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CURSO - HOLDING: PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E SUCESSÓRIO
Rua São Paulo, n. 1932, 3º andar, Lourdes, CEP 30170-135, Belo Horizonte/MG.
Telefone: (31) 3055-3824. Email: contato@araujoconsultores.com
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• Currículo do Professor: Advogado e Consultor com experiência em assessoria
jurídica de empresas sob regime de tributação por lucro real. Membro da
Comissão de Direito Tributário da OAB/MG (2016-2018). Pós-graduado em
Direito Tributário pela PUC Minas. “Máster em Derecho de Empresa” pela
Universidade de Barcelona (em curso). Pós-graduado em Direito Penal
Econômico pela PUC Minas. Extensões em Direito Contratual (Harvard),
planejamento tributário (IBMEC e FGV), Compliance, prevenção à lavagem de
dinheiro e ao financiamento do terrorismo (ESAF). Consultor credenciado pela
FIEMG para capacitação empresarial (legislação comercial, tributária e
societária). Sócio do Escritório de Advocacia Eduardo Araújo Advogados e
Consultores (OAB/MG PJ 4.450).
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EMENTA:
INTRODUÇÃO
1- DEFINIÇÃO DO TERMO “HOLDING”
2- PRINCIPAIS EQUÍVOCOS QUANTO A ESTRUTURAÇÃO DE
HOLDINGS
3- NATUREZA JURÍDICA DAS SOCIEDADES: SIMPLES E EMPRESÁRIAS
4- TIPICIDADE SOCIETÁRIA – SOCIEDADES CONTRATUAIS E
SOCIEDADES ESTATUTÁRIAS
5- SOCIEDADE SIMPLES PURA (art. 997 a art. 1.038 do Código Civil)
6- SOCIEDADE EM NOME COLETIVO (art. 1.039 a 1.044 do Código Civil)
7- SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES (art. 1.045 a art. 1.051 C. Civil)
8 – SOCIEDADE LIMITADA (art. 1.052 a 1.087 do Código Civil)
9 – SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei Federal nº 6.404/1976)
10 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES (Lei Federal nº 6.404/1976)
11 – FORMAS DE MUTAÇÃO EMPRESARIAL
11.1 – Transformação societária (art. 1.113 Código Civil, art. 220 lei de S/A)
11.2 – Incorporação (art. 1.116 Código Civil, art. 227 lei de S/A)
11.3 – Fusão societária (art. 1.119 Código Civil, art. 228 lei de S/A)
11.4 – Cisão societária (art. 1.119 Código Civil, art. 229 lei de S/A)
11.5 – Atos pré-mutação empresarial: protocolo e justificação (arts. 224 e 225 Lei de
S/A)
12 – PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E FAMILIAR
12.1 – Estruturação empresarial e centralização administrativa
12.2 – Elisão de conflitos familiares
12.3 – Equilíbrio na divisão de tarefas e cargos
12.4 – A Holding para profissionalização da gestão
12.5 – Proteção do controle em sociedades operacionais
12.6 – Proteção em razão de divórcios
12.7 – Planejamento estratégico de negócios
12.8 – Offshore Company
13 – O PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
13.1 - Herança e testamento
13.2- Holding na sucessão hereditária
13.3 – Cláusulas restritivas (incomunicabilidade e inalienabilidade)
14 - PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO POR MEIO DE HOLDING
14.1 – Propósito Negocial (atividade econômica substantiva)
14.2 – Tributos em espécie
14.3- Informação da Receita Bruta nas Obrigações Acessórias
15 - CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
15.1 – Holding enquanto sociedade simples “pura”
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15.2 - Sociedade contratual x Sociedade estatutária
15.2.1 – Holding em forma de Sociedade Limitada
15.2.2 – Holding em forma de Sociedade por Ações
15.2.3 – Subscrição e integralização de capital em Holding
15.2.3.1 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios Pessoas
Físicas
15.2.3.2 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios Pessoas
Jurídicas
15.3 - Holding na forma EIRELI – é possível?
15.4 - QUOTAS E AÇÕES
15.4.1 - Indivisibilidade, grupamento e desdobramento
15.4.2 - Condomínio
15.4.3 – Usufruto
15.4.4 – Penhor
15.4.5 – Cessão
15.5 – CLÁUSULAS E MODALIDADES DE ÔNUS
15.5.1- Alienação fiduciária em garantia
15.5.2- Fideicomisso por ações
15.6 – CLÁUSULAS DE PROTEÇÃO (TAG ALONG E DRAG ALONG)
16 - RELAÇÕES SOCIETÁRIAS
16.1- Cônjuges
16.2- Sócio incapaz
16.3- Direito de recesso
16.4- Pactos parassociais (acordo de quotistas/acordo de acionistas)
16.5 - Relações de sociedades
16.5.1 – Participações (sociedades coligadas, controladas e controladoras)
16.5.2 – Coligação ou filiação (Sociedades Coligadas)
16.5.3 – Controle (Sociedades controladas e controladoras)
16.5.4 – Simples participação (ou Mera Participação)
16.5.5 – Participação recíproca
16.6- Subsidiária integral
16.7- Grupo de sociedades
16.8- Modelo de cláusula limitada para higidez societária
16.9 - Dissolução
16.10 – Exclusão extrajudicial de sócio em sociedade limitada
16.11 – Investidor-Anjo
17 – EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL (HOLDING)
18 - VANTAGENS E DESVANTAGENS NA CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
19 - INVESTIMENTOS EM PARTICIPACOES SOCIETÁRIAS
19.1.2 - Momento em que deve ser feita a equivalência patrimonial
19.1.3- Critérios gerais de cálculo da Equivalência Patrimonial
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19.1.3.1 -Ajuste do valor contábil do investimento – registro e tratamento fiscal
19.1.3.2- Lucros ou dividendos recebidos da coligada ou controlada
20 - DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS (DDL)
ANEXOS
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INTRODUÇÃO
As normas que regem as sociedades empresárias, seja na seara societária ou
tributária, são constantemente inovadas, sejam legais ou regulamentares. Ademais, há
uma efusiva sucessão de interpretações jurisprudenciais suscetíveis a reviravoltas
abruptas, podendo-se experimentar guinadas até então inacreditáveis: posições já
pacificadas nos tribunais são simplesmente invertidas, a exemplo entendimento sobre a
constitucionalidade da exação fiscal denominada “Funrural” (o próprio STF inverteu seu
entendimento).
Ademais, o mundo corporativo permeia-se em vogas e constantes inovações e
tecnologias. O moderno é ser “tech”, incluindo-se a utilização de anglicismos e chavões
como BI, valuation, planejamento tributário, blindagem patrimonial, Holding,
compliance, due diligence, benchmarking.
No entanto, na maioria das vezes, esses termos são utilizados de forma
mercadológica e atécnica, sem nenhuma delimitação semântica ou científica, revelando a
utilização de determinado chavão o mais puro desconhecimento de determinada matéria
empresarial. Assim, pautados no mudo de inovações e constante aperfeiçoamento das
práticas empresariais, sabendo-se da influências das cinco forças de Michael Porter
(Rivalidade entre os Concorrentes; Poder de Negociação dos Clientes; Poder de
Negociação dos Fornecedores; Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes; Ameaça de
Produtos Substitutos) o desafio nesse curso é delimitar o conteúdo de Holding e sua
importância no planejamento estratégico do empresário, seja por necessidade patrimonial
ou sucessória.
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Holding (ou Holding Company) é uma sociedade que detém participação societária em
outra ou outras sociedades, tenha sido constituída exclusivamente para isso (Holding
Pura - sociedade de participação), ou não (Holding mista).
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igualmente utilizada para permitir a entrada de terceiros no quadro
societário.
Holding Mista: importa na sociedade que não se dedica exclusivamente à
titularidade de participação ou participações societárias (quotas e/ou ações), mas que se
dedica simultaneamente a atividades empresariais (operacionais/negociais) em sentido
estrito, isto é, à produção e circulação de bens e prestação de serviços.
Quadro sinótico
Holding pura: sociedade constituída com objetivo exclusivo de titularizar quotas ou
ações de outra ou outras sociedades. Igualmente, denominada Sociedade de
Participação.
Holding de controle: sociedade de participação constituída para deter controle
societário de outra(s) sociedade(s).
Holding de participação: sociedade de participação constituída para deter
participações societárias em intuito de controle de outras sociedades.
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Holding de administração: sociedade de participação constituída para centralizar a
administração de outras sociedades, definindo-se a gestão, metas e planejamento
estratégico das demais.
Holding mista: sociedade cujo objeto social é a realização de determinada atividade
produtiva, mas que detém participação societária relevante em outra ou outras
sociedades.
Holding patrimonial: sociedade constituída para ser proprietária de determinado
patrimônio. Igualmente, denominada Sociedade Patrimonial.
Holding imobiliária: espécie do gênero sociedade patrimonial, constituída com o
objetivo de ser proprietária de imóveis, inclusive, para fins de locação.
Obs.: A cognominada “Holding Familiar” é rótulo vulgar, sem qualquer precisão técnica,
referindo-se ao contexto de estruturação de negócio empresarial familiar. Isto é, pode
denotar qualquer das espécies de Holding Pura ou mesmo a Holding Mista.
