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Brazilian Journal of health Review

A importância da ergonomia para os profissionais de enfermagem

The importance of ergonomics for nursing professionals

DOI:10.34119/bjhrv2n5-030

Recebimento dos originais: 18/09/2019


Aceitação para publicação: 01/10/2019

Leila Dayana Firmino da Cruz


Especialista em gestão do trabalho e educação em saúde pela Universidade do Rio
Grande do Norte- UFRN
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Jéssica Gabriele Burity da Costa


Acadêmica de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT PE
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Polyana Maccoy e Silva


Acadêmica de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT PE
Endereço: Rua Hermes da Fonseca, 200 - Nazaré, Camaragibe – PE, Brasil
E-mail: polymaccoy@gmail.com

Ricardo Nascimento Bezerra


Acadêmico de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT PE
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Mundo 3 APTO 301, Várzea, Recife – PE, Brasil
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Matheus dos Santos Carvalho


Acadêmico de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes
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Jaqueline Paulino Gomes


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Pâmela Tays de Holanda Silva


Acadêmica de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT PE
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Simiramis Raquel Moran Rodrigues da Silva


Acadêmica de Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT PE
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RESUMO

A atividade laboral é essencial na vida do ser humano, e é através dela que o homem irá
conseguir o seu sustento e de seus semelhantes, inserindo-se na sociedade e contribuindo
para a formação de bens para a sobrevivência da humanidade. O ofício exercido poderá
resultar em agravos a saúde do trabalhador, uma vez que toda atividade está relacionada
com um risco ao qual o homem estará submetido. Dentre os riscos ocupacionais, os
ergonômicos são aqueles provenientes da relação do homem com o local de trabalho,
abrangendo desde os aspectos físicos do ambiente aos psicossociais. Para evitar as
doenças relacionadas ao trabalho é necessário adotar medidas preventivas que irão
proporcionar qualidade de vida ao trabalhador. O presente trabalho tem como objetivo
analisar os riscos ergonômicos presentes na rotina dos profissionais de enfermagem e a
importância da prevenção para a saúde do enfermeiro. Trata-se de um estudo exploratório
realizado através de revisão bibliográfica. Os profissionais de enfermagem estão expostos
a diversos riscos ocupacionais, sendo um deles o ergonômico. As longas jornadas de
trabalho, os estressores mentais relacionados à sobrecarga na assistência somados as
condições de trabalho são fatores desencadeantes de distúrbios psicológicos e fisiológicos
que culminam em doenças e acidentes, além da baixa produtividade e desmotivação
profissional. As lombalgias, antes associadas com o levantamento de peso, hoje podem
estar relacionadas com o estresse no local de trabalho. As jornadas excessivas acarretam
em desgastes físicos que podem resultar em doenças crônicas. A qualidade de vida no
trabalho está diretamente relacionada com o ambiente e a forma que ele é realizado. Para
evitar os agravos a saúde do trabalhador é fundamental a prevenção de riscos
ergonômicos. A adoção dessas práticas resultará em maior satisfação e consequentemente
salubridade para o profissional de enfermagem.

Palavras-chaves: Enfermagem do trabalho; Saúde do trabalhador; Ergonomia.

ABSTRACT

Labor activity is essential in the life of the human being, and it is through it that man will
earn his living and that of his fellow men, inserting himself in society and contributing to
the formation of goods for the survival of humanity. The practice exercised may result in
health problems to the worker, since all activity is related to a risk to which the man will
be subjected. Among occupational risks, ergonomic risks are those arising from the
relationship between men and the workplace, ranging from the physical aspects of the
environment to the psychosocial. In order to prevent work-related illnesses it is necessary
to adopt preventive measures that will provide workers with quality of life. This paper
aims to analyze the ergonomic risks present in the routine of nursing professionals and
the importance of prevention for nurses' health. This is an exploratory study conducted
through literature review. Nursing professionals are exposed to various occupational
hazards, one of them being ergonomic. Long working hours, mental stressors related to
care overload and working conditions are factors that trigger psychological and
physiological disorders that culminate in diseases and accidents, as well as low
productivity and professional demotivation. Low back pain, formerly associated with
weight lifting, today may be related to stress in the workplace. Excessive journeys lead
to physical burnout that can result in chronic illness. The quality of life at work is directly
related to the environment and the way it is performed. To avoid the health problems of
the worker is essential to prevent ergonomic risks. The adoption of these practices will
result in greater satisfaction and consequently healthiness for the nursing professional.

