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TRABALHO FINAL DE FAIANÇA PORTUGUESA

CANECA ANTROPOMÓRFICA DA FÁBRICA DE MIRAGAIA


REGINA MARIA ROCHA NOVAIS
PROFESSOR ALEXANDRE NOBRE PAIS
PÓS-GRADUAÇÃO EM PERITAGEM, COLECIONISMO
E MERCADO DE ARTE
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PORTO
INDICE

1. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………3

2. OS VASOS ANTROPOMÓRFICOS………………………………………………..4

2.1. OS TOBY JUGS

3. A FÁBRICA DE MIRAGAIA………………………………………………………….7

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

3.2. PERÍODOS DE PRODUÇÃO

4. A IMPORTAÇÃO DO MODELO TOBY JUG………………………………………13

4.1. A CANECA TRADICIONAL INGLESA


2
4.1.1. THE ORDINARY TOBY JUG

4.1.2. TÉCNICAS DE PINTURA

4.1.3. VARIAÇÕES DO MODELO

5. O TOBY JUG PORTUGUÊS…………………………………………………………16

6. A PEÇA DA FÁBRICA DE MIRAGAIA……………………………………………..19

6.1. DESCRIÇÃO

6.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O TOBY JUG

7. REGISTO FOTOGRÁFICO…………………………………………………………..22

8. BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………………...23

9. ANEXO – FICHA DE INVENTÁRIO DO MNSR ……………………………………..24

Trabalho Final de Faiança Portuguesa Caneca Antropomórfica de Miragaia – Regina Maria Rocha Novais
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende estudar uma caneca antropomórfica pertencente ao


Museu Nacional Soares dos Reis, tida como de fabrico português da Fábrica de
Miragaia, do século XVIII.

Através da Dra. Margarida Rebelo foi-nos concedido o acesso a esta peça que se
encontra nas reservas do museu, bem como nos foi disponibilizada toda uma vasta
bibliografia sobre faiança portuguesa, Toby Jugs e a ficha de inventário do objeto,
além de uma entrevista na qual a Dra. Margarida nos forneceu informações
riquíssimas.

A abordagem utilizada foi tentar contextualizar o surgimento dos modelos estrangeiros


e suas influências nas produção portuguesa, e a partir daí fazer uma comparação
entre o modelo inglês com o português quanto às suas características formais,
estilísticas e técnicas.

Consideramos também importante discorrer sobre a Fábrica de Miragaia, sua trajetória


como um dos principais centros de fabrico de louça do país e seus processos 3
produtivos, para depois tentar estabelecer as relações que se traduzem nos traços
específicos impressos na peça.

Por fim, tentamos complementar a classificação existente, deixando nossas


considerações e conclusões pessoais.

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2. OS VASOS ANTROPOMÓRFICOS

Figuras zoomórficas e antropomórficas aparecem na cerâmica tão cedo quanto no


período Neolítico, época em que o homem desenvolveu a produção desta, à medida
que deixava de ser nômade e começava a fixar-se em aldeamentos. É precisamente a
cerâmica que marca (arqueologicamente falando) o abandono da caça e o surgimento
da agricultura.

Podemos encontrar inúmeros exemplos de representações de animais, homens ou


deuses nos utensílios de barro deste período e, a partir daí, nas civilizações
posteriores do Oriente-médio, Europa e na América Pré-Colombiana, até os dias
atuais. A figuração de um utensílio sugere uma tentativa do homem em dotar de
significado o mundo material, um ato transcendente ao qual podemos chamar Arte.

Fig. 1 – Deusa-mãe Neolítica Fig. 2 – Garrafa pré- Fig. 3 – Vaso-retrato pré-


colombiana, Chipicuaro colombiana, Tiwanaku

Fig. 4 – Cerâmica Amratiana, Egito Fig. 5 – Vaso zoomórfico pré-colombiano,


Maya-Ulúa

Não é de se estranhar, portanto, que na complexa sociedade moderna ocidental


encontremos figuras antropomórficas nos objetos de uso cotidiano, notadamente na
cerâmica. Destas, a mais famosa e mais reproduzida é o Toby Jug.

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3. OS TOBY JUGS

No panorama pré-industrial do século XVIII, vemos o surgimento de inúmeras olarias


na Europa Ocidental que assumiram uma estética inovadora que representava em
objetos, antes meramente utilitários, o modo de vida e os costumes da classe operária.
Assim vemos na Alemanha as “Figuren Kannen” ou “Figuren Kruge”, na França as
“Jacquelines” ou “Jacquots”, na Holanda os “Bobbyjacks” e na Inglaterra os “Toby
Jugs”, produzidas pelas melhores fábricas de cerâmica do Norte da Europa, o que se
traduzia em peças de boa qualidade de esmaltes e vidrados e originalidade de formas,
cada uma delas trazendo uma simbologia e mitologia urbana da sociedade onde
nasceu.

