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SUMÁRIO

Este trabalho trata de um tema que vem nos últimos tempos sendo falado, questionado.
Motivo? O Brasil é um país aonde vem continuamente acontecendo linchamentos. Por quê?
Qual o sentido desse tipo de comportamento? O que leva as pessoas a agirem dessa forma?
Afinal, por que as pessoas usam esse tipo de “justiçamento”? Estas e outras perguntas
permeiam por este trabalho. É lógico, que não serão respondidas as questões de tal forma que
não deverão vir mais a tona. Não. O objetivo deste trabalho é ajudar numa análise profunda da
nossa sociedade, o seu senso de justiça.

O que realmente há num gesto deste, que mais que uma barbárie, denota um
estrangulamento na credibilidade das instituições que deveriam estar respondendo com um
trabalho eficaz na segurança e na prática da justiça. Sim, porque o linchamento hoje em dia
praticado, traz em seu bojo além de um conceito intrínseco de descrédito de que os
criminosos sejam punidos de forma tal que faça com que haja decréscimo nos atos ilícitos, há
também, ao que parece, um momento em que as pessoas colocam para fora seus estresses,
seus sentimentos de desilusão, suas mágoas, contando com a possibilidade grande de não ser
reconhecido.

Neste trabalho você encontrará alguns relatos de linchamentos, retirados de jornais, sites,
textos feitos por jornalistas, bem como de pesquisadores, jornalistas que tentam de alguma
maneira fazer um estudo aprofundado sobre este tema. Mas, não ficamos somente em
contos, relatos, temos aqui algumas impressões e/ou conclusões de estudiosos que se
debruçaram por este assunto, para que chegasse a um entendimento melhor de uma ação que
remete a um passado que chega às épocas antigas da história humana.

Linchamento é um “fenômeno que sempre ressurge diante de ondas de temor. Diante do


medo, queremos uma solução imediata, e tendemos a abrir mão das nossas regras [leis].”
(Jaqueline de Oliveira Muniz).
1 – INTRODUÇÃO

A prática de assassinatos por multidões era comum na antiguidade, com inúmeros relatos de
apedrejamento de pecadores, queima de bruxas, entre outros.

A origem da palavra linchamento é atribuída a Charles Lynch, fazendeiro da Virgínia, nos


Estados Unidos, que punia criminosos durante a Guerra da Independência em 1782; e ao
capitão William Lynch, que teria mantido um comitê para manutenção da ordem no mesmo
período.

Em 1837, surge a Lei de Lynch (bater com pau), baseada nos atos do fazendeiro, usada para
pregar o ódio racial contra índios, principalmente na Nova Inglaterra, apesar das leis que os
protegiam, bem como contra os negros perseguidos pelos "comitês de vigilância" que darão
origem ao Ku Klux Klan. No sul, é a desconfiança da lei e a reivindicação de anarquia que
favoreceram seu desenvolvimento.

Nos Estados Unidos, antes da Guerra Civil Americana, o linchamento era usado principalmente
contra defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. No entanto, por volta de
1880, seu uso se expandiu para grupos de status social supostamente mais baixo, como
negros, judeus, índios e imigrantes asiáticos. A prática do linchamento ficou particularmente
associada ao assassinato de negros no sul dos Estados Unidos, no período anterior às reformas
dos direitos civis da década de 1960. Menos de 1% dos participantes de linchamentos nos
Estados Unidos foram presos. Mais de 85% dos estimados 5000 linchamentos do período
posterior à guerra civil ocorreram nos estados do sul do país, mas o problema era nacional,
com um ápice em 1892, quando 161 negros foram linchados.

No Brasil, o registro do primeiro linchamento data de 1585, em Salvador, Bahia, causado por
religião. “Tivemos linchamentos de abolicionistas, no século XIX, motivados pela luta contra a
escravidão. Sua prática já ocorria nos EUA, no século XVIII, quando a essa violência foi
associado o nome do juiz Lynch, que punia desse modo os condenados.”

Hoje no Brasil, linchamentos ocorrem quando alguém pratica (ou é suspeito de ter praticado)
algum crime odioso (considerado assim por ser praticado contra alguém indefeso, como uma
criança, ou por se valer de força), como estupro, atentado violento ao pudor ou sodomia,
assassinato ou lesão corporal grave (atropelamento, por exemplo).

Portanto, o linchamento constitui um fenômeno violento de difícil conceituação, pela


multiplicidade dos aspectos envolvidos; sua definição tem gerado muitas controvérsias;
contudo, algumas características do linchamento são comuns em diversos estudos e podem
ser descritas sem grande ambivalência. Deste modo, os linchamentos são crimes cometidos
por cidadãos em uma multidão, contra uma pessoa ou grupos menores que romperam uma
norma social preestabelecida.
2 – DESENVOLVIMENTO

Linchamento ou linchagem é o assassinato de uma ou mais pessoas cometido por uma


multidão com o objetivo de punir um suposto transgressor ou para intimidar, controlar ou
manipular um setor específico da população. O fenômeno está relacionado a outros meios de
controle social, mas tem a característica de se tornar um tipo de espetáculo público.

Os linchamentos vêm ganhando notoriedade no Brasil desde os últimos vinte anos. Eles têm
ocorrido mais ou menos paralelamente a outras duas formas de comportamento coletivo: os
saques e os quebra-quebras. Na verdade, os linchamentos não são uma novidade na sociedade
brasileira. Há registros documentais de formas de justiça mento desse tipo no país já na
primeira metade do século XVIII, antes mesmo que aparecesse a palavra que o designa. Os
jornais brasileiros do final do século XIX, aproximadamente a partir das vésperas da abolição
da escravatura negra, trazem frequentes notícias de linchamentos nos Estados Unidos, mas
também, no Brasil.

O Brasil está entre os países que mais cometem esse tipo de ato violento no mundo: são
quatro linchamentos e tentativas de linchamento por dia. Apenas nos últimos 60 anos, ao
menos 1 milhão de brasileiros participou de ações de justiça mento de rua.

Na multidão, o agressor age como se não fosse ele mesmo, como se fosse outro sujeito.
Raramente recorda-se do que fez e de como o fez. O aglomerado de pessoas, que age
impulsiva e violentamente fora do marco da razão e do indivíduo. “O sujeito coletivo age
irracionalmente e sua conduta não se explica pelas regras conscientes das motivações
individuais e pessoais.”

Mas o que leva um grupo de pessoas a adotar uma ação tão cruel e irracional? Para Martins, o
Brasil passa por uma crise política e moral que se traduz em crescente descrença nas
instituições do Judiciário, Legislativo e Executivo. “No geral, a população perdeu a confiança na
polícia e na Justiça e cada vez mais faz justiça pelas próprias mãos”.

Além de ferir ou lesar pessoas, a violência fere também valores referenciais e fundantes da
concepção do que é a condição humana. “A violência que recai sobre os inocentes é a principal
motivadora de linchamentos: estupro de crianças, assassinato de pessoas que supostamente
deveriam estar sob proteção de quem às mata (como os incapazes, filhos, pais, desvalidos).
Mas também o roubo de trabalhadores, de gente que luta para sobreviver. Mesmo nos casos
de motivos fúteis, há uma aguda consciência popular do descabimento de atos que são
considerados também atos de desrespeito pela condição humana do outro.” Podemos dizer
que, em todo linchamento, há um fundo comunitário de referência na ação violenta, uma
identidade de pequeno grupo, mesmo quando se trata de multidões consideráveis. Naquele
curto momento, o que une os participantes são valores sociais de tipo comunitário, ainda que
se trate de uma identidade de curta duração e provisória.
Em casos frequentes, a comunidade é quase real, pois envolve família e vizinhança. “Os crimes
punidos com linchamentos são crimes que ferem relações e realidades familísticas e vicinais,
aquilo que é propriamente comunitário, crimes que atingem mais do que indivíduo vitimado e
sim a pessoa como sujeito de relações comunitárias”.

Normalmente, o linchamento acontece antes que a polícia chegue ao local onde está o
acusado, embora possam acontecer tentativas de linchamento na entrada das delegacias,
quando a força policial não consegue controlar o ódio da população. Quanto à forma,
diversamente do que se sucede em outras regiões do mundo, no Brasil o linchamento não
termina com um enforcamento, mas com agressão da pessoa linchada.
1 – LINCHAMENTOS NO BRASIL

Vejamos alguns casos de linchamento no Brasil que ganharam repercussão nacional.


Utilizaremos aqui uma parte da matéria de Thais Paiva, intitulada O Brasil dos linchamentos,
do Adital Jovem.

O 1º caso que ela aborda aconteceu em 03 de maio de 2014, em Morrinhos IV, bairro
periférico da cidade do Guarujá, localizada no litoral de São Paulo. Fabiane Maria de Jesus, 33
anos, dona de casa e mãe de duas crianças, foi espancada até a morte ao ser confundida com
uma sequestradora de crianças e adepta de rituais de "magia negra”. Sem nenhuma chance de
defesa, Fabiane sucumbiu diante da multidão enlouquecida, que a agredia em meio a
xingamentos e berros por justiça.

O caso, que ganhou repercussão nacional, está longe de ser um episódio isolado de crueldade.
O Brasil está entre os países que mais cometem esse tipo de ato violento no mundo: são
quatro linchamentos e tentativas de linchamento por dia. Apenas nos últimos 60 anos, pelo
menos 1 milhão de brasileiros participaram de ações de justiçamento de rua. Este cenário, que
parece extraído da Idade Média, é apresentado no livro "Linchamentos: a justiça popular no
Brasil” (Editora Contexto, 2015), de José de Souza Martins, sociólogo e professor titular
aposentado de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
[Universidade de São Paulo].

Fruto de um trabalho de pesquisa de mais de 20 anos, o livro procura elucidar as raízes e a


perduração de um comportamento tão violento e arcaico na sociedade brasileira. O
linchamento é definido como um ato violento praticado por uma multidão contra uma ou mais
pessoas. As multidões linchadoras podem ter 10 ou mais de 1 mil indivíduos. Não é o número
de participantes que as define, mas sim o tipo de comportamento súbito, irracional, coletivo e
de curtíssima duração que as caracteriza. "No livro, refiro-me ao ‘comportamento de
multidão’, completamente diverso do comportamento individual. Na multidão, o agressor age
como se não fosse ele mesmo, como se fosse outro sujeito. Raramente, recorda-se do que fez
e de como o fez”, distingue o sociólogo.

O interesse da literatura científica pelo comportamento de multidão iniciou-se no século XIX,


com o livro "A psicologia das multidões”, de 1895, escrito pelo francês Gustave Le Bon. Na
obra, o autor discorre sobre o protagonismo de um novo sujeito social: o aglomerado de
pessoas, que age impulsiva e violentamente fora do marco da razão e do indivíduo. "O sujeito
coletivo age irracionalmente e sua conduta não se explica pelas regras conscientes das
motivações individuais e pessoais”, assinala Martins. No Brasil, o registro do primeiro
linchamento data de 1585, em Salvador, Bahia, causado por religião. "Tivemos linchamentos
de abolicionistas, no século XIX, motivados pela luta contra a escravidão. Sua prática já ocorria
nos Estados Unidos, no século XVIII, quando a essa violência foi associado o nome do juiz
Lynch, que punia desse modo os condenados”, conta o sociólogo.

Mas o que leva um grupo de pessoas a adotar uma ação tão cruel e irracional? Para Martins, o
Brasil passa por uma crise política e moral que se traduz em uma crescente descrença nas
instituições do Judiciário, Legislativo e Executivo. "No geral, a população perdeu a confiança na
polícia e na justiça e, cada vez mais, faz justiça com as próprias mãos”, explica.

Além de ferir ou lesar pessoas, a violência fere também valores referenciais e fundantes da
concepção do que é a condição humana. "A violência que recai sobre os inocentes é a principal
motivadora de linchamentos: estupro de crianças, assassinato de pessoas que, supostamente,
deveriam estar sob proteção de quem as mata (como os incapazes, filhos, pais, desvalidos).
Mas também o roubo de trabalhadores, de gente que luta para sobreviver. Mesmo nos casos
de motivos fúteis, há uma aguda consciência popular do descabimento de atos que são
considerados também atos de desrespeito pela condição humana do outro”.

Continua o autor: “Podemos dizer que, em todo linchamento, há um fundo comunitário de


referência na ação violenta, uma identidade de pequeno grupo, mesmo quando se trata de
multidões consideráveis”.

Naquele curto momento, o que une os participantes são valores sociais de tipo comunitário,
ainda que se trate de uma identidade de curta duração e provisória. Em casos frequentes, a
comunidade é quase real, pois envolve família e vizinhança. "Os crimes punidos com
linchamentos são crimes que ferem relações e realidades familísticas e vicinais, aquilo que é
propriamente comunitário, crimes que atingem mais do que indivíduo vitimado e sim a pessoa
como sujeito de relações comunitárias”.

Os linchamentos revelam também um descompasso entre os avanços do homem do século XXI


e uma mentalidade arcaica. Foi isso, por exemplo, que aconteceu no brutal linchamento de
Fabiane. "O fato de portar um livro preto (uma Bíblia) aumentou a suspeita de que era
também feiticeira. Concepções arcaicas e retrógradas como essas foram difundidas por meio
de um dos mais modernos e poderosos instrumentos de comunicação (a Internet). O fato
revela que estamos incorporando ao cotidiano meio cuja modernidade está em completo
descompasso com a mentalidade de quem os usa”.

Tanto no caso do menor surrado e acorrentado por motoqueiros a um poste no Rio de Janeiro
quanto no caso da mãe de família linchada no Guarujá por mais de 1 mil pessoas, o
fundamento último das ações foi o medo, traduzido, porém, em preconceito, racial num caso e
social no outro. "Ações motivadas, em ambos os casos, por antivalores, os da recusa do direito
à diferença”, conclui Martins.

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=85012

Cleidenilson da Silva 29 anos, morto no Jardim São Cristovão após tentativa de homicidio Foto:
Biné Moraes

Clarissa Monteagudo

“Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra”. A imagem do jovem negro
amarrado a um poste mostra que, 127 anos depois da abolição da escravatura, a sociedade
brasileira ainda reproduz as cenas que o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) lutava para
extirpar do país.

A conclusão é do historiador Luiz Antonio Simas, que cita a obra do historiador e diplomata
abolicionista para analisar as reações inflamadas à capa do EXTRA. A relação entre a execução
sumária e a escravidão suscitou amplo debate nas redes sociais.
— A chave para entender essa questão é a frase do Joaquim Nabuco. O mais complicado é
acabar com a obra da escravidão. São quatro séculos de uma cultura escravocrata, onde a
violência está presente, naturalizada. É claro que é preciso denunciar a tortura no período da
ditadura militar, mas é preciso lembrar que a tortura é uma prática sistemática e cotidiana no
Brasil em 500 anos. Essa naturalização da violência é obra da escravidão. E é terrível — explica
o professor.

Já o historiador Nereu Cavalcanti ressalta que as reações favoráveis à execução sumária são
um reflexo da descrença da população brasileira no Estado.

— A população se sente abandonada. Não adianta discutir se está certo ou errado, mas ver as
causas da doença, que é a falta de credibilidade do estado, no qual a alta cúpula dos governos
é condenada por corrupção. O governo brasileiro é uma fábrica de bandidos. Essa é a origem
da doença, um estado corrupto em todas as suas esferas — declara o historiador, que também
ressalta o massacre dos indígenas e as cenas da escravidão, ainda vivos na sociedade:

— A abolição foi ontem. O brasileiro tem resquícios dentro dele, de que é superior por
questões de cor e agora também ao nordestino, aos índios. A população indígena no Brasil foi
trucidada.

Para a antropóloga Alba Zaluar, o criminoso é desumanizado no Brasil.

