Está na tradição da sociologia preocupar-se com a questão social, com as
desigualdades sociais, com a ordem/desordem autoritária e opressão social que parecem ir de par com o desenvolvimento capitalista. A luz dessa tradição, a década de oitenta é sem dúvida uma década para esquecer. O outro pilar da tradição intelectual da sociologia é a preocupação com a participação social e política dos cidadãos e dos grupos sociais com o desenvolvimento comunitário e a ação coletiva com os movimentos sociais. A luz desta tradição, o mínimo que se pode dizer é que a década de oitenta se reabilitou de maneira surpreendente e mesmo brilhante. O autor cita cinco perplexidades produtivas: 1) Com relação as agendas políticas, os problemas mais absorventes são de natureza econômica, contudo, e em contradição com isso, a teoria e a análise sociológica dos últimos dez anos, tem vindo a desvalorizar o econômico em detrimento do político, do cultural e do simbólico, tem vindo a desvalorizar os modos de produção em detrimento das produções de vida. 2) Assistimos a uma dramática intensificação das práticas transnacionais, da internacionalização, da economia, a translocalização de pessoas como migrantes ou turistas, das redes planetárias de informação e de comunicação, a transnacionalização da lógica do consumismo dessas transformações. Contudo somos obsessivamente confrontados com o estado e não com o sistema mundial. Será então o Estado nacional uma unidade de análise em vias de extinção ou pelo contrário, é hoje mais central do que nunca ainda que sob a forma ardilosa da sua descentração? 3) O regresso do indivíduo. Foram os anos da análise da vida privada, do consumismo e do narcisismo, dos modos e estilos de vida contudo, em contradição o indivíduo parece hoje menos individual do que nunca. A sua vida intima nunca foi tão pública, a sua vida sexual nunca foi tão codificada, a sua liberdade de expressão nunca foi tão inaudível, e tão sujeita a critérios de correção política, a sua liberdade de escolha nunca foi tão derivada das escolhas feitas por outros antes dele. Será que a distinção indivíduo e sociedade é outro legado oitocentista de que devemos nos libertar? 4) Clivagens sociopolíticas muito profundas entre socialismo e capitalismo, revolução e reforma. Chegamos ao fim do século com um surpreendente desaparecimento ou atenuação dessas clivagens e com a sua substituição por um não menos surpreendente consenso a respeito de um dos grandes paradigmas sociopolíticos da modernidade – a democracia. Contudo em aparente contradição com isso, ocorrem dois fenômenos: se a democracia é hoje menos questionada todos os seus conceitos satélites tem vindo a ser questionados e declarados em crise? Por outro lado, quando o liberalismo econômico prosperou a democracia sofreu e vice versa. Contudo, surpreendentemente hoje a promoção da democracia a nível internacional, é feita conjuntamente com o neoliberalismo e de fato em dependência dele. Haverá aqui alguma armadilha? 5) As relações sócias parecem hoje cada vez mais desterritorializadas, ultrapassando as fronteiras até agora policiadas pelos costumes, o nacionalismo, a língua, a ideologia, e muitas vezes por tudo isso amo mesmo tempo. Contudo, assiste-se a um desabrochar de novas identidades regionais e locais alicerçadas numa revalorização do direito as raízes, será que esta dialética da territorialização/desterritorialização faz esquecer as velhas opressões? Se o marxismo é uma ciência tem de se submeter a prova dos fatos, e os fatos não vão no sentido previsto por Marx. A miséria não tem aumentado, antes pelo contrário, as classes não se tem polarizado e pelo contrário, crescem as classes médias. O capitalismo parece dispor de energias sempre renovadas para superar as suas crises e estas são cada vez menos severas, ao contrário do que previa Marx. Sendo estes os fatos, o marxismo tem de ser profundamente revisto. O feminismo veio questionar o privilegiamento no marxismo da ação, das práticas, das identidades e do poder de classe em detrimento de outras formas de construção da subjetividade social, e nomeadamente a assente na identidade e na discriminação sexuais. A chamada de atenção para a importância e a especificidade da exploração do trabalho e da identidade femininas não só no espaço da produção capitalista como também no espaço doméstico e na esfera pública em