Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Realização Presented by
Ministério do Turismo apresenta presents
2022
O Instituto Cultural Vale tem como um de seus objetivos apoiar a diver-
sidade cultural brasileira. Por isso, unimos forças com o Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, instituição referência em arte e cultura na
América Latina, para juntos valorizarmos o patrimônio imaterial de
nosso país. O resultado dessa parceria concretiza-se no programa Lega-
dos vivos, uma das 68 propostas contempladas pela Chamada Vale 2020.
O projeto busca fomentar reflexões e diálogos sobre os processos
de construção cultural por meio de encontros educativos, da exposição
A memória é uma invenção e da publicação que chega em mãos até vocês.
O processo de trocas e de construção da programação apresentado aqui
reitera o propósito do Instituto Cultural Vale de contribuir para a pro-
dução cultural, movimentar a economia criativa e ampliar espaços para
o pensar e o fazer cultural por meio da Chamada Vale e dos espaços cul-
turais que mantém.
É especialmente significativo que essa união tenha também possibi-
litado o encontro do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) com o MAM
Rio, que, juntos, construíram uma programação plural, polifônica e gra-
tuita que aproxima seus diversos públicos e busca provocar movimentos
de reflexão sobre as relações entre a educação, o patrimônio imaterial e
os acervos a partir das perspectivas de cada região.
Esperamos que os legados, que aqui celebramos, permaneçam vivos
nos novos diálogos e práticas entre os espaços culturais e nas relações
com os diversos públicos que pensam e fazem arte, cultura e educação
no Maranhão, no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo.
14
As muitas gentes em um museu-casa-escola:
cuidar, conviver e resistir no Subúrbio Ferroviário de Salvador
Entrevista com Vilma Santos e
José Eduardo Ferreira Santos, do Acervo da Laje
Luiza Proença
44
Museu de Arte Negra:
um acervo, infinitas possibilidades
Elisa Larkin Nascimento, Julio Ricardo Menezes Silva
74
Um panorama da coleção de artes visuais do MAM Rio:
décadas de 1940 a 1980
Cátia Louredo, Moema de Bacelar Alves
102
Conjuntos universos
Leno Veras
110
Panorama
Tiganá Santana, Jorge Vasconcellos, Sabrina Moura, Judite Primo,
Marcelo Campos, Denilson Lopes, Ceiça Ferreira, Maria Thaís,
Carolina Pedreira, Naine Terena e Benedito Dielcio Moreira, Casé Angatu,
Carlos Henrique de Lima, María Berríos,
Francisco Huichaqueo, Gabi Ngcobo, Elvira Espejo
152
Sobre a invenção da memória e a materialidade
das coisas para o sujeito contemporâneo e popular
Gabriel Gutierrez
156
Sobre os autores
161
Textos em inglês
Texts in English
190
Artistas na exposição
Artists in the Exhibition
192
Lista de trabalhos na exposição
List of Works in the Exhibition
Inventando memórias1
PABLO LAFUENTE
As molduras continuam penduradas nas paredes. Mas elas não contêm
nada, todas as telas sumiram. As esculturas também: as bases ainda es-
tão lá, mas não há nada em cima delas. Se não fosse pelas molduras e
bases vazias, poderíamos imaginar um extenso espaço habitável, talvez
em uso. Mas os suportes vazios remetem à perda, ao que estava lá e não
está mais. É como se o espaço, a arquitetura e o mobiliário fossem um 9
dispositivo complexo para uma operação que foi descontinuada, por-
que aquilo que justificava a construção sumiu, se perdeu, foi levado para
outro lugar.
1 Este texto foi
Essa imagem, uma das fotografias tomadas no interior do Hermitage
construído a partir
de cinco imagens
em São Petersburgo durante a Segunda Guerra Mundial, quando as obras
guardadas na memória, foram retiradas das salas de exposição na iminência da chegada das tro-
e que só correspondem
pas do Terceiro Reich, registra uma perda temporária, um ato de ocultar
em parte às imagens
originais, sejam
que se manifesta como ato de preservação. O acesso às obras que vieram
fotografias, pinturas a fazer parte de uma memória coletiva oficial, herdada pelo Estado so-
ou situações. Não
viético da família imperial, precisou ser interrompido para garantir que
se trata, aqui, de
realizar comparações
essas obras estivessem disponíveis no futuro, para outros.
entre memória e Se a origem dos acervos museológicos é, como escreve Krzysztof
fatos, mas de explorar
Pomian, um ato de sacrifício,2 o deslocamento das obras do Hermitage
as possibilidades
de reconstruir o
às reservas ou aos trens que as levaram longe da linha de frente foi, na-
passado. Por essa quela ocasião, um sacrifício talvez menor, temporário, compensado por
razão as imagens não um ato de memória. Na história do museu, viraram lenda as visitas que
são reproduzidas
acompanhando o texto.
um dos guias oferecia aos soldados soviéticos, relatando com tanto deta-
2 Krzysztof Pomian, lhe cada uma das telas que antes ocupavam as molduras, que conseguia
Des Saintes Reliques à invocar sua presença na imaginação dos participantes da visita. Em seus
l’art moderne. Venise-
Chicago, XIIIe-XXe siècle,
relatos, a memória atuava como garantia de permanência do patrimônio
Paris: Gallimard, 2003. que não estava mais presente.
Uma segunda imagem mostra outro espaço interno, ainda mais amplo
que o primeiro, sem paredes que o atravessem. Se a imagem inicial regis-
trava ausência com relativa serenidade, aqui tudo é desolação: estruturas,
aparentemente de metal, quebradas e entortadas, misturadas com outros
resíduos que cobrem o piso; esquadrilhas fora de lugar e fragmentos de
teto suspendidos, ameaçando cair. Sem bases, sem molduras, sem lumi-
nárias. Sem obras de arte.
Dessa vez, tal ausência não é o resultado de uma decisão, de uma ten-
tativa de procurar resguardo. A ausência de arte nessa imagem é o resul-
tado de sua aniquilação, causada por um incêndio fortuito que afetou o
MAM Rio em 1978 e destruiu aproximadamente a metade do milhar de
obras que constituíam seu acervo naquele momento, danificando mui-
tas das restantes.
Um acervo com a ambição de representar a arte moderna, abraçando
uma visão importada do Norte e ampliada por meio de trocas com os vi-
zinhos do Sul, virou assim um conjunto de obras remanescentes de um
processo truncado, que precisou ser reinventado a partir dos anos 1980,
quatro décadas depois da fundação do museu. A arte moderna europeia
e dos Estados Unidos, não mais apoiada pela diplomacia da Guerra Fria
10 e indisponível para aquisição, precisava sair do foco para permitir que ele
fosse tomado por outras perspectivas, outras alianças, outros processos
de construção, agora de caráter nacional.
Sempre incorporando mudanças, porque, como parece ser consubs-
tancial aos museus de arte moderna, o processo de crescimento dos seus
acervos não tem fim. A produção de arte moderna eventualmente acaba,
mas os museus de arte moderna continuam acompanhando, às vezes
contribuindo, os múltiplos fins da modernidade e as diversas manifes-
tações do contemporâneo. Como todo processo de memória, estão con-
denados a atuar sempre desde um presente em movimento, obrigados a
acumular lembranças e, com elas, revisar suas narrativas. Até o momento
em que algumas memórias precisam ser abandonadas para dar lugar a
novas memórias.
Dessa vez, uma cena: uma visita às reservas técnicas de um museu com
acervos indígenas coincide com uma visita de rezadores guarani, con-
vidados a examinar peças originárias de seu povo que fazem parte
desse acervo. Os visitantes reconhecem e informam: a cruz de madeira,
guardada em posição horizontal nas gavetas da reserva, “esquenta”, é
necessário que seja mantida erguida, na vertical. Mas o espaço da reserva
não permite. Propõem também: poderiam cantar para diminuir, ao me-
nos temporariamente, a temperatura da cruz. Mas as regras do museu não
deixam. Eles regressam à sua aldeia, e a cruz permanece no museu, na ga-
veta, em posição horizontal.
As ausências aqui são múltiplas – de objetos, de práticas, de pessoas,
de saberes, de entendimentos. E são, como na imagem anterior, tam-
bém o resultado de um processo de aniquilação, aqui de maior escala, e
de longo prazo. As práticas somem porque os modos de vida são elimi-
nados à força, mas alguns dos objetos que faziam parte dessas práticas
encontram um caminho até o museu, dissociados delas, convertidos
em repositórios simbólicos de cosmovisões que se recusam a virar me-
ras memórias.
O museu aqui funciona como museu dos outros: um museu que cria
uma imagem de algo que não somos e, com a ajuda dessa imagem, sugere
por contraste uma imagem de nós mesmos, por meio de objetos que per-
tenciam a outros, e que são em parte testemunhas do processo violento,
de “sacrifício”, que os levou ao museu. Ao mesmo tempo, esse museu
‑repositório não autorizado abre a possibilidade de uma retomada: às ve-
zes os objetos podem ajudar a reiniciar práticas, funcionando como um
auxílio de memória coletiva e individual; como ferramentas de recons-
trução; e como armas simbólicas de luta pelo território. 11
13
As muitas gentes em um
museu-casa-escola:
Cuidar, conviver e resistir
no Subúrbio Ferroviário
de Salvador
Entrevista com Vilma Santos e
José Eduardo Ferreira Santos, do Acervo da Laje1
LUIZA PROENÇA
Uma linha férrea de cerca de 13,5 quilômetros e dez estações se estende
por uma das costas de kirimurê – o “grande mar interior” dos Tupinambá
que os invasores europeus renomearam de Baía de Todos-os-Santos e
onde estabeleceram o primeiro porto do Brasil para a exportação de to-
neladas de açúcar produzidas pelo trabalho escravo de milhares de pes-
soas negras-africanas que desembarcaram por ali. Construída a partir 15
de 1860 para escoar produtos do interior do continente ao porto de Sal-
vador, a ferrovia à beira-mar atravessa cerca de 22 bairros – de Calçada,
na península de Itapagipe (em tupi, “no rio da laje”), a Paripe (“curral de
peixe”), ao sul da baía de Aratu (“barulho da queda”) –, formando a região
conhecida como Subúrbio Ferroviário de Salvador. Foi a presença do
trem que marcou radicalmente a paisagem local e adensou sua popula-
ção, composta em grande parte de operários das fábricas erguidas pos-
teriormente, sendo a mais antiga e conhecida delas a Fábrica de Tecidos
São Braz, de 1875.
A São Braz foi desativada a partir de 1960 e hoje suas instalações es-
tão abandonadas. O trem, após 160 anos de funcionamento, está sendo
substituído por um monotrilho. Mas antes de ser estigmatizada como
uma ruína do capitalismo industrial – periférica, pobre e violenta –, essa
região de vastos recursos naturais foi palco de outras histórias com arcos
temporais mais complexos. Algumas delas repetem as narrativas sobre
apossar, saber, renomear, mandar, atirar, perfurar, extrair e esgotar, como
é o caso da invasão holandesa pela praia de Escada, em 1639, ou da desco-
berta do primeiro poço de petróleo do Brasil, em Lobato, em 1939. Outras
são histórias de resistência, como a Batalha de Pirajá, decisiva na guerra
1 Conversa realizada
por plataforma online
pela Independência da Bahia, em 1823, e o Quilombo do Urubu, liderado
em julho de 2021. por Zeferina, nas matas do Parque São Bartolomeu, por volta de 1826.
São principalmente as histórias de resistência que são rememoradas
pelo Acervo da Laje, o museu-casa-escola criado por José Eduardo Fer-
reira Santos e Vilma Santos, em 2011, atualmente ocupando as duas casas2
onde eles e a família vivem em Plataforma, um dos bairros do Subúrbio
Ferroviário. Mas não são exatamente as macro-histórias do território que
mais interessam os criadores do Acervo da Laje. Munidos de curiosidade
e atenção, José Eduardo e Vilma perambulam a região a pé coletando com
as próprias mãos coisas ou coisinhas diversas na orla das praias, ao redor
dos trilhos do trem, nos bares, na casa de moradores e, muitas vezes, no
lixo. São conchas, sementes, plantas, tijolos, azulejos, pedras, livros, fo-
tografias, pinturas, esculturas, cartas, discos e outros materiais resultan-
tes de uma variedade de agenciamentos humanos, animais, ambientais,
industriais, entre outros, em momentos distintos. Reunidos nas casas de
José Eduardo e Vilma, onde podem ser tocados por quaisquer visitantes,
esses materiais reformulam as próprias noções de “acervo” ou de “museu”
na direção de uma instituição que possa acolher a menor das criações –
micro-histórias elaboradas por artistas “invisíveis” e muitas vezes “inusita-
dos”: operários, donas de casa, pedreiros, vendedoras de acarajé, moluscos,
árvores, o mar, entidades, entre outros autores identificáveis ou anônimos.
Essas micro-histórias são formas variadas e engenhosas de perceber, nar-
rar e fazer mundos nas redondezas. Juntas geram um mosaico cacofônico
16 que se expressa revestindo as paredes do Acervo da Laje. O conjunto ativa
um outro tipo de patrimônio, “imaterial”, correspondente às relações e às
vidas das pessoas e seres que as produziram e que moldam uns aos outros.
Pelo Acervo, o Subúrbio Ferroviário deixa de ser um lugar sem passado
nem futuro, tal como é narrado pelas manchetes de jornal, para trans-
formar-se em um terreno no qual múltiplas artes de viver coexistem e “a 2 O Acervo da Laje
gente” – resultante dessa pluralidade de (a)gentes – se fortalece. teve início na casa
Peço licença para entrar nessas casas e ouvir as histórias que elas têm onde José Eduardo
morava com sua
para contar por meio de seus fundadores, que sempre se expressam com família, e é onde se
largos e cativantes sorrisos no rosto. encontra a maior
parte da coleção. Ela
é chamada de “Casa 1”,
ou “casa mãe”, uma
vez que em 2015 uma
segunda casa foi
construída: a “Casa 2”
Luiza Proença Poderiam contar a história de vocês e a relação com o Su- ou “casa mar”. Hoje,
búrbio Ferroviário de Salvador, antes da criação do Acervo da Laje? José Eduardo e Vilma
residem juntos na
Casa 2, que é também
José Eduardo Ferreira Santos Eu nasci no Subúrbio Ferroviário, mais es- espaço museológico
pecificamente próximo ao Parque de São Bartolomeu, em Novos Alaga- e de atividades
dos, que era área de palafitas. Meu pai mudou para o Subúrbio aos 6 anos, educacionais,
enquanto vislumbram
depois que meus avós faleceram com uma doença que teve no cafezal em a construção de uma
Santo Antônio de Jesus, onde eles moravam. Meu pai trabalhou numa terceira casa.
roça e depois conseguiu emprego na Fábrica São Braz. Ele também ven-
dia banana e eu andava com ele por todo o Subúrbio. Nessas andanças já
prestávamos muita atenção no lixo, pois jogavam muita coisa bonita fora.
O apelido do meu pai era Cabeça e todo mundo o conhecia.
Minha mãe veio de Cruz das Almas e trabalhava numa casa de famí-
lia em Campo Grande. Já casados, meus pais construíram a casa na rua
Nova Esperança, em 1974, que é a casa onde eu nasci e que deu origem
ao Acervo da Laje. Meus pais sempre torceram por tudo que fazíamos.
Levavam todo mundo para andar no Parque São Bartolomeu, na praia,
pela ferrovia… Toda essa vivência foi muito forte para mim.
Quando criança, eu li um livrinho sobre cinema e queria ser cineasta.
Eu sonhava muito. A televisão era o único meio que tínhamos de comu-
nicação. Assistíamos uns nas casas dos outros e ficávamos na laje apon-
tando para a pista da suburbana dizendo que ali era São Paulo, aonde
iríamos quando crescêssemos. O mundo todo da gente era aqui.
A presença comunitária foi muito importante para mim. Todos cui-
davam de todos. Eu tinha contato com moradores mais velhos, que me
mandavam fazer de tudo para não ficar com tempo ocioso, desde pegar
folhas medicinais até carregar água, por exemplo. Eu era muito inquieto
e as pessoas temiam que eu mexesse com o tráfico.
Quando tinha 13 anos, me pagaram um curso de datilografia e, mais
tarde, fui datilografar a dissertação de Vera Lazzarotto, uma carioca 17
que havia se mudado para Salvador para ensinar o método Paulo Freire.
Junto com seu esposo, o missionário italiano Antônio Lazzarotto, ela
criou a primeira escola em Novos Alagados, em 1977, e fundou a Socie-
dade Primeiro de Maio, um núcleo organizador de luta muito impor-
tante na região. Quando terminei de datilografar a dissertação de Vera,
ela me deixou um agradecimento por escrito, e aquilo foi uma bomba
pra mim. Percebi algumas coisas que queria e não queria pra minha vida:
não queria trabalhar quarenta horas, não queria morrer e queria escrever.
Quando o casal viajava para a Itália, eu tomava conta da casa deles e era
um assombro. Lá eu datilografava poemas de Drummond, Manuel Ban-
deira, ouvia discos de MPB e folheava os livros de arte, o que me fez me
deslocar para o centro da cidade para ver coisas.
Trabalhei como porteiro, guarda mirim, até fazer pedagogia e dar aula.
Fui professor de crianças, adolescentes e adultos por muitos anos e em vá-
rios lugares… já tenho trinetos de alunos! Voltei para a universidade para
tratar da violência na região, pois muitos amigos meus foram assassinados.
Na defesa do meu doutorado, sobre a repercussão de homicídios entre jo-
vens, o Gey Espinheira sugeriu que eu estudasse a beleza do Subúrbio. Foi
o fotógrafo italiano Marco Illuminati que me ajudou a ver as cores, as luzes
e os artistas que eu nunca tinha percebido em contraste com a violência
do território. Juntos organizamos a exposição sobre a arte invisível dos
trabalhadores da periferia de Salvador. Daí surge o Acervo da Laje, para
mostrar que a gente não nasceu favela, periferia, pobreza. Nascemos algo
mais do que foi condicionado por fatores econômicos, do crescimento de-
sordenado da cidade e do abandono pelos poderes públicos. Para mostrar
isso, precisamos criar um campo simbólico baseado na leitura e na arte.
Vilma Santos Eu nasci e cresci aqui, mas só fui conhecer mesmo o Subúrbio
quando eu completei 9 anos. Até essa idade eu vivi dentro de casa, onde
fui alfabetizada. Nasci com um problema nos ossos, febre reumática. Sorte
que meu pai era marinheiro e eu tive acesso a bons médicos. Não conheci
minha avó paterna, mas dizem que eu era muito parecida com ela, até nesse
problema dos ossos, que eram atrofiados e eu não podia andar. Ela ensinou
meu pai a escrever o nome dele e ler algumas coisas. Ele conseguiu o em-
prego na Marinha e viajou o mundo todo. Minha mãe é a quarta esposa dele.
Minha mãe era caçula, não foi alfabetizada. Quando o pai dela morreu,
a família ficou sem condições de vida e os três irmãos mais velhos foram
trabalhar na roça e fazer fumo com minha avó para juntar dinheiro. Mi-
nha mãe fugiu de Feira de Santana para Salvador, onde morou em casas de
mulheres solteiras e trabalhou em pensões; já minha avó paterna trabalhou
vendendo cocada de tabuleiro. Minha mãe sempre foi muito tímida, nunca
contava as histórias da vida para a gente. Ficávamos perguntando. Ela era
18 ama de leite e trabalhava na Ribeira passando roupa. Minha mãe cuidava de
todo mundo. Quando ela saía de casa, ela me deixava no berço onde eu dor-
mia, com mingau e tudo mais que eu precisava perto. Eu observava todos
os movimentos dos meus irmãos e primos, que vieram morar perto, mas
eu ficava dentro de casa, pois não podia me locomover. Meus sete primos
me carregavam para onde eles iam, pois tinham que tomar conta de mim.
Com 9 anos eu já andava um pouquinho e pude ir para a escola. Aí en-
tendi que eu poderia conhecer muitas coisas. Mas eu não podia brincar
com as crianças, as professoras tinham medo de eu me machucar. Sempre
fui uma menina frágil e protegida.
Meu pai levava dois ou três anos para nos visitar. Quando ele chegava
do mar, todo vestido de branco, as oito crianças tinham que estar arru-
madas, todos bonitos, para bater continência. Era uma coisa muito rígida.
E ele não sabia o nome de ninguém! A gente não tinha televisão nem ener-
gia, até meu pai conseguir uma casa melhor. A vizinhança amava meu pai,
mas quando ele ia embora, nos viam como bastardos, porque minha mãe
era mulher solteira criando filhos sozinha. Mas ela sempre foi guerreira e
todos os meus irmãos a ajudavam.
Com o tempo, fui criando independência para andar sem meus irmãos.
Depois fui trabalhar em casa de família, achei que iria seguir minha mãe.
Meu primeiro emprego foi tomar conta de criança, pelas manhãs. Com o
salário eu pagava o curso vespertino de datilografia, que era um requisito
para achar trabalho em Plataforma. De noite, eu estudava, pois, por conta
da minha idade, era o único horário em que as escolas me aceitavam.
Conheci o Eduardo no magistério, que a gente cursava no segundo
grau, para se tornar professor de primeira a quarta série. Passei a dar au-
las pela manhã, estagiar de tarde e estudar de noite. No final de semana
eu arrumava casa de rapaz solteiro aqui na região.
Eu sonhava em ser professora. Meu pai queria que estudássemos so-
mente até o segundo grau e depois ficássemos em casa para atender aos
maridos. Mas fui além desse pensamento. Fui mais ousada. E fiz revolu-
ção dentro de casa, pois minhas irmãs mais novas me seguiram. Minha
mãe nunca me contou nada, eu aprendi tudo na rua. Ela nunca me levou
a lugar nenhum. Dentro de casa ela fazia tudo, mas nunca se sentava com
a gente para dialogar.
Mais tarde, entrei na pastoral da criança e passei a cuidar do desenvol-
vimento das crianças: da barriga da mãe até 5 anos. O que eu faço desde
sempre é cuidar das pessoas e considero isso uma troca, pois fui muito
cuidada pela comunidade. Reencontrei Eduardo por causa da Igreja Ca-
tólica e estamos juntos desde 2010. Um dia ele me perguntou: “Ô Vilma,
você quer comigo caminhar, fazer umas pesquisas?”, e eu respondi: “Eu
posso alguns dias durante a semana”. E aí fomos formando o Acervo que
era na casa onde o Eduardo morava.
19
Luiza Vocês se referem muito à beleza do Subúrbio. Me parece que “be-
leza” para vocês é correspondente à potência da vida ou a histórias de
vida singulares. Achei curioso mencionarem a passagem da datilografia
na trajetória de vocês, pois trata-se de uma técnica de escrever de forma
rápida e objetiva, muitas vezes algo que está sendo ditado. Vocês dois dei-
xaram de transcrever histórias já contadas para contar as suas próprias e
ajudar os outros a contarem a deles.
José Eduardo Sim, desenvolver uma autoria. Nós não queríamos repetir
as vidas vividas. Queríamos ter autoria da vida da gente, ter um olhar di-
ferente para as coisas. Já conhecemos a violência, então quem vai cuidar
da outra parte? Quem vai olhar com certo afeto, amorosidade, para nós?
Queremos dar esperança através de outras histórias, fazer as pessoas se
inquietarem e não deixar que elas vivam uma vida que não querem viver.
Vilma Foi igual ao OcupaLajes [2016], no qual ocupamos as lajes das pes-
soas com várias atividades artísticas. Na segunda edição percebemos que
tínhamos que deixar alguma memória dentro de cada laje. E aí levamos
uma obra de um artista do Subúrbio como um presente do Acervo da Laje
para aquela casa. O que vão fazer com aquilo não sabemos, mas as pessoas
passaram a ter uma obra!
José Eduardo Isso. Quando éramos crianças, tinha aqui um pintor, Esdras,
que vendia quadro debaixo do braço. Era um quadro totalmente despro-
porcional, retratava uma casa pequena e um homem grande que jamais
iria caber na casa. Esdras nunca foi invisível para a gente, assim como os
artistas das obras que ficavam nos bares. Cada bar tinha uma escultura,
seja uma carranca ou uma obra de Paciência. Isso nos provocava. Acho
que visibilidade é isso. A obra remete a alguma coisa, ao processo de al-
guém. E quem é esse alguém? Essa pergunta surge da materialidade, não
pelo contrário. A materialidade atiça um conhecimento a posteriori. Por
exemplo, recebemos um Exu de uma família do bairro de Pituba, mas só
foi um dia desses, folheando o livro A mão afro-brasileira [org. Emanoel
Araujo, 1988], que descobrimos que ele foi feito por Tamba [Cândido
Santos Xavier], artista lá de Cachoeira. Catálogo também é importante!
E o olhar das outras pessoas é muito bonito. Chegou outro dia um se-
nhor que faz carreto e viu um monte de livros jogados fora e resolveu tra-
zer para o Acervo. Eram livros muito antigos, do início do século 20. Aí
limpamos, arrumamos, faz um momento de escuta etc.
Muito em breve vai ter um surto de esquecimento da arte popular.
O Mercado Modelo vai ser completamente gourmetizado e não vai mais
ter espaço para arte popular lá. Estão vendendo as esculturas de santos,
orixás e outras bem características do Nordeste a preço de banana e nós
estamos comprando tudo!
A aquisição de obras é um fluxo natural para nós, porque um dia va-
mos ver o resultado disso tudo. Estamos criando um mosaico cujas peças
vão ser juntadas. Ainda não sei como. Penso que é um mosaico assusta-
dor. Apostamos na materialidade da memória porque não tinha museu
no Subúrbio e as pessoas não costumam ir aos museus. Ninguém nunca 21
pensou curadoria para o pedreiro. Ninguém nunca fez curadoria para
quem serve café nos museus. Aí aqui fizemos o “cantinho do pensamento”
para fazer licor, porque o Edinho, que sai com a gente para fazer o carreto,
gosta dessas cachaças de folha podre. Aí os mais velhos, quando vêm aqui,
encontram milome, jatobá… encontram cachaças que só quem tem mais
de 50 anos reconhece. São processos de reativação.
José Eduardo É que aqui tem muita pedra. O mar é muito fértil, há uma
22 variedade de mariscos muito grande, então se fazia muito artesanato
com marisco.
Quando começamos o Acervo, pensamos em ter todas as sementes,
conchas, pedras que compunham o território. Quando andávamos pela
linha do trem, no meio das pedras de ferro apareciam umas bonitas,
do nada.
Teve muitos naufrágios nas praias daqui, então aparecia porcelana,
azulejo antigo, muita concha bonita. A gente até pegava concha que vi-
nha da África. Nos contaram – isso tem que confirmar – que quando esses
navios gigantescos vêm de outros países, algumas conchas vêm grudadas
neles e se desprendem aqui na costa, onde a água está mais quente.
Vilma Aí a maré vai enchendo e trazendo as conchas para cá. O mar ofe-
rece muita coisa bonita para a gente apreciar.
Vilma Não trouxemos porque era pesado! E não sabíamos se iam deixar a
gente trazer no barco ou no ônibus.
José Eduardo Muita coisa é jogada fora. Com meu pai e Vilma percorri todas
as praias do Subúrbio, coletando coisas em potinhos. Muitos visitantes do
Acervo ficam emocionados ao ver a materialidade das conchas, pois mui-
tas não existem mais. Aqui tinha até ostra que dava pérola antigamente. As
pessoas mais velhas contam que elas iam mariscar e encontravam as pérolas.
Aí elas batizavam cada pérola com um pouquinho de sal, porque senão ela
sumia (risos). Crescemos no meio disso. Me contaram que no Rio de Janeiro
não tem concha. Fiquei até assustado, como pode? Aqui todo mundo tinha
concha na cabeceira da cama, concha de peguari no muro da casa etc.
Depois começamos a andar e a encontrar ladrilho hidráulico, azulejos...
