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AULA 13
ÍNDICE
Conceito ......................................................................................... 03
Conteúdo ........................................................................................ 03
ABERTURA DA SUCESSÃO ............................................................... 04
Espécies de sucessão ..................................................................... 05
Herança .......................................................................................... 06
Transmissão da herança ................................................................. 07
Capacidade sucessória ................................................................... 08
Indignidade .................................................................................... 11
Aceitação e Renúncia ..................................................................... 13
Cessão ............................................................................................ 15
SUCESSÃO LEGÍTIMA ..................................................................... 17
Ordem de vocação hereditária ................................................... 19
Direito de representação ........................................................... 30
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA .......................................................... 31
Espécies de testamentos ........................................................... 39
Inexecução testamentária ......................................................... 47
Legado ...................................................................................... 50
Substituições testamentárias .................................................... 51
Inventário ...................................................................................... 54
COMECEMOS ENTÃO...
CONTEÚDO
Pelo atual Código Civil podemos dividir o Direito das Sucessões em
quatro partes:
• Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC) – trata das regras
gerais aplicáveis a todas as espécies de sucessões, para que possamos aplicar
os demais dispositivos (ex: momento de abertura da sucessão, capacidade
para suceder, aceitação e renúncia da herança, etc.).
• Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC) – é a hipótese mais
comum em nossa vida prática; ocorre quando a pessoa morre sem deixar um
testamento ou quando este é julgado nulo ou ineficaz.
• Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC) – é a transmissão
segundo a manifestação de última vontade do falecido.
• Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC) – esta parte envolve
questões processuais que devem ser analisadas em conjunto com o Código de
Processo Civil.
Após esta visão geral da matéria, vamos, desenvolver e analisar cada
um destes tópicos isoladamente, de uma forma lógica e sequencial.
ESPÉCIES DE SUCESSÃO
Podemos classificar a sucessão em:
• Legítima (ou ab intestato) → decorre da lei; morrendo uma pessoa sem
testamento, transmite-se a herança aos herdeiros legítimos indicados pela
lei, conforme veremos mais adiante. Também será legítima se o testamento
for declarado nulo ou caducar. Esta última expressão será muito usada na
HERANÇA
O objeto da sucessão causa mortis (em razão da morte) é a herança.
Com a abertura da sucessão (morte do autor da herança), transfere-se o
conjunto patrimonial do de cujus, aos seus herdeiros. Estes se sub-rogam nas
relações jurídicas do morto. Lembrando que as relações personalíssimas não se
transmitem e se extinguem com a morte.
A herança também é chamada de: espólio, monte, massa ou acervo
hereditário. Trata-se do conjunto patrimonial transmitido causa mortis, por
TRANSMISSÃO DA HERANÇA
• Momento – como vimos, a transmissão ocorre com a abertura da
sucessão, ou seja, na data da morte física do de cujus (fixação do dia e
hora na certidão de óbito). É evidente que estamos falando da morte da
pessoa natural (ser humano) que tenha nascido com vida e não da pessoa
jurídica. É a partir deste momento que passa existir herança e esta se
transfere, mesmo que de forma abstrata, aos herdeiros. Estes, ainda que
não o saibam, já se tornam “donos” da herança, podendo defender estes
bens como se sempre tivessem sido proprietários. A doutrina costuma
citar três fases distintas: a) abertura da sucessão (morte do autor da
herança); b) delação (que é o momento em que se oferece o acervo aos
herdeiros, operando-se juntamente com a fase anterior); c) aceitação (o
fato jurídico do ingresso dos bens no patrimônio dos herdeiros). Assim, a
aquisição da herança não se dá quando da abertura do processo de
inventário, nem quando o Juiz homologa a partilha de bens, e nem
quando o respectivo formal é levado a registro, mas sim no momento da
morte (lembrem-se: Princípio da Saisine).
• Lugar (art. 1.785, CC) – é o último domicílio do falecido. É neste local
que deve ser proposto o processo de inventário. Na falta de domicílio
certo será o da situação dos bens ou do lugar do óbito. Se o falecido tinha
CAPACIDADE SUCESSÓRIA
Capacidade (ou legitimação) sucessória é a capacidade da pessoa
para receber os bens deixados pelo de cujus no tempo da abertura da
sucessão (art. 1.787, CC). Não confundir com a capacidade civil. Uma pessoa
menor de 16 anos é absolutamente incapaz de praticar pessoalmente os atos
da vida civil (art. 3°, CC); no entanto pode ter capacidade sucessória.
São pressupostos para haver capacidade sucessória: morte do autor da
herança, sobrevivência do sucessor (observada a capacidade sucessória do
nascituro) e herdeiro humano. A pessoa jurídica de direito privado não herda
ab intestato (sem testamento), mas tem capacidade para suceder por
testamento (art. 1.799, I, do CC).
O nascituro (aquele que está para nascer – revejam a matéria na aula
referente a Pessoas Físicas ou Naturais), apesar de ainda não ser pessoa física,
tem direito à herança. Ele tem uma expectativa de vida, portanto também
tem expectativa de direitos, que estão em estado potencial, sob condição
suspensiva; só terá eficácia se nascer com vida. Se isso ocorrer adquire a
posse e a propriedade da herança, como se já houvesse nascido desde o
momento da abertura da sucessão. Se nascer morto, deve ser considerado
“como se nunca tivesse existido” (e, juridicamente, não existiu mesmo).
