posta  a 
relações diplomáticas com os países que compunham  pique em 19 de agosto. 
o  Eixo.  A  colaboração  militar  entre  o  Brasil  e  os 
Estados  Unidos,  que  desde  meados  de  1941  já  era  A ação de cinco dias do submarino alemão U‐
notória,  intensificou‐se  com  a  assinatura  de  um  507  levou  a  pique  seis  embarcações  dedicadas  às 
acordo político‐militar em 23 de maio de 1942.  linhas  de  cabotagem,  vitimando  607  pessoas, 
chocando  a  opinião  pública  brasileira  e  levando  o 
Neste  período  deslocava‐se  para  o  saliente  governo  a  declarar  o  estado  de  beligerância  com  a 
nordestino  brasileiro  a  Força‐Tarefa  3  da  Marinha  Alemanha em 22 daquele mês e, finalmente, o estado 
norte‐americana, tendo o governo Vargas colocado os  de guerra contra esse país, a Itália e o Japão em 31 de 
portos de Recife, Salvador e, posteriormente, Natal à  agosto de 1942. 
disposição das forças norte‐americanas. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 74 
 
Com  comboios  organizados  ainda  de  maneira  A  Lei  de  Empréstimo  e  Arrendamento  e 
incipiente,  foram  afundados  os  navios  mercantes  modernizações  de  nossos  meios  e  defesa  ativa  da 
Osório  e  Lages,  em  27  de  setembro  de  1942,  costa brasileira 
seguindo‐se  o  afundamento  do  pequeno  NM 
Antonico, que navegava escoteiro ao largo da costa da  A  Lei  de  Empréstimo  e  Arrendamento  –  Lend 
Guiana  Francesa.  Este  ataque  alemão  ficou  Lease  –  com  os  Estados  Unidos  permitia,  sem 
tragicamente  gravado  na  mente  dos  protagonistas,  operações  financeiras  imediatas,  o  fornecimento  dos 
pois  o  U‐516  com  sua  artilharia  metralhou  os  materiais necessários ao esforço de guerra dos países 
náufragos  nas  baleeiras,  após  o  pequeno  navio  ter  aliados. Ela foi assinada a 11de março de 1941. 
sido  posto  a  pique,  matando  e  ferindo  muitos  deles.  Em acordo firmado a 1º de outubro de 1941, o 
Ainda em 1942, foram perdidos os NM Porto Alegre e  Brasil obteve, nos termos dessa lei, um crédito de 200 
Apalóide.  milhões  de  dólares,  o  qual,  por  ordem  do  presidente 
A  organização  dos  comboios  nos  portos  da  República,  coube  ao  Exército  100  milhões  e  à 
nacionais,  que  reuniam  navios  mercantes  da  Marinha  e  à  Força  Aérea  50  milhões  cada.  Da  cota 
navegação de longo curso e de cabotagem, escoltados  destinada à Marinha, um total de 2 milhões de dólares 
por navios de guerra brasileiros e norte‐americanos e  foi  despendido  com  o  armamento  dos  navios 
a intensa patrulha anti‐submarino empreendida pelas  mercantes. 
forças  aeronavais  aliadas  levaram  a  uma  drástica  Os  progressos  verificados  nos  entendimentos 
diminuição  nas  perdas  dos  navios  de  Bandeira  entre  o  Brasil  e  os  Estados  Unidos,  depois  dos 
Brasileira, com oito torpedeamentos, comparados aos  torpedeamentos  dos  primeiros  navios  na  costa  leste 
24 ocorridos ao longo do ano anterior.  norte‐americana e nas Antilhas, permitiram incluir na 
A  maioria  dos  navios  mercantes  brasileiros  agenda  de  discussões  o  fornecimento  ao  Brasil  de 
vitimados por submarinos alemães em 1943 navegava  pequenas  unidades  de  proteção  ao  tráfego  e  de 
fora  dos  comboios.  O  NM  Brasilóide  navegava  ataque a submarinos. 
escoteiro  quando  foi  torpedeado  em  18  de  fevereiro  Os  primeiros  navios  recebidos  pelo  Brasil, 
de  1943;  já  o  NM  Afonso  Pena,  indevidamente,  depois  da  declaração  de  guerra,  foram  os  caça‐
abandonou  o  comboio  do  qual  fazia  parte  e  foi  submarinos da classe G (Guaporé e Gurupi), entregues 
afundado em 2 de março; o NM Tutóia foi atingido em  em Natal, a 24 de setembro de 1942. 
20  de  junho,  também  viajando  isolado.  O  NM 
Pelotaslóide,  fretado  ao  governo  norte‐americano  Em seguida, foram incorporados à Marinha do 
para  transporte  de  material  bélico,  foi  afundado  na  Brasil,  em  Miami,  oito  caça‐submarinos  da  classe  J 
entrada  do  canal  para  o  Porto  de  Belém  quando  (Javari,  Jutaí,  Juruá,  Juruema,  Jaguarão,  Jaguaribe, 
esperava  o  embarque  do  prático,  estando  escoltado  Jacuí e Jundiaí). 
por três caça‐submarinos da Marinha brasileira. O NM 
No  ano  de  1943,  foram  entregues  mais  seis 
Bagé compunha um comboio quando, na tarde de 31 
unidades  da  classe  G  (Guaíba,  Gurupá,  Guajará, 
de  julho,  foi  obrigado  a  seguir  viagem  isolado,  pois 
Goiana, Grajaú e Graúna). 
suas  máquinas  produziam  fumaça  em  demasia, 
fazendo  com  que  o  comboio  pudesse  ser  localizado  Nos anos de 1944 e 1945, mais oito unidades 
por  submarinos  do  Eixo  a  grandes  distâncias,  foram  entregues,  dessa  vez  os  excelentes 
colocando  em  risco  os  outros  navios  comboiados.  contratorpedeiros‐de‐escolta  que  já  operavam  em 
Naquela mesma noite foi torpedeado. Os dois últimos  nossas  águas  (Bertioga,  Beberibe,  Bracuí,  Bauru, 
torpedeamentos  de  navios  mercantes  brasileiros  Baependi, Benevente, Babitonga e Bocaina). 
foram o Itapagé, em 26 de setembro, e o Campos, em 
21  de  outubro  de  1943,  todos  os  dois  navegando  Após  o  término  da  guerra  na  Europa,  a 
escoteiros.  Marinha recebeu dos Estados Unidos, a 16 de julho de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 75 
 
1945,  em  Tampa,  na  Flórida,  o  Navio‐Transporte  de  mm;  
Tropas Duque de Caxias.  –  Contratorpedeiros  classe  Maranhão  e  restante  de 
classe  Pará:  instaladas  duas  calhas  para  lançamento 
Mais  tarde,  a  cessão  desses  navios  ao  Brasil  de  bombas  de  profundidade  de  300  libras;  e  
foi  tornada  permanente,  com  o  compromisso  de  não  –  Rebocadores  e  demais  navios‐auxiliares,  armados 
os entregarmos a outros países, sendo então fixado o  com uma ou duas metralhadoras de 20 mm Oerlikon. 
seu aluguel em 5 milhões de dólares, descontando‐se 
o  que  nos  era  devido  pelo  arrendamento  de  navios  Essas  aquisições  pelo  Lend  Lease  e  os 
brasileiros  aos  Estados  Unidos,  pela  cessão  do  aperfeiçoamentos  impetrados  em  nossa  Força  Naval 
mercante  misto  alemão  Windhunk  aos  norte‐ vieram  aumentar  em  muito  nossa  capacidade  de 
americanos e pelos navios perdidos durante a guerra.  reagir  de  forma  adequada  aos  novos  desafios  que  se 
afiguravam. Seria injusto não mencionar que o auxílio 
Nada  se  conhece  sobre  indenizações  norte‐ norte‐americano  foi  vital  para  que  pudéssemos  nos 
americanas, em troca das facilidades concedidas à sua  contrapor aos submarinos alemães. 
Marinha em nossos portos, nem pelo uso do território 
nacional  para  instalação  de  suas  bases  aéreas  e  Além  disso,  algumas  providências  de  caráter 
navais.  Simplesmente,  ficamos  de  posse  das  administrativo,  de  treinamento  e  modificações 
benfeitorias  realizadas  e  dos  materiais  existentes  em  materiais foram se tornando necessárias. 
seus armazéns. 
Como  primeira  medida  de  caráter  orgânico, 
Quanto  às  construções  navais  aqui  no  Brasil,  foram  instalados  os  Comandos  Navais,  criados  pelo 
tivemos  a  incorporação  de  contratorpedeiros  da  Decreto  nº  10.359,  de  31  de  agosto  de  1942,  com  o 
classe M (Mariz e Barros, Marcílio Dias e Greenhalgh)  propósito de prover uma defesa mais eficaz da nossa 
e  das  Corvetas  Matias  de  Albuquerque,  Felipe  fronteira  marítima,  orientando  e  controlando  as 
Camarão,  Henrique  Dias,  Fernandes  Vieira,  Vidal  de  operações  em  águas  a  ela  adjacentes,  não  só  as 
Negreiros e Barreto de Menezes.  relativas  à  navegação  comercial,  como  às  de  guerra 
propriamente  ditas  e  de  assuntos  correlatos.  A  área 
Declarada  a  guerra,  foi  desenvolvido  um  de  cada  Comando  abrangia  determinado  setor  de 
trabalho  intenso  para  adaptar  nossos  antigos  navios,  nossas costas marítimas e fluviais. 
dentro de suas possibilidades, para a campanha anti‐
submarino. Os seguintes serviços foram executados:  Foram instalados os seguintes comandos: 

–  Cruzadores  Bahia  e  Rio  Grande  do  Sul:  instalados  Comando  Naval  do  Norte,  com  sede  em  Belém, 
sonar  e  equipamento  para  ataques  anti‐submarino  abrangendo  os  Estados  do  Acre,  Amazonas,  Pará, 
(duas  calhas  para  lançamento  de  bombas  de  Maranhão e Piauí. 
profundidade  de  300  libras);  
–  Navios  mineiros  varredores  classe  Carioca:  Comando  Naval  do  Nordeste,  com  sede  em  Recife, 
reclassificados  como  corvetas.  Retirados  os  trilhos  abrangendo  os  Estados  do  Ceará,  Rio  Grande  do 
para  lançamento  de  minas  e  instalados  sonar  e  Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. 
equipamentos  para  ataques  anti‐submarino  (dois  Comando  Naval  do  Leste,  com  sede  em  Salvador, 
morteiros  K  e  duas  calhas  para  lançamento  de  abrangendo  os  Estados  de  Sergipe,  Bahia  e  Espírito 
bombas  de  profundidade  de  300  libras);  Santo.  
 – Navios Hidrográficos Rio Branco e Jaceguai: mesmas 
instalações  das  Corvetas  classe  Carioca  e  mais  duas  Comando  Naval  do  Centro,  com  sede  no  Rio  de 
metralhadoras  de  20mm  Oerlikon;   Janeiro,  abrangendo  os  Estados  do  Rio  de  Janeiro  e 
–  Navio‐Tanque  Marajó:  instalado  um  canhão  de  São Paulo. 
120mm  na  popa  e  uma  metralhadora  de  20mm 
Comando  Naval  do  Sul,  com  sede  em  Florianópolis, 
Oerlikon;  
abrangendo  os  Estados  do  Paraná,  Santa  Catarina  e 
– Tênder Belmonte: reinstalados dois canhões de 120 
Rio Grande do Sul. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 76 
 
Comando  Naval  do  Mato  Grosso,  com  sede  em  designado  para  operar  em  nossas  águas.  A  20  de 
Ladário, abrangendo as bacias fluviais de Mato Grosso  agosto  de  1943,  pela  Circular  nº  5,  o  Comando  da 
e Alto Paraná.  Força  Naval do  Nordeste  alertou  para a  possibilidade 
de  desembarque  de  elementos  isolados,  tendo  como 
Esses  Comandos,  ordenando  suas  atividades  objetivo  realizar  atos  de  sabotagem  contra  portos, 
conforme  a  concepção  estratégica  da  guerra  no  mar  depósitos,  comunicações  e  outros  pontos  vitais  do 
(da  preparação  logística  e  do  emprego  das  forças  ou  território brasileiro. 
outros elementos de defesa nas zonas que lhes eram 
atribuídas,  e  obedecendo  às  diretrizes  gerais   
estabelecidas  pelo  Estado‐Maior  da  Armada,  a  quem 
se  achavam  subordinadas),  constituíram  uma  Defesa Ativa 
organização  da  maior  importância  na  conduta  eficaz  Na História há numerosos exemplos de navios 
das  operações  navais.  Sua  existência  facilitou  o  corsários  que  surgiram  de  surpresa  diante  de  um 
desenvolvimento  dos  recursos  disponíveis  nas  porto  para  danificarem  suas  instalações  ou 
respectivas  áreas  de  influência,  mobilizando  amedrontarem  suas  populações.  Do  ponto  de  vista 
elementos para o apoio logístico e para a defesa local.  militar,  os  efeitos  dessas  incursões  são  reduzidos, 
O  chefe  do  Estado‐Maior  da  Armada  entrou  sendo  a  ação,  na  maioria  das  vezes,  executada  para 
em  entendimento  com  seus  colegas  do  Exército  e  da  desorganizar  a  vida  da  localidade  e  obter  efeitos 
Aeronáutica  para  organizar  um  serviço  conjunto  de  morais.  
vigilância  e  defesa  da  costa,  tendente  a  prevenir  a  Com  o  advento  do  submarino,  o  perigo 
possibilidade  de  aproximação  e  desembarque  tornou‐se  maior,  com  a  possibilidade  de 
inimigos.  torpedeamento de navios surtos nos portos. Por esses 
Defesas Locais  motivos,  foi  organizada  a  defesa  ativa,  atuando  em 
pontos  focais  da  costa,  com  a  finalidade  de  repelir 
Desde julho de 1942, por meio da Circular nº  qualquer ataque aéreo ou naval inimigo, por meio de 
40, do dia 14, em atendimento às Circulares Secretas  ações coordenadas da Marinha de Guerra, do Exército 
nº  9  e  33,  respectivamente  de  22  de  janeiro  e  12  de  e da Aeronáutica. Adotaram‐se seguintes medidas de 
junho  de  1942,  o  Estado‐Maior  da  Armada  defesa ativa adotadas: 
determinou  que  se  observassem  as  instruções  que 
orientavam  as  atividades  de  cada  capitania  de  porto  Rio  de  Janeiro  –  Instalação  de  uma  rede  de  aço 
ou delegacia, em benefício da Segurança Nacional.  protetora no alinhamento Boa Viagem – Villegagnon e 
coordenação  do  serviço  de  defesa  do  porto  com  as 
A ação do Estado‐Maior da Armada estendeu‐ fortalezas da barra. A rede era fiscalizada por lanchas 
se  ao  serviço  de  carga  e  descarga  dos  navios  velozes,  e  a  sua  entrada  aberta  e  fechada  por 
mercantes  nos  portos,  tendo,  para  esse  fim,  rebocadores.  O  patrulhamento  interno  cabia  aos 
coordenado sua ação com a do Ministério da Viação e  navios  da  chamada  Flotilha  “João  das  Bottas” 
Obras  Públicas  e  com  a  Comissão  de  Marinha  (constituída  de  navios  mineiros  e  de  instrução), 
Mercante.  Preocupou‐se,  também,  com  as  luzes  das  rememorando  a  flotilha  de  pequenas  embarcações 
praias e edifícios próximos aos portos, ou em regiões  comandada  pelo  Segundo‐Tenente  João  Francisco  de 
que  pudessem  silhuetar  os  navios  no  mar,  alvos  dos  Oliveira  Bottas,  que  fustigou  os  portugueses 
submarinos inimigos.  encastelados  em  Salvador  e  na  Baía  de  Todos  os 
Santos na Guerra de Independência. 
Imaginava‐se  que  o  Alto  Comando  alemão 
traçaria  planos  para  realizar  ataques  maciços  aos  Externamente,  ou  onde  fosse  necessário, 
portos  brasileiros.  Em  agosto  de  1942,  chegou  a  ser  atuavam  os  antigos  contratorpedeiros  classe  Pará, 
ventilada  pelo  Alto  Comando  Naval  alemão  a  oriundos  do  programa  de  reaparelhamento  naval  de 
autorização para investida em nossas águas de vários  1906,  recebidos  em  1910,  com  mais  de  30  anos  de 
submarinos.  No  entanto,  somente  o  U‐507  foi  intensa operação. A responsabilidade da defesa ficou 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 77 
 
afeta  ao  Comando  da  Defesa  Flutuante,  subordinado  equipamentos  semelhantes  no  Recife,  a  fim  de 
ao Comando Naval do Centro.  localizar submarinos; 

Em  junho  de  1944,  afastado  o  perigo  de  um  Natal  –  Os  serviços  de  proteção  do  porto  estavam  a 
ataque  de  submarinos  aos  navios  surtos  no  porto,  cargo  do  Comando  da  Base  Naval  de  Natal.  Também 
suspendeu‐se a patrulha externa feita pelos veteranos  eram acionadas unidades do Exército (que mantinham 
contratorpedeiros, sendo mantida apenas a vigilância  baterias na barra) e da Força Aérea Brasileira; 
interna, a cargo de um rebocador portuário. 
Vitória  –  A  proteção  do  porto  ficou  entregue  ao 
Um  especialista  norte‐americano,  o  Tenente  Exército,  havendo  a  Marinha  cedido  alguns  canhões 
Jacowski,  estabeleceu  planos  para  a  utilização  de  navais de 120 mm para artilhar a barra; 
bóias  de  escuta  submarina,  a  serem  adotadas  de 
acordo  com  as  necessidades.  Em  julho  de  1943,  teve  Ilhas oceânicas – Na Ilha da Trindade foi estacionado 
início  o  serviço  de  varredura  de  minas  do  canal  da  um  destacamento  de  fuzileiros  navais,  em  20  de 
barra,  realizada  pelo  USS  Flincker,  substituído  mais  março  de  1942,  levado  pelo  Navio‐Transporte  José 
tarde pelo USS Linnet. Observamos aí, mais uma vez,  Bonifácio. 
o  auxílio  direto  norte‐americano  ao  nosso  plano  de  A  defesa  do  Arquipélago  de  Fernando  de 
defesa local;  Noronha,  situado  em  ponto  focal  no  Atlântico,  ficou 
Recife  –  O  Encouraçado  São  Paulo,  amarrado  no  entregue  ao  Exército,  que  o  artilhou  fortemente, 
interior  do  arrecife,  provia  a  defesa  da  artilharia  e  levando  contingentes  em  comboios  escoltados  por 
supervisionava  a  rede  antitorpédica.  A  varredura  de  navios  da  Marinha.  A  ocupação  se  deu  logo  depois 
minas era feita por navios mineiros varredores norte‐ que o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo, 
americanos.  Estava  estacionado  no  Recife  um  grupo  sendo  o  primeiro  grupo  de  militares  transportados, 
de  especialistas  em  desativação  de  minas,  as  quais,  junto com material de guerra, em um comboio, em 15 
por  vezes,  davam  à  costa,  sendo  estudadas  de abril de 1942; 
cuidadosamente antes de serem destruídas.  Santos – Os Rebocadores São Paulo (eram dois com o 
As  minas  encontradas  à  deriva  eram  mesmo  nome,  sendo  um  chamado  de  iate)  foram 
destruídas  pelos  navios  de  patrulha  com  tiros  de  artilhados;  outras  embarcações  menores  requisitadas 
canhão.  O  Terceiro  Grupamento  Móvel  de  Artilharia  faziam serviço de vigilância; 
de  Costa  e  o  Segundo  Grupo  do  Terceiro  Regimento  Rio  Grande  –  Foi  artilhado  o  Rebocador  Antonio 
de  Artilharia  Antiaérea  do  Exército  coordenavam‐se  Azambuja.  Como  reforço  às  defesas  locais,  foram 
com  os  elementos  da  Marinha,  o  que  permitia  uma  criadas  Companhias  Regionais  do  Corpo  de  Fuzileiros 
cobertura completa da costa;  Navais em Belém, Natal, Recife e Salvador. 
Salvador  –  A  defesa  principal  do  porto  cabia  ao  Ao se lembrar da participação da Marinha na Segunda 
Encouraçado  Minas  Gerais,  com  sua  artilharia  Guerra  Mundial,  a  primeira  imagem  que  surge  é  a 
controlada  em  conjunto  com  as  baterias  do  Exército,  conhecida Força Naval do Nordeste. Como era afinal a 
situadas  na  Ponta  de  Santo  Antônio  e  na  Ilha  de  sua composição e tarefas? 
Itaparica.  Em  abril  de  1943,  os  Monitores  Parnaíba  e 
Paraguaçu foram movimentados de Mato Grosso para  A Força Naval do Nordeste 
Salvador,  por  solicitação  do  Comandante  Naval  do 
A  missão  da  Marinha  do  Brasil  na  Segunda 
Leste.  Depois  de  sofrerem  algumas  modificações  no 
Guerra  Mundial  foi  patrulhar  o  Atlântico  Sul  e 
Rio  de  Janeiro  (em  especial  no  armamento),  ficaram 
proteger  os  comboios  de  navios  mercantes  que 
em condições de operar na Baía de Todos os Santos. 
trafegavam entre o Mar do Caribe e o nosso litoral sul 
Aparelhos  de  radiogoniometria  de  alta  contra  a  ação  dos  submarinos  e  navios  corsários 
freqüência  cruzavam  as  marcações  com  germânicos e italianos. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 78 
 
A  capacidade  de  combate  da  Marinha  do  submarino alemão pelo través do Farol de São Tomé, 
Brasil  no  alvorecer  do  conflito  era  modesta  se  em  19  de  julho  de  1944.  Às  23h55min,  foi  sentida 
comparada  com  as  grandes  Esquadras  em  luta  no  forte  explosão  na  popa,  abrindo  grande  rombo,  por 
Atlântico  Norte  e  no  Pacífico.  O  nosso  pessoal  e  onde começou a entrar água em enormes proporções. 
nossos meios não estavam preparados para se engajar  Segundo  algumas  testemunhas,  o  afundamento  do 
com  o  inimigo  oculto  sob  o  mar,  que  assolava  o  navio  deu‐se  em  apenas  três  minutos.  A  maior  parte 
transporte marítimo em nosso litoral.  dos  sobreviventes  foi  resgatada  no  dia  seguinte  por 
um  barco  pesqueiro  e  por  outros  dois  navios  da 
Ingressaríamos  em  uma  guerra  anti‐ Marinha, o Javari e o Mariz e Barros. Morreram nesse 
submarino  sem  equipamentos  para  detecção  e  ataque 99 militares. 
armamento  apropriados,  porém  este  obstáculo  não 
impediu  que  navios  e  tripulações  estivessem  Quarenta e oito horas após o torpedeamento 
patrulhando  nossas  águas,  mesmo  antes  do  do  Vital  de  Oliveira,  a  cerca  de  12  milhas  a  nordeste 
envolvimento oficial do governo brasileiro no conflito,  da  barra  de  Recife,  perdeu‐se  a  Corveta  Camaquã, 
apesar de todos os perigos.  afundada devido a violento mar. Discutem‐se até hoje 
os  motivos  que  levaram  esse  navio  a  seu 
A  criação  da  Força  Naval  do  Nordeste,  pelo  afundamento.  O  Comandante  Antônio  Bastos 
Aviso nº 1.661, de 5 de outubro de 1942, foi parte de  Bernardes,  sobrevivente  do  sinistro,  afirmou  alguns 
um  rápido  e  intenso  processo  de  reorganização  das  anos após esse acidente que o emborcamento se deu 
nossas  forças  navais  para  adequar‐se  à  situação  de  por “fortuna do mar”. Seja como for, pereceram nessa 
conflito. Sob o comando do Capitão‐de‐Mar‐e‐Guerra  oportunidade 33 pessoas. 
Alfredo  Carlos  Soares  Dutra,  a  recém‐criada  força  foi 
inicialmente  composta  pelos  seguintes  navios:  Por  fim,  o  pior  desastre  enfrentado  pela 
Cruzadores  Bahia  e  Rio  Grande  do  Sul,  Navios  Marinha  durante  a  Segunda  Guerra  Mundial  foi  a 
Mineiros  Carioca,  Caravelas,  Camaquã  e  Cabedelo  perda  do  Cruzador  Bahia,  no  dia  4  de  julho  de  1945. 
(posteriormente  reclassificados  como  corvetas)  e  os  Essa  tragédia  foi  exacerbada  pelo  conhecimento  dos 
CaçaSubmarinos Guaporé e Gurupi.  terríveis  sofrimentos  dos  náufragos,  abandonados  no 
mar  durante  muitos  dias,  por  incompreensível  falha 
Ela  seria  posteriormente  acrescida  do  Tênder  de comunicações. 
Belmonte,  caça‐submarinos,  contratorpedeiros‐de‐
escolta,  contratorpedeiros  classe  M,  submarinos  Três  infortúnios  e  cerca  de  486  mortos, 
classe  T,  constituindo‐se  na  Força‐Tarefa  46  da  Força  incluindo  os  falecidos  em  outros  navios  e  em  navios 
do  Atlântico  Sul,  reunindo  a  nossa  Marinha  sob  o  mercantes afundados, mais que os mortos brasileiros 
comando operacional da 4ª Esquadra Americana.  em  combate  na  Força  Expedicionária  Brasileira  que 
lutou na Itália. 
A  atuação  conjunta  com  os  norte‐americanos 
trouxe novos meios navais e armamentos adequados  Pouco  discutida  é  a  atuação  da  Quarta 
à  guerra  anti‐submarino,  bem  como  proporcionou  Esquadra  Norte‐Americana,  subordinada  ao  Vice‐
treinamento para o nosso pessoal.  Almirante  Jonas  Ingram.  Figura  notável  que  teve  o 
mérito  de  congregar  forças  heterogêneas  em  um 
O  combate,  porém,  nos  custou  muitas  vidas.  comando unificado, eficiente e coeso, auxiliado pelos 
As perdas brasileiras na guerra marítima somaram 31  Almirantes  Oliver  Read  e  Soares  Dutra,  comandantes 
navios  mercantes  e  três  navios  de  guerra,  tendo  a  das principais forças‐tarefas. 
Marinha  do  Brasil  perdido  486  homens.  Nesse  ponto 
seria  interessante  descrever  em  maiores  detalhes  as  Essa força norte‐americana compreendeu, em 
perdas  de  nossas  unidades  de  combate  durante  a  seu  maior  efetivo,  seis  cruzadores,  33 
Batalha do Atlântico.  contratorpedeiros,  diversas  esquadrilhas  de  patrulha, 
bombardeiros  e  dirigíveis,  além  de  caça‐submarinos, 
A  primeira  perda  da  Marinha  de  Guerra  foi  a 
do  Navio‐Auxiliar  Vital  de  Oliveira,  torpedeado  por 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 79 
 
patrulheiros,  tênderes,  varredores,  auxiliares  e  O  navio  que  participou  no  maior  número  de 
rebocadores.  comboios  foi  a  Corveta  Caravelas  ,  com  77 
participações. 
Um  dos  principais  pontos  desse 
relacionamento Brasil–Estados Unidos foi a integração  Com  todos  esses  dados,  o  que  efetivamente 
operacional  entre  as  duas  Marinhas.  Foram  significou  para  a  nossa  Marinha  de  Guerra  a  sua 
aperfeiçoados  procedimentos  comuns  e  táticas  participação no conflito mundial? 
eficazes na luta anti‐submarino. 
A primeira conclusão a que se pode chegar é a 
Em  7  de  novembro  de  1945,  concluída  a  sua  que  adquirimos  maior  capacidade  para  controlar 
missão,  a  Força  Naval  do  Nordeste  regressou  ao  Rio  áreas  marítimas  e  maior  poder  dissuasório.  No 
de Janeiro em seu último cruzeiro, tendo contribuído  entanto,  deve  ser  admitido  que  tal  situação  foi  fruto 
para  a  livre  circulação  nas  linhas  de  navegação  do  do auxílio norte‐americano. Se estivéssemos sozinhos 
Atlântico Sul.  nessa  empreitada,  poderíamos  ficar  em  situação 
delicada,  principalmente  na  manutenção  de  nossas 
E o que ficou?  linhas de comércio marítimo. 
Não  se  pode  analisar  a  participação  da  A  segunda  conclusão  aponta  para  uma 
Marinha  de  Guerra  brasileira  na  Segunda  Guerra  mudança  de  mentalidade  na  Marinha,  com  a 
Mundial  sem  apontar  alguns  dados  que  delimitam  assimilação  de  novas  técnicas  de  combate  e  a 
todo  o  seu  esforço  para  manter  nossas  linhas  de  incorporação  de  meios  modernos  para  as  forças 
comunicação abertas.  navais.  Essa  mudança  de  mentalidade  fez  a  Marinha 
Foram  comboiados  cerca  de  3.164  navios,  tornar‐se bem mais profissional. 
sendo 1.577 brasileiros e 1.041 norte‐americanos, em  A  terceira  foi  a  oportunidade  de  a  Marinha 
575 comboios. Considerando esse número de navios e  “sentir  o  odor  do  combate”,  participar  de  ações  de 
as perdas em comboios, chegamos à conclusão de que  guerra  e  adquirir  experiências  da  refrega,  das 
cerca  de  99,01%  dos  navios  protegidos  atingiram  os  adversidades,  do  medo  e  da  dor  com  a  perda  de 
seus destinos.  navios  e  companheiros.  Essa  experiência  de  combate 
Foram  percorridos  pelos escoltas,  sem  contar  foi  fundamental  para  forjar  os  futuros  almirantes, 
os  ziguezagues  realizados  para  dificultar  a  detecção  oficiais e praças da Marinha, acostumados com a vida 
submarina  e  o  tiro  torpédico,  um  total  de  600.000  dura  da  guerra  antisubmarino  e  da  monotonia  e  do 
milhas náuticas, ou seja, 28 voltas em redor da Terra  estresse dos comboios. 
pelo Equador.  A  quarta  conclusão  é  a  percepção  de  que  a 
A Esquadra americana comboiou no Atlântico  logística  ocupa  lugar  de  importância  na  manutenção 
16 mil navios, o que corresponde a 16 mercantes por  de  uma  força  combatente  operando  eficientemente. 
cada  navio  de  guerra.  A  Marinha  do  Brasil  comboiou  Esse  tipo  de  percepção  refletiu‐se  na  construção  da 
mais  de  três  mil  navios,  o  que  corresponde  a  50  Base Naval de Natal e outros pontos de apoio logístico 
mercantes por cada navio de guerra brasileiro.  do  nosso  litoral.  Nisso  os  Estados  Unidos  foram  os 
grandes mestres. 
Foram  atacados  33  navios  mercantes 
brasileiros,  com  um  total  de  982  mortos  ou  A  quinta  foi  a  nossa  aproximação  com  os 
desaparecidos  na  Marinha  Mercante.  Em  tonelagem  norte‐americanos.  Essa  associação  nos  alinhou 
bruta, foram perdidos 21,47% da frota nacional.  diretamente  com  suas  doutrinas  e  com  uma 
exacerbada  ênfase  na  guerra  anti‐submarino.  Essa 
O navio de guerra que mais tempo passou no  percepção  só  foi  mudada  a  partir  da  denúncia,  em 
mar foi o Caça‐Submarinos Guaporé, num total de 427  1977,  do  Acordo  Militar  assinado  com  esse  país  em 
dias de mar, em pouco mais de três anos de operação,  1952.  Com  esta  denúncia,  optamos  por  uma 
o que perfez uma média anual de 142 dias de mar.  tecnologia relativamente autóctone. 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 80 
 
E, por fim, a guerra no mar mostrou‐nos que,     
no caso do Brasil, em uma conflagração generalizada, 
as  nossas  linhas  de  comunicação  serão  os  alvos 
prioritários  em  nossa  defesa,  pois  ainda  somos 
dependentes do comércio marítimo. 

C R O N O L O G I A 
DATA  EVENTO 
Apresentação  na  Câmara  dos 
Deputados  do  programa  de 
Julho  de 
reaparelhamento  naval  do  Almirante 
1904 
Júlio  de  Noronha  pelo  Deputado 
Laurindo Pitta. 
Aprovação  do  programa  de 
Nov.  de  reaparelhamento  naval  do  Almirante 
1906  Júlio  de  Noronha  modificado  pelo 
Almirante Alexandrino de Alencar. 
Ago.  de 
Começa a Primeira Guerra Mundial. 
1914 
A  Alemanha  estabelece  bloqueio  sem 
17/01/1917  restrições ao comércio marítimo com os 
Aliados. 
Rompimento  das  relações  diplomáticas 
11/04/1917 
entre o Brasil e a Alemanha. 
Declaração de guerra entre o Brasil e a 
26/10/1917 
Alemanha. 
DNOG  suspende  de  Fernando  de 
01/08/1918 
Noronha com destino à África. 
09/11/1918  Termina a Primeira Guerra Mundial. 
09/06/1919  DNOG regressa ao Rio de Janeiro. 
01/09/1939  Começa a Segunda Guerra Mundial. 
Assinatura  da  Lei  de  Empréstimos  e 
11/03/1941  Arrendamentos  –  Lend  Lease  –  com  os 
Estados Unidos da América. 
Brasil rompe relações diplomáticas com 
28/01/1942 
os países do Eixo. 
Declaração de guerra entre o Brasil e a 
Alemanha  –  Criação  dos  Comandos 
31/08/1942 
Navais  na  costa  brasileira  e  Mato 
Grosso. 
05/10/1942  Criação da Força Naval do Nordeste. 
Torpedeamento  do  Navio‐Auxiliar  Vital 
19/07/1944  de  Oliveira  no  través  do  Farol  de  São 
Tomé. 
Afundamento  da  Corveta  Camaquã 
21/07/1944 
próximo a Recife. 
08/05/1945  Termina a Segunda Guerra Mundial. 
Afundamento  do  Cruzador  Bahia  entre 
04/07/1945 
o Nordeste e a África. 
A  Força  Naval  do  Nordeste  regressa  ao 
07/11/1945 
Rio de Janeiro. 
 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 81 
 
EXERCÍCIOS:   

1  ‐  (PS‐RM2‐OF/2016)  –  Qual  das  missões  abaixo  4 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016‐EX) –  Leia o texto a seguir. 


representou a principal atuação da Marinha do Brasil 
durante a Segunda Guerra Mundial?  “No  início  da  década  de  1940,  o  nosso  Poder  Naval 
possuía limitações operacionais importantes. No início 
(A) Patrulhar a área compreendida entre Dakar‐São  da  Segunda  Guerra  Mundial,  em  1939,  na  Europa,  o 
Vicente‐Gibraltar na costa da África.  Brasil  contava  com  praticamente  os  mesmos  navios 
(B) Realizar o bloqueio naval no Rio Prata  da Primeira Guerra Mundial. 
(C) Transportar tropas para a Europa e realizar 
operações anfíbias de desembarque na França  (...) Ao rompermos relações diplomáticas com o Eixo, 
ocupada.  a Marinha do Brasil desconhecia as novas táticas 
(D) Enfrentar os encouraçados alemães no Atlântico  antissubmarino e estava, consequentemente, 
Sul, dentre os quais pode ser citado o Encouraçado  desprovida do material flutuante e dos equipamentos 
Graf Spee.  necessários para executá‐las.” 
(E) Patrulhar o Atlântico Sul e escoltar o comboios de  Diante  da  situação  apontada  acima,  o  governo 
navios mercantes que trafegavam entre o Mar do  brasileiro  efetivou  um  acordo  internacional 
Caribe e o litoral sul do Brasil.  denominado  Lend  Lease,  que  possibilitou  o 
  empréstimo  e  o  arrendamento  para  a  Marinha  do 
Brasil  de  vários  navios  que  fossem  tecnologicamente 
2  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  Na  Segunda  Guerra  apropriados  àquela  guerra.  Com  qual  nação  foi 
Mundial,  o  bloco  militar  conhecido  como  Eixo  era  realizado  esse  acordo,  firmado  em  1º  de  outubro  de 
composto por quais países?  1941? 

(A) Inglaterra, Estados Unidos e Japão.  (A) Estados Unidos da América. 
(B) Itália, Estados Unidos e Rússia.  (B) Alemanha. 
(C) França, Inglaterra e Estados Unidos.  (C) Inglaterra. 
(D) Brasil, Inglaterra, Itália.  (D) França. 
(E) Alemanha, Itália e Japão.  (E) União Soviética. 

