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O Brasil sob o olhar dos sociólogos

Sociologia – Cap 14.


2º Ano
Contexto Histórico

✔ No século XIX, o Brasil ainda recebia orientações culturais de Portugal.

✔ Posto que a sociologia como disciplina científica nasce na Europa e se consolida na


transição do século XIX para o XX, no contexto brasileiro as reflexões sobre as questões
sociais do período eram praticadas por intelectuais oriundos de outras áreas .

○ Médicos, como João Batista de Lacerda, Nina Rodrigues e Roquette Pinto, são nomes
usualmente citados como autores precursores do pensamento antropológico no
Brasil, mas suas obras são hoje lidas com diversas ressalvas, e num contexto bem
específico, por tratarem de temas como raça e eugenia, dando ênfase ao
pensamento evolucionista cultural e biológico
Primeiros trabalhos sobre o Brasil

✔ No entanto, na maioria destes trabalhos, os autores apresentavam a tendência de


escrever sobre raça, civilização e cultura, mas não tentavam explicar a formação e a
estrutura da sociedade brasileira.
✔ Autores que se preocuparam em fazer estudos históricos sobre a nossa realidade,
com um caráter mais voltado à Literatura do que para a Sociologia.
○ Oliveira Vianna
○ Positivismo
○ Raça, meio natural e comportamento humano
○ Tese do “embranquecimento”
○ Euclides da Cunha
Sílvio Romero

✔ Silvio Romero, no final século XIX, dedicou-se a compreender sentidos da evolução da cultura e das

instituições nacionais. Para tanto tomou o domínio do homem branco sobre os meios naturais e a
distinção racial entre brancos negros e índios.

✔ Silvio Romero estabeleceu importantes parâmetros para o estudo da sociedade brasileira, os quais

foram mais bem em obras posteriores. Sua principal contribuição foi sair dos esquematismos
teóricos e ter desenvolvido pesquisas empíricas, a fim de desenvolver interpretações sistemáticas
da sociedade brasileira.
Euclides da Cunha
✔ Desta geração de autores, queremos destacar Euclides da Cunha (1866-1909) maior contribuição à
Sociologia brasileira: o livro Os Sertões.

✔ Também faz a descrição dos homens que ali viviam, ou seja, os sertanejos, nos quais percebe que, ao
contrário do que pensava antes de conhecê-los, eram fortes e valentes, ainda que a aparência dos mesmos
não demonstrasse isso.

✔ Como foi que o governo da época conseguiu acabar com o que considerava ser uma revolução que
reivindicava a volta do sistema monárquico no Brasil.

✔ Dando um passo além dos demais pensadores da época, vemos na obra Os sertões, de Euclides da Cunha,
um dos primeiros estudos sociológicos do Brasil, na qual o autor faz uma reflexão crítica da mudança da
monarquia para a república, com base na Campanha de Canudos no interior da Bahia (1896).

✔ http://www.scielo.br/pdf/rbh/v22n44/14010.pdf
Joaquim Nabuco

Em 1884, publicou o livro O abolicionismo, no qual defende suas teses contra a


escravidão, dentre elas, a de que a escravidão não pode ser apenas uma opção entre sistemas
econômicos, mas, na verdade, é uma escolha moral que desumaniza o escravizado e é causa
do atraso de várias gerações.
No entanto, Joaquim Nabuco enfatizava que o fim da escravidão não deveria vir de
forma militar, mas de forma política, para evitar o que aconteceu na Guerra Civil Americana.
Também defendia a monarquia, como forma de impedir que os latifundiários se apossassem
da República. De qualquer forma, há em sua visão, mesmo que ela esteja ainda atrelada à ideia
segundo a qual raça é igual a cultura, uma compreensão de que tanto o negro como o mestiço
formam uma parte essencial da identidade nacional.
Oliveira Vianna

✔ O principal erro de Oliveira Viana - que era também o erro de parcela da


antropologia social de sua época - talvez tenha sido o de subestimar a
presença do negro na formação social brasileira.
✔ As melhores contribuições de Oliveira Viana, além do clássico Populações
meridionais do Brasil, são Instituições políticas brasileiras, obra póstuma,
publicada em 1955, e O ocaso do império (1925
✔ Indicações
○ https://portalseer.ufba.br/index.php/crh/article/view/18522/11898
○ https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-
7984.2015v14n30p132/30357
Sociologia Brasileira

✔ A Sociologia brasileira institucionalizada começa a partir da década de 1930,


vindo a se fortalecer nas décadas seguintes.
✔ Produções literárias que surgem a partir dessa década (1930) começam a
demonstrar um interesse na compreensão da sociedade brasileira quanto à
sua formação e estrutura.
✔ Porém a toda uma produção do pensamento social brasileiro importante
para o acumulo do que virá a ser a sociologia brasileira.
Gilberto Freyre e a democracia racial

✔ Quando escreveu Casa Grande & Senzala tinha 33 anos e, anti-racista que
era, inaugurou uma teoria que combatia a visão elitista existente na época,
importada da Europa, a qual privilegiava a cor branca. Segundo tal visão
racista, a mistura de raças seria a causa de uma formação “defeituosa” da
sociedade brasileira, e um atraso para o desenvolvimento da nação.

