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Curso Sobre Inventário Judicial e Extrajudicial

20 PERGUNTAS MAIS
QUESTIONADAS NO CURSO

Prof. Elyselton Farias


Portal Carreira do Advogado
Sumário
1. BREVES CONSIDERAÇÕES ........................................................................................... 1
2. Qual o prazo para abertura do Inventário e quais as consequências de sua não
observação? ....................................................................................................................... 2
3. Como diferenciar Meação e Herança?........................................................................ 3
4. Quem são os Herdeiros Necessários e os Facultativos? .............................................. 5
5. Se o herdeiro direto vem a falecer, poderão seus descendentes exigirem participação
no Inventário?.................................................................................................................... 6
6. Qual o Juízo competente para abertura do Inventário? .............................................. 7
7. O Inventariante está dilapidando o patrimônio do espólio, qual a medida cabível? .... 8
8. Em caso de Doação e Compra e Venda entre Ascendentes e Descendentes como
proceder com a proteção da herança legítima dos demais herdeiros? ............................. 10
9. Qual percentual de bens é possível dispor em testamento? ..................................... 11
10. Como resguardar a divisão do patrimônio desembaraçado ante a existência de
bens com diversas pendências Jurídicas. .......................................................................... 12
11. É possível determinar antecipadamente o uso e fruição de um determinado bem
do inventário? .................................................................................................................. 13
12. Qual procedimento devo seguir em um inventário extrajudicial? ......................... 14
13. Como realizar Sobrepartilha Extrajudicial? ........................................................... 16
14. Onde realizo o pagamento do ITCMD? ................................................................. 16
15. Quando em um Inventário existir imóveis sem registro em cartório, como devo
proceder? ........................................................................................................................ 17
16. Os filhos não comuns ao casal herdarão parcelas patrimoniais construídas ao longo
da relação entre o casal quando do falecimento de um dos cônjuges? ............................. 19
17. Como deve-se proceder quando o casal vem a falecer em datas distintas e não foi
realizado o inventário quanto ao Primeiro?...................................................................... 20
18. O que é e como efetuar um arrolamento comum? ............................................... 21
19. A escritura pública de Inventário Extrajudicial tem a mesma força de uma Sentença
Judicial? ........................................................................................................................... 23
20. O que ocorre com o contrato de aluguel com a superveniente morte do Locador?
24
21. Se o de cujus, não deixou ascendentes, nem cônjuge e nem filhos, sendo os irmãos
colaterais facultativos, todos obrigatoriamente devem ser chamados à suceder? ............ 25
22. ESBOÇOS GRÁFICOS (REGIMES DE BENS) ............................................................. 26
23. Modelo de petição de esboço de partilha de bens ............................................... 29
1. BREVES CONSIDERAÇÕES

Não é do meu feitio ensinar aos meus alunos receitas milagrosas e


revolucionárias. A minha maior missão é tratar com a verdade, trazer para
aqueles que depositaram a confiança em meus ensinamentos a segurança em
institutos e ações que caminham lado-a-lado com a sociedade e para sempre
assim serão. Todos nascemos com prazo delimitado neste mundo, podemos não
saber quando, onde, ou como, mas todos nós sabemos que um dia iremos falecer.
Como não poderia deixar de ser, esse evento trará consequências Jurídicas e
sociais.
Observe que o título de sucessões é a última temática tratada no Código
Civil, existe uma razão de ser para isso, o estudo das sucessões demanda o prévio
conhecimento de tudo aquilo que o código civil outrora tratou. Essa informação
implica uma verdade prática que você enfrentará no seu dia-a-dia: “Todo
advogado, mais cedo ou mais tarde irá deparar-se com um processo de
Inventário. Seja de forma indireta (conectado a outros processos), seja de forma
direta com o pleito de ações de Inventário. Você está preparado para eles?
As experiências vividas junto ao Portal Carreira do Advogado permitiram
que eu pudesse dialogar e auxiliar centenas de Advogados nos mais diversos
locais do Brasil. Casos práticos e questionamentos foram o combustível para eu
desenvolver algo único no Direito Sucessório. Trata-se do presente material, um
e-Book onde elenquei os maiores questionamentos dentro do universo das
Sucessões e apresentei com primazia as respostas, conectando você advogado
com a PRÁTICA no Inventário e Partilha.
Diante de seus olhos estará exposto em profundas considerações grandes
temas e fundamentos do Direito Sucessório que tenho certeza que poderão
transformar sua carreira. Será um prazer acompanhá-lo nessa jornada.

Portal Carreira do Advogado – Curso Sobre Inventário Judicial e Extrajudicial


2. Qual o prazo para abertura do Inventário e quais as
consequências de sua não observação?

Quando uma pessoa vai a óbito todo o seu patrimônio se transforma em


uma massa única e indivisível denominada herança. A herança é formada tanto
pelos bens deixados quanto pelas dívidas e é transmitida automaticamente aos
sucessores do falecido. No entanto, surgem duas perguntas fundamentais. Quem
estará apto a herdar o referido patrimônio? Quanto cada herdeiro herdará? Com
intuito de responder esses questionamentos, é obrigatório que os
interessados abram um processo de inventário, visando a efetiva divisão
patrimonial e consequente transmissão dos bens e dos Direitos
O inventário é um processo no qual é realizado um levantamento do
patrimônio deixado pelo falecido cuja última etapa é a partilha desse patrimônio
entre os herdeiros. Ele deve ser aberto em até 02 meses, conforme dicção do Art.
611 do CPC:

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser


instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura
da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses
subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de
ofício ou a requerimento de parte.

