Você está na página 1de 9

Modelo de queixa-crime de crimes contra a honra

praticados na internet

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUÍZ DE DIREITO DO JUIZADO


ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE __________, ESTADO DO
________.

(NOME DO QUERELANTE), (SOBRENOME DO


QUERELANTE), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do
RG de Nº ___________, órgão expeditor:______ e inscrito no CPF de Nº
___.___.___-__, e-mail: ___________________________, residente e
domiciliado na Rua ________, Nº _____, bairro ____________, CEP
__.___-__, cidade de ___________/___. Por seu advogado, que esta
subscreve (conforme procuração com poderes especiais anexa), com
escritório profissional situado na Rua _______, Nº ______, bairro
____________, CEP __.___-__, cidade ___________, UF ____, onde
recebe intimações e notificações. Vem respeitosamente à presença de
Vossa Excelência oferecer QUEIXA-CRIME, com fulcro nos artigos 30,
41 e 44, todos do Código de Processo Penal, artigo 61 da Lei 9.099/95
(Lei dos Juizados Especiais), bem como nos artigos 100, § 2º, 139 e 140,
ambos do Código Penal, em face de (NOME DA QUERELADA)
(SOBRENOME DA QUERELADA), (nacionalidade), (estado civil),
(profissão), portador do RG de Nº ___________, orgão expedidor:
_______ e inscrito no CPF de Nº ___.___.___-__, e-mail:
___________________________, residente e domiciliada na Rua
________, Nº _____, bairro ____________, CEP __.___-__, cidade:
_______/UF: _____, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos a
seguir aduzidos:

