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UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

AUTORIDADE PATERNAL E SEU EXERCÍCIO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO

PRÉ-PROJECTO

BIANCA SORAYA FRANCISCO JOÃO

LUANDA, 2023
UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

AUTORIDADE PATERNAL E SEU EXERCÍCIO

PRÉ-PROJECTO

BIANCA SORAYA FRANCISCO JOÃO

Pré-projecto de fim de curso


apresentado à Faculdade de Direito da
Universidade de Belas como requisito
para obtenção do Grau de Licenciatura
em Direito.

LUANDA, 2023

ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se no programa de projecto de fim do curso de Licenciatura
em Direito. Este projecto é parte fundamental dos requisitos para a obtenção do título de
Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Belas. Todavia,
não falaremos, aqui, exaustivamente sobre a cadeira no seu todo e sim "Autoridade
paternal e seu exercício no ordenamento jurídico angolano" .

1.1 Introduzir o tema

É de conhecimento geral que o direito da família é o ramo do direito que com mais
frequência sofre transformações. Este facto deve-se ao carater íntimo e pessoal desta
vertente do direito. O mundo dos afetos e dos sentimentos não é um ideal linear e
constante. Assistese, assim, a uma mudança na composição das famílias, e,
concomitantemente, no pensamento da sociedade .

Face a esta realidade, compreende-se que não seja fácil definir um conceito estanque
de família. Aliás, isso mesmo é demostrado pela redação do artigo 35º da CRA, no qual
a família é um “núcleo fundamental da organização da sociedade”, cabendo ao estado e
à sociedade a sua proteção, garantindo-se, assim, a realização pessoal dos seus
membros.

Segundo a Dra:. MARIA MEDINA, o conceito de família não é, de qualquer forma um


conceito estático e imutável. Muito pelo contrário: como os demais fenómenos humanos
e sociais, está sujeito a um processo de evolução e transformação. Não se pode entender
a família como um instituto uniforme, sendo que dentro do mesmo Estado pode haver
mais de um tipo de grupo familiar.
Dentro do Direito de Família estão englobados diversos sub-ramos de direito: o direito
matrimonial, que regula as relações jurídicas de natureza pessoal e patrimonial que se
estabelecem entre os conjugês; o direito da filiação ou direito paterno-filial, que
estabelece os direitos e deveres entre pais e filhos; o direito de parentesco que
determamina os efeitos jurídicos existentes entre pessoas ligadas por laços de sangue
provenientes duma ascendência comum; o direito da finidade que regula as normas
vinculativas da aliança que se estabelece entre o conjugê e os parentes de outro conjugê
ou, se quisermos entender no sentido mais lato, as normas que regulam a aliança entre
duas familias; o direito da tutela que visa regular as formas de substituição da
autoridade paternal; o direito que regula as relações jurídicas que provêm da adopção, a
qual como veremos, estabelece um vínculo jurídico idêntico ao da filiação entre pessoas
não ligadas entre si por laços de filiação biológica, etc..

O Direto de Família ou, se quisermos dizer «os direitos de família» são em geral os
direitos que tutelam os interesses das pessoas que fazem parte da comunidade familiar.
A Família pode assim ser definida como um grupo social relacionado entrem si por
obrigações e direitos recíprocos.

Posteriormente faremos referência ao modo de exercício das responsabilidades parentais


pelos progenitores: desde o seu exercício conjunto na constância da relação às situações
mais complicadas do seu rompimento, que se mostram necessário regular .

I.1.1. Delimitação do Tema


O presente trabalho
II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo procura-se esclarecer e perceber os principais conceitos investigados no


quadro de referência, realizando uma revisão bibliográfica sobre o que diversos autores
têm observado nos últimos anos sobre a temática. Procurar entender os principais
conceitos sobre autoridade paternal e o seu exercício no ordenamento jurídico angolano.

2.1 Conceito

De acordo com Medina (2013), a Autoridade paternal é o conjunto de poderes, de


deveres e de perrogativas que incidem sobre a própria pessoa física e moral e sobre o
seu património.

Com vista a prossecução dos fins para cujo a realização se atribui a autoridade paternal
a lei prevê, o dever de obediência dos filhos em relação aos seus pais. É estatuido no art.
137.º do CF, o principio genérico de que os filhos devem obediência dos pais. A lei
estabelece, porém, as linhas orientadoras desse dever, pós no art.137.º, nº 1 menciona
que: «os filhos menores devem obediência à legítima autoridade paternal», o que quer
enfatizar que essa autoridade tem que ser exercida dentro da finalidade legal para qual é
atribuída (o interesse do menor), pós se não for torna-se ilegítima e como tal não há que
pedir ao filho obediência.

