Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivo:
De acordo com o conteúdo oferecido e a metodologia adotada neste curso, iremos
analisar, de forma teórica e dinâmica, as principais ferramentas do planejamento sucessório,
nos seus aspectos de sucessão familiar, reestruturação societária e planejamento tributário,
conforme a nossa legislação nacional e de acordo com o conceito das boas práticas de
governança corporativa para empresas familiares. Com a finalidade de demonstrar as
vantagens e diferenças na constituição de uma holding para o controle e sucessão da
administração dos negócios, comprovando uma redução tributária e facilitando o processo de
inventário.
Todos os direitos reservados:
Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais (LEI nº. 5.988, 14/12/1973), é
proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de apostilas a partir dessa obra,
de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de
processos xerográficos, de fotocópias e de gravações – sem permissão por escrito, dos Autores.
Além das sanções penais no código de Propriedade Industrial (Lei nº. 6.895, 17/12/1998),
combinado com os artigos 184 e 186 do Código Penal Brasileiro.
Resumo:
A expressão holding tem origem no direito norte-americano. A expressão é usada no
Brasil para definir a sociedade que tem como atividade o exercício do controle acionário de
outras empresas e a administração dos bens das empresas que controla, além do
desenvolvimento do planejamento estratégico, financeiro e jurídico dos investimentos do
grupo, devendo não interferir na operacionalização das empresas controladas, mas prestar
serviços que elas não podem executar eficientemente, ou que, para cada empresa,
isoladamente, seja oneroso e para a holding não, tendo em vista a pulverização dos custos.
Uma holding também serve para centralizar as decisões e a administração de várias empresas
de um mesmo grupo empresarial É importante lembrar que uma empresa, cuja propriedade é
dividida entre uma ou mais partes, só terá sucesso na medida em que os detentores destes
direitos tenham interesses comuns, caso contrário afetará a vida da empresa, que por sua vez,
entrará num processo de paralisia e autodestruição.
Abstract:
The expression holding was originated in the North American Law. The expression is
used in Brazil to define the society that has, as activity, the exercise of the shareholding control
of other companies and the administration of the companies’ goods that are controlled,
belonging to it the development of the strategical, financial and legal planning of the group
investments. It must not intervene in the operation of the controlled companies, but make only
those services that they cannot perform efficiently, or that, for each company, lonely, they
become expensive and to the holding don’t, due to the pulverization of the costs. A holding
also serves to centralize the decisions and the administration of many companies of the same 2
group. It is important to remember that a company, whose property is divided between one or
more parts, only will have success if the owners of these rights have common interest, because,
if not, it will affect the company, that will enter in a process of paralysis and self-destruction.
Palavras-Chave:
Planejamento Sucessório – Holding – Formação de Sucessores – Acordo de Acionistas
ou Quotistas – Regime Tributário – Tipo Societário.
II – Herdeiro x Sucessor:
O planejamento sucessório, nos últimos 04 anos, foi por nós implantados em alguns
grupos econômicos familiares ou não familiares e, nos casos onde já tivemos o momento da
sucessão, o planejamento funcionou muito bem, conforme planejado, mantendo íntegra a
saúde da empresa, do patrimônio e a família, sem qualquer descontentamento relevante ou
rejeição por parte dos sócios remanescentes ou dos herdeiros. Já tivemos casos de empresas
de um só empresário, cujo planejamento sucessório se restringia aos herdeiros no âmbito de
sua família.
Assim sendo, organizações que almejam a longevidade não podem ter administradores
ou funcionários insubstituíveis. A profissionalização é um instrumento muito útil, elegendo
técnicos para ocuparem cargos estratégicos ou de confiança. Evita-se, destarte, a inclusão de
um herdeiro pouco preparado, o qual, sem sintonia com a empresa, pode vir a interferir na
administração de forma desastrosa, levando à descontinuidade dos negócios e, em
determinados casos, à redução patrimonial e do valor de mercado da sociedade.
5
Parte I – Sucessão e Proteção Patrimonial:
Assim sendo, podem-se distribuir os bens da pessoa física, que estarão incorporados à
pessoa jurídica, antes mesmo que este venha a falecer. Evita-se, desta maneira, a ansiedades
por parte da linha sucessória, posto que o quinhão hereditário dos herdeiros fique definido
antes mesmo do falecimento do patriarca. Outrossim, a sucessão fica facilitada por meio da
sucessão de quotas da empresa.
Vale ressaltar que após a integralização dos bens para a Administradora de Bens
Imóveis Próprios os patriarcas terão total controle e gestão sobre a sociedade e seu
patrimônio, porquanto serão instituídos na sociedade como usufrutuários e administradores,
não havendo qualquer validade algum ato praticado, que envolva a sociedade sem as suas
anuências. As quotas da empresa serão doadas para os herdeiros com cláusulas restritivas de
inalienabilidade, impenhorabilidade, incomunicabilidade e reversão.
Para fins de sucessão e regime de bens é importante mencionar três conceitos básicos
que estão diretamente relacionados ao assunto: a meação, a legítima e a parte disponível.
a) A meação é a parte que cabe a cada cônjuge sobre os bens que integram o
patrimônio do casal em razão do regime de bens, ou seja, é a metade dos bens que integram
o patrimônio do casal. A meação existe, tão somente, nos regimes da comunhão universal e
comunhão parcial de bens.
No regime da comunhão universal de bens (art. 1.667, CC), a meação equivale a 50% de
todo o patrimônio do casal, ou seja, comunicam-se todos os bens presentes e futuros dos
cônjuges e suas dívidas passivas, com algumas exceções previstas no art. 1.668, CC, sendo a
meação os 50% desse patrimônio. Já no regime da comunhão parcial de bens (art.1.658, CC), a
meação equivale a 50% do patrimônio adquirido no decorrer da sociedade conjugal, ou seja,
7
comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com algumas
exceções previstas no art.1.659, CC, sendo a meação os 50% desse patrimônio. Vale frisar que
no regime da comunhão parcial estão excluídos da meação os bens recebidos a título de
doação (art. 1.659, I, CC).
