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Vocabulário Psicótico

Olavo de Carvalho

No estudo da linguagem humana, a distinção mais antiga e mais


fundamental é entre signo, significado e referente. Signo é um sinal, visual
, sonoro ou qualquer outro, que indica uma idéia, uma intenção, e a
representa na esfera mental. Significado é um conjunto de signos que
expressa a intenção subjetiva contida no signo. Referente é o objeto, a
coisa, o elemento do mundo real — objetivo ou subjetivo — a que o
significado, e portanto também o signo, se refere. Se um sujeito sabe de
cor e salteado a definição de “vaca”, mas, quando lhe mostramos uma
vaca, ele não sabe distingui-la de um tatu, de uma caixa de fósforos ou de
um reator atômico, o signo que ele usou corresponde apenas a um
significado, a uma intenção subjetiva, mas a nenhum elemento da
realidade.
Na discussão política, e em geral na linguagem jornalística, o uso de
significados sem referentes é um hábito auto-hipnótico com que o
emissor da mensagem persuade a si mesmo, e ao seu público, de que está
dizendo alguma coisa quando não está dizendo absolutamente nada.
Se ele faz isso por ignorância ou malícia é indiferente, pois a malícia não
passa de uma ignorância fingida ou planejada.
Um dos exemplos mais característicos é o uso corrente, onipresente e
obsessivo, da expressão “instituições democráticas”. Entende-se por isso
as entidades e instituições fundadas em leis e constituições que instituem
o sistema representativo, bem como o império das leis que o controlam.
Entende-se que essa expressão define um treco chamado “democracia”,
diferenciando-o dos regimes ditatoriais, tirânicos ou autoritários, onde
governantes que não representam senão a si mesmos fazem o que bem
entendem e não estão submetidos à lei nenhuma. No Brasil, os defensores
das “instituições democráticas” apresentam-se como protetores da
liberdade e do povo, em oposição aos adeptos de uma “ditatura militar”,
representados, segundo se diz, pelo atual presidente da república, seus
filhos, amigos e adeptos.

Até aí, tudo está muito claro, mas com essa conversa não saímos do reino
dos significados verbais. Não tocamos no referente. Se agora buscamos os
entes da realidade que a linguagem corrente associa a esses termos, não
os encontramos em parte alguma. Em primeiro lugar, os adeptos da
“ditadura” que eles chamam também de “intervenção militar” ou mesmo
de “intervenção militar constitucional”, existem realmente mas são raros
e não têm a menor influência sobre a massa dos partidários do
presidente, os quais se apresentam como uma massa firmemente
decidida a lutar pelos seus próprios objetivos, apoiando o presidente, é
certo, mas sem dele receber nem mesmo uma instrução ou palavra de
ordem, quanto mais uma voz de comando. Isso quer dizer que, quando se
apresentam como defensores da “democracia” contra o perigo do
“autoritarismo militar”, os adeptos das “instituições democráticas” fingem
lutar contra um inimigo imaginário para não ter de declarar qual o
inimigo real que estão combatendo e desejam destruir. Esse inimigo não é
nenhuma “ditadura”, mas a massa popular, a indignação populista que
ocupa as ruas e deseja impor a sua vontade soberana à minoria política,
jornalística e universitária dos “defensores da democracia”, bem como
aos eventuais apóstolos da “ditadura”.

Mas a democracia, salvo engano, não se define pela presença de tais ou


quais “instituições”, e sim por ser “o governo do povo, pelo povo e para o
povo”, isto é, o governo em que as instituições, quaisquer que sejam,
estão sob o controle do povo e não o povo sob o controle delas.
Quando se voltam contra a massa popular em nome das “instituições
democráticas”, os defensores destas últimas estão simplesmente
invertendo o sentido da democracia, fazendo dela o império absoluto de
“instituições” sob as quais o povo não tem e não pode ter nenhum poder
nem meios de ação. Não espanta que, ao sair da cadeia, o apóstolo
máximo as “instituições democráticas” e inimigo jurado do “autoritarismo
fascista”, sr. Luiz Inácio Lula da Silva, não encontre nenhum respaldo
popular e busque, em vez dele, o apoio da classe militar, personificação da
“ditatura”.

A linguagem dos debates públicos brasileiros é um conjunto de inversões


psicóticas em que cada falante não trata senão de ludibriar-se a si mesmo
para melhor poder ludibriar os outros.
Maduro: direita, volver
Nova narrativa da esquerda pretende associar a imagem do ditador
Nicolás Maduro à do presidente Jair Bolsonaro

Por Fernando Castro


Exclusivo para BSM

No livro “A Fome Vermelha”, a historiadora americana Anne Applebaum


apresenta a justificativa utilizada pelos comunistas sobre o período da
coletivização forçada da agricultura na Ucrânia, entre 1931 e 1933, ao
afirmar que o ditador soviético Josef Stálin havia se tornado um
"direitista". Pelo menos 5 milhões de ucranianos morreram de fome no
período por conta da catastrófica política stalinista, que determinou a
estatização de toda a produção ucraniana.

Algo semelhante acontece na Venezuela. Internamente, o ditador Nicolás


Maduro tenta responsabilizar seus opositores pela fome que devasta o
país.
Externamente, a esquerda agora adotou a tática de associar a figura de
Maduro à de Jair Bolsonaro, insinuando que o tirano de Caracas é uma
espécie de “Bozo venezuelano”.

Um exemplo dessa tentativa de “bolsonarizar” Maduro foi dado pelo


jornalista Guga Chacra, da GloboNews. Em recente comentário no Twitter,
Chacra afirmou que o ditador venezuelano é um “conservador”, por
supostamente estar se associando com igrejas protestantes no país.
No entanto, isso não representa nem de longe pensamento de Roderick
Navarro, ativista e líder do grupo “Rumbo Libertad”, que tem como
principal pauta o fim da ditadura de Maduro e a volta da liberdade na
Venezuela.
Em entrevista ao Jornal BSM, Navarro destacou que atualmente diversos
jornais e profissionais da imprensa têm buscado minimizar os efeitos do
comunismo em seu país, principalmente os altos índices de miséria,
mortes e perseguições política aos opositores.
O ativista rechaçou o comentário proferido pelo jornalista da Globo e
avaliou os objetivos dos comunicadores em declarações desse tipo.

