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AULA 06

PERÍODO CIENTÍFICO

Aquele momento em que a criminologia vai se assentar como disciplina autônoma.

Positivismo Criminológico Italiano = Lombroso, Ferri e Garógalo  se antes no pré-


científico clássico havia a pauta na racionalidade por meio abstrato, aqui será pautado
no concreto. Vão fazer pesquisa de campo  abordagem empírica, não mais dogmas.
Século XIX: cientificismo
- empirismo
- método experimental ou indutivo (eu conheço vários elementos da realidade e a
partir dessa eu tento elaborar teorias, consigo testas as hipóteses) (diferente da escola
clássica que era pautado no método dedutivo – em que se cria regras que são quase
dogmas que se aplicam a todos)
- verificação prática do crime e do criminoso
→ Passagem do pensamento abstrato (escola clássica) para o mundo naturalístico e
concreto. Principal consequência disso para a criminologia é: “se os fatos mostram que
a teoria está errada, a teoria deve ser alterada, não iremos conformar a realidade a
partir das teorias, as teorias é que devem representar a realidade.”  Mudança de
visão muito forte.
Período científico: majoritariamente, indica-se o nascimento da criminologia com a
obra “O homem delinquente” (1876) de Cesare Lombroso.
ATENÇÃO (ordem cronológica do surgimento inicial de termos/ideias da criminologia
como ciência):
(a) Paul Topinard (1879) utilizou primeiramente o termo “criminologia”;
(b) Rafaelle Garofalo (1885) utiliza a nomenclatura (criminologia) como título de um
livro científico voltado para a ciência que estuda a criminalidade;
(c) Francesco Carrara (1956), no livro Programa de Direito Criminal, teria adotado
aspectos de pensamento criminológico para autores da escola clássica.

Positivismo criminológico (Scuola Positiva italiana):


(a) Cesare Lombroso (1835-1909) – O homem delinquente (1876)

- Pai da criminologia / início da antropologia criminal


- Método empírico
 Fator primordial: Determinismo biológico no campo criminal (ser atávico); obs:
Lombroso não desconsiderava completamente as causas sociais.
Obs: ser humano não tem livre arbítrio: não existiria pois somos biologicamente
atávicos (determinadas pessoas), voltados para a prática de crimes

(b) Enrico Ferri (1856-1929) – Sociologia Criminal (1914)


→ Determinismo social (ao contrário do livre arbítrio da escola clássica)
- delito é fenômeno social determinado por causas naturais (sociedade produz o delito
em determinados fenômenos naturais) (não abandona totalmente a tipologia de
Lombroso, mas ele adota outra posição)
- prática dos crimes decorre de fatores antropológicos (voltados para a pessoa do
delinquente – proximidade com Lombroso), físico-naturais (clima) e sociais
(conformação da sociedade);
Obs: ser humano não tem livre arbítrio: por conta do determinismo social – meio
social é mais relevante.

(c) Raffaele Garofalo (1851-1934)


→ . O crime só pode ser compreendido se estudado por métodos científicos.
→ . Tentou formular uma definição sociológica do crime – como aquele ato que pode
ser reprimido por uma punição (delito natural), que viola dois sentimentos altruístas
básicos às pessoas (probidade e piedade), logo é ato imoral que viola a sociedade.
→ . Lei de adaptação– adaptação e eliminação dos inaptos em um tipo de seleção
social natural (darwinismo social), inclusive com a possibilidade de morte
(anormalidade psicológica permanente) – a partir da ideia de Darwinismo social,
justifica a eliminação ou neutralização de pessoas que praticam crimes.

Sociologia Criminal:
Crime como fenômeno social e fatores ambientais (exógenos) atuam sobre a conduta
individual e conduzem à pratica delitiva – tentam compreender porque a sociedade se
apresenta de tal forma – sai da visão do homem (bem comum aos positivistas
italianos) e tenta compreender a sociedade como geradora do crime.
(a) Alexandre Lacassagne (1834-1924): delinquente possui predisposição latente à
prática de crimes, que é disparado pelo meio social – oposição à escola italiana de
Lombroso  A predisposição latente à prática de crimes EXIGE meio social que a
dispara.
(b) Émile Durkheim (1858-1917): crime é fenômeno normal na sociedade, se não
ultrapassado um determinado limite para cada tipo social, ocorrendo de forma
generalizada na sociedade.  o crime não necessariamente é um mal social, pois
quando ocorre a prática do crime, a gente pode verificar e a sociedade reagir e
punir o crime, momento em que ela está reafirmando aqueles valores que estão
consolidados na norma criminal. É possível também que a sociedade não reaja, e
que pelo contrário, aceite aquela conduta criminosa como sendo válida (ex:
adultério que deixou de ser investigado até que deixou de ser crime – renovação
de pautas)

(c) Jean-Gabriel de Tarde (1843-1904): Relevância dos condicionamentos sociais e


imitação como teoria antecipada de aprendizagem e que se transmite por
gerações  a gente não pratica crime pois temos uma predisposição interna, mas
sim porque imitamos as condutas daqueles que nos antecedem (carga hereditária
e vivência) e das pessoas próximas (com que nós nos identificamos).