E as pessoas nos ajudam. Uma vez encontramos um cemitério de telhas
antigas na Fábrica São Braz. Eram umas telhas fabricadas na olaria dos ir-
mãos alemães Ludolf em Jerônimo de Mesquita [que chegou a ser a maior
empresa na fabricação de cerâmicas do Brasil]. Como nunca estudaram
nosso território arqueologicamente, essas coisas ficam aparecendo sem-
pre. Aqui também teve muito rio tamponado que transborda quando chove, 23
trazendo coisas que a gente nem imagina.
Uma das últimas cenas que eu lembro antes da pandemia era eu e Vilma
na praia da Ribeira, num dia de chuva, Vilma com vestido e guarda-chuva
todo colorido, e só nós dois na praia catando concha.
Vilma Chovia muito! Nesse ano e meio de pandemia sentimos muita falta
de andar não só pela atividade física, mas na alma também.
José Eduardo Por outro lado, agora estamos saindo de carro com Edinho
e coisas inacreditáveis estão acontecendo. Por exemplo, encontramos um
oratório surreal de Oxóssi jogado no lixo. Achamos também uma cabeça
de São Francisco em madeira, da década de 1980, bem grande, na porta de
um bar. Eu pirei! Não quiseram dar pra gente porque protegia o bar, tudo
bem. Mas isso mostra que o olhar continua aguçado.
José Eduardo Parece que as coisas se jogam para a gente. Educamos nosso
olhar de tal forma que podemos estar na praia que for que aparece alguma
coisa dizendo “olha eu aqui!”. E às vezes a Vilma diz: “Hoje não! Hoje não
estamos trabalhando!” (gargalhadas).
Vilma E agora estamos sentindo falta da linha do trem, pois fecharam tudo.
Vilma Já até taparam a vista com tapume para ninguém ver o que está
acontecendo. Nem andamos mais ali com medo do que pode acontecer
atrás de um tapume.
José Eduardo Ninguém nunca nos fez essa questão. Em 1975, a Compa-
nhia Química do Recôncavo despejou mercúrio, que é altamente tóxico,
aqui no mar.3 Se você está comendo marisco, por exemplo, pode ter pro-
blemas relacionados à mobilidade quando ficar mais velho. Aí você vê o
nível de invisibilidade, pois as pessoas que moram aqui não importam
para a cidade. Você entende como a desigualdade atua perversamente.
Por exemplo, a praia que fica na frente da fábrica São Braz tem o apelido
de “alvejado” porque depois que os tecidos eram tingidos despejavam a
água com tinta no mar. Imagina quanta vida foi extinta por causa dessas
ações. É como a Chadler, antiga fábrica de chocolate, ou a Souza Cruz, de
cigarro. Muitas pessoas tiveram problemas respiratórios já na barriga da
mãe. Você andava na Cidade Baixa e ficava desnorteado com a fumaça 3 O fato foi capa
do jornal Tribuna
de fumo e de chocolate. Afetava a sensibilidade, tudo! Se você pensar na da Bahia, ano VI,
insalubridade dos ônibus, ou qualquer outra coisa, estamos lidando com Salvador, de 7 de
a desproporção da desigualdade social no Brasil. E olha que aqui recla- maio de 1975, e pode
ser encontrado no
mamos, gritamos, a mídia sabe etc., mas é tipo um véu que é colocado livro de Alex Ferraz,
sobre os bairros periféricos para que essas questões não venham à tona Tribuna da Bahia:
Vilma Respeito muito as mães dos meus alunos. Elas sempre se perguntam
o que faço aqui, se eu trabalho, se eu moro... Elas têm que confiar em mim,
pois cuido dos filhos delas. Logo percebi que precisávamos nos aproximar
dessas mulheres, para elas entenderem e também cuidarem do Acervo.
Por exemplo, tem mães com outras religiões, então explicamos que há
santos, há orixás aqui. Pois as crianças, depois que vêm aqui, começam a
perguntar coisas em suas casas. O que fazemos aqui, a mãe também tem
que fazer em sua própria casa. Não é só deixar aqui.
Fizemos também oficinas para mães, para elas produzirem suas pró-
prias artes e ensinarem a comunidade. Tem mulheres que acham que
não são artistas e que só devem cuidar da casa, do marido, da roupa. É a
mesma coisa que meu pai tinha comigo.
José Eduardo Foi muito difícil achar artistas mulheres. Na exposição do
MAM Rio vai ter a Mila Souza e a Daniele Rodrigues, que são duas fotógra-
fas que não se consideram artistas. Imagina! O homem ainda consegue se
impor como artista, a mulher na periferia muitas vezes não. Como pode?!
Tanto que no MAM vão outras, como Ivana Magalhães, que tem que bata-
lhar muito para ela tomar posse de autoria, de pensar fases da carreira, de
imaginar uma trajetória, de revelar sua poética...
Vilma E nossa equipe tem mais mulher do que homem. Toda vez que te-
mos algo para produzir, damos um jeito de trabalhar com mulheres da
comunidade. Elas têm alguma coisa guardada dentro delas, querem fazer
e aprender. No OcupaLajes foram dez mulheres que trabalharam comigo
na produção. Não eram artistas, mas queriam sair de casa, aprender al-
guma coisa com os artistas. Tinham vontade de fazer algo, mas nunca
tiveram a oportunidade.
Luiza Seria um ideal de futuro que cada casa fosse uma espécie de micro-
-Acervo da Laje, uma unidade de produção e preservação de arte e da me-
mória, de modo que a existência do Acervo da Laje não fosse necessária?
falar de coisas que não existem], quando éramos só um casal que tinha uma em Diógenes
Rebouças Filho, Pai
casa com obras de arte. Não tínhamos noção de nada! E quando acei- Agenor, Salvador:
tamos participar da Bienal, pensamos: “Ó, alguma coisa vai acontecer e Corrupio, 1998, p. 6-7.
vamos precisar de maturidade para lidar com processos de curadoria, de
produção, de crítica, de todo esse circuito. Vamos ser uma expressão do
que devemos ser, mas sem tomar o lugar de ninguém, e agregar”. Fizemos
coisas que você não imagina.
José Eduardo O sonho é que esse seja um lugar de diálogo daqui pro mundo.
Se eu pudesse gritar antes de morrer, o que eu pediria é que isso fosse efeti-
vado. Eu não suporto mais a violência. Eu não aguento mais jovem sendo
assassinado. Essa é a frase que eu digo desde que me conheço por gente.
Eu quero que esses equipamentos culturais cheguem aonde o Estado não
chega. Que tenham casas abertas, que possibilitem encontros. Estamos
nas artes visuais, mas pode ser qualquer caminho desde que se tenha um.
É um gesto de força política, no sentido orgânico do termo, de nos mo-
mentos de maior ruptura e crise estarmos jogando e apostando. A arte e o
Acervo deram muita força para nós. Muita gente não pirou por conta do
Acervo, e nós não piramos porque muita gente não pirou e cuidou de nós
quando a gente mesmo estava pirado (gargalhadas)! Claro que falamos do
âmbito da arte, mas socialmente o impacto que queremos tem a ver com o
processo de transformação que esses meninos e meninas fazem aqui. Foi
a primeira vez deles em muitas coisas: em um museu ou numa casa-museu, 27
para tocar numa obra, para que haja um processo irreversível do encon-
tro com algo que seja excedente. A desigualdade brasileira privou muitas
pessoas da experiência de dizer “vi uma coisa bonita, me comoveu”. E isso
retroage para a ideia de “curadoria de si”. Eu vou me cuidar para que eu
possa usufruir cada vez mais de algo que me faça pensar e que mobilize.
Estamos prontos para ir a outros lugares e quanto mais gente eu puder
levar para onde quer que a gente vá, vou levar. O que estamos fazendo é
oferecer para as pessoas aquilo que recebemos. Essa curadoria de si é
para isso. É um desejo grande de que isso chegue nas pessoas.
Estamos já falando num nível muito profundo do que seria a ideia do
Acervo da Laje, com uma perspectiva a longo prazo dentro das periferias,
que é de cuidar de uma certa saúde mental nossa para que tenhamos uma
mínima orientação para o futuro. Coisas vão frutificar, vai ter possibili-
dade de escolha de profissão, vai ter encontros internacionais e intergera-
cionais. Isso vai fazer com que, por exemplo, jovens que estão vivendo um
certo hedonismo hoje por conta da pandemia não precisem se matar nem
ser mortos. A arte aciona um campo simbólico. Os outros museus estão
aos poucos tendo esse olhar para essas artes que estavam fora de seus
eixos, como vocês fizeram na Bienal, pensando coisas que não vemos e
que precisam ser vistas. Aí penso na Maré, na Fundação Casa Grande, em
iniciativas tantas que dão um respiro. Coragem!
28
Zilda Paim
Sem título
Untitled
1985
Bida
O Brasil dá canção,
miscigenação
Brazil Gives Song,
Miscegenation
2008
Autor não identificado
Unidentified author
Sem título
Untitled
sem data
undated
José Eduardo Ferreira
Tinhorão
Heart of Jesus
(Caladium)
sem data
undated
Prentice
Sem título
Untitled
sem data
undated
Reinaldo Eckenberger
Sem título
Untitled
sem data
undated
Adilson Baiano Paciência
Caboclo
sem data
undated
35
Ivana Magalhães
Coleção Traço Colorido
Coloured Line
Collection
2018
Ivana Magalhães
Coleção Traço Colorido
Coloured Line
Collection
2018
Ivana Magalhães
Coleção Ancestrais
Ancestors Collection
2018
Ivana Magalhães
Coleção Ancestrais
Ancestors Collection
2018
38
39
[pp. 38–41]
Mila Souza
Obras sem título
Untitled works
sem data
undated
41
42
Daniele Rodrigues
Sem título
Untitled
sem data
undated
Museu de Arte Negra:
Um acervo,
infinitas possibilidades
1 Abdias Nascimento, O Museu de Arte Negra (MAN) está vivo, em movimento! Trazido à luz
O negro revoltado, em 1950 pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), na então capital fe-
2 ed., Rio de Janeiro:
Nova Fronteira,
deral do Brasil, o Rio de Janeiro, o MAN é resultado das discussões em
1982, disponível em torno das considerações de Mário Barata a respeito da escultura afri- 45
<https://Ipeafro.org.br/ cana e da tese Estética da Negritude, apresentada por Ironides Rodri-
acervo-digital/leituras/
obras-de-abdias/o-
gues ao 1º Congresso do Negro Brasileiro. Tanto a trajetória do MAN
negro-revoltado/>, quanto a do TEN estão diretamente vinculadas à de Abdias Nascimento
acesso em 21 fev. 2022; (1914–2011). Poeta, escritor, jornalista, dramaturgo e artista plástico. Ati-
A. Nascimento, Axés do
sangue e da esperança
vista pan-africanista e professor emérito da Universidade do Estado de
(Orikis), Rio de Janeiro, Nova York. Foi deputado federal, senador da República e secretário do
1983, disponível em governo do estado do Rio de Janeiro. Com diversos livros publicados1 2 M. B. de Castro
<https://Ipeafro.org.br/ e M. S. dos Santos,
acervo-digital/leituras/
e uma carreira internacionalmente reconhecida, Abdias Nascimento Abdias do Nascimento
obras-de-abdias/ foi oficialmente indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Desse modo, ele é e o Museu de Arte
axes-do-sangue- considerado um dos maiores expoentes e difusores da arte e da cultura Negra, revista MODOS,
e-da-esperanca/>, v. 3, n. 3, set. 2019,
acesso 22 fev. 2022;
negra no Brasil.2 p. 176, disponível
A. Nascimento, Nascido em Franca, interior de São Paulo, em 14 de março de 1914, em <https://
O genocídio do negro Abdias Nascimento teve uma infância simples e plena: periodicos.sbu.
brasileiro: processo unicamp.br/ojs/index.
de um racismo php/mod/article/
mascarado, São Paulo: A natureza, na infância do professor Abdias Nascimento, se des- view/8663189/25050>,
Perspectiva, 2016 acesso em 22 fev. 2022.
cortina como o brinquedo mais encantador, mais saudável, mais
[1978]; A. Nascimento, 3 Abdias
O quilombismo:
inteligente e mais pedagógico. A interação é cotidiana. Ora com Nascimento e Éle
documentos de uma um rio, ora com as árvores, noutros momentos com os pássaros, Semog, Abdias
militância Pan- os ventos, as frutas e os bichos. Todo um universo lúdico, sem Nascimento: o griot
-africanista, 3 ed., e as muralhas, Rio de
São Paulo: Perspectiva,
fronteiras, impossível de ser explorado à sombra do tédio, se Janeiro: Pallas, 2006,
2019 [1980]. movimenta e convida aos seus espaços.3 pp. 29-30.
Na juventude, Abdias Nascimento participou da Frente Negra Brasi-
leira – organização formada em 1931 que virou partido político para de-
fender os direitos das populações negras. Já adulto, ele viajou com os
poetas da Santa Hermandad Orquídea pela América do Sul, apurando
o gosto por aventuras e desafios, e pelo teatro. De volta ao Brasil, foi
preso sem ser julgado e na penitenciária do Carandiru cumpriu pena.
Lá dentro, criou o Teatro do Sentenciado. Mais tarde, no Rio de Janeiro,
fundou o Teatro Experimental do Negro em 1944 com o apoio de artis-
tas, intelectuais e ativistas, como Arinda Serafim, Ruth de Souza, Agui-
naldo Camargo e Ironides Rodrigues; e, mais tarde, com Léa Garcia e
Guerreiro Ramos.
Neste ensaio pretendemos contar de forma resumida parte do cami-
nho construído e trilhado por Abdias Nascimento e o projeto MAN. Para
isso, partimos das infinitas possibilidades de leitura histórica do acervo
do IPEAFRO. Criado por Abdias Nascimento e Elisa Larkin Nascimento
em 1981, o IPEAFRO guarda o acervo pessoal de Abdias e das organiza-
ções que ele criou. Em um recorte de jornal do acervo encontramos um
dos motivos possíveis, de acordo com Abdias Nascimento, para criar um
museu: “Recolher e divulgar a obra de artistas negros, sem distinção de
gênero, escola ou tendência estética, promovendo-se, assim, a documen-
tação de sua criatividade, estimulando sua imaginação e invenção na am-
46 pla faixa de expressão plástica”. Outro motivo era “recolher também as
obras de artistas não negros – de qualquer origem racial, procedências
culturais e nacionais – onde o negro ou sua cultura estejam representados,
exerçam influência ou desempenham papel inspirador”.4
Mobilizar e juntar pessoas tornou-se uma das marcas pessoais de
Abdias Nascimento. Ao mesmo tempo que se articulava com diversos
setores, buscando consolidar o projeto MAN, ele jamais fugiu a seu papel 4 Abdias Nascimento,
de “boi de piranha”: aquele que abre caminho aos que vêm a seguir. Assim, Correio da Manhã,
jan.–dez. 1968,
ele contribuiu para que jovens talentos desenvolvessem sua produção ar- acervo IPEAFRO,
tística. O pintor Sebastião Januário e o escultor José Heitor, por exemplo, cópias de recortes
estiveram sempre ao lado de Abdias Nascimento e ainda hoje dedicam de jornais doados
pela pesquisadora
suas vidas às artes. Kimberly Cleveland.
Em depoimento feito para a Ocupação Abdias Nascimento no Itaú 5 Carlos Moore,
Cultural, Carlos Moore (2016) sintetiza o esforço de Abdias Nascimento Entrevista, produção
da equipe Itaú Cultural
em dialogar com a diversidade: para a Ocupação
Abdias Nascimento,
São Paulo: Itaú
[Abdias] acreditava fortemente, profundamente, fundamen-
Cultural, 2016, 20 min.,
talmente na possibilidade de uma coexistência neste país e no registro digital, son.,
mundo entre todos os grupos étnicos; que (ele) chegaria algum color., disponível em
dia a encontrar uma plataforma comum para conviver juntos. <https:// www. youtube.
com/watch? v=vOB8
E um dia ele será lembrado como um dos grandes, grandes for- Fu4W5fc&t=227s>,
jadores do pensamento libertário dentro do mundo negro.5 acesso em 13 ago. 2021.
Boa parte da construção desse pensamento libertário “dentro do mundo
negro” teve forte influência a partir das experiências em torno da criação
e direção do Teatro Experimental do Negro (TEN). Fundado em 13 de ou-
tubro de 1944, a companhia não se limitou às finalidades cênicas.
Uma das estratégias do TEN para enfrentar o racismo em sua dimensão es-
tética foi a promoção de concursos. Organizou o certame de artes plásticas
sobre o tema do Cristo Negro, por ocasião do 36º Congresso Eucarístico
Internacional, realizado no Rio de Janeiro em 1955. Idealizado por Abdias
Nascimento e Guerreiro Ramos, o concurso teve apoio da revista Forma
e de diversos intelectuais e artistas, como Augusto Frederico Schmidt,
Dinah Silveira de Queiroz, dom Hélder Câmara e Quirino Campofiorito.
Com o concurso, os artivistas do TEN extrapolaram as discussões que
aconteciam há mais de uma década no âmbito da companhia de teatro.
O TEN lançou luz sobre fatos históricos que atribuem uma aparência ne- 47
gra à principal figura do cristianismo, Jesus Cristo. Assim, afirmava uma
estética negro-africana, desconstruindo a representação caucasiana de
Cristo que se tornara hegemônica, sobretudo a partir do Renascimento.
A levar em conta a reação da sociedade dominante, a estratégia foi
bem-sucedida. “Um escândalo”, “aqui não existe racismo”, bradou o ar-
tigo de domingo do Jornal do Brasil (JB) em 26 de julho de 1955. O do-
mingo é para os jornais como o horário nobre para as televisões: maior
audiência, maior influência e maior receita. A escolha do JB não deixa
dúvida. Usou o prestígio do jornal para pedir censura: “As autoridades
eclesiásticas devem o quanto antes tomar providências para impedir a
6 Abdias Nascimento
realização desse atentado feito à Religião e às Artes [...]. Tornou-se ne-
em Elisa Larkin cessário chegar ao descalabro dos nossos dias, as ideias de inovação que
Nascimento, Grandes
nos afligem para pretenderem fazê-lo negro, não como se fosse entalhado
vultos que honraram
o senado: Abdias
no ébano, conservando suas características próprias, mas de carapinha e
Nascimento. Brasília, beiçola desforme”, assina o texto Alice Linhares Uruguay. Vale o registro:
Senado Federal, 2014,
poucos anos depois, o mesmo JB se tornaria um dos jornais que mais so-
disponível em
<https://ipeafro.org.
freria com a censura imposta pela ditadura militar (1964–85).
br/acervo-digital/ Apesar da forte pressão contrária, o concurso foi realizado. Cinquenta
leituras/publicacoes-
e dois artistas listados em catálogo do Teatro Experimental do Negro par-
do-ipeafro/biografia-
abdias-nascimento/>,
ticiparam do certame. Seus trabalhos puderam ser apreciados no prédio
acesso em 21 fev. 2022. do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, entre os dias 17 e 24 de
julho de 1955. Djanira conquistou o primeiro lugar com seu Cristo na co-
luna. Outros jornais deram espaço à cobertura do concurso. Na Tribuna
da Imprensa de 22 de julho de 1955, a reportagem mostra fotografias de
pinturas de Cleo Navarro e uma de Benjamin Silva. O Diário de Notícias
de 31 de julho destaca que o concurso “suscitou debates artísticos e so-
ciológicos”. A imagem que acompanha o artigo assinado por Clemente
de Magalhães Bastos mostra quatro visitantes observando o quadro do
artista Carlos Bastos.
O tema do Cristo Negro continua como uma referência importante
nas artes plásticas. A coleção IPEAFRO/Museu de Arte Negra recebeu
várias obras ligadas a esse tema depois do concurso de 1955. A mais re-
cente delas é A crucificação (1996), do artista afro-norte-americano LeRoi
Caldwell Johnson (Búfalo, EUA, 1949). Na exposição coletiva Como nos
movemos, como queremos nos mover, realizada em 2019 na Escola de Artes
Visuais do Parque Lage, este coautor, Julio Ricardo Menezes Silva, apre-
sentou o trabalho Nossos passos vêm de longe, homenageando o concurso
de 1955. A instalação ficou exposta na capela da escola e propunha uma
“reparação estética” em peças de um presépio natalino, transformando
as figuras principais do cristianismo – José, Maria e o próprio menino
Jesus – em sujeitos afrodescendentes: o rosto e os braços das peças foram
pintados de preto e seus cabelos ganharam um black power. Um QR code
48 instalado na peça oferecia a possibilidade de o visitante extrapolar a expe-
riência presencial e, no ambiente virtual, um site apresentava evidências
históricas de uma leitura de Cristo Negro.
se manter no país. A artista Ann Bagley e o marido o acolheram em São Paulo: Selo
Negro, 2003, pp. 302-3.
um quarto no apartamento deles em Nova York. “Ali mesmo naquele 11 Elisa Larkin
quarto, usando palitos de fósforo e restos de tinta que a amiga jogava Nascimento, Grandes
fora, ele voltou a pintar”.11 Notório orador, Abdias Nascimento se viu vultos que honraram
o senado: Abdias
constrangido pelo idioma. “Uma coisa sensacional aconteceu comigo. Nascimento, Brasília:
Bloqueado pelo inglês, desenvolvi uma nova forma de comunicação. Senado Federal, 2014,
Descobri que possuía outra forma de linguagem dentro de mim: des- p. 207.
12 Elisa Larkin
cobri que podia pintar; e pintando eu seria capaz de mostrar o que pa- Nascimento, Grandes
lavreado nenhum diria”.12 vultos que honraram
As dificuldades no exterior eram muitas. Para sobreviver, Abdias Nasci- o senado: Abdias
Nascimento, Brasília,
mento recolhia cascos de refrigerante e os entregava em supermercados, o Senado Federal, 2014,
que lhe rendia um cascalho. Em entrevista ao IPEAFRO em 2019, Anna Bella p. 208.
Geiger relembra dos encontros que ela e sua família tiveram com Abdias
Nascimento, à base de “macarronada”, em sua casa em Nova York.13
À medida que se adaptava à nova vida, a arte lhe abriu caminhos. Rea-
lizou exposições individuais na Galeria de Arte do Harlem, na Crypt
Gallery da Universidade Columbia e na Escola de Arte e Arquitetura da
Universidade Yale. Palestrou na Escola de Teatro de Yale e em outras uni-
versidades americanas. Mais tarde, na Universidade do Estado de Nova
York, fundou a cadeira de Cultura Negra nas Américas.
Assim, ele produziu em Búfalo (EUA) uma Oxum em óleo sobre tela, me-
13 Acervo audiovisual
dindo 40 × 50 centímetros. A obra foi doada a Cheikh Anta Diop em en-
IPEAFRO, disponível
em <https://www.
contro realizado no Laboratório de Rádio Carbono, durante o evento
youtube.com/watch?v Alternativas para o Mundo Africano, plenária da União Africana de Es-
=8VybMJJvhaE>,
critores, em Dacar, no Senegal, 1976. Diop, cientista senegalês, está entre
acesso em 13 ago. 2021.
14 Dária Jaremtchuk,
os intelectuais mais importantes do século 20. Ele derrubou o racismo
“Abdias do científico ao provar que o Egito antigo era negro e que o Egito – e não a
Nascimento nos
Grécia – foi o berço da civilização ocidental.
Estados Unidos: um
‘pintor de arte negra’”,
Estudos Avançados,
v. 32, n. 93, 2018, p. 266.
IPEAFRO
15 Elisa Larkin
Nascimento, Grandes
De volta ao Brasil, Abdias Nascimento funda, em coautoria com Elisa
vultos que honraram Larkin Nascimento, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros
o senado: Abdias (IPEAFRO). Com apoio de dom Paulo Evaristo Arns, a Pontifícia Univer-
Nascimento, Brasília:
Senado Federal, 2014,
sidade Católica de São Paulo (PUC-SP) acolheu a proposta de criar um
pp. 211-12. setor de ensino e pesquisa de assuntos afro-brasileiros e uma biblioteca
especializada a partir do acervo de Abdias Nascimento. O projeto visava
reorganizar a coleção MAN, que ficou em condições adversas de guarda,
ocasionando extravios e danos às obras.
Em 1982, o IPEAFRO organizou e realizou o 3º Congresso de Cultura
Negra das Américas, primeira ocasião em que vieram ao Brasil represen-
tações do Congresso Nacional Africano da África do Sul e da SWAPO da 16 Disponível em
Namíbia, bem como delegações negras de diversos países das Américas <https://ipeafro.org.
tarde, saiu em edição revisada e ampliada em quatro volumes na coleção no mundo, São
Paulo: Selo Negro/
Sankofa: matrizes africanas da cultura brasileira.17 Summus, 2008a; E.
A partir de 2002, o IPEAFRO vem se dedicando a recuperação, preserva- L. Nascimento (org.),
cular as exposições com os fóruns de educadores. Realizada inicialmente inovadora, São Paulo:
Selo Negro/Summus,
no Centro Cultural Justiça Federal, em 2011, a exposição África-Brasil: 2009.
ancestralidade e expressões contemporâneas seguiu em versão itinerante a 18 P. L. Barra e
Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Maricá e São João de Meriti R. Fonseca (orgs.),
Abdias Nascimento:
como parte do Fórum Educação Afirmativa Sankofa. Em 2019, o IPEAFRO um espírito
colaborou com o Museu de Arte Contemporânea de Niterói para realizar libertador, Catálogo
realizar em ambiente virtual o sonho de criar uma sede para a coleção 2019.
19 Elisa Larkin
reunida, aos trancos e barrancos, por Abdias Nascimento e pelas pes- Nascimento e L. C.
soas que o acompanharam. Assim, sob os desígnios de Olorum, no axé Gá (orgs.), Adinkra,
dos orixás e na sabedoria dos símbolos adinkra,19 buscamos os melhores sabedoria em símbolos
africanos, Rio de
caminhos, entre as infinitas possibilidades desse acervo, para dar vida e Janeiro: IPEAFRO/
continuidade ao legado de Abdias Nascimento e seu projeto. Pallas Editora, 2009.
