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Seja muito bem-vindo à Jornada de Holding Familiar.

Este é um curso voltado para o estudo e prática do Sistema de


Holding Familiar como ferramenta para o Planejamento
Patrimonial da Família.

A missão é entregar ao longo dos próximos dias todo


conhecimento e ferramentas necessárias para você
implementar de imediato o trabalho nesta área do Direito.

Aliás, raríssimas são as áreas que permitem ao Advogado


obter remuneração de R$ 35 mil por mês, o que só é possível
em um ramo tão diferenciado e que tem uma gigantesca
demanda na sociedade brasileira.

O diferencial deste curso é que ele é feito por um profissional


que todos os dias pratica aquilo que ensina. Aqui o conteúdo é
100% voltado para a atuação. E, para mim, só tem sentido
dedicar esse tempo se puder fazer diferença na sua carreira.

E ser prático nem de longe significa ser raso ou frágil nos


conceitos e teoria.

É fugir das questões meramente filosóficas, que só atendem a


“Tício, Mévio e Caio” e não se encaixam na realidade dos
clientes.
É claro que você precisa ter os conceitos bem sedimentados,
mas para ter uma atuação de destaque é fundamental que
conheça o que acontece na prática.

Os debates teóricos são abordados em altíssimo nível


permitindo levar a melhor solução ao seu José e da dona
Maria, ou seja, pessoas reais, seus clientes, daqueles que
deram muito duro toda a vida para construir patrimônio.

Então, seja bem-vindo ao mundo paralelo e vamos aos nossos


estudos.

Um forte abraço,

Prof. Marcio Carvalho de Sá


JORNADA DE HOLDING FAMILIAR
RESUMO
AULA 1

O que é e para que serve uma Holding Familiar. Porque


o Inventário é ruim para a família brasileira. Porque
doação em vida ou testamento não resolvem

A Holding Familiar é um Sistema de Planejamento


Patrimonial e Sucessório que ainda é desconhecido por boa
parte da sociedade e dos profissionais, mas é amplamente
utilizado pelas famílias que têm a oportunidade de acesso aos
serviços jurídicos das grandes bancas de advocacia.

Por esse sistema a família organiza sua formação patrimonial


pela constituição de uma pessoa jurídica, autorizada por lei
a funcionar sem que haja a realização de atividade econômica
propriamente dita.

A organização do patrimônio e sua forma de transmissão


impedem que a família que possui o sistema de Holding
Familiar constituído tenha que passar pelo procedimento do
inventário, que é custoso e demorado (mesmo pela via
extrajudicial o inventário é extremamente caro se comparado
ao fim a que se destina, que é documentar a transmissão do
patrimônio para os herdeiros).
Além da economia decorrente da eficiência tributária do
sistema, a Holding Familiar confere uma consistente proteção
patrimonial. Nada disso é encontrado no sistema ordinário de
sucessão, que é o inventário.

Uma das dificuldades imposta pelo inventário é que ele


surpreende a família com o elevado custo e, pior, quando não
se está preparado para para suportar estas despesas, a
família acaba sendo obrigada a desfazer de um bem,
geralmente adquirido à base de muito trabalho, somente para
obter recursos para pagar as custas do procedimento.

Apesar do Inventário ser tão ruim para a família brasileira, o


problema não é resolvido pelo testamento, instrumento
ainda obsoleto e que depende da atuação do Poder Judiciário.

Não se engane, pois a doação em vida de bens também


está longe de ser uma opção, sobretudo por transferir o
poder decisório sobre os bens aos herdeiros e, em regra, ao
cônjuge dele.

Origem do sistema de Holding. Origem da Holding no


Brasil e seu fundamento legal. Espécies e Modalidades
de Holdings. Tipos societários para uma Holding
Familiar
A solução para o problema do inventário, sem dúvida, é o
Sistema de Holding Familiar, mas para que possamos
compreender como funciona é importante saber como ele
surgiu.

A Holding tem sua origem na Inglaterra, na última fase da


Primeira Revolução Industrial, antes de 1860, juntamente com
a demanda da sociedade por métodos de organização que
atendesse à necessidade das famílias de controlar
determinados processos produtivos.