Visto isso, insurge outro questionamento, qual as consequências jurídicas


advindas do descumprimento do prazo legal estabelecido? Caso esse prazo não
seja respeitado, os herdeiros podem ter que pagar uma multa em relação ao
ITCMD ( Imposto de Transmissão Causas Mortis e Doação), além das
complicações civis que acompanharão a viúva, por exemplo, que poderá ser
impedida de contrair matrimônio até que a partilha seja realizada.
Por fim cumpre esclarecer algo muito comum nos inventários brasileiros.
Se meu cliente vier a desobedecer ao prazo legal e abrir o inventário anos depois,
ainda é possível? Sim, é plenamente possível, desde que não tenha havido a
vacância de herança (procedimento estatal para transmissão dos bens para o
ente público), o inventário poderá ser intentado décadas depois do falecimento.
O que acontecerá é que o imposto a pagar terá a incidência de multa e também
de juros nos moldes estabelecidos por cada Estado.

3. Como diferenciar Meação e Herança?

Dentro da temática Inventário é imperioso a distinção entre dois institutos


que causam muitas confusões na maioria dos advogados, trata-se da diferença
entre Meação e Herança. Esses institutos não compõem a mesma matéria,
todavia causa gigantescas confusões quando de sua diversificação. Na prática,
quando o Advogado se deparar com um Inventário, a primeira distinção que deve
ser realizada é entre esses institutos.
Meação faz referência ao Direito de Família sendo a efetivação do direito
à metade do patrimônio compartilhado com alguém. Ela torna-se presente
quando do findar do casamento, seja por separação ou morte de um dos
cônjuges.
Herança diz respeito à sucessão de bens que ocorre com o falecimento de
alguém que possui bens. A lógica contida na sucessão é perpetuação e
estabilidade dos legítimos beneficiários A herança necessária é um direito dos
ascendentes, dos descendentes e do cônjuge, se houver. Neste sentido, meação
e herança não se confundem, pois a herança sempre diz respeito à parte que
cabia ao falecido de determinado patrimônio, enquanto a meação diz respeito a
partilha ocorrida posteriormente ao fim do casamento.
Meeira é a pessoa que, em função do regime de comunhão que é
estabelecido em determinada relação conjugal, tem direito à metade do
patrimônio entendido como conjunto, de acordo com os termos deste regime.
O herdeiro, por sua vez, é uma pessoa em condição completamente
distinta, que tem direito à herança deixada pelo proprietário, patrimônio este
que ele não contribuiu quando de sua construção.
Lembre-se que quem adquiriu parcela de patrimônio por Meação, não
pode vir a adquirir por herança.
A maioria dos advogados possuem uma teoria apurada, todavia carecem
de conhecimento prático, dessa forma deixam de potencializar os lucros em seu
escritório com umas das áreas mais rentáveis no Direito que é a parte de
sucessões. Nada melhor que trabalhar com exemplos práticos da possível divisão
entre meação e herança.
Imagine que João, casado com Maria pelo Regime de Comunhão Parcial de
Bens, advieram dessa união dois filhos, Tiago e Marta. João vem a falecer,
deixando com patrimônio líquido o importe de R$ 100.000,00 adquiridos na
constância da União e outros R$ 60.000,00 adquiridos por João antes dos
Casamento através de uma doação.
Iniciada a sucessão observamos que a morte pois fim ao casamento, logo,
Maria adquirirá metade do patrimônio obtido durante a união. Adquirirá a título
de Meação R$ 50.000,00. Observe que restaram ainda R$ 50.000,00, como Maria
já obteve a parcela desse patrimônio através da Meação, não poderá herdar nada
deste valor, sendo dividido R$ 25.000,00 para Tiago e R$ 25.000,00 para Marta.
(1º parte da divisão encerrada).
Vamos mais profundo e observe que João antes do casamento possuía o
importe de R$ 60.000,00 a título exclusivo. Esse importe não se comunicou
quando do casamento com Maria, logo, quanto a este valor que não foi alvo de
Meação, Maria herdará, sendo dividido em partes iguais entre ela e seus filhos,
restando montante de R$ 20.000,00 para cada um. (2º parte da divisão).
Diante de um Inventário tenha em mente que a primeira medida a ser
tomada é a identificação do regime de bens do casamento e a consequente
meação.
4. Quem são os Herdeiros Necessários e os Facultativos?

A ideia e concepção de “herdeiros necessários” está diretamente ligada á


ideia de proteção a alguém supostamente vulnerável. Pertence aos herdeiros
necessários a metade dos bens da Herança. Este é o princípio da Intangibilidade
da Reserva conforme preceitua o art. 1846 CC que aponta que a Legítima (metade
do patrimônio do autor da herança) para os Necessários, salvo se tiverem estes
sido privados (deserdados), nos casos previstos do art. 1961.
Esse conhecimento desboca em muitas situações práticas, como limites
para confecção de Doações, Testamento, disposições patrimoniais. As
referências aos herdeiros necessários encontram-se no Art.1845 e seguintes do
CC:

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os


ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno


direito, a metade dos bens da herança, constituindo a
legítima.

Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens


existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as
despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor
dos bens sujeitos a colação.

Observe a transcrição contida no Art.1846, CC resguardando a estas partes


metade do patrimônio destinado a Herança quando do ato de abertura da
sucessão. Isso implica que o autor da herança quando em vida estivera estava
limitado ao respeito da herança legítima resguardada a seus futuros herdeiros.
Em caso de ausência dos herdeiros indicados acima serão chamados a
adquirir o patrimônio os herdeiros facultativos, sendo facultado ao dono da
herança tê-los em seu testamento ou mediante a ausência de necessários. Se o
dono da herança não deixou filhos, mulher nem pais, serão chamados por força
da lei, os colaterais, ou seja, os Facultativos, com previsão no Art. 1829, IV. A lei
determina, então, se não existirem os ascendentes, descendentes nem o cônjuge,
serão chamados, por força da lei, (art. 1839CC) os colaterais até o quarto grau.
Doutor, tenha em mente que os herdeiros colaterais jamais irão concorrer
com os legítimos, que seja, com a existência de apenas um herdeiro legítimo, o
mesmo receberá a universalidade dos bens. Os colaterais só serão levados em
conta ante a existência de qualquer um dos necessários.

