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Associação Brasileira
das Editoras Universitárias
Segunda Edição
Sociabilidades, justiças
e violências: práticas
e representações culturais
no Cone Sul (séculos XIX e XX)
Sandra Jatahy Pesavento
Reitor
Carlos Alexandre Netto
Vice-Reitor e Pró-Reitor
de Coordenação Acadêmica
Rui Vicente Oppermann
EDITORA DA UFRGS
Diretora
Sara Viola Rodrigues
Conselho Editorial
Alexandre Ricardo dos Santos
Carlos Alberto Steil
Lavinia Schüler Faccini
Mara Cristina de Matos Rodrigues
Maria do Rocio Fontoura Teixeira
Rejane Maria Ribeiro Teixeira
Rosa Nívea Pedroso
Sérgio Antonio Carlos
Sérgio Schneider
Susana Cardoso
Valéria N. Oliveira Monaretto
Sara ViolaRodrigues, presidente
Sociabilidades, justiças e violências:
práticas e representações culturais no Cone Sul
(séculos XIX e XX)
ISBN 978-85-386-0203-3
Sumário
Os autores 315
r-iv '!, •?;
Fronteiras da ordem,
limites da desordem:
violência e sensibilidades
no sul do Brasil, final
do século XIX
M
SANDRA JATAHY PESAVENTO
12 Sociabilidadesjustiçase violências:...
rencialmente à noite,mas que podiam causar desordens à plena luz do
dia, em sucessivostumultos e arruaças." Lamentava-se que esses "melros
e melras"'^ ficassem tão pouco tempo no xadrez, sendo por vezes soltos
após 24 horas de detenção. A "corja de vagabundos e desordeiros"'^ era
freqüentemente apontada como sendo composta por homens de cor.' 14
19. A Gazetinha, 12 maio 1895; 27 out. 1895; 12, 16, 23 e 31 jan. 1896; 5 e 12 mar.
1896; 5 nov. 1896.
16 Sociabilidades,justiças e violências:...
guel, tendo contudo, domicílio fixo e ocupação certa.... O cidadão era
também aquele de hábitos morigerados: com emprego, trabalhava todo
o dia e não desperdiçava seu tempo com idas a lugares onde se bebia ou
se jogava. Em geral, os cidadãos eram sempre os agredidos ou os que
reclamavam ou denunciavam, junto às autoridades, os desregramentos
e os crimes praticados pelos indivíduos: "Os cidadãos Otaviano Fran
cisco de Carvalho e Manoel Cantídio Lopes apresentaram anteontem, à
meia-noite, no quartel da guarda municipal, o indivíduo Alfredo Adão
Sampaio, que fora agarrado em flagrante ato de arrombamento de uma
porta de casa de família".^®
São,em princípio, indivíduosque provocam distúrbios, ou mesmo
crimes, e que são levados ao xadrez correcional: "De ordem do subin-
tendente Louzada, foi recolhido ao Io posto policial o indivíduo João
Leite da Silva, por desordem'?^
Seria também o caso de Virgílio de tal, morador na rua da Mar
gem, que agredira a bengaladas um cidadão desarmado,^" ou também
de uma Castorina de tal,^^ ou aindade uma Philomena de tal, que insul
tarasuavizinha da ruaAvahy, vizinha essa referida por "Dona Evarista",
para assinalar claramente a diferença destatus de ambasIgualmente
uma "fulana" Antônia da Conceição forapresano início do ano de 1898,
por desordem e ofensas à moral pública, a mostrar, pela designação
dada, que se tratava de uma qualquer ou talvez uma entre tantas outras
que provocavam distúrbios na cidade.^^ A mesma indeterminação de
nomeada - de tal -, sempre em tom estigmatizador e associado a uma
prática desviante pode acompanhar a indicação do nome completo da
pessoa envolvida:"Às sete horas da noite de ontem, foi recolhida ao 1-
posto a mulher de nome Maria Carolina da Conceição que, armada de
um canivete, feriu em um braço seu amásio, de nome Eduardo Joaquim
da Fontoura, cocheiro do carro de praça n° 5".^''
18 Sociabilidades,justiças e violências:...
Igualmente no mesmo uso do vocabulário estigmatizador para os
indivíduos, dois carreteiros do campo da Redenção passaram das palavras
à briga de fato, resultando um ficar com a cabeça quebrada por um golpe
certeiro dado com uma vareta da carreta... Seus nomes: "João de tal" e
"Faz-Tudo",'*^ a indicar não só a imprecisão ou a banalidade identitária
como a não-especialização profissional de um diarista, a viver de biscates.
Da mesma forma, noticiava-se que o crioulo André Januário Bar
bosa, morador no beco da Maxambomba, fora ferido por seu compa
nheiro de casa, o embarcadiço Luís "de tal", que fugira após o crime.^^
No caso desses dois indivíduos, o quadro é completo. Ambos moram
em um beco; um é crioulo, outro é de tal, com o que se completa a re
presentação estigmatizada. Igualmente, se a "desordeiraJoana Maria da
Conceição" foi presa por andar "jogando sopapos com uma Rosa de
tal","'"' a situação era a mesma: mulheres desclassificadas, com compor
tamento transgressor da ordem em espaços malditos da cidade.
Por vezes, os turbulentos são somente mencionados pelos seus
apelidos que, por sua vez, são indicadores da sua aparência ou caráter.
É o caso de um tal de "Mal-acabado", ou de um "Chico Caboclo", ou de
um certo "Antônio Futrica". Turbulento era, sem dúvida, o "bicheiro"
Formiga'*^ ou o indivíduo" João Bruxa, ex-proprietário de um bote
quim no beco do Poço, que se atracou com um cabo do 8^ regimento de
cavalaria à porta de uma taverna do mesmo beco!''®
De um modo geral, os indivíduos roubam e são bêbados sempre a
fazerem arruaças; acabam no xadrez por gatunagem, por desordem, por
porte de armas proibidas e praticam crimes mais pesados, envolvendo
ferimento e morte. Em grupo, são sempre uma "corja' ou uma "malta".
Paraosindivíduos, oscidadãos eram reconhecíveis. Assim, um pre
to, recém-libertado da cadeia, interpelou Eugênio Carloni de Sayão Car
valho, sargento do 25^ batalhão de infantaria, ao abordá-lo com uma faca:
20 Sociabílidades,justiças e violências;.
conflito, mas, à medida em que se dá o depoimento das partes, o agres
sor torna-se o indivíduo...
Era preciso coibir, refrear, prevenir e agir sobre o social, para evi
tar que os turbulentos agissem contra os cidadãos.
Os atores contumazes da contravenção eram sempre os mesmos,
presentes nos sarilhos armados: prostitutas, bêbados, vagabundos, joga
dores, ladrões, brigadianos, praças, policiais. Em um mesmo local es
tigmatizado, todos os ingredientes da turbulência se reuniam, como se
pode ver nesta notícia de jornal:
24 Sociabilidades,justiças e violências:...
Um dos participantes, de condição militar, se envolvera com uma
china - no caso, a parda Helena, mulher de comportamento "livre" - em
uma "brigade navalha", que "produziraum ferimento de 8 a 10 centíme
tros de extensão" no rosto da vítima, durante lun baile realizado em um
beco!^^ Prostitutas e brigadianos ou praças do exército atuavam freqüen
tementecomoparceiros, como no caso citado, mostrando as débeis fron
teiras entre o mundo da ordem e o da contravenção... Por vezes, os praças
roubavam dos próprios detentos, como no caso noticiado no Jornal do
Comércio^ no qualum servente da oficina desse periódico - Bento Nunes
Pereira, cidadão morigerado^ - não apenas fora preso semmotivo, como
tivera seu dinheiro arrebatado, sendo depois esbordoado!
Para mostrar que quem deveria controlar precisava de controle,
temos um incidente no beco do Fanha, onde três praças da brigada ar
maram um conflito com a patrulha da guarda da mesma milícia, em
disputa queresultou atéemtiro.^^ Outrospraças da mesma brigada mi
litar, armados, "travaram-se de razões"®^ com praças, desarmados, do 2°
batalhão de engenharia, nasproximidades do mercado público de Porto
Alegre. Em outro incidente, tarde da noite, no Arraial dos Navegantes,
defrontavam-se guardas municipais, umpraça dabrigada militar e dois
artífices do Arsenal de Guerra.®^
26 Sodabilidadesjustiçase violências:..
carreira, deveria contar muito a oportunidade de sustento, por menor
que fosse, o ganho de roupa - o uniforme... - e talvez a oportunidade de
ser reconhecido como cidadão e autoridade, as compensações materiais
e simbólicas para os deserdados da urbs.
A população, por seu lado, vingava-se pelas palavras, chamando
tais militares de morcegoSy apelido injurioso que deu margem a sucessi
vos conflitos, pois os ofendidos, julgando-se ultrajados, davam voz de
prisão aos gaiatos...
34 Socíabilidades,Justiças e violências:...
Algumas vezes, os motivos são arrolados como efeitos diretos da
embriaguez, pouco importando, no caso, a natureza da discussão ou as
razões que fizeram iniciar o conflito e as agressões mútuas. Havia uma
fórmula de designar tais situações: "já embriagados, travaram-se de ra-
zões...7°^ onde ficava claro que, não importando a natureza das tais
razões, a bebida era a responsável por aquela briga.
E que motivos teria, por exemplo, Alberto Alexandra Rosseler,
afora o álcool, para, em estado de completa embriaguez, ter espancado
a mulher na própriacasa, na Rua GeneralPortinho?^®^ Os jornaisnada
dizem de fato tão corriqueiro - maridos batendo em esposas -, mas
sabemos que o agressor fora recolhido à prisão e que o abuso da bebida
foi considerado o responsável pelo espancamento. O ciúme era a causa
de numerosas agressões que envolviam homens do povo em briga pelos
favores de uma mulher, ou duas "raparigas" em disputa por um "sujei
to". Alegando "questões de ciúmes", dois rapazes travaram-se de razões
em uma taverna do Arraial de Navegantes, arrastando para o conflito
algunsfamiliares e freqüentadores do local, em uma briga que se gene
ralizou com base em facadas e golpes de cacete...Por questões de tal
tipo - o terrível ciúme-, na praça da Alfândega o cocheiro Estácio Mar
tins dos Santos, de 23 anos, ao dar uma bengalada no italiano Francisco
Cavalheiro, de 21 anos, trabalhador em uma padaria no Menino Deus,
recebeu em revide uma facada; motivo: gracejos e palavras ofensivas do
italiano, por ciúmes da conversa amistosa que o cocheiro travava com
uma rapariga na praça...Foi ainda por ciúmes que Ernestina Maria
da Silva foi presa na rua da Varzinha, por ter dado umafacada no peito
de seu amásio Manoel Calisto da Silva, músico do 25° batalhão.^®® Não
se sabe, porém, os motivos que teriam levado a amásia de Bernardo
Loureiro - referida nos jornais como "desumana mulher deorigem ale-
mã"^°^- a lhe desfechar um tiro de revólver no braço e uma facada no
137. Em1876, o médico Cesare Lombroso lançara o seu renovador livro VUomo de
linqüente; em 1881, o jurista Enrico Ferri escreveria / nuovi orizzonti dei diritto
e delia procedura penale e em 1883 lançaria Socialismo i criminalitá. O igual
mentejurista Rafaelle Garofalo, em 1885, iniciaria, comsua obra Criminologia,
o termo que depois seria expandido para a antropologia criminal.
