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1.

O pensamento social brasileiro e as raízes da violência como categoria de


análise política.

A história da formação social, econômica e política do Brasil é objeto de


investigação de muitos teóricos e teóricas que, ao avaliarem os processos e as relações
presentes no desenrolar da concepção de nação, identificaram categorias analíticas
singulares e inerentes da sociedade e do Estado brasileiro.

Em “Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro” Raymundo


Faoro (2012), subsidiado pela sociologia weberiana, aponta como a estrutura
patrimonial portuguesa interfere no desenvolvimento da nação onde concepções de
pessoa pública e privada não estão distintas plenamente e, se evidenciam, por um
estamento burocrático estabelecido.

Caio Prado Júnior (2011) por sua vez, ao avaliar o século XIX e a emancipação
política do país ocorrida em 1822, considera esse período como “[...] uma chave, e
chave preciosa e insubstituível, para se acompanhar e interpretar o processo histórico
posterior e resultante dele que é o Brasil de hoje” (p. 07, 2011). Nesse sentido, o autor
aponta como determinados elementos, sobretudo aqueles vinculados a interpretações
materialistas da história social, pautadas, portanto, por interpretações marxistas, são
constitutivos na nossa nacionalidade e, perpassam obrigatoriamente, pela grande
propriedade rural. Nessa direção, a obra “Formação do Brasil contemporâneo” nos
orienta para o entendimento de que nossas relações sociais, particularmente as de classe,
possuem um acentuado cunho colonial e que “[...] para chegar a uma interpretação do
Brasil de hoje, que é o que realmente importa, àquele passado que parece longínquo,
[...] ainda nos cerca de todos os lados.” (p. 11).

Outra obra presente no ensaísmo produzido sobre o cenário formativo do Brasil,


e que marca os construtos teóricos das ciências sociais no país é “Raízes do Brasil” de
Sérgio Buarque de Holanda (2014). Essa importante reflexão antropológica,
significativa na acepção agrária e de grandes propriedades, patriarcal e escravista da
formação econômica brasileira, orientada para o mercado externo, é fortemente
mobilizada nas interpretações que consolidam e representam o caminho histórico do
país, caracterizado profundamente por um personalismo latente e tradicional, presente
no âmago das relações institucionais e que fazem, nas palavras de Antônio Cândido, a
fisiologia do país em que impessoalidade da lei se desfaz pelo efeito do personalismo e
“[...] a ausência do princípio de hierarquia e a exaltação do prestígio pessoal com
relação ao privilégio [...]” estão presentes. Esses registros são traços da cultura
hispânica/europeia no solo brasileiro. Esse modelo de análise se consolida pela
emergência do conceito de cordialidade e funcionário patrimonial, representação do
predomínio constante das vontades particulares sobre o interesse público, ambiência
onde a ordenação impessoal deveria ser determinante. Como afirma o Sérgio Buarque:

À frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada


devem-se alguns dos episódios mais singulares da história das nações
hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e o Brasil. Os elementos
anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade
ou a indolência displicente das instituições e costumes. (p. 37, 2014)

A história da produção intelectual que versa sobre a biografia do Brasil perpassa,


obrigatoriamente, pelo sistema que envolvia, nas distinções mais nítidas sublinhadas por
Victor Nunes Leal (2012), o coronel como conexão nas relações de poder desenvolvidas
na primeira república. O livro “Coronelismo Enxada e Voto: o município e o regime
representativo no Brasil” enfatiza a participação deste autor na construção da
caracterização política do país, que evidencia a relação existente entre o mandonismo
local praticada no município, o papel do Estado e da União imbricados num sistema de
coerção e cooptação, firmado pelo termo ‘voto de cabresto’.

Inserido nas discussões das problematizações das questões nacionais, José


Murilo de Carvalho publica em 2017 “O pecado original da república: debates,
personagens e eventos para compreender o Brasil”. Neste livro afirma que o drama
civilizatório é oriundo de quatro pecados capitais, quais sejam: a) a escravidão –
generalizada pela expatriação de cerca de 4 milhões de negros africanos; b) o latifúndio
– fazendo menção ao caráter comercial da colonização; c) o patriarcalismo – acenando
como a desigualdade entre homens e mulheres negou direitos fundamentais e, por fim.
d) o patrimonialismo – relação entre a sociedade e o Estado em que o bem público é
apropriado privadamente (Cf. CARVALHO, 2017). Em síntese afirma “Sugiro que esses
pecados capitais que marcam nossa formação ajudam a explicar a persistência das
desigualdades que impedem a construção de uma nação brasileira” (p. 40, 2017).

