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NACIONAL DO AZULEJO
O azulejo tem 500 anos de produção nacional e é caso único como elemento
decorativo e arquitetónico. A originalidade da utilização do azulejo português e
o diálogo que estabelece com as outras artes, vai fazer dele caso único no
mundo pela longevidade do seu uso, sem interrupção durante cinco séculos,
pelo modo de aplicação, como elemento que estrutura as arquiteturas, através
de grandes revestimentos no interior dos edifícios e em fachadas exteriores, e
pelo modo como foi entendido ao longo dos séculos, não só como arte
decorativa mas como suporte de renovação do gosto e de registo de
imaginário.
Em cerâmica, os óxidos que usamos têm todos uma determinada cor, até ao
século XX tudo o que nós agora vemos com cor era cinzento, o que implicava
mais na realização das criações.
Uma obra que se destacou durante a visita foi a própria esfera armilar, que foi
a primeira encomenda específica feita para um palácio português, realizada por
D. Manuel I, e que é uma das peças mais importantes para a história de
Portugal. Esta foi feita de acordo com a técnica do esgrafitado.
Em meados do século XVI surge uma outra técnica com grande protagonismo:
a técnica de Majólica. Esta consiste numa alteração dos processos de
produção dos fornos, ou seja, os fornos passam a ser feitos de forma a ter uma
temperatura mais elevada, e os quadrados de argila passam a ser cozidos e
quando saem depois da cozedura são mergulhados numa calda que mistura
óxidos de estanho com óxido de chumbo, e sobre esta mistura coloca-se um
papel com um desenho cujos contornos foram picotados e sobre esse desenho
passa-se uma boneca (bolsa de carvão) com o objetivo de transferir o
contorno, realizada esta transferência pinta-se sobre a superfície com as várias
cores. Com este processo passa-se a poder fazer tudo o que pretendermos,
aquilo que a nossa imaginação quiser, enquanto que até à época não existia
figurativo. A vantagem é também, em termos químicos, o facto de os óxidos
serem pintados por cima do chumbo (que tem um peso atómico elevado), o
que leva a que na cozedura eles desçam e o chumbo fique à superfície,
permitindo manter as cores com vivacidade. A técnica de majólica provocou
uma revolução, no entanto os azulejos das técnicas anteriores coexistiram
simultaneamente e vinham de Espanha, Itália e Flandres.
O painel é uma peça de 1580 (quase no final do século XVI) que representa o
nascimento do menino jesus. Podemos notar um retábulo de pedras mármores
com duas esculturas e uma pintura no centro, e em cima um tondo. O efeito de
ilusão, fator fundamental da azulejaria portuguesa, era melhor conseguido
através da luz das velas. O elemento mais importante deste painel é a janela,
que não se encontra realmente na obra, mas que estava na igreja ao qual se
ele destinava. As pessoas viam a luz natural que era interpretada como a
manifestação de Deus e que representava o caminho que Espírito Santo fez
para chegar até Maria.
Os azulejos da Igreja de São Roque em Espanha são feitos com este padrão,
de forma perfeita, o que acaba também por impedir que se crie tanta ilusão e
bidimensionalidade em comparação aos azulejos portugueses, tendo em conta
que nós tudo usávamos, isto é, aproveitávamos os azulejos partidos,
juntávamo-los em fragmentos e colocávamos o azulejo com defeito na parede.
Apesar de ser um atentado ao profissionalismo, criava um efeito de ilusão bem
mais eficaz, e cada peça acabava por ser uma peça única, devido aos
acidentes e por não ter sido produzida em série como todas as outras no resto
do mundo.
No final do século XVI e início do século XVII, surge uma inovação na
azulejaria portuguesa - passam a ser concentrados vários tipos de artes
decorativas, entre as quais: joalharia (por exemplo o padrão com diamantes),
trabalho de ouro e trabalho de madeira. Os portugueses começam a fazer
padrões cada vez maiores, predominando o quatro por quatro e seis por seis,
mas chegando até ao doze por doze.
No final do século XVII e início do século XVIII surge uma grande mudança,
pois na Holanda cobiçavam muito a porcelana da China, então os azulejos
passam a ser feitos em azul e branco como a mesma, e começam a ser
encomendados painéis holandeses e a ser produzidos azulejos em azul e
branco. Esta inovação ocorre entre 1690 e vai até cerca de 1750, período curto
(60/70 anos). Mas revela-se muito importante porque é o período em que
grandes mestres vão começar a pintar azulejos, ou seja, pessoas com uma
formação de pintura de cavalete vão dar ao azulejo uma qualidade em termos
de figurativo que não existia anteriormente. Por outro lado, a produção massiva
de azulejos leva à própria exportação para outros países, como por exemplo
para o Brasil.
Em 1755 dá-se o terramoto que destrói grande parte da cidade e leva a duas
grandes alterações na azulejaria – por um lado, dá-se uma mudança na paleta
de cores (surgem painéis cada vez mais cheios de tonalidades), e outro lado
criam-se os registos. Estes eram painéis religiosos, colocados à entrada de
edifícios com o intuito de os defender de outro terramoto, as pessoas
acreditavam que desta maneira as suas casas estariam protegidas de qualquer
desgraça. É considerada uma novidade porque os azulejos passam, pela
primeira vez, para o exterior.
1. Séc.XVI – experimentação;
2. Séc.XVII – padrão;
3. Séc.XVIII – figurativo;
4. Séc.XIX – importância da burguesia;
5. Séc. XX – modernismo.