Foi ainda a fotografia que deu novo impulso a uma série deestudos
sobre as expressões humanas, provocadas pormeio de uma eletrização pos
ta em prática na França por GuíUaume Duchenne na segunda metade do
século XIX. Era possível agora deixar registradas as imagens no momento
mesmo em quea fisionomia eraestimulada por choques nervosos. Tratava-
-se de uma espécie de estudo da anatomia, ao vivo, onde se podia apreciar
os estados da alma em relação com os músculos estimulados^^^(Figura 3).
138. SERÉN, Maria doCarmo. Murmúrios do tempo. Vila Nova deGaia: Ministério
da cultura/Centro Português da Fotografia, 1997, p. 8.
139. DARMON, Pierre. Médicos e assassinos na Belle Époque. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1991, p. 12.
140. PASQUINO, Pascale. Naissance d'un savoir spécial: Ia criminologie. In. Ml-
CHEL, Foucault: Surveilleretpunir. Ia prision vingt ans après. Societés et répre-
sentations. Paris: CREDHESS, n. 3, 1996, p. 174.
141. AUMONT, Jacques. O olho interminável (cinema e pintura). São Paulo: Cosac
&Naify.2004, p.71.
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Figura 4
Casa de Correção de Porto Alegre, 1898.
àluz das duas teorias em voga: ocriminoso já nascia como tal (Lombroso)
ouera o meio social que produzia o delinqüente (Lacassagne)?
Sendo um presídio central, a Casa de Correção recebia os sentencia
dos de todas as zonas do Rio Grande. Assim, a população carcerária exa
minada pelo doutor Leão reunia criminosos da capital e do interior, das
cidades e da zona rural do estado fronteiriço que é o Rio Grande doSul.
A condição de fronteira confere ao Rio Grande algumas caracte
rísticas especiais. Com uma formação histórica balizada pela guerra e
pelos renovados conflitos com os castelhanos, a historiografia confere
aos habitantes da região um conjunto de práticas sociais e um código
de honra marcado pelos valores masculinos e militares. Há mesmo uma
visão estereotipada e vulgar que faz do ser fronteiriço um bruto, um
primitivo, um indivíduo acostumado à violência.
A rigor, talvez se possa admitirque sulinos ou surenos, de um lado
e de outro da fronteira, não eram estranhos a comportamentos violen-
fj !"•
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jkJSTy íM
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Figura 5
Benjamin, o degolador. Homicídio em Pelotas.
142. Processos criminais 1.237 e 3.111. Arquivo Público do Estado do Rio Grande
do Sul.
"l'
1"^
Figura 6
Degola. Revolução Federalista de 1893.
143. Processo criminal n^3.138. Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
144. Processo Criminal n° 3.630. Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
56 Sociabilidades,justiças e violências:...
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«. ^U.l|H|i I. i> ''jJ-'- .
(««Qmí.W V^<r* *»
^ '-' •
Figura 8 Figura 9
Ramona Cassiana Dias, nascida Dorotheo Aguirre, argentino.
em Uruguaiana. Homicídio em Alegrete.
145. Processo criminal n- 213, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul.
*t4'WÍ* l'
fevr.' Recordações da casa
dos mortos:
projetos carcerários
e socíabílidades prisionais
(a Casa de Correção de Porto Alegre
no século XIX)
Ano N® de presos
1878 306 - 17 alienados^
68 Sociabilidades,justiças e violências:.
civil de Porto Alegre. Em um longo ofício, a autoridade policial pedia a
remoção urgente de mais presos para o mesmo destino (a casa de corre
ção da corte) ou para Fernão de Noronha, visando moralizar e prevenir
quaisquer casos imprevistosque prejudicassem a segurançageral dos pre
sos, chamando a atenção para o descontentamento reinante:
20. A defesa teve sucesso e Bernardino foi desqualificado como réu pelo juiz de
direito Bernardo Dias de Castro Sobrinho.
21. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 213. 6. ed.
22. PERROTT, op. cit., 1988, p. 266.
23. AHRS - CDP n° 98, ofício de 06 de agosto de 1883 ao presidente da província
/ Grifos nossos.
24. AHRS-CDPn°79.
25. APERS - Processo 1469, maço 56.
74 Sociabilídades,justiças e violências:...
humanitária. Esses cubículos estão agrupados, uns na es
quina da rua 3 de Novembro e General Bento Gonçalves,
outros cujo conjunto constituem o cortiço que o vulgo
chama 'o Céu: no porão da casa onde mora o taverneiro
Salles e, finalmente, outros edificados no corredor e fun
dos do sobrado existenteentre o quartel e a rua General
Bento Gonçalves.^^
30. AZEVEDO, Célia. Onda negra, medo branco. São Paulo: Cia. das Letras, 1987,
p 195. Grifos nossos.
31. AHRS - CD? no 252.
32. AHRS - CGRS, maço 111.
33. APERS - 1° Cartório de Porto Alegre,Sumário Júri, maço 56, processo 1.462.
34. APERS - Cartório Júri, Porto Alegre, maço 43, processo 1.238.
35. Dostoiévski relata que graças a um bom suborno o preso e sua escolta iam às
escondidas "paraum bairroescuso", afinal o dinheiro do forçado não inspirava
"mais repugnância do que o de qualquer homem". Op. Cit., 1972, p. 48/49.
37. APERS - Cartório Sumário Júri, maço 54, processo 1.414/Grifos nossos.
38. FOUCAULT, op. cit., 1988, p. 98/99.
42. Deveriam fazer parte das oficinas e por elas distribuídos conforme suas apti
dões e vocações, aqueles determinados no artigo 22: § 1° - os condenados à
prisão com trabalho, qualquer que seja o tempo de duração da pena; § 2° - os
menores condenados; § 3° - os mendigos e vadios; § 4° - os condenados à pri
são simples que quiserem; § 5° - os escravos que foram recolhidos à prisão, e
cujos donos não os reclamarem dentro do prazo de seis meses.
44. AHRS - AMCMPA, maço 149 / Grifos nossos. O Relatório surtiu efeito e foi
liberado um crédito junto à fazenda provincial de 70 contos de réis, a fim de
ser terminado o prédio tornando-o compatível com o "adiantamento da época,
afastando-o das prisões medievais, ao que se assemelha'. Nafala do presidente da
província Galdino Pimentel à Assembléia Provincial, em 01 de março de 1889,
notamos queo projeto de regeneração frustrou-se aolongo do período imperial.
Com uma população de 400 presos, o presidente alertava: "Tão grande núme
ro de presos, reunidos sem que se cuide de sua regeneração, traz em resultado
perder-se a esperança dereabilitação dos condenados, tornando-se diaa dia cada
84 Sociabilidades,justiças e violências:...
o português Miguel Souza (58 anos, casado), condenado a 14
anos de prisão simples por homicídio, disse ter sido desde 1872 chavei
ro da cadeia, até que um preso deu ao atual carcereiro 50 mil réis para
ocupar o cargo. Ocupando o terceiro posto mais importante da cadeia,
pois segundo o artigo 3^ § 3° devia substituir o ajudante do carcereiro
em sua ausência, Miguel cobrava dos presos as quantias da lista referida.
Miguel ainda informou que, devido a queixas do encarregado do xadrez
7, foram separados os presos Luiz e Antônio, por se entregarem "habitu
almente ao vício da sodomia", mas dias depois o preso Luiz deu 40$000
réis ao carcereiro e o casal de homossexuais foi reunido, continuando
"na mesmavida dissoluta". SegundoMiguel, em 1883, o encarregado de
recolher 5$000 ( cinco mil réis) como permissão para os jogosnas celas
- ficando ainda o vencedor obrigado a premiar o carcereiro com uma
gorjeta -, era o já conhecido preso Bernardino Cândido!
A queixa parece ter surgido de uma denúncia "escrita e verbal"
feita por alguns dos presos ao subdelegado do 3°distrito da capital José
Parafita (37 anos, negociante). Na sua defesa, o carcereiro arrolou uma
condecoração militar, um ofício do chefe de polícia, um da secretaria de
polícia informando que nos registros das sete visitas feitas à cadeia não
constam quaisquer faltas, e um atestado do Dr. Manoel Pereira(médico
da cadeia), declarando que a presa Matildes sofria das faculdades inte
lectuais, possuindo "monomania amorosa, persuadindo-se que certos e
determinados indivíduos" eram apaixonados por ela.
Para o que mais nos interessa no momento, o carcereiro anexa
um ofício do chefe de polícia José Maria de Araújo, de 8 de fevereiro de
1883, louvando a atitude do réu em prender um indivíduoque conduzia
aguardente à cadeia (caixeiro da venda do subdelegado Parafita), soli
citando que fosse benévolo e que soltasse o réu. Comprovando a exis
tência de um comércio ativo entre os presos e a venda do subdelegado,
o réu ainda incluiu uma lista de compras e de dívidas do sentenciado
Francisco Durão (30 anos, viúvo, português), condenado a 14 anos de
prisão simples por homicídio, que nos dá uma idéia dostrabalhos a que
se dedicavam os presos. Aquantidade dos produtos comprados ou tro
cados parece indicar que Durão exercia o papel de intermediário entre
a produção dos presos e a venda de Parafita. Em troca de erva-mate,
fumo picado, banha, café, açúcar, fósforo, papel de embrulho, charutos.
86 Sociabilidades,justiças e violências:,
José Leitão (63 anos, casado, dessa província), acusado da negligência no
afogamento do preso Joaquim Almeida, no Rio Guaíba, sentenciado a 14
anos de prisão simples pelo Júri de Jaguarão.^® Almeida, preso de con
fiança, afogou-se ao nadar em busca de um pau que ia rio abaixo, em 24
de maio de 1880, tendo, segundo uma das testemunhas, momentos antes
ido buscaruma cordana oficina de carpinteiro em quetrabalhava. O preso
falecido, apesar de ter sido condenado no interior da província, manteve
o vínculo familiar, sendo visitado regularmente por Florisbela Maria da
Conceição (50 anos, solteira, do Rio de Janeiro) que depôs dizendo:
53. APERS - 1^ Cartório Sumário Júri, maço 49, processo 32 / Grifos nossos. No
livro de registrode óbitos de réus de 1867/1891 encontramos o falecimento da
preta Leocádia (preta, escrava, condenada à prisão perpétua por homicídio),
de tísica pulmonarem 25 de maio de 1874, e que em 26de maiode 1871 havia
dado a luz a uma menina (Felipa). A testemunha Bernardino Cândido disse
que ela cuidou da criança até os dois anos quando tiraram a criança da cadeia
para seacabar de criar. (AHRS-J068A, folha 952).
