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Este trabalho trata de um tema que vem nos últimos tempos sendo falado, questionado.
Motivo? O Brasil é um país aonde vem continuamente acontecendo linchamentos. Por quê?
Qual o sentido desse tipo de comportamento? O que leva as pessoas a agirem dessa forma?
Afinal, por que as pessoas usam esse tipo de “justiçamento”? Estas e outras perguntas
permeiam por este trabalho. É lógico, que não serão respondidas as questões de tal forma que
não deverão vir mais a tona. Não. O objetivo deste trabalho é ajudar numa análise profunda da
nossa sociedade, o seu senso de justiça.
O que realmente há num gesto deste, que mais que uma barbárie, denota um
estrangulamento na credibilidade das instituições que deveriam estar respondendo com um
trabalho eficaz na segurança e na prática da justiça. Sim, porque o linchamento hoje em dia
praticado, traz em seu bojo além de um conceito intrínseco de descrédito de que os
criminosos sejam punidos de forma tal que faça com que haja decréscimo nos atos ilícitos, há
também, ao que parece, um momento em que as pessoas colocam para fora seus estresses,
seus sentimentos de desilusão, suas mágoas, contando com a possibilidade grande de não ser
reconhecido.
Neste trabalho você encontrará alguns relatos de linchamentos, retirados de jornais, sites,
textos feitos por jornalistas, bem como de pesquisadores, jornalistas que tentam de alguma
maneira fazer um estudo aprofundado sobre este tema. Mas, não ficamos somente em
contos, relatos, temos aqui algumas impressões e/ou conclusões de estudiosos que se
debruçaram por este assunto, para que chegasse a um entendimento melhor de uma ação que
remete a um passado que chega às épocas antigas da história humana.
A prática de assassinatos por multidões era comum na antiguidade, com inúmeros relatos de
apedrejamento de pecadores, queima de bruxas, entre outros.
Em 1837, surge a Lei de Lynch (bater com pau), baseada nos atos do fazendeiro, usada para
pregar o ódio racial contra índios, principalmente na Nova Inglaterra, apesar das leis que os
protegiam, bem como contra os negros perseguidos pelos "comitês de vigilância" que darão
origem ao Ku Klux Klan. No sul, é a desconfiança da lei e a reivindicação de anarquia que
favoreceram seu desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, antes da Guerra Civil Americana, o linchamento era usado principalmente
contra defensores dos direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros. No entanto, por volta de
1880, seu uso se expandiu para grupos de status social supostamente mais baixo, como
negros, judeus, índios e imigrantes asiáticos. A prática do linchamento ficou particularmente
associada ao assassinato de negros no sul dos Estados Unidos, no período anterior às reformas
dos direitos civis da década de 1960. Menos de 1% dos participantes de linchamentos nos
Estados Unidos foram presos. Mais de 85% dos estimados 5000 linchamentos do período
posterior à guerra civil ocorreram nos estados do sul do país, mas o problema era nacional,
com um ápice em 1892, quando 161 negros foram linchados.
No Brasil, o registro do primeiro linchamento data de 1585, em Salvador, Bahia, causado por
religião. “Tivemos linchamentos de abolicionistas, no século XIX, motivados pela luta contra a
escravidão. Sua prática já ocorria nos EUA, no século XVIII, quando a essa violência foi
associado o nome do juiz Lynch, que punia desse modo os condenados.”
Hoje no Brasil, linchamentos ocorrem quando alguém pratica (ou é suspeito de ter praticado)
algum crime odioso (considerado assim por ser praticado contra alguém indefeso, como uma
criança, ou por se valer de força), como estupro, atentado violento ao pudor ou sodomia,
assassinato ou lesão corporal grave (atropelamento, por exemplo).
Os linchamentos vêm ganhando notoriedade no Brasil desde os últimos vinte anos. Eles têm
ocorrido mais ou menos paralelamente a outras duas formas de comportamento coletivo: os
saques e os quebra-quebras. Na verdade, os linchamentos não são uma novidade na sociedade
brasileira. Há registros documentais de formas de justiça mento desse tipo no país já na
primeira metade do século XVIII, antes mesmo que aparecesse a palavra que o designa. Os
jornais brasileiros do final do século XIX, aproximadamente a partir das vésperas da abolição
da escravatura negra, trazem frequentes notícias de linchamentos nos Estados Unidos, mas
também, no Brasil.
O Brasil está entre os países que mais cometem esse tipo de ato violento no mundo: são
quatro linchamentos e tentativas de linchamento por dia. Apenas nos últimos 60 anos, ao
menos 1 milhão de brasileiros participou de ações de justiça mento de rua.
Na multidão, o agressor age como se não fosse ele mesmo, como se fosse outro sujeito.
Raramente recorda-se do que fez e de como o fez. O aglomerado de pessoas, que age
impulsiva e violentamente fora do marco da razão e do indivíduo. “O sujeito coletivo age
irracionalmente e sua conduta não se explica pelas regras conscientes das motivações
individuais e pessoais.”
Mas o que leva um grupo de pessoas a adotar uma ação tão cruel e irracional? Para Martins, o
Brasil passa por uma crise política e moral que se traduz em crescente descrença nas
instituições do Judiciário, Legislativo e Executivo. “No geral, a população perdeu a confiança na
polícia e na Justiça e cada vez mais faz justiça pelas próprias mãos”.
Além de ferir ou lesar pessoas, a violência fere também valores referenciais e fundantes da
concepção do que é a condição humana. “A violência que recai sobre os inocentes é a principal
motivadora de linchamentos: estupro de crianças, assassinato de pessoas que supostamente
deveriam estar sob proteção de quem às mata (como os incapazes, filhos, pais, desvalidos).