Já o artigo 1.845 do Código Civil menciona quem são os herdeiros necessários, verbis:
Feitas essas ponderações sobre esses três institutos, mister se faz uma explicação
sucinta a respeito dos principais regimes de bens. Vejamos:
a) Comunhão Parcial de Bens (art. 1.658, CC): No regime da comunhão parcial de bens,
somente o patrimônio adquirido pelos cônjuges após a constituição da sociedade conjugal
serão comunicáveis. A comunicabilidade se dará em 50% para cada cônjuge, não importando
em nome de quem está registrado determinado bem, ou a porcentagem que cada um
contribuiu para a sua aquisição (esforço comum). Os bens que cada cônjuge possuía antes do
casamento (bens particulares) serão incomunicáveis. Atualmente, o regime da comunhão
parcial de bens é o regime legal, pois na ausência de pacto antenupcial optando por outro
regime, ou sendo este nulo ou ineficaz, ele regulará as questões patrimoniais entre os cônjuges
(art. 1.640, CC).
b) Separação Total de Bens: Inicialmente, vale ressaltar que existem dois subtipos no
regime da separação total de bens. Existe a separação de bens opcional ou convencional (art.
1.687, do CC), onde os cônjuges elaboram um pacto antenupcial optando por esse regime e o
da separação obrigatória ou legal (art. 1.641, do CC), cujo regime é imposto por lei (ope legis),
ou seja, os nubentes não possuem a liberdade de escolher um regime de bens, v.g., no caso de
um dos cônjuges possuir mais de 70 anos.
8
No regime da separação total de bens (opcional ou obrigatória), o patrimônio de cada
cônjuge permanece incomunicável durante a vigência do casamento. Assim, cada cônjuge fica
com a administração dos bens de sua propriedade exclusiva e após a ruptura pelo divórcio cada
cônjuge permanece com o seu patrimônio.
c) Comunhão Universal de Bens (art. 1.667, CC): Pelo regime da Comunhão Universal
de Bens, todos os bens atuais e futuros de ambos os cônjuges serão comuns ao casal, ou seja,
o regime importa na comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas
dívidas passivas, com a ressalva do artigo 1.668, CC.
Com as sucintas e devidas ponderações acerca dos principais aspectos sobre conceitos
e tipos de regimes de bens é importante relacionarmos os regimes de casamento sob o prisma
do planejamento sucessório através da constituição de uma Administradora de Bens Imóveis
Próprios.
O patriarca após a doação das quotas irá se instituir na sociedade como usufrutuário e
administrador, permanecendo até a sua morte no total controle do patrimônio pertencente à
Administradora de Bens Imóveis Próprios. Todo ato que envolva a sociedade constituída
necessitará, obrigatoriamente, de sua anuência, sendo inválido qualquer ato praticado pelos
herdeiros sem sua autorização. Antes da ocorrência de sua morte é como se nenhuma doação
tivesse ocorrido, visto que o patriarca efetuou, tão somente, a doação da nua-propriedade das
quotas, reservando-se o uso e o gozo das quotas para si, bem como a gestão da empresa.
Contudo, as quotas doadas aos herdeiros serão gravadas com cláusulas de inalienabilidade,
incomunicabilidade, impenhorabilidade e reversão.
10
A cláusula de inalienabilidade tem a função primordial de instituir sobre as quotas
doadas uma vedação aos herdeiros, uma vez que ficarão impedidos de alienar as quotas
recebidas. Esse gravame sobre as quotas não permite a dilapidação do patrimônio da
sociedade após a morte do patriarca, porquanto a cláusula de inalienabilidade das quotas pode
ser instituída de maneira vitalícia.
E, por fim, a cláusula de reversão deve estar expressamente prevista no contrato social,
pois em caso de ocorrer à morte de um dos herdeiros antes do patriarca, as quotas
pertencentes ao herdeiro falecido retornarão a ser de propriedade do doador sem nenhum
ônus. O Código Civil, em seu artigo 547, enaltece essa regra. Vejamos:
11
“Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimônio, se sobreviver ao donatário”.
Por outro lado, a chamada proteção patrimonial será medida eficaz contra a maior parte
dos possíveis credores se adotada de forma preventiva e merece ser indicada sempre que se
tenha ciência de suas limitações.
12
a) Valor da Integralização:
O valor monetário dos bens imóveis que serão transferidos e integralizados no capital
social da empresa será o valor constante na Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física do
patriarca, do ano- calendário vigente e não pelo valor de mercado do bem. Essa condição gera
grande benefício tributário em comparação com o processo de inventário, sendo que caso a
sucessão seja realizada perante o Poder Judiciário o patrimônio será reavaliado pela Secretaria
da Fazenda onde o valor dos bens presente no espólio serão reavaliados e tributados pelo valor
atual de mercado. Outro grande benefício tributário em relação a integralização pelo valor
constante na DIRPF consiste no fato de não ser devido o Imposto de Renda sobre o ganho de
capital, haja vista que os bens serão integralizados pelo mesmo valor já declarado
anteriormente. A integralização dos imóveis pelo valor constante na Declaração de Imposto de
Renda é prevista no Decreto Nº 3.000/99, art. 132 (Regulamento Imposto de Renda).
Após o arquivamento do contrato perante a Junta Comercial, será emitida uma certidão
que deverá ser levada perante os Cartórios de Registro de Imóveis para ser promovida a
averbação transmitindo a titularidade dos bens imóveis para a sociedade.
