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PROJETO DE PESQUISA:
ANÁLISE CRIMINAL DOS FEMINICÍDIOS NA REGIÃO
METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA
CARIACICA
2021
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PROJETO DE PESQUISA:
ANÁLISE CRIMINAL DOS FEMINICÍDIOS NA REGIÃO
METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA
CARIACICA
2021
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 03
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 06
3 OBJETIVOS .................................................................................................... 09
6 CRONOGRAMA ............................................................................................. 25
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 26
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1 INTRODUÇÃO
Penha (BRASIL, 2006), que há 15 anos criou mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Já o conceito de feminicídio foi utilizado pela primeira vez por Diana Russel em 1976
(MENEGHEL; LERMA, 2017). O fato ocorreu no Tribunal Internacional sobre Crimes
contra as Mulheres, em Bruxelas. A ideia foi evidenciar o assassinato de mulheres
devido ao fato de serem mulheres. Tal violência seria caracterizada pelo ódio e
sentimento de propriedade sobre a mulher. Existe feminicídio, portanto, quando a
agressão envolve violência doméstica e familiar, ou quando se evidencia
menosprezo ou discriminação à condição de mulher, caracterizando-se o crime letal
por razões da condição do sexo feminino.
A partir dessas delimitações e perspectivas teórica iniciais, esta pesquisa tem como
temática principal a violência contra a mulher, particularmente os feminicídios. O
feminicídio está vinculado aos mecanismos de perpetuação da dominação
masculina, profundamente enraizados na sociedade e na cultura patriarcal
brasileiras. Segundo Waiselfisz (2015), tal agressividade, lastreada por um
preconceito vinculado à fragilidade de gênero, não é um fato historicamente novo,
mas talvez tão antigo quanto a humanidade. Entretanto, o que se apresenta como
mais singular e contemporâneo é a inquietação com tal realidade, principalmente a
partir do século XX, como pressuposto para o alcance de uma sociedade mais
humanitária e, portanto, desenvolvida.
2 JUSTIFICATIVA
Para Campos (2015), em geral essas práticas violentas são caracterizadas por
comportamentos premeditados, lastreados pelo machismo culturalmente enraizado
na sociedade. Não há de se falar em provocação da vítima, mas em uma ação
consciente de subjugar o direito à independência feminina. O acolhimento da
justificativa da passionalidade nesses casos configuraria o acatamento do Estado a
crimes sexistas. Provoca a autora: qual violenta emoção ou passionalidade existiria
quando a motivação é sentimento de posse que impede a autodeterminação
feminina?
Estudo do United Nations Office on Drugs and Crime (2018) reúne dados sobre
diferentes fenômenos criminais, entre eles, o papel das armas de fogo nas ligações
com as desigualdades e assassinatos relacionados ao gênero. O Escritório busca
apoiar ação direcionada para aprender, compreender e fortalecer a prevenção. A
investigação oferece uma visão particular sobre os assassinatos de mulheres e
meninas motivados por questão de gênero. A análise indica que esse tipo de
violência letal exige respostas personalizadas. Assassinatos cometidos por parceiros
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Vitória, a capital do ES, em 2013, apresentou taxa de 11,8. Serra: 16,4. Vila Velha:
11,6. Cariacica: 14,8. Viana: 11,2. Fundão: 9,2 e Guarapari: 10,3. Observa-se,
portanto, que as taxas das cidades da Microrregião Metropolitana são ainda mais
elevadas que a média do estado, motivo pelo qual se delimitará espacialmente
nessa região este estudo, composta por todos os municípios da Microrregião.
Segundo publicação de Cerqueira entre outros (2018), em 2017 o ES foi o 5º estado
com maior taxa de homicídios de mulheres (6,7), quando a média do país foi de 4,1
mortes para cada grupo de 100.000 mulheres, e o único estado da Região Sudeste
a figurar entre os 15 mais violentos. Justificam-se, portanto, a relevância e a
delimitação espacial do estudo a partir da teoria introdutória e dos dados
previamente analisados, cujos objetivos serão expostos na próxima Seção.
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3 OBJETIVOS
4 REVISÃO TEÓRICA
Chayney (2021) aponta que várias teorias relacionadas à geografia do crime foram
desenvolvidas ao longo dos anos, que juntas explicam por que os padrões espaciais
e temporais do crime não são aleatórios. Essas perspectivas teóricas incluem
explicações em nível médio para o crime (ou seja, no nível do bairro) e explicações
micro geográficas do crime (ou seja, na rua, no contexto doméstico ou local mais
específico). Na reunião das principais teorias da análise criminal, portanto, reside o
desenvolvimento de uma avaliação contínua sobre como diferentes técnicas podem
favorecer de maneira prática, com informações para as atividades operacionais,
investigativas e atividades de policiamento estratégico e na prevenção ao crime.