Mas também o roubo de trabalhadores, de gente que luta para sobreviver. Mesmo nos casos
de motivos fúteis, há uma aguda consciência popular do descabimento de atos que são
considerados também atos de desrespeito pela condição humana do outro.” Podemos dizer
que, em todo linchamento, há um fundo comunitário de referência na ação violenta, uma
identidade de pequeno grupo, mesmo quando se trata de multidões consideráveis. Naquele
curto momento, o que une os participantes são valores sociais de tipo comunitário, ainda que
se trate de uma identidade de curta duração e provisória.
Em casos frequentes, a comunidade é quase real, pois envolve família e vizinhança. “Os crimes
punidos com linchamentos são crimes que ferem relações e realidades familísticas e vicinais,
aquilo que é propriamente comunitário, crimes que atingem mais do que indivíduo vitimado e
sim a pessoa como sujeito de relações comunitárias”.
Normalmente, o linchamento acontece antes que a polícia chegue ao local onde está o
acusado, embora possam acontecer tentativas de linchamento na entrada das delegacias,
quando a força policial não consegue controlar o ódio da população. Quanto à forma,
diversamente do que se sucede em outras regiões do mundo, no Brasil o linchamento não
termina com um enforcamento, mas com agressão da pessoa linchada.
1 – LINCHAMENTOS NO BRASIL
O 1º caso que ela aborda aconteceu em 03 de maio de 2014, em Morrinhos IV, bairro
periférico da cidade do Guarujá, localizada no litoral de São Paulo. Fabiane Maria de Jesus, 33
anos, dona de casa e mãe de duas crianças, foi espancada até a morte ao ser confundida com
uma sequestradora de crianças e adepta de rituais de "magia negra”. Sem nenhuma chance de
defesa, Fabiane sucumbiu diante da multidão enlouquecida, que a agredia em meio a
xingamentos e berros por justiça.
O caso, que ganhou repercussão nacional, está longe de ser um episódio isolado de crueldade.
O Brasil está entre os países que mais cometem esse tipo de ato violento no mundo: são
quatro linchamentos e tentativas de linchamento por dia. Apenas nos últimos 60 anos, pelo
menos 1 milhão de brasileiros participaram de ações de justiçamento de rua. Este cenário, que
parece extraído da Idade Média, é apresentado no livro "Linchamentos: a justiça popular no
Brasil” (Editora Contexto, 2015), de José de Souza Martins, sociólogo e professor titular
aposentado de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
[Universidade de São Paulo].
Mas o que leva um grupo de pessoas a adotar uma ação tão cruel e irracional? Para Martins, o
Brasil passa por uma crise política e moral que se traduz em uma crescente descrença nas
instituições do Judiciário, Legislativo e Executivo. "No geral, a população perdeu a confiança na
polícia e na justiça e, cada vez mais, faz justiça com as próprias mãos”, explica.
Além de ferir ou lesar pessoas, a violência fere também valores referenciais e fundantes da
concepção do que é a condição humana. "A violência que recai sobre os inocentes é a principal
motivadora de linchamentos: estupro de crianças, assassinato de pessoas que, supostamente,
deveriam estar sob proteção de quem as mata (como os incapazes, filhos, pais, desvalidos).
Mas também o roubo de trabalhadores, de gente que luta para sobreviver. Mesmo nos casos
de motivos fúteis, há uma aguda consciência popular do descabimento de atos que são
considerados também atos de desrespeito pela condição humana do outro”.
Naquele curto momento, o que une os participantes são valores sociais de tipo comunitário,
ainda que se trate de uma identidade de curta duração e provisória. Em casos frequentes, a
comunidade é quase real, pois envolve família e vizinhança. "Os crimes punidos com
linchamentos são crimes que ferem relações e realidades familísticas e vicinais, aquilo que é
propriamente comunitário, crimes que atingem mais do que indivíduo vitimado e sim a pessoa
como sujeito de relações comunitárias”.
Tanto no caso do menor surrado e acorrentado por motoqueiros a um poste no Rio de Janeiro
quanto no caso da mãe de família linchada no Guarujá por mais de 1 mil pessoas, o
fundamento último das ações foi o medo, traduzido, porém, em preconceito, racial num caso e
social no outro. "Ações motivadas, em ambos os casos, por antivalores, os da recusa do direito
à diferença”, conclui Martins.
http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=85012
Cleidenilson da Silva 29 anos, morto no Jardim São Cristovão após tentativa de homicidio Foto:
Biné Moraes
Clarissa Monteagudo
“Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra”. A imagem do jovem negro
amarrado a um poste mostra que, 127 anos depois da abolição da escravatura, a sociedade
brasileira ainda reproduz as cenas que o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) lutava para
extirpar do país.
A conclusão é do historiador Luiz Antonio Simas, que cita a obra do historiador e diplomata
abolicionista para analisar as reações inflamadas à capa do EXTRA. A relação entre a execução
sumária e a escravidão suscitou amplo debate nas redes sociais.
— A chave para entender essa questão é a frase do Joaquim Nabuco. O mais complicado é
acabar com a obra da escravidão. São quatro séculos de uma cultura escravocrata, onde a
violência está presente, naturalizada. É claro que é preciso denunciar a tortura no período da
ditadura militar, mas é preciso lembrar que a tortura é uma prática sistemática e cotidiana no
Brasil em 500 anos. Essa naturalização da violência é obra da escravidão. E é terrível — explica
o professor.
Já o historiador Nereu Cavalcanti ressalta que as reações favoráveis à execução sumária são
um reflexo da descrença da população brasileira no Estado.
— A população se sente abandonada. Não adianta discutir se está certo ou errado, mas ver as
causas da doença, que é a falta de credibilidade do estado, no qual a alta cúpula dos governos
é condenada por corrupção. O governo brasileiro é uma fábrica de bandidos. Essa é a origem
da doença, um estado corrupto em todas as suas esferas — declara o historiador, que também
ressalta o massacre dos indígenas e as cenas da escravidão, ainda vivos na sociedade:
— A abolição foi ontem. O brasileiro tem resquícios dentro dele, de que é superior por
questões de cor e agora também ao nordestino, aos índios. A população indígena no Brasil foi
trucidada.