2 - PRINCIPAIS EQUÍVOCOS QUANTO A ESTRUTURAÇÃO DE
HOLDINGS
Em razão da positivização no ordenamento jurídico das Holdings diretamente na
Lei de Sociedades por Ações (art. 2º, §3º, Lei Federal n. 6.404/1976) criou-se a ideia
errônea que as Holdings só poderiam ser estruturadas em regime de sociedade por ações.
Na verdade, as Holdings podem ser estruturadas sob qualquer forma de sociedade
empresária, seja sociedade contratual (eg.: LTDA) ou uma sociedade institucional (eg.:
S/A).
Igualmente, deve-se registrar que os sócios não necessitam ser apenas pessoas
físicas, podendo-se constar no ato constitutivo (seja contrato social ou estatuto) pessoa
jurídica como sócia. Isto é, pessoas físicas podem ser sócias de pessoas jurídicas em
qualquer quadro societário tratando-se de sociedades empresárias. Não há limitação sobre
o tipo de pessoa ou quanto a sua natureza jurídica. As pessoas jurídicas podem ser,
inclusive, associações ou fundações. Logo, uma única sociedade operacional pode ser
constituída por várias sociedades de participação (holdings); em meio a tais sócias, pode
haver pessoas naturais, assim como pode haver outras pessoas jurídicas, como sociedades
operacionais.
Exemplos:
CNPJ: 04.712.500/0001-07
NOME MICROSOFT DO BRASIL IMPORTACAO E COMERCIO DE
EMPRESARIAL: SOFTWARE E VIDEO GAMES LTDA (empresa operacional)
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CAPITAL SOCIAL: R$ 909.000.000,00 (Novecentos e nove milhões de reais)
País de ESTADOS
Origem: UNIDOS
Qualificação: 05-Administrador
País de ESTADOS
Origem: UNIDOS
Qualificação: 05-Administrador
Emitido no dia 14/07/2019 às 20:26 (data e hora de Brasília). *Sobrenomes de
administradores e procuradores pessoas físicas suprimidos.
CNPJ: 42.120.394/0001-61
NOME
WAYNE INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. (empresa operacional)
EMPRESARIAL:
R$ 101.771.568,00 (Cento e um milhões, setecentos e setenta e um
CAPITAL SOCIAL:
mil e quinhentos e sessenta e oito reais)
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O Quadro de Sócios e Administradores(QSA) constante da base de dados do
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) é o seguinte:
País de ESTADOS
Origem: UNIDOS
Qualificação: 05-Administrador
Qualificação: 05-Administrador
País de REINO
Origem: UNIDO
Qualificação: 05-Administrador
HOLDING HOLDING
EMPRESA OPERACIONAL
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3 – NATUREZA JURÍDICA DAS SOCIEDADES: SIMPLES E EMPRESÁRIAS
Conforme art. 982 do Código Civil, existem dois tipos de gêneros de sociedades:
as simples e as empresárias. A referida divisão demonstra que o Brasil perfilha a teoria
da empresa, pressupondo-se que há um tipo negocial típico que caracteriza a empresa:
atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços.
A distinção seria a organização dos meios de produção sob forma de empresa em oposição
as demais atividades negociais caracterizadas como forma de sociedade simples.
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de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às
normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em
conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais
que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da
sociedade segundo determinado tipo.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita
ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio
único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da
sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. (CCB)
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A Lei permite convenção no contrato social de limitação de responsabilidade
entre os sócios, que, contudo, não pode ser oposta a terceiros. Somente sócios podem
figurar como administradores, sendo que no silêncio do contrato, presume-se a
administração simultânea.
7 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES (art. 1.045 a art. 1.051 C.
Civil)
Tipo de sociedade contratual rara que pode ser simples ou empresária. O Sócio
Comanditário é o sócio investidor que não administra, sendo que a administração cabe
exclusivamente ao Sócio Comanditado. Os Sócios Comanditários não possuem
responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais inadimplidas, sendo que o Sócio
Comanditado responde pessoalmente com seu patrimônio pelas obrigações sociais. Os
Sócios Comanditados só podem ser pessoas físicas. Os Sócios Comanditários não podem
figurar no nome empresarial, contudo, podem participar das deliberações sociais e
fiscalizar a administração, podendo ser constituído procurador da sociedade para negócio
determinado e com poderes especiais (art. 1.047). O prazo máximo para a existência de
somente uma categoria de sócio é de 180 (cento e oitenta) dias.
8 – SOCIEDADE LIMITADA (art. 1.052 a 1.087 do Código Civil)
Tipo de sociedade contratual que pode ser simples ou empresária. A
responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor não integralizado de suas quotas (art.
1.052), sendo todos os sócios responsáveis solidários por toda a integralização do capital
social. Após integralização total do Capital Social, não há mais a solidariedade, sendo
necessária desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 do Código de Processo
Civil) para atingir o patrimônio pessoal dos sócios.
De forma supletiva aplicam-se as normas das sociedades simples, caso não
existir no contrato social previsão de regência supletiva pela Lei Federal n. 6.404/1976.
O Capital Social é dividido em quotas, podendo-se adotar um de dois sistemas: i) quotas
iguais (quotas de mesmo valor, sendo atribuído ao sócio nº correspondente a sua
participação; ii) uma quota para cada sócio no valor total de sua participação, admitindo-
se quotas desiguais. A quota é indivisível em relação a sociedade, ressalvada alteração
contratual para concentração (grupamento de quotas) ou para dividi-las (desdobramento
de quotas). Porém, pode haver condomínio na titularidade de quotas.
A administração da sociedade será atribuída a uma ou mais pessoas naturais,
sejam sócias ou não, seja por nomeação no contrato social ou ato apartado, podendo todos
serem administradores (administração coletiva ou simultânea). Pode-se eleger Conselho
Fiscal composto por pelo menos 03 pessoas, sejam sócias ou não, vedando-se participação
de administrador, seus parentes e daqueles proibidos por lei de empresariar, devendo-se
fixar remuneração dos conselheiros em reunião ou assembleia de sócios.
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Pode-se proceder as deliberações sociais em reuniões ou em assembleias que são
obrigatórias quando os sócios forem mais de dez (art. 1.072, §1º). A assembleia é
composta por presidente e secretário, devendo ser subscrita pelos membros da mesa e
demais presentes e ser levada ao Registro Público. Será obrigatória a realização de uma
assembleia ordinária anual, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social,
com objetivo de tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço
patrimonial e de resultado econômico. A reunião dispensa formalismos e não necessita
ser escrita. Recomenda-se reduzir a escrito e levar a registro as reuniões mais importantes.
Tanto a reunião quanto a assembleia são substituíveis se as decisões tiverem sido tomadas
por escrito de forma prévia pelos sócios (art. 1.072, §3º). O sócio pode se fazer presente
na assembleia ou reunião por outro sócio ou por advogado, desde que com poderes
específicos.
Obs.: A Lei 13.792/2019 alterou dispositivos do Código Civil, para modificar o
quórum de deliberação no âmbito das sociedades limitadas. Foram alterados os artigos
1.063, § 1º, 1.076 (caput) e 1.085, parágrafo único.
Art. 1.063
Art. 1.063
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador
administrador no contrato, sua
no contrato, sua destituição somente se opera pela
destituição somente se opera pela
aprovação de titulares de quotas correspondentes a
aprovação de titulares de quotas
mais da metade do capital social, salvo
correspondentes, no mínimo, a dois
disposição contratual diversa. (Redação
terços do capital social, salvo disposição
dada pela Lei nº 13.792, de 2019)
contratual diversa.
Parágrafo único. A exclusão somente Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja
poderá ser determinada em reunião ou apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de
assembléia especialmente convocada um sócio somente poderá ser determinada em
para esse fim, ciente o acusado em tempo reunião ou assembleia especialmente convocada
hábil para permitir seu comparecimento e para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para
o exercício do direito de defesa. permitir seu comparecimento e o exercício do
direito de defesa.
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Obs.: os demais quóruns da Sociedade LTDA encontram-se no art. 1.076 do
Código Civil.
As deliberações em reuniões e assembleias vinculam sócios presentes e ausentes,
bem como os que se abstiveram de votar. Caracteriza-se voto abusivo aquele que se
sobrepõe os interesses individuais ao da coletividade social. Assim, os sócios não podem
votar por interesse pessoal em prejuízo da sociedade. Nesse sentido, é vedado aos sócios,
ainda que por procurador, votar em matéria que lhe diga respeito diretamente (art. 1.074,
§2º). O voto abusivo é ato ilícito que erige dever de indenizar por danos decorrentes. As
deliberações infringentes ao contrato ou a Lei tornam ilimitada a responsabilidade dos
que expressamente as aprovaram (art. 1.080).
9 – SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei Federal nº 6.404/1976)
Na Sociedade Anônima ou Companhia, o capital divide-se em ações, sendo que
os sócios ou acionistas possuem responsabilidade limitada a realização dessas ações.
Dessa forma, integralizadas as ações titularizadas pelo acionista, não terá ele
responsabilidade alguma, ainda que subsidiária, pelas obrigações sociais não adimplidas
pela Companhia. Conforme previsão legal, a S/A nunca será uma sociedade simples. É
uma sociedade empresária estatutária e seu ato constitutivo sempre é levado a registro na
Junta Comercial, nos termos da Lei de Sociedades por Ações. O Estatuto Social somente
qualifica os sócios/acionistas fundadores e não há alterações estatutárias quando há
cessão de ações, sendo a transferência realizada em livro próprio. O Estatuto deve definir
o objeto social que pode ser a participação em outras sociedades, isto é, uma Holding. A
Companhia Aberta possui títulos mobiliários negociados nos mercados abertos com
autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), enquanto a Companhia Fechada
não possui títulos negociados em oferta pública.
