Você está na página 1de 18

1

POPULISMO PENAL MIDIÁTICO NO BRASIL: INFLUÊNCIA


DA ESPETACULARIZAÇÃO DO PROCESSO PENAL NA
NECROPOLÍTICA CRIMINAL DA POPULAÇÃO NEGRA.

MEDIA PENAL POPULISM IN BRAZIL: INFLUENCE OF THE


SPECTACULARIZATION OF THE CRIMINAL PROCESS ON THE
CRIMINAL NECROPOLITICS OF THE BLACK POPULATION.

REIS, Adiel Péricles Conceição1

“Quem controla a mídia, controla a mente.” - Jim Morrison

RESUMO: A espetacularização da violência é uma problemática que ocupa diversas


esferas e dimensões do processo penal na atualidade. Ao difundir o crime e seus
desdobramentos sem qualquer apreço ao devido processo legal, a mídia, além de
desestruturá-lo, coloca em perigo corpos negros marcados pela vulnerabilidade e a
marginalização. Almeja-se com a propositura deste artigo evidenciar o populismo
penal midiático no Brasil, demonstrando como a influência da espetacularização do
processo penal resulta na efetiva necropolítica criminal da população negra. Iniciando
as análises fundando-se nos conhecimentos de Rubens Casara (2016), acerca da
espetacularização e quais a consequências deste no esvaziamento do Processo
Penal. Assim como, ponderar as violações aos princípios da presunção de inocência
e a liberdade de impressa, presente na Constituição Federal de 1988, corroborado por
dizeres de Aury Lopes (2016). Outrossim com base nos ensaios de Achille Mbembe
(2018), buscou-se desenvolver narrativas a respeito do biopoder e racismo,
baseando-se nos estudos de Foucault. Igualmente, partindo destes estudos, Silvio
Almeida (2018), consubstanciado a Teoria Social, traz noções quanto ao racismo
estrutural e seus desdobramentos, paralelamente aos dados do IPEA (2021). Por fim,
foi realizada uma pesquisa bibliográfica, entrelaçada por uma abordagem qualitativa
a partir de periódicos, artigos, dissertações e livros referentes ao populismo penal
midiático, a exemplo de Borges e Elias (2019), Michels e Cordazzo, (2022), Frazão e
Ramos (2022), Jakobs e Melía (2010), Neves (2006), Junior (2012), Ferreira & Vieira
(2018) Filho & Costa (2019) Neto (2015).

Palavras-chaves: Populismo penal. Espetacularização. Racismo. Midia. Direito


Penal. Processo Penal.

1
Pós-graduando em Ciências Criminais pela Faculdade Baiana de Direito. Bacharel em Direito pela
Universidade Católica do Salvador. E-mail: reisadiel@gmail.com
2

ABSTRACT: The spectacularization of violence is a problem that occupies several


spheres and dimensions of the criminal process today. By spreading crime and its
aftermath without any appreciation for due process, the media, in addition to destroying
it, endangers black bodies marked by vulnerability and marginalization. The purpose
of this article is to highlight the media penal populism in Brazil, demonstrating how the
influence of the spectacularization of the criminal process results in the effective
criminal necropolitics of the black population. Starting the analyses based on the
knowledge of Rubens Casara (2016), about the spectacularization and what the
consequences of this in the emptying of the Criminal Process. As well as, to consider
the violations of the principles of the presumption of innocence and the freedom of the
press, present in the Federal Constitution (2018), corroborated by the sayings of Aury
Lopes (2016). Furthermore, based on the essays of Achille Mbembe (2018), we sought
to develop narratives about biopower and racism, based on Foucault's studies.
Likewise, starting from these studies, Silvio Almeida (2018), embodied in the Social
Theory, brings notions about structural racism and its consequences, parallel to the
data from IPEA (2021). Finally, bibliographic research was carried out, interwoven by
a qualitative approach from periodicals, articles, dissertations and books referring to
media penal populism, such as Borges and Elias (2019), Michels and Cordazzo,
(2022), Frazão and Ramos (2022), Jakobs and Melía (2010), Neves (2006), Junior
(2012), Ferreira & Vieira (2018) Filho & Costa (2019) Neto (2015).
Keywords: Penal populism. Spectacularization. Racism. Media. Criminal law. Criminal
procedure.

SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO 2. METODOLOGIA 3. ESPETACULARIZAÇÃO DO


PROCESSO PENAL NO BRASIL 4. POPULISMO PENAL MIDIÁTICO E A
NECROPOLÍTICA DA POPULAÇÃO NEGRA 5. CONCLUSÃO 6. REFERÊNCIAS

1. Introdução.
A curiosidade pelo processo penal e seus desdobramentos é um traço histórico
marcante entre as sociedades ao redor do globo. Os indivíduos impetuosamente
buscam está inteirados do crime, seja por anseios de justiça, ou por encantamento
provocado pelo aparelhamento midiático, que por sua vez, reporta dos simples ao
mais bárbaros dos delitos, gerando forte apelo pela solução destes, ainda que em
alguns casos atrapalhe o devido processo legal. E assim, através de tal
espetacularização, surge o populismo penal midiático.
A mídia e o processo penal sempre desenvolveram uma relação simbiótica.
Seja do desenvolvimento da radiodifusão a ascensão da televisão nos ambientes
domésticos e espaços de poder brasileiros, a relação com a violência sempre se
mostrou como fenômeno contemporâneo. O populismo penal midiático surge como
3

