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NOÇÕES DE

SOCIOLOGIA II
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REINVIDICAÇÕES POPULARES URBANAS

Uma característica básica das lutas sociais e políticas levadas adiante pelas
classes populares urbanas, estaria na sua oposição radical ao Estado.
Retomando os escritos sobre Populismo (um conjunto de práticas políticas que
se justificam num apelo ao "povo", geralmente contrapondo este grupo a uma
"elite“), o nosso autor trabalha com a ideia de “coletivo social heterogêneo”,
composto por camadas sociais dispares, mas, nem por isso, incapazes de forjar
uma identidade cuja a base de arregimentação é mais popular do que fabril.
Heterogêneo quanto a inserção no processo produtivo, o policlassismo das
associações de bairro seria capaz de gerar interesses comuns que, a partir das
condições precárias de vida presentes nas grandes cidades, forjariam movimentos
urbanos de fundamental relevância nas dinâmicas e confrontos políticos.
Antagonismo social: Estado versus classes populares.
Tais colocações rompem com a visão de um povo amorfo e facilmente cooptado,
incapaz de ter um papel na arena política: as classes populares não só tem o que
dizer mas precisam ser ouvidas, é o essencial desta mensagem que encara os
movimentos sociais, inclusive o urbano, como ponto central na luta pela
ampliação da cidadania e pela redemocratização do país.
O Poder Público começou a surgir para a maioria das grandes metrópoles
como um poder privado. Essa linha de interpretação é tematizada em torno da
exigência de uma nova “qualidade de conflitos de classe”, na medida em que as
classes populares já não se dirigem ao Estado, dirigem-se contra o Estado.
O fato é que foram raros os trabalhos que se detiveram sobre o funcionamento e
as respostas do Estado às demanda populares, permanecendo em colocações
genéricas e abstratas de que ele é o adversário ou inimigo natural das lutas que
despontam nos bairros pobres. Um sentimento oposicionista democrático.
Na dialética marxista, é a partir das condições materiais de existência que os
homens se organizam, criam leis e costumes, estabelecendo relações em torno da
noção de trabalho. Segundo a abordagem da vida social, Marx concebeu que os
homens têm como base de suas relações o modo como produzem seus meios de
existência.

O elitismo e mandonismo, tão marcantemente presente no percurso da história


brasileira, e tão agravado pelo sistema autoritário implantado em 1964,
constituem fatores de real relevância para analisar o processo de dominação
social e política da nossa sociedade, onde o Estado não só tem reprimido as
manifestações populares como também, sistematicamente, excluído a maioria
dos benefícios do desenvolvimento e das decisões estratégicas.
CLASSES SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS

Uma classe social é um conjunto de pessoas que tem status social similar
segundo critérios diversos, especialmente econômicos, assim como de que
família pertence e nasceu, o chamado ter ou não “berço”.
Diferencia-se do termo casta social, onde o individuo não tem a possibilidade de
mudar de status, diferente de classe social.
Segundo a ótica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista
ou caracterizado por um capitalismo desenvolvido, a desigualdade social através
da classe social esta relacionada ao poder aquisitivo, ao acesso à renda, à
posição social, ao nível de escolaridade, ao padrão de vida, entre outros.
Segundo Marx, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o
Estado, e as classes dominadas por aquela, reproduzida inexoravelmente por uma
estrutura social implantada pela classe dominante.
Ainda segundo Marx, a divisão da sociedade em classes é consequência dos
diferentes papéis que os grupos sociais tem no processo de produção. É do
papel ocupado por cada classe que dependendo o nível de fortuna e de
rendimento, o gênero de vida e numerosas características culturais das diferentes
classes.
Sendo assim, classe social define-se como um conjunto de agentes sociais nas
mesmas condições no processo de produção e que tem afinidades políticas e
ideológicas.
As classes sociais tais como as conhecemos no Brasil, atualmente tem suas
origens datadas de 1950 aproximadamente, quando o país passou a vivenciar
um verdadeiro boom (explosão) de crescimento econômico que duraria até 1980
aproximadamente. Foi exatamente nesse furor econômico que possibilitou a
criação de algo até então inédito na história do país, a classe média brasileira.
A distribuição de classes no Brasil é distorcida pela s desigualdades sociais.
Os 10% mais ricos da população nacional. Ou seja, toda classe alta brasileira,
chegava a 1980 a controlar 50,9% de toda a renda disponível no país.
Se somarmos a esse contingente a parte mais rica da classe média brasileira, ou
seja, outros 10% da população nacional, notaremos que essa parcela de apenas
20% controlaria 67% de toda renda nacional.
É com base nessa constatação importante que se diz que no Brasil a sociedade é
fratura em três mundos:
1º. O primeiro mundo, vivido pela classe alta;
2º. O segundo mundo, uma versão mais barata do primeiro mundo; e
3º. O terceiro mundo, onde estão os pobres e miseráveis.
Em linhas gerais, o conceito de movimento social refere-se a ação coletiva de
um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do
embate político, conforme seus valores e ideologias dentro de uma
determinada sociedade e de um contexto especifico, permeados por tensões
sociais.
Dessa forma, para além das instituições democráticas como os partidos, as
eleições e o parlamento, a existência dos movimentos sociais é de fundamental
importância para a sociedade civil enquanto meio de manifestação e
reinvindicação.
A existência de um movimento social requer uma organização muito bem
desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e pessoas muito
engajadas.
Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas esporádicas,
mas trata-se de organizações que sistematicamente atuam para alcançar seus
objetivos políticos, o que significa haver uma luta constante e à longo prazo
dependendo da natureza da causa.
Movimentos sociais como expressão dos conflitos na sociedade: a parte mais
visível destes conflitos esta em torno dos direitos a propriedade.
Movimentos sociais implicam ações coletivas: trata-se de ações de grupos,
associações e comunidades.
Afirmação de identidade e solidariedade: as pessoas participam de espirações e
sonhos comuns.
Relação dialética permanente entre integração, inclusão e mudança social: as
demandas dos movimentos sociais diz respeito a inclusão e integração das pessoas
ao sistema.
As ações coletivas articulam pluralismo e hegemonia: os espaços coletivos
devem ser ocupados e valorizados como ambientes de todos, portanto de
pluralidade de ideias.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é um movimento
social brasileiro de inspiração marxista, cujo o objetivo é a implantação da
reforma agraria.
Teve origem na aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam
desgostosos com o modelo de reforma agraria imposto pelo regime militar,
principalmente na década de 1970.
Apesar de remontarem apenas as Ligas Camponesas (1950-1960), o MST
proclama sua origem em todos os movimentos de base camponesa ocorrida desde
que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi dividida em sesmarias.
Uma das atividades do grupo consiste em ocupar terras improdutivas como forma
de pressão pela reforma agraria.
Fórum Social Mundial (FSM): é um evento altermundialista organizado por
movimentos sociais de diversos continentes, com o objetivo de elaborar
alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é “um outro mundo
é possível”.
A luta por um mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum Social
Mundial, tem suas raízes fixadas na resistência histórica dos povos contra gênero
de opressão em todos os tempos, resistência contra organismos capitalistas
multilaterais como o FMI, BM e a OMC.
O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na cidade de Porto
Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, entre 25 30 de janeiro de 2001, com o
objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos.
OS HIPPIES

Os hippies eram parte do que se convencionou chamar movimento de


contracultura dos anos 60, tendo relativa queda de popularidade nos anos 70 nos
EUA.
As questões ambientais, a pratica do nudismo e a emancipação sexual ideias
respeitadas recorrentemente por essas comunidades.
Adotavam o modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-
anarquista, ou estilo de vida nômade e a vida em comunhão com a natureza.
Negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras.
Abraçavam aspectos religiosos como budismo, hinduísmo e religiões de culturas
nativas norte-americanas.
Estavam em desacordo com os valores tradicionais da classe média americana e
das economias capitalistas e totalitárias.
O FEMINISMO

O feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como meta


os direitos iguais, entre homens e mulheres, e a proteção legal às mulheres.
Advogam a igualdade entre homens e mulheres, a campanha pelos direitos das
mulheres e seus interesses.
Desde a década de 1980, as feministas standpoint argumentaram que o
feminismo deveria examinar coma a experiência da mulher com a desigualdade
se relacionou ao racismo, à homofobia, ao classismo e a colonização.
A história do feminismo pode ser dividida em três ondas:
1º. A primeira teria ocorrido no século XIX, e inicio do XX;
2º. A segunda nas décadas de 1960 e 1970; e
3º. A terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade.
MOVIMENTO LGBT

A Parada do Orgulho Gay tem aumentado expressivamente a cada ano, desde de


seu inicio em 1995 no Rio de Janeiro, fortalecendo-se através de redes nacionais,
como o Movimento LGBT, de grupos locais e simpatizantes.
MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTA PELA MORADIA

A partir da demanda por habitação vão se constituir, na década de 80, os


principais movimentos por moradia organizados nacionalmente no Brasil:
✓A União Nacional por Moradia Popular (UNMP-1989)
✓O Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM-1990)