54 Uma testemunha disse que Maria Venância (ou Pequena) manteve relações com
uma praça do 12° BI.
55 APERS- PCartório, Sumário Júri, maço 49, processo 1.326 / Grifos nossos.
56 A nomeação dos carcereiros era regida pelo regulamento n° 120 de 31 de janeiro
de 1842, que organizava a execução da parte policial e criminal da lei n^ 261
de 03 de dezembro de 1841. Pelo artigo 46 do Capítulo III, a nomeação era da
escolha dos chefes de polícia, o que não quer dizer que os delegados (funcio
nários de confiança da autoridade policial máxima da província) não tivessem
participação importante nas denúncias, nas investigações e nas nomeações dos
responsáveispelas casas de correção.
Cor N» % do total
Brancos 62 25,30
Pretos 62 25,30
índios 58 23,67
Pardos 55 22,45
Cabra 1 0,41
Crioulo 1 0,41
Não consta (escravos) 4 1,63
Não consta (livres) 2 0,81
57. Servimo-nos dessa relação de óbitos, pois não encontramos os demais livros de
escrituração da cadeia, mencionados no artigo 16 do regulamento de 1857.
Disto [...] se não pode concluir que, por serem válidos tais
atos, deva com sentenciados contratar a fazenda provincial.
Não é que essasubdiretoriavote sentimentos menos nobres
a infelizes, afastando-os da grande mesa do trabalho, apesar
das declarações feitas pelo peticionário. Essas considerações,
porém, não podem ser invocadas por aqueles que delas tan
to se afastaram ao ponto de irem ter aos cárceres públicos.
Abreviaturas
Como a literatura sobre polícia tem enfatizado desde os anos de 1960, a definição
do trabalho policial a partir de suas funções legais é insuficiente para o entendi
mento e a explicação de uma série de questões relativas às práticas cotidianas de
policiamento, que incluemuma multiplicidade de tarefas poucoespecificadas, nem
sempre previstas em lei. Assim, na formulação de Egon Bittner, policiais têm o de
ver de providenciar sobrealgo que não deveria acontecer esobre o queseriabom al
guémfazer alguma coisa imediatamente! (Bittner, 2003, p. 234. Grifos no original).
Polícia municipal criada em 1896 e responsável pelo serviço de policiamento
preventivo (administrativo) no território do município até 1929, quando foi
Vigiando a vizinhança:...
Antonio Ferreira, 27 anos, branco, solteiro, natural da Síria, residia na
rua Nova n- 21. Na noite de 14 de janeiro de 1918, quando estava de
patrulha nessa mesma rua, ou como diz o próprio agente no seu depoi
mento, "de serviço, parado na esquina do Beco do João Coelho, com a
rua Andrade Neves"^, foi ferido no rosto por uma pistola de dois canos
carregada com cartuchos de chumbo miúdo, disparada por um padeiro
que provocava desordens no "Magestic Club", também localizado na rua
Nova, no número 74 (Polícia, Códice 35).
General Andrade Neves tornara-se o "novo" nome da rua Nova, localizada bem
no centro da cidade.
"Art. 122 - Os subintendentes e mais agentes da policia municipal devem todo o
seu tempo ao serviço policial; podem, portanto, ser chamados a qualquer hora,
fora do serviço ordinário, e devem estar sempre promptos á primeira voz". "Art.
70 - Será preocupação constante do vigilante a tranqüilidade e segurança do
vizindário e o prompto auxilio que deve prestar a quem estiver ameaçado de
qualquer perigo." {Acto n'^ 20, de 10 de outubro de 1896). Grifo da autora.
Vigiando a vizinhança:.,.
um dos quais assinou como engenheiro civil; ao lado do nome, entre
parênteses, constava a informação "proprietário do prédio". Ou seja, a
verificação da reputação do policial na vizinhança foi tão ou mais im
portante do que a apuração da verdade das queixas de dona Emília, e
como ninguém disse que ele era um mau vizinho, o caso se resolveu ra
pidamente e o policial foi penalizado não pelas atitudes ofensivas e ame
aças, mas por ter ido na condição de policial resolver assunto particular.
Vigiando a vizinhança:...
seus superiores - teve prisão preventiva requerida e foi indiciado por
homicídio. Dois dias antes Pompüio, à paisana, teve uma discussão com
seu vizinho Izolino e acabou por matá-lo. Ambos viviam no beco da
Centena, na rua São Manoel, no bairro Partenon, em moradias defini
das no relatório policialcomo "casebres". A discussão começara quando
Pompüio foi à janela de seu casebre, o n- 5, pensando que um grupo de
homens do lado de fora estava a caçoar dele. Quando seu vizinho Izo
lino, também de dentro de seu casebre, resolveu explicar que o grupo
caçoava era de uma mulher, obteve como resposta de Pompüio um, cito,
"cala a boca negro a conversa não é contigo". Ato contínuo, Pompílio,
"dizendo-se autoridade" sacou uma "faca grande que trazia à cinta" e
desferiu-lhe um golpe. Izolino, que estava na frente de casa, entrou e
fechou a porta, mas acabou por abri-la porque Pompílio ameaçava dar
um tiro. Pompílio então invadiu a casa de Izolino de faca em punho e
golpeou-o diversas vezes. O delegado judiciário afirma que seu relato é
confirmado por nove testemunhas, todas moradoras no mesmo beco ou
arredores (Polícia, Códice 36).
Vigiando a vizinhança:.,.
o que torna o caso acima interessante é que nele se cruzam diver
sos aspectos das relações cotidianas de policiais com seus parentes, cole
gas e vizinhos de bairro. Temos aí um policial que a caminho do serviço
se "desvia" para resolver (ou reacender) um conflito pessoal envolvendo
o irmão também policial, mas, embora a rixa fosse antiga, toda a situa
ção que efetivamente resultou no inquérito só se deu porque a casa do
irmão era ao lado do posto. As explicações para a origem da desavença
opondo os irmãos e o carroceiro também evidenciam a dificuldade que
os policiais tinham de estabelecer fronteiras entre assuntos pessoais e de
trabalho. Marçal diz que tudo começou quando tinha ido fazer compras
e tentou, sem sucesso, impor sua autoridade sobre as pessoas que "li-
bavam e tocavam gaita" alto na venda. Como não foi obedecido, pediu
ajuda ao destacamento e veio seu irmão, que acabou sendo agredido e
desarmado, mas em nenhum momento declarou Marçal que estava de
serviço ou fardado, talvez porque para ele isso não fizesse grande diferen
ça. O carroceiro Waldemar alegou ter sido desarmado por "Marçal e um
agente de polícia". Para o subintendente, a velha rixa explicava-se porque
os policiais em serviço procuraram reprimir uma desordem, ou seja, pou
co importou no caso verificar ou omitir se Marçal estava mesmo fardado
e de serviço, pois estava cumprindo legitimamente sua "missão".
O texto do inquérito trata como muito naturais ou normais uma
série de atitudes dos envolvidos: era natural o cumprimento da "missão
policial" gerar rixas pessoais; para Marçal, era natural que Albino qui
sesse se vingar de Waldemar, já que fora por ele desarmado; portanto
era natural que Marçal impedisse a entrada de Waldemar no quintal do
irmão. Também a atitude dos irmãos policiais na venda fora normal,
como talvez tivesse sido normal a perseguição do carroceiro negro por
Marçal aos gritos de "já te mato!" Não tivesse o carroceiro Waldemar
apresentado queixa no posto policial no dia seguinte ao ocorrido, nada
se saberia dessa história. Seja como for, em um outro plano de análise, a
existência do inquérito e a punição do inspetor Marçal mostram que as
autoridades da polícia administrativa estavam empenhadas em coibir a
desordem, seja ela provocada por homens bebendo e fazendo algazar
ra em uma venda, seja representada por um policial correndo armado
atrás de um carroceiro em uma manhã de domingo.
Vigiando a vizinhança:...
maioria imigrantes vindos da europa central e oriental, foram erguendo
suas casas e pequenos negócios. Mas mesmo no 4- distrito, região que
em 1916 já se caracterizava como fabril e cuja população já começava a
ultrapassar a do 1- distrito, até os anos de 1920 ainda existiam chácaras,
matadouros e tambos de leite a aproximadamente meia hora de caminha
da do centro da cidade, denotando algo comum com outros arrabaldes
de Porto Alegre: a atividade rural e mesmo extrativa, como pesca, caça,
extração de madeira e de pedras. O exercício de tais atividades em áreas
próximas àquelas que se modernizavam mais rapidamente podia propi
ciar a famílias pobres uma variedade de ocupações suficiente para driblar
períodos de desemprego ou de maiores dificuldades (Fortes, 2004).
Ou seja, entre os distritos de Porto Alegre existiam muitas dife
renças, que se acentuaram ao longo da república velha, e nem todos os
trabalhadores pobres, incluindo-se nessa categoria os policiais, mora
vam do mesmo jeito. Feita essa ressalva, cumpre salientar que nas fontes
onde existe algum tipo de descrição das moradias dos policiais, em sua
maioria tratam-se de cortiços ou "casebres", "casinhas", casas em becos
e portões, cujo número seguido de letra indica que fazem parte de um
conjunto, ou ainda quartos em pensões no 1" distrito.'*' Como bem de
monstrou Sandra Pesavento em pesquisa sobre o final do século XIX,
o termo cortiço em Porto Alegre era usado tanto para designar casas
de cômodos ou edifícios subdivididos, como para casas contíguas com
pátio em comum, mas sempre com uma conotação pejorativa de habita
ção pobre que estende aos seus moradores uma estigmatização negativa
(2001: 94-125). A documentação policial consultada mostra que nas pri
meiras décadas do século XX continuaram a ser comuns as casinhas ou
quartos de aluguel de um proprietário, e que a variedade de nomes com
que eram designadas no fim do século XIX perdurou: além de cortiços,
esses conjuntos, às vezes com dez a vinte subunidades, eram chamados de
portões, prédios, becos ou mesmo simplesmente de casas.'" Nem sempre
Nem sempre o número com letra indica a existência de casas contíguas e/ou
com pátio em comum, pois a letra pode designar somente a duplicidade de
número, em uma época em que a numeração das casas nem sempre era deter
minada pela municipalidade.
Um exemplo da associação entre prédio, beco e viela presente nas fontes po
liciais: em V- de setembro de 1916 um agente policiai foi chamado por duas
Vigiando a vizinhança:...
um vizinho que era major honorário do Exército, dona Leopoldina vivia
cercada de "gente de ínfima classe em cujas casas se dão desordens ou
conflictos (...) tudo promovido por vagabundos e praças da brigada mi
litar", e ela mesma era "mulher prepotente" e de "gênio mau e violento".