— Houve escravidão em muitos países e não é isso que justifica a violência. A questão é mais
complexa. Temos a visão horrorosa do que os soldados americanos fizeram com prisioneiros e
eles não eram escravos. Acontece nos combates radicais em que o inimigo é desumanizado. O
criminoso é visto assim no Brasil. Ele é desumanizado e sofre horrores na prisão. Aqui, se o
traficante morre em confronto não tem problema. Como não? O problema é transformar o
outro em inimigo e desumanizá-lo — afirma Alba.

O deputado federal Chico Alencar também comentou o caso: “[...]É muito educativo mostrar
as semelhanças entre a opressão da escravidão sobre o povo negro do Brasil, com argola, ferro
e chibata, e a raiva materializada em maus-tratos do passado, e o instinto de vingança
sumária. O justiçamento representa a descrença em qualquer solução civilizada. A população
carcerária do Brasil aumentou 574% nos últimos 25 anos. E o registro de atos violentos cresceu
114% nesta última década. Toda violência no Brasil, fora os casos isolados de psicopatia, é
fruto de nossa estrutura social. Não significa dizer que todo miserável é violento, mas uma
análise da população carcerária, do acesso à escola mostra uma evidente correlação entre a
violência e a estrutura social. Países mais desiguais são mais violentos.”
2- LINCHAMENTOS NO MARANHÃO.

Cleidenilson Pereira da Silva foi linchado por pedestres que o amarraram em poste. Foto: Biné
Morais

Extra

O assassinato brutal de Cleidenilson Pereira Silva, espancado até a morte em São Luis, no
Maranhão, após uma tentativa de assalto, não é caso isolado no estado.

Adolescente escapou de linchamento se fingindo de morto Foto: Biné Moraes

Extra
O adolescente apreendido após um linchamento em São Luís, no Maranhão, só conseguiu
sobreviver às agressões porque se fingiu de morto, até a chegada da Polícia Militar. A
informação é do delegado Guilherme de Souza Filho, da Delegacia de Homicídios da capital
maranhense.

Como o adolescente não tinha nenhum documento, não foi possível confirmar sua idade. De
acordo com delegado, ele tem 16 ou 17 anos, e portava o revólver calibre .38 usado na
tentativa de assalto ao bar no bairro Jardim São Cristóvão. De acordo com a Polícia Civil,
Cleidenilson foi espancado, com mãos, pernas e tronco preso com uma corda até a chegada da
polícia. A multidão usou pedras e garrafas para agredir o homem, que não resistiu à
hemorragia e morreu no local.

Ocorrências dessa natureza, infelizmente estão se tornando corriqueiras, e noticiadas com


certa regularidade pela imprensa local, mostrando que esse tipo de crime não é raridade.
Encontramos que desde janeiro de 2014, houve nove casos de justiçamento que terminaram
em morte, no interior e na capital. Em 2015, já houve quatro assassinatos, estes computados
oficialmente, mas sabemos que há casos que não aparecem nos números estatísticos, pois, há
um “contrato” de silêncio, tanto daqueles que praticam o linchamento, quanto aqueles que
simplesmente assistem.

Em janeiro de 2014, um homem acusado de estupro foi perseguido e morto por moradores do
município de Amarante do Maranhão. Ele teria violentado e matado uma menina de quatro
anos. Em março do mesmo ano, houve duas ocorrências. Um homem foi assassinado depois de
tentar assaltar um taxista e outro depois de roubar uma mulher.

No segundo semestre do ano passado, mais três suspeitos de terem cometido crimes foram
mortos. Um homem, que teria matado quatro pessoas da família da ex-namorada, na cidade
de Matinha, foi morto pela população local. Já em Imperatriz, o corpo de um suspeito de
roubo de celular foi encontrado amarrado a um poste, em agosto. Em dezembro, outro
homem foi morto a pauladas e pedradas depois de roubar um posto de combustível em São
Luis.

Em 2015, além do caso de Cleidenilson, houve outra ocorrência de linchamento em São Luis.
Um assaltante foi brutalmente assassinado no bairro Tibiri, em janeiro e, ainda mais um caso
no município de Zé Doca, dois homens foram assassinados suspeitos de terem estuprado uma
mulher, em março.
3 - CASOS PELO BRASIL AFORA

Os casos não se restringem ao nosso estado, há casos pelo Brasil afora e por vezes, por
motivos ainda mais incompreensíveis. Este caso, que vimos foi devido a uma simples batida.
Em Itaboraí, no Rio de Janeiro, a população tentou linchar motorista com sinais de
embriaguez.

Três carros bateram em Itaboraí Foto: Foto do leitor

Três carros ficaram danificados e, segundo testemunhas, pelo menos duas pessoas ficaram
feridas. O motorista que teria causado o acidente apresentava sinais de embriaguez, de acordo
com um morador da região, e quase foi linchado pela população.

— Ele vinha fazendo besteira há um tempo até bater — afirmou Jônatas Ciqueira de Paula, que
estava no local.

Não há informações sobre o estado de saúde das vítimas.

Noutro caso, também no Rio de Janeiro, Newton Costa Silva também foi espancado até a
morte na favela da Rocinha, acusado de tentar matar uma mulher e seus dois filhos.

Em comum, os dois casos trazem à tona a inegável brutalidade dos linchamentos, um


fenômeno que tem chamado a atenção no país.

Ainda há outros casos que podemos aqui falar. Confundido com um ladrão em São Paulo, um
professor de história, André Luiz Ribeiro, 27 anos, em 2014, foi espancado e só conseguiu
escapar depois de dar aula sobre Revolução Francesa a um dos bombeiros que o resgataram.
Só depois de explicar sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital.
Aproveitemos aqui para colocar seu testemunho: “Foi algo surreal. Só acreditamos quando
chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa
brutalidade do ser humano”.

Em Araraquara (SP), o ajudante geral Mauro Muniz (37 anos) foi espancado por vizinhos
enraivecidos porque seu irmão havia batido na mulher. Mesmo após ter sido reconhecido,
continuou a apanhar. Ele teve os braços, pernas, maxilar e costelas quebrados. Ele mesmo
mais tarde afirmou: “As pessoas que queriam me bater sabiam que não era eu, mas como meu
irmão não era homem suficiente para estar ali, eu ia apanhar no lugar".

Outro caso que foi noticiado e posto em rede social, foi o de um homem suspeito de assalto na
periferia de Teresina, Piauí, amarrado e colocado em um formigueiro. Foi noticiado inclusive
fora do país, com a manchete vergonhosa de “Justiça estilo brasileiro”. No vídeo veiculado se
vê o homem sobre um formigueiro e enquanto ele gritava de dor, ouve-se pessoas lhe
perguntarem: “ Agora você lembra de Deus? Quando roubava, não lembrava, né?”

O velho-atual discurso “bandido bom é bandido morto” endossava esse tipo de ação até 3 de
maio, quando a barbárie cometida contra a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi exposta
ao país em um vídeo publicado na internet. Até então, nenhum nome de vítima de
linchamento havia sido divulgado. Mas no Brasil temos, infelizmente outras formas de
justiçamento. Abaixo, transcrevemos algumas partes de uma reportagem encontrada no G1,
dando em linhas gerais os tipos de justiceiros existentes em nosso país.

Há uma crença socialmente disseminada de que a punição violenta é a que resolve. Acredita-
se que bandido bom é bandido morto. A violência policial é muito criticada e muito aceita. A
polícia e a justiça têm que assegurar que os crimes sejam investigados e que essa solução
venha a tempo de garantir a vida de quem está sendo acusado. E o policiamento tem que ser
capilar, próximo da comunidade.

Jacqueline Sinhoretto, professora doutora adjunta da Universidade Federal de São Carlos


(SP)
4 - NOSSOS JUSTICEIROS

O Brasil é um Estado Democrático de Direito, o que significa que apenas o Estado tem poder
de prender, julgar e condenar alguém por um crime, respeitando sempre o direito de defesa
do acusado. No entanto, há grupos que desafiam a ordem estabelecida sob o pretexto de que
a justiça é falha. E os linchamentos não são a única forma de se fazer justiça com as próprias
mãos. Veja quem são nossos outros “justiceiros”:

Milícias

O que: organizações paramilitares compostas por cidadãos comuns ou policiais armados que
se unem para combater o crime paralelamente às instituições oficiais.
Onde: principalmente no Rio de Janeiro, sob pretexto de combater o narcotráfico.
Caso famoso: em 2008, uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio indiciou 226 pessoas por
envolvimento com milícias.

