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UNIVERSIDADE ESTÁSIO DE SÁ - UNESA

DIREITO

LEONARDO SILVA DE OLIVEIRA MALTA

A MEDIAÇÃO COMO SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA DA


ALIENAÇÃO PARENTAL

Artigo científico apresentado ao curso de Direito


da Universidade Estácio de Sá, como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Direito.
Área de concentração: Direito civil.
Orientador: Profa. Mônica Areal
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RIO DE JANEIRO,
2022
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A MEDIAÇÃO COMO SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA DA


ALIENAÇÃO PARENTAL

Leonardo Silva De Oliveira Malta

Profª. Orientadora: Mônica Areal

RESUMO

A alienação parental teve sua inserção em nosso ordenamento jurídico com o


advento da lei 12.318/2010, incidindo em conflitos familiares que cresceram, e, no
decorrer dos anos, provocaram disputas processuais acirradíssimas, onde os
interessados procuraram o judiciário para que este pudesse resolver seus conflitos
familiares, que na teoria deveriam ser sanados de maneira amistosa, utilizando-se
do diálogo e do entendimento consensual, sem que haja a necessidade da
intervenção estatal. Nessa esfera, a mediação de conflitos no âmbito familiar é uma
clara solução para o instituto da alienação parental. Este estudo tem a finalidade de
realizar uma análise no fenômeno da alienação parental, apresentar as modalidades
de guarda possíveis em nosso ordenamento jurídico, e, demostrar a importância da
mediação de conflitos no caminho para a solução deste problema. Destarte, por meio
de pesquisas doutrinárias e análises jurisdicionais, busca-se a comprovação da
eficiência da mediação de conflitos na busca pela superação e solução de
controvérsias acerca dos casos de alienação parental.

Palavras-chave: Alienação parental. Mediação no âmbito familiar. Solução.

SUMÁRIO. 1 - INTRODUÇÃO 2 – DIREITO DE FAMILIA. 2.1 – Modelos familiares


3 – A ALIENAÇÃO PARENTAL 3.1 – Os problemas enfrentados em nosso
ordenamento jurídico 4 - O INSTITUTO DA GUARDA EM NOSSO
ORDENAMENTO JURÍDICO 4.1 – Modalidades de guarda 4.2 – O instituto da
guarda compartilhada 5 - A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS 5.1 – A mediação de
conflitos no âmbito familiar 6 – CONCLUSÃO 7 – REFERÊNCIAS.
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1 - INTRODUÇÃO

Na era da comunicação geral em redes compartilhadas através da Internet, na


demonstração do tempo de vida e renovação do pensamento moderno, a sociedade
ocidental assiste a mudanças no conceito tradicional de instituição familiar e o
surgimento de novas formas de sociologia e família. No contexto do direito de família,
os arranjos familiares estão se tornando cada vez mais diversificados e complexos.
O conceito de família é um assunto muito controverso em nosso ordenamento
jurídico, e seu conceito, vem sofrendo constantes atualizações para que este possa
suprir as necessidades da sociedade.
Neste sentido, o poder e a relação familiar são objetos amplamente debatidos
pela comunidade acadêmica, de tal modo que sua constante atualização se dá por
conta da necessidade de suprir as lacunas existentes nas relações familiares.
Em alguns casos, os litígios que envolvem o divórcio e a consequente guarda
dos filhos espelham as consequências da prática da alienação parental Tratando-se
de um desafio constante ao direito de família que exige a criação de formas
alternativas para a solução de tais conflitos. A mediação no âmbito familiar, nesse
contexto, pode ser utilizada como instrumento afim de minimizar a incidência deste
ato repugnante.
A composição familiar do tipo matrimonial tem previsão no Código civil de 1916,
e, representava o único modelo familiar amparado pela legislação brasileira. Tal
perspectiva acerca da entidade familiar somente fora mudar a partir da constituição
federal de 1988, que enalteceu a pluralidade de formações familiares.
Destarte, é de suma importância evidenciar que tal modelo familiar nunca foi
capaz de representar o padrão brasileiro.
Foi com a promulgação da Constituição federal de 1988 que a igualdade entre
os sexos foi assegurada e, consequente a isso, houve uma enorme ampliação no
conceito de família, servindo também, para a posterior solução de litígios envolvendo
questões relacionadas a divórcio e guarda dos filhos.
Nesta toada, podemos classificar a alienação parental como sendo a
consequência dos conflitos familiares que se desenvolveram ao ponto de se tornarem
disputas judiciais onde as partes procuram uma intervenção judicial em conflitos que
facilmente poderiam ser resolvidos a base do diálogo, ou até mesmo, tendo como
facilitador a utilização das mediações no âmbito familiar.
A justificativa da apreciação da mediação no âmbito familiar é que este é
justamente um facilitador do diálogo entre as partes em litígio, tendo este argumento
sido provado na prática em diversos casos.
O objetivo geral do estudo é demostrar a eficácia da aplicação da mediação de
conflitos na esfera familiar, com principal foco nos casos de alienação parental, tanto
para prevenir, quanto para solucioná-la.