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA: 
O querelante requer os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA por ser pobre
na forma da Lei, conforme declara no documento anexo, não podendo
arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo
do próprio sustento, nos termos das Leis n.º 1.060/50 e n.º 7.115/83 e
consoante art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal.
2. DOS FATOS: 
A querelada é ex-namorada do querelante, relacionamento este que
sempre foi conturbado pelas constantes crises de ciúmes causadas por
ela. Tais fatos sempre geraram inúmeras discussões na vida do casal e
ocorriam na sua grande maioria em locais públicos e na presença de
terceiros.
Esses desentendimentos eram iniciados com uma série de acusações e
ofensas pessoais para com a pessoa do senhor José e buscavam atacar
e agredir cruelmente o caráter deste. Desta forma, tinham como
finalidade exclusiva a desmoralização moral e espiritual daquele que
sempre procurava trilhar o caminho da verdade, da fidelidade e da
lealdade para com sua companheira.
Tais desentendimentos sempre repercutiram muito negativamente na
vida pessoal, social e profissional do demandante, uma vez que é um
homem sério, honesto e de família. Destarte, após sucessivas tentativas
de fazer com que a acusada se abstivesse de promover tais situações
extremamente vexatórias para o ofendido, resolveu este por fim no
namoro.
No entanto, Excelência, inconformada e insatisfeita com o término do
namoro, a querelada, ciente que o querelante é usuário, há muitos anos,
da rede social Facebook e, por consequência, tem ampla rede de amigos
e conhecidos nesta, resolveu divulgar, através de sua conta na mesma
rede, diversos ataques pessoais contra o Querelante.
Desta feita, mais precisamente no dia 11(onze) de agosto de 2015 (dois
mil e quinze), a denunciada escreveu e publicou diversas expressões
difamatórias e injuriantes contra o querelante (conforme impressão da
publicação em anexo), ofendendo, assim, sua dignidade, bem como à
sua reputação publicamente.
Não obstante, faz-se necessária a transcrição na íntegra de tais
vocábulos para uma maior clarividência a este douto juízo da incidência
dos crimes de Difamação e Injúria cometidos pela mesma:
“Querelante, você é um CANALHA, um FRALDINHA. Ninguém vai querer
ter um relacionamento sério com alguém tão IMBECILquanto você.
Trabalha o dia todo e não tem nem onde cair morto, você deveria pelo
menos é morrer logo, seu IMPRESTÁVEL”. (grifo nosso)
O fato tornou-se público e notório rapidamente, tendo em vista à
incalculável quantidade de pessoas que acessam e compartilham
informações na rede social em questão, até porque o Querelante e a
Querelada são pessoas muito conhecidas não só na comunidade, como
também em ambos os municípios que residem.
No entanto, o querelante só tomou conhecimento do fato no dia 05(cinco)
de setembro de 2015(dois mil e quinze), pois entre os períodos de
05(cinco) de agosto de 2015(dois mil e quinze) e 05(cinco) de setembro
de 2015(dois mil e quinze) se encontrava de férias do seu trabalho
(conforme declaração da empresa em anexo).
Período este, em que querelante viajou para visitar parentes que residem
no interior do Estado Federado do Pará (conforme comprovantes de
passagem de empresa de ônibus em anexo), os quais demonstram que o
embarque de ida ocorreu na Rodoviária Municipal em Juazeiro do
Norte/Ceará, na data de 06 (seis) de agosto de 2015 (dois mil e quinze),
mais precisamente as 03:50h (três horas e cinquenta minutos) e o
embarque de retorno, ocorreu na Rodoviária Municipal de Itaituba/Pará,
na data de 04(quatro) de setembro de 2015(dois mil e quinze). Local este
que por se tratar de região de dificílimo acesso em virtude de inúmeras
diversidades da região, como falta de acessibilidade, não há
comunicação telefônica, nem muito menos acesso a internet.
Assim sendo, ao retornar de sua viagem tomou conhecimento do fato,
como também recebeu ligações de três indivíduos que se relacionam
com o mesmo na rede social FACEBOOK, os quais, tão logo tomaram
conhecimento do seu retorno, foram sucessivamente entrando em
contato com este e o informando sobre o ocorrido. São eles: o Senhor
(PRÉ-NOME E SOBRENOME, TESTEMUNHA 1), o Senhor (PRÉ-NOME
E SOBRENOME, TESTEMUNHA 2) e a Senhora (PRÉ-NOME E
SOBRENOME, TESTEMUNHA 3).
Diante disto, foram gerados vários CONSTRANGIMENTOS e
diversosABORRECIMENTOS. Oportuno se torna dizer que as
consequências desses fatos foram terríveis para a vítima, pois esta
pretendia refazer sua vida amorosa e encontrava-se a procura de uma
nova namorada.
No entanto, como se há de verificar nas centenas de comentários que
outros usuários fizeram na postagem em questão (conforme impressões
em anexo), o querelante foi previamente execrado e reprovado por estes,
amargando a perda inclusive de algumas antigas amizades, que ao
tomarem conhecimento da publicação deram início a exclusão do vínculo
de amizade que tinham com o queixoso na rede social.
Tais episódios devem servir como PESO na dosimetria da pena,
conforme artigos 59 e 60 do Código Penal brasileiro a ser imposta a Ré,
além das circunstâncias agravantes que o caso ensejar. Pois a vida da
vítima tornou-se um INFERNO desde então, principalmente porque sua
imagem está completamente MANCHADAsocialmente e as pessoas não
têm mais respeito por ele. Isso porque pensam estas, que o querelante é
um sujeito aproveitador, uma pessoa vazia, um idiota e um inútil que não
serve pra nada.
Meritíssimo Juiz, não obstante, é sobremodo importante assinalar que
além da afronta a honra objetiva e subjetiva da vítima, a acusada além
dos danos que vem causando a vítima, atingiu extensivamente o
sofrimento a família deste, a qual está muito preocupada com o seu
estado de saúde. Pois, o mesmo começa a desenvolver várias
patogenias psíquicas, tais como depressão, angústia, entre outras
(conforme declaração médica de especialista na área de psiquiatria em
anexa).
Indubitável é, notório e cristalino como um cidadão passa anos para
construir uma BOA IMAGEM perante a sociedade e, em questão de
minutos, outrem pode ARRUINÁ-LAcompletamente e, pior, a imagem
ruim é a que fica marcada na mente das pessoas.
Portanto, cansado desta situação, o querelante solicita que este
Meritíssimo Juiz CONDENE a querelada nas penas dos Artigos 139 e
140 do Código Penal brasileiro, preenchidos os requisitos legais,
inclusive aos Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório, a fim de se
evitar possíveis nulidades, uma vez que o Judiciário, que deve, à luz de
cada caso concreto, agir com Justiça, deverá julgar procedente o
presente feito, pois, além de legítima a pretensão da parte Autora,
provados estarão os fatos e os pressupostos essenciais da
demanda, pela ação lesiva da Parte Demandada. X