— Houve escravidão em muitos países e não é isso que justifica a violência. A questão é mais
complexa. Temos a visão horrorosa do que os soldados americanos fizeram com prisioneiros e
eles não eram escravos. Acontece nos combates radicais em que o inimigo é desumanizado. O
criminoso é visto assim no Brasil. Ele é desumanizado e sofre horrores na prisão. Aqui, se o
traficante morre em confronto não tem problema. Como não? O problema é transformar o
outro em inimigo e desumanizá-lo — afirma Alba.
O deputado federal Chico Alencar também comentou o caso: “[...]É muito educativo mostrar
as semelhanças entre a opressão da escravidão sobre o povo negro do Brasil, com argola, ferro
e chibata, e a raiva materializada em maus-tratos do passado, e o instinto de vingança
sumária. O justiçamento representa a descrença em qualquer solução civilizada. A população
carcerária do Brasil aumentou 574% nos últimos 25 anos. E o registro de atos violentos cresceu
114% nesta última década. Toda violência no Brasil, fora os casos isolados de psicopatia, é
fruto de nossa estrutura social. Não significa dizer que todo miserável é violento, mas uma
análise da população carcerária, do acesso à escola mostra uma evidente correlação entre a
violência e a estrutura social. Países mais desiguais são mais violentos.”
2- LINCHAMENTOS NO MARANHÃO.
Cleidenilson Pereira da Silva foi linchado por pedestres que o amarraram em poste. Foto: Biné
Morais
Extra
O assassinato brutal de Cleidenilson Pereira Silva, espancado até a morte em São Luis, no
Maranhão, após uma tentativa de assalto, não é caso isolado no estado.
Extra
O adolescente apreendido após um linchamento em São Luís, no Maranhão, só conseguiu
sobreviver às agressões porque se fingiu de morto, até a chegada da Polícia Militar. A
informação é do delegado Guilherme de Souza Filho, da Delegacia de Homicídios da capital
maranhense.
Como o adolescente não tinha nenhum documento, não foi possível confirmar sua idade. De
acordo com delegado, ele tem 16 ou 17 anos, e portava o revólver calibre .38 usado na
tentativa de assalto ao bar no bairro Jardim São Cristóvão. De acordo com a Polícia Civil,
Cleidenilson foi espancado, com mãos, pernas e tronco preso com uma corda até a chegada da
polícia. A multidão usou pedras e garrafas para agredir o homem, que não resistiu à
hemorragia e morreu no local.
Em janeiro de 2014, um homem acusado de estupro foi perseguido e morto por moradores do
município de Amarante do Maranhão. Ele teria violentado e matado uma menina de quatro
anos. Em março do mesmo ano, houve duas ocorrências. Um homem foi assassinado depois de
tentar assaltar um taxista e outro depois de roubar uma mulher.
No segundo semestre do ano passado, mais três suspeitos de terem cometido crimes foram
mortos. Um homem, que teria matado quatro pessoas da família da ex-namorada, na cidade
de Matinha, foi morto pela população local. Já em Imperatriz, o corpo de um suspeito de
roubo de celular foi encontrado amarrado a um poste, em agosto. Em dezembro, outro
homem foi morto a pauladas e pedradas depois de roubar um posto de combustível em São
Luis.
Em 2015, além do caso de Cleidenilson, houve outra ocorrência de linchamento em São Luis.
Um assaltante foi brutalmente assassinado no bairro Tibiri, em janeiro e, ainda mais um caso
no município de Zé Doca, dois homens foram assassinados suspeitos de terem estuprado uma
mulher, em março.
3 - CASOS PELO BRASIL AFORA
Os casos não se restringem ao nosso estado, há casos pelo Brasil afora e por vezes, por
motivos ainda mais incompreensíveis. Este caso, que vimos foi devido a uma simples batida.
Em Itaboraí, no Rio de Janeiro, a população tentou linchar motorista com sinais de
embriaguez.
Três carros ficaram danificados e, segundo testemunhas, pelo menos duas pessoas ficaram
feridas. O motorista que teria causado o acidente apresentava sinais de embriaguez, de acordo
com um morador da região, e quase foi linchado pela população.
— Ele vinha fazendo besteira há um tempo até bater — afirmou Jônatas Ciqueira de Paula, que
estava no local.
Noutro caso, também no Rio de Janeiro, Newton Costa Silva também foi espancado até a
morte na favela da Rocinha, acusado de tentar matar uma mulher e seus dois filhos.
Ainda há outros casos que podemos aqui falar. Confundido com um ladrão em São Paulo, um
professor de história, André Luiz Ribeiro, 27 anos, em 2014, foi espancado e só conseguiu
escapar depois de dar aula sobre Revolução Francesa a um dos bombeiros que o resgataram.
Só depois de explicar sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital.
Aproveitemos aqui para colocar seu testemunho: “Foi algo surreal. Só acreditamos quando
chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa
brutalidade do ser humano”.
Em Araraquara (SP), o ajudante geral Mauro Muniz (37 anos) foi espancado por vizinhos
enraivecidos porque seu irmão havia batido na mulher. Mesmo após ter sido reconhecido,
continuou a apanhar. Ele teve os braços, pernas, maxilar e costelas quebrados. Ele mesmo
mais tarde afirmou: “As pessoas que queriam me bater sabiam que não era eu, mas como meu
irmão não era homem suficiente para estar ali, eu ia apanhar no lugar".