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Keywords: Occupational nursing; Worker's health; Ergonomics.

1 INTRODUÇÃO
Trabalho refere-se ao empreendimento das forças e potencialidades humanas para
alcançar um determinado fim e estabelecer certo domínio sobre a natureza. É dotado de
duas principais vertentes das quais os indivíduos proveem o seu sustento e o de seus
semelhantes, produzem matéria prima para a sobrevivência da humanidade e criam
tecnologias propiciando melhorias às condições de vida e saúde das populações, mas
pode, também, causar agravos à saúde dos trabalhadores por meio de desgaste físico e/ou
mental, expondo-os à perda da capacidade vital e, consequentemente, à perda ou
diminuição da capacidade laboral com expressivas alterações pessoais e sociais (SILVA
et al, 2011).
Para Pereira (2005), o trabalho é fator intrínseco a vida do homem produtivo,
ocupando horas do seu dia, contribuindo para a formação da sua identidade e
subjetividade. Além de inseri-lo na vida social com um peculiar olhar para o mundo.
Uma das formas de prevenir as doenças ocupacionais é a adoção de práticas
ergonômicas. Rothstein et al (2013), relatam que a prática ergonômica é essencial para o
sucesso da empresa por impactar na qualidade de vida do trabalhador. A literatura tem
apontado que a maioria dos programas de ergonomia oferecidos pelas empresas é voltada
para a ergonomia de correção e de concepção.
Em 1978, foi aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a Norma
Regulamentadora 17 (NR-17) referente ao Capítulo V, Título II, da Consolidação das
Leis do Trabalho relativa à Segurança e Medicina do Trabalho que, além de regulamentar
as questões pertinentes à ergonomia, visa estabelecer parâmetros para a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, propiciando
o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (REIS, 2008).
A ergonomia é comumente definida como o estudo científico da relação entre o
homem e seu ambiente de trabalho. Nesse sentido o termo ambiente abrange não apenas
o meio propriamente dito em que o homem trabalha, mas também os instrumentos, as
matérias primas, os métodos e a organização deste trabalho. Relacionada a tudo isso está
a natureza do próprio homem que inclui suas habilidades, capacidades e limitações. A
ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de problemas sociais
relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência (VILLAR, 2002).

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Segundo Barbosa, Santos e Trezza (2007), estudos têm relatado melhorias nos
ambientes de trabalho por meios preventivos, provenientes da ciência ergonômica. Tais
evoluções podem ser visualizadas pelo adequado planejamento na distribuição de
dispositivos e materiais, organização de mobiliários, iluminação adaptada, controle das
condições de ruído, estruturação das atividades, inclusão de novos dispositivos de
trabalho e/ou modificações naqueles já existentes. Todas estas ações são atribuições do
enfermeiro do trabalho na atenção primária.
A realização desta pesquisa justifica-se por observar uma constante necessidade
de alterações estruturais e administrativas nos locais de trabalho decorrentes de agravos
à saúde dos trabalhadores, acidentes de trabalho, elevado número de absenteísmo e
pedidos precoces de aposentadorias. Salienta-se que tais ocorrências, na maioria das
vezes, podem ser evitadas por meio de propostas educativas e conscientizadoras
elaboradas pelos enfermeiros do trabalho, visando à adaptação do trabalhador ao seu
ambiente laboral.
Mediante a problemática apresentada este estudo apresenta os seguintes objetivos:
Identificar os riscos ergonômicos que afetam a saúde dos trabalhadores e Analisar a
atuação do enfermeiro do trabalho na prevenção dos riscos ergonômicos. Trata-se de uma
pesquisa exploratória-bibliográfica.

