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Criminologia

Prof. Me. Anny Moreira


Evolução Histórica da Criminologia
 Uma das classificações históricas da Criminologia divide o seu
desenvolvimento em duas fases: período pré-científico e período
científico. O período pré-científico abrange desde a Antiguidade,
onde encontramos alguns textos esparsos de alguns autores que já
demonstravam preocupação com o crime, terminando com o
surgimento do trabalho de Beccaria ou de Lombroso.
 Divergência da doutrina - a maioria da doutrina aponta o
surgimento da fase científica com o trabalho de Cesare Lombroso,
mas há autores que creditam o nascimento da Criminologia a
Cesare Beccaria também.
Conceito
 A Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem por
objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do
comportamento delitivo; e que aporta uma informação válida,
contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmica e variáveis do
crime - contemplado este como fenômeno individual e como
problema social, comunitário assim como sua prevenção eficaz, as
formas e estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de
intervenção positiva no infrator.
 Trata-se de uma ciência autônoma.
 Interdisciplinar.
Evolução Histórica da Criminologia
 BECCARIA - Dei Delitti e Delle Pene (o manifesto da abordagem
liberal ao direito criminal), 1764.
 Em síntese, Beccaria procurou fundamentar a legitimidade do
direito de punir, bem como definir critérios da sua utilidade, a partir
do postulado do contrato social. Serão ilegítimas todas as penas
que não relevem da salvaguarda do contrato social (se., da tutela
de interesses de terceiros), e inúteis todas as que não sejam
adequadas a obviar as suas violações futuras, em particular as que
se revelem ineficazes do ponto de vista da prevenção geral.
 Criminologia clássica.
Evolução Histórica da Criminologia

 Lombroso, Garofalo e Ferri.


 Positivismo criminológico - surge como crítica e alternativa à
denominada Criminologia clássica.
 A Scuola Positiva italiana, no entanto, apresenta duas direções
opostas: a antropológica de Lombroso e a sociológica de Ferri, que
acentuam a relevância etiológica do fator individual e do fator
social em suas respectivas explicações do delito.
Evolução Histórica da Criminologia
 LOMBROSO
 O ponto de partida da teoria de Lombroso proveio de pesquisas
craniométricas de criminosos, abrangendo fatores anatômicos,
fisiológicos e mentais.
 Sua teoria do delinquente nato foi formulada com base em
resultados de mais de 400 autópsias de delinquentes e seis mil
análises de delinquentes vivos; e o atavismo que, conforme o seu
ponto de vista caracteriza o tipo criminoso - ao que parece contou
com o estudo minucioso de 25 mil reclusos de prisões europeias.
 MÉTODO EMPÍRICO.
 Aspectos biológicos do fenômeno criminal.
Evolução Histórica da Criminologia
 Escola positivista.
 O grande equívoco dos positivistas foi acreditar na possibilidade de
se descobrir uma causa biológica para o fenômeno criminal.
 Foi um fracasso. Primeiro, porque não se pode falar em causa
única da delinquência e, em segundo lugar, porque a Escola
Positiva se preocupou apenas com os aspectos biológicos do
fenômeno criminal, quando se sabe que os fatores exógenos são
preponderantes.
 Ferri procurou corrigir essa postura unilateral, ao escrever sua
Sociologia Criminal, onde acentua a importância dos fatores
socioeconômicos e culturais da delinquência.
Evolução Histórica da Criminologia

 Escola Francesa de Lyon.


 A Escola Francesa de Lyon atacou fortemente as ideias de
Lombroso. Entre os mais notáveis membros dessa escola temos
Lacassagne.
 A tese fundamental da Escola de Lyon é a seguinte: o criminoso é
como o micróbio ou o vírus, algo inócuo, até que o adequado
ambiente o faz eclodir. O meio social desempenha papel
relevante e se junta com a predisposição criminal individual latente
em certas pessoas. Em outras palavras: a predisposição pessoal e o
meio social fazem o criminoso
Evolução Histórica da Criminologia

 Sociologia Criminal.
 3º Congresso Internacional de Antropologia Criminal (Bruxelas, 1892).
 Lacassagne, Tarde e Durkheim. Crime como fato social.

 O fim do século XIX assistiu ainda ao aparecimento da criminologia


socialista em sentido amplo, entendida como explicação do crime a partir
da natureza da sociedade capitalista e como crença no
desaparecimento ou redução sistemática do crime depois de instaurado
o socialismo. Surgiram nessa época, com efeito, numerosas obras, mais ou
menos influenciadas pelos ensinamentos de Marx e Engels, encarando o
crime segundo essa perspectiva
Evolução Histórica da Criminologia
 O século XX iniciou-se sob o signo do ecletismo, em que assistiu-se à exploração dos
caminhos abertos no século anterior, sob a influência moderadora da União
Internacional de Direito Penal, fundada em 1889 por Hamel, Liszt e Prins. No que
especificamente se prende com as teorias orientadas para o delinqüente,
consumou-se o abandono do antropologismo lombrosiano, progressivamente
substituído pelas teorias explicativas de índole psicológica, psicanalítica, psiquiátrica
e pela atenção dedicada às leis da hereditariedade, à combinação de
cromossomos etc.
 Este panorama viria, contudo, a ser profundamente alterado por dois eventos
significativos. Referimo-nos, em primeiro lugar, ao aparecimento da sociologia
criminal americana, que se confundiria praticamente com a criminologia ocidental.
Há, em segundo lugar, que se ter presente a criação da criminologia socialista em
sentido estrito, isto é, o estudo das causas do crime nos países socialistas à luz dos
princípios do marxismo-leninismo
Teorias Macrossociológicas da
Criminalidade