Grupos de extermínio

O que: quadrilhas que matam supostos criminosos para ‘limpar’ seus bairros. A maioria das
vítimas são pobres, adultos ou crianças.

Onde: periferias das grandes cidades. Caso famoso: Chacina da Candelária, no Rio, em 1993,
quando oito jovens negros e pobres foram assassinados por PMs.
Tribunais do tráfico

O que: traficantes que julgam membros das facções por traição, moradores acusados de
crimes e quem que desafie seu poder. As punições vão de tiros em partes do corpo até a
morte.

Onde: principalmente no Rio de Janeiro.

Caso famoso: em 2002, o jornalista Tim Lopes foi executado pelo ‘tribunal do tráfico’ na Vila
Cruzeiro, no Conjunto de Favelas da Penha, quando fazia uma reportagem sobre prostituição
infantil em bailes funk.

Jagunços

O que: pessoas pagas para fazer a segurança de grandes propriedades de terra ou que aceitam
dinheiro para matar e cometer crimes. Pistoleiros ou capangas.

Onde: diversas regiões.

Caso famoso: no Pará, o Ministério Público acusou dois fazendeiros de terem encomendado a
morte da missionária Dorothy Stang, em 2005.
Falsos super-heróis

O que: pessoas comuns, vestidas como os heróis dos quadrinhos agindo em situações de
salvamento, arriscando a própria vida e a da vítima.
Onde: diversas cidades.
Caso famoso: em São Paulo, o ‘Batman’ do Capão Redondo capturou um suspeito de furtar um
celular.

Limpeza social

O que: segundo a sociologia, trata da eliminação de indivíduos socialmente rejeitados, como


criminosos, sem-teto, moradores de rua.

Onde: historicamente, diversas cidades do país já sofreram ondas de ‘limpeza’.

Caso famoso: no ano passado, começou a ser investigada a morte em série de moradores de
rua em Goiás –mais de 40 vítimas.

(Trecho retirado da página htto: //g1.globo.com/políticas/dias-de-intolerancia/platb/)


4- O LINCHAMENTO E SEU RESPALDO SOCIAL

Apesar da justiça feita pelas próprias mãos configurarem crimes de homicídio ou lesão
corporal, o comportamento de alguns setores da população, de parte da polícia e até mesmo
da mídia revela, por vezes, um clima de aceitação da violência quando cometida contra um
suposto criminoso, na opinião da pesquisadora Ariadne Natal, doutoranda em Sociologia pela
USP.

"Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe
que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições", afirma
Natal, que analisou 589 casos de linchamento na região metropolitana de São Paulo entre
1980 e 2009. Dos 589 casos que analisou em um período de 30 anos, apenas um foi a
julgamento. "É preciso que a polícia passe a ver os linchamentos como um problema, como um
crime a ser investigado e punido, e não como uma solução", afirma.

Trazendo como exemplo, falemos sobre o combate a violência em outros países, como no
Uruguai. Lá, antes de zerar as mortes pelo tráfico no país, o Uruguai restringiu os horários dos
programas policiais. No Brasil, além de reforçarem a ideia de impunidade e de alimentarem o
imaginário de uma delinquência juvenil aliciada pelo crime, eles transmitem e incentivam ao
vivo e sem restrições, a chacina de suspeitos, alvejados a sangue frio sob os urros dos
apresentadores extasiados. Rachel Sheherazade virou referência moral ao defender as ações
dos justiceiros do Flamengo em rede nacional no SBT.

Doutora em estudos da segurança e professora do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio


de Janeiro, Jaqueline de Oliveira Muniz sustenta que o linchamento é um “fenômeno que
sempre ressurge diante de ondas de temor. Diante do medo, queremos uma solução imediata,
e tendemos a abrir mão das nossas regras [leis]”.

Quanto maior o destaque a histórias de violência vividas pelo país, maior a sensação de que o
Estado já não é digno de confiança o suficiente pra que a justiça aja por si, daí a recorrência a
medidas que rompam com o contrato social vigente.

E se tem algo que 2013 deixou de legado para o país é o escancaramento da dissonância
completa entre as instituições que têm por função a garantia dos direitos sociais, dentre eles a
segurança, e a população, que foi às ruas com vozes distintas, mas que guardavam um
importante coro anunciado: o Estado não lhe representa.

30% dos manifestantes, naquela época, votariam em Joaquim Barbosa para presidência da
república. Logo ele, sem sequer apresentar vinculação partidária, juridicamente contestado
por agir à margem da lei durante o processo do "mensalão" petista para forçar condenações, e
popularmente ovacionado por satisfazer o anseio de justiça entalado na garganta dos
brasileiros. Não por acaso, foi relacionado ao super-herói Batman, personagem que tem
reaparecido com frequência nos protestos contra o governo Dilma.
Os que eram três ou quatro tentativas de linchamento tornaram-se mais de uma por dia desde
2013. E engana-se muito ou quer fazer enganar quem diz que isso pode se tratar de um reflexo
inconteste da impopularidade da presidenta: ao final do ano que marcou as Jornadas de
Junho, 95,1% alegavam não confiar em legendas políticas. Passada a hecatombe, cerca de 70%
permanecem céticos quanto a políticos e partidos.

Em períodos de crise de representatividade, cresce a sensação de que é preciso que se


descumpra a lei pra que a lei seja restabelecida. É o que indica Christian Dunker emMal-Estar,
Sofrimento e Sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros (Boitempo, 2015). De
acordo com o psicanalista, a vida em condomínios, modalidade tipicamente brasileira de se
viver a partir dos anos 70, contribuiu significativamente para o agravamento desse panorama.
O Brasil que não deu certo, da pobreza que insiste em atravancar o caminho, foi suspenso em
nome de outro que é protegido por muros altos e uma guarita com câmeras. E é esse Brasil
que passou a pautar o outro a partir da imagem que dele fez: perigoso demais para as regras
comuns que o regem.

Batman é isso. É a sensação de que o contrato social que orienta o país é insuficiente pra dar
conta da demanda. É o “necessário” descumprimento da lei em nome dos valores que a
sustentam.

Mas Ariadne Lima Natal, que é autora da dissertação 30 anos de Linchamento na Região
Metropolitana de São Paulo 1980-2009, destaca um elemento importante pra intrigar
aqueles que acreditam serem os linchamentos justificáveis diante da saturação da violência no
país: “Os dados mostram que as vítimas de linchamento não são aleatórias. Os alvos
preferenciais são os mesmos já acometidos pela violência policial e pelos homicídios. Os
linchamentos dialogam com seu tempo, eles fazem parte de uma realidade e acionam um
repertório que aponta quem são os extermináveis”.

No senso de justiça que move o país contra o crime, quase não são condenados brancos de
classe média. O seu lugar está previsto no Código Penal. E é por isso que o último crime de
Cleidenilson foi assaltar. Antes disso, nasceu no lugar errado e com a cor da pele errada.
Morreu com 29 anos, 44 antes do que a sua expectativa de vida ao nascer, e dentro da
previsão de que teria 3,7 vezes mais chances de ser assassinado ainda enquanto jovem. De um
lado, virou troféu. Do outro, estatística.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista que ela concedeu à BBC Brasil:

BBC Brasil: Recentemente temos visto linchamentos motivados por assaltos e pequenos
delitos, quando, em geral, reações semelhantes tendem a ocorrer após crimes chocantes
como estupros de crianças. Há uma nova tendência nesse sentido ocorrendo no Brasil, de
banalização da violência e da intolerância?

Ariadne Natal: Diferentemente da Justiça, que fixa penas proporcionais à gravidade do crime,
o linchamento não tem a mesma lógica. Um linchamento pode ser motivado por crimes contra
a vida, contra os costumes - como estupros -, contra o patrimônio. É difícil indicar se há uma
tendência clara de banalização, pois há ocorrências de todos os tipos atualmente. No entanto,
nos 589 casos que analisei na região metropolitana de São Paulo, entre 1980 e 2009, os
motivos variaram ao longo do tempo.

