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Objetivo:
De acordo com o conteúdo oferecido e a metodologia adotada neste curso, iremos
analisar, de forma teórica e dinâmica, as principais ferramentas do planejamento sucessório,
nos seus aspectos de sucessão familiar, reestruturação societária e planejamento tributário,
conforme a nossa legislação nacional e de acordo com o conceito das boas práticas de
governança corporativa para empresas familiares. Com a finalidade de demonstrar as
vantagens e diferenças na constituição de uma holding para o controle e sucessão da
administração dos negócios, comprovando uma redução tributária e facilitando o processo de
inventário.
Todos os direitos reservados:
Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais (LEI nº. 5.988, 14/12/1973), é
proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de apostilas a partir dessa obra,
de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de
processos xerográficos, de fotocópias e de gravações – sem permissão por escrito, dos Autores.
Além das sanções penais no código de Propriedade Industrial (Lei nº. 6.895, 17/12/1998),
combinado com os artigos 184 e 186 do Código Penal Brasileiro.

Resumo:
A expressão holding tem origem no direito norte-americano. A expressão é usada no
Brasil para definir a sociedade que tem como atividade o exercício do controle acionário de
outras empresas e a administração dos bens das empresas que controla, além do
desenvolvimento do planejamento estratégico, financeiro e jurídico dos investimentos do
grupo, devendo não interferir na operacionalização das empresas controladas, mas prestar
serviços que elas não podem executar eficientemente, ou que, para cada empresa,
isoladamente, seja oneroso e para a holding não, tendo em vista a pulverização dos custos.
Uma holding também serve para centralizar as decisões e a administração de várias empresas
de um mesmo grupo empresarial É importante lembrar que uma empresa, cuja propriedade é
dividida entre uma ou mais partes, só terá sucesso na medida em que os detentores destes
direitos tenham interesses comuns, caso contrário afetará a vida da empresa, que por sua vez,
entrará num processo de paralisia e autodestruição.

Abstract:

The expression holding was originated in the North American Law. The expression is
used in Brazil to define the society that has, as activity, the exercise of the shareholding control
of other companies and the administration of the companies’ goods that are controlled,
belonging to it the development of the strategical, financial and legal planning of the group
investments. It must not intervene in the operation of the controlled companies, but make only
those services that they cannot perform efficiently, or that, for each company, lonely, they
become expensive and to the holding don’t, due to the pulverization of the costs. A holding
also serves to centralize the decisions and the administration of many companies of the same 2
group. It is important to remember that a company, whose property is divided between one or
more parts, only will have success if the owners of these rights have common interest, because,
if not, it will affect the company, that will enter in a process of paralysis and self-destruction.

Palavras-Chave:
Planejamento Sucessório – Holding – Formação de Sucessores – Acordo de Acionistas
ou Quotistas – Regime Tributário – Tipo Societário.

I – Introdução sobre o planejamento sucessório:

Com a abertura da sucessão, normalmente há o ingresso de novos sócios, que, distantes


do cotidiano e dos problemas da empresa, passam a interferir e não raro definir os rumos que
devem ser tomados na condução do negócio. Diante dessa realidade, para se evitar ou ao
menos minimizar os efeitos dos sabidos e intuitivos conflitos dela decorrentes é que se
recomenda, nos dias de hoje, o prévio desenvolvimento de estruturas societárias com o escopo
de preservar a continuidade do negócio e defender os interesses dos sócios, mantendo coesos
grupos familiares que participem de uma mesma sociedade.
O planejamento sucessório visa estruturar o patrimônio familiar, evitando disputas
futuras quando da abertura do processo de sucessão. Isso porque cada núcleo familiar possui
características peculiares e, portanto, deve contar com soluções únicas e igualmente peculiares
para sua realidade e seus problemas.
Cria-se, com a sucessão, a possibilidade de disputas pelo controle societário com a
interferência de terceiros – por exemplo, cônjuges, companheiros, “agregados” familiares etc.
– ou, como é comum se verificar, o acúmulo de funções e cargos (verdadeiro “cabide de
empregos” dentro da iniciativa privada, um contrassenso). Tal situação, afeta o bom
andamento da empresa, provocando, muitas vezes, a perda de rentabilidade e dificuldades
notáveis no atendimento do escopo social.
A ideia de se fazer um planejamento sucessório é justamente criar uma estrutura
societária que, uma vez implementada, ao menos permita circunscrever o âmbito em que tais
conflitos serão travados, não afetando o negócio como um todo. A operacionalização da divisão
patrimonial e reorganização sucessória podem consistir na constituição de empresas holdings,
bem como na cisão (divisão patrimonial), na incorporação (concentração patrimonial), na
redução do capital (com entrega de bens e direitos aos sócios), na permuta (com a troca de
bens e direitos entre sócios, ou entre empresas) etc.
Assim, eventualmente pode-se alienar parcela de participação na holding sem que essa
tenha alterada sua participação operacional, de forma que a empresa fica preservada e as
discussões travam- se no âmbito da holding.
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De se destacar que uma holding pode unir herdeiros pelo agrupamento de participações
individualmente minoritárias, as quais, juntas, possibilitam a formação de um grupo
economicamente forte que pode tomar o controle societário para a preservação do negócio.
Presta-se a holding, ainda, ao estabelecimento de regras quanto à concentração de
votos de um determinado grupo que a compõe, evitando a pulverização dos investimentos e
do comando de uma sociedade após o falecimento de um sócio, com previsão de divisão de
poderes e funções entre os grupos familiares. Tais regras, com considerável competência,
podem evitar disputas internas e prolongar a vida da empresa.
Importante frisar que qualquer que seja a estrutura societária criada, nela sempre se
deve contemplar o acordo de quotistas, ao lado das regras do estatuto ou do contrato social,
como chave do equacionamento, da adequação e da defesa dos interesses dos sócios.
Pelo acordo de quotistas são ajustadas as relações entre esses e são protegidos
interesses naquilo que o estatuto ou contrato social não possam suficientemente assegurar –
como garantia da participação de determinado sócio na administração da sociedade, critérios
de eleição dos administradores, quórum qualificado ou unânime para alteração do estatuto ou
do contrato social, voto em bloco, cláusulas de venda, distribuição de dividendos, dentre outras
matérias.
Dessa forma, o acordo de quotistas pode determinar a proibição de transmissão das
ações/quotas aos herdeiros, mediante compensação com outros bens causa mortis e nos casos
de separação judicial ou, ao menos, regular o ingresso de herdeiros na sociedade.

II – Herdeiro x Sucessor:

O planejamento sucessório, nos últimos 04 anos, foi por nós implantados em alguns
grupos econômicos familiares ou não familiares e, nos casos onde já tivemos o momento da
sucessão, o planejamento funcionou muito bem, conforme planejado, mantendo íntegra a
saúde da empresa, do patrimônio e a família, sem qualquer descontentamento relevante ou
rejeição por parte dos sócios remanescentes ou dos herdeiros. Já tivemos casos de empresas
de um só empresário, cujo planejamento sucessório se restringia aos herdeiros no âmbito de
sua família.

Uma das diversas vantagens do planejamento sucessório está em preparar a transmissão


de bens e decidir em vida com qual herdeiro ficará a direção dos negócios. E pensando no
futuro busca-se a redução dos tributos e custos, além dos desgastes entre os herdeiros,
tranquilizando tanto o titular dos bens quanto quem o sucede. A escolha do herdeiro e sua
preparação para gerência da empresa é possível. Porém, adequar uma empresa para um
herdeiro pode ser desastroso. Aconselha-se, nesses casos, a contratação de técnicos
gabaritados para assumir os cargos de que a empresa necessite.
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O pior dos pecados que um empresário geralmente comete é concentrar em si próprio
todo o controle ou todas as informações vitais ao negócio. É preciso olhar sempre adiante,
descentralizar as informações e/ou conhecimentos técnicos da companhia, para que, na
ausência dessas pessoas, o negócio possa continuar fluindo e a própria empresa não seja
colocada em risco. Quanto mais descentralizados a administração e os processos operacionais,
menor será o impacto sofrido pela empresa por conta da ausência de qualquer de seus
membros.

Assim sendo, organizações que almejam a longevidade não podem ter administradores
ou funcionários insubstituíveis. A profissionalização é um instrumento muito útil, elegendo
técnicos para ocuparem cargos estratégicos ou de confiança. Evita-se, destarte, a inclusão de
um herdeiro pouco preparado, o qual, sem sintonia com a empresa, pode vir a interferir na
administração de forma desastrosa, levando à descontinuidade dos negócios e, em
determinados casos, à redução patrimonial e do valor de mercado da sociedade.

Saliente-se que o planejamento sucessório não busca afastar a família da administração


da empresa, nem tampouco abandonar princípios que a acompanham desde a sua fundação,
mas sim obter uma gestão mais eficaz. Obter isso dentro da continuidade consanguínea é uma
proeza para poucos.

Estatística no Brasil sobre Empresas Familiares:

- Mais de 90% das empresas brasileiras são familiares;

- 62% PIB brasileiro provém das empresas familiares;

- 60% dos empregos formais estão nas empresas familiares;

- De cada 100 empresas familiares:

30% chegam à segunda geração;


15% chegam à terceira geração e
5% chegam à quarta geração.

- 65% das empresas familiares fecham por rupturas e brigas.

- 17% dos Dirigentes de empresas familiares se preocupam com o planejamento sucessório.

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Parte I – Sucessão e Proteção Patrimonial:

I –Administradora de Bens Imóveis Próprios – conhecida como Holding Patrimonial:

Pela constituição de uma Administradora de Bens Imóveis Próprios é possível


estabelecer-se um planejamento sucessório e tributário, inclusive estabelecer uma proteção
patrimonial.

Assim sendo, podem-se distribuir os bens da pessoa física, que estarão incorporados à
pessoa jurídica, antes mesmo que este venha a falecer. Evita-se, desta maneira, a ansiedades
por parte da linha sucessória, posto que o quinhão hereditário dos herdeiros fique definido
antes mesmo do falecimento do patriarca. Outrossim, a sucessão fica facilitada por meio da
sucessão de quotas da empresa.

A Administradora de Bens Imóveis Próprios constituída com o escopo de gerenciar o


patrimônio de determinado grupo familiar e promover o planejamento sucessório e tributário
deverá ter como objetos sociais:

- 6810-2/01: COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS PRÓPRIOS;


- 6810-2/01: LOTEAMENTO E VENDA DE IMÓVEIS PRÓPRIOS;
- 6810-2/02: ADMINISTRAÇÃO DE BENS IMÓVEIS PRÓPRIOS;
- 6810-2/02: ALUGUÉIS DE IMÓVEIS PRÓPRIOS, RESIDENCIAIS E NÃO
RESIDENCIAIS.

A Administradora de Bens Imóveis Próprios, constituída com os objetos socais


anteriormente descritos, em regra estará vedada a opção pelo regime tributário do Simples
Nacional. Vale ressaltar que a Administradora de Bens Imóveis Próprios somente poderá ser
uma empresa do Simples Nacional quando seu objeto social ser restrito a compra e venda de
imóveis. Todavia essa opção não é viável pois essa empresa com o objeto social de compra e
venda somente, não poderá auferir renda oriundas de aluguéis. A vedação para empresas do
Simples Nacional que tem no objeto social a atividade de locação de bens encontra espeque
legal na Lei Complementar 123/2006, artigo 17, incisos XIV e XV.

Feita esta consideração é importante mencionar que a Administradora de Bens Imóveis


Próprios poderá ser tributada pelo regime do lucro real, arbitrado ou lucro presumido. Desde
é importante salientar que o regime tributário pertinente para este tipo de empresa é o Lucro
Presumido.
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Consoante artigo 13 da Lei 9.718/1998, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. Vale frisar que a empresa
poderá ser optante pelo Lucro Presumido caso não se enquadre em nenhum impedimento
previsto no artigo 14 da Lei nº 9.718/98.

Destarte, com a constituição de uma sociedade empresária todo o patrimônio da pessoa


física ou do casal de patriarcas é integralizado no capital social da Administradora de Bens
Imóveis Próprios. Posteriormente as quotas sociais dessa sociedade serão transferidas no
próprio contrato social aos herdeiros mediante cláusula de doação de quotas, ficando cada
quinhão hereditário estabelecido de acordo com a vontade dos doadores.

Vale ressaltar que após a integralização dos bens para a Administradora de Bens
Imóveis Próprios os patriarcas terão total controle e gestão sobre a sociedade e seu
patrimônio, porquanto serão instituídos na sociedade como usufrutuários e administradores,
não havendo qualquer validade algum ato praticado, que envolva a sociedade sem as suas
anuências. As quotas da empresa serão doadas para os herdeiros com cláusulas restritivas de
inalienabilidade, impenhorabilidade, incomunicabilidade e reversão.

Desta maneira, evitam-se os desgastes financeiros e emocionais de um inventário, já


que, estando organizada a sucessão dos bens por meio da sucessão de quotas, o procedimento
judicial do inventário será mais célere e menos oneroso.

II – Aspectos Sucessórios e do Direito de Família:

Para fins de sucessão e regime de bens é importante mencionar três conceitos básicos
que estão diretamente relacionados ao assunto: a meação, a legítima e a parte disponível.

a) A meação é a parte que cabe a cada cônjuge sobre os bens que integram o
patrimônio do casal em razão do regime de bens, ou seja, é a metade dos bens que integram
o patrimônio do casal. A meação existe, tão somente, nos regimes da comunhão universal e
comunhão parcial de bens.

