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ANO
2023
Leonardo Souza da Silva
Rio de Janeiro
2023
TODO CAMBURÃO TEM UM POUCO DE NAVIO NEGREIRO: racismo
institucional e colonialidade do poder punitivo. O caso Genivaldo de Jesus.
Aprovado por
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Prof. Orientador
___________________________________
Professor(a)
Rio de Janeiro
2023
RESUMO
Mesmo que encoberto pelo mito da democracia racial, o racismo ainda está presente na
sociedade brasileira contemporânea, sendo estruturado no sistema e refletido em suas
instituições, dentre as quais, a polícia. O objetivo da pesquisa foi discutir a
colonialidade e o racismo institucional no poder punitivo, exercido por meio dos
agentes de segurança do Estado. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva em
que o procedimento metodológico da revisão bibliográfica foi utilizado. Os artigos,
teses e dissertações consultados na pesquisa foram encontrados nos seguintes
repositórios digitais: Google Scholar; Scielo – Scientific Eletronic Library Online e
BDTD – Biblioteca Brasileira Digital de Teses e Dissertações. Os resultados indicaram
que o caso de Genivaldo de Jesus, um cidadão negro assassinado injustamente em uma
ação policial, reflete toda a crueldade e opressão vivenciadas pelas minorias étnicas-
raciais. Considera-se que a população negra é alvo de massiva perseguição policial,
refletindo ainda o caráter da colonialidade expressa na tentativa de legitimar a
dominância em que a supremacia branca é afirmada por meio da desumanização da
pessoa negra, legitimando a tortura e penalização impostas à população negra.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................44
REFERÊNCIAS..............................................................................................................45
INTRODUÇÃO
Lançada em 1994 pelo grupo O Rappa, a música Todo camburão tem um pouco
de navio negreiro, apresenta em seus primeiros versos uma situação que pode ocorrer
com qualquer pessoa. No entanto, aquela situação não é direcionada para todas as
pessoas, mas para um grupo em específico: “Mas eles não paravam. Ê, Qualé negão?
Qualé negão?” Logo fica evidente o preconceito racial percebido na relação da
sociedade com a população negra: “É mole de ver/que em qualquer dura o tempo passa
mais lento pro negão”.
O trecho aponta para a continuidade de formas de opressão e desumanização
enfrentadas pela população negra forjada nas estruturas coloniais e escravocratas que
estabeleceram uma lógica de subjugação e exploração racial que persiste até hoje. O
racismo estrutural e a discriminação racial moldam as experiências e as oportunidades
disponíveis para a população negra, a violência simbólica e a exclusão sistemática
negam a plena humanidade e cidadania aos negros, limitando seu acesso a recursos,
direitos e liberdades fundamentais. Neste sentido, Borges (2017) afirma que negar a
existência dessa estrutura excludente é contribuir com ela.
Em outras palavras, os repressores e os oprimidos ainda são o mesmo "quem
segurava com força a chibata agora usa farda engatilha a macaca e escolhe sempre o
primeiro/negro prá passar na revista”. Em seguida o grupo musical utiliza a linguagem
comparativa e aproxima "Todo camburão tem um pouco/de navio negreiro".
Por meio dessa comparação, é possível fazer uma ponte entre aquela visão de
mundo que alimentava o regime escravocrata e que continua até os dias de hoje. Como
naquele período, também atualmente, a população negra recebe tratamento diferenciado
sendo alvo preterido da perseguição policial. A cada ano que passa mais mortes são
contabilizadas, a taxa de letalidade policial, teve o alcance de 6.375 vítimas somente no
ano de 2019. Já no primeiro semestre do ano de 2020, 6% a mais de mortes atribuídas às
ações policiais, em relação ao ano anterior, foram verificadas (COALITION
SOLIDARITÉ BRESIL, 2021).