Em sua defesa, o auxiliar inicia a desqualificação das testemunhas
de dona Leopoldina justamente pelo local onde moravam: "As testemu
nhas offerecidas por essa senhora, são todas suspeitas; alem de serem
moradoras no Curral das éguas, são três infelizes mulheres, sem impu-
tação moral (...)", incluindo a "devassa meretriz Herminia de tal"." O
baile, ou maxixe, era "um grande ajuntamento de indivíduos e mulheres
das quais a maior parte negros". Vários depoentes, inclusive os que par
ticipavam do baile, mencionaram a presença de seis marinheiros e dois
soldados, o que para os policiais parecia ser um indicador seguro de de
sordem. Observa-se aqui mais uma vez em operação os critérios que, nas
práticas e nos registros policiais, transformam alguns homens e mulheres
em suspeitos; praças, soldados, marinheiros (tradicionais adversários dos
policiais administrativos); trabalhadores pobres; mulheres amasiadas ou
que viviam sozinhas; negros; moradores de "cortiço", enfim.
As origens sociais e étnicas'-, as condições de vida, as dificulda
des do cotidiano de gente pobre, enfim, são todos elementos que, como
venho procurando argumentar, aproximam os policiais dos demais ho
mens de classes populares. Mas a questão da moradia introduz um ele
mento relevante para a discussão de como se opera o seu distanciamen
to. A importância da análise da moradia está não somente nos indícios
Ao ver os policiais em seu pátio, dona Leopoldina largou o neto que embalava
nos braços e saiu prontamente em defesa de seus inquilinos, puxando um coro
de vaias, assovios, apupos e insultando os policiais. Por isso teria sido esbordo-
ada pelo auxiliar Olegário com um chicotinho. (Subintendências. Inquéritos
Administrativos: 11/03/1901. Sublinhado do original, grifo em itálico meu)
Chamo atenção para a recorrência de insultos raciais contidos na pequena
amostra de fontes citada nesse texto ("negro", "negro bandido", "caboclo sem-
-vergonha"), o que remete à importância dos critérios raciais de classificação
moral e social na época. Não somente policiais lançavam mão de ofensas ra
ciais, como também eram por elas freqüentemente atingidos, na medida em
que muitos deles eram negros. Os registros de pessoal da políciaadministrativa
não trazem indicação de cor ou raça, mas outras fontes têm evidenciado a pre
sença de policiais negros ao longo de todo o período.
Vigiando a vizinhança:...
que hipoteticamente poderiam ser causadoras de conflitos, o importan
te é não tomar como pressuposto que as relações de vizinhança compor
tam necessariamente união ou laços profundos de amizade, parentesco
ou solidariedade, embora obviamente possam também comportar. Em
seu estudo clássico sobre os sertanejos do sudeste brasileiro no século
XIX, Maria Sylvia de Carvalho Franco demonstrou que naquele con
texto a violência perpassava as relações comunitárias e era "uma forma
rotinizada de ajustamento nas relações de vizinhança" (Franco, 1997: 24
e 30).^^ Além disso, de forma mais geral, laços de amizade, companhei
rismo ou mesmo parentesco não impedem o derramamento de sangue
em conflitos (ritualizados ou não) entre homens, como tem sido salien
tado por diversos autores (Johnson, 1998; Spierenburg, 1998; Conley,
1999; Nye, 2000; Gallant, 2000; Gayol, 2002).
Na a maioria das histórias registradas é difícil encontrar onde exa
tamente estava o verdadeiro foco ou a origem das tensões que, vez por
outra, irrompiam em conflitos que extrapolavam a vizinhança e chega
vam até as autoridades policiais por terem um desfecho violento. Isso
significa que dificilmente se poderá saber se em tais conflitos o fato de
um dos envolvidos ser policial foi decisivo ou se estamos diante de des
crições de situações corriqueiras em que homens, sentido-se ofendidos
em sua honra masculina, rapidamente passavam dos insultos verbais à
agressão física. Com base em alguns casos é possível dizer que um poli
cial se tornava um vizinho incômodo quando invocava, legitimamente
ou não, sua autoridade. Ora, a imposição da autoridade, a possibilidade
sempre aberta do uso da força, é justamente o que deve constituir a dife
rença entre policiais e não-policiais. Do ponto de vista dos governantes
locais que conceberam e administraram o sistema de policiamento re
publicano da capital do Rio Grande do Sul, esperava-se do homem que
ingressava na polícia administrativa que passasse a endossar e praticar
normas de comportamento descritas no Regulamento, tais como: "ser
cortês e amável sem baixeza", "circunspecto e de maneiras delicadas" ou
ainda "asseado e de cabelos penteados" (Intendência. Acto n- 20, de 10
de outubro de 1896). No entanto, espremidos entre o ideal de homem
"civilizado" do Regulamento, suas efetivas condições de trabalho e de
Para análises sobre o tema no Brasil contemporâneo, ver, entre outros, Fonseca
(2000), Caldeira (2000) e Zaluar (2004).
14. Para uma discussão sobre as definições de violência policial, ver Neto (1999).
15. Usavam a força do corpo e as armas de que dispunham em cada situação, desde
o armamento autorizado (sabres ou revólveres) até chicotes ou quaisquer ins
trumentos improvisados no momento, prática aliás bastante comum entre as
classes populares locais, assim como o uso disseminado de facas e adagas.
16. Cultura policial (ou ética policial) é o termo com que os estudiosos da polícia
denominam certas características recorrentes entre os policiais em diferentes
contextos que formariam uma cultura ocupacional transmitida na prática co
tidiana dos mais velhos na atividade para os novatos. Ver, entre outros, Reiner
(2003 e 2004); Fielding (1994); Kant de Lima (1995).
Vigiando a vizinhança:.,.
valores associados a padrões socialmente aceitos de masculinidade os
quais, por sua vez, também estavam em disputa no periodo.
FONTES
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de outubro de 1896. Secção de Polícia. Leis municipais de 1892 a 1900.
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Vigiando a vizinhança:...
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SANDRA GAYOU
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Un trabajo dásico y de gran influencia que planteó este vínculo con daridad: V.G.
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dans Ia sociétéfrancaise des XVI-XVII siécle. Essai de psychosociologie historique.
Paris, EHESS, 1986. Más reciente pero tributário de ia misma asociación: P.Brio-
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Moderne(XVl-XVIlIè siècle), Paris, Champ Vallon, 2002.
Para una excelentecomparación de los duelos en Alemania e Inglaterra y dei der
rotero dispar sufrido por la práctica en ambos países: U Frevert, "Moeurs bour-
geoises et sensde Thonneur. Eevolution du duelen Angleterre et en Allemagne »,
en J. Kocka (Comp.). Les bourgeoisies européens au XlXèsiècle. Paris, Belin, 1996.
Tabla I
Periodo Duelos
hasta 1869^'
1940-1971
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1969, p.86. Korn, F.,"Vida cotidiana pública y privada (1870-1914)", Nueva His
toria de Ia Nación Argentina, Tomo 6: "La configuración de ia República Inde-
pendiente (1810-1914)", Buenos Aires, Planeta, 1997, pp-250-251. De Ia misma
autora: "Un duelo",en Buenos Aires mundos particulares: 1870-1895-1914-1945,
Buenos Aires, Sudamericana, 2004, p.53. López Mato, O., op.clt. Cicerchia, R.,
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Ia crisis de 1930, Buenos Aires, Troquei, 1998, p. 51-52 y 61.
Porejemplo el general Ignacio H. Fotheringham, anota Io común queeraa par
tir de 1870 reglar los asuntos dehonor a través de combates singulares. "La vida
de un soldado o reniiniscencias de Iasfronteras", Buenos Aires, 1978. Tomo II,
Capitulo Xlll. También J. Rivanera, op.clt., p.l6 y A Wilde, Buenos Aires desde
setenta aíios atras 1810=1880, Buenos Aires, Eudeba, 1960, p. 162.
Profesión Personas
Abogado
Militar
Periodista
Médico
Ingeniero
Maestro de esgrima
Tabla 111
Caracterizaciones Participantes
Don / Caballero
Estanciero / Rico
Candidato / Político
Como cuenta el autor en sus Memórias, por tener "Ia mano demasiado pesada"
como redactor dei diário Sud-América fue desafiado por Lúcio V. Mansilla y
Nicolás Calvo. Sus padrinos Paul Groussac y Roque Sáenz Pena "hicieron pro
dígios para evitarme un duelo con un septuagenário (Calvo)", en Mis Memórias
1835-1935, Buenos Aires, La facultad, 1936, p. 80-81. No he encontrado quié-
nes fueron sus padrinos en el incidente con Mansilla.
U Frevert, "Moeurs bourgeoises..." op.cit., p. 208.
Ibid., p. 92.
Más allá dei impulso que cobró Ia genealogia a fines dei siglo XIX^®
y dei orgullo expresado por ciertos indivíduos que, para decirlo alegre
mente con Wilde, "tenian abuelos para mostrar", el papel de Ia familia y
de Ia antigüedad familiar como principio estructurador de Ias elites deja
de ser excluyente y significativo a partir dei último tercio dei siglo XIX.^^
El duelo muestra con nitidez este proceso y exhibe el clima más demo
crático que caracterizó a Ia argentina republicana. Nadie públicamente
aspira o cuestiona el prestigio social anclándose en los antecedentes fa
miliares. Dei mismo modo que los apellidos servian de poco a Ia hora de
identificar a los duelistas, tampoco aportaban argumentos para rechazar
a un adversário. Los prestígios, Ias reputaciones que defienden los hom-
bres se asentaban en hechos concretos y actitudes particulares. Poços
fueron, en suma, los que se atrevieron en público y a viva voz a pensar
Ias diferencias y Ias jerarquias como Roldán.
EL CÓDIGO DE HONOR
La posesión de algún mérito individual fue indispensable pero no
era suficiente o requeria, además, de un conocimiento cuidadoso dei
DISTINCIÓN EHISTORIA
El ritual dei duelo, tal vez más que cualquiera de los otros rituales
de clase alta, fue clave en el proceso de distinción y colocó a sus miem
bros por encima de Ia masa de Ias personas. Apuntaba, hemos visto, a
Ia dominación emotiva y alentaba una determinada disposición estética
Sobre el derecho a armarse y sobre los cuestionamientos que esta forma de inter-
vención política suscito en el período: H. Sábato,"El ciudadano en armas: violência
política en Buenos Aires (1852-1890)", en Entrepasados, ano 13, n: 23, 2002. Tam-
bién; P. Aionso, "La Tribuna Naciojial y Sud-América: tensiones ideológicas en Ia
construcción de Iaargentina moderna en Iadécada de 1880", en P. Alonso (comps).,
Constriicciones imprcsas. Panfletos, diários y revistas en Iafonnación de los estados
nacionalcs en América Latina, 1820-1920, Buenos Aires, FCE, 2003.
CONCLUSIONES
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Lois du Duel. La evolución dei combate singular. El duelo a pistola (para La
Nación", en La Nación, 3-11-1912.
Ver Gonzáicz Bernaldo, R; "Las pulperías de Buenos Aires: historia dc una ex-
presión de sociabilidad popular", en: Siglo XIX, Segunda época, n" 13, enero-
-junio de 1993, p. 27-54.