“Essa atitude do Chacra tem a intenção de desinformar os brasileiros


sobre as atrocidades ocorridas na Venezuela por meio do fingimento da
realidade. Assim, eles atacam a religião, colocam Maduro como um
suposto conservador e, na prática, fornecem apoio à agenda cultural da
esquerda”, afirmou Navarro.
De acordo com o ativista venezuelano, existe atualmente uma tentativa de
macular a imagem do governo Bolsonaro e associá-lo à figura do ditador
venezuelano.

“A narrativa da esquerda se faz no sentido de comparar Maduro com


Bolsonaro, principalmente pelo sucesso do governo brasileiro. Tanto aqui
no Brasil como na Venezuela, os jornalistas da esquerda têm a mesma
narrativa: colocar Maduro no mesmo nível de Bolsonaro”, destacou.
O que acontece na prática, segundo Navarro, são verdadeiras
perseguições contra os inúmeros cristãos na Venezuela, principalmente
contra os católicos, que frequentemente são impedidos de manifestarem
sua fé.
“Maduro e os integrantes do seu partido atacam as paróquias católicas,
que são as mais queridas e preservadas pela nossa sociedade. Os
chavistas destroem as igrejas, enquanto a ditadura protege o terrorismo
islâmico”, observou o venezuelano.

Manifesto Sem Medo


Para construir um Brasil Sem Medo, é preciso cultivar a virtude
cardeal da Fortaleza

Por Evandro Pontes


Exclusivo para BSM
Santo Ambrósio, também conhecido como Ambrósio de Milão, um dos
mais humildes e profundos doutores da Igreja, era também conhecido
pela estrita observância das sacralidades bíblicas como o Caminho único
para a paz.

Santo Ambrósio foi de uma pertinácia tão marcante que, ao defender essa
observância, era um dos únicos na Igreja a tratar da guarda do sábado,
o Shabbat judaico. Para ele, o estudo do Antigo Testamento era, pois, a
raiz de todo o conhecimento humano e a chave de compreensão, item,
para a cristandade.

Propositalmente cito Santo Ambrósio e aqui, na distância do imbróglio


de Kallinikón sobre a justiça na reconstrução de uma sinagoga (a que ele
se opôs), coloco Ambrósio de Milão, feroz anti-ariano e desagradável anti-
imperialista, no centro desta polêmica inauguração de minha coluna
no Brasil Sem Medo: coube a ele, Ambrósio, na passagem do antigo para o
medieval, a tarefa de mergulhar na essência humana e colher as Virtudes
Cardeais que devem guiar todos, sem exceção.

Em seu De Oficiis Ministrorum, glosando Cícero, Ambrósio detalha nos


capítulos XXXV e XXXIX do Livro I, a questão da Fortitudo e não à toa se
ancora nas lições e nos Salmos do Rei Davi. Em seu The Philosophy of
Hebrew Scripture, Yoram Hazony lembra que a primeira aparição do Rei
Davi no campo de batalha deu-se “without armor, but with a shepherd’s
staff in his hand” (sem armadura, mas com o cajado de um pastor nas
mãos), logo antes de enfrentar Golias.

De fato, Ambrósio de Milão bebe não só na fonte bíblica (que Hazony


confirma indiretamente), mas também e sobretudo em um diálogo
platônico pouquíssimo conhecido, intitulado Laques, em que Sócrates
debate com Laques, general ateniense, sobre a natureza
da bravura ou coragem – no grego, andréios (de andros, “homem” ou
“varão” ou a característica da Força [interior e exterior] comum a todos
os gêneros, como bem já demonstrou Gorgo ao proteger Leônidas na
novela 300 de Miller, bem como Leonore ao libertar Florestan
no Fidelio de Beethoven).
É a partir das lições de Santo Ambrósio que Santo Tomás de Aquino se
aprofundará no tema das Virtudes Cardeais – doutores da igreja, diga-se
de passagem, caros a jusnaturalistas como John Finnis, alvo de
perseguição em Oxford pela ousadia de dizer coisas que necessitam ser
ditas.

Este jornal, e tenha certeza que esta coluna, terá por foco a Virtude
Cardeal da Fortitudo, exatamente na linha dos nomes citados: de Platão a
Davi, de Aristóteles a Cícero, de Voegelin a Finnis, de Hazony a Olavo de
Carvalho – é a coragem que importa para construir um verdadeiro Brasil
Sem Medo.

A Fortitudo é a Fortaleza, palavra que também está presente nas artes


marciais, cujo correspondente em japonês, Kamae, é usado em combates
de kenjutsu para indicar aos combatentes que “tomem posição” – só que,
no japonês arcaico, o Kamae é exatamente a palavra que indica a
Fortaleza, local ao mesmo tempo de Força e Prudência (proteção, defesa).

Eis a razão pela qual o liberalismo dos portadores de receio que se


instalou no Brasil, com a sua falsa prudência, é exatamente o inimigo a ser
combatido. Ao criar um senso de prudência que nada lembra
a Prudentia (no sentido de proteção) igualmente trabalhada por
Ambrósio de Milão, em perfeita articulação com a Fortitudo, o isentismo
cria um conceito cafajeste de medo e dá a ele a falsa designação
de prudência. O fraudador-mor do conceito prudencial dos liberais é o
príncipe do isentismo mandiopã: Mark Lilla.

Tratando em sua Mente Imprudente de uma não-prudência (ao seu ver, e


que aos olhos de qualquer pessoa treinada em escolástica é
instantaneamente identificável como a antítese da não-coragem, qual
seja, o conceito puro e acabado de covardia), essa horda de gente que
empresta esposa para estranhos fornicarem em festas do liberalismo não
anônimo trabalha para instalar na sociedade o mais puro e caricato medo.

Não gostam da Fortaleza, que reúne ao mesmo tempo a bravura que


Sócrates discute com Laques e Davi demonstra com seu cajado diante de
Golias. Não gostam também da verdadeira Prudentia cardinal, que invoca
o senso de proteção que é uno a todos os conservadores.
Conservadores protegem e só protegem porque necessitam de maneira
vital da Fortitudo. Protegem os vulneráveis, protegem seus filhos,
protegem e se sacrificam por quem amam, algo que Hazony destaca em
Abrãao, que deixou a lição de alguém “exceedingly concerned to safeguard
his own interests and those of his family” (“abundantemente preocupado
em proteger seus próprios interesses bem como os de sua família”).

