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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

RUA MARIELLE FRANCO E BECO


EDUARDO DE JESUS: TOPONÍMIA
URBANA E CONFLITOS DE
MEMÓRIA NO RIO DE JANEIRO

PATRÍCIA LÂNES1
LILIAN GOMES2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O lm Sementes - Mulheres pretas no poder3 sgu d prto as mpritadas
da campanha políica d sis mulhrs ngras candidatas nas liçõs d
2018. O argumnto do documntário é qu as liçõs d 2018 foram palco
d um “lvant”, conduzido por mulhrs ngras, m rsposta à xcução da
vradora Marill Franco, no Rio d Janiro. Nssa dirção, um objto qu
paricipa aivamnt da cna d poss das candidatas litas como dputadas
fdrais  staduais é uma placa rtangular, m azul  branco, indicando o
nom d uma rua, um formato trivial m placas d sinalização prsnts nas
squinas do Rio d Janiro. O contúdo txtual do objto, ntrtanto, xpõ
su carátr mmorial:

1 Doutora m Antropologia plo PPGA/ UFF, psquisadora d Pós-doutorado no Programa d


Pós-graduação m Ciências Sociais da Univrsidad do Estado do Rio d Janiro ond é bolsista
PNPD/Caps. Intgrant dos grupos d psquisa CIDADES – Núclo d Psquisa Urbana  DALE!
- Dcolonizar a América Laina  sus Espaços. E-mail: patricialans77@gmail.com
2 Doutora m Antropologia plo PPGAS/Musu Nacional/UFRJ, psquisadora do Cntro d
Estudos Sociais Aplicados - CESAP/IUPERJ/UCAM  intgrant do Grupo d Estudos sobr
Políicas d Prsrvação do Patrimônio Cultural, vinculado ao Núclo d Documntação,
História  Mmória - NUMEM da UNIRIO. E-mail: lilianallvs@gmail.com
3 Brasil. 2020, 105’, dirção d Éthl Olivira  Júlia Mariano.

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Rua Marielle Franco


(1979 - 2018) Vereadora, deensora dos direitos humanos e das minorias, covardemente
assassinada no dia 14 de março de 2015.
20260-080 Estácio

O CEP  o bairro prsnts na placa rfrm-s ao local do assassinato


d Marill. O gsto qu tornou a placa conhcida, contudo, acontcu na
Cinlândia, no cntro do Rio d Janiro, foi publicizado m um comício m
Ptrópolis, no intrior do stado do RJ  ganhou ampla rprcussão por mio
da imprnsa  das rds sociais digitais, como vrmos mlhor adiant. S
qum nos lê digitar “Placa Rua Marill Franco”, no Googl, provavlmnt
vrá anúncios como primiras sugstõs para clicar, promovidos por
grands varjistas, ofrcndo, por valors ntr vint  trinta rais, a “placa
dcoraiva”.
O carátr d mrcadoria  pça d dcoração xplicitado plo buscador,
contudo, é apnas um aspcto na biograa cultural (KOPYTOFF, 2008) do
objto qu nos intrssa. A viralização da Placa “Rua Marill Franco” rssoa
procssos mais amplos, ariculados pla busca d protagonismo d outros
sujitos na produção do spaço urbano. Em vista disso, também colocarmos
m tla a placa “Bco Eduardo d Jsus”, qu nomou um logradouro no
Complxo do Almão, também no Rio d Janiro, m homnagm a uma
criança assassinada pla Polícia no local.
Conform tmaizou Halbwachs (1997), a mmória coliva nutr-s d
difrnts instrumntos - palavras, idéias, imagns - qu parcm stabilizar,
ainda qu prcariamnt, as lmbranças. A stabilização é provisória porqu
a “adsão afiva” d sujitos a uma comunidad, como nos mostra Pollak
(1992), ao rtomar Halbwachs, não é o simpls somatório d fragmntos;
é prciso havr pontos d contato ntr as mmórias dos indivíduos para
qu s construa uma bas comum. Ao dircionarmos nosso foco para as
placas, ntndmo-las como objtos qu atuam como tais pontos d contato
 são, portanto, opradoras da produção d mmória coliva, ao passo qu
mdiam algumas das xpriências intrsubjivas qu xplorarmos.
As rlxõs propostas srão ralizadas m dois movimntos. O primiro
nfoca a disputa m torno da mmória no spaço público, da mmória
coliva inscrita m atos d nomação d lugars da cidad, a parir d
prsonagns qu marcam rlaçõs d rsistência à nomação hgmônica
qu busca m prsonagns da história ocial (os “vitoriosos”) a inspiração
para sus noms. Aqui, parimos da situação oposta, ou sja, d atos d
nomação d ruas  praças nos quais pssoas racializadas, prtncnts às
classs populars, moradoras das margns da cidad  víimas d violência
policial  políica são colivamnt rivindicadas como aqulas qu s
dsja rmmorar, sndo o spaço público (da “pista”  da favla) o lugar no
qual a lmbrança é xada. Há aqui duas morts, assassinatos, qu podm sr

