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Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

PRATOS, XÍCARAS E TIGELAS; UM ESTUDO DE


ARQUEOLOGIAHISTÓRICAEM SÃO PAULO, SÉCULOS XVmEXIX:
OS SÍTIOS SOLAR DA MARQUESA, BECO DO PINTO E CASA N° 1

M arcos Rogério Ribeiro de Carvalho *

CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo,
séculos XVIII e XIX: os sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do
Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

RESUMO: Este artigo apresenta a metodologia e os resultados de uma pesquisa


arqueológica histórica, realizada em São Paulo, que objetivou compreender práticas e
comportamentos da sociedade paulista, nos séculos XVIII e XIX, ligados aos usos
das louças domésticas, a partir das amostras de louças arqueológicas extraídas de três
sítios, localizados na região central da cidade, os sítios Solar da Marquesa, Beco do
Pinto e Casa N° 1.

UNITERMOS :Arqueologia histórica - Louças arqueológicas - Coleções.

O bjetivo deste artigo é apresentar os resulta­ uso, até o seu descarte final. Partiu-se do pressuposto
dos da pesquisa com as amostras de louças de três de que o uso conjugado de fontes diferenciadas
sítios arqueológicos históricos localizados na região poderia estabelecer um novo enfoque de pesquisa,
central de São Paulo, na rua Roberto Simonsen, como também relacionar novos problemas e reflexões
próximos à praça da Sé: o sítio Solar da M arque­ sobre o passado. Essa proposição veio de encontro
sa, Beco do Pinto e Casa N° 1, desenvolvida para a um olhar que é subjacente à própria Arqueologia
a obtenção do título de mestre em Arqueologia pelo Histórica, a qual atuando sobre componentes da
MAE-USP, sob a orientação do Prof. Norberto Luiz cultura material possui preocupações de amplitude não
Guarinello e com o financiamento da FAPESP.1 só arqueológicas, como históricas e antropológicas.
A pesquisa partiu da louça arqueológica como As fontes, entre os escritos dos viajantes, as
fonte primária de informação, cotejando-a com minuciosas descrições dos inventários, os anúncios
outros tipos de documentos, tendo por objetivo de jornais e almanaques, as prescrições dos livros
compreender algumas práticas e comportamentos de etiqueta, as narrativas dos romances, as
da sociedade paulista dos séculos XVIII e XIX, gravuras de Thomas Ender, Rugendas e Debret, e
ligados ao circuito das louças, de sua produção, as pinturas de artistas acadêmicos como Almeida
Júnior e Agostinho José da Mota forneceram
informações fragmentadas e, por outro lado,
(1) Estes sítios foram escavados durante as décadas de 80 fecundas, pois, ao serem contempladas em
e 90 pela P rof. D P. Margarida Davina Andreatta e equipe, conjunto permitiram penetrar nos espaços onde as
através de um convênio firmado entre o Museu Paulista
louças eram manipuladas e perceber como eram
da Universidade de São Paulo e o Departamento do
Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura
vistas e incorporadas no cotidiano doméstico.
de São Paulo, que veio a se constituir no Programa de Por outro lado, fez-se também necessário
Arqueologia Histórica no Município de São Paulo. entender a sua inserção em um quadro muito mais

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX; os
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amplo, no contexto das relações comerciais entre o espaço privilegiado e final de sua existência. Ela
Brasil e a Metrópole portuguesa, e com as nações deveria ser focada como um dos elementos que
imperialistas - Inglaterra e França - na expansão integram um subsistema composto por utensílios
do capitalismo europeu nos séculos XVIII e XIX. domésticos diversos, inseridos e inter-relacionados,
As suas técnicas de produção, a sua decoração, em escala mais ampla, com o mobiliário, com os
forma e sua presença no Brasil colocam uma série utensílios de cozinha, cômodos do domicilio, itens
de questões que vão das relações de produção que de decoração e com a própria configuração da
viabilizaram a sua existência, dos aspectos simbóli­ arquitetura residencial.
cos que motivaram a sua decoração, das exigências A louça, enquanto item da cultura material, não
que fomentaram as suas formas e das relações de explica a totalidade do universo social, mas, dentro
poder que se colocaram entre o Oriente, os países de seus limites, reflete aspectos importantes. Ela é
europeus e a colônia portuguesa distante. em si a manifestação material de fenômenos do
processo social e a partir dela podemos lê-los, por
que eles estão inscritos nela, tomando-a fecunda
Um contexto histórico para a pesquisa como fornecedora de informação sobre o passado.
Além disso, a louça, por sua substância material, é
Na passagem do século XVIII para o XIX uma fornecedora de dados diferenciados e inéditos
ocorreu em São Paulo uma ampliação do acesso sobre o passado, em relação ao universo de fontes
aos produtos importados europeus que, num tradicionalmente disponíveis.
primeiro momento, somente eram acessíveis aos A partir do estudo da louça, de suas perma­
grupos da elite local, pelos seus altos preços, nências e mudanças no decorrer do tempo, pode-
dificuldade de transporte e pelas poucas possibilidades se refletir sobre os comportamentos herdados na
de enriquecimento de grande parte da população. sociedade e de fenômenos de adaptação, resistên­
Camadas mais baixas da sociedade passaram a cia ou de invenção frente a novas intervenções. A
poder, cada vez mais, adquirir esses bens. louça integra o universo das relações sociais,
Este processo de popularização dos bens participando de toda a sua dinâmica, não de forma
industriais europeus acirrou-se com a capitalização passiva, como produto destas relações, mas
dos fazendeiros, proporcionada pelo aumento do também como matriz, agente ativo que participa e
cultivo cafeeiro no oeste do Estado, pela instalação interfere na construção da realidade. É neste
da ferrovia e pelo aumento do número de imigrantes sentido que o estudo da louça permite vislumbrar
estrangeiros nas décadas finais do século. Com a necessidades, confrontos e valores, bem como
intensificação das exportações de café e o crescimento influências exógenas ao seu meio devido à interfe­
das cidades, inúmeras atividades profissionais foram rência de outras culturas (ver Pesez 1990: 204).
criadas, desde aquelas ligadas ao plantio do café, Imánente da louça é somente o seu atributo
passando pelo transporte e comércio, até aquelas físico, sua matéria e forma. A sua função e os
ligadas aos sistemas de crédito, serviços e infra- significados atribuídos a ela são instáveis, mutáveis
estrutura urbana. Os habitantes que antes realizavam no tempo e no espaço. Os sentidos são atribuídos
uma série de atividades domésticas de beneficiamento pela sociedade e como a louça age ativamente em
de gêneros alimentícios e de produção de utensílios, meio às relações sociais, ela toma-se vetora,
como pilões de madeira, cestas e cerâmicas, no interferindo, reciclando, mudando e produzindo
âmbito de uma cultura de auto-suficiência, visando novos e diferentes sentidos. Por outro lado, as
garantir a sua subsistência, passaram aos poucos a mudanças, confrontos e interferências também se
adquirir produtos exógenos no mercado local, nos refletem nela, modificando-a.
bairros, através do comércio urbano e dos tropeiros,
assimilando aos poucos uma cultura de consumo.
A louça arqueológica no contexto da pesquisa