No regime da comunhão universal de bens (art. 1.667, CC), a meação equivale a 50% de
todo o patrimônio do casal, ou seja, comunicam-se todos os bens presentes e futuros dos
cônjuges e suas dívidas passivas, com algumas exceções previstas no art. 1.668, CC, sendo a
meação os 50% desse patrimônio. Já no regime da comunhão parcial de bens (art.1.658, CC), a
meação equivale a 50% do patrimônio adquirido no decorrer da sociedade conjugal, ou seja,
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comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com algumas
exceções previstas no art.1.659, CC, sendo a meação os 50% desse patrimônio. Vale frisar que
no regime da comunhão parcial estão excluídos da meação os bens recebidos a título de
doação (art. 1.659, I, CC).

b) A legítima corresponde à metade dos bens da herança que será, obrigatoriamente,


transferida aos herdeiros necessários, conforme previsto no artigo 1.846 do Código Civil, verbis:
“Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a
metade dos bens da herança, constituindo a legítima”.

Já o artigo 1.845 do Código Civil menciona quem são os herdeiros necessários, verbis:

“Art. 1.846. São herdeiros necessários os descendentes, os


ascendentes e o cônjuge”.

c) E, por fim, a parte disponível corresponde à parte do patrimônio a qual o titular


poderá livremente dispor, contemplando parentes ou estranhos, pessoas físicas ou jurídicas,
fundações ou instituições de caridade etc. Na porção do disponível impera a total liberdade.

Feitas essas ponderações sobre esses três institutos, mister se faz uma explicação
sucinta a respeito dos principais regimes de bens. Vejamos:

a) Comunhão Parcial de Bens (art. 1.658, CC): No regime da comunhão parcial de bens,
somente o patrimônio adquirido pelos cônjuges após a constituição da sociedade conjugal
serão comunicáveis. A comunicabilidade se dará em 50% para cada cônjuge, não importando
em nome de quem está registrado determinado bem, ou a porcentagem que cada um
contribuiu para a sua aquisição (esforço comum). Os bens que cada cônjuge possuía antes do
casamento (bens particulares) serão incomunicáveis. Atualmente, o regime da comunhão
parcial de bens é o regime legal, pois na ausência de pacto antenupcial optando por outro
regime, ou sendo este nulo ou ineficaz, ele regulará as questões patrimoniais entre os cônjuges
(art. 1.640, CC).

b) Separação Total de Bens: Inicialmente, vale ressaltar que existem dois subtipos no
regime da separação total de bens. Existe a separação de bens opcional ou convencional (art.
1.687, do CC), onde os cônjuges elaboram um pacto antenupcial optando por esse regime e o
da separação obrigatória ou legal (art. 1.641, do CC), cujo regime é imposto por lei (ope legis),
ou seja, os nubentes não possuem a liberdade de escolher um regime de bens, v.g., no caso de
um dos cônjuges possuir mais de 70 anos.

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No regime da separação total de bens (opcional ou obrigatória), o patrimônio de cada
cônjuge permanece incomunicável durante a vigência do casamento. Assim, cada cônjuge fica
com a administração dos bens de sua propriedade exclusiva e após a ruptura pelo divórcio cada
cônjuge permanece com o seu patrimônio.

No regime de separação obrigatória de bens, no caso de falecimento de qualquer um


dos cônjuges, caso haja descendentes, o cônjuge sobrevivente não será considerado herdeiro.
Porém, caso o falecido deixe apenas ascendentes, o cônjuge sobrevivente terá direito à
herança, na mesma proporção que os ascendentes. Caso o falecido não deixe nem
descendentes e ascendentes, o cônjuge sobrevivente receberá a herança na sua totalidade.

Já no regime de separação convencional de bens, no caso de falecimento de qualquer


um dos cônjuges, caso tenham descendentes, o cônjuge sobrevivente concorrerá com esses ao
seu quinhão na herança (art. 1829, do CC). Caso não tenham descendentes, o cônjuge
sobrevivente concorrerá com os ascendentes, conforme determinam os artigos 1.836 e 1.837,
do CC, e caso não haja descendentes ou ascendentes, o cônjuge sobrevivente herdará a
totalidade da herança. É importante que se lembre da existência de uma corrente
jurisprudencial entendendo que em razão da existência do pacto antenupcial, o cônjuge não
seria herdeiro em hipótese nenhuma.

c) Comunhão Universal de Bens (art. 1.667, CC): Pelo regime da Comunhão Universal
de Bens, todos os bens atuais e futuros de ambos os cônjuges serão comuns ao casal, ou seja,
o regime importa na comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas
dívidas passivas, com a ressalva do artigo 1.668, CC.

Com as sucintas e devidas ponderações acerca dos principais aspectos sobre conceitos
e tipos de regimes de bens é importante relacionarmos os regimes de casamento sob o prisma
do planejamento sucessório através da constituição de uma Administradora de Bens Imóveis
Próprios.

Em um patrimônio que não exista nenhum esboço de planejamento, em caso de


falecimento do patriarca, o cônjuge dos descendentes, numa eventual sucessão destes, poderá
figurar como meeira ou herdeira dependendo do regime de bens adotado. Em outras palavras,
em caso da morte de um dos patriarcas, metade dos bens ficará para o cônjuge sobrevivente
e a outra metade para os descendentes (art. 1.829, CC). Assim, posteriormente os cônjuges dos
herdeiros poderão fazer jus ao patrimônio constituído pelos patriarcas.

Visando proteger o patrimônio, a constituição de uma Administradora de Bens Imóveis


Próprios é extremamente recomendada, haja vista que nesse mecanismo o cônjuge dos
descendentes não será herdeiro. Desta maneira, o patrimônio familiar estará protegido de
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futuras núpcias indesejadas que os herdeiros vierem a contrair. Essa proteção consiste no fato
de todo o patrimônio estar em nome da Administradora de Bens Imóveis Próprios. Os sócios
da Administradora de Bens Imóveis Próprios serão os herdeiros que receberão mediante
doação a nua-propriedade das quotas sociais que corresponderá ao seu respectivo quinhão
hereditário. As quotas sociais serão doadas com cláusula de incomunicabilidade e reversão
protegendo, deste modo, o patrimônio.

Como mencionado no início desse relatório, observamos quem é casado na comunhão


universal ou separação obrigatória não pode constituir sociedade, a partir da entrada em vigor
do CC, em 11.01.2003, conforme artigo 977, do CC.

Sendo assim, é extremamente importante afirmar que somente os herdeiros e um dos


cônjuges, em um primeiro momento, deverão compor o quadro societário da Administradora
de Bens Imóveis Próprios.

É inerente frisar que no momento da constituição da empresa, o patriarca deverá


integralizar os bens imóveis e permanecer como sócio até o arquivamento dos atos
constitutivos. Após a empresa estar regularizada em todos os órgãos será promovida uma
alteração contratual, onde o patriarca irá se retirar da sociedade mediante doação de quotas
para os herdeiros. Neste momento, o patriarca irá gravar as quotas com incomunicabilidade,
inalienabilidade, impenhorabilidade e reversão, se instituindo como usufrutuário e
administrador da sociedade.

Doação de quotas com reserva de usufruto:

A doação de quotas com reserva de usufruto é o mecanismo que determinará a divisão


do patrimônio entre os herdeiros e, por consequência, conforme cláusulas de restrições, não
permitirá a dilapidação do patrimônio a curto e médio prazo.

O patriarca após a doação das quotas irá se instituir na sociedade como usufrutuário e
administrador, permanecendo até a sua morte no total controle do patrimônio pertencente à
Administradora de Bens Imóveis Próprios. Todo ato que envolva a sociedade constituída
necessitará, obrigatoriamente, de sua anuência, sendo inválido qualquer ato praticado pelos
herdeiros sem sua autorização. Antes da ocorrência de sua morte é como se nenhuma doação
tivesse ocorrido, visto que o patriarca efetuou, tão somente, a doação da nua-propriedade das
quotas, reservando-se o uso e o gozo das quotas para si, bem como a gestão da empresa.
Contudo, as quotas doadas aos herdeiros serão gravadas com cláusulas de inalienabilidade,
incomunicabilidade, impenhorabilidade e reversão.

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A cláusula de inalienabilidade tem a função primordial de instituir sobre as quotas
doadas uma vedação aos herdeiros, uma vez que ficarão impedidos de alienar as quotas
recebidas. Esse gravame sobre as quotas não permite a dilapidação do patrimônio da
sociedade após a morte do patriarca, porquanto a cláusula de inalienabilidade das quotas pode
ser instituída de maneira vitalícia.

Cioso ressaltar que constando a cláusula de inalienabilidade no contrato social,


automaticamente o patriarca estará gravando as quotas também com incomunicabilidade e
impenhorabilidade. Essa regra está presente no artigo 1.911, do Código Civil.

No tocante ao gravame da incomunicabilidade, o mesmo é caracterizado por proteger


as quotas doadas de futuros casamentos, uma vez que gravadas com incomunicabilidade as
quotas recebidas pelos herdeiros serão exclusivamente de sua propriedade, não se
comunicando em um futuro divórcio, mesmo que o herdeiro seja casado sob o regime da
comunhão universal de bens (art. 1.668, I, CC). No planejamento sucessório através da
constituição de uma Administradora de Bens Imóveis Próprios, o patrimônio da empresa será
incomunicável com o cônjuge do sócio donatário, independentemente do regime de
casamento pactuado.

Já a cláusula de impenhorabilidade tem como maior escopo proteger as quotas da


sociedade de futuros processos em que os herdeiros ou a própria sociedade venham a serem
devedores, impedindo, desta maneira, a penhorabilidade das quotas.

Todavia, é importante frisar que a cláusula de impenhorabilidade protegerá, tão


somente, as quotas de possíveis penhoras. Quanto aos lucros e dividendos recebidos pelos
herdeiros não existe nenhuma proteção e poderão ser objetos de penhora sem nenhuma
objeção. Essa regra encontra base no artigo 1.026 do Código Civil, verbis:

“Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de


outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este
couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação”.

E, por fim, a cláusula de reversão deve estar expressamente prevista no contrato social,
pois em caso de ocorrer à morte de um dos herdeiros antes do patriarca, as quotas
pertencentes ao herdeiro falecido retornarão a ser de propriedade do doador sem nenhum
ônus. O Código Civil, em seu artigo 547, enaltece essa regra. Vejamos:

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“Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimônio, se sobreviver ao donatário”.

III – Aspectos da proteção patrimonial:

Tem-se mencionado a possibilidade da utilização de holding ou administradora de bens


imóveis próprios como forma de "blindar" o patrimônio contra eventuais e atuais credores.
Essa crença merece ser vista com máxima cautela na medida em que não é totalmente
verdadeira. A constituição de estruturas societárias com o intuito de proteger o patrimônio em
conjunto com estratégias de planejamento sucessório é medida que se mostra, diante de
determinadas situações, eficaz somente em alguns casos. Não nos parece de todo correto o
uso da expressão "blindagem patrimonial", pois induz os desavisados à crença de que seja
possível tornar seu patrimônio imune a quaisquer credores, assertiva que não é verdadeira.

Em realidade legislações protetivas tais quais a consumerista e – notadamente – a


trabalhista encontram guarida no posicionamento dos Tribunais para flexibilizar o formalismo
na busca da satisfação do hipossuficiente (no caso, trabalhadores e consumidores). Ademais,
mesmo diante de outros credores, tais como fisco e fornecedores, jamais a constituição de uma
empresa poderá servir de abrigo para atos praticados em fraude a credores ou fraude à
execução, ou seja, se o empresário já se encontra na situação de devedor ou executado, será
anulado ou desconsiderado pelo Poder Judiciário o ato praticado com vistas a lesar os
interesses já estabelecidos e manifestos de seus credores. Razão essa da aplicação da teoria
da desconsideração da personalidade jurídica pelos nosso Tribunais e, ainda, a
desconsideração inversa da personalidade jurídica, conforme dispõe a nossa lei civil no artigo
50.

Por outro lado, a chamada proteção patrimonial será medida eficaz contra a maior parte
dos possíveis credores se adotada de forma preventiva e merece ser indicada sempre que se
tenha ciência de suas limitações.

IV – Regularização dos imóveis para a formação do capital social:

A integralização dos bens imóveis no capital social:

O capital social da Administradora de Bens Imóveis Próprios será composto mediante


integralização de bens imóveis pertencentes ao patriarca. A propriedade dos imóveis será
transferida para a sociedade no momento da constituição da empresa. Os bens móveis, como
automóveis, por exemplo, não são recomendados para a integralização, pois essa categoria de
bens possui uma elevada taxa de depreciação.

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a) Valor da Integralização:

O valor monetário dos bens imóveis que serão transferidos e integralizados no capital
social da empresa será o valor constante na Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física do
patriarca, do ano- calendário vigente e não pelo valor de mercado do bem. Essa condição gera
grande benefício tributário em comparação com o processo de inventário, sendo que caso a
sucessão seja realizada perante o Poder Judiciário o patrimônio será reavaliado pela Secretaria
da Fazenda onde o valor dos bens presente no espólio serão reavaliados e tributados pelo valor
atual de mercado. Outro grande benefício tributário em relação a integralização pelo valor
constante na DIRPF consiste no fato de não ser devido o Imposto de Renda sobre o ganho de
capital, haja vista que os bens serão integralizados pelo mesmo valor já declarado
anteriormente. A integralização dos imóveis pelo valor constante na Declaração de Imposto de
Renda é prevista no Decreto Nº 3.000/99, art. 132 (Regulamento Imposto de Renda).

b) Conferência de bens realizada pelos cartórios de registro de imóveis:

Após o arquivamento do contrato perante a Junta Comercial, será emitida uma certidão
que deverá ser levada perante os Cartórios de Registro de Imóveis para ser promovida a
averbação transmitindo a titularidade dos bens imóveis para a sociedade.

Nesse momento a regra aplicável a situação é a prevista na Lei 8.934/94, art. 64, sendo
a certidão emitida pela Junta Comercial documento hábil para efetuar o registro.