Fig. 6 – Caneca alemã, de Carsten Fig. 7 – “Jacqueline e Jacquot”, França


Behrens, circa 1763-1770

O aparecimento da primeira caneca antropomórfica


conhecida como Toby Jug tem várias versões. Uma
delas é a representação da personagem “Uncle Toby”
do livro “The Life and Opinions of Tristam Shandy”, de
1759, do romancista anglo-irlandês Lawrence Stern.
“Uncle Toby”, tio do protagonista do livro, é descrito
como um homem de caráter gentil, descomplicado,
“lover of his fellow man” e apreciador de cerveja. As
ilustrações da primeira edição do livro, feitas por
George Cruikshank, mostram uma figura bastante
parecida com os Toby Jugs, principalmente na
Fig. 8 – Gravura representando o
maneira de sentar e nas vestimentas. “Uncle Toby”

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Outra inspiração para os Toby Jugs foi Sir Toby Belch, personagem cômico, glutão e
beberrão da peça Twelfth Night de William Shakespeare, escrita por volta de 1601-
1602. Entretanto, a versão mais famosa e aceite é que as canecas antropomórficas
retratam Toby Philpot, personagem do poema The Brown Jug, escrito em 1761 por
Francis Fawkes que descreve como os restos mortais do beberrão transformaram-se
em barro no túmulo, que foi apanhado por um oleiro que o transformou num canjirão.
Após a publicação do poema a editora inglesa Carver and Bowles publicou uma
gravura da tal personagem fictícia Toby Philpot, representada como um senhor
embriagado, de aspecto bonachão e jovial, com uma caneca de cerveja numa mão e
um cachimbo na outra. Diz-se ainda que Toby Philpot era na verdade Harry Elwes, um
homem de Yorshire que bebeu 2.000 litros de cerveja numa caneca castanha.

Fig. 9 – Toby Jug, Fig. 10 – Toby Jug atribuído Fig. 11 – The Long Face Toby Jug,
atribuído a Whieldon a Ralph Wood Ralph Wood

Seja qual for a lenda, o certo é que após a publicação da gravura em 1761, os oleiros
de Sttafordshire transcreveram para a faiança a personagem e imortalizaram o Toby
Jug. Não se pode dizer com precisão qual o primeiro oleiro a fazer a caneca, mas
supõe-se que tenha sido Ralph Wood. A tradicional caneca representa um homem
sentado sobre um banco, cadeira, mala de viagem ou montículo de terra, trajando
roupas populares típicas do século XVIII e chapéu tricórnio na cabeça, o qual serve de
tampa. Por vezes tem entre as pernas um barril. O período áureo dos Toby Jugs
ingleses vai de 1760/70 a 1820/30 e foi amplamente copiado em toda a europa.

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4. A FÁBRICA DE MIRAGAIA

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

O século XVIII foi palco de


grande expansão do fabrico de
faiança na Europa e da busca
pelo segredo da Porcelana da
China. Os principais centros
produtores europeus foram a
Alemanha, França (que terá
enorme influência na produção
portuguesa na primeira metade

Fig. 12 – Gravura da Fábrica de Miragaia, vinha estampada nas


do século, sobretudo a Faiança
facturas feita em Rouen), Espanha, Itália
e Inglaterra, esta última tida como a responsável pelo declínio da produção
portuguesa, devido ao preço baixo com o qual entrava no país a louça tipo
Creamware.

“Para se suprir este desmazelo….se provia esta capital e o Reino inteiro e os seus
Domínios Ultramarinos de louças estrangeiras que a esta chegavam de Sevilha 7
embarcações inteiras, de Valença, Gênova, Veneza, Holanda e França em caixas, e todas
estas louças eram de barro vidrado de branco com as suas pinturas azuis. Também
havia louça inglesa…de pó de pedra”.¹

Em Portugal, durante o reinado de D. João V, as olarias estavam concentradas


sobretudo na produção de azulejos, tendo apenas uma residual produção de louça
malegueira de má qualidade de pintura, apesar da morfologia interessante. Este fato
favoreceu a entrada massiva da louça estrangeira e da porcelana brasonada chinesa.

Somente a partir do reinado de D. José (1750 – 1777) começam a ser lançadas as


bases para o reerguimento da produção de faiança em Portugal, primeiramente com a
determinação por Sebastião de Carvalho e Melo em 1756 de que sejam construídas
fábricas para evitar a importação de produtos, seguida da proibição, em 1770 da
importação de louça exceto a que viesse da China e da Índia em navios portugueses.
Assim foram fundadas com aquele propósito várias fábricas de faiança, como por
exemplo a Fábrica de Massarelos (1763), a Real Fábrica de Louça, ao Rato (1767), a
Real Fábrica do Cavaquinho (1768), dentre outras.