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pnsadas como “vntos críicos”, nos trmos propostos por DAS (1995 apud
GAMA, 2012), qu dão snido aos trabalhos d mmória mprndidos.
O sgundo movimnto d anális proposto toma o fato d qu as disputas
m torno da mmória, nos casos m qustão, acontcram m torno d um
msmo objto: a placa d rua. Por mio dla, a rua  o bco são rnomados,
como srá visto,  a suprssão das msmas rcoloca o dbat público m
torno do dirito à mmória (MEDEIROS, 2018) qu insitui, m cada uma das
situaçõs, fitos difrnts qu podm sr comprndidos também a parir
da trajtória dos objtos, no caso, as placas qu, ao longo d sus prcursos,
podm sr pnsadas a parir dos múliplos usos  snidos qu adquirm.
Os dois vntos brvmnt narrados a sguir não são, assim, tomados
como totalidads, mas nquadrados considrando os caminhos analíicos
nunciados.

DOIS ASSASSINATOS
Eduardo d Jsus inha 10 anos quando foi assassinado na porta d sua
casa, m abril d 2016, pla polícia. Era véspra d friado  l aguardava a
irmã. Sua mã stava dntro d casa. Eduardo  família viviam no Complxo
do Almão, conjunto d favlas (rconhcido formalmnt como bairro
dsd 1993) situado na zona nort do Rio d Janiro. A comoção d sua
família, vizinhos  difrnts açõs colivas locais (TILLY, 1978) fz com qu
o corpo do mnino não foss rmovido do local. A mobilização grada por sua
mort  os muitos invsimntos ralizados por familiars, vizinhos  uma
ampla rd d solidaridad local (incluindo pssoas ligadas a organizaçõs
 colivos) tnsionaram o procsso d criminalização d Eduardo nas rds
sociais4  foram fundamntais para qu todo o procsso d rmoção do
corpo foss acompanhado por um grand númro d pssoas. A rirada
foi, inclusiv, rgistrada por um fotógrafo, intgrant d um dos colivos
locais d comunicação  diritos humanos, a pdido do pai d Eduardo, a
m d garanir uma prícia justa qu comprovass as condiçõs da mort 
a invsigação d sus rsponsávis (SOUZA, 2017).
O assassinato d uma criança m uma favla gra não só criminalização,
mas também rvolta,  o caso do assassinato d Eduardo pla polícia não foi
difrnt. Houv manifstaçõs variadas nas horas  nos dias qu sucdram
sua mort dntro do Complxo do Almão, incluindo uma grand caminhada

4 Os procssos d criminalização d pssoas ngras moradoras d favla, assassinadas pla


polícia, são rcorrnts  ncontram, nas rds sociais virtuais, um ambint profícuo. No caso
d Eduardo d Jsus, assim como d muitas outras crianças  jovns, logo após o assassinato,
comçaram a circular imagns d outras crianças/ jovns (também ngros  d classs
populars) mpunhando armas d fogo. Os txtos qu acompanham as imagns armam qu o
rtratado na foto é a pssoa assassinada pla polícia, jusicando moralmnt sua mort. Para
uma discussão sobr a criminalização d Eduardo  a disputa m torno d sua imagm, vr
Souza, 2017  Lâns, 2018.

