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ABSTRACT
This study focuses on analyzing the current context of the Brazilian population, with a
specific focus on the political situation between voters and some of their harmful ideologies
for a democratic society, based on the idea of alienation analyzed by Adorno in his
philosophical writings. The study proposes to analyze the trajectory of humanity, the
historical and philosophical conceptions that stimulated them to understand nature and their
fellow human beings as potential enemies. This is a research based on the books “Education
and Emancipation” and “Dallectics of Enlightenment” aimed at understanding the alienating
political movement in popular layers of brazilian society.
1. INTRODUÇÃO
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Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará. Membro-Pesquisador do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Ontologia do Ser Social, Ética e Formação Humana — GEPOS (certificado pelo CNPq). Bolsista
PIBIC. Editor da Revista Educação em Debate do Programa de Pós-Graduação em Educação da FACED/UFC.
E-mail: jv.14pinho@outlook.com
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Na atual realidade brasileira, observa-se grupos populares aderindo ideais políticos
que condenam sua própria existência, qualidade de vida e direitos. Na tentativa de entender os
possíveis motivos dessa abstração, este estudo utiliza como ferramenta de análise os escritos
de Adorno que abordam explicações acerta da alienação do proletariado pela dominação da
burguesia.
“A técnica é a essência desse saber, que não visa conceitos e imagens, nem o
prazer do discernimento, mas o método, a utilização do trabalho de outros, o
capital.” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 16)
Em vista disso, Adorno destrincha alguns fatores que direcionam à alienação das
massas e as afastam ainda mais do esclarecimento. Tais fatores que serão analisados nos
tópicos a seguir.
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2. A BARBÁRIE
Acontece que, segundo Adorno, a razão do apoio popular à ideais extremistas, que em
um passado caótico promoveu o genocídio de inúmeros inocentes, e hoje ainda recebem
aprovação, decorre devido à ruptura da autonomia do indivíduo, que reconhece como
medíocre a habilidade nata em questionar e refletir através suas próprias estruturas psíquicas,
já que insistem em permanecer em estado de menoridade e submissão à dominação de seus
dominantes, em conformidade com o que Immanuel Kant afirmou na obra “Crítica da Razão
Prática”:
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Em vista disso, em Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer salientaram a
criação dos mitos pela humanidade, que mais tarde foram utilizados como instrumento de
dominação.
Diante disso, doutrina aliena tudo aquilo ou aqueles que atinge, no sentido de modificar a real
essência das coisas, algo que Adorno denota como coisificação do espírito do homem, que
consiste no homem perder a noção de si mesmo e transformar-se em “coisa”, renegando sua
própria singularidade, e assim, as demais coisas que os cercam permanecem as mesmas —
isso explica o motivo pelo qual fundamentalistas religiosos insistem em permanecerem
resistentes a ideais tão ultrapassados.
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Nesse viés, na tentativa de entender a natureza, o homem buscou controlá-la. Através
do medo do que não compreendia, pois, “A duplicação da natureza como aparência e
essência, ação e força, que torna possível tanto o mito quanto a ciência, provêm do medo do
homem, cuja expressão se converte na explicação” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.
24), então, criou os mitos: divindades responsáveis pela força da natureza, porém com
características humanas, para que pudesse se espelhar numa força ao mesmo tempo mística e
humana. E por serem figuras humanas, os deuses possuíam emoções e sentimentos, sendo
necessário, portanto, oferendas e sacrifícios. Assim, alienado pela própria doutrina, o homem
perdeu a consciência de si mesmo e julgou aceitável sacrificar seus semelhantes para
conquistar a misericórdia e dispersar a ira de suas divindades.
4. A INDÚSTRIA CULTURAL
As Artes, apesar de sua proposta criativa e lúdica, muitas vezes podem condicionar
comportamentos e pensamentos padronizados pelo contexto sociocultural:
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“O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade
de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia
destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem. Eles se definem a
si mesmos como indústrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de seus
diretores gerais suprimem toda dúvida quanto à necessidade social de seus
produtos.” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 101)
“O que não se diz é que o terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre
a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a
sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria
dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade alienada de si mesma.
Os automóveis, as bombas e o cinema mantêm coeso o todo e chega o
momento em que seu elemento nivelador mostra sua força na própria
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dele; aqui, ao contrário, é ele quem tem de acompanhar o movimento. Na
manufatura, os trabalhadores constituem membros de um mecanismo vivo.
Na fábrica, tem-se um mecanismo morto, independente deles e ao qual são
incorporados como apêndices vivos.” (MARX, 1867, p. 332)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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seus semelhantes, pautado na incapacidade de viver em uma sociedade harmônica, isso acaba
por cercear a autonomia dos indivíduos, que por sua vez desacreditam de sua própria
capacidade de refletir e criticar os fatos pré-existentes.
Além disso, foi evidenciado, que desde os primórdios, os seres humanos buscaram
formas de identificar e se relacionar com o meio em que vivia, nisso, deu origem aos mitos.
As mitologias, portanto, serviram para acalentar o medo existente dos homens com a força da
natureza que o cercava. No entanto, a necessidade de dominar a natureza para que eles
mesmos não fossem dominados por ela, fez com que fossem criadas divindades com
características humanas, para que se pudesse estabelecer controle e segurança. Assim, dos
mitos vieram as doutrinas, que mais tarde foram utilizadas pela Igreja Católica Medieval
como fundamentalismo religioso, o qual a permitiu cometer atrocidades em nome de uma
vontade divina, criada e reformulada diversas vezes ao encontro de seus próprios interesses.
Com isso, a alienação dos indivíduos através dos mitos ainda perdura em dias atuais, devido a
essa influência primitiva do ser humano em querer entender o mundo, para que pudesse
dominá-lo e, por conseguinte dominar seus semelhantes através do sentimento de medo,
oficializado na escatologia judaico-cristã.
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“Para nos expressarmos em termos corriqueiros, isto não significa
emancipação mediante a escola para todos, mas emancipação pela
estruturação vigente em três níveis e por intermédio de uma oferta formativa
bastante diferenciada e múltipla em todos os níveis, da pré-escola até o
aperfeiçoamento permanente, possibilitando desse modo, o desenvolvimento
da emancipação em cada indivíduo.” (ADORNO, 1995, p. 170)
REFERÊNCIAS
ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. Tradução de Wolfgang Leo Maar. São Paulo:
Paz e Terra, 1995.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 5ª Edição. Trad.: Manuela Pinto e Alexandre
Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
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