Art. 64. A certidão dos atos de constituição e de alteração de sociedades


mercantis, passada pelas juntas comerciais em que foram arquivados, será
o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público
competente, dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a
formação ou aumento do capital social.

Todavia há Cartórios que entendem de maneira diversa dessa regra, e no momento do


registro exigem que seja lavrada uma escritura pública com base no artigo 108 do Código Civil,
alegando que a lavratura da escritura pública é essencial à validade do negócio.

Ao analisar a regra do artigo 108 é totalmente incabível esse entendimento dos


Cartórios, visto que na primeira parte do aludido artigo diz expressamente “não dispondo lei e
contrário”, condição que não ocorre, pois existe a Lei 8.934/94 regrando expressamente
condição diversa.

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Destarte, não paira dúvidas quanto à aplicabilidade do art. 64 da Lei 8.934/94 sendo tão
somente a certidão expedida pela Junta Comercial documento hábil para a transferência de
bens para o capital social, não podendo os Cartórios exigirem a expedição da escritura pública
nem a atualização do bem para o valor de mercado.

c) Anuência do cônjuge para a integralização do capital social e na doação de quotas:

A autorização do cônjuge no planejamento sucessório é exercida através da outorga


uxória, caso o patrimônio seja integralizado pelo patriarca, ou da outorga marital caso o
patrimônio seja integralizado pela matriarca. A cláusula da outorga é essencial para a validade
do ato, devendo estar expressamente no contrato, com a devida assinatura do (a) outorgante
ao final do contrato.

Desta forma consoante regra no artigo 1.647, inciso I, no contrato social deverá constar
a anuência do cônjuge.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

A autorização do cônjuge se dará no momento da integralização do capital social,


permitindo a transferência do patrimônio para a pessoa jurídica, e também será inerente a
outorga na alteração contratual, no momento da doação de quotas para os herdeiros.

d) Imóveis adquiridos na planta perante as construtoras:

Os imóveis que foram adquiridos ainda na planta e de maneira parcelada junto as


construtoras, poderão ser integralizados no capital social da Administradora de Bens Imóveis
Próprios mesmo sem possuírem a matrícula definitiva, ou seja, poderão ser integralizados
somente com o contrato de compromisso de compra e venda firmado com a construtora.

Para essa integralização deverá estar no corpo do contrato social a descrição do imóvel
presente no compromisso de compra e venda. O valor do imóvel para a integralização será o
valor das parcelas pagas até o momento da constituição da empresa, e não o valor total do
contrato de compromisso de compra e venda.

14
Nesta toada é importante ressaltar a taxa de transferência de direitos prevista no
contrato. Para a integralização do imóvel no capital social da Administradora de Bens Imóveis
Próprios as construtoras poderão exigir o pagamento dessa taxa que varia de 2% a 5% do valor
total do contrato. Todavia, através de um contato amistoso com a construtora é possível que
a mesma não coloque nenhum óbice sobre a transferência e consequentemente não exigirá o
pagamento da taxa, haja vista que o imóvel estará passando a ser de propriedade da
Administradora de Bens Imóveis Próprios diminuindo o risco de inadimplemento e
consequentemente aumento suas garantias de recebimento do valor pactuado.
V - Aspectos Societários:

Sociedade Limitada x Sociedade por Ações:

Para a constituição de uma Administradora de Bens Imóveis Próprios é recomendável


que a empresa seja uma sociedade empresária de responsabilidade limitada. A sociedade
limitada é o tipo societário indicado haja vista que demanda um menor custo para sua
constituição e fica dispensada das publicações exigidas nas Sociedades Anônimas.

Outro benefício da constituição da Administradora de Bens Imóveis Próprios sob a


égide da sociedade limitada, é que este tipo societário por possuir características de uma
sociedade de pessoas proporciona uma maior proteção ao grupo familiar contra o ingresso de
terceiros ao quadro societário. Essa blindagem é caracterizada e representada pelo princípio
da Affectio Societatis que estará expressamente descrito no seu ato constitutivo.

EIRELI como Administradora de Bens Imóveis Próprios:


A Lei Nº 12.441/2011 inseriu no ordenamento jurídico um novo tipo societário
denominado Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. Essa inovação
autorizou a constituição de uma empresa de maneira individual sem responder com o seu
patrimônio particular em caso de uma futura crise financeira ou em uma demanda judicial. É
mister ressaltar que a EIRELI será constituída por uma única pessoa titular do capital, que
deverá ser devidamente integralizado no ato da constituição. Ademais, a lei determinada que
o capital da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada deverá ser de, no mínimo, cem
vezes o maior salário mínimo vigente no país.

A constituição de uma EIRELI será extremamente útil e poderá ser utilizada como uma
Administradora de Bens Imóveis Próprios quando o detentor do patrimônio não possuir
herdeiros, ou não possuir interesse na elaboração de um planejamento sucessório, desejando
somente os benefícios tributários decorrente da constituição de uma empresa administradora
15
de bens imóveis próprios. O proprietário dos imóveis integralizará seu patrimônio no capital da
pessoa jurídica constituída sendo o titular dessa EIRELI, tendo o total controle e gestão sobre a
empresa.

Sociedades de Propósito Específico – SPE:

A Sociedades de Propósito Específico é um modelo de organização empresarial pelo qual


se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anônima com um objetivo específico. A
SPE é uma sociedade com personalidade jurídica, escrituração contábil própria e demais
características comuns às empresas limitadas ou S/As. Uma vez constituída, a SPE adquire
personalidade jurídica própria e, portanto, estrutura destacada das sociedades que a
constituíram.

Nessa linha de raciocínio, podemos dizer que uma vez provida de personalidade jurídica,
a SPE, sob uma das formas societárias previstas na legislação brasileira, passa a responder pelos
direitos e obrigações decorrentes da realização do empreendimento para o qual foi
constituída, podendo, inclusive, ser acionada em juízo. No tocante a responsabilidade dos
sócios da SPE a mesma será determinada pelo tipo societário escolhido: se constituída sob a
forma de limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas,
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social, nos termos do artigo
1.052 do Código Civil.

A SPE aplicada no ramo imobiliário é uma sociedade que tem atividade restrita, tendo
seu prazo de duração determinado, tendo como primordial escopo isolar os sócios envolvidos
do risco financeiro da atividade a que se destina. Ao ser adotada a aplicação de uma SPE no
empreendimento todos os agentes envolvidos, desde o comprador até a instituição financeira,
passam a ter a tranquilidade de que o único risco que irão correr é aquele decorrente da
própria obra.

A operacionalização dessa medida é feita de forma simples, criando-se um CNPJ próprio


para a nova entidade, que passará a ter todos os registros próprios de uma empresa comercial,
cuja única diferença reside no objeto social, específico para o desenvolvimento daquela
empreitada, devendo se extinguir após sua conclusão, ou for renovada para um novo negócio.
A SPE facilita o arranjo societário, com a entrada e saída de sócios, enquanto o patrimônio de
afetação protege o anonimato de investidor.

Sob este prisma é que surge a possibilidade de se constituir uma SPE sob a égide do
Patrimônio de Afetação e opção pelo Regime Especial de Tributação – RET.
16
Este modelo de estrutura atende as necessidades do mercado e da sociedade, pois da
maior credibilidade aos clientes e investidores. Para o desenvolvimento dessa atividade, o RET
aparece como ferramenta valiosa na redução da carga tributária. Isso não significa que possa
ser empregado sem o devido planejamento.

De acordo com a IN RFB 1.435/2013 - Art. 2º O Regime Especial de Tributação (RET)


aplicável às incorporações imobiliárias, instituído pelo art. 1º da Lei nº 10.931, de 2004, tem
caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de crédito ou obrigações do
incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a incorporação.

A partir daí a receita mensal decorrente das vendas das unidades imobiliárias (acrescida
das receitas financeiras e das variações monetárias) passa a ser tributada de forma unificada.
Isso é, sobre esses valores é aplicada a alíquota de 4% e, ao um só tempo, são quitados o
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), o PIS, a COFINS e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL). Para as incorporações referentes ao Programa Minha Casa Minha Vida,
essa alíquota cai para 1%.

Além da redução dos encargos tributários, o RET assegura que o terreno e demais bens
vinculados à incorporação afetada não respondam por dívidas fiscais (de IRPJ, PIS, COFINS e
CSLL) do incorporador. Esse patrimônio fica “blindado” (quanto a esse aspecto), o que facilita
o bom andamento e a conclusão das obras.

Embora facilitada a forma de recolhimento dos tributos, a contabilidade deve ser feita
individualmente para cada empreendimento inscrito no RET. Ainda, uma vez escolhido esse
regime, o incorporador não tem o direito de pleitear restituições ou compensações tributárias;
o sistema é o da tributação definitiva. Até por isso, os recolhimentos devem ser sempre feitos
em dinheiro (o incorporador não pode, por exemplo, aproveitar eventuais créditos fiscais para
quitar os tributos). O empreendimento inscrito no RET não pode migrar para outro regime mais
benéfico, caso surja. A opção é, portanto, irretratável, enquanto durarem os direitos de crédito
ou obrigações do incorporador perante os compradores.

O regime especial é calculado com um encargo proporcional à receita percebida pelo


incorporador decorrente do patrimônio afetado. Trata-se, assim, de uma tributação definitiva,
pois não há a possibilidade de o contribuinte compensar ou restituir o valor pago, caso verifique
resultado inferior ao que corresponderia ao RET, ou mesmo do fisco exigir a diferença se
constatado que a tributação seria superior à calculada com base no lucro real.

17
A Lei nº 10.931/04, instituiu o regime especial de tributação aplicável à cada
incorporação imobiliária, em caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de
crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a
incorporação. Cada incorporação imobiliária que for tributada pelo regime especial constituirá
um patrimônio de afetação.

Considera-se receita mensal a totalidade das receitas auferidas pela incorporadora na


venda das unidades imobiliárias que compõem a incorporação, bem como as receitas
financeiras e variações monetárias decorrentes dessa operação.

A lei dispõe que os custos e despesas indiretos pagos pela incorporadora no mês serão
apropriados a cada incorporação na mesma proporção representada pelos custos diretos
próprios da incorporação, em relação ao custo direto total da incorporadora, assim entendido
como a soma de todos os custos diretos de todas as incorporações e o de outras atividades
exercidas pela incorporadora.

Como a tributação da incorporação submetida ao regime especial recai sobre a receita


e não sobre o lucro, as empresas vão contabilizar, como custos diretos da incorporação não
submetida ao regime especial, os custos com material e mão-de-obra utilizados na
incorporação sujeita ao regime especial.

A afetação do patrimônio nos termos do art. 31 da Lei 4.951/64 é de caráter opcional, e


caberá ao empreendedor imobiliário a decisão de segregar parte do patrimônio nos termos
que lhe faculta a lei.

Com essas alterações, o RET passou a ser uma sistemática de tributação exclusiva sobre
a incorporação afetada. Nessa sistemática, há para fins tributários, uma efetiva segregação
entre as receitas, custos e despesas da incorporação afetada e o restante das receitas, custos
e despesas do incorporador.

As receitas, custos e despesas relativos à incorporação afetada pelo RET não serão
levados à base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS do incorporador. Não há que se
falar em complementação ou restituição para o incorporador em relação aos tributos pagos
pela incorporação afetada, uma vez que cada um deles está submetido a diferentes
sistemáticas de tributação, que considerem diferentes receitas, custos e despesas estanques
uns em relação aos outros.

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O art. 1º da Lei nº 10.931/04, ao instituir o RET, determinou que este fosse opcional e
irretratável. Desta forma, o incorporador deverá efetuar duas opções, caso pretenda ver a
incorporação tributada pelo regime especial: a primeira é afetar a incorporação imobiliária, a
segunda sujeitar-se ao regime especial.

A opção pelo RET pressupõe a afetação do patrimônio, nos termos do art. 2º, I da Lei
10.931/04, portanto, o regime especial não é aplicável a qualquer outra atividade ou
empreendimento que não seja uma incorporação afetada.

V – Aspectos Tributários:

Incidência do ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis):

O ITBI é um tributo de competência municipal, que tem como fato gerador a


transmissão, inter vivos, a qualquer título, de propriedade ou domínio útil de bens imóveis. A
respeito dessa competência a regra está expressa no artigo 156, inciso II da Carta Magna.

Com a constituição de uma Administradora de Bens Imóveis Próprios surge a dúvida da


incidência ou não desse tributo. Conforme regra do artigo 156, §2º, inciso I, da Carta Magna, o
ITBI não terá a incidência nas hipóteses de integralização de capital social, salvo quando a
atividade preponderante desses bens seja a compra e venda e a locação.

Art. 156...

§ 2º - O imposto previsto no inciso II:

I - Não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados


ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão
ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

Analisando a presente regra prevista na Carta Magna, a transferência dos imóveis do


grupo familiar para a constituição da Administradora de Bens Imóveis Próprios, a título de
integralização do capital social sofrerá a incidência do ITBI, haja vista que a atividade
preponderante dessa empresa será a locação e a compra e venda de imóveis desses imóveis
ora integralizados.

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Ao verificar a incidência do ITBI na constituição de uma Administradora de Bens Imóveis
Próprios, a primeiro plano pode aparentar que o grupo familiar estará onerando a sua carga
tributária, visto que surgirá mais um tributo a ser recolhido. Entretanto mesmo com a
incidência do ITBI a constituição da Administradora de Bens Imóveis Próprios é viável e
vantajosa, uma vez que ao cotejar a tributação dos rendimentos auferidas pela empresa, com
a tributação auferida pela pessoa física, o valor pago de ITBI será compensado em poucos
meses, com a redução do pagamento de Imposto de Renda.