Algumas considerações sobre a louça doméstica A análise das louças arqueológicas envolveu
um longo percurso de estudos: levantamento da
A pesquisa partiu do pressuposto de que a história dos sítios, com o objetivo de estabelecer
louça deveria ser estudada no âmbito do domicílio, um quadro histórico de suas ocupações, bem como

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de todas as intervenções arquitetônicas e arqueoló­ encontrada na literatura para as louças já conheci­


gicas realizadas; levantamento da trajetória de das e, para as desconhecidas, elaborou-se uma
produção das várias louças consumidas em São nomenclatura básica para caracterização e reco­
Paulo, com a finalidade de extrair informações e nhecimento das peças. Além disso, definiu-se uma
reflexões sobre as práticas sociais, às quais elas terminologia para a descrição das louças. Por
estavam relacionadas; estudo comparativo dos três padrão decorativo, convencionou-se chamar um
sítios, momento em que se viu aflorar, além das determinado motivo decorativo que, por alguma
cronologias, dados que demonstraram significativas contingência, passou a ser adotado por um grande
mudanças na cultura material paulista; o trajeto da número de fabricantes (Araújo & Carvalho 1993:
louça em São Paulo, focando o seu comércio na 82-83). A denominação modelo derivou do título
cidade; seu espaço doméstico como cenário dado por um fabricante específico e conhecido
apropriado para o exercício de sua manipulação; para uma decoração de sua criação.
e, por fim, a discussão de alguns aspectos sociais Esta terminologia é conflituosa com aquelas
relativos ao seu manuseio, buscando compreender extraídas dos documentos escritos, pois nos
algumas práticas e costumes ligados ao ritual que informam sobre os nomes que estas louças
integram. recebiam de seus contemporâneos. No início do
As louças estudadas foram aquelas importa­ século XVIII, as louças consumidas pelos paulistas
das, originárias da Europa e do Oriente (excetuan­ eram porcelanas vindas do Oriente, faianças de
do alguns poucos fragmentos de origem nacional), Lisboa, louças vidradas da Espanha, do reino,
comercializadas no circuito Europa, Oriente e louças de metal, estanho, prata e de arame
América, entre os séculos XVI e XIX, aspirando (conforme chamavam na época a mistura de
ou possuindo como modelo estético a porcelana metais) do Reino. Além delas, os habitantes da
oriental - chinesa - de esmaltamento branco. As região também produziam louças para seu uso
diferenças entre elas manifestam-se nas técnicas de cotidiano, com os materiais disponíveis no ambien­
produção e nas matérias-primas utilizadas, rece­ te. Eram copos, travessas e tigelas de m adeira ou
bendo denominações diferentes de acordo com a pratos, panelas e tigelas de cerâmica da terra. Esta
sua origem e características. grande variedade de origens e materiais espelhou a
Para a análise das peças, fez-se uso da dinâmica do próprio processo colonizador, com
terminologia adotada por ceramógrafos como seus conflitos, assimilações e domínios. Aquelas
Braneante (1980), por seu uso já ser difundido e de louças importadas, vindas através do comércio
domínio entre os pesquisadores que atuam com a controlado pela metrópole portuguesa, agiam como
arqueologia histórica (ver Zanettini 1986:117-130) marcos de uma civilidade que se encontrava muito
e por não apresentar inconvenientes para a além do oceano, em terras européias. Por outro
definição de taxonomias eficientes para o exercício lado, louças eram aqui fabricadas, sinalizando o
arqueológico, por se basear nas características de diálogo dos colonos com a cultura local indígena e
composição das pastas e nas tecnologias de com o meio ambiente que os cercava, tendo em
fabricação adotadas. A partir da classificação das vista a adversidade de se conseguir itens europeus.
peças em faianças, faianças fin a s e porcelanas, Será só no final do século XVIII que ocorrerá
partiu-se para um segundo agrupamento com base uma redução desta pluralidade de materiais e
na decoração aplicada nas peças, considerando os procedências, embora ainda permaneçam em uso
traços estilísticos e as tecnologias envolvidas em por todo o século seguinte. As louças de madeira e
sua produção, tais como o uso de baixos e altos de cerâmica reduzem-se e são cerceadas ao
relevos, com aplicação de tinturas sob ou sobre o espaço das cozinhas, utilizadas no preparo e na
esmalte, o uso de decalques ou pintura manual. A contenção dos alimentos. John Mawe, no século
diferença entre as diversas cerâmicas é facilmente XIX, apontava a produção paulista de louças de
perceptível, permitindo definir não só o tipo barro, panelas e jarros, na periferia da cidade, por
cerâmico, como a origem da louça estudada. índios crioulos (Mawe 1978). Daniel Pedro Muller,
Assim, os pequenos fragmentos também puderam em seu trabalho estatístico, de 1836, citava a
ser agrupados e estudados através da determinação presença de 38 oleiros em São Paulo (Müller
da tecnologia adotada na produção de suas pastas. 1933). Para a produção de louça vidrada, um
Para a decoração, manteve-se a nomenclatura documento no Arquivo do Estado assinala a

