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CURSO DE DIREITO
VANESSA SCONCERTI
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. PODER FAMILIAR – CONCEITO
O art. 1.630, do Código Civil, ainda afirma que os filhos estão sujeitos ao poder
familiar enquanto durar a menoridade, passado o período já não estão mais sob este
poder, restando demonstrada a importância da atuação dos pais no período de
formação de seus filhos. Não obstante, o poder familiar deve ser entendido como um
conjunto de direitos e deveres dinâmicos, e não estático, ou seja, podem se amoldar
com o objetivo de melhor atender a situação fática de cada família – genitores e filhos.
Art.195. (...)
VII – o regime do casamento, com a declaração data e do
cartório em cujas notas foi passada a escritura antenupcial,
quando o regime não for o de comunhão parcial, ou o legal
estabelecido no Título III, deste libro, para outros
casamentos.”
Art. 267.
III = pela separação judicial;
IV – pelo divórcio.
Quanto aos pressupostos, são regulados pelo art. 1.695, do Código Civil, onde
são observados, a existência de vínculo de parentesco, seja ele ascendente,
descendente ou colateral até 2° grau, necessidade do reclamante, que é a falta de
recurso próprio que possibilite adquirir o seu sustento por seu próprio esforço, tendo
culpa em sua redução ao estado de necessidade, serão devidos apenas os alimentos
naturais, que são aqueles necessários à subsistência, possibilidade do obrigado e
proporcionalidade. Assim dispõe o artigo:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem as
pretende não possui bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Conforme o art. 373, II, do Código Civil, “os alimentos também são
incompensáveis”, porque o principal objetivo dos alimentos é prover as necessidades
do alimentado, da mesma forma, são impenhoráveis pelo fator sobrevivência do
necessitado, não cabendo a penhora dos alimentos, mas a regra não se estende aos
frutos dos alimentos, podendo estes, por sua vez, serem penhorados.
O caráter personalíssimo do direito de alimentos afasta a possibilidade de
transação desse direito, sendo assim intransferível. Entretanto, quando houverem
alimentos já devidos pode ocorrer a transação, pois já se trata de direito disponível.
Os alimentos são imprescritíveis, apesar de sua pretensão prescrever em 2 anos,
conforme o art. 206, §2°, do Código Civil:
Art. 206. Prescreve:
(...)
§2°. Em dois anos, a pretensão para haver prestações
alimentares, a partir da data em que se venceram.
Segundo a imprescritibilidade a pessoa pode solicitar os alimentos em qualquer
tempo, assim sendo o direito nasce da necessidade do alimentado em determinada
situação.
Já a variabilidade de firma no questionamento que a prestação pode variar de
acordo com a situação econômica em que se encontra tanto do alimentado quanto do
alimentante.
Segundo a periodicidade afim de prover a subsistência do alimentado, ou
alimentos devem ser pagos com frequência e periodicidade, não cabendo ser
realizado um único pagamento, vez que um novo recebimento seria em um período de
tempo mais longo, e sendo considerado o fato do alimentado não saber administrar o
valor recebido.
Na divisibilidade a responsabilidade de alimentar pode ser distribuída entre vários
membros da família, assim todos que quiserem podem contribuir de acordo com as
suas possibilidades.
Sobre as espécies de alimentos, tem-se que: podem ser classificados quanto a
sua natureza, civis e naturais, onde os naturais referem-se apenas ao mínimo vital –
que é alimentação, tratamento de saúde, vestuário e habitação.
Já os alimentos civis são aqueles que abrangem necessidades para além da
simples sobrevivência, como o direito a dignidade, englobando a educação, lazer,
qualidade de vida, respeito a integridade moral e intelectual do alimentado.
Com relação à causa jurídica dos alimentos, disserta Buzzi (2003, p. 39):
“Que a obrigação alimentar pode nascer diretamente da lei,
por vontade da pessoa, ou pela prática de algum delito”.
Razão pela qual entendem existir três causas jurídicas, sendo elas: as causas
legais, decorrentes da obrigação prevista em lei; os alimentos voluntários que se dão
por vontade própria do alimentante; e indenizatório.
As causas legais são obrigações previstas no art. 229, da Constituição Federal e
1.694, do Código Civil:
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”
“Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou
companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de
sua educação.
§1°. Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.
§2°. Os alimentos serão apenas indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade resultar de
culpa de quem os pleiteia.