2. DO DIREITO: 

2.1. DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS:


O vertente feito é de competência deste douto juízo, tendo em vista que
a pena máxima em abstrato de ambos os crimes imputados a ré são
inferiores a 2 (dois) anos, cumprindo assim as condições do artigo 61 da
Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), que ora transcrevemos:
Art. 61 – Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2(dois) anos, cumulada ou não com multa.
Destarte, mesmo pela obrigatoriedade de aplicação dos fatos delitivos
imputados a ré neste feito em concurso formal a pena máxima em
concreto não excederá tais limites legais.
Cumpre obtemperar também que a Suprema Corte brasileira vem
formando diversos entendimentos jurisprudenciais em relação à
competência para julgar os crimes cometidos na internet. Devendo ser
aplicado o princípio da territoriedade, ou seja, será competente para
julgar o feito o Juiz do local onde foi praticado o delito e quando este não
for possível de identificar o local do domicílio do réu.
Assim, para melhor sedimentar o que até agora foi escrito, declinaremos
jurisprudência que atine ao assunto do Supremo Tribunal Federal:
AÇÃO PENAL PRIVADA. CRIME CONTRA A HONRA. DIFAMAÇÃO.
ARTIGO 139 DO CÓDIGO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
CONHECIDO COMO APELAÇÃO PELO PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE. REJEIÇÃO DA QUEIXA-CRIME. DECISÃO
REFORMADA. 1. No âmbito do JECrim, é cabível apelação da decisão
que rejeita a queixa (art. 82, caput, da Lei 9.099/95). 2. A competência
no Direito Processual Penal tem como regra o lugar da infração
(art. 70 do Código de Processo Penal). Em se tratando de crimes de
menor potencial ofensivo, tem-se a regra do art. 63 da Lei nº 9.099/95,
que dispõe: “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em
que foi praticada a infração penal.” Tratando-se de crime cometido
através da INTERNET, por ser acessível pelos mais variados meios
(notebooks, tablets, celulares, lan houses), impossível a aferição quanto
ao local da infração. Portanto, aplicável ao caso a regra do
art.72 do Código de Processo Penal: ‘Não sendo conhecido o lugar da
infração, a competência regular-se-á pelo local do domicílio ou residência
do réu’. No caso específico dos autos, ambos (local da infração e
domicílio do réu) remetem a competência ao juízo da comarca de Tapes.
3. Não se aplica, na espécie, o critério residual da prevenção, pois o caso
em tela não se enquadra em nenhum dos casos elencados no art. 83,
do CPP (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO CONHECIDO COMO APELAÇÃO E PROVIDO. (ARE
864724/RS – Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO. 1ªT - PRIMEIRA
TURMA. j. 19/02/2015 – DJe 26/02/2015 ).X
Desse modo, caberá a este douto juízo proceder com a instrução criminal
e ao posterior julgamento da contenda.
2.2. DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DA QUEIXA-
CRIME:
Conforme o artigo 103 do Código Penal brasileiro, o prazo para
interposição da Queixa-Crime no caso em tela é de 6(seis) meses, senão
vejamos:
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do
direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo
de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor
do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Desta forma, as publicações foram realizadas pela ré no dia 11(onze) de
agosto de 2015(dois mil e quinze), no entanto, conforme já relatado nesta
exordial, o senhor José só veio tomar conhecimento dos fatos no dia
05(cinco) de setembro de 2015(dois mil e quinze).
Neste sentido, já se manifestou o Egrégio Tribunal Constitucional
brasileiro:
EMENTA DENÚNCIA. CRIME CONTRA A HONRA. DECADÊNCIA DO
DIREITO À REPRESENTAÇÃO. PRAZO. SEIS MESES A CONTAR DA
DATA EM QUE A VÍTIMA TOMOU CIÊNCIA DOS FATOS OU DE QUEM
É SEU AUTOR. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA IMPROCEDENTE.
PARLAMENTAR. OFENSAS IRROGADAS QUE NÃO GUARDAM NEXO
COM O EXERCÍCIO DO MANDATO. CONSEQUENTE
INAPLICABILIDADE DA REGRA DO ART. 53 DACONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. DOLO. ANÁLISE QUE, EM PRINCÍPIO, DEMANDA
INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. 1. Nos crimes de ação penal pública
condicionada, a decadência do direito à representação conta-se da data
em que a vítima tomou conhecimento dos fatos ou de quem é o autor do
crime. Hipótese em que, à míngua de elementos probatórios que a
infirme, deve ser tida por verídica a afirmação da vítima de que somente
tomou conhecimento dos fatos decorridos alguns meses. 2. Não é inepta
a denúncia que descreve fatos típicos ainda que de forma sucinta,
cumprindo os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. 3. A
inviolabilidade dos Deputados Federais e Senadores por opiniões
palavras e votos, consagrada no art. 53 da Constituição da Republica, é
inaplicável a crimes contra a honracometidos em situação que não
guarde liame com o exercício do mandato. 4. Não impede o recebimento
da denúncia a alegação de ausência de dolo, a qual demanda instrução
probatória para maior esclarecimento. 5. Denúncia recebida. (INQ
3672/RJ – Ministra ROSA WEBER. 1ªT - PRIMEIRA TURMA. j.
14/10/2014 – DJe 21/11/2014 ).X
Portanto, esta inicial preenche os devidos prazos legais para ser
interposta tanto em conformidade com ele, como pelo entendimento do
Supremo Tribunal Federal.

