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Escola de Ciências Sociais

Licenciatura em Património Cultural


Unidade Curricular de Estudos Críticos de Património
Ano Letivo 2021/2022

Trabalho de grupo:
A Faiança Portuguesa

Fig.1- Faiança de Sacavém, imagem retirada de: https://www.cm-


loures.pt/media/pdf/PDF20180710113722208.pdf

Docente: Professor Paulo Rodrigues

Docentes: Érica Ricardo, Isabel Lourenço, Maria Jotta e Rita Sofio

Évora, 10 Maio de 2022


1
Índice
Introdução ...............................................................................................................3
Apresentação do Objeto ............................................................................................4
História da Faiança Portuguesa ...............................................................................5
Período V e Período VI da Faiança Portuguesa ........................................................6
Faiança de Sacavém e Faiança Ratinha ...................................................................7
Valor e Significado Memorial ...................................................................................8
Valor Atribuído pela Sociedade ao Objeto .................................................................8
Preservação da Faiança ...........................................................................................9
Fábrica de Loiça de Sacavém .................................................................................10
Conclusão ..............................................................................................................11
Webgrafia ..............................................................................................................12

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Introdução
Para a realização deste trabalho na unidade curricular de Estudos Críticos de
Património, decidimos optar pela escolha de um prato específico, de valor pessoal e
memorial, que se enquadra dentro da Faiança Portuguesa. Sendo assim, iremos explicar
um pouco a história da mesma e efetuar uma contextualização com a Revolução
Industrial.
A razão pela qual escolhemos este objeto e o tema envolvente, foi o facto do mesmo
nos proporcionar várias memórias, tal como acontece com imensas pessoas, e a vontade
de dar a conhecer a história dos pratos decorativos nas casas das nossas avós. Sendo o
período dos mesmos, na altura em que escolhemos o objeto, desconhecido deu-nos ainda
mais curiosidade e motivação para efetuar o trabalho, pois a história dos nossos e dos que
nos rodeiam, por vezes ensinam-nos muito e promovem a cultura do próximo.
Atualmente as novas gerações já não se mostram interessadas e já não valorizam as
artes tradicionais. Este desinteresse é considerado um retrocesso para os artesãos, em
questão das loiças pois os mesmos vêm a sua arte a cair no esquecimento, “Pó que se
torna pasta, pó que se torna viscoso líquido, pó que se torna forma, objetos que no final
da vida retornam ao pé primordial, matéria-prima para novos desafios. Podemos dizer
que a fabricação de casa peça cerâmica reitera o momento primordial da Criação.”
(Vale, Lacerda e Morais, 2016, p. 7).
Devido ao desinteresse na arte em estudo, o número de artesãos ativos também se
encontra reduzido, gerando alguma preocupação, na execução de produtos tradicionais
portugueses, como é o caso da Faiança Portuguesa, que se encontra atualmente em
extinção, “assumiu-se como Faiança Portuguesa todos os corpos cerâmicos,
independentemente da forma, revestidos a esmalte estanífero, produzidos em Portugal
desde a segunda metade do século XVI. O termo foi adoptado em Portugal, desde os
finais do século XIX, descrevendo sobretudo louça decorada” (Casimiro, 2010, p.2).
Alguns dos temas que iremos abordar durante o trabalho são: A apresentação do
objeto, A história da Faiança Portuguesa, A especificação do período V e VI da Faiança,
Explicitação da Faiança de Sacavém e Ratinha, Valor e significado memorial do objeto
bem como o Valor atribuído pela sociedade, entre outros.

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Apresentação do Objeto

O Prato escolhido encontra-se inserido na Faiança de Sacavém. O mesmo data do


século XVIII, XVI e pode ser assim inserido na Faiança Ratinha.
Quanto à descrição do prato escolhido pelos membros do grupo, ao centro tem uma
representação antropomórfica que podemos definir como uma figura masculina a praticar
equitação. Ao seu redor tem como características decorativas, rendas, folhas, flores,
representações antropomórficas e contas.
As representações antropomórficas estão, intimamente ligadas ao
“antropomorfismo”. Este segundo o Dicionário Online Priberam significa: atribuição de
forma, de características ou de comportamentos humanos a seres inanimados ou a seres
vivos que não são humanos; sistema que atribui a deus ou aos deuses forma humana;
sistema que considera a divindade apenas como um ser de poderes e atributos superiores;
qualidade do que é antromórfico ou do que tem forma ou características humanas –
Antropomorfia.