Regime de tributação:

De início é importante mencionar que a Administradora de Bens Imóveis Próprios, em


regra estará vedada a opção pelo regime tributário do Simples Nacional. Vale ressaltar que a
Administradora de Bens Imóveis Próprios somente poderá ser uma empresa do Simples
Nacional quando seu objeto social ser restrito a compra e venda de imóveis. Todavia essa opção
não é viável pois essa empresa com o objeto social de compra e venda somente, não poderia
auferir renda oriundas de aluguéis. A vedação para empresas do Simples Nacional que tem no
objeto social a atividade de locação de bens encontra espeque legal na Lei Complementar
123/2006, artigo 17, incisos XIV e XV.

Feita esta primeira consideração é importante mencionar que a Administradora de Bens


Imóveis Próprios poderá ser tributada pelo regime do lucro real, arbitrado ou lucro presumido.
Desde é importante salientar que o regime tributário pertinente para este tipo de empresa é o
lucro presumido.

Consoante artigo 13 da Lei 9.718/1998, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. Vale frisar que a empresa
poderá ser optante pelo Lucro Presumido caso não se enquadre em nenhum impedimento
previsto no artigo 14 da Lei nº 9.718/98. Conforme regra do artigo 15, inciso III, alínea C, da Lei
9.249/95 a base de cálculo do Imposto de Renda da Administradora de Bens Imóveis Próprios
tributada pelo Lucro Presumido será de 32% sobre a receita bruta.

a) IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica:

Sobre as receitas oriundas de locações a alíquota é 15%. Essa alíquota será aplicada na
base de cálculo de 32% sobre a receita bruta apurada. Essa regra está prevista no artigo 8º da
Instrução Normativa SRF nº 93/1997. Levando em consideração que a alíquota é de 15% sobre
a base de cálculo de 32% sobre a receita bruta, o custo tributário final é de 4,80%.

20
Mesmo a Administradora de Bens Imóveis Próprios tendo a incidência de CSLL, PIS e
COFINS, a tributação das receitas pela pessoa jurídica é extremamente vantajosa em
comparação com a tributação das receitas operadas pela pessoa física.
Cabe explicitar que artigo 4º da Lei nº 9.430/96, dispõe que a parcela do lucro real,
presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração estará sujeita a incidência
de adicional do imposto de renda à alíquota de 10%. Sendo assim, a Administradora de Bens
Imóveis Próprios que auferir a receita bruta superior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao mês,
ou superior a R$ 60.000,00 (sessenta mil) no trimestre terá que apurar o adicional. Todavia os
10% irão incidir tão somente sobre o montante que ultrapassar o limite estabelecido.

b) CSLL -Contribuição Social Sobre o Lucro:

No tocante a CSLL alíquota da Administradora de Bens Imóveis Próprios optante pelo


Lucro Presumido é de 9% aplicada sobre a base de cálculo de 32%, consoante regras dos artigos
3º e 31 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.

Levando em conta que a CSLL será tributada pela alíquota de 9% sobre a base de cálculo
de 32%, o custo tributário final é de 2,88%.

c) PIS e COFINS:

Na carga tributária da Administradora de Bens Imóveis Próprios também irá incidir a


tributação de PIS com a sua alíquota fixada em 0,65% sobre a receita bruta, conforme regra
dos artigos 2º e 3º da Lei Nº 9.718/1998, e COFINS, com a alíquota fixada em 3% também sobre
a receita bruta, conforme regra dos mesmos artigos citados.

Tributação das receitas (aluguéis):

Na atividade de locação de imóveis, a Administradora de Bens Imóveis Próprios terá


seus rendimentos tributados pela alíquota de 11,33% conforme tabela abaixo.

Imóveis no Não Circulante - Conta Investimentos:


Atividade: Aluguel de imóveis próprios
Tributo Base de cálculo Alíquota Custo tributário final
IRPJ 32% do faturamento 15% 4,80%
CSLL 32% do faturamento 9% 2,88%
PIS 100% do faturamento 0,65% 0,65%
COFINS 100% do faturamento 3,00% 3,00%
TOTAL 11,33%

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Já em caso da tributação incidente sobre as receitas de aluguéis auferidas por pessoas
físicas é importante mencionar que se deve observar a Tabela Progressiva. A alíquota para
pessoas física é de 27,5%.

Concluindo este tema é nítido o grande benefício tributário, com a significante redução
da carga tributária que a transferência de bens imóveis para uma pessoa jurídica pode propiciar
ao grupo familiar, haja vista que os rendimentos serão tributados pela alíquota de 11,33%,
muito menor que os 27,5% incidentes sobre os rendimentos da pessoa física.

Atividade: Locações de Imóveis – Tributação

Administradora de Bens Imóveis


Pessoa Física: 27,5%
Próprios: 11,33%

Ganhos de Capital na alienação de imóveis:

Importante frisar que a Lei 13.259, de 16 de março de 2016, alterou a Lei 8.981/1995,
para dispor acerca da incidência de imposto sobre a renda na hipótese de ganho de capital para
as pessoas físicas em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza. Assim,
incidirão as seguintes alíquotas sobre o ganho de capital:

– 15% sobre a parcela dos ganhos que não ultrapassar R$ 5.000.000,00;


– 17,5% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 5.000.000,00 e não ultrapassar R$
10.000.000,00;
– 20% sobre a parcela dos ganhos que exceder R$ 10.000.000,00 e não ultrapassar R$
30.000.000,00;
– 22,5% sobre a parcela dos ganhos que ultrapassar R$ 30.000.000,00.

As novas alíquotas serão aplicadas também, a partir de 2016, ao ganho de capital


percebido por pessoa jurídica em decorrência da alienação de bens e direitos do Ativo Não
Circulante, exceto as tributadas pelo lucro real, presumido ou arbitrado. Portanto, aplicam-se
tais alíquotas nas vendas de bens efetuadas pelas empresas optantes pelo Simples Nacional.

Já a carga tributária para a Administradora de Bens Imóveis Próprios na venda de um


imóvel terá o custo tributário final de 5,93%, mais o adicional que se chegará a uma dizima
22
periódica de aproximadamente 6,74% sobre o valor total da alienação, e não sobre o ganho de
capital propriamente dito como na tributação da pessoa física.

Atividade: Alienação de Imóveis – Ganho de Capital

Administradora de Bens Imóveis Pessoa


Próprios – Estoque de Imóveis Física
6,74% 15% a 30%

ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação):

O ITCMD é um imposto de competência Estadual, concernente a doação e Causa Mortis.


O ITCMD tem como fato gerador a transmissão de quaisquer bens ou direitos mediante Causa
Mortis ou doação. Logo, vale frisar que o ITCMD irá incidir sobre a doação de quotas com
reserva de usufruto na Administradora de Bens Imóveis Próprios. Todavia com a constituição
de uma Administradora de Bens Imóveis Próprios, a sucessão é realizada ainda em vida,
reduzindo e eliminando o imposto de um futuro processo de inventário.

Na doação de quotas com reserva de usufruto a tributação do ITCMD é segregada, sendo


o recolhimento feito em dois momentos. No primeiro momento o recolhimento será feito na
instituição do usufruto, ou seja, na doação das quotas da Administradora de Bens Imóveis
Próprios; já no segundo momento, o recolhimento se dará na extinção do usufruto, na
ocorrência da Causa Mortis.

A grande vantagem tributária referente à tributação do ITCMD na doação de quotas com


reserva de usufruto consiste no fato da segregação do recolhimento do imposto, onde o
primeiro recolhimento será tributado sem nenhuma reavaliação por parte do Estado, sendo o
referido imposto recolhido pelo valor das quotas doadas, quotas essas representadas pelos
imóveis integralizados no capital social também sem nenhuma atualização para o valor atual
de mercado.

Em comparação com o processo de inventário, caso o patrimônio esteja em nome da


pessoa física, na ocorrência da Causa Mortis o espólio será reavaliado pelo Estado e tributado
sobre o valor de mercado, sendo o recolhimento do ITCMD pago integralmente nesse
momento, gerando desta maneira uma alta carga tributária, tendo a incidência da Taxa
Judiciária e dos honorários advocatícios.

23
O processo de inventário trata-se de um processo longo e tormentoso, assim o ITCMD
incidiria de acordo com a alíquota (pelo método progressivo ou fixa), no momento da abertura
do inventário, além das custas processuais, que irá depender do trâmite processual e os
honorários advocatícios em 6% (mínimo). Como também, por doação ou na abertura do
testamento.

Elementos do tributo:

1. Fato Gerador: doação pura e simples, doação com reserva de usufruto e causa mortis.

2. Alíquotas: A CF/88: Tributação na causa mortis e doação: pode ser progressiva de 1 a


8 %.
- SP = doação ou causa mortis é 4%.

3. Base de cálculo:

- SP: Tributação na doação das quotas com usufruto: 2/3 no momento da doação
e 1/3 ocorrerá apenas no momento da extinção do usufruto.

Observação: Cada Estado possui suas alíquotas, base de cálculo e limites de


isenção para a doação.

24
VI – Matéria específica:

A questão do produtor rural – na pessoa física:

Levando-se em conta que a tributação do produtor rural é mais benéfica em


comparação com uma pessoa jurídica é inerente que a atividade rural continue sendo tributada
pela Pessoa Física. Para um produtor rural Pessoa Física as receitas são tributadas em 27,5%,
todavia, 20% das despesas podem ser deduzidas.

Após a constituição da Administradora de Bens Imóveis Próprios, o


desenvolvimento da atividade rural será realizado com um mix entre o produtor (Pessoa Física)
e a Administradora de Bens Imóveis Próprios (Pessoa Jurídica). Deste modo, é pertinente
elucidar que será possível a divisão do patrimônio pessoal do patrimônio utilizado para a
atividade rural. O patrimônio pessoal de imóveis será de titularidade da Administradora de
Bens Imóveis Próprios, onde já estará realizada a sucessão. Já o patrimônio e a atividade
rural propriamente dita continuarão a ser explorada e tributada pela Pessoa Física.

Cabe explicitar, que somente os bens imóveis deverão ser integralizados no capital
social da Administradora de Bens Imóveis Próprios. Os bens relacionados à atividade rural,
como por exemplo, os maquinários agrícolas, deverão ficar em nome da Pessoa Física. Para a
regular contabilidade da Administradora de Bens Imóveis Próprios, após a sua regularização
deve ser efetuado um contrato de comodato entre a Administradora de Bens Imóveis Próprios
e o produtor rural pessoa física. O comodato é um contrato pelo qual determinada pessoa, seja
física ou jurídica, entrega a outra coisa NÃO FUNGÍVEL por um lapso temporal determinado ou
indeterminado. É um empréstimo gratuito, uma cessão de uso, pelo qual se transfere apenas
o direito de uso sobre o bem, ou seja, a posse do bem, não se transmitindo a propriedade
propriamente dita. Vale ressaltar que a característica principal do contrato de comodato é a
gratuidade, haja vista que se o mesmo fosse oneroso se configuraria um contrato de locação.

O contrato de comodato possibilitará uma relação entre a pessoa jurídica


proprietária dos bens imóveis e o produtor rural, haja vista que a Receita Federal do Brasil,
orienta que seja firmado esse tipo de contrato nessas atividades. De acordo com as normas
contábeis brasileiras, os imóveis deverão ser contabilizados no plano de contas, na conta
imobilizado, na contabilidade da empresa, proprietária dos imóveis.

Já os imóveis arrendados também serão integralizados no capital social da


Administradora de Bens Imóveis Próprios, e serão tributados pela alíquota de 11,33%, sendo
considerados como receitas de arrendamento.

25
VII – Aspectos Contábeis:

Obrigações Acessórias:

a) O Cadastro Ambiental Rural – CAR.

O Decreto 13.977/2014, em seu Art. 3º define: O CAR-MS constitui instrumento


administrativo de registro obrigatório para todos os imóveis rurais situados em Mato Grosso
do Sul, destinado ao controle de suas obrigações ambientais intrínsecas, assim entendidas, em
especial, a manutenção das Áreas de Preservação Permanente (APPs), das áreas de Reserva
Legal (RL) e das Áreas de Uso Restrito. Assim, no momento da realização de qualquer ato
registrário, tais como transmissão de domínio, que inclui a integralização do imóvel na pessoa
jurídica, desmembramento, retificação de área de imóvel rural ou registros de sentenças de
usucapião. Oportuno salientar que o prazo para a inscrição dos seus imóveis rurais no CAR-MS,
foi prorrogado até o dia 05 de maio de 2016.

b) Obrigatoriedade do Certificado Digital para Empresas do Lucro Presumido.

A Instrução Normativa nº 969, obrigou a partir de abril/2010, todas as empresas


(Lucro Real, Presumido e Arbitrado) à apresentação de declarações com a utilização de
certificado digital.

O certificado digital pode ser obtido junto a qualquer autoridade certificadora


credenciada junto ao ICP-Brasil, como Caixa Econômica Federal, Certisign, SERPRO ou Serasa.
É importante lembrar que a assinatura ou certificado digital produz efeitos jurídicos quando
posta em documentos eletrônicos. Por isso, deve ser mantida em segurança pelo seu titular e
utilizada exclusivamente por ele.

c) DIMOB:

A nova versão do Programa da Dimob, aprovada pela Instrução Normativa RFB nº


1.115, de 28 de dezembro de 2010, exige a assinatura digital da declaração mediante utilização
de certificado digital para a apresentação das informações referentes aos fatos geradores
ocorridos a partir do ano- calendário 2010, exceto para as pessoas jurídicas optantes pelo
Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional).