Durante a gravidez pode ser nomeado um curador para zelar por seus
interesses (é chamado de “curador ao ventre” – normalmente a curatela é
exercida pela própria mãe). Mesmo que a mãe faleça antes do nascimento da
criança, esta terá legitimidade sucessória.
A) ACEITAÇÃO OU ADIÇÃO
Ninguém pode ser herdeiro contra a vontade. Portanto, após a abertura
da sucessão é feita a delação, que é o oferecimento da herança. Aceitação é o
ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo ou testamentário)
manifesta livremente o desejo de receber a herança que lhe é transmitida. A
aceitação consolida os direitos do herdeiro, tornando-se definitiva a
transmissão dos bens, desde a abertura da sucessão (art. 1.804, CC). Na
realidade não se pode afirmar que o momento da aquisição do patrimônio se
verifica com a aceitação. A aquisição se dá no momento da abertura da
sucessão (é automática). Já a aceitação é a confirmação da aquisição. Isto
porque os “direitos da herança” não nascem com a aceitação, mas sim
retroagem à data da morte. A aceitação produz um efeito retro-operante,
encerrando a situação de pendência criada com a abertura da sucessão.
Com a aceitação o herdeiro está assumindo também os encargos do de
cujus. Ou seja, para receber a parte ativa (o crédito), o herdeiro deve pagar o
passivo (as dívidas). No entanto isso somente ocorre até o limite das forças da
herança. Porém, nada impede que o herdeiro assuma todos os débitos do
falecido, ainda que superiores ao acervo hereditário.
A aceitação é indivisível e incondicional porque não se pode aceitar ou
renunciar a herança em parte. A aceitação também não pode ser feita sob
condição ou a termo. Isto para se preservar a segurança nas relações jurídicas.
Ela deve ser pura e simples. Também não pode haver retratação da
aceitação da herança. No entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua
ocorrência se verificar que o aceitante não era herdeiro.
Podemos classificar a aceitação da seguinte forma (art. 1.805, CC):
• Expressa – é aquela em que há uma declaração escrita, pública ou
particular neste sentido (na prática é raro).
• Tácita – é aquela que ocorre quando se praticam atos compatíveis com
a aceitação da qualidade de herdeiro (ex: cobrança de dívidas
referentes ao espólio, pagamento de impostos atrasados, fazer-se
representar por advogado no processo de inventário, etc.).
B) RENÚNCIA DA HERANÇA
Como vimos, uma pessoa não é obrigada a receber a herança, podendo
repudiar o que está sendo transmitido. Assim a renúncia consiste no ato
jurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não
aceita a herança a que tem direito, abrindo mão de sua titularidade. Trata-se
de um ato solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o
tabelião) ou por termo nos autos (perante o Juiz).
Se o herdeiro “renunciar em favor de outrem”, isto não se configura em
uma renúncia propriamente dita. Na verdade trata-se de uma aceitação com
uma imediata transmissão dos bens, havendo a incidência de tributação causa
mortis e também inter vivos. Esta hipótese também é chamada de renúncia
translativa. A renúncia válida e correta como tal é a abdicativa, isto é, a
cessão gratuita, pura e simples, sem indicar quem irá substituí-lo, ficando os
bens para quem a lei (sucessão legítima) ou o próprio de cujus determinar (no
caso de ter sido nomeado um substituto).
Requisitos da Renúncia
• Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem renunciar,
senão por seu representante legal, devidamente autorizado pelo Juiz.
Entende-se que pode ser feita por mandatário com poderes especiais e
expressos para isso.
• Forma solene prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública ou
ato judicial); não existe a renúncia tácita nem a presumida. Não é
necessária a homologação judicial da renúncia.
• Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Como a herança é
indivisível até a partilha, a renúncia (ou a aceitação) também será
indivisível: ou se renuncia tudo ou se aceita tudo.
• Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudica
credores, estes podem aceitar a herança. Exemplo: “A” recebeu uma
herança; mas ele está muito endividado. Ele sabe que assim que receber
a sua parte na herança, seus credores irão ficar com seus bens. Desta
forma ele renuncia à herança (que poderá ir para seus filhos ou irmãos).
Esta conduta evidentemente prejudica seus credores. Por isso admite-se
que os próprios credores aceitem a herança em nome do renunciante,
com autorização judicial (art. 1.813, CC), evitando assim, fraudes e
simulações maliciosas. Após pagas as dívidas do renunciante,
prevalecerá a renúncia quanto aos bens remanescentes (se houver),
devendo ser devolvidos aos demais herdeiros.
Efeitos da Renúncia
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à
sucessão; seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. É
interessante notar que a pessoa que repudia uma herança não está
impedida de aceitar um legado (e vice-versa).
• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se
de imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer).
Os descendentes do renunciante não herdam por representação. No
entanto se ele for o único da classe seus, filhos herdam por direito
próprio e por cabeça.
• O renunciante não perde o direito ao usufruto e nem a administração dos
bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável (art. 1.812, CC).
No entanto pode ser anulável quando proveniente de vício de vontade
(dolo, coação, etc.), como todo e qualquer ato jurídico.
Regras
• o cedente deve ter capacidade para alienar.
• a cessão somente terá validade após a abertura da sucessão e antes da
partilha.
• ato solene, formalizado por meio de uma escritura pública (1.793, CC)
posteriormente registrada no registro imobiliário.