 São consideradas de consenso: escola de Chicago, associação


diferencial, anomia e subcultura delinquente.
 São conflitivas: labelling e a teoria crítica.
Escola de Chicago
 A escola criminológica de Chicago encarou o crime como fenômeno ligado a uma
área natural.
 A escola de Chicago pode ter seu trabalho melhor compreendido dividindo-o em duas
fases: a Primeira Escola vai de 1915 a 1940, enquanto a segunda escola vai de 1945 a
1960. O trabalho dessa escola explorou a relação entre a organização do espaço
urbano e a criminalidade.
 A primeira das teorias que eclodem com surgimento da escola de Chicago é a teoria
ecológica. Para os defensores dessa teoria, a cidade produz delinquência.
 Em resumo: com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o paradigma até
então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, e
girou para as influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem
ter no fenômeno criminal. Ganhou-se qualidade metodológica. Com os estudos da
escola de Chicago criou-se também o ambiente cultural para as teorias que se
sucederam e que são a feição da moderna Criminologia.
Teoria da associação diferencial
 Foi iniciada por Edwin Sutherland.
 Segundo Edwin Sutherland, a associação diferencial é o processo de aprender alguns
tipos de comportamento desviante, que requer conhecimento especializado e
habilidade, bem como a inclinação de tirar proveito de oportunidades para usá-las de
maneira desviante. Tudo isso é aprendido e promovido principalmente em grupos tais
como gangues urbanas ou grupos empresariais que fecham os olhos a fraudes,
sonegação fiscal ou uso de informações privilegiadas no mercado de capitais.
 A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser
definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos
favorecidas, não sendo ele exclusividade destas.
 A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que estava centrado no
perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão dentro da
perspectiva social. O homem aprende a conduta desviada e associa-se com referência
nela.
Teoria da anomia
 A anomia é uma situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e
valores.

 Esta teoria, introduzida pelas obras clássicas de Emile Durkheim e desenvolvida por Robert King Merton,
representa a virada em direção sociológica efetuada pela Criminologia contemporânea.

 Merton afirma que em todo contexto sociocultural desenvolvem-se metas culturais. Estas expressam os
valores que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Coloca-se então uma questão: como uma
pessoa pode atingir essas metas? Merton diz que, para tal efeito, cada sociedade estabelece meios.
Trata-se de recursos institucionalizados ou legítimos que são socialmente prescritos. Existem também
outros meios que permitem atingir estas mesmas metas, mas que são rejeitados pelo grupo social. A
utilização destes últimos é considerada como violação das regras sociais em vigor.

 O insucesso em atingir as metas culturais devido à insuficiência dos meios institucionalizados pode
produzir o que Merton chama de anomia: manifestação de um comportamento no qual as regras do
jogo social são abandonadas ou contornadas. O indivíduo não respeita as regras do comportamento
que indicam os meios de ação socialmente aceitos. Surge então o desvio, ou seja, o comportamento
desviante.
Teoria da subcultura delinquente
 O criador dessa teoria foi o sociólogo norte-americano Albert K. Cohen e teve como
marco o ano de lançamento de seu livro Deliquent boys, em 1955.
 As teorias subculturais sustentam três ideias fundamentais: o caráter pluralista e
atomizado da ordem social, a cobertura normativa da conduta desviada e a
semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e irregular. A
premissa dessas teorias subculturais é, antes de tudo, contrária à imagem monolítica
da ordem social que era oferecida pela Criminologia tradicional. A referida ordem
social, a teor deste novo modelo, é um mosaico de grupos, subgrupos, fragmentado,
conflitivo; cada grupo ou subgrupo possui seu próprio código de valores, que nem
sempre coincidem com os valores majoritários e oficiais, e todos cuidam de fazê-los
valer diante dos restantes, ocupando o correspondente espaço oficial.
Teoria do labeiling aproach, interacionismo
simbólico, etiquetamento, rotulação ou
reação social
 Deixou de centrar estudos no fenômeno delitivo em si e passou a focar suas atenções
na reação social proveniente da ocorrência de um determinado delito.
 Erving Goffman e Howard Becker.
 A tese central dessa corrente pode ser definida, em termos muito gerais, pela
afirmação de que cada um de nós se toma aquilo que os outros veem em nós e, de
acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função reprodutora: a pessoa
rotulada como delinquente assume, finalmente, o papel que lhe é consignado,
comportando-se de acordo com o mesmo. Todo o aparato do sistema penal está
preparado para essa rotulação e para o reforço desses papéis.
 Crime e reação social são, segundo esse enfoque, manifestações de uma só
realidade: a interação social.
Teoria crítica, radical ou "nova
criminologia"
 As bases dessa linha de pensamento se materializaram na crítica às posturas
tradicionais da criminologia do consenso, incapazes de compreender a totalidade
do fenômeno criminal. A premissa do pensamento estava indubitavelmente
ancorada no pensamento marxista, pois sustentava ser o delito um fenômeno
dependente do modo de produção capitalista.
 O enfoque macrossociológico se desloca do comportamento desviante para os
mecanismos de controle social dele, em especial para o processo de
criminalização, que o momento crítico atinge sua maturação na Criminologia, e
ela tende a transformar-se de uma teoria da criminalidade em uma teoria crítica e
sociológica do sistema penal.
 Esse clima de questionamento da criminologia da criminologia propiciou o
florescimento, alguns anos depois, de três tendências da Criminologia: o neo-
realismo de esquerda, o direito penal mínimo e o abolicionismo criminal.

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