um conjunto de práticas político-criminais voltadas ao âmbito social, consumidas e


produzidas com base na espetacularização do crime. Após o advento da Constituição
da República de 1988, e a proibição da censura, houve uma retomada televisiva deste
recorte, ocasionando num aumento dos chamados “jornais policialescos”.
Outrossim, tal ascensão apresenta uma dicotomia paradoxal, uma vez que
paralelamente ao suposto anseio por justiça, narrativa utilizada fortemente por estes
telejornais como causa necessária para banalização dos crimes, há uma necessidade
de propagar e manter situações de inseguranças. Logo, não há um imperativo de
informar ou conscientizar a população, mas sim uma proliferação irresponsável dos
acontecimentos, surgindo então um fator importantíssimo atrelado ao populismo penal
midiático, o medo.
A mídia utiliza a espetacularização da barbárie para implantar na população a
sensação de medo e insegurança constante, entretendo os olhares curiosos da
audiência com a falsa premissa de combate à criminalidade, ao mesmo tempo em que
estabelece a “cara do crime”, um estigma estereotipado que estimula o genocídio da
população negra. Materializando, sistematicamente, através da discriminação racial,
o racismo, como evidência Silvio Almeida (2018).
Ao noticiar constantemente delitos demograficamente cometidos por corpos
pretos, conscientemente ou inconscientemente, os meios de comunicação colocam
alvos nesses corpos marginalizados historicamente, propiciando uma maior letalidade
desta população. Endossa o IPEA (2021), que a desigualdade racial se perpetua nos
indicadores sociais da violência ao longo do tempo e parece não dar sinais de
melhora.
Os meios repressivos, representados pelos aparatos estatais de segurança
pública, juntamente com o aparelhamento midiático desenvolvem uma espécie de
“cadeia letal”, uma vez que ao estabelecer e retratar o indivíduo que supostamente
está sendo responsável pelo agravamento dos delitos no país, resulta em abordagens
mais violentas dos agentes de segurança pública, evidenciando “...que a expressão
máxima da soberania reside, em grande medida no poder e na capacidade de ditar
quem vive e quem deve morrer.” (MBEMBE, 2018, p.5).
Ainda que seja legitima a curiosidade da sociedade em acompanhar os dados
e acontecimentos envolvendo segurança pública e o aumento da criminalidade, as
espetacularizações do processo penal, “são graves e excedem os limites tanto do
senso, quanto dos direitos individuais dos acusados.” (MICHELS & CORDAZZO,
4

2022, P.44). Assim, com o objetivo de trazer mais visibilidade para esta problemática,
o presente artigo visa apontar o aumento da letalidade contra da população negra no
Brasil, em paralelo ao populismo penal midiático.

2. CAMINHOS EPISTEMOLÓGICOS E ABORDAGEM METODOLÓGICA:


VARIAÇÕES E DELIMITAÇÕES DE INVESTIGAÇÃO
Com contornos e aparelhamentos de um artigo de conclusão de Pós-
graduação em Ciências Criminais, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, cunhada
por uma abordagem qualitativa a partir periódicos, artigos, dissertações e livros
referentes ao populismo penal midiático no Brasil, destacando nos fatores que levam
a espetacularização do processo penal influenciar diretamente na necropolítica da
população negra.
Inicialmente, objetivou delimitar conceitos referentes ao populismo penal, bem
como, a relação entre a espetacularização do processo penal no Brasil por parte do
aparelho midiático, consoante as análises de Neto (2015), referente a ascensão dos
telejornais policialescos, e a constante banalização da violência no cotidiano da
população.
Do mesmo modo, por meio de Rubens Casara (2016), ressalta-se
demarcações acerca do espetáculo, e em como o crescimento do pensamento
autoritário, traduz numa ausência de reflexão e críticas quanto a banalização das
violências reportadas pela mídia, resultando numa flexibilização dos direitos e
garantias fundamentais, em que o sistema de justiça criminal, passou a ser percebido
como um locus privilegiado à espetacularização.
As violações dos princípios constitucionais dos indivíduos envolvidos na
midiatização dos casos criminais, foram analisadas através dos preceitos presente na
Constituição Federal de 1988, paralelamente aos ensinamentos de Aury Lopes (2016)
quanto ao princípio da presunção de inocência, evidenciando os limites para a
constante publicidade do processo penal.
Ato contínuo, ante a expressa exclusão dos direitos fundamentais,
destacando, através do Atlas da Violência, IPEA (2021), o aumento da letalidade
racial, em paralelo aos ensaios de Achille Mbembe (2016) sobre biopoder e
necropolítica, que atribui ao Estado o poder de decidir quem vive e quem morre.
Igualmente, as diversas abordagens do racismo no Brasil, analisadas por Silvio
5

