LISTA DE EXERCÍCIOS - EXAME DE SELEÇÃO - PROFESSORA LETÍCIA MELO
ALUNO: __________________________________________________________________
TEXTO 1:
“Justiceiros” lincham suspeito de assalto até a
morte no Maranhão
Homem suspeito de cometer assalto é amarrado a
poste e agredido por “justiceiros” com socos,
chutes, pedradas e garrafadas. Ele perdeu a vida
ainda no local. O caso ocorreu em São Luís - MA
Um homem suspeito de ter cometido um
assalto foi amarrado em um poste e espancado até
a morte por moradores do bairro São Cristóvão, em
São Luís, no Maranhão. De acordo com a Polícia
Civil, Cleydenilson Pereira Silva, de 29 anos, teve
suas roupas rasgadas e as mãos, pernas e tronco
presos a um poste de luz. Agredido com socos,
chutes, pedradas e garrafadas, não resistiu e
perdeu a vida ainda no local, por conta de uma
hemorragia.
Um adolescente, que também participou do
assalto, foi apreendido depois de também ser
agredido pela população. Ele teve escoriações leves
e foi encaminhado para a Delegacia do Adolescente
Infrator (DAI). O pai de Cleydenilson esteve no local
para reconhecer o corpo e disse desconhecer
qualquer envolvimento do filho com crimes. A
Polícia Civil informou que o caso é investigado em
sigilo pela Delegacia de Homicídios da capital
maranhense, que trabalha para identificar os
autores do linchamento. Até o momento, nenhum
suspeito foi detido.
O corpo do rapaz foi levado ao Instituto
Médico Legal de São Luís. Ainda não há previsão de
sepultamento.
(Disponível em:
<http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/07/html>.
Acesso em: 27 jun 2015.)
TEXTO 2:
QUINHENTOS MIL CONTRA UM:
Linchamento é fruto de um Estado débil. No
ranking do horror, São Paulo, Salvador e Rio
lideram
POR: Flávia Tavares - O Estado de S. Paulo
No fim de semana passado, três homens
suspeitos de roubo foram linchados na periferia de
Salvador. No sábado, Emílio Oliveira Silva e Michael
Santa Izabel, acusados de saquear residências da
vizinhança, foram linchados por mais de 30
pessoas. Emílio foi morto a pauladas. Domingo, a
vítima foi um homem de identidade desconhecida.
Ele também foi perseguido por mais de 30
moradores, que o acusavam de roubar uma TV.
Morreu no local, a 200 metros de onde Emílio e
Michael foram atacados. Na noite de segunda-feira,
em Ribeirão Preto (SP), o estudante Caio
Meneghetti Fleury Lombardi, que invadiu um posto
de gasolina, atropelou o frentista Carlos Pereira
Silva e tentou fugir, sofreu uma tentativa de
linchamento. Por fim, na quinta-feira, um
adolescente da Fundação Casa (ex-Febem) foi
linchado até a morte por outros internos, em
Franco da Rocha (SP).
Foram cinco casos noticiados em 6 dias.
Não se trata de uma epidemia - em nosso contexto,
é algo normal. José de Souza Martins, sociólogo,
estuda linchamentos há quase 30 anos e
documentou 2 mil casos. Ele faz uma estimativa
surpreendente: no Brasil, possivelmente o país que
mais lincha no mundo, há 3 ou 4 casos por semana.
Geralmente, nas periferias das cidades, como São
Paulo, Salvador e Rio de Janeiro à frente.
A análise minuciosa de como se dão essas
atrocidades é dolorosa, mas reveladora. Mais de
500 mil brasileiros e brasileiras, incluindo crianças,
participaram de linchamentos nos últimos 50 anos
- e quase ninguém foi punido. A sequência de
agressões vai do apedrejamento à mutilação. Não é
uma questão de pura maldade: é a população
agindo, equivocadamente, onde a Justiça não atua.
O Brasil é o país que mais lincha no mundo?
José de Souza Martins: Possivelmente. Isso nos
últimos 50 anos, período que minha pesquisa
abrange. Não dá para ter certeza, porque
linchamento é o tipo de crime inquantificável.
Mesmo os americanos, quando tentaram numerar
seus casos, tiveram fontes precárias. O
linchamento é um crime altruísta, ou seja, um
crime social com intenções sociais. O linchador age
em nome da sociedade. É um homem de bem que
sabe que está cometendo um delito e não quer
visibilidade. Por outro lado, no Código Penal
brasileiro, não existe o crime de linchamento,
somente o homicídio. Então, ele não aparece nas
estatísticas. Os casos são diluídos. Estimo que
aconteçam de 3 a 4 linchamentos no País por
semana, na média. São Paulo é a cidade que mais
lincha. Depois, vêm Salvador e Rio de Janeiro.

Que análise o senhor faz de um país habituado ao

linchamento?

