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ISSN: 2595-6825
DOI:10.34119/bjhrv4n5-204
Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.5, p. 21060-21071 sep./oct. 2021
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ISSN: 2595-6825
RESUMO
INTRODUÇÃO: Descrever os impactos causados pelo uso excessivo de telas no
desenvolvimento neuropsicomotor de crianças e adolescentes. METODOLOGIA: O
presente estudo foi elaborado a partir de pesquisas no mês de setembro de 2021 utilizando
o site da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as bases de dados virtuais U.S National
Library of Medicine (PUBMED) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO).
RESULTADOS: Foram selecionados 24 artigos em que 10 deles obtiveram relevância
para o presente estudo sendo eles selecionados de acordo com título, autoria/ano de
publicação, periódico publicado e método empregado no estudo. DISCUSSÃO: Foi
pesquisado a correlação da exposição às telas e os impactos à saúde, por exemplo, os
bebês que são apresentados de forma contínua a essas tecnologias, possuem,
frequentemente, atraso na fala e na linguagem. Adolescentes demonstram dificuldades na
compreensão da identidade e autonomia. Além disso, através das pesquisas analisadas,
foi possível perceber relação do tempo de tela com prejuízos à saúde mental, como
depressão e ansiedade. CONCLUSÃO: A utilização das mídias digitais de maneira
desenfreada causa impacto negativo no desenvolvimento neuropsicomotor de crianças e
adolescentes. Então, é de suma importância o controle na utilização destas tecnologias
desde o primeiro contato.
ABSTRACT
BACKGROUND: Describe the impacts caused by the excessive use of screens on the
neuropsychomotor development of children and adolescents. METHODS: The present
study was elaborated from research in September 2021using the website of The Brazilian
Society of Pediatrics (SBP), the virtual databases U.S National Library of Medicine
(PUBMED) and Scientific Eletronic Library Online (SciELO). RESULTS: We selected
24 articles in which 10 of them obtained relevance for the present study and they were
selected according to title, authorship/year of publication, published journal and method
used in the study. DISCUSSÃO: The correlation of exposure to screens and health
impacts was researched, for example, babies who are continuously introduced to these
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technologies often have speech and language delays. Adolescents demonstrate difficulties
in understanding identity and autonomy. In addition, through the analyzed research, it
was possible to perceive the relationship between screen time and damage to mental
health, such as depression and anxiety. CONCLUSION: The use of digital media in an
unrestrained way has a negative impact on the neuropsychomotor development of
children and adolescents. So it is extremely important to control the use of these
technologies from the first contact.
1 INTRODUÇÃO
O Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) é o processo de evolução
dinâmica, obtido a partir de estímulos, para que habilidades compreendidas pelos
domínios sensorial, motor, linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo sejam
adquiridas pelas crianças. Ele é determinado pela carga genética associado a fatores
ambientais, e geralmente avaliado nas consultas de puericultura por meio do teste de
triagem de Denver II, mas outros testes e escalas como teste de Gesell e escala de Bayley
também possuem tal finalidade (DENNIS ALEXANDER, et al., 2017).
Sabe-se que os primeiros 1000 dias de cada criança, associados à idade escolar e
a fase da adolescência são fundamentais para que os desenvolvimentos cerebral e mental
ocorram de maneira adequada, sendo o uso excessivo de todas as proporções de mídias
digitais por crianças em idades cada vez mais precoces um dos fatores responsáveis pelos
prejuízos mesmo que em longo prazo, nas áreas motora, de linguagem, e psicossocial que
englobam tal desenvolvimento (BUCHWEITZ A, 2016), sendo, portanto, esse tempo
prolongado de telas relacionado com a saúde física e mental dessas crianças e
adolescentes (LI CHAO, et al., 2020).
As crianças têm sido apresentadas às novas tecnologias cada vez mais cedo, com
o objetivo de mantê-las quietas para poderem realizar seus compromissos diários, os pais
as entretêm com as chamadas “telas” da era atual, como smartphones, celulares, tablets,
notebooks, computadores, videogames, televisão (ARUMUGAM, CATHERINE, et al.,
2021) seja para assistir vídeos, programas de televisão, filmes, desenhos animados ou até
jogos eletrônicos, entre outros, com a TV dominando o tempo total de tela nos pré-
escolares (FERREIRA JOANA, et al., 2020).
