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BACHARELADO EM ENFERMAGEM

SAMARA DOS SANTOS GONÇALVES

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NOS


TEMPOS DE PANDEMIA

Salvador - Ba

2020
SAMARA DOS SANTOS GONÇALVES

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NOS


TEMPOS DE PANDEMIA

Projeto de pesquisa apresentado à


disciplina de TCC1 da UNIVERSIDADE
SALVADOR, como exigência para
obtenção de grau visando a sua
conclusão.

Orientadora: Profª Joventina Julita

Salvador - Ba
2020

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
1.1 JUSTIFICATIVA 4
1.2 QUESTÃO NORTEADORA E
OBJETIVOS.................................................................................................................5

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................6
2.1 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA.....6
3. METODOLOGIA 8
4.1 TIPO DE PESQUISA 8
4.2 COLETA D EDADOS.............................................................................................9
4.3 ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................9
4.4 ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................10
4. CRONOGRAMA 11
5. ORÇAMENTO 12
REFERENCIAS 13
4

1 INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher se manifesta nas mais diferentes roupagens e


contextos, por atos violentos que podem fragilizar sua integridade seja através da
violência física, doméstica, psicológica, sexual, econômica entre outras. É
interessante destacar que a violência foi se moldando de forma contínua de acordo
com a evolução social, cultural e econômica, sendo submetida a progressões e
regressões de valores, tornando-se cada vez mais fragmentadas e articuladas.
(CASIQUE; FUREGATO, 2006)
Ao longo dos anos com a apreciação desse problema que é de saúde pública,
movimentos foram criados para conter os casos, dando realce e amadurecimento de
futuras políticas públicas voltadas para esse contexto, que por sua vez vem trazendo
apoio que visam juntamente com organizações e associações de defesa dos direitos
humanos, analisar e ajudar na contenção dos demais tipos de violência contra a
mulher. (CASIQUE; FUREGATO, 2006)
De acordo com a Lei Maria da Penha (11.340/2006) há cinco tipos de
violência contra a mulher: a física na qual a conduta ofende a integridade da mulher
e sua saúde corporal; a psicológica na qual causa danos emocionais que vão desde
a diminuição da autoestima a atos que visem a prejudicar ou controlar seus
comportamentos, causando constrangimentos e prejuízos em diversas escalas a
saúde psicológica; violência moral cuja conduta configura calúnia, difamação ou
injúria; a violência sexual entendida como constranger, manter ou participar de ato
sexual não desejado, mediante a intimidação, coação ou sob o uso da força; e a
patrimonial no qual a conduta se configura no ato de reter, subtrair, destruir parcial
ou total de seus objetos pessoais, incluindo bens, valores destinados a satisfazer
suas necessidades. (MARTINI, 2009)
É importante esclarecer que a violência contra mulher não se limita ao seio
familiar, mas se estende a outros ambientes no qual o sujeito agressor pode mudar
de roupagem a medida que há relação de afetividade com a vítima, independente do
sexo biológico ou orientação sexual. (MARTINI, 2009) E nos tempos atuais
especificamente na atual crise pandêmica observou-se uma elevação nos índices de
casos de violência contra mulher principalmente no âmbito familiar em alguns
Estados, o que levou o poder Legislativo aprovar a Lei de n° 14.022/20 sancionada
5