• se o cedente for casado necessita a outorga conjugal, exceto se o regime
de bens for o da separação total de bens (como vimos a herança é bem
imóvel – art. 80, II, CC).
• há transferência da parte ideal da massa hereditária, não havendo
individualização dos bens (pois deve ser anterior à partilha).
SUCESSÃO LEGÍTIMA
(arts. 1.829 a 1.856, CC)
Observações Importantes
1. Não há limitação de grau na linha reta (descendentes e ascendentes).
Neste caso o grau de parentesco é “infinito”.
2. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe
precedente. os ascendentes só serão chamados na sucessão se não
houver descendentes; os colaterais somente serão chamados se não
houver descendentes, ascendentes e cônjuge, etc.
3. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais
remoto. Ex: o de cujus deixou um filho vivo e este, por sua vez, possui
dois filhos (que são netos do de cujus). Tanto o filho, como os netos
estão na mesma classe – são descendentes. No entanto, neste caso a
herança irá somente para o filho, pois embora estejam na mesma classe
(dos descendentes) o filho está no primeiro grau e os netos estão no
segundo grau (portanto os filhos estão mais próximos).
4. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são
considerados herdeiros necessários; neste caso o testador só poderá
dispor por testamento de metade da herança. Isto é, metade de seus
bens (já descontada eventual meação do cônjuge) irá obrigatoriamente
para os herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de deserdação).
5. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (art. 227, §6°,
CF/88: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho não
pode ser chamado de adulterino ou bastardo. São expressões
consideradas preconceituosas. Para efeitos sucessórios, tanto faz que o
filho seja proveniente de um casamento ou de uma relação
extraconjugal: é filho do mesmo jeito e terá direito a herança.
6. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente
desta forma, ou seja, pode haver algumas modificações, conforme
veremos adiante.
IMPORTANTE
Havendo cônjuge sobrevivente, este, em algumas situações, pode
concorrer com seus descendentes. Mas em primeiro lugar este cônjuge não
pode estar separado judicialmente e nem separado de fato há mais de dois
anos do de cujus. Se estiver em alguma destas situações não terá direito à
herança. Até aí sem problemas. Não há dificuldades. Resolvida esta questão,
devemos saber agora qual o regime de bens que vigorava entre o casal.
Situação 01 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e um filho que teve com ele
(filho comum) → neste caso o cônjuge recebe metade da herança e o filho a
outra metade (notem que estamos falando somente da herança; a meação
já é um fato superado, que vai depender do regime de bens).
Situação 02 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dois filhos que teve com
ele (filhos comuns) → cônjuge recebe um terço, o primeiro filho um terço e o
outro filho o outro terço da herança.
Situação 03 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e cinco filhos que teve com
ele (filhos comuns) → cônjuge recebe um quarto e os filhos repartirão os
outros três quartos da herança.
Situação 04 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dez filhos que teve com
ele (filhos comuns) → o cônjuge recebe o mesmo um quarto e os dez filhos
repartirão os outros três quartos da herança.
Situação 05 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e três filhos tidos em outra
relação matrimonial (não são do cônjuge sobrevivente – filhos exclusivos) →
aplica-se a regra geral; divide-se a herança em quatro partes iguais.
Cônjuge e filhos terão direito à mesma porcentagem.
Situação 06 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e nove filhos de outra
relação matrimonial (filhos exclusivos) → aplica-se a regra geral; divide-se a
herança em dez partes iguais. Cônjuge e filhos terão direito à mesma
porcentagem.
Não havendo cônjuge, mas um companheiro ou convivente (ou
seja, o de cujus não era casado, porém vivia em uma união estável) este
participará da sucessão apenas no que concerne aos bens adquiridos na
vigência da união estável. Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma
quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho. Se concorrer com
descendentes só do autor da herança terá direito à metade do que couber a
cada um daqueles. Veremos isso melhor adiante.
Observações
01) O regime da separação de bens e a existência de cláusula de
incomunicabilidade no pacto antenupcial não interferem na ordem de vocação
hereditária do cônjuge sobrevivente. Assim, mesmo casando pelo regime da
separação total de bens, o cônjuge tem direito à herança (ele pode não ter
direito à meação, mas terá direito à herança).
02) Não há mais o chamado direito ao usufruto vidual (que era o
concedido à pessoa que se tornava viúva). Antigamente o cônjuge não herdava
de forma concorrente com os descendentes ou ascendentes, por isso tinha
direito ao usufruto de uma parte dos bens do seu ex-marido. Como atualmente
o cônjuge é considerado como herdeiro necessário (concorrendo inclusive com
os filhos e recebendo a propriedade dos bens, além do direito real de
habitação), não faz mais sentido receber também o usufruto sobre estes bens.
Observações
01) Há uma crítica muito grande da doutrina a toda esta forma de se
calcular os direitos do convivente. Cita-se, como exemplo a seguinte situação:
Pessoa faleceu deixando filhos havidos antes da convivência e filhos tidos com
o convivente. Como realizar a divisão? Esta é uma conta que “não fecha”. É
impossível ao convivente receber parte igual à dos filhos comuns e metade da
parte que couber aos filhos só do falecido sem que haja um tratamento
desigual entre os filhos. Haverá uma notória desigualdade entre os filhos do de
cujus, transgredindo a previsão constitucional de que não pode haver
desigualdade entre qualquer espécie de filhos. E ainda pode ocorrer o
seguinte: o filho comum A recebe $ e o filho não-comum B também recebe $.