geral, constitui o contributo mais importante para a sociologia nos anos 80. Marx formulou uma nova teoria da história – o materialismo histórico. Nos termos da qual as sociedades evoluem necessária e deterministicamente ao longo de várias fases, segundo leis que muito sumariamente podem ser formuladas do seguinte modo: o nível de desenvolvimento das forças produtivas determina e explica o conjunto das relações sociais de produção, ou seja, a estrutura econômica da sociedade por sua vez a estrutura da sociedade a chamada base econômica, determinada e explica as formas politicas jurídicas e culturais que dominam na sociedade, ou seja, a super estrutura. Marx atribuiu aos homens e as mulheres enquanto classe operária não só o interesse mas também a capacidade por transformar por inteiro a sociedade capitalista através da ação revolucionária, constituídas no seio das relações sociais de produção e portanto, na base economicamente da sociedade, as classes e as lutas de classes tem não só a primazia explicativa da sociedade capitalista como a primazia da transformação desta. Ao privilegiar a opressão de classe, o marxismo secundarizou e no fundo, ocultou a opressão sexual, e nessa medida o seu projeto emancipatório ficou truncado, perante isto a relação entre o feminismo e o marxismo sobretudo desde o início da década de oitenta, foi muito problematizado, e as feministas tem buscado as suas referências teóricas em outras correntes de pensamento não marxista, como Foucault, Derrida e Freud. Se para as feministas marxistas, a primazia explicativa das classes é admissível desde que seja articulada com o poder que a política sexual para a maioria das correntes feministas não é possível estabelecer a primazia das classes sobre o sexo, ou, sobre outro fator de poder e de desigualdade e algumas feministas radicais atribuem mesmo a primazia explicativa ao poder sexual. A ideia de Marx de que a sociedade se transforma pelo desenvolvimento de contradições é essencial para compreender a sociedade contemporânea e análise que fez da contradição que assegura a exploração do trabalho nas sociedades capitalistas continua a ser genericamente válido. O que Marx não viu foi a articulação entre a exploração do trabalho e a destruição da natureza, e portanto a articulação entre as contradições que produzem uma e outra. O capitalismo é constituído não por uma, mas por duas contradições: a primeira, formulada por Marx, e simbolizada na taxa de exploração exprime o poder social e político do capital sobre o trabalho, e também a tendência do capital para as crises de sobre produção. A segunda contradição, envolve as chamadas condições de produção, ou seja, tudo que é tratado como mercadoria apesar de não ter sido produzido como mercadoria, por exemplo, a natureza. As trocas de bens materiais e de bens simbólicos, a nível mundial intensificaram-se muito nos últimos vinte anos, devido a três fatores principais: a transnacionalização dos sistemas produtivos, a disseminação planetária de informações e imagens e a translocalização maciça de pessoas enquanto turistas, trabalhadores migrantes ou refugiados. Essa intensificação das interações globais parece desenvolver- se segundo uma dialética de desterritorialização-reterritorialização com a intensificação das interações e das interdependências, as relações sociais desterritorializam-se na medida em que passam a cruzar fronteiras que até a pouco estavam policiadas por alfandegas, nacionalismos, línguas, ideologias e frequentemente por todos eles ao mesmo tempo. Com isso, os direitos a opções multiplicam-se indefinidamente e o estado nacional cuja principal característica é a territorialidade deixa de ser uma unidade privilegiada de interação e torna-se mesmo relativamente obsoleto. Estão a emergir nova identidades locais e regionais construídas na base de novos e velhos direitos a raízes. Poderemos pensar que o caráter nacional se vai manter indefinidamente igual quando as circunstâncias em que ele se formou se estão a alterar rápida e profundamente? Não, e entre as razões há muitos dos fatores de transnacionalização: a ação do emigrante, do turista, do cinema, da televisão, das leituras baratas, das revistas, de capas eróticas, tem de fatalmente alterar a personalidade de base nacional. A questão não é apenas de saber se podemos pensar a pós-modernidade numa sociedade