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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CRIMINAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – ESTADO DE SÃO


PAULO

TONY, (brasileiro), (estado civil), (profissão), portador da cédula de identidade R.G. nº


13.456.098-5 e inscrito no CPF/MF nº 099.677.688-20, residente e domiciliado à Rua
xxxxx, nº xx, Bairro xxxxx, na cidade de São José do Rio Preto, estado de São Paulo,
CEP 00000000, neste ato representado por sua advogada infra-assinado, conforme
procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o artigo 44 do
Código de Processo Penal, com escritório profissional situado na Rua vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 30 e 41 do
Código de Processo Penal, e artigo 100 § 2 do Código Penal, oferecer
QUEIXA-CRIME

Em face de ATENA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora da cédula


de identidade R.G. nº xxxxx e inscrita no CPF/MF nº xxxxxx, residente e domiciliada à
Rua xxx, nº xx, Bairro xxxx, São José do Rio Preto, estado de São Paulo, CEP XXXX,
pelos fatos e fundamento a seguir:

DOS FATOS

TONY, querelante, na manhã do dia de seu aniversário 29/01/2020, com o


intuito de celebrar essa data, planejou uma ocasião, uma reunião, à noite com seus
parentes e amigos para se reunirem em uma famosa churrascaria da cidade de São
José do Rio Preto.

Por possuir um perfil em uma das redes sociais, Tony utilizou de seus meios
afins para enviar o convite publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil
pessoal, para todos os seus contatos.

Atena, querelada, vizinha e ex-namorada, que também possui perfil na referida


rede social onde está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do
motivo da comemoração. Por motivos não sabidos, e com a intenção de ofender o
querelante, utilizando meios através de seu computador pessoal, instalado em sua
residência, um prédio em São José do Rio Preto, publicou na rede social uma
mensagem no perfil pessoal do querelante, nos seguintes dizeres: “não sei o motivo
da comemoração, já que Tony não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem
vergonha!”, e, com o propósito de prejudicar o Autor perante seus colegas de trabalho
e denegrir sua reputação, acrescentou, ainda “ele trabalha todo dia embriagado! No
dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas de São Paulo, inclusive,
estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que
chamar uma ambulância para socorrê-lo!”.

O querelante, que se encontrava em seu apartamento na companhia de seus


amigos Carlos, Miguel e Maria, conectado à rede social por meio de seu tablet,
recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos da
querelada em seu perfil pessoal.

Mortificado, sem saber o que dizer aos amigos, em especial aos que estavam
ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, o querelante tentou disfarçar o
constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa
deixou de ser realizada, devido as circunstâncias.

No dia seguinte, o querelante procurou a Delegacia de Polícia Especializada


em Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial,
entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na
Internet onde ela poderia ser visualizada, conforme boletim de ocorrência em anexo.

DO PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DA QUEIXA-CRIME

Conforme dispõe o artigo 103 do Código Penal, o prazo para interposição da


Queixa-Crime consistente em 6 (seis) meses.
ART 103 – salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito
de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis)
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no
caso do § 3º do artigo 100 deste código, do dia em que se esgota o prazo
para oferecimento da denúncia.

Por sua vez, é possível a presente Queixa-crime, que se encontra dentro do


prazo legal para seu oferecimento, haja vista que não transcorreu os 6 meses desde
o dia do conhecimento da autoria, conforme menciona o artigo 38 do Código de
Processo Penal.

ART 38 – Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante


legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer
dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o
autor do crime, ou no caso do artigo 29, do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia.
Contudo, faz jus a presente inicial considerando que preenche os devidos
prazos legais para ser interposta.

DO DIREITO

O artigo. 139 do Código Penal dispõe: “Art. 139 - Difamar alguém,


imputandolhe fato ofensivo a sua reputação: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1
ano, e multa.”
Em termos, o referido artigo constitui crime de pequeno potencial ofensivo,
pela simples imputação do fato ser ou não verídico que causa danos em relação a
honra do sujeito que diz respeito.

Destarte, o Juizado Especial Criminal é competente para julgar esta ação,


conforme disposto na Lei 9099/95 em seu artigo 61:

“Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para


os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”

Indubitável é que a querelada, por meio de mensagens ofensivas enviadas


através da suposta rede social, agiu desdenhosamente, abalando a honra e respeito
do querelante, acusando-lhe de ter praticado atos não condizentes com sua imagem.

Mister se faz ressaltar artigo 141, inciso III do Código Penal:


“Art. 141. As penas cominadas neste Capitulo aumentam-se de 1/3 (um
terço), se qualquer dos crimes é cometido:

[...]

III – na presença de várias, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia,


da difamação ou da injúria;”

Convém ressaltar que a querelada, além de cometer crime contra honra, artigo
139, caput, utilizou a rede social (que possui grande abrangência), meio este que há
uma maior divulgação das mensagens postadas no perfil do querelante, visando
assim, a entrega da mesma para um número relevante de acesso entre os
contatos/amigos do querelante, razão pela qual deve incidir na causa de aumento de
pena descrita no artigo 141, III do Código Penal.

A despeito, é evidente o dolo específico da querelada, não restando dúvidas


quanto sua intenção de comprometer a imagem de seu ex-namorado, difamando-o em
meio virtual, a fim de prejudica-lo. Nesse sentindo, deve-se dizer que a querelada
cometeu crime de difamação tipificado no artigo 139 do Código Penal, incidindo, ainda,
na causa de aumento prevista no artigo 141, inciso III, do mesmo código.

DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência, que:

a) Receba a presente QUEIXA-CRIME, procedendo-se a citação da querelada,


para que venha perante esse respeitável Juízo responder aos termos da
presente ação penal;

b) Proceda intimação do Ilustre representante do Ministério Público para se


manifestar no feito, nos moldes do artigo 45 do Código de Processo Penal;

c) A procedência total do pedido, com a consequente condenação da querelada


nas penas dos artigos 139 e 140 c/c o Art. 141, III, n/f com o Art. 70, todos do
CP;
d) Sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas;
e) A condenação da querelada ao pagamento das custas e demais despesas
processuais;
f) A fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do
CP.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e
cabíveis à espécie, especialmente pelos documentos acostados.

Termos em que,

Pede deferimento.

São José do Rio Preto, 06 de setembro de 2020.

Bruna Caroline Silva Santos


OAB/SP 3456

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TONY

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. CARLOS – (RG, CPF, ENDEREÇO)

2. MIGUEL – (RG, CPF, ENDEREÇO)

3. MARIA – (RG, CPF, ENDEREÇO).

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