Ver Mayo, C. (Dir.). Pulperos y pulperías cie BuenosAires (I740-I830), Bs. As.,
Biblos. 2000.
Ver Barreneche, O.; "' A sólo quitarte Ia vida vengo'..op. cit.
Ver por ej., AGN- Sala IX- Criminales -Legajo n° 10- Expediente 9 (32-1-7).
(1776).
12. Para una interpretación dei significado de Ias distintas expresiones insultanles,
ver; Lipsett-Rivera, S.;"De Obra y Palabra: Patterns of insults in México, 1750-
1856", en; Vte Américas, vol. 54, n° 4, april 1998, p. 511-539.
13. AGN - Tribunales Criminales - Legajo C n" 1 - Expediente 4. (1779).
El gastador es "uno de los siete soldados que hay en cada batallón destinados
principalmente a franquear el paso en las marchas, para Io cual llevan palas,
hachas y picos", también refiere al "soldado que se aplica á los trabajos de abrir
trincheras y otros semejantes". Ver: Diccionario de Ia lengua castellana com-
puestopor Ia Real Academia Espaãola, Madrid,Viudade Ibarra, 1803.
AGN - Sala JX, Criminales- Legajo 13. Expediente 13 (32-2-2). (1778).
Ver Garcia Belsunce, C.; Buenos Aires, 1800-1820. Tomo II: Salud y Delito. Bs.
As., Emecé, 1977, p. 177 y p. 185.
Spierenburg, P. (Ed.); Men and Yiolence. Gender, Honor, and rituais inModem Europe
and América, Ohio State University Press, 1998. Ver especialmente Ia introducción.
Johnson, L.; "Dangerouswords, provocative gestures,and violent acts..op.cit.
Johnson sostiene que ninguno de los involucrados en estos episódios utilizaron
ia palabra "honor" para explicar los hechos ante ias autoridades pues se asumía
que ésle tenía un claro contenido de clase y el término estaba reservado para los
conflictos entre los ricosy poderosos, sin embargoIacultura dei honor había pe
netrado cada nivel de Ia sociedad masculina y estaba claramente presente en Ias
interacciones entre los hombres. Ver: "Dangerous words, provocative gestures,
and violent acts..." op.cit., p. 128-130. Sin embargo, como se verá más adelante,
los miembros de los sectores populares - especialmente blancos pobres - y los
abogados defensores utilizaban el término "honor" sistemáticamente enotro tipo
de casos, comolosjuicios por injurias. Sibien es necesario reconocerque el plan-
teamiento mismo de estas querellas induce a esta utilización, es evidente también
queeltérmino no estaba reservado para los miembros de Iaélite.
Ver Mallo, S.; "La autoridad de los Alcaldes. El uso y el abuso dei poder, 1768-
1833", en: Lasociedad rioplafcnsc ante Ia justicia. La íransición ciei siglo XVIII al
XIX, La Plata, Publicaciones dei AHPBA, 2004. La autora senala que los tran-
seúntes, peones o agregados en trânsito o en busca de conchabo eran Ias prin-
cipales víctimas de Ia violência de los alcaldes, p. 91.
32. Farge, A.; La vidafrágil. Violência, poderes y solidaridades en el Paris dei sigla
XVIII, México, Instituto Mora, 1994, p. 24.
33. Farge, A.; "Famílias. El honor y el secreto", en; Ariés, P. y Duby, G. (Dir.). Histo
ria de la vidaprivada, tomo 6, Madrid, Taurus, 1992, p. 194.
Dinges, M.; "El uso de la justicia como forma de control social en la Edad Mo
derna...", op. cit., p. 49
AGN, Sala IX, Tribunales, Legajo n" 286, Expediente 9 (39-9-1) (1755)
AGN, Sala IX, Tribunales, Legajo n'^285, Expediente 10 (39-8-9) (1789)
GISELA SEDEILLAN
El jurista Rivarola critico Ia falta de uniformidad de este proyecto, que fue apli
cado con escasas modificaciones como código penal nacional en 1886: Rivarola
R, Exposición y crítica cid código penal de Ia República Argentina,edit. Lajouane,
Buenos Aires, Tomo 1, 1890, p. 9. También dei mismo autor Derecho penal
argentino, ed. Hijos de Reus, Madrid, 1910.
Sobre Ia doctrina penal argentina Alvarez CoraE., "La gênesis de Ia pcnalistica ar
gentina 1827-1868", Revista de Historia dei derecho,nTO. 30,Buenos Aires, 2002.
ElCódigo Rural se habiacreadocon elobjeto de respondertanto a losinlereses
de un aparato productivo que necesitaba afianzar ia propiedad privada y crear
un mercado de trabajo, como a Ias necesidades dei estado de control social.
Reguiaba los derechos de Ia propiedad. Ia relación entre terratcnientes. Ia or-
ganización de Ia policia rural y Ia vinculación entre empleador y trabajador.
Muchas de sus normas cayeron en desuso ya para Ia década de 1880. Sobre el
procedimiento de Ia justicia de paz en relación a Ia vagancia sc puede ver un
trabajo nuestro en prensa. "La aplicación de Ias disposiciones dei código rural
en torno a Ia vagancia en el ocaso de Ia frontera; 1872-1882", en Trabajos y Co-
inunicaciones, Univ. La Plata.
LA ADMINISTRACIÓN DE LA JUSTICIA
En el período tratado los jueces de paz continuaban aún sin con
formar una burocracia profesional, no eran rentados, sino que eran los
mismos vecinos dei partido donde ejercían sus funciones. Estos seguían
teniendo Ia facultad de litigar en todos los conflictos menores que se
suscitaban en su jurisdicción, causas civiles y robos de poca cuantía.
Caso contrario debían instruir el sumario de manera rápida y remitirlo
al juzgado dei crimen correspondiente. Los subalternos dei juzgado de
paz, alcaldes y tenientes, quienes eran también vecinos dei lugar, aún en
los primeros anos de Ia década de 1880, eran los primeros en acudir al
lugar si el hecho criminal se había cometido en el área rural, ejerciendo
un papel relevante en detener a los imputados, en recabar Ias primeras
informaciones y en Ia citación de los testigos, dado que Ia policia solo
gradualmente fue asumiendo Ia función de auxiliar de justicia que le
había sido asignada en el anol880.'^
Generalmente se pasa por alto el papel relevante que aún después de creada Ia
policia continuaron teniendo estos subalternos como agentes dei orden en el
área rural. En ellos siguió recayendo Ia responsabilidad de conservar Ias prue-
bas de Ia escena dei crimen, Io que generalmente nunca hacían dado sus esca
a Deferrari (un vecino) y este Io puso en conocimiento dei alcalde, sin perjuicio
de levantar el cadáver y hacerlo conducir a Ia casa denominada el lucero. Don
Juan Portella procedio a inhumar el cadáver de Carriso en inmediaciones de su
casa. Según los testigosel cuerpo presentabauna herida, "que suponen que haya
sido Ia causa de Ia muerte".El juez absuelve porque "no esta comprobado el cuer
po dei delito, ni hay informe pericial que compruebe que Ia herida pueda impu-
tarse a una mano extrana, ni que ella haya sido Ia causa de Ia muerte": Expediente
criminal: Sotelo Ignacio sospecha de homicídio a Carriso, 21/1/ 1884.
Las dificultades de Ia policia se centraban en Ias características dei personal, en
el número escaso de efectivos y en Ia multiplicidad de funciones a cargo de Ia
institución, al respecto ver un trabajo nuestro anterior "La perdida gradual
de las funciones coercitivas dei juzgado de paz: Ia creación de Ia institución
policial en Tandil: 1872-1900", Aniiario Segretti, Córdoba, 2006.
Como dice Van Hauvart Ia misma normativa procesal impidió al juez de pri
mara instância resolver con mayor celeridad Ias causas entradas a los juzgados,
especialmente por ser articuladores entre Ia justicia lega y Ia letrada. No cree-
mos como este autor, que ia justicia de primera instância tuviera un control
efectivo en Ia supervización de Ia justicia de paz. Van Hauvart, C., "La adminis
tración de Ia justicia... op. cit.
Esto es remarcado por Fradkin R., para Ia primera mitad dei siglo, y parece que
aún sigue siendo así en este período. Ver Fradkin R., " Tumultos en Ia pampa
", ponencia Jornadas Interescuelas y Departamentos de Historia, Córdoba, sep-
tiembre de 2003.
Por ley en el ano 1878 se restringió Ias posibilidades de salir bajo fianza a pesar
de que Ia sustanciación de Ias causas se siguieron prolongando.
El principio que prescribía Ia absolución en caso de duda y Ia prohibición de
ser acusado otra vez por el mismo delito estaba preceptuado en Ias partidas
y son princípios que llegaron hasta nosotros. Maier, J., Derecho procesal pe
nal Argentino, Fundamentos. El derecho procesal penal como fenômeno cultural.
Hammurabi, Buenos Aires, 1989, Tomo I ,vol. B, p. 67. El principio de Ia duda
estuvo en determinados períodos relegado en Ia práctica judicial, por ejemplo
en Ias primeras décadas de Ia independência, al respecto ver Barreneche O.,
Dentro de Ia ley iodo... op. cit p. 130.
La cultura dei código es una "expresión que refiere a una forma de pensar nue-
va que le da un valor absoluto al mismo Tau Anzoategui V., "La cultura dei
código. Un debate virtual entre Segovia y Saéz, Revista de Historia dei Derecho,
núm.26, Buenos Aires, 1998.
Levaggy A., " La interpretación dei derecho en Argentina, en el sigio XIX
Revista de Historia dei derecho, nro.7, Buenos Aires, 1980, p. 72 y 112.
Leiva A., "La ensenanza penal de Carlos Tejedor", Revista de Historia dei dere
cho, nro. 26, Buenos Aires, 1998, p. 207, 208.
Expediente criminal: Torres Loreto por muerte a Martin Cueli 11/4/1882. For-
tín San Martin. Dadas las constancias de autos dei expediente , el hecho de que
Ia victima fuera un comisario, única autoridad en el punto, como también que
respondió a un desorden causado por el imputado parece haber influído en Ia de
cisiónde no absolverlo por legitima defensa, pesarde susbuenosantecedentes, y
sí de sentenciarlo a una pena menor que Ia fijada por el delito de homicídio.
LA LEGITIMA DEFENSA
Rivarola R., Derecho Penal Argentino, parte general, op. cit p. 455. Estas críticas
principalmente las hará Ia escuela positivista.
Camano Rosa Antonio. Legitima defensa. Alevosía, Dirección Gral. de institu
tos penales, Uruguay,1958, p. 13.
Expediente Domingo Garcia por muerte a Juan Mengochea, 20/1/1880, se ab-
suelve por legitima defensa citando solo las leyes de partidas. Es Ia câmara Ia
que corrobora Ia sentencia, pero de acuerdo solo a Ia disposición dei articulo
152 dei código penal.
