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Rui Dissenha
10/02/2014
ASPECTOS INICIAIS
A criminologia pega o fenômeno criminal e tenta entendê-lo de maneira cientifica. Há uma série de temas
importantes teóricos e vários de ordem filosófica e moral, por exemplo, discutir a atuação da polícia, ou
mesmo o machismo, a redução da maioridade penal, etc.
Na origem a forma de olhar o crime estava ligada a uma violação moral, o crime é a violação moral, com um
resquício da metafisica que vinha da Idade Médio. A seguir o positivismo vai tentar descrever o crime como
uma opção do cidadão contra a sociedade. Rompendo com esse modelo de individualismo entende-se a
sociedade como um todo, como um corpo social, as pessoas são engrenagens que desenvolvem funções.
Com a criminologia critica o crie passa a ser visto muitas vezes como uma luta social.
O desvio é comum a qualquer espécie. O crime é um desvio especialmente qualificado por conta de uma
atuação estatal que imputa uma condição peculiar, seja porque tem um substrato normativo, legal ou na
experiência (common law) que a sociedade apõe uma resposta especifica, a pena.
Trata-se de uma relação histórica que depende das relações sócio econômicas. Embora existam alguns
conceitos e embora certos países, certas sociedades entendam como comum (ex.: matar seu semelhante),
isso leva a conceitos de mala em se.
Entretanto em certas estruturas sociais, a opção do Estado por tratamento criminoso de certas condutas é
chamado de mala quia prohibita (ex.: tráfico de drogas). Alguns ilícitos só são “maus” porque proibidos pelo
Estado, diferente de certos ilícitos proibidos porque são um mau por si mesmas. Ex.: o adultério era
criminalizado isso devido a uma orientação do Estado para a preservação do casamento. Entretanto ainda
que não seja um crime pode levar a indenizações. Já na sociedade iraniana, recentemente uma iraniana
(Sakineh Ashtiani) foi condenada à morte por adultério.
poder punitivo está absolutamente ligado a noção de soberania. Na verdade ele cresce historicamente com
a noção de soberania, isso porque a noção de poder que a sociedade tem para resolver seus problemas. No
âmbito externo é esta soberania que autoriza o uso da força, da mesma maneira. Historicamente afirma-se
que esta estrutura de soberania se materializa no século XI, XII, XIII (depende do local e região).
BODIN, GROSSI e outros intelectuais que constituem a soberania como estrutura de poder nacional, aquilo
que caracteriza a unidade de poder e é o que dá base ao monarca de gozar de poder absoluto dentro de
suas fronteiras. No âmbito interno o Estado manifesta sua autonomia se apropriando dos conflitos penais
com a proibição da autotutela.
Isso é importante até os anos 60, o ocaso da soberania inicia-se antes, mas o golpe final da noção de
soberania vem com o fim da 2ª GM, com o massacre aos judeus promovido na Alemanha. Aqui o Estado tem
uma limitação e este poder que é o Estado de Direito e os direitos humanos. Esta crise traz uma grande
transformação no próprio direito penal começando a criticar o direito de punir do Estado que não é mais
visto como um “grande pai”, o grande protetor da sociedade.
O Estado não sendo mais o grande pai, se critica também a “vara” com que ele bate nos filhos que é o
Direito Penal. A partir disso que se reconhece o abolicionismo penal, a ideia de que o Direito Penal causa
mais mal do que bem e que, portanto, deveria ser extirpado da sociedade. Não se precisa de um Direito
Penal melhor, mas algo melhor que o Direito Penal. Por outro lado também cresceu a linha chamada de
“minimalismo Penal” que traz uma nova perspectiva que afirma que o Direito Penal deve existir, é
fundamental, mas naquilo que ele seja necessário para garantir a coexistência penal.
Assim, o Direito Penal é necessário a proteção do bem jurídico, mas também é uma proteção do cidadão
para que o Estado não vá além do que pode. Ele não é fundamento do poder punitivo, existe como limite ao
poder punitivo. O controle não é só um instrumento de controle do Estado, isso porque o Estado não é uma
estrutura independente do aporte social. O controle não é uma linha direta entre Estado e cidadão é uma
rede entre trabalho, individuo, escola individuo, etc.