Bacharelando em direito pela universidade Estácio de Sá - RJ


E-mail: leo.malta999@gmail.com
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2 - DIREITO DE FAMILIA

O direito de família, está intrinsicamente relacionado a estrutura, organização


e à proteção familiar. Este ramo do direito tem como objetivo reger todas as relações
familiares, como também, suas obrigações e direitos relacionados à relação pessoal
e patrimonial. Em outras palavras, podemos classificá-lo com aquele que estabelece
as normas de convívio familiar.
Destarte, este ramo do direito tem como objetivo a regulamentação das
relações pessoais e patrimoniais quando se trata da esfera familiar, algo que vai de
encontro com o princípio da intervenção mínima do estado. Entretanto, cabe
salientar que tal intervenção estatal se faz necessária em determinados casos,
utilizando para tanto, os princípios constitucionais para a resolução dos casos
concretos.
Assim sendo, conforme (SEREJO, 2004), o o direito constitucional condiciona
o direito de família, atenuando a distinção entre o público e o privado. A promoção
a seus institutos ao status constitucional proporcionou uma maior eficácia de tais
normas.
A família é o principal objetivo deste ramo do direito, podendo ela ser
estabelecida de diversas maneiras possíveis, tanto por vínculos genéticos, como
também de maneira socioafetiva. Segundo GLANZ (2005, p. 17), A palavra família
teve seu surgimento no latim, cujo significado era escravo.

Na Roma antiga, a família não era considerada a esposa e os filhos


e sim ao conjunto de escravos que trabalhavam para servir um
senhor e seus parentes, (LEITE. 2005, p. 23).

A ideia de família teve sua transformação com o lapso de tempo, e isso


ocorreu devido às diversas influências que este sofreu no decorrer das épocas, de
modo que não há um significado único que possa definir este termo, existem diversos
estudos que visão sua compreensão. Conforme o Código Civil de 1916, apenas o
casamento entre um homem e uma mulher era considerado família, portanto, a
família "legal" era a família resultante de um casamento civil no âmbito do artigo 229
à época. O marido era considerado o chefe da comunidade conjugal, conforme o
artigo 233 do mesmo instituto, visto que este dava-lhe plenos direitos sobre toda a
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família e permitia que a esposa e os filhos obedecessem apenas às ordens da família


paterna. Naquela época, não havia muito debate sobre alienação parental,
especialmente porque o divórcio não era legal no Brasil até 1977.
Nessa definição de família estabelecida no Código Civil de 1916 e válida até
1988, com a entrada em vigor de nossa carta magna em 1988, o direito de família
solucionava as questões relativas às relações familiares entre pais e filhos. A sombra
do chamado "poder patriarcal". Segundo Rizzardo (2009, p. 613), no novo código de
2002, essa frase foi substituída pela palavra “poder familiar”, que se afastava da ideia
de uma família comandada pelo patriarca”. que tinha uma posição aparente de
mestre, com amplos direitos para decidir e ordenar tudo." Segundo Dias (2015), o
poder familiar é sempre apresentado como exemplo do conceito de poder-função ou
direito-dever, que reforça a teoria funcionalista das normas do direito de família:
poder exercido pelos pais, mas que atende aos interesses do menor. (DIAS, 2015,
p. 38).
Desta forma, trata o artigo 1.634 do Código civil de algumas obrigações dos
pais:

(I) dirigir-lhes a criação e educação; (II) tê-los em sua companhia e


guarda; (III) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para se
casarem; (IV) nomear-lhes tutor por testamento ou documento
autêntico, se o outro dos pais não lhes sobrevier, ou o sobrevivo não
puder exercer o poder familiar; (V) representá-los, até os 16 anos,
nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
forem partes, suprindo-lhes o consentimento; (VI) reclamá-los de
quem ilegalmente os detenha; (VII) exigir que lhes prestem
obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição
(BRASIL, 2002).

No ordenamento jurídico brasileiro, fica explícito que os pais são obrigados a


“garantir o sustento, orientar a educação dos filhos para sua sobrevivência, torná-los
úteis à sociedade, enfim, responsabilizar-se pela educação dos filhos” (VENOSA,
2008, p. 302). Os pais são responsáveis pela saúde de seus filhos para que possam
conviver em sociedade, e as relações familiares são o primeiro meio capaz de incutir
valores morais e éticos e formar cidadãos que respeitem o outro pela sociedade e
pelo Estado.
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2.1 - MODELOS FAMILIARES

