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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO
Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH
Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ

SEGUNDA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD2


2023.1 DISCIPLINA: HISTÓRIA E SOCIOLOGIA
COORDENAÇÃO: MONICA GRIN
Nome: RICARDO DOS SANTOS VIEIRA REIS
Matrícula: 23116090134
Polo: PIRAÍ

Boa atividade!!!

Atividade:

Modernidade e Modernização no Brasil

[...] Temos vivido, como nação, atormentados pelos “males” modernos e pelos “males” do passado,
pelo velho e pelo novo, sem termos podido conhecer uma história de rupturas revolucionárias. Não
que não tenhamos nos modernizado e chegado ao desenvolvimento. Fizemos isso de modo
expressivo, mas não eliminamos relações, estruturas e procedimentos contrários ao espírito
dotempo. Nossa modernização tem sido conservadora, aliás, duplamente conservadora. Em
primeiro lugar, porque tem sido feito com base na preservação de expressivos elementos do
passado, que são assimilados, modernizados e tornados funcionais, alcançando tamanha força de
reprodução que conseguem condicionar todo o ritmo e a qualidade mesma da mudança [...].

NOGUEIRA, Marco Aurélio. As possibilidades da política: ideias para a reforma democrática do


Estado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. P. 266.

Diversos foram os autores que discutiram a formação sócio-histórica do Brasil, suas limitações e
possibilidades de superação ao longo das décadas. Considerando as vertentes do ensaísmo
sociológico brasileiro visto nas aulas 7 e 8, discorra, em quatro parágrafos, sobre as mudanças
sociais no Brasil, seus impasses, bem como as propostas para superá-los. Considere em sua resposta
a vinculação dessas mudanças com o passado e a situação social em que vivemos. Evite argumentos
baseados no senso comum.

No cenário de 1930-1940, o Brasil procurava demonstrar uma imagem republicana, moderna e