Agenor Francisco
dos Santos
Sem título
Untitled
1966
54
Chico Tabibuia
Exu Sapo
Exu Frog
1992
J. Cunha
Pérolas negras
do saber
Black Pearls of
Knowledge
1997
Babatunde Folayemi
Oracle of Ifa
Oráculo de Ifá
1969
60
61
Ben Enwonwu
Negritude – Theme
“Black is Beauty” –
Africa Dances
Negritude – tema
“Negro é beleza” –
A África dança
1971
Anísio Medeiros
Obras sem título
Untitled works
1948
Anna Letycia
Sem título
Untitled
1962
Emanoel Araújo
Mulher com frutas
Sebastião Januário na cabeça
Sem título Woman with Fruits
Untitled on Her Head
2004 1966
65
Israel Pedrosa
[Retrato de
Solano Trindade]
[Portrait of
Solano Trindade]
1967
Inimá de Paula
[Retrato de Abdias
Nascimento Filho]
[Portrait of Abdias
Nascimento Filho]
1967
Heitor dos Prazeres
Sem título
Untitled
1965
68
71
Alcione
Sem título
Untitled
1990
72
Nesses primeiros anos de atuação, o MAM Rio participou como apoio informações,
consultar: Museu de
em parcerias de eventos e exposições, além de realizar mostras próprias, Arte Moderna de São
porém não com obras de seu acervo e, por uma questão de espaço, nem Paulo, MAM 70: MAM
putado no mercado de arte entre colecionadores privados, mas também esquecer, também,
que desde 1952 o
de apostas em nomes, técnicas e linguagens artísticas. MAM Rio realizava
De acordo com os registros que possuímos hoje, podemos dizer que exposições com
nos primeiros trinta anos de existência, o MAM Rio reuniu mais de mil trabalhos de crianças
que frequentavam os
itens e se firmou enquanto um museu com relevante atuação não só no cursos que Ivan Serpa
campo das exposições como também pelos cursos que realizava13 e que ministrava no museu.
formou mais de uma geração de artistas pela atividade de sua Cinemateca 14 Os Domingos da
criação foram exercícios
e pelos encontros e grupos que promovia entre artistas visuais, literatos, experimentais que
cineastas, entre outros. Para além de ser um lugar para expor e preservar ocorreram ao longo
a arte moderna, o MAM Rio, igualmente, era um espaço de promoção e do ano de 1971, sendo
seis domingos, e
concepção de arte, sendo conhecido seu ambiente fomentador e de van- parte das atividades
guarda que contribuiu para o surgimento do Grupo Frente (1954) e do do Curso Popular de
grupo de artistas neoconcretos (1959), e ainda abrigou mostras como Arte, nos quais práticas
educativas aconteciam
Opinião 65 (1965), Opinião 66 (1966) e Nova objetividade brasileira (1967), em toda a área externa
que reuniram diferentes vertentes das vanguardas nacionais, sendo con- do museu. Para mais
sideradas verdadeiros marcos nas artes da década de 1960. informações, ver Jessica
Gogan e Frederico
O MAM Rio tinha uma concepção ampla de arte, sendo assim um es- Morais, Domingos da
paço aberto à experimentação. Durante a década de 1970, mesmo ha- criação: uma coleção
vendo forte censura por conta do regime ditatorial vivido no país, mar- poética do experimental
em arte e educação, Rio
caram o período as manifestações artísticas dos Domingos da criação14 de Janeiro: Instituto
(1971), idealizados por Frederico Morais, então coordenador de cursos; MESA, 2017.
a criação da Sala Corpo e Som, que culminou no Departamento Corpo
e Som, integrando as artes plásticas à música, à poesia, ao teatro; e as ex-
posições da Área Experimental, entre 1975–1978, que marcam também
um questionamento de linguagem, de categorias artísticas, do papel do
artista e das próprias instituições dos mundos da arte.15
No entanto, essa intensa movimentação artística dos anos 1970 que
“sacudiu” a cidade do Rio de Janeiro e as artes, de forma geral, pouco
se via refletida na coleção MAM Rio naquele momento. O fomento aos
acontecimentos, o espaço propício à criação e ao questionamento, exis-
tia, mas esses artistas –entre os quais havia alunos, ex-alunos e profes-
sores dos cursos do MAM Rio – e as obras oriundas desse movimento e
exibidas no museu não necessariamente eram incorporados ao acervo.
Nas décadas de 1960 e 1970, obras como performances ou instalações
com materiais perecíveis passaram a ser mais recorrentes. Essas obras,
por sua própria transitoriedade, ainda levantariam questões sobre con-
servação e registro, não sendo, em um primeiro momento, vistas como
algo a ser colecionado.
Alguns poucos nomes desse grupo de artistas tiveram entrada nesse
período, como Cildo Meireles, Anna Bella Geiger e Waltercio Caldas,
mas grande parte da produção dessa fase só passará a fazer parte da cole-
15 Área Experimental
foi um programa de
ção MAM Rio anos depois, a partir, principalmente, de doações (dos pró-
exposições realizado prios artistas, de colecionadores ou diferentes instituições) e do início do 79
no MAM Rio que entre
comodato da Coleção Gilberto Chateaubriand, já na década de 1990, que
seu período de vigência
promoveu quarenta
trouxe nomes como Regina Vater e Antonio Manuel.
exposições envolvendo Todo esse rico programa de atividade e exposições, porém, acabou por
mais de quarenta
ser interrompido a partir da madrugada do dia 8 de julho de 1978, quando
artistas, entre os quais
Anna Bella Geiger,
um incêndio de grandes proporções atingiu o museu.16 Todas as insta-
Sonia Andrade, Tunga lações do Bloco de Exposições, onde funcionavam também os setores
e Cildo Meireles. Para
administrativos do museu e a Biblioteca, foram destruídas, porém as ins-
mais informações, ver
Fernanda Lopes, Área
talações da Cinemateca e sua coleção não foram afetadas. Na ocasião, o
Experimental: lugar, museu apresentava a exposição Arte agora III – América Latina: geometria
espaço e dimensão do sensível, que reunia obras de grandes nomes nacionais e estrangeiros, e
experimental na arte
brasileira dos anos 1970,
um conjunto significativo de 74 obras do artista uruguaio Joaquín Torres
São Paulo: Prestígio García, considerado um dos grandes nomes daquele país, e que foram
Editorial, 2013. completamente consumidas pelo fogo, causando uma grande perda ao
16 Segundo os laudos
da época, o que
mundo da arte.
ocasionou o incêndio À época, acreditava-se que das cerca de mil obras que faziam parte do
foi um curto no
acervo até aquele momento, apenas cinquenta poderiam ser reintegradas.
sistema de iluminação
da Sala Corpo e Som,
Este número, porém, foi mudando conforme os espaços iam sendo libe-
onde, na noite anterior, rados para que Isaura de Carvalho, então chefe do acervo, pudesse rea-
havia ocorrido a
lizar o trabalho de localizar as peças ou o que restou delas nas áreas atin-
apresentação de
um grupo peruano
gidas pelo incêndio. O professor e conservador Edson Motta, na época
chamado Agua. diretor do Museu Nacional de Belas Artes, teve um papel importante
nesse momento, posto que ele foi um dos primeiros profissionais a ter
acesso às áreas atingidas pelas chamas e se prontificou a colaborar com o
museu, restaurando sem custos as obras que poderiam ser recuperadas.17
Uma rede de apoio rapidamente se formou para ajudar o MAM Rio a se
reerguer da tragédia que o assolara. 17 Edson Motta
realizou os primeiros
As reportagens de época citam uma perda de cerca de 90% do acervo, processos de resgate
no entanto, uma pesquisa realizada entre 2015 e 2018 pela museóloga das peças e atendendo
Claudia Calaça trouxe uma nova dimensão para esse episódio.18 Sua à determinação do
ministro da educação
conclusão foi de que o MAM Rio possuía 1.150 obras até julho de 1978, das da época, Euro
quais 50,8% foram irremediavelmente perdidas com o incêndio, número Brandão, realizou os
significativo, mas bem menor do que sempre se divulgou. Hoje, apenas trabalhos coordenando
sua equipe no
um pequeno grupo de peças falta ser identificado. As informações rela- laboratório do Museu
cionadas a essas obras foram inseridas no banco de dados do museu, boa Nacional de Belas
parte delas com imagens, remontando assim a memória não só das peças Artes, garantindo,
assim, a continuidade
que se perderam, mas também da própria coleção. de suas funções
Nos primeiros anos após o incêndio, mesmo enfrentando problemas naquela instituição.
em torno de 500 obras logo após o incêndio, até meados da década de análise documental
nos arquivos dos
1980 já registrava 1.300 obras.19 Os esforços para remontar a coleção mo- departamentos
80 bilizaram tanto artistas quanto empresários, tanto a sociedade brasileira de Pesquisa e
quanto governos e grupos de vários países. Das 796 peças que passaram Documentação e
Museologia do MAM
a fazer parte do acervo entre 1978 e 1985, cerca de quinhentas foram doa- Rio, foi possível realizar
ções diretamente de artistas, um número bastante significativo e que a identificação obra a
de Carlos Cruz-Díez; o nanquim de Vieira da Silva; a escultura de Robert meados de 1978. Foram
comparados diversas
Adams; o conjunto de fotografias do casal Bernd e Hilla Becher são exem- listagens, antigas fichas
plos dessas doações. Países como a França, que por meio de sua embai- catalográficas, registros
de obras de artistas de seu país, todas com produção recente. Moniz Sodré, Mauro de
Almeida Moniz Sodré,
Assim, alguns nomes que acabaram sendo apagados da coleção, em além de informações
decorrência do incêndio, voltam a fazer parte dela através de doações. coletadas a partir de
Mas há que se fazer a ressalva, por um lado, de que muitas das obras que consultas aos próprios
artistas.
passaram a fazer parte do acervo nesse período não possuem, se consi- 19 Foi possível chegar
derarmos o conjunto, o mesmo valor existente das obras perdidas em a este número a partir
1978. É o caso, por exemplo, de Pablo Picasso, que antes se fazia presente de levantamentos
feitos no livro de
no acervo pelos óleos Tête de femme (Dora Maar) (1941) e Tête de femme registros e no banco de
(Fernande) (1909), ambos perdidos no incêndio, e que agora passa a ser dados do acervo.
representado por apenas um pastel, doado por Paulo Gustavo de Faria
via embaixada da França no Brasil. Por outro lado, é nesse momento tam-
bém que nomes importantes da produção nacional entram na coleção,
como é o caso de Candido Portinari.
Apesar de terem entrado obras importantes de artistas que possuíam
20 A coleção
uma relação com a história do museu, como é o caso de Tomás Santa Rosa,
de Gilberto Edith Behring, Ivan Serpa, Tomoshige Kusuno, entre outros, a maioria
Chateaubriand
das obras recebidas em doação eram de artistas estrangeiros com produ-
teve início em 1953
e abrange desde
ções nas décadas de 1970 e 1980, sendo um número significativo em papel.
a produção do Ficava cada vez mais evidente que não havia como reconstituir a coleção
modernismo brasileiro
nos moldes em que havia sido montada nas décadas anteriores; ela pre-
do início do século
20 até a produção
cisaria, a partir de então, ter um novo perfil. Apesar dos esforços de dire-
contemporânea. Em tores e colaboradores do museu, nos anos seguintes ao incêndio não foi
1993, quando iniciou o
desenvolvido, de fato, um plano de recuperação efetivo para a instituição.
comodato com o MAM
Rio, foram abrigadas
Diante do quadro que se apresentava, dada a impossibilidade de re-
no museu cerca de compor seu acervo com as mesmas premissas de antes, o MAM Rio optou
quinhentas obras,
por focar seus esforços em contar a história da arte moderna e contem-
porém, hoje, dessa
coleção em constante
porânea brasileiras. Não se perdeu, com essa decisão, o caráter enciclo-
crescimento, o MAM pédico que caracterizava a coleção do museu, mas o recorte passou a ser
Rio abriga cerca de prioritariamente nacional. É nesse sentido que ao fim da década de 1980
6.630 obras.
21 De maio a julho
começa a se configurar a vontade de trazer para o museu, em regime de
de 1981, esteve aberta empréstimo de longo prazo, a Coleção Gilberto Chateaubriand,20 consi- 81
ao público, no MAM
derada, já a essa altura, uma das mais completas coleções de arte nacional
Rio, a exposição
Do moderno ao
no país e que, inclusive, foi exposta pela primeira vez no MAM Rio no ano
contemporâneo – Coleção de 1981,21 indicando a longa relação entre o colecionador e a instituição.
Gilberto Chateaubriand.
A partir de 1985, o museu fechou para uma grande reforma que en-
Era a quinta vez
que o colecionador
volveria também sua reestruturação técnica. Nesse momento, Paulo 22 Apesar de
abria sua coleção ao Herkenhoff, então ocupando o cargo de coordenador de artes, passa a algumas aquisições
público, mas aquela
mobilizar esforços para, por meio de doações e patrocínios, suprir as la- terem ocorrido
foi a maior exposição nos anos que se
da coleção até aquele
cunas identificadas na coleção MAM Rio, em especial a deixada pela falta seguiram, as obras dos
momento. A exposição de obras de artistas dos movimentos concreto e neoconcreto, este último movimentos concreto
marcava, também,
tendo sua história confundida com a da própria instituição.22 Ainda no e neoconcreto
a visita do Conselho ainda são pouco
Internacional
bojo dessa grande reformulação do museu, no ano de 1986, Pedro Vas- representadas no
do Museu de Arte quez é convidado para dar início ao Departamento de Fotografia, Vídeo acervo. Outra lacuna,
Moderna de Nova York
e Novas Tecnologias, que teria como função contar a história dos, até nesse sentido, é a
(MoMA). Gilberto produção de videoarte
Chateaubriand,
então, 150 anos da produção fotográfica nacional e internacional, além nacional, cujas buscas
[Apresentação], de formar uma equipe capaz de expor, preservar e conservar obras fo- por aquisições foram
em Museu de Arte tográficas, vídeos e outras tecnologias que permeavam o fazer artístico empreendidas por
Moderna do Rio de Fernando Cocchiarale
Janeiro, Do moderno
desde a década de 1960. durante sua segunda
ao contemporâneo – gestão como curador
Coleção Gilberto Naquela época ninguém poderia prever os fantásticos desdo- do museu (2016–2020),
Chateaubriand, mas que, infelizmente,
Rio de Janeiro, 1981,
bramentos oferecidos pelas tecnologias de natureza digital, com não chegaram a se
[p. 2], catálogo. o CD Rom se transformando num espaço privilegiado de criação concretizar.
artística e a Internet multiplicando ao infinito as possibilidades
24 Nos anos que
de difusão de imagens, com um alcance superior ao de qual-
se seguiram não foi
quer museu ou instituição congênere. Mas a holografia já havia possível manter uma
sido incorporada por alguns artistas, a primeira câmera digital continuidade no
trabalho de atualização
(a Mavica, da Sony) já era uma realidade e a computer art, apesar
desse acervo, contudo,
de embrionária, deixava entrever desdobramentos fascinantes, no início dos anos
de forma que me parecia muito mais sensato criar não um de- 2000, o colecionador
Joaquim Paiva, que
partamento restrito à fotografia (afinal de contas uma técnica
procurava dar uma
oitocentista) e sim aberto a todas as vertentes da imagem téc- expressão pública à sua
nica, englobando desde aquelas então existentes quanto aquelas coleção, escolheu o MAM
Rio para depositá-la.
ainda por inventar.23
Em 2005 foi assinado
o comodato e
O projeto, tal qual planejado, não permaneceu a longo prazo, mas o in- quatro lotes já foram
tuito inicial da coleção de contar, por meio de seu acervo, a história da depositados no museu,
sendo o último
fotografia se concretizou. Durante o curto período que Pedro Vasquez em 2019. A coleção
esteve à frente do departamento, montou-se um conjunto com cerca de Joaquim Paiva é
3.500 imagens, fruto de intenso trabalho de pesquisa. O resultado reuniu considerada uma
das mais completas
desde exemplares das primeiras manifestações fotográficas de artistas coleções de fotografia
pioneiros de diversas partes do mundo até grandes nomes da produção contemporânea
nacional e internacional do século 20. No ano seguinte, em 1987, a doação nacional e internacional
do país e trouxe
da fotógrafa Hermínia Nogueira Borges, considerada um dos expoen- grande diversidade de
82 tes da fotografia pictorialista no Brasil, trouxe à coleção cerca de qua- artistas e lugares ao
trocentas imagens de sua produção e de outros artistas do Foto Clube acervo do museu, com
significativa presença
Brasileiro,24 algo que acrescentou um importante capítulo da história da de artistas mulheres
fotografia no Rio de Janeiro e no Brasil ao acervo do MAM Rio. Quando e latino-americanos.
o departamento deixou de existir, em 1997, a gestão da coleção passou a Hoje, o MAM Rio tem
sob seus cuidados
ser feita pelo Departamento de Museologia. 2.600 obras que fazem
A segunda metade da década de 1980 marca um importante período parte desse comodato
da história da coleção. É nesse período que passamos a ter, através de e que está prometido
em doação ao museu
importantes doações de artistas, particulares e compras patrocinadas, a após a morte de seu
afirmação de um novo perfil para a coleção, perfil esse que foi seguido por, colecionador.
pelo menos, as duas décadas seguintes. Se adaptando às novas gerações 25 Por conta da
presença da Coleção
e questionamentos da época, mas tendo como foco principal a produção Joaquim Paiva,
nacional contemporânea e a tarefa de preencher as lacunas dos períodos que recebe obras
89
91
Maria Leontina
Sem título
Untitled
1955
Inimá de Paula
Abstração
Abstraction
1958
Manabu Mabe
Estranho
Strange
1960
Frans Krajcberg
Sem título
Untitled
1963
94
Emanoel Araújo
Sem título
Untitled
sem data
undated
95
96
99
Elisa Martins
da Silveira
Carnaval
Carnival
1952
101
Conjuntos universos
LENO VERAS
Mnemosyne, a deusa da memória na Grécia antiga, é também a mãe das
nove musas, entidades mitológicas da cosmogonia grega às quais se atri-
bui a capacidade de inspirar a criação artística e científica. Ela antropo-
morfiza a arte da memória, prática que busca associar imagens e lugares,
técnica vital para as sociedades anteriores à da reprodutibilidade técnica
e reconhecida como matriz fundadora da sistematização do conheci- 103
mento no período clássico.
Segundo o mito, as musas se reuniam em uma morada denominada
mouseion. Do termo em grego arcaico originou-se a palavra moderna mu-
seu, cujo significado, entre outras acepções, corresponde a coleção ou ex-
posição de objetos variados dispostos em conformidade com um tema,
uma faixa de tempo ou critérios subjetivos. A palavra foi empregada pela
primeira vez para conceituar a Biblioteca de Alexandria, destruída em
640 d.C., quando o vocábulo entrou em desuso no Ocidente.
Somente no fim da Idade Média é que nos “gabinetes de curiosidades”,
ou “quartos das maravilhas”, o colecionismo retoma configurações me-
morialistas sistematizadas sob metodologias expositivas. Nestes casos,
tais metodologias estavam fortemente atreladas às retóricas imperialis-
tas e muitos dos agrupamentos estavam a serviço da difusão dos imaginá-
rios construídos pelos colonialismos – que ainda hoje são reforçados por
instituições de salvaguarda que deveriam, em vez disso, direcionar ações
de restituição e reparação.
Contudo, a profusão de coleções dá-se somente a partir dos oitocen-
tos, quando os relicários e tesouros, mantidos pelos poderes eclesiásticos
e casas reais, passaram a operar em escala global. Emerge desse cenário
de circulação cultural a prática do desenvolvimento de espaços de pre-
servação de bens tangíveis e simbólicos. O que, a um só tempo, retoma
a mnemônica como arte e refunda a noção de museu, à luz da matriz de
pensamento renascentista, por meio da profusão de conjuntos de obje-
tos cujas categorizações tornam-se distintivas ao longo de sua profícua
ramificação nos séculos posteriores.
É sobretudo desde essa disseminação de coleções no período ilumi-
nista que a mnemotécnica, enquanto exercício de arquitetura da memó-
ria por meio da associação de imagens mentais e lugares virtuais, passa
a ser concebida como instituição – ainda que bastante praticada como
método memorial a serviço da retórica, desde milênios antes do advento
dos meios digitais. Consolida-se a lógica da coleção como estrutura dis-
cursiva, sob a égide das classes dominantes, enquanto mecanismo de
difusão pública com o intuito de comunicar socialmente determinados
conteúdos sob recortes específicos.
Já o século 20 vivenciou o estabelecimento da museologia como campo
do conhecimento. Esse processo foi catalisado pela impossibilidade de
uma área transdisciplinar esquivar-se das discussões acerca das relações
entre salvaguarda de patrimônio e exercício do poder. Nos anos 1970,
instaurou-se um intenso debate público, com centralidade na América
do Sul, que tinha como cerne a ampliação epistemológica do campo de
pesquisa e como intenção a reestruturação de suas teorias e metodologias.
Tais processos intensos se deram tectônicos em período tão curto e
104 conturbado, e incidiram sobre essa área do saber de maneira irreversí-
vel, chegando à proposição de nomenclaturas como “nova museologia”,
prova da expansão de perspectivas pelas quais esses dispositivos vêm a
ser percebidos. Tornou-se possível – intensamente e vertiginosamente,
sobretudo após o advento das tecnologias de informação e comunicação –
uma interação efetiva com estratos sociais até então completamente ali-
jados dos processos de musealização, pelo que os acervos passaram a ser
ativados como repositórios com a missão de constituir coletivamente a
memória social, em vez de estigmatizados como inventários estanques
de discursos patrimonialistas.
Emerge desse cenário, pois, que a transmissão dos significados por-
tados pelas coisas do mundo é a potente dinâmica do engendramento de
novos entendimentos, conservando e recriando conhecimentos. Tendo
em mente esta premissa, e tendo em vista que a potência de um acervo
enquanto universo fechado (ainda que em expansão) é que cada conjunto
de peças é capaz de multiplicar-se por meio de uma combinatória expo-
nencial quando há o encontro com estruturas sígnicas através da colisão
e coalizão com outras coleções, a exposição A memória é uma invenção
dedica-se, justamente, a ocasionar espaço e tempo para a convergência
de matrizes de culturas materiais diversas, tendo, desse modo, a função
de propor-se à busca de um denominador comum sobre o qual podem
arvorar-se inúmeras equações.
Ao questionar sobre os possíveis diálogos que podem ser engendrados
a partir de sistemas de conexão entre obras de arte e artefatos, objetos e
documentos – tais como as coleções do Acervo da Laje, do Instituto de
Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros e do Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro –, investigamos quais são as potências de uma coleção, as
razões de sua constituição e os desdobramentos da continuidade de seus
fluxos. Tendo em vista as particularidades de nosso tempo e espaço – o
Brasil do começo do século 21 – e as mudanças pelas quais a contempo-
raneidade nos confronta a cada dia com a memória, encontramos um
processo em plena metamorfose, como eixo estruturante da cultura.
Para a organização desta publicação, lançamos mão da montagem
enquanto método de trabalho. Através da qual foi possível compor uma
amálgama de escritos de pesquisadores contemporâneos expoentes nos
campos da memória, história e do patrimônio. Vozes se articulam numa
polifonia que pretende sinalizar algumas abordagens aguçadas no que diz
respeito às questões que emergem desse debate a partir de experiências
brasileiras, latino-americanas e sul-globalistas do tempo presente.
Através desta interlocução, almejamos engendrar justaposições e con-
trapontos, ora esgarçando e ora costurando repartições e intersecções
dos pontos de vista que integram este pensamento que se pretende axial
em vez de linear. Ser limítrofe, dessa maneira, torna-se característica
comum, sendo, assim, possível dar conta de que os avizinhamentos são 105
preciosas possibilidades de construir composições adensadas em que um
ponto relaciona-se com várias linhas e variados planos em um mesmo
espaço-tempo. Constelar saberes e fazeres que vertem dos acervos é
dar a ver – antes de mais nada e além de tudo – a relevância das institui-
ções de salvaguarda, como arquivos, bibliotecas e museus, em defesa de
sua maior capacidade de recriação. Parafraseando o grande poeta Waly
Salomão, a memória é uma ilha de invenção.
106
107
108
109
Tiganá Santana
TRADUÇÃO, INTERAÇÕES E COSMOLOGIAS AFRICANAS
Tiganá Santana, “Tradução, interações e cosmologias Africanas”, Poiéticas não europeias em tradução, 2019,
v. 39, n. esp., pp. 65-77. Disponível em <https://www.scielo.br/j/ct/a/YyRsqcM99x8h8GCwcWztKRG/?for
mat=pdf&lang=pt>, acesso em 11 out. 2021.
111
Vista da exposição
View of the exhibition
Chico Tabibuia
Exu Sapo
Exu Frog
1992
Vista da exposição
View of the exhibition
Ray Bahia
Obras sem título
Untitled works
2010
Abdias Nascimento
Pomba Gira, fêmea
de 7 Exus
Pomba Gira,
Female of 7 Exus
1970
112
Jorge Vasconcellos
A LANÇA E O ARCO,
OU POR UM DEVIR QUILOMBISTA DA ARTE
Jorge Vasconcellos, “A lança e o arco, ou por um devir-quilombista da arte”, Farol, 2021, v. 17, n. 24, pp. 39–44.
Disponível em <https://periodicos.ufes.br/farol/article/view/36353>, acesso em 8 out. 2021.
114
115
Sabrina Moura
MUSEUS, IDENTIDADES E GESTOS POLÍTICOS
NA AGENDA DAS RESTITUIÇÕES
Um ano mais tarde, uma reunião solene no 1965 a 1997] e Macron partilham uma visão
Palais de l’Élysée em Paris marcava a entrega de arte e patrimônio que merece ser objeto
de um relatório elaborado por Felwine Sarr de escrutínio. Especialmente quando as
e Bénédicte Savoy a Macron [o presidente teorias que sustentam as recentes revisões à
da França] e o início de um debate público história da arte apontam uma redefinição de
acerca do processo das restituições. O do- seus objetos e de seus sujeitos.
cumento, intitulado “Rapport sur la restitu- A historiadora da arte Zoë Strother foi
tion du patrimoine culturel africain”, reco- uma das vozes a questionar a noção de “arte”
mendava categoricamente que certas obras que sustenta os argumentos de Sarr e Savoy
pertencentes às coleções francesas deveriam a partir de suas pesquisas com as perfor-
retornar aos seus territórios de origem. Para mances mascaradas entre os Pende orien-
seus autores, falar de restituições significa tais (região sudeste do Congo). Descritas
“reabrir o ventre da máquina colonial e a por Strother como um complexo encadea-
116 questão da memória duplamente apagada mento de ações que englobam a memori-
dos europeus e africanos de hoje, que muito zação de músicas e provérbios, a aprendi-
desconhecem como os seus prestigiados mu- zagem de técnicas de dança, bem como o
seus foram construídos, ou lutam para en- domínio de uma série de protocolos ritua-
contrar o fio de uma memória interrompida”. lísticos, não se restringe à cultura material
Uma das passagens do texto mais citadas ou à materialidade do artefato. Ao focar
pela imprensa (e pelo debate acadêmico) se somente no objeto, considera-se apenas as
refere à constatação de que “quase todo o máscaras utilizadas nessas performances
patrimônio material dos países africanos como sendo arte. “Uma visão tão seletiva
ao sul do Saara é preservado fora do conti- do que constitui patrimônio cultural perpe-
nente africano”. tua o paradigma colonialista de que os feitos
Separados por um arco temporal de mais culturais africanos devem ser definidos por
de quatro décadas e fruto de posicionamen- critérios europeus”, pondera Strother. Sob
tos distintos – a expressar, por um lado, a de- esses termos, a visão de arte e de patrimônio
manda, e, por outro, o compromisso de res- contemplada pelas políticas de restituição
tituição –, Mobutu [Sese Seko, presidente da advogadas por Mobutu e Macron encon-
República Democrática do Congo/Zaire de tram um terreno comum.
Sabrina Moura, “Museus, identidades e gestos políticos na agenda das restituições”, em Paulo de Freitas Costa e
Ana Cristina Moutela Costa (orgs.), Identidades paulistanas. Cadernos da Casa Museu Ema Klabin, 2020, v. 2, pp.
24-35. Disponível em <https://emaklabin.org.br/download/cadernos-da-casa-museu-ema-klabin-identidades-
paulistanas/?wpdmdl=132841&refresh=6153680cd006f1632856076>, acesso em 11 out. 2021.
Vista da exposição
View of the exhibition
Cildo Meireles
Espaços virtuais:
cantos 4
Virtual Spaces:
Corners 4
1967/1968
118
Judite Primo
MUSEUS, HIBRIDAÇÃO CULTURAL E
NOVAS TERRITORIALIDADES
Judite Primo, “Museus, hibridação cultural e novas territorialidades”, Cadernos de Sociomuseologia, 2013, v. 46,
pp. 17-28. Disponível em <https://doi.org/10.36572/csm.2013.vol.46.02>, acesso em 8 out. 2021.