Liberais e isentistas não protegem – pelo contrário: adoram deixar todos


(inclusive eles próprios) expostos e vulneráveis ao mais bruto e
insensível mal na Terra. Têm todos, sem exceção, o hábito de emprestar
as esposas em nome da “liberdade individual dos gêneros”, de estimular
os filhos em tenra idade a se “autoidentificarem”, de dialogar com
comunistas psicopatas “em nome do debate de ideias” e por aí vai...

Além dessa atitude antiprotetiva e de deliberada exposição a quem cabe


manter em Fortaleza (a verdadeira Prudentia), os isentistas são aqueles
retardatários das corridas de Fórmula 1 que não dão passagem e quando
ultrapassados pelos primeiros colocados, reclamam de sua “Sênnica”
agressividade ao ponto de denunciá-los por “ódio no volante”.

O liberal que adverte e reclama de mentes imprudentes quer que


o conservador sem medo se sinta culpado pelo seu pensamento, até que
não apenas pare de pensar, mas sim e sobretudo que passe a denunciar
com ele quem ousar pensar com coragem (na visão deles e dentro do
vocabulário novilinguês do isentismo, “prudência”, but not prudentia on
mine own dictionary).

Aqui, nesta coluna, o Brasil Sem Medo será não apenas Pontes, mas
Fortaleza contra toda espécie de covarde, filho da puta, atávico,
mentiroso, cínico, energúmeno, ímpio, boçal, ignorante, sectário e,
sobretudo, ao modo de Judas Iscariotes, traidor.

Eis a nossa missão:


Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.

Por que o MEC não renovou com


a TV Escola?
Por Fábio Gonçalves
Exclusivo para BSM

O Ministério da Educação decidiu não renovar o contrato de prestação de


serviços com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto
(ACERP), gestora da TV Escola. O vigente contrato foi firmado em 2015
com encerramento previsto para 31 de dezembro deste ano.

Fontes do ministério afirmam que a decisão se deu, basicamente, pelo


fato de que o MEC investia muito dinheiro na ACERP para a
administração da TV Escola (R$ 42 milhões só em 2019), mas não tinha
poder decisório sobre as diretrizes do canal.

A ACERP, uma pessoa jurídica de direito privado, é gerida por um


Conselho Administrativo cujos membros, nomeados por diversas
entidades políticas e civis, têm mandato de quatro anos. Ademais, o
Diretor-Geral, que é quem na prática conduz a entidade, também tem um
mandato, no caso, de dois anos. Dito de outro modo, as pessoas que
comandam a TV Escola são inamovíveis de seus cargos – pois eletivos –
ainda que suas visões e objetivos sejam incompatíveis e mesmo
conflitantes com a gestão do MEC.
A ACERP, diz o MEC, propôs a renovação do contrato, para o mesmo
objeto, no valor total de R$ 559 milhões – dos quais, R$ 393 milhões à TV
Escola e R$ 166 milhões à Cinemateca –, para o prazo de cincos.
Acredita-se dentro do MEC que a TV Escola não será fechada, pois teria
condições de oferecer seus serviços ao governo, incluindo ao próprio
MEC, ainda que sem os vínculos nos termos atuais. Há também quem
aposte que a administração do canal será realocada para outro ministério,
possivelmente redundando num amálgama da TV Escola com a EBC, canal
sob a incumbência da Casa Civil.

A assessoria de imprensa da ACERP informou que divulgará uma nota


sobre a decisão do MEC neste sábado (14.dez).

O Papa e a Ministra: uma ponte


extraordinária
A Ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, concede entrevista
exclusiva ao BSM depois de longa reunião com o Papa Francisco

Por Bernardo Küster


Exclusivo para BSM
Foto: Reprodução/Twitter

“Expressar liberdade, não ter medo, desinibir-se” foram as palavras que o


Papa Francisco usou em seu discurso de inauguração da nova sede
do Scholas Occurrentes no último dia 13 de dezembro, no Palácio de São
Calisto, em Roma. O projeto ocupa-se em educar e formar jovens e
crianças em 190 países no compromisso do bem comum e reúne mais de
500 mil instituições. O Scholas, como é conhecido, nasceu em 2001, na
cidade de Buenos Aires por iniciativa do então Arcebispo da capital, Jorge
Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, que ampliou e fortaleceu as ações
do programa em agosto de 2013.
Além da inauguração da nova sede, Francisco reuniu-se com uma
delegação de primeiras-damas da América do Sul, provenientes da
Argentina, Colômbia, Paraguai, Belize e, claro, do Brasil, todas dispostas a
apoiar as iniciativas da fundação pontifícia.
Michelle Bolsonaro, que teve a oportunidade de ensinar libras ao Papa, foi
acompanhada da Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos,
Damares Alves. A ministra, em entrevista à Rádio Vaticana, reafirmou a
postura adotada pelo Governo Bolsonaro, causa de tantas críticas
histéricas feitas pela extrema-imprensa: defender a vida desde a
concepção até o seu fim natural, ponto fulcral da Cultura da Vida
anunciada por São João Paulo II. Perguntada pela redação do Brasil Sem
Medo se houve algum acordo firmado em Roma, Damares afirmou que
não, mas ressaltou: "Eu acho que a gente abriu uma porta extraordinária".
Damares disse também à Rádio Vaticana que, nos próximos dias,
anunciará, como Governo, "um projeto extraordinário de proteção da
criança". Segundo ela, será o maior pacto pela infância jamais feito no
Brasil, quem sabe no mundo. Esta é uma das razões pelas quais a Ministra
é alvo frequente da bile da esquerda e do establishment: em sua pasta não
há lacração, promoção da ideologia de gênero e do aborto, nem ampliação
de ações afirmativas que reforçam preconceitos. Damares tem buscado,
dentro dos limites da quase incontornável burocracia estatal, fazer com
que sua atuação reflita o sentimento nacional conservador do brasileiro
médio: proteção e promoção da criança, não doutrinação; defesa da vida,
não da cultura da morte; inclusão dos indígenas, não aparelhamento para
revolução. Se por isto é perseguida, que o seja pelo bem que tem feito.

Como o Presidente Bolsonaro ainda não teve a oportunidade de


encontrar o Papa, sua esposa e sua Ministra de Direitos Humanos, ambas
protestantes, começam a construir uma ponte, há muito sequestrada pela
teologia da libertação. Damares saiu esperançosa. “O Brasil tem maioria
católica.”
A Ministra, ainda em Roma, concedeu uma entrevista exclusiva ao Brasil
Sem Medo.
Brasil Sem Medo - Qual a pauta da reunião com o Papa Francisco?
Tratou-se somente o projeto Scholas Occurrentes?
Damares Alves - A pauta com o Papa foi bem específica. Ela foi para falar
do projeto Scholas, que é dele, e inclusive tinha alunos de outros países do
mundo aqui compartilhando as experiências do Scholas. As primeiras-
damas da América do Sul que não conheciam vieram conhecer. A ideia é
implantar em todos os lugares, se não for o Scholas, pelo menos a
metodologia para alcançar os jovens e evitar a evasão escolar.
BSM - Houve um momento a sós com o pontífice?
Damares - Não houve um momento a sós [com o Papa]. A reunião com o
Papa aconteceu com as primeiras-damas todas juntas por um tempo
reservado com ele numa sala e nós acompanhamos, ministros e
assessores. Foi um tempo precioso, um tempo longo. E depois nós fomos
juntas com ele para um outro auditório, onde estavam alunos do projeto
Scholas e outras autoridades, mas os alunos na primeira fila com ele. O
Papa honrou muito as primeiras-damas. Ao todo ficamos praticamente
duas horas e meia com o Francisco e, no final, protagonizamos uma
homenagem pelo seus 50 anos de sacerdócio. As primeiras-damas
participaram, bem como servidores do Vaticano e algumas autoridades
presentes. Foi muito bonito.
Foto: Reprodução

BSM - Qual sua impressão do atual pontificado em relação ao seu


ministério e ao governo Bolsonaro?
Damares - Nós tivemos uma impressão muito boa, pois ele [Papa] está
muito preocupado com a juventude e a nossa pasta está focando neste
mesmo público. A Secretaria da Juventude e a Secretaria da Criança e do
Adolescente estão no meu Ministério. Então tem uma hora que essas duas
secretarias se cruzam. Eu tenho duas secretarias voltadas ao adolescente
e ao jovem no Ministério, e também a Secretaria da Família. Esse
investimento que ele quer fazer no jovem e na família... Há muita coisa,
muita coisa em comum, muita afinidade do nosso Ministério com
Francisco. Eu tive uma impressão muito boa. Ele foi muito sensato, muito
claro nos objetivos; muito sensato na fala. Muito chamativo: ele nos
chamou para uma responsabilidade com relação a esses jovens no nosso
continente. Eu repito: a impressão foi muito boa. E ele é muito caloroso. A
forma como ele recebeu a nossa primeira-dama… A nossa primeira-dama
ensinou Libras para ele. Ela vai postar um vídeo lindo dela ensinando ao
Papa a língua de sinais e ele mostrando 'I love you' (eu te amo) para o
mundo todo em Libras. Ele foi muito receptivo. Saímos daqui [do
Vaticano] impressionadas com Francisco. É uma imagem muito boa que
ele nos passou. Mais do que isso, porém: um chamamento da
responsabilidade para a educação.
Foto: Vatican Media

BSM - Como foi construir essa ponte, considerando que a senhora e


Michele são evangélicas?
Damares - Foi uma ponte extraordinária, um vínculo de respeito entre as
religiões. A Michelle [Bolsonaro] demonstrou o tempo todo o
reconhecimento da autoridade dele como líder de uma Igreja imensa. O
Brasil tem maioria católica, mas também reconheceu a autoridade dele
como chefe de Estado. Eu acho que a gente abriu uma porta
extraordinária. A Michele fez essa ponte. Ficou muito claro que o que nos
une é muito maior do que o que nos separa. Muito bom, muito bom
mesmo.
Estava ali também a primeira-dama da Argentina, Fabiola Yáñez.
Interessante que 24 horas depois da posse dela, ela pega o avião e vem
para ter esse encontro com as primeiras-damas da América do Sul e Papa.
Ela estava ansiosa por esse encontro. Inclusive o encontro dela com a
Michelle foi extremamente caloroso. As duas ficaram próximas o tempo
todo, conversaram. A assessoria dela foi extraordinária. Quebrou-se
aquele gelo. A participação dela [Yáñez] na reunião, por ele ser um Papa
argentino e pelo projeto ter iniciado lá, foi importante, pois ela deu um
testemunho para nós. Ela quer ajudar a ampliar essa visão, o projeto
Scholas. Foca-se muito na arte, no esporte e na música como instrumento
poderoso para manter o jovem na escola. Então essa interação com a
primeira-dama argentina bastante positiva. Saímos daqui com uma
mensagem: o continente latino-americano precisa se unir em torno de
uma causa e as primeiras-damas priorizaram algumas causas. Também
tivemos reunião com a FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura) e lá a pauta foram as “mulheres rurais”.
Falamos sobre as mulheres que vivem no campo, crianças, educação,
pessoas com deficiência, e neste último ponto a Michelle tem todo um
protagonismo. Foi um diálogo importante, não só com o Papa, mas
também com outras autoridades. Eu, por exemplo, me reuni com a
Ministra da Família da Itália, Elena Bonetti, e com o Ministro de Relações
Exteriores do Vaticano, monsenhor Miroslaw Wachowsky. Foram dois
dias intensos, de atividades intensas, em Roma.

Boris, o fenômeno
Uma análise sobre a vitória esmagadora de Boris Johnson e a crise da
utopia progressista

Por Lucas Mafaldo


Exclusivo para BSM
Foto: Reprodução/Twitter

É difícil exagerar o impacto dos resultados da última eleição do Reino


Unido: estamos diante daqueles processos de reconfiguração das forças
políticas que dividem épocas. E eis algo que torna o evento ainda mais
interessante: é um dos raros instantes onde podemos observar a força do
gênio individual gerando ramificações históricas.
Boris, o vitorioso
Mesmo quem não acompanha o noticiário político estava vagamente
consciente da figura de Boris Johnson. Graças ao seu jeitão tresloucado,
ele conseguiu cavar um espaço próprio durante uma época hipersaturada
de cobertura política. Seu cabelo perpetuamente desalinhado o tornou
uma figura facilmente identificável, enquanto suas gafes constantes
alimentavam a cobertura jornalística e os compartilhamentos nas redes
sociais. Sua reputação de excêntrico não foi obstáculo para uma carreira
de sucesso: em duas décadas, foi editor do The Telegraph, prefeito de
Londres e membro do parlamento inglês.
Nos últimos meses, no entanto, essa excentricidade foi apontada como
um sinal da sua inaptidão para assumir a liderança do Partido
Conservador e, por tabela, do país. A classe jornalística, exagerando o
paralelo com Trump, dizia que Johnson não tinha seriedade suficiente
para o cargo — ou, pior ainda, que sua falta de seriedade disfarçava a
crescente “ameaça fascista” que rondava os países ocidentais.
Para tornar a tarefa ainda mais difícil, Boris subiu à liderança do Partido
Conservador em um período particularmente tumultuoso. Ele substituiu
Theresa May que, após três anos de conflitos, fracassara em acertar um
acordo de saída da União Européia. O próprio partido estava
profundamente dividido, com alguns membros defendendo uma hard
brexit — uma saída abrupta da União, sem qualquer acordo — enquanto
outros defendiam acordos mais suaves. Para complicar ainda mais o
cenário, a base do partido no parlamento tinha diminuído após a eleição
convocada por May, forçando-a a negociar alianças com outros partidos
em um período particularmente difícil e em torno de acordos
particularmente complexos. Por fim, diante da incapacidade dos
conservadores em “entregar o Brexit”, um novo movimento
autenticamente populista, encabeçado por um dos heróis do plebiscito,
Nigel Farage, ameaçava flanquear os conservadores pela direita.
O jogo parecia perdido. Apenas um louco aceitaria assumir um abacaxi
desse tamanho. E esse louco não poderia jamais ser Boris, pois ele não
jamais conseguiria ser indicado pelas lideranças partidárias. Ou ser aceito
pela base do partido. Ou fechar um acordo com a UE. Ou vencer as
eleições gerais.
Mas foi exatamente isso o que aconteceu. Em poucos meses, Boris
assumiu a liderança do partido, expulsou os rebeldes, puxou a direita
para o seu lado (escanteando o Brexit Party), convocou eleições gerais,
roubou territórios tradicionais da esquerda e obteve uma vitória eleitoral
decisiva.
É preciso parar para compreender o que acabou de acontecer.
O cenário internacional: a utopia progressista em crise
Desde o plebiscito pelo Brexit, a imprensa internacional trocou sua
tradicional “torcida” pelo alarmismo. A explicação dos eventos políticos
foi substituída por previsões apocalípticas. O resultado do plebiscito
anunciava uma nova idade das trevas: mentiras, racismo e xenofobia
eram as únicas explicações admissíveis para esse resultado.
A própria reação exagerada da imprensa (um prenúncio do que veríamos
pouco depois com a vitória de Trump) é também resultado dos
realinhamentos que estão ocorrendo na política internacional das últimas
décadas. Um componente desse realinhamento é a uniformização das
“classes falantes” dos países ocidentais em torno de uma nova variação do
progressismo.
A fase atual do progressismo é um pouco contra-intuitiva por ter
elementos associados tanto à esquerda quanto à direita. Embora os
progressistas tenham ressalvas em relação ao livre mercado, eles
raramente defendem a estatização da economia como os socialistas de
outra geração — preferindo intervenções ocasionais, feitas por instâncias
tecnocráticas, ou seja, por uma espécie de “burocracia esclarecida”.
Embora tendam a minimizar a importância das diferenças culturais, eles
não chegam a ser relativistas, acreditando que uma espécie de “ética
mínima progressista” (o que incluiria, por exemplo, o direito ao aborto e a
ausência de moralidade religiosa) irá acabar por se tornar o padrão
mundial, com as diferenças culturais restantes se restringindo a questões
cosméticas.
Para os progressistas, a marcha da história é simples: os estados-
nacionais devem ser progressivamente substituídos por instituições
transnacionais, as quais se tornarão responsáveis por integrar diferentes
povos em uma sociedade global. Essas instituições garantirão padrões
comuns para a produção, movimentação e redistribuição de riquezas,
assim como a criação de um arcabouço jurídico comum para a proteção
dos direitos e dos interesses dos seus cidadãos. Dentro dessa visão, o
sucesso da União Européia seria uma etapa dessa marcha inexorável da
história rumo a um período mais esclarecido de integração global.
Porém, a atual visão progressista tem uma boa dose de utopismo. A
imagem idealizada do futuro esconde as enormes dificuldades práticas
em implementar essa visão.
Em primeiro lugar, instituições tecnocráticas nunca são realmente
neutras. Mesmo as decisões tomadas pelo mais técnico dos comitês irão
terminar por favorecer determinados grupos de interesses e refletir um
determinado conjunto de valores. Além disso, mesmo as melhores
políticas públicas precisam de legitimidade, ou seja, não é suficiente criar
uma boa política, mas é preciso que a população acredite que essa política
foi criada por um procedimento justo.
Esse duplo desafio — determinar o que deve ser feito e convencer a
população que deve apoiar a decisão — é a grande meta da política. Toda
estrutura constitucional tenta lidar, de algum modo, com as enormes
tensões sociais geradas por esse processo de decisão coletiva.
Os estados-nacionais estão longe de ser estruturas perfeitamente capazes
de responder a essas tensões. Porém, eles têm vantagens inegáveis em
relação às estruturas internacionais: têm um histórico mais longo de
sucesso, possuem uma estrutura já conhecida pela população local e estão
mais concentrados geograficamente. Logo, não deveria ser uma surpresa
que algumas pessoas tenham preferido manter as instituições conhecidas
e já testadas antes de embarcar em uma nova aventura.
Como eu observei na época, o plebiscito do Brexit deveria ser visto como
algo relativamente simples: os ingleses estavam se debatendo com uma
questão antiquíssima — qual o tamanho ideal de uma comunidade
política?
Ao longo da história, as sociedades construíram comunidades políticas
com as extensões mais variadas, passando de cidades-estados para
impérios multinacionais. Cada um desses extremos trazia seu próprio
pacote de vantagens e problemas. A ampliação do tamanho de uma
comunidade política aumenta os recursos à sua disposição, mas também
traz desafios crescentes, incluindo a criação de mecanismos internos para
equilibrar as divergências entre os grupos internos. Além disso, cada
comunidade política precisa responder aos desafios tecnológicos, bélicos,
econômicos e culturais da sua época. Uma dimensão que funcionou bem
em uma época pode se tornar insuficiente diante de um novo contexto.
O elemento utópico do progressismo está na crença na inevitabilidade
desse processo de integração política. Quando esse processo foi
interrompido diante dos seus olhos, os progressistas entraram em crise.
Em vez de admitir que algo estava errado em seu sistema de crença, eles
concluíram que algo estava errado com o povo inglês. Era preciso fazer
tudo o que fosse possível para cancelar esse resultado.
O cenário interno: o realinhamento da política inglesa
Embora a opção pelo brexit tenha vencido o plebiscito de 2016, o
caminho para a efetiva saída ainda não se concretizou. Parte dessa
dificuldade era esperada: os acordos internacionais contemporâneos
adquiriram um nível enorme de complexidade, exigindo anos de
negociações entre as diferentes partes.
Porém, parte da dificuldade estava no nível político: de um lado, o
elemento utópico do progressismo o impedia de aceitar o resultado; de
outro, não exista realmente um movimento político organizado a favor
do brexit. A vitória do leave se deveu em grande parte a figuras externas
aos partidos tradicionais — o mais notável sendo certamente o Nigel
Farage — que pressionaram pela saída.
Essa lacuna se devia ao fato de que o próprio Partido Conservador
possuía uma posição ambígua em relação à União Européia. David
Cameron, o primeiro-ministro que convocou o plebiscito, era partidário
do remain (a permanência na União). Curiosamente, a ambiguidade
também estava do lado da oposição: o Partido Trabalhista, que se moveu
ainda mais para a esquerda com Corbyn, tinha quadros — e eleitores —
favoráveis à saída.
Essa ambiguidade se deve, em grande parte, ao fato de que a questão
política tinha mudado. Enquanto a direita e a esquerda se distinguiam
antes por opção entre uma política de austeridade fiscal para liberar as
forças do mercado e uma política de gastos sociais para diminuir a
desigualdade, a nova questão não cabia nessas fronteiras. Era preciso
identificar qual era a unidade política relevante: o estado-nacional ou
uma nova instituição continental?
Foi nesse momento que o senso de oportunidade de Boris foi ativado e
sua ação individual adquiriu dimensões históricas. Ele percebeu o vácuo
de liderança no movimento pelo Brexit e, apesar de ser historicamente
associado à ala moderada do partido, resolveu apoiar uma causa rotulada
como “extremismo de direita”. Ele estava perfeitamente posicionado
para realizar algo que os outros brexiters não podiam fazer: criar um novo
consenso e assumir a liderança de um partido capaz de negociar a saída
efetiva da União Européia.
Comecei a suspeitar que isso seria possível em 2016, mas o Boris de
então ainda não tinha a força necessária para assumir o Partido
Conservador. Ele teve que aguardar os desgastes dos anos seguinte para
expandir seu apoio em duas direções: ganhar a confiança dos defensores
de um hard brexit e convencer os reticentes a apoiar a saída. Essa espécie
de quebra-cabeça político incluiu um slogan genial: ao
prometer terminar o Brexit (“get it done”), ele conseguiu agradar tantos
aqueles que queriam a saída como a porção do eleitorado que
simplesmente estava cansado do assunto e queria passar para outra
coisa.
Ao fazer isso, Boris também alterou profundamente a natureza do
próprio Partido Conservador — e, possivelmente, as divisões políticas
profundas. Boris deixou de lado o discurso de austeridade fiscal e passou
a enfatizar os investimentos públicos em infra-estrutura e gastos sociais.
Há aqui uma analogia clara com o discurso de Trump: depois de defender
a legitimidade do estado-nação diante dos estados-nacionais, a etapa
lógica seguinte é mostrar o que esse estado pode fazer pelos seus
cidadãos.
Essa mudança de discurso é acompanhada também por uma mudança na
base sociológica dos partidos de direita. Não é coincidência que tanto
Trump como Boris receberam um apoio significativo da classe
trabalhadora, isto é, o proletariado que a esquerda esperava ter sempre
ao seu lado. O discurso dos progressistas faz cada vez menos sentido para
essa parcela da população, que possui um senso de identidade atrelado às
suas comunidades locais e está mais preocupada com as perdas
econômicas causadas pela automatização do trabalho do que com as
pautas culturais da nova esquerda.
Com a vitória de Boris nos distritos tradicionalmente trabalhistas,
podemos dizer que a etapa de realinhamento está concluída e agora
começa a etapa de reconstrução. O Partido Conservador tem um novo
líder com um mandato claro: descobrir como colocar o estado-nação a
serviço do seu povo.