pelo atual presidente da República, que dispõe de medidas de enfrentamento à


violência doméstica e familiar contra a mulher durante a pandemia. Esta Lei ainda
prioriza os atendimentos às vítimas, tornando-se um serviço essencial, não podendo
ser interrompido enquanto durar o estado de calamidade pública causado pelo
COVID-19.
Este trabalho de conclusão de curso tem como tema a violência contra a
mulher em situação de vulnerabilidade nos tempos de pandemia em Salvador, Ba,
tendo como objetivos específicos: descrever a violência contra a mulher como um
problema de saúde pública; explicar o crescente aumento dos casos de violência
contra a mulher e o perfil dos agressores; e avaliar o perfil das mulheres em situação
de vulnerabilidade.
O objetivo deste trabalho acadêmico é identificar fatores que contribuem para
a elevação de casos de violência contra a mulher em situação de vulnerabilidade
nos tempos de pandemia no Brasil, no ano de 2020, por meio de um estudo
bibliográfico, discorrendo quanto as medidas adotadas ao longo da pandemia,
expondo a realidade, evidenciando a importância das políticas voltadas para mulher
e a relevância do sigilo e proteção das vítimas durante todo processo de denúncia e
consequentemente a promoção de um acolhimento dessas mulheres de forma
proporcional.
Esta pesquisa busca realizar uma análise acerca dos critérios que foram
adotados antes da pandemia e os que estarão por ser adotados para a diminuição
dos casos de violência contra a mulher, pelas autoridades e pela população, no
intuito ainda de ajudar na compreensão dessas medidas na formação de estratégias,
utilizando autores que analisarão com ênfase esse tema. Espera-se que essa
averiguação possa contribuir a partir de materiais bibliográficos para o público que
deseje fazer futuras análises perante o tema demonstrado neste trabalho. A
linguagem utilizada nessa produção textual define-se em uma linguagem simples e
objetiva, com escopo de auxiliar a compreensão do leitor.
Diante da problemática citada nos parágrafos anteriores é que se fundamenta
a questão norteadora desta pesquisa, no intuito de expor quais serão os métodos
que estarão a ser utilizados para diminuição dos casos, os meios para realização de
denúncias com segurança para as vítimas, além de apontar os diferentes tipos de
violência que se moldam de forma a dificultar o entendimento pela vítima e da
6

população. Nesse sentido utilizaremos como metodologia métodos relevantes para


elucidar a construção desta pesquisa como exemplo o método indutivo que visa
chegar a uma conclusão acerca do contexto atual. (GIL, 2008) Quanto ao tipo de
pesquisa há um esclarecimento a partir dos autores citados, de forma a responder
as questões aqui salientadas, para uma melhor compreensão do leitor.
Este trabalho de conclusão de curso I será estruturado em quatro capítulos,
onde o primeiro trata da violência contra a mulher como um problema de saúde
pública, utilizando como base fundamentadora a Organização Mundial de Saúde
(OMS) que realça essa temática, a Lei Maria da Penha sob a divulgação do
Conselho Nacional de Justiça que facilita o acesso à justiça da mulher. No segundo
capítulo será abordado acerca do crescimento dos casos de violência e o perfil dos
agressores, utilizando como base ainda a Lei Maria da Penha e dados da Secretária
de Segurança Pública entre as demais referências atualizadas.
No terceiro capítulo iremos avaliar o perfil das mulheres em situação de
vulnerabilidade, pontuando nos mais distintos aspectos dentro desse contexto social.
No último capítulo será então exposto os fatores que contribuem para a elevação
dos casos de violência contra a mulher em Salvador, Ba.

1.1 JUSTIFICATIVA

A violência contra a mulher é uma prática enraizada desde os primórdios até


os dias atuais sob distintas roupagens comportamentais, que vem sendo debatida
como um problema de saúde pública por diferentes especialistas. (CASIQUE;
FUREGATO, 2006) A etiologia para o enfoque deste projeto de pesquisa decorre em
ampliar discursões acerca dessa temática pelo cenário atual mundial, em especial a
população da capital Baiana, inserida nesse contexto por elevados índices de
violência contra a mulher segundo a Secretaria de Segurança Pública, desde o início
da pandemia e a preocupação com a falta de registros em outras capitais, o que
pode sinalizar que muitas mulheres deixam de registrar ocorrências por inúmeros
motivos, o que prejudica na eficácia de evitar os crimes de feminicidio. Portanto, este
trabalho justifica-se por haver real necessidade dentro do contexto atual em se
produzir um material bibliográfico que irá contribuir para toda comunidade
acadêmica, auxiliando no processo de formação dos futuros profissionais da área de
7

saúde e do ramo jurídico. A problemática atual será avaliada podendo o estudante


encontrar respostas através dos problemas encontrados ao longo de toda pesquisa.
Este trabalho é de grande relevância para que o futuro leitor possa compreender o
cenário pandêmico e as razões dos elevados índices de violência contra a mulher,
sobre a análise dos distintos olhares dos especialistas.