CONCLUSION
56. Utilizamos ia expresión dada por Alf Ross, El derecho y Ia justicia ... op. cit.
p.130-131.
urante el último cuarto dei siglo XIXy Ias dos primeras déca
das dei siglo XX Ia presencia creciente en Ias calles de Buenos Ai
res de ninos y de jóvenes que no encajaban en los roles que Ias éli-
tes políticas e intelectuales de Ia nación estaban definiendo como
los adecuados para ellos en función de su posición etárea y de sus
futuros desempenos como adultos se tornó en motivo de reílexi-
ón y propicio Ia ideación de proyectos destinados a encauzar Ia
conducta de los sujetos cuya situación y cuyo comportamiento
resultaban alarmantes. En efecto, razones de orden material y cul
tural conspiraron para que, en ese periodo, miles de ninos y jó
venes pertenecientes a los sectores populares portenos resultaran
refractarios al rol de alumnos que ia Ley de Educación Común (Ley n°
1.420/1884) auspiciaba para ellos. Por otra parte, muchos fueron ajenos
al destino de precoces trabajadores circunscriptos al espado dei taller o
de Ia fábrica que el grueso de los miembros de Ias élites les asignaron en
razón de su posición socio-económica, y, como miembros de familias
pobres o muy pobres, o como seres extranados de sus familias, encon-
traron en Ias calles de Ia ciudad un espacio donde tramar Ias redes de
Ia sociabilidad y donde desarrollar una serie de actividades -legales o
ilegales, pero indistintamente ilegítimas a Ias ojos de los sectores diri
gentes- que les permitieran Ia supervivencia.'
cana de Billetes de Banco, 1910; Martínez, A., comp., República Argentina. Censo
general de Educación levantado el 23 de Mayo de 1909, Buenos Aires, Taileres de
Publicación de Ia Oficina Meteorológica Argentina, 1910, Tomo III; Martínez,
A., pres., Tercer Censo Nacional. Levantado el 1° dejunio de 1914, Buenos Aires,
Taileres Gráficos de L. J. Rosso y Cia., 1916,Tomo 1.
2. A partir de este momento, prescindiremos dei entrecomillado y Ias cursivas
coando empleemos Ias categorias menor o minoridad, en el entendimiento su
carácterde construcciones culturales ha quedado claro para el lector.
3. La posibilidad de que el Estado se transformara en tutor de ciertos menores de
edad quedó establecida en 1919, coando se sanciono Ia Leyde Patronato de Me
nores (Ley n° 10.903), también conocida como Ley Agote en honor a su ins
pirador. Pionera en América Latina y casi contemporânea de Ias legislaciones
europeasy estadounidensede su tipo,institiiyó y reglamentó hasta su derogación
a fines de 2005 Ia tutela estatal sobre el vasto e impreciso conjunto conformado
por los "menores", que en su letra quedaban identificados con todos los ninos y
adolescentes "delincuentes"y/o "material o moralmente abandonados". Porotro
lado, sentó Ias bases para el tratamiento jurídico-penal específico de los menores
de edad acusados por Ia comisión de delitos. Ley de Patronato de Menores, en
Código Civil de Ia República Argentina, Buenos Aires, J. Lajouane & Cia, 1923.
4. Si bien en 1898 se habia creado el Asilo Correccional de Menores Varones de Ia
Capital para separar a los menores encausados y condenados de Ia corruptora
companía de los adultos delincuentes con los que compartían su enclerro en Ias
cárceles y depósitos policiales, y para brindaries una educaclón que posibilitara
su regcneración, su organización y desempeno estiivieroncondicionados por Ia
falta de espacio y por Ia escasaidoneidaddei personal a cargo de los dctcnidos,
por Io que incluso sus autoridades, entusiastas defensoras de los logros conse
guidos por el establecimiento, apoyaron con ahínco el traslado de sus instala-
ciones ai âmbito rural, donde, entendían, sí podría desarrollarse cabalmente un
plan de corrección de los asilados.
Decreto dei PEN dei 30/7/1903, citado por el senador S. Macia en Diário de
Sesiones cie Ia Câmara de Senadores (desde aqui DSCS), Buenos Aires, El Diário,
1905, sesión dei 3/9/1904, p. 406. Esta operación había resultado ventajosa para
el PEN, pues ia propiedad se había adquirido por $421.000 m/n, monto que di-
cho establecimiento adeudaba al Banco Hipotecário Nacional comprendiendo
capital, servicio e inlereses, de modo tal que el gobierno no tuvo que realizar
desembolso alguno. Comunicaciones oficiales, en DSCD (desde aqui DSCD),
Buenos Aires, Imprenta y Encuadernación de Ia Câmara de Diputados, 1904,
Tomo i, sesión dei 5/7/1904.
Para Iasdiscusiones de los contemporâneos sobre Ia función dei trabajo en Ia ree-
ducación de los delincuentes adultos, ver Caimari, Lila, Castigar civilizadamente.
Rasgos dela niodernizacián punitiva en IaArgentina (1827-1930), en Kessler, Ga
briel yGayol, Sandra, comp.. Violências, delitosyjusticias enIa Argentina, Buenos
Aires, Manantial-UNGS, 2002, de Ia misma autora. Apenas uti delincuenlc. Cri-
mcn, castigo y cultura en IaArgentina, 1880-1955, Buenos Aires, Siglo XXI, 2004,
Introducción y Salvatore, Ricardo,Crínn>jo/o^i'fl positivista, reforma de prisiones
y Ia cuestión social/obrera en Ia Argentina, en Suriano, Juan, comp., La cuestión
socialen Argentina, 1870-1943, Buenos Aires, La Colmena, 2000.
Leyes Sancionadas, Ley núm. 4522, Colonia Agrícola en Marcos Paz, art. 2°,
Ibíd., p. LXXXIV.
Reglamento de Ia Colonia de Menores Varones establecida en Marcos Paz, pro
víncia de Buenos Aires, por decreto dei poder ejecutivo nacional de junio 28 de
1905, artículo 2, en Jorge, F. y Meyer Arana, A., op. cit.
DSCS, Buenos Aires, El Comercio, Tomo I, 1907, sesión dei 22/9/1906.
Cama y ropas para menores detenidos, en DSCD, Buenos Aires, Talleres Gráfi
cos de L J. Rosso & Cia, 1913, sesión dei 25/8/1913, p. 1076.
La descripción de Palacios coincidia con Ias de sus contemporâneos en cuanto
a Ia heterogeneidad de Ia población infantil detenida, pero introducia entre Ias
causas de su estado Ia explotación de sus madres, factor que no solía ser tenido
en cuenta en otros discursos sobre Ia minoridad, que más bien tendian a Ia
estigmatización de los padres. Desplegando argumentos que venía empieando
desde hacia anos, recalcó también Ia necesidad de prevenir los males y explicó
que Ia vida dei hombreera un capital que era imperioso cuidaren pos dei en-
grandecimiento dei pais. Ibid., p. 1077.
Este artigo é parte de uma ampla pesquisa iniciada em 1998; alguns de seus re
sultados já foram apresentados sob forma de dissertação de mestrado e tese de
doutoramento; outros materiais e dados encontrados ainda permanecem iné
ditos. O período histórico que de forma mais acurada foi examinado nas fontes
correspondeu ao de 1937 a 1950. Porém, ao encontrar um documento original
interno do hospital, de 1975 a 1979, chamado Memórias de um velho hospício -
de onde pego emprestado o mote desse artigo, cotejou-se às fontes iniciais e foi
observado que muitas das questões e problemas encontrados naquela década
foram perpetuados nas seguintes, Assim, o presente artigo relaciona décadas
diversas, a partir de documentação variada e de cruzamentos novos.
Para essa discussão ver WADI, Yonissa. Palácio para guardar doidos. Porto Ale
gre: Editora da UFRGS, 2002.
O escritor Lima Barreto,que sofreu duas internações psiquiátricasem sua vida, no
hospício Nacional de Alienados do Rio de Janeiro, ressente-se do fato, também, de
ter sido encaminhado ao hospital dentro de um carro de polícia e deixaregistrado,
em suas "memórias de hospício" algumas passagens sobre isso: "Ê uma triste con
tingência, esta, de estar umhomem obrigado aviver com semelhante gente. Quan
do me vem semelhante reflexão, eu não posso debcar de censurar a simplicidade
de meus parentes, que me atiraram aqui, e a ilegalidade da polícia que os ajudou.
Caído aqui, todos osmédicos temem pôrlogo o doente narua. Mas seguro morreu
de velho e é melhor empregar o processo da Idade Média: a reclusão."; "Não me
incomodo muito com o hospício, mas o que me aborrece é essa intromissão da
polícia na minha vida. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco; mas
devido ao álcool, misturado com toda a espécie de apreensões que as dificuldades
de minha vida material, há seis anos, me assoberbam, de quando emquando dou
sinais de loucura: deliro." BARRETO, Lima.Diário de Hospício. In: O Cemitério dos
vivos. São Paulo: Editora Brasiliense, 1956, p. 72 e 33.
Como a pesquisa original não se deteve em questões e avaliações sobre gênero, não
foi possível identificarfidedignamente se haviam mais mulheres ou homens sendo
internados naquele período. Emalgumas caixas havia maisprontuários de homens
do que de mulheres, o que não nos habilita a fazer generalizações grosseiras de
números absolutos baseados em questões de gênero para todo o período.
Na íntegra, a reportagem:
Falso Humanitarísmo
Já foi indicado que devido à natureza desta experiência
eugênica é difícil obter dados que sirvam para mostrar
como a lei está operando na prática. Um jornal médico
estrangeiro recentemente publicou estatísticas alegada-
mente obtidas em círculos oficiais. Porém, o autor do ar
tigo não ocultou sua hostilidade à experiência. Declarou
que no ano de 1935 nada menos que 40.000 pessoas na
Alemanha, sofrendo de enfermidades de caráter heredi
tário, tinham sido esterilizadas. Asseverou também que
uma alta percentagem destas pessoas tinha morrido em
conseqüência dos efeitos da operação. Essas estatísticas
podem ser consideradas simples ficções, estabelecidas
provavelmente com o auxílio de dados fornecidos por al
guma corte de eugenia local tirando a média correspon
dente para toda a Alemanha.
Mendelismo Triunfante
Durante as três últimas décadas,toda a vida cultural da Eu
ropa tem sido mais ou menos governada pelo pensamen
to biológico e agora a Alemanha experimentou três anos
de legislação eugênica que na realidade deve suaorigem à
descoberta de Gregor Mendel, sobre asleis de transmissão
hereditária. No campo de combate do declínio da popula
ção, uma especial legislação habilita os jovens casais que
Urbanização e Superindustrialismo
Existem então os progressos que não são diretamente
visíveis, e os quais devem ser considerados à luz da luta
contra a urbanização e o super-industrialismo. Muito tem
sido escrito sobre este tema pelos racialistas e biologistas
alemães. Na verdade é computado existir na Alemanha
uma publicação anual de cerca de três mil livros tratando
unicamente da ciência racial e seus problemas.