semiperiférica mas sobre tudo, se podemos pensar e agir pós- modernadamente. A família é a tese, a sociedade civil é a antítese e o estado é a síntese. A sociedade civil é o sistema das necessidades a destruição da unidade da família e a atomização dos seus membros, em suma, o domínio dos interesses particularísticos e do egoísmo, bum estádio que será superado pelo estado o supremo unificador do interesse a ideia universal a concretização plena da consciência moral. O ponto de partida é o conceito de poder, pois é ele também que subjaz a distinção estado/sociedade civil. De fato esta distinção visa sobretudo impor uma concepção homogênea e bem definida de poder e atribuir-lhe um lugar especifico e exclusivo. A concepção é do poder político jurídico, e o lugar do seu exercício é o estado. Todas as outras formas de poder na família, nas empresas, nas instituições não estatais, são diluídas no conceito de relações privadas, e de concorrência entre interesses particulares. Segundo Foucault precisamente no momento em que a teoria liberal procurava identificar o poder social com o poder do estado surgiu nas sociedades modernas uma outra forma de poder bem mais disseminado e eficaz. O poder disciplinar, ou seja, o poder da normalização, das subjetividades tornando possível pelo desenvolvimento e institucionalização das diferentes ciências sócias e humanas. Esta forma de poder cercou e esvaziou o poder político e jurídico e de tal modo que ao lado dele, o poder do estado é hoje apena uma entre outras formas de poder, e nem sequer a mais importante. As sociedades capitalistas são formações ou configurações políticas constituídas por quatro modos básicos de produção de poder que se articulam de maneiras específicas. São elas: o espaço doméstico, da produção, da cidadania e mundial. O espaço doméstico é constituído pelas relações sociais entre os membros da família. A unidade de pratica social são sexos e as gerações, a forma institucional é o casamento, a família e o parentesco, o mecanismo do poder é o patriarcado, a forma de juridicidade é o direito doméstico, e o modo de racionalidade é a maximização do afeto. O espaço da produção é constituído pelas relações do processo de trabalho, tanto as relações de produção ao nível da empresa. A unidade da prática social é a classe, a forma institucional é a fábrica ou empresa, o mecanismo do poder é a exploração, a forma de juridicidade, é o direito da produção, e o modo de racionalidade, é a maximização do lucro. O espaço da cidadania é constituído pelas relações sociais da esfera política entre cidadãos e estado. A unidade da pratica social é o indivíduo, a forma institucional é o estado, o mecanismo de poder é a dominação, a forma de juridicidade é o direito territorial, e o modo de racionalidade é a maximização da lealdade. O espaço da mundialidade constitui as relações econômicas internacionais e as relações entre estados nacionais na medida em que eles integram o sistema mundial. A unidade da prática social é a nação, a forma institucional são as agencias, os acordos e os contratos internacionais, o mecanismo de poder é a troca desigual, a forma de juridicidade é o direito sistêmico, e o modo de racionalidade é a maximização da eficácia. As identidades culturais não são rígidas nem imutáveis, são resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação, mesmo as identidades aparentemente mais sólidas, escondem negociações de sentido, jogos de polissemia, jogos de temporalidades, em constante processo de transformação, responsáveis em última instancia pela sucessão de configurações hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida as identidades. Identidades são pois são identificações em curso. As identificações além de plurais são dominadas pela obsessão da diferença e pela hierarquia das distinções. A preocupação com a identidade nasce da e com a modernidade. O primeiro nome moderno da identidade é a subjetividade. Ela trouxe a questão da autoria do mundo e o indivíduo, constitui a primeira resposta. O humanismo renascentista é a primeira afloração paradigmática da individualidade como subjetividade. O processo histórico de contextualização e de recontextualiação de identidades culturais é interrompido violentamente por um ato de pilhagem política e religiosa que impõe uma ordem que por se arrogar o monopólio regulador das consciências