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existência de nove oleiros na cidade (Bardi 1981). A faiança portuguesa aparece nos inventários
A louça portuguesa, embora ainda permaneça na com duas designações: ora louça do Reino ora de
tradição e no gosto dos paulistas, seguirá o mesmo Lisboa; excetuando-se algumas poucas peças
caminho, sendo aos poucos jogada no ostracismo, vindas de Talavera, na Espanha. A grande maioria
direcionada para as cozinhas, em oposição à dos vestígios referentes ao século XVIII é de
crescente demanda de louças inglesas. As produ­ faianças portuguesas.
ções orientais sofreram no século XIX declínio de A produção de faianças portuguesas, que teve
seu consumo, sendo, gradativamente, substituídas grande expansão no século XV, declinou conside­
pelas inglesas e francesas. A porcelana oriental será ravelmente nos séculos seguintes, culminando no
substituída pela faiança fina inglesa em um primeiro fechamento de muitos centros produtores entre os
momento e, depois, pelas porcelanas européias. séculos XVI e XVII. O motivo desta redução
A dificuldade de se conseguir louças vindas de reside na absorção pelas camadas mais ricas da
Portugal, aliada à facilidade com que estas se louça oriental importada pelas naus de comércio: a
quebravam, diante da necessidade de locomoção dos porcelana chinesa. Já as demais camadas da
paulistas em suas atividades de apresamente indígena sociedade consumiam as faianças portuguesas e
e mineração, fizeram com que o uso das louças espanholas, principalmente estas últimas, já que as
metálicas ao lado daquelas de madeira fosse bem olarias de Talavera, na Espanha, proporcionavam
mais difundido até fins do século XVII. Para Alcântara peças de melhor qualidade e um preço mais
Machado (1978: 69-80), que estudou os inventári­ acessível.
os paulistas dos séculos XVI e XVII, o metal, em Na amostra dos três sítios, os fragmentos de
especial o estanho, tinha certas vantagens em compara­ faiança são aqueles que possuem uma datação mais
ção a outros materiais, como a madeira e as cerâmicas. antiga em relação a toda a amostra. Entretanto, a
Seu preço era inferior e suas peças apresentavam ausência de catálogos de fabricantes de faianças
maior resistência, facilidade de comércio e possibilidade portuguesas, como aqueles que existem para as
de refundição. Além do estanho, outros metais de maior faianças finas européias, a produção por inúmeros
valor como o cobre e a prata também eram utilizados. pequenos fabricantes em Portugal e o conservadorismo
Nas amostras dos três sítios, observou-se que nas técnicas e na decoração das peças, não
a porcelana européia somente se tomou comum, possibilitaram a elaboração de estimativas cronoló­
aparecendo entre os vestígios, em fins do século gicas mais precisas. A maior parte dos vestígios em
XIX e, especialmente, para as louças de chá. Esta faiança é de peças decoradas na cor azul, ocorren­
característica talvez se deva a alguns fatores como do uma pequena incidência na cor castanho, ambas
seu preço mais elevado, a beleza das peças e com menor aprimoramento técnico na pasta e na
tradição de seu uso, tomando-a um elemento de esmaltagem mais rugosa. As faianças policromadas
distinção no interior de uma prática cultural que já apresentam-se em menor quantidade e possuem um
se configurava como elitista. maior aprimoramento técnico na pasta e na
Na análise das porcelanas das amostras, superfície do esmalte, com texturas mais lisas, além
caracterizaram-se dois tons de pasta diferentes que da maior variedade de cores. Contudo, algumas
possibilitaram identificar a origem das peças. Um policromas e bicromas denunciam filiação decorati­
azul-acizentado, de origem chinesa, e outro va com aquelas decoradas em azul, com linhas nas
branco, de origem européia e brasileira. bordas. Os fragmentos que não puderam ser
Comparando-se a porcelana chinesa com a identificados por seu pequeno tamanho ou pelo
faiança portuguesa, ambas contemporâneas para esmaecimento de sua decoração foram datados
todo o século XVIII paulista, é possível ver que a como do século XVIII por ser este o período de
primeira, mais cara do que a segunda, é mais bela, maior incidência na sua produção.
além de ter uma superfície mais lisa, com ausência Foi só em meados do século XVIII, quando o
de falhas expressivas no esmaltamento (embora Marquês de Pombal deu um novo impulso à
existam) e uma melhor pasta. Sua face é mais produção lusa, que o processo de declínio da
brilhante e a decoração se distribui na face interna confecção de faiança portuguesa foi sustado. Ele
por toda a sua extensão. Ela foi o contraponto para concedeu privilégios e isenções e ainda vultosos
os produtos portugueses, somente superada pelas subsídios pecuniários às fábricas. No entanto, este
louças inglesas no século XIX. apoio, embora possibilitasse a sobrevivência dessa

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produção, não conseguiu impedir a concorrência imóvel, dispersas pelos côm odos 1, 2, 3, 5 ,7 , 9 e
com a faiança fina da Inglaterra (Brancante 1980:323). 12, caracterizado pela grande fragmentação das
A Inglaterra, em fins do século XVIII, iniciou peças, com tamanhos que não excedem a 2 cm 2.
uma grande ofensiva. Produziu faiança fina em Neste grupo, não foi possível a recomposição dos
grande quantidade, atingindo baixos preços e peças utensílios. Os fragmentos com características
padronizadas, com maior resistência e melhor similares dispersavam-se por áreas internas do
acabamento. A faiança portuguesa acabou perden­ imóvel, e suas estratigrafías não foram precisas em
do espaço para esta louça nas últimas décadas do decorrência do revolvimento - este aterro foi feito
século, embora a sua produção tenha resistido por com o objetivo de soerguer o piso, por ocasião de
um bom tempo. No Brasil, foi mais precisamente uma das inúmeras obras realizadas. Este grupo
no início do século XIX que a louça inglesa passou obteve a maior quantidade de fragmentos: 85%;
a substituir a portuguesa, sem que a tenha suprimi­ para os outros dois essa quantidade é bem menor:
do (Brancante 1980: 503). 3% para o cômodo 11, uma área aberta no interior
Até o surgimento da faiança fina inglesa, a do Solar, e 12% ao lado da palmeira imperial
porcelana chinesa manteve a sua valorização no situada no fundo do terreno.
mercado europeu, sendo encarada como um A datação das louças do aterro circunscreveu-
modelo para as outras produções. A sua pequena se a um período amplo de produção que vai de
quantidade nos três sítios sugere, se a datação 1700 a 1840 (Deetz: 16 A pud Symanski 1997). A
corresponde ao século XVIII (com inexistência de data de 1700 adveio da adaptação do princípio do
concorrência de louças de melhor qualidade), um terminus post-quem ou limite depois do qual, que
acesso mais difícil, aumentando-lhe o valor e verifica entre os tipos da amostra aquele que possui
conferindo um valor de distinção para aqueles que o seu fim de produção com data mais recuada.
a possuíam. Já se a datação corresponde ao século Como as faianças portuguesas com decoração azul
XIX (fase de contínua redução de sua importação eram produzidas com as mesmas características
associada a sua desqualificação), um uso ordinário, desde o século XVI, tomou-se difícil adotar este
acessível a camadas médias da sociedade. marco como referência. Assim, definiu-se a data
As faianças finas inglesas disseminaram-se por através de uma adaptação do princípio, adotando o
toda a América, beneficiadas pelo grande poder do início do século XVIII, pela ausência de outros
comércio marítimo inglês. As louças inglesas podem tipos decorativos com datações comuns ao século
ser encontradas da Argentina ao Canadá, sobrepu­ XVII, como os aranhões e as boninas (ver Mello
jando todas as demais produções. No Brasil, Neto 1976-1977: 26-30).
conforme se observa em inúmeros sítios arqueoló­ A ausência de faianças portuguesas policromas,
gicos do século XIX, seu consumo foi muito com produção no século XIX, com esmaltamento
intenso, impondo-se sem reservas. de melhor qualidade, e a pequena quantidade de
faianças finas decoradas, produzidas em datas
1. A s louças do Solar da Marquesa posteriores, confirmaram a data. O Flow azul
apareceu na amostra com o índice de 2%; o Willow
As louças exumadas do interior do Solar Pattern com 1%; a. Paisagem européia com 1%;
apontaram para o fato de que os vestígios não eram um fragmento de Banded e um de linha na cor
produto do consumo de seus moradores, mas preta. Por outro lado, as faianças portuguesas
resultado de um aterro feito no local. O material corresponderam a 54% da amostra e as faianças
desse aterro provavelmente foi transportado de finas com ausência de decoração, a 22%. A
uma área próxima, no topo da colina, em decorrên­ pequena quantidade de faianças finas decoradas em
cia das dificuldades de transporte na época e especial através do processo transfer-printing -
proveniente de uma área urbana, tendo em vista a tão comuns no início do século XIX - demonstrou
grande quantidade de vestígios. a ausência de descartes posteriores no piso térreo.
Em outras duas áreas escavadas no Solar, Esta informação merece atenção pelo fato de que o
apareceram materiais de uso dos moradores, piso térreo ficou aberto, servindo como cocheira e
obrigando a dividir as louças em três grupos, de dormitório para escravos, em especial, nos
acordo com as áreas de escavação. O primeiro cômodos 1 e 2. De acordo com a docum entação
grupo é o das louças do aterro no interior do escrita foi somente com a instalação da Cúria, em

