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Abordagem das gangues pela

Criminologia

Lélio Braga Calhau

Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.


Pós-graduado em Direito Penal pela Universidade de Salamanca
(Espanha).
Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UGF-RJ.
Coordenador do blog “Observatório da Criminologia”.

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As gangues. Como lidar com esse problema?
(A banalização pela sociedade. Como surgiram os primeiros estudos?)

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Criminologia – Século XX/XXI
(Abordagem científica, rompe com o “senso comum”, sistematiza o
conhecimento do fenômeno criminal)

 Estudo de quatro pilares fundamentais do


fenômeno criminal:

Delito (Beccaria - 1764).



 Delinqüente (Lombroso - 1876)
 Controle Social (Década de 1920/1940).
 Vítima (Década de 1950/1960)

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Primeiros estudos sobre as gangues
(EUA – o delito passou a ser visto integrado com o espaço urbano)

 Até a década de 1920 não havia estudos sobre as


gangues. A Criminologia vivia a batalha
“lombrosiana x meio social” na Europa.
 O espírito do povo norte-americano. O
pragmatismo. A necessidade da utilidade das
coisas.
 Cidade de Chicago (EUA). Explosão demográfica.
Crescimento desordenado. Surgimento dos guetos.

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A cidade como geradora dos crimes
(superação do paradigma lombrosiano)

 O criminoso não é mais visto como um ser


perturbado, doente, uma verdadeira degeneração.
 A cidade é um fator criminógeno e implica
reconhecer o crime como um fenômeno gerado no
seio da cidade.
 Fatores que serão estudados: população, artefatos
(cultura tecnológica), costumes (ex: percepção de
justiça) e crenças e recursos naturais.
 Cidade desorganizada facilita ocorrência de crimes.
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O crescimento da cidade
(1925 – Ernest Burgess)

 Crescimento da cidade – como um


ser humano, do centro para a
periferia.
 Mapeamento e compreensão das
forças agentes e conformadoras do
crescimento urbano.
 Mudança da população para as
áreas externas.
 Surgimento de áreas degradadas –
áreas com antigas indústrias,
depósitos, poucas residências,
imigrantes, pobreza – surgimento
das gangues.

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 Park e Burgess consideravam a Zona II
como de particular interesse, eis que era
a área que as estatísticas indicavam com
maior incidência de crime. Eles
observaram que a expansão do bairro
central acarretava no deslocamento dos
residentes da Zona II.
 Foi dessa época que surgiram os
estudos de um dos subprodutos da Zona
II e que também é um dos temas
centrais da Criminologia hoje: as
gangues.
 As gangues e a delinqüência juvenil são
problemas graves e que desafiam a
intervenção que a sociedade (e a
própria Criminologia) prevê para esses
casos.

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Áreas criminais
 Shaw e Mckay
distribuíram em um
mapa da cidade de
Chicago a residência
de 60.000 jovens
infratores ao longo
de diferentes
períodos.
 Os jovens estavam
concentrados nas
mesmas regiões.
Taxa de delinqüência juvenil de 1928-1937.

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Áreas criminais II
 Essas áreas eram sempre criminais ao longo do tempo, sendo
certo que houve marcada alteração populacional, gerando a
conclusão de que elas contenham em si elementos
propiciadores ao crime e não seus residentes.
 Desorganização social e na conseqüente falta de controle
social existentes nessa regiões, que além de concentrarem os
maiores índices criminais também concentravam os piores
indicadores sociais da cidade.
 Crescimento rápido e redistribuição populacional afetam os
índices de criminalidade.
 Davi Tangerino, 2007

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A taxa criminal
 É um reflexo do nível de desorganização dos
mecanismos de controle em uma sociedade, na
medida em que a raiz ecológica da criminalidade
encontra-se:
 I) na capacidade de um grupo social de impor
condutas em conformidade com as normas;
 II) Na intensidade da organização social de um grupo;
 III) Na capacidade do grupo de exercer o controle
social informal correspondente.
 Davi Tangerino, 2007.

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 A criminalidade acaba por também reforçar a
condição de desorganização social de uma
dada região, na exata medida em que
também é um problema social que afrouxa os
laços sociais e fragmenta ainda mais a
dimensão comunitária.

 Davi Tangerino, 2007.

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Teoria da subcultura delinqüente
 O criador dessa teoria foi o sociólogo norte-
americano Albert K. Cohen e teve como
marco o ano de lançamento de seu livro
“Deliquent boys”(foto), em 1955.
 A subcultura é uma cultura associada a
sistemas sociais (incluindo subgrupos) e
categorias de pessoas (tais como grupos
étnicos) que fazem parte de sistemas mais
vastos, como organizações formais,
comunidades ou sociedades.
 Bairros étnicos urbanos – variando de
indianos em Londres e mulçumanos em Paris,
a americanos em Hong Kong ou chineses em
Nova York – compartilham freqüentemente de
linguagens, idéias e práticas culturais que
diferem das seguidas pela comunidade geral,
mas, ao mesmo tempo, sofrem pressão para
conformar-se, em certo grau, à cultura mais
vasta na qual está enraizada a subcultura.

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 A premissa dessas teorias
subculturais é, antes de tudo,
contrária à imagem monolítica
da ordem social que era
oferecida pela Criminologia
tradicional.
 A referida ordem social, a teor
deste novo modelo, é um
mosaico de grupos, subgrupos,
fragmentado, conflitivo;
 Cada grupo ou subgrupo
possui seu próprio código de
valores, que nem sempre
coincidem com os valores
majoritários e oficiais, e todos
cuidam de fazê-los valer frente
aos restantes, ocupando o
correspondente espaço oficial.

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 A conduta delitiva para as
teorias subculturais –
diferentemente do que
sustentavam as teses ecológicas
– não seria produto da
desorganização ou da ausência
de valores, senão reflexo e
expressão de outros sistemas
de normas e valores distintos:
os subculturais.
 As normas das gangues passam
no íntimo de seus integrantes a
prevalecerem sobre as normas
da sociedade (ex: leis).

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A conduta irregular tende a ser
reproduzida no meio pelas gangues

 Assim, tanto a conduta normal, regular e


adequada ao Direito, como a irregular,
desviada e delitiva, seriam definidas em
relação aos respectivos sistemas sociais de
normas e valores oficiais e subculturais.

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 Contariam com uma estrutura e significação muito
semelhante, visto que o autor, em última análise
(delinqüente ou não-delinqüente), o que faz é refletir
com sua conduta o grau de aceitação e interiorização
dos valores da cultura ou subcultura à qual pertence
(não por decisão própria), valores que se
interiorizam – reforçam e transmitem – mediante
idênticos mecanismo de aprendizagem e
socialização, tanto no caso de conduta normal ou
regular como no de conduta irregular ou desviada.

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FIM
 Obrigado pela atenção de todos.

Lélio Braga Calhau


E-mail: direitopenal@uol.com.br
Grupo de discussão:
http://br.groups.yahoo.com/group/revistadirei
topenal/
Site: www.novacriminologia.com.br

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