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m qu comparcram também pssoas d fora, agrgando intgrants d


difrnts movimntos sociais locais  outros movimntos da cidad.
O grand nvolvimnto d colivos d comunicação  d diritos
humanos do lugar, com outras mídias indpndnts , também, com
grands mios d comunicação, du amplitud ao ocorrido. Isso cou
vidnt não só na caminhada, poucos dias dpois, qu runiu crca d
500 pssoas (númro atípico para manifstaçõs do gênro m favlas
naqul príodo), mas também nas muitas postagns, imagns  hashtags
qu circularam nas rds sociais virtuais naquls dias,  ainda m arigos
 matérias jornalísicas. A rconsituição do assassinato foi lmada m
tmpo ral por grands vículos d comunicação; divrsas autoridads
públicas visitaram o lugar, acompanhadas por lidranças políicas locais,
sus assssors, mas também por pssoas d organizaçõs  colivos qu s
localizam poliicamnt m tnsão com formas tradicionais d organização
 rprsntação local.
Um ano após sua mort (2017), os policiais rsponsávis plo crim
não haviam sido julgados. Familiars, movimntos  organizaçõs sociais
 d diritos humanos organizaram um ato no Complxo do Almão, a m
d marcar o anivrsário d su assassinato. A palavra d ordm  lma d
movimntos d mãs  familiars, “nossos mortos não srão squcidos”,
s fz prsnt ali. A aividad runiu mnos d 50 pssoas, ntr as quais
mãs d outras crianças  jovns viimados pla polícia militar carioca, m
outras favlas da cidad, qu vsiam camisas stampadas com os rostos
d sus lhos, também prsnts m faixas  banners. Suas falas forts
 mocionadas chamavam à rsponsabilidad todos ali prsnts, qu
tínhamos a possibilidad d rtornar para casa sm trmos qu convivr
com a dor da prda d um lho plas “mãos do Estado”.
O ncontro m uma das ruas principais d acsso à favla sguiu com
uma caminhada m qu ntoávamos cantos  palavras d ordm rfrnts
à força da favla  das pssoas qu lá moram: “Hoj o quilombo vm dizr,
Favla vm dizr, A rua vm dizr, É nós por nós”5. A caminhada sguiu por
dntro da favla até o bco ond Eduardo  sua família vivram  ond l foi
morto, culminando com a colocação d uma placa, rbaizando o bco com
su nom. Sgundo Thainã Mdiros, intgrant do colivo qu mandou
fazr a placa, o Papo Rto, fazia part daqul ato “Rssignicar o spaço,
bcos  vilas”, , nas palavras d outro intgrant, Raphal Calazans,
“Rarmar o bco como lugar d vida porqu é ond stão nossas mmórias,
nossas raízs”.
A placa foi colocada m um muro colorido, pintado por um dos gratiros
do lugar qu, junto a outras pssoas, ralizaram também um muirão d
grat como part das homnagns a Eduardo, naqul dia. Tm-s, assim,

5 Vrso do funk “Quilombo, favla  rua” (2012), d Mano Tko  Pingo do Rap.

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uma única placa m um muro com o nom d Eduardo d Jsus, conform


Figura 1.

FIGURA 1: FOTO DAS INTERVENÇÕES EM HOMENAGEM A EDUARDO DE JESUS NO


COMPLEXO DO ALEMÃO

Foto: Patrícia Lânes

***

14 d março d 2018. A vradora Marill Franco foi assassinada a iros


quando voltava d uma aividad ralizada na Casa das Prtas, sd d uma
organização ligada ao movimnto d mulhrs ngras, na Lapa, cntro da
cidad do Rio d Janiro. Marill  su motorista, Andrson Goms, foram
mortos m uma mboscada. O assassinato, ainda não totalmnt sclarcido,
foi tomado como crim políico. Marill havia trabalhado por muitos anos
como assssora parlamntar do ntão dputado fdral Marclo Frixo
, m 2016, foi lita como vradora da cidad do Rio d Janiro, com a
quinta maior votação ntr os candidatos ao cargo. Mulhr ngra, nascida
m uma das favlas do Complxo da Maré, ond morou  militou por muitos
anos, Marill ra casada com uma mulhr, Monica Bnício. Era também
socióloga  mstr m Administração pla Univrsidad Fdral Fluminns,
ond dfndu dissrtação sobr as Unidads d Polícia Pacicadora (ntão
políica d sgurança pública, do govrno do stado do Rio d Janiro).
A comoção grada por su assassinato foi norm  imdiata, com
rprcussão no Rio d Janiro, nas rds sociais, m outras cidads do país 
no xtrior. No dia sguint à sua mort, cntnas d pssoas s runiram,