Os bichos que querem derrubar


Weintraub
Uma análise sobre os grupos políticos que lutam pela queda do
Ministro da Educação — e o papel dos conservadores nessa luta
selvagem

Por Silvio Grimaldo


Exclusivo para BSM

Três espécies políticas principais querem hoje derrubar o Ministro da


Educação.
1 - Hienas esquerdistas. A mais óbvia. Sistematicamente contrária a
tudo que o governo Bolsonaro propõe, essa corrente não tem força
suficiente para retirar Abraham Weintraub do Ministério, mas consegue
engrossar o coro das outras duas. Além disso, as hienas do PT dominam
os sindicatos, que por sua vez dominam a militância nas escolas e
universidades. Mostram as mandíbulas e fazem um barulho danado.
2 - Capivaras liberais. Optei por denominar assim um grupo de liberais,
militares tecnocráticos e gente do “mercado de educação”, com ligações
dentro do próprio governo, que sonha com a possibilidade repetir na
educação básica o que Lula fez no ensino superior: a expansão das redes
particulares por meio de dinheiro público, como o FIES e o PROUNI.
Apesar das razões declaradas, esses programas tinham pouco a ver com
educação e mais com transferência de renda dos cofres públicos para as
mãos de alguns empresários do setor universitário. Alguns liberais
sonham com vouchers, charters schools e outras soluções mágicas tiradas
da cartola de Milton Friedman. Embora as capivaras liberais não tenham
militância e não consigam mobilizar a população, elas são bem
articuladas e influentes dentro de setores do governo, e recebem as
bênçãos de praticamente toda a isentosfera e da novíssima esquerda. O
mote dessa turma é: “Vamos parar com ideologia e ganhar algum dinheiro,
pô”. Para eles, é preciso acabar com “esse negócio de ideologia” e abraçar
a ideologia do negócio. Ou ainda: Menos Olavo, mais Friedman. Essa
turma detesta a primeira, mas está disposta a “sentar para dialogar”. Eles
acreditam em “articulação”, deu pra entender?
3 - Tubarões globalistas. Essa terceira corrente é a mais perigosa, pois
está estruturada desde a gestão de Paulo Renato e foi muito influente na
construção de todo o sistema educacional brasileiro na Nova República. É
o grupo das fundações e institutos, tendo a Fundação Lemann como o
nome mais destacado. A pauta é simples: implementar as diretrizes
educacionais do Banco Mundial por meio de uma rede de consultores,
gestores, ongueiros, empresários e políticos. Esse é o grupo mais perigoso
para o ministro, o mais forte, o mais integrado e com um projeto de longo
prazo. Eles não são propriamente a esquerda — embora muita gente de
esquerda faça parte das fundações —, mas também não são a direita, pois
carregam várias pautas morais e culturais contrárias à agenda
conservadora. Além do evidente poder financeiro, e talvez por causa dele,
essa corrente ainda tem uma vantagem essencial sobre as outras: os
tubarões fazem tanto as hienas esquerdistas quanto as capivaras liberais
trabalharem para a agenda globalista.
Para se ter uma ideia do que estou dizendo, a Fundação Lemann (não
apenas ela, mas também o Instituto Natura, Instituto Unibanco, Fundação
Itaú Social, etc), mantêm a JEDUCA, uma associação de jornalistas de
educação. Entre os diretores desse coletivo de jornalista estão Paulo
Saldaña, da Falha de S. Paulo, e Renata Cafardo, do Estadinho, dois dos
mais virulentos críticos do ministro. Praticamente tudo o que a imprensa
publica sobre o MEC é pautado por essa associação e orientado pelos
interesses dessas fundações.
Foram elas, as fundações, por exemplo, que criaram o Movimento pela
Base, que desde 2013 discutiu, criou e agora deseja implementar a BNCC
no Brasil.
Combater a influência desses agentes com pautas de organismos
internacionais na educação brasileira foi uma das propostas do
presidente Jair Bolsonaro, um dos compromissos assumidos pelo ex-
ministro Ricardo Vélez e depois pelo ministro Abraham Weintraub.
Esse combate, contudo, não é nem um pouco fácil. Muito menos simples.
Só para dar um exemplo da dificuldade: a Fundação Lemann tem parceria
e ingerência forte no CONSED (conselho de secretários de educação) e na
UNDIME (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação),
instituições que não estão sob o controle do MEC, mas sem as quais o
governo não consegue implantar praticamente nenhuma política
educacional. Mesmo o programa de literacia familiar e alfabetização do
Carlos Nadalim — uma das mais importantes ações deste governo —
depende da cooperação da CONSED e da UNDIME para ser implantado de
modo efetivo na maioria dos municípios brasileiros.
Outro exemplo: no começo do ano, a secretaria de educação do Rio
Grande do Sul celebrou uma parceria de gestão com a Fundação Lemann
e outras fundações, parceria sobre a qual o MEC não pode fazer
absolutamente nada, uma vez que os estados têm autonomia.
As fundações são como uma metástase que tomaram o corpo de um
moribundo. O Ministro não tem muita margem de ação, sobretudo no
curto prazo. O empenho contra as fundações precisa ser global, envolver
todo o governo e o congresso. Desde 1952, quando a Comissão Reece foi
instaurada no congresso americano para investigar as atividades das
fundações, sabe-se que essas organizações são o instrumento de
implantação de agendas de governança global e de subversão da
soberania das nações. Desde a Comissão Reece, centenas de livros, teses e
pesquisas foram publicados sobre o assunto, mas no Brasil, o Congresso
parece não ter o menor interesse nessas atividades, e o governo, atolado
em mil problemas, fica sem ter muito o que fazer. A solução precisa, por
outro lado, contar com alternativas civis dos conservadores, que parecem
ainda nem ter se dado conta dessa necessidade. Os profissionais
conservadores nas redes de educação não têm sequer um grupo de
WhatsApp, quanto menos uma organização formada para prestar ajuda
aos programas do MEC, mas cobram do ministro uma solução mágica,
monocrática, de cima para baixo, sem que o povo precise pensar e agir a
respeito. Isso simplesmente não irá acontecer.
Essas três correntes não são necessariamente antagônicas e muitas vezes
cooperam entre si, sobretudo quando o objetivo é atacar Abraham
Weintraub. É uma situação análoga à dos três blocos que lutam pela
hegemonia mundial (globalista, russo-chinês e islâmico). Acordos e
alianças táticas são feitos e desfeitos conforme a ocasião. Por exemplo:
mo começo da semana passada, Weintraub foi duramente atacado pela
esquerda na comissão de educação da Câmara de Deputados. A imprensa,
orientada pelos interesses das fundações, fez uma cobertura abertamente
negativa contra Weintraub. Aproveitando-se do zumzum negativo,
agentes da segunda corrente, lotados no Planalto, vazaram para a
imprensa a história (falsa) de que o Ministro da Educação estava
enfraquecido no governo e provavelmente cairia depois das férias.
Jornalistas da JEDUCA servilmente passaram a história para frente como
verdadeira. Os jornais nem se deram ao trabalho de mudar a construção
das manchetes. Usaram todos a mesma frase: “MEC esvaziado indica
saída de Weintraub em 2020”.
O fato é que hoje praticamente todas as críticas ao Ministro da Educação
visam derrubá-lo para substituí-lo por alguém que possa retomar o
projeto original do establishment educacional brasileiro, ou seja, alguém
capaz de apaziguar as críticas e distribuir as pautas ideológicas para a
esquerda, as oportunidades de negócio para os liberais e o controle dos
currículos e da gestão das secretarias de ensino para as fundações. Essa
pessoa só pode vir de dentro da terceira corrente. Atualmente, o nome
mais forte é Mendonça Filho, ex-ministro e atual consultor e conselheiro
da Fundação Lemann. Para melhorar sua posição, Mendonça é dono de
metade do DEM, o que poderia se converter numa base governista um
pouco maior no Congresso, retomando as velhas práticas do toma-lá-dá-
cá.
Não há no horizonte nenhum nome ligado ao projeto bolsonarista que
possa substituir o Abraham.
E por que estou falando isso? Porque surgiram muitas críticas ao Ministro
dentro da própria direita em decorrência da sua decisão de encerrar as
atividades da TV Escola. As críticas surgiram porque a nova diretoria,
eleita por articulação do gabinete do Vélez, e alinhada ao projeto de
Bolsonaro, estava trabalhando dentro da TV Escola para anular as pautas
progressistas e poder levar aos professores informação de melhor
qualidade, valores e outro tipo de formação, ou seja, estavam trabalhando
dentro da linha do novo MEC, e foram surpreendidos pela decisão. Pode
ser questionado se seria preferível uma gestão focada no enxugamento da
máquina ou no fortalecimento de instrumentos de combate à hegemonia
cultural da esquerda na educação. São questões táticas debatíveis. Mas
colocar em dúvida o comprometimento com o governo Bolsonaro por
parte dos conservadores que foram para a TV Escola é jogar gasolina na
fogueira. De qualquer modo, sendo compreensíveis as críticas ao
ministro — pois nada justificava serem acusados de aparelhar a TV
Escola com comunistas e globalistas, ou serem tratados como barnabés
num cabidão de empregos —, elas foram rapidamente aproveitadas pela
narrativa da mídia e incorporadas à estratégia das fundações de
substituir Abraham por um dos seus prepostos qualquer do Banco
Mundial. Tanto a mídia quanto a rede de perfis fakes da isentosfera
souberam manipular, jogando conservadores contra conservadores numa
sucessão de acusações estapafúrdias.
Críticas dos conservadores ao Ministro devem ser feitas sempre que
oportunas, para ajudá-lo a corrigir o rumo e pressioná-lo com uma
agenda propositiva, mas é preciso lembrar que admoestação é uma coisa,
declaração de guerra é outra. O Abraham pode não ser o ministro dos
sonhos de boa parte da direita, mas ele é o ministro possível e acertado
para o momento. Compete aos apoiadores do presidente defender o
Ministro dos ataques da esquerda, das conspirações de tecnocratas de
dentro do próprio governo e sobretudo das narrativas midiáticas das
fundações. Se Abraham cair, os Tubarões tomam conta. E aí, meus amigos,
as Hienas vão dar muita risada.