A pesquisa Negro trauma, racismo e abordagem policial na cidade do Rio,
divulgada por Rangel (2022) mostra que 63% das abordagens policiais na cidade têm
como alvo pessoas negras. Essa mesma pesquisa mostra que 68% das pessoas abordadas
andando a pé na rua ou na praia, são negras, enquanto apenas 25% dos brancos são
parados pela polícia nas mesmas circunstâncias. Outra pesquisa, Atlas da Violência
2021, revela os dados da violência contra os negros no Brasil:
O que se percebe dessa situação é que a integração dos negros na sociedade não
se teve uma evolução concreta, pois o direito de igualdade assegurado por lei parece
distante das vias de fato. É, pois nesse contexto de violência policial contra a população
negra é que se insere o caso a ser estudado nesse trabalho, que é o assassinato de
Genivaldo de Jesus que foi agredido e morto sufocado em um camburão da Polícia
Rodoviaria Federal (PRF) no estado do Sergipe.
A violência policial vem se mostrando grande manifestação do racismo,
verificado a partir do perfil das vítimas. São os principais alvos do abuso de autoridade
e da violência policial, a população negra e periférica. Das abordagens policiais
ocorridas no ano de 2019 que resultaram em mortes, 79,1% eram pessoas negras.
Estima-se que a polícia mate 2,8% mais negros do que brancos. Outra evidência do
racismo institucional que parte de base estrutural é a impunidade com que são tratados
os casos de mortes de negros por abordagens policiais, pois cerca de, somente 10% dos
casos resultam em punição, gerando grande sentimento de injustiça (COALITION
SOLIDARITÉ BRESIL, 2021).
A violência policial verificada no caso Genivaldo, embora seja atual, possui
raízes profundas na história do Brasil que remontam ao tempo da colonização e do
regime escravocrata que durante séculos vigorou no país. Cabe destacar que, mesmo
com o fim dos regimes supracitados, a configuração brasileira hodierna diz mais
respeito às consequências do sistema colonialista, denominado de colonialidade. Em
outras palavras, aquelas características da colonização, tais como a violência, o
extermínio e o subalternização de diferentes povos deixa uma marca profunda e que tem
efeitos danosos até hoje. Flauzina (2006) afirma que o Estado adequou suas funções
para a manutenção da estrutura social, diante de um quadro em que não mais poderia se
valer da escravidão, pois, foi a partir do rompimento com o sistema escravocrata que o
Estado se tornou o único espaço para formalmente solucionar conflitos e regular o
cotidiano.
O direito de matar tornou-se a prerrogativa do Estado para exercer seu domínio
e gerenciar a vida, dessa forma, foi por um sistema desumanizador utilizou da produção
da morte para legitimar e reafirmar a subserviência:
[…] política racional que não aponta para a garantia da vida, pelo contrário,
ela indica uma razão de morte. Esta política se torna efetiva quando a
soberania se manifesta através da submissão de certo grupo, que está sujeito
ao controle de seu corpo através da vigilância e de uma política que pode
chegar a utilizar o extermínio, para a efetivação da garantia de determinada
ordem social (SANTOS, 2019, p. 24).
Em sua obra A Crítica da Razão Negra, Mbembe (2019), defende que a razão
negra é a construção de enunciados e discursos que tende sempre a classificar o outro de
forma depreciativa, através de registros literários ou imagéticos, associando fatores
como a África e o Negro à bestialidade, o seja, o sujeito africano é visto, por natureza, é
como um ser atrasado, arcaico e selvagem. É justamente este o pensamento base que
fundamenta do racismo: “o racismo é, acima de tudo, uma tecnologia destinada a
permitir o exercício do biopoder. Na economia do biopoder, a função do racismo é
regular a distribuição da morte e tornar possíveis as funções assassinas do estado
(MBEMBE, 2019, p. 18).