Almeida (2018), baseado na Teoria Social, em que o racismo é a lógica perfeita para
as formas de desigualdade e violência no âmbito social.
Quanto os corpos vulnerabilizados, baseando nos estudos de Maria do Céu
Patrão Neves (2006), ponderou-se quanto as vulnerabilidades dos corpos
historicamente marginalizados, e suas subjetividades, combatida por um compilado
de redes protetivas, que somente será alcançada mediante capacidade de autonomia
do (a) indivíduo (a).
Ante a constante difusão da intensa sensação de medo, causada pela
rotineira espetacularização da insegurança pública, buscou-se analisar os efeitos da
justiça social contemporânea através dos experimentos de José de Sousa Martins
(2015), e os constantes aumentos de linchamentos no Brasil, e a necessidade de
vingança pública, em face da descrença nas instituições.
Diante exposições dos materiais supracitados, tais hipóteses foram
submetidas, perante o método hipotético dedutivo, ao processo de falseamento a
partir de hipóteses formuladas, deduzindo soluções para os problemas apresentados,
confrontando dados e pesquisas, a fim de testá-las para obter sua confirmação ou
não, consubstanciado a análise de autores supracitados, bem como de Borges e Elias
(2019), Michels e Cordazzo, (2022), Frazão e Ramos (2022), Jakobs e Melía (2010),
Neves (2006), Junior (2012), Ferreira & Vieira (2018) Filho & Costa (2019).

3. ESPETACULARIZAÇÃO DO PROCESSO PENAL NO BRASIL


Embora bastante discutido atualmente, o conceito de populismo penal é um
conceito relativamente novo nos ambientes acadêmicos. Assegura Borges e Elias
(2019), com base nos estudos de Pratt (2007), que populismo penal era identificado
originalmente como “punitivismo populista”, que “seria o ato de políticos utilizarem
para seus próprios objetivos o que eles acreditavam ser a posição política do público
em geral sobre a punição a crimes. (apud. BOTTOMS, 1995, p.40).”

Assim como os teóricos do populismo apontaram, a conjuntura propícia para


a ascendência do populismo penal é de uma crise da democracia liberal e de
seu pilar da legitimidade dos representantes, com forte queda de deferência
às autoridades políticas, principalmente de especialistas entendidos como
uma elite descompromissada com os interesses do povo. Assim, o populista
penal busca mobilizar tal sentimento de insatisfação apontando bodes
expiatórios da ansiedade social, como o “bandido” construído
socialmente, promovendo uma visão de futuro menos ameaçada pela
6

insegurança e incerteza (PRATT, 2007, p. 36-39). (BORGES, ELIAS, 2019)


(grifo nosso)

Quando o aparelhamento midiático utiliza de tais premissas sociopolíticas


para espetacularizar o crime, surge o populismo penal midiático. Segundo Suzane
Jardim, historiadora/educadora em questões étnico-raciais, em trecho presente no
vídeo “Meteoro Entrevista – Suzane Jardim”, pondera que o populismo penal midiático
ocorre “quando a mídia se utiliza de discursos sem base cientifica para falar de
questões penais e criminais para uma população, causando sentimentalismo e
pânico.”.
Arrazoa Gomes & Melo (2013, p.68), que a mídia exerce uma força
impulsionadora dos pensamentos punitivistas, dissimulando uma guerra de interesses
políticos-ideológicos, em que manipula as emoções da sua audiência e seus medos,
ganhando cada vez mais espaço na formação da opinião pública, interferindo
diretamente no sistema criminal, e respectivamente ditando a atuação dos seus
agentes.
Segundo Neto (2015), em 1991, o Sistema Brasileiro de Televisão, transmitiu o
telejornal “Aqui Agora”, considerado como o precursor deste seguimento, inspirando
nos anos 2000 tantos outros, como Brasil Urgente, na Rede Bandeirantes e
apresentado por José Luiz Datena, e Cidade Alerta, exibido pela Record e
apresentado por Marcelo Rezende. A espetacularização passou a ser algo recorrente
nos lares brasileiros, onde crimes brutais são exibidos sem quaisquer precauções.

[...] o imediatismo ocasionado pela evolução das tecnologias e a expansão


dos meios de comunicação coloca em disputa os canais televisivos que
buscam a rapidez da entrevista com os acusados, os melhores depoimentos
com vítimas e familiares, os esclarecimentos mais detalhados. Nesse ponto,
até mesmo Ministério Público, advogados e juízes são colocados no enredo
e por vezes, duramente criticados por proferirem sentenças e manifestações
contrárias ao apelo popular.(MICHELS & CORDAZZO, 2022, p.45)

Assinala Guy Debord (2003, p.13), que nas sociedades modernas ocorre
“uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai
na fumaça da representação.”. A espetacularização dos crimes causa um
esvaziamento da realidade, formando um falso mundo à parte; como um objeto de
contemplação, resultando numa inversão concreta da vida.
7

Para Rubens Casara (2016, p. 311), “o espetáculo é uma construção social,


uma relação intersubjetiva medida por sensações, em especial produzidas por
imagens, e por vezes, vinculadas a um enredo”. Ao longo dos anos, os telejornais
brasileiros passaram a embasar seu conteúdo no espetáculo, influenciando
diretamente na condução do processo penal, afastando-se de qualquer
imparcialidade. E como bem discorre Casara (2016, p. 311), “no processo penal
voltado para o espetáculo não há espaço para garantir direitos fundamentais.”