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 OS RISCOS ERGONÔMICOS QUE AFETAM A SAÚDE DOS
TRABALHADORES
As condições de trabalho são representadas por um conjunto de fatores
interdependentes, que atuam, direta ou indiretamente, na qualidade de vida de quem
trabalha e nos resultados obtidos por eles. O homem, a atividade e o ambiente laboral são
os elementos componentes da situação de trabalho e a ergonomia é o estudo científico da
relação entre o homem e seus meios, métodos e locais onde realizam as atividades
profissionais com o objetivo de elaborar um arsenal de conhecimentos multidisciplinares
que, sob a perspectiva de aplicação, deve resultar em melhor adaptação dos meios
tecnológicos e do ambiente de trabalho ao homem e à sua vida (MARZIALE;
CARVALHO, 1998).
MANETTI et al (2006), afirmam que são vários os fatores de riscos laborais
existentes nos estabelecimentos organizacionais, dentre eles os físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos, psicossociais, mecânicos e acidentais. Tais riscos predispõem

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os trabalhadores a enfermidades ocupacionais, fazendo-se necessário na ambiência do
trabalho identificar os riscos existentes no local, para a prevenção desses agravos.
Souza (2003) caracteriza os agentes ergonômicos como esforço físico intenso,
postura inadequada, situações de estresse físico e psicológico, ritmo excessivo de
trabalho, jornadas de trabalho ininterruptas, podem provocar distúrbios psicológicos e
fisiológicos ao trabalhador prejudicando sua vida produtiva.
A carga de estressores mentais possui importante influência no desenvolvimento
de dores musculares anteriormente atribuídas apenas ao levantamento de peso, adoção de
posturas inapropriadas e trabalho repetitivo. Embora não sejam doenças recentes, as
LER/DORT vêm assumindo caráter epidêmico, sendo patologias crônicas e recorrentes,
de terapia difícil, gerando incapacidade para a vida que não se resume apenas ao ambiente
de trabalho (MAGNAGO; LISBOA; GRIEP, 2009).
As condições temporais de trabalho também são importantes dentro desse
enfoque. Em especial pode-se destacar entre as condições temporais a questão do turno
de trabalho. O trabalhador que for exposto a extensas jornadas de trabalho, por exemplo,
sofre grande desgaste físico, que ao longo do tempo se transformará em problema de
extrema gravidade, acarretando estresse, desmotivação, sonolência, queda na qualidade
de serviço e baixa autoestima, entre outros problemas (SOUZA, 2003).
Considera-se a carga de trabalho como resultado da inter-relação entre os
elementos do processo de trabalho e os reflexos no corpo do trabalhador, que podem
traduzir-se em dores, lesões e adoecimentos como um nexo causal biopsíquico. Nesse
sentido, ha necessidade de analisar o processo de trabalho especifico, compreendendo
suas particularidades, para poder investigar a carga de trabalho e o seu desfecho (ROCHA
et al, 2014).
Os profissionais de enfermagem formam um grupo de risco para problemas
dorsais e estabelece a ergonomia como estratégia fundamental para evitar essas
complicações. Esses profissionais exercem suas atividades laborais em locais onde a
insalubridade é evidente, estando expostos a riscos ocupacionais causados por fatores
biológicos, químicos, físicos, mecânicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem
ser prejudiciais à saúde levando-os a predisposição de acidentes no trabalho e a
desenvolverem doenças ocupacionais, como lombalgias, devido à postura corporal
incorreta (COUTO, 2002).
Não apenas o trabalhador de enfermagem está sujeito a esses riscos ergonômicos,
mas todos aqueles que desenvolveram suas atividades laborais. Diante disso, faz