5. Se o herdeiro direto vem a falecer, poderão seus


descendentes exigirem participação no Inventário?

O direito sucessório brasileiro adota o sistema de sucessão por cabeça,


quando concorrentes exclusivamente sucessores de uma mesma classe, sendo
passada do autor da herança para seus descendentes, ascendentes e cônjuge.
Desse interstício surge a possibilidade de o filho de um herdeiro necessário
representar o seu pai.
Imagine que João tinha dois filhos, Tiago e José. Tiago possui um filho
chamado Gustavo. Ocorre um fortuito do destino e Thiago vem a falecer em um
acidente de carro. Um mês depois João vem a falecer de um enfarte. Será possível
Gustavo ter o direito aos bens que pertenceriam a seu Pai Tiago quando da morte
de seu avô? SIM. Chama-se direito de representação.
A herança por representação tem clara finalidade de reparar o mal sofrido
pelos filhos em razão da morte prematura de seus pais, viabilizando, por
convocação exclusivamente legal, que os netos, em linha reta descendente. Este
configura-se como a possibilidade de o parente mais próximo representar aquele
que faleceu antes do de cujus, observada a ordem de vocação hereditária.

6. Qual o Juízo competente para abertura do Inventário?

As regras de competência em relação a esta matéria encontra esteio no


Código de Processo Civil com localização no art. 48 determinando que o foro
de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário,
a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que
o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
A regra exposta não é absoluta e comportar exceções previstas no
mesmo diploma legal, especificamente no Art.48, CPC:
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil,
é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação,
o cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía
domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer
destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer
dos bens do espólio.

Em caso de existir as condicionantes previstas no art. 48 do CPC, será


possível a entrada do inventário em comarca diversa do domicílio do autor da
herança, fato este muito importante para os colegas advogados. Reputo como
essencial que a incompetência de foro deverá ser arguida em preliminar de
primeiras declarações, com fundamento no art. 64 do CPC, demonstrando de
pronto ao Juízo, as razões do pleito perante a respectiva vara.
No caso do inventário extrajudicial, os herdeiros escolhem em qual local
devem abrir o inventário. Podendo ser realizado em qualquer cartório de notas,
independentemente do domicílio das partes, do local de situação dos bens ou do
local do óbito do falecido.

7. O Inventariante está dilapidando o patrimônio do espólio,


qual a medida cabível?

Com o inventário em curso uma série de atos deverão ser tomados, bem
como a providência de documentos para compor os autos, pensando nessas
hipóteses será nomeado um auxiliar entre os legitimados no Art. 617 do CPC. O
inventariante é um auxiliar da justiça que tem a obrigação de administrar os bens
da herança. Ao inventariante incumbe uma série de tarefas, sejam elas as comuns
que podem ser exercidas de ofício, como prestar as primeiras e últimas
declarações no prazo legal e prestar contas da gestão, ou especiais que
necessitam de prévia autorização judicial como transigir em juízo ou fora dele e
pagar dívidas do espólio. Essas atribuições estão delineadas nos Art. 618 e Art.619
do CPC:

Art. 618. Incumbe ao inventariante:


I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou
fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto
no art. 75, § 1º ;
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma
diligência que teria se seus fossem;
III - prestar as primeiras e as últimas declarações
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais;
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das
partes, os documentos relativos ao espólio;
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro
ausente, renunciante ou excluído;
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou
sempre que o juiz lhe determinar;
VIII - requerer a declaração de insolvência.
Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os
interessados e com autorização do juiz:
I - alienar bens de qualquer espécie;
II - transigir em juízo ou fora dele;
III - pagar dívidas do espólio;
IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o
melhoramento dos bens do espólio.

Uma vez não cumprida as incumbências acima tratadas poderão o


inventariante ser removido de ofício ou a requerimento dos demais herdeiros,
por fato omissivo ou comissivo realizado dentro do processo ou por fora dele.

Desta forma, caso o magistrado observe alguma conduta que pode lesar
os demais herdeiros poderá retirar do cargo de inventariante quem estava e
indicar outra pessoa, ou mesmo os herdeiros ao perceber o descaso para com a
gestão patrimonial podem adentrar com um pedido de remoção do inventariante
cujos fundamentos encontram-se no Art.622 do CPC:

Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a


requerimento:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas
declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar
dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente
protelatórios;
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem,
forem dilapidados ou sofrerem dano;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado,
se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as
medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem
julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.

Incorrendo o mesmo nas condutas acima vedadas, será aberto o prazo de


15 dias em respeito ao contraditório e ampla defesa, onde, por fim, o juiz decidirá
sobre sua retirada ou manutenção como auxiliar processual.
8. Em caso de Doação e Compra e Venda entre Ascendentes e
Descendentes como proceder com a proteção da herança
legítima dos demais herdeiros?

Doação e compra venda na prática sucessória ocorre em quase todas as


ações de Inventário e partilha, sendo prudente, você advogado entender com
primazia como funciona esses institutos dentro de um inventário para assim
evitar problemas em suas ações.
O nosso ordenamento Jurídico instituiu limitações quanto as disposições
patrimoniais a título gratuito, isso é chamado de proteção da herança legítima,
afetando cota da herança caso haja herdeiros necessários, no equivalente a 50%
do patrimônio do testador, garantido em prol de determinados sucessores
legítimos.
A doação de ascendente para descendente é absolutamente válida e
eficaz, inclusive não precisa de consentimento dos herdeiros. Porém, constitui
antecipação de herança (antecipação da legítima). Logo, o bem doado deve ser
colacionado (apresentado ao inventário no momento oportuno ), sob pena de
caracterização de sonegação de bens:

Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão


do ascendente comum são obrigados, para igualar as
legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida
receberam, sob pena de sonegação.

Entretanto, conforme art. 2.005 e 2.006 do Código Civil, o descendente


pode ser liberado da colação, se o doador expressamente, no instrumento de
doação, indicar que o bem está saindo da parte disponível de sua herança.
Outra situação muito comum na prática é a venda entre ascendente e
descendente. Em relação a esta modalidade contratual temos uma restrição
prevista no art. art. 496 do CC:
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente,
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido.