Instaura-se a dicotomia do bem versus o mal, responsável por dividir as


pessoas em cidadãos de bem e em delinquentes, de forma que estes
merecem ser punidos com todo o rigor da lei. De forma análoga, guardadas
as devidas proporções, é possível dizer que se cria uma espécie de apartheid
dos tempos modernos, em que, diferentemente do regime original, cuja
segregação era racial, no atual regime a segregação é entre quem é suspeito
de cometer ou não delitos e, logo, de quem merece ou não ter os seus direitos
respeitados. O populismo, ao lançar os seus influxos na seara criminal,
transforma qualquer assunto relativo ao direito criminal – denominação que,
como já alertado, inclui o direito penal material, o direito processual penal e a
criminologia – em um verdadeiro espetáculo. (LIMA, 2023, p.92).

Com a fluidez das redes sociais, o compartilhamento constante de fake news2,


opiniões sem qualquer embasamento científico resulta num perigoso esvaziamento
do senso crítico do âmbito social. Ressalta Michels & Cordazzo (2022, p.45) que
facilita na propagação dos discursos ouvidos e imagens vistas pela televisão, sem
sequer ter contato com o processo ou realizado uma análise sobre veracidade daquilo
que está sendo divulgado.
O espetáculo conduzido pelo populismo penal midiático distancia a população
da realidade, propondo soluções simplistas para problemáticas históricas e
multifatoriais. A mídia aproveita-se das lacunas em políticas de segurança públicas
para justificar a necessidade de conduzir seu processo investigativo deslocado do
sistema criminal. “Consequentemente, o direito criminal vem tendo a sua função
deturpada ao ser transformado em moeda de troca pela preferência dos cidadãos nos
pleitos eleitorais, tendo, não raro, desconfiguração a sua real importância.” (Lima,
2023, p.93).
Neste sentido, Casara (2016, p.312), salienta que:

2
Fake news é um termo em inglês usado para referir-se a falsas informações divulgadas,
principalmente, em redes sociais.
8

Assim, ocorre o abandono da figura do jurista, entendido como o ator jurídico


que dispõe de um saber específico, construído a partir do estudo das leis, da
doutrina e da jurisprudência [...] em nome da perspectiva do espectador,
aquele que busca um prazer (sádico ou não) despreocupado, sem atenção a
limites ao exercício do poder penal ou à finalidade das formas processuais.

Desta feita, ao não se ater aos limites do devido processo penal, divulgando
fatos sem a devida averiguação, priorizando a difusão da barbárie, resulta em
violações aos princípios constitucionais. Pois, ao expor as violências, além de vincular
a sociedade no enredo da espetacularização, ocorre um esvaziando nos direitos dos
indivíduos envolvidos diretamente, que são julgados antecipadamente pela opinião
pública, trazendo à tona os anseios por vingança pública.
Outrossim, ao divulgar e romantizar casos criminais, os telejornais
policialescos pouco se importam com o regular procedimento, e em diversos casos,
se o indivíduo em questão é de fato responsável pela prática do delito. De tal modo,
viola-se o princípio da presunção de inocência, ou da não culpabilidade, que segundo
art. 5º, LVII, da CF/88, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;", ainda que a mídia se utilize do direito de liberdade
de imprensa, princípio considerado fundamental a todos os cidadãos, presente no art.
5º, inciso IX3 da CF/88. Defende Aury Lopes, (2016, p.84):

Externamente ao processo, a presunção de inocência exige uma proteção


contra a publicidade abusiva e a estigmatização (precoce) do réu. Significa
dizer que a presunção de inocência (e as garantias constitucionais da
imagem, dignidade e privacidade) deve ser utilizada como verdadeiros limites
democráticos à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do
próprio processo judicial. O bizarro espetáculo montado pelo julgamento
midiático deve ser coibido pela eficácia da presunção de inocência.

O princípio da presunção de inocência se caracteriza como uma das ideias


força basilares do Estado Democrático de Direito. Originalmente, com a Revolução
Francesa e a promoção do iluminismo, a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, no artigo 9º, consagrou o princípio supracitado, em que “todo acusado é
considerado inocente até ser declarado culpado e se julgar indispensável prendê-lo,
todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido
pela lei.”; confirmando que, “os referidos diplomas legais, de relevância universal,

3
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença
9

ressalvam o reflexo da observância desta garantia para a segurança não só do


denunciado, mas de todo o esquema processual.” (FRAZÃO & RAMOS, 2022, p. 12)
Importante ressaltar a dificuldade entre a dicotomia das violações de direitos
constitucionais em face a espetacularização do crime, e a liberdade de impressa. A
mídia atualmente detém um poder social imenso, sendo capaz de influenciar
diretamente nos direitos e garantias do cidadão, tornando ainda mais complicado
poder separar a atuação regular dos meios de comunicação na retratação do delito
dos abusos de poder pela imprensa.

Portanto, é preciso que o intérprete observe desde a edição do texto de uma


matéria a ser lançada pela mídia até a divulgação/publicação da referida
matéria os critérios para se traçar uma ponderação de direitos no caso
concreto. Diante disso, não se pretende dizer que a presunção de inocência
sempre deverá prevalecer sobre a liberdade de imprensa, mas que,
certamente há meios de divulgar a informação sem que, com isso, seja
necessário macular garantias constitucionais daquelas pessoas ocupam o
centro da matéria, sobretudo a presunção de inocência e os direitos à
personalidade. Afinal, não é porque a pessoa é investigada, acusada ou
mesmo condenada (com ou sem trânsito em julgado) pelo cometimento de
um delito que deve perder a sua dignidade.(LIMA, 2023, p.105)