A regra é contrastar a liberdade e a igualdade da primi
tiva sociedade teutônica rural e o moderno industrialis-
mo com sua urbanização e conseqüente crescimento de
proletários sem terra, destruindo o equilíbrio biológico
e sociológico da sociedade medieval. O conceito urbano
da liberdade e da igualdade foi agora afastado do ideal
alemão, que somente pode ser realizado através da urba
nização, localização nas terras, reformas eugênicas e in-
culcando um novo espírito nórdico.
As cidades espessamente povoadas, declaram os racialistase
eugenistas, são sujeitas à psicologia das massas, que forne
cem o comunismo com as suas maisfortes raízes. Somente
em contato constante com o solo pode havera realização da
personalidade humana, e neste ponto, mais do que na habi
lidade dos cirurgiões alemães, deve ser procurada a garantia
real da saúde e integridade racial dasgerações vindouras.^'^
MACIEL, Maria Eunice. A eugenia no Brasil. In: Anos 90, revista do PPG em
História, UFRGS. Porto Alegre, n. 11. julho de 1999, p. 121-143.
Detalhes dessas técnicas e desse período ver SANTOS, Nádia Maria Webcr.
Histórias de vidas ausentes - a tênue fronteira entre a saúde e a doença mental.
Passo Fundo: Editora da UPF, 2005.
Godoy, ]. op. cit., p. 72-73.
Hoje está cem por cento de melhor o tratamento, tem comida para
todas, antigamente tinha uns probleminhas que por não terem comida
tomavam café com farinha. Acomida era uma panelinha para três pes
soas, hoje tem panelões de risoto, as camas são confortáveis. O medo
maior era das patentes que chamavam WC deboate, não tinha puxador
nem nada, eu tinha medo de cair lá dentro, tinha que se acocorar en
quanto uma pessoa segurava a gente.
Agora é mais bom, tem divisão, é mais mandado, tem mais água,
para achar uma paciente é fácil, antes era tudo misturado.
Ver SANTOS, Nádia Maria Weber. Histórias de vidas ausentes - a tênue frontei
ra entre a saúde e a doença mental. Passo Fundo: Editora da UPF, 2005. SAN
TOS, Nádia Maria Weber. Histórias de sensibilidades: espaços e narrativas da
loucura em três tempos - Brasil 1905, 1920, 1937. Tese de doutorado. PPG em
História, IFCH, UFRGS. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
Prontuário encontrado em caixa de 1899, de número 3; porém pertence ao ano
de 1937. quando esse paciente ficou internado de maio a setembro.
FONTES
Ata da sessão plenária da Assembléia Legislativa, de 5 de março de 1951.
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
Jornal Correio do Povo - 4 de abril de 1951, Museu de Comunicação
Social Hypólito José da Costa (MCSHC)
Jornal Diário de Notícias - 22 de março de 1951. Museu de Comunica
ção Social Hypólito José da Costa (MCSHC)
Memórias de um velho Hospício, 1 a IV. Impresso interno do Hospital
São Pedro, de 1975 a 1979.
Jung, C.G. Presente efuturo. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 5. Esse texto foi escrito
em 1957.
REFERÊNCIAS
COSTA, Jurandir Freire. História da psiquiatria no Brasil: um corte ide
ológico. Rio de Janeiro: Xenon, 1989.
JUNG, C.G. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Frontei
ra, 1984.
. Presente e futuro. Petrópolis: Vozes, 1988.
MACIEL, Maria Eunice. A eugenia no Brasil. In: Anos 90, revista do
PPG em História, UFRGS. Porto Alegre, n. II. Julho de 1999, p. 121-143.
PESAVENTO, Sandra. Memória Porto Alegre, espaços e vivências. Porto
Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1999.
. Uma outra cidade - o mundo dos excluídos no final do século
XIX. São Paulo: Cia Editora Nacional, 2002.
SANTOS, Nádia Maria Weber. Histórias de vidas ausentes - a tênue
fronteira entre a saúde e a doença mental. Passo Fundo:m Editora da
UPF, 2005.
. Histórias de sensibilidades: espaços e narrativas da loucura em
três tempos - Brasill905, 1920,1937. Tese de doutorado. PPG em Histó
ria, IFCH, UFRGS. Porto Alegre, UFRGS, 2005b.
SANTOS, N.M.W. & WADI, Y. O Doutor Jacintho Godoy e a História
da Psiquiatria no Rio Grande do Sul. Revista eletrônica Nouveau Mom
de Mondes Nouveaux - CERMA/ÉCOLE DES HAUTES ÉTUDES EM
SCIENCES SOCIALHS - EHESS, Paris, v.6, 2006.
SCHIAVONI, Alexandre. A institucionalização da loucura no Rio Gran
de do Sul: oHospício São Pedro eafaculdade de medicina. Porto Alegre,
Dissertação (Mestrado em História), IFCH, UFRGS, 1997.
. Um furacão na cidade : o hospício São Pedro na Porto Alegre
'fin de siècle'. Cadernos de estudo do PPG em História da UFRGS, n.lO.
Porto Alegre: UFRGS, 1994.
WADI, Yonissa Marmitt. Palácio para guardar doidos: uma história das
REFERÊNCIAS
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judiciário na passagem do século. Rio de Janeiro: EdUERJ; São Paulo:
EdUSP, 1998.
CAVERSAN, Luiz. As flores do mal. Folha de São Paulo. São Paulo, 03
abr. 2004.
COSTA, Flávio Moreira da (org.). Crimefeito em casa: contos policiais
brasileiros. Rio de Janeiro: Record, 2005.
CUNHA, Maria Clementina Pereira. O espelho do mundo: Juquery, a
história de um asilo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
ENGEL, Magali Gouveia. Os delírios da razão: médicos, loucos e hospí
cios (Rio de Janeiro, 1830-1930). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
GAY, Peter. A experiência burguesa da rainha Vitória a Freud. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001. v.3: O cultivo do ódio.
2. BORGES, Vavy Pacheco. Apud. LUCA, Tânia Regina de. Opus cite. p.
130.
3. PESAVENTO, Sandra Jathay. História e história cultural. Belo Horizon
te; Autêntica, 2003. p. 40.
Imprensa e ficção:...
Hercüio Luze o então governador. Notíciasde crimes violentos que ante
riormente ganhavam pouca visibilidade passaram a ter destaque na capa
da Gazeta, com grandes chamadas que resumiam os fatos narrados na
matéria, a qual cobria grande parte da primeira página. As notícias pu
blicadas no jornal de oposição ensejavam respostas de O Dia. As disputas
entre as duas folhas certamente contribuíram para um aumento sensível,
ocorrido entre 1908 e 1911, de notícias sobre crimes e para uma maior
regularidade na publicação da coluna "Ocorrências policiais", pelo O Dia,
informando sobre a ação da polícia que efetuava a prisão de indivíduos
embriagados, desordeiros e valentões que se atracavam no meio da rua.
A dimensão dada a tais fatos ocorridos na cidade, entre outras
coisas, esteve no cerne das disputas pelo reconhecimento, entre os gru
pos que disputavam o poder local, de quem estaria mais apto a governar
o Estado e colocar a cidade nos rumos da modernidade. Um dos cami
nhos para se alcançar tal objetivo era garantir a ordem e a segurança
pública, por meio de uma polícia eficiente. Isso se depreende pela forma
como as folhas adversárias disputavam as apurações das ocorrências cri
minais. Os articulistas do vespertino Gazeta Catarinense esforçavam-se
por demonstrar as fragilidades, as falhas e a arbitrariedade da polícia na
condução de suas diligências. Já o diário matutino O Dia, naturalmente,
empreendia a defesa dos agentes da lei procurando demonstrar que eles
eram "ativos" e eficazes na condução de suas tarefas.
Tal disputa pode ser observada já nos títulos que anunciavam os
crimes violentos, como por exemplo, um assassinato ocorrido em 1908.
A Gazeta, como se evidencia a partir do título da matéria: "Tragédia de
sangue - Assassinato - Numa casa dejogos - No Menino Deus - Golpe
mortal na rua - No necrotério - A reportagem - Descoberta do assas
sino", apelava-se para um certo sensacionalismo." Além disso, durante
a narrativa do crime, procurava ressaltar a eficiência de seu reporte em
desvendar o fato. Após a prisão do assassino, o repórter da Gazeta foi
até o quartel, pois se tratava de um soldado, e fizera uma entrevista com
o mesmo. Além disso, denunciou a "arbitrariedade tirânica e ridícula"
com que o comissário de polícia tratou a "amásia" do dono da casa de
imprensa e ficção:...
Naquele período, havia uma reticência e uma reserva dos jornais em tratar
de questões da esfera privada, tais como adultério e violência doméstica,
assuntos que sequer chegavam a constituir-se como objetos de investimen
to de discursos."^ Diante das constantes trocas de acusações entre Mira e
Rupp Jn, os ânimos se exaltaram de tal maneira que em setembro de 1908,
as principais autoridades militares sediadas na capitaltiveram que intervir
com o objetivo de "dissipar as nuvens acumuladas que poderiam enlutar a
sociedade catarinense".'^ O importante para cadajornalista,na verdade, era
demonstrar a incompetência administrativa e moral do adversário.
As disputas entre as duas folhas somente tiveram um fim com o
empastelamento da Gazeta Catarinense nos estertores do governo de
Gustavo Richard. Tal acontecimento nos chega por uma notícia de pri
meira página, publicada no jornal Folha do Comércio, em 1910, com o
título de "Atentado à imprensa - Exibição de força - Um capitão na en-
xovia - O Habbeas-corpus".'" Segundo a Folha, após invadirem as ofici
nas do jornal de oposição, policiais do corpo de segurança, disfarçados,
destruíram o prelo da Gazeta e espalharam os tipos e demais materiais
gráficos pela praia, "da Rita Maria ao Largo 13 de Maio", ou seja, por
toda a extensão da orla marítima em frente da cidade. O móvel de tal
violência teria sido a denúncia, publicada pela folha hercilista, em seu
derradeiro número, de superfaturamento no contrato de eletrificação da
cidade, praticado pelo governo de Gustavo Richard.
Com a posse de Vidal Ramos, eleito para a quadra del910al914,
as denúncias de empastelamento da Gazeta Catarinense e de superfa
turamento nos serviços de eletrificação, para citar somente as de maior
destaque, ficaram enterradas juntamente com os tipos arremessados na
praia. A marca dos novos tempos foi a realização de um grande baileno
Palácio para comemorar a eleição do novo governador e a inauguração
Sobre essa questão ver: MACHADO, Vanderlei. O espaço público como palco de
atuação masculina: a construção de um modelo burguês de masculinidade em
Desterro - 1850a 1884. Florianópolis: UFSC, 1999.119 p. Dissertação (Mestra
do em História) - Universidade Federal de Santa Catarina, 1999. p. 80.
Gazeta Catarinense, n. 193, de 1/9/1908.
Folha do Comércio, n. 254, de 31/08/1910; n. 255, de 01/09/1910; n. 257 de
03/09/1910; 258, de 05/09/1910.
Gazeta Catarinense, n. 762, 25/08/1910.