Na década de 1980 havia mais linchamentos por crimes contra o patrimônio. Depois, nos anos
1990 e 2000, essa proporção foi caindo e crimes mais graves passaram a ser respondidos com
linchamentos. Podemos estar assistindo a uma nova onda, mas isso também é relativo. Cada
vez que ocorre um caso de repercussão nacional, há mais cobertura da mídia. E dependendo
de como os casos são retratados pode haver um efeito de "espelhamento", quando as pessoas
se sentem compelidas a fazer o mesmo se deparadas com uma situação semelhante.

BBC Brasil: Quem são as pessoas com mais chances de serem linchadas no Brasil?

Natal: O perfil da vítima de linchamento é muito similar ao da vítima de homicídio: 95%


homens, jovens, a maior parte entre 15 e 30 anos. É raro uma mulher ser vítima de
linchamento, embora haja casos famosos, como o do Guarujá no ano passado. Em geral
também são pessoas pobres. A maior parte dos linchamentos ocorre em regiões carentes e
periféricas, seja em grandes metrópoles ou cidades do interior, onde o Estado é pouco
presente.

BBC Brasil: O linchamento é previsto no Código Penal como crime específico? Torná-lo crime
hediondo, por exemplo, poderia coibir sua prática?

Natal: O linchamento não é um tipo penal, ou seja, não existe o crime específico de
linchamento no Código Penal brasileiro. Um caso de linchamento pode ser registrado como
tentativa de homicídio, homicídio ou lesão corporal. Não acredito que o endurecimento penal
possa ter um impacto sobre esse fenômeno. Precisamos promover mudanças nas instituições,
incluindo as polícias, o Judiciário e sobretudo a sociedade, que considera linchar alguém algo
aceitável.

Além disso, é um crime de difícil apuração. Apesar de ocorrer à luz do dia, em público, há um
pacto de silêncio após o término. Juntando a isso a característica da Justiça brasileira, que
busca individualizar a ação de cada pessoa, por não prever crimes coletivos, os linchamentos
tornam-se situações onde a punição é rara.

BBC Brasil: Qual é o papel da polícia nisso? Como policiais tendem a se comportar quando
chegam a uma cena de linchamento, e como poderiam atuar por mais punição?

Natal: O linchamento ocorre a partir de uma suposta acusação inicial. Seja um estupro, um
abuso ou um roubo. E quando a polícia chega, de forma geral, vai lidar com aquela situação
inicial. A polícia está ali para investigar o roubo, e o linchamento costuma passar a reboque,
sem ser problematizado, sobretudo se a vítima já estiver morta.

Frequentemente o crime menos grave, de roubo ou assalto, vai ser o foco da atenção, e não o
de lesão corporal ou até homicídio. A polícia não busca os responsáveis, apesar de estar diante
de uma pessoa machucada ou morta, e a sociedade aceita isso como natural. Até mesmo a
mídia aceita isso como natural, por não questionar a ação da polícia e a ausência de
investigações.

BBC Brasil: Como explicar a atitude da polícia?

Natal: A atitude policial diante de um linchamento no Brasil pode variar da prestação de


socorro até a participação, omissão e mesmo a incitação. No meu estudo, por exemplo,
encontrei um exemplo de linchamento incitado por policiais.

Impera na sociedade e nas forças policiais a noção de que o castigo físico para alguém acusado
de um crime é algo aceitável. O Brasil ainda é uma sociedade que tem uma cultura de violência
para resolver conflitos Ariadne Natal

BBC Brasil: Que tipo de participação os policiais tiveram nesse caso de incitamento? Há
episódios recentes semelhantes?

Natal: Em São Paulo, na década de 1980, um rapaz foi acusado de roubar um taxista. A PM
chegou e prendeu esse homem. Ao longo do caminho para a delegacia, os policiais paravam
em pontos de táxi e alertavam que estavam com o suspeito. Esses taxistas começaram a seguir
o carro da polícia, e quando a viatura chegou à delegacia foi estacionada a uma distância do
prédio policial, deixando o rapaz vulnerável na rua, e ele foi atacado pelos taxistas. Foi um
linchamento programado, visivelmente incitado por policiais e documentado pela mídia na
época.

No caso recente ocorrido no Maranhão (no início de julho), há imagens que mostram um
policial chegando ao local onde o rapaz havia sido linchado. Mas em vez de tentar socorrer a
vítima ou preservar a cena do crime e deter os responsáveis, esse policial saca o celular do
bolso e começa a filmar também.

É um cenário contraditório. De um lado, a ação da polícia é importante para impedir que uma
tentativa de linchamento acabe em morte. E, ao longo dos anos, a ação da polícia fez com que
os linchamentos se tornassem menos letais no país.

Mas a atitude perante os linchadores, no entanto, continua a mesma do passado. Por via de
regra não são identificados, detidos, interrogados, e o anonimato coletivo é preservado, sem
que ninguém seja nem sequer processado.

BBC Brasil: Com base nessas conclusões, é possível afirmar que o linchamento é um crime
praticamente impune no Brasil? Até mesmo com filmagens em casos recentes?

Natal: No Brasil o linchamento é um crime de difícil elucidação e há grandes dificuldades para


apontar as responsabilidades individuais de cada envolvido. Apesar da omissão e da cultura de
aceitação da violência entre as forças policiais, até há tentativas incipientes de investigação.
Quanto à impunidade, para se ter uma ideia, de 589 casos analisados num período de 30 anos
na região metropolitana de São Paulo, apenas um resultou em julgamento. E há muita
subnotificação. Dependemos da mídia para saber, já que não há estatísticas oficiais.
Os vídeos podem ajudar, mas estas filmagens costumam ser feitas no calor dos
acontecimentos, de forma irregular e muito movimento, e em geral a câmera foca na vítima, e
não nos algozes.

No caso do Maranhão, a polícia conseguiu identificar uma facada no coração como a causa da
morte do rapaz linchado, então provavelmente vão agora tentar identificar quem desferiu esse
golpe, e essa pessoa, se encontrada, poderá responder pela morte do rapaz.

BBC Brasil: Uma pesquisa da USP listou 1.179 linchamentos ocorridos no Brasil entre 1980 e
2006, sendo 568 em São Paulo, 204 no Rio de Janeiro, e 180 na Bahia, dentre outros Estados.
O que se pode fazer, de forma imediata e tangível, para tentar coibir este tipo de crime?

Natal: É preciso que a polícia veja os linchamentos como um problema de segurança pública, e
não uma solução. O linchamento não pode ser encarado como uma punição aceitável a quem
é acusado de um crime. Trata-se de uma outra forma de violência, outro crime, que merece
igual investigação.

O linchamento tem que ser problematizado como algo condenável, e os responsáveis precisam
ser punidos. Se houvesse conduta diferente dos policiais ao chegar a uma cena de
linchamento, teríamos ao menos uma sensação de receio entre pessoas que um dia possam
cogitar participar de algo dessa natureza.

Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe
que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições. Do
contrário, como explicar alguém que se dispõe a assassinar uma pessoa em praça pública, sem
esconder identidade, à luz do dia, sendo até filmada? As ações dos que assistem da sociedade,
da polícia e das instituições dão a essas pessoas a certeza de que estão fazendo algo certo.
3 – CONCLUSAO

O que podemos dizer de algo desta amplitude? Quando podíamos pensar que chegaríamos a
ter uma realidade desta em nosso país? Sim, pois a violência se manifesta nestas pessoas por
meio da tirania, da opressão e do abuso da força. Podemos dizer ainda que ocorre do
constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um
ato qualquer. Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, e sabemos que
aumentando o numero de casos de violência automaticamente irá aumentar os casos de
linchamento. Pois é um reflexo. Portanto, podemos concluir que a prática dos linchamentos
não é um fato novo e tem raízes profundas e mesmo antigas na sociedade brasileira. O Brasil
lincha desde antes do aparecimento da palavra linchamento, no século XVIII.