A preferência por uma Justiça social repressiva marcada por um idealismo


moralista advém do imaginário populacional alimentado constantemente por discursos
acalorados de ineficiência e inoperância da Justiça brasileira, resultando numa
completa violação aos princípios anteriormente citados. Tais discursos são
propagados pelos telejornais policialescos, que em nada preocupam-se com um
processo penal efetivamente democrático.
Com efeito, ao divulgar irresponsavelmente os indivíduos que supostamente
estão envolvidos no crime, a mídia prejudica diretamente o processo penal,
desregulando todo procedimento, que agora, além de se preocupar com o devido
andamento do processo, terá que lidar com as possíveis consequências desta
novelização. Desta feita, para Michels e Cordazzo (2022, p. 45), debruçar sobre o
populismo midiático do processo é resgatar à mente a divulgação de fotos de cena de
crime, relatos íntimos, e consequentemente, indivíduos assinalados como culpados
sem sequer ter ocorrido o término do inquérito policial.
Defende Toron (1996, p.162), que a mídia estimula a dramatização da
violência, propiciando o medo e insegurança para o âmbito social, transformando-os
em massa de manobra para seus ideais sociopolíticos. Atualmente, ante a sua força,
10

a mídia não mais “precisa defender a sua posição contra o Estado, mas, inversamente,
é o Estado que tem de acautelar-se para não ser cercado ou mesmo manipulado pela
abrangente força da mídia.”. (LIMA, 2023, p.95)
A justiça social toma contornos violentos agravantes com a constante
sensação de insegurança causado pela espetacularização. Segundo José de Sousa
Martins (2015, p. 13), os linchamentos no Brasil estão cada dia mais frequentes, uma
vez que “crescem numericamente quando aumenta a insegurança em relação à
proteção que a sociedade deve receber do Estado, quando as instituições não se
mostram eficazes no cumprimento de suas funções.”

A imagem “vilanizada” de um indivíduo, estimula, para a coletividade, o desejo


de realizar a justiça antes mesmo do processo chegar às mãos do juiz. Por
conseguinte, os desconhecedores do processo penal como instrumento para
aplicação da lei utilizam-se da comunicação social para apresentar quais
sejam suas sugestões acerca da execução da pena ao passo em que
pressionam a decisão do Poder Judiciário. (FRAZÃO & RAMOS, 2022, P.11)

“Correlato ao declínio dos valores “liberdade” e “verdade” avança o campo


da aparência.” (CASARA, 2016, p.122). O processo penal não mais busca a verdade
dos fatos, mas o que a sociedade procura como “justiça”, passando a realizar
segregações a todo custo, ainda que o aumento da população carcerária demonstre
uma política criminal falha. Para Juliana Borges (2019, p.15), a prisão surge como
espaço de correção, porém, mais distorce do que corrige.

Ademais, a forte influência da opinião pública em casos de grande


repercussão social, impulsiona o agir dos entes responsáveis pela
investigação criminal e influenciam até mesmo decisões judiciais, o que fere
preceitos legais e gera insegurança jurídica. Neste contexto, essa pressão
pública por uma resposta severa do Estado ante o ato explorado
midiaticamente, pode ocasionar decisões tomadas de forma parcial, para
saciar a sociedade, sem levar em consideração o que a jurisprudência ou até
a própria lei preconiza ao caso concreto, o que fere preceitos constitucionais.
(FRAZÃO & RAMOS, 2022, p.16)

Desta feita, a midiatização do delito constrói uma falsa sensação de


realidade, a fim de alcançar uma audiência, propagando preconceitos e
estabelecendo um grupo social como inimigo e consequentemente conquistando
apoio nos espaços de poder, expandindo o punitivismo estatal. Tal situação se dá,
segundo Filho e Costa (2019, P.77), através de soluções imediatistas ao problema,
11

como o aumento no efetivo de policiais, armamento e construção de presídios,


distanciando da falta de políticas públicas para o combate à criminalidade, o real cerne
desta problemática.

4. POPULISMO PENAL MIDIÁTICO E NECROPOLÍTICA CRIMINAL DA


POPULAÇÃO NEGRA
Segundo IPEA (2021, p.49), os negros (soma dos pretos e pardos da
classificação do IBGE) representaram 77% das vítimas de homicídios, com uma taxa
de homicídios por 100 mil habitantes de 29,2; no ano de 2019, a taxa de violência letal
contra pessoas negras foi 162% maior que entre não negras. A violência no Brasil tem
cor/etnia explicitamente definida. Ao longo da história, o corpo negro foi firmemente
estigmatizado enquanto “inimigo da sociedade”, demonstrando que a letalidade racial
é uma problemática latente no Brasil.
Pontua Silvio Almeida (2018, p. 4), baseando-se na Teoria Social, que o
racismo se caracteriza sempre como um fenômeno estrutural, sendo “a manifestação
normal de uma sociedade, e não um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo
de anormalidade”. Logo, não há uma análise possível de um populismo penal
midiático sem que se exerça um recorte racial.
A intersecção de corpos vulnerabilizados historicamente são perpassados por
fatores socioeconômicos e políticos, que além de determinar onde irão transitar,
definirá se poderão continuar vivendo. A vulnerabilidade, de acordo com Maria do Céu
Patrão Neves (2006, p.158), é definida através do plano ético, como um anseio pela
não violência entre o eu e o outro, ou seja, a subjetividade entre os indivíduos vigora-
se uma relação própria da condição humana.
Tal qual o racismo, mortes de pessoas pretas se tornaram naturalmente
difundidas pelas mídias. Ocorre, ainda que subconscientemente, uma normalização
da marginalização destas pessoas, principalmente quando incluímos que o racismo,
“enquanto processo político e histórico, é também um processo de constituição de
subjetividades, de indivíduos cuja consciência e afetos estão de algum modo
conectados com as práticas sociais.” (ALMEIDA, 2018, p.49).
De acordo com Achille Mbembe (2018), baseando nos estudos de Foucault,
“Il Faut Défendre La Société” (Em defesa da sociedade), acerca do biopoder:
12