José de Souza Martins: As sociedades lincham

quando a estrutura do Estado é débil. Há
momentos históricos em que isso acontece. Na
França, depois da 2ª Guerra Mundial, quando não
Disponível em:
havia uma ordem política, havia a tonsura (a <http://sociologiaextreme.blogspot.com.br/2009/06/lincham
raspagem dos cabelos) de mulheres que tiveram ento-o-texto-na-integra.html>. Acesso em: 27 jul 2015.
relações sexuais com nazistas. Era uma forma de
estigmatizar, para que ela ficasse marcada. O TEXTO 4:
linchamento original, nos Estados Unidos, tinha
essa característica.
(Disponível em:
<http://sociologiaextreme.blogspot.com.br/2009/06/lincham
ento-o-texto-na-integra.html>. Acesso em: 27 jun 2015.
(Adaptado para uso nesta avaliação.)
TEXTO 3:
Os 200 anos entre as duas cenas servem de
reflexão: evoluímos ou regredimos? Se antes os
escravos eram chamados à praça para verem com
os próprios olhos o corretivo que poupava apenas
os 'homens de sangue azul, juízes, clero, oficiais e
vereadores', hoje, avançamos para trás.
Cleydenilson da Silva, de 29 anos, negro, jovem e
Disponível em:
favelado como a imensa maioria das vítimas de <https://latuffcartoons.wordpress.com/tag/violencia/>.
nossa violência, foi linchado após assaltar um bar Acesso em 27 jun 2015.
em São Luís, no Maranhão. Se, em 1815, a 1) O título do Texto 1
multidão assistia, impotente, à barbárie, em 2015, a) aceita a ação da população diante do fato
a maciça maioria aplaude a selvageria. Literalmente ocorrido.
- como no subúrbio de São Luís - ou pela internet. b) antecipa um posicionamento do autor em
Dos 1.817 comentários no Facebook do EXTRA, relação ao fato ocorrido.
71% apoiaram os feitores contemporâneos. c) critica um posicionamento do autor em relação
ao fato ocorrido.
d) nega a adesão da população ao fato ocorrido.
2) No Texto 1, predomina a
a) argumentação.
b) exposição.
c) descrição.
d) narração.
3) Quanto ao gênero, o Texto 1 configura-se como
a) uma notícia.
b) um editorial.
c) um comentário.
d) uma reportagem.
4) A leitura global do Texto 1 permite inferir que a
vítima
a) foi agredida, verbalmente, pela população até a
morte.
b) foi responsável pelo crime de que foi acusada.
c) era um adolescente envolvido com o crime.
d) era suspeita de cometer um crime.
5) A principal intenção comunicativa do Texto 1 é
a) opinar.
b) criticar.
c) debater.
d) informar.
6) Considerando a exigência do gênero, no Texto
1, predominam marcas da variedade
a) formal da linguagem, mais monitorada.
b) informal da linguagem, menos monitorada.
c) formal da linguagem, menos monitorada.
d) informal da linguagem, mais monitorada.
Considere o trecho a seguir, retirado do Texto 1,
para responder à questão 7.
Homem suspeito de cometer assalto é amarrado
a poste e agredido por “justiceiros” com socos,
chutes, pedradas e garrafadas. Ele perdeu a vida
ainda no local. O caso ocorreu em São Luís – MA.
7) As expressões destacadas exercem,
respectivamente, função de
a) complemento verbal e agente da passiva.
b) complemento nominal e agente da passiva.
c) agente da passiva e complemento nominal.
d) complemento nominal e complemento nominal.
Considere o trecho a seguir, retirado do Texto 1,
para responder às questões 8 e 9.
Um adolescente, que (1) também participou do
assalto, foi apreendido depois de também ser
agredido pela população. Ele teve escoriações
leves e foi encaminhado para a Delegacia do
Adolescente Infrator (DAI). O pai de Cleydenilson
esteve no local para reconhecer o corpo e disse
desconhecer qualquer envolvimento do filho
com crimes. A Polícia Civil informou que (2) o
caso é investigado em sigilo pela Delegacia de
Homicídios da capital maranhense, que (3)
trabalha para identificar os autores do
linchamento. Até o momento, nenhum suspeito
foi detido.
8) Em relação aos elementos linguísticos
destacados, é correto afirmar que apenas
a) o segundo e o terceiro pertencem à mesma
classe de palavra e interligam duas orações.
b) o primeiro e o segundo pertencem à mesma
classe de palavra e interligam duas orações.
c) o segundo e o terceiro pertencem à mesma
classe de palavra e retomam informação
anteriormente explicitada.
d) o primeiro e o terceiro pertencem à mesma
classe de palavra e retomam uma informação
anteriormente explicitada.
9) De acordo com as convenções do padrão formal
escrito, em relação ao uso da vírgula no trecho, é
correto afirmar que
a) todas são facultativas.
b) todas são obrigatórias.
c) apenas as duas últimas são obrigatórias.
d) apenas as duas primeiras são obrigatórias.
10) Com relação à estrutura sintática do trecho,
assinale a opção correta.
a) O primeiro período é composto por três orações.
b) O segundo período é composto por três orações.
c) O segundo período é composto por cinco
orações.
d) O primeiro período é composto por quatro
orações.
11) A leitura do Texto 2 permite inferir que
a) no Brasil, o linchamento tende a se tornar uma
prática banal.
b) no mundo inteiro, a prática do linchamento já
está sendo reprimida.
c) no Brasil, a prática do linchamento acontece
apenas em situações pontuais.
d) no mundo inteiro, a prática do linchamento tem
apenas a finalidade de estigmatizar
12) De acordo com o Texto 2, o linchamento é
a) uma necessidade.
b) uma epidemia.
c) um equívoco.
d) um pecado.
13) A palavra “altruísta”, no Texto 2, estabelece
uma relação de antonímia com
a) egoísta.
b) solidário.
c) acomodado.
d) despretensioso.
14) De acordo com a leitura do Texto 3,
a) a violência contra os negros, antigamente, era
defendida pela multidão impotente.
b) a violência contra os negros, atualmente, é vista
com naturalidade por toda a população.
c) o linchamento é uma prática que se aplica a
pessoas de quaisquer classes sociais que cometam
delitos.
d) o linchamento é uma prática antiga que se
aplica, geralmente, a pessoas de classes sociais
menos favorecidas.
15) Os textos 1, 2, 3 e 4 apresentam em comum
a) o gênero textual.
b) o recorte temático.
c) a sequência textual.
d) a variante regional.