1.2 QUESTÃO NORTEADORA E OBJETIVOS

Diante desta problemática questionou-se: De que maneira podemos contribuir


para a identificação dos casos de violência na fase inicial, de modo a evitar o
progresso dos casos de agressões com ênfase no cenário atual pandêmico? Sendo
então o objetivo geral do presente projeto: Identificar fatores que contribuem para a
elevação dos casos de violência contra a mulher em Salvador, Ba. E como objetivos
específicos:
 Descrever a violência contra a mulher como um problema de saúde pública
 Explicar o crescente aumento dos casos de violência contra a mulher e o
perfil dos agressores
 Avaliar o perfil das mulheres em situação de vulnerabilidade.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM PROBLEMA DE SAÚDE


PÚBLICA

Ao longo da história da humanidade percebe-se profundas estirpes de


violência que se moldam com a contínua evolução social da sociedade, que por um
lado aos dias atuais tendem a materializar conquistas de direitos femininos, no
entanto ainda há fortes pontos a serem questionados pelo grau e número de dados
crescentes que potencializam a importância do reconhecimento deste problema que
é de saúde pública e das medidas voltadas para ambas as partes no intuito de
ressocializar e acolher. (ESSY, 2017)
A violência contra a mulher está entre os moldes históricos desde os
primórdios, havendo uma estreita ligação com as relações de poder entrelaçadas
8

com as categorias de gênero, classe e etnia. (PINAFI, 2007) Segundo PULEO


(2004), as mulheres na Grécia era tida como desencandeadora de males e a religião
era outro fator que legitimava os discursos para as diferenças para com as mulheres
que por sua vez eram proibidas em inúmeras situações como falta de direitos
jurídicos, submetidas ao poder masculino com alto nível de soberania, detendo de
poder absoluto sobre as mulheres.
Em Roma, a exclusão social, jurídica e política colocavam a mulher inserida
no mesmo patamar que crianças e escravos, seu papel era de procriar. (FUNARI,
2002) A medida que a cultura, a economia e a política foram se desenvolvendo e o
homem tendo a necessidade de diferenças anatômicas e fisiológicas constatáveis é
que o modelo do sexo singular foi então repensado.
Os questionamentos foram se sobressaindo levando a uma larga analise em
construção social acerca dessas diferenças entre os sexos a fim de eliminar tais
discriminações. GREGORI (1993), diz não ser equívoco afirmar que o feminismo
seria um conjunto de noções que define a relação entre os sexos como uma relação
assimétrica construída culturalmente e socialmente, pondo este como atributo de
inferioridade.
Com as imigrações as populações oriundas de outros países trouxeram toda
a cultura distinta aos Estados. O Brasil há em seu contexto traços significativos das
diferentes tradições estrangeiras distinguindo estados, hábitos, mantendo em sua
maioria resíduos de hierarquização que impõe papeis distintos que restringe o
espaço da mulher na sociedade. (ESSY, 2017)
As limitações que as mulheres tinham nos primórdios eram claramente
expostas pela sociedade que as submetiam às violências distorcidas pela figura do
marido as oprimindo de forma abusiva com o silêncio. Com desenvolvimento da
sociedade se teve a difícil evolução das conquistas femininas e com isso a
materialização de direitos foi se tornando evidente, fortalecendo a luta contra as
violências que foram moldadas pelas indiferenças. (ESSY, 2017)
A violência contra a mulher parte desse pressuposto da mulher como
submissa ao homem desde a antiguidade seja em seu ambiente doméstico ou na
sociedade como objeto. (ESSY, 2017) Segundo Saffioti (2015), a violência é o
comportamento que tenha o intuito de romper qualquer forma a integridade, seja
física, psíquica, moral ou sexual, através do uso da força. Cavalcanti (2007) ainda
9