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1 Citado por Vasco Valente no livro Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX, extraído de um
extrato da Alfândega de 1793, da autoria de Manuel Joaquim Rebelo.
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A Fábrica de Louças de Miragaia foi fundada em 1775 por João da Rocha e seu
sobrinho João Bento da Rocha, membros de uma importante dinastia industrial do
Porto que teve ingerência nas cinco principais fábricas de louça do Norte do país²,
tendo sido estabelecida nas traseiras da Igreja de S. Pedro de Miragaia. A ambição da
fábrica de Miragaia ou o que se pode hoje chamar de sua missão empresarial era
precisamente atender à necessidade de uma produção interna que fizesse frente à
importação, como está documentado no Livro dos Termos dos Mestres Fabricantes,
de 1775:

“Manufaturar toda a qualidade de peças da dita louça à maneira da que vem dos países
estrangeiros”. ³

O primeiro mestre da fábrica foi Sebastião Lopes Gavixo, natural do Porto, cuja
especialidade era a pintura. Gavixo já tinha trabalhado em Massarelos e Coimbra,
(entre 1763 e 1767), na Fábrica do Rato (1767) durante a época de Tomás Brunetto e
Estremoz (1773-17774). A pedido de João da Rocha, Sebastião Lopes Gavixo foi
examinado na Real Fábrica do Rato por Sebastião Inácio de Almeida para ver se
estaria apto a assumir as funções de mestre na Fábrica de Miragaia. Em 1813 a
fábrica é assumida pelo mestre Manuel Mendes Teixeira.
8
Em 1779 falece João da Rocha, deixando a fábrica para seu sobrinho Francisco
Soares da Rocha que na altura vivia no Brasil. Este foi o grande impulsionador da
fábrica. Seu espírito empreendedor fez com que passasse a frequentar as feiras da
província, a partir de 1824, obtendo um grande aumento nas vendas o que levou o
industrial a arrendar outras fábricas do Porto e de Gaia (Massarelos e Santo António
do Vale da Piedade). Este fato pode ter gerado uma certa uniformidade na produção
de todas as fábricas em questão, devido ao intercâmbio de artistas e técnicas entre
elas. Rocha Soares também pretendia expandir a fábrica para o Brasil, o que ficou
frustrado com a sua morte, em 1829. A partir dessa data, lidera a fábrica Francisco da
Rocha Soares Filho até em 1852, quando foi declarada a falência, em muita parte
devida às atividades políticas do proprietário, envolvido nas guerras liberais.

A Fábrica de Miragaia era bastante organizada quanto à sua espacialização e técnicas


de fabrico e pinturas, bem como um vasto número de operários. Outro sinal dessa
organização e também traço sugestivo da importância que esta fábrica teve no cenário

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2 Vasco Valente, Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX
3 Citado no Catálogo da Fábrica de Miragaia, do Museu Nacional Soares dos Reis

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do fabrico de cerâmica do país é a existência de um
manuscrito com 126 receitas de vidrados e tintas da
Fábrica de Miragaia, no acervo da Biblioteca
Municipal do Porto. Não se conhece documento
semelhante de qualquer outra fábrica do país.

A maioria das peças da Fábrica de Miragaia foi


marcada com um “R” de diversos feitios segundo a
época e artista, que seria alusão ao nome da família
Fig. 13 Variações da marca de
Rocha. Numa primeira fase a marca era pintada sob Miragaia, Faiança Portuguesa
Séculos XVIII e XIX, de Arthur de
o vidrado e posteriormente gravada. A marca “R” Sandão.

levou a que muitas peças fossem confundidas como


sendo da Fábrica do Rato.

4.2. PERÍODOS DE PRODUÇÃO

A produção da fábrica pode ser divida, quanto às


técnicas, influências e motivos decorativos em dois
grandes períodos, ambos bastante industrializados 4.
9
O primeiro período vai de 1775 a 1822 e é
caracterizado por uma grande influência formal e
decorativa da faiança francesa, sobretudo da cidade
de Rouen. Miragaia produziu largamente a decoração
conhecida como “Faixa de Rouen”, sendo que seu
modelo era distinto de todas as outras fábricas e Fig. 14 – “Faixa de Rouen” pintada
em prato da Fábrica de Miragaia,
por isso, bastante identificável. MNSR.