Outro caso que foi noticiado e posto em rede social, foi o de um homem suspeito de assalto na
periferia de Teresina, Piauí, amarrado e colocado em um formigueiro. Foi noticiado inclusive
fora do país, com a manchete vergonhosa de “Justiça estilo brasileiro”. No vídeo veiculado se
vê o homem sobre um formigueiro e enquanto ele gritava de dor, ouve-se pessoas lhe
perguntarem: “ Agora você lembra de Deus? Quando roubava, não lembrava, né?”
O velho-atual discurso “bandido bom é bandido morto” endossava esse tipo de ação até 3 de
maio, quando a barbárie cometida contra a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi exposta
ao país em um vídeo publicado na internet. Até então, nenhum nome de vítima de
linchamento havia sido divulgado. Mas no Brasil temos, infelizmente outras formas de
justiçamento. Abaixo, transcrevemos algumas partes de uma reportagem encontrada no G1,
dando em linhas gerais os tipos de justiceiros existentes em nosso país.
Há uma crença socialmente disseminada de que a punição violenta é a que resolve. Acredita-
se que bandido bom é bandido morto. A violência policial é muito criticada e muito aceita. A
polícia e a justiça têm que assegurar que os crimes sejam investigados e que essa solução
venha a tempo de garantir a vida de quem está sendo acusado. E o policiamento tem que ser
capilar, próximo da comunidade.
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, o que significa que apenas o Estado tem poder
de prender, julgar e condenar alguém por um crime, respeitando sempre o direito de defesa
do acusado. No entanto, há grupos que desafiam a ordem estabelecida sob o pretexto de que
a justiça é falha. E os linchamentos não são a única forma de se fazer justiça com as próprias
mãos. Veja quem são nossos outros “justiceiros”:
Milícias
O que: organizações paramilitares compostas por cidadãos comuns ou policiais armados que
se unem para combater o crime paralelamente às instituições oficiais.
Onde: principalmente no Rio de Janeiro, sob pretexto de combater o narcotráfico.
Caso famoso: em 2008, uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio indiciou 226 pessoas por
envolvimento com milícias.
Grupos de extermínio
O que: quadrilhas que matam supostos criminosos para ‘limpar’ seus bairros. A maioria das
vítimas são pobres, adultos ou crianças.
Onde: periferias das grandes cidades. Caso famoso: Chacina da Candelária, no Rio, em 1993,
quando oito jovens negros e pobres foram assassinados por PMs.
Tribunais do tráfico
O que: traficantes que julgam membros das facções por traição, moradores acusados de
crimes e quem que desafie seu poder. As punições vão de tiros em partes do corpo até a
morte.
Caso famoso: em 2002, o jornalista Tim Lopes foi executado pelo ‘tribunal do tráfico’ na Vila
Cruzeiro, no Conjunto de Favelas da Penha, quando fazia uma reportagem sobre prostituição
infantil em bailes funk.
Jagunços
O que: pessoas pagas para fazer a segurança de grandes propriedades de terra ou que aceitam
dinheiro para matar e cometer crimes. Pistoleiros ou capangas.
Caso famoso: no Pará, o Ministério Público acusou dois fazendeiros de terem encomendado a
morte da missionária Dorothy Stang, em 2005.
Falsos super-heróis
O que: pessoas comuns, vestidas como os heróis dos quadrinhos agindo em situações de
salvamento, arriscando a própria vida e a da vítima.
Onde: diversas cidades.
Caso famoso: em São Paulo, o ‘Batman’ do Capão Redondo capturou um suspeito de furtar um
celular.
Limpeza social
Caso famoso: no ano passado, começou a ser investigada a morte em série de moradores de
rua em Goiás –mais de 40 vítimas.
Apesar da justiça feita pelas próprias mãos configurarem crimes de homicídio ou lesão
corporal, o comportamento de alguns setores da população, de parte da polícia e até mesmo
da mídia revela, por vezes, um clima de aceitação da violência quando cometida contra um
suposto criminoso, na opinião da pesquisadora Ariadne Natal, doutoranda em Sociologia pela
USP.
"Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe
que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições", afirma
Natal, que analisou 589 casos de linchamento na região metropolitana de São Paulo entre
1980 e 2009. Dos 589 casos que analisou em um período de 30 anos, apenas um foi a
julgamento. "É preciso que a polícia passe a ver os linchamentos como um problema, como um
crime a ser investigado e punido, e não como uma solução", afirma.
Trazendo como exemplo, falemos sobre o combate a violência em outros países, como no
Uruguai. Lá, antes de zerar as mortes pelo tráfico no país, o Uruguai restringiu os horários dos
programas policiais. No Brasil, além de reforçarem a ideia de impunidade e de alimentarem o
imaginário de uma delinquência juvenil aliciada pelo crime, eles transmitem e incentivam ao
vivo e sem restrições, a chacina de suspeitos, alvejados a sangue frio sob os urros dos
apresentadores extasiados. Rachel Sheherazade virou referência moral ao defender as ações
dos justiceiros do Flamengo em rede nacional no SBT.
Quanto maior o destaque a histórias de violência vividas pelo país, maior a sensação de que o
Estado já não é digno de confiança o suficiente pra que a justiça aja por si, daí a recorrência a
medidas que rompam com o contrato social vigente.
E se tem algo que 2013 deixou de legado para o país é o escancaramento da dissonância
completa entre as instituições que têm por função a garantia dos direitos sociais, dentre eles a
segurança, e a população, que foi às ruas com vozes distintas, mas que guardavam um
importante coro anunciado: o Estado não lhe representa.
30% dos manifestantes, naquela época, votariam em Joaquim Barbosa para presidência da
república. Logo ele, sem sequer apresentar vinculação partidária, juridicamente contestado
por agir à margem da lei durante o processo do "mensalão" petista para forçar condenações, e
popularmente ovacionado por satisfazer o anseio de justiça entalado na garganta dos
brasileiros. Não por acaso, foi relacionado ao super-herói Batman, personagem que tem
reaparecido com frequência nos protestos contra o governo Dilma.