Hoje, o Estado acuado (característico pós séc. XX) por uma estrutura complexa de direitos humanos, deve se
adequar a uma nova perspectiva. O sentido da coerção penal muda, não existe mais o grande pai, ele vem
muito mais da noção de coesão e consenso social. Isso não significa que o Direito Penal seja exercido de
forma democrática, mas que tem um substrato democrático. Nos anos 60 isso ganha importância, porque a
democracia acaba por se instaurar no pós-2ª GM.
21/02/2014
(2) ENTRE EXCLUSÃO E INCLUSÃO
Até os anos 60: Estado é o “grande pai” (logo, responsável pelo controle social);
Depois dos anos 60: processo de corrosão da soberania;
Abolicionismo e Minimalismo penal
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Depois da 60’s pensa-se o Estado não mais como um ‘grande pai’, mas dentro da ideia de democracia.
Senso comum: o sistema penal é excludente (mas não só, é includente para mão-de-obra em fases
de desenvolvimento econômico)
Raciocínio baseado na retórica da participação democrática universal;
Quem não se ajusta, deve ser excluído.
Conclusões
A postura social diante do crime/desvio é mutável;
:: Crime e criminalização são variáveis qualitativa e quantitativamente.
:: Em tempos de crise, o criminoso é de ser excluído (antipatia social)
:: Em tempos de desenvolvimento, o criminoso demanda recuperação (simpatia social)
Portanto:
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O Direito Penal é o setor do ordenamento jurídico que define crimes, comina penas e prevê medidas
de segurança, aplicáveis aos autores das condutas incriminadas (CIRINO DOS SANTOS).
Conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como consequência, e disciplinam
também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de
segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado (FREDERICO
MARQUES).
Portanto, o cerne da definição do Direito Penal é dúplice, envolvendo: a definição normativa dos
crimes e a imposição jurídica das penas.
Segurança Emprego
pública
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Meio
ambiente
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
(3) CRIMINOLOGIA
SOCIOLOGIA E CRIMINOLOGIA
A sociologia jurídica ou criminal (BARATTA, “Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal”)
(3) DIFERENCIA-SE
Do Direito, que tem como objeto ‘a estrutura lógico-semântica das normas, entendidas como
proposições e os problemas específicos das relações formais entre normas (...) e entre
ordenamentos’.
Da Filosofia do Direito, que se preocupa com os ‘valores conexos aos sistemas normativos’
A Sociologia Jurídica se preocupa com as ações e comportamentos que relacionam a criação da norma e a
conformação/relação social a elas (crime/desvio).
A SOCIOLOGIA JURÍDICO-PENAL
(1) OBJETO DA SOCIOLOGIA JURÍDICO-PENAL (SJP)
econômico-social
penal, a Sociologia Jurídico Penal estuda a reação ao comportamento desviante e sua relação com a
estrutura social.
A atual Sociologia Criminal não deixa de reconhecer como a reação social contra o desvio pode ter um papel
constitutivo relevante para o desvio e para o desviante e seu status.
Daí que a Sociologia Criminal amplia de forma evidente (e chega a se confundir, por vezes, dada a
superposição de campos de estudo) com a Criminologia.
24/02/2014
III. DIREITO PENAL COMO PROGRAMA DE POLÍTICA CRIMINAL
Ilícitos que contrariem o ordenamento jurídico atingindo os bens mais importantes (portanto, os
ilícitos mais graves) são os ilícitos penais.
Pena: “é a sanção imposta pelo Estado e consiste na perda ou restrição de bens jurídicos do autor da
infração, em retribuição à sua conduta e para prevenir novos ilícitos” (DOTTI).
A antiguidade
Liberdade do poder instituído para aplicar a resposta penal;
Limites surgem aos poucos.
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A Idade Média
O “Direito Comum Europeu”.
A apropriação do conflito particular: construção da soberania.
Objetivo de provocar medo coletivo para evitação do crime; daí sua crueldade (amputações,
mutilações, torturas, etc.).
Demonstração do poder instituído.
Confusão com o próprio processo: ordálias, juízos de Deus, etc.
A Idade Moderna
Nova configuração social.
Grande aumento da pobreza e da miséria – consequente aumento da criminalidade.
Nova estrutura econômica: demanda pela inclusão da nova população presente nas cidades.