Requisitos prévios:
Requisitos Preliminares
Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes
requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que
se divide o capital social fixado no estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do
preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro.
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Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as
quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.
Depósito da Entrada
Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo
fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias,
em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá
levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica.
Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses
da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos
subscritores. (Lei Federal nº 6.404/1976)
O capital social, divide-se em ações, cuja cessão não depende da anuência dos
demais sócios, embora o estatuto da companhia fechada possa prever direito de
preferência para os acionistas. Esse direito pode também estar previsto em
acordo de acionistas. A transferência de ações se faz por meio do Livro de
Transferências de Ações, sem alteração no estatuto social. É, portanto, um
processo bem mais simples (MAMEDE, 2019, p. 36)
Obs.: As ações podem ser objeto de penhor, usufruto, alienação fiduciária,
processo de venda, direito de preferência de aquisição, caução, mesmo judicial, devendo
ônus ou cláusula ser averbada no livro de registro de ações nominativas.
O estatuto ou assembleia extraordinária podem autorizar a utilização de lucros ou
reserva de capital no resgate ou amortização de ações. O resgate consistirá no pagamento
do valor das ações com finalidade de retirá-las do mercado cancelando-as. Se o resgate
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ocorrer por meio da utilização de reserva de lucros, não se faz necessário redução do
capital social, bastando-se alteração do valor contábil das ações. Já a amortização consiste
na antecipação aos acionistas, sem redução do capital social, de quantias que poderiam
ser devidas em caso de liquidação, seja de forma parcial ou integral.
As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição,
com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações
amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente.
Reembolso: operação na qual a S/A paga aos acionistas dissidentes de deliberação
geral o valor de suas ações. Trata-se de direito de recesso (ou direito de retirada):
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a
companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembléia-geral
o valor de suas ações.
§ 1º O estatuto pode estabelecer normas para a determinação do valor de
reembolso, que, entretanto, somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio
líquido constante do último balanço aprovado pela assembléia-geral, observado
o disposto no § 2º, se estipulado com base no valor econômico da companhia,
a ser apurado em avaliação (§§ 3º e 4º). (Lei de S/A)
Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e
destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se
inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer:
I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos;
II - o modo de sua substituição;
III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a
reeleição;
IV - as atribuições e poderes de cada diretor.
§ 1º Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço),
poderão ser eleitos para cargos de diretores.
§ 2º O estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência dos
diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria. (Lei de S/A)
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Deveres e Responsabilidades
Dever de Diligência
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas
funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração dos seus próprios negócios.
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder
Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe
conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as
exigências do bem público e da função social da empresa.
§ 1º O administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a
companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que para
defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres.
§ 2° É vedado ao administrador:
a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia;
b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do conselho de administração,
tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito
próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens,
serviços ou crédito;
c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia-geral,
qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do
exercício de seu cargo.
§ 3º As importâncias recebidas com infração ao disposto na alínea c do § 2º
pertencerão à companhia.
§ 4º O conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a prática de
atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que
participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais.
Dever de Lealdade
Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter
reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado:
I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a
companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em
razão do exercício de seu cargo;
II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à
obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar
oportunidades de negócio de interesse da companhia;
III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à
companhia, ou que esta tencione adquirir.
§ 1º Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar
sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para
conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de
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modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado
valer-se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem
mediante compra ou venda de valores mobiliários.
§ 2º O administrador deve zelar para que a violação do disposto no § 1º não
possa ocorrer através de subordinados ou terceiros de sua confiança.
§ 3º A pessoa prejudicada em compra e venda de valores mobiliários, contratada
com infração do disposto nos §§ 1° e 2°, tem direito de haver do infrator
indenização por perdas e danos, a menos que ao contratar já conhecesse a
informação. (Lei de S/A)
§ 4o É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada,
por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir
vantagem, para si ou para outrem, no mercado de valores mobiliários.
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Trata-se da conversão de tipo societário sem mudança em seu quadro social, não
demanda dissolução da sociedade, não havendo sua liquidação. A sociedade empresária
é mantida mudando-se apenas a tipologia societária. Deve ser obedecido o regramento do
tipo societário na qual a sociedade será convertida, podendo haver previsão autorizativa
prévia já constante no contrato ou estatuto. É necessária a aprovação por todos os sócios.
A previsão no ato constitutivo para anuência com plausível futura aprovação dispensa a
votação posterior unânime, mas não afasta a preservação da minoria dissidente, que pode
exercer seu direito de retirada, no caso, mais especificamente, direito de recesso.
Obs.: Essa conversão pode ocorrer entre tipo contratual e estatutário e vice-versa.
Atenção: O parágrafo único do art. 221 da Lei de S/A deixa de forma cristalina
que esse regramento de mutação empresarial também se aplica as sociedades contratuais
e não somente as sociedades por ações:
Art. 221. A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou
acionistas, salvo se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o
sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade.
Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de
retirada no caso de transformação em companhia.
11.2 – INCORPORAÇÃO (art. 1.116 Código Civil, art. 227 Lei de S/A)
A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.
Na incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos
iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos
respectivos estatutos ou contratos sociais. Igualmente, nas operações em que houver
criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das
sociedades do seu tipo. Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta,
as sociedades que a sucederem serão também abertas.
Obs.: Na incorporação, fusão e cisão há mudança no quadro social da sociedades.
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Para que uma sociedade incorpore uma a outra a operação deve ser aprovada por
todas as sociedades envolvidas, conforme o quórum de deliberação de cada tipo
societário:
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as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de
valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor,
desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
11.3 – FUSÃO SOCIETÁRIA (art. 1.119 Código Civil, art. 228 Lei de S/A)
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar
sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Isto é, cria-se uma
nova sociedade por meio de duas sociedades que são extintas. Somam-se os patrimônios
sociais e os quadros societários, deixando-se de existir os nomes empresariais anteriores
(razão social ou denominação). Não há transferência de patrimônio, assumindo-se a
sociedades fusionada todos os direitos e obrigações das sociedades extintas, inclusive, os
assessórios.
A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá
nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades.
Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das
sociedades para uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre
a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo
de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.Constituída a nova
companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a
publicação dos atos da fusão.
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Obs.: A fusão pode ocorrer entre tipos societários diversos, inclusive, adotando-
se um terceiro tipo na sociedade fusionada, respeitados os limites quanto companhias
abertas da Lei de S/A.
11.4 – CISÃO SOCIETÁRIA (art. 1.119 Código Civil, art. 229 Lei de S/A)
Protocolo
Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em
sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de
administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá:
I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição
dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar
as relações de substituição;
II - os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no
caso de cisão;
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III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a
avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores;
IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das
sociedades possuídas por outra;
V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução
do capital das sociedades que forem parte na operação;
VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão
ser aprovados para efetivar a operação;
VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a operação.
Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por
estimativa.
Justificação
Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à
deliberação da assembléia-geral das companhias interessadas mediante
justificação, na qual serão expostos:
I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização;
II - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a
modificação dos seus direitos, se prevista;
III - a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do
capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se
deverão extinguir;
IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes.
(Lei de S/A)
Não se pense que o protocolo é uma formalidade vazia, sem efeitos. Trata-se de
um contrato firmado entre as partes, ou seja, entre as sociedades, por seus
órgãos de administração, ou pelos sócios, na cisão ou na hipótese de terem, eles
mesmos, firmado o protocolo. Cuida-se de um contrato preliminar, embora
de tipo específico: não é uma promessa de contratar, mas promessa de
negociar, ou seja, de conduzir o processo visando a sua concretização,
embora haja a possibilidade de que não se ultime, se presentes elementos
relevantes para tanto, designadamente uma distorção entre as estimativas
que constavam da justificação/protocolo e os valores efetivamente
encontrados na auditoria e na avaliação de empresas.
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Portanto, o protocolo só obriga as sociedades quando reflita a situação que
foi aferida após a avaliação, ainda que com pequenas variações. Havendo
distorção relevante entre o que se pactuou e o que se encontro, é direito da
sociedade ou mesmo de sócio que tenha aprovado a operação, recursar a
sua concretização em novos termos. Nesse sentido aponta o artigo 226 da
Lei 6.404/76, segundo o qual as operações somente se efetivarão nas
condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do
patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de
capital social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar.
(MAMEDE, 2019, p. 66)
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Nesse sentido, os sucessores devem ser preparados para não terem na sociedade
empresária familiar uma fonte principal de emprego, mas apenas como investimento de
capital rentabilizado e profissionalmente conduzido em benefício de todo do quadro
societário. Herdeiros exclusivamente dependentes da rentabilidade da empresa
convolam-se em um problema grave, que leva a ruptura do quadro societário e a derrocada
do negócio.
Desse modo, pode-se distribuir as atribuições entre os familiares da seguinte
forma:
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Como forma de contornar a perda de cargos, pode-se criar na Holding diversos
rótulos como Presidente, Diretor-Presidente, Diretor-Executivo, Diretor Comercial, eis
que na sociedade em que seu objeto social é a participação em demais empresas,
praticamente, não há atos negociais e de gestão pelos seus dirigentes.
