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Assinalo aqui (...) alguns dos pontos a partir dos quais se constitui
essa
biopolítica, algumas de suas práticas e as primeiras das suas áreas
de
intervenção, de saber e de poder ao mesmo tempo: é da natalidade,
da morbidade, das incapacidades biológicas diversas, dos efeitos do
meio, é disso tudo que a biopolítica vai extrair seu saber e definir o
campo de intervenção de seu poder. Foucaut, p. 292.
O que Mbembe está querendo dizer é que como isso se torna uma
gestão, todo mundo vai ter seu dia de “preto”, quer dizer, todo mundo mesmo,
até mesmo os brancos, vão aprender o que os negros já sentiam antes,
quando há restrições econômicas, corte nos direitos sociais.
Porque tudo que os brancos vão sentir, já foi treinado nos corpos dos
pretos, ou seja, racismo é uma tecnologia de poder que vai se exercer logo
sobre os brancos.
Para Marx o Estado não é uma instância abstrata que supera o conflito
entre os homens, o Estado é a continuidade jurídico política da dominação
entre os homens. Para Marx,
Desse indivíduo, o negro, tenta-se retirar seu território, a sua cultura, a sua
dignidade, e o seu corpo que, agora, à mercê do Estado, está submetido a toda
a forma de submissão e degradação.
Talvez a única coisa que lhe reste seja a sua memória, e o
conhecimento que carrega consigo:
O corpo propriamente dito não possui, no entanto, nenhum sentido
intrínseco. Por outras palavras, no drama da vida, o corpo em si,
nada
significa. É um entrelaçamento ou, ainda um conjunto de processos
que, em si, não tem qualquer sentido imanente. A visão, a
motricidade, a sexualidade, o toque não têm qualquer significado
primordial. Assim, existe sempre uma parte de coisidade em qualquer
corporeidade. O trabalho para a vida consiste precisamente em evitar
que o corpo caia na coisificação absoluta; consiste em evitar que seja
por completo um simples objeto. (Mbembe, p. 244.)