A faiança deste período é feita com uma pasta mais escura nos primeiros tempos, de
cor alaranjada ou acastanhada. O vidrado é feito com esmalte estanífero, a pintura das
peças é exclusivamente feita à mão com cores de alto fogo (azul, verde, amarelo e
vinoso, por vezes aparecendo também laranjas, castanhos, preto e roxo). Os motivos
decorativos eram principalmente vegetalistas, havendo também paisagens de
características orientais e menos frequentemente aparecem também representações
da figura humana, como por exemplo os pratos de prendas de noivos.

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4 Alguns autores como Vasco Valente dividem em três períodos. Preferimos seguir a classificação do
Catálogo da Fábrica de Miragaia do Museu Nacional Soares dos Reis.

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A tipologia predominante sãos os serviços (de chá, café ou jantar), peças de higiene
(gomis, lavandas, bacias de barba, etc.) e peças de farmácia – potes e canudos que
eram bojudos e arredondados com um estrangulamento central na primeira fase. A
influência inglesa irá aos poucos suplantar a francesa e a de Delft.

Uma importante característica da faiança produzida


na Fábrica de Miragaia é o uso de vidrados estanífero
coloridos, sobretudo azulados (Azul de Safra). O uso
deste vidrado azul foi tão amplamente usado por
Miragaia que quase todas as peças com este vidrado
foram muitas vezes erroneamente classificadas como
desta fábrica. Uma tipologia também característica de

Miragaia são os pratos e travessas de abas vazadas, Fig. 15 – “Faixa de Rouen” pintada
em prato da Fábrica de Miragaia,
com decoração pintada a amarelo, verde, azul e MNSR.
vinoso sobre um vidrado colorido azul de safra.

Já no primeiro período aparecem os primeiros utensílios antropomórficos. São


castiçais, canecas e garrafas com figuras masculinas e femininas. Vemos também
surgirem os primeiros Toby Jugs. Entretanto, achamos que essa tipologia ocorreu 10

sobretudo no segundo período, quando a fábrica introduziu sistematicamente o uso de


moldes.

Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19

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Fig. 16 – Garrafa antropomórfica, séc. XVIII/XIX, coleção Lopo de Castro Feijó, com marca “R”
Fig. 17 – Toby Jug, séc. XVIII/XIX, coleção Lopo de Castro Feijó, com marca “R”
Fig. 18 – Toby Jug, séc. XVIII/XIX, coleção particular, com marca “R”
Fig. 19 – Toby Jug, séc. XVIII/XIX, MNAA, sem marcas

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O segundo período vai de 1822 a 1850, fase final da direção de Francisco da Rocha
Soares (até sua morte em 1829) e início da direção de Francisco Rocha Soares Filho.

Em relação à decoração, a maior influência passa a ser da Inglaterra, principalmente


de Davenport, pois com a derrota de Napoleão para os ingleses a louça daquele país
entra massivamente em Portugal. Para além disso, essa influência era colhida
diretamente pela passagem dos artesãos e/ou proprietários das fábricas naquele país,
tendo o próprio Francisco Rocha Soares Filho visitado Inglaterra, mais precisamente
Sttafordshire. Aparecem as travessas de bordo ondulado e terrinas moldadas, com
vidrado azul de safra e decoração monocromática de paisagens de influência
orientalizante, que são conhecidas como louça Tipo País (Figura 20).

As tipologias mantêm-se as mesmas do


período anterior, mas aparecem as grandes
peças decorativas de exterior – estátuas
alegóricas e vasos de jardim, e também os
azulejos de fachada, estes já na última
década. A produção continua a ser de
faiança, com o vidrado de esmalte
estanífero e cores de alto fogo, com 11
predomínio do azul. A pasta passa a ser
bastante clara. Quantos às marcas, estas
Fig. 20 – Terrina moldada, com marca Miragaia
Porto entre folhas de louro passaram a ser bastante variadas,
mantendo-se o “R” original nas tipologias
que se mantiveram desde o primeiro
período.

Duas grandes novidades surgem na


produção da Fábrica de Miragaia, uma
sendo a introdução da estampilha nos
processos de pintura, decorrente da
necessidade de dar vazão a uma maior
demanda de produção pela expansão dos
mercados (feiras da Província), uma técnica
trazida surgida em Sttaforshire e
disseminada por toda a Inglaterra. A outra é

Fig. 21 – Azulejos de fachada com decoração


o fabrico da louça em fôrmas, o que permitiu
estampilhada, atribuível à Fábrica de Miragaia o fabrico de peças de grande porte como

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vasos e esculturas de Jardim, cujos desenhos eram feitos pelo lente da Academia de
Marinha e Comércio Raimundo Joaquim da Costa e pelo arquiteto Joaquim da Costa

Fig. 22 – Vaso de jardim Fig. 23 – Par de leões moldados em faiança com esmalte branco,
moldado com a marca da têm a marca da Fábrica de Miragaia estampilhada em azul.
Fábrica de Miragaia
estampilhada em azul.