Esse dispositivo visa evitar a eminente lesão aos demais herdeiros pela
realização de compra venda com valores ínfimos, que seja, uma doação
transvestida de compra e venda, lesando os demais legitimados a suceder.

9. Qual percentual de bens é possível dispor em testamento?

Em razão da proteção patrimonial dos herdeiros e perpetuação da prole


do autor da herança, o nosso ordenamento Jurídico instituiu limitações
testamentárias e uma delas é a “proteção da herança legítima”, sendo esta a
quota indisponível na herança caso haja herdeiros necessários, no equivalente
a 50% do patrimônio do testador, garantido em prol de determinados
sucessores legítimos. Assim sendo, toda herança onde existir herdeiros
necessários possuirá uma quota indisponível, parcela da herança gravada com
cláusula de indisponibilidade.
Os herdeiros necessários não podem ser completamente excluídos da
sucessão em função da proteção legal garantida à “legítima”, compreendida
como a parcela do patrimônio, correspondente à herança reservado aos
herdeiros necessários na monta de 50% do patrimônio conforme estabelecido
no Art.1789, CC:

Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só


poderá dispor da metade da herança.
Aos herdeiros necessários é resguardado o direito ao recebimento de,
ao menos, metade da herança do falecido, sendo que este somente poderá
dispor gratuitamente da outra metade de seu patrimônio.
Por fim, cumpre esclarecer que inexiste obrigatoriedade legal de se
deixar patrimônio aos herdeiros, ou seja, o autor da herança quando em vida
estivera possuía a deliberalidade de utilizar seu patrimônio ao bel prazer,
inclusive, até mesmo, gastando-o em sua integralidade.

10. Como resguardar a divisão do patrimônio


desembaraçado ante a existência de bens com diversas
pendências Jurídicas.

É assegurado aos herdeiros a justa divisão patrimonial. Ocorre que podem


surgir bens que possuem difícil liquidação ou estão embaraçados, e manter o
seguimento do pleito com este patrimônio trará mais problemas que solução
para o feito. O processo seguirá de forma lenta e seus honorários advocatícios
vão ficar cada vez mais distantes. Diante disso, saiba da possibilidade de seguir o
curso processual com os bens aptos a partilha e em momento posterior efetuar
a divisão do patrimônio que se encontra embaraçado através da realização da
Sobrepartilha.
Imagine que João veio a falecer e deixou como patrimônio o importe de
R$ 90.000,00 reais, 03 apartamentos e uma Fazenda, possuindo o falecido três
filhos maiores e capazes. (João não era casado).
Ocorre que, João adquiriu essa Fazenda através de um contrato de gaveta
de cessão de Direitos Hereditários realizado pelos dois filhos de seu José, anterior
dono da Fazenda. Seu José em tempos de outrora teve um filho escondido, cujos
os familiares desconheciam, filho este que busca neste momento a respectiva
parte pecuniária no imóvel vendido por seus irmãos. Imóvel este que se
encontrava antes da venda na posse de Ana que adentrou com um Instrumento
de Usucapião para assegurar a propriedade do bem.
O caso acima visa demonstrar a complexa situação do imóvel vendido para
João que agora seus filhos desejam regularizar. Podendo ser requerido na
presente situação a antecipação das cotas em dinheiro no valor de R$ 30.000,00
e um apartamento para cada um dos herdeiros, podendo, em momento posterior
efetuar a SOBREPARTILHA da casa embaraçada.
Diante desses casos o código civil trouxe-nos a seguinte dicção:

Art. 2.021. Quando parte da herança consistir em bens


remotos do lugar do inventário, litigiosos, ou de liquidação
morosa ou difícil, poderá proceder-se, no prazo legal, à
partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou
mais sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do
mesmo ou diverso inventariante, e consentimento da
maioria dos herdeiros.

Por fim, uma estratégia muito eficiente que você advogado pode utilizar já
que a SOBREPARTILHA condiciona a divisão do bem através do mesmo
procedimento outrora utilizado no Inventário, é a realização de um procedimento
extrajudicial de Sobrepartilha, sendo realizado de forma céleres e eficiente
perante um cartório de registro de imóveis, sendo lavrada escritura pública ao
seu término, evitando com isso, todo o trâmite natural da inventariança ,
potencializando seus lucros há um prazo deveras exíguo.

11. É possível determinar antecipadamente o uso e fruição


de um determinado bem do inventário?

A partilha é feita após o pagamento das dívidas do espólio, e recairá sobre


os bens que remanescerem ao acervo. Pagos os credores, ou reservadas as
quantias necessárias para o seu pagamento, o juiz facultará às partes que, no
prazo comum de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de quinhão; em seguida
proferirá decisão de deliberação da partilha.
O CPC traz uma possibilidade de resolução muito interessante ao prever,
no parágrafo único, do art. 647 que

Art.647, parágrafo único, CPC: O juiz poderá, em decisão


fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos
herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de
determinado bem, com a condição de que, ao término do
inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo
a este, desde o deferimento, todos os ônus decorrentes do
exercício daqueles direitos.
Nesse sentido, poderá o futuro destinatário do bem usufruí-lo de
imediato, ou seja, antes de julgada ou homologada a partilha. Trata-se, portanto,
de uma tutela de evidência que antecipa o resultado prático do processo de
inventário. Resta clara a incumbência do respectivo herdeiro sustentar todos os
ônus do imóvel, também pudera, seria muito injusto que os demais herdeiros não
usufrutuários tivessem que arcar com as despesas do patrimônio.

12. Qual procedimento devo seguir em um inventário


extrajudicial?