Conselho de Cidades:
✓ Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM-1982)
✓Central de Movimentos populares (CMP-1993).
A UNMP, MNLM, CONAM E CMP são movimentos nacionalmente
organizados e articulados em rede e fóruns, que compartilham estratégias de
incidência política, utilizando-se de um repertório de ação diversificado,
incluindo a atuação tanto em esferas politicas institucionalizadas, como os
conselhos de gestão pública, como em ações societárias, a exemplo das
mobilizações e de processos de formação de base.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), surgiu em 1997 da
necessidade de organizar as reformas urbanas e garantir moradias a todos os
cidadãos. Estão organizados nos Estados do Rio de Janeiro e Capinas (são Paulo).
Neste século podemos dizer que o Brasil conquistou um arcabouço legal bastante
avançado no âmbito das políticas urbanas.
Após a aprovação do Estatuto da Cidade em 2001, e do Sistema e Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social, foi aprovada em 2007 a Lei que
estabelece a Política Nacional de Saneamento Ambiental, em 2010 a Lei que
estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e em 2012 a Política de
Mobilidade Urbana.
MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

Nas décadas de 1960 e 1970, o movimento estudantil universitário se


transformou em um importante foco de mobilização social. Sua força adveio da
capacidade de mobilizar expressivos contingentes de estudantes para
participarem da vida pública do país.
Organizações representativas:
➢DCE – Diretório Central dos Estudantes;
➢UEE – União Estadual dos Estudantes; e
➢UNE – União Nacional dos Estudantes.
O aumento do número de estudantes coincidiu com o crescimento e a
consolidação de novas correntes políticas no meio universitário. As novas
correntes se tornaram hegemônicas e defendiam ideologias ligadas a esquerda
marxista.
Num país em desenvolvimento o acesso ao ensino superior passou a ser condição
para acelerar o processo de modernização, ao mesmo tempo que abril caminhos
para a mobilidade e ascensão social.
Na primeira metade dos anos de 1960, a chamada “Reforma Universitária”
consistiu na mais importante luta do movimento estudantil, discutindo o papel
social da universidade e seus rumos.
O golpe militar repercutiu no movimento estudantil. A influência das correntes
políticas de esquerda levou as autoridades militares a reprimirem as lideranças
estudantis e desarticularem as principais organizações representativas, primeiro a
UNE, e posteriormente os UEEs e DCEs.
Foram criadas novas organizações e novos procedimentos foram adotados para
seleção de seus representantes.
As constantes tentativas das lideranças estudantis de retomarem o controle das
organizações foi o principal fator desencadeador de novas ondas de repressão
política.
Desse modo, reinvindicações educacionais e manifestações de protesto político
contra o governo militar foram as principais bandeiras da luta do movimento na
segunda metade da década de 1960.
O ápice da radicalização dos grupos estudantis ocorreu em 1968, ano marcado
por grandes manifestações de rua contra a ditadura militar.
Com a posse do General Ernesto Geisel, começou a elaboração da
redemocratização do país.
O ápice da retomada se deu em 1977, ano marcado por muitas manifestações em
defesa da democracia e de várias reinvindicações, como por exemplo: fim das
prisões e torturas; anistia ampla, geral e restrita; que se tornaram a grande força
motivacional a mobilizar os estudantes.
Junho de 2013 (Brasil), é um cenário em que micro facções de esquerda tem forte
presença nos protestos, convictas de que a história progride pela ação de forças
negativas instauradoras de um novo padrão de relações sociais, em que não há
lideranças definidas e em que as mobilizações pela internet levaram as ações
políticas horizontalizadas.
Na democracia o poder é uma realidade compartilhada. A política é inseparável
da disposição ao compromisso. A construção dessa vontade pressupõe delegação,
representação, deliberação e decisão.
Mas do que um regime de consultas, a democracia é um sistema que articula
participação cívica, qualidade de deliberação, transparência das decisões e
exercício de responsabilidade.
A representação democrática não é uma transposição cacofônica dos diferentes
segmentos sociais. É esforço de síntese. A política também ajuda a sociedade a
adquirir certa distância a respeito de si mesma.
Protestos são virtudes cívicas necessárias, mas não suficientes pra produzir a
transposição das expressões dos segmentos sociais para um plano macro.
O risco é confundir as coisas, sobrepondo-se a voz das ruas à representação
democrática. É esquecer que o fascínio pelas redes sociais, a fé na
espontaneidade popular desintermediação política podem levar não a uma
revolução, mas a demagogia e a anarquia.
O que aconteceu em 2013 no Brasil foi uma espécie de espetacularização da vida
pública. São insurreições expressivas, não insurreições revolucionárias.

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