12.5 – Proteção do Controle em Sociedades Operacionais
A Holding Familiar permite maior controle das sociedades operacionais, já que
em caso de falecimento do ascendente não causa perda de poder de controle em razão da
fragmentariedade da participação no quadro social, por redistribuição de quotas ou ações
entre herdeiros com capital votante individual bem menor.
Ademais, protege-se de hostilidades de terceiros estranhos ao quadro social, em
caso de penhora de quotas da Holding de um herdeiro que se endividou em vida, sendo
que a penhora das suas quotas na Holding nada altera a participação desta no controle da
sociedade operacional.
Ainda, se a Holding for constituída enquanto sociedade contratual, é possível
exercício de direito de oposição por quórum qualificado, evitando-se que o herdeiro possa
alienar suas quotas a terceiro que ingressaria na sociedade, sendo lícito ao contrato social
elevar o quórum para entrada de terceiros, e, inclusive, prever a unanimidade para
aprovação.
Noutra perspectiva, quanto a possibilidade de atos expropriatórios pelo Estado,
inclusive, em decorrência de processo de execução, observa-se a possibilidade de penhora
de quotas, bem como o consequente leilão e transferência a terceiro estranho ao quadro
social, mas será mera transferência de expressão patrimonial, sem caso de cláusula de
aprovação ou oposição. Assim, caso o terceiro que adjudicou as quotas não seja aceito no
quadro societário, só fará jus a liquidação correspondente e apuração de seus haveres.
Nesse caso, se a Holding promover o pagamento ao terceiro após período de contenda,
em nada modificaria sua participação na sociedade operacional.
Nas sociedades por ações, se a Holding ou seus sócios adjudicarem os títulos
(ações), o sócio devedor perderá sua participação, mas o restante da família manterá
intacta a Holding e seu patrimônio societário. Nesse sentido, mesmo que por
determinação legal as ações sejam títulos de circulação ampla, é possível incluir no
estatuto que sua circulação seja restrita a bem da coerência societária, o que será permitido
caso ocorra discussão perante o Poder Judiciário quanto ao caráter de sociedade intuito
pecuniae (em contraposição a sociedade intuito personae, como a LTDA), bastando-se
deixar claro que não há prejuízos aos credores do sócio devedor, de forma a evitar o
ingresso de um terceiro estranho aos quadros sociais.
12.6 – Proteção em razão de divórcios
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Em virtude de divórcio, principalmente, de herdeiros, é possível, no ato de
constituição da Holding fazer doação de quotas ou ações gravadas com cláusula de
incomunicabilidade, evitando-se ser objeto de partilha em divórcio, podendo-se,
igualmente, gravar os títulos (quotas ou ações) com cláusula de inalienabilidade (art.
1.911 do CCB) que importa em impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Nessa esteira, a participação doada corresponde a legítima de herdeiro (50% da
sua proporção do autor da herança), devendo a cláusula estar fundamentada conforme art.
1.848 do CCB: Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade,
sobre os bens da legítima.
Caso a Holding for constituída em forma de sociedade contratual, há limitação de
ingresso do credor divorciado, pelo art. 1.027 do CCB, sendo possível somente a
liquidação de suas quotas para pagamento em dinheiro: Os herdeiros do cônjuge de sócio,
ou o cônjuge do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que
lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se
liquide a sociedade.
Nas S/A, não há a previsão do art. 1.027 do CCB para ingresso de ex-cônjuge,
devendo a limitação se incluída no estatuto em face de adquirente de ações por penhora,
leilão, adjudicação, herança e divórcio, devendo o reembolso ao credor ocorrer conforme
a Lei de S/A. Dessa forma, apesar de não ser possível evitar que se obtenha a vantagem
patrimonial, é possível evitar o ingresso do terceiro na Holding.
12.7 – Planejamento estratégico de negócios
Obviamente, a Holding não se presta apenas para proteção do patrimônio familiar
como já apresentado. A Holding é instituto jurídico que possui diversas utilizações
conforme a estratégia empresarial.
A Holding serve por exemplo, para afastamento de riscos, distanciando-se o
investidor e seu patrimônio da própria operação. É possível adquirir participações
societárias em sociedades consideradas estratégicas. É possível agrupar operações (fusão
e incorporação) ou desagrupar (cisão). A Holding permite a conservação de uma única
unidade de tomada de decisões, mesmo quando objetiva-se diferentes mercados por
sociedades operacionais. Inclusive, é possível escolher para expansão territorial opções
como sociedades operacionais de franquia, subsidiária integral, ou mesmo joint ventures
(sociedade de risco compartilhado)
12.8 – Offshore Company
É importante frisar que não há nada de ilegal quanto a utilização de empresas
Offshore, bastando-se exemplificar que o próprio Branco do Brasil Cayman’s e Petrobras
Internacional Finance Company, são empresas controladas de empresas estatais
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brasileiras. No entanto, quando sediadas em países de tributação favorecida (país que
tribute a renda em alíquota inferior a 20% ou quando não permita saber o quadro social
das empresas sediadas), deve-se respeitar as regras da IN RFB nº 1.037/2019, bem como
regras quanto a preço de transferência – art. 18 e segs. da Lei Federal nº 9.430/1996.
13 – O PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
Deve-se ter em tela que a sucessão é inevitável. Vulgarmente, evita-se o tema em
razão de trabalhar-se com a morte, pressupondo-se que essa ocorrerá na velhice mais
longeva. No entanto, a falta de planejamento sucessório pode causar grave crise familiar
e empresarial, ante a perda de cultura corporativa, memória empresarial, bem como
substituição de uma administração que se qualificou por décadas, por uma gestão
desavisada por neófitos.
Planejar a sucessão significa organizar o processo de transição do patrimônio
levando em conta aspectos como (i) ajuste de interesses entre herdeiros na administração
dos bens, principalmente quando compõem capital social de empresa, aproveitando-se
da presença do fundador como agente catalizador de expectativas conflitantes, (ii)
organização do patrimônio, de modo a facilitar a sua administração, demarcando com
clareza o ativo familiar empresarial, (iii) redução de custos com eventual processo
judicial de inventário e partilha que, além de gravoso, adia por demasiado a definição
importantes na continuidade da gestão patrimonial, e, por último, (iv) conscientização
acerca do impacto tributário dentre as várias opções lícitas de organização do
patrimônio, previamente à transferência, de modo a reduzir seu custo. (PRADO, Roberta
Nioac; PEIXOTO, Daniel Monteiro; SANTI, Eurico Marcos Diniz
(Coordenadores).Estratégias Societárias, Planejamento Tributário e Sucessório. 2ª
edição - Série GVlaw. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 193.)
DESPESAS COM INVENTÁRIO JUDICIAL
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II - na hipótese de doação cujo valor seja de até 90.000 (noventa mil) Ufemgs, de até
50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto devido, desde que recolhido pelo
contribuinte antes da ação fiscal.
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São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, a eles
pertencendo, de pleno direito, a metade dos bens da herança, o que é chamado de a
legítima (artigos 1.845 e 1.846 do Código Civil), havendo entendimento que o
companheiro se equipara ao cônjuge:
Herança
- Legítima: 50 % dos bens destinam-se, por lei, aos herdeiros necessários
-Testamento: 50 % dos bens podem ser objeto de disposição de última vontade.
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Obs.: É possível atribuir, por meio de testamento, determinados bens para cada
possível herdeiro mesmo se, em face dessa distribuição, um herdeiro receber mais do que
o outro, desde que respeitada a legítima.
13.2- HOLDING NA SUCESSÃO HEREDITÁRIA
A harmonização do direito sucessório e direito societário oferece alternativa mais
profícua que o planejamento futuro da família e da corporação empresarial. Isto é, a
morte causará apenas danos sentimentais e não danos patrimoniais, sendo que todos os
herdeiros são sócios da holding e, assim, participam dos lucros da(s) empresa(s), assim
como já está definida a administração das atividades corporativas.
Nesse caso, a sucessão hereditária faz-se não nos bens ou na empresa ou na
participação societária nas sociedades operacionais, mas na participação societária na
Holding (ações ou quotas). Contudo, deve-se decidir se a transferência das quotas ou
ações da sociedade de participação se fará antes ou após a morte.
➔ Se antes, a transferência se fará por doação, caracterizando adiantamento de
legítima, ou seja, entrega antecipada que caberia aos herdeiros necessários
após a morte. Aliás, pode haver inclusive a doação da parte disponível do
patrimônio que não prejudique a legítima de herdeiros.
➔ Se a preferência é a transferência após a morte, deve-se utilizar do testamento;
assim, o controle da holding se mantém com os ascendentes, sendo transferido
para os descendentes apenas após a morte.
Obs.: Alternativamente, há o recurso ao usufruto: transfere-se aos herdeiros
apenas a nua propriedade dos títulos societários (quotas ou ações), mantendo o genitor a
condição de usufrutuário, ou seja, podendo exercer os direitos relativos àqueles títulos
(podendo manter a administração da Holding e, com ela, o controle das sociedades
operacionais e demais investimentos da família).