Alguns anos depois, o sistema surge nos Estados Unidos com


contornos de eficiência tributária, passando a ser
implementado no Brasil em 1976 com a Lei de S/As, norma
de conotação liberal dentro do mar de intervencionismo que é
o ordenamento brasileiro.

No Brasil existem algumas Espécies e Modalidades de


Holdings, e elas devem estar em consonância com o art. 2º
§3º da Lei 6.404/76, que estabelece o tipo societário.

A Holding deve ser uma sociedade empresária, podendo ser


uma sociedade por ações ou qualquer outra que aplique o
ordenamento da sociedade por ações de forma subsidiária,
como por exemplo a Sociedade Limitada. Veja o que dispõe o
art. 2º §3º da Lei 6.404/76:

Art. 2º §3º da Lei 6.404/76:


A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades [...].
Este dispositivo aponta para a modalidade conhecida
doutrinariamente como Holding Pura, mas não podemos
esquecer que existem outros dois tipos: a Holding
Patrimonial e a Holding Mista.

Neste curso vamos estudar a Holding Patrimonial, como


mecanismo a ser utilizado para guardar o acervo patrimonial
da família.

Constituição de uma Holding Familiar. Entendendo o


CNAE da Holding Familiar

Na prática a Constituição de uma Holding Familiar começa


com a estruturação da Célula Cofre, que é uma sociedade
empresária constituída com capital social inicial de R$
1.000,00 e tem como objeto social a participação societária.

O objeto social é a indicação das atividades que serão


realizadas pela sociedade e serve como parâmetro para a
definição do código CNAE (a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas é adotada pelo IBGE e indica a
atividade econômica desenvolvida por um negócio).

No momento da constituição da Célula Cofre o Código CNAE


não é o ponto mais importante.
Contudo, é determinante que seja definido
adequadamente o objeto social, pois é a partir dele que
deve ser escolhido o Código CNAE que melhor se adequar
àquela atividade e que constará no contrato social.

O objeto social de participação societária (Holding) tem o


Código CNAE 6462-0/00, sendo possível no caso concreto
atribuir outro Código CNAE à Célula Cofre.

Prazo de duração de uma Holding Familiar. Alterações


com a Lei da Liberdade Econômica

Como o objetivo do curso é ensinar a prática, vale neste ponto


destacar a possibilidade de atribuir prazo determinado à
Célula Cofre, para conferir 110% de proteção ao Cliente,
impedindo que ele passe pelo dissabor de um filho requerer a
dissolução da sociedade e, em decorrência, a extinção do
usufruto.

A despeito da autorização legal para a constituição do sistema


de Holding Familiar no Brasil, a Lei da Liberdade Econômica
(Lei 13.874/19) trouxe alterações, reforçando o ambiente
propício, sobretudo no aspecto da proteção patrimonial.

As mudanças acerca da desconsideração da personalidade


jurídica deram mais força ao Planejamento Patrimonial, ao
robustecer o pacta sunt servanda no ambiente societário,
tornando a intervenção do Poder Judiciário exceção à regra.

Transferência do patrimônio para a Holding Familiar.


Como lidar com imóveis de locação

Ultrapassadas essas considerações, devemos avançar para a


etapa do Planejamento Patrimonial.

Alcançar a finalidade do Sistema de Holding Familiar,


enquanto Planejamento Patrimonial e Sucessório, vai muito
além da mera constituição da Célula Cofre.

A fase do Planejamento Patrimonial se consolida com a


transferência do patrimônio da pessoa física para a
pessoa jurídica, o que se faz por meio da realização e
integralização do capital social da Célula Cofre através dos
bens dos sócios.

Devemos observar ainda que o valor a ser considerado nesta


transação não é o valor de mercado do imóvel, mas seu valor
histórico, aquele que consta na DIRPF, de sorte que sobre
esta operação não há que se falar em ganho de capital,
evidenciando a eficiência tributária, como se extrai do
Regulamento do Imposto de Renda:

Art. 142 do Decreto 9.580/2018


(Regulamento do Imposto de Renda):
As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de
integralização de capital, bens e direitos, pelo valor constante da declaração
de bens ou pelo valor de mercado.