Nesse momento a regra aplicável a situação é a prevista na Lei 8.934/94, art. 64, sendo
a certidão emitida pela Junta Comercial documento hábil para efetuar o registro.
13
Destarte, não paira dúvidas quanto à aplicabilidade do art. 64 da Lei 8.934/94 sendo tão
somente a certidão expedida pela Junta Comercial documento hábil para a transferência de
bens para o capital social, não podendo os Cartórios exigirem a expedição da escritura pública
nem a atualização do bem para o valor de mercado.
Desta forma consoante regra no artigo 1.647, inciso I, no contrato social deverá constar
a anuência do cônjuge.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
Para essa integralização deverá estar no corpo do contrato social a descrição do imóvel
presente no compromisso de compra e venda. O valor do imóvel para a integralização será o
valor das parcelas pagas até o momento da constituição da empresa, e não o valor total do
contrato de compromisso de compra e venda.
14
Nesta toada é importante ressaltar a taxa de transferência de direitos prevista no
contrato. Para a integralização do imóvel no capital social da Administradora de Bens Imóveis
Próprios as construtoras poderão exigir o pagamento dessa taxa que varia de 2% a 5% do valor
total do contrato. Todavia, através de um contato amistoso com a construtora é possível que
a mesma não coloque nenhum óbice sobre a transferência e consequentemente não exigirá o
pagamento da taxa, haja vista que o imóvel estará passando a ser de propriedade da
Administradora de Bens Imóveis Próprios diminuindo o risco de inadimplemento e
consequentemente aumento suas garantias de recebimento do valor pactuado.
V - Aspectos Societários:
A constituição de uma EIRELI será extremamente útil e poderá ser utilizada como uma
Administradora de Bens Imóveis Próprios quando o detentor do patrimônio não possuir
herdeiros, ou não possuir interesse na elaboração de um planejamento sucessório, desejando
somente os benefícios tributários decorrente da constituição de uma empresa administradora
15
de bens imóveis próprios. O proprietário dos imóveis integralizará seu patrimônio no capital da
pessoa jurídica constituída sendo o titular dessa EIRELI, tendo o total controle e gestão sobre a
empresa.
Nessa linha de raciocínio, podemos dizer que uma vez provida de personalidade jurídica,
a SPE, sob uma das formas societárias previstas na legislação brasileira, passa a responder pelos
direitos e obrigações decorrentes da realização do empreendimento para o qual foi
constituída, podendo, inclusive, ser acionada em juízo. No tocante a responsabilidade dos
sócios da SPE a mesma será determinada pelo tipo societário escolhido: se constituída sob a
forma de limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas,
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social, nos termos do artigo
1.052 do Código Civil.
A SPE aplicada no ramo imobiliário é uma sociedade que tem atividade restrita, tendo
seu prazo de duração determinado, tendo como primordial escopo isolar os sócios envolvidos
do risco financeiro da atividade a que se destina. Ao ser adotada a aplicação de uma SPE no
empreendimento todos os agentes envolvidos, desde o comprador até a instituição financeira,
passam a ter a tranquilidade de que o único risco que irão correr é aquele decorrente da
própria obra.
Sob este prisma é que surge a possibilidade de se constituir uma SPE sob a égide do
Patrimônio de Afetação e opção pelo Regime Especial de Tributação – RET.
16
Este modelo de estrutura atende as necessidades do mercado e da sociedade, pois da
maior credibilidade aos clientes e investidores. Para o desenvolvimento dessa atividade, o RET
aparece como ferramenta valiosa na redução da carga tributária. Isso não significa que possa
ser empregado sem o devido planejamento.
A partir daí a receita mensal decorrente das vendas das unidades imobiliárias (acrescida
das receitas financeiras e das variações monetárias) passa a ser tributada de forma unificada.
Isso é, sobre esses valores é aplicada a alíquota de 4% e, ao um só tempo, são quitados o
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), o PIS, a COFINS e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL). Para as incorporações referentes ao Programa Minha Casa Minha Vida,
essa alíquota cai para 1%.
Além da redução dos encargos tributários, o RET assegura que o terreno e demais bens
vinculados à incorporação afetada não respondam por dívidas fiscais (de IRPJ, PIS, COFINS e
CSLL) do incorporador. Esse patrimônio fica “blindado” (quanto a esse aspecto), o que facilita
o bom andamento e a conclusão das obras.
Embora facilitada a forma de recolhimento dos tributos, a contabilidade deve ser feita
individualmente para cada empreendimento inscrito no RET. Ainda, uma vez escolhido esse
regime, o incorporador não tem o direito de pleitear restituições ou compensações tributárias;
o sistema é o da tributação definitiva. Até por isso, os recolhimentos devem ser sempre feitos
em dinheiro (o incorporador não pode, por exemplo, aproveitar eventuais créditos fiscais para
quitar os tributos). O empreendimento inscrito no RET não pode migrar para outro regime mais
benéfico, caso surja. A opção é, portanto, irretratável, enquanto durarem os direitos de crédito
ou obrigações do incorporador perante os compradores.
17
A Lei nº 10.931/04, instituiu o regime especial de tributação aplicável à cada
incorporação imobiliária, em caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de
crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que compõem a
incorporação. Cada incorporação imobiliária que for tributada pelo regime especial constituirá
um patrimônio de afetação.
A lei dispõe que os custos e despesas indiretos pagos pela incorporadora no mês serão
apropriados a cada incorporação na mesma proporção representada pelos custos diretos
próprios da incorporação, em relação ao custo direto total da incorporadora, assim entendido
como a soma de todos os custos diretos de todas as incorporações e o de outras atividades
exercidas pela incorporadora.
Com essas alterações, o RET passou a ser uma sistemática de tributação exclusiva sobre
a incorporação afetada. Nessa sistemática, há para fins tributários, uma efetiva segregação
entre as receitas, custos e despesas da incorporação afetada e o restante das receitas, custos
e despesas do incorporador.