Marcelo Campos
ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA NAS FRONTEIRAS
DO PERTENCIMENTO
Torna-se importante ressaltar que, para a ver- ser considerado o fato de que são esses os
tente modernista, um dos pontos mais desta- homens de elite que selecionam o que deve
cados era a construção de uma memória co- ou não constituir um conjunto importante
letiva. Portanto, nas políticas nacionalistas para a construção do sentido de tradição e
do modernismo está presente a construção de memória nacional. Ao contrário, a legi-
120 de uma memória homogênea a partir da cul- timidade do patrimônio é entendida como
tura popular. Os esforços para criar um todo realidade transcendente.
homogêneo ficam explícitos nas políticas pa- Em contraposição a essa ideia homogê-
trimoniais, interessadas em salvaguardar as nea sabemos que, se a realidade é processo
heranças culturais brasileiras. construído, a memória também se coloca
A memória nacional, segundo intelec- como um de seus itens. Cria-se, através da
tuais e políticos, torna-se fator fundamen- memória, uma relação na qual a “cultura
tal para a sobrevivência da nação brasileira constrói e vive sua temporalidade”. Mas o
como “civilização”. Constrói-se, dessa forma, sentido de passado é reelaborado entre o
aquilo que José Reginaldo Santos Gonçalves modernismo e a contemporaneidade, ora
classificou como “a retórica da pedra”. O au- como negação a referências contextuais
tor enfatiza que na gestão de Rodrigo Mello (formalismo), ora como afirmação de ele-
Franco de Andrade, no Serviço do Patrimô- mentos identitários.
nio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN),
a preservação de objetos e monumentos era [...]
qualificada como condição primordial con-
tra o comércio clandestino, o perecimento A contemporaneidade parece nos apontar que
do tempo e a indiferença da população. a intertextualidade, a hibridação e a fragmen-
O que deve ser destacado é que o discurso tação vieram aceitar uma reinvenção concei-
da perda, proferido por esses intelectuais, tual polissêmica. Aqui, como na América
considera o patrimônio a partir de “um pro- Latina, o valor conceitualista do objeto de
cesso histórico objetivo”. Com isso, deixa de arte hibridiza-se com questões políticas
e ideológicas, reinterpretando a frieza mostra que essa alteridade, geograficamente
tautológica do conceitualismo internacional. longínqua, pode estar localizada nas cidades
Vivemos, no Brasil, desde a década de 1960, e nas periferias, e, mais do que isso, na sub-
um pluralismo sociocultural que faz das artes jetividade de cada artista. Configuram-se,
um dos tecidos possíveis num emaranhado de assim, as cidades com suas vozes indistin-
retalhos a que podemos chamar de realidade. tas, celebrando a memória em tribos e tipos
Se a estética modernista pôde nos ofe- urbanos de heterogênea coletividade. Vozes
recer a grandeza da descoberta de um Bra- muito diferenciadas naquilo que podemos
sil interiorano, a cena contemporânea nos denominar identidade.
Marcelo Campos, “Arte contemporânea brasileira nas fronteiras do pertencimento”, Arte & Ensaios, 2007, n. 15,
pp. 106-115. Disponível em <https://www.ppgav.eba.ufrj.br/wp-content/uploads/2012/01/ae15_Marcelo_
Campos.pdf>, acesso em 6 out. 2021.
121
Denilson Lopes
PARA ALÉM DE CARMEM MIRANDA: O CAMP VIVE
Denilson Lopes Silva, “Para além de Carmem Miranda: o camp vive”, em Instituto Mesa e Luiz Camillo
Osório, Flipping. Revisitando Pop: estética e política nas Américas 1967-2017, Rio de Janeiro: Programa de
pós-graduação em artes da cena-UFRJ, 2017, pp. 50-59. Disponível em <https://www.ppgac-ecoufrj.com.br/
publicacao/denilson-lopes-silva/390>, acesso em 8 out. 2021.
Vista da exposição
View of the exhibition
Adilson Baiano
Paciência
São Pedro
Saint Peter
sem data
undated
Chico Tabibuia
Exu Sapo
Exu Frog
1992
Julio Gero
Inti
1962
123
124
125
Vista da exposição
View of the exhibition
Ceiça Ferreira
AUSÊNCIAS SIGNIFICANTES: GÊNERO E RAÇA NO FILME
E NO LIVRO CAPITÃES DA AREIA
Do universo amadiano salta um conjunto di- Com base em um corpus de 258 obras li- 1 Sueli Carneiro,
“Identidade feminina”,
ferenciado de personagens femininas. Mu- terárias publicadas entre 1990 e 2004, Dal- em Heleieth I. B.
lheres ricas, pobres, devassas, pudicas, sen- castagnè4 constata a predominância de um Saffioti e Monica
suais e valentes que ganham novas versões ponto de vista branco e masculino, já que Muñoz-Vargas (orgs.),
Mulher brasileira é
na cinematografia nacional e se mantêm em homens brancos somam 72,7%. Enquanto assim, Rio de Janeiro:
nosso imaginário. Mas seguindo a orienta- a participação negra é de apenas 2,4% e Rosa dos Tempos e
ção da filósofa e ativista Sueli Carneiro1 em ainda circunscrita aos estereótipos de po- NIPAS, Brasília: Unicef,
1994, pp. 187-194.
sua crítica da noção de identidade feminina, breza, criminalidade, emprego doméstico e 2 Djamila Ribeiro,
vale questionar: “De que mulheres esta- prostituição. O que é lugar de fala?,
a intersecção do racismo, do sexismo e da mulheres negras na religiosidade afro-bra- Educação & Realidade,
jul./dez. 1997, v. 22,
desigualdade social nas práticas cotidianas sileira. No entanto, embora ausentes dessa n. 2, pp. 15-46; em
e na produção simbólica [...]. adaptação cinematográfica, as “negrinhas do Tomaz Tadeu da Silva
Diante da estreita relação entre os sis- areal” são caracterizadas na ficção amadiana (org.), Identidade e
diferença: a perspectiva
temas de representação e os processos de somente como objeto sexual, são corpos que dos estudos culturais,
construção de identidades,3 vale atentar-se os capitães da areia usavam, mediante o uso Petrópolis: Vozes,
para a natureza discursiva da imagem oficial da força e sem pagamento. Portanto, pelas 2000, pp. 7-72.
4 Regina Dalcastagnè,
do Brasil, naturalizada no imaginário cultu- ausências que significam e pelos silêncios “Entre silêncios
ral brasileiro e disseminada pela literatura, que ressoam constata-se, no filme e no livro, e estereótipos:
pelo cinema e pelos meios de comunicação a reprodução de uma imagem romantizada relações raciais na
literatura brasileira
em geral. da convivência inter-racial brasileira. contemporânea”,
Estudos de
Literatura Brasileira
Ceiça Ferreira, “As mulheres de Jorge Amado: gênero e raça no filme e no livro Capitães da areia”, Comuni- Contemporânea,
cação & Inovação, 2021, v. 22, n. 48, pp. 151-168. Disponível em <https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ jan./jun. 2008, n. 31,
comunicacao_inovacao/article/view/6419>, acesso em 8 out. 2021. pp. 87-110.
Maria Thaís
SER FLORESTAS, E NÃO POMAR
Maria Thaís Santos, “Ser florestaS, e não pomar”, em Ailton Krenak e outros, Arte, Cultura e Democracia
no Século XXI, Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, 2019, pp. 47-51 (Cul-
tura e pensamento).
129
3 Sergio Costa,
“A mestiçagem e seus
contrários: etnicidade
e nacionalidade no
Brasil contemporâneo”,
Tempo Social, maio
2001, v. 13, n. 1, p. 145.
4 Texto de
apresentação do
projeto Territórios de
resistência – narrativas
em disputa, realizado
no Sesc Ipiranga,
em parceria com o
Museu Paulista, de
maio a julho de 2019.
130
Carolina Pedreira
IRMÃS DE ALMAS: RITUAIS DE LAMENTAÇÃO
NA CHAPADA DIAMANTINA
Não pude responder à pergunta de dona Véa É fato que nessa pergunta estão em jogo
no dia em que ela me foi dirigida. Por mais que minha posição de pesquisadora branca,
o treinamento disciplinar tenha me habilitado vinda da capital para entender uma devoção
a conferir o mesmo status de conhecimento da quase sempre de incumbência e proteção de
teoria antropológica ao que se costuma cha- mulheres negras, mestras, e o lugar de uma
mar de teoria nativa, nenhuma dessas palavras senhora que tanto rezou em sua vida, mas
fazia sentido naquela ocasião. Poderia, por que nunca pôde ler o caderno da missa do-
outro lado, ter lançado mão de explicações so- minical na igreja. Em nosso abismo, porém,
cioeconômicas sobre programas governamen- dona Véa e eu compartilhamos a mesma in-
tais de alfabetização ou do privilégio (ou falta quietação: como pode haver um mundo em
de) de algumas classes em relação a outras no que a palavra escrita em forma de texto vale
acesso a direitos primordiais. Mas não parecia mais do que a falada como reza ou rezada
ser sobre isso que dona Véa me arguia. como canto?
Carolina Souza Pedreira, Irmãs de almas: rituais de lamentação na Chapada Diamantina (dissertação). Univer-
sidade de Brasília, 2010. Disponível em <https://repositorio.unb.br/handle/10482/7261>, acesso em 6 out. 2021.
Vista da exposição
com obras de
Indiano Carioca
View of the exhibition
with works by
Indiano Carioca
Naine Terena e Benedito Dielcio Moreira
COMUNICAÇÃO E CULTURA: DIMENSÃO PEDAGÓGICA
DAS NARRATIVAS INDÍGENAS EM AUDIOVISUAL
Naine Terena de Jesus e Benedito Dielcio Moreira, “Comunicação e cultura: dimensão pedagógica das narra-
tivas indígenas em audiovisual”, em Naine Terena de Jesus e Paulo Sergio Delgado, Povos indígenas no Brasil:
perspectivas no fortalecimento de lutas e combate ao preconceito por meio do audiovisual, Curitiba: Brazil Publi-
shing, 2018, pp. 81-98. Disponível em <https://ufmt.br/povosdobrasil/images/Povos_Indigenas_no_Brasil.
pdf>, acesso em 22 nov. 2021.
Casé Angatu
INDÍGENAS IDENTIDADES PAULISTANAS
Casé Angatu, “Indígenas identidades paulistanas”, em Paulo de Freitas Costa e Ana Cristina Moutela Costa
(orgs.), Identidades paulistanas. Cadernos da Casa Museu Ema Klabin, 2020, v. 2, pp. 13-23. Disponível em
<https://emaklabin.org.br/download/cadernos-da-casa-museu-ema-klabin-identidades-paulistanas/?wpd
mdl=132841&refresh=6153680cd006f1632856076>, acesso em 8 out. 2021.
[p. 134, 135] Vista da exposição
Vista da exposição View of the exhibition
com obras de
Abdias Nascimento e Sebastião Januário
outros artistas Lembranças interioranas
View of the exhibition Inland Memories
with works by 1967
Abdias Nascimento
and others artists Abdias Nascimento
Santa Maria Egípcia nº 2
Saint Mary of Egypt n. 2
1968
Antônio Maia
Ramblas
Boulevards
1972
Carlos Henrique de Lima
ATIVISMO E PERFORMANCE: ASPECTOS DA ALIANÇA
DOS CORPOS NAS RUAS
O ativismo urbano que emergiu na última instabilidade e incerteza mais do que a possi-
década em metrópoles no Brasil é formado bilidade de substituir uma prática por outra.
por grupos que efetuam intervenções no Questionam sobretudo princípios. Revelam
138 espaço público. Apresentam base social di- lacunas e por isso apontam possíveis alterna-
versa e não se organizam em estruturas so- tivas para o processo de produção urbana.
ciais prévias – a exemplo de lutas populares O aspecto performático desse ativismo
como a dos sem-teto. Por isso não há iden- estimula novas conexões e deixa resíduos
tidade comum e relativamente estável entre nas formas de agir que são gradualmente
seus integrantes. Observados em conjunto, assimilados por grupos em diferentes espa-
identificamos nesses movimentos ações que ços e contextos urbanos numa confluência
envolvem intervenções de aspecto performá- contínua dissimile e plural. As performan-
tico, fluído e variado. São práticas colabora- ces se modificam a partir de repertórios her-
tivas que envolvem atividades culturais em dados. Nesse curso incorporam-se reivindi-
sentido amplo e buscam uma nova vivência cações, selecionam-se meios, surgem novas
política formada por um entrelinhado em representações. As ações coletivas se trans-
que cada ponto se apresenta como uma ex- formam como resultado de improvisação e
periência de íntima proximidade. Em nossa luta, embora formas de interação estejam
perspectiva, ao tecer essa trama e se posicio- limitadas ao que é inteligível e viável para
nar em franco contraste com a prática urba- ativistas.1 É também nessa direção que se
nística, a performance ativista aguça suas movimentam os argumentos de Judith Bu-
1 Doug McAdam,
Sidney Tarrow
contradições. Esses movimentos produzem tler sobre uma política da performatividade.
e Charles Tilly,
Dynamics of
Contention, Nova Carlos Henrique de Lima, “Ativismo e performance: aspectos da aliança dos corpos nas ruas”, RUA, 2020,
York: Cambridge v. 26, n. 1, pp. 277-295. Disponível em <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/
University Press, 2001. view/8660002>, acesso em 7 out. 2021.
Vista da exposição
View of the exhibition
Babatunde Folayemi
Oracle of Ifa
Oráculo de Ifá
1969
María Berríos
LUTA COMO CULTURA: MUSEO DE LA SOLIDARIDAD
Um museu pode ser uma arma? [...] A decla- de Pablo Picasso: eles argumentavam que o
ração [emitida pelo Comitê Internacional de Museu de Arte Moderna de Nova York, po-
Solidariedade Artística (CISAC), que dirigia o sicionado no centro da “mais proeminente
Museo de la Solidaridad] colocou os artistas produtora de guernicas da história”, era ina-
140 doadores e suas obras de arte na dianteira e, dequado para o papel de guardião da obra de
simultaneamente, reconheceu sua solida- Picasso. Eles escreveram uma carta expondo
riedade enquanto ação política e forneceu seus argumentos e oferecendo-se a transfe-
um esboço dos princípios que norteariam rir o quadro para o Museo de la Solidaridad,
o museu em andamento – um museu que onde poderia ser “honrado e acomodado de-
denunciou abertamente como o sistema de centemente”. Como [o presidente da CISAC
arte e suas instituições segregadoras, símbo- Mário] Pedrosa observaria em uma carta a
los da concentração de renda, acabaram por outro membro da CISAC, “arte e política são
degradar a arte e os artistas. Nesse sentido, hoje inseparáveis”.
o Museo de la Solidaridad nasceu como um Nos intensos dois anos que se seguiram à
museu contra os museus, um antimuseu: as moção inicial para o Museo de la Solidaridad,
noções básicas do museu proposto são um o projeto continuou a se desenvolver e certas
assalto aos museus de arte existentes, espe- ideias foram esclarecidas. Embora tenha sido
cialmente as instituições prestigiadas e ad- considerado estratégico e fundamental in-
miradas pela metrópole; o museu questio- cluir “artistas de primeira categoria com po-
nou seu próprio monopólio geopolítico ao sições políticas firmes”, o não partidarismo
chamar a atenção para a absoluta incompati- no qual insistiram pode ser observado no
bilidade de sua função social e os princípios grupo de obras reunidas durante esses bre-
das obras (e dos artistas) que foram deixados ves primeiros anos. A coleção é única em sua
aos seus cuidados. Seguindo esta lógica, o heterogeneidade e na forma como encarna
Museo de la Solidaridad iniciou uma moção literalmente uma fatia de tempo e nenhum
que tentaria “recuperar” a Guernica (1937) estilo específico (embora o tipo de obras
recebidas através do processo de doação te- e seus “não objetos”. O próprio museu deve
nha sido revisado com muito zelo). O com- tornar-se um espaço aberto e permeável en-
promisso de mudar o mundo envolvia, inevi- volvendo artistas através de suas próprias
tavelmente, uma concepção da arte enquanto “experiências” e pesquisas. Foi planejado que
mudança, portanto, mantendo uma afinidade os artistas contemporâneos viajassem e pas-
natural com a arte moderna que se refletia na sassem algum tempo no país – como haviam
coleção. Mas, como atestam as correspon- feito na Operação Verdade – para que pudes-
dências entre os membros da CISAC, eles – e sem se familiarizar com a revolução em seus
particularmente Pedrosa – consideraram cru- próprios termos, sem ter em mente resulta-
cial incorporar também “artistas experimen- dos particulares (embora já estivessem ocor-
tais”: novos artistas, não artistas, antiartistas rendo discussões sobre as obras no local).
María Berríos, “Struggle as culture: The Museum of Solidarity, 1971-73”, Afterall, n. 44, outono/inverno 2017.
Disponível em <https://www.afterall.org/article/-struggle-as-culture-the-museum-of-solidarity-1971-73>,
acesso em 14 out. 2021.
141
142
Francisco Huichaqueo
O INSTINTO ESPIRITUAL ANTES DA RAZÃO
Um dia fui procurá-la [a machi].1 Chegamos pifilca antiga. Peguei a flauta e as conservado-
ao centro de Santiago, no Museo Chileno de ras me disseram: “Não a toque”. Eles usavam
Arte Precolombino, onde a diretora da área luvas brancas, nós estávamos daquele jeito.
de conservação nos recebeu. Descemos nos A machi tocou o kultrun e disse: “Toque ela.
elevadores, e as conservadoras nos espera- É nossa”. E eu a toquei, não havia nada a fazer.
vam com as caixas e todas as coisas, que eram
muitas. E lá a machi disse: “Por que o nosso [...]
está debaixo da terra? Por que está frio aqui?
Por que está tudo guardado?”. Aí eu lhe disse: Dois homens ligaram de boa vontade para
“Machi Silvia, este é um museu que guarda as colaborar comigo. Sem saber, me disseram:
nossas coisas”, mas ela me dizia: “Mas por “Estamos aqui para te ajudar, temos expe-
quê? Eu tinha ouvido isso, mas nunca pensei riência”, e eu perguntei: “Que experiência?”.
que fosse verdade. Agora eu vejo, é verdade”. Ao que eles responderam: “Nós montamos o
Ela viu nossas coisas e ficou chateada... por- rewe que está no Museu Orly, na França, é um
que é muito forte. Quando viu os kultruns,2 os machi rewe enorme”. Disse-lhes: “Ah, aquele 143
nossos trapelakuchas,3 as vestimentas de prata que estamos tentando tirar e trazer de volta
das mulheres, disse: “Por que não estão com com os mapuches David Aniñir, Bernardo
suas donas? Por que os kultrun de machi não Oyarzún e Max Corvalán”. Passamos muito
foram passados para o próximo machi ou neta tempo tentando tirá-lo, e David Aniñir en-
ou a uma pessoa x no futuro? Por que eles são trou em transe quando pulamos a barreira
mantidos em caixas?”. Foi-lhe explicado um de contenção, quando entramos para tirá-lo.
pouco. Disse que estava chateada, mas que Eu disse aos montadores: “Por que o coloca- 1 Machi é a protetora
e curandeira do povo
não sabia por que estava inquieta e deu uma ram, se a gente quer tê-lo?”. Eles ficaram sem Mapuche.
ordem de líder. Ela disse: “Coloquem tudo palavras. Eles não foram chamados para este 2 Kultrun ou cultrún
aqui em cima das bancadas”. As conservado- trabalho, porque eles falaram e deslocaram a é um instrumento de
percussão usado pelo
ras disseram não, porque eram muitas coisas. natureza espiritual de tudo. Disse-lhes: “Pa- povo Mapuche.
Era verdade, as peças não iam caber nas ban- rem de falar de arte contemporânea, parem 3 Trapelakucha
cadas. “Então coloquem um pouco de tudo: a de falar de museu, porque isto tem outro sig- é um adorno
peitoral de prata
prataria, coisas para uso espiritual, os rewes4 nificado”. Estamos perante uma nova explo- tradicionalmente
de chemamüll...”.5 Foi colocado tudo ali e ela ração. Além disso, nunca estiveram naquele usado pelas mulheres
fez uma cerimônia. Ela me pediu para tocar lugar, e eu já estive. Considero-o algo mais mapuches.
4 Rewe: altar sagrado
um instrumento, a pifilca, uma flauta, mas eu do que uma exposição, como um reencon- do povo Mapuche.
não estava com a minha naquele dia. Disse- tro para reparar, corrigir, reparar o jarro que- 5 Chemamüll são
-me: “Não, toca essa que está na mesa”, uma brado que somos como cultura. estátuas de madeira
usadas pelo povo
Mapuche para
María Berríos e Francisco Huichaqueo, “El instinto espiritual antes que la razón”, Concreta, n. 16, out. 2020. sinalizar um túmulo.
Gabi Ngcobo
HISTÓRIAS DE FANTASMAS À FLOR DO DIA
Arquivos sempre contêm o que não é dito na publicação que acompanha A Labour of
e o que é indizível. Trabalhar com arquivos Love, o projeto “pode ser visto como a ex-
significa enfrentar seus limites e, ao mesmo ploração de uma gramática que ressuscita
tempo, se render à instabilidade tanto da- referenciais históricos” através de uma co-
quilo que ele contém quanto de seus pontos leção que não havia sido acessada por 28
144 cegos. Esta é uma abordagem que Yvette anos. Gostaria de imaginar que esta inativi-
Mutumba e eu adotamos ao trabalhar com dade “permita o ressurgimento de uma nar-
uma coleção sul-africana de mais de 600 rativa alternativa, que se encontra no pre-
obras de arte adquiridas em 1986 pelo Mu- sente, tal como vem se desenrolando desde
seu Weltkulturen, em Frankfurt, Alemanha. que as obras deixaram o país (África do Sul)
Ao perguntar “como inscrevemos o que durante aquele período político conhecido
era impossível ou invisível no momento como ‘estado de emergência’”.
histórico em que as obras foram criadas e Esta ética definiu a maneira como desen-
a coleção montada?”, concebemos um mé- volvemos All in a Day’s Eye (Tudo ao calor
todo para inserir as vozes das mulheres ar- do dia). Esta exposição foi deliberadamente
tistas que estão em grande parte ausentes e, abordada através das lentes críticas de quatro
assim, “queering a coleção”, a fim de contar mulheres negras – eu mesma, como curadora
as histórias que não eram legalmente pos- convidada, acompanhada por uma equipe
síveis de se expressar naquele período his- composta de três pesquisadoras: a curadora
tórico. A Labour of Love (Um trabalho de Tšhegofatso Mabaso, a artista e educadora
amor), o projeto curatorial que saiu deste Donna Kukama e a artista Simnikiwe Buh-
processo, enlaçou narrativa histórica e pro- lungu. Cada membro da equipe representa
grama pedagógico. Neste último, alunos da uma geração artística ligeiramente diferente
Escola de Artes Wits respondiam à coleção e com pelo menos uma diferença de 20 anos
à sua narrativa, estabelecendo, dessa forma, entre mim, a mais velha e a mais jovem, Buh-
um diálogo intergeracional não só neces- lungu. Isso se torna digno de nota se consi-
sário como muito esperado. Como escrevi derarmos que a África do Sul é oficialmente
uma democracia há apenas 26 anos e que uma inspeção ainda mais detalhada, con-
nossa contemporaneidade se apresenta ir- tei pelo menos 15 obras nas quais a figura da
regular, ainda que semelhante ou relatável, mulher negra é objeto de representação, es-
em termos de geração. Quando apresentei pecialmente, mas não exclusivamente, de
pela primeira vez a lista de obras da Coleção artistas brancos. Aqui, a temática da inocên-
Família Javett, tomei conhecimento de que cia, juntamente com a fixação em representar
Gladys Mgudlandlu (1917–1979) é a única corpos negros, está, muitas vezes, associada a
mulher negra presente na coleção com duas uma ignorância privilegiada em torno de his-
pinturas: Fields, Woman and Cows (1964) e tórias de violência colonial, mesmo quando
African Woman Smoking a Pipe (1963). Em se pinta uma natureza-morta.
Gabi Ngcobo, “Ghost Stories in a Day’s Eye”, em Aileen Burns et al. (orgs.), Uneven Bodies (Reader), New
Plymouth: Govett-Brewster Art Gallery, 2020.
145
Elvira Espejo
MUSEUS COM AS COMUNIDADES: O PROGRAMA DE
EXPOSIÇÕES EM COCURADORIA DO MUSEF
Elvira Espejo, “Museos con las comunidades: el programa de exposiciones en co-curaduría del MUSEF”,
Tejiendo culturas: boletín institucional de la Fundación Cultural del Banco Central de Bolivia, jun. 2021,
n. 6, p. 27. Disponível em <http://www.fundacionculturalbcb.gob.bo/documentos/boletin-cultural/2021/
boletin_06_2021.pdf>, acesso em 14 out. 2021.
Sobre a invenção da
memória e a materialidade
das coisas para o sujeito
contemporâneo e popular
GABRIEL GUTIERREZ
O Improfanável da pornografia – qualquer improfanável – baseia-
-se no aprisionamento e na distração de uma intenção autentica-
mente profanatória. Por isso é importante toda vez arrancar dos
dispositivos – de todo dispositivo – a possibilidade de uso que os
mesmos capturam. A profanação do improfanável é a tarefa po-
lítica da geração que vem
Giorgio Agamben
Museums, identities and political gestures on Sabrina Moura, “Museus, identidades e gestos
74 People who are born or live in quilombos, set- the agenda of restitutions políticos na agenda das restituições”, in Paulo de
tlements in places of difficult access where Sabrina Moura Freitas Costa and Ana Cristina Moutela Costa
from the 16th century onwards enslaved Black
(ed.), Identidades paulistanas. Cadernos da Casa
people took refuge, but also free Blacks, In-
A year later, a solemn meeting at the Palais de Museu Ema Klabin, 2020, v. 2, pp. 24-35. Available at
digenous people and poor whites, oftentimes
with a communal use of the land. In 2019, the l’Élysée in Paris marked the delivery of a report <https://emaklabin.org.br/download/cadernos-
Brazilian Institute of Geography and Statis- prepared by Felwine Sarr and Bénédicte Savoy da-casa-museu-ema-klabin-identidades-pauli
tics (IBGE) estimated there are around 6.000 to Macron [the president of France] and the stanas/?wpdmdl=132841&refresh=6153680cd0
quilombola communities in the country. beginning of a public debate on the process of 06f1632856076>, accessed on 11 Oct. 2021
Museums, cultural hybridisation and new Brazilian contemporary art on the frontiers this geographically distant otherness can be
territorialities of belonging located in cities and in the peripheries and,
Judite Primo Marcelo Campos even more so, in the subjectivity of each artist.
Cities are thus configured with their indistinct
The fundamental issue in the field of collective It is worth stressing that one of the features of voices, celebrating memory in tribes and urban
memory and its treatment by museology is to the modernist strand was the construction of a types of heterogeneous collectivity. Very dif-
recognise that it corresponds to only one pos- collective memory. Therefore, the nationalist ferent voices in what we can call identity.
sible way, among others, of establishing spaces policies of modernism include the construction
of organisation and evocation of collective cul- of a homogeneous memory based on popular Marcelo Campos, “Arte contemporânea brasileira
tural references at the service of knowledge culture. The efforts to create a homogeneous nas fronteiras do pensamento”, Arte & Ensaios,
and of the sustained development of memory whole are explicit in heritage policies, inter- Graduate Programme in Visual Arts-UFRJ, 2007,
management systems. ested in safeguarding Brazil’s cultural heritage. n. 15, pp. 106-115. Available at: <https://www.pp-
The museum transformed itself over time The national memory, according to intel- gav.eba.ufrj.br/wpcontent/uploads/2012/01/ae15_
into a centre for the expression of the social lectuals and politicians, becomes a funda- Marcelo_Campos.pdf>, accessed on 6 Oct. 2021.
dynamics of the groups that worked on the ba- mental factor for the survival of the Brazilian
sis of memory and references from the past to nation as a “civilisation”. Thus “the rhetoric
construct their identity. of stone”, a term coined by José Reginaldo Beyond Carmem Miranda: camp lives
The idea of a new type of museum, which Santos Gonçalves, is constructed. The author Denilson Lopes
was more socialising and dialogical, makes states that during Rodrigo Mello Franco de
people feel uneasy because it implies actively Andrade’s administration at the Serviço do The strength of the protagonist [of the film
and continuously abolishing the deviations be- Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Madame Satã (2002) by Karim Aïnouz] lies in
tween economic and technological reality and (SPHAN), the preservation of objects and monu- wanting to be free — man, woman, madame
the way of thinking and living this reality. So- ments was qualified as a primordial condition and Satã (Satan, in Portuguese). To take on
cial work gains a new perspective by investing against illegal trade, the perishing of time and the name in a Carnival parade, at the end of
in the memory of the social. the indifference of the population. the film, is a gesture of affirmation of identity
This new museology calls upon social sub- What needs to be highlighted is that the through the mask, through the constant game
jects to actively intervene and resist the deter- discourse of loss, delivered by these intellectu- in life and on stage, far from the folklorisation
minism of the history of heroes and the glorious als, considers heritage from “an objective his- and ridicule that homosexuals and transves-
past that excludes their skills and knowledge. torical process”. With this, the fact that these tites have been and still are victims of, as takes
are the elite men who select what should or place in live TV shows, for example.