Os que eram três ou quatro tentativas de linchamento tornaram-se mais de uma por dia desde
2013. E engana-se muito ou quer fazer enganar quem diz que isso pode se tratar de um reflexo
inconteste da impopularidade da presidenta: ao final do ano que marcou as Jornadas de
Junho, 95,1% alegavam não confiar em legendas políticas. Passada a hecatombe, cerca de 70%
permanecem céticos quanto a políticos e partidos.
Batman é isso. É a sensação de que o contrato social que orienta o país é insuficiente pra dar
conta da demanda. É o “necessário” descumprimento da lei em nome dos valores que a
sustentam.
Mas Ariadne Lima Natal, que é autora da dissertação 30 anos de Linchamento na Região
Metropolitana de São Paulo 1980-2009, destaca um elemento importante pra intrigar
aqueles que acreditam serem os linchamentos justificáveis diante da saturação da violência no
país: “Os dados mostram que as vítimas de linchamento não são aleatórias. Os alvos
preferenciais são os mesmos já acometidos pela violência policial e pelos homicídios. Os
linchamentos dialogam com seu tempo, eles fazem parte de uma realidade e acionam um
repertório que aponta quem são os extermináveis”.
No senso de justiça que move o país contra o crime, quase não são condenados brancos de
classe média. O seu lugar está previsto no Código Penal. E é por isso que o último crime de
Cleidenilson foi assaltar. Antes disso, nasceu no lugar errado e com a cor da pele errada.
Morreu com 29 anos, 44 antes do que a sua expectativa de vida ao nascer, e dentro da
previsão de que teria 3,7 vezes mais chances de ser assassinado ainda enquanto jovem. De um
lado, virou troféu. Do outro, estatística.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista que ela concedeu à BBC Brasil:
BBC Brasil: Recentemente temos visto linchamentos motivados por assaltos e pequenos
delitos, quando, em geral, reações semelhantes tendem a ocorrer após crimes chocantes
como estupros de crianças. Há uma nova tendência nesse sentido ocorrendo no Brasil, de
banalização da violência e da intolerância?
Ariadne Natal: Diferentemente da Justiça, que fixa penas proporcionais à gravidade do crime,
o linchamento não tem a mesma lógica. Um linchamento pode ser motivado por crimes contra
a vida, contra os costumes - como estupros -, contra o patrimônio. É difícil indicar se há uma
tendência clara de banalização, pois há ocorrências de todos os tipos atualmente. No entanto,
nos 589 casos que analisei na região metropolitana de São Paulo, entre 1980 e 2009, os
motivos variaram ao longo do tempo.
Na década de 1980 havia mais linchamentos por crimes contra o patrimônio. Depois, nos anos
1990 e 2000, essa proporção foi caindo e crimes mais graves passaram a ser respondidos com
linchamentos. Podemos estar assistindo a uma nova onda, mas isso também é relativo. Cada
vez que ocorre um caso de repercussão nacional, há mais cobertura da mídia. E dependendo
de como os casos são retratados pode haver um efeito de "espelhamento", quando as pessoas
se sentem compelidas a fazer o mesmo se deparadas com uma situação semelhante.
BBC Brasil: Quem são as pessoas com mais chances de serem linchadas no Brasil?
BBC Brasil: O linchamento é previsto no Código Penal como crime específico? Torná-lo crime
hediondo, por exemplo, poderia coibir sua prática?
Natal: O linchamento não é um tipo penal, ou seja, não existe o crime específico de
linchamento no Código Penal brasileiro. Um caso de linchamento pode ser registrado como
tentativa de homicídio, homicídio ou lesão corporal. Não acredito que o endurecimento penal
possa ter um impacto sobre esse fenômeno. Precisamos promover mudanças nas instituições,
incluindo as polícias, o Judiciário e sobretudo a sociedade, que considera linchar alguém algo
aceitável.
Além disso, é um crime de difícil apuração. Apesar de ocorrer à luz do dia, em público, há um
pacto de silêncio após o término. Juntando a isso a característica da Justiça brasileira, que
busca individualizar a ação de cada pessoa, por não prever crimes coletivos, os linchamentos
tornam-se situações onde a punição é rara.
BBC Brasil: Qual é o papel da polícia nisso? Como policiais tendem a se comportar quando
chegam a uma cena de linchamento, e como poderiam atuar por mais punição?
Natal: O linchamento ocorre a partir de uma suposta acusação inicial. Seja um estupro, um
abuso ou um roubo. E quando a polícia chega, de forma geral, vai lidar com aquela situação
inicial. A polícia está ali para investigar o roubo, e o linchamento costuma passar a reboque,
sem ser problematizado, sobretudo se a vítima já estiver morta.
Frequentemente o crime menos grave, de roubo ou assalto, vai ser o foco da atenção, e não o
de lesão corporal ou até homicídio. A polícia não busca os responsáveis, apesar de estar diante
de uma pessoa machucada ou morta, e a sociedade aceita isso como natural. Até mesmo a
mídia aceita isso como natural, por não questionar a ação da polícia e a ausência de
investigações.
Impera na sociedade e nas forças policiais a noção de que o castigo físico para alguém acusado
de um crime é algo aceitável. O Brasil ainda é uma sociedade que tem uma cultura de violência
para resolver conflitos Ariadne Natal
BBC Brasil: Que tipo de participação os policiais tiveram nesse caso de incitamento? Há
episódios recentes semelhantes?