A despeito da integralização do capital social com bens


imóveis ser um ato oneroso e que, em princípio impõe a
incidência do ITBI, no Sistema de Holding Familiar, não há que
se falar neste tributo, uma vez que a integralização com bem
imóvel de propriedade do sócio está acobertada pela
imunidade do ITBI, prevista no art. 156, §2º da Constituição
Federal:

Art. 156, §2º, I:


O imposto previsto no inciso II (o ITBI) não incide sobre a transmissão de
bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital [...].

Mas atenção, existe exceção a esta imunidade.

Não se aplica a imunidade do ITBI aos casos em que a


sociedade empresária exercer preponderantemente
atividade imobiliária, ou seja, mais de 50% da receita
operacional, como dispõe o art. 156, §2º, I da Constituição
Federal.

Art. 156, §2º:


[...] salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil.

Essa exceção está limitada ao lapso temporal de que cuida o


art. 37, §1º do CTN.
Art. 37, §1º do CTN:
Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo
quando mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da
pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos
subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste
artigo.

Diante disso, como lidar com imóveis de locação? Deve


aguardar os 3 anos? Deve deixar fora do Sistema?

Veja bem, tendo a locação natureza jurídica de relação de


direito pessoal, não existe a obrigatoriedade de ser realizada
pelo proprietário do imóvel (Jurisprudência pacificada).

JURISPRUDÊNCIA DO STJ (RESP 1196824)


[..] LOCAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. DIREITO PESSOAL. AÇÃO DE
DESPEJO [...] LEGITIMIDADE ATIVA. PROVA DA PROPRIEDADE.
DESNECESSIDADE. [...] 1. Tendo em vista a natureza pessoal da relação
de locação, o sujeito ativo da ação de despejo identifica-se com o locador,
assim definido no respectivo contrato de locação, podendo ou não coincidir
com a figura do proprietário.

Assim, a forma de viabilizar a locação de imóveis que foram


integralizados é através da utilização do Sistema de Duas
Células: Célula Cofre e Célula Operacional, estabelecendo
entre elas uma cessão de uso onerosa, de modo a evitar a
incidência de imposto de renda, acompanhando com isso o
que dispõe o Regulamento do Imposto de Renda:
Art. 41, §1º do Decreto 9.580/2018 (Regulamento do Imposto de Renda):
Na hipótese de imóvel cedido gratuitamente, constitui rendimento tributável
na declaração de ajuste anual o equivalente a dez por cento do seu valor
venal, ou do valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano
– IPTU correspondente ao ano-calendário da declaração, ressalvado o
disposto na alínea “b” do inciso VII do caput do art. 35 (Lei no 4.506, de
1964, art. 23, caput, inciso VI).

A depender do valor auferido com a locação, nada impede


que ela permaneça em nome da pessoa física, devendo ser
considerado o benefício tributário, que pode ser comparado na
tabela abaixo:

Identificando clientes para Holding Familiar

Agora que você já sabe o que é Holding Familiar e como


constituir esse Sistema de Planejamento Patrimonial da
Família
você só precisa do seu primeiro cliente para colocar em prática
os ensinamentos.

Note que seu Cliente está mais perto do que você imagina.

O Sistema de Holding Familiar é utilizado para proteção e


planejamento patrimonial e, sem dúvida, cada uma das
famílias que possui patrimônio no Brasil é um cliente em
potencial, em especial se tiver imóvel.

Anote isso: todo dono de imóvel é um interessado em ter uma


Holding Familiar.

O Brasil tem 210 milhões de habitantes, organizados em 60


milhões de famílias, das quais 43% possuem um imóvel
próprio.

Ou seja, 26 milhões de interessados em ter uma Holding


Familiar.

Logo, seus primeiros clientes estão bem perto de você, fique


de olhos atentos.

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