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1880, que o térreo deixou de ser cocheira, próximo ao fundo dos dois sobrados laterais,
passando a ser ocupado como Câmara Eclesiástica. também relevou a hipótese de o material ser
O segundo grupo é o das louças resgatadas originário, em grande parte, do descarte dos
através da prospecção-teste feita em uma área de moradores dos dois sobrados senhoriais que o
provável depósito de lixo; no fundo do terreno do cercavam. Colabora para esta tese a informação de
Solar - atual estacionamento - ao lado da palmeira que o beco foi fechado na altura da rua do Carmo
imperial lá existente. O material apresenta uma por um muro em 1824, e incorporado ao terreno
datação diferente daquela do interior do imóvel e, do Solar por quase um século.2
possivelmente, dos moradores do Solar. A presen­ Como o fragmento com início de produção
ça de porcelanas européias comuns no final do mais recente é de um fabricante brasileiro cuja data
século, de brasileiras do século XX, e dos tipos inicial de produção ainda não foi identificada,
Willow Pattern, de um fragmento de paisagem definiu-se o ano de 1928 como marco final da
européia, de porcelana Macau e de faiança amostra. Nesse ano teve início a produção de
portuguesa, dá uma datação ampla para o depósito porcelana no Brasil. Esta data coincide com o
e ofereceu um contraponto para o primeiro grupo. momento de fechamento do beco por ocasião das
Contudo, foi o único poço-teste feito fora do obras de construção das dependências da delega­
perímetro interno do Solar. A presença de um único cia que ocupou o sobrado lateral, na década de 30.
fragmento de faiança portuguesa e de um de Essas dependências avançaram sobre o beco,
porcelana chinesa sugeriu uma amostra relativa ao ocupando parte do terreno e evitando depósitos
século XIX, já que apenas 2% da amostra possui posteriores. No entanto, como o fragmento de
produção relativa ao século XVIII. A faiança fina porcelana brasileira é único em toda a amostra, por
com ausência de decoração, embora surja em fim decidiu-se por aplicar uma datação mais
1780, tomou-se mais comum no século XIX. compatível com a homogeneidade do restante da
O terceiro grupo é pequeno e refere-se a coleção, definindo o ano de 1875 para o ano de
algumas poucas peças extraídas de uma área produção da louça mais recente.
aberta, situada no interior do imóvel: o cômodo 11. Ao contrário do Solar que possui grande
Este espaço tinha a função de garantir a iluminação quantidade de faianças portuguesas com decoração
e a ventilação dos quartos. Sua escavação forneceu na cor azul, o Beco apresenta fragmentos de
alguns fragmentos de porcelana européia discre­ faiança portuguesa com o uso de policromia, de
pantes em relação aos outros cômodos do imóvel. datação mais recente. Ao tentar definir um momen­
A presença de um fragmento de faiança portuguesa to de maior intensidade ocupacional no beco,
e um de porcelana chinesa em oposição a cinco através do uso do cálculo de South (1972:71 -116),
fragmentos de porcelana européia sugeriu uma a Mean Ceramic Date Formula - que permite
datação do século XIX. calcular a data média de ocupação do sítio com
base na freqüência dos tipos de louça presentes no
2. A s louças do Beco do Pinto registro arqueológico - chegou-se a data de 1785.
O objetivo aqui não foi buscar definir uma data de
As louças do Beco do Pinto, como no Solar, ocupação mais intensa para o beco, já que
não permitiram remontagens, talvez pelo fato de a corresponde a um depósito de descarte coletivo
escavação ter sido limitada a apenas algumas áreas. com longo período de uso, mas delimitar o período
A escavação procurava localizar o calçamento de deposicional de maior intensidade. O problema
pedras original do beco. A leitura das amostras não desse cálculo é que ele se baseia no período de
procurou caracterizar as louças como restos de produção das louças, conhecido a partir dos
depósitos de moradias específicas e nem procurou
filiá-las a um determinado grupo social. As louças
foram estudadas como amostra do que era
comercializado no núcleo urbano. Este material tem (2) Embora as pesquisas datem a existência do Beco desde
grande importância por abarcar um longo período o século XVI, as amostras exumadas não confirmam esta
informação. A datação mais remota referiu-se ao final do
cronológico: de fins do século XVII ao início do século XVII, a partir da adoção da adaptação do princípio
século XX. De outro lado, a grande incidência de do terminus post quem, em decorrência da longa tradição
peças encontradas na região média do Beco, de alguns motivos decorativos da louçaria portuguesa.