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História da Faiança Portuguesa

A Faiança Portuguesa apresenta uma decoração única e encontrasse espalhada um


pouco por todo o país e pelo mundo. Tendo como grandes centros de produção Lisboa,
Coimbra e Vila Nova. A mesma surge com uma grande ligação à mesa, à questão da
higiene e botica ou simplesmente decorativa.
Existem seis períodos produtivos da Faiança Portuguesa, nos primeiros períodos são
apresentados objetos intensamente decorados, o que já não acontece nos últimos períodos,
onde começa a predominar o branco. Explicitando agora os períodos acima referidos:
• Primeiro Período (1520 – 1570)
• Segundo Período (1570 – 1610)
• Terceiro Período (1610 – 1635)
• Quarto Período (1635 – 1660)
• Quinto Período (1660 – 1700)
• Sexto Período (1700 – 1766)

A produção da Faiança durou cerca de cinco décadas, mas os séculos XVII e XVIII
foram os de maior sucesso. A expansão e a produção desta arte, deveu-se
maioritariamente ao facto de ser uma loiça duradora, de baixo custo, mas também pelas
elevadas exportações feitas nesses séculos.
Mais tarde e devido à Revolução Industrial do século XVIII, a Faiança viu o seu império
a entrar em decadência, devido à criação das grandes fábricas de porcelana. Os pratos
começaram a ser produzidos em maior quantidade o que fazia com que a produção fosse
mais barata. Porém, a qualidade também diminuiu, os pratos em vez de serem realizados
por artesãos, individualmente, eram realizados por máquinas, vários ao mesmo tempo.

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Período V e Período VI da Faiança Portuguesa

O Período V (1660-1700), apresenta como características a simplificação das


decorações, o magnésio em predominância, o surgimento de “faixas barrocas”, as
decorações vegetalistas e zoomórficas e os bustos de senhoras. No entanto, perdeu vários
pontos, tais como: a estilização e a elevada qualidade das pastas e vidrados, ainda assim
as peças azuis e brancas continuam a ser produzidas em peças mais modestas. Porém, são
realizadas com menos requinte decorativo que nos anos anteriores. As peças de grande
qualidade, normalmente destinadas ao mercado externo, deixam de ser tão comuns e os
decréscimos de exportações começam a partir do ano 1660, perdurando até meados de
1680.
Já no período VI (1700-1766) e último período, é quando acabam as decorações
faustosas na Faiança Portuguesa. Dá-se, assim, o fim das decorações e as peças tornam-
se maioritariamente brancas, apenas persistindo as “faixas barrocas”.
Depois desta começa o declínio da Olaria, em 1767, devido à criação de várias
fábricas industriais que copiavam, na altura, os modelos franceses.

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Faiança de Sacavém e Faiança Ratinha

A Faiança de Sacavém é fundada em 1850 por Manuel Joaquim Afonso. Esta marcou
profundamente o quotidiano da povoação e de Portugal, mas a mesma não se ficou só
pelo mercado nacional, originado a frase “Sacavém é outra loiça”. Os mesmos
destacavam se na produção de faiança produzida em argila com alto grau de pureza.

A Faiança Ratinha insere-se no século XIX, esta apresenta como características a


predominância de ramagens exuberantes, elementos florais maioritariamente na borda
dos pratos e no centro são representados figuras masculinas ou femininas em atividades
profissionais ou de lazer. Mais tarde, tornam-se mais coloridas, onde as cores se juntaram
aos ocres. No fim do século XIX, tornam-se mais comuns os pratos com figuras centrais
de grande riqueza.