Lima Júnior. Os exemplares mais significativos e belos destas esculturas são as


figuras representando os continente e as que representam as estações do ano, que
revelam grande qualidade artística. Todas estas inovações demonstram uma grande
12
industrialização da produção.

Fig. 24 – Busto de mulher Fig. 25 – Busto de mulher Fig. 26 – Busto de mulher


moldado em faiança com esmalte moldado em faiança com esmalte moldado em faiança com esmalte
branco, representado o Outono, branco, representado África, branco, representado América,
Fábrica de Miragaia Fábrica de Miragaia Fábrica de Miragaia

Alguns autores, como Vasco Valente, afirmam que neste período foi iniciado o fabrico
de louça de pó de pedra, mas não há registos de quaisquer peças desse tipo
confirmadamente de Miragaia. O final do segundo período coincide com o declínio da
Fábrica de Miragaia, que em 1852 tem sua falência declarada.
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5. A IMPORTAÇÃO DO MODELO TOBY JUG

A faiança portuguesa sempre foi uma das melhores artes aqui produzidas, por oleiros
de grande habilidade, exibindo desde sempre características particulares que a
distingue dos exemplares estrangeiros. Não obstante a influência e inspiração de
outros centros produtores no tocante a técnicas de fabrico e pinturas, é nos nuances
estilísticos que a faiança portuguesa imprime sua marca singular. É lugar-comum
ouvir-se dizer que os mestres oleiros portugueses tinham modelos de referência, mas
nunca copiavam-nos e sim reinterpretavam tais modelos.

A apropriação ou transposição da figura humana para os objetos utilitários traduzem


uma prática coletiva ancestral de uma busca de significado e identificação com o
mundo material, ao mesmo tempo ligando-o ao imaterial, às sensações, ao
desconhecido.

Na “iluminada” sociedade ocidental do século XVIII, os objetos antropomórficos


passaram a representar não mais as aspirações transcendentais do passado, mas o
“modus vivendi” vigente, transmitindo os sonhos, as virtudes e os pecados da
sociedade para um pedaço de barro, numa atitude criadora também de identificação,
13
tal como a construção do homem à imagem e semelhança divinas.

Os Toby Jugs produzidos inicialmente na Inglaterra e depois em toda Europa e em


Portugal representam figuras cômicas, graciosas, tristonhas, ordinárias e ao mesmo
tempo invulgares, com suas dores e esperanças estampadas nos rostos intoxicados e
na expressão corporal, ao mesmo tempo que contavam a história de uma classe
operária (e por vezes de ilustres personagens) cansada do fardo da era pré-industrial
e que procura no álcool o alívio do corpo e da mente. Assim, “entranhou-se na alma
dos simples e das elites a paixão ardente pelos vasos antropomórficos”5 e pelos Toby
Jugs.

5.1. A CANECA TRADICIONAL INGLESA

Os Toby Jugs mais antigos são atribuídos a três importantes oleiros – John Ashbury,
Thomas Whieldon e Ralph Wood, todos assentados na zona de Sttaforshire, embora
não haja evidências acerca de quem produziu o primeiro modelo de Toby Jug.
Contudo, Ralph Wood foi o primeiro a marcar uma peça com a impressão “Ra Wood”.
Outras zonas da Inglaterra também produziram tobies, entre elas as mais importantes
são Portobello e Yorkshire. Já no século XIX, o oleiro mais importante foi John
Davenport.
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É Ralph Wood quem é tido como autor dos melhores exemplares da produção inglesa
e principal responsável pelos padrões seguidos pelos outros oleiros, havendo hoje
uma designação de Toby Tipo Wood (Wood-Type Toby Jug) no mercado.

Há, entretanto, muita semelhança na produção das diversas fábricas inglesas, devido
ao fato de haver migração entre os artistas de uma fábrica para outra e uma troca ou
intercâmbio dos moldes, levada pelo oleiro.

5.1.1. THE ORDINARY TOBY

Os primeiros e mais comuns Toby Jugs ingleses,


chamados de Ordinary Tobies, representam um homem
corpulento, de certa idade, mas jovial, com uma
expressão entre carrancuda e irônica, vestido à moda da
classe popular do século XVIII, vestindo longo casaco de
bolsos baixos, colete, camisa de gola meio aberta,
calções até os joelhos, meias e sapatos de fivela ou de
cordões. Traz na cabeça um chapéu tricórnio, que era
comumente usado por homens comuns, apreciadores de
14
cerveja. Sob o chapéu, caem longos cabelos escorridos.