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inúmeros catálogos produzidos, não considerando desaparecendo das trincheiras C e D, a meio metro
os intervalos que existem entre a data de produção, de profundidade.
seu uso e descarte. Esta consideração não nega o A distribuição dos tipos decorativos pelas
potencial desta ferramenta, mas releva a necessida­ trincheiras forneceu uma informação importante. A
de de se levar em conta fatores como: característi­ faiança fina inglesa branca com ausência de
cas das práticas dos grupos consumidores, em decoração distribuiu-se de 0 a 2 metros de
conformidade com o seu grupo social, dificuldades profundidade, espalhando-se, primeiramente, nas
de acesso a mercados fornecedores e a própria quatro trincheiras, e depois, reduzindo-se somente
valorização social e simbólica atribuída aos à trincheira B. Já as demais faianças finas com
produtos. Para camadas sociais com menor poder decorações diversas ocorreram com grande
aquisitivo, alguns tipos de louças de uso ordinário incidência na superfície. A faiança portuguesa
podem adquirir um valor simbólico diferenciado apresentou uma amostragem reduzida, aparecendo
daquele atribuído por grupos mais ricos. Para somente a uma profundidade superior a meio
aqueles, a seleção de louças ordinárias para rituais metro, com exceção daquelas com decoração
de comemoração, pode reduzir a possibilidade de dupla linha reta cerca ondulada e pontos azul e
quebra e descarte, distendendo o período de uso dupla linha reta cerca ondulada e traços azul
para arcos mais longos, daí a necessidade de se que podem ter sido utilizadas no século XIX. A
adotar datas mais flexíveis. No caso do Beco, o porcelana branca com ausência de decoração e a
momento de m aior intensidade deposicional européia policroma em pasta branca limitaram-se
parece ser o último quarto do século XVIII. da superfície a meio metro de profundidade, nas
trincheiras A e B, resultando numa datação mais
3. As louças da Casa N° 1 recente. Dessa forma, inferiu-se que a faiança fina
branca com ausência de decoração é a mais antiga,
Entre os três sítios, a Casa N° 1 foi o único sendo seguida pelas faianças finas com decorações
que as escavações objetivaram evidenciar um diversas e, mais tarde, pelas porcelanas brancas.
depósito de descarte (lixo) dos moradores do Miller (apud Symanski 1997), num estudo
imóvel; não em relação ao edifício que existe hoje, baseado em catálogos de fabricantes ingleses da
mas ao que existia antes dele e que foi demolido em primeira metade do século, notou que ocorria uma
1880. A falta de recursos materiais e humanos regra de variação de valor que seguia a seqüência
inviabilizou a extensão do trabalho e a intervenção decrescente de preços no sentido decoração
em todo o terreno, fazendo com que a escavação transfer-printing, decoração manual, decoração
se limitasse somente ao lado esquerdo do terreno simples e ausência de decoração. No sítio Casa
situado no fundo. Esta restrição impossibilitou o N°1, este mesmo padrão de variação foi também
resgate de uma maior quantidade de vestígios que, observado com exceção da transfer-printed -
provavelmente, ainda estão no terreno. Os frag­ considerada a mais cara pelo autor. Esta última
mentos de louça resgatados, da mesma forma como fugiu à regra e despontou como a segunda maior
nos outros dois casos, também não possibilitaram a quantidade, com 26,2 %. A grande presença de
remontagem de utensílios. transfer-printing reiterou a tese de sua grande
A datação das louças pela adoção do mesmo popularidade no Brasil, apesar de seu preço mais
princípio que foi utilizado nos outros dois sítios elevado. A distorção do quadro de M iller deve-se a
limitou o período de produção entre os anos de uma popularização tardia deste tipo, ocorrendo
1800 a 1900. O período de maior intensidade somente na segunda metade do século. Foi muito
ocupacional, pela adoção do M ean Ceramic Date consumida em São Paulo, especialmente na
Formula de South, refere-se a 1843. Na estratigrafía, variedade Flow Blue, com 11 % na amostra. Ao
nas trincheiras C e D (inventário de peças do contrário do que é comum, a presença do tipo
DPH), a incidência de vestígios não ultrapassou a Willow Pattern foi muito reduzida. É possível que
profundidade superior a meio metro. O traçado do as decorações manuais e as decorações simples
terreno demonstrou que a declividade ocorria no não pudessem competir com as decorações
sentido das trincheiras A para a D. Além disso, o impressas, já que apresentavam semelhanças
material, mesmo para as áreas mais profundas, comparadas com a produção portuguesa em
concentrou-se em apenas duas trincheiras: a A e B, declínio. Essas louças buscavam uma semelhança

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° l.Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13\ 75-99,2003.

com os produtos orientais muito mais distintivos, ordem: sítios Solar da M arquesa, Beco e C asa
além de oferecer um custo mais atraente (Quadro 1). N °1, ao m esm o tem po em que apontou o
aumento no consumo da faiança-fina inglesa. A
QUADRO 1 porcelana, de produção oriental ou européia,
manteve percentuais aproxim ados nos três sítios
D istribuição dos percentuais de louças dos três
(Q uadro 2).
sítios de acordo com proposta de M iller
Louças Fragmentos
QUADRO 2
f maior decoração transfer- printed 26,2 Comparação dos percentuais das amostras de
(valor) Decoração manual 0,8 louças dos três sítios
1 menor Decoração simples 5,3 Louças MA BP Cl
Ausência de decoração 66,0
Faiança 55,1 22,9 05,2
Outras louças que não 1,7
constam do quadro Miller Faiança fina 30,8 64,4 83,9

Porcelana 14,1 12,7 10,9


Dos três sítios, o Casa N°1 é aquele que
possui a maior quantidade de fragmentos de Por outro lado, os percentuais aproximados
louças, de m elhor qualidade e maior variedade de para a porcelana nos três sítios acabaram por
tipos. Três características que Shephard (apud obscurecer uma alteração significativa no consumo
Symanski 1997: 66) considera passíveis de serem de louças: ao mesmo tempo em que se dava o
utilizadas na definição do status de moradores. Ao aumento da importação das porcelanas européias,
todo são 15 variedades de faiança fina, além do ocorria, na mesma proporção, o declínio da
aparecim ento de pires e xícaras para chá e de porcelana oriental (Quadro 3).
porcelana de origem européia, com valores mais
elevados e ligados a usos mais distanciados das
QUADRO 3
necessidades cotidianas.
Comparação dos percentuais de porcelana nas
amostras dos três sítios
4. Algum as considerações sobre as amostras
Porcelana MA BP Cl Consumo

Um dos principais dados aferidos no trabalho Oriental 8,1 5,7 4,8 «- Declínio
foi um paradoxo entre a posição social dos Européia/brasileira 6,0 7,1 6,1-*- Ascensão
moradores dos dois imóveis, ligados à elite da Total de porcelanas 14,1 12,7 10,9
cidade, e a ausência de louças de adorno, decorati­
vas ou de custo elevado. Nos sítios encontraram-se
louças comuns a todos os sítios brasileiros - como Ocorreu um marco cronológico crescente no
Lima apontou em seu trabalho - , ou seja: louças sentido Solar da M arquesa, Beco do Pinto e Casa
com decoração Willow-pattern, Flow Blue\ n° 1. O Solar da M arquesa apresentou três
faiança com ausência de decoração ou com datações diferentes. Para o interior do Solar a
discretas decorações em relevo nas bordas - como datação circunscreveu-se ao período que vai de
os trigais o Shell Edge\ a louça de Macau-, 1700 a 1840, com uma maior quantidade de
decalques de padrões orientais e européias; peças com um largo período de produção,
Sponge\ Moncha-, policromos com florais, linhas, impedindo qualquer tentativa de se demarcar uma
geométricos, combinações múltiplas (Lima 1995: data de m aior intensidade ocupacional. A
167-168). Porém, ao contrário do que se vê em presença de faianças portuguesas de cor azul e a
outros sítios brasileiros, ocorreu uma pequena ausência de fragmentos de faiança portuguesa
presença de Willow Pattern dentre as faianças policromada, com início de produção no último
finas com transfer azul. quartel do século XVIII, sugeriram uma maior
A com paração das am ostras dem onstrou o antiguidade para a amostra, ou seja, primeira
declínio do consumo da faiança portuguesa, na metade do século XVIII. O côm odo 11 e a