Folha tortura os fatos para atacar


Moro
Mesmo com todos os índices de criminalidade em queda, jornal usa
ONG para dizer que a segurança pública teve retrocesso em 2019
Por Fábio Gonçalves
Exclusivo para BSM

Leia o seguinte parágrafo que abre uma matéria de Folha de S. Paulo


intitulada “Segurança mais recua do que avança em 1º ano de Bolsonaro”:
Apesar da manutenção da tendência de queda dos homicídios, o
primeiro ano da segurança pública sob a presidência de Jair Bolsonaro foi
marcado por uma sucessão de propostas legislativas e poucas ações
práticas. (Grifo meu.)
Traduzo. A Folha diz o seguinte: embora a política de segurança pública
de Sérgio Moro tenha acarretado numa queda de 22% no número de
assassinatos, poupando, até novembro, a vida de quase 10.000 cidadãos,
segundo o jornal, na verdade, houve um retrocesso no setor.
Essa é a premissa da matéria. Diria Orwell: guerra é paz, liberdade é
escravidão, segurança pública eficaz é aquela que mantém 70 mil
homicídios por ano, sem retrocesso.
A essa afirmativa grotesca, o próprio Ministro Moro, por meio das suas
redes sociais, respondeu:
Crimes caem em todo o país em intensidade sem precedentes históricos.
Assassinatos menos 22%; roubos a banco, 40% a menos. Segundo a Folha
de São Paulo e ONG, a Segurança Pública piorou. Todos têm direito a sua
opinião, mas nãos aos seus próprios fatos. Fatos são coisas teimosas.
A resposta do ministro é perfeita, exceto por um detalhe: a matéria não
reflete necessariamente a opinião da Folha — a opinião da Folha é, no
máximo, o Gregório Duvivier tentando fazer piada militante. A Folha, no
caso dessa matéria, está só servindo de menininha de recados de gente
como George Soros, o magnata húngaro que vive de desestabilizar as
nações, patrocinando o caos e a desordem com sua megafortuna.
Soou conspiratório, exagerado? Vejamos.
Toda a publicação da Folha se baseia nos estudos do Instituto Sou da Paz,
tradicional ONG esquerdista que tem entre seus mais belos feitos aquela
propaganda desarmamentista que convenceu o cidadão de bem a
entregar suas armas em troco de ficar à mercê da bandidagem cada vez
mais equipada para praticar o mal. Hoje a sociedade elegeu um
presidente que tenta reverter esse quadro.
“Balanço do Instituto Sou da Paz considerou que houve mais retrocessos
que avanços na área”, diz a matéria.

E quem banca o Instituto?


Segundo o último relatório publicado no site da organização, em 2017, é a
Open Society Foundation, ONG do Dr. Soros.
Mais adiante, a Folha cita uma crítica de Arthur Trindade, professor da
Universidade de Brasília (UnB) que foi secretário de Segurança Pública e
Paz Social do ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg (do PSB, partido
coligado ao Foro de São Paulo e que tinha na sua base governista PV,
PCdoB et caterva) e que também é conselheiro do Fórum Brasileiro de
Segurança pública.
Quem banca este Fórum?

Além das Fundações Ford, Avon, Porticus e Lafer, todas de viés globalista
com suas agendas ecologistas, de gênero, abortista etc., além dessas,
consta no relatório, como se vê, a campeã da sacanagem global: a Open
Society do Mr. Soros.
É a essas pessoas que a Folha de São Paulo serve. A Folha, no fundo, é só
um megafone de agentes maliciosos que, para solapar nossa soberania e
desestabilizar nossa sociedade, são capazes de dizer, em plena luz do dia,
que poupar 10.000 vidas no espaço de um ano é um retrocesso.

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