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dvastadas  atônitas, m frnt à Câmara Municipal, na Cinlândia,


ond su vlório foi ralizado. Durant todo o dia, milhars d pssoas s
ncontraram m divrsas manifstaçõs ralizadas no cntro da cidad.
O assassinato d Marill Franco marcou profundamnt um momnto
no cnário brasiliro, colocando um assassinato políico no cntro do
dbat público. A mort d Marill  suas circunstâncias parcm tr
ampliado ainda mais a snsação d polarização políica no cnário nacional,
colocando m suspição a família d Jair Bolsonaro, ntão futuro prsidnt
da rpública, também do Rio d Janiro. A vradora assassinada dividia
com um dos lhos dl a Câmara dos Vradors da cidad.
Um argumnto fundamntal qu s struturou m torno do crim –
prsnt dsd sua campanha para vradora – é qu matar Marill ra
também uma tntaiva d anulação, d apagamnto d corpos ngros
fmininos  priféricos qu qusionavam a lógica htronormaiva d
lugars consolidados do podr branco masculino cisgênro. A gnricação
 a racialização do dbat foram cntrais também para o trabalho d
construção d altrnaivas à squrda qu buscaram s ancorar no lgado
 na mmória d Marill para disputar as liçõs para Assmbléia
Lgislaiva Estadual  Fdral mss dpois, naqul msmo ano. Buscou-s,
no trauma causado por sua mort (ntndido como part d xpriências
traumáicas prsnts m uma socidad profundamnt racista, misógina,
lsbofóbica  conomicamnt dsigual como a brasilira), a possibilidad
d honrar su lgado, tomando para si (no caso d candidaturas fmininas
ngras  priféricas) o lugar simbólico d “smnt” d Marill, como é
patnt no título do lm citado no início dss txto. O provérbio mxicano
“Els tntaram nos ntrrar, mas não sabiam qu éramos smnts” foi uma
das idias qu ajudaram a dar snido à dor coliva xprimntada naqul
momnto.

MUITAS PLACAS
A brv dscrição d algumas das circunstâncias dos assassinatos do
mnino Eduardo d Jsus  da vradora Marill Franco, ambos pssoas
ngras moradoras d favlas do Rio d Janiro,  d suas rprcussõs é
important para a comprnsão d como as placas d rua foram mobilizadas
na busca pla construção da mmória dssas pssoas na rlação com o
spaço urbano. D acordo com Halbwachs (1997), a mmória é um fnômno
colivo  social sujito a transformaçõs, oscilaçõs  variaçõs contínuas.
Como objto d disputa ntr difrnts ators, é produzida a parir d
trabalho d nquadramnto qu rqur invsimnto.
Nos casos analisados, tratamos do trabalho colivo m torno da
construção da mmória, qu s dá no  plo prsnt, tndo m vista
disputas m rlação ao passado, aqui consolidado sob forma do stado  d

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difrnts ators a l ligados qu buscam o apagamnto da possibilidad d


inscrição d mmórias subaltrnas no spaço urbano. No caso d Eduardo,
como dito antriormnt, a placa fz part d um momnto mais amplo
qu buscava xar sua mmória no lugar m qu vivu  foi morto; o bco
ganhou su nom, atribuído por sus familiars  por movimntos sociais
locais: ra o rconhcimnto da prda, da ausência. A placa foi mobilizada
como um objto qu, junto com outras muitas açõs, constrói um rprtório
d luta plo não squcimnto. A xação da placa s du no ato m mmória
d Eduardo um ano após o crim qu lh irou a vida. Algumas imagns
circularam pla Intrnt  a placa foi incorporada, bm como os novos
dsnhos  grats fitos nos muros do bco, ao coidiano do lugar.
Um ano após a homnagm ralizada, o musólogo  aivista Thainã
Mdiros noiciou, m suas rds sociais, qu a placa já não stava mais
no msmo lugar. Havia sido rirada, sgundo l, , parindo d rlatos d
pssoas moradoras do lugar, por policiais. Thainã faz, ntão, uma anális
acurada, qu part d uma fotograa do dia m qu a placa foi colocada
(fotografada ao lado d Thrzinha d Jsus, mã d Eduardo, com a ninha
bbê no colo)  uma fotograa do local ond dvria constar a placa, ntão
vazio, com os buracos qu foram furados para prndê-la,  o rtângulo
marcando o lugar m qu stava ants. Acompanhando as imagns
organizadas por l como “ants  dpois”, lado a lado, foi postado também
o txto initulado “Dirito à Mmória”, qu rproduzimos intgralmnt a
sguir:

Do lado esquerdo, está Dona Therezinha com sua neta no colo ao lado da
homenagem que zemos ao seu lho Eduardo de Jesus, assassinado aos 10 anos de
idade por um policial do Choque que atirou na cabeça do menino quando este estava
na escada de sua casa brincando com o celular.

Fizemos essa placa para homenagear um menino, que assim como tantos outros,
usa o beco como local de aprendizado e brincadeiras, já que as ruas e praças estão
cheias de nomes de “soldado isso”, “marechal aquilo”, a avela utiliza o abandono do
Estado para nomear seus próprios becos.

Do lado direito, é uma foto tirada no dia de ontem (10 de agosto de 2018) no mesmo
local quando fazíamos um rolé com a Defensoria pública pelo complexo do alemão
e Dona Therezinha nos pediu para voltar ao lugar. Voltamos e descobrimos que
a placa que disputava a memória da criança foi retirada por policiais. Os vizinhos
nos conrmaram e engolimos mais esta violência do Estado: ter negado o direito de
memória e disputa do imaginário popular e nomeação dos espaços públicos.

Recentemente o prefeito Crivella fez algo parecido na Maré, onde trocou do dia
pra noite, o nome de dezenas de ruas para nomes bíblicos. Nomes que as pessoas
estavam acostumadas a se referenciar, do nada, mudava sua lógica.

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O prefeito não fez isso à toa. Ele sabe que espaços públicos são uma forma de criar
imaginários e construir memórias coletivas. Por isso, o Rio de Janeiro está cheio de
Estátuas de poderosos em praças com nomes que lembram os poderosos.

Fazemos o mesmo há anos! Em qualquer favela em que ando os dizeres “saudades


eternas” vem o nome de alguém querido naquela localidade e que perdeu sua vida
cedo demais. Existem gratis sobre isso, camisas, músicas e às vezes até balões!
Disputamos a memória mesmo que os agentes do Estado tentem nos negar.

A placa em homenagem ao menino Eduardo foi uma ação de preservação de sua


memória em espaço público. Mas sua vida nunca será esquecida pela sua mãe que
luta por justiça e por nós, favelados que queremos ver nossa juventude viva!

(Postagem de Thainã Medeiros, museólogo, ativista e participante do Coletivo Papo


Reto, Facebook/ Instagram, 11 de agosto de 2018)

O txto d Thainã Mdiros é important não apnas por nos rvlar o


contxto d suprssão da placa, m uma cidad (assim como tantas outras)
marcada por um podr d nomação qu não é daquls qu usam o spaço,
mas, também, por trazr à tona as disputas prsnts m outros modos d
ocupar sss spaços, intrfrindo nos muros  m produçõs stéicas 
políicas qu vidnciam prsnças  dscorinam ausências, sobrtudo,
aqulas ausências produzidas plas rlaçõs d violência do stado com
populaçõs qu habitam suas margns (DAS, POLLE, 2008). O concito
d “dirito à mmória” vm sndo formulado  praicado por difrnts
ators, sobrtudo movimntos sociais ligados a familiars d víimas do
stado (m difrnts príodos históricos, notadamnt o ditatorial). Nss
contxto, o dirito à mmória associa-s ao dirito à vrdad sobr morts 
dsaparcimntos  ao rconhcimnto das rsponsabilidads d difrnts
agnts statais, bm como ao dbat sobr difrnts modalidads d
rparação.
No caso m anális, no ntanto, Mdiros nos provoca a pnsar m
outras possibilidads d formulação dssa idia. Thainã labora o “dirito à
mmória”, ngado às populaçõs ngras  priféricas historicamnt, como
algo rivindicado a parir d múliplas táicas. Essa idia da mmória como
dirito, mas também como produto d rlaçõs d podr, qu s traduzm
spacialmnt na cidad  m sus spaços, dialoga com concitos d
mmória coliva cunhados  trabalhados por difrnts autoras  autors6.