O programa Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias (Dimob)


possibilita o preenchimento e gravação das declarações relativas aos anos-calendário 2006 a
2011, a serem entregues à Secretaria da Receita Federal do Brasil pelas pessoas jurídicas e
equiparadas:
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1- Que comercializarem imóveis que houverem construído, loteado ou incorporado para
esse fim;
2- Que intermediarem aquisição, alienação ou aluguel de imóveis;
3- Que realizarem sublocação de imóveis;
4- Constituídas para a construção, administração, locação ou alienação do patrimônio
próprio, de seus condôminos ou sócios próprios, de seus condôminos ou sócios.

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A Dimob deverá ser apresentada pelo estabelecimento matriz, em relação a todos
os estabelecimentos da pessoa jurídica, com as informações sobre:

1- As operações de construção, incorporação, loteamento e intermediação de


aquisições/alienações, no ano em que foram contratadas;
2- Os pagamentos efetuados no ano, discriminados mensalmente, decorrentes de
locação, sublocação e intermediação de locação, independentemente do ano em que essa
operação foi contratada.

A Dimob será entregue até o último dia útil do mês de fevereiro do ano subsequente
ao que se refiram as suas informações, por intermédio do programa Receitanet.

Para a apresentação da Dimob referente aos fatos geradores ocorridos a partir do


ano- calendário 2010, é obrigatória a assinatura digital da declaração mediante utilização de
certificado digital válido, exceto para as pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional). Para os anos-calendário anteriores a 2010, a
utilização do certificado digital é facultativa para a transmissão da Dimob.

As Dimob apresentadas à Receita Federal do Brasil a partir de 2011, inclusive as


declarações em atraso ou retificadoras de anos-calendário anteriores a 2010, deverão ser
geradas por meio na nova versão do PGD Dimob.

d) Contrato de Comodato:

O contrato de comodato, também, é obrigatório, na situação em que o patriarca


integraliza os seus bens imóveis de uso próprio, como por exemplo o bem de família ou a casa
de praia, como capital social da pessoa jurídica – Administradora de Bens Imóveis Próprios,
pois tal obrigação possibilitará uma relação entre a pessoa jurídica proprietária dos bens
imóveis e o patriarca, haja vista que a Receita Federal do Brasil, orienta que seja firmado esse
tipo de contrato nessas atividades da pessoa jurídica em estudo. De acordo com as normas
contábeis brasileiras, os imóveis deverão ser contabilizados no plano de contas, na conta
imobilizado.

Plano de Contas:

Após a integralização dos imóveis no capital social da empresa, deve-se realizar uma
classificação contábil, verificando se os imóveis serão locados ou se serão objeto de futuras
alienações.

28
De acordo com as normas contábeis, se o imóvel for objeto de alienação é inerente ser
segregado do Ativo Permanente/Investimentos ou do Ativo Permanente/Imobilizado e ser
registrado contabilmente no Ativo Circulante como Estoque, onde permanecerão os imóveis
que serão objetos de alienação. É importante mencionar que essa transferência do Ativo
Permanente/Investimentos ou do Ativo Permanente/Imobilizado para o Ativo Circulante na
conta de Estoques de imóveis deve-se respeitar o princípio contábil da continuidade.

Outrossim, é pertinente ressaltar que após a transferência do imóvel para o Ativo


Circulante como Estoque, este imóvel não poderá continuar auferindo rendimentos oriundos
dos aluguéis, sob risco de as autoridades tributárias caracterizarem essa operação de simples
lançamento contábil como fraude para redução da incidência tributária. Importante frisar que
para essa redução tributária é obrigatório constar no objeto social da empresa a atividade de
Compra e Venda de imóveis. Segue abaixo uma tabela comparativa em relação a tributação
sobre o ganho de capital das pessoas físicas e da Administradora de Bens Imóveis Próprios.

Vejamos como se aplica, conforme CPC 27 e 28:

Plano de contas referente aos imóveis:

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE - OBRIGAÇÕES SOBRE OS IMÓVEIS.

- ESTOQUE: BENS IMÓVEIS PARA


VENDA.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO:
- CAPITAL SOCIAL.
- AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL.
NÃO CIRCULANTE

- INVESTIMENTOS: BENS PARA


ALUGUEL.

- IMOBILIZADO: BENS PARA USO

29
VIII – Principais Cláusulas do Contrato Social:

CLÁUSULA 1ª – DA DENOMINAÇÃO SOCIAL


1.1 : - A sociedade gira sob a denominação social de XPTO ADMINISTRADORA DE
BENS IMÓVEIS PRÓPRIOS LTDA.
1.2 : - A sociedade será regida juridicamente em conformidade com a Lei nº
10.406/2002.

CLÁUSULA 2ª – DA SEDE E FORO


2.1: - A sociedade tem sua sede e foro nesta cidade de Tupã, Estado de São Paulo,
na Rua, podendo abrir, manter e encerrar sucursais ou filiais em qualquer ponto do território
nacional, e ainda constituir, adquirir ou participar de outras sociedades, observadas as
disposições legais deste instrumento.

CLÁUSULA 3ª – DO OBJETIVO SOCIAL


3.1: - A sociedade terá como objetivo social:
a) Administração de bens imóveis próprios, aluguéis de bens imóveis próprios
residenciais e não residenciais, loteamento de imóveis próprios e

b) Compra e venda de bens imóveis próprios.

CLÁUSULA 4ª – DO CAPITAL SOCIAL


4.1 : - O capital é de R$ xxx (xxxx), sendo R$ yyyy (yyyy) integralizado em moeda
corrente do país e R$ zzzzz (zzzzzzz) formado pelos bens imóveis, transferidos pelo doador e
usufrutuário PEDRO, dividido em xxxx (xxxx) quotas iguais de RS 1,00 (um real) cada uma,
capital social este que será distribuído, subscrito e integralizado da seguinte forma:

SÓCIOS PARTICIPAÇÃO QUOTAS VALOR R$


Pedro %
Filho 1 %
Filho 2 %
TOTAL 100 % xxxxx R$ xxxx

4.2 : - O Capital Social é totalmente integralizado no valor de R$ xxxxxxx


(xxxxxxxx), sendo R$ yyy (yyy) integralizado em moeda corrente do país; R$ zzz (zzz) formado
pelos imóveis, transferidos pelo doador e usufrutuário PEDRO, a seguir descritos:

1) Apartamento nº 1.024 – C –localizado no ... registrado no Cartório do 1º


Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de ... – Livro – Registro Geral
30
matrícula n. – R2 folha 1, em 01/01/2012. VALOR R$ 100.000,00

2) ...

4.3 : - A Sra. MARIA, já qualificada, casada sob o regime da comunhão universal de


bens, com PEDRO, assina o presente instrumento, dando sua outorga uxória, para esta
integralização do capital social e doação das quotas aos sócios donatários, prevista no artigo
1.647, I, do Código Civil.

4.4 : - Todos os sócios concordam expressamente com os valores atribuídos aos bens
entregues para a integralização da constituição de capital social pelo doador e usufrutuário
PEDRO, dispensando a exigência de prévia avaliação.
4.5 : - A posse dos imóveis é transmitida, neste ato, para a sociedade.

4.6 : - Nos termos do art. 132 do decreto 3.000/99, combinado com o art. 23 da lei
9.249/95, a transferência dos bens pelo doador e usufrutuário PEDRO, para a integralização do
capital social, ocorre pelo valor constante da Declaração de Bens e Direitos integrante da
Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física – Exercício 2012, não gerando ganho de
capital.
4.7 : - As quotas da sociedade são impenhoráveis, não podendo ser liquidadas
mediante requerimento de credores dos sócios.

4.8 : - O doador e usufrutuário PEDRO transfere os imóveis anteriormente descritos


para integralização do capital social, como também, o valor mencionado acima em moeda
corrente.

4.9 : - A responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social. Os sócios não respondem
subsidiariamente pelas obrigações sociais.

4.10 : - O doador e usufrutuário PEDRO integraliza R$ xxxx (xxx), mediante moeda


corrente do país e entrega de bens imóveis, para formação do capital social, anteriormente
descrito, e faz neste ato doações aos seus 02 (dois) filhos das quotas acima, gravadas com
incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade, tanto as quotas doadas como os
seus respectivos frutos. As quotas doadas aos sócios donatários ficam sujeitas às condições
acima expressas com a reserva de usufruto para o doador e a sua esposa, inclusive dos frutos
vindouros.

4.11 : - As quotas recebidas pelos sócios donatários, dos doadores e usufrutuários


PEDRO e MARIA, através deste contrato social de constituição ficam a usufruto do doador e
sua esposa, sendo somente cessado na falta dos doadores e usufrutuários; todavia,
31
continuando ainda gravadas as quotas com incomunicabilidade, inalienabilidade e
impenhorabilidade na forma da lei civil.

4.12 : - No caso de falecimento do doador e usufrutuário PEDRO, fica estipulado, desde


já, o presente benefício do usufruto passa imediatamente para sua esposa MARIA, acima
qualificada, continuando ainda gravadas as quotas com incomunicabilidade, inalienabilidade e
impenhorabilidade na forma da lei civil, conforme alteração contratual e a redistribuição de
quotas.
4.13 : - No caso de falecimento da usufrutuária MARIA, fica estipulado, desde já, o
presente benefício do usufruto passa imediatamente para o seu esposo PEDRO, acima
qualificado, continuando ainda gravadas as quotas com incomunicabilidade, inalienabilidade e
impenhorabilidade na forma da lei civil, conforme alteração contratual e a redistribuição de
quotas.
4.14 : - As quotas doadas também ficam sujeitos à cláusula de reversão, pois em caso de
morte, impedimento ou incapacidade de qualquer um dos 02 (dois) sócios donatários, as
respectivas quotas retornam ao doador PEDRO ou MARIA.
4.15 : - As quotas da sociedade serão indivisíveis e não poderão ser cedidas ou
transferidas sem o expresso consentimento dos doadores e usufrutuários PEDRO e MARIA,
cabendo em igualdade de preços e condições, o direito de preferência aos sócios que queiram
adquiri-las, no caso de algum sócio pretender ceder as que possuem.

4.16 : - É vedado aos sócios caucionar ou dar suas quotas em garantia, seja a que título
for.

CLÁUSULA 5ª – DO PRAZO DE DURAÇÃO


5.1: - O prazo de duração da sociedade será por tempo indeterminado, extinguindo-se
por vontade unânime dos sócios e nos casos previstos em Lei.

CLÁUSUAL 6ª – DA ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE


6.1 : - A administração da sociedade cabe aos doadores e usufrutuários PEDRO e MARIA,
de forma conjunta, com poderes e atribuições de representá-la ativa, passiva, judicial e
extrajudicialmente, sempre na defesa dos interesses sociais, sendo de única e exclusiva
competência os negócios patrimoniais, trabalhistas, previdenciários, tributários, financeiros,
comerciais e todos os demais atos necessários à gestão da sociedade, respondendo quando
for o caso, pelos excessos que vier a cometer, autorizado o uso do nome empresarial,
vedado, no entanto, em atividades estranhas ao interesse social ou assumir obrigações seja
em favor de qualquer dos quotistas ou de terceiros. Todavia, podendo onerar ou alienar bens
imóveis da sociedade, sem autorização dos sócios.
6.2 : - O uso da denominação social será feito pelos administradores de forma isolado e
exclusivamente para negócios da própria sociedade.
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6.3 : - Caberá aos administradores da sociedade a decisão de nomeação dos
representantes da sociedade nas empresas coligadas, controladas ou em que participe de
alguma forma.
6.4 : - Em caso de impossibilidade por qualquer motivo, de um dos administradores
continuarem a exercer esses poderes, a administração e representação da sociedade
continuará, mediante alteração contratual registrada no órgão competente, a ser feita pelo
administrador remanescente.

CLÁUSULA 7ª – DO PRÓ-LABORE
7.1: - Pelo exercício da administração, os administradores terão direito a uma retirada
mensal, a título de PRÓ-LABORE, fixado de comum acordo pelos sócios, observadas as
disposições regulamentares pertinentes.

CLÁUSULA 8ª – DA DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS


8.1: - A distribuição de lucros ou resultados poderá ser realizada de forma
desproporcional em relação à participação no capital, cabendo essa decisão aos sócios
administradores. Os sócios desde já reconhecem a validade desta condição que é justificada
como mecanismo de retribuição a cada sócio que colaborou com seu trabalho pessoal para a
formação do resultado auferido pela sociedade, independente de eventual pagamento de
“PRÓ-LABORE”.
CLÁUSULA 9ª – DAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS, RETIRADA E EXCLUSÃO DE SÓCIOS
9.1 : - As quotas da sociedade serão indivisíveis e não poderão ser cedidas ou transferidas
sem o expresso consentimento do doador e usufrutuário, cabendo em igualdade de preços e
condições, o direito de preferência aos sócios que queiram adquiri-las, no caso de algum sócio
pretender ceder as que possuem.
9.2 : - É vedado aos sócios caucionar ou dar suas quotas em garantia, seja a que título for.