A Lei regulamentadora nº. 11.441/2007, reprisadas no Código de Processo


Civil de 2015, assim como na Resolução 35/2007 do CNJ preza pela possibilidade
de realização do Inventário em Cartório desde que os interessados estejam todos
de acordo – inexistindo por isso litígio – sejam maiores e capazes, o de cujus não
tenha deixado testamento válido que com a assistência de um Advogado poderão
confeccionar a escritura pública de Inventário perante um tabelionato de notas.
O mesmo possuirá igual poder para atualização da titularidade junto aos
Cartórios do RGI, Detran, Estabelecimentos Bancários dentre outros, tudo
conforme a natureza dos bens componentes do acervo.
O procedimento de inventário extrajudicial ocorrerá perante uma
circunscrição extrajudicial, o advogado competente deverá apresentar perante o
cartório um documento chamado requerimento, quase nos mesmos moldes de
uma petição inicial indicada ao Judiciário. Esse requerimento será endereçado ao
tabelião do cartório, com seu recebimento será prenotado e o procedimento
estará iniciado.
O Requerimento deverá conter a indicação do respectivo cartório de
registro de imóveis, qualificação das partes nos moldes de uma petição inicial,
posteriormente deve ser apresentada a narrativa fática e a fundamentação
jurídica.
O requisito mais importante deste e a apresentação do plano de partilha,
este deve ser previamente acordado entre os herdeiros. Lembre-se, no
inventário extrajudicial não pode haver lide, e os herdeiros devem estar de
acordo quanto aos bens.
O requerimento estará acompanhado da documentação de identificação
do falecido, seus herdeiros, cônjuge meeira e os documentos aptos a demonstrar
a titularidade dos bens que serão divididos. Entre os herdeiros será nomeado
inventariante para possíveis pedidos do tabelião responsável quanto a
documentação, tomada todas as medidas e cautelas de direito tratadas na
resolução 35 do CNJ e na lei registros públicos, será lavrada escritura pública de
inventário extrajudicial, procedendo-se com a assinatura de todos os herdeiros
em concordância.
13. Como realizar Sobrepartilha Extrajudicial?

É sabido que nem sempre todos os bens são trazidos perante o inventário
para respectiva divisão, seja por sonegação, desconhecimento da existência dos
mesmos ou opção dos herdeiros quanto ao embaraço do patrimônio. Neste
momento, emerge imperioso a confecção de um procedimento capaz de efetuar
a posterior partilha deste patrimônio, temos então a SOBREPARTILHA.
Uma das hipóteses que poucos advogados conhecem é a possibilidade de
prosseguimento do inventário com os bens desimpedidos e posterior realização
da sobrepartilha, tema que chamo atenção dos Doutores, haja vista o célere
procedimento.
O problema da Sobrepartilha Judicial emerge de seu extenso
procedimento, haja vista que segue os moldes do Inventário Judicial, sendo
necessárias as diligências em direito determinadas.
Em casos do necessário prosseguimento do Inventário e deixando bens
ainda por inventariar é possível que com a assistência de um Advogado seja
confeccionada a escritura pública de Inventário Extrajudicial sobrepartilhando a
parte do espólio deixada, desde que sobre a mesma não sopese lide, todos os
herdeiros sejam maiores e capazes e em pleno acordo quanto ao objeto da
divisão.
Assistidos por advogado poderão dirigir-se até uma circunscrição
extrajudicial e efetuar a respectiva partilha por escritura pública.

14. Onde realizo o pagamento do ITCMD?

ITCMD significa Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, é o nome


dado ao tributo destinado à transferência de bens a título de Doação ou Causa
Mortis. Assim, sendo se o senhor João venha falecer, os seus herdeiros para
terem direito a respectiva parte na herança devem pagar uma parcela ao ente
estatal.
O ITCMD é de competência do ente estadual, o que significa que toda a
arrecadação é destinada aos cofres do estado onde o recolhimento é feito. A
forma mais comum é sobre bens imóveis, todavia pode recair sobre outros tipos
de bens, quais sejam: Bens móveis; Direitos; Títulos e créditos e os direitos a eles
relativos. Os sujeitos passivos são os próprios herdeiros que em cotas iguais
devem efetuar o pagamento do tributo nos termos legais.
Por fim, deve ser recolhido em favor do estado em estiver situado o bem
imóvel, ainda que o inventário esteja sendo processado em local diverso. Com
relação ao bem móvel, compete ao estado onde estiver sendo processado o
inventário.
Em razão das novas tecnologias o pagamento do respectivo ITCMD em
quase todo o país é realizado de forma online onde a parte interessada efetuará
o cadastramento dos bens e herdeiros envolvidos. Em caso de qualquer
pendência o advogado deve procurar a secretaria da receita estadual.

15. Quando em um Inventário existir imóveis sem registro


em cartório, como devo proceder?

Posterior a apresentação das primeiras declarações deverão ser indicados


os bens passíveis de inventariança. Feito isto, os colegas sabiamente me
perguntam quanto a possibilidade de realização do Inventário da posse de um
imóvel ou até mesmo a realização de uma Usucapião no curso do Inventário com
viés de adquirir a propriedade dos bens destacados.
Primeiro cumpre esclarecer que o inventário de direitos possessórios
sobre os bens é plenamente possível, transmitindo de imediato para os
respectivos herdeiros com esteio no Art. 1.206 e 1.207 do CC:
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários
do possuidor com os mesmos caracteres.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse


do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir
sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Como a propriedade de bem imóvel advém com o registro no cartório de