6 Hill Collins (2017) sublinha a importância d comprndr a formulação d concitos


uilizados na acadmia rconhcndo sus procssos d produção plos movimntos sociais
(no caso por la analisado, a idia d “intrsccionalidad”). Aqui optamos por dstacar a
mobilização d “dirito à mmória” a parir d prspciva similar. Entndmos qu a anális
d Thainã é prcisa, , portanto, não a tomarmos como “ilustração” da concituação d outros
intlctuais qu torizaram o “dirito à mmória”.

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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

A mmória coliva é ntndida como procsso dinâmico no qual atuam


difrnts ators posicionados dsigualmnt m tramas d podr. Essas
posiçõs podm dtrminar possibilidads d apagamnto d algumas
lmbranças, d criação ou rforço d outras qu, m médio  longo prazo,
rsultam na história como a conhcmos. Esss trabalhos d rsistências
plas margns na construção d outras mmórias qu incorporam a vivência
d pssoas moradoras d difrnts localidads – acionando inclusiv
rprtórios uilizados plo stado (a nomação  conglamnto do nom d
uma rua, avnida, bco ou praça tc.) – rvla nuancs d uma disputa qu
s dá no coidiano d muitas populaçõs. O caso d Eduardo “trmina”, nss
txto, com um muro com o spaço vazio da placa,  com a conclusão do
apagamnto do rastro d traumas vividos colivamnt  qu nos rmtm
à atualização da violência racista  colonial. Nas palavras d Grada Kilomba:

O racismo cotidiano não é um evento violento na biograa individual, como se


acredita – algo que ‘poderia ter acontecido uma ou duas vezes’-, mas sim o acúmulo
de eventos violentos que, ao mesmo tempo, revelam um padrão histórico de abuso
racial que envolve não apenas os horrores da violência racista, mas também as
memórias coletivas do trauma colonial. (Kilomba, 2019, p. 215)

No caso da vradora Marill Franco, a placa com su nom marca


um novo momnto das disputas sobr narraivas d sua trajtória  d sua
mort. A placa m homnagm à Marill foi colocada sobr a placa da
Praça Marchal Floriano por aivistas d um colivo artísico. Na vrdad,
tratava-s d um adsivo sobrposto a uma placa d fato. Assim como s
passa com outras intrvnçõs artísicas urbanas, intmpéris, como a
chuva, podriam tê-la dtriorado ou ainda agnts públicos podriam tr
promovido sua rirada.

FIGURA 2: PLACA RUA MARIELLE FRANCO

Fonte: ruamariellefranco.com.br

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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