Arruda (2002) ainda afirma que o trabalho de Moscovici surge nos anos 1960 na
França e destaca-se pela originalidade da proposta. Sua pesquisa é voltada para
fenômenos marcados pelo subjetivo e por metodologias inabituais para a psicologia
da época.
Para Arruda (2000), as ciências sociais dos anos 1970 observaram uma quebra
epistemológica provocada pelas ideias de conteúdo político do movimento feminista
a respeito do gênero, patriarcado e machismo. A teoria feminista rompeu com a
perspectiva baseada na teoria de condicionamento dos papéis da condição feminina,
generalizado para todas as mulheres, apenas por suas características biológicas.
Tal interesse pelas desigualdades entre os sexos desestabilizou abordagens
anteriores e abriu espaço para a criação de outras formas de simbolização cultural
dos gêneros.
O estudo de Meneghel e outros (2003), por exemplo, abordou temas como relação
entre pais e filhos, estereótipos e papéis de gênero, conjugalidade, limites a
comportamentos abusivos, corpo, sexualidade e estratégias de enfrentamento à
violência. Segundo essa análise, a violência é uma estrutura constante da existência
humana e está presente em praticamente todas as classes sociais, culturas e
sociedades. Há, portanto, uma conexão estreita entre a agressão e as relações
sociais, visto que o controle da violência é um robusto indicador de desenvolvimento
de uma sociedade, não por acaso pressuposto do Estado Democrático de Direito.
Amâncio (1993) expõe que, como as outras ciências sociais, a psicologia social não
escapou à revolução oferecida pelo movimento feminista no meio acadêmico nos
anos 1970. O modelo masculino da análise entre as diferenças entre os sexos foi
duramente criticado, proporcionando o desenvolvimento de novas investigações que
vieram a pôr em dúvida alguns conceitos e teorias universais. O efeito
cientificamente mais relevante dessa mudança foi o desenvolvimento de estudos
sobre as mulheres, com a criação de departamentos universitários no âmbito da
psicologia social, fenômeno americano que levantou o debate acerca de ideias que
vinham ao encontro do que se desenvolvia na psicologia social europeia.
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Existe, na verdade, uma concepção dominante de pessoa que exclui não somente
as mulheres, mas também outras categorias sociais. É necessário compreender as
representações associadas a diversas categorias sociais para entender que as
formas de legitimação da discriminação que atingem determinados grupos sociais
são definidas também por outras razões, entre elas o sexo (AMÂNCIO, 1993).
Nos estudos de Minayo (2005), também encontramos essa relação entre machismo
e violência. Avaliando os óbitos por homicídios, os homens são a grande maioria de
vítimas e também de agressores. Aprofundando as vulnerabilidades para o consumo
de drogas, os homens também correspondem à maioria dos usuários. Há uma
desvantagem masculina presente em relação à quase todas as causas específicas
de mortalidade por causas externas, quando comparada à situação feminina,
inclusive quando medida por expectativa de vida: é em média no Brasil oito anos
menor em relação à mulher.
Lima e outros (2008), em seu trabalho sobre homens, gênero e violência contra a
mulher, realizaram uma reflexão sobre a incorporação dos homens e da perspectiva
de gênero nos esforços de prevenção e atenção à violência contra as mulheres. Seu
artigo apresenta alguns conceitos e dados sobre a violência contra as mulheres e
descreve um panorama sobre a conexão entre gênero, saúde e masculinidades;
analisa trabalhos que abordam os temas homens e violência contra as mulheres e
apresenta algumas ações voltadas à prevenção dessa forma de violência junto à
população masculina. Segundo o autor, propostas intervencionistas para homens
autores de violência não são o melhor nem o único caminho para eliminar a violência
contra as mulheres. Porém, sua pesquisa aponta que quando integradas com outras
ações dirigidas às mulheres, pode ser um importante meio para promover a
igualdade de gênero e diminuir a violência.
Todo o referencial teórico até aqui discutido servirá de lastro inicial no campo da
psicologia social para a melhor compreensão dos processos psicossociais que estão
envolvidos na complexa análise criminal e no entendimento dos fatores que
permeiam a violência contra a mulher. Particularmente, esse substrato teórico
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A DHPM foi criada em 2010 e atende à toda Região Metropolitana. Foi a primeira
Delegacia implementada no Brasil com a finalidade de apurar especificamente os
crimes contra a vida praticados contra as mulheres. Atualmente a taxa de elucidação
de crimes da DHPM está em torno de 70% (SECRETARIA DA SEGURANÇA
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL, 2018).
