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ULPIANO TOLEDO BEZERRA DE

MENESES: DO TEATRO DA MEMÓRIA


AO LABORATÓRIO DA HISTÓRIA: A
EXPOSIÇÃO MUSEOLÓGICA E O
CONHECIMENTO HISTÓRICO

Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.2 p.9-42


jan./dez. 1994
DO AUTOR

Professor Emérito da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da


Universidade de São Paulo, titular aposentado de História Antiga,
docente do programa de Pós-Graduação em História Social,
Licenciado em Letras Clássicas (USP, 1959), Doutorado em
Arqueologia Clássica (Sorbonne, 1964). Dirigiu o Museu
Paulista/USP (1989-1994), organizou o Museu de Arqueologia e
Etnologia/USP (1963-8) e o dirigiu (1968-78). Membro do Conselho
Superior da FAPESP (1977-79), da Missão arqueológica francesa na
Grécia (antigo membro estrangeiro), do CONDEPHAAT (1971-87,
1996-2004, 2006-7), do Conselho do IPHAN (desde 2005). Fez
pesquisas e publicou, no Brasil e no Exterior, nas áreas de História
Antiga (história da cultura, pintura helenística, urbanismo antigo),
cultura material, cultura visual, patrimônio cultural, museus e
museologia. Recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito
Científico (2002)

Fonte: https://historia.fflch.usp.br/ulpiano-toledo-bezerra-de-meneses
Museus são instituições sociais e culturais. Seus
propósitos são a coleção de objetos e sua
exibição e elucidação.

Eilean Hooper-Grenhill
DAS QUESTÕES

que possibilidade pode haver de participação


do museu histórico na produção do
conhecimento histórico?
como, nessa perspectiva, funciona a exposição
museológica?

As direções em que ele [o museu] pode trazer


uma contribuição específica na produção do
conhecimento histórico
MUSEU E ACERVO

é possível museu sem acervo?


HÁ, AINDA, RELEVÂNCIA E UTILIDADE, ENTRE
NÓS, NO PAPEL QUE POSSAM DESEMPENHAR
MUSEUS COM ACERVO?

Associação aqui com o Museu das obsessões de Szeemann:


Composição do museu com componentes materiais e imateriais, sendo a reunião de tudo
que já foi pesquisado nas exposições do passado; um laboratório de pesquisa, espaço de
acervo e arquivo.
Duas ideias permeiam o museu das obsessões:
1. a substituição da propriedade pela atividade livre/independente
2. da visão ao prego
CONCEITOS – TEMAS

Cultura material
Artefatos
Museus – objetos – sentido (Taborsky, 1990)

“No museu nos defrontamos com objetos


enquanto objetos, em suas múltiplas
significações e funções” p.12
UM MUSEU ENQUANTO MUSEU

Integração do museu a outras ações e funções


É A F U N Ç Ã O D O C U M E N TA L D O M U S E U ( P O R V I A D E U M A C E RV O ,
C O M P L E TA D O P O R B A N C O S
D E D A D O S ) Q U E G A R A N T E N Ã O S Ó A D E M O C R AT I Z A Ç Ã O
DA EXPERIÊNCIA E DO CONHECIMENTO HUMANOS E DA FRUIÇÃO
D I F E R E N C I A L D E B E N S , C O M O , A I N D A , A P O S S I B I L I D A D E D E FA Z E R C O M
Q U E A M U D A N Ç A - AT R I B U T O C A P I TA L D E T O D A R E A L I D A D E H U M A N A -
D E I X E D E S E R U M S A LT O D O E S C U R O PA R A O VA Z I O E PA S S E A S E R
INTELIGÍVEL.
O MUSEU HISTÓRICO

• “ o museu tanto pode operar as dimensões de espaço como de tempo.” p.14

• “os museus de história tornaram-se reféns da memória.”

• CARVALHO, VÂNIA CARNEIRO DE; MARINS, PAULO CÉSAR GARCEZ


 and  LIMA, SOL ANGE FERRAZ DE. Curadoria em museus de história. An.
mus. paul. [online]. 2021, vol.29
O OBJETO HISTÓRICO

• “the artefact, once placed in o museum, itself becomes inherently and irretrievably
a rhetorical objec...”  Bennett (1995: 146)

• “A memória integra ou separa, apazigua ou aniquila, escolhe o que deve


permanecer e o que deve ser esquecido, cumprindo, pois, funções de natureza
ideológica e não cognitiva, como demonstrou Ulpiano Bezerra de Meneses. Para
tornar o objeto histórico um documento histórico, é preciso traçar sua biografia
social, recontextualizá-lo na rede social perdida. Usando uma expressão incômoda,
Meneses nos convida a desdocumentalizar o documento. ”
• Carvalho, Marins e Lima (2021)
“Ora, o museu que não se preocupa com
preparar seu público
para operar uma convenção
enquanto convenção [...]
estará sempre vulnerável
às pressões da despolitização,
seja elitista, seja populista.”