179 [...] should not constitute an important set for the Without being afraid of affectation, of nanc-
construction of the sense of tradition and of ing around, camp is itself a form of resistance to
By engaging with the social, the new museum, national memory is no longer considered. On the well-behaved standard of the middle-class
in its different forms and typologies, aims to re- the contrary, the legitimacy of the heritage is gay, integrated into the conservative consumer
spond to the rifts in cultural and social life. The understood as a transcendent reality. society in which we live. We are also a long way
social is then totally reinvested in the life of com- In contrast to this homogeneous idea, we from the servile roles that Black people have
munities, becoming the object of cultural actions. know that, if reality is a constructed process, so often played in Brazilian drama, something
It is not important to discuss how much the memory also positions itself as one of its items. confirmed by recent work on their representa-
museum, consciously or unconsciously, pro- Through memory, a relationship is created in tion in films and television programmes, in the
duces and affirms the established order of the which “culture builds and lives its temporality”. wake of the historical and panoramic work of
present. Rather, it is important to recognise it But the sense of the past is reworked between João Carlos Rodrigues and Joel Zito Araújo.
as an ideological state apparatus with legiti- modernism and contemporaneity, either as a Without falling into stagnant classifications,
mising functions to provide different uses of denial of contextual references (formalism), or ghettos or erasing all the signs and marks of
culture. However, it is important to recognise as an affirmation of identitarian elements. pain and social injustice, Madame Satã, the
another museological movement that follows film, turns anger into an opening for joy, never
the path of instituting counterpowers, where [...] for mere resentment. Transgression does not
more than seeking to legitimise the estab- reside in inflammatory discourse, but in the
lished order, museums seek to question social Contemporaneity seems to point out that in- protagonist’s own body. Her affront needs no
memory and the processes of patrimonialisa- tertextuality, hybridisation and fragmentation words. Her life, to which we are thrown into
tion, becoming also an instrument that allows have come to accept a polysemic conceptual with the abundance of close-ups and closer
those who are concerned with the construc- reinvention. Here, as in Latin America, the shots, is enough. We are plunged into her pres-
tion of the present to consciously negotiate conceptual value of the art object is hybridised ence, in a kind of seduction without escape.
and articulate a new relationship with the past. with political and ideological issues, reinter- We cannot look away; we cannot pretend not
preting the tautological coolness of interna- to see. Everything is there, straightforward,
Judite Primo, “Museus, hibridação cultural e no- tional conceptualism. Since the 1960s, we have in our face: the prejudice and the joy. There is
vas territorialidades”, Cadernos de Sociomuseologia, been living a sociocultural pluralism in Brazil no conciliation with the public or with society.
2013, v. 46, pp. 17-28. Available at <https://scholar. that makes the arts one of the possible fabrics Those who are bothered can leave the cinema,
google.com/citations?view_op=view_citation in a tangle of patchwork that we can call reality. because this Madame came to take back her
&hl=pt-PT&user=qRR3Ya4AAA AJ&citation_ If modernist aesthetics can offer us the place without asking for permission. She is our
for_view=qRR3Ya4AAAAJ:eQOLeE2rZwMC>, greatness of the discovery of Brazil’s hinter- astonishment and our face, whether we want
accessed on 8 Oct. 2021. lands, the contemporary scene shows us that or not, whether we like it or not.
Denilson Lopes Silva, “Para além de Carmem is only 2.4% and still limited to stereotypes of as artists who go to the field, the exchanges
Miranda: o camp vive”, Flipping / Revisitando Pop, poverty, crime, domestic work and sex work. and attempts to add one tradition to another
Estética e política nas Américas 1967–2017, Gradu- From the film Capitães da areia (Captains of reveal an abyss teeming with questions and
ate Programme in Performing Arts-UFRJ, 2017, pp. the Sands), directed by Cecília Amado, the au- recognition of mutual responsibilities, the im-
50-59. Available at <https://www.ppgac-ecoufrj. thor’s granddaughter, emerges Captain Dora’s measurable gulf between two worlds, a para-
com.br/publicacao/denilson-lopes-silva/390>, ability to play with gender identities; the sub- dox that anthropologist Els Lagrou refers to,
accessed on 8 Oct.2021. verting of the male gaze by the prostitute “since we do not share the same notions of art”
Dalva and the centrality of Black women in and they “seem to represent, in what they do
Afro-Brazilian religiosity represented by the and value, the total opposite of the West’s do-
Significant absences: gender and race in the mãe de santo79 Aninha. However, although ab- ing and thinking in this field”.80
film and book Captains of the Sands sent from this film adaptation, the “negrinhas
Ceiça Ferreira do areal” (literally, “little Negro women of the Why do we insist so much and for so long
sands”) are characterised in Amado fiction in participating in this club, which most of
From the universe of Brazilian writer Jorge only as sexual objects; they are bodies that the the time only limits our capacity for inven-
Amado, a differentiated set of female char- sand captains used, through the use of force tion, creation, existence and freedom? Is
acters emerge. Rich, poor, wanton, prudish, and without payment. Therefore, by the ab- it possible we are continuously updating
sensual and brave women who acquire new sences that signify and the silences that reso- that old disposition of ours for voluntary
versions in our national cinematography, nate, we observe in the film and in the book the servitude?81
and linger in our imagination. But follow- reproduction of a romanticised image of Bra-
ing the guidance of philosopher and activist zilian interracial coexistence. Formative processes do not always consider
Sueli Carneiro75 in her critique of the notion that, in the name of a crossbreeding which
of female identity, it is worth asking: “which Ceiça Ferreira, “As mulheres de Jorge Amado: conceals a process of structural inequality, end
women are we talking about?” gênero e raça no filme e no livro Capitães da areia”, up forming collectives in another “imagined
Such questioning confirms the need to rec- Comunicação & Inovação, v. 22, n. 48, 2021, pp. 151- community,” the Brazilian one, the social life
ognise the place of speech,76 that is, the differ- 168. Available at <https://seer.uscs.edu.br/index. in the country being constructed “in a more
entiated historical experience of Black women php/revista_comunicacao_inovacao/article/ or less contingent way, through political and
in Brazilian society as social subjects who have view/6419>, accessed on 8 October 2021. warlike action as well as through a narrative
experienced the intersection of racism, sexism capable of forging a common identity on the
and social inequality in their everyday prac- discursive plane”.82
tices and symbolic production [...]. To be forestS, not an orchard What seems evident to us is that the voices
Given the close relationship between rep- Maria Thaís that legitimise this common cultural identity, 180
resentation systems and identity construc- even when having different origins, “seem to
tion processes,77 it is worth paying attention [...] artistic practices, before constituting them- be in unison when it comes to the voices that
to the discursive nature of this official image selves as aesthetic forms, as works or products, are intended to be erased, the bodies that will
of Brazil, familiarised in the Brazilian cultural translate the different forms of existence (of be portrayed in the background, and not iden-
imagination and disseminated by literature, being - ontologies) and produce, from them, tified as historical subjects, but as objects or
cinema and the media in general. different forms of knowledge (other episte- extras”.83 They also sound in unison in the
Based on a corpus of 258 literary works mologies) that require different ways of doing hierarchisation of models, which denounces
published between 1990 and 2004, Dalcast- (other technologies). a privilege of perspective, producing a silenc-
agnè78 points to the predominance of a white It is important to note that the relationships ing that reinforces certain universalistic (or
and male point of view, as white men add up to we examine here have found unique answers colonial) mechanisms and ideas, and even if
72.7%. Whereas participation of Black people in the praxis of countless groups and compa- they are not explicitly established, they build
nies and in the production of independent art- a common ground, and a structuring mentality.
ists nationwide, since there are countless at-
75 Sueli Carneiro, “Identidade feminina”, in tempts at dialogue between creative processes
Heleieth I. B. Saffioti and Monica Muñoz- and traditional forms. However, our observa-
Vargas (eds.), Mulher brasileira é assim, Rio de 80 Else Lagrou, “Arte ou artefato? Agência e sig-
tions direct their attention towards the forma-
Janeiro: Rosa dos Tempos and NIPAS, Brasília: nificado nas artes indígenas”, Revista Proa,
tive processes. And even in artistic production,
Unicef, 1994, pp. 187-194. n. 2, v.1, 2010, p. 1. Available at <https://www.
76 Djamila Ribeiro, O que é lugar de fala?, Belo based on our experiences, we realise that an ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/
Horizonte: Letramento; Justificando, 2017. approximation of this nature is a path full of view/2385>, accessed on 30 Nov. 2021.
77 Stuart Hall, “A centralidade da cultura: no- mutual misunderstandings that confronts in- 81 Ailton Krenak, Ideias para adiar o fim do
tas sobre as revoluções culturais do nosso terests, demands agreements, and a frank dia- mundo, São Paulo: Companhia das Letras,
tempo”, Educação & Realidade, July/Decem- logue with the guardians of these traditions, as 2019, p. 13.
ber 1997, v. 22, n. 2, pp. 15-46; in Tomaz Tadeu we are not immune to colonial relations of dec- 82 Sergio Costa, “A mestiçagem e seus contrá-
da Silva (ed.), Identidade e diferença: a perspec- imation, of damaging extractivism. If we con- rios: etnicidade e nacionalidade no Brasil
tiva dos estudos culturais, Petrópolis: Vozes, contemporâneo”, Tempo Social, May 2001,
sider legitimate our desire for approximation
2000, pp. 7-72. v. 13, n. 1, p. 145.
78 Regina Dalcastagnè, “Entre silêncios e es- 83 Presentation text of the project Territórios de
tereótipos: relações raciais na literatura resistência – narrativas em disputa (Territories
brasileira contemporânea”, Estudos de Litera- 79 Mãe de santo, also known as yalorixá, is the of resistance - narratives in dispute), event held
tura Brasileira Contemporânea, January/June female spiritual leader of the Afro-Brazilian at Sesc Ipiranga, in partnership with Museu
2008, n. 31, pp. 87-110. religions Umbamda and Candomblé. Paulista, from May to July 2019.
Maria Thaís Santos, “Ser florestaS, e não pomar”, through the rites and technologies of each Indigenous São Paulo identities
in Ailton Krenak and others, Arte, cultura e de- time and place. Casé Angatu
mocracia no século XXI, Belo Horizonte: Fundação Considering that culture is also constructed
Municipal de Cultura de Belo Horizonte, 2019, pp. through communication, communication Some people are surprised or even deny the pos-
47-51 (Cultura e Pensamento programme). materialises as such through the very expres- sibility that the capital of São Paulo is an Indig-
sion of culture. Before the Internet, televi- enous city as well, made up of native memories,
sion, cinema and photography, and even the identities and territorialities. Some people are
Soul sisters: mourning rituals in the written word, still images in caves and totems even unaware of the existence of Indigenous
Chapada Diamantina – which are at the same time expressions of a villages and territories in the São Paulo munici-
Carolina Pedreira culture and means of communication – and pality. However, we consider that São Paulo has
the sounds articulated in dialects of a culture never ceased to be also what we call the Indig-
I don’t know how to read, why can’t I read? erected, spread and reconstructed through enous Tabatatyba (“village of several peoples”),
Didn’t have the head for it… oral communication, already indicated that formerly known as Piratininga (“dry fish”).
Now look here, why didn’t I have the head both cultural and communication practices Walking around São Paulo, besides the Indig-
for reading? are socially constructed. enous people from the Guarani villages located
And all this praying? The media, in all of its forms, as well as its in the city, we notice that many of its residents —
What’s that about? content, are used in the construction of worlds, including those who live in the streets, squares,
and are discourses of culture in themselves: viaducts — have their ancestry linked to ethnic
Dona Véa de Cabuquina from a drawing to a mask; from a set of sounds groups from native peoples that were forced
in a ritual to a melody; from a baroque paint- to leave their homelands. A presence similarly
I could not answer Dona Véa’s question the day ing to an image on the tiny screen of a mobile observed in the names of rivers, streets, places,
she posed it to me. As much as my disciplinary phone; from a popular saying to advertising neighbourhoods and surroundings.
training had enabled me to confer the same slogans, or from a newspaper editorial to the
knowledge status to native theory as anthro- plot of a soap opera, for example. [...]
pological theory, none of these words made In the contemporary world, we have wit-
sense at that time. On the other hand, I could nessed from the beginning of the 20th cen- In our understanding, the identitarian construc-
have resorted to socioeconomic explanations tury, timidly at first, until it reached its over- tion of São Paulo, in its sociocultural diversity,
about government literacy programmes or whelming force in the 1960s onwards, what is strongly linked to the presence of the Indige-
the privilege (or lack of it) of some classes over was then called mass culture, an efficient nous, caipira,84 cabocla,85 Black, immigrant, mi-
others with regards to the access to fundamen- cultural industry in the words of the Frank- grant and nordestino.86 Past, present and future
181 tal rights. But that didn’t seem to be what Dona furt School, in which this “odd” connection presences representing resistance and (re)exis-
Véa was arguing about. between culture and communication became tence in territories throughout the city, names of
It is true that in that question what is in play particularly evident. At the same time that places, in cultures and in everyday life.
is my position as a white researcher, coming mass culture industrialised itself, while also
from the capital to understand a devotion al- stifling traditional cultural manifestations, [...]
most always incumbent on Black woman, and movements emerged for the valorisation of
the position of an elderly lady who prayed so local cultures, whose actual valorisation strat- The city is full of vestiges, territories, Indig-
much in her life, but who could never read egies were and are centred, above all, on com- enous, Black and popular memories in the
the Sunday Mass notebook at church. In our munication tools. way of speaking, walking and the names of
abyss, however, Dona Véa and I share the same places. However, to perceive them it is neces-
concern: How can there be a world where the [...] sary to decolonise the looking and the spirits.
written word in text form is worth more than It is a matter of reconstructing historical nar-
the word spoken as prayer or while prayed in Indigenous communities, like all social groups ratives in a decolonial manner. The rejection
singing? throughout history, have had and still have of our histories by the owners of political and
their own ways of experiencing and transmit- economic power, as well as by a certain intel-
Carolina Souza Pedreira, Irmãs de almas: rituais ting their cultures. Today, making use of digital lectual elite, involves not only the past but also
de lamentação na Chapada Diamantina (disserta- and electronic communication devices to doc- the present and the future.
tion), Universidade de Brasília, 2010. Available at ument their histories and cultures is as much They continue to deny not only our memo-
<https://repositorio.unb.br/handle/10482/7261>, an endeavour to preserve and spread them, as ries, but also current rights. Genocides and
accessed on 6 Oct. 2021 it is an intervention in the very culture itself. ethnocides against Indigenous people, as well
as ecocides, have not only happened in the past,
Naine Terena de Jesus and Benedito Dielcio but still occur today. Sometimes governments
Communication and culture: Moreira, “Comunicação e cultura: dimensão act like the old/new colonists, removing native
the pedagogical dimension of indigenous pedagógica das narrativas indígenas em audiovi- rights, stopping demarcations of Indigenous
audiovisual narratives sual”, in Naine Teresa de Jesus and Paulo Sergio
Naine Terena de Jesus Delgado, Povos indígenas no Brasil: perspectivas no
Benedito Dielcio Moreira fortalecimento de lutas e combate ao preconceito por
84 Individual native to rural areas or areas far
meio do audiovisual, Curitiba: Brazil Publishing, from the big Brazilian cities (TN).
As we search the history of humanity we find 2018, pp. 81-98. Available at <https://ufmt.br/po- 85 Someone of Indigenous descent with a white
groups and societies in unique times and vosdobrasil/images/Povos_Indigenas_no_Bra- father or mother (TN).
spaces, building and spreading their cultures sil.pdf>, accessed on 22 Nov. 2021. 86 Someone born in Northeastern Brazil (TN).
lands, threatening demarcated lands, devas- activists.87 It is also in this direction that Judith note in a letter to another CISAC member, ‘art
tating nature. In 2019 alone eight Indigenous Butler’s arguments about a politics of perfor- and politics are today inseparable’.89
people were killed in the struggle for land, the mativity move. In the intense two years that followed the
highest number since 2011. Covid-19 has greatly initial motion for the Museo de la Solidari-
increased the number of Indigenous people Carlos Henrique de Lima, “Ativismo e perfor- dad, the project continued to develop and
killed, becoming a weapon for the genocide of mance: aspectos da aliança dos corpos nas ruas”, certain ideas were further clarified. Although
native peoples, Black people and the poor. RUA, v. 26, n. 1, 2020, pp. 277-295. Available at it was considered strategic and fundamental
However, we often say: we don’t hold grudges, <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ to include ‘first-category artists with firm po-
but we have memory. rua/article/view/8660002>, accessed on 7 Oct. 2021 litical positions’,90 the non-partisanship they
insisted on can be observed in the group of
Casé Angatu, “Indígenas identidades paulistanas”, works that came together during those brief
in Paulo de Freitas Costa and Ana Cristina Mou- ‘Struggle as Culture’: first years. The collection is unique in its het-
tela Costa (ed.), Identidades paulistanas. Cadernos The Museum of Solidarity, 1971–1973 erogeneity and in the way it quite literally em-
da Casa Museu Ema Klabin, 2020, v. 2, pp. 13-23. María Berríos bodies a slice of time and no specific style (al-
Available at <https://emaklabin.org.br/download/ though great care was taken in reviewing the
cadernos-da-casa-museu-ema-klabin-identi- Can a museum be a weapon? [...] The declara- kind of works received through the donation
dades-paulistanas/?wpdmdl=132841&refresh=615 tion [released by the International Committee process).91 A commitment to changing the
3680cd006f1632856076>, accessed on 8 Oct. 2021. of Artistic Solidarity (CISAC) that ran the Museo world inevitably involved a conception of art
de la Solidaridad] put the donating artists and as change, so in this sense there was a natu-
their artworks at the forefront, and recognised ral affinity with modern art reflected in the
Activism and performance: aspects of the their solidarity as political action. Simultane- collection. But, as correspondences between
alliance of bodies in the streets ously, it provided an outline of the principles CISAC members attest, they — and particularly
Carlos Henrique de Lima guiding the museum underway — a museum Pedrosa — considered it crucial to also incor-
that openly denounced how the art system and porate ‘experimental artists’: ‘new artists, non-
The urban activism that has emerged in the last its segregating institutions of concentrated artists, anti-artists and their “non-objects”’.92
decade in metropolises in Brazil is formed by wealth ultimately degraded art and artists. In The Museum itself should become an open,
groups that make interventions in the public this sense, the Museo de la Solidaridad was permeable space involving artists through
space. They have a diverse social base and are born as a museum against museums, an anti- their own ‘experiences’ and research. It was
not organised into previously established social museum: the basic notions of the proposed mu- planned that contemporary artists should
structures — as is the case with people’s struggles seum were an assault on existing art museums, travel and spend some time in the country —
such as those of the homeless. Therefore, there especially the prestigious and admired institu- as they had done in Operation Truth — so that 182
is no common and relatively stable identity tions of the metropolis; it questioned their geo- they might gain familiarity with the revolution
among its members. When observed together, political monopoly by calling out the absolute on their own terms without particular out-
we identify in these movements actions that in- incompatibility of their social function and the comes in mind (although discussions about in
volve interventions of a performatic, fluid and principles of the artworks (and artists) in their situ works were already taking place).93
varied aspect. They are collaborative practices care. Following this logic, the Museo de la Soli-
that involve cultural activities in a broad sense daridad initiated a motion that would attempt
89 Letter to Dore Ashton, June 1972. Quoted
and seek a new political experience formed by to ‘reclaim’ Pablo Picasso’s Guernica (1937): they
in Carla Macchiavelo, ‘Una bandera es una
an intermingling in which each point presents argued that the Museum of Modern Art in New
trama’, in Claudia Zaldívar (ed.), 40 años Museo
itself as an experience of intimate proximity. York, positioned in the centre of ‘history’s most de la Solidaridad por Chile, op. cit., p. 41.
In our perspective, by weaving this plot and prominent producer of guernicas’, was unfit to 90 M. Pedrosa, letter to D. Ashton, 9 January
standing in stark contrast to urban practice, be its custodian. They wrote a letter explain- 1972, MSSA Archive.
activist performance sharpens its contradic- ing their reasoning and offering to relocate the 91 Dore Ashton quite bluntly affirmed that she
tions. These movements produce instability painting to the Museum of Solidarity, where it did not accept ‘minor works’: they had to be
and uncertainty more than the possibility of could be ‘honoured and housed decently’.88 As relevant works and this frequently meant stu-
replacing one practice for another. Above all, [President of the CISAC Mário] Pedrosa would dio visits and continued conversations. Pedro-
sa’s correspondence is clearly just as careful
they question principles. They reveal gaps and
and attentive to detail in relation to the discus-
therefore point out possible alternatives for
sions around the works to be donated. See the
the process of urban production. The perfor- 87 Doug McAdam, Sidney Tarrow and Charles interview with Ashton in C. Zaldívar (ed.), 40
mative aspect of this activism stimulates new Tilly, Dynamics of Contention, New York: años Museo de la Solidaridad por Chile, op. cit.
connections and leaves residues in the ways Cambridge University Press, 2001. 92 M. Pedrosa, letter to Hélio Oiticica, 9 June
of acting that are gradually assimilated by 88 What remains is a draft of a letter to Picasso, 1972, MSSA Archive.
groups in different spaces and urban contexts as well as detailed notes on how to transport 93 These discussions are attested to in much of
in a continuous dissimilar and plural conflu- Guernica safely to Santiago. See ‘Proyecto de Mário Pedrosa’s correspondence at the time,
ence. Performances are modified from inher- carta a Picasso’, July 1972, MSSA Archive. A sim- where he mentions a proposal to Ferreira Gular
ilar logic was exercised by the Art Workers’ Co- to install his ‘poema enterrado’ (buried poem)
ited repertoires. As this takes place, claims are
alition in the 1970 action involving Guernica as well as an invitation to Hélio Oiticica to re-
incorporated, means are selected, new rep-
as a counter-point to the explicit anti-Vietnam alise an ‘experiencia’ on the future site of the
resentations emerge. Collective actions are war poster And Babies (1969). On the latter, Museum. See MSSA Archive. Regarding Pedro-
transformed as a result of improvisation and see Julia Bryan-Wilson, Art Workers: Radi- sa’s role and vision for the Museum of Solidar-
struggle, although forms of interaction are cal Practice in the Vietnam War Era, Berkeley: ity, see María Berríos, ‘Por el futuro artístico del
limited to what is intelligible and feasible for University of California Press, 2009. mundo’, in Gabriel Pérez Barreiro and Michelle
María Berríos, “’Struggle as Culture’: The Museum said, “Play it. It’s ours.” And I played it, there dialogue. As I wrote in the accompanying pub-
of Solidarity, 1971–73”, Afterall, Issue 44, Autumn/ was nothing else to be done. lication of A Labour of Love, the project “can be
Winter, 2017. Available at <https://www.afterall. seen as the exploration of a grammar for res-
org/article/-struggle-as-culture-the-museum-of- [...] urrecting historical reference points” through
solidarity-1971-73>, accessed on 7 Oct. 2021 a collection that had not been activated for 28
Two men rang me up, in good faith, to collabo- years. I would like to imagine that this inac-
rate with me. Without knowing it, they told me: tivity “enables an alternative narrative to re-
Spiritual instinct before reason “We are here to help you, we have experience”, emerge, one that is located in the present as
Francisco Huichaqueo and I asked: “What experience?”. To which they it has been unfolding since the works left the
replied, “We set up the rewe that’s in the Orly country (South Africa) during that political pe-
One day I went to look for her [for the machi].94 Museum in France, it’s a huge machi rewe”. I told riod known as the ‘state of emergency’”.
We arrived in the centre of Santiago, at the them, “Ah, the one we are trying to remove and This ethic defined the way in which we de-
Museo Chileno de Arte Precolombino, where bring back with the Mapuches David Aniñir, veloped All in a Day’s Eye. This exhibition was
the director of the conservation area welcomed Bernardo Oyarzún and Max Corvalán”. We deliberately approached through the critical
us. We went down in the lifts, and the conser- spent a long time trying to take it out, and Da- lenses of four Black women — myself as guest
vators were waiting for us with the boxes and vid Aniñir went into a trance when we jumped curator with an appointed team of three re-
all the things, which were many. And there over the containment barrier, when we went in searchers comprising curator Tšhegofatso
machi said: “Why is what’s ours underground? to get it out. I said to the installers, “Why did Mabaso, artist and educator Donna Kukama
Why is it cold in here? Why is everything put you set it up if we want to have it?” They were and artist Simnikiwe Buhlungu. Each team
away?” Then I told her, “Machi Silvia, this is a speechless. They were not called for this work, member represents a slightly different artistic
museum that stores our things,” but she said because they talked and displaced the spiritual generation with at least 20 years between my-
to me, “But why? I had heard about that, but I nature of everything. I told them, “Stop talking self, the oldest, and the youngest, Buhlungu.
never thought it was true. Now I see, it’s true.” about contemporary art, stop talking about the This becomes an important point of note if
She saw our things and she was upset... be- museum stuff, because this has another mean- we consider that South Africa has been an of-
cause it was too much to bear. When she saw ing.” We are facing a new exploration. Besides, ficial democracy for 26 years and that our con-
the kultruns,95 our trapelakuchas,96 the silver they have never been in that place, and I have. temporaneity straddles uneven, yet similar
garments of the women, she said, “Why are I regard it as something more than an exhibi- or relatable, generational time frames. When
they not with their owners? Why have the kult- tion, as a reunion to repair, to amend, to repair first presented with the list of works in the Ja-
run of machi not been passed on to the next ma- the broken pitcher that we are as a culture. vett Family Collection, I became aware that
chi or granddaughter or to so and so person in Gladys Mgudlandlu (1917–1979) is the only
183 the future? Why are they kept in boxes?”. It was María Berríos and Francisco Huichaqueo, “El ins- Black woman featured in the collection with
briefly explained to her. She said she was upset tinto espiritual antes que la razón”, Concreta, n. 16, two paintings: Fields, Woman and Cows (1964)
but didn’t know why she was uneasy and gave Oct. 2020. and African Woman Smoking a Pipe (1963). On
an order as a leader. She said, “Put everything even closer inspection I counted at least 15
here on the worktables.” The conservators said works in which the figure of the Black woman
no, because there were too many things. It was Ghost Stories in a Day’s Eye is a subject of representation by, especially but
true, the pieces were not going to fit on the Gabi Ngcobo not exclusively, white artists. Here, the the-
worktables. “So put a little bit of everything: the matics of innocence, together with a fixation
silverware, things for spiritual use, the rewes97 Archives always contain both what is unsaid of representing Black bodies, is often coupled
of chemamüll...”.98 Everything was placed there and what is unsayable. Working with archives with a privileged ignorance around histories of
and she performed a ceremony. She asked me means to strain against their limits and to ren- colonial violence even as one paints a still life.
to play an instrument, the pifilca, a flute, but der unstable both what is contained in them
I didn’t have mine that day. She told me: “No, and their blind spots. This is an approach Gabi Ngcobo, “Ghost Stories in a Day’s Eye”, in Ai-
play the one on the table”, an old pifilca. I took Yvette Mutumba and I took when working with leen Burns and others (ed.), Uneven Bodies (Reader),
the flute and the conservators told me: “Don’t a South African collection of more than 600 New Plymouth: Govett-Brewster Art Gallery, 2020.
touch it”. They were wearing white gloves, but works of art purchased in 1986 by the Weltkul-
we weren’t. The machi touched the kultrun and turen Museum in Frankfurt, Germany. By ask-
ing “how do we inscribe what was impossible Museums with the communities:
or invisible at the historical moment the works the exhibitions programme in cocuration
were created and the collection assembled?”, with MUSEF
Sommer (ed.), Mário Pedrosa. De la naturaleza we devised a method of inserting the voices of Elvira Espejo
afectiva de la forma, Madrid: Museo Nacional women artists which are largely missing and
Centro de Reina Sofía, 2017, pp.86–101. ‘queering the collection’ in order to tell the sto- The collaborative research and exhibitions
94 Machi is the protector and healer of the Ma- ries that were not legally possible to express at programme in cocuration with the Museo
puche people. that historical time. A Labour of Love, the cu- Nacional de Etnografía y Folklore (MUSEF), un-
95 Kultrun or cultrún is a percussion instrument
ratorial project that came out of this process, der the Fundación Cultural del Banco Cen-
used by the Mapuche people.
wove a historical narrative with a pedagogical tral de Bolivia (FC-BCB), has been running since
96 Trapelakucha is a silver chest adornment tra-
ditionally worn by Mapuche women. programme in which students from the Wits 2016. It was born from requests for support
97 Rewe: sacred altar of the Mapuche people School of Arts created responses to the collec- from various rural communities seeking to
98 Chemamüll are wooden statues used by the tion and the narrative around it, thus generat- strengthen and grant more value to their com-
Mapuche people to signal a grave. ing a necessary and overdue cross-generational munity museums.