As receitas, custos e despesas relativos à incorporação afetada pelo RET não serão
levados à base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS do incorporador. Não há que se
falar em complementação ou restituição para o incorporador em relação aos tributos pagos
pela incorporação afetada, uma vez que cada um deles está submetido a diferentes
sistemáticas de tributação, que considerem diferentes receitas, custos e despesas estanques
uns em relação aos outros.
18
O art. 1º da Lei nº 10.931/04, ao instituir o RET, determinou que este fosse opcional e
irretratável. Desta forma, o incorporador deverá efetuar duas opções, caso pretenda ver a
incorporação tributada pelo regime especial: a primeira é afetar a incorporação imobiliária, a
segunda sujeitar-se ao regime especial.
A opção pelo RET pressupõe a afetação do patrimônio, nos termos do art. 2º, I da Lei
10.931/04, portanto, o regime especial não é aplicável a qualquer outra atividade ou
empreendimento que não seja uma incorporação afetada.
V – Aspectos Tributários:
Art. 156...
19
Ao verificar a incidência do ITBI na constituição de uma Administradora de Bens Imóveis
Próprios, a primeiro plano pode aparentar que o grupo familiar estará onerando a sua carga
tributária, visto que surgirá mais um tributo a ser recolhido. Entretanto mesmo com a
incidência do ITBI a constituição da Administradora de Bens Imóveis Próprios é viável e
vantajosa, uma vez que ao cotejar a tributação dos rendimentos auferidas pela empresa, com
a tributação auferida pela pessoa física, o valor pago de ITBI será compensado em poucos
meses, com a redução do pagamento de Imposto de Renda.
Regime de tributação:
Consoante artigo 13 da Lei 9.718/1998, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. Vale frisar que a empresa
poderá ser optante pelo Lucro Presumido caso não se enquadre em nenhum impedimento
previsto no artigo 14 da Lei nº 9.718/98. Conforme regra do artigo 15, inciso III, alínea C, da Lei
9.249/95 a base de cálculo do Imposto de Renda da Administradora de Bens Imóveis Próprios
tributada pelo Lucro Presumido será de 32% sobre a receita bruta.
Sobre as receitas oriundas de locações a alíquota é 15%. Essa alíquota será aplicada na
base de cálculo de 32% sobre a receita bruta apurada. Essa regra está prevista no artigo 8º da
Instrução Normativa SRF nº 93/1997. Levando em consideração que a alíquota é de 15% sobre
a base de cálculo de 32% sobre a receita bruta, o custo tributário final é de 4,80%.
20
Mesmo a Administradora de Bens Imóveis Próprios tendo a incidência de CSLL, PIS e
COFINS, a tributação das receitas pela pessoa jurídica é extremamente vantajosa em
comparação com a tributação das receitas operadas pela pessoa física.
Cabe explicitar que artigo 4º da Lei nº 9.430/96, dispõe que a parcela do lucro real,
presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração estará sujeita a incidência
de adicional do imposto de renda à alíquota de 10%. Sendo assim, a Administradora de Bens
Imóveis Próprios que auferir a receita bruta superior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao mês,
ou superior a R$ 60.000,00 (sessenta mil) no trimestre terá que apurar o adicional. Todavia os
10% irão incidir tão somente sobre o montante que ultrapassar o limite estabelecido.
Levando em conta que a CSLL será tributada pela alíquota de 9% sobre a base de cálculo
de 32%, o custo tributário final é de 2,88%.
c) PIS e COFINS:
21
Já em caso da tributação incidente sobre as receitas de aluguéis auferidas por pessoas
físicas é importante mencionar que se deve observar a Tabela Progressiva. A alíquota para
pessoas física é de 27,5%.
Concluindo este tema é nítido o grande benefício tributário, com a significante redução
da carga tributária que a transferência de bens imóveis para uma pessoa jurídica pode propiciar
ao grupo familiar, haja vista que os rendimentos serão tributados pela alíquota de 11,33%,
muito menor que os 27,5% incidentes sobre os rendimentos da pessoa física.
Importante frisar que a Lei 13.259, de 16 de março de 2016, alterou a Lei 8.981/1995,
para dispor acerca da incidência de imposto sobre a renda na hipótese de ganho de capital para
as pessoas físicas em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza. Assim,
incidirão as seguintes alíquotas sobre o ganho de capital:
23
O processo de inventário trata-se de um processo longo e tormentoso, assim o ITCMD
incidiria de acordo com a alíquota (pelo método progressivo ou fixa), no momento da abertura
do inventário, além das custas processuais, que irá depender do trâmite processual e os
honorários advocatícios em 6% (mínimo). Como também, por doação ou na abertura do
testamento.
Elementos do tributo:
1. Fato Gerador: doação pura e simples, doação com reserva de usufruto e causa mortis.
3. Base de cálculo:
- SP: Tributação na doação das quotas com usufruto: 2/3 no momento da doação
e 1/3 ocorrerá apenas no momento da extinção do usufruto.
24
VI – Matéria específica:
Cabe explicitar, que somente os bens imóveis deverão ser integralizados no capital
social da Administradora de Bens Imóveis Próprios. Os bens relacionados à atividade rural,
como por exemplo, os maquinários agrícolas, deverão ficar em nome da Pessoa Física. Para a
regular contabilidade da Administradora de Bens Imóveis Próprios, após a sua regularização
deve ser efetuado um contrato de comodato entre a Administradora de Bens Imóveis Próprios
e o produtor rural pessoa física. O comodato é um contrato pelo qual determinada pessoa, seja
física ou jurídica, entrega a outra coisa NÃO FUNGÍVEL por um lapso temporal determinado ou
indeterminado. É um empréstimo gratuito, uma cessão de uso, pelo qual se transfere apenas
o direito de uso sobre o bem, ou seja, a posse do bem, não se transmitindo a propriedade
propriamente dita. Vale ressaltar que a característica principal do contrato de comodato é a
gratuidade, haja vista que se o mesmo fosse oneroso se configuraria um contrato de locação.