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necessário disponibilizar ao trabalhador mobiliário ergonomicamente adaptado,
tecnologias que diminuam o esforço físico, menor carga de trabalho, ou seja, melhores
condições de trabalho (PEREIRA, 2005).
Segundo Silva et al (2011), identificou-se como sendo agravos à saúde
decorrentes das situações ergonômicas: as contusões, acidentes envolvendo exposição a
materiais biológicos, lacerações, alterações posturais, desgaste físico das articulações,
músculos e ligamentos, dores generalizadas, deformações ósseas, entre outras. A maioria
dos quais tem possibilidade de redução e controle mediante ações preventivas
implementadas por empregados e empregadores, de forma a contribuir para a melhoria
das condições laborais e de saúde, com a conscientização e conhecimento do ambiente
laboral. A prevenção primária é função principal da enfermagem do trabalho, pois, através
dela, é possível evitar danos à saúde que podem ocorrer entre os trabalhadores.
Segundo Villar (2002), muitos acidentes podem ser causados por erros humanos
e que a probabilidade de sua ocorrência pode ser reduzida quando se consideram
adequadamente as capacidades e limitações humanas e do ambiente. Finalmente,
enfatizam que a Ergonomia pode contribuir para prevenção de erros, melhorando o seu
desempenho e que alguns conhecimentos oriundos de estudos ergonômicos foram
convertidos em normas oficiais com o objetivo de estimular sua aplicação.
A Norma Regulamentadora 17 (NR17) visa estabelecer parâmetros que permitam
a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do
trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme
estabelecido nesta NR (BRASIL, 2002).
Especifica ainda as variadas modalidades de adequações do ambiente laboral ao
trabalhador, como por exemplo, o transporte manual de cargas, adequação de mobiliários
condizentes com a anatomia corporal e condições do ambiente de trabalho. Em seus
anexos, traz considerações sobre trabalhadores de checkout, telemarketing e outros, bem
como a necessidade de educação e conscientização dos princípios ergonômicos que
precisam contar com o incentivo do empregador e o intenso comprometimento e
conscientização dos profissionais (REIS, 2008).
A ergonomia não está somente preocupada com as condições físicas do trabalho,
mas também, com a sua organização. A ergonomia busca examinar o conteúdo das

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tarefas, os ritmos impostos aos trabalhadores, a divisão do trabalho, as relações de poder,
as relações interpessoais, fatores estes que convergem para a desmotivação e insatisfação
dos trabalhadores, no exercício de suas atividades (DOURADO; LIMA, 2011).

2.2 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO NA PREVENÇÃO DOS


RISCOS ERGONÔMICOS
A enfermagem consiste na prestação de cuidados que incluem ações de prevenção
proteção e recuperação da saúde, tendo como foco a atenção ao usuário dos serviços de
saúde. Porém, com o advento da tecnologia aumentou a carga de trabalho e,
consequentemente, a suscetibilidade dos trabalhadores aos agravos, o que significa dizer
que conjunturas advindas deste trabalho podem causar sofrimento e adoecimento,
exigindo dos pesquisadores, gestores e trabalhadores reflexões acerca da saúde do
trabalhador (ESPÍNDOLA; FONTANA, 2012).
O ingresso de novas funções no quadro funcional traz tanto para a empresa como
para os trabalhadores novos desafios, que podem ser abordados como fatores que
condicionam o comportamento humano no trabalho. Uma das novas funções que está
relacionada com a saúde ocupacional é a enfermagem do trabalho, que se caracteriza
como uma especialização nova, distinguindo-se como função inovadora (ZEITOUNE et
al, 2011).
Conforme denominado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o
enfermeiro do trabalho executa atividades relacionadas ao serviço de higiene, medicina e
segurança, integrando equipes de estudos com vistas à preservação da saúde e valorização
do trabalhador. Compete a este profissional estudar as condições de segurança e
periculosidade da empresa, efetuando observações nos ambientes laborais, discutindo-as
com a equipe multidisciplinar do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) e identificando necessidades de melhorias em Segurança
e Higiene do Trabalho. Deve elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde
dos trabalhadores, participar de grupos que realizam inquéritos sanitários, realizar
levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas, executar e avaliar
programas de prevenção de acidentes e de doenças profissionais ou não profissionais
entre outras atividades (ROTHSTEIN et al, 2013).
Dessa forma, visualiza-se a necessidade dos enfermeiros contribuírem na
produção do conhecimento em saúde do trabalhador e atuar no cuidado deste, em seus
processos produtivos, na perspectiva de prevenção, vigilância e promoção da saúde.