The programme is characterised by the act implies many meanings. It is also the expres- Memory of what? Of whom? For whom? When?
of breaking away from the academic vertical- sion of the memories of a community when Where?
ity common to curatorial processes, conduct- grandparents remember that in ancient times How can we treat popular expressions as in-
ing them together with the local communities. sikuri musicians were used first by the church tangible, or if we want to quote the intercon-
Thus, the museum exhibition is not only made and colonial authorities, then by the republi- nection and inversion of the public and pri-
up of the archaeological or ethnographic ma- can state. Through the ideas of local leaders vate orders, as intangible heritage? Don’t the
terials of a community, but also of visions, such as Titi Calamani and later researchers, means of production of life go through the
concepts, pride, concerns and demands. The the sikuri is proposed as an assertion of Taypi material dimension, and are they not signi-
exhibitions are the result of months of in- Ayca’s own political thinking. fied by it? Are not thoughts, concepts, heritage,
depth contact with the communities, after With great satisfaction, in May 2021, we ancestry and so many other vital aspects, usu-
which the museum scripts are worked on and were informed by the municipality of Moco- ally gathered under generalising definitions,
validated with them before being transformed moco that the museums in both communities perpetuated by that which the past sends us
into a temporary exhibition, which takes place had been equipped to house the exhibitions, back from the experience of the real? How to
at MUSEF in La Paz, Bolivia. and were requesting us to hand over the ma- treat the spoils of those who were prostrated
Once this temporary exhibition is taken terials produced. A four-person installation to the ground? How do we signal the crime of
down, MUSEF is able to deliver the museogra- team was immediately formed and informa- assault on the accumulated knowledge of the
phy produced to the community or munici- tion boards and other museographic elements oppressed, without putting it on the shelves of
pality and support its re-installation. In return, were packaged; our truck left for Mocomoco the unprofanable, taking it out of use? From
local municipalities equip their museums with and was welcomed in Huarcamarka and Taypi what point of view are we to examine when the
the necessary infrastructure to house the exhi- Ayca with open arms and support. After three definition of intangible culture is proposed?
bition, in a collaborative dynamic process. days of installation, in which museum staff How can we integrate the history of culture
and members of both communities collabo- into the history of class struggle?
[...] rated in transferring materials, placing pieces The issues surrounding the concepts of
and clothing on mannequins and other base memory and intangible knowledge are mul-
[In the case of the exhibition Escuchar al supports, and in the electrical installation of tiple and are not written in stone. They have
viento y la piedra (Listen to the Wind and the illuminated panels, among other tasks, we been dealt with in depth by various philoso-
Rock), which opened in 2019 in La Paz], the were able to bring this collaborative activity phers and thinkers who have guided many
research and exhibition focused on aspects to a successful conclusion. of the enquiries presented in this text. First
that are a source of pride for the people of of all, in order not to get stuck in definitions,
each of these communities. In the case of Elvira Espejo, “Museos con las comunidades: el I propose to locate the point of action that is
Huarcamarka, the Escuchar al viento y la pie- programa de exposiciones en co-curaduría del presented to us as contemporary subjects — to 184
dra exhibition speaks of the archaeological MUSEF”, Tejiendo culturas: boletín institucional de be in the world, and not outside it. A consider-
site of the same name, an impressive complex la Fundación Cultural del Banco Central de Bolivia, able part of this territory is time and our rela-
of steep rock formations alongside Inca and June 2021, n. 6, p. 27. Available at <http://www. tion to it.
pre-Inca structures. The rock, whether natu- fundacionculturalbcb.gob.bo/documentos/ Through and for the experience of think-
ral or sculptured, is not for the community an boletin-cultural/2021/boletin_06_2021.pdf>, ing, I start from common sense, that is, from
inert remnant of a finished past. The rocks are accessed on 14 Oct. 2021 the ideas that dominate the collectivity. In
formations with agency and spirit used at dif- the Brazilian context, intangible culture is
ferent times of the year to ask for permissions understood as a set of expressions (including
and gifts. More than the simple observation On the invention of memory and material expressions) originating from the
of the rocks, a walk through Huarcamraka is the materiality of things for the contemporary dominated classes. It is opposed to material
a constant encounter with them, a request for and popular subject culture, which, by definition, are the expres-
permission and an exercise of memory. This Gabriel Gutierrez sions connected in some way to the produc-
encounter is mediated by offers of coca and tion of the ruling classes, or what is absorbed
alcohol, in a constant encounter with the be- The unprofanable of pornography — ev- by them to validate what they define as a na-
ings that inhabit the ancient places. It was the erything that is unprofanable — is founded tion. These two restricted senses of culture
considerations from within the community on the arrest and diversion of an authen- connect and are conceived by another con-
towards the place that had preponderance in tically profanatory intention. For this cept-institution: heritage, that is, the treat-
this exhibition. reason, we must always wrest from the ment of memory, sometimes as a romantic
Meanwhile, in Taypi Ayca, the community apparatuses — from all apparatuses — the and passionate approach to a past that does
chose to highlight their famous sikuri, the war- possibility of use that they have captured. not return and does not fit the present, since
rior dance and ritual that made them famous The profanation of the unprofanable is the it is impossible to use; sometimes as immuta-
in the rest of the country. Escuchar al viento y political task of the coming generation. ble, true fact, a record of institutional and uni-
la piedra thus highlighted the meanings and lateral history, unquestionable in itself. When
relationships that people propose through Giorgio Agamben dealing with popular cultures, the configura-
their costumes, dance and music, with their tion set up by this conceptual frame, led by
memories and their environment. Thus, the Reading the world precedes reading the the goal of safeguarding memory, delineates
sikuri is proposed not only as music, but also word, and the reading of the latter involves a fixed and incommunicable field that is the
as a relationship with the productive cycles an ongoing reading of the former. opposite of what the reality of the production
and the surrounding landscape, where each of ways of life, based on everyday life shows
element of the costume and the choreography Paulo Freire us. How to fix the unfixable?
First of all, memory is a continuous flow, creation and transformation of what surrounds a professor at the School of Architecture and
pure space of daily creation, mutation, trans- us. Memory enables contact with the archaic as Urban Planning at the Universidade de Brasí-
formation and resignification. It is not an end, an ephemeral origin, in the foundation of new lia, and a member of the research group Arqui-
but an apparatus. It is the betrayal of traditions origins. To consider memory as a creative and vos, fontes e narrativas: entre cidade, arquite-
in order to secure their perpetuation in time. organising flow of the material world is what tura e design (Archives, sources and narratives:
The materialisation of so-called immaterial frees us from the perverse distortion and his- between city, architecture and design).
knowledge is only possible through the move- torical depreciation of what is inapprehensible
ment of memory. It functions as a sieve, which by hegemony, that is, the broad culture linked Carolina Pedreira holds a PhD in anthro-
preserves the dimensions of the essential, pre- to the will to exist, the popular cultures. The cul- pology from the Universidade de Brasília
cise and urgent, proper to the use of things. tural productions and expressions born within and teaches at the Universidade Federal do
Memory is critical. The movement that char- the ephemeral challenge the restricted sense of Tocantins. She has written scientific articles
acterises it is that of being in the world right culture as a class privilege and strengthen col- on the lamentation of souls and jarê, a cabo-
now, and when there is a lack of memory, it is lective and popular thought, which, as Gramsci clo candomblé from the Chapada Diamantina
because the possibility of use was taken away points out, fuels the consolidation of a continu- region, in the state of Bahia. In 2012, she was
from us. Thus, memory and popular culture ous counter-hegemony in time. part of a local initiative for female faith heal-
are inseparable, for they reside in the sphere The encounter between the dimensions of ers in the region to be sanctioned as cultural
of use, in the timeliness of the now. memory and the classification of the expres- and social heritage.
In his brilliant essay “What is the contempo- sions of a people generates dangerous uncer-
rary?”, Agamben urges us to take a stand with tainties. Asking the world means assuming Casé Angatu is an indigenous person from
regards to our time with the precision of a ra- that dialogue as the only plausible apparatus the Tupinambá Olivença Territory, in Taba
zor blade. He points out the historical flaw and for meaningfully thinking about that same Gwarïnï Atã (Ilhéus/state of Bahia), who
challenges us to occupy it in a precise manner. world. It is only possible to understand the ter- teaches at the postgraduate programme in
Beyond what is apparent, or presents itself as ritories we occupy in the present, as contem- education/ethnic-racial relations at the Uni-
current, the author situates the creative dimen- porary subjects, if we enquire about the right versidade Federal do Sul da Bahia, and at the
sion of memory as a means to see the obscu- side through the reverse of things, and so on Universidade Estadual Santa Cruz. Angatu is a
rity that each time exposes us to through our and so forth. postdoctoral student in psychology at the Uni-
displaced condition, through untimeliness, In order to understand and accept the com- versidade Estadual Paulista, and holds a PhD
through bias, through the reverse and, more plexity of the contemporary world, it is neces- from the School of Architecture and Urban
importantly, through being on the lookout for sary to look at the resulting history through Planning of the Universidade de São Paulo,
the right time, that is, the time of use. the prism of class struggle, but recognising and a master’s degree in history from Pontifí-
185 The contemporary subject, Agamben points that there is more to it than just the dispute cia Universidade Católica de São Paulo. He is
out, for control of the means of production or the also a historian from the Universidade Estad-
transformation of its gears. There is no game ual Paulista, the author of the book Nem tudo
is not just the one who, perceiving the on this board, if we disregard the importance era italiano: São Paulo e pobreza, and the co-
darkness of the present, grasps a light that of producing culture and counterculture from author of Índios no Brasil: vida, cultura e morte,
can never reach its destiny; he is also the the perspective of the hegemonic and counter- among other publications.
one who, dividing and interpolating time, hegemonic organisation of the world. To be
is capable of transforming it and putting it contemporary is to be popular in its vital and Cátia Louredo, museology manager at MAM
in relation with other times. He is able to creative dimension, which, due to its urgency, Rio, is a museologist graduated from the Uni-
read history in unforeseen ways, to ‘cite it’ goes back to the use of things. Not fixing versidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
according to a necessity that does not arise things means abandoning the glass cabinet.. (UNIRIO). Her practice has always been linked
in any way from his will, but from an exi- to collection management processes, with a
gency to which he cannot respond.99 special interest in contemporary art conserva-
tion processes. She was one of the organisers
He reiterates Walter Benjamin’s invitation to About the authors of the workshop “Contemporary collections:
brush history against the grain, placing the practical issues”, in 2011, and participated in
inalienable invention through memory as an Benedito Dielcio Moreira is a journalist with a events such as “Getting Started: A Shared Re-
apparatus to actively overcome the reverse of PhD in philosophy/education from Universität sponsibility, Caring for TBM Artworks in Col-
the world. Siegen (Germany). He is currently an associate lections”, at MoMA, in 2018. She is registered
Memory and immateriality point us to the researcher at the Universidade Federal de Mato at COREM under n. 0615-I 2rg and has been a
relationship with the time of now, the only one Grosso, where he teaches in the postgraduate member of ICOM since 2009.
possible. This does not mean the present, on programme in contemporary cultural studies.
the contrary. To think of memory as an imma- His research focuses on communication with Ceiça Ferreira holds a PhD in communica-
terial form of relationship with things is to be an emphasis on media foundations, cultural tion from the Universidade de Brasília. She
displaced from your time, in the void and gap of mediations, scientific audiovisual writing, sci- is a professor and researcher at the film and
entific culture and educommunication. audiovisual programme of the Universidade
Estadual de Goiás, and conducts teaching, re-
99 Giorgio Agamben, What Is an Apparatus? and Carlos Henrique de Lima is an architect and search, curatorial and extension activities in
Other Essays, trans. David Kishik and Stephan urban planner from the Universidade de Bra- the areas of communication and culture, race,
Pedatella. California: Stanford University sília, with a PhD in urban planning from the gender and sexuality in the realm of film and
Press, 2009, p. 53. Universidade Federal do Rio de Janeiro. He is audiovisual media.
Denilson Lopes is a professor at the School of interventions in colonial spaces that preserve José Eduardo Ferreira Santos is a pedagogue
Communication at the Universidade Federal indigenous tangible and intangible cultural from the Universidade Católica do Salvador,
do Rio de Janeiro. Researcher at the Conselho heritage, such as archaeological collections with a master’s in psychology and a PhD in
Nacional de Desenvolvimento Científico e housed in museums in Chile and abroad. public health from the Universidade Fed-
Tecnológico and at the Fundação de Amparo eral da Bahia. He carried out postdoctoral
à Pesquisa of the state of Rio de Janeiro. Au- Gabi Ngcobo is an artist, curator and educator research in contemporary culture as part of
thor of the books Mário Peixoto antes e depois living in Johannesburg, South Africa. Since the advanced programme in contemporary
de Limite (2021), Afetos, experiências e encontros the early 2000s Ngcobo has been engaged in culture at the Universidade Federal do Rio de
com filmes brasileiros contemporâneos (2016), collaborative artistic, curatorial and educa- Janeiro, at the Instituto de Psicologia of the
and O homem que amava rapazes e outros en- tional projects in South Africa and on an in- Universidade Federal da Bahia and at the post-
saios (2002), among others. ternational scope. Recent curatorial projects graduate programme on family in contempo-
include All in a Day’s Eye: The Politics of Inno- rary society at the Universidade Católica do
Elisa Larkin Nascimento holds a Ph.D. in psy- cence in the Javett Family Collection, at the Javett Salvador, through the Coordenação de Aper-
chology from the University of São Paulo (USP) Art Centre, University of Pretoria (Javett–UP); feiçoamento de Pessoal de Nível Superior
and Master’s degrees in law and social sciences Mating Birds, at the KZNSA Gallery, Durban. In national postdoctoral programme. Currently,
from the State University of New York at Buf- 2018 she curated the 10th Berlin Biennale, titled he is a professor and researcher at the Univer-
falo (USA). She is Director of IPEAFRO, the Afro- We don’t need another hero, and was one of the sidade Católica do Salvador and chief curator,
Brazilian Studies and Research Institute, and co-curators of the 32nd Sao Paulo Bienal, In- together with Vilma Santos, at the Acervo da
coordinates the technical treatment and diffu- certeza viva (2016). She is a founding member Laje, which brings together artistic and his-
sion of the Abdias Nascimento collection. Cu- of the Johannesburg-based collaborative plat- torical works from the Subúrbio Ferroviário
rator of exhibitions and educational forums forms NGO – Nothing Gets Organised (2016–) area of Salvador and from the entire city. Au-
based on this collection, Elisa is the author of and Centre for Historical Reenactments thor of the books Novos Alagados: histórias do
several publications, including The Sorcery of (2010–2014). Ngcobo’s writing have been pub- povo e do lugar (2005), Cuidado com o vão: re-
Color: Gender, Race, and Identity in Brazil (2003 lished in various publications, including the percussões do homicídio entre jovens da periferia
/ 2007). She edited the four-volume Sankofa reader Uneven Bodies, Govett-Brewster Art (2010), Nascente da beleza (2013) and Acervo da
collection (2008–2009) and the book Adinkra: Gallery, Aotearoa New Zealand (2021), The Laje: memória estética e artística do Subúrbio
sabedoria dos símbolos africanos (2009). Stronger We Become, the catalogue of the South Ferroviário de Salvador (2014).
African Pavilion, Venice (2019), Public Inti-
Elvira Espejo Ayca is a prominent indige- macy: Art and Other Ordinary Acts in South Af- Julio Ricardo Menezes Silva is a journalist
nous artist, cultural manager and researcher. rica, YBCA/SFMOMA (2014), We Are Many: Art, the studying for a master’s degree in Art History
Born in ayllu Qaqachaka (province of Abaroa, Political and Multiple Truths, Verbier Art Sum- at Rio de Janeiro State University (UERJ). He 186
Oruro, Bolivia), her practice is related to tex- mit (2019) and Texte Zur Kunst September 2017. coordinates IPEAFRO’s project to create the
tile materials, poetry and oral tradition. She Ngcobo is Curatorial Director at the Javett-UP. online Black Art Museum (MAN-IPEAFRO). He
was director of the Museo Nacional de Etno- is active in the Permanent Forum for Racial
grafía y Folklore in La Paz between 2013 and Gabriel Gutierrez is an artist and architect Equality and the Black Coalition for Rights.
2020, and again since 2021. She was awarded who graduated from the School of Architec-
the Goethe Medal 2020, an official award by ture and Urban Planning of the Universidade Judite Primo is a feminist, anti-racist and so-
the Federal Republic of Germany, for her work de São Paulo and from the Ecole Nationale ciomuseologist. She holds a doctorate in edu-
and commitment to cultural exchange. The Supérieure d’Architecture of Paris La Vil- cation from the Universidade Portucalense
importance of her work lies above all in the di- lette, with a master’s degree from the same Infante D. Henrique, a master’s in museology
alogue between her first-hand knowledge on institution. He is the director of the Centro from the Universidade Lusófona de Humani-
and practice related to indigenous communi- Cultural Vale Maranhão and founder of the dades e Tecnologias and a degree in museol-
ties, working at the intersection of academic independent spaces Aurora (2012–2016) and ogy from Universidade Federal da Bahia. She
knowledge, cultural management and muse- Casa Peixe – SLZ (2016–). He researches pop- occupies the UNESCO Chair in Education, Cit-
ums. Her work asserts the epistemologies and ular culture and its overlap with institutional izenship and Cultural Diversity; is principal
practices of originary and campesino peoples. dimensions in the fields of material and sym- researcher at Fundação para Ciência e Tec-
bolic production. nologia, Centro de Estudos Interdisciplinares
Francisco Huichaqueo is a visual artist, film- em Educação e Desenvolvimento and is also a
maker and professor at the School of Litera- Jorge Vasconcellos is a Black-indigenous per- professor of sociomuseology at the Universi-
ture and Visual Arts of the Universidad de son, who holds a PhD in philosophy from the dade Lusófona.
Concepción, Chile. He is a graduate of the Universidade Federal do Rio de Janeiro, with
School of Visual Arts, Universidad de Chile, postdoctoral research in contemporary art Leno Veras is a communicologist, researcher
with a master’s degree in documentary film from the Universidade do Estado do Rio de and professor affiliated to the School of Com-
from the same institution and a specialisa- Janeiro. He is a professor of the department of munication of the Universidade Federal do
tion in optics from the Escuela Internacional arts and cultural studies and of the postgradu- Rio de Janeiro, and also affiliated to the War-
de Cine y Televisión in Cuba. His visual work ate programme in contemporary arts studies burg Institute, at the School of Advanced
deals with themes related to his Mapuche at the Universidade Federal Fluminense. He Study, University of London. He is currently
heritage and the indigenous peoples. He uses was part of the Cientista do nosso Estado pro- associate curator with the South American
installation, documentary and film essays to gramme (Rio de Janeiro state Fundação de information directorate of the Goethe-Insti-
express his work, featuring in national and in- Amparo à Pesquisa) and is an anti-racist activ- tut, and is a member of international organ-
ternational film festivals. He also carries out ist and member of Coletivo 28 de Maio/C28M. isations such as the Association for Critical
Heritage Studies and the International Fed- Pentesiléia, Cabras and Recusa, among others. (2014), the Zarigüeya/Alabado Contemporá-
eration of Library Associations. He is respon- She was resident director at the Centro de Pes- neo project (Museo de Arte Precolombino
sible for research and documentation area of quisa Teatral do Serviço Social do Comércio Casa del Alabado, Quito, 2015–ongoing), and
the Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. de São Paulo with the project Vagamundos. In the exhibitions Dja Guata Porã: Rio de Janeiro
2021, she codirected, with Yghor Boy, the docu- indígena (Museu de Arte do Rio, 2017–2018)
Luiza Proença is a curator and art researcher. mentary Territórios de Resistência - Florestanias, and A Singular Form (Secession, Vienna, 2014).
She holds a master’s degree in clinical psychol- Sertanias, Ribeiria (SescTV), and with Julianna He was an editor for Afterall and Afterall Books,
ogy from Núcleo de Estudos da Subjetividade Santos, the opera The Rake’s Progress at Teatro and is currently a Series Editor for the Exhibi-
at PUC-SP. Her research focuses on artistic Municipal de São Paulo. tion Histories series. He is currently the Artis-
practices and institutions and their respec- tic Director of the Museu de Arte Moderna do
tive forms of resistance in the social and en- Moema de Bacelar Alves holds licentiate and Rio de Janeiro, together with Keyna Eleison.
vironmental fields. She has worked as a cura- bachelor’s degrees in History from the Uni-
tor at MASP and at the 31st Bienal de São Paulo, versidade Federal do Pará (2006), a specialist Sabrina Moura is a professor, researcher and
among other roles. in cultural heritage from Fórum Landi/UFPA curator with a PhD in art history from the Uni-
(2008), a master’s degree (2013) and a doctor- versidade de Campinas. She has organised
Marcelo Campos is an associate professor at ate (2019) from the postgraduate programme seminars and public programmes at institu-
the department of art theory and history, a in History at UFF. Her dissertation Do Lyceu tions such as Videobrasil, Serviço Social do
tenured professor in the postgraduate pro- ao Foyer: exposições de arte e gosto no Pará da vi- Comércio de São Paulo, Goethe-Institut and
grammes in arts and postgraduate programmes rada do século XIX para o século XX (From Lyceu World Biennial Forum. She edited the book
in art history at the Instituto de Artes of Uni- to Foyer: art exhibitions and taste in Pará at the Panoramas do Sul: perspectivas para outras geo-
versidade Estadual do Rio de Janeiro. Chief turn of the 19th into the 20th century) received grafias de pensamento (2015), and was a visiting
curator of Museu de Arte do Rio (MAR), he the Roberto Santos award, from the Instituto researcher at the Institute of African Studies at
holds a PhD in visual arts from the postgradu- Histórico e Geográfico do Pará (2014) and her Columbia University.
ate programme in visual arts of the Escola de thesis Quando os artistas saem em viagem: trân-
Belas Artes of Universidade Federal do Rio de sito de pintores e pinturas na virada do século XIX Tiganá Santana is a musician, poet, translator,
Janeiro. He wrote a thesis on the concept of para o XX (When artists embark on a voyage: the researcher and professor at the Universidade
Brazilianness in contemporary art. transit of painters and paintings at the turn of Federal da Bahia, where he graduated in phi-
the 19th into the 20th century), the Best Theses losophy. He holds a PhD in literature from the
María Berríos is a sociologist, writer and in- award from the postgraduate programme in Universidade de São Paulo, and completed a
dependent curator. She is cofounder of the History at UFF (2020). She is a researcher at MAM postdoctoral internship at the Instituto de
187 Chilean editorial collective vaticanochico. Her Rio and a professor at the Instituto de Aplica- Estudos Brasileiros of the same university.
work traverses art and politics, with a special ção Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj). He is the author of several academic and ar-
interest in the collective cultural experiments She has been a member of ICOM since 2010. tistic works.
of the 1960s and 1970s, and their exhibition
formats and pedagogical methodologies. She Naine Terena holds a PhD in education, a mas- Vilma Soares Ferreira Santos is a Black woman
teaches and lectures regularly in Europe and ter’s degree in arts and a degree in social com- and an educator. She was volunteer coordina-
Latin America, and has published extensively munication from the Universidade Federal de tor of Pastoral da Criança, Pastoral Afro and
on contemporary culture in Latin America Mato Grosso. A woman of the Terena people, Pastoral Carcerária, and co-founder of Acervo
and beyond. Among other projects, Berríos she is a researcher, university professor, cura- da Laje, where she coordinates the education
curated along with Lisette Lagnado Drifts and tor and artist-educator. In 2019, she was one section. She has worked as curator and co-
Derivations. Experiences, journeys and mor- of the five finalists for the Jane Lombard Prize ordinator of exhibitions such as 1ª Exposição
phologies on experimental architectural collec- for Art and Social Justice, awarded by the Vera Pública do Acervo da Laje (2011), Novos Alaga-
tives (Museo Nacional Centro de Arte Reina List Centre for Art and Politics in New York dos; As águas suburbanas no Acervo da Laje
Sofía, Madrid, 2010). She also curated Nuestro (USA). In 2020 and 2021, she was awarded the (Subúrbio Waters in the Acervo da Laje, 2012)
desconocido, nuestro caos, nuestro mar (Museo title of Master of Culture of Mato Grosso. She and A beleza do Subúrbio (The Beauty of Sub-
Experimental el Eco, Mexico City, 2014), and was the curator of the exhibition Véxoa - nós úrbio, 2013), Plataforma; 3ª Bienal da Bahia
Alberto Cruz: El cuerpo del arquitecto no es el de sabemos (Véxoa - We know) (2020-21) at Pi- (2014), Acervo da Laje, Casa 1, and Memórias
un solo hombre together with Amalia Cross at nacoteca de São Paulo, and co-curator of the afetivas do Subúrbio Ferroviário de Salvador
MAVI – Museo de Artes Visuales, Santiago de virtual exhibition Rec-Tyty (2021). She teaches (Affective Memories of Subúrbio Ferroviário
Chile, 2017). She was one of the curators of in the specialisation programme in cultural of Salvador, 2018), Subúrbio 360, held in the
the 11th Berlin Biennale of Contemporary Art management – expansion of repertoires at Vista Alegre neighbourhood. She participated
(2019-2021) and is currently working on a proj- Instituto Itaú Cultural. She is a researcher in in the round-table discussion titled “Uses of
ect for the Museo de la Solidaridad Salvador the project Cultures of Anti-Racism in Latin Art” at the 31ª Bienal de São Paulo (2014). She
Allende to celebrate its fiftieth anniversary. America, at the University of Manchester, and also took part in the production of the project
in the Laboratory of Technologies, Sciences #Ocupa Lajes (2016, 2018-19), and collabo-
Maria Thaís is a senior lecturer affiliated to the and Creation at the Universidade Federal de rated with the student exchange programme of
Museu do Ipiranga and to the postgraduate Mato Grosso. the Bartlett School in London (2016, 2017 and
programme in drama at the Universidade de 2018), the Festival Caymmi de música (2017), as
São Paulo. Together with the theatre company Pablo Lafuente lives in Rio de Janeiro, where well as liaising and mobilising children, young
Cia Balagan (recognised as intangible heritage he works as a writer, editor and curator. He people, adults and families to hold workshops
of the city of São Paulo), she directed Programa was co-curator of the 31st Bienal de São Paulo with artists.