Ants disso, no ntanto, a placa foi mostrada parida m dois pdaços,


durant um comício políico d candidatos do campo oposto ao da
vradora, ralizado m Ptrópolis/RJ, ato qu acontcu uma smana
ants do primiro turno das liçõs para cargos staduais  nacionais d
2018. A placa vilipndiada foi xibida no palanqu plos ntão candidatos,
rspcivamnt a dputado fdral  stadual, Danil Silvira, policial
militar,  Rodrigo Amorim, advogado. Wilson Witzl, ntão candidato
a govrnador do stado do Rio d Janiro, também stava prsnt. Na
fotograa comparilhada xausivamnt na intrnt  por vículos d
comunicação, um dos candidatos ostnta o braço musculoso  o punho
crrado, ao passo qu o outro, vsindo uma camisa stampada com o rosto
d Jair Bolsonaro, xib as duas parts da placa. Um vído do ato também
tv imnsa rprcussão, grando tanto adsõs ao ato quanto rvolta.
É important tr m mnt qu, naqul príodo, no nal d 2018, ra
notávl o uso dos algoritmos das rds sociais virtuais como forma fiva
d ganhar simpaia d pssoas  grupos d difrnts spctros políicos 
ngajar mocionalmnt pssoas m um cnário litoral profundamnt
polarizado. Sndo assim, grar polêmica vinha sndo uma táica muito
comum. Nssa linha, os candidatos citados algaram qu a placa scondia
o nom original da praça , portanto, dprdava o patrimônio público. Por
outro lado, o gsto “rstaurador da ordm”, como vrmos a sguir, foi visto
como mais uma violência inligida à Marill.
Em contraposição à xibição do objto como spéci d troféu  rduzido
à condição d fragmnto, obsrvamos notória prolifração das placas para
clbrar a prsnça d Marill. Taussig (1999) pnsa as dsguraçõs – d
monumntos, símbolos ou corpos – como paricularmnt rvladoras,
uma vz qu o defacement, o gsto qu dsmascara, atrai ao passo qu
rvla a intrioridad. No caso abordado, talvz nm soubéssmos qu
uma intrvnção artísica havia sido fita na Cinlândia subsituindo a
placa “Praça Marchal Floriano” pla “Rua Marill Franco”. Contudo,
a intrvnção foi atacada  o gsto foi tornado público, como part d
stratégia litoral qu, anal, ajudou a lgr todos os candidatos qu
stavam naqul palanqu.
O algado zlo plo patrimônio foi ntndido por inúmras pssoas
como um ataqu à mmória d Marill  aos procssos colivos d
rssignicação d spaços públicos. A placa d homnagm a Eduardo d
Jsus, por sua vz, circunscrita ao conhcimnto d pssoas moradoras do
Complxo do Almão  outras vinculadas a movimntos sociais, também
voltou a transbordar su círculo mais imdiato d intração m função ao
su dsaparcimnto, xposto  analisado na postagm d Thainã Mdiros,
nas rds sociais.
Como arma Taussig (1999), gstos iconoclastas, d “vandalismo” 
ans aivam potências latnts d monumntos, símbolos ou corpos qu
prmancm m rlaivo stado d invisibilidad até o momnto m qu são

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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

atacados. Salintamos qu a dstruição criadora, ao tntar apagar o nom d


sujitos do spaço urbano, incid m procssos d luta pla dscolonização
da toponímia urbana. Nss snido, é prinnt analisar stratégias d
contstação uilizadas por pssoas qu não s rconhcm m su trritório,
frquntmnt povoado por rfrências a prsonagns brancos, fardados 
masculinos.
No msmo dia da publicização da vandalização da placa d Marill
Franco, uma campanha on-line foi promovida plo jornal d humor “O
Snsacionalista”, qu convocou pssoas a contribuírm voluntariamnt
para qu cm placas fossm imprssas. O slogan da campanha foi “ls
rasgam uma, nós fazmos cm”. O valor arrcadado suprou m muito o
ncssário para a confcção d uma cntna d placas  possibilitou qu mil
foram imprssas. A distribuição dlas foi fita m ato na Cinlândia, locus
original da primira intrvnção “Rua Marill Franco”.
A “art” da placa foi disponibilizada na Intrnt, no intuito d “lvar as
placas para todos os cantos  mostrar qu a Mari é do tamanho do mundo!”.
O sit www.ruamarillfranco.com incniva a imprssão m grácas a
prço d custo  também aprsnta um mapa das placas, no qual é possívl
cadastrar um novo local m qu alguma sja xada. Assim, a ação dá a
vr a dimnsão spacial intrnacional da muliplicação das homnagns.
D acordo com o sit da iniciaiva, “mais d 18.000 placas da Rua Marill
Franco já foram produzidas dsd qu tntaram dstruir ssa homnagm”.
A muliplicação da placa, ntrtanto, crtamnt xtrapola m muito ss
númro. A imagm s tornou rcorrnt m atos, marchas, pards d casas
tc.,  stá prsnt na xposição “Cidadania m construção”, no Musu
Histórico Nacional, no Rio d Janiro. Houv também qum transformass
a imagm da placa m capa d cadrnos, camista , ainda, houv qum
vndss a placa.
Na produção conjunta d antropólogos  historiadors, chamada “A vida
social das coisas”  por mio da noção d “biograa cultural”, Kopytof (2008)
prdita como o ntndimnto d algo como “coisa” ou “pssoa” varia d
acordo com os contxtos históricos  culturais. O qu é comum, subsituívl
 mrcanilizávl pod s singularizar, adquirir statutos pariculars 
circular por mio d transaçõs sustntadas por uma “conomia moral”. O
autor tmaiza procssos sociais qu stablcm o qu pod sr ngociado
como mrcadoria  o qu dv sr rsguardado da comodiização qu, por
sua vz, consitui um momnto spcíco na trajtória das coisas no qual
su potncial d troca é dstacado,  não uma condição prmannt.
Nssa dirção, o aparnt dsvio na trajtória da placa, originalmnt,
uma intrvnção artísica, qu s tornou conhcida ao sr mostrada
dstruída  s transformou tanto m objto d mobilização políica quanto
m mrcadoria d e-commerce, é rprsntaivo do procsso d produção
d mmória coliva, tal como ntndido por Halbwachs (1997), ou sja,

