Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Pós-graduado em Direito Penal pela Universidade de Salamanca (Espanha). Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UGF-RJ. Coordenador do blog “Observatório da Criminologia”.
com.br) Primeiros estudos sobre as gangues (EUA – o delito passou a ser visto integrado com o espaço urbano)
Até a década de 1920 não havia estudos sobre as
gangues. A Criminologia vivia a batalha “lombrosiana x meio social” na Europa. O espírito do povo norte-americano. O pragmatismo. A necessidade da utilidade das coisas. Cidade de Chicago (EUA). Explosão demográfica. Crescimento desordenado. Surgimento dos guetos.
com.br) A cidade como geradora dos crimes (superação do paradigma lombrosiano)
O criminoso não é mais visto como um ser
perturbado, doente, uma verdadeira degeneração. A cidade é um fator criminógeno e implica reconhecer o crime como um fenômeno gerado no seio da cidade. Fatores que serão estudados: população, artefatos (cultura tecnológica), costumes (ex: percepção de justiça) e crenças e recursos naturais. Cidade desorganizada facilita ocorrência de crimes. 29/08/23 Lélio Braga Calhau (www.novacriminologia. 5 com.br) O crescimento da cidade (1925 – Ernest Burgess)
Crescimento da cidade – como um
ser humano, do centro para a periferia. Mapeamento e compreensão das forças agentes e conformadoras do crescimento urbano. Mudança da população para as áreas externas. Surgimento de áreas degradadas – áreas com antigas indústrias, depósitos, poucas residências, imigrantes, pobreza – surgimento das gangues.
com.br) Park e Burgess consideravam a Zona II como de particular interesse, eis que era a área que as estatísticas indicavam com maior incidência de crime. Eles observaram que a expansão do bairro central acarretava no deslocamento dos residentes da Zona II. Foi dessa época que surgiram os estudos de um dos subprodutos da Zona II e que também é um dos temas centrais da Criminologia hoje: as gangues. As gangues e a delinqüência juvenil são problemas graves e que desafiam a intervenção que a sociedade (e a própria Criminologia) prevê para esses casos.
com.br) Áreas criminais Shaw e Mckay distribuíram em um mapa da cidade de Chicago a residência de 60.000 jovens infratores ao longo de diferentes períodos. Os jovens estavam concentrados nas mesmas regiões. Taxa de delinqüência juvenil de 1928-1937.
com.br) Áreas criminais II Essas áreas eram sempre criminais ao longo do tempo, sendo certo que houve marcada alteração populacional, gerando a conclusão de que elas contenham em si elementos propiciadores ao crime e não seus residentes. Desorganização social e na conseqüente falta de controle social existentes nessa regiões, que além de concentrarem os maiores índices criminais também concentravam os piores indicadores sociais da cidade. Crescimento rápido e redistribuição populacional afetam os índices de criminalidade. Davi Tangerino, 2007
com.br) A taxa criminal É um reflexo do nível de desorganização dos mecanismos de controle em uma sociedade, na medida em que a raiz ecológica da criminalidade encontra-se: I) na capacidade de um grupo social de impor condutas em conformidade com as normas; II) Na intensidade da organização social de um grupo; III) Na capacidade do grupo de exercer o controle social informal correspondente. Davi Tangerino, 2007.
com.br) A criminalidade acaba por também reforçar a condição de desorganização social de uma dada região, na exata medida em que também é um problema social que afrouxa os laços sociais e fragmenta ainda mais a dimensão comunitária.
com.br) Teoria da subcultura delinqüente O criador dessa teoria foi o sociólogo norte- americano Albert K. Cohen e teve como marco o ano de lançamento de seu livro “Deliquent boys”(foto), em 1955. A subcultura é uma cultura associada a sistemas sociais (incluindo subgrupos) e categorias de pessoas (tais como grupos étnicos) que fazem parte de sistemas mais vastos, como organizações formais, comunidades ou sociedades. Bairros étnicos urbanos – variando de indianos em Londres e mulçumanos em Paris, a americanos em Hong Kong ou chineses em Nova York – compartilham freqüentemente de linguagens, idéias e práticas culturais que diferem das seguidas pela comunidade geral, mas, ao mesmo tempo, sofrem pressão para conformar-se, em certo grau, à cultura mais vasta na qual está enraizada a subcultura.
com.br) A premissa dessas teorias subculturais é, antes de tudo, contrária à imagem monolítica da ordem social que era oferecida pela Criminologia tradicional. A referida ordem social, a teor deste novo modelo, é um mosaico de grupos, subgrupos, fragmentado, conflitivo; Cada grupo ou subgrupo possui seu próprio código de valores, que nem sempre coincidem com os valores majoritários e oficiais, e todos cuidam de fazê-los valer frente aos restantes, ocupando o correspondente espaço oficial.
com.br) A conduta delitiva para as teorias subculturais – diferentemente do que sustentavam as teses ecológicas – não seria produto da desorganização ou da ausência de valores, senão reflexo e expressão de outros sistemas de normas e valores distintos: os subculturais. As normas das gangues passam no íntimo de seus integrantes a prevalecerem sobre as normas da sociedade (ex: leis).
com.br) A conduta irregular tende a ser reproduzida no meio pelas gangues
Assim, tanto a conduta normal, regular e
adequada ao Direito, como a irregular, desviada e delitiva, seriam definidas em relação aos respectivos sistemas sociais de normas e valores oficiais e subculturais.
com.br) Contariam com uma estrutura e significação muito semelhante, visto que o autor, em última análise (delinqüente ou não-delinqüente), o que faz é refletir com sua conduta o grau de aceitação e interiorização dos valores da cultura ou subcultura à qual pertence (não por decisão própria), valores que se interiorizam – reforçam e transmitem – mediante idênticos mecanismo de aprendizagem e socialização, tanto no caso de conduta normal ou regular como no de conduta irregular ou desviada.