Natal: Em São Paulo, na década de 1980, um rapaz foi acusado de roubar um taxista. A PM
chegou e prendeu esse homem. Ao longo do caminho para a delegacia, os policiais paravam
em pontos de táxi e alertavam que estavam com o suspeito. Esses taxistas começaram a seguir
o carro da polícia, e quando a viatura chegou à delegacia foi estacionada a uma distância do
prédio policial, deixando o rapaz vulnerável na rua, e ele foi atacado pelos taxistas. Foi um
linchamento programado, visivelmente incitado por policiais e documentado pela mídia na
época.
No caso recente ocorrido no Maranhão (no início de julho), há imagens que mostram um
policial chegando ao local onde o rapaz havia sido linchado. Mas em vez de tentar socorrer a
vítima ou preservar a cena do crime e deter os responsáveis, esse policial saca o celular do
bolso e começa a filmar também.
É um cenário contraditório. De um lado, a ação da polícia é importante para impedir que uma
tentativa de linchamento acabe em morte. E, ao longo dos anos, a ação da polícia fez com que
os linchamentos se tornassem menos letais no país.
Mas a atitude perante os linchadores, no entanto, continua a mesma do passado. Por via de
regra não são identificados, detidos, interrogados, e o anonimato coletivo é preservado, sem
que ninguém seja nem sequer processado.
BBC Brasil: Com base nessas conclusões, é possível afirmar que o linchamento é um crime
praticamente impune no Brasil? Até mesmo com filmagens em casos recentes?
No caso do Maranhão, a polícia conseguiu identificar uma facada no coração como a causa da
morte do rapaz linchado, então provavelmente vão agora tentar identificar quem desferiu esse
golpe, e essa pessoa, se encontrada, poderá responder pela morte do rapaz.
BBC Brasil: Uma pesquisa da USP listou 1.179 linchamentos ocorridos no Brasil entre 1980 e
2006, sendo 568 em São Paulo, 204 no Rio de Janeiro, e 180 na Bahia, dentre outros Estados.
O que se pode fazer, de forma imediata e tangível, para tentar coibir este tipo de crime?
Natal: É preciso que a polícia veja os linchamentos como um problema de segurança pública, e
não uma solução. O linchamento não pode ser encarado como uma punição aceitável a quem
é acusado de um crime. Trata-se de uma outra forma de violência, outro crime, que merece
igual investigação.
O linchamento tem que ser problematizado como algo condenável, e os responsáveis precisam
ser punidos. Se houvesse conduta diferente dos policiais ao chegar a uma cena de
linchamento, teríamos ao menos uma sensação de receio entre pessoas que um dia possam
cogitar participar de algo dessa natureza.
Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe
que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições. Do
contrário, como explicar alguém que se dispõe a assassinar uma pessoa em praça pública, sem
esconder identidade, à luz do dia, sendo até filmada? As ações dos que assistem da sociedade,
da polícia e das instituições dão a essas pessoas a certeza de que estão fazendo algo certo.
3 – CONCLUSAO
O que podemos dizer de algo desta amplitude? Quando podíamos pensar que chegaríamos a
ter uma realidade desta em nosso país? Sim, pois a violência se manifesta nestas pessoas por
meio da tirania, da opressão e do abuso da força. Podemos dizer ainda que ocorre do
constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um
ato qualquer. Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, e sabemos que
aumentando o numero de casos de violência automaticamente irá aumentar os casos de
linchamento. Pois é um reflexo. Portanto, podemos concluir que a prática dos linchamentos
não é um fato novo e tem raízes profundas e mesmo antigas na sociedade brasileira. O Brasil
lincha desde antes do aparecimento da palavra linchamento, no século XVIII.
Outro aspecto que vimos é que o linchamento está sendo de alguma forma sendo reforçado,
quando na mídia em geral, vemos pessoas que tem programas de notícias e que de forma clara
defende o justiçamento. E se os formadores de opiniões, falam abertamente que acreditam
que “bandido bom é bandido morto”, o que esperar da população em geral? Como defender a
vida se alguém fala que se deve matar, agir em função de alguém que no primeiro olhar, é
digno de chutes, pontapés, agressões tais que chegam a tirar a vida? Como falar a alguém que
se vê enaltecido, por ter feito justiça? É verdade que há casos de atitudes de justiça feitas
desde a antiguidade, mas será que não evoluímos? Somos seres humanos que estamos na era
da comunicação, onde temos mil e um recursos para salvar milhares de vida... Em
contrapartida, agimos muitas vezes como seres levados pela emoção, onde a barbárie impera
e voltamos nitidamente a era das cavernas, meros animais levados pelo pior sentimento de
vingança.
4 –BIBLIOGRAFIA
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150722_linchamentos_jp_tg
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-linchamento-como-sintoma-2154.html
( http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/linchamentos/13792
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150722_linchamentos_jp_tg
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061121022218AAl80z2
http://extra.globo.com/casos-de-policia/caso-de-linchamento-no-maranhao-o-decimo-
noticiado-no-estado-em-18-meses-16691433.html#ixzz3mPwiFRVY
http://extra.globo.com/noticias/rio/apos-batida-em-itaborai-populacao-tenta-linchar-
motorista-com-sinais-de-embriaguez-14444191.html#ixzz3mPxNwin
ANEXO Linchamentos Maranhão 2015 – resumo
Registro Grande Área Município Localidade Data Número de vítimas Nome da(s) vítima(s) e
idade(s)Motivação
São Luís Tibiri25/01/20151Welker Dennys Nogueira dos Santos (21 anos) Latrocínio 1
Paço do Lumiar
Paço do Lumiar
Interior do Estado Matinha Povoado Belas Águas 01/09/2015 1 Leonilson Alves Pereira (20
anos) Latrocínio 11
Interior do Estado São Bernardo04/08/2015 1 Jessé dos Santos Cardoso, vulgo "Dimas" (36
anos) Assassinato 12
ANEXO - Linchamentos Maranhão 2015 - detalhado
Localidade Tibiri
Data 25/01/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Latrocínio
Descrição Assaltante é linchado por população após latrocínio no Tibiri Na noite no último
domingo (25), um assaltante, não identificado, foi linchado pela população do Tibiri após
invadir uma residência na Avenida do Rio do Meio, para roubar o carro do senhor José Santos
Costa (52). Segundo a CIOPS, o assaltante efetuou dois disparos contra o senhor José,
acertando-o no tórax e um disparo contra Maria do Carmo Pereira dos Santos, atingida no
abdômen. A população revoltada, matou o assaltante. A arma ainda não foi encontrada. José
Santos Costa faleceu após dar entrada no Hospital de Urgência / Emergência Doutor Clemente
Moura – Socorrão II e Maria do Carmo está em estado grave.
