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Inicialmente, o edifício foi concebido para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios, destinado
a formar profissionais habilitados para trabalhar com as novas técnicas industriais que
surgiam com a Revolução Industrial. No entanto, o prédio se tornou
superdimensionado para a quantidade de alunos desses cursos, e o governo estadual
decidiu transferir o Ginásio do Estado para o edifício, compartilhando o espaço com o
Liceu até 1924. Esse movimento reflete a necessidade de modernização cultural e
educacional na elite paulista da época.
A verdadeira transformação da Pinacoteca em um museu de arte ocorreu quando o
governo estadual, com o apoio de figuras proeminentes como Maurício de Sampaio
Vianna e José de Freitas Valle, decidiu criar uma galeria de pintura no edifício em
1905. Nesse ponto, Ramos de Azevedo, que era diretor do Liceu de Artes e Ofícios,
tornou-se responsável pela gestão da Pinacoteca.
O museu foi inaugurado em 1905 com a presença de figuras importantes da política e
da sociedade, como o presidente da República Rodrigues Alves. No entanto, em seus
primeiros anos, a instituição enfrentou desafios, com seu funcionamento irregular e
baixa visitação.
Em 1993, o edifício passou por uma ampla reforma conduzida pelo renomado
arquiteto Paulo Mendes da Rocha, tornando-se mais adequado para exposições
internacionais e solidificando seu lugar como uma instituição de destaque no cenário
cultural de São Paulo.
A Pinacoteca também administra a Estação Pinacoteca, um espaço cultural instalado
no antigo edifício do DOPS (Departamento de Ordem e Política Social) em São Paulo,
que foi restaurado para abrigar exposições de arte contemporânea, biblioteca e centro
de documentação.
O acervo da Pinacoteca abriga uma vasta coleção de arte brasileira, destacando-se
especialmente pela representatividade das obras do século XIX e XX. Pinturas,
esculturas, desenhos, gravuras, fotografias, tapeçarias, objetos de arte decorativa e
peças da época colonial estão entre os itens que compõem a coleção da instituição.
Assim, a história da Pinacoteca é uma narrativa de evolução e compromisso com a
preservação e promoção da arte e cultura brasileira.
Desde sua fundação, a Pinacoteca do Estado de São Paulo desempenha um papel
fundamental na educação artística, no enriquecimento do patrimônio cultural e na
promoção de exposições e eventos que conectam o público à riqueza da história e da
arte do Brasil.
Relatório de Visita Técnica à Pinacoteca de São Paulo
No dia 01/10/2023, às 10h da manhã, nossa equipe realizou uma visita técnica à
Pinacoteca de São Paulo, situada na Praça da Luz. O propósito da visita foi aprofundar
nossos conhecimentos para o desenvolvimento de nossa Atividade Prática
Supervisionada (APS) de Arte, Cultura e Estética.
A Pinacoteca, carinhosamente apelidada de “pina”, é um espaço de riqueza cultural
que nos proporcionou uma experiência única e enriquecedora. Após nossa entrada
no museu, fomos imediatamente cativados pela instalação inédita “Sinfonia das
Cores” de Sonia Gomes, parte do Projeto Octógono Arte Contemporânea da
Pinacoteca.
Esta obra deslumbrante provocou nossa curiosidade e nos instigou a explorar o
museu com uma nova perspectiva.
A escala e a profundidade da obra de Sonia nos inspiraram, dando início a uma
jornada significativa para o nosso trabalho. Durante nossa visita, percorremos várias
salas temáticas, como "Sujeitos, Afetos e Desejo" e "Um País Inventado". Cada sala
nos ofereceu uma visão única da rica diversidade da arte. No entanto, foi a escultura
"O Brasileiro" de Raphael Galvez que capturou nossa atenção de maneira inigualável.
A força e a representação estática da escultura nos intrigaram profundamente,
fazendo-nos refletir sobre nossa própria identidade e nacionalidade.
O encontro com essa obra nos impulsionou a repensar nossas próprias expressões
artísticas e nos incentivou a buscar uma conexão mais profunda com nossa cultura.
Ao longo do dia, exploramos as várias obras e histórias presentes nas paredes da
Pinacoteca. Discussões animadas sobre as influências artísticas e culturais nos
envolveram, enquanto encontrávamos paralelos com as pinturas e esculturas que nos
cercavam.
A Pinacoteca, com seus 118 anos de história, é um testemunho vivo da riqueza
artística e cultural do Brasil. Ao encerrar nossa visita, ficou claro para todos nós que a
Pinacoteca não é apenas um museu, mas um santuário de reflexão e inspiração.
Recomendamos entusiasticamente a Pinacoteca de São Paulo a todos os amantes
da arte e da cultura.
O museu não apenas nos permite enxergar a riqueza da herança cultural brasileira,
mas também nos desafia a nos vermos como parte integrante dessa riqueza. Esta
passagem foi transformadora e enriquecedora para todos os membros da equipe.
Agradecemos à Pinacoteca de São Paulo pela oportunidade de imersão em sua
coleção e história, e esperamos ansiosos por futuras visitas que certamente nos
levarão a novas descobertas e inspirações.
Acessibilidade Pinacoteca
Na Pinacoteca Luz, há rampas de acesso nas entradas e saídas do museu,
elevadores e portas amplas para que as pessoas que usam cadeira de rodas, tenham
autonomia para circular pelo espaço. Existe também pisos táteis para deficientes
visuais se locomoverem, porém não é na instituição inteira.
Algumas salas possuem QR Codes com audiodescrições de obras selecionadas,
algumas obras também contam com uma experiência imersiva com relevos táteis ou
até experimentar tatear as texturas e temperaturas dos materiais usados de algumas
obras, e ao lado um vídeo guia em libra para pessoas surdas.
O Acervo fixo da pinacoteca em 2022 possui cerca de 1000 obras, sendo estas de
400 diferentes artistas. Ele é dividido em 19 salas, cada uma com o seu destaque
sendo organizado a partir de três núcleos temáticos articulados em torno das ideias
de corpo e de território.
A noção de corpo mostra a individualidade dos 400 autores e sua relação com outros
corpos, visível nas formas com que olham e figuram o outro e como atribuem a eles
lugares no campo social. Investiga-se como esse corpo se pensa em relação ao
coletivo, como imagina seu próprio lugar social, como se dilui ou põe em tensão as
concepções de coletividade.
Já a noção de território faz referência ao campo da arte, espaço que se admite ser o
domínio de artistas, bem como aos lugares por onde esse corpo/ artista transita, que
esse corpo/artista imagina, cujos contornos delimita com sua presença.
O primeiro, Territórios da arte (salas 1 a 6), investiga como artistas observam seu
próprio corpo e o do outro, como elaboram ideias sobre as possíveis funções e
definições de sua prática, como pensam a arte em um território autônomo.
Por fim, o terceiro núcleo se desenvolve em torno da relação Corpo individual / corpo
coletivo (salas 14 a 19), em que artistas forjam ideias de comunidade e, a partir de um
corpo, investigam papéis sociais, falam da violência exercida sobre outros corpos e
também de afetos e de desejo.
Destaques: Mestiço, de Cândido Portinari; Tropical, de Anita Malfatti; O brasileiro, de
Raphael Galvez.
A instituição que foi fundada em 1905, como parte do Liceu de Artes e Ofícios,
possuía um acervo inicial de apenas 26 pinturas.
Releitura da Obra