Outro aspecto que vimos é que o linchamento está sendo de alguma forma sendo reforçado,
quando na mídia em geral, vemos pessoas que tem programas de notícias e que de forma clara
defende o justiçamento. E se os formadores de opiniões, falam abertamente que acreditam
que “bandido bom é bandido morto”, o que esperar da população em geral? Como defender a
vida se alguém fala que se deve matar, agir em função de alguém que no primeiro olhar, é
digno de chutes, pontapés, agressões tais que chegam a tirar a vida? Como falar a alguém que
se vê enaltecido, por ter feito justiça? É verdade que há casos de atitudes de justiça feitas
desde a antiguidade, mas será que não evoluímos? Somos seres humanos que estamos na era
da comunicação, onde temos mil e um recursos para salvar milhares de vida... Em
contrapartida, agimos muitas vezes como seres levados pela emoção, onde a barbárie impera
e voltamos nitidamente a era das cavernas, meros animais levados pelo pior sentimento de
vingança.
4 –BIBLIOGRAFIA

Sites, páginas virtuais e assim como blogs:

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150722_linchamentos_jp_tg

Revista Cantareira- material pdf – retirado do site


http://www.historia.uff.br/cantareira/novacantareira/artigos/edicao5/justica.pdf

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-linchamento-como-sintoma-2154.html

( http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/linchamentos/13792

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150722_linchamentos_jp_tg

https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061121022218AAl80z2

http://extra.globo.com/casos-de-policia/caso-de-linchamento-no-maranhao-o-decimo-
noticiado-no-estado-em-18-meses-16691433.html#ixzz3mPwiFRVY

http://extra.globo.com/noticias/rio/apos-batida-em-itaborai-populacao-tenta-linchar-
motorista-com-sinais-de-embriaguez-14444191.html#ixzz3mPxNwin
ANEXO Linchamentos Maranhão 2015 – resumo

Linchamentos Maranhão 2015 - resumo

Registro Grande Área Município Localidade Data Número de vítimas Nome da(s) vítima(s) e
idade(s)Motivação

Região Metropolitana de São Luís

São Luís Tibiri25/01/20151Welker Dennys Nogueira dos Santos (21 anos) Latrocínio 1

Região Metropolitana de São Luís São LuísVila Itamar19/02/20151Walbenilson Pinheiro (30


anos)Assalto 2

Região Metropolitana de São Luís

Paço do Lumiar

Povoado Tendal17/02/20151Gabriel Felipe Oliveira (18 anos)Tentativa de homicídio

Região Metropolitana de São Luís

São LuísVila Vitória14/06/20151Evandro Mendonça Ferreira (18 anos) Latrocínio 4

Região Metropolitana de São Luís

São LuísSão Cristóvão06/07/20151Cleidenilson Pereira da Silva (29 anos) Assalto 5

Região Metropolitana de São Luís

Paço do Lumiar

Residencial Carlos Augusto

25/08/20151Elimar Silva Pereira Filho (34 anos) Assalto 6

Interior do Estado São João do Sóter

01/02/20152Vando Rocha (23 anos) e outro não identificado Latrocínio 7

Interior do EstadoZé DocaPovoado Ebenezia15/03/20152Gildenir de Sousa Patrício e Samuel


Rosendo Ferreira (27 anos) Estupro 8

Interior do EstadoSanta QuitériaRoça Velha e Barra da Onça

06/06/20152Rafael Pereira da Silva (Rafinha, 24 anos) e Marquinhos Assalto 9


Registro Grande Área Município Localidade Data Número de vítimas Nome da(s) vítima(s) e
idade(s)Motivação

Interior do Estado Bom Jardim Bairro Joana Dark10/07/20151não identificado Assalto 10

Interior do Estado Matinha Povoado Belas Águas 01/09/2015 1 Leonilson Alves Pereira (20
anos) Latrocínio 11

Interior do Estado São Bernardo04/08/2015 1 Jessé dos Santos Cardoso, vulgo "Dimas" (36
anos) Assassinato 12
ANEXO - Linchamentos Maranhão 2015 - detalhado

Linchamentos Maranhão 2015 - detalhado

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município São Luís

Localidade Tibiri

Data 25/01/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Welker Dennys Nogueira dos Santos (21 anos)

Motivação

Latrocínio

Descrição Assaltante é linchado por população após latrocínio no Tibiri Na noite no último
domingo (25), um assaltante, não identificado, foi linchado pela população do Tibiri após
invadir uma residência na Avenida do Rio do Meio, para roubar o carro do senhor José Santos
Costa (52). Segundo a CIOPS, o assaltante efetuou dois disparos contra o senhor José,
acertando-o no tórax e um disparo contra Maria do Carmo Pereira dos Santos, atingida no
abdômen. A população revoltada, matou o assaltante. A arma ainda não foi encontrada. José
Santos Costa faleceu após dar entrada no Hospital de Urgência / Emergência Doutor Clemente
Moura – Socorrão II e Maria do Carmo está em estado grave.

Fontes Relatório da SSP http://jornalpequeno.com.br/2015/01/26/assaltante-elinchado-por-


populacao-após-latrocinio-no-tibiri/ http://gilbertolimajornalista.blogspot.com.br/2015/01/ass
altante-e-linchado-e-morre-no-bairro.html

Observações Resumo (em 15/09/2015) - 12 linchamentos, com 15 mortes - 5 outras mortes


em 4 latrocínios e 1 assassinato - RM SLZ: 6 linchamentos com 6 mortes (+1) - interior: 6
linchamentos, com 9 mortes (+4)

Outras mortes

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município São Luís


Localidade Vila Itamar

Data 19/02/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Walbenilson Pinheiro (30 anos)

Motivação

Assalto

Descrição Homem é linchado no bairro Vila Itamar

Um homem identificado como Valbenilson Pinheiro, 29 anos, foi linchando por populares e
acabou morrendo durante a madrugada desta quinta-feira (19), na Rua do Arame, no bairro
Vila Itamar.

Segundo informação do Ciops Valbenilson é acusado de ser integrante de uma facção


criminosa de São Luís e envolvimento com trafico de drogas.

Fontes Relatório da SSP http://jornalpequeno.com.br/2015/02/19/homem-elinchado-no-


bairro-vila-itamar/

Observações

Outras mortes

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município Paço do Lumiar

Localidade Povoado Tendal

Data 17/02/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Gabriel Felipe Oliveira (18 anos)

Motivação

Tentativa de homicídio
Descrição Na mesma noite (17/fev), foi registrada a morte de Gabriel Felipe Oliveira, de 18
anos. Há informações de que ele teria se envolvido em um briga generalizada em uma festa de
Carnaval no povoado Tendal, em Paço do Lumiar. Ele teria feito disparos de arma de fogo e
uma jovem, nome não revelado, teria sido baleada e levada para o Hospital Clementino
Moura, Socorrão II, na Cidade Operária, correndo risco de morte. A população revoltada
acabou atacando o jovem com pauladas na cabeça, nos braços e nas costas. Ele morreu a
caminho do hospital.

____________ A praça do povoado de Iguaíba (sic), em Paço do Lumiar, foi transformada em


um palco de guerra no último dia de carnaval. Em meio a uma briga generalizada, um homem
sacou um revólver e passou a disparar vários tiros. Algumas pessoas ficaram feridas. Uma
delas, uma jovem que veio de Pinheiro para passar o carnaval com parentes, foi atingida por
um disparo à altura da vagina. Ela deu entrada em estado grave no Socorrão II. Revoltadas,
algumas pessoas que estavam na festa partiram para cima do homem que disparou os tiros, e
passaram a espancá-lo violentamente com pedaços de madeira. Informações passadas ao blog
dão conta que o homem não resistiu e teria morrido no local, vítima de traumatismo craniano.