25
VII – Aspectos Contábeis:
Obrigações Acessórias:
c) DIMOB:
27
A Dimob deverá ser apresentada pelo estabelecimento matriz, em relação a todos
os estabelecimentos da pessoa jurídica, com as informações sobre:
A Dimob será entregue até o último dia útil do mês de fevereiro do ano subsequente
ao que se refiram as suas informações, por intermédio do programa Receitanet.
d) Contrato de Comodato:
Plano de Contas:
Após a integralização dos imóveis no capital social da empresa, deve-se realizar uma
classificação contábil, verificando se os imóveis serão locados ou se serão objeto de futuras
alienações.
28
De acordo com as normas contábeis, se o imóvel for objeto de alienação é inerente ser
segregado do Ativo Permanente/Investimentos ou do Ativo Permanente/Imobilizado e ser
registrado contabilmente no Ativo Circulante como Estoque, onde permanecerão os imóveis
que serão objetos de alienação. É importante mencionar que essa transferência do Ativo
Permanente/Investimentos ou do Ativo Permanente/Imobilizado para o Ativo Circulante na
conta de Estoques de imóveis deve-se respeitar o princípio contábil da continuidade.
ATIVO PASSIVO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO:
- CAPITAL SOCIAL.
- AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL.
NÃO CIRCULANTE
29
VIII – Principais Cláusulas do Contrato Social:
2) ...
4.4 : - Todos os sócios concordam expressamente com os valores atribuídos aos bens
entregues para a integralização da constituição de capital social pelo doador e usufrutuário
PEDRO, dispensando a exigência de prévia avaliação.
4.5 : - A posse dos imóveis é transmitida, neste ato, para a sociedade.
4.6 : - Nos termos do art. 132 do decreto 3.000/99, combinado com o art. 23 da lei
9.249/95, a transferência dos bens pelo doador e usufrutuário PEDRO, para a integralização do
capital social, ocorre pelo valor constante da Declaração de Bens e Direitos integrante da
Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física – Exercício 2012, não gerando ganho de
capital.
4.7 : - As quotas da sociedade são impenhoráveis, não podendo ser liquidadas
mediante requerimento de credores dos sócios.
4.9 : - A responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social. Os sócios não respondem
subsidiariamente pelas obrigações sociais.
4.16 : - É vedado aos sócios caucionar ou dar suas quotas em garantia, seja a que título
for.
CLÁUSULA 7ª – DO PRÓ-LABORE
7.1: - Pelo exercício da administração, os administradores terão direito a uma retirada
mensal, a título de PRÓ-LABORE, fixado de comum acordo pelos sócios, observadas as
disposições regulamentares pertinentes.
9.3 : - Se qualquer dos sócios desejarem se retirar da sociedade, deverá comunicar sua
intenção aos demais por escrito, especificando o preço da oferta e as condições de pagamento,
e concedendo prazo de 180 (cento e oitenta) dias para manifestação.
9.4 : - Neste caso, se qualquer sócio desejar retirar-se da sociedade, é assegurado o
direito personalíssimo e exclusivo de preferência ao sócio, que poderá exercê-lo pagando um
valor nominal da quota que constar no contrato social vigente a época da retirada em 120
(cento e vinte) parcelas mensais, iguais e sucessivas, com acréscimos legais, não estando
sujeito, portanto, a igualar ofertas de terceiros.
9.5 : - Os sócios poderão deliberar em reunião de sócios, excluírem da sociedade, por
justa causa, os sócios que estejam pondo em risco a continuidade da empresa, devendo
ser apurados os respectivos haveres através de demonstrações contábeis da sociedade na data
do evento. Nesta hipótese de exclusão de sócios, será levantado um Balanço Patrimonial na
data da saída, e com base nestas demonstrações contábeis será apurado o quinhão do sócio,
33
que será reembolsado em 120 (cento e vinte) prestações mensais, iguais e sucessivas, com
acréscimos legais.
9.6 : - As deliberações dos sócios, obedecidas ao disposto no artigo 1.010 do Código Civil,
serão tomadas em reunião, devendo ser convocada por qualquer um dos sócios, nos casos
previstos em Lei ou no contrato, com antecedência mínima de 08 (oito) dias.
9.7 : - As convocações serão efetuadas por carta registrada, telegrama, ou qualquer outro
meio que permita o registro do recebimento, dispensando-se as formalidades de convocação
prevista no § 3º do artigo 1.152 do Código Civil, quando todos os sócios comparecerem ou
forem comunicados na forma acima, para estarem cientes do local, data, hora e ordem do dia.
9.8 : - Todas as deliberações da sociedade, inclusive as matérias constantes do Artigo
1.071 do Código Civil, somente serão consideradas como aprovadas se assim o forem pela
vontade dos administradores, permitindo-se o registro dos atos perante a Junta Comercial com
a assinatura dos sócios que representarem esse quórum mínimo, dispensada a assinatura dos
dissidentes.
9.9 : - A reunião torna-se dispensável quando todos os sócios decidirem, por escrito,
sobre a matéria que seria objeto dela.
9.10 : - A sociedade poderá adotar livro de atas para o registro das deliberações sociais,
considerando-se aprovada e válida quando assinada por sócios e administradores.
35
Parte II – Sucessão Empresarial:
a) Holding:
A expressão holding significa segurar, manter, controlar, guardar. Não reflete a existência
de um tipo de sociedade especificamente considerado na legislação, apenas identifica a
sociedade que tem por objeto participar de outras sociedades, isto é, aquela que participa do
capital de outras sociedades em níveis suficientes para controlá-las.