“[...] o biopoder parece funcionar mediante a divisão entre as pessoas que


devem viver e as que devem morrer. Operando com base em uma divisão
entre os vivos e mortos, tal poder se define em relação a um campo biológico
- do qual toma o controle e no qual se inscreve. Esse controle pressupõe a
distribuição da espécie humana em grupos, a subdivisão da população em
subgrupos e o estabelecimento de uma cesura biológica entre uns e outros.
Isso é o que Foucault rotula com o termo (aparentemente familiar) “racismo).”
(MBEMBE, 2018, p.17).

Os altos índices de letalidade da população negra advêm de espaços de


extrema vulnerabilidade, e de fortes desigualdades socio-estruturais. Complementa
Mbembe (2018, p.137), que “sob condições de soberania vertical e ocupação colonial
fragmentada, comunidades são separadas segundo uma coordenada vertical. Isso
conduz a uma proliferação dos espaços de violência.”. Por conseguinte, a
necropolítica se prolifera livremente nesses espaços, utilizando-se do biopoder para
justiçar a letalidade massiva da população negra.
Desta feita, o racismo se manifesta como um evento perfeito para que seja
possível o exercício do biopoder. O populismo penal midiático, reforça tais processos
e contornos históricos, uma vez que a espetacularização da violência, evidencia ações
envolvendo indivíduos marcados pela forte desigualdade socioeconômica, torno-os
como principal responsável pelas mazelas da segurança pública, criando uma aversão
a estes corpos.
Pontua Silvio Almeida (2018, p.54), que “é por meio do Estado que a
classificação de pessoas e a divisão dos indivíduos em classes e grupos é realizada.”.
A ideologia formalmente cunhada no mundo contemporâneo, alimenta as estruturas
estatais do racismo.
Abromavay et al. (2002) nos sinaliza que a exclusão dos direitos fundamentais
básicos se dá de maneira informal, pois ainda que teoricamente os direitos sejam
propagados enquanto universais, maior parte dos indivíduos não conseguem exercê-
los efetivamente, seja por ausência de inclusão nos espaços institucionais, ou por não
ter acesso às condições mínimas de existências.
Para Hunt (2009), a dita universalidade dos Direitos Humanos não se sustenta
quanto a sua autoevidência. Pois, ao tratar sobre tais Direitos é refletir quanto ao
materialismo histórico, uma vez que sua efetivação depende de condições específicas
de sociedade e tempo, logo, não depende de uma ação de um/uma indivíduo(a), mas
de fatores sociais conquistados nos espaços de poder.
13

Para Jakobs e Melía (2010), filósofo criminalista responsável pela difusão do


“Direito Penal do Inimigo” em meados dos anos 80, apenas a rigorosa e recorrente
aplicação da lei é capaz de estabelecer na vida em comum as condutas esperadas
por parte de seus indivíduos. Assim, o perigo não está na ação e sim no
indivíduo/inimigo que a prática, sendo necessária o quanto antes a sua neutralização.
Tal separação entre cidadão e inimigos, ocasiona numa penalização agravado para
este “inimigo”, indo de encontra aos ideais de equidade e liberdades individuais.

Logo, aquele que não oferece segurança cognitiva o bastante de


comportamento social, não teria o direito de ser tratado como pessoa pelo
Estado, nem mesmo poderá ser tratado como cidadão, pois caso o fizesse, o
Estado estaria comprometendo a segurança dos demais. Assim, defende o
autor que o Estado poderia adotar dois procedimentos contra os
delinquentes: o Estado poderia vê-los como pessoas que delinquem ou
indivíduos que apresentam risco para o próprio Estado. (FERREIRA & VIEIRA,
2018, p.4)

Outrossim, segundo Silvio Almeida (2018, p.71), o racismo, além de


fragmentar o poder estatal, dividindo continuando por aspectos biológicos da espécie
humana, introduzindo hierarquias raciais, ele também permitirá estabelecer uma
relação positiva com a morte do outro, sendo uma garantia de segurança do indivíduo
ou das pessoas próximas ao seu convívio.

Como consequência, considerando as tentativas do Estado de legitimar a sua


seleção qualitativa prévia, o pobre e o negro - agora associados com a figura
do delinquente (que age de forma consciente, visto que poderia abster-se da
conduta criminosa) - deixam de ser somente vistos como inimigos e passam
a, também, ser tratados como tal. Afinal, com base em uma teoria
contratualista, aquele que delinque infringe o contrato social, não participando
dos seus benefícios (porque perde o seu status de cidadão). (JUNIOR, 2012,
p.59)

A figura do “preto bandido” é mantida viva no inconsciente da população.