:: Surgimento de ‘casas de detenção’: as workhouses, disciplinar através de trabalho e regramento.
Produz a proposta de ‘ressocialização’. Há a criminalização da forma de viver de pessoas que moram
fora dos burgos, de forma menos favorecida.
:: Outras penas: trabalhos forçados e ‘galés’ (prisões em alto-mar), esta especialmente aplicada em
substituição à pena de morte para crimes como pirataria e lesões corporais gravíssimas.
28/02/2014
(3) PENA E RETRIBUIÇÃO
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prática do delito”. Para ele, a dignidade humana exige uma justiça retributiva.
Para Hegel, “a pena é a negação da negação do Direito”. Ou seja, o crime é a negação do Direito e a
pena é a negação do crime, e, nesse sentido, é reintegrante do direito (pena retributiva).
A pena não tem uma finalidade – ela é um fim em si mesma e não serve a qualquer outro propósito que
não seja recompensar o mal com o mal.
Sustentação contemporânea
A psicologia popular, que é naturalmente retributiva (“Talião”).
A religião (a Justiça divina é sempre retributiva).
Sistema econômico capitalista (baseado em relações de troca – retributivas).
Em suma:
Uma política criminal baseada apenas em um programa de Direito Penal é muito pobre e
fundamentalmente instável.
Constrói-se apenas sobre uma matriz meramente legalista (do “dever-ser”), tradicionalmente alheia
à realidade social.
Permite a absoluta manutenção do status quo.
07/03/2014
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS SOBRE A CRIMINALIDADE
Sentido: discutir o fenômeno “crime” para além da visão institucional; apenas da proposta estatal.
Buscar o porquê da conduta ser criminalizada e danosa.
Compreensão social do fenômeno: a razão pela qual a sociedade criminaliza a conduta e quais os
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Sentido do crime para além da visão institucional. Compreensão social, individual e institucional do
fenômeno. Por que esta conduta é criminosa, não se restringindo a resposta de que é por que o estado
determinou. Pergunta-se qual é o efeito da criminalização na sociedade, por que a sociedade reputa certas
condutas como criminosas. Qual o efeito qual a razão do sujeito praticar o crime. A criminologia estaria
dentro do carro da polícia. Deve sair deste carro e olhar o fenômeno de fora para se ver o fenômeno sob o
aspecto institucional, este aspecto institucional não é captado pelo direito penal.
Também a vinculação com as propostas do Direito Penal para a racionalização da pena. As propostas
criminológicas penais não são adequadas. O exemplo é a pena de morte, esta sanção não reduz
necessariamente a criminalidade. Metodologicamente: lenta separação do Direito Penal e
construção de uma epistemologia própria.
Criminologia etiológica individual: objeto; busca na matriz originária do Direito penal a compreensão
do fenômeno.
Escola Clássica e Criminologia. Principais ideias teóricas da Escola Positivista. A teoria do delinquente
nato (LOMBROSO). A concepção multifuncional da delinquência (Ferri). Teorias constitucionais,
genéticas, instintuais da agressividade.
Programa de Política Criminal da Escola Positivista:
Ideologia da defesa social como ideologia comum à Escola Clássica e à Escola Positivista
Considerações críticas e repercussões atuais da teoria positivista.
2.
2.1. A escola clássica do direito penal: contrato social como concepção iluminista da ordem social
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Iluminismo: contrato social era a solução para a demanda por justificação para a ordem social não
divina. Antes o sujeito se submete ao senhor feudal para proteção, relação de suserania e
vassalagem. Há o tratamento desigual entre nobres e plebeus pela necessidade.
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
É melhor ser temido do que ser amado, pois o “amor” é uma ligação de obrigação que os homens,
porque são podres, vão quebrar sempre que eles imaginem que com isso terão vantagem; mas o
medo envolve o temor da punição, do que os homens nunca podem escapar (Maquiavel, “O
Príncipe”)
Relação clara entre o príncipe (como empreendedor político) e a anarquia dos sujeitos (dominante
na sociedade)
Nesse sentido a sociedade desenhada por Maquiavel é composta por homens decrépitos, não
confiáveis e egoístas. O uso do medo é necessário e constitui a virtu (a habilidade, a virtude, etc.) do
Príncipe na política, pois é a única maneira de dar a sociedade alguma forma, afastando a anarquia.