Agora, como pode o convivente receber o mesmo que o filho A ($) e a metade
de B ($/2)?? A sugestão, enquanto não houver alteração neste texto legal, é
de que o convivente receberá metade do que couber a qualquer um dos filhos.
2) Herança Vacante
Herança Vacante é aquela que não foi disputada com êxito por qualquer
herdeiro e que foi judicialmente proclamada como sendo “de ninguém”.
Superada aquela primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade do
Estado (em sentido amplo). Mas ainda não é de forma plena. Trata-se da
propriedade resolúvel (lembrem-se do que falamos sobre a propriedade
resolúvel → é a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente após
05 (cinco) anos da abertura da sucessão (art. 1.822, CC) a propriedade
passa em definitivo para o domínio público (Município, Distrito Federal ou
União). Neste sentido, também o art. 1.844, CC. Se naquele período
comparecer um herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário regular.
Interessante notar que os colaterais só podem se habilitar durante a jacência.
Já os descendentes, ascendentes e cônjuge podem se habilitar também
durante o prazo de vacância (art. 1.822, parágrafo único, CC).
Portanto o Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de
herdeiros apontados na ordem de vocação hereditária. Mas será considerado
como sucessor, desde que haja uma sentença declarando a vacância dos
bens.
B C D E F
(pré-morto) (pré-morto) (pré-morto)
20% 20% 20% 20% 20%
G H I J K
10% 10% 20% 10% 10%
IMPORTANTE
01) O direito de representação se aplica ao herdeiro pré-falecido e
também ao excluído por indignidade ou deserdação.
02) Somente se verifica o direito de representação na linha reta
descendente (operando-se ad infinitum), nunca na linha ascendente (art.
1.852, CC). Já na linha colateral, só ocorrerá em favor dos filhos de
irmãos do falecido (sobrinhos), quando com irmão deste concorrerem (art.
1.853, CC). Não há representação quando houver renúncia, nem na
hipótese de herança testamentária, não se aplicando, também aos legados
(veremos esta expressão adiante).
SUCESSÃO TESTEMENTÁRIA
(arts. 1.857 a 1.990, CC)
Observação: a doutrina entende que esta vedação legal não atinge quando
as disposições testamentárias sejam feitas em atos separados, autônomos e
independentes (dois testamentos), ainda que desses atos se depreenda
identidade ou correspondência entre as disposições testamentárias. Exemplo:
marido faz um testamento e deixa sua parte disponível a sua esposa; esta, por
sua vez, também faz um testamento com a mesma disposição. Neste caso as
disposições são válidas, pois foram feitos dois testamentos.
Proíbem-se, também, os pactos sucessórios, ou seja, estipulações
bilaterais, de feição contratual, em favor dos estipulantes ou de terceiros,
afastando-se a possibilidade de contratos que tenham por objeto herança de
pessoa viva (art. 426, CC – pacta corvina).
O testamento é ato personalíssimo (não pode haver testamento por
mandato, nem que a procuração tenha poderes especiais). O testamento pode
ser revogado (veremos este item mais adiante, de forma pormenorizada). No
entanto não pode ser revogado na parte em que há o reconhecimento de
paternidade (art. 1.609, III, CC).
O testamento, como todo negócio jurídico, requer para a sua validade os
elementos gerais previstos no art. 104, CC: agente capaz, objeto lícito e forma
prescrita ou não defesa em lei. Além disso, ainda exige uma série de
solenidades, visando garantir a certeza da vontade do testador. Portanto,
mesmo que realizado de forma espontânea, se não for respeitada a forma
imposta pela lei, esta declaração de vontade não terá eficácia para transferir a
propriedade do patrimônio do testador, sendo o ato considerado nulo
(conforme a regra geral do art. 166, incisos IV e V, CC). Lembrem-se que
CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA
Interposta Pessoa
Às vezes, não podendo o testador beneficiar alguém, por incapacidade ou
ilegitimidade, utiliza terceiros para conseguir o feito. Trata-se do “testa de
ferro” ou interposta pessoa. Exemplo: um testador casado tem uma amante
há muitos anos e deseja lhe deixar alguns bens. Isto é proibido. Desta forma
ele doa os bens a uma terceira pessoa, sendo que esta, futuramente,
entregará os bens àquela pessoa inicialmente impedida. O art. 1.802, CC
impõe a nulidade das disposições testamentárias em favor de pessoas não
legitimadas a suceder, ainda quando simuladas ou feitas mediante interposta
pessoa. Ora, se a lei proíbe que se faça diretamente, também não vai permitir
que se alcance a finalidade por meio de subterfúgios maliciosos. Lembrem-se
que a Simulação (art. 167, CC) o torna nulo o negócio jurídico de pleno
direito. O art. 1.802, parágrafo único aponta as pessoas que se presumem
interpostas: ascendentes, ascendentes, irmãos, cônjuge ou companheiro do
não legitimado a suceder. Trata-se de uma presunção absoluta (juris et de
jure); dispensa-se a prova da interposição. Notem que interposição pode
ocorrer de pessoa que não esteja no rol acima (ex: um amigo comum do
herdeiro impedido e do testador). Neste caso, a nulidade depende de prova
cabal do fato.