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Assim, investigar a relação do processo saúde-trabalho-ambiente no âmbito da carga de
trabalho é uma importante contribuição ao conhecimento na área de enfermagem do
trabalho (KIRCHHOF et al, 2011).
Rocha et al (2014), enfatizam que os enfermeiros do trabalho observam, executam
e avaliam programas de prevenção de acidentes e doenças nas empresas de acordo com a
linha de atividade da empresa. Para a realização dos treinamentos deve ter materiais e
profissionais suficientes para a demanda da empresa.
Para Vitta; Bertaglia e Padovani (2008), a melhor maneira de diminuir e/ou evitar
riscos ergonômicos é através de medidas simples como a adaptação dos postos de trabalho
e das tarefas realizadas e a educação dos trabalhadores para posicionamentos mais
funcionais e menos agressivos.
Couto (2002), afirma que a aplicação de medidas ergonômicas previnem futuras
complicações osteomusculares e danos à saúde, e ressalta que, ocorrendo uma interação
adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com o ambiente de
trabalho, pode ocorrer melhora na produtividade, redução da rotatividade e conflitos
causados pela falta de interesse ao trabalho.
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) tem o objetivo de observar
e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir
até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos. Sua missão é, portanto, a
preservação da saúde e integridade física dos trabalhadores e de todos os que interagem
com a empresa (RAMOS, 2014).
Cabe à CIPA investigar os acidentes e promover e divulgar o zelo pela
observância das normas de segurança, bem como a promoção da Semana Interna de
Prevenção de Acidentes (SIPAT). Aos trabalhadores da empresa compete indicar à CIPA
situações de risco, apresentar sugestões e observar as recomendações quanto à prevenção
de acidentes, utilizando os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de proteção
coletiva fornecidos pelo empregador, bem como submeter-se a exames médicos previstos
em Normas Regulamentadoras, quando aplicável (SILVEIRA, 2014).
A ergonomia de conscientização vem complementar a ergonomia de concepção e
correção, pois, por meio de treinamentos, o trabalhador poderá aprender a forma adequada
de utilizar seu ambiente de trabalho, cuidar do corpo ao adotar posturas corretas para
realizar suas atividades, bem como usar equipamentos de proteção, entre outras medidas
necessárias para a prevenção de doenças e acidentes. Enquanto a ergonomia de correção
e concepção tem como foco principal as alterações no ambiente de trabalho, a ergonomia

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de conscientização traz à tona a importância de ter o indivíduo como foco central e a
necessidade de conscientizá-lo (CUNHA; BLANK; BOING, 2009).
Torna-se necessário criar condições adequadas para que as pessoas possam
desenvolver a sua criatividade e evitar aquelas que possa gerar uma má qualidade de vida
e stress no trabalho. E isso passa pelas contribuições da ergonomia (LOURENÇO;
MENEZES, 2008).
Considera-se que o sofrimento do trabalhador está muito relacionado com a
contradição que existe entre trabalho prescrito e o trabalho real. Muitas vezes, as leis,
normas e regras da organização formam um emaranhado complexo e incoerente, o que
torna impossível a execução do trabalho prescrito e acaba gerando uma (des)organização,
levando o trabalhador ao sofrimento, pois esse se sente impotente de realizar o que lhe
foi designado (RAMOS et al, 2014).