Diante do atual cenário da pandemia de COVID-19, presencia-se um intenso
aumento do uso delas, visto que com a restrição e isolamento sociais, entreter as crianças
de forma ativa, brincando, lendo história, cozinhando, enfim produzindo habilidades
necessárias para o seu crescimento e desenvolvimento exigem maior tempo e interação
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por parte dos seus responsáveis, diferente do recurso das mídias digitais que se torna uma
solução prática e rápida (MENDONÇA, RG, et al., 2021) para o estresse ocasionado de
estar no mesmo ambiente por grandes períodos de tempo (LIU, JIA JIA, et al., 2020).
Porém, essa distração passiva difere muito do brincar ativamente, direito das crianças e
adolescentes, que estão nesta fase de desenvolvimento (JURDI, ANDREA, et al., 2018).
Diante desse objeto de entretenimento inserido precocemente na vida humana,
instala-se a hipótese de que o uso de telas é prejudicial para o DNPM, por esse motivo, o
objetivo do presente estudo é descrever os impactos do uso prolongado de telas para o
DNPM por meio de uma revisão narrativa de literatura.
2 METODOLOGIA
Este trabalho é um estudo do tipo revisão narrativa da literatura, cuja pesquisa foi
realizada no mês de setembro de 2021, utilizando o site da Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), as bases de dados virtuais U.S National Library of Medicine (PUBMED)
e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). No site da SBP, foi encontrado o Manual
de Orientação: Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital, que foi selecionado para compor
a bibliografia deste trabalho. Além disso, nas bases de dados virtuais, os critérios de
inclusão utilizados foram artigos científicos publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas
inglês, português e espanhol, com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Screen
time” e “Developmental disabilities” combinados através do operador booleano AND,
com os termos “Excessive screen time”. Os resultados da pesquisa, a partir desses
critérios estabelecidos, foram 26 artigos na plataforma PUBMED e 121 na plataforma
SciELO. Adotou-se como critério de exclusão publicações científicas cujo título e resumo
não contemplavam o objetivo deste estudo. Desses, 24 artigos foram selecionados para
leitura e composição da bibliografia deste trabalho.
3 RESULTADOS
Os artigos analisados foram publicados em periódicos nacionais e internacionais.
Foram selecionados 24 estudos. O mais recente foi publicado no ano de 2021 e o mais
antigo no ano de 2017. Dos 24 estudos selecionados, 10, descritos na Tabela 1,
apresentaram maior relevância para este estudo e denotam uma síntese dos principais
referenciais teóricos obtidos nesta busca bibliográfica. Esses trabalhos foram
selecionados de acordo com título, autoria, ano de publicação e método empregado no
estudo.
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Tabela 1. Principais estudos que evidenciam a relação entre o tempo excessivo de telas e o
desenvolvimento pediátrico.
Título Autoria Ano Metodologia
Screen time duration and timing: MINESHITA, Y., et 2021 Estudo transversal
effects on obesity, physical al.
activity, dry eyes, and learning
ability in elementary school
children
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4 DISCUSSÃO
Houve, nos últimos anos, um aumento do consumo de conteúdo e utilização de
telas pelas crianças. Supõe-se que isto seja resultado da progressão da globalização e do
aumento do acesso à tecnologia pela população, que passou, cada vez mais, a oferecê-la
aos seus filhos (DOMINGUES-MONTANARI, 2017). Segundo Patraquim (2018), o
acesso facilitado aos equipamentos eletrônicos aumenta a probabilidade de utilização de
dispositivos eletrônicos.
Em um estudo transversal realizado com 126 crianças com idade média de 85
meses, uma porcentagem significativa tem acesso às mídias no quarto: televisão (61,9%),
videojogos (20,6%) e computador (34,1%). Como resultado, é possível notar uma
crescente correlação negativa quanto ao desenvolvimento psíquico motor das crianças
expostas com frequência às telas. Da mesma forma, é possível notar o aumento dos casos
de obesidade, depressão, ansiedade e distúrbios de sono nestas crianças (DOMINGUES-
MONTANARI, 2017).
Atualmente, o Canadá e a Austrália, países mundialmente conhecidos pelo acesso
à saúde, informação, promoção e prevenção de saúde, recomendam um limite de zero
horas de exposição a telas nos dois primeiros anos de vida de uma criança (BARBER,
2017). Segundo Barber (2017) em um estudo longitudinal prospectivo, realizado com
1558 mães, mais da metade das crianças com um ano de idade ultrapassou o limite de
zero horas de tela. Ou seja, é possível inferir que a apresentação das crianças à TV ou
outros aparelhos, inicia-se cada vez mais precocemente, nos primeiros meses da infância.