É inegável notar a certa feiúra da personagem, que muitas


vezes apresenta nas faces marcas de doenças como Fig. 27 – Ordinary Toby Jug,
modelada por Ralph Wood,
varicela ou sarampo ou espinhas. Nas bochechas têm Coleção Alberto Santos
um corado acastanhado ou avermelhado. A expressão
facial não muito simpática e os traços fisionômicos do Ordinary Toby provocam ora
repugnância, ora compaixão pela figura patética do beberrão, mas esses sentimentos
não impediram o fascínio que essas peças provocaram a seu tempo e ainda hoje.

A figura está geralmente sentada sobre um banco, cadeira ou montículo de terreno,


podendo também aparecer sentada sobre uma mala de viagem. Segura com a mão
esquerda um canjirão de cerveja apoiada no joelho esquerdo, enquanto a mão direita
apoia-se também na caneca. Em alguns casos aparece levando um copo à boca (ver
Figura 27). Posteriormente surge uma variação (que é o modelo mais comumente
encontrado em Portugal) em que o Toby segura a caneca com uma das mãos e na
outra porta um cachimbo. Entre as pernas surge um barril de cerveja, por vezes
omitido. A maioria mede aproximadamente 25cm de altura, com alguns exemplares

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medindo excepcionalmente 29, 32 e até 37,5cm e estão geralmente assentes sobre
uma base retangular de canto côncavos.

5.1.2. TÉCNICAS DE PINTURA

Em relação às técnicas utilizadas, os primeiros Tobies apresentam uma moldagem


minuciosa, muitas vezes revelando os dentes e permitindo a identificação de detalhes
como as pálpebras, linhas faciais e outros detalhes como os botões ou cordões dos
sapatos. As pinturas revelam uma fascinante gama de cores e é feita de três formas
distintas:

 Glazing – vidrado translúcido, de cores mais pálidas em roxo, castanho, verde,


azul, cinza e amarelo, muito associadas às primeiras peças de Ralph Wood e
comumente escorridas;
 Underglazing – em que os óxidos eram aplicados sobre um biscuit e por cima
deles feito um vidrado, o que confere um aspecto mais grosso ao mesmo e
revela cores mais vibrantes. A partir de 1770 é adicionado Cobalto ao vidrado
conferindo um tom azulado às peças, chamadas de Pearlware.
 Overglazing – que consegue obter uma maior gama de cores, vidrando e
cozendo as peças para depois aplicar esmaltes e levar a uma nova cozedura 15
em baixas temperaturas.

5.1.3. VARIAÇÕES DO MODELO

Com o tempo, o Toby Jug deixou de representar apenas a


personagem de Toby Phillpot, mas passou a retratar vários
arquétipos da sociedade inglesa, inclusivamente figuras
ilustres. Assim, foram surgindo variações do Ordinary Toby,
de feições mais delicadas, das quais as mais famosas são:

 Hearty Good Fellow – Homem de pé sobre montículo


de terra e um tronco de árvore atrás de si, segura um
canjirão de cerveja à altura da anca com a mão
direita e um cachimbo na esquerda. Traja muitas
vezes calças às riscas.

 Long Face Toby – Semelhantes ao Ordinary Toby, Fig. 28 – The Hearty Good
Fellow Toby Jug, em
mas com um rosto mais comprido. Diz-se que foi Pearlware

uma criação de Ralph Wood (ver Figura 11);

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 Rodney Sailor – Representa um marinheiro, com
calças às riscas, colete amarelo e casaco azul,
sentado sobre uma cadeira sob a qual está uma arca
de navio e geralmente segura um copo com a mão
direita, também atribuída a Ralph Wood o primeiro
modelo;

 The Planter – Variação do Rodney Sailor, segura um


feixe de tabaco;

 The Squire – Também uma criação de Ralph Wood,


representa um senhor magro e elegante, Fig. 28 – Toby Jug Rodney
Sailor, de Ralph Wood
geralmente com um vidrado translúcido, tem
fisionomia parecida ao pai do autor (ver Figura 10);

 Tobies femininos – Druken Sal (bebedora de gin), Martha Gunn (mulher


banhista do príncipe de Gales em 1785)

5.2. O TOBY JUG PORTUGUÊS 16

Para Alberto Santos, estudioso e colecionador de Toby Jugs, embora surgidos na


Inglaterra, foi em Portugal que se produziram os mais belos exemplares do mundo,
principalmente as produzidas pela fábrica de Santo António do Vale da Piedade5, pela
riqueza da policromia, excelência dos vidrados, cuidadoso tratamento escultórico e
equilibrada variedade e composição dos ornatos decorativos.