É justamente baseada nessa racionalidade é que se torna aceitavel e naturalizado
os castigos corporais e, até, a pena de morte de um negro no contexto não somente na
escravidão, mas também ainda nos dias de hoje. Se antes essas ações eram
fundamentadas em teorias pseudos científicas, hoje ela é justificada por um pensamento
implantado e gestado no imaginário popular, por narrativas e discursos conservadores,
de que há uma guerra declarada a um inimigo, que deve ser derrotado, e só através do
enfrentamento, se conseguiria, enfim, pacificar a sociedade (MBEMBE, 2019). Assim,
as consequências desses enfrentamentos são vistas como males menores. Por exemplo,
quando uma criança morre baleada no morro, logo se vende o discurso de que ali estava
ocorrendo uma ação de pacificação. Ou quando uma pessoa morre sufocada em um
camburão, logo se vende o discurso também de pacificação, a instalação de uma ordem.
No entanto, esta tal ordem que tanto se deseja instalar só extermina pessoas de um
determinado grupo social, tal qual vem ocorrendo desde o sistema colonialista
escravagista.
Nesse sistema a morte adquire centralidade no modus operandi das tecnologias
de segurança pública e de controle do Estado. É, pois essa a centralidade da análise de
Mbembe (2018), que entende que a morte é a categoria da política e do poder
claramente expressa na matança generalizada de grupos racializados. Em outras
palavras, a morte é a espinha dorsal para manutenção e legitimação da soberania do
Estado. Desta forma,
[...] o poder ainda depende do firme controle sobre os corpos (ou sobre
concentrá-los em campos), as novas tecnologias de destruição estão menos
preocupadas em conformar os corpos em aparatos disciplinares que, quando
chegar a hora, conformá-los a ordem da máxima economia representada pelo
massacre (MBEMBE, 2003, p. 34).
[...] embora tenha sido uma teoria de médio alcance, incapaz de oferecer
crítica macrossociológica, tal limitação não conseguiu lhe retirar o caráter
deslegitimador. Os limites do labelling significaram, apenas, que o estudo
insuficiente tinha que ser completado, nunca desqualificado (SANTOS, 2014,
p.4).
O crime, assim, passa a ser visto como construção social ligado a fatores
deterministas e o Sistema Penal considerado como o próprio criador da criminalidade,
além de selecionar discriminatoriamente os indivíduos: “A partir das conquistas teóricas
advindas de paradigmas da criminologia crítica, a lógica de operacionalidade do sistema
penal pôde então ser explicitada” (FLAUZINA, 2006, p.22).
Santos (2014) afirma que o direito fundamentado nos princípios de liberdade,
igualdade e fraternidade (direito liberal positivista), do bem comum não questionam a
noção de divisão social, contradição de classes, opressão, expropriação da mais-valia do
trabalho excedente não remunerado etc. Para a Criminologia crítica a prevalência do
Direito Penal e do Sistema de Justiça Criminal perpetua as desigualdades sociais:
Assim sendo, Baratta (2012) reforça a crítica de Santos (2014) afirmando que a
criminologia crítica se dá pela superação das patologias criminais da Escola Positiva e
pelos conceitos de livre arbítrio da Escola Clássica, considerando uma análise de
aprendizagem e construção social como fator preponderante para o delito.
A Escola Clássica se deteve à análise do crime e a Escola positiva do
delinquente, atribuindo, a este, modelos genéticos e biológicos, dando origem a
Criminologia Clínica, a qual realizava estudos laboratoriais para formular meios de
ressocialização do sujeito. Analisando as lacunas deixadas pelas duas Escolas, surgiu a
Criminologia crítica, ou radical, que parte do estudo do crime como criminalização, isto
é, defende que há uma construção social do crime e do criminoso para a perpetuação das
desigualdades sociais:
Nesse ponto, Baratta (2012), Dieter (2012) e Santos (2014) são assertivos ao
defender que a solução para a redução da criminalidade é o ajuste econômico e a
equidade política no tratamento das classes sociais. Baratta (2012) afirma que essa
teoria se difere das teorias anteriores por sua crítica e objeto de estudo, sendo este, o
crime e os meios de controle, analisando-os por uma abordagem materialista dialética.