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I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula
de incomunicabilidade;
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente
não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
(CCB)
ii) Cláusula de inalienabilidade: essa cláusula imposta aos bens por ato de
liberalidade implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. No entanto, é
preciso cautela em relação à operação quando alcance a legítima. Com efeito, por
força do artigo 1.848 do Código Civil, salvo se houver justa causa, declarada no
testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade,
impenhorabilidade e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima, devendo
o ato ser levado do Registro Público para oposição em relação ao cônjuge e
terceiros:
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tributário. A depender da conjuntura empresarial ou familiar, a abertura da Holding pode
não se relevar uma alternativa viável.
(...). Ainda que existam especificidades técnicas no sistema de cada país, há três
parâmetros muito recorrentes para diferenciar a elisão da elusão : 1. o manifesto
artificialismo das configurações ou formalizações jurídicas adotadas pelo
contribuinte (abuso de forma, abuso das possibilidades de configuração que o
direito positivo oferece, fraude à lei), 2. a completa inexistência de um motivo
não-tributário que possa explicar ou justificar a escolha do contribuinte por
aquelas formas jurídicas artificiosas e 3. a vulneração que seria promovida nos
propósitos da lei e do sistema tributário, caso pudesse prevalecer o esquema
montado pelo contribuinte. (GODOI, Marciano, p. 237, 2007)
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Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato
gerador e existentes os seus efeitos:
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do
fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação
tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
(Incluído pela LC nº 104, de 2001). (Código Tributário Nacional)
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Atualmente, os três regimes de tributação possíveis para esse tipo societário é o
lucro real, presumido ou arbitrado. Identifica-se, todavia, o lucro presumido como o
regime mais utilizado em Holdings patrimoniais, haja vista as vantagens tributárias que
ele oferece. Para se optar pelo presumido, a empresa deverá ter receita bruta anual igual
ou menor a R$ 78 milhões, e não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de impedimento
do artigo 14, da Lei 9.718/1998.
Imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ): Da receita bruta auferida pelos
alugueis da holding, por exemplo, quando optante pelo lucro presumido, somente 32% é
tributado. Desse modo, sobre tal base de cálculo (32% da receita bruta) incidirá o IRPJ
com alíquota de 15%, ou seja, a tributação efetiva do imposto de renda será de 4,8% sobre
a receita total auferida.
Salienta-se, que há o adicional de 10% sobre a receita que exceder R$ 20.000,00
multiplicado pelo número de meses do período de apuração do imposto, podendo ser
trimestral ou anual. Em outras palavras, incidirá o adicional sobre o que exceder R$ 60
mil no trimestre. Mesmo quando computado o adicional de alíquota, a tributação na
pessoa jurídica é expressivamente menor do que aquela arcada na pessoa física,
comumente na casa dos 27,5%.
Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL): Sobre o lucro presumido de
32% da receita bruta incidirá a contribuição social de 9%, o que representa uma alíquota
efetiva de 2,88%. (Artigos 3º e 31 da Instrução Normativa da SRF 390/2004).
PIS/COFINS: A Holding patrimonial, no lucro presumido, será tributada em
0,65% a título de PIS e 3% de Cofins. (Artigos 2º e 3º, Lei 9.718/1998).
Atividade: Locações de Imóveis - Tributação
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ITCMD ou ITCD: O Imposto de transmissão causa mortis e doação incide toda
vez que houver transmissão de bens e direitos a outrem, seja em virtude de falecimento
ou doação inter vivos. No estado do Paraná o ITCMD é de 4% sobre o valor da operação,
sendo o ITCD-MG com alíquota base de 05%. Diferentemente do que ocorre quando não
há um planejamento sucessório, que o ITCMD deve ser pago integralmente no momento
do recebimento da herança, na Holding é possível fazer a alienação das cotas sociais em
vida para cada herdeiro, resguardando-se como usufrutuário, pagando assim o imposto de
modo fracionado.
14.3- Informação da Receita Bruta nas Obrigações Acessórias
A obrigação principal decorrente do pagamento do tributo não existe no caso da
Holding pura, pois a receita bruta relativa à percepção de lucros ou dividendos não se
sujeita à percepção de lucros ou dividendos não se sujeita à tributação. Mas, esse fato da
não tributação não exime a apresentação das obrigações acessórias pertinentes ao regime
de tributação.
Dessa forma, a Holding se sujeita às seguintes obrigações acessórias, observando
os requisitos específicos de cada uma delas:
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15 - CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
15.1 – HOLDING ENQUANTO SOCIEDADE SIMPLES “PURA”
Quando se opta pela constituição de uma sociedade simples, ainda que sob a forma
de sociedade limitada, afasta-se a aplicação da Lei Federal 11.101/05 quanto a pedido de
falência e recuperação (extra)judicial de empresa. Em caso de inadimplemento, a Holding
ficaria submetida ao processo de insolvência, previsto no Código Civil e no Código de
Processo Civil, sendo bem distinto e gravoso.
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Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras,
que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as
mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV - demonstração das origens e aplicações de recursos.
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos
valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os
pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não
ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é
vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou
"contas-correntes".
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo
a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela
assembléia-geral.
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros
quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento
da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de 20 (vinte) acionistas, com
patrimônio líquido de até R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), poderá:
(Redação dada pela Lei nº 13.818, de 2019)
I - convocar assembléia-geral por anúncio entregue a todos os acionistas,
contra-recibo, com a antecedência prevista no artigo 124; e
II - deixar de publicar os documentos de que trata o artigo 133, desde que sejam,
por cópias autenticadas, arquivados no registro de comércio juntamente com a
ata da assembléia que sobre eles deliberar.
§ 1º A companhia deverá guardar os recibos de entrega dos anúncios de
convocação e arquivar no registro de comércio, juntamente com a ata da
assembléia, cópia autenticada dos mesmos.
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§ 2º Nas companhias de que trata este artigo, o pagamento da participação dos
administradores poderá ser feito sem observância do disposto no § 2º do artigo
152, desde que aprovada pela unanimidade dos acionistas.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica à companhia controladora de grupo
de sociedade, ou a ela filiadas.
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I - disciplinar quais atos e publicações deverão ser arquivados no registro do
comércio; e
II - dispensar o disposto no § 1º, inclusive para a hipótese prevista no art. 19 da
Lei nº 13.043, de de 13 de novembro de 2014.
§ 4º Ato do Ministro de Estado da Economia disciplinará a forma de publicação
e de divulgação dos atos relativos às companhias fechadas.
§ 5º As publicações de que tratam o caput e o § 4º não serão cobradas.” (NR)
REsp 1743088
STJ: Integralização do capital social com imóveis exige transferência no cartório
imobiliário
Para a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a constituição de
sociedade empresarial registrada em Junta Comercial, com a integralização do capital
social por meio de imóveis indicados por sócio, não é suficiente para operar a
transferência da propriedade nem para conferir à empresa legitimidade para promover
embargos de terceiro destinados a afastar penhora sobre os bens. Segundo o colegiado,
para se tornar válida, é preciso que a transferência seja feita via registro de imóveis.
Fonte: STJ e ANOREG <https://www.anoreg.org.br/site/2019/04/04/stj-
integralizacao-do-capital-social-com-imoveis-exige-transferencia-no-cartorio-
imobiliario/>
Art. 861, §4, Provimento 93/CGJ/2020 (TJMG): A certidão dos atos de constituição,
alteração ou extinção de sociedades empresárias, emitida pelas juntas comerciais
ou pelos Ofícios de Registro Civil de Pessoas Jurídicas em que foram arquivados,
é considerada documento hábil para a transferência de bens.
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Atenção: A transferência de bens para a sociedade, a título de integralização do
capital social, pode fazer-se tanto pelo valor de mercado (valor venal), quanto por seu
valor escritural da declaração de bens da pessoa ou, em se tratando de empresário ou
pessoa jurídica, pelo valor que consta de seus registros contábeis. O capital social não
pode ser integralizado por meio da transferência de bens cujo valor de mercado (valor
venal) seja inferior ao valor das quotas ou ações a serem integralizadas - princípio da
realidade do capital social ou princípio da subscrição integral. Desse modo, é possível a
transferência do bem por valor inferior àquele que lhe dá o mercado (o valor pelo qual
poderia ser alienado), optando o(s) subscritor (es) por lhe atribuir, para fins de
integralização, o mesmo valor com que está relacionado em sua declaração de bens. A
opção tem uma justificativa simples: a transferência do bem por valor superior aquele que
consta de sua declaração de bens é tributável - Agravo Regimental no Recurso Especial
1.016.766/PR do Superior Tribunal de Justiça:
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Das participações societárias adquiridas em decorrência de integralização de capital
com bens ou direitos
Art. 142. As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de
integralização de capital, bens e direitos, pelo valor constante da declaração de
bens ou pelo valor de mercado ( Lei nº 9.249, de 1995, art. 23, caput ).
§ 1º Se a transferência for feita pelo valor constante da declaração de bens, as pessoas
físicas deverão lançar nessa declaração as ações ou as quotas subscritas pelo mesmo
valor dos bens ou dos direitos transferidos, hipótese em que não presumida a
distribuição disfarçada de que trata o art. 528( Lei nº 9.249, de 1995, art. 23, § 1º ).