2.3. DA INJÚRIA E DA DIFAMAÇÃO: 


Excelência, em conformidade com os fatos já narrados nesta petição, é
sabido que a Demandada incorreu nos crimes tipificados no código penal
nos artigos 139 e 140, respectivamente, Difamação e Injúria, senão
vejamos:
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Tais tipos penais são conceituados por Cezar Roberto Bitencourt como
sendo:
Difamação é a imputação a alguém de fato ofensivo à sua reputação.
Difamar consiste em atribuir fato ofensivo à reputação do imputado —
acontecimento concreto — e não conceito ou opinião, por mais gravosos
ou aviltantes que possam ser.
Injuriar é ofender a dignidade ou o decoro de alguém. A injúria, que é a
expressão da opinião ou conceito do sujeito ativo, traduz sempre
desprezo ou menoscabo pelo injuriado. É essencialmente uma
manifestação de desprezo e de desrespeito suficientemente idônea para
ofender a honra da vítima no seu aspecto interno. (Tratado de Direito
Penal, Parte Especial 2, Dos Crimes Contra a Pessoa, Ed. Saraiva, 12ª
ed. – 2012, São Paulo, páginas. 839-840/864.)X
Ao denegrir a imagem e a honra do Querelante, depreciando-lhe sua
subjetividade perante a sociedade, ofendendo-lhe sua boa reputação, a
acusada incidiu no crime de Difamação quando transcreveu as palavras
“CANALHA” e “FRALDINHA”.
Da mesma forma a Querelada cometeu o crime de Injúria, uma vez que
ofendeu sua dignidade e decoro através dos vocábulos “IMBECIL” e
“IMPRÉSTAVEL”.
2.4. DA AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS: 
A Autoria e a materialidade delitiva são incontestes e serão comprovadas
em instrução processual, pois trata-se de delito cujo meio de prova pode
e deve ser comprovado por depoimentos testemunhais, entre outros
meios probatórios em direito admitidos, neste sentido: 
“Momento consumativo – Ocorre no instante em que um terceiro, que
não o ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação.
Nesse sentido: RT, 591:412 e 634:342; RTJ , 111:1.032. Formal, a
difamação não exige, para a sua consumação, a efetiva lesão do bem
jurídico, contentando-se com a possibilidade de tal violação. Basta, para
sua existência, que o fato imputado seja capaz de macular a honra
objetiva. Não é preciso que o ofendido seja prejudicado pela imputação”.
(DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS, in Código Penal Anotado, Ed.
Saraiva, 10ª ed. – 2000, São Paulo, pág. 471).
            Nesta esteira, a conduta da acusada se configuraria crime
mesmo que não tivesse causados todos os transtornos que causou na
vida do Querelante. Com efeito, a legitimidade ativa ad causam é do
ofendido, ou seja, caberá a este a titularidade da Ação Penal por se tratar
da regra nos crimes contra a honra, afastando assim as hipóteses de
exceção.
Ressalta-se, oportunamente, que a todo o momento a ré agiu de forma
dolosa, pois possuía absoluto conhecimento da extensão que suas
publicações teriam, tendo em vista, o tempo que esta é participante desta
rede social.

2.5. DO CONCURSO FORMAL: 


Também é importante que seja aplicada a querelada o conteúdo do
artigo 70 do Código Penal, pois, é bem verdade que suas ações
caracterizaram dois crimes, senão vejamos: 
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a  mais grave das
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em
qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.
Como se há de verificar, a acusada publicou um único post ofensivo,
apesar de haver tecido diversas palavras, o que configura assim a
natureza do concurso formal.

2.6 DA PROPOSTA DE COMPOSIÇÃO DOS DANOS: 


Propõe a composição dos danos extra-patrimoniais no montante de R$
35.200,00 (trinta e cinco mil e duzentos reais), conforme o artigo 74 da
Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais), com fundamento nos
Princípios da Oralidade, Informalidade, Economia Processual e
Celeridade, atendendo à função social do processo, além do previsto nos
artigos 4º e 5º, da Lei de Introdução ao Código Civil – LICC, bem como
aos princípios gerais do Direito e demais disposições usuais. Neste
mesmo sentido:
“A composição dos danos constitui forma de despenalização, uma vez
que, em determinados crimes, como os de ação penal privada e de ação
penal pública condicionada à representação, conduz à extinção da
punibilidade”. (DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS, in Lei dos Juizados
Especiais Criminais Anotada, Ed. Saraiva, 6ª ed. – 2001, São Paulo, pág.
52.)
O entendimento doutrinário compactua com a nova roupagem do direito
repressivo brasileiro, em virtude da constitucionalização do direito penal,
pela qual se entende que crimes de menor potencial ofensivo podem e
devem ser substituídos por penas alternativas como restritivas de direitos
e de multas, para que o infrator da lei não adentre no sistema
penitenciário, o que tornaria a punição excessivamente maior do que o
delito cometido.

Você também pode gostar