imóveis, podemos dizer que aquele que não possui como seu imóvel
REGISTRADO, na verdade não é proprietário e sim possuidor, exercendo os
poderes inerentes a propriedade, todavia não é sua. Adianto ao Doutor que uma
das coisas mais comuns nas sucessões é o inventário de tão somente a Posse de
Imóveis, haja vista as irregularidades latifundiárias que enfrentemos no Brasil.
Então, aquele que não tem registro é tão somente possuidor. Sendo
possível que essa posse seja levada ao inventário e dividida entre os herdeiros.
Assim sendo, caso desconheça a titularidade do original proprietário para
buscar o mecanismo legal de propriedade, como será possível REGISTRAR esse
imóvel?
Com a posse mansa, pacífica a ininterrupta por um respectivo prazo de
tempo como se dono fosse, surge uma mutação da posse chamada ad
usucapionem, sujeito aquele imóvel a uma ação de usucapião e aquisição de
propriedade.
Quando os herdeiros adquirem a integralidade da posse através do
inventário, podem optar pela Usucapião posteriormente a partilha, buscando
regularizar tão somente a parcela de seu imóvel recebida ou mesmo utilizar de
forma conexa ao inventário uma ação de Usucapião para adquirir a propriedade
desse imóvel e posteriormente dividi-la.
É muito comum a utilização dessa conexão inventário e usucapião quando
os herdeiros desejam efetuar a venda do bem e o comprador exige o registro
anterior da propriedade. Buscando os herdeiros sua regularização ainda no
inventário para posterior cessão.
16. Os filhos não comuns ao casal herdarão parcelas
patrimoniais construídas ao longo da relação entre o casal
quando do falecimento de um dos cônjuges?

João e Maria eram casados no regime de comunhão parcial de bens, na


constância dessa união eles compraram uma casa avaliada em R$100.000,00. É
de conhecimento, que João antes de casar com Maria possuía 02 filhos. João vem
a falecer. O questionamento neste momento será, os filhos anteriores ao
casamento de João terão direito ao patrimônio construído durante a relação com
Maria?
A primeira distinção que devemos fazer faz referência a meação e herança
nessa situação, como já vimos em tópicos passados. A Meação faz referência ao
Direito de Família derivado do regime de bens do casamento. Herança diz
respeito à sucessão de bens que ocorre com o falecimento de alguém.
No presente caso temo o Regime de Comunhão Parcial de Bens. Por este,
o patrimônio adquirido na constância da União será dividido de igual forma os
cônjuges com ao término do casamento. No presente caso, Maria ficará com
metade do imóvel, que corresponde ao valor de R$ 50.000,00.
Em regra, quem adquiriu patrimônio através de meação não será
suscetível a receber por herança valores derivados do mesmo bem. Nesse caso,
a parte da casa de titularidade de João deverá ser distribuída para seus herdeiros,
no presente caso, seus descendentes. Como João não tinha filhos com Maria, os
descendentes de João anteriores ao casamento herdarão a parcela do imóvel.
Lembre-se, a qualidade de filho não pode ser alterada. Logo, os
descendentes de João serão chamados a herdar. Se por um acaso João tivesse
filhos com Maria, de igual forma concorreriam com seus irmãos.
O segredo da situação é que em razão da comunhão parcial de bens o
imóvel é de “copropriedade” de João e Maria, como a cônjuge varoa já adquiriu
sua parcela através de meação, cabe aos descendentes de João adquirir a parte
de seu pai, independentemente de serem filhos da mesma relação.

17. Como deve-se proceder quando o casal vem a falecer


em datas distintas e não foi realizado o inventário quanto
ao Primeiro?

Antes de adentrar na resposta gostaria de trazer um exemplo para


explanar a minha explicação.

Imagine que João é casado com Maria pelo regime de comunhão universal
de bens, eles possuem dois filhos: Pedro e Ana. João detém como patrimônio
junto com Maria a importância de R$100.000. No ano de 2015 João falece em um
acidente de carro.

No ano de 2016, uma fatalidade acontece em Maria que vem a falecer,


neste momento os herdeiros encontram se desesperados e buscam um auxílio
de um advogado para tomar as precauções necessárias para obter para si o
patrimônio de R$ 100.000,00 deixados por seu pai João. O que fazer nessa
situação? Será necessário a realização de dois inventários?

Para conhecimento dos colegas, reputo que essa é uma das situações mais
comuns na prática das sucessões, o inventário cumulativo como é chamado não
é uma grande exceção na prática sucessória. Pensando nessa hipótese, o
legislador nos trouxe um importante instrumento no art. 672 do CPC,
regularizando as hipóteses do inventário cumulativo, fato que passo a discorrer
neste momento:

Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha


de heranças de pessoas diversas quando houver:
I - Identidade de pessoas entre as quais devam ser
repartidos os bens;
II - Heranças deixadas pelos dois cônjuges ou
companheiros;
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra.

Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a


dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz pode
ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao
interesse das partes ou à celeridade processual.

A primeira observação que reputo como importante é que a hipótese do


inventário cumulativo não se restringe a herança deixa por cônjuges, será
possível de igual forma quando existe identidade de pessoas entre as quais
devem ser repartidos os bens, bem como, quando houver dependência de uma
das partes em relação a outra.

O que é necessário extrair quando do envolvimento em uma partilha


cumulativa, é que esses bens, de alguma forma tocarão tanto o autor da herança
“anterior”, bem como, “ o novo autor” da herança.

No tocante ao procedimento processual, não subsistira muitas alterações,


haja vista que o procedimento judicial a seguir será o mesmo, todavia ressalvo,
que será necessário apresentar quando dos autores da herança, ambas as partes
falecidas e, o patrimônio por elas deixados.

18. O que é e como efetuar um arrolamento comum?

O arrolamento comum é uma forma abreviada de inventário e partilha de


bens, sendo efetuada para com os respectivos patrimônios que incidem até o teto
mil salários-mínimos nos termos do Art.664 do CPC, independentemente da
existência de interesse de incapaz, desde que todas as partes concordem quanto
ao infante e haja manifestação do Ministério Público:
Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou
inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos, o inventário
processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao
inventariante nomeado, independentemente de assinatura
de termo de compromisso, apresentar, com suas
declarações, a atribuição de valor aos bens do espólio e o
plano da partilha.