§ 2º Se a transferência não se fizer pelo valor constante da declaração de bens, a
diferença a maior será tributável como ganho de capital (RIR/2018)
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Parágrafo único. O valor da reserva deverá ser computado para fins de determinação
do lucro real ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 36, parágrafo único ):
I - na alienação ou na liquidação da participação societária ou dos valores mobiliários,
pelo montante realizado;
II - em cada período de apuração, em montante igual à parte dos lucros, dos dividendos,
dos juros ou das participações recebidos pelo contribuinte, que corresponder à
participação ou aos valores mobiliários adquiridos com o aumento do valor dos bens
do ativo; ou
III - proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa
jurídica que houver recebido os bens reavaliados realizar o valor dos bens, na forma
prevista no art. 516 , ou com eles integralizar capital de outra pessoa jurídica.
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- EIRELI (Art. 980-A do Código Civil) pode participar, como cotista ou
acionista, do capital das sociedades personificadas.
Obs.: Em meio da discussão da MP da Liberdade Econômica, há projeto para
converter automaticamente todas as EIRELI em LTDA UNIPESSOAL
15.4 - QUOTAS E AÇÕES
Quotas e ações são títulos societários que podem ser compreendidos por dois
primas distintos: patrimonial e societário. No aspecto patrimonial, os títulos societários,
em sua condição de parte capital e social dão direito a uma parcela de acervo patrimonial
da sociedade, se dissolvida. É um bem jurídico com expressividade econômica. No
aspecto societário, quota e ação são os títulos de participação social ou seja, atribuem
direitos e deveres sociais, em conformidade com o que esteja disposto no ato constitutivo,
nos limites licenciados pela legislação.
O capital pode estar dividido em qualquer número de quotas ou ações, desde que
igual ou superior a duas. Quotas e ações podem ter qualquer valor monetário (sendo
obrigatoriamente expresso em moeda nacional corrente) e o número de sócios no mínimo
de dois, sem que haja um teto máximo. Contudo, há situações excepcionais em que se
aceita que a sociedade tenha um sócio apenas (unipessoalidade), admitindo-se: i)
apenas 01 sócio em LTDA até a recomposição da pluralidade do quadro social em
180 dias; ii) Sociedade Limitada Unipessoal (art. 1.052 do CCB); iii) Subsidiaria
Integral (art. 251 da Lei de S/A).
Obs.: não há valor mínimo (absoluto ou percentual) para a participação de
cada sócio no capital social, embora a concentração de grande montante no
patrimônio de um grande sócio pode reforçar, dependendo do caso, o argumento de
confusão patrimonial, a justificar a desconsideração da personalidade jurídica. (Não
monte sociedade com sócio de 1% somente para compor!)
15.4.1 - Indivisibilidade, grupamento e desdobramento
Nas sociedades contratuais, admite-se que as quotas tenham valores distintos,
atribuindo-se uma quota a cada sócio. Já nas sociedades estatutárias, as ações terão o
mesmo valor, mas podem ser divididas em espécies diversas (ordinárias ou preferenciais).
Há uma outra diferença fundamental: o estatuto social de uma sociedade anônima precisa
apenas definir o valor global do capital social e o número de ações; não é obrigatório que
o valor nominal das ações esteja expresso sendo opcional a definição de valor nominal -
o artigo 11 da Lei 6.404/76. Noutro lado, no contrato social deve trazer expresso não só
o valor total do capital social e o número de quotas, mas o valor das quotas e os
respectivos titulares.
Desdobramento (Split)
Consiste em dividir as ações existentes, sem alterar o valor do investimento,
também conhecido como "Split". Esta operação é realizada quando a
administração da companhia acredita que deve aumentar a quantidade de papéis
em circulação no mercado para facilitar sua negociação. Com a divisão da ação,
o valor dela no mercado também será dividido proporcionalmente.
Exemplo: se um acionista detém 100 ações ao preço de R$ 8,00 cada ação, terá
um investimento total de R$ 800,00. Se a companhia resolve dividir cada ação
em duas, o investidor passará a ter 200 ações ao preço de R$ 4,00, valendo sua
aplicação os mesmos R$ 800,00.
Grupamento (Inplit)
É a operação contrária ao Desdobramento, consistindo em reunir várias ações
em uma, conhecido como "Inplit". O grupamento ocorre quando uma
companhia decide elevar o preço da ação para facilitar sua negociação em bolsa,
pois entende que o preço baixo está dificultando as operações. Da mesma forma
que o desdobramento, a operação não altera o valor do investimento.
Exemplo: Se um acionista detém 100 ações ao preço de R$ 2,00 cada ação, terá
um investimento total de R$ 200,00. Se a companhia resolve grupar duas ações
em uma, o investidor passará a ter 50 ações ao preço de R$ 4,00 cada e seu
investimento valerá os mesmos R$ 200,00.
15.4.4 – Penhor
O penhor é disciplinado nos artigos 1.419 a 1.460 do Código Civil. As ações e
quotas de sociedade podem ser dadas em penhor (empenhadas), servindo como garantia
de obrigação assumida por seu titular ou, mesmo, por outrem, certo ser lícito o
oferecimento do penhor a favor de obrigação alheia. Nesse sentido, o artigo 39 da Lei
6.404/76 prevê que as ações podem ser dadas em penhor, constituindo, portanto, uma
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relação de garantia real ou, em plano maior, de um direito real sobre coisa alheia: o penhor
ou caução de ações se constitui pela averbação do respectivo instrumento no livro de
Registro de Ações Nominativas. E possível oferecer quotas e ações como garantia
(penhor) de uma dívida própria ou de terceiros. Contudo, se a dívida não for paga, o credor
pignoratício poderá pedir que os títulos societários sejam excutidos: penhorados e
alienados para o pagamento da dívida.
A constituição de penhor sobre títulos societários faz-se pelo registro
correspondente (artigo 1.452 do Código Civil) que, no caso, será dúplice: num primeiro
plano, Cartório de Registro de Títulos e Documentos (artigo 127 da Lei 6.015/73).
Contudo, esse registro não será suficiente, certo que a publicidade dos societários se faz
por meio específico para que, assim, tenha eficácia sobre terceiros. Assim, nas sociedades
contratuais, é indispensável haver a averbação da constituição do penhor sobre o direito
no registro específico correspondente: Registro Civil das Pessoas Jurídicas. A mesma
regra não alcança as sociedades por ações; segundo o artigo 39 da Lei 6.404/76, será feita
averbação do instrumento de contrato de penhor no livro de registro de ações nominativas;
em se tratando de ação escritural, o penhor se constitui pela averbação do respectivo
instrumento nos livros da instituição financeira.
15.4.5 – Cessão
Na Sociedade Limitada (intuitu personae), a transferência entre vivos é regrada
pelo artigo 1.057 do Código Civil: “na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota,
total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou
a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.”
Isto é, há direito de oposição de que detenha mais de 25% do Capital Social para cessão
há terceiros. Contudo, pode-se prever a necessidade de aprovação unânime, ou, outros
parâmetros próprios, como a previsão de um percentual diverso (e.g.: 60%, 1/3 ou outro
qualquer).
Já as S/A estão submetidas a uma ampla negociabilidade, já que são, por definição,
sociedades constituídas intuitu pecuniae. Essa ampla já possibilidade de negociação das
ações dá-se já que a transferência não implica prática de atos no Registro Público e sim
no livro de transferência de ações nominativas.
Obs.: Holding Familiares, o artigo 36 da Lei 6.404/76 admite ao estatuto da
companhia fechada imposição de limites circulação das ações. Nesse quadro, a situação
mais comum é a previsão de um direito de preferência para os próprios acionista, a quem
as ações deverão ser oferecidas primeiro em igualdade de condições (preço, prazo de
pagamento etc). “Affectio societatis”: há precedente na jurisprudência do STJ em
companhia familiares fechadas (vide AgReg no Recurso Especial 1.079.763-SP, julgado
pela C. 4ª Turma do STJ em 25/08/2010 e EmbDiv em REsp 111.294-PR, 2ª Seção, STJ,
Rel. Min. Castro Filho, julgado em 28/06/2006):
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"(...) Em casos que tais, porquanto reconhecida a existência da affectio
societatis como fator preponderante na constituição da empresa, não me parece
possa essa circunstância ser desconsiderada por ocasião de sua dissolução. Do
contrário, e de que é exemplo a hipótese em tela, a ruptura da affectio
societatis representa verdadeiro impedimento a que a companhia continue
a realizar o seu fim, com a obtenção de lucros e distribuição de dividendos,
em consonância com o artigo 206, II, 'b', da Lei nº 6.404/76, já que
dificilmente pode prosperar uma sociedade em que a confiança, a harmonia, a
fidelidade e o respeito mútuo entre os seus sócios tenham sido rompidos. (...)"
(STJ – EmbDiv em REsp 111.294-PR, 2ª Seção, Rel. Min. Castro Filho, julgado
em 28/06/2006)
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Atenção: O artigo 40 refere-se às outras cláusulas de ônus que também aceita
sobre a ação. Assim a penhora das ações, o penhor, a promessa de venda e o pacto de
preferência.
15.6 – CLÁUSULAS DE PROTEÇÃO (TAG ALONG E DRAG ALONG)
Tag Along é uma cláusula de segurança do acionista minoritário. Prevista na Lei
das S.A., ela é utilizada em acordos de sócios, contratos de investimentos e memorandos
de entendimentos. De forma simples, a tag along obriga que as ações do sócio minoritário
sejam vendidas nas mesmas condições que as demais. Isso ocorre quando há alienação
do controle da empresa pelos sócios majoritários. Dessa forma, a cláusula evita que os
acionistas menores se mantenham na empresa com terceiros alheios ao negócio ou que
percam a chance de um grande negócio.