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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

como fnômno construído colivamnt  submido a lutuaçõs,


transformaçõs  mudanças constants.
O comício citado antriormnt foi um ritual d protagonismo
masculino, pautado pla xibição da violência. A ostntação da rirada 
da dstruição da placa tv coninuidad no gabint d um dos dputados
autors do ato, qu moldurou um dos fragmntos da placa  o pndurou na
pard d su local d trabalho, na Assmblia Lgislaiva do Rio d Janiro7.
Na Câmara dos Dputados m Brasília, por su turno, a placa foi mobilizada
por mulhrs litas, como mncionamos no início do txto. O objto foi
rguido com orgulho, na crimônia d poss d novas dputadas m Brasília,
 foi axado na porta d gabints ocupados por mulhrs dclaradamnt
fministas: Talíria Ptron, Sâmia Bomm, Frnanda Mlchionna, Áura
Carolina  Luiza Erundina. Foi criado, assim, o Corrdor Marill Franco.8
Não só ruas, mas vários outros locais, como praças  jardins, inclusiv fora
do Brasil, foram baizados com o nom d Marill Franco (FRANÇA, 2019).
Como buscamos dmonstrar, a tntaiva d rirada d suports d mmória
da arna políica não lvou ao dsaparcimnto dls. A mirada para os
rituais qu buscaram insituir novos statutos para os objtos (GOMES,
2017), dstruindo-os ou ntronizando-os, colocou m rlvo gstos, agnts
 situaçõs qu vidnciam como, no Brasil, o dbat sobr vandalismo d
monumntos não diz rspito apnas à dsconstrução insurrcional d
monumntos qu dão corpo a oprssors9. Monumntos qu rprsntam
prsonalidads do movimnto ngro ou qu fazm rfrência a divindads
das rligiõs afro-brasiliras são constantmnt atacados (VALLE, 2018).
As frqunts dprdaçõs vidnciam qu crtas mmórias, há muito, não
têm sua prsnça assgurada no spaço público.
Em função do xposto, ntndmos qu é prinnt trazr à luz não
apnas os rcnts pisódios d invsidas contra monumntos coloniais,
mas também outras xpriências d aristas, aivistas  intrvnçõs
urbanas qu vidnciam como a prsnça d crtos corpos,  objtos qu
os corporicam, na cidad stá m qustão.   A muliplicação da placa
Rua Marill Franco  a insrção da placa Bco Eduardo d Jsus m um
rprtório d luta d moradors d favlas, plo dirito a lmbrarm d sus
mortos, nos intrssam, portanto, como mobilizadoras d gramáicas d

7 https://poca.globo.com/um-ano-apos-assassinato-d-marill-placas-s-tornam-simbolo-
m-protstos-23523249
8 https://blogs.oglobo.globo.com/marina-caruso/post/dputadas-criam-o-corrdor-marill-
franco-na-camara.html
9 O qusionamnto da prmanência d státuas d oprssors no spaço público rcntmnt
ganhou grand rprcussão ao sr incluído na stira d rivindicaçõs ani racistas qu viram
à tona após a mort violnta, plas mãos d um policial branco, do stadunidns Gorg Floyd.
A drrubada da státua d um tracant d scravos na cidad inglsa d Bristol pautou uma
séri d discussõs sobr a possívl xclusão d outros símbolos do passado colonial spalhados
plo mundo.

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MEMÓRIA COLETIVA: ENTRE LUGARES, CONFLITOS E VIRTUALIDADE

lmbrança  squcimnto. Dss modo, xploramos disintas stratégias


qu possibilitam modos d narrar o lugar , por consguint, produzir a
mmória coliva.

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