Companhia holding é qualquer empresa que mantém ações de outras companhias em
quantidade suficiente para controlá-las e emitir certificados próprios. Em sua forma mais
pura, a companhia holding não opera partes de sua propriedade, mas direta ou
indiretamente controla as políticas operativas e habitualmente patrocina todo o
financiamento. (Walter E. Lagerquist).
Companhia holding é uma sociedade juridicamente independente que tem por finalidade
adquirir e manter ações de outras sociedades, juridicamente independentes, com o
objetivo de controlá-las, sem com isso praticar atividade comercial ou industrial. (Oscar
Hardy).
Não se pode esquecer, no entanto, que para enfrentar a globalização e viver ou conviver
criativamente com ela é fundamental a instituição da holding. Com o Novo Código Civil, Lei
10.406, de 10/1/02, consideramos que a holding é a única possibilidade de proteger a família
dos conflitos latentes que há nessa lei. Quando ela fala em sociedade investidora ou estabelece
as regras da sucessão propriamente dita, torna-se confusa e, às vezes, até injusta, como
mostraremos ao longo deste trabalho.
A Lei nº 6.404/1976, art. 2º, § 3º, prevê a existência das sociedades holding
estabelecendo que a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades, e
36
acrescenta: ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
Apesar dessa previsão na Lei das S/A, nada impede que as sociedades holding se
revistam da forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, ou de outros tipos
societários, pois, como já dissemos, a expressão holding não reflete a existência de um tipo
societário específico, mas sim a propriedade de ações ou quotas que lhe assegure o poder de
controle de outra ou de outras sociedades.
Ainda, de modo não conceitual, mas indiretamente, a Lei das S/A contempla as
sociedades holding no capítulo em que trata das sociedades coligadas, controladoras e
controladas.
Espécies:
- Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participação no capital
de outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade única manter ações de
outras companhias, as controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede social com
grande facilidade.
37
- Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a exploração de alguma
atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e administrativas, esse tipo do
holding é a mais usada, prestando serviços civis ou eventualmente comerciais, mas nunca
industriais. Diante dessa afirmação é necessário, como veremos adiante, estabelecer se a
holding deverá ser uma Sociedade Simples Limitada ou simplesmente uma Limitada, porém só
excepcionalmente uma Sociedade por ações.
A doutrina aponta, ainda, outras classificações para as empresas holding (tais como:
holding administrativa, holding de controle, holding de participação, holding familiar etc.)
Entre esses tipos é muito conhecido a holding familiar, que apresenta grande utilidade
na concentração patrimonial e facilita a sucessão hereditária e a administração dos bens,
garantindo a continuidade sucessória.
Finalidades:
38
Uma holding serve para centralizar as decisões e a administração de várias empresas de um
mesmo grupo empresarial ou pode ser uma empresa que simplesmente participa em várias
outras, sem nenhuma ligação entre si, como detentora de parte do controle do capital como
sócia ou acionista nas demais. A sociedade holding, portanto, é aquela que participa do capital
de outras sociedades em níveis suficientes para controlá-las.
É importante lembrar que uma empresa, cuja propriedade é dividida entre uma ou mais
partes, só terá sucesso na medida em que os detentores destes direitos tenham interesses
comuns, caso contrário afetará a vida da empresa, que por sua vez entrará em um processo de
paralisia e autodestruição.
Constituição da Holding:
Características:
- Affectio societatis: a adoção desse tipo societário (Ltda.) é o mais adequado, quando
se pretende impedir o ingresso de terceiros estranhos à família na sociedade, ou seja, na
holding;
- O empresário (patriarca) pode se autonomear administrador vitalício ou temporário
na sociedade, definindo, no ato da sua constituição, quais serão os administradores
substitutos, nos casos de morte, renúncia ou destituição, tendo em vista dar boa continuidade
nos negócios e zelar pela manutenção do patrimônio familiar;
- Os tipos societários (Ltda. ou S/A), para a holding, a meu ver só poderá ser da espécie
sociedade empresária, conforme o código civil, devendo ser efetuado o seu registro no
momento da constituição da sociedade ou em uma possível alteração contratual na Junta
Comercial. Com isso não recomendamos, até efeito de irregularidade no cadastro e
legalização a opção pela espécie de sociedade simples, registrada em Cartório de Pessoas
jurídicas.
39
Objetivos:
A criação de uma holding pode ser interessante, principalmente, para o aspecto fiscal
e/ou societário, sendo esses um dos principais objetivos na criação de empresas desse tipo. No
aspecto fiscal, os empresários podem estar interessados em uma redução da carga tributária,
planejamento sucessório, retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos sem tributação.
Já sob o aspecto societário, os objetivos podem ser descritos como, crescimento do
grupo, planejamento e controle, administração de todos os investimentos, aumento de vendas
e gerenciamento de interesses societários internos.
Para que uma empresa se torne uma holding, esta deverá receber bens ou direitos para
formar o seu capital, e esta integralização poderá ocorrer de duas formas, ou seja, sócio pessoa
física e/ou sócio pessoa jurídica.
A holding visa solucionar problemas de sucessão administrativa, treinando sucessores,
como também profissionais de empresa, para alcançar cargos de direção. A visão dela é
generalista, contrapondo-se à visão de especialista da operadora, possibilitando experiências
mais profundas.
A holding objetiva solucionar problemas referentes à herança, substituindo em parte
declarações testamentárias, podendo indicar especificamente os sucessores da sociedade, sem
atrito ou litígios judiciais. Vemos no Novo Código Civil tempestades que virão. A visão da
holding é fundamental nesses casos.