Drag along é uma cláusula de proteção ao acionista majoritário. É o oposto da
Tag Along. Ou seja, se o sócio majoritário quiser vender sua participação societária, essa
cláusula obriga os sócios minoritários a procederem da mesma forma. É, por isso, uma
garantia de igualdade de condições na hora da alienação.A drag along é especial para os
investidores, pois aumenta a liquidez do investimento realizado. Se, por exemplo, o
investidor não quiser que a empresa tenha parte das ações diluída entre sócios
minoritários, a cláusula é ideal. A partir do momento em que o acionista minoritário
assina essa cláusula, ele não poderá se opor à venda da empresa, caso o sócio majoritário
assim desejar. Por este motivo, a drag along é uma importante ferramenta para o
empreendedor que está no controle. Os sócios minoritários não terão poder de atrapalhar
a transação. Entretanto, a cláusula deve expressar de forma clara as condições em que o
drag along ocorrerá. É comum que se estipule valuation mínimo que obriga a venda das
ações dos sócios minoritários.
Exemplo: Imagine que um fundo de investimento possui 51% das ações da sua
empresa. O Sócio A possui 30% e os demais acionistas minoritários possuem 19%. Se
não existe a cláusula de Tag Along, o fundo pode negociar a troca de controle com outro
grupo investidor. Para tanto, bastaria a compra da participação de 51% do fundo. Quando
existe a cláusula de tag along, o interessado deverá, obrigatoriamente, realizar uma
proposta de aquisição das ações dos sócios minoritários. Ela deverá ser feito em valor
semelhante ou próximo (mínimo 80%) ao valor proposto pelas ações majoritárias. É
importante destacar que o acionista minoritário tem a opção de vender suas ações nas
mesmas condições. Não é uma obrigação. Ele pode exercer ou não a opção descrita na
tag along. Em uma situação de utilização da cláusula de Drag Along, o exemplo é o
contrário. Ou seja, se existisse a cláusula de drag along, os sócios minoritários seriam
obrigados a vender suas ações.
16 - RELAÇÕES SOCIETÁRIAS
16.1- Cônjuges
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A participação societária, contratual ou estatutária é direito pessoal. Assim não é
ato jurídico que necessita da autorização prevista no artigo 1.647 do Código Civil,
ressalvado, se para a integralização do capital social, for necessário transferir ou gravar
ônus real os bens imóveis, hipótese em que a autorização será obrigatória (outorga ou
vênia conjugal), não por se tratar de contratação de sociedade, mas regra de direito das
coisas.
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conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399,
de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente
incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (CCB)
Obs.: que a participação recíproca, não se confunde com partição cruzada, muito
comum em famílias empresárias. Cenários nos quais os parentes são sócios em
proporções inversas, controladores em uma sociedade e controlada em outra e vice-versa.
16.6- Subsidiária integral
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo
como único acionista sociedade brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá
aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do
§ 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição,
por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.
.(Lei de S/A)
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Art. 206. Dissolve-se a companhia:
I - de pleno direito:
a) pelo término do prazo de duração;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X); (Redação
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral
ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte,
ressalvado o disposto no artigo 251;
e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.
II - por decisão judicial:
a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista;
b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por
acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei;
III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma
previstos em lei especial.
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais
sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de
inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do
contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na
sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião
ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em
tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de
defesa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019) (CCB)
16.11 – Investidor-Anjo
Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016 na Lei Complementar nº
123/2006 (Simples Nacional). O contrato de investidor-anjo é contrato mercantil (de
direito comercial) e não nova forma de sociedade empresária. As finalidades de fomento
a inovação e investimentos produtivos deverão constar do contrato de participação, com
vigência não superior a sete anos. O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa
física ou por pessoa jurídica, denominadas investidor-anjo. A atividade constitutiva do
objeto social é exercida unicamente por sócios regulares, em seu nome individual e sob
sua exclusiva responsabilidade. O investidor-anjo: não será considerado sócio nem terá
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qualquer direito a gerência ou voto na administração da empresa; não responderá por
qualquer dívida da empresa, inclusive em caso de recuperação judicial, não se aplicando
a ele o art. 50 do Código Civil (desconsideração da personalidade jurídica).
Obs.: Instrução Normativa RFB n° 1.719/2017: disciplinou a tributação de
rendimentos recebidos pelo investidor-anjo.
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8) centralização e execução dos planos táticos e operacionais nos componentes
do grupo;
9) análise centralizada de projetos de expansão, horizontalização, verticalização,
pró-integração, transnacionalização, e, eventualmente, a venda de componentes que
mostram baixa performance econômica;
10) centralização do processo de compras de equipamentos pesados, instalações e
contratação de projetos de construção civil nos componentes do grupo;
11) seleção e qualificação dos recursos humanos para o grupo;
12) centralização de processamento de dados e consolidação dos processos
contábeis do grupo na Holding;
13) maior poder de barganha na negociação e obtenção de recursos financeiros e
melhor controle de aplicação de recurso líquidos a curto, médio e longo prazos
14) padronização de processos administrativos, ERPs, sistemas de controles
internos em todos os componentes grupo;
15) centralização das atividades de marketing, pesquisas de mercado, publicidade
e propaganda, para apoiar as atividades de comercialização dos componentes do grupo;
16) maior resultado de atividades de lobby com os Governos em caso de
necessidade de apoio político para certos projetos do grupo;
17) manipulação e administração centralizada de assuntos de acionistas do grupo
em caso de dissidência ou conflito entre os interesses dos acionistas.
Fábio Konder Comparato (Poder de Controle na Sociedade Anomina, RT, 1977,
p. 121) afirma que as vantagens empresariais da sociedade Holding costumam ser
sintetizadas conforme a seguir:
a) controle centralizado, com administração descentralizada;
b) gestão financeira unificada do grupo;
c) controle sobre um grupo societário com o mínimo investimento necessário.
Salvador Ceglia Neto aponta, ainda, como uma das grandes vantagens da Holding,
o poder de facilitar e operacionalizar uma futura sucessão hereditária (As vantagens de se
criar uma empresa Holding, Edven Edições, p. 10).
Como desvantagens da formação de uma Holding, U. W. Rasmussen U. W.
Rasmussen (Holdings e Joint Ventures, Edições Aduaneiras, 1988, p. 70), aponta:
1) eventuais conflitos com acionistas ou quotistas minoritários do grupo
econômico que se oponham à consolidação de poderes na Holding e a sua participação
minoritária no bojo da Holding;
2) a centralização excessiva de poderes na Holding, especial- mente na imposição
do planejamento estratégico e no setor financeiro que pode incomodar os acionistas
minoritários nas empresas afiliadas
3) a inconveniência da publicação de balanços, ou seja, a disposição do disclosure
em caso de a Holding ser incorporada ao modelo legal de uma sociedade anônima;
4) certas preocupações com a Lei nº 6.404/1976 a respeito da distribuição
obrigatória de dividendos (caso das S.A.);
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5) preocupação com a diferenciação de performance econômica dos diferentes
componentes do grupo, tendo a Holding de, eventualmente, sustentar algumas coligadas
com o lucro de outras.
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§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá
elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.
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e) O valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o
valor do Patrimônio Líquido ajustado conforme as letras “a” a “d”, do percentual de
participação da investidora no capital da coligada ou controlada.
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PROIBIÇÃO QUE NÃO SE APLICA AO CASO DE PARCELAMENTO.
INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO À DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS.
A pessoa jurídica que possui débitos relativos a tributos administrados
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que sejam objeto de
parcelamento, independentemente da exigência de apresentação de
garantia para este, poderá distribuir quaisquer bonificações a seus
acionistas, e dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou
cotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos
dirigentes, fiscais ou consultivos, sendo, portanto, inaplicável, na
espécie, a vedação constante do art. 32 da Lei nº 4.357, de 1964, com a
redação introduzida pela Lei nº 11.051, de 2004, visto que o parcelamento
constitui hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
abrigada no inciso VI do art. 151 do Código Tributário Nacional, instituído
pela Lei nº 5.172, de 1966, com redação da Lei Complementar nº 104, de
2001. Outrossim, por outro lado, ressalte-se que a vedação prevista no dito
art. 32 da Lei nº 4.357, de 1964, não alcança a distribuição de dividendos,
em razão do veto presidencial oposto à sua redação original. (Solução
Consulta Cosit nº 30/2018).
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V - paga a pessoa ligada aluguéis, royalties ou assistência técnica em montante
que excede notoriamente ao valor de mercado; e
VI - realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de
favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada
do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria
com terceiros.
O valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter por meio
de negociação do bem no mercado (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 4º). O
valor do bem negociado frequentemente no mercado, ou em bolsa, é o preço das
vendas efetuadas em condições normais de mercado, que tenham por objeto bens em
quantidade e em qualidade semelhantes.
O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com
base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações
contemporâneas de bens semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou
vender e que tenham conhecimento das circunstâncias que influenciem, de modo
relevante, na determinação do preço ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 6º ).
Se o valor do bem não puder ser determinado nos termos estabelecidos e o valor
negociado pela pessoa jurídica basear-se em laudo de avaliação de perito ou empresa
especializada, caberá à autoridade tributária a prova de que o negócio serviu de
instrumento à distribuição disfarçada de lucro.