Fontes Relatório da SSP http://gilbertolimajornalista.blogspot.com.br/2015/02/fest a-de-


carnaval-termina-com-um-morto.html
http://imirante.com/mobile/oestadoma/noticias/2015/02/ 19/policia-registra-mortes-
violentas-na-grande-sao-luis-eno-interior.shtml

Observações

Outras mortes

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município São Luís

Localidade Vila Vitória

Data 14/06/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Evandro Mendonça Ferreira (18 anos)

Motivação

Latrocínio
Descrição Relatório SSP - Histórico: que a vítima foi encontrada em via pública, sem os sinais
vitais, com lesões por pauladas pelo corpo, conforme perícia de local. Obs.: Crime alterado
para latrocínio de acordo com investigações da DP Homicídios.

Fontes Relatório da SSP http://imirante.com/saoluis/noticias/2015/06/15/numero-de-


homicidios-no-fim-desemana-chega-a-14.shtml

Observações

Outras mortes

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município São Luís

Localidade São Cristóvão

Data 06/07/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Cleidenilson Pereira da Silva (29 anos)

Motivação

Assalto

Descrição Polícia vai investigar linchamento de suspeito de assalto em São Luís Antes de ser
espancado, ele foi despido e amarrado a um poste. A Delegacia de Homicídios de São Luís
abriu um inquérito para identificar os responsáveis pela morte de Cledenilson Pereira da Silva,
de 29 anos, que foi linchado por populares após tentar assaltar um bar na segunda-feira (6), no
Jardim São Cristóvão, em São Luís, de acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de
Segurança Pública (SSP-MA). Segundo o delegado Leonardo Carvalho, Cledenilson e um
adolescente de 16 anos chegaram armados ao bar e anunciaram o assalto, mas foram
surpreendidos pela reação de um dos clientes, que iniciou luta corporal com o homem e,
ajudado por outros frequentadores, dominou o assaltante. "O que apuramos no local é que o
Cledenilson estava em companhia do menor quando anunciou o assalto. Um dos
frequentadores reagiu e eles iniciaram uma luta", relatou o delegado. Cledenilson foi
amarrado com uma corda em um poste, onde foi completamente despido e agredido até a
morte por populares. "O que eu sei é que várias pessoas que moram no local participaram do
linchamento", concluiu Carvalho. O adolescente foi apreendido e encaminhado para a
Delegacia do Menor Infrator (DAI), na Madre Deus, em São Luís.

Fontes Relatório da SSP http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/07/polici a-vai-


investigar-linchamento-de-suspeito-de-assalto-emsao-luis.html http://extra.globo.com/casos-
de-policia/video-exclusivomostra-suspeitos-de-linchamento-no-maranhao-rv1-
116729443.html

Observações Caso de repercussão nacional, após a exibição das imagens, além da semelhança
com um pelourinho. Com reportagem no Fantástico.
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/07/videomostra-homem-amarrado-sem-roupa-
poste-antes-de-serlinchado.html

Outras mortes

Grande Área Região Metropolitana de São Luís

Município Paço do Lumiar

Localidade Residencial Carlos Augusto

Data 25/08/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Elimar Silva Pereira Filho (34 anos)

Motivação

Assalto

Descrição LINCHAMENTO: HOMEM É MORTO A PAULADAS PEDRAS E GOLPES DE FACÃO Um


homem ainda não identificado morreu ao ser linchado por várias pessoas no Residencial Carlos
Augusto, na área do município de Paço do Lumiar. O crime ocorreu na noite desta terça-feira,
(26), quando a vitima foi perseguida por várias pessoas e morta a golpes da facão, pedradas e
pauladas. Segundo informações obtidas no local pela policia o desconhecido estaria com
seringa assaltando as pessoas nas proximidades do ponto final da linha Upaon-Açu Em
seguida um grupo se reuniu e passou a espancar o homem que tentou fugir do local. A vitima
foi perseguida cercada em frente a uma casa em construção na rua 11 do Residencial Carlos
Augusto onde acabou sendo morta.

Linchamento termina em morte após tentativa de assalto em Paço do Lumiar Na noite de


ontem (25), um homem de 34 anos, identificado como Elmary Silva Pereira, foi morto a
pauladas e golpes de Facão por moradores do residencial Carlos Augusto, em Paço do Lumiar.
A vítima não estava armada e agressores não foram identificados. A suspeita é de que o crime
tenha sido motivado após um assalto cometido por Elmary, mas populares dizem que foi um
acerto de contas, pois a vítima era usuário de drogas.
Fontes Relatório da SSP http://www.netoferreira.com.br/crime/2015/08/linchame nto-
termina-em-morte-após-tentativa-de-assalto-em-pacodo-lumiar/
http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/08/apóstentativa-de-assalto-homem-e-
linchado-em-paco-do-lumiarma.html

Observações

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município São João do Sóter

Localidade Data 01/02/2015

Número de vítimas 2

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Vando Rocha (23 anos) e outro não identificado

Motivação

Latrocínio

Descrição A noite deste domingo, dia 1º em São João do Sóter, localizada a 55 km de


Caxias, foi marcada por violência e revolta. Por volta das 18hs, o comerciante Otimar Rios, de
49 anos, conhecido como Pretinho, morador da Avenida Esperança (na parte alta, próximo ao
CAPS), preparava-se para fechar seu estabelecimento. Dois homens surgiram em uma moto e
anunciaram um assalto. Moradores acreditam que ele tentou reagir e em seguida foi atingido
com um tiro na testa e morrendo. Os bandidos não levaram nada.

Os dois bandidos fugiram depois do assassinato, mas foram rapidamente alcançados pela
polícia de São João do Sóter no povoado São José. Enquanto conduziam os homens para a
delegacia os policiais se depararam com uma multidão revoltada com a morte de Otimar. Os
populares conseguiram segurar um dos bandidos e praticaram um linchamento, causando sua
morte. Um dos assaltantes que participou do assassinato de Otimar Rios, conhecido como
Pretinho, em São João do Sóter, no domingo, dia 1º, não resistiu aos ferimentos e morreu
ontem, dia 3. Ele havia sido transferido para o Hospital Socorrão, de Presidente Dutra, na
segunda-feira, dia 2 de fevereiro. Vando Rios, de 23 anos e seu comparsa – que não tinha
identificação e morreu logo depois do crime - foram espancados pelos moradores após terem
matado Pretinho.
Fontes http://www.diariodecaxiasma.com.br/2015/02/assaltantes -matam-comerciante-em-
sao.html http://www.diariodecaxiasma.com.br/2015/02/segundoparticipante-do-crime-
de.html

Observações

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município Zé Doca

Localidade Povoado Ebenezia

Data 15/03/2015

Número de vítimas 2

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Gildenir de Sousa Patrício e Samuel Rosendo Ferreira (27 anos)

Motivação

Estupro

Descrição Suspeitos de torturar casal são mortos por populares em Zé Doca Eles teriam
estuprado mulher na frente do marido no último domingo (15). Um suspeito foi morto a tiros e
o outro linchado nesta segunda-feira (17). Dois suspeitos de estuprar uma mulher na frente do
marido, identificados como Gildenir de Sousa Patrício e Samuel Rosendo Ferreira, morreram
após terem sido caçados e mortos por pelo menos 100 moradores da região. Um terceiro,
identificado como Manoel Feitosa Lima, suspeito de dar fuga a um dos homens, foi encontrado
e amarrado a um poste. A polícia já o resgatou e apura a participação dele no crime. O casal
trafegava em uma motocicleta por uma estrada localizada entre os povoados Ebenézia e
Conquista, quando foram surpreendidos por dois homens armados com facões. De acordo
com a polícia, os dois levaram as vítimas para dentro de um matagal, onde agrediraram e
amarram o casal, esfaquearam o homem e estupraram a mulher. A tortura teria durado
aproximadamente uma hora e meia. Os suspeitos fugiram levando a motocicleta e deixando as
vítimas para trás. A polícia conta que a mulher, que estava despida, teria conseguido se
desamarrar e soltar o marido, saindo em busca de ajuda. Ao tomar conhecimento do crime, a
população do povoado Quadro teria se revoltado e saído em busca dos suspeitos.
Testemunhas informaram que, antes de cometer o crime, os homens estariam ingerindo
bebida alcoolica em um local próximo à estrada. Gildenir foi achado escondido no matagal e
morto a tiros pelos populares na noite de domingo. A população continuou cercando a área
até chegar a Samuel, que foi morto por linchamento nesta terça-feira (17).
Fontes http://falandoseriobacabal.blogspot.com.br/2015/03/zedoca-ma-populacao-mata-o-
segundo_17.html http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/03/suspe itos-de-torturar-
casal-sao-mortos-por-populares-em-zedoca.html

Observações

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município Santa Quitéria

Localidade Roça Velha e Barra da Onça

Data 06/06/2015

Número de vítimas 2

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Rafael Pereira da Silva (Rafinha, 24 anos) e Marquinhos.