3 DISCUSSÃO
A Saúde do Trabalhador é o conjunto de conhecimentos provenientes de diversas
áreas como medicina social, saúde pública, saúde coletiva, clínica médica, medicina do
trabalho, sociologia, epidemiologia social, engenharia, psicologia, entre outros, que
associadas às experiências e conhecimento prévio do trabalhador sobre a relação existente
entre o ambiente de trabalho e seu estado de saúde/doença, buscam promover as ações de
prevenção, assistência, de recuperação e promoção à saúde dos trabalhadores (SIMÕES
et al, 2011).
Configurando um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a
saúde do trabalhador vem apresentando uma modificação no seu perfil, um aumento dos
diagnósticos de patologias musculoesqueléticas, de alteração da capacidade psicológica
e o envelhecimento da força de trabalho e, consequentemente influenciando a capacidade
de trabalho (ISOSAKI et al, 2011).
Em síntese, como lembra a NR 17, o trabalho abrange não apenas as máquinas e
equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas toda situação em que ocorra
o relacionamento do homem com a atividade que executa. Isso envolve tanto o ambiente
físico e as condições oferecidas para que as tarefas se desenvolvam, como aspectos
organizacionais e interpessoais, tais como a forma pela qual esse trabalho é programado
e acompanhado para produzir os resultados desejados (DOURADO; LIMA, 2011).
A ergonomia se constitui na principal forma de prevenção de lombalgias e
dorsalgias no trabalho. Estima-se que a adoção de medidas ergonômicas de baixo custo

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no ambiente de trabalho é capaz de reduzir cerca de 80% a incidência de dores lombares
(COUTO, 2002).
O processo educativo e de formação constitui-se como um imperativo para o
enfermeiro que busca a excelência em sua aprendizagem, uma prerrogativa que aprofunda
e complementa, inclusive, habilidades e atitudes no enfermeiro do trabalho (PAZ;
KAISER, 2011).
A qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na sociedade, no
contexto da cultura e nos sistemas de valores em que vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. Infere-se que a qualidade de vida no trabalho é o
maior determinante da qualidade de vida total, pois passamos no ambiente laboral mais
de oito horas por dia, durante pelo menos trinta e cinco anos de nossas vidas (RAMOS et
al, 2014).
É de suma importância que os profissionais conheçam os recintos onde
desempenharão suas funções e os principais riscos inerentes a elas para se preservarem
de possíveis riscos à saúde, bem como a busca, pelo enfermeiro laboral, de subsídios que
os orientem e conscientizem das necessidades de prevenção (SILVA et al, 2011).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento da Ergonomia é de fundamental importância para se
compreender o comportamento humano no trabalho e na atividade cotidiana, visando
oferecer sua contribuição à concepção de novas situações de interação melhor adaptadas
ao homem. A busca de condições seguras e saudáveis dentro do ambiente de trabalho
significa proteger e preservar a vida e, principalmente, é mais uma forma de se construir
qualidade de vida.
A qualidade de vida no trabalho tem como objetivo alcançar a satisfação dos
indivíduos em situação de trabalho e dentro do possível, tornar a atividade laboral
agradável à percepção dos trabalhadores. Com isto, a produtividade, motivação e
comprometimento dos trabalhadores elevam-se, aumentando consequentemente o
desempenho da organização.
A inserção do enfermeiro do trabalho na equipe de provedores da saúde do
trabalhador é, certamente, grande conquista tanto para os empregados quanto para os
profissionais da enfermagem que têm a responsabilidade de zelar pelo bem-estar das
pessoas, independente de condições sociais ou posições no mercado de trabalho.
Contribuindo assim, para a melhoria das condições laborais junto com uma equipe

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multidisciplinar, no planejamento e acompanhamento de medidas preventivas que visem
em primeiro lugar à saúde, segurança e satisfação do trabalhador, orientando-os e
conscientizando-os.
Conclui-se que a adoção de práticas ergonômicas implica, entre outros, na
melhoria da qualidade de vida no trabalho, o que é condição essencial para o êxito de uma
empresa.

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