  5  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Na  Segunda 


Guerra  Mundial,  quem  era  responsável  pela  defesa, 
3  ‐  (PS‐RM2‐Praça/2016)  –  Qual  foi  a  missão  da  proteção  e  controle  que  abrangia  a  área  entre  os 
Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial?  Estados  de  Sergipe,  Bahia  e  Espírito  Santo,  com  sede 
(A) Invadir a Alemanha Junto com os Estados Unidos.  em Salvador? 
(B) Destruir os navios mercantes alemães.  (A) Comando Naval do Nordeste. 
(C) Patrulhar o Pacífico e proteger os comboios de  (B) Comando Naval do Centro. 
navios mercantes que trafegavam entre o Mar do  (C) Comando Naval do Leste. 
Caribe e o nosso litoral norte contra a ação dos  (D) Comando Naval do Norte. 
submarinos e navios corsários germânicos e italianos.  (E) Comando Naval do Sul. 
(D) Invadir a Itália junto com os Estados Unidos. 
(E) Patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios  Respostas: 
de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do   
Caribe e o nosso litoral sul contra a ação dos 
submarinos e navios corsários germânicos e italianos  1  E     
2  E     
Voga Larga. 
3  E     
  4  A     
5  C     

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 82 
 
8 ‐ O Emprego Permanente do Poder Naval  país  precisa  se  precaver,  cuidando  da  defesa  de  seus 
interesses,  para  que  os  outros  nunca  pensem  em 
O Poder Naval na guerra e na paz  empregar meios violentos para resolver os conflitos. 
Sem o Poder Naval não haveria este Brasil que  Não  seria  lógico  pensar  que  alguém  possa 
herdamos  de  nossos  antepassados.  Conforme  se  empregar  a  violência  sem  que  imagine  ter  uma  boa 
verifica  neste  livro,  o  Poder  Naval  português,  por  probabilidade  de  êxito,  sofrendo  apenas  perdas 
algum  tempo  o  luso‐espanhol,  e,  mais  tarde,  após  a  aceitáveis. Cabe ao Poder Militar de um país – do qual 
Independência, o brasileiro, foram empregados com a  o Poder Naval é também um dos componentes – criar 
violência  necessária  nos  conflitos  e  nas  guerras  que  permanentemente  uma  situação  em  que  seja 
ocorreram no passado. Toda vez que alguém utilizou a  inaceitável,  para  os  outros,  respaldar  seus  interesses 
força para impor seus próprios interesses encontrou a  conflitantes  com  o  emprego  de  força.  Isto  é,  o  nosso 
oposição  de  um  Poder  Naval  que  defendeu  com  Poder  Militar  deve  permanentemente  dissuadir  os 
eficácia o território e os interesses que possibilitaram  outros  países  de  usar  a  violência  e  é, 
a formação do Brasil.  conseqüentemente,  o  guardião  da  paz  –  daquela  paz 
Cabe observar que, em  geral, o que qualquer  que nos interessa, evidentemente. 
nação  mais  deseja  é  a  paz.  Mesmo  os  países  que  No  caso  do  Brasil,  por  exemplo,  na  paz  que 
promoveram as guerras do passado queriam alcançar  desejamos,  a  Amazônia  é  território  nacional;  o 
a  paz.  A  paz,  porém,  da  forma  que  desejavam,  comércio  internacional  deve  ser  livre,  assim  como  o 
impondo aos outros o que lhes convinha.  uso  do  transporte  marítimo  nas  rotas  de  nosso 
A  Alemanha  mandou  seus  submarinos  interesse;  a  maior  parte  do  petróleo  continua  sendo 
afundarem  os  navios  mercantes  brasileiros  porque  extraída do fundo do mar, sem ingerências de outros 
não queria que o Brasil, apesar de ser ainda neutro na  países;  a  enorme  área  compreendida  pela  Zona 
Segunda  Guerra  Mundial,  continuasse  a  fornecer  Econômica  Exclusiva  e  pela  Plataforma  Continental 
matérias‐primas  para  seus  inimigos.  Algumas  dessas  brasileira,  chamada  de  Amazônia  Azul,  é  controlada 
matérias‐primas  eram  muito  importantes  para  o  pelo  País;  não  ocorrem  exigências  anormais  no 
esforço  de  guerra  deles.  O  interesse  do  Brasil  era  pagamento  de  nossa  dívida  externa;  entre  outras 
continuar  comerciando  com  quem  desejasse  e  coisas.  A  dissuasão  é,  portanto,  uma  das  principais 
transportando  as  mercadorias  livremente  em  seus  formas de emprego permanente do Poder Militar em 
navios,  mas  isto  não  era  bom  para  os  alemães,  que  tempo  de  paz,  existindo  outras,  como  veremos 
precisavam  vencer  a  guerra  para  alcançar  a  paz  da  adiante. 
forma  que  desejavam,  o  mais  breve  possível.  Na  paz  Na  paz,  ou  no  que  se  denomina  paz  no 
que  a  Alemanha  queria,  suas  conquistas  territoriais  mundo,  o  confronto  entre  os  países,  resultante  de 
deveriam  ser  reconhecidas  pelos  outros  países  e  sua  conflitos de interesses, ocorre evitando, ao máximo, o 
expansão,  julgada  por  ela  importante  para  o  futuro  uso  da  violência,  porém,  disputando  politicamente, 
dos alemães, imposta aos povos vencidos.  econo‐micamente  e  em  todas  as  outras  manifes‐
A guerra resulta de conflitos de interesses. Ela  tações  da  potencialidade  nacional.  Nesse  contexto,  o 
ocorre  porque  não  há  um  árbitro  supremo  para  potencial  ofensivo  intrínseco  dos  instrumentos  do 
resolver  completamente  as  questões  entre  os  países.  Poder  Militar  faz  com  que  seu  emprego,  mesmo 
Existem  organizações  internacionais,  como  a  indireto,  possa  excitar  reações  em  países 
Organização  das  Nações  Unidas  (ONU)  e  a  observadores.  Tais  reações  podem  simplesmente 
Organização  dos  Estados  Americanos  (OEA),  por  resultar  de  excitação  acidental  ou  refletir  resultados 
exemplo,  que  muito  ajudam  para  evitar  a  violência  e  intencionalmente  desejados  por  quem  exerce  esse 
manter  essas  questões  no  campo  da  diplomacia.  emprego  indireto  do  Poder  Militar,  chamado  de 
Verifica‐se, no entanto, que o poder delas é limitado,  persuasão armada. 
porque  as  nações  são  ciosas  de  sua  soberania.  Cada 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 83 
 
Como  a  paz  é  relativa,  a  persuasão  armada  Classificação 
não  exclui  nem  o  uso  da  força,  de  maneira  limitada, 
desde  que  entendido  como  simbólico  pelo  país  Os  tipos  de  persuasão  naval,  específicos  do 
agredido.  As  grandes  potências  internacionais,  como  emprego  do  Poder  Naval  em  tempo  de  paz, 
os  Estados  Unidos  da  América,  a  Rússia  e  outros  classificados  quanto  aos  modos  em  que  os  efeitos 
utilizam permanentemente seus poderes militares.  políticos se manifestam são: 

Dos  componentes  do  Poder  Militar,  o  Poder  – sustentação; 


Naval  pode  ser  empregado  para  exercer  persuasão   – dissuasão; 
armada, em tempo de paz, no que se denominou, na   – coerção. 
década  de  1970,  de  “emprego  político  do  Poder  Na sustentação e na dissuasão, a persuasão se 
Naval”.  Ele  pode  ser  empregado  em  condições  manifesta  comportamentalmente  em  termos  de  se 
inigualáveis  com  outros  poderes  militares,  graças  a  sentir  apoiado  ou  contrariado  em  suas  intenções,  de 
seus  atributos  de:  mobilidade,  versatilidade  de  acordo  com  o  próprio  significado  dos  termos 
tarefas, flexibilidade tática, autonomia, capacidade de  empregados. Os aliados se sentem apoiados e quem é 
projeção de poder e alcance geográfico – que já foram  hostil se sente inibido de agir, portanto, dissuadido. 
referidos  no  primeiro  capítulo  deste  livro.  Concorre 
para  isso  o  conceito  de  liberdade  dos  mares,  que  A  coerção,  por  sua  vez,  pode  ser  positiva  ou 
possibilita aos navios de guerra se deslocar livremente  compelente, quando a uma ação já iniciada é forçada 
em  águas  internacionais,  atingindo  locais  distantes  e  uma  determinada  linha  de  ação,  modificando‐a,  ou 
lá  permanecendo,  sem  maiores  comprometimentos,  negativa,  também  chamada  de  deterrente,  quando 
em tempo de paz.  inibe  uma  determinada  atitude,  impedindo  que  seja 
tomada. 
Antes  da  invasão  do  Afeganistão  em  outubro 
de  2001,  por  exemplo,  os  americanos  deslocaram  Na  crise  da  década  de  1960,  chamada  de 
para  águas  internacionais,  próximas  do  local  do  Guerra  da  Lagosta,  por  exemplo,  a  França  enviou 
conflito, uma poderosa força naval. Influíam assim nos  navios  de  guerra,  em  tempo  de  paz,  para  proteger 
países  da  região,  sinalizando  apoio  aos  aliados,  seus  barcos  de  pesca,  que  capturavam  lagostas  na 
dissuadindo  as  ações  dos  que  lhes  eram  hostis  e  plataforma continental brasileira. O governo brasileiro 
favorecendo o apoio dos indecisos, em suma, criando  determinou que diversos navios da Marinha do Brasil 
intencionalmente uma variedade de reações.  se  dirigissem  para  o  local  da  crise,  mostrando  que  o 
País  estava  disposto  a  defender  seus  direitos,  se 
O  sentido  indireto  da  palavra  persuasão  é  necessário  com  o  emprego  da  força.  Logo  os  navios 
significativo, pois é através da reação dos outros que  franceses retornaram e o conflito de interesses voltou 
ela  se  manifesta.  Então,  é  essencial  que  eles  para o campo da diplomacia – de onde nunca deveria 
percebam  o  emprego  das  forças  navais,  modificando  ter  saído.  A  persuasão  naval  exercida  pelo  emprego 
seu ambiente político e, conseqüentemente, afetando  do  Poder  Naval  brasileiro  foi  de  coerção  deterrente, 
suas  decisões,  por  se  sentirem  apoiados,  dissuadidos  porque  inibiu  o  apoio  que  intencionalmente  os 
ou  mesmo  compelidos  a  uma  reação  específica.  franceses pretendiam dar a seus barcos de pesca. 
Exerce‐se, portanto, a persuasão armada estimulando 
resultados  que  dependem  de  reações  alheias,  No  passado,  muitas  vezes  as  nações 
políticas  e/ou  táticas,  às  vezes  conflitantes  e  em  detentoras  de  Poder  Naval  utilizaram  seus  navios  de 
princípio  imprevisíveis.  Existe  sempre  a  possibilidade  guerra e forças navais com o propósito de sustentação 
de  se  configurarem  situações  inesperadas,  até  pelo  ou  de  dissuasão.  A  simples  existência  de  um  Poder 
resultado,  não  intencional,  da  excitação  de  terceiros.  Naval  preparado  para  a  guerra  pode  fazer  com  que 
Daí  a  importância  de  uma  permanente  avaliação  em  aliados se sintam apoiados em suas decisões políticas 
qualquer ação de emprego político do Poder Naval.  nas  relações  internacionais  e  inimigos  sejam 
dissuadidos  de  suas  intenções  agressivas. 
  Evidentemente,  os  efeitos  da  persuasão  armada 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 84 
 
podem  se  manifestar  em  diferentes  níveis  de  quando em combate. Por outro lado, são “visíveis” os 
intensidade.  A  relação  entre  as  forças  empregadas  mísseis,  os  canhões  e  o  próprio  porte  e  aspecto 
para  a  persuasão  naval  e  a  intensidade  dos  efeitos  externo  do  navio.  Na  realidade,  é  importante  que  o 
que  elas  estimulam  não  é  nem  direta  nem  navio  tenha  suficiente  flexibilidade  para  possibilitar 
proporcional. A resultante final da persuasão depende  seu emprego político, mas a função política de tempo 
da  integração  das  inibições  e  incitações  provocadas  de  paz  não  deve  levar  à  preparação  de  um  Poder 
pela ameaça ou apoio, que são, por sua vez, função de  Naval apenas aparente. 
decisões  tomadas  sob  pressões  políticas, 
condicionadas  por  fatores  psicossociais  e  culturais  e  O  prestígio  de  uma  Marinha  sempre  foi  um 
pela  interação  entre  os  líderes  e  a  opinião  pública.  A  dos  atributos  mais  importantes  para  a  percepção  do 
percepção,  portanto,  além  de  relativa,  é  essencial  à  Poder Naval. O prestígio está principalmente baseado 
análise da persuasão.  nas capacidades “visíveis” e pode levar à necessidade 
de demonstrar permanente superioridade. A Marinha 
A percepção do Poder Naval  Real  da  Grã‐Bretanha,  por  exemplo,  durante  a  época 
em que dominava os mares, fazia questão de manter 
Como  toda  percepção,  a  do  Poder  Naval  o seu prestígio. 
depende  das  capacidades  que  são  visíveis  ao 
observador.  Esse  observador  está  embebido  num  O  Cruzador  russo  Askold,  por  exemplo,  era  o 
contexto político, doméstico, regional e internacional,  único navio de cinco chaminés do mundo e, em 1902, 
que  não  apenas  molda  suas  reações,  como  também  visitou  o  Golfo  Pérsico.  Sua  visita  causou  profunda 
influi na própria percepção.  impressão, devido à percepção de potência mecânica 
que  o  número  de  chaminés  transmitia.  Em  resposta, 
Enquanto  numa  guerra  preponderam  as  os  britânicos  desviaram  o  Cruzador  HMS  Amphritite 
qualidades reais dos meios empregados, que decidem  para Mascate (capital de Omã). Para eles, a disputa de 
os resultados das ações militares, em situação de paz  prestígio com a Rússia no Oriente era importante. Seu 
ou  conflitos  de  natureza  limitada,  as  ameaças  são  comandante  providenciou  mais  duas  chaminés  de 
medidas  em  termos  de  previsões  e  comparações.  lona  para  seu  navio,  totalizando  seis  e  restaurando  o 
Essas previsões se baseiam nos dados quantitativos e  prestígio local da Marinha Real. 
qualitativos  ao  alcance  do  observador,  de  sua 
capacidade de perceber, portanto.  Possivelmente,  a  percepção  mais  importante 
do  emprego  político  de  uma  força  naval  não  está  na 
Os países desenvolvidos têm, em geral, maior  aparência da força em si, nem no prestígio da Marinha 
capacidade  para  avaliar  as  verdadeiras  ameaças  a  que  pertence,  mas  na  percepção  do  quanto  é 
resultantes do Poder Militar, inclusive do Poder Naval,  realmente  importante  o  objetivo  pretendido  para 
que  é  um  de  seus  componentes.  Sabem  utilizar  seus  quem aplica a persuasão armada. A disposição de usar 
meios  de  comunicação  para  divulgar  notícias  que  a força e de sofrer as perdas conseqüentes deste ato é 
valorizam  a  capacidade  de  seus  armamentos.  O  essencial  e  deve  ser  claramente  perceptível.  A 
mesmo  não  ocorre  com  países  em  desenvolvimento,  percepção  da  capacidade  de  alcançar  o  objetivo  pela 
que  podem  até  ter  sua  percepção  bastante  força também é muito importante. Pode ocorrer que 
influenciada  por  essas  notícias,  tendo  em  vista  suas  não  exista  essa  capacidade,  ou  que  não  se  possa 
próprias limitações de análise. Conseqüentemente, as  alcançar o objetivo sem um sacrifício superior ao seu 
avaliações das forças navais podem levar a conclusões  valor, ou basta que assim seja avaliado pelo país alvo, 
bastante distorcidas em relação à capacidade real em  para que os resultados não sejam atingíveis através do 
combate, mas, em tempo de paz, são estas avaliações  emprego político do Poder Naval. 
subjetivas que importam e que produzem resultados. 
É  interessante  observar  que,  atualmente,  os 
São  “invisíveis”  aos  leigos  em  guerra  naval,  mísseis ar‐superfície e superfície‐superfície colocaram 
por  exemplo,  a  complexidade  sistêmica  dos  navios  países  relativamente  fracos  em  condições  de  causar 
modernos, necessárias às respostas rápidas e eficazes,  danos consideráveis a uma força naval próxima a suas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 85 
 
costas.  Tal  fato,  porém,  não  impede  que  uma  força  são  apenas  funções  do  ambiente  regional  onde  se 
naval  possa  exercer  persuasão,  porque  não  é  sua  situam e das vulnerabilidades que possuem. 
capacidade  absoluta  que  importa,  mas  sim  o  que  ela 
significa  como  representante  do  Poder  Naval  e  da  Para  os  países  mais  pobres,  o  armamento 
vontade  de  seu  país  de  alcançar  o  objetivo  moderno  possibilita  condições  excepcionais,  em 
suportando  as  perdas  prováveis,  se  tal  for  assim  relação ao passado. O conflito das Falklands/Malvinas, 
percebido.  em  1982,  apesar  do  desfecho  desfavorável  à 
Argentina, é um exemplo que não pode deixar de ser 
Na crise provocada pelos mísseis que a União  citado,  porque  poderia,  até,  ter  outro  resultado,  se 
Soviética  pretendia  instalar  em  Cuba,  em  1962,  a  houvesse  submarinos  argentinos  eficazes  e 
Marinha  dos  Estados  Unidos  mostrou  determinação  suficientes. 
suficiente  para  que  os  soviéticos  decidissem  que  os 
navios  que  transportavam  os  mísseis  deveriam  Táticas podem ser descritas para a persuasão 
regressar.  Foi  portanto  uma  ação  de  coerção  naval. Essas táticas são as diversas formas de emprego 
deterrente  do  emprego  político  do  Poder  Naval  das forças navais para alcançarem resultados políticos 
americano, pois modificou uma ação que já estava em  em tempo de paz. Elas são: 
andamento,  em  face  de  terem  percebido  que  os  ‐ demonstração permanente do Poder Naval; 
americanos estavam dispostos a usar a força para não  ‐ posicionamentos operativos específicos; 
ter seu território ao alcance dos mísseis de Cuba.  ‐ auxílio naval; 
Considerando  o  conflito  pela  posse  das  Ilhas  ‐ visitas operativas a portos; e 
Falklands/ Malvinas, em 1982, os argentinos deixaram  ‐ visitas específicas de boa vontade. 
de  ser  dissuadidos  pelo  Poder  Naval  britânico  e  A  demonstração  permanente  do  Poder  Naval 
invadiram  as  ilhas,  porque  julgaram  que  o  valor  permite,  através  de  ações  como  deslocamentos  e 
daquelas ilhas não compensava o esforço de projetar  manobras  com  forças,  inclusive  estrangeiras, 
o poder da Marinha da Grã‐Bretanha àquela distância  participação  em  missões  de  paz  da  Organização  das 
no  Atlântico  Sul,  em  face  das  perdas  humanas  e  Nações Unidas; reforços e reduções de nível de forças; 
materiais  que  provavelmente  teria.  Por  seu  turno,  a  aumento  ou  redução  da  prontificação  para  combate; 
ocupação  militar  das  ilhas  falhou  porque  o  governo  e  obter  efeitos  desejados  como:  aumentar  a 
britânico  levou  a  questão  ao  ponto  de  defesa  da  intensidade  da  persuasão;  desencorajar;  demonstrar 
honra do Reino Unido.  preocupação  em  crises  entre  terceiros;  exercer 
O  ambiente  doméstico  do  país  que  é  alvo  da  coerção  ou  apoio  de  maneira  limitada  ou  restrita, 
persuasão  é  básico  no  contexto  político  das  decisões  entre outros. 
que  governam  sua  eficácia.  É  fundamental  que  os  Os  posicionamentos  operativos  específicos, 
líderes  desse  país  aceitem  serem  persuadidos  e  até  situando  navios  ou  forças  navais  próximo  a  um  local 
cooperem,  servindo  de  intermediários  com  a  opinião  de  crise  constituem  apenas  um  caso  especial  da 
pública,  para  que  o  objetivo  da  persuasão  seja  demonstração  permanente  e  as  ações  podem  ser 
considerado  uma  necessidade  imposta  e  a  atitude  semelhantes. 
tomada como pragmática. 
O  auxílio  naval  inclui  a  instalação  de  missões 
O emprego permanente do Poder Naval  navais,  o  fornecimento  de  navios  e  o  apoio  de 
A  teoria  do  emprego  político  do  Poder  Naval  manutenção. 
mostra a possibilidade do uso permanente das forças  As  visitas  a  portos  estrangeiros,  para 
navais em tempo de paz, em apoio aos interesses de  reabastecimento,  descanso  das  tripulações,  ou 
uma  nação.  Isso  é  verdade  tanto  para  os  países  mesmo,  específicas  de  boa  vontade,  no  que  se 
desenvolvidos  quanto  para  os  países  em  denomina  “mostrar  a  bandeira”,  podem  transmitir  a 
desenvolvimento e a intensidade e tipos de emprego  imagem  do  prestígio  da  Marinha,  aumentando  a 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 86 
 
influência  e  acumulando  vantagens  psicossociais 
sobre o país visitado. 

O  Poder  Naval  brasileiro  é  empregado  em  tempo  de 


paz de diversas maneiras, podendo‐se destacar: 

– as operações com Marinhas aliadas, como a 
Operação Unitas, com a Marinha dos Estados Unidos 
e de países sul‐americanos; a Operação Fraterno, com 
a Armada da República Argentina; e muitas outras;  
– a participação em diversas missões de paz, 
transportando as tropas ou através de seus fuzileiros 
navais, como em São Domingos, Angola, 
Moçambique, Nicarágua e Haiti;  
– e as viagens de instrução do navio‐escola e as visitas 
a portos estrangeiros, “mostrando a bandeira”. 

Cabe também ressaltar o apoio que a Marinha 
do Brasil presta a outras Marinhas aliadas, na América 
do Sul e no continente africano. 

A  análise  do  passado  demonstra  a 


necessidade do emprego permanente do Poder Naval. 
Para  o  Brasil,  é  importante  manter  um  Poder  Naval 
capaz de inibir interesses antagônicos e de conservar 
a paz como desejada pelos brasileiros. 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 87 
 
EXERCÍCIOS: 

1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2016) – Na década de 1960, uma crise 
envolveu  Brasil  e  França  em  uma  questão 
correlacionada  à  soberania  do  mar  territorial 
brasileiro. Tal crise levou o governo brasileiro a tomar 
uma  atitude  de  persuasão  naval  coercitiva, 
determinando o envio de navios da Marinha do Brasil 
ao  local  da  crise  a  fim  de  demonstrar  que  o  País 
estava disposto a defender seus direitos. Finalmente, 
o  conflito  de  interesses  foi  resolvido  no  campo  da 
diplomacia. Como ficou conhecida essa crise? 

(A) Guerra das Malvinas. 
(B) Crise dos Mísseis. 
(C) Questão Christie 
(D) Guerra da Lagosta. 
(E) Crise Vichy. 

Resposta: 
(D) 

2 ‐ (PS‐SMV‐PR/2017) No Brasil, cabe ao Poder Militar: 

(A) utilizar a força para impor os interesses do Brasil a 
outros países. 
(B) dissuadir outros países de usar a violência, sendo, 
consequentemente, o guardião da paz. 
(C) favorecer o comércio externo do país. 

(D)  somente  preservar  o  território  do  país, 


(E)  inspecionar,  nas  aduanas,  a  entrada  de  produtos 
adquiridos no exterior. 

Resposta: 
(B) 

3  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Na  crise  da  década  de  1960, 


chamada de Guerra da Lagosta, que tipo de persuasão 
naval o Governo brasileiro utilizou contra a França? 

(A) Sustentação. 
(B) Dissuasão. 
(C) Intimidação. 
(D) Coerção deterrente. 
(E) Imposição. 

Resposta: 
(D) 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 88 
 
G L O S S Á R I O  construídas  após  a  guerra  eram  basicamente  navios 
de patrulha adaptados a diversas finalidades, inclusive 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DE NAVIOS DE GUERRA  salvamento e reboque. Eram navios pequenos, de 500 
Brigue – Do inglês brigantine, do francês brick: navio  a  1.100t,  e  velocidade  de  12  a  18  nós.  Atualmente, 
a  vela,  com  dois  mastros  espigando  mastaréus  e  principalmente devido aos altos custos das fragatas e 
envergando pano redondo, com velas de entremastro  contratorpedeiros, as corvetas estão readquirindo sua 
e  gurupés  e  um  latino  quadrangular  no  mastro  da  importância,  com  várias  Marinhas  envolvidas  em 
mezena.  programas  de  construção  de  navios  desta  classe.  As 
modernas  corvetas  da  Marinha  brasileira  (Classes 
Bergantim  –  Do  italiano  brigantino,  embarcação  Inhaúma  e  Barroso)  são  dotadas  de  boa  capacidade 
pirata  do  Mediterrâneo,  do  inglês  brigantine,  do  anti‐submarina,  mísseis  antinavio,  canhão  de  duplo 
francês, brigantin. Antiga embarcação a vela e remo,  emprego  (antiaéreo  e  superfície),  sistemas  de  defesa 
esguia  e  veloz,  de  convés  corrido,  com  um  ou  dois  antiaérea  e  antimíssil  de  curta  distância  e  podem 
mastros de galé e oito a dez bancos para remadores.  operar  um  helicóptero.  Devido  a  sua  complexidade  e 
Posteriormente,  navio  a  vela  de  dois  mastros,  cada  armamento,  algumas  Marinhas  as  classificam  como 
um  espigando  dois  mastaréus  (mastro  suplementar  fragatas leves. 
preso  ao  mastro  real)  e  envergando  pano  redondo, 
com velas no entremastro e gurupés, armado com 10  Cruzador  –  Navio  de  combate,  de  tamanho  médio, 
a 20 peças de artilharia.  grande  velocidade,  proteção  moderada,  grande  raio 
de  ação,  boa  mobilidade,  e  armamento  de  calibre 
Caravela  –  De  caravo,  do  inglês  caravel,  do  francês  médio e tiro rápido, destinado a efetuar explorações, 
caravelle:  navio  de  casco  alto  na  popa  e  baixo  na  coberturas,  escoltas  de  comboios  (contra‐ataque)  de 
proa,  de  proa  aberta  ou  coberta,  arvorando  de  um  a  superfície,  guerra  de  corso,  bombardeios  de  costa, 
quatro  mastros  de  velas  bastardas  (latinas  e  etc. 
triangulares)  e  armado  com  até  dez  peças  de 
artilharia.  Sua  tonelagem  variava  de  60a  160t.  Os  cruzadores  descendem  das  antigas 
Algumas  caravelas  tinham  velas  redondas  no  mastro  fragatas.  A  Revolução  Industrial,  que  permitiu,  em 
do  traquete;  foram  os  navios  mais  utilizados  pelos  meados  do  século  XIX,  a  substituição  quase 
portugueses  nos  descobrimentos  marítimos  dos  simultânea da vela pela máquina a vapor e da madeira 
séculos  XV  e  XVI;  tinham  pouco  calado,  bolinavam  pelo  ferro,  resultou  em  profundas  modificações  nos 
bem e eram de fácil manobra.  métodos  da  guerra  naval.  Em  1860,  começaram  a 
surgir  as  primeiras  fragatas  dotadas  de  couraça, 
Caravo – Embarcação a vela, de porte variável, muito  assumindo  logo  depois  um  papel  preponderante  na 
utilizado pelos mouros no Mediterrâneo.  linha  de  batalha,  e  sentiu‐se  a  necessidade  de  dar  às 
fragatas  mais  velozes  e  menos  armadas  uma  função 
Corveta  –  Do  francês  corvette:  navio  de  guerra 
de observação avançada. 
semelhante à nau, menor e mais armado que ela, com 
três  mastros,  sem  acastelamentos,  armado  apenas  Na  Guerra  Civil  Americana  (1861‐1865) 
com uma bateria de canhões, coberta ou descoberta,  apareceu  o  cruzador  ligeiro,  um  navio  levemente 
porém  mais  veloz.  Apareceu  em  fins  do  século  XVIII  armado,  sem  proteção,  destinado  a  dar  caça  aos 
para  substituir  a  fragata  e  o  brigue  em  missões  de  navios  de  comércio  e  reprimir  o  contrabando.  Pouco 
reconhecimento  ofensivo,  para  o  qual  este  era  depois  surgia  o  cruzador  protegido,  dotado  de  uma 
demasiado  fraco  e  aquela  forte  demais,  e  coberta protetora e subdivisões internas adequadas. 
desempenhava  missões  de  aviso,  de  transporte  e 
munição.  Entretanto,  somente  em  1889  é  que 
começaram  a  aparecer  os  modernos  cruzadores, 
Durante  a  Segunda  Guerra  Mundial  foram  tendo  a  Inglaterra  nesse  ano  mandado  construir 
empregadas  pelos  aliados  para  patrulha  anti‐ navios que classificavam três tipos: cruzadores de 1a , 
submarino  e  escolta  a  comboios.  As  corvetas  2ª e 3ª classes. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 89 
 
No  princípio  do  século  XX,  a  Inglaterra  polegadas,  dispostos  em  torres  duplas  encouraçadas, 
construiu  os  cruzadores  de  batalha.  Na  Batalha  da  ou  nove  canhões  em  torres  tríplices.  Sua  bateria 
Jutlândia,  em  1916  (Primeira  Guerra  Mundial),  três  secundária era constituída de oito a doze canhões de 
cruzadores de batalha ingleses foram afundados com  cinco  polegadas  e  a  bateria  antiaérea  por  um  grande 
quase toda a tripulação: o Invencible, o Infatigable e o  número  de  armas  automáticas  para  tiro  a  curta 
Queen Mary. Todos eles explodiram depois de alguns  distância;  possuíam  proteção  de  couraça  e  alguns  CP 
impactos  e  admitiu‐se  que  os  projéteis  tenham  levavam hidroaviões ou helicópteros. 
atingido  os  paióis  de  munição  devido  à  sua  leve 
couraça. O mesmo fato repetiu‐se em 1941 (Segunda  Em  20  de  julho  de  1959,  a  Marinha  norte‐
Guerra  Mundial) com o Hood, inglês e considerado o  americana  lançou  ao  mar  o  Long  Beach,  de  14.000t, 
maior  navio  do  mundo  na  época,  liquidado  com  a  classificado  como  cruzador  nuclear  de  mísseis 
terceira salva do Encouraçado alemão Bismarck.  guiados.  Primeiro  navio  de  guerra  de  superfície  de 
propulsão  nuclear  do  mundo,  com  velocidade 
Os  tratados  assinados  em  1919  proibiam  a  superior  a  45  nós,  desenhado  para  operar  contra 
Alemanha de construir navios de guerra com mais de  quaisquer inimigos na guerra nuclear ou convencional. 
10.000t  de  deslocamento.  Tendo  isto  em  vista,  esse  Possuía  os  mais  modernos  equipamentos  para 
país  construiu  três  navios,  o  Almirante  Graff  Spee,  o  detectar  e  destruir  submarinos,  aviões  e  mísseis 
Almirante  Scheer e o Deutschland (alterado em 1940  inimigos da época. 
para Lutzow), aos quais classificou como panzerschiffe 
(navio  encouraçado).  Até  1939,  pouco  se  sabia  sobre  O  cruzador  nuclear  de  mísseis  guiados 
eles  fora  da  Alemanha,  e  a  imprensa  os  cognominou  California,  de  9.500t,  lançado  ao  mar  em  1971, 
de  encouraçados  de  bolso.  Aparentemente,  tinham  semelhante  ao  Long  Beach,  foi  o  primeiro  navio  de 
10.000t  de  deslocamento,  mas  eram  na  realidade  guerra a ser armado com canhões de cinco polegadas 
supercruzadores  de  12.000t,  armados  com  seis  desguarnecidos. 
canhões  de  11  polegadas  (280mm)  e  oito  de  5,9  O  primeiro  cruzador  de  mísseis  guiados  da 
polegadas (150mm).  classe  Ticonderoga  foi  lançado  ao  mar  em  1981, 
O Graff Spee foi vencido na Batalha do Rio da  constituindo‐se  no  mais  moderno  e  poderoso 
Prata, Argentina, em 1939 (onde se refugiou avariado  cruzador  da  atualidade,  podendo  contar  com  uma 
e  foi  afundado  pelo  próprio  comandante),  por  uma  excelente capacidade de detecção nos três ambientes 
Força  Naval  composta  de  um  cruzador  pesado  de  de  guerra,  além  de  equipamentos  de  guerra 
8.400t  ,  o  Exeter,  e  dois  cruzadores  leves,  o  Ajax  e  o  eletrônica  de  última  geração  e  boa  capacidade  de 
Achilles.  defesa contra ataque nuclear, químico e biológico. 

Os  cruzadores  construídos  até  a  Segunda  Contratorpedeiro  –  Navio  de  combate  destinado  a 
Guerra  Mundial  eram  classificados  em  cruzadores  combater  as  torpedeiras.  Ver  verbete:  torpedos, 
pesados e cruzadores ligeiros. É lógico admitir que os  torpedeiras, contratorpedeiros. 
cruzadores  pesados  eram  maiores  e  mais  poderosos,  Contratorpedeiro‐de‐Escolta  –  Contratorpedeiro 
mas  a  base  desta  classificação  não  era  o  tamanho,  e  construído na Segunda Guerra Mundial pelos Aliados, 
sim  o  armamento,  sendo  considerados  pesados  os  especialmente para escoltar comboios. É menor que o 
que tinham canhões de mais de seis polegadas em sua  contratorpedeiro comum, de menor velocidade e com 
bateria principal e ligeiros aqueles cujos canhões eram  armamento preponderantemente anti‐submarino. 
menores.  Havia  ainda  os  cruzadores  de  batalha, 
navios  que,  em  comparação  com  os  encouraçados,  Contratorpedeiro‐líder  –  Contratorpedeiro  maior  do 
tinham  canhões  de  mesmo  calibre,  mas,  em  menor  que  o  comum,  com  acomodações  para  um 
número, possuíam maior velocidade e menor couraça.  comandante  de  força  e  seu  estado‐maior,  utilizado 
como líder de flotilha; contratorpedeiro de esquadra. 
Os  cruzadores  pesados  (CP)  possuíam  uma 
bateria  principal  de  oito  a  dez  canhões  de  oito 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 90 
 
Encouraçado  –  Do  inglês  ironclad,  battleship,  do  Até  aquela  época,  o  encouraçado  era 
francês  cuirassê:  navio  de  combate  desenvolvido  no  considerado o navio mais poderoso, reunindo máximo 
século  XIX,  armado  de  canhões  de  grosso  calibre,  poder  ofensivo.  Em  ações  da  Esquadra,  ele 
fortemente protegido por couraças nos pontos vitais,  permanecia  na  linha  de  batalha  atacando  os  maiores 
e por subdivisão interna do casco em compartimentos  navios inimigos com tiros de canhão de grosso calibre, 
estanques. Até a Segunda Guerra Mundial era o navio  apoiado  por  cruzadores,  navios‐aeródromos  e 
de combate mais poderoso, deslocando de 30 a 50 mil  contratorpedeiros. 
toneladas, e destinado a constituir a espinha dorsal da 
linha  de  batalha,  no  combate  entre  Esquadras.  Os  encouraçados  têm  sido  utilizados  para 
Durante a Segunda Guerra Mundial, os encouraçados  bombardeio  pesado  e  contínuo  de  instalações  de 
foram  empregados  para  canhonear  fortificações  terra  e  portos  inimigos,  inclusive  para  apoio  de 
costeiras,  nas  operações  anfíbias;  depois  cederam  a  operações anfíbias. Na Segunda Guerra Mundial, eles 
primazia aos navios‐aeródromos.  também  faziam  parte  da  escolta  dos  grandes 
comboios. 
Na  Marinha  do  Brasil:  Encouraçados  Minas 
Gerais e São Paulo do tipo Dreadnought, lançados ao  Até a última grande guerra, o armamento dos 
mar em 1910 e desativados na década de 1950.  encouraçados constituía‐se de: 

Os  primeiros  navios  encouraçados  foram  as  1)  uma  bateria  principal  com  canhões  de  304mm  a 
fragatas francesa Gloire e inglesa Warrior, construídas  406mm,  geralmente  dispostos  em  torres  tríplices  e 
em  1860.  Eram  navios  a  vela  e  vapor,  tendo  seus  que  lançavam  projéteis  pesando  cerca  de  uma 
números  canhões  nas  cobertas,  que  ficavam  tonelada  a  mais  de  20  milhas  de  distância; 
protegidas  pela  couraça.  Na  Gloire,  a  couraça  2) uma bateria secundária com canhões de 122mm ou 
estendia‐se por todo o comprimento do casco, desde  147mm,  em  numero  de  15  a  20,  dispostos  em  torres 
o  convés  até  dois  metros  abaixo  da  linha‐d‘água  em  duplas;  
plena carga, e tinha a espessura de 120mm nas obras  3)  bateria  antiaérea  com  armas  automáticas  de 
vivas e 110mm nas obras mortas. A Warrior tinha uma  pequeno calibre. 
cinta  couraçada  estendendo‐se  por  60  metros  na  A  modernização  dos  encouraçados  que  estão 
parte  central  do  casco,  limitada  na  proa  e  a  ré  por  em serviço inclui: substituição de parte de sua bateria 
duas anteparas transversais de couraça. O calibre dos  secundária  e  antiaérea  por  lançadores  de  mísseis  de 
canhões  foi  aumentando  gradualmente  com  a  cruzeiro  e  antinavio;  instalações  de  novos  sensores, 
espessura  das  couraças  até  que,  com  o  surgimento  sistema  de  defesa  antimíssil,  sistema  de  direção  de 
das  primeiras  torpedeiras,  entre  1875  e  1880,  houve  tiro  e  equipamentos  de  guerra  eletrônica  passiva  e 
necessidade  de  se  adotar  nos  encouraçados  uma  ativa;  e  capacitação  para  operar  três  helicópteros  de 
artilharia de calibre médio e tiro rápido.  porte médio. 
Na  Guerra  Russo‐Japonesa  (1904‐1905)  O encouraçado é, em síntese, uma plataforma 
apareceram os encouraçados maiores, bem armados,  flutuante móvel de canhões de grosso calibre e longo 
com canhões de grosso, médio e pequeno calibre. Em  alcance.  A  couraça  constitui  a  principal  proteção 
1906,  a  Inglaterra  revolucionou  a  arquitetura  naval  contra  tiros  de  canhão.  A  espessura  da  couraça  varia 
com  a  construção  do  tipo  Dreadnought,  em  que  se  nas  diferentes  partes  do  casco,  devendo  a  espessura 
suprimia  a  artilharia  médio  calibre,  aumentavase  o  máxima  ser  aproximadamente  igual  ao  calibre  dos 
deslocamento  para  18.000t  e  a  velocidade  para  21  canhões  dos  navios  semelhantes  de  outras  nações. 
nós. Logo em seguida, em 1910, o mesmo país sentia  Considera‐se que a couraça deve resistir à penetração 
necessidade  de  restaurar  a  bateria  secundária  ao  dos projéteis de calibre igual a sua espessura, quando 
construir  para  o  Brasil  os  Encouraçados  Minas  Gerais  lançados das distâncias usuais de tiro. 
e  São  Paulo,  os  maiores  navios  daquela  época,  cujo 
tipo  evoluiu  nos  encouraçados  da  Segunda  Guerra  A  couraça  é  de  maior  espessura  nas  torres  e 
Mundial.  na  cinta,  onde  é  mais  provável  o  impacto  direto  dos 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 91 
 
projéteis em ângulo favorável à penetração. Na torres  deslocamento de 1.800t (no último quartel do século 
dos canhões e na torre de comando, a espessura pode  XIX houve fragatas mistas, a vela e a vapor). 
atingir 457mm. 
(Do  português)  Embarcação  de  boca  aberta  e 
A couraça lateral é uma cinta encouraçada de  popa  chata,  com  um  mastro  que  enverga  vela  latina 
pouco  mais  de  uma  altura  de  coberta,  estendendose  quadrangular  e  duas  velas  de  proa,  200  a  300t  de 
ao  longo  da parte  central  do  casco,  que  compreende  capacidade  de  carga,  usada  no  Rio  Tejo  para 
suas partes vitais, na linha‐d’água e um pouco abaixo.   transporte de mercadorias.  