Para o direito, o conceito de família vai muito além dos laços sanguíneos, pois,
independentemente deste, a família se caracteriza por aspectos emocionais e
socioafetivos. Laços emocionais, legitimados como vínculos legais, potencializam o
reconhecimento legal de novas famílias com estruturas diferentes, múltiplas e
diversas. Desta maneira, para Albuquerque (2004), a nova roupagem do direito de
família em nada se confunde com a conservador, que era patriarcal e hierárquica.
Portanto, visando a construção da felicidade no âmbito familiar, as diversas
possibilidades de composição familiar foram instauradas no ordenamento jurídico
brasileiro com o advento da constituição federal de 1988, que acabou por
constitucionalizar o direito de família. Sendo assim, tais arranjos familiares passaram
a conviver com o conceito de família tradicional, tendo como base o afeto e outros
requisitos para tal.
Antes de adentrarmos ao tema, temos que dissertar acerca do que seria uma
família em nosso ordenamento jurídico. Anteriormente, somente era admitido o
conceito de família tradicional, sendo ele composto pelo genitor, pela genitora e pela
criança, se baseando única e exclusivamente em fatores genéticos, entretanto, com
o passar das eras, tal conceito fora se dissolvendo, calhando, então em outros
diversos modelos na atualidade.
Atualmente, em nosso ordenamento jurídico estão previstos três tipos
familiares distintos, sendo eles a composta por meio do casamento (artigo 226 §1º e
§2º da constituição federal), o através da união estável (previsto no artigo 226, § 3º
da constituição federal) e o modelo de família monoparental (previsto no artigo 226
§4º da constituição federal).
Entretanto, cabe salientar que não somente são considerados tais entidades
familiares, visto que diversas outras são pautadas em aspectos que conceituam uma
família.
Dentre estes, podemos citar a entidade familiar homoafetiva, que é aquela
caracterizada pela relação afetiva de pessoas de mesmo sexo. Um ponto importante
que defende a perpetuação deste modelo familiar é o fato de a procriação não ser
uma base familiar, pois a mesma tem que ser pautada em afeto.
A união homoafetiva é reconhecidamente uma entidade familiar, desde que
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preenchidos os requisitos de afetividade, estabilidade e ostensibilidade e a finalidade


de constituição de família (PAULO LOBO. 2015).
Ademais, podemos também referenciar o modelo de família anaparental, que
é aquele onde as pessoas visam objetivos comuns basicamente.
Para Maria Berenice Dias (2006, p. 184): “Quando não existe uma hierarquia
entre gerações e a coexistência entre ambos não dispõe de interesse sexual, o elo
familiar que se caracteriza é de outra natureza, é a denominada família anaparental”.
E, além destes, temos também às famílias reconstruídas ou recompostas, que
são basicamente aquelas formadas a partir da existência de outras duas famílias,
sendo uma junção destas.

3 - A ALIENAÇÃO PARENTAL

Primeiramente, antes de começarmos a dissertar sobre o tema devemos


entender quando e onde essa expressão se originou. Tal termo fora criado em 1985,
pelo então psiquiatra norte-americano Richard Gardner, conceituando-o como um
distúrbio infantil que ocorreria entre as crianças de menor idade cujos pais estão
passando por uma separação litigiosa, onde um dos cônjuges faz com que a criança
crie aversão ao outro genitor, em outras palavras faz a criança sentir um ódio pelo
outro genitor sem justificativa, o fazendo uma espécie de ‘lavagem cerebral’ em sua
cabeça.
Tendo isso em mente, Maria Berenice dias (2015) “afirma que com a ruptura da
vida conjugal, nos casos em que um dos cônjuges não consegue a aceitar, surge
como consequência um desejo de se vingar do antigo parceiro, tentando de diversas
maneiras o destruir e até mesmo o desmoralizar. Sendo praticamente uma lavagem
cerebral na cabeça da criança, com o intuito de faze-la ter uma imagem distorcida
de seu genitor, distorcendo de maneira maliciosa os fatos do alienador, deste modo,
a criança aos poucos é convencida disto, sendo convencida de que tais histórias
criadas realmente aconteceram, gerando assim, uma controvérsia de sentimentos
para com o genitor.
De acordo com Richard Gardner, tal fenômeno pode ocorrer das seguintes
formas:

(1) difamação e rejeição ao genitor alienado; (2) explicações


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injustificadas para a rejeição, (3) ausência de ambivalência; (4)


afirmar que a decisão de rejeitar o pai ou a mãe é da própria criança;
(5) criança apoiar o alienador no conflito parental; (6) ausência de
culpa pela rejeição e difamação do genitor; (7) relato de experiências
não vividas ou reprodução do discurso do alienador pela criança, e
(8) rejeição e difamação a outros membros familiares do genitor
alienado e sua rede social (GARDNER, 1998, p. 32).