Brennand e
Paulo Freire
 O que é
exposição: uma
exibição que
oferece ao
olhar objetos,
ou idéias?
EXPOSIÇÃO E DISCURSO O
CASO DA INSTALAÇÃO

“[obras que] não fazem falar apenas do artista; elas


fazem falar também daquilo sobre o que fala o
artista" (Bourdieu & Haacke 1995: 30).

“a instalação como parte de uma exposição sem


improvisos, sem esvaziamento do sentido dos
objetos, sem a perda da documentação e outros
suportes...”

*obra Germania do artista Hans Haacke, 1993, na Bienal de Veneza


Capa do catálogo feita por Ed Ruscha
E X I B I R É O R D E N A R D E M O D O A M A N I F E S TA R E C A P T U R A R A S
R E L A Ç Õ E S , E S S A O R D E M S U B J A C E N T E Q U E É P O S TA C O M O
R E V E L A D O R A D A N AT U R E Z A D O R E A L E M Q U E S T Ã O .
M O N P E T I T, 1 9 9 0 : 1 3
O RISCO DA REIFICAÇÃO
DO PASSADO, DA
EXCLUSIVA APREENSÃO
SENSORIAL E DA
DRAMATIZAÇÃO
*o caso dos living museums

*fazenda Santa Eufrásia, Vassouras, RJ


AS COISAS, IMERSAS NA
VIDA SOCIAL E SUAS
CONTINGÊNCIAS, ...PARTIC
IPAM DA INSTITUIÇÃO DAS
PESSOAS SOCIAIS; ELAS
NOS INVENTAM.
MENESES, 2005:52
“NÃO DOCUMENTAR UM MUNDO, MAS
CRIAR UM.”
I N : BREV E H ISTO RI A D A CU RA D O RIA , PÁG ., 11 9
ANDREAS HUYSSEN: SEDUZIDOS PELA
MEMORIA: ARQUITETURA, MONUMENTOS,
MIDIA

RIO DE JANEIRO, AEROPLANO, 2000


DO AUTOR

Andreas Huyssen é o Professor de Alemão e Literatura


Comparada na Universidade de Columbia, onde atuou como
diretor fundador do Centro de Literatura Comparada e
Sociedade (1998-2003). Presidiu o Departamento de
Línguas Germânicas de 1986-1992 e novamente de 2005-
2008. Ele é um dos editores fundadores da New German
Critique (1974-), e atua nos conselhos editoriais de October,
Constellations, Germanic Review, Transit, Key Words
(Reino Unido), Critical Space (Tóquio), Memory Studies
(Reino Unido) , Lumina (Brasil), Comunicação & Cultura
(Portugal). Em 2005, ele ganhou o cobiçado prêmio de
ensino Mark van Doren da Columbia. Sua pesquisa e ensino
se concentram na literatura e cultura alemã dos séculos
XVIII e XX, modernismo internacional, teoria crítica da
Escola de Frankfurt, pós-modernismo, memória cultural de
traumas históricos em contextos transnacionais e, mais
recentemente, cultura urbana e globalização.
O ADVENTO E FOCO NOS ESTUDOS
RELACIONADOS À MEMÓRIA E NELA MESMA

• 1960 – o inicio do fim ou dos fins: ex: o fim da historia da arte


• 1980 – o revival do holocausto e sua americanização e globalização e seus decorrentes
perigos do seu discurso
• O risco (inevitável) de tornar o holocausto um lugar comum universal para os traumas
históricos.
• A apropriação do holocausto em contextos dispares como a Argentina, Bósnia, África do
sul, ...
• A visão errônea da memoria como algo predominantemente positivo
• A multiplicidade de formas de esquecimento que podem ser reconhecidas (nem todas são
negativas)
PONTOS CENTRAIS DO TEXTO/AUTOR

• A memória como obsessão cultural


• 1. a automusealização
• II. a reencenação de exposições
• III. os museus como ícones arquiteturais
• O abuso da memória pelo excesso de informações midiáticas, causando o
esquecimento
• I. Memórias vividas x memórias imaginadas (as fake news)
• II. Obsolescência e retração do presente
• III. Excesso e escassez de presença
• IV. a musealização sem garantia de estabilidade cultural ( Lubbe)
ATUALIDADE

A queda dos ícones do passado glorioso


A revisão das práticas museológicas
O USO POLITICO DA
MEMÓRIA

Relativização do contexto da ditadura


Retorno do discurso anticomunista
A POSSIBILIDADE DE UMA MEMÓRIA
GLOBAL

• Pensar a pandemia como um evento global e seus efeitos


• Como podem ser garantidas as memórias locais, regionais, nacionais?
• I. Ideia de arquivo
• II. Pensar nas mulheres latino-americanas e suas buscas pelos desaparecidos
• III. As culturas de memória e os direitos humanos
A MEMÓRIA COMO ALGO VIVO,
ATIVO, SOCIAL

Memória como algo transitório, passível de esquecimento


A MEMÓRIA PÚBLICA
NÃO PODE SER
PROTEGIDA EM
MONUMENTOS

Pensar na ressignificação dos lugares e dos próprios


monumentos

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