ARTISTAS NA EXPOSIÇÃO
Artists in the Exhibition
Artistas na exposição Artists in the Exhibition
Adilson Baiano Adilson Baiano Adilson Baiano Almiro Borges Almiro Borges Almiro Borges
Paciência Paciência Paciência Araci, BA, Brasil, 1933 – Araci, BA, Brasil, 1933 – Araci, BA, Brasil, 1933 –
[s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] Salvador, BA, Brasil, 2010 Salvador, BA, Brasil, 2010 Salvador, BA, Brasil, 2010
Caboclo Monge c/ duas cruzes São Pedro Bahia Colonial Carmo Ladeira do Ferrão Sem título Untitled
sem data undated Monk with Two Crosses Saint Peter sem data undated sem data undated sem data undated
madeira wood sem data undated sem data undated óleo sobre tela óleo sobre tela óleo sobre tela
59 × 19 × 18 cm madeira wood douramento e verniz oil on canvas oil on canvas oil on canvas
123 × 28 × 30 cm sobre madeira 56 × 46 cm 48 × 39,5 cm 68 × 83,5 cm
gilding and varnish
on wood
82,5 × 20 × 40 cm
193
Almiro Borges Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado
Araci, BA, Brasil, 1933 – Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author
Salvador, BA, Brasil, 2010 Nossa Senhora Santa Bárbara Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
Barcos Ribeira das Graças sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
Ribeira Boats sem data undated madeira wood acrílica sobre madeira wood madeira wood
1977 madeira wood 20,9 × 6,5 × 6,5 cm aglomerado 26,5 × 8 × 6 cm 33 × 6 × 5,5 cm
óleo sobre tela 26,5 × 10,1 × 7 cm acrylic on masonite
oil on canvas 130 × 101 cm
76,5 × 59 cm
Bida Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia
Nazaré das Farinhas, BA, Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964
Brasil, 1971 Erê Máscara Caboclo Pena Máscara Omolú Máscara Oxalá Oxalá
O Brasil dá canção, sem data undated Branca Caboclo White Omolú Mask Oxalá Mask sem data undated
miscigenação madeira wood Feather Mask sem data undated 2010 madeira wood
Brazil Gives Song, 16,5 × 17,5 × 7 cm sem data undated policromia sobre madeira madeira wood 28 × 31 × 4 cm
Miscegenation madeira wood polychromy on wood 27 × 19 × 5 cm
2008 38 × 17,7 × 8 cm 40,5 × 23,5 × 5 cm
acrílica e assemblage
sobre tela acrylic and
assemblage on canvas
200 × 200 cm
Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia Cesar Bahia
Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964
Oxum Oxum Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
policromia sobre madeira policromia sobre madeira madeira wood madeira wood madeira wood policromia sobre madeira
polychromy on wood polychromy on wood 15,3 × 5 × 6 cm 33 × 12 × 7 cm 40 × 14 × 11 cm polychromy on wood
36 × 22 × 5 cm 39,6 × 23 × 4 cm 27 × 18,5 × 6,5 cm
194
Cesar Bahia Cesar Bahia Daniele Rodrigues Daniele Rodrigues Daniele Rodrigues Daniele Rodrigues
Salvador, BA, Brasil, 1964 Salvador, BA, Brasil, 1964 Santo André, SP, Brasil, Santo André, SP, Brasil, Santo André, SP, Brasil, Santo André, SP, Brasil,
1964 Xangô 1991 1991 1991 1991
Sem título Untitled sem data undated Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated policromia sobre madeira sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
madeira wood polychromy on wood impressão fotográfica impressão fotográfica impressão fotográfica impressão fotográfica
45 × 11 × 14 cm 22 × 40 × 4 cm sobre papel sobre papel sobre papel sobre papel
photographic print photographic print photographic print photographic print
on paper on paper on paper on paper
40 × 60 cm 60 × 40 cm 40 × 60 cm 40 × 60 cm
Emílio Ugarte Emílio Ugarte Emílio Ugarte Emílio Ugarte Indiano Carioca Indiano Carioca
[s.l.], [193-] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [193-] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [193-] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [193-] – [s.l.], [s.d.] Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira,
Carmo, Bahia Catedral – Sem título Untitled Sem título Untitled PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947
sem data undated Basílica – Bahia sem data undated sem data undated Amor à máquina Sem título Untitled
policromia sobre azulejo sem data undated policromia sobre azulejo serigrafia sobre azulejo Machine Love 2011
polychromy on tile serigrafia silkscreen polychromy on tile silkscreen on tile 2013 acrílica sobre madeira
15,5 × 15,5 cm 15,5 × 15,5 cm 14,7 × 14,7 cm 14,5 × 14,5 cm acrílica sobre acrylic on wood
compensado 39 × 33 cm
acrylic on plywood
24 × 21 cm
Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca
Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira,
PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
2012 2013 sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
acrílica sobre aglomerado acrílica sobre acrílica sobre acrílica sobre acrílica sobre aglomerado acrílica sobre
acrylic on masonite compensado compensado compensado acrylic on masonite compensado
62,8 × 37,3 cm acrylic on plywood acrylic on plywood acrylic on plywood 26,2 × 40,9 cm acrylic on plywood
28 × 24,8 cm 16,7 × 15 cm 50 × 40 cm 33,8 × 44 cm
195
Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca Indiano Carioca
Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Afogados da Ingazeira,
PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947 PE, Brasil, 1947
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
acrílica sobre tela acrílica sobre tela acrílica sobre tela acrílica sobre tela acrílica sobre acrílica sobre aglomerado
acrylic on canvas acrylic on canvas acrylic on canvas acrylic on canvas compensado acrylic on masonite
30 × 30 cm 30 × 20 cm 30 × 30 cm 34 × 28,5 cm acrylic on plywood 38 × 29 cm
44 × 37 cm
Indiano Carioca Ivana Magalhães Ivana Magalhães Ivana Magalhães Ivana Magalhães José Eduardo Ferreira
Afogados da Ingazeira, Salvador, BA, Brasil, 1974 Salvador, BA, Brasil, 1974 Salvador, BA, Brasil, 1974 Salvador, BA, Brasil, 1974 Salvador, BA, Brasil 1974
PE, Brasil, 1947 Coleção Ancestrais Coleção Ancestrais Coleção Traço Colorido Coleção Traço Colorido Tinhorão
Velocidade da luz Ancestors Collection Ancestors Collection Coloured Line Collection Coloured Line Collection Heart of Jesus (Caladium)
Speed of Light 2018 2018 2018 2018 sem data undated
sem data undated cerâmica policromada cerâmica policromada cerâmica policromada cerâmica policromada impressão sobre azulejo
acrílica sobre aglomerado polychromy ceramic polychromy ceramic polychromy ceramic polychromy ceramic print on tile
acrylic on masonite 8 × 33,5 cm (diâmetro / 8 × 33,5 cm (diâmetro / 9 × 24 cm (diâmetro / 9 × 32,5 cm (diâmetro / 15,5 × 15,5 cm
38 × 28,3 cm diameter) diameter) diameter) diameter)
Mila Souza Mila Souza Mila Souza Mila Souza Mila Souza Prentice
Salvador, BA, Brasil, 1991 Salvador, BA, Brasil, 1991 Salvador, BA, Brasil, 1991 Salvador, BA, Brasil, 1991 Salvador, BA, Brasil, 1991 Salvador, BA, Brasil, 1940
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
impressão fotográfica impressão fotográfica impressão fotográfica impressão fotográfica impressão fotográfica tinta de cerâmica e
sobre papel sobre papel sobre papel sobre papel sobre papel serigrafia sobre azulejo
photographic print photographic print photographic print photographic print photographic print ceramic ink and
on paper on paper on paper on paper on paper silkscreen on tile
70 × 50 cm 70 × 50 cm 70 × 50 cm 70 × 50 cm 70 × 50 cm 15,4 × 15,4 cm
196
197
Ray Bahia Ray Bahia Ray Bahia Ray Bahia Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger
Salvador, BA, Brasil, 1954 Salvador, BA, Brasil, 1954 Salvador, BA, Brasil, 1954 Salvador, BA, Brasil, 1954 Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina,
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA,
2012 2012 2015 2015 Brasil, 2017 Brasil, 2017
metal metal metal metal metal metal metal metal Sem título Untitled Cotelete Sunday
38 × 30 × 3 cm 51 × 43 × 3,5 cm 96 × 30,5 × 10 cm 63 × 35 × 5 cm sem data undated Domingo Cotelete
policromia sobre azulejo sem data undated
polychromy on tile policromia sobre azulejo
15,5 × 15,5 cm polychromy on tile
20,5 × 20,5 cm
Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger
Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina,
1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA,
Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
policromia sobre azulejo policromia sobre cerâmica vitrificada e policromia sobre azulejo policromia sobre azulejo policromia sobre azulejo
polychromy on tile cerâmica policromia glazed polychromy on tile polychromy on tile polychromy on tile
21 × 21 cm polychromy on ceramic ceramic and polychromy 31 × 31 cm 30 × 15 cm 22,8 × 16,5 cm
10,5 × 6 cm 15,5 × 15,5 cm
198
Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger
Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina,
1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA,
Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
cerâmica vitrificada e cerâmica vitrificada e policromia sobre policromia sobre policromia sobre azulejo policromia sobre azulejo
policromia glazed policromia glazed cerâmica cerâmica polychromy on tile polychromy on tile
ceramic and polychromy ceramic and polychromy polychromy on ceramic polychromy on ceramic 20 × 20 cm 31 × 31 cm
22 × 22 cm 25 × 15 cm 18,5 × 15 cm 15 × 28 cm
Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger
Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina,
1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA,
Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017 Brasil, 2017
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
policromia sobre azulejo policromia sobre azulejo policromia sobre azulejo cerâmica vitrificada e policromia sobre azulejo e policromia sobre azulejo e
polychromy on tile polychromy on tile polychromy on tile policromia glazed assemblage polychromy assemblage polychromy
30,5 × 61 cm 31 × 31 cm 20,2 × 20,2 cm ceramic and polychromy on tile and assemblage on tile and assemblage
15,1 × 15,5 cm 33,6 × 25,6 × 2,1 cm 31,5 × 19,2 × 2 cm
Reinaldo Eckenberger Reinaldo Eckenberger Simone Santos Zaca Oliveira Zaca Oliveira Zaca Oliveira
Buenos Aires, Argentina, Buenos Aires, Argentina, Belo Horizonte, MG, Salvador, BA, Brasil, 1970 Salvador, BA, Brasil, 1970 Salvador, BA, Brasil, 1970
1938 – Salvador, BA, 1938 – Salvador, BA, Brasil, 1985 Brisa fria Cold Breeze Os sobreviventes Sem título Untitled
Brasil, 2017 Brasil, 2017 Favela sem data undated The Survivors sem data undated
Painéis chez Hueser N’importe quoi nº 2 2013 acrílica e resina líquida sem data undated acrílica sobre tela
Painéis casa de Hueser Qualquer coisa nº 2 óleo sobre compensado sobre tela acrylic and acrílica sobre tela acrylic on canvas
Hueser’s House Panels Anything n. 2 oil on plywood liquid resin on canvas acrylic on canvas 120 × 80 cm
sem data undated sem data undated 54 × 30 cm 120,5 × 80 cm 118 × 79 cm
policromia sobre azulejo cerâmica vitrificada e
polychromy on tile policromia glazed
31,5 × 31,5 cm ceramic and polychromy
25 × 17 cm
199
Abdias Nascimento Abdias Nascimento Abdias Nascimento Abdias Nascimento Abdias Nascimento Abdias Nascimento
Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 –
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
2011 2011 2011 2011 2011 2011
A criação nº 2: Obatalá Diagrama ritual sincrético Mediação nº 2: Apis, Padê de Exu Pomba Gira, fêmea Raízes: tributo a
e Exu Creation n. 2: Syncretic Ritual Diagram o boi sagrado Mediation Padê for Exu de 7 Exus Pomba Gira, Aguinaldo Camargo
Obatalá and Exu 1993 n. 2: Apis, the Sacred Ox 1988 Female of 7 Exus Roots: Tribute to
1973 acrílica sobre tela 1973 acrílica sobre tela 1970 Aguinaldo Camargo
acrílica sobre tela acrylic on canvas acrílica sobre tela acrylic on canvas acrílica sobre tela 1988
acrylic on canvas 40 × 50 cm acrylic on canvas 150 × 100 cm acrylic on canvas acrílica sobre tela
152,3 × 101,7 cm 63 × 63 cm 102,5 × 152,6 cm acrylic on canvas
100 × 150 cm
Afro-Brazilian
Theogony n. 2:
Iansã, Obatalá,
Oxum, Oxossi, 200
Yemanjá, Ogum,
Ossaim, Xangô, Exu
Abdias Nascimento Abdias Nascimento 1972 Abdias Nascimento Agenor Francisco Agnaldo Manoel
Franca, SP, Brasil, 1914 – Franca, SP, Brasil, 1914 – acrílica sobre tela Franca, SP, Brasil, 1914 – dos Santos dos Santos
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, acrylic on canvas Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Alagoinhas, BA, Brasil, Ilha de Itaparica, BA,
2011 2011 102 × 152 cm 2011 1932 – SP, Brasil, [1997?] Brasil, 1926 – Salvador,
Santa Maria Egípcia nº 2 Teogonia afro-brasileira Tótem da liberdade Sem título Untitled BA, Brasil, 1962
Saint Mary of Egypt n. 2 nº 2: Iansã, Obatalá, Freedom Totem 1966 Sem título Untitled
1968 Oxum, Oxossi, Yemanjá, 1974 madeira wood 1966
acrílica sobre tela Ogum, Ossaim, acrílica sobre tela 40 × 97 × 36,5 cm madeira wood
acrylic on canvas Xangô, Exu acrylic on canvas 34,5 × 22 × 36 cm
72 × 53 cm 202 × 102 cm
Alcione Aldemir Martins Anísio Medeiros Anísio Medeiros Anísio Medeiros Anísio Medeiros
[s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] Ingazeiras, CE, Brasil, Teresina, PI, Brasil, 1922 – Teresina, PI, Brasil, 1922 – Teresina, PI, Brasil, 1922 – Teresina, PI, Brasil, 1922 –
Sem título Untitled 1922 – São Paulo, SP, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
1990 Brasil, 2006 2003 2003 2003 2003
lã wool [Exu] Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
34 × 43 cm 1966 1948 1948 1948 1948
aguada de nanquim pastel sobre papel pastel sobre papel pastel sobre papel pastel sobre papel
sobre papel pastel on paper pastel on paper pastel on paper pastel on paper
indian ink wash on paper 25 × 35 cm 35 × 25 cm 35 × 25 cm 35 × 25 cm
47 × 37 cm
Anna Letycia Anna Letycia Anna Letycia Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado
Teresópolis, RJ, Brasil, Teresópolis, RJ, Brasil, Teresópolis, RJ, Brasil, Unidentified author Unidentified author Unidentified author
1929 – Rio de Janeiro, RJ, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, Sem título Untitled [Exu de ferro] [Iron Exu] Sem título Untitled
Brasil, 2018 Brasil, 2018 Brasil, 2018 c. 1950 c. 1950 c. 1960
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled ferro iron ferro iron madeira wood
1955 1962 1962 13,3 × 9,5 × 3,5 cm 25,2 × 10 × 18 cm 22,5 × 4 × 7,5 cm
grafite sobre papel nanquim e guache sobre nanquim, grafite e
graphite on paper papel vegetal guache sobre papel
47,4 × 32 cm indian ink and gouache vegetal indian ink,
on tracing paper graphite and gouache
51,2 × 43,3 cm on tracing paper
50,5 × 37,5 cm
201
Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado
Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
1991 sem data undated 1991 1993 1994 1994
bronze bronze madeira e metal bronze bronze policromia sobre madeira bronze bronze madeira wood
43 × 19,5 × 15 cm wood and metal 26 × 7,3 × 7,3 cm polychromy on wood 37,5 × 14 × 14,8 cm 46,3 × 23 × 5,5 cm
54,5 × 20,3 × 6 cm 61 × 12 × 7,3 cm
Escultura proveniente
de Athenas, Grécia.
Presente de Augusto
Boal para Abdias
Nascimento em seu
aniversário Sculpture
from Athens, Greece.
Gift from Augusto
Autor não identificado Boal to Abdias Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado
Unidentified author Nascimento on his Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author
Sem título Untitled birthday Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
2001 2003 sem data undated sem data undated sem data undated
metal e mármore madeira wood madeira wood madeira wood madeira, bronze,
metal and marble 18 × 3 × 7 cm 113,7 × 8,5 × 8 cm 22,5 × 11 × 14 cm cerâmica, miçangas e
28,5 × 17 × 4 cm búzios wood, bronze,
ceramic, miçangas and
cowrie shells
37,8 × 10,5 × 10,8 cm
Reprodução pintada
à mão da aquarela
Panchito con una
naranja (Panchito
com uma laranja,
1945) de Diego
Rivera Handmade
reproduction of Diego
Rivera’s watercolour
Panchito con una
Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado Autor não identificado
naranja (Panchito
Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author Unidentified author
with an Orange, 1945)
Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled Sem título Untitled
sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated sem data undated
metal metal madeira wood madeira wood lápis de cera sobre aguada e impressão
27,5 × 10 × 8 cm 54,4 × 10 × 7,8 cm 56,5 × 7,5 × 11,3 cm papel crayon on paper sobre papel
48 × 18 cm wash on printed paper
39 × 28 cm
202
Autor não identificado Autor não identificado Babatunde Folayemi Bakari Bakari Ben Enwonwu
Unidentified author Unidentified author Nova York, NY, Estados Rio de Janeiro, RJ, Rio de Janeiro, RJ, Onitsha, Nigéria, 1917 –
Sem título Untitled [Ferro de orixá] Unidos, 1940 – Brasil, 1951 Brasil, 1951 Lagos, Nigéria, 1994
sem data undated [Orixá Iron] Santa Barbara, CA, Mask Totem 1 Mask Totem 2 Negritude – Theme
grafite sobre papel sem data undated Estados Unidos, 2012 Máscara totem 1 Máscara totem 2 “Black is Beauty” – Africa
graphite on paper ferro e fita de tecido do Oracle of Ifa 1990 1991 Dances Negritude –
37,5 × 27 cm Senhor do Bonfim Oráculo de Ifá esmalte sobre metal em esmalte sobre metal em tema “Negro é beleza” –
iron and Senhor do 1969 relevo enamel on relevo enamel on A África dança
Bonfim fabric ribbon óleo sobre tela embossed metal embossed metal 1971
31,5 × 23,7 × 13 cm oil on canvas 20 × 51 cm 19 × 9 cm impressão sobre papel
65 × 54,5 cm print on paper
77 × 54 cm
Bess Carlos Scliar Chico Tabibuia Damião Marcelo de Darcílio Lima Emanoel Araújo
[s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] Santa Maria, RS, Brasil, Casimiro de Abreu, Souza Freitas Cascavel, CE, Brasil, Santo Amaro da
Lavadeiras 1920 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1936–2007 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1944 – Cabo Frio, RJ, Purificação, BA, Brasil,
Washerwomen RJ, Brasil, 2001 Exu Sapo Exu Frog 1959 Brasil, 1991 1940
1965 Retrato de Delson III 1992 Paizagem da imaginação, [Cristo Exu Serpente] Mulher com frutas na
água-tinta sobre papel Portrait of Delson III madeira de vinhático a natureza quando si [Exu Christ Serpent] cabeça Woman with
aquatint on paper 1964 persea indica wood clarea Landscape of 1968 Fruits on Her Head
42,5 × 32,5 cm óleo sobre madeira 106,5 × 20 × 20 cm the Imagination, Nature nanquim sobre papel 1966
oil on wood When It Lightens Up indian ink on paper xilogravura woodcut
37 × 28 cm 1987 58 × 40 cm 96 × 66 cm
acrílica sobre tela
acrylic on canvas
12 × 24 cm
Obra doada pela
família de Heitor dos
Prazeres ao Museu
de Arte Negra
Gift from Heitor dos
Prazeres’ family to
Museu de Arte Negra
Emanoel Araújo Filipe Salvador Gerson de Souza Heitor dos Prazeres Heitor dos Prazeres
Santo Amaro da Negage, Angola, 1960 – Recife, PE, Brasil, 1926 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
Purificação, BA, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1898–1966 1898–1966
1940 2006 2008 Sem título Untitled Sem título Untitled
Sem título Untitled Sem título Untitled Altar portátil 1965 1965
1967 1996 Portable Altar óleo sobre tela óleo sobre tela
xilogravura woodcut acrílica sobre aglomerado sem data undated oil on canvas oil on canvas
97 × 69 cm acrylic on masonite xilogravura sobre tecido 49,5 × 60 cm 53,3 × 61 cm
62 × 104 cm woodcut on fabric
33 × 24,5 cm
203
Henrique Nascimento Henrique Nascimento Inimá de Paula Israel Pedrosa J. Cunha Jocelyn
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Itanhomi, MG, Brasil, Alto Jequitibá, MG, Brasil, Salvador, BA, Brasil, 1974 [s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.]
1952 1952 1918 – Belo Horizonte, 1926 – Niterói, RJ, Pérolas negras do saber Sem título Untitled
Tapping Civilization Noite estrelada e fim MG, Brasil, 1999 Brasil, 2016 Black Pearls of 1993
Aproveitando a de frevo na praia [Retrato de Abdias [Retrato de Solano Knowledge acrílica sobre tela
civilização Starry Night and End of Nascimento Filho] Trindade] [Portrait 1997 acrylic on canvas
1972 Frevo on the Beach [Portrait of Abdias of Solano Trindade] serigrafia sobre tecido 44,6 × 55,5 cm
serigrafia silkscreen 1986 Nascimento Filho] 1967 silkscreen on fabric
28 × 25 cm serigrafia silkscreen 1967 óleo sobre tela 110,5 × 125,3 cm
58 × 40 cm óleo sobre tela oil on canvas
oil on canvas 55 × 38 cm
73 × 54 cm
José Barbosa José de Dome José Heitor da Silva José Heitor da Silva José Heitor da Silva José Heitor da Silva
Olinda, PE, Brasil, 1948 Estância, SE, Brasil, 1921 – Além Paraíba, MG, Brasil, Além Paraíba, MG, Brasil, Além Paraíba, MG, Brasil, Além Paraíba, MG, Brasil,
Viva Olinda Cabo Frio, RJ, Brasil, 1937 1937 1937 1937
Long Live Olinda 1982 Cabeça de Ídolo Drama dos mendigos Raízes Roots Proteção Protection
1966 Casa vermelha Idol Head negros Drama of the 1983 1967/1968
óleo sobre aglomerado Red House 1967 Black Beggars madeira de carnaúba madeira caviúna
oil on masonite 1964 madeira caviúna 1967 preta black carnauba caviuna wood
38 × 35 cm óleo sobre tela caviuna wood madeira de vinhático wood 110 × 35 × 30 cm
oil on canvas 32 × 19,5 × 18 cm persea indica wood 119,5 × 44,7 × 44 cm
55 × 33,8 cm 119 x 60 x 45 cm
... para aqueles que
rejeitaram uma cruz de
saliva na testa...
1973
óleo sobre tela
oil on canvas
156 × 95 cm
Obra presenteada em
1973 pelo artista a
Abdias Nascimento
José Heitor da Silva Júlio Vieira LeRoi Callwell Johnson LeRoi Callwell Johnson LeRoy Clarke
como resposta à sua
Além Paraíba, MG, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Buffalo, NY, Estados Buffalo, NY, Estados Belmont, Trinidad e
exposição Brazilian
1937 1933–1999 Unidos, 1949 Unidos, 1949 Tobago, 1938 – Porto de
Theogony
Trifacética Sem título Untitled The Crucifixion Sem título Untitled Espanha, Trinidad e
Work gifted in 1973 by
Three-phased 1968 A crucificação 2004 Tobago, 2021
the artist to Abdias
1966 óleo sobre tela 1996 acrílica sobre madeira ... for those who rejected
Nascimento in response
madeira de vinhático oil on canvas acrílica sobre tela acrylic on wood a cross of saliva on their
to the latter’s exhibition
persea indica wood 73 × 50 cm acrylic on canvas 24,2 × 19,2 cm foreheads...
Brazilian Theogony
36,5 × 21 × 14 cm 137 × 116 cm
204
Lucette Laribe Melvin Edwards Mônica Guimarães Myrian Moreira Octávio Araújo Quirino Campofiorito
França, 1913–2014 Houston, TX, Estados [s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] [s.l.], [s.d.] – [s.l.], [s.d.] Terra Roxa, SP, Brasil, Belém, PA, Brasil, 1902 –
Sem título Untitled Unidos, 1937 Sem título Untitled [Retrato de Cruz e 1926 – São Paulo, SP, Niterói, RJ, Brasil, 1993
1955 Sem título Untitled 1970 Sousa] [Portrait of Cruz Brasil, 2015 Ecce Homo
óleo sobre tecido sem data undated nanquim e guache sobre e Sousa] [Retrato de Léa 1955
oil on fabric bronze bronze papel indian ink and 1998 Garcia-Aioka] óleo sobre tela
99 × 80 cm 47 × 7,8 × 6 cm gouache on paper giz e pastel sobre papel [Portrait of Léa oil on canvas
66 × 51 cm chalk and pastel on Garcia-Aioka] 55 × 46 cm
paper 1956
51 × 39 cm óleo sobre tela
oil on canvas
64,5 × 49,7 cm
205
Alberto da Veiga Alberto da Veiga Alberto Magnelli Alexander Calder Alfredo Ceschiatti Alfredo Volpi
Guignard Guignard Florença, Itália, 1888 – Filadélfia, PA, Estados Belo Horizonte, MG, Lucca, Itália, 1896 –
Nova Friburgo, RJ, Brasil, Nova Friburgo, RJ, Brasil, Meudon, França, 1971 Unidos, 1898 – Nova York, Brasil, 1918 – Rio de São Paulo, SP, Brasil,
1896 – Belo Horizonte, 1896 – Belo Horizonte, Nuance répétée NY, Estados Unidos, 1976 Janeiro, RJ, Brasil, 1989 1988
MG, Brasil, 1962 MG, Brasil, 1962 Nuance repetida Sem título Untitled Peixe Fish Sem título Untitled
Retrato de senhora [Itatiaia] Repeated Nuance 1959 1953 sem data undated
Portrait of a Lady 1941 1945 colagem collage bronze bronze têmpera sobre tela
1952 óleo sobre madeira óleo sobre tela 21 × 39 cm 43 × 96 × 20 cm tempera on canvas
óleo sobre madeira oil on wood oil on canvas 110,5 × 75,2 cm
oil on wood 30,7 × 39 cm 100,5 × 81 cm Doação do artista Doação Sra. e Sr. Milton
50 × 39,7 cm Gift of the artist Goldring Gift of Mrs. Doação SulAmérica
Doação Múcio Leão and Mr. Milton Goldring Seguros Gift of
Restaurada com apoio Gift of Múcio Leão SulAmérica Seguros
da Fundação Vitae, 2001
Restored with the
support of Fundação
Vitae, 2001
206
Aloísio Magalhães Alvaro Monnini Amalia Nieto André Lhote Anita Malfatti Anna Bella Geiger
Recife, PE, Brasil, 1927 – Florença, Itália, 1922 – Montevidéu, Uruguai, Bordeaux, França, 1885 – São Paulo, SP, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
Pádua, Itália, 1982 Milão, Itália, 1988 1910 – Montevidéu, Paris, França, 1962 1889 – São Paulo, SP, 1933
Grande composição Sem título Untitled Uruguai, 2003 Paysage du Midi Brasil, 1964 Sem título Untitled
verde Big Green 1958 Máscara-azul-verde Paisagem do sul da O barco The Boat 1965
Composition óleo sobre aglomerado Mask-Blue-Green França Landscape in 1915 gravura em metal
1958 oil on masonite 1963 the South of France óleo sobre tela etching
óleo sobre tela 120,1 × 79,6 cm óleo sobre tela 1950 oil on canvas 60,3 × 36,7 cm
oil on canvas oil on canvas aquarela e grafite sobre 41 × 46 cm
130,5 × 165,5 cm Doação do artista 100 × 116,2 cm papel-cartão Doação da artista
Gift of the artist watercolour and pencil Patrocínio White Martins Gift of the artist
Doação do artista Doação da artista on cardboard Sponsor White Martins
Gift of the artist Gift of the artist 37 × 56,3 cm
Doação Ruth H. M.
