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Victoria Capistrano -
180110179
Universidade de Brasília
FAU – UnB
TÍTULO: O ensino da arquitetura no processo de validação da narrativa infantil e a
autonomia da criança na cidade.
RESUMO: A dinâmica social da cidade moderna é marcada por assimetrias, sejam elas
de gênero, idade ou classe social: no espaço púbico há de se perceber padrões de
conduta e tipos variados de pedestres e suas hierarquias; essas diversas maneiras de
ocupar – ou ser fadado a não ocupar – a cidade são uma maneira empírica de avaliar
como e até que ponto se exerce a cidadania. Parte-se então da reflexão sobre o
problema da cidadania e dos mecanismos da democracia, que reside no fato da
separação formal entre o político (considerado espaço público) e o econômico (tido
como espaço privado), uma vez que os cidadãos vistos como formalmente iguais
perante a lei, tornam-se economicamente desiguais no sistema capitalista (CORREA,
2003, p.5). Essa problemática é cada vez mais evidente com a permanência da
violência urbana, desemprego, analfabetismo, oferta inadequada de saneamento e o
agravamento das desigualdades sociais e econômicas (CARVALHO, P.8)
1. Introdução
1
Termo utilizado por Oliveira em sua obra CIDADE: história e desafios. Rio de Janeiro:
Ed.Fundação Getulio Vargas, 2002.
A pedagogia urbana é
uma forma de
cidadania. Na tentativa
de construir um
raciocínio reflexivo, são
criadas iniciativas com
o intuito de promover o
senso crítico sobre o
espaço, e abrir espaço
para o debate das
Figura 1. Gráfico Percentural com a variável data de fundação. Consideram-se principais demandas
projetos nacionais e internacionais
em relação ao bairro
em que habitam, e assim, conferir autonomia às classes desprivilegiadas no debate
público; ter conhecimento de suas próprias potencialidades e demandas, e mitigar a
inviabilização de atores.
Assim, há uma tentativa de exercer a cidadania de maneiras alternativas ao método
tradicional: participação em fóruns, e a própria atuação nos órgãos legislativos, que
como explanado anteriormente, são culturalmente destinados à uma classe
privilegiada.
Nesse sentido, dentro dessa classe invisibilizada há diversos segmentos
historicamente excluídos da vida cívica: crianças, idosos, deficientes físicos,
quilombolas, indígenas dentre outros grupos, que apesar de possuírem direitos
garantidos por estatutos, não pertencem efetivamente à cidade. Saliento aqui que não
há a intenção de equiparar as lutas desses segmentos, cada um possui matrizes
históricas próprias e, consequentemente, desafios no que diz respeito à vida pública
diferentes.
Dito isso, interessa nessa pesquisa A Criança, que aparece então como expoente de
um segmento de classe invisibilizado, com particularidades inerentes à sua percepção
do entorno que não foi contaminada2 com as considerações sociais (WARD, p.22). A
percepção infantil pode ser um potencial instrumento para a normalização da
cidadania- explorar a experiência sensorial vívida da criança de maneira a instigar o
pensamento crítico: Citizen Child.
2
Tradução livre do texto de Collin Ward The Child in the City. Front Cover. Colin Ward. Penguin
Books, 1979
A análise dos movimentos com a temática cidade da atualidade tem por fim
compreender quais métodos estão sendo utilizados e quais são os objetivos e
prioridades desses grupos, conforme o contexto em que estão inseridos.
2. Metodologia
Quanto aos aspectos metodológicos, foramdesenvolvidos em três momentos
essenciais:1) revisão de literatura e conceituação teóricada pesquisa, 2) coleta de
dados para a produção de gráficos,e por fim 3) a interpretaçãodos resultados esua
confrontação com os propósitos dapesquisa. Foram executadas a sanálises a partir de
25 variáveis, para 30 casos de estudo. Após as análises, o processamento e
ainterpretação de dados foram procedidos recorrendo-se às bases da literatura e dos
conceitos principais da pesquisa de modo extrair as respostas para as inquietações
iniciais. Para a melhor sinteze da pesquisa foram realizados a (1) elaboração de
gráficos(1) e (2) o estabelecimento das correlaçõese interpretações necessárias
parachegar aos resultados da pesquisa.
Um caso que exemplifica essa dinâmica é o movimento Mais Vida nos Morros,
financiado pela prefeitura de Recife e que possui sua atuação baseada na premissa
de combater a desigualdade a partir do desenvolvimento sustentável e do
protagonismo comunitário . Para isso são utilizados algumas atividades que envolvem
a co-criação e revitalização de espaços, onde a participação do governo torna-se
essencial: as melhorias básicas tais como consertos de calçadas, intalação de
corrimãos em escadarias, iluminação de vias, atencedem a
Dessa maneira, infere-se uma difereça evidente no público alvo ao comparar projetos
internacionais com os nacionais; enquanto nas iniciativas atuantes nos países do
hemisfério norte são voltadas exclusivamente para um público infantil seleto, com um
interesse ativo em participar de atividades que visam estimular habilidades e o
pensamento crítico, os projetos brasileiros possuem, majoritariamente, sua atuação
em locais periféricos, com problemáticas urbanas latentes.
Aqui aparece com veermência o questionamento inicial que relaciona classe social,
cidadania e cidade.
De maneira geral, algumas das atividades são comuns aos dois cenários, porém com
focos e objetivos diferentes, o que revela o caráter reacionário do ensino de
arquitetura; compreender a cidade é intresecamete uma ação critica, provida dos
símbolos sociais construidos ao decorrer da História.
3. Conclusão
Posto isso, retoma-se a reflexão inicial acerca do contexto nacional. A favela e
a população que vive em uma classe desprivilegiada torna-se foco nas ações
propostas. A urgência em mitigar problemáticas inegáveis, tais como
saneamento básico, salubridade habitacional, espaços públicos revitalizados é
uma demanda que atrai esforços de projetos, que em concordância, tem o
objetivo geral de criar uma cidade com melhores qualidades de uso.
Não cabe a essa pesquisa avaliar o real impacto da atuação desses grupos no
contexto nacional, mas pensar criticamente as tendencias das práticas do
ensino da arquitetura para crianças
Por meio da análise dos dados coletados, tem-se como princial constatação
que a demanda emergente é atingir a população periférica, o que confirma o
potencial do espaço de reproduzir assimetrias sociais. Dito isso, vale a
comparação com o cenário internacional no que se diz ao ensino de arquitetura
para crianças, e consequentemente, o questionamento: os métodos utilizados
não são eficazes para a promoção da cidadania? Até que ponto as demandas
internacionais distanciam-se do contexto brasileiro atual?
4.2. Websites
ARKIDECT. arKIDect.org. School of Architecture for Kids. Brooklyn, NY: arKIDect, 2011. Disponível
em: https://www.arkidect.org/contact. Acesso em: 14 nov. 2021.
ARKKI. Arkki.net. School of Architecture for Children and Youth. Finland: Arkki
Finland, 2021. Disponível em: https://www.arkki.net/en/. Acesso em: 19 out. 2021.
COCRIANÇA. cocriança. São Paulo: Wordpress, 2021. Disponível em: http://cocrianca.com.br/. Acesso
em: 16 jul. 2021
MAIS VIDA NOS MORROS. mais vida nos morros. Recife: Prefeitura do Recife, 2021. Disponível em:
https://maisvidanosmorros.recife.pe.gov.br/. Acesso em: 19 set. 2021.
K-12. centerforarchitecture. AIA New York: For Office Use Only, 2017. Disponível em:
https://www.centerforarchitecture.org/k-12/. Acesso em: 19 set. 2021.