É evidente a inspiração, não apenas temática mas também de estilos e técnicas entre
as peças portuguesas e as inglesas, mas as primeiras nunca são uma mera cópia das
últimas, mas antes uma reinterpretação dos modelos, fato que, aliás, acontece em
todas as tipologias de faiança fabricadas em Portugal.

Podemos identificar algumas características e pormenores dos Toby Jugs portugueses


que não encontram paralelo nos ingleses, a começar pela marcada matriz popular das
personagens representadas, ligadas à terra, modestas e de natureza humilde.

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5 Os Vasos Antropomórficos, Alberto Santos

Trabalho Final de Faiança Portuguesa Caneca Antropomórfica de Miragaia – Regina Maria Rocha Novais
Muitos Toby Jug portugueses têm sido vendidos
no mercado internacional como se fosse de
fabrico inglês, por mera má classificação ou por
interesses. Mas há certos detalhes que facilitam
em muito a identificação de uma peça portuguesa,
caso não seja marcada, como a borracha ou
cabaça para vinho no lugar do canjirão de cerveja
ou homens a tocar guitarras ou violas, gosto
tipicamente mediterrânico (ver Figura 19).

A expressão fisionômica dos Toby Jugs


portugueses inspiradas no Ordinary Toby é mais
vivaz, menos feiosa, mais cômica, de olhos
esbugalhados e faces bochechudas e possuem
avantajados abdomes, apertados em seus coletes
prestes a rebentar. A pintura é mais
pormenorizada, preenchendo todos os espaços
vazios, no fundo não há qualquer espaço sem Fig. 29 – Ordinary Toby Jug, da fábrica
de Santo António do Vale da Piedade,
vidrado, o que por vezes acontece nas peças Museu Grão-Vasco 17
inglesas.

O vestuário é também à moda do século XVIII, com


casacões que ultrapassam os joelhos e, por estarem
sentados, cobrem-lhes as pernas e escondem os pés
das cadeiras. Não possuem bolsos. Os sapatos são de
fivelas ou cordões, mas também vemos botas de uma
só peça, à marinheiro, pintadas de negro e com
grossas virolas. A copa dos tricórnios é mais achatada,
enquanto que as inglesas ligeiramente arredondadas,
e embora sejam igualmente ocas, possuem volume
menor, denotando que nunca são usadas como copos
de beber, mas simplesmente servem de rolhas.
Infelizmente, em poucas peças a tampa mantém-se.

Fig. 30 – Ordinary Toby Jug, da fábrica de Santo António do Vale


da Piedade, coleção Alberto Santos

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Outra característica típica dos Toby Jugs portugueses
é a pega, peça de feitio independente e diretamente
aplicada sobre as costas das figuras. Assim sendo,
quando o homem está sentado sobre uma cadeira,
esta não terá espaldar. Algumas peças de fabrico
português têm pegas em forma de tranças de cabelo
ou cordões entrelaçados, sem semelhante noutro
país.

As bases sobre as quais assentam os Tobies


portugueses são geralmente octogonais, de bloco
único, mais achatadas e de bordo anterior ondulado

em curvas e contracurvas, enquanto que as inglesas


Fig. 31 – Perfil da peça anterior
são predominantemente retangulares com cantos
côncavos e construídas em dois blocos sobrepostos, formando um socalco, onde há
muitas vezes uma pintura linear.

Não poderemos deixar de citar o que é, provavelmente, o primeiro fator de


classificação de um Toby Jug como português, que é fato de serem sempre feitos em 18
faiança, enquanto que os ingleses são em pó-de-pedra.

Fig. 32 – Pormenor de uma base


inglesa, retangular com cantos
côncavos

Fig. 33 – Pormenor da base da Figura Fig. 34 – Toby Português, sem marcas, coleção
18, Fábrica de Miragaia Alberto Santos. Pega diretamente sobre o dorso
da figura
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6. A PEÇA DA FÁBRICA DE MIRAGAIA

6.1. DESCRIÇÃO

Trata-se de uma caneca antropomórfica de


faiança moldada e vidrada, representando a
figura de um homem sentado sobre um
bloco, vestindo longo casaco amarelo de
botões, colete vinoso e calças pintadas a
verde, amarelo e azul, a modo de arlequim.
Tem um dos botões do colete desabotoado
revelando a camisa branca. Porta um
chapéu tricórnio de copa chata preto,
fazendo esta de tampa da caneca, e calça
sapatos de fivela. Segura com a mão direita
um pequeno copo pintado a branco e com a
esquerda uma cabaça de vinho pintada a
preto. O bloco onde a figura se senta tem 19
pintura a esponjado vinoso, na técnica de
marmoreado. O conjunto assenta sobre
uma base rasa retangular de bordo frontal
arredondado, onde estão pintadas volutas a
amarelo. No fundo da base está pintado
quase ilegivelmente a marca “R”.