aprofunda o conceito de violência como um ato de abuso, constrangimento,


discriminação, proibição física, moral ou patrimonial, contextualizando claramente a
violência.
Maria Berenice Dias (2015), diz que as agressões contra as mulheres sequer
estavam no rol de violações dos direitos humanos, configurando um desrespeito
humano. Porém só 1993 é que durante a conferência mundial sobre direitos
humanos das nações unidas ficou reconhecido que a violência contra as mulheres
seria um entrave ao desenvolvimento. No entanto essa foi ratificada pelo Brasil em
1995 sendo então mencionada na Lei Maria da Penha como violência doméstica e
familiar contra a mulher constitui como uma das formas de violação dos direitos
humanos. (ESSY, 2017)
Há vários tipos de violência contra a mulher que formam um ciclo inseridos
inicialmente no silêncio a manobras manipulantes que na maioria das vezes alcança
em grande escala os pontos fracos da mulher. As vítimas em sua maioria tendem a
sinalizar justificativas que explicam o comportamento agressivo de seus
companheiros, além da justificativa em se manter no mesmo convívio após as
agressões, pois subentendem ser passageiro tais ações. (ESSY, 2017)
As vítimas de violência do sexo feminino segue um processo contínuo de
insegurança em grande escala ao longo dos anos. Com a crise atual do mundo
observa-se um quantitativo significativo que requer atenção em priori emergencial
acerca de notificações dessas vítimas que muitas das vezes não detém de
acolhimento efetivo após as denúncias.
Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), uma
mulher tem sido agredida a cada quatro minutos, no entanto o que tem sido
preocupante é o crescimentos em meio a reduções do registro oficial nos boletins de
ocorrência, potencializando a instabilidade dessas vítimas no ato de denunciar o
fato.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública a elevação de casos
de feminicidio foram de 46,2% apenas no estado de São Paulo e no Mato Grosso de
400%, formando um contraste com a queda das comunicações às autoridades aos
casos que não ocasionam a morte. Esta elevação sobressai em outros países como
França, Itália, Espanha e Reino Unido que apresentou aumentos semelhantes a
10

32%, segundo relata Yuliya Talmazan no NBC NEWS, por conta do isolamento
social devido a pandemia.
Há uma necessidade que o poder público tome medidas de urgência eficazes
para propor segurança as mulheres ameaçadas. O Conselho Nacional de Justiça do
nosso país criou um grupo para promoção de políticas públicas contra a violência
doméstica e familiar neste período. A Polícia Civil do Estado de são Paulo expandiu
a ferramenta já implementada que visa permitir as vítimas denunciarem os abusos,
sem prejuízo da continuidade no atendimento presencial e o Tribunal de Justiça de
São Paulo colaborou para a efetividade, permitindo essas mulheres denunciarem de
forma mais rápida, sigilosa sob orientação de equipe profissional nas proximidades
da localização da vítima.
Com as práticas comportamentais do companheiro em suas variadas
vontades, a vítima passa a se isolar do mundo exterior e com a submissão acarreta
ao entendimento do opressor a manipular a vítima em seu ambiente mantendo sua
dominação, tornando a vítima um fácil alvo para as práticas agressivas. (ESSY,
2017)
Antes mesmo do início da pandemia os casos contra a mulher já eram elevados,
ao decorrer dos meses houve um crescente aumento devido ao isolamento. A
mulher consequentemente fica exposta 24 horas no convívio familiar submetendo-se
ao controle do parceiro.