Desta forma, bebês que ficam expostos às telas por tempo excessivo,
frequentemente, têm atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2019). Segundo Horowitz-Kraus (2017), as horas de
exposição às telas relacionam-se, negativamente, à funcionalidade entre a área visual da
formação de palavras e as regiões do cérebro encarregadas do controle cognitivo, como
as áreas 24 e 13 do Brodmann direito e as áreas 25 e 47 do Brodmann esquerdo.
Já com os adolescentes, o mundo tecnológico pode interferir no desenvolvimento
da sua identidade, autonomia e conexão social (CANADIAN PAEDIATRIC SOCIETY,
DIGITAL HEALTH TASK FORCE, 2019), além da prevalência do hábito sedentário que
pode se prolongar pelas décadas futuras e ainda contribuir para danos da saúde física e
mental (SCHAAN CW, et al., 2019)
Ademais, o decrescimento da adesão a atividades físicas, contribui para a
obesidade dessas crianças. Segundo um estudo transversal representativo, composto por
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899 alunos brasileiros de ensino médio com idade média de 15,95 ± 1,26 anos, 83,2%
foram classificados como insuficientemente ativos e 84,8% com o tempo elevado de tela.
Ao verificar a presença combinada do nível insuficiente de atividade física e do elevado
tempo de tela, obteve-se 72,1%, valor considerado alto (PIOLA et al., 2020). De acordo
com Pitanga (2019), o principal mecanismo que explica a relação entre o tempo de tela e
a saúde cardiovascular e metabólica é a diminuição da atividade da lipoproteína lipase
(LPL) durante a atividade sedentária, o que dificulta a absorção dos triglicerídeos
plasmáticos pelos músculos esqueléticos e contribui para a deposição de gordura nos
vasos ou tecido adiposo.
Como consequência, esse comportamento sedentário pode influenciar
negativamente nas capacidades acadêmicas das crianças, ao causar dificuldade de
aprendizado e compreensão. Além disso, a exposição prolongada a essas telas, pode levar
à síndrome do olho seco por causa da lubrificação insuficiente dos olhos. Há, também,
diminuição da secreção de melatonina, hormônio do sono, como consequência da
exposição à luz no período noturno, alterando assim o relógio biológico do sono, o que
pode provocar insônia, potenciada pela ansiedade, comum nesses casos (MINESHITA,
2021).
De acordo com Silva (2017), uma maior exposição à TV está diretamente
relacionada com uma maior quantidade de episódios de parassonia, esses, ocorrendo mais
frequentemente em adolescentes que passam mais de três horas por dia assistindo
televisão. Um estudo transversal composto por 269 adolescentes com 14 anos de idade
correlacionou a qualidade do sono com o desempenho acadêmico dos alunos mediado
pelo tempo de uso da internet e concluiu que o tempo de telas prejudica a qualidade do
sono e, consequentemente, o desempenho acadêmico dos adolescentes. Com isso, o uso
de telas foi associado de forma negativa aos indicadores de desempenho acadêmico e
cognitivo e de capacidade de raciocínio (RENAU et al., 2019).
Além dos prejuízos diretos à saúde referidos nos casos em que crianças utilizam
demasiadamente das telas, é possível referir, também, malefícios relacionados com os
conteúdos aos quais estas são expostos. Por exemplo, de acordo com a pesquisa TIC
KIDS ONLINE, realizada com crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos,
apontou que esses, relataram conteúdos com gatilhos quanto à alimentação, sono,
suicídio, uso de drogas, mensagens ofensivas (cyberbullying) e acesso a fotos ou vídeos
com teor sexual. (BRASIL, 2018). Logo, é possível notar que o tempo excessivo de
acesso a esses conteúdos pode, também, apresentar riscos à saúde mental dessas crianças,
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5 CONCLUSÃO
As utilizações das mídias digitais desenfreadas atrapalham no desenvolvimento
neuropsicomotor, prejudicando a saúde física e mental, deixando as crianças mais
sedentárias e menos interativas. Logo, contribui para o surgimento de doenças como
obesidade e depressão. Pode-se comprovar pelos estudos, que o uso em excesso dessas
tecnologias afeta negativamente as crianças, sendo necessária a conscientização dos pais
e responsáveis para monitorar o uso destes aparelhos. Ademais, a intervenção deve ser
feita desde o primeiro contato, visto que os malefícios da longa exposição se iniciam
precocemente. O estudo mostrou-se limitado quanto ao aumento da utilização dessas telas
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https://doi.org/10.1186/s12889-021-10484-7
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