e das práticas dispensa a intervenção transformadora dos contextos, da negociação e do diálogo. Assim se instaura uma nova era de fanatismo, racismo, e centro centrismo. O romantismo propõe uma busca radical de identidade que implica uma nova relação com a natureza e a revalorização do irracional, do inconsciente, do mítico, do popular e com o reencontro do Outro da modernidade, o homem natural, primitivo, espontâneo, dotado de formas próprias, de organização social. Glorifica a subjetividade individual pelo que há nela de original, irregular, imprevisível em suma pelo que há nela de fuga a regulação estatal legal. A recontextualiação da identidade proposta pelo marxismo contra o individualismo e o estatismo abstratos é feito através do enfoque nas relações sociais de produção. No papel constitutivo destas, nas ideias e das práticas dos indivíduos concretos e nas relações assimétricas e diferenciadas destes com o estado. O conflito matricial da modernidade entre regulação e emancipação passa a ser definido segundo as classes que o protagonizam. A burguesia do lado da regulação e o operariado do lado da emancipação. Acresce que a integração das classes trabalhadoras nos circuitos do consumo foi acompanhada e em parte causada pela integração da mulher no mercado de trabalho. Tornada possível pela expansão da acumulação que caracterizou esse período, em consequência da pool de rendimentos familiares foi concomitante com mudanças radicais nos padrões de comportamento familiar e nas próprias estratégias matrimoniais o que veio a constituir a base de uma acrescida conflitualidade familiar tornada socialmente mais visível e até mais aceite através das transformações do direito de família que entretanto se foram verificando e esta foi mais uma causa dos litígios judiciais. O sujeito e o cidadão são produtos manufaturados pelos poderes saberes das disciplinas. É com base nessa ideia que Foucault se recusa a atribuir ao estado um lugar central no processo histórico de dominação moderna. Segundo ele, o poder jurídico político sediado no estado e nas instituições não tem cessado de perder importância em favor de poder disciplinar. A cidadania é pois para Foucault um artefato deste poder, mais do que do conjunto dos direitos cívicos, políticos e sociais, concedidos pelo estado ou a ele conquistados. A novidade dos novos movimentos sociais reside em que constituo tanto uma crítica da regulação social capitalista, como uma crítica da emancipação social socialista tal como ela foi definida pelo marxismo. Ao identificar novas formas de opressão que extravasam nas relações de produção e nem se quer são especificas delas, como sejam a guerra, a poluição, o machismo, o racismo, ou o produtivismo, e ao advogar um novo paradigma social menos aceite na riqueza e no bem estar material do que na cultura e na qualidade de vida. Os NMS (Novos Movimentos Sociais) denunciam como uma radicalidade sem precedentes os excessos de regulação da modernidade. Tais excessos atingem não só o modo como se trabalha e produz mas também o modo como se descansa e vive. A pobreza e as assimetrias das relações sociais são a outra face da alienação e do desiquilíbrio interior dos indivíduos, e finalmente, essas formas de opressão não atingem especificamente uma classe social, e sim grupos sociais transclassistas ou mesmo a sociedade no seu todo. Entre os NMS, o movimento feminista tem desempenhado um papel crucial na politização do espaço doméstico, ou seja, na desocultação do despotismo em que se traduzem as relações que o constituem e na formulação das lutas adequadas a democratizá-las. Obviamente a discriminação sexual não se limita ao espaço doméstico nem é sempre resultado do exercício patriarcal, mas este como que estabelece a matriz a partir da qual outras formas de poder são socialmente legitimadas para produzir discriminação sexual. A politização do espaço doméstico e portanto, o movimento feminista é um componente fundamental da nova teoria da democracia. Analisado a luz dos três setores selecionados: o aumento da população, a globalização da economia e a degradação ambiental – o espaço tempo mundial, parece defrontar-se com uma situação dilemática. Em primeiro lugar, o modelo de desenvolvimento capitalista assume uma hegemonia global no momento em que se torna evidente que os benefícios que pode gerar continuaram confinados