Restrições
Como já visto anteriormente, não se pode dispor de mais da metade dos
bens havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge
sobrevivente), salvo se os mesmo forem deserdados. As disposições que
excederem à metade disponível será reduzida ao limite dela. Reduzem-se
também as doações feitas em vida, que atingiram a legítima dos herdeiros
necessários (são chamadas doações inoficiosas).
Observações
01) As ofensas físicas precisam ser dolosas (com intenção), mas não é
necessária prévia condenação criminal para tanto.
02) Como vimos mais acima, o cônjuge, apesar de ser herdeiro
necessário, não pode ser deserdado, pois o Código é omisso quanto a ele. E,
tratando-se de uma sanção, deve ser interpretada de forma restritiva, não se
estendendo a hipóteses não previstas expressamente.
Efeitos da Deserdação
HERDEIRO RENUNCIANTE
R$ 100 mil
DE CUJUS
Irmão
PEDRO
Renunciante
R$ 50 mil
R$ 50 mil
Filho do
Renunciante
R$ 100 mil
DE CUJUS
Irmão
PEDRO
Indigno
R$ 50 mil
R$ 50 mil
Filho do
Indigno
Observações
01) Se o testador não souber (analfabeto) ou não puder assinar
(quebrou a mão, sofre de “Parkinson”, etc.), o tabelião declara o fato e uma
das testemunhas assina pelo testador a seu rogo (art. 1.865, CC). Não
sabendo ler o tabelião designa alguém para ler na presença de duas
testemunhas.
02) Se o testador for surdo poderá testar, desde que não seja mudo
(art. 1.866, CC).
03) O cego só pode testar por testamento público. Seu testamento é lido
duas vezes: uma pelo tabelião e outra por uma das testemunhas por ele
designadas (art. 1.867, CC).
Observações
01) Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam
ler (analfabetos e cegos).
02) As testemunhas, ao contrário do testamento público, não sabem quais
são as disposições testamentárias.
03) Vantagem → por ser cerrado ninguém conhece a vontade do testador
antes de sua morte.
04) Desvantagens → possui muitas formalidades, pode ser ocultado;
qualquer vício o invalida (ex: se o lacre estiver rompido) e a sucessão
será feita pela forma legítima (e não mais testamentária).
B) Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares
e demais pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país.
Deve ser escrito por autoridade militar, na presença de duas testemunhas.
Admite a modalidade pública e cerrada. Admite, também, a forma
nuncupativa, isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser feito até de
viva voz (ou seja, verbal) na presença de duas testemunhas.
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias
subsequentes em lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamento
caducará.
Registro, Arquivamento e Cumprimento
Após a morte do testador, o testamento deve ser apresentado ao Juiz
(confirmação judicial) que o mandará registrar, arquivar e cumprir, se não
houver vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade. Depois de
efetuado o registro, o mérito das disposições testamentárias será examinado
no inventário ou em ação ordinária própria.
Hierarquia
Pelo art. 1.858, CC o testador, a qualquer tempo, pode alterar ou
revogar o testamento. E o art. 1.969, CC prevê que o testamento pode ser
revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. Assim, só por
testamento se pode revogar expressamente um testamento anterior. No
Cláusulas Testamentárias
São as atribuições de bens feitas através de testamento. Podem ser pura
e simples ou submetidas a uma condição (evento futuro e incerto), um termo
(evento futuro e certo) ou um encargo (impõe um ônus ao beneficiário. Nestas
hipóteses, aplicam-se as regras gerais sobre este, dispostas nos arts. 121 a
137, CC). Uma cláusula nula não compromete todo o testamento. Não são
admitidas cláusulas em um testamento que impeçam o testador de revogá-las
posteriormente (a exceção é quanto ao reconhecimento de filhos). O prazo
decadencial para a declaração de nulidade ou anulabilidade de uma cláusula
testamentária é de 04 (quatro) anos.
Testemunhas Testamentárias
As testemunhas testamentárias são chamadas de instrumentárias, pois
subscrevem o ato para o qual foram convocadas, tendo um dever de
fiscalização das solenidades do ato testamentário. Elas asseguram a
veracidade do ato que se quer provar, subscrevendo (assinando) o
documento (no caso o testamento). O atual Código Civil não trouxe regras
específicas sobre as testemunhas testamentárias. Por isso aplicam-se as
disposições gerais do art. 228, CC. Qualquer pessoa pode ser testemunha,
excluindo-se aquelas que a lei determinar de modo expresso. Na apreciação de
eventual incapacidade da testemunha, leva-se em conta o momento da
realização do ato; se a causa de incapacidade for superveniente (ex: a
testemunha ficou enferma mentalmente após o ato), este não perderá sua
validade.
São absolutamente incapazes de testemunhar: menores de 16 anos,
enfermos mentais, surdo, cego e analfabeto (até porque as testemunhas
devem ler e assinar o testamento). Efeito → nulidade de pleno direito do
testamento em si.