O racismo vem sendo debatido e praticado de diferentes ângulos e perspectivas
na sociedade brasileira. A partir da década de 1920 teve ascendência a teoria de
harmonização racial, tentando negar a existência do racismo no país. Nesse discurso, há
a diluição do passado colonial, porém, tal passado é aquele em que as elites não querem
abrir mão:
[...] nos destacamos com o maior regime de trabalhos forçados que a
humanidade já conheceu: escravizamos mais e por mais tempo. Também não
é novidade que para tanto foi utilizado, em nome de Deus ou da ciência, o
racismo como teoria que justificava a exploração dos africanos, por sua
defasagem civilizatória ou inferioridade intrínseca (FLAUZINA, 2006, p.36).
Nesse sentido, é notada uma atuação intencional nas esferas jurídicas e políticas,
tendo no sistema criminal, o centro da produção genocida em “apetite incessante por
carne negra” (FLAUZINA, 2019, p.70). O racismo motivador de genocídios está
presente em todos os governos, incluindo os progressistas, o que demonstra a
complexidade do racismo no Brasil.
Dessa forma, avaliando a questão do sistema penal, que segundo Pinto (2006) e
Batista (2011) são completamente ineficazes e insuficientes para o controle da
criminalidade, atuando apenas por apelos sexistas, racistas e discriminação de classe.
Esse fato se justifica pelo massivo aumento de apenados, tem-se duas vertentes da teoria
crítica: o abolicionismo e o direito penal mínimo.
A vertente abolicionista defende a abolição de todo o sistema penal, pois
compreende que o sistema penal atual é uma fábrica de criminosos. Para controlar o
crime, a sociedade substitui o Estado nas responsabilidades das funções penais. A teoria
abolicionista se faz por três vertentes em que a primeira, marxista, explica o Sistema
Penal como mais uma estrutura do capitalismo que legitima o poder da elite, dessa
forma, instrumento de domínio e controle do Estado sobre o povo (ZAFFARONI,
1996).
Já a segunda vertente, denominada fenomenológica, afirma que o Sistema
carcerário é inútil pois não resolve a criminalidade, mas sim a agrava, dessa forma deve
ser eliminado e substituído por práticas de controle criminal no âmbito privado, além da
eliminação de todos os termos como crime e criminalidade, para que o crime seja
estruturado como problema social.
A terceira vertente, a fenomenológica-historicista afirma que a ineficácia do
Sistema Penal se explica pela historicidade das relações sociais. Compreende-se que
para a corrente abolicionista os crimes devem ser corrigidos por medidas restaurativas
com a participação de toda a sociedade. Batista (2011) afirma que o Brasil intensificou o
policiamento de acordo com as políticas punitivas, que por mais transformações que
tiveram, ainda deposita seu medo no negro.
Baratta (2012) ao propor o Direito Penal Mínimo explica-o como baseado
integralmente nos Direitos Humanos, de forma a reduzir o sistema carcerário e
humanizar as punições, pois reconhece que o Sistema Penal é seletivo e promove
desigualdade social. Dessa forma, no Brasil, a intenção é proteger os que não estão no
poder por meio da limitação das punições fundamentadas nos Direitos Humanos. Para
que tal proposta possa ser adequada à realidade brasileira, deve-se considerar uma
reestruturação em toda as esferas sociais. Batista (2011) afirma que são alguns tópicos
que devem ser trabalhados para superar um sistema sucateado e promover uma política
criminal justa e humanizada que busque nas causas estruturais soluções para o controle
e redução da criminalidade no Brasil.
Entre as recomendações da autora, estão: mudanças nas políticas de
criminalização de drogas, promovendo a legalização, descriminalização de crimes
patrimoniais sem violência, abrir os muros das prisões para a comunicação com o
mundo, impedir a penalização de familiares de apenados, promover as políticas de
desarmamento, diminuir o número de policiais e torna-los agentes da defesa civil para
que se finde a guerra contra os pobres, Liberação do segundo emprego para policial e
bombeiro, fortalecimento e ampliação da Defensoria Pública, e fim da divulgação de
suspeitos e “noticiários emocionalizados” do crime por noticiários que interferem no
julgamento (BATISTA, 2011, p.115).