Positivismo sociológico:
Sugere fatores sociais como pobreza, pertencimento a subculturas, baixos níveis
educacionais como predisposição para a prática de crimes.  há ainda a questão do
positivismo, você nasceu criminoso, você sera criminoso, os elementos sociais VÃO
desencadear a vontade de delinquir.
→ Adolphe Quetelet: a partir de dados estatísticos sobre crimes e fatores sociais,
visualizou idade, gênero, pobreza, educação e consumo de álcool como fatores do
crime relevantes.
→ Rawson W. Rawson: estatísticas indicando conexão entre densidade populacional e
taxas criminais.
→ Henry Mayhew: métodos empíricos e abordagem etnográfica para relacionar
questões sociais e pobreza. Obs: etnografia é abordagem muito utilizada pelos
antropólogos  ingressam na sociedade em que pretendem compreender.

Criminologia socialista (lato sensu):


Crime decorre da natureza capitalista da sociedade, que somente iria diminuir ou
erradicar com a instauração do socialismo. Final do século XIX → A partir das
teorizações de Karl Marx (1818-1883) e Friderich Engels (1820-1895)
Classe social: lugar ocupado pela pessoa no processo produtivo.
- a luta de classes é o motor da história: infraestrutura (economia e relações de
produção) e superestrutura (relações jurídicas e políticas).
Mais valia: diferença entre o salário recebido (custo de mãode-obra) e a riqueza
gerada pelo seu valor trabalho (valor agregado pelo trabalho).
[Trabalhadores vendem as horas de trabalho para os patrões por menos do que elas
realmente valem.]
[A infraestrutura e a superestrutura são desenhadas de modo a impossibilitar que o
proletariado receba o valor total da mercadoria.]
- Absoluta: lucro obtido no trabalho que supera o salário.
- Relativa: aumento de produtividade pela tecnologia.

Karl Marx: “direito é um instrumento para a manutenção do status quo (dominação),


uma vez que controlado pela classe social dominante.
Ilusão legalista: lei se limita a exprimir as relações constituídas na infraestrutura
(legitima a relação de dominação)  ex: se você danifica um bem particular, o CP
aponta como saída a cadeia, mas não seria melhor primeiramente pensar numa
reparação antes de pensar no direito penal? O direito penal não deveria ser a ultima
ratio? O sistema é constituído de tal forma que não conseguimos nem mesmo pensar
nessas perguntas.
Ilusão igualitária: igualdade proclamada formalmente não modifica a realidade
objetiva da maioria das pessoas.  a igualdade não existe  “ o direito diz que está
aqui para assegurar que todos sejam iguais, mas quando vamos para a prática é bem
diferente uma situação da outra”  aspecto conservador do direito
Friedrich Engels: ordem jurídica capitalista cria a possibilidade do homem (sua mão-de-
obra) circular como mercadoria – homem é sujeito e objeto de direito  crítica:
diminuição da qualidade do homem

Karl Marx: a ideologia é uma falsa consciência (mascara a realidade), que uma classe
social tem a respeito da sua própria situação e da sociedade – assim, teorias de
economistas burgueses serão ideologia de classe. Não é uma tentativa de enganar ou
iludir, já que a classe apenas pode vislumbrar o mundo em função de sua própria
situação (realidade).  Marx chama atenção para vermos o mundo a partir de outras
situações.
A imagem jurídica (representação) de um mundo de direitos e obrigações é a
representação social em que o burguês manifesta ao mesmo tempo sua maneira de
ser e sua situação.
Nesse aspecto, o Estado é aparelho de coerção e repressão social da classe
dominante, não sendo instrumento para realização da justiça, não representa a
vontade do povo ou do legislador, sendo uma superestrutura ideológica a serviço dos
dominantes.
Ideologia e Estado são instrumentos de dominação política dos proprietários sobre os
proletários, sendo que a ideologia impede a revolta (legal aparece como legítimo).

Criminologia socialista (stricto sensu):


Estudaria as causas dos crimes em países socialistas.
Se o capitalismo é o germe do mal social, inclusive da criminalidade, por que países
socialistas não erradicaram os crimes?

Sociologia Criminal norte-americana:


Influenciada por Sutherland e Sellin, de caráter prático e sociológico.
Depois da primeira grande guerra abandona o modelo europeu (positivismo) e segue
orientação de caráter prático e sociológico (empírica)  vou atrás do mundo real.
Orientação sociológica a partir das obras de Burguess, Shaw e Mckay.

O que estudaremos daqui em diante para os concursos é o que veio depois disso tudo
até agora visto.

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