○ http://www.scielo.br/pdf/ts/v12n1/v12n1a05.pdf
○ https://fundaj.emnuvens.com.br/CIC/article/view/381/267
○ http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/86687/89708
Visão positiva da miscigenação

✔ Em Casa Grande & Senzala ele começa justamente valorizando as


características do negro, do índio e do mestiço acrescentando, ainda, a idéia
de que a mistura dessas raças seria a “força”, o ponto positivo, da nossa
cultura.
✔ uma nova maneira de ver a constituição da nacionalidade brasileira, isto é, o
Brasil feito por uma harmoniosa união entre o branco (de origem européia),
o negro (de origem africana), o índio (de origem americana) e o mestiço,
ressaltando que essa “mistura” contribuiu, em termos de ricos valores, para
a formação da nossa cultura.
Brasil de Harmonioso

✔ No entanto, vale ressaltar aqui que Gilberto Freyre tinha um “olhar”


aristocrático e conservador sobre a sociedade brasileira, pois além de
justificar as elites no governo, sua descrição do tempo da escravidão em
Casa Grande & Senzala adquire uma conotação harmoniosa, ele não via
conflitos nessa estrutura.
O Homem cordial (Sérgio Buarque de
Holanda)

✔ Cordial provém da palavra cordialis “relativo a coração”. SBH usa este termo
para mostrar como o brasileiro é avesso a impessoalidade e as relações
passam por critérios de pessoalidade. Vale mais as relações de pessoalidade
do que a cidadania.
✔ Algumas características:
○ Influência de Weber – usa o tipo ideal para elaborar a teoria da cordialidade;
○ Destacou o autoritarismo e a sobrevivência das oligarquias;
○ Sua crítica foi recebida e destorcida como elogia;
○ Compara a colonização espanhola com a portuguesa (o ladrilhador e o semeador).
Florestan Fernandes

✔ Florestan Fernandes foi um sociólogo que fez um contínuo questionamento sobre a realidade social
e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O objetivo deste autor foi de, numa intensa
busca investigativa e crítica, ir além das reflexões já existentes.

✔ Florestan também mantinha contínuo diálogo com o pensamento crítico brasileiro, autores como
Euclides da Cunha e Caio Prado Júnior, os quais vimos anteriormente, fazem parte de sua lista de
interlocutores.

✔ Um outro aspecto de sua maneira crítica de fazer Sociologia foi a sua afinidade com o pensamento
marxista, principalmente sobre o modo de analisar a sociedade, o que se constituiu numa espécie
de “norte” crítico orientador de seu pensamento.
Análise sobre o desenvolvimento
capitalista no Brasil.
✔ Algumas das conseqüências da urbanização, inclusive gerada pela migração de
pessoas que, vindas do campo, procuravam trabalho nas indústrias das grandes
cidades, foram o surgimento de problemas de falta de moradia, desemprego e
criminalidade. Essas situações emergentes, logicamente, tornavam-se temas para a
análise sociológica.

✔ Uma de suas pesquisas, sobre os negros em São Paulo, demonstrada no livro A


integração do negro na sociedade de classes, de 1978, vai auxiliar nossa explicação.
Nesse trabalho, Florestan analisa como os negros foram sempre situados à margem
na nossa sociedade.
A sociedade brasileira

✔ a) O interesse em explicar fatos relativos aos setores populares da sociedade, neste caso, os negros.
Florestan queria saber como se deu o processo que colocou esse grupo “à margem” na sociedade
brasileira. E, mais, queria uma interpretação diferente daquelas que as elites da sociedade
forneciam a este respeito.

✔ b) Ele se filia ao pensamento crítico brasileiro ao afirmar que o negro não era um problema para a
nação. Inclusive desenvolve a idéia de que os negros sempre foram agentes participantes das
transformações sociais do país, ainda que de maneira menos privilegiada que os brancos.

✔ c) Faz uma crítica à sociedade capitalista que não “absorveu” os negros, que, segundo as elites da
sociedade, encontravam-se em iguais condições em relação aos brancos e, inclusive, em relação aos
inúmeros estrangeiros que chegavam ao Brasil para viverem e trabalhar.
Darcy Ribeiro

✔ Valorização das diferenças e peculiaridades;


✔ Ao analisar a obra de Darci Ribeiro, percebemos seu foco latino-americano,
valorizando o humano: índios, negros e toda a miscigenação que deu origem
à população brasileira. Os textos apresentam a imagem da sociedade
brasileira, permitindo que nos reconheçamos e identifiquemos como parte
dela. Todo o processo perceptível de desenvolvimento social, cultural e
humano do povo latino-americano fornece subsídios para a tomada de
consciência da formação da América Latina e, em especial, do Brasil.

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