nacional, a partir da abolição e do fim do Império mesmo sendo um país basicamente rural passava por
diversas transformações tais como o coronelismo rural, imigrantes buscando se integrar na sociedade
brasileira, ex-escravos na busca de emprego, a eclosão de movimentos nacionalistas (Racialismo,
Integralista, culturalismo), o Brasil era visto como país de desordem por estrangeiros que por aqui
passavam e por cientistas e intelectuais brasileiros devido à mistura de raças, a criação do Estado Novo
que era autoritário degradando com as liberdades políticas, a divisão dos intelectuais em várias
vertentes da direita à esquerda. É nesse contexto o que se viu emergir em face às tensões aliadas as
profundas influências nas mudanças sociais do país o movimento ensaísta que procurava compreender
transição da tradição para a modernidade, tendo e identificava nas raízes históricas o caminho para uma
interpretação do Brasil, especialmente seu passado e suas origens, para compreender o presente em que
eles viviam. O ensaísmo brasileiro teve três memoráveis atores contribuíram para que a sociologia
germinasse no país, conflitando com tradição e coesão; a escravidão e o problema social, trazendo
ainda profundas influências da escola de Chicago e tendo como interlocutores Marx, Weber e
Durkheim, tais foram fundamentais para as interpretações sobre Brasil, sejam elas otimistas ou
pessimistas. Os atores principais desse movimento foram: Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda
e Caio Prado Júnior.
Eles possuíam vertentes completamente divergentes. Enquanto o posicionamento muito mais
culturalista e menos científico como o de Gilberto Freyre que inspirado na antropologia norte-
americana, via o papel do escravo como positivo para a história do Brasil, pois contribuíram para
formação cultural do país e para miscigenação. Defendia que a miscigenação era possibilidade de um
novo homem mais forte, portador de uma nova cultura, abrindo porta para Em suas obras mostrava o
declínio do modelo patriarcal e a emergência de uma vida urbana através da arquitetura, na
mentalidade, nos hábitos, e nas relações sócias. A própria abolição da escravidão foi um processo de
modernidade brasileira, uma vez que era a passagem de uma sociedade patriarcal para uma sociedade
burguesa, do trabalho escravo para o trabalho livre. Não obstante, Sérgio Buarque de Holanda (1902-
1982) tinha em sua abordagem ensaística um olhar diferente do de Freyre, mais pessimista em relação
ao legado histórico e simbólico da sociedade brasileira. Seu método de compreensão onde cria “tipos
ideais” baseados em Max Weber. Para ele a colonização portuguesa e seus aspectos eram considerados
condições do atraso brasileiro, fazendo comparações e distinções entre a colonização portuguesa e a
colonização espanhola. Uma perspectiva negativa identificada era que no processo histórico brasileiro
haveria mais problemas do que soluções e a colonização portuguesa e suas tradições deixaram o Brasil
por três séculos mergulhados na ignorância, na falta de empreendimentos urbanos e educacionais e
mantendo-se com uma mentalidade basicamente rural e tradicional bem longe dos apelos típicos da
modernidade. Entendia que havia uma frouxidão da estrutura social e uma falta de hierarquia
organizacional, além da repulsa ao trabalho por parte dos brasileiros creditada por autores como os
índios, portugueses e negros. Isso se refletia na sociedade brasileira e no funcionamento das suas
instituições, tanto quanto no comportamento e nos hábitos dos brasileiros. Caio Prado Júnior (1907-
1990) diferente dos outros ensaístas, procurava interpretar o Brasil por meio das suas configurações
econômicas, ou da infraestrutura, buscando compreensão através do materialismo histórico da
interdependência do Brasil relativa a Portugal. Devido sofrer influências da teoria marxista, questões
como: lutas de classes, meios de produção, força de trabalho são conceitos e categorias típicas
facilmente encontradas na sua obra. Prado faz a releitura da História do Brasil dando importância a
natureza comercial, sua dependência dos mercados internacionais, a expansão da exportação. No
quesito História do Brasil, alguns dos seus pontos de vista se aproximava de Freyre principalmente
quando afirmava que a escravidão foi um fator importante, contudo enxergava sérios problemas, pois
era um país de latifúndio, escravista e de monocultura totalmente dependente do antigo regime colonial
aspectos que colaboraram para o atraso nacional brasileiro fazendo com sua perspectiva se aproximasse
da visão pessimista de Sérgio Buarque. Para ele, a colonização manteve a nação brasileira submetida
aos interesses do Império, presa ao sistema agroexportador e à economia escravista, fornecedora de
mão de obra para a monocultura em grandes latifúndios. Para Prado Júnior, os modelos do antigo
regime colonial se manteriam mesmo na República, expressando que não haveria um processo de
transição entre a tradição e a modernidade.
O entendimento do episódio autoritário no cenário nacional do Brasil é de vital importância para
compreender seus impactos nas instituições e na política brasileira. Daí surgiram dois importantes
expoentes: Oliveira Viana e Azevedo Amaral, considerados nacionalista e conservadores, contribuíram
para formações de experiências políticas. Ao mesmo tempo que escreviam suas obras, ideias liberais
eram duramente criticadas mundo à fora. A crise de 1929 nos Estados Unidos, também conhecida
como Grande Depressão, foi fator preponderante para que país entrasse na Segunda Guerra Mundial,
confirmando assim as indagações ao liberalismo. Criticos assíduos ao modelo liberalista, Oliveira
Viana e Azevedo Amaral propuseram a construção de um Estado autoritário capaz de solucionar os
problemas do país e ser indutor da modernização como agente civilizador, construtor da nação e
indutor da modernização socioeconômica. Para Oliveira Viana, as raízes do atraso da nação brasileira
foram sua origens que tinham como autonomia a propriedade rural, o poder privado dos proprietários
de terras, impossibilitando relações comerciais e industriais, a proteção do trabalhador rural pelos
chefes proprietários de terra de qualquer autoridade externa. Em detrimento causado pelo
fortalecimento do ruralismo ao poder privado, houve uma fragilidade da autoridade pública. Caberia
nessas condições mais interesses particulares das oligarquias em detrimento aos interesses públicos.
Para Azevedo Amaral critica as Instituições politicas da Primeira República que se opunham um país
legal ao país real, mostrando a incapacidade das instituições representarem os interesses dos
trabalhadores privilegiando os interesses dos proprietários privados, tais elementos acabavam por se
tornar impeditivos para a modernização do país. A ideologia do Estado autoritário surgiria não para
oprimir a população, mas do caudilhismo e do artificialismo para conduzi-la a modernidade. A
modernidade seria construída do Estado para a sociedade. Com entendimento de que o processo de
modernização era a construção de uma sociedade urbana e industrial, fizeram-se novas formas de
representação dos interesses e controle social das massas que viabilizassem formas de solidariedade
social, evitando o conflito das classes. A criação de uma organização corporativa é remontada dos
tempos da Revolução Industrial, onde a ideia era agrupar os indivíduos em categorias profissionais por
sindicatos em uma ordem social hierárquica e harmoniosa. Oliveira Viana e Azevedo Amaral
propuseram um Estado autoritário: se um Estado totalitário invadisse a esfera privada, invalidando os
indivíduos e submetendo-os à lógica de uma esfera pública controlada pelo Estado, um Estado
autoritário abriria espaço para a vida privada dos indivíduos, respeitando sua individualidade e até
mesmo seus direitos civis, operando apenas em propriedade pública.
As mudanças que ocorreram foram reflexos do passado auxiliaram na construção cultural e
reformulação do país que necessitava se abster da escravidão, do modelo do patriarcalismo, do
ruralismo. A modernidade do Brasil trouxe repercussões em diversas áreas. Conhecida como uma
população receptiva graças ao fenômeno da miscigenação, o Brasil é um país bem diversificado, mas
ainda sim atualmente é possível perceber um certo preconceito com pessoas negras e mesmo com esse
crime racial vemos pessoas negras inseridas na sociedade disputando ombro a ombro opor vaga de
emprego, por educação no ensino superior. A divisão dos poderes, a divisão de poderes entre
Legislativo, Executivo e Judiciário. A criação e consolidação das leis trabalhistas que estabelecendo
direito e deveres das empresas e dos trabalhadores. Crescimento na agricultura, passando a ser um país
industrializado, agroexportador e agronegócios, abandonando a ideia de monocultura. Na extração de
exploração de petróleo e de minério, o mercado de trabalho e seus índices de empregabilidade, a
valorização do real frente ao dólar, o mercado de ações e sua valorização crescente. Por mais tenha sido
lento esse processo de transição comparado a outros países, o Brasil apresenta uma gama de pontos
positivos, mas também não podemos deixar de elencar alguns pontos negativos, mesmo que poucos
foram eles: aumento do desemprego, crescimento de comunidades (favelas) fenômeno causado pela
urbanização. Ainda há muito o que melhorar, analisar soluções pontuais para que o país continue
crescendo mas de uma forma ordenada e que possa confirmar essa mística de ser um país do futuro,
acolhedor e que tem toda margem para o desenvolvimento.

Referências bibliográficas: material didático, módulo 1, aula 7 p.150-175


material didático, módulo1, aula 8 p.179-189
atila.alvesdias.pdf 2021 p.9-29
Artigo da revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Ano X, NºXIX,
agosto/2017
https://www.scielo.br/j/vh/a/rQv5VcSjnZjVX4JsLjpHrxR/?lang=pt#:~:text=Sugere-se%2C
então%2C pensar,literário do Diário de Notícias.

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