Flauzina (2019) elucida o genocídio negro como a naturalização da dor, pois nas
práticas escravistas, houve a sistematização da violação dos corpos, a colonialidade
punitiva atua pela desumanização, pelo imaginário da tortura e a morte como naturais ao
destino do negro:
O genocídio negro tem seu início com a criminalização da dor das mães, por
meio da culpabilização dos desvios de seus filhos. São fabricadas as criminalidades,
tanto pelo descaso estatal quanto pelas evidências plantadas. Em verdade, o estado
democrático de Direto é sustentado pelas desigualdades, pois a garantia dos direitos
constitucionalmente afirmados é válida desde que não rompa com a ordem de poder
(LAUZINA, 2019). O direito a vida e a necropolítica aparecem nas agendas do poder
vigente nas sociedades contemporâneas:
Ao negro não há identidade para que seja possível forjar a sua noção de grupo,
estando mais susceptível às manipulações e ao domínio colonial que se arrasta para a
contemporaneidade pela eterna vigilância e controle da identidade negra.
CAPÍTULO 3 – TRIBUNAL DE RUA
A distribuição de idade, cor, gênero e local de moradia dos que foram parados
mais de 10 vezes é extremamente reveladora das características do elemento
suspeito do ponto de vista policial: 94% eram homens, 66% eram negros,
50% tinham até 40 anos, 35% moravam em favelas, enquanto 33% moravam
em bairros de periferia e 58% ganhavam de zero até três salários mínimos
(RAMOS et al, 2022, p. 13).
O projeto de lei estipula que a pensão mensal será paga aos herdeiros de
Genivaldo Santos (viúva e filho) equivalente ao limite máximo do salário de
benefício do Regime Geral de Previdência Social, hoje em R$ 7.087,22. Já a
indenização é estabelecida no valor de R$ 1 milhão, dividido em partes iguais
aos herdeiros. O projeto prevê que a despesa correrá à conta do programa
orçamentário Indenizações e Pensões Especiais de Responsabilidade da
União (OLIVEIRA, 2022, online).
[...] n) Estipular multa de valor não inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais)
por cada violação a qualquer dos itens previstos no presente tópico, devendo
tal verba ser recolhida pela União Federal ao fundo a que se referem os
artigos 13 e 20 da Lei Federal n° 7.347/1985. 15.3 - Quanto à indenização do
dano moral coletivo: Seja imposto à União Federal o pagamento de
indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 128.250.000,00 (cento e
vinte e oito milhões e duzentos e cinquenta mil reais), quantia a ser revertida
ao fundo destinado à reconstituição dos bens lesados, conforme dispõe o art.
13 da Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985). (BRASIL. Ministério
Público Federal. Processo Judicial Eletrônico n. 0802705-98.2022.4.05.8500.
Parecer Cível nº 006/2023/MPF/PRSE/PRDC/MCDF. Juiz: Martha Carvalho
Dias de Figueredo. Aracajú: MPF, 19/03/2023, p. 7).
Em que pese a ação ajuizada pelas ONG’s não tenha sido acatada pelo MPF, fica
evidente a manifestação e indignação política e social como consequência ao
assassinato de Genivaldo de Jesus Santos.
Após a conclusão da letárgica investigação que durou quatro meses, sob forte
comoção e pressão popular, os policiais envolvidos no assassinato de Genivaldo foram
presos preventivamente pelos crimes de tortura, abuso de autoridade e homicídio
qualificado (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. 6ª Turma. Habeas corpus Nº 175879
- SE (2023/0020177-9). Rel.: Min. Rogério Schietti Cruz. Brasília: STJ, 11/04/2023).
Os supostos autores do crime seguem detidos e aguardando julgamento por júri popular.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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BORGES, Átila Fauzi Dutra. Pra falar das flores: O uso político da música durante a
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G1. Manifestantes protestam em frente à sede da PRF em São Paulo após a morte
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frente-a-sede-da-prf-em-sao-paulo-apos-a-morte-de-genivaldo-durante-abordagem-em-
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