Ainda que seja um fenômeno estrutural, Silvo Almeida (2018, p.41), sinaliza que o
racismo molda o inconsciente, “dessa forma, a ação dos indivíduos, ainda que
conscientes, se dá em uma moldura de sociabilidade dotada de constituição
historicamente inconsciente”. Assim, não existe um devido processo penal para quem
é preto, pobre e periférico no Brasil, haja vista que, aumenta a probabilidade de
abordagens policiais resultarem em morte.
14

Pontua o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022, p.80), que o perfil


das vítimas de intervenção policial no Brasil prevalecem sendo homens, adolescente
e jovens, pretos e pardos. Ao passo que, por um lado a taxa de mortalidade de
pessoas brancas tenham caído 30,9% em 2021, a taxa de vítimas negras cresceu em
5,8%. Conclui, o supracitado Anuário, reforçando a necessidade da urgência em
avançar nos debates acerca da seletividade do emprego do uso da força pelas polícias
brasileiros, e que seja encarado como um complexo problema social/estrutural.
De acordo com Mbembe (2018), “na economia do biopoder, a função do
racismo é regular a distribuição da morte e tornar possível as funções assassinas do
Estado.”. Ao estabelecer uma hierarquia vertical com critérios racializados, ocorre uma
legitimação e uma aceitação social para letalidade da população negra, tornando os
percentuais de morte algo recorrente e natural.
Acerca desta realidade, o IPEA (2021), dialoga com dados a respeito das
taxas de morte de pessoas negras:

As razões para isso são diversas: a associação de variáveis socioeconômicas


e demográficas, que definem um lugar social mais vulnerável aos negros na
hierarquia social e que limitam o seu acesso e usufruto às condições de vida
melhores (CERQUEIRA; MOURA, 2014); a reprodução de estereótipos
raciais pelas instituições do sistema de justiça criminal, sobretudo as polícias,
que operam estratégias de policiamento baseadas em critérios raciais e em
preconceitos sociais, tornando a população negra o alvo preferencial de suas
ações (SINHORETTO; BATITUTTI; MOTA, 2014); e a ausência de políticas
públicas específicas que combatam as desigualdades vividas por essa
parcela da população. (IPEA, 2021)

Os dados demonstram que o aumento da letalidade em face da população


negra está relacionado a diversos fatores sociais; consequentemente, a mídia
enquanto pertencente ao Estado Democrático de Direito, deve-se preocupar ao exibir
imagens do(as) indivíduo(a) postos como suspeito durante as operações policiais,
haja vista que são publicamente acusados(as) sem o devido processo legal,
automaticamente estereotipada, o que aumentando o risco de morte.
Neste passo, a mídia ao se utiliza da espetacularização do processo penal,
noticiando através dos telejornais policialescos crimes cometidos em regiões
socioeconomicamente vulneráveis, além provocar pânico quanto a imagem do corpo
preto, ela legitima a morte deste, dando espaço ao surgimento do necropoder, na
lacuna em “que a norma jurídica não alcança, no qual o direito estatal é incapaz de
15

domesticar o direito de matar, aquele que sob o velho direito internacional é chamado
de direito de guerra” (ALMEIDA, 2018, p.74).

5. CONCLUSÃO
Na sociedade do espetáculo, os meios de comunicação desempenham muita
influência nas bases de uma população. O populismo penal midiático é consequência
deste poder, que através da espetacularização do crime trouxe novos contornos para
o sistema criminal, seja por alimentar a insegurança e o pânico, seja por suscitar
soluções rápidas através de políticas criminais falhas.
Como consequência, as informações divulgadas pela mídia são feitas sem a
devida regulação ético-profissional, propiciando o avanço dos telejornais policialescos
que objetivam aumentar sua audiência a custo do esvaziamento do processo penal,
propagando discursos punitivistas, incentivando a Justiça social através da vingança
pública, solidado ao moralismo e a barbárie justificável.
O racismo é um sistema estrutural que perpassa todos os campos do âmbito
social. Assim, não teria como realizar qualquer análise do estrato social sem o recorte
étnico/racial. Ao passo, que o populismo penal midiático desponta como um dos
principais fatores para o aumento da necropolítica criminal da população brasileira,
em que o Estado mediante o biopoder, escolhe quem deverá viver ou morrer.
A constante exibição de crimes e mortes pela mídia brasileira, tendo como
foco minorias e grupos socioeconomicamente vulneráveis, demonstram uma
naturalidade quanto essas mortes, uma vez que tais reportagens ocorrem sem
qualquer observância aos direitos e princípios constitucionais, comprovando que o
Brasil pouco se preocupa com forma da veiculação destes casos criminais, contando
que demonstrem atuação firme dos agentes de segurança pública.
Os dados da alta letalidade da população negra demonstram que as
violências estão dispostas por estruturas sobrepostas por poderes
ideológicos/políticos com o objetivo de perpetuar e garantir os status quo, estando
diretamente ligados a marginalização historicamente dos corpos pretos, e o aumento
dos discursos de ódio e agitações contrárias às pautas identitárias nos espaços de
poder, vinculado pela mídia.
No combate à necropolítica contra pessoas negras, a atuação da mídia deverá
ser paralelamente junta a atuação do Estado, uma vez que os meios de comunicação
devem ser utilizados e moldados para serem um canal de proliferação dos direitos e
16

garantias constitucionais, criando um elo de respeito mútuo e corresponsabilidade,


evitando que ocorra qualquer tipo espetacularização da violência, melhor informando
o cidadão quanto a segurança pública, evitando discriminações de qualquer tipo, e
reavendo o devido processo penal para o núcleo do debate.