De acordo com o nº 2do art. 137.º: «À medida do seu desenvolvimento a personalidade


e vontade dos filhos deve ser tida em conta pelos pais » .

Quis-se sublinhar aqui a necessidade de de aplicar um dos principios fundamentais do


CF (consignado nos seus art. 2.º, nº 2 e art. 6.º), e que se refere à contribuição que todos
os membros da família devem dar para que cada um possa realizar plenamente a sua
personalidade e as suas aptidões tendo em conta o respeito pela sua personalidade, a
especial proteção a criança e o espiíto de colaboração e entreajuda.

A reforma constitucional introduzida pela Lei nº 23/92, de 16 de Setembro, previa no


art.30.º, nº 2, que o estado promovesse o deselvolvimento harmonioso da personalidade
da criança e dos jovens; e o art. 31.º vinha esplicitamente consagrar o princípio de que
o Estado, a família e a sociedade deviam promover o desenvolvimento da personalidade
dos jovens e da criança.

No art. 80º (Infância) da actual CRA, vem consagrado no nº 2 «As políticas públicas no
domínio da família da educação e da saúde devem salvaguardar o princípio do superior
interesse da criança como forma de garantir o seu pleno desenvolvimento fisíco
psíquico e cultural » .

Aliás, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança no seu art. 12.º, nº
1, já refere à criança «(...) o direito de expressar as suas opiniões livremente sobre todos
os assuntos relacionados com a criança (...)» e no art. nº2, o de expressar livremente a
sua opinião em todos os assuntos que lhe digam respeito «(...)processo judicial ou
administrativo (...)» e «o direito a que as suas opiniões sejam tidas em conta, de acordo
com a sua idade e maturidade» -

Estamos perante uma nova concepção, oposta à do autoritarismo e da preferência da


vontade, de adulto sobre a da criança e do jovem, anteriormente dominante.

Os pais devem respeitar a personalidade as aptidões e inclinações pessoais do filho, não


lhe impondo regras de conduta ou opcões na sua vida, como seja a escolha de fé
religiosa, de profissão, da celebração ou não de casamento, etc., que contrariem a
vontade do filho.

O conteúdo da autoridade paternal engloba poderes-deveres de natureza pessoal,


natureza patrimonial.

2.1.1 Âmbito, titularidade e duração da autoridade paternal

Um dos efeitos fundamentais do estabelicimento do veículo da filiação é a atriução, ao


pai e à mãe de filhos menores, da autoridade paternal. Ela visa a prossecução do fim
primordial da célula familiar, que é a conceção, criação e educação dos filhos. O
conjunto de direitos e deveres específicos atribuídos aos pais para a criação e educação
dos filhos é, digamos, de ordem natural: existe na sociedade humana desde os seus
primórdios.
No Direito Romano era «patria potestas» ou «potesta genitoria», caractérizada pelo
poder absoluto dos pais pelos filhos, que se prolongava por toda a vida do filho
independentemente da idade do filho e de ele ser ou não casado.

No CC, a expressão legal era «poder paternal» significando que era um poder
espescialmente exercída pelos pais o qual era o elemento hierarquicamente superior da
família, quer em relação à mulher quer em relção aos filhos. À mãe era atribuída uma
posição secundária de mera conselheira nos assuntos que dissessem respeito aos filhos.

No Direito Europeu procura-se uma nova expressão – «autoridade paternal», para evitar
que o conceito contenha em si um conceito descriminatório à mãe.

Mais recentemente privilegia-se a expressão responsabilidade pariental que se considera


como «mais rigorosa e mais adequada à evolução da realidade socila e jurídica (...) de
os pais em pé de igualdade e em concertação com os filhos menores se encontrarem
investidos de uma missão de prossecução dos interesses destes, sentindo-se ambos
responsavéis»

O conselho na sua Recomendação Nº R (84)-4 define: «Responsabilidade parentais são


o conjunto de deveres e poderes destinada a segurar o bem-estar moral e material do
filho e designadamente tomando conta da pessoa do filho mantendo relações pessoais
com ele, assegurando a sua educação, o seu sustento, a sua representação legal e
administração dos seus bens» .

O CF adopta a expressão «autoridade paternal» procurando mostrar igualdade dos pais


indicando que ela deve ser exercída com base no concenso de ambos os pais.

A titularidade da autoridade paternal pertence, em pricípio, exclusivamente ao pai e


mãe; o seu exercício pode, porém, depender das circunstâncias concretas de cada caso.
A autoridade paternal é, portanto, um direito atribuído ao pai e a mãe e é de natureza
pessoal, irrenunciáveis intrasnmissível. Excepcionalmente a autoridade paternal é
renúciavel- é o que acontece no caso da constituição no veículo de adopção.

Tem natureza funcional

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