A  couraça  horizontal  protege  o  casco  contra  Modernamente,  navio  de  combate  maior  e 
as  bombas  aéreas  e  tiros  de  canhão  de  grande  mais  bem  armado  que  a  corveta,  empregado  para 
elevação; consta de um convés encouraçado de 152 a  patrulha  anti‐submarina  e  escolta  de  comboio  e  de 
205mm  e  um  convés  protegido,  abaixo  do  primeiro,  forças‐tarefas,  cujo  principal  armamento  são  mísseis. 
com  cerca  de  101mm  de  espessura.  Os  pavimentos  São  dotadas  de  numerosos  sensores  eletrônicos.  No 
destas  coberturas  ajudam  a  absorver  a  energia  de  Brasil,  fragatas  da  classe  Niterói,  com  duas  das  seis 
choque do projétil.  incorporadas  construídas  no  Arsenal  de  Marinha  do 
Rio de Janeiro (AMRJ). 
Outras  partes  do  casco,  como  os 
compartimentos  dos  aparelhos  de  governo,  estações  As  fragatas  estão  ligadas  aos 
de  direção  de  tiro,  passagens  principais  e  tubulações  contratorpedeiros.  Cumprem  os  mesmos  tipos  de 
colocadas acima da coberta encouraçada são também  tarefa e têm características semelhantes. Estes navios, 
protegidas por chapas de couraça. O peso da couraça  hoje,  se  confundem.  Pode‐se  dizer  que,  em  geral,  as 
pode atingir 40% do peso total do navio.  fragatas têm menor deslocamento, menor velocidade 
e  menor  quantidade  de  armamento  que  os 
A  proteção  contra  explosões  submarinas  contratorpedeiros,  mas  isso  está  longe  de  ser  uma 
(torpedos,  bombas  e  minas)  é  realizada  por  duas  ou  regra  geral  e  varia  de  Marinha  para  Marinha.  Podem 
três  anteparas  longitudinais,  constituindo  atuar  em  qualquer  ambiente  da  guerra  naval,  sendo 
compartimentos  de  segurança  laterais,  chamados  empregadas,  principalmente,  em  ataques  contra 
coferdans ou contraminas. Esses compartimentos são  navios  de  superfície;  guerra  anti‐submarino;  defesa 
cheios de óleo, de água, ou são conservados vazios. A  antiaérea  e  antimíssil;  apoio  a  operações  anfíbias; 
espessura  das  chapas  dos  coferdans,  óleo  e  a  água  operações  de  esclarecimento  e  como  piquete  radar; 
absorvem  grande  parte  do  choque  e  do  calor  da  escolta  de  comboios;  e  guerra  de  corso  contra 
explosão;  os  espaços  vazios  tendem  a  absorver  a  navegação mercante e combate ao narcotráfico. 
compressão  dos  gases  resultantes  da  explosão, 
reduzindo  seus  efeitos  antes  de  ser  atingida  a  As fragatas americanas da classe Oliver Hazard 
antepara interna.  Perry  utilizam  mísseis  guiados  na  defesa  antiaérea, 
antimíssil  e  para  ataque  a  navios  de  superfície.  A 
Encouraçado  de  bolso  –  Do  inglês  pocket  batteship:  primeira  unidade  dessa  classe  foi  comissionada  em 
nome  cunhado  pela  mídia  para  designar  os  1977.  Os  navios  têm  propulsão  a  turbina  a  gás  e  são 
encouraçados  de  10.000  toneladas,  construídos  e  equipados  com  mísseis  Standard  e  Harpoon, 
empregados pelos alemães durante a Segunda Guerra  armamento  de  76  e  20mm  e  dois  tubos  triplos  de 
Mundial. Ex: Graff Spee.  torpedos,  além  de  vários  equipamentos  utilizados  na 
Fragata  –  (Do  italiano)  Embarcação  menor  que  o  guerra  eletrônica.  Elas  também  podem  operar  com 
bergantim com popa menos elevada. Navio de guerra  dois helicópteros orgânicos. 
semelhante  à  nau,  menor  e  menos  armado  que  ela,  Galé  –  (Do  inglês  galley),  do  francês  galée  – 
porém  mais  veloz  e  de  melhor  manobra.  Não  tinha  Embarcação de guerra da Antigüidade greco‐romana e 
castelo  e  sua  mastreação  era  de  galera.  Apareceu  na  bizantina,  comprida  e  estreita,  impelida  basicamente 
primeira metade do século XVII, como aviso e, com o  por grandes remos (15 a 30 por bordo, manejado cada 
tempo,  chegou  a  ter  60  peças  de  artilharia  e 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 92 
 
um  por  três  a  cinco  remadores  sentenciados  a  redonda  (ou  “pano”).  Daí  até  fins  do  século  XVI, 
trabalhos forçados) e,  eventualmente,  por duas velas  princípios  do  XVII,  as  naus  foram  aumentando  de 
bastardas  içadas  em  mastros  próximos  à  proa.  Era  tamanho, tornaram‐se muito bojudas (boca com cerca 
dotada  de  esporão,  que  constituía  o  seu  principal  de  1/3  do  comprimento  da  quilha),  passaram  a 
instrumento de ataque a navios inimigos.  arvorar até três mastros (traquete, grande e mezena) 
envergando  pano  redondo,  e  uma  vela  latina 
Galera  –  Navio  mercante  a  vela,  com  gurupés,  três  quadrangular  à  popa  além  de  gurupés,  e  tinham  até 
mastros,  cada  um  com  dois  mastaréus,  cruzando  três  ou  quatro  cobertas  com  duas  a  três  baterias  de 
vergas  (velas  redondas)  e,  eventualmente,  com  velas  canhões;  dependendo  destas,  variava  o  número  de 
latinas quadrangulares.  peças  de  artilharia  que  portavam.  Com  o  passar  dos 
Galeão–  (Do  inglês  galeno,  do  francês  galion)  –  anos,  foi‐se  modificando  o  seu  velame.  Eram 
Embarcação  de  alto‐bordo,  com  dois ou  três  mastros  embarcações  imponentes,  em  geral  ricamente 
envergando  velas  redondas  e  gurupés  com  velas  de  ornamentadas, mas de difícil manejo. 
proa;  empregada  no  transporte  de  ouro  e  prata  da  Nau  de  Guerra  –  Destinada  a  proteger  o  comércio 
América  para  a  Espanha  e  Portugal  nos  séculos  XVI,  marítimo e fazer a guerra no mar, armada de 60 a 120 
XVII e XVIII. Era armado com numerosos canhões.  peças de artilharia, podendo ser de 1ª classe (mais de 
Monitor  –  Navio  de  combate,  de  calado  reduzido,  100  canhões),  de  2ª  classe  (90  a  100  canhões)  ou  de 
borda‐livre  muito  pequena,  armado  com  canhões  de  3ª (40 a 80 canhões). 
médio  ou  grosso  calibre,  em  geral  instalados  numa  Nau  de  linha  –  Armada  com  74  canhões  ou  mais, 
torre  giratória  na  parte  de  vante  e  na  mediana,  para  assim  chamada  porque  integrava  a  linha  de  batalha 
emprego em operações fluviais ou de bombardeio de  nos combates navais de vulto. 
costa.  A  vela  fora  abolida,  e  o  casco  do  monitor  era 
todo de ferro, bastante baixo, com uma borda livre de  Torpedos,  torpedeiras,  contratorpedeiros  –  Os 
40cm  apenas;  as  únicas  estruturas  acima  da  borda  primeiros  torpedos  surgiram  no  início  do  século  XIX, 
eram  a  torre,  uma  pequena  estação  de  governo  e  as  sob a forma  de uma  carga explosiva rudimentar, que 
chaminés.  deveria  ser  transportada  por  pequenas  embarcações 
para ser colocada sob o casco de um navio fundeado, 
Durante  a  Guerra  Civil  Americana  a  partir  de  onde  explodiria  com  uma  espoleta  de  tempo. 
1861,  os  confederados  construíram  uma  bateria  Apareceram  também  os  torpedos  rebocados  por  um 
encouraçada auto‐impulsionada chamada Merrimack.  cabo  de  aço,  mas  a  dificuldade  da  aproximação  sem 
Embora  pouco  de  novo  apresentasse  em  relação  às  ser  notado  pelo  inimigo  retardou  o  desenvolvimento 
canhoneiras  francesas  da  Criméia,  revelou‐se  uma  da  nova  arma.  Apesar  disto,  alguns  navios  foram 
ameaça  que  foi  enfrentada  pelo  Monitor,  do  afundados desta maneira até 1864, quando o escocês 
engenheiro naval sueco John Ericsson. Embarcação de  Robert  Whitehead  construiu  o  primeiro  torpedo  de 
ferro, com bordo livre baixo de 52m de comprimento  autopropulsão. 
cobrindo  um  casco  convencional  de  37m.  Não  havia 
nenhuma  superestrutura  além  de  chaminés,  Com  o  desenvolvimento  do  torpedo, 
escotilhas,  pequena  estação  de  governo  e,  a  obra‐ começaram  a  aparecer  navios  destinados  à  sua 
prima  de  Ericsson,  uma  única  torre  rotativa  que  utilização,  as  torpedeiras.  Os  primeiros  navios  deste 
continha dois canhões de antecarga de 11 polegadas.  tipo,  que  empregaram  torpedos  Whitehead,  foram 
A  disposição  da  torre  sobre  o  convés  permitia  a  construídos  de  1875  a  1880.  Eram  embarcações 
redução  do  número  de  canhões,  por  atirarem  eles  costeiras,  com  aproximadamente  30t  de 
pelos dois bordos.  deslocamento e que atacavam principalmente à noite 
ou  com  nevoeiro,  pois  seus  torpedos  de  seis  nós  de 
Nau  –  Até  fins  do  século  XV,  navio  de  porte  velocidade só percorriam 100 metros de distância. 
relativamente grande, com acastelamentos à proa e à 
popa,  arvorando  geralmente  um  só  mastro  com  vela 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 93 
 
O  sucesso  das  torpedeiras  fez  aparecer  o  Os  contratorpedeiros  modernos  possuem 
navio  destinado  a  combatê‐las.  Maior,  mais  rápido  e  mísseis  de  cruzeiro  de  longo  alcance,  canhões  de  4,5 
armado com canhões de médio calibre para emprego  ou  5  polegadas  de  tiro  rápido,  mísseis  antinavio, 
contra  a  chapa  fina  das  torpedeiras,  ficou  conhecido  lançadores de torpedo, mísseis para defesa antiaérea 
como contratorpedeiro (destróier).  a  curta,  média  e  longa  distâncias,  helicópteros 
capazes  de  levar  torpedos  e  mísseis  e  grande 
Na  Guerra  Hispano‐Americana  (1898),  as  capacidade de trocar informações com navios da força 
torpedeiras  e  contratorpedeiros  assumiram  papel  por  meio  de  link  de  dados.  A  Marinha  americana 
predominante, mas os últimos, logo dotados também  possui  ainda  contratorpedeiros  com  grande 
de torpedos, mostraram‐se tão eficientes em todas as  capacidade  de  defesa  nuclear  e  utilização  de 
formas  de  combate  que  foram  também  tomando  o  tecnologia  stealth,  a  qual  dificulta  a  identificação  do 
lugar  dos  próprios  navios  a  que  eram  destinados  a  mesmo  pelo  inimigo,  utilizando  para  isso  diferentes 
combater,  reduzindo  a  importância  das  torpedeiras.  tecnologias,  como  uso  de  superfície  e  bordas  em 
Os  contratorpedeiros  foram  aumentando  de  ano  a  ângulo  (evitando‐se  ângulos  retos),  para  diminuir  a 
ano,  em  tamanho,  velocidade  e  poderio,  e  hoje  são  sua  superfície  refletora  de  radar,  sistemas  de 
navios destinados não somente a atacar navios de sua  resfriamento  de  equipamentos  e  compartimentos 
espécie,  mas  também  podem  ser  empregados  com  diminuindo  a  assinatura  infravermelha.  Um  exemplo 
eficiência contra todos os demais navios, tornando‐se  disso seria o resfriamento dos gases das turbinas, que, 
os  mais  decididos  adversários  de  submarinos.  Nas  antes  de  atingirem  o  exterior  do  navio,  aquecem  a 
duas  guerras  mundiais,  esses  navios  tiveram  grande  água  dos  grupos  destilatórios  e,  conseqüentemente, 
desenvolvimento e foram usados com muito sucesso.  se  resfriam  antes  de  chegarem  ao  meio  ambiente, 
Os  maiores  contratorpedeiros  dos  últimos  dificultando  assim  a  detecção  do  navio  por  sistemas 
anos são os da classe Spruance. Construídos de forma  infravermelho. 
modular,  em  uma  linha  de  montagem  muito  A  utilização  de  equipamentos  elétricos,  tais 
avançada,  têm  170m  de  comprimento,  8.040t  de  como  cabrestante  e  guinchos,  nas  partes  internas  do 
deslocamento, propulsão a turbina a gás e velocidade  navio  são  muito  eficientes  para  diminuir  a  assinatura 
acima  de  30  nós.  Seu  armamento  inclui  mísseis  de  acústica  e,  com  isso,  dificultar  a  detecção  por 
cruzeiro,  antiaéreos,  antinavios,  armas  para  guerra  submarinos.  Todo  e  qualquer  artifício  utilizado  para 
anti‐submarino, canhões e helicópteros.  evitar  a  detecção  do  navio  pelo  inimigo  pode  ser 
Atualmente,  além  de  serem  navios  bastante  considerado tecnologia stealth. 
versáteis,  os  contratorpedeiros  são  também  os  mais     
numerosos navios de guerra do mundo. São navios de 
grande velocidade, podendo desenvolver até mais de 
30 nós, com grande mobilidade, pequena autonomia, 
tamanho  moderado  e  pequena  proteção  estrutural. 
Seu armamento principal consta de mísseis de curto e 
longo alcance, torpedos, canhões e helicópteros. 

Apesar  de  executarem  todos  os  tipos  de 


tarefas, são empregados principalmente em proteção 
de  um  grupo  de  batalha  nucleado  por  um  navio‐
aeródromo;  guerra  anti‐submarino;  ataques  contra 
navios de superfície e alvos em terra; defesa antiaérea 
e antimíssil; apoio a operações anfíbias; operações de 
esclarecimento  e  como  piquete  radar;  e  escolta  a 
comboios. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 94 
 
EXERCÍCIOS: 

1  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017)  Como  e  denominada  a 


embarcação  de  alto‐bordo,  com  dois ou  três  mastros 
envergando  velas  redondas  e  gurupés  com  velas  de 
proa,  empregada  no  transporte  de  ouro  e  prata  da 
América  para  a  Espanha  e  Portugal  nos  séculos  XVI, 
XVII e XVIII, e era armada com numerosos canhões? 

(A) Galera. 
(B) Monitor. 
(C) Galé. 
(D) Galeão. 
(E) Fragata. 

Resposta: 
(D) 

2  ‐  (PS‐SMV‐PR/2017  ‐  N.fundamental)  Qual  era  a 


embarcação  de  alto‐bordo,  que  possuía  dois  ou  três 
mastros  envergando  velas  redondas  e  gurupés  com 
velas  de  proa,  empregada  no  transporte  de  ouro  e 
prata  da  América  para  a  Espanha  e  Portugal  nos 
séculos  XVI,  XVII  e  XVIII  e  que  era  armada  com 
numerosos canhões?  

(A) Fragata. 
(B) Galeão. 
(C) Monitor. 
(D) Galera. 
(E) Encouraçado. 

Resposta: 
(B) 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 95 
 
Jerônimo  de  Albuquerque  e  o  comando  da  força  criado  por  uma  índia  tupi  podia  ser  muito  vantajoso 
naval contra os franceses no Maranhão  sob  alguns  aspectos.  Seus  hábitos  de  higiene  eram 
mais  adequados  para  o  clima  tropical;  o  idioma  mais 
Estes  versos  de  Bento  Teixeira,  escritos  em  falado  na  terra  era  o  tupi;  e  a  alimentação  indígena, 
1601,  apresentam  dois  enormes  desafios  aos  em geral, mais sadia do que a portuguesa. 
portugueses que iniciavam a ocupação e conquista do 
Norte do futuro Brasil na virada do século XVI para o  Ele  combateu  índios  hostis  e  franceses 
XVII.  Primeiro,  era  preciso  “amansar”  a  população  invasores,  liderando  naturais  da  terra  e  portugueses. 
indí‐  gena,  “bárbara  e  insolente”,  a  partir  de  sua  Falava fluentemente o tupi, sua língua de infância, e o 
cristianização.  Em  segundo  lugar,  fazia‐se  necessário  português,  compreendendo  claramente  as  duas 
“acossar  o  francês”,  “com  o  rigor  da  tesa  lança”,  culturas;  era  alguém,  portanto,  capaz  de  conectar 
expulsando‐o  da  região.  Para  realização  dessas  duas  mundos  distintos.  “O  mameluco  Jerônimo  de 
tarefas,  o  envolvimento  dos  pioneiros  da  família  Albuquerque,  devidamente  perfilhado,  filho  da 
Albuquerque foi fundamental.  princesinha  índia,  como  se  dizia  de  Maria  Arcoverde, 
foi daqueles que se aportuguesaram completamente, 
Um  de  seus  membros  mais  notórios  foi  ao  menos  nos  fatos  públicos  da  vida”.  A  experiência 
Jerônimo  de  Albuquerque  (1548‐1618),  que  depois  inicial,  ele  obteve  acompanhando  seu  pai  nos 
juntou Maranhão a seu sobrenome. Nascido no Brasil,  combates,  principalmente  contra  índios  inimigos.  Por 
era filho do português de mesmo nome e da índia tupi  determinação paterna, casou‐se com Felipa de Melo. 
batizada como Maria do Espírito Santo Arcoverde. 
Os  tupis  se  organizavam  em  sociedades 
Seu  pai,  também  Jerônimo  de  Albuquerque,  guerreiras  e  havia  frequente  conflito  entre  as  tribos, 
chegou  ao  Brasil  em  1535,  com  a  irmã,  que  era  a  acumulando ofensas mútuas ao longo do tempo, que 
esposa de Duarte Coelho, o donatário da capitania de  exigiam  vinganças.  Muitas  vezes,  também,  uma 
Pernambuco.  Auxiliou  o  cunhado,  enquanto  ele  disputa  interna  fazia  com  que  uma  família  se 
estabelecia  as  bases  de  sua  propriedade,  fundando  afastasse,  às  vezes  formando,  mais  tarde,  uma  nova 
Igaraçu  e  Olinda.  Substituiu‐o  depois  de  sua  morte,  tribo,  quando  sobrevivia aos  ataques  do  grupo  a  que 
em  1554,  como  capitão‐mor,  até  a  chegada  de  seu  pertenciam  originalmente.  Os  portugueses,  ao 
sobrinho, o segundo donatário. Ajudou, mais tarde, o  chegarem ao Brasil em pequenos grupos, precisavam 
terceiro donatário ainda no período difícil do início da  se  aliar  a  uma  das  tribos,  ganhando,  como 
ocupação de novas terras. Permaneceu o resto de sua  consequência,  muitos  inimigos.  Isso  tornou  muito 
vida no Brasil. Na prática, podia se autodenominar um  difícil o início da colonização, trazendo certo insucesso 
dos conquistadores da terra, o que lhe trazia prestígio  de  quase  todas  as  capitanias  hereditárias. 
no Novo Mundo.  Pernambuco, no entanto, prosperou e o Jerônimo pai 
Faleceu  em  1593,  deixando  dezenas  de  filhos  exerceu  um  papel  importante  para  esse  sucesso. 
com índias e com a portuguesa com quem se casou 25  Jerônimo  filho,  o  “brasileiro”,  foi,  mais  tarde, 
anos  depois  de  chegar  ao  Brasil,  e  que  veio  de  fundamental  para  a  ocupação  portuguesa  do 
Portugal para ser sua esposa. Foi apelidado de “Adão  Nordeste  brasileiro,  contribuindo  para  a  unidade 
Pernambucano”,  por  sua  notável  contribuição  para  a  futura do Território Nacional. 
elevada  frequência  do  sobrenome  Albuquerque  no  Nessa época, porém, não existia a consciência 
País.  Ao  que  parece,  contudo,  Jerônimo  de  de ser brasileiro. Não havia patriotismo, eram vassalos 
Albuquerque  não  recebeu  do  rei  as  recompensas  do  rei  de  Portugal.  As  pessoas  estavam  defendendo 
pretendidas.  seus  interesses,  sua  cultura  e  religião  e  não  tinham 
Dos  muitos  filhos  de  Jerônimo  de  sentimentos semelhantes aos atuais. 
Albuquerque,  o  Jerônimo,  filho  da  índia  e  neto  do  Desde as primeiras décadas do século XVI, os 
morubixaba  Arcoverde,  foi  o  que  mais  se  destacou.  franceses  se  interessaram  pelo  Brasil,  procurando 
Nos  dois  primeiros  séculos  do  Brasil  Colônia,  ser  negociar os produtos da terra com os índios do litoral, 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 96 
 
que  eram  principalmente  tupis  –  que,  durante  sua  por  ser  filho de  um  conquistador  (Jerônimo  pai),  que 
demorada  expansão  ao  longo  da  costa,  para  o  sul,  ganhou  fama  em  Portugal,  onde  foi  até  citado  em 
haviam expulsado os habitantes indígenas anteriores.  versos por poeta de sua época. 
O  pau‐brasil  era  o  produto  mais  interessante,  pois 
tinha  muita  demanda  para  a  manufatura  de  tecidos  Estabeleceu,  então,  uma  política  de 
francesa,  por  prover  corantes  em  tons  de  vermelho,  valorização  das  terras  para  povoamento  e,  como 
muito  apreciados  na  Europa.  As  diversas  expedições  dominava  a  cultura  e  a  língua  das  tribos  indígenas 
que  empreenderam  permitiram  o  acúmulo  de  locais,  amenizou  os  conflitos  entre  potiguares  e 
conhecimentos  a  respeito  do  litoral  brasileiro,  portugueses,  o  que  possibilitou  a  ampliação  da 
inclusive  da  região  entre  o  “Mearim  e  a  foz  do  colonização  naquela  região.  Concedeu  a  seus  filhos, 
Amazonas”, que era praticamente desconhecida pelos  Antônio e Matias de Albuquerque, uma sesmaria onde 
portugueses.  fundaram o Engenho de Cunhaú, o primeiro engenho 
do Rio Grande do Norte. 
Os  franceses  procuraram  se  estabelecer  no 
Brasil. Eram empreendimentos de “natureza privada”,  Enquanto  isso,  no  ano  de  1594,  Jacques 
algumas  vezes  por  particulares  que  tinham  cartas  de  Riffault  comandou  uma  expedição  que  rumou  para  o 
corso  autorizadas  pelo  rei  da  França,  mas  que  Maranhão. Já ambientado com a navegação no Norte 
contavam com pouco ou nenhum auxilio do Governo  do Brasil, por ter participado da tentativa francesa de 
francês. Encontraram sempre a reação do Governo de  ocupação  do  Rio  Grande  do  Norte,  além  de  ter 
Portugal  e  de  forças  organizadas  espontaneamente  traficado  a  leste  do  Rio  Amazonas,  estabelecendo, 
por portugueses que habitavam o Brasil, inclusive com  inclusive,  boas  relações  com  as  lideranças  indígenas, 
o  apoio  de  forças  navais  e  tropas  espanholas,  no  “orientou  seus  compatriotas  para  a  criação  de  um 
período da União Ibérica (1580‐1640).  estabelecimento  duradouro  no  Maranhão”.  Riffault 
associou‐se  a  um  gentil‐homem  de  Saint‐Maure  de 
O estabelecimento francês na Paraíba acabou  Touraine, Charles des Vaux, que explorou a ilha ainda 
redundando em fracasso, quando sofreu o ataque de  em 1594, retornando anos depois para a França onde 
portugueses,  apoiados,  no  final,  por  uma  força  naval  divulgou  as  possibilidades  de  instalação  de  uma 
comandada  por  um  almirante  espanhol,  Diogo  Flores  colônia no Maranhão e destacou as relações pacíficas 
Valdez.  Os  invasores  se  retiraram  para  o  Rio  Grande  com os índios, receptivos à evangelização. 
do Norte. 
Os relatos de Charles des Vaux entusiasmaram 
Para  desalojá‐los,  o  capitão‐mor  de  o monarca francês Henrique IV, que ordenou a Daniel 
Pernambuco,  Manuel  Mascarenhas  Homem,  de  La  Touche,  Senhor  de  La  Ravardière,  que 
organizou  uma  expedição,  em  1597,  e  escolheu  acompanhasse uma expedição de reconhecimento do 
Jerônimo  de  Albuquerque,  o  mameluco,  para  Maranhão.  Ao  retornar,  La  Ravardière  encontrou  a 
comandar  uma  das  companhias  de  infantaria,  por  França nas mãos da Regente Maria de Médice, pois o 
suas boas qualidades de líder guerreiro. Jerônimo era  rei  fora  assassinado  em  14  de  maio  de  1610. 
capaz  de  articular  interesses  portugueses  com  a  Procurou,  então,  persuadir  a  não  entusiasmada 
cultura dos índios.  regente, pelo empreendimento colonial. Argumentou 
que os franceses mantinham há muitos anos relações 
Expulsos os franceses e seus aliados indígenas,  amistosas  com  os  tupinambás  e  que  a  região 
o Forte dos Reis Magos, que os portugueses ergueram  constituía “[...] um ponto  estratégico à abertura para 
na  entrada  da  foz  do  Rio  Grande,  foi  entregue  a  o  mar  das  Antilhas,  permitindo  interceptar  os  navios 
Jerônimo  de  Albuquerque.  Após  pacificar  os  índios  carregados  de  metais  preciosos  em  regresso  à 
locais, Jerônimo fundou, em 1599, na margem direita  Espanha”. 
do  rio,  um  povoado  que  foi  a  origem  da  cidade  de 
Natal.  Em  1603,  ele  foi  nomeado  capitão‐mor  do  Rio  Para  completar  os  recursos  financeiros 
Grande, por seis anos. Ele, de fato, gozava de prestígio  necessários  à  nova  expedição  para  o  Brasil,  La 
na América, não apenas por seus feitos, mas também  Ravardière buscou auxílio em outras fontes, visto que 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 97 
 
a  regente  não  se  mostrou  muito  disposta  para  “[...]  Desde  o  ano  de  1608  havia  por  parte  do 
empenhar‐se tão a fundo quanto seu esposo admitira  Governador‐Geral do Brasil Diogo de Menezes grande 
fazê‐lo,  subvencionando  a  expedição”.  La  Ravardière  preocupação  com  as  atividades  francesas  no 
conseguiu  a  adesão  de  François  de  Razilly,  gentil‐ Maranhão.  O  Rei  Felipe  III  (Felipe  II,  em  Portugal) 
homem  da  Câmara  do  Rei,  cuja  família  mantinha  ordenou que Diogo de Menezes enviasse informações 
alianças com a famí‐ lia do futuro Cardeal Richelieu. O  sobre  os  acontecimentos  naquela  região.  Este 
projeto ganhou a confiança de uma sociedade de ricos  despachou  Martim  Soares  Moreno  ao  Ceará,  que 
armadores  de  navios,  normandos  liderados  por  combateu  um  patacho  francês  que  estava  aportando 
Nicolas de Harlay, Senhor de Sancy, Barão de Molle e  em Mucuripe (atual porto do Ceará) e, mais tarde, em 
de  Gros‐bois.  Partiram,  então,  com  três  navios  de  seu retorno àquela região, fundou um presídio (forte) 
Cancale,  na  Bretanha,  em  19  de  março  de  1612,  chamado Nossa Senhora do Amparo. Em 1613, Felipe 
chegando ao Brasil em 18 de julho do mesmo ano. O  III  enviou  para  o  Brasil  um  novo  governador,  Gaspar 
Régent era comandado por François de Razilly, e nele  de Souza, com ordens para tomar providências contra 
se  encontravam  La  Ravardière  e  des  Vaux,  além  do  os  franceses  do  Maranhão.  Gaspar  de  Souza  se 
índio  Yacopo,  que  retornava  ao  Brasil  após  ter  sido  transferiu  para  Olinda,  onde  estaria  mais  próximo  do 
apresentado  à  rainha;  o  La  Charlotte  era  comandado  que  se  denomina  atualmente  de  “Teatro  de 
por  Harlay  de  Sancy;  e,  por  último,  o  SaintAnne,  Operações”. 
comandado por Isaac de Razylli, irmão de François de 
Razylli.  A  expedição  foi  acompanhada  por  um  grupo  Rapidamente Gaspar de Souza iniciou as ações 
de  missioná‐  rios  capuchinhos,  entre  eles  os  padres  para  combater  os  franceses  no  Norte  do  Brasil, 
Ivo  d`Evreux  e  Claude  D`Abbeville,  que  mais  tarde  enviando uma expedição para “[…] o reconhecimento 
escreveram  sobre  o  Brasil.  Quando  chegaram  ao  do  Teatro  de  Operações  e  o  conhecimento  do 
Maranhão,  lá  já  se  encontravam  cerca  de  400  inimigo”.  Para  comandar  a  expedição,  foi  designado 
franceses, bem como embarcações oriundas do Hâvre  Jerônimo  de  Albuquerque,  o  “experimentado  nas 
e de Dieppe. A primeira iniciativa foi a construção de  cousas  do  sertão  e  dos  Índios”,  que  se  tornou  o 
um forte batizado de São Luís. Havia a intenção de se  primeiro  nascido  no  Brasil  a  comandar  uma  força 
estabelecerem  definitivamente  e  começaram,  em  naval,  em  missão  tipicamente  militar,  em  1613,  na 
seguida,  a  construir  casas,  armazéns  e  a  trabalhar  a  América  portuguesa.  Tal  expedição  foi  formada  por 
terra para as plantações. Essa colônia ficou conhecida  aproximadamente  cem  homens  e  uma  flotilha 
como a França Equinocial.  composta de três ou quatro navios. Esses navios eram 
denominados  “caravelões”,  designação  genérica  de 
Em dezembro de 1612, François de Razylli e o  um tipo de navio que era construído na costa do Brasil 
Padre Claude D’Abbeville  suspenderam do Maranhão  de  então.  É  possível  que  fossem  se  melhantes  a 
para  a  França  em  busca  de  mais  recursos  para  o  grandes  saveiros,  embarcações  típicas  existentes  na 
processo  de  colonização.  Entretanto,  o  entusiasmo  Bahia,  que  ainda  são  construídos  muito 
demonstrado  pelos  “cortesãos,  comanditários  e  artesanalmente,  sem  desenhos,  obedecendo  a 
religiosos  não  é  inteiramente  compartilhado  pela  métodos  e  unidades  de  medida,  de  certa  forma 
Rainha  Maria  [...]”.  Razylli  tinha  consciência  da  semelhantes  aos  empregados  pelos  construtores 
pressão dos defensores de uma aliança da França com  navais portugueses para caravelas, naus e galeões do 
a  Espanha  e  das  negocia‐  ções  em  curso  para  o  século XVI e XVII. 
casamento  de  Luís  XIII  com  a  infanta  espanhola  Ana 
D’Áustria,  que  poderiam  gerar  grandes  dificuldades  Jerônimo de Albuquerque partiu de Recife em 
para  a  manutenção  da  França  Equinocial.  De  fato,  os  junho  de  1613,  junto  com  seu  filho,  Antônio  de 
recursos  adquiridos  para  a  segunda  expedição,  que  Albuquerque,  que  comandava  uma  companhia  de  50 
partiu  na  Páscoa  de  1614,  originaram‐se  homens. Ao passar pelo Ceará, tomou a seu serviço o 
principalmente  da  iniciativa  privada  e  não  do  apoio  Capitão  Martins  Soares  Moreno.  Fundearam  no  Rio 
prestado pela monarquia.  Camocin,  escolhido  como  base  das  operações. 
Albuquerque  ordenou  que  Martim  Soares,  com  25 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 98 
 
homens  e  sete  indígenas,  efetuasse  reconhecimento  Maranhão e, nele entrando, desembarcar na terra 
na região. Martim Soares efetuou o reconhecimento e  firme, fronteira à aldeia daquele cacique. 
destruiu  alguns  redutos  franceses,  mas  não  pôde 
Em  21  de  agosto,  os  navios  estavam  prontos.  Sob  o 
regressar ao Camocin para apresentar os resultados a 
comando  de  Diogo  de  Campos  Moreno,  se 
Jerônimo  de  Albuquerque  em  função  das  condições 
encontraram com Jerônimo de Albuquerque em 26 de 
adversas  de  navegação.  Dirigiu‐se  para  as  Antilhas  e 
agosto.  A  5  de  setembro,  fizeram‐se  por  mar  com  as 
depois para a Espanha, chegando a Sevilha em 24 de 
forças  regulares  e  mais  inúmeros  guerreiros  indí‐ 
abril de 1614. 
genas.  Antes  de  chegar  ao  Ceará,  Jerônimo  decidiu 
Sem  o  regresso  de  Martim  Soares  Moreno,  seguir  por  terra  com  os  índios,  desacostumados  a 
Albuquerque retirou‐se de Camocin, por considerar a  viajar  grandes  distância  pelo  mar,  até  o  Forte  de 
aguada  ruim  e  foi  para  o  Buraco  de  Tartaruga,  ou  Nossa  Senhora  do  Amparo,  onde  novamente  se 
Jericoacoara,  fundando  uma  pequena  fortificação,  reuniu  com  Diogo  de  Campos  Moreno,  que  havia 
Nossa Senhora do Rosário. Em função da escassez de  chegado  antes.  As  duas  colunas  continuaram 
alimentos,  retornou  para  Pernambuco  por  terra,  separadas  até  a  foz  do  Pará‐Mirim,  seguindo  juntas 
ordenando que os navios também regressassem para  por mar até o Forte Nossa Senhora do Rosário. 
aquela capitania. Manteve o forte guarnecido com 40 
Antes  de  se  estabelecerem  próximo  aos 
soldados  comandados  por  seu  sobrinho,  Gregório 
franceses,  foi  efetuado  novo  reconhecimento  da 
Cardoso de Albuquerque. 
região  pelo  Capitão  Belchior  Rangel,  com  alguns 
Em  25  de  maio,  chegou  a  Recife,  como  seu  homens  e  o  piloto  Sebastião  Martins,  que 
adjunto,  Diogo  de  Campos  Moreno,  tio  de  Martim  acompanhou  Martin  Soares  naquela  primeira 
Soares Moreno, com aproximadamente cem homens,  expedição  de  reconhecimento  em  1613.  A  26  de 
para se unir a Jerônimo de Albuquerque.  outubro de 1614, oito embarcações entraram na Baía 
de  São  José,  fundeando  em  Guaxenduba,  próximo  à 
Em  Olinda, em 22 de junho, Gaspar de Souza  foz  do  Rio  Munim.  Foi  construído  um  forte 
entregou  a  Jerônimo  de  Albuquerque  um  regimento  denominado Santa Maria de Guaxenduba. 
nomeando‐o  para  “Capitão  da  Conquista  e 
Descobrimento  das  terras  do  Maranhão  (provisão  de  Em  19  de  novembro,  La  Ravardière  decidiu 
29/5/1613)”.  No  mesmo  dia,  Albuquerque  partiu  por  realizar  um  ataque  ao  Forte  de  Santa  Maria,  com 
terra  até  o  Rio  Grande  do  Norte  para  reunir  índios  aproximadamente  200  franceses  e  1.500  índios. 
flecheiros  para  “Jornada”.  Dias  depois,  foram  Conforme Philippe Bonnichon: 
enviados  dois  caravelões  para  aquela  capitania,  com 
Du  Prats  e  Pézieux,  cada  qual  com  um 
soldados e mantimentos.  contingente de sessenta homens, desembarcariam 
sob  cobertura  de  fogo  da  artilharia  dos  navios, 
Em  24  de  julho  de  1614,  chegou  ao  porto  de 
enquanto  La  Ravardière,  com  duzentos  homens  e 
Recife  um  navio  com  uma  carta  de  Martim  Soares 
muitos  indígenas  capitaneados  por  des  Vaux, 
Moreno  que  continha  informações  referentes  ao  assaltariam  os  portugueses  pela  retaguarda.  Mas 
efetivo, às fortificações e à força naval dos franceses.  estes  foram  mais  rápidos,  atacando  de  surpresa 
A partir desse momento, os preparativos da “jornada”  para  bater  separadamente  as  duas  forças 
foram iniciados. Com as informações reunidas, Gaspar  francesas.  A  tentativa  de  desembarque  foi 
de  Souza  conversou  com  os  principais  comandantes:  rechaçada,  os  franceses  lançados  à  praia,  suas 
Alexandre  de  Moura,  então  Capitão‐Mor  de  embarcações  incendiadas,  Pézieux  ferido 
Pernambuco,  Sargento‐Mor  Campos  Moreno  e  mortalmente, La Touche de Cavannes, irmão de La 
Ravardière,  e  outros  gentis‐homens  normandos, 
Vicente Campelo, Capitão do Forte de Laje do Recife. 
SaintGilles e d’Ambreville, tombaram com a maior 
Ficou  decidido  que,  em  face  da  possível  aliança  parte  dos  soldados,  marinheiros  e  colonos,  entre 
com o principal Meratahopa da Ilha do Maranhão,  eles  Bridon,  natural  de  Dieppe,  o  mestre  Vincent 
a  força  luso‐brasileira  deveria  seguir  até  o  Rio  Guérard e o Ourives Bellanger, de Rouen. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 99 
 
La  Ravardière,  tendo  em  vista  o  grande  portugueses,  sempre  projetando  o  Poder  Militar  por 
fracasso  da  iniciativa  militar,  ofereceu  um  armistício  meio de forças navais. 
de  um  ano  a  Albuquerque,  que  foi  assinado  e 
remetido  a  ambas  as  coroas.  Havia  já  uma  grande  Jerônimo de Albuquerque obteve o auxílio de 
indisposição  da  monarquia  francesa  em  relação  à  índios,  antes  um  obstáculo  à  presença  lusa  na  região 
França  Equinocial,  logo  os  reforços  para  a  empresa  Norte, em favor da coroa. O “brasileiro”, em uma ação 
francesa  no  Brasil  não  foram  enviados  a  La  pioneira,  comandou  uma  força  naval  e  teve 
Ravardière. A trégua não foi aceita pelo Rei Felipe III,  participação  relevante  na  expulsão  de  invasores 
que  ordenou  nova  campanha  contra  os  franceses,  franceses.  A  partir  da  aplicação  do  Poder  Naval,  foi 
cujo  comando  passou  para  o  então  Capitão‐Mor  de  capaz  de  assegurar  aos  portugueses  o  domínio  do 
Pernambuco Alexandre de Moura. Durante o período  Norte do futuro Brasil, permitindo que essa área fosse 
de  tréguas,  Jerônimo  de  Albuquerque  passou  para  a  incorporada  à  atual  configuração  do  Território 
Ilha  do  Maranhão  e  fundou  o  Fortim  de  São  José  de  Brasileiro.  O  mérito  da  conquista  e  da  vitória  “tão 
Itapari.  Os  franceses  capitularam  em  novembro  de  digna  de  memória”  sobre  os  invasores  fez  com  que 
1615,  conforme  a  descrição  da  historiadora  Andréa  Jerônimo  de  Albuquerque  acrescentasse  em  seu 
Daher:  sobrenome  “Maranhão”,  vinculando  sua  própria 
identidade  à  terra  que,  “a  custa  do  seu  sangue  e 
Em 1º de novembro, antes do término da  fazendas”, defendeu. 
trégua  de  um  ano,  uma  armada  de  nove  navios 
comandados  pelo  capitão  português  Alexandre  de     
Moura  cerca  os  franceses  na  ‘grande  ilha’, 
enquanto  as  forças  comandadas  por  Jerônimo  de 
Albuquerque  se  dirigem,  no  dia  seguinte,  para  o 
Forte  de  São  Luís,  onde  La  Ravardière  acaba 
rendendo‐se sem resistência. 