Imprensa e ficção:...
que ajudava vender jornais. Entre as notícias-folhetim, foi amplamente
divulgada, em 1909, a história dos "Irmãos Brocato",-'^ na qual se prome
tia prender a atenção do leitor numa narrativa de "aventuras" e "crimes".-'
Nas páginas da Folha do Comércio foi publicado também, em 59 capítulos,
o romance Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães-^ e o Mártir, por A.
D. Ennery.-'^ Esses textos, que certamente agradavam ao leitor da capital
catarinense, ajudavam a vender jornais e a manter financeiramente o em
preendimento. Devido ao destaque dado às notas de crimes e aos folhe
tins com enredos repletos de violência, um jornal concorrente definiu a
Folha do Comércio como o "jornal dos crimes e transcrições".-^" Em 1915,
Crispim Mira negociou a sua Folha que,logo depois, deixoude circular.
No mesmo ano, em 1915, quando Felipe Schmidt assumiu o gover
no do Estado, surgiram dois novos diários na capital catarinense, além do
já existente O Dia. O jornal A Opinião vinha a público com o intuito de
clarado dc trabalhar pela candidatura de Victorino de Paula Ramos para a
Câmara Federal. Conforme os apoiadores do candidato, Paula Ramos teria
sido colocado à parte nas disputas por cargos eletivos e a partir daquele
momento passava a representar as minorias dentro do PRC. O jornal cen
trou suas baterias, entre outras coisas, nas denúnciasque considerava serem
arbitrariedades da polícia.^' Em seus artigos sobre as atividades policiais, o
infrator sempre se transformava em uma vítima dos agentes da lei.
O jornal A Opinião denunciava ainda o que considerava ser a in
capacidade do superintendente municipal em resolver os problemas da
cidade, o nepotismo-^^ e o "germanofilismo oficial"-^^ do governador
Imprensa e ficção:...
de Timóthea, uma jovem de 15 anos pela qual a vítima tinha se apaixo
nado. As histórias de vida, tanto da vítima quanto do assassino, foram
devassadas e publicadas na imprensa. Ao primeiro, um lavrador de 17
anos, esforçava-se o jornal para atribuir uma representação de trabalha
dor, que se entregava de maneira "insana e paciente para amainar uma
nesga de pedaço de terra".^' Por seu turno, o "criminoso" foi sendo, aos
poucos, descrito como um "homem muito que ao saber ter sua
filha deixado a casa paterna visando viver com "Manoel Felix Fernan
des, um rapazola de olhar vivo e inteligente", espancou-a sem piedade^^
e, em seguida, se pôs de tocaia no caminho pelo qual a vítima costu
mava transitar, cometendo o seu delito com "espetacular calma", não
apresentando remorsos nem arrependimento.'^^ A narrativa jornalística
se confundia com as descrições dos documentos policiais. As matérias
de O Estado discorreram sobre as diligências policiais, a prisão e o in
terrogatório do assassino, o depoimento das testemunhas na delegacia
e uma entrevista com o pai da vítima. O reconhecimento pelo trabalho
eficiente da polícia ficava patente nas freqüentes referências elogiosas ao
Sr. Cid Campos, "ativo delegado de polícia". Roberto Manoel de Souza,
como se ficou sabendo mais tarde, foi condenado a 30 anos de prisão.'*'
O jornal O Estado foi vendido para o comerciante Augusto Lopes
da Silva, em 1918. Naquele ano, Hercílio Luz voltava a ocupar o go
verno estadual, com o apoio de Lauro Müller. A exemplo do que havia
ocorrido em 1903 e 1910, Lauro, depois de eleito, entregou o governo
para o seu vice, nesse caso, Hercílio Luz. Alçado ao governo do Esta
do, Hercílio trocou a denominação do órgão oficial do PRC de O Dia
para República.'^^ Esse jornal deu ampla divulgação ao que denominava
esforço modernizador do então governador. O Instituto de Identifica
ção Criminal aparecia nas páginas do órgão oficial como um fator de
inibição da violência na cidade. Uma nota, publicada em 1918, rebatia
as acusações de que estaria ocorrendo uma onda de assaltos na capital
Imprensa e ficção:...
Estado e o semanário "hercilista" intitulado A Nota. O diário O Estado se
autointitulava como "jornal independente e de maior circulação em San
ta Catarina"."^^ Essa folha continuou publicando artigos sobre violências,
como brigas entre homens e as bombásticas"cenas de sangue".
Em 1921 foi publicado o crime em que o soldado e cozinheiro da
Força Pública, o "preto Rotílio", matou com uma facada a sua "amásia".
A novidade, frente a outras notícias de assassinato, ficou por conta da
publicação, tanto no O Estado quanto no República, de uma foto em que
um corpo de mulher jazia sobre uma mesa com as vestes ensangüenta
das. Esse homicídio foi noticiado nos dois diários, porém o República
divulgou-o uma única vez"*" enquanto O Estado explorou mais o acon
tecimento, fotografando o local em que residia a vítima, entrevistando
vizinhos e a filha da "amásia" de Rotílio, que foi ferida ao tentar conter
o agressor. A imagem que salta do material jornalístico parece querer
confirmar a tese em voga desde a segunda metade do século XIX e que
descreviaa violênciacomo resultado da degeneração física e moral, cau
sada pela habitação em lugares insalubres,^" por uma vida desregrada e
agravada pela coabitaçâo em concubinato.
Tal perspectiva esteve presente também na literatura catarinense.
Em março de 1923, a folha oficial do PRC começou a publicar um fo
lhetim, escrito por um jovem advogado catarinense, Othon D'Eça, in
titulado Vindicta Braba. Nesse romance, o autor narra a história de um
pai, homem simples e morador do interior da Ilha de Santa Catarina,
que mata um rapaz acusado de ter seduzido sua filha. A crítica aos há
bitos culturais da populaçãorural formava o pano de fundo da intriga.^'
Idem. p. 50.
Segundo Hermetes Reis de Araújo, os anos de 1920, notadamente, foram mar
cados por uma série de práticas sanitaristas que visavam regenerar a popula
ção do litoral catarinense, vista então como indolente e moralmente incapaz.
ARAÚJO, Hermetes Reis de. A invenção do litoral: reformas urbanas e reajus-
tamento social em Florianópolis na primeira república. São Paulo, PUC, 1989.
Dissertação (Mestrado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, 1989. p. 181.
O mesmo tipo de preconceito, em relação aos descendentes de açorianos na
Ilha de Santa Catarina, foi lançado sobre os habitantes do oeste catarinense,
notadamente índios e caboclos. Em um registro de viagem realizada pelo go
vernador Adolfo Konder, à região do Contestado, publicado na imprensa de
Florianópolis, em 1929, fica evidente a idéia dos administradores do Estado de
que o abandono em que viviam aquelas populações favorecia o aparecimento
de crimes e revoltas e que a colonização com elementos de origem germânica
seria um fator importante para o desenvolvimento e civilização daquela região.
Sobre a viagem do governador Ver: D'EÇA, Othon da Gama. Aos espanhóis
confinantes. Florianópolis: FCC: Ed. da UFSC, 1992. Sobre o governo Konder
e a colonização do oeste catarinense ver: BARRETO, Cristiane Manique. Entre
laços: as elites do Vale do Itajai nas primeiras décadas da república. In: RAM-
PINELLI, Waldir José. (Org.) História e poder: a reprodução das elites em Santa
Catarina. Florianópolis; Insular, 2003. p. 166.
Imprensa e ficção:...
República não circulou. Durante o curto mandato de Pereira Oliveira,
o jornal do PRC foi denominado de O Tempo,^'" o que pode simbolizar
tanto o fato de que o então governador não se identificava com o seu an
tecessor quanto a tentativa de imprimir a sua marca pessoal na condu
ção dos negócios do Estado. Somente com a eleição de Adolfo Konder^^
e Walmor Ribeiro," em 1926, o órgão do PRC voltou a denominar-se
República, trazendo na capa uma foto do novo governador.^" Durante
o governo Konder, o jornal O Estado fez uma série de críticas ao que
considerava o endividamento de Santa Catarina durante o governo de
Hercílio Luz. Além desse novo posicionamento frente ao governo ante
cessor, nenhuma alteração substancial foi percebida em sua linha edito
rial. A maior novidade foi a compra daquela folha, em março de 1925,
por Victor Konder,^^ irmão de Adolfo Konder.
Imprensas ficção:..,
apelavapara o sentimento de civilidade da população da capital. Em um
artigo intitulado Torrentes de lágrimas, ilustrado pela foto de Crispim
Mira e do advogado de defesa dos acusados, Rupp Júnior, o articulista,
com o claro objetivo de não colocar a opinião pública contra os rapazes,
questionava se as lágrimas derramadas pelas mães e noivas dos envol
vidos não seriam mais sofridas do que as vertidas pela esposa da vítima
e concluía que as primeiras tinham mais motivos para sofrer. O Repú
blica manteve o mesmo tom conciliador. Ao término de tudo, o que se
viu foi que: "Crispim Mira morto, a sindicância por ele reclamada - se
realizada - nada apurou"." Os acusados, oriundos das chamadas "boas
famílias" da cidade, foram absolvidos e com o passardo tempo o clamor
de justiça foi arrefecendo nas páginas da Folha Nova.
Essas características dos principais jornais de Florianópolis, aqui
apresentadas, apesar de não serem determinantes, ajudam a perceber
a forma como a questão da violência foi tratada ao longo da Primeira
República. Isso não quer dizer que todas as formas de violência física
passaram a ser recriminadas e ganharam publicidade. Como nos lem
bra Peter Gay, "o tipo de agressividade que uma cultura recompensa ou
deprecia, legaliza ou bane, obviamente depende dos tempos e das cir
cunstâncias, dos riscos e das vantagens percebidos, dos hábitos sociais
de rebeldia ou de conformidade".^^
\'\lí. .%! ^
Cláudia Mauch
Mestre em História, professora da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Gisela Sedeillan
Professora da Universidad Nacional de Centro de Ia Província de
Buenos Aires, UNCPBA, e pesquisadora Conicet (Consejo Nacio
nal de Investigaciones Científicas y Técnicas).
Lizete Oliveira Kummer
Doutoranda do Programa de Pós-Graduaçào em História da
UFRGS.
Sandra Gayol
Doutora em História, professora da Universidad Nacional de General
Sarmiento.
Editora da UFRGS• Ramiro Barcelos, 2500 - Porto Alegre, RS - 90035-003 - Fone/fax (51) 3308-5645 - cditora@uftgs.
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editorial; Alexandre Giaparclli Colombo, faqueline Mourae Jeferson Mello Rocha (bolsistas) • Administração: Aline Vascon
celos da Silveira, Getúlio Ferreira de Almeida, Janer Bittencourt. Jaqueline Trombin, Laerte Balbinot Dias, Najára Machado
e Valéria da Silva Gomes.
colecão Sul
A criação da Coleção Sul é mais um dos
elos entre as editoras universitárias da
região Sul. que participam da Associa
ção Brasileira das Editoras Universitá
rias {ABEU).