Assim sendo, podemos remeter esse instituto como sendo um processo em


que há um conflito visível entre os genitores. Para Pereira (2015), o a criação de um
conceito jurídico para este problema é uma enorme evolução em nosso direito de
família.
Cabe salientar, que tal instituto não é algo novo em nossa sociedade, porém,
somente com o advento da lei 12.318/10 que ele passou a ter uma legislação própria,
que passou a atua junto com o estatuto da criança e do adolescente e com a
constituição federal a fim de tutelar os direitos das crianças e adolescentes.
No artigo 2º da referida lei, a alienação parental ficou definida como:

A interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente


promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que
tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. (BRASIL. LEI
12.318/2010).

Diante das informações anteriormente expostas, podemos caracterizar a


alienação parental como sendo uma destruição da imagem do outro genitor, através
do afastamento da criança por diversos fatores, do genitor alienado.

3.1. OS PROBLEMAS ENFRENTADOS EM NOSSO ORDENAMENTO


JURÍDICO

A prática da alienação parental ainda não pode ser classificada como patologia
clínica, pois não consta no Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais - DSM5 (APA,
201) ou no Código Internacional de Doenças - CID-10 (OMS, 1993).
Recentemente, em 2018, a Organização Mundial da Saúde - OMS reconheceu
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a presença da alienação parental como doença que afeta a saúde mental e o


desenvolvimento global de crianças com CID-11, que entrará em vigor em 1º de
janeiro de 2022. e jovens, além dos pais e demais familiares. Com essa cobertura, é
claro, haverá proficiência tanto na avaliação quanto no encaminhamento para
tratamento psiquiátrico e terapeutas.
Segundo Sandri (2013), desde o momento que existem apenas o ato de um
dos genitores, realizando a manipulação da criança, se caracteriza a alienação
parental. Quando a criança passa a aceitar tais acusações contra o outro genitor,
afastando-o assim de seu convívio, pode-se classificar como a síndrome de alienação
parental.
Desta forma, nosso ordenamento jurídico estabelece que havendo suspeitas,
esta há de ser avaliada por uma equipe competente para tal, sendo compostas por
profissionais habilitados para esta detecção, conforme determina a lei 12.318 em seu
artigo 5º:

Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em


ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia
psicológica ou biopsicossocial. § 1o O laudo pericial terá base em
ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso,
compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame
de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da
separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se
manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. § 2o A perícia
será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitado,
exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação
parental. § 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para
verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa)
dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por
autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.
(BRASIL, LEI 12.318/2010).

Entretanto, mesmo após a insistência de Gardner em classificá-la como uma


patologia clínica, tal efeito não segue com tal caráter patológico.
De modo geral, segundo Brito (2007), a alienação parental tem como alvo os
filhos menores por este ser o principal objetivo da separação. Na concepção de Sousa
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(2010), a alienação parental ocorre tipicamente após o divórcio dos pais por meio de
desqualificação endêmica um do outro na presença de seus filhos, prejudicando assim
os menores. Além de alienar os genitores, incentivar a calúnia, a rejeição e o conflito
entre os genitores, a alienação dos genitores também ocorre quando há a dificuldade
de contato e vivência com a criança, com a ocultação de informações relativas a vida
destas, não informar endereções e telefones (MAJOR, 2000, p.15)
Assim sendo, nosso ordenamento jurídico a considera em conformidade com a
lei 12.318/2010, onde esta modifica o artigo 236 da lei 8.069/1990:

Art. 2º – Considera-se ato de alienação parental a interferência na


formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com este. São formas exemplificativas de
alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou
constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros: I - realizar campanha de desqualificação da conduta do
genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o
exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou
adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito
regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste
ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a
criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem
justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou
adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós
(BRASIL, LEI 12.318/2010).

Mantendo-se na referida lei, pode-se destacar o seu artigo 3º, que versa sobre
a violação do direito fundamental da criança:

Art. 3º – A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental


da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável,
prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo
familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
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descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou


decorrentes de tutela ou guarda (BRASIL, LEI 12.318/2010).

Artigo. 4º da lei pertinente confirma que o processo judicial sobre esta matéria
prevê um procedimento prioritário com celeridade, e ainda confirma que estão
previstas medidas cautelares temporárias para a proteção da integridade psíquica dos
menores.
A prática de alienação de genitores deve ser realizada de acordo com o artigo
6º da Lei nº. 12.318/2010:

Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta


que dificulte a 33 convivência de criança ou adolescente com genitor,
em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou
não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e
da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou
atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I - declarar a
ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II - ampliar o
regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III -
estipular multa ao alienador; IV - determinar acompanhamento
psicológico e/ou biopsicossocial; V - determinar a alteração da guarda
para guarda compartilhada ou sua inversão; VI - determinar a fixação
cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a
suspensão da autoridade parental (BRASIL. LEI 12.318/ 2010).