As formas diversas de condutas agressivas tem sido estendidas ao passo que


a figura feminina se fortalece com o desenvolver e aprimoramento das conquistas
ideológicas em prol do empoderamento feminino. Com isso o agressor tende ao
cuidado ao não identificação, utilizando de estratégicas que vão desde as
psicológicas a patrimonial entre todos os meios que ocultam o reconhecimento pela
vítima que por sua vez sente-se desprotegida ou ao mesmo tempo protegida pelo
agressor.

Segundo a Lei Maria da Penha que cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher nos termos da constituição federal, a violência
contra a mulher se molda nos diferentes tipos. Em seu art. 7° repousa em detalhes
os diferentes tipos de violência. A física na qual a conduta ofende a integridade da
mulher e sua saúde corporal; a psicológica na qual causa danos emocionais que vão
11

desde a diminuição da autoestima a atos que visem a prejudicar ou controlar seus


comportamentos, causando constrangimentos e prejuízos em diversas escalas a
saúde psicológica; violência moral cuja conduta configura calúnia, difamação ou
injúria; a violência sexual entendida como constranger, manter ou participar de ato
sexual não desejado, mediante a intimidação, coação ou sob o uso da força; e a
patrimonial no qual a conduta se configura no ato de reter, subtrair, destruir parcial
ou total de seus objetos pessoais, incluindo bens, valores destinados a satisfazer
suas necessidades. (MARTINI, 2009)

A violência física contra a mulher se caracteriza pelas condutas que ofendam


a integridade ou sua saúde corporal. O agressor seja pela figura masculina ou
feminina, utiliza de seus atributos por meio da força, mesmo sem deixar marcas
aparentemente no corpo da vítima, seja através de empurrões, socos, tapas, objetos
cortantes, produtos químicos como ácidos ou qualquer outro meio que provoque o
comprometimento físico ou a saúde da mulher. (MARTINI, 2009)

A violência psicológica tem sido um dos pontos mais relevantes dentre os


critérios mencionados pela maioria das vítimas, na justificativa da permanência e
submissão as agressões a longo prazo. A violência psicológica conforme a Lei n°
11.340, conclui que qualquer dano emocional ou conduta que lhe cause diminuição
da auto estima, prejudicando ou descontrolando o desenvolvimento de forma a
controlar suas ações, crenças, comportamentos, decisões mediante a
constrangimento, ameaças, humilhações de forma a manipular e isolar a vítima,
mantendo ainda vigilância constante, perseguindo, insultando-a, violando sua
intimidade, ridicularizando-a ou qualquer outros meios que lhe venha a causar
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.

A violência sexual por sua vez é destacada pela Lei Maria da Penha, como
qualquer conduta que venha a constranger, a presenciar, manter ou participar de
relações sexuais não desejadas, mediante intimidação ou prática de ameaças,
coação por meio da força induzindo a comercializar ou ainda utilizar de sua
sexualidade, ou que por meio de repressão a impeça de usar método contraceptivo
ou a que obrigue matrimônio, à gravidez, aborto, prostituição, seja através de
chantagem, suborno, manipulação, que venha a limitar ou anular o exercício de seus
direitos reprodutivos ou sexuais. Não podemos deixar de sinalizar que sob o aspecto
12