As  vitórias  sobre  os  franceses  no  Maranhão 


fizeram  com  que  Jerônimo  de  Albuquerque  fosse 
reconhecido  pelo  reino  como  capitão‐mor  da 
conquista daquela capitania. 

Graças  às  iniciativas  de  homens  como 


Jerônimo  de  Albuquerque,  a  monarquia  podia  se 
viabilizar  em  suas  conquistas.  Afinal,  esses  homens, 
dispersos  em  intrincadas  redes  imperiais,  eram 
capazes de movimentar redes que traziam substância 
à  política  ultramarina.  O  rei  se  representava  graças  à 
lealdade  desses  homens  –  por  isso  dependia  deles  –, 
que  transformavam  política  em  ação  governativa. 
Frequentemente  adaptavam  as  ordens  régias  às 
realidades locais, de acordo com os seus interesses e 
os  de  suas  redes.  Por  isso,  o  renomado  historiador 
inglês  John  Elliott  afirmou  que  a  autoridade  real  era 
“filtrada, mediada e dispersada”. 

Ocupado  o  Maranhão,  Francisco  Caldeira 


Castelo Branco recebeu ordens para se estabelecer na 
região  da  foz  do  Rio  Amazonas,  fundando  o  Forte  do 
Presépio, de onde se originou a cidade de Belém. Isso 
completou  a  ocupação  da  costa  Norte  pelos 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 100 
 
EXERCÍCIOS: 

(PS‐RM2‐OF/2016‐EX) –  Leia o texto a seguir. 

“Graças  às  iniciativas  de  homens  como  Jerônimo  de 


Albuquerque, a monarquia podia se viabilizar em suas 
conquistas.  Afinal,  esses  homens,  dispersos  em 
intrincadas  redes  imperiais,  eram  capazes  de 
movimentar  redes  que  traziam  substância  à  política 
ultramarina.” 

(BITTENCOURT,  A.  de  S.;  LOUREIRO,  M.J.G.;  RESTIER 


JÚNIOR, R.J.P. Jerônimo de Albuquerque e o Comando 
da Força Naval contra os Franceses no Maranhão. In. 
Revista Navigator. V. 7/N.13. Rio de Janeiro, jun/2011. 
p. 82) 

O  trecho  acima  faz  menção  à  bem  sucedida  luta  da 


Coroa  luso‐espanhola  pela  manutenção  de  suas 
posses  no  Maranhão  diante  de  uma  ocupação 
estrangeira  ocorrida  entre  1612  e  1615.  Em  tal 
período, a possessão portuguesa no Maranhão esteve 
sob o domínio de invasores. 

(A) ingleses. 
(B) holandeses. 
(C) franceses. 
(D) irlandeses 
(E) italianos. 

Resposta: 
(C) 

   

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 101 
 
A  Evolução  Tecnológica  no  setor  naval  na  segunda  A  Proclamação  da  República  tirou  da  Marinha  poder 
metade  do  século  XIX  e  as  consequências  para  a  político,  situação  que  se  agravou  ainda  mais  com  a 
Marinha do Brasil.  Revolta  da  Armada  de  1893,  e,  sem  poder  político,  a 
Marinha  perdeu  acesso  às  verbas  para  a  sua 
INTRODUÇÃO  atualização. 
Ao fim da Guerra do Paraguai( 1864‐ 70),a Marinha do  Menos  óbvio  como  justificativa  dessa 
Brasil  era,  sem  nenhuma  dúvida,  significativa,  só  nulificação do Poder Naval brasileiro, mas tão ou mais 
sendo superada, em número de bocas de fogo, pelas  importante  que  as  anteriores,  foi  o  fato  de  o  Brasil 
Marinhas da Inglaterra, Rússia, Estado Unidos e Itália,  não  ter  podido  acompanhar  a  verdadeira  revolução 
nessa  ordem.  Poucos  anos  mais  tarde.  a  Marinha  tecnológica  que  ocorreu  no  setor  marítimo,  na 
nacional já não tinha qualquer expressão militar.  segunda  metade  do  século  XIX.  A  Revolução 
As razões para esta decadência são várias.  Industrial, que teve início na Inglaterra a partir do final 
do  século  XVIII,  só  chegou  aos  navios  de  guerra  na 
O  enorme  esforço  financeiro  do  Império  do  segunda  metade  do  século  XIX,  mas,  então,  as 
Brasil durante os anos em que se envolveu em guerras  mudanças  ocorreram  em  profundidade  e  se 
externas,  muito  especialmente  na  Guerra  da  Tríplice  processaram muito rapidamente. 
Aliança  contra  Solano  López.  e  durante  os  anos  de 
turbulência  interna,  após  a  Independência,  deixou  Não resta dúvida que a rapidez das mudanças 
arruinada  a  economia  do  País.  não  havendo  recursos  se deveu, em grande parte, ao desafio do Poder Naval 
para  a  manutenção  de  uma  Esquadra  adequada  às  francês  ao  Poder  Naval  hegemônico  da  Inglaterra. 
necessidades  de  defesa  que,  no  longo  do  tempo.  Esse  desafio  persistiu,  embora  de  intensidade 
puderam  ser  identificadas:  nem  a  questão  das  decrescente,  até  que,  em  1886,  a  posse  na  pasta  da 
Missões com a Argentina nem o aumento  das tensões   Marinha  da  França  do  Almirante  Théophile  Aube,  o 
no  subcontinente    sul‐americano,  devido  às  criador  de  Jeune  École,  afastou  definitivamente  a 
dissensões  entre  a  Argentina  e  o  Chile  sobre  a  França da disputa pela supremacia naval. 
Patagônia e  Estreito de Magalhães, levaram o Brasil a  Apesar  de  seu  poder  de  fogo,  a  Esquadra 
um programa de reaparelhamento naval significativo.  brasileira de 1870 era tecnologicamente retardatária: 
Em  Cartas  da  Inglaterra,  Rui  Barbosa,  1896,  retratou  a  maioria  dos  navios,  desenvolvidos  para  o  cenário 
ou  de  forma  dramática  a  situação  de  nossa  Marinha,  típico do Rio da Prata, eram inadequados para operar 
comparando‐a,  dentro  da  lógica  da  época,  com  as  no  mar  (pequena  borda  livre);  embora  alguns 
Marinhas dos demais países do ABC (Argentina‐Brasil‐ dispusessem  de  propulsão  a  vapor,  usavam  ainda  a 
Chile):  “Acabo  de  ler  com  tristeza,  em  um  opúsculo  roda  em  lugar  do  hélice,  com  todas  as  desvantagens 
recente, o estudo comparativo de nossa armada com  daí  decorrentes;  a  grande  maioria  era  de  madeira, 
a  do  Chile  e  a  da  República  da  Argentina.  Um  apenas  poucos  levavam  couraça;  boa  parte  da 
confronto  há  pouco  esboçado  pelo  jornal  mais  artilharia  usada  era  de  canhões  de  ferro  montados 
influente  deste  último  país.  A  Prensa,  de  Buenos  sobre  carretas,  atirando,  através  de  aberturas  feitas 
Aires. opõe a cada um de nossos vasos de guerra hoje  no  casco,  projetis  sólidos  não‐explosivos.  Com  a 
válidos  um  competidor  formidável,  deixando,  ainda,  evolução  tecnológica,  sua  obsolescência  foi,  pois, 
nas sombras, com que compor mais de uma Esquadra,  muito rápida. 
capaz de medir‐se com nossa. 
A  indústria  naval  brasileira  –  importante 
Deus  nos  dê  por  muitos  anos  paz  com  as  desde o período colonial, com a Ribeira das Naus, em 
nações  que  nos  cercam.  Mas,  se  ela  se  romper,  é  no  Salvador, e, já no período imperial, com o Arsenal da 
oceano  que  veremos  jogar  a  sorte  de  nossa  honra.  E  Corte  (hoje  Arsenal  de  Marinha),  no  Rio  de  Janeiro, 
essa  partida  não  será  decidida  pelo  azar,  mas  pela  ambos  capacitados  para  a  construção  até  mesmo  de 
previdência.  A  nulificação  de  nossa  Marinha  é,  naus, os mais poderosos navios de guerra da época – 
portanto, um projeto e começo de suicídio.”  não pôde acompanhar as mudanças tecnológicas que 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 102 
 
se  sucederam,  e  entrou  em  acelerada  decadência.  É  anteriormente, enquadrando‐se, portanto, no escopo 
bem  verdade  que  durante  a  Guerra  do  Paraguai  foi  deste trabalho. 
feito  um  considerável  esforço  par  a  aquisição  de 
tecnologia moderna – o sucesso mais expressivo foi a   
construção  de  dois  navios  –  encouraçados  e  três  A PROPULSÃO MISTA: DA RODA AO HÉLICE 
monitores encouraçados (no total, foram construídos 
seis) que tornaram possível a Passagem de Humaitá, o    As  transformações  resultantes  do 
acontecimento  de  maior  significação  estratégica  de  desenvolvimento  tecnológico  no  setor  naval 
guerra – mas esse esforço não teve continuidade, em  ocorreram em todas as áreas: na construção naval, na 
parte  pelas  dificuldades  financeiras  do  País,  mas,  propulsão  dos  navios,  nos  seus  equipamentos  e, 
também,  porque  faltavam  as  outras  condições  finalmente, nos seus sistemas de armas. 
necessárias  para  a  manutenção  de  um 
  Embora  os  principais  desenvolvimentos  só 
desenvolvimento  industrial  auto‐sustentável,  como 
viessem repercutir nos navios de guerra e nas formas 
falta  de  pessoal  capacitado,  em  número  suficiente, 
de  seu  emprego  na  segunda  metade  do  século  XIX, 
para  absorver  as  novas  tecnologias,  e  dos  insumos 
eles  tiveram  origem  nas  cinco  primeiras  décadas  do 
indispensáveis  para  a  industrialização  do  País  (por 
século; outros, ainda que tendo aplicação imediata, só 
exemplo,  pelo  fato  de  o  Brasil  não  haver  descoberto 
se tornaram de emprego comum após 1850. A grande 
carvão  em  todo  o  século  XIX,  que  veio  substituir  a 
maioria  dos  navios  de  guerra  antes  desta  era  de 
lenha  como  principal  combustível  e  era  um  dos 
construção toda em madeira, com propulsão apenas a 
elementos  essenciais  para  a  fabricação  do  aço,  ficou 
vela,  armada  com  canhões  de  ferro,  montados  sobre 
impossibilitado de industrializar‐se). 
carretas,  dispostos  ao  longo  dos  bordos  do  navio  e 
Chegava  ao  fim,  definitivamente,  a  época  em  atirando projetis sólidos, das variantes existentes. Um 
que  uns  poucos  operários,  dispondo  de  uma  bom  exemplo  de  navio  típico  do  final  da  primeira 
tecnologia  tradicional,  de  aprendizado  longo  mas  metade  do  século  XIX  é  o  HMS  Victoria,  uma  fragata 
dependente  apenas  da  prática,  e  de  ferramentas  three‐decker,  isto  é,  com  três  conveses,  lançada  ao 
simples, ao alcance de qualquer um podiam construir  mar em 1859 – que até  1867 foi o capitânia da frota 
os  maiores  e  mais  sofisticados  navios  de  guerra  inglesa do Mediterrâneo; era um navio construído de 
existentes.  A  partir  da  revolução  tecnológica,  o  país  madeira, propulsão exclusiva a vela, armada com 121 
que  não  se  industrializasse  não  teria  mais  condições  canhões  era  capaz  de  liberar  3.016  libras  inglesas  de 
de  construir  e  mesmo  de  apenas  manter  Esquadra  metal,  enquanto  o  peso  total  dos  tiros  de  todos  os 
moderna  e  eficaz.  A  famosa  Esquadra  brasileira  de  canhões chegava a 6.167 libras, ou seja, pouco menos 
1910, conforme veremos, é um exemplo claro de que,  de 3 toneladas. 
mesmo existindo recursos para a aquisição de navios 
  A  última  grande  batalha  naval  envolvendo 
modernos  e  sofisticados,  não  havendo  uma  base 
apenas  navios  a  vela  ocorreu  em  1827,  na  Baía  de 
industrial  capaz  de  mantê‐los  nem  competência  para 
Navarino,  quando  uma  força  naval  combinada  da 
operá‐los devidamente, eles muito pouco significarão 
Inglaterra, França e Rússia, destruiu a Esquadra turco‐
em termos de verdadeiro Poder Naval. 
egípcia,  assegurando  a  independência  da  Grécia, 
Alguns fatos ocorridos na primeira metade do  liberada  então  do  domínio  turco  (Guerra  da 
século  XIX  serão  aqui  citados  porque  eles  foram  Independência da Grécia: 1821‐27). 
etapas  iniciais  de  processos  que  tiveram 
  Na  mesma  época,  as  Esquadras  argentinas  e 
conseqüências  no  setor  naval  na  segunda  metade 
brasileiras  que  se  defrontavam  na  Guerra  da 
desse  século;  a  nossa  resenha  estender‐se‐á  até  o 
Cisplatina (1825‐28) muito pouco diferiam em termos 
início  da  Primeira  Guerra  Mundial  (1914‐18)  porque 
tecnológicos  dos  navios  da  Esquadra  anglo‐franco‐
eventos  importantes  então  decorridos  provêm  de 
turca.  A  revolução  tecnológica  só  teria  lugar  alguns 
desdobramentos  tecnológicos  verificados 
anos  mais  tarde,  não  havendo  diferença  sensível  na 
qualidade  dos  navios  das  grandes  potências  e  de 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 103 
 
países recém egressos do jugo colonial. As diferenças    As  limitações  do  novo  sistema  de  propulsão 
eram mais quantitativas do que qualitativas.  eram,  porém,  ainda  muito  grandes.  As  Marinhas  de 
todo mundo, principalmente da Inglaterra, opunham‐
  Nesse  confronto  sul‐ameriacano,  sendo  o  se  à  construção  de  navios  de  guerra  a  vapor,  só 
Poder  Naval  dominante,  o  Brasil  estabeleceu  o  aceitando  este  tipo  de  propulsão  para  as  pequenas 
bloqueio  do  Prata,  e  a  Argentina,  de  menor  Poder  embarcações  auxiliares,  como  rebocadores,  dragas, 
Naval,  decretou  a  guerra  de  corso  contra  o  comércio  etc. As razões para isso eram várias: a precariedade e 
marítimo brasileiro. O mais importante combate naval  pouca confiabilidade das máquinas a vapor existentes; 
da  guerra  –  a  Batalha  de  Santiago  –  embora  uma  a  dependência  ao  fornecimento  de  carvão,  nas 
vitória  tática  argentina,  cujas  perdas  foram  inferiores  viagens  maiores,  sendo  necessário  instalar  estações 
às brasileiras, foi uma vitória estratégica do Brasil, que  de  reabastecimento  de  carvão  ao  longo  da  rotas  dos 
conseguiu  manter  o  bloqueio  do  Prata  navios;  o  uso  da  roda  –  o  único  recursos  então 
(semelhantemente  ao  que  ocorreria  na  Primeira  existente para impulsionar o navio – tornava os navios 
Guerra  Mundial,  na  Batalha  da  Jutlândia,  uma  vitória  extremamente  vulneráveis  ao  fogo  do  canhões 
tática  da  Alemanha,  mas  estratégica  da  Inglaterra).  inimigos, ainda que estes fossem bastantes primitivos, 
Embora  as  perdas  argentinas  tenham  sido  menores  e  tirava  o  espaço  destinado  à  própria  artilharia, 
que  as  brasileiras,  os  argentinos  tiveram  o  núcleo  de  reduzindo  o  poder  de  fogo  do  navio;  uma  certa 
sua  força  naval  destruída,  ficando  ela,  pois,  a  partir  hostilidade  do  pessoal  do  convés  para  com  os 
daí,  com  o  seu  valor  militar  muito  reduzido.  A  maquinistas  e  foguistas,  homens  rudes,  sempre  às 
independência  da  Cisplatina,  com  o  nome  de  voltas com óleos e graxas. 
República  Oriental  do  Uruguai,  pôs  fim  ao  conflito, 
com o novo país funcionando como um tampão entre    A oposição britânica ao vapor fundamentava‐
Argentina  e  Brasil,  “algodão  entre  dois  cristais”,  no  se ainda na consciência de que a adoção generalizada 
dizer  de  Lorde  Ponsomby,  embaixador  inglês  e  desse  tipo  de  propulsão,  especialmente  para  os 
mediador do acordo de paz.  grandes  navios  de  linha,  tornaria  obsoleta,  de  um  só 
golpe,  toda  a  sua  Esquadra,  a  mais  poderosa  do 
  As  experiências  para  dotar  os  navios  com  a  mundo, o trunfo que lhe garantia a condição de nação 
propulsão  a  vapor  vinham  sendo  feitas  desde  os  hegemônica.  O  Primeiro  Lorde  do  Almirantado 
últimos  anos  do  século  XVIII,  mas  as  primeiras  britânico, Lorde Merville, declarou em 1828: 
embarcações  práticas  a  usar  o  vapor  apareceram  no 
início  do  século  XIX:  em  1801,  o  engenheiro  escocês    “Os lordes do Almirantado sentem que é o seu 
William  Symington  construiu  um  pequeno  rebocador  dever  maior  desencorajar,  até  o  limite  de  sua 
a roda; em1803, Robert Fulton fez um pequeno barco  capacidade,  o  emprego  do  navio  a  vapor,  porque 
a  vapor  que  navegou  no  Rio  Sena,  e,  em  1807,  já  de  consideram  que  a  introdução  do  vapor  foi  planejada 
volta aos Estados Unidos, construiu uma embarcação  para dar um golpe fatal na supremacia do império.” 
a vapor que fez a viagem de Nova Iorque para Albany 
a uma velocidade de 4 nós. Em 1812, Fulton começou    Entretanto,  o  desfio  naval  francês, 
o  projeto  do  primeiro  navio  de  guerra  a  vapor,  a  encabeçado  pelo  brilhante  oficial  de  artilharia  Henri 
Fragata  USS  Demologos,  um  catamarã  com  a  roda  Paixhasn  ‐  que,  desde  1822,  antecipava  a  revolução 
entre  os  seus  dois  cascos  (a  roda  ficava  mais  que  seria  criada  com  a  adoção  do  vapor  e  das 
protegida, mas o navio tinha pouca manobrabilidade);  granadas explosivas (desde 1830 os franceses, com o 
ela tinha 156 pés de cumprimento e era armada com  Aviso  Sphinx,  adotaram  o  vapor)  –  levaria  o 
24  canhões  32  pounder,  a  fragata  só  foi  completada  Almirantado  a  ir  revendo  as  suas  posições.  Assim  é 
em  1815,  após  o  fim  da  Segunda  Guerra  de  que  em  1837  eles  lançam  o  seu  primeiro  navio  de 
Independência  dos  Estados  Unidos  e  a  morte  de  guerra  com  propulsão  a  vapor,  a  Chalupa  HMS 
Fulton;  em  1829  foi  destruída  por  uma  explosão  do  Gorgon,  com  propulsão  mista,  a  roda,  armada  com 
seu paiol.  dois  canhões  na  linha  longitudinal  do  navio,  um 
avante e outro a ré. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 104 
 
  Pouco tempo depois, em 1839, apareceram as  Alecto, a roda. As provas de velocidade, realizadas em 
granadas  explosivas,  desenvolvidas  por  Paixhans;  os  diversas  condições  de  tempo  e  de  mar,  foram  todas 
navios passaram a dispor de canhões que atiravam os  vencidas pelo navio a hélice, assim como a prova final 
projetis  sólidos  convencionais  e  de  canhões  que  – “um cabo de guerra”. 
atiravam  as  granadas  explosivas.  Desde  o  final  do 
século  XVIII  que  a  França  e  a  Inglaterra  faziam    Enquanto  os  ingleses  experimentavam,  os 
experiência com esse tipo de granadas mas, devido à  franceses inovaram: em 1845, colocavam em serviço a 
atitude  do  pessoal  de  Marinha  contra  a  granada  sua  primeira  fragata  a  hélice,  a  Pamone,  três  anos 
explosiva  –  que  consideravam  tornaria  a  guerra  antes  que  os  ingleses  adotassem  o  hélice  para  suas 
“pouco  cavalheiresca”  –  os  desenvolvimentos  foram  fragatas.  A  Pamone  dispunha  de  motor  horizontal  de 
lentos.  À  medida  que  os  navios  foram  se  tornando  2 cilindros de 22HP, usava hélice Ericsson, e era capaz 
imunes  à  artilharia  da  época,  esse  preconceito  foi  de  desenvolver  7  nós.  Na  época,  as  fragatas 
desaparecendo.  desempenhavam  o  mesmo  papel  que,  bem  mais 
tarde, os cruzadores desempenhariam. 
  Embora  as  primeiras  experiências  com  hélice 
datassem de 1825, só em 1842 os franceses lançaram    Em  1846  são  construídos  e  testados  os  dois 
o  primeiro  navio  com  hélice,  o  Aviso  Corse,  com  primeiros  canhões  com  alma  raiada  e  carregamento 
propulsão  mista,  que  alcançou  12,4  nós  de  pela culatra (o engrazamento do projétil cilíndrico nas 
velocidade.  No  ano  seguinte,  os  ingleses  lançaram  a  ranhuras  do  tubo  alma  tornava  complicado  o 
Escuna  HMS  Rattler,  de  propulsão  mista,  a  hélice,  já  carregamento  pela  boca,  daí  a  necessidade  do 
com  os  motores  a  vapor  de  dois  cilindros  (até  1839  carregamento  pela  culatra,  além,  é  claro,  da  maior 
todos os motores eram de apenas um cilindro).  rapidez  de  tiro  propiciada  pelo  carregamento  pela 
culatra.).  Estes  canhões,  produzidos  pelo  Major 
  No  Brasil,  o  Arsenal  da  Corte  construiu,  em  Cavalli, oficial da artilharia da Sardenha, e pelo Barão 
1843,  a  primeira  embarcação  a  vapor  feita  no  País, a  Wahrendorf,  mestre  ferreiro  sueco,  não  foram 
Barca  Tetis,  com  deslocamento  de  240  toneladas.  Os  adotados por nenhuma Marinha de expressão, apesar 
motores e caldeiras foram importadas da Inglaterra.  de terem alcançado excelentes resultados nos testes. 

  Em 1843, as mudanças tecnológicas chegaram    Os  franceses,  mais  uma  vez,  se  adiantam  aos 


também  às  minas  marítimas.  Samuel  Colt  ingleses, lançando ao mar, em 1848, o primeiro navio 
desenvolveu  um  sistema  de  “minas  controladas”,  em  de  linha  a  hélice,  de  propulsão  mista,  o  Napoléon, 
que  as  minas  eram  explodidas  por  ação  de  um  projeto  do  grande  Dupuy  de  Lôme:  usando  apenas  o 
observador  que  acionava  um  dispositivo;  uma  vapor,  o  Napoléon  alcançou  a  velocidade  de  14  nós. 
corrente  elétrica  circulava  então  ao  longo  de  cabos  Só  nesse  ano,  três  aos  após  os  franceses,  os  ingleses 
submarinos, fazendo a mina explodir quando o navio‐ lançaram suas primeiras fragatas a hélice. 
alvo estava próximo. Durante os testes, um navio a 5 
milhas  de  distância  do  posto  de  observação  foi    Os  alemães,  em  1848,  desenvolveram  uma 
destruído por uma dessas minas.  série  de  testes  na  universidade  de  Kiel  visando  a 
melhorar  as  minas  existentes.  As  minas  controladas, 
  O  primeiro  navio  de  guerra  de  certo  porte  a  por  eles  aperfeiçoadas,  foram  usadas  na  guerra  de 
usar  o  hélice  só  surgiu  em  1844:  a  Fragata  USS  emancipação  de  Schleswig‐Holstein  com  o  propósito 
Princeton, com hélice Ericsson.  de  proteger  o  Porto  de  Kiel  da  frota  holandesa:  pela 
primeira  vez,  portanto,  é  usado  um  campo  de  minas 
  Na  Inglaterra  ganha  força  a  idéia  de  que  o  em caráter defensivo e não, como era usual até então, 
hélice não deveria ainda ser usado em navios de linha,  em caráter ofensivo. 
acreditando‐se  que  a  roda  era  mais  eficaz.  Para 
dirimiras  “dúvidas”,  o  Almirantado,  em  1845,  fez    Em 1850, com dois anos de atraso em relação 
realizar uma série de provas entre a Escuna Rattler, a  aos franceses, os ingleses lançam o seu primeiro navio 
hélice,  e  a  Escuna,  de  mesmo  tamanho  e  potência,  de  linha  a  hélice,  o  HMS  Agamemnon;  usando 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 105 
 
motores de maior velocidade, foi necessário colocar o  circunstâncias,  ficara  comprovado,  a  independência 
motor  e  o  hélice  desse  navio  uma  engrenagem  em relação ao vento era fundamental para a Marinha 
redutora,  para  conciliar  o  melhor  rendimento  do  de Guerra. O Ministro da Marinha, Conselheiro Vieira 
motor (alta velocidade) com o melhor rendimento do  Tosta,  em  seu  relatório  de  1852,  insiste  na 
hélice  (baixa  velocidade);  com  isso  foi  possível  usar  necessidade  do  aumento  de  número  de  navios  a 
caldeiras com maior pressão, dando mais eficiência ao  vapor para a Esquadra, apoiando a sua argumentação 
sistema  propulsor  como  um  todo;  em  termos  na experiência de Tonelero. 
estruturais,  o  Agamenmon  era  um  three‐decker  – 
navio  de  três  conveses  –  armado  com  91  canhões    Em  1852,  começam  chegar  do  exterior  os 
(contra 90 do Napoléon).  brasileiros  enviados  pelo  governo  para  se 
especializarem  em  estaleiros  europeus  nas  novas 
  Na América do Sul, em meados do século XIX,  tecnologias  ligadas  à  construção  militar.  Napoleão 
as  tentativas  argentinas  para  reviver  o  Vice‐Reinado  Level  e  Carlos  Braconnot  eram  civis  que  trabalhavam 
do  Prata  –  a  Argentina  considerava‐se  herdeira  da  no  Arsenal  da  Corte  e  que  se  especializaram, 
Espanha  –  e  a  forte  oposição  do  Império  do  Brasil  a  respectivamente,  em  construção  naval  e  máquinas. 
essa pretensão, mantinham vivas as tensões no sul do  Com  eles  chegaram  ao  Brasil  técnicos  estrangeiros 
continente.  Em  virtude  disso,  o  Brasil  procurou  para  trabalhar  nas  oficinas  do  Arsenal.  As 
fortalecer  o  seu  Poder  Naval,  não  só  construindo  em  conseqüências  dessas  medidas  logo  se  fariam  sentir, 
estaleiros  nacionais  alguns  navios  com  propulsão  conforme veremos. 
mista,  a  roda  –  em  1850  e  1851  são  construídos  três 
vapores nos estaleiros da Ponta da Areia e da Saúde –    Em  1853,  há  o  primeiro  teste  real  das 
mas,  também  colocando  encomendas  no  exterior  –  granadas  explosivas.  Na  Batalha  Naval  de  Sinope,  na 
em  1848  é  incorporado  o  primeiro  navio  de  guerra  a  guerra entre a Rússia e a Turquia, a frota russa – cujos 
vapor,  a  Fragata  Dom  Afonso,  a  roda,  construída  na  navios,  na  maioria,  eram  armados  com  canhões 
Inglaterra.  Paixhans,  ainda  de  alma  lisa,  mas  já  fazendo  uso  das 
granadas  explosivas  –  sob  o  comando  do  Almirante 
  O apoio ostensivo de Rosas, ditador argentino,  Nakhimov,  atacou  e  destruiu  um  esquadrão  naval 
a  Oribe  que,  em  oposição  ao  governo  legal  do  turco,  sob  o  comando  do  Osman  Pasha,  cujos  navios 
Uruguai,  pretendia  assumir  o  poder  para  unir‐se  à  não  dispunham  de  canhões  capazes  de  atirar  as 
Argentina,  numa  “associação  de  iguais”  (sic),  levou  a  granadas  explosivas.  Apesar  de  esmagadora 
Argentina  e  o  Brasil  à  guerra  –  conhecida  entre  nós  superioridade  naval  russa  –  que  alinhava  seis  navios 
como a Guerra Contra Oribe e Rosas (1851‐52). Sob o  de  linha,  duas  fragatas  e  três  vapores  –  contra  os 
ponto  de  vista  naval,  o  fato  mais  importante  do  turcos  –  que  dispunham  de  sete  fragatas,  três 
conflito  foi  a  Passagem  de  Tonelero  pela  Esquadra  corvetas  e  dois  vapores  –  o  rápido  massacre  dos 
brasileira.  A  passagem  havia  sido  fortificada  com  16  turcos  foi  atribuído  pelos  analistas  ao  terrível  efeito 
peças de artilharia e 2 mil homens; para que as forças  das granadas explosivas sobre os navios de madeira. 
brasileiras,  provenientes  da  Colônia  de  Sacramento, 
pudessem  chegar  a  Diamante,  no  Rio  Paraná,  e  daí    A  Batalha  da  Baía  de  Sinope  não  só 
atacar as forças de Rosas, seria necessário transportá‐ demonstrou  a  eficácia  das  granadas  explosivas,  mas 
las  além  de  Tonelero.  Os  vapores  brasileiros  Dom  deixou  claro  que,  dali  para  frente,  impunha‐se 
Afonso,  capitânia  de  Grenfell,  e  mais  o  Pedro  II,  o  proteger os navios usado couraças. 
Recife  e  o  D.  Pedro,  rebocando  duas  corvetas  e  um  EXERCÍCIOS: 
brigue,  estes  três  a  vela,  tiveram  êxito  nessa 
passagem  e  as  tropas  brasileiras  puderam  atacar  e  1 ‐ (PS‐RM2‐OF/2018) De acordo com Vidigal (2000), a 
derrotar,  em  Monte  Caseros,  as  tropas  de  Rosas,  vitória  do  Brasil  na  guerra  contra  Oribe  e  Rosas  da 
pondo fim ao conflito.  Argentina deveu‐se muito pelo aumento das bocas de 
fogo  da  Esquadra  brasileira  comandada  por  Grenfell, 
  Com isso, cessaram todas as restrições que se  frente às peças de artilharia instaladas ao longo do rio 
faziam  no  Brasil  ao  emprego  do  vapor;  em  certas 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 106 
 