A alienação parental reflete-se diretamente na disputa pela guarda dos filhos


menores, mas pode ser fonte de conflito em divórcios litigiosos (FERREIRA, 2012).
A revisão da prática de alienação parental normalmente envolve disputas pós-
divórcio sobre a guarda de filhos menores. Segundo Figueiredo e Alexandris (2011, p.
26), parece que “nos casos em que os procedimentos de guarda e separação já
tenham sido concluídos, o progenitor afastado pode propor uma nova iniciativa que
trate especificamente da situação de alienação parental”.
Sobre o procedimento para atendimento de menores em casos comprovados
de alienação parental, a Lei nº 12.318/2010 no art. 7⁰ estipula que “na impossibilidade
de guarda compartilhada, a transferência ou mudança de guarda terá preferência ao
genitor que permitir que a criança ou jovem viva efetivamente com o outro genitor”
(BRASIL. LEI 12.3182010).
Obviamente, a alienação parental é encontrada com mais frequência nas
12

disputas pela guarda dos filhos, sendo comum o casal entrar com uma ação judicial
para solucionar os sentimentos conflitantes e as disputas emocionais que surgem
dessa questão, onde as emoções evidentes impedem uma resolução amigável. A
intervenção do Estado é, portanto, necessária para acalmar problemas familiares
como a alienação parental, que devem ser resolvidos através do diálogo e da
compreensão mútua.
A alienação parental é, portanto, uma forma pela qual o responsável legal de
criança ou jovem recorre a outro responsável, mas que acaba prejudicando os
próprios filhos, ignora os interesses e princípios constitucionais da proteção dos
menores, aliviando o sentimento paterno, afetando consequentemente a entidade
familiar.
A alienação parental nem sempre é visível, pois existem disfarçados que
podem se manifestar como atitudes mais simples, sendo a mais comum incitar que o
menor rejeite o outro genitor ou criar outras obrigações que impeçam a convivência
com o genitor.
Com a seguinte constatação da alienação parental, e a impossibilidade da
solução no âmbito familiar, surge a necessidade de uma intervenção estatal, visando
o respeito do interesse do menor envolvido. Atualmente, em nosso ordenamento
jurídico a mediação de conflitos vem ganhando força como uma possível solução para
tal litígio.

4 - O INSTITUTO DA GUARDA EM NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO

No ordenamento jurídico brasileiro, o instituto da guarda resta previsto no artigo


1.583 de nosso código civil, se dando em duas modalidades específicas, sendo elas
a guarda unilateral e a compartilhada.

4.1 – MODALIDADE DE GUARDA

Podemos tratar a guarda como sendo uma das mais relevantes consequências
de uma dissolução conjugal, visto que, conforme nosso ordenamento jurídico, o
melhor interesse da criança tem que ser visado. Sendo assim, mesmo que havendo a
hipótese de apenas um dos genitores a possuir, acaba não implicando na perda ou
suspensão do poder familiar do que a não possui.
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Há uma variedade de situações em que os menores convivem, por


longo período, e por diversas razões, com famílias não biológicas. E
para regularizar e fiscalizar essas situações, a lei disciplinou a guarda
dos menores, no art. 33, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente
(VENOSA, 2008, p. 272).

De acordo com o ECA (1990), podemos dispor a guarda como sendo de três
formas distintas, sendo elas:

(a) guarda provisória, concedida liminar ou incidentalmente em


processos de adoção (exceto adoção por estrangeiro); (b) guarda
permanente, que atende situações nas quais não se logrou adoção ou
tutela, por qualquer motivo; e (c) guarda peculiar, que atende situações
excepcionais ou eventuais, e permite outorga judicial de representação
ao guardião para prática de determinados atos em favor do menor
(VENOSA, 2008, p. 273)

Além do mais, há que se falar também neste instituto envolvendo famílias não
biológicas. Não sendo neste caso a natureza da guarda permanente, podendo sofrer
alterações de forma voluntária ou judicialmente.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE GUARDA.


ALIENAÇÃO PARENTAL. DEFERIMENTO DA GUARDA AO
GENITOR. INTERESSE DO MENOR. A guarda deve atender,
primordialmente, ao interesse do menor. Verificado 42 que o menor
sofre com os conflitos provocados pelos genitores e que houve atos
de alienação parental objetivando afastar o menino do contato paterno,
deve ser mantida a sentença que alterou a guarda em favor do genitor,
que, segundo laudo social, possui condições para tanto. Apelação
desprovida. (Apelação Cível Nº 70063718381, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em
27/05/2015). (TJ-RS - AC: 70063718381 RS, Relator: Jorge Luís
Dall'Agnol, Data de Julgamento: 27/05/2015, Sétima Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/06/2015).