jurídico este ato tende ser o mais grave, colocando em evidência a expressão de
estrupo cujo significado condiz com a conjunção carnal ou ato libidinoso.
Tocante a violência moral, essa é inserida no rol dos tipos de violência contra
mulher no art. 7 da Lei Maria da Penha, distingue-se pelos atos do indivíduo na
prática de calúnia, injúria ou difamação. Esse tipo de violência pode não deixar
marcas visíveis ou aparentes, não obstante enquadra-se como violência doméstica e
essa está amparada pelo Código Penal Brasileiro que ainda podem ser tanto
qualificada ou agravada de acordo com as circunstâncias.
No Brasil e no mundo observa-se em grande escala os impactos que a
violência contra a mulher causa às vítimas e familiares pelas formas trágicas da
conduta, constituindo uma grande preocupação para os Governos dos Estados em
torno do setor da saúde. Segundo o Ministério Público do Estado da Bahia em nota
Técnica sobre as notificações compulsória diante dos casos de violência praticada
contra a mulher, há um conjunto de agravantes à saúde provindas das agressões,
que inclui não somente a vítima como os entes do ambiente familiar, que por sua
vez são dependentes do agressor.
Ao conceituarmos a violência contra a mulher percebemos o quanto essa se
molda nos variados tipos propriamente citados na Lei Maria da penha e expressos
nos moldes constitucionais. É valido sinalizar que as formas na qual o indivíduo
utiliza para as agressões se estendem do ambiente familiar, no entanto a
predominância está sob forte análise no enfoque doméstico. Para Araújo et al.
(2014) no tocante a violência acometida contra a mulher pode ser referido como uma
violação do direitos humanos seguindo o pressuposto da Organização dos Direitos
Humanos (ONU).
As definições de violência contra a mulher tendem a variar diante do contexto
a que a elas estejam envolvidas. As ondas de crimes foram ganhando uma vasta
gama de violência, direcionando ao extreme contínuo de terror acarretando na
maioria dos casos, à agressões que deixam sequelas graves como perca de
membros ou a morte da mulher. Russel e Caputti (1992), traz uma definição quando
a violência resulta na morte da vítima:

Femicídio está no ponto mais extreme do contínuo de terror anti-


feminino que inclui uma vasta gama de abusos verbais e físicos, tais como
estupro, tortura, escravização sexual (particularmente a prostituição), abuso
sexual infantil incestuoso e extra-familiar, espancamento físico e emocional,
13

assédio sexual (ao telefone, na rua, no escritório e na sala de aula),


mutilação genital (cliterodectomia, excisão, infibulações), operações
ginecológicas desnecessárias, heterossexualidade forçada, esterilização
forçada, maternidade forçada (ao criminalizar a contracepção e o aborto),
psicocirurgia, privação de comida para mulheres em algumas culturas,
cirurgias cosméticas e outras mutilações em nome do embelezamento.
Onde quer que estas formas de terrorismo resultem em mortes, elas se
tornam femicídios (Russel e Caputti, 1992:2)

É relevante analisar esse contexto a partir do perfil dos agressores, de modo


a reconhecer os sinais que os mesmos apontam mesmo antes dos atos violentos.
Os agressores na maioria das vezes são cidadãos comuns que nunca tiveram
histórico visível de agressividade ou no mínimo escondem estrategicamente através
de uma imagem aparentemente sólida, impecável, possuem trabalho, boa família,
sendo alegres e fiéis. Por outro lado há outra roupagem destes agressores, estes
desde o início são agressivos, com atitudes machistas, total autoridade, mantendo
controle da situação sob aspectos sentimentais ou agindo conforme a
vulnerabilidade ou fragilidade dessas vítimas Teixeira; Rodrigues, (2019).
A identificação destas condutas é uma tarefa difícil de minuciosa, ao qual
requer agilidade e cuidado, como sinaliza especialistas, psicólogos e agentes
inseridos no combate a esse tipo de violência. Segundo Teixeira; Rodrigues, (2019)
em matéria ao G1, há como identificar no comportamento do indivíduo, ao passo
que este inicia-se um controle figurado, atitudes que influenciam no modo de vestir
da companheira, controle das redes sociais, minimizar a companheira atingindo sua
autoestima, demonstrando autoridade sobre a companheira como a mesma fosse
objeto de posse ou ainda interferências nas relações sociais de modo a controlar as
amizades independente do gênero, raça ou orientação sexual.
Antes da pandemia esse tipo de ato seguia sob uma contínua luta pela
Secretaria de Segurança Pública afim de conter os índices e das vítimas envolvidas
para a sua proteção. Durante o isolamento social houve a necessidade de manter
regras que consequentemente as impediam de manter a vida social ativa, sendo
então impostas a se manterem sob o mesmo lar do companheiro. Este por sua vez
sob os mesmos escrúpulos, imperam o terror em seus lares sob a justificativa de ser
o chefe da família e supridor de necessidades da esposa, que por receio, medo ou
não compreensão, deixam de denunciar estas práticas, o que acarreta a uma
cascata de violências diárias que podem ou não gerar a morte.
14