Paraná,  propiciado  por  um  fator  estratégico  utilizado  fortalezas,  não  só  devido  à  fragilidade  de  navios  de 
na  Passagem  de  Toneleiro.  Assinale  a  opção  correta,  madeira  sem  couraça  mesmo  em  face  dos  projetis 
que reflete a ação tomada pelo então Chefe naval do  sólidos,  mas,  também,  à  pouca  eficácia  dos  canhões 
Brasil,  que  contribuiu  de  forma  decisiva  para  a  navais contra as poderosas defesas das fortalezas. 
finalização desse conflito. 
Os  franceses  foram  os  primeiros  a  reagir  às 
  lições  de  Sinope.  Em  1855,  desenvolveram  um  tipo 
especial  de  embarcações  para  enfrentar  os  fortes  de 
(A)  A  utilização  dos  vapores  brasileiros  Dom  Afonso,  terra;  conhecidas  como  “baterias  flutuantes”  eram 
Pedro ll, Recife e Dom Pedro rebocando duas corvetas  embarcações  de  fundo  chato,  para  operar  em  águas 
e  um  brigue,  estes  três  a  vela,  propiciando  a  rasas,  próximas  à  terra,  construídas  de  madeira  mas 
independência do vento dos navios a pano e aumento  protegidas  com  couraças  de  ferro  forjado  de  4,5 
das bocas de foco destes, mais numerosas.  polegadas  de  espessura,  montadas  sobre  placas  de 
(B)  A  utilização  dos  navios  encouraçados  Barroso  e  madeira  (teca)  de  18    polegadas  de  espessura;  esta 
Tamandaré,  ambos  a  vela,  que  dispunham  de  mais  couraça  fora  planejada  para  resistir  aos  canhões 
bocas  de  fogo  do  que  os  tradicionais  navios  a  vapor,  típicos da época, os 68 ‐ pounder de alma Iisa. Nesse 
propiciando  maior  efetividade  no  combate  frente  as  mesmo  ano,  as  três  Baterias  Flutuantes  Dévastacion, 
pecas de artilharia de nosso opositor portenho.  Love  e  Tonnante,  que  dispunham  de  propulsão  a 
vapor capaz de deslocá‐las a uma velocidade de 2 a 3 
(C)  A  utilização  dos  navios  de  propulsão  a  hélice  nós,  foram  rebocadas  para  o  Mar  Negro  por  fragatas 
Amazonas  e  Ypiranga,  que  eram  independentes  do  de  propulsão  mista,  a  roda,  e,  compondo  um 
regime de ventos e utilizavam suas poderosas baterias  esquadrão  anglo‐  francês  com  outros  navios 
de  canhões  que  atiravam  as  projetis  sólidos  tradicionais,  tiveram  a  missão  de  neutralizar  o    forte 
convencionais,  e  canhões  que  atiravam  as  granadas  russo  de  Kinbum,  na  foz  do  Dnieper.  Enquanto  os 
explosivas.  navios de madeira, sem proteção, davam apenas fogo 
de apoio e engajavam algumas baterias periféricas do 
(D) A utilização dos navios o de propulsão mista Sete 
forte,  os  navios  com  couraça  ficaram  estacionados  a 
de Setembro e Taquari, com suas numerosas bocas de 
algumas  milhares  de  jardas  do  forte  e  depois  de  4 
foco,  independentemente  do  regime  de  ventos,  os 
horas de bombardeio, o forte russo, que usara contra 
quais  eram  um  tipo  de  embarcação  especial, 
as  baterias  flutuantes  tanto  projetis  sólidos  como 
conhecida  coma  bateria  flutuante,  para  enfrentar  os 
granadas  explosivas,  foi  forçado  a  se  render  (45 
fortes de terra. 
mortos e 130 feridos), enquanto as três embarcações 
(E)  A  utilização  das  canhoneiras  couraçadas  a  vela  encouraçadas sofreram apenas avarias insignificantes; 
Pedro  Afonso  e  Forte  de  Coimbra  que,  apesar  da  os  tiros  sólidos  do  forte  ricocheteavam  na  couraça  e 
dependência do regime de ventos, eram embarcações  as  granadas  explosivas,  explodindo  contra  a  couraça, 
poderosas  em  poder  de  fogo,  devido  ao  fato  de  não produziam nenhum dano. A partir daí não mais se 
possuírem baterias de canhões  em ambos os bordos.  podia duvidar da eficácia da couraça para os navios de 
guerra e ficava claro que a tecnologia se voltaria para 
Resposta: A  o  melhoramento  dos  canhões  e  dos  projetis  usados. 
Ficou  fácil  perceber  que  a  granada  explosiva  só  seria 
A GUERRA DA CRIMÉIA E SUAS LIÇÕES. 
eficaz  contra  a  couraça  se  pudesse  perfurá‐la  e 
  A  Guerra  da  Criméia  (1854‐56)  traria  alguns  explodir  na  parte  vulnerável  dos  navios;  para  isso,  o 
importantes ensinamentos para a guerra no mar.  projetil deveria ser cilíndrico e ter ponta (ogiva); com 
os  canhões  de  alma  lisa,  o  projetil  ao  deixar  o  tubo 
  Ela  representou  excelente  oportunidade  para  alma  do  canhão  tinha  uma  trajetória  muito  instável 
uma  reavaliação  dos  confrontos,  tão  freqüentes  à  (dando  verdadeiras  cambalhotas),  não  se  podendo 
época,  entre  navios  e  fortalezas  de  terra;  até  então,  garantir  que  ele  acertaria  aonde  se  queria  e  muito 
esse  confronto  era  francamente  favorável  às  mesmo  que  ele  bateria  de  ponta  no  alvo;  a  alma 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 107 
 
raiada, já testada e aprovada desde 1846, conforme já  região (houve ruptura das relações diplomáticas entre 
vimos. seria a solução para este problema.  os  dois  países  em  1853),  estimulou  maiores 
investimentos  no  Poder  Naval  brasileiro, 
Ainda  nesse  mesmo  ano,  o  bombardeio  de  principalmente em termos de preparação de mão‐de‐
Sebastapol  por  um  esquadrão  inglês,  do  qual  fazia  obra qualificada. 
parte  o  Agamemnon  e  outro  navio  da  mesma  classe, 
mostrou o valor da propulsão a vapor, já que os dois  Os  ingleses  não  tardaram  a  copiar  os  navios 
navios de propulsão mista, diferentemente dos navios  encouraçados  franceses  que  tão  bom  desempenho 
a  vela,  podiam  se  posicionar  convenientemente  em  haviam  tido  contra  os  fortes  de  Kinburn,  mas  logo 
relação  aos  pontos  a  serem  atacados,  dando  mais  depois  procuraram  superá‐los,  lançando  ao  mar 
eficácia  ao  bombardeio,  indiferentes  à  direção  do  quatro  navios  com  couraça  ‐  HMS  Thunderbolt,  o 
vento.  Terror, o Aetna e o Erebus – todos em 1856; embora 
não  se  possa  dizer  que  esses  navios  fossem  de  linha, 
No que se refere à guerra de minas, os russos  eles  foram  os  precursores  dos  modernos  navios  de 
usaram  a  minagem  defensiva  para  a  proteção  dos  guerra,  sendo  os  primeiros  navios  a  combinar  casco 
portos  de  Sebstopol,  Sveagorg  e  Kronsadt,  usando  de ferro, couraça e propulsão a vapor. 
minas  de  contato,  isto  é,  que  explodiam  quando 
atingidas  pelo  casco  de  um  navio.  Os  fusíveis  dessas  Ainda  em  1856  os  ingleses  desenvolvem  o 
minas,  provavelmente  desenvolvidos  por  Alfred  canhão  Armstrong,  com  carregamento  pela  culatra, 
Nobel,  consistiam  em  tubos  de  vidro  cheios  de  ácido  alma raiada, capaz de disparar pojetis cilíndricos com 
sulfúrico; quando quebrados pelo casco de um navio,  ogiva,  providos  com  cinta  de  chumbo  para  que 
liberavam o ácido que então se misturava com clorato  pudessem  engrazar  nas  ranhuras  do  tubo  alma.  O 
de  potássio  e  açúcar,  gerando  calor  e  chamas  canhão Armstrong, que só seria usado a bordo alguns 
suficientes para provocar a explosão da mina.  anos  mais  tarde  (1860),  consistia  num  tubo  alma  no 
qual um número de jaquetas eram vestidas a quente 
Já  apontamos  que  durante  a  Guerra  da  e,  após  o  resfriamento,  elas  encolhiam  e  formavam 
Cisplatina  os  navios  argentinos  e  brasileiros  eram  uma unidade sólida com o tubo alma. Desta forma, o 
muito  semelhantes  aos  seus  contemporâneos  que  canhão  ia  tendo  sua  resistência  aumentada,  da  boca 
lutaram em Navarino. Agora pelo contrário, os navios  para  a  culatra.  O  tubo  alma  era  raiado  internamente 
de  linha  da  frota  anglo‐franco‐turca  na  Criméia  eram  no sistema de múltiplas ranhuras (grande número de 
tecnologicamente  muito  superiores  aos  navios  de  ranhuras  rasas).  O  bloco  de  culatra,  uma  peça  sólida 
Navarino, embora muito pouco afastados no tempo.  de ferro forjado, furada e com ranhura, era encaixado 
O  Brasil  procurava  compensar  o  seu  atraso  a  quente  na  parte  oposta  à  boca;  um  rasgo  aberto 
tecnológico tanto adquirindo navios no exterior – em  através  dela  e  da  jaqueta  acima  permitia  que  uma 
1852, chega ao Brasil a Fragata de propulsão mista, a  cunha  fosse  inserida,  fechando  esta  extremidade  do 
roda,  Amazonas;  em  1854,  recebe  da  Inglaterra  os  tubo  alma;  a  cunha  era  mantida  no  lugar  por  um 
primeiros  navios  a  hélice  (quatro  canhoneiras);  em  parafuso  vazado  que  antes  da  colocação  da  cunha 
1856,  mais  três  –  como  construindo  no  Brasil  –  1854  permitia  o  carregamento  do  canhão.  Este  sistema 
inicia a  construção da Canhoneira Ipiranga, que seria  mostrar‐se‐ia propenso a causar acidentes. 
o  primeiro  navio  a  hélice  construído  no  País  (projeto  Dois  anos  mais  tarde,  a  Marinha  francesa 
de Napoleão Level, executado no Arsenal da Corte; as  adota o sistema de culatra com ranhura interrompida 
máquinas  e  as  caldeiras,  sob  a  supervisão  de  Carlos  (quatro  seções  separadas);  a  alavanca  de  operação 
Braconnot,  foram  construídas  também  no  Arsenal)  A  primeiro  levava  o  bloco  para  dentro  da  culatra  e 
Ipiranga participaria da Batalha Naval do Riachuelo.  depois  girava‐o  1/8  de  volta,  fazendo  com  que  as 
O agravamento das relações do Brasil com o  ranhuras  do  bloco  engrazassem  com  as  da  culatra, 
Paraguai,  conseqüência  das  divergências  quanto  a  ficando o bloco assim travado. 
questões  de  fronteiras  e  livre  navegação  nos  rios  da 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 108 
 
Também  na  Alemanha  o  carregamento  pela  de  peso  assim  conseguida  permitiu  que  o  navio 
culatra mereceu a atenção dos técnicos, começando o  recebesse  uma  cinta  couraçada  de  4,7  polegadas  de 
desenvolvimento  do  sistema  Krupp,  usando,  como  o  espessura,  fabricada  por  Creusot.  O  armamento  do 
Armstrong,  um  sistema  de  cunha,  mas  sem  os  Gloire  consistia  em  36  canhões  de  um  novo  modelo 
inconvenientes do sistema inglês.  66‐pounder,  carregamento  pela  culatra,  alma  raiada, 
atirando  projetis  explosivos,  34  deles  ao  longo  da 
Com  fracasso  da  missão  diplomática  do  borda  do  navio  e  dois  montados  em  pivôs.  Um  dos 
Almirante  Pedro  Ferreira  de  Oliveira,  enviado  à  três  navios  da  mesma  classe  tinha  casco  de  ferro,  o 
Assunção  pelo  governo  brasileiro,  logo  após  a  Couronne, lançado em 1860. 
interrupção  das  relações  diplomáticas  entre  os  dois 
países (1853), um novo impulso para a renovação do  No  ano  de  1859  tem  início  a  construção  dos 
Poder Naval brasileiro teve lugar. Em 1857, é iniciada  primeiros  navios  de  linha  dotados  de  aríete  que, 
no  Arsenal  da  Corte  a  construção  da  Corveta  Niterói,  breve,  seria  uma  característica  de  todos  os 
até  então  o  maior  navio  de  propulsão  a  vapor  encouraçados  da  época;  projetados  por  Dupuy  de 
construído  no  Brasil;  o  navio  seria  dotado  com  Lôme, são lançados em 1861 o Magenta e o Soferino, 
canhões  de  alma  raiada.  Por  dificuldades  técnicas  a  bastante  semelhantes  ao  Gloire.  A  ineficiência  dos 
construção arrastou‐se até 1863.  canhões  da  época  contra  os  navios  encouraçados 
valorizou  o  aríete  que,  se  supunha,  podia  atingir  os 
À  luz  da  experiência  adquirida  quando  da  navios  inimigos  abaixo  da  linha  d’água,  na  parte  não 
missão  diplomática  enviada  à  Assunção  –  com  protegida pela couraça. 
exceção de um pequeno vapor em que viajou o chefe 
da  missão,  todos  os  navios  da  força  naval  brasileira  Os  ingleses  reagiram  ao  desafio  francês  do 
não  puderam  subir  o  Rio  Paraguai  porque  calavam  Gloire lançando ao mar, em 1860, o HMS Warrior, que 
muito – Tamandaré recebeu o encargo de adquirir na  é  o  primeiro  navio  de  linha  com  casco  de  ferro. 
Europa canhoneiros que pudessem navegar no Prata e  Embora  fosse  lançado  um  pouco  antes  do  Couronne, 
dispusessem  de  couraça  em  face  da  existência  de  este  foi  incorporado  primeiro.  É  um  navio  de 
muitos  fortes  nas  margens  do  Rio  Paraguai;  como  propulsão  ainda  mista,  mas  a  propulsão  a  vapor  é 
resultado,  são  recebidas,  no  ano  de  1858,  duas  agora  a  principal,  e  não  apenas  um  complemento  à 
canhoneiras  construídas  na  França  e  sete  na  propulsão a vela. O Warrior deslocava 9.210 toneladas 
Inglaterra,  todas  a  vapor  e  a  hélice,  com  pequeno  e dispunha de couraça de 4,5 polegadas de espessura. 
calado  para  operarem  nos  rios  do  Prata.  Conforme  Inicialmente,  o  navio  era  dotado  com  canhões  de 
aponta em seu relatório para o Ministro da Marinha,  alma  lisa,  carregamento  pela  boca,  montados  sobre 
Tamandaré, no que diz respeito à couraça, inspirou‐se  carretas,  mas  eles  foram  sendo  substituídos  por 
no  bombardeio  do  Kinburn  pelas  baterias  flutuantes  canhões de alma raiada. 
francesas. 
Neste  ponto  da  evolução  dos  navios  de 
Os  franceses,  em  1859,  lançaram  ao  mar  o  guerra, duas considerações são importantes. 
Gloire, uma fragata de 5.600 toneladas, a primeira de 
uma classe de três navios construídos de madeira mas  Tanto  o  Gloire  como  o  Warrior  eram  ainda 
dotados  de  couraça,  projetadas  por  Dupuy  de  Lôme.  armados com canhões fixos, alinhados nos bordos dos 
Eram navios de propulsão mista a hélice (inicialmente  navios,  como  os  navios  mais  antigos  do  período  da 
o  Gloire  só  dispunha  de  mastro  de  sinais  mas  depois  vela.  A  época  das  barbetas  e  torres  ainda  não  havia 
recebeu  toda  a  aparelhagem  para  vela),  capaz  de  chegado,  embora,  já  nessa  época(1860)  o  canhão 
desenvolver,  só  com  o  vapor,  13,5  nós.  A  mais  Armstrong tivesse sido introduzido a bordo dos navios 
significativa  mudança  no  Gloire  estava  na  sua  britânicos. 
artilharia, toda ela concentrada numa única fileira de  A  insistência  das  Marinhas  na  propulsão 
poderosos  canhões  (pelo  fato  de  todos  os  canhões  mista,  mantendo  ainda  nos  navios  toda  a 
estarem  num  único  convés  do  navio,  apesar  de  seu  aparelhagem para a propulsão a vela, como no Gloire 
tamanho,  foi  classificado  como  fragata).  A  economia 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 109 
 
e no Warrior, decorria de uma série de circunstâncias.  avançados quando comparados com os demais navios 
Esses  navios  eram  destinados  às  grandes  viagens  do período. 
marítimas,  com  extensos  cruzeiros  abrangendo  áreas 
onde  os  pontos  para  reabastecimento  de  carvão  em  Recuperando  uma  fragata  que  havia  sofrido 
poucos,  ficando  muito  afastados  um  dos  outros,  e,  um  grave  incêndio,  os  confederados  transformaram‐
além  disso,  as  máquinas  então  disponíveis  eram  na  num  navio  encouraçado  –  o  Virgínia  que, 
deficientes  e  quebravam  freqüentemente,  daí  o  entretanto, passaria para a história com o seu antigo 
conservadorismo  dos  que  não  queriam  abrir  mão  da  nome  Merrimack.  O  navio  era  dotado  de  uma 
vela.  A  ordem  “Chaminés  para  baixo;  hélice  para  casamata,  construída  com  traves  de  carvalho 
cima”  (“Down  funnel;  up  screw”),  que  assinalava  revestidas  com  trilhos  de  estrada  de  ferro  e  placas 
numa viagem a passagem da propulsão a vapor para a  metálicas;  seu  armamento  consistia  em  três  canhões 
vela,  tão  freqüente  à  época,  refletia  uma  situação  de 9 polegadas, de alma lisa, e de um canhão de 6, de 
bastante  comum;  os  navios  mistos  eram  alma  raiada,  montado  em  pivô,  todos  os  canhões 
essencialmente  navios  a  vela  que,  ocasionalmente,  passando através de aberturas existentes na casamata 
usavam  o  vapor.  No  Brasil,  por  exemplo,  que  e  atirando  granada  explosivas;  ainda  na  casamata, 
importava  todo  o  carvão  consumido  pelos  navios  de  existiam  dois  canhões  de  7  polegadas,  um  atirando 
Cardiff,  na  Inglaterra,  era  o  próprio  Ministro  da  para vante e outro para ré; o avio dispunha de aríete, 
Marinha que autorizava os trechos da viagem em que  de  ferro,  que  se  projetava  2  pés  abaixo  da  linha 
a propulsão a vapor podia ser usada.  d’água. A velocidade era muito baixa, de apenas 2 ou 
3 nós. 
À medida que as estações de reabastecimento 
foram  sendo  instaladas  por  todo  o  mundo  e  as  Por  sua  vez,  a  União  desenvolveu  o  Monitor, 
máquinas  a  vapor  ganhavam  em  desempenho  e  projeto  de  Ericsson,  verdadeiramente  revolucionário; 
confiabilidade,  a  situação  começou  a  mudar.  tinha  casco  e  madeira  revestido  de  couraça;  a  meia 
Entretanto,  foi  só  quando  o  aumento  do  peso  dos  nau  foi  instalada  uma  torre  rotativa,  a  primeira  a  ser 
armamentos  e  das  couraças  comprometeu  a  instalada  num  navio,  com  dois  canhões  de  11",  à 
estabilidade dos navios, reduzindo a borda livre de tal  época  o  maior  calibre  embarcado;  o  seu  convés, 
modo  que  eles  não  mais  podiam  levar,  sem  risco,  o  exceto  pela  torre  e  por  uma  capuchana  onde  se 
peso  alto  representado  pelos  mastros  e  seus  abrigava a pessoa responsável pelo governo do navio, 
aparelhos,  ou  suportar  o  momento  de  adernamento  era totalmente desimpedido; devido ao peso da torre 
provocado  pela  pressão  do  vento  sobre  o  velame  do  o  navio  tinha  pequena  borda  livre,  não  sendo,  pois, 
navio,  que  a  vela  foi  finalmente  abandonada.  Um  projetado  para  operar  em  alto‐mar  mas  apenas  em 
acidente trágico contribuiu para por um ponto final na  águas  protegidas;  sua  velocidade  era  da  ordem  de 
propulsão a vela.  5nós. 

  Inicialmente, o Merrimack atacou os navios da 
União que bloqueavam o Rio Chesapeake, afundando 
AS BATALHAS DE HAMPTON ROADS E LISSA  a  Fragata  a  vela  Congress  a  tiros  de  artilharia  e  a 
Chalupa Cumberland com o seu aríete; os três navios 
  remanescentes fugiram, abrigando‐se em águas rasas 
Em 1861, teve início a Guerra de Secessão nos  onde  o  Merrimack  não  pode  ir.  Na  manhã  seguinte, 
Estados  Unidos,  que  se  prolongaria  até  1865;  esta  com  a  chegada  do  Monitor  ao  local,  iniciou‐se  um 
guerra foi rica de ensinamentos relativos à guerra no  duelo  de  artilharia  entre  os  dois  encouraçados;  após 
mar,  em  especial  os  decorrentes  da  Batalha  de  cerca  de  7  horas  de  combate,  a  situação  permanecia 
Hampton Roads (1862), onde, pela primeira vez, dois  indecisa,  um  navio  não  conseguindo  perfurar  a 
navios  encouraçados  a  vapor  se  defrontaram  –  couraça  do  outro.  A  retirada  do  Merrimack  para 
surpreendentemente  para  a  época  os  dois  navios  Norfolk pôs um ponto final à batalha. Duas tentativas 
eram  exclusivamente  acionados  a  vapor,  muito  posteriores foram feitas pelo navio confederado para 
enfrentar  o  Monitor,  mas  este,  obedecendo 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 110 
 
instruções do Congresso, recusou sempre o combate;  explodiu,  afundando  imediatamente;  os  demais 
temia‐se  que  uma  avaria  mais  séria  no  Monitor  navios  pararam  e  estabeleceu‐se  a  desordem  na 
deixasse  o  caminho  livre  para  o  Merrimack  subir  o  coluna,  com  os  navios  se  embaralhando  e  um 
Potomac até Washington.  bloqueando a linha de tiro do outro. A grito dos vigias 
de  “torpedos”  (até,  aproximadamente,  1870,  nas 
O  combate  demonstrou  que  as  couraças  minas eram chamadas de torpedos), Farragut salvou o 
usadas  eram  invulneráveis  tanto  aos  projetis  sólidos  dia,  mandando  que  todos  os  navios  avançassem 
como  às  granadas  explosivas,  quer  disparados  por  apesar  das  minas:  “Danem‐se  os  torpedos.  Toda  a 
canhões de alma raiada. Era claro que chegava ao fim  velocidade  adiante”.  Desta  forma,  e  graças  ao 
a  construção  de  navio  de  madeira  se  proteção  de  deficiente  sistema  de  disparo  das  minas  usadas,  ele 
couraça  e  que  seria  necessário  desenvolver  sistemas  pôde  forçar  a  estratégica  passagem,  apesar  da 
de  armas  mais  eficazes.  A  ineficácia  dos  canhões  oposição  de  uma  força  naval  sob  a  proteção  de 
empregados chamou a atenção para a importância do  fortaleza  de  terra,  como  já  ocorrera  na  Guerra  da 
aríete,  que  podia  atingir  os  navios  abaixo  da  linha  Criméia, e, ainda existência de campo minado. 
d’água, onde não chegava a couraça (o afundamento 
da  Chalupa  Cumberland  pelo  aríete  do  Merrimack  Foi  também  na  Guerra  de  Secessão  que  o 
reforçava  a  idéia),  mormente  porque  o  advento  do  primeiro navio de guerra de porte, o Encouraçado USS 
vapor  facilitava  muito  as  manobras  para  o  Cairo, foi afundado, em dezembro de  1862, por ação 
abalroamento.  de mina. 

Durante toda a Guerra de Secessão, ambos os  Conforme  apontamos,  o  canhão  Armstrong 


partidos lançaram mão do aríete e, quando os navios  tinha  problemas  que  logo  a  prática  mostraria;  não 
não  dispunham  deste  recurso,  do  abalroamento.  existia  nada  que  evitasse  que  o  canhão  fosse 
Houve algumas dezenas de encontros desse tipo, nem  disparado  se  a  culatra  não  estivesse  adequadamente 
sempre  os  maiores  danos  sendo  do  navio  abalroado.  fechada.  Em  1862,  durante  o  bombardeio  de 
Foram  construídos  navios  encouraçados,  com  quase  Kagoshima,  no  Japão,  por  uma  força  naval  inglesa, 
nenhum  armamento,  para  serem  usados  como  uma  série  de  acidentes  com  o  canhão  Armstrong  a 
verdadeiros  aríetes  contra  os  navios  inimigos;  os  bordo  do  capitânia  HMS  Euryalus,  determinou  a 
resultados  foram  excelentes  em  termos  de  custo‐ retirada  desses  canhões  de  todos  os  navios  ingleses, 
benefício.  É  possível  que  Barroso,  em  Riachuelo,  que, então, retornaram aos canhões de carregamento 
tenha levado em conta as experiências bem sucedidas  pela  boca,  apesar  de  seus  inconvenientes.  Este 
no conflito norte‐americano.  retrocesso  tecnológico  só  foi  possível  porque  a 
pólvora  na  época  usada  como  propelente  era  a 
As lições de Hampton Roads repercutiram em  pólvora negra que, sendo de queima rápida, permitia 
todo  o  mundo,  inclusive  no  Brasil;  no  relatório  de  que  os  tubos  alma  dos  canhões  fossem  curtos, 
1862,  o  Ministro  da  Marinha,  Almirante  Joaquim  tornando  possível  o  carregamento  pela  boca,  apesar 
Raimundo  de  Lamare  faz  uma  análise  sobre  o  futuro  das  dificuldades  para  fazer  o  projétil  engrazar  nas 
desenvolvimento da força naval brasileira apoiada na  ranhuras  do  tubo  alma.  Somente  muito  mais  tarde, 
evolução  tecnológica  em  curso,  baseando‐se,  em  como  adiante  veremos,  a  Marinha  britânica, 
especial, na experiência de Hampton Roads.  resolvidas  as  dificuldades  com  a  culatra,  e  havendo 
Na Guerra de Secessão os dois lados lançaram  necessidade  de  aumentar  a  velocidade  inicial  dos 
mão da guerra de minas. O incidente mais dramático  projetis dos canhões, retornaria ao canhão Armstrong. 
ocorreu  quando  do  ataque  de  Farragut  a  Mobile,  em  A  propulsão  a  vapor  também  evoluía;  é 
1862.  O  esquadrão  de  Farragut,  com  os  navios  em  lançada  ao  mar,  em  1862,  a  Escuna  francesa  Actif, 
coluna,  forçava  a  entrada  na  Baía  de  Mobile  sob  o  com  máquina  a  vapor  com  dupla  expansão  (cilindro 
intenso fogo, tanto do Forte Morgan como dos navios  de alta pressão e de baixa pressão); no ano seguinte, é 
confederados  no  interior  da  baía  quando  o  Monitor  lançado o Navio‐Tranasporte francês Loiret, com uma 
Tecumseh que ia a frente da coluna atingiu uma mina,  variante  da  máquina  de  dupla  expansão;  a  sua 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 111 
 
máquina  dispunha  de  um  cilindro  de  AP  “torre‐barbeta”,  e,  posteriormente,  simplesmente 
descarregando  para  dois  cilindros  de  BP,  com  torre ou torreta. 
reaquecimento  entre  o  cilindro  de  AP  e  os  de  BP 
(motor denominado de composto).  Por  outro  lado,  havia  ainda  os  que 
acreditavam no princípio da bordada, com os canhões 
Em  1863,  é  constituído  na  Inglaterra,  para  a  alinhados  ao  longo  dos  bordos  do  navio  (caso  do 
Holanda,  o  Navio  de  Defesa  Costeira  Rolf  krake,  Gloire  e  do  Warrior).  Na  medida,  porém,  em  que  os 
armado com duas torres com canhões de 8 polegadas,  canhões aumentavam de tamanho, este sistema teve 
de  acordo  com  projeto  do  oficial  da  Marinha  inglesa  de  ser  modificado,  transformando‐se  na  “bateria 
Cowper Coles, que é o primeiro navio de guerra a usar  central”,  com  os  canhões  situados  dentro  de  uma 
torre  construído  para  operar  em  mar  aberto  (  o  cidadela  encouraçada ou  casamata, colocada a meio‐
Monitor,  conforme  já  apontado,  não  tinha  condições  navio.  A  bateria  central,  com  os  canhões  atirando 
para  isso).  É  importante  notar  que  à  época  o  termo  principalmente  pelos  bordos  do  navio,  foi  muito 
“torre”  tinha  um  significado  diferente  do  atual:  popular  com  os  navios  de  propulsão  mista,  já  que 
significava  uma  casamata,  na  qual  se  abrigava  o  nesses navios a aparelhagem para a propulsão a vela 
canhão,  que  era  montado  numa  placa  rotativa  no  impedia a operação da torre ou da barbeta, limitando 
convés do navio (exatamente como no Monitor).  muito  o  arco  de  tiro  dos  seus  canhões  (apesar  disso, 
só  em  1865  seria  lançado  o  primeiro  navio  com 
Tem  início  uma  controvérsia,  que  se  bateria central). 
prolongaria  até  1879,  entre  duas  escolas;  a  dos  que 
defendiam a torre ou torreta, como a do Monitor, e a  Em  1863,  os  franceses  lançam  ao  mar  o 
dos  que  defendiam  a  barbeta,  nome  que  se  dava  ao  Submarino  Le  Plonguer,  ele  usava  ar  comprimido 
sistema  em  que  os  canhões  eram  instalados  em  tanto  para  a  propulsão  com  para  o  sistema  de 
plataformas rotativas montadas no topo de uma torre  mergulho.  Tinha  grande  dificuldade  em  manter  a 
encouraçada  ou  barbeta,  aberta  na  parte  de  cima  profundidade  (o  maior  obstáculo  inicial  para  o 
(sistema preferido pelos franceses).  desenvolvimento  do  submarino)  e  não  dispunha  de 
qualquer  sistema  de  armas.  O  projeto  foi  logo 
A  vantagem  da  barbeta  sobre  a  torreta  era  abandonado. 
que  o  canhão,  sendo  montado  mais  alto,  permitia  à 
guarnição  ter  uma  melhor  visada  (o  único  dispositivo  Nos  Estados  Unidos,  ainda  na  Guerra  de 
de  direção  de  tiro  disponível  era  apenas  a  luneta)  e  Secessão,  os  confederados  construíram  em  1864,  o 
impedia que o canhão fosse lavado pela água do mar  Submarino  Huley,  que  nada  mais  era  do  que  uma 
(devido  ao  grande  peso  da  torreta,  a  borda  livre  do  caldeira  cilíndrica  de  ferro,  com  tampas  cônicas  em 
navio  era  muito  pequena);  não  sendo  totalmente  ambas  as  extremidades;  tinha  40  pés  de 
fechada com a torre, a barbeta deixava a guarnição do  comprimento, sua propulsão era a mão (a velocidade 
canhão  livre  do  ambiente  enfumaçado  do  interior  da  podia  chegar  a  2,5  nós);  sua  guarnição  era  de  oito 
torre.  Suas  desvantagens  eram  a  dificuldade  de  homens; dispunha de tanques de lastro e sistemas de 
carregar  o  canhão  pela  boca  e  a  exposição  da  respiro  com  dois  tubos;  era  armado  com  torpedo‐
guarnição  do  canhão  ao  tiro  inimigo,  principalmente  lança (spar‐torpedo), uma carga explosiva colocada na 
durante o recarregamento. Ambas dificuldades foram  extremidade  de  uma  lança  (manobrava‐se  a 
sanadas  com  a  adoção  dos  sistemas  hidráulicos,  que  embarcação  de  modo  que  a  carga  explosiva  fosse  de 
permitiam que o canhão fosse rebaixado para trás de  encontro  ao  casco  do  navio  inimigo,  explodindo  por 
proteção  da  couraça  da  barbeta  quando  impacto  –  algumas  vezes  por  disparo  elétrico).  É  o 
recarregando.  primeiro  submarino  a  obter  um  êxito  militar,  tendo 
afundado  o  navio  de  guerra  federalista  Houstonic;  o 
A evolução levou à combinação dos dois tipos,  submarino, porém, também afundou, com toda a sua 
fazendo‐se  a  casamata  montada  sobre  a  barbeta,  tripulação;  ao  se  afastar  do  local,  com  as  escotilhas 
dando  o  origem  ao  que  foi  inicialmente  chamado  de  abertas,  o  submarino  embarcou  água  e  foi  a  pique 
(anteriormente  julgava‐se  que  ele  tinha  sido 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 112 
 
alcançado  pela  explosão);  o  ataque  foi  feito  com  o  via  de  acesso  logístico,  numa  região  alagada  onde  as 
submarino imerso.  comunicações  terrestres  eram  extremamente 
precárias. 
 
A partir de 1865, o desafio criado pela guerra 
A GUERRA DA TRÍPLECE ALIANÇA  iria ser a causa de um novo surto de desenvolvimento 
Na  América  do  Sul,  o  ano  de  1864  fica  da  construção  naval  no  País,  especialmente  no 
marcado  pelo  começo  da  Guerra  da  Tríplice  Aliança  Arsenal  da  Corte:  em  1865,  foram  lançados  ao  mar 
(1864‐1870),  envolvendo,  de  um  lado,  Argentina,  uma  canhoneira  a  vapor e  dois  navios  encouraçados; 
Brasil e Uruguai, e do outro o Paraguai. Coube quase  em  1866,  um  navio  encouraçado  e  duas 
que  exclusivamente  ao  Brasil  a  responsabilidade  pela  bombardeiras;  em  1867,  uma  corveta  e  três 
condução das operações navais.  monitores  encouraçados;  em  1868,  três  monitores 
encouraçados,  além  do  início  da  construção  da 
Em  1865,  é  travada  entre  brasileiros  e  Corveta Encouraçada Sete de Setembro, com casco de 
paraguaios a Batalha Naval do Riachuelo, uma batalha  madeira e couraça de 4 polegadas (só seria concluída 
fluvial de caráter decisivo já que a Esquadra paraguaia  em  1874;  o  fim  da  guerra  desestimulou  os  esforços 
foi  praticamente  dizimada.  Embora  a  Fragata  que  se  faziam;  seria  necessário  uma  nova  crise  para 
Amazonas,  capitânia  brasileira,  de  propulsão  mista  a  que,  embora  precariamente,  se  retornasse  a 
roda, não dispusesse de aríete, o almirante brasileiro  construção na década de 1880). 
adotou  a  tática  de  abalroar  os  navios  paraguaios,  e 
decidiu  a  sorte  da  batalha,  ao  afundar  dessa  forma  O  investimento  feito  na  preparação  de 
três dos navios paraguaios e uma das chatas.  pessoal no início da década de 50 dava assim os seus 
melhores frutos. 
A  força  brasileira  era  composta  de  nove 
navios  de  casco  de  madeira  e  propulsão  mista,  O  Arsenal  de  Mato  Grosso,  situado  na  área 
enquanto a força paraguaia compunha‐se também de  próxima  ao  conflito,  também  contribuiu  para  o 
nove navios rebocando chatas artilhadas; na verdade,  esforço  de  guerra;  em  1863,  construiu  uma 
do lado paraguaio apenas o Taquari era um navio de  canhoneira  a  vapor,  de  rodas;  em  1864,  um  vapor 
guerra, sendo os demais navios adaptados.  fluvial  de  rodas.  O  estaleiro  da  Ponta  da  Areia,  em 
1865 construiu duas canhoneiras. 
As  canhoneiras  construídas  na  França  e  na 
Inglaterra,  chegadas  ao  Brasil  como  vimos  em  1858,  Na  Europa,  prosseguiu  a  revolução  naval‐
com propulsão mista a hélice, constituíamos o núcleo  militar,  com  o  lançamento,  em  1865,  do  HMS 
da Esquadra brasileira, com os navios de maior porte  Bellerophon,  primeiro  navio  de  linha  com  bateria 
e calado e menor capacidade de manobra reservados  central;  sua  bateria  compreendia  dez  canhões  de  9 
para  a  proteção  do  tráfego  marítimo  ao  longo  das  polegadas,  além  de  dois  canhões  de  7”,  montados 
costas  do  Brasil,  inadequados  que  eram  para  numa  bateria  na  popa,  e  três  canhões  de  7”,  sem 
operações fluviais.  proteção, dos quais dois poderiam atirar pela proa; o 
navio dispunha de aríete e sua couraça de ferro tinha 
A  Batalha  Naval  do  Riachuelo,  embora  6 polegadas de espessura. 
eliminasse  a  ameaça  representada  pela  Esquadra 
paraguaia  e  assegurasse  o  bloqueio  do  Paraguai  pela  A GUERRA AUSTRO‐PRUSSIANA – A BATALHA DE LISSA 
vitoriosa  força  naval  brasileira,  não  teve  as   
conseqüências  estratégicas  que  se  podia  esperar  de 
uma  batalha  decisiva.  Graças  às  fortalezas  que  os  A  Guerra  Austro‐Prussiana  (1866),  embora 
paraguaios  fizeram  construir  nas  margens  do  Rio  decidida  em  terra,  ensejou  a  Batalha  Naval  de  Lissa, 
Paraguai,  em  especial  a  “inexpugnável”  Humaitá,  a  objeto de inúmeras discussões. 
Esquadra  brasileira  teve  o  seu  acesso  barrado  rio 
acima, não podendo, pois, dispor da mais importante 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 113 
 
A  Esquadra  italiana  –  a  Itália  era  aliada  da  autopropulsado,  arma  que,  após  uma  série  de 
Prússia ‐, sob o comando do Almirante Conde Carlo di  aperfeiçoamentos,  iria  revolucionar  a  guerra  no  mar. 
Persano, quando escoltava um comboio de tropas que  O primeiro torpedo tinha um motor de ar comprimido 
atacariam a Ilha de Lissa, no Mar Adriático, avistou a  que lhe imprimia uma velocidade de 6 nós, e dava‐lhe 
Esquadra austríaca, sob o comando do Almirante Von  um  alcance  de  apenas  300  jardas;  transportava  uma 
Tegetthoff, vindo para o ataque. Ambas as Esquadras  carga de dinamite de 18 libras no nariz. 
eram  constituídas  de  navios  com  canhões  na  borda, 
que já se tornavam obsoletos, sendo a única exceção  A  partir  de  1867  o  vapor  passa  a  ser  usado  a 
o navio italiano Affondatore, que dispunha de torreta  bordo para acionamento de máquinas auxiliares, com, 
com dois canhões de alma raiada de 9.75” e, também,  por  exemplo,  para  a  geração  de  energia  elétrica, 
de  aríete  –  sem  dúvida,  o  mais  poderoso  navio  que  movimentação  de  guindastes,  paus  de  carga  e 
participou  da  batalha  (recém‐saído  do  estaleiro  cabrestantes,  tiragem  forçada  das  caldeiras  (o  que 
construtor  na  Inglaterra,  o  navio  não  tinha  reais  permitia  maiores  razões  de  combustão)  e  para  uma 
condições  para  o  combate).  A  frota  austríaca,  melhor  ventilação  dos  compartimentos  habitáveis  do 
numericamente  superior,  tinha  a  maioria  de  seus  navio.  Uma  verdadeira  revolução,  que  quase  não  é 
navios com propulsão a hélice, mas sem couraça; seus  percebida na atualidade. 
navios  encouraçados  Erzherzog  Ferdinand  Max  e   
Habsburg  ainda  não  tinham  recebido  os  novos 
canhões  Krupp,  tendo  como  armamento  principal  os  A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTINUA 
velhos  canhões  na  borda,  56‐pounder,  de  alma  lisa, 
Na  América  do  Sul,  prosseguia  a  Guerra  da 
praticamente  inúteis  contra  as  couraças  italianas;  os 
Tríplice  Aliança  contra  o  Paraguai.  Apesar  da 
outros cinco navios da frota só dispunham de canhões 
esmagadora  vitória  brasileira  em  Riachuelo,  a 
64‐pounder, de carregamento pela culatra e raiados, e 
Esquadra não pôde prosseguir rio acima porque, antes 
56‐pounder  de  alma  lisa.  A  artilharia  da  frota  italiana 
do  conflito,  os  paraguaios  haviam  feito  construir 
era  muito  superior  à  da  austríaca;  embora  seus 
modernas  fortalezas,  entre  as  quais  Humaitá,  nas 
canhões  seus  canhões  fossem  também  na  borda, 
margens  do  Rio  Paraguai;  numa  região  alagadiça 
eram  de  alma  raiada.  Inferiorizados  na  artilharia,  os 
como  aquela,  o  rio  era  a  única  via  disponível  para  o 
austríacos resolveram fazer uso da tática de aríete. O 
apoio logístico das forças em operação e o livre acesso 
Encouraçado  italiano  Red  d’Italia  foi  afundado  dessa 
a ele era, pois, indispensável. Com os navios que, em 
maneira;  o  Palestro,  atingido  por  uma  granada  na 
1865,  compunham  a  Esquadra  brasileira  a 
popa, explodiu. 
neutralização  das  fortalezas  era,  porém,  impossível; 
No  momento  em  que,  incontestavelmente,  a  navios  de  madeira,  conforme  já  foi  aqui  apontado, 
couraça  mostrava‐se  decididamente  superior  ao  não  podiam  enfrentar  fortalezas  equipadas  com  a 
canhão e se atribuía ao aríete enorme valor, impunha‐ artilharia da época. 
se que o maior número possível de canhões da bateria 
Foi  assim  necessário  que  o  Arsernal  da  Corte 
principal  pudesse  atira  pela  proa,  já  que  o  navio  que 
desenvolvesse a tecnologia adequada e construísse os 
tentava alcançar o outro com aríete tinha que avançar 
navios com couraça que pudessem forçar a passagem 
de proa para o inimigo e era importante que o fizesse 
da  Esquadra  para  além  de  Humaitá,  conforme  as 
com os seus canhões atirando. 
lições  da  Guerra  da  Criméia  (o  bombardeio  do  forte 
Com  o  lançamento  ao  mar  em  1866  da  de Kinburn e de Sebastopol já comentados) e, as mais 
Fragata  HMS  Pallas,  a  máquina  a  vapor  de  dupla  recentes,  da  Guerra  de  Secessão  nos  Estados  Unidos 
expansão  é  usada  em  navios  de  maior  porte;  (David Farragutt em Mobile). Já vimos que a partir de 
anteriormente (1862) ela fora usada numa escuna.  1865 a Marinha construiu um número considerável de 
navios. 
No  ano  de  1867,  o  oficial  de  Marinha 
austríaco Johann Luppis e o inglês Robert Whitehead  Os  projetos  dos  encouraçados  e  dos 
desenvolvem  o  projeto  do  primeiro  torpedo  monitores  encouraçados,  conforme  apontado 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 114 
 
anteriormente,  eram  de  Napoleão  Level,  e  as  Tomb.  Para  proteção  dos  navios  contra  as  minas 
máquinas  instaladas  foram  de  projeto  e  construção  derivantes,  ele  adotou  redes  de  proteção,  colocadas 
nacional, a cargo de Carlos Braconnot.  junto aos navios fundeados, e estabeleceu um sistema 
de escaleres tripulados para a patrulha dos rios, com o 
Os  monitores  encouraçados  eram  de  propósito  de  encontrar  e  desviar  as  minas  lançadas. 
construção mista de madeira e ferro (os vaus eram de  Apesar  dessas  medidas,  durante  o  bombardeio  de 
ferro) e levaram couraça de ferro; sua única propulsão  Curuzu  pelas  forças  navais  brasileiras  (1866),  o 
era  a  vapor;  dispunham  de  um  canhão  montado  em  Encouraçado brasileiro Rio de Janeiro foi atingido por 
torre giratória, na linha de centro do navio, na forma  uma  mina  e  afundou,  com  boa  parte  de  sua 
de  um  prisma  retangular  com  duas  faces  circulares  tripulação. 
(menor  peso);  tinham  pequeno  calado  e  ótimo 
manobrabilidade  graças  aos  dois  eixos  propulsores.  O  reconhecimento  do  valor  da  couraça 
Em três monitores – Ceará, Piauí e o Santa Catarina –  aumentava  em  toda  a  parte;  com  evolução  dos 
o canhão era de 120 mm; nos outros, o canhão era de  canhões e dos projetis impunha‐se o uso de couraças 
70 mm.  cada vez mais espessas: a partir de 1868 as couraças 
dos navios de linha passaram a ter até 9 polegadas de 
O  projeto  desses  monitores  era  totalmente  espessura, ainda de ferro. 
baseado  no  projeto  do  seu  ilustre  antecessor  da 
Guerra de Secessão, o Monitor.  A  preocupação  com  o  uso  de  aríete  levou, 
conforme  já  aqui  assinalado,  a  esforços  para  dar  aos 
Em fevereiro de 1868, a passagem foi forçada  navios uma clara linha de tiro pela proa; dentro desse 
pelos  navios  encouraçados  (ironclad)  Barros,  Bahia  e  espírito, é lançado ao mar, em 1868, o HMS Hércules, 
Tamandaré,  cada  um  levando  a  contrabordo,  por  armado  com  uma  bateria  central  de  oito  canhões  de 
bombordo,  um  monitor  couraçado,  respectivamente,  10  polegadas,  quatro  dos  quais  instalados  sobre 
o Rio Grande, o Alagoas e o Pará; as conseqüências da  plataformas  rotativas  nos  cantos  da  cidadela  avante, 
rendição  da  fortaleza  de  Humaitá  pouco  depois,  em  permitindo que eles pudessem cobrir um arco de tiro 
julho,  foram  quase  imediatas:  em  janeiro  de  1869  as  indo da proa até a alheta; o navio dispunha ainda de 
tropas  aliadas  ocupam  a  capital  inimiga;  a  guerra  dois  canhões  de  9”  e  quatro  de  7”,  metade  deles 
ainda prosseguiu mais um tempo, até março de 1870,  atirando para vante, metade para ré. 
mas  já  decidida,  com  as  tropas  da  Tríplice  Aliança 
perseguindo  implacavelmente,  através  do  território   
paraguaio,  as  desorganizadas  mas  aguerridas  tropas 
de Solano López.  A GUERRA FRANCO‐PRUSSIANA 