Tendo maior facilidade de administração, exerce a Holding maior controle pelo menor
custo.
Existem vantagens no aproveitamento da legislação fiscal vigente, apesar dos controles
mais rígidos sobre a holding. A maior vantagem nesse campo está principalmente na
coordenação empresarial da pessoa física. Após a promulgação da Constituição Federal de
1988, essas vantagens se tornaram maiores e mais sutis.
Procura dar uma melhor administração de bens móveis e imóveis, visando
principalmente resguardar o patrimônio da operadora, finalidade hoje muito procurada para
40
evitar conflitos sucessórios.
Problemas pessoais ou familiares não afetam diretamente as operadoras. Em caso de
dissidências entre parentes ou espólios, será ela que decidirá sobre as diretrizes a serem
seguidas. Ela age como unidade jurídica e não como pessoas físicas emocionadas.
Ela é substituta da pessoa física, agindo como sócia ou acionista de outra empresa,
evitando dessa maneira que a pessoa física fique exposta inutilmente, evitando sequestros,
roubos e uma série de outros elementos inconvenientes, desde que não haja ostentação de
riqueza das pessoas físicas envolvidas. Pode também ser sócia da própria pessoa física.
A holding será também uma prestadora de serviços, e sendo Sociedade Simples Limitada
não estará sujeita à lei de falência. Como a holding é quase a própria pessoa de seus sócios, ela
deverá agir como tal.
A holding precisa ser discreta e seu perfil deve ser aparentemente baixo.
A holding atende também a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo
equacionar uma série de conveniências de seus criadores, tais como: casamentos, desquites,
separação de bens, comunhão de bens, autorização do cônjuge em venda de imóveis,
procurações, disposições de última vontade, reconhecimento a funcionários de longa data,
amparo a filhos e empregados. A cada tipo de problema existe um tipo de holding, aliada a
outros documentos que poderão suprir necessidades humanas, apresentando soluções legais
em diversas formas societárias.
b) Sociedade de Participações:
Conceito: é uma empresa cujo o objeto social são participações societárias em outras
empresas, mas não tem função de Holding.
C.N.A.E. 6463-8/00
Tipo Societário: Ltda ou S/A.
Regime Tributário: lucro presumido ou lucro real.
c) Acordo de Quotistas:
d) Protocolo de Família:
Este documento, que não se confunde com o acordo de quotistas, amparado pelo artigo
421, do código civil, passou a ser usado principalmente no planejamento sucessório, onde são
estabelecidas pelos interessados as regras quanto à comunicabilidade de quotas e bens,
usufruto, doação, ingresso de herdeiros e sucessores, conselho de administração, conselho
familiar, casos de arbitragem e outros pontos que se fizerem necessários dependendo da
característica empresarial e/ou familiar. Tal disposição harmoniza as decisões sociais, assim, há
uma maior tranquilidade, evitando surpresas e desconfortos que possam surgir, conferindo aos
sócios maior segurança para administrar situações conflituosas de maneira lícita.
e) Testamento:
A quota hereditária neste caso é variável, pois o cônjuge sobrevivente ao concorrer com
os ascendentes em 1º grau (sogro e sogra), terá direito a tocar em um terço da herança.
Exemplo: Se o falecido deixou seus pais (mãe e pai) e a viúva, a herança da parte legitima será
dividida pelos três, em partes iguais.
43
Lembrando que a legitima corresponde a 50% dos bens do testador, e que o herdeiro
necessário ao receber a parte legitima concorrerá sem impedimento algum na legitima,
aplica-se neste caso o artigo acima mencionado 1.837 que reza “Concorrendo com
ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a
metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. ”
I - Ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas,
de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de
minuta, notas ou apontamentos;
O tipo societário deve ser definido tendo em vista os objetivos a serem alcançados com
a constituição da holding. A forma social limitada é a mais adequada quando se pretende
impedir que terceiros estranhos à família participem da sociedade, no caso de holding familiar.
Vale ressaltar, aqui também, que outro benefício da constituição da Holding sob a égide
da sociedade limitada, é que este tipo societário por possuir características de uma sociedade
de pessoas proporciona uma maior proteção ao grupo familiar contra o ingresso de terceiros
ao quadro societário. Essa blindagem é caracterizada e representada pelo princípio da Affectio
Societatis que estará expressamente descrito no seu ato constitutivo.
De início é importante mencionar que a Holding, em regra estará vedada a opção pelo
regime tributário do Simples Nacional. Feita esta primeira consideração é importante
mencionar que a Holding poderá ser tributada pelo regime do lucro real, arbitrado ou lucro
presumido. Importante salientar que o regime tributário pertinente para este tipo de empresa
é o lucro presumido, o mais usado, salvo, quando a Holding, além da distribuição de lucros ou
dividendos, adotar o recebimento de Juros sobre o Capital Próprio - JCP – daí valerá a pena
optar pelo lucro real.
Consoante artigo 13 da Lei 9.718/1998, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-
calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. Vale frisar que a empresa
poderá ser optante pelo Lucro Presumido caso não se enquadre em nenhum impedimento
previsto no artigo 14 da Lei nº 9.718/98.
45
E o §3º do artigo 48 da IN nº 93/97 autoriza a pessoa jurídica tributada com base no
lucro presumido a distribuir lucros ou dividendos de resultados apurados através de
escrituração contábil, ainda que por conta de período-base não encerrado. Com isso, a pessoa
jurídica poderá levantar balanços trimestrais e distribuir o resultado.
O §2º do artigo 48 da IN 93/98 dispõe que no caso de pessoa jurídica tributada com
base no lucro presumido, a parcela dos lucros ou dividendos que exceder o valor da base de
cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a
pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a
empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial,
que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de
cálculo do imposto com base no lucro presumido.