Motivação

Assalto

Descrição Dois jovens são encontrados mortos, com os corpos carbonizados, em Santa
Quitéria Um crime ocorrido na cidade de Santa-Quitéria deixou a população em choque. Dois
jovens conhecidos por Marquinhos e Rafael foram brutalmente assassinados e tiveram os
corpos carbonizados na localidade Roça Velha, zona rural do município. Os dois jovens
estavam desaparecidos há 08 dias e somente na tarde deste domingo,14, as famílias
conseguiram localizar os corpos. Assalto a moto resultou na morte da dupla. Em contato com o
Sargento Flávio, comandante do DPM de Santa Quitéria, ele nos informou que os dois eram
velhos conhecido da polícia pela prática de assaltos a mão armada. A PM disse ainda que o
assaltante Rafael, natural de Brejo, já teria tomado outras motocicletas em assaltos. Já o
jovem Marquinhos é natural de Teresina-PI e era ex-presidiário que estava foragido do Sistema
Penitenciário do Maranhão. Segundo a PM, ele já teria tomado mais de 50 motos em assalto
na região de Brejo e Santa Quitéria. Sobre o assalto que resultou na morte da dupla.
Marquinhos e Rafael teriam tomado uma motocicleta Pop no dia (06) na localidade Barra da
Onça, zona rural de Santa-Quitéria, quando foram perseguidos e linchados pela população,
que em seguida atearam fogo nos corpos. Eles já estavam com 08 dias desaparecidos, e foram
encontrados somente na manhã de domingo, 14, na localidade Barra da Onça, local do crime.
Fontes http://tvmirante.blogspot.com.br/2015/06/dois-jovenssao-encontrados-mortos-
com.html http://imirante.com/oestadoma/noticias/2015/06/16/ladroes-de-moto-sao-mortos-
e-queimados-na-cidade-santaquiteria.shtml

Observações

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município Bom Jardim

Localidade Bairro Joana Dark

Data 10/07/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

não identificado

Motivação

Assalto

Descrição Homem é encontrado morto com sinais de apedrejamento em Bom Jardim.


Moradores do Bairro Joana Dark estão chocados com a morte por apedrejamento de um
morador. O homem que até o momento foi conhecido apenas como Deibson foi encontrado
morto na manhã desta sexta-feira, 10, em uma rua próxima a uma igreja. A polícia investiga se
o assassinato está relacionado a algum acerto de contas, porque o crime não tem sinais de luta
corporal.

Mais uma vítima fatal de linchamento no Maranhão O caso aconteceu na cidade de Bom
Jardim. Ontem, no final da tarde, populares lincharam um ladrão até a morte, com pauladas e
pedradas.

Fontes http://www.filipemota.com.br/2015/07/11/mais-umlinchamento-agora-no-interior-
do-maranhao/ http://luiscardoso.com.br/politica/2015/07/mais-umavitima-fatal-de-
linchamento-no-maranhao/ http://www.bomjardimma.com/2015/07/homem-eencontrado-
morto-com-sinais-de.html

Observações
10

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município Matinha

Localidade Povoado Belas Águas

Data 01/09/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Leonilson Alves Pereira (20 anos)

Motivação

Latrocínio

Descrição Dois criminosos e um professor morrem em assalto a cerâmica Na manhã desta


terça-feira (1º), dois assaltantes morreram, sendo um baleado pelo próprio comparsa e outro
linchado pela população, na zona rural da cidade maranhense de Matinha. Após o roubo que
cometeram a uma cerâmica de lá, um dos suspeitos ainda matou um professor do Ensino
Fundamental, Elgivaldo Costa Meireles, de 50 anos, ao tentar subtrair sua motocicleta, no
mesmo município. No que se refere ao caso, o sargento Lindojonhson, da 13ª Companhia
Independente de Viana, repassou que, por volta das 9h, dois criminosos, sendo um não
identificado e outro de nome Leonilson Alves Pereira (natural de Pio 12-MA), invadiram o
gabinete da Cerâmica Belas Águas, localizada no povoado Belas Águas, e renderam o
proprietário, conhecido na região como “Netão”, subtraindo dinheiro e chaves de veículos dos
funcionários e do próprio dono do estabelecimento comercial. Em seguida, correram, a fim de
fugir do local. Contudo, no momento em que escapavam, a arma de fogo que Leonilson Alves
levava consigo teria disparado automaticamente, e o tiro acertou seu cúmplice, no tórax. O
bandido atingido morreu no local, após agonizar por alguns instantes, como transmitiu o
sargento. Este narrou que o outro assaltante continuou correndo, e, na fuga, rendeu o
professor Elgivaldo, que passava pela MA-014 em sua motocicleta, na tentativa de roubar o
veículo. Ambos teriam travado uma luta corporal, mas o docente levou dois tiros, no tórax e
cabeça. Lindojonhson descreveu que, após balear o professor, Leonilson entrou em um
matagal, mas a população, revoltada, adentrou na área de mato, e matou o criminoso com
golpes de pau e facão. Além de pontapés e pedradas.
Fontes http://jornalpequeno.com.br/2015/09/01/dois-criminosose-um-professor-morrem-
em-assalto-a-ceramica/ http://imirante.com/oestadoma/noticias/2015/09/01/cena s-fortes-
video-mostra-homem-linchado-no-interior-domaranhao.shtml

Observações Com vídeo

11

Outras mortes

Grande Área Interior do Estado

Município São Bernardo

Localidade Data 04/08/2015

Número de vítimas 1

Nome da(s) vítima(s) e idade(s)

Jessé dos Santos Cardoso, vulgo "Dimas" (36 anos)

Motivação

Assassinato

Descrição Na noite de terça-feira (04), Jessé dos Santos Cardoso, conhecido como Dimas, de
36 anos foi linchado após atirar e matar Pedro Ferreira da Paz, de 63 anos, no município de São
Bernardo. Dimas, que era foragido do sistema prisional, tentou evadir do local em uma moto,
mas foi apreendido pelos filhos da vítima e por um grupo de pessoas que presenciaram o fato,
que o espancaram até a morte.

__________ O meliante Jessé dos Santos Cardoso, que foi espancado até a morte na noite de
ontem, 04, em São Bernardo-MA, é mais um criminoso a ser linchado no Maranhão.
Informações dão conta que Jessé foi morto por populares, após uma tentativa de homicídio
praticada contra um morador do município, conhecido como "Pedrão", que foi surpreendido
em casa pelo meliante. A vítima levou um tiro no peito. Uma filha de "Pedrão" teria travado
luta corporal com Jessé, na tentativa de salvar o pai. Na ação a jovem perfurou um dos olhos
do criminoso, com um lápis, segundo informações. A arma de Jessé descarregou e populares
ao verem a cena partiram pra cima dele, cometendo o linchamento. “Pedrão" foi socorrido e
levado para Parnaíba-PI, onde não resistiu aos ferimentos, morrendo horas depois.

A suspeita é que Jessé teria sido contratado por criminosos para matar um rival, que
supostamente seria irmão de "Pedrão". Ele teria confundido o alvo.

Fontes http://www.emaranhao.com.br/policia/mais-dois-casosde-linchamento-no-interior-
do-maranhao/
http://bloginterligado.blogspot.com.br/2015/08/assaltante-morto-emsao-bernardo-e-
mais.html

http://www.chapadinhasite.com/2015/08/chapadinhensemorre-linchado-em-sao.html

Observações Vídeo - Homem é linchado após matar idoso a tiros em São Bernardo
https://www.youtube.com/watch?v=eezeCFzcC5U

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