Durante  o  conflito  da  Tríplice  Aliança,  os  No  ano  de  1870  tem  lugar  a  Guerra  Franco‐
paraguaios  lançaram  mão  da  guerra  de  minas,  sob  Prussiana  última  etapa  do  processo  de  unificação  da 
inspiração  da  Guerra  da  Secessão.  Para  tanto,  Alemanha, sob a liderança da Prússia de Bismarck. Foi 
contrataram  um  ex‐oficial  da  Marinha  dos  Estados  um  conflito  exclusivamente  terrestre,  sendo  decidido 
Unidos,  Thomas  H.  Bell,  que  produziu  minas  no  muito  rapidamente  na  batalha  de  Sedan;  a 
Arsenal  de  Assunção.  As  minas  ali  desenvolvidas  incontrastável superioridade naval francesa – a França 
consistiam  num  recipiente  vedado,  cheio  de  pólvora,  era  o  Poder  Naval  de  desafiava  o  Poder  Naval 
preso  a  um  flutuador,  com  um  sistema  mecânico  de  hegemônico  da  Inglaterra  –  não  teve  nenhuma 
disparo. As minas eram lançadas rio abaixo contra os  influência  na  guerra.  Pode‐se  tirar  disso  uma 
navios brasileiros.  importante  lição:  para  que  o  Poder  Naval  possa 
exercer todas as suas capacidades é indispensável que 
Para se prevenir contra este tipo de guerra, o  a guerra tenha certa duração, conforme já ficara claro 
Brasil  contratou  por  sua  vez  um  engenheiro  norte‐ na Guerra Austro‐Prussiana, quando a derrota no mar 
americano  que  durante  a  guerra  civil,  servira  à  dos  italianos,  aliados  da  Prússia,  não  teve 
Marinha  dos  Estados  Confederados:  James  Hamilton  conseqüências  significativas  para  o  desfecho  do 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 115 
 
conflito (a decisiva Batalha de Sadowa definiu a sorte  torres  com  grandes  canhões  só  foi  possível  porque  o 
da guerra).  navio não dispunha de velas. 

Continuavam  as  experiências  com  o  torpedo  Em 1871, um importante acontecimento teve 


Whitehead.  Após  algumas  experiências  realizadas  lugar  no  que  concerne  à  propulsão  a  vapor:  o  oficial 
pela Esquadra britânica do Mediterrâneo, em 1870, a  da  Marinha  francesa  F.  du  Temple  inventa  a  caldeira 
Inglaterra  comprou  o  direito  de  fabricação  desses  aquatubalar  de  tubos  finos,  tornando  obsoletas  as 
torpedos;  posteriormente,  outros  países,  como  a  antigas  caldeiras  flamatubulares.  Posteriormente,  os 
França,  a  Alemanha,  a  Áustria,  a  Itália,  a  Rússia  e  a  ingleses  Thornycroft  e  Yarrow  e  o  francês  Normand 
Suécia  fizeram  o  mesmo.  Estava  aberta  a  porta  para  desenvolvem outros modelos deste tipo de caldeiras, 
que  essa  arma  tivesse  adoção  geral  embora  ainda  que, assim, se torna de uso universal. 
levasse algum tempo para que ela demonstrasse toda 
sua eficácia e viesse revolucionar a arte da guerra no  Em 1872, é lançado ao mar o HMS Thunderer, 
mar.  da  mesma  classe  que  o  Devastation,  mas  com  os 
canhões  de  vante  de  12,5”,  operados 
  hidraulicamente e com conteira a vapor. 

ACIRRA‐SE O DUELO COURAÇA x CANHÃO  No  Brasil,  é  lançada  ao  mar,  no  Arsenal  da 


Corte,  em  1873,  a  Corveta  Trajano,  que  assinala  o 
  início de um novo ciclo de construção naval no País, 
Um  importante  acontecimento  tem  lugar  em  embora a situação econômica do País fizesse com que 
1871.  O  HMS  Captain,  navio  de  propulsão  mista  e  ele  fosse  de  muito  menor  expressão  que  a  do  ciclo 
armado  com  torreta,  emborca  e  afunda.  O  navio  era  anterior,  sob  motivação  da  Guerra  do  Paraguai.  Dois 
projeto do oficial da Marinha britânica Cowper Coles.  navios  encouraçados,  de  propulsão  mista,  foram 
Durante a construção do navio, Coles estava doente e,  lançados  no  mesmo  Arsenal  ao  longo  da  década  de 
por  isso,  não  a  supervisionou;  os  pesos  que  foram  70;  eram  cruzadores  de  casco  de  madeira,  de  muito 
sendo colocados a bordo deixaram de ser controlados,  baixa velocidade e de pequeno valor militar. 
de  forma  que  o  deslocamento  do  navio,  que  fora  Uma  curiosa  tentativa  teve  lugar  na  Rússia, 
projetado  para  6.963  toneladas,  alcançou  7.767,  e  a  em  1873.  Para  dar  aos  navios  as  características  de 
borda livre de projeto, que era de 8 ½ pés, caiu para  uma  boa  plataforma  de  tiro,  e,  ao  mesmo  tempo, 
apenas 6 ½ pés na ocasião da entrega.  conciliar  um  grande  deslocamento  com  pequeno 
Algumas  importantes  lições  foram  tiradas  calado, nesse ano os russos lançaram ao mar o Navio 
desta  tragédia:  tornava‐se  evidente  que  a  propulsão  Encouraçado para defesa costeira Novgorod, de casco 
mista, implicando no uso de mastros, vergas e toda a  circular,  com  o  formato  semelhante  ao  de  uma 
aparelhagem  necessária  para  a  propulsão  a  vela,  era  frigideira.  O  navio  dispunha  de  três  conjuntos  de 
incompatível  com  o  emprego  das  couraças,  cada  vez  máquinas acionando seis propulsores, que lhe davam 
mais  pesadas;  a  torreta,  com  seu  enorme  peso,  uma  velocidade  máxima  de  8,5  nós;  sua  artilharia 
mostrava‐se  totalmente  incompatível  com  a  compreendia  dois  canhões  de  11”  montados  em 
propulsão a vela.  barbeta.  Em  1875,  foi  lançado  o  navio  da  mesma 
classe  Vice‐Almirante  Popov,  só  que  seus  canhões 
A  resposta  não  fez  tardar:  ainda  em  1871  foi  eram  de  12”.  Embora  esses  navios  fossem,  como 
lançado ao mar o HMS Devastation, primeiro navio de  projetado,  plataformas  estáveis,  mesmo  em 
linha  com  propulsão  exclusivamente  a  vapor,  só  condições  de  mar  em  que  outros  navios  jogavam 
dispondo  de  um  pequeno  mastro  para  sinais.  Era  muito,  o  fundo  chato  em  forma  de  disco  fazia  com 
dotado  de  torres  a  vante  e  a  ré  da  superestrutura,  que “batessem” muito com o mar e que o seu convés 
com canhões de 12”, com conteira ainda manual; sua  estivesse quase permanentemente imerso quando em 
couraça atingia 12” de espessura, extraordinária para  viagem.  O  projeto,  em  virtude  desse  problema,  foi 
a  época.  Essa  combinação  de  grande  couraça  e  de  definitivamente abandonado. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 116 
 
Em mais uma etapa do duelo entre a couraça  couraça  de  aço  de  22”,  e  desenvolvia  a  velocidade 
e  o  canhão,  é  lançado  ao  mar  em  1875  o  HMS  máxima de 15 nós. 
Dreadnought  –  homônimo  do  navio  que  se  tornaria 
famoso  três  décadas  mais  tarde  –  o  primeiro  Para a escolha da melhor couraça, os italianos 
encouraçado a usar couraça de 14” de espessura.  realizaram testes entre uma couraça de ferro forjado 
(como usual até então) de 22”, fabricada em Sheffield 
A Guerra de Secessão mostrara que pequenos  e  em  Marselha,  e  uma  couraça  de  aço  desenvolvida 
navios, embora armados com os tipos mais primitivos  por  Scheneider,  de  igual  espessura,  ambas  montadas 
de torpedos – o torpedo – lança ou o torpedo Harvey  sobre  placas  de  madeira  (teca)  de  19”;  sabia‐se  de 
(uma  carga  explosiva  rebocada  que  era  levada  a  antemão  que  o  aço  oferecia  maior  resistência  que  o 
explodir  contra  o  costado  do  navio  inimigo)  –  podia  ferro  mas,  por  outro  lado,  ele  se  mostrava  mais 
ter sucesso contra um navio maior e melhor armado;  quebradiço.  Ambos  os  materiais  não  foram 
pequenas  embarcações  conhecidas  como  “Davids”  perfurados  pelos  tiros  dos  canhões  de  10”  e  12”; 
(porque  se  opunham  aos  grandes  “Golias”  da  força  quando  foram  testados  com  canhão  de  17,7”  a 
federal)  realizaram  ataques  com  êxito  –  inclusive  couraça de ferro foi perfurada e a de aço foi reduzida 
contra o navio USS Albermale, afundando‐o – embora  a pedaços. Os italianos decidiram a favor do aço. 
algumas  vezes  sendo  vítimas  das  explosões  que 
provocaram. Em 1875, coube aos noruegueses lançar  Os  canhões  de  17,7”,  porque  na  época  não 
ao  mar  a  Torpedeira  Rap,  para  defesa  costeira,  uma  existia  nenhum  sistema  de  carregamento  capaz  de 
pequena embarcação de 7 a 8 toneladas, com 55 pés  carregá‐los  e  operá‐los  com  eficiência,  logo  se 
de  comprimento,  capaz  de  desenvolver  uma  mostraram inadequados, apresentando uma cadência 
velocidade  de  15  nós;  barcos  semelhantes  foram  de tiro muito baixa; mostraram‐se menos eficazes que 
construídos  para  a  Suécia,  Dinamarca,  Áustria  e  os  canhões  de  12”  que,  por  isso,  tornaram‐se  o 
Argentina;  embora  o  torpedo  auto‐propulsado  já  armamento  padrão  nos  encouraçados  de  todo  o 
tivesse  aprovado,  como  vimos,  em  testes  realizados  mundo. 
em  1870,  nenhum  desses  navios  dispunha  dessa  Com o Duílio foi iniciada a prática da cidadela 
arma; dispunham apenas dos primitivos torpedo.  central e torretas nos cantos opostos da cidadela. 
Em 1875, surge um novo tipo de navio, com o  Como  o  aumento  da  espessura  das  couraças 
lançamento  ao  mar  do  Cruzador  Encouraçado  ou  passou a comprometer a velocidade dos navios (havia 
Encouraçado  de  2ª  classe  HMS  Shannon,  que  se  limites  para  a  potência  instalada),  tornou‐se 
pretendia  pudesse  realizar  tanto  as  tarefas  do  importante desenvolver couraças de outros materiais 
encouraçado,  formando  na  linha  de  batalha,  com  as  que,  por  terem  melhor  resistência,  poderiam  ter 
de  cruzador,  na  proteção  ou  ataque  ao  tráfego  menor  espessura  e  peso.  Os  esforços  nesse  sentido 
marítimo;  foi  o  primeiro  navio  a  ter  convés  não  tardaram.  Tanto  na  França  (Marselha)  como  na 
encouraçado,  além  da  cinta‐couraça  até  a  linha  Inglaterra  (Sheffield)  foi  desenvolvida  a  couraça 
d’água, esta introduzida para dar proteção aos novos  composta:  uma  placa  de  aço  era  soldada  sobre  uma 
motores  de  propulsão  verticais;  deslocava  6.000  de ferro. Os testes realizados nos dois países com esta 
toneladas  e  atingia  a  velocidade  de  14  nós;  seu  couraça foram um enorme sucesso, de modo que nos 
armamento era do tipo bateria central.  dez  anos  que  se  seguiram  elas  foram  de  uso 
Com  o  crescente  aumento  da  espessura  das  obrigatório, em todas as Marinhas do mundo, para os 
couraças,  canhões  cada  vez  maiores  foram  sendo  grandes encouraçados. 
usados  a  bordo.  Em  1876  foi  lançado  ao  mar  o  Em 1876, foi lançado ao mar o HMS Inflexible, 
Encouraçado  italiano  Duilio,  de  12.000  toneladas  ainda com couraça “sanduíche”, de ferro forjado, com 
(outro,  da  mesma  classe  seria  lançado  em  1878,  o  24” de espessura, o limite a que se podia chegar com 
Dandolo), armado com quatro canhões gigantescos de  couraças  de  ferro;  o  tipo  “sanduíche”  compreendia 
17,7”  (cada  canhão  pesando  100  toneladas),  de  duas chapas de ferro de12”, com madeira entre elas. 
carregamento  pela  boca;  o  navio  dispunha  de  uma 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 117 
 
Deslocando  11.000  toneladas,  era  o  maior  navio  até   
então construído; dispunha de quatro canhões de 16” 
(peso  unitário  de  80  toneladas),  carregamento  pela  AS TORPEDEIRAS COM TUBOS AXIAIS 
boca;  seu  comprimento  era  de  320  pés  e  a  boca   
moldada  de  75  pés.  Para  determinar  as  melhores 
características  para  os  seus  hélices,  foram  realizados,  Nesse  ano,  é  lançada  a  Torpedeira  francesa 
por William Froude, teste hidrodinâmicos em tanques  Embarcação  Torpedeira  Nº  1  que  antes  do  Lightning, 
de  prova  e,  graças  a  isso,  apesar  do  seu  enorme  é  a  primeira  embarcação  preparada  para  lançar  os 
tamanho, o navio podia desenvolver 15 nós. Dispunha  torpedos Whitehead, por tubos axiais, situados abaixo 
de tanques anti‐rolamento e de luz elétrica. Levava a  da linha d’água, um avante e outro a ré, entre os dois 
bordo  –  uma  concepção  arrojada!  –  dois  torpedeiras  eixos. É uma embarcação de 101 toneladas, acionada 
de  60  pés,  com  os  primeiros  tubos  de  torpedo  por  duas  máquinas  alternativas  de  três  cilindros,  que 
submersos. Devido à sua complexidade, o navio só foi  lhe imprimiam uma velocidade de 14,25 nós. Embora 
comissionado em 1881.  não  tenha  sido  um  sucesso,  devido  à  sua  baixa 
velocidade, seu projeto serviu de base  para um novo 
Em  1876,  foi  lançado  ao  mar  HMS  Lightning,  tipo  de  navio  que,  anos  mais  tarde,  seria  conhecido 
uma  torpedeira  de  19  toneladas,  fabricado  pela  como  navio  contra  os  torpedeiros  ou 
Thornycroft, com velocidade de 18 nós. A importância  contratorpedeiro. 
dessa  embarcação  está  no  fato  dela  ter  servido  de 
modelo  para  um  grande  número  de  embarcações  O  emprego  operacional  do  torpedo 
semelhantes  construídas  pela  própria  Thornycroft  e  autopropulsado  deu  um  novo  e  extraordinário 
pela  Yarrow,  em  face  do  enorme  sucesso  do  impulso  à  tática  naval.  Os  dispositivos  para 
Lightning,  depois  que  ela  recebeu,  algum  tempo  lançamento  dos  torpedos  Whitchead,  quer  os 
depois do lançamento, um dispositivo de lançamento  instalados no convés quer em tubos axiais submersos, 
pela popa do torpedo autopropulsado (não foi, porém  tornaram‐se  comuns  em  quase  todos  os  navios  de 
a primeira embarcação a dispor de tubo para lançar o  combate,  mas,  especialmente,  valorizou  as  pequenas 
torpedo Whitehead).  torpedeiras. 

Novos melhoramentos foram introduzidos na  O sucesso do Lightning, após as modificações 
construção  naval:  em  1876,  é  lançado  ao  mar  o  que  o  capacitaram  a  lançar  os  novos  torpedos,  deu 
Encouraçado francês Rédoutable, navio com casco de  origem,  conforme  já  tivemos  ocasião  de  salientar,  a 
aço e couraça de aço de 22 polegadas (como se vê, a  uma série de torpedeiras, de construção inglesa, mas 
couraça composta custou a ser usada); primeiro navio  adquiridas  pelas  pequenas  Marinhas  de  todo  o 
a  ter  as  cavernas  de  aço,  compartimentagem  mundo. 
estanque  com  duplo  fundo  e  anteparas  estanques 
As  torpedeiras  Thornycroft  deslocavam  13 
transversais e longitudinais. 
toneladas  e  desenvolviam  14  nós;  as  Yarrow,  27 
Em 1877, numa das recorrentes guerras entre  toneladas e 17 nós; ambos os tipos podiam lançar dois 
russos  e  turcos,  quatro  lanchas  russas,  armadas  com  torpedos Whitehead. Inicialmente, essas embarcações 
torpedos‐lança,  atacam  à  noite,  na  foz  do  Rio  eram  projetadas  para  serem  levadas  a  bordo  dos 
Danúbio,  duas  canhoneiras  turcas  ancoradas;  as  navios  de  linha,  operando  a  partir  deles;  o  Duilio, 
lanchas,  quando  armadas,  só  eram  capazes  de  conforme  já  foi  dito,  transportava  torpedeiras;  ele 
desenvolver  5  nós  e,  como  o  torpedo  tinha  que  ser  dispunha de um grande compartimento a ré, na altura 
levado  de  encontro  ao  casco  inimigo,  elas  ficaram  da linha d’água, fechado na extremidade posterior por 
muito  tempo  sob  o  pesado  fogo  do  inimigo,  mas  pesadas portas estanques, através das quais podia ser 
apesar  disso,  o  ataque  foi  um  sucesso;  a  Canhoneira  lançada  uma  torpedeira,  alojada  nesse 
turca Seife foi a pique sem que a lancha que a atacou  compartimento;  duas  outras  torpedeiras  eram 
tivesse sofrido qualquer baixa.  transportadas  no  convés  superior.  As  pequenas 
torpedeiras  transportadas  nos  grandes  encouraçados 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 118 
 
seriam,  algum  tempo  depois,  designadas  torpedeiras  batalha  heróica,  rendeu‐se,  quando  não  dispunha  de 
de 2ª classe, para distinguí‐las das maiores, ditas de 1ª  mais  do  que  um  canhão  funcionando,  estava  sem 
classe, que operavam independentemente.  leme e estavam fora de combate cerca de três quartos 
de  sua  tripulação.  Depois  de  extenso  trabalho  de 
  reparos  o  Huescar,  agora  arvorando  o  pavilhão 
A GUERRA CHILE PERU  chileno,  enfrentou  em  1880  o  Monitor  peruano 
Manco  Capac  numa  batalha  sem  qualquer  resultado 
  para um dos lados. 

Um  incidente  no  mar,  ocorrido  em  1877,  foi  O primeiro êxito em combate de um torpedo 


importante  porque  pôs  em  evidência  as  limitações  autopropulsado  não  tardaria  a  chegar.  Na 
dos  cruzadores  da  época.  Tenho  o  Monitor  peruano  extremidade mais remota do Mar Negro, em Batoum, 
Huescar  se  envolvido  em  atos  de  pirataria,  foi  ele  enfrentavam‐se russos e turcos; o comandante russo, 
interceptado  pelo  Cruzador  inglês  HMS  Shah;  apesar  Almirante  Makharof,  vinha  tentando  atacar  os  turcos 
da enorme superioridade do cruzador sobre o monitor  usando  torpedeiras  armadas  com  o  torpedo  Harvey, 
no que diz respeito à artilharia – o cruzador dispunha  sem nenhum resultado.  Somente com  a chegada dos 
de 18 canhões, sendo dois de 10 polegadas e 16 de 6  torpedos  Whitehead,  a  situação  iria  mudar;  os 
polegadas  –  o  encontro  não  foi  conclusivo;  devido  à  torpedos  e  seus  dispositivos  de  lançamento  foram 
baixa  velocidade  inicial  dos  canhões  do  Shah,  que  colocados  em  dois  barcos  especialmente  preparados 
usavam pólvora negra como propelente, seus projetis  para  isso;  em  1878,  eles  atacaram  e  afundaram  um 
não  conseguiram  penetrar  a  couraça  de  4  ½  de  ferro  vapor  turco  de  2.000  toneladas  os  torpedos  a  uma 
forjado  do  navio  peruano,  mesmo  com  tiros  distância de apenas 80 jardas. 
disparados  à  queima‐roupa.  Nesse  duelo  entre  a 
couraça  e  o  canhão,  a  tendência  era  para  canhões  Os  motores  compostos  que,  como  vimos, 
cada  vez  maiores  e  para  couraças  cada  vez  mais  vinham  sendo  usados  desde  1863,  atingem  o  seu 
resistentes e espessas.  máximo  desenvolvimento  em  1878,  com  o 
lançamento  ao  mar  dos  Navios  de  Despacho  – 
O  confronto  entre  o  Huescar  e  o  Shah  ficou  correspondente  aos  avisos  franceses  –  da  Marinha 
também  marcado  porque  foi  a  primeira  vez  que  um  britânica, o Iris e o Mercury, que atingem a velocidade 
torpedo  Whitehead  foi  lançado  em  combate;  o  recorde de 18,5 nós. 
torpedo lançado pelo cruzador falhou, possivelmente 
porque  o  navio  peruano  pôde  se  esquivar  (mais  Em 1879, mais um acidente grave na Marinha 
provavelmente devido às deficiências ainda existentes  britânica traz conseqüências importantes: explode um 
no torpedo).  dos canhões de 12”, carregamento pela boca, do HMS 
Thunderer. Depois de uma nega de fogo, o canhão foi 
O Huescar, de volta mais tarde ao controle do  inadvertidamente  carregado  com  um  segundo  tiro 
governo do Peru, representou um papel relevante na  (projétil  e  carga)  e,  quando  feito  o  novo  disparo, 
Guerra  do  Chile  contra  o  Peru  e  a  Bolívia  (1879‐82),  explodiu. A análise do acidente indicou que esse tipo 
em  que  o  Poder  Naval  foi  usado  de  maneira  intensa.  de  acidente  só  pôde  ocorrer  porque  o  carregamento 
Em  1879,  o  Huescar  e  o  Encouraçado  Independência,  do canhão era pela boca. 
da  frota  peruana,  enfrentaram  a  Chalupa  chilena 
Esmeralda  e  a  Chalupa  Cavadonga;  o  Independência  Conforme  veremos,  o  acidente  do  Thunderer 
foi levado a encalhar pelo Cavadonga e bombardeado  contribuiu  para  que  os  ingleses  voltassem  a  usar  o 
até  transformar  num  casco  soçobrado  e  o  Huescar  carregamento  pela  culatra.  A  verdade,  porém,  é  que 
afundou  o  Esmeralda;  com  o  resultado  de  ação,  foi  mesmo  nesses  canhões,  continuavam  a  ocorrer 
suspenso  temporariamente  o  bloqueio  de  Iquique  acidentes; isso só acabaria quando, mais tarde, o tubo 
pelos chilenos. Em outubro do mesmo ano, o Huescar  alma  dos  canhões,  que  era  de  ferro  forjado,  fosse 
foi  atacado  por  dois  navios  chilenos,  o  Blanco  feito de aço. 
Escalado  e  o  Almirante  Cochrane  e,  depois  de  uma 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 119 
 
Em  1879,  é  lançado  o  submarino  HMS  analistas navais julgarem que, mais do que poderosas 
Resurgam,  projeto  do  padre  da  igreja  anglicana  couraças  e  grandes  canhões,  a  melhor  característica 
Garrett.  O  navio  tinha  propulsão  a  vapor:  quando  na  dos cruzadores era a velocidade superior, própria dos 
superfície,  uma  caldeira  produzia  vapor  que  era  cruzadores  protegidos,  e  maior  rapidez  de  tiro;  o 
descarregado  num  tanque  de  água  quente;  o  calor  limite  da  couraça  seria  aquele  que  não  sacrificasse  a 
latente assim armazenado era usado para a propulsão  velocidade  ou  o  raio  de  ação  do  navio.  No  final  da 
quando  o  submarino  estava  imerso;  por  este  década  surgiria  uma  nova  concepção,  sobre  o  qual 
processo, o navio podia operar mergulhado por 4 ou 5  falaremos mais adiante. 
horas,  com  velocidade  em  torno  de  3  nós.  Usava 
tanques  de  lastro  que  lhe  davam  uma  pequena  No  ano  de  1880,  é  lançada  a  primeira 
reserva  de  flutuabilidade.  Mergulhava  com  auxílio  de  torpedeira  que  seria  classificada  como  a  1ª  classe,  a 
hidroplanos.  Foi  um  total  fracasso,  tendo  afundado  Torpedeira russa Batoum. Era uma embarcação de 40 
durante as provas de mar.  toneladas, 100 pés de comprimento, motor de 500 HP 
e  velocidade  de  22  nós.  Foi  construída  na  Inglaterra 
A partir de 1880, começam a se popularizar os  pela Yarrow. 
navios construídos com casco de aço – já vimos que o 
primeiro  navio  com  casco  de  aço  foi  o  Rédoutable,  Em  1880,  é  lançado  ao  mar  o  Cruzador  de 
lançado  ao  mar  em  1876  –  o  que  representava  um  Batalha  Itália,  concepção  de  Benedetto  Brin  (como  o 
grande  avanço  pois  o  aço  era  mais  leve,  mais  Duilio).  Optando  pela  manutenção  dos  grandes 
resistente e de menor preço do que o ferro.  canhões  de  17,7  polegadas  e  acreditando  que  a 
velocidade seria um fator fundamental para esse tipo 
  de  navio,  o  projetista  optou  por  sacrificar 
completamente  a  cinta‐couraça;  somente  as  bases 
OS CRUZADORES  das duas torretas, os elevadores de munição e a base 
  das  chaminés  eram  protegidas  por  couraças, 
constituindo  a  cidadela  central.  Para  compensar  esta 
Na  década  de  80  também  estavam  em  vulnerabilidade,  em  toda  a  extensão  do  navio  foi 
desenvolvimento  duas  concepções  diferentes  de  usado  um  sistema  celular  de  proteção,  que 
cruzadores: os cruzadores protegidos e os cruzadores  correspondia à divisão do casco em grande número de 
encouraçados.  pequenos  compartimentos  estanques,  cheios  de 
carvão  ou  de  cortiça;  a  economia  de  peso  resultante 
Os  cruzadores  protegidos  não  dispunham  de 
permitiu  que  atingisse  a  velocidade  de  18  nós, 
couraça  lateral;  suas  partes  vitais,  situadas  abaixo  da 
admirável na época par um navio desse porte. O Itália 
linha  d’água  do  navio  –  praças  de  máquinas,  de 
e o Lepanto, da mesma classe, lançado em 1883, são 
caldeiras  e  os  paióis  de  munição  –  eram  protegidas 
os  precursores  dos  cruzadores  de  batalha  de  era  dos 
por um convés de aço, com espessuras que iam desde 
dreadnoughts. Esta arrojada concepção – o abandono 
¾”  até  6”.  Eram  dotados  de  compartimentagem 
da couraça e a adoção dos canhões gigantes – não iria 
estanque e, como proteção adicional, suas carvoeiras 
persistir,  porém,  mesmo  na  Itália.  A  maior  proteção 
foram colocadas junto ao costado do navio. 
dada por couraças mais leves, mas mais resistentes e 
Os  cruzadores  encouraçados  dispunham  de  as  dificuldades  operacionais  dos  grandes  canhões 
couraça  lateral,  o  que  lhes  dava  uma  proteção  iriam contribuir para isso; os canhões de 12 polegadas 
superior  a  dos  protegidos.  O  primeiro  destes  navios  caminhavam para se tornar “padrão”. 
apareceu  em  1875,  o  Cruzador  Encouraçado  HMS 
Em  1881,  Schneider  introduz  o  processo  de 
Shannon.  Eram  também  chamados  de  encouraçados 
têmpera  do  aço  mergulhando‐o  em  óleo  após  o 
de 2ª classe. 
forjamento.  As  couraças  feitas  com  este  novo  aço 
A tendência para a adoção nos cruzadores de  mostraram‐se  mais  resistentes  aos  tiros  dos  canhões 
couraça lateral foi muito persistente apesar de alguns  de  17,7  polegadas  do  que  as  couraças  compostas. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 120 
 
Logo,  a  França  e  a  Itália  adotariam  para  todos  os  A pólvora de queima mais lenta, resultante da 
navios.  redução  da  quantidade  de  enxofre  e  aumento  da  de 
salitre  e  carvão,  é  a  pólvora  marrom  (ou  chocolate); 
Em 1881 a Inglaterra voltou a usar os canhões  com  o  seu  uso  a  velocidade  inicial  do  projétil  passou 
Armstrong, de carregamento pela culatra.  de 1.600 pés/segundo para mais de 2.000. 
Em  1881,  é  introduzido  o  projetil  de  aço  O  próximo  desenvolvimento  levou  à  pólvora 
fundido.  sem fumaça, uma mistura de nitroglicerina e algodão‐
A bateria secundária, constituída por canhões  pólvora,  feita  em  longos  cordões  (cordite)  que 
de  tiro  rápido,  é  instalada,  a  partir  de  1882,  a  bordo  desenvolve  muito  mais  energia  que  as  pólvoras 
dos  encouraçados,  de  modo  que  eles  pudessem  comuns, permitindo o uso de menores cargas para um 
repetir  o  ataque  das  torpedeiras.  São  canhões  de  6  dado  alcance  (isso  iria  permitir,  lá  para  o  fim  do 
polegadas, ou menores, de carregamento pela culatra,  século, que os canhões de tiro rápido de 6 polegadas 
grande rapidez de tiro, instalados em grande número  e  maiores  tivessem  a  carga  propelente  alojada  em 
ao longo dos bordos do navio.  estojos  de  latão;  em  caso  de  calibres  menores,  o 
estojo  e  o  projétil  foram  ligados  numa  única  peça 
  (munição engastada). 