9.3 : - Se qualquer dos sócios desejarem se retirar da sociedade, deverá comunicar sua
intenção aos demais por escrito, especificando o preço da oferta e as condições de pagamento,
e concedendo prazo de 180 (cento e oitenta) dias para manifestação.
9.4 : - Neste caso, se qualquer sócio desejar retirar-se da sociedade, é assegurado o
direito personalíssimo e exclusivo de preferência ao sócio, que poderá exercê-lo pagando um
valor nominal da quota que constar no contrato social vigente a época da retirada em 120
(cento e vinte) parcelas mensais, iguais e sucessivas, com acréscimos legais, não estando
sujeito, portanto, a igualar ofertas de terceiros.
9.5 : - Os sócios poderão deliberar em reunião de sócios, excluírem da sociedade, por
justa causa, os sócios que estejam pondo em risco a continuidade da empresa, devendo
ser apurados os respectivos haveres através de demonstrações contábeis da sociedade na data
do evento. Nesta hipótese de exclusão de sócios, será levantado um Balanço Patrimonial na
data da saída, e com base nestas demonstrações contábeis será apurado o quinhão do sócio,
33
que será reembolsado em 120 (cento e vinte) prestações mensais, iguais e sucessivas, com
acréscimos legais.
9.6 : - As deliberações dos sócios, obedecidas ao disposto no artigo 1.010 do Código Civil,
serão tomadas em reunião, devendo ser convocada por qualquer um dos sócios, nos casos
previstos em Lei ou no contrato, com antecedência mínima de 08 (oito) dias.
9.7 : - As convocações serão efetuadas por carta registrada, telegrama, ou qualquer outro
meio que permita o registro do recebimento, dispensando-se as formalidades de convocação
prevista no § 3º do artigo 1.152 do Código Civil, quando todos os sócios comparecerem ou
forem comunicados na forma acima, para estarem cientes do local, data, hora e ordem do dia.
9.8 : - Todas as deliberações da sociedade, inclusive as matérias constantes do Artigo
1.071 do Código Civil, somente serão consideradas como aprovadas se assim o forem pela
vontade dos administradores, permitindo-se o registro dos atos perante a Junta Comercial com
a assinatura dos sócios que representarem esse quórum mínimo, dispensada a assinatura dos
dissidentes.

9.9 : - A reunião torna-se dispensável quando todos os sócios decidirem, por escrito,
sobre a matéria que seria objeto dela.
9.10 : - A sociedade poderá adotar livro de atas para o registro das deliberações sociais,
considerando-se aprovada e válida quando assinada por sócios e administradores.

CLÁUSULA 10ª – DA AFFECTIO SOCIETATIS


10.1 : - Falecendo qualquer sócio, a sociedade continuará suas atividades normalmente
com os sócios remanescentes. A sociedade é fundada sobre o princípio do AFFECTIO
SOCIETATIS, que deve estar presente obrigatoriamente em relação a todos os sócios, uma vez
que é fundamental à sobrevivência da sociedade e de seu desiderato. Por essa razão não será
admitido, em nenhuma hipótese, o ingresso de eventuais sucessores, seja a que título for, sem
o expresso consentimento de todos os sócios remanescentes, a quem caberá, exclusivamente,
a decisão de admitir na sociedade pessoas estranhas ao quadro societário.
10.2 : - Na presença de eventuais sucessores, que não obtiveram consentimento de
admissão na sociedade, será levantado um Balanço Patrimonial na data desse evento, e com
base nessas demonstrações que se basearão exclusivamente nos valores contábeis, será
apurado o quinhão respectivo que será reembolsado em 120 (cento e vinte) prestações
mensais, iguais e sucessivas, sem acréscimos de quaisquer valores, mesmo a título de juros,
justificando-se esse prazo para não colocar em risco a sobrevivência da sociedade.
10.3 : - A sociedade não se dissolverá pela morte, incapacidade, retirada de sócio
quotista, nem por sua exclusão. Também não haverá dissolução da sociedade mesmo que
remanesça um único sócio continuando, nesta hipótese, com o sócio remanescente pelo prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, como faculta o inciso IV do artigo 1.033 da lei
10.406/2002.
34
CLÁUSULA 11ª – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
11.1 : - Os sócios e administradores declaram, sob as penas da lei, de que não estão
impedidos de exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em virtude de
condenação criminal, ou por se encontrar sob os efeitos dela, a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita
ou suborno, concussão, peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra normas de defesa de concorrência, contra as relações de consumo, fé pública,
ou a propriedade.
11.2 : - Fica eleito o foro desta comarca para qualquer ação fundada neste contrato,
renunciando-se a qualquer outro por muito especial que seja.

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Parte II – Sucessão Empresarial:

I – As ferramentas aplicáveis ao planejamento sucessório para empresas familiares:

a) Holding:
A expressão holding significa segurar, manter, controlar, guardar. Não reflete a existência
de um tipo de sociedade especificamente considerado na legislação, apenas identifica a
sociedade que tem por objeto participar de outras sociedades, isto é, aquela que participa do
capital de outras sociedades em níveis suficientes para controlá-las.
Companhia holding é qualquer empresa que mantém ações de outras companhias em
quantidade suficiente para controlá-las e emitir certificados próprios. Em sua forma mais
pura, a companhia holding não opera partes de sua propriedade, mas direta ou
indiretamente controla as políticas operativas e habitualmente patrocina todo o
financiamento. (Walter E. Lagerquist).

Companhia holding é uma sociedade juridicamente independente que tem por finalidade
adquirir e manter ações de outras sociedades, juridicamente independentes, com o
objetivo de controlá-las, sem com isso praticar atividade comercial ou industrial. (Oscar
Hardy).

A Constituição de 1988 veio enfatizar a necessidade de organização e controle. Os Arts.


1º, 5º e 6º surpreendem pela clareza de mostrar uma nova ordem social e um novo ambiente
a atuar, novas diretrizes para as estratégias dos anos 90 e os caminhos para os anos 2000. O
Art. 170 da Constituição estabelece, inequivocamente, as bases para novos empreendimentos,
e o Art. 226 veio mostrar o novo relacionamento familiar. Quem leu e entendeu pôde ver quase
dez anos antes as novas oportunidades e nelas a holding tinha o seu lugar destacado no
planejamento e no estudo de viabilidades e investimentos em novos negócios. Temas como a
sucessão, impostos causa mortis, imposto fortuna, doação são também temas mais fáceis de
equacionar, abrigados sob a proteção da holding.

Não se pode esquecer, no entanto, que para enfrentar a globalização e viver ou conviver
criativamente com ela é fundamental a instituição da holding. Com o Novo Código Civil, Lei
10.406, de 10/1/02, consideramos que a holding é a única possibilidade de proteger a família
dos conflitos latentes que há nessa lei. Quando ela fala em sociedade investidora ou estabelece
as regras da sucessão propriamente dita, torna-se confusa e, às vezes, até injusta, como
mostraremos ao longo deste trabalho.

A Lei nº 6.404/1976, art. 2º, § 3º, prevê a existência das sociedades holding
estabelecendo que a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades, e

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acrescenta: ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.

Apesar dessa previsão na Lei das S/A, nada impede que as sociedades holding se
revistam da forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, ou de outros tipos
societários, pois, como já dissemos, a expressão holding não reflete a existência de um tipo
societário específico, mas sim a propriedade de ações ou quotas que lhe assegure o poder de
controle de outra ou de outras sociedades.

Ainda, de modo não conceitual, mas indiretamente, a Lei das S/A contempla as
sociedades holding no capítulo em que trata das sociedades coligadas, controladoras e
controladas.

Controlada, conforme estabelece a Lei das S/A, é a sociedade na qual a controladora,


diretamente ou por meio de outras controladas (sistema piramidal), possui direitos societários
que lhe assegurem permanentemente preponderância nas deliberações sociais e poder de
eleger a maioria dos administradores (Lei nº 6.404/1976, art. 243, § 2º).

A Lei estabelece, portanto, um critério básico de preponderância do capital social para


configurar a controladora, não cogitando de outras formas de controle, como o domínio
tecnológico, ou até por acordo de acionistas (ao exigir direitos de sócios assegurados de modo
permanente).

Rol da legislação pertinente:


 Lei das S/A 6.404/1976 – Lei 13.129/2015.
 Regulamento do Imposto de Renda: Decreto 3.000/1999.
 Lei 10.833/2003 – Lei 12.973/2014
 Lei 11.638/2007.
 Lei 11.941/2009 – Leis 12.996/2014 e 13.043/2014.
 Lei 12.973/14.
 Lei 969/2009 – IN 1534/2014.

Espécies:

De forma geral, as empresas holding são classificadas como:

- Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participação no capital
de outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade única manter ações de
outras companhias, as controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede social com
grande facilidade.

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- Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a exploração de alguma
atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e administrativas, esse tipo do
holding é a mais usada, prestando serviços civis ou eventualmente comerciais, mas nunca
industriais. Diante dessa afirmação é necessário, como veremos adiante, estabelecer se a
holding deverá ser uma Sociedade Simples Limitada ou simplesmente uma Limitada, porém só
excepcionalmente uma Sociedade por ações.
A doutrina aponta, ainda, outras classificações para as empresas holding (tais como:
holding administrativa, holding de controle, holding de participação, holding familiar etc.)

Entre esses tipos é muito conhecido a holding familiar, que apresenta grande utilidade
na concentração patrimonial e facilita a sucessão hereditária e a administração dos bens,
garantindo a continuidade sucessória.

Finalidades:

O planejamento sucessório é um instituto jurídico previsto em nossa legislação que


permite estabelecer a sucessão patrimonial ainda em vida. O mecanismo utilizado para esse
procedimento é a constituição de uma empresa ou várias empresas, dependendo do cenário
familiar, a qual é denominada Holding. Assim, com a constituição de uma empresa ou até
mesmo na empresa operacional, com a intenção de se fazer a sucessão do casal, todas as
quotas da (s) empresa (s) destes patriarcas são integralizadas/transferidas para uma pessoa
jurídica ou simplesmente ocorrerá à doação das quotas para os herdeiros, ora sócios
donatários, ficando cada quinhão estabelecido de acordo com a vontade do patriarca nessa
doação. Vale ressaltar, que após a doação das quotas aos filhos, o patriarca apesar de não mais
ser quotistas, terá total controle sobre a empresa, porquanto figurará como usufrutuários e
administradores não sócios, não havendo qualquer validade algum ato praticado, que envolva
a sociedade sem a anuência do patriarca. Um ponto interessante a destacar é que as quotas da
empresa serão doadas para os herdeiros com cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade,
incomunicabilidade e reversão, propiciando ao patriarca a divisão de seu patrimônio ainda em
vida, evitando custos e os desgastes que a demanda judicial do inventário causaria ao grupo
familiar.

A principal finalidade da empresa holding, com o objeto social de participações


societárias, é controlar outras empresas, cabendo a ela o desenvolvimento do planejamento
estratégico, financeiro e jurídico dos investimentos do grupo, devendo, por isso mesmo, não
interferir diretamente na operacionalização das empresas controladas em seu dia-a-dia,
prestando apenas aqueles serviços que elas não podem executar eficientemente, ou que para
cada uma isoladamente seja oneroso e para ela não, tendo em vista a pulverização dos custos.

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Uma holding serve para centralizar as decisões e a administração de várias empresas de um
mesmo grupo empresarial ou pode ser uma empresa que simplesmente participa em várias
outras, sem nenhuma ligação entre si, como detentora de parte do controle do capital como
sócia ou acionista nas demais. A sociedade holding, portanto, é aquela que participa do capital
de outras sociedades em níveis suficientes para controlá-las.

É importante lembrar que uma empresa, cuja propriedade é dividida entre uma ou mais
partes, só terá sucesso na medida em que os detentores destes direitos tenham interesses
comuns, caso contrário afetará a vida da empresa, que por sua vez entrará em um processo de
paralisia e autodestruição.

Constituição da Holding:

As holdings podem ser constituídas sob a forma de sociedade limitada (Ltda.) ou


anônima (S/A); todavia recomendamos o tipo limitada, razão pela qual é o único tipo que
permite a cláusula da affectio societatis, por ser considerada uma sociedade de pessoas e não
de capital, como uma S/A, além do custo dessa última e burocracias a serem cumpridas,
dispensadas pela sociedade limitada.

Características:

- Affectio societatis: a adoção desse tipo societário (Ltda.) é o mais adequado, quando
se pretende impedir o ingresso de terceiros estranhos à família na sociedade, ou seja, na
holding;
- O empresário (patriarca) pode se autonomear administrador vitalício ou temporário
na sociedade, definindo, no ato da sua constituição, quais serão os administradores
substitutos, nos casos de morte, renúncia ou destituição, tendo em vista dar boa continuidade
nos negócios e zelar pela manutenção do patrimônio familiar;

- No ato da sua constituição, convém estabelecer um prazo longo de duração (120


meses) para a sociedade, uma vez que a qualquer tempo os sócios podem se retirar ou até
serem excluídos da sociedade, levando consigo seus haveres, podendo acarretar uma
descapitalização da holding e desestabilização das sociedades controladas;

- Os tipos societários (Ltda. ou S/A), para a holding, a meu ver só poderá ser da espécie
sociedade empresária, conforme o código civil, devendo ser efetuado o seu registro no
momento da constituição da sociedade ou em uma possível alteração contratual na Junta
Comercial. Com isso não recomendamos, até efeito de irregularidade no cadastro e
legalização a opção pela espécie de sociedade simples, registrada em Cartório de Pessoas
jurídicas.
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Objetivos:

- Resguardar os interesses de seus sócios, através da interação em várias empresas e


negócios;

- Administrar o portfólio de investimentos do grupo empresarial e

- Apresentar o grupo empresarial de forma estruturada e homogênea, principalmente a


partir da consolidação de um conjunto de políticas de atuação administrativa.