C. Leão
Gift of Ruth H. M. C.
Leão
Antônio Maia Ben Nicholson Carlo Carrà Carlos Scliar Carlos Scliar Carybé
Carmópolis, SE, Brasil, Denham, Quargnento, Alexandria, Santa Maria, RS, Brasil, Santa Maria, RS, Brasil, Lanús, Argentina, 1911 –
1928 – Rio de Janeiro, Buckinghamshire, Itália, 1881 – Milão, Itália, 1920 – Rio de Janeiro, 1920 – Rio de Janeiro, Salvador, BA, Brasil, 1997
RJ, Brasil, 2008 Reino Unido, 1894 – 1966 RJ, Brasil, 2001 RJ, Brasil, 2001 Cangaceiros
Ramblas Bulevares Londres, Reino Unido, Sem título Untitled Mulher Woman Retrato de Regina sem data undated
Boulevards 1982 1915 1947 Portrait of Regina nanquim e guache sobre
1972 Still Life óleo sobre cartão óleo e colagem sobre 1964 papel indian ink and
acrílica sobre tela Natureza morta oil on cardboard cartão oil and collage guache encerado sobre gouache on paper
acrylic on canvas 1950 44,3 × 24,3 cm on cardboard madeira waxed 61,1 × 48 cm
50 × 98,5 cm óleo e grafite sobre tela 54,8 × 45,6 cm gouache on wood
oil and pencil on canvas 55,3 × 36,3 cm
Doação Shell Brasil S.A. 55,8 × 68,5 cm Doação Michel Loeb
Gift of Shell Brasil S.A. Gift of Michel Loeb Doação do artista
Restaurada com apoio Gift of the artist
do Banco Opportunity,
2001 Restored with the
support of Banco
207 Opportunity, 2001
Cícero Dias Cildo Meireles Delia del Carril Dionísio del Santo Elisa Martins da Silveira Emanoel Araújo
Escada, PE, Brasil, 1907 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Polvaredas, Argentina, Colatina, ES, Brasil, 1925 – Teresina, PI, Brasil, 1912 – Santo Amaro da
Paris, França, 2003 1948 1885 – Santiago, Chile, Vitória, ES, Brasil, 1999 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Purificação, BA, Brasil,
Composição nº 11 Espaços virtuais: 1989 Sem título Untitled 2001 1940
Composition n. 11 cantos 4 Virtual El caballero sin 1970 Carnaval Carnival Sem título Untitled
1951 Spaces: Corners 4 inconveniente serigrafia silkscreen 1952 sem data undated
óleo sobre tela 1967/1968 O cavaleiro sem 54 × 38 cm óleo sobre tela madeira pintada
oil on canvas madeira, laca sobre inconveniência oil on canvas painted wood
129,5 × 162,3 cm madeira e acrílica The Knight without 39 × 56,7 cm 205,5 × 96,5 × 18 cm
sobre tela wood, Impropriety
Doação do artista lacquer on wood and 1958 Doação da artista Patrocínio Funarte
Gift of the artist acrylic on canvas gravura em metal Gift of the artist Sponsor Funarte
301,5 × 185 × 135 cm etching
33,5 × 41,3 cm
Patrocínio Fundação
Nacional de Arte Doação da artista
Restaurada com apoio Gift of the artist
da Tate Gallery em 2008
Sponsor Fundação
Nacional de Arte
Restored in 2008 with
the support of the Tate
Gallery
Emil Nolde Farnese de Andrade Firmino Saldanha Frans Krajcberg Friedrich Heitor dos Prazeres
Nolde, Dinamarca, 1867 – Araguari, MG, Brasil, Santana do Livramento, Kozienice, Polônia, 1921 – Vordemberge-Gildewart Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
Seebüll, Alemanha, 1956 1926 – Rio de Janeiro, RS, Brasil, 1905 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Osnabruque, 1898–1966
[Retrato de senhora] RJ, Brasil, 1996 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2017 Alemanha, 1899 – Sem título Untitled
[Portrait of a Lady] Sem título Untitled 1985 Sem título Untitled Ulm, Alemanha, 1962 1951
c. 1922 1965 Sem título Untitled 1963 Komposition n. 168 guache sobre papel
aquarela sobre papel gravura em metal 1955 papel em relevo colado Composição nº 168 gouache on paper
watercolour on paper etching óleo sobre tela sobre tela e pigmentos Composition n. 168 30 × 28,3 cm
47 × 35 cm 30,5 × 49 cm oil on canvas naturais 1948
64,5 × 80,5 cm paper glued on canvas óleo sobre tela Doação do artista
Doação Fritz Oellers, Doação do artista and natural pigments oil on canvas Gift of the artist
embaixador da República Gift of the artist Doação Marc Berkowitz 89 × 51 cm 77 × 155,5 cm
Federal da Alemanha Gift of Marc Berkowitz
Restaurada com apoio Doação do artista
do Projeto Vitae Gift of the artist
Gift of Fritz Oellers,
ambassador for the FRG
Restored with the 208
support of Projeto Vitae
Henry Moore Inimá de Paula Irene Hamar Isa Aderne Ivan Morais Ivan Serpa
Castleford, Reino Unido, Itanhomi, MG, Brasil, São Paulo, SP, Brasil, Cajazeiras, PB, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
1898 – Perry Green, 1918 – Belo Horizonte, 1919 – Nova York, NY, 1923 – Rio de Janeiro, 1936 1923–1973
Reino Unido, 1986 MG, Brasil, 1999 Estados Unidos, 1973 RJ, Brasil, 2019 Baianas Forma em evolução
Warrior’s Head Abstração Abstraction Sem título Untitled Sem título Untitled 1960 Form in Evolution
Cabeça de guerreiro 1958 sem data undated 1967 óleo sobre tela 1952
1953 óleo sobre tela bronze e fórmica xilogravura woodcut oil on canvas tinta alquídica sobre
bronze bronze oil on canvas bronze and formica 51 × 76 cm 100 × 90,5 cm aglomerado alkyd paint
29 × 21 × 23,5 cm 73 × 60,3 cm 20 × 8 × 8 cm on masonite
Doação da artista Doação do artista 87,5 × 72,5 cm
Reproduced by Doação do artista Doação da artista Gift of the artist Gift of the artist
permission of The Henry Gift of the artist Gift of the artist Doação do artista
Moore Foundation Restaurada com apoio
concedido via Edital
Pró-Artes Visuais, 2012
Gift of the artist
Restored with the
support of Pró-Artes
Visuais, 2012
Ivan Serpa Jean Pougny José Fábio Barbosa Josef Albers Julio Gero Lucio Fontana
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Kuokkala, São da Silva Bottrop, Alemanha, 1888 – Arad (atualmente Rosário, Argentina, 1899 –
1923–1973 Petersburgo, Rússia, Olinda, PE, Brasil, 1948 New Haven, CT, Estados localizada na Romênia), Varese, Itália, 1968
Formas nº 16 1892 – Paris, Protetor dos motoristas Unidos, 1976 Hungria, 1910 – [s.l.], Concetto spaziale
Forms n. 16 França, 1956 no Recife Protector of Formulation: Articulation 1977 Conceito espacial
1952 Interieur Interior Recife’s Drivers Formulação: articulação Inti Spatial Concept
óleo sobre tela 1950 1969 1972 1962 1958
oil on canvas óleo sobre tela madeira wood serigrafia silkscreen ferro iron óleo sobre tela
73,4 × 60,1 cm oil on canvas 61 × 43 × 3,6 cm 38 × 101 cm 86 × 71,5 × 35,5 cm oil on canvas
22,3 × 31 cm 44,4 × 37,7 cm
Doação do artista Doação Ministério dos Doação F.J. Griffin Doação do artista
Gift of the artist Transportes Gift of F.J. Griffin Gift of the artist Doação Alfredo Bonino
Gift of Ministério dos Gift of Alfredo Bonino
Transportes
209
Luiza Miller Lula Cardoso Ayres Lygia Clark Manabu Mabe Margaret Spence Margret Sander
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Recife, PE, Brasil, 1910 – Belo Horizonte, MG, Kumamoto, Japão, 1924 – Santa Bárbara, CA, Colônia, Alemanhã, 1938
1917 – França, 2003 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Brasil, 1920 – Rio de São Paulo, SP, Brasil, Estados Unidos, 1914 – Bild 24
Hipérbole 1987 Janeiro, RJ, Brasil, 1988 1997 [s.l.], [s.d.] Imagem 24 Image 24
Hyperbole Xangô Composição Estranho Strange Sem título Untitled 1965
c. 1950 1951 Composition 1960 1945 gravura em metal
bronze bronze óleo sobre madeira 1952 óleo sobre tela cerâmica vitrificada etching
44 × 83 × 16 cm oil on wood óleo sobre tela oil on canvas glazed ceramic 39,7 × 53 cm
68,5 × 99,5 cm oil on canvas 150 × 184,5 cm 29,5 × 9,5 × 10,5 cm
Doação da artista 73 × 99,5 cm Doação Rolf Meyerheim
Restaurada com apoio do Doação do artista Doação da artista Gift of Rolf Meyerheim
Instituto Tomie Ohtake Doação da artista Restaurada com apoio Gift of the artist
Gift of the artist Restaurada com apoio concedido via Edital
Restored with the concedido via Edital Pró-Artes Visuais, 2012
support of Instituto Pró-Artes Visuais, 2012 Gift of the artist
Tomie Ohtake Gift of the artist Restored with the
Restored with the support of Pró-Artes
support of Pró-Artes Visuais, 2012
Visuais, 2012
Maria Bonomi Maria Leontina María Luisa de Pacheco Marina Caram Oswaldo Goeldi Oton Gliha
Meina, Itália, 1935 São Paulo, SP, Brasil, La Paz, Bolívia, 1919 – Sorocaba, SP, Brasil, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Crnomelj, Eslovênia, 1914 –
Pensamento claro 1917 – Rio de Janeiro, RJ, Nova York, NY, Estados 1925 – São Paulo, SP, 1895–1961 Zagreb, Croácia, 1999
Crystal Thought Brasil, 1984 Unidos, 1982 Brasil, 2008 Vento macabro Gromace III
1958 Sem título Untitled Siembra Semeadura Le Juge Macabre Wind 1958
xilogravura woodcut 1955 Sowing O juiz sem data undated óleo sobre tela
69,5 × 23,7 cm série Os enigmas 1952 The Judge nanquim sobre papel oil on canvas
The Riddles series óleo sobre tela 1952 indian ink on paper 76 × 150,5 cm
Doação da artista óleo sobre tela oil on canvas litografia lithograph 23 × 30,8 cm
Gift of the artist oil on canvas 53,5 × 37,3 cm 33 × 24,8 cm Doação Albert Bildner
73 × 100,5 cm Restaurada com apoio
Doação Erni Meira concedido via Edital
Restaurada com apoio Bethlem Pró-Artes Visuais, 2012
do Banco Opportunity, Restaurada com apoio Gift of Albert Bildner
2002 concedido via Edital Restored with the
Restored with the Pró-Artes Visuais, 2012 support of Pró-Artes
support of Banco Gift of Erni Meira Visuais, 2012
Opportunity, 2002 Bethlem 210
Restored with the
support of Pró-Artes
Visuais, 2012
Pierre Soulages Polly McDonell Poty Lazzarotto Préfète Duffaut Robert Motherwell Roberto Magalhães
Rodez, Aveyron, França, Oakes, Dickey County, Curitiba, PR, Brasil, Jacmel, Haiti, 1923 – Aberdeen, WA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
1919 ND, Estados Unidos, 1911 – 1924–1998 Port-au-Prince, Haiti, Estados Unidos, 1915 – 1940
Sem título Untitled [s.l.], [s.d.] Matadouro 2012 Provincetown, MA, O passeio de satanás
1958 A chaleira The Teapot Slaughterhouse Jacmel Estados Unidos, 1991 The Devil’s Ride
óleo sobre tela 1951 sem data undated 1953 Composition 1965
oil on canvas óleo sobre tela gravura em metal óleo sobre madeira Composição xilogravura woodcut
129,8 × 89,4 cm oil on canvas etching oil on wood c. 1950 50,7 × 44,9 cm
60,5 × 38,5 cm 41 × 30 cm 50,5 × 61,5 cm óleo sobre aglomerado
oil on masonite Doação do artista
Doação Raymundo 60,6 × 75,6 cm Restaurada com apoio
Castro Maia do Banco Opportunity,
Restaurada com apoio Doação Nelson 2001
do Banco Opportunity, Rockefeller Gift of the artist
2000 Gift of Nelson Restored with the
Gift of Raymundo Rockefeller support of Banco
Castro Maia Opportunity, 2001
Restored with the
support of Banco
Opportunity, 2000
Rubem Valentim Serge Poliakoff Silvia de Leon Chalreo Tancredi Ubi Bava Victor Brecheret
Salvador, BA, Brasil, 1922 – Moscou, Rússia, 1900 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Feltre, Itália, 1927 – Santos, SP, Brasil, 1915 – Farnese, Itália, 1894 –
São Paulo, SP, Brasil, Paris, França, 1969 1905 – Rio de Janeiro, Roma, Itália, 1964 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, São Paulo, SP, Brasil,
1991 Composition RJ, Brasil, 1991 Sem título Untitled 1988 1955
Sem título Untitled Composição Roda Circle 1954 Sem título Untitled Maternidade Maternity
sem data undated 1955 1950 grafite, pastel oleoso 1960 1948-1955
serigrafia silkscreen óleo sobre tela óleo sobre tela e lápis de cera sobre óleo sobre tela bronze e mármore
15,5 × 11 cm oil on canvas oil on canvas cartão pencil, pastel oil on canvas bronze and marble
92 x 73 cm 53 × 55,1 cm and wax crayon on 107,7 × 107,7 cm 28,8 × 10,5 × 6,8 cm
cardboard
Doação Miguel Paranhos 69,5 × 99,2 cm Restaurada com apoio Doação Sandra
do Rio Branco do Banco Opportunity, Brecheret Pellegrini
Restaurada com apoio 2002 Gift of Sandra Brecheret
concedido via Edital Restored with the Pellegrini
Pró-Artes Visuais, 2012 support of Banco
Gift of Miguel Paranhos Opportunity, 2002
do Rio Branco
211 Restored with the
support of Pró-Artes
Visuais, 2012
Vieira da Silva Vincent J. Ibberson Wega Nery William Baziotes Yara Tupynambá
Lisboa, Portugal, 1908 – Bolton-on-Dearne, Corumbá, MT, Brasil, 1912 – Pittsburgh, PA, Estados Montes Claros, MG,
Paris, França, 1992 Yorkshire, Reino Unido, Guarujá, SP, Brasil, 2007 Unidos, 1912 – Nova York, Brasil, 1932
Les Terrasses 1920 Praça e naus NY, Estados Unidos, 1963 Sem título Untitled
Os terraços Composição Town Square and Forma da selva 1968
The Terraces Composition Full-Rigged Ship Jungle Form álbum Minas, a Terra, o
1952 1958 1965 1952 Homem, contendo 12
óleo sobre tela óleo sobre tela óleo sobre tela óleo sobre tela xilogravuras de artistas
oil on canvas oil on canvas oil on canvas oil on canvas diversos
63 × 98,5 cm 46,1 × 37,9 cm 130,2 × 120 cm 46 × 36 cm from the album Minas,
the Land, the Man,
Doação do artista Doação da artista including 12 woodcuts
Restaurada com apoio Restaurada com apoio by several artists
do Banco Opportunity, concedido via Edital xilogravura woodcut
2002 Pró-Artes Visuais, 2012 34,5 × 26 cm
Gift of the artist Gift of the artist
Restored with the Restored with the
support of Banco support of Pró-Artes
Opportunity, 2002 Visuais, 2012
GOVERNANÇA / Governance Armínio Fraga Luiz Guilherme Schymura EQUIPE / TEAM
Camila Goldberg de Oliveira
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO / Claudia Moreira Salles Diretoria executiva /
Administrative Board Claudio Hermolin Benfeitores / Benefactors Executive Director
Eduardo Loyo Gilberto Chateaubriand Paulo Albert Weyland Vieira
Carlos Alberto Gouvêa Elena Landau Joaquim Paiva Diretoria de planejamento,
Chateaubriand Eliane Aleixo Lustosa de Andrade Luiz Carlos Barreto administração e finanças /
Presidente / President Erik da Costa Breyer Planning, Administration and
Fernando Marques Oliveira Financial Director
Armando Strozenberg Fred Gelli PATRONOS / PATRONS Pedro José Rodrigues
Eliane Aleixo Lustosa de Andrade Gilberto Chateaubriand Diretoria artística /
Eugênio Pacelli de Oliveira Pires Haakon Lorentzen Patronos ouro / Gold Patrons Artistic Directors
dos Santos João Marcello Dantas Leite Alec Oxenford Keyna Eleison e Pablo Lafuente
João Maurício de Araújo Pinho Filho Joaquim Paiva Cris e Marcelo Trindade
Livia de Sá Baião José Francisco Gouvêa Vieira Patricia Moraes e Pedro Barboza CURADORIA / Exhibitions
Luiz Roberto Sampaio Katia Mindlin Leite Barbosa Roberta e Daniel Bassan Curadora adjunta /
Nelson Eizirik Livia de Sá Baião Adjunct Curator
Paulo Albert Weyland Vieira Luciana Levacov Patronos prata / Silver Patrons Beatriz Lemos
Luis Felipe Magon Andrea e José Olympio da Assistente de curadoria /
Conselho fiscal / Fiscal Council Luis Paulo Montenegro Veiga Pereira Curatorial Assistant
Cesar do Monte Pires Luiz Carlos Barreto Camila Magnus e Roberto Miranda Natasha Felix
Edson Cordeiro da Silva Marcelo Mesquita de Lima
Ricardo Lopes Cardoso Marcos Falcão Jacqueline e Bruno Szwarc MUSEOLOGIA / Museology
Marta Martins Fadel Lobão Luis Paulo Montenegro Gerente / Manager
Max Perlingeiro Mariana e Rogério Pessoa Cátia Louredo
CONSELHO CONSULTIVO / Michel Wurman Paula Marinho e Coordenadora de museologia /
Advisory Board Miguel Pinto Guimarães Miguel Pinto Guimarães Museology Coordinator
Nara Roesler Renata e João Marcello Camila Pinho
Associados seniores / Oskar Metsavaht Dantas Leite Coordenadora de conservação/
Senior Associates Pablo Sorj Roberta Rolim Machado e Conservation Coordinator
Armando Strozenberg Paula Marinho Sérgio Machado Manuela Pereira
Carlos Alberto Gouvêa Rhanine Rodrigues Pessoa Museóloga / Museologist
Chateaubriand Ricardo Steinbruch Patronos / Patrons Ana Beatriz Cascardo
Eugênio Pacelli de Oliveira Pires Rogerio Pessoa Alessandra Ragazzo D’Aloia, Montadores / Installation
dos Santos Sérgio Gusmão Suchodolski Marcia Cristina Correa Fortes e José Marcelo Peçanha
Gustavo Martins de Almeida Tanit Galdeano Alexandre Monteiro Gabriel Noan Moreira
Heitor Reis Amanda Klabin e Eduardo Tckaz
Helio Portocarrero Comitê de investimentos / André Soares de Sá CINEMATECA / Cinemateca
Henrique Luz Investments Committee Anna Victoria Lemann Gerente / Manager
João Maurício de Araújo Pinho Edmar Bacha Camila Yunes e Conrado Mesquita Hernani Heffner
João Maurício de Araújo Helio Portocarrero Claudia Moreira Salles Coordenador de cinema /
Pinho Filho Luiz Chrysostomo de Eduardo Wanderley Film Coordinator
Luís Antônio de Almeida Braga Oliveira Filho Elizabeth Moraes e Marcus V. José Quental
Luiz Guilherme Schymura Luiz Roberto Sampaio Pratini de Moraes Coordenador de documentação
de Oliveira Pedro Luiz Bodin de Moraes Gilson Finkelsztain de cinema /
Luiz Roberto Sampaio Karla e Eduardo Loyo Film Documentation Coordinator
Nelson Eizirik Comissão de acervo / Leonardo Orsini de Castro Amarante Fábio Vellozo
Paulo Albert Weyland Vieira Collection Committee Ludwig e Luiz Danielian Pesquisador de cinema /
Ronaldo Cezar Coelho Carlos Alberto Gouvêa Luiz Carlos S. Ritter Film Researcher
Chateaubriand Marcelo Mesquita Carlos Eduardo Pereira
Associados plenos / Full Associates Eugênio Pacelli de Oliveira Pires Maria Estellita Lins e Augusto Lins Assessor audiovisual /
Alessandro Horta dos Santos Martha e Sergio Scodro Audiovisual Advisor
André Soares de Sá Luís Antônio de Almeida Braga Sérgio Ribeiro da Costa Werlang Tiago Ferreira
Operadores cinematográficos / COMUNICAÇÃO E DESIGN / Analista administrativo financeira / Mecânicos de refrigeração /
Film Operators Communication and Design Financial Administrative Analyst Refrigeration Mechanic
Edson Gomes Gerente / Manager Juliana Orsolon Reginaldo Pessanha dos Santos
Sidney de Mattos Erika Palomino Auxiliar administrativo / Roberto Monteiro Leocadio
Coordenadora de design / Administrative Assistant Operador de ar-condicionado /
EDUCAÇÃO E PARTICIPAÇÃO / Design Coordinator Eduarda Seixas Air Conditioning Operator
Education and Engagement Amanda Lianza Assistentes de bilheteria / Marcelo Antonio de Almeida
Gerente / Manager Coordenadora de mídia digitais / Ticket Office Assistants Auxiliares de manutenção /
Renata Sampaio Digital Media Coordinator Brena Araújo Maintenance Assistants
Coordenador de mediação / Domi Valansi Regina Barbosa Antonio Marcos Araújo
Mediation Coordinator Editor de conteúdo digital / Auxiliar de bilheteria / Elvis de Oliveira Rodrigues
Lais Daflon Digital Content Editor Ticket Office Assistant (Auxiliary) Josias da Conceição Madeira
Educadores / Educators Danilo Satou Evelin Damascena
Antônio Amador Designer / Designer Recepcionista / Receptionist PRESTADORAS DE SERVIÇOS /
Daniel Bruno Mariana Boghossian Fabiana Lima Service Providers
Phelipe Rezende Designer assistente / Air Service Ar-condicionado Eireli
Shion Lucas Assistant Designer Supervisora do salão de exposição / Best Force Geradores Eireli EPP
Assistente administrativo / Flávio Vivório Gallery Supervisor Brasil Forte Vigilância e
Administrative Assistant Audiovisual / Audiovisual Ana Paula Pinheiro Segurança Ltda.
Ualace Miliorini Matheus Freitas Auxiliares do salão de exposição / Elevadores Salta
Fotógrafo / Photographer Gallery Assistants Fraga, Bekierman e
PESQUISA E documentAÇÃO / Fabio Souza Joice Jessica Fernandes Cristiano Advogados
Research and Documentation Assessora de imprensa / Press Agent Jucelia de Karla Souto Lacus Tratamento de Água e
Gerente / Manager Mônica Villela Assessoria Serviços Químicos Eireli
Leno Veras Orientadores de público / Leal, Cotrim, Jansen Advogados
Coordenadora de publicações / RELAÇÕES INSTITUCIONAIS / Gallery Team Limppo MultiServiços
Publications Coordinator Institutional Relations Ana Beatriz Carvalho Olivieri & Associados –
Márion Strecker Coordenadora / Coordinator Ana Carolina Brandizzi Consultoria Jurídica
Coordenador de informação / Paula Correia Anderson Albuquerque Palma e Guedes Advogados
Information Coordinator Analistas / Analysts Dária Bento Siciliano Construções e
Tadeus Mucelli Caroline Bellomo Diego Emanuel Fonseca Reformas Eireli
Pesquisadoras / Researchers Michèle Fajardo Eduardo Inácio Paiva Red Safety Segurança
Aline Siqueira Estagiário / Intern Jefferson Borelli Contra Incêndio Ltda.
Moema Bacelar Hariel Martins Leticia Tereza
Arquivista / Archivist Lucas Siqueira
Cláudio Barbosa ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS / Luma Anunciação
Museólogo / Museologist Administration and FINANCES Patrick Magalhães
Maurício Sales Superintendência financeira / Raquel Accacio
Bibliotecário / Librarian Operations Officer Silvia Amancio
Reinaldo Alves Carlos Mineiro Thamires Santos
Auxiliar de biblioteca / Coordenador administrativo Vinicius Lima
Library Assistant financeiro / Financial
Flávio Augusto Administrative Coordinator Gerente de operações e TI /
Jovem aprendiz / Vinícius Fazio Operations and IT Manager
Young Apprentice Coordenadora de projetos/ Cassio Pereira
Brenda Cabral Projects Coordinator Analista de Operações e TI /
Jusele Sá Operations and IT Analyst
PRODUÇÃO / Production Assessora de diretoria / Marayza Almeida
Produtoras / Producers Director’s Secretary Eletricistas /
Ana Terra Diana Quadra Electricians
Julliana Santos Analista de recursos humanos / Edmilson Fernandes Carvalho
Human Resources Analyst João Elias de Almeida
Giselle Lima
A MEMÓRIA É UMA INVENÇÃO MEMORY IS AN INVENTION
MAM Rio 4.9.2021–6.2.2022
CRÉDITOS DAS IMAGENS / Instituto Cultural Vale, Petrobras e/and Ternium por
Image Rights meio da/through Lei Federal de Incentivo à Cultura.
José Eduardo Ferreira Santos, Gafisa, Fundo Hees de Filantropia e/and Samambaia
Vilma Santos e/and Fabrício Filantropias.
Cumming (Acervo da Laje),
Elisa Larkin Nascimento e/and
Julio Menezes Silva (Museu de Arte
Negra – IPEAFRO), Gabriel Gutierrez Agradecimentos / With thanks to
e/and Ubiratá Trindade
(Centro Cultural Vale Maranhão), Ministério do Turismo e/and Secretaria Especial
Luiz Eduardo Osorio, Hugo Barreto, de Cultura.
Flavia Constant, Christiana
Saldanha e/and Elizabete Moreira Governo do Estado do Rio de Janeiro e/and
(Instituto Cultural Vale), Secretaria de Estado de Cultura e Economia
Instituto Yara Tupynambá. Criativa do Rio de Janeiro.
Artistas na exposição e participantes
do ciclo Cenas da Cultura Imaterial. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e/and
Artists in the exhibition Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
and participants of the Scenes of
Immaterial Culture cycle.
© 2022 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, © 2022 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
os artistas e os autores. the artists and authors.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode All rights reserved. No part of this publication may be reproduced,
ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma stored in a retrieval system or transmitted, in any form or by any
ou por nenhum meio sem a permissão expressa e por escrito means, without the prior permission expressed in written form
do detentor do copyright. by the copyright owner.
Aviso legal: Todos os esforços foram feitos para identificar os Legal notice: All efforts were made to identify the rights of the
detentores dos direitos das imagens reproduzidos neste livro e owners of the images and the people photographed reproduced
das pessoas fotografadas. Eventuais imperfeições ou omissões in this book. Any eventual imperfections or omissions shall be
serão corrigidos em edições futuras. Por favor, contate-nos corrected in future editions. Please, contact us through the e-mail:
pelo e-mail publicacoes@mam.rio. publicacoes@mam.rio.
M986
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
CDD: 069.55
Nota de impressão
Este livro foi composto na fonte Romain e impresso em março de 2022
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro pela Ipsis, miolo em papel offset 120 g/m² e capa em papel Supremo
Av. Infante Dom Henrique, 85 Parque do Flamengo Alta Alvura 250g/m².
20021-140
Rio de Janeiro, RJ, Brasil Note on printing
Tel 55 21 3883-5600 This book was typeset in Romain font, and printed in March 2022 by Ipsis
www.mam.rio in offset paper, 120 gsm; cover in Supremo Alta Alvura, 250 gsm.
ISBN 978-65-88670-11-8
versão digital
digital version