São relativamente incapazes de testemunhar: herdeiros (art. 1.801,
II, CC) e legatários instituídos, bem como os seus ascendentes, descendentes
INEXECUÇÃO DO TESTAMENTO
Sendo o testamento um negócio jurídico, para que possa produzir efeitos
jurídicos, deverá satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador,
objeto lícito e possível, forma solene e consentimento válido), sob pena de
nulidade e anulabilidade. Além disso, ainda existem outras causas que também
impedem o testamento de produzir seus efeitos jurídicos:
• Revogação
• Rompimento
• Caducidade
• Nulidade Absoluta ou Relativa
1. Revogação
Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna
ineficaz o testamento anterior, manifestando vontade contrária à que nele se
encontra expressa. Segundo o art. 1.969, CC, o testamento pode ser revogado
pelo mesmo modo e forma como pode ser feito. Assim, um testamento só
pode ser revogado por outro, mesmo que de modalidade diversa, não havendo
uma hierarquia entre eles (um testamento público pode revogar um cerrado;
um testamento particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que
o novo testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento na
parte em que o testador reconhece filho havido fora do casamento (art.
1.609, III e 1.610, ambos do CC).
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado
posteriormente (não há repristinação no testamento, exceto se houver
previsão expressa neste sentido).
Importante
1) Sabemos que um ato nulo é insuscetível de ratificação e não se
aperfeiçoa com o tempo (art. 169, CC). No entanto o art. 1.859, CC estabelece
que em 05 (cinco) anos extingue-se o direito de impugnar a validade do
testamento, contado do prazo da data de seu registro. Trata-se de um prazo
decadencial, que é uma exceção à teoria geral, pois mesmo sendo nulo o ato
pode se convalidar pelo decurso de tempo.
2) Se o vício for referente a erro, dolo e coação o prazo decadencial para
anular as disposições testamentárias é de 04 (quatro) anos, contados de
quando o interessado teve conhecimento do vício.
Captação de Vontade
Segundo Clóvis Bevilácqua é o emprego de artifícios para conquistar a
benevolência de alguém, no intuito de obter liberalidades de sua parte, em
favor do captante ou de terceiros. Segundo a doutrina não se trata de um vício
de consentimento (erro, dolo ou coação). Se alguém fazer-se estimar pelo
testador, despertando nele um sentimento de simpatia, de modo que venha a
ser contemplado em seu testamento, esse ato é considerado válido, pois não
foram usados recursos considerados ilícitos. Mesmo a conduta sendo
considerada moralmente incorreta, no campo do direito não é ilícita. É
necessário que esta afeição exagerada ou simulada venha acompanhada de
outras medidas fraudulentas para que o ato seja passível de anulação.
Observação
No caso da substituição recíproca é necessário outro esclarecimento.
Duas situações podem ocorrer:
a) Se não for incluída mais nenhuma outra pessoa, entende-se que a
proporção atribuída na primeira disposição dos quinhões deve ser mantida
caso haja substituição. Exemplo: Foram nomeados herdeiros: “A” com 2/10 da
herança; “B” com 3/10 e “C” com 5/10, sendo substitutos entre si. Se “A” não
aceitar a herança, seu quinhão (2/10) será dividido em oito partes: três delas
irão para “B” e outros cinco para “C” (mantém-se a mesma proporção
anterior).
b) Se for incluída outra pessoa com as anteriormente nomeadas, o quinhão
vago pertencerá em partes iguais aos substitutos. Aproveitando o exemplo
anterior, digamos que foi inserido como substituto também “D”. Neste caso o
quinhão de “A” (2/10) será dividido em três partes iguais a ser distribuído a
“B”, “C” e “D”.
Exemplo: “A” deixou sua fazenda para “B” (que é seu caseiro há muitos
anos), mas com a morte de “B” estes bens passarão a ser dos eventuais filhos
de “C” (que é irmão de “A”). Notem que neste caso “C” não é herdeiro
necessário do de cujus (pois é seu irmão – colateral). E seus filhos são seus
sobrinhos. Outro exemplo: “A” deixou sua fazenda para seu irmão “B”. No
entanto, com o eventual nascimento do filho de “B”, a propriedade será para
ele transmitida.
O fideicomisso só pode ser instituído sobre a metade disponível dos
bens do testador, não podendo comprometer a legítima. Possui três
modalidades:
• Vitalício: a substituição ocorre com a morte do fiduciário.
• A termo: a substituição ocorre no momento fixado pelo testador; este
marca um momento para a extinção do fideicomisso.
• Condicional: quando depende do cumprimento de uma condição
resolutiva.
3. Substituição Compendiosa
A substituição compendiosa constitui um misto de substituição vulgar e
substituição fideicomissária. Ou seja, havendo o fideicomisso o testador
fornece um substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que caso
um ou outro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado, serão os
Fideicomisso X Usufruto
Usufruto: é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio se
divide em duas partes, cada uma com seu titular (nu proprietário - direito de
dispor e reaver - e usufrutuário - direito de usar e fruir), que exercem seus
direitos simultaneamente. Fideicomisso: é espécie de substituição
testamentária em que as partes (fiduciário e fideicomissário) exercem a
propriedade plena, mas de forma sucessiva, permitindo que se beneficie prole
eventual.
INVENTÁRIO
(arts. 1.991/2.012, CC)
Inventário é vocábulo derivado de inventar (do latim invenire), que
genericamente significa encontrar, descobrir, achar. Com o falecimento do de
cujus ocorre a abertura da sucessão e estabelece-se entre os herdeiros um
estado de comunhão que cessará com a partilha, expedindo-se o respectivo
formal. Embora os herdeiros adquiram o domínio desde a abertura da sucessão
(princípio da saisine), somente após o registro do formal de partilha que seus
nomes passarão a figurar no Registro de Imóveis. No inventário não se inclui a
meação do cônjuge sobrevivente, visto que esta não constitui herança.