Esse sistema adotado na legislação processual visa desburocratizar e


acelerar os trâmites das sucessões em nosso ordenamento jurídico. Portanto
seu rito é mais célere que aquele previsto para o Inventário comum, todavia,
ainda carece da tutela jurisdicional. Inventário processar-se-á na forma de
arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de
assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a
atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha.
Posterior a esta apresentação será aberto prazo para qualquer das partes
ou o Ministério Público impugnar a estimativa e o juiz nomeará avaliador, que
oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
Posterior a este ato e apresentado o laudo, o juiz, em audiência que
designar, deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações
e mandando pagar as dívidas não impugnadas constante no plano de partilha
apresentado.
Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e
pelas partes presentes ou por seus advogados. Feito isto é aberto prazo para
quitação das taxas judiciárias se for o caso e à quitação da taxa judiciária e do
imposto sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio.
Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas
rendas, o juiz julgará a partilha.
19. A escritura pública de Inventário Extrajudicial tem a
mesma força de uma Sentença Judicial?

No Inventário Extrajudicial a Escritura Pública será realizada perante um


Tabelionato de Notas, portando o formal com a referida divisão patrimonial
deverá a parte dirigir-se até um cartório de registro de imóveis para o a inscrição
das respectivas propriedades. Faço ressalva que em muitos locais a circunscrição
extrajudicial possui as atribuições de Notas, Títulos e documentos e Registro de
Imóveis, fato este que pode facilitar demais a realização do Inventário e registro
do patrimônio.

Os advogados sempre questionam quanto a consequências posteriores da


posse de uma Escritura Pública de Inventário. Se ela possui o mesmo “poder” de
uma sentença judicial.

Em relação a essa temática o CNJ em tempo oportuno apresentou-nos a


Resolução nº 35 reforçando a afirmativa da Escritura Pública de Inventário como
título hábil para perseguição de todos os bens e Direitos do autor da herança
derivados. Segue a transcrição:

Art. 3º As escrituras públicas de INVENTÁRIO E PARTILHA,


separação e divórcio consensuais não dependem de
homologação judicial e são títulos hábeis para o registro
civil e o registro imobiliário, para a transferência de bens e
direitos, bem como para promoção de todos os atos
necessários à materialização das transferências de bens e
levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial,
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras,
companhias telefônicas, etc.)

Nestes termos, não há diferença entre Escritura Pública de Inventário


Extrajudicial e Sentença emitida dentro de um processo de Inventário.
20. O que ocorre com o contrato de aluguel com a
superveniente morte do Locador?

A morte do locador é uma das situações que pode naturalmente ocorrer


durante o contrato de locação deixando em dúvida subsistência da relação
entre os herdeiros e o locatário. De acordo com a lei de inquilinato, a morte do
locador não romperá o vínculo da locação sendo transferidos aos herdeiros os
direitos e obrigações contratados anteriormente pelo falecido.
De acordo com artigo 10 da Lei de Inquilinato (Lei 8.245/1991), caso o
locador venha a falecer, o contrato de locação é transmitido aos herdeiros. Em
todos os casos de falecimento, faz-se necessário a reunião dos bens deixados
pelo falecido para que posteriormente se realize o processo de divisão aos
herdeiros, seja por testamento ou inventário.
Enquanto não realizada a divisão dos bens, todos os herdeiros,
conjuntamente, passam a ser considerados locadores. Com a partilha, a locação
prossegue com o herdeiro a quem for destinado o imóvel locado. O
questionamento é o seguinte: Quem receberá as importâncias monetárias
derivadas do pagamento do aluguel?
Como o espólio é um bem indivisível, e todos os herdeiros “são
locadores”, logo todos eles irão receber a importância referida do respectivo
aluguel em nome espólio. Imagine que o valor a título de aluguel é R$ 3.000,00
e existiam três herdeiros, logo, cada herdeiro receberá a importância de
R$1.000,00. Ou mesmo poderá ser utilizado para pagamento de dívidas,
manutenção do espólio ou mesmo os tributos devidos.
21. Se o de cujus, não deixou ascendentes, nem cônjuge e
nem filhos, sendo os irmãos colaterais facultativos, todos
obrigatoriamente devem ser chamados à suceder?

Um questionamento que muitos advogados que fazem é o seguinte. Em


caso de o autor da herança não ter deixado descendente, ascendente, ou
cônjuge, obrigatoriamente os parentes facultativos serão chamados a herdar?
Imagine que João optou por não casar. No ato de seu falecimento ele
deixou um patrimônio de um apartamento avaliado em R$100.000,00. João não
deixou filhos, não foi casado, bem como o seus pais já haviam falecido.
Nessa situação quem deverá assumir o apartamento? João quando em
vida poderia dispor para outra pessoa a entrega integralidade deste bem?
Acima vimos algo muito interessante em relação a herdeiros necessários e
facultativos, nessa situação vemos claramente que João não possui herdeiros
necessários. Assim sendo, não fica João obrigado a reservar os 50% da herança
em favor dos legítimos.
Feitas as considerações, passamos ao caso concreto. Quando João morreu
ele não especificou quem deveria assumir a titularidade de seu patrimônio, assim
sendo, por não existirem herdeiros necessários os facultativos seriam chamados
a assumir a titularidade dos bens, que seja, os seus irmãos, sobrinhos em caso de
representação, tios e primos. Essa determinação deriva da inexistência de
pessoas indicadas por João. Como assim?
Ante a inexistência de herdeiros necessários João possui a liberalidade
para realizar a doação ou confeccionar testamento com 100% de seu patrimônio,
ou seja, João não é obrigado a dispor desses bens para os seus irmãos ou
sobrinhos. João poderia realizar testamento de 100% desse patrimônio para um
amigo, conhecido, vizinho ou qualquer pessoa que achasse por bem, até mesmo
uma Pessoa Jurídica como uma Fundação sem fins lucrativos.
22. ESBOÇOS GRÁFICOS (REGIMES DE BENS)
INVENTÁRIO - PROCESSAMENTO

Requerimento (2 meses)

Nomeação de inventariante

Compromisso de inventariante (5 dias)

Primeiras declarações (20 dias)

Citações
De cônjuge, herdeiros ou legatários não
representados, da Fazenda Pública e do
Ministério Público (se houver incapaz,
ausente, testamento ou fundação)