Assim sendo, a guarda reconhece a legitimidade do poder e da autoridade na


conduta do menor, claro que não retirando o poder familiar da outra parte não
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possuidora da guarda.
Pode-se classificar a guarda do menor como um conjunto de relações jurídicas
da pessoa para com a criança, podendo este estar sob o poder ou companhia
daquela, como também relacionado a responsabilidade desta para com aquele,
tratando-se de educação, saúde etc. (SANTOS NETO, 1994)

4.2 - O INSTITUTO DA GUARDA COMPARTILHADA

Essa modalidade de guarda fora inserida em nosso ordenamento jurídico com


o advento da lei 11.698/2008, que incluiu ao artigo 1.583 do Código civil tal instituto.
Este na teoria foi colocado em nosso ordenamento jurídico como uma solução para
o problema da alienação parental. Nesta modalidade de guarda, o tempo de convívio
com o filho tem que ser dividido entre os genitores de maneira igual, com estes,
exercendo os direitos e deveres relacionados ao poder familiar, mesmo que não
convivam mais sobre o mesmo teto, claro que respeitando o melhor interesse da
criança.
Sendo assim, podemos considerar que o advento de tal lei apenas serviu para
a legitimação do entendimento jurídico brasileiro que visava o não esvaziamento do
poder familiar de um dos pais, quando ocorresse a ruptura conjugal.
Deste modo, não se pode confundir a guarda com o poder familiar, visto que
há uma diferença entre estes. Para Madaleno (2018, p. 39) A guarda significa ter o
filho em seu poder, com o direito de opor-se a terceiros e com o dever de prestar-lhe
toda assistência”, entretanto, na guarda compartilhada isso não ocorre, visto que o
poder de decisão é pertencente a ambos os genitores, visto que pela presença
constante de ambos, é inexistente a figura do cônjuge visitante na relação.
É de importante ressalva que a guarda compartilhada não impossibilita a
fixação de alimentos, visto que poderá haver uma enorme disparidade de recursos
que cada um dos genitores possui. Em diversos casos o genitor guardião não possui
a cooperação do outro, entretanto, todas as despesas dos filhos devem ser divididas
entre os pais, podendo a exigência desta ser feita ao juízo competente (DIAS. 2015).
Todavia, em nenhum momento nosso ordenamento jurídico impõe que as
decisões devem ser tomadas conjuntamente entre os genitores, visto que na referida
lei, fica apenas exposta a necessidade da divisão do convívio com a criança após a
adoção de tal modalidade, ficando de certa forma subjetiva a necessidade de decisões
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consensuais para o bem-estar da criança.


Não temos como prescrever uma fórmula mágica que iniba o acontecimento de
tal instituto, entretanto, existem diversas maneiras de tentar impedir que isso
aconteça.
Como uma delas podemos citar a instauração da guarda compartilhada, que de
certa forma possui diversos benefícios para ambos os genitores, como por exemplo
a proximidade do genitor que não possui a guarda com o próprio filho, podendo est
e intervir de forma mais ativa na criação da criança. Além disso, outro fator de
extrema relevância é a proximidade entre os pais, visto que com o advento de tal
instituto os efeitos da separação são diminuídos em teoria, havendo um ambiente de
mais harmonia.
Entretanto, o instituto da guarda compartilhada fora pouco efetivo, visto que em
diversos casos não é esta a modalidade de guarda aplicada no caso concreto, em
decorrência dos enormes conflitos existentes entre os genitores.

5 - A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Com o fim da vida conjugal, a responsabilidade dos pais para com os filhos
não é afastada, visto que se trata de um laço familiar impossível de ser desfeito. Em
um mundo ideal, o correto seria que ambos os genitores agissem de maneira
consensual com o objetivo de respeitar o interesse da criança, entretanto, não é isso
que ocorre. Aqui no brasil, pesquisas apontam que um enorme percentual das
crianças cujos pais são separados acabam sofrendo com esse mal.
Destarte, cabe salientar que não existe uma fórmula mágica para erradicar o
mal da alienação parental, entretanto, existem algumas medidas possíveis a serem
tomadas a fim de que este não ocorra em nossa sociedade.

5.1 - A MEDIAÇÃO NO AMBIENTE FAMILIAR

A mediação de conflitos é um instrumento pelo qual é buscada a pacificação


de litígios, tendo como objetivo também, a facilitação do acesso a justiça. Se trata
ainda de um método de solução bem mais vantajoso que o método convencional do
processo legal, principalmente por ser mais célere que este último. Entretanto, cabe
salientar que este não é um método amplamente conhecido pela população, em
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virtude de estes desconhecerem as modalidades alternativas de solução de conflitos.