Outras mortes
Data 19/02/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Assalto
Um homem identificado como Valbenilson Pinheiro, 29 anos, foi linchando por populares e
acabou morrendo durante a madrugada desta quinta-feira (19), na Rua do Arame, no bairro
Vila Itamar.
Observações
Outras mortes
Data 17/02/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Tentativa de homicídio
Descrição Na mesma noite (17/fev), foi registrada a morte de Gabriel Felipe Oliveira, de 18
anos. Há informações de que ele teria se envolvido em um briga generalizada em uma festa de
Carnaval no povoado Tendal, em Paço do Lumiar. Ele teria feito disparos de arma de fogo e
uma jovem, nome não revelado, teria sido baleada e levada para o Hospital Clementino
Moura, Socorrão II, na Cidade Operária, correndo risco de morte. A população revoltada
acabou atacando o jovem com pauladas na cabeça, nos braços e nas costas. Ele morreu a
caminho do hospital.
Observações
Outras mortes
Data 14/06/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Latrocínio
Descrição Relatório SSP - Histórico: que a vítima foi encontrada em via pública, sem os sinais
vitais, com lesões por pauladas pelo corpo, conforme perícia de local. Obs.: Crime alterado
para latrocínio de acordo com investigações da DP Homicídios.
Observações
Outras mortes
Data 06/07/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Assalto
Descrição Polícia vai investigar linchamento de suspeito de assalto em São Luís Antes de ser
espancado, ele foi despido e amarrado a um poste. A Delegacia de Homicídios de São Luís
abriu um inquérito para identificar os responsáveis pela morte de Cledenilson Pereira da Silva,
de 29 anos, que foi linchado por populares após tentar assaltar um bar na segunda-feira (6), no
Jardim São Cristóvão, em São Luís, de acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de
Segurança Pública (SSP-MA). Segundo o delegado Leonardo Carvalho, Cledenilson e um
adolescente de 16 anos chegaram armados ao bar e anunciaram o assalto, mas foram
surpreendidos pela reação de um dos clientes, que iniciou luta corporal com o homem e,
ajudado por outros frequentadores, dominou o assaltante. "O que apuramos no local é que o
Cledenilson estava em companhia do menor quando anunciou o assalto. Um dos
frequentadores reagiu e eles iniciaram uma luta", relatou o delegado. Cledenilson foi
amarrado com uma corda em um poste, onde foi completamente despido e agredido até a
morte por populares. "O que eu sei é que várias pessoas que moram no local participaram do
linchamento", concluiu Carvalho. O adolescente foi apreendido e encaminhado para a
Delegacia do Menor Infrator (DAI), na Madre Deus, em São Luís.
Observações Caso de repercussão nacional, após a exibição das imagens, além da semelhança
com um pelourinho. Com reportagem no Fantástico.
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/07/videomostra-homem-amarrado-sem-roupa-
poste-antes-de-serlinchado.html
Outras mortes
Data 25/08/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Assalto
Observações
Outras mortes
Número de vítimas 2
Motivação
Latrocínio
Os dois bandidos fugiram depois do assassinato, mas foram rapidamente alcançados pela
polícia de São João do Sóter no povoado São José. Enquanto conduziam os homens para a
delegacia os policiais se depararam com uma multidão revoltada com a morte de Otimar. Os
populares conseguiram segurar um dos bandidos e praticaram um linchamento, causando sua
morte. Um dos assaltantes que participou do assassinato de Otimar Rios, conhecido como
Pretinho, em São João do Sóter, no domingo, dia 1º, não resistiu aos ferimentos e morreu
ontem, dia 3. Ele havia sido transferido para o Hospital Socorrão, de Presidente Dutra, na
segunda-feira, dia 2 de fevereiro. Vando Rios, de 23 anos e seu comparsa – que não tinha
identificação e morreu logo depois do crime - foram espancados pelos moradores após terem
matado Pretinho.
Fontes http://www.diariodecaxiasma.com.br/2015/02/assaltantes -matam-comerciante-em-
sao.html http://www.diariodecaxiasma.com.br/2015/02/segundoparticipante-do-crime-
de.html
Observações
Outras mortes
Município Zé Doca
Data 15/03/2015
Número de vítimas 2
Motivação
Estupro
Descrição Suspeitos de torturar casal são mortos por populares em Zé Doca Eles teriam
estuprado mulher na frente do marido no último domingo (15). Um suspeito foi morto a tiros e
o outro linchado nesta segunda-feira (17). Dois suspeitos de estuprar uma mulher na frente do
marido, identificados como Gildenir de Sousa Patrício e Samuel Rosendo Ferreira, morreram
após terem sido caçados e mortos por pelo menos 100 moradores da região. Um terceiro,
identificado como Manoel Feitosa Lima, suspeito de dar fuga a um dos homens, foi encontrado
e amarrado a um poste. A polícia já o resgatou e apura a participação dele no crime. O casal
trafegava em uma motocicleta por uma estrada localizada entre os povoados Ebenézia e
Conquista, quando foram surpreendidos por dois homens armados com facões. De acordo
com a polícia, os dois levaram as vítimas para dentro de um matagal, onde agrediraram e
amarram o casal, esfaquearam o homem e estupraram a mulher. A tortura teria durado
aproximadamente uma hora e meia. Os suspeitos fugiram levando a motocicleta e deixando as
vítimas para trás. A polícia conta que a mulher, que estava despida, teria conseguido se
desamarrar e soltar o marido, saindo em busca de ajuda. Ao tomar conhecimento do crime, a
população do povoado Quadro teria se revoltado e saído em busca dos suspeitos.