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Valor e Significado Memorial

A Faiança esta presente nas sociedades desde a Antiguidade.


Podemos entender que a mesma tem uma grande relevância pelo facto de servir como
evidencia da existência de populações, até aos dias de hoje, sendo que continua a ser
utilizada como objeto decorativo.
Esta tradição remete nos ao passado, trazendo assim a memória de outros tempos que
perdura até aos dias de hoje.

Valor Atribuído pela Sociedade ao Objeto

Inicialmente estes pratos eram destinados especialmente à elite, apenas mais tarde
passam a ser utilizados pelas classes mais baixas.
Após o fim da produção destes, a mesma não desaparece e começa a ser passada de
geração em geração, mantendo assim um valor ao invés de cair em total esquecimento.
A população Portuguesa tem uma enorme tendência para guardar e preservar estas peças.
Sendo que com o passar das décadas estes pratos passaram de utensílios culinários a
objetos decorativos.

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Preservação da Faiança

De acordo com a preservação da Faiança, escolhemos o exemplo no qual se insere o


projeto de restauro do Antigo Edifício da Sociedade Antiga de Coimbra, os mesmos
consideram a preservação desta tradição um fator importante.
Para isto os mesmos realizaram atividades, de modo a que os visitantes pudessem não
só conhecer a produção artesanal de cerâmica como também vidrar e pintar as suas peças.
(Levy,2019).
Esta iniciativa é de extrema importância para a preservação da tradição e da sua
memória. Envolvendo a população com o passado e o seu atual presente.

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Fábrica de Loiça de Sacavém

Como já foi dito anteriormente, o prato em estudo, insere-se na Faiança de Sacavém, que
por sua vez, foi produzido na Fábrica de Loiça de Sacavém. Fundada em 1850, por
Manuel Joaquim Afonso, situada na freguesia de Sacavém, ao pé da Estação Ferroviária,
ocupava na altura, cerca de 70 000 m2. Esta facilitava a expedição de mercadorias e de
matérias-primas, pois estava ligada ao Porto de Lisboa e Santa Apolónia.
No entanto, devido a vários problemas financeiros e após algumas oscilações no
desenvolvimento da fábrica, a mesma foi declarada como falida, a 23 de Março de 1994,
pelo Tribunal Civil da Comarca de Lisboa. Sendo todas as peças e bens, vendidos em
hasta pública. Hoje em dia, ocupa o espaço de Sede do Museu de Sacavém.

Fig.2- Entrada da Fábrica de Loiça de Sacavém, imagem retirada de:


http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.com/2011/08/prato-
garrafa-e-copos-fabrica-de-loica.html

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Conclusão
A Faiança Portuguesa, retrata não só uma herança bem como uma coleção, permitindo
recordar o passado e olhar para o mesmo com outra visão. Espalhada pelo país inteiro e
pelo Mundo, é de facto um objeto de grande interesse nacional, quer pelas lembranças
que recorda, como também pela valorização atribuída. Tendo durado cerca de cinco
décadas, os séculos atrás referidos, V e VI, foram os de maior sucesso e de maior
expansão, para a Faiança Portuguesa. Embora já não seja produzida, encontra-se
dissipada por diversos locais, tanto nacionais como internacionais, sendo assim
preservados pela população, dando a conhecer aos mais novos, passando de geração em
geração, a arte da Faiança Portuguesa.

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Webgrafia

• https://pt.wikipedia.org/wiki/Fábrica_de_Loiça_de_Sacavém
• https://www.e-cultura.pt/artigo/12490
• http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/publicacoes/rpa/rpa16/19_
351-367.pdf
• https://www.mundoportugues.pt/2019/11/10/para-uma-historia-da-faianca-
em-portugal/
• https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:E2vkC_wGCdEJ:http
s://ria.ua.pt/bitstream/10773/30385/1/Documento_Raquel_Figueiredo_Gome
s_Agostinho.pdf+&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt&client=safari
• https://dicionario.priberam.org
• https://www.cm-loures.pt/media/pdf/PDF20180710113722208.pdf

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