O inventário é um processo judicial (como regra), de caráter
contencioso, que visa relacionar, descrever, avaliar todos os bens
pertencentes ao de cujus ao tempo de sua morte, para distribuí-los entre seus
sucessores. Deve ser instaurado no último domicílio do autor da herança (art.
1.785, CC), no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar do falecimento do de
cujus (que é momento em que se dá a abertura da sucessão), conforme o art.
1.796, CC. Se não for observado o prazo, o imposto será calculado com
acréscimo de 10% de multa. Se o atraso for além de 180 dias a multa será de
20%. O processo deve ser concluído dentro dos 12 (doze) meses
subsequentes. Mas o Juiz poderá dilatar o prazo, de ofício ou a requerimento
da parte. Observem, também, o art. 983, CPC. No processo de inventário não
se admitem discussão sobre “alta indagação”. Esta expressão é usada no
campo dos fatos (e não do direito), sendo aquelas que requerem prova e
contraprova. Se isso ocorrer o Juiz encaminha a questão para ser apurada no
juízo competente.
No inventário, apura-se o patrimônio do de cujus, cobram-se e pagam-se
as dívidas, avaliam-se os bens e pagam-se os legados e impostos. Após,
procede-se à partilha.
Inventariança
Requerido o inventário, o Juiz nomeará o inventariante, a quem caberá
a administração e representação (ativa e passiva) do espólio, em juízo ou fora
dele; ele deve impulsionar o inventário, desde a assinatura do compromisso
até a homologação da partilha. Só poderá haver um inventariante; é um
encargo pessoal, sujeito, entretanto, à fiscalização dos herdeiros, do Juiz e do
Ministério Público. Há uma ordem preferencial (art. 990, CPC):
• Cônjuge sobrevivente – desde que estivesse convivendo com o outro
ao tempo da morte deste e que o casamento tenha sido celebrado no
regime da comunhão universal ou parcial de bens. O companheiro
sobrevivente somente pode ser nomeado se houver prova a união estável.
• Na falta do cônjuge, será nomeado o herdeiro que se achar na posse e
administração dos bens da herança.
• Se ninguém preencher os requisitos acima, atribui-se a inventariança a
qualquer herdeiro, a critério do Juiz.
ARROLAMENTO
O arrolamento é um processo de inventário simplificado, caracterizado
pela redução de atos formais ou de solenidades. É possível a sua realização
quando os herdeiros forem maiores e capazes e for conveniente fazer uma
partilha amigável, que é homologada pelo Juiz, mediante prova de quitação
de tributos. Se os herdeiros divergirem ou se algum deles for menor ou
incapaz a partilha será judicial.
Havendo um único herdeiro não se procede à partilha propriamente dita
(não há o que partilhar), mas simplesmente à adjudicação (transferência) dos
bens a este.
PARTILHA
(arts. 2.013/2.027, CC)
A herança, até à partilha, é uma universalidade, legalmente indivisível.
A partilha é a divisão oficial do apurado durante o inventário entre os
sucessores do de cujus. Tem natureza meramente declaratória, sendo que a
sentença que a homologa retroage ao momento da abertura da sucessão
(efeito ex tunc).
Na verdade o Inventário e a Partilha constituem um único
procedimento, cindido em duas fases. Terminado o inventário, os bens são
partilhados entre os herdeiros, separando-se a meação do cônjuge
sobrevivente (se houver). Havendo um único herdeiro é feita a adjudicação dos
bens (não há o que partilhar).
A partilha pode ser amigável (acordo entre os interessados, desde que
maiores e capazes) ou judicial (realizada no processo de inventário quando
não houver acordo ou sempre que um dos herdeiros seja menor ou incapaz). A
partilha amigável é simplesmente homologada pelo Juiz. Mas a partilha judicial
deve ser julgada por sentença. Esta, transitando em julgado, faz com que o
herdeiro receba os bens que integram o seu quinhão, por meio do formal de
partilha, que pode ser substituído pela certidão de pagamento do quinhão
Formal de Partilha
Passado em julgado a sentença, receberão os herdeiros os bens que lhe
tocarem e um formal de partilha que será composto das seguintes peças:
• Termo de inventariante e título de herdeiros
• Avaliação dos bens que constituem o quinhão do herdeiro
• Pagamento do quinhão hereditário
• Quitação de impostos
• Sentença
Sobrepartilha
É uma nova partilha (partilha adicional) de bens que por certas e
determinadas razões não puderam ser divididos entre os herdeiros de
imediato. Hipóteses: a) quando parte da herança consistir em bens remotos
do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa ou difícil – neste
caso realiza-se a partilha dos bens livres e desembaraçados, reservando os
demais para a sobre partilha; b) quando houver bens sonegados e quaisquer
outros bens da herança que se descobrirem depois da partilha. Entende-se que
poderá haver a sobrepartilha extrajudicial (escritura pública), desde que
respeitados os requisitos da Lei no 11.441/07 (mesmo que a partilha tenha
sido feita de forma judicial).
Com esta aula posso dizer: MISSÃO CUMPRIDA! Mais uma vez,
Recebam todos um grande abraço, como se eu estivesse aí com vocês. Muitas
ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram.