A EVOLUÇÃO DA PÓLVORA  Em  1884,  teve  lugar  um  importante 


desenvolvimento  na  área  da  propulsão,  que  traria 
O  aparecimento  desses  canhões  está 
com  o  tempo  mudanças  expressivas  nesta  área: 
associado  à  evolução  da  pólvora.  A  pólvora 
Charles Parsons patenteia a primeira turbina a vapor. 
inicialmente  usada  como  propelente  era  a  pólvora 
negra, constituída de grãos pequenos, e cuja principal   
característica  é  liberar  toda  a  energia  imediatamente 
após a ignição. Como a precisão, o poder de impacto e  AÇÃO FRANCESA CONTRA CHINESES 
o  alcance  do  canhão  dependem  da  velocidade  do  É  a  partir  de  1884  que  as  torpedeiras  de  1ª 
projétil  ao  deixar  a  boca  do  canhão  (velocidade  classe  tornam‐se  importantes  elementos  de  algumas 
inicial), foi desenvolvida uma pólvora, feita com grãos  das  principais  Marinhas,  como  a  da  Rússia  e  da 
maiores (pelotas) e, mais tarde, em forma de prismas  França.  A  Inglaterra,  embora  uma  das  maiores 
de  seis  lados,  de  modo  a  ela  queimar  mais  construtoras  desse  tipo  de  embarcações,  com  vimos, 
lentamente,  exercendo  sua  ação  sobre  o  projétil  por  é  uma  exceção,  julgando  o  Almirantado  que  esse 
mais  tempo,  e,  portanto,  imprimindo‐lhe  maior  conceito  só  era  válido  para  pequenas  Marinhas.  As 
velocidade inicial. O tubo alma dos canhões teve que  torpedeiras  foram  projetadas  para  combater  navios 
ser  feito  mais  longo  ou,  do  contrário,  não  haveria  bloqueando  portos;  como,  à  época,  o  bloqueio  era 
tempo para que toda a pólvora queimasse (uma certa  muito  usado,  as  torpedeiras  assumiram  considerável 
quantidade  dela  em  chamas  sairia  pela  boca  do  importância. 
canhão). Com isso, evidentemente ficava mais difícil o 
carregamento  pela  boca,  o  que  tornava  o  Um  conflito  ocorrido  nesse  mesmo  ano 
carregamento pela culatra praticamente obrigatório.  contribuiu  ainda  mais  para  a  valorização  das 
A cresce que a alma raiada ia se tornando mandatória,  torpedeiras.  Para  forçar  os  chineses  a  aceitarem  as 
pois,  ela  dava  maior  estabilidade  ao  projétil  na  reivindicações  da  França  na  Indonésia,  uma  força 
trajetória e, portanto, menos dispersão (mais acerto),  naval  francesa,  sob  o  comando  do  Almirante  André 
e,  com  o  advento  da  ogiva,  era  imprescindível  que  o  Coubert,  foi  enviada  com  a  missão  de  atacar  os 
projétil batesse de ponta, o que, sem alma raiada, era  chineses  em  Foochow,  situada  Rio  Min  acima;  para 
impossível.  O  engrazamento  do  projétil  nas  ranhuras  alcançar seu objetivo, os navios franceses teriam que 
do  tubo  alma  era  muito  difícil  com  o  carregamento  forçar  a  passagem  em  partes  estreitas  do  rio, 
pela boca e, assim, impunha‐se a alma raiada.  bastantes  fortificadas  pelos  chineses.  Como  os 
maiores  cruzadores  franceses  não  tinham  calado 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 121 
 
adequado  para  subir  o  rio,  Coubert  passou  o  seu  Inglaterra  (sem  sucesso),  em  especial  através  da 
pavilhão  para  o  pequeno  Vapor  Volta,  de  1.200  inovação  tecnológica,  levaram  o  Almirante  Aube  a 
toneladas,  e,  com  cinco  pequenos  cruzadores  sem  repensar  a  estratégia  naval  do  seu  país;  para  ele,  os 
couraça,  três  canhoneiras  e  duas  torpedeiras,  rumou  grandes encouraçados, cuja missão era compor a linha 
para  Foochow,  tendo  que  vencer  não  só  as  de  batalha,  estavam  condenados  (na  verdade,  a 
fortificações nas margens dos rio mas ainda uma força  França já não tinha como construí‐los e mantê‐los), já 
naval  de  11  navios  de  guerra,  dos  quais  seis  tinham  que  as  torpedeiras,  armadas  com  os  novos  torpedos 
mais de 1.000 toneladas – o maior tinha 1.600 – além  autopropulsados,  representavam  uma  ameaça 
de  nove  juncos  armados  com  canhões  de  47,  alma  significativa  a  eles;  tão  grande  que  os  encouraçados 
lisa, antigos, e dois canhões de 10 polegadas.  passaram a contar com uma forte bateria secundária, 
com  canhões  de  tiro  rápido,  com  o  propósito 
O ataque foi tão exitoso quanto ousado. Uma  específico  de  impedir  a  aproximação  das  temíveis 
das  torpedeiras  francesas,  de  32  toneladas,  92  pés,  torpedeiras  (mais  tarde  surgiram  os 
com  a  sua  aproximação  bem  coberta  pelo  fogo  dos  contratorpedeiros,  navios  projetados  para  enfrentar 
navios  maiores,  atacou  com  sucesso  o  Yanou,  esta  poussiere  navale);  para  Aube,  era  também 
capitânia chinês, deixando‐o em chamas e lançando a  possível  que  cruzadores  rápidos,  armados  com  os 
confusão na frota chinesa; a outra torpedeira, idêntica  novos  canhões  de  tiro  rápido,  empregando  granadas 
à  primeira,  destruiu  a  Canhoneira  Foo  Sig.  Tendo  explosivas  carregadas  com  alto  explosivo,  fossem 
reduzido a frota chinesa a destroços, Coubert desceu  capazes  de  atingir  as  partes  não  protegidas  dos 
o rio; no caminho aniquilando os fortes dos estreitos  encouraçados,  afetando  a  sua  estabilidade,  o  que 
graças à hábil manobra de seus navios.  seria fatal para eles, pois, no entender do pai da jeune 
Em  1885,  patenteado  por  Hadfield,  surge  o  école,  eram  navios  fáceis  de  emborcar  (o  acidente 
projétil  de  aço  fundido,  com  endurecida  e  corpo  de  com  o  HMS  Capstain  certamente  contribuiu  para  o 
material macio.  fortalecimento  desse  conceito);  para  os  teorizadores 
da  escola,  a  guerra  no  mar  seria  principalmente 
Em  1885,  Nordenfeld,  empregando  o  mesmo  voltada contra o tráfego marítimo – a guerra de corso 
princípio  do  Resurgam,  constrói  na  Suécia  um  –  para  o  que  os  cruzadores  (e,  mais  tarde,  os 
submarino de 60 toneladas e 64 pés de comprimento.  submarinhos  e,  bem  mais  tarde  ainda,  os  aviões 
A  principal  diferença  entre  eles  era  que  o  barco  de  embarcados  e  os  baseados  em  terra)  eram  os  meios 
Nordenfeld  mantinha  a  profundidade  por  meio  de  mais  adequados;  ao  enfatizar  a  defesa  dos  portos  – 
dois  hélices  verticais,  acionados  por  máquinas  afinal,  à  época,  o  bloqueio  de  portos  era  uma  tática 
auxiliares  a  vapor,  de  6HP,  comandadas  por  uma  muito freqüente – a jeune école valorizava ainda mais 
válvula  hidrostática  atuando  em  função  da  a “poeira naval”. 
profundidade.  É  o  primeiro  submarino  a  levar  o 
torpedo  Whitehead,  num  tubo  no  lado  de  fora  do  Coerente  com  suas  idéias,  Aube,  na  sua 
casco  na  popa  do  submarino;  o  torpedo  tinha  gestão na pasta da Marinha, parou com a construção 
propulsão a vapor.  dos encouraçados, e mandou construir 14 cruzadores 
e 34 torpedeiras. Para alguns analistas, por essa razão, 
  ao  ter  início  a  Primeira  Guerra  Mundial,  a  Esquadra 
francesa era inferior às Esquadras tanto da Inglaterra 
A JEUNE ÉCOLE 
como da Alemanha, países onde ainda predominava o 
A  assunção  do  Almirante  Téophile  Aube  na  conceito  clássico  de  confronto  entre  as  linhas  de 
pasta  da  Marinha  da  França,  em  1886,  criou  a  batalha das Esquadras oponentes. 
oportunidade  para  a  aplicação  na  prática  das  teorias 
Como seria de esperar, na gestão de Aube foi 
de jeue école, por ele criada. As dificuldades advindas 
criada  na  França  uma  escola  de  torpedos  para 
da  derrota  da  França  para  a  Prússia  em  1870  e  o 
preparar  o  pessoal  pra  o  emprego  correto  das 
desgaste  provocado  pelo  esforço  que  vinha  sendo 
torpedeiras e de seus torpedos. 
feito  para  por  em  cheque  a  hegemonia  naval  da 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 122 
 
Uma  das  mais  espetaculares  conseqüências  torpedeiras,  principalmente  quando  estas,  como  era 
do  risco  representado  pela  proliferação  das  praxe, faziam ataques noturnos. 
torpedeiras foi o aparecimento, em 1886, de um navio 
especialmente  destinado  a  enfrentar  essas  pequenas  Uma  série  de  melhoramentos  nos  projetis 
embarcações  (hoje  seriam  os  contratorpedeiros);  surgiu  em  1887:  aparece  o  projétil  encapsulado 
construídos  na  Inglaterra  para  a  Espanha,  é  lançado  (shieathed  projectile):  o  corpo  do  projétil,  feito  de 
ao  mar  o  Destructor,  navio  de  386  toneladas  que  material macio, é envolvido por uma capa de material 
usando dois motores de tripa expansão, pela primeira  duro;  aparecem  os  primeiros  projetis  fabricados  de 
vez usados a bordo – em seqüência, cilindros de alta,  aço‐cromo  (França)  e  os  perfurantes,  em  que  o  aço 
média  e  baixa  pressão  –  podia  desenvolver  22,5  nós.  fundido é substituído pelo aço forjado (Inglaterra). 
Na prática, apresentou muito defeitos, razão pela qual  O  material  das  couraças  também  evoluiu. 
não teve sucesso.  Ainda em 1887, é aprovado nos Estados Unidos, após 
Em 1886, é lançado ao mar o navio de defesa  uma  série  de  testes,  a  couraça  fabricada  de  aço 
costeira  dinamarquês  Ivar  Hvifeld,  especialmente  niquelado  (5%),  de  Schneider;  ela  se  mostra  superior 
projetado  para  levar  a  bordo  duas  torpedeiras.  A  tanto  à  couraça  composta  como  à  couraça  Schneider 
idéia, porém, não vingaria, mas o registro é feito para  sem  níquel.  A  Inglaterra,  não  dispondo  de  tecnologia 
mostrar  o  enorme  prestígio,  na  ocasião,  dessas  para  fabricar  chapas  de  aço  niquelado  (5%)  na 
torpedeiras.  espessura desejada, atrasa‐se nesse setor; só a partir 
de 1892 ela, vencida a dificuldade, adota esta couraça. 
As idéias da jeune école levaram os franceses, 
com o apoio de Aube, a desenvolver o projeto de um  O  ano  de  1888  vê  o  surgimento  de  dois 
pequeno  submarino  para  ser  levado  a  bordo  dos  submarinos,  sendo  que  um  deles  representou  um 
grandes  navios,  como  se  fosse  uma  torpedeira  de  2a  importante  passo  no  desenvolvimento  dessa 
classe.  Em  1886,  é  lançado  ao  mar  o  Goubert,  de  embarcação. 
apenas  16,5  pés  de  comprimento,  deslocando  10  Com  projeto  de  Isaac  Peral,  é  construído  na 
toneladas,  acionado  por  motor  elétrico,  com  Espanha  um  submarino  com  propulsão  elétrica:  dois 
tripulação  de  dois  homens.  O  controle  da  motores elétricos, de 30 HP cada, são alimentados por 
profundidade  a  vante  e  a  ré  era  garantido  por  um  420 células elétricas. Motores auxiliares movimentam 
pêndulo: qualquer variação em uma delas deslocava o  as  bombas  de  lastro  e  os  hélices  verticais,  usados, 
pêndulo no sentido da ponta mais mergulhada e esse  como  no  Submarino  Nordenfeld,  para  controle  da 
movimento  acionava  uma  pequena  bomba  rotativa  profundidade.  O  submarino  dispunha  de  uma  torre 
que, então, transferia lastro do tanque da ponta mais  ótica,  projetada  da  parte  central  do  casco  cerca  de  6 
pesada  para  a  mais  leve,  até  se  igualarem  as  pés, onde ficava o controlador, apenas quando a parte 
profundidades.  Apesar  de  engenhoso,  o  sistema  superior  da  torre  ficava  acima  da  superfície  do  mar; 
mostrou‐se insatisfatório quando em funcionamento.  através de vigias de vidro existentes na torre era feito 
Preocupados  com  o  grande  aumento  do  o controle do navio (uma espécie de periscópio). Este 
número  de  torpedeiras  francesas,  os  ingleses  lançam  submarino,  como  todos  os  seus  antecessores,  tinha 
ao  mar,  em  1887,  o  HMS  Grasshopper,  chamado  de  grande dificuldade em Manter a profundidade. 
torpedo  gun  boat  ou  torpedo  catcher,  uma  tentativa  O  grande  passo  para  o  desenvolvimento  do 
mais  feliz  que  a  anterior  para  desenvolver  um  navio  submarino  foi  dado  pelos  franceses,  com  o 
capaz de destruir as torpedeiras, um navio “contrator‐ lançamento ao mar do Gynmote, uma embarcação de 
pedeiro”.  Essa  classe  foi  seguida  pela  classe  Spcinker  31  toneladas,  com  propulsão  por  motor  elétrico 
(1889)  e  Jason  (1892),  navios  com  velocidade  abaixo  alimentado por bateria. Com 60 pés de comprimento, 
de  20  nós,  deslocando  de  700  a  800  toneladas;  sua  tinha  a  mesma  forma  de  charuto  que  o  torpedo 
baixa  velocidade  e  pouca  manobrabilidade  fizeram  Whitehead. Sua velocidade na superfície era de 7 nós 
com  que  eles  não  tivessem  sucesso  contra  as  e  submerso  5  nós.  O  projeto,  mais  uma  vez,  era  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 123 
 
Dupuy  de  Lôme,  e  foi  executado  por  Gustave  Zédé.  construção  do  Cruzador  Tamandaré,  de  4.537 
Realizou  mais  de  2.000  mergulhos  com  pleno  êxito.  toneladas,  até  hoje  o  maior  navio  de  guerra 
Era,  porém,  uma  embarcação  experimental,  não  se  construído  no  Brasil;  em  virtude  de  problemas 
destinando a ser usado como embarcação de guerra.  financeiros  e  das  dificuldades  decorrentes  de  um 
atraso tecnológico que já se fazia sentir, o navio só foi 
Em  1888,  é  lançado  ao  mar  o  Cruzador  lançado ao mar em 90 e completado em 93, seis anos 
dinamarquês  Valkyriam,  que  transportava  a  bordo  após  o  início  da  construção;  em  90,  são  batidas  as 
duas torpedeiras de 2ª classe. São os dinamarqueses  quilhas  de  dois  monitores,  sendo  que  o  Pernambuco 
insistindo numa solução que não aprovaria.  só  seria  comissionado  20anos  mais  tarde  e  o 
Embora  de  certa  forma  seja  surpreendente,  Paraguassu,  após  48anos!  Terminava 
até  a  época  que  estamos  tratando  os  cruzadores  melancolicamente a luta para implantar a construção 
todos  eram  de  propulsão  mista.  Como  eram  navios  naval  no  País;  só  na  administração  do  Almirante 
destinados ao serviço de controle do tráfego marítimo  Aristides  Guilhem  na  pasta  da  Marinha,  já  na  década 
(policiamento)  e  às  missões  de  mostra  da  bandeira  de  1930,seria  reiniciada  a  construção  naval  (o 
nas  regiões  mais  remotas  do  mundo,  serviços  que  Paraguassu  foi  terminado  justamente  com  o 
implicavam  em  longos  cruzeiros  e  permanência  propósito  de  preparar  o  pessoal  do  Arsenal  para  as 
prolongada  em  áreas  afastadas,  eles  levaram  muito  novas construções). 
mais  tempo  que  os  outros  tipos  de  navios  a  Em  1890,  o  engenheiro  norte‐americano 
abandonar  a  vela.  Somente  em  1889,  foi  lançado  ao  Harvey  patenteou  um  novo  método  para  o 
mar  o  HMS  Blake  o  primeiro  cruzador  sem  mastro  endurecimento  externo  das  chapas  destinadas  à 
para velas.  fabricação  de  couraças:  isto  era  conseguido  pela 
Para  o  Brasil,  a  década  de  80  foi  de  tensão,  aplicação de carbono, a temperaturas muito elevadas, 
devido  às  divergências  com  a  Argentina  sobre  o  por longo tempo, em chapas de aço níquel, seguindo‐
Território  das  Missões;  conseqüentemente,  apesar  se  a  tempera  por  imersão  em  água.  Mais  tarde  este 
das  limitações  financeiras  do  País,  houve  um  certo  processo  foi  aperfeiçoado  por  Krupp.  As  couraças 
estímulo  para  a  construção  naval.  No  Arsenal  da  fabricadas  com  estas  chapas  tinham  tal  resistência 
Corte,  foram  construídos  dois  cruzadores  de  que as couraças puderam ser feitas com muito menor 
propulsão mista, idênticos aos construídos na década  espessura, o que representava uma grande economia 
de 70; uma canhoneira a vapor ‐a Iniciadora‐ que foi o  de peso, com todas as vantagens decorrentes. Navios 
primeiro  navio  construído  no  Brasil  com  casco  de  de  tonelagem  moderada  puderam  usar  couraça  sem 
ferro; quatro canhoneiras a vapor com casco de aço.  sacrifício de sua velocidade ou do seu raio de ação. 

Como todos os países de pequena Marinha, o  O  primeiro  navio  a  usar  esta  couraça  foi  o 


Brasil, nesta década, voltou‐se para as torpedeiras e, a  Cruzador francês Dupuy de Lôme, lançado ao mar em 
sua principal arma, o torpedo autopropulsado. Foram  1890.  Ele  dispunha  de  uma  cinta  encouraçada  ao 
criadas  oficinas  de  torpedos,  tanto  no  Arsenal  da  longo  de  todo  o  casco,  de  apenas  4  polegadas  de 
Corte  como  no  de  Mato  Grosso.  As  conseqüências  espessura, mas de resistência superior à das couraças 
dessa  preocupação  puderam  ser  vistas  quando  da  anteriores, de espessura muito maior; a borda inferior 
Revolta  da  Armada  (1893‐5)  contra  Floriano  Peixoto.  da  cinta  ligava‐se  a  um  convés  protetor  abobadado, 
Em  1894,  a  Torpedeira  Gustavo  Sampaio,  das  forças  de  1,5  polegada  de  espessura;  abaixo  deste  convés, 
que apoiavam Floriano, atacou e afundou num ataque  protegendo  as  praças  de  máquinas,  vinha  um  outro 
noturno  o  Encouraçado,  das  forças  rebeladas,  convés à prova de estilhaços, sendo o espaço entre os 
Aquidabã,  que  estava  fundeado;  o  navio  foi  dois  conveses  cheio  de  carvão,  como  uma  proteção 
posteriormente reflutuado, reparado e modernizado.  adicional.  O  espaço  por  trás  da  couraça  era  ocupado 
por  uma  estrutura  estanque,  de  3,5  pés  de  largura, 
Outras construções foram feitas no Arsenal da  dividida  em  pequenos  compartimentos  cheios  de 
Corte no final da década de 80: em 1887 é iniciada a  celulose. Este sistema, conhecido como de "defesa em 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 124 
 
profundidade",  seria  extensivamente  usado,  com  Em 1891, o Congresso do Chile se volta contra 
variantes, em navios com couraça.  o impopular e ditatorial Presidente Balmaceda, dando 
início  a  uma  guerra  civil  em  que,  mais  uma  vez,  as 
Em 1890, as minas flutuantes são mantidas à  torpedeiras  mostram  o  seu  valor.  Embora  as  forças 
profundidade  desejada  pela  fixação  do  tamanho  do  navais  do  Congresso,  sob  o  comando  de  George 
cabo  que  liga  a  poita  à  mina  flutuante.  Era  essencial  Montt, mantivessem sempre a iniciativa das ações no 
que se conhecesse com certa precisão a profundidade  mar e, ao fim, lograssem a vitória, as forças navais que 
do  local  onde  a  mina  seria  lançada;  subtraindo‐se  permaneceram  fiéis  a  Balmaceda  realizaram,  pelo 
dessa  profundidade  o  comprimento  do  cabo  que  menos,  uma  ação  espetacular:  uma  torpedeira, 
ligava a poita à mina, tinha‐se a profundidade em que  armada  com  o  torpedo  Whitehead  de  14  polegadas, 
ficaria  a  mina.  A  partir  de  1890,  porém,  são  atacou e afundou o Encouraçado Blanco Encalada, de 
desenvolvidos  dois  novos  sistemas  para  regular  a  3.500  toneladas;  é  o  primeiro  sucesso  do  torpedo 
profundidade  da  mina  que  dispensam  a  necessidade  "automóvel" contra um navio de guerra bem armado. 
de  conhecer  a  profundidade  do  local  onde  será 
lançada a mina: o sistema de chumbada de prumo e o  Rudolt  Diesel,  em  1892,  inventa  o  motor  de 
sistema hidrostático.  combustão  interna,  que  ficaria  conhecido  com  o 
"motor diesel"; tanto para a propulsão como para os 
No  sistema  de  chumbada,  esta  é  liberada  da  serviços  auxiliares  de  bordo,  este  motor  teria,  no 
poita  imediatamente  após  o  lançamento;  o  futuro, enorme popularidade. 
comprimento  da  chumbada  deve  ser  igual  à 
profundidade  em  que  a  mina  deve  ficar;  lança‐se  a  Em  1892,  os  franceses  desenvolvem  o  aço 
mina  e  a  poita  juntas  e  à  medida  em  que  elas  vão  cromo‐níquel que teria largo emprego e se mostraria 
mergulhando vai sendo pago o cabo que une a mina à  muito adequado para uso nas couraças. 
poita,  desenrolado  de  um  tambor  situado  dentro  da 
poita; o tambor pode ser travado por um retém com  O primeiro navio realmente eficaz no combate 
mola, que, entretanto, é mantido afastado da posição  aos  torpedeiros  foi  lançado  ao  mar  em  1893,  o  HMS 
de  travamento  pelo  peso  da  chumbada;  quando  esta  Havock;  suplantando  as  limitações  dos  seus 
atinge  o  fundo,  o  seu  peso  deixa  de  atuar  e  o  retém  antecessores  –  o  Destructor  e  o  Grasshopper  ‐  foi 
fica  liberado,  levando  a  mola  a  travar  o  tambor;  a  verdadeiramente  o  primeiro  contratorpedeiro. 
partir  deste  ponto,  a  poita  afunda  arrastando  a  mina  Produzido  pela  Yarrow  era,  realmente,  uma 
até  que  a  poita  toque  o  fundo;  a  mina  estará  numa  torpedeira  de  grande  porte,  deslocando  240 
profundidade igual ao do comprimento da chumbada.  toneladas;  com  seus  motores  de  tríplice  expansão, 
desenvolvia  27  nós;  seu  armamento  compreendia 
No sistema hidrostático, a poita e a mina são  uma  bateria  de  tiro  rápido  ‐  um  canhão  de  3 
lançadas  juntas,  indo  ambas  até  o  fundo  porque  o  polegadas,  um  12‐pounder  e  três  6‐pounder  ‐  e  três 
tambor do cabo que as une está travado por um pino  tubos de torpedo. 
solúvel  ou  por  um  retém  que  será  acionado  por  um 
dispositivo de tempo (com isso dá‐se um certo tempo  Em  1893,  os  franceses  lançam  ao  mar  o 
para  que  o  navio  mineiro  possa  se  afastar  em  Submarino  Gustave  Zédé  que,  com  razão,  assinala  o 
segurança da área); ao se dissolver o pino (ou atuar o  nascimento  do  submarino  moderno.  Deslocava  266 
dispositivo  de  tempo),  a  mina  flutuante  sobe  à  toneladas  Dispunha  de  propulsão  elétrica  alimentada 
superfície presa ao cabo que a liga à poita; ela carrega  por baterias, o que lhe permitia desenvolver, quando 
um dispositivo hidrostático num cabo piloto preso ao  mergulhado,  a  velocidade  de  9,5  nós;  na 
cabo  da  poita;  na  profundidade  para  a  qual  o  superfície,sua  velocidade  máxima  era  de  12  nós;  seu 
dispositivo  hidrostático  foi  regulado,  ele  atua,  dando  raio de ação era de 75 milhas marítimas à velocidade 
um tranco no cabo que liga a mina à poita, acionando  de 5 nós. Seu comprimento era de 148 pés. Levava a 
o  freio  do  tambor  desse  cabo,  ficando  a  mina  na  bordo três torpedos: um no tubo de popa e dois como 
profundidade  desejada,  para  a  qual  se  ajustou  o  sobressalentes. O Gustave Zédé foi o responsável pelo 
dispositivo hidrostático.  primeiro  lançamento  de  torpedo  feito  de  um 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 125 
 
submarino.  Após  uma  série  de  modificações  ‐  fato de que os inúmeros pequenos canhões japoneses 
aperfeiçoamento  na  bateria  e  adição  de  novos  não  tinham  causado  qualquer  avaria  significativa  nos 
hidroplanos  que  melhoraram  o  controle  de  dois  velhos  encouraçados,  só  tendo  conseguido 
profundidade  avante  e  a  ré  ‐  tornou‐se  um  sucesso,  afundar  um  dos  dois  cruzadores  encouraçados 
tendo realizado mais de 2.500 mergulhos.  chineses;  argumentavam,  ainda,  que  o  capitânia 
Japonês,  sem  couraça,  ficou  fora  de  combate  apesar 
  de só ter recebido três impactos dos grandes canhões 
A BATALHA DO RIO YALU  chineses,  sendo  que  um  dos  impactos  foi  de  um 
projétil  sólido,  que  atravessou  o  casco  do  navio  sem 
O  ano  de  1894  ficou  marcado  por  um  causar maiores danos, e o outro, que  não tinha carga 
combate  naval  ‐  a  Batalha  do  Rio  Yalu  –  que  daria  explosiva, desmanchou‐se contra o navio, revelando o 
margem  para  grandes  discussões  sobre  o  duelo  seu lastro de cimento. 
perene  entre  a  couraça  e  o  canhão,  a  defesa  e  o 
ataque. A batalha, envolvendo as Esquadras chinesa e  Como  acontece  com  quase  todas  as 
japonesa,  travou‐se  no  estuário  do  Rio  Yalu;  a  polêmicas,  os  dois  lados  tinham  suas  razões,  mas  o 
Esquadra  chinesa  tinha  como  núcleo  dois  que  parece  verdadeiro,  sem  sombra  de  qualquer 
encouraçados  de  fabricação  alemã,  lançados  ao  mar  dúvida, é que a Batalha do Rio Yalu é um teste pouco 
12  anos  antes,  e  dispunha  de  alguns  cruzadores;  a  significativo para a solução dessas questões: a batalha 
Esquadra  japonesa,  em  termos  de  comparação  de  foi  decidida  pelas  táticas  equivocadas  do  almirante 
poderes  combatentes  a  mais  fraca,  era  formada  por  chinês  e  o  total  despreparo  das  guarnições  de  seus 
um  "esquadrão  voador",  de  cruzadores  protegidos,  navios,  aliados  à  qualidade  duvidosa  da  munição 
relativamente  novos  e  sobre  tudo  rápidos  (daí  o  seu  usada, ainda mais quando do lado japonês a situação 
nome),  dispondo  de  um  grande  número  de  canhões  era oposta, conforme já foi indicado. 
de  tiro  rápido  de  6  e  de  4,7  polegadas.  A  Esquadra  Posteriormente,  os  japoneses  atacaram  por 
chinesa  tentou  usar  a  mesma  tática  usada  em  Lissa  duas  vezes  os  navios  chineses  na  Baía  Wei‐Hai‐Wei 
por  Tegetthoff,  aproando  à  Esquadra  inimiga  com  a  afundando  cinco  deles,  repetindo  o  sucesso  de 
intenção de abalroar os seus navios.  Coubert em Foochow. 
A  vitória  japonesa  deve  ser  atribuída  Em  1895,  é  lançado  ao  mar  o  Encouraçado 
principalmente  à  incompetência  dos  chineses  e  aos  HMS Majestic, o primeiro de uma classe que se tornou 
defeitos  apresentados  pela  sua  munição,  que  se  pioneira no uso da torreta barbeta (como vimos, mais 
contrapunham ao alto estado de eficiência e disciplina  tarde  o  nome  foi  simplificado  para  torreta).  O  navio 
dos  japoneses;  os  navios  japoneses  usaram  a  sua  dispunha  de  uma  torreta  com  dois  canhões  de  12 
superioridade para impedir que os chineses pudessem  polegadas  avante  e  outra  igual  a  ré;  o  armamento 
usar  os  seus  torpedos  com  sucesso,  e  alcançaram  a  secundário  todo  em  casamatas  encouraçadas.  Esta 
vitória;  os  chineses  derrotados  retiraram‐se  para  a  classe  de  navios  representa  o  mais  avançado  estágio 
Baía de Wei‐Hai‐Wei.  do  desenvolvimento  dos  encouraçados  antes  do 
Em  torno  desta  batalha  estabeleceu‐se  uma  aparecimento  do  revolucionário  Dreadnought,  esses 
grande polêmica envolvendo couraça, velocidade dos  navios, bem como outros semelhantes, por essa razão 
navios,  número  e  tamanho  dos  canhões.  Os  passaram  a  ser  conhecidos  como  encouraçados  pré‐
defensores  do  conceito  deque  era  melhor  uma  força  dreadnought. 
de  navios  de  boa  velocidade,  fraca  proteção  e  de  Os  projetis  têm,  em  1895,  desenvolvimentos 
muitos  canhões,  ainda  que  de  pequeno  calibre,  importantes:  surge  o  projétil  com  uma  capa  de  aço‐
afirmavam  que  a  vitória  japonesa  dava‐lhes  razão,  cromo  envolvendo  um  núcleo  de  material  macio;  é 
pois,  ela  tinha  sido  obtida  graças  ao  "esquadrão  desenvolvido  nos  Estados  Unidos  um  projétil 
voador"  (que  tinha  todas  essas  características).  Por  semiperfurante  com  carga  explosiva  com  capacidade 
outro  lado,  os  defensores  da  couraça  apontavam  o  de  5%  (mais  tarde  aumentada  para  6,5%),  capaz  de 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 126 
 
perfurar couraças Harvey de espessura igual a 2/3 do  responsabilidades,  e,  como  preconizado  por  Mahan, 
calibre do projétil.  que  iriam  exigir  a  criação  de  um  considerável  Poder 
Marítimo,  com  uma  componente  naval  forte  o 
Quando  duas  linhas  de  batalha  se  bastante para operar em dois oceanos. 
enfrentavam, a distância de combate era determinada 
não  só  pelo  alcance  dos  canhões  mas  pela  qualidade  No  Pacífico,  o  Comodoro  George 
do sistema de direção de tiro disponível. Em 1896, na  Deweydestruiu  a  frota  espanhola  fundeada  em 
França, os exercícios de batalha passaram a ser feitos  Manila,  do  que  resultou  a  tomada  das  Filipinas  pelos 
na  distância  de  5.500  jardas,  o  que  só  se  tornou  norte‐americanos;  no  Atlântico,  ao  longo  de  Cuba,  o 
possível  pelo  aumento  do  alcance  dos  canhões,  Almirante  Sampson  destruiu  totalmente  a  frota 
evidentemente,  mas,  principalmente,  graças  ao  espanhola  que  tentava  deixar  Santiago,  cuja  queda 
desenvolvimento  dos  primeiros  sistemas  de  direção  era  iminente  (como  de  fato  ocorreu  logo  após  o 
de  tiro,  simples  ainda  mas  mais  avançados  do  que  combate), o que levou à "independência" de Cuba. 
existia  anteriormente:  um  arranjo  envolvendo 
pequenos telêmetros e visores telescópicos.  Com o desenvolvimento do telégrafo sem fio, 
foi  possível  transmitir  em  1899,  para  um  navio  à 
O primeiro navio a ter propulsão a turbina, o  distância de 56 milhas, as notícias do dia, permitindo 
HMS  Turbinia,  é  lançado  ao  mar  em  1897.  É  um  que o navio editasse um pequeno jornal. 
pequeno  navio  deslocando  44  toneladas,  capaz  de 
desenvolver  com  a  sua  turbina  Parsons  composta   
(diversas  rodas  de  diâmetros  crescentes)  34  nós  de  O SUBMARINO DE CASCO DUPLO 
velocidade.  Navios  de  guerra  teriam  de  esperar  um 
pouco mais por esse notável sistema.  É  lançado  ao  mar,  no  ano  de  1899,  o 
Submarino  francês  Narval,  uma  embarcação  de  200 
A  primeira  transmissão  com  o  telégrafo  sem  toneladas  projetada  por  Maxime  Labeuf.  Os 
fio foi feita em 1897 da estação Needles, montada por  antecessores  dele  e  do  Gustave  Zédé  podiam  ser 
Marconi  na  Ilha  de  Wight  (Inglaterra);  foi  feita  a  classificados  como  submersíveis,  isto  é,  embarcações 
comunicação  por  este  meio  com  um  rebocador  que,  eventualmente,  podiam  mergulhar,  enquanto 
situado a 18 milhas de distância.  que  esses  dois  assinalam  o  aparecimento  dos 
Em  1898,  surge  uma  importante  contribuição  submarinos,  embarcações  destinadas  a  navegar 
para  o  aperfeiçoamento  dos  torpedos:  o  austríaco  imersas.  O  surgimento  do  submarino  de  propulsão 
Orby  inventa  um  equipamento  para  aumentar  a  nuclear,  muitos  anos  mais  tarde  daria  margem  a  um 
precisão  do  torpedo,  usando  um  giroscópio  para  o  raciocínio  semelhante,  designando‐se  todos  os  seus 
controle da sua direção.  predecessores como submersíveis. 

  A  grande  inovação  trazida  pelo  Narval  era  o 


casco  duplo:  um  casco  interno,  ou  casco  resistente, 
A GUERRAESTADOS UNIDOS x ESPANHA  em  forma  de  charuto,  que  abrigava  todos  os 
equipamentos  vitais;  o  casco  externo,  de  chapa  mais 
A  Guerra  dos  Estados  Unidos  com  a  Espanha  fina,  tinha  o  formato  semelhante  ao  de  uma 
(1898)  envolve  dois  oceanos  e  põe  em  destaque  o  torpedeira. Os tanques de lastro ficavam entre os dois 
Poder  Naval.  Para  Mahan,  a  guerra  representou  uma  cascos,  dando  ao  submarino  um  coeficiente  de 
excelente  oportunidade  para  demonstrar  a  flutuabilidadede  42%  (os  anteriores  tinham  um 
importância,  para  os  Estados  Unidos,  de  um  Poder  coeficiente  de  apenas  2  ou  3%).  Na  superfície,  suas 
Naval  bastante  expressivo  de  modo  a  se  poder  características  eram  semelhantes  às  de  uma 
projetar  nos  dois  oceanos  que  o  banham.  Embora  as  torpedeira.  O  Narval  dispunha  de  quatro  tubos 
batalhas  navais  ocorridas  não  trouxessem  novos  externos de torpedos. 
ensinamentos  sobre  táticas  navais,  a  guerra  mostrou 
que  surgia  uma  nova  potência  mundial,  com  novas 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 127 
 
Uma  outra  grande  inovação  do  Narval  era  o  Dreadnought pôs um fim a mais esta manifestação de 
sistema  de  propulsão:  embora  a  propulsão  em  conservadorismo. 
imersão  fosse  feita  com  motores  elétricos 
alimentados  por  bateria,  que  lhe  davam  uma  Em  1899,  é  lançado  ao  mar  o  pequeno 
velocidade  máxima  mergulhado  de  6,5  nós,  a  Encouraçado  francês  Henri  IV,  de  9.000  toneladas, 
propulsão  na  superfície  compreendia  um  motor  de  projetado por Émile Bertin, e que foi o primeiro navio 
tríplice  expansão,  de  250  HP,  alimentado  por  uma  a usar uma "antepara elástica", isto é, uma antepara 
caldeira  aquatubular  a  óleo  (o  motor  servia  também  longitudinal  curva  para  absorver  o  choque  de 
para carregar as baterias), o que lhe dava um raio de  explosões  submarinas,  causadas,  por  exemplo,  pelo 
ação  de  500  milhas  marítimas  a  6,5  nós  e  uma  choque com uma mina ou a explosão de um torpedo. 
velocidade máxima de l0 nós.  Posteriormente,  os  alemães  desenvolveram  este 
sistema  de  proteção  antitorpédico,  o  que  deu  aos 
Agrande  limitação  do  Narval  era  a  seus  navios  de  linha  uma  notável  capacidade  de 
necessidade  de,  antes  de  poder  mergulhar,  ter  de  resistir  a  explosões  submarinas,  como  a  Primeira 
esperar  até  que  todo  o  vapor  fosse  expelido  da  Guerra  Mundial  iria  demonstrar.  Sendo  os  navios 
caldeira  e  que  ela  esfriasse;  inicialmente,  o  tempo  ingleses  dotados  de  menor  boca  ‐  limitada  devido  à 
para  isso  era  de  cerca  de  21  minutos;  mais  tarde  largura  dos  diques  secos  existentes  na  Inglaterra!  ‐ 
reduzido para 12 minutos.  não podiam adotar a defesa em profundidade, ficando 
mais vulneráveis às explosões submarinas. 
Foi o primeiro submarino a ter vela (torreta) e 
um verdadeiro periscópio. Sua aparência era a de um  E a partir da década de 1900 que as caldeiras 
submarino moderno, exceto pela chaminé por ante a  marítimas  que  queimavam  carvão  começam  a  ser 
ré da vela.  substituídas  por  caldeiras  a  óleo.  Os 
contratorpedeiros  ingleses  classe  River,  lançados  ao 
A  partir  do  Narval,  os  submarinos  de  casco  mar  de  1903  a  1905,  são  os  primeiros  navios  a  usar 
duplo passaram a ser considerados como "ofensivos"  essas  caldeiras,  embora,  pelas  razões  já  apontadas, 
(ou de ataque, na nomenclatura moderna), enquanto  voltassem  a  usar  máquinas  alternativas  no  lugar  da 
os de casco singelo, projetados para operar em águas  turbina. 
abrigadas  (defesa  de  portos),  como  "defensivos", 
dentro do espírito da jeune école.  Com  o  lançamento  em  1901  do  Cruzador 
italiano Regina Elena, é posto em prática um conceito 
Dois  anos  após  o  lançamento  do  Turbinia,  é  desenvolvido  na  França  por  Émile  Bertin:  o  do 
lançado, em 1899, o primeiro navio de guerra a usar  Encouraçado‐Cruzador  ("cuirassé  croiseur"  ou 
turbinas  para  a  propulsão,  o  HMS  Viper,  um  "battleshipcruiser"),  nome  usado  em  oposição  ao  do 
contratorpedeiro que atingiu a velocidade recorde de  cruzador  encouraçado  do  qual  já  tratamos.  Era  uma 
36,6  nós.  Para  obter  essa  velocidade  o  navio  foi  tentativa de corrigir o defeito deste último: mesmo os 
construído  com  uma  estrutura  muito  leve,  com  a  maiores não eram adequados para tomar o seu lugar 
chapa lateral do costado com apenas 0,5 polegada de  na linha de batalha nem, por serem muito lentos, para 
espessura;  apesar  de  construído  com  aço  de  alta‐ desempenhar  as  funções  típicas  dos  cruzadores,  de 
tensão,  seu  casco  era  extremamente  frágil  para  fazer escolta e proteger/atacar o tráfego marítimo. Já 
operações em alto‐mar. O acidente com o HMS Cobra,  o  Almirante  Fisher  fizera  pouco  caso  dos  cruzadores 
idêntico ao Viper exceto pelo fato de desenvolver 1 nó  encouraçados,  dizendo  que  eles  eram  inadequados 
a  menos  de  velocidade  ‐  quando  saía  do  estaleiro  tanto para lutar como para fugir. 
construtor  para  receber  o  seu  armamento,  o  navio 
partiu‐se  e  afundou  ‐  causou  uma  enorme  reação  na  Os  couraçados‐cruzadores  eram  navios  que, 
Inglaterra contra a turbina e as altas velocidades que  sacrificando  partes  da  proteção  da  couraça,  podiam 
ela  proporcionava,  repercutindo  noutros  países  e,  levar  canhões  de  grande  calibre  (em  geral,  de  12 
assim,  retardando  o  uso  da  turbina  e  o  dos  polegadas)  e  conseguiam  uma  velocidade  cerca  de  2 
contratorpedeiros,  até  que  o  lançamento  do  nós  acima  da  dos  encouraçados  da  sua  época. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 128 
 