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX. os
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

prospecção teste feita na palmeira imperial, no QUADRO 5


fundo do terreno, forneceram poucos vestígios, não Variedade dos tipos de louça nos três sítios
sendo seguro definir uma data mais precisa além de
século XIX. Já o Beco do Pinto, apresentou um Louças MA BP Cl
momento de m aior intensidade deposicional em
Faiança 06 15 09
1785, e a Casa N° 1, de maior intensidade
ocupacional. 1843. Faiança-fina 11 17 22
Sem precisar parâmetros muito definidos é Porcelana 05 05 05
possível delimitar quatro grandes períodos cronológicos
para a louça importada em São Paulo (Quadro 4):
A análise das formas
demonstrou uma alteração
QUADRO 4
significativa: as faianças portugue­
Períodos cronológicos para a louça importada em São Paulo sas, de produção artesanal e
Louças Século XIII Século XIII manufaturada, com uma datação
Ia met. 2a met. Ia met. 2a met. predominante no século XVIII,
não integravam conjuntos
Faiança azul Domínio Domínio Declínio Desaparece
organizados com várias peças
Faiança policroma — Aparece Declínio Desaparece apresentando a mesma decora­
Porcelana chinesa — Domínio Declínio Declínio ção, mas eram peças individuais,
Faiança Fina inglesa — — Declínio Declínio compradas isoladamente e
Porcelana européia — — Aparece Declínio utilizadas para diversos fins. Não
compunham serviços de mesas -
comuns para o século XIX - e
não possuíam decorações diversificadas. As formas
mais comuns são as tigelas e malgas com diâmetros
A porcelana branca européia apresentou-se médios, usadas para o consumo individual de
como um importante índice de datação para os alimento. Estas louças são diferentes das tigelas de
sítios urbanos paulistas. No Solar da Marquesa, o servir que possuem diâmetros maiores. Além disso,
aparecimento destas porcelanas limitou-se ao possuem uma reduzida variedade de tipos, restrin­
cômodo 11 e à trincheira feita no fundo do quintal, gindo-se a pratos e tigelas. As peças como xícaras
e o foi em pequenas quantidades. Na Casa N° 1, e pires são inexistentes na amostra.
as porcelanas brancas se fizeram presentes na As porcelanas chinesas Macau, com produção
superfície e a meio metro de profundidade das também predominante no século XVIII apresentam
trincheiras A e B . A maior quantidade de porcelanas formas e espessuras menores. A forma sugere
européias e brasileiras na Casa N °l, em relação aos funções menos ligadas a necessidades alimentares.
outros dois sítios, e o aparecimento destas louças São pequenos recipientes entre pires, xícaras e
na palmeira imperial do sítio Solar da Marquesa potes. Comparativamente, sugerem um maior
dem onstraram que o consumo deste tipo de louça refinamento na decoração em oposição às louças
aumentou na segunda metade do século XIX. portuguesas, embora possuam falhas na decoração
Diferente do que se pensava no início da e na pasta de cor azul acinzentada.
pesquisa, o Beco do Pinto, como área de descarte As faianças finas inglesas, fabricadas por meio
coletivo, não apresentou uma maior variedade de industrial, por outro lado, apresentaram peças com
tipos de louças do que os outros dois imóveis. Já mesma decoração e cor, sugerindo que diversos
no sítio Casa N °l, ocorreu uma significativa utensílios integravam um conjunto - um serviço ou
variedade de tipos, sugerindo um maior acesso de baixela. Estas louças eram produzidas pelos
seus moradores à produção industrial européia, ou fabricantes com um nome - modelo - definido pelo
melhor, um maior acesso das elites paulistas às tema adotado na decoração. Ao contrário das
louças nas décadas finais do século XIX. A anteriores, não apresentaram a forma de tigelas, de
quantidade de tipos exumados parece sustentar uso individual, e sim, padronizavam as peças, os
essa hipótese (Quadro 5). conjuntos e as dimensões dos aparelhos. Os

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CARVALHO. M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
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conjuntos passaram a ter atribuições específicas Os pires e as xícaras, especialmente de


por sua função: aparelhos para jantar, chá e café. porcelana, de maior freqüência se referiam ao final
Cada item do conjunto tinha uma função definida do século XIX, apontando a disseminação tardia,
no interior do grupo por sua forma e tamanho. Os relacionada ao costume de se consumir chá e café
pratos eram divididos em rasos e fundos, de em São Paulo, bem mais próximo das décadas
acordo com os alimentos que deveriam conter. Os finais do século. Um fato comum se imaginarmos
pratos de sobremesa eram menores, destinados aos que o estímulo para a produção cafeeira adveio do
alimentos doces, servidos em menor quantidade. mercado externo. Em segundo lugar, o caráter
Inúmeros outros utensílios foram criados seletivo deste costume, já que exigia dos usuários
dentro do mesmo princípio, muitos deles recebendo uma identificação com os padrões de comportamento
por nome uma variação do alimento que deveria exógenos e o ócio necessário ao seu exercício.
conter. Este foi o caso das molheiras, manteiguei- Além disso, os aparelhos de chá e café eram feitos
ras, açucareiros, cafeteiras, cremeiras, azeitoneiras, em porcelana, de maior custo, o que exigia a posse
sopeiras.3 de comportamentos de origem européia - tomando
Dentre os utensílios reconhecidos nas coleções clara a sua destinação às elites locais.
dos sítios, as tigelas e pratos apresentaram-se em Além da definição do status dos moradores,
maior número, seguidos das xícaras e pires, vislumbrou-se em São Paulo a assimilação de
passando depois às jarras, tampas de potes, novos comportamentos e práticas a reboque da
puxadores de terrina e bules. Um fragmento de Europa, aplicados nos momentos de sociabilidade e
caixa de jóias destoou do restante da amostra, pois inter-relacionamento social; e nos hábitos menos
não se destinava ao ritual alimentar, sugerindo em formais, ligados à intimidade, aqueles de tradição
fins do século novos usos, incorporados para a portuguesa, de origem colonial, em âmbito familiar.
toilete e quinquilharias. Os pratos e as tigelas A comparação das louças exumadas com as
justificam seu maior número por serem de uso louças de coloração terrosa como as cerâmicas
individual, já que as xícaras e pires correspondem a neobrasileiras, as torneadas, as louças vidradas e o
práticas mais distantes das necessidades alimenta­ grês, demonstrou a insignificância de fragmentos de
res, ligadas a novos costumes. As peças de uso louça vidrada e grês recolhidos e uma possível
coletivo foram encontradas em menor número inexpressividade de seu uso e produção, ou seja,
(Quadro 6). um uso bastante restrito ou uma pequena quantida­
de de mestres e oficiais oleiros de louça vidrada na
____________ QUADRO 6____________ cidade (Quadro 7).
Núm ero de utensílios reconhecidos nas
amostras dos três sítios QUADRO 7
Utensílios MA BP (1 Total Comparação dos percentuais de presença de
louças nos três sítios
Tigelas 06 12 20 38 Louças MA BP Cl
Pratos 02 16 07 25
Xícaras 02 04 07 13 Cerâmica 99,0 88,0 91,0
Pires 02 01 03 06 Louça vidrada 0,5 8,0 7,4
Jarras 01 02 — 03 Grês 0,5 4,0 1,6
Tampas de potes 01 02 — 03
Puxadores de terrina — 02 — 02
Agrupando as louças com esm altação em
Bules — 01 — 01
brancas e terrosas para as cerâm icas, louças
caixas de jóias 01 — 01 vidradas e grês, vislum brou-se a redução da
quantidade das peças com tecnologia que as
filiassem às terrosas no sentido cronológico do
(3) Os talheres também seguiram o mesmo princípio: com
Solar, Beco do Pinto e Casa N °1. E sta redução
modelos para sobremesa, chá e café. Havia os talheres parece ser bastante significativa se observarm os
para alimentos específicos, como queijos, frutas, ostras, que a datação dos três sítios apresentou uma
bolos e peixes.