Por se tratar de um método autocompositivo, esta sempre será cabível nos
casos em que é possível uma negociação direta entre os interessados.
Um enorme contingente de lides judiciais envolvendo questões familiares não
contam com a colaboração e consenso mútuo dos genitores, mesmo que a
incrementação de tal lei em nosso ordenamento jurídico tenha sido um enorme
sucesso.
Há de se destacar que na lei nº 12.318/2010, possuía um artigo referente à
mediação de conflitos, artigo esse que fora vetado sob a alegação de que a
convivência familiar é um direito indisponível. Entretanto, apesar do veto, a utilização
da mediação familiar é algo que continua acontecendo em diversos tribunais do país.
Em 2017, a partir da aprovação do PLS (Projeto de lei do senado) nº 144/2017,
a mediação de conflitos voltou a ser um recurso que pode ser utilizado nos casos
relacionados a alienação parental. Tal projeto de lei vai de encontro com o veto do
artigo 9º da lei 12.318/2010. O senador Dario Berger se utilizou do seguinte
argumento para atacar o veto:

O veto à mediação como mecanismo alternativo de solução dos


litígios para os casos de alienação parental foi criticado pela
comunidade jurídica, por excluir da lei um método comprovadamente
eficaz para a solução dos conflitos familiares, capaz de conduzir as
partes através do diálogo à autocomposição de seus interesses”,
ponderou o senador na justificação do projeto. (Fonte: Agência
Senado).

Ainda sobre o tema, a relatora do projeto, a Senadora Juíza Selma, enxerga


como algo de muita relevância que deve voltar ao nosso ordenamento jurídico.

Infelizmente, o veto acabou privando as famílias do importante


instrumento da mediação justamente nos casos mais conflituosos,
em que o caminho do diálogo deveria estar sempre aberto para a
recomposição da tessitura familiar sob novo arranjo, que propicie a
oportunidade de um convívio pacífico e funcional, que fortaleça os
laços afetivos entre os filhos, os pais, as mães ou outros familiares.
É esse equívoco que o presente projeto é capaz de corrigir", resumiu
Juíza Selma no parecer, que teve o senador Antônio Anastasia
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(PSDB-MG) como relator ad hoc. (Fonte: Agência Senado)

Podemos compreender como mediação aquele procedimento pelo qual um


terceiro não interessado intervém no conflito, com o objetivo de facilitar a
conversação de ambos, para que as partes cheguem a um acordo. Com relação a
esse assunto, Fernanda Tartuce (2008, p. 65) entende:

Pode ocorrer que as partes não consigam, sozinhas, comunicar-se


de forma eficiente e entabular uma resposta conjunta para a
composição de uma controvérsia. Afinal, a deterioração da relação
entre os indivíduos pode acarretar vários problemas de contato e
comunicação. Nesta situação, pode ser recomendável que um
terceiro auxilie as partes a alcançar uma posição mais favorável na
situação controvertida por meio da mediação e da conciliação
(TARTUCE, 2008, p. 65).

Tanto no direito de família, quanto em diversas esferas do direito a mediação


de conflitos vêm tendo excelentes resultados e, nesse sentido Rozane Cachapuz
entende que:

A aplicação da mediação nos conflitos relativos à separação ou


divórcio tem conseguido atingir sua finalidade através de acordos ou
de direcionamento para uma separação consensual. Com isso ganha
a sociedade e principalmente o ser humano que permanece com sua
estrutura familiar. (CACHAPUZ, 2003, P. 12).

Destarte, fica claramente evidenciada a importância da mediação de conflitos


no âmbito familiar, principalmente nos casos que envolvem a alienação parental, pois
tal instituto visa a redução das consequências que uma alienação pode ter.
Um grande exemplo que podemos citar para tal é o programa de combate a
alienação parental, cujo desenvolvedor foi a defensoria pública do estado da Bahia,
utilizando-se para tal, o núcleo de mediação familiar, que se localiza no núcleo de
assistência judiciária. O referido núcleo não apenas atua nos casos relacionados a
guarda, mas sim em diversas questões de ordem social, contando com a ajuda do
NAP para isso.
O NAP é composto em sua maioria por psicólogos e assistentes sociais, que
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realizam o acompanhamento das mediações que lá ocorrem. Entretanto, o programa


por eles criados não prosperou por motivos financeiros e de espaço, ficando em
funcionamento apenas durante o período de 2011 à 2013.

O Programa de Combate à Alienação Parental foi de grande sucesso, tendo


em vista que mais de 70% dos casos foram solucionados no período. O
programa funcionava da seguinte forma: inicialmente eram realizadas
palestras abertas ao público, com convite aos pais que eram identificados na
mediação familiar em geral que, por serem possíveis autores ou vítimas de
alienação parental, depois passava para a segunda etapa denominada
vivência e a terceira etapa era a mediação que podia ou não ocorrer.
(Programa de combate a alienação parental).