Nenhuma  outra  Marinha,  além  da  italiana  e  da  canhões  de  modo  que  a  coluna  d'água  feita  pelo 
japonesa, adotou esse conceito.  projétil ao cair no mar fosse visível e, também, que a 
razão  de  tiro  (velocidade  de  tiro)  fosse 
O  Regina  Elena  deslocava  12.500  toneladas  e  suficientemente  elevada,  de  modo  que  a  distância 
desenvolvia  uma  velocidade  de  22  nós;  era  armado  entre os dois navios não variasse muito entre as salvas 
com dois canhões de 12 polegadas e 12 canhões de 8.  em  virtude  das  mudanças  de  rumo  do  alvo.  Nessas 
Somente  os  japoneses  seguiram  o  exemplo  italiano,  condições,  o  combate  poderia  ser  travado 
lançando ao mar, em 1904, dois desses cruzadores, o  eficazmente  a  maiores  distâncias,  tornando 
lkoma  e  o  Tsukuba,  de  13.000  toneladas,  velocidade  praticamente  inúteis  os  canhões  de  calibre  menor. 
de  21  nós,  armados  com  quatro  canhões  de  12  Assim,  esses  canhões  menores  podiam  ser 
polegadas em torretas duplas, 12 de 6", 12 de 4" e 12  dispensados  e  o  peso  ganho  e  o  espaço  deixado 
de 3"; sua cinta couraça variava de 7 a 4 polegadas de  aproveitado  para  aumentar  o  número  de  grandes 
espessura.  Na  verdade,  esses  navios,  com  toda  a  canhões. 
engenhosidade  do  seu  projeto,  não  passavam  de 
pequenos encouraçados pré‐dreadnought.  O  brilhante  projetista  naval  italiano  Vittorio 
Cuniberti é o pioneiro em advogar as vantagens de um 
O telégrafo sem fio, em 1901, passa a ter um  encouraçado armado apenas com grandes canhões de 
alcance  de  200  milhas;  o  contínuo  aumento  desse  mesmo  calibre:  o  conceito  do  “all  big‐gun  ship”,  do 
alcance  desde  então  tornou  possível  o  uso  comercial  navio só com grandes canhões. 
desse  equipamento,  tornando  rotineiras  as 
comunicações entre navios e entre esses e as estações  Para  Fisher,  porém,  isso  não  era  o  bastante: 
de  terra.  Em  1914,quando  do  início  da  Primeira  para que o navio pudesse escolher a distância ideal de 
Guerra  Mundial,  o  uso  do  telégrafo  era  generalizado  combate  ele  deveria  ter  superioridade  de  velocidade 
(foi  através  do  telégrafo  sem  fio  que  os  navios  sobre  os  seus  oponentes  e  a  capacidade  de  manter 
alemães foram informados do início  das hostilidades,  esta  velocidade  por  longos  períodos  de  tempo. 
procurando  imediatamente  portos  neutros  para  Evidentemente,  a  máquina  alternativa  já  tinha 
escapar  à  destruição,  sendo,porém,  internados;  as  atingido  o  limite  da  sua  potência  e,  portanto,  da 
forças navais britânicas, espalhadas por todo mundo,  velocidade  que  podia  dar  aos  navios,  no  espaço 
foram  informadas  da  existência  do  estado  de  guerra  disponível  a  bordo.  Diferentemente  do  que  ocorria 
coma Alemanha através do telégrafo).  com  um  navio  mercante,  onde,  por  não  haver  limite 
para a altura da máquina, a máquina alternativa podia 
Em  1903,  os  ingleses  desenvolveram  um  ter  um  curso  do  êmbolo  muito  longo  e,  assim, 
projétil perfurante com 2,5 polegadas de capacidade,  desenvolver grandes potências com baixa rotação, as 
capaz  de  perfurar  couraças  de  espessura  igual  ao  limitações  de  espaço  de  um  navio  de  guerra 
calibre  do  projétil,  uma  evolução  do  projétil  obrigavam  a  que  as  máquinas  trabalhassem  a 
semiperfurante.  rotações  muito  altas;  nessas  condições,  o  desgaste  e 
No  início  do  século,  os  grandes  canhões  as quebras eram muito acentuados e freqüentes, pois, 
instalados  nos  navios  tinham  um  alcance  muito  o  choque  e  os  esforços  induzidos  pela  mudança  de 
superior  às  distâncias  usuais  de  combate,  que  direção  do  movimento  de  enormes  êmbolos,  haste  e 
oscilavam  entre  3.000  e  5.000  jardas  no  máximo.  conectoras,  a  cada  revolução  do  eixo,  eram  causa  de 
Conforme  já  vimos,  isto  se  devia  à  precariedade  dos  freqüentes  avarias  e,  é  claro,  provocavam  um 
sistemas  de  direção  de  tiro  mas,  também,  à  desgaste acentuado das partes móveis da máquina. 
dificuldade de fazer a espotagem dos tiros de canhões  A  turbina  a  vapor,  com  todas  as  suas  partes 
de  diferentes  calibres;  por  causa  disso,  tornou‐se  móveis  rotativas,  era  a  resposta  adequada  a  esses 
necessário  que  todas  as  armas  usadas  numa  salva  problemas,  permitindo  o  desenvolvimento  das  altas 
fossem  de  mesmo  calibre,  tendo,  portanto,  os  seus  potências  necessárias  com  elevadíssimo  grau  de 
projetis  o  mesmo  tempo  de  vôo;  era  preciso  ainda  confiabilidade,  sem  as  freqüentes  quebras  de 
que  a  salva  fosse  dada  pelo  menos  por  quatro  máquinas,  principalmente  quando  era  necessário 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 129 
 
desenvolver,  por  um  tempo  razoável,  a  potência  atingiram  o  alvo,  avariando  dois  encouraçados  e  um 
máxima do navio.  cruzador  russos;  as  torpedeiras  japonesas,  exceto  a 
divisão que liderou o ataque e acertou três torpedos, 
  foram apanhadas pelos holofotes e receberam os tiros 
A GUERRA RUSSO‐JAPONESA  dos  inúmeros  canhões  de  tiro  rápido  da  frota  russa, 
sem,  contudo,  sofrerem  maiores  danos.  O  fracasso 
Enquanto  esses  conceitos  iam  se  desta  operação,  em  que  todas  as  condições  eram 
consolidando,  acontece,  em  1904,  a  Guerra  Russo‐ favoráveis,  deveu‐se,  especialmente,  à  ineficácia  dos 
Japonesa  (1904‐05),  cuja  repercussão  seria  enorme,  torpedos  então  existentes  (fracasso  ainda  maior 
em todo o mundo.  ocorreria  noutra  ocasião,  quando  40  torpedeiras 
japonesas  não  acertaram  um  único  alvo).  À  medida 
 
que  o  desenvolvimento  tecnológico  melhorasse  a 
O ataque das torpedeiras japonesas  qualidade dos torpedos, sua influência seria cada vez 
mais relevante na evolução da tática naval. 
A  guerra  teve  início  com  um  ataque  de 
surpresa  ‐  sem  a  formalidade  de  uma  declaração  de   
guerra, como ocorreria cerca de quatro décadas mais 
Combate ao largo do Porto Arthur 
tarde  no  ataque  a  Pearl  Harbour  ‐  deslanchado  por 
dez  torpedeiros  japoneses  contra  a  Esquadra  russa  Na manhã seguinte a este ataque, o Almirante 
fundeada  em  Port  Arthur,  em  fevereiro  de  1904.  A  Togo, comandante das forças navais do Japão, levou a 
frota russa estava em regime normal de porto, apenas  Esquadra  japonesa  para  os  acessos  de  Port  Arthur, 
com  o  vapor  disponível  para  as  auxiliares,  sem  esperando  encontrara  frota  russa  ainda  desarvorada 
precauções  especiais  contra  um  ataque  de  surpresa,  pelo  ataque  das  torpedeiras.  Não  teve  sucesso, 
exceto  por  uma  rede  de  proteção  antitorpédica  e  de  porém.  As  duas  Esquadras  passaram,  em  rumos 
dois navios selecionados para manter uma busca com  opostos,  à  distância  de  cerca  de  7.000  jardas, 
holofotes  durante  a  noite  e  dois  destróieres  usados  canhoneando‐se. Era de se esperar que grandes danos 
como piquetes, cerca de 20 milhas para o lado domar.  recíprocos  ocorressem,  mas  os  defeitos  dos  navios 
pré‐dreadnought  tornaram‐se  evidentes:  as  baterias 
As  torpedeiras  japonesas  tinham  sido 
com  canhões de  calibres  diferentes tornaram difícil a 
construídas em 1899 pela Thornycroft e pela Yarrow; 
espotagem  e  a  precariedade  dos  primitivos  sistemas 
eram  pequenos  navios  de  cerca  de300  toneladas, 
de  direção  de  tiro  tornavam  o  tiro  muito  errático. 
capazes  de  se  deslocar  a  uma  velocidade  de  até  30 
Após  o  desengajamento,  os  cruzadores  russos,  que 
nós, armados com dois tubos de torpedos Whitehead 
tinham  sido  os  navios  próximos  do  inimigo,  e, 
de  18  polegadas  e  um  canhão  12‐pounder  e  cinco  6‐
portanto,  tinham  recebido  o  seu  fogo  concentrado, 
Pounder, todos de tiro rápido. As torpedeiras haviam 
sofreram  uma  série  de  impactos,  mas  nenhum  ficou 
sido  desenvolvidas  exatamente  para  este  tipo  de 
fora  de  ação  por  isso;  também  os  encouraçados 
ataque  e  foram  a  causa  da  instalação  de  um  grande 
russos  foram  atingidos  inúmeras  vezes  –  um  deles,  o 
número de canhões de tiro rápido nos grandes navios 
Pobieda,  15  vezes  ‐  mas  como  a  maioria  dos  tiros 
de linha. 
provinha da bateria secundária dos navios japoneses, 
O ataque das torpedeiras japonesas foi feito a  as  couraças  não  foram  perfuradas  e,  em 
noite  e,  a  despeito  de  certa  confusão  entre  os  conseqüência,  os  danos  foram  pequenos;  as  perdas 
japoneses  devido  à  escuridão  e  a  interferência  dos  russas  totalizaram  21  mortos  e  101  feridos.  Do  lado 
navios  piquete,  de  cuja  existência  a  força  japonesa  japonês,  quatro  encouraçados  foram  atingidos  ‐  o 
não  suspeitava,  atacaram  os  encouraçados  e  os  Mikasa três vezes por projetis de grosso calibre ‐ mas 
cruzadores  russos  muito  de  perto,  atirando  19  os  danos  sofridos  foram  apenas  superficiais  e  as 
torpedos  contra  os  alvos  estacionários,  a  distâncias  baixas ainda menores que as russas. 
que variavam de 700 a 1.600 jardas; só três torpedos 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 130 
 
As  Esquadras  oponentes  eram  assim  ofensivo  ao  longo  da  entrada  do  porto:  tentando 
constituídas:  ocultar  esta  operação,  realizaram  simultaneamente 
um novo ataque torpédico, a título diversionário, mas 
‐a linha de batalha japonesa era liderada por  sem  êxito.  No  dia  seguinte,  um  esquadrão  de 
seis  encouraçados,  que  constituíam  a  Primeira  cruzadores  japoneses  deslocou‐se  até  a  entrada  da 
Divisão,  com  o  Mikasa  como  capitania,  todos  típicos  baía,  procurando  atrair  as  forças  russas  para  um 
encouraçados  da  era  pré‐dreadnought,  cada  um  com  combate  que,  na  aparência,  seria  fácil  para  elas  (que 
quatro  canhões  de  12  polegadas,  montados  em  duas  ignoravam a presença, logo além do alcance visual, do 
torres  barbetas,  e  14  canhões  de  6  polegadas  grosso  das  forças  japonesas  e,  pensavam  os 
montados  em  casamatas  ao  longo  dos  bordos  dos  japoneses,  também,  a  existência  dos  campos 
navios;  seguia‐se  um  esquadrão  homogêneo  de  minados).  O  Almirante  Makharov  aceitou  o  desafio 
cruzadores  encouraçados,  cinco  navios  ao  todo,  com  dos  cruzadores  e  saiu  em  sua  perseguição,  evitando 
quatro  canhões  de  8  em  barbetas  duplas  e  12  ou  14  os  campos  minados;  ao  perceber,  porém,  a 
canhões  de  6  polegadas;  na  retaguarda,  um  aproximação  das  demais  forças  japonesas  procurou 
esquadrão  de  quatro  cruzadores  protegidos,  três  dos  voltar para o porto, mas uma hábil manobra Japonesa 
quais  com  dois  canhões  de  8  e  dez  de  4,7  polegadas  levou‐o  a  atravessar  o  campo  minado,  com  trágicas 
de tiro rápido, e o quarto com quatro canhões de 6 e  conseqüências:  o  capitânia  Petropalovsk  afundou, 
oito de 4,7polegadas de tiro rápido.  com  600  homens  da  sua  tripulação,  e  o  Poblieda  foi 
‐a linha de batalha russa, desfalcada dos dois  severamente danificado. 
encouraçados  e  do  cruzador  avariados  no  ataque  a  Um mês mais tarde, os russos deram o troco. 
torpedo  feito  anteriormente,  formou  com  cinco  O  Navio  Mineiro  Amur,  após  minuciosa  observação 
encouraçados, liderados pelo capitania Petropavlovsk,  dos movimentos dos navios japoneses que efetuavam 
com  armamento  semelhante  ao  dos  encouraçados  o  bloqueio,  conseguiu  lançar  um  campo  minado  na 
japoneses, e um esquadrão misto de cruzadores, que  rota  da  patrulha  inimiga.  Os  Encouraçados  Hatsuse  e 
compreendia  o  Cruzador  Encouraçado  Bayan,  com  Yashima  bateram  em  minas:  o  primeiro  afundou  e  o 
dois  canhões  de  8  e  oito  de  6  polegadas,  e  três  segundo,  quando  regressando  para  o  Japão  a  fim  de 
cruzadores  protegidos,  cada  um  com  oito  ou  doze  fazer reparos, teve de ser abandonado. Os japoneses 
canhões  de  6  polegadas  de  tiro  rápido  e  dois  tentaram  varrera  área  minada,  mas  antes  que  o 
cruzadores  ligeiros  com  canhões  de  4,7"  de  tiro  conseguissem  três  cruzadores  bateram  em  minas  (os 
rápido.  russos  mudaram  de  lugar  as  bóias  deixadas  pelos 
  japoneses para indicar as áreas limpas). 

A guerra de minas  As  perdas  de  ambos  os  lados  por  ação  de 
minas foram impressionantes. Os russos perderam um 
A  Guerra  Russo‐Japonesa  foi  plena  de  encouraçado,  um  cruzador,  dois  destróieres  e  duas 
ensinamentos no que se refere à guerra de minas. As  embarcações  menores;  os  japoneses,  dois 
minas  foram  amplamente  usadas  pelos  dois  encouraçados,  quatro  cruzadores,  dois  destróieres, 
contendores  e  com  muita  eficácia.  Os  campos  uma torpedeira e um navio mineiro (o Yenisei, quando 
minados foram usados mesmo em mar aberto, com o  operando  em  um  campo  minado  lançado  pelos 
propósito  de  influenciar  as  manobras  da  Esquadra  próprios japoneses). 
inimiga,  o  que,  ganharia  uma  enorme  dimensão  na 
Primeira Guerra Mundial.   

Em  abril  de  1904,  a  Esquadra  russa  A Batalha do Mar Amarelo 


continuava  concentrada  em  Port  Arthur,  mas  agora  As  idéias  de  Cumiberti  e  Fisher  iam  assim 
protegida  contra  incursões  japonesas  por  vários  sendo confirmadas no teste real de batalha, conforme 
campos  minados  defensivos,  com  minas  controladas.  vimos  no  ataque  a  Port  Arthur  em  fevereiro,  e  o 
Os japoneses por sua vez lançaram um campo minado 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 131 
 
seriam  ainda  mais  no  combate  em  alto‐mar  entre  as  Esquadra pudesse procurar apoio, ela foi reabastecida 
duas  Esquadras,  em  agosto  de  1904,  no  que  seria  em  viagem  por  navios  carvoeiros  ingleses  (colliers). 
conhecido  como  a  Batalha  do  Mar  Amarelo,  quando  Somente  em  outubro  de  1904,  quando  a  Batalha  do 
ficou claramente demonstrado que o tiro dos canhões  Rio Amarelo já tinha selado a sorte dos navios russos 
de  12  polegadas,  nas  distâncias  em  que  só  eles  de  Port  Arthur,  pôde  o  Almirante  Rojdestvensky  sair 
podiam  alcançar,  era  mais  eficaz  do  que  o  fogo  com  a  sua  força,  constituída  por  45  navios,  incluindo 
indiscriminado  de  todos  os  canhões  nas  distâncias  os  navios  que  hoje  chamaríamos  de  "trem  de 
menores,  dentro  do  alcance  de  todos.  Também  ficou  Esquadra"; sob o comando do Almirante Falkersam foi 
claro  que,  numa  batalha  envolvendo  navios  com  destacada  uma  força,  composta  pelos  três  menores 
couraça,  o  único  canhão  que  produzia  resultados  era  navios de linha da força, três cruzadores e destróieres, 
o de 12", sem que os canhões menores provocassem  para  seguir  viagem  via  Suez,  enquanto  a  força 
dano significativo.  principal  seguiria  a  rota  do  Cabo.  Os  dois  grupos 
voltaram a se reunir na Ilha de Madagascar, rumando 
Logo  no  começo  da  ação,  o  Mikasa,  atingido  então juntos com destino a Vladivostock. 
por  dois  tiros  de  canhões  de  12  polegadas,  sofreu 
extensivos  danos  e  teve  muitas  baixas;  quando  os  As  forças  russas  e  japonesas  encontraram‐se 
japoneses,  mais  tarde,  tiveram  oportunidade  de  usar  no  ponto  mais  ao  sul  da  Ilha  de  Tsushima;  os  russos 
todos os seus canhões de mais de 6 polegadas contra  em  duas  colunas  tinhamos  japoneses  a  boreste; 
a  frota  russa,  esta  praticamente  nada  sofreu.  Após  graças  a  superior  velocidade  dos  japoneses,  pôde 
diversas  horas  de  canhoneio,  com  o  Mikasa  Togo  cortaro  "T"  dos  russos  ‐uma  manobra  que 
repetidamente  atingido,  seus  danos  e  suas  baixas  permitia  que  todos  os  navios  japoneses  usassem  os 
crescendo sempre, e a batalha parecia chegar a termo  seus  canhões  numa  bordada  contra  os  russos, 
com o que seria uma vitória russa, a explosão de duas  enquanto  esses  ficavam  limitados  ao  uso  apenas  dos 
granadas de 12 polegadas no capitânia russo, mudou  poucos  canhões  que  podiam  atirar  pela  proa.  Tão 
a  situação:  com  o  navio  fora  de  controle,  grande  era  a  superioridade  de  velocidade  dos  navios 
estabelecendo‐se  a  confusão  na  linha  russa  que  foi,  de  Togo,  que  ele  pôde  ainda  guinar  com  os  seus 
então,  obrigada  a  uma  retirada  ignominiosa.  O  navios e pela segunda vez cortar o “T” da força russa. 
Almirante  russo  Witheft,  a  bordo  do  Tzarevitch  A  6.000  jardas  de  distância,  os  japoneses 
morreu atingido por uma granada.  concentraram  seu  fogo  contra  os  líderes  das  duas 
divisões  russas‐  o  Suvaroff,  com  o  pavilhão  de 
Como  conseqüência  dessa  batalha,  a  1ª  de  Rojdestvensky,  e  o  Osslyabia,  com  o  pavilhão  de 
Janeiro  de  1905,  Port  Arthur  estava  nas  mãos  dos  Falkersam;  logo,  o  Osslyabia  estava  em  chamas  e 
japoneses.  pouco  depois  afundou;  o  Suvaroff  com  o  leme 
  avariado deixou a linha, estabelecendo‐se a confusão 
nas forças russas e teve início o verdadeiro massacre 
A Batalha de Tsushima  dessas  forças.  Num  combate  que  durou  cerca  de  20 
minutos,  um  a  um  foram  sendo  postos  fora  de 
A  grande  e  decisiva  batalha  estava,  porém, 
combate  os  encouraçados  russos.  O  Suvaroff  durou 
ainda  por  vir.  Em  maio  de  1905,  nos  Estreitos  de 
até  o  dia  seguinte,  quando  foi  abandonado  por 
Tsushima,  a  Esquadra  japonesa  aniquilou  a  Esquadra 
Rojdestvensky,  que  se  transferiu  para  um  destróier 
russa vinda do Báltico e, ainda desta vez, foi o tiro dos 
que, pouco depois, foi aprisionado pelos japoneses. 
canhões  de  12",  atirando  próximo  ao  limite  do  seu 
alcance, que determinou o resultado da batalha.  Só três navios russos sobreviveram e puderam 
alcançar Vladivostock – dois destróieres e o Cruzador 
A  frota  russa  do  Báltico  teve  de  fazer  uma 
Ligeiro  Almaz;  seis  pequenos  navios  chegaram  a 
viagem  de  cerca  de  18.000  milhas  marítimas  para  vir 
portos neutros e foram internados; dois encouraçados 
de  sua  base  em  Kronstadt  até  à  ilha  de  Tsushima, 
que  não  afundaram  foram  aprisionados,  reparados  e 
onde encontraria o seu fim.Como ao longo de todo o 
percurso  não  havia  uma  única  base  onde  esta 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 132 
 
mais  tarde  incorporados  à  Marinha  japonesa  (prática  17,5  nós,  sem  apresentar  qualquer  avaria,  um  feito 
que tinha sido comum na era da Marinha a vela).  impensável na época das máquinas alternativas. 

Nenhum  navio  de  linha  japonês  foi  perdido;  Também  no  Brasil,  a  Batalha  de  Tsushima 
apenas  três  torpedeiras  foram  afundadas.  Sofreram  teve importantes desdobramentos. 
avarias  de  diferentes  graus  três  cruzadores  e  seis 
destróieres.  Depois  de  um  longo  período  sem  que  se 
investisse  na  renovação  da  frota  naval,  pelas  razões 
É  incontestável  que  a  vitória  de  Tsushina  foi  apontadas, o Plano Naval de 1904, do Almirante Júlio 
tão decisiva quanto a de Trafalgar.  de Noronha, foi aprovado e foram alocadas as verbas 
para  a  sua  implantação.  Isto  se  devia  à  melhoria  das 
Em 1904 são lançados ao mar os Submarinos  condições  financeiras  do  País  (o  Compromisso  de 
franceses  Aigrette  e  Cigone,  são  navios  de  175  Taubaté  relativamente  ao  café  e  a  exploração  da 
toneladas,  flutuabilidade  de  29%;  são  os  primeiros  borracha  natural  na  Amazônia  para  atender  à 
navios  a  usar  os  novos  motores  de  combustão  demanda criada pela jovem indústria automobilística) 
interna que queimam óleos pesados.  mas,  também,  ao  apoio  do  Barão  do  Rio  Branco, 
A concretização das expectativas de Cuniberti  chanceler  no  período  de1902  a  1912  ,  que,  com  sua 
e  Fisher  em  Tsushima  logo  tiveram  conseqüências  visão  esclarecida,  defendia  a  importância  de  o  Brasil 
práticas.  desenvolver  um  Poder  Naval  consentâneo  com  as 
suas aspirações, um verdadeiro instrumento de apoio 
  à política externa do País. 

O APARECIMENTO DO DREADNOUGHT  Em  1906,  tendo  em  vista  as  lições  de 


Tsushima,  o  novo  Ministro  da  Marinha,  Alexandrino 
Em  1906,  os  ingleses  lançaram  ao  mar  o 
de  Alencar,  fez  modificações  no  Plano  anterior, 
Encouraçado  HMS  Dreadnougth,  um  navio  tão 
estabelecendo  o  Plano  Naval  de  1906  que  foi  o 
revolucionário que os navios encouraçados antes dele 
efetivamente  realizado,  dando  origem  à  Esquadra  de 
seriam conhecidos como “pré‐dreadnoughts” e os que 
1910,  nucleada  em  dois  dreadnoughts.  Esses  navios 
o  sucederam  como  dreadnoughts.  Ele  incorporava 
representavam  um  enorme  desafio  tecnológico,  face 
todos  os  ensinamentos  recentes:  era  um  navio  de 
ao  nível  industrial  do  País  e  o  nível  de  preparo 
18.000  toneladas,  armado  com  dez  canhões  de  12 
profissional  de  todo  o  pessoal.  É  verdade  que  sob 
polegadas  (na  era  precedente,  um  encouraçado  não 
alguns  aspectos  os  navios  não  representavam  o  que 
teria mais de quatro canhões desse calibre), em torres 
havia de mais moderno: por exemplo, a propulsão do 
duplas,  e  uma  bateria  secundária  ‐  cuja  principal 
encouraçados era com máquina alternativa quando, à 
finalidade  era  repelir  o  ataque  das  torpedeiras  cada 
época,  a  maioria  dos  encouraçados  e  cruzadores  já 
vez  mais  temidas  à  medida  que  se  aperfeiçoava  o 
usava  a  turbina;  os  contratorpedeiros  ingleses 
torpedo  ‐  constituída  de  canhões  12‐pounder  e  de  3 
lançados  em1903  já  usavam  caldeiras  a  óleo.  É 
polegadas de tiro rápido (mais tarde substituídos por 
inegável,  porém,  que  os  dois  encouraçados,  dois 
canhões  de  4  polegadas);  dispunha  ainda  de  cinco 
cruzadores  protegidos  e  dez  contratorpedeiros 
tubos de torpedo de 18 polegadas ‐ quatro nos lados e 
constituíam uma força de expressão mundial. 
um a ré, abaixo da linha d'água. Graças às turbinas de 
23.000  HP,  acionando  seus  quatro  eixos,  desenvolvia  De  lamentar,  porém,  é  que,devido  à  falta  de 
21 nós.  recursos, não foi possível construir, conforme previsto 
tanto no Plano de 1904 como no de 1906, o estaleiro 
A  confiabilidade  das  turbinas  como  sistema 
de  Jacuacanga,  para  o  apoio  de  manutenção  desses 
de propulsão ficou demonstrada na prática quando o 
navios, nem se investiu na preparação do pessoal para 
Dreadnought  realizou  uma  viagem  de  17.000  milhas 
operação,  manutenção  e  reparo  dessa  frota.  Mal 
marítimas,  numa  excepcional  velocidade  mantida  de 
conduzidos,  mal  mantidos,  esses  navios,  ao  invés  de 
terem  servido  como  uma  base  sólida  para  a 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 133 
 
construção  de  uma  nova  Marinha,  logo  se  problema:  como  as  torretas  tinham  na  parte— 
transformariam  em  fator  de  frustração.  A  defasagem  superior  uma  janela  de  observação,  o  sopro  do 
tecnológica entre a Esquadra e o parque industrial do  disparo da torre superior prejudicava a observação na 
País  seria  fatal  e,  logo,  esta  "poderosa"  Esquadra  já  torre  inferior;  a  dificuldade  foi  resolvida  removendo‐
não  tinha  um  expressivo  valor  militar  (embora  isso  se  a  janela  de  observação  da  parte  superior  da 
não  fosse  considerado  na  época,  provavelmente  ela  torreta,  substituindo‐a  por  visores  com  tela, 
tinha uma capacidade dissuasória considerável).  projetados das paredes laterais da torreta. As torretas 
superpostas tornaram‐se prática comum em todos os 
Após  Tsushima,  os  ingleses,  que  não  navios de linha. 
acompanharam  os  italianos  e  japoneses  no 
desenvolvimento  de  encouraçados‐cruzadores,  O advento dos grandes canhões, cujo alcance 
definiram  a  configuração  dos  seus  cruzadores  de  era  de  10  ou  mais  milhas,  tornou  necessário  o 
batalha, lançando ao mar, em 1907, os HMS Inflexible,  aperfeiçoamento  dos  sistemas  de  direção  de  tiro 
Indomitable  e  Invincible,  navios  de  17.250  toneladas,  para que o tiro a estas grandes distâncias pudesse ser 
capazes  de  desenvolver  25  nós,  graças  a  turbina  eficaz. 
Parsons  de  41.000  HP,  acionando  quatro  eixos  do 
navio; eram armados com oito canhões de 12 e 16 de  As primeiras medidas tomadas foram simples: 
4 polegadas de tiro rápido (bateria secundária); eram  os  navios  foram  dotados  de  telêmetros  colocados  na 
dotados  de  couraça  lateral  leve.  Sem  dúvida,  navios  parte  mais  alta  do  mastro  de  vante;  através  de  uma 
que  incorporavam  as  lições  de  Tsushima  (grandes  rede  de  tubos  acústicos  até  os  canhões,  eram 
canhões  em  grande  número,  alta  velocidade  e  transmitidas as distâncias (alcances) que deveriam ser 
couraça leve).  ajustadas  nos  visores  individuais  de  cada  canhão;  o 
oficial de controle de fogo, na posição elevada, dava a 
Embora  as  experiências  com  radiotelefonia  ordem  de  fogo  para  todos  canhões,  de  modo  que  o 
datassem do início do século XX, somente em 1907 foi  tiro fosse simultâneo, ou seja, por salva; estudando as 
feita  experimentalmente  uma  transmissão  de  música  colunas d'água formadas pelos projetis, o controlador 
e voz, recebida nas estações rádio de diversas navios  passava as correções simultâneas para a ajustagem da 
que  estavam  no  mar.  A  partir  daí,  seu  distância.  Posteriormente,  o  sistema  foi  eletrificado: 
desenvolvimento foi rápido.  uma luneta ou alça diretora era instalada no topo do 
mastro;  quando  ela  era  movimentada  para  visar  o 
Uma  importante  contribuição  para  o  projeto  alvo,  acionava  eletricamente  os  indicadores  dos 
da artilharia dos navios veio, nessa época, dos Estados  canhões,  permitindo  que  todos  atirassem  na  mesma 
Unidos:  foi  adotado  um  sistema  de  torretas  marcação e com a mesma elevação. 
superpostas, uma atirando por sobre a outra ‐ sistema 
conhecido  como  superfiring.  O  propósito  dessa  Os  telêmetros  foram  melhorados,  tornando‐
inovação  era  eliminar  o  problema,  existente  após  a  se  mais  acurados;  os  alemães  destacaram‐se  nesta 
adoção  da  torreta,  de  alguns  canhões  terem  o  seu  área usando um sistema estereoscópio. 
arco  de  tiro  reduzido  pela  obstrução  causada  pela 
superestrutura  do  navio  ou  até  mesmo  por  outra  Em  1909,  é  lançado  o  primeiro  dreadnought 
torreta,  de  tal  forma  que  apenas  algumas  torres  italiano,  o  Dante  Alighieri,  primeiro  navio  a  usar 
podiam atirar pelos dois bordos do navio; além disso,  torretas  triplas  (um  total  de  quatro  torretas  triplas 
como  as  torres  e  os  paióis  ficavam  espalhados  por  com  canhões  de  12  Polegadas).  O  navio  de  20.500 
todo o navio, havia muita dificuldade para um projeto  toneladas ainda não usava as torretas superpostas de 
bom  para  as  praças  de  máquinas.  Com  o  novo  modo  que  só  três  canhões  podiam  disparar  na  linha 
sistema,  todo  o  armamento  principal  ficava  na  linha  de proa do navio e três na linha de popa. 
de centro do navio, podendo, assim, todos os canhões  Com  o  advento  do  all‐big‐gun  ship,  a 
disparar  por  qualquer  bordo,  num  arco  de  160°  a  tendência  passou  a  ser  a  construção  de  navios  cada 
partir  da  proa  ou  da  popa.  Antes  da  adoção  das  vez maiores, armados com canhões sempre de maior 
torretas  superpostas  foi  necessário  resolver  um 
Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 134 
 
calibre. Os ingleses lançaram ao mar, em 1909, o HMS  A  solução  passou  a  ser  adotada  por  todos  os 
Orion,  o  primeiro  super‐dreadnought,  um  navio  de  países,  com  a  única  exceção  dos  Estados  Unidos  que 
22.500  toneladas,  armado  com  dez  canhões  de  13,5  adotaram,  com  os  mesmo  resultados  favoráveis,  a 
polegadas,  em  torres  duplas  superpostas  na  linha  propulsão  turboelétrica,  usada  em  todos  os 
central, e dotado de couraça lateral de 12 polegadas.  encouraçados  americanos  construídos  após  1915 
(turboelétrica). Os americanos só adotariam a turbina 
Os  conceitos  da  jeune  école,  que  com engrenagem redutora em 1937. 
predominavam na França desde a gestão de Aube na 
pasta  da  Marinha,  perderam  força  com  a  adoção  As  vantagens  da  propulsão  turboelétrica  são 
generalizada dos dreadnoughts. Assim, em 1909, tem  várias:  as  máquinas  propulsoras  (motores  elétricos) 
início na França a construção do Encouraçado Danton,  podem ser controladas de qualquer parte do navio; é 
primeiro  de  uma  série  de  seis,  acionados  a  turbina,  possível usar toda a potência quando dando máquina 
com armamento de quatro canhões de 12 e 12 de 9,4  atrás,  o  que  é  impossível  numa  propulsão  clássica  a 
polegadas;  apesar  da  data  do  início  da  construção,  vapor  (queda  do  vácuo  no  condensador  principal); 
esses  navios  ainda  são  típicos  navios  pré‐ como as turbinas que acionam os geradores elétricos 
dreadnought.  Logo  após  vieram  os  verdadeiros  operam  a  velocidade  constante,  é  possível  usar  altas 
dreadnoughts,  os  quatro  navios  da  classe  Jean  Bart,  temperaturas de vapor superaquecido, do que resulta 
cuja  construção  teve  início  em  1910  e  1911;  são  melhor rendimento para a planta. 
navios de 23.120 toneladas, armados com 12 canhões 
de  12  polegadas,  em  torretas  duplas  superpostas  a  A  importante  limitação  da  propulsão  elétrica, 
vante e a ré, e torreta dupla não‐superposta em cada  especialmente  no  caso  de  navios  de  guerra,  é  a 
convés; acionados por turbinas Parsons de 28.000 HP,  vulnerabilidade  dos  circuitos  elétricos  (chaves, 
desenvolviam velocidade de 21‐22 nós. Um ano mais  disjuntores, etc.) ao choque provocado por explosões 
tarde,  esses  navios  foram  seguidos  pelos  três  super‐ (a  Batalha  da  Jutlândia,  na  Primeira  Guerra  Mundial, 
dreadnoughts  da  classe  Bretagne,  praticamente  do  demonstrou essa vulnerabilidade, com diversos navios 
mesmo deslocamento, mas armados com dez canhões  ingleses sofrendo esse efeito). 
de  13,4  polegadas.  Sem  dúvida,  a  postura  oficial  Em  1912,  Marconi  adquire  a  patente  de  um 
francesa não podia estar mais distante da jeune école.  equipamento  que  vinha  sendo  desenvolvido  desde 
Com  a  quase  generalização  do  uso  das  1904  para  identificar  a  posição  de  navios,  através  da 
turbinas, cujo maior rendimento é em alta velocidade,  marcação  de  sinais  rádio  provenientes  de  duas  ou 
a engrenagem redutora tornou‐se obrigatória, já que  mais  estações  transmissoras  de  terra  cuja  a  posição 
o  melhor  rendimento  do  hélice  é  em  baixa  rotação.  fosse  conhecida.  Era  o  radiogoniômetro,  nesse 
Assim,  em  1911,  são  lançados  os  Contratorpedeiros  mesmo  ano  instalado  experimentalmente  num  navio 
ingleses  Badger  e  Beaver,  com  engrenagem  redutora  mercante  britânico.  A  sua  difusão  então  foi  rápida, 
na  turbina  de  AP  a  título  experimental.  Em1914,  são  inclusive  para  a  área  militar,  até  mesmo  no  setor  de 
lançados  os,  Contratorpedeiros,  também  ingleses,  inteligência: a Esquadra alemã que se deslocava para 
Leonidas  e  Lucifer,  que  já  usam  a  engrenagem  enfrentar a inglesa numa batalha histórica ‐ a Batalha 
redutora  única  para  todas  as  turbinas  (engrenagem  da  Jutlândia  (1916)  ‐  teve  todos  os  seus  movimentos 
helicoidal dupla com dentes com perfil envolvente). O  acompanhados por meio de radiogoniômetros. 
sistema  mostrou  ser  livre  de  vibrações  e  apresentou  Em  dezembro  de  1912,  o  Submarino  grego 
um  nível  de  ruído  aceitável,  além  de  que  a  Dolphin  realiza  dois  ataques  com  torpedos  a  navios 
durabilidade  dos  dentes  da  engrenagem  superou  as  de  guerra  turcos,  sem  sucesso,  porém  (o  primeiro 
melhores  expectativas.  Uma  outra  importante  ataque  torpédico  realizado  por  submarino  que  teve 
vantagem  do  sistema  de  engrenagem  redutora  é  a  êxito  só  ocorreu  em  1914,  quando  o  Submarino 
pequena  perda  de  transmissão  associada  a  este  alemão U‐21 afundou o Cruzador HMS Pathfinder, de 
sistema,  além  de  que  ele  é  muito  mais  barato  para  3.000 toneladas). 
fabricar e para instalar. 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 135 
 
O rádio telefone de ondas longas de Marconi 
representou  um  avanço  significativo  em  termos  de 
alcance:  em  1914,  de  uma  estação  montada  por 
Marconi  em  Cliften,  Irlanda,  foram  enviadas 
mensagens  que  puderam  ser  ouvidas  por  navios  de 
guerra italianos ao longo da costa da Sicília, a mais de 
1.750 milhas de distância. 

O  primeiro  navio  a  receber  um  equipamento 


de  radiotelefonia,  que  lhe  permitia  tanto  transmitir 
como receber, foi o USS New Hampshire, em 1915. O 
seu uso só generalizaria anos mais tarde. 

A  Primeira  Guerra  Mundial  (1914‐8)  marca, 


indubitavelmente,  o  início  de  uma  outra  etapa  no 
desenvolvimento  do  Poder  Naval,  fora,portanto,  do 
contexto deste trabalho. 

X‐X‐X 

Oficial Temporário da Marinha‐ http://www.concursosmilitares.com.br/  Página 136 
 

Você também pode gostar