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX. os
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linha ascendente, revelando, assim, um declínio do tempo em que impôs novas e padronizadas formas.
uso das cerâmicas no decorrer do século XIX, A maior quantidade de tigelas de faiança portugue­
momento em que há o aumento do consumo das sa, comuns no século XVIII, cedeu espaço a um
louças inglesas, declínio da faiança portuguesa e o maior número de pratos rasos e fundos e de
seu direcionamento para os espaços da cozinha, sobremesa dos aparelhos ingleses. Por outro lado,
que as cerâmicas fossem pouco a pouco sendo embora as faianças portuguesas, as porcelanas
substituídas pelas faianças (Quadro 8). chinesas e as cerâmicas locais tenham sido expurgadas
da mesa, elas continuaram a marcar a sua presença
QUADRO 8 até fins do século XIX, denunciando um processo
Comparação dos percentuais de louças com de confronto e assimilação.
esm altação branca e terrosa
Louças MA BP Cl Consideração final
Brancas 10,9 46,4 59,7
Este estudo não esgota todos os documentos
Terrosas 89,1 53,6 40,3
que tratam do tema e não aborda todas as possibi­
lidades que podem se abrir para uma pesquisa
A análise das amostras dos três sítios demons­ como esta, mas, nos seus limites, procura contribuir
trou que durante os séculos XVIIII e XIX parece para o contínuo avanço das pesquisas. A hipótese
ter havido um processo de complexificação do defendida foi a que a louça consumida em São
jantar. A pouca disponibilidade de itens materiais, Paulo, entre os séculos XVIII e XIX, não reflete
bem como o isolamento e as condições de vida na somente transformações, mas confrontos de âmbito
vila paulista permitiram o acesso dos colonos a sócio-cultural e econômico ocorridos na colônia. O
algumas poucas tigelas e pratos de produção seu estudo, em diversos sítios, pode explicitar o
portuguesa, utilizadas indistintamente conforme as diálogo entre culturas, grupos sociais ou intra-
possibilidades de seu usuário. As louças orientais, grupos, demarcando-os. Embora a presença de
sempre em pequeno número, constituíam um faianças finas criasse um grande impacto quaütativo,
privilégio de poucos habitantes mais enriquecidos. essas louças não promoveram o desaparecimento
A grande maioria da população fazia uso da das outras produções, como as faianças portugue­
produção local de panelas, jarros e potes. A sas e as porcelanas chinesas, e mesmo as cerâmi­
abertura dos portos, o aumento do comércio, e o cas de produção local e artesanal. Estas outras
maior contato com o Rio de Janeiro - sede da permaneceram no gosto, sendo amplamente utilizadas
Corte - no século XIX, possibilitaram a infiltração nos espaços onde a louça inglesa não invadia, ou
das louças inglesas, produzidas e comercializadas seja, nos espaços distantes do olhar social,
como peças de conjunto, fomentando a idéia de circunscrita aos espaços de preparo dos alimentos,
baixelas de jantar, de serviços de mesa. Estas ou destinada àqueles de baixos extratos sociais. A
peças não poderiam ser utilizadas indistintamente, e análise das amostras de louças dos sítios assinala
sim deveriam seguir as necessidades do alimento um diálogo entre os vários tipos de louças nos dois
que deveriam conter, como aparelhos de jantar, de séculos abordados e inclusive com outros tipos,
chá e café, mantegueiras, sopeiras, molheiras e como as cerâmicas, as louças vidradas e o grês. A
outros. A proliferação das louças inglesas promoveu assimilação de uma nova louça não representou,
a redução do consumo de porcelanas orientais, neste período, o desaparecimento de um tipo
substituídas por porcelanas européias, das faianças anteriormente utilizado, mas o redimensionamento
portuguesas e das outras cerâmicas, ao mesmo de seu uso e de seu valor.

85
8 6
Período de produção das louças encontradas no Solar da Marquesa
T ___ _ Décadas do Século XVIII Décadas do Século XIX
u o u ta a 06 00
10 20 30 40 50 60 70 80 90 00 10 20 30 40 50 60 70 80
Faianças

Ausência de decoração
Linhas azuis
Decoração na face interna não identificados
Floral castanho
Linhas retas, onduladas e pontos
Policromos não identificados
Faianças finas

Ausência de decoração
Paisagem campestre transfer-printed azul
Flow azul
Willow Pattern
Transfer-printed azul não identificados
Geométrico transfer-printed castanho
Floral transfer-printed castanho
Diversos não identificados
Linha preta
Banded azul
Banded castanho claro
Porcelanas
Macau azul em pasta azul
Policromo em pasta azul
Linha dourada em pasta branca
Linha sem cor em pasta branca
Ausência pasta branca
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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX. os
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Núm ero de fragmento is e núm ero m ínimo de i itensílios


Sitio Se►lar da M arquesa

Louças N° Fragmentos N° M ínim o Utensílios


Faianças

Ausência de decoração 27

Linhas azuis 03 03

Decoração na face interna não identificados 91 —

Floral castanho 01 01

Linhas retas, onduladas e pontos 01 01

Policromos não identificados 02 02

Sub-total Faianças 125 07

Faianças Finas

Ausência de decoração 45 18

Paisagem campestre em transfer-printed azul 04 01

Flow blue 05 03

Willow Pattern 03 01

Transfer-printed azul não identificados 07 —

Geométricos transfer-printed castanho 01 01

Floral transfer-printed castanho 01 01

Diversos não identificados 01 01

Linha preta 01 01

Banded azul 01 01

Banded castanho claro 01 01

Sub-total Faianças Finas 70 29

Porcelanas

Macau azul em pasta azul 10 08

Policromo em pasta azul 09 02

Linha dourada em pasta branca 01 01

Linha sem com em pasta branca 01 01

Ausência de decoração em pasta branca 11 08

Sub-total Porcelanas 32 20

Total de Louças 227 56

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sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13'. 75-99, 2003.