a uma pequena minoria da população mundial enquanto os seus custos se distribuíram por uma maioria sempre crescente. Em segundo lugar, os problemas mais sérios com que se confronta o sistema mundial são globais, e como tal, exigem soluções globais marcadas não só pela solidariedade dos ricos para com os pobres do sistema mundial como pela solidariedade das gerações presentes para com as gerações futuras. Em terceiro, a perda de de centralidade institucional e de eficácia reguladora dos estados nacionais, é hoje um dos obstáculos mais resistentes a busca de soluções globais. O quarto e último dilema do espaço tempo mundial reside em que no momento em que os países centrais e as instituições internacionais sob seu controle impõe aos países periféricos e semiperiféricos a adoção de regimes de democracia representativa e de defesa dos direitos humanos, as relações entre estados no interior do sistema interestatal são cada vez menos autonomia interna e estão sujeitos a imposições externas de toda ordem. As relações sociais familiares estão dominadas por uma forma de poder, o patriarcado que está na origem da discriminação sexual de que são vítimas as mulheres. A ideologia patriarcal no espaço tempo doméstico, tende a influenciar a submissão da mulher no mercado de trabalho, sendo apropriada tanto pelo capital no espaço tempo da produção como pelo estado no espaço tempo da cidadania que a institucionaliza. Em geral, a taxa total de fertilidade varia na razão direta da taxa de analfabetismo das mulheres. A explicação desta correlação é complexa, entre outros fatores, é de mencionar o fato de o aumento do nível educacional tornar mais amplas e exigentes as perspectivas de vida ativa, profissional ou não das mulheres e de portanto do seu comportamento reprodutivo tender a ser uma resposta a falta de condições sociais, de apoio a maternidade que lhe permitam compatibilizar a modernidade com outros aspectos da vida ativa. Os desafios são problemas fundamentais a reclamar soluções fundamentais. No fundo, uma nova ordem transnacional e uma nova ordem nacional com as linhas entre ambas, cada vez mais difíceis de estabelecer. As dificuldades, de uma tal nova ordem são enormes, em resumo são três as principais: em primeiro lugar, a dificuldade do sujeito, das condições presentes os estados nacionais terão de ser forçosamente um sujeito privilegiado ainda que complementado por movimentos sociais e organizações não governamentais, transnacionais e organizações internacionais. Porém, a crise de estado que potência a urgência de uma nova ordem internacional, é afinal a crise do sujeito dessa ordem. No plano interno, parece que essa crise se vai traduzir nos próximos anos no aumento das convulsões sociais, no fundamentalismo religioso, na criminalidade, nos motins, motivados pelas iniquidades do consumo, na guerra civil e em alguns casos, na perda de controle político sobre parte do território nacional. Esta crise do sujeito, significa que o sistema mundial capitalista ao mesmo tempo que transnacionaliza os problemas, localiza as soluções e efetivamente dada a crise do estado, faz baixar o patamar de localização para o nível subnacional. No momento em que a procura da universidade deixou de ser apenas a procura de excelência e passou a ser também a procura de democracia e de igualdade, os limites da congruência entre os princípios da universidade e os princípios da democracia e da igualdade, tornaram-se mais visíveis: como compatibilizar a democratização do acesso com os critérios de seleção interna? Como fazer interiorizar em uma instituição que é ela própria uma sociedade de classes os ideais de democracia e de igualdada? Como fornecer aos governados uma educação semelhante a que até agora foi fornecida aos governantes sem provocar um excesso de democracia. E com isso a sobrecarga do sistema político e que além de que é tolerável? Como é possível, em vez disso, adaptar os padrões de educação as normas circunstâncias sem promover a mediocridade e descaracterizar a universidade? A eliminação e a gratuidade do ensino universitário e a substituição de bolsas de estudo por empréstimos foram os instrumentos da transformação dos estudantes de cidadãos em consumidores. Tudo isso em nome da ideologia da educação, centrada no indivíduo e da autonomia individual.
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