É válido ainda destacar que grande parte dos agressores quando estes já
possuem históricos agressivos, dando entrada nas cadeias ou presídios, voltam a
cometer os mesmos crimes. Alguns com várias entrada nas cadeias porém sem ter
passado pelo processo de julgamento, não possuem registros, o que prejudica na
identificação pela população destes indivíduos. Os que passam pelo processo de
julgamento e que consta em ficha a prática ilícita, chamados (ex-internos), sejam por
não ressocialização decorrente do sistema carcerário ou por motivos distintos
mantém a conduta de forma estratégica, e isto influência nos índices de violência em
especial na capital Baiana. (Fortunato; Gonçalves; Oliveira, (2015)
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia sob aspectos epidemiológicos
apontava no primeiro mês da crise pandêmica relacionada a COVID-19, que havia
reduzido o número de crimes contra a mulher no Estado da Bahia, no entanto para a
desembargadora Nágila Brito presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de
Justiça da Bahia (TJ-BA), tais dados eram conflitantes, haja vista que muitas
mulheres ao menos pudessem ou tivessem como registrar tais crimes. Com a falta
de acesso da mulher aos demais meios de denúncia fragiliza os registros, mesmo
com a Ronda Maria da Penha que se desloca até a residência diante do contato
telefônico pela vítima, de forma a não as expor.
As políticas públicas voltadas para o enfrentamento à violência contra as
mulheres eram constituídas por ações isoladas com a capacitação dos profissionais
da rede de atendimento e a criação dos serviços especializados, como por exemplo
casas-abrigo e delegacias especializadas. Após 2003 com a criação da Secretaria
de Políticas Públicas para as Mulheres foram então ampliadas, se fortalecendo
incluindo a criação de normas e padrões de atendimento, aperfeiçoamento da
legislação, a poio aos projetos educativos e culturais de prevenção a esse tipo de
violência, ampliação do acesso à justiça e aos serviços de segurança pública, além
do incentivo `a constituição de redes de serviços.
Com a finalidade de prevenir e combater à violência contra as mulheres, além de
estabelecer conceitos, princípios, diretrizes e a assistência e garantia de direitos às
mulheres e situação de violência, temos a Política Nacional de Enfrentamento à
Violência contra as Mulheres que está estruturada a partir do Plano Nacional de
Políticas para as Mulheres (PNPM).
15

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo/exploratório retrospectivo no qual serão


utilizados dados secundários, a partir do banco de dados da Secretaria de
Segurança Pública da Bahia, do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação) inserido no site DATASUS (Departamento de Informatica do Sistema
Único de Saúde do Brasil).
De acordo com Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como primordial objetivo a
descrição de características de determinado fenômeno ou população, sendo estudos
inúmeros que podem ser classificados e uma das características mais evidentes
está nessa utilização de técnicas em coletar dados como observação temática ou
questionário. Ainda segundo Gil (2002), a pesquisa exploratória proporciona uma
maior familiaridade com o problema podendo envolver um levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado e em
alguns casos assumindo a forma de pesquisa bibliográfica.