O medo do Príncipe (da pena) é a maneira, portanto, pela qual se dá “forma” à sociedade
O comum entre MAQUIAVEL e HOBBES: o Estado é construído pelo livre arbítrio. É necessária a
razão.
Essencialidade do livre arbítrio.
Estado demanda racionalidade e voluntariedade.
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Mas o Estado é justamente o responsável por fazer cidadãos livres e racionais, capazes, por sua vez,
de criar um Estado racional. Relação dialética: os indivíduos constroem o Estado; o Estado garante
que a racionalidade dos indivíduos através da imperatividade de suas leis e instituições (liberdade).
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
Do Estado criado pela razão para o Estado racionalizador: a racionalização do homem e da politica
Racionalização do homem e a inversão Sociedade-Estado: o Estado, criado pela razão, é o
racionalizador da sociedade: construção do comportamento previsível, moralmente ajustado pelo
relógio. Padrão desejável: “homem branco europeu, preferencialmente protestante”
Racionalização do sistema político: proposta democratizadora;
:: Colonização: racionalizar o externo pelo controle do mundo bárbaro; controle de culturas e
racionalidades alternativas.
:: Duplo processo de expansão da racionalização: para dentro (o doméstico: jovens, mulheres
crianças) e para fora (busca por novas economias).
:: Versão atual: a expansão econômica e seu apoio no modelo democrático; inclusão de novos povos,
estratos sociais, etc., para o que mesmo o uso militar é justificável.
:: Resultado: a exclusão social é, na verdade, a inclusão social. O sujeito é colocado na instituição
para que ele aprenda as regras e haja mais gente sob a égide do sistema:
Por força (sanção penal para a negativa de inclusão no modelo)
Por vontade: recompensas pela associação ao modelo
Todavia, nos dois casos, a inclusão é feita pelas instituições (as “workhouses”). Matrizes políticas
influenciaram a criminologia que nasceu naquele momento!
10/03/2014
Portanto:
Isso explica a pouca punição na baixa idade média (e o uso de penas pecuniárias), bem como a alta
punibilidade em período de maior fartura de mão-de-obra.
A coerção ao trabalho não é mais política, mas econômica (daí o efeito observado por Rusche e
Kirchheimer).
Como o foco era racionalização, a “Criminologia” da época se fazia sobre os instrumentos do Direito
Penal.
Prova: 25 de abril
14/03/2014
PERÍODO HUMANITÁRIO DO DIREITO PENAL
BECCARIA
Italiano, de nome Cesare di Bonesano, ou “Marquês de Beccaria”, 1738-1774. Foi autor da importante obra
“Dei Delitti e delle pene”.
A função preventiva:
Pena precisa ser rápida e eficiente, além de pública e simbólica
A probabilidade da pena é que afasta o delito: a certeza da punição e não a quantidade de punição,
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
Determinismo em BECCARIA?
Prevenção: povo educado/livre se autogoverna melhor e não comete crimes.
Logo, a pobreza e marginalidade (menos educação) são base da criminalidade.
Falta de racionalidade demanda um governo autocrático (coercitivo e repressivo).
BECCARIA: nas classes mais baixas o uso do livre arbítrio é uma potencialidade, mais do que uma
realidade.
BECCARIA reconhece que há grupos sociais de maior risco social (devotados ao crime).
A “escravidão forçada” necessária em BECCARIA:
Assim seria necessária uma espécie de escravidão forçada (a internação nas workhouses, por
exemplo).
... coincidentemente, construía-se uma workhouse nos arredores, à época ....
Bases beccarianas
Concepção liberal do Estado de Direito
Utilitarismo
Contratualismo (donde derivam os limites da pena): o limite essencial de legítimo sacrifício é aquele
sacrifício mínimo necessário da liberdade individual, donde se exclui a pena de morte.
Divisão dos poderes: a pena não é a vontade do detentor do poder.
Delito produz dano social que demanda a defesa social (realizada pela pena)
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FRANCESCO CARRARA
Estudou em Lucca e Firenze e atuou como advogado e professor, produzindo diversas obras de Direito Penal.
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
Consequências:
Direito e dever de conservação da própria existência: não ser ofendido por outro.