ANEXOS
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R$ 1.000.000,00.
A tributação do ganho de capital na pessoa física é de 15%, mas na pessoa jurídica o
imposto de renda e o adicional são de 25% mais a CSLL de 9%. Por causa da
tributação o deságio poderá representar uma bomba de efeito retardado.
Caso a sociedade A tenha em seu patrimônio líquido lucros acumulados ou reservas
de lucros gerados no período de 1989 a 1993 e a partir de 1996, antes de constituir a
“holding” deverá incorporar aqueles valores ao capital social. Com isso, a pessoa
física receberá bonificações em ações ou quotas de capital que aumentam o custo de
aquisição na declaração de bens e como conseqüência haverá diminuição do valor
do deságio na constituição da “holding”.
Distribuição disfarçada de lucros. Inúmeras pessoas físicas que no exercício
financeiro de 1992, com base no art. 96 da Lei no
8.383/91, alteraram o valor dos bens
constantes da declaração de bens, atribuem esse valor na constituição de “holding”,
sem qualquer preocupação. Como o valor atribuído à participação societária era várias
vezes superior ao do patrimônio líquido da sociedade, na “holding” surgirá enorme
ágio.
Não importa se em 1992 foi elaborado laudo de avaliação dos bens da empresa
ou se a avaliação foi correta porque a Receita Federal já está decaída do direito de
examinar aquele exercício. O problema tributário, todavia, surge no momento em que
é constituída a “holding” mediante atribuição à participação societária de valor bem
superior ao percentual do patrimônio líquido a que tem direito, sem qualquer laudo de
avaliação dos bens da empresa.
A jurisprudência do 1o
Conselho de Contribuintes é mansa e pacífica no sentido de
que o valor de mercado das quotas de capital ou das ações de sociedades de capital
fechado é o patrimônio líquido. Com isso, na constituição de “holding” se a pessoa
física atribuir às ações ou quotas de capital possuídas valor várias vezes superior ao
do patrimônio líquido, sem laudo de avaliação, incidirá na figura da distribuição
disfarçada de lucros porque estará adquirindo bens de pessoa ligada por valor
notoriamente superior ao de mercado, na forma do art. 464, inciso II, do RIR/99.
O laudo de avaliação, para afastar qualquer risco de autuação da Receita Federal,
terá que ser bem elaborado com avaliação ao valor de mercado de todos os bens do
ativo, líquido de tributos. A maioria das avaliações de 1992 levou em consideração
somente os acréscimos de valor do ativo, sem considerar os tributos incidentes sobre
a mais valia. Atualmente o imposto de renda e adicional de 25% mais a CSLL de 9%
totalizam 34%. Com isso, de cada 100 de mais valia do ativo permanente restará o
ganho líquido de 66.
Juros sobre o capital próprio. Uma das inconveniências da criação da “holding”
é no pagamento de juros sobre o capital próprio. Isso porque a sua dedutibilidade está
limitada à metade do lucro do próprio período de apuração ou metade da soma de
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reservas de lucros e lucros acumulados. Além disso, o cálculo é feito com base no
montante do patrimônio líquido.
Se a “holding” não conseguir pagar ou creditar a totalidade de juros sobre o capital
recebido, sobre a diferença pagará o imposto de renda e a CSLL. A empresa investida,
por ter reservas de lucros, deduz R$ 1.000.000,00 de juros sobre o capital próprio
pagos para a “holding”. Esta se não tiver patrimônio líquido suficiente para produzir
juros sobre o capital próprio naquele montante ou se não tiver reservas de lucros,
lucros acumulados ou contrapartida de ajuste da equivalência patrimonial do próprio
período de apuração corre o risco de não poder deduzir o valor de R$ 1.000.000,00
recebido da investida.
Extinção de “holding”. Na extinção de “holding”, se o valor do capital social for
igual ao dos bens do ativo, não há nenhuma tributação porque o art. 419 do RIR/99
dispõe o seguinte:
Art. 419. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem transferidos
ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no
capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado.
A redução do capital antes de decorridos cinco anos contados da data de capitalização
de lucros apurados em 1994 e 1995 tem tributação na fonte de 15%, mas é
difícil uma “holding” estar nessa situação. A distribuição de lucros apurados no período
de 1989 a 1993 e a partir de 01-01-96 não tem nenhuma tributação na fonte ou na
declaração dos beneficiários.
Se a “holding” tiver deságio na conta de Investimentos, na extinção ocorrerá a
baixa do investimento com realização do deságio que será computado na determinação
do lucro real e da base de cálculo da CSLL, ainda que tenha sido amortizado na
contabilidade.
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AVERBAÇÃO DA AÇÃO EXECUTIVA. FRAUDE À EXECUÇÃO.
OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.
1. A estipulação prevista no contrato social de integralização do capital social por
meio de imóvel indicado pelo sócio, por si, não opera a transferência de
propriedade do bem à sociedade empresarial. De igual modo, a inscrição do ato
constitutivo com tal disposição contratual, no Registro Público de Empresas
Mercantis, a cargo das Juntas Comercias, não se presta a tal finalidade.
1.1 A integralização do capital social da empresa pode se dar por meio da
realização de dinheiro ou bens — móveis ou imóveis —, havendo de se observar,
necessariamente, o modo pelo qual se dá a transferência de titularidade de cada
qual. Em se tratando de imóvel, como se dá no caso dos autos, a incorporação do
bem à sociedade empresarial haverá de observar, detidamente, os ditames do art.
1.245 do Código Civil, que dispõe: transfere-se entre vivos a propriedade mediante
o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
1.2 O registro do título translativo no Registro de Imóveis, como condição
imprescindível à transferência de propriedade de bem imóvel entre vivos,
propugnada pela lei civil, não se confunde, tampouco pode ser substituído para
esse efeito, pelo registro do contrato social na Junta Comercial, como sugere a
insurgente.
1.3 A inscrição do contrato social no Registro Público de Empresas Mercantis, a
cargo das Juntas Comercias, destina-se, primordialmente, à constituição formal
da sociedade
empresarial, conferindo-se-lhe personalidade jurídica própria, absolutamente
distinta dos sócios dela integrantes.
2. Explicitado, nesses termos, as finalidades dos registros em comento, pode-se
concluir que o contrato social, que estabelece a integralização do capital social por
meio de imóvel indicado pelo sócio, devidamente inscrito no Registro Público de
Empresas Mercantis, não promove a incorporação do bem à sociedade; constitui,
sim, título translativo hábil para proceder à transferência da propriedade,
mediante registro, perante o Cartório de Registro de Imóveis em que se encontra
registrada a matrícula do imóvel.
3. Os embargos de terceiro consubstanciam a via processual adequada àquele que, não
sendo parte no processo, tenha por propósito afastar a contrição judicial que recaia
sobre o bem do qual seja titular ou que exerça a correlata posse. Especificamente em
relação aos imóveis, objeto das Matrículas n. 90.219 e 90.220, a recorrente não ostenta
a qualidade de proprietário, tampouco de possuidor, conforme expressamente
consignou o Tribunal de origem, o que evidencia sua ilegitimidade ativa ad causam.
4. A transferência da propriedade de bem imóvel rural (de Matrícula n. 1.129) à
sociedade empresária recorrente deu-se em momento posterior à averbação da ação
executiva no Registro de Imóveis, de que trata o art. 615-A, do CPC/1973, a ensejar a
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presunção absoluta de que tal alienação deu-se em fraude à execução, afigurando-se de
toda inapta à produção de efeitos em relação ao credor/exequente.
5. Recurso especial improvido. (STJ. RECURSO ESPECIAL Nº 1.743.088 – PR.
RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE. Brasília, 12 de março de
2019)
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da
União. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 26 jul.2018.
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________. Instrução Normativa DREI Nº 63, de 11 de junho de 2019. Altera a
Instrução Normativa DREI nº 15, de 5 de dezembro de 2013, e o Manual de Registro de
Sociedade Limitada, aprovado pela Instrução Normativa DREI nº 38, de 2 de março de
2017
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________. Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial da União, Brasília, 10 jan. 2002. Disponível em: < http://
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 18 jul.2018.
GODOI, M. S. de. Uma proposta de compreensão e controle dos limites da elisão fiscal
no direito brasileiro - estudo de casos. In: Douglas Yamashita. (Org.). Planejamento
tributário à luz da jurisprudência. São Paulo: LEX, 2007, v. ,p. 237-288.
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MP DA LIBERDADE ECONÔMICA PREVÊ EMISSÃO DE DEBÊNTURES POR
LIMITADAS. 2019. Disponível em:
<https://www.valor.com.br/legislacao/6371447/mp-da-liberdade-economica-preve-
emissao-de-debentures-por-limitadas> Acesso em: 14Ago. 2019.
PRADO, Roberta Nioac; PEIXOTO, Daniel Monteiro; SANTI, Eurico Marcos Diniz
(Coordenadores). Estratégias Societárias, Planejamento Tributário e Sucessório. 2ª
edição - Série GVlaw. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 193.
SANTOS, Cleonimo dos. Imposto de Renda das pessoas jurídicas para contadores. 12
ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2019.
TORRES, Ricardo Lobo. Planejamento tributário: elisão abusiva e evasão fiscal. 2ª ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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