3.2 COLETA DE DADOS

Serão coletados os casos de violência contra a mulher notificados e residentes na


Bahia entre o período de Janeiro de 2020 a Junho de 2021, retirados do DATASUS
(Departamento de Informatica do Sistema Único de Saúde do Brasil), por meio do
SINAN (SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO), conforme
o critério de definição de caso do Ministério da Saúde. Serão coletados, também, os
índices epidemiológicos disponíveis no sistema da Secretaria de Segurança pública
da Bahia neste período para análise acerca do contexto atual.

3.3 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados será realizada por meio de medidas de estatística descritiva
como porcentagem, média e mediana, tanto dos índices e preponderância, quanto
16

das variáveis epidemiológicas obtidas no DATASUS (Departamento de Informática


do Sistema Único de Saúde do Brasil) por meio do SINAN (SISTEMA DE
INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO) e Secretaria de Segurança
Pública do Estado da Bahia. Será montado um banco de dados no programa Excel
versão WPS EXCEL 2016 e os mesmos serão convertidos e apresentados em forma
de gráficos e tabelas e discutidos com embasamento na literatura.

5 ASPECTOS ÉTICOS

Ressalta-se que a pesquisa será realizada em conformidade com as normas


vigentes do Conselho Nacional de Saúde e Secretaria de Segurança Pública do
Estado da Bahia, não necessitando ser submetido à análise do comitê de ética em
pesquisa devido à utilização apenas de dados secundários disponíveis a acesso ao
público e irrestrito.
17

4 CRONOGRAMA

Periodo de Agosto de 2020 a Junho de 2021


18

ANO / 2019 E FE MA MA
AGO JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN ABR JUN
2020 V R I

Revisão de
literatura e x x x
desenho do
projeto
Encontro com
orientador x

Coleta de Dados
X x
Anãlise e
Interpretação dos
resultados
Construção da
discussão da x x
pesquisa
Revisão da
redação e x
Ortografia do
trabalho
Apresentação
para pré banca

Apresentação
final para a banca
19

5 ORÇAMENTO

Material Quantidade Valor Valor total


unitário
Consumo

Impressão Preta e Branca 0 R$ 0,00 R$ 0,00


Impressão Colorida 0 R$ 0,00 R$ 0,00
Caneta Esferográfica 0 R$ 0,00 R$ 0,00
Envelope A4 0 R$ 0,00 R$ 0,00
Encadernação 0 R$ 0,00 R$ 0,00
Resma de papel A4 0 R$ 0,00 R$ 0,00
Permanente

Pen Drive 1 R$ 0,00 R$ 0,00


Impressora 1 R$ 0,00 R$ 0,00
Computador 1 R$ 0,00 R$ 0,00
Pessoal

Transporte 0 R$ 0,00 R$ 0,00


Alimentação 0 R$ 0,00 R$ 0,00

TOTAL R$ 0,00

REFERÊNCIAS
20

Araújo RP, Sousa FMS, Feitosa VC, Coêlho DMM, Sousa MFA. Perfil
sociodemográfico e epidemiológico da violência sexual contra as mulheres em
Teresina / Piauí. Rev Enferm UFSM. 2014;4(4):739-50.

AZAMBUJA, Mariana Porto Ruwer de; NOGUEIRA, Conceição. Introdução à


violência contra as mulheres como um problema de direitos humanos e de saúde
pública. Saúde e Sociedade, 2008.

CASIQUE, Leticia Casique; FUREGATO, Antonia Regina Ferreira. Violência contra


mulheres: reflexões teóricas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2006.

DE QUEIROZ, Rogério Luís Gomes; CERQUEIRA, Rafael. Nota Técnica sobre


Notificação Compulsória pelo Sistema de Saúde dos Casos de violência praticada
contra as mulheres.

ESSY, Daniela Benevides. A evolução histórica da violência contra a mulher no


cenário brasileiro: do patriarcado à busca pela efetivação dos direitos humanos
femininos Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 24 set 2020. Disponível
em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50534/a-evolucao-historica-da-
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