Dever recíproco entre homens de não atentação à existência.
17/03/2014
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
Programa de Política Criminal da Escola Positivista. Principais ideias teóricas da Escola Positiva. A
teoria do delinquente nato (LOMBROSO). A concepção multifatorial da delinquência (FERRI). Teorias
constitucionais, genéticas e instintuais da agressividade.
A ideologia da defesa social como ideologia comum à Escola Clássica e à Escola Positivista.
Considerações críticas e repercussões atuais da teoria positivista.
É nesse quadro, de demanda por uma nova perspectiva de controle social, que se encontra a escola positiva,
que busca a informação na sociedade (não basta dizer que crime é uma conduta típica, antijurídica, culpável)
– compreender o criminoso (conclui-se que o criminoso é diferente do “padrão”).
21/03/2014
(2) O NASCIMENTO DA PROPOSTA POSITIVA
André-Michel Guerry
Cartografia social do crime: cruzamento de dados (desenvolvimento, riqueza, crimes...)
Conclusão: rompimento da relação crime-pobreza (na verdade, desenvolvimento social desigual e
que produzia o crime).
MELOSSI: os autores da Escola Positiva “tratavam o crime como um fenômeno pré-constituído à realidade
social e ao direito penal, a criminalidade, portanto, podia tornar-se objeto de estudo nas suas “causas”,
independentemente do estudo das reações sociais e do Direito Penal”.
Formas da pena
Fim curativo e reeducativo da segregação
Aceitação de substitutivos penais
Pena indeterminada: busca pela cura do criminosos
PRINCIPAIS REPRESENTANTES
CESARE LOMBROSO
Médico veronense de origem judaica. Atuou em Turim e Pavia, especialmente sobre a Antropologia
Criminal.
Teoria do Criminoso Nato: o criminoso já nasce assim e é determinado ao crime por esse motivo.
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ENRICO FERRI
“Criminologia social”
Sistematizou juridicamente a Escola Positiva
Classificação do criminoso: nato, louco, habitual, ocasional e passional
Teoria multifatorial da determinação do crime (econômico, social ...)
O louco pode cometer crime, pois não depende do livre arbítrio. Ideia de periculosidade.
RAFAEL GAROFALO
24/03/2014
*** Estudos neuro-científicos recentes afirmam que a falta de determinadas enzimas tornam o indivíduo
mais propenso a não se submeter a regras. É o retorno do lombrosianismo!
28/03/2014
(6) DIFERENÇA ENTRE A CRIMINALIDADE DO NORTE E DO SUL
2.
3.
4.
5.
6.
6.1. Condições
Explicação:
Demanda verificação no contexto social e político: sociedades igualitárias, um contrato social
inclusivo; sociedades desiguais: contrato social excludente
FERRI analisa iguais
LOMBROSO analisa diferentes (inimigos): explicação racial
7.
7.1. A criminalidade das massas
Grupo como libertador da besta interna: a remoção dos vínculos sociais pela massa. O sujeito é
levado pelas escolhas sociais.
A animalidade sempre à espreita do homem (consequências do atavismo)
A condição estratificada da alma: as bases para FREUD; existem níveis na alma, o nível animal, o
nível social, etc., e a criminalidade está neste limite – ela rompe com os estratos da alma.
Teorias Psicanalíticas e crime: nova perspectiva de crime a partir da análise da alma humana
Ainda um fundamento pessoal da criminalidade
A realização do crime decorre do escape dos instintos criminosos
Esse escape produz o sentimento de culpa (de que se libera pela confissão); ou pela repressão. A
confissão é o que inicia o processo de catarse de liberação da culpa
Livro: A Palavra dos Mortos – ZAFFARONI
Neurose é individual, produzida pela repressão de instintos; consciência antiga reprimida pelo
processo civilizatório: relação complexa entre ID, EGO e SUPEREGO
Tabu é social: todos tem medo da violação dos tabus – daí que, violado o tabu, é necessária a
punição social para que se evite a tentação de imitação do desviante
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
1.
2.
3.