Ainda neste quadro construtivo de compreensão das ciências sociais sobre a


imagem, a representação e a composição teórica acerca de Brasil ou de brasis diversos,
consta as contribuições de Octávio Ianni1 (1966), Roberto DaMatta2 (1986; 1997), Boris
Fausto3 (1994), Darcy Ribeiro4 (1995) e muitos outros teóricos e teóricas detidos na
compreensão dos encadeamentos e correlações havidas na formação do país.

Nessa seara de referências, convém um olhar mais demorado sobre a obra de Maria
Sylvia de Carvalho Franco (1997). Mesmo reconhecendo a importância das categorias
analíticas acima referidas, em “Homens livres na ordem escravocrata” a autora faz um
registro histórico e sociológico notabilizado pelo aspecto da violência no seio da
organização brasileira, embora o objeto de investigação da autora seja homens livres
pobres, Maria Sylvia Franco distingue a violência como característica das relações de
dominação.

RESENHAR DE MARIA SYLVIA DE CARVALHO FRANCO – SOBRE A


VIOLÊNCIA.

Embora a autora não veja na violência em si uma categoria analítica como cerne na
sua pesquisa, o registro

Não vê na violência uma categoria analítica como cerne da sua investigação e,


fazendo menção ao escravismo como elo pres

Nesse sentido, CITAR OS CONCEITOS, são elementos integradores da percepção


social dos teóricos que sumarizam traços comuns a certos fenômenos empíricos para
explicar as raízes da nação. No entanto,

a obra de Edson Nunes (2010) inaugura a ideia de gramática política,

1
“Raças e Classes Sociais no Brasil”
2
“O que faz o Brasil, Brasil” e “Carnavais, malandros e heróis”
3
“História do Brasil”
4
“O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil”
Todos os pensadores, ora de maneira evidente ora quase despercebidamente,
transitaram pelo conceito colonização, que na sua aspiração m

ais pura, é a violência propriamente dita.

Iamente

Nesse sentido, a narrativa histórica e teórica de formação do Brasil enquanto país é


nitidamente representativa quando se aponta conceitos que emergiram para entender e
explicar as raízes da nação, nesse caso,

Ma p

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Todos esses conceitos funcionando como como gramáticas (Cf. Nunes, ) que
orientam, conduzem e dirigem a base civil da sociedade no relacionamento com o
Estado e com as políticas implementadas. No entanto, os teóricos e teóricas mobilizados
neste trabalho, ora de maneira inequívoca ora de maneira implícita, transitaram pelo
termo violência sem categorizar a palavra como conceito importante que alicerça as
definições e as conceituações apontadas anteriormente.

De faro, colonizar é ...... (dizer o que é colonizar.

FALAR DE ALGUMS TEÓRICAS DECOLONIAIS NA NOTA DE RODAPÉ.

Literaturas deconolias ( o que são leituras decoloniais?) já apontam como esse


processo é a expressão mais latente da violação de uma povo, em

Essa colonização, consolidada pelo trabalho escravo.

Mostrar o trabalho da historiadora – Sobre o autoritarismo brasileiro.


Mesmo havendo avanços jurídicos em direção a direitos sociais, civis e políticos, tendo
a Constituição Cidadã de 1988 como fulcro, dados da violência apontam como a
democracia brasileira e, nesse caso, o Estado brasileiro enfrenta dilema relativos ao
sistema de proteção social.

A violência institucionalizada é o pano de fundo que consolida as relações, sociais


econômicas e políticas de formação do Estado brasileiro e se configura como elemento
presente na gramática política apontada por Edson Nunes (2010).

DADOS DO FÓRUM E DADOS DO IPEA.

O pessoal da USP.

desde os apontamentos iniciais até os dias atuais,

Ausência de sistematização nacional para tratamentos de dados periciais, cuja


aplicabilidade estaria pautando

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