RESUMO DA AULA
1. Conceito conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de
alguém (bens, direitos e obrigações), depois de sua morte, em virtude de lei ou
testamento. Refere-se apenas às pessoas naturais (a extinção da pessoa jurídica não
está em seu âmbito). A sucessão é uma forma de aquisição da propriedade.
2. Conteúdo
• Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC).
• Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC).
• Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC).
• Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC).
3. Sucessão em Geral
• Fonte: a lei é a sua única fonte. O testamento pode até indicar o destinatário
da sucessão. Mas ele não é pleno (há muitas restrições ao direito de testar) e
também não é causa geradora de novas disposições sucessórias.
• Abertura: ocorre com a morte do de cujus (real ou presumida). De cujus:
pessoa de cuja sucessão se trata. Lugar da abertura: último domicílio do
falecido (art. 1.785, CC).
• Transmissão (princípio da saisine) → posse imediata.
• Herança: é o patrimônio do de cujus. Trata-se de uma universalidade de
direito. Não é suscetível de divisão em partes materiais (indivisível até a
partilha) e é equiparada a um bem imóvel, enquanto permanecer como tal.
Compreende todos os direitos que não se extinguem com a morte. Integram-
na bens móveis e imóveis, direitos, obrigações e ações. Abrange coisas
futuras. Excluem-se as coisas que se não se desligam da pessoa (direito à
personalidade, tutela, curatela, obrigações intuitu personae, etc.).
• Sucessão X Herança. Sucessão mortis causa é o modo de transmitir a
herança. Herança é o conjunto de bens, direitos e obrigações que se
transmitem aos herdeiros e legatários. É considerada pelo Direito brasileiro
(em virtude de ficção legal) como um bem imóvel.
• Herdeiros: são os sucessores do de cujos. Dividem-se em a) legítimos:
instituídos pela lei e relacionados em uma ordem de preferência; b)
necessários: descendentes, ascendentes e cônjuge; c) testamentários:
designados pelo falecido em testamento.
• Capacidade Sucessória: capacidade para adquirir os bens no momento da
morte. Todas as pessoas concebidas ou já nascidas, no momento da abertura
da sucessão. Exceções:
INVENTÁRIO
1. Conceito. É um processo judicial, de caráter contencioso, que visa
relacionar, descrever, avaliar todos os bens pertencentes ao de cujus ao tempo de sua
morte, para distribuí-los entre seus sucessores. Se houver um testamento ou algum
interessado incapaz deve-se proceder ao inventário judicial. No entanto, se todos
forem capazes e houver consenso entre eles, pode-se fazer o inventário e a partilha
por escritura pública. Esta será o documento hábil para o registro imobiliário
posterior. Todos os interessados devem comparecer no Tabelionato, acompanhados
de advogado (um para todos ou cada um com o seu).
2. Inventariança: Juiz nomeia um inventariante, a quem caberá a
administração e representação (ativa e passiva) do espólio. Só pode haver um
inventariante; é um encargo pessoal, sujeito, entretanto, à fiscalização dos herdeiros,
do Juiz e do Ministério Público. Há uma ordem preferencial para sua escolha.
3. Arrolamento: é um processo de inventário simplificado, caracterizado pela
redução de atos formais ou de solenidades. É possível a sua realização quando os
herdeiros forem maiores e capazes e for conveniente fazer uma partilha amigável, que
é homologada pelo Juiz, mediante prova de quitação de tributos.
4. Sonegados: é a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou
levados à colação. Pode ser praticada pelo inventariante (quando omite
intencionalmente bens e valores ao prestar as primeira e as últimas declarações) ou
pelos herdeiros (que não indicam bens em seu poder). Pena perda do direito sobre o
bem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros, como se
o sonegador nunca tivesse existido. Prescrição – 10 anos e deve ser ajuizada no foro
do inventário e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e
credores.
5. Colação: Os herdeiros que foram agraciados com doações em vida, deverão,
no prazo de 10 dias, apresentar esses bens, a fim de que se verifique se não houve
prejuízo à legítima dos herdeiros necessários. Dá-se o nome de colação ao ato de
retorno ao monte a ser partilhado das liberalidades feitas pelo de cujus, antes de sua
morte, a seus descendentes. Seu fim é igualar a legítima destes herdeiros, havendo
uma conferência dos bens. É dever imposto ao herdeiro, pois, segundo a lei, a doação
dos pais aos filhos importa em adiantamento de legítima.
BIBLIOGRAFIA-BASE
Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:
DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.
DINIZ, Maria Helena – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
Interpretada. Ed. Saraiva.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de
Direito Civil. Ed Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Ed Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Ed. Freitas
Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Ed. Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Ed.
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Ed. Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Ed. Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Ed. Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Ed. Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Ed Atlas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Questão 01 Questão 09
a) Errado a) Errado
b) Certo Questão 10
c) Errado a) Certo
d) Errado
Questão 11
Questão 02 a) Certo
a) Errado b) Certo
Questão 03 Questão 12
a) Certo a) Certo
b) Certo b) Certo
c) Errado c) Certo
d) Errado
Questão 13
Questão 04 a) Certo
a) Errado b) Errado
Questão 05 c) Errado
a) Errado Questão 14
Questão 06 a) Certo
a) Errado b) Certo
b) Certo c) Errado
c) Certo d) Errado
d) Errado e) Certo
Questão 07 Questão 15
a) Certo a) Certo
b) Errado b) Certo
c) Errado c) Certo
d) Errado d) Errado
e) Certo
Questão 08
a) Errado