Testemunhas informaram que, antes de cometer o crime, os homens estariam ingerindo
bebida alcoolica em um local próximo à estrada. Gildenir foi achado escondido no matagal e
morto a tiros pelos populares na noite de domingo. A população continuou cercando a área
até chegar a Samuel, que foi morto por linchamento nesta terça-feira (17).
Fontes http://falandoseriobacabal.blogspot.com.br/2015/03/zedoca-ma-populacao-mata-o-
segundo_17.html http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/03/suspe itos-de-torturar-
casal-sao-mortos-por-populares-em-zedoca.html
Observações
Outras mortes
Data 06/06/2015
Número de vítimas 2
Motivação
Assalto
Descrição Dois jovens são encontrados mortos, com os corpos carbonizados, em Santa
Quitéria Um crime ocorrido na cidade de Santa-Quitéria deixou a população em choque. Dois
jovens conhecidos por Marquinhos e Rafael foram brutalmente assassinados e tiveram os
corpos carbonizados na localidade Roça Velha, zona rural do município. Os dois jovens
estavam desaparecidos há 08 dias e somente na tarde deste domingo,14, as famílias
conseguiram localizar os corpos. Assalto a moto resultou na morte da dupla. Em contato com o
Sargento Flávio, comandante do DPM de Santa Quitéria, ele nos informou que os dois eram
velhos conhecido da polícia pela prática de assaltos a mão armada. A PM disse ainda que o
assaltante Rafael, natural de Brejo, já teria tomado outras motocicletas em assaltos. Já o
jovem Marquinhos é natural de Teresina-PI e era ex-presidiário que estava foragido do Sistema
Penitenciário do Maranhão. Segundo a PM, ele já teria tomado mais de 50 motos em assalto
na região de Brejo e Santa Quitéria. Sobre o assalto que resultou na morte da dupla.
Marquinhos e Rafael teriam tomado uma motocicleta Pop no dia (06) na localidade Barra da
Onça, zona rural de Santa-Quitéria, quando foram perseguidos e linchados pela população,
que em seguida atearam fogo nos corpos. Eles já estavam com 08 dias desaparecidos, e foram
encontrados somente na manhã de domingo, 14, na localidade Barra da Onça, local do crime.
Fontes http://tvmirante.blogspot.com.br/2015/06/dois-jovenssao-encontrados-mortos-
com.html http://imirante.com/oestadoma/noticias/2015/06/16/ladroes-de-moto-sao-mortos-
e-queimados-na-cidade-santaquiteria.shtml
Observações
Outras mortes
Data 10/07/2015
Número de vítimas 1
não identificado
Motivação
Assalto
Mais uma vítima fatal de linchamento no Maranhão O caso aconteceu na cidade de Bom
Jardim. Ontem, no final da tarde, populares lincharam um ladrão até a morte, com pauladas e
pedradas.
Fontes http://www.filipemota.com.br/2015/07/11/mais-umlinchamento-agora-no-interior-
do-maranhao/ http://luiscardoso.com.br/politica/2015/07/mais-umavitima-fatal-de-
linchamento-no-maranhao/ http://www.bomjardimma.com/2015/07/homem-eencontrado-
morto-com-sinais-de.html
Observações
10
Outras mortes
Município Matinha
Data 01/09/2015
Número de vítimas 1
Motivação
Latrocínio
11
Outras mortes
Número de vítimas 1
Motivação
Assassinato
Descrição Na noite de terça-feira (04), Jessé dos Santos Cardoso, conhecido como Dimas, de
36 anos foi linchado após atirar e matar Pedro Ferreira da Paz, de 63 anos, no município de São
Bernardo. Dimas, que era foragido do sistema prisional, tentou evadir do local em uma moto,
mas foi apreendido pelos filhos da vítima e por um grupo de pessoas que presenciaram o fato,
que o espancaram até a morte.
__________ O meliante Jessé dos Santos Cardoso, que foi espancado até a morte na noite de
ontem, 04, em São Bernardo-MA, é mais um criminoso a ser linchado no Maranhão.
Informações dão conta que Jessé foi morto por populares, após uma tentativa de homicídio
praticada contra um morador do município, conhecido como "Pedrão", que foi surpreendido
em casa pelo meliante. A vítima levou um tiro no peito. Uma filha de "Pedrão" teria travado
luta corporal com Jessé, na tentativa de salvar o pai. Na ação a jovem perfurou um dos olhos
do criminoso, com um lápis, segundo informações. A arma de Jessé descarregou e populares
ao verem a cena partiram pra cima dele, cometendo o linchamento. “Pedrão" foi socorrido e
levado para Parnaíba-PI, onde não resistiu aos ferimentos, morrendo horas depois.
A suspeita é que Jessé teria sido contratado por criminosos para matar um rival, que
supostamente seria irmão de "Pedrão". Ele teria confundido o alvo.
Fontes http://www.emaranhao.com.br/policia/mais-dois-casosde-linchamento-no-interior-
do-maranhao/
http://bloginterligado.blogspot.com.br/2015/08/assaltante-morto-emsao-bernardo-e-
mais.html
http://www.chapadinhasite.com/2015/08/chapadinhensemorre-linchado-em-sao.html
Observações Vídeo - Homem é linchado após matar idoso a tiros em São Bernardo
https://www.youtube.com/watch?v=eezeCFzcC5U