REFERÊNCIAS

ABROMAVAY, Miriam et al. Gangues, galeras, chegadas e rappers: juventude,


violência e cidadania nas cidades periferia de Brasília. Rio de Janeiro:
Garamond. 2002.

BORGES, Samuel Silva; ELIAS, Gabriel Santos. Entre o populismo e o elitismo


penal: os desafios de fazer política criminal. Instituto Brasileiro de Ciências
Criminais. 2019 Disponível em: https://ibccrim.org.br/noticias/exibir/7058/. Acesso
em: 07 ago. 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso
em: 10 ago. 2023.

CASARA, R. R. R. A espetacularização do processo penal. Revista Brasileira de


Ciências Criminais, p. 309–318, 2016.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Assembleia Geral das


Nações Unidas em Paris.10dez.1948. Disponível em https://brasil.un.org/pt-
br/91601-declaração-universal-dos-direitos-humanos. Acesso em: 20 ago. 2023

FERREIRA, J. R.; VIEIRA, T. V. Direito Penal do Inimigo. 6º Simpósio de


Sustentabilidade e Contemporaneidade nas Ciências Sociais. 2018. Disponível em:
https://www.fag.edu.br/upload/contemporaneidade/anais/5b45f54c91895.pdf. Acesso
em: 20 ago. 2023

FILHO, P. D. S. H.; COSTA, A. DE A. Populismo penal midiático: exploração


midiática da criminalidade e a espetacularização do crime. Revista Brasileira de
Estudos de Segurança Pública, p. 76–90, 2019. Disponível em:
https://revista.ssp.go.gov.br/index.php/rebesp/article/view/390. Acesso em: 05 ago.
2023

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de


Segurança Pública. 2022. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-
content/uploads/2022/06/anuario-2022.pdf?v=5. Acesso em: 22 ago. 2023
17

FRAZÃO, A. M. M.; RAMOS, R. DE L. DOS S. Espetacularização do crime: a


exploração midiática da criminalidade e a aplicação do princípio da presunção
de inocência. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Potiguar.
Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/26953.
Acesso em: 08 ago. 2023

GOMES, J. P. L.; MELO, S. D. M. de. O poder midiático na esfera do direito


penal: repercussões de uma sociedade punitiva. Revista Transgressões, [S. l.], v.
1, n. 2, p. 66–84, 2015. Disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/transgressoes/article/view/6577. Acesso em: 22 ago. 2023.

GUY DEBORD. A sociedade do espetáculo. Projeto Periferia. 2003. Disponível em:


ttps://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf. Acesso em: 20 de
ago. 2023

HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma história. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009.

IPEA. Atlas da Violência. 2021. Disponível em: http://www.ipea.gov.br. Acesso em


10 ago. 2023

JAKOBS, Günter; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo, noções e


críticas. Org. e Trad.: André Luis Callegari e Nereu José Giacomolli. 4.ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2010.

JUNIOR, P. E. D. DE O. Processo Penal e Mídia: a cultura do medo e a


espetacularização dos juízos criminais. Dissertação (Pós-graduação).
Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/3178/Paulo%20Edu
ardo%20Duarte%20de%20Oliveira%20Junior.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso
em: 10. Ago. 2023

LIMA, M. C. L. O. O populismo penal midiático como obstáculo às políticas de


segurança pública de estado e à redução da criminalidade. Dissertação -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2023. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54395. Acesso em: 08 ago. 2023

MARTINS, J. DE S. Linchamentos: justiça popular no Brasil. Editora Contexto,


2015.

METEORO BRASIL. Populismo Penal Midiático. YouTube, 18 de novembro de


2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aIAY2fkNFIo. Acesso em:
07/08/203.
18

MBEMBE, A. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção, política.


01. ed. São Paulo: 2018.

MICHELS, C. C.; CORDAZZO, K. A espetacularização do processo penal:


reflexos e consequências processuais do populismo penal midiático. Revista
CNJ, V. 6 n. 2, p. 37–52, 2022.

NETO, G. L. DA S. Discursos do medo: sensacionalismo e banalização da


violência na televisão brasileira. São Paulo: [s.n.]. Disponível em:
https://tede2.pucsp.br/handle/handle/4731. Acesso em: 21 ago. 2023.

NEVES, M. P. Sentidos da vulnerabilidade: característica, condição, princípio.


p. 157–172, 2006. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/rbb/article/view/7966. Acesso em: 20 ago. 2023

TORON, Alberto Zacharias. Crimes hediondos: o mito da repressão penal. São


Paulo: Revista dos Tribunais, 1996.

VON SOHSTEN, Natália França. Populismo penal no Brasil: o verdadeiro


inimigo social que atua diretamente sobre o direito penal. Âmbito Jurídico, Porto
Alegre, v. XVI, n. 112, mai. 2013. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/populismo-penal-no-brasil-o-
verdadeiro-inimigo-social-que-atua-diretamente-sobre-o-direito-penal/. Acesso em:
01 jul. 2018.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. A palavra dos mortos: conferências de criminologia


cautelar. São Paulo: Saraiva, 2012.

Você também pode gostar