V – Principais cláusulas:
a) Holding:
O modelo de contrato a seguir é o mais simples possível, mostrando que a holding é
mais uma filosofia de administração do que uma forma legal.
Os pontos mais importantes nesse contrato são:
Definição da espécie de sociedade: limitada ou sociedade por ações;
Elaboração do contrato social ou do estatuto social;
Definição do valor do capital social e sua distribuição;
Outorga uxória ou marital, conforme artigo 1.647, I do Código Civil;
Estabelecer um prazo para a duração da sociedade recomenda-se que seja bem
longo, pois, se o prazo for indeterminado, a qualquer tempo, algum ou alguns dos
sócios poderão retirar-se da sociedade com os seus haveres, o que poderá acarretar
a desestabilização da sociedade controlada;
O empresário nomeia-se administrador da sociedade e que no ato da sua
constituição defina quais serão os seus administradores substitutos nas hipóteses de
morte, renúncia ou afastamento, definindo, assim, a linha sucessória quanto a uma
parte do poder, com a finalidade de perenizar a boa gestão dos negócios e zela pela
manutenção do patrimônio familiar;
Resolver onde ficará a sede social e qual será sua razão social;
Se o capital não estiver integralizado, cada sócio será responsável, integralmente,
pelo montante do capital social.
b) Acordo de Quotistas:
O conteúdo tem rol taxativo.
47
conformidade com a autorização dada pelo art. 118 da Lei 6.404/76, de aplicação
subsidiária ao regime das sociedades limitadas.
c) Protocolo de Família:
1. Como a família irá se posicionar diante de problemas ou conflitos previsíveis,
dispondo a tratativa a ser dispensada;
2. A instituição ou não de um conselho de família, visando dar soluções as questões
de família que possam prejudicar a empresa;
3. O efeito ou não perante terceiros do protocolo firmado;
4. Condições para um sócio herdeiro ocupar o conselho de administração e a
diretoria executiva da empresa familiar e os critérios a observar após a posse;
5. Permissão e condições para membros da família ou não por eles indicados para
trabalhar na empresa familiar;
6. Postura a ser adotada pelos membros em relação ao regime matrimonial e
sucessório e
7. Quórum para modificar o Protocolo de Família.
Conclusão:
Contudo podemos afirmar duas razões para a sucessão patrimonial, com a formação da
Administradora de Bens Imóveis Próprios: a organização do patrimônio pessoal dos patriarcas,
de modo a facilitar a sua administração, dividindo as quotas entre os herdeiros e a
administração e o usufruto de poder e gravado aos patriarcas. E os ajustes de interesses entre
os patriarcas e os herdeiros, com o objetivo de equalização das quotas na empresa patrimonial,
facilitando o processo de inventário e evitando a dilapidação do patrimônio da família. Como,
também, podemos afirmar que 04 são as razões para a implantação do planejamento
sucessório, vejamos:
Os ajustes de interesses entre os patriarcas e os herdeiros, com o objetivo de
equalização das quotas nas empresas do grupo familiar.
Preparar em vida a sucessão e a continuidade das empresas, evitando-se a quebra,
permitindo- se a continuidade e a gestão do controle, bem como os custos e o tempo
necessário ao processo de inventário. Segregação do patrimônio empresarial e familiar face a
terceiros.
Preparar o grupo econômico para a implantação das boas práticas de governança
corporativa – Profissionalização da Empresa Familiar.
Para isso não se trata evidentemente de uma fórmula mágica, mas sim, de todo um
procedimento ordenado, que requer um acurado exame do grupo econômico e a situação
pessoal de cada sócio e de suas famílias e herdeiros. O planejamento sucessório requer a
participação de uma consultoria especializada, o advogado do grupo econômico, juntamente
51
com o contabilista e ainda uma auditoria independente, os quais farão, em conjunto, um
diagnóstico (exame), como se fosse uma auditoria legal, assim como planejamento e
implantação de uma reestruturação societária da empresa propriamente dita, que pode dar-
se, por exemplo, através da criação de empresas holdings familiares, para cada grupo de
quotistas ou acionistas da empresa principal e uma empresa holding controladora, que
agruparia as holdings familiares referidas antes, deixando a empresa principal operando sem
ter internamente os possíveis conflitos entre sócios ou acionistas, que se dariam no âmbito da
holding controladora. A tudo isso, acrescenta-se uma combinação de testamentos individuais
de cada sócio e seu cônjuge, com apólices de seguro de vida também individuais. O sistema
desenvolvido é relativamente simples, mas com muitas etapas de implantação, que demandam
a participação e, sobretudo a vontade de todos os sócios, para se alcançar o objetivo principal,
que é a organização ou reorganização do processo sucessório na empresa, para preservá-la.
52
TEIXEIRA, João Alberto Borges Teixeira. Holding Familiar: tipo societário e seu regime
de tributação. Disponível em: <http://www.almadateixeira.com.br/artigo_holding.pdf>.
Acesso em: 09 abr. 2012.
Elaborado por:
João Alberto Teixeira
Sócio da Hold Gestão Patrimonial. Consultor de planejamento sucessório do Gomes Altimari
Advogados. Palestrante em Sucessão Familiar e Governança Corporativa para Empresas
Familiares. Professor de Governança Corporativa e Direito Empresarial no MBA da Faculdade
Reges de Dracena. Instrutor de Cursos pela Unifenacon. Ex-Professor da FADAP em Direito
Empresarial. Ex-Consultor na IOB Thomson e Ex-Consultor na Grant Thornton Auditores
Independentes. MBA em Direito Empresarial, pela FGV. Formado em Direito pela FADAP.
Associado e Membro da Comissão Jurídica do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa –
IBGC. Conselheiro Consultivo do Grupo WT (empresa familiar) em Natal/RN. Conselheiro Fiscal
do Sescon Tupã.
53