3.1. Totem e Tabu (1913) complementado por “Moisés e o Monoteísmo” (1939)
Consciência antiga “espremida por um verniz civilizatório” – que obriga o sujeito a se adaptar (EGO,
ID e SUPEREGO)
ID: instintos e paixões animais (paixões, libido, agressividade)
EGO: consciência, intermedia as relações entre os instintos e as ordens superiores pela razão; é o
que tem existência, o que o sujeito é na sociedade
SUPEREGO: regras sociais e morais aprendidas no processo civilizatório (é a presença paterna)
Sociedade composta por irmãos que matam o pais pela posse das mães
Crimes que criam uma sociedade de iguais ligados pelo sentimento de culpa: FREUD e o mito da
sociedade primitiva de irmãos que se rebelam contra o rei (o “pai” – imagem ideal de EGO) pelo
domínio dos recursos – dos recursos, o mais precioso são as mulheres. Morto o rei-pai, os irmãos
introjetam a sua presença, tanto no plano figurativo quanto real (neste caso, pelo canibalismo). A
partir desse bárbaro crime de parricídio, os irmãos se conectam por um sentimento de culpa
condividida que se torna comum na sociedade agora civilizada.
Crimes são praticados para que seja aplicada a pena, capaz de punir a culpa pelos grandes crimes
(parricídio e incesto). A pena é desejada pelo criminoso, pois satisfaz o sentimento de culpa do
Complexo de Édipo.
3.3. FREUD X LOMBROSO: ambos buscam justificar o crime a partir de um raciocínio inicial do homem,
sejam condições sociológicas ou psicológicas
31/03/2014
Defesa social
Escola Clássica
Escola Positiva
Princípios da defesa social
Legitimação social pela defesa social
Sentido da defesa social: a pena existe para proteger a sociedade dos males causados pelo
criminoso/desviante
4.
4.1. Princípio da legitimidade
O Estado é legítimo para combater a criminalidade e representa a sociedade nesse papel.
5.
5.1. Diferenças entre Escolas Clássica e Positiva
Quanto à defesa social: diferença meramente metodológica
Criminogênese: culpabilidade (demanda d retribuição pela culpabilidade revelada) X periculosidade
(personificação desviante do padrão demanda prevenção)
A função da sociologia criminal: oferecimento de instrumento para superação dos mitos da defesa
social.
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04/04/2014
Fundamentos críticos comuns: a defesa social entende a sociedade como uma totalidade de valores
e de interesses
Defesa social como construção a-histórica da sociedade (impressão de que a sociedade não evolui, é
parada no tempo)
Defesa social como construção abstrata da sociedade (qual sociedade?)
A defesa social não é portanto, real
Proposta contemporânea
O fim da pena é a retribuição (art. 59, CP)
O fim da execução da pena é a ressocialização
Todavia, essa compreensão diferenciadora não se coaduna com a análise adequada da questão e está
vinculada com uma análise dentro do contexto de países centrais.
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(1) SOCIEDADE
crime.
Teoria das subculturas delitivas: subculturas expressivas (COHEN), subculturas instrumentais
(CLOWARD-OHLIN), outras concepções acerca das subculturas.
CRIMINOLOGIA – Prof. Rui Dissenha
Correção da teoria das subculturas criminais: a teoria das técnicas de neutralização (SYKES e
MATZA).
Considerações críticas e repercussões atuais.
07/04/2014
Vários princípios morais não provém do interesse individual, mas de interesses sociais. Ex.: mesmo a
liberdade contratual (que é individual) está limitada por uma moralidade social (de origem social,
não individual).
A complexidade social desenvolve mais as relações entre indivíduos, criando uma “argamassa” necessária
para essa inter-relação – que é, portanto, de ordem social, não individual.
Anomia em DURKHEIM
Anomia: inadequação de normas morais diante do desenvolvimento social
Problema social central: falta de uma moralidade orgânica
:: Divergência entre estrutura social (orgânica) e moralidade social (mecânica). A moralidade se
desenvolve de forma mais lenta que a sociedade.
:: Evidência: abandono dos padrões morais cristãos (coesão social) na França
Críticas de DURKHEIM
Capitalista: mercado/contratos não bastam para a coesão social.
Socialista: aprofundar lutas de classes rompe a coesão social.
Nem a perspectiva capitalista nem a perspectiva socialista conseguem responder a esse equilíbrio
entre o moral e o desenvolvimento social.
-fim-