Os alimentos voluntários são aqueles que ocorrem por declaração de vontade do
alimentante, que pode ser por meio de um contrato entre vivos, em que uma pessoa
assume a obrigação de pagar alimentos a outra, ou causa mortis, onde a pessoa
determina em testamento que pagará alimentos a um sobrevivente, podendo ainda ser
indenizatórios, quando são decorrentes da prática de ato ilícito do alimentante.
Descreve Venosa (2008, p. 353), sobre a prestação de alimentos futuros e
pretéritos, que: “os alimentos futuros são pagos a partir da propositura da ação judicial,
sendo que os pretéritos são os anteriores a demanda, os quais não podem ser
cobrados, haja vista a característica irretroativa dos alimentos.”
Sobre a matéria, ainda complementa Cahali (2002, p. 28): “a distinção tem
relevância na determinação do termo a quo a partir do qual os alimentos se tornam
exigíveis.”
Quanto aos sujeitos da obrigação, alimentar pode derivar do poder familiar que é
a obrigação descrita pelo art. 229, da Constituição Federal, obrigação destinada ao
desenvolvimento e subsistência do filho.
A obrigação de alimentar parente com base no princípio da solidariedade,
descrita nos arts. 1.694 e 1.697, do Código Civil, devendo a necessidade de receber
alimentos ser comprovada, podendo o devedor pagar quantia que não seja prejudicial
à sua própria subsistência.
E, por fim, a obrigação entre os cônjuges, que tem origem na mútua assistência,
conforme destaca o art. 1.566, III, do Código Civil, onde são observadas as condições
necessárias para a manutenção do próprio sustento.
Sendo assim, após diversos anos, a família passou a ser aceita pelo direito com
diversas inovações e relações pautadas em afeto, amor, diálogo e igualdade.
Nesse liame, a jurisprudência brasileira entende que a importância dos pais vai
além do dever de pagar alimentos, mas abrange também o suporte educacional e
psicológico. Assim entende Nancy Andrigh, em sede de Recurso Especial n°
1159242/SP, ainda que o entendimento verse sobre a não necessidade de amar o
filho e sim sobre a necessidade de prestar orientações baseadas no afeto a que essa
relação, em vias habituais, seria pautada. O pai, do caso em questão, foi condenado a
indenizar sua filha por abandono afetivo em R$ 200.000,00.
Caso os genitores descumpram seus deveres, as punições extrapolam a esfera
civil alcançando sanções penais, conforme determinam os arts. 133, 244, 246 e 247,
do Código Penal.
Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
Pena – detenção, de seis meses a três anos.
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência
do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou
inapto para o trabalho (...) não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo.
Pena – detenção, de 1 a 4 anos e multa, de uma a dez
vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução
primária de filho em idade escolar:
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 247. Permitir alguém que menor de dezoito anos,
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância.
I – frequente casa de jogo ou mal afamada, ou conviva com
pessoa viciosa ou de má vida;
II – frequente espetáculo capaz de perverte-lo ou ofender
lhe o pudor, ou participe de representação de igual
natureza;
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a
comiseração pública.
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
No que concerne à perda do poder familiar, é necessário afirmar que, no advento
desta, as consequências são muito mais sérias à criança do que ao seu genitor. A
partir desse entendimento, é possível compreender que, o já difundido, direito de
visitas é uma concessão visando benefício do menor, para que este posa ter mais
próximo de si seu pai ou mãe, tem como objetivo priorizar a convivência familiar,
porém seu nome não é o mais adequado, pois já é entendimento pacífico que os
genitores não devem visitar seus filhos e sim conviver com eles, haja vista, visitamos
parentes distantes ou amigos, com a nossa família devemos conviver, posto o correto
é direito de convivência.
Mas, indo contra todo o progresso já feito pela legislação e sociedade, buscando
priorizar o bem estar do menor, ainda existem decisões que autorizam aos pais não
desempenharem suas funções com seus filhos, ainda eximem a aplicação de multa,
com base em justificativas pífias dos genitores, como ocorreu no Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul, onde a decisão fundou-se na ideia de que a convivência
poderia acarretar problemas ao desenvolvimento da criança.
A matéria é controvertida, posto que grande parte dos doutrinadores não
entendem dessa forma e acreditam que o direito a convivência familiar deve ser
garantido a todo e qualquer menor, independente da vontade de seus genitores, não
se obriga a amá-los mas ter afeto, afinal não estamos falando de um objeto e sim de
um filho.