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Prefácio
Para o autor esta Nova dialética racional advém do marco que foram as ciências
físicas com a sua conquista da natureza através da racionalidade matemática,
imprimindo um caráter nacional dos processos históricos sociais, vendo o real como
totalidade submetida a leis somando-se a isto a afirmação da historicidade dos processos
sociais.
Sendo estas categorias fundamentais para fundar a ética e a ontologia, a fase que
se segue por parte da burguesia prioriza a cisão exatamente destas. A decadência na
ética e ontologia é inteiramente ideológica, o saber verdadeiro é limitado a ciências
particulares, na filosofia só a lógica formal apresenta desenvolvimento efetivo havendo
uma neutralização das descobertas parciais para que não atinjam o âmbito da ética e
ontologia.
Já em Nietzsche:
Angústia e Segurança
Antes de se iniciar uma análise mais profunda sobre o quadro histórico que
resultou as teses chamadas aqui de “miséria da razão”, o autor expõe o surgimento de
uma variante agnóstico-formalista, que tem como característica substituir o idealismo
subjetivo pelo idealismo objetivo (COUTINHO, 2010).
Dito isso, Coutinho (2010) expõe sobre o período histórico buscando conceituar
que os intelectuais burgueses da época diante do real, ao analisar de forma fetichizada o
ciclo da acumulação capitalista por exemplo, elaboram um “sentimento do mundo” que
nada mais é que ideologias imediatistas, buscando a diferenciação da “concepção de
mundo”. Essa ideologia imediatista busca experimenta duas sensações, “angústia e
segurança”, de acordo com o que se interpreta disso, eles elaborarão conceitos
irracionalistas ou pseudorracionalistas respectivamente, e é sobre isso que buscaremos
nos debruçar neste primeiro subtítulo (COUTINHO, 2010).
Respectivamente no campo da “segurança”, Coutinho (2010) diz que é neste ponto que
a economia capitalista busca limitar a expansão da personalidade humana, subjugando-a
às leis e ordenamentos socialmente impostos por esta estrutura, criando assim uma
conformidade, trazendo ao indivíduo uma espécie de “segurança”, em um mundo de
contradições (COUTINHO, 2010). E mais:
Dito isso, o autor expõe duas características principais de Lukács sobre essa
transformação econômica. A primeira compartilha o entendimento de que o campo do
consumo da sociedade agora também havia sido dominado pelo processo capitalista, o
que antes, o capitalismo somente dominava a produção. Coutinho ainda declara que
para Lukács “todo o sistema de manipulação surgiu dessa necessidade (econômica) e
estendeu-se posteriormente também à sociedade e à política” (COUTINHO, 2010, p.
68). Já a segunda característica está na identificação de que este novo período capitalista
há uma extração de mais-valia relativa, significando um aumento da exploração do
proletariado e de mesmo modo um aumento do nível de vida do trabalhador
(COUTINHO, 2010). Este aumento do padrão de vida reproduz este aumento da
produção sem o receio de crises de superprodução.
Para o autor, uma análise humanista tem capacidade de colocar ir contra a práxis
pela manipulação. A visão concreta da história, desvelaria as possibilidades de
mudanças. E por fim a dialética, se voltaria contra este “mundo organizado” na razão
burocrática e na racionalidade objetiva do conjunto da sociedade, ultrapassando limites
quanto à razão. A finalização deste ponto se dá pelo entendimento do autor que o
estruturalismo segue essa nova encarnação do conceito de “miséria da razão”. Ele
assume a racionalidade burocrática, ou seja, a própria manipulação e as todo tipo de
devastação humana que ocorre quando se impõe o seu objeto como base para o seu
sistema teórico. Ele perpetua a dominação do aprisionamento do homem como um
simples “dado” e que a liberdade seja apenas uma ilusão humanista.
Como visto, dois núcleos de crítica foram desenvolvidos ao longo do texto, por
um lado a “miséria da razão” sendo esta a crítica às correntes positivistas e pós-
positivistas identificadas ao racionalismo formal e à aceitação da imediaticidade
cognoscível dos fenômenos e, por outro lado, fora realizada a crítica à “razão miserável
e a ideologia da segurança”, no qual o conceito de segurança, formulado na cultura da
decadência, liga-se à limitação imposta pela economia capitalista e que deve ser aceita a
fim de garantir a estabilidade de um mundo contraditório.
Essa manipulação pode ser definida como “a práxis em que o homem, ignorando
(consciente ou inconscientemente) as determinações essenciais do objeto, decompõe-no
em ‘unidades’ simples imediatamente utilizáveis” (COUTINHO, 2010, p. 90), sem
refletir acerca do valor racional ou das consequências intrínsecas a seu uso. Ou seja, a
manipulação tem um caráter fenomênico, imediato, que refletem a própria atividade do
sujeito enquanto se utiliza de procedimentos intelectivos.
Do neopositivismo ao estruturalismo
Posfácio
Coutinho relutara em realizar nova publicação deste livro, uma vez que autores
como Althusser e Foucault, objetos de crítica largamente fundamentada nos capítulos 4
e 5 deste livro, haviam modificado seus pensamentos e preenchido certas lacunas, ainda
que parcialmente as críticas do autor se mantivessem. Inclusive, Netto adverte que no
momento da publicação da primeira edição do “Estruturalismo e a Miséria da Razão”,
as principais e maduras obras destes autores ainda não haviam sido abertas à sociedade.
Tal fato não retirou a necessidade desta edição que possibilitasse o contato de uma nova
geração à esta obra central, cabendo sempre a lembrança de ser uma crítica localizada
aos autores estruturalistas referidos.
Tal zeitgeist tem em sua formulação mais difundida a obra de Lyotard de 1979:
A condição pós-moderna. Consiste em um verdadeiro amalgama de resgastes do
neopositivismo e do estruturalismo de pensamentos em muito anteriores às
transformações econômicas vivenciadas no globo a partir do final dos anos 70: