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HOLDING: PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E SUCESSÓRIO

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CURSO - HOLDING: PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E SUCESSÓRIO
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• Currículo do Professor: Advogado e Consultor com experiência em assessoria
jurídica de empresas sob regime de tributação por lucro real. Membro da
Comissão de Direito Tributário da OAB/MG (2016-2018). Pós-graduado em
Direito Tributário pela PUC Minas. “Máster em Derecho de Empresa” pela
Universidade de Barcelona (em curso). Pós-graduado em Direito Penal
Econômico pela PUC Minas. Extensões em Direito Contratual (Harvard),
planejamento tributário (IBMEC e FGV), Compliance, prevenção à lavagem de
dinheiro e ao financiamento do terrorismo (ESAF). Consultor credenciado pela
FIEMG para capacitação empresarial (legislação comercial, tributária e
societária). Sócio do Escritório de Advocacia Eduardo Araújo Advogados e
Consultores (OAB/MG PJ 4.450).

Trabalho não autoral, que se baseia em normas legais, citações e entendimentos


doutrinários, bem como jurisprudência dos tribunais, todos sujeitos a alterações
no decurso do tempo.

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EMENTA:

INTRODUÇÃO
1- DEFINIÇÃO DO TERMO “HOLDING”
2- PRINCIPAIS EQUÍVOCOS QUANTO A ESTRUTURAÇÃO DE
HOLDINGS
3- NATUREZA JURÍDICA DAS SOCIEDADES: SIMPLES E EMPRESÁRIAS
4- TIPICIDADE SOCIETÁRIA – SOCIEDADES CONTRATUAIS E
SOCIEDADES ESTATUTÁRIAS
5- SOCIEDADE SIMPLES PURA (art. 997 a art. 1.038 do Código Civil)
6- SOCIEDADE EM NOME COLETIVO (art. 1.039 a 1.044 do Código Civil)
7- SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES (art. 1.045 a art. 1.051 C. Civil)
8 – SOCIEDADE LIMITADA (art. 1.052 a 1.087 do Código Civil)
9 – SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei Federal nº 6.404/1976)
10 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES (Lei Federal nº 6.404/1976)
11 – FORMAS DE MUTAÇÃO EMPRESARIAL
11.1 – Transformação societária (art. 1.113 Código Civil, art. 220 lei de S/A)
11.2 – Incorporação (art. 1.116 Código Civil, art. 227 lei de S/A)
11.3 – Fusão societária (art. 1.119 Código Civil, art. 228 lei de S/A)
11.4 – Cisão societária (art. 1.119 Código Civil, art. 229 lei de S/A)
11.5 – Atos pré-mutação empresarial: protocolo e justificação (arts. 224 e 225 Lei de
S/A)
12 – PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E FAMILIAR
12.1 – Estruturação empresarial e centralização administrativa
12.2 – Elisão de conflitos familiares
12.3 – Equilíbrio na divisão de tarefas e cargos
12.4 – A Holding para profissionalização da gestão
12.5 – Proteção do controle em sociedades operacionais
12.6 – Proteção em razão de divórcios
12.7 – Planejamento estratégico de negócios
12.8 – Offshore Company
13 – O PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
13.1 - Herança e testamento
13.2- Holding na sucessão hereditária
13.3 – Cláusulas restritivas (incomunicabilidade e inalienabilidade)
14 - PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO POR MEIO DE HOLDING
14.1 – Propósito Negocial (atividade econômica substantiva)
14.2 – Tributos em espécie
14.3- Informação da Receita Bruta nas Obrigações Acessórias
15 - CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
15.1 – Holding enquanto sociedade simples “pura”
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15.2 - Sociedade contratual x Sociedade estatutária
15.2.1 – Holding em forma de Sociedade Limitada
15.2.2 – Holding em forma de Sociedade por Ações
15.2.3 – Subscrição e integralização de capital em Holding
15.2.3.1 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios Pessoas
Físicas
15.2.3.2 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios Pessoas
Jurídicas
15.3 - Holding na forma EIRELI – é possível?
15.4 - QUOTAS E AÇÕES
15.4.1 - Indivisibilidade, grupamento e desdobramento
15.4.2 - Condomínio
15.4.3 – Usufruto
15.4.4 – Penhor
15.4.5 – Cessão
15.5 – CLÁUSULAS E MODALIDADES DE ÔNUS
15.5.1- Alienação fiduciária em garantia
15.5.2- Fideicomisso por ações
15.6 – CLÁUSULAS DE PROTEÇÃO (TAG ALONG E DRAG ALONG)
16 - RELAÇÕES SOCIETÁRIAS
16.1- Cônjuges
16.2- Sócio incapaz
16.3- Direito de recesso
16.4- Pactos parassociais (acordo de quotistas/acordo de acionistas)
16.5 - Relações de sociedades
16.5.1 – Participações (sociedades coligadas, controladas e controladoras)
16.5.2 – Coligação ou filiação (Sociedades Coligadas)
16.5.3 – Controle (Sociedades controladas e controladoras)
16.5.4 – Simples participação (ou Mera Participação)
16.5.5 – Participação recíproca
16.6- Subsidiária integral
16.7- Grupo de sociedades
16.8- Modelo de cláusula limitada para higidez societária
16.9 - Dissolução
16.10 – Exclusão extrajudicial de sócio em sociedade limitada
16.11 – Investidor-Anjo
17 – EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL (HOLDING)
18 - VANTAGENS E DESVANTAGENS NA CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
19 - INVESTIMENTOS EM PARTICIPACOES SOCIETÁRIAS
19.1.2 - Momento em que deve ser feita a equivalência patrimonial
19.1.3- Critérios gerais de cálculo da Equivalência Patrimonial
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19.1.3.1 -Ajuste do valor contábil do investimento – registro e tratamento fiscal
19.1.3.2- Lucros ou dividendos recebidos da coligada ou controlada
20 - DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS (DDL)
ANEXOS

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INTRODUÇÃO
As normas que regem as sociedades empresárias, seja na seara societária ou
tributária, são constantemente inovadas, sejam legais ou regulamentares. Ademais, há
uma efusiva sucessão de interpretações jurisprudenciais suscetíveis a reviravoltas
abruptas, podendo-se experimentar guinadas até então inacreditáveis: posições já
pacificadas nos tribunais são simplesmente invertidas, a exemplo entendimento sobre a
constitucionalidade da exação fiscal denominada “Funrural” (o próprio STF inverteu seu
entendimento).
Ademais, o mundo corporativo permeia-se em vogas e constantes inovações e
tecnologias. O moderno é ser “tech”, incluindo-se a utilização de anglicismos e chavões
como BI, valuation, planejamento tributário, blindagem patrimonial, Holding,
compliance, due diligence, benchmarking.
No entanto, na maioria das vezes, esses termos são utilizados de forma
mercadológica e atécnica, sem nenhuma delimitação semântica ou científica, revelando a
utilização de determinado chavão o mais puro desconhecimento de determinada matéria
empresarial. Assim, pautados no mudo de inovações e constante aperfeiçoamento das
práticas empresariais, sabendo-se da influências das cinco forças de Michael Porter
(Rivalidade entre os Concorrentes; Poder de Negociação dos Clientes; Poder de
Negociação dos Fornecedores; Ameaça de Entrada de Novos Concorrentes; Ameaça de
Produtos Substitutos) o desafio nesse curso é delimitar o conteúdo de Holding e sua
importância no planejamento estratégico do empresário, seja por necessidade patrimonial
ou sucessória.

8- DEFINIÇÃO DO TERMO “HOLDING”


To hold, em inglês, traduz-se por segurar, deter, sustentar et cetera. Holding
traduz-se não apenas como ato de segurar, deter etc., mas como domínio. A expressão
Holding Company, ou simplesmente Holding, serve para designar pessoas jurídicas
(sociedades) que atuam como titulares de bens e direitos, o que pode incluir bens imóveis,
bens móveis, participações societárias, propriedade industrial (marcas, patentes etc.)
As holdings são sociedades não operacionais que tem seu patrimônio composto
de ações de outras companhias. São constituídas ou para o exercício do poder de controle
ou para a participação relevante em outras companhias, visando nesse caso, constituir a
coligação. Em geral, essas sociedades de participação acionária não praticam operações
comerciais, mas apenas a administração de seu patrimônio. Quando exerce o controle, a
holding tem uma relação de dominação com as suas controladas, que serão suas
subsidiárias. (CARVALHOSA, 2009, 14)

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Holding (ou Holding Company) é uma sociedade que detém participação societária em
outra ou outras sociedades, tenha sido constituída exclusivamente para isso (Holding
Pura - sociedade de participação), ou não (Holding mista).

Holding enquanto planejamento patrimonial, societário ou sucessório, não se trata


de uma equação universal que se aproveita a todos. Deve-se analisar no caso concreto a
realidade patrimonial do contribuinte.
Holding Pura: O objeto social é exclusivamente a titularidade de quotas ou ações
de outra ou outras sociedades. No Direito brasileiro, tem-se a expressão análoga
“sociedade de participação”. Como não se desenvolve atividade negocial (operacional),
a receita de tais sociedades é composta exclusivamente pela distribuição de lucros, juros
sobre o capital próprio, pagos pelas sociedades nas quais tem participação. Havendo
autorização no seu ato constitutivo, ou autorização por reunião ou assembleia de sócios,
a receita poderá resultar de operações realizadas com os títulos que tenham em carteira,
como aluguel de ações, aquisição e alienação de participações societárias, debêntures etc.
➢ Holding pura de controle (sociedade de controle): possui finalidade
específica deter quotas e/ ou ações de outra ou outras sociedades em
montante suficiente para exercer seu controle societário;
➢ Holding pura de participação (sociedade de participação): constituída
para titularizar quotas e/ou ações de outra ou outras sociedades, sem que
detenha o controle de qualquer delas.
Obs.: A distinção de Holding Pura em subespécies (de controle ou de participação) não é
distinção baseada em determinação legal e sim de natureza doutrinária. As sociedades de
participação não precisam de dedicar exclusivamente ao controle ou à mera participação
societária, podendo mesmo controlar uma(s) sociedade(s) e ter mera participação
minoritária em outra(s).
Consoante ao planejamento estratégico de determinada empresa, família ou grupo
econômico, a Holding Pura pode ser constituída não com o objetivo de simplesmente
titularizar participação ou participações societárias, mas com o intuito de centralizar a
administração das atividades realizadas por todas essas sociedades, controladas ou não.
➢ Holding de administração: funciona como unidade centralizadora de
tomada de decisões, estruturando-se planos de atuação, definindo-se metas
mercadológicas, distribuindo-se orientações diretivas e gerenciais, e, caso
necessário, intervindo-se diretamente na condução das atividades
negociais das sociedades controladas e coligadas, a partir de ajustes com
demais sócios nas sociedades em que haja mera participação societária.
➢ Holding de organização: não demanda efetiva coordenação
administrativa, podendo ser constituída, dentro de determinada
estruturação societária, para dar a conformação que se planejou, o que
importa a assimilação de parâmetros fiscais, negociais etc., sendo

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igualmente utilizada para permitir a entrada de terceiros no quadro
societário.
Holding Mista: importa na sociedade que não se dedica exclusivamente à
titularidade de participação ou participações societárias (quotas e/ou ações), mas que se
dedica simultaneamente a atividades empresariais (operacionais/negociais) em sentido
estrito, isto é, à produção e circulação de bens e prestação de serviços.

Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim


lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.
§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas
leis e usos do comércio.
§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras
sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é
facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-
se de incentivos fiscais. (Lei de Sociedade por Ações)

O parágrafo terceiro do art. 2º da Lei Federal n. 6.404/1976 possui redação solar


quanto a possibilidade de o objeto social da companhia ser a participação em outras
sociedades, consagrando-se a Holding Pura. Essa mesma norma “in fine”, consagra a
Holding Mista ao aduzir que essa participação em outras sociedades, mesmo quando não
prevista no ato constitutivo, é permitida como meio de realizar o objeto social ou para
beneficiar-se de incentivos fiscais. Logo, é possível que uma sociedade, que tenha por
objeto social a produção/comercialização de bens e prestação de serviços, possa titularizar
quotas ou ações de outra(s) sociedade(s) sem que isso conste expressamente em seu objeto
social.
Holding Patrimonial: É possível que se constitua uma sociedade com o objetivo
de ser a proprietária/titular de uma universalidade de bens, como imóveis, bens móveis,
propriedade imaterial (marcas, patentes etc.), aplicações financeiras, direitos e créditos
diversos, podendo-se constar inclusive quotas ou ações de outras sociedades. Nesse
mesmo sentido, é comum a utilização da denominação Holding Imobiliária.

Quadro sinótico
Holding pura: sociedade constituída com objetivo exclusivo de titularizar quotas ou
ações de outra ou outras sociedades. Igualmente, denominada Sociedade de
Participação.
Holding de controle: sociedade de participação constituída para deter controle
societário de outra(s) sociedade(s).
Holding de participação: sociedade de participação constituída para deter
participações societárias em intuito de controle de outras sociedades.

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Holding de administração: sociedade de participação constituída para centralizar a
administração de outras sociedades, definindo-se a gestão, metas e planejamento
estratégico das demais.
Holding mista: sociedade cujo objeto social é a realização de determinada atividade
produtiva, mas que detém participação societária relevante em outra ou outras
sociedades.
Holding patrimonial: sociedade constituída para ser proprietária de determinado
patrimônio. Igualmente, denominada Sociedade Patrimonial.
Holding imobiliária: espécie do gênero sociedade patrimonial, constituída com o
objetivo de ser proprietária de imóveis, inclusive, para fins de locação.

Obs.: A cognominada “Holding Familiar” é rótulo vulgar, sem qualquer precisão técnica,
referindo-se ao contexto de estruturação de negócio empresarial familiar. Isto é, pode
denotar qualquer das espécies de Holding Pura ou mesmo a Holding Mista.
2 - PRINCIPAIS EQUÍVOCOS QUANTO A ESTRUTURAÇÃO DE
HOLDINGS
Em razão da positivização no ordenamento jurídico das Holdings diretamente na
Lei de Sociedades por Ações (art. 2º, §3º, Lei Federal n. 6.404/1976) criou-se a ideia
errônea que as Holdings só poderiam ser estruturadas em regime de sociedade por ações.
Na verdade, as Holdings podem ser estruturadas sob qualquer forma de sociedade
empresária, seja sociedade contratual (eg.: LTDA) ou uma sociedade institucional (eg.:
S/A).
Igualmente, deve-se registrar que os sócios não necessitam ser apenas pessoas
físicas, podendo-se constar no ato constitutivo (seja contrato social ou estatuto) pessoa
jurídica como sócia. Isto é, pessoas físicas podem ser sócias de pessoas jurídicas em
qualquer quadro societário tratando-se de sociedades empresárias. Não há limitação sobre
o tipo de pessoa ou quanto a sua natureza jurídica. As pessoas jurídicas podem ser,
inclusive, associações ou fundações. Logo, uma única sociedade operacional pode ser
constituída por várias sociedades de participação (holdings); em meio a tais sócias, pode
haver pessoas naturais, assim como pode haver outras pessoas jurídicas, como sociedades
operacionais.
Exemplos:

Consulta Quadro de Sócios e


Administradores - QSA

CNPJ: 04.712.500/0001-07
NOME MICROSOFT DO BRASIL IMPORTACAO E COMERCIO DE
EMPRESARIAL: SOFTWARE E VIDEO GAMES LTDA (empresa operacional)
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CAPITAL SOCIAL: R$ 909.000.000,00 (Novecentos e nove milhões de reais)

O Quadro de Sócios e Administradores(QSA) constante da base de dados do


Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) é o seguinte:

Nome/Nome MSHC, LLC (Holding) Qualif. Rep. 17-Procurador


Empresarial: Legal:

Qualificação: 37-Sócio Pessoa Nome do ALESSANDRA


Jurídica Domiciliado no Repres. XXXXXXX
Exterior Legal:

País de ESTADOS
Origem: UNIDOS

Nome/Nome Empresarial: JOAO PAULO XXXXX

Qualificação: 05-Administrador

Nome/Nome UNH 1 CO. (Holding) Qualif. Rep. 17-Procurador


Empresarial: Legal:

Qualificação: 37-Sócio Pessoa Nome do ALESSANDRA


Jurídica Domiciliado no Repres. XXXXXX
Exterior Legal:

País de ESTADOS
Origem: UNIDOS

Nome/Nome Empresarial: TANIA XXXXX

Qualificação: 05-Administrador
Emitido no dia 14/07/2019 às 20:26 (data e hora de Brasília). *Sobrenomes de
administradores e procuradores pessoas físicas suprimidos.

Consulta Quadro de Sócios e


Administradores - QSA

CNPJ: 42.120.394/0001-61
NOME
WAYNE INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. (empresa operacional)
EMPRESARIAL:
R$ 101.771.568,00 (Cento e um milhões, setecentos e setenta e um
CAPITAL SOCIAL:
mil e quinhentos e sessenta e oito reais)

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Telefone: (31) 3055-3824. Email: contato@araujoconsultores.com
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O Quadro de Sócios e Administradores(QSA) constante da base de dados do
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) é o seguinte:

Nome/Nome DSR BZ HOLDINGS Qualif. Rep. 17-Procurador


Empresarial: LLC (Holding) Legal:

Qualificação: 37-Sócio Pessoa Nome do EDUARDO


Jurídica Domiciliado no Repres. GONCALVES
Exterior Legal:

País de ESTADOS
Origem: UNIDOS

Nome/Nome Empresarial: FLAVIO XXXXX

Qualificação: 05-Administrador

Nome/Nome Empresarial: EDUARDO XXXX

Qualificação: 05-Administrador

Nome/Nome WAYNE FUELING Qualif. Rep. 17-


Empresarial: SYSTEMS UK HOLDCO Legal: Procurador
LTD(Holding)
Nome do EDUARDO
Qualificação: 37-Sócio Pessoa Jurídica Repres. XXXX
Domiciliado no Exterior Legal:

País de REINO
Origem: UNIDO

Nome/Nome Empresarial: WANIA XXXXXX

Qualificação: 05-Administrador

Emitido no dia 14/07/2019 às 20:38 (data e hora de Brasília). *Sobrenomes


de administradores e procuradores pessoas físicas suprimidos .

HOLDING HOLDING

EMPRESA OPERACIONAL

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3 – NATUREZA JURÍDICA DAS SOCIEDADES: SIMPLES E EMPRESÁRIAS
Conforme art. 982 do Código Civil, existem dois tipos de gêneros de sociedades:
as simples e as empresárias. A referida divisão demonstra que o Brasil perfilha a teoria
da empresa, pressupondo-se que há um tipo negocial típico que caracteriza a empresa:
atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços.
A distinção seria a organização dos meios de produção sob forma de empresa em oposição
as demais atividades negociais caracterizadas como forma de sociedade simples.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade


que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a
registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.(CCB)

Vale registrar que as sociedades cooperativas são sempre sociedades simples. As


sociedades por ações são sempre sociedades empresárias consoante ao parágrafo único
do art. 982 do Código Civil. As sociedades empresárias registram-se no Registro Público
de Empresas nos Estados federados (Juntas Comerciais), uniformizado nacionalmente
pelo DREI (Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração). Já as
sociedades simples sempre se registram em Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas,
ressalvadas as Cooperativas que se registram nas Juntas Comerciais.
Tipos societários simples: i) Sociedade simples “pura”; ii) Cooperativa; iii)
Sociedade Limitada; iv) Sociedade em Comandita simples; v) Sociedade em nome
coletivo.
Tipos societários empresários: i) Sociedade em nome coletivo; ii) Sociedade
Limitada; iii) Sociedade em Comandita simples; iv) Sociedade por ações.
A Medida Provisória nº 881/2019 (convertida na Lei Federal 13.874/2020 – Lei
da Liberdade Econômica) criou a figura da Sociedade Limitada Unipessoal alterando-
se o art. 1.052 do Código Civil, sem limite mínimo capital social de 100 (cem) salários
mínimos, ao contrário da previsão de capital para constituição da EIRELI* (art. 980-A
do Código Civil). Segundo instrução normativa nº 63/2019 do DREI, a “sociedade
limitada unipessoal deverá conter o nome civil do sócio único, acrescido da palavra
“limitada”, por extenso ou abreviada”.

Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos


regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se

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de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às
normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em
conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais
que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da
sociedade segundo determinado tipo.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita
ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio
único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da
sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. (CCB)

Obs.: I Jornada de Direito Comercial (2012): “Enunciado 3. A Empresa


Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um
novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.”
4 – TIPICIDADE SOCIETÁRIA – SOCIEDADES CONTRATUAIS E
SOCIEDADES ESTATUTÁRIAS
Sociedade contratual (contrato social): possui ênfase nas pessoas dos sócios
contratantes e no vínculo contratual recíproco entre eles, sendo que devem ser nomeados
e qualificados no ato constitutivo. Qualquer alteração na composição societária ou na
participação de cada sócio no capital social, deve-se alterar o contrato social para
fielmente retratar a modificação. Portanto, muito importa a afeição entre os sócios
(affectio societatis), sendo o capital social divido em quotas, podendo serem denominadas
Sociedades por Quotas ou Sociedades intuitu personae.
Sociedade estatutária (estatuto social): São também denominadas Sociedades
Institucionais já que o enfoque é a pessoa jurídica constituída sem importância nas
relações recíprocas entre os sócios. O Estatuto Social sequer lista quais são seus sócios
ou acionistas, apenas fazendo-se referência aos sócios que fundaram a pessoa jurídica
conforme ata da assembleia de constituição. Em tese, pelo menos juridicamente, pouco
importa o affectio societatis, sendo que os sócios ingressam ou se retiram sem alteração
estatutária. Os sócios (e cooperados) possuem direitos e deveres para com a sociedade
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institucional, mas não mantêm relações diretamente entre os sócios. As fundações e
associações igualmente adotam o regramento estatutário.
Obs.: Via de regra, qualquer pessoa natural ou jurídica pode ser sócia de uma
sociedade simples ou sociedade empresária (contratual ou estatutária). Há vedações em
sociedade contratuais entre cônjuges casados pelo regime de comunhão universal de bens
e regime de separação obrigatória de bens. Essas vedações não existem em sociedades
estatutárias.
Obs.: Pessoas impedidas de exercer a administração societária (muito embora
possam ser sócios, inclusive, de Holdings): magistrados, membros do MP, servidores
públicos, militares ativos, o falido, moralmente inidôneos por condenação criminal,
estrangeiros com visto temporário.
5 – SOCIEDADES SIMPLES PURA (art. 997 a art. 1.038 do Código Civil)
Conforme art. 983 do Código Civil, a sociedade simples pode ser constituída em
forma de sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade
limitada ou sociedade cooperativa. Ademais, pode ser constituída consoante as normas
que lhe são próprias, isto, é na forma da sociedade simples pura, sociedade simples
comum ou sociedade simples em sentido estrito.
Tanto pessoas naturais quanto pessoas jurídicas podem ser sócios de uma
sociedade simples pura, que será sempre contratual com o registro realizado em Cartório
de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, sendo que há vínculos mútuos e afeição entre os
sócios. É necessário voto unânime para que haja cessão de quotas entre sócios ou
terceiros, mesmo que o opositor possua 1% ou menos de participação, ressalvada previsão
diversa em contrato. A administração da sociedade só pode ser realizada por sócios e não
por terceiros, vendando-se, ainda, o sócio eleger substituto para o exercício de suas
funções. A responsabilidade dos sócios é sempre solidária e ilimitada por todas as
obrigações sociais.
6- SOCIEDADE EM NOME COLETIVO (art. 1.039 a 1.044 do Código
Civil)
Pode ser simples ou empresária. No entanto, só pode ter sócios pessoas naturais,
sendo a sociedade composta a partir do nome civil de um ou dos demais sócios, no todo
ou em parte. Caso não se decidir pelos nomes de todos, emprega-se a expressão
“Companhia” ou “e Cia” ao final da razão social. Os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais. Há vínculos mútuos e afeição entre os sócios. É
necessário voto unânime para que haja cessão de quotas entre sócios ou terceiros, mesmo
que o opositor possui 1% ou menos de participação, ressalvada previsão diversa em
contrato.

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A Lei permite convenção no contrato social de limitação de responsabilidade
entre os sócios, que, contudo, não pode ser oposta a terceiros. Somente sócios podem
figurar como administradores, sendo que no silêncio do contrato, presume-se a
administração simultânea.
7 – SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES (art. 1.045 a art. 1.051 C.
Civil)
Tipo de sociedade contratual rara que pode ser simples ou empresária. O Sócio
Comanditário é o sócio investidor que não administra, sendo que a administração cabe
exclusivamente ao Sócio Comanditado. Os Sócios Comanditários não possuem
responsabilidade subsidiária pelas obrigações sociais inadimplidas, sendo que o Sócio
Comanditado responde pessoalmente com seu patrimônio pelas obrigações sociais. Os
Sócios Comanditados só podem ser pessoas físicas. Os Sócios Comanditários não podem
figurar no nome empresarial, contudo, podem participar das deliberações sociais e
fiscalizar a administração, podendo ser constituído procurador da sociedade para negócio
determinado e com poderes especiais (art. 1.047). O prazo máximo para a existência de
somente uma categoria de sócio é de 180 (cento e oitenta) dias.
8 – SOCIEDADE LIMITADA (art. 1.052 a 1.087 do Código Civil)
Tipo de sociedade contratual que pode ser simples ou empresária. A
responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor não integralizado de suas quotas (art.
1.052), sendo todos os sócios responsáveis solidários por toda a integralização do capital
social. Após integralização total do Capital Social, não há mais a solidariedade, sendo
necessária desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 do Código de Processo
Civil) para atingir o patrimônio pessoal dos sócios.
De forma supletiva aplicam-se as normas das sociedades simples, caso não
existir no contrato social previsão de regência supletiva pela Lei Federal n. 6.404/1976.
O Capital Social é dividido em quotas, podendo-se adotar um de dois sistemas: i) quotas
iguais (quotas de mesmo valor, sendo atribuído ao sócio nº correspondente a sua
participação; ii) uma quota para cada sócio no valor total de sua participação, admitindo-
se quotas desiguais. A quota é indivisível em relação a sociedade, ressalvada alteração
contratual para concentração (grupamento de quotas) ou para dividi-las (desdobramento
de quotas). Porém, pode haver condomínio na titularidade de quotas.
A administração da sociedade será atribuída a uma ou mais pessoas naturais,
sejam sócias ou não, seja por nomeação no contrato social ou ato apartado, podendo todos
serem administradores (administração coletiva ou simultânea). Pode-se eleger Conselho
Fiscal composto por pelo menos 03 pessoas, sejam sócias ou não, vedando-se participação
de administrador, seus parentes e daqueles proibidos por lei de empresariar, devendo-se
fixar remuneração dos conselheiros em reunião ou assembleia de sócios.

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Pode-se proceder as deliberações sociais em reuniões ou em assembleias que são
obrigatórias quando os sócios forem mais de dez (art. 1.072, §1º). A assembleia é
composta por presidente e secretário, devendo ser subscrita pelos membros da mesa e
demais presentes e ser levada ao Registro Público. Será obrigatória a realização de uma
assembleia ordinária anual, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social,
com objetivo de tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço
patrimonial e de resultado econômico. A reunião dispensa formalismos e não necessita
ser escrita. Recomenda-se reduzir a escrito e levar a registro as reuniões mais importantes.
Tanto a reunião quanto a assembleia são substituíveis se as decisões tiverem sido tomadas
por escrito de forma prévia pelos sócios (art. 1.072, §3º). O sócio pode se fazer presente
na assembleia ou reunião por outro sócio ou por advogado, desde que com poderes
específicos.
Obs.: A Lei 13.792/2019 alterou dispositivos do Código Civil, para modificar o
quórum de deliberação no âmbito das sociedades limitadas. Foram alterados os artigos
1.063, § 1º, 1.076 (caput) e 1.085, parágrafo único.

Redação original Redação alterada pela Lei n. 13.792/2019

Art. 1.063
Art. 1.063
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador
administrador no contrato, sua
no contrato, sua destituição somente se opera pela
destituição somente se opera pela
aprovação de titulares de quotas correspondentes a
aprovação de titulares de quotas
mais da metade do capital social, salvo
correspondentes, no mínimo, a dois
disposição contratual diversa. (Redação
terços do capital social, salvo disposição
dada pela Lei nº 13.792, de 2019)
contratual diversa.

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art.


Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as
1.061 e no § 1o do art. 1.063, as
deliberações dos sócios serão tomadas:
deliberações dos sócios serão tomadas:

Art. 1.085 Art. 1.085

Parágrafo único. A exclusão somente Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja
poderá ser determinada em reunião ou apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de
assembléia especialmente convocada um sócio somente poderá ser determinada em
para esse fim, ciente o acusado em tempo reunião ou assembleia especialmente convocada
hábil para permitir seu comparecimento e para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para
o exercício do direito de defesa. permitir seu comparecimento e o exercício do
direito de defesa.

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Obs.: os demais quóruns da Sociedade LTDA encontram-se no art. 1.076 do
Código Civil.
As deliberações em reuniões e assembleias vinculam sócios presentes e ausentes,
bem como os que se abstiveram de votar. Caracteriza-se voto abusivo aquele que se
sobrepõe os interesses individuais ao da coletividade social. Assim, os sócios não podem
votar por interesse pessoal em prejuízo da sociedade. Nesse sentido, é vedado aos sócios,
ainda que por procurador, votar em matéria que lhe diga respeito diretamente (art. 1.074,
§2º). O voto abusivo é ato ilícito que erige dever de indenizar por danos decorrentes. As
deliberações infringentes ao contrato ou a Lei tornam ilimitada a responsabilidade dos
que expressamente as aprovaram (art. 1.080).
9 – SOCIEDADE ANÔNIMA (Lei Federal nº 6.404/1976)
Na Sociedade Anônima ou Companhia, o capital divide-se em ações, sendo que
os sócios ou acionistas possuem responsabilidade limitada a realização dessas ações.
Dessa forma, integralizadas as ações titularizadas pelo acionista, não terá ele
responsabilidade alguma, ainda que subsidiária, pelas obrigações sociais não adimplidas
pela Companhia. Conforme previsão legal, a S/A nunca será uma sociedade simples. É
uma sociedade empresária estatutária e seu ato constitutivo sempre é levado a registro na
Junta Comercial, nos termos da Lei de Sociedades por Ações. O Estatuto Social somente
qualifica os sócios/acionistas fundadores e não há alterações estatutárias quando há
cessão de ações, sendo a transferência realizada em livro próprio. O Estatuto deve definir
o objeto social que pode ser a participação em outras sociedades, isto é, uma Holding. A
Companhia Aberta possui títulos mobiliários negociados nos mercados abertos com
autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), enquanto a Companhia Fechada
não possui títulos negociados em oferta pública.
Requisitos prévios:

Requisitos Preliminares
Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes
requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que
se divide o capital social fixado no estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do
preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro.
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Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as
quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.
Depósito da Entrada
Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo
fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias,
em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá
levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica.
Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses
da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos
subscritores. (Lei Federal nº 6.404/1976)

A Subscrição Pública de valores (Oferta Pública de Ações) depende de


autorização prévia da CVM. Geralmente, as Holdings são constituídas por Subscrição
Particular do capital, seja por assembleia geral de constituição ou por escritura pública.
Obs.: Admite-se no Brasil a chamada Subsidiária Integral, titularizada por uma
única acionista, obrigatoriamente uma empresa brasileira, por meio de escritura pública.
Igualmente, é possível a conversão em Subsidiária Integral se todas suas ações forem
adquiridas pela sociedade brasileira.
As ações (sempre nominativas, já que o nome do titular consta no livro de registro
de ações nominativas), divididas no estatuto social em moeda corrente nacional, podem
ser: i) Ordinárias; ii) Preferenciais; iii) de Fruição, conforme os direitos e vantagens que
confiram em seus titulares. As ações Ordinárias conferem ao titular todos os direitos
sociais. Já as ações Preferenciais determinados direitos sociais são suprimidos em
detrimento de certas vantagens econômicas como prioridade na distribuição de
dividendos, prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele, bem como a
acumulação dessas vantagens.

O capital social, divide-se em ações, cuja cessão não depende da anuência dos
demais sócios, embora o estatuto da companhia fechada possa prever direito de
preferência para os acionistas. Esse direito pode também estar previsto em
acordo de acionistas. A transferência de ações se faz por meio do Livro de
Transferências de Ações, sem alteração no estatuto social. É, portanto, um
processo bem mais simples (MAMEDE, 2019, p. 36)
Obs.: As ações podem ser objeto de penhor, usufruto, alienação fiduciária,
processo de venda, direito de preferência de aquisição, caução, mesmo judicial, devendo
ônus ou cláusula ser averbada no livro de registro de ações nominativas.
O estatuto ou assembleia extraordinária podem autorizar a utilização de lucros ou
reserva de capital no resgate ou amortização de ações. O resgate consistirá no pagamento
do valor das ações com finalidade de retirá-las do mercado cancelando-as. Se o resgate
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ocorrer por meio da utilização de reserva de lucros, não se faz necessário redução do
capital social, bastando-se alteração do valor contábil das ações. Já a amortização consiste
na antecipação aos acionistas, sem redução do capital social, de quantias que poderiam
ser devidas em caso de liquidação, seja de forma parcial ou integral.
As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição,
com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a
amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações
amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a
amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente.
Reembolso: operação na qual a S/A paga aos acionistas dissidentes de deliberação
geral o valor de suas ações. Trata-se de direito de recesso (ou direito de retirada):

Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a
companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembléia-geral
o valor de suas ações.
§ 1º O estatuto pode estabelecer normas para a determinação do valor de
reembolso, que, entretanto, somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio
líquido constante do último balanço aprovado pela assembléia-geral, observado
o disposto no § 2º, se estipulado com base no valor econômico da companhia,
a ser apurado em avaliação (§§ 3º e 4º). (Lei de S/A)

Administração da S/A: está a cargo de um conselho de administração (no


mínimo 03 conselheiros) e de uma diretoria, sendo que as companhias fechadas podem
ter somente diretoria se previsto no estatuto, enquanto as companhias abertas devem
obrigatoriamente possuir ambos os órgãos diretivos. A ata de assembleia geral ou reunião
de conselho de administração que eleger os administradores devem conter sua
qualificação, prazo de mandato, assim como fixar remuneração e benefícios, bem como
ser levada a registro.

Atribuições do Conselho de Administração


Art. 142. Compete ao conselho de administração:
I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições,
observado o que a respeito dispuser o estatuto;
III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e
papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em
via de celebração, e quaisquer outros atos;
IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do
artigo 132;
V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
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VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim
o exigir;
VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de
bônus de subscrição;
VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do
ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a
obrigações de terceiros;
IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.
§ 1o Serão arquivadas no registro do comércio e publicadas as atas das reuniões
do conselho de administração que contiverem deliberação destinada a produzir
efeitos perante terceiros.
§ 2o A escolha e a destituição do auditor independente ficará sujeita a veto,
devidamente fundamentado, dos conselheiros eleitos na forma do art. 141, § 4o,
se houver. (Lei de S/A)

Diretoria(s) da S/A: A representação judicial e extrajudicial compete


privativamente ao(s) Diretor(es). Ressalvada previsão no Estatuto com divisão de
competências ou deliberação do Conselho de Administração, compete todo e qualquer
diretor a representação da S/A e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento
regular. A Diretoria será composta por dois ou mais diretores (pessoas naturais), que são
civilmente responsáveis por condutas que violem o Estatuto ou a Lei, seja por dolo ou
culpa, bem como obtenção ilícita de vantagem pessoal e divulgação indevida de
informação a terceiros e ao mercado que saiba em razão de seu cargo. Os atos praticados
licitamente que não excedam os poderes são considerados praticados em nome da
companhia. Judicialmente, pode-se reconhecer a exclusão de responsabilidade do
administrador se comprovado que agiu de boa-fé e por interesse da sociedade (art. 159,
§6º):

Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e
destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se
inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer:
I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos;
II - o modo de sua substituição;
III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a
reeleição;
IV - as atribuições e poderes de cada diretor.
§ 1º Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço),
poderão ser eleitos para cargos de diretores.
§ 2º O estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência dos
diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria. (Lei de S/A)

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Deveres e Responsabilidades
Dever de Diligência
Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas
funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração dos seus próprios negócios.
Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder
Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe
conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as
exigências do bem público e da função social da empresa.
§ 1º O administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a
companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que para
defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres.
§ 2° É vedado ao administrador:
a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia;
b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do conselho de administração,
tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito
próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens,
serviços ou crédito;
c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia-geral,
qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do
exercício de seu cargo.
§ 3º As importâncias recebidas com infração ao disposto na alínea c do § 2º
pertencerão à companhia.
§ 4º O conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a prática de
atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que
participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais.
Dever de Lealdade
Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter
reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado:
I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a
companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em
razão do exercício de seu cargo;
II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à
obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar
oportunidades de negócio de interesse da companhia;
III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à
companhia, ou que esta tencione adquirir.
§ 1º Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar
sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para
conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de
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modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado
valer-se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem
mediante compra ou venda de valores mobiliários.
§ 2º O administrador deve zelar para que a violação do disposto no § 1º não
possa ocorrer através de subordinados ou terceiros de sua confiança.
§ 3º A pessoa prejudicada em compra e venda de valores mobiliários, contratada
com infração do disposto nos §§ 1° e 2°, tem direito de haver do infrator
indenização por perdas e danos, a menos que ao contratar já conhecesse a
informação. (Lei de S/A)
§ 4o É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada,
por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir
vantagem, para si ou para outrem, no mercado de valores mobiliários.

Ação de responsabilidade civil (Art. 159): Compete à companhia, mediante


prévia deliberação da assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o
administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. A deliberação poderá ser
tomada em assembleia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for consequência
direta de assunto nela incluído, em assembleia-geral extraordinária. O administrador ou
administradores contra os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser
substituídos na mesma assembleia. Qualquer acionista poderá promover a ação, se não
for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembleia-geral. Se a
assembleia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que
representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social. Os resultados da ação
promovida por acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o
limite daqueles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção
monetária e juros dos dispêndios realizados. Essa ação não exclui a que couber ao
acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de administrador.
Conselho Fiscal da S/A: Obrigatoriamente deve estar previsto, mas cabe ao
Estatuto determinar seu funcionamento com permanente ou eventual, sendo sua
remuneração fixada pelo Assembleia geral, considerando-se a função de conselheiro
como indelegável. Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais,
residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido
por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro
fiscal. Nas localidades em que não houver pessoas habilitadas, em número suficiente, para
o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação desses
requisitos. Os conselheiros, assim como os administradores, respondem por dolo ou culpa
quanto ação ou omissão que venha prejudicar terceiros e acionistas. O conselho fiscal
será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em
igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia-geral. Cabem aos membros do
Conselho Fiscal opinar e dar pareceres em contas, fiscalizar, denunciar e supletivamente
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convocar a Assembleia geral, podendo acompanhar a reunião da Administração em que
deva opinar. Se a companhia não tiver auditores independentes, o conselho fiscal poderá,
para melhor desempenho das suas funções, escolher contador ou firma de auditoria e
fixar-lhes os honorários, dentro de níveis razoáveis, vigentes na praça e compatíveis com
a dimensão econômica da companhia, os quais serão pagos por esta. O conselho fiscal
deverá fornecer ao acionista, ou grupo de acionistas que representem, no mínimo 5%
(cinco por cento) do capital social, sempre que solicitadas, informações sobre matérias de
sua competência.
10 – SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES (Lei Federal nº
6.404/1976)
A sociedade em comandita por ações terá o capital dividido em ações e reger-se-
á pelas normas relativas às companhias ou sociedades anônimas, sem prejuízo das
modificações constantes nos art. 281 e seguintes. A sociedade poderá comerciar sob firma
ou razão social, da qual só farão parte os nomes dos sócios-diretores ou gerentes. São
ilimitada e solidariamente responsáveis, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes,
figurarem na firma ou razão social. A denominação ou a firma deve ser seguida das
palavras "Comandita por Ações", por extenso ou abreviadamente. Apenas o sócio ou
acionista tem qualidade para administrar ou gerir a sociedade, e, como diretor ou gerente,
responde, subsidiária e ilimitada e solidariamente, pelas obrigações da sociedade.
Os diretores ou gerentes serão nomeados, sem limitação de tempo, no estatuto da
sociedade, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que
representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital social. O diretor ou gerente que for
destituído ou se exonerar continuará responsável pelas obrigações sociais contraídas sob
sua administração.
A assembleia-geral não pode, sem o consentimento dos diretores ou gerentes,
mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou
diminuir o capital social, criar obrigações ao portador ou partes beneficiárias nem aprovar
a participação em grupo de sociedade. A assembleia-geral não pode, sem o consentimento
dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo
de duração, aumentar ou diminuir o capital social, emitir debêntures ou criar partes
beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de sociedade. Não se aplica à
sociedade em comandita por ações o disposto na Lei de S/A sobre conselho de
administração, autorização estatutária de aumento de capital e emissão de bônus de
subscrição.
11 – FORMAS DE MUTAÇÃO EMPRESARIAL
11.1 – TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA (art. 1.113 Código Civil, art. 220
Lei de S/A)

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Trata-se da conversão de tipo societário sem mudança em seu quadro social, não
demanda dissolução da sociedade, não havendo sua liquidação. A sociedade empresária
é mantida mudando-se apenas a tipologia societária. Deve ser obedecido o regramento do
tipo societário na qual a sociedade será convertida, podendo haver previsão autorizativa
prévia já constante no contrato ou estatuto. É necessária a aprovação por todos os sócios.
A previsão no ato constitutivo para anuência com plausível futura aprovação dispensa a
votação posterior unânime, mas não afasta a preservação da minoria dissidente, que pode
exercer seu direito de retirada, no caso, mais especificamente, direito de recesso.
Obs.: Essa conversão pode ocorrer entre tipo contratual e estatutário e vice-versa.
Atenção: O parágrafo único do art. 221 da Lei de S/A deixa de forma cristalina
que esse regramento de mutação empresarial também se aplica as sociedades contratuais
e não somente as sociedades por ações:
Art. 221. A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou
acionistas, salvo se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o
sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade.
Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de
retirada no caso de transformação em companhia.

No entanto, as obrigações anteriormente contraídas com credores são mantidas


conforme anterior regime até seu adimplemento: a transformação não prejudicará, em
caso algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus
créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia. A
falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que,
no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à
transformação (sob pena de preclusão), e somente a estes beneficiará. (art. 222 da Lei de
S/A e art. 1.115 do CCB).
Essa previsão é relevante quando ocorre transformação em que o tipo originário
prevê responsabilidade subsidiária dos sócios em sociedades transformadas que não
existe esse tipo de responsabilidade como na LTDA e na S/A.

11.2 – INCORPORAÇÃO (art. 1.116 Código Civil, art. 227 Lei de S/A)
A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.
Na incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos
iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos
respectivos estatutos ou contratos sociais. Igualmente, nas operações em que houver
criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das
sociedades do seu tipo. Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta,
as sociedades que a sucederem serão também abertas.
Obs.: Na incorporação, fusão e cisão há mudança no quadro social da sociedades.
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Para que uma sociedade incorpore uma a outra a operação deve ser aprovada por
todas as sociedades envolvidas, conforme o quórum de deliberação de cada tipo
societário:

Tipo Societário Quórum Norma Legal


Sociedade simples pura Unanimidade Arts. 997 e 999 CCB
Sociedade em nome coletivo Unanimidade Arts. 997 e 999 CCB
Sociedade comandita simples Unanimidade Arts. 997 e 999 CCB
Sociedade limitada 75% Art. 1.076, I; art. 1.071, VI
CCB
Sociedade anônima* Maioria dos Arts. 223 e 227 da Lei de
presentes na S/A
assembleia
Sociedade em comandita por Maioria dos Arts. 223, 227, 284 da Lei
ações presentes na de S/A
assembleia e
anuência de diretores
*A aprovação de incorporação da companhia fechada por outra demanda
aprovação dos acionistas que represente metade pelo menos das ações com
direito a voto, forte no art. 136, IV da Lei de S/A, se maior quorum não for
exigido pelo estatuto da companhia.

Após a incorporação, os sócios da incorporada convolam-se em sócios da


incorporadora, mediante necessário aumento de capital social e redistribuição da
participação societária na incorporadora, sendo que esse aumento de capital lastreia-se no
patrimônio líquido correspondente a incorporada, convocando-se peritos para essa
avaliação. Aprovados pela assembléia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a
incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o
arquivamento e a publicação dos atos da incorporação (art. 227).
Obs.: Imunidade tributária: A CRFB/1988 consagra imunidade em relação ao
ITBI para operações de fusão, cisão e incorporação (art. 156, §2º), salvo quando a
atividade preponderante da sociedade for transmissão de imóveis, assim como a Lei
Complementar n. 87/1996 (Lei Kandir, art. 3º, inc. VI) instituiu idêntica isenção tratando-
se de ICMS. (TOMAZETE, 2019, p. 636)
Atenção quanto a responsabilidade por sucessão empresarial forte no art. 129
do Código Tributário Nacional (CTN), conforme jurisprudência do STJ, bem como da
Justiça do Trabalho:

STJ: REsp 923012 / MG - RECURSO ESPECIAL (...). A responsabilidade


tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido,

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as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de
valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor,
desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.

"(...) A hipótese de sucessão empresarial (fusão, cisão, incorporação), assim


como nos casos de aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento
comercial e, principalmente, nas configurações de sucessão por
transformação do tipo societário (sociedade anônima transformando-se em
sociedade por cotas de responsabilidade limitada, v.g.), em verdade, não
encarta sucessão real, mas apenas legal. O sujeito passivo é a pessoa jurídica
que continua total ou parcialmente a existir juridicamente sob outra
"roupagem institucional". Portanto, a multa fiscal não se transfere,
simplesmente continua a integrar o passivo da empresa que é: a)
fusionada; b) incorporada; c) dividida pela cisão; d) adquirida;
e)transformada. (Sacha Calmon Navarro Coelho, in Curso de Direito
Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 9ª ed., p. 701)

Responsabilidade dos Sucessores


Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários
definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela
referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que
relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. (CTN)

11.3 – FUSÃO SOCIETÁRIA (art. 1.119 Código Civil, art. 228 Lei de S/A)
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar
sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. Isto é, cria-se uma
nova sociedade por meio de duas sociedades que são extintas. Somam-se os patrimônios
sociais e os quadros societários, deixando-se de existir os nomes empresariais anteriores
(razão social ou denominação). Não há transferência de patrimônio, assumindo-se a
sociedades fusionada todos os direitos e obrigações das sociedades extintas, inclusive, os
assessórios.
A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá
nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades.
Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das
sociedades para uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre
a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo
de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.Constituída a nova
companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a
publicação dos atos da fusão.

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Obs.: A fusão pode ocorrer entre tipos societários diversos, inclusive, adotando-
se um terceiro tipo na sociedade fusionada, respeitados os limites quanto companhias
abertas da Lei de S/A.

11.4 – CISÃO SOCIETÁRIA (art. 1.119 Código Civil, art. 229 Lei de S/A)

A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio


para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se
a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu
capital, se parcial a versão. Isto é, cria-se novos corpos sociais.
Operações de Cisão
1- Cisão total da sociedade em duas ou mais sociedades criadas na operação,
extinguindo-se a sociedade cindida.
2- Cisão parcial da sociedade, quem se mantém, sendo criada uma ou mais
sociedades novas.
3- Cisão parcial da sociedade, que se mantém, sendo transferidos parte de seu
corpo social e patrimônio para outra ou outras sociedades preexistentes, que a
incorporam.*
4- Cisão total da sociedade, que se extingue, sendo transferidos partes de seu corpo
social e patrimônio para outras sociedades preexistentes que incorporam essas
partes do patrimônio cindido.*
*Nas hipóteses de cisão cumulada com incorporações, devem ser obedecidas
as normas de ambas.
Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do
patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no
ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do
patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos
transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. Na cisão com versão de parcela
do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembléia-geral da
companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números
do artigo 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do
patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembléia de constituição da nova
companhia. A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente
obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227).
Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores
das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o
arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do
patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que
absorver parcela do seu patrimônio. As ações integralizadas com parcelas de patrimônio
da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na
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proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de
todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto.
Obs.: Assim como na fusão, na cisão pode ocorrer entre tipos societários diversos,
inclusive, adotando-se um terceiro tipo na sociedade fusionada, respeitados os limites
quanto companhias abertas da Lei de S/A.
Obs.: SOLUÇÃO DE CONSULTA 8.014/2019 - RESTRIÇÃO DA RECEITA A
REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA:
Na solução de consulta 8.014/2019, de 25/6/2019, a Receita Federal informou que,
quando uma empresa se divide parcialmente, sem nenhuma finalidade econômica, a
operação deve ser desconsiderada para fins de reconhecimento e desconto de crédito
fiscal. Para especialistas, no entanto, essa restrição à transferência de créditos fiscais é
ilegítima. De acordo com a Receita, a operação societária de cisão parcial sem fim
econômico deve ser desconsiderada também na restituição, ressarcimento ou
compensação. "A cisão parcial, desde que possua fim econômico, é uma hipótese legal
de sucessão dos direitos previstos nos atos de formalização societária, entre os quais os
créditos decorrentes de indébitos tributários, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, que passam a ter natureza de créditos próprios da sucessora, se assim
determinarem os atos de cisão sendo, desse modo, válidos para a solicitação de
restituição e compensação com débitos desta para com a Fazenda Nacional" (Fonte:
Conjur)

11.5 – ATOS PRÉ MUTAÇÃO EMPRESARIAL: PROTOCOLO E


JUSTIFICAÇÃO (arts. 224 e 225 Lei de S/A)
Não se deve sumarizar toda a operação de mutação empresarial (seja fusão,
incorporação, cisão) em um único instrumento jurídico como costumam fazer advogados
e contadores incautos. A Lei de S/A prevê o ato de justificação a operação de forma prévia
(art. 225), bem como o protocolo (art. 224). Assim, evita-se entraves jurídicos
posteriormente, evitam-se processos judiciais, especialmente por discrepâncias em
participações sociais, patrimônio social e questões de sucessão tributária e trabalhista.

Protocolo
Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em
sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de
administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá:
I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição
dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar
as relações de substituição;
II - os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no
caso de cisão;
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III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a
avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores;
IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das
sociedades possuídas por outra;
V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução
do capital das sociedades que forem parte na operação;
VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão
ser aprovados para efetivar a operação;
VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a operação.
Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por
estimativa.

Justificação
Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à
deliberação da assembléia-geral das companhias interessadas mediante
justificação, na qual serão expostos:
I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização;
II - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a
modificação dos seus direitos, se prevista;
III - a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do
capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se
deverão extinguir;
IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes.
(Lei de S/A)

A doutrina muito bem explica a necessidade do “protocolo” enquanto instrumento


contratual preliminar para se vincular as partes ao negócio pautado na estimativa de
avaliação da empresa. Se ocorrer divergência entre o estimado e futura celebração, não
há vinculação por força do art. 226 da Lei de S/A:

Não se pense que o protocolo é uma formalidade vazia, sem efeitos. Trata-se de
um contrato firmado entre as partes, ou seja, entre as sociedades, por seus
órgãos de administração, ou pelos sócios, na cisão ou na hipótese de terem, eles
mesmos, firmado o protocolo. Cuida-se de um contrato preliminar, embora
de tipo específico: não é uma promessa de contratar, mas promessa de
negociar, ou seja, de conduzir o processo visando a sua concretização,
embora haja a possibilidade de que não se ultime, se presentes elementos
relevantes para tanto, designadamente uma distorção entre as estimativas
que constavam da justificação/protocolo e os valores efetivamente
encontrados na auditoria e na avaliação de empresas.

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Portanto, o protocolo só obriga as sociedades quando reflita a situação que
foi aferida após a avaliação, ainda que com pequenas variações. Havendo
distorção relevante entre o que se pactuou e o que se encontro, é direito da
sociedade ou mesmo de sócio que tenha aprovado a operação, recursar a
sua concretização em novos termos. Nesse sentido aponta o artigo 226 da
Lei 6.404/76, segundo o qual as operações somente se efetivarão nas
condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do
patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de
capital social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar.
(MAMEDE, 2019, p. 66)

12 – PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E FAMILIAR


12.1 – Estruturação empresarial e centralização administrativa
A partir do momento em que Administradores resolverem utilizar de
reestruturações empresárias, com auxílio de contador e assessor jurídico, as
possibilidades são das mais variadas. Um exemplo é a estrutura multissocietária com uma
ou diversas empresas veículo para se operar o negócio, permitindo-se a descentralização
administrativa. Por outro lado, há Grupos Empresariais que utilizam da estratégia inversa,
com a finalidade de reduzir despesas e unificar a tomada de decisões por meio da
centralização da administração.
A constituição da Holding pode ocorrer para inclusão dos sucessores,
preservando-se a composição societária original da empresa operacional. Adotando-se
sociedades de responsabilidade limitada, seja a LTDA ou a S/A, não haverá
responsabilidade subsidiária da Holding pelas obrigações da sociedade controlada que
estiver sob gestão do sucessor, por exemplo.
A Holding pode centralizar a administração das diversas sociedades operacionais,
estabelecendo seu planejamento estratégico e cobrando-se resultados. Dessa forma, torna-
se um núcleo de gestão empresarial para controle de todo o Grupo Econômico ou mesmo
para influência a sociedade coligada ou de mera participação (na qual não detém controle
acionário).
12.2 – Elisão de conflitos familiares
A constituição da Holding Familiar auxilia a conter conflitos entre os entes no seio
familiar, já que potenciais conflitos de direito de família e sucessões, passam a ser
tutelados pelo direito societário, respeitando-se as normas contratuais ou estatutárias do
ato constitutivo, acordos parassociais, bem como o regramento da própria Lei, inclusive
com a possibilidade de utilização da arbitragem como sucedâneo do Poder Judiciário,
caso tiver previsão de cláusula compromissória arbitral no ato constitutivo.
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Ademais, por meio da Holding Familiar afasta-se a querela familiar da sociedade
operacional (de produção), ficando contido o conflito no quadro societário da Holding,
sem alteração na tomada de decisões ou oscilações no quadro societário da sociedade
operacional. Isto é, a família vota em uníssono enquanto sociedade controladora nas
deliberações nas sociedades controladas ou coligadas.
Dessa forma, sócios (inclusive sócios sucessores) eventualmente vencidos em
deliberações no quadro da Holding não podem se associar com terceiros para
enfraquecimento do controle com outros sócios da sociedade operacional.
12.3 – Equilíbrio na divisão de tarefas e cargos
De forma corriqueira, confunde-se o administrador com o empresário e a própria
empresa, em detrimento dos demais sócios, e, principalmente, dos sócios minoritários.
Deve-se valorizar a condição de sócio, já que pode enquanto titular de capital, remunerado
conforme os resultados sociais, participar das deliberações e fiscalizar a administração
empresarial:

A cultura empresarial brasileira sobre valoriza a figura do administrador


societário. A ideia reinante é de que o administrador é o dono da empresa. Em
boa medida, isso se deve à não assimilação da cultura societária. Revelamos a
uma grande dificuldade de superar o contexto econômico do século XIX,
quando as atividades mercantis eram conduzidas por comerciantes individuais.
No entanto, na segunda década do século XX, editou-se o Decreto n. 3.708/19,
criando-se a sociedade por quotas de responsabilidade limitada. A perspectiva
de não responder pelas dívidas sociais, para além do capital investido, fez com
que a maioria desses negócios individuais fosse transformada em atividades
societárias. Mas, eram situações de direito, ou seja, situações constituídas
apenas no papel, e não de fato. Na realidade cotidiana da empresa, havia um
dono: o sócio majoritário e administrador societário, relegando para um
segundo plano a figura dos demais sócios. (MAMEDE, 2019, p. 77)

Ademais, não é a mera situação de sucessor ou mesmo sócio, que obriga a


sociedade a criar um cargo, deixando-o disponível, mesmo que o sócio ou sucessor não
tenha qualificação técnica necessária para gestão do negócio, lembrando-se que o
administrador, via de regra, assume maior ônus pelo atos de gestão, inclusive, quanto aos
atos praticados extrapolando-se os poderes conferidos no ato constitutivo. Ademais, é
comum que o administrador seja fiador ou avalista de empréstimos contratados pela
sociedade com as instituições financeiras, revelando-se, na verdade, ser posição técnica
com muitos ônus, inclusive, quanto a dedicação de tempo que é maior que a média das
profissões.

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Nesse sentido, os sucessores devem ser preparados para não terem na sociedade
empresária familiar uma fonte principal de emprego, mas apenas como investimento de
capital rentabilizado e profissionalmente conduzido em benefício de todo do quadro
societário. Herdeiros exclusivamente dependentes da rentabilidade da empresa
convolam-se em um problema grave, que leva a ruptura do quadro societário e a derrocada
do negócio.
Desse modo, pode-se distribuir as atribuições entre os familiares da seguinte
forma:

Holding: Todos os familiares são diretamente sócios, auferindo-se


rentabilidade das participações em sociedades controladas e coligadas, com
dividendos proporcionais, independente ou não de trabalho em prol do Grupo
Empresarial.
Sociedades operacionais: aqueles que mostram disposição e vocação para
atuar nas empresas ocupam diretamente posições no organograma da sociedade
operacional, recebendo-se pro labore enquanto administrador, ou até mesmo
salário a depender da função, além de forma de remuneração indireta (fringe
benefits).

Atenção: quanto a distinção de participação nos lucros e dividendos enquanto


direito de todo e qualquer sócio, ao revés, o pro labore é remuneração somente dos sócios-
administradores que desempenham funções diretamente na sociedade, ou mesmo de
sócios assalariados na sociedade, quando não desempenham cargo propriamente de
administração. Dessa forma, ao se constituir uma Holding, deve-se ter respeito pela
adequada distribuição de lucros e dividendos enquanto direito de todos os sócios,
inclusive, aos minoritários, sob pena da correta distribuição ser realizada mediante
provocação do Poder Judiciário, em punição ao mau administrador.
12.4 – A Holding para profissionalização da gestão
Noutro bordo, pode-se utilizar a Holding Familiar para afastar toda a família da
administração e execução dos negócios, mantendo-se somente o controle pela Holding
das sociedades operacionais com administração técnica contratada. Os sistemas de
administração altamente intervencionistas por sócios inábeis podem gerar engessamento
na tomada de decisões e, consequentemente, perdas competitivas.
Além disso, é muito mais fácil o desligamento do administrador profissional
contratado frente a demissão de um administrador familiar, que sempre será desgastante
provocando-se perdas para a sociedade e para as relações afetivas. O mesmo votante que
elege o administrador profissional, irá fiscalizar sua gestão, bem como é suficiente para
o seu desligamento.

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Como forma de contornar a perda de cargos, pode-se criar na Holding diversos
rótulos como Presidente, Diretor-Presidente, Diretor-Executivo, Diretor Comercial, eis
que na sociedade em que seu objeto social é a participação em demais empresas,
praticamente, não há atos negociais e de gestão pelos seus dirigentes.
12.5 – Proteção do Controle em Sociedades Operacionais
A Holding Familiar permite maior controle das sociedades operacionais, já que
em caso de falecimento do ascendente não causa perda de poder de controle em razão da
fragmentariedade da participação no quadro social, por redistribuição de quotas ou ações
entre herdeiros com capital votante individual bem menor.
Ademais, protege-se de hostilidades de terceiros estranhos ao quadro social, em
caso de penhora de quotas da Holding de um herdeiro que se endividou em vida, sendo
que a penhora das suas quotas na Holding nada altera a participação desta no controle da
sociedade operacional.
Ainda, se a Holding for constituída enquanto sociedade contratual, é possível
exercício de direito de oposição por quórum qualificado, evitando-se que o herdeiro possa
alienar suas quotas a terceiro que ingressaria na sociedade, sendo lícito ao contrato social
elevar o quórum para entrada de terceiros, e, inclusive, prever a unanimidade para
aprovação.
Noutra perspectiva, quanto a possibilidade de atos expropriatórios pelo Estado,
inclusive, em decorrência de processo de execução, observa-se a possibilidade de penhora
de quotas, bem como o consequente leilão e transferência a terceiro estranho ao quadro
social, mas será mera transferência de expressão patrimonial, sem caso de cláusula de
aprovação ou oposição. Assim, caso o terceiro que adjudicou as quotas não seja aceito no
quadro societário, só fará jus a liquidação correspondente e apuração de seus haveres.
Nesse caso, se a Holding promover o pagamento ao terceiro após período de contenda,
em nada modificaria sua participação na sociedade operacional.
Nas sociedades por ações, se a Holding ou seus sócios adjudicarem os títulos
(ações), o sócio devedor perderá sua participação, mas o restante da família manterá
intacta a Holding e seu patrimônio societário. Nesse sentido, mesmo que por
determinação legal as ações sejam títulos de circulação ampla, é possível incluir no
estatuto que sua circulação seja restrita a bem da coerência societária, o que será permitido
caso ocorra discussão perante o Poder Judiciário quanto ao caráter de sociedade intuito
pecuniae (em contraposição a sociedade intuito personae, como a LTDA), bastando-se
deixar claro que não há prejuízos aos credores do sócio devedor, de forma a evitar o
ingresso de um terceiro estranho aos quadros sociais.
12.6 – Proteção em razão de divórcios

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Em virtude de divórcio, principalmente, de herdeiros, é possível, no ato de
constituição da Holding fazer doação de quotas ou ações gravadas com cláusula de
incomunicabilidade, evitando-se ser objeto de partilha em divórcio, podendo-se,
igualmente, gravar os títulos (quotas ou ações) com cláusula de inalienabilidade (art.
1.911 do CCB) que importa em impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Nessa esteira, a participação doada corresponde a legítima de herdeiro (50% da
sua proporção do autor da herança), devendo a cláusula estar fundamentada conforme art.
1.848 do CCB: Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador
estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade,
sobre os bens da legítima.
Caso a Holding for constituída em forma de sociedade contratual, há limitação de
ingresso do credor divorciado, pelo art. 1.027 do CCB, sendo possível somente a
liquidação de suas quotas para pagamento em dinheiro: Os herdeiros do cônjuge de sócio,
ou o cônjuge do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que
lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se
liquide a sociedade.
Nas S/A, não há a previsão do art. 1.027 do CCB para ingresso de ex-cônjuge,
devendo a limitação se incluída no estatuto em face de adquirente de ações por penhora,
leilão, adjudicação, herança e divórcio, devendo o reembolso ao credor ocorrer conforme
a Lei de S/A. Dessa forma, apesar de não ser possível evitar que se obtenha a vantagem
patrimonial, é possível evitar o ingresso do terceiro na Holding.
12.7 – Planejamento estratégico de negócios
Obviamente, a Holding não se presta apenas para proteção do patrimônio familiar
como já apresentado. A Holding é instituto jurídico que possui diversas utilizações
conforme a estratégia empresarial.
A Holding serve por exemplo, para afastamento de riscos, distanciando-se o
investidor e seu patrimônio da própria operação. É possível adquirir participações
societárias em sociedades consideradas estratégicas. É possível agrupar operações (fusão
e incorporação) ou desagrupar (cisão). A Holding permite a conservação de uma única
unidade de tomada de decisões, mesmo quando objetiva-se diferentes mercados por
sociedades operacionais. Inclusive, é possível escolher para expansão territorial opções
como sociedades operacionais de franquia, subsidiária integral, ou mesmo joint ventures
(sociedade de risco compartilhado)
12.8 – Offshore Company
É importante frisar que não há nada de ilegal quanto a utilização de empresas
Offshore, bastando-se exemplificar que o próprio Branco do Brasil Cayman’s e Petrobras
Internacional Finance Company, são empresas controladas de empresas estatais
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brasileiras. No entanto, quando sediadas em países de tributação favorecida (país que
tribute a renda em alíquota inferior a 20% ou quando não permita saber o quadro social
das empresas sediadas), deve-se respeitar as regras da IN RFB nº 1.037/2019, bem como
regras quanto a preço de transferência – art. 18 e segs. da Lei Federal nº 9.430/1996.
13 – O PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO
Deve-se ter em tela que a sucessão é inevitável. Vulgarmente, evita-se o tema em
razão de trabalhar-se com a morte, pressupondo-se que essa ocorrerá na velhice mais
longeva. No entanto, a falta de planejamento sucessório pode causar grave crise familiar
e empresarial, ante a perda de cultura corporativa, memória empresarial, bem como
substituição de uma administração que se qualificou por décadas, por uma gestão
desavisada por neófitos.
Planejar a sucessão significa organizar o processo de transição do patrimônio
levando em conta aspectos como (i) ajuste de interesses entre herdeiros na administração
dos bens, principalmente quando compõem capital social de empresa, aproveitando-se
da presença do fundador como agente catalizador de expectativas conflitantes, (ii)
organização do patrimônio, de modo a facilitar a sua administração, demarcando com
clareza o ativo familiar empresarial, (iii) redução de custos com eventual processo
judicial de inventário e partilha que, além de gravoso, adia por demasiado a definição
importantes na continuidade da gestão patrimonial, e, por último, (iv) conscientização
acerca do impacto tributário dentre as várias opções lícitas de organização do
patrimônio, previamente à transferência, de modo a reduzir seu custo. (PRADO, Roberta
Nioac; PEIXOTO, Daniel Monteiro; SANTI, Eurico Marcos Diniz
(Coordenadores).Estratégias Societárias, Planejamento Tributário e Sucessório. 2ª
edição - Série GVlaw. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 193.)
DESPESAS COM INVENTÁRIO JUDICIAL

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos


- ITCD (Lei MG nº 14.941, de 29/12/2003) Alíquota: Regra: 05%
Art. 10. O imposto será calculado aplicando-se a alíquota de 5% (cinco por cento)
sobre o valor total fixado para a base de cálculo dos bens e direitos recebidos em
doação ou em face de transmissão causa mortis.
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá conceder desconto, nos termos do
regulamento:
I - na hipótese de transmissão causa mortis, de até 20% (vinte por cento) do valor do
imposto devido, desde que recolhido no prazo de até noventa dias contados da abertura
da sucessão;

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II - na hipótese de doação cujo valor seja de até 90.000 (noventa mil) Ufemgs, de até
50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto devido, desde que recolhido pelo
contribuinte antes da ação fiscal.

Tabela Inventário TJMG (Valor de Custas prévias (RS)


Causa)*
de 373.991,98 Até 575.372,29 2.317,61
de 575.372,30 Até 753.163,47 2.461,34
de 753.163,48 Até 1.150.744,58 3.909,40
de 1.150.744,59 Até 1.438.430,72 4.053,13
de 1.438.430,73 Até 1.506.610,79 4.771,77
de 1.506.610,80 Até 2.510.924,57 6.733,66
Acima de 2.510.924,57 8.343,41
* https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/processos/custas-emolumentos/tabela-de-
custas-1-instancia-2019.htm

Tabela OAB/MG de honorários em Inventário*


Honorários de 6% sobre o monte-mor, observado o mínimo de R$4.000,00
*<https://www.oabmg.org.br/areas/tesouraria/doc/tabela%20de%20honor%C3
%A1rios.pdf>

Simulação Sucessão Judicial em MG R$


Bens Partilháveis (monte mor) 3.000.000,00
Custas judiciais prévias 8.343,41
ITCD (ou ITCMD) 05% 150.000,00
Honorários advocatícios 06% 180.000,00
Total Despesas 338.343,41

13.1 - Herança e testamento


Inicia-se a sucessão e a tutela do direito sucessório com a morte (droit de saisine).
Pelo princípio da saisine, a herança se transmite-se imediatamente aos herdeiros legítimos
e testamentários. Artigo 1.784 do Código Civil: Aberta a sucessão, a herança transmite-
se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
A sucessão para os herdeiros legítimos dá-se por força de lei (legítima de
herdeiros), sendo que a sucessão para os herdeiros testamentários faz-se por disposição
de última vontade (legado). Pelo falecimento sem testamento (sucessão intestada ou
sucessão legítima), a herança transmite-se aos chamados herdeiros legítimos, nas
proporções do Código Civil.

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São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, a eles
pertencendo, de pleno direito, a metade dos bens da herança, o que é chamado de a
legítima (artigos 1.845 e 1.846 do Código Civil), havendo entendimento que o
companheiro se equipara ao cônjuge:

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o


cônjuge.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos
bens da herança, constituindo a legítima. (CCB)

Atenção: Na Declaração de Inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código


Civil, no julgamento dos Recursos Extraordinários 878.694/MG e 646.721/RS, o
Supremo Tribunal Federal, em repercussão geral, fixou a seguinte tese: “É
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros
prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002”. No entanto,
nada expressou o STF quanto ao art. 1.845, permanecendo-se a querela se o companheiro
é ou não herdeiro necessário equiparando-se ao cônjuge.
Sucessão testamentária (por testamento ou sucessão ab intestado): segue-se
as disposições de última vontade do falecido, expressadas por meio de um testamento. O
poder de testar, contudo, não é irrestrito. Entre outras limitações, se há herdeiros
necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança: Art. 1.789. Havendo
herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

Herança
- Legítima: 50 % dos bens destinam-se, por lei, aos herdeiros necessários
-Testamento: 50 % dos bens podem ser objeto de disposição de última vontade.

Obs.: ascendentes só possuem direito à herança se não há descendentes. Se há,


não herdam. Já o cônjuge terá direito a participar da herança mesmo havendo
descendentes, ressalvadas previsões legais:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

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Obs.: É possível atribuir, por meio de testamento, determinados bens para cada
possível herdeiro mesmo se, em face dessa distribuição, um herdeiro receber mais do que
o outro, desde que respeitada a legítima.
13.2- HOLDING NA SUCESSÃO HEREDITÁRIA
A harmonização do direito sucessório e direito societário oferece alternativa mais
profícua que o planejamento futuro da família e da corporação empresarial. Isto é, a
morte causará apenas danos sentimentais e não danos patrimoniais, sendo que todos os
herdeiros são sócios da holding e, assim, participam dos lucros da(s) empresa(s), assim
como já está definida a administração das atividades corporativas.
Nesse caso, a sucessão hereditária faz-se não nos bens ou na empresa ou na
participação societária nas sociedades operacionais, mas na participação societária na
Holding (ações ou quotas). Contudo, deve-se decidir se a transferência das quotas ou
ações da sociedade de participação se fará antes ou após a morte.
➔ Se antes, a transferência se fará por doação, caracterizando adiantamento de
legítima, ou seja, entrega antecipada que caberia aos herdeiros necessários
após a morte. Aliás, pode haver inclusive a doação da parte disponível do
patrimônio que não prejudique a legítima de herdeiros.
➔ Se a preferência é a transferência após a morte, deve-se utilizar do testamento;
assim, o controle da holding se mantém com os ascendentes, sendo transferido
para os descendentes apenas após a morte.
Obs.: Alternativamente, há o recurso ao usufruto: transfere-se aos herdeiros
apenas a nua propriedade dos títulos societários (quotas ou ações), mantendo o genitor a
condição de usufrutuário, ou seja, podendo exercer os direitos relativos àqueles títulos
(podendo manter a administração da Holding e, com ela, o controle das sociedades
operacionais e demais investimentos da família).

13.3 – CLÁUSULAS RESTRITIVAS (INCOMUNICABILIDADE E


INALIENABILIDADE)
Noutro bordo, o planejamento sucessório permite aos pais proteger patrimônio
que será transferido aos filhos por meio de cláusulas de proteção (cláusulas restritivas).
i) Cláusula de incomunicabilidade: para evitar problemas com cônjuges,
basta fazer a doação das quotas e/ou ações com essa cláusula para que os títulos
fiquem excluídos da comunhão, embora não excluam os frutos percebidos durante
o casamento (esses frutos são dividendos e juros sobre o capital próprio).
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

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I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula
de incomunicabilidade;
Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente
não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
(CCB)

ii) Cláusula de inalienabilidade: essa cláusula imposta aos bens por ato de
liberalidade implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. No entanto, é
preciso cautela em relação à operação quando alcance a legítima. Com efeito, por
força do artigo 1.848 do Código Civil, salvo se houver justa causa, declarada no
testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade,
impenhorabilidade e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima, devendo
o ato ser levado do Registro Público para oposição em relação ao cônjuge e
terceiros:

Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de


liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua
alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante
autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre
os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode
o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e
de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima
em outros de espécie diversa.
(CCB)

14 - PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO POR MEIO DE HOLDING


A afirmação que a Holding é sinônimo de planejamento tributário pode ser um
engodo! A Holding é instrumento jurídico para engenharias empresariais societárias que
pode ter benesses de proteção patrimonial, planejamento sucessório, e, a depender do caso
concreto, realizando-se análise contábil-fiscal, pode ser um expediente de planejamento

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tributário. A depender da conjuntura empresarial ou familiar, a abertura da Holding pode
não se relevar uma alternativa viável.

FASES DE IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO


- Plano de ação bem delineado e fluxograma para fases sistematizadas de:
• análise da atividade econômica do contribuinte;
• escopo do planejamento tributário de modo a trabalhar de forma eficaz os
recursos;
• a elaboração prévia a implantação com a devida projeção (aos fatos
passados já ocorridos e fatos pro futuro ainda não concretizados) com fito
de se mensurar abstratamente a economia e riscos jurídicos;
• testes e negociação com demais setores do contribuinte que podem ser
afetados pela escassez de recursos;
• contratar para a execução e acompanhamento profissionais com
conhecimentos especializados preferencialmente pagando-se pelas horas
trabalhadas (pro labore, ou, em inglês, timesheet) e não somente com base
em diminuição de perda (honorários ad exitum, ou, em inglês, success fee).

14.1 – Propósito Negocial (atividade econômica substantiva)

Elisão (licitude) <= Elusão/Elisão Ineficaz => Evasão Fiscal

A questão intermediária e de maior monta é a chamada elusão tributária ou elisão


ineficaz que é incapaz de atingir sua finalidade de economia fiscal, eis que calcada em
negócio jurídico lícito somente formalmente. Marciano Seabra de Godoi (p. 237, 2007)
pondera que elusão trata-se de “conjunto das condutas pelas quais o contribuinte procura
evitar a incidência da norma tributária mediante formalizações jurídicas artificiosas e
distorcidas.”

(...). Ainda que existam especificidades técnicas no sistema de cada país, há três
parâmetros muito recorrentes para diferenciar a elisão da elusão : 1. o manifesto
artificialismo das configurações ou formalizações jurídicas adotadas pelo
contribuinte (abuso de forma, abuso das possibilidades de configuração que o
direito positivo oferece, fraude à lei), 2. a completa inexistência de um motivo
não-tributário que possa explicar ou justificar a escolha do contribuinte por
aquelas formas jurídicas artificiosas e 3. a vulneração que seria promovida nos
propósitos da lei e do sistema tributário, caso pudesse prevalecer o esquema
montado pelo contribuinte. (GODOI, Marciano, p. 237, 2007)

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Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato
gerador e existentes os seus efeitos:
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do
fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação
tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
(Incluído pela LC nº 104, de 2001). (Código Tributário Nacional)

O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO justifica-se por negócio jurídico com


propósito negocial legítimo e substrato econômico que não seja tão-somente a
economia ao pagamento de tributo!
DETECÇÃO DE ELISÃO FISCAL: No direito comparado encontram-se dois
testes principais para detectar a elisão abusiva: o teste do propósito negocial (business
purpose test) desenvolvido nos Estados Unidos, que sinaliza no sentido de que não devem
produzir efeitos contra o Fisco os negócios jurídicos que tenham por finalidade única a
obtenção da economia do tributo; o teste da proporcionalidade, adotado pelo art. 42 do
Código Tributário alemão, que considera ter havido abuso de forma (...) quando for
escolhida uma forma jurídica inadequada, que resulte numa vantagem não prevista em lei
sem que o contribuinte comprove o fundamento não tributário da escolha, significativo
de acordo com o quadro geral das circunstâncias. (TORRES, p. 9, 2013; grifamos)
14.2 – Tributos em espécie
Logo, sabe-se que no Brasil a transferência de bens, entre vivos (inter vivos) ou
causada pela morte (causa mortis), é tributada em alíquota de 05% em média conforme
Lei Estadual de ITCD do Estado de Minas Gerais.
Ademais, a doação em vida das quotas ou ações é menos burocrática, evita a crise
empresarial e querelas familiares, sendo menos onerosa que o complexo processo de
inventário (ainda que extrajudicial) ou mesmo que a sucessão por testamento.
A pessoa jurídica tem a faculdade de provisionar sua receita, para além de formar
reservas de lucros. Logo, as rubricas que se podem converter em renda auferida não se
tornam imediatamente disponíveis e, portanto, elidindo-se a tributação. Ademais, pode-
se inclusive se utilizar da reserva de lucros para acrescer ao capital social da companhia.
Ainda, a Holding enquanto ente centralizador de tomada de decisões é certamente
um ganho em conformidade corporativa e uniformização de cultura organizacional,
centralizando-se o desenvolvimento de planejamento tributário por empresas veículo,
análise de benefícios fiscais, bem como contendo-se o risco jurídico com melhores
práticas fiscais e de compliance.

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Atualmente, os três regimes de tributação possíveis para esse tipo societário é o
lucro real, presumido ou arbitrado. Identifica-se, todavia, o lucro presumido como o
regime mais utilizado em Holdings patrimoniais, haja vista as vantagens tributárias que
ele oferece. Para se optar pelo presumido, a empresa deverá ter receita bruta anual igual
ou menor a R$ 78 milhões, e não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de impedimento
do artigo 14, da Lei 9.718/1998.
Imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ): Da receita bruta auferida pelos
alugueis da holding, por exemplo, quando optante pelo lucro presumido, somente 32% é
tributado. Desse modo, sobre tal base de cálculo (32% da receita bruta) incidirá o IRPJ
com alíquota de 15%, ou seja, a tributação efetiva do imposto de renda será de 4,8% sobre
a receita total auferida.
Salienta-se, que há o adicional de 10% sobre a receita que exceder R$ 20.000,00
multiplicado pelo número de meses do período de apuração do imposto, podendo ser
trimestral ou anual. Em outras palavras, incidirá o adicional sobre o que exceder R$ 60
mil no trimestre. Mesmo quando computado o adicional de alíquota, a tributação na
pessoa jurídica é expressivamente menor do que aquela arcada na pessoa física,
comumente na casa dos 27,5%.
Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL): Sobre o lucro presumido de
32% da receita bruta incidirá a contribuição social de 9%, o que representa uma alíquota
efetiva de 2,88%. (Artigos 3º e 31 da Instrução Normativa da SRF 390/2004).
PIS/COFINS: A Holding patrimonial, no lucro presumido, será tributada em
0,65% a título de PIS e 3% de Cofins. (Artigos 2º e 3º, Lei 9.718/1998).
Atividade: Locações de Imóveis - Tributação

Holding: 11,33% Pessoa Física: 27,5%

Logo, ao tomar como exemplo um patrimônio que gera R$ 20 mil mensais de


alugueis, estando na pessoa física, haverá a obrigação de recolher aos cofres públicos R$
5.504,80 de impostos. Já ao analisar o mesmo cenário do prisma da holding patrimonial,
o valor a recolher seria de R$ 2.266,00. Portanto, no presente caso haveria uma redução
tributária de 59%, o que representaria monetariamente, aproximadamente, R$ 39 mil de
economia anual.
IR sobre ganho de capital: Diferentemente do que ocorre na pessoa física,
quando um imóvel é alienado via Holding, eventual ganho de capital é tributado em
6,73% e não em 15%. Sendo assim, a venda de bens dentro da pessoa jurídica é muito
menos onerosa, sobretudo nos casos em que há ganho de capital.

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ITCMD ou ITCD: O Imposto de transmissão causa mortis e doação incide toda
vez que houver transmissão de bens e direitos a outrem, seja em virtude de falecimento
ou doação inter vivos. No estado do Paraná o ITCMD é de 4% sobre o valor da operação,
sendo o ITCD-MG com alíquota base de 05%. Diferentemente do que ocorre quando não
há um planejamento sucessório, que o ITCMD deve ser pago integralmente no momento
do recebimento da herança, na Holding é possível fazer a alienação das cotas sociais em
vida para cada herdeiro, resguardando-se como usufrutuário, pagando assim o imposto de
modo fracionado.
14.3- Informação da Receita Bruta nas Obrigações Acessórias
A obrigação principal decorrente do pagamento do tributo não existe no caso da
Holding pura, pois a receita bruta relativa à percepção de lucros ou dividendos não se
sujeita à percepção de lucros ou dividendos não se sujeita à tributação. Mas, esse fato da
não tributação não exime a apresentação das obrigações acessórias pertinentes ao regime
de tributação.
Dessa forma, a Holding se sujeita às seguintes obrigações acessórias, observando
os requisitos específicos de cada uma delas:

Obrigação acessória Normativa


CBE – Capitais Brasileiros no Exterior Resolução CMN no 3.854, de 27 de maio
de 2010
DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Instrução Normativa RFB no 1.599/2015
Tributários Federais
DIRF – Declaração do Imposto de Renda Instrução Normativa RFB no 1757/2017
Retido na Fonte
DME – Declaração de Operações Instrução Normativa RFB no 1761/2017
Liquidadas com Moeda em Espécie
ECD – Escrituração Contábil Digital Instrução Normativa RFB no 1774/2017
ECF – Escrituração Contábil Fiscal Instrução Normativa RFB no 1422/2013
EFD – Contribuições – Escrituração Fiscal Instrução Normativa RFB no 1252/2012
Digital da Contribuição para o Pis/Pasep,
da Cofins e da Contribuição
Previdenciária sobre a Receita Bruta
PER/DCOMP – Pedido de Restituição, Instrução Normativa RFB no 1717/2017
Ressarcimento ou Reembolso e
Declaração de Compensação
SISCOSERV – Sistema Integrado de Instrução Normativa RFB n o 1277/2012
Comércio Exterior de Serviços,
Intangíveis e Outras Operações que
Produzam Variações no Patrimônio

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15 - CONSTITUIÇÃO DE HOLDING
15.1 – HOLDING ENQUANTO SOCIEDADE SIMPLES “PURA”
Quando se opta pela constituição de uma sociedade simples, ainda que sob a forma
de sociedade limitada, afasta-se a aplicação da Lei Federal 11.101/05 quanto a pedido de
falência e recuperação (extra)judicial de empresa. Em caso de inadimplemento, a Holding
ficaria submetida ao processo de insolvência, previsto no Código Civil e no Código de
Processo Civil, sendo bem distinto e gravoso.

Sociedade - Registro em Cartório de Registro Público de Pessoas Jurídicas;


simples - Não está submetida à Lei 11.101/05: não pode pedir
recuperação judicial ou extrajudicial;
- Submete-se ao processo de insolvência civil (Código Civil e
Código de Processo Civil);
Obs.: Companhias S/A são obrigatoriamente sociedades
empresárias e sempre se submetem ao registro nas Juntas
Comerciais.
Sociedade - Registro nas Juntas Comerciais regulamentadas pelo
empresária Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração -
DREI.
- Submissão à Lei 11.101/05: pode pedir recuperação judicial ou
extrajudicial; sua insolvência processa-se sob a forma de
falência.

15.2 - SOCIEDADE CONTRATUAIS x SOCIEDADE ESTATUTÁRIA


A dicotomia sociedade intuitu pecuniae (em regra, sociedade por ações) pode-se
aproximar-se e se tornar uma sociedade intuitu personae (em regra, sociedade
contratual).
Portanto, deve constar no ato constitutivo (contrato social ou estatuto) cláusulas
que protejam o caráter excepcionalíssimo da sociedade de participação, principalmente,
se familiar. Deve-se atentar para a Lei de S/A, pois não se poderá prever o direito de
oposição à alienação de participação societária a terceiros, mas o direito de preferência à
sua aquisição, nas mesmas condições.
15.2.1 – Holding em forma de Sociedade Limitada
Não resta dúvidas que a Sociedade limitada. Trata-se de um dos tipos mais
utilizados para a constituição de Holding, podendo ser simples ou empresária. A ampla
utilização fundamenta-se na responsabilidade de cada sócio pelas obrigações da
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sociedade que é restrita à integralização do capital social. Como na Holding essa
integralização se faz com a constituição, por meio de participações societárias e outros
bens, não haverá mais falar em responsabilidade pessoal.
Obs.: Na sociedade LTDA, a proteção legal à alienação de quotas é mais frágil do
que nas demais sociedades contratuais, já que as quotas podem ser livremente cedidas de
um sócio para outro, alterando um eventual equilíbrio das participações societárias, da
mesma forma que a cessão para terceiros estranhos é facilitada: basta a anuência de 75 %
do capital social. (Sugestão: aumentar o quórum no contrato social).
As fragilidades da estruturação da LTDA podem ser sanadas por meio de cláusulas
dispostas no contrato social: a previsão da necessidade de aprovação unânime para a
cessão de quotas, seja para sócios, seja para não sócios, bem como a elevação de demais
quóruns (até a unanimidade se aprazível). Não se permite a integralização do capital por
meio de prestação de serviços na LTDA, mas permite a nomeação de administrador
societário que não seja sócio. Outra vantagem é a possibilidade de constituição de
conselho fiscal.
15.2.2 – Holding em forma de Sociedade por Ações
Um dos diferenciais da escolha da Holding em forma de Sociedade por Ações é a
possibilidade de utilização de debêntures (valor mobiliário que confere ao titular direito
de crédito em face da S/A artigo 52 da Lei 6.404/76), sendo importante instrumento de
expansão patrimonial, com fracionamento das debêntures a 01,00 real cada por exemplo.
Isto é, mais que permitir o controle e participação em sociedades operacionais, há
possibilidade de ampliação do capital social.

MP DA LIBERDADE ECONÔMICA PREVÊ EMISSÃO DE DEBÊNTURES POR


LIMITADAS
Fonte: Valor – em 31/07/2019
Tipo de empresa mais utilizado no país, a sociedade limitada deve passar por mudanças
substanciais com a votação da Medida Provisória nº 881/2019 (MP
da Liberdade Econômica). O texto aprovado na comissão mista do Congresso
autoriza o uso de novos instrumentos para a busca de investidores e recursos,
como emissão de títulos de dívida (debêntures), e acaba com a necessidade de
sócios "fictícios" para sua existência.
(Obs.: convertida na Lei Federal 13.874/2020 – Lei da Liberdade Econômica)

No entanto, o artigo 176 da Lei 6.404/76 determina a publicação, anualmente, do


balanço patrimonial e das demonstrações financeiras, o que implicaria em maior
publicização de informações e custos operacionais:

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Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras,
que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as
mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV - demonstração das origens e aplicações de recursos.
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos
valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os
pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não
ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é
vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou
"contas-correntes".
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo
a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela
assembléia-geral.
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros
quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento
da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

No entanto, por meio de norma alteradora em 2019 (Lei nº 13.818, de 2019),


preconizou-se que só haverá obrigação de publicação de atos para as companhias
fechadas com mais de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) de capital social e mais
de 20 (vinte) acionistas:

Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de 20 (vinte) acionistas, com
patrimônio líquido de até R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), poderá:
(Redação dada pela Lei nº 13.818, de 2019)
I - convocar assembléia-geral por anúncio entregue a todos os acionistas,
contra-recibo, com a antecedência prevista no artigo 124; e
II - deixar de publicar os documentos de que trata o artigo 133, desde que sejam,
por cópias autenticadas, arquivados no registro de comércio juntamente com a
ata da assembléia que sobre eles deliberar.
§ 1º A companhia deverá guardar os recibos de entrega dos anúncios de
convocação e arquivar no registro de comércio, juntamente com a ata da
assembléia, cópia autenticada dos mesmos.

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§ 2º Nas companhias de que trata este artigo, o pagamento da participação dos
administradores poderá ser feito sem observância do disposto no § 2º do artigo
152, desde que aprovada pela unanimidade dos acionistas.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica à companhia controladora de grupo
de sociedade, ou a ela filiadas.

De forma a prestigiar a confidencialidade de suas informações patrimoniais,


muitas sociedades empresárias mudaram sua forma jurídica de S/A para LTDA. No
entanto, a Lei 11.638/2007, alterou a Lei de S/A para obrigar as sociedades de grande
porte publicarem seus balanços, independente da forma societária adotada:

Art. 3o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas


sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações
financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado
na Comissão de Valores Mobiliários.
Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta
Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no
exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos
e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$
300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). (Lei 11.638/2007)

Atenção: INOVAÇÕES QUANTO A PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA DE


ATOS, DISPENSA DE JORNAIS DE GRANDE CIRCULAÇÃO – MP 892/2019:

Art. 1º A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes


alterações:
“Art. 289. As publicações ordenadas por esta Lei serão feitas nos sítios eletrônicos
da Comissão de Valores Mobiliários e da entidade administradora do mercado em
que os valores mobiliários da companhia estiverem admitidas à negociação.
§ 1º As publicações ordenadas por esta Lei contarão com a certificação digital da
autenticidade dos documentos mantidos em sítio eletrônico por meio de
autoridade certificadora credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira - ICP-Brasil.
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput, a companhia ou a sociedade anônima
disponibilizará as publicações ordenadas por esta Lei em seu sítio eletrônico,
observado o disposto no § 1º.
§ 3º A Comissão de Valores Mobiliários, ressalvada a competência prevista no §
4º, regulamentará a aplicação do disposto neste artigo e poderá:

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I - disciplinar quais atos e publicações deverão ser arquivados no registro do
comércio; e
II - dispensar o disposto no § 1º, inclusive para a hipótese prevista no art. 19 da
Lei nº 13.043, de de 13 de novembro de 2014.
§ 4º Ato do Ministro de Estado da Economia disciplinará a forma de publicação
e de divulgação dos atos relativos às companhias fechadas.
§ 5º As publicações de que tratam o caput e o § 4º não serão cobradas.” (NR)

Atenção: O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação


das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça
a negociação conforme art. 36 da Lei de S/A:

Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação


das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e
não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de
administração da companhia ou da maioria dos acionistas.
Parágrafo único. A limitação à circulação criada por alteração estatutária
somente se aplicará às ações cujos titulares com ela expressamente
concordarem, mediante pedido de averbação no livro de "Registro de Ações
Nominativas".

Dessa forma, sugerimos a seguinte redação de cláusula para preservação da


sociedade de interferência de terceiros:

Sugestão de cláusula estatutária para S/A


Cláusula XXX – Nenhum dos acionistas poderá alienar ou onerar, sob qualquer
forma, parte ou totalidade das ações, direitos de subscrição de novas ações ou
valores conversíveis (conjuntamente “Valores Mobiliários”) possuídos, sem
antes oferecê-las aos demais acionistas que, na proporção da participação detida
por cada qual, em bases de igualdade de condições e preço, terá preferência na
aquisição dos mesmos.
Parágrafo Único – em caso de penhora de ações, ou constituição de gravame
como penhor, paga-se ao terceiro credor em relação ao crédito relativo ao
acionista devedor, diminuindo-se a participação social do acionista devedor por
liquidação do valor de suas ações, sem permitir ao terceiro credor ingressar na
sociedade. Isto é, o terceiro credor faz jus a expressão patrimonial referente as
ações penhoradas ou gravada de ônus como garantia de seu crédito, devendo as
ações correspondentes ao crédito serem proporcionalmente liquidadas, ficando
o terceiro impedido de participar de assembleias gerais, bem como candidatar-
se ao Conselho de Administração ou cargo de Diretoria.

15.2.3 – Subscrição e integralização de capital em Holding


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A integralização das ações subscritas, se não for feita no ato da assinatura do ato
de fundação da companhia, deverá ser feita na forma e prazo estipulados no estatuto
social, pois o sócio pode ter-se comprometido, por exemplo, a transferir à sociedade a
propriedade de determinado imóvel como forma de integralização dos títulos societários
que subscreveu, assumindo tal declaração, devida e regularmente assinada, a natureza de
promessa, permitindo, inclusive, pedido judicial de outorga de escritura pela sociedade
em caso de inadimplemento do sócio. Assim, esses valores não precisam estar
representados por pecúnia. Qualquer bem com expressão econômica pode ser destinado
à formação do patrimônio empresarial, desde que suscetível de avaliação pecuniária, isto
é, desde que se possa atribuir-lhe um valor na moeda corrente nacional; a integralização
se fará pela transferência do bem, que será escriturado por seu valor pecuniário. O fato de
se tratar de uma holding não altera a regra geral: o capital social pode ser integralizado
por meio de dinheiro ou pelas transferências de bens, direitos e créditos.
Obs.: Nas sociedades simples, sociedade em nome coletivo e sociedade em
comandita simples (quanto ao sócio comanditado), permite-se mesmo que a
integralização se faça por meio da prestação de serviços, o que é vedado na LTDA e na
S/A.
Atenção: A integralização, ou seja, ato de conferir valores para a formação do
capital social, não é ato privado do sócio. Não há vedação legal de que o investimento
seja feito por um terceiro, onerosamente ( contrato de mútuo ou outro, remunerado por
juros ou de outro jeito) ou gratuitamente: doação “inter vivos” ou “causa mortis”, o que
é relevante em caso de Holdings familiares.
Nesse sentido, são vários os meios para integralizar o capital societário (Antigo
997, V do Código Civil):
_ pagamento em dinheiro;
_ cessão de crédito, inclusive endosso de títulos de crédito;
_ transferências de bem;
_ prestação de serviços (vedado em LTDA e S/A).
Ainda, o Código Civil prevê que todos os sócios responderão, solidariamente pela
estimação dos bens que forem incorporados ao patrimônio social, quotas, até o prazo de
cinco anos da data do registro da sociedade LTDA:

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo


uma ou diversas a cada sócio.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem
solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da
sociedade.
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§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.(CCB)

Obs.: Para as sociedades limitadas, o Código Civil não prevê um procedimento


específico para a integralização do capital por meio da transferência de bens, apenas torna
os sócios solidariamente responsáveis pela exata estimação. Entretanto, para a S/A a Lei
6.404/76 exige a avaliação de bens; por três peritos ou empresa especializada nomeados
quando a assembleia geral dos subscritores (artigo 8º da lei 6.404/76). Ressalta-se que os
bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor acima do lhes
tiver dado o subscritor:

Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou


em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Avaliação
Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa
especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela
imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira
convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo
menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número.
(Vide Decreto-lei nº 1.978, de 1982)
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo
fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de
comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens
avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de
prestarem as informações que lhes forem solicitadas.
§ 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens
incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros
diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão.
§ 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a
avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia.
§ 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por
valor acima do que lhes tiver dado o subscritor.
§ 5º Aplica-se à assembléia referida neste artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do
artigo 115.
§ 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os
acionistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na
avaliação dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham
incorrido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores
é solidária.
Transferência dos Bens
Art. 9º Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à
companhia a título de propriedade.
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Responsabilidade do Subscritor
Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que
contribuírem com bens para a formação do capital social será idêntica à do
vendedor.
Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédito, o subscritor ou
acionista responderá pela solvência do devedor.
Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige
escritura pública. (Lei S/A)

Ainda, cumpre frisar que a incorporação de imóveis para formação do capital


social não exige escritura pública (art. 89). Não se trata de mera averbação, mas de
inscrição no Cartório de Registro de Imóveis, como decidiu a Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça, julgando os Embargos de Divergência no Recurso Especial
96.713/MG e REsp 1743088:

REsp 1743088
STJ: Integralização do capital social com imóveis exige transferência no cartório
imobiliário
Para a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a constituição de
sociedade empresarial registrada em Junta Comercial, com a integralização do capital
social por meio de imóveis indicados por sócio, não é suficiente para operar a
transferência da propriedade nem para conferir à empresa legitimidade para promover
embargos de terceiro destinados a afastar penhora sobre os bens. Segundo o colegiado,
para se tornar válida, é preciso que a transferência seja feita via registro de imóveis.
Fonte: STJ e ANOREG <https://www.anoreg.org.br/site/2019/04/04/stj-
integralizacao-do-capital-social-com-imoveis-exige-transferencia-no-cartorio-
imobiliario/>

Art. 861, §4, Provimento 93/CGJ/2020 (TJMG): A certidão dos atos de constituição,
alteração ou extinção de sociedades empresárias, emitida pelas juntas comerciais
ou pelos Ofícios de Registro Civil de Pessoas Jurídicas em que foram arquivados,
é considerada documento hábil para a transferência de bens.

Art. 64. A certidão dos atos de constituição e de alteração de sociedades mercantis,


passada pelas juntas comerciais em que foram arquivados, será o documento hábil
para a transferência, por transcrição no registro público competente, dos bens
com que o subscritor tiver contribuído para a formação ou aumento do capital
social. (Lei Federal 8.934/1994 – Lei de Registro Público de Empresas Mercantis)

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Atenção: A transferência de bens para a sociedade, a título de integralização do
capital social, pode fazer-se tanto pelo valor de mercado (valor venal), quanto por seu
valor escritural da declaração de bens da pessoa ou, em se tratando de empresário ou
pessoa jurídica, pelo valor que consta de seus registros contábeis. O capital social não
pode ser integralizado por meio da transferência de bens cujo valor de mercado (valor
venal) seja inferior ao valor das quotas ou ações a serem integralizadas - princípio da
realidade do capital social ou princípio da subscrição integral. Desse modo, é possível a
transferência do bem por valor inferior àquele que lhe dá o mercado (o valor pelo qual
poderia ser alienado), optando o(s) subscritor (es) por lhe atribuir, para fins de
integralização, o mesmo valor com que está relacionado em sua declaração de bens. A
opção tem uma justificativa simples: a transferência do bem por valor superior aquele que
consta de sua declaração de bens é tributável - Agravo Regimental no Recurso Especial
1.016.766/PR do Superior Tribunal de Justiça:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCORPORAÇÃO DE IMÓVEL


PARA O CAPITAL SOCIAL DA PESSOA JURÍDICA. VALOR MAIOR DO
QUE O DE AQUISIÇÃO. GANHOS DE CAPITAL. INCIDÊNCIA. 1.
Hipótese em que a incorporação do imóvel ao capital societário se deu por
valor maior do que o de aquisição do imóvel.2. Aplicação da jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que é legítima a incidência
de Imposto de Renda sobre ganhos de capital decorrentes da diferença
entre o valor de aquisição e o de incorporação de imóveis de pessoa física,
para integralização de capital de pessoa jurídica da qual é sócio. 3. Agravo
Regimental não provido. (STJ. AgRg no REsp 1016766 . Ministro HERMAN
BENJAMIN DJe 13/03/2009. Decisão: 02/09/2008)

15.2.3.1 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios


Pessoas Físicas (art. 142 do Regulamento de Imposto de Renda/2018)
De acordo com o artigo 23 da Lei no 9.219/1995, temos a disposição de que as
pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital,
bens e direitos pelo valor constante da Declaração de Bens ou pelo valor de mercado,
tendo em vista que:
- Se a entrega for feita pelo valor constante da declaração de Bens (DIRPF), a
pessoa física deverá lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo
valor dos bens ou direitos transferidos, não se lhes aplicando as regras de distribuição
disfarçada de lucros;
- Se a transferência não se fizer pelo valor constante da Declaração de Bens, a
diferença a maior será tributável como ganho de capital na pessoa física.

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Das participações societárias adquiridas em decorrência de integralização de capital
com bens ou direitos
Art. 142. As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de
integralização de capital, bens e direitos, pelo valor constante da declaração de
bens ou pelo valor de mercado ( Lei nº 9.249, de 1995, art. 23, caput ).
§ 1º Se a transferência for feita pelo valor constante da declaração de bens, as pessoas
físicas deverão lançar nessa declaração as ações ou as quotas subscritas pelo mesmo
valor dos bens ou dos direitos transferidos, hipótese em que não presumida a
distribuição disfarçada de que trata o art. 528( Lei nº 9.249, de 1995, art. 23, § 1º ).
§ 2º Se a transferência não se fizer pelo valor constante da declaração de bens, a
diferença a maior será tributável como ganho de capital (RIR/2018)

15.2.3.2 – Subscrição e integralização de capital em Holding por Sócios


Pessoas Jurídicas
A transferência de bens do Ativo de uma pessoa jurídica para outra pessoa
jurídica, a título de integralização de capital, poderá ser feita pelo valor contábil ou pelo
valor de mercado dos bens, observando-se que, nessa segunda alternativa, o diferencial a
maior entre o valor contábil e o valor de mercado dos bens constituirá resultado tributável
na empresa que os transfere (Decreto-Lei no 1.598, de 1977, art. 36; Lei no 9.959/2000,
artigos 4o e 12; RIR/2018, art. 517).
O capital social da sociedade poderá ser formado com contribuições em dinheiro
ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
Obs: Na S/A, o valor de mercado a ser utilizado para transferir os bens deve ser
determinado com base em laudo subscrito por 3 peritos ou por empresa especializada,
com observância dos demais requisitos previstos na Lei no 6.404/1976, artigo 8o.
Alertamos que a legislação de Imposto de Renda que cuida do assunto não foi
revogada. Dessa forma, entendemos que as sociedades, com exceção das sociedades
anônimas e sociedade de grande porte (Lei no 11.638/2007, artigo 3o), poderão transferir
os bens reavaliados, e os respectivos valores não serão computados na determinação do
lucro real da pessoa jurídica que os transfere, enquanto mantida em cinta de reserva de
reavaliação.

Da reserva de reavaliação na subscrição de capital ou valores mobiliários


RIR/2018, Art. 517. A contrapartida do aumento do valor de bens do ativo incorporados
ao patrimônio de outra pessoa jurídica, na subscrição em bens de capital social ou de
valores mobiliários emitidos por companhia, não será computada para fins de
determinação do lucro real enquanto mantida em conta de reserva de reavaliação (
Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 36, caput ).

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Parágrafo único. O valor da reserva deverá ser computado para fins de determinação
do lucro real ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 36, parágrafo único ):
I - na alienação ou na liquidação da participação societária ou dos valores mobiliários,
pelo montante realizado;
II - em cada período de apuração, em montante igual à parte dos lucros, dos dividendos,
dos juros ou das participações recebidos pelo contribuinte, que corresponder à
participação ou aos valores mobiliários adquiridos com o aumento do valor dos bens
do ativo; ou
III - proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa
jurídica que houver recebido os bens reavaliados realizar o valor dos bens, na forma
prevista no art. 516 , ou com eles integralizar capital de outra pessoa jurídica.

15.3 - HOLDING NA FORMA EIRELI – É POSSÍVEL?


A EIRELI é listada no art. 44 do Código Civil como espécie de pessoa jurídica.
Contudo, não se encontra inserida no capitulo de sociedades empresárias. Fato é que a
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA- EIRELI pode ser
titular de participações societárias, sejam quotas, sejam ações. Também não há qual quer
restrição lógica ou legal que limite essa participação. Portanto, uma pode deter o controle
societário de uma sociedade simples, de uma sociedade em comandita simples ou de uma
sociedade limitada (sendo indiferente, em ambos os casos, a natureza jurídica societária,
simples ou empresária), além de sociedade anônima ou sociedade em comandita por ações
(obviamente, não na condição de diretor ou gerente, que é própria de pessoas naturais).
Não há limites para simples participação, controlada, controladora ou mesmo coligada,
conforme art. 1.097 e seguintes do Código Civil.
No entanto, conforme o art. 1.052 do Código Civil que foi alterado, criando-se a
Sociedade Limitada Unipessoal, a EIRELI deve ser menos utilizada em razão do capital
social mínimo de cem salários mínimos.
Quanto a EIRELI, aplica-se o procedimento de desconsideração de personalidade
jurídica do art. 133 e segs. do Código de Processo Civil, bem como artigo 50 do Código
Civil, se há "abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial". No entanto, não se recomenda a utilização da EIRELI
enquanto Holding já que como somente há apenas um sócios, é mais defensável a
desconsideração da personalidade jurídica para constritar o patrimônio do único sócio, do
que em uma sociedade plúrima, na qual poder-se-ia atingir o patrimônio de terceiros
inocentes exigindo-se mais rigor no crivo judicial.

Deliberação JUCESP n° 13/2012 (Enunciados da Junta Comercial do Estado de


São Paulo) - disposição que a Empresa Individual de Responsabilidade limitada

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- EIRELI (Art. 980-A do Código Civil) pode participar, como cotista ou
acionista, do capital das sociedades personificadas.
Obs.: Em meio da discussão da MP da Liberdade Econômica, há projeto para
converter automaticamente todas as EIRELI em LTDA UNIPESSOAL
15.4 - QUOTAS E AÇÕES
Quotas e ações são títulos societários que podem ser compreendidos por dois
primas distintos: patrimonial e societário. No aspecto patrimonial, os títulos societários,
em sua condição de parte capital e social dão direito a uma parcela de acervo patrimonial
da sociedade, se dissolvida. É um bem jurídico com expressividade econômica. No
aspecto societário, quota e ação são os títulos de participação social ou seja, atribuem
direitos e deveres sociais, em conformidade com o que esteja disposto no ato constitutivo,
nos limites licenciados pela legislação.
O capital pode estar dividido em qualquer número de quotas ou ações, desde que
igual ou superior a duas. Quotas e ações podem ter qualquer valor monetário (sendo
obrigatoriamente expresso em moeda nacional corrente) e o número de sócios no mínimo
de dois, sem que haja um teto máximo. Contudo, há situações excepcionais em que se
aceita que a sociedade tenha um sócio apenas (unipessoalidade), admitindo-se: i)
apenas 01 sócio em LTDA até a recomposição da pluralidade do quadro social em
180 dias; ii) Sociedade Limitada Unipessoal (art. 1.052 do CCB); iii) Subsidiaria
Integral (art. 251 da Lei de S/A).
Obs.: não há valor mínimo (absoluto ou percentual) para a participação de
cada sócio no capital social, embora a concentração de grande montante no
patrimônio de um grande sócio pode reforçar, dependendo do caso, o argumento de
confusão patrimonial, a justificar a desconsideração da personalidade jurídica. (Não
monte sociedade com sócio de 1% somente para compor!)
15.4.1 - Indivisibilidade, grupamento e desdobramento
Nas sociedades contratuais, admite-se que as quotas tenham valores distintos,
atribuindo-se uma quota a cada sócio. Já nas sociedades estatutárias, as ações terão o
mesmo valor, mas podem ser divididas em espécies diversas (ordinárias ou preferenciais).
Há uma outra diferença fundamental: o estatuto social de uma sociedade anônima precisa
apenas definir o valor global do capital social e o número de ações; não é obrigatório que
o valor nominal das ações esteja expresso sendo opcional a definição de valor nominal -
o artigo 11 da Lei 6.404/76. Noutro lado, no contrato social deve trazer expresso não só
o valor total do capital social e o número de quotas, mas o valor das quotas e os
respectivos titulares.

• aumento do capital social: implica aumento no número de quotas ou de ações


ou, alternativamente, aumento no seu valor nominal;
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• redução do capital social: implica redução no número de ações ou redução em
seu valor nominal.
Ainda, pode haver grupamento (Inplit) de quotas ou ações, isto é, o ato
constitutivo pode ser alterado para prever que duas ou mais quotas ou ações serão
agrupadas em uma só, para além de outras equações. Contudo, isso importa elevação do
valor do título societário, excetuada a hipótese de alteração ter-se realizado
concomitantemente com a redução do capital. Também pode haver desdobramento (Split)
de quotas ou ações, ou seja, contrato social ou o estatuto social poderão ser alterados para
prever o fracionamento dos títulos já existentes.

Desdobramento (Split)
Consiste em dividir as ações existentes, sem alterar o valor do investimento,
também conhecido como "Split". Esta operação é realizada quando a
administração da companhia acredita que deve aumentar a quantidade de papéis
em circulação no mercado para facilitar sua negociação. Com a divisão da ação,
o valor dela no mercado também será dividido proporcionalmente.
Exemplo: se um acionista detém 100 ações ao preço de R$ 8,00 cada ação, terá
um investimento total de R$ 800,00. Se a companhia resolve dividir cada ação
em duas, o investidor passará a ter 200 ações ao preço de R$ 4,00, valendo sua
aplicação os mesmos R$ 800,00.
Grupamento (Inplit)
É a operação contrária ao Desdobramento, consistindo em reunir várias ações
em uma, conhecido como "Inplit". O grupamento ocorre quando uma
companhia decide elevar o preço da ação para facilitar sua negociação em bolsa,
pois entende que o preço baixo está dificultando as operações. Da mesma forma
que o desdobramento, a operação não altera o valor do investimento.
Exemplo: Se um acionista detém 100 ações ao preço de R$ 2,00 cada ação, terá
um investimento total de R$ 200,00. Se a companhia resolve grupar duas ações
em uma, o investidor passará a ter 50 ações ao preço de R$ 4,00 cada e seu
investimento valerá os mesmos R$ 200,00.

Quanto as S/A, ainda há uma última hipótese: o cancelamento de ações, a implicar


haver menos ações para o mesmo capital social: diminuição no número de ações e
aumento proporcional de seu valor – art. 12 c/c art. 30 da Lei 6.404/76, podendo resultar
tanto da compra de seus próprios títulos, quanto de operações de resgate.
15.4.2 - Condomínio
A regra de indivisibilidade de quotas e ações em relação à sociedade, salvo ser
feita por meio de reforma do ato constituo, não impede o estabelecimento do condomínio
de quota (artigo 1.056 1º 2º do código civil) e de ação (artigo 28 da lei 6.404/76). A
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constituição desse condomínio poderá dar-se por ato havido entre vivos ou por ter a
ocorrência da morte com sua causa. No tanto, os direitos sociais correspondentes às
quotas ou ações serão exercidas obrigatoriamente por meio de um representante que
deverá ser indicado pelos condôminos, sendo o inventariante se tratando do espólio.
15.4.3 – Usufruto
O nu proprietário reserva a si o direito político do voto nas deliberações sociais,
entregando ao usufrutuário os direitos patrimoniais voltados aos lucros distribuíveis. A
constituição do usufruto rege-se pelas regras gerais da cessão de participação societária,
razão pela qual submete-se mesmo às limitações aplicáveis às sociedades intuitu personae
ou, nas sociedades limitadas, à regra do artigo 1.057 do Código Civil, nas quais se
submete à possibilidade de oposição de titulares de mais de um quarto do capital social,
na omissão do contrato. Nas sociedades intuitu pecuniae, trata-se de medida livre. Por
isso, a sociedade deverá acatá-la, reconhecendo a existência de um acionista cuja
titularidade está despida dos direitos que lhe decorreriam e de um usufruidor das ações,
que legitimamente titularizará as faculdades decorrentes da ação que usufrui. O usufruto
será constituído por meio de instrumento público ou privado, certo não haver forma
prescrita ou defesa em lei. Nas sociedades por ações o usufruto deverá ser averbado no
livro de registro de ações nominativas, caso não seja escritural, hipótese na qual a
averbação será feita nos livros da instituição financeira, que o anotará no extrato da conta
de depósito fornecida ao acionista. Nas sociedades contratuais, a constituição do usufruto
não exige alteração contratual, já que não interfere na composição societária. Ainda
assim, é fato relevante para a vida societária, razão pela qual deve ser devidamente
cientificada aos demais sócios, bem como averbada no Registro Mercantil da sociedade.

Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em


um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os
frutos e utilidades.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-
se-á mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-
se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação
expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.

15.4.4 – Penhor
O penhor é disciplinado nos artigos 1.419 a 1.460 do Código Civil. As ações e
quotas de sociedade podem ser dadas em penhor (empenhadas), servindo como garantia
de obrigação assumida por seu titular ou, mesmo, por outrem, certo ser lícito o
oferecimento do penhor a favor de obrigação alheia. Nesse sentido, o artigo 39 da Lei
6.404/76 prevê que as ações podem ser dadas em penhor, constituindo, portanto, uma
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relação de garantia real ou, em plano maior, de um direito real sobre coisa alheia: o penhor
ou caução de ações se constitui pela averbação do respectivo instrumento no livro de
Registro de Ações Nominativas. E possível oferecer quotas e ações como garantia
(penhor) de uma dívida própria ou de terceiros. Contudo, se a dívida não for paga, o credor
pignoratício poderá pedir que os títulos societários sejam excutidos: penhorados e
alienados para o pagamento da dívida.
A constituição de penhor sobre títulos societários faz-se pelo registro
correspondente (artigo 1.452 do Código Civil) que, no caso, será dúplice: num primeiro
plano, Cartório de Registro de Títulos e Documentos (artigo 127 da Lei 6.015/73).
Contudo, esse registro não será suficiente, certo que a publicidade dos societários se faz
por meio específico para que, assim, tenha eficácia sobre terceiros. Assim, nas sociedades
contratuais, é indispensável haver a averbação da constituição do penhor sobre o direito
no registro específico correspondente: Registro Civil das Pessoas Jurídicas. A mesma
regra não alcança as sociedades por ações; segundo o artigo 39 da Lei 6.404/76, será feita
averbação do instrumento de contrato de penhor no livro de registro de ações nominativas;
em se tratando de ação escritural, o penhor se constitui pela averbação do respectivo
instrumento nos livros da instituição financeira.
15.4.5 – Cessão
Na Sociedade Limitada (intuitu personae), a transferência entre vivos é regrada
pelo artigo 1.057 do Código Civil: “na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota,
total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou
a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.”
Isto é, há direito de oposição de que detenha mais de 25% do Capital Social para cessão
há terceiros. Contudo, pode-se prever a necessidade de aprovação unânime, ou, outros
parâmetros próprios, como a previsão de um percentual diverso (e.g.: 60%, 1/3 ou outro
qualquer).
Já as S/A estão submetidas a uma ampla negociabilidade, já que são, por definição,
sociedades constituídas intuitu pecuniae. Essa ampla já possibilidade de negociação das
ações dá-se já que a transferência não implica prática de atos no Registro Público e sim
no livro de transferência de ações nominativas.
Obs.: Holding Familiares, o artigo 36 da Lei 6.404/76 admite ao estatuto da
companhia fechada imposição de limites circulação das ações. Nesse quadro, a situação
mais comum é a previsão de um direito de preferência para os próprios acionista, a quem
as ações deverão ser oferecidas primeiro em igualdade de condições (preço, prazo de
pagamento etc). “Affectio societatis”: há precedente na jurisprudência do STJ em
companhia familiares fechadas (vide AgReg no Recurso Especial 1.079.763-SP, julgado
pela C. 4ª Turma do STJ em 25/08/2010 e EmbDiv em REsp 111.294-PR, 2ª Seção, STJ,
Rel. Min. Castro Filho, julgado em 28/06/2006):
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"(...) Em casos que tais, porquanto reconhecida a existência da affectio
societatis como fator preponderante na constituição da empresa, não me parece
possa essa circunstância ser desconsiderada por ocasião de sua dissolução. Do
contrário, e de que é exemplo a hipótese em tela, a ruptura da affectio
societatis representa verdadeiro impedimento a que a companhia continue
a realizar o seu fim, com a obtenção de lucros e distribuição de dividendos,
em consonância com o artigo 206, II, 'b', da Lei nº 6.404/76, já que
dificilmente pode prosperar uma sociedade em que a confiança, a harmonia, a
fidelidade e o respeito mútuo entre os seus sócios tenham sido rompidos. (...)"
(STJ – EmbDiv em REsp 111.294-PR, 2ª Seção, Rel. Min. Castro Filho, julgado
em 28/06/2006)

15.5 – CLÁUSULAS E MODALIDADES DE ÔNUS

Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e


quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados:
I - se nominativa, no livro de "Registro de Ações Nominativas";
II - se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato
da conta de depósito fornecida ao acionista.
Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de
venda da ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a
terceiros. (Lei de S/A)

15.5.1- Alienação fiduciária em garantia


A norma do artigo 40 da Lei 6.404/76 prevê que ações sejam objeto de alienação
fiduciária em garantia, tipo contratual no qual a propriedade resolúvel do bem garantidor
de uma obrigação, bem como sua posse indireta, ficam com o credor, ao passo que o
devedor fiduciário, assumindo a posição de fiel depositário, conserva a posse direta do
bem garantidor. Também deverá ser anotada no livro de registro de ações nominativas
15.5.2- Fideicomisso por ações
O artigo 40 ainda permite a constituição de fideicomisso sobre ações. Portanto, é
lícito ao acionista instituir, por testamento, herdeiros ou legatários para as ações,
estabelecendo que tais herdeiros ou legatários - fiduciário - conservarão a titularidade
resolúvel dos títulos sociais até (1) a sua morte, (2) até a verificação de certo termo ou
prazo ou (3) sob certa condição, quando as ações serão transmitidas a outra pessoa,
chamada fideicomissário, que é aquele a favor de quem a titularidade se resolve. O
fiduciário terá a titularidade das ações, até a realização da condição (seja a sua morte, seja
outra condição).

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Atenção: O artigo 40 refere-se às outras cláusulas de ônus que também aceita
sobre a ação. Assim a penhora das ações, o penhor, a promessa de venda e o pacto de
preferência.
15.6 – CLÁUSULAS DE PROTEÇÃO (TAG ALONG E DRAG ALONG)
Tag Along é uma cláusula de segurança do acionista minoritário. Prevista na Lei
das S.A., ela é utilizada em acordos de sócios, contratos de investimentos e memorandos
de entendimentos. De forma simples, a tag along obriga que as ações do sócio minoritário
sejam vendidas nas mesmas condições que as demais. Isso ocorre quando há alienação
do controle da empresa pelos sócios majoritários. Dessa forma, a cláusula evita que os
acionistas menores se mantenham na empresa com terceiros alheios ao negócio ou que
percam a chance de um grande negócio.
Drag along é uma cláusula de proteção ao acionista majoritário. É o oposto da
Tag Along. Ou seja, se o sócio majoritário quiser vender sua participação societária, essa
cláusula obriga os sócios minoritários a procederem da mesma forma. É, por isso, uma
garantia de igualdade de condições na hora da alienação.A drag along é especial para os
investidores, pois aumenta a liquidez do investimento realizado. Se, por exemplo, o
investidor não quiser que a empresa tenha parte das ações diluída entre sócios
minoritários, a cláusula é ideal. A partir do momento em que o acionista minoritário
assina essa cláusula, ele não poderá se opor à venda da empresa, caso o sócio majoritário
assim desejar. Por este motivo, a drag along é uma importante ferramenta para o
empreendedor que está no controle. Os sócios minoritários não terão poder de atrapalhar
a transação. Entretanto, a cláusula deve expressar de forma clara as condições em que o
drag along ocorrerá. É comum que se estipule valuation mínimo que obriga a venda das
ações dos sócios minoritários.
Exemplo: Imagine que um fundo de investimento possui 51% das ações da sua
empresa. O Sócio A possui 30% e os demais acionistas minoritários possuem 19%. Se
não existe a cláusula de Tag Along, o fundo pode negociar a troca de controle com outro
grupo investidor. Para tanto, bastaria a compra da participação de 51% do fundo. Quando
existe a cláusula de tag along, o interessado deverá, obrigatoriamente, realizar uma
proposta de aquisição das ações dos sócios minoritários. Ela deverá ser feito em valor
semelhante ou próximo (mínimo 80%) ao valor proposto pelas ações majoritárias. É
importante destacar que o acionista minoritário tem a opção de vender suas ações nas
mesmas condições. Não é uma obrigação. Ele pode exercer ou não a opção descrita na
tag along. Em uma situação de utilização da cláusula de Drag Along, o exemplo é o
contrário. Ou seja, se existisse a cláusula de drag along, os sócios minoritários seriam
obrigados a vender suas ações.
16 - RELAÇÕES SOCIETÁRIAS
16.1- Cônjuges
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A participação societária, contratual ou estatutária é direito pessoal. Assim não é
ato jurídico que necessita da autorização prevista no artigo 1.647 do Código Civil,
ressalvado, se para a integralização do capital social, for necessário transferir ou gravar
ônus real os bens imóveis, hipótese em que a autorização será obrigatória (outorga ou
vênia conjugal), não por se tratar de contratação de sociedade, mas regra de direito das
coisas.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com


terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de
bens, ou no da separação obrigatória.

Atenção: O artigo 977 do código civil proíbe os cônjuges, casados no regime de


comunhão universal de bens ou no regime da separação obrigatória de bens, de
contratarem sociedade entre si ou com terceiros. No entanto, o artigo 977 é expresso ao
se referir em contratação de sociedade. A sociedade anônima e a sociedade em
comandita se regulam pela Lei 6.404/76, que não faz qualquer restrição ao cônjuge
serem sócios entre si, incluindo ou não terceiros, sendo indiferente o regime de bens
do seu casamento.
16.2- Sócio incapaz
As sociedades, simples ou empresárias, podem ter sócios que sejam incapaz
absoluta ou relativamente. Pressupostos: (1) o sócio incapaz não pode exercer a
administração da sociedade; (2) o capital social deve ser totalmente integralizado; 3) o
sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser
representado por seus representantes legais.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente


assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus
pais ou pelo autor de herança.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais,
tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos
direitos adquiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo
daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de
sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma

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conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399,
de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente
incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (CCB)

16.3- Direito de recesso


Note-se de que a retirada (recesso) e a previsão do direito de recesso pela perda
da affectio societatis está positivamente restrita às sociedades contratuais. No entanto, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça evoluiu para reconhecer esse direito nas
companhias familiares (Embargos de Divergência no Recurso Especial 111.294/PR).
Atenção: Sociedade Anônima de Pessoas:

Em algumas companhias, pode-se verificar um caráter mais pessoal na relação


entre os acionistas e, consequentemente, uma “affection societatis” mais forte
entre eles. Dessa forma, deve-se reconhecer um regime específico para essas
sociedades, levando em conta o caráter “intuitu personae” da sua constituição.
Nesse regime específico, deve-se admitir a resolução do vínculo de um
acionista, independente de algumas das hipóteses legais para o exercício do
direito de retirada.
Caso não se admita esse regime específico, os resultados serão desastrosos. Não
admitindo a dissolução parcial, a quebra de “affectio societatis” poderia
significar a dissolução total da companhia, prejudicando todos os interesses que
circundam. De outro lado, o acionista insatisfeito poderia ficar vinculado
eternamente à sociedade, pois não haveria terceiros interessados em ingressar
naquela relação extremamente particular. Tal resultado além de indesejável
viola a própria garantia constitucional da liberdade de associação, que impede
que alguém seja compelido de permanecer associado. (TOMAZETE, 2019, p.
446-447)

16.4- Pactos parassociais (acordo de quotistas/acordo de acionistas)


A estipulação de pactos em separado (documentos apartados ou side letters) não
é eficaz em relação a terceiros (artigo 997, parágrafo único, do Código Civil). Essa
ineficácia, contudo, não traduz nulidade: o ajuste é válido entre os seus signatários, se não
padecer de qualquer outro vício, mas apenas entre esses.
Lícito aos sócios, alguns ou todos, celebrar contratos entre si, ajustando o
exercício dos direitos societários, como o direito de voto, o direito de escolher os
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administradores, o direito de preferência na transferência de participação societária, entre
outros. Isso se faz por meio de acordo de quotistas (sociedades contratuais) ou acordo de
acionistas (sociedades estatutárias).

Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações,


preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle
deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.
§ 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão
oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos
certificados das ações, se emitidos.
§ 2° Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de
responsabilidade no exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder
de controle (artigos 116 e 117).
§ 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a
execução específica das obrigações assumidas.
§ 4º As ações averbadas nos termos deste artigo não poderão ser negociadas
em bolsa ou no mercado de balcão. (...)
§ 8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da
companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de
acionistas devidamente arquivado. (...)
§ 11. A companhia poderá solicitar aos membros do acordo esclarecimento
sobre suas cláusulas.(Lei de S/A)

16.5- Relações de sociedades


16.5.1 – Participações (sociedades coligadas, controladas e controladoras)
Dentre as relações entre sociedades, as mais comuns são as participações no
capital social, isto é, uma sociedade se torna sócia da outra, por vezes tendo ingerência
na direção, ou meramente investindo parte do seu patrimônio no capital da sociedade, e
outras vezes formando grupos societários. No Código Civil de 2002, tais participações
são regidas pelo título “Das sociedades coligadas”, título este que, a nosso ver, gera uma
grande confusão, na medida em que a ideia de coligação é mais específica que a ideia
geral de participação no capital das outras sociedades.
Obs.: Relação entre sociedades: a sua disciplina legal era dada pela Lei 6.404/76,
que neste particular atuava como uma espécie de norma geral. Com o advento do Código
Civil de 2002, a matéria passa também a ser disciplina no seu âmbito. Todavia, em função
da falta de técnica na elaboração de tal parte do Código, a disciplina restou absolutamente
incompleta, havendo, por exemplo, apenas uma menção à operação de cisão, sem sua
regulamentação total. Desse modo, as regras constantes da Lei 6.404/76 continuarão
vigentes, sendo necessária apenas uma interpretação para a compatibilização dos
eventuais conflitos que surgirem entre os dois diplomas.
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16.5.2 – Coligação ou filiação (Sociedades Coligadas)
São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa
(Lei no 6.404/197, art. 243, §1o, com redação dada pela Lei no 11.941/2009, art. 37).
Nos termos do artigo 1.098 do Código Civil, são coligadas ou filiadas as
sociedades em que uma detenha uma participação de 10% ou mais do capital da outra
sem controla-la. Há uma participação relevante no capital da outra, mas sem que haja o
controle de suas atividades, sendo este o traço que dá a conotação de simples coligação,
sem subordinação.
Nas sociedades anônimas, não se usa mais a simples análise do percentual de
participação no capital. Atualmente, uma S/A é considerada coligada de outra sociedade
quando tem uma influência significativa, entendida como o poder de participar nas
decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controla-la (Lei no
6.404/76 – art. 243, §§ 1o e 4o). A existência desse poder é presumida quando a
investidora possui participação no capital da investida, igual ou superior a 20% do capital
votante. Nesta hipótese, há sem dúvida um poder, ao menos potencial, de participar das
decisões da sociedade pelo voto em si, ou mesmo pela eleição de membros da
administração. Tal conceito, porém, somente será utilizado para os propósitos previstos
na Lei das Sociedades Anônimas.
A qualificação da relação entre sociedades como coligação tem uma certa
importância, para definir regras especiais de demonstrações financeiras e, eventualmente,
configurar grupos societários.
Obs.: O conceito de sociedade coligada previsto no art. 243 da Lei no 6.404/1976,
com a redação dada pela Lei no 11.941/2009, art.37, somente será utilizado para os
propósitos previstos na Lei das S/A. Para os propósitos previstos em leis especiais,
considera-se coligada a sociedade referida no art.1.099 do Código Civil.
De acordo com os §§ 4o e 5o do art.243 da Lei no 6.404/1976 (incluídos pela Lei
no 11.941/2009, art. 37), influência significativa:
a) Há quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas
decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controla-la;
b) É presumida quando a investidora por titular de 20% ou mais do capital
votante da investida, sem controla-la.
Assim, se a empresa “A” detiver 20% do capital da empresa “B”, as empresas “A”
e “B” são coligadas. Se, no entanto, esta participação for de 5%, não estará caracterizada
a coligação.
Observa-se que a referência ao “capital” abrange tanto o “capital votante” quanto
o “capital não votante”, ou seja, o total de ações ou quotas integralizadas.

16.5.3 – Controle (Sociedades controladas e controladoras)


Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou por
intermédio de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
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permanente, preponderância nas deliberações sociais e poder de eleger a maioria dos
administradores (Lei no 6.404/1976, art. 243, §2o).
Observa-se, assim, que o controle pode ser direto ou indireto (por meio de outras
controladas) e refere-se à participação no capital votante.
Se a empresa “A” participa com mais de 50% do capital votante da empresa “B”,
configura-se o controle, ou seja, a empresa “A” controla a empresa “B”.
Consideremos ainda que:
a) A empresa “A” detém 15% do capital votante da empresa “C”;
b) A empresa “B” (que, como vimos, é controlada por “A”) participa com
40% do capital votante da empresa “C”.
Nesse caso, a empresa “A” é controladora também da empresa “C”, porque a soma
das participações (15% própria e 40% de sua controlada “B”) ultrapassa a 50% do capital
votante.
Não é necessário, para a configuração da relação de controle, que a própria
sociedade seja titular de tais direitos. Ela pode, eventualmente, lançar mão de uma
sociedade intermediária que terá os referidos direitos. No entanto, nesses casos, despreza-
se o intermediário, buscando a sociedade controladora em último grau. Assim, pode haver
o controle direto ou o controle indireto, que é aquele que lança mão de intermediários.
Obs.: O citado conceito do controle decorre do artigo 243, § 2o, da Lei 6.404/76
e do artigo 1.098 do Código Civil de 2002, tendo uma conotação eminentemente
societária, vale dizer, analisa-se apenas o que se apresenta na própria sociedade. Na órbita
do direito concorrencial, faz-se uma outra análise, concebendo de forma mais ampla o
poder de controle como a influência dominante que se exerce sobre a empresa. Neste
conceito, dispensa-se a ideia de qualquer participação acionária, sendo possível que se
conceba como controlador um credor da sociedade, ou um administrador que não é sócio.
Tal concepção do controle é uma flexibilização maior do conceito para o direito
concorrencial, dada a necessidade de se abranger uma gama maior de situações para os
efeitos de defesa da concorrência.

16.5.4 – Simples participação (ou Mera Participação)


O Código Civil, em seu artigo 1.100, menciona que as sociedades podem possuir
entre si uma relação de simples participação, quando uma possui menos de 10% do capital
com direito de voto de outra sociedade. Tal regra, excetuadas as sociedades anônimas
abertas, que estão sujeitas à Instrução Normativa 247/96 da CVM, gera um certo vazio,
na medida em que uma sociedade que detenha mais de 10% do capital votante e menos
de 10% do capital social de outra não possui qualquer qualificação jurídica, enquanto
participações menores possuem.
Trata-se de mais um anacronismo do nosso Código Civil, na medida em que foi
mantida a redação do artigo 1.100, mas foi alterada a redação do artigo 1.098, que define
as sociedades coligadas. Na redação original, o artigo 1.098 levava em conta apenas o
capital votante, de modo que o conceito da simples participação também era adequado.
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Com a alteração do conceito de coligação para se levar em conta o capital social como
um todo, deveria ter sido alterado o conceito da mera participação levando-se em conta
também todo o capital social.
O conceito da simples participação não possui maior relevância prática, mas ainda
assim seria aconselhável corrigir a referida incongruência, de modo que todas as relações
diretas ou indiretas entre sociedades possuíssem alguma qualificação, ao menos para fins
doutrinários. Em função disso, propomos que o conceito de simples participação seja um
conceito residual, que abranja quaisquer participações de uma sociedade no capital de
outra, que não se enquadrem nos conceitos de coligação e controle.

16.5.5 – Participação recíproca


Conforme o princípio da sua efetividade, o capital social deve corresponder à
realidade, isto é, não podem constar como parte do capital social valores que não tenham
ingressado no patrimônio da sociedade. Em função disso, veda-se, a princípio, que a
sociedade seja sócia de si mesma, ressalvadas as hipóteses nas quais seja mantido íntegro
o capital social.
O desfalque do capital social, que ocorre quando a sociedade adquire suas próprias
ações ou quotas, também ocorre quando são usadas duas sociedades, isto é, quando há
participação recíproca entre sociedade também pode ocorrer o desfalque do capital social
das sociedades. Em função disso, o artigo 244 da Lei 6.404/76 e o artigo 1.101 do Código
Civil de 2002 vedam a participação recíproca, ressalvadas as hipóteses nas quais não haja
qualquer desfalque no capital social e hipóteses temporárias decorrentes de fusões,
incorporações e decisões. O objetivo de tal preceito é preservar a integridade do capital
social de cada sociedade.
A fim de ilustrar tal fato, tomemos um exemplo que demonstra a simulação.
Romário é o único da sociedade “A” e integralizou suas ações pagando um milhão de
reais, Edmundo é o único sócio da sociedade “B” e já integralizou suas ações, pagando
um milhão de reais; ou seja, os dois já despenderam o dinheiro, que, a princípio, ingressou
no patrimônio das sociedades. Nesse momento, as sociedades têm o capital social
efetivamente integrando seu patrimônio, os valores existem em poder da sociedade.
Todavia, mediante um acordo, a sociedade “B” compra todas as ações do Sr. Romário e
a sociedade “A” compra todas as ações do Sr. Edmundo, de modo que eles recebem o
dinheiro investido de volta. Diante de tal situação, a sociedade “A” tem todo o seu
patrimônio líquido composto de participação na sociedade “B”, cujo patrimônio líquido
(um milhão de reais) é composto de participação na sociedade “A”, num círculo vicioso.
Assim sendo, qual é de fato o patrimônio de cada uma? Não há nenhum patrimônio real
nessas sociedades; há uma simulação de tal patrimônio, na medida em que, conforme se
demonstrou, o dinheiro que ingressou não está mais em poder de nenhuma das duas
sociedades.
Atenção: O artigo 1.101 do Código Civil veda que uma sociedade participe de
outra, que seja a sua sócia (caracterizando por tanto participação recíproca) em montante
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que seja superior as suas próprias reservas, excluída a reserva legal. Isto é, reservas que
seja determinada por lei específica, a exemplo do artigo 193 da lei 6.404/76. Por tanto, a
participação recíproca só é tolerada nos limites dos lucros, que não tendo sido distribuído,
foram reservados na sociedade. Assim, pode haver participação recíproca até o limite das
reservas, exceto a legal (art. 244, combinado com art. 30 da Lei 6.404/76 e art. 1.101 do
Código Civil de 2002), porquanto nesses casos mantém-se íntegro o capital social, que
efetivamente existe em poder das sociedades.
Excepcionalmente, quando for superado tal limite, a sociedade tem o prazo de 180
dias para vender as quotas ou ações que representem o desfalque do capital social. Na lei
das sociedades anônimas, admite-se ainda, temporariamente, a participação recíproca nos
casos de fusão, cisão, incorporação ou aquisição de controle, impondo-se também a
alienação das ações que excedam o mencionado limite (art. 244 da Lei 6.404/76).

Obs.: que a participação recíproca, não se confunde com partição cruzada, muito
comum em famílias empresárias. Cenários nos quais os parentes são sócios em
proporções inversas, controladores em uma sociedade e controlada em outra e vice-versa.
16.6- Subsidiária integral

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo
como único acionista sociedade brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá
aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do
§ 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição,
por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.
.(Lei de S/A)

16.7- Grupo de sociedades


A sociedade controladora e suas controladas podem constituir um grupo de
sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos e esforços
para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou
empreendimentos comuns.
Atenção: Sociedades sem relação de controle (controladoras e controladas) não
podem sequer usar palavras grupo a grupo de sociedade, por expressa proibição do artigo
267, parágrafo único, que as reservam para os grupos organizados de acordo com a Lei
6.404/1976.
O grupo se constitui mediante uma convenção ou contrato, registrado na Junta
Comercial, no qual são declinados os fins almejados, os recursos que serão combinados,
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as atividades a serem empreendidas em comum, as relações entre as sociedades, a
estrutura administrativa do grupo e as condições de coordenação ou de subordinação dos
administradores das filiadas à administração geral. A formação do grupo não conduz à
constituição de uma nova sociedade, tanto que não se cria uma pessoa jurídica, não se
estabelece um capital comum, não se tem um patrimônio distinto.
Obs.: Para fins do CNPJ, possui a natureza jurídica "216-0-Grupo de Sociedades"
que compreende as sociedades que se encontram sob controle comum, a partir de ato
formal de constituição (grupo de direito).
16.8- Modelo de cláusula limitada para higidez societária
Cláusula- À sociedade é vedado dar aval ou prestar fiança em favor de terceiros,
inclusive em favor de seus sócios, salvo autorização expressa da unanimidade dos sócios,
em assembleia convocada expressamente para decidir a matéria.
16.9 - Dissolução
A sociedade LTDA, seja simples ou empresária, extingue-se pela dissolução: art.
1.087 c/c art. 1.033, art. 1.044 do Código Civil. Ademais, o direito de recesso (retirada
do sócio) é inerente a contratação, bastando-se notificação extrajudicial prévia de 60 dias.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:


I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de
sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por
tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e
oitenta dias;
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.
Art. 1.087. A sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas
previstas no art. 1.044. (CCB)

Quanto a S/A, as hipóteses de dissolução encontram-se no art. 206 da Lei de S/A


(numerus clausus/rol taxativo). Ainda, o direito de retirada da companhia, mediante
reembolso de suas ações, é restrito ao acionista vencido nas deliberações previstas no art.
137 da LSA. Isto é, não há hipótese de retirada a bel prazer, por mero descontentamento
ou desavença societária.

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Art. 206. Dissolve-se a companhia:
I - de pleno direito:
a) pelo término do prazo de duração;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X); (Redação
dada pela Lei nº 9.457, de 1997)
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral
ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte,
ressalvado o disposto no artigo 251;
e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.
II - por decisão judicial:
a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista;
b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por
acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei;
III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma
previstos em lei especial.

16.10 – Exclusão extrajudicial de sócio em sociedade limitada

Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais
sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de
inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do
contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na
sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em reunião
ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em
tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de
defesa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019) (CCB)

16.11 – Investidor-Anjo
Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016 na Lei Complementar nº
123/2006 (Simples Nacional). O contrato de investidor-anjo é contrato mercantil (de
direito comercial) e não nova forma de sociedade empresária. As finalidades de fomento
a inovação e investimentos produtivos deverão constar do contrato de participação, com
vigência não superior a sete anos. O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa
física ou por pessoa jurídica, denominadas investidor-anjo. A atividade constitutiva do
objeto social é exercida unicamente por sócios regulares, em seu nome individual e sob
sua exclusiva responsabilidade. O investidor-anjo: não será considerado sócio nem terá
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qualquer direito a gerência ou voto na administração da empresa; não responderá por
qualquer dívida da empresa, inclusive em caso de recuperação judicial, não se aplicando
a ele o art. 50 do Código Civil (desconsideração da personalidade jurídica).
Obs.: Instrução Normativa RFB n° 1.719/2017: disciplinou a tributação de
rendimentos recebidos pelo investidor-anjo.

Art. 61-A. Para incentivar as atividades de inovação e os investimentos


produtivos, a sociedade enquadrada como microempresa ou empresa de
pequeno porte, nos termos desta Lei Complementar, poderá admitir o aporte de
capital, que não integrará o capital social da empresa.
§ 1o As finalidades de fomento a inovação e investimentos produtivos deverão
constar do contrato de participação, com vigência não superior a sete anos.
§ 2o O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa física ou por pessoa
jurídica, denominadas investidor-anjo.
§ 3o A atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente por sócios
regulares, em seu nome individual e sob sua exclusiva responsabilidade.
§ 4o O investidor-anjo:
I - não será considerado sócio nem terá qualquer direito a gerência ou voto na
administração da empresa;
II - não responderá por qualquer dívida da empresa, inclusive em recuperação
judicial, não se aplicando a ele o art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil;
III - será remunerado por seus aportes, nos termos do contrato de participação,
pelo prazo máximo de cinco anos.
§ 5o Para fins de enquadramento da sociedade como microempresa ou empresa
de pequeno porte, os valores de capital aportado não são considerados receitas
da sociedade.
§ 6o Ao final de cada período, o investidor-anjo fará jus à remuneração
correspondente aos resultados distribuídos, conforme contrato de participação,
não superior a 50% (cinquenta por cento) dos lucros da sociedade enquadrada
como microempresa ou empresa de pequeno porte.
§ 7o O investidor-anjo somente poderá exercer o direito de resgate depois de
decorridos, no mínimo, dois anos do aporte de capital, ou prazo superior
estabelecido no contrato de participação, e seus haveres serão pagos na forma
do art. 1.031 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, não
podendo ultrapassar o valor investido devidamente corrigido.
§ 8o O disposto no § 7o deste artigo não impede a transferência da titularidade
do aporte para terceiros.
§ 9o A transferência da titularidade do aporte para terceiro alheio à sociedade
dependerá do consentimento dos sócios, salvo estipulação contratual expressa
em contrário.
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§ 10. O Ministério da Fazenda poderá regulamentar a tributação sobre retirada
do capital investido.
Art. 61-B. A emissão e a titularidade de aportes especiais não impedem a
fruição do Simples Nacional.
Art. 61-C. Caso os sócios decidam pela venda da empresa, o investidor-anjo
terá direito de preferência na aquisição, bem como direito de venda conjunta da
titularidade do aporte de capital, nos mesmos termos e condições que forem
ofertados aos sócios regulares.
Art. 61-D. Os fundos de investimento poderão aportar capital como
investidores-anjos em microempresas e empresas de pequeno porte.

17 – EXCLUSÃO DO SIMPLES NACIONAL (HOLDING)


Conforme a Lei Complementar n. 123/2006, artigo 3, § 4, inciso VII e com a
Resolução CGSN 94/2011, artigo 15, não poderá se beneficiar do tratamento jurídico
diferenciado (Simples Nacional), a pessoa jurídica que participe do capital de outra pessoa
jurídica. Assim, a Holding não pode optar pelo Simples Nacional. O mesmo é válido para
as empresas as quais a Holding participa como sócia, tendo em vista o artigo 3, § 4°,
inciso I da LC n° 123/2006 e o artigo 15, inciso II da Resolução CGSN 94/2011.
18 - VANTAGENS E DESVANTAGENS NA CONSTITUIÇÃO DE
HOLDING
Segundo U. W. Rasmussen (Holdings e Joint Ventures, Edições Aduaneiras,
1988, p. 70), as vantagens da formação de sociedade Holding são:
1) consolidação do poder econômico de todos os componentes do grupo numa
entidade representativa, tanto financeira como administrativamente;
2) maior integração dos processos produtivos, tanto no aspecto retrointegrativo
como pró-integrativo;
3) racionalização dos custos operacionais pela estrutura da Holding nos aspectos
mais sofisticados da gestão: i) o planejamento estratégico; ii) a manipulação financeira;
iii) a atuação mercadológica; iv) a seleção dos recursos humanos;
4) extensiva simplificação da estrutura administrativa e operacional dos
componentes das controladas e afiliadas nos campos de produção, administração e
comercialização exclusivamente;
5) facilidade e dinamismo na manipulação de recursos e os componentes do grupo
e da Holding;
6) centralização do processo decisório, baseado em uma estrutura de gestão
profissional e de alto nível na Holding;
7) elaboração e implantação de técnicas de planejamento estratégico nos
componentes do grupo na mesma Holding

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8) centralização e execução dos planos táticos e operacionais nos componentes
do grupo;
9) análise centralizada de projetos de expansão, horizontalização, verticalização,
pró-integração, transnacionalização, e, eventualmente, a venda de componentes que
mostram baixa performance econômica;
10) centralização do processo de compras de equipamentos pesados, instalações e
contratação de projetos de construção civil nos componentes do grupo;
11) seleção e qualificação dos recursos humanos para o grupo;
12) centralização de processamento de dados e consolidação dos processos
contábeis do grupo na Holding;
13) maior poder de barganha na negociação e obtenção de recursos financeiros e
melhor controle de aplicação de recurso líquidos a curto, médio e longo prazos
14) padronização de processos administrativos, ERPs, sistemas de controles
internos em todos os componentes grupo;
15) centralização das atividades de marketing, pesquisas de mercado, publicidade
e propaganda, para apoiar as atividades de comercialização dos componentes do grupo;
16) maior resultado de atividades de lobby com os Governos em caso de
necessidade de apoio político para certos projetos do grupo;
17) manipulação e administração centralizada de assuntos de acionistas do grupo
em caso de dissidência ou conflito entre os interesses dos acionistas.
Fábio Konder Comparato (Poder de Controle na Sociedade Anomina, RT, 1977,
p. 121) afirma que as vantagens empresariais da sociedade Holding costumam ser
sintetizadas conforme a seguir:
a) controle centralizado, com administração descentralizada;
b) gestão financeira unificada do grupo;
c) controle sobre um grupo societário com o mínimo investimento necessário.
Salvador Ceglia Neto aponta, ainda, como uma das grandes vantagens da Holding,
o poder de facilitar e operacionalizar uma futura sucessão hereditária (As vantagens de se
criar uma empresa Holding, Edven Edições, p. 10).
Como desvantagens da formação de uma Holding, U. W. Rasmussen U. W.
Rasmussen (Holdings e Joint Ventures, Edições Aduaneiras, 1988, p. 70), aponta:
1) eventuais conflitos com acionistas ou quotistas minoritários do grupo
econômico que se oponham à consolidação de poderes na Holding e a sua participação
minoritária no bojo da Holding;
2) a centralização excessiva de poderes na Holding, especial- mente na imposição
do planejamento estratégico e no setor financeiro que pode incomodar os acionistas
minoritários nas empresas afiliadas
3) a inconveniência da publicação de balanços, ou seja, a disposição do disclosure
em caso de a Holding ser incorporada ao modelo legal de uma sociedade anônima;
4) certas preocupações com a Lei nº 6.404/1976 a respeito da distribuição
obrigatória de dividendos (caso das S.A.);
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5) preocupação com a diferenciação de performance econômica dos diferentes
componentes do grupo, tendo a Holding de, eventualmente, sustentar algumas coligadas
com o lucro de outras.

19 - INVESTIMENTOS EM PARTICIPACOES SOCIETÁRIAS

Os investimentos que a empresa faz em participações devem ser avaliados: a) Pelo


método da equivalência patrimonial, ou, b) Pelo custo de aquisição.
19.1- Investimentos avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial
Devem ser avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial (MEP) os
investimentos da pessoa jurídica (Lei n. 6.404/1976, art. 248)
a) Em sociedades controladas;
b) Em sociedades coligadas; e
c) Em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob
controle comum.

Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas


ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo
ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência
patrimonial, de acordo com as seguintes normas:
I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado
com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com
observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no
máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido
não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com
a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela
controladas;
II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o
valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de
participação no capital da coligada ou controlada;
III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o
custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como
resultado do exercício:
a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;
b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos;
c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários.
§ 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste
artigo, serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos
da companhia contra as coligadas e controladas.

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§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá
elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.

19.1.2 - Momento em que deve ser feita a equivalência patrimonial


De acordo com a legislação do Imposto de Renda e exposto tópico, a avaliação de
investimentos pela equivalência patrimonial deve ser efetuada:
a) Na aquisição do investimento, momento em que deverá ser desdobrado o
custo de aquisição em valor de PL na época da aquisição, mais ou menos valia e ágio por
rentabilidade futura (goodwill),
b) Em cada balanço de encerramento do período-base de apuração do lucro
real, momento em que o ajuste do valor do investimento ao valor de patrimônio líquido
da coligada ou controlada deverá ser registrado como indicado no subitem 3.1;
c) Por ocasião da alienação do investimento

19.1.3- Critérios gerais de cálculo da Equivalência Patrimonial


No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em
controladas e em outras que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle
comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as
seguintes normas:
a) O valor do Patrimônio Líquido da coligada ou controlada será determinado
com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado na mesma data
do balaço da empresa, ou até 2 meses no máximo antes dessa data, com observância da
legislação comercial, inclusive quanto à dedução das participações nos resultados e da
provisão para o Imposto de Renda;
Obs.: Nos termos da Lei n. 6.404/1976, art. 248, I, no valor do Patrimônio Líquido
da coligada ou controlada não realizados decorrentes de negócios com a companhia
investidora ou com outras sociedades coligadas à companhia ou por ela controladas não
serão computados.
b) Se os critérios contábeis adotados pela coligada ou controlada e pela
empresa investidora não forem uniformes, esta deverá fazer, no balanço ou balancete da
coligada ou controlada, os ajustes necessários para eliminar as diferenças relevantes
decorrentes da diversidade de critérios;
c) O balanço ou balancete da coligada ou controlada levantado em data
anterior à do balanço da empresa investidora deverá ser ajustado para registrar os efeitos
relevantes de fatos extraordinários ocorridos no período;
d) O prazo de 2 meses mencionado em “a” aplica-se aos balanços ou
balancetes de verificação das sociedades de que a coligada ou controlada participe, direta
ou indiretamente, com investimentos que devam ser avaliados pelo MEP, para efeito de
determinar o valor de Patrimônio Líquido da coligada ou controlada;

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e) O valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o
valor do Patrimônio Líquido ajustado conforme as letras “a” a “d”, do percentual de
participação da investidora no capital da coligada ou controlada.

19.1.3.1 -Ajuste do valor contábil do investimento – registro e tratamento


fiscal
O valor do investimento na data do balanço deve ser ajustado ao valor de
Patrimônio Líquido da coligada ou controlada, determinado de acordo com os critérios
citados nas letras “a” a “e” supra, mediante lançamento da diferença a débito (se positiva)
ou a crédito (se negativa) na conta de Investimentos.
A contrapartida do ajuste, por aumento ou redução no valor de Patrimônio Líquido
do investimento (que é registrada em conta de resultado), não será computada na
determinação do lucro real. Isso significa que a conta que registrar a contrapartida do
ajuste terá o seguinte tratamento fiscal;
a) Se houver ganho, a receita contabilizada será excluída no Lalur para efeito
de apuração do lucro real;
b) Havendo perda, o respectivo valor contabilizado em conta de despesa será
adicionado no Lalur para efeito de apuração do Lucro real.
É importante salientar, ainda, que, nos termos da Lei 6.404/1976, art. 248, III, a
diferença entre o valor do investimento, determinado segundo a equivalência patrimonial,
e seu valor contábil somente deve ser registrada como resultado do exercício;
a) Se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;
b) Se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos;
c) No caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela
CVM.
19.1.3.2- Lucros ou dividendos recebidos da coligada ou controlada
Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada devem ser
registrados, pela investidora, como diminuição do valor de Patrimônio Líquido do
investimento (débito de “Caixa” ou “Bancos Conta Movimento” e crédito da conta que
registra o Investimento), ou seja, não influenciarão as contas de resultado.
Quando os lucros ou dividendos forem apurados em balanço de coligada ou
controlada levantado em data posterior a última avaliação pelo método de equivalência
patrimonial, os respectivos valores devem ser creditados à conta de resultado da
Investidora, mas poderão ser excluídos do lucro líquido, no Lalur, para efeito de
determinação do lucro real.
Como se verifica, essa forma de registro é aplicável às hipóteses em que sejam
distribuídos lucros ou dividendos ainda não integrados ao valor do investimento e aos
resultados da investidora.
Nesse caso, se a avaliação subsequente for baseada em balanço ou balancete com
data anterior à da distribuição, o Patrimônio Líquido da coligada ou controlada deverá ser
ajustado com a exclusão do valor total distribuído.
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Obs.: Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a
partir de janeiro de 1996, pagos ou creditados por pessoas jurídicas domiciliadas no País,
não estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda na Fonte nem integram a base de
cálculo do imposto do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no
exterior. No caso de distribuição de lucros ou dividendos apurados antes de 1o .01.1996,
poderá haver incidência de IR Fonte, de acordo com a época de sua apuração.
Atenção: desdobramento do custo de aquisição
Na aquisição da participação societária sujeita à avaliação pelo MEP, a empresa
deverá desdobrar o custo de aquisição em:
a) Valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo
com o patrimônio líquido da investida; e
b) Mais ou menos-valia, que corresponde à diferença entre o valor justo dos
Ativos líquidos da investida, na proporção da porcentagem da participação adquirida, e o
valor referido em “a”; e
c) Ágio por rentabilidade (goodwill), que corresponde à diferença entre o
custo de aquisição do investimento e o somatório dos valores de que tratam as letras “a”
e “b”.
O valor de patrimônio líquido, a mais-valia ou menos-valia e o goodwill, devem
ser registrados em subcontas distintas.
➔ Procedimentos básicos
A aquisição de participação societária sujeita à avaliação pelo valor do patrimônio
líquido exige o reconhecimento e a mensuração:
I – Primeiramente, dos ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos
a valor justo; e
II – Posteriormente, do ágio por rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho
proveniente de compra vantajosa.
O ganho proveniente de compra vantajosa que corresponde ao excesso do valor
justo dos Ativos líquidos da investida, na proporção da participação adquirida, em relação
ao custo de aquisição do investimento, será computado na determinação do lucro real no
período de apuração da alienação ou baixa do investimento.
➔ Mais-valia ou menos valia – Necessidade de laudo de perito
O valor da mais-valia ou menos-valia deverá ser baseado em laudo elaborado por
perito independente que deverá ser protocolado na Secretaria da Receita Federal do Brasil
ou cujo sumário deverá ser registrado em Cartório de Registro de Títulos e Documentos,
até o último dia útil do 13o (décimo terceiro) mês subsequente ao da aquisição da
participação.

20 - DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS (DDL)


Quanto aos fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.1996, tem-se que não são
tributáveis por Imposto de Renda a distribuição de lucros ou dividendos (Lei Federal nº
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9249/1995). No entanto, inexistindo-se lucros acumulados ou reservas de lucros em
montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação pelo Imposto de
Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% (trinta e cinco por cento) – Inst.
Normativa RFB nº 1700/2017, art. 238. Encontram-se abrangidas pela isenção aos lucros
distribuídos aos sócios de forma desproporcional à sua participação no capital social,
desde de que essa distribuição esteja devidamente estipulada pelas partes no ato
constitutivo, em conformidade com a legislação societária.
Atenção: Quanto às pessoas jurídicas com débito fiscal não garantido com a
União, há vedações para distribuição de lucros conforme previsão do art. 32 da Lei
Federal nº 4.357/1964, com multa de 50% da quantia paga indevidamente, bem como
vedações pelas normas do art. 1.018 do RIR/2018, art. 17 da Lei 11.051/2014 e art. 52 da
Lei nº 8.212/1991 quanto as contribuições previdenciárias.

Da proibição de distribuir rendimentos de participações


Art. 1.018. As pessoas jurídicas que, enquanto estiverem em débito, não
garantido, por falta de recolhimento de imposto sobre a renda no prazo legal
não poderão:
I - distribuírem quaisquer bonificações a seus acionistas; ou
II - darem ou atribuírem participação de lucros a seus sócios ou quotistas, e
a seus diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou
consultivos.
§ 1º a inobservância do disposto no caput acarretará multa que será imposta
(Lei nº 4.357, de 1964, art. 32, § 1º e § 2º) :
I - às pessoas jurídicas que distribuírem ou pagarem bonificações ou
remunerações, em montante igual a cinquenta por cento das quantias
distribuídas ou pagas indevidamente; e
II - aos diretores e aos demais membros da administração superior que
receberem as importâncias indevidas, em montante igual a cinquenta por
cento dessas importâncias.
§ 2º A multa a que se refere os incisos I e II do caput fica limitada a cinquenta
por cento do valor total do débito não garantido da pessoa jurídica.
(RIR/2018)

Há controvérsia jurisprudencial quanto ao tema, visto que se trata de ofensa ao


princípio do livre exercício da atividade econômica e da proteção a propriedade
privada (art. 170 da Constituição de 1988). No entanto, o próprio Fisco entende que
é possível distribuição de lucros de débitos fiscais já parcelados:

Ementa: DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS E DIVIDENDOS. DÉBITOS


NÃO GARANTIDOS E COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.

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PROIBIÇÃO QUE NÃO SE APLICA AO CASO DE PARCELAMENTO.
INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO À DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS.
A pessoa jurídica que possui débitos relativos a tributos administrados
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que sejam objeto de
parcelamento, independentemente da exigência de apresentação de
garantia para este, poderá distribuir quaisquer bonificações a seus
acionistas, e dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou
cotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos
dirigentes, fiscais ou consultivos, sendo, portanto, inaplicável, na
espécie, a vedação constante do art. 32 da Lei nº 4.357, de 1964, com a
redação introduzida pela Lei nº 11.051, de 2004, visto que o parcelamento
constitui hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
abrigada no inciso VI do art. 151 do Código Tributário Nacional, instituído
pela Lei nº 5.172, de 1966, com redação da Lei Complementar nº 104, de
2001. Outrossim, por outro lado, ressalte-se que a vedação prevista no dito
art. 32 da Lei nº 4.357, de 1964, não alcança a distribuição de dividendos,
em razão do veto presidencial oposto à sua redação original. (Solução
Consulta Cosit nº 30/2018).

Ainda, presume-se distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa


jurídica (art. 528 do RIR/2018):

I - aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a


pessoa ligada: Ex.: a pessoa jurídica aliena à pessoa ligada por R$ 500.000,00, bem
do seu Ativo que no mercado atinge o valor de R$ 900.000,00. Observa-se distribuição
disfarçada de lucros (DDL) no valor de R$ 400.000,00, correspondente a diferença
entre o valor de alienação e o valor de mercado;
II - adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa
ligada: Ex.: A pessoa jurídica adquire bem imóvel por R$ 300.000,00, bem que o valor
de mercado é R$ 120.000,00. Há clara DDL do valor de R$ 180.000,00. Esse
raciocínio também aplica-se para operações de permuta em que não há o pagamento
da torna (diferença de valores entre os bens);
III - perde, em decorrência do não exercício de direito à aquisição de bem e em
benefício de pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para
obter opção de aquisição: Ex.: A pessoa jurídica dá um sinal de R$ 100.000,00 para
a compra de um bem, porém, a efetivação da compra e venda não se realiza ocorrendo
a desistência do negócio. Caso o valor não for devolvido, há clara situação de DDL.
IV - transfere a pessoa ligada, sem pagamento ou por valor inferior ao de
mercado, direito de preferência à subscrição de valores mobiliários de emissão de
companhia;

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V - paga a pessoa ligada aluguéis, royalties ou assistência técnica em montante
que excede notoriamente ao valor de mercado; e
VI - realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de
favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada
do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria
com terceiros.

Obs.1: Não se aplica nas hipóteses de devolução de participação no capital social de


titular, sócio ou acionista de pessoa jurídica em bens ou direitos avaliados a valor
contábil ou de mercado.
Obs.2: A hipótese prevista no inciso II do caput não se aplica quando a pessoa física
transferir a pessoa jurídica, a título de integralização de capital, bens e direitos pelo
valor constante na declaração de bens (Lei nº 9.249, de 1995, art. 23, § 1º).

Pessoas ligadas e valor de mercado:


Considera-se pessoa ligada à pessoa jurídica (art. 529 do RIR):
I - o sócio ou o acionista desta, mesmo quando for outra pessoa jurídica;
II - o administrador ou o titular da pessoa jurídica; e
III - o cônjuge e os parentes até o terceiro grau, inclusive os afins, do sócio pessoa
física.

O valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter por meio
de negociação do bem no mercado (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 4º). O
valor do bem negociado frequentemente no mercado, ou em bolsa, é o preço das
vendas efetuadas em condições normais de mercado, que tenham por objeto bens em
quantidade e em qualidade semelhantes.
O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com
base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações
contemporâneas de bens semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou
vender e que tenham conhecimento das circunstâncias que influenciem, de modo
relevante, na determinação do preço ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, § 6º ).
Se o valor do bem não puder ser determinado nos termos estabelecidos e o valor
negociado pela pessoa jurídica basear-se em laudo de avaliação de perito ou empresa
especializada, caberá à autoridade tributária a prova de que o negócio serviu de
instrumento à distribuição disfarçada de lucro.

Distribuição a sócio ou acionista controlador por intermédio de terceiros


Se a pessoa ligada for sócio ou acionista controlador da pessoa jurídica, será presumida
a distribuição disfarçada de lucros, ainda que os negócios de que trata o art. 528 sejam
realizados com a pessoa ligada por intermédio de outrem, ou com sociedade na qual a
pessoa ligada tenha, direta ou indiretamente, interesse.
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OBS.1: O sócio ou acionista controlador é a pessoa física ou jurídica que, diretamente
ou por meio de sociedade ou sociedades sob seu controle, seja titular de direitos de
sócio ou acionista que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria de votos nas
deliberações da sociedade.
OBS.2: A transferência de bem ao patrimônio da empresa, como forma de
integralização de capital subscrito pelo sócio é considerada pelo Fisco forma de DDL,
caso os bens forem transferidos por valor notoriamente superior ao valor de mercado.
ATENÇÃO: Os art. 528 a 530 do RIR/2018 possuem embasamento em hipóteses de
presunções contra o contribuinte. Por certo, em qualquer operação com pessoas ligadas
e principalmente, sócio controlador, deve-se guarnecer a operação com prévia prova
fiscal (e.g.: reconhecimento prévio de firma em Cartório do contrato atestando-se que
não é simulado e confecção de laudo pericial para comprovar o valor de mercado).

ANEXOS

• CONSTITUIÇÃO DE “HOLDING” (HIGUCHI, 2017, p. 414-416)

Hoje está em moda a constituição de “holding” para participação no capital de


sociedade, uns por entender que o empresário fica mais pomposo, outros para fazer
planejamento tributário, outros por entender que facilita a sucessão hereditária etc.,
sem, no entanto, se preocupar com as conseqüências tributárias futuras. Vejamos
algumas conseqüências que podem advir da constituição de “holding” sem qualquer
estudo preliminar.
Formação de deságio. Na maioria das vezes de constituição de “holding” o
investimento será avaliado pela equivalência patrimonial da controlada ou coligada
por ter influência na administração ou participação de 20% ou mais no capital votante
da investida.
A constituição de “holding” que não tenha seu investimento avaliado pela equivalência
patrimonial é muito difícil de ocorrer. Com isso, a primeira providência deverá ser a de
comparar o valor da participação societária na declaração de bens da pessoa física
com o patrimônio líquido que será atribuído na equivalência patrimonial do
investimento.
Se, por exemplo, a pessoa física tem 60% do capital da empresa A declarado por
R$ 5.000.000,00 e o patrimônio líquido daquela empresa é de R$ 10.000.000,00. Na
constituição da “holding” B com aqueles valores, esta registrará o investimento de R$
6.000.000,00 na subconta Valor de Patrimônio Líquido e R$ 1.000.000,00 na subconta
Deságio porque o custo pago foi de R$ 5.000.000,00. No futuro, qualquer que seja o
motivo da baixa do investimento, o deságio de R$ 1.000.000,00 será computado na
determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Se não quiser formar o
deságio, a pessoa física terá que pagar 15% de imposto sobre o ganho de capital de

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R$ 1.000.000,00.
A tributação do ganho de capital na pessoa física é de 15%, mas na pessoa jurídica o
imposto de renda e o adicional são de 25% mais a CSLL de 9%. Por causa da
tributação o deságio poderá representar uma bomba de efeito retardado.
Caso a sociedade A tenha em seu patrimônio líquido lucros acumulados ou reservas
de lucros gerados no período de 1989 a 1993 e a partir de 1996, antes de constituir a
“holding” deverá incorporar aqueles valores ao capital social. Com isso, a pessoa
física receberá bonificações em ações ou quotas de capital que aumentam o custo de
aquisição na declaração de bens e como conseqüência haverá diminuição do valor
do deságio na constituição da “holding”.
Distribuição disfarçada de lucros. Inúmeras pessoas físicas que no exercício
financeiro de 1992, com base no art. 96 da Lei no
8.383/91, alteraram o valor dos bens
constantes da declaração de bens, atribuem esse valor na constituição de “holding”,
sem qualquer preocupação. Como o valor atribuído à participação societária era várias
vezes superior ao do patrimônio líquido da sociedade, na “holding” surgirá enorme
ágio.
Não importa se em 1992 foi elaborado laudo de avaliação dos bens da empresa
ou se a avaliação foi correta porque a Receita Federal já está decaída do direito de
examinar aquele exercício. O problema tributário, todavia, surge no momento em que
é constituída a “holding” mediante atribuição à participação societária de valor bem
superior ao percentual do patrimônio líquido a que tem direito, sem qualquer laudo de
avaliação dos bens da empresa.
A jurisprudência do 1o
Conselho de Contribuintes é mansa e pacífica no sentido de
que o valor de mercado das quotas de capital ou das ações de sociedades de capital
fechado é o patrimônio líquido. Com isso, na constituição de “holding” se a pessoa
física atribuir às ações ou quotas de capital possuídas valor várias vezes superior ao
do patrimônio líquido, sem laudo de avaliação, incidirá na figura da distribuição
disfarçada de lucros porque estará adquirindo bens de pessoa ligada por valor
notoriamente superior ao de mercado, na forma do art. 464, inciso II, do RIR/99.
O laudo de avaliação, para afastar qualquer risco de autuação da Receita Federal,
terá que ser bem elaborado com avaliação ao valor de mercado de todos os bens do
ativo, líquido de tributos. A maioria das avaliações de 1992 levou em consideração
somente os acréscimos de valor do ativo, sem considerar os tributos incidentes sobre
a mais valia. Atualmente o imposto de renda e adicional de 25% mais a CSLL de 9%
totalizam 34%. Com isso, de cada 100 de mais valia do ativo permanente restará o
ganho líquido de 66.
Juros sobre o capital próprio. Uma das inconveniências da criação da “holding”
é no pagamento de juros sobre o capital próprio. Isso porque a sua dedutibilidade está
limitada à metade do lucro do próprio período de apuração ou metade da soma de
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reservas de lucros e lucros acumulados. Além disso, o cálculo é feito com base no
montante do patrimônio líquido.
Se a “holding” não conseguir pagar ou creditar a totalidade de juros sobre o capital
recebido, sobre a diferença pagará o imposto de renda e a CSLL. A empresa investida,
por ter reservas de lucros, deduz R$ 1.000.000,00 de juros sobre o capital próprio
pagos para a “holding”. Esta se não tiver patrimônio líquido suficiente para produzir
juros sobre o capital próprio naquele montante ou se não tiver reservas de lucros,
lucros acumulados ou contrapartida de ajuste da equivalência patrimonial do próprio
período de apuração corre o risco de não poder deduzir o valor de R$ 1.000.000,00
recebido da investida.
Extinção de “holding”. Na extinção de “holding”, se o valor do capital social for
igual ao dos bens do ativo, não há nenhuma tributação porque o art. 419 do RIR/99
dispõe o seguinte:
Art. 419. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem transferidos
ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no
capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado.
A redução do capital antes de decorridos cinco anos contados da data de capitalização
de lucros apurados em 1994 e 1995 tem tributação na fonte de 15%, mas é
difícil uma “holding” estar nessa situação. A distribuição de lucros apurados no período
de 1989 a 1993 e a partir de 01-01-96 não tem nenhuma tributação na fonte ou na
declaração dos beneficiários.
Se a “holding” tiver deságio na conta de Investimentos, na extinção ocorrerá a
baixa do investimento com realização do deságio que será computado na determinação
do lucro real e da base de cálculo da CSLL, ainda que tenha sido amortizado na
contabilidade.

• TRANSFERÊNCIA DE IMÓVEIS. NECESSIDADE DE REGISTRO


DO ATO CONSTITUTIVO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS:

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIROS. PRETENSÃO DE


SOCIEDADE EMPRESÁRIA, NA CONDIÇÃO DE TERCEIRA, DE AFASTAR A
CONSTRIÇÃO JUDICIAL DETERMINADA EM AÇÃO EXECUTIVA QUE
RECAIU SOBRE TRÊS IMÓVEIS, OBJETO DE INTEGRALIZAÇÃO DE SEU
CAPITAL SOCIAL. AUSÊNCIA DE REGISTRO DO TÍTULO
TRANSLATIVO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS EM
RELAÇÃO A DOIS IMÓVEIS. BENS QUE NÃO FORAM INCORPORADOS
AO PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA E TAMPOUCO
ENCONTRAM-SE EM SUA POSSE. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM.
RECONHECIMENTO. TRANSFERÊNCIA DE UM DOS IMÓVEIS APÓS A

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AVERBAÇÃO DA AÇÃO EXECUTIVA. FRAUDE À EXECUÇÃO.
OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.
1. A estipulação prevista no contrato social de integralização do capital social por
meio de imóvel indicado pelo sócio, por si, não opera a transferência de
propriedade do bem à sociedade empresarial. De igual modo, a inscrição do ato
constitutivo com tal disposição contratual, no Registro Público de Empresas
Mercantis, a cargo das Juntas Comercias, não se presta a tal finalidade.
1.1 A integralização do capital social da empresa pode se dar por meio da
realização de dinheiro ou bens — móveis ou imóveis —, havendo de se observar,
necessariamente, o modo pelo qual se dá a transferência de titularidade de cada
qual. Em se tratando de imóvel, como se dá no caso dos autos, a incorporação do
bem à sociedade empresarial haverá de observar, detidamente, os ditames do art.
1.245 do Código Civil, que dispõe: transfere-se entre vivos a propriedade mediante
o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
1.2 O registro do título translativo no Registro de Imóveis, como condição
imprescindível à transferência de propriedade de bem imóvel entre vivos,
propugnada pela lei civil, não se confunde, tampouco pode ser substituído para
esse efeito, pelo registro do contrato social na Junta Comercial, como sugere a
insurgente.
1.3 A inscrição do contrato social no Registro Público de Empresas Mercantis, a
cargo das Juntas Comercias, destina-se, primordialmente, à constituição formal
da sociedade
empresarial, conferindo-se-lhe personalidade jurídica própria, absolutamente
distinta dos sócios dela integrantes.
2. Explicitado, nesses termos, as finalidades dos registros em comento, pode-se
concluir que o contrato social, que estabelece a integralização do capital social por
meio de imóvel indicado pelo sócio, devidamente inscrito no Registro Público de
Empresas Mercantis, não promove a incorporação do bem à sociedade; constitui,
sim, título translativo hábil para proceder à transferência da propriedade,
mediante registro, perante o Cartório de Registro de Imóveis em que se encontra
registrada a matrícula do imóvel.
3. Os embargos de terceiro consubstanciam a via processual adequada àquele que, não
sendo parte no processo, tenha por propósito afastar a contrição judicial que recaia
sobre o bem do qual seja titular ou que exerça a correlata posse. Especificamente em
relação aos imóveis, objeto das Matrículas n. 90.219 e 90.220, a recorrente não ostenta
a qualidade de proprietário, tampouco de possuidor, conforme expressamente
consignou o Tribunal de origem, o que evidencia sua ilegitimidade ativa ad causam.
4. A transferência da propriedade de bem imóvel rural (de Matrícula n. 1.129) à
sociedade empresária recorrente deu-se em momento posterior à averbação da ação
executiva no Registro de Imóveis, de que trata o art. 615-A, do CPC/1973, a ensejar a
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presunção absoluta de que tal alienação deu-se em fraude à execução, afigurando-se de
toda inapta à produção de efeitos em relação ao credor/exequente.
5. Recurso especial improvido. (STJ. RECURSO ESPECIAL Nº 1.743.088 – PR.
RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE. Brasília, 12 de março de
2019)

MP DA LIBERDADE ECONÔMICA CRIA SOCIEDADE UNIPESSOAL E


EXTINGUE EIRELI
Fonte: Valor Econômico – 30/07/2019

BRASÍLIA - A versão da medida provisória (MP) da Liberdade Econômica aprovada


por uma comissão do Congresso acaba com a necessidade de sócios “fictícios” para a
abertura de empresas limitadas (Ltda). A medida cria a figura da sociedade unipessoal
e extingue a existência da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli),
considerada burocrática e restritiva. A mudança afetará 796 mil empresas em atividade.
Hoje, para fugir da necessidade de um sócio, o empresário tem que recorrer a dois
modelos: a Eireli, alvo de reclamações por exigir capital de R$ 100 mil para constitui-
la; ou a empresa individual, em que não há a proteção ao patrimônio pessoal em caso
de dívidas. Isso leva ao uso de parentes ou sócios com participação ínfima para
contornar a exigência e se abrir uma Ltda.
Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2014 mostra que 85,70%
das sociedades limitadas em São Paulo tinham dois sócios e que na maioria das vezes
ou um dos sócios tinha controle majoritário, de pelo menos 75%, indicando a
possibilidade de sócio fictício, ou havia divisão igualitária, mas os sócios eram da
mesma família, segundo o professor Renato Vilela, que participou do estudo.
“Concluímos que toda a regulação no Código Civil não contempla as sociedades que
são mais simples”, diz Vilela. Para ele,
a Eireli é um “monstrengo” que deixa o patrimônio do sócio vulnerável e a MP
resolverá esse problema. “Agora, ao invés de levar a pessoa a buscar um sócio fictício,
deixa ele tocar sozinho”, afirma.
A MP original autorizou a criação de empresas limitadas com um único sócio e o relator
avançou mais: extingue a existência das Eirelis e transforma todas as 796 mil existentes
hoje, automaticamente, em unipessoais. O parecer com as mudanças já foi aprovado
pela comissão do Congresso e será analisado pelo plenário da Câmara em agosto.
A sociedade limitada unipessoal, afirma o advogado Thiago Spercel, adota instituto
semelhante ao de outros países para substituir a Eireli, que nunca foi bem aceita pelo
mercado. “Ela tem três grandes desvantagens”, afirma. Só pode ser aberta por pessoa
física, exige capital de pelo menos 100 salários mínimos (R$ 99,8 mil) e que ele seja
inteiramente integralizado . Diferente da Eireli, a sociedade limitada unipessoal pode
ter sócio pessoa jurídica ou física, não exige capital mínimo e ele pode ser integralizado
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da forma como as partes quiserem. Além disso, há o limite de uma Eireli por pessoa, o
que não acontece na sociedade limitada unipessoal. “Fica mais fácil abrir uma
empresa”, afirma o advogado.
A substituição automática das Eirelis, que deixarão de existir na legislação, por
sociedades limitadas unipessoais, é importante porque não vai gerar ônus para as
empresas, pontua a advogada Miriam Prado, sócia do escritório Fortes e Prado. A MP
deixa claro que a transformação ocorrerá “independentemente de qualquer registro ou
formalidade”.

FUNDO DE ABILIO DINIZ VENCE MAIOR PARTE DE DISPUTA


BILIONÁRIA NO CARF
Fonte: Valor Econômico – 30/07/2019
BRASÍLIA - A Península Participações venceu, no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf), a maior parte de uma disputa bilionária com a Receita Federal.
O fundo de Abilio Diniz foi autuado por ganho de capital na operação que resultou na
troca de comando do Grupo Pão de Açúcar, que passou a ser controlado pelo francês
Casino, em 2012.
A decisão é da 2ª Turma da 3ª Câmara da 1ª Seção do Carf (processo nº
16561.720093/2017-23). O fundo tem outros processos parecidos que aguardam
julgamento, segundo fontes. A Península Participações é uma empresa de investimento
privado fundada em 2006 pelo empresário Abilio Diniz. Atualmente, ela faz a gestão
de ativos da família Diniz.
A Receita Federal cobra IRPJ e CSLL por ganho de capital na troca de ações realizada
na saída do empresário Abilio Diniz do Grupo Pão de Açúcar. Na operação, o
empresário trocou suas ações ordinárias por preferenciais e o Fisco autuou a permuta.
Na autuação, cobra IRPJ e CSLL sobre o valor de mercado das ações permutadas.
O fundo alegou, no processo, que deve ser usado o valor patrimonial e não o valor de
mercado para calcular a diferença no valor das ações. O valor patrimonial é o que está
no balanço das empresas e costuma ser menor do que o valor de mercado,
sujeito às oscilações diárias da bolsa de valores.
A turma manteve a tributação do ganho de capital, mas com a forma de cálculo indicada
pelo fundo. Isso reduziu o valor da autuação. A base de cálculo mudou de R$ 1,3 bilhão
para cerca de R$ 60 milhões. Originalmente, a cobrança era de cerca de R$ 1,5 bilhão
e, com a mudança na forma de cálculo, ficou em por volta de R$ 10 milhões.

REFERÊNCIAS:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da
União. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 26 jul.2018.
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________. Instrução Normativa DREI Nº 63, de 11 de junho de 2019. Altera a
Instrução Normativa DREI nº 15, de 5 de dezembro de 2013, e o Manual de Registro de
Sociedade Limitada, aprovado pela Instrução Normativa DREI nº 38, de 2 de março de
2017

________. Instrução Normativa RFB nº 1037, de 04 de junho de 2010. Relaciona países


ou dependências com tributação favorecida e regimes fiscais privilegiados. Disponível
em:<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idA
to=16002> . Acesso em: 14 Ago.2019.

________. Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Diário Oficial da União, Brasília, 10 jan. 2002. Disponível em: < http://
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 14 Ago.2019.

________.Lei Federal nº 13.105, de 16 de março de 2015.Instituiu o Código de


Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 16 mar. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso
em: 14 Ago.2019.

________. Lei Federal no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as


Sociedades por Ações. Diário Oficial da União. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 14 Ago.2019.

_________. Lei Federal nº 13.792, de 3 de janeiro de 2019. Altera dispositivos da Lei nº


10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para modificar o quórum de
deliberação no âmbito das sociedades limitadas. Diário Oficial da União. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13792.htm>.
Acesso em: 14 Ago.2019.

________. Lei Federal Nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação


tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo
de consulta e dá outras providências. Diário Oficial da União. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm>. Acesso em: 14 Ago.2019.

________. Lei Federal nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema


Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,
Estados e Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, 25 out. 1966. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 18 jul.2018.

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________. Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial da União, Brasília, 10 jan. 2002. Disponível em: < http://
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 18 jul.2018.

________. Lei Federal nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação


judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Diário
Oficial da União, Brasília. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acesso em:
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________. Lei Federal nº 13.874 de 20 de setembro de 2020. Conversão da Medida
Provisória nº 881, de 2019. Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica;
estabelece garantias de livre mercado; altera as Leis nos 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 11.598, de 3 de dezembro de
2007, 12.682, de 9 de julho de 2012, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 10.522, de 19
de julho de 2002, 8.934, de 18 de novembro 1994, o Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de
setembro de 1946 e a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943; revoga a Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, a
Lei nº 11.887, de 24 de dezembro de 2008, e dispositivos do Decreto-Lei nº 73, de 21 de
novembro de 1966; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13874.htm#:~:text=Art.,IV%20do%20caput%20do%20art.>

________. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 892, DE 5 DE AGOSTO DE 2019. Altera a Lei


nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e a Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014,
para dispor sobre publicações empresariais obrigatórias. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv892.htm >
Acesso em: 14 Ago. 2019.

_________. Superior Tribunal De Justiça STJ - Agravo Regimental No Recurso


Especial: AgRg no REsp 1016766 PR 2007/0300526-8. Disponível em:
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________. Superior Tribunal De Justiça STJ. RECURSO ESPECIAL Nº 1.743.088 –


PR.RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE. Brasília, 12 de março de
2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/integralizacao-capital-social-
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_______. Supremo Tribunal De Justiça: Integralização do capital social com imóveis


exige transferência no cartório imobiliário. Disponível em
<https://www.anoreg.org.br/site/2019/04/04/stj-integralizacao-do-capital-social-com-
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MP DA LIBERDADE ECONÔMICA PREVÊ EMISSÃO DE DEBÊNTURES POR
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