Impugnação às primeiras declarações (15 dias)

Colações (v. incidente em apartado) Concordância Impugnação (v. incidente em apartado)

Decisão Decisão

Havendo menores, impugnação ao valor dos bens, ou


estabelecimento comercial: avaliação

Vista às partes (15 dias)

Decisão

Últimas declarações

Vista às partes (15 dias)

Cálculo do imposto

Vista às partes (5 dias) e à Fazenda

Concordância Impugnação

Decisão

Procedente Improcedente

Procedente

Sentença homologatória do cálculo

Recolhimento do imposto e das custas

Segue PARTILHA
PARTILHA

Pedido de quinhão Partilha amigável


(15 dias) (herdeiros capazes)

Deliberação de Partilha
(15 dias)
Termos nos Instrumento Escrito
Autos público Particular
Esboço de partilha
(Partidor)

Vista às partes
(15 dias)

Impugnação Concordância

Decisão

Auto de partilha ou de
adjunção

Prova de recolhimento do imposto


causa mortis e negativas fiscais

SENTENÇA (homologação ou julgamento


Apelação
Da partilha)

Formal de partilha ou de
Carta de adjudicação

Registro de Imóveis
23. Modelo de petição de esboço de partilha de bens

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE SUCESSÕES DA


COMARCA DE...

PROCESSO Nº...

XXX, brasileira, casada, do lar, portadora da cédula de identidade n.º XX, inscrita no
CPF sob o n.º XXX, residente e domiciliada no endereço XXX, CEP: XXXX, neste
cidade e comarca; e XXX, brasileiro, casado, portador da cédula de identidade n.º XXX,
inscrito no CPF sob o n.º XXX, residente e domiciliado no endereço XXX, CEP: XXX,
nesta cidade e comarca, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu
advogado que ao final subscreve, apresentar o ESBOÇO DE FORMAL DE
PARTILHA, nos termos do artigo 647 do Novo Código de Processo Civil e requerer
que seja Homologado por sentença e determinado a expedição do competente Formal
de Partilha.

ESBOÇO DE FORMAL DE PARTILHA

AUTORES DA HERANÇA:

xxxx, (falecida em xx/xx/xxx, fl. Xx dos autos); era brasileira, casada em comunhão
xxx, portadora da cédula de identidade n.ºxxx, inscrita no CPF sob o n.º xxx.

INVENTARIANTE:

xxx, brasileira, casada, do lar, portadora da cédula de identidade n.º xxx, inscrita no
CPF sob o n.º xxx, residente e domiciliada no endereço Rua xxx, n.º xxx, Bairro xxx,
CEP: xxx, xxxx/XXX

HERDEIROS LEGÍTIMOS (AS):


XXX, brasileira, casada, do lar, portadora da cédula de identidade n.º xxx, inscrita no
CPF sob o n.º xxx, residente e domiciliada no endereço Rua xxx, n.º xxx, Bairro xxx,
CEP: xxx, xxxx/MG. Casada em regime de comunhão XXX com o Senhor xxx,
portador da cédula de identidade n.º xxx, inscrito no CPF sob o n.º xxx;
XXX, brasileiro, casado, portador da cédula de identidade n.º XXX, inscrito no CPF
sob o n.º XXX, residente e domiciliado no endereço XXX, Bairro XXX, CEP: XXX,
XXX/MG. Casado em regime de comunhão XXX com a Senhora XXX, portadora da
cédula de identidade n.º XXX, inscrita no CPF sob o n.º XXX.

MONTE MOR: é de R$XXX (extenso), representados pelos bens a seguir.


Cada Herdeiro caberá um QUINHÃO 50% no importe de R$XXX.

I – BENS:
O falecido deixou os seguintes bens:
a) IMÓVEIS:
Um prédio e respectivo terreno situado na rua ..., nº ..., Comarca desta Capital, medindo
o terreno ..., com as seguintes confrontações: ... Referido imóvel foi havido pela matrícula
nº ..., do ... Registro de Imóveis da Capital, achando-se inscrito na Prefeitura do
Município de XXXXX sob o nº de contribuinte ..., avaliado em R$ XXXXXX

b) DIREITOS:
1. Direitos de assinatura do telefone nº ..., instalado na rua ..., nº ..., nesta Capital, no
valor de R$ XXXXX
2. Um título
associativo do
Clube ... no valor de
R$ XXXXX

II- ORÇAMENTO:
a) Valor dos bens declarados: R$ XXXX
b) Meação da viúva: R$ XXXXXX
c) Quinhão dos herdeiros
(R$ XXXXX a cada um):
R$ XXXX

III – PAGAMENTOS:
a) Pagamento à viúva meeira C.A.M., da sua meação, no valor de R$ XXX:
1. 1/2 (metade) ideal do prédio e terreno situado na rua ..., nº ..., nesta Capital, descrito
e caracterizado no item I, “a”, da presente partilha, no valor de R$ XXXX,
2. Direito do uso do telefone nº ..., supra descrito, no valor de R$ XXXX,

3. 1/4 (uma quarta) parte ideal do prédio e respectivo terreno situado nesta Capital na
rua ..., nº ... descrito e caracterizado no item I, “a”, da presente partilha, no valor de
R$ XXXXX

b) Pagamento ao herdeiro D.A.M., de sua cota na herança, correspondente a 1/4, no valor


de R$ XXXXX
1. 1/4 (uma quarta) parte ideal do prédio e respectivo terreno, situado na rua ..., nº ...,
descrito e caracterizado no item I, “a”, de presente partilha, no valor de R$ XXXXX

Ante o exposto, informa a Vossa Excelência que o Imposto de Transmissão


Causa Mortis e Doação - ITCD, já se encontra plenamente quitado. Requer, a
homologação da partilha, com o trânsito em julgado da sentença homologatória, com
a expedição dos competentes formais.

Termos em que pede o deferimento.

Local, Data.
Advogado

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