6.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A PEÇA

Este Toby Jug pertence ao Museu Nacional Soares dos Reis desde o ano de 1940,
quando foi adquirida por compra pelo valor de 130 escudos. Atualmente encontra-se
na reserva e não faz parte da exposição permanente de faianças daquela instituição.

Além da marca “R” no fundo da base, cuja pintura não resistiu bem à cozedura e está
bastante apagada, pode-se determinar que é de fabrico de Miragaia pela semelhança
com outra peça desta fábrica (Figura 18), que tem a mesma marca e as mesmas
características fisionômicas, embora bastante diferentes quanto à pintura, podendo-se
inclusive afirmar que foram feitas a partir do mesmo molde.
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A cor bastante clara do vidrado de base da
peça (estanífero) também é característico da
Fábrica de Miragaia, bem como as quatro
cores básicas da pintura deste Toby Jug –
azul, amarelo, verde (Cobre) e o vinoso
(Manganês), o que aponta para o primeiro
período de produção da fábrica.
Fig. 35 – Marca “R” quase apagada

O modelo inglês de inspiração é o Toby Jug do tipo Rodney Sailor (Figura 28), cuja
criação é atribuída a Ralph Wood, esta de expressão corporal muito mais rígida e
semblante soturno, enquanto que a peça de Miragaia apresenta uma torção bastante
mais acentuada do tronco, o que confere maior graciosidade e leveza à figura e possui
feições de calma alegria e vivacidade. A semi-torção do torso assemelha-se mais ao
modelo The Hearty Good Fellow (Figura 27) e podemos até imaginar que o artista
incorporou características dos dois modelos ingleses num só.

Alguns detalhes conferem particular interesse a esta peça, notadamente a pintura das
calças em quadrados alternados em preto, verde, amarelo e azul, ao invés das
20
convencionais calças às riscas, não encontrada em qualquer outra peça peça
portuguesa ou estrangeira. Novamente pela pintura, um pormenor vem conferir
unicidade ao Toby Jug da Fábrica de Miragaia – o copo em branco e a garrafa pintada
de preto, como se querendo sugerir que o copo está vazio, mas a garrafa ainda cheia!
E por fim, o colete desabotoado, revelando não apenas a camisa, mas o estado
intoxicado da personagem.

Mais uma particularidade tem este


Toby Jug que, somada aos outros
detalhes já mencionados, confere-lhe
raridade e certamente fascínio sobre
os apreciadores desta tipologia.
Estamos a falar da pega que,
contrariamente ao uso corrente da
pega aplicada diretamente sobre as
costas da figura, nesta temos

Fig. 36 – Pormenor da tampa

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desenhado (moldado) um espaldar de cadeira e deste é que se desenvolve a asa.
Ora, a existência do espaldar não poderia ser menos desnecessária do que neste
caso, pois o homem senta-se sobre um bloco (alusivo a uma arca) e não sobre uma
cadeira. Sabemos que os marinheiros representados nos Rodney Sailor sentam-se
sobre uma cadeira, sob a qual está uma arca de navio. Neste caso, o artista omitiu o
assento mas não o espaldar.

A peça está em bom estado de conservação, com restauro anterior à aquisição da


peça pelo Museu no braço direito e apresentando apenas algumas falhas no vidrado,
principalmente na tampa. A tampa é, aliás, mais um elemento que torna esta uma
peça única, pois a maioria das tampas dos Toby Jugs perdeu-se com o tempo.

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Fig. 36 – Pormenor da pega

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7. REGISTO FOTOGRÁFICO

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8 BILIOGRAFIA

 Oliveira, Luís A. de – Exposição Retrospectiva da Cerámica Nacional;

 Queirós, José de – Cerâmica Portuense e Outros Estudos;

 Santos, Alberto – Os Vasos Antropomórficos;

 Savage, George – Céramique Anglaise;

 Valente, Vasco – Cerâmica Artística Portuense dos Séculos XVIII e XIX;

 Valente, Vasco – Uma Dinastia de Ceramistas;

 Vitorino, Pedro – Cerâmica Portuense;

 MNSR – Fábrica de Louças de Miragaia, Catálogo

WEBGRAFIA


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Collecting British Toby Jugs – Price and Evaluation, Francis Joseph
Publications, Author Vitor Hugo Schuler – www.issuu.com

 Dover Kent Archives – www.dover-kent.com

 1stDibs – www.1stdibs.com

 Matriznet – www.matriznet.dgpc.pt

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9 ANEXO – FICHA DE INVENTÁRIO DO MNSR

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ANEXO - FOLHA 2

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ANEXO - FOLHA 3

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ANEXO - FOLHA 4

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