é responsável, nos casos que serão analisados, por manter a integridade do local do
crime e por colher as primeiras informações. A partir daí, nestes casos estudados,
cabe à Polícia Civil, através da DHPM, instaurar o Inquérito Policial, uma peça de
caráter administrativo, que busca elucidar através de procedimentos investigativos a
narração do fato, com todas as circunstâncias, a individualização do indiciado, seus
sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele(a) o
autor da infração. A autoridade policial ainda deve fazer minucioso relatório do que
tiver sido apurado para encaminhar ao juiz competente. É nesta fase que a DHPM
categoriza se o homicídio contra a mulher é (ou não) feminicídio, e informa à GEAC.
Buscaremos, através da coleta de dados, informações acerca dos crimes praticados,
com a finalidade de: (c) categorizar, a partir da análise anterior, nesses feminicídios,
as principais correlações de características criminais relacionadas ao fato e às
vítimas dos crimes consumados.
Análise qualitativa
(DHPM)
Homicídios de mulheres
ocorridos na RMGV Definição dos
Categorização Feminicídios
(GEAC) (características
criminais)
Mesmo os dados brutos não contêm os nomes das vítimas. Reserva-se o direito de
divulgar análises apenas por categorias a fim de evitar qualquer possibilidade de
identificação das vítimas. Concatenamos, portanto, nossa coleta aos nossos
objetivos respeitando-se as questões éticas desta pesquisa.
Ressalta-se que essas variáveis já tem sido alvo de análises e testes preliminares
em todo o estado do ES, conforme apresenta-se a seguir:
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ES
HOMICÍDIOS FEMINICÍDIOS
MEIO UTILIZADO N % N %
Arma de fogo 211 54,66% 27 25,00%
Arma branca 92 23,83% 49 45,37%
Instrumento contundente 17 4,40% 7 6,48%
Não identificado 13 3,37% 3 2,78%
Carbonização 12 3,11% 7 6,48%
Asfixia 11 2,85% 4 3,70%
Espancamento 6 1,55% 3 2,78%
Estrangulamento 5 1,30% 1 0,93%
Paulada 4 1,04% 0 0,00%
Pedrada 2 0,52% 0 0,00%
Esganadura 3 0,78% 3 2,78%
Queimadura 3 0,78% 2 1,85%
Esgorjamento 2 0,52% 0 0,00%
Atropelamento 1 0,26% 1 0,93%
Decapitação 1 0,26% 1 0,93%
Enforcamento 1 0,26% 0 0,00%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
HOMICÍDIOS FEMINICÍDIOS
DIA DA SEMANA N % N %
Segunda-feira 65 16,84% 22 20,37%
Terça-feira 60 15,54% 10 9,26%
Quarta-feira 58 15,03% 13 12,04%
Quinta-feira 40 10,36% 10 9,26%
Sexta-feira 43 11,14% 13 12,04%
Sábado 59 15,28% 22 20,37%
Domingo 61 15,80% 18 16,67%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
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Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
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Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados fornecidos pela SESP (2019).
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6 CRONOGRAMA
Meses – 2021
Etapas de cada meta
Abr Maio Jun Jul Ago Set Out
1. Elaboração do Projeto
2. Redação Final do Projeto
Levantamentos referenciais
3. Entrega do Projeto
4. Supervisão com o orientador
5. Coleta de dados
6. Análise e interpretação dos dados
7. Redação da Monografia
8. Defesa da Monografia
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- REFERÊNCIAS -
CORRADI, Consuelo et al. Theories of femicide and their significance for social
research. Current sociology, v. 64, n. 7, p. 975-995, 2016. Disponível em:
https://doi.org/10.1177%2F0011392115622256. Acesso em: 7 abr. 2021.
COUTO, Wanessa Gonçalves dos Santos; MENANDRO, Paulo Rogério Meira.
Imagens da adolescência feminina na revista capricho. Journal of Human Growth
and Development, v. 13, n. 1, 2003. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/jhgd/article/view/39769. Acesso em: 15 dez. 2020.
LIMA, Daniel Costa et al. Homens, gênero e violência contra a mulher. Saúde e
sociedade, v. 17, p. 69-81, 2008. Disponível em:
https://www.scielosp.org/pdf/sausoc/2008.v17n2/69-81/pt . Acesso em: 05 mar.
2021.
http://www.smallarmssurvey.org/fileadmin/docs/H-Research_Notes/SAS-Research-
Note-14.pdf. Acesso em: 12 jun. 2021.
PORTER, B. Mind hunters: Tracking down killers with the FBI’s psychological
profiling team. Psychology Today, v. 17, p. 44-52, 1983.