O programa de combate a alienação parental acontecia em algumas etapas,


sendo a primeira a que às assistentes sociais e psicólogas explicava para os pais o
que era, e como que a alienação parental poderia prejudicar no desenvolvimento de
seus filhos. Após a explicação, os participantes poderiam realizar perguntas e, após
isso, era designada outra data para a realização da segunda etapa do projeto.
Na seguinte etapa, conhecida como “vivência” os participantes eram
convidados a compartilhar suas experiências. Caso fosse verificada a possibilidade
de homologação de um acordo para a guarda, estes eram encaminhados à
mediação.
Porém, em determinados casos o acordo não era possível de imediato, e, para
que este pudesse ocorrer, os realizadores do projeto visitavam a casa das crianças
que eram vítimas para conversar com elas e com seus genitores separadamente,
alcançando assim um resultado relevante.
Em sua maioria, os resultados eram expressivos, visto que os genitores
alienados conseguiam uma “reaproximação” de seus filhos, algo que produzia efeitos
positivos na vida da criança.
O Programa de combate a alienação parental foi descontinuado dois anos
após a sua criação, em decorrência de falta de investimento financeiro, pois com a
crescente demanda de casos, o contingente disponível para o atendimento era
insuficiente, além do fato de o espaço físico deles não comportar a grande
quantidade de genitores que procuravam o programa, sendo assim, ele teve seu fim
em 2013.
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Tal programa serve como exemplo para demostrar a eficácia da mediação no


âmbito familiar, sendo este, o modo mais eficaz e menos doloroso de realizar a
aproximação das crianças com os pais, além de informar e advertir os praticantes da
alienação os seus malefícios em sua prole.

6 - CONCLUSÃO

No Brasil, o conceito legal de guarda compartilhada foi legitimado por


dispositivos legais, que passaram por um demorado processo de integração para
adentrarem em nosso ordenamento jurídico e que, necessitam de uma maior
atividade acadêmica para que possam ter seu fortalecimento. Portanto, esse
fenômeno jurídico-social merece mais pesquisas na prática, embora essa questão
esteja sob os olhos dos juízes e da sociedade em geral.
Para que a alienação parental seja comprovada é necessário que o
caso seja avaliado por uma equipe multidisciplinar, que é composta em sua maioria
por profissionais do ramo do direito, psicologia e serviço social. O referido estudo
proporcionou uma análise jurídica acerca do tema, como também demostrou a
importância da mediação de conflitos no âmbito familiar.
Neste sentido, é de suma importância relatar a relevância da lei
12.318/2010 em nosso ordenamento jurídico e no Direito de família, com o intuito de
assegurar o bem-estar do menor, na intenção de amenizar os danos que este pode
sofrer como consequência de uma possível alienação parental. Entretanto, somente
a lei não consegue tal resultado sozinha, visto que é necessária a implementação de
diversos métodos e projetos para desmotivar a prática desta atitude perversa.
Destarte, faz-se necessário um melhor aproveitamento dos métodos
adequados de solução de conflitos, como também uma maior visibilidade destes,
visto que boa parte da população desconhece de seus benefícios para o processo.
O mesmo podemos relacionar área familiar no direito, onde os resultados são tão
bons quantos em outras áreas.
Contudo, é importante destacar a falta de projetos que viabilizem a
implementação da mediação para tentar solucionar o problema da alienação
parental, além de, nos casos que há o projeto, falta infraestrutura básica e
investimentos para que estes possam continuar, como é o exemplo é o programa de
alienação parental criado pela defensoria pública do estado da Bahia.
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A implementação de projetos nesse viés, visa uma melhoria em nosso


sistema judicial, priorizando os métodos adequados de solução de conflitos em
determinados casos que permitem sua utilização.
Sendo assim, fica claramente evidenciado que a mediação é um
método totalmente viável nesses casos em que há uma alienação parental, visto que
é um método que tenta reaproximar reestabelecer uma conversação amigável entre
os genitores, possibilitando assim a manutenção do poder familiar.

7 - REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Fabíola Santos Albuquerque. Poder familiar nas famílias


recompostas e o art. 1636, CC/2002.

BRASIL, Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e


altera o art. 236 da Lei 8.069 de 13 de julho de 1990.

BRASIL. Governo federal. Federal. Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL, governo federal. Federal. Estatuto da Criança e do Adolescente. v. 8.


Brasília: Senado Federal, 1990.

CACHAPUZ, Rozane da Rosa. Mediação nos Conflitos de Direito de Família.


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FERREIRA, Gilmar. Curso de direito constitucional. 7ª edição. São Paulo: Saraiva,


2012.

GLANZ, Semy. A família mutante, Sociologia e Direito Comparado. Rio de Janeiro:


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LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado. v. 5. São Paulo: RT, 2005.

LOBO, Paulo Luiz Netto. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2015.

MADALENO, Ana Carolina Carpes. Síndrome da Alienação Parental: importância


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PEREIRA, Rodrigo. Dicionário de Direito de Família e Sucessões: ilustrado. São


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PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Afeto, Ética, Família e o Novo Código Civil. Belo
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RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família: Lei 10.406, de 10.01.2002. 7. ed. Rio de


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SANDRI. Jussara Schmitt. Alienação Parental: O uso dos Filhos como


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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2008.

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