Razões para formar uma Holding:

A criação de uma holding pode ser interessante, principalmente, para o aspecto fiscal
e/ou societário, sendo esses um dos principais objetivos na criação de empresas desse tipo. No
aspecto fiscal, os empresários podem estar interessados em uma redução da carga tributária,
planejamento sucessório, retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos sem tributação.
Já sob o aspecto societário, os objetivos podem ser descritos como, crescimento do
grupo, planejamento e controle, administração de todos os investimentos, aumento de vendas
e gerenciamento de interesses societários internos.
Para que uma empresa se torne uma holding, esta deverá receber bens ou direitos para
formar o seu capital, e esta integralização poderá ocorrer de duas formas, ou seja, sócio pessoa
física e/ou sócio pessoa jurídica.
A holding visa solucionar problemas de sucessão administrativa, treinando sucessores,
como também profissionais de empresa, para alcançar cargos de direção. A visão dela é
generalista, contrapondo-se à visão de especialista da operadora, possibilitando experiências
mais profundas.
A holding objetiva solucionar problemas referentes à herança, substituindo em parte
declarações testamentárias, podendo indicar especificamente os sucessores da sociedade, sem
atrito ou litígios judiciais. Vemos no Novo Código Civil tempestades que virão. A visão da
holding é fundamental nesses casos.
Tendo maior facilidade de administração, exerce a Holding maior controle pelo menor
custo.
Existem vantagens no aproveitamento da legislação fiscal vigente, apesar dos controles
mais rígidos sobre a holding. A maior vantagem nesse campo está principalmente na
coordenação empresarial da pessoa física. Após a promulgação da Constituição Federal de
1988, essas vantagens se tornaram maiores e mais sutis.
Procura dar uma melhor administração de bens móveis e imóveis, visando
principalmente resguardar o patrimônio da operadora, finalidade hoje muito procurada para
40
evitar conflitos sucessórios.
Problemas pessoais ou familiares não afetam diretamente as operadoras. Em caso de
dissidências entre parentes ou espólios, será ela que decidirá sobre as diretrizes a serem
seguidas. Ela age como unidade jurídica e não como pessoas físicas emocionadas.
Ela é substituta da pessoa física, agindo como sócia ou acionista de outra empresa,
evitando dessa maneira que a pessoa física fique exposta inutilmente, evitando sequestros,
roubos e uma série de outros elementos inconvenientes, desde que não haja ostentação de
riqueza das pessoas físicas envolvidas. Pode também ser sócia da própria pessoa física.
A holding será também uma prestadora de serviços, e sendo Sociedade Simples Limitada
não estará sujeita à lei de falência. Como a holding é quase a própria pessoa de seus sócios, ela
deverá agir como tal.
A holding precisa ser discreta e seu perfil deve ser aparentemente baixo.
A holding atende também a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo
equacionar uma série de conveniências de seus criadores, tais como: casamentos, desquites,
separação de bens, comunhão de bens, autorização do cônjuge em venda de imóveis,
procurações, disposições de última vontade, reconhecimento a funcionários de longa data,
amparo a filhos e empregados. A cada tipo de problema existe um tipo de holding, aliada a
outros documentos que poderão suprir necessidades humanas, apresentando soluções legais
em diversas formas societárias.

b) Sociedade de Participações:
Conceito: é uma empresa cujo o objeto social são participações societárias em outras
empresas, mas não tem função de Holding.

C.N.A.E. 6463-8/00
Tipo Societário: Ltda ou S/A.
Regime Tributário: lucro presumido ou lucro real.

- Possui basicamente as mesmas características da Holding.

c) Acordo de Quotistas:

O Acordo de Acionistas é utilizado nas Sociedades Anônimas, conforme determinação


da Lei 6.404/76, artigo 108 e seus parágrafos, podendo ser arquivado na sede da companhia.
Tal documento tem como objetivo estabelecer critérios sobre a compra e venda de ações,
preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, definir o poder de controle,
obrigações dos acionistas, disposições sobre a política de reinvestimento dos lucros e
distribuição de dividendos, forma de constituição de procurações e ou mandatos, indicação
41
de representante para comunicar-se com a companhia para prestar ou receber informações,
quando solicitadas entre outros. A Lei n. 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro - que regula as
Sociedades Limitadas trouxe modificações e inovações na estruturação deste tipo societário.
Uma delas permite a realização de Acordo de Quotistas nas sociedades limitadas, nos mesmos
moldes instituídos pelas Sociedades Anônimas. Apesar de pouco usado, entendemos que as
Sociedades Limitadas devam utilizar este poderoso documento, chamado de Acordo de
Quotistas, que nada mais é do que um contrato particular efetivado entre os sócios da
limitada, onde são estabelecidas as normas de conduta, obrigações e responsabilidades na
gestão societária, as quais deverão ser cumpridas por todos os envolvidos na empresa.
Em razão da liberdade de contratar, ao efetivar o citado Acordo os sócios expressam
suas expectativas quanto à gestão societária, as quais quando esclarecidas, explicitadas e
acordadas por todos, facilitam a administração, onde cada sócio tem conhecimento exato de
qual é o seu papel na empresa, evitando conflitos futuros. Os limites da administração, eleição
de administrador, função de cada sócio e/ou administrador, forma de cessão de quotas,
quórum de votação, procedimentos e forma de pagamentos das quotas em caso de exclusão,
liquidação, morte e outros, são melhores definidos no acordo de quotista. É certo que todas as
disposições contidas no acordo não poderão ser contrárias à lei e ao contrato social, sob pena
de tornarem-se nulas. O Acordo de Quotista obriga as partes envolvidas, podendo ser
arquivado na sede da empresa, no cartório de títulos e documentos e/ou na Junta Comercial.
Sem dúvida, é muito importante a elaboração do Acordo de Quotistas, para que todas as
situações que possam ocorrer na administração das empresas limitadas sejam elencadas e
decididas previamente, facilitando a continuidade da empresa com diminuição de conflitos
e harmonia na tomada de decisões.

d) Protocolo de Família:
Este documento, que não se confunde com o acordo de quotistas, amparado pelo artigo
421, do código civil, passou a ser usado principalmente no planejamento sucessório, onde são
estabelecidas pelos interessados as regras quanto à comunicabilidade de quotas e bens,
usufruto, doação, ingresso de herdeiros e sucessores, conselho de administração, conselho
familiar, casos de arbitragem e outros pontos que se fizerem necessários dependendo da
característica empresarial e/ou familiar. Tal disposição harmoniza as decisões sociais, assim, há
uma maior tranquilidade, evitando surpresas e desconfortos que possam surgir, conferindo aos
sócios maior segurança para administrar situações conflituosas de maneira lícita.

O protocolo de família é um acordo firmado entre sócios-herdeiros (atuais e futuros),


com o objetivo de regrar a gestão da sociedade e sua relação econômica e profissional com a
família.
42
Visa:

- A continuidade dos negócios de forma sólida e eficaz com os herdeiros;

- Definir âmbito de atuação da família e dos gestores, evitando interferências;

- Posturas adotadas pelos membros da família em relação a sua própria vida


patrimonial e conjugal, evitando repercussões na sociedade

e) Testamento:

O testamento é um ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável, pelo qual


alguém, segundo norma jurídica, dispõe, no todo ou em parte, de seu patrimônio para depois
de sua morte, ou determina providencias de caráter pessoal ou familiar. O testamento é
caracterizado como um negócio jurídico. Vale ressaltar que para realizar o testamento a pessoa
deverá ter a Capacidade Testamentária Ativa, ou seja, pode fazer o testamento qualquer
pessoa que seja capaz. (Art. 1857 CC).

O testamento é um ato solene e revogável. A solenidade do ato diz respeito às


"formalidades legais", ou seja, o cumprimento das determinações previstas em lei, sob pena
de nulidade. Já a revogabilidade do ato é a possibilidade do testador poder revogar o
testamento a qualquer tempo, modificando-o total ou parcialmente, até o momento de sua
morte. Somente as questões de ordem patrimonial podem ser revogadas (o reconhecimento
de um filho, por exemplo, não pode ser revogado).

A unilateralidade do testamento se dá pelo fato dele produzir efeitos apenas com a


assinatura do testador, ou seja, apenas pela vontade de um lado do negócio jurídico,
independente da manifestação dos herdeiros testamentários. (Por exemplo, um indivíduo
pode testar, dispondo de um de seus bens para um herdeiro, externando, assim, sua última
vontade. O fato do herdeiro renunciar à herança não descaracteriza a unilateralidade do
testamento). Por este motivo, o testamento não é considerado um contrato, pois dependeria
da vontade das duas partes. Destarte, o cônjuge sobrevivente terá direito a um terço, pois os
ascendentes do Sr. Victor Mussa terão direito a dois terços da parte legitima deixada por
testamento.

A quota hereditária neste caso é variável, pois o cônjuge sobrevivente ao concorrer com
os ascendentes em 1º grau (sogro e sogra), terá direito a tocar em um terço da herança.
Exemplo: Se o falecido deixou seus pais (mãe e pai) e a viúva, a herança da parte legitima será
dividida pelos três, em partes iguais.

43
Lembrando que a legitima corresponde a 50% dos bens do testador, e que o herdeiro
necessário ao receber a parte legitima concorrerá sem impedimento algum na legitima,
aplica-se neste caso o artigo acima mencionado 1.837 que reza “Concorrendo com
ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a
metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. ”

Espécies de testamento mais comum:

 Testamento Público: é o testamento escrito ou dactilografado pelo tabelião (ou seu


substituto) em livro de notas cartorário, de acordo com as declarações do testador, o
que deverá ser lido em voz alta, na presença do testador e de 2 (duas) testemunhas.
Logo após, todos os indicados deverão assinar o testamento, suas firmas reconhecidas
e o testamento registrado em livro próprio, conferindo-lhe a publicidade. O tabelião
deverá entregar ao testador o Traslado de testamento, que é o seu "comprovante".

Consoante preceito do artigo 1.864 do Código Civil são requisitos do testamento


público:

Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:

I - Ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas,
de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de
minuta, notas ou apontamentos;

II - Lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e


a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na
presença destas e do oficial;

III - Ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas


testemunhas e pelo tabelião.

 Testamento Particular: A característica principal do testamento particular, é que ele


é feito pelo próprio testador, de punho próprio. É feito de mão própria. Este
testamento tem que ser feito pela própria pessoa e somente terá eficácia se três
pessoas testemunharem. Pelo menos um deles deverá estar presente no ato da
afirmação de que o testamento foi feito pela pessoa e que ela assinou. Este
testamento não pode ter rasuras nem espaços em brancos.
44
II – Aspectos Societários: Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações.

O tipo societário deve ser definido tendo em vista os objetivos a serem alcançados com
a constituição da holding. A forma social limitada é a mais adequada quando se pretende
impedir que terceiros estranhos à família participem da sociedade, no caso de holding familiar.

Na prática, dá-se preferência em constituir uma sociedade empresária, em virtude de


maior simplicidade e menor custo do registro feito pela Junta Comercial.

Vale ressaltar, aqui também, que outro benefício da constituição da Holding sob a égide
da sociedade limitada, é que este tipo societário por possuir características de uma sociedade
de pessoas proporciona uma maior proteção ao grupo familiar contra o ingresso de terceiros
ao quadro societário. Essa blindagem é caracterizada e representada pelo princípio da Affectio
Societatis que estará expressamente descrito no seu ato constitutivo.

III - Regime tributário:

De início é importante mencionar que a Holding, em regra estará vedada a opção pelo
regime tributário do Simples Nacional. Feita esta primeira consideração é importante
mencionar que a Holding poderá ser tributada pelo regime do lucro real, arbitrado ou lucro
presumido. Importante salientar que o regime tributário pertinente para este tipo de empresa
é o lucro presumido, o mais usado, salvo, quando a Holding, além da distribuição de lucros ou
dividendos, adotar o recebimento de Juros sobre o Capital Próprio - JCP – daí valerá a pena
optar pelo lucro real.

Consoante artigo 13 da Lei 9.718/1998, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. Vale frisar que a empresa
poderá ser optante pelo Lucro Presumido caso não se enquadre em nenhum impedimento
previsto no artigo 14 da Lei nº 9.718/98.

A DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS AOS SÓCIOS:

Desde o mês de janeiro de 1996, os lucros ou dividendos pagos ou creditados pelas


pessoas jurídicas com base no presumido não ficarão sujeitos à incidência do imposto de
renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa
física ou jurídica.

45
E o §3º do artigo 48 da IN nº 93/97 autoriza a pessoa jurídica tributada com base no
lucro presumido a distribuir lucros ou dividendos de resultados apurados através de
escrituração contábil, ainda que por conta de período-base não encerrado. Com isso, a pessoa
jurídica poderá levantar balanços trimestrais e distribuir o resultado.

Se, no encerramento do balanço em 31 de dezembro, o lucro contábil do ano-calendário


for menor que o montante dos lucros ou dividendos distribuídos antecipadamente, a diferença
será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores e a
tributação será feita de acordo com a legislação aplicável ao ano da apuração dos resultados.

Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente para


absorver os lucros ou dividendos distribuídos, a IN dispõe que a parcela excedente será
submetida à tributação pela tabela progressiva do imposto para as pessoas físicas.

O §2º do artigo 48 da IN 93/98 dispõe que no caso de pessoa jurídica tributada com
base no lucro presumido, a parcela dos lucros ou dividendos que exceder o valor da base de
cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a
pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a
empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial,
que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de
cálculo do imposto com base no lucro presumido.

IV –Aspectos Contábeis e obrigações acessórias:


a) Obrigatoriedade do certificado digital para empresas do lucro presumido.

A Instrução Normativa nº 969, obrigou a partir de abril/2010, todas as empresas (Lucro


Real, Presumido e Arbitrado) à apresentação de declarações com a utilização de certificado
digital.
O certificado digital pode ser obtido junto a qualquer autoridade certificadora
credenciada junto ao ICP-Brasil, como Caixa Econômica Federal, Certisign, SERPRO ou Serasa.
É importante lembrar que a assinatura ou certificado digital produz efeitos jurídicos quando
posta em documentos eletrônicos. Por isso, deve ser mantida em segurança pelo seu titular e
utilizada exclusivamente por ele.

b) Registro e anuidade – CRA:

É comumente a dúvida a respeito da possibilidade do CRA exigir pagamento de taxas e


contribuições. Como a empresa terá como objeto social a gestão de participações societárias
46
será inerente a sua inscrição e o pagamento de uma anuidade em favor do CRA. Vale a pena
pesquisar no site do Conselho em tela.

c) Contrato de mútuo: empréstimo realizado pela empresa Holding à empresas do


grupo econômico, incluindo ainda, a incidência de juros de mercado e IOF, quando o
empréstimo for realizado entre pessoas jurídicas.