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8 8
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

Núm ero de fragm entos e número mínimo de utensílios


Sítio Beco do Pinto
N° M ínim o
Louças N° Fragmentos
Utensílios
Faianças
Ausência de decoração 22 —
Linhas azuis 09 07
Decoração na face interna azul não identificados 36 —
Voluta azul 02 01
Floral azul 01 01
Dupla linha azul cerca elemento preto 02 01
Dupla linha azul e castanho com elemento 02 01
Linha reta grossa azul e ondulada castanho 01 01
Linha reta e ondulada azul 01 01
Guirlanda azul, amarelo e castanho 02 01
Dupla linha reta cerca ondulada e traços azul 01 01
Dupla linha reta cerca ondulada e pontos azul 01 01
Dupla linha azul com elemento azul 01 01
Dupla linha reta cerca ondulada azul e castanho 01 01
Policromos não identificados 08 06
Sub-total Faianças 90 24
Faianças Finas
Ausência de decoração 188 35
Decoração em auto-relevo 07 05
Paisagem oriental transfer-printed azul, mod. “oriental” (camelo) 04 01
Floral transfer-printed azul 08 01
Flow azul 20 03
Transfer-printed azul não identificados 06 —
Floral verde 03 01
Floral transfer-printed rosa 01 01
Manual floral bicromo castanho 01 01
Manual floral policromo 02 01
Manual floral bicromo verde e azul 01 01
Manual floral policromo castanho, castanho claro e verde 01 01
Shell Edge azul 03 03
Diversos não identificados 03 02
Linha azul 01 01
Linha dourada 01 01
Linha sem cor 03 03
Sub-total Faianças Finas 253 61
Porcelanas
Macau azul em pasta azul 19 09
Swatow azul em pasta azul 02 01
Policromo em pasta azul 03 02
Batávia ou chocolate 01 01
Ausência de decoração em pasta branca 25 10
Sub-total Porcelanas 50 23
Total de Louças 393 108

89
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Dupla linha reta e ondulada unida a pontos azul
Policromos não identificados
Dupla linha, linha grossa e ondulada azul
Faianças finas
Ausência de decoração
Decoração em auto-relevo

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Paisagem oriental transfer-printed azul, mod. “oriei

13
Paisagem oriental transfer-printed azul (elefan
Flow azul
Willow Pattern azul
Transfer-printed azul não identificados
Paisagem oriental transfer-printed azul
Floral transfer-printed castanho
Paisagem campestre transfer-printed roxo
Floral transfer-printed verde
Manual floral policromo
Shell Edge azul
Diversos não identificados
Linha preta
Linha amarelo, azul e preto
Linha sem cor
Linha verde
Dupla linha azul
Banded azul e preto
Banded azul
Banded castanho
Porcelanas
Macau azul em pasta azul
Swatow azul em pasta azul
Policromo em pasta azul
Policromo em pasta branca
Ausência decoração em pasta branca
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
Louças do Sítio Casa N°1

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Faiança


Linhas azuis • •
Dupla linha reta cerca ondulada e pontos azul •


Guirlanda verde e castanho
Dupla linha reta e ondulada unida a pontos azul •
Linhas reta, ondulada, traços, pontos, castanho, verde e amarelo •
Dupla linha, linha grossa e ondulada azul •
Dupla linha grossa e ondulada azul •
Ausência de decoração

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Faianças Finas
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Porcelanas

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sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX. os
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° l.Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99,2003.

Número de fragm entos e número m ínimo de utensílios


Sítio Casa N°1
N° Mínimo
Louças N° Fragmentos
Utensílios
Faianças
Ausência de decoração 24 —
Linhas azuis 03 03
Decoração na face interna azul não identificados 11 —
Guirlanda verde e castanho 02 01
Dupla linha reta cerca ondulada e pontos azul 01 01
Linhas retas, ondulada, traços e pontos castanho,verde e amarelo 01 01
Dupla linha reta e ondulada unida a pontos azul 02 01
Policromos não identificados 08 08
Dupla linha, linha grossa e ondulada azul 01 01
Sub-total Faianças 53 16
Faianças Finas
Ausência de decoração 552 98
Decoração em auto-relevo 02 02
Paisagem oriental transfer-printed azul, mod. “oriental” (camelo) 38 01
Paisagem oriental transfer-printed azul (elefante) 01 01
Flow azul 93 19
Willow Pattern azul 23 08
Transfer-printed azul não identificados 67 —
Paisagem oriental transfer-printed azul 05 01
Floral transfer-printed castanho 02 01
Paisagem campestre transfer-printed roxo 10 01
Floral transfer-printed verde 01 01
Manual floral policromo 07 01
Shell Edge azul 23 16
Diversos não identificados 11 09
Linha preta 02 01
Linha amarelo, azul e preto 03 01
Linha sem cor 01 01
Linha verde 02 01
Dupla linha azul 01 01
Banded azul e preto 03 01
Banded azul 09 01
Banded castanho 02 01
Sub-total Faianças Finas 858 167
Porcelanas
Macau azul em pasta azul 28 12
Swatow azul em pasta azul 04 01
Policromo em pasta azul 17 04
Policromo em pasta branca 19 03
Ausência decoração em pasta branca 44 09
Sub-total de Porcelanas 112 29
Total de Louças 1023 212

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sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
sítios Solar da Marquesa, Beco do Pinto e Casa N° 1. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX. os
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Covilhete da índia

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Colher de prata

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CARVALHO, M.R.R. Pratos, xícaras e tigelas; um estudo de arqueologia histórica em São Paulo, séculos XVIII e XIX: os
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do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 75-99, 2003.

ABSTRACT: This article presents the methodology and results of a research of


historical archaeology, performed in São Paulo, Brazil, which aimed at understanding
the practices and behaviors concerning the use of tableware by the São Paulo society,
in the 18thand 19th centuries, using archaeological samples coming from three sites in
the central region of the city: the sites Solar da Marquesa, Beco do Pinto and Casa N°1.

UNITERMS: Historical archaeology - Archaeological wares - Collections.

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Recebido para publicação em 30 de setembro de 2003.

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