V – Principais cláusulas:
a) Holding:
O modelo de contrato a seguir é o mais simples possível, mostrando que a holding é
mais uma filosofia de administração do que uma forma legal.
Os pontos mais importantes nesse contrato são:
 Definição da espécie de sociedade: limitada ou sociedade por ações;
 Elaboração do contrato social ou do estatuto social;
 Definição do valor do capital social e sua distribuição;
 Outorga uxória ou marital, conforme artigo 1.647, I do Código Civil;
 Estabelecer um prazo para a duração da sociedade recomenda-se que seja bem
longo, pois, se o prazo for indeterminado, a qualquer tempo, algum ou alguns dos
sócios poderão retirar-se da sociedade com os seus haveres, o que poderá acarretar
a desestabilização da sociedade controlada;
 O empresário nomeia-se administrador da sociedade e que no ato da sua
constituição defina quais serão os seus administradores substitutos nas hipóteses de
morte, renúncia ou afastamento, definindo, assim, a linha sucessória quanto a uma
parte do poder, com a finalidade de perenizar a boa gestão dos negócios e zela pela
manutenção do patrimônio familiar;
 Resolver onde ficará a sede social e qual será sua razão social;
 Se o capital não estiver integralizado, cada sócio será responsável, integralmente,
pelo montante do capital social.
b) Acordo de Quotistas:
O conteúdo tem rol taxativo.

1. O acordo de quotistas pode compreender a participação da totalidade


dos sócios ou de apenas alguns destes (minoritários), o que não afetará a sua
validade e eficácia perante a sociedade e terceiros, desde que, é claro, esteja
averbado no registro competente – Junta Comercial.

2. O acordo pode traçar estipulações sobre a compra e venda de quotas e


preferências para adquiri-las, além de direitos e obrigações de voto, em

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conformidade com a autorização dada pelo art. 118 da Lei 6.404/76, de aplicação
subsidiária ao regime das sociedades limitadas.

c) Protocolo de Família:
1. Como a família irá se posicionar diante de problemas ou conflitos previsíveis,
dispondo a tratativa a ser dispensada;
2. A instituição ou não de um conselho de família, visando dar soluções as questões
de família que possam prejudicar a empresa;
3. O efeito ou não perante terceiros do protocolo firmado;
4. Condições para um sócio herdeiro ocupar o conselho de administração e a
diretoria executiva da empresa familiar e os critérios a observar após a posse;
5. Permissão e condições para membros da família ou não por eles indicados para
trabalhar na empresa familiar;
6. Postura a ser adotada pelos membros em relação ao regime matrimonial e
sucessório e
7. Quórum para modificar o Protocolo de Família.

VI – Governança corporativa para empresas familiares:


Governança corporativa: instrumento de controle e profissionalização de gestão
empresarial:
Para se implementar práticas de governança corporativa deve-se ressaltar o objetivo da
empresa, os critérios para a tomada de decisão e a avaliação de seu próprio desempenho.
Empresas com boa governança são mais procuradas pelos investidores, uma vez que os custos
de capital são mais reduzidos e os seus papéis valorizados. Além disso, um sistema de
governança corporativa eficiente aumenta o fluxo de caixa.
A adoção de boas práticas de governança aprimora tanto o processo decisório da alta
gestão, quanto o sistema de avaliação de desempenho dos executivos, além de diminuir a
ocorrência de fraudes e corrupção, construindo uma imagem muito melhor da companhia
como instituição forte e segura para investimentos. São princípios de boa prática de
governança corporativa, importantes na atuação no mercado: transparência, equidade,
prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Governança corporativa no Brasil:
O modelo atual de governança nas empresas brasileiras não tem atraído investidores a
aplicarem os seus recursos e nem tem incentivado as empresas a adorarem as melhores
práticas de governança, um dos maiores motivos ainda a falta de conhecimento e cultura dos
patriarcas, principalmente quando detectam a falta do sucessor. A explicação está no chamado
círculo vicioso da Governança Corporativa (GC) no Brasil, caracterizado pelo baixo incentivo
para adoção de boas práticas de GC, aliado com as práticas prejudiciais para com os sócios
48
minoritários, o que tem provocado instabilidade econômica e desvalorização da companhia.
Disso decorrem prejuízos para abertura de capital e captação de recursos com a emissão de
novas ações, bem como o distanciamento das empresas em relação ao mercado de capitais.
Consequência desse distanciamento é a falta de investimento na adoção de boas práticas de
GC.
Assim, preocupados com os rumos de governança do Brasil, por iniciativas institucionais
e governamentais passou-se a adotar uma série de medidas para tentar quebrar o círculo
vicioso. Existem dois tipos de iniciativas, a de adequação, como a Lei das Sociedades Anônimas,
os códigos de GC do IBGC e da CVM e os níveis diferenciados de GC da Bovespa. O outro tipo
de iniciativa é o de financiamento, sendo esse consubstanciado nas novas regras da Secretaria
de Previdência Complementar (SPC) – Res. 3121, no programa de incentivo à Adoção de
Práticas de GC do BNDES, Projeto de Lei do FGTS (PLS nº 247/2002), e no plano Diretor de
Mercado de Capitais e o Código de Auto-Regulamentação da ANBID.
Com esses incentivos, espera-se uma maior proteção aos investidores, que, em virtude
da adoção de melhores práticas de governança, pagam um preço maior pelas ações e títulos
da companhia. Com isso, naturalmente reduz-se o custo de capital das empresas e sofistica-se
o mercado de capitais, pois essa se torna a melhor alternativa de capitalização das empresas,
aumentando-se, assim, o incentivo para adoção de boas práticas de GC, sendo esse o círculo
virtuoso proposto ao Brasil.
O objetivo da GC é maximizar o valor de longo prazo da empresa. Para tanto, podem ser
instituídas uma série de medidas visando administrar três espécies de relações do
planejamento sucessório, isto é, a famosa TRÍADE: Família, Patrimônio e Empresa.

Com a tríade desenhada e com a alocação das pessoas envolvidas no planejamento


sucessório busca-se amenizar os conflitos e administrar satisfatoriamente as suas diferenças. De
início, com a constituição da empresa estão confundidas essas três esferas em um único setor.
49
Entretanto, após as transições de geração e a evolução da empresa, tornam-se evidentes e
diferentes; porém, sempre interligadas. Observe-se que as relações de poder, influência e
interesses em cada esfera (familiar, patrimonial e empresarial) precisam de um fórum específico
para discussão e busca de soluções próprias de acordo com a sua área, portanto, tem-se um
instituto próprio para cada setor, objetivando a concentração de discussões e a eficiência da
companhia: o Conselho Família (Family Office), para a esfera familiar, o Conselho de
Administração, para a esfera patrimonial e, por fim, a Diretoria Executiva e o Conselho
Consultivo, para escolher as melhores soluções dentro da esfera empresarial.
São elas:
a) Esfera Familiar: conselho de família tem por função administrar o cotidiano das
famílias empresárias, unificando os interesses familiares, sendo que por ele se busca promover
a comunicação eficaz entre os familiares. Com o Conselho de Família evita-se a discussão, a
confusão dos problemas familiares na agenda da empresa, melhorando e desafogando a pauta
de reuniões e concentrando em cada instituto a solução de seus próprios problemas, ou seja,
a finalidade do Conselho de Família é administrar a complexidade dos negócios e atender às
necessidades dos familiares. Na prática, opera- se geralmente por meio de um código de
conduta e ética.
O Conselho de Família pode ser composto de 04 a 10 membros (01 ou 02 membros de
cada núcleo ou grupo familiar), sendo o presidente eleito entre os integrantes. O seu bom
funcionamento pressupõe algumas características como locais próprios fora da empresa, à
existência de uma secretária para registro das decisões e sistema de informações, reuniões
regulares (mensal, bimestral ou trimestral) com atas registradas e distribuição prévia dos
documentos, pauta anual de reuniões, contemplando os objetivos e atribuições de cada
membro dentro da empresa.
Com a criação do family office, ou seja, uma estrutura familiar administradora dos ativos
patrimoniais. Nessa estrutura de apoio, visa-se suprir as necessidades individuais e também
proteger o patrimônio. Além disso, tem-se por objetivo estruturar a transferência de ativos
para as próximas gerações. Define-se como o treinamento de herdeiros para se formarem em
sucessores.
b) Esfera Patrimonial: Conselho de Administração possui papel de destaque na GC, pois
serve para harmonizar as relações entre acionistas e gestores. Assim sendo, sua função é fixar
a orientação geral dos negócios da companhia, definindo os mecanismos de eleição e
destituição dos diretores e de auditores independentes (se houver), bem como fiscalizar a
gestão, analisar assuntos específicos e definir a política de remuneração dos executivos.
c) Esfera Empresarial (Profissionalização): Diretoria Executiva identifica
preventivamente por meio de um sistema de informações adequado e lista os principais riscos
aos quais a organização está exposta, além da sua probabilidade de ocorrência, a exposição
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financeira consolidada a esses riscos (considerando sua probabilidade de ocorrência, o impacto
financeiro potencial e os aspectos intangíveis) e as medidas e os procedimentos adotados para
sua prevenção ou mitigação.
O Conselho Deliberativo compete discorrer sobre a política de gestão, o orçamento
anual e as decisões estratégicas da organização.
O Conselho Consultivo atua como uma comissão externa de aconselhamento,
orientando líderes e gestores e recomendando ao Conselho Deliberativo as medidas a serem
tomadas para o desenvolvimento da organização.
Auditoria Independente: toda organização deve ter suas demonstrações financeiras
auditadas por auditor externo independente. Sua atribuição básica e verificar se as
demonstrações financeiras refletem adequadamente a realidade da sociedade. Como parte
inerente ao trabalho dos auditores independentes, inclui-se a revisão e a avaliação dos
controles internos da organização. Esta tarefa deve resultar num relatório especifico de
recomendações sobre melhoria e aperfeiçoamento dos controles internos. A organização pode
também contratar outros serviços de auditoria externa independente para informações não
financeiras que considere relevantes.

Conclusão:
Contudo podemos afirmar duas razões para a sucessão patrimonial, com a formação da
Administradora de Bens Imóveis Próprios: a organização do patrimônio pessoal dos patriarcas,
de modo a facilitar a sua administração, dividindo as quotas entre os herdeiros e a
administração e o usufruto de poder e gravado aos patriarcas. E os ajustes de interesses entre
os patriarcas e os herdeiros, com o objetivo de equalização das quotas na empresa patrimonial,
facilitando o processo de inventário e evitando a dilapidação do patrimônio da família. Como,
também, podemos afirmar que 04 são as razões para a implantação do planejamento
sucessório, vejamos:
Os ajustes de interesses entre os patriarcas e os herdeiros, com o objetivo de
equalização das quotas nas empresas do grupo familiar.
Preparar em vida a sucessão e a continuidade das empresas, evitando-se a quebra,
permitindo- se a continuidade e a gestão do controle, bem como os custos e o tempo
necessário ao processo de inventário. Segregação do patrimônio empresarial e familiar face a
terceiros.
Preparar o grupo econômico para a implantação das boas práticas de governança
corporativa – Profissionalização da Empresa Familiar.
Para isso não se trata evidentemente de uma fórmula mágica, mas sim, de todo um
procedimento ordenado, que requer um acurado exame do grupo econômico e a situação
pessoal de cada sócio e de suas famílias e herdeiros. O planejamento sucessório requer a
participação de uma consultoria especializada, o advogado do grupo econômico, juntamente
51
com o contabilista e ainda uma auditoria independente, os quais farão, em conjunto, um
diagnóstico (exame), como se fosse uma auditoria legal, assim como planejamento e
implantação de uma reestruturação societária da empresa propriamente dita, que pode dar-
se, por exemplo, através da criação de empresas holdings familiares, para cada grupo de
quotistas ou acionistas da empresa principal e uma empresa holding controladora, que
agruparia as holdings familiares referidas antes, deixando a empresa principal operando sem
ter internamente os possíveis conflitos entre sócios ou acionistas, que se dariam no âmbito da
holding controladora. A tudo isso, acrescenta-se uma combinação de testamentos individuais
de cada sócio e seu cônjuge, com apólices de seguro de vida também individuais. O sistema
desenvolvido é relativamente simples, mas com muitas etapas de implantação, que demandam
a participação e, sobretudo a vontade de todos os sócios, para se alcançar o objetivo principal,
que é a organização ou reorganização do processo sucessório na empresa, para preservá-la.

Fonte de pesquisa e referências bibliográficas.


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52
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de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.833.htm>. Acesso em: 09 de abr. 2012.

Elaborado por:
João Alberto Teixeira
Sócio da Hold Gestão Patrimonial. Consultor de planejamento sucessório do Gomes Altimari
Advogados. Palestrante em Sucessão Familiar e Governança Corporativa para Empresas
Familiares. Professor de Governança Corporativa e Direito Empresarial no MBA da Faculdade
Reges de Dracena. Instrutor de Cursos pela Unifenacon. Ex-Professor da FADAP em Direito
Empresarial. Ex-Consultor na IOB Thomson e Ex-Consultor na Grant Thornton Auditores
Independentes. MBA em Direito Empresarial, pela FGV. Formado em Direito pela FADAP.
Associado e Membro da Comissão Jurídica do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa –
IBGC. Conselheiro Consultivo do Grupo WT (empresa familiar) em Natal/RN. Conselheiro Fiscal
do Sescon Tupã.

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